COMO UTILIZAR ESSA APOSTILA? E aí, galera da TopInvest, tudo beleza? Eu sou o Kléber Stumpf e quero te agradecer por baixar a Apostila CFG da TopInvest! Nós a criamos para deixar seu estudo muito mais fácil, didático e interativo. Mas, para ajudar a turbinar ainda mais os seus estudos, eu tenho 3 dicas para te dar: Dica número 1: Se você ainda não é nosso aluno nós criamos uma playlist de estudos no nosso Canal do Youtube com diversos conteúdos e vídeo-aulas gratuitas para auxiliar o seu estudo. Você pode, e deve, utilizar essa playlist como complemento à apostila. E não se esqueça de inscrever-se no canal para ter acesso aos novos vídeos sempre que postamos! acessar a playlist de estudos dO CFG no youtube dica número 2: Além da apostila e do Youtube, nós temos os maiores simulados gratuitos para certificações do Brasil, os Simulados TopInvest. 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FREQUÊNCIA DE CAPITALIZAÇÃO VALOR PRESENTE E VALOR FUTURO ANUIDADES E PERPETUIDADES VPL - VALOR PRESENTE LÍQUIDO TIR - TAXA INTERNA DE RETORNO PAYBACK SIMPLES E DESCONTADO MÉDIAS MODA, MEDIANA E QUANTIS VARIÂNCIA E DESVIO PADRÃO COVARIÂNCIA E COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO VALOR EPSERADO OU RETORNO ESPERADO VARIÁVEIS ALEATÓRIAS, DISCRETAS E ALEATÓRIAS DISTRIBUIÇÕES UNIFORMES E BINOMIAIS DISTRIBUIÇÃO NORMAL E INTERVALO DE CONFIANÇA DISTRIBUIÇÃO T DE STUTENT E LOGNORMAL SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO AMOSTRAGEM E DISTRIBUIÇÃO AMOSTRAL ESTIMATIVA POR PONTO E POR INTERVALO HIPÓTESES NULAS OU ALTERNATIVAS ERRO DO TIPO 1 E TIPO 2 TESTE UNICAUDAL E BICAUDAL ANÁLISE DE VARIÂNCIA OU ANOVA E ESTATÍSTICA F REGRESSÃO LINEAR SIMPLES E MÚLTIPLA SÉRIES TEMPORAIS MODELOS DE TENDÊNCIA E SUAS LIMITAÇÕES MODELO REGRESSIVO OU ARIMA RANDOM WALKS MODELOS DE MÉDIA MÓVEL DIFERENÇA ENTRE ANÁLISE TÉCNICA E ANÁLISE FUNDAMENTALISTA TIPOS DE GRÁFICO GRÁFICO ARITMÉTICO E LOGARITIMICO TIPOS DE TRADE TEMPOS GRÁFICOS 22 27 28 29 30 31 33 34 36 40 42 44 47 49 50 52 53 54 56 57 57 58 58 59 60 61 62 62 63 64 65 67 68 68 70 Apostila Cfg sumário GRÁFICO COMPARATIVO OU INDEXADO OPERAÇÕES LONG, SHORT E LONG&SHORT TEORIA DE DOWN E AS DIREÇÕES DO MERCADO A 3 FASES DA TEORIA DE DOWN SUPORTE E RESTISTÊNCIA LINHAS E CANAIS DE TENDÊNCIA GAPS DE ALTA E GAPS DE BAIXA PADRÕES DE CANDLESTICK FIGURAS GRÁFICAS ARMADILHAS E FALSOS ROMPIMENTOS MÉDIAS MÓVEIS NA ANÁLISE TÉCNICA OSCILADORES DE MÉDIA MÓVEL SOBRECOMPRA, SOBREVENDA E DIVERGÊNCIA MACD - MÉDIA MÓVEL CONVERGENTE E DIVERGENTE ENVELOPES DE MEDIAS MÓVEIS BANDAS DE BOLLINGER MOVIMENTO DIRECIONAL - INDICADOR ADX / DMI IFR - ÍNDICE DE FORÇA RELATIVA ESTOCASTICO SAR PARABÓLICO OBV - ON BALANCE VOLUME TRIX FIBONACCI ONDAS DE ELLIOT IMPORTÂNCIA DO VOLUME DEFINIÇÃO DE OBJETIVO E STOP GERENCIAMENTO DE RISCO, ÍNDICE DE ACERTOS E RISCO RETORNO MÓDULO 2 MICROECONOMIA PRINCIPIO E LEI DE DEMANDA PRINCÍPIO E LEI DA OFERTA MOVIMENTOS SOBRE A CURVA DE OFERTA E DEMANDA DESLOCAMENTO DA CURVA DE OFERTA E DEMANDA E SUAS FORMAS INVERSAS DERTERMINANTES DA OFERTA E DEMANDA 70 71 72 73 74 75 76 77 80 83 83 84 85 86 88 88 89 90 91 91 92 92 93 96 98 99 99 102 102 103 104 105 106 Apostila Cfg sumário FUNÇÕES DE OFERTA E DEMANDA FUNÇÕES INVERSAS DA OFERTA E DEMANDA EXCESSO DE OFERTA E EXCESSO DE DEMANDA EXCEDENTE DO PRODUTOR E EXCEDENTE DO CONSUMIDOR ELASTICIDADE DE PREÇO DA DEMANDA ELASTICIDADE DE PREÇO DA OFERTA ELASTICIDADE DE PREÇO CRUZADA DA DEMANDA ELASTICIDADE DE RENDA DA DEMANDA REGULAÇÃO GOVERNAMENTAL E SEUS IMPACTOS SOBRE O EQUILÍBRIO DE MERCADO RESTRIÇÃO ORÇAMENTÁRIA FUNÇÃO UTILIDADE CURVAS DE INDIFERENÇA BENS SUBSTITITUTOS E BENS COMPLEMENTARES EFEITO DE RENDA E EFEITO DE SUBSTITUIÇÃO FATORES DE PRODUÇÃO FUNÇÕES DE PRODUÇÃO PRODUTO TOTAL, PRODUTO MÉDIO E PRODUÇÃO RETORNOS MARGINAIS DECRESCENTES CUSTO FIXO, CUSTO VARIÁVEL E CUSTO DE PRODUÇÃO DECISÕES DE PRODUÇÃO ECONOMIAS E DESECONOMIAS EM ESCALA RECEITA TOTAL, RECEITA MÉDIA E RECEITA MARGINAL LUCRO NORMAL E LUCRO ECONÔMICO CONDIÇÃO DE MAXIMIZAÇÃO DE LUCRO COMPETIÇÃO PERFEITA ESTRUTURA DE MERCADO NA COMPETIÇÃO PERFEITA CURVA DE DEMANDA E DE MERCADO NA COMPETIÇÃO PERFEITA MODELO DE PORTER - ESCOLHA DA ESTRATÉGIA DE MODELO COMPETITIVO MODELO DE MILES E SNOW - ESCOLHA DA ESTRATÉGIA DE MODELO COMPETITIVO ESCOLA AUSTRÍACA - MODELO DE COPETITIVADE VANTAGENS COMPETITIVAS DE PORTER ESTRATÉGIAS E RISCOS DAS VANTAGENS COMPETITIVAS DE PORTER 107 108 110 112 114 115 117 117 119 120 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 140 140 Apostila Cfg sumário MONOPÓLIO 141 MONOPÓLIO - CARACTERÍSTICA, ORIGENS E ESTRATÉGIAS DE PREÇO 142 MONOPÓLIO X CONCORRÊNCIA PERFEITA 143 DISCRIMINAÇÃO DOS PREÇOS DO MONOPÓLIO 143 REGULAÇÃO DO MONOPÓLIO NATURAL 144 CARACTERÍSTICAS DA COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA 145 OLIGOPÓLIO, CARACTERÍSTICAS E SEUS MODELOS TRADICIONAIS 146 OLIGOPOLIO DE CORNOUT 147 OLIGOPOLIO DE BERTRAND 149 MODELO DA FIRMA DOMINANTE 150 MODELO DA CURVA DE DEMANDA QUEBRADA 151 MEDIDAS DE CONCENTRAÇÃO COMPETITIVA E SEUS LIMITES DE UTILIZAÇÃO 152 MEDIDAS DE CONCENTRAÇÃO COMPETITIVA E SEUS LIMITES 154 TEORIA DOS JOGOS - CONCEITO BÁSICO 155 OLIGOPSONIO E MONOPSONIO 156 INDICADORES ECONÔMICOS 157 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) E PRODUTO NACIONAL BRUTO (PNB) 157 INFLAÇÃO/DEFLAÇÃO E O MERCADO FINANCEIRO. INDICADORES DE INFLAÇÃO: IGP (IGP-M, IGP-DI, IGP-10), INPC, IPCA 157 NÍVEL DE RENDA, NÍVEL DE EMPREGO, SALÁRIOS 157 FORMAÇÃO DOS JUROS NA ECONOMIA 157 TAXAS DE JUROS E O MERCADO FINANCEIRO NACIONAL: TAXA SELIC, TLP, TBF, TR A TAXA DI OVER E O MERCADO INTERFINANCEIRO 158 ATRIBUIÇÕES DOS ÓRGÃOS E AGENTES REGULADORES: CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN),BANCO CENTRAL DO BRASIL, COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM) 160 ATRIBUIÇÕES DOS ÓRGÃOS E AGENTES REGULADORES: CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN),BANCO CENTRAL DO BRASIL, COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM) 162 ATRIBUIÇÕES DOS ÓRGÃOS E AGENTES REGULADORES: CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN),BANCO CENTRAL DO BRASIL, COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS (CVM) 162 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: BANCOS MÚLTIPLOS, BANCOS DE INVESTIMENTO, DISTRIBUIDORAS E CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS, DE CÂMBIO E DE FUTUROS 163 Apostila Cfg sumário INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: BANCOS MÚLTIPLOS, BANCOS DE INVESTIMENTO, DISTRIBUIDORAS E CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS, DE CÂMBIO E DE FUTUROS 163 INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS: BANCOS MÚLTIPLOS, BANCOS DE INVESTIMENTO, DISTRIBUIDORAS E CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS, DE CÂMBIO E DE FUTUROS 164 OBJETIVOS DO BANCO CENTRAL 165 FERRAMENTAS DE POLÍTICA ECONÔMICA 166 SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO (SPB) 167 CÂMARAS DE COMPENSAÇÃO/LIQUIDAÇÃO: CLEARING B3 E SELIC 167 NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO 168 IMPLICAÇÕES PARA A DÍVIDA PÚBLICA 169 CURVA DE LAFFER 170 EFEITO DE CROWDING-OUT 171 EFEITOS INTERGERACIONAIS DA POLÍTICA FISCAL 171 MULTIPLICADORES (GASTOS, IMPOSTOS E ORÇAMENTO EQUILIBRADO) E SEUS EFEITOS 172 POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA E CONTRACIONISTA 173 FUNÇÕES DA MOEDA 174 CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA 175 AGREGADOS MONETÁRIOS 175 MULTIPLICADOR BANCARIO DA MOEDA 176 META DE INFLAÇÃO 178 CÁLCULO DA TAXA DE INFLAÇÃO E DEFLAÇÃO 179 INFLAÇÃO NÃO ANTECIPADA VS. ANTECIPADA E EFEITOS 180 INFLAÇÃO ANTECIPADA E EFEITOS 180 INFLAÇÃO E DESEMPREGO 182 CURVA DE PHILLIPS DE CURTO E LONGO PRAZO 184 EQUAÇÃO DA CURVA DE PHILIPS 186 CURVA DE PHILIPS COM EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS 186 INFLAÇÃO NA TAXA NOMINAL DE JUROS 187 TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA 188 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA: OPERAÇÕES DE MERCADO ABERTO, REDESCONTO E DEPÓSITOS COMPULSORIOS 188 ATRIBUIÇÕES DO COPOM E IMPACTO DAS DECISÕES 189 RELAÇÃO ENTRE JUROS E ATIVIDADE ECONÔMICA 190 Apostila Cfg sumário REGRA DE TAYLOR DETERMINANTES DA TAXA DE CÂMBIO REGIMES DE TAXAS DE CÂMBIO REGIME DE CÂMBIO FIXO REGIME CAMBIAL COM BANDAS CAMBIAIS TAXAS DE CÂMBIO SPOT E FORWARD APRECIAÇÃO E DEPRECIAÇÃO DE MOEDAS CÂMBIO E FLUXOS INTERNACIONAIS DE CAPITAL BALANÇO DE PAGAMENTOS E A BALANÇA COMERCIAL TRANSAÇÕES CORRENTES CONTA DE CAPITAIS RESERVAS INTERNACIONAIS RELAÇÕES DE PARIDADE ENTRE AS MOEDAS PARIDADE DO PODER DE COMPRA PARIDADE DA TAXA DE JUROS CUPOM CAMBIAL SWAP CAMPIAL OFERTA AGREGADA E DEMANDA AGREGADA CURVA DE DEMANDA AGREGADA CURVA DE OFERTA AGREGADA DE CURTO PRAZO E DE LONGO PRAZO PIB REAL E PIB POTENCIAL PLENO EMPREGO E TAXA NATURAL DE DESEMPREGO EQUILÍBRIO MACROECONÔMICO E SEUS DETERMINANTES 190 190 192 193 194 194 195 195 196 196 197 197 198 199 200 201 202 203 204 205 209 210 210 MÓDULO 3 PRINCIPAIS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS (CPC 26) 214 BALANÇO PATRIMONIAL: COMPONENTES E ITENS MONETÁRIOS E NÃO MONETÁRIOS 217 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) 220 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) 222 DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) 228 DEMONSTRAÇÃO DE VALOR ADICIONADO (DVA) 231 NOTAS EXPLICATIVAS 237 Apostila Cfg sumário LUCRO ANTES DE JUROS, IMPOSTOS, DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO (LAJIDA) (OU EARNINGS BEFORE INTEREST, TAXES, DEPRECIATION AND AMORTIZATION – EBITDA) E LUCRO OPERACIONAL LÍQUIDO APÓS IMPOSTOS (OU NET OPERATING PROFIT AFTER TAXES – NOPAT) 243 ÍNDICES DE LIQUIDEZ 246 LIQUIDEZ CORRENTE 249 LIQUIDEZ SECA 251 ÍNDICES DE SOLVÊNCIA E ESTRUTURA DE CAPITAL 254 ÍNDICE DE COBERTURA DE JUROS 257 SALDO DE TESOURARIA SOBRE VENDAS 259 PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS 261 GRAU DE ENDIVIDAMENTO 263 ÍNDICES DE RENTABILIDADE 265 RETORNO SOBRE AS VENDAS 267 RETORNO SOBRE O ATIVO 269 RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO 271 MARGEM BRUTA 273 MARGEM OPERACIONAL 275 MARGEM LÍQUIDA 277 PERÍODO MÉDIO DE COBRANÇA 279 IDENTIFICAÇÃO DE MANIPULAÇÃO DE INFORMAÇÕES FINANCEIRAS E DETECÇÃO DE POSSÍVEIS FRAUDES 280 MANIPULAÇÃO DE RECEITAS 286 MANIPULAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA 287 MANIPULAÇÃO DE INDICADORES CHAVE DAS EMPRESAS 289 MÓDULO 4 PERÍODO DE PAYBACK SIMPLES PERÍODO DE PAYBACK DESCONTADO VPL – VALOR PRESENTE LÍQUIDO TIR – TAXA INTERNA DE RETORNO ORÇAMENTO DE CAPITAL PROCESSO DE ORÇAMENTO DE CAPITAL ESTRUTURA DE CAPITAL RISCOS DE CREDORES E ACIONISTAS ESTRUTURA DE CAPITAL ALVO 292 293 296 298 300 302 306 308 310 Apostila Cfg sumário TEOREMA DE MODIGLIANI-MILLER 311 LANÇAMENTO DE AÇÕES E INSTRUMENTOS DE DÍVIDA CORPORATIVA 313 GRAU DE ALAVANCAGEM OPERACIONAL, FINANCEIRA E TOTAL. 319 CUSTO DE CAPITAL 322 CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO: CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM) E DISCOUNTED DIVIDEND MODEL (DDM) 323 CUSTO DE CAPITAL DE TERCEIROS 326 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMPC) 327 DIVIDENDOS EM AÇÕES E EM DINHEIRO, BONIFICAÇÃO, BÔNUS DE SUBSCRIÇÃO, JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO (JCP), DESDOBRAMENTO (SPLIT) E GRUPAMENTO (INPLIT): CONCEITOS E IMPACTOS SOBRE OS PREÇOS E QUANTIDADES DAS AÇÕES DO INVESTIDOR. 330 EMISSÃO E RECOMPRA DE AÇÕES 334 POLÍTICA DE DIVIDENDOS 336 RESTRIÇÕES DE PAGAMENTOS DE DIVIDENDOS 337 VARIAÇÃO DOS PAGAMENTOS DE DIVIDENDOS 337 ESTÁGIO DE MATURIDADE DA EMPRESA 339 PREFERÊNCIAS DE INVESTIDORES 341 ASPECTOS TRIBUTÁRIOS 342 TEORIA DA SINALIZAÇÃO DE DIVIDENDOS 343 IMPACTO DA POLÍTICA DE DIVIDENDOS NO PREÇO DA AÇÃO 344 SPIN-OFFS 347 JOINT VENTURES 349 DESINVESTIMENTO 350 FUSÕES E INCORPORAÇÕES 352 AQUISIÇÕES: LEVERAGED BUYOUT (LBO) E MANAGEMENT BUYOUT (MBO) CISÕES 352 OBJETIVOS, ATRIBUTOS E MEDIDAS DE UM SISTEMA DE GOVERNANÇA CORPORATIVA 354 CONFLITOS DE INTERESSE ENTRE ADMINISTRADORES, DIRETORES E ACIONISTAS 358 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO: RESPONSABILIDADES E FATORES DETERMINANTES DE EFICIÊNCIA 360 MÓDULO 5 MERCADOS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO DE RENDA FIXA E RENDA VARIÁVEL 364 Apostila Cfg sumário MERCADO DE BOLSA DE VALORES E MERCADO DE BALCÃO FORMADORES DE MERCADO (MARKET MAKERS) TIPOS DE ORDENS TIPOS DE ORDENS DE STOP REGISTRO E LIQUIDAÇÃO (SELIC E B3) GARANTIA FIRME E MELHORES ESFORÇOS MECANISMOS DE OP. LEILÃO HOLANDES E BOOKBUILDING OPERAÇÕES DE GREEN SHOE E HOT ISSUE OPERAÇÕES COMPETITIVE BIDS E PRIVE PLACEMENT PROCESSO DE DIV DE OPERAÇÕES DE PILOT FISHING E PRE DEAL RESEARCH PROCESSO DE DIVULGAÇÃO E PRE MARKETING PROCESSO DE DIVULGAÇÃO E DEFINIÇÃO DA FAIXA DE PREÇOS ROADSHOW ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA B3 ALUGUEL DE AÇÕES E VENDA A DESCOBERTO FUNCIONAMENTO DAS GARANTIAS DA B3 CUSTOS DE EXECUÇÃO NEGOCIAÇÕES A VISTA E A TERMO MARGENS DO MERCADO ACIONÁRIO FUNCIONAMENTO DOS NÍVEIS 1,2 E NOVO MERCADO CARACTERISTICAS ESTRUTURAS DOS ÍNDICES DE ATIVOS ÍNDICES ACIONARIOS DOMESTICOS ÍNDICES ACIONARIOS DO EXTERIOR ÍNDICES DE RENDA FIXA DOMESTICOS ÍNDICES DE RENDA FIXA DO EXTERIOR CLASSIFICAÇÕES DAS AÇÕES UNITS ADR - AMERICAN DEPOSITARY RECEIPTS BDR - BRAZILIAN DEPOSITARY RECEIPTS RENDIMENTO DAS AÇÕES COMPONENTES DA TAXA DE RETORNO RETURN ON EQUITY E MODELOD DE DU PONT CARACTERISTICAS DE UM TÍTULO DE RENDA FIXA OUTRAS CARACTERISTICAS DE UM TÍTULO DE RENDA FIXA RENDA FIXA PRÉ FIXADA E PÓS FIXADA JUROS ACUMULADOS PELO PREÇO LIMPO E SUJO 364 366 367 368 369 371 372 373 374 375 376 376 377 377 377 379 379 383 384 385 387 389 391 394 395 397 398 399 400 401 402 403 404 405 405 406 Apostila Cfg sumário PROVISÕES DE RESGATE ANTECIPADO PRECIFICAÇÃO DE TÍTULOS DE RENDA FIXA MARCAÇÃO PELA CURVA PRINCIPIOS GERAIS DE PRECIFICAÇÃO DE TÍTULOS PROCESSO DE PRECIFICAÇÃO DE TÍTULOS FATORES QUE INFLUENCIAM O PREÇO DOS TÍTULOS RENDA FIXA E TAXA A TERMO CARACTERÍSTICAS DO CRI CARACTERÍSTICAS DE INVESTIMENTOS ALTERNATIVOS ANÁLISE DE CRÉDITO E OS 5CS ANÁLISE DE CREDITO QUALITATIVA ANÁLISE DE CRÉDITO QUANTITATIVA ANÁLISE DE CRÉDITO VERTICAL E HORIZONTAL E OS RISCOS DOS RATINGS ESPECIFICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE GARANTIAS PROCESSO E FATORES DA ANALISE DO CRÉDITO ANÁLISE DOS RATINGS DE CRÉDITO CPR - CEDULA DE PRODUTO RURAL MEDIDAS DE LIQUIDAÇÃO DOS TÍTULOS CCB - CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO CDCA - CERTIFICADO DE DIREITOS CREDITÓRIOS DO AGRONEGÓCIO CRA - CERTIFICADOS DE RECEBÍVEIS DO AGRONEGÓCIO DEBÊNTURES DPGE - DEPÓSITO A PRAZO COM GARANTIA ESPECIAL FIDC - FUNDOS DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS LCA - LETRAS DE CRÉDITO DO AGRONEGÓCIO LCI - LETRAS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO LF - LETRAS FINANCEIRAS LIG - LETRAS IMOBILIÁRIAS GARANTIDAS NOTAS PROMISSÓRIAS CDB - CERTIFICADOS DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS ESTRUTURA E FORMA DE NEGOCIAÇÃO DOS TÍTULOS OPERAÇÕES COMPROMISSADAS TÍTULOS PÚBLICOS FEDERAIS DERIVATIVOS, CONTRATOS FUTUROS E TERMOS - CONDIÇÕES GERAIS CONTRATOS E MINI CONTRATOS CONTRATO FUTURO A TERMOS E FORMAÇÃO DO PREÇO A FUTURO OU A 406 407 408 409 410 411 411 412 416 417 418 420 421 422 423 424 425 425 426 427 428 429 430 431 432 433 434 435 436 437 438 439 441 442 444 Apostila Cfg sumário TERMO PRINCIPAIS CONTRATOS FUTUROS E A TERMO CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CONTRATOS FUTUROS E A TERMO CONTRATOS FUTUROS E A TERMO - PREÇOS DE NEGOCIAÇÃO DERIVATIVOS NO MERCADO DE BALCÃO MERCADO DOMÉSTICO DE DERIVATIVOS E CARACTERÍSTICAS DERIVATIVOS E OS SISTEMAS DE GARANTIA CARACTERÍSTICAS GERAIS E OPERACIONAIS DAS OPÇÕES OPÇÕES EUROPÉIAS E AMERICANAS OPÇÕES MONEYNESS OPÇÕES DE CALL OPÇÕES DE PUT CAPS AND FLOORS COLLARS COM OPÇÕES OPERAÇÕES DE BOX COM OPÇÕES OPERAÇÕES DE BUTTERFLY OPÇÕES STRANGLE OPÇÕES CALL SPREAD OPÇÕES PUT SPREAD OPÇÕES COM BARREIRA PERDA E GANHO MÁXIMO COM OPÇÕES BLACK SCHOLES E AS GREGAS SWAPS E SUAS CARACTERÍSTICAS GERAIS TIPOS DE SWAP EXEMPLO DE ORDENS BEST EXECUTION PROCESSO DE ESCOLHA DE CORRETORAS PARA BEST EXECUTION ORDENS SOFT DOLLARS SEGURANÇA DAS ORDENS EQUIDADE DO TRATAMENTO DE FUNDOS E COTAS MÓDULO 6 DEFINIÇÃO DE RISCO E RETORNO TEORIA DA UTILIDADE ESPERADA FUNÇÃO DA UTILIDADE ESPERADA RISCO E RETORNO DE UMA CARTEIRA LINHA DE ORÇAMENTO DE RISCO 445 447 451 452 452 453 455 457 457 458 459 460 460 461 462 466 467 468 469 470 471 473 476 478 481 482 483 483 485 488 488 489 490 492 Apostila Cfg sumário ESCOLHA ENTRE RISCO E RETORNO AVERSÃO A RISCO DOMINÂNCIA ESTOCÁSTICA DOMINÂNCIA ESTOCÁSTICA DE PRIMEIRA, SEGUNDA E TERCEIRA ORDEM TEORIA DA UTILIDADE ESPERADA X TEORIA DA PERSPECTIVA CURVA DA FRONTEIRA EFICIENTE PREMISSAS DO MODELO DE MARKOWITZ DIVERSIFICAÇÃO E RISCO E RETORNO DA FRONTEIRA EFICIENTE RISCO E RETORNO DE UMA CARTEIRA COM 2 E 3 ATIVOS CURVA ENVOLTORIA CARTEIRA DE VARIÂNCIA MÍNIMA CONSTRUÇÃO DA FRONTEIRA EFICIENTE ESCOLHA DE UMA CARTEIRA ÓTIMA INTRODUÇÃO DE UM ATIVO LIVRE DE RISCO CAPITAL MARKET LINE IMPLICAÇÕES DO TEOREMA DE TOBIN EFEITOS DA ALAVANCAGEM RELAXAMENTO DAS HIPÓTESES E AUSÊNCIA DE CUSTOS RELAXAMENTO DAS HIPÓTESES E VENDA A DESCOBERTO RELAXAMENTO DAS HIPÓTESES E FINANCIAMENTO SEM TAXA E HOMOGENEIDADE DAS EXPECTATIVAS RISCO DIVERSIFICÁVEL E RISCO NÃO DIVERSIFICÁVEL NO CML EFEITO DA DIVERSIFICAÇÃO NO RISCO SISTEMÁTICO E NO RISCO NÃO SISTEMÁTICO BETA E A RETA CARACTERÍSTICA DO MERCADO RETA CARACTERÍSTICA DE UM ATIVO CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM) EQUAÇÃO DA SECURITY MARKET LINE (SML) EXEMPLO DE APLIACÇÃO DE CAPM HIPOTESES ADJACENTES AO CAPM CONSTRUÇÃO DA SECURITY MARKET LINE CAPM X CML CRÍTICAS AO MODELO DE CAPM DIVIDEND DISCOUNT MODEL (DDM) GORDON GROWTH MODEL MODELOS DE CRESCIMENTO MULTI-ESTÁGIOS 493 495 495 495 498 501 502 503 505 507 508 509 511 513 514 516 517 518 518 519 520 522 523 524 525 526 527 527 528 530 531 531 532 534 Apostila Cfg sumário MODELOS DE PRECIFICAÇÕES DE AÇÕES DE DOIS ESTÁGIOS MODELOS DE PRECIFICAÇÕES DE AÇÕES DE TRÊS ESTÁGIOS MODELO H DE DESCONTO DE DIVIDENDOS MODELO DUPONT FLUXO DE CAIXA LIVRE VALUATION PELO CASHFLOW FLUXO DE CAIXA PARA O CAPITAL PRÓPRIO (FREE CASH FLOW TO EQUITY – FCFE) FLUXO DE CAIXA PARA A FIRMA (FREE CASH FLOW TO THE FIRM – FCFF) MÚLTIPLOS - LPA (LUCRO POR AÇÃO) PREÇO / LUCRO (P/L) PREÇO / VALOR PATRIMONIAL (P/VP) PREÇO / VENDAS (P/V) PREÇO / FLUXO DE CAIXA (P/FC) DIVIDEND YIELD ÍNDICE P/E-TO-GROWTH (IPEG) EV (ENTERPRISE VALUE) / EBITDA MULTIPLICADOR DE LUCROS (EARNINGS MULTIPLIER) PARA UMA EMPRESA. MODELOS DE ÍNDICE DE MERCADO MODELOS MULTIFATORES TIPOS DE MODELOS MULTIFATORES MODELOS MULTIFATORES MACROECONOMICO MODELOS MULTIFATORES APT MODELOS MULTIFATORES E FATORES FUNDAMENTAIS MODELOS MULTIFATORES FAMA FRENCH APLICAÇÃO DOS MODELOS MULTIFATORES 535 537 537 538 540 540 541 542 543 544 545 546 547 548 550 551 553 554 554 556 558 558 561 561 563 MÓDULO 7 HOMO ECONOMICUS E HOMO SOCIAL 566 RESTRIÇÕES DO INVESTIDOR: IDADE, HORIZONTE DE INVESTIMENTO, CONHECIMENTO DO PRODUTO E TOLERÂNCIA AO RISCO 567 FINANÇAS COMPORTAMENTAIS, HEURÍSTICA DA REPRESENTATIVIDADE, HEURÍSTICA DA DISPONIBILIDADE, HEURÍSTICA DA ANCORAGEM, AVERSÃO A PERDA 570 PRINCIPAIS VIESES: STATUS QUO, MOVIMENTO DE MANADA, FRAMING, DESCONTO HIPERBÓLICO, EXCESSO DE CONFIANÇA, AVERSÃO A PERDA 571 Apostila Cfg sumário MÓDULO 8 O PROCESSO DE GESTÃO DE CARTEIRAS INDIVIDUAIS E INSTITUCIONAIS ETAPA DE PLANEJAMENTO ETAPA DE EXECUÇÃO ETAPA DE REALIMENTAÇÃO IPS - INVESTMENT POLICY STATEMENT ESTÁGIO DE VIDA DE UM INVESTIDOR E SUAS FASES DEFINIÇÃO DO PERFIL PSICOLÓGICO DO INVESTIDOR QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DE RISCO OBJETIVOS DE RETORNO RESTRIÇÕES A SEREM APLICADAS EM UM IPS COMPOSIÇÃO DE UM IPS INSTITUCIONAL RESTRIÇÕES LEGAIS PARA APLICAÇÕES DE RECURSOS SUPERAVIT E DEFICT ATUARIAL ASSET LIABILITY MANAGEMENT METAS ATUARIAIS , ÍNDICES DE REFERÊNCIA E ALOCAÇÕES ESTRATÉGICAS PGBL E VGBL - DEFINIÇÃO, CARACTERÍSTICAS, SEGREGAÇÃO EM RELAÇÃO AO PATRIMÔNIO DA SEGURADORA E TRIBUTAÇÃO SEGURADORAS E DEMAIS INVESTIDORES INSTITUCIONAIS 576 576 577 577 578 579 580 581 582 583 583 584 585 587 589 591 MÓDULO 9 ESTRATÉGIAS DE ALOCAÇÃO ATIVA, PASSIVA E SEMIATIVA 594 ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO ESTRATÉGICA E TÁTICA 595 ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO DINÂMICA E ESTÁTICA 596 ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO MODELO MÉDIA-VARIÂNCIA (FRONTEIRA EFICIENTE) 597 ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO BLACK-LITTERMAN 598 ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO COM SIMULAÇÃO MONTE CARLO 600 ESTRATÉGIAS DE ALOCAÇÃO POR ASSET-LIABILITY MANAGEMENT (ALM) 600 ALTERAÇÕES NAS CIRCUNSTÂNCIAS DO INVESTIDOR 602 DESVIOS DA ALOCAÇÃO ESTRATÉGICA 602 REBALANCEAMENTO REGULAR VS. REBALANCEAMENTO PERCENTUAL DA CARTEIRA 603 ESTRATÉGIAS DE REBALANCEAMENTO DINÂMICAS 604 BUY AND HOLD 605 Apostila Cfg sumário CONSTANT MIX CONSTANT PROPORTION PORTFOLIO INSURANCE (CPPI) 606 607 MÓDULO 10 FINTECHS E SEUS SEGMENTOS BLOCKCHAIN E DISTRIBUTED LEDGER TECHNOLOGY (DLT) REG TECH SANDBOX REGULATÓRIO OPEN BANKING MACHINE LEARNING ALGO TRADING ROBO ADVISOR HIGH FRAQUENCY TRADING 609 610 612 613 614 615 616 616 617 MÓDULO 11 PRINCÍPIOS GERAIS DE ÉTICA APLICADA A PROFISSIONAIS DE INVESTIMENTOS 620 DEFINIÇÕES (CAPÍTULO I) 622 OBJETIVO E ABRANGÊNCIA (CAPÍTULO II) 625 PRINCÍPIOS GERAIS DE CONDUTA (CAPÍTULO III) 626 CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL ANBIMA PARA GESTORES DE RECURSOS DE TERCEIROS (CAPÍTULO VIII – SEÇÃO II) 627 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS PROPOSITO E ABRANGÊNCIA CAP I 628 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS PRINCÍPIOS GERAIS 630 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS OBRIGAÇÕES DAS INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES (CAPÍTULO IV) 633 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS SELO ANBIMA (CAPÍTULO VII) 634 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS USO DO SELO DE PUBLICIDADE (CAPÍTULO VIII) 635 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 DEFINIÇÕES (CAPÍTULO I) 640 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 OBJETIVO E ABRANGÊNCIA (CAPÍTULO II) 641 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 PRINCÍPIOS GERAIS DE CONDUTA (CAPÍTULO IV) 643 Apostila Cfg sumário REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 CONTRATAÇÃO DE TERCEIROS EM NOME DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO (CAPÍTULO VI) 645 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 ADMINISTRAÇÃO FIDUCIÁRIA (CAPÍTULO VII) 646 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 ADMINISTRAÇÃO FIDUCIÁRIA (CAPÍTULO VII) SEÇÃO 3 646 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 ADMINISTRAÇÃO FIDUCIÁRIA (CAPÍTULO VII) SEÇÃO 4 647 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 ADMINISTRAÇÃO FIDUCIÁRIA CAP VII 649 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 ADMINISTRAÇÃO FIDUCIÁRIA CAP VII SEÇÃO 2 653 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 ADMINISTRAÇÃO FIDUCIÁRIA CAP VIII 655 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 ADMINISTRAÇÃO FIDUCIÁRIA CAP VIII SEÇÃO 2 656 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 ADMINISTRAÇÃO FIDUCIÁRIA CAP VIII SEÇÃO 3 656 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 ADMINISTRAÇÃO FIDUCIÁRIA CAP VIII SUBSEÇÃO I 660 REGULAÇÃO MELHORES PRÁTICAS DE REC. DE 3 CONSELHO CONSULTIVO CAPÍTULO X 661 MÓDULO 12 REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS - ANEXO I CAP III A V REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS - ANEXO I CAP VII A VIII REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS ANEXO II CAP III REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS ANEXO II CAP VI REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS ANEXO II CAP VIII E IX REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS ANEXO III CAP IV REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS ANEXO III CAP V REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS ANEXO III CAP VII REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS ANEXO IV CAP II WEBSITE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS ANEXO V CAP III REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS ANEXXO II CAP V REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS DELIBERAÇÃO AMBINA 77 664 664 664 665 668 670 671 684 684 689 702 710 Apostila Cfg sumário REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS MERCADO DE CAPITAIS CONTROLADORIA CAP X 710 REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS MERCADO DE CAPITAIS EXIGENCIAS MINIMAS CAP III 714 REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS MERCADO DE CAPITAIS EXIGENCIAS MINIMAS CAP III 717 REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS MERCADO DE CAPITAIS OBJETIVO E ABRANGENCIA CAP I 718 REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS MERCADO DE CAPITAIS CUSTÓDIA CAP IX LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INS CVM476 - APLICAÇÃO 720 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INS CVM476 - PROCEDIMENTOS DE DISTRIBUIÇÃO 723 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INS CVM476 - OBRIGAÇÃO DOS PARTICIPANTS 730 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INS CVM476 - NEGOCIAÇÃO DOS VALORES MOBILIÁRIOS 732 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INS REG CMN 4661 CAP V, SEÇÃO I, SUB I 737 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INS CMN 4661, CAP V, SECAO I, SUB II ATE V 739 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INS CMN 4661 CAP VI 742 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO CMN 4661 CAP VIII A XI 749 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO CMN 3922 SEÇÃO I 751 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO CMN 3992 SEÇÃO II 762 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO CMN 3992 SEÇÃO III 767 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INST CVM 539 13 768 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO PERT PLANOS PREV PRIV LC 109 01 769 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃOPLANOS DE PREV PRIV RES CNSP 321 15 774 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO PLANOS PREV PRIV INST CVM 555 14 ART 131 775 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO PLANOS PREV PRIVADA 776 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃOPREV PRIV RES CNSP 348 17 779 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃOPREV PRIV RES CNSP 349 17 780 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO ART 10 781 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO COMPLIANCE RES CMN 2451 DE 97 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO LEI 9613 DE 98 782 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO LEI 9613 DE 98 CAP V 784 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO LEI 9613 CAP VI 786 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO LEI 9613 CAP VII 788 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO LEI 9613 CAP VIII 788 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INST 617 DE 20 DO AMBITO E FINALIDADE 789 Apostila Cfg sumário LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INST 617 AVALIAÇÃO INTERNA DE RISCO 792 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INST 617 DA ID E MONIT DE FUNC E PREST DE SERV RELEV 795 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INST 617 DO REG DE TRANSAÇÕES 798 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INST 617 DO PERIODO DE CONSERV DOS CADASTROS E REG 804 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INST 617 DO MONITORAMENTO E DA COMUNICAÇÃO DAS OP 805 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO COMPLIANCE INST 617 CSNU 805 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO TRIBUTAÇÃO DE AÇÕES TIPOS DE INVEST 806 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO TRIBUTAÇÃO DE AÇÕES FATO GERADOR, ALIQUOTA E BASE DE CALCULO 806 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO TRIBUTAÇAO DE TITULOS PUBLICOS E PRIVADOS RENDA FIXA TIPOS, FATO GERADOR, ALIQUOTA 808 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO CMN 4444 15 CAP II 810 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO CMN 4444 15 CAP III SECAO I E II 812 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO CMN 4444 15 CAP III SECAO III 817 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO CMN 4444 14 CAP III SECAO IV 818 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO CMN 4444 E 15 CAP IV 824 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INST 617 DE 20 CAP IV SECAO I 826 LEGISLAÇÃO E REGULAÇÃO INST 617 20 CAP IV SECAOII E SUB I E II 828 GLOSSÁRIO 841 Módulo 0 conhecendo a prova Este módulo foi criado e dedicado especialmente para você poder conhecer basicamente como a prova do CFG funciona e conhecer algumas técnicas de estudos. CONHECENDO A PROVA Quando falamos das certificações da ANBIMA existem dois grandes motivos de reprovação que são muito comuns. São eles: ⯀ 1° Nervosismo: Esse é o principal vilão na hora da realização da prova. E, eu posso te dizer, não há motivos para ficar nervoso. ⯀ 2° Não conhecer a prova da ANBIMA: Sim, pode ser difícil de acreditar, porém, se não sabermos como algo funciona, como iremos nos preparar? É por isso que a partir de agora quero te convidar a embarcar comigo e conhecer como tudo funciona para que você possa se preparar da melhor forma possível. O que é a ANBIMA? Para começar, nada melhor do que conhecer a ANBIMA. Ela é a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais. Criada a partir da junção de duas instituições, a ANBID e a ANDIM, a ANBIMA se tornou um dos principais órgãos do Mercado Financeiro do Brasil. Ela possui alguns deveres e se compromete a cumprir e acreditar em: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Informar para dar mais transparência, segurança e fomentar os negócios; Um mercado forte se faz com instituições fortes e bem representadas; Autorregular criando regras para o mercado e em favor dele; Educar capacitando e qualificando os profissionais, como também disseminar a educação financeira. Quando falamos de capacitar e qualificar os profissionais é indispensável sabermos que a ANBIMA possui um código que se chama: Educação Continuada. E este possui as certificações financeiras. Há ainda outra certificação distribuída por esta instituição, a CFG, porém, esta é destinada a gestores de Fundos de Investimentos. Mas vamos ao que interessa! 23 Afinal, o que é O cfg? A Certificação ANBIMA de Fundamentos de Gestão (CFG) é uma certificação destinada para profissionais que pretendem atuar no setor de gestão de recursos de terceiros. Antigamente, para atuar como gestor de um fundo, era preciso obter a certificação de gestores da ANBIMA (CGA). Para facilitar a dinâmica de profissionais do mercado que desejam migrar para o segmento de gestão de recursos de terceiros, a ANBIMA disponibilizou o CFG, que possibilita que o profissional atue devidamente neste segmento. Dessa forma, o CFG acaba funcionando como uma porta de entrada para o profissional no segmento de gestão de recursos. Normalmente, após obter certa experiência, o profissional pode optar por outras duas certificações para sua especialização. ⯀ CGA – gestão profissional de fundos de renda fixa, ações, multimercado, cambiais, entre outros. ⯀ CGE – gestão profissional de fundos como FIIs, FIP, FIDC, entre outros. Como funciona a prova do CFG? Para se especializar em fundamentos de gestão e obter a certificação, é necessário se submeter a uma prova da ANBIMA. Para ser aprovado, é requerido um índice de, pelo menos, 70% de acerto em uma prova de 60 questões, o que representa 42 questões acertadas. A prova tem a duração de 180 minutos e aborda 12 principais assuntos: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Economia: 3 a 7% da prova; Análise de Relatórios Financeiros: 3 a 7% da prova; Métodos Quantitativos: 8 a 12% da prova; Mercados e Instrumentos Financeiros: 13 a 17% da prova; Finanças Corporativas: 3 a 7% da prova; Finanças Comportamentais: 3 a 7% da prova; Teoria Moderna de Carteiras e Modelos de Precificação de Ativos: 8 a 12% da prova; Alocação de Ativos: 13 a 17% da prova; Política de Investimento (Investment Policy Statement – IPS): 3 a 7% da prova; 24 ⯀ Ética e Autorregularão: 8 a 12% da prova; ⯀ Novas Tecnologias em Finanças: 3 a 7% da prova; ⯀ Legislação e Regulação: 8 a 12% da prova. Como realizar inscrição para prova? A inscrição para a prova CFG é feita no site da ANBIMA: www.abima.com.br, opção “Educar”. A taxa de inscrição custa (ano base 2021): ⯀ Candidatos vinculados à Instituição Associada à ANBIMA: R$ R$ 500,00. ⯀ Candidatos não vinculados à uma Instituição Associada à ANBIMA: R$600,00. Lembrando que, após o pagamento você terá 60 dias para agendar a mesma. Se passar o prazo, você perde o valor da inscrição, sem exceções. 25 Módulo 1 métodos quantitativos Este capítulo se propõe a expor os principais métodos quantitativos existentes no mercado. O QUE SÃO MÉTODOS QUANTITATIVOS? Os Métodos Quantitativos nada mais são que o uso de estatísticas para quantificar e avaliar informações. Eles se tornam primos do raciocínio lógico, frente ao comportamento humano. É por meio deles que desenvolvemos meios para alcançarmos determinados fins. Como, objetivos específicos, realizações, e no caso de finanças, a interpretação e entendimento de um bom investimentos. Por isso é que utilizamos as estatísticas, pois métodos quantitativos determinam sua legitimidade a partir de dados e desempenhos estatísticos para não ficarmos apenas no “achismo”. A relação com a estatística Se você não lembra, a estatística é o ramos da matemática que utiliza análises interpretativas e apresentações de massas númericas para podermos fazer uma decisão. É exatamente assim, ela é uma área da ciência exata que coleta e organiza dados para serem analisados por nós. Seja para qualquer decisão necessária. Logo, partimos do pressuposto que ao tomarmos uma decisão teremos um comportamento. Por isso que dizemos que lembramos do comportamento humano. E falando em comportamento humano, você não lembra de alguma coisa? Sim, isso mesmo, as heurísticas. Métodos Quantitativos e a heurística A uma relação entre os Métodos Quantitativos e as heurísticas comportamentais, pois, logicamente, estamos falando de comportamento humano. Onde uma decisão nos faz ter um comportamente como resultado. Mas, vale ressaltar que ao falarmos de Métodos Quantitativos existe uma lembrança das heurísticas. Porém, utilizamos única e exclusivamente, de raciocínios lógicos e estatísticas. Visto que, precisamos de dados estatísticos para determinarmos nossas escolhas. 27 O QUE É FREQUÊNCIA DE CAPITALIZAÇÃO? Frequência de capitalização é o nome chique para afirmar que as taxas precisam estar na mesma periodicidade. Mas, se estamos falando de uma capitalização mensal, a taxa deve estar ao mês. Do mesmo modo que, se estamos falando de capitalização anual, a taxa deve estar ao ano. Dois termos na frequência de capitalização Para conseguirmos representar as taxas anuais e mensais, utilizamos no Mercado Financeiro dois termos: ⯀ Para juros simples utilizamos a Taxa Proporcional; ⯀ Para juros composto utilizamos a Taxa Equivalente. Taxa Proporcional Para encontrar a Taxa Proporcional, basta multiplicar ou dividir a taxa de juros pelo período. Logo, é ela que irá crescer na mesma proporção do tempo. Lembrando que, nesta taxa o regime encontrado sempre será de Capitalização Simples. Portanto, se possuímos uma taxa de 2% ao mês, sua taxa proporcional anual será de 24% ao ano, por exemplo. Visto que: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ taxa proporcional = taxa (i) x prazo (n) taxa proporcional = 2 x 12 taxa proporcional = 24% ao ano P.S: lembre sempre de ter por perto sua calculadora HP12C. Taxa Equivalente As Taxas Equivalentes são utilizadas para Capitalização Composta, ela tende a crescer exponencialmente em relação ao tempo. Assim, para encontrar sua equivalência, é necessário encontrar o fator da taxa primeiramente. Mas, se possuímos uma taxa de 1% ao mês. Qual sua taxa equivalente anual? 28 ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Taxa Equivalente = [ ( 1 + taxa ) elevado à: prazo quero/prazo tenho – 1 ] x 100 Taxa Equivalente = [ ( 1 + 0,01 ) elevado a 12/1 – 1 ] x 100 Taxa Equivalente = [ 1,1268 – 1 ] x 100 Taxa Equivalente = 0,1268 x 100 Taxa Equivalente = 12,68% ao ano A prática é essencial Note que não há nenhum mistério a respeito da frequência de capitalização, não é? Além do mais, se pararmos para pensar qualquer exercício que envolva a matemática é necessário estar com a mesma periocidade, mesmo assunto e mesma medida. Sendo que, podemos lembrar até mesmo da escola que quando estudamos física sabemos que as unidades de medidas devem estar iguais ou em seus devidos lugares para serem realizados os cálculos corretamente. Sem dúvida, apesar de não ser nada complicado, o cálculo da Taxa Equivalente e da Taxa Proporcional exige muita prática. Por conta disso, ela se torna essencial para termos certeza que estamos realizando a conta de maneira correta. Portanto, é muito importante sabermos o que é a frequência de capitalização, pois as taxas são cobradas em provas e devemos lembrar de associar cada uma em seu devido regime de capitalização. O QUE É O VALOR PRESENTE E O VALOR FUTURO? Muito utilizados em Matemática Financeira o Valor Presente e o Valor Futuro são duas importantes funções mágicas encontradas na querida calculadora HP12c. Eles são termos que indicam o valor do montante em um determinado tempo. Seja ele no presente ou no futuro, como seu próprio nome diz. Embora eles sejam muito falados no Mercado Financeiro, é importante que nós, estudantes e profissionais, saibamos como eles funcionam. Valor Presente: o montante atual 29 Utilizado em finanças é representado pela sigla “PV” na HP12c, que vem do inglês Present Value. Ele apresenta, basicamente, o valor do dinheiro em D+O (hoje) descontando-se a taxa de juros apropriada. Valor Futuro: o montante futuro É representado pela sigla “FV” na HP12c, do inglês Future Value. É o valor do dinheiro de hoje em uma data futura apregoando-se os juros. Qual a importância do Valor Presente e o Valor Futuro para os investimentos? Se você quer ser um investidor de sucesso é importante saber que realizar a análise de viabilidade de projetos de investimentos é essencial. E é aí que entra o Valor Futuro e o Valor Presente, pois é com eles que será possível identificar que caminhos seguir no processo de investir e onde será aplicado o dinheiro. Portanto, utilizar essas funções mágicas é realizar uma análise de viabilidade do acompanhamento de métricas e conceitos. Tais que, irão mostrar todas as informações possíveis e melhores caminhos e escolhas para o investidor seguir de acordo com o seu resultado. ANUIDADES E PERPETUIDADES: A RELAÇÃO COM O FLUXO DE PAGAMENTOS Anuidades e Perpetuidades é um assunto que podemos encontrar na certificação CGA. Então, ela que é uma certificação destinada aos profissionais que desempenham atividades de gestão profissional de recursos de terceiros. O que é anuidades e perpetuidades? Basicamente, anuidades e perpetuidades estão relacionadas ao Fluxo de Pagamentos, ou mais conhecido como Fluxo de Caixa, conforme vamos recebendo e vamos pagando. Porém, existem duas classificações para elas quanto: ⯀ Rendas; 30 ⯀ Do pagamento. Classificação de Rendas: Algumas características importantes que você deve conhecer: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Temporária: possui um prazo finito; Perpétua: prazo infinito; Renda Uniforme ou Constante: pagamentos iguais; Renda Variável: os pagamentos são diferentes; Renda Periódica: os períodos são iguais. Classificação de Pagamento: Desta classificação você deve saber que ela pode ser: ⯀ Postecipadas: pagamento ao final do período. Na HP12c, usamos G+END; ⯀ Antecipadas: pagamento no início do período. Na HP12c, usamos G+BEG; ⯀ Diferidas: as parcelas não respeitam um prazo específico. A relação principal Portanto, falamos que a anuidade e a perpetuidade possuem relação com o Fluxo de Pagamentos, pois quando possuímos uma dívida ou alguém com nós, haverá de haver uma conta paga ou recebimento. Porém, para podermos finalizarmos e você compreender melhor, lembre-se que a anuidade é algo contínuo, mas anual, visto que possui um período a ser pago e cobrado. Enquanto a perpetuidade se tornará uma dívida eterna, de grande duração e que pode ser infinita. O QUE É VPL? - CONHEÇA O VALOR PRESENTE LÍQUIDO DO MERCADO O VPL, ou mais conhecido no mercado como Valor Presente Líquido é muito utilizado 31 quando falamos de valuation. Ou seja, para encontrarmos o valor de um negócio. Se você não lembra, o valuation é quando projetamos o Fluxo de Caixa futuro de uma empresa e levamos todos os valores a um Valor Presente. Assim, aplicando uma taxa de juros conseguimos encontrar seu resultado Se o VPL for positivo, o projeto é considerado bom. Isso quer dizer que podemos colocar aquele check no caixa da empresa. Mas, o que é mesmo Fluxo de Caixa? O Fluxo de Caixa é um das das ferramentas do mercado que viabiliza o planejamento dos recursos financeiros de uma empresa. É por meio de seus resultados que podemos tomar melhores decisões. Portanto, ele se torna indispensável para os investidores, pois é uma forma de orientação do rumo financeiro dos negócios a serem realizados. A importância do Valor Presente Líquido no mercado O VPL se torna essencial no Mercado Financeiro, pois ele funciona como uma ferramenta bem eficaz na avaliação dos investimentos. É por isso que possui uma ligação com Fluxo de Caixa. Visto que, é com seus resultados que ele pode auxiliar no caminho dos investimentos. Com o cálculo do Valor Presente Líquido é possível organizar e fazer ajustes, descontando a taxa de juros para descobrirmos o valor do dinheiro no futuro. Por isso dizemos que dependendo de seu valor (positivo) o investimento será bom. Seu cálculo é realizado principalmente porque considera a valorização do capital ao longo do tempo, dando assim o ganho real do projeto. Como calcular o VPL? Essa aqui é uma pergunta que não quer calar e é muito importante você saber que há duas formas de resolver essa questão. São elas: ⯀ trazendo tudo a valor presente manualmente e somando os fluxo; ⯀ utilizando a calculadora HP12C com as teclas: G+CFO, G+CFJ, F+NPV. 32 O QUE É TIR? CONHEÇA A TAXA INTERNA DE RETORNO Já falamos muito sobre termos inglês nas provas, mas você conhece a TIR? A Taxa Interna de Retorno é, basicamente e frenquentemente, encontrada em inglês, como Internal Rate of Return. O motivo de utilizarmos em inglês é que lá na nossa querida amiga calculadora HP12C utilizamos a tecla F + IRR. É a partir dela que será possível representarmos a remuneração de um projeto de investimentos. Matematicamente falando, é a taxa de juros que traz os Fluxos do Pagamento a Valor Presente. Mais uma vez o Fluxo de Caixa! Sim, se estamos falando de Fluxo de Pagamento é óbvio que estamos falando de Fluxo de Caixa. Esse que é uma ferramenta do mercado que possibilita o planejamento de recursos financeiros através de resultados para a tomada de melhores decisões. Como funciona a Taxa Interna de Retorno? Logo, podemos perceber que com o Fluxo de Caixa teremos a saída de dinheiro e trazemos todos os valores a Valor Presente Líquido. Só que no VPL encontrávamos uma taxa para zerar tudo para sabermos os retornos. Se for positivo, sobrará dinheiro, se for negativo, faltará ou será em zero. Só que é impossível sabermos muitas vezes a taxa de juros efetiva em determinados projetos e se eles realmente valem a pena. É aí que a Taxa Interna de Retorno vem para nos resolver este problema. Portanto, é por isso que trazemos os Fluxos de Caixa a Valor Presente. Então, a TIR será igual a taxa que zera o VPL. Assim, na calculadora, após calcular o VPL podemos encontrar a tir com F + IRR. Por que ela é tão importante? 33 Sabemos que o Valor Presente Líquido pode nos apresentar uma representação de retornos positivos ou negativos nos investimentos, Mas, vale ressaltar, que a TIR também é um fator de grande importância para a sua tomada de decisão. Visto que, ela apresenta a taxa de crescimento esperado de um projeto. Desta forma, investimentos com uma TIR maior que outros significa uma maior e melhor chance de crescimento. Porém, não se esqueça: apesar de ser uma função atraente – por poder apresentar bons dados – ela deve ser utilizada juntamente com o VPL. Assim, será possível alcançar uma ideia mais adequada e clara do valor de um potencial projeto. O QUE É PAYBACK E QUAIS SÃO SUAS CLASSIFICAÇÕES? Não podemos esquecer que payback vem do nosso querido amigo inglês, e que em tradução livre significa pagar de volta. Mas, como o termo payback é classificado e por que é tão importante no Mercado Financeiro? Do princípio: o que o payback representa? O conceito principal deste termo é que ele representa o tempo que um investimento leva para recuperar seu aporte inicial. Ele é muito utilizado pela galera que vai abrir uma empresa ou uma franquia, por exemplo: Qual é o tempo que eu terei de payback com essa franquia? = Qual é o tempo que eu terei meu aporte inicial retornado? Porém, vale ressaltar que ele só em projetos viáveis. Além disso, ele pode ser classificado em duas formas: ⯀ Payback Simples: utiliza-se o Fluxo de Caixa em valores nominais, sem trazê-los a Valor Presente; ⯀ Payback Descontado: traz-se o Fluxo de Caixa a Valor Presente. Entendendo o Payback Simples: 34 Este é um médoto considerado mais simples – como o próprio nome diz – para podermos analisar a viabilidade de um investimento. Sua importância no investimento é apresentar o tempo que será possível recuperar o valor inicial. Entendendo o Payback Descontado: Já este aqui, é necessário possuírmos uma taxa de juros para poder descontar os valores. Por conta disso, aqui todos os Fluxos de Caixa deverão ser descontados pela taxa em relação ao período ao qual o mesmo é atrelado. Qual a diferença entre estes dois? Note que estas duas divisões de payback são um tanto quanto parecidas, com diferença apenas no que consideramos os fluxos descontados, isto é, quando trazemos a Valor Presente. Assim, conseguindo encontrar o momento em que o Fluxo de Caixa traz o retorno do que foi investido. Sua importância no mercado! É importante você saber que dentro do nosso mercado e na economia, estas duas classificações servem para fazermos nossas análises de investimento. Bem como já havíamos falado. Então: TIR: TIR > TMA, projeto viável TIR < TMA, projeto inviável VPL: VPL = 0, temos a TIR 35 VPL > 0, projeto viável VPL < 0, projeto inviável TIPOS DE MÉDIA: QUAIS SÃO E COMO CALCULAR? Existem três tipos de Média – as raízes, como podemos falar – que utilizamos muito no mundo financeiro e principalmente em provas de certificação financeira, como a CGA. Elas são: ⯀ Média Aritmética (média simples); ⯀ Média Ponderada; ⯀ Média Geométrica. CONHECENDO CADA TIPO DE MÉDIA O que é Média Aritmética? A Média Aritmética, também é chamada de média simples, é a soma das amostras dividido pelo número de amostras. Além disso, ela pode ser considerada uma medida de tendência central, sendo que, é muito utilizada no cotidiano. Sabe os cálculos realizados nas escolas para determinar a média final do aluno? Então, ela é chamada de Média Aritmética – essa mesmo! Da mesma forma, é utilizada em grandes pesquisas de mercado, pois a média dos resultados determina o direcionamento de preferência e ideias do público. Como calcular? Portanto, se estamos falando no mundo financeiro, podemos partir para o exemplo. As ações da topinvest sofreram as seguintes oscilações na primeira semana do mês: ⯀ Segunda = +6% ⯀ Terça = +4% 36 ⯀ Quarta = -2% ⯀ Quinta = -2% ⯀ Sexta = +4% Qual a média dos retornos? Este cálculo pode ser realizado direto na sua calculadora HP12C: +6 (positivo) somatório + +4 (positivo) somatório + -2 (negativo) somatório + -2 (negativo) somatório + +4 (positivo) somatório + clica G clica 0 Logo, se você fazer essa sequência encontrará a média desse exemplo com resultado de: 2. Isto é, basicamente, a mesma coisa que você somar todas as médias e ao final dividir por 5, que é o valor de número de dias que possuímos. Porém, sabe por que eu disse para você clicar em 0? Porque, não bem ele está exatamente fazendo a média, mas sim o X que está abaixo dele. Então, é esse X que é a tecla mágica para nos apresentar a média. Além deste, outro símbolo muito usado e também considerado tecla mágica é o W, que está abaixo do 6. Por isso que, se você clicar W, estará descobrindo a Média Ponderada. O que é Média Ponderada? Opa, falando dela, esta aqui leva em consideração o peso de cada amostra. Sendo que, é a partir dela que podemos encontrar medidas estatísticas que são responsáveis por apresentar importantes informações a partir de apenas um número. 37 Como calcular? Calcule o retorno ponderado de uma carteira de investimentos com a alocação abaixo: Ativo Retorno Peso WEG3 +37% 20% ITSA3 +18% 20% COGN3 -10% 10% RADL3 +3% 20% DASA3 +23% 20% FLRY3 +33% 10% Chamamos nossa HP12C: +37 (positivo) de retorno ENTER 20 de peso somatório Σ+ +18 (positivo) de retorno ENTER 20 de peso somatório Σ+ -10 (negativo) de retorno ENTER 10 de peso somatório Σ+ +3 (positivo) de retorno ENTER 20 de peso somatório Σ+ +23 (positivo) de retorno ENTER 20 de peso somatório Σ+ +33 (positivo) de retorno ENTER 10 de peso somatório Σ+ 38 Clica G Clica 6 (que é a tecla onde possuímos o W que nos apresenta a Média Ponderada) De resultado teremos 21,67%, pois levamos em consideração o peso. O que é Média Geométrica? Aqui chamamos de Geométrica, visto que. ela é obtida tirando a raiz n-ésima do produto n de um conjunto de dados. Frequentemente, utilizada na estatística, é utilizada principalmente para representar um conjunto de informações de um único valor para possíveis tomadas de decisões. Assim, uma oportunidade para encontrar o valor central utilizaremos esta média. Como calcular? Então, se precisamos saber resultados tirando raiz n-ésima, no mundo financeiro utilizaremos como exemplo: Qual a média geométrica de determinado ativo com os retornos de +1,+2,+3,+2,+1, ? Desta forma, aqui iremos múltiplicar todos esse carinhas, que aqui possuímos 5 amostras. Então, nosso n, isto é, n-ésima é = 5 Na calculadora: Pois bem, nossa Média Geométrica terá como resultado de 1,64. 39 Nada mal conhecer as principais médias, não é? Agora você já sabe como cada uma funciona e ainda como calculá-las! O QUE É MODA, MEDIANA E QUANTIS NA ESTATÍSTICA? Pode ser que você diga que Moda, Mediana e Quantis é a mesma coisa que existe no mundo fashion. Mas, como isso tudo funciona na estatística? Primeiro de tudo: o que é estatística? A estatística é o ramo da matemática que utiliza análises de interpretações e apresentação de massas de dados numéricos. Desta forma, podemos entender que é dentro dela existem diversas formas de interpretações para a melhor tomada de decisão. Desmistificando a Moda, Mediana e a Quantis O que é a Moda? Como já falei, em estatística não é muito diferente do mundo fashion. Portanto, a Moda é a amostra com maior frequência em um conjunto de dados. Pois bem, eu que sou “comilão” e não despenso uma comida, separei o exemplo dos preços dos lanches do McDonalds. Então, são eles: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Big Mac R$ 21,90 Quarteirão R$ 21,90 Cheddar McMelt R$ 21,90 Qu4ttro Formaggi R$ 29,50 Crispy Barbecue R$ 29,50 Club House R$ 33,50 Big Tasty R$ 30,00 Mcnífico Bacon R$ 25,90 Logo, de acordo com essa amostra, você saberia dizer qual é a moda de preços do McDonalds? Pois então, pense comigo: há 3 valores de R$21,90; 2 valores de R$29,50; 1 de cada dos outros valores restantes. Assim, o que está na Moda aqui é o preço de R$21,90. 40 Logo, é por isso que falamos que é o que mais é frequente (mais aparece no exemplo). O que é Mediana? A Mediana, como seu próprio nome diz é uma amostra, sendo que, o valor que a divide no meio. Porém, cuidado! Na prova a galera fala que erra muito essa parada. Se formos notar no exemplo da Moda, os preços estão desalinhados e não estão ordenados de ordem crescente. Então, para encontramos a amostra da Mediana devemos primeiro organizar amostra em ordem crescente. Desta forma, em uma amostra de números ímpares, nossa Mediana é o número central da amostra. ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Big Mac R$ 21,90 Quarteirão R$ 21,90 Cheddar McMelt R$ 21,90 Mcnífico Bacon R$ 25,90 = é nossa mediana Crispy Barbecue R$ 29,50 Big Tasty R$ 30,00 Club House R$ 33,50 Já em uma amostra de números pares, somamos os dois números centrais e dividimos por dois. O que é Quantis? A Quantis nem é tanto falado quanto as outras medidas, mas também está presente nos editais da prova, por isso, é importante conhecê-lo. Por isso, também é chamado de Quantil, nada mais é do que uma divisão de dados em subconjuntos iguais. As principais subdivisões são: ⯀ Quantis: 4 amostras de 25% cada; ⯀ Quintes: 5 amostras de 20% cada; 41 ⯀ Decis: 10 amostras de 10% cada; ⯀ Percentis: 100 amostras de 1% cada. COMO CALCULAR A MÉDIA, VARIÂNCIA E DESVIO PADRÃO? Depois de falarmos sobre a Moda e a Mediana, hoje iremos abordar um pouco mais sobre os indicadores estatísticos. Porém, iremos falar sobre a Média, Variância e Desvio Padrão. Média A Média é uma medida de tendência central que busca o valor médio de uma série histórica. Ou seja, imagine que compramos ações da Eletrobrás e nos 5 meses em que mantivemos essa ação o resultado foi conforme os números abaixo: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Mês 1 = + 1% Mês 2 = + 6% Mês 3 = - 2% Mês 4 = - 1% Mês 5 = + 2% O fato de ter valorizado 6% no segundo mês não quer dizer nada, já que ocorreram perdas em meses futuros, não é? O que realmente importa para nós – e para o investidor – é o retorno médio. Para calcular o retorno médio deste ativo, é necessário a média destes valores. Isso é feito somando os valores dos meses e dividindo-os pelo número de fatores. Ou seja: 1 + 6 + (-2) + (-1) + 2 = 6 Dividimos esse valor por 5, que é o número de meses utilizados na amostra, que é o número de fatores. Chegamos, então, na seguinte fórmula: Média = ( 6 / 5 ) = 1,20 Assim, conseguimos concluir que a ação da Eletrobrás possui média igual a 1,20%. Em outras palavras, o investimento pagou 1,20% ao mês, em Média. 42 Variância Este fator indica “o quão longe”, em geral, os seus valores se encontram do valor esperado. Ou pode ainda ser o quanto o ativo varia em função de sua Média. Você sabe o que é valor esperado? Nós já falamos dele anteriormente, pois também é conhecido como retorno esperado. E para você não esquecer, ele é a média ponderada dos retornos esperados. Assim mesmo, bem prático! Resolvido essa questão, agora é hora de voltarmos à Variãncia. Desta maneira, considerando que a ação da Eletrobrás teve as oscilações nos 5 meses: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Mês 1 = + 1% Mês 2 = + 6% Mês 3 = - 2% Mês 4 = - 1% Mês 5 = + 2% A fórmula desta será: Onde: n = dado oscilação do mês x = média; Σ= somatório de todos os meses. Se colocarmos as informações direto na fórmula, ela fica desta maneira: var = 9,70 A Variância não tem nenhuma aplicação prática no mercado, mas é utilizada para 43 encontrar o que de fato nos interessa: o Desvio Padrão. Que é o nosso próximo fator estudado. Desvio Padrão Este é considerado a medida de risco para calcularmos a Volatilidade de um ativo. Para você poder entender melhor, com o Desvio Padrão podemos mostrar, matematicamente, o risco de determinado investimento. Porém, para podermos encontrá-lo, basta apenas extrairmos a raiz quadrada da Variância. Seguindo o exemplo anterior onde a Variância deu resultado igual a 9,7, logo, seu Desvio padrão é igual ?9,7 = 3,11. O mais importante que você deve saber é que quanto maior for o Desvio Padrão de um ativo, maior será o risco de mercado desse ativo. Pois, ele indica o quanto o valor de um ativo pode variar em um determinado período de tempo, podendo ser para cima ou para baixo. COVARIÂNCIA, CORRELAÇÃO E COEFICIENTE DE DETERMINAÇÃO: AS VARIÁVEIS E AS SUAS RELAÇÕES O que eu vou falar com você agora é uma somatória do que já vimos sobre a introdução a estatística. Esses são os três indicadores mais úteis no nosso mercado na minha opinião e que possuem muita relação um com o outro. Estão preparados para saber tudo sobre Covariância, Coeficiente de Correlação e Coeficiente de Determinação? Vale lembrar que essas aqui são maneiras de descobrir como diminuir o risco da sua carteira. Covariância: É uma medida que avalia como as variáveis X e Y se inter-relacionam de forma linear. Ou seja, como Y varia em relação a uma determinada variação de X. 44 Quando a Covariância é positiva, duas variáveis tendem a variar na mesma direção, isto é, se uma sobe, a outra tende a subir e vice-versa. Já se a Covariância for negativa, duas variáveis tendem a variar em direções opostas, isto é, se uma sobe a outra tende a cair e vice-versa. Quanto mais próxima de zero for menor a possibilidade de se identificar um comportamento interdependente entre as variáveis. Ela estando entre duas variáveis pode ser obtida de dados de variância. Como calcular a Covariância? Claro que para tudo existe fórmula e para descobrir a Covariância você deve usar: Onde: Correlação: Esta é muito parecida com a Covariância, até porque, ajuda a explicar a Correlação. Seu objetivo é medir o quanto dois ativos diversos se relacionam. Isso é necessário para entender o que acontece com um ativo quando o outro se mexe em uma determinada direção. A partir da fórmula: Vamos abrir um parênteses aqui: você também pode encontrar o Desvio Padrão repre- 45 sentado pela letra s ou ainda como DP. Além disso, a Correlação varia de 1 até -1. Sendo que: ⯀ Se a correlação entre 2 ativos igual a 1: os ativos são perfeitamente correlacionados. Ou seja, os ativos se movimentam na mesma direção e proporção. ⯀ Se a correlação entre 2 ativos for igual a -1: os ativos são inversamente correlacionados. Ou seja, os ativos se movimentam em direções opostas, mas na mesma proporção. ⯀ Se a correlação entre 2 ativos for igual a 0: ativos não possuem relação entre si. A Correlação é um indicador para apontar o quanto uma carteira de investimentos é diversificada. Quanto mais próximo de -1 for a correlação da carteira, maior será a eficiência de sua diversificação. E quanto mais próximo de 1 for a correlação da carteira, menor será a eficiência da diversificação. A Covariância e a Correlação podem ser: ⯀ Positiva: os ativos têm a tendência de ir para mesma direção. O que representa maior risco para carteira; ⯀ Neutra: uma covariância ou correlação neutra ou zero significa que os ativos não tem uma relação entre si; ⯀ Negativa: quando dois ativos apresentam indicadores negativos, significa que caminham em direções opostas. O que é atrativo para uma carteira de investimentos pela redução do risco. Coeficiente de Determinação: É possível explicar a variação de um ativo X, com base nas mudanças do ativo Y. Aqui se mede a relação desses dois, podemos chamar de índice de relacionamento. Pois há a relação entre Correlação e Covariância. Existindo Correlação, é apenas necessário elevar o dado ao quadrado. Multiplicando por 100, terá a porcentagem da variação. E antes de mais nada, é importante você saber que o Coeficiente de Determinação também é conhecido como R2. E isso você pode encontrar na prova como Coeficiente de Determinação ou apenas R2. Exemplo: a correlação entre essas duas empresas é de 0,77. 46 Se até agora encontramos o Coeficiente de Correlação de 2 ativos 0,77, para encontrar o Coeficiente de Determinação iremos elevar ao quadrado e multiplicar por 100. R2 = 0,772 = 0,6. Nesse caso afirmasse que 60% das variações de X podem ser explicadas com base na variação da Y. Viu o motivo que eu disse que eles são tão úteis? A Covariância, Correlação e o Coeficiente de Determinação se encaixam e interligam suas variáveis para que conseguimos compreender e fazer seus cálculos indicadores. VALOR OU RETORNO ESPERADO O retorno ou valor esperado é a média ponderada dos retornos esperados; Exemplo: a carteira do fundo TopInvest tem a seguinte distribuição: ⯀ 5% de chance de obter retorno de 5% ao ano; ⯀ 90% de chance de obter retorno de 10% ao ano; ⯀ 5% de chance de obter retorno de -5% ao ano. Para obter o retorno esperado ou valor esperado, precisamos fazer a média ponderada dos valores acima. Logo, temos o cálculo: Onde: E(R) = R = Retorno esperado ou valor esperado; Pk = Porcentagem da probabilidade do evento acontecer. A soma de todas as probabilidades tem que ser 100%. Rk = Porcentagem do retorno previsto no evento. Vamos aos cálculos: 47 E(R) = (5 x 5%) + (10 x 90%) + (5 x 5%) E(R) = (5 x 0,05) + (10 x 0,9) + (5 x 0,05) E(R) = 9,5% Se o cálculo for feito na HP12C. Vejamos: Logo, o retorno esperado ou valor esperado é 9,5% ao ano do fundo TopInvest. Ou seja, uma média ponderada. TIPOS DE VARIÁVEIS NA PROBABILIDADE: MUDANÇAS E VARIAÇÕES Em uma análise de amostra toda e qualquer variável, ou seja, seu conjunto de dados, pode ser dividida em tipos de variáveis. Em casos de matemática e probabilidade, possuímos as Variáveis Aleatórias, Discreta e Contínua. Mas, o que é uma variável? A palavra variável vem de outra, a variar. Sendo que, pode ser entendida como uma característica de interesse de acordo com uma medida de dados, podendo ser em valores numéricos ou não numéricos. Além disso, é a palavra variável que indica mudanças e variações que podem surgir, sejam elas constantes ou até mesmo instáveis. Portanto, se estamos falando em probabilidade existem alguns tipos de variáveis impor- 48 tantes que devemos conhecer. Quais são os tipos de variáveis? Variável Aleatória Em uma variável aleatória nós sabemos a probabilidade de algo acontecer. Por exemplo, na Mega-Sena temos 60 números. A probabilidade de acertar um número é de 1 sobre 60. Já acertar os 6 números é uma probabilidade de 1 em 50.063.860 combinações possíveis. Isto quer dizer que, em um jogo a probabilidade de acertar um número é de 10%, já acertar 6 números de 0,000012%. Porém, uma variável aleatória pode ser dividida em duas partes: aleatória discreta e aleatória contínua: Variável Aleatória Discreta Chamamos de variável aleatória discreta um resultado pertencente a amostra. Ou seja, no exemplo da Mega-Sena o resultado será o número entre 1 e 60. Visto que, você não poderá escolher o número 3,5, mas sim deverá escolher os números inteiros que estão para sua escolha – aqui no exemplo de 1 a 60. Desta forma, poderemos chamar a variável aleatória discreta de número cheio. Variável Aleatória Contínua A variável aleatória contínua representa infinitos resultados dentro de uma amostra. Por exemplo, uma volta no circuito de corrida de Interlagos pode ter um intervalo de amostras de 1:05:000 há mais de uma hora para corrida a pé, além claro, de variável de carro para carro e de piloto para piloto dentro da corrida. Nessa amostra existem infinitas possibilidades, uma vez que, sempre podemos usar centésimos e milésimos de segundo. 49 Assim, podemos chamar esta variável de números quebrados, por ter várias subdivisões. O que é distribuição de probabilidade e como ela é dividida? A distribuição de probabilidade é o processo que descreve o comportamento aleatório de fenômenos. Seu foco principal são estudos de casos aleatórios que vão desde jogos de azar como par e coroa, roleta, rolar dos dados, e diversos outros. Sendo que, podem ser aplicados a qualquer amostra aleatória. Logo, matematicamente falando, a distribuição de probabilidade pode ser entendida muitas vezes como uma forma de descrevermos o comportamento de um tipo de fenômeno com resultados que podem ser finitos ou contáveis. Por isso, a distribuição é dividida em: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Uniforme; Binomial; Normal; Lognormal; T de student. ENTENDENDO CADA DISTRIBUIÇÃO DE PROBABILIDADE Distribuição Uniforme Esta é a primeira forma de distribuição que possuímos. Além disso, ela é conhecida por ser a mais simples distribuição. Porém, é uma das mais importantes utilizada dentro da probabilidade. Basicamente, quando queremos descobrir esta probabilidade é indicado que imaginamos ou desenhamos um gráfico, para que assim seja possível encontrar um resultado. Pensa comigo: Eu, Kleber, sou muito mais produtivo à noite, por isso costumo trabalhar até tarde e também chegar mais tarde no escritório. Minha rotina é acordar às 8:30, tomar um banho 50 demorado e chegar no escritório entre 9:00 e 9:30. Se um parceiro chegou para uma reunião às 9:24 qual a probabilidade de eu já ter chegado também? Desta forma, como eu mencionei, imaginamos um gráfico: Repare que entre 09:00 e 09:30 existe um intervalo de 30 minutos, sendo que, de 24 minutos para 30 minutos há 6 minutos de diferença. Assim, olhe ali na conta ao lado. Será o 6 dividio por 30, pois é o valor do intervalo, e teremos uma probabilidade de 20% de eu já ter chegado às 09:24. Portanto, poderemos descobrir o resultado até mesmo com uma “regra de três” para descobrir a probabilidade. Distribuição Binomial Já esta aqui é um pouco mais complexa, porém, simples. Isso porque, ela é um modelo utilizado para experimentos aleatórios independentes onde se observa o “sucesso” ou “fracasso” de uma probabilidade “p” em “n” provas. Desta maneira, utilizamos a seguinte fórmula para seu cálculo: Onde: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ n = número de testes k = o número de sucessos p = probabilidade de sucesso q = probabilidade de fracasso: q = 1 – p 51 Agora, iremos entrar em uma divisão da distribuição de probabilidade que mais utilizaremos na estatística. Visto que, iremos encontrar o índice de confiança. Ou seja, qual a probabilidade de um retorno estar entre várias amostras. Distribuição Normal Também conhecida como distribuição gaussiana – cuidado, em sua prova pode estar sendo chamado por esse nome – possui como principal característica que a média, a moda e a mediana são as mesmas. Se liga no gráfico: Note que a distribuição normal irá nos apresentar que dentro de uma amostra ao aplicarmos o Desvio Padrão, possuiremos uma confiança maior. É comum encontrarmos um intervalo de confiança de 95,44%, mas, da mesma maneira, também poderemos encontrá-lo com 90%. O que é Intervalo de Confiança? O intervalo de confiança é estimado com base em uma amostra que permite tirar conclusões para toda amostra. 52 É com esse intervalo que conseguiremos indicar a confiabilidade de uma estimativa, pois tudo vai depender dos seus resultados. Contudo, é importante que você saiba que podemos descobrir o intervalo de confiança, a partir da fórmula: Onde: n = amostra x = média (retorno média) σ = desvio padrão Z = níveis de confiança Além destas, partiremos a partir daqui para as distribuições que possuímos outras hipóteses para podermos estudar as amostra de dados. Vale destacar que estas distribuições seguintes não são tão utilizadas, visto que, há softwares de estatísticas que fazem o mesmo trabalho. Distribuição T de Student Para falarmos de distribuição T de Student, é importante ressaltarmos que a distribuição normal é utilizada para amostrar grandes, normalmente acima de 50 números (estuda confiança). Já para amostrar pequenas, por exemplo, para uma amostra de 20 números, utilizaremos a distribuição T. Aqui estudaremos o erro. Para isso, precisamos utilizar a Tabela T. O que é a Tabela T? 53 Graficamente, essa tabela é muito semelhante à distribuição normal, a diferença é que teremos causas dos gráficos são mais longas, características de amostras menores. Outra diferença é que na distribuição normal trabalhamos com o acerto, aqui, como já mencionamos, trabalhamos com um erro. Distribuição Lognormal Por último, mas não menos importante, a distribuição lognormal é muito utilizada para caracterizar o tempo de vida de produtos e materiais. Sim, é possível utilizá-la em estatísticas e finanças, porém, é bem incomum. Como o nome sugere usamos o logaritmo de uma distribuição normal, sendo especialmente útil para dados menos simétricos e assimétricos à direita. Desta forma, teremos um gráfico com uma concentração maior á sua direita. SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO - O QUE É E COMO FUNCIONA? O mundo financeiro está cada vez mais próximo de instrumentos e comportamentos das ciências exatas. E a simulação de Monte Carlo ou método de Monte Carlo é um destes instrumentos. Esse que, possui seu nome inspirado do principal cassino localizado em Mônaco, onde ocorre a principal corrida da Fórmula 1. Mas, você deve estar se perguntando o que isso tem haver com as nossas finanças? E eu posso te responder que tem muito haver. Isso porque, a simulação de Monte Carlo é uma série de cálculos probalísticos que estimam a chance de um futuro evento ocorrer. Logo, é a partir desta simulação que são realizadas diversas simulações para calcular a probabilidade de acerto e erro. Sendo que, tais probabilidades são rodadas em softwares de amostragem. Como surgiu o método de Monte Carlo? Reza a lenda que esta simulação começou em um cassino que possuía um jogo de dardos. 54 Imagine um grupo de amigos que se reúne e joga dardos em um alvo; cada dardo cai em um local diferente. A partir daí, esses amigos criaram um método para tentar prever onde cada dardo poderia cair. Desta maneira, foram desenvolvidos cálculos matemáticos – bem complexos – que hoje são calculados por programas que avaliam a probabilidade no jogo – e hoje em dia até nas finanças – cenários com resultados mais prováveis. O método no Mercado Financeiro A probabilidade é algo que o mercado não consegue fugir muitas vezes. Assim, este método é tão utilizado atualmente para as análises financeiras e para calcularmos a probabilidade dos resultados em caso de alteração no cenário com: ⯀ Taxas de Juro ⯀ Câmbio Mudança de Políticas Monetárias Portanto, é com este método que muitas empresas e investidores descobrem a probabilidade de seus investimentos e como eles reagirão a determinada situação. Conta pra gente, você conhecia esse método? O que é Amostragem? Saiba suas qualificações e distribuições de amostras Utilizada na economia, na confiabilidade, em testes destrutivos e para acelerar procedimentos, a amostragem faz parte das variáveis da probabilidade. Seu papel é fundamental no processo de selecionar um grupo de indivíduos de uma população. Sendo que, é uma forma de estudar uma grande população a partir de uma amostra. Desta maneira, são as probabilidades de um número específico que chamamos de amostragem e generalização que conseguimos chegar em uma determinada amostra. Qualificação da amostragem Dependendo do tipo de amostra que queremos descobrir haverá uma espécie de “tendência”. Portanto, essas amostras podem apresentar qualificações bem importantes como: 55 ⯀ Simples ⯀ Estratificada Como cada uma funciona? Amostragem Simples Neste tipo de amostra, selecionamos aleatoriamente membros de uma população. Ex: uma seleção de 50 ações do S&P 500. Porém, o problema é que esta é aleatória e pode ser tendenciosa, como já mencionei. Pode ter ainda, uma concentração em saúde indústria, tecnologia, dentre outros. Amostragem Estratificada Já que a amostragem simples é tendenciosa, a amostra estratificada entra para resolver isso. Logo, sua população será heterogênea em relação a variável sob o estudo. Assim, nesse modelo separamos os dados em intervalos ou grupos, pois possui como principal objetivo evitar uma concentração ou tendência. Além disso, ela pode ser dividida em: ⯀ Proporcional ⯀ Conglomerados Pensando em algo mais prático, na amostragem estratificada proporcional ocorre uma simples divisão da amostra em grupos. Ex: dividir o S&P 500 em 50 grupos e selecionar uma ação de cada amostra. A partir desse exemplo, como possuímos 500 amostras, iremos selecionar 10 grupos de 50 ações cada uma, e iremos pegar uma ação de cada um destes grupos. Desta maneira, ela será proporcional. A diferença desta amostragem com a amostragem estratificada por conglomerados é que as amostras seguem uma lógica específica. 56 Ex: podemos organizar as ações do S&P 500 por: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Ordem alfabética Setor de atuação Capitalização Crescimento, dividendos, startup, valor, e outros. Quando não usar uma amostragem? Em contrapartida, uma amostragem não funciona quando utilizamos em uma pequena população, em necessidades políticas e de alta precisão, e até mesmo como característica de fácil mensuração. ESTIMATIVA POR PONTO E ESTIMATIVA POR INTERVALO Estimativa é o processo de uso de dados de uma amostra para “prever” determinados parâmetros. As ferramentas mais usadas são a média aritmética e o desvio-padrão. No primeiro caso, a estimativa é denominada estimativa por ponto, visto que haverá um único ponto de análise. Exemplificando: Suponhamos que os retornos semanais de uma empresa tenham sido 0,3% + 2% + 0,9% + 0,1%. A estimativa por ponto é a média aritmética simples. O resultado é 1,08%. Para se encontrar a estimativa por intervalo de confiança utiliza-se o desvio-padrão. Exemplificando: Suponhamos os mesmos retornos semanais do exemplo anterior. O intervalo de confiança corresponde a 0,63%. A estimativa fica entre os resultados da média subtraída do desvio e da média adicionada ao desvio (0,44% e 1,72%, respectivamente). Retomando, o intervalo por ponto oferece apenas uma informação. Já a estimativa por confiança oferece um leque restrito de possibilidades, mas que não se restringem a um único valor. HIPÓTESES NULAS OU ALTERNATIVAS Estes dois tópicos fundamentam quase todo o restante do estudo de estatística. As 57 hipóteses nulas ou as alternativas advêm do teste de hipóteses. Os resultados obtidos podem ser: ⯀ Hipótese rejeitada (nula) — H0; ⯀ Hipótese não-rejeitada (alternativa): note que não se trata de uma hipótese aceita, mas apenas de algo que não pode ser negado — H1, H2 ou HA. Exemplificando: Uma moeda qualquer tem dois lados. Uma moeda não alterada tem hipótese de 50% tanto para cara quanto para coroa. Se a moeda for lançada 1000 vezes, a expectativa é que o número de vezes que der cara seja igual ou muito parecido com número de vezes que der coroa. Entretanto, se houver discrepância considerável no percentual, a proporção entre os resultados pode ser também muito diferente. Exemplificando: Um determinado chocolate é vendido no peso de 90g. Sabendo que o peso de chocolates impuros pode variar, e que a fabricante visa o lucro, há uma advertência na própria embalagem dizendo que o peso do produto pode variar (para menos, claro). A hipótese nula refere-se aos 90 gramas. Qualquer resultado diferente corresponderá às hipóteses alternativas. Levando em consideração uma amostragem de 100 unidades do referido chocolate, encontrou-se a média de peso igual a 88g. Esse valor estava enquadrado em uma das hipóteses não-nulas, visto que é menor que 90g. ERROS DO TIPO 1 E ERROS DO TIPO 2 São também conceitos muito importantes para analisarmos de forma correta os dados entregues pelas estatísticas. O erro do tipo 1 (alfa) não tem nada a ver com o retorno que excede a média de mercado, e o erro do tipo 2 (beta) não se relaciona com a volatilidade. O erro do tipo 1 acontece quando uma hipótese nula é rejeitada indevidamente. Um belo exemplo é o do “homem grávido”. Biologicamente é impossível. Um homem que pareça estar grávido nunca estará de fato (falso positivo). O erro do tipo 2 é exatamente o contrário, e se dá quando uma hipótese nula não é rejeitada. Uma mulher com fisionomia magra, sem menstruar a seis meses e ostentando um barrigão muito provavelmente está de fato grávida (falso negativo). TESTE UNICAUDAL E TESTE BICAUDAL 58 A depender da hipótese nula, deve-se usar uma das duas caudas da distribuição “T” de Student ou o “Z” da distribuição normal para a avaliação da hipótese. No teste Unicaudal utiliza-se apenas o desvio em uma direção (desvio à direita ou à esquerda). Já o teste bicaudal usa ambas as direções. Exemplificando: H0 = 50. HA < 50. O gráfico será em formato de “barriga”. A partir do centro, toda a parte com valores menores que 50 é chamada de teste unicaudal à esquerda. Para a hipótese alternativa contrária, as operações seriam exatamente as opostas. Exemplificando: H0 = 50. HA diferente de 50. Este é um teste bicaudal. O gráfico continua tendo o mesmo formato abaulado. 50 continua sendo a média. As partes que abordam os demais valores serão analisadas no teste bicaudal. A hipótese será não-rejeitada ou alternativa para ambos os lados. ANÁLISE DE VARIÂNCIA (ANOVA) E ESTATÍSTICA “F” Analysis of variance (ANOVA) é uma forma de comparação de 3 ou mais grupos olhando para o conjunto unificado. Exemplificando: Suponhamos três remédios com o mesmo princípio ativo: Ibuprofeno, Paracetamol e Dipirona. Eles corresponderão aos níveis e a análise de variância vai analisar a variância dentro de cada grupo e também o conjunto de todos os grupos. H0 = tempo médio de alívio da dor é similar para todos os medicamentos. HA = um dos medicamentos tem efeito mais rápidos que os demais. A variância entre os medicamentos é parecida, entretanto a variância do tempo de efeito de um mesmo remédio nos diferentes pacientes é bem diferente. Assim, constata-se que, num mesmo paciente, todos os medicamentos têm a mesma velocidade. Deve-se aceitar, portanto, H0 (hipótese nula). 59 Exemplificando: Adotemos agora os mesmos termos do exemplo anterior, mas visando confirmar a hipótese alternativa. Pode-se perceber nessa segunda amostra que a Dipirona é a mais veloz no alívio da dor. Deve-se, portanto, aceitar a hipótese alternativa (HA), que diz que um dos medicamentos é mais rápido que os demais. A estatística “F” analisa a variância entre os grupos e dentro dos grupos. Isto permite a comparação de duas amostras com relação às suas respectivas variâncias comparadas e internas. Assim, é possível haver a comparação mais completa, enunciar as hipóteses, fixar o nível de significância, determinar graficamente a região crítica e de não rejeição e, por fim, concluir pela rejeição ou não rejeição da hipótese proposta. REGRESSÃO LINEAR SIMPLES E REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA A regressão linear simples é utilizada para podermos modelar a relação entre duas variáveis. A múltipla é utilizada para a modelação de duas ou mais variáveis. Exemplificando: Para relacionarmos o tempo de estudo com a nota obtida na prova, precisamos obviamente de duas variáveis: X = tempo de estudo. Y = nota obtida na prova. 60 É preciso que seja estabelecido um gráfico cartesiano relacionando os valores das variáveis. A reta mostrará como se dá a relação entre eles. SÉRIES TEMPORAIS O que vimos anteriormente foram as séries atemporais. Em matemática, uma série temporal é uma coleção de observações sequencialmente feitas ao longo do tempo. Nos modelos de regressão linear, por exemplo, a ordem não importava. Para a série temporal de um ativo na bolsa de valores é preciso que se tenha as suas cotações diárias na bolsa. Algo análogo deve ser feito caso o objeto da série seja as mortes por coronavírus em 2020 — as datas são imprescindíveis. Também o retorno composto de um analista no período de um ano, se analisado por uma série temporal, deve levar em conta a sequência dos acontecimentos. Caso esses mesmos objetos (retornos do ativo, mortes por coronavírus e retorno do analista) fossem analisados por uma série atemporal, pouco importaria a disposição dos dados. Quanto à classificação, a série temporal pode ser: ⯀ Estacionária: também chamada de convergente. Isso se dá porque ela costuma flutuar em torno de uma determinada média, ao longo do tempo. Exemplificando: Volumes de negociação da B3. Alguns dias têm mais negociações e outros têm menos. Ao longo do tempo, a série temporal estacionária acompanha o movimento. Para os pontos de muita discrepância, aplica-se algo conhecido por defasagem. Essa transformação ocorre para estabelecermos a variância e tornarmos o efeito sazonal aditivo, uma vez que a avaliação dos riscos é analisada em função da variação dos valores em 61 questão. ⯀ Não-estacionária. MODELOS DE TENDÊNCIAS E SUAS LIMITAÇÕES Tendências são comportamentos que aparentemente serão mantidos a longo prazo. As análises são como se fossem previsões do funcionamento de determinada amostra. Os procedimentos dessas ações são muito parecidos com os da regressão linear simples — dados, amostras, aplicação gráfica. Existem basicamente 3 tipos de tendências: ⯀ Constantes: mantém-se em linha reta horizontal. ⯀ Lineares: crescentes ou decrescentes, graficamente. ⯀ Quadráticas: relacionados aos casos de amostras com crescimento semelhante ao exponencial. Os principais problemas de se fazer qualquer previsão sobre qualquer coisa é que as variáveis costumam ser dependentes umas das outras e também o tamanho da amostra é um grande ponto restritivo. MODELO REGRESSIVO (ARIMA) Este modelo é muito utilizado para análises de séries temporais. Auxilia na previsão, por exemplo, de desgastes de peças mecânicas, do fluxo de passageiros em um terminal aeroviário etc. Para utilizar o ARIMA é necessário a presença de uma série estacionária. Do inglês, ARIMA significa Auto Regressive Integrated Moving Average (conjunto de médias móveis). As variáveis envolvidas na análise são: grau de correlação (P); período (D) e também a média móvel (Q). 62 É preciso entender que a ARIMA funciona para projeções de tendências de preços. Em azul, no gráfico acima, vemos como isso aparece nas análises. RANDOM WALKS Esta é sem dúvida a coisa mais maluca que aparecerá em sua prova. Random Walks, Drunkhard’s Walk ou simplesmente desenvolvimento aleatório defende que as variações dos valores das ações são independentes umas das outras. Isso quer dizer que a análise dos movimentos passados é insuficiente para a compreensão analítica. Essa teoria surgiu da seguinte maneira: um cara estava bebendo cerveja num pub qualquer na cidade de Londres. De lá ele saiu às 22h e percorreu um caminho totalmente confuso para tentar chegar em casa. O percurso que ele fez foi completamente aleatório e não há qualquer chance de previsão. Analogamente, o estudo random walks afirma que os movimentos subsequentes não são ligados aos movimentos anteriores, sendo regidos apenas pela aleatoriedade. Esta teoria se baseia na imprevisibilidade do mercado, sendo impossível obter resultados acima da média já estabelecida. Isso muda caso riscos maiores sejam assumidos. Quem no mundo iria prever a queda das torres gêmeas nos Estados Unidos, ou a falência do banco Lehman Brothers, ou a pandemia do coronavírus? Existe uma determinada linguagem de programação que estuda e consegue, de certa forma, prever os movimentos aleatórios. Veja abaixo: 63 MODELOS DE MÉDIA MÓVEL Média móvel é um cálculo matemático utilizado para a criação de diferentes subgrupos de médias. O epíteto móvel refere-se ao fato de que a média móvel trata apenas de parte de um período maior e serve para identificar a tendência direcional de um ativo ou determinar suportes e resistências. Se, por exemplo, a média móvel encontra-se abaixo das cotações diárias de um determinado ativo, isso significa que a tendência mais provável é de “alta”. Existem três formas de se aplicar a média móvel: ⯀ Média móvel simples: também chamada apenas de média. É simplesmente uma média de “n” períodos anteriores de um ativo; ⯀ Média móvel exponencial; ⯀ Média móvel ponderada: aqui haverá pesos maiores atribuídos para as amostras mais recentes. Para a análise técnica, o peso diminui aritmeticamente. Comportamento gráfico das médias móveis: 64 A média ponderada (linha verde) tem o menor “lag” de todos porque os ativos mais recentes têm pesos maiores. Já a média exponencial é a intermediária entre as três. A média normal é a mais lenta de todas por ser a mais simples. ANÁLISE TÉCNICA X ANÁLISE FUNDAMENTALISTA Basicamente, existem duas modalidades de precificação dos investimentos. Poderemos partir de uma análise técnica ou de uma análise fundamentalista. Análise Técnica A diferença entre elas é que a análise técnica acredita que o mercado é ineficiente e os investidores tomam decisões emocionais com base em suas experiências; sua premissa é a de que tudo está descontado no preço, ou seja, tudo está refletido no preço, seja o passado ou o presente. Com isso em mente, entendemos que os preços se movem em tendências, portanto, podemos crer que o futuro deve repetir o passado. Logo, tentaremos prever a tendência de um movimento. Isso não significa que sabemos o que acontecerá, mas sim que existe uma tendência construída a partir do passado histórico do ativo. Os gráficos possuem diversos padrões: ⯀ Candlesticks; ⯀ Linhas; ⯀ Figuras 65 Indicadores estatísticos são comuns para elevar a confiança da análise: ⯀ IFR; ⯀ Médias Móveis; ⯀ Fibonacci. Perceberemos nas análises de gráficos que diversas figuras são formadas, estabelecendo padrões para que possamos compreender, ou, ao menos, definir certas tendências. Lembrando que a análise técnico é focada no curto prazo, utilizando intervalos de segundos, minutos, horas, dias e semanas. Análise Fundamentalista Falamos de uma análise que tem foco no longo prazo. Já não analisamos gráficos, mas tendências de mercado de atuação da empresa, dos fundamentos econômicos, da eficiência da empresa e dos demonstrativos contábeis. Os comportamentos da empresa dentro do mercado e outras informações nos ajudarão a encontrar um valor justo para determinada empresa. Sua premissa é comprar bons negócios pagando um valor abaixo do valor justo; “valuation”. A chamada “valuation” é a ferramenta para precificar uma empresa com o valor do negócio. Nós precificamos as coisas o tempo todo. Mas quanto a forma de avaliar o preço, nós temos alguns indicadores, tais como: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Preço/Lucro; Preço/Valor patrimonial; Dívida sobre capital social; FCL e FCL/Capex; ROE; Ebitda. A análise fundamentalista sempre irá visar a qualidade do ativo a longo prazo, diferentemente da análise técnica. Mas é importante ter em mente que ambas as análises podem ser complementares; é possível utilizar a análise fundamentalista para encontrar o valor de um ativo, ou, até, complementar utilizando análise técnica para encontrar o melhor ponto de entrada. No mundo dos investimentos não existe uma resposta exata e correta; tudo depende, tudo pode ser, pois são apenas escolas e pontos de vistas diferentes na hora de analisar um 66 investimento. TIPOS DE GRÁFICOS Dissemos anteriormente que a análise gráfica praticamente desconsidera a economia real e trata apenas do modelo matemático. Os gráficos podem ser em formato de linhas, barras, candlesticks ou ainda de ponto e figura. Cada um deles pode tratar de diferentes frações de tempo — 1, 4, 5, 15 ou 60 minutos; 4 horas; 1 dia; 1 semana; 1 mês ou 1 ano. Os gráficos são construídos sempre nas mesmas bases cartesianas, com um eixo horizontal representando o tempo e o vertical representando o preço do ativo. Gráfico de linhas É considerado o mais tradicional de todos. Estabelece-se um ponto para considerar, por exemplo, o preço de fechamento de um ativo e o gráfico é formado pela junção de cada valor nos sucessivos intervalos de tempo. Gráfico de áreas Extremamente parecido com o gráfico de linhas. Mas com a diferença de hachurar o plano formado abaixo da linha gráfica em questão. Gráfico de barras É um dos mais utilizados no exterior. Também conhecido por Open High Low and Close (OHLC) — considera respectivamente a abertura, a máxima, a mínima e o fechamento do dia. Gráfico de candlesticks Muito semelhante ao gráfico de barras, utilizando-se do esqueleto dele para a composição de sua estrutura visual. No Brasil é conhecido por gráfico de velas. Este padrão de preenchimento cria diversos outros padrões que podem ser facilmente interpretados. 67 GRÁFICO ARITMÉTICO E GRÁFICO LOGARÍTMICO Em gráficos aritméticos a distância entre todos os pontos é idêntica. Já nos logarítmicos, a variação se dá percentualmente. O problema é que os aritméticos passam falsas impressões acerca das grandezas. Por exemplo, a queda de R$8,50 para R$8,00 representa 5,88%. Já a queda de R$4,00 para R$3,50 representa 12,5%. É mais do que o dobro, entretanto, no gráfico aritmético a representação é exatamente a mesma. No gráfico logarítmico isso fica bem claro. Na escala de cima, os intervalos unitários são sempre iguais. Já na logarítmica os intervalos são diferentes. O tamanho vai diminuindo, e isto é importante para verificarmos variações sem distorções. Em análise técnica é muito comum a preferência pelos gráficos logarítmicos. TIPOS DE TRADE A análise técnica possibilita a execução de operações especulativas de curto prazo. Esta são classificadas de acordo com o prazo: ⯀ Operações normais: ◇ Swing trade; ◇ Position trade. ⯀ Operações especiais: ◇ Scalping; ◇ Day trade. 68 Operações Scalping São uma vertente das operações de day trade. Utilizam gráficos de curto prazo (1 ou 2 minutos), as operações são rápidas e, normalmente, são executadas por robôs. É muito comum nesse tipo de operação: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Rompimento na abertura do mercado; Fechamentos de intervalos (GAPs); Utilização de alavancagem; Automatização de estratégias: treinamento e autorização de execução para softwares. Operações de Day Trade Todas elas têm sempre duração inferior a 1 dia. Esse termo é usado para classificar todo e qualquer tipo de operação restrita a esse intervalo. Nelas também é muito comum a utilização de alavancagem. Operações de Swing Trade Têm duração superior a 1 dia. Podem durar, em média, até 1 mês. Os principais períodos gráficos são de 60 minutos e de 4 horas. Operações de Position Trade A duração é ainda superior à de swing trade, chegando a encerrar-se após meses. Os gráficos mais utilizados são os de aérea e o semanal. Percebam que as operações foram classificadas em ordem temporal crescente: das mais curtas para as mais longas. As duas últimas são as normais, e as duas primeiras são as especiais (day trade). Essa diferenciação é importante no que se refere aos tributos. Como as especiais são puramente especulativas, o governo federal tende a apertá-las mais. Nelas, a tributação é de 20% sobre o ganho líquido e 1% de imposto retido da fonte. 69 Já nas operações normais, a tributação é mais leve: 15% sobre o ganho líquido, 0,05% sobre a alienação, retido na fonte e há isenção do Imposto de Renda para ganhos de até R$20.000 por mês. TEMPOS GRÁFICOS Utilizando análise técnica, pode-se fazer operações de day trade (inferiores a 1 dia) e operações normais (superiores a 1 dia). Como o prazo das operações varia de minutos a anos, é importante que tenhamos gráficos devidamente especializados para cada uma delas. Existem, com essa finalidade, vários gráficos periodizados: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Infradiários: 1, 4, 5 e 60 minutos; Diários; Semanais; Mensais. Observação: é importantíssimo identificar o tipo de operação para melhor definir qual é o gráfico apropriado para se estudá-la. GRÁFICO COMPARATIVO OU INDEXADO Em investimentos, as duas coisas mais imediatas em que pensamos é o rendimento e o risco. Os gráficos comparativos servem para analisar diversas coisas ao mesmo tempo, o que pode ser muito útil no mercado de capitais. Exemplificando: Um Certificado de Depósito Bancário (CDB) tente a ser comparado com um Certificado de Depósito Interbancário (CDI). No mercado de ações é comum a comparação entre diversos outros pares de ativos: PETR3 (ordinárias) e PETR4 (preferenciais), VALE5 e IBOV, ITSA4 e BBDC4 etc. Essas análises podem fornecer algumas coisas importantes: ⯀ Potencial de valorização ou desvalorização dos ativos; ◇ Exemplificando: As ações de ITUB4 têm maior participação na carteira teórica do Ibovespa (7,343%), o que implica em alta correlação. Ganhos ou quedas em um provoca movimentos análogos no outro. ⯀ Cenários para estratégias de “long” (comprada) e “short” (vendida); 70 ⯀ Comparatividade de ativos do mesmo setor; ⯀ Arbitragem de mercado. OPERAÇÕES LONG, SHORT E LONG & SHORT Dentro do mercado financeiro existem dois agentes: os investidores e especuladores. Para estes últimos, quanto mais operações, melhor. Elas são: ⯀ Long ou comprado; ⯀ Short ou vendido; ⯀ Long & short ou comprado e vendido. Operações Long Esta é provavelmente a mais comum de todo o mercado. O operador objetiva ter lucros com a alta das cotações. Exemplificando: A compra de ações ABEV3 a R$14,00 para a venda potencial a R$15,00 — compra-se barato para vender caro. Operações Short São basicamente o inverso das operações long. Vende-se uma coisa que não tem para ganhar com a queda da ação no mercado. Exemplificando: A venda de ações ABEV3 a R$14,00 acreditando que elas desvalorizem e passem a valer R$12,00 — vende-se caro para comprar barato. Operações Long & Short Tratam-se de um misto das duas estratégias anteriores. São válidas quando se nota um descompasso irracional de um par de ativos. O exemplo mais clássico destas operações é o descasamento entre ações ordinárias e preferenciais ou ações de um mesmo setor (PETR3 e PETR4, BBDC3 e BBDC4; BBAS3 e BBDC4 entre outros pares). É importante a verificação de inversões de tendências e perdas de suporte para que haja ganhos com a 71 desvalorização dos ativos. TEORIA DE DOW E AS DIREÇÕES DO MERCADO A teoria de Dow é uma das mais básicas na análise técnica de mercado financeiro. Ela afirma que o este se movimenta de acordo com tendências reconhecíveis: ⯀ Alta: quando o mercado inteiro encontra-se em crescimento (bull market); ⯀ Baixa: quando o mercado inteiro encontra-se em decrescimento (bear market); Consolidação. A base da teoria é firmada unicamente no preço e no tempo. Todos os indicadores que veremos a seguir também funcionam assim. Dentro do preço, acredita-se que estão todos os descontos e acréscimos de influências exteriores ao mercado — eleições, inflação, crises locais e mundiais. Tendência de Alta Assemelha-se ao movimento das marés altas. Sobe e recua, sempre com um novo topo mais avançado. Caracterizada, portanto, por topos e fundos ascendentes. Tendência de Baixa Assemelha-se ao movimento das marés baixas. Diminui e aumenta um pouquinho, sempre com um novo topo mais recuado que o anterior. Caracteriza-se, portanto, por topos e fundos descendentes. Tendência Consolidada Assemelha-se ao mar parado. Não avança nem recua mais que o normal. As tendências Dow se comportam de maneira fractal, isto é, repetem-se ou diferem-se periodicamente nos tempos gráficos. Independentemente de serem altas ou baixas, elas ainda podem ser: 72 ⯀ Primárias: de longo prazo. Pode perdurar por anos a fio. ⯀ Secundárias: de médio prazo. Compõem as tendências primárias. Pode durar semanas ou ainda meses. ⯀ Terciárias: de curto prazo. Compõem as tendências secundárias. Não perdura por mais que 3 semanas. AS TRÊS FASES DE UMA TENDÊNCIA Assim como a economia mundial, as bolsas de valores também são cíclicas, com movimentos expansivos e regressivos. De acordo com a teoria de Dow, cada uma das fases (tendência de alta, baixa ou estagnação) é subdividida em 3 outras fases. Ela ainda diz que o fim de uma tendência de baixa é sempre o início de uma tendência de alta e vice-versa. Crescimento Fase 1: Acumulação É no final da tendência de baixa que se inicia a primeira fase da tendência de alta: a acumulação. Neste momento, os grandes operadores começam o movimento de compra a preços baixos para a venda futura a preços altos (smart money). Crescimento Fase 2: Participação Pública Nesta fase, uma grande massa de recursos públicos, dos chamados investidores institucionais, começa a entrar no mercado. Os preços então começam a subir, sendo possível assim enxergar ou prever a aguardada recuperação das bolsas. Para os leigos, esta etapa ainda é crítica e as previsões não são boas, principalmente as advindas de jornalistas “palpiteiros”. Crescimento Fase 3: Excesso ou Euforia Aqui a bolsa encontra-se totalmente aquecida. Com o excesso de compradores, acelera-se a curva de crescimento das cotações, dando a esperança de enriquecimento a muitas pessoas. Aqui inicia-se o período de baixas. Decrescimento Fase 1: Distribuição 73 Os grandes operadores começam a desmontar suas posições lenta e discretamente. Os lucros são realizados e a subida dos preços começa a perder força, mas ainda não é percebida pela maior parte das pessoas. Decrescimento Fase 2: Participação pública Aqui participam novamente os investidores institucionais com grandes volumes de recursos a ser vendido, os quais pressionam os preços para baixo. O otimismo midiático desaparece e é possível graficamente perceber a reversão de tendência de crescimento para decrescimento. Decrescimento Fase 3: Pânico Novamente a indústria midiática, sem conhecer os movimentos de mercado, dissemina terror dia e noite. Com o medo, as pessoas normais começam a vender suas posições e o ciclo de crescimento já brota novamente. Representação gráfica das fases: Observa-se que cada uma das fases possui seus respectivos topos e fundos. Os movimentos se repetem indefinidamente. SUPORTES E RESISTÊNCIAS Estas nada mais são que regiões gráficas onde os preços tendem a exercer determinados comportamentos. 