Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) CURSO DE MEDICINA DISCIPLINA DE GINECOLOGIA LABORATORIO DE HABILIDADES EXAME GINECOLÓGICO, COLETA DE PREVENTIVO E MATERIAL PARA BACTERIOSCOPIA E CULTURA Porto Velho – RO 2019 1 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) EXAME GINECOLÓGICO, COLETA DE PREVENTIVO E MATERIAL PARA BACTERIOSCOPIA E CULTURA Introdução: O exame ginecológico envolve as mamas e o aparelho genital tanto interno como externamente. É um meio propedêutico que nos dá subsídios importantes que juntamente com a história clínica nos guiarão para o diagnóstico clínico para posterior conduta. Todo o médico deve ter domínio dessas técnicas, principalmente os que lidam diretamente na especialidade da ginecologia, o generalista, médico de família, o que lida com imagens, porém de alguma forma todo o médico se deparará em algum momento da sua vida profissional com uma situação que exija esse conhecimento. Uma história clínica bem colhida e um bom exame físico é meio caminho andado para uma conduta adequada e solução do problema do paciente. Aliás o principal objetivo de todos esses anos no curso de medicina é a solução de problemas. Um dos princípios básicos em medicina na busca de um diagnóstico é a história clínica, exame físico e exames complementares se necessários. Muitas vezes só com a história clínica e exame físico podemos chegar um diagnóstico e tomar uma conduta. O mundo moderno tem tendência de uma forma equivocada a alterar essa ordem, hipervalorizando os exames complementares, isso tem onerado os custos com saúde, trazendo um ônus desnecessário e excluindo principalmente os mais pobres. Para um boa coleta de história clínica e exame físico em ginecologia precisamos de alguns quesitos básicos tanto do ambiente, quanto material, reagentes e instrumental que passaremos comentar a seguir. SALA DE EXAME: A sala ou ambiente de exame ginecológico deve ser isolado de modo a permitir que esse procedimento seja feito com privacidade e resguardar a individualidade da examinada e não expô-la a outros a quem não interessa. Se possível deva ser uma sala à parte, caso não seja possível poderá ser no mesmo ambiente do consultório, porém separado por um biombo de forma que fique individualizada e não permita a visão de quem se encontre no ambiente do consultório. O ambiente deve ser bem iluminado com luz natural ou artificial. Esse ambiente de exame deve dar acesso ao sanitário sem que passe pelo ambiente do consultório. 2 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) MOBILIÁRIO DA SALA DE EXAME: • • Mesa ginecológica Mesa auxiliar • Foco auxiliar • Pequeno armário • Assento para o examinador Mesa ginecológica deve ser posicionada de maneira tal que a lateral direita e a frente fique livre para acesso do examinador, isso por que quando a paciente ficar deitada para o exame físico o examinador possa se posicionar à direita da paciente e quando a paciente se posicionar para o exame ginecológico o examinador possa se posicionar à sua frente. A mesa auxiliar deve ficar à frente e à esquerda da mesa ginecológica ao alcance das mãos do examinador, isso se o examinador for destro. Caso contrário inverta essa ordem. Esta mesa se presta para guardar instrumentais, reagentes, materiais úteis ao exame e a pequenos procedimentos. O foco auxiliar normalmente fica a frente da mesa ginecológica e atrás do assento do examinador a fim de servir como fonte de luz para dar melhor visão ao que se pretende examinar. O assento do examinador de preferência deva ser de altura regulável a fim de permitir melhor comodidade. PREPARO DA PACIENTE PARA O EXAME, INCLUINDO VESTIMENTA E POSICIONAMENTO NA MESA DE EXAME: Depois de colhido a história clínica, o exame físico e ginecológico bem feitos, então teremos melhores subsídios para a(s) hipótese(s) diagnóstica. A paciente deve ser informada de como será esse exame. Isso com certeza a fará cooperar e o resultado será melhor. Uma vestimenta adequada como uma bata de abertura na frente e cinto deve ser disponibilizada a fim de que a paciente coloque após se despir num ambiente apropriado que pode ser o sanitário em anexo à sala de exame. A paciente deve ser orientada a se 3 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) trocar e posteriormente se dirigir à sala de exames e deitar-se no leito, sendo coberta com um pequeno lençol da cintura para baixo e aguardar o examinador. De preferência o exame físico e ginecológico