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Guia de Prática para o Ambulatório de Ginecologi 230726 085959

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Universidade São Lucas Ltda.
Faculdade de medicina São Lucas
Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99
Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU)
CURSO DE MEDICINA
DISCIPLINA DE GINECOLOGIA
LABORATORIO DE HABILIDADES
EXAME GINECOLÓGICO,
COLETA DE PREVENTIVO E MATERIAL PARA
BACTERIOSCOPIA E CULTURA
Porto Velho – RO
2019
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Universidade São Lucas Ltda.
Faculdade de medicina São Lucas
Credenciada pela Portaria 1.714 de 03/12/99
Portaria de Autorização nº 2077de 13 de junho de 2005, publicada em 14/06/2005 (DOU)
EXAME GINECOLÓGICO, COLETA DE PREVENTIVO E MATERIAL
PARA BACTERIOSCOPIA E CULTURA
Introdução:
O exame ginecológico envolve as mamas e o aparelho genital tanto interno como
externamente. É um meio propedêutico que nos dá subsídios importantes que
juntamente com a história clínica nos guiarão para o diagnóstico clínico para posterior
conduta. Todo o médico deve ter domínio dessas técnicas, principalmente os que lidam
diretamente na especialidade da ginecologia, o generalista, médico de família, o que lida
com imagens, porém de alguma forma todo o médico se deparará em algum momento
da sua vida profissional com uma situação que exija esse conhecimento.
Uma história clínica bem colhida e um bom exame físico é meio caminho andado para
uma conduta adequada e solução do problema do paciente. Aliás o principal objetivo de
todos esses anos no curso de medicina é a solução de problemas.
Um dos princípios básicos em medicina na busca de um diagnóstico é a história clínica,
exame físico e exames complementares se necessários. Muitas vezes só com a história
clínica e exame físico podemos chegar um diagnóstico e tomar uma conduta. O mundo
moderno tem tendência de uma forma equivocada a alterar essa ordem,
hipervalorizando os exames complementares, isso tem onerado os custos com saúde,
trazendo um ônus desnecessário e excluindo principalmente os mais pobres.
Para um boa coleta de história clínica e exame físico em ginecologia precisamos de
alguns quesitos básicos tanto do ambiente, quanto material, reagentes e instrumental que
passaremos comentar a seguir.
SALA DE EXAME:
A sala ou ambiente de exame ginecológico deve ser isolado de modo a permitir que esse
procedimento seja feito com privacidade e resguardar a individualidade da examinada e
não expô-la a outros a quem não interessa. Se possível deva ser uma sala à parte, caso
não seja possível poderá ser no mesmo ambiente do consultório, porém separado por
um biombo de forma que fique individualizada e não permita a visão de quem se
encontre no ambiente do consultório. O ambiente deve ser bem iluminado com luz
natural ou artificial. Esse ambiente de exame deve dar acesso ao sanitário sem que passe
pelo ambiente do consultório.
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MOBILIÁRIO DA SALA DE EXAME:
•
•
Mesa ginecológica
Mesa auxiliar
•
Foco auxiliar
•
Pequeno armário
•
Assento para o examinador
Mesa ginecológica deve ser posicionada de maneira tal que a lateral direita e a frente
fique livre para acesso do examinador, isso por que quando a paciente ficar deitada para
o exame físico o examinador possa se posicionar à direita da paciente e quando a
paciente se posicionar para o exame ginecológico o examinador possa se posicionar à
sua frente.
A mesa auxiliar deve ficar à frente e à esquerda da mesa ginecológica ao alcance das
mãos do examinador, isso se o examinador for destro. Caso contrário inverta essa
ordem. Esta mesa se presta para guardar instrumentais, reagentes, materiais úteis ao
exame e a pequenos procedimentos.
O foco auxiliar normalmente fica a frente da mesa ginecológica e atrás do assento do
examinador a fim de servir como fonte de luz para dar melhor visão ao que se pretende
examinar.
O assento do examinador de preferência deva ser de altura regulável a fim de permitir
melhor comodidade.
