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Há política na discriminação?
Desde a antiguidade, as mais diversas sociedades têm em comum a discriminação:
na Idade Média, mulheres ruivas eram consideradas bruxas e deficientes eram tidos como
maldições; no período colonial, a escravidão não só era um costume como, no Brasil, só foi
extinguida por pressões externas; e na Alemanha do século XX, judeus eram perseguidos e
castigados. Por mais diferentes que os contextos mencionados sejam, todos - e muitos
outros - comprovam que o corpo social se adapta à segregação de determinadas pessoas,
sendo esta separação iniciada, muitas vezes, por personalidades que estão no poder.
Dessa forma, é preciso considerar que o meio político, em vista de defender interesses
próprios, se mostra indiferente a uma mudança da situação e continua a discriminar todos
que lhes sejam convenientes.
Em dado momento, o filósofo e poeta espanhol George Santayna afirmou que
“aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo”, propondo
que os equívocos sociais são, na verdade, repetições ingênuas de acontecimentos antigos.
No entanto, não se pode esquecer que a discriminação, de qualquer natureza, é uma
escolha. Um político, na tentativa incansável de ser eleito, por vezes oferece privilégios a
quem pode o levar ao topo, de forma que o restante da população fica marginalizada e
esquecida. Dessa forma, fica claro que não só aqueles que esquecem o passado podem
repeti-lo, mas aqueles que se lembram das vantagens conseguidas também, dado que,
inegavelmente, há muitos que se favorecem com a miséria alheia.
Além disso, quando se pensa em uma diferenciação vinda de pessoas que não
estão relacionadas ao meio público, cabe ponderar sobre a ausência no Estado para
remediar a situação. Se perante a Constituição todos são iguais, por que na prática ocorre o
oposto? A resposta volta à questão de interesses: se amenizar o cenário não trará aos
governantes algum benefício, nenhuma medida será tomada. Assim, as comunidades são
construídas e estabelecidas baseadas no privilégio de poucos.
Dado o exposto, é evidente que os atos discriminatórios apresentam um viés
político: as mulheres ruivas e os deficientes da Idade Média não agradavam a Igreja, maior
fonte de poder da época, bem como a escravidão e a perseguição do povo judeu
correspondiam aos ideais de seus respectivos dirigentes. Atualmente, a política se encontra
em uma troca de interesses, de modo que não há perspectiva de melhora para tal
conjuntura. Portanto, enquanto a população continuar a viver adapta a este contexto, a
discriminação estará presente.
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