74 Resistência Ponto onde a cotação do ativo sofre dificuldade de ultrapassar determinado valor. Exemplificando: Sempre que o IBOV chegava perto de 100.000 pontos, as cotações perdiam força compradora e começavam a cair. O processo repetiu-se diversas vezes até que, num determinado momento, a tendência foi rompida. Nesse cenário há duas possibilidades de operação: compra do rompimento e venda na aproximação da resistência. Suporte É basicamente o inverso da resistência. Os preços caem até que encontram um ponto de apoio e a força vendedora perde virtude, sendo então rompida. Nesse cenário também há duas possibilidades de operação: compra próximo ao suporte e venda após o rompimento do suporte. Aplicações Gráficas A linha de resistência é formada por uma reta horizontal ligando os diversos topos consecutivos. Já a linha de suporte é formada por uma reta horizontal ligando os fundos consecutivos. Os testes e os rompimentos oferecem boas oportunidades de operação (compra na descida e venda na subida até que os limiares superiores e inferiores sejam respectivamente atingidos). LINHAS E CANAIS DE TENDÊNCIA Assim como suporte e resistência, linhas e canais de tendência são regiões gráficas onde as forças dos preços tendem a exercer determinados comportamentos. Todos são muito parecidos entre si — com a diferença que as linhas de suporte e resistência ficam na horizontal, enquanto que as de tendência apresentam inclinação. Em uma tendência de alta, temos topos e fundos ascendentes. Já em uma tendência de baixa, tempos topos e fundos descendentes. Pode-se traçar um canal envolvendo a tendência por completo, seja ela qual for. O espaço determinado por duas linhas é denominado canal: a linha superior liga todos os topos de determinada tendência, enquanto que a inferior liga todos os fundos dessa mesma tendência. 75 As linhas de tendência abrem também oportunidades: de compra, na quebra ou rompimento de canal ou linha de tendência baixa; e de venda, na quebra ou rompimento de canal ou linha de tendência alta. GAPS DE ALTA E GAPS DE BAIXA Em análise técnica, gaps são verdadeiros intervalos sem negociação em meio aos gráficos. Tem origens tanto nas expectativas excessivas de otimismo quanto nas de pessimismo. O otimismo exagerado gera gaps de alta, enquanto que o pessimismo exagerado provoca gaps de baixa. GAP de Alta Acontece sempre que houver espaçamento entre o preço de fechamento e o preço de abertura. Exemplificando: Em 26 de maio de 2020, a ação CIEL3 abriu com gap de alta. O fechamento no dia 25 deu-se a R$3,68 e a abertura seguinte foi a R$3,76. São 8 centavos que não foram cotados. Representação gráfica de gap de alta: GAP de Baixa Acontece sempre que houver também um espaçamento entre o preço de fechamento e de abertura subsequente, porém no sentido negativo. Exemplificando: Em 24 de maio de 2020, a ação CIEL3 abriu com gap de baixa. O fechamento no dia 23 deu-se a R$5,40 e a abertura seguinte foi a R$4,91. São 49 centavos que 76 não foram cotados. Ou seja, por conta de expectativas negativas, sem que houvesse qualquer movimentação comercial do mercado, o preço do ativo despencou da noite para o dia. Representação gráfica de gap de baixa: PADRÕES DE CANDLESTICKS Existem diversos tipos de formatações para o gráfico em formato de “vela”. Nele identificamos facilmente os valores de abertura, fechamento, mínima e máxima. Aqui nos aprofundaremos nos seguintes formatos de candlesticks: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Mulher grávida; Estrela da manhã ou da noite; Engolfo; Bebê abandonado. Observação: esses padrões acima listados podem representar inversões de tendência. Análise técnica nunca será uma ciência exata, são apenas expectativas do que se pode acontecer. Mulher Grávida 77 O padrão harami é conhecido no Brasil por mulher grávida porque é como se as velas coubessem, sucessivamente, umas dentro das outras. O harami de alta é encontrado ao final de uma tendência de baixa, enquanto que o harami de baixa é encontrado ao final de uma tendência de alta. Podem ou não marcar o início da reversão de tendências. Estrela da Manhã ou da Noite Para essa conformação, é preciso haver o candle chamado doji — figura com pouco ou nenhum corpo, e pavios medianos. Este padrão ocorre geralmente ao final de uma tendência, próximo a dois outros candles grandes. A estrela da manhã corresponde ao final de uma tendência de baixa, ao passo que a estrela da noite é relacionada ao final de uma tendência de alta. Ambas podem também indicar reversão de tendência. Engolfo 78 Este padrão é o oposto do padrão “mulher grávida”. Aqui é o candle anterior que cabe no sucessor. O engolfo de alta ocorre ao final de uma tendência de baixa, representando uma possível reversão; o engolfo de baixa ocorre ao final de uma tendência de alta, representando também outra possível inversão. Bebê Abandonado Padrão muito parecido com o de estrelas. Também é um padrão de 3 candles. A diferença é que o candle de “doji” fica entre dois gaps, dando a “impressão” de uma criança abandonada. Bebê abandonado de alta pode aparecer após uma tendência de baixa, representando uma possível reversão. O contrário é válido para o bebê abandonado de baixa. Outros Padrões de Candlesticks 79 FIGURAS GRÁFICAS Além dos formatos de candlesticks em si, temos também os formatos observados por um determinado conjunto de candlesticks em série — as figuras gráficas. Essa percepção deve ser a sequência da compreensão de suportes, resistências, linhas e canais de tendências. Os principais agrupamentos são: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Ombro, cabeça, ombro (OCO); Ombro, cabeça, ombro invertido (OCOI); Topo duplo; Fundo duplo; Retângulo. OCO 80 Acontece no final de tendência de alta e representa possivelmente uma reversão intensa. OCOI Acontece ao final de uma tendência de baixa e pode significar forte reversão para a tendência de alta. Esse é um dos padrões mais aguardados na análise técnica. Para formas os esquemas de cabeça e ombros é preciso que haja topos ou fundos duplos. Topos ou Fundos Duplos Nas linhas de suporte e resistência, quando os preços chegam em determinada região acabam por perder força e assim formam-se os quadros de suporte ou resistência. A barreira do preço pode ser um longo período. Quando se fala em topos ou fundos duplos, eles ocorrem em intervalos de tempo menores, apresentando forte resistência ou suporte. Fundo duplo representado em gráfico: 81 Aqui os testes de preços estão muito mais próximos que os testes de preço das resistências, por exemplo. Topo duplo representado em gráfico: É exatamente o contrário do fundo duplo. São dois testes de preço de topo bem próximos. Pode representar reversão para tendência de baixa. Retângulo ou Congestão É um longo período gráfico em que o ativo desloca-se lateralmente. A saída desse formato, para cima ou para baixo, representa forte movimentação, possibilitando operações. 82 ARMADILHAS E FALSOS ROMPIMENTOS A análise técnica não prevê o futuro, apenas identifica padrões de preços que costumam se repetir. Entretanto, a possibilidade de ocorrência de erros está sempre aberta. Daí a importância do gerenciamento de riscos. Um dos principais causadores de prejuízos no mercado são as armadilhas e falsos rompimentos, também chamados de “violinadas”. Isso acontece porque o mercado é de fato realmente imprevisível. As armadilhas são comuns em linha de tendência de alta e baixa, canais de alta e de baixa, topos e fundos etc. Na prática, esses falsos rompimentos são aparências de algo que na verdade não se concretiza, como por exemplo, movimentos de queda ou de subida. MÉDIAS MÓVEIS NA ANÁLISE TÉCNICA Na prática, as médias móveis servem basicamente para mostrar a inversão de tendência em seu cruzamento e mostrar a tendência direcional do ativo. Vale relembrar que as médias móveis podem ser simples, exponenciais ou mesmo ponderadas e a aplicação de cada uma delas depende da experiência do analista. Como prática de mercado, é muito comum o uso de médias móveis de 17 e 21 períodos ou de 72 períodos para análise de operações, e médias móveis de 200 períodos para análises de tendência a longo prazo. As operações realizadas são a reversão no cruzamento da média móvel e a continuidade de tendência o retorno à média móvel. 83 Cruzamento de Médias Móveis É o encontro da média móvel mais lenta com a média móvel mais rápida, representando, normalmente, uma inversão de tendência. No cruzamento, a média de 17 períodos cruzou as médias de 72 e de 200 períodos, e houve uma reversão da tendência. Vale observar que as médias funcionam como suportes e resistências móveis. Portanto, elas podem ser usadas como continuidades da tendência. Importante: na consolidação, podem ocorrer diversos cruzamentos de médias móveis dando origem ao que no mercado é conhecido como “serra” ou “whipsaw”. Já em períodos de tendência, os ativos sempre tornam à média móvel, ainda que aumentem ou diminuam repentinamente os seus preços. Portanto, comprar um ativo quando seu valor estiver na média móvel é um bom indicativo de sucesso na operação. OSCILADOR DE MÉDIA MÓVEL Um dos indicadores mais importantes para conhecermos é o chamado oscilador de média móvel — demonstra assim a variação entre um indicador e sua média móvel. O MACD é a forma mais comum de osciladores de média móvel. Como esse indicador é uma diferença entre duas linhas, se estiver subindo estará em tendência de alta, e se estiver descendo estará em tendência de baixa. 84 Para compras, o oscilador de média móvel é interessante no ponto em que ocorre o cruzamento da linha zero. Quando o movimento é para baixo, isso pode ser um bom sinal para os operadores. Quando o movimento é para cima, também pode haver uma boa oportunidade de compras. Assim, quando o oscilador vai do negativo para o positivo isso sugere uma tendência de alta. Quando vai do positivo para o negativo, a sugestão é de tendência de baixa. Atenção: este indicador é útil para a mensuração de tendências e de suas forças. Valores acima de zero são de preços crescentes. Valores abaixo de zero são de preços decrescentes. E o cruzamento da oscilação pode representar uma boa operação com movimentos longos. Vale sempre manter a cautela para não ser fisgado por sinais falsos. SOBRECOMPRADO E SOBREVENDIDO Sobrecomprado é o nome que se dá ao período conseguinte a um anterior de valorização longa ou intensa. Este cenário é favorável para uma correção ou reversão do movimento. O quadrado azul representa uma valorização de 25%. Após longos momentos de alta, é 85 costume que haja correções nos valores ou até mesmo inversões de tendência. No caso da imagem acima, houve apenas uma correção. Sobrevendido é o contrário de Sobrecomprado. Nome que se dá aos longos e intensos movimentos de desvalorização. O retângulo vermelho representa uma queda abrupta de valores (-44%). É importante notar também que os movimentos de Sobrecomprado e Sobrevendido são pontuados por alguns tipos de candlesticks: na maioria das vezes contêm estrela da noite ao final (movimento de subida), engolfo (movimento de descida). A despeito das explicações, na prática é muito complexo analisar uma situação sobrecomprada ou sobrevendida. Por isso, os principais indicadores para complementar a análise são: ⯀ MACD; ⯀ IFR; ⯀ Estocástico. INDICADOR MÉDIA MÓVEL CONVERGENTE E DIVERGENTE (MACD – MOVING AVERAGE CONVERGENCE DIVERGENCE) Este indicador corresponde ao cálculo da diferença entre duas médias móveis e isso faz com que seja possível a projeção de histogramas e também o estabelecimento da estimativa de qual será a direção do ativo. Quando aplicado ao gráfico, o MACD fornece três informações: ⯀ Linha MACD: diferença entre duas médias móveis; ⯀ Linha das médias que geraram a linha MACD; ⯀ Eixo zero: onde se dá o cruzamento. 86 Reparemos que na situação destaque que a divergência flutua ao redor do eixo zero e que ocorreu um fundo duplo, e o rompimento dele com a confirmação do MACD apontando para baixo é uma boa indicação para venda. Será preciso então calcular o stop e o objetivo. Maneiras de Utilização do MACD Divergência: ⯀ Se o ativo estiver subindo e as linhas do MACD estiverem descendo, isso significa uma correção ou reversão de tendência. O ativo está sobrecomprado. ⯀ Se o ativo estiver caindo e as linhas do MACD estiverem subindo, isso significa também reversão de tendência. Mas o ativo está sobrevendido. Cruzamento: ⯀ Para cima: compra. ⯀ Para baixo: venda. Histograma: para confirmação de sobrecompra ou sobrevenda. ⯀ Subindo: tendência de alta. ⯀ Descendo: tendência de baixa. 87 ENVELOPES DE MÉDIAS MÓVEIS Este nome se dá porque o processo consiste em selecionar uma média e envelopá-la. Lembremos que as médias móveis funcionam como se fossem atraídas por ímãs. Os preços sobem e descem e as médias “acompanham” esse translado. Para estimarmos a distância a que o preço se encontra da média móvel é que utilizamos os envelopes de médias móveis: colocamos uma espécie de afastamento ou grau de desequilíbrio. O envelope e delimitado por duas linhas: ⯀ Linha inferior: média móvel – média móvel x coeficiente fixo. ⯀ Linha superior: média móvel + média móvel x coeficiente fixo. Os envelopes de médias móveis fornecem um certo limiar de dispersão ou variação, tanto inferior quanto superior à média móvel em análise. Esse é o ponto mais importante a ser lembrado. BANDAS DE BOLLINGER Indicador criado por John Bollinger por volta da década de 1970. As bandas de Bollinger e os envelopes de média móvel são visualmente semelhantes, mas o cálculo e a interpretação dos indicadores são diferentes. A vantagem das bandas é que funcionam bem tanto em períodos de baixa volatilidade quanto em períodos de altíssima volatilidade. Aqui, em vez de usar-se um coeficiente fixo, usa-se o desvio padrão, que possui característica exponencial. Assim, em intervalos de menor volatilidade as bandas se estreitam, enquanto que nos intervalos de maior volatilidade as bandas se alargam. O cálculo das Bandas de Bollinger precisa dos seguintes itens: 88 ⯀ Média móvel selecionada; ⯀ Desvio-padrão para cima; ⯀ Desvio-padrão para baixo. Estratégias a serem utilizadas com as Bandas de Bollinger Quedas: toda queda que se inicia na banda superior provavelmente jogará os preços para a banda inferior. Subidas: toda alta que se inicia na banda de inferior deve jogar os preços para a banda superior. Retornos: as contações nunca ficam muito tempo afastadas das bandas. Assim, se os preços se encontram fora delas, a tendência mais provável é a de retorno. Oscilações: se as bandas estão próximas uma da outra, é porque o período e de baixa volatilidade. Se as bandas começam a se afastar, isso caracteriza aumento de volatilidade. Portanto, nesse segundo cenário os movimentos de mercado passam a ser mais agressivos. Envelopes de Médias vs. Bandas de Bollinger Visualmente, como já dito, são dois indicadores muito semelhantes. Só que os envelopes utilizam coeficiente fixo e as bandas de Bollinger fazer uso do desvio-padrão. A média de origem pode ser a mesma, mas os cálculos finais de um e outro variam. De modo geral, os envelopes são sempre fixos e as bandas são mais flexíveis e apresentam maiores variações relativas em relação a média. MOVIMENTO DIRECIONAL: INDICADOR ADX/DMI O índice de movimento direcional em inglês chama-se Average Directional Index (ADX). Sua função é medir a força de tendências de alta e baixa. Pode ser utilizado em conjunto com gráficos para a identificação de momentos de entrada ou saída de mercado extremamente útil na combinação com suportes, canais, linhas e outros indicadores auxiliares. O indicador ADX é também formado, como alguns outros são, por três linhas: ⯀ Linha ADX: flutua entre 0 e 100. 89 ⯀ Linha DI+: mede a força do movimento positivo. ⯀ Linha DI-: mede a força do movimento negativo. Funcionamento do Indicador ⯀ Subida do DI+: tendência de alta no mercado. ⯀ Subida do DI-: tendência de baixa no mercado. ⯀ Linha ADX é a que realmente transparece a intensidade dos movimentos: ◇ Fraco: abaixo de 20 (desconsiderável). ◇ Forte: de 20 a 40 (considerável). ◇ Muito forte: acima de 40. (valores acima de 60 são extremamente raros). ÍNDICE DE FORÇA RELATIVA (IFR) Na prática, este é um indicador que procura demonstrar se o mercado está sobrecomprado ou sobrevendido. Graficamente corresponde a uma única linha, que varia entre 0 e 100. ⯀ Acima de 70: o ativo está sobrecomprado, e os preços encontram-se muito altos. ⯀ Abaixo de 30: o ativo está sobrevendido, e os preços encontram-se muito baixos. Observação: a permanência em uma das faixas acima não sinaliza ações de compra ou de venda para o investidor. Isto é feito quando há transição entre as faixas. Um ativo que saia da linha 70 pode ser vendido, enquanto que um que saiu da linha de 30 pode ser comprado. Outro ponto muito importante é o uso da divergência entre o preço da ação e o indicador. ⯀ Se o preço está sobrevendido e o ativo continua a subir, este é um possível indicador de venda. ⯀ Se o preço está sobrecomprado e o valor do ativo continua a cair, este é um possível indicador de compra. Cálculo do Índice de Força Relativa O indicador é calculado pela divisão entre a média dos ganhos (MG) e a média dos preços (MP) de um determinado ativo ou mercado. O mais comum é a utilização de um período de 14 dias. 90 ESTOCÁSTICO Indicador bastante utilizado para operações de curto prazo. Compara o preço de fechamento em determinados períodos de tempo. Existem dois tipos de estocásticos: o rápido (delta K) e o lento (delta D). No gráfico, quando o indicador estocástico é adicionado, temos as seguintes informações: ⯀ Linha acima de 80: indica sobrecompra. ⯀ Linha abaixo de 20: indica sobrevenda. Funcionamento Gráfico do Indicador Estocástico ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Se o delta K cruzar para cima da linha de 20: sinalização de compra. Se o delta D cruzar para baixo a linha de 80: sinalização de venda. Se o estocástico sai da sobrevenda (abaixo de 20): pode ser sinalização de compra. Se o estocástico sai da sobrecompra (acima de 80): pode ser sinalização de venda. Assim, o estocástico pode servir como um confirmador para possíveis decisões de mercado a serem tomadas. Divergência da Congestão Em uma laterização, o estocástico próximo à linha de 80 apontando para baixo pode indicar queda dos preços. Em uma laterização, o estocástico próximo à linha de 20 apontando para cima pode indicar elevação dos preços. STOP AND REVERSE (SAR) PARABÓLICO Nas plataformas gráficas, este indicador é costumeiramente representado por pontos. ⯀ Ativo com tendência de alta: SAR fica abaixo dos preços. ⯀ Ativo com tendência de baixa: Sar fica acima dos preços. 91 Fórmula para o cálculo do SAR Parabólico: Leva em consideração os preços atuais para definir o SAR futuro Este indicador é excelente para mostrar tendências de alta ou de baixa. Entretanto, a principal utilização do SAR parabólico é como “stop móvel” (ordem de parada de operação: stop loss e stop gain). SALDO POSITIVO DE VOLUME (OBV – ON BALANCE VOLUME) O cálculo do indicador se dá assim: ⯀ Preço da ação fechou em alta: o valor do volume é somado ao indicador. ⯀ Preço da ação fechou em queda: o valor do volume é subtraído do indicador. ⯀ Preço da ação estável: não se soma nem subtrai nada. Aplicações práticas: ⯀ Se o OBV aumenta juntamente com o ativo: confirmação de movimento. ⯀ Se o OBV diminui juntamente com o ativo: confirmação de movimento. ⯀ Se os movimentos do OBV e do valor do ativo forem contrários: não há confirmação de movimento. INDICADOR MÉDIA MÓVEL EXPONENCIAL TRIPLA 92 OU TRIPLE EXPONENTIAL AVERAGE (TRIX) Tem como objetivo filtrar os falsos sinais de compra e venda dados pelas médias móveis simples. Funcionamento do TRIX Ao inserirmos o indicador TRIX, teremos uma linha que vai oscilar em torno de um eixo zero. Esta linha é o que chamamos de TRIX. Como padrão, ela é calculada a partir da média móvel exponencial de 15 períodos. ⯀ 1ª média móvel: baseada nos preços. ⯀ 2ª média móvel: baseada na primeira média móvel. ⯀ 3ª média móvel: baseada na segunda média móvel. Dentro do indicador é possível ainda inserir uma outra média móvel mais rápida com menos períodos do que a tríade estrutural do TRIX. ⯀ Se esta nova média móvel cruzar o TRIX para cima: indicação de compra. ⯀ Se esta nova média móvel cruzar o TRIX para baixo: indicação de venda. ⯀ A forma mais usual de aplicação do TRIX é no ponto de rompimento de tendências, sejam elas quais forem: topos, fundos, estagnação etc. ⯀ Por fim, temos ainda uma terceira forma de utilização do TRIX, que é por meio da estratégia da divergência. ⯀ Se um ativo começa a desenhar uma tendência de baixa, mas o TRIX ainda não inverteu a curva, isso pode apresentar uma boa oportunidade de venda. FIBONACCI E O NÚMERO DE OURO Número de ouro, número de Deus ou diversos outros nomes dizem respeito a um mesmo valor numérico que na análise técnica é conhecido por “sequência de Fibonacci”. Ela começa sempre com zero e 1. Os outros elementos são obtidos da seguinte maneira: 93 Esse número desperta interesse porque em diversos pontos da natureza ele se manifesta claramente. Um dos exemplos é a disposição das camadas da concha de um molusco chamado Nautilus sp. Além de aparecer no molusco, há várias outras ocorrências do número de ouro na natureza: 94 A curiosidade é que se dividirmos um termo pelo seu antecessor, a razão será sempre de aproximadamente 1,62. Como aplicá-lo no mercado financeiro? Aprendemos que na teoria de Dow o mercado se move em tendências, chamadas pivôs. Então as retrações e expansões de Fibonacci podem ser utilizadas para se fazer projeções das próximas paradas de preço. 95 Na análise técnica, é preciso ligar o maior topo ao maior fundo de uma tendência para que possamos aplicar o número de ouro. ⯀ A retração de Fibonacci mostrará as possíveis resistências que o preço deverá encontrar pelo caminho. ⯀ A expansão de Fibonacci mostrará os possíveis suportes que o preço deverá encontrar pelo caminho. Aplicação e Uso Para usarmos Fibonacci é importante que se tenha boa experiência para verificar a melhor forma de encontrar o topo e o fundo de cada ativo. Exemplificando: Para PETR4, considerar o pavio de candle é eficiente. Já para VALE3, é melhor considerar apenas o corpo do candle. Por fim, vale lembrar que muitos especialistas defendem que os pontos mais eficientes são os de 38,20% e 61,80%. De qualquer forma, é recomendável que se combine o indicador Fibonacci com outros indicadores. ONDAS DE ELLIOT Os princípios da teoria de Ralph Elliot são muito utilizados em combinação com a teoria de Dow. As premissas básicas são: ⯀ Emoção vem antes da ação: os gráficos representam uma variação de humor da massa. ⯀ Atitude de manada: os investidores seguem o fluxo da incerteza e da ignorância das condições de mercado. Assim, o mercado sempre se encontrará em um grande ciclo de alta ou em um grande ciclo de baixa. Os movimentos sempre seguem uma contagem de 5 (iniciais) + 3 (finais). 96 Reparemos que o ponto 5 é um pivô. A partir dele haverá mudança de tendência. Todas as teorias e indicadores que vimos até agora podem funcionar em conjunto porque se baseiam no mesmo princípio: o preço desconta tudo. Outro ponto interessante da teoria de Elliot é que todo movimento pode ser subdivido em ondas menores. No começo dos nossos estudos aqui falamos de fractais de tempos: diários, semanais, mensais, trimestrais, semestrais e anuais. Aqui o princípio é exatamente o mesmo. Cada movimento pode ser particionado em diversos fragmentos menores. Essa operação pode ocorrer indefinidamente até o limite de tempo de cada ação. A ideia aqui é que na primeira onda o mercado encontra-se bem pessimista. O fluxo de notícias é ruim e parece apenas uma correção. A segunda onda é uma correção verdadeira e devolve boa parte dos ganhos, porém não cai abaixo da onda 1, formando fundos 97 ascendentes (costuma ser 61,80% de Fibonacci). A terceira onda é o melhor momento de entrada para uma possível alta forte (costuma ser 161,8% de Fibonacci). Na quarta onda haverá uma pequena correção. O mercado ainda é comprador, mas nesse momento é possível encontrar suporte a 38,20% de Fibonacci. A quinta onda é a euforia dos retardatários, com menor subida de preços. Aqui tem-se normalmente 138,20% de Fibonacci. É o começo do fim. Na onda (a) ocorre uma correção chegando entre 50% e 100% de Fibonacci. A onda (b) é uma nova elevação de preços, mas não ultrapassa os 50% de (a). Em seguida temos a onda (c), que geralmente alcança 161,80% — demonstrando reversão de tendência. VOLUME Independentemente da estratégia adotada, o volume é algo que jamais deve ser desconsiderado. Altos volumes indicam que há bastante negócios e muita gente interessada em determinado movimento. ⯀ Um candle de alta com bastante volume significa que há muitos interessados no ativo. ⯀ Um candle de baixa com muito volume significa que há muitos interessados em vender o ativo. Um candle, isoladamente, não deve ser analisado por si só — mas deve levar em conta o volume para a melhor compreensão do contexto. O volume dos negócios deve acompanhar a tendência. ⯀ Em mercados de alta, o volume aumenta diariamente: significa aumento de compradores e de preços. ⯀ Em mercados de baixa, o volume diminui diariamente: significa diminuição de compradores e de preços. Volume em Congestões Rompimento sem volume: pode representar um “falso rompimento” ou mesmo um agente com uma mão maior em um book vazio. Rompimento com volume: demonstra o interesse do mercado em geral na compra ou venda do ativo. 98 DEFINIÇÃO DE OBJETIVO E STOP Colocando em prática os conceitos que até aqui aprendemos, você deve ter visto que é muito mais fácil perder do que ganhar. Isso acontece porque o cérebro busca sempre a segurança, e ao menor sinal de prejuízo pensamos logo em vender tudo. O contrário também ocorre quando tentamos “garantir” o lucro, ainda que seja irrelevante perto do que se poderia ganhar ao arriscar um pouco mais. As ordens de stop loss e stop gain atuam justamente nesses dois pontos. Análise técnica não é previsão de futuro, mas uma estimativa estatística com base nos comportamentos do passado. Por isso, movimentos falsos podem ocorrer: falsos rompimentos, armadilhas, violinadas etc. Desta forma, é importante estarem pré-definidos os pontos de entrada e saída de uma determinada operação. ⯀ Stop loss (parar de perder): ordem que sinaliza o valor mínimo que o investidor aceita para determinada ação. Na prática, essa ordem funciona com as seguintes informações: nome do ativo; quantidade de ações; validade da ação; preço de disparo da ordem; preço limite do ativo. Este tipo de ordem protege o investidor contra prejuízos excessivos. ⯀ Stop gain (parar de ganhar): ordem que sinaliza o valor máximo que o investidor desejaria receber para determinada ação. Geralmente o valor do ganho deve ser de até 3x o valor da perda (isso se relaciona ao risco retorno e aos índices de acertos). Essa ordem, assim como a de stop loss, funciona com as seguintes informações: nome do ativo; quantidade de ações; validade; preço de disparo; preço limite. GERENCIAMENTO DE RISCO, ÍNDICE DE ACERTOS E RELAÇÃO RISCO X RETORNO Esta é a aula mais importante de todas caso você realmente pretenda utilizar a análise técnica em suas operações financeiras. Como já dito anteriormente, é impossível prever ou controlar o futuro. Não adianta brigar com o mercado. A análise está sempre sujeita a erros — e o que devemos fazer é utilizá-los a nosso favor. Aprender a lidar com as adversidades faz parte do dia a dia do operador financeiro. 99 Vimos na aula passada que geralmente a relação de risco e retorno envolvendo prejuízos aceitos e ganhos esperados deve ser de 1:3. No mundo do trade e das operações especulativas, os riscos são gerenciados com duas métricas: ⯀ Índice de acertos; ⯀ Relação de risco e retorno. Uma estratégia vencedora no longo prazo não precisa ser necessariamente com grandes índices de acertos. A porcentagem de acerto deve ser sempre relacionada com o risco e retorno de cada uma das operações. Apenas essa combinação de fatores é que realmente determina a validade ou não do percentual de assertividade. ⯀ Uma estratégia com acerto de 90% e risco/retorno de 0,5/1 pode quebrar o operador em alguns eventos sucessivos de erro, balançando o seu emocional. ⯀ Já uma estratégia mais conservadora, com índice de acerto de 50% e relação de risco/ retorno de 1/3 pode se mostrar mais resiliente no longo prazo. Para cara acerto é possível errar três operações. Planilha de relação risco e retorno: RELAÇÃO RISCO RETORNO LOSS GAIN ÍNDICE DE ACERTOS PARA FICAR ZERADO 0,5 R$ 100,00 R$ 50,00 67% 1 R$ 100,00 R$ 100,00 50% 1,5 R$ 100,00 R$ 150,00 40% 2 R$ 100,00 R$ 200,00 33% 3 R$ 100,00 R$ 300,00 25% Os indicadores e candles, os quais já estudamos anteriormente, podem ser combinados das mais variadas formas na execução da análise técnica. Mas é imprescindível ao operador que haja avaliação minuciosa do volume das movimentações e também gerenciamento de riscos e retornos — isso é o mais importante para alguém que deseja usar análise técnica para operar na bolsa de valores. 100 Módulo 2 ECONOMIA Este capítulo vai tratar sobre os diferentes aspectos da Economia. MICROECONOMIA A economia é dividida em duas grandes áreas: microeconomia (local) e macroeconomia (global). A microeconomia trata dos termos referentes a mercado, preços e custos, competição etc. Em microeconomia, mercado é a relação estabelecida entre vendedores, compradores e preços praticados. Toda transação monetária de pequeno porte faz parte da microeconomia e pode ser avaliada dessa forma. Os preços podem ser: ⯀ Nominais: preços atuais que sofrem com a correção inflacionária; ⯀ Reais: preços reais são a dinâmica de preços sem o efeito inflacionário. Inflação é o aumento generalizado dos preços na economia, o que representa a perda do poder de compra da moeda. PRINCÍPIO E LEI DE DEMANDA Demanda é a quantidade de bens os serviços que os compradores desejam e podem comprar. Desta definição, obtém-se a lei da demanda: aumento de preços reduz a quantidade demandada. Isto é, quanto menor o preço de algo, mais ele torna-se desejável e vice-versa. A relação entre as grandezas demanda e preço é “negativa”. Uma cresce à proporção que a outra diminui. Portanto, a inclinação da curva de demanda é negativa, voltada para baixo. 102 Observação: a expressão latina ceteris paribus, que daqui em diante muito utilizaremos, significa “sendo tudo o mais constante”. Por exemplo: se o preço da carne diminui, é possível afirmar que a demanda aumentará, desde que o poder de compra ou o salário não diminua. Para bem entendermos a lei da demanda, todas as outras variáveis devem ser constantes. Vale ressaltar também que é o preço que determina a quantidade demandada, e não o contrário. PRINCÍPIO E LEI DE OFERTA Oferta é a quantidade de bens e serviços que os vendedores desejam e podem vender. O termo “podem”, também existente na definição de demanda, é empregado por uma simples razão: não é possível nem comprar, nem vender tudo que se deseja. Existem fatores limitantes como a renda e a incapacidade produtiva. O princípio ou lei de oferta diz que o aumento de preços provoca aumentos na quantidade ofertada. Exemplificando: O preço do arroz está disparando no Brasil. O saco do produto passou de 15 reais para 40, em alguns lugares do país. Quando o preço de alguma coisa aumenta, a quantidade ofertada também aumenta porque provavelmente, ao se manterem os preços altos, alguns produtores eventualmente podem aumentar a produção do item. Em outras palavras, o aumento no preço do arroz sinaliza aos produtores que este alimento encontra-se faltante no mercado e que é vantajoso, economicamente, o seu plantio. O contrário também é válido. O arroz vinha em queda de preços por anos. O que aconteceu é que a área de plantio dessa commoditie no país regrediu. A lei da oferta é muito forte. O preço sinaliza aos produtores a ocorrência de escassez. A relação entre as grandezas preço e quantidade produzida na lei da oferta é “positiva”. 103 Assim, a curva de oferta é positivamente inclinada. MOVIMENTOS SOBRE AS CURVAS DE OFERTA E DEMANDA São eles os que acontecem ao longo das curvas matemáticas que relacionam as duas grandeza Exemplificando: O movimento sobre curva ocorre aqui quando o preço do arroz vai de 5 para 4 reais. Há uma queda ocorrida no segmento da demanda e um aumento no da oferta. As causas que provocam movimentos são simples. Houve uma demanda exponencial e inesperada por álcool em gel — e nenhuma indústria produtora estava esperando por isso. Portanto, a quantidade demandada explodiu e isso causou determinado movimento. O efeito provocou desequilíbrio no mercado. Faltava o produto e a demanda cresceu como nunca antes. O mesmo acontece, em proporções menores, quando ocorre uma quebra de safra. Vale lembrar que o desequilíbrio pode ser sobre a oferta ou sobre a demanda. Voltando ao exemplo do álcool em gel, a diferença entre a quantidade ofertada e a disponível provocou aumento nos preços. Quando isso aconteceu, a indústria química respondeu a isso e aumentou sua produção e, consequentemente, a quantidade ofertada. A escassez foi sendo diminuída aos poucos. É importante que haja a flutuação de preços. Muitos políticos tentam tabelar o valor dos produtos com discursos demagógicos. Se o preço do álcool em gel fosse tabelado, não haveria o estímulo de produção à indústria, aumentando ainda mais a escassez. O preço 104 é um indicador poderoso sobre ofertas e demandas. Analisando somente ele, não há necessidade de ser um especialista em determinado setor produtivo para entender os movimentos de mercado. Em suma, eles relacionam-se basicamente ao preço e à quantidade ofertada. DESLOCAMENTO DAS CURVAS DE OFERTA Ocorrem quando a curva de oferta desloca-se para a direita ou para a esquerda. Fatores de Deslocamento da Curva ⯀ Quantidade ofertada: quando a quantidade ofertada aumenta, o preço também aumenta. Entretanto, a ponta da oferta é determinada pelo lucro. ⯀ Preço dos insumos: quando o preço dos insumos aumenta, mantendo-se o preço final constante, o lucro diminui (deslocamento para a esquerda). Quando o preço dos insumos diminui, mantendo-se o preço final constante, o lucro aumenta (deslocamento para a direita). ⯀ Tecnologia: reduz os custos da empresa e aumentam a lucratividade. Quando ocorrem avanços tecnológicos, o lucro geralmente aumenta, assim como a produtividade e a quantidade ofertada (deslocamento para a direita). ⯀ Expectativa de mercado: a quantidade ofertada pode depender de expectativas relacionadas ao futuro. Se a projeção para a indústria do varejo é de que o natal será ótimo, haverá um aumento de quantidade antecipado, a fim de aumentar os estoques — acompanhando assim a previsão. O contrário também é verdadeiro. Haverá reduções de estoque e de quantidade ofertada. 105 ⯀ Condições naturais: se ocorre um grande período de seca, a produção de arroz será consequentemente afeta e a quantidade de oferta será menor (deslocamento para a esquerda). Entretanto, se o ano climático for perfeito, o cenário muda (deslocamento para a direita). ⯀ Políticas governamentais: o aumento de impostos reduz o lucro e a oferta, por exemplo (deslocamento para a esquerda). Já quando a ação é contrária, e ocorrem reduções de impostos e regulações, haverá maior quantidade de oferta (deslocamento para a direita). DETERMINANTES DA OFERTA E DA DEMANDA Recapitulando, os fatores de deslocamento das respectivas curvas são: ⯀ Renda: para a maioria dos bens normais, pode-se dizer que quando a renda aumenta, a quantidade demandada também aumenta (deslocamento para a direita). Porém, há uma categoria de bens em que o aumento de renda provoca diminuição da demanda (deslocamento para a esquerda). Geralmente são produtos de baixa qualidade e que são facilmente substituídos por produtos superiores. Os contrários de ambos os exemplos também são válidos. ⯀ Expectativa: se o país enfrenta uma longa crise financeira, as pessoas normalmente serão desestimuladas a trocar de carro por meio de financiamentos. As seguranças empregatícia e econômica do momento moldam a expectativa e o futuro do mercado. O contrário também é válido. A expectativa afeta a oferta e a demanda. ⯀ Preço dos produtos relacionados: produtos relacionados são aqueles que substituem (produto substituto) o produto analisado ou com ele são consumidos concomitantemente (produto complementar). ◇ Produtos substitutos: se o preço da carne de gado aumentar 30% em uma análise cujo foco principal é a carne de frango, a quantidade demandada de carne aviária com certeza provocará um deslocamento à direta no gráfico respectivo. Já uma redução significativa no preço da carne de gado deslocaria essa mesma curva anterior para a esquerda. ◇ Produtos complementares: há algum tempo atrás o seguro do carro VW Golf era muito caro. O que acontecia é que isso afetava a quantidade demanda desse modelo de veículo. O aumento do bem complementar diminui, portanto, a demanda do bem principal. O mesmo vale para a gasolina. Se o preço do combustível aumenta substancialmente, a demanda por carros (especialmente carros muito dispendiosos) diminui, já que 106 combustível e veículo são bens complementares. O deslocamento se dá à esquerda. O evento contrário é também verdadeiro e o deslocamento será para a direita. ⯀ Gostos: quando algo agrada muito as pessoas, elas se dispõem a pagar mais pelo produto. A curva de demanda desloca-se para a direita. Quando algo sai de “moda”, o movimento é o contrário. ⯀ Quando a curva se desloca para a direita: para um mesmo nível de preço, determinado produto passa a ser mais demandado pelas pessoas. ⯀ Quando a curva se desloca para a esquerda: para um mesmo nível de preço, determinado produto passa a ser menos demandado pelas pessoas. FUNÇÕES DE OFERTA E DE DEMANDA E SUAS FORMAS INVERSAS Demanda A sua reta é negativamente inclinada e trata-se de uma função do primeiro grau. 107 Demanda autônoma é a quantidade demandada quando o preço for zero. Ponto em que a reta toca o eixo y. A declividade da reta corresponde ao b. Ele determina a acentuação da curva de demanda. Preço é o valor atribuído a determinado produto. A quantidade demandada relaciona a demanda autônoma, a elasticidade do preço da demanda e o preço em si. Oferta A sua reta é positivamente inclinada e também trata-se de uma função do primeiro grau. ⯀ Oferta autônoma é o ponto onde a reta toca o eixo y. ⯀ A elasticidade de preço da oferta determina a aclividade da curva da oferta. Ele determina a acentuação da curva de oferta. ⯀ Preço é o valor atribuído a determinado produto. Assim, a equação de equilíbrio de mercado é dada pela seguinte igualdade: Quantidade de demanda = Quantidade Ofertada (a – bP = c + dP). FUNÇÕES INVERSAS DE OFERTA E DE DEMANDA Inversa da Demanda Quantidade demandada = a – bP. (Preço aqui é a variável independente e a quantidade demanda é a variável dependente). 108 A forma inversa se dá quando as afirmações acima são trocadas: o preço para a ser a variável dependente e o preço, a dependente. Determina-se qual o preço que se deve ter para suprir determinada quantidade demandada. Exemplificando: Para (a = 100), (b = 2) e (Qd = 50) temos: Preço = 100/2 – 50/2 = 25. Para (a = 100), (b = 2) e (Qd =40) temos: Preço = 100/2 – 40/2 = 40. Inversa da Oferta Quantidade ofertada = c + dP. (Preço aqui é a variável independente e a quantidade ofertada é a variável dependente). 109 Exemplificando: Para (c = 0), (d = 2) e (Qs = 100) temos: Preço = - 0/2 + 100/2 = 50. Para (c = 0), (d = 2) e (Qs = 120) temos: Preço = - 0/2 + 120/2 = 60. EXCESSOS DE DEMANDA E DE OFERTA 110 Temos no exemplo acima duas curvas: uma de demanda e outra de oferta, que se cruzam num determinado ponto do gráfico (preço de equilíbrio = 4 e a quantidade de equilíbrio = 7). Na tabela encontra-se a quantidade demandada e ofertada de arroz para cada um dos níveis de preço nela listados. ⯀ Para preços maiores que o valor de equilíbrio: a demanda cai por conta do aumento do preço. A oferta aumenta por conta da valorização. O efeito observado é o excesso de oferta. Quando isso acontece, há sobras de estoques. A produção foi maior que a capacidade de oferta. Isso faz com que os ofertantes criem promoções com preços menores e à medida que isso acontece, o preço volta ao estado de equilíbrio. ⯀ Para preços menores que o valor de equilíbrio: a demanda aumenta por conta da diminuição do preço. A oferta foi diminuída por conta da desvalorização. O efeito observado é a escassez de oferta. Quando isso acontece, há falta de estoques. A produção foi menor que a quantidade demandada. Isso faz com que os ofertantes respondam ao aumento da oferta produzindo mais e à medida que isso acontece, o preço volta ao estado de equilíbrio. Tanto as variações de oferta quanto as de demanda são interligadas e os ajustes se dão pelas diversas combinações entre as duas grandezas. 111 Este gráfico resume as informações acima descritas. Os estados de desequilíbrio (corrigidos sempre pelo mercado e pelo preço) tendem a se transformar e de modo a restabelecer o equilíbrio. EXCEDENTES DO PRODUTOR E DO CONSUMIDOR Todos os consumidores que se encontram à esquerda do ponto de equilíbrio e na reta superior pagariam mais pelo produto que o preço de mercado dele. Eles geraram o que se chama de excedente do consumidor. São pessoas que se encontram extremamente felizes com suas compras 112 O raciocínio inverso vale para os produtores. Todos os ofertantes que se encontram à esquerda do ponto de equilíbrio e na reta inferior lançam seus produtos a um preço maior do que o esperariam vender. Eles geraram o que se chama de excedente do produtor. Ambos os excedentes são medidas psicológicas e matemáticas de bem-estar na sociedade. Podemos entender como impostos, tarifas e importações afetam esse ponto. Os conceitos aqui explicados são muito usados tanto no curso ministrado quanto no ações reais de mercado. Os excedentes podem ser calculados graficamente por operações geométricas. Em nosso exemplo, o excedente de consumidor é 14/2 =7. O cálculo do excedente pode ser genericamente calculado também pela fórmula E = (P2 – P1) x Q / 2. Exemplificando: Uma pessoa sai de cara para comprar um relógio e tem um determinado preço em mente em torno de R$2000. Se ele chega na loja e o valor do objeto é R$2.500, não haverá negócio por diversos fatores. Mas também não houve satisfação. Entretanto, se o preço encontrado fosse de R$1500. Nesse caso há um excedente de satisfação correspondente a R$500. A diferença entre produtos que causam muita e pouca euforia está justamente relacionada ao excedente de satisfação. Quanto maior o excedente, maior é a satisfação para determinado produto. Este segundo gráfico é mais explícito e visual para identificarmos o assunto aqui abordado. ⯀ Excedente do consumidor: ganho monetário obtido pelos consumidores, os quais são capazes de comprar um produto por um preço menor do que o preço mais alto a que estariam dispostos a pagar. 113 ⯀ Excedente do produtor: ganho monetário obtido pelos produtores, os quais são capazes de vender um produto por um preço maior do que o preço mínimo pelo qual estariam dispostos a vender. ELASTICIDADES Antes de tudo, é importante sabermos que elasticidade é uma medida extremamente importante dentro da economia. O tempo todo ela está presente em vários lugares: modelo de precificação de ativos, modelos de equilíbrio de mercado externo etc. Portanto, muito importante é o entendimento genérico do conceito de elasticidade. Elasticidade de Preço da Demanda É uma medida que mensura e relaciona a variação percentual da quantidade demandada pela variação percentual do preço. Fórmula para o cálculo da elasticidade de preço da demanda: Observação: a modulação no valor da EPP é um artifício matemático para que os sinais de positivo e negativo não interfiram na análise final. ⯀ O cálculo da variação percentual da quantidade demandada é feito subtraindo da quantidade final demanda a quantidade inicial demanda, e dividindo o resultado pela quantidade inicial demandada. ⯀ O cálculo da variação percentual da variação do preço é feito subtraindo do preço final o preço inicial e dividindo o resultado pelo preço inicial. 114 Exemplificando: Vejamos agora um caso de demanda inelástica. O preço inicial é 10 e o final é 11 (aumento de 10%). A quantidade demandada inicial é 10 e a final é 9,5. EPP = (0,5/10) / (1/10) = 0,5 Isto significa que o preço subiu 10%, mas a demanda só caiu 5%. A demanda é inelástica. Esse cenário é bom para produtores, que podem subir o preço. Remédios e entorpecentes são bons exemplos de demanda inelástica. Quando a demanda é elástica, o beneficiado é o consumidor. Quando é inelástica, o beneficiado passa a ser o produtor. Exemplificando: Vejamos agora um exemplo de demanda elástica. Toda vez que a variação percentual na quantidade demandada for maior que a variação percentual do preço, haverá ocorrência de demanda elástica. A demanda de elasticidade unitária existe, mas é muito rara. Na prática, isso quase nunca ocorre. Ela corresponde aos ínclitos casos em que a variação percentual da quantidade demanda é exatamente igual a variação percentual do preço. ELASTICIDADES Elasticidade de Preço da Oferta É exatamente igual à elasticidade de preço da demanda, mas invés da quantidade demandada é a quantidade ofertada que entra em cena. Fórmula para o cálculo da elasticidade de preço da oferta: 115 O cálculo da variação percentual da quantidade ofertada é feito subtraindo da quantidade final ofertada a quantidade inicial ofertada e dividindo o resultado pela quantidade inicial ofertada. O cálculo da variação percentual do preço é feito subtraindo do preço final o preço inicial, e dividindo o resultado pelo preço inicial. Exemplificando: Vejamos agora um caso de oferta de elasticidade unitária. O preço inicial é 10 e o final é 12. A quantidade ofertada inicial é 5 e a final é 6. EPS = (1/5) / (2/10) = 1. Exemplificando: Vejamos agora um caso de oferta inelástica. O preço inicial é 10 e o final é 13. A quantidade ofertada inicial é 5 e a final é 6. EPS = (1/5) / (3/10) = 0,67. O preço de mercado aumentou bastante, mas a oferta não o acompanhou. Exemplificando: Vejamos agora um caso de oferta elástica. O preço inicial é 10 e o final é 13. A quantidade ofertada inicial é 5 e a final é 10. EPS = 1 / 0,3 = 3,33. Portanto, se a variação percentual na quantidade ofertada for maior que a variação percentual do preço, a oferta é elástica. Caso contrário, a oferta é inelástica. O que determina a maior ou menor elasticidade de uma oferta são as chamadas barreiras de entrada (inves- 116 timentos necessários, capitais disponíveis, tributações, patentes etc.) ELASTICIDADE PREÇO CRUZADA DA DEMANDA Trata da elasticidade demandada de um determinado bem “x” dada a variação percentual no preço do bem “y”. Exemplificando: Variação demandada da quantidade de carne de frango dada a variação percentual do preço da carne de gado. Se esta for positiva, aquela também será. Portanto, a elasticidade preço cruzada de demanda será maior que zero: isso significa que a carne de frango é um bem substituto. Exemplificando: Variação demandada da quantidade de carros dada a variação percentual do preço do combustível. Quando este sobe, aquela diminui. Portanto, a elasticidade preço cruzada de demanda será menor que zero: isso significa que a carne de frango é um bem complementar. Vale lembrar que para a análise qualitativa não interessa a “intensidade” do resultado. O único fator importante é a comparação dos valores com o número zero. ELASTICIDADE RENDA DA DEMANDA Trata da variação percentual da quantidade demandada, posta a variação percentual da renda. A fórmula é muito semelhante à da elasticidade preço cruzada da demanda. 117 Observações: Aqui o sinal importa. ⯀ Se a elasticidade renda da procura for maior que um, temos os chamados bens superiores ou supérfluos. ⯀ Se a elasticidade renda da procura for menor que zero, temos os chamados bens inferiores. ⯀ Se a elasticidade renda da procura for igual a zero, temos os chamados bens de consumo saciado. Isto é, mesmo que a renda mude, a quantidade demandada permanece constante. Muitos produtos têm essa característica, como por exemplo o sal. ⯀ Se a elasticidade renda da procura for maior que zero e menor que um, temos os chamados bens normais. Exemplificando: Temos uma variação percentual de renda de +10% e de quantidade demanda de +20%. Provavelmente ele será um bem de luxo. Isto porque se ambos os sinais fossem negativos, ele continuaria sendo assim classificado. Ninguém corta arroz e feijão, ao contrário de saídas para restaurantes, férias, aparelhos eletrônicos etc. Geralmente quando a renda cai, a demanda por alimentos acompanha esse movimento. Entretanto, a demanda por restaurantes despenca porque eles são bens de luxo e os alimentos preparados em casa são essenciais. Quando a renda sobe, o efeito é contrário: as pessoas começam a ir mais vezes aos restaurantes. Olhando o cenário de uma nação que está a enriquecer, com certeza seria um bom investimento a aplicação em bens supérfluos. Já em países fragilizados, essa escolha seria péssima. Neles, alguns mercados praticamente desaparecem. 118 REGULAÇÃO GOVERNAMENTAL E SEUS IMPACTOS SOBRE O EQUILÍBRIO DE MERCADO O foco aqui será dado aos impostos, equivalentes de impostos ou qualquer outra regulamentação que provoque aumento de custos. Para entendermos melhor, é preciso partirmos da ideia de que o preço de equilíbrio de mercado desconsidera os impostos. Lembremos que o bem-estar geral da sociedade é medido pela satisfação de produtores e consumidores. Quando há incidência de tributos, o preço do equilíbrio naturalmente aumenta. Assim sendo, haverá uma mudança de equilíbrio com alterações na oferta e na demanda. Os impostos nada mais são que a diferença entre o preço determinado pela indústria e o preço efetivamente pago no mercado. A quantidade vendida multiplicada pelo valor do imposto fornece o valor da arrecadação tributária. Vale notar que o excedente dos consumidores diminui à proporção que os impostos aumentam, e o mesmo acontece com o excedente dos produtores. A ideia é que essa diminuição de satisfação de ambas as partes fosse compensada pelo oferecimento de serviços públicos — o que nem sempre acontece como deveria ser. A perda de bem estar provocada pelo governo por conta de impostos e tributações é chamada de peso dos impostos. 119 A perda de bem estar é demonstrada no gráfico pela área triangular em branco. Ela se dá, mesmo que haja retorno dos impostos para a sociedade em geral, porque a satisfação de empregar o próprio dinheiro é maior do que delegar essa função a uma outra pessoa ou ao estado. DEMANDA DO CONSUMIDOR Restrição Orçamentária O consumidor tem de escolher entre bens diferentes, levando em conta sua restrição orçamentária. Este é o limite e a combinação de bens que podem ser adquiridos por uma pessoa. 120 Exemplificando: Um sujeito tem salário de R$1000. Ele tem de escolher entre o refrigerante (R$2) e a pizza (R$10). Há infinitas possibilidades entre esses dois pontos. Com o valor total é possível comprar 500 refrigerantes ou 100 pizzas. Permeando esses dois pontos há inúmeras opções. E o conjunto de tudo isso forma a restrição orçamentária. É óbvio que os consumidores não conseguem ultrapassá-la, exceto em casos especiais como o de recebimento de crédito ou eventualidades inesperadas. CURVAS DE INDIFERENÇA São uma descrição das curvas de utilidade e também uma combinação de bens aos quais o consumidor é indiferente, não havendo assim preferência já que as curvas de indiferença propiciam o mesmo nível de utilidade. 121 Temos no gráfico três curvas de indiferença que trazem satisfações diferentes. Para o consumidor, não há muita diferença de satisfação entre os vários pontos de uma mesma curva. As principais características de uma curva são as seguintes: ⯀ Monotonicidade: todo bem é axiologicamente desejável e maior é a satisfação quanto maior for a quantidade dele obtida. Também os vários pontos de uma mesma curva oferecem mais ou menos o mesmo nível da satisfação. ⯀ Convexidade: os consumidores tendem a preferir cestas com produtos variados e em equilíbrio quantitativo. Abre-se mão de um bem em detrimento de outro. O ponto de convecção é um equilíbrio entre as escolhas. O cálculo da função utilidade para os diversos bens de uma mesma cesta, segundo o modelo de Cobb-Douglas, corresponde à soma da quantidade-demanda de cada um de seus elementos elevados às suas respectivas participações na cesta em análise. Exemplificando: Dois itens X1 e X2 têm 50% de participação numa cesta e suas quantidades demandadas são respectivamente 10 e 15 unidades. A função utilidade dela será U (X1, X2) = (10^1/2) x (15^1/2) = 3,16 + 3, 87 = 7,03. Uma cesta alternativa com as mesmas quantidades demandadas, mas participações respectivas iguais a 70% e 30% forneceria uma função utilidade U (X1, X2) = (10^0,7) x (10^0,3) = 7,26. Esse resultado indica que ela traria maior satisfação que a primeira. A teoria econômica usa conceitos abstratos para tentar medir como se dá as decisões de consumo racionais dos indivíduos considerando-se as restrições orçamentárias e as opções de escolha. BENS SUBSTITUTOS E BENS COMPLEMENTARES Bens Substitutos São aqueles consumidos em substituição a outros, sendo constante a taxa marginal de substituição. Esta mede o número de unidades adquiridas de um determinado bem comparado com o número de unidades sacrificadas de um outro bem, desde que a troca mantenha o mesmo nível de utilidade e satisfação do consumidor e pode ser entendida também como o valor da troca, ou seja, quanto se troca um bem por outro. Exemplo: carne de gado e carne de frango, maçã e pera etc. 122 Vale observar que nem todo bem substituto é perfeito. Existem as questões de preferência do consumidor que também estão envolvidas nas compras. Bens Complementares São aqueles consumidos em associação a outros. Desta maneira, o aumento do consumo de um provoca o mesmo efeito no consumo do outro. Exemplo: carros e combustíveis ou seguros automotivos. EFEITO RENDA E EFEITO SUBSTITUIÇÃO Para melhor entendimento, lembremos o exemplo dado na aula de restrição orçamentária. Exemplificando: Um consumidor com renda de R$1000 precisa escolher entre pizzas e refrigerantes, que custam respectivamente R$10 e R$2. Tomando o princípio de que o consumidor sempre prefere diversidade do que especialização, imaginemos que ele divida em duas partes iguais o seu salário para gastar entre as duas opções. Assim, ele terá 250 unidades de refrigerante e 50 de pizza. Se o refrigerante passar a custar R$4 e a pizza continue com o mesmo valor, acontecerá 123 que a curva de restrição orçamentária mudará para a bebida (ponto C). A isto chamamos de efeito renda. Ela é uma alteração do consumo que decorre do deslocamento do consumidor para determinada curva de indiferença, quando o preço de um bem varia (no caso é uma curva inferior). A nova cesta de consumo, mantendo-se a mesma divisão de recursos da anterior (R$500 para cada item), terá 125 litros de refrigerante e 50 pizzas. É interessante notar nesse caso que a pizza “mudou de preço”. No primeiro momento, a pizza custava 5 litros de refrigerante, e no segundo, passou a custar 2,5 litros de refrigerante. Ela ficou relativamente mais barata. Ainda que nominalmente tenha mantido o seu valor, relativamente o seu valor diminuiu. Neste cenário de aumento de preço do primeiro item, é bem provável que o consumidor mude a sua cesta de consumo para uma que tenha maior parcela do salário gasta com pizzas. A isto chamamos de efeito substituição. Quando um produto tem o seu valor alterado, muda-se também o seu valor relativo quanto aos demais itens de uma cesta de consumo. Portanto, as mudanças de consumo são provocadas não só pelas variações de renda como também pelas variações relativas de preço e das participações dentro das compras. Essa mudança não necessariamente acarretará em perda de satisfação, visto que se trata de uma escolha racional baseada nas curvas de indiferença e de utilidade. FATORES DE PRODUÇÃO Agora entenderemos os caminhos que as empresas escolhem relacionados a quantidade de produção e preços com o objetivo de obtenção de lucro considerando as estruturas de mercado nas quais estão inseridas. Fatores de produção correspondem aos elementos necessários para se produzir bens ou serviços quaisquer. Eles foram listados e trazidos para dentro da teoria econômica a muito tempo atrás. Na época ainda não havia grandes indústrias, e a produção era vista sob a ótica da agricultura. Portanto, os fatores de produção nesse tempo eram terra, capital e trabalho. ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Exemplificando: Fatores de produção na indústria de máscaras. Recursos naturais: tecidos, plásticos, aviamentos etc. Trabalho: alguém que extraia a matéria prima e a transforme em produtos. Capital: máquinas, recursos, dinheiros, capital intelectual etc. Tecnologia: é preciso também saber os meios de se produzir máscaras. Existem países que não dominam esse fundamento da produção industrial. A fórmula da Coca-Cola, por exemplo, é um tipo de tecnologia. 124 ⯀ Capacidade empresarial: alguém que compre matéria-prima, contrate trabalhadores, adquira tecnologia e coaduna tudo isso num mesmo espaço para que a produção de máscaras se concretize. Cada um dos fatores tem uma determinada remuneração. Toda a renda de uma economia está associada ao valor pago em cada uma das etapas dos fatores de produção. Associadas respectivamente e em ordem com cada um dos fatores acima listados, elas são: aluguel (para as terras), salário (para os trabalhadores), juros (para aquele que empresta capital), royalties (para aqueles que dominam a tecnologia) e os lucros (para os que possuem capacidade empresarial). A distinção de cada uma desses fatores é importantíssima. Como curiosidade, é válido saber que o Imposto de Renda incide em todas as etapas e fatores de produção. FUNÇÃO DE PRODUÇÃO É a relação existente entre a quantidade de insumo disponível e a quantidade produzida. De maneira geral, a quantidade está em função do trabalho, do capital e da tecnologia. A função de produção descreve basicamente a saída de produtos dada a entrada de quantidade de mão de obra, quantidade de capital e estágio tecnológico. Existem duas formas de função de produção. A mais famosa é a de Cobb-Douglas. A outra, chamada de aditiva, relaciona uma variável autônoma à produtividade do trabalho x (vezes) a quantidade de trabalhadores, e à produtividade do capital x (vezes) o fator de produção do capital. Na função de Cobb-Douglas, alfa (produtividade geral média dos fatores) e beta (produtividade marginal do capital e do trabalho) são constantes. Assim, ela corresponde à 125 quantidade geral dos fatores x (vezes) a quantidade de trabalho elevada à produtividade geral do trabalho — tudo isso multiplicado pela quantidade de capital total elevada a produtividade marginal do capital. ⯀ Quando a soma de alfa e beta > 1: significa retornos crescentes de escala. ⯀ Quando a soma de alfa e beta = 1: significa retornos constantes de escala. ⯀ Quando a soma de alfa e beta < 1: significa retornos decrescentes de escala. PRODUÇÃO, CUSTOS E LUCRO DA FIRMA Produto Total, Produto Médio e Produto Marginal ⯀ Produto total (PT): é a quantidade total produzida em determinado período de tempo ⯀ Produtividade média (PMD): é a relação entre o nível de produto e a quantidade do fator de produção específico. Exemplificando: A produtividade média do trabalho é o produto total dividido pelo número de trabalhadores. A produtividade média do capital é o produto total dividido pelo número de capital. ⯀ Produtividade marginal (PMG): Exemplificando: A produtividade marginal do trabalho é a variação do produto total dada a variação de uma unidade de trabalho. Ou seja, quanto é acrescentado ao produto total a inclusão de uma unidade de produção. A produtividade marginal do capital corresponde ao aumento do produto total dada a variação de uma unidade do fator de produção do capital. Vamos a um exemplo mais concreto relacionando todos os conceitos acima no âmbito de uma padaria. 126 Note que a quantidade capital é fixa e o número de funcionários vai unitariamente aumentando. Ocorre a contratação crescente de padeiros. A produtividade marginal advinda da adição do segundo padeiro é 70. Com três padeiros, o produto total vai de 120 para 160 e a produtividade média passa a ser 53,33, mas a produtividade do terceiro padeiro é 40. A isso chamamos de produtividade marginal. No gráfico vemos que a produtividade marginal (linha amarela) tem um pico de crescimento no início do aumento da quantidade de funcionários e depois somente decresce. O produto médio (linha rosa) tem comportamento análogo ao da produtividade marginal. RETORNOS MARGINAIS DECRESCENTES OU LEI DOS RENDIMENTOS DECRESCENTES Considerando um fator de produção variável e uma determinada quantidade de capital, a produtividade marginal cresce até certo ponto e segue depois dele em queda até 127 tornar-se negativa. Os retornos marginais decrescentes são somente encontrados no curto prazo (com pelo menos um fator de produção fixo). Exemplificando: O capital para a produção de arroz, tende a ser fixo no curto prazo. Para a produção de automóveis é a mesma coisa. Se o país decidir comprar o dobro de automóveis de um certo período anterior, é possível contratar mão-de-obra, visto que ela encontra-se sobrando, mas o mesmo não vale para a injeção de capital — não é possível construir fábricas e extrair as matérias necessárias de um dia para o outro. A curva do gráfico do produto total apresenta crescimento na primeira etapa e decrescimento na segunda porque considerando-se o capital fixo, depois de certo tempo haverá o quadro de superutilização desse fator produtivo. Para o produto médio, o comportamento é análogo: a curva decresce tendendo a zero, mas nunca chega a isso. Por fim, a curva do produto marginal cresce muito numa primeira etapa e depois decresce levemente. Tudo isso acontece porque a partir de determinado número de funcionários, por exemplo, não será possível fabricar mais produtos devido a diversos fatores limitantes (estrutura física, quantidade de capital e outros). Conclui-se que o trabalho, bem como o capital e os recursos naturais, todos estão enquadrados na lei do rendimento decrescente. Quanto mais cresce a produção de um empreendimento, mais difícil se torna a entrega de resultados. CUSTOS DE PRODUÇÃO Custos fixos são aqueles que não variam de acordo com a quantidade produzida, como é o caso dos aluguéis. Portanto, não têm relação direta com a produção. Já os custos variáveis mudam a depender da quantidade produzida acompanhando o movimento dela, como é o caso das matérias-primas. ⯀ O custo total é igual ao custo fixo somado ao custo variável. ⯀ O custo total médio é igual ao custo total dividido pela quantidade produzida ou igual ao custo médio somado ao custo variável médio. ⯀ O custo fixo médio é igual ao custo fixo dividido pela quantidade produzida. ⯀ O custo variável médio é igual ao custo variável dividido pela quantidade produzida. ⯀ O custo marginal é a variação no custo total dada a variação na quantidade produzida. Exemplificando: 128 Na tabela temos os dados de uma padaria que produz 14 unidades de produto por hora. O custo total aumenta sempre. Aqui o custo fixo é 2. ⯀ Para uma unidade, o custo total é 3; o custo fixo médio é 2; o custo variável médio é 1; o custo total médio é 3; e o custo marginal é 1. ⯀ Para duas unidades, o custo total é 3,8; o custo fixo médio é 2; o custo variável médio é 0,9; o custo total médio é 1,9; e o custo marginal é 0,8. ⯀ Para três unidades, o custo total é 4,4; o custo fixo médio é 0,66; o custo variável médio é 2,4; o custo total médio é 1,47; e o custo marginal é 0,6. Perceba que a curva de custo fixo médio é decrescente e tende a zero. A curva de custo variável médio começa maior que a do custo fixo médio, decresce até o seu ponto mínimo e depois cresce novamente (parábola voltada para cima). A curva de custo total médio tem comportamento análogo à anterior. Já a curva de custo marginal decresce mais rápido que as outras, assim como o seu crescimento também é mais acentuado que o das demais. Com exceção da curva de custo fixo médio, todas as outras são convexas. Isto porque a produtividade marginal é côncava e oposta a elas. DECISÕES DE PRODUÇÃO O objetivo da empresa é maximizar os lucros (receitas totais sendo descontados os custos totais). Somente empreendimentos que não geram retornos relevantes cogitam o encerramento da produção. Exemplificando: Algo custa 10 reais no mercado. São vendidas 100 unidades. O custo fixo total é 300 reais e a variável total é de 750. Esta empresa gera um prejuízo de cinquenta 129 reais. A receita total é 1000 reais e os custos são de 1050 reais. O ponto de equilíbrio (break-even) é o que geralmente se analisa para determinar se a produção de uma empresa deve ser mantida ou encerrada. Nele, a receita total é igual aos custos totais. A fórmula do ponto de equilíbrio (PE) é dada pela divisão do custo fixo (CF) pela diferença entre a receita total (RT) e custos variáveis (CV) dividida pela receita total (RT). Exemplificando: Peguemos as mesmas informações do exemplo acima dado. PE = 300 / (1000 – 750) / 1000 PE = 300 / 0,25 PE = 1200 Se forem vendidos 1200 reais com 25% de margem, sobrarão 300 reais, que serão empregados no pagamento do custo fixo. As decisões de entrada ou saída de mercado são tomadas seguindo os critérios abaixo: ⯀ Lucro: preço > custo total médio ⯀ Prejuízo: preço < custo total médio ◇ Para o longo prazo: entrar quando o preço > custo total médio e sair quando for o contrário. ◇ Para o curto prazo: continuar quando o preço > custo total médio e paralisar quando for o contrário. Exemplificando: Tomemos novamente os dados do primeiro exemplo dado. O preço é 10 reais. O custo variável médio equivale a 750 / 100 = 7,50 reais. Portanto, a empresa deve continuar. Agora se a receita total for 1000, o custo fixo for 200, os custos variáveis forem 1200 e a quantidade for 200 unidades, temos o seguinte: o preço continua 10. O custo variável médio é 1200 / 100. Como ele é maior que o preço, deve haver paralisação da produção porque a venda de 200 unidades gera um prejuízo de 600 reais. A continuidade da produção pro- 130 voca aumento dos prejuízos. Sabendo que o objetivo da empresa é maximizar os lucros, é preciso saber também que a minimização dos prejuízos é fundamental. Todas as decisões administrativas devem ser baseadas nessas duas premissas. ECONOMIAS DE DESECONOMIAS DE ESCALA Como os custos fixos variam no longo prazo, a curva de custo total médio é diferente da curva de custo total médio de curto prazo. Antes de analisarmos a primeira, vejamos três conceitos fundamentais para o seu entendimento: ⯀ Economia de escala: o custo total médio no longo prazo diminui com o aumento de produção. ⯀ Deseconomia de escala: o custo total médio no longo prazo aumenta com o aumento da produção. ⯀ Retorno constante de escala: o custo total médio no longo prazo se mantém constante, mesmo que a produção varie. Na imagem acima, temos uma curva de custo total médio de longo prazo. O exemplo trata de uma empresa de automóveis e da quantidade de veículos por ela produzida diariamente. A “canoa” (linha em vermelho) representa o longo prazo. Geralmente empresas pequenas tem economia de escala, não possuindo o formato 131 completo representado no gráfico. A partir de determinado tamanho, um empreendimento pode passar a ter deseconomia de escala, representada no terço final do gráfico. Assim, invés de ocorrer retornos crescentes de escala, eles são decrescentes. Via de regra, esse fato está ligado às dificuldades inerentes de gerenciamento de empresas muito grandes. É importante saber que nem sempre é verdade a afirmação de que as empresas operam visando os menores custos totais médios. Na realidade economia, isso não se dá assim. No exemplo, conforme houve aumento no tamanho da empresa, deu-se também uma diminuição no custo total médio. Depois, por muito tempo ocorrem retornos de escala constantes (custo médio varia pouco). Após esse período, com o aumento da produção houve aumento das perdas marginais de trabalho e também aumento do custo fixo médio, resultando em aumento do custo total médio. RECEITA TOTAL, RECEITA MÉDIA E RECEITA MARGINAL Receita total Receita total = preço x quantidade. Representa o faturamento das empresas. Receita média Receita média = receita total / quantidade. Equivale ao preço médio. 132 Receita marginal Receita marginal é a variação da receita total dada a variação na quantidade total. Se a receita total é 100 e a quantidade é 10. E se a receita vai para 120 quando for produzida a 11ª unidade, a receita marginal = 20 / 1 = 20. Este é o mesmo conceito de receita e custo marginais. LUCRO NORMAL OU CONTÁBIL E LUCRO ECONÔMICO Lucro Normal ou Contábil O contador analisa a receita total, as notas fiscais e custos. Com isto, calcula o lucro. Todos os custos são explícitos e analisáveis: matéria prima, depreciação etc. Lucro Econômico Mede os lucros, mas considerando também os lucros implícitos, os quais não são considerados na contabilidade e no lucro normal. São chamados também de custo das oportunidades. Exemplificando: Um dono de indústria tem um pavilhão próprio de 10.000 m². Numa cidade de pequeno ou médio porte, o aluguel de uma propriedade assim equivale a R$15.000. Esse valor não entra na contabilidade. Nessas condições, sendo o lucro contábil equivalente a R$15.000, o lucro econômico seria zero. Isto porque a empresa poderia ser fechada e o dono do pavilhão o alugaria por esse mesmo valor mensal. Portanto, a diferença entre os dois conceitos aqui analisados é que o lucro econômico é mais minucioso e considera todos os custos de oportunidades. Exemplificando: Imaginemos agora que o pavilhão seja alugado e que o dono é também um professor universitário que recebe R$5.000 de salário na empresa. Se ele retornasse a 133 dar aulas, seu salário seria de R$10.000. O lucro contábil da empresa seria os mesmos R$15.000 de antes. Mas o lucro econômico deve ter o desconto do salário, e corresponde a apenas R$10.000. Muitas vezes uma empresa é contabilmente viável, e economicamente inviável. Portanto, a maneira mais completa de se analisar a operação de um empreendimento é usar o lucro econômico. CONDIÇÃO DE MAXIMIZAÇÃO DO LUCRO E DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE QUE MAXIMIZA O LUCRO A maximização de lucros se dá quando a receita marginal é igual ao custo marginal. Exemplificando: Concentremos atenção agora nas curvas de receita e custo marginais. ⯀ Para 4 unidades de pão, a receita total é de R$5,60. O custo total é de R$4,80. O lucro é de R$0,80. ⯀ Para 5 unidades de pão, a receita total é de R$7. A receita marginal da 5ª unidade de pão é R$1,40. O custo total é de R$5,20. O custo marginal é de R$0,40. O lucro é de R$1,80. Deve-se aumentar a produção, portanto. ⯀ Para 6 unidades de pão, a receita total é de R$8,40. A receita marginal da 5ª unidade de pão é R$1,40. O custo total é de R$5,80. O custo marginal é de R$0,60. O lucro é 134 de R$2,60. Deve-se continuar a aumentar a produção, portanto. Enquanto a receita marginal for maior que o custo marginal, ou seja, enquanto a receita obtida na venda de uma unidade a mais que antes for maior que o custo de produzi-la, deve-se aumentar o volume de produção porque os lucros também aumentam. No exemplo dado, encontramos que para a décima unidade produzida, a receita marginal é equivalente ao custo marginal. Assim, desde esse ponto, qualquer aumento de quantidade produzida ocasionará diminuição de lucros. ⯀ Para a 11ª unidade, a receita marginal é R$1,40, mas o custo dessa unidade adicional é R$1,60. Resultado: o lucro cai de R$3,80 para R$3,60. Diminui R$0,20. Isso acontece porque a receita marginal se mantém constante, mas o custo marginal, após atingir um ponto mínimo, só aumenta (não nos esqueçamos que as curvas de custo marginal têm formato parabólico e voltado para cima). A intersecção entre as duas curvas é o ponto de lucro máximo. COMPETIÇÃO PERFEITA OU CONCORRÊNCIA PERFEITA Mercados de competição perfeita são os ideais para os consumidores, legisladores e economistas. As principais características deles são: Existem inúmeros compradores e vendedores: número grande o suficiente para que as decisões individuais não afetem o preço de mercado. O preço é fixo. Exemplificando: O caso da alface. No Brasil existem milhares de produtores de alface. Assim, uma decisão individual de entrar ou sair do mercado de alface não o afeta em nada. Existem tantos produtores que isso torna qualquer decisão particular irrelevante para o restante dos envolvidos. O mesmo vale para os compradores desse produto. ⯀ Os produtos são homogêneos: não há distinção de produtos nesse tipo de mercado. Exemplo: tomate, alface, juros obtidos com empréstimos financeiros etc. ⯀ A saída e entrada é livre: o custo de saída é zero, bem como é extremamente baixo o de entrada nesse tipo de mercado. Não existem regulações e reservas oriundas de decisões governamentais. ⯀ A informação é perfeita: consumidores, vendedores e produtores têm acesso a toda informação relevante: preço, custo e outras tantas. Exemplificando: O mercado de transporte por aplicativos. É sabido quanto custa o aluguel do carro, seguro, manutenção, o preço do combustível, o valor da corrida a ser pago etc. 135 ESTRUTURA DE MERCADO NA COMPETIÇÃO PERFEITA A maximização de lucro acontece exatamente no mesmo ponto em que ela se dá nas demais estruturas de mercado: a receita marginal é equivalente ao custo marginal. A diferença dela para as outras é que na concorrência perfeita as empresas são tomadoras de preço. Todos os participantes o são. Isto é, devem aceitar o preço de equilíbrio do mercado, e não tem absolutamente nada que possam fazer porque não conseguem individualmente afetá-lo. Exemplificando: Padaria com destaque na produção de pães. O preço é dado (R$1,40). Não faz diferença produzir mais pães porque o preço de mercado não será afetado. A estrutura de custo é definida. Portando, basta encontrarmos onde o custo marginal é igual à receita marginal. Assim, essa padaria que aqui analisamos maximiza os lucros na décima unidade. Uma empresa que opera no mercado de concorrência perfeita só precisa descobrir a quantidade que deve produzir, baseando-se em sua própria estrutura de custos. Exemplificando: Imaginemos agora um motorista de Uber. Por uma razão qualquer, a receita média é de R$10.000. Se ele trabalhasse anteriormente em um lugar que lhe pagava R$2.000, poderia sair tranquilamente desse emprego anterior, alugar um carro mensalmente por R$1.000 e ter custos de operação também no valor de R$1.000. Considerando o antigo salário, ele teria R$6.000 de lucro, pagando todas as despesas envolvidas. Porém, mais pessoas desenvolvem o mesmo raciocínio — todo mundo o faz. Cadastrar-se no aplicativo e ser aprovado é muito simples. Atraídos pelo lucro econômico, os agentes começam a debandar de seus empregos anteriores e entrar para o transporte por 136 aplicativo. Aquele valor inicial de R$10.000 se dava por ser uma condição inicial de mercado, com poucos motoristas disponíveis. À medida que isso muda, a receita total é diminuída até que chegue a um ponto que não compense mais deixar o salário antigo. Depois desse ponto, mais pessoas ainda podem continuar entrando no mercado, e a receita total cai mais ainda ao ponto que ela se torna menor que o salário antigo. Há um movimento contínuo de entrada e saída, aumentando e diminuindo a quantidade de motoristas listados no aplicativo. Isto causa, respectivamente, quedas e subidas no valor total obtido com a tarefa. Chega um momento em que a movimentação desacelera e fixa-se a renda total obtida em um determinado ponto. Suponhamos que no exemplo dado esse valor seja R$5.000. Nele está contido o custo-oportunidade do salário médio de um motorista, os custos fixos do carro e os custos variáveis. No longo prazo, o lucro econômico do mercado de concorrência perfeita é praticamente zero. O movimento de entradas e saídas só para quando o preço é igual ao custo total médio. Só há lucro nesse tipo de mercado no curto prazo. Por isso muitas empresas buscam por diferenciação — tentando assim fugir do produto homogêneo. Vale lembrar que somente o custo econômico no mercado de concorrência perfeita chega a zero. O custo contábil geralmente não. Nesse ponto entra a preferência individual de cada pessoa. Pode-se escolher entre ser funcionário registrado e com horários pré-determinados ou ser trabalhador livre e eleger as horas e os dias em que se vai trabalhar. É uma anteposição entre segurança e liberdade. CURVA DE DEMANDA DE MERCADO E CURVA DE DEMANDA VISTA PELA FIRMA Para a curva de mercado, enquanto o preço cai a quantidade demandada continua aumentando. Se tomarmos o mercado de pães como exemplo, quanto mais barato for o preço da unidade, maior o número de pessoas que terá acesso ao produto. Pela ótica da firma, a curva é completamente horizontal (constante) porque o preço é dado. A única coisa a ser feita é a escolha da quantidade que deve ser vendida a tal preço. 137 ESCOLHA DE ESTRATÉGIA COMPETITIVA O grande autor desse assunto é um professor da universidade de Harvard chamado Michael Porter. Estratégias competitivas referem-se à forma com que as empresas se posicionam em relação à concorrência no mercado em se tratando de competição e vantagens possuídas (vantagens comparativas ou diferenciais). O modelo de Porter da escolha de estratégia competitiva tem basicamente três opções que geram vantagem competitiva: ⯀ Estratégia da liderança de custos: a empresa foca em produzir um bem ou serviço a custos menores que os dos concorrentes. Vende-se ao menor preço do mercado. ⯀ Estratégia diferencial: procura-se diferenciais saindo do mercado de preços baixos. O destaque no mercado se dá pela diferenciação de produtos. ⯀ Estratégia focal ou de nicho e segmentação: a empresa busca negócios que visam poucos mercados-alvo trabalhando com produtos exclusivos para eles. Concentra-se nas necessidades de um público específico, atendendo-o da melhor maneira possível. A segmentação de mercado pode ser também geográfica — uma padaria atender em determinada região da cidade com clientes seletos, por exemplo. Ter uma padaria em um bairro de luxo é diferente de tê-la num bairro de classe média. Esta é a estratégia do foco geográfico. MODELO DE MILES E SNOW 138 Assim como o de Porter, esse modelo também permite identificar qual é a escolha da empresa na sua atuação dentro do mercado. Estabelece os seguintes tipos de estratégias competitivas: ⯀ Estratégia defensiva: a empresa tem um mercado estabelecido e foca em ser a melhor nesse mercado ou produto específico. ⯀ Estratégia prospectora: a empresa foca em novos mercados. Está sempre em movimento. Estratégia Analítica: a empresa combina as estratégias defensiva e prospectora. Ao passo que defende a sua participação em mercados nos quais já é estabelecida busca entrar em outros mercados mais dinâmicos e instáveis. Por exemplo: setor bancário. Um banco pode ter agências e estrutura física e ao mesmo tempo ter desenvolvido também o seu ambiente virtual. O mesmo vale para corretoras de valores. Estratégia Reativa: a empresa reage a pressões externas, têm pouca capacidade de antever crises, não conduz o mercado e também participa tardiamente das mudanças nele ocorridas. Não é exatamente uma estratégia. Uma empresa de estratégia prospectiva investe em tecnologia e conhecimentos, assim como as de estratégia defensiva. Mas aqui tudo é descompassado. Sempre se encontra atrás das empresas de destaque. FORÇAS COMPETITIVAS DE SETOR As estratégias competitivas vistas anteriormente são de deliberação exclusiva da própria empresa. Mas as forças competitivas de um setor tentam analisar os fatores externos de organização em se tratando de concorrência e competitividade. Permite identificar ameaças e oportunidades, verificar a possibilidade de lucros acima do normal no setor, compreender a concorrência, fazer escolhas de estratégias melhor embasadas etc. Tratam-se, portanto, de ferramentas que permitem um olhar mais preciso do segmento de atuação da empresa e das possibilidades de maximização de lucro. ⯀ Modelo das cinco forças de Porter: analisa o grau de concorrência, neófitos de mercado, produtos substitutos, barganha de fornecimento e barganha de clientes. Todos os elementos satélites afetam o nível de concorrência. ⯀ Modelo de Estrutura Conduta-Desempenho: também analisa os ambientes externos das empresas, estudando as variáveis que afetam o desempenho econômico construindo teorias que as relacionam a ele. É um método científico de eleição de variáveis relevantes para a construção de modelos que permitam a maximização de lucros e a melhora de desempenho. 139 ◇ Estrutura de mercado: aspectos de competição e preço do mercado, funcionamento do mercado e formas de relacionamento das empresas dentro dele (concorrência acirrada, selvagem ou branda; competição por preços, por qualidade ou por quantidade produzida; estratégia dominante dentro da estrutura de mercado). ◇ Conduta: é a estratégia competitiva adota pela empresa em relação ao mercado por meio das variáveis que se domina (agressividade nos preços; qualidade de produtos e de pós-venda; quantidade produzida). ◇ Desempenho: é o resultado da conduta das empresas na estrutura de mercado. É basicamente uma análise comparativa do mercado envolvendo a estrutura de mercado, a conduta da empresa e a mensuração dos resultados com base nas escolhas tomadas (afetação das quantidades de oferta e demanda; interferência de políticas públicas e muitos outros fatores). ⯀ Modelo de processos de mercado da Escola Austríaca: diz respeito à visão acerca do mercado que os economistas que a integraram possuem. “Num mundo competitivo de rápidas mudanças, nenhuma vantagem competitiva é sustentável a longo prazo. A única saída possível é que a empresa seja ágil na reação às mudanças e preparada para identifica-las corretamente”. Este modelo cancela a ideia de vantagens competitivas sustentáveis (preço, diferenciação, nicho e outras). A única maneira de se manter competitivamente ativo no longo prazo é estar sempre antevendo mudanças e reagindo rapidamente a elas. “Inovações e diferenciações de mercado são eventos anômalos, rapidamente copiados pela concorrência e a única maneira de se manter a vantagem competitiva por mais tempo consiste na perseguição constante de novas oportunidades e na mobilização de recursos para aproveitá-las antes das demais empresas”. VANTAGENS COMPETITIVAS Dizem respeito à capacidade de uma empresa de neutralizar ou diminuir a ação da concorrência no mercado em que atuam adotando estratégias de criação ou diferenciação de valor que não sejam facilmente copiadas pelos demais. Trocar a cor de um produto não se trata exatamente de uma vantagem competitiva porque isto é simples de ser replicado. Vantagem competitiva propriamente dita é algo mais perdurável que isso. Segundo o teórico Porter, só existem dois tipos de vantagem competitiva: ⯀ Vantagem do menor custo: as empresas focam em atingir menores custos que os dos concorrentes de maneira sustentável. Essas vantagens são advindas de processos 140 mais eficientes, logística, escala e ativos únicos. Exemplificando: Se você tem uma loja e compra de um fornecedor mais em conta, isso não é uma vantagem competitiva porque na prática qualquer um pode fazer a mesma coisa. Agora se você tem um contrato que dá acesso a um ativo único, aí sim haverá vantagem competitiva de custo. Desenvolver processos de produção e logística mais eficientes e de propriedade exclusiva da empresa também lhe proporcionará vantagem competitiva de custo. A maioria das grandes empresas segue essa linha. Empresas de comércio eletrônico como a Magazine Luiza querem sempre vender ao menor preço, visto que, no referido, esse é o diferencial mais relevante para quem vende. Portanto, o foco principal deve ser a redução dos preços provocada pela redução dos custos. Por exemplo: desempenho de logística diferenciado. A Magazine Luiza utiliza as lojas como ponto de coleta para a troca de produtos. ⯀ Vantagem da diferenciação: desenvolvida por meio de característica única perceptíveis e valorizadas pelo mercado, de modo que isso se torne uma vantagem competitiva. Se a diferenciação está protegida por leis de exclusividade (patentes), isso realmente vai se materializar em vantagem competitiva. Observação: as vantagens não são mutuamente excludentes, assim podendo coexistir nas estratégias de uma mesma empresa. ESTRATÉGIAS PARA VANTAGENS COMPETITIVAS Segundo o teórico economista Porter, há três posicionamentos: ⯀ Posicionamento baseado na variedade: A empresa adota a ideia de disponibilizar diversos produtos e serviços para atender diferentes parcelas do mercado, ainda que não as supre por completo. O objetivo, como já dito, é estar presente na maior parte dos mercados à disposição, mordendo o maior bocado possível. ⯀ Posicionamento baseado na necessidade: A empresa concentra-se em atender determinado segmento de mercado de forma diferenciada (posicionamento de nicho). Um grupo específico de clientes com necessidades específicas é identificado, selecionado a suprido pela empresa por meio de um produto exclusivo. O foco é na qualidade. ⯀ Posicionamento baseado no acesso: As necessidades dos clientes são similares, mas a configuração das atividades que as satisfazem é distinta. O mercado é acessado por posicionamentos de escala, de demografia ou de geografia. Requer abordagens específicas em termos de marketing, logística e pós-venda. 141 Exemplificando: No caso do comércio virtual. Todas as regiões do país compram aparelhos de ares-condicionados. Mas atender as diferentes necessidades de todas elas requer abordagens exclusivas, sejam elas logísticas ou de pós-venda. No nordeste, a estratégia é voltada exclusivamente para os aparelhos de resfriamento; no sul, para aparelhos de aquecimento e resfriamento. O marketing deve ser diferente. O posicionamento baseado no acesso atende às necessidades mais distintas de maneiras perfeitamente adequadas a cada uma delas. MONOPÓLIO: ORIGENS, CARACTERÍSTICAS E ESTRATÉGIAS DE PREÇOS Origens Monopólio se dá quando uma única empresa é a produtora de determinado bem que não possui substitutos similares. Por essa peculiaridade, a própria empresa é que define quantidades e preços — os quais vão ser aqueles que maximizam o lucro. Um mercado monopolizado, portanto, é aquele que possui apenas um único vendedor. Suas características são: ⯀ Com uma única empresa existente. ⯀ Sem produtos similares ou intercambiáveis. ⯀ Com barreiras à entrada de empresas concorrentes. Monopólios podem ser entendidos como falhas pontuais no mercado, e existem por conta de barreiras de entrada de produtos e empresas concorrentes em determinado nicho. As principais barreiras são: ⯀ Monopólio puro ou natural: quando uma única empresa consegue oferecer produtos ou serviços a custos menores do que se houvessem duas empresas fazendo a mesma coisa. Exemplificando: a distribuição de água encanada potável. Há todo um sistema que vai desde a coleta até às torneiras residenciais e comerciais. O custo da duplicação de toda essa infraestrutura seria inviável. É simplesmente algo que não se pode mudar de uma hora pra outra. O mesmo ocorre no setor de transporte. Para alguns itinerários não é 142 vantajoso que haja competição. ⯀ Monopólio por proteção de patentes: ocorre principalmente na indústria farmacêutica, que é virtuosa na criação deste tipo de artifício de proteção. ⯀ Monopólio por controle de fornecimento de matéria-prima: é o caso típico da indústria petrolífera. A extração pode ser considerada como sendo monopolizada em muitos lugares do mundo, ainda que as demais etapas produtivas não o seja. ⯀ Monopólio por tradição de mercado: o melhor exemplo são os programas de escritório para computadores da Microsoft. As pessoas estão de tal forma acostumadas a utilizá-los que o desenvolvimento de novas ferramentas para quebrar o monopólio é desestimulante. ESTRATÉGIAS DE PREÇO EM MONOPÓLIOS Os monopólios criam as suas próprias curvas de oferta. Assim, eles escolhem a quantidade de produção que maximiza o lucro. A única preocupação é com a demanda (especificamente elasticidade preço da demanda). O monopólio tem consciência que quanto maior for a quantidade oferecida, menor será o preço. Na tabela apresentada no vídeo vemos os dados de produção e venda de um determinado monopólio de mercado. ⯀ Para a sétima unidade, a receita marginal corresponde a R$2,80. O custo marginal foi para R$0,80. O lucro foi para R$27,80. Portanto, há possibilidade de aumento de lucro. ⯀ Para a oitava unidade o preço vai para R$4,80. A receita chega a R$38,40. A receita marginal é de R$2. O custo total é R$7,60 e o marginal é de R$1. ⯀ Para a nova unidade o preço vai para R$4,40. A receita marginal é de R$1,20. O custo total é de R$8,80 e o marginal é de R$1,20. Chega-se aqui ao lucro máximo. ⯀ Para a décima unidade o preço cai para R$4. A receita marginal é de R$0,40. O custo total é R$10,20 e o marginal é de R$1,40. O lucro cai de R$30,80 para R$29,80. Observa-se que a receita marginal tem queda contínua. Já o custo marginal cai até um ponto mínimo e depois sobe. O ponto de intersecção entre as duas linhas é o de lucro máximo (indica quantidade e preço de lucro máximo). MONOPÓLIO VS. CONCORRÊNCIA PERFEITA 143 No mercado de concorrência perfeita, o preço de mercado é constante e os excedentes de produtores e consumidores são bem delimitados graficamente. No mercado monopolizado, inclui-se no gráfico a receita marginal e o custo marginal. A curva de oferta de um monopólio é exatamente igual a curva de custo marginal respectiva. O ponto de intersecção entre a reta de receita e custo marginais corresponde indica a quantidade que o monopólio pretende produzir e o preço pelo qual decide vender. Como no caso da interferência estatal, a existência de um monopólio também provoca perda de bem estar porque a sociedade como um todo acaba perdendo satisfação por conta da restrição de oferta e determinação de preços imposta. DISCRIMINAÇÃO DE PREÇOS DO MONOPÓLIO É a prática de cobrar preços diferentes para o mesmo produto extraindo o máximo da receita de mercado. Existem três graus de discriminação de preços: ⯀ Primeiro grau (perfeita): consiste na venda de cada unidade do produto ao preço máximo que o consumidor está disposto a pagar por ela. Essa estratégia é rara, mas existem artifícios para praticá-la. Por exemplo: um evento musical em que a demanda é claramente muito maior que a oferta. Pode-se começar vendendo as entradas a preços estratosféricos e, depois que os primeiros consumidores esgotarem, reduzir gradativamente o valor para colher consumidores das demais escalas até que se chegue ao preço de mercado. ⯀ Segundo grau: consiste na venda de cada conjunto ou lote de unidades a um preço específico. Também acontece em eventos musicais. Vende-se lotes gradativos em questão de preço. Os primeiros são mais baratos e os últimos são mais caros. Eventualmente pode ser o contrário. Acontece também com a operação de companhias aéreas. ⯀ Terceiro grau: consiste em cobrar preços diferentes a grupos diferentes de consumidores, através da identificação de elasticidade-preço da demanda diferentes. Exemplificando: A Apple tem a estratégia de cobrar mais caro por seus produtos. “O brasileiro paga mais pelo celular, gosta mais da empresa. Portanto, cobramos mais do que na China, onde há concorrentes com maior preferência.” Em qualquer uma das discriminações vistas, por conta do poder de mercado, o bem-estar dos consumidores diminui e o do monopólio aumenta. 