PREPARO DA PACIENTE PARA O EXAME, INCLUINDO VESTIMENTA E
POSICIONAMENTO NA MESA DE EXAME:
Depois de colhido a história clínica, o exame físico e ginecológico bem feitos, então
teremos melhores subsídios para a(s) hipótese(s) diagnóstica. A paciente deve ser
informada de como será esse exame. Isso com certeza a fará cooperar e o resultado será
melhor.
Uma vestimenta adequada como uma bata de abertura na frente e cinto deve ser
disponibilizada a fim de que a paciente coloque após se despir num ambiente apropriado
que pode ser o sanitário em anexo à sala de exame. A paciente deve ser orientada a se
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trocar e posteriormente se dirigir à sala de exames e deitar-se no leito, sendo coberta
com um pequeno lençol da cintura para baixo e aguardar o examinador. De preferência
o exame físico e ginecológico deve ser feito na presença de um(a) auxiliar maior
idônea(o) para que preste auxilio ao examinador e tem também uma importância sob o
ponto de vista ético e legal.
ESPÉCULOS VAGINAIS
São instrumentos utilizados para abrirem as paredes
vaginal, expor a cavidade e colo uterino. Os tipos
mais encontrados no mercado são os de Collin e os de
Pederson como indica nas respectivas figuras ao lado.
Os mais usados são os de Collin.
TAMANHOS DOS ESPECULOS DE COLLIN E SUAS INDICAÇÕES:
•
Espéculos para virgens
•
Espéculos pequenos
•
Espéculos médios
•
Espéculos grandes
Espéculos no mercado podem ser encontrados em aço inoxidável, reutilizável porque
aceita esterilização a calor, outra forma de especulo é o descartável produzido de
poliestireno cristal e de alto impacto, ambos tem a finalidade da visualização da
cavidade vaginal e do colo uterino.
Espéculo para virgens ou também chamado de virgoscópio serve para o exame
ginecológico como o próprio nome diz para mulheres que nunca tiveram relações
sexuais e meninas. Encontra-se no tamanho padrão de 95 mm de comprimento por 14
mm de largura das valvas.
Espéculos pequenos se destinam a mulheres que nunca tiveram filhos e para mulheres
na pós menopausa de acordo com a conveniência.
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Espéculos médios e grandes se destinam as mulheres que tiveram filhos. A indicação do
tamanho do especulo de uma forma geral se faz de acordo com o bom senso do
examinador e de adequação do conteúdo ao continente.
MATERIAIS, INSTRUMENTAIS E PRODUTOS QUÍMICOS BÁSICOS
NECESSÁRIOS EM UMA SALA DE EXAME GINECOLÓGICO:
•
Pinça professor Medina para biopsia de colo.
•
Pinça de Cheron e de Pozzi
•
Gaze
•
Chumaço de algodão
•
Ácido acético de 2% a 5%
•
Solução de Lugol
•
Solução de Toluidina a 2% para teste de Collins
•
Soro fisiológico
•
Luvas de látex
•
Espátula de Ayre
•
Escovas endocervicais
•
Fixador (álcool etílico a 95% ou laquê)
•
Agulha 25x7 ou 25x8 para punção mamária
•
Seringa descartável de 20 ml
TÉCNICAS DO EXAME GINECOLÓGICO:
1. Mamas
O exame das mamas na atualidade tem assumido uma importância capital tendo em
vista o aumento da incidência do câncer de mama, principalmente nos países
desenvolvidos, tornando verdadeiros problemas de saúde pública. Muitos fatores
que influenciam na gênese do câncer de mama já são conhecidos, porém a causa
básica ainda não é conhecida pela ciência. Estudos estatísticos tem demonstrado que
quanto mais precoce o diagnóstico melhor é o prognóstico (3). As primeiras
abordagens a serem feitas na paciente são através da história e do exame clinico
rotineiro de acordo com o protocolo a fim de detectar a(s) lesão(ões) precoce(s).
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A. Pesquisa de linfonodos cervicais laterais, supra claviculares e axilares
bilaterais.