deve ser feito na presença de um(a) auxiliar maior idônea(o) para que preste auxilio ao examinador e tem também uma importância sob o ponto de vista ético e legal. ESPÉCULOS VAGINAIS São instrumentos utilizados para abrirem as paredes vaginal, expor a cavidade e colo uterino. Os tipos mais encontrados no mercado são os de Collin e os de Pederson como indica nas respectivas figuras ao lado. Os mais usados são os de Collin. TAMANHOS DOS ESPECULOS DE COLLIN E SUAS INDICAÇÕES: • Espéculos para virgens • Espéculos pequenos • Espéculos médios • Espéculos grandes Espéculos no mercado podem ser encontrados em aço inoxidável, reutilizável porque aceita esterilização a calor, outra forma de especulo é o descartável produzido de poliestireno cristal e de alto impacto, ambos tem a finalidade da visualização da cavidade vaginal e do colo uterino. Espéculo para virgens ou também chamado de virgoscópio serve para o exame ginecológico como o próprio nome diz para mulheres que nunca tiveram relações sexuais e meninas. Encontra-se no tamanho padrão de 95 mm de comprimento por 14 mm de largura das valvas. Espéculos pequenos se destinam a mulheres que nunca tiveram filhos e para mulheres na pós menopausa de acordo com a conveniência. 4 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) Espéculos médios e grandes se destinam as mulheres que tiveram filhos. A indicação do tamanho do especulo de uma forma geral se faz de acordo com o bom senso do examinador e de adequação do conteúdo ao continente. MATERIAIS, INSTRUMENTAIS E PRODUTOS QUÍMICOS BÁSICOS NECESSÁRIOS EM UMA SALA DE EXAME GINECOLÓGICO: • Pinça professor Medina para biopsia de colo. • Pinça de Cheron e de Pozzi • Gaze • Chumaço de algodão • Ácido acético de 2% a 5% • Solução de Lugol • Solução de Toluidina a 2% para teste de Collins • Soro fisiológico • Luvas de látex • Espátula de Ayre • Escovas endocervicais • Fixador (álcool etílico a 95% ou laquê) • Agulha 25x7 ou 25x8 para punção mamária • Seringa descartável de 20 ml TÉCNICAS DO EXAME GINECOLÓGICO: 1. Mamas O exame das mamas na atualidade tem assumido uma importância capital tendo em vista o aumento da incidência do câncer de mama, principalmente nos países desenvolvidos, tornando verdadeiros problemas de saúde pública. Muitos fatores que influenciam na gênese do câncer de mama já são conhecidos, porém a causa básica ainda não é conhecida pela ciência. Estudos estatísticos tem demonstrado que quanto mais precoce o diagnóstico melhor é o prognóstico (3). As primeiras abordagens a serem feitas na paciente são através da história e do exame clinico rotineiro de acordo com o protocolo a fim de detectar a(s) lesão(ões) precoce(s). 5 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) A. Pesquisa de linfonodos cervicais laterais, supra claviculares e axilares bilaterais. Deve ser o primeiro passo na ordem desse esse exame por que qualquer achado de gânglio suspeito nos chamará atenção para as etapas seguintes no sentido de localizar a lesão primitiva. A paciente deve estar sentada no leito de frente para o examinador com o tronco desnudo. A pesquisa deve ser feita com as pontas dos dedos fazendo uma varredura de forma circular desde a região retro –auricular, cervical lateral, região supra e infra – clavicular bilateral à procura de gânglio suspeito. Encontrado nódulo(s) sua localização, bem como a consistência, a mobilidade, sensibilidade, contornos devem ser anotados. A seguir o examinador com sua mão dominante espalmada usando as pontas dos dedos em contraposição ao gradio costal, busca no oco axilar até a porção posterior do músculo peitoral maior, a presença de gânglio(s) ou nódulo(s), descrevendo – os da mesma forma acima descrito. Com a outra mão apoia o braço da paciente de forma a mantê-la relaxada e poder fazer o melhor proveito do exame. Na figura abaixo pode-se verificar as fases descrita acima com destaque para a pesquisa axilar. Deve ser feito em ambos os lados todas as fases. B. Inspeção estática A paciente continua sentada no leito com o tronco desnudo e ambos os membros superiores elevados de modo que permita ver as axilas. Dessa forma o examinador poderá observar a “linha do leite” como na figura abaixo (imaginária). Na referida linha pode-se observar má formações como mamilos supra – numerários (politelia), ou mamas supra – numerárias (polimastia). 