144 REGULAÇÃO DO MONOPÓLIO NATURAL Conforme já visto, os monopólios naturais são praticamente incontornáveis. Por estranho que pareça, a existência deles é quase uma exigência do mercado. Os monopólios têm grande capacidade de criar no mercado o que se chama de peso-morto, visto que definem uma quantidade de produtos oferecida menor que a desejada pela sociedade. Disso surgem demandas por regulação dos monopólios das mais diversas formas. ⯀ Qm = Quantidade definida pelo monopólio ⯀ Pm = Preço definido pelo monopólio ⯀ Qr = Quantidade após a regulação ⯀ Pr = Preço após a regulação ⯀ Rme = Receita média ⯀ Cmg = Custo marginal O que se pede nas regulações é que sejam controlados a quantidade e os preços com base no custo médio. A regulação do monopólio é desejável porque é inserida uma grande parcela de pessoas no mercado de consumo. CARACTERÍSTICAS DA COMPETIÇÃO MONOPOLÍSTICA 145 Competição monopolística é uma estrutura de mercado em que muitas empresas vendem produtos que são similares, ainda que não idênticos, aos que são produzidos por um monopólio. As principais características desse mercado são: ⯀ Existem muitos vendedores. ⯀ Há diferenciação de produtos, por menor que seja: desta forma, as empresas não são mais tomadoras de preços. ⯀ Existe livre entrada e saída para as empresas no mercado. Exemplificando: Uma empresa iniciante cria um determinado diferencial. Assim, detém o lucro de monopólio por certo tempo. Por não haver barreiras de entrada no mercado em que ela se encontra, o que antes era diferencial passa a ser copiado pelos demais concorrentes fazendo com que a empresa volta a ter um bem homogêneo. Desta forma, ela volta também a enquadrar-se na classificação de concorrência perfeita, onde o lucro é zero. Esse movimento se repete indefinidas vezes. No período em que há domínio absoluto da diferenciação, os lucros aumentam. E no período em que há equiparação de produtos, os lucros diminuem até que uma outra inovação seja desenvolvida e lançada no mercado. Portanto, a única maneira de se manter no mercado monopolístico é apresentar novas soluções o tempo todo. OLIGOPÓLIOS: CARACTERÍSTICAS E MODELOS TRADICIONAIS Oligopólio é uma estrutura de mercado em que poucas empresas vendem similares ou idênticas entre si. As principais características são: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Pequeno número de empresas ofertantes. As empresas são interdependentes em suas ações. Os produtos são homogêneos. Existem barreiras à entrada massiva de novos produtores. Em suma, existem quatro estruturas de mercado: concorrência perfeita, monopólio, concorrência monopolística e oligopólio. Na primeira, não há preocupações com o mercado e a oferta — existem muitos produtores e compradores. No segundo, também não há preocupação com a concorrência porque ela simplesmente não existe. Na terceira, as decisões entre concorrentes não afetam uns aos outros. No último, a situação é diferente de tudo isso. As decisões de uma empresa afetam as outras. Exemplificando: Se a Pepsi Cola decidir baixar o preço dos seus refrigerantes à metade, 146 nesse mesmo instante a Coca Cola seria afetada. O mesmo não vale para o caso de um produtor de alfaces querer comercializar os seus produtos pelo valor de 50% daquele que geralmente se cobra no mercado. Individualmente, ele não tem poder algum de interferência no equilíbrio de preços e ofertas. Portanto, quando o assunto do oligopólio é preço, é necessariamente preciso que se estude as consequências geradas às outras empresas da estrutura. Os modelos tradicionais de interação nos oligopólios, que determinam os preços e quantidades, são os seguintes: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Modelo de Cournot. Modelo de Stackelberg Modelo de Bertrand Modelo da demanda quebrada Modelo de firma dominante Vale ressaltar que muitas empresas integrantes de oligopólios se associam umas às outras definindo preços e quantidade semelhantes. Esta é uma atitude criminosa chamada conluio. Este não é o foco do nosso estudo. OLIGOPÓLIO DE COURNOT Mostra como as empresas decidem a quantidade que será produzida e oferecida pelo monopólio. Tanto o modelo de Stackelberg quanto o de Cournot analisam a definição da concorrência de mercado pela quantidade de produtos lançados. Já no de Bertrand, o foco é o preço. Em todos os casos, as decisões são tomadas simultaneamente levando em consideração os concorrentes. Os pressupostos do modelo que aqui analisamos são os seguintes: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Há mais de uma empresa, e todas fabricam produtos homogêneos entre si. As empresas não cooperam (caso contrário, constituiriam um monopólio). O número de empresas é fixo. As empresas têm poder de mercado: a decisão de cada empresa afeta o preço de saída do produto de todas as outras do oligopólio. ⯀ As empresas competem no parâmetro quantidade, e a escolhem simultaneamente: já no modelo de Stackelberg isso não se dá assim. MODELO DE DUOPÓLIO DE COURNOT 147 Nesse modelo, a empresa decide a quantidade baseada no volume de produção da “concorrente” e também no volume de mercado. No gráfico, a quantidade da empresa 2 (Q2) é igual ao tamanho do mercado menos a quantidade da empresa 1 (Q1). Assim, se a quantidade de uma for muito grande, a da outra será muito pequena. À medida que as produções forem se igualando, as curvas de reação (curva de produção de uma empresa, baseada na estimativa de produção de sua concorrente) apontam essa proximidade graficamente. Existe somente um único ponto de equilíbrio: quando as duas empresas fazem as estimativas corretas das produções uma da outra. Portanto, será possível definir o nível de produção que maximiza o lucro porque a informação da quantidade passa a ser conhecida. O modelo de Cournot mede e analisa as curvas de reação das empresas, baseadas nas estimativas corretas da produção das empresas participantes do oligopólio. A partir disso é que se faz a definição da produção de cada empresa. Se todas elas acertarem as estimativas feitas, haverá o surgimento de uma estrutura de equilíbrio. Observação: As curvas de reação das empresas são diferentes porque consideram também os custos marginais, que naturalmente variam de uma para a outra. No modelo de Cournot, a soma das demandas da firma determina o mercado. Portanto, a partir do momento que a demanda de mercado é conhecida, podemos aplicar a forma inversa da equação de equilíbrio da demanda para obtermos o preço equilíbrio de 148 mercado. Resumidamente, no modelo de Cournot as empresas competem por quantidade de mercado, levando em consideração suas curvas de reação e estruturas de custo próprias. A partir disso, estimam a quantidade a ser produzida pelo concorrente e tomam as suas decisões de produção. Se todos os participantes acertarem os cálculos, haverá um processo de maximização de lucros no mercado todo. OLIGOPÓLIO DE BERTRAND No modelo de Bertrand as empresas fixam os preços e deixam ao mercado a decisão da quantidade a ser vendida. Em contrapartida, pelos modelos de Cournot e Stackelberg elas definem a quantidade produzida e, a partir desta, obtêm os preços. Os pressupostos do modelo de Bertrand são os seguintes: Há mais de uma empresa e todas elas fabricam produtos homogêneos, sem qualquer diferenciação. ⯀ As empresas não cooperam entre si. ⯀ O número de empresas é fixo. ⯀ As empresas têm poder de mercado: a decisão de cada uma afeita o preço de saída do produto de toda a estrutura oligopolista. ⯀ As empresas competem em preço e escolhem suas estratégias simultaneamente. ⯀ As empresas apresentam o mesmo custo unitário de produção, o mesmo custo marginal e também a mesma estrutura geral de custos. ⯀ As empresas são economicamente racionais e agem estrategicamente procurando a maximização de lucros. O equilíbrio de Bertrand acontece onde o preço se iguala ao custo marginal, ou seja, é um equilíbrio competitivo. Isso acontece por duas razões: ⯀ O preço nunca pode ser menor que o custo marginal, pois se assim fosse a empresa aumentaria os seus lucros produzindo menos. ⯀ O preço nunca permanece maior que o custo marginal. Exemplificando: Caso em que o preço é maior que o custo marginal. Imaginemos duas empresas (A e B) que vendem os seus produtos homogêneos acima do custo marginal. Se a empresa A reduzir o seu preço a um determinado valor, e a empresa B manter o preço fixo anterior, todos os consumidores vão preferir comprar da empresa A. Se a empresa B mantivesse sua política de preços sem alterações, a outra lhe tomaria a maioria dos 149 clientes. Acontece que na realidade dos oligopólios, os participantes reagem às ações um dos outros. As empresas tentam minar os seus concorrentes até que o lucro econômico seja igual a zero. Os dois pontos que tratamos dão origem ao chamado paradoxo de Bertrand. Na realidade o modelo de Bertrand não funciona muito bem, visto ser pouco provável que duas empresas diferentes tenham a mesma estrutura de custo (pressuposto do modelo) e que o oligopólio contenha um produto absolutamente homogêneo para todos os seus integrantes (excetuando-se produtores de commodities). À parte isso, o modelo de Bertrand produz um estado conhecido por equilíbrio de Nash. MODELO DE FIRMA DOMINANTE É um tipo de oligopólio onde ocorre dominância de preço. Os pressupostos desse modelo são: ⯀ Existem poucas empresas no mercado e a quantidade delas é fixa. ⯀ Os produtos são homogêneos e existe nele uma empresa com custos menores e de tamanho mais expressivo que o das concorrentes que é a chamada firma dominante. ⯀ A firma dominante escolhe o preço e a quantidade atuando como se fosse um monopólio. ⯀ A firma dominante conhece a curva de demanda do mercado e consegue prever qual deverá ser a produção para cada nível de preço. ⯀ As demais empresas atuam no mercado como um mercado de concorrência. São tomadoras de preço da firma dominante e atuam para igualar o custo marginal ao preço. Exemplificando: 150 A curva de oferta Sg corresponde às empresas de menor porte. A reta D é a representação da demanda de mercado. Em condições normais e não havendo dominância, a intersecção entre as duas retas seria o ponto de equilíbrio. O ponto Qd indica a quantidade produzida da empresa dominante. A intersecção entre a reta Sg das empresas de menor porte e a reta de preço de mercado P aponta a quantidade a ser produzida por elas. A quantidade total de mercado é a soma das quantidades da empresa dominante com as quantidades das empresas dominadas. A empresa dominante tem de precisar exatamente a quantidade a ser ofertada (diferença entre a quantidade de mercado e a quantidade de oferta das empresas dominadas). ⯀ Para o preço 1 (P1): a dominante não oferta nada. As empresas menores atendem completamente o mercado. Deste ponto partem as curvas de demanda e de receita marginal da empresa dominante. A intersecção das curvas de demanda e custo marginal cria o ponto em que determinada quantidade vai maximizar o lucro da empresa dominante. ⯀ Para o preço de mercado (P): este é o preço que as empresas dominadas podem e devem usar, visto que são apenas tomadoras de preço. O modelo de firma dominante é um misto entre o modelo de mercado competitivo (para as pequenas empresas) e o monopólio (para a empresa dominante). Esse tipo de estrutura de mercado é muito comum. Vários nichos possuem uma empresa maior e várias outras menores que a circundam. MODELO DA CURVA DE DEMANDA QUEBRADA É o modelo de oligopólio em que cada uma das empresas integrantes encontra uma curva de demanda quebrada para o preço um determinado preço atual referente a uma demanda. Para preços elevados ela é bastante elástica ao passo que para inferiores é bastante inelástica. Façamos agora algumas considerações: ⯀ Não se trata de um modelo propriamente dito. Na verdade, as considerações dizem respeito a demanda e receita marginal somente da empresa analisada. As demais curvas não são consideradas. ⯀ O modelo não explica a chegada ao preço de equilíbrio. ⯀ Trata-se de um “modelo” de rigidez de preço: tenta provar a razão da rigidez de preço em estruturas de oligopólio. 151 Pelo gráfico vemos que acima do preço de mercado nada é vendido porque devido a homogeneidade do bem ofertado a maioria das vendas seriam perdidas. Abaixo do preço de mercado, praticamente todos os concorrentes passariam a executar a mesma estratégia tão logo ela fosse colocada em prática. Portanto, tem-se uma curva de demanda idealizada pela empresa e uma outra curva de demanda que corresponde à demanda real de mercado. Quando a curva de demanda chega ao valor do preço de mercado, a curva de receita marginal se quebra. Esta retorna após atingido um determinado preço e continua a cair até tocar o eixo x. Se houvesse uma curva de receita marginal completa e normal, o aumento na curva de custo marginal alteraria o preço para mais e a quantidade para menos. Mas como a quebra impede esse movimento, dá-se o fenômeno conhecido como rigidez de preço — que é efetivamente aquilo que o modelo de demanda quebrada se propõe a fazer. MEDIDAS DE CONCENTRAÇÃO E SEUS LIMITES DE UTILIZAÇÃO As duas medidas mais utilizadas para se calcular o grau de concentração e de concorrência de determinado mercado são: índice Herfindahl-Hirschman (IHH) e o índice ou razão de concentração. Índice Herfindahl-Hirschman (IHH): 152 É uma medida do tamanho das empresas em relação ao mercado como um todo, e um indicador do grau de concorrência entre os seus integrantes. É amplamente utilizado na aplicação das regras de defesa da concorrência e da regulação antitruste. A secretaria da justiça dos Estados Unidos faz uso desse índice para deliberar sobre fusões, aquisições ou penalizações relacionadas a práticas lesivas de concorrência. Fórmula para o cálculo do IHH: Corresponde ao somatório dos quadrados da parcela de participação de cada empresa no cenário, levando-se em conta todas as empresas nele inscritas. Observemos que o índice em estudo trata de todas as empresas de determinado mercado, toma a participação de cada uma delas e a eleva ao quadrado. Isto se dá porque a participação de uma grande empresa, quando elevada ao quadrado, transforma-se numa espécie de grau de participação. Exemplificando: ⯀ A primeira coluna é a participação percentual. A segunda é a participação elevada ao quadrado. A terceira é a participação em pontos relativos. Observação: Para tabelas que efetivamente listem todas as empresas de um determinado mercado a ser analisado: ⯀ Em porcentagem, a soma de todas as empresas é igual a 100% ⯀ Em pontos, a soma de todas as empresas é igual a 10.000 O principal fator limitante desse medidor de concentração em específico é que se precisa saber quais são todas as firmas que participam do mercado em análises, listá-las e 153 estudá-las economicamente. Essas informações não são obtidas com facilidade e sem esforço e tempo. Esse indicador de concentração é eficiente porque mostra também o poder de mercado. Concentração para a ser equivalente a isso. Um mercado com 8500 pontos de concentração é algo gigantesco. Entretanto, a distribuição desse montante de pontos é outra coisa. Exemplificando: Cálculo do IHH de duas empresas: uma com 90% de participação no mercado (A) e outra com 10% (B). IHH = 90² + 10² = 8100 + 100 = 8200. Calculemos agora o IHH caso as participações fossem ambas de 50%. IHH = 50² + 50² = 250 + 250 = 500. É possível perceber que os artifícios matemáticos do IHH evidenciam a discrepância de participação de mercado entre as empresas. MEDIDAS DE CONCENTRAÇÃO COMPETITIVA E SEUS LIMITES DE UTILIZAÇÃO (PARTE 02) O índice de concentração Ck corresponde à soma das cotas de mercado das k maiores empresas nele inseridas. Geralmente esse número de participantes encontra-se entre 4 e 8. Ele visa apenas as corporações mais relevantes de um determinado nicho e desconsidera absolutamente o restante delas. O setor de bancos no Brasil é numerosíssimo, mas apenas uns 5 possuem real importância e peso no mercado financeiro. Fórmula para o cálculo do Índice de Concentração: 154 As limitações desse método de análise são: ⯀ O índice de concentração não capta desigualdade: as quatro maiores empresas de um determinado ramo podem deter 50% de todo o mercado. Entretanto, analisando mais minuciosamente podemos encontrar eventualmente uma dentre essas quatro que seja detentora de 35% do total de mercado. Portanto, é muito maior que as outras 3 que a ela são associadas. ⯀ Ignora de (n – k) empresas do mercado: o índice ignora a maior parte dos participantes do mercado analisado. ⯀ Existe a necessidade de conhecer o tamanho do mercado. CONCEITO BÁSICO DA TEORIA DOS JOGOS Equilíbrio de Nash Esse nome é devido ao seu criador, o matemático John Nash. O conceito é derivado da teoria dos jogos e enuncia o seguinte: um jogo com dois participantes A e B constituirá equilíbrio de Nash se a escolha de A foi ótima, dada a escolha de B e se a escolha de B foi ótima, dada a escolha de A. Geralmente o equilíbrio de Nash produz resultados eficientes a nível de mercado, mas não a nível de Pareto. Exemplificando: O dilema dos prisioneiros. Suponhamos que duas pessoas (Fulano e Beltrano) tenham cometido um crime e a polícia os prendeu. Chegando na delegacia, foram colocados em salas separadas para serem interrogados. Ambos os policiais, que os interrogam separadamente, blefam dizendo que já estão sabendo de tudo. As saídas possíveis encontram-se no gráfico abaixo: 155 Em seguida, os policiais liberam os dois suspeitos para entrarem em contato um com o outro e decidirem o que será feito. Como nenhum dos dois quer ficar 30 anos, e é melhor ficar apenas 5 do que 10, então o resultado óbvio é que nenhum dos dois confessará. A estratégia foi assim combinada. ⯀ Lógica do Fulano: “Combinei não confessar, mas Beltrano não vale nada e não confio nele. Tenho absoluta certeza que ele não respeitará o acordo. Posso pegar 30 anos de cadeia por causa disso. Portanto, confessarei e será menos pior.” Se Beltrano fosse de confiança e mantivesse fielmente sua palavra, a escolha ótima seria então confessar. Assim o outro pegaria 30 anos de prisão e ele ficaria livre. Independentemente da escolha do Beltrano, a escolha ótima do Fulano é confessar. E também desvinculada da escolha do Fulano, a escolha ótima do Beltrano é confessar também. Isto se chama equilíbrio de Nash. Assim surge o que se conhece na teoria dos jogos por estratégia dominante. O melhor efeito de Pareto (para os indivíduos) é que ambos não confessem. O melhor resultado para o “mercado” é que ambos confessem o crime. OLIGOPSÔNIO E MONOPSÔNIO São estruturas de mercado aplicadas exclusivamente aos compradores. Oligopsônio é um mercado onde muitos vendedores podem estar presentes, mas há poucos compradores. Monopsônio é um mercado de vários vendedores e apenas um único comprador. Via de regra, se você é um fornecedor de matéria-prima ou serviços para um oligopólio, os integrantes dele quando compram estão em um mercado oligopsônico (muito poder de barganha). Já um monopólio, na ponta compradora, encontra-se num mercado é monopsônico. 156 PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) É o valor total de todos os bens e serviços finais produzidos dentro dos limites geográficos de uma economia qualquer, em determinado período de tempo, de acordo com os preços de mercado (inclusão de todas as etapas da cadeia produtiva: primária, secundária e comercial). Geralmente o PIB é medido trimestral e anualmente. No Brasil, a instituição que mensura e estipula o PIB nacional é o IBGE. O instituto recebe dados de várias indústrias, órgãos comerciais e também da receita federal. PRODUTO INTERNO BRUNO E PRODUTO NACIONAL BRUTO PIB real é a produção de bens e serviços medidos a preços constantes. No segundo trimestre de 2020 o PIB real brasileiro sofreu uma recessão de 9,7%. Isto significa que as quantidades produzidas caíram 9,7%. Repare que o PIB real só é dado a preços constantes. Isso possibilita a comparação exata entre dois períodos, e o resultado mostrará o aumento ou diminuição da produção total. Assim, crescimento econômico é o crescimento das quantidades produzidas. Variação de PIB nominal é outra coisa. PRODUTO NACIONAL BRUTO (PNB) Valor de mercado de todos os bens e serviços finais produzidos pelos residentes permanentes de uma nação em determinado período de tempo. A diferença entre PIB e PNB é que este último é uma excelente medida de renda dos fatores de produção nacional. Assim, o Produto Nacional Bruto soma a renda recebida ao PIB, e dele exclui a renda enviada ao exterior (medida de renda externa). É fácil imaginar que países ricos tenham PNB maior que o PIB, e que países pobres tenham PNB menor que o PIB. Os Estados Unidos e outros países ricos, por exemplo, recebem lucros, juros, aluguéis e até mesmo salários. A Alemanha, por exemplo, como credora mundial, recebe por meio de seus bancos juros de todas as partes do mundo. São transferência de rendas porque as populações devem trabalhar, produzir PIB, convertê-lo em juros e enviá-lo para a Alemanha. INDICADORES DE INFLAÇÃO E DEFLAÇÃO 157 Inflação é o aumento contínuo e generalizado de preços. Existe diferença entre inflação e alta isolada do nível de preços. Esta última é causada por um efeito externo anômalo — e tão logo seu efeito passa, os preços se reestabelecem. Por exemplo: o câmbio em 2020 sofreu uma variação de 40%. Uma série de produtos foram impactados por isso e o aumento será medido pelos índices de inflação. Com o aumento do câmbio, haverá também a transferência dos níveis de preços para níveis mais elevados. Deflação é a queda generalizada de preços. O exato oposto do conceito de inflação. Existem basicamente 3 tipos de inflação: ⯀ Inflação de demanda: é a que resulta de um aumento inicial da demanda agregada e pode surgir de qualquer fator relacionado a isso. Por exemplo: aumento da oferta de moeda, aumento de compras do governo, elevação das exportações etc. Geralmente a inflação do dia a dia é a inflação de demanda. Todo choque que altere a demanda agregada provocará inflação de demanda. ⯀ Inflação de custos e de oferta: é resultante de um aumento inicial dos custos ou de um choque de ofertas. Para qualquer nível de preço, quanto mais alto o custo de produção, menor é a quantidade que as empresas estão dispostas a lançar no mercado. Assim, o aumento de salários ou das matérias-primas provocam redução na oferta agregada. As duas principais fontes de aumento do custo são: aumento nas taxas de salário monetário e aumento nos preços monetários das matérias-primas. É importante diferenciarmos os dois tipos de inflação porque se um processo inflacionário é desencadeado pela demanda, ela precisa ser reduzida. Já se o processo for causado pelos custos, os remédios devem ser outros. ⯀ Inflação inercial: ocorre quando os preços de economia oferecem resistência às políticas de estabilização para atacar as causas primárias da inflação. Esta é a chamada memória inflacionária. O aumento de aluguéis, por exemplo, é um tipo de inflação inercial — visto que os preços são corrigidos pelas inflações passadas. Mesmo que as outras duas inflações sejam reduzidas a zero, ainda restará a inflação dos anos anteriores repassadas para o ano atual: contratos de concessão, aluguéis, água, energia, transporte público etc. Índice Geral de Preços de Mercado (IGP) Índice calculado pela Fundação Getúlio Vargas desde o final dos anos de 1940. É um indicador extremamente abrangente e foi criado para servir como indicador de inflação e deflator do PIB — possibilitando nova forma de se calcular e avaliar os números da economia nacional. As três variações do IGP têm a mesma estrutura de cálculo. O que varia são apenas períodos de coleta diferentes. 158 É um índice bastante utilizado no mercado financeiro. O IGPM é conhecido como “inflação do aluguel” porque geralmente os contratos de correção dos aluguéis tem como indicador o próprio IGPM. Todos os índices gerais de preços são compostos pela média aritmética ponderada de 3 outros índices de preços: ⯀ Índice de preços ao produtor amplo (IPA): “preço no atacado” dos bens comercializados no mercado internacional (60%). ⯀ Índice de preços ao consumidor (IC): similar ao IPCA (30%). ⯀ Índice nacional de custo da construção (INCC): inclusive utilizado como indicador de correção de contratos de vendas de imóveis (10%). ÍNDICE GERAL DE PREÇOS Índice de Preços do Produtor Amplo (IPA): índice inflacionário que registra informações dos produtos agropecuários e industriais nas transações interempresariais. É composto por 481 mercadorias distribuídas em 18 grupos. Foi organizado para medir a evolução de preços segundo o destino que se atribui aos bens componentes da produção. O aumento de preço no setor primário é repassado ao consumidor final de alguma forma ao longo do tempo. Esse indicador sinaliza que um aumento de preços vai chegar em breve até o bolso do consumidor porque ele é um indicador antevisor. Índice de Preços ao Consumidor (IPC-BR): cobre a mesma área do IPCA. Sua faixa de renda é de 1 a 33 salários mínimos. Índice Nacional da Construção Civil (INCC): tem o objetivo de analisar o desempenho dos gastos das construções habitacionais. Geralmente, ele é cobrado para corrigir contratos na compra de imóveis. As variações do IGP são: ⯀ IGPM: produto recolhido entre o primeiro e o último dia do mês de referência; ⯀ IGPDI: produto recolhido entre o dia 21 do mês anterior e o dia 20 do mês de referência; ⯀ IGP10: produto recolhido entre o dia 21 do mês anterior e o dia 10 do mês de referência. Os espaços de coletas se dão a cada 10 dias. É possível assim ir acompanhando a inflação a cada pequeno intervalo de tempo. 159 TAXA DI E TAXA DI OVER A taxa de depósito interbancário (DI) é a taxa utilizada para empréstimos entre instituições financeiras e corresponde à média das taxas de juros dos depósitos interbancários com prazo de 1 dia. É conhecida também por CDI. Os bancos precisam de dinheiro entre si porque nem todos conseguem fechar o dia no positivo. Esse mercado interbancário funciona como um duto de transferência de recursos. A taxa de juros cobrada para isso é conhecida como CDI. Entretanto, há duas maneiras de dar garantias dos empréstimos tomados: títulos públicos e efetivamente a emissão de certificado próprio (CDI), com a captação de recursos e remuneração dos títulos a uma taxa pré-fixada. Se tem muito banco precisando de dinheiro e poucos bancos emprestando, a taxa aumenta, por exemplo. O contrário também é válido. Já o CDB se dá quando os bancos fazem os seus empréstimos dando como garantia o dinheiro arrecadado junto ao público em geral. Esse título é também atrelado ao CDI e tende a ter valores menores que ele. Geralmente a taxa DI guarda uma forte relação com a Selic, ainda que seja ligeiramente menor — apesar de o governo ser um agente teoricamente mais seguro que uma instituição privada que emita seus próprios seguros. Isto se dá porque se a DI fosse maior que a Selic, nenhum banco emitiria certificados. A diferença entre os valores serve justamente para incentivar os bancos nesse processo. Já o termo over representa as operações de 1 dia útil. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL (SFN) Conselho Monetário Nacional (CMN) É composto pelo ministro da fazenda, do planejamento e pelo presidente do Banco Central do Brasil e tem como premissa básica a formulação das diretrizes da política monetária nacional: estabilidade da moeda, desenvolvimento econômico e social entre outros. O Conselho Monetário Nacional é o determinador das regras, enquanto o Banco Central do Brasil é o executor. Compete ao CMN adaptar o volume dos meios de produção às reais necessidades da economia, regular e monitorar os valores internos e externos da moeda e equilibrar a 160 balança de pagamentos, orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras, propiciar o aperfeiçoamento das instituições financeiras, zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras e coordenar as políticas monetárias, creditárias, orçamentárias e da dívida pública interna e externa. Observação: O conselho é por vezes criticado por sua composição tripartida. Em épocas mais antigas, chegou a ser formado por onze conselheiros. Existem propostas atuais que visam aumentar novamente esse número. Banco Central do Brasil (BACEN) É uma autarquia federal vinculada, mas não subordinada, ao ministério da economia. Foi criada pela lei nº4595/64. As suas principais atribuições são: manter a inflação baixa e estável; emitir moeda; regular, controlar e proteger o sistema financeiro; regular os meios de pagamento; emissão e captação de títulos públicos (banco governamental); emprestar e resguardar, em última instância, reservas econômicas bancárias (banco dos bancos). De forma mais específica, tais atribuições podem ser listadas da seguinte maneira: ⯀ Emissão de papel-moeda e de moeda circulantes; ⯀ Execução dos serviços do meio circulante (transferências bancárias e outras); ⯀ Recebimento dos recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras: todo banco que atua no país possui conta de reserva no Banco Central do Brasil; ⯀ Fiscalização das operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras; ⯀ Regulação da execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis; ⯀ Efetuação de operações de compra e venda de títulos públicos federais; ⯀ Execução do controle do crédito; ⯀ Fiscalização das instituições financeiras (quanto a solvência, empréstimos, alavancagem e outros fatores); ⯀ Autorização do f uncionamento das ins tituiçõ es f inanceiras através de cartas-patente; ⯀ Estabelecimento das condições de exercício de quaisquer cargos diretivos das instituições financeiras; ⯀ Supervisão da interferência de outras empresas no mercado financeiro e de capitais ⯀ Controlamento do fluxo de capitais estrangeiros no Brasil e administração das reservas internacionais do país. 161 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) É uma espécie de BACEN do mercado de títulos e valores mobiliários, trata-se, portanto, de uma autarquia de regime especial vinculada ao ministério da economia com personalidade jurídica e patrimônio próprios, dotada de autoridade administrativa e independência (ausência de subordinação hierárquica, autonomia financeira e orçamentária para execução de suas funções). Tem como objetivos fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários — ações, títulos de renda fixa, bolsas de valores, fundos de investimentos etc. A CVM pode ser vista como uma guardiã do setor mobiliário e traz segurança aos investidores de que o dinheiro aplicado será tratado de maneira correta e legal. Bancos Múltiplos São instituições financeiras públicas ou privadas que realizam as operações ativas, passivas e acessórias de diversas outras instituições financeiras por intermédio de carteiras comerciais, de investimento e de desenvolvimento de crédito mobiliário, arrendamento mercantil, e de crédito, financiamento e investimento. Assim, um banco múltiplo opera em quase todos os segmentos do sistema financeiro. A condição básica para que um banco seja considerado múltiplo é a operação de ao menos duas das carteiras anteriormente citadas, sendo uma delas a comercial ou a de investimento (exclusivamente operada por bancos públicos). 162 Exemplificando: O Bradesco é um banco múltiplo. Possui uma corretora própria (Ágora), uma seguradora (Bradesco Seguros) e um setor focado em investimentos (Bradesco Prime) em sua estrutura interna. O Itaú e o Banco do Brasil (BB) funcionam de maneira semelhante. Bancos de Investimentos São instituições privadas especializadas em operações de participação societária de caráter temporário, financiamento da atividade produtiva para suprimento de capital fixo e de giro e também administração de recursos de terceiros. Bancos de investimentos focam em operações de médio e longo prazo. Já os bancos múltiplos se voltam para operações de curto prazo. Vale destacar que os bancos de investimentos não possuem conta corrente nem captam recursos via depósito (CDB, CDI), e sua principal função é servir como fonte de captação de recursos de longo prazo para seus clientes. As principais operações ativas são financiamento de capital fixo (pavilhões, maquinário) e de giro e a substituição ou aquisição de títulos e valores mobiliários (coordenam o lançamento de ações na bolsa de valores). 163 Resumidamente, bancos de investimento são instituições que operam somente no atacado com grandes contas voltadas para empresas grandes e volumosas, objetivando o financiamento de investimentos de médio e longo prazo. DISTRIBUIDORAS E CORRETORAS DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS, DE CÂMBIO E DE FUTUROS (DTVMS E CTVMS) Não existe atualmente nenhuma diferença entre as duas instituições acima intituladas — apenas os nomes são distintos. São empresas privadas e autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a operar nos mercados de capitais, e têm como atividade de destaque a intermediação das operações em bolsa de valores. As funções das corretoras de distribuidoras são as seguintes: ⯀ Execução de ordens de compra e venda de valores mobiliários para clientes no mercado à vista ou futuro; ⯀ Operação em bolsas de mercadorias e futuros; ⯀ Operação em bolsas de valores; ⯀ Subscrição e emissão de títulos mobiliários; ⯀ Administração de carteira e custódia de títulos e valores mobiliários; ⯀ Operação de compra e venda de metais preciosos; ⯀ Agenciamento fiduciário; ⯀ Intermediação de operações de câmbio à vista ou futuro; ⯀ Emissão de certificados de depósitos de ações e de cédulas de debêntures; ⯀ Instituição, organização e financiamento de fundos e clubes de investimentos. ⯀ Operação da conta-margem. Objetivos do Banco Central (BACEN) Este banco é o principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional e se responsabiliza por garantir o poder de compra da moeda nacional mantendo a inflação sob controle. Além disso, tem as seguintes atribuições secundárias: ⯀ Zelar pela liquidez adequada da economia: provê para o sistema econômico a quantidade de moeda necessária para o seu bom funcionamento; ⯀ Zelar pela estabilidade econômica e monetária; 164 ⯀ Administrar as reservas internacionais; ⯀ Estimular a formação de poupanças; ⯀ Aperfeiçoar o sistema econômico e financeiro. FERRAMENTAS DE POLÍTICA ECONÔMICA Antes de tratarmos das ferramentas, é preciso entendermos quais são as metas de política econômica. Isto porque o uso um ou outro instrumento depende diretamente da meta estabelecida. As metas de política econômica são as seguintes: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Crescimento econômico; Estabilização de preços; Distribuição equitativa de renda; Manter alto o nível de empregos: chegar o mais perto possível da taxa natural de desemprego; ⯀ Manter endividamento público sob controle. No correr da realidade, os pontos acima listados não caminham juntos e harmoniosamente. Quanto maior o crescimento econômico, maior é a instabilidade de preços, por exemplo. Assim, é preciso que sejam feitas escolhas voltadas para os objetivos mais urgentes. A principal delas é entre inflação e desemprego. As metas são atingidas, como já dito, com o auxílio de instrumentos de política econômica, os quais são: ⯀ Política fiscal: quando voltada para o crescimento econômico — aumentando os gastos públicos ou reduzindo tributos; quando voltada para o controle da inflação — aumentando tributos e reduzindo gastos. ⯀ Política cambial e comercial: apenas para câmbio fixo. Nesses casos, usá-lo na promoção do crescimento econômico ou na estabilização de preços. Também a política comercial pode ser empregada para acelerar o crescimento econômico. ⯀ Política monetária: diz respeito à oferta de moeda. Essa demanda pode ser usada no aumento do crescimento econômico e também no controle da inflação. ⯀ Política de rendas: controle de preços e salários. Por exemplo, o programa Bolsa Família. A lei de teto de gastos pode ser utilizada em casos dessa ordem. No mercado financeiro ou de capitais, qualquer indicação de tabelamento de preços é um mal presságio. SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO (SPB) 165 Compreende as entidades, sistemas e procedimentos relacionados com o processamento e a liquidação de operações de transferência de fundos, operações com moedas estrangeiras ou operações com ativos financeiros e valores mobiliários. Coletivamente, os integrantes do sistema são chamados de entidades operadoras das infraestruturas do mercado financeiro. O sistema de pagamentos brasileiro é um dos mais modernos e eficientes do mundo devido à velocidade alta e ao baixo custo das transações entre os agentes na troca de moeda ou ativos. O sistema é composto de duas grandes câmaras de compensação (locais onde são efetivamente realizadas as transações): ⯀ Câmara interbancária de pagamentos: composta pelo SITRAF (transferência de fundos híbridos), pelo SILOC (transferências interbancárias envolvendo correntistas) e pela C3 (concessões de crédito: empréstimo consignado, mútuos e outros). ⯀ Brasil Bolsa Balcão (B3): é a versão bancária dos mercados de capitais. Trata-se também de uma espécie de câmara de compensação, liquidação e transferência de custódia, onde operam-se derivativos, títulos públicos, mercado de câmbio e ações propriamente ditas. Além desses dois grandes setores principais, existem os acessórios: ⯀ Câmara de compensação de cheques: sua atuação depende do valor envolvido. ⯀ CETIP: empresa privada e listada na bolsa de capital aberto que custodia exclusivamente títulos privados (CDB, RDB, DOC, TED, Debêntures e outros). Todas as estruturas que acima citamos interagem com o Banco Central do Brasil. Este relaciona-se a: ⯀ Câmara de compensação de títulos públicos: A Selic está para os títulos públicos assim como a CETIP está para os privados. ⯀ Sistema de Transferência de Fundos (STR) Exemplificando: Se você paga R$1000 no Banco do Brasil, sendo o documento relacionado ao banco Itaú. O dinheiro é colocado primariamente no BB, o qual deve transferir o valor para o Itaú. Isso é feito pelo STR. Nele é que se alocam as contas principais de liquidação (opcional) e reservas (obrigatória) de todos os bancos do país. O sistema de pagamentos do Brasil pode ser entendido como um bom fruto que surgiu do período de superinflação nacional e hoje deve ser visto como um orgulho nacional. Compreende em sua estrutura liquidações das operações dos bancos tradicionais e dos mercados de valores mobiliários. Todas as operações são realizadas de forma eletrônica e rápida. O sistema norte-americano, por exemplo, chega a gastar 6 dias para transferências 166 de valores interbancárias. CÂMARAS DE COMPENSAÇÃO E LIQUIDAÇÃO BRASILEIRAS: CLEARING B3 E SELIC São centrais ou mecanismos de processamento por meio dos quais as instituições financeiras acordam a troca de instruções de pagamento e outras obrigações financeiras. Liquidam os instrumentos trocados em determinados momentos com base em regras e procedimentos da câmara de compensação previamente definidas. Em alguns casos, ela pode assumir responsabilidades significativas de contraparte (garantidora), de financiamento ou de administração de riscos do sistema de compensação (B3). Nas câmaras de compensação é que as trocas efetivamente acontecem. São salas digitais onde os agentes trocam títulos por dinheiro e vice-versa — ocorre a transferência de recursos e de custódia de títulos. Eis as principais câmaras de liquidação e compensação: ⯀ Central de Liquidação e Custódia de Títulos (Cetip): é uma empresa de capital aberto que faz registros dessas operações apenas para títulos privados (CDB, CDL, LCI, LCA). ⯀ Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic): faz os registros dessas operações apenas para títulos públicos federais (LTN, NTNF, NTNB, IPCA). ⯀ Clearing B3: faz exatamente as mesmas operações que as outras duas câmaras acima listadas, porém, apenas relacionadas a valores de mercados mobiliários e fundos. Realiza a aceitação, registro, compensação, liquidação e gerenciamento do risco de contraparte de operações no mercado de derivativos financeiros, commodities e mercados de renda variável, renda fixa privada e também no mercado à vista de ouro — tanto para mercados de bolsa quanto para mercados de balcão organizado. NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO (NFSP) Trata-se de um consagrado indicador financeiro amplamente utilizado no mercado como um todo, sinalizando a pressão do governo sobre os recursos de poupança disponíveis para empréstimos aos agentes. Corresponde numericamente a soma do resultado primário do setor público (receitas menos despesas antes dos juros) com a apropriação dos juros nominais por competência. 167 O resultado primário pode ser obtido das seguintes formas: ⯀ Abaixo da linha: quando se mede o resultado do setor público pela variação do endividamento líquido. Exemplificando: Começou no dia 1 de janeiro com uma dívida de 5 trilhões de reais e terminou no dia 31 de dezembro com o valor de 5,2 trilhões. Assim, pode-se dizer que o resultado primário é de 200 milhões de déficit. ⯀ Acima da linha: quando se mede pela soma dos itens de receitas e despesas (como se fosse um demonstrativo de resultados aplicado ao setor público). Obviamente a gestão acima da linha tem grande vantagem porque possibilita o controle dos itens que compõem o resultado. A secretaria do tesouro nacional (ministério da fazenda) e a secretaria do orçamento federal (ministério do planejamento) distribuem os relatórios dos resultados públicos analisando conta por conta dos crescimentos, diminuições e fatores críticos para o resultado. Com isso cria-se uma base de gestão para elaborar os próximos orçamentos e planejamentos fiscais entendendo para onde vai o déficit público. Atente-se para o fato de que a necessidade de financiamento do setor público é diferente do déficit nominal (déficit primário descontados os juros pagos). IMPLICAÇÕES PARA A DÍVIDA PÚBLICA DA NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO A cada resultado primário, pode-se dizer que o governo obtém uma informação que de certa forma exclui o passado. Anteriormente, dívidas foram geradas. Estas, por sua vez, deram origem a pagamentos e contratação de serviços de juros (despesas). Toda vez que há superávit primário, podemos entendê-lo como uma reserva para o pagamento de juros das dívidas passadas — evitando assim que a dívida pública exploda. Entretanto, se o resultado primário é nulo, todos os juros são incorporados à dívida. Se for negativo, a situação fica pior ainda: não só faltou dinheiro para os juros anteriores como também novas dívidas foram criadas. Assim o ciclo se repete indefinidamente. Dívida pública é o processo de tomada de recursos, por parte do governo, através da emissão de títulos de dívida ou assinatura de contratos, do setor financeiro e da população em geral. A dívida pública pode ser interna (paga em moeda nacional a credores nacionais) ou externa (paga em moeda estrangeira a credores internacionais). 168 ⯀ A dívida pública interna pode ser originada pelo déficit primário, pelo pagamento de juros e dívidas anteriores e pela manutenção dos objetivos da política monetária e cambial. ⯀ A dívida pública externa é o total da dívida pública contraída pelos entes públicos e empresas estatais junto a organizações exteriores, o qual deve ser pago em moeda estrangeira correspondente. Financiamento da Dívida Pública Interna Existem basicamente três tipos de títulos públicos, classificados de acordo com suas respectivas rentabilidades (pré-fixados): LTN ou NTN-F: o juros anual que corrige o título já está estabelecido. Geralmente são pagos no vencimento ou semestralmente (são títulos vinculados ao IPCA). NTN-B principal e NTN-B comum: remunera pela variação da inflação oficial somada a juros pré-fixados. São pagos, respectivamente, no vencimento ou a cada seis meses (são títulos vinculados ao IPCA). LFTs: pagam a taxa Selic somada a juros mínimos no vencimento (são uma série de títulos vinculados à taxa Selic). CURVA DE LAFER Segundo essa teoria, com base num gráfico da alíquota de imposto pelo valor total pago, se a primeira for zero a arrecadação também será nula. Se a alíquota de imposto for de 100% a arrecadação continuará sendo nula (porque teoricamente toda a renda seria destinada ao governo). Entre alíquota 0 e alíquota 100, há uma linha parabólica voltada para baixo que representa o crescimento, ponto máximo e consequente decrescimento da arrecadação total. A curva de Lafer tenta, portanto, demonstrar a relação entre o valor arrecadado e os diferentes percentuais de alíquota. Partindo dos pressupostos, existe um ponto ótimo de arrecadação — a partir dele, o aumento de alíquotas diminui a arrecadação, ao invés de aumentá-la. A ideia é de que a partir desse ponto as pessoas acreditam que vale a pena correr o risco de cometer o crime de sonegação fiscal. 169 Os estudos que buscam validar empiricamente a curva de Lafer ainda não determinaram qual seria o ponto ideal de equilíbrio. Ela é considerada no meio econômico apenas um modelo teórico e lógico. Não se sabe se o equilíbrio é estabelecido a alíquotas baixas, medianas ou altas. EFEITO CROWDING OUT É uma parte da teoria econômica que argumenta que o aumento dos gastos públicos diminui ou até elimina outros componentes de gastos da despesa agregada (consumo + investimento + gastos do governo + setor líquido externo). O fato é que elevações nos gastos públicos geralmente reduzem os investimentos, ou os consumos ou as exportações — é um rebalanceamento de gastos. Exemplificando: O aumento de gastos públicos aumenta a taxa de juros real. Quando o governo é mais dispendioso, aumenta-se a necessidade de financiamento do setor público pressionando assim o mercado de crédito privado. O resultado disso é que o aumento das taxas de juros reais diminui o volume de investimentos, uma vez que é atrativo nessa situação aplicar em títulos de renda fixa. Com o aumento de gastos haverá atração de capital externo. Ele faz com que o real se valorizasse. Assim, as exportações ficam mais caras e diminuem em quantidade ao passo que as importações aumentam. Em linhas gerais, o efeito crowding out descreve os impactos dos gastos públicos nas outras variáveis da demanda agregada. Inescapavelmente, isso se manifestará em aumento 170 da taxa de juros real. EFEITOS INTERGERACIONAIS DA POLÍTICA FISCAL É preciso entender que um aumento do déficit e do endividamento públicos transferem para as gerações futuras o ônus da questão. O efeito intergeracional da política fiscal funciona como uma espécie de transferência de renda das gerações futuras para a geração presente. De certa forma, no Brasil de hoje, que precisa fazer um ajuste fiscal por conta do endividamento público de governos passados, está pagando as custas que vêm desde a Constituição de 1988. Existe um outro efeito conhecido por equivalência ricardiana que diz que o aumento do gasto público hoje não gera aumento de renda porque a variação de renda provocada por ele seria retida pelas famílias com o objetivo de pagar os impostos futuros que terão com o déficit público presente. A reforma da previdência atual é uma manifestação disso. Nós hoje temos de lidar com os custos do endividamento passado sacrificando nossa própria aposentadoria. Houve uma série de privilégios adicionados à previdência pública cujos custos não foram pagos pelos próprios funcionários públicos beneficiados, mas pela geração posterior. Em outras palavras, podemos dizer que é também uma dívida moral e de responsabilidade. MULTIPLICADORES: GASTOS, IMPOSTOS E ORÇAMENTO EQUILIBRADO Os multiplicadores medem o quanto de aumento provoca um aumento nos gastos autônomos na economia. Gastos autônomos são aqueles não correlacionados com a renda nem com a taxa de juros. O principal deles é o gasto governamental porque só se relaciona com o orçamento (vontade política). Multiplicador de Gastos Cada um dos elementos da equação da demanda excetuando-se os gastos públicos (consumo, investimentos, exportação e importação) tem uma parte autônoma e outra parte que depende da renda. A parte do consumo que depende da renda, por exemplo, é chamada de propensão marginal ao consumo. A parte das importações que depende da 171 renda é chamada de propensão marginal à importação. Propensões marginais são números entre zero e um que significam basicamente qual o percentual da renda destinado à conta respectiva. Exemplificando: Imaginemos uma propensão marginal ao consumo de 0,5. Alíquota de impostos de 0,20 e propensão marginal à importação de 0,10. K1 = 1 / 1 – 0,5 (1 – 0,20) + 0,10. K1 = 1 / 0,5 x (0,8) + 0,10. K1 = 1 / 0,7 = 1,4285. Este número significa que se o governo aumentar os gastos em mil reais a renda vai aumentar em 1000 x (K1) e assim sucessivamente. Cada um real de gastos públicos aumenta a renda em R$1,4285. Para esse cálculo é que serve o multiplicador keynesiano de gastos. Multiplicador de Impostos Mede o impacto na renda promovido pela variação na alíquota de impostos. Parte da ideia de que o aumento da renda disponível (renda menos tributo) gera um impacto positivo na renda maior do que o provocado pelo aumento dos gastos autônomos. É preciso uma baixa nos impostos para que se promova os gastos privados. Observe que aqui parte-se do pressuposto de que o aumento dos tributos provocará redução de renda e vice-versa. Isto explica o sinal negativo no numerador da fórmula. Exemplificando: Imaginemos uma propensão marginal ao consumo de 0,60. Variação dos tributos de -1000. O multiplicador de impostos dessa economia fictícia será igual a: 172 DELTA(Y) = (-0,6 / 1 – 0,6) x -1000. DELTA(Y) = -1,5 x -1000 = 1500. O multiplicador de impostos em questão é -1,5. MULTIPLICADOR DO ORÇAMENTO EQUILIBRADO O próprio nome já define a ideia que se quer passar. Este multiplicador pressupõe que a variação na renda é igual a variação dos gastos públicos, que por sua vez é igual a variação dos tributos. Temos na fórmula acima os dois outros multiplicadores que estudamos anteriormente: o de impostos e o keynesiano simplificados. A variação da renda é igual ao (multiplicador de gastos) x (variação de gastos públicos) + (multiplicador de impostos) x (variação dos tributos). Encontramos nessa fórmula o impacto da variação dos gastos na renda e também o impacto da variação da arrecadação na renda. Pressupondo que a variação dos gastos públicos é equivalente a variação dos tributos, podemos substituir DELTA(T) por DELTA(G). Fazendo as operações de matemática básica e igualdade na fórmula, chegamos à conclusão de que a variação de renda é igual a variação de gastos, que por sua vez é igual a variação dos tributos. POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA E CONTRACIONISTA Política fiscal é um instrumento que os governos utilizam para arrecadar tributos (política 173 tributária) e controlar suas despesas (política de gastos), alcançando assim determinado objetivo macroeconômico. Sempre afeta, portanto, gastos públicos e arrecadação de tributos. Política Fiscal Expansionista É o conjunto de medidas fiscais com o objetivo de gerar empregos e crescimento econômico. Atua no sentido de aumento da demanda agregada (consumo + investimentos + gastos do governo + exportações – importações) provocando aumento nos gastos públicos ou redução da carga de impostos. Resumidamente, são ações governamentais que aumentam o gasto público ou reduzem tributos com a intenção de promover crescimento, consumo e investimentos. Política Fiscal Contracionista É o oposto da política expansionista. Ocorre quando os governos reduzem gastos públicos ou aumentam tributos com o objetivo de equilibrar o orçamento, controlar o endividamento público e eventualmente reduzir a inflação por meio da redução da demanda agregada. Se um processo inflacionário tem em sua origem uma demanda agregada maior que a suportável por determinado governo, ele reduzirá os gastos ou aumentará os tributos provocando diminuição do consumo para que a demanda reduza. Assim, os instrumentos da política fiscal contracionista são a redução da despesa pública ou aumento de impostos. FUNÇÕES DA MOEDA Moeda é um ativo monetário de aceitação geral que os agentes utilizam na troca de bens e serviços entre si. Atualmente a moeda é fiduciária (depende da confiança dos agentes no seu poder e no poder que a moeda representa) e de curso forçado (é preciso que esteja regulamentada por leis). Como qualquer outra mercadoria, sofre dos influxos da oferta e da demanda — o que significa dizer que também é influenciada pelos juros. As moedas possuem quatro funções principais: ⯀ Funcionar como meio ou instrumento de troca: esta é a principal finalidade delas, 174 desde sua origem. ⯀ Funcionar como unidade de contagem e medida: todos os preços e produtos de uma determinada economia são expressos numa única unidade de valor, permitindo assim comparações e ajustes. ⯀ Funcionar como reserva de valores: transfere valor do tempo presente para o tempo futuro com certo grau de segurança, preservando o valor de compra ou troca. Sofre efeitos da inflação. ⯀ Funcionar como padrão de pagamentos diferidos: transfere direitos e obrigações monetárias para o futuro. OFERTA MONETÁRIA: CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE MOEDA Oferta monetária é definida como a quantidade de moeda disponível numa economia. Para o entendimento completo dos conceitos que agora tratamos, é preciso que se conheça previamente as definições de agregados monetários que abaixo listamos: M1 é exatamente o que entendemos por moeda. M2, M3 e M4 são quase moedas. Destruir moeda é o mesmo que transformar M1 em M2, M3 e M4. Exemplificando: Havia R$1000 numa determinada conta corrente. Comprou-se um título público com esse valor (LTF). A moeda foi destruída e transformada em M4. Se esse mesmo título público for posteriormente vendido definitivamente, o processo contrário é que ocorre: M4 transforma-se em M1. Há criação de moeda. O Banco Central do Brasil coordena a oferta de moeda através do processo de criação e destruição de moeda acima explicado, mantendo sob controle o agregado de papel-moeda em poder público e de depósito à vista. AGREGADOS MONETÁRIOS 175 São conceitos de moeda que incluem moedas e quase-moedas, e classificações de todos os ativos financeiros de uma economia de acordo com a liquidez dada pelo banco central. Além desses quatro acima listados, há também um conhecido como M0: base monetária restrita, que corresponde à moeda emitida pelo BACEN mais as reservas bancárias em poder das entidades financeiras e seus depósitos no BACEN. Essa moeda é intitulada restrita porque possui o poder de multiplicação bancário. Os agregados monetários de uma economia são os seguintes: ⯀ Papel-moeda em poder público (M1): dinheiro e moedas físicas e saldos em contas-corrente. É também conhecido por meios de pagamentos. Em se tratando de política monetária, é exatamente este agregado que o Banco Central procura monitorar e controlar. ⯀ (M1) + depósitos de poupança + títulos privados emitidos pelas instituições financeiras depositárias = (M2) ⯀ (M2) + cotas de fundo de investimento depositários + operações compromissadas com títulos públicos e privados = (M3). ⯀ (M3) + títulos públicos emitidos pelo governo federal adquiridos em operações definitivas: aqui agrupam-se todos os ativos financeiros conhecidos — cotas de fundo de investimento depositários, títulos públicos, operações compromissadas etc. MULTIPLICADOR BANCÁRIO DA MOEDA Aqui trataremos do papel dos bancos comerciais no processo de criação e distribuição de moeda. O Banco Central do Brasil cria e destrói moeda utilizando instrumentos de política monetária. Os bancos comerciais também fazem a mesma coisa, porém através do multiplicador monetário ou bancário. 176 Multiplicador Monetário Suponhamos um depósito feito em determinado banco no valor de R$1000. Esse banco pode emprestar somente um valor que seja menor que o total depositado. Uma parte fica reservada. As reservas são classificadas em: ⯀ Reservas voluntárias; ⯀ Reservas compulsórias: estipulada pelo Banco Central do Brasil e correspondente ao percentual dos depósitos à vista que os bancos comerciais devem dirigir ao BACEN de maneira obrigatória. A taxa de retenção de moeda é o percentual médio dos ganhos que as pessoas deixam guardado consigo. Exemplificando: Imaginemos que a taxa de reservas compulsórias seja de 20% e a taxa de retenção da moeda seja de 30%. O governo aumenta a oferta de moeda em R$100 (depósito inicial por compra de título público). O banco então reservará R$20 desse valor total de maneira compulsória. O restante foi emprestado. O sujeito que recebeu esse empréstimo reteve consigo 30% dos R$80, e com os R$56 restantes pagou uma conta com cheque. O recebedor desse cheque depositou-o em sua conta, feita em um banco diferente do acima mencionado. Este segundo banco reterá R$11,20 como reserva compulsória e depois emprestará R$44,80 para uma outra pessoa. Esta, por sua vez, vai reter 30% dos R$44,80 e emitir um cheque de R$31,36 para um estabelecimento comercial. O dono desse comércio depositará o cheque nesse valor em seu banco, que é o mesmo do início do exemplo. Esse mesmo banco reterá 20% novamente e emprestará a diferença para qualquer outro sujeito. Assim segue sucessivamente. A oferta de moeda e o volume de empréstimos vai diminuindo até chegar a zero, impossibilitando novas operações. Quando isso ocorrer, teremos os seguintes informativos: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Oferta de moeda total: R$227,26 Reservas compulsórias: R$45,45 Empréstimos totais: R$181,81 Retenção total: R$54,54 Quanto maior for a reserva compulsória, menor será o aumento da oferta de moeda provocado por um determinado valor. Isto porque haverá diminuição da capacidade bancária de empréstimo de dinheiro. Assim como quando a taxa de depósito diminui, a oferta de 177 moeda aumenta. O mesmo acontece com a taxa de retenção. Fórmula para o cálculo da taxa de retenção compulsória: O resultado numérico “m” é o multiplicador bancário, e representa como os bancos comerciais criam moeda (moeda escritural) ou destroem moeda. METAS DE INFLAÇÃO Sistema de Metas de Inflação Estabelece que a inflação oficial deve ficar dentro de parâmetros estabelecidos, podendo flutuar entre um piso e um teto inflacionário. No Brasil, esses parâmetros são definidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Atualmente é esse sistema que norteia a definição da política monetária nacional e também a atuação do banco central em relação à inflação. As premissas do sistema de metas de inflação são as seguintes: ⯀ As metas de inflação para determinado ano são delimitadas sempre no dia 30 de junho com dois anos de antecedência a ele. ⯀ A meta considera o ano calendário, ou seja, vale de 1 junho a 31 de dezembro (para o Brasil). ⯀ O Banco Central é obrigado a publicar o relatório da inflação com dados sobre o andamento do regime de metas, os resultados obtidos e as perspectivas em relação ao futuro. ⯀ A atuação do BACEN deve ser independente e autônoma para entregar aos agentes a certeza de que a meta de inflação será cumprida. Não ter a previsão de inflação ou ser surpreendido por algo além das expectativas é extremamente danoso e custoso para todos os participantes da economia: empresas, consumidores, bancos etc. 178 Assim, o objetivo das metas de inflação consiste em reduzir as incertezas dos agentes econômicos quanto à trajetória da inflação em determinado período de tempo, e também estabelecer a confiança desses mesmos agentes em relação à condução governamental da política monetária. No Brasil, por exemplo, antes da implementação do sistema de metas de inflação, havia um outro sistema dessa mesma natureza, mas baseado num sistema de câmbio fixo, o qual ancorava a inflação. CÁLCULO DA TAXA DE INFLAÇÃO E DA TAXA DE DEFLAÇÃO Inflação é o aumento contínuo e generalizado de preços de bens e serviços oferecidos em uma economia qualquer. Deflação é o processo inverso, ou seja, a queda generalizada dos preços de serviços e bens. É importante também separarmos os conceitos inflação e “alta isolada de preços”. Eles não provocam os mesmos efeitos na economia e em suma, não são a mesma coisa. Para o cálculo da taxa de inflação, por exemplo, deve-se seguir os passos abaixo: ⯀ Estabeleça uma cesta de produtos definindo o peso relativo de cada um deles. ⯀ Estabeleça um período de tempo comparativo para a tomada de preços (semanal, mensal, trimestral, semestral, anual). ⯀ Colete o preço médio dos produtos no período analisando o preço-base e o preço atual. ⯀ Multiplique as quantidades das cestas de produtos pelo preço-base médio e pelo preço atual médio. O resultado será o volume de gastos totais em cada parte da cesta de produtos e a variação do custo da cesta, que corresponde à inflação. 179 Resumidamente, o cálculo pode ser feito da seguinte maneira: Inflação ou Deflação = (custo atual da cesta – custo basal da cesta) / custa basal da cesta. Exemplificando: A variação de preço da cesta acima listada em um período determinado foi de R$2,60. Este valor corresponde à inflação nesse determinado intervalo de tempo. Percentualmente, corresponde a um aumento de 5,78%. No exemplo acima, uma variação no preço do leite é mais importante do que a mesma variação no preço do café, visto que o gasto com leite é o dobro do valor do gasto com café. Portanto, a inflação é um cálculo de custo médio ponderado dos aumentos de preços de determinada cesta de consumo. INFLAÇÃO NÃO-ANTECIPADA VERSUS INFLAÇÃO ANTECIPADA Os impactos da inflação não-antecipada são mais severos que os da antecipada, visto que os agentes não estão preparados de forma alguma. Inflação Antecipada A inflação antecipada gera aumento de preços, mas nenhum impacto no Produto Interno Bruto (PIB) Real, porque todos os aumentos são, justamente, antecipados. A ideia é que os agentes trabalhadores, empresários e governamentais antevejam a inflação e repassem às suas ações de hoje os futuros efeitos da inflação. Assim, o impacto no poder aquisitivo se reduz a praticamente zero. Entretanto, a inflação antecipada afeta o Produto Interno Bruto (PIB) Potencial. Ou seja, as projeções e a velocidade de crescimento anteriormente esperadas são reduzidas. Os custos da inflação antecipada são os seguintes: ⯀ Custos de transação: surgem porque há um aumento da velocidade de renda da moeda (velocidade com que a moeda troca de mãos) com objetivo de evitar as perdas 180 de valor dela. ⯀ Efeito tributário: o efeito mais importante ocorre sobre as taxas de juros reais. A inflação antecipada aumenta o retorno dos investimentos em moeda nacional. Portanto, quanto maior for a inflação antecipada, maior será a distorção tributária. ⯀ Incerteza aumentada: quando a inflação é alta, os agentes têm dificuldade na alocação de recursos porque o sistema de preços encontra-se em desordem e muda o tempo todo. Não é possível precisar o que está barato e o que está caro. Portanto, fica difícil a decisão de onde aplicar o dinheiro e aproveitar as oportunidades. Essa crescente incerteza torna muito difícil os planejamentos a longo prazo e faz com que os agentes econômicos atuem em intervalos de tempo cada vez mais curtos. Inflação Não-Antecipada O fracasso na previsão de inflações resulta num conjunto de consequências indesejadas que impõem custos inesperados aos mercados de trabalho e de capital. Diferindo-se da inflação antecipada, a que agora estudamos afeta o Produto Interno Bruto (PIB) Real. Os efeitos da inflação não-antecipada no mercado de trabalho são os seguintes: ⯀ Redistribuição de renda: a teoria econômica pressupõe que a renda dos trabalhadores aumenta prevendo a inflação (no Brasil o efeito é retroativo com aumento do ganho real). Se a inflação imprevista foi maior do que a correção feita nos salários, houve aumento de preço e “congelamento” de salários — fato que caracteriza a redistribuição de renda inversa. ⯀ Afastamento da situação de pleno emprego: caso ocorra inflação não-prevista, os salários não serão reajustados, diminuindo assim o poder aquisitivo da classe trabalhadora e reduzindo a demanda agregada; tudo isso faz com que o PIB Real se distancie consideravelmente do PIB Potencial. Já os custos da inflação não-antecipada no mercado de capitais são os seguintes: ⯀ Redistribuição de renda: o resultado prático é que o dinheiro, as prestações ou parcelas de contas a serem pagas não retornam por completo aos credores o capital inicialmente emprestado, visto que o dinheiro se desvalorizou. Isso ocorre porque geralmente as taxas de juros não são fixadas a nível suficiente de compensação dos financiadores devido à depreciação da moeda. Causa “ganhos” aos tomadores de empréstimo às custas daqueles que emprestaram dinheiro. ⯀ Carência ou excesso na concessão e tomada de empréstimos: como a taxa real inflacionária se mostra mais alta ou mais baixa que a esperada (inflação e deflação, 181 respectivamente), as taxas de juros não necessariamente incorporam uma taxa de juros que corrija por completo a perda ou ganho de valor da moeda. Se a taxa de juros se encontrar abaixo do que poderia ser, a situação favorece a tomada de empréstimos. Em caso contrário, estimula-se a concessão de empréstimos INFLAÇÃO DE DESEMPREGO A maioria dos economistas concorda que existe uma relação inversa entre a taxa de inflação e a taxa de desemprego. Resumidamente, taxas de inflação de demanda elevadas sinalizam que a demanda agregada está acima do potencial, provocando uma taxa de desemprego abaixo da taxa natural. Em contrapartida, taxas de inflação de demanda extremamente baixas estão relacionadas a níveis baixos de atividades econômicas, com taxas de desemprego acima das que seriam naturais. Inflação alta provoca desemprego baixo. Inflação baixa provoca desemprego alto. Esta é a relação. O melhor indicador disso é a famosa curva de Phillips. CURVA DE PHILIPS É o método mais direto para o cálculo da intensidade da relação entre inflação e desemprego, tanto para o curto quanto para o longo prazo. Demonstra a troca entre inflação e desemprego, ao passo que mantém constante a taxa de inflação esperada e a taxa natural de desemprego. 182 Se você pretende diminuir a taxa de desemprego promovendo um aumento da demanda acima da taxa natural, isso funcionará e ela ficará abaixo da taxa de desemprego natural — o resultado agregado é um aumento de inflação. Se você pretende diminuir a taxa de inflação, será preciso aceitar que a taxa de desemprego será aumentada em prol do objetivo. Os efeitos acima ocorrem porque o aumento inesperado da demanda agregada provocado por um aumento dos gastos públicos objetivando a redução do desemprego, por exemplo, diminui o desemprego mais aumenta a inflação. Já uma queda não-antecipada da demanda agregada por causa de medidas de distanciamento social, por exemplo, reduz a inflação, mas aumenta o desemprego. É essa troca que a curva de Philips busca representar. CURVA DE PHILIPS NO LONGO PRAZO A curva de Philips no longo prazo é paralela em relação à taxa de inflação esperada. Ou seja, é insensível em relação a ela. No longo prazo econômico, os cálculos levam em consideração o PIB Potencial do período, e nele o PIB Real não muda, assim como a taxa de desemprego. Qualquer queda ou aumento imprevisto de inflação acaba por não afetar a taxa de desemprego no longo prazo, a qual é sempre equivalente à taxa natural de desemprego. Resumindo: no curto prazo a inflação tem impacto no mercado de trabalho, enquanto que 183 no longo prazo o mercado de trabalho não sofre efeito algum. EQUAÇÃO DA CURVA DE PHILIPS A equação da curva de Philips pode ser descrita de duas formas distintas. Existem duas razões para a inflação: porque as pessoas acreditam que haverá inflação e acabam por provocá-la; porque o desemprego situa-se abaixo da taxa natural de desemprego. Primeira equação da curva de Philips: Importante: O indicador de sensibilidade “fi” está relacionado a quanto a queda de 1% na taxa de desemprego provoca de aumento percentual na inflação. ⯀ Se a taxa de desemprego corrente for igual à taxa de desemprego natural, a inflação corrente é igual a inflação esperada (somente ocorre inflação prevista). ⯀ Se a taxa de desemprego corrente for menor que a taxa de desemprego natural, haverá diferentes taxas de variação da inflação — a depender da discrepância entre as duas taxas de desemprego. ⯀ Se a taxa de desemprego corrente for maior que a taxa de desemprego natural, a inflação corrente será menor que a inflação esperada para o período. É como se a taxa de emprego corrente funcionasse como um desconto da inflação esperada. No caso de a inflação esperada ser igual a zero e não houver choques de oferta, a única causa de inflação passa a ser a taxa de desemprego. Nessas condições: ⯀ Se a taxa de desemprego corrente for igual à taxa natural de desemprego: inflação esperada é de 0%. ⯀ Se a taxa de desemprego corrente for maior que a taxa natural de desemprego: haverá 184 inflação. ⯀ Se a taxa de desemprego corrente for menor que a taxa natural de desemprego: haverá deflação. Segunda equação da curva de Philips: A estrutura geral é exatamente a mesma da primeira, com a adição de um último elemento que contempla “choques de oferta inesperados e imprevistos”. Por exemplo, o câmbio real-dólar em 2020 foi de R$4 para R$5,60. Nenhum modelo de previsão, no dia 31 de dezembro de 2019, previu essa anomalia. Esse choque de oferta acabou aumentando o custo de todo o sistema de commodities e produtos importados no país. Por essa segunda fórmula, a inflação corrente seria dependente da inflação esperada, do indicador de sensibilidade x (vezes) a diferença entre as taxas de desemprego corrente e esperada e ainda a influência do choque de oferta. ⯀ Se a inflação esperada for zero e as duas taxas de emprego forem equivalentes, a única causa de inflação seriam os choques de oferta. Estes têm comportamentos aleatórios e não podem ser previstos. ⯀ Se o choque de oferta está aumentando a inflação, a única maneira de atenuar o processo inflacionário seria fazer com que a taxa de desemprego corrente seja maior que a taxa de desemprego natural e assim balancear os valores dentro da equação. CURVA DE PHILIPS COM EXPECTATIVAS ADAPTATIVAS Esta é mais uma das variantes da curva de Philips. As expectativas tratadas são as de inflação. A equação abaixo descreve como elas se adaptam ao fato observado. A hipótese das expectativas adaptativas nos diz que os indivíduos corrigem as suas expectativas em relação ao valor esperado de uma variável de acordo com os erros cometidos anteriormente. Assim, o agente que subestimou uma inflação passada levará em conta, na previsão de uma inflação futura, a sua temeridade anterior. 185 Formula para o cálculo da expectativa de inflação: A expectativa de inflação atual = expectativa de inflação num momento anterior + (diferença entre inflação do período anterior e a expectativa desse mesmo período) multiplicada pelo fator chamado “velocidade de correção das expectativas”. ⯀ Se BETA = 1: a expectativa de inflação corrente será igual a expectativa de inflação corrente do momento anterior somada ao erro cometido. ⯀ Se BETA > 1: o coeficiente passa a chamar-se coeficiente do medo. Corrige-se a inflação para não subestimá-la outra vez mais. Haverá cautela excessiva. A fórmula da curva de Philips pressupõe um processo inflacionário perpétuo, já que a inflação presente diz respeito à expectativa passada somada ao erro de previsão anteriormente cometido. Esse processo de continuidade da inflação é conhecido como inércia inflacionária. Para quebrá-lo é preciso um choque de oferta (via câmbio, como deu-se com o Plano Real no Brasil) ou um aumento do desemprego muito acima do natural, fazendo com que os agentes mudem as expectativas e revertam as previsões de perpetuidade inflacionária que provoca aumento de preços. INFLAÇÃO NA TAXA DE JUROS NOMINAL A taxa de juros básica representa a variação de preço do dinheiro no tempo. Quando ela aumenta, ocorrem os seguintes eventos em cadeia: aumento de custo para os tomadores de dinheiro; aumento do custo-oportunidade da retenção do dinheiro; incentivo ao ingresso de recursos estrangeiros; frenagem na atividade econômica ao desestimular o consumo e o investimento primitivo; e o aumento do custo da dívida interna. Taxa de Juros Real Mede o retorno de uma aplicação em termos de quantidade de bens, isto é, já descontada a inflação. 186 Pode-se dizer, por matemática básica, que a taxa de juros nominal é igual a taxa de juros real vezes a inflação. Toda vez que a inflação aumenta, a taxa de juros nominal tem de aumentar de maneira a manter a taxa de juros real constante. É dessa forma a dinâmica de inserção da inflação na taxa de juros nominal. TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA Fornece uma relação entre a quantidade de moeda e o valor das transações realizadas e liquidadas em moeda. M1. V = P.Y A (oferta de moeda do Banco Central do Brasil: M1) x (velocidade de renda da moeda: V) = (nível geral de preços: P) x (quantidade real de produto: Y). Vale lembrar que P x Y corresponde ao que se chama de Produto Interno Bruto Nominal. Exemplificando: Imaginemos uma oferta de moeda de R$100. Um nível de preços correspondente a 1 (inflação zero). Velocidade de renda da moeda igual a 12. A renda real, nesse caso, deve ser de R$1200 para que a igualdade seja estabelecida. Exemplificando: Numa expectativa financeira para determinado ano, a inflação prevista é de 5%. O crescimento do PIB será de 4%. A velocidade de renda permanece constante e desejo saber quanto terá de ser a oferta de moeda para o PIB nominal previsto. M1 x 12 = 1,05 x 1250 M1 x 12 = 1312,50 M1 = 1312,50 / 12 M1 = 109,38. Assim é possível calcular e fazer ajustes de orçamento monetário. 187 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA O processo de criação e destruição de moedas é feito exclusivamente pelo banco central e pelos bancos comerciais. Os instrumentos de política monetária dos quais o Banco Central do Brasil se utiliza nesse processo são: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Controle de emissão de moeda. Controle de crédito de moeda. Reservas compulsórias. Taxas de redesconto. Operações de mercado aberto. Se o banco central deseja aumentar a quantidade de moeda, a primeira saída é disponibilizar mais moeda no mercado pelo método da impressão e fabricação. Pode haver também a liberação do crédito por parte das instituições financeiras. Também seria possível reduzir as reservas compulsórias, aumentando assim a capacidade dos bancos de emprestar dinheiro. Além disso tudo, vale lembrar que uma das funções do BACEN é ser um credor de última instância. Um banco que não consiga eventualmente fechar o dia no “verde” apenas no mercado interbancário pode ser ajudado pelo BACEN. A taxa usada para corrigir tal empréstimo é chamada de taxa de redesconto. Se os bancos passarem a aceder mais frequentemente ao BACEN, este pode aumentar a taxa de redesconto — desestimulando assim que os bancos comerciais recorram a ele para pedir ajuda. Mas se o BACEN quiser aumentar a oferta de moeda, basta reduzir a taxa de redesconto. Por fim, as operações de mercado aberto consistem na compra e venda de títulos públicos no mercado de capitais. Quando o governo vende títulos do BACEN, retira-se a moeda do sistema (converte M1 em M4). E quando recompra títulos do BACEN, injeta moeda no sistema financeiro (converte M4 em M1). ATRIBUIÇÕES DO COMITÊ DE POLÍTICA MONETÁRIA (COPOM) Este é o órgão do Banco Central formado pelos seus presidentes e diretores, e que define, a cada 45 dias, a taxa de juros básica da economia. As reuniões anuais ocorrem em dois dias seguidos e o calendário de encontros do ano seguinte é divulgado no máximo até junho do ano anterior. 188 Nas atas do COPOM constam as razões de aumento, manutenção ou diminuição da taxa Selic. Nelas também é informado qual a trajetória da Selic prevista para os próximos meses e também qual a trajetória da inflação. Portanto, as atribuições principais do COMPOM são: ⯀ Implementação da política monetária. ⯀ Estabelecimento da meta da taxa Selic. ⯀ Análise do relatório de inflação recebido do Banco Central. O COMPOM leva em consideração em duas decisões: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Inflação. Contas públicas. Pressão das contas públicas sobre a inflação. Nível de atividade econômica. Cenário externo ao país. Todos esses fatores são condensados num conjunto de variáveis e o conselho delibera com base nessas informações. RELAÇÃO ENTRE TAXA DE JUROS E ATIVIDADE ECONÔMICA A taxa de juros e a atividade econômica apresentam uma relação inversa: se uma aumenta, a outra diminui. Os juros impactam em todas as variáveis econômicas relevantes: salário, desemprego, câmbio, inflação e déficit público. Analisar a relação entre juros e atividade econômica é mais complexo do que simplesmente comparar duas grandezas. É algo bem trabalhoso e amplo. Já sabemos que o aumento na taxa de juros aumenta o custo de retenção do dinheiro (impactando assim na demanda por moeda), incentiva o ingresso de recursos estrangeiros (afetando a taxa de câmbio), refreia a atividade econômica desestimulando o consumo produtivo e aumenta o custo da dívida pública interna. A relação entre juros e atividade econômica tem muito a ver com as variáveis consumo e investimento (influindo no mercado de bens de consumo e na taxa de juros livre de risco e custo do capital). Quando falamos nessa relação, é também preciso entender que a taxa de juros é a real. Assim, a taxa de juros atua no sentido de reduzir a atividade econômica em todas as contas da demanda: consumo, investimento, gasto público e setor externo. 189 REGRA DE TAYLOR Defende que o comportamento das taxas de juros poderia ser representado por uma relação entre a taxa média de inflação + a taxa real de juros de equilíbrio + a soma ponderada de dois desvios: a diferença entre os índices inflacionários e a diferença do produto real em relação ao produto potencial. Os desvios são representados por ALFA (sensibilidade à variação de inflação) e BETA (sensibilidade à variação do produto). Taylor previu que em determinadas condições, os valores correspondem a 0,5%. ⯀ Se a taxa de inflação média encontra-se dentro da meta pré-estabelecida e o PIB Real é igual ao PIB Potencial, a taxa de juros nominal será igual à taxa de juros real de equilíbrio mais a inflação. ⯀ Se a taxa de inflação média encontra-se acima da meta pré-estabelecida e o alfa for 0,5%, metade do valor extrapolado será acrescentado à taxa de juros nominal. ⯀ Se o PIB efetivo está 1% acima do PIB potencial, essa diferença também é repassada para a taxa de juros nominal. Portanto, a taxa de juros nominal, segundo a regra de Taylor, tem de abarcar todas essas variáveis: demandas imprevistas, choques de demanda, inflação prevista e imprevista. DETERMINANTES DA TAXA DE CÂMBIO Os determinantes da taxa de câmbio são extraídos de duas grandes teorias: teoria da paridade de poder de compra (explica a taxa de câmbio no longo prazo) e teoria da paridade da taxa de juros (explica a taxa de câmbio no curto prazo). Das duas teorias citadas acima obtemos seis determinantes da taxa de câmbio, os quais 190 atuam de maneira pareada: ⯀ Taxa de juros interna e taxa de juros externa: quanto maior for a diferença entre a taxa de juros interna e a externa, maior será a valorização da moeda. Se a taxa de juros interna aumenta o se a taxa de juros externa diminui, o fluxo de capitais em direção ao Brasil aumenta porque os especuladores e investidores querem lucrar com a arbitragem de juros pegando empréstimos estrangeiros e aplicando capital no Brasil. Devido ao aumento inicial da entrada de dólar no país, a oferta dessa moeda estrangeira também aumenta — fazendo com que o seu preço caia em relação ao real (valorização). Observemos que a redução das taxas de juros internacionais provoca o mesmo efeito que o aumento nas taxas de juros interna. Inclusive, ambas as operações podem somar forças. O contrário também é válido. Se a taxa de juros interna diminui, a oferta de dólar acompanha esse movimento, porque passa a não valer a pena investidores externos alocarem dinheiro no Brasil para lucrar com a arbitragem de juros. Com a saída de dólar, o preço dessa moeda (câmbio) sobe por conta da queda da oferta. ⯀ Níveis de preços internos e níveis de preços externos: quando os preços internos aumentam, mantendo-se a taxa de câmbio constante, os preços externos também aumentam. Assim, uma inflação interna torna os produtos nacionais menos competitivos no mercado. Assim, haverá mais importações e menos exportações — fato que desfavorece a balança comercial. Esse movimento faz com que a oferta de dólar caia, e consequentemente o preço dessa moeda aumenta. Assim, um aumento nos preços internos desvaloriza a moeda nacional porque o dólar acaba aumentando também o seu valor. Obviamente, como a atuação é dupla, a redução dos preços externos produz exatamente o mesmo efeito. Seguindo essa linha de raciocínio, a queda de preços externos, por sua vez, faz com que a oferta de dólar aumente e o preço dessa moeda caia (valorização da moeda nacional). ⯀ Nível de renda interna e nível de renda externa: quando a renda interna aumenta, a demanda por importados também aumenta — consequentemente aumenta também a demanda por dólar, o que faz com que seu preço suba (desvalorização da moeda nacional). Uma redução na renda externa produz o mesmo efeito, mas porque haverá redução de exportações, visto que essa redução faria países estrangeiros comprarem menos do Brasil. Os efeitos produzidos pela queda da renda interna e subida da renda externa são os mesmos (valorização da moeda). Isto vale também para a subida da renda interna e queda da renda externa (desvalorização da moeda). 191 Existe ainda um outro fator determinante da taxa de câmbio à vista que é a taxa de câmbio esperada ou expectativa de valorização ou desvalorização cambial. REGIMES DE TAXA DE CÂMBIO Estão relacionados à maneira pela qual se forma o preço do câmbio em uma determinada economia. Existem dois grandes regimes de taxa de câmbio: regime de câmbio fixo e regime de câmbio flutuante ou flexível. Cada um desses dois grupos inclui algumas variantes, em linhas gerais a maior diferença é a rigidez e a flexibilidade do câmbio. No regime de câmbio flexível que determina o preço do câmbio é o mercado. O governo não interfere nesse ponto. Já no regime de câmbio fixo, quem determina o câmbio é justamente o Banco Central, o governo ou a autoridade monetária. Exemplificando: O Brasil vive sob regime cambial flutuante. Quem determina o preço é o mercado. Na China o câmbio é fixo porque quem o determina é o Partido Comunista Chinês (PCC). A fixidez do câmbio não implica congelamento perpétuo — o valor da moeda chinesa nos últimos anos tem aumentado em relação ao dólar, por exemplo. Regime de Câmbio Flutuante Há duas variantes nesse regime: ⯀ Regime de flutuação livre: o Banco Central se retira completamente e não intervém de modo algum no mercado cambial. ⯀ Regime de flutuação dirigida: este é o tipo mais característico de flutuação. Quando há flutuações cambiais bruscas, o governo visa reduzir os impactos das variações — as quais se forem demasiado bruscas podem levar empresas saudáveis à falência. Vale lembrar que essa ação governamental não altera a tendência cambial, apenas modula o seu percurso. As principais operações realizadas pelo governo nesse sistema correspondem à compra ou venda de moeda em dólar. A valorização dele prejudica os exportadores, e a desvalorização excessiva prejudica todos os operadores credores em dólar. Regime de Câmbio Fixo 192 No sistema de câmbio fixo, o banco central estabelece o preço da moeda estrangeira. Exemplificando: Um dólar corresponde a 6,70 unidades da moeda chinesa. Para comprar 100 dólares, serão pagas 670 unidades. Jamais valeria a pena comprar por mais ou vender por menos que isso. Assim, os agentes não vendem a um preço diferente do que foi determinado pelo governo. No regime cambial fixo existe dois tipos de ancoragem ou arranjos: ⯀ Ancoragem unilateral: responsabilidade de manutenção da paridade é do país ancorado e não do país âncora. Aqui, o país controlador não só estabelece unilateralmente a taxa de câmbio como também vincula o volume de moeda nacional à quantidade de moeda estrangeira existente. Exemplificando: Na década de 1990 a Argentina implementou a paridade de 1 peso argentino para 1 dólar. Praticamente não há política monetária, visto que a quantidade de moeda em circulação é determinada pelas reservas. ⯀ Arranjo cambial cooperativo: Exemplificando: O euro passou a ser moeda comum da maioria dos países europeus na Comunidade Econômica Europeia. Antes dele entrar em circulação, houve uma fase inicial de balanceamento e ajuste dos preços: cada país converteu os seus preços numa moeda conhecida com eco (moeda indexadora) — as suas moedas nacionais foram fixadas a uma taxa de câmbio fixo na nova moeda para depois serem convertidas em euro. Nesse sistema, todos os países envolvidos são responsáveis pela manutenção de paridade cambial entre as moedas. Regime Cambial com Bandas Existe uma variante do sistema cambial fixo chamado de sistema de bandas cambiais, o qual foi adotado pelo Plano Real de 1994 no Brasil. 193 O gráfico acima representa a variação diária do câmbio entre 1 de julho de 1994 até 8 de março de 1999. Neste período o Brasil teve um sistema de câmbio fixo. Observe que a flutuação diária é perfeitamente previsível: sempre há uma variação delimitada por um piso mínimo e teto máximo. O Banco Central arbitrava periodicamente o valor cambial e da variação. Controlava, portanto, as microdesvalorizações cambiais com o objetivo de devolver competitividade à indústria brasileira. TAXA DE CÂMBIO INSTANTÂNEA OU À VISTA (SPOT) E TAXA DE CÂMBIO FUTURA OU A PRAZO (FORWARD) A taxa de câmbio à vista é utilizada para pagamentos e a taxa de câmbio futura é voltada para operações que visam: ⯀ Hedge: operação para evitar o risco de câmbio ou cobertura de posição em aberto para o câmbio: exportação e importação. Proteção contra o risco. ⯀ Especulação com moeda: é o exato oposto dos hedges. Aqui o agente expõe-se ao risco deliberadamente. A operação no mercado futuro buscando liquidez. APRECIAÇÃO E DEPRECIAÇÃO DE MOEDA A apreciação se dá quando o câmbio da moeda nacional é valorizado em relação ao dólar, 194 de modo que o câmbio real-dólar diminui. Menos reais passam a ser necessários para comprar a mesma quantidade de dólar anterior. Exemplificando: Quando ocorre valorização cambial da moeda nacional, as exportações ficam mais caras para os compradores estrangeiros. Em contrapartida, as importações para os agentes nacionais tornam-se mais baratas e atraentes em relação ao período anterior. Os resultados práticos da valorização da moeda nacional são, portanto, facilidade de importação e dificuldade de exportação — diminuindo assim o saldo da balança comercial. O contrário também é verdadeiro: a desvalorização da moeda nacional faz com que o saldo da balança comercial aumente, porque as exportações ficam mais baratas e as importações mais caras. Exemplificando: No início da pandemia do coronavírus, 1 dólar equivalia a 4 reais. Hoje, 1 dólar equivale a 5,60 reais — isto é, a moeda nacional (no caso do Brasil, o real) se desvalorizou consideravelmente. Um produto cujo valor era de 100 dólares custava, para o Brasil, 400 reais. Com o dólar, hoje, a R$5,60, esse mesmo produto passou a custar 560 reais — um custo 40% mais alto. Para entender os raciocínios de câmbio prático e das teorias cambiais e determinação de preços, é preciso ter bem esclarecidos os conceitos de apreciação (valorização) e depreciação (desvalorização) de moedas. Importante também é sempre ficar atento para saber quais moedas estão sendo comparadas etc. Por exemplo: a desvalorização do real corresponde à valorização do dólar. CÂMBIOS E FLUXOS INTERNACIONAIS DE CAPITAL Fluxos internacionais de capital são movimentações financeiras que não envolvem nenhuma troca de bens ou serviços, ou seja, apenas dinheiro é que circula. Os capitais podem ser produtivos ou especulativos. Os investimentos produtivos são chamados de investimentos externos diretos, os quais são aplicados no aumento da capacidade de oferta de uma determinada economia. Se uma fábrica de automóveis estrangeira decide abrir uma filial no Brasil, o dinheiro que a matriz envia à sede é um capital produtivo. Já o capital especulativo é conhecido por investimento de portfólio porque compõe algum fundo ou operador financeiro e entra no país com expectativa de ganhos elevados e rápidos. Dentro dos fluxos internacionais de capitais, existem ainda dois termos: influxo de capitais (dinheiro entrando: entrada líquida de capitais positiva com valorização da moeda nacional) e afluxo de capitais (dinheiro saindo: entrada líquida de capitais negativa com desvalorização da moeda nacional). 195 Os fluxos internacionais de capitais são mensurados em dois pontos de uma economia: na conta financeira e na conta capital (de saldo baixo e pouca movimentação). BALANÇO DE PAGAMENTOS Balanço de pagamentos é o registro contábil de todas as transações de um país com o resto do mundo. De certa forma, este balanço trata-se de uma contabilidade por caixa, visto que as importações entram no caixa e as exportações saem dele. O caixa a que nos referimos são as reservas internacionais. O balanço de pagamentos é dividido em dois grandes grupos: ⯀ Transações correntes: registram a troca de bens e serviços. Toda vez que essa troca se consolida efetivamente, haverá contabilização. Exemplo: produtos importados, serviços contratados no exterior etc. ⯀ Movimento de capitais: não há trocas ou contrapartidas de nenhum tipo de bens ou serviços. No longo prazo, a tendência do balanço de pagamentos é ter saldo zero. Ou seja, existem épocas de superávit e de déficit que mais ou menos se igualam no longo prazo. Portanto, quando as transações correntes são menores que zero no longo prazo, o balanço de capitais é maior que zero. Quando as transações correntes são maiores que zero no longo prazo, o balanço de capitais será deficitário. TRANSAÇÕES CORRENTES As transações correntes registram a troca de bens físicos e serviços. As principais contas das transações correntes são balanço de serviços, renda primária, renda secundária e balanço comercial (esta última é a mais conhecida do público em geral). ⯀ De maneira simples, a balança comercial registra tudo o que sai e entra dos portos de um determinado país. O número final corresponde ao saldo da balança comercial. No Brasil, este valor tende a ser maior que zero. ⯀ A balança de serviços corresponde às atividades de turismo, fretes, seguros e até mesmo àquelas relacionadas a softwares (troca de serviços em geral). No Brasil, os resultados finais dessa análise tendem a ser menores do que zero. ⯀ Já a renda primária se relaciona com juros, lucros, salários e outros tantas rendas. Se um país produz muito, mas transfere, em contrapartida, muita renda para o exterior, 196 isto significa que ele não possuirá uma renda primária tão elevada. O Brasil, por exemplo, é uma nação deficitária no quesito renda primária. ⯀ A renda secundária diz respeito ao pagamento de embaixadas e consulados, doações internacionais etc. Antes da nova terminologia dos balanços de pagamentos, ela era conhecida como “transferências unilaterais”. A soma de todos os pontos acima listados é o que chamamos de saldo das transações correntes. CONTAS DE CAPITAL O primeiro lado da balança de pagamentos corresponde às transações correntes, e o segundo é o que agora estudaremos: contas de capital ou balanço de capitais. Esse tipo de conta é extremamente pequeno porque só registra transferências de patrimônio de migrantes. Já a conta financeira é a que realmente avalia a parte mais massiva do fluxo de capitais Nela estão incluídas 4 outras contas: investimento externo direto (produtivo, de longo prazo e objetivando aumento da oferta agregada.), investimento em carteira ou portfólio (“especulativo”, de curto prazo e buscando arbitragem de juros e câmbio), derivativos (correspondem a uma subdivisão dos investimentos em carteira) e “outros investimentos” (tudo que não se enquadra nos anteriores). A terceira conta dentre as de capitais é chamada de erros e omissões. O Banco Central só tem ciência da quantidade de dólares que entrou e saiu, mas não sabe o motivo de tais movimentos. Para que haja esse entendimento, vários órgãos precisam enviar informações a esse respeito. Acontece que sempre há erros e incongruências no somatório das operações, e nesse ponto é que entra a conta “erro e omissões”. O saldo do balanço de pagamentos corresponde à soma do saldo das transações correntes, do saldo da conta de capital, do saldo da conta financeira e ainda o saldo da conta “erros e omissões”. Se o balanço for deficitário, isto significa que um país pagou mais dólares do que recebeu, tendo assim sua oferta de dólar diminuída, disparando o seu valor. Quando o balanço é superavitário, acontece exatamente o oposto. RESERVAS INTERNACIONAIS São ativos externos controlados pelo Banco Central do Brasil e prontamente disponíveis 197 para qualquer tipo de pagamento em moeda estrangeira. Basicamente atendem às necessidades de financiamento do balanço de pagamentos, intervenção no mercado de câmbio e t a m b é m a o u t ro s f i n s re l a c i o n a d o s à e x e c u ç ã o d a p o l í t i c a c a m b i a l e monetária-comercial. Como já visto, o balanço de pagamentos registra os pagamentos (conta do tipo caixa). Portanto, qualquer movimentação resulta em débito ou crédito na conta saldo de capitais compensatórios. Exemplificando: a exportação de 1 milhão de dólares corresponde a crédito em “exportação”, mas débito em “saldo de capitais compensatórios”, principalmente nas chamadas reservas internacionais, porque toda conta de ativos quando positiva é devedora. Como reserva é uma conta de ativos, portanto ela é devedora. Assim, as reservas internacionais correspondem à principal conta abaixo do balanço de pagamentos. Trata-se da conta caixa do balanço de pagamentos. Na prática, é um resumo de todos os ativos de que um país dispõe para fazer pagamentos (“direito de compra ou saque”). A forma de alocação de tais reservas depende das estratégias do Banco Central. Exemplificando: em dezembro de 2018, quase 90% das reservas internacionais do Brasil eram de dólar. 5% era euro. 2% libra esterlina. 1,49% iene e o restante dividido em ouro, dólar canadense e australiano. Sendo o Banco Central administrador das reservas e o comprador e vendedor em última instância, quando há excesso de demanda por dólar, por exemplo, ele vende as divisas a partir de dinheiro retirado das reservas. RELAÇÕES DE PARIDADE ENTRE AS MOEDAS Paridade de moedas ocorre quando duas delas são equivalentes em capacidade de compra interna ou quando a taxa de retorno de aplicações é a mesma para ambas. Portanto, as paridades de que aqui tratamos é a de poder de compra e da taxa de juros. Um dos sinônimos de equilíbrio é paridade. Portanto, paridade de poder de compra é o mesmo que dizer igualdade. O mesmo vale para a taxa de juros. ⯀ Paridade de poder de compra (PPC) é o que explica a determinação do câmbio no longo prazo. A principal teoria fundamentadora desse equilíbrio chama-se lei do preço único: em mercados concorrentes de economia aberta, com custos e transações previsíveis, 198 desconsideradas as barreiras tarifárias, os bens homogêneos vendidos em diferentes países devem ter o mesmo preço (adotando-se uma moeda padrão). Exemplificando: imaginemos que o preço do aço seja de R$5.000 a tonelada e o câmbio real-dólar é de 5:1. Assim, se o preço interno dele for cinco reais por quilo, e o preço externo for de um dólar por quilo, a lei da paridade de do poder de compra estará em pleno vigor. Entretanto, se o preço interno aumentar cinquenta centavos, mantendo-se a mesma taxa de câmbio, o preço em dólar passa a ser 1,10. O Brasil, nessa situação, passaria a ser importador de aço porque o preço externo seria menor que o preço externo (desconsiderando os custos de transações e barreiras tarifárias). O aumento de importações gera demanda por dólar, fazendo com que o seu preço aumente. Isso acontece até o momento em que se deixa de ser importador e se passa a ser exportador. No exemplo, o valor subiria até R$5,50. Neste valor, os preços interno e externo passam a ser equivalentes novamente. Portanto, a taxa de juros diz que a taxa de câmbio flutua de maneira a deixar o preço interno igual ao preço externo de uma commoditie. A cotação dólar-paridade poder de compra dita qual deve ser a cotação interna do dólar que faria a lei do preço único ser válida. A paridade de poder de compra no longo prazo determina que os preços nacionais são iguais aos preços internos x (vezes) a taxa de câmbio. Paridade do Poder de Compra A paridade do poder de compra tem duas versões: absoluta e relativa. A primeira é um conceito mais abstrato e de difícil mensuração. Ela dita que a taxa de câmbio é igual aos níveis de preços relativos — isto porque os preços relativos são o preço médio de toda a produção de uma economia. Assim, a taxa de câmbio reflete as diferenças entre os níveis de preços. Fórmula da paridade absoluta: 199 Já a segunda, diz que a mudança percentual na taxa de câmbio entre duas moedas é igual a diferença entre as mudanças percentuais nos preços das respectivas economias. Exemplificando: Tomemos a inflação brasileira e usemos o mesmo exemplo do aço, dado na aula anterior. O seu preço foi de R$5 para R$5,50 por quilo. Sendo a inflação externa igual a 0%, o preço do produto continuo o mesmo no exterior (1 dólar por quilo). Vimos também que a expectativa de desvalorização do câmbio está relacionada à desvalorização da moeda, ou seja, haverá necessidade de mais dinheiro nacional, em relação ao dólar, para que a lei do preço único seja válida. Fórmula da paridade relativa: O cálculo de paridade relativa serve também para previsões. Nesse caso, os termos usados serão as expectativas de variação dos preços nacionais e estrangeiros. No Brasil, tem-se a ideia de que o preço do dólar aumenta constantemente porque a inflação brasileira é também constantemente maior que a média da inflação mundial. PARIDADE DA TAXA DE JUROS Esta é uma outra relação de paridade entre moedas diferentes, relacionada ao curto prazo. Nesse caso, o dólar se comporta como se fosse um ativo e tem a ver com o retorno para um determinado investidor. Supondo que exista perfeita mobilidade de capital — isto é, quando um sujeito pode investir ou retirar seus investimentos de um país sem absolutamente nenhuma restrição —, qualquer investidor irá comprar ativos domésticos ou estrangeiros a depender da maior taxa de retorno. Se por uma razão qualquer o Brasil ofereça retornos maiores que os estrangeiros, a tendência é que recursos externos sejam alocados aqui, aumentando assim a oferta de dólar e fazendo com que o seu preço diminua. Em contrapartida, se o retorno externo for maior, o capital aqui empregado será deslocado para fora, fazendo com que a oferta de dólar diminua, desvalorizando assim o real. Existem duas versões da taxa de paridade de juros: coberta e descoberta. ⯀ Descoberta: demonstra que o diferencial entre as taxas de juros comparadas é igual 200 à taxa de desvalorização esperada da moeda nacional. Avalia-se o câmbio futuro e o câmbio presente. Exemplificando: suponhamos a taxa de juros externa de 1% e a interna de 10%. Um agente fez um empréstimo de 1 milhão de dólares. A taxa de câmbio é 5:1 real-dólar. O que acontece é que esse sujeito pega esse montante a 1% ao ano, vem para o Brasil, converte-o em reais e passa então a ter 5 milhões de reais. Aplicando esse valor com juros de 10%, em um ano o valor passa a ser 5,5 milhões de reais. Se a expectativa for de manutenção da taxa de câmbio, o investidor possuirá, em conversão direta, 1,1 milhão de dólares. Com esse valor, ele paga o empréstimo com juros feito no exterior e acaba embolsando para si 900 mil dólares de lucro na operação. O sucesso desse tipo de investimento depende, portanto, do dólar-saída. Porque caso ele estivesse a R$5,50, o valor retirado do Brasil seria apenas de 1 milhão de dólares, gerando assim prejuízos lá fora. Assim, o investimento atual depende da expectativa de câmbio futuro. Se houver expectativa de valorização cambial, a taxa de juros interna deve subir automaticamente para evitar a saída de dólares. ⯀ Coberta: nesse tipo de análise de paridade, assim que o dinheiro estrangeiro entra no país, contratos futuros são feitos imediatamente (hedges). Os investidores analisam qual será o preço do dólar para contratos futuros em determinado intervalo de tempo. Se a diferença entre as taxas de juros internas e externas for maior que o custo dos contratos futuros, haverá vantagem no aporte de dólares no Brasil. Assim, a grande diferença entre a modalidade descoberta e a coberta é que nesta última o câmbio de saída é previamente conhecido. O desconto futuro antecipado corresponde aos hedges feitos. CUPOM CAMBIAL 201 É a diferença entre a taxa de retorno de uma aplicação e a variação cambial no mesmo período considerado. Exemplificando: Imaginemos uma taxa de juros de uma aplicação seja de 15%. A expectativa é que o câmbio saia de 5 reais para 5,50 (valorização de 10%). O cupom cambial será igual a (1,5 / 1,10 - 1) x 100 = 4,5454. Este é o “prêmio” que se recebe quando o dinheiro é aplicado no Brasil, sob essas condições. Fórmula de cupom cambial para períodos inteiros: Um americano tem risco cambial zero se aplicasse o dinheiro em seu próprio país. Mas no Brasil, há riscos cambiais — e o cupom cambial mede exatamente o prêmio por se correr esse risco. Fórmula de cupom cambial para períodos fracionados: A taxa de juros local, na segunda fórmula, passa a ser o contrato DI (taxa de captação dos bancos que integram os CDIs). As variáveis aqui relevantes são: dólar futuro negociado em bolsa, dólar presente, dias úteis e dias corridos relacionados à liquidação do investimento. TROCA OU “SWAP” CAMBIAL Trata-se de um derivativo financeiro que promove, simultaneamente, a troca de taxas ou de rentabilidade financeira entre agentes de ativos econômicos. O objetivo das operações é promover hedges cambiais (proteção contra desvalorização excessiva da moeda americana). Exemplificando: Relembremos do período anterior ao da pandemia do coronavírus. Quando o mercado se defrontou com o enorme problema dessa crise sanitária, os recursos em dólar nos países emergentes foram imediatamente destinados para os Estados Unidos e 202 para o continente europeu. O Banco Central ficou de mãos atadas porque se o capital especulativo está “assustado”, não há nada que se possa fazer para retê-lo. Nesse mesmo cenário, uma empresa nacional importadora pode eventualmente quebrar. O que se faz é uma compra exagerada e antecipada de dólar, evitando assim a falência. Para evitar que este tipo de empresa sofra com a desvalorização excessiva do dólar por conta da fuga de capitais advinda do pânico geral, o BACEN vende em reais o valor equivalente que seria necessário, corrige o câmbio e ainda adiciona um cupom cambial — incentivando assim a empresa ou investidor a comprar o “swap”. Os devedores dessa operação pagam, em troca, a variação de juros doméstica do período. O contrato “swap” é aquele que relaciona variação cambial + cupom cambial descontando a variação da Selic do período estabelecido. Assim o Banco Central não precisa retirar dólares de sua reserva para frear a corrida especulativa contra a moeda nacional. Esse tipo de operação funciona, portanto, para acalmar os mercados de câmbio para evitar que os agentes internos corram para comprar dólar a fim de evitar desvalorização e também para oferecer hedges a esse mercado. Dito de outra forma, “swap” cambial é uma dívida em dólar do Banco Central. Existe também o “swap” cambial reverso, visto que o típico visa evitar desvalorizações. Aquele, por sua vez, se dá quando houver expectativa de valorização da moeda nacional ante o dólar. No caso, essa opção é majoritariamente oferecida a exportadores — o Banco Central será detentor do swap que pagará a variação cambial com juros. A única coisa que muda entre os dois tipos de “swap” é a posição do detentor do contrato em moeda internacional. OFERTA E DEMANDA AGREGADAS Correspondem às respectivas somas das ofertas ou demandas individuais. São conceitos aprendidos em microeconomia e aplicados também à macroeconomia. De certa forma, os seus comportamentos espelham os comportamentos da oferta e demanda individuais. O modelo agregado permite compreender as forças que fazem a economia se expandir ou contrair, bem como as que causam as flutuações no ciclo econômico. Oferta agregada é a quantidade de PIB real ofertada (quantidade produzida ou disponível para compra). Esta quantidade depende basicamente de três fatores: ⯀ Quantidade de mão-de-obra (número absoluto de trabalhadores). 