Deve ser o primeiro passo na ordem desse esse exame por que qualquer achado de
gânglio suspeito nos chamará atenção para as etapas seguintes no sentido de
localizar a lesão primitiva.
A paciente deve estar sentada no leito de frente para o examinador com o tronco
desnudo. A pesquisa deve ser feita com as pontas dos dedos fazendo uma varredura
de forma circular desde a região retro –auricular, cervical lateral, região supra e
infra – clavicular bilateral à procura de gânglio suspeito. Encontrado nódulo(s) sua
localização, bem como a consistência, a mobilidade, sensibilidade, contornos devem
ser anotados. A seguir o examinador com sua mão dominante espalmada usando as
pontas dos dedos em contraposição ao gradio costal, busca no oco axilar até a
porção posterior do músculo peitoral maior, a presença de gânglio(s) ou nódulo(s),
descrevendo – os da mesma forma acima descrito. Com a outra mão apoia o braço
da paciente de forma a mantê-la relaxada e poder fazer o melhor proveito do exame.
Na figura abaixo pode-se verificar as fases descrita acima com destaque para a
pesquisa axilar. Deve ser feito em ambos os lados todas as fases.
B. Inspeção estática
A paciente continua sentada no leito com o tronco desnudo e ambos os membros
superiores elevados de modo que permita ver as axilas. Dessa forma o examinador
poderá observar a “linha do leite” como na figura abaixo (imaginária).
Na referida linha pode-se observar má formações como mamilos supra –
numerários (politelia), ou mamas supra – numerárias (polimastia).
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Pode -se, ainda, ver a presença de cicatrizes, apreciar o número de mamas, simetria, a
forma (pendulares, eutróficas), contornos e revestimento cutâneo (retrações),
espessamento de pele, tumorações. A retração de pele é um dos sinais de malignidade,
porém pode ser vista em outras doenças benignas da mama como tumores de células
granulares, necrose adiposa, tromboflebite da veia toracoepigástrica que é Doença de
Mondor (3).
Nas mamas pendulares deve-se examinar o sulco infra – mamário para ver a
possibilidade de lesões de pele. Em pacientes que já tiveram filhos podemos observar a
Presença da aréola secundária, estrias mamárias. Estrias também podem ser observadas
nas mulheres que não tiveram filhos, principalmente nas obesas. Aspecto da pele, ver se
há hiperemia, sinais flogisticos. Quanto aos mamilos anotar se são protusos, planos ou
invertidos. No caso de um ou os dois mamilos forem invertidos observar se são
congênitos ou não, caso contrário assinalar o tempo de aparecimento.
C. Inspeção dinâmica
Neste tempo devemos com que a paciente promova uma movimentação dos membros
superiores que pode ser de extensão e flexão que por sua vez movimenta os músculos
peitorais maiores juntamente com sua fáscias. As cristas de Duret que ligam a pele,
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atravessam a glândula mamária e se fixam na fáscias dos referidos músculos, promovem
movimentação conjunta das mamas com os membros superiores. É de pleno
conhecimento que estas cristas de Duret além de tecido fibroso, possuem nervos, vasos
sanguíneos e linfáticos.
Caso haja uma infiltração tumoral nestas cristas haverá
encurtamento dela, obstrução dos linfáticos, consequentemente retração, espessamento
de pele e diminuição da amplitude da movimentação da mama comprometida.
Em casos iniciais de câncer
de mama na inspeção estática
as vêzes não verificamos
nenhuma alteração, porém no
momento
da
inspeção
dinâmica aparece a retração
de pele.
Outra maneira de pesquisar
isso e pedir a paciente que
incline o tronco um pouco
para frente e coloque as mãos
na cintura, movimentando os
membros
superiores
para
frente para trás conforme
visualizado na figura ao lado.
Na figura abaixo vemos a
inspeção
dinâmica
o
aparecimento de retração do
mamilo
na
mama
direita
secundário a um tumor no
quadrante
inferior
interno
evidenciado posteriormente.
