RICARDO SOUSA-CASTRO OS PILARES DA MÚSICA Descomplicando a teoria, a harmonia, o solfejo e a divisão rítmica T H E S AU RU S © by Ricardo Sousa-Castro – 2016 Ficha Técnica Editoração Eletrônica Cláudia Gomes Arte da capa Angelo Augusto Revisão Fátima Loppi Assessoria Editorial Tagore Alegria ISBN: 978-85-64494-74-9 S725p Sousa-Castro, Ricardo. Os pilares da música: descomplicando a teoria, a harmonia, o solfejo e a divisão rítmica / Ricardo Sousa-Castro. – Brasília, DF: Centro Editorial, 2016. 192 p. 1. Música. I. Título. CDU 78 Todos os direitos em língua portuguesa reservados de acordo com a lei. THE­SAURUS EDITORA SIG – Quadra 8 – Lote 2356 – CEP 70610-480 Tel. (061) 3344-3738 – Brasília, DF – Brasil E-mail: editor@thesaurus.com.br • www.thesaurus.com.br Composto e impresso no Brasil A partir do monte de ruínas informes, é necessário que se tente edificar um monumento bem estruturado. Gustav Mahler SUMÁRIO Introdução......................................................................................... 11 Primeiro pilar: Teoria musical...................................15 Cap. 1 – As notas musicais e a pauta.............................................. 17 Cap. 2 – As figuras musicais........................................................... 19 Cap. 3 – As notas nas claves de Sol, Fá e Dó................................. 21 Cap. 4 – As figuras musicais e as pausas ...................................... 23 Cap. 5 – O dó central e o sistema de onze linhas......................... 24 Cap. 6 – Ortografia musical............................................................ 26 Cap. 7 – Tom e semitom.................................................................. 28 Cap. 8 – Os acidentes musicais....................................................... 30 Cap. 9 – Os tipos de acidentes........................................................ 32 Cap. 10 – Ligadura........................................................................... 34 Cap. 11 – Ponto de aumento........................................................... 36 Cap. 12 – Staccato, fermata e ritornello......................................... 38 Cap. 13 – Dinâmica e acentos......................................................... 40 Cap. 14 – Compasso simples .......................................................... 42 Cap. 15 – Unidade de tempo e unidade de compasso................. 44 Cap. 16 – Andamento...................................................................... 46 Cap. 17 – Enarmonia....................................................................... 48 Cap. 18 – Escalas maiores com sustenidos.................................... 50 Cap. 19 – Escalas maiores com bemóis ........................................ 52 Cap. 20 – Armaduras das escalas maiores.................................... 54 Cap. 21 – O ciclo das quintas.......................................................... 58 Cap. 22 – A escala menor natural.................................................. 60 Cap. 23 – Escala menor harmônica e melódica .......................... 62 Cap. 24 – Armaduras das escalas menores................................... 64 Cap. 25 – O nome dos graus da escala........................................... 66 Cap. 26 – Síncope e contratempo................................................... 68 Cap. 27 – Ritmo tético, anacrústico e acéfalo............................... 70 Cap. 28 – Semitom cromático, diatônico e natural...................... 72 Cap. 29 – Compasso composto...................................................... 74 Cap. 30 – Compassos alternados.................................................... 77 Segundo pilar: Harmonia.............................................79 Cap. 1 – Os tipos de intervalo e sua classificação numérica....... 81 Cap. 2 – Intervalos de primeira, segunda e terça......................... 85 Cap. 3 – Intervalos de quarta e quinta........................................... 89 Cap. 4 – Intervalos de sexta e sétima............................................. 92 Cap. 5 – Intervalos de oitava........................................................... 97 Cap. 6 – Intervalos: primeira à oitava............................................ 99 Cap. 7 – Intervalos compostos...................................................... 101 Cap. 8 – Inversão de intervalos..................................................... 104 Cap. 9 – Acordes maiores e menores........................................... 106 Cap. 10 – Acordes aumentados e diminutos............................... 108 Cap. 11 – Acordes com a fundamental alterada......................... 110 Cap. 12 – Acordes de sétima......................................................... 111 Cap. 13 – Acordes diminutos e meio-diminutos....................... 115 Cap. 14 – Acordes de nona............................................................ 118 Cap. 15 – Outros acordes.............................................................. 123 Cap. 16 – Inversão de acordes....................................................... 129 Terceiro pilar: Solfejo...................................................131 O método de solfejo...................................................................... 