203 ⯀ Quantidade de Capital (investimentos dispendidos). ⯀ Estágio tecnológico (maquinário, técnicas e conhecimentos). Portanto, quanto maiores forem esses fatores acima, maior será o PIB real ofertado. Demanda agregada é a quantidade do PIB real demandada. As variáveis relevantes no PIB real demandado são: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Consumo. Investimentos. Gastos governamentais. Setor externo líquido (exportação – importação). Como dito anteriormente, os gráficos de oferta e demanda agregada assemelham-se aos gráficos de oferta e demanda individuais. CURVA DE DEMANDA AGREGADA Esta curva mostra a relação entre o PIB real demandado e o nível de preço. Apresenta declive por conta de dois efeitos: riqueza e substituição. Notem que as curvas de demanda agregada e individual são iguais. O efeito riqueza se dá quando o nível de preço aumenta, enquanto os demais fatores permanecem constantes. Isto significa que as pessoas passam a ter menor poder de compra, tornando-se assim mais pobres (a riqueza real diminui). Já o efeito substituição se manifesta quando o nível de preços também sobe e as taxas de juros acompanham esse movimento, permanecendo todos os outros fatores constantes. Quando os preços aumentam, se o Banco Central não balancear isso, aumentando também a oferta de moeda, os juros sobem, porque haverá menos quantidade de dinheiro circulante. Quando isso acontece, os 204 consumidores trocam consumo presente por consumo futuro, diminuindo a demanda. O movimento ao longo da curva de demanda agregada depende majoritariamente da variação de nível de preços. Além do preço, alguns outros fatores também afetam a curva de demanda agregada. Mantendo-se o nível de preços, ela diminui quando: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ As expectativas diminuem. A política fiscal diminui os gastos governamentais. Os impostos aumentam. Os pagamentos e transferências diminuem. A política monetária diminui a quantidade de dinheiro e aumenta a taxa de juros. A taxa de câmbio valoriza a moeda nacional. Já o aumento da demanda agregada se dá quando: As expectativas futuras aumentam. A política fiscal aumenta os gastos governamentais. Os impostos diminuem. Os pagamentos e transferências aumentam. A política monetária aumenta a quantidade de dinheiro e diminui a taxa de juros. A taxa de câmbio desvaloriza a moeda nacional. CURVA DE OFERTA AGREGADA Diferentemente da curva de demanda agregada, a curva de oferta agregada pode ser dividida em curto e longo prazo. Para entendermos corretamente os gráficos, é necessário 205 a distinção entre curto e longo prazos em macroeconomia. O longo prazo é quando o PIB real é igual ao PIB potencial (taxa de desemprego é igual a taxa de desemprego a pleno emprego). O curto prazo é qualquer outro momento em que a situação anterior não aconteça. Se por alguma razão a economia não se encontra a pleno emprego e o PIB real não for igual ao PIB potencial, o ponto é classificado como curto prazo. A curva de oferta agregada de longo prazo mantém-se constante, independentemente da variação de preços. Isto porque no ponto em que a economia se encontra a pleno emprego, qualquer deslocamento da curva de demanda agregada tem apenas inflação, com impacto zero no PIB real. A curva é vertical porque os preços de bens e serviços variam na mesma proporção. No pleno emprego, todas as pessoas estão empregadas e usando todo o aparato industrial possível — assim, qualquer tentativa de aumento da demanda é repassado para preço de salários instantaneamente. O único fator que desloca a curva para a direita ou para a esquerda é o aumento ou a diminuição do PIB potencial. A curva de oferta agregada no curto prazo descreve a relação entre o PIB real ofertado e o nível de preços. O seu formato é exatamente o mesmo da curva de oferta individual: quanto maior for o preço, maior será a intenção de oferta da economia. O formato de reta inclinada se dá porque quando o nível de preços aumenta os salários permanecem os mesmos. Assim os lucros aumentam. E como a oferta agregada responde a ele, haverá um aumento de oferta agregada retroativo sobre o lucro gerado, aumentando assim a produção. 206 Nos pontos A e B, a economia exemplificada se encontra abaixo de seu PIB potencial. Ou seja, o PIB real está abaixo do que podia ser. A distância entre um ponto qualquer da semirreta abaixo do PIB potencial é chamada de capacidade ociosa (corresponde a quanto a economia pode ainda crescer sem inflação). Nos pontos D e E, a economia está acima do PIB potencial, havendo assim inflação. MOVIMENTOS AO LONGO DA CURVA DE OFERTA AGREGADA Temos no gráfico abaixo ambas as curvas de demanda agregada e seus respectivos movimentos. Estes dependem quase exclusivamente das variações dos preços. Na de longo prazo, a variação dos preços é igual à variação da taxa de salário monetário, ou seja, as empresas mantêm o nível de produção visto que não há aumento de lucros. No curto prazo isso já não acontece por causa da ociosidade produtiva. O nível de preços sobe sem que a taxa de salário monetário o acompanhe. Os lucros aumentam, estimulando assim maiores ofertas. 207 MOVIMENTOS DE DESLOCAMENTO LATERAL DA CURVA DE OFERTA AGREGADA Existem resumidamente três razões que provocam o deslocamento lateral da curva de oferta agregada: quantidade de mão de obra, quantidade de capital e estágio tecnológico. No gráfico acima, percebe-se na curva de oferta agregada um movimento à direita. As causas do aumento do PIB real, representado pela mudança de posição da reta, podem ter sido o aumento da quantidade de mão de obra à pleno emprego, o aumento da 208 quantidade acumulada de capital ou o surgimento de novas tecnologias e técnicas produtivas que promovem tanto o trabalho quanto o capital. Os movimentos à esquerda são mais raros, porque poucas são as situações em que as quantidades de mão de obra, de capital e de tecnologia diminuem. Isso ocorre excepcionalmente em guerras, nas quais os homens morrem no front de batalha, pavilhões são bombardeados e maquinários são destruídos. Via de regra, as crises que ocorrem em países com processos hiperinflacionários e empobrecimento massivo da população (Argentina e Venezuela) estão relacionadas à oferta agregada. Fixação de preços causa escassez porque ao se tentar manipular os preços de mercado os agentes investidores passam a não mais saber onde aplicar o seu dinheiro. Este começa a ser retirado do setor produtivo, passando à característica de aversão ao risco. Nos países em que citamos, as fábricas ou estão fechando ou estão indo embora. A quantidade de capital está progressivamente diminuindo. A oferta agregada no longo prazo representada num gráfico, portanto, está se deslocando para a esquerda. PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) REAL E POTENCIAL Para entendermos os conceitos de oferta e demanda agregada, é preciso antes entendermos as duas variantes do PIB acima intituladas. PIB real corresponde ao produto medido a preços constantes. Na prática, mede a quantidade produzida ou demandada de uma economia. Exemplificando: Uma economia produz 100 unidades de pães a R$1 cada, 50 kg de café a R$3, e 30 litros de leite a R$4 o litro. O PIB nominal dela será de R$370. Se passado um ano o setor de panificação tiver crescido, o de café diminuído e o de leite tiver se mantido constante, como saber se houve crescimento econômico? Isso é relevado pelo cálculo do PIB real — e para fazê-lo, os preços devem ser mantidos constantes pautando-se no ano-base. Suponhamos que o PIB real valha R$340 na nova situação. Isto significa que em comparação ao primeiro valor, houve diminuição. Como os preços das unidades dos produtos são os mesmos, as causas de tal diminuição é a redução nas quantidades produzidas. O PIB real mede exatamente isso, uma vez que para que haja crescimento econômico, as quantidades demandadas ou produzidas devem aumentar. Uma economia em estado de recessão tem as suas quantidades produzidas e demandadas diminuindo. 209 O PIB potencial mede o que poderia ser produzido se os recursos de produção disponíveis estivessem sendo plenamente usados (capital e mão de obra). Trata-se, portanto, de uma promessa de produção. À medida que o tempo passa, o PIB potencial de uma economia aumenta porque há progressão tecnológica e a população aumenta. Já o PIB real flutua às margens do PIB potencial. Quando este é menor que aquele, o estágio é denominado de superutilização da capacidade (hiato inflacionário). Já em caso contrário, o momento é classif icado como subutilização da capacidade ou capacidade ociosa (hiato deflacionário). PLENO EMPREGO E TAXA NATURAL DE EMPREGO Estes são outros dois conceitos relevantes para entendermos os modelos de oferta e de demanda agregada. O pleno emprego se dá quando o PIB real se iguala ao PIB potencial. O grande objetivo dos formuladores e gestores econômicos estatais é fazer com que a economia do país atinja o pleno emprego. Isto significa que todos os recursos de produção disponíveis estão sendo utilizados. A taxa natural de desemprego corresponde à taxa de desemprego numa economia que se encontra a pleno emprego. Exemplificando: Em 2010 foi o ano em que a economia brasileira mais cresceu (7,5%), desde o último grande pico do “milagre econômico” na década de 1970. Neste momento, em 2010, a nossa economia se encontrava no patamar de pleno emprego, e a taxa de desemprego era de apenas 5%. Essa porcentagem é muito próxima da taxa natural de desemprego no Brasil. Nos Estados Unidos da América (EUA), o valor é por volta de 3%. No Brasil há uma força de trabalho de aproximadamente 105 milhões de pessoas. Cerca de 5 milhões delas estarão “sempre” desempregadas — migrando de emprego em emprego, procurando novas oportunidades de mercado, aposentados que desejam retornar ao mercado etc. EQUILÍBRIO MACROECONÔMICO E SEUS DETERMINANTES Equilíbrio macroeconômico de curto prazo 210 Quando as curvas de demanda e de oferta agregada são unidas num mesmo gráfico, a aparência muito se assemelha ao equilíbrio microeconômico. Temos no eixo cartesiano macroeconômico o PIB real vs. nível geral de preços. As forças que conduzem ao equilíbrio são exatamente as mesmas que anteriormente estudamos. No ponto (d), onde houve um aumento de nível de preços, as pessoas ficam mais pobres. Ao mesmo tempo, como os preços subiram, mas os salários foram mantidos, as empresas vão querer ofertar mais, visto que houve aumento de lucro. Entretanto, nesse cenário a economia opera com capacidade ociosa, visto que não há demanda que consuma toda a oferta para o nível preço. Depois de certo tempo, as empresas que haviam aumentado a produção e oferta acabam por reduzir os preços para liberar estoques. O resultado prático é que os preços gerais caem, e a demanda agregada sobe — a pobreza inicial causada pelo aumento dos níveis de preço acaba sendo rebalanceada ao final desse microciclo econômico. Para a economia retratada do gráfico acima, dada as condições de oferta e de demanda geral e as condições macro das políticas econômicas, existe gastos públicos, consumos familiares e taxas de juros que estabilizam o cenário de oferta e de demanda agregadas. No Brasil de hoje (2020), inclusive com o setor externo, está havendo excesso de demanda. O Resultado prático é que ocorrerá um processo inflacionário que vai resolver a questão externa e diminuir a demanda de consumo das famílias. EQUILÍBRIO MACROECONÔMICO DE LONGO PRAZO Acontece quando o equilíbrio de curto prazo está em cima da curva de oferta de demanda agregada de longo prazo. A partir desse momento, não haverá mais crescimento 211 econômico — apenas inflação. A única maneira de crescer além desse ponto é fazer com que a oferta agregada de longo prazo se desloque para a direita. Exemplificando: Imaginemos, usando o gráfico acima, que uma nova curva de oferta agregada de longo prazo passe pelos pontos (b) da reta preta e pelo ponto (d) da vermelha. Observe que há possibilidade de crescimento caso isso aconteça verdadeiramente. O PIB real cresceria de 6,9 para 7,5 bilhões de reais sem que houvesse processo inflacionário significativo. A diferença entre a reta verdadeira e a imaginária, que descrevemos acima, é chamada de hiato deflacionário. Há espaço para crescimento seguro de inflação monetária. Imaginemos agora que agora a curva de oferta agregada de longo prazo se desloque para a esquerda e intercepte a reta preta no ponto (d) e, na vermelha, no ponto (b). Isso aconteceria se um governo qualquer decidisse congelar os preços. Com o passar dos dias, a demanda agregada necessariamente há de cair, bem como a oferta agregada de curto prazo. O hiato entre as duas curvas de oferta agregada de longo prazo agora é chamado de hiato inflacionário. Se isto não for solucionado, a economia como um todo vai se empobrecer progressivamente. 212 Módulo 3 análises de relatórios financeiros Este capítulo vai tratar sobre as análises de relatórios financeiros. PRINCIPAIS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Explicações Gerais do Curso De antemão, precisamos ter em mente que esse conteúdo não será memorizado, por tratar-se de um conteúdo extenso. Teremos de aprender de fato a lidar com cada demanda e corresponder a elas da forma correta na hora da prova. Vale lembrar que o edital em questão abarca muito conteúdo, sendo praticamente impossível decorar todo esse conteúdo. Não obstante, não conseguiremos nos aprofundar em todos esses temas; pegaremos apenas os pontos principais e suas características fundamentais. Dentro de nossas aulas temos as explicações dos conteúdos, alguns mapas mentais e, por fim, alguns exercícios que ajudarão na fixação do conteúdo. Tendo assimilado a idéia do tema e seu funcionamento, os exercícios serão essenciais para o processo de aprendizado. CPC 26 (Comitê de Pronunciamento Contábil) É o norte para as diretrizes referentes à contabilidade, pois inclui todas as demonstrações contábeis. Falamos de um documento extenso, porém iremos trazer apenas os principais pontos explorados pelas bancas. Podemos dizer que o OBJETIVO do CPC 26 é definir a base para a apresentação das demonstrações contábeis, para assegurar a comparabilidade, tanto com as demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma entidade, quanto com as demonstrações contábeis de outras entidades. Visa-se a comparação entre entidades e, também, entre as empresas por si só, levando em conta períodos diferentes. Por exemplo, por meio das demonstrações contábeis nós conseguimos visualizar a diferença de uma empresa no período de 2017 em relação a 2020. Ainda assim, podemos comparar o mesmo período em diferentes empresas, ou, períodos diferentes em diferentes empresas; tudo isso é possível por meio das demonstrações contábeis. Quanto ao seu ALCANCE, todas as demonstrações contábeis são elaboradas e apresentadas de acordo com os pronunciamentos, orientações e interpretações do CPC. Aplicam-se igualmente a todas as entidades, inclusive àquelas que apresentem demonstrações contábeis consolidadas ou demonstrações contábeis separadas, as diretrizes do CPC 26. 214 Finalidade das Demonstrações Contábeis As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. Com o objetivo de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade, sendo úteis essas informações para o Governo, Banco, Credores, Usuários da Companhia etc. Também, é claro, visam apresentar os resultados da atuação da administração, levando em conta os seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. Ou seja, a gestão, os resultados, o desempenho e as possibilidades futuras, precisam das demonstrações contábeis para funcionar da melhor forma possível. Por exemplo, um Gestor da empresa X, quando precisa efetuar os pagamentos dos credores, dos funcionários, dos investidores, dos materiais de trabalho, precisará ter em mente toda a contabilidade da empresa para desempenhar essa função da melhor forma possível. Como ele fará isso? Por meio dos relatórios das demonstrações contábeis, onde terá todas as informações necessárias para desempenhar seu papel. Conjunto Completo das Demonstrações Contábeis Vale lembrar, que esse conjunto precisa ser compreendido, ainda que seja apenas a lógica de funcionamento de cada item a seguir. Na prova precisaremos ter em mente cada demonstração delas, pelo menos, sua idéia básica e estrutural. Não podemos esquecer que esse conjunto estará sempre de acordo com o CPC 26, mas, também, estará sob a Lei 6.404/76. Por fim, antes de apresentarmos, é importante saber que cada item tem igualdade de importância, ou seja, não há uma demonstração contábil mais importante do que a outra – inclusive, essa é uma pegadinha possível na hora da prova: “destaque a demonstração mais importante” ou “tal demonstração é a mais importante”. ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Balanço Patrimonial ao final do período (a); Demonstração do resultado do período (b1); Demonstração do resultado abrangente do período (b2); Demonstração da mutação do patrimônio líquido do período (c); Demonstração dos fluxos de caixa do período (d); Notas explicativas, compreendendo as políticas contábeis significativas e outras informações elucidativas (e); 215 Informações comparativas com o período anterior (e); Balanço patrimonial do início do período mais antigo (f); Demonstração do valor acionado (f1); Observação: as siglas colocadas ao final, por exemplo, b1, servem para facilitar na hora da representação, são simples abreviações. Considerações Gerais Esse tópico reflete perfeitamente a letra da lei, todas essas considerações estão dispostas na lei e podem, sem sombra de dúvidas, aparecerem na hora da prova. As DC’s (Demonstrações Contábeis) devem representar a posição financeira e patrimonial, o desempenho e os fluxos de caixa da entidade. Devendo elas ser elaboradas no pressuposto da continuidade, a menos que a administração tenha intenção de liquidar a entidade ou cessar seus negócios. A entidade deve elaborar as suas demonstrações contábeis, exceto para a demonstração de fluxo de caixa, utilizando-se do regime de competência, sendo o regime de competência o fato gerador; a emissão da nota fiscal. E, também, deve apresentar separadamente nas DC’s cada classe material de itens semelhantes (materialidade e agregação). Sendo a materialidade e a agregação discriminadas pelo contador, pois ele terá acesso a todos os itens materiais necessários e, por conseguinte, terá acesso a todos os itens agregados necessários. O conjunto completo das DC’s deve ser apresentado pelo menos anualmente (existindo outras possibilidades, como mensais, trimestrais e semestrais). A entidade divulgará informações comparativas com respeito ao período anterior para todos os montantes apresentados nas DC’s do período corrente, a não ser que os CPC’s permitam ou exija de outra forma. Deve haver consistência de apresentação. EXERCÍCIO De acordo com o CPC 26 “Apresentação das Demonstrações Contábeis”, a entidade deve elaborar as suas demonstrações contábeis utilizando-se do regime de competência, EXCETO para: 216 a) Demonstração do valor adicionado; b) Demonstração dos resultados abrangentes; c) Demonstração dos fluxos de caixa; d) Demonstração de origens e aplicações de recursos; e) Demonstração do resultado do período; Resposta: alternativa C, tendo em mente que as demonstrações de fluxo de caixa não obedecem ao regime da competência, pois elas estão sob o regime de caixa. BALANÇO PATRIMONIAL Introdução Começaremos a analisar todas as demonstrações contábeis que foram apresentadas anteriormente, com isso em mente, falaremos um pouquinho sobre o Balanço Patrimonial, dentro dele teremos os componentes e itens monetários e não monetários. Conceito A demonstração contábil cuja finalidade reside na apresentação da posição financeira e patrimonial da empresa em determinada data. Nada mais é do que termos em mente como está a situação financeira da empresa, em uma data específica estabelecida, e, é claro, o patrimônio se refere à dinheiro. O Balanço Patrimonial representa uma posição estática, compreendendo todos os bens, direitos (ativos), as obrigações (passivo) e o patrimônio líquido da entidade em uma determinada data. Precisamos ter em mente uma estrutura para realizar o balanço patrimonial. Nesse momento, basta visualizarmos o quadro abaixo que ilustra a estrutura do Balanço Patrimonial: 217 Em perspectiva essa, entendemos por circulante aquilo que vamos conseguir utilizar dentro do exercício (por exemplo, de exercício, temos Janeiro à Dezembro) da minha demonstração contábil, por conseguinte, temos os não circulantes, por exemplo, os valores que entraram após o exercício em questão; é claro, falamos dos ativos. Quanto ao circulante passivo, onde nós gastamos dinheiro, a regra segue a mesma linha tendo de corresponder-se dentro do exercício e, caso não ocorra, extrapolando o prazo, será considerado não circulante. Por exemplo, quando compramos matéria prima em 10x, esse valor virá dentro do exercício para o nosso “contas a pagar”, sendo então circulante. Vale lembrar, que todos esses casos acontecem bastante nas instituições bancárias, no caso de empréstimos. Sempre sendo levado em conta o circulante e não circulante. Por fim, dentro do PL (Patrimônio Líquido) teremos, por exemplo, o valor que cada sócio deu na fundação da empresa. Teremos ainda, os resultados da empresa, superávit, balanços, bens etc. Estrutura e Classificação das Contas Baseando no caput do Art. 178 da Lei 6.404/76: “No Balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a analise da situação financeira da companhia”. Tudo isso irá ocorrer de acordo com o crivo do contador, por exemplo, em um hospital, ele poderá dispor parte do quadro de médicos de forma CLT e outra parte por meio contratos PJ, diferenciando ambos pela atuação, levando em conta a forma de contratação que seja mais proveitosa para a empresa em relação à importância da área de atuação do médico; podendo colocar os contratos PJ na lista de serviços e não na lista de custos com pessoal, devendo ser descriminado na nota de explicação. Veremos um quadro da estrutura e classificação das nossas contas: 218 Seguindo a mesmíssima idéia do quadro anterior apresentado aqui em nossos conteúdos, apenas colocamos algumas disposições a mais. Popularmente é dada aos ativos circulantes a sigla AC e, no caso dos não circulantes, temos o costume de nos referir a eles por meio da sigla ANC. Vale lembrar, que em casos de “Holdings” teremos de fazer o balancete apenas da empresa central sob todas as outras. Por exemplo, uma “Holding” que tem uma construtora, uma imobiliária e uma empresa de arquitetura, o balancete, nesse caso, será feito sob a empresa principal que é a “Holding”, mas com toda certeza as outras empresas estarão dentro desse balancete. Dentro dos ativos, entendamos por Tangíveis os bens que são corpóreos, por exemplo, um carro que compramos por 30k, que estará sujeito à depreciação. E, não obstante, entendamos por Intangíveis os bens não corpóreos, por exemplo, uma marca registrada que tem seu valor, independente de ser baixo ou alto esse valor, sendo a marca um bem intangível. Dentro dos passivos, entendamos por obrigações de curto prazo a luz, a água e internet que temos de pagar todos os meses para o funcionamento da empresa, essas "dívidas" constantes fazem parte do patrimônio da empresa. Temos ainda nessa categoria o PL, abarcando o capital à integralizar, ou seja, os valores precisarão vir para uma soma total, do terreno, da parte dos investimentos iniciais dos sócios, por exemplo. Por fim, é importante entender que o grau decrescente de conversibilidade (seta rosa no quadro) é o quanto de tempo que transformaremos os nossos ativos em dinheiro, ou melhor, em liquidez. Por exemplo, se temos um caixa de R$100 e um estoque de R$1500, 219 é óbvio que o caixa será mais rápido de transformar em mais dinheiro, pois estoque teria de ser colocado no mercado para aguardar um possível cliente. Ficando o caixa em primeiro lugar e o estoque em segundo lugar, formando assim o grau de conversibilidade. Por sua vez, o grau decrescente de exigibilidade (seta verde no quadro) nos tem como exemplo dois empréstimos, um de R$1000 reais que vencerá dentro do exercício e, também, outro empréstimo de R$5000 que vencerá fora do exercício. O que vence dentro do exercício tem prioridade sendo o primeiro e o fora que vence fora do exercício será o segundo; estabelecendo assim o grau de exigibilidade. ATIVO CIRCULANTE X NÃO CIRCULANTE (CPC 26) Faremos aqui a diferenciação entre esses ativos para que fique clara a compreensão desse tópico, disposto pelo seguinte mapa mental: Quando falamos de caixa ou equivalente de caixa, temos de incluir os bancos também, respeitando é claro o primeiro lugar do caixa, pois tem maior facilidade a sua liquidez. O quadro abaixo facilitará nossa compreensão do exercício que nós tanto falamos e que é fundamental para esses conceitos: E, quanto aos passivos, também teremos uma mapa mental para nos facilitar a compreensão e para ampliar nossa percepção acerca das disposições dessa modalidade, a partir do seguinte mapa mental: 220 Dentro dos passivos, o exercício funciona da mesmíssima forma como nós já apresentamos: Por exemplo, quando contratamos um empréstimo de 240k, comprometendo-se a pagar 120k dentro de 31/12/20x1 e 31/12/20x2 ficando enquadrado dentro do exercício, e, quanto aos outros 120k ficarão para fora do passivo circulante, enquadrando-se então dentro do passivo realizável em longo prazo. Patrimônio Líquido Dentro do PL, são classificadas as seguintes contas: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Capital Social; Reservas de Capital; Ajustes de Avaliação Patrimonial; Ações em Tesouraria; Reservas de Lucros; Prejuízos Acumulados. Todos esses tópicos precisam ser decorados, não podem ficar de fora do acervo de conteúdos importantes. Na hora da prova, você precisará ter em mente a idéia central de cada um desses tópicos. 221 E, na aula em vídeo, vocês poderão visualizar um balancete real para a compreensão, encontrando todos esses tópicos, no exemplo do vídeo, utilizamos o balancete da Gerdau. Nesse balancete podemos enxergar o período realizado, incluindo os ativos circulantes e os não circulantes no período de 31/12/2019 em relação ao período de 31/12/2018. Vale lembrar, que a visibilidade do balanço ajuda muito na hora da analise, sua organização e disponibilização dos dados fazem total diferença. Algumas empresas fazem balancetes bonitos e bem explicativos, em contrapartida, algumas empresas entregam longas listas com cálculos grandes dificultando a visualização. EXERCÍCIO Com base nos pronunciamentos técnicos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis e nas disposições da Lei n. 6.404/76 e suas alterações. Sobre o Balanço Patrimonial, julgue a seguinte assertiva: ⯀ Com as alterações implementadas na Lei n. 6.404/76, o patrimônio líquido deixou de ser considerado como um grupo passivo. Resposta: o item apresentado é falso, pois o patrimônio líquido se enquadra dentro da estrutura do grupo passivo. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) Aqui damos continuidade ao que já foi visto até o momento. Começamos com as demonstrações contábeis, em seguida estudamos balanços patrimoniais e agora chegamos à Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Para melhor compreensão do assunto é necessário entender que existe um conceito para definir o termo receitas. Elas equivalem ao aumento dos ativos ou diminuição dos passivos subtraído a contribuição dos detentores (qualquer redução no valor da receita, como, por exemplo, os impostos). O conceito define que as receitas significam aumento nos ativos ou redução nos passivos. Portanto, a finalidade é o aumento de patrimônio líquido. Isso é o que precisamos saber. Já as despesas podem ser entendidas como o contrário das receitas. Desta forma, são reduções nos ativos ou aumento nos passivos —implicando em redução do patrimônio líquido. Quanto à classificação conceitual, são opostos perfeitos. 222 Exemplificando: despesa com aluguéis ou receita com vendas de mercadorias. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é a demonstração contábil que apresenta o confronto entre receita e despesa de uma entidade. Enquanto no balanço patrimonial analisa-se contas patrimoniais, aqui focamos basicamente em contas de resultado (superávit ou déficit). Assim, o objetivo é evidenciar a situação econômica por meio do desempenho, isto é, esclarece a composição do resultado gerado (lucro ou prejuízo) em determinado período (geralmente 1 ano). “Como sabemos se uma empresa gerou lucros ou teve prejuízos?” Se as receitas foram maiores que as despesas, houve lucro (superávit operacional). Em caso contrário, prejuízo (déficit operacional). A lei 6.404/76 aponta no artigo 187, parágrafo 1º, que na determinação do exercício serão computados: ⯀ As receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente de suas realizações em moeda; ⯀ As despesas e os custos, encargos e perdas pagos ou incorridos e correspondentes às receitas e rendimentos. Ainda no referido artigo consta que a demonstração do resultado do exercício discriminará: ⯀ A receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; ⯀ A receita líquida das vendas e serviços, os custos das mercadorias e serviços vendidos, e o lucro bruto; ⯀ As despesas com as vendas e as despesas financeiras deduzidas das receitas, as despesas gerais, administrativas e operacionais; ⯀ O lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e despesas. ⯀ O resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; ⯀ As participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de funcionários, que não se caracterizem como despesa. ⯀ O lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. Portanto, corresponde a todas as formas de ganho de receitas e tudo que é descontado delas. Em seguida, as despesas totais. Assim obtém-se o lucro bruto. Posteriormente, todas os quesitos discriminados em impostos. Seguindo, considera-se a divisão de participações (debêntures ou empregados). Por fim, obtém-se o lucro ou prejuízo líquido e o seu respec- 223 tivo montante por ação do capital social. Isto é o rege a lei 6.404/76 em nosso país. É normalmente muito cobrada em provas de certificação. Não raramente, as bancas de avaliação tentam confundir você misturando os diversos termos. Comparando a lei 6.404/76 com o CPC 26 vemos que em todo caso deve-se levar em conta o resultado líquido e as receitas. A diferença principal é que neste último tudo começa a partir da receita operacional líquida, ou seja, não contempla o faturamento completo. Enquanto que na lei, há algumas deduções anteriores para que se chegue na receita operacional líquida. Além disso, no CPC 26 desconsidera-se as participações. Ele para no resultado líquido do período. Os termos levados em consideração na lei 6.404/67 são os seguintes: ⯀ Receita operacional bruta: nada mais é que a receita de venda; ⯀ Dedução: PIS, IPI, dedução de faturamento de nota; ⯀ Receita operacional líquida: corresponde à receita operacional bruta menos as deduções; ⯀ Custo Mercadoria Vendida (CMV); ⯀ Resultado operacional bruto: receita operacional menos o CMV; ⯀ Despesas operacionais: despesas com vendas, administrativas gerais e financeiras; resultado negativo de equivalência patrimonial; variação monetária passiva; ⯀ Receitas operacionais: receitas financeiras; resultado positivo de equivalência patrimonial; variação monetária ativa; receita de aluguel; dividendos recebidos (investimentos avaliados pelo custo). ⯀ Resultado operacional líquido; ⯀ Outras receitas; ⯀ Outras despesas; ⯀ Resultado antes do Imposto sobre Renda (IR) e Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL); ⯀ Resultado do exercício antes das participações; ⯀ Participações: debêntures; empregados; administradores; partes beneficiárias; fundos de assistência e previdência social dos empregados; ⯀ Lucro líquido do exercício; ⯀ Lucro líquido por ação do capital: razão entre o lucro líquido do exercício e o número de ações do capital social. Esta é a estrutura de descontos da lei. Assim que o dinheiro entra em caixa, são aplicados sucessivos descontos até chegar ao valor final livre, que será dividido entre um grupo de acionistas. 224 Os termos levados em consideração no CPC 26 são os seguintes: ⯀ Receitas; ⯀ Custo da Mercadoria Vendida (CMV); ⯀ Custo operacional bruto: despesas com venda, despesas administrativas e gerais; outras despesas; outras receitas; ⯀ Resultado de equivalência patrimonial; ⯀ Resultado antes das receitas e despesas financeiras: receitas e despesas financeiras; ⯀ Resultado antes dos tributos sobre o lucro: despesas com tributos sobre o lucro; ⯀ Resultado líquido das operações continuadas; ⯀ Resultado líquido do período. “Como não me sentir perdido em meio a tantos termos?” Pegue a ideia geral da coisa. Tudo se resume a receita, despesa e resultado. No CPC 26 essa conta é mais curta e na lei 6.404/67, mais longa e estratificada. Nas provas de certificação os termos são propositalmente embaralhados. Nunca se esqueça de levar em consideração a diferença de simplicidade acima descrita. Caso queira aprofundar-se ainda mais no assunto, destrinche a lei em partes e estude exaustivamente. A parte organizacional da apuração do resultado do exercício funciona obedecendo a ordem: ⯀ Elaboração dos balancetes de verificação: estes são a abertura de todas as contas contábeis dentro da empresa e suas respectivas movimentações no período analisado; ⯀ Verificação da transferência dos saldos das contas de receitas e despesas para a conta transitória Apuração do Resultado do Exercício (ARE) e apuração do saldo; ⯀ Transferência do saldo da conta ARE para uma conta do Patrimônio Líquido (PL): elaboração do balanço patrimonial. ⯀ Confrontação de receitas e despesas: análise matemática básica. Num caso em que as receitas são de R$1000 e as despesas de R$800, o resultado do exercício corresponderia a R$200 (lucro ou superávit operacional). QUESTÃO 01. Com base nas disposições da lei 6.404/76, julgue o item a seguir, relativo à DRE: O objetivo da DRE é evidenciar o desempenho da entidade. Essa demonstração é 225 uma representação estruturada do total de receitas, estando deduzidas as despesas e também abrange os ganhos e as perdas do período. Resolução: Separe cada uma das afirmações. Um dos objetivos da DRE é evidenciar o desempenho da entidade (afirmação verdadeira). Essa demonstração é uma representação estruturada do total de receitas, sendo deduzidas as despesas (afirmação verdadeira). Também abrange os ganhos e as perdas do período (afirmação verdadeira). A questão está correta! QUESTÃO 02. A Cia. Especial S.A apresentou em 31/12/2019 os saldos das seguintes contas (veja as imagens abaixo). O lucro bruto apurado no ano de 2019 em reais corresponde a: a) 242.000,00 b) 276.000,00 c) 225.000,00 d) 320.000,00 e) 472.000,00 226 Resolução: É preciso muita atenção, pois este formato de questão aparece em diversas provas de certificação. O examinador que te assustar colocando um monte de contas para você diga: “Não tenho a menor condição de responder isso. Vou chutar!” Não se assuste com o tamanho das questões. O pedido do enunciado é para saber o lucro bruto. Entenda isso e então volte para os dados iniciais. Leia cada uma das linhas. Depois, observe que o trabalho se dará apenas com números inteiros. Lucro bruto achamos no DRE. Nele há contas de resultado. Contas a pagar e estoque significam balanço patrimonial (informação irrelevante). Pagamentos de clientes (informação irrelevante). Empréstimos bancários obtidos (informação irrelevante). Disponibilidades (informação irrelevante). Receita bruta de vendas (informação relevante). Capital social (informação irrelevante). Custo das mercadorias vendidas (informação relevante). Imposto sobre vendas (informação relevante). Despesas com salários e reserva legal, depreciação acumulada, seguros pagos antecipadamente, investimentos na coligada Cia. Investida, salários a pagar e impostos a recolher (informações irrelevantes). Lucro na venda de imóvel, despesas de depreciação, máquinas e equipamentos, despesa com estimativa de perdas e reserva de incentivos fiscais (informações irrelevantes). Na segunda imagem, excetuando-se a devolução de vendas e o abatimento sobre vendas, todos os demais pontos não transcritos aqui também são irrelevantes. Desta forma, o lucro bruto apurado no período em consideração corresponde à receita bruta de vendas (R$550.000,00) descontados o imposto sobre vendas (R$44.000,00), o custo das mercadorias vendidas (R$230.000,00), a devolução em vendas (R$30.000,00) e 227 o abatimento sobre vendas (R$4.000,00). O resultado líquido é de R$472.000,00 e o lucro bruto é de R$242.000,00. Resposta correta é a alternativa “a”. Lembre-se da máxima: entrando receita, haverá descontos sucessivos. Ademais, a ordem matemática de soma e subtração não altera o resultado final. Sabendo separar contas patrimoniais de contas de resultado, ficará fácil a resolução de exercícios dessa natureza. DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) fornece a movimentação do fluxo de valores ocorrida durante um exercício nas diversas contas do patrimônio líquido. Inclui o resultado abrangente do período apresentando separadamente o montante total atribuído aos proprietários da entidade controladora e o montante correspondente à participação de não-controladores. De acordo com a legislação nacional vigente, a DMPL é obrigatória em alguns casos e facultativa em outros. Para o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC 26) é obrigatória, enquanto que para a Lei das Sociedades Anônimas (lei nº 6.404/76) é facultativa. Atente-se a essa diferença pois os examinadores de provas geralmente invertem as afirmativas. Entre os pontos discriminados pela DMPL estão: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Saldos no início do período; Ajustes de exercícios anteriores: para lançamentos contábeis errôneos; Reversões e transferências de reservas e lucros; Aumentos de capital discriminada a sua natureza: é preciso dizer a origem do ganho de capital; Redução de capital; Destinação do lucro líquido do período; Reavaliações de ativos e sua realização líquida do efeito dos impostos correspondentes: para casos de redução de provisionamento de despesas, especialmente em casos de bens duráveis como máquinas e ferramentas robustas; Resultado líquido do período; Compensações de prejuízos. Fatos contábeis que alteram o patrimônio líquido são aqueles que mexem no numerário total da conta do patrimônio inteiro, não apenas do patrimônio líquido. Os principais são os seguintes: 228 ⯀ Aumento; ◇ ◇ ◇ ◇ ◇ ◇ ◇ ◇ Lucro líquido do exercício; Ajustes de avaliação patrimonial (credor); Doações e subvenções para investimentos e recebimentos; Subscrição e integralização de capital; Recebimento que exceda o valor nominal; Valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; Prêmio recebido na emissão de debêntures; Vendas de ações em tesouraria. ⯀ Redução. ◇ ◇ ◇ ◇ ◇ ◇ ◇ ◇ Prejuízo; Ajuste de avaliação patrimonial (devedor); Dividendos propostos a distribuir; Ações próprias adquiridas; Gastos na emissão de ações; Ajustes de exercícios anteriores (devedor); Reversão da reserva de lucro a realizar para a conta de dividendos a pagar; Outros resultados abrangentes. Exemplificando: Para entendermos melhor os fatos contábeis, suponhamos que R$1000 tenham sido gastos em mercadoria. Esse valor deveria ser classificado em estoques. Havia lá um saldo de R$100.000 que devia ser acrescido do valor gasto. Entretanto, na hora do lançamento, esse valor foi colocado em clientes. Aqui o valor subiu de R$80.000 para R$81.000. Portanto o saldo do ativo nessa última situação corresponde a R$181.000. Após uma reavaliação, o erro foi identificado e o valor não deveria ter sido lançado em clientes porque era apenas estoques. No mês subsequente o lançamento foi corrigido. Clientes voltou a ter R$80.000 e estoques foi a R$101.000. O valor em absoluto não foi alterado. Esta manobra aqui descrita não muda o patrimônio líquido. Entretanto, a aquisição de mais um ativo alteraria o valor e aí sim deveria constar na DMPL. Os principais fatos contábeis que não alteram o patrimônio líquido são: ⯀ Aumento de capital com utilização de lucros e reservas; ⯀ Apropriação do lucro líquido do exercício reduzindo a conta lucros acumulados para a formação de reserva; ⯀ Reversão de reservas patrimoniais para a conta transitória de lucros ou prejuízos 229 acumulados; ⯀ Compensação ou prejuízo com reservas. A imagem abaixo é um exemplo de Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). Vemos que na primeira linha da tabela, em azul escuro, estão as contas do patrimônio líquido: capital social; reservas de capital; reserva de lucros; lucros ou prejuízos; outros resultados; patrimônio líquido; patrimônio dos não-controlados e patrimônio líquido consolidado. Já na primeira coluna encontramos as transações que acontecem: transação de capital com os sócios; lucro líquido do período; ajustes de instrumentos financeiros; outros resultados abrangentes; resultado abrangente etc. Perceba que haverá o cruzamento das informações entre a linha e a coluna principal para análises de mutações para chegarmos ao saldo final e vermos a situação última da conta. QUESTÃO 01. Julgue o seguinte item a respeito da elaboração das demonstrações contábeis segundo os pronunciamentos do CPC e a legislação vigente: 230 Apesar de ser facultativa, segundo a legislação societária, a demonstração de mutações do patrimônio líquido integra o rol de demonstrações financeiras classificadas como obrigatórias pelo CPC. Resolução: Lembre-se do que foi dito lá no início dessa aula. A DMPL é facultativa para a lei 6.404/76 e obrigatória para o CPC 26. Assim sendo, a afirmação do enunciado está correta. DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (DFC) Essa é uma demonstração um pouco mais difícil que as anteriores, mas é possível destrinchá-la sem problema algum. É preciso saber que variação corresponde às entradas e saídas do caixa. Aqui o assunto é fiscal, não misture com o assunto competência. Posto isso, a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) evidencia entradas e saídas de dinheiro no “disponível” de uma empresa em determinado período, segregando as informações em três fluxos: operações, financiamentos e investimentos. Quanto à obrigatoriedade da DFC, ela é exigida em sociedades anônimas e facultativas em companhias fechadas (patrimônio líquido inferior a 2 milhões de reais). Os principais objetivos, utilidades e benefícios dessa demonstração encontram-se nos pontos abaixo descritos: ⯀ Proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade da entidade gerar caixa e equivalente de caixa, bem como as necessidades de ela utilizar os fluxos de caixa (CPC 03); ⯀ Equacionar as entradas e saídas de recursos dispostos ao longo do tempo; ⯀ Avaliar a capacidade da empresa gerar fluxo de caixa positivo no futuro; ⯀ Visualizar os fluxos monetários, entrada e saída de dinheiro da entidade; ⯀ Avaliar a capacidade de a empresa honrar os seus compromissos com os credores (usuários especiais); ⯀ Indicar os valores esperados de entrada e de saída de recursos financeiros ao correr de um determinado intervalo de tempo; ⯀ Identificar a parte do lucro ou prejuízo líquidos apurados pelo regime de competência convertido em dinheiro: quando se faz uma projeção, é importante saber qual será a competência. “O dinheiro entrará esse ano agora ou somente no outro?”; ⯀ Avaliar os efeitos decorrentes das operações de investimentos e financiamentos na 231 posição financeira da empresa; ⯀ Avaliar o grau de precisão dos fluxos de caixa estimados no passado e as suas realizações no futuro: isto é, observar a realidade dos acontecimentos, aprender com isso e realizar novos projetos. Definições importantes para o entendimento da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC): ⯀ Caixa: compreende o numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis; ⯀ Equivalentes de caixa: aplicações financeiras de curto prazo (de até 3 meses) e alta liquidez (conversão em dinheiro) que são prontamente transformáveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor; ⯀ Fluxos de caixa: São as entradas de saídas e os equivalentes de caixa. Existem três tipos de fluxos de caixa: para atividades operacionais, investimentos e financiamentos. ⯀ O primeiro corresponde às principais atividades geradoras de receita, receita de venda e despesas. Uma empresa que fabrique cadernos terá em sua atividade operacional receitas e despesas para a fabricação deste exato produto. ⯀ O segundo corresponde às aquisições de vendas de ativos a longo prazo (não-circulantes). Suponhamos que numa empresa haja um computador que não está sendo utilizado. Ele pode então ser vendido e o valor obtido entrará no fluxo de caixa de investimento. Se em outro caso uma companhia necessite comprar um prédio para alocar os funcionários, isso também entrará no campo de investimentos, mas como despesa. Porém, não deixa de fazer parte do fluxo de caixa. ⯀ O terceiro corresponde aos empréstimos a contratar e a pagar. Todo valor obtido por essa operação precisa ser pago em algum momento. Quando isso acontece, haverá saída de dinheiro da empresa. Entretanto, no ato do empréstimo, o dinheiro foi injetado nela. É preciso haver esse entendimento. Algumas empresas fazem investimento com o dinheiro do caixa e depois pedem dinheiro emprestado para conseguir capital de giro. Algo que particularmente pode não ser muito interessante por conta das taxas de juros bancárias. Os principais modos de elaboração de fluxos de caixa (CPC 03) são o direto e o indireto. ⯀ Direto: avalia-se e divulga-se as principais classes de recebimentos brutos e pagamentos brutos; ⯀ Indireto: ajusta-se o lucro líquido ou o prejuízo pelos efeitos das transações que não envolvem caixa, por quaisquer diferimentos ou apropriações por competência sobre recebimentos ou pagamentos em caixa operacionais passados e vindouros, e pelos 232 efeitos de itens de receita ou despesa associados com o fluxo de caixa das atividades de investimento ou financiamento. “Efeitos das transações que não envolvem caixa” dizem respeito a depreciações, enquanto que “efeitos de itens de receita associados com fluxo de caixa das atividades de investimento e financiamento” tratam de receitas e despesas financeiras. Pelo método direto o que se quer saber é se houve entrada ou saída de dinheiro. Já pelo indireto, busca-se avaliar as depreciações e revertê-las como receita — visto que elas não correspondem propriamente a saídas de caixa. O mesmo se dá no método indireto com as receitas e despesas financeiras, as quais não são receitas advindas da atividade operacional. Outro ponto a ser ressaltado é que dentre os três tipos de fluxo de caixa anteriormente citados, os resultados das elaborações direta e indireta alteram somente o fluxo de caixa operacional. Exemplo de fluxo de caixa pelo método direto: O saldo inicial + entradas – saídas = saldo final. Nas atividades operacionais de investimento e financiamento, entram todas essas atividades listadas na imagem. O fluxo de caixa é tudo aquilo que havia anteriormente + aquilo que foi ganho – os valores 233 gastos. O resultado é o saldo final. Exemplo de fluxo de caixa pelo método indireto: Perceba que incluímos aqui a depreciação e receitas ou despesas financeiras. O método indireto pega o resultado do período, soma a depreciação, soma as despesas financeiras e subtrai a receita financeira (não paga). A parte de variações nos ativos operacionais utiliza o balanço patrimonial para chegar ao valor de caixa. É uma relação inversa quanto aos ativos, enquanto que na variação dos passivos operacionais é uma relação direta. Como avaliar se houve aumento ou diminuição na conta do ativo? 234 Se na conta “clientes” havia um saldo inicial de R$100 e ele foi para R$120 ao final do período, o que aconteceu é que o ativo teve 20% de aumento. Portanto, nas variações de ativos operacionais você subtrai R$20. Se nas “contas a pagar” havia um saldo inicial que também era de R$100 e foi para R$120 ao final do período, isso precisa entrar na avaliação de forma direta. Os investimentos correspondem a todas as contas relacionadas com esse tipo de operação. Se você possui uma conta que promove o ganho de capital, ela entra como positiva. Em caso contrário, a entrada é negativa. Nos financiamentos é ao contrário. Quando há aumento de passivo não-circulante (longo prazo), a entrada é positiva. Se ocorreu pagamento de dividendos, a entrada é negativa. Por fim, o saldo final disponível pelo método indireto corresponde ao saldo inicial somado de todas as movimentações no período em análise. O que precisamos ter esclarecido em mente é que o resultado contábil + depreciações + ou – operações financeiras nos fornecerá um resultado final. A partir dele trabalhamos com as contas que fizeram a movimentação do capital operacional. Isso fornece um outro resultado. Avalia-se em seguida os investimentos e financiamentos. Um terceiro resultado é obtido disso, chamado variação líquida do disponível. A ele deve ser somado o saldo anterior do disponível para se obter o saldo final do disponível. QUESTÃO 01. A demonstração dos fluxos de caixa tem por objetivo evidenciar as variáveis ocorridas entre o início e o final do exercício no grupo de: a) Outros resultados abrangentes da companhia b) Capital circulante líquido da companhia c) Patrimônio líquido da companhia d) Ativo circulante da companhia e) Disponível da companhia Resolução: Olhando para entrada e saída de dinheiro, os itens a, b, c e d são irrelevantes. Já o disponível da companhia pode ser o capital de giro ou entrada e saída de recursos. Portanto esta é a alternativa correta. 235 QUESTÃO 02. A apresentação da demonstração dos fluxos de caixa não é obrigatória para as companhias fechadas com patrimônio líquido na data do balanço inferior a 2 milhões de reais. Resolução: Lembre-se do que vimos na introdução dessa aula. Não haverá obrigatoriedade de apresentação da DFC para companhias fechadas com patrimônio líquido na data do balanço inferior a 2 milhões de reais. QUESTÃO 03. Considere as informações do balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício da empresa comercial Horizonte referentes ao exercício de “X2” Com base nessas informações, o valor recebido de clientes em “X2” em milhares de reais corresponde a: a) 870 b) 930 c) 900 d) 875 236 e) 547 Resolução: Perceba que as informações dadas são de balanço patrimonial e DRE. Devemos olhar primeiramente o balanço patrimonial. Se o foco é em “clientes”, o período “X1” é o inicial e o “X2” é o final. A conta dos clientes encontra-se em ativo circulante. Para entendermos a movimentação aí ocorrida, pegamos o saldo inicial + entradas - saídas = saldo final. As entradas são receita bruta de vendas e encontra-se nos parâmetros de DRE. As saídas é o que se quer descobrir, visto que os outros valores já estão evidenciados. Para o saldo inicial, olhamos o que se deu apenas na conta “clientes”. Depois consideramos as entradas, correspondentes às receitas brutas de vendas — aquelas que foram obtidas na negociação. O que se pede no enunciado é o valor das saídas referente a conta “clientes” também. Assim sendo, 110 + 900 – (recebidos) = 140. Fazendo as operações matemáticas necessárias, obtemos o resultado de 870. A resposta correta é a alternativa a. DEMONSTRAÇÕES DE VALOR ADICIONADO (DVA) Falamos de uma modalidade de demonstração que está dentro do CPC 26 (Comitê de Pronunciamento Contábil) e, também, dentro da Lei 6.404/76, sendo obrigatório para as companhias abertas apenas. A partir de agora analisaremos os principais detalhes dessa modalidade. Conceito A DVA tem por objetivo demonstrar o valor da riqueza econômica gerada pelas atividades da empresa como resultante de um esforço coletivo e sua distribuição entre os elementos que contribuem para a sua criação. Não obstante, a DVA acaba por prestar informações a todos os agentes econômicos interessados na empresa, tais como empregados, clientes, fornecedores, financiadores e governo. Com essa demonstração conseguimos avaliar a riqueza gerada e a sua destinação. Podendo ser representada pelo seguinte esquema: 237 Segundo o CPC 09, seu objetivo é proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade em determinado período e a forma como tais riquezas foram distribuídas. Características das Informações DVA A DVA está fundamentada em conceitos macroeconômicos, buscando apresentar a parcela de contribuição que a entidade tem na formação do Produto Interno Bruto (PIB). Ela se refere tanto aos conceitos econômicos quanto aos conceitos contábeis, ou seja, ela auxilia nas duas esferas e tem influência econômica e social. Importância das Informações DVA Ainda que pareça “chover no molhado”, precisamos dar uma pincelada de forma mais específica na importância dessas informações: ⯀ Analisar a capacidade de geração de valor e a forma de distribuição das riquezas de cada empresa; ⯀ Permitir análise do desempenho econômico da empresa; ⯀ Auxiliar no cálculo do PIB e de indicadores sociais; ⯀ Fornecer informações sobre os benefícios (remunerações) obtidos por cada um dos fatores de produção (trabalhadores e financiadores, acionistas ou credores) e governo. ⯀ Auxiliar a empresa a informar sua contribuição na formação da riqueza à região, estado e país – em que a empresa esteja instalada. Antes de entrarmos no próximo tópico se faz necessário algumas ponderações para que entendamos como funciona o DVA dentro das empresas. Analisemos algumas cidades com postos petrolíferos ou com grandes construções, que se localizam em cidades pequenas, às vezes minúsculas. Essas empresas dentro dessas pequenas cidades acabam não contratando apenas moradores locais, mas acabam trazendo moradores de outras regiões 238 e países, para trabalhar na empreitada. Essas empreitadas fomentam uma série de atividades dentro da cidade, sejam atividades de moradia, de comércio e de produção. Logo, com o DVA nós conseguimos compreender esse tipo de atividade e distribuição de riqueza, como no exemplo das grandes empreitadas em cidades pequenas gerando renda. Divisão do DVA Apresentamos um quadro básico para que compreendamos essa divisão do DVA, para que possamos enxergar claramente suas destinações: Temos também um quadro comparativo para analisarmos: 239 QUESTÃO 1 (Certa ou Errada). As receitas de venda de mercadoria, produtos e serviços de uma indústria, devem incluir na demonstração do valor adicionado os valores dos tributos incidentes sobre as referidas receitas. Resposta: correta, conforme estudamos, venda de mercadorias, produtos e serviços, inclui os valores dos tributos incidentes sobre essas receitas (por exemplo, ICMS, IPI, PIS e COFINS), ou seja, corresponde ao ingresso bruto ou faturamento bruto, mesmo quando na demonstração do resultado tais tributos estejam fora do cômputo dessas receitas. Obs: entenda-se por ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), PIS (Programa de Integração Social) e COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social). NOTAS EXPLICATIVAS Chegamos, então, ao nosso último assunto dentro das demonstrações contábeis, que são as notas explicativas. Definição 240 Sendo uma modalidade fácil de compreender, utilizada quando os números não dão conta de nos explicar tudo que precisamos saber na hora de analisar o balancete. E, quanto à legislação do CPC 26, as notas explicativas devem: ⯀ Apresentar informação acerca da base para a elaboração das demonstrações contábeis e das políticas contábeis específicas utilizadas; ⯀ Divulgar a informação requerida pelos Pronunciamentos Técnicos, Orientações, e Interpretações do CPC que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis; ⯀ E prover informação adicional que não tenha sido apresentada nas demonstrações contábeis, mas que seja relevante para sua compreensão. Não poderemos colocar informações irrelevantes para justificar, devemos sempre ter senso de proporção. Não se utiliza uma nota explicativa para apresentar e demissão de uma única pessoa, não é relevante o bastante, agora, uma demissão em massa de 100 pessoas, é totalmente relevante e merece a utilização. Conteúdo Quanto ao conteúdo de uma nota explicativa, podemos seguir a seguinte explicação como base: 241 Tudo isso deve constar dentro das notas explicativas, é muito importante ter a ciência do conteúdo necessário. Basicamente, esse é o resumo daquilo que o CPC nos direciona a colocar na nota explicativa. QUESTÃO 1 Com relação ao conteúdo das notas explicativas e a apresentação das demonstrações contábeis, julgue os itens abaixo e, em seguida, assinale a opção correta: ⯀ Notas explicativas contêm informações adicionais em relação à apresentada nas demonstrações contábeis. ⯀ As notas explicativas oferecem descrições narrativas ou segregações e aberturas de itens divulgados nas demonstrações contábeis e informação acerca de itens que não se enquadram nos critérios de reconhecimento nas demonstrações contábeis. ⯀ O conjunto completo de demonstrações contábeis não inclui as notas explicativas. Estão corretos os itens: a) I, II e II. b) I e II, apenas. c) II. d) II e III, apenas. Resposta: letra B, conforme o conteúdo apresentado em nossa aula. 242 Observação: nessa modalidade de questão costumamos considerar que cada assertiva precisa ser analisada fielmente, na hora da prova, isso fará total diferença. Enxergue casa assertiva como uma questão a ser respondida, no fim de cada leitura, analise se está certa ou correta. Vale lembrar, o cuidado que temos que ter com os “SIMS”, “NÃOS” e “EXCETOS”. EBITDA OU LAJIDA Lucro antes de juros, depreciação e amortização, falamos da LAJIDA e do EBITDA. Essa definição precisa estar clara em nossa cabeça para seguirmos nesse conteúdo teórico. Nada mais é do que o resultado líquido do período, acrescido dos tributos sobre o lucro das despesas e das depreciações, e amortizações. EBITIDA, sigla em inglês que significa “Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization”, em português “Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização”, ou seja, LAJIDA. Representa a geração operacional de caixa, ou seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas em suas atividades operacionais, sem levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. Algumas pessoas dizem não ser isso, por não analisarmos a forma de pagamento de alguns gastos, mas sim a geração operacional de caixa e a circulação de caixa, entradas e saídas, por exemplo, num parcelamento, nós temos de considerar esse pagamento que virá a sair do caixa; no sentido dessas pessoas, já contamos com o não pagamento desse parcelamento utilizado como exemplo. O EBITDA equivale ao conceito de fluxo de caixa operacional da empresa, apurado antes do cálculo do imposto de renda, sendo um indicador do potencial de geração de caixa proveniente de ativos operacionais. Ele é mensurado antes do imposto de renda, enquanto que o caixa disponível para pagar dividendos ou recompra de ações, é mensurado depois do imposto de renda; poderia ser excluído das despesas desembolsáveis apenas o IR deferido. Não obstante, não considera as receitas e despesas não operacionais, tais como ganhos ou perdas na alienação de bens do ativo fixo. Por exemplo: ⯀ EBITDA 🡪 1.000,00 ⯀ DEPRECIAÇÃO 🡪 10.000 ⯀ TRIBUTAÇÃO 🡪 1.500 Quando estamos analisando uma empresa, percebemos que tendo lançado todas as despesas operacionais, reduzido tudo da receita bruta de venda, custo da mercadoria vendida, então, nós paramos, chegamos ao resultado líquido, pois após tudo isso nós 243 chegamos ao EBITDA, ou seja, a partir do daí, teremos de deduzir as amortizações, depreciações e tributações, para chegarmos resultado realmente líquido. Mas o EBITDA faz com que possamos comparar o resultado da empresa de forma mundial – levando em consideração que cada país tem sua gestão quanto a tributações. Ele garante que entendamos o resultado operacional da empresa que estamos analisando. Alguns aspectos importantes do EBITDA: ⯀ O EBITDA ignora as variações do capital de giro; ⯀ É um indicador que se aproxima bastante da geração de caixa do negócio; ⯀ Indicador, também, interessante quando analisamos a competitividade e a eficiência da empresa, especialmente em comparações de ano a ano e com os concorrentes; ⯀ O indicador pode ser utilizado na análise da origem dos resultados da empresa e, por eliminar os efeitos dos financiamentos e decisões contábeis, pode medir com mais precisão a produtividade e a eficiência do negócio; ⯀ Pode ser utilizado para comparar as empresas quanto à eficiência dentro de um determinado segmento de mercado; ⯀ Indicador financeiro muito relevante, mas que deve utilizado combinado com outros indicadores de desempenho para fornecer uma visão mais apropriada do desempenho da empresa. Vale lembrar, que ele pode dar uma falsa idéia sobre a efetiva liquidez da empresa. Além disso, o indicador não considera o montante de re-investimento requerido (pela depreciação), fator especialmente crítico nas empresas que apresentam ativos operacionais de vida curta. Cálculo Primeiro é necessário descobrir o lucro operacional, depois, é preciso adicionar ao lucro operacional a depreciação e a amortização inclusos no custo de mercadoria vendida e nas despesas operacionais. O motivo é que essas contas não se constituem de uma redução efetiva do caixa no período. Logo, temos a seguinte fórmula: 244 Quanto ao Lucro Operacional, é gerado pela operação do negócio, subtraindo despesas administrativas, comerciais e operacionais. Ele oferece uma visão bem completa sobre resultados financeiros da empresa. Quanto à depreciação, falamos da apuração de um valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil, isto é, a anotação da redução do valor dos bens por desgaste ou perda de utilidade, seja por ação da natureza, ação humana ou obsolescência. Vale destacar, que um bom controle de depreciação pode auxiliar no seu resultado, não permitindo que ela fique maior do que a média. E, é claro, quanto à amortização, consiste na alocação sistemática do valor amortizável de ativo intangível (como marcas e patentes, por exemplo) ao longo do tempo. São uma pequena fração daquilo que tiramos todos os anos com os nossos ativos intangíveis. Então, para calcular o EBITDA, é preciso somar ao lucro operacional a depreciação e amortização. Logo, em 2002 a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) formalizou uma instrução uniforme para o cálculo do EBITDA. Deixando-nos a seguinte fórmula: QUESTÃO 1 O EBITDA é um indicador financeiro, então, considerando o EBTDA da empresa DELTA, têm-se: ⯀ EBITDA referente ao exercício de 20x1: R$ 300.000,00. ⯀ EBITDA referente ao exercício de 20x2: R$ -20.000,00. Esses resultados indicam que: a) Em 20x1, a empresa Delta gerou caixa, porém, em 20x2 as operações da empresa consumiram caixa. b) Em 20x1, a empresa Delta gerou caixa, porém, em 20x2 as operações da empresa consumiram caixa sendo assim suficiente para pagar juros e os impostos. c) As operações da empresa estão gerando caixa apesar de o indicador ser negativo em 20x2. d) As operações da empresa estão gerando caixa, sendo o indicador em 20x2 negativo, 245 significando uma situação de equilíbrio. e) Nenhuma das opções acima. Resposta: B, C e D, são falsas, pois na B não foi deduzido ainda os juros e os impostos, a letra C nega o fato da empresa não ter gerado caixa e sim consumido, e, na letra D temos a falsa afirmação de que a empresa está gerando caixa, por conseguinte, a letra E está errada, pois a resposta correta é a alternativa A. ÍNDICES DE LIQUIDEZ São índices que expressam a conversão de um ativo em dinheiro — liquidez. Lembre-se de que no balanço devemos separar passivos e ativos, e que nesta última parte precisamos ordená-los de modo crescente quanto à liquidez. Pois ela nada mais é que o prazo para que um ativo seja transformado em dinheiro. Por isso que o item “caixa” é o primeiro da lista. Basta acessá-lo para que tomemos o dinheiro em mãos. A liquidez do ativo caixa é imediata nessa situação. “Bancos” vem logo em seguida. O dinheiro está lá, basta retirá-lo. Retomando a definição, os índices de liquidez são maneiras de medir a disponibilidade e a velocidade com que um ativo é transformado em dinheiro. São também chamados de indicadores de liquidez, e fazem parte de um conjunto maior de índices financeiros que medem a capacidade financeira de uma empresa em satisfazer seus deveres junto a terceiros. Eles se referem também à capacidade que a empresa possui de pagar as obrigações de curto prazo. Também a liquidez está atrelada a solvência da organização — isto é, a sua capacidade de cumprir as obrigações a longo prazo. Avaliam assim o equilíbrio financeiro e o grau de comprometimento financeiro ante os seus credores. Para o cálculo dos índices de liquidez, as informações são extraídas do balanço patrimonial. Os principais índices de liquidez são os seguintes: ⯀ Liquidez geral: mede a capacidade de pagamento a longo prazo; ⯀ Liquidez corrente: mede a capacidade de pagamento a curto prazo e engloba todos os tipos de ativos e passivos circulantes. ⯀ Liquidez seca: mede a capacidade de pagamento também a curto prazo, porém desconsidera o uso do estoque. Eis a diferença entre ele e o anterior. 246 Índice de Liquidez Geral Como dito anteriormente, refere-se às obrigações a longo prazo. Leva em consideração a situação futura da empresa incluindo no cálculo os direitos (ativos) e obrigações (passivos). É uma importante ferramenta para o planejamento dos investidores, principalmente no momento da escolha de uma companhia na qual investir. Isto porque conseguimos com ele medir se a empresa tem ou não dinheiro para efetuar os seus pagamentos a longo prazo. É possível analisar a segurança em se tratado das obrigações. Essa análise histórica da liquidez geral pode demonstrar se a companhia está ganhando ou perdendo capacidade de honrar os seus compromissos. Como sempre se busca investir onde tudo está correto e dando lucros, procura-se pelas empresas com melhores índices de liquidez geral. Fórmula para o cálculo do índice de liquidez geral: Liquidez Geral (LG) = ativo circulante + total do ativo / passivo circulante + passivo não-circulante. Ou seja, LG = somatório dos ativos / somatório dos passivos. ⯀ LG > 1: esta é a melhor das situações. Quanto maior o valor, mais confiável é a empresa; ⯀ LG = 1: esta é a média das situações. O capital é exatamente correspondente às obrigações. ⯀ LG < 1: esta é a pior das situações. A empresa não possui, no momento da análise, capital suficiente para arcar com todas as suas obrigações. Há mais dívidas do que tudo. Sempre que analisarmos o índice de liquidez geral nunca devemos nos esquecer de que estamos avaliando todos os ativos e todos os passivos. 247 QUESTÃO 01. Considerando o balanço patrimonial abaixo, qual é o índice de liquidez da empresa? a) 1,23 b) 1,14 c) 0,93 d) 0,64 e) 0,30 Resolução: Aprendemos sobre contas credoras e devedoras nas demonstrações contábeis. Escreva as fórmulas para que facilite o processo de análise da questão. LG = Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo / Passivo Circulante + Passivo Não-Circulante. Note que valores de patrimônio líquido e de capital imobilizado não fazem parte do cálculo. Esta separação é a única dificuldade aqui. ⯀ Ativos: bancos, aplicações financeiras de curto prazo, estoques de matéria-prima e estoques de produtos acabados. ⯀ Passivos: dividendos a pagar, fornecedores e empréstimos a longo prazo. O resultado corresponde a 0,64. Alternativa correta é a letra d. 248 ÍNDICE DE LIQUIDEZ CORRENTE Mede a capacidade de pagamento de uma empresa no curto prazo e engloba todos os tipos de ativos e passivos circulantes. É um dos indicadores mais conhecidos para se analisar a capacidade de pagamento de uma empresa. Mostra diretamente a quantia disponível de imediato para o pagamento das dívidas de curto prazo. Lembre-se de que na liquidez geral olhávamos para o longo prazo. Se a empresa apresentar dificuldades para o pagamento de compromissos no curto prazo, haverá grandes possibilidades de que ela apresente problemas financeiros no futuro. Precisará talvez de empréstimos e negociações com instituições bancárias. Ele é calculado pela razão entre os ativos circulantes (dinheiro em caixa, estoques etc.) e os passivos circulantes (dívidas a curto prazo: empréstimos, impostos, pagamentos a fornecedores e outros). Fórmula para o cálculo de liquidez corrente: Liquidez Corrente (LC) = ativos circulantes divididos pelos passivos circulantes. ⯀ LC > 1: conseguirá arcar com todas as suas obrigações tranquilamente; ⯀ LC = 1: capital e obrigações são equivalentes. Não sobrará dinheiro em caixa após o pagamento das dívidas; ⯀ LC < 1: não conseguirá, no momento, arcar com todas as suas obrigações. Ao contrário da liquidez geral, onde o LG < 1 representa algo gravíssimo para a empresa, para o índice de liquidez circulante o valor LC < 1 não é tão alarmante. Muitas vezes aqui o 249 problema é apenas na construção e gestão das dívidas. O que mais tem por aí são empresas que retiram do capital de giro ou do disponível para investir em obras, máquinas e prédios. É preciso para esses casos realizar a manutenção da dívida: tanto a curto quanto a longo prazo. Uma boa renegociação com as instituições bancárias já resolveria a situação. Em outras palavras, o índice de liquidez circulante menor que 1 representa falhas no giro operacional do caixa — as compras e as vendas não estão sendo bem feitas. Administrativamente é possível solucionar isso. Lá na liquidez geral a questão é mais complicada porque engloba todas as dívidas e praticamente todo o patrimônio. As negociações junto às instituições credoras já foram feitas e mesmo assim não houve meios de melhorar a situação deficitária. QUESTÃO 01. Considerando o balanço patrimonial abaixo, responda: qual é, aproximadamente, o índice de liquidez corrente da empresa no exercício de 2001? a) 1,60 b) 1,55 c) 0,94 d) 1 e) Nenhuma das respostas anteriores 250 Resolução: Há um balanço comparativo dos ativos e passivos de 2001 e 2002. Encontramos ali os totais do ativo e passivo circulantes. Vemos também ativos permanentes etc. Vamos empregar a fórmula: LC = ativos circulantes / passivos circulantes. Primeiro devemos descartar todas as informações referentes a 2002. Colocando os valores na fórmula, temos 707 / 455. Isto equivale a 1,55. Portanto, o gabarito é a letra b. Sendo esse o valor (1,55), no caso hipotético do exercício proposto a empresa consegue ficar ainda com algum dinheiro após os pagamentos de dívidas. ÍNDICES DE LIQUIDEZ SECA O índice de liquidez seca considera os valores que a empresa dispõe para pagar suas contas no curto prazo, ainda que não consiga vender nada do que possui em estoque. A única diferença em relação ao índice de liquidez corrente é que ele exclui dos pontos analisados os estoques do ativo circulante, já que são menos realizáveis em prazos curtos. Aqui vemos a capacidade que as empresas têm para realizar os pagamentos que precisa fazer. Aquelas que possuem esse índice com valor maior que um estão realmente muito bem. Entretanto, essa análise não faz sentido se a empresa a ser estudada não trabalha com estoques relevantes. E se a empresa trabalha com estoques valiosos, é mais interessante retirá-los da análise de liquidez — isto é, desconsidera-se a possibilidade de não vender produtos já acabados. Fórmula para o cálculo da liquidez seca: 251 A ideia geral é muito similar a dos outros dois índices que já estudamos. O índice de liquidez seca (LS) = (ativo circulante – estoques) / passivo circulante. ⯀ LS > 1: a empresa não precisa se desfazer dos estoques para cumprir com suas obrigações. ⯀ LS = 1: o capital e as obrigações são equivalentes. ⯀ LS < 1: a empresa não possui, no momento, capital suficiente para arcar com todas as suas obrigações. Feitas essas considerações, é interessante saber que uma empresa por ter índice de liquidez seca menor que 1 e índice de liquidez geral maior do que 1. Isso significa que há um bom estoque para que se possa cobrir os pagamentos. Certo! Mas para que servem todos esses índices? Bancos usam muito esses parâmetros para definir se vão ou não dar crédito a uma empresa. Os gerentes não autorizam empréstimos para uma companhia com índice de liquidez geral valendo 0,3 porque sabem que não há possibilidade de pagamento. Agora, se o índice de liquidez estiver baixo, pode ocorrer de os credores solicitarem uma auditoria que considere os estoques, visto que eles podem melhorar a classificação da empresa. QUESTÃO 01. Com base nos dados extraídos do balanço patrimonial e da demonstração do resultado de 31/12/2006 da Cia. Comercial Monte Azul, responda: o índice de liquidez seca da referida companhia na data citada correspondia a: a) 50% b) 60% c) 90% d) 115% e) 125% 252 Resolução: observando com atenção, os três primeiros itens já estão separados para que possamos fazer os cálculos. Duplicatas a receber (ativo circulante). Ativo realizável a longo prazo (não-circulante). Ativo permanente (semelhante ao imobilizado). Passivo exigível a longo prazo (só estamos buscando pelo circulante na questão). Lucro líquido do exercício (patrimônio líquido). Custo das mercadorias vendidas e lucro bruto (Demonstração do Resultado do Exercício — DRE). Os examinadores gostam de encher as questões com pontos desnecessários e cálculos com várias casas numéricas. Atente-se a isso. Lembre-se também de que o índice nada mais é que também algo que pode ser transformado em porcentagem: basta multiplicar o valor obtido por 100. Aplicando a fórmula LS = ativos circulantes – estoques / passivo circulante, obtemos que LS = 450 – 234 / 360. Assim, LS = 226 / 360. O resultado é 0,6. Mas não há o valor 0,6 dentro das respostas possíveis! Muito bem! Então precisamos transformá-lo em porcentagem. Basta multiplicar por 100 para transformar o índice em percentualidade. O resultado é 60%. A resposta correta é a alternativa b. Isto quer dizer que a empresa precisa vender o estoque de mercadorias para conseguir cumprir com todas as suas obrigações. A título de curiosidade, calculemos o índice de liquidez geral dessa empresa para sabermos se vale ou não emprestarmos algum dinheiro. LG = 450 / 360. Isto resulta em 1,25. Se um banco, ao qual foi pedido R$300.000,00, analisar apenas o índice de liquidez seca da empresa do exemplo, certamente não haverá empréstimo. Mas se o estoque entra na 253 jogada, o patamar de classificação muda e a empresa passa a indicar segurança no pagamento. É bem provável que por esse ponto o banco efetue a negociação de empréstimo. ÍNDICES DE SOLVÊNCIA E ESTRUTURAS DE CAPITAL Características Gerais Falamos de uma ferramenta que ajuda a determinar se a empresa tem fluxo de caixa suficiente para gerenciar suas dívidas de acordo com seus vencimentos. A solvência é a capacidade de uma empresa de ter as devidas condições de honrar todas as suas obrigações financeiras. Ou seja, pagar todas as suas obrigações, de papel, de água e entre outros itens possíveis. As empresas com índices de solvência mais altos inspiram mais confiança em relação aos bancos e aos credores, enquanto negócios com índices baixos se apresentam como riscos em potencial. Ou seja, está mal de fluxo de caixa para cumprir suas obrigações. Mas um índice de solvência considerado bom muda de acordo com o setor de atuação. Não podemos comprar os índices quando falamos de setores diferentes que exigem análises diferentes. Por exemplo, uma empresa de educação não pode ser analisada da mesma forma que uma metalúrgica. Para o índice de solvência o ramo/segmento é bem importante. É importante comparar os números com os concorrentes diretos. A solvência não só ajuda as empresas a tomar decisões financeiras importantes e assegurar a rentabilidade no futuro, mas também garante aos credores e acionistas, sua capacidade de pagar suas dívidas. Logo, entendemos que o índice fornece informações para os usuários internos e externos, como governo, banco, administradores, credores etc. Os índices de solvência também oferecem uma previsão da solidez da empresa nos anos seguintes. Sendo que quanto maior o índice melhor será essa capacidade; Fórmula do Índice de Solvência: nada mais é do que a divisão do ativo total pelo passivo exigível (passivo circulante + passivo não circulante): 254 QUESTÃO 1 Levando em conta a fórmula, teremos de calcular o total do ativo, dividindo-o pelo passivo não circulante somado ao passivo circulante. Então, chegaremos ao valor da solvência geral. E, perceba que basta apenas aplicar a fórmula apresentada anteriormente, para que possamos obter o valor, sendo um cálculo simples de executar. Resposta correta: alternativa A - 0,57. ESTRUTURA DE CAPITAL Os indicadores são conjuntos de dados financeiros que revelam a condição da empresa para lidar com o seu nível de endividamento. Indicam o tamanho da dívida e a capacidade da empresa conseguir pagar a mesma. Será indicado a posição do endividamento, que é o quanto de capital de terceiros a empresa está utilizando. A capacidade de geração de caixa, para pagar os juros e outras dívidas. E, por fim, a capacidade da empresa fazer com que suas atividades cresçam, de forma sustentada e sólida. Os indicadores têm a função de demonstrar qual o grau de dependência das fontes internas e externas de recursos que as empresas utilizam para sua alavancagem. Ainda irá identificar o grau de risco financeiro da organização, onde se a empresa elevada participação de capital de terceiros, significa uma dependência de fontes vindas de recursos externos que exigirá remuneração e garantias para liberação de crédito, apresentando um 255 maior risco. Possuímos duas fontes de capital em uma empresa, o capital de terceiros e o capital próprio. Sendo a estrutura de capital a forma como a empresa administra essas duas fontes: Podemos ter um capital de terceiros a curto prazo e um capital próprio permanente e de longo prazo. No capital de terceiros temos de incluir a ideia de passivo circulante e passivo não circulante. Um problema comum é quando o capital de terceiros é maior do que o patrimônio líquido, pois o dinheiro já não é mais nosso e sim dos empréstimos, das relações bancárias e dos credores. Tipos de Índices de Estrutura de Capital Endividamento geral, que mede o quanto a dívida total da empresa pode ser liquidada com a totalidade do seu ativo. Fórmula: Endividamento com terceiros, indica a dependência da empresa em relação ao capital de terceiros, sendo que quanto menor melhor. Fórmula: Índice de composição do endividamento, demonstrará a relação entre o passivo de curto prazo da empresa e o passivo total, desta forma mede qual o percentual do passivo de 256 curto prazo é utilizado no financiamento de terceiros. Fórmula: Basicamente, é a saúde da sua dívida e como você se relaciona com ela. O problema é sempre se conseguiremos pagar ou não os empréstimos, pois às vezes vale mais a pena tirar o dinheiro do próprio caixa. QUESTÃO 2 Nesse caso, o que ocorre é que a variância do retorno sobre o capital próprio aumenta. A nossa estrutura de capital de terceiros aumentou e nosso dinheiro próprio se manteve, ou seja, houve apenas uma variância sobre o capital próprio. Resposta correta: alternativa E. ÍNDICE DE COBERTURA DE JUROS Esse índice mensura a capacidade da empresa de fazer os pagamentos dos juros contratuais, ou seja, atender às obrigações da dívida. Quanto maior for esse índice, mais capaz será a empresa de atender às obrigações da dívida. O indicador de cobertura dos juros quer sinalizar uma ideia de capacidade de pagamento. Quanto maior é o resultado, maior também é a capacidade empresarial de arcar com os juros. Revela, também, quantas vezes o lucro operacional será suficiente para pagar as despesas com juros. Fórmula do índice de cobertura de juros: Sendo o Lajir os lucros antes dos juros e do imposto de renda. 257 QUESTÃO 1 Com base nas informações obtidas a partir do balancete de verificação da empresa Topa em Tudo Ltda, em 30 de junho de 2015, classifique as contas contábeis e responda a questão. Teremos um lucro bruto de 69,400 que iremos subtrair das despesas com vendas que é de 17.000, menos as despesas administrativas de 26.000 e ainda menos outras despesas de 1.000, assomando as receitas financeiras de 2.000, com isso chegaremos ao LAJIR. Então, iremos dividir o Lajir pelas despesas com juros referentes ao balancete apresentado. Esse valor dos juros aos bancos é de 7.500 e está apresentado no balancete. Por fim, che- 258 garemos ao valor de 3,65. Resposta correta: alternativa D - 3,65. SALDO DE TESOURARIA SOBRE VENDAS É definido com a diferença entre o ativo e o passivo erráticos, onde, ativo errático é o ativo circulante financeiro e o passivo errático é o passivo circulante financeiro. Sendo representado apenas pela letra T. Os recursos financeiros, se referem a dinheiro e a moeda corrente, apresentados no balancete. Recursos operacionais, onde o termo operacional identifica bens e direito a receber que se transformarão em recursos financeiros somente no futuro: Os passivos são nossas obrigações financeiras e valores a descontar junto aos bancos. Utilizaremos de uma fórmula para o saldo de tesouraria sobre vendas. Fórmula: Onde o resultado revelará qual é o montante de investimentos financeiros em giro são financiados por empréstimos bancários. O saldo de tesouraria, que representa a diferença entre o ativo errático e o passivo errático, é o termômetro dos riscos resultantes do descompasso entre esses ativos e passivos. Ou seja, quanto maior for o saldo de recursos financeiros que a empresa tiver, melhor! Sendo assim, há possibilidade de a empresa pagar seus compromissos em dia e necessitar de menos capitais de terceiros. Conteúdo esse que geralmente cai em prova, mas não está como regra. Existe uma relação de causa e consequência entre o saldo de tesouraria, o capital circulante líquido e a necessidade de capital de giro. A tesouraria não é somente a diferença entre ativos e passivos erráticos, mas também é a diferença entre capital circulante líquido (CCL) e a necessidade de capital de giro (NCG). 259 Logo, a fórmula abaixo está correta também: Se o capital de giro for insuficiente para financiar a necessidade de giro, o saldo da tesouraria será negativo. Nesse caso, o passivo errático será maior que o ativo errático. Isto indica que a empresa financia parte da NCG e o ativo permanente com fundos de curto prazo, aumentando portanto seu risco de insolvência. Efeito Tesoura Quando o passivo errático excede muito o ativo errático e a diferença é crescente, a empresa pode entrar no efeito tesoura. Esse efeito não significa que a empresa tem problemas graves, mas é um alerta para uma situação de liquidez que se deteriora, podendo comprometer o financiamento do crescimento futuro. Ele ocorre quando a empresa financia a maior parte da NCG através de créditos de curto prazo. Nesse caso, o saldo de tesouraria se apresenta negativo e crescendo, em valor absoluto, proporcionalmente mais do que a NCG. Evidenciando uma dependência cada vez mais acentuada dos recursos de curto prazo para o financiamento das atividades da empresa. Este processo persistente eleva o risco financeiro e se materializa quando ocorre um crescimento significativo e continuado do saldo negativo de tesouraria. Ocorre quando? ⯀ As vendas da empresa crescem a taxas anuais elevadas; ⯀ A relação NCG sobre vendas mantém-se, substancialmente, mais elevada do que a relação autofinanciamento e vendas, durante o período de crescimento das vendas. ⯀ Durante o período de crescimento das vendas, as fontes externas que aumentam o capital de giro são utilizadas somente para novos investimentos em bens do ativo permanente que, por sua vez, diminuem o capital de giro. QUESTÃO 1 260 Utilizaremos a fórmula apresentada acima, levando em consideração os fatores apresentados na tabela, para então chegarmos ao resultado da nossa tesoura ou tesouraria. Nesse caso, o efeito tesoura apurado é de - 600, ou seja, o efeito é negativo e corresponde a 600. Resposta correta: alternativa A. PARTICIPAÇÃO DE CAPITAL DE TERCEIROS Falamos do indicativo da dependência dos negócios em relação a recursos de terceiros (bancos, fornecedores, recursos, trabalhistas e tributários). Basicamente, o resultado próximo a 1 denota insolvência e extrema dependência de terceiros. O ideal é que esta participação seja igual ou inferior a 0,6. Esse indicador irá representar quanto nós temos de recursos comprometidos em domínio de terceiros, por conta disso sua análise é importante para o longo prazo. 261 A estrutura de capital é um dos temas mais utilizados na análise financeira para verificar a gestão do endividamento das empresas. Na hora da prova, nos será apresentado pedindo para que saibamos a diferença entre ele e outro princípio. Tem a função de demonstrar qual o grau de dependência das fontes internas e externas de recursos que as empresas utilizam para alavancar suas operações. As empresas que apresentam elevada participação de capital de terceiros, demonstram uma dependência de fontes vindas de recursos de terceiros que exigem remuneração e garantias para liberação de crédito, apresentando um maior risco. Por exemplo, se colocarmos dentro de um gráfico de “pizza”, poderemos visualizar a porcentagem do capital em fornecedores, bancos, empregados, governo e o lucro líquido. Uma empresa, na qual 80% do capital pertence a terceiros, qual será o risco dessa operação? Qual o nível de possibilidade dessa empresa quebrar? Temos de levar esses aspectos em conta. Quanto mais perto de 1, maiores são as chances do risco aumentar. Fórmula do índice de participação de capital de terceiros: Basicamente, a interpretação que fazemos é que quanto menor for o seu valor, melhor! QUESTÃO 1 Supondo que a Cia. Tudo Certo S/A apresentou em seu balanço patrimonial as seguintes contas, com seus respectivos valores em reais, em 31/12/2017. 262 Aplicamos a fórmula e chegaremos ao resultado de 62,4%, que é um índice bom, por sinal. Resposta correta: alternativa D. GRAU DE ENDIVIDAMENTO OU ÍNDICE DE GRAU DE ENDIVIDAMENTO Conhecido por endividamento ou endividamento geral, é um dos principais indicadores para avaliar a saúde financeira empresarial. Serve para demonstrar a quantidade do capital da empresa que foi financiada por terceiros — e, por conseguinte, gerou dívidas que precisarão ser pagas futuramente. É extraído da divisão entre o ativo e o passivo encontrados no balanço patrimonial. Como se trata apenas de um indicador, e não de um determinador, torna-se necessário avaliar se o endividamento é saudável e ainda outras situações. Algumas empresas têm 100 milhões de endividamento. Apenas essa informação pode causar espanto, certo? Mas é preciso fazer as seguintes perguntas para que tudo se esclareça: “Como está esse endividamento?”, “Como está a dívida e o custo desse endividamento?” Se os 100 milhões foram emprestados a curto prazo, provavelmente a dívida fica muito alta e beira os 150 milhões. Mas se o endividamento se encontra dividido em longo e curto prazo, e esta corresponde somente ao pagamento dentro dos 12 meses, a dívida fica bem menor do que poderia parecer à primeira vista. 120 milhões distribuídos ao longo de 10 anos não é tanta coisa assim. Outra coisa, é preciso fazer comparações entre o faturamento e o endividamento. Tudo depende de situações comparadas. Por isso é preciso analisar as dívidas, e não apenas olhar os números em absoluto. Os principais pontos a serem observados na questão do endividamento são: 263 ⯀ Objetivo do endividamento: Em geral, empresas que utilizam capital terceirizado para financiar projetos rentáveis não devem ser penalizadas por isso. Não faz sentido zerar o caixa para realizar investimentos sendo que eles podem ser feitos tranquilamente com dinheiro alheio. Obviamente o retorno com a operação feita deve ser maior do que a dívida para com a instituição financeira. Algumas empresas zeram o caixa, fazem as aplicações, mas depois não conseguem realizar o pagamento dos funcionários. Com certeza os juros do dinheiro emprestado nessas condições serão muito maiores. ⯀ Custo da dívida: isto é, quais os juros (remuneração do capital) estão sendo cobrados e a quais indexadores eles estão vinculados. Quanto menor o custo da dívida, melhor. Portanto, as dívidas a longo prazo são as mais interessantes. ⯀ Capacidade de pagamento aos credores: é preciso estar atento ao cronograma de amortização das dívidas da companhia para saber se ela será capaz de honrá-las. Empresas que efetuam pagamentos corretamente são avaliadas positivamente em casos de novos empréstimos. ⯀ Comparação das dívidas de empresas do mesmo setor: naturalmente, alguns setores da economia são mais alavancados que outros. Assim, a paridade é mais condizente se as empresas forem do mesmo ramo. É sempre importante a comparação do grau de endividamento de uma empresa com as suas concorrentes. Fórmula para o cálculo do índice de grau de endividamento: Grau de endividamento (EG) = passivo circulante + passivo não-circulante / ativo total. Quanto menor o valor, mais interessante é a classificação da empresa quanto a segurança financeira. QUESTÃO 01. Considere os dados do balanço patrimonial em 31/12/2014 da Cia. Beta, conforme abaixo discriminado. O índice de endividamento geral da companhia Beta é de: a) 2,75 264 b) 2,29 c) 1,25 d) 1,00 e) 0,80 Precisamos selecionar o total do ativo e os passivos circulante e não-circulante (exigível a longo prazo). Apliquemos a fórmula EG = passivo circulante + passivo não-circulante divididos pelo ativo total. EG = 36.000 + 30.000 / 82.500. O resultado é 0,8. Portanto, a resposta correta é a alternativa e. Com este valor, conseguimos fazer algumas análises. A empresa está com índice bom ou ruim? No caso, está de aceitável para bom. Seria preocupante se o total dos passivos começassem a exceder o valor total dos ativos. Isso não aconteceu em nosso exercício. A companhia Beta poderia facilmente conseguir empréstimos junto a instituições financeiras. ÍNDICES DE RENTABILIDADE Este é um dos principais métodos de análise de desempenho por indicador de um determinado negócio. Discorre sobre a capacidade da empresa gerar retorno financeiro a partir 265 dos investimentos que nela foram realizados — portanto, é uma questão que relaciona a quantidade de dinheiro obtida em retornos ante a quantidade de dinheiro investida inicialmente. Os retornos, por sua vez, podem dizer respeito a investimentos financeiros, ativos e patrimônio líquido. Com essa ferramenta é possível que as empresas saibam, com clareza, se há necessidade de correção da estratégia para reverter quedas na lucratividade. Muitas delas demoram tempo demais até tomar ações nesse sentido. O problema não é dar um passo equivocado — mas sim mantê-lo sem correções. “Contratei uma dívida junto a um banco e ele está me cobrado um custo de operação enorme.” Pois então procure um outro banco e veja se ele não assume a sua dívida. Pode ser que você pague menos por ela se isso for feito. Essa é uma estratégia de rentabilidade. Os índices de rentabilidade também auxiliam na tomada de decisões por diversos agentes, internos ou externos (acionistas, novos sócios e investidores). Além disso, são também métricas que indicam se aquilo que está sendo feito gera um bom retorno financeiro e se a empresa consegue se pagar. Essa análise pode ser aplicada também em áreas específicas do negócio. Os pontos-chaves do indicador são os seguintes: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Possibilita uma visão ampliada de todos os departamentos da empresa; Auxilia na tomada de decisões; Pode direcionar o comportamento de investidores; Demonstra se as práticas vigentes são ou não eficazes; Revela a margem de lucro do negócio (rentabilidade); Principais Índices de Rentabilidade ⯀ Return on Investment (ROI): significa retorno operacional do investimento ou retorno sobre investimento. Avalia a capacidade da empresa em gerar retorno financeiro a partir de cada real nela investido, seja por capital próprio, seja por capital de financiadores ou investidores (terceiros). A princípio aqui é o seguinte: “Investi R$1 nessa empresa. Quanto terei de retorno?” Se o valor é de R$1,50, isto quer dizer que nessa situação se recebe 50% a mais do que aquilo que foi investido. 