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D.Palpação das mamas e expressão mamilar
Palpação
Solicite à paciente que vista a bata, deite no leito, deixe descoberta apenas a mama que
será feito o exame e com a própria mão do mesmo lado no dorso da região cervical. A
palpação é feita com as pontas dos dedos, dedilhando como se faz em um teclado de
computador ou piano à procura de nódulo(s). Essa busca pode ser feita a partir do
mamilo para a periferia ou ao contrário e de forma circular até cobrir toda a mama. É
permitido fazer com uma ou ambas as mãos. O nódulo encontrado deve ser anotado a
sua localização bem como a descrição quanto à forma geométrica, superfície,
mobilidade. Para descrever a localização divida a mama em quatro quadrantes: lateral
superior, lateral inferior, medial superior e medial inferior.
Tome como referência o mamilo na descrição da localização do nódulo, levando em
conta também o quadrante. Exemplo de uma descrição: nódulo palpável no quadrante
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inferior medial da mama direita a uma distância de 2 cm do mamilo, de profundidade
mediana, forma indefinida, superfície irregular e aderente aos tecidos adjacentes.
Através do exame clínico podemos diferenciar nódulos benignos de malignos de
acordo com o quadro abaixo:
Diferenciação clínica de nódulos mamários
Características
Forma geométrica
Superfície
Mobilidade
Maior diâmetro
Benigno
Definida
Regular
Móvel
Paralelo à pele
Maligno
Indefinida
Irregular
Aderido
Transversal à pele
Uma situação peculiar que pode ser observado mais comumente na mulher pós
menopausa devido a diminuição dos esteroides é uma liposubstituição e consequente
atrofia do tecido mamário, isso ocorre de maneira homogênea. Se no exame clinico
observamos uma área mais consistente que a contra – lateral taxamos como área de
espessamento. Nesse caso uma investigação complementar se faz necessário para
esclarecimento diagnóstico por que pode se tratar uma manifestação maligna.
Expressão mamilar
Deve ser pesquisada com uma ou com duas mãos, comprimindo levemente a mama
próximo dos mamilos sempre em duas direções. A descarga láctea espontânea ou pela
expressão mamilar em ambas mamas podem estar associadas as Síndromes de Chiari –
Frommel, Ahumada – Del – Castillo e Forbes – Albright. Outros casos pode ser
observado em patologia de transtorno benigno das mamas. Descarga mamilar unilateral
podemos observar associada a processos inflamatórios, papiloma intraductal e
carcinoma. Quanto a natureza da descarga podemos observar os seguintes aspectos:
leitosa, serosa, aquosa, hemorrágica e purulenta. A aquosa e hemorrágica está mais
associada ao carcinoma intraductal.
2. Aparelho Genital Feminino
O exame do aparelho genital feminino deve ser feito com muito cuidado, respeito e
seguir certos princípios a fim de obtermos melhores resultados e fugir de falsos achados
em face de ser região com alto índice de somatização. Também existe o aspecto ético e
legal a ser cumprido, por exemplo, o exame sempre deve ser acompanhado por uma
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terceira pessoa, maior e idônea. No caso poderá ser um(a) assistente. O examinador
deve ser amável, calmo, discreto e cooperativo de formas a ganhar confiança da
examinada. A paciente deve ser avisada de tudo que será feito passo a passo para evitar
mal entendido. Como profissionais de saúde somos convidados a participarmos da
intimidade da paciente, porém ela não nos pertence. A linha entre o profissional ético,
de bons princípios e o mal intencionado neste quesito é muito tênue, por isso esses
princípios devem ser seguidos à risca. Isso vale para examinadores de ambos os sexos.
A sociedade cobra muito caro daqueles que ousam ultrapassar essa linha. A mídia tem
mostrado isso e as punições são severas. Não devemos nos esquecer de que podemos
também estar lidando com pacientes psiquiátricas, isso reforça ainda mais as
recomendações.
O exame tem o objetivo de avaliar a genitália externa, interna e órgãos pélvicos como
bexiga, útero, anexos (ovários e trompas) e o reto, quanto a sensibilidade, tamanho e
posição.