6 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) Pode -se, ainda, ver a presença de cicatrizes, apreciar o número de mamas, simetria, a forma (pendulares, eutróficas), contornos e revestimento cutâneo (retrações), espessamento de pele, tumorações. A retração de pele é um dos sinais de malignidade, porém pode ser vista em outras doenças benignas da mama como tumores de células granulares, necrose adiposa, tromboflebite da veia toracoepigástrica que é Doença de Mondor (3). Nas mamas pendulares deve-se examinar o sulco infra – mamário para ver a possibilidade de lesões de pele. Em pacientes que já tiveram filhos podemos observar a Presença da aréola secundária, estrias mamárias. Estrias também podem ser observadas nas mulheres que não tiveram filhos, principalmente nas obesas. Aspecto da pele, ver se há hiperemia, sinais flogisticos. Quanto aos mamilos anotar se são protusos, planos ou invertidos. No caso de um ou os dois mamilos forem invertidos observar se são congênitos ou não, caso contrário assinalar o tempo de aparecimento. C. Inspeção dinâmica Neste tempo devemos com que a paciente promova uma movimentação dos membros superiores que pode ser de extensão e flexão que por sua vez movimenta os músculos peitorais maiores juntamente com sua fáscias. As cristas de Duret que ligam a pele, 7 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) atravessam a glândula mamária e se fixam na fáscias dos referidos músculos, promovem movimentação conjunta das mamas com os membros superiores. É de pleno conhecimento que estas cristas de Duret além de tecido fibroso, possuem nervos, vasos sanguíneos e linfáticos. Caso haja uma infiltração tumoral nestas cristas haverá encurtamento dela, obstrução dos linfáticos, consequentemente retração, espessamento de pele e diminuição da amplitude da movimentação da mama comprometida. Em casos iniciais de câncer de mama na inspeção estática as vêzes não verificamos nenhuma alteração, porém no momento da inspeção dinâmica aparece a retração de pele. Outra maneira de pesquisar isso e pedir a paciente que incline o tronco um pouco para frente e coloque as mãos na cintura, movimentando os membros superiores para frente para trás conforme visualizado na figura ao lado. Na figura abaixo vemos a inspeção dinâmica o aparecimento de retração do mamilo na mama direita secundário a um tumor no quadrante inferior interno evidenciado posteriormente. 8 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) D.Palpação das mamas e expressão mamilar Palpação Solicite à paciente que vista a bata, deite no leito, deixe descoberta apenas a mama que será feito o exame e com a própria mão do mesmo lado no dorso da região cervical. A palpação é feita com as pontas dos dedos, dedilhando como se faz em um teclado de computador ou piano à procura de nódulo(s). Essa busca pode ser feita a partir do mamilo para a periferia ou ao contrário e de forma circular até cobrir toda a mama. É permitido fazer com uma ou ambas as mãos. O nódulo encontrado deve ser anotado a sua localização bem como a descrição quanto à forma geométrica, superfície, mobilidade. Para descrever a localização divida a mama em quatro quadrantes: lateral superior, lateral inferior, medial superior e medial inferior. Tome como referência o mamilo na descrição da localização do nódulo, levando em conta também o quadrante. Exemplo de uma descrição: nódulo palpável no quadrante 9 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) inferior medial da mama direita a uma distância de 2 cm do mamilo, de profundidade mediana, forma indefinida, superfície irregular e aderente aos tecidos adjacentes. Através do exame clínico podemos diferenciar nódulos benignos de malignos de acordo com o quadro abaixo: Diferenciação clínica de nódulos mamários Características Forma geométrica Superfície Mobilidade Maior diâmetro Benigno Definida Regular Móvel Paralelo à pele Maligno Indefinida Irregular Aderido Transversal à pele Uma situação peculiar que pode ser observado mais comumente na mulher pós menopausa devido a diminuição dos esteroides é uma liposubstituição e consequente atrofia do tecido mamário, isso ocorre de maneira homogênea. Se no exame clinico observamos uma área mais consistente que a contra – lateral taxamos como área de espessamento. Nesse caso uma investigação complementar se faz necessário para esclarecimento diagnóstico por que pode se tratar uma manifestação maligna. Expressão mamilar Deve ser pesquisada com uma ou com duas mãos, comprimindo levemente a mama próximo dos mamilos sempre em duas direções. A descarga láctea espontânea ou pela expressão mamilar em ambas mamas podem estar associadas as Síndromes de Chiari – Frommel, Ahumada – Del – Castillo e Forbes – Albright. Outros casos pode ser observado em patologia de transtorno benigno das mamas. Descarga mamilar unilateral podemos observar associada a processos inflamatórios, papiloma intraductal e carcinoma. Quanto a natureza da descarga podemos observar os seguintes aspectos: leitosa, serosa, aquosa, hemorrágica e purulenta. A aquosa e hemorrágica está mais associada ao carcinoma intraductal. 