266 ⯀ Return on Assets (ROA): significa retorno operacional dos ativos. Fala sobre a capacidade da empresa gerar retorno financeiro a partir dos seus ativos, que são todos os bens e direitos que podem aumentar o poder aquisitivo. Ou seja, avalia-se o retorno de cada real investido na compra de determinado ativo. Qual a diferença entre os dois retornos? O primeiro está visando apenas a questão financeira. Nesse último, considera-se a valorização dos ativos. ⯀ Return on Equity (ROE): significa retorno sobre o patrimônio líquido. Refere-se ao valor que os sócios e acionistas possuem na empresa e revela quanto que a empresa está gerando de retorno financeiro para o capital próprio investido. Este índice é muito importante porque o acionista coloca dinheiro na empresa e quer saber uma estimativa realista de quanto vai ganhar com isso, ainda que não seja possível prever o futuro. Entretanto, é possível fazer projeções de segurança. Isso quem revela é justamente o ROE — retorno financeiro gerado no patrimônio líquido. Nele há uma conta especial chamada reserva de lucros ou reserva de prejuízos. Ela oscila bastante e depende da contabilidade do período em análise. RETORNO SOBRE VENDAS Também conhecido como índice de lucratividade ou Return on Sales (ROS). Apresenta a rentabilidade média das vendas da empresa (receitas operacionais). É bastante utilizado para fazer comparações entre companhias do mesmo segmento de mercado. Expressa uma síntese imediata de quanto é o ganho percentual em cada venda. Compara os cálculos do período atual com os cálculos de períodos anteriores (revelando volatilidade, crescimento, queda, fatores determinantes entre outros) e assim é possível construir gráficos de tendências. Compara também o desempenho de eficiência interna ao longo do tempo. É um indicador absolutamente vinculado à receita da empresa. O índice de lucratividade varia bastante em relação ao tipo de empresa a qual é empregado e, como já dito, só tem validade se a comparação for feita entre empresas da mesma vertical (nicho ou ramo de mercado). Os investidores, credores e demais detentores de direitos dependem desse índice, já que ele comunica com precisão a porcentagem de caixa operacional que determinada empresa 267 realmente produz em sua receita e pode fornecer informações sobre potencial de dividendos, reinvestimentos e capacidade de reembolso de dívidas. Resumindo: se aqui estamos tratando de um indicador de desempenho de vendas, os maiores interessados nele são os investidores, credores e detentores de dívidas em geral — os quais querem saber se os dividendos serão pagos, se haverá outras possibilidades de investimento e se as obrigações financeiras serão todas quitadas. Fórmula para calcular o índice de lucratividade (ROS): O índice de lucratividade é uma relação entre o resultado operacional e a receita líquida de um determinado período de tempo. Assim sendo, ele corresponde a cem vezes a razão entre o lucro líquido anual e a receita total anual. QUESTÃO 01. A empresa Negócios Sustentáveis S/A apresentou no mês passado em caixa um valor de R$38.500 para fazer frente aos seus compromissos financeiros. Além disso, obteve um lucro líquido nesse mesmo período de R$33.500 e seu ativo total registrava R$180.000,00. Considerando tais dados, analise as afirmativas a seguir: ⯀ I. A lucratividade do negócio foi superior a 18%, sendo calculada pela divisão do lucro líquido da empresa pelo tamanho do investimento (valor ativo total). ⯀ II. A liquidez da empresa pode ser calculada dividindo-se o valor de caixa pelo valor do lucro líquido, sendo o resultado maior que 1, o que indica uma liquidez favorável. ⯀ III. O caixa líquido da empresa no mês passado foi de R$5.200, sendo representado pela diferença entre o caixa e o lucro da empresa. Neste cenário, marque a(s) alternativa(s) correta(s): a) Apenas a I. b) Apenas a I e II. c) Apenas a II e III. d) I, II e III. 268 Resolução: é uma questão de ROS. Empreguemos, portanto, a fórmula que explicamos anteriormente. ROS = (lucro líquido / receita total) x 100. ROS = (33.500 / 180.000) x 100 = 18,61%. A lucratividade foi então superior a 18%. A alternativa I está correta. A alternativa II está incorreta porque sabemos que o lucro, na fórmula, ocupa a posição de numerador; o caixa, de denominador. É uma questão de definição. A alternativa II está incorreta porque sabemos que o caixa líquido é a diferença entre o lucro líquido do mês e o caixa, e não o contrário. Desta forma, a resposta correta é correspondente à letra (a). RETORNO SOBRE O ATIVO OU RETURN ON ASSETS (ROA) Indicador que apresenta como a empresa é rentável em relação ao seu total de ativos. Exemplificando: comprou-se um terreno de 576 m² (16m x 36m) por R$100.000. Após 6 meses e uma reavaliação do ativo, foi constatado que ele passou a valer R$125.000. Houve uma valorização de 25%. Assim, o ROA fornece uma visão do quão eficiente é a gestão de determinada empresa na utilização dos ativos para produzir ganhos. “Mas no exemplo dado a empresa não fez exatamente nada para ter o lucro. Só comprou o terreno.” Fez, sim. A escolha de compra de um ativo, o momento de compra e o lugar onde comprar, o que fazer com o ativo e como trabalha-lo é de responsabilidade da gestão empresarial. Por isso os índices de qualidade e assertividade precisam ser maiores entre os profissionais de gestão. Os pontos mais importantes do retorno sobre o ativo são os seguintes: ⯀ Analisa a capacidade que uma empresa tem de gerar lucros a partir dos seus ativos; ⯀ Informa que ganhos foram gerados a partir do capital investido em ativos; ⯀ É útil para comparar o desempenho de uma empresa em periodizações anuais; ⯀ É útil para comparar o desempenho entre empresas do mesmo segmento 269 mercadológico. ⯀ Por medir a razão entre o lucro líquido e os ativos totais da empresa (caixa e valores imobilizados), esse indicador é um dos mais importantes na hora de se analisar a rentabilidade de um negócio. ⯀ Os investidores utilizam o ROA como instrumento de avaliação de empresas junto a outras métricas impor tantes , como: liquidez, taxa interna de retorno e lucratividade. O cálculo do ROA é direto e seus componentes são encontrados nas demonstrações financeiras da empresa. O primeiro passo é identificar os ativos totais. O segundo passo é encontrar o lucro líquido, que é basicamente a receita total subtraída dos custos. Fórmula para calcular o retorno sobre ativos (ROA): QUESTÃO 01. Assinale a opção que indica corretamente o retorno sobre o ativo obtido no ano de 2018 pela diretoria da empresa cujos indicadores de rentabilidade encontram-se na tabela abaixo: a) 12,5% b) 32% c) 3,13% d) 4% e) 6,25% 270 Resolução: A tabela já apresenta o ativo total médio, o giro do ativo total, o lucro líquido e o operacional após o imposto de renda, a margem operacional e as vendas líquidas. Apliquemos a fórmula: ROA = (lucro operacional / ativos totais) x 100. Portanto, ROA = (80.000 / 640.000) x 100. ROA = 0,125 x 100 = 12,5%. A resposta correta é a do gabarito de letra a. Aqui analisamos o retorno que o ativo forneceu. Em linhas gerais, é um bom retorno. Foi vendido tudo que se devia vender e os números superaram em 12,5% o total do ativo. Algumas empresas trabalham com ROA de 8% ou 7%. Este não é o único critério de avaliação, evidentemente. Mas é um bom parâmetro para investimentos. RETORNO SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO OU RETURN ON EQUITY (ROE) Indicador que mede a capacidade de uma empresa agregar valor em si a partir de seus próprios recursos e do dinheiro de investidores. Mensura também a rentabilidade de uma corporação ao revelar o quanto de lucro é gerado com o dinheiro investido pelos acionistas. Ele também é usado para comparar a rentabilidade de empresas do mesmo setor. Relembrando: em se tratando de análise e comparação de indicadores, o ideal é que sejam feitas entre empresas do mesmo setor de mercado. O retorno sobre o patrimônio líquido é o retorno total do lucro líquido, medido como porcentagem do patrimônio líquido dos acionistas. É também comparativamente válido, como já dito, para empresas do mesmo ramo. Isto porque em determinados setores as condições de capital investido e riscos são completamente diferentes, fazendo com que uns sejam mais alavancados com capital terceirizado que outros. Não é possível comparar empresas de bairro com empresas mundiais. Fórmula para calcular retorno sobre o patrimônio líquido (ROE): O ROE corresponde à divisão entre o lucro e o patrimônio líquidos de determinado período. O resultado indica um percentual e mostra a eficiência da empresa em questão. É importante salientar que o lucro líquido só é revelado ao final do ano fiscal. Não é possível 271 pagar dividendos antes de haver o fechamento contábil, já que a conta envolvida é a do patrimônio líquido. Antes de ser efetuado o pagamento dos dividendos dos detentores de ações ordinárias deve ser feito o pagamento para os acionistas preferenciais. Tudo isso é regido no CPC. O patrimônio líquido não inclui ações preferenciais, e é por isso que o resultado é calculado após os seus pagamentos. QUESTÃO 01. Qual o índice de rentabilidade sobre o patrimônio líquido, considerando-se as informações do balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício em 31/12/2018? OBS: Não arredondar os valores e trabalhar apenas até a segunda casa decimal. a) 12% b) 10% c) 8% d) 5% e) 3% 272 Resolução: A demonstração do resultado no período nos fornece um lucro de R$18.900. Mas é possível obter essa mesma informação no balanço patrimonial (lucro do exercício). Esta é uma grande dica para resolver provas: nem sempre precisamos de todas as informações que nos são oferecidas. Muitas vezes elas servem apenas para embaralhar a verdadeira solução. Vejamos agora que não é possível encontrar diretamente os dados de patrimônio líquido, mas as contas dele estão todas no balanço. Na hora da prova é preciso que tenhamos inteligência em algumas situações. O número de que dispomos é R$375.900,00. Veja que o patrimônio líquido + passivos circulante e não-circulante = total dos passivos. Aplicando a fórmula, temos que ROE = (18,90 / 375,90) x 100. O resultado obtido é 5,02%. A resposta correta é a da letra (d). Esta não é uma questão difícil, ainda que seja complicada. Tem muitas informações desnecessárias. Note que os nossos cálculos foram muito simples: apenas entendemos o conceito do que era pedido pelo enunciado e aplicamos a fórmula adequada. MARGEM BRUTA Margem bruta analisa a rentabilidade de um negócio. Ou seja, o quanto que a empresa ganha de acordo com cada uma das vendas realizadas. Compara o lucro bruto com as vendas líquidas em determinado período. Ela também é utilizada quando se aplica a relação da venda do produto. Se um produto custa R$100 para ser feito, o seu valor de venda deve ser um somatório do custo e da margem bruta. Suponhamos que aqui seja R$145. Dentro da margem bruta podem estar inclusos os custos operacionais indiretos, reserva técnica e o lucro em si. Trata-se de um importante indicador tanto para os gestores quanto para os investidores de um negócio, uma vez que mostra quanto sobra do dinheiro gerado pelas vendas dele, o qual servirá para o pagamento das despesas restantes. Importante: margem bruta não é lucro. Uma margem bruta crescente pode significar que os preços finais de venda estão progredindo mais rápido que os custos envolvidos. Não há nada de errado com isso. Reposicionamentos de mercado e ajustes de preço de venda podem provocar esse aumento. É mais um ponto onde podemos verificar a eficiência de gestão, eficácia e eficiência de uma empresa — a margem bruta está muito vinculada a ela. 273 Em nosso cenário atual de pandemia do coronavírus, talvez não seja o ideal tentar alavancar a margem bruta do produto porque o cliente final pode não comprá-lo. Outra razão para o aumento da margem bruta pode ser a diminuição dos custos de produção em relação à receita líquida — isso ocorre quando uma empresa tem poder de barganha com seus fornecedores. De maneira geral, esse indicador deve ser utilizado para se observar a dinâmica geral dos custos. Por fim, o aumento e a diminuição de margem bruta são sempre motivos de alerta e estudos devem ser feitos para que haja o entendimento correto de suas respectivas causas. Não adianta nada a margem subir ou descer e a empresa não ter a menor ideia do que está acontecendo. É preciso ter sendo e experiência para balancear custos, margem bruta e lucros para que um empreendimento caminhe bem, mantenha os clientes e conquiste novos. Fórmula para o cálculo da margem bruta: A relação pode ser entre o lucro bruto e a receita de um determinado período. QUESTÃO 01. Uma entidade apresentava em 31/12/2019 a demonstração do exercício abaixo. Sobre o índice de margem bruta dela, indique a resposta correta: a) 8,25% b) 2,5% c) 25% d) 29% e) 33% f) 12,5% 274 Aplicando a fórmula, a margem bruta = (200.000 / 800.000) x 100. O resultado é 0,25 x 100 = 25%. Portanto, a resposta correta é a de letra (c). Este resultado diz que dentro dos 25% é preciso pagar todo o custo operacional indireto, isto é, aquele custo que não está vinculado ao produto final. Por exemplo: os custos diretos da produção de uma cadeira são os materiais e os trabalhadores; os custos operacionais indiretos são todos os outros envolvidos também nesse processo: setor de recursos humanos, de contabilidade etc. Todos esses são gastos não vinculados diretamente ao produto. MARGEM OPERACIONAL A margem operacional mede a eficiência operacional, ou seja, o quanto das receitas líquidas provenientes de vendas e serviços vieram das atividades operacionais. Aqui vemos de que forma está se comportando a margem da empresa em relação à operação propriamente dita. Aponta o lucro operacional obtido pela empresa para cada unidade de venda realizada e ajuda investidores e analistas a entenderem quais são as participações das receitas operacionais que se transformaram em lucros após o abatimento dos custos (excetuando-se impostos). Sabemos que dentro de um empreendimento há diversas formas de receita que não são exatamente a atividade própria da empresa: investimentos exteriores, poupanças etc. Algumas companhias trabalham com variadas receitas não-operacionais. Exemplificando: uma empresa do ramo de educação tem por finalidade desenvolver a educação. Sua receita operacional é basicamente restrita à venda de matrículas, cadeiras, matérias, cursos e por aí vai. Dentro dessa “escola” existem espaços voltados para a 275 alimentação e lazer dos alunos — os quais são locados para terceiros. Assim sendo, esta instituição acaba também realizando ações no ramo de locações de móveis: e esta é justamente uma receita não-operacional para uma companhia do ramo de educação e ensino. A margem operacional trata apenas do objetivo original em si. Margem operacional é o que se tem antes da remuneração dos financiadores. Se ela for negativa, isso significa que os acionistas provavelmente terão de arcar com os prejuízos. O ideal é analisá-la separadamente para cada segmento de mercado, comparando a margem operacional entre os diversos concorrentes. Fórmula para o cálculo da margem operacional: É um bom indicador de eficiência operacional por dividir o lucro operacional pelas vendas líquidas. QUESTÃO 01. Considerando os dados abaixo relativos a uma empresa qualquer, julgue como verdadeiro ou falso os itens a seguir levando em consideração o retorno sobre investimentos (ROI). ( ) A margem operacional da empresa é de 20%. Resolução: a margem operacional = lucro operacional / vendas líquidas. “Eu não sei ao que corresponde o lucro operacional na imagem” Ele não é possível calcular de imediato, mas temos a informação sobre as vendas líquidas. As vendas líquidas subtraídos os custos operacionais equivalem ao lucro operacional (R$1000). Assim sendo, a margem operacional é igual a (1000 / 10.000) x 100 = 10%. Portanto, a afirmativa é falsa. 276 Com este valor, podemos julgar se a receita gerada pela operação possui ou não uma boa margem de lucro. MARGEM LÍQUIDA Esta é a melhor margem para se analisar porque é aquela com a qual o empresário realmente se preocupa, já que representa o quanto de lucratividade haverá do produto em si ou da empresa como um todo. A margem bruta corresponde aos custos operacionais indiretos, reservas técnicas e margem líquida (ou lucro líquido). Portanto a margem líquida é o lucro líquido que a empresa gera para cada 1 real de receita, obtido depois do pagamento de todas as despesas e impostos. Tem como uma de suas funções comparar o lucro líquido em relação às vendas líquidas em determinado período, gerando o percentual de lucro que a organização obteve em comparação ao faturamento. Vale destacar que essa métrica financeira possui ligação direta com o nível de rentabilidade operacional. A média do valor de margem líquida costuma variar entre os diversos setores financeiros — assim como todas as outras demais margens e indicadores que no curso abordamos. Não é correto comparar “melancia” com “limão”. Quando a margem líquida está alta, isso pode significar vantagem competitiva e/ou concorrência baixa. O inverso também é válido para quando a margem está baixa. Se uma empresa é a única fabricante de determinado produto, é natural que a sua margem seja grande. Entretanto, havendo muitos concorrentes do mesmo setor, não é de se estranhar que a margem líquida seja pequena — aqui cabe o estudo de formas para contornar o problema da competitividade. O gestor ou investidor deve estar atento aos casos em que a margem de lucro de uma empresa está decadente, pois pode significar aumento de concorrência ou queda de atratividade do produto. Empresas que conseguem expandir suas operações enquanto mantêm ou até aumentam suas margens de lucro tendem a ser bem-sucedidas. Fórmula para o cálculo da margem líquida: 277 A margem líquida é 100 vezes a relação divisória entre o lucro líquido e a receita num determinado período. QUESTÃO 01. Uma entidade apresentava em 31/12/2019 a seguinte demonstração de resultado do exercício. Sobre os índices de margem líquida da entidade, assinale a opção correta: a) 25% b) 18,5% c) 12,5% d) 29% e) 8,25% e) 17% Resolução: temos as informações claramente expressas na DRE. Apliquemos, portanto, a fórmula fornecida anteriormente. ML = (lucro líquido / receitas) x 100. ML = (66.000/800.000) x 100 = 0,0825 x 100 = 8,25%. Este é o percentual de lucro líquido (margem líquida) dessa empresa analisada. Assim, a resposta correta é o item (d). Esta é uma boa margem, a depender do setor de atuação da empresa. Via de regra o valor gira em torno de 7% ou 8%. Por isso muitas companhias investem em diversos outros 278 locais e ramos mercadológicos. Em contrapartida, existem empresas excepcionais que oferecem mais de 50% de margem líquida. PERÍODO MÉDIO DE COBRANÇA Também conhecido por prazo médio de recebimento, corresponde ao período compreendido entre os momentos de efetuação das vendas e de pagamento relativo a elas feito pelos clientes. É uma ferramenta que ajuda as empresas na compreensão do prazo efetivo para a entrada de caixa, permitindo assim uma série de projeções, como a de capital de giro necessário para a saúde financeira. Em suma o período médio de cobrança indica os seguintes pontos: ⯀ Tempo médio em dias que a empresa leva para receber por suas vendas; ⯀ Tempo médio em dias entre a venda e o efetivo recebimento do dinheiro correspondente; ⯀ Analisa o Preço Máximo ao Consumidor (PMC) de uma companhia. Em linhas gerais, quanto menor for o valor desse indicador, mais rapidamente a empresa receberá os respectivos valores pelas vendas. Contrariamente, quanto maior for tal indicador, pior será para a empresa — que levará um tempo maior para receber por aquilo que já vendeu. Fórmula para o cálculo do período médio de cobrança: O período médio de recebimento = (duplicatas recebidas / vendas efetuadas) x 360 (valor correspondente ao período de análise fiscal) QUESTÃO 01. A análise horizontal do balanço patrimonial levantado em 31/12/2019 mostrou que a conta de clientes aumento 40% em relação ao seu valor em 31/12/2018, o qual correspondia a R$250.000,00. O total de vendas brutas da companhia realizadas a prazo nesse exercício citado foi de R$1.080.000,00. Considerando-se o ano comercial, o 279 prazo médio em dias de recebimento de tais vendas equivale a: a) 117 b) 120 c) 90 d) 80 e) 115 Resolução: a primeira coisa a fazermos é acrescentar os 40% sobre o valor da conta clientes em 2018, que foi de R$250.000. O resultado é R$350.000,00 Depois disso, apliquemos a fórmula proposta anteriormente. PMR = (duplicatas a receber/vendas efetuadas) x 360 PMR = (350.000/1.080.000) x 360. Por segurança, resolva primeiro o que estão dentro dos parêntesis. PMR = 117. Isto significa que o prazo médio para recebimentos das vendas dessa empresa é de 117 dias. Assim, a resposta correta é a alternativa (a). É preciso saber lidar com isso. Os gestores precisam estudar a melhor forma de administrar isso. Estender os prazos de pagamento, negociar o pagamento de juros etc. IDENTIFICAÇÃO DE MANIPULAÇÕES DE INFORMAÇÕES FINANCEIRAS E DETECÇÃO DE POSSÍVEIS FRAUDES Entramos agora numa outra parte de nossos estudos. Começamos pelas análises das demonstrações contábeis, suas características e bases legais. Depois fomos às avaliações de desempenho de uma empresa: resultados, indicadores etc. Aqui o assunto está mais relacionado a auditoria. Essas três partes são interligadas, visto que esta última serva para analisar a validade das outras duas. O trabalho do profissional dessa área diz respeito ao dinheiro de sócios, investidores, fornecedores e clientes — e ele precisa seguir determinadas leis. Portanto, uma auditoria nada mais faz que uma interpretação dos dados e sua correspondência legal. Vale ressaltar que esse tripé contábil-financeiro-auditorial aplica-se tanto a empresas privadas quanto a empresas governamentais, sociedades de economia mista, autarquias, fundações e outras. 280 Manipulação de Informações Financeiras Para a elaboração da informação contábil existem normas a serem seguidas que não podem excluir elementos de subjetividade, cujas aplicações requer, em muitos casos, a realização de estimativas por parte da empresa. Assim abre-se a possibilidade de um mesmo fato ser expresso de formas diferentes. Em alguns países existe mais flexibilidade de normas contábeis do que em outros, o que permite a utilização de variados critérios para a avaliação de um mesmo fato econômico. Alterações de classificação dos ativos podem derivar em mudanças nos indicadores financeiros, os quais em várias situações tornam-se os destaques da empresa mediante um edital de licitação. Isso favorece muitas companhias fraudulentas e acontece frequentemente. Nesse contexto surge a denominada contabilidade criativa ou manipulação contabilística, a qual está inserida na intencionalidade das empresas em aproveitar a subjetividade das alternativas existentes e da vaga regulamentação de determinados aspectos contábeis, e tem por objetivo produzir demonstrações financeiras “artificiais” favorecendo um ponto em detrimento de outros, passando assim uma imagem lustrosa e nem sempre condizente com a realidade da companhia. Exemplificando: Sabemos que a provisão deve fazer parte da análise geral de uma empresa, mas um determinado contador pode retirá-la, por meio de subterfúgios criativos, para retirá-la de análise. Ou seja, o profissional valeu-se da famigerada “contabilidade criativa”. De casos assim é que surgiu a seguinte máxima: “Um bom contador é aquele que faz com que o resultado chegue naquilo que o chefe quis”. “Certa vez, indagaram a contador e a um matemático qual seria o resultado da soma de 2 + 2. Este último prontamente respondeu: quatro! Aquele primeiro disse: ‘quanto você quer que seja?’” Eis a importância das auditorias interna e externa. A contabilidade criativa é o processo pelo qual as operações são estruturadas mais para obter os resultados contábeis desejados do que para produzir informações consistentes e neutras. A despeito disso, é difícil estabelecer os limites entre onde começa a manipulação e quebra de ética com intuito de fraude e onde termina as manobras para refletir a boa gestão de uma empresa e seus fidedignos resultados. Evidentemente um contador não pode mexer, a seu bel prazer ou interesse, os números de uma empresa. Querendo ou não, ele faz o juramento de formatura e precisa ser 281 aprovado em certificações para que consiga adquirir seu registro junto ao conselho de contabilidade. As fraudes são realmente manipulações intencionais dos valores; as quebras de ética são mais subjetivas — é complicado separar o joio do trigo. À parte isso, é possível efetuar muitas manipulações contábeis sem que a lei seja ferida. Por isso, toda fraude enquadra-se em contabilidade criativa, mas nem toda contabilidade criativa é fraude. A elaboração de relatórios gerenciais para determinados produtos nem sempre será fraudulenta. Há certa liberdade nesse campo. Eis alguns motivos para se utilizar a contabilidade criativa em organizações: ⯀ Melhorar a imagem apresentada; ⯀ Estabilizar a imagem apresentada ao longo dos anos; ⯀ Debilitar uma determinada imagem demonstrada. Sempre é algo relacionado a gestões empresariais e a determinados produtos, processos, setores etc. Por isso é importante, no interior da empresa, que os diversos relatórios feitos pelo departamento de contabilidade estejam alinhados entre si com parâmetros pré-estabelecidos junto a gestão da corporação. As principais práticas de manipulações contábeis são as seguintes: ⯀ Descumprimento do princípio de custo histórico; ⯀ Descumprimento do princípio de prudência: provisões colocadas ou retiradas das análises financeiras. ⯀ Descumprimento do princípio ou convenção da uniformidade: classificações diferentes para um mesmo fato contábil desobedecem a esta regra. Uma hora classifica-se algo como ativo imobilizado, em outra, como estoque. Isto configura manipulação contábil. ⯀ Omissão de informação obrigatória nas notas explicativas: vimos nas análises de balanço e demonstrações contábeis que existem algumas informações cuja presença nas notas explicativas são obrigatórias, visto que os usuários desses dados precisam de clareza. ⯀ Práticas baseadas em contabilização errônea de operações: por exemplo: lançamentos contábeis em contas erradas. Se isto for feito no começo do período contábil e mantido sem correções até o seu final, haverá uma sucessão de erros que se prolongará indeterminadamente. Nesses casos, devem ser feitas retificações por transferência, as quais não impactarão no resultado da empresa ainda que afetem alguns indicadores. Sabemos que o índice de liquidez seca pega uma parte dos passivos e subtrai os estoques. Se essa última conta não está bem alinhada por conta de erros, o indicador será consequentemente alterado. 282 ⯀ Práticas baseadas em classificações errôneas de lançamentos contábeis: confusão de categorização das contas e/ou das datas de fechamento contábil. Esses dois pontos são erros de contabilização. Dificuldades na Detecção de Manipulações Contábeis É difícil saber se a política contábil de uma empresa se constitui de um esforço honesto para refletir a imagem verdadeira ou se trata-se de uma manipulação deliberada e destinada a falsear as informações expressas na contabilidade. Tudo isso passa pela ética do contador: ele pode inclusive ser preso, ter os bens apreendidos etc. A prática da contabilidade criativa tem raiz elementos de ocultação e engano e muitas vezes não será evidente nas publicações das demonstrações financeiras. Além disso, tal prática em si própria é pouco honesta — fato que desanima diretores das organizações a adotá-las. Fraude O termo fraude refere-se ao ato intencional de manipulação e omissão de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis. As distorções dessas últimas podem ser originadas tanto de fraudes, como de erros, e isso é algo importante de se destacar. O fator distintivo entre esses dois lados é a intencionalidade da ação que implica nas distorções das demonstrações contábeis. Erros são erros, e devem ser retificados, resolvendo assim o problema. Mas as fraudes são propositais. Uma prática fraudulenta caracteriza-se por: ⯀ Manipulação, falsificação ou alteração de registros de ativos, passivos e resultados com a finalidade de mascará-los; ⯀ Apropriação indébita de ativos; ⯀ Supressão ou omissão de transações nos registros contábeis: estas são as mais comuns dentre as práticas de fraude. ⯀ Registros de transações sem comprovações: isto é, pagamentos sem emissão de nota fiscal, recebimentos sem ter ainda o bem enunciado etc. ⯀ Aplicação de práticas contábeis indevidas: utilização desmedida da contabilidade criativa. 283 Os principais objetivos das práticas fraudulentas são: ⯀ Subtração de mercadorias, matérias-primas, produtos e resíduos: nada mais é que furto. Um funcionário de chão de fábrica pode se apropriar de um pertence da empresa sem comunicar a ninguém. ⯀ Subtração de dinheiro e de títulos: a empresa faz um saque do caixa e simplesmente não registra; ⯀ Ilusão do fisco para evitar pagamento de impostos: este é um grande problema no Brasil. Nossas taxas tributárias são elevadas; ⯀ Dissimulação de atos sujeitos a penalidades: não pagamento de multas, por exemplo. ⯀ Acobertamento de faltas de terceiros: pessoas que registram presença no trabalho sem que a ele tenha comparecido; ⯀ Alteração do resultado para usufruto de maiores porcentagens dos lucros: alterações na receita ou na conta redutora da receita etc. ⯀ Simulação de ocorrências e ilusão da opinião de acionistas e autoridades monetárias: ou seja, violação do princípio da transparência. Mentir para que ações sejam compradas e dinheiro seja aportado na empresa. Identificação de Fraudes É papel do auditor fiscal avaliar criticamente o sistema contábil adotado pela empresa, incluindo controle interno e dispensando redobrada atenção às condições que apresentem aumento de risco de fraude ou erro. Faz parte da análise auditorial identificar os seguintes itens: ⯀ Estrutura ou atuação inadequada da administração da entidade analisada ou de alguns de seus membros: alguns contadores manipulam índices de lucratividade apenas para manterem os seus empregos salvaguardados e para que a empresa consiga vencer determinadas licitações . O auditor deve esclarecer tais procedimentos; ⯀ Pressões internas e externas: tradicionalmente, a posição do auditor no organograma da empresa deve ser apenas inferior à do presidente. Não deve haver um diretor que o subjugue, por exemplo. ⯀ Transações aparentemente anormais: precisa identificar tais variações. ⯀ Problemas internos no cumprimento dos trabalhos de auditoria: algumas corporações não se valem das normas técnicas de auditoria para fazer os seus registros; ⯀ Fatores específicos no ambiente de sistemas de informação computadorizados. 284 O auditor idôneo é responsável por fornecer a segurança de que as demonstrações contábeis, como um todo, não apresentam relevantes distorções causadas por erros ou fraudes. Embora o termo fraude seja juridicamente amplo, para efeitos de auditoria, o profissional deve preocupar-se com alterações relevantes nas demonstrações contábeis. Os dois tipos de distorções intencionais pertinentes ao auditor são: ⯀ Distorções decorrentes de alterações contábeis fraudulentas; ⯀ Apropriações indébitas de ativos. Apesar de ele suspeitar ou até mesmo comprovar fraudes, não é ele quem determina juridicamente os casos de sua ocorrência. O auditor também pode errar, e ele não representa a lei. Deve haver o embate entre o contador e o auditor, seguido de auditorias externas e procedimentos jurídicos adequados. Auditoria São as normas brasileiras de contabilidade (NBCT11) aprovadas pela resolução do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) nº 820 de 17 de dezembro de 1997, que tratam da auditoria independente das demonstrações contábeis. “A auditoria das demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos técnicos que têm por objetivo a emissão de pareceres sobre adequações consoantes aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade e a tudo que for pertinente às legislações específicas.” Quanto à aplicação de procedimentos de auditoria, planejados com base na avaliação de risco, o auditor que aponta evidências fraudulentas deve considerar o efeito potencial sobre as demonstrações contábeis. Ele deve ser claro e incisivo. Assim, se o agente de auditoria concluir que a fraude tem efeito relevante sobre as demonstrações contábeis e que tal fato não foi apropriadamente corrigido, ele deve emitir o parecer com ressalvas ou opiniões adversas. Se ele não puder precisar a existência de fraude devido a limitações impostas ou circunstâncias contrárias, deve ser feita uma avaliação do tipo de parecer que pode ser emitido. O auditor sempre deve comunicar, seja verbalmente, seja oralmente, à administração da entidade tudo que acontece fora dos conformes legais. Se o problema não for muito significante, basta que se diga pessoalmente ao responsável maior. Caso contrário, faz-se 285 necessária a emissão de documento escrito. QUESTÃO 01. A respeito da detecção de fraude em auditorias, assinale a opção correta: a) Em regra, o auditor não deve aceitar como legítimos os registros e documentos da entidade auditada. b) Toda distorção detectada pelo auditor nas demonstrações contábeis é considerada fraude. c) A responsabilidade pela prevenção e detecção da fraude é primordialidade do auditor. d) Devido às limitações inerentes à auditoria, é inevitável o risco de não detecção de distorções relevantes. e) A inserção intencional de distorções nas demonstrações contábeis para a obtenção de vantagem injusta ou ilegal constitui fator de risco de fraude. Resolução: as respostas corretas são as alternativas (c) e (e). As palavras que fazem as outras afirmações estarem incorretas encontram-se em negrito. MANIPULAÇÃO DE RECEITAS Receitas Todos os recursos provenientes da venda de mercadorias ou prestação de serviços. Nas demonstrações contábeis vimos que as receitas podem ser operacionais ou não-operacionais e que serão subdivididas em acordo com a atividade-fim da empresa. É o direito da empresa receber, imediatamente ou em momento pré-determinado, o montante que lhe é devido. Receitas de aluguel são não-operacionais, por exemplo, caso a empresa não seja uma imobiliária. Formas de Manipulação de Receitas 286 ⯀ Reconhecimento de receitas antes de seus acontecimentos: se dá quando subverte-se o princípio da competência, registrando no período vigente receitas cujos custos e despesas alocar-se-ão em períodos futuros. Com isso se antecipa os ganhos, melhorando os resultados financeiros de curto prazo. ⯀ Diferir receitas do período corrente para o período seguinte: a empresa pode apresentar um desempenho excepcional em determinado ano, e os gestores podem optar por não reconhecer parte delas nesse mesmo ano, realocando-as para um período posterior, como forma de criar uma reserva futura. Isso acontece, por exemplo, em entidades governamentais em período eleitoral. O ciclo de eleições corresponde a 4 anos. Se no terceiro quarto dele uma empresa governamental apresenta superávit além do esperado, parte desse valor é transportada para o ano seguinte. São feitas em alguns casos antecipações receituárias que ocasionalmente podem prejudicar futuros gestores caso haja troca de comando no poder executivo. As campanhas de adiantamento de pagamento do Imposto sobre Predial e Territorial Urbano (IPTU) com descontos são uma boa ilustração disso. Esse tipo de manobra tem por objetivo suavizar as variações de comportamento da empresa, dando a impressão de que ela é mais estável do que de fato. ⯀ Registro de receitas não-recorrentes como operacionais: ocasionalmente, uma empresa pode ter receitas não-recorrentes originárias da venda de ativos (imóveis e equipamentos industriais de utilização própria). Faz parte da dinâmica da maioria das companhias. Formas Comuns de Manipulação de Receitas Uma delas se dá quando os gestores da empresa optam por registrar receitas não-recorrentes como receitas operacionais, isto é, como receitas oriundas da atividade-fim da empresa. Esse tipo de manobra tem por objetivo fazer com que a operatividade da empresa aparente estar melhor do que realmente é. MANIPULAÇÃO DE FLUXO DE CAIXA Fluxo de Caixa Registro de todas as entradas e saídas de dinheiro da empresa e sua periodicidade. Nele deve ser registrado todos os recebimentos e também todas as compras e pagamentos: contas a receber e contas a pagar. O fluxo de caixa não avalia a competência, e sim o caixa 287 da empresa. O resultado dele é o saldo do disponível e é cumulativo. Se no fluxo de caixa o saldo do mês de setembro é R$10.000, esse valor será também incorporado a outubro. Manipulações de Fluxo de Caixa São muito mais factíveis e idôneas. O fluxo de caixa é muito mais sensível a políticas de mudança de prazo ou atrasos nos recebimentos e pagamentos — justamente aí estão os maiores pontos de manipulabilidade. Exemplificando: em janeiro foi feito um contrato com uma empresa de segurança que custa R$100.000 reais por ano. Porém, com o advento da pandemia e os impactos econômicos subsequentes, isso precisou ser renegociado. Esta é uma forma de manipulação. Ela é honesta porque o pagamento não deixará de ser efetuado, o que se altera é apenas a data. Também um atraso deliberado no pagamento dos fornecedores pode aparentar um melhor desempenho dos recursos gerados pelas operações de fluxo de caixa bem como um acréscimo no prazo de recebimento pode provocar no exercício corrente uma significativa redução financeira, ainda que isso não comprometa a rentabilidade. Destaquemos que em alguns casos, para que o cliente não seja perdido, são dados descontos não programados. É melhor receber um pouco menos e manter a fidelização. Isso impacta o fluxo de caixa. A prática de manipulação contábil no demonstrativo de fluxo de caixa acontece quando ajustes são necessários na apropriação de valores, provocando descompassos entre as informações contabilizadas no regime de competência e no regime de caixa. As empresas concentram esforços, mesmo que deturpando as informações apresentadas, para aumentar o fluxo de caixa gerado nas operações. Os gestores são incentivados a manipular certas escolhas contábeis a fim de garantir que os lucros atinjam as metas estabelecidas. Dentro das empresas contemporâneas, cada vez mais os gestores precisam alcançar metas. Então as manipulações são feitas sempre visando isso. Mas é essencial que haja antes desses objetivos gestões competentes e governanças éticas. Vemos que aqui tratamos da mobilidade das datas de pagamentos e recebimentos. Fica evidente também que a questão ética não é um ponto tão crucial aqui, visto que as manobras não alteram os valores em absoluto. Muitas empresas se valem desse subterfúgio para administrar a situação econômica em que se encontram inseridas. 288 MANIPULAÇÃO DE INDICADORES-CHAVES DAS EMPRESAS Os indicadores financeiros de uma empresa são as métricas calculadas por meio de dados obtidos nos demonstrativos de resultado do negócio. Sua principal função é fornecer informações que auxiliem na análise de performance organizacional e na tomada de decisões. Os indicadores financeiros estudados nas aulas anteriores servem para ajudar nas escolhas a serem feitas pelos gestores, acionistas e usuários da informação contábil em geral. As manipulações de indicadores se dão por meio de manejos e reorganização de dados de modo que os resultados apresentados sejam os mais próximos possíveis da meta. O objetivo, novamente, é melhorar o desempenho da empresa no curto prazo. O filme o contador relaciona-se muito com o que aqui estudamos. O cara é um gênio e identifica fraudes dentro da empresa em que está fazendo auditoria. A partir de um conjunto de indicadores, pode-se traduzir os dados apresentados nas demonstrações contábeis de forma simples e prática. Os indicadores devem ser capazes de mensurar as atividades realizadas, os resultados obtidos e os recursos empregados. Uma vez que os dados das demonstrações forem manipulados, os seus indicadores também apresentarão informações distorcidas. Tudo começa na contabilidade e deflui no resultado final como um todo. Essas manipulações se dão com o intuito de melhorar os indicadores de rentabilidade para as vistas do mercado financeiro. Uma entidade com situação financeira ruim tem mais propensão à manipulação de suas demonstrações, para que assim possa atingir as expectativas de seus acionistas. Muitas empresas acabam até mesmo fraudulentamente alterando seus indicadores. QUESTÃO 01. A contabilidade criativa efetuada com o propósito de maquiar as demonstrações contábeis, seja para aumentar, seja para diminuir os números relacionados com os índices econômicos de valor da empresa, distribuição dos lucros e pagamentos de tributos sobre a renda configura, conforme a norma vigente: a) Reclassificação financeira 289 b) Inteligência competitiva c) Erro involuntário d) Erro tolerável e) Fraude contábil Resolução: a reclassificação financeira é outra coisa e está tudo bem em fazê-la. Inteligência competitiva não é vista como contabilidade criativa porque simplesmente esta não é algo muito legal de se fazer. Erro involuntário também não, porque a contabilidade criativa é intencional e busca maquiar demonstrações contábeis. Erros também são involuntários. Portanto, a resposta correta é a da alternativa e. Tudo isso está bem claro em nossas normas brasileiras de contabilidade, em nossos princípios contábeis e em nossa lei: contabilidade criativa é um tipo de fraude contábil. 290 Módulo 4 FINANÇAS CORPORATIVAS Este capítulo estudo as finanças corporativas. PERÍODO DE PAYBACK SIMPLES Este nada mais é que o período que um investimento leva para dar retorno à empresa. Exemplificando: uma indústria fabricante de sapatos tem algumas filiais e quer expandir os negócios para o norte do país. R$100.000 serão gastos para que isso aconteça. O tempo que levará para que o retorno chegue chama-se payback. Trata-se de um dos indicadores financeiros mais conhecidos para analisar o prazo de retorno de investimentos. Muito utilizado por gestores e empreendedoras visto que orienta sobre a viabilidade econômica dos mais diversos projetos e aplicações. Ao fazer qualquer tipo de investimento, a empresa tem de passar por um período de despesas em que o dinheiro é retirado de caixa. Entretanto, espera-se que em algum momento as receitas recuperarão o capital investido. O prazo entre esses dois acontecimentos é demonstrado pelo payback. Exemplificando: uma empresa caseira de produção de bolos foi criada. Foram investidos R$1.000. Cada bolo é vendido por R$50,00. Após feita a venda de 20 bolos, o faturamento será equivalente ao investimento. Nesse ponto, de certa forma, já haveria caracterização de payback. Se forem comercializados 10 bolos por mês, o período de retorno corresponderá a 2 meses. O payback está totalmente ligado ao fluxo de caixa bem feito. Com sua projeção, os administradores têm o total de segurança sobre quando aplicar o dinheiro, de acordo com a captação em determinado período. No fluxo de caixa tratamos da captação (vendas, aluguéis) e aplicação (investimentos, compras). Já o payback é o espaço de tempo necessário para que o dinheiro dispendido retorne ao caixa da empresa. Ele pode ser considerado uma ferramenta de triagem na avaliação de projetos. Consegue-se definir qual investimento será feito com a aplicação que retornará de forma mais rápida. Para que aplicar em investimentos mais demorados se existem outros mais curtos? É através dessa análise do período de recuperação do investimento que os gerentes podem testar as possibilidades e as valias dos projetos. Todo gestor deve saber trabalhar com esses dados e informações. Fórmula para o cálculo do payback simples: 292 O cálculo desse indicativo é bem simples. Quanto maior for o tempo de recuperação do valor inicial, maior será o risco do investimento. Exemplificando: uma empresa de serviços está considerando investir em um sistema digital para a automação de processos. O projeto custará R$50.000 e a empresa espera economizar R$20.000 por ano após a implementação tecnológica. Aplicando a fórmula acima, encontramos o resultado 2,5. Este é o prazo para o retorno do investimento em questão. Essa hipótese é interessante para fases de expansão de negócios, desde que o prazo se encaixe nas projeções da empresa. O prazo de payback permite avaliações qualitativas das decisões a serem tomadas. No caso citado acima, se o planejamento financeiro fosse de cinco anos, a partir da metade do terceiro ano, toda economia advinda dos investimentos entraria diretamente para o caixa da empresa. Por isso o prazo de retorno deve sempre estar alinhado aos planos de expansão e estratégia da companhia. PERÍODO DE PAYBACK DESCONTADO Conceitualmente, o payback descontado é praticamente a mesma coisa que o payback simples. Dizemos que é o tempo necessário para que o retorno acumulado se iguale ao valor de investimento. A diferença é que no simples desconsidera o capital investido ao longo do tempo. O descontado leva em consideração os gastos do decorrer do prazo de recuperação do investimento. Exemplificando: até que os valores investidos e retornados se igualem, existem custos de mão-de-obra, materiais e outros. O descontado trabalha exatamente nesse ponto e refina um pouco mais a informação. Nele é empregada a taxa de juros junto à fórmula. A variação monetária no período em análise não é descartada, portanto. A fórmula do payback descontado trabalha também com o peso do fluxo de caixa no retorno sobre o investimento (ROI). Em outras palavras, o “descontado” nada mais é que o ROI ao consideramos também o retorno gerado pelo fluxo de caixa. A partir do saldo das operações registrado pelo fluxo de caixa é que se analisa o payback descontado. Nele, o tempo necessário para se obter o retorno sobre um investimento é feito de forma a descontar a taxa de juros compostos (variação monetária no decorrer do tempo). 293 É útil em comparações regionais ou nacionais onde naturalmente haja variações das taxas de juros, as quais influenciam diretamente na rentabilidade. Uma de suas formas mais usuais é aquela empregada no projeto de expansão ou abertura de novas unidades físicas de uma empresa. Um investimento pode ser calculado somente pelo payback simples, já que o fluxo de caixa operacional não influenciará em seus rendimentos. Em contrapartida, o payback descontado é a ferramenta empregada para medir os resultados em atividades operacionais — e assim estimar de que forma elas afetarão o retorno sobre o investimento. A vantagem do payback descontado é que ele fornece um painel mais realista a respeito do retorno de um investimento. Contudo, a depender do caso, calculá-lo poder ser uma tarefa demasiado complexa, visto que diversos fatorem influenciam a performance operacional e, consequentemente, o fluxo de caixa. Fórmula para o cálculo do payback composto: Ela é derivada diretamente da fórmula do payback simples, e só depois sofre a aplicação dos juros compostos. PV = valor descontado FV = valor futuro I = taxa de juros n = período Para relacionarmos as duas fórmulas é mais didático que utilizemos um caso concreto. Exemplificando: os gestores de uma loja de vestuário decidem abrir uma outra unidade da marca. Com base no fluxo de caixa já existente da empresa, será possível calcular o payback descontado a partir desse referencial inicial. O investimento é de R$50.000. Tomando-se o fluxo de caixa como base, a expectativa é que sejam gerados, por ano, R$10.000 de lucro. O período estimado para o payback é calculado da seguinte forma: 294 PB = investimento / retorno no período PB = 50.000 / 10.000 = 5 anos. O cálculo organizado em planilha fica estruturado da maneira que encontramos abaixo: Este é o cálculo do payback considerando o fluxo de caixa. Mas é preciso ponderar os juros compostos desse capital. Supondo que essa taxa seja de 10% ao ano, obtemos o seguinte resultado aplicando a fórmula dos juros compostos: PV = 10.000 / (1+ 0,1) = R$9.090,90. O comparativo entre os dois tipos de paybacks encontra-se na tabela abaixo: Na primeira situação a entrada seria de R$10.000. Mas pelo método “descontado” a entrada real corresponde a um pouco mais de nove mil reais. A partir desse valor, as atualizações são feitas de modo sucessivo. A realidade difere-se consideravelmente da previsão feita pelo payback simples. Portanto, dizer que o payback descontado para esse caso será de cinco anos não pode ser considerado uma informação correta. Há uma diferença de R$12.092,14 entre as duas projeções dentro do prazo de cinco anos. Por isso é que dizemos que o método “descontado” é mais detalhado e completo. A sugestão é que sempre se faça os cálculos por esse método, e não pelo “simples”. Vale ressaltar que são duas situações diferentes. 295 O objetivo aqui foi esclarecermos as diferenças entre um payback e o outro e também entendermos o funcionamento das fórmulas. VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) O valor presente líquido é um método que consiste em trazer para a data zero todos os fluxos de caixa de um projeto de investimento, e somá-los ao valor do investimento inicial, usando como taxa de desconto a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) da empresa ou projeto. Trata-se de um dos métodos mais conhecidos em se tratando de análises de viabilidade de projetos de investimento. Essa estratégia trará ou não dinheiro para a empresa? É melhor deixar o valor guardado no banco ou investi-lo hoje? O VPL não faz apenas uma comparação do investimento com o retorno que dele se espera, mas leva em consideração a valorização do capital ao longo do tempo, calculando-se assim o ganho real do investimento. Não é algo limitado. Faz análises relativas aos juros compostos no período em questão. Em suma, o VPL traz ao valor presente um valor futuro, e representa, em valores monetários atuais, a diferença entre os recebimentos e os pagamentos de um projeto de investimento. É amplamente utilizado para o planejamento de investimentos a médio e longo prazo. Um projeto só deve ter seguimento se o valor atual de todas as entradas de caixa descontadas do valor atual de todas as saídas de caixa for maior que zero. ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ A análise do valor presente líquido considera: Definição do valor do investimento inicial; Definição do período de análise; Definição da estimativa de entrada de caixa para cada período; Definição da taxa de desconto apropriada; Entradas de caixa descontadas Soma das entradas de caixa descontadas e a subtração do investimento inicial; Definição da viabilidade do investimento. Taxa Mínima de Atratividade (TMA) 296 É uma taxa de desconto utilizada nos métodos de análise de investimento que representa o mínimo retorno que o executor do projeto de investimento deseja obter. Fórmula para o cálculo do valor presente líquido: O VPL é o somatório dos (fluxos de caixa dos respetivos períodos) / (1 + taxamínima de atratividade) elevado ao número do período de cada fluxo de caixa. Tudo isso descontado do valor do investimento inicial. Lembrando que apenas valores de VPL > 0 são atrativos. Exemplificando: um investimento feito ao custo de R$15.000 retorna fluxos de caixas anuais de R$3.500 por cinco anos. O investidor em questão considera que sua taxa mínima de atratividade é de 4% ao ano. A soma de cada fluxo de caixa, considerando negativos os valores de saída e positivos os de entrada, resulta na seguinte tabela: A soma dos valores da coluna “Fluxo de Caixa Atualizado” resulta em R$581,38. O VPL é positivo. Inicialmente a promessa feita era de R$3.500 por ano, lembram-se? Mas os cálculos apontam que em nenhum dos anos isso aconteceu, visto que a taxa mínima de atratividade transporta o valor futuro para números atuais. Ao se calcular um VPL vê-se o quanto vale o capital de um investimento no momento presente (assim como no exemplo, cuja entrada de R$5.000 no quinto ano, considerando uma TMA de 4%, equivale em números de hoje a R$2.876,74). Este é o poder da valorização ou desvalorização do dinheiro. 297 Para definir a viabilidade de um projeto, a taxa mínima de atratividade tem de ser igual a taxa de retorno esperada pelo investidor e o VPL > 0. Caso contrário, com VPL < 0, o investimento deve ser desconsiderado. No primeiro caso, o resultado do VPL significa que o projeto tem valor agregado e trará retornos que gerarão lucros. No segundo caso, o resultado do VPL significa que o projeto não tem valor e trará apenas prejuízos. Os valores que obtivemos no exemplo aqui são facilmente conseguidos utilizando uma calculadora. Mas o nosso objetivo aqui é fazê-lo entender como as fórmulas funcionam na prática. Isso traz consciência dos resultados reais. Prestem atenção em todos os conceitos explicados. TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) A Taxa Interna de Retorno (TIR) é uma métrica usada para avaliar o percentual de retorno de um projeto para a empresa. Essa taxa pode ser comparada com a Taxa Mínima de Atratividade (TMA). Ela calcula a taxa de desconto que deve ter um fluxo de caixa para que seu valor presente líquido se iguale a zero. É também usada para avaliar a atratividade de um investimento. Se ela for maior que a TMA, o gasto será viável. Caso seja o contrário, não se deve investir no projeto em análise. Se as duas taxas forem iguais, fica a cargo do gestor a decisão final sobre fazer ou não o investimento. Muitas vezes as decisões não devem ser baseadas exclusivamente nos números, visto que há ganhos chamados de “intangíveis” e que não podem ser mensurados. A TIR reflete ainda a qualidade do investimento e é amplamente utilizada por empresas para determinar e comparar aplicações, sendo elas de mesma natureza ou não. Exemplificando: se tivermos R$100.000 para investir num projeto agrícola cuja TIR seja 5% ou num projeto de educação com TIR igual a 8%, essa segunda opção é a mais rentável. São ramos diferentes, mas podem ser comparados entre si por intermédio da taxa que aqui estamos estudando. Por ser expressa em termos percentuais, a TIR tem ótima aceitação entre executivos financeiros. Inclusive, para muitos deles é preferível o cálculo e avaliação dela do que o do valor presente líquido. Assim, a principal vantagem da taxa interna de retorno é a facilidade de 298 compreensão oferecida, já que ela apresenta uma taxa para cada projeto em discussão. Já uma possível desvantagem é que ela traz apenas o percentual de retorno esperado, sem mostrar o risco e as potenciais perdas às quais a empresa está sujeita para obtê-lo. Fórmula para o cálculo da taxa interna de retorno: Vemos que a TIR se encontra no denominador. Isto é corrigido com manobras de matemática básica. Não tenham medo de fórmulas. Para facilitar o cálculo, use ferramentas como o programa Excel ou calculadoras científicas. Antes de qualquer análise é preciso ter certeza que a projeção de fluxo de caixa esteja muito bem feita e com as informações corretas. Exemplificando: uma empresa vai fazer um investimento inicial de R$200.000 cuja previsão aponta retornos de R$100.000 no primeiro ano e de R$110.000 no segundo. VPL = 0 = -200.000 + 100.000 / (1+TIR)^1 + 110.000/(1+TIR)^2. É possível também calculá-la por tentativa e erro: imaginamos que ela seja um valor qualquer entre 1 e 5% e substituímos na fórmula esses valores. ⯀ Para TIR = 1% VPL = 0 = - 200.000 + 100.000/ (1+0,1) + 110.000/ (1+0,1)^2 VPL = 6,84. ⯀ Para TIR = 5% VPL = 0 = - 200.000 + 100.000/ (1+0.5) + 110.000/ (1+0,5)^2 VPL = 4,98. Concluímos, portanto, que para que o VPL seja igual a zero, a TIR deve estar em algum 299 ponto entre esses dois valores. Demos apenas o exemplo, mas esse caminho não é a saída mais viável. No caso acima analisado, a TIR deveria corresponder a 3%. Isto quer dizer que se o retorno exigido for menor que isso, então o investimento será viável. Em casos contrários, não haverá viabilidade nesse projeto. É preciso entender que os cálculos aqui estão diretamente ligados ao VPL. Nem sempre o maior valor de TIR será o mais viável, visto que os números devem ser trazidos às condições reais. Para a interpretação dos resultados obtidos pelo cálculo da TIR é importante considerar outros indicadores financeiros na análise, evitando assim possíveis armadilhas montadas por análises superficiais. O mais interessante a se fazer é usá-la junto ao VPL e ao payback. Relembrando, a taxa interna de retorno deve ser maior que a taxa mínima de atratividade, mas isto não significa que quanto maior o seu valor, melhor é o investimento. Caso e TIR seja muito grande, ela fará com que o VPL seja negativo. ORÇAMENTO DE CAPITAL Falamos aqui da estrutura de Orçamento de Capital, sendo essa apenas uma aula introdutória ao assunto, mas abordaremos todas suas características nas próximas aulas. O que é Orçamento de Capital Orçamento de Capital é o recurso usado para determinar quais investimentos de capital de longo prazo (também, é utilizado no médio prazo) devem ser escolhidos pela empresa durante um determinado período. Por falarmos em investimentos, não podemos abarcar apenas a idéia de longo prazo. Para isso, ele leva em consideração a rentabilidade potencial de cada projeto. Sendo um processo no qual as empresas avaliam e classificam investimentos significativos, envolvendo grande volume de capital e com efeito de longo prazo – por exemplo, a compra de mais máquinas e investimentos em novas tecnologias. Podemos dizer que seu objetivo é classificar e analisar os investimentos da empresa com base no retorno dos mesmos. O Orçamento de Capital é extremamente significativo para as empresas, uma vez que projetos de investimentos de capital fazem parte de seus investimentos financeiros mais importantes. 300 Lembrando, falamos de uma ferramenta importantíssima, pois mensura todos os riscos envolvidos em um investimento de projeto. Pertence, portanto, à área da administração financeira vinculada ao planejamento estratégico; direcionado a investimentos permanentes de grande valor monetário. A técnica de Orçamento de Capital é utilizada pela área financeira da empresa para determinar quais projetos produzirão mais retorno ao longo de um período. Com ela é possível prever também a estrutura de capital e de custos futuros que implicará na taxa de crescimento da empresa. Ele mensura o como, onde, quando e quanto entrará na empresa; todas essas informações nos são dadas por meio dessa técnica. Erros no Orçamento de Capital Investimento excessivo em vários ativos pode causar escassez de capital, enquanto investimentos insuficientes podem dificultar seu crescimento. Por exemplo, precisaremos encontrar qual investimento nos traz mais rentabilidade ao longo do tempo, pois se dermos atenção a todos ao mesmo tempo, sem sombra de dúvidas, teremos problema. “Quando priorizados tudo, acabamos não priorizando nada”. Importância do Orçamento de Capital Sua importância se dá nas aplicações a longo/médio prazo, as decisões de Orçamento de Capital são úteis para uma organização no longo prazo, pois além de terem um impacto direto na estrutura de custos e nas perspectivas futuras da empresa, afetam a taxa de crescimento da organização. Também são importantes para a posição competitiva de uma organização, as decisões de investimentos de capital ajudam a empresa a determinar seus lucros no futuro, o que tem um grande impacto na posição competitiva da organização. Não obstante, a projeção de caixa também entra nesse tópico, ao definir o Orçamento de Capital a empresa passa a ter conhecimento da quantidade de dinheiro necessário; garantindo a disponibilidade do dinheiro na hora certa. Por fim, a maximização da riqueza, quando falamos de decisões de investimento de longo prazo, ajudam a preservar o interesse dos acionistas. Quanto uma organização investe de maneira planejada, os acionistas, por sua vez, também investem na empresa. Ajudando a maximizar a riqueza da organização. 301 Instrumentos de Análise do Orçamento de Capital Falamos dos métodos mais utilizados na elaboração do Orçamento de Capital, vamos pontuar as principais modalidades, mas nos aprofundaremos em cada um delas apenas nas próximas aulas. ⯀ Payback: é o período de tempo necessário para a recuperação do investimento realizado. O objetivo desse indicador é reduzir o risco e valorizar a liquidez. ⯀ Payback Descontado: é o período de tempo necessário para a recuperação do investimento realizado, considerando o capital e o valor investido ao longo do tempo. ⯀ Valor Presente Líquido (VPL): consiste no valor presente de pagamento futuro, descontando uma taxa de custo de capital. É considerado uma das principais ferramentas na análise de investimentos. ⯀ Taxa Interna de Retorno (TIR): é uma taxa de desconto que iguala o valor presente do fluxo de caixa futuro ao investimento inicial. Nas próximas aulas nos aprofundaremos em cada uma das modalidades acima, com o intuito de esclarecer o conteúdo, não deixando dúvidas para a hora da prova. PROCESSO DE ORÇAMENTO DE CAPITAL (OC) O OC é o processo de que consiste em avaliar e selecionar os investimentos de longo/ médio prazo, que sejam coerentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza dos proprietários. A elaboração do OC constitui todo o processo de ordenamentos das premissas e informações que visam a montagem do fluxo de caixa projetado para a tomada de decisão de investimento de longo prazo. Importantes Pontos na Elaboração do OC Levantamentos dos investimentos necessários ao crescimento da empresa. Essa análise é particular de cada empresa, seguindo as diretrizes da empresa. O ideal é primeiro fazer um estudo sobre como o negócio pode crescer. Por exemplo, uma expansão, franquias, fusões e aquisições, abertura de filiais, criação de novos canais de vendas. ⯀ Avaliação dos investimentos levantados, é necessário avaliar aqueles que trarão retorno, pode-se analisara com indicadores como Valor Presente Líquido (VLP), Taxa Interna de Retorno (TIR), Payback Descontado e Payback simples. Tudo tem de ser 302 ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ analisado e essas ferramentas podem nos auxiliar e então tomar a decisão de investimento. Será necessária a seleção dos projetos, precisaremos selecionar os projetos comparando o indicador escolhido pelo gestor da empresa ou até mesmo a união deles, por exemplo, a TIR obtida após projetar os fluxos de caixa que contenham as entradas e saídas de dinheiro, acompanhada, do custo médio ponderado de capital; se a taxa maior que o custo, deve-se investir no projeto. Precisaremos verificar a fonte de capital, definiremos se o capital será próprio ou externo (empréstimos e financiamentos), é necessário fazer a avaliação de qual a melhor fonte para a aplicação em cada um dos casos. É necessário levar em conta a taxa de juros do dinheiro emprestado e, também, como faremos o pagamento, se no curto, médio ou longo prazo. Todos os pormenores devem ser analisados. Principalmente, é preciso saber se existe algum incentivo estatal para o investimento, como em casos do setor agrícola. Não obstante, existem alguns fatores micro que também precisam ser levados em conta, tais como a análise de mercado, a localização física, a análise de suprimentos, a análise de custos, a análise da carga tributária, análise de preços a serem praticados e, por fim, a análise de financiamento. Acompanhamento ou auditoria do projeto, envolvendo o monitoramento dos resultados durante a fase operacional do projeto. A comparação dos resultados reais, em termos de custos e benefícios, com os valores estimados; visando um melhor gerenciamento do projeto. Não podemos abandonar o projeto. Voltando ao plano geral do assunto, entendemos que o OC é extremamente importante para as empresas, uma vez que projetos de investimento de capital fazem parte de seus investimentos financeiros mais importantes. Como esses projetos geralmente envolvem grandes somas de dinheiro, tomar decisões de investimentos de capital precárias ou precipitadas com toda certeza terá um efeito desastroso nos negócios. QUESTÃO 1 Em se tratando das técnicas mais conhecidas de orçamento de capital, correlacione as colunas a seguir: 1. Técnica obtida subtraindo-se o investimento inicial de um projeto do valor presente de suas entradas de caixa, descontadas a uma taxa igual ao custo de capital da empresa. 2. Técnica que indica o tempo necessário para que a empresa recupere seu investimento inicial em um projeto, calculando com suas entradas de caixa; é considerada pouco 303 sofisticada porque não leva em consideração explicitamente o valor do dinheiro no tempo. 3. Técnica que permite à empresa mensurar o percentual de retorno anual se se concretiza um projeto e se recebesse as entradas de caixa previstas; considerada uma técnica sofisticada de orçamento de capital, porque leva explicitamente em consideração o valor de dinheiro no tempo. ( ) Payback. ( )Taxa Interna de Retorno. ( ) Valor Presente Líquido. Assinale a alternativa que contém a ordem CORRETA de correlação, de cima para baixo. a) 3, 1 e 2 b) 1, 3 e 2 c) 2, 1 e 3 d) 3, 2 e 1 e) 2, 3 e 1 Resposta: na alternativa 1 nos referimos ao VPL, na alternativa 2 falamos do Payback simples e, por conseguinte, na alternativa 3 falamos da TIR. Logo, a resposta correta é a letra E. QUESTÃO 2. Na execução do orçamento de capital para a empresa XYZ são utilizados diversos critérios para a avaliação de investimentos propostos. O critério do período de retorno caracteriza-se por: a)Aceitar um projeto se ele tiver um período de retorno maior do que algum ponto de corte pré-estabelecido. b) Apresentar o tempo necessário até que a soma dos fluxos de caixa de um investimento iguale seu custo. c) Incorporar o risco financeiro além do ponto de corte pré-estabelecido. 304 d) Levar em consideração os fluxos de caixa além do ponto de corte pré-estabelecido. Resposta: alternativa B, pois corresponde perfeitamente a ferramenta do Payback. QUESTÃO 3. Em Finanças Corporativas, o administrador financeiro deve se preocupar, dentre outras questões, com o orçamento de capital, que pode ser entendido como: a) O processo de planejamento e gerenciamento dos investimentos de longo prazo da organização. b) O processo de planejamento e gerenciamento dos investimentos de médio prazo da organização. c) O processo de planejamento e gerenciamento dos investimentos de curto prazo da organização. d) A etapa de planejamento e gerenciamento dos investimentos de longo prazo da organização. e) A etapa de planejamento e gerenciamento dos investimentos de médio prazo da organização. Resposta: a alternativa correta é a letra A, ainda que todas as alternativas estejam coerentes e corretas, temos de respeitar o doutrinador que nos indica o LONGO prazo como base fixa. QUESTÃO 4. Considerando o VPL, a TIR e a TMA, em processo de análise de fluxo de caixa de projetos para verificar a viabilidade financeira de um investimento, um administrador deverá classificar os projetos como economicamente viável se: a) O VPL for positivo e a TIR maior que a TMA. b) O VPL for maior que zero e a TIR igual a TMA. c) O VPL for maior que 1 e a TIR maior que a TMA. 305 d) O VPL for maior que 0 e a TIR menor que a TMA. O VPL for menor que 0 e a TIR maior que a TMA. Resposta: se viável economicamente, o VPL será positivo e a TIR maior que a TBM, logo, a alternativa correta é a letra A. QUESTÃO 5. Uma das formas utilizadas pelos engenheiros para estudar a viabilidade econômica de projetos e decidir sobre determinado investimento em comparação com a média de retornos oferecida pelo mercado é a análise de fluxos de caixas descontados, seja por meio do VPL e/ou da TIR. No que diz respeito a VPL e TIR, é correto afirmar que: a) São instrumentos utilizados para a mensuração da rentabilidade e não da lucratividade de um projeto de investimento. b) A TIR faz com que o VPL de um projeto seja igual a zero. c) O VPL consiste no cálculo que permite comparar valores diferentes, em prazos diferentes e em bases temporais diferentes. d) O VPL negativo significa que o projeto vale mais do que custa, ou seja, é lucrativo. Resposta: a alternativa correta é a letra B, pois as demais de alto anulam por problemas lógicos. ESTRUTURA DE CAPITAL A estrutura de capital é a denominação usada para descrever a combinação que as companhias fazem dos diferentes tipos de recursos que a formam. Ou seja, falamos da forma como o dinheiro chega dentro da empresa, seja por meio de acionistas ou até dos bancos, com empréstimos e financiamentos (tendo de incluir o custo da dívida). Uma empresa é composta por duas variações de capital, sendo o capital oriundo dos sócios (o capital social) e também o capital oriundo de terceiros (dívidas e financiamentos). Cada um deles possui as suas próprias características, assim como um custo, tributos e disponibilidade distinta. Sempre que recorremos aos bancos, temos de ter a idéia de empréstimos de longo, médio e curto prazo, precisamos analisar o prazo da dívida e suas circunstâncias decorrentes; sendo sempre necessário uma análise prévia. Por exemplo, compensa 306 mais emprestar 12K em uma única vez do que emprestar em 4x de 4K, no longo prazo. A estrutura de capital pode ser encontrada no próprio balanço patrimonial da empresa, com a somatória do capital social e do passivo não circulante. Pode variar de acordo com os tributos da organização (tamanho, lucratividade, entre outros). Vale lembrar, que ela faz parte das estratégias de uma companhia. Cada empresa pode compor a sua própria estrutura de capital, usando mais ou menos capital próprio (ou de terceiros) para viabilizar as atividades empresariais. Capital Próprio Nada mais é do que o montante total que cada um dos sócios investe no negócio ao dar início na empresa. Não possui um valor padrão definido por meio legal, o que significa que quem contribui na sociedade deve estabelecer (de acordo com necessidade capital de giro, projeção de receitas e custos fixos e variáveis) qual deve ser o valor final. Todas as informações têm de estar disponíveis para quem aporta na empresa, para que ele saiba a destinação dos valores, para que esses valores serão utilizados e como serão utilizados. Falamos de uma fonte padrão, diferentemente das dívidas, não há como os acionistas não o formarem, de modo que deve constar previamente no estatuto social da empresa (podendo ser aumentado ou diminuído legalmente caso haja necessidade). Não é algo que nunca mais será mexido, sua alteração pode vir a acontecer, temos de ter isso em mente. Em um cenário de juros baixos, entretanto, a predominância do capital próprio na estrutura de capital é desencorajada, já que nessa ocasião o capital de terceiros se torna mais “barato” quando comparado ao capital próprio. Em determinados momentos valerá mais utilizar o dinheiro de terceiros. Capital de Terceiros Falamos do capital de fonte externa, é aquele que a companhia capta nos bancos públicos ou comerciais, através de empréstimos e financiamentos. Como qualquer capitalização, a empresa paga juros sobre esse dinheiro, conferindo o lucro ao credor. É vantajoso utilizar o capital de terceiros, pois ele auxilia na redução do imposto de renda a ser recolhido, quando substitui parte do capital próprio como viabilizador financeiro. 307 Entre muitas aspas, podemos economizar, reduzindo o valor do imposto de renda, mas é necessário jogar esse valor contra os juros para ver se vale à pena. A estrutura de capital é planejada, criada e alterada. Para isso, é necessário que os administradores levem em conta tanto os planos internos (expansões, funções etc), como o contexto econômico – em especial a alta ou a queda dos juros que interferem no “valor” do dinheiro. Por exemplo, uma dívida contratada no meio de 2020, com 5% de custo da dívida, mas devido a diversas possibilidades do cenário, podemos vir a negociar com outro banco para alterar esse custo da dívida. Fatores que Interferem na Composição da Estrutura de Capital ⯀ O crescimento potencial, ou seja, quanto maior o horizonte de crescimento de uma companhia, maior é a possibilidade de ela buscar o capital externo para viabilizar e acelerar a expansão. ⯀ Lucratividade, quando enxergamos que quanto maior a projeção de acréscimo na lucratividade de uma companhia, maior a facilidade de acesso ao crédito externo. ⯀ Volatilidade, pois quanto maior a volatilidade de uma companhia, em todos seus aspectos patrimoniais, menor é a facilidade de acesso ao capital externo. Os bancos analisam diversos relatórios na hora de conceder crédito para uma companhia. Essa é apenas uma aula introdutória acerca do que falaremos dentro desse módulo, veremos cada detalhe com mais atenção daqui em diante. RISCOS DE CREDORES E ACIONISTAS Posteriormente, depois de termos estudado um pouquinho da estrutura dos capitais, as possibilidades de estruturas dos capitais que temos dentro das nossas empresas, vamos conversar agora sobre os riscos que esses credores têm e esses acionistas possuem para emprestar o dinheiro para essa empresa. Os acionistas e os credores financiam a empresa — querendo ou não, são eles que colocam o capital para dentro da empresa, esperando obter retorno sobre o capital investido: eles vão lá, dão dinheiro para empresa, porém também esperam que volte dinheiro dessa empresa — que volte mais do que foi investido. Se colocam 10 mil reais, esperam que retorne 15 mil. 308 Porém não é isso que acontece muitas vezes, principalmente com acionistas. Vamos supor que eles façam um investimento e que aconteça algum problema ao decorrer do ano e essa empresa não gere lucro, ou seja, acabe não gerando dividendo para seus acionistas. Então isso é o risco envolvido nas operações. Toda vez que um acionista ou o banco empresta dinheiro eles têm que ter em mente essa questão do risco, porque pode dar certo aquilo - plano, projeto - ao qual é solicitado o empréstimo, mas muitas vezes pode não dar. Então quando isso acontece, tem que ser calculado por esses agentes — acionistas e credores —, visto que existe esse tipo de risco para a empresa, os acionistas e credores exigem um retorno maior sobre o capital investido. Por isso existe essa relação de 10 mil reais investidos para 15 mil reais em retorno. Quais são esses tipos de riscos: Prejuízo total ou parcial ou não receber o capital de volta; juntamente com os juros acumulados, ou seja, a empresa no fim das contas acabou dando prejuízo e não tendo um resultado de superávit. O total de suas receitas não cobriu o tal de suas despesas, deu resultado negativo. Isso é um risco que fica para os acionistas e agentes de banco. Impacto negativo sobre seu fluxo de capital e capacidade financeira; ou seja, menos dinheiro dentro da empresa, isso é um risco para os acionistas e bancários. Perdas contábeis; já que os prejuízos têm que estar indicados no balanço patrimonial da empresa. Perda de credibilidade, junto aos investidores e acionistas, no caso de fundos de investimentos. Exemplo: alguém que pede empréstimo de 10 mil reais, não paga e torna a pedir um segundo empréstimo. Da mesma forma funcionam os bancos e acionistas. Riscos aos Acionistas Com relação aos riscos dos acionistas, têm dois tipos de ações e suas características. Ações ordinárias: nessa os acionistas têm direito de participar de certas decisões da empresa, que é muito bacana, porque o acionista que têm ações ordinárias, ele tem voz de ação dentro do conselho diretor das empresas e auxilia nas decisões. Ações preferenciais: dão prioridade no recebimento de dividendos, que são uma fração dos lucros. Aqui vale ressaltar o seguinte: se a empresa não obtiver lucro, não há repasse 309 de dividendos. Isso tem que ficar bem claro, pois não há como dividir algo que não existe No Risco das ações ordinárias, os acionistas ordinários serão os últimos da fila na hora da empresa distribuir os dividendos, ou seja, pode ser que eles não venham a receber os dividendos. Sem garantias em caso de falência, se a empresa quebrar, pode ser que os acionistas ordinários podem não conseguir recuperar o valor investido. Os primeiros a serem ressarcidos são os credores e acionistas preferenciais - além de pagamentos trabalhistas. Tudo isso tem preferência antes de o acionista ordinário receber alguma coisa. ESTRUTURA DE CAPITAL ALVO A estrutura de capital alvo é a estrutura considerada como ideal, onde o custo médio ponderado (CMPC), ou simplesmente custo de capital, é o mínimo; quanto menor, melhor! Trata-se da estrutura onde a empresa usa o máximo de capital de terceiros e o mínimo de capital próprio, mas é claro, não colocando em risco a capacidade de pagamento de seus compromissos. Consideramos uma modalidade inteligente, pois não conseguimos prever o dia de amanhã com clareza. Enxergamos que não é ruim e problemática a adesão de empréstimos, o problema está em não conseguir pagar, toda atenção é necessária para saber se vamos ter caixa para pagar a parcela desse empréstimo. Por isso, o gerenciamento financeiro é tão importante para lidar com todos esses pormenores na hora de fazer a adesão de um empréstimo. Considerando a existência de uma estrutura ideal de capital destacam duas estratégias principais: ⯀ A primeira considera a adoção de uma estrutura de capital em valor monetário, consistem em adotar contratos de financiamentos que especifiquem os pagamentos de dívida projetados, não dependem do desempenho da empresa no futuro, mas são pré-determinados pelo cronograma do fluxo de dívida. ⯀ A segunda estratégia de estrutura do alvo de capital, se refere a definição de um percentual constante de dívida sobre o valor total de mercado da empresa, sendo que, a não ser que os fluxos de caixa da empresa não sejam constantes ao longo do tempo, a empresa irá, regularmente, controlar ou gerenciar esses montantes de divida e patrimônio líquido para manter esse valor. É necessário analisar com muita clareza, pois nós temos que ver quanto do valor da dívida se refere ao meu faturamento, por exemplo, não poderá ultrapassar de 30% o valor da dívida; se temos um faturamento de 100k. 310 A estratégia pela qual se mantém percentual de endividamento alvo representa maior risco para a empresa. Quando a empresa espera manter a dívida como uma fração fixa do valor total, o montante da dívida e os juros variam de acordo com os resultados reais, ao invés do esperado, dos fluxos de caixa futuros da empresa. Sendo assim, os pagamentos de juros futuros e os benefícios fiscais serão tão arriscados quanto os fluxos de caixa. TEOREMA DE MODIGLIANI – MILLER (M&M) O Teorema de Modigliani e Miller foi criado em 1958, popularmente conhecido como “M&M”, sendo internacionalmente conhecido como o marco fundamental da moderna teoria de finanças. Em 1958, M&M apresentaram três proposições que norteiam o estudo da estrutura de capital das empresas, as quais são amplamente difundidas por meio de publicações usadas no ensino de finanças. Sendo essas três proposições: ⯀ O valor da empresa independe de sua estrutura de capital. Ou seja, na hora de analisar uma empresa, tanto faz se a estrutura de capital é própria ou de terceiros. ⯀ O retorno ao acionista cresce em função do endividamento. ⯀ Para o acionista, é indiferente o recebimento ou não de dividendos. Se o acionista está vinculado à empresa e não está precisando de dinheiro no curto prazo, para ele será indiferente o recebimento dos dividendos. Eles demonstraram que o valor de uma empresa depende de como ela investe seus recursos, ou seja, varia de acordo com o seu potencial de rentabilidade. E, também, o valor da empresa independe da forma pela qual ela é financiada, ou seja, de sua estrutura de capital. No desenvolvimento da teoria do investimento por M&M, foram considerados os seguintes pressupostos simplificadores do mundo real, o qual seria o mundo perfeito ou ideal dos economistas, isto é, as hipóteses de mercado de capitais perfeito e da concorrência perfeita. Sendo essas hipóteses de mundo perfeito: ⯀ Inexistência de impostos sobre os rendimentos (lucros) de pessoas jurídicas ou de pessoas físicas (ganhos de capitais e dividendos). Para compreender esse assunto temos de ter um senso social aguçado, contrastando como são os nossos dias com como eram os dias de M&M; assim será possível estudar e compreender essa primeira 311 ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ idéia. Nós estamos em um país com uma tributação enorme, onde nós não vemos a aplicação e o retorno desses tributos, esse ponto tem de ser levado em conta, pois para M&M a máquina pública iria se auto-sustentar. Ausência de custos de transação (de corretagem ou lançamento de títulos). Existem, hoje, empresas que sobrevivem a partir de taxas de transições, essas empresas já não existiriam no mundo de M&M. Inexistência de custos de falência ou restrição financeira (empresas nunca iriam falir, inexistindo risco de inadimplência para os credores). Ausência de spread de taxa de juros para aplicação e financiamento. Ou seja, as empresas não iriam cobrar pelo capital emprestado para outras empresas, no mundo perfeito de M&M. Simetria de informações, ou seja, investidores e administradores possuem a mesma informação sobre as perspectivas de investimento da empresa e, os últimos sempre trabalham em favor dos primeiros – ausência de conflitos de agência. Esse tópico está protegido pela legislação atualmente. Oferta ilimitada de financiamento a uma taxa livre de risco para empresas e acionistas. A oferta ilimitada de dinheiro causará um impacto macroeconômico na sociedade. Comportamento racional dos investidores, onde visam maximizar sua riqueza e exigem maior retorno frente ao aumento do risco. Para o M&M, os ativos fixos asseguravam que a empresa renderia para seus acionistas um fluxo de lucros ao longo tempo, para isso os fluxos não precisam ser constantes, podem ser incertos e levados a perpetuidade. Por conseguinte, o valor de mercado das empresas deveria ser proporcional, em equilíbrio, aos seus retornos esperados líquidos de impostos, descontando-se o custo de capital. Levando em conta dois critérios: ⯀ No primeiro, a aquisição do ativo fixo seria vantajosa se elevasse o lucro líquido dos acionistas e esse lucro aumentaria somente se a taxa de retorno esperada excedesse a taxa de juros do capital. ⯀ No segundo critério, seria vantajoso adquirir o ativo se ele ampliasse o valor de mercado do patrimônio líquido dos acionistas, isto é, se criasse valor. Quanto mais elevado o nível de alavancagem da empresa, menor o valor do imposto recolhido para uma mesma renda auferida antes dos tributos e o desconto fiscal se elevaria proporcionalmente ao grau de dívidas contratadas, aumentando o lucro operacional disponível aos credores e acionistas, diminuindo o custo de capital da empresa e ampliando 312 seu valor de mercado. QUESTÃO 1 No estudo da estrutura de capital, existem duas teorias: a teoria convencional e a teoria de M&M. A teoria de M&M tem como fundamento principal o fato de que: a) O custo total de capital de uma empresa é diretamente proporcional à participação de capitais próprios e de terceiros, desde que o de terceiros seja maior. b) O custo total de capital de uma empresa é independente de sua estrutura de capital, isto é, não existe uma estrutura ótima. c) Uma empresa pode alcançar uma estrutura ótima de capital, mediante uma combinação adequada de suas fontes de financiamento. d) Participação de capitais próprios em maior parcela do que a de capitais de terceiros provoca um menor custo na sua estrutura de capital. e) Participação de capitais de terceiros mais baratos na estrutura de financiamentos da empresa permite que haja uma redução no custo de capital. Resposta: letra B, pois na teoria de M&M não é diretamente proporcional à participação de capitais próprios e de terceiros, muito pelo contrário, segundo M&M o custo total de capital independe da sua estrutura de capital. Lembrando que as respostas aqui estão baseadas na teoria de M&M e não no que nós acreditamos. LANÇAMENTO DE AÇÕES E INSTRUMENTOS DE DÍVIDA CORPORATIVA Para facilitar a compreensão veremos o conteúdo dessa aula em duas partes, começando pelo Lançamento de Ações e, depois, veremos os Instrumentos de Dívida Corporativa. Lançamento de Ações São empresas que estão abrindo capital vendendo suas ações na bolsa de valores. Entendemos por ações, os valores emitidos por sociedades anônimas representativos de 313 uma parcela do seu capital social. São títulos de propriedade que conferem a seus detentores (investidores) a participação na sociedade da empresa. Noutra maneira, uma ação é um pedacinho de uma empresa, que decidiu abrir seu capital para expandir ou por qualquer outro motivo. O primeiro lançamento de ações no mercado é chamado de “Oferta Pública Inicial” (também conhecido pela sigla em inglês IPO – Initial Public Offer). Feita a abertura de capital e a oferta inicial, a empresa poderá realizar outras ofertas públicas, conhecidas como “Follow On”. As ofertas públicas de ações (IPO e Follow On) podem ser primárias e/ou secundárias. Dispostas da seguinte maneira: ⯀ Na idéia de primárias, a empresa capta recursos para investimento de reestruturação de passivos, ou seja, ocorre efetivamente um aumento de capital da empresa. Ocorrendo o aumento porque essa captação é instantânea. ⯀ Na idéia de secundárias, proporcionam liquidez aos empreendedores, que vendem parte de suas ações, num processo em que o capital da empresa permanece o mesmo, porém, ocorre um aumento na base de sócios. O principal motivo de uma companhia abrir o seu capital é para captar recursos. Uma IOP, por exemplo, gera uma grande injeção de capital em um período curtíssimo. Mas uma IOP não pode ser realizada por qualquer companhia, nesse caso, é preciso certificar que se tem um modelo de negócios seguro e estável. Motivos para IPO: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Acesso a recursos financeiros para financiamentos de projetos e investimentos; Liquidez patrimonial visando venda futura; Reestruturação financeira; Melhora a imagem e consolidação da marca (podendo piorar a imagem em alguns casos). Esse processo de lançamento é longo e começa cerca de um ano antes da abertura efetiva, podendo custar milhões em taxas. Algumas organizações optam por montar uma equipe específica, composta por advogados, contadores, analistas e outros especialistas. Trata-se de uma atividade muito burocrática e, de certa forma, demorada para se executar. 314 Após a empresa obter o registro de companhia aberta na Comissão de Valores Imobiliários (CVM), é necessário montar um prospecto de oferta. Neste prospecto de oferta é detalhada as informações importantes sobre a empresa, histórico das demonstrações contábeis dos últimos 3 anos, além dos dados da própria operação e a projeção do negócio – aqui incluindo todas as demonstrações contábeis que já falamos no curso. Sendo assim, o prospecto é um documento voltado para o público investidor; com estes documentos os investidores em potencial saberão quais os planos, situação do mercado e riscos da companhia. Ou seja, passado, presente e futuro importam na hora de fazer a análise de uma empresa para decidirmos se vale a pena ou não comprar as ações da mesma. Próximo ao lançamento, a organização é incluída na Bolsa de Valores, inclui-se o prospecto junto a CVM e emite o comunicado de lançamento na imprensa. Vantagens para a empresa: ⯀ Acesso a recursos é o principal que leva as empresas a abrirem o seu capital. ⯀ Atrair bons profissionais, sendo uma forma de contratar talentos. Isso por conta da visibilidade que a empresa ganha a partir do seu lançamento. ⯀ Maior visibilidade e consolidação da marca, podendo melhorar a imagem da empresa estando na Bolsa de Valores; traz maior visibilidade. Vantagens para o investidor: ⯀ Oportunidade de investimento, sendo maior a possibilidade de investimentos e diversificação da carteira. Lembrando que a diversificação é uma estratégia inteligente em caso de queda do mercado. ⯀ Possibilidade de lucro, utilizando da IPO para se beneficiar com o crescimento da empresa. Todo investidor visa sempre ganhar dinheiro com uma aquisição de ações. Desvantagens para a empresa: ⯀ Processo burocrático, demorado e bastante caro. Por conta disso, se faz necessário uma equipe especializada para auxiliar nesse processo. ⯀ Perda de controle da empresa, feita a oferta inicial os proprietários da empresa per- 315 ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ dem um pouco do controle e da liberdade sobre o seu negócio. Vigia pública, ou seja, a empresa enfrenta apurações e regulamentos muito mais intensos e passa a ser regulada pelos órgãos competentes. Informações financeiras se tornam públicas, tudo tem de vir a público, se faz necessário a transparência total. Difícil análise, pois como a ação antes nunca foi negociada, ninguém saberá como funciona a empresa; o desconhecimento pesa. Imprevisibilidade dos preços, de inicio, após o lançamento, não conseguimos prever valores de precificação adequados. QUESTÃO 1 “A Natura iniciou a negociação de suas ações na Bolsa em 26 de maio de 2004, sendo também uma das pioneiras a ingressar no Novo Mercado. O sucesso do IPO da Natura, numa época em que o Brasil sofria as conseqüências de diversas intempéries econômicas, resultou no início de um círculo virtuoso para o mercado de capitais. A ousadia e a confiança no mercado que a Natura demonstrou, naquele momento econômico ainda difícil, abriram o caminho para uma fila de mais de uma centena de companhias que passaram a enxergar a Bolsa como um canal de financiamento para a expansão de seus negócios” O trecho acima foi publicado no site da BM&F Bovespa em 22/09/2009 e retrata a experiência de uma empresa nacional que ingressou no mercado de capitais. Em relação a esse mercado, analise as assertivas identificando V, quando verdadeira, e F, quando falsa. (V) O mercado primário é aquele que organiza a emissão de novos instrumentos de capital e de crédito. Esse mercado tem como desafio estabelecer os preços dos valores mobiliários. (V) O mercado secundário é responsável por negociar os títulos e apurar os preços das ações diante das consecutivas transações. (F) Ações são títulos de dívida de médio e longo prazo, emitidos por sociedade por ações, que confere a seu detentor um direito de crédito contra a emissora. (F) Debêntures são títulos negociáveis representativos da propriedade de uma fração do capital de uma sociedade por ações. (V) IPO é uma oferta pública de títulos. Essa oferta tem seus preços decididos por dois 316 métodos principais: aquisição a um preço pré-determinado ou através de um leilão (book building). A alternativa com a sequência CORRETA, de cima para baixo é: a) V, F, V, F, V. b) V, V, V, F, F. c) V, V, F, F, V. d) F, F, V, F, V. e) F, V, V, V, F. Reposta: com base nos conteúdos apresentados em aulas, as assertivas corretas correspondem a letra C. INSTRUMENTOS DE DÍVIDA CORPORATIVA Os títulos de dívida corporativos são valores mobiliários emitidos por empresas que buscam captar recursos para financiar seus investimentos, atividades e dívidas. Basicamente, uma empresa possui duas possibilidades para se financiar via dívida no mercado de capitais, no caso, emitir título no mercado interno ou no mercado externo. O critério de decisão entre os mercados geralmente está ligado ao custo de emissão e ao desejo dos investidores e pelas características da dívida, bem como seu prazo de vencimentos e indicadores. Ou seja, analisaremos presente, passado e futuro na hora da tomada de decisão. Emissão Interna Essa emissão externa costuma ser a opção quando se busca alongar o perfil do endividamento. Vale lembrar, que o mercado internacional de títulos disponibiliza mais financiamentos de longo prazo. Entre os instrumentos utilizados no mercado interno destacam-se as notas promissórias, que são títulos de curto prazo (geralmente com prazo de vencimento menor que um ano) e as debêntures. 317 Ainda no mercado interno existem as chamadas “operações estruturadas”, dentro da categoria de renda fixa, em que recebíveis são “securitizados”, como nos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA, ou direitos creditórios são cedidos, como nos Fundos de Investimento em Direito Creditórios (FIDC). Nada mais é do que uma prática que agrupa ações de forma organizada formando um fundo. Emissão Externa No mercado externo, tanto emissores financeiros como não financeiros costumam emitir “bonds”. São papéis que possuem característica de renda fixa, ou seja, títulos de crédito que garantem aos detentores direito de crédito ante a companhia emissora. Os “Bons Estrangeiros” são submetidos à jurisdição do país estrangeiro de emissão, ou seja, são negociados somente naquela região e condicionados às suas regras. Quanto aos “Euro Bonds”, são referentes às emissões feitas no mercado internacional de “bonds” e que não são focadas para um país específico e nem segue uma jurisdição específica. No geral, são bancos que adquirem esses papéis e os revendem para os mais diversos mercados internacionais. QUESTÃO 1 No que diz respeito às características das ações e das debêntures, bem como ao funcionamento do mercado de capitais, julgue os próximos itens: “As ações preferenciais, embora não dêem direito a voto ou restrinjam o exercício desse direito, conferem prioridades na distribuição de dividendos aos seus titulares”. a) Certo. b) Errado. Resposta: quando nos referimos em ações preferenciais, de fato não possuem direito a voto, mas possuem prioridade na distribuição de dividendos, portanto, a assertiva está correta. 318 GRAUS DE ALAVANCAGEM No mercado financeiro, grau de alavancagem é a maneira de impulsionar os recursos para atingir os melhores resultados possíveis. A palavra-chave aqui é impulsionamento. Por meio de alavancagem torna-se possível realizar uma aplicação de valor maior do que aquilo que está disponível na conta do investidor. Assim, o grau de alavancagem refere-se à potencialização do uso de recursos para obter ganhos mais expressivos do que se havia estimado. Os ganhos crescem em proporção maior que a de uso dos recursos. Em outras palavras, ela é o produto do uso dos ativos operacionais ou fundos (recursos financeiros) a um custo fixo com o propósito de multiplicar retornos aos proprietários da empresa. Considerando riscos e retornos, eles serão maiores ou menores a depender da alavancagem. Estas três grandezas estão diretamente ligadas. Riscos e retornos maiores associam-se a alavancagens menores. Pelo lado contrário, quanto menor a alavancagem, menores também serão os riscos e retornos. Existem basicamente três tipos de alavancagem: ⯀ Operacional; ⯀ Financeira; ⯀ Total ou mista. Grau Alavancagem Operacional (GAO) É um dos tipos de alavancagem que podem ser realizados no mercado financeiro por uma empresa, e tem por finalidade fazer com que a produção gere mais lucros. Isto pode ser avaliado mediante a proporção dos custos fixos em comparação com os custos variáveis. Esse tipo de alavancagem atua na otimização de produção e eficiência de produção e otimização de processos e de eficiência de produção. Custos fixos são todos aqueles que estão previstos no decorrer do período de tempo em análise, enquanto que os variáveis estão ligados à ocasionalidades. Estes últimos são os mais redutíveis de todos. 