A. INSPEÇÃO:
Estática
Paciente deve deitar-se à mesa ginecológica em posição de litotomia (posição
ginecológica), ou seja, em decúbito dorsal, nádegas junto à borda da mesa de exame,
com coxas e pernas semi – fletidas e os pés nos estribos e com os joelhos abertos de
modo a expor a vulva e toda região perineal. Observa-se a implantação dos pelos
pubianos se é típica(ginecoide) ou atípica(androide), as lacerações perineais, presença
de lesões ulcerosas, hipertróficas tipo vegetativas ou planas, trofismo, turgor e coloração
da pele. Monte de Vênus pigmentado e pequenos lábios evidentes são sinais de
atividade estrogênica, portanto, essas evidências são vistas no menacme.
Quando houver áreas suspeitas de câncer na vulva usar solução azul de toluidina a 2%,
onde colorir com maior intensidade (Teste de Collins) indica a região de maior
replicação celular, local indicado para biopsia.
Dinâmica
Com dois dedos entreabrir os pequenos lábios e faça que a paciente pratique a Manobra
de Valsava e verificar se há uretrocele, cistocele, retocele, prolapso uterino ou da cúpula
vaginal nas histerectomizadas. Verificar se há perda de urina durante o esforço. Na
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presença de retocele, é importante realizar toque retal e vaginal simultâneo para
verificar a presença enterocele (Freitas et. al.,2006). Cistocele trata-se de uma formação
sacular para luz vaginal, na parede anterior da vagina de causa multifatorial, porém
fortemente relacionado com perda de colágeno na fáscia pubovaginal. Durante o esforço
máximo observa-se a movimentação do ponto mais saliente da formação sacular se for
até a metade inferior da vagina temos cistocele grau I. Grau II quando o ponto mais
saliente durante esforço máximo encostar na carúncula himenal. Grau III quando o
referido ponto ultrapassa a carúncula himenal (1).
Prolapso uterino ou de cúpula vaginal grau I quando durante o esforço máximo o colo
uterino ou o ápice vaginal desce à metade inferior da vaginal, grau II quando encosta na
carúncula himenal e grau III quando ultrapassa a referida carúncula.
Retocele é uma formação sacular para a luz vaginal proveniente da parede posterior
atribuído também a múltiplos fatores como laceração perineal por trauma de parto perda
de colágeno de causa hereditária na fáscia puboretal. A observação também se faz no
esforço máximo durante a manobra de Valsava. Considera-se grau I quando a parte mais
saliente da formação sacular descer à metade inferior da vagina, grau II quando encosta
na carúncula himenal e grau III quando ultrapassa a carúncula himenal.
B.EXAME ESPECULAR:
O espéculo deve ser introduzido na posição vertical com uma leve obliquidade para
proteger a uretra e vá girando paulatinamente em sentido horário por 90º até o terço
médio da vagina, aí então, comece a abrir as valvas e posicionar na tentativa de
visualizar o colo uterino. Só use espéculo lubrificado se não for colher material para
exame.
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Exposto o colo uterino faça a coleta tríplice de material para colpocitologia e ou exame
de bacterioscopia do fundo de saco vaginal se houver indicação com a parte
arredondada da espátula de Ayre, com outro lado da espátula, onde tem uma
chanfradura, coloque a parte maior no orifício do colo uterino e depois gire 360º para
coletar células de toda circunferência da JEC. A chanfradura deve correr exatamente em
cima de JEC, de modo que a parte mais saliente da espátula colha células de tecido
glandular ou endocervical e parte menor colha células do epitélio escamoso. Para coleta
de células de cuja JEC que encontram no canal endocervical usa-se escova, girando-a
360º cerca de três vezes. Faz-se o esfregaço tríplice numa lamina previamente
identificada, isto é esfregaço da JEC, canal endocervical e do fundo de saco vaginal. Há
também escovas especiais ou swabs fabricados para realização de citologia em meio
liquido ou para realização de exames especiais, como captura hibrida, bacterioscopia à
fresco ou corada pelo método de Gram ou de Giemsa. Após a retirada a escova deve ser
colocada dentro de um tubo contendo liquido para posterior análise. A seguir limpe o
colo com um chumaço de algodão ou gaze embebida em soro fisiológico para melhor
examinar o colo uterino e, depois aplique ac.acético a 3%. Aguarda-se em torno de 3
minutos e novamente inspecione o colo à procura de lesões leucoacética. Usando a
solução de lugol faça o teste de Schiller e anote os resultados indicando a localização
onde se positivou o teste. Consideramos o teste de Schiller positivo quando não cora
pelo iodo, isto é iodo negativo, Schiller positivo. Tem valor semiótico quando a lesão é
aceto branca e Schiller positivo, portanto trata-se de área suspeita.