2. Aparelho Genital Feminino O exame do aparelho genital feminino deve ser feito com muito cuidado, respeito e seguir certos princípios a fim de obtermos melhores resultados e fugir de falsos achados em face de ser região com alto índice de somatização. Também existe o aspecto ético e legal a ser cumprido, por exemplo, o exame sempre deve ser acompanhado por uma 10 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) terceira pessoa, maior e idônea. No caso poderá ser um(a) assistente. O examinador deve ser amável, calmo, discreto e cooperativo de formas a ganhar confiança da examinada. A paciente deve ser avisada de tudo que será feito passo a passo para evitar mal entendido. Como profissionais de saúde somos convidados a participarmos da intimidade da paciente, porém ela não nos pertence. A linha entre o profissional ético, de bons princípios e o mal intencionado neste quesito é muito tênue, por isso esses princípios devem ser seguidos à risca. Isso vale para examinadores de ambos os sexos. A sociedade cobra muito caro daqueles que ousam ultrapassar essa linha. A mídia tem mostrado isso e as punições são severas. Não devemos nos esquecer de que podemos também estar lidando com pacientes psiquiátricas, isso reforça ainda mais as recomendações. O exame tem o objetivo de avaliar a genitália externa, interna e órgãos pélvicos como bexiga, útero, anexos (ovários e trompas) e o reto, quanto a sensibilidade, tamanho e posição. A. INSPEÇÃO: Estática Paciente deve deitar-se à mesa ginecológica em posição de litotomia (posição ginecológica), ou seja, em decúbito dorsal, nádegas junto à borda da mesa de exame, com coxas e pernas semi – fletidas e os pés nos estribos e com os joelhos abertos de modo a expor a vulva e toda região perineal. Observa-se a implantação dos pelos pubianos se é típica(ginecoide) ou atípica(androide), as lacerações perineais, presença de lesões ulcerosas, hipertróficas tipo vegetativas ou planas, trofismo, turgor e coloração da pele. Monte de Vênus pigmentado e pequenos lábios evidentes são sinais de atividade estrogênica, portanto, essas evidências são vistas no menacme. Quando houver áreas suspeitas de câncer na vulva usar solução azul de toluidina a 2%, onde colorir com maior intensidade (Teste de Collins) indica a região de maior replicação celular, local indicado para biopsia. Dinâmica Com dois dedos entreabrir os pequenos lábios e faça que a paciente pratique a Manobra de Valsava e verificar se há uretrocele, cistocele, retocele, prolapso uterino ou da cúpula vaginal nas histerectomizadas. Verificar se há perda de urina durante o esforço. Na 11 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) presença de retocele, é importante realizar toque retal e vaginal simultâneo para verificar a presença enterocele (Freitas et. al.,2006). Cistocele trata-se de uma formação sacular para luz vaginal, na parede anterior da vagina de causa multifatorial, porém fortemente relacionado com perda de colágeno na fáscia pubovaginal. Durante o esforço máximo observa-se a movimentação do ponto mais saliente da formação sacular se for até a metade inferior da vagina temos cistocele grau I. Grau II quando o ponto mais saliente durante esforço máximo encostar na carúncula himenal. Grau III quando o referido ponto ultrapassa a carúncula himenal (1). Prolapso uterino ou de cúpula vaginal grau I quando durante o esforço máximo o colo uterino ou o ápice vaginal desce à metade inferior da vaginal, grau II quando encosta na carúncula himenal e grau III quando ultrapassa a referida carúncula. Retocele é uma formação sacular para a luz vaginal proveniente da parede posterior atribuído também a múltiplos fatores como laceração perineal por trauma de parto perda de colágeno de causa hereditária na fáscia puboretal. A observação também se faz no esforço máximo durante a manobra de Valsava. Considera-se grau I quando a parte mais saliente da formação sacular descer à metade inferior da vagina, grau II quando encosta na carúncula himenal e grau III quando ultrapassa a carúncula himenal. B.EXAME ESPECULAR: O espéculo deve ser introduzido na posição vertical com uma leve obliquidade para proteger a uretra e vá girando paulatinamente em sentido horário por 90º até o terço médio da vagina, aí então, comece a abrir as valvas e posicionar na tentativa de visualizar o colo uterino. Só use espéculo lubrificado se não for colher material para exame. 