132 Cap. 1 – Escala de Dó Maior em graus conjuntos, 1º ao 3º grau.................................................................................... 134 Cap. 2 – Escala de Dó Maior em graus conjuntos, 1º ao 5º grau.................................................................................... 137 Cap. 3 – Escala de Dó Maior em uma oitava, graus conjuntos......................................................................................... 140 Cap. 4 – Escala de Dó Maior em uma oitava, graus conjuntos e arpejo do centro tonal............................................... 143 Cap. 5 – Graus conjuntos e arpejo do centro tonal nas tonalidades de Dó Maior, Sol Maior e Fá Maior................. 146 Cap. 6 – Colcheia – graus conjuntos e arpejo do centro tonal nas tonalidades de Ré Maior e Si bemol Maior................ 149 Cap. 7 – Sensível – graus conjuntos, arpejo do centro tonal e saltos 5-7 e 2-7 nas tonalidades de Dó Maior, Sol Maior e Fá Maior...................................................................... 152 Cap. 8 – Clave de fá – sensível, graus conjuntos, arpejo do centro tonal e saltos 5-7 e 2-7 nas tonalidades de Mi Maior, Lá Maior, Mi bemol Maior e Lá bemol Maior................ 155 Cap. 9 – Subdominante – graus conjuntos, arpejo do centro tonal e saltos 1-4, 5-7 e 2-7 nas tonalidades estudadas.............. 158 Cap. 10 – Compasso composto – graus conjuntos, arpejo do centro tonal e os saltos estudados na tonalidade de Si Maior e nas tonalidades estudadas............................................... 161 Cap. 11 – Semicolcheia – escala menor harmônica, graus conjuntos, arpejo do centro tonal e saltos 5-7 e 2-7 na tonalidade de Lá menor.................................................................... 164 Cap. 12 – Semicolcheia – escalas menores harmônicas, graus conjuntos, arpejo do centro tonal e saltos 5-7 e 2-7 nas tonalidades de Mi menor, Si menor, Fá# menor, Ré menor, Sol menor e Dó menor................................................ 167 O método de ritmo....................................................................... 170 Cap. 1 – Semibreve, mínima, semínima, ponto de aumento e ligadura nos compassos 2/4, 3/4 e 4/4...................................... 175 Cap. 2 – Colcheia e figuras estudadas nos compassos 2/4, 3/4 e 4/4........................................................................................... 176 Cap. 3 – Grupo de 4 semicolcheias nos compassos 2/4, 3/4, 4/4 e seus correspondentes............................................................ 177 Cap. 4 – Grupos formados por 1 colcheia e 2 semicolcheias nos compassos estudados e seus correspondentes..................... 179 Cap. 5 – Contratempos de colcheia e colcheia pontuada nos compassos estudados e seus correspondentes............................ 181 Cap. 6 – Tempos inteiros e terços de tempo nos compassos compostos........................................................................................ 184 Cap. 7 – Combinando terços de tempo nos compassos compostos........................................................................................ 186 Cap. 8 – Sextos de tempo em diferentes combinações nos compassos compostos............................................................. 188 Referências Bibliográficas............................................................. 190 OS PILARES DA MÚSICA Introdução Q uais são os pilares da música? Sobre que colunas está construída esta arte, esta ciência? De um modo amplo, o único pilar da música é o som. Isso mesmo! O som – e não as notas musicais. Eu poderia enumerar uma série de exemplos, mas acredito que basta citar a obra 4’33” (Quatro minutos e trinta e três segundos) composta em 1952 pelo revolucionário e controverso compositor estadunidense John Cage. Escrita para qualquer instrumento ou grupo de instrumentos, o músico (ou músicos) ficam em silêncio durante esse tempo determinado e a única coisa que se ouve são os ruídos da plateia. Nem uma única nota musical é emitida. Se na metade do século XX os pilares da música tradicional já estavam em ruínas, fica difícil imaginar qual será o conceito de música no final do século em que vivemos. Uma esmagadora maioria da música que produzimos e consumimos, porém, ainda é baseada no conceito de notas musicais e no modo como as controlamos e as organizamos. Saber como representar e manipular esses sons por meio das técnicas tradicionais de escrita musical, portanto, é indispensável para a formação do músico e também a maneira mais acessível para o leigo entender de que modo funciona a música. Obviamente, todas as visões revolucio11 RICARD O SOUSA-CASTRO nárias se derivam das formas tradicionais de escrita, criação e execução musical e os compositores de vanguarda como Cage eram profundos conhecedores dos pilares tradicionais que descreverei a seguir. As possibilidades da música podem ser infinitas, mas, como o objetivo deste livro é tratar daquilo que pode ser medido em notas musicais e termos afins, apresento os pilares da música que escutamos todos os dias nas salas de concerto, na mídia e nos shows. São eles: I - Teoria Musical II - Harmonia III - Solfejo (melódico e rítmico) Todos esses pilares estão intimamente ligados, de modo que outros autores poderiam apresentar alguns deles agrupados ou subdivididos em outros itens. A divisão que proponho acima está baseada simplesmente na forma como foi organizado este livro. Por exemplo, o assunto “intervalos”, que eu antes tratava como um pilar separado por sua importância para fazer os cálculos musicais e para agilizar as deduções do ouvido relativo, foi incorporado ao pilar da harmonia. Apesar de os intervalos não servirem somente para os cálculos harmônicos, vou seguir a tradição de trabalhá-los juntamente com os acordes, descomplicando um pouco a questão para o leitor. Comecei a escrever este livro em 2000, e em 2001 já usava esse conteúdo nas aulas que ministrava. Entre 2003 e 2004 havia escrito 2 apostilas de teoria, 2 de solfejo e 1 de intervalos, além de uma pequena apostila de leitura rítmica. Entre 2011 e 2015, todo esse material foi revisado e amplia12 OS PILARES DA MÚSICA do para formar o presente livro. Para aqueles que estão iniciando sua caminhada musical, devo dizer que o que temos aqui é a ponta do iceberg e que ainda haverá muito o que aprender depois de terminadas estas páginas. Porém, minha experiência como professor e, principalmente, como músico, maestro e compositor, reforça a cada dia a convicção que me impulsionou a escrever: Uma sólida base e seu constante reforço formam o alicerce principal da formação musical. Chegar a altos níveis no conhecimento, na execução ou até na formação musical não produz os efeitos esperados, se a base não for muito bem construída. Todas as vezes em que me deparei com desafios musicais importantes, saí vencedor naqueles em que minha base estava consolidada. Isso também aconteceu com meus alunos. Este livro trata de construir e reforçar essa base com algumas simples, porém significativas, mudanças na apresentação de cada um dos três pilares. Outra mudança importante que fiz no material original foi ampliar a explicação de alguns itens, que antes dependiam da explicação de um professor. Agora, o leitor que estiver estudando por conta própria aproveitará muito mais o conteúdo deste livro. Pessoas que têm o hábito do estudo autodidata aproveitarão bem, pois possuem uma capacidade de dedução adquirida com essa forma de estudo. Mesmo assim recomendo o acompanhamento de um professor para a maioria das pessoas, com a finalidade de não perderem nenhum detalhe aqui contido. 13 RICARD O SOUSA-CASTRO Para cada pilar haverá uma breve explicação seguida dos capítulos sobre o assunto. Quando necessário, descreverei também o método utilizado e o modo como segui-lo. O universo da música é infinito e o desvendamos a cada nova descoberta. Para entender e dominar esta arte, é necessária uma grande dose de dedicação. A recompensa, porém, é sempre maior que o esforço, e a cada desafio cumprido, nos sentimos impelidos ao próximo. Sempre e sempre... Bom estudo! 14 OS PILARES DA MÚSICA Primeiro Pilar: Teoria Musical A teoria apresentada neste livro concentra a maior parte dos conhecimentos necessários sobre a escrita básica musical, suas principais medidas e cálculos. Gustav Mahler costumava dizer que “Tudo está escrito em uma partitura, exceto o essencial”. Uma interessante maneira de interpretar essa célebre frase é pensar que é impossível traduzir a essência de uma obra em notas musicais, mas quem conhece todos os sinais e termos empregados em uma partitura poderá entendê-la e transmiti-la ao público se souber aliar seu conhecimento a um senso crítico bem desenvolvido. É claro que a parte do senso crítico é outro assunto, mas este livro irá ajudar o leitor na parte que se refere ao conhecimento musical. Não foi nada fácil escolher quais temas seriam abordados e quais seriam deixados de fora deste livro. A solução foi manter o foco no objetivo de formar uma sólida base para o estudante de música, explicando-a de um modo mais simples e didático. Assim, é possível estimular a curiosidade para estudos mais profundos, o que geralmente é feito quando o aluno decide cursar música na universidade. A maior parte dos capítulos a seguir pode ser entendida sem a ajuda de um professor. Em caso de dúvida, releia 15 RICARD O SOUSA-CASTRO com calma ou deixe a leitura para o dia seguinte. Se mesmo assim não der certo, busque ajuda de um professor ou de um amigo mais avançado em música. A internet também pode ser uma grande fonte de ouro, se a pessoa souber buscá-lo. Busque o ouro e – às vezes – você o encontrará. Um bom professor ainda é a opção mais recomendada. 16 OS PILARES DA MÚSICA Capítulo 1 As notas musicais e a pauta As notas musicais são sete: Dó – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá – Si O Sistema Alfabético é outra forma de representar as notas. Utilizado em diversos países até hoje, associa cada nota a uma letra do alfabeto: Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol A B C D E F G A pauta musical contém cinco linhas e quatro espaços. Quando necessitamos escrever notas mais altas (agudas) ou mais baixas (graves) utilizamos as linhas suplementares, que complementam a pauta normal: 17