319 Alavancagem operacional significa aumentar o retorno gerado pelos ativos operacionais mantendo-se o mesmo custo fixo, o qual deve estar bem dimensionado. No Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE), a alavancagem operacional permite o aumento do lucro antes dos juros e do Imposto sobre Renda (LAJIR ou EBIT) de forma proporcionalmente maior do que o aumento gerado na receita operacional (advinda das operações da empresa). Exemplificando: uma empresa produz chinelos. Portanto, a receita operacional dela é a venda de chinelos e a não-operacional corresponde, por exemplo, os investimentos que ela talvez possua em bancos ou imóveis. A alavancagem operacional ocorre quando um gestor consegue alavancar a receita operacional sem tocar nos custos fixos (otimização da produção, redução com gastos de horas extras e matérias primas etc. produzem esse efeito). O cálculo do Grau de Alavancagem Operacional (GAO) pode se dar de variadas formas, entretanto a mais comum é a que se relaciona aos períodos anteriores. Fórmula para o cálculo do grau de alavancagem operacional: Exemplificando: uma empresa com variação percentual nas receitas, de um ano para o outro, igual a 20%, teve um aumento de 40% no EBIT. GAO = 40 / 20 = 2 Sendo o GAO superior a 1, isto significa que houve alavancagem operacional além da que seria esperada. Os aumentos da entrada de receita na empresa provocaram o aumento de EBIT. Grau Alavancagem Financeira (GAF) 320 É a ação de contrair uma dívida para financiar uma outra mais antiga sem haver com isso comprometimento do patrimônio da empresa. Trata-se de uma forma de aumentar a rentabilidade através do endividamento (por mais que isso possa parecer contraditório). A alavancagem financeira é também o efeito do capital de terceiros no patrimônio líquido de uma empresa. O GAF pode ser descrito como o resultado do uso de encargos financeiros fixos para o aumento dos efeitos de variação no EBIT/LAJIR sobre o lucro líquido ou lucro por ação. Os tipos de encargos financeiros tidos por fixos na estrutura do DRE são: ⯀ Juros de dívidas (custo da dívida); ⯀ Dividendos de ações preferenciais. São estes pagamentos chamados de fixos porque devem ser pagos independentemente do montante de EBIT disponível para efetivá-los. Fórmula para o cálculo do grau de alavancagem financeira: Exemplificando: suponhamos a demonstração contábil de uma empresa cujos resultados encontram-se na tabela abaixo. A variação do EBIT (20%) foi capaz de gerar uma variação do LPA equivalente a 33%, pois os juros foram mantidos constantes. O GAF aqui corresponde a 33,3/20 = 1,665. A ideia central para se estimar a alavancagem financeira é perceber a mudança que ocorre no lucro líquido para cada alteração no lucro operacional. Vale ressaltar que sendo o GAF maior que 1, isso significa que houve aporte financeiro na empresa. 321 Grau de Alavancagem Total (GAT) O Grau de Alavancagem Total (GAT) utiliza o potencial de otimização dos custos fixos operacionais e financeiros para aumentar o efeito das variações nas vendas sobre o lucro por ação. Quando isso acontece de forma rápida e simples, isso produz efeitos excelentes no LPA. Pode ser encarado como a medida do impacto total dos custos fixos na estrutura operacional e financeira da empresa. Fórmula para o cálculo do grau de alavancagem total: Ela é bem simples e muito parecida com as anteriores. Exemplificando: Considerando a variação de 38,7% no LPA e uma variação de 9,38% nas receitas de vendas, o GAT do exemplo corresponde a 38,57/9,38 = 4,11. Sempre que o Grau de Alavancagem Total (GAT) for maior que 1, haverá alavancagem, otimização e aumento de vendas. CUSTO DE CAPITAL É o retorno mínimo exigido pelos credores e acionistas (financiadores de recursos) para 322 determinar a viabilidade de um investimento ou negócio. As empresas buscam financiamento para seus projetos junto aos acionistas e credores ou a partir de seu capital próprio, ao emitir ações e também ao contrair empréstimos de curto e longo prazo. Não é preciso dizer que acionistas e credores financiam a empresa esperando obter retornos sobre o valor investido. Exemplificando: você vai ao banco e pega emprestado R$60.000. Mas no final das contas o valor total dessa dívida será de R$65.000. A diferença de cinco mil é o custo de capital. Em um negócio bem planejado, o empreendedor sabe o quanto precisa ter de lucro para que a empresa seja autossustentada. O custo de capital, considerado uma taxa de retorno, é essencial para se manter o valor de mercado de um empreendimento. O custo de capital não é relacionado apenas a novas empresas. Toda vez que uma marca consolidada no mercado decide ampliar suas atividades ou investir em projetos, sempre haverá captação de recursos financeiros para isso. As maneiras mais comuns de captação de recursos financeiros são: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Reservas de lucros de negócio; Empréstimos; Contratos de leasing; Adesão de novos investidores: esta pode ser feita ao se oferecer ações no mercado ou injetando-se capital na empresa. CUSTOS DE CAPITAL PRÓPRIO O custo de capital próprio revela o retorno desejado pelos acionistas de uma empresa em suas decisões de aplicação de capital próprio. Constitui o segmento de estudo mais complexo das finanças corporativas, assumindo diversas hipóteses e abstrações teóricas em seus cálculos. Conceitualmente, equivale ao rendimento mínimo que a empresa deve obter para remunerar seus acionistas e manter o preço de mercado de suas ações. O custo de capital próprio fornece aos acionistas uma ideia de quanto haverá de retornos relacionados ao capital investido e isto precisa ser ajustado pelo preço de mercado, para que não haja valorizações ou desvalorizações indevidas. Uma empresa pode financiar seus investimentos através de recursos próprios, advindos da emissão de novas ações ou da retenção de lucros. 323 O custo de capital próprio (Ke) é uma medida que expressa a taxa mínima de retorno que os investidores exigem ao aplicarem seus recursos próprios na empresa. Representa, portanto, o ganho mínimo que justifica a aceitação de um investimento. Assim, representa o ganho mínimo que posso justificar a adesão a um investimento. O investidor somente aceita aplicar seus recursos em algum ativo específico se não encontrar uma alternativa mais atraente e que possa dar mais retornos financeiros à decisão (princípio da substituição). O custo de capital é mais difícil de ser apurado se o compararmos com o custo da dívida. Trata-se de uma taxa mínima de retorno de referência para as decisões financeiras e deve seguir o risco do investimento. Capital Asset Pricing Model (CAPM) Também conhecido por modelo de precificação de ativos financeiros, essa ferramenta tem por objetivo identificar o valor de um ativo financeiro por meio da definição de risco apresentada ante o retorno oferecido. Embora seja muito utilizado na bolsa de valores, esta não é a única das finalidades do CAPM. Qualquer investimento pode ser avaliado pelo ponto de vista das precificações, inclusive projetos empresariais. Fórmula para o cálculo do CAPM: E(ri) = resultado do cálculo, apresentado a expectativa de retorno de um ativo financeiro Rf = taxa livre de riscos, geralmente com referência em títulos públicos de longo prazo, como a taxa Selic. Beta(i) = traz referência sobre a volatilidade do mercado de risco (velocidade de reação dentro do mercado) E(rm) = retorno médio do mercado de capitais (geralmente Ibovespa) Beta 324 O Beta é um fator muito importante para o funcionamento do cálculo pois ele representa o grau de volatilidade de um ativo em análise. Isso é fundamental quando avaliamos o risco, visto que quanto mais volátil for um investimento, mais perigoso ele é. “Certo. Mas um ativo volátil é bom ou é ruim?” Esse não é um parâmetro absoluto. Tudo depende dos balanços do mercado. Mas o que sabemos é que quanto maior a volatilidade, melhores serão os retornos obtidos. Beta = 0: não existe risco. Beta < 1: trata-se de um ativo de baixo risco e de baixo retorno. Beta = 1: trata-se de um ativo cujo retorno é equivalente ao mercado. Beta > 1: trata-se de um ativo de alto ricos e de alto retorno. O Capital Asset Pricing Model (CAPM) permite comparativos entre diversas alternativas a respeito de investimentos e da qualificação de ativos do mercado financeiro. Como já sabemos, essa análise levará em conta o risco e o retorno apresentados. QUESTÃO 01. Uma das preocupações dos administradores financeiros é a relação risco-retorno. O modelo de precificação de ativos (CAPM) foi desenvolvido para explicar o comportamento dos preços dos ativos e fornecer um mecanismo que possibilite aos investidores avaliarem o impacto do risco sobre o retorno de um ativo. Considere as seguintes informações sobre um ativo hipotético: Beta = 1,2 Taxa livre de risco = 10% Retorno da carteira de mercado = 15% Com base nisso, o retorno mínimo esperado desse ativo é de: a) 5% b) 16% c) 6% 325 d) 0. Resolução: montemos antes de mais nada a fórmula. Ki = Rf + [Beta(i) x (Rm – Rf)] Ki = 10% + [1,2 x (15% - 5%)] Ki = 16%. O retorno mínimo esperado para o ativo é 16%. Portanto, a resposta correta é a alternativa b. DISCOUNT MODEL (DDM) Também conhecido por modelo de dividendo descontado, trata-se de um procedimento para avaliar o preço de uma ação usando os dividendos esperados trazidos ao valor presente. A ideia implícita é que se o valor obtido com o modelo de desconto de dividendos for maior que o valor pelo qual as ações já estão sendo negociadas, o objeto analisado é considerado como subvalorizado ou desvalorizado. Esse modelo é um dos métodos de avaliação de uma empresa com base na teoria de que uma ação tem o valor igual à soma descontada de todos os pagamentos de dividendos prospectivos. Por isso, apresenta inúmeras variações. Entretanto, elas não são cabíveis para empresas que não pagam dividendos. Uma variação é um modelo de crescimento de dividendo normal que inclui um período de alto crescimento e inconstância seguido por um de crescimento baixo e constância. É normal haver crescimento no pagamento dos dividendos. O ruim é quando isso está vinculado a uma subvalorização dos dividendos frente ao valor de mercado. Para obter-se um número de crescimento, pagar o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) e multiplicá-lo pelo índice de retenção é uma das melhores maneiras. Isto nada mais é que traremos o valor presente líquido dos fluxos de caixa para vermos a análise de crescimento. Fórmula para o cálculo do modelo de dividendo com desconto: 326 O modelo de dividendo descontado é um dos mais conservadores e antigos métodos de avaliação de ações. É também um elemento fundamental da teoria financeira. O modelo aqui tratado exige muitas premissas relacionadas ao pagamento de dividendos, padrões de crescimento de uma empresa e taxas de juros futuras. CUSTOS DE CAPITAL DE TERCEIROS Entende-se como sendo custo de capital de terceiros o valor das taxas e dos juros que serão pagos às entidades financiadoras que fizeram o aporte de capital na empresa. Essa cobrança é uma forma de remunerar a operação que foi realizada por terceiros. O custo de capital de terceiros representa o retorno exigido pelos credores. Caracteriza-se por ser o custo de todas as fontes de crédito líquido de Imposto de Renda para a empresa — e a ideia de contabilizar esse valor é originária do problema de maximização do valor da empresa. O acionista quando investe seus recursos comprando ações, sempre espera que o retorno esteja relacionado com os fluxos de caixa após os impostos. Para que as taxas de retorno dos custos de capital próprio e de terceiros fiquem patamares comparáveis entre si é preciso ajustar as taxas de juros descontando o benefício fiscal. Fórmula para o cálculo dos custos de capital de terceiros: Kt = custo do capital de terceiros, ou seja, a remuneração paga à instituição financeira pelos empréstimos recebidos. Jx = juros, isto é, valor relativo aos juros aplicados na oferta de crédito concedido por terceiros. Ct = capital de terceiros, valor que compreende todo o passível exigível, ressalvado o passivo circulante. Ir = alíquota ou valores utilizados para calcular o valor de tributos a serem pagos pela 327 empresa. “O que acontece quando uma empresa declara prejuízo?” Nesse caso, a empresa não tem a obrigação de pagar o Imposto sobre Renda. Assim, o custo da dívida não causa redução da base de cálculo de imposto e a empresa não tem o benefício fiscal da dívida. “O que acontece quando uma empresa declara lucro?” Empresas que apresentam maior nível de endividamento também apresentam maior risco de inadimplência porque quanto maior for a dívida, maior será o comprometimento do fluxo de caixa para o pagamento de juros. Quanto maior o risco de inadimplência, maior será também o custo de capital de terceiros e a taxa de juros exigida. Logo, o custo da dívida pode atingir um patamar em que o lucro se converte em prejuízo, inviabilizando o aumento indefinido do uso de capital de terceiros. QUESTÃO 01. Em relação à estrutura de capital e ao uso de capital próprio e de terceiros, considere as assertivas abaixo e julgue-as corretas ou incorretas: A estrutura de capital de uma empresa corresponde aos fundos de longo prazo oriundos de fontes de capital próprias e de terceiros. Resolução: A afirmação está correta. Vale lembrar que a curto prazo também, mas isso não invalida a resposta. O custo de capital é utilizado como parâmetro para as decisões de aprovação ou não de novos projetos, uma vez que eles devem proporcionar retornos superiores aos respectivos custos. Resolução: Também está correto. Só fazemos investimentos com a certeza de receber mais do que aquilo que foi investido. O custo de capital representa a taxa mínima de retorno que novos investimentos devem proporcionar. Resolução: Correta. Isto é o que vimos na parte teórica. 328 O capital de terceiros é formado por empréstimos e financiamentos contraídos em instituições financeiras e pelas obrigações emitidas pelas empresas (debêntures). Resolução: Também está correta. CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL - CMPC Conhecido também como WCC (Weighted Average Cost Of Capital), que nada mais é do que uma média ponderada. O WACC é um dos índices utilizados no mercado para assegurar o retorno de um investimento. O valor referido pelo CMPC determina que percentual do capital da empresa esteja comprometido com o pagamento de credores. Dessa forma, atua como uma espécie de balizador, no sentido de evitar o endividamento. Vale destacar que o WACC é um dos indicadores a serem aferidos por empreendimentos em fase de implementação e que estejam em busca de capital de terceiros. No seu cálculo, é ponderado o custo do capital para a formação de um negócio, incluindo o de sócios, de instituições financeiras e o capital próprio. Servindo, então, como um índice para medir o quanto um investimento oferece de retorno. Nesse aspecto, ele também contribui para medir o custo de uma oportunidade. Quanto mais capital próprio compor o patrimônio da empresa em sua fase inicial, maior será a segurança por parte de possíveis investidores. Fórmula WACC = Ke x We + Kd x Wd Sendo: Ke: custo do capital próprio. Kd: custo do capital de terceiros. We: percentual de capital próprio na estrutura de capital. Wd: percentual de capital de terceiros na estrutura de capital. 329 É importante lembrar que o WACC é um reflexo do risco que uma empresa oferece aos investidores externos. A relação é proporcionalmente direta, ou seja, quanto mais arriscado, maior será o retorno exigido e, assim, maior o WACC. Quanto mais dinheiro houver em capital próprio, menor será o risco de se investir em uma empresa; sempre atraindo olhares e possíveis investidores quando divulgados esses dados. DIVIDENDOS E JCP Nessa aula falaremos sobre dividendos em ações e em dinheiro, bonificação, bônus de subscrição, juros sobre capital próprio (JCP), desdobramento (split) e grupamento (inplit): conceitos e impactos sobre os preços e quantidades das ações do investidor. Ou seja, oito tópicos serão explicados a partir de agora. Dividendos em Ações Dividendos é uma parte dos lucros de uma empresa que são distribuídos aos seus acionistas como forma de remuneração. O pagamento de dividendos em ações é feito na forma de ações adicionais em vez de dinheiro. Ou seja, no lugar de receber uma quantia em reais, o investidor recebe mais ações daquela empresa. Não precisando se preocupar com o valor da ação durante esse processo. A quantidade de ações que um acionista possui aumenta, mas isso não tem um efeito imediato sobre o valor total das ações de cada um. Por exemplo: um investidor possui 200 ações do Itaú em carteira e vai receber dividendos do Itaú em ações. Digamos que a empresa tenha definido que pagará 3 ações para cada 100 ações em carteira. Então, neste caso, o investidor vai receber 6 ações como pagamento. Dividendos em Dinheiro Os dividendos pagos em dinheiro podem ser cotados em reai (por exemplo, R$3 por ação) ou em percentual (3% por ação, por exemplo). Em muitos casos, os investidores podem utilizar os valores recebidos para comprar mais ações do patrimônio da empresa. Os dividendos são calculados como um valor por ação. Ou seja, cada investidor recebe 330 uma quantia baseada no número de papéis que possui. Por exemplo: se você possui 200 ações da Petrobrás e ela decide pagar R$5 por ação de seu dividendo anual, o seu rendimento será de R$1000 (200 ações x R$ por ação). Esse valor também pode ser calculado em relação a uma porcentagem pré-definida do valor atual da ação. Por exemplo: digamos que uma empresa tenha anunciado a distribuição de um “dividend yield” de 3%. Com isso, o valor recebido por seus acionistas será de 3% do preço atual da ação. Bonificação de Ações Bonificação de ações é a distribuição gratuita de novas ações aos acionistas da empresa em número proporcional às já possuídas. Quem tem mais ações se dá melhor dentro dessa modalidade, por conta da proporcionalidade. Para a empresa, nada mais é do que uma operação contábil para aumentar seu capital social mediante a incorporação de reservas. Já para os acionistas, a bonificação representa a atualização da sua cota de participação no capital da empresa. Eventualmente também podem existir bonificações pagas em dinheiro, caso seja do interesse da empresa, mas o mais comum é que não aconteça, pois corremos o risco do acionista retirar o dinheiro da empresa. Tipos de bonificação de ações: Bonificação em ações: distribuição de ações de forma proporcional aos acionistas resultante no aumento de capital da empresa, por incorporação de reservas ou lucros. Na bonificação ocorre a transferência de um montante das reservas de lucros para o capital social da empresa. Bonificação em dinheiro: participação adicional nos lucros pago em dinheiro de modo semelhante aos dividendos. De outra maneira, simplesmente entregamos o montante direto para o acionista. Como não há entrada de novos recursos na empresa, somente uma movimentação nas contas no seu interior, o patrimônio líquido da companhia não se altera. 331 Bônus de Subscrição Bônus de subscrição são títulos negociáveis emitidos por empresa de capital aberto, que conferem aos seus titulares, nas condições constantes do certificado, o direito de subscrever ações do capital social dela, respeitando o limite de capital autorizado no estatuto. Precisamos lembrar que as empresas têm normas infra-legais que precisam ser cumpridas. Os bônus funcionam como uma espécie de opção de compra ofertada para quem possui ações da empresa. Ao receber um bônus de subscrição, o acionista ganha a opção de subscrever (ou seja, adquirir em primeira mão) as ações adicionais colocadas à venda por essa mesma empresa. Nesse caso, as condições da compra são pré-definidas, com um prazo já determinado previamente. A decisão de emitir o bônus de subscrição fica a cargo da própria empresa. Por regra, quem decide se haverá a oferta desses títulos é a assembleia geral de acionistas. Porém, o estatuto da companhia pode estabelecer o conselho de administração como o responsável pelo tema. Normalmente, é mais interessante que a administração tome essa decisão, pois estão mais envolvidos na operação. Após definida a emissão dos bônus, o fato deverá ser informado ao mercado. Dentre as informações que precisam ser divulgadas, estão: ⯀ Data de vigência dos títulos: período em que poderá ser exercido o direito. ⯀ Preço de exercício: o preço de compra das ações, que deverá ser definido na data da emissão e não poderá ser modificado. ⯀ Último dia para negociação: prazo limite para negociar o título no mercado. Após essa data, o bônus perde seu valor e “vira pó” na bolsa. ⯀ Então, após receber o bônus de subscrição, o acionista poderá fazer três coisas: ⯀ Vender os títulos no mercado secundário: como se trata de um título negociável, é possível comprá-los ou vendê-los na bolsa, assim como acontece com uma ação normal. ⯀ Exercer o direito de subscrição: dessa forma, pelo preço sugerido e dentro do prazo de compra, o acionista adquire ações para ele mesmo. ⯀ Não fazer nada: se o detentor do título optar por exercer o direito dentro do prazo, o direito deixa de existir e o papel perde seu valor. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO (JCP) 332 JCP são parcelas do lucro de uma empresa distribuídas aos acionistas como uma despesa antes do lucro líquido. Contabilmente falando, os juros sobre o capital próprio é visto como uma despesa para a companhia, pois o mesmo é considerado antes do seu lucro líquido. Por ser entendido pela contabilidade como uma despesa, os JCP afetam diretamente os lucros de uma companhia, da mesma forma que outras despesas, como despesas comerciais e administrativas. Quando os JCP são pagos aos acionistas, estes ainda foram tributados pela companhia, o que faz com que os mesmo tenham seu imposto de renda (alíquota de 15%) devidamente descontados do acionista no ato do pagamento. Num JCP de R$1.000, o acionista perderá 15%, recebendo apenas R$800, por exemplo. Desdobramento (Split) e Grupamento (Inplit) Falaremos dos conceitos e impactos sobre os preços e quantidades das ações do investidor. O desdobramento de ações é o mecanismo que a empresa utiliza para aumentar a quantidade de ações disponíveis ao mercado. Por exemplo, uma ação da empresa que vale R$10,00 irá se tornar 3. Assim, cada uma das ações agora vale R$3,33 após o desdobramento. Nesse caso, a única coisa que mudou foi a quantidade de ações em circulação. O motivo mais comum para uma empresa executar essa modalidade em suas ações, é com o intuito de aumentar a liquidez das mesmas. As companhias podem decidir fazer um “split” para agradar seus investidores grandes, como bancos e fundos de investimento. Nesse caso, para esses investidores é importante que os papéis tenham sua volatilidade e liquidez em níveis adequados. Para Traders também é interessante que a empresa faça desdobramentos, pois eles precisam que a ação que estejam negociando seja líquida para que possam executar suas operações de curto prazo. Empresas que fazem “split” passam uma imagem positiva. O anúncio de um desdobramento aumenta o interesse na empresa e passa a mensagem que as ações subiram tanto que precisaram aumentar o número de ações para que mais pessoas tenham acesso ao investimento. E, por fim, quanto ao “inplit” ou grupamento, nada mais é do que a junção de duas ou mais ações em apenas uma. O valor do investimento não muda; apenas se altera o preço por 333 ação e a quantidade de ações disponíveis. Por exemplo: temos a empresa ABCD4 que está sendo negociada a R$2,31 por ação. Em decisão dos diretores, fazem um grupamento no fator de 4:1. Ou seja, o preço da ação irá para R$9,24. Em relação à quantidade de ações, uma pessoa que tivesse 100 ações, após o grupamento teria 25. O grupamento pode ser feito visando a melhora da negociação das ações. Isso acontece, pois valores muito baixos das ações podem significar em uma maior volatilidade no preço, ou seja, maiores riscos. Com menor volatilidade também há uma melhora na liquidez. EMISSÕES E RECOMPRA DE AÇÕES Emissões Uma emissão é o ato de tornar as ações disponíveis para negociação. As emissões podem ser primárias, quando são emitidas novas ações e dinheiro vai para a empresa, ou secundárias, quando atuais detentores de ações vendem totalmente ou parcialmente suas ações no mercado. Ação nada mais é do que uma parcela representativa do capital social de uma empresa, que atribui ao seu titular a condição de sócio da empresa. Trata-se de um valor mobiliário fracionado e representativo. Esses fracionamentos do capital social da empresa em valores mobiliários facilitam a negociação da participação societária e ressalta a natureza de investimento de uma sociedade de capital. O valor da ação varia dependendo do contexto em que é necessário atribuir valor à participação acionária – a ação poderá ter valores diferentes. De fato, podem-se atribuir a elas, pelo menos, cinco valores: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Nominal; Patrimonial; De negociação; Econômico; De emissão. 334 Sendo cada um desses valores definidos da seguintes forma: Valor nominal: trata-se do resultado da divisão do capital social da S/A pelo número de ações que esta emitiu. Valor patrimonial: é obtido pela divisão do valor em reais do patrimônio líquido pelo número de ações. Valor de negociação: é aquele contratado, por livre manifestação de vontade, entre quem aliena e quem adquire. Valor econômico: trata-se de um valor obtido a partir de cálculos, que leva em conta o quanto a ação valeria ao ser colocado no mercado futuramente, ou seja, é a expectativa de rentabilidade que a ação pode representar. Por assim dizer, é uma expectativa do valor. Valor de emissão: falamos do valor atribuído pela sociedade emissora à ação, que deve ser pago, à vista ou a prazo, pelo subscritor, no ato da subscrição. Essa quantia deve ser paga no momento que o acionista adquire a ação diretamente da empresa, no momento da constituição da empresa ou no caso de aumento de capital social. Quem define todos esses valores é a sociedade que cria o valor mobiliário, bem como a definição da forma de pagamento, à vista ou a prazo, incluindo os juros sob a operação. Sendo esse preço constituído na sociedade, momento em que o preço é definido pelos fundadores e, também, quando há aumento de capital social com o lançamento de novas ações. Recompra de Ações Prevista pela lei das S.A e regulada pela CVM, a recompra é um instrumento que permite às companhias adquirir suas ações para manter em tesouraria e eventualmente cancelá-las, o que beneficia os acionistas, pois reduz a base acionária que vai receber os dividendos. A atividade de recompra é feita quando a companhia considera que o preço de suas ações está abaixo do seu valor analisando um cenário econômico. Isso pode acontecer por um momento irracional de queda nos mercados. Ou se a empresa considera que o mercado não está avaliando corretamente seu real valor. Outros motivos para a empresa praticar a recompra das ações são: ela pode estar buscando reduzir os seus gastos com dividendos ou, até mesmo, distribuir as ações entre seus próprios executivos pelos sistemas de Stock Options. 335 POLÍTICA DE DIVIDENDOS Política de dividendos é a decisão, por parte da gestão da empresa, entre o pagamento de dividendos e a retenção dos lucros. O conselho irá decidir qual a melhor opção para a empresa. O gestor terá que estabelecer, através da política de dividendos, a melhor combinação entre o pagamento de dividendos e a retenção dos lucros, levando em conta todos os cenários do mercado. O ganho do acionista será resultante do pagamento em dinheiro de dividendos e do ganho de capital expresso pela valorização das ações em bolsa. A política de dividendos é a transação entre retenção dos lucros de um lado, pagamento de dividendos e emissão de novas ações de outro. Nesse caso, a distribuição de dividendos é independente da política de investimentos. Ou seja, a empresa tem de entender qual o melhor momento para fazer a divisão dos dividendos e informar os acionistas, levando em conta o cenário macroeconômico e, é claro, todas essas informações têm de ser o mais transparente possível para com o acionista. RESTRIÇÕES DE PAGAMENTOS DE DIVIDENDOS A Lei 11.051, de 30 de dezembro de 2004, estabelece restrições à distribuição de lucros por pessoas jurídicas em débito não garantido com a União e com as suas Autarquias de Previdência e Assistência Social. Ou seja, quem estiver com dívidas com esses entes públicos terá restrição com esses pagamentos. Pessoas jurídicas, enquanto estiverem em débito, por falta de recolhimento de imposto, taxa ou contribuições, no prazo legal, não poderão distribuir quaisquer bonificações a seus acionistas. Ficando restrita também de dar ou atribuir participação de lucros a seus sócios ou quotistas, bem como a seus diretores e demais membros de órgãos dirigentes, fiscais ou consultivos. A distribuição de bonificações ou participações nos lucros, por empresas em débito implicará na aplicação de multa em montante igual a 50% das quantias distribuídas ou pagas. Concluímos que a empresa em débito com o fisco fica impedida de distribuir dividendos, implicando em uma imagem ruim da empresa perante o mercado e perante aos possíveis 336 investidores. VARIAÇÃO DOS PAGAMENTOS DE DIVIDENDOS Os dividendos são utilizados como uma estratégia para atrair investidores, quanto melhor a partilha de dividendos, mais atrativa é a empresa para os investidores. Não obstante, para distribuir os dividendos, a empresa precisa ter a distribuição aprovada pelo conselho de administração da empresa. Datas de Anúncio de Dividendos As datas são anunciadas de duas formas possíveis, sendo elas as que citaremos a seguir. Data Ex: é a data em que o preço da ação será ajustado, já que o valor dos dividendos sai do caixa da empresa e, portanto, vai reduzir o valor de mercado. Data de Pagamento: trata-se da data em que os acionistas receberão os dividendos nas suas contas das corretoras. Legislação De acordo com a Lei das Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76), as AS’s têm a obrigatoriedade de destinar, no mínimo, 25% dos resultados aos seus investidores. E, ainda na mesma lei, determina-se que o lucro líquido dos exercícios, 5% serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da reserva legal, que não excederá de 20% do capital. Quando Não Distribuem Dividendos Não são todas as empresas que distribuem dividendos. O principal exemplo são as empresas que não registram lucros, e sim prejuízos. Essas empresas não possuem lucros para distribuir, então, é natural que não haja distribuição de dividendos. ESTÁGIO DE MATURIDADE DA EMPRESA 337 Nenhum negócio começa consolidado no mercado, é importante saber disso, pois a empresa precisa passar por um processo de maturidade no seu desenvolvimento, respeitando os estágios necessários, para que seja considerada uma forte concorrente. Não podemos esperar rentabilidade no primeiro momento e, muito menos, um fluxo de caixa gigantesco. Uma padaria nova, por exemplo, não venderá 1000 pães no primeiro dia de abertura, ela precisará se consolidar no mercado. Os estágios representam o nível de avanço dos processos do negócio. Maior amadurecimento representa mais eficiência, diferenciação e qualidade para o cliente final. Podemos considerar esse processo como uma escada, onde avançamos um passo de cada vez. Startup Esse é o ponto inicial para a maioria dos empreendedores no mercado. Qualquer grande empresa já foi uma “startup”. Nada mais é do que o início do projeto, com boas metas, com sonhos, com ideais possíveis. Uma “startup” é formada por um grupo de indivíduos com alguns recursos e conhecimentos em mãos, usando-os para gerar renda e iniciar um negócio. O conselho nesse ponto está em diversificar esse grupo, para inovar e atingir um público maior. É representada pela informalidade e pessoalidade das relações entre os profissionais. Sendo isso o que mais ocorre atualmente. Sua maior prioridade costuma ser a sobrevivência, não tendo um público bem consolidado, sua preocupação é o pão de cada dia, pois não tem uma segurança de rentabilidade ainda. Nesse momento ainda não existe a validade de que sua idéia será bem sucedida, ou, aceita pelo público. Sendo assim, é necessário focar no dia a dia e em objetivos de curto prazo. Lembrando que é necessário ajustar uma visão de longo prazo. Inovação e Crescimento Quanto à inovação e crescimento, falamos do momento onde ela começa a crescer em um negócio mais sério, introduzindo soluções únicas ao mercado; ela está fazendo a coisa andar, por assim dizer. Seu foco está em adquirir talentos e criar um produto único. Começando a diferenciar-se 338 cada vez que vai estabelecendo melhor o seu nicho de atuação dentro do mercado. Ou seja, ela olha o seu nicho e busca trazer diferenciações inovadoras. Quanto a sua expansão, logo após descobrir seu diferencial e amadurecer bastante sua idéia, então, será a hora de criar uma infra-estrutura que possa levar essa inovação a mais pessoas. Daí em diante aparecem parcerias, sócios, fornecedores, e, todas essas relações devem receber mais atenção para serem bem sucedidas. Logo, seus investimentos devem ficar não só mais amplos, mas também mais elaborados. Chegará, então, o momento de formalizar todos os processos e relações de trabalho, garantindo que o funcionamento seja mais previsível, o que levará a colocar estratégias mais complexas em prática. Estágio Maduro Nessa fase o modelo de gestão, o plano de negócios e a governança corporativa já são consolidados, o controle da operação e dos riscos passa a ser mais eficiente. A empresa tem como foco a criação e o aproveitamento de mecanismos de adaptação a mudanças de ambiente. O que se deve saber é como aplicar seus recursos para manter melhor desempenho. Os japoneses têm bem definido essas estratégias de organização visando o desempenho, sendo eles um bom exemplo. Podemos concluir que o estágio maduro nos diz respeito ao último degrau da escada que citamos no começo da aula. Perceba que é necessária uma evolução contínua até a empresa chegar ao estágio maduro. Nesse processo não se pulam etapas, pois isso pode nos gerar muita dor de cabeça. PREFERÊNCIAS DO INVESTIDOR Para definir as preferências dos investidores, em primeiro lugar, é necessário saber quais são os perfis de investidores que existem, pois cada perfil tem suas preferências. Cada uma dessas preferências tem características que facilitam a compreensão e o mapeamento dos perfis. Todo investidor possui metas e objetivos específicos, e possui suas preferências em relação aos investimentos e em relação aos riscos que estão atreladas a eles. Temos de saber o 339 que cada investidor está buscando, sua intenção e o sentido pelo qual ele busca o ramo dos investimentos. Cada característica que esteja dentro do objetivo do investidor irá influenciar, sobretudo, irá influenciar no risco pelo qual ele está disposto a encarar. Este conjunto de preferências do investidor é chamado de Perfil do Investidor: ⯀ Conservador; ⯀ Moderado; ⯀ Agressivo. Conservador Esse perfil prioriza a preservação do seu capital de forma intensa. Ele não está disposto a correr riscos que possam comprometer seu patrimônio e aceitam baixa rentabilidade em troca de uma maior segurança. Investidores mais conservadores costumam ter preferências por investimentos como: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Certificado de Depósito Bancário (CDB); Tesouro Direto; Letras de Crédito Imobiliário (LCI); Letras de Crédito do Agronegócio (LCA); Outros investimentos de baixo risco. Moderado O investidor moderado está disposto a assumir certos riscos em busca de uma rentabilidade superior, sem abrir mão da carteira como um todo. Apesar de aceitar alguma quantidade de risco, ele ainda procura a segurança da carteira. Costuma montar sua carteira de modo a balancear e controlar os riscos, optando por investimentos mais seguros para compor a maior parte da carteira e escolhendo ativos de maior risco para compor uma pequena parte dos seus investimentos. Ele diversifica, optando por mais risco em uma quantidade menor, não tem muito segredo. Tipos de produtos comuns de serem adquiridos nesse perfil: ⯀ Debêntures; ⯀ Determinadas Ações; ⯀ Fundos Multimercados; 340 ⯀ Fundos Imobiliários; ⯀ Fundos de Ações. Agressivo O investidor agressivo, também conhecido como investidor com perfil arrojado, costuma ter maior apetite ao risco e, por isso, escolhe os investimentos em busca da maior rentabilidade possível. Aqui é o único perfil que colocando 1k em uma ação, está disposto a perder esse valor, em troca de uma possível rentabilidade. Normalmente estes investidores têm um bom conhecimento do mercado e não se afligem com oscilações e volatilidade diária ou possíveis instabilidades durante o investimento. Temos ainda, os que brincam de roleta russa com o mercado, possuem um perfil agressivo, mas não possuem conhecimento algum, jogam com a própria sorte. A carteira de investimentos de quem possui perfil agressivo costuma ser composta por: ⯀ Produtos Conservadores; ⯀ Investimentos Moderados; ⯀ Produtos com Alto Risco (por exemplo, ações e derivativos). Estando a maior parte da sua carteira dentro desses produtos de alto risco e uma pequena parte nos dois primeiros tópicos. Algo, talvez, entre 90% no terceiro tópico e 10% divididos entre os 2 primeiros tópicos dos produtos. ASPECTOS TRIBUTÁRIOS Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada, segundo Art. 3 do CTN (Código Tributário Nacional) Por exemplo: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Impostos; Taxas; Contribuições de Melhorias; Empréstimos Compulsórios; Contribuição Especial. 341 Cada uma dessas modalidades, de alguma forma, nós podemos enxergar sua ação em nossa vida prática. Seja na moradia, na locomoção, na compra e venda etc. Todos esses impostos giram a máquina pública e, por conseguinte, influenciam na saúde, na educação, na estrutura social e política. Voltando para o nosso ramo de estudos, a tributação de dividendos é a cobrança de impostos sobre o percentual dos lucros de uma empresa que é distribuído aos acionistas. No Brasil, não existe essa cobrança desde 1996. As empresas pagam ao menos 34% de impostos sobre o que obtiveram de lucro no período. Está incluído nesse pacote o imposto de renda e, também, a contribuição social sobre o lucro líquido. A alíquota do IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica) é de 15% sobre o lucro apurado. Além disso, há um adicional de 10% sobre a parcela do lucro que exceder R$20 mil por mês. A cobrança sobre dividendos foi extinta no Brasil sob o argumento de que se tratava de bitributação. É importante ter esses conceitos básicos em mente, pois cai bastante na hora da prova e, geralmente, com alguma distorção ou omissão de determinado fato. TEORIA DA SINALIZAÇÃO DE DIVIDENDOS Essa teoria é importante para equacionarmos a interpretação das mensagens dos dividendos, estabelecendo algumas percepções que possibilitam aos investidores a compreensão do significado das mudanças nas políticas de dividendos. Podendo ser resumida basicamente em dois princípios: o princípio dos sinais positivos ou confiáveis e o princípio dos sinais negativos ou não confiáveis, que uma mudança na política de dividendos pode sinalizar ao mercado. Dividendos de sinal positivo ou confiável são aqueles que cumprem as seguintes condições: ⯀ A gerência deve receber um estímulo para enviar sinais verdadeiros; ⯀ Os sinais de empresas com sucesso não podem ser facilmente imitados por concorrentes sem sucesso, pois isso levaria a reavaliar os fluxos de caixa, do valor da empresa e do preço da ação; ⯀ Os sinais devem ser correlacionados com eventos como: os dividendos altos de hoje devem ser correlacionados com os grandes fluxos de caixa futuro; 342 ⯀ A gerência deve escolher o método mais econômico e efetivo para enviar sinais ao mercado. ⯀ Dividendos de sinal negativo ou não confiáveis consideram as seguintes condições: ⯀ A diminuição no valor dos dividendos opera como um sinal negativo, pois, geralmente, essa situação termina afetando o preço da ação, induzindo uma queda; ⯀ Uma empresa que nunca tenha pagado dividendos, mas que tenha registrado crescimento extraordinário e alto retorno em seus projetos, ao começar a receber dividendos, seus acionistas podem interpretá-los como um sinal de que os projetos da empresa não são tão lucrativos como no passado. Para a Teoria da Sinalização, o valor dos dividendos é estratégico, a partir do momento em que for possível incrementá-los como uma maneira de transmitir sinais positivos para o mercado financeiro. Visando as estratégias de valoração dos investimentos. A teoria pode ser usada pelas empresas para sinalizar a atração de novos investidores e captar recursos. E, é claro, por meio de seus mecanismos e práticas, elas podem oferecer retornos e ressaltar boas oportunidades de investimento. Para a prova é importante compreender os dois princípios e ter a capacidade de articular eles nas questões da prova. Impacto da Política de Dividendos no Preço da Ação O fato de uma empresa ter uma política de dividendos significa que ela adota determinadas regras para definir quanto do lucro será distribuído aos seus acionistas e quanto será retido para o seu autofinanciamento. O assunto política de dividendos envolve não apenas as formas que são utilizadas pelas empresas para distribuir os seus lucros, mas quanto ao impacto dos dividendos sobre o valor da empresa em diferentes condições de mercado. Teoria da Relevância na Política de Dividendos Uma visão tradicional de análise de títulos tem os dividendos como fatores essenciais na determinação do valor das ações. A política de dividendos adotada por uma empresa é cada de, por si só, alterar o valor de mercado das suas ações. Segundo os autores Graham & Dodd (1952), “O consistente e contínuo veredicto do 343 mercado de ações é esmagadoramente a favor dos dividendos generosos e contra os dividendos reduzidos”. Ou seja, todos buscam ganhar mais dinheiro. O pressuposto fundamental dessa teoria é de que o preço de mercado das ações da empresa é diretamente proporcional ao aumento na distribuição de dividendos e inversamente proporcional à taxa de retorno requerida pelos proprietários. Quando os dividendos distribuídos são elevados, os investidores exigem uma taxa de retorno menor, pois eles estão menos certos de receber ganhos de capital do que dividendos. Em perspectiva essa, os investidores são avessos ao risco, preferindo, então, dividendos correntes a ganhos de capital, visto que isso diminui o seu grau de incerteza quanto aos fluxos de lucros futuros. Segundo Millher & Modigliani (1961), “A política de pagamento de dividendos que a empresa escolhe seguir, não afetará nem o preço das suas ações nem o retorno total dos seus acionistas”. Sendo eles a favor da teoria em questão. Logo, não existe uma política de dividendos que seja melhor do que qualquer outra empresa. O ponto-chave de M&M está na premissa de completa independência entre as decisões de investimento e a política de dividendos. Sustenta-se que a empresa pode pagar qualquer nível de dividendos que desejar sem afetar os seus investimentos. No caso de os dividendos junto com os desembolsos de capital exigirem recursos que sejam superiores aos gerados pelas operações, a firma recorreria ao financiamento externo. Isso não afetaria o seu valor, porque este depende apenas da distribuição de fluxos de caixa futuros proporcionados pelas decisões de investimento. SPIN-OFFS Antes de conceituarmos “Spin-offs” se faz necessário sabermos o que é uma reestruturação de empresas, para que consigamos pegar todos os detalhes desse conteúdo. Reestruturação de Empresas Em uma empresa, essa reestruturação significa adotar novas políticas e práticas inovadoras, avaliar o desempenho dos profissionais, analisando o mercado e até mesmo a possibilidade de explorar outros segmentos. 344 Reestruturação é uma avaliação geral da empresa para definirmos o que é necessário para torná-la mais eficiente, ou seja, aumentar seus lucros enquanto diminui seus gastos e seus desperdícios. Esse ajuste é essencial para que a organização sobreviva, aumente seu lucro e, consequentemente, garanta resultados melhores para os acionistas. Para obter sucesso, é essencial que esse processo comece com um diagnóstico para avaliar os riscos e as oportunidades. Entendendo que a empresa não está caminhando para onde a gente quer, é necessário reestruturar e reorganizar uma empresa. Principais sintomas de que uma empresa precisa de reestruturação: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Baixíssimo potencial competitivo; Dificuldade para captar novos clientes; Rotatividade recorrente de colaboradores; Baixa produtividade e lentidão nos processos; Prejuízos operacionais crônicos; Atividades financeiras ineficientes; Aumento significativo da insatisfação dos clientes; Impulso forçado para inovação e expansão como solução de problemas; Dificuldades e conflitos com parcerias; Com a reestruturação empresarial, é possível aumentar a eficiência da organização ao simplificar tarefas, descartar etapas e usar técnicas mais modernas. As fases da reestruturação empresarial podem variar, mas de modo geral, têm uma estrutura semelhante. Fase 1 Situação de Deterioração: nessa etapa, são feitas análises para determinar para começar a desenvolver um plano de ação. As análises determinam: ⯀ Deterioração e crise; ⯀ Sintomas, causas e severidade da crise. Fase 2 Análise e Formulação do Plano de Reestruturação: é a hora de planejar a ação. Esse estágio de reestruturação empresarial engloba as análises e formulações dos planos de: ⯀ Reestruturação operacional; ⯀ Reestruturação estratégica; ⯀ Reestruturação financeira. Fase 3 Emergência e Estabilização: trata-se do momento de atuar para superar as principais causas da baixa eficiência operacional e, assim, restabelecer a liquidez da empresa. 345 Incluindo: ⯀ Redução de custos e despesas, com a venda de ativos não essenciais à operação e não operacionais; ⯀ Melhoria da qualidade de vendas por meio de ajuste de enfoque a produto, mercado e cliente, ou seja, abandono de produtos, clientes e mercados deficitários. Fase 4 Retorno ao Crescimento: nessa etapa a empresa retorna novamente ao crescimento, como fruto de todas as etapas. Aqui, há duas opções: ⯀ Manter a estratégia (se a causa da crise não teve origem externa); ⯀ Fazer um reposicionamento estratégico (se a crise veio do mercado). É preciso ter em mente que a reestruturação financeira deve permear as fases 3 e 4, enquanto a liquidez não for restabelecida e proporcionar o retorno ao crescimento. Spin-offs É um tipo específico de companhia, fundada como uma derivação de outra organização empresarial – em um processo de cisão. Toda Spin-off é comandada por uma empresa-mãe, que detém a maior parte de suas quotas desde a fundação e mantém o controle financeiro e administrativo sobre as suas operações. O Spin-off nasce de uma demanda específica das organizações, como entrar em um novo mercado ou investir em um tipo distinto de tecnologia. Esse tipo de negócio costuma ser menos oneroso, tanto do ponto de vista econômico quanto da cultura organizacional e da autonomia gerencia, por esses motivos é visto como uma boa opção de diversificação. Por exemplo, temos um negócio X em educação, mas identificamos que a área de saúde cresceu mais que educação nos últimos tempos, logo, vamos querer segmentar/diversificar uma parte dos nossos investimentos para a área da saúde. O modelo de negócio da spin-off costuma privilegiar pontos como a repetição e escala, gerando oportunidades de crescimento e rendimento atraentes. Spin-off Corporativa É criada no seio de outra companhia, chamada de empresa-mãe, que se encarrega de 346 fundá-la e imprimir nela a mesma estrutura de processo já utilizado. Um exemplo de Spin-off corporativa brasileira é a empresa Smiles. Tendo nascido como um programa de fidelidade da antiga Varig, foi remodelada em 2013 para fornecer o serviço a um público mais amplo, se encarregando do relacionamento com o cliente e da gestão de pontos e milhas (entre outros) de diversas empresas. Spin-off Acadêmica Embora o processo de criação seja muito parecido em ambos os casos, a Spin-off acadêmica costuma surgir a partir das próprias pesquisas realizadas nos laboratórios das universidades. A sua criação deriva, então, da necessidade de comercializar produtos derivados dessas pesquisas. Benefícios de Spin-offs O desenvolvimento da mão de obra interna é gerenciado pelos funcionários competentes da companhia, que ganham a chance de crescer ao assumir cargos maiores dentro da nova organização. Temos diversos casos onde o funcionário atuou em todas as demandas de desenvolvimento, foi subindo de cargo e veio a se tornar o CEO da empresa. A estrutura flexível é um dos seus principais benefícios, são confundidas com startups, pois contam com estruturas internas mais dinâmicas do que as adotadas pelas companhias comuns. A possibilidade de crescimento futuro, seguindo o ponto anterior, essas organizações tendem a ter modelos de negócio mais escaláveis, que permitem que a mesma cresça em f aturamento e alcance, sem necessariamente aumentar os gastos de forma proporcional. As empresas-mãe conseguem encontrar bons motivos para destrinchar projetos que não conversam com os demais produtos desenvolvidos pela organização. Dessa forma, uma boa opção de lucro é desenvolvida, sem ameaçar a estrutura própria já definida e bem-sucedida. JOINT VENTURES (JV) 347 Joint Ventures é uma associação econômica, um acordo entre duas ou mais empresas, de ramos iguais ou diferentes, que decidem reunir seus recursos para realizar uma tarefa específica, durante um período determinado e, portanto, limitado. A data é bem estabelecida, por exemplo, X Joint Venture funcionará de 20/10/2020 até 20/05/2021. As companhias concordam em unir seus recursos para o desenvolvimento de um negócio conjunto e dividem os resultados, sejam eles lucros e prejuízos. Lembrando que temos lucro quando as minhas receitas são maiores que as minhas despesas e, por conseguinte, temos prejuízo quando as minhas receitas são menores que as minhas despesas. Os recursos oferecidos pelas empresas podem ser de capital financeiro, matéria prima, tecnologia ou até mesmo mão de obra. Por exemplo, vamos construir uma casa e cada participante da Joint Venture entrará com um item para a construção. Objetivo único e comum é uma de suas características é ter objetivos únicos e comuns, que podem ser complexos ou simples – que serão influenciados pela duração da Joint Venture, com vistas a desenvolver um projeto específico que beneficie todas as partes. Lealdade entre as partes em termos de privacidade das informações e outros elementos indispensáveis para que se cumpra o objetivo comum sem prejudicar o co-venture. Por exemplo, é necessário ter lealdade nas relações comerciais e nas divulgações de informações, não se pode deixar acertado exclusividade com um fornecedor logo após o período de término da Joint Venture, prejudicando os demais participantes que ficarão sem fornecedor. Lembrando que lealdade é um termo difícil de garantir em um contrato. A lógica por trás dessa modalidade é que empresas envolvidas avaliam que a probabilidade de sucesso é maior em conjunto. Um bom exemplo é uma empresa que tenha pouca liquidez, mas com propriedade intelectual especializada, e outra com muito dinheiro, mas sem a capacidade técnica necessária. Em uma estratégia de Joint Venture, as duas organizações podem se complementar para melhorar suas tecnologias. Nesse caso, a empresa com maior liquidez pode financiar um projeto para expandir a tecnologia da outra e, em troca, obter uma licença para comercializar a tecnologia sob sua marca. Em uma estratégia de JV umas empresas podem unir-se de duas maneiras: ⯀ Sem a formação de uma nova empresa (JV contratual); ⯀ Com a criação de uma nova empresa com personalidade jurídica (JV societária). Joint Venture Contratual 348 Uma JV contratual nada mais é do que um acordo entre duas partes, onde se reúnem para um determinado projeto de negócios e, como o nome sugere, assinam um contrato descrevendo os termos. Deverá incluir os termos de confidencialidade, lucros, perdas, informações, como cada uma das partes irá contribuir e, por fim, a duração do contrato de JV. Não é criada uma entidade jurídica separada para o projeto, as partes envolvidas trabalham apenas em parceria de acordo com os termos do contrato. Possuem objetivos muito específicos e rápidos de se executar, em média 6 meses. E, é claro, como não há criação de uma terceira empresa, esta modalidade não envolve a necessidade de mudanças estruturais para envolvidas. Joint Venture Societária A principal característica de uma JV societária é a realização de projeto ou empreendimentos comuns, com a criação de uma empresa que assume uma nova identidade jurídica. Assemelha-se a uma parceria comercial, mas com uma diferença fundamental, as parcerias geralmente envolvem relacionamento comercial contínuo e de longo prazo, e nas JV societárias o foco está em uma única transação comercial. DESINVESTIMENTO Falamos do ato ou efeito de desinvestir, de retirar um investimento ou capital de uma empresa, vendendo ou perdendo uma parte, às vezes, perdendo até o total de sua participação acionária. Por exemplo, temos um dinheiro em nossa pequena empresa, nós simplesmente retiramos o dinheiro investido na empresa. Normalmente, é utilizado esse tipo de estratégia para conter ou cortar despesas, diminuindo o escopo das atividades empresariais de um determinado negócio. Têm-se uma empresa que produz sapatos e chinelos, por exemplo, enxergando que a parte da empresa que produz sapatos não está nos dando um bom retorno, logo, cortamos os investimentos na área de sapatos, e focamos na área de chinelos que nos traz uma boa rentabilidade. É importante ter em mente, dentro do exemplo, que a empresa deixará de vender sapato; fato complicado, quando temos empresas que precisam cortar determinado produto que é o carro forte ou a imagem da marca. Nesse sentido, a empresa Havaianas deixar de produzir chinelos seria bem complicado, pois é a cara empresa. O desinvestimento pode ser feito de várias formas, como venda de ações (para empresas 349 de capital aberto), fechamento de uma ou mais unidades ou encerrando uma linha de produto que não está dando o retorno. Motivos de um Desinvestimento Mercado competitivo é um grande motivo, quando sua cota é muito pequena para que ela seja competitiva em mercado já aquecido. Será difícil se manter e um mercado onde os grandes players já fomentaram e trabalharam em grande escala. A percepção de uma melhor alternativa é importante. Se conseguirmos enxergar outras possibilidades de investimento que farão com que nosso dinheiro renda de forma melhor, é interessante se analisar. O aumento da necessidade de investimentos, a empresa pode precisar de um investimento muito grande (seja em equipamentos, recursos humanos ou marketing). É importante saber até onde estamos dispostos a ir e até onde o nosso dinheiro pode ir. Falta de adequação estratégica, em casos onde a empresa encontra dificuldade de se posicionar estrategicamente, sendo melhor retirar o dinheiro dela, ou até em casos onde a empresa não cumpre o prometido. Nesse caso, é melhor focar em áreas específicas e bem determinadas. Objetivos do Desinvestimento Quando é tomada a decisão de desinvestir, o intuito por trás dessa ação normalmente é: ⯀ Maximizar os preços de venda com base em alavancagens essenciais a serem exploradas por potenciais compradores; ⯀ Definir uma reestruturação estratégica na organização com objetivo de remover eventuais duplicidades; ⯀ Proteger a propriedade intelectual, segredos comerciais e vantagens competitivas do negócio; ⯀ Substituir os serviços que eram anteriormente prestados pela empresa vendedora e reter principais talentos remanescentes. FUSÕES 350 Falamos de quando duas ou mais sociedades se unem formando uma nova e única grande empresa, extinguindo as companhias originárias. Ou seja, passam a ser uma única companhia, não existindo mais a companhias separadamente, ou melhor, forma-se uma nova personalidade jurídica. Por exemplo, nós temos a empresa X e a empresa Y, simplesmente, formamos uma empresa XY, cada um entrando como sua parte, extinguindo X e Y de forma separada. Nesse tipo de processo a sociedade que é formada pela fusão sucede as originárias em todos os seus direitos e obrigações. A sociedade formada por este processo se torna responsável pelo cumprimento dos contratos celebrados pelas empresas originárias, inclusive, contratos de trabalho, sob pena de pagamentos de multa e demais penalidades, salvo disposição em sentido contrário no termo contratual de fusão. Vale lembrar, a importância de colocar tudo nas cláusulas contratuais para evitar eventuais problemas na hora da fusão. No contrato deixamos tudo às claras! Incorporações Ocorre quando uma ou mais companhias são absorvidas por outra já existente, a qual as sucede em todos os direitos e obrigações. No entanto, as sociedades incorporadas deixam de existir, mas a empresa incorporadora continuará com a sua personalidade jurídica. Por exemplo, temos a empresa A, que fabrica carros, e temos também a empresa B que fabrica rodas de carros, existindo um contrato de prestação de serviços entre essas empresas, pois a empresa B fornece rodas para e empresa A. Numa incorporação o que ocorre é que a empresa A incorpora a empresa B, passando a não precisar mais da prestação de serviços, pois a B deixa de existir e passa a fazer parte da empresa A. Esse exemplo acontece bastante na realidade, dentro do mercado das montadoras de veículos. Um conselho bacana é não ter somente um único cliente, não depender de apenas um único fornecedor. Isso pode gerar prejuízos, inclusive, esse cliente pode querer comprar a sua empresa ou até quebrar e, por conta disso, você vir a quebrar também. Ter 70/90% da rentabilidade de nossa empresa em um único fornecedor ou cliente, é demasiado perigoso. Uma empresa ao ser incorporada deixa de possuir CNPJ próprio e tem todas as suas ações, capital, projetos, funcionários e afins, controlados pela empresa incorporadora. QUESTÃO 1 351 Julgue o item subseqüente, relativo às operações de transformação, conforme a legislação societária: em uma incorporação, a empresa incorporada é absorvida por outra, a incorporadora, que lhe sucede somente em todas as obrigações. a) Certo; b) Errado; Resposta: A incorporadora sucede em tudo, conforme os conteúdos apresentados. AQUISIÇÕES: LEVERAGED BUYOUT (LBO) E MANAGEMENT BUYOUT (MBO) De antemão, as aquisições de empresas nada mais são do que operações nas quais uma empresa adquirente compra outra empresa, geralmente menor em tamanho. Podendo ser essa aquisição total ou parcial e majoritária ou minoritária. No caso de uma incorporação com participação total, a empresa adquirida pode ser extinta e completamente integrada na adquirente. Nesse tipo de operação, a compradora a sucede nos direitos e obrigações. Assim como vimos na aula anterior. A empresa adquirida pode operar de modo independente com maior ou menor grau de integração entre ambas as partes. LBO Falamos da compra alavancada, dita de outro modo, é um termo que faz referência a aquisição de uma empresa realizada com um volume relevante e capital de terceiros. Ou seja, bastante gente colocará dinheiro para que essa operação possa acontecer. Nesses casos, seus ativos podem ser utilizados como garantia pelos empréstimos feitos anteriormente, isso quando já finalizada a operação. E as transações LBO acontecerão somente se os compradores da empresa ou patrocinadores demonstrarem um potencial para sustentar o crescimento da empresa alvo. Ou seja, não é feita a toa, precisa-se de um plano de negócios e de estratégias. Essas transações LBO acontecem no momento da aquisição da empresa, considerando que outra tome posse do controle acionário e faça com que as dívidas sejam parceladas. 352 É uma estratégia utilizada geralmente para criar uma empresa com baixo capital, que visa comprar outra empresa com alto endividamento ou com custo maior que o dinheiro do patrocinador. O patrocinador consegue um financiamento alavancado, um empréstimo. Depois as ações são adquiridas pelos compradores pelo capital financiado, mas os ativos são usados como objeto paralelo ao preço da compra. Sendo assim, no momento da aquisição, a empresa criada está endividada por causa do investimento necessário nessa compra. Por isso a empresa vendida assumirá também a dívida. Pode-se dizer, então, que compra alavancada de empresa é um empréstimo, ou seja, comprará as ações com capital emprestado. MBO Agora, falamos de um termo utilizado para uma operação de compra feita pelos gestores de uma empresa. Nesse tipo de processo de aquisição a maior parte do capital social fica para um dos gestores da sociedade empresarial. Tem por objetivo de tomar o controle ou destino da empresa. Visa-se ver qual o caminho que irá nortear essa empresa e então executar a ação. O MBO é uma operação que acontecerá para buscar melhorar a capacidade de gestão da companhia ou empresa. É recomendada para os gestores, pois estes conhecem a empresa, seus pontos fracos e fortes. Mas isso não é um indicativo que a operação será um sucesso. Existe o processo de adaptação para o novo cargo e dificuldades nos processos de liderança. Essas operações acontecem em situações específicas, por exemplo, em casos de empresas familiares, onde o filho é gerente da empresa do pai, então, o filho compra toda a parte acionária dos sócios da empresa, assumindo controle da mesma. Cisões A cisão de uma empresa é a transferência de uma parte ou da totalidade patrimonial da companhia para uma ou mais sociedades que, por sua vez, já existiam no mercado ou foram constituídas para este fim. Se a cisão resultar na extinção da pessoa jurídica originária, em razão da transferência de todo o patrimônio, o processo será chamado de cisão total. Já se a pessoa jurídica originária 353 continuar existindo, uma vez que houve apenas a divisão de seu capital, verifica-se a cisão parcial. Independentemente de a cisão ter sido parcial ou total, a sucessão dos direitos e obrigações vai se referir apenas à parcela do patrimônio que foi transferido à outra sociedade. Nesse sentido, a empresa que absorveu parte ou todo o patrimônio pode ocorrer em sociedades de qualquer tipo, não se restringindo apenas às sociedades por ações, embora em qualquer operação devam ser observadas as regras estabelecidas na lei das S/A. Resumindo, falamos de 1 inteiro que será partido, caracterizando então o processo de cisão. OBJETIVOS, ATRIBUTOS E MEDIDAS DE UM SISTEMA DE GOVERNANÇA CORPORATIVA O que é Governança Corporativa? Falamos de um sistema pelo qual as empresa e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração (entes participantes das cadeiras da sociedade e da administração, os que votam), diretoria (entenda-se pela parte estratégica da empresa, responsáveis pelas tomadas de decisão), órgãos de fiscalização e controle, e demais partes interessadas. Governança Corporativa, portanto, é um todo que abarca toda a empresa e interessados. Trata-se de um conceito que surgiu em 1970, como uma espécie de movimento originado a partir de organismos e instituições internacionais, que as conectou com aspectos econômicos e políticos. Nos anos de 1990, houve uma grande evolução no que se refere à sua concepção e às possíveis aplicações. Vale lembrar, que as relações políticas são importantíssimas para as empresa, por exemplo, não é difícil encontrarmos alguém relacionado a prefeitura de determinada cidade, dentro do conselho de uma empresa grande daquela cidade, isso é bem comum. Uma relação política bem estabelecida pode ser demasiadamente vantajosa para uma empresa, sobretudo nos dias de hoje. A Governança Corporativa consiste na elaboração e na implementação das melhores práticas e instruções para que uma dada organização empresarial siga em conformidade com a sua realidade e estrutura interna. 354 Podendo ser ela definida como uma série de processos que determinarão como os negócios podem ser geridos, encarregando-se, por exemplo, de transformar princípios e valores em diretrizes mais objetivas. Toda empresa séria tem de ter valores e princípios e valores bem estabelecidos, e a Governança trata deles para transformar em algo alcançável, os transforma em metas e objetivos. Numa perspectiva de gestão empresarial, ela se configura como um conjunto de procedimentos com o intuito de aprimorar os relacionamentos de todos aqueles que fazem parte de um determinado negócio. Essa melhoria nos relacionamentos é fundamental, visando um elevado grau de confiança entre os profissionais. A contabilidade tem de se relacionar bem com o financeiro e com RH e da mesma forma com todos os setores. A Governança visa também preservar e aperfeiçoar o valor econômico de longo prazo da organização. Uma empresa tem de pensar em curto, médio e longo prazo, entendo por curto 12 meses, por médio 5 anos e longo por um prazo superior a 5 anos e até 10 anos. Por exemplo, instituições de ensino superior, já não se preocupam com médio e curto prazo, elas visam o longo e longuíssimo prazo, pois pensam na perpetuação, transformando-as em empresas centenárias. Uma boa Governança gera: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Maior visibilidade de mercado; Prevenção de problemas, erros e fraudes; Facilidade na captação de recursos; Redução do custo do capital; Melhor desempenho operacional; Controle do abuso de poder, uma vez que as decisões não estão na mão de uma única pessoa; ⯀ Evita o conflito de interesses; ⯀ Impede o uso de informação privilegiada por poucos interessados. Além disso, ela pode recuperar e garantir a confiabilidade em uma determinada empresa para os seus acionistas. Criando um conjunto eficiente de mecanismos de incentivos e de monitoramento, a fim de assegurar que o comportamento dos executivos esteja sempre alinhado com o interesse dos acionistas. Um fato legal, é que o presidente deixa o seu CPF como garantia, em determinados casos, poderá ele ser preso. A gestão corporativa traz diversos valores importantes, cujos reflexos aparecem dentro e fora das organizações. Mas o principal valor, sem sombra de dúvidas, é a confiança, devido às regras e sua força. 355 Atributos A criação dessa estrutura é sólida e organizada, sendo imprescindível para que a empresa possua uma boa governança corporativa e implementação de um sistema eficaz para realizar as verificações entre os principais órgãos corporativos. Sendo esse sistema montado totalmente sobre o princípio da confiança, mas também baseado em legislação, regras e diretrizes. Esse sistema é o responsável por especificar e definir como se dará a distribuição de todos os deveres e responsabilidades da empresa, além das regras e procedimentos para a tomada de decisão sobre assuntos corporativos, isso nada mais é do que os norteadores e diretrizes do funcionamento dos atributos da Governança Corporativa. Tudo estará sob um regimento interno de funcionamento, pois em qualquer situação que o responsável pela tomada decisão tenha dúvida, nesse regimento ele encontrará a resposta e a ação necessária para aquela situação. Para que tudo ocorra de uma maneira organizada e transparente, tudo isso é essencial para essa estrutura de governança. Sendo essa estrutura composta por: ⯀ Conselho e Administração: é quem define a direção estratégica, estabelece políticas corporativas, aprova e monitora as remunerações dos CEO’s e executivos, assegura a existência de controles internos, toma decisões sobre conselheiros e executivos e supervisiona a administração. Em geral, eles fazem parte da sociedade e têm total conhecimento do nicho e do mercado em que as empresas estão. ⯀ Conselho Fiscal: fiscaliza as ações dos administradores, avalia todas as contas da empresa, opina sobre as auditorias e verificam crimes, fraudes ou erros que surgirem. ⯀ Comitês: auxiliam o conselho de administração e realizam recomendações sobre auditoria, riscos, gestão de pessoas, responsabilidade social corporativa e remunerações. Segundo Jobs, quando nos sentamos em uma reunião e tem tanta gente nela que mal conseguimos dividir uma pizza, tem gente demais dentro da reunião! Com isso em mente, os comitês são mais enxutos para não termos problema nesse sentido. ⯀ Secretário do Conselho: é o intermediário das relações entre o conselho e a gestão. Normalmente, aqui se encontra o cargo de Diretor Executivo, pois tem total visão do dia-a-dia da empresa, precisando conhecer muito da operação da empresa. ⯀ Auditoria Independente: órgão externo que realiza auditorias nas demonstrações financeiras e verifica sua conformidade, além de avaliar os controles internos e indicar melhorias. ⯀ Auditoria Interna: cuida do que acontece internamente na empresa, analisando as 356 adequações frente às normas de auditoria contábil. Também é responsável por verificar se tudo ocorre dentro das normas nos setores. ⯀ Ouvidoria e Corregedoria: a ouvidoria é onde se recebe denúncias de atos ilícitos nos processos, procedimentos e práticas da empresa. Já a corregedoria é a área responsável pela gestão e execução dos processos disciplinares e atividades corretivas. ⯀ CEO e Diretores: o CEO é o elo entre os diretores e o conselho de administração. É quem executa as diretrizes que foram estabelecidas por ele. Já os diretores devem prestar contas ao CEO sobre as suas atividades, elaborar e implementar os processos operacionais e financeiros que foram aprovados pelo conselho. Temos um diretor executivo, um diretor financeiro, um diretor de marketing e um diretor comercial, todos estando abaixo de um CEO. ⯀ Acionistas: interagem com a empresa e a estrutura de governança, assim como outros “stakeholders”, por meio de uma assembleia geral dos acionistas. Lembrando que cada um deles interage conforme sua relevância dentro da empresa. Medidas Para que uma boa governança seja estabelecida, são necessários quatro pilares essenciais que permitam impactar a organização de forma ampla e positiva. Esses pilares denominam-se de Princípios da Governança Corporativa. ⯀ Equidade: caracterizada pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas, levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas. ⯀ Prestação de contas (accountability): os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as conseqüências de seus atos e omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus papéis. ⯀ Responsabilidade corporativa: esses agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzirem as negativas externas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios os diversos capitais, sejam eles financeiros, manufaturados, intelectuais, humanos, sociais, ambientais e que envolvam a reputação, no curto, médio e longo prazo. ⯀ Transparência: nada mais é do que o princípio que nos deixa obrigados a ter total transparência dentro daquilo que ocorre no interior da empresa. ⯀ No código das melhores práticas de governança corporativa, algumas medidas são essenciais para organizações, tais como: ⯀ Responsabilidade social: as empresas que optam voluntariamente por uma sociedade 357 ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ mais justa em nível interno vão relacionar-se melhor com os interessados. Adequação dos processos: garantir sempre mais excelência em seus resultados, as empresas precisam fazer adequação de seus processos. Alinhamento de estratégias com objetivos: aqui falamos de ter objetivos claramente definidos, é claro, sendo norteados por aqueles valores que foram previamente definidos, levando em conta os riscos em todos os casos. Perceba como se adaptam melhor as mudanças do mercado quem já tem um determinado alinhamento estabelecido. Funções e responsabilidades bem definidas: precisa-se ter bem estabelecido o que o colaborador fará, o que os gerentes, diretores, executivos, presidentes de conselho e CEO farão. Isso é ter funções bem delimitadas. O ideal é que haja documentos redigidos com a descrição de cargos e responsabilidades associadas a diversas funções. Ética e integridade na cultura geral da organização: é um tópico importantíssimo, garantir o cumprimento de leis e políticas das boas práticas comerciais, além das regras práticas trabalhistas, estão dentro dos bons níveis de governança. Diretoria qualificada e forte: devemos ter os melhores dentro da diretoria, para que todos se sintam à vontade e fortes dentro dos direcionamentos norteadores. Temos de ter gente “top” dentro da diretoria! Desenvolvimento de um conselho forte: na mesma linha do tópico anterior, precisamos ter pessoas que enxergam suas qualidades como necessárias para o desenvolvimento da empresa. QUESTÃO 1 Assinale a alternativa que apresenta um dos princípios básicos da Governança Corporativa: a) Sigilo de informações. b) Acúmulo de funções. c) Responsabilidade de governança pública. d) Segregação pessoal. e) Prestação de contas (accountability). CONFLITOS DE INTERESSES ENTRE 358 ADMINISTRADORES, DIRETORES E ACIONISTAS Acionistas Para nossa análise não é necessário que o acionista seja majoritário, mas sim que seja controlador e detenha o poder de governança da companhia. Isso pode ocorrer como resultado de acordos entre acionistas, vetos e votações em bloco. Administradores A lei 6.404/76 introduziu no direito societário brasileiro diversas modificações, inclusive relacionadas à estruturação administrativa, trazendo ao ordenamento jurídico as teorias monista e dualista. Nessa, dois órgãos repartem as funções de fiscalização, supervisão e controle: assembléia geral e conselho de administração. No artigo 138 do referido texto legal se diz que a administração da companhia caberá, conforme previsto no estatuto, ao conselho de administração e à diretoria, ou somente à diretoria — posto que o conselho de administração é um órgão facultativo na lei das sociedades anônimas de capital fechado. A administração da companhia surge como órgão próprio dotado de poderes de direção que não são derivados da assembleia geral, conselho diretor ou algo do tipo. No geral, as sociedades possuem dois órgãos administrativos. Mas o dia a dia das empresas é vivido pela diretoria apenas. Diretoria A diretoria equivale ao poder executivo da companhia, visto que os seus membros são os detentores exclusivos da representação social. Os diretores acompanham o cotidiano da empresa, pois lhes é da competência a direção dela em todos os seus aspectos: desenvolvimento de negócios, comando dos empregados, conquista de novos mercados, adoção de novas técnicas, programação financeira, concessão de crédito etc. 359 Conflitos de Interesse São desencontros nos quais a satisfação de uma das partes inevitavelmente implicará em insatisfação das outras. Na lei das sociedades anônimas são figurados dois tipos de conflitos de interesses: dos acionistas e dos administradores da empresa. Antes de mais nada, é importante diferenciarmos o termo conflito de interesses do termo benefício particular, já que ambos estão previstos no mesmo parágrafo primeiro do artigo nº115 e isto causa confusão. Benefício particular é aquele que atende ao interesse de um tipo de acionista em detrimento dos interesses dos demais. Constitui uma vantagem lícita ou um favor concedido ao beneficiário acionista, mas que viola o princípio da igualdade entre os acionistas. Exemplificando: uma empresa fabrica e vende carros e um dos funcionários faz lobby para ganhar comissão por fora. Conflito de interesse se dá quando um acionista vota tendo em vista a obtenção de vantagens particulares, deixando assim a estrita observação das normas de maneira que prevaleça interesses próprios. Exemplificando: uma empresa “A” tem 5 acionistas. Um deles é também sócio da empresa “B”. Esta, por sua vez, é detentora de uma cadeira de direção dentro daquela. Assim, o acionista de ambas as empresas vota em conformidade com os interesses de “B” em relação à “A” visando obter vantagens em ambas. Antes das situações acima retratadas, a Lei das Sociedades Anônimas dispõe que é dever o agir em prol dos interesses da companhia, princípio este que é aplicado em consonância com os princípios da lealdade, diligência, informação e boa-fé. Além disso, disciplina acerca das consequências advindas do descumprimento das normas. CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Responsabilidade do Conselho de Administração O dever do conselho de administração é promover um ambiente organizacional centrado nos valores, princípios, diretrizes e objetivos da companhia. Conselheiros todos devem voltar às suas ações para isso. 360 O conselho administrativo é também o principal elo entre os sócios e a diretoria de uma empresa, visto que o seu único e exclusivo interesse relaciona-se à organização. Deve, portanto, arbitrar e evitar conflitos internos. Além de tudo já dito até aqui, faz parte também das responsabilidades do conselho administrativo os seguintes pontos: ⯀ Questões legais, societárias e institucionais: ele não trata das pendências operacionais, as quais são de responsabilidade dos diretores e encarregados. ⯀ Direcionamentos estratégicos: modos, rumos e prazos estipulados para que os planos empresariais se cumpram. ⯀ Assuntos relacionados à gestão: troca de coordenadores, gestores etc. ⯀ Temáticas financeiras, fiscais e auditoriais: um conselheiro não resolve ninharias, mas questões de aspecto macroscópico da corporação. Enquanto entidade de classe, o conselho de administração é responsável por controlar e fiscalizar as atividades do sistema de conselho federal e regional de administração. Tem ainda aptidão para fazer o julgamento de recursos de penalidades impostas pelo Conselho Regional de Administração (CRA), e voltar e alterar o código de ética profissional. Fatores Determinantes de Eficiência do Conselho de Administração O conselho de administração deve ser composto por membros e pessoas externas que sejam capazes de fornecer informações importantes acerca das decisões de utilização de recursos. Destarte, um conselho de administração eficiente é caracterizado por conter poucos membros e também pela integração e maior participação de diretores independentes e externos à empresa, além da separação das funções de administrador da empresa e presidente do conselho. Exemplificando: temos uma fundação filantrópica à qual estão associadas uma empresa de saúde e outra de educação. O conselho administrativo está na fundação, e ele deve ser o mais eficiente possível. Portanto, é preciso haver a participação de um membro interno e vários outros que sejam de fora para que auxiliem o desenvolvimento da fundação. Uma fundação não visa lucros, mas isso não significa que ela deve ter prejuízos ao final do período contábil. Pensando na composição do conselho a primeira coisa é colocar dois membros internos, um da saúde e outro da educação. Depois, seria interessante também que os participantes adventícios do conselho estivessem relacionados aos setores industrial, comercial e religioso da cidade, e também que ao menos dois deles fizessem parte da 361 política municipal e da política estadual. Assim, temos um total de 7 integrantes no conselho administrativo da fundação. O código de melhores práticas de governança corporativa do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) recomenda a não acumulação de funções de CEO e presidente do conselho administrativo (o que poderia gerar conflitos de interesses), além de firmar o número máximo ideal de membros entre cinco e nove integrantes e de promover maior participação de conselheiros independentes e exteriores à empresa. O tamanho do conselho de administração é um ponto fundamental para sua eficiência, sabendo que em casos em que o número ultrapassa o de oito pessoas, surgirão muitos desencontros comunicativos e coordenativos. Desta forma, a manutenção de conselhos mais “enxutos” pode melhorar muito a performance da corporação toda. QUESTÃO 01. Os modelos de governança corporativa, especialmente os que resultam da separação entre propriedade e gestão, conferem ao estabelecimento e ao funcionamento de conselhos administrativos um papel fundamental de controle interno. Nessa perspectiva, afirma-se que o conselho de administração é o guardião: a) do objeto social e do sistema de governança corporativa. b) do orçamento e da estratégia empresarial. c) da estratégia da empresa para os próximos anos. d) das informações contábeis confidenciais. e) das decisões de gestão corporativa da empresa. Resolução: o orçamento e estratégia relaciona-se à parte operacional e à diretoria financeira e administrativa. A parte estratégica está abaixo do presidente e do conselho administrativo. A parte de orçamentos e estratégias está vinculada à gerência de contabilidade e auditoria. Por fim, a gestão corporativa é atribuição dos gestores. Portanto, a alternativa correta é a letra a. 362 Módulo 5 mercados e instrumentos financeiros Este capítulo vai tratar sobre os diferentes mercados e instrumentos financeiros existentes. ORGANIZAÇÕES E FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS Mercados Primários e Secundários de Renda Fixa e de Renda Variável A diferença fundamental entre os dois mercados é que no primário o dinheiro vai para o caixa da empresa, e no secundário ele vai para o bolso do investidor. Mercado primário é aquele em que os valores imobiliários de uma nova emissão da companhia são negociados entre ela e os investidores através dos subscritores, e os recursos obtidos são destinados aos projetos de investimento da empresa ou para o seu caixa. No mercado primário as transações acontecem entre companhias abertas autorizadas a emitir títulos de valores imobiliários e investidores, sempre utilizando os intermediários financeiros. No mercado secundário, as relações são exclusivamente entre investidores. Exemplificando: uma empresa quer captar R$100.000.000 em debêntures. Depois de cumprido o processo para essa emissão, elas serão disponibilizadas no mercado primário. Se as debêntures forem um sucesso e os investidores esgotarem todas, a companhia que as emitiu entregará, pelas mãos dos intermediários financeiros, os títulos aos investidores. E estes irão aportar recursos no caixa da empresa (investimentos, capital de giro e outros). No mercado secundário a relação é entre investidores. Um compra títulos do outro por meio de corretoras ou distribuidoras de valores e títulos imobiliários. Não há participação alguma da companhia na transação. Não confundamos mercados primário e secundário com emissões primária e secundária. São coisas absolutamente distintas. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS Mercado de Bolsa de Valores 364 É um mercado onde títulos financeiros emitidos por empresas são negociados. Fazem parte do ecossistema mais amplo do mercado de capitais. Títulos e debêntures estão aqui incluídos. O objetivo da bolsa de valores é organizar as negociações em um ambiente seguro, garantindo assim o recebimento dos recursos e dos valores negociados por meio de corretoras de valores imobiliários. No Brasil, as bolsas foram se concentrando em um único ponto, conhecido por B3. Antes existiam bolsas estaduais do Rio de Janeiro, de São Paulo, e até de Porto Alegre. Em 2008, a BMF e a Bovespa se fundiram numa só, criando a BMF-Bovespa. Em 2017, esta se fundiu com a CTIP, que negociava títulos privados de renda fixa, e deu origem a Brasil Bolsa e Balcão (B3). Mercado de Balcão Organizado É um mercado onde são negociados os mais diversos títulos e valores imobiliários que não tem autorização para serem negociados na bolsa de valores. A fiscalização federal se dá pela CVM. Algumas empresas não conseguem se enquadrar nas condições impostas pela B3 por diversos fatores, mas têm os seus títulos a vender e os negociam nos mercados de balcão organizados. As principais características desse mercado são: ⯀ Instituições autorizadas e supervisionadas pela CVM; ⯀ As regras de admissão e de registro são mais flexíveis que as da B3; ⯀ Não possuem local físico para negociações, as quais são feitas pela internet ou por telefonia; ⯀ Possuem regras de admissão, negociação e de conduta para os seus participantes prescritas pela CVM; ⯀ Ativos com menor liquidez de mercado em relação à B3. Mercado de Balcão Não Organizado É um tipo de mercado de balcão onde a CVM simplesmente não tem participação alguma. Aqui a liquidez é menor ainda, fato relacionado ao alto risco envolvido. As principais características desse mercado são 365 ⯀ Não é supervisionado por entidades reguladoras; ⯀ Negocia os títulos remanescentes que não são negociados nem na bolsa de valores e nem no mercado de balcão organizado. ⯀ A empresas que aqui operam são as corretoras e as distribuidoras de valores e os bancos de investimento. ⯀ Transparência a respeito do volume e preço das negociações é pequena por não haver registros; ⯀ Ativos com as mais baixas liquidez de mercado. FORMADORES DE MERCADO OU MARKET MAKERS São pessoas jurídicas devidamente cadastradas na B3 comprometidas com a manutenção de compra e venda de ações de forma regular e contínua durante as sessões de negociação, fomentando a liquidez de valores imobiliários, facilitando negócios e mitigando movimentos artificiais de preços. Atuam segundo parâmetros definidos pela B3, e quem dispõe sobre esse tipo de atividade no Brasil é a instrução CVM 384. Os formadores de mercado diminuem a volatilidade e, consequentemente, o risco. Quanto maior a liquidez, menor a volatilidade do papel. Então, se eles fornecerem liquidez, indiretamente diminuirão a volatilidade. Basicamente, são pessoas jurídicas contratadas pela B3 ou por emissores. Exemplificando: imagine uma empresa “A”, que tenha 1.000.000 de ações negociadas no mercado a R$10,00. A B3, interessada em promover liquidez nela, contrata um formador de mercado e solicita que “em 80% do tempo do pregão, ele tenha ordens de compra e venda de 50.000 papéis por dia com spread de 2% (diferença entre ordem de compra e ordem de venda)”. O formador de mercado pode, então, pode dispor de várias maneiras para a compra e venda de tais ações. Em suma, eles garantem a quem deseja comprar ou vender que haverá na bolsa de ofertas alguém querendo comercializar. Eles são extremamente importantes para ações com baixa liquidez e dispensáveis para empresas de liquidez alta. Não faz sentido haver um formador de mercado para a empresa nacional Vale do Rio Doce. Também os emissores podem contratá-los como forma de garantia de liquidez. Por fim, os formadores de mercado minimizam movimentos artificiais nos preços dos ativos, geralmente promovidos por especuladores de grande porte. 366 TIPOS DE ORDENS Existe uma diferença entre o que operadores de mercado entendem por “ordens” e aquilo que realmente é reconhecido pela B3. Aqui, tratamentos desse segundo tipo de ordens. Estes são atos pelos quais participantes autorizados manifestam interesse de realizar a compra ou a venda de ativos ou derivativos por meio de participantes plenos ou comuns da negociação, com termos e condições de negociação registrados. Os principais tipos de ordens são os seguintes: ⯀ Ordem limitada: aquela que só deve ser executada por um preço limitado ou especificado pela ordem comitente. No caso de ofertas de compra, a execução não poderá ocorrer a um preço maior que o estabelecido. Já para ofertas de venda, a execução não poderá ocorrer a um preço menor do que o estabelecido. ⯀ Ordem a mercado: aquela que você estabelece apenas a quantidade de ações que deseja negociar. Trata-se apenas de uma execução de mercado ao melhor preço disponível. Caso não seja atendida em sua totalidade, o saldo da oferta é registrado ao preço médio da ação já realizada. Resumindo, deve ser executada ao melhor preço disponível. Caso não seja atendida em sua totalidade, o saldo de uma ordem de mercado é registrado ao preço da operação realizada. Se houver disponível um número menor de ações no livro de oferta do que aquilo que se deseja comprar, a diferença é registrada como “a realizar” com o preço médio da operação anterior. Estes são os tipos de ordens mais comuns aos investidores medianos. Tipos de Ordens: Ordens Stop Operações registradas no livro de ofertas quando atingido o preço de disparo nelas especificado. Servem para barrar perdas ou promover ganhos. ⯀ Para compras: O preço de disparo deve ser maior que o da última operação. 367 Funciona como marcadores iniciais de operação. Pode promover ganhos. ⯀ Para vendas: O preço de disparo deve ser menor que o da última operação. Funciona como marcadores finais de operação. Evitam perdas bruscas ou constantes. Outros tipos de ordens são os seguintes: ⯀ Ordem a Mercado com Proteção: Para vendas, oferta cujo limite de execução é formado pelo melhor preço disponível levando-se em consideração o primeiro nível de valores quando do registro dela, acrescido o valor de proteção. Para compras, é exatamente o contrário. Nem sempre existe a quantidade solicitada de ações para compra, por exemplo. É sabido que as ordens no livro de ofertas vão sendo cumpridas em graus de preços. Portanto, para que os papéis não sejam comprados acima do preço desejado inicialmente, existe a possibilidade de defendermos a operação com o artifício chamado ordem a mercado com proteção. Um limite de valor é imposto e, se ele for ultrapassado, a operação é encerrada. ⯀ Ordem Stop com Proteção: Funciona de maneira análoga à anterior. Quando o preço do disparo é atingido, o livro de ofertas é executado com a mesma proteção. A diferença é que a ordem stop sinaliza que quando determinado preço for atingido, haverá venda ou compra. ⯀ Ordem Casada: É um composto de ordem de compra e de venda. Se você pretende vender um determinado tipo de ação e comprar outro a preços determinados, esse tipo de ação é que deve ser escolhido. Ela só será executada quando ambas as condições, de preço e de venda, forem cumpridas simultaneamente. ⯀ Ordem Discricionária: Ordem de execução na qual o administrador de uma carteira de investimentos estabelece as condições de sua execução sem a necessidade de consulta aos investidores. Compras e vendas são feitas em nome de terceiros. Os ganhos ou compras são distribuídos na carteira para os donos primários dos títulos. 368 É somente depois da ação que serão ditos os nomes dos investidores e o valor de cada uma das ações. Dentro do sistema da B3 isso não acontece. Quanto à validade, as ordens podem ser: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Validade diária; Validade para datas especificadas; Validade até o cancelamento dos investidores ou da corretora; Validade momentânea: excelente para Opções, que possuem pouca liquidez; Validade executar ou cancelar: só vigora também no momento em que são encaminhadas. Entretanto, diferentemente das momentâneas, não é tudo ou nada. REGISTRO E LIQUIDAÇÃO PARA SELIC E BRASIL BOLSA BALCÃO (B3) As câmaras de compensações são os locais onde se dão os registros e as compensações. Elas são mecanismos de processamentos centrais por meio dos quais as instituições financeiras fazem acordos de trocas de pagamentos e de outras obrigações financeiras. Exemplificando: um investidor A compra ações de um investidor B. Aquele precisa transferir recursos para este, o qual deve transferir títulos para o outro. A transação de recursos e títulos é feita em câmaras de compensação. Eventualmente, as câmaras assumem a responsabilidade de contraparte. A central é que garante a segurança e instantaneidade das operações. Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) É o sistema em que se efetua a custódia e registra-se as transações com a maioria dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional. É gerido pelo Banco Central (BC) e trata-se de uma Infraestrutura do Mercado Financeiro (IMF). Portanto, faz parte do Sistema de Pagamentos Brasileiros (SPB). Isto significa que o crédito na conta do vendedor ocorre em tempo real, diferentemente da B3. Em cada negociação, a Selic transfere os títulos para o comprador e determina o crédito na conta do vendedor concomitantemente e instantaneamente. Atualmente, a Selic contém cerca de 500 participantes em seu sistema e algo em torno 369 de 160.000 investidores que são proprietários de títulos públicos. Opera oito diferentes tipos de títulos distribuídos em 380 vencimentos diferentes, e movimenta mais ou menos oitenta bilhões de reais por mês em seus 40 leilões. Brasil Bolsa e Balcão (B3) Faz-se aqui registros, aceitações, compensações, liquidações e gerenciamentos de riscos de contraparte das operações de mercado de derivativos financeiros, de commodities, de renda variável, de mercados à vista em ouro, de renda variável e de renda fixa privada — os quais são realizados e mercado de bolsa e em mercado de balcão organizado, bem como as operações de empréstimos de ativos. Hoje em dia, quem faz a custódia dentro da B3 é a Câmara de Ações e Renda Fixa, antiga Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). Esta é gerida pela B3, autorregulada e supervisionada pela CVM. O objetivo geral das câmaras é reduzir ao máximo o risco de liquidação das operações financeiras. Exemplificando: um investidor A tem 1000 ações e as vende para um investidor B, o qual ele não conhece pessoalmente. Houve uma transação através de uma corretora de títulos e valores imobiliários de ativos e de dinheiros. Todo o processo é feito pela câmara de ações e renda fixa. Pode acontecer de o comprador não ter o dinheiro que se pressupunha antes da negociação. É nesses casos que a B3 atuará efetivamente como contraparte, garantindo o cumprimento integral da ação acordada. MECANISMOS DE OFERTA PÚBLICA Oferta Pública ou Subscrição Uma oferta pública (primária ou secundária) é um processo de lançamento de valores imobiliários por subscrição pública em que a empresa emissora delega ao intermediário financeiro a colocação junto ao mercado. Pode ser de qualquer valor imobiliário ou de debêntures. Isto significa que as ofertas 370 públicas não se restringem a ações, ainda que estas sejam as mais concorridas e conhecidas. Exemplificando: uma empresa lança uma oferta pública de ações. A primeira coisa a ser feita é eleger o coordenador do processo. Este deverá fazer diligências dentro da empresa para coletar e verificar informações, balanços etc. Feito isso, haverá de ser feita a definição de preço. Somente após isso é que ocorrerá o lançamento ou subscrição dos valores imobiliários. Por fim, a consolidação e as transações. Vale lembrar que todos esses processos estão prescritos na legislação regulamentária. Características gerais do processo de oferta pública: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Registro na CVM: instrução 400/03; Formação do consórcio: escolha do coordenador ou instituição mediadora; Estabelecimento de garantias; Conteúdo da oferta, incluindo lote e forma de precificação; Distribuição do prospecto preliminar e definitivo; Coleta de intenções e reservas junto a investidores; Divulgação do período de distribuição; Divulgação do resultado da oferta, incluindo preço final da ação. Oferta Pública ou Subscrição de Garantia Firme A instituição ou o consórcio de instituições compromete-se por meio de contratos com o emissor a garantir a totalidade da subscrição, assumindo para si o risco da colocação dos ativos junto aos investidores individuais e institucionais. O emissor recebe integralmente os recursos da subscrição — independentemente do sucesso ou fracasso do lançamento dos ativos no mercado. A garantia firme é muito mais comum em contratos de subscrição de debêntures do que de ações. Isso é vantajoso para o emissor porque ele certamente receberá os recursos e pode antecipá-los em seus projetos e execuções. Geralmente as subscrições feitas com coordenadores de confiança passam automaticamente segurança aos investidores, visto que o subscritor confia no projeto. Nenhuma instituição oferece garantia firme sem a absoluta convicção de que haverá solvência dos títulos. Exemplificando: Aumento de capitais do Instituto de Seguros Brasil. A empresa lançou uma oferta secundária de 300 milhões de ações, mais ou menos. Como Itaú e Bradesco 371 têm 16% do capital nele, ambos funcionaram como subscritores e garantiram que tudo que não fosse comprado no mercado seriam comprados por eles. Isto é uma modalidade de garantia firme. Melhores Esforços em Ofertas Públicas É uma promessa de empreendimento dos melhores esforços para colocar o máximo de títulos junto ao mercado. Entretanto, não há garantia alguma da colocação da totalidade das ações no lançamento. Tampouco a certeza de o coordenador comprar os ativos remanescentes. Um contrato de colocação desta modalidade não assegura à empresa emissora a totalidade dos recursos que ela inicialmente espera receber porque todos os riscos do lançamento estão nas mãos do emissor. LEILÃO HOLANDÊS EM MECANISMOS DE OFERTAS PÚBLICAS Um evento crítico dentro do mecanismo de oferta pública de ações é a precificação. Existem diversas formas de fazê-lo, antes de o ativo ir ao mercado. O coordenador faz suas diligências e trabalha na formação da oferta e na captação de prospectos, junto aos investidores. Além disso, conversa com os clientes e especula intenções de compra. Exemplificando: Lançamento de ações de uma empresa de vacinas que produzirá imunização contra a tuberculose. Ninguém sabe qual será o preço disso, mas a empresa quer ir ao mercado para conseguir financiamento e melhorar suas estruturas e operações para atender a demanda. O subscritor faz os seus trabalhos e começa a receber ofertas. Assim consegue estimar quanto o mercado está disposto a pagar pelas ações da referida empresa. No leilão holandês, o livro de ofertas vai sendo montado. O que se quer receber é o maior preço possível. As ofertas recebidas são postas então em ordem escalonada de valores. As ações serão vendidas em ordem decrescente de valor. O preço da oferta é definido pelo preço mais alto em que toda a parcela remanescente da oferta for vendida. O leilão holandês é uma forma de precificação, ainda que não seja usado somente para isso. Coleta de Intenções de Investimento e 372 Recebimento de Reservas (Bookbuilding) É um processo pelo qual o subscritor tenta determinar por qual preço uma oferta pública inicial será oferecida. Trata-se de um mecanismo eficiente de precificação de títulos, através do qual os emissores definem o valor de suas ofertas iniciais. É o processo mais utilizado para o lançamento de ofertas públicas primárias. Processo de construção do bookbuilding acontece seguindo os passos abaixo: ⯀ O coordenador determina a faixa de preço pela qual os ativos podem ser vendidos, e elabora um prospecto de oferta pública de distribuição. ⯀ O coordenador convida investidores a apresentarem propostas sobre o número de ações desejadas e o preço que se dispõem a pagar por elas. ⯀ O bookbuilding é elaborado listando-se e avaliando-se a demanda agregada a partir dos lances apresentados via média ponderada. ⯀ O coordenador divulga as propostas apresentadas detalhadamente, para poder explicar como foi que se chegou ao preço de corte. ⯀ As ações são alocadas para os compradores aceitos. Esse processo de bookbuilding também é válido para títulos de renda fixa. A única diferença está na taxa de juros. Invés de a precificação ser objetiva, é feita com base nos juros. DISTRIBUIÇÃO DE LOTE SUPLEMENTAR (GREEN SHOE) Esse tipo de lote surgiu numa empresa americana chamada Green Shoe, por isso o nome alternativo. O objetivo do investidor é aproveitar uma oferta pública de sucesso, ganhar com sua valorização e revender os papéis em seguida a um preço maior. Isso é péssimo para o subscritor, que vendeu as ações, e também para o emissor. O lote suplementar visa acabar com o referido problema, e é limitado a 15% do total disponibilizado. Exemplificando: Uma empresa vai vender 1 milhão de ações a R$10 e possui um lote suplementar de 150 mil ações. O dinheiro advindo dele não irá para o caixa do emissor. O objetivo é deixá-lo, geralmente por 30 dias, na mão do subscritor para que ele mesmo venda. O lançamento total resultará em 11,5 milhões de reais. Entretanto, um milhão e meio de reais ficará com o subscritor em dinheiro. Assim, caso alguém queira vender as ações recém compradas baseando-se na valorização delas, o subscritor conseguirá equilibrar o mercado — garantindo assim a manutenção dos preços e impedindo a queda (também conhecida por flipagem). 