A retirada do
espéculo se faz pelo processo inverso ao da introdução e concomitantemente faz-se a
inspeção do canal vaginal a fim detectar alguma lesão.
TESTE DE SCHILLER: colo normal (glicógeno +
alterado (glicógeno iodo schiller +).
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iodo +
schiller –) e colo
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CONSERVAÇÃO DO MATERIAL COLETADO PARA POSTERIOR ENVIO
AO LABORATÓRIO:
Material para colpo citologia após esfregaço em lâmina deve ser fixado com laquê de
cabelo ou imerso num frasco contendo uma solução de álcool etílico a 95%.
C.TOQUE VAGINAL:
Com dedos polegar e mínimo entreabra os pequenos lábios e introduza no canal vaginal
os dedos indicador e médio já explorando a musculatura perineal, permeabilidade do
canal vaginal, presença de tumorações, nódulos, com manobras suaves. Ao chegar na
cérvice coloque a outra mão sobre o ventre da paciente e delicadamente tente apreender
o útero em ambas mãos, explorando sua forma, tamanho, consistência, sensibilidade,
mobilidade. Tente apalpar os anexos anotando particularidades no tocante a
sensibilidade, tamanho, presença de nódulos ou tumorações no fundo de saco de
Douglas, os quais podem significar endometriose e desencadear tenesmo ou dor quando
tocados.
Pontos importantes a destacar no toque vaginal:
•
Delimitacão do útero: tamanho, forma,
consistencia, sensibilidade, mobilidade e
posicão.
• Delimitacão
do
istmo
amolecimento em caso de gravidez.
• Delimitacão das zonas anexiais:
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uterino:
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• Investigar a presença de dor pélvica mediante mobilização do colo uterino.
Avaliação perineal:
Para avaliar a região perineal diante de situações como retocele, disfunções sexuais que
nos leve a pensar em problemas anatômicos e mesmo incontinência urinária e fecal
deve-se avaliar a parte anatômica e a higidez funcional da musculatura perineal.
Introduza o dedo indicador e médio no introito vaginal e solicite que a paciente contraia
o ânus para avaliação funcional do assoalho pélvico segundo a classificação de Ortiz,
1.994.
Avaliação Funcional do assoalho pélvico (AFA)
Grau 0: sem função perineal objetiva, nem mesmo à palpação
Grau 1: função perineal objetiva ausente, reconhecida somente à palpação
Grau 2: função perineal objetiva débil, reconhecida à palpação
Grau 3: função perineal objetiva e resistência opositora, não mantida à palpação
Grau 4: função perineal objetiva e resistência opositora mantida à palpação por mais de
5 segundos.
D.TOQUE RETAL:
Não faz parte da rotina do exame ginecológico, más eventualmente pode ser realizado
em situações especiais por questões culturais que a paciente negue a realização do toque
vaginal, virgens, na presença de sintomas intestinais como suspeita de neoplasia de reto
ou sangramento retal. Útil na presença de lesões condilomatosas peri anal que leve a
suspeita de lesões no reto. Nessa situação você deve explicar a situação à paciente e a
importância de se fazer o exame e como se faz e solicitar permissão para tal. Na
negativa deve registrar no prontuário e encaminhar ao proctologista para que faça
anuscopia. Na avaliação de distopias pélvicas também é importante, a fim de descartar
enterocele, utilizando-se, então o toque bimanual, concomitante um dedo na vagina e
outro no reto.