12 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) Exposto o colo uterino faça a coleta tríplice de material para colpocitologia e ou exame de bacterioscopia do fundo de saco vaginal se houver indicação com a parte arredondada da espátula de Ayre, com outro lado da espátula, onde tem uma chanfradura, coloque a parte maior no orifício do colo uterino e depois gire 360º para coletar células de toda circunferência da JEC. A chanfradura deve correr exatamente em cima de JEC, de modo que a parte mais saliente da espátula colha células de tecido glandular ou endocervical e parte menor colha células do epitélio escamoso. Para coleta de células de cuja JEC que encontram no canal endocervical usa-se escova, girando-a 360º cerca de três vezes. Faz-se o esfregaço tríplice numa lamina previamente identificada, isto é esfregaço da JEC, canal endocervical e do fundo de saco vaginal. Há também escovas especiais ou swabs fabricados para realização de citologia em meio liquido ou para realização de exames especiais, como captura hibrida, bacterioscopia à fresco ou corada pelo método de Gram ou de Giemsa. Após a retirada a escova deve ser colocada dentro de um tubo contendo liquido para posterior análise. A seguir limpe o colo com um chumaço de algodão ou gaze embebida em soro fisiológico para melhor examinar o colo uterino e, depois aplique ac.acético a 3%. Aguarda-se em torno de 3 minutos e novamente inspecione o colo à procura de lesões leucoacética. Usando a solução de lugol faça o teste de Schiller e anote os resultados indicando a localização onde se positivou o teste. Consideramos o teste de Schiller positivo quando não cora pelo iodo, isto é iodo negativo, Schiller positivo. Tem valor semiótico quando a lesão é aceto branca e Schiller positivo, portanto trata-se de área suspeita. A retirada do espéculo se faz pelo processo inverso ao da introdução e concomitantemente faz-se a inspeção do canal vaginal a fim detectar alguma lesão. TESTE DE SCHILLER: colo normal (glicógeno + alterado (glicógeno iodo schiller +). 13 iodo + schiller –) e colo Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) CONSERVAÇÃO DO MATERIAL COLETADO PARA POSTERIOR ENVIO AO LABORATÓRIO: Material para colpo citologia após esfregaço em lâmina deve ser fixado com laquê de cabelo ou imerso num frasco contendo uma solução de álcool etílico a 95%. C.TOQUE VAGINAL: Com dedos polegar e mínimo entreabra os pequenos lábios e introduza no canal vaginal os dedos indicador e médio já explorando a musculatura perineal, permeabilidade do canal vaginal, presença de tumorações, nódulos, com manobras suaves. Ao chegar na cérvice coloque a outra mão sobre o ventre da paciente e delicadamente tente apreender o útero em ambas mãos, explorando sua forma, tamanho, consistência, sensibilidade, mobilidade. Tente apalpar os anexos anotando particularidades no tocante a sensibilidade, tamanho, presença de nódulos ou tumorações no fundo de saco de Douglas, os quais podem significar endometriose e desencadear tenesmo ou dor quando tocados. Pontos importantes a destacar no toque vaginal: • Delimitacão do útero: tamanho, forma, consistencia, sensibilidade, mobilidade e posicão. • Delimitacão do istmo amolecimento em caso de gravidez. • Delimitacão das zonas anexiais: 14 uterino: Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) • Investigar a presença de dor pélvica mediante mobilização do colo uterino. Avaliação perineal: Para avaliar a região perineal diante de situações como retocele, disfunções sexuais que nos leve a pensar em problemas anatômicos e mesmo incontinência urinária e fecal deve-se avaliar a parte anatômica e a higidez funcional da musculatura perineal. Introduza o dedo indicador e médio no introito vaginal e solicite que a paciente contraia o ânus para avaliação funcional do assoalho pélvico segundo a classificação de Ortiz, 1.994. Avaliação Funcional do assoalho pélvico (AFA) Grau 0: sem função perineal objetiva, nem