373 É importante destacar que no Brasil não há penalidade para os que buscam ganhar dinheiro com esse tipo de operação de revenda (flipers). A extensão máxima de sobrelocação é 15%. Não há previsibilidade na normação para Green Shoe em esforços restritos. É permitida a retenção dos lucros com lote suplementar. Distribuição de Quantidade Adicional (Hot Issue) Exemplificando: Uma empresa vai vender 1 milhão de ações a R$10. Dentro do contrato de subscrição, haverá uma quantidade de ações, estabelecida a critério do ofertante, que pode ser aumentada em montante que se limita a 20% da quantidade inicialmente ofertada — excluídas as ações do lote suplementar. Na prática, para o exemplo da oferta inicial de 1 milhão de ações, o limite verdadeiro seria 1.350.000 unidades de papéis. A quinta parte adicional vai para o caixa da empresa. Se a demanda por determinada ação é grande, pode haver o interesse do subscritor e disponibilizar um lote adicional de até +20%. Isso reforça, inclusive, o caixa da instituição emissora, ainda que diminua um pouco a sua participação relativa. OPERAÇÕES COMPETITIVE BIDS E PRIVE PLACEMENT Competitive Bids Falamos de um processo de licitação para aquisição de serviços quando nos referimos a Competitive Bids. E, é claro, não podemos adentrar esse tópico sem falarmos do IPO competitivo. O IPO Competitivo é um método de precificação onde as funções de estruturação da oferta e distribuições das ações são divididas entre bancos diferentes, mantendo a pressão competitiva sobre os bancos em todo o processo de emissão, diminuindo o conflito de interesses. Essa concorrência diminui o conflito de interesse do subscritor único, que tem poder sobre os preços e a alocação dos ativos e aumenta o controle do emissor. Por ser baseado no Bookbuilding, ele preserva as vantagens de precificação desse sistema. 374 Private Placement Nada mais é do que a colocação privada de títulos que não são vendidos por meio de uma oferta pública, mas sim coloca uma oferta privada, principalmente a um pequeno número de investidores escolhidos. PROCESSO DE DIVULGAÇÃO DE OPERAÇÕES DE PILOT FISHING E PRE DEAL RESEARCH O objetivo do marketing de ofertas públicas é trazer a quantidade mais ampla de informações possíveis para os investidores em potencial sobre a oferta que planejamos e ainda teríamos a possibilidade de criar eventos para conseguir o maior preço possível na oferta. Falamos de informação, de eventos e divulgação, com o objetivo de criar uma tensão de preços entre os investidores, aumentando a percepção deles sobre a demanda do produto, visando sem atingir o preço máximo. Todo subscritor que é melhor preço possível que o mercado pode pagar. Consultas de Viabilidade da Oferta Quem consulta? O emissor e subscritor que consultam os clientes, seguindo uma regulação. Inclusive, existe uma crítica a respeito dessas consultas que entregam informação antecipadamente, no sentido de que essas informações lhes dariam poder de influência sobre o IPO. Nos EUA, por exemplo, é vetado esse tipo de consulta, ou melhor, é regulamentado e estrito o que se pode informar. A primeira dessas consultas é o Pilot Fishing. Nada mais é do que um processo anterior ao IPO e ao Road Show, na tentativa de detectar possíveis interessados em investir e colher informações de como oferecer a empresa a investidores possíveis. Nesse caso, a empresa que pensa em abrir o capital pode avaliar o nível de interesse junto aos investidores qualificados. Os subscritores (Underwriters) podem coletar informações sobre o interesse de seus clientes e começar a pensar num preço para a oferta e os investidores potenciais podem ter acesso antecipado à gestão da empresa e, por meio disso, desenvolver sua própria análise. Quanto ao Pre-Deal Research, falamos de uma pesquisa produzida por analistas ligados às instituições financeiras ou ao consórcio, visando fornecer uma visão independente e 375 objetiva do emissor aos clientes institucionais. Auxiliando na questão do conflito de interesses, pois as análises são feitas por instituições independentes e divulgadas publicamente, sujeitas a um processo de verificação. Por exemplo, um caso divulgado na mídia de uma mineradora que abriu seu capital e produziu análises fazendo com que investissem na empresa, sem que eles jamais tivessem tido qualquer mina, um caso de fraude absurda. As análises independentes ajudam também a identificar fraudes e possíveis lesões aos investidores. PROCESSO DE DIVULGAÇÕES E PRÉ MARKETING Pré Marketing É o processo que antecede o Road Show, composto por uma reunião com investidores para aperfeiçoar o prospecto, sujeitos aos limites de comunicação regulatórios. Também é uma etapa de preparação para investidores, analistas, gestores do emissor e mídia para as reuniões de Road Show. Leitura de Mercado Basicamente, é como o mercado entende o investimento, sendo obtida através do diálogo com o mercado e outras instituições e a leitura do cenário macroeconômico, condições de mercado e outras variáveis. É comum o subscritor e o emissor terem uma leitura e o mercado ter outra, completamente diferente. PROCESSO DE DIVULGAÇÃO E DEFINIÇÃO DA FAIXA DE PREÇOS Ainda dentro dos nossos conteúdos do processo de divulgação, uma das últimas coisas a serem feitas antes do Road Show é a definição da faixa de preços. Diferente da precificação, falamos do preço por ação dos títulos emitidos publicamente, definido por um subscritor e pelo qual as ações vão estar disponíveis. Marcaremos uma data de divulgação e então iremos tornar os preços públicos. 376 Embora o termo seja utilizado principalmente no contexto da emissão de ações, também é aplicável na emissão de outros valores mobiliários, incluindo obrigações e instrumentos estruturados. Então, aqui temos a sua definição e, vale lembrar, que é uma etapa da divulgação da oferta pública, sendo um processo formal. ROAD SHOW Sendo essa a última etapa do processo de divulgação de ofertas públicas, uma “turnê de banda”. Uma série de apresentações feitas em locais diferentes antes do lançamento da oferta inicial. Na prática, é um evento de marketing que consiste em promover a oferta antes de lançar o título. Normalmente, participam o pessoal da equipe do Underwriter e da equipe de gestão do emissor. O objetivo do Road Show é despertar o interesse na oferta futura, apresentando aos potenciais investidores a empresa, sua trajetória e seu pessoal. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA B3 A B3 é uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro no mundo, com atuação no mercado de bolsa e de balcão. Uma sociedade capital aberto, negociada no código B3SA3. Sua principal atividade inclui a criação e administração de sistemas de negociação, liquidação, depósito e registro para todas as principais classes de ativos, desde ações e títulos de renda fixa corporativa até derivativos de moedas, operações e taxas de commodities. Opera como contraparte central garantidora para a maior parte das operações realizadas em seus mercados e oferta serviços de central depositária e de central registro. ALUGUEL DE AÇÕES E VENDA A DESCOBERTO Aluguéis de Ações 377 Conhecido também como BTC (Banco de Títulos CBLC) é um contrato entre duas partes com o objetivo de obter ganhos. O doador, proprietário dos papéis, oferece seu ativo em troca de uma remuneração fixa (taxa BTC), e coloca seus ativos à disposição para alugar através de uma comunicação à sua corretora e não pode negociá-los até o vencimento do contrato de aluguel. Por exemplo, nós temos uma carteira de papéis e colocamos esses papéis à disposição para BTC, esperando uma pequena remuneração, que, em alguns casos, vale muito a pena, sendo uma opção para adquirir algum rendimento. O tomador são os investidores que demandam o ativo temporariamente, seja para viabilizar determinada estratégia, como uma venda a descoberto, ou, seja para liquidar outra operação já realizada. Normalmente, são investidores de longo prazo, então, eles sabem que não irão perder os papéis. Por exemplo, se temos um papel de VALE, que bateu R$100, vamos operá-lo a descoberto, acreditando que ele irá cair. E, se não temos o papel, precisaremos entregar esse papel para quem comprou, então, se vendemos mil papéis, teremos de entregar esses mesmos mil papéis e faremos isso alugando os papéis do doador. Essa operação alavancada será monitorada pela BOVESPA, para assegurar o doador de que terá o seu retorno. Margem de Garantia Falamos da compra de ações com o uso de margem, ou seja, sem ter dinheiro. Quando abrimos uma conta em uma corretora, ela deseja que façamos a maior quantidade de operações possíveis. Entendendo que as operações ocorrem em D+1, D+2 e até D+3, a corretora entende que mesmo não tendo o dinheiro para executar a operação naquele momento, nós iremos disponibilizar o valor na conta dentro do prazo e para que isso seja possível utilizamos da margem. Equivale ao valor em dinheiro ou ativos que o investidor utiliza para garantir posição em aberto para uma nova operação. O valor da margem de garantia varia de acordo com o tipo de investimento, prazo e regras de cada corretora. A partir da soma das suas garantias, a corretora disponibiliza ao investidor uma conta-margem, que permite a compra de ações em valores superiores ao aporte efetivado, permitindo a alavancagem. Para operar essa alavancagem, o investidor precisará de um empréstimo de curto prazo com a corretora, pagando uma taxa de alavancagem, que nada mais é que a taxa de juros ou custo do empréstimo. 378 Por exemplo, quando operamos R$1000 alavancados, a corretora entende que esse valor entrará em algum momento e é utilizada a margem (com base nos seus dados como investidor), se esse valor entrar no mesmo dia foi feito um Day Trade, se o valor entrar no dia seguinte foi executado um Single Trade. Mas, vale lembrar, que se liquidamos a operação no dia seguinte, nos será cobrado taxa de alavancagem, pois a corretora nos oferta uma conta margem. FUNCIONAMENTO DAS GARANTIAS DA B3 Nada mais são do que os ativos do investidor que servem como depósito de garantia. Os seguintes ativos são aceitos como garantia: Ativos em Espécie: Dólar americano (exclusivamente ao caso de não residente) e Moeda Nacional (ao dos demais participantes). Os seguintes ativos são elegíveis a aceitação como garantia pela câmara de compensação da B3: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Título público federal, negociado no Brasil (título público federal); Ouro ativo financeiro; Ação de companhia aberta admitida à negociação na B3; Certificado de depósito de ações; ADR (American Depositary Receipt) de ação elegível à aceitação de garantia; Títulos de renda fixa emitidos por bancos emissores de garantias (Certificado de depósito bancário CDB, Letra de crédito imobiliário LCI e Letra de crédito do agronegócio LCA); Dólar; Títulos de emissão do tesouro norte-americano e alemão; Carta de fiança bancária; Cota de fundo de índice negociado no Brasil; Cota de fundo de investimento B3 Margem de Garantia Renda Fixa Referenciado; Brazilian Depositary Receipt (BDR); Cota do Fundo de Investimento Liquidez da Câmara da B3 (FILCB); Sendo essas as garantias aceitas pela B3 para que possamos operar descoberto. CUSTOS DE EXECUÇÃO 379 Em primeiro lugar, precisamos saber quais são os custos de execução, sendo eles Corretagem, Emolumentos, Custódia e Impostos. Corretagem Por sua vez, a corretagem nada mais é do que o custo pela negociação de ativos financeiros ou pela fração deles, cobrados pela corretora em cada negociação de ativos, seja em renda fixa ou variável – normalmente, de zero a vinte reais. Emolumentos Os emolumentos são as taxas cobradas pela B3 com vistas a cobrir seus custos de operação, incidindo sobre todas as operações realizadas na B3. A cobrança dos emolumentos segue as seguintes regras: Acima vimos todos os exemplos de ativos que tem cobrança de emolumentos dentro da B3, todos esses pagam! Agora, vemos o quadro de taxa dos emolumentos: Vale lembrar, que esta tarifa está sujeita ao “método progressivo para todos co comitentes”. 380 E, é claro, falamos de uma operação normal, melhor dizendo, Single Trade. As operações realizadas durante os leilões de abertura, de fechamento em ofertas públicas de aquisição (OPA), o valor da tarifa será de 0,0070%, desde que: ⯀ Não sejam realizadas por fundos e clubes de investimento; ⯀ Não sejam caracterizadas como Day Trade. Quanto aos custos de execução para o Day Trade, temos diferentes disposições e números. Seguindo essa tabela: Não obstante, esta tabela também está sujeita ao “método progressivo para todos os comitentes”. Lembrando, que a tabela se refere e serva para PF (Pessoa Física) e também para Pessoa Jurídica (PJ). Veremos, agora, a tabela progressiva para todos os comitentes, para compreender o funcionamento da B3, dentro da idéia de custos de execução: Sendo ADTV a média diária de transações e contendo também a taxa de negociação de referência com seus valores correspondentes. Dentro do mercado de opções, veremos os emolumentos. Que são dispostas da seguinte maneira: 381 Os emolumentos são comprados por PF, PJ e Clubes de Investimento, existindo uma taxa diferente para Day Trade, Faixa de Valor, Mercado à vista e Mercado a prazo. Com os seguintes termos quando nos referimos a Day Trade: Sendo ela a regra para quem faz Day Trade de opções de compra de Ações, ETF de Ações e ETF Internacional. Custódia Falamos da tarifa paga para fazer o registro de um investimento em nome de quem aplicou o dinheiro. Sendo cobradas pela câmara de compensação da B3. Executada sob um valor percentual do ativo: 382 Além da taxa de registro do título, teríamos também uma taxa de manutenção da conta e da transferência de custódia. Em todos os casos sendo ela retirada da conta do investidor. NEGOCIAÇÕES: À VISTA E A TERMO As negociações de ações podem ser realizadas à vista e a prazo. Nada mais são do que a negociação ser executada de imediato no valor total e outra no prazo, ou seja, no decorrer do tempo. Mercado à Vista No mercado à vista, o comprador realiza o pagamento e o vendedor entrega as ações da transação em D+3, ou seja, no terceiro dia útil após a realização do negócio. Nesse mercado, os preços são formados em pregão em negociações realizadas no sistema eletrônico de negociação Mega Bolsa. Mercado a Termo São contratos negociados para compra ou venda de quantidade específica de ações, para liquidação em uma data futura, em prazo determinado, a um preço fixado. Geralmente, os prazos dos contratos podem variar entre 16 e 999 dias corridos. Nesse mercado, os preços dependem do valor da ação do mercado à vista e da taxa de juros esperado para o período do contrato. Por exemplo, queremos comprar um papel precificado em R$10,00 e faremos o pagando em 365 dias úteis, no caso. 383 Lembrando, que nas negociações a termo o sistema de negociação da bolsa exige um depósito de garantia, que pode ser oferecido na forma de cobertura ou margem. Se tiver ativos na bolsa, eles poderão servir como garantia. Podendo ser antecipada, mas somente à vontade do comprador, quem vendeu o ativo não tem o direito de antecipar. Sendo diferente do conceito de mercado futuro. MARGENS DO MERCADO ACIONÁRIO Margem de Manutenção Trata-se do montante mínimo de capital que um investidor deve manter em sua conta para manter uma posição em aberto, proporcionando segurança à corretora de que o investidor tem capacidade de pagamento para fechar a posição. Ou seja, é uma margem de segurança da carteira, referente a um percentual da carteira, para que possamos operar à descoberto. Caso suas operações começarem a dar errado, a corretora liquida sua operação e encerra o procedimento. Portanto, ela é o mínimo de capital exigido para operar alavancado. Normalmente, é utilizada principalmente quando compramos títulos com dinheiro emprestado por um corretor, mas também quando pode ser utilizada para operar a descoberto. Chamada de Margem Falamos da exigência de garantia em montante fixado pela B3 a ser depositada em dinheiro, ativos ou valores mobiliários pelo cliente para realização de operação de natureza alavancada. A B3 faz uma chamada de margem quando abrimos uma operação onde é possível perder mais dinheiro do que o valor da posição inicial. Por exemplo, compramos R$1000 de ações no mercado à vista, nesse caso, não haverá chamada de margem, pois se perdermos todo o dinheiro nós iremos à zero. Mas se compramos a descoberto, existe a possibilidade de perder um valor acima dos R$1000 iniciais, então, nesse caso, a B3 pedirá margem. Têm-se, por exemplo, R10.000,00 e faremos uma operação à descoberto, a corretora nos dará R$2.0000,00 de margem de garantia para Day Trade e R$12.000,00 para Swing Trade. Por tendermos ao prejuízo, a B3 chamará margem, os R$10.000,00 ficarão confiscados 384 pela B3, e os R$2.000,00 serão cobrados pela corretora, ficando como devedor desses R$2.000,00. Basicamente, a B3 sempre fará chamada de margem quando o cliente não tiver a margem para cobrir a operação, então, a corretora terá de bancar a margem. A corretora, de certa forma, é quem faz a primeira análise do perfil do cliente, sendo ela quem tem que servir de anteparo para o cliente. Podendo ter a operação encerrada, por não conseguir cobrir com os prejuízos da operação. FUNCIONAMENTO DA B3: CRITÉRIOS DE ADESÃO OU LISTAGEM E OS REFLEXOS SOBRE O DIREITO DO ACIONISTA Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado Estes são graus de governança, arrolados em ordem crescente de exigência. Nível 1 As empresas listadas nele devem adotar práticas que favoreçam a transparência e o acesso às informações por parte dos investidores. Deve divulgar informações além das exigidas por lei, a exemplo dos calendários anuais de eventos, balanços e assembleias corporativos. O Free Float mínimo deve ser de 25%, ou seja, um quarto das ações devem estar circulantes no mercado. Nível 2 Assemelha-se muito ao Novo Mercado, porém com algumas exceções. A principal delas é o direito de manutenção de ações preferenciais. No caso de venda de controle da empresa, é assegurado aos acionistas ordinários o mesmo tratamento dado aos preferenciais. Por fim, as ações preferenciais dão direito a voto somente em casos excepcionais: aprovação de fusões, incorporações etc. Novo Mercado 385 É o nível mais alto e foi lançado no ano de 2000. Estabelece um padrão de governança corporativa altamente diferenciado. A partir de 2002, somente empresas listadas aqui começaram a atrair interesse dos investidores, por conta das rígidas exigências. As empresas desse segmento só podem emitir ações com direito a voto (ordinárias). Não existem ações preferenciais. As suas principais regras são: ⯀ O capital deve ser composto exclusivamente por ações ordinárias, com direito a voto. ⯀ Em caso de alienação do controle, todos os acionistas têm direito a vender suas ações pelo mesmo preço. Quem compra uma empresa no Novo Mercado deve estar ciente disso. ⯀ Instalação da área de auditoria interna, função de compliance e comitê de auditoria. ⯀ No mínimo 1/3 dos titulares das ações em circulação devem aceitar a oferta pública de ações ou concordar com a saída do segmento. ⯀ O conselho de administração deve contemplar no mínimo dois ou 20% de conselheiros externos à empresa, com mandatos unificados de no máximo 2 anos. ⯀ A empresa deve se comprometer em manter pelo menos 25% das suas ações em circulação ou 15%, em casos especiais. ⯀ Estruturação e divulgação dos processos de avaliação do conselho administrativo, dos comitês e da diretoria. ⯀ Divulgação de políticas de remuneração de gestores, indicação dos membros dos conselhos administrativos, comitês e diretoria, gerenciamento de riscos, transações com partes relacionadas, negociação de valore imobiliários. ⯀ Divulgação bilíngue (português e inglês) dos fatos relevantes e divulgação mensal das negociações de valores imobiliários emitidos pela empresa, seus acionistas e controladores. Os níveis de governança corporativa são especificados em regulamento. A última atualização feita foi em 2018. Portanto, as exigências acima listadas são as mais atualizadas. ÍNDICES São indicadores utilizados para medir o desempenho de um determinado mercado e para auxiliar na tomada de decisão na hora dos investimentos. Tratam-se de qualquer coisa como bússolas para os investidores, a partir dos quais eles conseguem saber se o mercado está comprando ou se está vendendo ou compará-lo com momentos anteriores da história financeira. Alguns índices podem servir para medir o desempenho e a gestão de 386 carteiras. Características Estruturais da Construção dos Índices Os métodos de cálculo usados para a construção dos índices são basicamente os seguintes: ⯀ Média aritmética simples. Por exemplo: Dow Jones. ⯀ Média aritmética ponderada: são atribuídos pesos aos fatores considerados. Este é de longe o método mais usado na construção dos índices. Os preços ou capitalização de mercado das ações são ponderados baseando-se em amostras. ⯀ Média geométrica: pouco utilizado. Os problemas relacionados à construção dos índices são os seguintes: ⯀ Tamanho da amostra: quanto maior a amostra, melhor. ⯀ Representatividade da amostra: diz respeito à colocação das empresas listadas dentro do mercado analisado. ⯀ Atribuição de pesos da amostra: a atribuição equivocada desses valores desvirtua completamente a análise. Quanto à ponderação, há quatro critérios relevantes: ⯀ Metodologia de ponderação por preço: preço por ação dividido pela soma de todos os preços das ações do índice. Por exemplo: Dow Jones e Nikkei 225. ⯀ Metodologia de ponderação por capitalização de mercado: relacionado ao tamanho da empresa. Os pesos são atribuídos relativamente ao tamanho total do mercado. Em alguns casos, pode haver a correção com base no Free Float das corporações analisadas. ⯀ Método de ponderação uniforme: não existe ponderação. O peso é o mesmo para todos os objetos da análise. ⯀ Metodologia de ponderação por liquidez: grande parte dos índices Bovespa são assim. Analisa-se a negociação de um período, pega-se os papéis mais negociados nele, ignora-se a capitalização e monta-se o índice. Por exemplo: IBRX 50. Índices de Renda Fixa Doméstica e Globais São carteiras teóricas ponderadas pelos ativos e que servem de referência para analisar-se 387 o desempenho do mercado. Os mais conhecidos no Brasil são os índices da família IMA (A, B, C, S). Em suma, medem o desempenho do mercado de títulos. ÍNDICES DE BOLSA DE VALORES NO BRASIL. ÍNDICES ACIONÁRIOS DOMÉSTICOS Índice Ibovespa É o principal e mais antigo índice do mercado de ações nacional e referência maior para investidores externos. Trata-se de uma carteira teórica de ativos com rebalanceamento a cada 4 meses. É composto por ativos elegíveis que atendem aos critérios descritos pela metodologia e que representam no mínimo 80% do número de negócios e de volume financeiro da Brasil Bolsa e Balcão (B3). ⯀ Os critérios de seleção resumem-se a estar entre os ativos que representam 85% em ordem decrescente de negociabilidade, estar presente em 95% dos leilões, representar no mínimo 0,1% do volume financeiro do mercado à vista e não pode ser penny stock. ⯀ A ponderação é feita pelo valor de mercado e pelo Free Float. ⯀ O rebalanceamento é quadrimestral: janeiro, maio e setembro. Índice Brasil (IBRX) Avalia o retorno de uma carteira teórica composta pelos 100 ativos ou 50 empresas mais negociadas da B3. É um índice de liquidez. Para o IBRX-50: ⯀ O universo de ativos elegíveis são ações e unidades de ações. ⯀ Os critérios de seleção resumem-se a estar entre os 50 primeiros ativos do índice de negociabilidade em ordem decrescente, estar presente em 95% dos leilões e não pode ser penny stock. ⯀ A ponderação é feita pelo valor de mercado. ⯀ O rebalanceamento é quadrimestral. Para o IBRX-100: 388 ⯀ O universo de ativos elegíveis são ações e unidades de ações. ⯀ Os critérios de seleção resumem-se a estar entre as 100 empresas mais negociadas do índice de negociabilidade em ordem decrescente, estar presente em 95% dos leilões, representar no mínimo 0,1% do volume financeiro do mercado à vista e não pode ser penny stock. ⯀ A ponderação é feita pelo valor de mercado. ⯀ O rebalanceamento é quadrimestral. Índices de Ações com Governança Corporativa Diferenciada Integram a B3 e têm objetivo de medir o desempenho de empresas com governança corporativa diferenciada. Os ativos que os compõem são ações e unidades de ações. ⯀ Os critérios de seleção resumem-se a estarem listados no Novo Mercado ou nos níveis 1 e 2 da B3, estarem presentes em 50% dos pregões e não serem penny stocks. ⯀ A ponderação é feita pelo valor de mercado multiplicado pelo fator de governança (FG = 2 para empresas do Novo Mercado; FG = 1,5 para empresas de nível 2 e FG = 1 para empresas de nível 1). Índice de Sustentabilidade Industrial Procura mensurar o desempenho das empresas com sustentabilidade diferenciada. Os aspectos avaliados são a eficiência econômica, o equilíbrio ambiental, a justiça social e a governança corporativa. ⯀ O universo de ativos elegíveis corresponde a unidades de ações das 200 empresas mais líquidas da Bovespa. Dentre essas, são selecionadas apenas as 40 primeiras. ⯀ Os critérios de seleção resumem-se a questionários econômico-financeiros, gerais, ambientais, governamentais, sociais, climáticos e quanto a natureza dos produtos. ⯀ A ponderação é feita pelo valor de mercado do free float com limite de participação baseado na liquidez. ⯀ Tanto o rebalanceamento quanto a vigência são anuais. Índice de Energia Elétrica 389 É constituído pelas empresas de capital aberto mais significativas do setor de energia elétrica e tem como objetivo mensurar o desempenho das corporações do referido segmento. Foi o primeiro índice setorial da antiga Bovespa. Os ativos que o compõe são ações e frações de ações de energia elétrica. ⯀ Os critérios de seleção resumem-se ao pertencimento ao setor elétrico, ter participação em volume financeiro igual ou maior que 0.01% do mercado, ter presença em pregões de no mínimo 80% e ter apresentado pelo menos dois negócios por dia em 80% dos pregões em que participou, além de os ativos não serem classificados como penny stock. ⯀ Não há ponderação. As ações têm pesos equivalentes em termos de valor de carteira. ⯀ O rebalanceamento é quadrimestral. Índice Mid-Large Cap (MLCX) Procura medir o desempenho de empresas negociadas na bolsa de valores aferindo o retorno de uma carteira composta pelas empresas de maior capitalização. O valor correspondente deve ser de 85% do total da B3. Os ativos elegíveis são ações e frações de ações que representam 85% do valor de mercado total da Bovespa. ⯀ Os critérios de seleção baseiam-se na inclusão em uma relação de ações cujos índices somados de negociabilidade representam 98%d o valor acumulado de todos os índices individuais. Ter presença em 100% dos pregões. Por exemplo: BBDC3 e BBDC4. ⯀ A ponderação dos ativos é feita pelo valor de mercado com limite de participação baseado na liquidez. ⯀ O rebalanceamento é quadrimestral. Índice Small Cap (SMLL) Mensura os 15% restantes não inclusos no índice anterior. As ações elegíveis são ações e fragmentos de ações de empresas não inclusas no MLCX. ⯀ O critério de seleção é exatamente o mesmo do índice anterior. ⯀ A ponderação é feita pelo valor de mercado do free float limitado pela liquidez. ⯀ O rebalanceamento é quadrimestral. 390 Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários (IFIX) Busca avaliar a performance de uma carteira composta pelas cotas de fundos imobiliários que são listados para negociação na B3. Os ativos elegíveis são as cotas de fundos imobiliários. ⯀ Os critérios de seleção se resumem a estar classificado entre os ativos elegíveis e que no período de vigência das três carteiras anteriores representem, no conjunto, 99% das cotas de fundos imobiliários listadas e negociadas na B3. Ter presença em negociações de 60% no período de vigências das três últimas carteiras. ⯀ A ponderação é feita pelo valor de mercado do free float e o limite de participação é baseado na liquidez. ⯀ O rebalanceamento é quadrimestral. Índice de Dividendos (IDIV) Procura medir a performance das ações de empresas que se destacam na remuneração dos investidores. Os ativos elegíveis são de empresas listadas na B3 que apresentaram os maiores dividend yields dos últimos 24 meses anteriores à seleção da carteira. ⯀ Os critérios de seleção baseiam-se na apuração do dividend yield. As que estiverem dentro os 25% maiores das amostras participam da carteira. ⯀ A ponderação é feita pelo dividend yield distribuído por cada empresa. Pega-se os 25% acima referidos, soma-se todos os yields distribuídos e divide-se pelo yield individual de cada uma das empresas. ⯀ O rebalanceamento é quadrimestral. ÍNDICES DE BOLSA DE VALORES NO EXTERIOR. ÍNDICES ACIONÁRIOS ESTRANGEIROS Índice S&P 500 Procura medir a performance da economia doméstica americana por meio das mudanças no valor agregado das 500 ações que representam as maiores indústrias. Os ativos elegíveis são ações de empresas listadas em bolsa nos Estados Unidos da América (EUA). 391 ⯀ Os critérios de seleção resumem-se à escolha, por parte de um comitê, relacionada ao tamanho, liquidez e representatividade de grupo industrial. Vê-se que os critérios não são tão objetivos como nos dos índices nacionais brasileiros. ⯀ A ponderação é feita pelo valor de mercado com o peso de cada ativo no índice, proporcional ao seu preço de mercado. Índice Dow Jones Foi criado em 1896 e é um dos mais antigos de todo o mundo. Começou com 12 empresas, passou para 20 e tem hoje 30 empresas. Desde o seu início, houve apenas 55 rebalanceamentos de carteira, o que denota extremo conservadorismo. Os ativos correspondem às ações das empresas listadas. Tem valor histórico e relevância, ainda que este índice não seja o mais fidedigno à realidade econômica norte-americana. ⯀ Os critérios de seleção resumem-se às escolhas feitas por comitê. ⯀ Não há ponderação. O índice é calculado pela soma da cotação das ações das empresas listadas dividida por um fator de correção de desdobramento das corporações (atualmente correspondente a 0,152). Índice Nikkei 225 Índice do mercado de ações que avalia o desempenho das 225 maiores empresas listadas na Tokio Stock Exchange. Assim como o Dow Jones, trata-se de um price-wheighted index (não há ponderação). É relevante porque mostra o que pode acontecer nos demais mercados acionários do mundo. Em 29 de dezembro 1989 bateu a marca dos 39.000 pontos. Em 10 de março de 2009 era negociada por 7.000 pontos. Atualmente encontra-se na casa dos 26.000 pontos. Índice Financial Times Stock Exchange Mede o desempenho das ações de 100 empresas listadas e seletas na bolsa de valores de Londres. Diz respeito às possibilidades da economia do Reino Unido. ⯀ Os critérios de seleção resumem-se à listagem na LSE medida pelo valor de mercado. ⯀ A ponderação é feita pela capitalização de mercado ajustada pelo free float. 392 Índice Hang Seng Índice do mercado de ações de Hong Kong que mede o desempenho das 50 maiores empresas, medidas pela capitalização de mercado, no país. Esse número representa aproximadamente 60% do total de capitalização da Bovespa atual. ⯀ A ponderação é feita pela capitalização de mercado e ajustada pelo free float. Índice NASDAQ-100 Índice de mercado composto por 102 ações emitidas pelas 100 maiores empresas não-financeiras listadas na NASDAQ. As corporações financeiras encontram-se agrupadas em outro índice (NASDAQ-100 Financial). Os setores envolvidos são os de tecnologia, varejo, telecomunicações, biotecnologia, saúde, transportes, mídia e de serviços. O rebalanceamento acontece sempre que uma empresa passa a deter 24% do valor total do índice ou quando a soma das participações das empresas com pelo menos 4,5% dele chegar a pelo menos 48% do valor total do índice. Mundialmente o NASDAQ é conhecido por ser o índice que reflete o desempenho do setor de tecnologia no mundo todo, visto que a maioria das empresas desse setor tem ações negociadas nele. ⯀ O critério de seleção corresponde às 100 maiores empresas listadas na bolsa de valores. ⯀ A ponderação é feita pela capitalização modificada. Isso para que a influência das maiores empresas seja diminuída. Portanto, essa metodologia que altera os pesos naturais. ⯀ O rebalanceamento é trimestral. Índice MSCI World Índice que mede o desempenho de empresas de médio e grande porte com presença global e em países desenvolvidos. Hoje abarca mais ou menos 1600 empresas. Os ativos elegíveis são ações de empresas listadas nos 23 países que compõem o índice e que representam, em cada um deles, 85% da capitalização de mercado free float. ⯀ A ponderação é feita pelo índice de capitalização de mercado ajustado pelo free float 393 ponderado pelo peso atribuído a cada país. 66% do índice, por exemplo, diz respeito aos EUA. O Japão corresponde a 7,8%. França, 3,4%. MSCI Emerging Markets Mede o desempenho do mercado de ações em países emergentes de todo o mundo. Os ativos elegíveis são os mesmos do índice anterior, porém aplicado a mercados emergentes. Corresponde a 27 países emergentes. Os demais critérios são todos iguais. A China representa 39%. A Coreia do Sul, 13,5%. Brasil, 5,1%. Índice Russell 2000 Extraído do Russel 3000, índice de maiores proporções. Este corresponde às 3000 maiores capitalizações dos EUA. Atualmente é mantido pelo Financial Times Stock Exchange (FTSE). O Russel 2000 corresponde às empresas small caps. Existe também o Russell 1000, relativo às empresas de maior capitalização. O Russell 2000 representa hoje 98% de toda a capitalização de mercado nos EUA. É ponderado pelo índice de capitalização do mercado ajustado pelo free float. ÍNDICES DE RENDA FIXA DOMÉSTICOS No Brasil, o mais conhecido deles é o conjunto que compõe o Índice de Mercado AMBIMA (IMA). Este é formado por uma carteira de títulos públicos semelhante à que representa a dívida pública brasileira. O indicador apresenta seus papéis na proporção da dívida. IMA Geral A dívida pública do Brasil é financiada por títulos públicos, que são divididos em diversas categorias. Este índice pega todos os títulos que compõem a dívida pública interna e pondera cada uma das categorias pelas suas participações relativas nela. Assim, acompanha-se o preço de mercado dos papéis para descobrir o cálculo de desempenho de títulos. Assim como qualquer outro índice, ele é importante para gestores de fundo avaliarem o 394 desempenho específico de carteiras. Estes são os títulos que compõem a família de índices IMA aplicados no Brasil: IRF-M Representa a evolução, a preço de mercado, da carteira de títulos públicos pré-fixados (LTN e LTN-F). A ponderação é feita pela capitalização de mercado. Corresponde somente a títulos com vencimentos colocados de forma competitiva em oferta pública e o rebalanceamento se dá mensalmente (IRF-1, IRF-M+1, IRF-MP2). IMA-C Representa a evolução, a preço de mercado, da carteira de títulos públicos indexada ao IGP-M e Notas do Tesouro Nacional Classe C. Os critérios são exatamente os mesmos do índice anterior. IMA-B Representa a evolução, a preço de mercado, dos títulos indexados ao IPCA e Notas do Tesouro Nacional Classe B. A ponderação é feita pela capitalização de mercado. Corresponde somente a títulos com vencimentos colocados de forma competitiva em oferta pública e o rebalanceamento se dá mensalmente (IMA-B5+, IMA-B5, IMA-BP2). IMA-S Representa a evolução, a preço de mercado, de carteiras com títulos remunerados pela Selic (LFTs). A ponderação é feita pela capitalização de mercado. Corresponde somente a títulos com vencimentos colocados de forma competitiva em oferta pública e o rebalanceamento se dá mensalmente. ÍNDICES DE RENDA FIXA ESTRANGEIROS 395 Bloomberg Barclays Aggregate Bond Index Trata-se de uma enorme família de indicadores, cujo objetivo é a mensuração de desempenho dos mercados de títulos globais. Entretanto, o que agora estudamos refere-se especificamente ao dos Estados Unidos da América (EUA). Atualmente, este indicador representa aproximadamente 15 trilhões de dólares em títulos gerais, com foco nos de grau de investimento. É composto por títulos públicos, lastreados em hipotecas (MBS, lastreados em ativos (ABS) e títulos corporativos. Em suma, títulos públicos e privados. São elegíveis títulos com grau de investimento (optativo), com valor nominal de negociação de no mínimo 100 milhões de dólares e com prazo de pelo menos 1 ano até o vencimento. A ponderação é feita pela capitalização de mercado e o rebalanceamento ocorre mensalmente. Bloomberg Barclays Emerging Markets Index Índice de referência de dívida em moeda local ou moeda forte dos mercados emergentes. Os títulos podem ser soberanos (emitidos pelos respectivos governos centrais), quase soberanos (emitidos pelas organizações supranacionais) e títulos privados (emitidos por corporações privadas). É composto por títulos do mercado de dívida dos países listados equivalentes a no mínimo 5 milhões de dólares, com grau de investimento e com prazo de pelo menos 1 ano até o vencimento. A ponderação é feita pela capitalização de mercado e o rebalanceamento ocorre mensalmente. FTSE World Broad InvestmentGrade Bond Index World Big Procura fornecer uma mensuração ampla dos mercados globais de renda fixa. Inclui dívidas governamentais com grau de investimento, dívidas patrocinadas pelos governos ou supranacionais, colaterizadas e corporativas. 396 Portanto, diz respeito aos títulos públicos e privados com grau de investimento. J.P Morgan Emerging Markets Bond Index (EMBI) Um dos índices mais conhecidos no Brasil porque serve como medida de risco-país. Cada 100 pontos-base representam exigência de prêmio de risco de 1% na dívida do país e por isso é tão relevante. Abarca títulos de dívida soberana, ou seja, somente títulos públicos. Os títulos elegíveis devem possuir valor de face pendente de no mínimo 500 milhões de dólares. A ponderação é feita pela capitalização de mercado limitando o peso relativo dos países com maiores estoques de dívida. A dívida da China em comparação com a da África do Sul é extremamente discrepante — fato que explica a limitação anteriormente citada, evitando distorções acentuadas. O rebalanceamento é mensal. Vale saber que existem EMBIs para vários países em específico. Existe a ponderação dos títulos domésticos e também a ponderação do país dentro do índice global. CLASSIFICAÇÕES DE AÇÕES Ações nada mais são que uma parcela do capital social de uma empresa. Um investidor quando as compra adquire uma ínfima fração dele, tornando-se sócio da corporação e participando, portanto, dos riscos inerentes ao negócio, dos lucros etc. A vantagem das ações é que contam com relativa liquidez de mercado. Se você possui um investimento e encontra-se em dúvida de abrir ou não um negócio, uma das maneiras é adquiri-las. Outro ponto é que a maioria delas tem muita rotatividade de mercado. O mesmo não vale para outros tipos de negócio. Assim, ações são as maneiras mais simples de alguém se tornar empresário ou sócio de empresas. ⯀ Ações preferenciais: com direito à preferência relativa à distribuição e recebimento de capital em casos de falência. O investidor convencional que opera no mercado geralmente não possui ações ordinárias na carteira porque as preferenciais possuem maior liquidez. 397 Os acionistas dessa modalidade não possuem direito a voto. Portanto, não decidem nada que se refira aos rumos a serem tomados pela companhia. Mas em alguns casos de empresas do Nível 2 e do Novo Mercado (graus de governança), eles são eventualmente convocados a votarem em pleitos de grande relevância. Por exemplo: trocas de controles etc. As preferenciais não possuem tag along assegurado por lei, o que não impede de que elas estejam protegidas por esse artifício de defesa. ⯀ Ações ordinárias: com direito a voto e talvez outras proteções adicionais. Geralmente, na bolsa de valores do Brasil, têm os seus códigos acompanhados pelo número 3. Por exemplo: Bradesco (BBDC3) e Vale do Rio Doce (VALE3). A relevância das ações ordinárias aumenta conforme o volume adquirido. Isto porque em votações, participações e deliberações o investidor ordinário com grande montante possui maior importância e poder de decisão. Além disso, as ações ordinárias são protegidas por tag along. Este é um mecanismo garantido por lei em casos de mudança de controle. Os acionistas minoritários têm, assim, a segurança de receber, pela venda de suas ações, o mesmo valor do controlador que o controlador eventualmente recebe pelas suas. A lei assegura 80% do valor correspondente, embora algumas empresas garantam 100%. As ações ordinárias também têm direito à distribuição de lucros, mesmo que a preferência seja das ações, como o próprio nome diz, preferenciais. Importante: empresas listadas no Novo Mercado só possuem ações ordinárias. Via de regra, empresas que possuem as duas classes de ações acima mencionadas têm mais liquidez nas preferenciais. UNITS Falamos de ativos compostos por mais de uma classe de valores imobiliários, sendo essas classes as ações ordinárias e os bônus de subscrição, vendidas na bolsa sob o código 11. Vale lembrar, que o dono de uma Unit tem direito a voto, desde que ela esteja em ações ordinárias. Sendo esse direito a voto equivalente a sua quantidade de ações que compõe a Unit e, também, terá direito a distribuição de juros sobre capital próprio e dividendos. Exemplos de Units: 398 Por exemplo, BPAC11, é uma Unit, composta por uma ação ON e duas PN. IBOVA11 também é uma Unit. ADR AMERICAN DEPOSITARY São recibos emitidos por bancos americanos, que permitem que o investidor americano ou investidores que operam na bolsa americana, consiga comprar ações de empresas estrangeiras e, ao mesmo tempo, permitem que empresas estrangeiras possam participar do mercado americano. Algumas empresas brasileiras têm ADR’s nos EUA, por exemplo, Ambev, Azul e Vale. O processo funciona da seguinte forma: O ADR é um título lastreado nesses papéis, ficando sob a custódia do banco. Emitir ADR’s é a forma mais rápida e fácil de entrar na bolsa americana. O investidor americano que compra uma ADR da Vale, por exemplo, não está comprando uma ação da Vale e sim comprará um título de custódia lastreado em ações da Vale. Vantagens do AR: ⯀ Redução da burocracia para a empresa acessar o mercado americano; ⯀ Capital arrecadado em moeda forte, o que pode elevar o volume de captação; ⯀ A empresa que opta por entrar no mercado americano pode fazê-lo aos poucos, acompanhando a receptividade do mercado. ⯀ O investidor americano tem a possibilidade de comprar ações estrangeiras. 399 Nós temos três tipos de ADR’s, ou seja, três modalidades de título. ⯀ Nível 1: são títulos que só podem ser negociados no mercado balcão. É composto por empresa que não terá qualificação ou desejo de estar listada em bolsa. ⯀ Nível 2: a empresa já aparece em bolsa ou na Nasdaq, mas não precisa lançar ações no mercado. É necessário respeitar as exigências das SEC. ⯀ Nível 3: é o tipo de possibilidade mais importante para se conseguir capital e ganhar notoriedade no mercado americano, pois é o nível mais prestigiado. As ADR’s classificadas nesse tipo já podem lançar uma emissão na bolsa. BDR BRAZILIAN DEPOSITARY Falamos de uma modalidade de investimento que funciona como certificados de ações, com modelo similar ao funcionamento do ADR. É praticamente o ADR brasileiro, permitindo o ingresso de empresas estrangeiras na bolsa brasileira, por conseguinte, permite os investidores brasileiros investirem em empresas estrangeiras. Quanto ao seu processo, um banco nacional compra ações de uma empresa estrangeira. Então, de posse das ações, a instituição financeira nacional fica como depositário desses títulos. Lastreando esses títulos, a instituição emite os BDR’s, sob organização e fiscalização da CVM. Para um investidor que compra esses títulos, quem fica como acionista é a instituição financeira e não o investidor. O acionista apenas terá um papel lastreado em ações da Google, por exemplo. Dentro desse aspecto, quem receberá os dividendos será a instituição financeira e não o investidor. A instituição depositária também é quem tem de receber as informações, para repassar ao investidor. Vantagens dos BDR’s: ⯀ Proporciona diversificação da carteira; ⯀ Permite ao investidor nacional atrelar os ganhos ao dólar; ⯀ É uma forma de participar dos resultados de grandes empresas estrangeiras. Toda atenção é necessária quanto ao câmbio, analisando sua cotação para prever o risco de perda. Lembrando que essa exposição ao dólar gera um risco maior sobre o papel. 400 Algum tempo atrás, os BDR’s eram vendidos somente aos investidores qualificados, mas atualmente são vendidos a qualquer investidor, ou seja, abarca a classe dos investidores simples. Os BDR’s também possuem classificações, existindo os BDR’s patrocinados e os não patrocinados. Sendo os patrocinados são aqueles cujas próprias empresas emissoras das ações têm interesse no mercado brasileiro e contrata uma instituição bancária brasileira. Dentro dos BDR’s patrocinados, têm-se os seguintes níveis: ⯀ Nível 1: a instituição depositária é obrigada a transmitir aos investidores brasileiros todas as informações que a companhia estrangeira é obrigada a divulgar. Não precisa de registro na CVM, pois só podem fazê-lo em mercado balcão não organizado; ⯀ Nível 2 e 3: nesses níveis é necessário obter o registro na CVM, na categoria A, podendo ser negociada na bolsa de valores. A diferença entre esses é que no nível 2, as ofertas são públicas com esforços restritos e, por sua vez, no nível 3 as ofertas são públicas e amplas, desde que registradas na CVM. Quanto às BDRs não patrocinadas, são emitidas por uma instituição depositária, sem envolvimento da companhia estrangeira emissora dos valores mobiliários lastro, e só podem ser classificadas como nível 1. Basicamente, por mais que tenhamos 4 tipos de BDR’S, na prática, teremos somente o nível dois e três como relevantes. RENDIMENTO DAS AÇÕES Falamos do retorno, em percentual, que um ativo traz ao investidor. Tendo alguns conceitos importantes para a compreensão do tema, sendo eles o valor nominal, patrimonial, de liquidação e de mercado. Valor Nominal É o valor convencionado para cada ação no momento da sua emissão, seja emissão primária ou emissão secundária. Diz-se que uma ação está cara quando ela vale menos do que seu valor nominal e barata quando o valor nominal está abaixo da realidade do valor da empresa. 401 Valor Patrimonial No que se refere a empresas, é o valor da mesma considerando apenas o patrimônio líquido. Considerando o número de ações é obtido dividindo-se o patrimônio líquido pelo número de ações emitidas. Valor de Liquidação Refere-se ao valor estimado da empresa, caso o negócio precise fechar, seja por vontade própria ou por vontades externas. Pagando os credores, vendendo os ativos tangíveis e intangíveis, teremos o resultado do valor de liquidação. É definido como o montante a ser obtido pelo acionista após a venda dos ativos. Valor de Mercado Por fim, falamos do valor atribuído pelo mercado à empresa. É obtido pela multiplicação do valor de negociação da ação e do número total de ações emitidas pela empresa. COMPONENTES DA TAXA DE RETORNO Quais são os componentes quando falamos da taxa de retorno? Para responder isso temos de compreender que falamos da taxa que é obtida dividindo-se o lucro de um investimento pelo montante de capital investido. Quando se trata de retorno futuro, há necessidade de agregar alguns elementos que compõem essa taxa, tais como: ⯀ Taxa Livre de Risco: é a taxa obtida por um rendimento em um ativo de mercado considerado livre de risco. ⯀ Taxa de Inflação Esperada: trata-se da taxa de inflação esperada para o período de análise que deve ser considerada. ⯀ Prêmio de Risco: falamos da remuneração exigida pelo investidor para o excedente de risco que determinado ativo ou negócio representa. ⯀ Prêmio de Risco-País: entra em casos de investimentos no exterior, onde devemos considerar o risco do país. 402 ROE – RETURN ON EQUITY E MODELO DE DU PONT ROE O ROE é obtido dividindo-se o lucro liquido pelo patrimônio liquido. É um indicador que mede a taxa de retorno de uma empresa sobre o capital próprio dos acionistas. Logo: Lucro Líquido ROE = ______________________ Patrimônio Líquido Modelo Du Pont É uma estrutura para analisar desempenho fundamental popularizada pela Du Pont Coporation. O modelo Du Pont desmembra o ROE, não alterando o cálculo do mesmo, mas apenas o decompõe em três. Ou seja, conseguiremos enxergar quais das variáveis estão prejudicando o ROE, conseguiremos saber, por exemplo, o motivo pelo qual ele está baixo. Com a seguinte formulação: Vamos enxergar de forma mais ampla, a partir do seguinte exemplo: 403 No exemplo nós conseguimos enxergar como obteremos a margem líquida, o giro do ativo e a alavancagem, propriamente dita. Vale lembrar, que o ROE por Du Pont, é igual a margem líquida vezes o giro do ativo vezes a alavancagem. Basicamente, são essas informações que o modelo Du Ponto pode nos prover, dando-nos a possibilidade de saber onde devemos atuar para melhorar o ROE. CARACTERÍSTICAS DE UM TÍTULO DE RENDA FIXA São investimentos onde o investidor está emprestando dinheiro ao emissor, que pode ser uma instituição financeira, o governo ou uma empresa privada, com regras definidas de remuneração. Prazo do Título O prazo do título envolve tanto a perspectiva do risco de crédito quanto a perspectiva de taxa de juros para o período de investimentos. Quanto maior o prazo, maior o tempo que o investidor estará exposto a esses riscos. Preço x Prazo Quanto maior o prazo de investimento, maior a sensibilidade do título em relação à taxa de juros. O preço à vista de um título nada mais é que o valor presente, descontado a taxa de juros de mercado. Ou seja, quanto maior o prazo, maior o desconto do título. 404 OUTRAS CARACTERÍSTICAS DE UM TÍTULO DE RENDA FIXA Veremos aqui, de forma rápida, algumas outras características de um título em renda fixa, sendo elas o prazo, o valor de face e a taxa de cupom. ⯀ Prazo: trata-se da data de vencimento do título, onde será resgatado o valor remanescente. ⯀ Valor de Face: é o montante que será resgatado no vencimento do papel. Também conhecido como valor de resgate ou valor nominal. Os juros do título são calculados pelo seu valor de face. ⯀ Taxa de Cupom: são os pagamentos periódicos que o investidor irá receber o que são definidos no momento da emissão dos títulos, definido no momento da emissão. Via de regra, são semestrais e anuais, existindo alguns que não pagam cupons ou, até, os que pagam mensalmente. Podendo ser fixa (10% ao ano, por exemplo) ou variável, geralmente atrelada à um índice (Selic+3%). RENDA FIXA PRÉ FIXADA E PÓS FIXADA Pré-Fixada São títulos cuja remuneração é fixa no montante do investimento. Os títulos pré-fixados podem ser do tipo com ou sem cupons. Com cupom, tem previsão de pagamentos periódicos a uma taxa definida na emissão. Sem cupom, por sua vez, não possui previsão de pagamentos periódicos. Se comprarmos um título de R$100 que nos remunera fixo 5%, com um cupom de 3%, nós receberemos ao fim do período R$100 + Juros remanescentes. Exemplo: 405 Pós-Fixados São títulos cuja remuneração é atrelada a um índice. Esse índice pode ser uma taxa de juros (Selic.CDI),ou inflação (IGP-M.IPCA). No caso de estar atrelado a um índice de inflação, geralmente está acompanhado por uma taxa de juros pré-fixada. Exemplo: Lembrando, que tanto os pós-fixados quanto os pré-fixados, podem ter cupons ou não. JUROS ACUMULADOS PELO PREÇO LIMPO E SUJO Falaremos dos conceitos básicos desses três tópicos em questão. ⯀ Juros Acumulados: falamos dos juros que se acumularam pelo título, desde o último pagamento de cupons. Um potencial investidor deverá pagar ao vendedor esses juros acumulados ao título, recebendo de volta o valor pago no próximo pagamento de cupom. ⯀ Preço Limpo: é o preço do título excluindo quaisquer juros acumulados. Em alguns mercados, é prática cotar títulos com base no preço limpo e acrescentar os juros acumulados, em caso de uma compra liquidada, para chegar ao real valor a ser pago. ⯀ Preço Sujo: por fim, falamos do preço de um título incluindo os juros acumulados após o pagamento do último cupom. PROVISÕES DE RESGATE O resgate antecipado é uma cláusula expressa na emissão. Falamos de um direito do emissor e não do investidor, poderá o emissor resgatar o título antecipadamente, antes de sua data de vencimento. Provisões de resgate também podem existir com ações preferenciais, mas são mais 406 comumente associadas a títulos de renda fixa. Trata-se de uma conta onde esse valor será abrigado, de certa forma, assegurando o cumprimento do contrato. PRECIFICAÇÃO DE TÍTULOS DE RENDA FIXA Falaremos dos princípios gerais de precificação de títulos de renda fixa. Sendo eles o preço de mercado, ágio e deságio e retorno exigido do investimento. Preço de Mercado Feita a emissão, os títulos de renda fixa são negociados no mercado secundário, normalmente no balcão. Assim, caso um investidor precise desfazer-se do título antes do vencimento, ele poderá fazê-lo Ágio e Deságio Refere-se ao preço estar abaixo ou acima do valor de marcação da curva de mercado Por exemplo, compramos um título por R$800,00, que resgataremos no dia 0 por R$1.000. Digamos que precisamos vender esse título, e encontremos o mesmo título no mercado por $920,00, um valor superior, ou seja, configura-se Ágio. Agora, se o título estiver por R$780,00, um valor inferior ao que pagamos, configura-se Deságio. Retorno Exigido do Investimento De uma forma resumida, o retorno exigido do investimento é composto pela taxa livre de risco acrescida do prêmio de risco. MARCAÇÃO PELA CURVA É o valor do título representado pelo custo de aquisição da atualização pelo indexador se houver e dos juros calculados, sobre o valor de emissão do título. Sendo utilizado na precificação dos títulos que ficarão na carteira para serem resgatados 407 apenas no vencimento. O retorno exigido por um título público leva em consideração estes riscos, mas em casos de título privado, deve-se acrescentar a taxa livre de risco. Disposta da seguinte forma: Sempre que formos precificar, podemos enxergar a partir disso os ágios e deságios. Se pretendermos ficar com o título, vamos dar atenção à marcação de mercado, mas se pretendermos resgatar antecipadamente, o ideal é analisarmos a marcação da curva. Basicamente, as marcações nos ajudam a identificar os ágios e deságios e a trabalhar da melhor maneira com essas informações. PRINCÍPIOS GERAIS DE PRECIFICAÇÃO DE TÍTULOS Falaremos dos princípios gerais de precificação de títulos de renda fixa, levando em conta títulos corporativos versus títulos públicos; em perspectiva essa, formação de preços. Títulos Corporativos São títulos de emissão de ente privado, com objetivo de financiar novos projetos e expandir suas operações. Pode ser investimento “Grade” ou “Speculative”. Em geral, títulos corporativos têm prêmio de risco maior que títulos públicos. Estando expostos aos seguintes riscos: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Risco de prazo; Risco de inflação; Risco de crédito; Risco de liquidez; Selic; 408 Títulos Públicos Trata-se de títulos emitidos por entes do setor público. Geralmente, envolve a emissão de dívidas soberanas pelo Governo Central. Podem ainda ser pré-fixados, vinculados à inflação ou vinculados à taxa básica de juros. Podendo ainda, incluir no setor público os títulos de agência do governo (semi-público) e títulos de governo locais. São considerados ativos livres de risco, embora o risco não seja zero. Estão expostos aos seguintes riscos: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Risco de prazo; Risco de inflação; Risco de crédito; Risco de liquidez. O investidor cobra um prêmio para esses riscos, tanto para títulos públicos quanto para corporativos. PROCESSO DE PRECIFICAÇÃO TÍTULOS Trata-se do processo de estimar o preço de mercado do título, temos que estimar fluxos futuros, a taxa de desconto e calcular o valor presente. Sem Cupom Por exemplo, título com 350 dias até o vencimento e valor de face R$100,00, com taxa de 10% e sem cupom. Qual o valor do título? 409 Com Cupom Vejamos agora, um exemplo de um título público ou privado, mas que contempla o pagamento de cupom: Lembrando que o exemplo acima se refere a um cupom pago semestralmente, com um valor face de R$100, dado um cupom de 6% ao ano e, por fim, com uma taxa de 10,68% ao ano. O cupom sempre é calculado sobre o valor de face e não pelo valor que pagamos por aquele título. Para chegarmos ao resultado final, precisamos trazer todos os cupons ao valor presente, então, chegaremos ao valor de “hoje” demonstrado na imagem. Basicamente, é assim que precificamos um título de renda fixa com pagamento de cupom previsto, nada mais é do que os fluxos de caixa futuros trazidos ao valor presente. Fatores que Influenciam o Preço dos Títulos Temos dois principais fatores que influenciam no preço dos títulos. Sendo eles os juros e os prazos. A taxa de juros nada mais é que o fluxo de caixa antecipado dos cupons e valor de face. Os aumentos dos juros reduzem o valor presente do título. 410 Para estimar o impacto dos juros no preço de um título, o mercado utiliza um indicador conhecido como “Durations”, que é o prazo médio ponderado do valor presente dos fluxos de caixa de um título. O “Duration” é afetado tanto pelos pagamentos de cupons regulares quanto pelo prazo final de resgate. RENDA FIXA E TAXA A TERMO Falaremos do último conceito que define os princípios gerais de precificação de títulos de renda fixa. Voltando nossa atenção para taxa a termo. Trata-se da taxa que deve vigorar a partir de uma data futura em relação à data presente em que se está analisando ou precificando um fluxo de caixa qualquer. Vejamos o seguinte exemplo: O que acontece é que nós temos um título longo nos remunerando 15% ao ano e, também, temos outro título curto nos remunerando 10% ao ano, dados 350 dias para o primeiro e 150 para o segundo. Precisaremos encontrar a taxa termo, que se encontra em X, ou seja, entre 150 e 350 dias. A taxa termo faz com que no período igual o preço se iguale. E para encontrarmos a taxa termo, temos a fórmula apresentada no exemplo. O resultado desse exemplo nos diz que teremos de cobrar 18,99% referentes a taxa termo, que se iguala ao rendimento das duas aplicações. CARACTERÍSTICAS DO CRI Nada mais são do que certificados de recebíveis imobiliários. Falamos de um título lastreado em créditos imobiliários. Onde o investidor terá direito a receber uma remuneração (geralmente juros) do emissor 411 e, periodicamente, ou quando do vencimento do título, receberá de volta o valor investido. Os riscos envolvidos são os mesmos de crédito do mercado de liquidez, sendo minimizado pela pulverização dos títulos. Logo, não falamos de um investimento com mínimo, mas em média eles têm valor unitário de R$300.00,00. Podem vir a ter uma remuneração de taxa de juros pré-fixada ou pós-fixada, desde que ajustada por uma taxa fixa. Sendo admitidas como remunerações que corrigem o CRI, taxa referencial ou taxa de juros de longo prazo, observado o prazo mínimo de um ano. É admitida a estipulação de cláusula de reajuste com periodicidade mensal, caso as taxas flutuantes sejam por índices de preço setoriais ou gerais. Por se tratar de renda fixa, os rendimentos são isentos de imposto de renda para pessoa física. E, o regime fiduciário, garante segregação de risco do emissor. Ou seja, caso a securitização tenha dificuldades financeiras o fluxo de pagamentos para investidores não será afetado, uma vez que os recebíveis estão segregados do patrimônio do emissor. Por fim, suas garantias são os contratos de financiamento bancários e contratos de aluguéis e os tipos de CRI, são pré ou pós fixados. CARACTERÍSTICAS DE INVESTIMENTOS ALTERNATIVOS São definidos por uma classe de aplicações que fazem parte da economia real e são considerados inovadores por não se encaixarem nos moldes dos mercados tradicionais, normalmente, ligados às aplicações de renda fixa ou a compra de ações na bolsa. Falaremos aqui dos imóveis, dos “private equity”, das commodities, das “venture capitals”, das modalidades de infra-estrutura, das pedras preciosas e das artes. Vantagens de Investimentos Alternativos Os investimentos alternativos têm diversos aspectos contrastantes com os investimentos tradicionais. Sendo as principais vantagens dos investimentos alternativos: ⯀ Diversificação de carteira; ⯀ Não-correlação com o mercado tradicional; ⯀ Proteção ativa na escolha do investimento; 412 ⯀ Diversidade de setores. Investimentos Alternativos x Investimentos Tradicionais Quanto aos aspectos contrastantes ditos anteriormente, nós temos as seguintes áreas de diferença entre os investimentos alternativos e os investimentos tradicionais: Imóveis O investimento imobiliário diz respeito à compra de imóveis com o objetivo de obter lucro, seja por meio de aluguel ou pela valorização e venda do imóvel. Aqui se tem total ação ativa no imóvel, desde a construção e planejamento a depende do caso, diferente dos fundos imobiliários. Normalmente, os investidores buscam esses imóveis visando a valorização para uma possível venda futura, mas também utilizam-se da opção de receber aluguéis. 413 Private Equity Trata-se de um tipo de investimento financeiro realizado por fundos de gestão ativa, nos quais são adquiridos participações de empresas que ainda não estão listadas em bolsa de valores, ou seja, de capital fechado. O objetivo do investidor é alavancar seu crescimento tanto na parte financeira quanto em capacidade de administração. Esses investimentos são realizados via empresas de participações privadas, que gerem fundos de Private Equity. Geralmente, os investimentos em private equity consistem em 3 etapas, sendo elas: Nessa modalidade, conhecer o gestor e sua equipe é o melhor conselho possível para prever e analisar a alavancagem da empresa. Venture Capital São fundos de investimentos em empresas que se diferem dos private equity porque fazem aportes nas chamadas Startups, muitas vezes nas fases iniciais dos projetos, sem ao menos haver produtos ou serviços lançados. Por exemplo, o FaceBook era uma venture capital, que foi escolhida por um investidor. Commodities Basicamente, são definidas como toda matéria-prima básica utilizadas pelo mundo inteiro, tais como minério de ferro, milho, trigo, alumínio e ouro. Portanto, é algo que não tem marco, minério de ferro é minério de ferro, não há diferenciação de produto. Falamos de contratos futuros, que têm como objetivo oferecer a opção de hedge aos produtores, protegendo-os de flutuações indesejáveis nos preços. A contraparte seria oferecida pelos especuladores, que ganhariam exatamente com essas oscilações. ⯀ Suas principais características: ⯀ Não existe diferenciação do produto; 414 ⯀ Podem ser estocadas; ⯀ Facilmente intercambiáveis; ⯀ Possibilidade de negociação global. Sendo classificadas em algumas modalidades: As commodities acima são as mais comuns e mais conhecidas, destacando-se dentro delas, as agrícolas e minerais. Lembrando, que elas variam de acordo com a oferta e demanda, levando em conta monopólios e aceitabilidade do mercado. Como investir em commodities? Para operar commodities no mercado à vista, seria necessária capacidade de compra, armazenamento e distribuição. Normalmente, quem investe tem uma empresa que atua dentro do mercado de commodities. Sendo suas vantagens e desvantagens: Por exemplo, a quebra da barragem da Vale é um evento incerto e não previsto que afeta os preços. Exchange Trade Funds (ETF’s) Falamos de um fundo de investimento colocado a venda como se fosse uma ação e que geralmente segue variações de índices. Por isso, também é considerado como fundo de 415 índice. É uma estratégia de investimento passivo, atraente por conta do baixo custo, facilidade de negociação, diversificação, redução de exposição aos riscos e liquidez. Mercados de Investimentos Alternativos – Due Diligence Temos de ter em mente as due diligence, que é um processo que envolve a análise e avaliação detalhada de informações de determinada empresa. Este estudo presente abranger aspectos contábeis financeiros, legais, trabalhistas, imobiliários e jurídicos da empresa. O processo de due diligence consiste em: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Análise das demonstrações contábeis e financeiras; Verificação da existência de possíveis riscos e oportunidades para o negócio; Busca de passivos ocultos; Análise das obrigações presentes e futuras assumidas. O processo de Due Diligence imobiliária consiste em profissionais especializados em direito imobiliário. Analisando: ⯀ Análise de documentos (IPTU, ITBI, certidões, etc.); ⯀ Documentos do vendedor, certidões negativas, de cartório e contrato social; ⯀ Documentos técnicos, plantas, convenções de condomínio e habite-se. Como podemos observar investimentos em private equity, imóveis ou até mesmo venture capitals, necessitam de due diligence para garantir que as informações prestadas pelos responsáveis pelo ativo objeto de interesse de investimento, são confiáveis e refletem a realidade dos números e riscos do negócio. ANÁLISE DE CRÉDITO E OS 5C’S 416 Precisamos compreender que para aprovar uma linha de crédito, bancos e instituições financeiras analisam diversas questões importantes sobre a pessoa física ou jurídica que está solicitando o crédito. Sendo analisadas cinco características do requerente, sendo elas: Caráter: é a avaliação da índole do tomador, qual é a reputação dele como tomador de crédito. Pessoas com bom antecedente e relação com mercado têm maior possibilidade crédito. Capacidade: capacidade do solicitante de arcar com os compromissos, diz respeito às condições financeiras. Capital: trata-se de uma análise do patrimônio líquido do requerente e de seus sócios. Entra o patrimônio, as dívidas e toda a estrutura de capital do requerente. Colateral: refere-se à capacidade da empresa, sócios ou avalistas, em fornecer garantias para o crédito que está sendo concedido. Condições: falamos das informações sobre a capacidade dos administradores de se adaptarem a situações conjunturais, ter agilidade e flexibilidade de adaptar-se e criar mecanismos de defesa. Uma análise qualitativa das condições. ANÁLISE DE CRÉDITO QUALITATIVA É uma análise subjetiva dos riscos de uma empresa, sendo mais comum quando usada com a análise quantitativa, essa sim, é objetiva. Essa análise procura investigar os seguintes aspectos: ⯀ Estratégia Empresarial: adequação da estratégia e a qualificação dos gestores para atingirem os resultados esperados. Visando aumentar a competitividade da empresa; ⯀ Capacitação e Estrutura: refere-se a qualidade dos recursos humanos disponíveis e a aderência de sua estrutura organizacional em relação à seus objetivos. Nível de profissionalização, gestão, sucessão, etc.; ⯀ Aspectos Mercadológicos: condução da empresa no mercado em que atua, com análises sobre barreiras de entrada de novos concorrentes, possibilidades de expansão, posicionamento de mercado e perspectiva; ⯀ Tecnologia: avaliação da atualização tecnológica da empresa em relação ao mercado e seus concorrentes; ⯀ Gestão de Operação: avaliação do desempenho da empresa em relação aos 417 parâmetros de eficiência, qualidade e velocidade. Identificação da atualização em relação aos modernos métodos de processos e gestão de operações. ANÁLISE DE CRÉDITO QUANTITATIVA Falamos da análise da empresa a partir de índices de liquidez e capacidade de pagamento com base em demonstrações e dados da empresa. Os principais tipos de análises e demonstrações são: ⯀ Análise Horizontal: mede a evolução nominal de cada conta, permitindo verificarmos o crescimento da rubrica ao longo do tempo. ⯀ Análise Vertical: por sua vez, permite verificar o peso de cada rubrica sobre uma base 100, que geralmente é o faturamento da empresa. Basicamente, ambas as análises nos permitem verificar a rubrica empresarial, tomando com base alguns dados para tal. Análises por Índices Essas análises, por sua vez, nos permitem uma avaliação da empresa sob diversos prismas. Também tem como base as demonstrações financeiras, sendo as principais: ⯀ Índices de Liquidez: A liquidez geral irá nos dizer quantos reais nós temos para cada real de passivo geral. Ou melhor, o quanto temos de ativo para cada real que devemos. A liquidez corrente, no curto prazo, nos diz quantos reais nós temos para cada real que devemos. 418 A liquidez seca nos comunicará o que temos em caixa, tirando o estoque e as despesas. A partir dela conseguiremos enxergar a liquidez seca da empresa. Todos esses índices de liquidez, dizem muito a respeito da capacidade de uma empresa de honrar com os seus pagamentos e, por conseguinte, dirá também se ela tem a possibilidade de encontrar crédito no mercado. ⯀ Índices de Desempenho: Obs: na Margem Operacional, temos de substituir “Margem Operacional Líquida" por “Receita Operacional Líquida”. Lembrando, que nos índices de desempenho nós tratamos de um percentual, diferentemente dos índices de liquidez que falamos de um valor real. Aqui, os resultados serão um percentual. A margem operacional nos ajudará a medir se empresa é eficiente naquilo que era se propõe a fazer, conseguiremos enxergar a margem do desempenho operacional da empresa. Se a empresa está aumentando a margem operacional, ela está se desenvolvendo e crescendo, e, é claro, se a empresa diminui sua margem de desempenho operacional, ela está decaindo em qualidade da operação. ⯀ Índices de Estrutura ou Endividamento: Quanto à participação de capital de terceiros, ela nos informa a medida de alavancagem que temos. Vai nos dizer qual é a porcentagem de capital de terceiros dentro da empresa. A composição do endividamento nos dirá quanto do endividamento da empresa é de 419 longo prazo e curto prazo. Imobilização de capital próprio nos informará quanto do patrimônio se tornou um capital imobilizado, prédio, por exemplo. Em algumas empresas o que tem maior valor é o capital imobilizado, como as empresas com grandes terrenos. ⯀ Índices de Atividade O prazo médio de estoque se refere ao momento em que fazemos o pedido e o fornecedor emitiu a nota, ficamos mais 30 dias para produzir, entregar e receber os valores, sendo formado assim, o nosso ciclo operacional. Por sua vez, o ciclo financeiro nos dirá quanto tempo um produto demora em sair da empresa e retornar com valor financeiro. Por isso, soma-se o prazo médio de estoque com o prazo médio de recebimento. Técnicas Estatísticas São utilizadas com o objetivo de obter um índice ou indicador, que nos mostrará a chance de solvência da empresa. Envolve coleta de dados, tabulação, apresentação, análise, interpretação e conclusão, permitindo conhecermos melhor a empresa. Método do Credit Scoring – é bastante utilizado no Brasil pela Serasa, trata-se de um tipo de análise utilizada para a avaliação da qualidade de crédito de clientes. Pondera idade, profissão, renda, atividade profissional, patrimônio, tipo de residência. Método do Risk Ratings – trata-se de uma metodologia que avalia uma série de fatores, atribuindo nota a cada um desses fatores, resultando em uma nota final a respeito da capacidade honrar seus compromissos. ANÁLISE DE CRÉDITO VERTICAL E HORIZONTAL E OS RISCOS DOS RATINGS Alguns erros grandes marcaram a história dos ratings, por falta de uma análise vertical e horizontal, temos Enron como exemplo desses erros. Temos também a crise asiática como um desses erros, pois as agências recomendavam investimento nos tigres asiáticos, assim 420 como na crise de 2008. Quando se fala em consistência vertical e horizontal e a concessão de ratings pelas agências classificadoras de riscos a hipótese principal é de que não deve haver diferença na consistência entre os índices financeiros verificados através dos indicadores contábeis e as classificações de crédito corporativo concedidos pelas agências classificadoras de risco ao longo do tempo. Quais são os riscos quando nós utilizamos os ratings das agências: ⯀ Inconsistência entre os ratings e os indicadores econômicos e financeiros das empresas; ⯀ Utilização das notas de ratings e dispensando a análise própria no investimento; ⯀ Conflitos de interesses das empresas, uma vez que os principais clientes das agências são as mesmas corporações e governos que são analisados; ⯀ Impossibilidade das agências de antever potenciais crises sistemáticas; ⯀ Dependência excessiva das 3 maiores agências classificadoras de riscos. Por fim, existe um risco de credibilidade quanto à avaliação dessas agências, pois se elas estiverem erradas o prejuízo de se investir pode vir a ser imenso. ESPECIFICAÇÃO NA FORMAÇÃO DE GARANTIAS Falamos da emissão de debêntures, que podem ser feitas por meio de emissão com garantia ou sem garantia. Durante o processo de emissão, conforme o regulamento da CVM, a empresa emissora deve especificar e formalizar que tipo de garantia oferecerá aos investidores. As garantias se enquadram nas seguintes classificações: Garantia Real: envolvendo o comprometimento de bens ou direitos que não poderão ser negociados sem a aprovação dos debenturistas, para que a garantia não fique comprometida. Garantia Flutuante: assegura privilégio geral sobre o ativo da emissora, mas não impede a negociação dos bens que compõem esses ativos. Dentro das formas de garantias, existem duas subespécies de debêntures: ⯀ Espécie Quirografária: onde o debenturista disputa o crédito em igualdade de condições com outros credores não preferenciais. Por exemplo, os fornecedores de uma 421 empresa que fechou, entrarão na fila conosco. ⯀ Espécie Subordinada: permite que todos os credores da empresa sejam pagos antes dos debenturistas, que só tem preferência sobre os acionistas. Por exemplo, em casos de a empresa fechar, nós iremos para o final da fila na hora de receber. PROCESSO E FATORES DE ANÁLISE DE CRÉDITO Tem como objetivo avaliar a capacidade de pagamento da empresa, ou da pessoa física, que está solicitando crédito. O processo identifica o perfil e as condições financeiras da empresa a partir de suas informações básicas e seus dados financeiros, verificando a capacidade de cumprir a promessa de pagamento para validar ou rejeitar um pedido de concessão de crédito. Os principais dados analisados são: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Proposta de crédito; Balancetes que comprovam a situação financeira do negócio; Faturamento dos últimos meses; Questionário de avaliação; Resumo da situação de balanço; Plano de negócios, que inclui produtos e serviços oferecidos, ramo de atividade, missão, visão, e valores da companhia, entre outras informações relevantes que direcionam a gestão. A partir dos dados apresentados, nós conseguimos fazer três tipos de análises: Análise Retrospectiva: que pega o desempenho histórico do consumidor e identifica os riscos do segmento. Verificando os fatores que indicam desafios para a concessão de crédito e a capacidade da empresa de superar ou amenizar os riscos. Análise Tendência: analisa a condição financeira da empresa a partir do crédito exigido e outros eventos financeiros, indicando a tendência a honrar os compromissos assumidos. Capacidade Creditícia: representa a definição sobre a solicitação do cliente, com a concessão do limite de crédito apontado pelas análises. Feita pelas empresas que analisam crédito dos clientes. Com isso em mente, é evidente que uma série de ferramentas para executar essas análises. As principais tecnologias disponíveis são: 422 ⯀ Business Intelligence: coleta e processa um grande volume de informações para gerar estatísticas confiáveis e determinar se a venda a prazo é uma boa idéia naquele contexto. Garante agilidade e ajuda a identificar os riscos da operação; ⯀ Machine Learning: é uma espécie de inteligência artificial onde conseguimos criar modelos de concessão de crédito, com base em algum as diretrizes; ⯀ Big Data: usa diferentes fontes para coletar dados e oferecer informações valiosas, que trazem exatidão para a análise de crédito. Análise dos Ratings de Crédito Quando falamos de análise dos ratings de créditos, temos as “Big Three”, que são as três maiores dentro do segmento, sendo elas Moody’s Investor Services, Standard & Poor’s e Flitch Ratings. Essas agências são internacionais que avaliam títulos, empresas e países, de outro modo, qualquer emissor de dívida, classificando eles por grau de investimento ou especulativo. Para divulgar esse risco de crédito, as agências publicam ratings que organizam esse risco em relação à capacidade da empresa de honrar seus compromissos. Utilizando tanto análises qualitativas, quanto análises quantitativas. Moody’s Investor Services Fundada em 1989, em Nova York, que realiza análises de diversos títulos públicos ou privados emitidos por governos ferais, estaduais e municipais, bem como títulos emitidos por grandes corporações. Classificam todos os países do mundo, e suas empresas mais relevantes, em dois grandes grupos, aqueles que possuem grau especulativo e aqueles que possuem grau de investimento. Por exemplo, “AAA” é o mais baixo grau de risco dentro da classificação da Moody’s, indo até o nível “C” que é grande a possibilidade default. Standard & Poor’s (S&P) Fundada em 1860 e é considerada a mais tradicional agência de crédito do mundo. 423 Por sua vez, ela classifica todos os países do mundo, e suas empresas mais relevantes, em grau especulativo e grau de investimento. Porém, diferente da Moody’s, seu grau excelente começa em “AAA” e vai até “D”, um pouco mais abaixo da agência anterior. Fitch Ratings Sendo ela a menor dentre as agências de risco, por assim dizer, a menos badalada. De Nova York, fundada em 1997 com a IBCT Limited, passando a ter um escritório em Londres. Possui a mesma modalidade de classificação, por grau especulativo e aqueles que possuem grau de investimento. Utilizando do “AAA”, como o mais excelente nível, indo até o nível “D”, o mais baixo. CÉDULA DE PRODUTO RURAL - CPR Falamos, pela primeira vez, de um título de renda fixa que não é emitido por uma instituição financeira ou semelhante. Os emissores são produtores rurais ou cooperativas rurais, que, por meio das cédulas, se permitem obter recursos para desenvolver produção ou empreendimento com comercialização antecipada ou não. Aspectos legais e negociação: ⯀ Trata-se de uma remessa de entrega futura de produtos rurais; ⯀ Um título cambial negociável em balcão ou em bolsas de mercadorias; ⯀ Serve para o produtor rural pessoa física; É exigível na final de vencimento, a multiplicação do preço convencionado pela quantidade de produtos especificados. Por exemplo, temos uma CPR de 100 sacas de café. A CPR física diz respeito a entregar o produto e a CPR financeira diz respeito a entregar o recurso resultante. Vantagens de uma cédula de crédito de produto rural: ⯀ Isenção de IOF (Imposto sobre Operações Fiscais); 424 ⯀ Limite rotativo com pos sibilidade de contratação em qualquer f ase do empreendimento; ⯀ Possibilidade de melhores condições na comercialização de produtos e negociação; ⯀ Taxas atrativas; ⯀ Possibilidade de financiar insumos e tudo que envolve o custeia da produção; ⯀ Permite a garantia real para corporativas e para garantias pessoais, as finanças ou hipotecas. Lembrando que as garantias são obrigatórias. MEDIDAS DE LIQUIDAÇÃO DOS TÍTULOS Um mercado líquido é definido como aquele em que as negociações podem ser executadas sem custo. Na prática, um mercado com custos de transação muito baixos é caracterizado como líquido e com altos custos, como ilíquido. O Spreed Bid-Ask é uma medida de mercado comumente usada para medir liquidez. Ele rende o custo de execução de negociações, em tempo real, com custo normalmente calculado como a diferença entre o preço de compra e o preço de venda. Por exemplo, ele se encontra entre a maior oferta de compra e a menor oferta de venda, quanto menor for essa diferença, em caso de a maior oferta de compra ser 10, e de venda ser 10,02, no caso esses 0,02 são o Bid-Ask. O número de transações por dia é outra medida de liquidez. Quanto maior o número de transações por dia, maior a liquidez. Outra maneira de medir a liquidez é o volume de ofertas à disposição para compra e venda no mercado. Finalmente, outra medida de liquidez é o preço do papel. Uma vez que liquidez tem valor, os títulos mais negociados têm preços mais elevados que os menos negociados. Por exemplo, se o papel tem ágio, ele é bem líquido quanto a preço. Mas se o papel se encontra em deságio, ele é ilíquido. Lembrando, que aqui falamos de liquidez dentro da ótica do vendedor. CCB – CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO Falamos de um título de crédito emitido de forma escrita, por pessoa física ou jurídica, em favor de uma instituição financeira ou de entidade a esta equiparada, que representa uma promessa de pagamento em dinheiro. 425 Os emissores, seja PF ou PJ, estão expostos aos mesmos riscos de mercado, de crédito de mercado e de liquidez. ⯀ De acordo com a legislação a CCB deve conter alguns requisitos essenciais, sendo eles: ⯀ Denominação expressa de cédula de crédito; ⯀ A promessa de pagar a dívida em dinheiro, dentro das diretrizes estabelecidas; ⯀ Data e lugar do pagamento da dívida; ⯀ Nome da instituição credor; ⯀ Data e lugar da emissão da cédula; ⯀ Nome do devedor; Quanto às vantagens e desvantagens da CCB, temos as seguintes possibilidades: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Pode ser emitido com ou sem garantia real; Há possibilidade de aquisição pelos fundos mútuos, fundações e seguradoras; Podem ser revendidas pelas instituições financeiras; O inadimplente pode ser executado sem necessidade de disputa judicial; Quanto a garantir, podemos tê-la por meio de uma fiança como qualquer empréstimo, uma garantia real de bens patrimoniais. A garantia poderá ser certificada no documento, de forma separada. Se falarmos de crédito consignado, que é uma forma de CCB, a garantia é o desconto do crédito direto na folha de pagamento. CERTIFICADO DE DIREITO CREDITÓRIOS DO AGRONEGÓCIO Falamos de um título de crédito nominativo, de livre negociação e representativo de promessa de pagamento em dinheiro, vinculado a direitos creditórios originários de negócios realizados entre produtores rurais (ou suas corporativas) e terceiros, inclusive financiamentos ou empréstimos. Os emissores são as cooperativas rurais e os produtores, mas também podem vir a ser outras pessoas jurídicas que exercem atividades de comercialização de produção e negociação de insumos agropecuários ou produtos utilizados na produção. Lembrando, que quanto aos seus tipos, eles podem ser pré e pós-fixados. 426 Aspectos legais e negociação: ⯀ Possui os mesmo riscos da renda fixa, de crédito e de liquidez; ⯀ São realizados pelos agentes da cadeia produtiva; ⯀ Os direitos creditórios ligados a esses certificados devem ter custódia de alguma instituição financeira com registro; ⯀ O financiamento do título por investidores privados faz com que a taxa seja mais competitiva para produtores rurais do que se fosse tomado um empréstimo direto no banco; ⯀ São utilizados como lastro para letras de crédito. Vantagens e desvantagens: ⯀ Permite ao emissor a captação de recursos de médio e curto prazo, principalmente no período entre safra; ⯀ A rentabilidade desses ativos costuma ser mais alta pela percepção de um maior risco de crédito por parte de seu emissor; ⯀ Tem isenção de Imposto de Renda e IOF (Imposto sobre Operações Fiscais). Garantias: ⯀ Suas garantias são os próprios certificados por agentes da cadeia produtiva envolvida. CERTIFICADOS DE RECEBÍVEIS DO AGRONEGÓCIO Falamos de títulos de renda fixa lastreados em recebíveis originados de negócios entre produtores rurais ou suas cooperativas, e terceiros, abrangendo financiamentos ou empréstimos relacionados à produção, comercialização, beneficiamento ou à industrialização de produtos, insumos agropecuários ou máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária. Aspectos legais e negociação: ⯀ São vinculados ao agronegócio, seus prazos tendem a serem maiores; 427 ⯀ Os pagamentos de juros podem ser feitos de maneira periódica; ⯀ Por ter um risco de crédito de liquidez maior, os CRA’s são considerados ideais para quem está buscando um rendimento fixo maior; ⯀ Tem risco de liquidez e crédito, maiores que aplicações conservadoras em renda fixa; ⯀ Seus tipos são os pré-fixados e pós-fixados Vantagens e desvantagens: ⯀ Diversificação da carteira; ⯀ Previsão de fluxo de caixa futuro; ⯀ Regime fiduciário garante segregação do risco, ou seja, caso a seguradora tenha dificuldades financeiras, o fluxo de pagamentos para os investidores não será afetado, uma vez que os recebíveis são segregados do patrimônio; ⯀ São isentos de imposto de renda para pessoa física. DEBÊNTURES Falamos de uma forma de captação muito utilizada pelas empresas do mercado. É um título de dívida privada emitido por uma empresa para arrecadar recursos. Quem pode emitir são as sociedades anônimas de capital aberto ou fechado. Quanto aos seus riscos, temos o risco de crédito, o risco de mercado e o risco de liquidez. E, não obstante, o valor varia conforme o emissor e suas características estabelecidas Aspectos legais e negociação: ⯀ Possuem três tipos: as conversíveis, as não conversíveis e as permutáveis; ⯀ As debêntures podem ter sua remuneração pré-fixada, desde que atreladas à taxa referencial, à taxa básica financeira ou às taxas flutuantes (ou, TR, TBF e TF); ⯀ Alternativamente é permitida a emissão de debêntures com cláusula de correção monetária, baseada em coeficientes fixados para a correção monetária de títulos públicos federais; ⯀ Podemos ter debêntures com variação cambial. Forma de contrato: 428 ⯀ São todas descritas na escritura de emissão, onde tudo é estabelecido. Vantagens e desvantagens: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Diversificação para o investidor; Para as empresas ajudará na captação de recursos; Taxas de juros menores do que as dos bancos; Possibilidade de conseguir um volume alto de capacitação. Garantias: ⯀ Garantia real que oferece o menor risco, pois envolve o patrimônio real. Sendo a mais segura das modalidades de garantia; ⯀ Garantia flutuante, que podem ser substituídas por semelhante; ⯀ Garantia Quirografária, onde o debenturista disputa o crédito com igualdade de condições com outros credores; ⯀ Garantia subordinada, quando só recebemos debêntures após todos os credores receberem; Tipos: ⯀ Não conversíveis, são as que não podemos converter em ações; ⯀ Conversíveis, trata-se das que podemos converter em ações; ⯀ As permutáveis são as que nos permitem trocar as minhas debêntures por ativos da empresa e até de outras empresas. DPGE – DEPÓSITO A PRAZO COM GARANTIA ESPECIAL Falamos de um título de renda fixa representativo de depósito a prazo criado para auxiliar instituições financeiras. A garantia especial se refere ao FGC (Fundo Garantidor de Crédito) em até R$40 milhões para pessoa física ou jurídica. Possui o seu risco dentro do risco de mercado, risco de crédito e risco de liquidez. Vale lembrar, que ele não 429 Aspectos legais e negociação: ⯀ É um depósito a prazo sem emissão de certificados; ⯀ O prazo de resgate é determinado no momento da contratação, não podendo ser inferior a seis meses e nem superior a trinta e seis meses; ⯀ Não pode ser resgatado antecipadamente nem parcialmente. Vantagem e desvantagem: ⯀ Rendimentos maiores que títulos públicos, poupanças e fundos garantidores de crédito; ⯀ Não há liquidez antes do resgate. Por fim, é importante saber que existem dois tipos de DPGE, os pré-fixados e os pós-fixados. Seu objetivo é sempre financiar pequenos projetos e pequenos investidores para captação de recursos. FIDC – FUNDOS DE INVESTIMENTO EM DIREITOS CREDITÓRIOS Os FIDC’S são fundos de investimento que destinam parcela preponderante de seu patrimônio líquido para a aplicação em direito creditórios e representa hoje um dos principais instrumentos de securitização do mercado de capitais brasileiro. Por exemplo, temos uma indústria que vende para a Magalu, temos de comprar matéria prima, produzir e enviar para ela, para no prazo de 120 dias termos um retorno financeiro. Buscamos um capital para financiar todo esse processo custoso até o retorno financeiro, os FIDC’s são utilizados para financiar essa operação. São emitidos pelas instituições financeiras e têm o seu risco dentro do risco de mercado, risco de crédito e risco de liquidez. O risco de crédito é reduzido por se tratar de grandes instituições financeiras. Aspectos legais e negociação: ⯀ Destinam-se a investidores qualificados; 430 ⯀ O emissor cria títulos negociáveis que representam uma participação nos ativos que compõem a carteira; ⯀ Possui um regulamento, sendo fiscalizado pela CVM; ⯀ O regulamento determina tudo que é importante, os critérios de composição da carteira, concentração da carteira, quais tipos de ativos serão adquiridos e os tipos de risco que estará exposto; ⯀ Os créditos originados de transações realizadas no segmento financeiro e comercial, industrial e de hipotecas, ficam expostos aos retornos de riscos dos recebíveis; É importante saber que o FIDC tem um administrador fiduciário e também temos o detentor da custódia. Geralmente, quem detém a custódia é um banco que custodia os ativos recebíveis. Vantagens e Desvantagens: ⯀ Diversificação de investimentos; ⯀ São classificados em agências de risco, logo, é possível saber qual risco estaremos correndo; ⯀ As consultorias de crédito são contratadas para fazer uma análise da carteira e entregar um relatório, onde poderemos saber se a carteira é vantajosa ou tem capacidade de demonstrar alto desempenho; ⯀ Existem várias instituições dentro do processo de controle dos FIDC’s, então, é um sistema razoavelmente fiscalizado; ⯀ Sua desvantagem está em se tratar de renda fixa, porém, não ser tão fixa quanto deveria, pois se temos a rentabilidade do passado do fundo, isso não determinará a rentabilidade futura, porque o próprio FIDC segue as taxas do mercado; ⯀ Outra desvantagem está no fato de não ser garantido pelo fundo garantidor de crédito. Suas garantias se referem aos ativos que compõem a carteira e os tipos de FIDC’s podem ser de condomínio aberto, quando as cotas podem ser resgatadas a qualquer momento, e os condomínios fechados, quando as cotas só podem ser resgatadas quando todos os títulos forem amortizados ou acontecer o fechamento do fundo. LCA - LETRAS DE CRÉDITO DO AGRONEGÓCIO Falamos de um título de renda fixa emitido por bancos e lastreado por empréstimos do agronegócio. Seus emissores principais são os bancos comerciais. Sendo semelhante ao 431 CDB (Certificado de Depósito Bancário). Possui os riscos dentro do risco de mercado, risco de crédito e risco líquido. Sendo o risco de crédito o próprio banco emissor, então, esse risco é bem pequeno. Aspectos legais e negociação: ⯀ Tem três tipos de remuneração, sendo elas a pós-fixada, quando o investidor sabe o valor apenas no momento do resgate, a pré-fixada que se refere a quando a rentabilidade é determinada no momento inicial e, por fim, a híbrida que se refere a quando o banco paga uma taxa de juros pré-definida somada à inflação do período; ⯀ O período mínimo de carência é de 90 dias, em alguns casos há liquidez diária; ⯀ Os vencimentos desses títulos variam de um a três anos; ⯀ Quanto maior o prazo, maior será a rentabilidade. Vantagens e desvantagem: ⯀ É garantido pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até R$250 mil por instituição ou pessoa física; ⯀ É isento de imposto de renda; ⯀ Sua desvantagem está na liquidez, pois após os 90 dias o título pode vir a ter uma dificuldade de liquidez. Sua garantia é dada pelo FGC e pode vir a ser pré-fixada ou pós-fixada. Por fim, é importante saber que falamos de um dos títulos mais populares quando falamos de títulos que financiam o agronegócio. LCI – LETRAS DE CRÉDITO IMOBILIÁRIO Falamos de títulos lastreados em crédito imobiliário, emitidos por instituições financeiras que remuneram o investidor por um prazo determinado. Tem seu objetivo no financiamento do mercado imobiliário. Seus emissores são os bancos comerciais, múltiplos e de investimento, sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimo. Possui seus riscos dentro do risco de mercado, risco de crédito e risco de liquidez. Cada 432 título tem sua porcentagem de risco variante de seus aspectos próprios. Aspectos legais e negociação: ⯀ Não pode ser resgatado a qualquer momento; ⯀ Pode ser negociado no mercado secundário como qualquer outro título; ⯀ O seu prazo mínimo de investimento varia de acordo com o indexador, podendo ser 36 meses para índice de preços, 12 meses para caso ele seja atualizado anualmente e 90 dias caso não utilize índice de preços; Vantagens e desvantagem: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ As LCI têm garantia do fundo garantidor de crédito; É isento de imposto de renda; Sua desvantagem está em ter um longo prazo de carência. Suas garantias vão até R$250 mil por CPF, pelo fundo garantidor de crédito, chegando até o limite de R$1 milhão a cada 4 anos. Por sua vez, seus tipos são pré-fixados ou pós-fixados. LF – LETRAS FINANCEIRAS Falamos de uma aplicação de renda fixa que busca recursos de longo prazo, a partir de dois anos. Sendo emitidas por instituições financeiras, por regra. Tem seus riscos envolvidos dentro do risco de crédito, risco de mercado e risco de liquidez. Os mesmos do CDB (Certificado de Depósito Bancário). E, seus contratos, podem vir com ou sem cláusula de subordinação, que diz respeito a casos de liquidação extrajudicial, diz nos dirá quem tem preferência no resgate do título. Aspectos legais e negociação: ⯀ Investimento mínimo de R$50 mil; ⯀ Não pode ser emitida com valor nominal inferior a R$150 mil se não possuir cláusula de subordinação; ⯀ Não pode ser emitida com valor nominal inferior a R$300 mil se tiver a cláusula de 433 ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ subordinação; Tem prazo mínimo de 24 meses sem possibilidade de recompra ou de resgate antes desse prazo; Tem o prazo mínimo para pagamento de rendimentos de 180 dias; Deve ser emitida de forma escritural, no sistema de registro de liquidação financeira de ativos do Banco Central; Sua remuneração poderá ser com juros fixos ou flutuantes, pré-fixados ou pós-fixados; Pode ser negociada de forma privada entre as instituições financeiras e seus clientes e pode vir a ser objeto de oferta pública; Existe a possibilidade de serem emitidas com opção de recompra, sendo uma opção que boa parte dos instrumentos tem, é o poder de dar a possibilidade do emissor de recomprar o título; Vantagens e desvantagem: ⯀ Por ser um investimento em renda fixa, o investidor tem previsão do fluxo de caixa gerado; ⯀ A taxa de juros pagas, são mais altas que a média, das CDB’s, por exemplo; ⯀ Sua desvantagem se encontra no prazo longo de carência, sem a possibilidade liquidez antes de dois anos; ⯀ Outra desvantagem é que não há garantias, por conta disso é que estamos expostos ao risco do crédito. Quanto aos seus topos, podem vir a ser pré-fixadas e pós-fixadas. É importante ter em mente a cláusula de subordinação, que nos diz que o nosso direito de crédito, em caso de liquidação extrajudicial, acontece somente após o pagamento de outras dívidas do emissor. Não obstante, a LF com subordinação tende a nos oferecer uma remuneração um pouco maior, justamente por conta dessa condição em caso de liquidação. LIG – LETRAS IMOBILIÁRIAS GARANTIDA Falamos de um título lastreado por créditos imobiliários que pode ser emitidos por bancos, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento ou investimento, companhias hipotecárias e associações de poupança ou empréstimo. Seu objetivo é fomentar o mercado imobiliário no país, baseado no modelo Covered Bonds, bem conhecido no exterior. 