Em resumo o toque retal está indicado para:
•
Avaliação dos paramétrios
•
Avaliação de retocele, fístulas reto vaginais, infiltracão tumoral
•
Hemorragia retal
•
Avaliação dos ligamentos úterossacros
•
Toque reto vaginal: avaliar a espessura da parede reto vaginal
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•
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Toque reto abdominal: útil na avaliação dos ligamentos úterossacros
e
paramétrios. Exploração ginecológica na mulher senil na mulher virgem.
•
Toque reto vagino abdominal: avaliação oncológica.
E.Conclusão
Na finalização do presente trabalho queremos fazê-lo deixando aqui um dos pilares na
construção do diagnóstico clínico que é a coleta de dados. A anamnese o exame clínico
nos fornece esses dados que juntamente com conhecimentos médico podemos através
do raciocínio clínico chegar a um diagnóstico.
Segundo AMEE (Association for Medical Education in Europe) raciocínio clínico é um
conjunto de processos de pensamentos pelos quais os profissionais de saúde selecionam,
interpretam, analisam e combinam informações com o objetivo de tomar decisões sobre
um paciente em uma determinada situação clínica (6).
O Dr. Leandro Diehl em um treinamento de capacitação de docentes, aqui na
UNISL/2019/1, falou em uma palestra “Fundamentos do raciocínio clínico!” que o
raciocínio clínico é uma habilidade útil para ter a competência de diagnosticar e tomar
decisões. Ela pode ser aprendida, exercitada e desenvolvida de formas a criar no
profissional caminhos mentais de raciocínios rápidos que mesmo sem muitos
conhecimentos de doenças ser capaz de fazer diagnósticos e tomar decisões sem perca
de tempo (6).
Então, a propedêutica clínica em ginecologia é uma ferramenta importante para formar
essa tríade: coleta de dados, conhecimento teórico e raciocínio clínico que são
fundamentais na feitura de diagnóstico e tomada de decisões. Portanto, vocês
exaustivamente devem dominar essas técnicas que muito lhes servirão.
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Autores: 1ª Edição 2.011
Prof. Dr. Md Luis Marcelo Aranha – Coordenador do Curso de Medicina
Prof. Ms. Md Heinz Roland Jakobi – Coordenador das disciplinas de Ginecologia e
Obstsetrícia.
Profª.Ms. Md Ida Perea
Prof.ª Ms. Md Rita de Cássia
Prof. Ms. Md Wagner Gregório
Prof. Md Delvy Ribeiro
Prof.Md Carlos Maiorquim
Profª. Md Manuela
2ª Edição revisada, ampliada e atualizada em 2019 pelo prof. Ms. Md Wagner
Gregório.
Equipe de coordenação: 2019
Prof.ª Ms. Md Rita de Cássia – Coordenadora do curso de Medicina
Prof.ª Md. Claudete Martins–Coordenadora das disciplinas de Ginecologia e
Obstetrícia.
Prof. Franc - Chefe do Laboratório de Habilidades
BIBLIOGRAFIA:
1. Freitas, F; Menke, CH; Rivoire, WA; Passos, EP. ROTINAS EM
GINECOLOGIA. 5 Ed. Porto Alegre.Artmed, 2006.
2. Berek, JS. NOVAK TRATADO DE GINECOLOGIA. 13 Ed. Guanabara
koogan2005.
3. Harris, JR; Lippman, ME; Morrow, M; Osborne, CK. Doenças das Mamas
Volume I e I. 5ªEdição. Editôra Dilivros, 2.016.
4. Smith, RP. Ginecologia e obstetrícia de Netter. Editôra Artmed, 2004.
5. Martins, NV et. al., 2014. Patologia do trato genital inferior. Editora Roca.
6. Diehl, L. Arquivo pessoal slides palestra “Fundamentos do raciocínio clínico.
2019.
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