mesmo à palpação Grau 1: função perineal objetiva ausente, reconhecida somente à palpação Grau 2: função perineal objetiva débil, reconhecida à palpação Grau 3: função perineal objetiva e resistência opositora, não mantida à palpação Grau 4: função perineal objetiva e resistência opositora mantida à palpação por mais de 5 segundos. D.TOQUE RETAL: Não faz parte da rotina do exame ginecológico, más eventualmente pode ser realizado em situações especiais por questões culturais que a paciente negue a realização do toque vaginal, virgens, na presença de sintomas intestinais como suspeita de neoplasia de reto ou sangramento retal. Útil na presença de lesões condilomatosas peri anal que leve a suspeita de lesões no reto. Nessa situação você deve explicar a situação à paciente e a importância de se fazer o exame e como se faz e solicitar permissão para tal. Na negativa deve registrar no prontuário e encaminhar ao proctologista para que faça anuscopia. Na avaliação de distopias pélvicas também é importante, a fim de descartar enterocele, utilizando-se, então o toque bimanual, concomitante um dedo na vagina e outro no reto. Em resumo o toque retal está indicado para: • Avaliação dos paramétrios • Avaliação de retocele, fístulas reto vaginais, infiltracão tumoral • Hemorragia retal • Avaliação dos ligamentos úterossacros • Toque reto vaginal: avaliar a espessura da parede reto vaginal 15 • Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) Toque reto abdominal: útil na avaliação dos ligamentos úterossacros e paramétrios. Exploração ginecológica na mulher senil na mulher virgem. • Toque reto vagino abdominal: avaliação oncológica. E.Conclusão Na finalização do presente trabalho queremos fazê-lo deixando aqui um dos pilares na construção do diagnóstico clínico que é a coleta de dados. A anamnese o exame clínico nos fornece esses dados que juntamente com conhecimentos médico podemos através do raciocínio clínico chegar a um diagnóstico. Segundo AMEE (Association for Medical Education in Europe) raciocínio clínico é um conjunto de processos de pensamentos pelos quais os profissionais de saúde selecionam, interpretam, analisam e combinam informações com o objetivo de tomar decisões sobre um paciente em uma determinada situação clínica (6). O Dr. Leandro Diehl em um treinamento de capacitação de docentes, aqui na UNISL/2019/1, falou em uma palestra “Fundamentos do raciocínio clínico!” que o raciocínio clínico é uma habilidade útil para ter a competência de diagnosticar e tomar decisões. Ela pode ser aprendida, exercitada e desenvolvida de formas a criar no profissional caminhos mentais de raciocínios rápidos que mesmo sem muitos conhecimentos de doenças ser capaz de fazer diagnósticos e tomar decisões sem perca de tempo (6). Então, a propedêutica clínica em ginecologia é uma ferramenta importante para formar essa tríade: coleta de dados, conhecimento teórico e raciocínio clínico que são fundamentais na feitura de diagnóstico e tomada de decisões. Portanto, vocês exaustivamente devem dominar essas técnicas que muito lhes servirão. 16 Universidade São Lucas Ltda. Faculdade de medicina São Lucas Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99 Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU) Autores: 1ª Edição 2.011 Prof. Dr. Md Luis Marcelo Aranha – Coordenador do Curso de Medicina Prof. Ms. Md Heinz Roland Jakobi – Coordenador das disciplinas de Ginecologia e Obstsetrícia. Profª.Ms. Md Ida Perea Prof.ª Ms. Md Rita de Cássia Prof. Ms. Md Wagner Gregório Prof. Md Delvy Ribeiro Prof.Md Carlos Maiorquim Profª. Md Manuela 2ª Edição revisada, ampliada e atualizada em 2019 pelo prof. Ms. Md Wagner Gregório. Equipe de coordenação: 2019 Prof.ª Ms. Md Rita de Cássia – Coordenadora do curso de Medicina Prof.ª Md. Claudete Martins–Coordenadora das disciplinas de Ginecologia e Obstetrícia. Prof. Franc - Chefe do Laboratório de Habilidades BIBLIOGRAFIA: 1. Freitas, F; Menke, CH; Rivoire, WA; Passos, EP. ROTINAS EM GINECOLOGIA. 5 Ed. Porto Alegre.Artmed, 2006. 2. Berek, JS. NOVAK TRATADO DE GINECOLOGIA. 13 Ed. Guanabara koogan2005. 3. Harris, JR; Lippman, ME; Morrow, M; Osborne, CK. Doenças das Mamas Volume I e I. 5ªEdição. Editôra Dilivros, 2.016. 4. Smith, RP. Ginecologia e obstetrícia de Netter. Editôra Artmed, 2004. 5. Martins, NV et. al., 2014. Patologia do trato genital inferior. Editora Roca. 6. Diehl, L. Arquivo pessoal slides palestra “Fundamentos do raciocínio clínico. 2019. 17