434 Por exemplo, um título da Caixa Econômica Federal, provavelmente terá um imóvel que garante aquele título imobiliário, ou seja, está coberta por um imóvel, em inglês, essa seria a definição para “Covered”. Vale lembrar, que ela possui dupla garantia, ou seja, se o agente econômico quebrar, o agente fiduciário irá assumir o título e disponibilizará o dinheiro aos investidores. Tem seus riscos dentro do risco de crédito, risco de mercado e risco de liquidez. É previsto em lei que a LIG seja depositada em um depositário central autorizado pelo Banco Central, dessa forma a B3 (bolsa de valores oficial do Brasil) mantém o controle sobre toda a cadeia de negócio do título, trazendo a transparência e segurança das emissões. Vantagens: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Isenção de imposto de renda; Possibilidade rentabilidade atrelada ao dólar; Diversificação dos investimentos; Possui dupla garantia; As garantias são a carteira de ativos que lastreiam e garantem os títulos, uma vez que se torna um patrimônio apartado da instituição financeira, sendo dedicado exclusivamente a LIG. Também compõem a garantia os títulos públicos federais. Podemos ter a LIG pré-fixada e pós-fixada. NOTAS PROMISSÓRIAS Falamos de títulos emitidos por sociedades anônimas de capital aberto ou fechado, geralmente para financiar o capital de giro da empresa. Normalmente, as notas promissórias são de curto prazo. Com o prazo de vencimento mínimo de 30 dias a 180 dias para empresas de capital fechado e de 30 dias a 360 dias para empresas de capital aberto. Tem seus riscos dentro do risco de crédito, risco de mercado e risco de liquidez. Possui alto risco, pois não há garantia real. 435 Vantagens e sua desvantagem: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Possibilidade de ter um rendimento maior do que em investimentos de renda fixa; Prazo de resgate não aplicável; É uma alternativa de captação de recursos mais viável em relação aos bancos; Sua desvantagem se encontra no alto risco, fazemos um empréstimo direto em nota promissória. Estando sujeito às 3 áreas de risco apresentadas acima. CDB – CERTIFICADOS DE DEPÓSITO BANCÁRIO Falamos de um título de dívida privada emitido por bancos com objetivo de captar recursos. Sendo emitidos principalmente pelos bancos e instituições financeiras. Ou seja, quem compra um CDB está emprestando aos bancos. Seus riscos estão dentro dos riscos de créditos, riscos de liquidez e riscos de mercado. Aspectos legais e negociação: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Prazo de vencimento varia conforme a instituição; Geralmente há liquidez diária após carência; Alguns CDB’s têm penalidades para saques após vencimento; Imposto de renda com tabela regressiva sobre os rendimentos; Taxas de custódia, corretora e comissões varia de acordo com a instituição e prestador de serviços. Vantagens e desvantagem: ⯀ Rendimentos geralmente maiores que títulos públicos e poupança; ⯀ Fundo garantidor de crédito atua na garantia do CDB; ⯀ Sua desvantagem trata-se da possibilidade de haver liquidez apenas após a carência. Quanto a sua garantia, existe com a aplicação até R$250 mil por CPF ou instituição financeira através do fundo garantidor de crédito, que é uma empresa privada, sem fins lucrativos, que faz a organização dessas garantias. E, por fim, quanto aos seus tipos, existem os CDB’S pré-fixados, CDB’s pós-fixados e os 436 CDB’s híbridos, onde temos as taxas flutuantes e mais uma taxa fixa. ESTRUTURA E FORMA DE NEGOCIAÇÃO DOS TÍTULOS Falaremos aqui sobre o mercado de títulos públicos e privados, estrutura, títulos negociados e formas de negociação. Tudo isso, é claro, dentro do seguinte de renda fixa. Os títulos públicos são vendidos no mercado aberto ou pelo tesouro direto, podendo ser operado por pessoa física ou jurídica. Já os títulos privados são vendidos no mercado de balcão e na bolsa de valores. Lembrando, que dentro do mercado de renda fixa, existe o mercado primário e o mercado secundário, assim como em outros investimentos. Mercado primário – trata-se de onde são colocados os títulos de emissão primária ou secundária do emissor; e, também, onde os retornos do mercado de captação, vão direto para o caixa do emissor. Mercado Secundário – é o mercado onde se dá liquidez aos papéis da renda fixa, podendo aqui, o investidor, se precisar antecipar o seu título conseguirá liquidez. A troca do mercado secundário é de investidor para investidor. Por exemplo, os títulos privados mais negociados são os certificados de depósito bancário, letras de crédito, certificados de recebíveis imobiliários e letras de crédito imobiliário, etc. A corretora faz o papel de intermediar entre os investidores no mercado de balcão ou até nas estruturas que atendem o mercado de títulos públicos. Mercado Aberto (Open Market) – é o ambiente onde o Banco Central compra e vende títulos para executar sua política monetária. Tesouro Direto – refere-se a um programa do tesouro nacional desenvolvido em parceria com a antiga BMFM&Bovespa para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, por meio de uma plataforma on-line. As pessoas físicas podem utilizar livremente do tesouro direto, porém, para as pessoas jurídicas, elas devem comprar seus títulos da seguinte maneira: ⯀ Pessoa Jurídica Financeira: as instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, desde que sejam titulares de contas de custódia no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIC) e de conta de Reservas Bancárias ou Conta de Liquidação no Sistema de Transferência de mercado primário, participando diretamente das ofertas públicas. No mercado secundário, 437 podem adquirir títulos mediante negociação direta com certas instituições financeiras, que, de igual forma, seja participante dos referidos sistemas. ⯀ Pessoa Jurídica Não Financeira: são as empresas, entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão), operadora de planos de saúde e demais instituições não classificadas no item anterior somente podem adquirir títulos públicos federais, no mercado primário e no mercado secundário, por meio de uma instituição financeira ou instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil, desde que atendidos os requisitos acima. OPERAÇÕES COMPROMISSADAS Falamos de uma modalidade de vendas de títulos de renda fixa por instituições financeiras ao investidor, com compromissos de recompra com preço e prazo determinados. Ou seja, uma espécie de aluguel. Por exemplo, um banco que tem mil títulos públicos dentro de sua carteira, nós entregaremos um dinheiro em troca de um desses títulos públicos, com o compromisso de recompra do título com preço e prazo determinado. Basicamente, ele vende títulos com compromisso de recompra, por isso o termo “aluguel”. Com seus riscos dentro dos riscos de mercado, riscos de crédito e riscos de liquidez. Aspectos legais e negociação: ⯀ Não é permitido vender os títulos negociados para outra instituição; ⯀ Podem ter remunerações pré-fixadas ou pós-fixadas; ⯀ Os títulos públicos envolvidos nas operações compromissadas são os títulos públicos federais, estaduais ou municipais, certificados de recebíveis imobiliários, certificado de depósitos bancários, debêntures, letras de crédito imobiliário e letras hipotecárias. Vantagens e desvantagem: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Diversificação; Investimento de baixo risco; Isenção de IOF (Imposto sobre Operações Fiscais); Sua desvantagem são os riscos de mercados aos quais está exposta. Quanto às suas garantias, são lastreados pelos títulos entregues ao investidor. 438 Tipos: ⯀ Genérica, onde a instituição vende o título ao investidor, mas ele apenas sabe qual título ele irá receber após a compra, por outro lado, sua taxa de recebimento é pré-fixada; ⯀ Específica, onde o banco vende um título informando previamente o investidor, informando também o percentual de remuneração e o prazo dessa remuneração; ⯀ Dirigida, funciona da mesma maneira que a modalidade anterior, mas a remuneração é paga de forma pós-fixada. ⯀ Migração Selic-Bolsa e Migração Bolsa-Selic, basicamente envolve títulos públicos por conta da Selic. A operação compromissada tem dois momentos: ida e volta — quando vem, nos referimos à ida; e quando o banco compra, nos referimos à volta. Então, na Migração Bolsa-Selic, a ida, quando o banco vende, é liquidada por meio da Selic, e quando volta, ou seja, quando compra, é liquidada pela Bolsa — e vice e versa; o esquema se repete na outra modalidade de migração TÍTULOS PÚBLICOS FEDERAIS Veremos aqui quais são os tipos de títulos públicos federais que existem, sendo eles Letras do Tesouro Nacional (LTN), Letras Financeiras do Tesouro (LFT) e Notas do Tesouro Nacional (NTN). Nada mais são do que títulos emitidos pelo Tesouro Nacional com objetivo de captar recursos para financiar os gastos públicos do governo. Em geral, estão entre os ativos com menor risco do mercado. O investidor conhece a forma de remuneração do título no momento da compra e, caso carregue o título até o vencimento, receberá exatamente a remuneração contratada. LTN São títulos com taxa pré-fixada no momento da compra e cupom zero. Isso significa que o investidor receberá juros + principal apenas no vencimento. Ou seja, não há recebimento de juros antes do vencimento do título. Por exemplo, receberemos o título no qual investimos, no valor exato que foi pré-definido. Sabendo exatamente a rentabilidade antes de comprarmos o título, sabendo quanto pagará e quanto receberá. 439 É indicado para investidores que a taxa de juros pré-fixada será maior que a taxa de juros do prazo de vencimento do título. LFT Títulos com taxa pós-fixada, cuja variação segue a variação da taxa Selic. Sua remuneração é dada pela variação da Selic diária registrada entre a data de liquidação. Possui um pagamento simples, recebendo o valor de face na data de vencimento do título. Tendo como característica principal, é o fato de ser indicado para investidores que desejam uma rentabilidade pós-fixada, mas com a taxa indexada à alguma taxa de juros. O seu valor de mercado apresenta baixa volatilidade, pois está vinculado à uma taxa básica de juros, mas por contraponto, sua rentabilidade tende a ser menor que os outros títulos. NTN São títulos públicos relacionados à variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e, por sua vez, possuem uma série vinculada ao IGPM (Índice Geral de Preços do Mercado). Possuindo as seguintes classes: ⯀ (NTN-F) Tesouro Pré-fixado com Juros Semestrais: os rendimentos da aplicação são recebidos pelo investidor semestralmente, ou seja, com cupom semestral. Com a liquidez um pouco mais alta, podendo pegar o cupom e comprar mais títulos públicos; ⯀ (NTN-B Principal) Tesouro IPCA+: possui fluxo de pagamento simples, ou seja, o investidor faz a aplicação e resgata o valor de face na data do vencimento do título, sem sendo cupom; ⯀ (NTN-B) Tesouro IPCA: O rendimento da aplicação é recebido pelo investidor ao longo do investimento, por meio do pagamento de juros semestrais (cupom de juros). Sendo uma pouco mais líquida do que as outras. ⯀ (NTN-C) Tesouro IGMPM+ com Juros Semestrais: seu rendimento é recebido pelo investidor ao longo do investimento, por meio de cupons semestrais de juros, e na data de vencimentos do título, quando do resgate do valor de face (valor investido somado à rentabilidade) e pagamento do último cupom de juros. 440 A vantagem principal dessas modalidades é a renda real que elas nos proporcionam, possuindo maior prazo de aplicação. Indicada para investidores que desejem fazer poupanças de médio e longo prazo. Resumo das modalidades: DERIVATIVOS, CONTRATOS FUTUROS E TERMOS – CONDIÇÕES GERAIS Falaremos dos Forward Rate Agreement (FRA), que nada mais são do que um produto que combina a negociação de dois contratos futuros de Cupom Cambial, com natureza oposta, de forma a expor o investidor a um Cupom Cambial a termo, com início em uma data futura. Esse tipo de contrato exige um pouco mais de atenção da nossa parte. Por exemplo, estamos no momento zero dia 01/jan e queremos fazer um empréstimo no dia 01/abril, que durará até 01/nov. Queremos pegar R$100.000,00 pagando 2%/ano de juros (SELIC). Dia 01/abril será a data de liquidação e dia 01/nov será a data de vencimento. Compraremos um FRA de juros, para que dentro do período, ainda que os juros subam, nós continuemos pagando apenas os 2%/ano. Mas para quem vende um FRA, irá querer garantir a rentabilidade mínima de 2% no período. O exemplo acima, nós costumamos chamar de “FRA 3, 9”, pois ele começa a valer três 441 meses depois da contratação e tem seu vencimento 9 meses após o inicio. Como esse FRA é precificado? É muito simples, se a taxa SELIC no dia 01/09 estava em 2,5%, nós iremos liquidar a diferença entre a contratação e os juros de mercado, utilizando a seguinte formula: Capital x (Juros de Mercado – Juros do FRA) x 180 dias (dividido por 360) FRA = ___________________________________________________________________ 1 + Taxa de Juros de Mercado x 180 dias O resultado, dentro do exemplo apresentado acima, seria R$246,91. Que nos informa que no dia 01/abril, o vendedor do FRA pagará R$246,91, referente à compensação da diferença de juros que o comprador pagará entre dia 01/04 à 01/10. Suas vantagens: ⯀ Auxilia o investidor a realizar a proteção de taxa de juros referenciada em dólar a termo; ⯀ Elimina o risco de execução ao combinar em uma única operação dois vencimentos distintos de Futuro de Cupom Cambial; ⯀ Auxilia investidores a alongar a exposição cambial com baixo risco de execução se combinado com Contratos Futuros de Dólar e de DL. CONTRATOS E MINI CONTRATOS Em essência, todo derivativo é um contrato, é padronizado e celebrado entre duas partes, na B3 sempre são padronizados. Com esses contratos os mercados especulam em relação ao preço de determinado ativo, moeda, índice, juros ou commodities. Contratos Futuros Os contratos futuros têm os seguintes aspectos: ⯀ Padronização acentuada; ⯀ Negociação transparente em bolsa mediante pregão; ⯀ Possibilidade de encerramento da posição com qualquer participante em qualquer momento, graças ao ajuste diário do valor dos contratos; 442 ⯀ Utilização do mecanismo das margens depositadas em garantia e do ajuste diário para evitar acumulação de perdas. Vale lembrar que em algumas, quase em todas as operações a descoberto, temos as chamadas de margem, ou seja, um mecanismo de ajuste de garantias. O lucro ou prejuízo é debitado ou creditado todos os dias na conta da corretora. Principais contratos e seus respectivos códigos: Ações e Índice ⯀ Índice Bovespa – IND e WIN; ⯀ Índice S&P500 – ISP e WSP. Moedas ⯀ Dólar dos EUA – DOL E WDO (MiniDólar). Normalmente, os traders, gostam de executar mini índice e mini-dólar, são os mais populares dentro dos mini-contratos. Por exemplo, dentro do Bovespa, cada ponto é um real, dentro de um contrato de índice. Se Bovespa está a 120 mil pontos, um índice será R$120.000,00, e para operar na bolsa temos de operar pelo menos 5 contratos de índice, ou seja, para operar um contrato de índice na bolsa, teremos de ter o mínimo de R$600.000,00. Logo, o mini-índice, permitirá que nós negociemos apenas um índice a 20 centavos por índice, dando acesso ao pequeno investidor. Outro exemplo, WING21, se refere a um mini-índice que vence em 2021. Cada contrato de derivativos tem um dia específico de vencimento. Possuindo cada um algumas especificidades, tendo a Bovespa a obrigação de padronizar, para que todos operem da mesma maneira. Exemplo de Futuro de Soja com Liquidação Financeira, sendo essas as características do contrato: 443 ] Lembrando, podemos entregar um contrato de Soja, entregando a Soja ou liquidando o valor financeiro, mas depende da forma como o contrato foi estabelecido. Para que servem os contratos futuros? Eles servem para encontrarmos uma forma de arbitragem para os juros futuros em consideração aos juros do momento em que o contrato é iniciado. Estaremos vendidos no mercado à vista e cobertos no futuro. Mini-contratos de Derivativos São frações de contratos futuros, portanto, também são compromissos de compra e venda a serem liquidados no futuro. Como os contratos futuros podem envolver quantias significativas de recursos, a B3 desenvolveu, em 2001, os mini-contratos. Eles permitem que pequenos investidores tenham acesso a esses derivativos, como apresentado dentro de um dos exemplos acima. Basicamente, todo contrato pode ser negociado na forma de mini-contrato. Os mais populares entre os investidores brasileiros são os mini-contratos (WIN)e o Mini-Dólar (WDO). Cada mini-contrato acompanha as variações do contrato futuro adjacente. CONTRATO FUTURO A TERMOS E FORMAÇÃO DO PREÇO A FUTURO OU A TERMO 444 Para entender esse conteúdo, é importante ter em mente que a formação dos preços de futuro e a termos dependem basicamente das forças de oferta e demanda por esses contratos. Sendo obtido o preço através da arbitragem que os investidores realizam em tempo real. Sendo a arbitragem uma operação de compra e venda de valores negociáveis, realizada com o objetivo de ganhos econômicos sobre a diferença de preços existente, para um mesmo ativo, entre dois mercados. Trata-se de uma operação sem risco. Exemplo: um contrato futuro de Soja (450 sacas de 60kg) está sendo negociado a R$58.000,00, com o vencimento de 360 dias. O preço à vista da saca está em R$110 e a taxa de juros de mercado é de 10%. Constando, então, que precisamos de R$49.500,00 para comprar à vista para comprar 50 sacas de soja. Mas se pegarmos dinheiro emprestado no banco a 10% teremos o valor de R$54.450,00. No pagamento via crédito, quando negociamos o contrato e voltamos para pagar o crédito, nós temos o lucro entre R$58.000,00 (referente ao valor de negociação) e R$54.450,00 (referente ao valor do empréstimo). Isso acontece e pode ser arbitrado, quando o valor à vista está inferior ao valor futuro daquilo que queremos negociar. A demanda à vista pressiona o preço para cima e a demanda futura pressiona o preço para baixo, possibilitando-nos executar a arbitragem. PRINCIPAIS CONTRATOS FUTUROS E A TERMO Falaremos aqui dos principais contratos, os mais utilizados e mais populares quando falamos de contratos futuros e a termo. Principais contratos e seus respectivos códigos: Ações e Índice ⯀ Índice Bovespa – IND e WIN; ⯀ Índice S&P500 – ISP e WSP. Moedas 445 ⯀ Dólar dos EUA – DOL E WDO (MiniDólar). Vale lembrar, que os mini-índices e os mini-doláres, são contratos que a bolsa criou para facilitar o acesso dos pequenos investidores ao mercado, são instrumentos propriamente ditos. E perceba que não existem muitos mini-contratos. Aspectos Gerais das Categorias Contrato Futuros de Ações e Units: São cem contratos, cada contrato é uma ação. Não se trata de uma opção, mas sim um contrato futuro. Referem-se à liquidação financeira, com datas de vencimento que mudarão em março de 2021. Contratos Futuros Commodities: possuem o código ACF. Por exemplo, no caso do açúcar, são 508 sacas de 50kg, ou seja, são padronizados a depender do objeto de negociação. Sendo o dia 15 seu último dia de negociação, e seu vencimento, em fevereiro, abril, junho, setembro e dezembro. Sendo um contrato que não necessariamente vence todo mês e sua liquidação é financeira. Contratos Futuros de Moedas: o tamanho do contrato é pré-definido, possuindo um lote padrão de cinco contratos. Seus vencimentos ocorrem todos os meses, por se tratar de um ativo financeiro. Envolvendo normalmente o dólar americano e os euros, mas abarcando uma infinidade de moedas que podem ser negociáveis. Basicamente, servem para proteção e especulação sobre o preço de moeda em data futura. Contratos de Juros Futuros: o objeto é o futuro padronizado de taxa de juros, com uma cotação de taxa de juros efetiva com base de 252 dias, com até três casas decimais. Sendo o seu preço unitário multiplicado pelo valor em reais de cada ponto, sendo cada ponto equivalente a um real, valendo um contrato 100 mil pontos no vencimento. Seu lote padrão é de cinco contratos que vencem mensalmente. Com as seguintes modalidades: Possuindo características específicas a serem analisadas em cada modalidade possível de contratos de juros futuros. 446 Contratos Futuros de Índices: sendo estes extremamente populares, juntamente com os contratos de moedas. Temos o vencimento do índice nos meses pares, com liquidação financeira. Sendo padronizados os lotes em 5 contratos. Por exemplo, em Bovespa, cada ponto do índice vale um real, com 5 contratos mínimos, com a bolsa em 120 mil pontos, precisaremos de R$600.000,00 para negociarmos contratos na bolsa. Existe uma infinidade de contratos disponíveis dentro da B3, mas normalmente seguindo os padrões acima para a sua negociação. Vale lembrar que podemos vender um contrato futuro de índice para proteger nossa carteira. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS CONTRATOS FUTUROS E A TERMO Falamos de um acordo customizado de compra e venda de determinada quantidade de ativos, a preço previamente fixado, para liquidação com prazo pré-determinado, com a grande vantagem de operações, pois cabe ao comprador e ao vendedor estabelecer as regras do contrato. Contrato a Termos O contrato a termos caracteriza-se por ser muito detalhado e por ter uma movimentação financeira somente na liquidação. Sendo desvantajoso por conta da baixa liquidez, pouca transparência e por conta do risco de crédito. É um contrato que pode ser utilizado como Hedge ou especulação, embora sua natureza não seja padronizada e leve a ser utilizado mais como uma fonte de Hedge. Podendo ser as garantias por meio da cobertura ou margem, sendo as mais utilizadas e padronizadas. A cobertura se dá quando o próprio bem é a garantia do contrato futuro e a margem é disponibilizada por quem possui a custódia dos bens. Por exemplo, imaginemos um exportador e um importador. O exportador fez uma venda de R$100.000,00 para receber no dia 01/06, por sua vez, o importador fez uma importação 447 de R$100.000,00 para pagar no dia 01/06, com o dólar à R$5,00. Qual o receio do exportador? A queda do dólar, vindo, por exemplo, para R$4,00. Qual o receio do importador? Que o dólar suma de R$5,00 para R$5,50, estando ambos expostos ao risco cambial. Digamos que ambos se conheçam e descubram que podem fazer um contrato, onde o exportador se compromete a entregar os dólares ao importar que tenha de comprar os dólares, esse contrato terá a taxa de dólar pré-combinada, ou seja, estaríamos fazendo um contrato a termo, fazendo um ajuste da operação de acordo com a necessidade de cada um. Nenhum deles se preocupará mais com o câmbio, pois a taxa já está pré-fixada. Sendo assim, temos uma maneira de fazer Hedge, diminuindo os riscos cambiais da operação, estabelecendo um contrato a termo. No contrato a termo, você negocia a compra de um ativo à vista, mas com o pagamento apenas no vencimento do contrato. O valor futuro é o preço à vista acrescido de uma taxa de juros previamente acordada entre as partes. Essa taxa, geralmente, fica próxima da SELIC. Mais um exemplo para fixação: Ex.: suponha que um produtor agrícola tenha 10.000 sacas de 60kg de Soja para colher daqui 180 dias e não queira incorrer em riscos de oscilação de preços. Assim, ele pode firmar um contrato a termo com uma instituição financeira para entregar as 10.000 sacas a R$160 a unidade. O preço da saca de soja está em R$160. O contrato é liquidado sem nenhum valor devido: O preço está mais alto que o acordado, digamos R$200. O produtor “deve” ao banco R$400.000,00; O preço está mais baixo que o acordado, digamos R$150. A instituição financeira pagará ao produtor R$100.000. Nesse exemplo, estamos fazendo especificamente Hedge, pois o produtor travou o preço para evitar a oscilação de risco. Uma espécie de seguro para o produtor ocorre nesse momento, incidindo nas duas possibilidades acima. Características Gerais do Contrato a Termo: ⯀ Os prazos podem variar de 16 a 999 dias corridos; ⯀ O sistema de compensação da bolsa exige um depósito de garantia, que podem ser 448 oferecidos de forma coberta ou margem; ⯀ A cobertura é o depósito, pelo vendedor a termo, do ativo objeto da operação como garantia. A margem é um valor depósito, conforme as regras do sistema de compensação, que procura reduzir os riscos da liquidação; ⯀ A liquidação pode ocorrer de dois modos. No vencimento do contrato, com entrega do ativo objeto ou liquidação antes do vencimento, desde que expresso em contrato, por vontade do comprador, vontade do vendedor ou acordo mútuo. E quanto às vantagens do Contrato a termo, podemos pontuar: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Protege o produtor contra a oscilação do preço e sazonalidade do produto; Eficiente para conter o risco de base; Possibilidade de alavancagem de posição. Vale lembrar, que os contratos futuros sofrem ajuste, ou melhor, estão sujeitos aos ajustes diários, mas os contratos a termos não estão sujeitos a ajustes diários. Quanto à liquidação, ela pode vir a ser: ⯀ Financeira, quando o contrato é liquidado pela diferença entre o valor de compra e de venda do papel; ⯀ Física, que é comum dentro dos segmentos agropecuários e de energia, pressupondo a entrega física do ativo na data de vencimento do contrato. Geralmente, é mais oneroso, quanto indesejado na maioria dos casos. Se liquidação antecipada, as possibilidades de liquidação antecipada dependem de: ⯀ Vontade do comprador, tendo o comprador o direito de liquidar a compra antes do vencimento, pagando o preço a termo acertado para a data do vencimento; ⯀ Vontade do Vendedor trata-se do direito do vendedor de liquidar a venda antes do vencimento, recebendo o preço a termo acordado previamente; ⯀ Acordo mútuo, neste caso, ambos deverão acordar em liquidar a operação antecipadamente, de acordo com as condições por eles estabelecidas. Contrato a Termo de Ações 449 Desenvolvido com o objetivo de ser uma ferramenta para a gestão do risco de oscilação de preço. Desse modo, servem como uma escolha de compra ou de venda de ações por um valor estipulado por meio de um contrato padronizado com liquidação em uma determinada data futura, sem haver ajustes diários, diferentemente dos contratos futuros. Existe um tamanho estabelecido, uma quantidade de ativos-objetos do termo, estabelecidos entre as partes, de acordo com os limites estabelecidos pela B3. Podendo ser feita a liquidação no vencimento, antecipada ou antecipada por diferença, entre o valor à vista e dos ativos do contrato a termo. Sendo sua data de vencimento estabelecida entre as partes, observando o período mínimo de 16 e máximo de 999 dias corridos. Contrato a Termos de Títulos São semelhantes aos contratos a termo de ações, exceto pelo fato de terem títulos como ativo subjacente. Um contrato de títulos a termo ou futuros, é um acordo pelo qual a posição vendida concorda em entregar títulos pré-especificados ao comprador a um preço definido e dentro de uma determinada janela de tempo. Por exemplo, um LFT de R$1.000 tem vencimento em 180 dias e paga juros de 4% ao ano. Isso significa que o valor do título é de R$980,00. As duas partes podem entrar em acordo para contrato a termo de 30 dias por R$985,00. Em caso de aumento da taxa de juros, há uma queda no preço do título, ocasionando lucro ao comprador e perda ao vendedor. No caso de pagamento de Cupom, o preço do contrato a termo será expresso em termos de rendimento até o vencimento na data de liquidação do contrato a termo. Contratos Futuros É uma das modalidades de derivativos onde as partes concordam em comprar ou vender um determinado ativo de commodities ou títulos a um preço determinado em uma data específica no futuro. Possui as seguintes características: ⯀ Os contratos futuros são padronizados em quantidade e qualidade; 450 ⯀ Os compradores de um contrato futuro assumem o compromisso de comprar e receber o ativo subjacente na data do vencimento do contrato pelo preço estipulado; ⯀ Os vendedores de um contrato futuro assumem o compromisso de vender e entregar os ativos subjacentes na data do vencimento do contrato pelo preço estipulado. Os contratos futuros são basicamente de 4 grandes seguimentos: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Ações e índices; Taxas de juros; Moedas; Commodities. Quanto à sua liquidação, ela representa o momento final de uma operação com contratos a termo, quando ocorre a transferência dos recursos e dos ativos que foram negociados. Por exemplo, temos o mini-índice, com data de vencimento 21, logo WING21, é um contrato a termo negociado com liquidez diária, com a possibilidade de seu valor flutuar dentro do período. CONTRATOS FUTUROS E A TERMOS – PREÇOS DE NEGOCIAÇÃO Basicamente, a formação do preço futuro de um contrato depende do preço à vista do objeto alvo e da taxa de juros do mercado. Com base nos dois indicadores, os investidores fazem a arbitragem entre o preço à vista e o preço futuro, precificando os ativos nos dois horizontes temporais. Por exemplo, uma ação com dividendos não pagos está sendo negociada por R$100 no mercado à vista. Com taxa de mercado em 10% ao ano, qual o valor do contrato futuro para vencimento em 180 dias? Utilizaremos os seguintes dados: 451 Feitos os cálculos necessários, chegaremos a R$105,00, sendo esse o preço no contrato futuro. Ao longo do tempo, teremos 180 dias para o vencimento e no inicio teremos o valor à vista, podendo executar uma arbitragem dentro do período. DERIVATIVOS NO MERCADO DE BALCÃO Suas principais características estão no fato de serem utilizados para a gestão de risco das empresas e oscilações indesejadas. Geralmente, é não-padronizado, é sob medida. Temos as opções com garantia e sem garantia, em que a B3 não é contraparte, ela entra apenas com o registro do contrato. Mas se envolve chamada de garantia, poderá ser coberto, com o ativo em mãos ou por chamada de margem. Encontramos dentro do mercado: Contrato SWAP: onde conseguimos fazer um contrato exatamente dentro do Hedge que estamos buscando, sendo a B3 a mediadora e podendo ser a contraparte de garantia. São negociados em balcão organizado, ocorrendo o retorno do participante quando o indexador em que assumiu a posição comprada (vendida) for superior ao retorno da posição vendida (comprada). Quanto ao vencimento, poderá ser feito no vencimento do contrato. No mercado derivativo de balcão a B3 será responsável pela transação, custódia e registro do contrato. Podendo o tamanho de o contrato ser definido livremente, devendo conter data de vencimento e liquidação, forma de liquidação e margem de garantia (se possuir garantia). Lembrando, que não há código para comprar essa modalidade. MERCADO DOMÉSTICO DE DERIVATIVOS E CARACTERÍSTICAS Os derivativos são um título financeiro cujo valor deriva de um ativo subjacente ou grupo de ativos que servem como referência de valor. Na prática, o derivativo é um contrato de duas ou mais partes, com o preço do derivativo flutuando em relação ao ativo subjacente. São quatro os tipos mais comuns de derivativos: 452 ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Contratos a termo. Contratos futuros. Opções Swaps. Em geral, são negociados em bolsa de valores, mas podendo ser negociados em balcão, sendo padronizados ou não a depender de suas características. Seu objetivo é buscar as possibilidades de Hedge, porém, na outra ponta, alguém está procurando especular. O especulador paga um prêmio pelo risco que está correndo, portanto, não se pode dizer que os derivativos são apenas para Hedge, uma vez que comporta quem quer especular na bolsa. Gera uma proteção contra a flutuação das taxas de juros, flutuação do preço do papel e flutuação dos preços de mercado. DERIVATIVOS E OS SISTEMAS E GARANTIA Como contraparte central para o mercado de derivativos, a clearing integrada solicita aos seus participantes que depositem garantia como meio de proteção ao risco associado às suas operações. Se o participante ficar inadimplente, a Câmara será responsável pela liquidação de suas negociações, no entanto, poderá usar a garantia depositada pelos participantes para compensar as perdas que possam ocorrer. Assim, para um investidor que opera com derivativos, há a possibilidade de depositar junto à corretora um valor de margem de garantia. Esse valor de margem representa apenas um percentual do valor atual do contrato futuro. Este valor fica retido na corretora enquanto compradores ou vendedores mantiverem suas posições em aberto. Lembrando que a margem de garantia é devolvida aos investidores após o encerramento das posições. Por exemplo, com um percentual pequeno em relação ao ativo subjacente, conseguimos ganhar sobre o percentual do ativo principal. Compramos ações do BB a R$35,00, portanto, mil ações são R$35.000,00, e se ela for a R$36,00, ganharemos a diferença de lucro, tendo convicção que o ativo subirá, podemos comprar um derivativo de mil ações no dinheiro, não temos os R$35.000,00, mas podemos vir a ter por meio da opção, lucrando então com essa estratégia, caso a ação suba. Ou seja, os derivativos nos permitem operar alavancados. 453 Basicamente, a B3 cuida das garantias desse processo, existindo duas principais garantias dentro dos derivativos, a margem e os ajustes diários. Chamada Margem A chamada margem entra em ação quando vendemos a descoberto, pois não possuímos o papel, vendemos para fazer caixa. Na prática, se o valor da ação subir além do que podemos comprar na hora de cobrir, a B3 efetua a chamada de margem, quanto mais errar a direção maior será a chamada de margem. Lembrando, que todas as possibilidades de chamada de margem estão dentro do manual da B3, onde todas as informações são encontradas. A B3 utiliza do Close-Out Risk Evaluation (CORE) para calcular o risco de encerramento de um portfólio contendo posições e garantias de múltiplos mercados e classes de ativos. Principais características do CORE: ⯀ Calcula o pior fluxo de caixa diário acumulado durante o processo de encerramento do portfólio; ⯀ Calcula o risco do conjunto de posições e garantia; ⯀ Contempla três tipos de risco, de mercado, liquidez de posições e garantias, e fluxo de caixa; ⯀ Define a estratégia de encerramento por tipo de posição de garantias; ⯀ Perda severa (teste de estresse): nível de confiança de 99,96% (1 crise a cada 10 anos); ⯀ Considera 10 mil cenários: históricos desde 2002, quantitativos e prospectivos; ⯀ Possui múltiplos horizontes de risco: operações de encerramento são diárias, podendo ocorrer no período de 1 a 10 dias; ⯀ Aplica o apreçamento completo. Normalmente, venda a descoberto, opções a descoberto (call ou put), contrato a termo e contratos futuros, chamam margem dentro da B3. Ajustes Diários Falamos do resultado do investimento, lucro ou prejuízo apurado e liquidado diariamente. A partir do dia em que o investidor abre uma posição comprada ou vendida, o investidor passa a pagar ou receber os ajustes diários. 454 A dinâmica dos ajustes diários é imprescindível para a segurança do mercado e de todos os investidores, pois reduz muito o risco de crédito e possibilita que o investidor encerre sua posição a qualquer tempo, sem precisar esperar o vencimento do contrato. Temos duas vertentes dentro das possibilidades de operação: No fim das operações é que conseguiremos ter a dimensão do lucro ou prejuízo de quem compra e vende. Exemplo de Ajuste Diário: Um investidor se posicionou na compra de um mini-contrato de futuro de Índice a R$119.250,00 no dia 19/01. Na apuração do ajusta diário, o preço passou a ser R$120.640,00. Portanto, no dia 19, o investidor comprado obteve lucro de R$1.390 e o vendido, um prejuízo de R$1.390. No dia 20, as posições se iniciam com o preço de fechamento do dia anterior, R$120.640,00. Neste dia, após as negociações, o fechamento do ajuste diário ficou em R$121.500,00. Então, o investidor comprado lucrou R$860,00 e o vendido perdeu R$860,00. No dia 21, a apuração do ajuste diário foi de R$120.100,00. Portanto, quem comprou obteve prejuízo de R$1.400,00. Por sua vez, quem vendeu, teve lucro de R$1.400. Sendo assim, no período de três dias, o investidor que se posicionou na compra lucrou no total R$510,00 e o que se posicionou na venda, teve prejuízo total de R$510,00. Com os seguintes dados para análise: CARACTERÍSTICAS GERAIS E OPERACIONAIS DAS OPÇÕES Aspectos Gerais Os contratos de opções são instrumentos derivativos criados para mitigar os riscos de 455 oscilação de preços de modo a oferecer um mecanismo de proteção ao mercado contra possíveis perdas, além de servir para criar estratégias especulativas em relação à trajetória de preço e à ampliação da exposição e do potencial de retorno do investidor. Normalmente, possuem unidade de 100 quando falamos do tamanho do contrato. Sendo sua cotação o prêmio da opção, que é o próprio valor da opção na hora da compra. Seu vencimento irá mudar até abril de 21, será até a terceira segunda-feira do mês, mas passará para a terceira sexta-feira do mês de vencimento. Se a sexta-feira for feriado, será computado o dia anterior. Lembrando, que temos de pedir para a corretora o exercício da opção. A partir de maio de 2021 teremos o exercício automático, mas havendo ainda a possibilidade de executar o exercício manual, sendo automático apenas no vencimento. Suas principais vantagens são: ⯀ Possibilidade de elaboração de estratégia, diversificação de investimentos e arbitragem; ⯀ Possibilidade de fazer proteção aos investimentos em ações; ⯀ Possibilidade de investir em ações sem utilizar muito dinheiro. Exemplo: Imaginemos um exportador, que possui cem mil dólares para receber em 90 dias e o importador tem cem mil dólares para pagar em 90 dias. O importador tem medo que o dólar suba e o exportador tem medo de que o dólar caia. Sendo assim, ambos decidem fixar por meio de um contrato a vender cem mil dólares por $5 e o importador se compromete a comprar cem mil dólares por R$5. Caso o importador não queira se comprometer a comprar cem mil dólares, ele quer ter o direito de optar pela compra. Sendo assim, ele compra um direito de exercer ou não a compra dos cem mil dólares por R$5. Esse direito de optar, é o que nós chamamos de opções. Agora, digamos que por conta da baixa do dólar no período para R$4,50, nesse caso não faz sentido o importador exercer o seu direito comprando cem mil dólares por R$5, sendo que ele pode encontrar no mercado por R$4,50. Então, a opção caduca. Vale lembrar que o importador pagou um prêmio para possuir o direito, o prêmio da opção. 456 Ou seja, aquilo que ele pagou previamente é um prejuízo assumido, nada mais é do que um seguro contra a flutuação de preço. Negociação As opções são negociadas em bolsa de valores como uma opção normal. Possuem códigos que identificam o ativo objeto, a data de vencimento e o Strike da ação, que é o preço de exercício do direito de opção. Com seus códigos dispostos da seguinte forma: Por exemplo, BBDC – B, é uma Call com vencimento em fevereiro, uma BBDC – C, é uma Call com vencimento em março. OPÇÕES EUROPÉIAS E AMERICANAS Dentro das opções Européias, neste formato de opção, o comprador da ação somente poderá exercer o seu direito no vencimento da opção, tornando a negociação mais restrita. Nas opções Americanas, falamos do formato mais comum de opções no mercado brasileiro. Nesse tipo, não há restrição de data para o comprador da opção exercer seu direito, ou seja, o detentor da opção pode exercê-la a qualquer momento entre a emissão a emis- 457 são e a data de vencimento da opção. O lançador, dentro deste contexto, é aquele que lança a opção sem possuir ela, adquirindo para si a obrigação de negociar um ativo-objeto pelo preço de exercício (strike). OPÇÕES MONEYNESS O conceito de Moneyness é a posição relativa do preço atual do ativo subjacente (geralmente uma ação) em relação ao preço de exercício (Strike) de um derivativo, sendo mais comum referir-se a uma opção de compra (Call) ou uma opção de venda (Put). Exemplos de Call e de Put: Por exemplo, uma Call do BBDC4 com um Strike em R$25. Se comprarmos uma Call de BBDC4 por R$25 estaremos comprando uma Call no dinheiro (In The Money), mas se comprarmos uma Call com o Strike em R$27,22, estaremos comprando uma Call fora do dinheiro (Out The Money), pois ela está fora do preço de mercado. Por exemplo, uma Put de BBDC4 com um Strike em R$24,97. Se comprarmos uma Put de BBDC4 por R$24,97 estaremos comprando no dinheiro (In The Money), mas se comprarmos com o Strike em R$23, estaremos comprando fora do dinheiro (Out The Money). Conceitos: In The Money (ITM): dentro do dinheiro é a situação em que o preço de exercício já foi superado pelo preço do ativo subjacente à vista. Numa opção de compra é quando o preço da ação está acima do Strike e numa opção de venda é quando o preço da ação está abaixo do Strike. At The Money (ATM): no dinheiro é a situação em que o preço de exercício de uma opção ao preço do título subjacente. Ambas as opções de compra e venda, podem estar ATM simultaneamente. Out of The Money (OTM): chamado de fora do dinheiro, é a situação em que o preço do ativo subjacente ainda não atingiu o preço de exercício. Exemplo: 458 Opções de Call Veremos aqui os principais tipos de opções e de operações com opções, partindo primeiro da opção de compra (Call). Uma Call é um direito de compra de um ativo em data futura. Acreditando que o ativo adjacente irá subir, por exemplo, acreditamos que o BBDC vai subir, mas só executaremos a compra se o valor do ativo estiver acima do “Strike” estabelecido. Ou seja, só exerceremos esse direito de compra se o ativo estiver com o valor superior ou igual ao Strike estabelecido, se estiver abaixo, não exerceremos o direito. Não há chamada de margem dentro da Call, pois compramos apenas o direito. Podendo fazer uma compra coberta, vendemos o valor equivalente àquilo que temos em nossa carteira. Quem comprar a Call terá o direito de comprar as ações no preço determinado pelo Strike. Se falarmos de uma Call a descoberto, temos a chamada margem. Ou melhor, não temos o papel e vendemos x opções dele com um Strike estabelecido, estimando um prêmio. Nesse caso a bolsa chamará margem, pois existe a possibilidade de prejuízo por não termos o papel. Podemos ter um lucro ilimitado, mas também um prejuízo ilimitado, uma vez que o papel pode subir sem teto e descer sem um chão. Exceto, se falamos de uma Call a descoberto, nesse caso, podemos ir até onde a chamada de margem nos permitir. Basicamente, essas possibilidades se denominam de PayOff, onde a partir do Strike o valor pode subir ou descer, variando o lucro e o prejuízo da opção. 459 OPÇÕES DE PUT Falamos de uma opção de venda, um direito de venda de um ativo em data futura. Um investidor que compra uma PUT acredita que o preço do ativo subjacente irá cair. No entanto, somente exercerá seu direito se o preço do ativo subjacente estiver abaixo do strike na data de exercício. Por exemplo, vendemos uma PUT de BBDCW244, com um strike a R$22,97, se o papel cair para R$22,97, o valor da opção no período será de R$1,97. O prejuízo é limitado ao valor de compra da PUT, caso o preço da ação não esteja abaixo do strike no vencimento. Já os ganhos são limitados, pois em teoria o preço de uma ação pode cair até o prazo zero. Não há chamada de margem em caso de compra de PUT, mas caso o investidor venda uma PUT há chamada e margem estática. A B3 precisará garantir que você terá o valor no dia do exercício ou no mínimo a diferença. Basicamente, compramos uma PUT quando o mercado está em viés de baixa e vendemos a PUT quando mercado está em viés de alta. CAPS AND FLOORS Basicamente, falamos de opções sobre o índice de taxa de juros de IDI (Índice de Depósitos Interfinanceiros). As opções sobre o índice assemelham-se aos instrumentos bastante utilizados no mercado internacional para proteção contra flutuação da taxa de juros, como Caps and Floors. Capletes são contratos que asseguram um limite máximo de variação de juros para o investidor. Com a compra de ações sobre índice DI, onde o comprador exerce o direito de receber a diferença de taxa entre o acumulado de juros até o vencimento e a taxa de juros de exercício, o investidor com passivo em taxa flutuante consegue se proteger contra alta de juros, gerando o mesmo efeito de um produto cap. Estabelecerá o teto de juros a partir do qual o investidor receberá o excedente. Floors são contratos em que estabelecemos um piso que assegura um limite mínimo para a queda nos juros, caso uma instituição conceda empréstimo à taxa flutuante. 460 Aspectos gerais: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ São índices de depósitos interfinanceiros; Estilo americano, podendo exercer Caps ou Floors apenas na data do exercício; O prêmio da opção é expresso em pontos de IDI; Cada ponto equivale a um real. Vale lembrar que existem variações do índice, mas estabelecemos valores teto, sendo eles os caps, podendo também estabelecer um valor mínimo, sendo esse valor o floors. COLLARS COM OPÇÕES É uma estrutura utilizada para a defesa de um investidor que já possui o ativo. Envolve três elementos: o papel, a Put e a Call. Por exemplo, temos mil ações BBDC a R$25, mas compramos uma Put no dinheiro e vendemos uma Call fora do dinheiro. Vendemos a Call com o Strike em R$27,22 e compramos a Put com o Strike em R$24,97. Logo, se o preço cair, a Put que compramos nos protegerá da queda. Então, por que vendemos a Call? Vendemos para diminuir o risco caso o papel suba e a Put vire pó; configurando-se uma operação Collars. Exemplo com valores reais: 461 Lembrando, que os valores acima são valores reais, de fato são os dados da ação no dia 22/01 à 22/03. É necessário observar que foram ignoradas taxas de corretagem no exemplo. A estrutura da Collar nos informa a possibilidade de limitar o lucro e, também, a possibilidade de limitar os prejuízos. OPERAÇÕES DE BOX COM OPÇÕES A estratégia Box nada mais é do que a combinação e venda de CALL e PUT, operando comprado e vendido ao mesmo tempo e garantindo um rendimento fixo, independente da direção que o ativo subjacente tomar. Podemos ter BOX de 2, 3 e 4 pontas. Não podemos esquecer que falamos de renda FIXA — sim, qualquer um dos Box’s garante um rendimento fixo. Box 4 Pontas Dentro dele, teremos quatro opções: duas vendidas e duas compradas, sendo que teremos apenas dois Strikes — PUT e CALL em um Strike, e mais uma PUT e uma CALL em outro 462 Strike. A regra básica é operar comprado dentro do dinheiro e operar vendido fora do dinheiro. Se um papel está dentro do dinheiro, operamos comprado; se o papel estiver fora do dinheiro, operamos vendido. Nossa modalidade de operação sempre irá variar conforme o valor do papel. Operar comprado no dinheiro e vendido fora do dinheiro, dentro de uma CALL, configura-se como trava de alta. Já se operarmos comprado dentro do dinheiro e vendido fora do dinheiro, dentro de uma PUT, configura-se trava de baixa. ⯀ Exemplo apresentado em aula: BBDC244 – Box de 4 pontas. Como se pode observar do valor de 27,00 e adiante a opção vira pó devido ao valor. Vale lembrar, que para chegar ao lucro teremos de deduzir os custos com a operação. O resultado máximo desse exemplo, dentro da idéia de trava de baixa, é de no máximo 1,88 de lucro e um prejuízo máximo de 1,37. Podemos analisar ainda, que operando vendida uma PUT, ficaremos com a opção em pó até 24,00. O que significa que quem possuir a opção poderá nos vender o papel até 23,97. As variáveis em nossa tabela se dão por meio do valor em que compramos ou vendemos, o valor será determinante para estimar os lucros, prejuízos e onde o papel vai virar pó. No exemplo apresentado, teremos ao final, uma renda fixa de 35 centavos por opção, independente do preço da ação – isso é um Box de 4 pontas sendo executado e por isso ele é considerado uma renda fixa. Sendo o resultado final, uma renda fixa de 12%. Qual a chance de perda de operação? Zero e, também, há zero risco para essa operação. Porém, teremos sempre de encontrar a diferença dos Strikes e subtrair o custo, se for positivo será renda fixa, mas se for negativo o Box não será viável. Geralmente, teremos de ver se o Homebroker nos dá a opção de montar o Box, e, então, 463 executar as ordens ao mesmo tempo. No caso, não poderemos pagar caro demais ou vender barato demais, o Box não funcionará, nos trará prejuízo fixo ao invés de rendimento fixo que é a nossa idéia central aqui. Box 3 Pontas Podemos considerar como um Collars com PUT e CALL no mesmo Strike. Ou seja, nos entregará uma renda fixa, independente do preço da ação. Sendo composto pelo papel à vista, PUT e CALL. ⯀ Exemplo apresentado em aula: 464 Na subida do valor, teríamos de mudar de papel, mas se o papel cair, além de levarmos os R$450, poderá comprar de volta 1.361,00 em ações do BBDC, com um patrimônio próximo de R$26.770 que subirá para R$27.220. Nesse exemplo temos um super Hedge, sendo uma operação interessante por ser uma espécie de renda fixa. Box 2 Pontas Consiste no registro simultâneo de quantidades idênticas de opções flexíveis de compra (CALL) e venda (PUT) sobre taxa de câmbio, respectivamente, com limite de alta e limite de baixa. Trata-se de uma estratégia envolvendo duas opções flexíveis com barreira. As barreiras já são predeterminadas, transformando a operação em uma captação ou aplicação de renda fixa. Essa modalidade nos trará o rendimento e valor aplicado acrescido da remuneração acordada na data de exercício. ⯀ Exemplo apresentado em aula: Vale lembrar que ele só funcionará se tivermos barreira. 465 OPERAÇÕES DE BUTTERFLY Trata-se de uma estratégia recomendada para investidores que esperam que o preço do ativo-objeto varia dentro de uma faixa esperada. É adequada para momentos de mercado mais estáveis. A operação é feita como algum aporte de capital, o que é o máximo de sua perda. Por exemplo, utilizamos quando o mercado está andando de lado, operaremos vendido no Strike que imaginamos ser o preço no exercício. Análise de um ativo hipotético: Imaginamos que o preço desse ativo hipotético será de R$30 no Strike no dia do exercício. Então, operamos vendidos à R$30, uma Call, em duas mil unidades, no centro daquilo que eu imagino estará o preço do ativo, logo, operamos comprado entre R$28 e R$32 e estaremos vendidos em R$30. 466 Ganharemos dinheiro entre R$28 e R$32, sendo o nosso lucro assomado do custo. E entre R$32 nós retiramos o custo, pois ele é coberto. Conforme a subida dos valores, poderemos ser exercidos, pois vendemos o direito para que isso ocorra. Opções Strangle Falamos de uma estratégia onde o investidor compra duas opções, uma Call e outra Put, com prazo de vencimento igual, porém com Strike diferente. Então, é similar a Straddle, mas com diferença de Strikes diferentes. Exemplo: 467 Na Strangle operamos fora do dinheiro (OTM) com Strikes diferentes. Nossa idéia é ganhar para qualquer lado que o papel vá, sendo o ganho ilimitado. A Strangle apresenta menos riscos em relação a Straddle, mas os ganhos na Strangle são menores. Opções Call Spread É nossa chamada Trava de Alta, onde compramos dentro do dinheiro e vendemos fora do dinheiro. Sendo uma estratégia do mercado de opções que envolvem ações que você já possui em carteira – é indicada para obter ganhos em alta do mercado, na qual possíveis prejuízos e lucros são limitados. Exemplo: 468 Abaixo de R$26 nós não teremos lucro e acima de R$27 nós passamos a ter lucro dentro da operação. Observamos que a partir de R$25,33 temos prejuízo e após esse valor passamos a ter lucro. Sendo R$25,33 o nosso fator chamado Breakeven, ou seja, o nosso empate dentro da operação. Opções Put Spread Falamos de uma trava de baixa, compramos uma Put dentro do dinheiro e vendemos uma Put fora do dinheiro. Bem semelhante à trava de alta, porém, no pólo contrário. Exemplo: 469 Feitas as compras e vendas das Put’s, nosso Breakeven se encontrará em R$24,77 (subtraído 1,77), para passarmos a ter lucro com a operação executada no exemplo. Ou seja, quem comprou, comprou o direito de nos vender a R$24,77. Nosso prejuízo está em tudo virar pó e o nosso lucro é limitado. Limitamos o prejuízo operando comprado, mas limitamos também o lucro, isso nós chamamos de trava de baixa. Lembrando, que o Box de 4 pontos é a junção da trava de alta e da trava de baixa. OPÇÕES COM BARREIRA Os contratos de opções com barreira possuem ações bem restritas no Brasil e o público-alvo desse tipo de operação são empresas e investidores institucionais que buscam um instrumento de Hedge especifico a custos mais baixos. Na B3, esse tipo de opção é conhecido como opções flexíveis. Dentro da Bovespa essa opção só faz sentido quando for flexível, que são opções de balcão, onde tudo é livremente pactuado entre as partes, inclusive a barreira. A barreira pode vir a ser ativada (Knocked-in) ou extinta (Knocked-out). Knocked-in Acontece caso a barreira seja atingida a opção passa a existir, do contrário, não existe. Por exemplo: Imaginemos uma opção Knocked-In, com preço da barreira em 110.000 pontos e o preço de exercício em 120.000 pontos, não obstante, a Bovespa em 100.000 pontos. Se bater 109.900, a opção não valerá, mas batendo 110.000 ela passará a valer, porém eu só exercerei em 120.000. Bateu na barreira, a opção passa a ser válida. Com isso em mente, temos mais dois conceitos a serem inseridos: 470 ⯀ Up and In: o preço à vista, na data de lançamento da opção, está abaixo do preço da barreira. Precisa subir para ativar; ⯀ Down and In: o preço à vista, na data do lançamento da opção, está acima do preço de barreira. Precisa cair para ativar. Knocked-Out Aqui o que ocorre é que quando a opção bate no índice, a opção passa a ser extinta. Ou seja, a opção já está valendo e quando atinge o valor, ela passa a ser extinta, diferentemente da Knocked-in. Por exemplo: Imaginemos, agora, um preço de barreira em 110.000 pontos, com um preço de exercício em 100.000 pontos. Nesse caso, quando o índice chegar em 109.00 a opção ainda é válida, mas se atingir 110.00 automaticamente a opção é extinta. Do mesmo modo, temos dois conceitos importantes: ⯀ Up and Out: o preço à vista, na data de lançamento da opção, está abaixo da barreira; ⯀ Down and Out: o preço à vista, na data de lançamento da opção, está acima da barreira. Perda e Ganho Máximo com Opções À medida que estudamos as estratégias, ao longo das últimas aulas, deixamos bem definidas suas características de perda máxima, ganho máximo e Breakeven. Faremos aqui um apanhado, um resumo, acerca dos principais aspectos das modalidades apresentadas. 471 O quadro abaixo nos apresenta um resumo dessas características das opções apresentadas: Observando, também, que a partir do quadro temos acesso à perda e ao ganho, valor no vencimento, lucro/perda, preço de Breakeven em cada uma das opções. Sendo as opções Venda Call Coberta, Venda Call Descoberta, Venda Put, Compra Call e Compra Put. Falamos ainda de uma série de outras modalidades, que não couberam no quadro acima, mas que por sua popularidade e importância, não poderiam ficar de fora desse resumo. Sendo elas Collars, Box’s, Butterfly, Straddle, Strangle, Call Spread e Put Spread. Na tabela abaixo encontramos as principais características dessas modalidades: 472 Ainda observamos a perda máxima, o ganho máximo, o valor no vencimento, lucro/perda e o preço de Brek-Even. Sendo o seu ganho máximo determinado pelo valor do Strike, subtraindo o preço da operação. Lembrando que todas essas opções, com exceção das Box’s, têm uma perda máxima limitada ao valor da operação. E, também, que lembremos que o valor no vencimento não se aplica nessas estratégias, pois temos várias Call’s e várias Put’s sendo executadas. BLACK SCHOLES E AS GREGAS Black Scholes Dentro das opções, veremos agora o modelo Black Scholes, que é um modelo matemático para precificar contratos de opções, estimando a variação de tempo dos instrumentos 473 financeiros. Ele assume que esses instrumentos terão distribuição normal de preços. Premissas: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ A opção é Européia; Não existem impostos ou custos de transação; Não existem oportunidades de arbitragem entre o preço da opção e o preço da ação; A taxa livre de risco é constante. Variáveis Utilizadas: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Strike da Opção; Preço Atual da Opção; Tempo para o Vencimento; Volatilidade; Taxa Livre de Risco. As equações que fazem parte do modelo são: Sendo C uma CALL e, por sua vez, P é uma PUT. Teremos de fazer a interpretação correta de todos os coeficientes apresentados para conseguirmos calcular e chegar ao resultado 474 final. ⯀ Para encontrar D1 precisaremos saber o preço atual da ação e que será dividido pelo preço do Strike da opção, então, somaremos a taxa livre de risco à volatilidade ao quadrado dividindo por dois ao final e multiplicando pelo tempo para o vencimento, teremos como denominador a volatilidade x a raiz quadrada do tempo. Aplicada essa fórmula, que explicamos por extenso, teremos o resultado de D1. ⯀ Para encontrar D2 precisaremos saber o resultado de D1 menos a volatilidade x a raiz quadrada do tempo. A partir disso, conseguiremos calcular o Strike de uma CALL. ⯀ Para encontrar CALL precisaremos fazer o preço atual da ação x (vezes) à distribuição normal (d1), menos o strike da opção x (vezes) o exponencial (taxa livre de risco vezes tempo para vencimento) e x (vezes) a distribuição normal de d2. ⯀ Para encontrar PUT precisaremos fazer o strike da opção vezes o exponencial (- taxa livre de risco vezes tempo para vencimento) vezes a distribuição normal (-d2) vezes o preço da ação menos a distribuição normal (-d1). Escrevendo essas fórmulas dessa maneira, estamos calculando o prêmio pelo modelo Black Scholes dentro de opções. Esse cálculo nos mostrará o prêmio pela volatilidade ou o prêmio para o risco da opção, por assim dizer. Basicamente, o exemplo acima nos mostra uma calculadora de opções. Gregas Basicamente, teremos cinco Gregas para analisar neste tópico. Todas elas, matematicamente falando, são derivadas do preço da opção em relação a uma das variáveis que compõem o modelo Black Scholes. Delta: será a variação no preço da opção dada a variação no preço do ativo, com a seguinte fórmula: Sendo o Delta a distribuição normal de D1 (referindo-se ao modelo Black Scholes). Gamma: indica a variação do Delta quando o ativo adjacente variar determinado percentual, com a seguinte fórmula: 475 Theta: é uma derivada do modelo Black Scholes em relação ao tempo, ou seja, nos dirá qual é a variação do preço da minha opção dada a variação do tempo, com a seguinte fórmula: Vale lembrar que ela será sempre negativa, pois indica o valor que perderemos ao longo do tempo. Também, é dinâmico porque irá variar conforme a proximidade ou distância do prazo de vencimento. Vega: trata-se da sensibilidade do modelo Black Scholes em relação à volatilidade, quanto maior a volatilidade, maior será a variação do preço, com seguinte fórmula: Rhô: se refere a sensibilidade do preço do papel em relação a taxa de juros livre de risco, com a seguinte fórmula: Utilizamos para calcular as Gregas as mesmas variáveis apresentadas anteriormente. Apresentando novamente para facilitar: Em aulas nos foram apresentadas algumas possíveis variáveis para que compreendamos a relação de cada uma das Gregas como modelo Black Scholes. É importante dar atenção a esses exemplos e perceber o reflexo dele dentro dos resultados de cada uma das Gregas. Vale lembrar, que todas as variáveis são afetadas pelo teto. Podemos, também, alterar cada uma das variáveis para ver o efeito delas dentro do resultado das Gregas. Finalizamos aqui nossas aulas de opções, que são uma espécie de derivativos. SWAPS E SUAS CARACTERÍSTICAS GERAIS Os Swaps são operações que realizam a troca de fluxo de caixa, tendo como base a comparação de rentabilidade entre dois indexadores. Basicamente, é um contrato geralmente 476 feito no balcão organizado, pois não é padronizado, ou seja, os termos do contrato são negociados livremente entre os investidores. Existem diversas modalidades de Swaps e veremos cada uma delas aqui. Por exemplo, dentro de um contrato Swap de CDI (Certificados de Depósitos Interbancários) contra Dólar, um dos investidores ficará comprado em CDI e vendido em dólar. Portanto, um dos investidores ganhará o CDI subir e perder quando o dólar subir, já o outro investidor estará comprado em dólar e vendido em CDI, ao final do contrato ou dentro do contrato podem ser feitos ajustes de acordo com as variações. Temos uma tabela de Ativos-objetos admitidos na dentro da B3: Índice Inflação Índices de Ações Taxas de Juros Taxas de Câmbio IGP-M IBOVESPA CDI USD IPCA IBRX-50 PRÉ EUR TJLP JPY TR Dadas as características do derivativo, podemos usá-las de três maneiras: ⯀ Proteção. Uso para proteger parte da exposição da carteira; ⯀ Especulação. Ganho com abertura ou fechamento de curvas de juros; ⯀ Rentabilidade. Uso do Swap para trocar a rentabilidade de ativos novos ou já existentes em carteira. Possuindo algumas características técnicas importantes: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Tamanho do contrato: livremente pactuado entre as partes. Data de fixing: dia útil anterior a data de vencimento (D-1). Data de vencimento e liquidação: livremente pactuado entre as partes. Forma de liquidação: com garantia, onde a liquidação é realizada por meio da Clearing. Margem de garantia: somente será exigido o depósito prévio de ativos dos participantes, conforme regulamentação, quando a operação for contratada com garantia da B3. ⯀ Natureza do contrato: as partes se obrigam a trocar o resultado líquido das diferenças entre dois fluxos de rendimentos. ⯀ Prazo de vencimento: livremente pactuado entre as partes. Exemplo: 477 Suponhamos que a empresa VALE possua um ativo de R$1.000.000 pré-fixado a 10% ao ano (252 dias úteis – 1 ano). A empresa deseja indexar esse ativo ao dólar com +5% ao ano, sem ter que fazer movimentos de caixa. É possível fazer isso através de um contrato de Swap contratando através de uma instituição financeira. Assim, ele fica ativo em dólar e passivo em 10% ao ano. A instituição financeira fica na ponta oposta. Dados: Nesse caso, a Vale receberia um valor líquido de R$34 mil da instituição financeira referente à diferença entre a posição comprada da Vale e a posição vendida da instituição. TIPOS DE SWAP Swap de Moedas Conhecido também como Swap Cambial, sendo o mais popular por conta do uso gigantesco feito pelo Banco Central. Portanto, quando o dólar está subindo o Banco Central (BC) vende Swap Cambial para importadoras e empresas que têm dívida em dólar. No Swap Cambial, o BC ou a instituição financeira paga a variação cambial acrescida de juros no período do contrato enquanto o contratante paga uma taxa de juros previamente determinada. Por exemplo, o investidor compra Swap Cambial de CDI +3% contra Dólar +1% do Bacen, com o vencimento em 3 anos e ajustes anuais. Dados: 478 Estaremos comprados em CDI e outro participante comprado em Dólar. No exemplo da tabela podemos enxergar as variações possíveis e seus efeitos. Cada período corresponde a um ano completo, apresentando então suas variações dentro do período, seja ela de CDI ou de Dólar. Calculamos a diferença e multiplicamos por 1 milhão para encontrar o resultado da diferença. Basicamente, assim se estrutura um Swap Cambial com variação anual dos indexadores. Sendo extremamente simples e fácil de se calcular. Swap de Taxa de Juros Refere-se a um contrato onde as partes concordam em trocar obrigações envolvendo taxas de juros por determinado período. Em geral, envolve a troca de uma posição em taxa de juros pós-fixada em determinada taxa flutuante por uma taxa de juros pré-fixada. Por exemplo, o investidor A possui um investimento de R$1.000.000 que paga 4% ao ano por 5 anos. Já o investidor B possui um investimento de R$1.000.000 que paga CDI +1% ao ano em 5 anos. O investidor A acredita que os juros subirão e o investidor B ficaria satisfeito com uma taxa fixa. Ambos resolvem por fazer um Swap com pagamento anual do ajuste: É necessário observar as variações do CDI dentro dos respectivos períodos e liquidar todos 479 os débitos e créditos, para ao final, liquidarmos toda a operação. No exemplo o investidor A perde R$1.530 por conta das variações. Credit Default Swap É um derivativo que permite a um investidor compensar seu risco de crédito com outro investidor. Caso os investidores queiram proteger-se do risco de default, ele pode comprar um CDS de outro investidor que concorda em reembolsar o credor em caso de inadimplência. Sendo assim, é uma espécie de seguro contra calote (default). Por exemplo, as crises de 2008, em que uns títulos lastreados em hipoteca continham milhares de contratos, possuindo diversos riscos em diversas porcentagens, o que ocorreu foi que os bancos emitiam títulos e lastreavam esses títulos em seguros contra calote (CDS – Credt Default Swapd). Por ser parecido com um seguro, o CDS exige o pagamento contínuo de prêmio para manter o contrato, como uma apólice de seguro. Swap de Ações É uma troca de fluxos de caixa futuros entre duas partes que permite a cada uma das partes diversificarem sua receita por determinado período de tempo, mantendo seus ativos originais. Um swap de ações é semelhante a um swap de taxa de juros, onde uma das partes remunera o valor nacional de acordo com um índice de ações e a contraparte remunera utilizando uma taxa de juros qualquer, DI ou SELIC. Por exemplo, noticia: “Ambev anuncia operação de ‘equity swap’ de até R$1 bilhão”. Ambev entra vendida em DI e comprada em ações, já a instituição financeira fica comprada em DI e vendida em ações. Dados: 480 A Ambev pagará por esse R$1 bilhão uma taxa de juros definida e irá pagar a diferença entre o CDI+3% e as ações em questão. É óbvio que a instituição financeira terá o total em ações no seu caixa, antecipando o valor das ações e cobrando o CDI e caso as ações disparem ela irá remunerar a Ambev. Vale lembrar, que precisamos sempre levar em conta as variações dentro de cada período para que o cálculo ocorra da forma correta. EXEMPLO DE ORDENS BEST A melhor execução de ordens é uma questão regulamentar que exige que os intermediários (geralmente corretoras e distribuidoras de valores) executem as ordens de seus clientes de maneira mais vantajosa possível dada o ambiente de mercado dominante. Best Execution abrange uma série de características-chaves que os intermediários devem examinar, rastrear e documentar ao escolher a forma como executa ordens de compra ou venda de ações, derivativos ou títulos. Levando em conta as melhores condições: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Preço; Custo; Rapidez; Probabilidade de Execução e liquidação; Volume; Natureza; Qualquer outra consideração relevante para execução da ordem. Por exemplo, não precisaremos ficar muito preocupados ao emitir uma ordem de compra com o preço errado, pois a própria corretora irá corrigir e executar da melhor forma possível 481 aquela ordem enviada. Vale lembrar, que essas instruções estão sobre as instruções de execução de ordens na da CVM, número 505, seção II. PROCESSO DE ESCOLHA DE CORRETORAS PARA BEST EXECUTION Quando se é um gestor de fundos e gere mais de um fundo, você terá de ter um procedimento para escolha de uma corretora. Portanto, deve-se estabelecer critérios adotados para a escolha das corretoras que busquem o melhor interesse para os investidores. Essa escolha é regulada pelo Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros, mais especificamente no Capítulo VI. Basicamente, será necessário documentar e manter em documento escrito as regras, procedimentos para seleção, contratação e supervisão dos terceiros contratados em nome do fundo. Esses procedimentos devem ser consistentes e passíveis de verificação. Procedimentos prévios: ⯀ Processo interno para seleção e contratação de terceiros, indicando as áreas internas envolvidas; ⯀ Processo de diligência adotado nos casos de contratação de terceiras para atividades que não possuam questionário ANBIMA de Due Diligence, observado o parágrafo 2 deste artigo. Procedimentos pós-contratação: ⯀ Áreas responsáveis pela supervisão dos terceiros contratados; ⯀ Processo adotado para supervisionar os terceiros contratados; ⯀ Processo adotado para tratar as não conformidades e ressalvas identificadas. O mínimo que o documento de contratação de conter: ⯀ Critérios adotados para a escolha das corretoras que busquem o melhor interesse 482 para os investidores; ⯀ Como será dada aos investimentos transparência sobre os eventuais recebimentos de serviços adicionais fornecidos pelas corretoras em razão de sua contratação e relacionamento. Quais critérios devem ser observados na escolha de corretoras: ⯀ Preço: observar políticas e custos das corretoras na cobrança de seus serviços. Preço de corretagem, taxa de custódia, taxa para tesouro direto, taxa corretagem pela mesa de operações e taxa de saque; ⯀ Ferramentas: observar quais as ferramentas à disposição. Home Broker, plataformas profissionais, aplicativos e outras aplicações úteis; ⯀ Atendimento: observar como a corretora irá nos atender. Se a corretora conta com assessoria de escritório ou apenas atendimentos on-line e suporte telefônico; ⯀ Serviços: verificar os serviços oferecidos pela corretora, os relatórios, ferramentas de análise, blogs ou outros canais educacionais. ORDENS SOFT DOLLARS Basicamente, se refere a um acordo, explícito ou implícito, e significa os benefícios fornecidos a um gestor de ativos por uma corretora como resultado de comissões por transações financeiras executadas pela corretora para contas de clientes ou fundos administrados pelo gerente de ativos. A idéia original de Soft Dollars é obter produtos ou serviços adicionais junto às corretoras, além do simples serviço de execução de ordens. Tais serviços devem estar diretamente relacionados ao processo de tomada de decisão de investimento, isso é método quantitativo e qualitativo utilizado pelo gestor na prestação de serviços aos clientes, incluindo análise financeira, análise de risco, seleção e alocação de ativos, seleção de corretoras e análise de perfil. De qualquer forma, tanto a prática de Soft Dollars quanto os critérios de contratação nessa modalidade devem estar explicitamente previstos nos Manuais de Compliance e Controles Internos dos Fundos de Investimentos. SEGURANÇA DAS ORDENS 483 Refere-se a como estão guardadas os registros das ordens emitidas pelos clientes. Basicamente, as corretoras devem manter o controle de todas a posições dos clientes, as ordens executadas, posições constantes na base de dados que geram os extratos e demonstrações de movimentação fornecidos a seus cliente e, também, posições fornecidas pelas entidades de compensação e liquidação, tudo isso de acordo com a instrução da CVM número 505. Deverá manter um sistema de conta corrente para registro de todas as movimentações financeiras de seus clientes. Um arquivo que conterá tudo isso, para resguardar em futuros conflitos a corretora. A própria política de investimento do fundo e da gestora, deverá explicitar como ela trata as ordens, sejam elas feitas via sistema, via telefone, verbais, mensagens e etc. Elas precisarão relatar como o processo de ordem acontece. Se vir via plataforma eletrônica, a corretora deverá ter evidências das ordens recebidas, que reproduzam com clareza a ordem recebida do investidor, o dialogo em questão e contanto com todas as informações necessárias para completa identificação da ordem. A gestora de fundos e as corretoras, sempre deverão manter esses registros para em casos de conflitos, utilizarem delas como prova para defesa. A corretora também deve estabelecer uma política de segurança da informação e continuidade de negócios em caso de sinistro ou qualquer outra adversidade, observando os seguintes pontos: ⯀ Implementação de solução de segurança de tecnologia para controle de acesso externo ao ambiente interno, firewall’s e antivírus; ⯀ Testes periódicos dos sistemas de informação quanto à sua segurança e correção tempestiva de vulnerabilidades; ⯀ Medidas preventivas contra a interrupção ou indisponibilidade não programada dos sistemas da informação; ⯀ Testes periódicos das medidas preventivas, definidas e implantadas de forma a garantir a eficiência e eficácia das mesmas; ⯀ Aplicação de soluções de contorno e implementação de solução definitiva, para efeito do adequado gerenciamento de incidentes e problemas; ⯀ Controle de acesso lógico às informações e sistemas de suporte, de forma a prevenir o acesso não autorizado, roubo, alteração indevida ou vazamento de informações; ⯀ Mecanismos formais para gerenciar acessos e senhas (redes, sistemas e bancos de dados, incluindo canal de relacionamento eletrônico com clientes). 484 EQUIDADE DO TRATAMENTO DE FUNDOS E COTAS As ordens de compra e venda quando for de responsabilidade de pessoa jurídica responsável por diversos fundos, devem ser agrupadas e alocadas conforme o processo implementado pela gestora, e que permitem o rateio, entre os fundos das operações realizadas, por meio de critérios equitativos, pré-estabelecidos, formalizados e passíveis de verificação. As gestoras de diversos fundos podem realizar operações agrupadas para reduzir custos, garantir equidade no tratamento de clientes e, mesmo, por força de natureza de algumas operações: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Preço médio de determinado ativo na ponderação; Tratamento dados a mais de uma ordem agrupada no mesmo dia; Como se dará a alocação das ordens nos diversos fundos administrados; Como serão tratadas as exceções e quais são elas; Como se dará a alocação de despesas entre os fundos. Transferência de Ativos entre Fundos Basicamente, trata-se de transferir os ativos agrupados aos fundos, ou seja, alocar. É a movimentação de ativos entre carteira ou contas de depósitos no serviço de depósito centralizado da Central Depositária e com o respectivo registro nas contas de depósito dos comitentes envolvidos. Deverão ser estabelecidos critérios de alocação que constarão na Política de Decisão de Investimento e Alocação de Ordens da Gestora. Caso haja grupamento de ordens, um possível critério é que a relação de proporção a ser alocada para cada fundo sob gestão da mesma empresa, fazendo o rateio pelo preço médio negociado. Algumas variáveis devem ser consideradas na alocação de ativos de grupamento de ordens: ⯀ Política de investimento de cada fundo; ⯀ Perfil de risco do fundo; ⯀ Patrimônio do fundo. O monitoramento das operações de grupamento de ordens em alinhamento com os procedimentos estabelecidos pela empresa gestora de fundos geralmente fica a cargo da 485 área de Compliance, que também é responsável por eventuais alterações de critérios. Resolução de Erros de Trading Não há uma definição precisa sobre erros de Trading, mas podemos classificar como a ação do gestor de fundos em desconformidade à uma ordem emitida pelo cliente ou mesmo o não atendimento de política de investimentos. Alguns exemplos: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Comprar ou vender o título errado; Comprar ou vender o título pelo valor errado; Comprar em vez de vender um título; Executar com o preço errado; Negociar na conta errada; Violar o programa de investimento de um cliente ou restrições de negociação; Duplicar negociações; Alocação incorreta entre clientes. A gestora deve determinar, por escrito, as políticas e procedimentos que forneçam as diretrizes para resolução dos errados de Trading. Os principais elementos dessas políticas exigem que: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ O erro comerciAl seja prontamente relatado; Ação imediata seja tomada para corrigir um Trading, na medida do possível; O cliente é reembolsado pelas perdas em certas circunstâncias; A área de Risco e Compliance são informadas sobre eventuais erros; A área de Compliance cria um relatório detalhado documentando o erro e como a empresa o tratou; ⯀ Revisão dos procedimentos de erros de Trading para avaliar alterações apropriadas; ⯀ Os funcionários da empresa devem ser treinados sobre o assunto. 486 Módulo 6 Teoria Moderna de Carteiras e Modelos de Precificação Este capítulo trata sobre a Teoria Moderna de Carteiras e Modelos de Precificação. DEFINIÇÃO DE RISCO E RETORNO Risco O Risco se refere a uma probabilidade de insucesso de determinado empreendimento eventual, incerto, cuja ocorrência não dependa exclusivamente da vontade dos interessados. Descrito de forma quantitativa, é a tomada de decisão a partir de resultados projetados de uma determinada ação associado à probabilidade de ocorrência de cada resultado. Dentro do mercado financeiro, a melhor medida de Risco, é o Desvio Padrão do retorno de determinado ativo. Para comparar opções com diferentes graus de risco, é preciso quantificá-lo: Pessoas vêem o risco como algo indesejável, porém algumas pessoas o consideram mais indesejável do que outras; É possível reduzir riscos ou mesmo eliminar por meio de diversificação de carteiras, aquisição de seguro ou investimento em informações adicionais; Pessoas podem selecionar o grau de risco que estão dispostas a assumir. Retorno Falamos do fluxo monetário total que um determinado ativo produz, incluindo ganhos e perda de capital, como uma fração de seu preço. Por exemplo, compramos um ativo por R$10, que nos pagou R$1 de dividendo após um ano, e hoje vale R12, nosso retorno será os 20% de ganho de capital + 10% do dividendo pago. Quanto ao Retorno real, sabemos que corresponde ao retorno nominal menos a inflação. Já o Retorno Esperado, refere-se ao valor que é esperado de retorno do ativo. Por fim, temos o Retorno Efetivo que nos diz respeito ao valor realmente obtido pelo ativo. TEORIA DA UTILIDADE ESPERADA Trata-se de uma ferramenta utilizada quando as escolhas sob incerteza, ou seja, os 488 Ou seja, o valor esperado é de R$25, se apostássemos infinitas vezes, é esse resultado que poderíamos esperar. Bernoulli nos diz que se tivéssemos duas pessoas expostas a mesma possibilidade de ganhar R$25 com uma aposta uma diria que sim e a outra diria que não, contrapondo a idéia de Pascal de que todas as pessoas diriam sim para essa possibilidade. Bernoulli criou a Teoria da Utilidade Esperada, entendo que as pessoas decidem a partir da utilidade do valor esperado e aquilo que ele pode gerar de satisfação. Utilidade Entendemos Utilidade por índice numérico que representa a satisfação percebida de um consumidor por determinada cesta de consumo. Sendo a função dessa Utilidade a relação matemática que expressa a maneira com que os indivíduos combinam parte da utilidade dentro de uma cesta de consumo. Por exemplo, a função utilidade de um indivíduo numa cesta que possui alimentos (A) e vestuário (V) é u(A.V) =A+2V Uma cesta que contenha 8 unidades de alimento e 3 unidades de vestuário gerará utilidade de 14. Já uma cesta que contenha 6 unidades de alimento e 4 unidades de vestuário gerará utilidade de 14. O sujeito é indiferente a elas. UTILIDADE ESPERADA É a soma das utilidades associadas a todos os possíveis resultados, ponderadas pela probabilidade de que cada resultado ocorra. A função utilidade típica de um indivíduo é U(X)=In(X). A fórmula da utilidade esperada é: 489 Por exemplo, imaginemos um consumir, se a renda dele for R$0,00 a utilidade é zero. Se a sua renda for R$10.000 a utilidade será 10 e se a renda for R$20.000 a utilidade será 16. Qual é a utilidade esperada, considerando que a probabilidade de renda? Não podemos que esquecer que a utilidade de qualquer coisa depende sempre da perspectiva da pessoa em questão, a utilidade de um copo de água no deserto é enorme, mas não é a mesma que a utilidade de 100 copos de água no deserto, entra, aqui, a idéia de saciar-se. RISCO E RETORNO DE UMA CARTEIRA Retorno Esperado Falamos de Retorno Esperado de uma carteira de valores, que nada mais é do que a média ponderada dos ativos que a compõe. Supondo que um investidor queira investir suas economias em 2 ativos, um em Letras do Tesouro (Rf) com retorno esperado de 2% e outro em ações (Rm) com retorno esperado em 9,5% e sendo “b” a participação da carteira de ações no portfólio, qual o retorno esperado da carteira supondo que 25% as economias serão investidos em ações? 490 A idéia aqui é de que o passado é um bom previsor do futuro, por isso utilizamos médias dos retornos passados para obter um retorno esperado sobre uma carteira. Risco Risco descrito de forma quantitativa é a tomada de decisão a partir de resultados projetados de uma determinada ação associada à probabilidade de ocorrência de cada resultado. Envolvendo incerteza, certeza e risco. Por exemplo, temos um pote com 100 bolas brancas e pretas, e teremos de apostar qual bola vamos tirar do pote, se será branca ou preta. Se não temos idéia da proporção entre bolas brancas e pretas, atuaremos sob incerteza. A certeza entra quando temos absolutamente a informação da quantidade de bolas. Já o risco está relacionado à quando sabemos a proporção e tomamos uma decisão baseada na probabilidade, é uma aposta. Fórmula utilizada: A medida de risco de uma carteira é o desvio padrão (Dp) dos ativos que compõe uma carteira (bDm) multiplicada pela participação dos ativos de mercado. É óbvio que não existe nenhum ativo com risco zero, nem os títulos públicos dos Estados Unidos. Jamais teremos a certeza absoluta de que não há risco em um ativo. Logo, os “ativos livres de risco” são ditos assim por consideração ao baixo risco, mas não que não exista risco algum. Por exemplo, se o nosso desvio padrão de mercado é 10% e minha participação dos ativos de mercado é de 25%, o meu desvio padrão esperado será de 2,5%. 491 LINHA DE ORÇAMENTO DE RISCO Basicamente, essa linha descreve a permuta entre risco e retorno esperado, ou seja, qual será o prêmio exigido pelo agente. Fórmula de retorno: Não importa muito qual a modalidade que utilizaremos de equação e sim os coeficientes que irá compor ela. Ao obter a equação apresentada por ultimo, teremos chego à linha de orçamento e risco. Lá, para aumentarmos retorno teremos de aumentar o risco também. Escolha entre Risco e Retorno Uma vez que nós temos como calcular o retorno esperado de uma carteira, sabemos a importância da utilidade do retorno da carteira, sabemos calcular o desvio do retorno esperado de uma carteira e, também, sabemos calcular a linha de orçamento, podemos compreender a escolha entre risco e retorno, dada sua restrição de volume de investimento. Gráfico apresentado em aula: 492 É desejável para o agende um retorno maior com o mesmo risco, todo agente busca isso. Para assumir mais riscos o agente exigirá mais retorno. A curva de utilidade do gráfico significa o ponto onde o agente é indiferente, em relação ao retorno nos determinados riscos propostos. Aversão a Risco Basicamente, é a condição de preferência por uma renda certa em relação a uma renda incerta com o mesmo valor esperado. Por exemplo, o investidor poderá escolher entre uma renda garantida de R$20 mil ou a possibilidade de 50% de renda de R$30 mil ou até 50% de renda de R$10 mil. Utilizaremos esse exemplo para todos os tópicos a seguir. Gráfico do exemplo de aversão ao risco: Obviamente a renda garantida de R$20 mil passa uma satisfação com o nível de utilidade de 16. Em R$10 mil a utilidade é 10 e em R$30 mil a utilidade é 18. A utilidade esperada para um investidor com aversão ao risco encontrará seu nível de utilidade em 14, em decorrência do calculo apresentado em aula. Propensão ao Risco Falamos da condição de preferência por uma renda incerta em relação a uma renda certa quando ambas têm o mesmo valor esperado. Gráfico do exemplo de propensão ao risco: 493 Aqui a utilidade esperado se encontra em 18, pois o agente demonstra certa propensão ao risco. Geralmente, essa propensão está ligada a renda. Neutralidade ao Risco É a situação de uma pessoa para a qual é indiferente uma renda certa ou uma renda incerta com o mesmo valor esperado. A saciabilidade, que significa que à medida que vamos satisfazendo uma necessidade esta desaparece, ou seja, é saciada. Por exemplo, a diferença que existe entre 1 copo de água no deserto e 250 copos de água no deserto. Gráfico do exemplo de neutralidade ao risco: A proposta para ele é indiferente quando o valor esperado é igual. Prêmio de Risco Trata-se da soma máxima em dinheiro que uma pessoa com aversão ao risco pagaria para deixar de assumir determinado risco. Gráfico do exemplo de prêmio de risco: 494 O prêmio de risco se encontra entre uma utilidade de 14 e uma renda de 16, resultando em 4 mil como prêmio de risco, conforme o cálculo apresentado em aula. DOMINÂNCIA ESTOCÁSTICA Trata-se de uma ordem parcial entre variáveis aleatórias, formando uma ordenação estocástica. Sugere que uma aposta pode ser classificada como superior a outra para uma ampla base de tomadores de decisão, baseando-se em preferências compartilhadas em relação a conjuntos de resultados possíveis e suas probabilidades associadas. Já os critérios de eficiência são uma regra que divide um conjunto de opções em dois subconjuntos mutuamente exclusivos: um eficiente e outro ineficiente. O conjunto eficiente contém todas as alternativas aceitáveis para um grupo particular de investidores. Sendo assim, todos os investidores que pertencem a esse grupo farão escolhas no conjunto eficiente. Existem três regras para dominância estocástica aplicada à teoria de investimentos: ⯀ Primeira Ordem: seleciona investimentos para aqueles investidores que pretendam um retorno maior a um menor; ⯀ Segunda Ordem: seleciona investimentos para aqueles investidores que, além de preferirem um retorno maior a um menor, são avessos aos riscos; ⯀ Terceira Ordem: seleciona investimentos para aqueles investidores que, além de preferirem um retorno maior a um menor e serem avessos aos riscos, possuem aversão crescente ao risco. A ideia de criação de sub-grupos é importante para compreender o funcionamento das ordens apresentadas. DOMINÂNCIA ESTOCÁSTICA DE PRIMEIRA, 495 SEGUNDA E TERCEIRA ORDEM Primeira Ordem Assume que o investidor não leva em consideração o risco, ou seja, sempre vai preferir o retorno maior a um retorno menor independente do risco incorrido. Isso significa que U(R) não é decrescente. Fórmula: Gráfico A compreensão do gráfico só será possível prestando atenção ao exemplo apresentado em aula, para averiguar as possibilidades de dominância. Segunda Ordem É um subconjunto eficiente da DEP, que inclui aversão no risco nas preferências. Isso significa que a derivada primeira da função utilidade precisa ser positiva, a derivada segunda da função utilidade dos investidores é negativa ou zero. Fórmula: Gráfico: 496 Basicamente, calculamos que domina quem por meio das integrais e não pelas derivadas. F domina G quando a densidade de F é menor que a densidade da opção de investimento G. Já o F domina G caso a distribuição seja menor ou igual a G. Quanto maior o retorno para a mesma probabilidade cumulativa melhor. Terceira Ordem Falamos de um subconjunto eficiente da DES, em que o investidor possui aversão crescente ao risco. Isso significa que a derivada primeira da função utilidade precisa ser positiva, a derivada segunda da função utilidade dos investidores é negativa ou zero e a derivada terceira ser maior ou igual a zero. Fórmula: Precisamos que a integral de F seja menor que a integral de G, mas nesse caso falamos da integral de segunda ordem e não de primeira. Se a integral do retorno esperado de F for menor ou igual à ao retorno esperado da carteira G, teríamos de afirmar que F domina G, atendendo então aos critérios de aversão ao risco. Sempre teremos critérios de dominância e de aversão ao risco. ANÁLISES DE SWOT (STRENGTHS, WEAKNESSES, OPPORTUNITIES AND THREATS) 497 Fraquezas (W): se refere a tudo que o empreendimento tem de problemático e que representa desvantagem competitiva. Por exemplo, se tivermos uma estrutura muito alavancada em capital de terceiros, temos uma desvantagem competitiva. Ambiente Externo: Oportunidades (O): quais os fatores externos que representam oportunidades que impactarão os negócios de maneira positiva? Por exemplo, em pandêmia, o posicionamento digital é uma oportunidade para quem atua somente no varejo. Ameaças (T): falamos dos fatores externos que representam riscos que impactarão os negócios de maneira negativa. Precisamos identificar e elencar as possíveis ameaças ao empreendimento. Próximo Passo Identificados todos os pontos acima, precisaremos definir a relevância dos pontos em relação à nossa postura no mercado. A partir de cada ponto identificamos o caminho que será seguido, visando melhorar a força frente à uma ameaça, ou melhor nossas fraquezas para não perder uma oportunidade. Assim estabelecendo sempre um planejamento estratégico. Por exemplo, se temos uma ameaça no varejo online, com uma marca forte. Logo, teremos de criar um plano de enfrentamento para a ameaça do varejo online. A Havan terá, por exemplo, de ter a capacidade de migrar seu alto público varejo para o online, isso em momentos de pandemia, um fator externo. Teremos de decidir qual postura iremos tomar perante cada um dos fatores da nossa análise SWOT. Essa postura irá nos ajudar dentro do nosso plano estratégico. TEORIA DA UTILIDADE ESPERADA X TEORIA DA PERSPECTIVA Faremos agora uma comparação entre a Teoria da Utilidade Esperada (TUE) e a da perspectiva (TP). Esta é uma teoria no campo das finanças comportamentais criada por Daniel Kahneman e Amos Tversky que procura descrever como as pessoas decidem quando há envolvimento de risco. É descritiva positiva. A outra, por sua vez, é dedutiva normativa. A 498 diferença entre elas consiste em tratar o mundo como é (positiva) ou como o mundo deveria ser (normativa). Kahneman tenta descrever os ambientes reais de tomada de decisão. Um dos pressupostos da teoria da utilidade esperada é que os agentes são racionais — afirmação que dentro da teoria econômica extremamente controversa, visto que muitos acreditam na insuficiência disso. As três condições da teoria da utilidade esperada são, portanto: racionalidade, aversão ao risco e preferência por utilidades maiores. Já a teoria da perspectiva não adota os mesmos critérios, e tenta, através de investigações heurísticas, que os agentes tomam decisões automáticas sobre determinados assuntos baseadas na experiência anterior. A TUE descreve um mundo onde tudo é ideal e certo. O agente tem todas as informações possíveis, sabe todas as probabilidades, é extremamente racional e partindo de um modelo matemático pré-determinado toma decisões inequívocas. Vale destacar também que ela só descreve situações de ganho e não inclui perdas. Por sua vez, a TP já trabalha com perdas e fez descobertas importantes no campo da psicologia cognitiva para entender o comportamento dos agentes. Ela discrimina em suas afirmações três efeitos derivados de vieses cognitivos: Efeito Certeza; Indivíduos preferem eventos certos em comparação a eventos prováveis, ainda que estes sejam melhores que aqueles. Isto é, são aversos ao risco. Entre a certeza de ganhar 80 e a possibilidade de 90% de ganhar 100, ele prefere a primeira opção, por mais alta que seja a probabilidade do outro evento ocorrer. Efeito Reflexo; Todos que já operaram em mercado de capitais identificaram instantaneamente. Este efeito explica que a aversão ao risco no campo dos ganhos é acompanhada de uma propensão ao risco no campo das perdas. Entre a certeza do ganho de 80 e a probabilidade de 90% de ganho de 100, fica-se com a certeza de 80. Portanto, a aversão é contra o risco no campo dos ganhos. Se mudarmos o prisma e olharmos para a perda, a situação muda: entre a certeza de perder 80 e a pro- 499 babilidade de 90% de perder 100, esta é a opção escolhida — tem-se propensão ao risco. Esta é, dentro da teoria da perspectiva, uma das maiores contribuições de Kahneman acerca do comportamento dos agentes. Por isto que o efeito reflexo da curva de ganhos dentro da teoria da perspectiva tem formato sinusoidal. Comparativamente, a percepção de um ganho de 10 e uma perda de 10 é menor. Esta é outra grande contribuição: ele identificou que a desvantagem de se perder uma quantia é maior que vantagem ou utilidade de ganhar o mesmo valor. Kahneman percebeu também que a curva para ganhos é côncava e para perdas torna-se convexa. Resumidamente: propensão ao risco quando é ganho e aversão ao risco quando é perda. A teoria da utilidade esperada nem ao menos trata superficialmente disso por lidar com um “mundo ideal” onde as pessoas só tomam decisões racionais — e ninguém age racionalmente para perder. O psicólogo também ventilou a proposição de que as pessoas tem dificuldade de assumir os prejuízos. Amam o risco apenas se for para ganhar. Efeito Isolamento. Em situações que abrangem mais de uma decisão problemática, tendemos analisar caso a caso cada uma delas, evidenciado o viés do efeito de isolamento. Acerca de um problema grande e multipartido, tomar pequenas decisões independentes é mais desvantajoso em relação a tomar uma única decisão solucionadora geral. Também desconsiderar informações consideradas subjetivamente irrelevantes faz parte do que chamamos aqui “efeito isolamento”. Para simplificar seus processos de decisão as pes soas descar tam componentes implícitos e compar tilhados por todas as 500 probabilidades. Se para você o lucro por ação de um investimento é o que mais importa, as suas análises fundamentalistas de várias empresas serão descartadas inadvertidamente, para simplificar o processo de decisão, uma série de informações complementares. Desconsidera, por exemplo, endividamento, os diversos outros tipos de retornos etc. Você concentra-se apenas em informações que considera relevantes por conta das experiências anteriores, sendo elas boas ou ruins. Novamente, no processo de simplificação os agentes desconsideram boa parte das características de cada uma das opções de escolha. Este é a definição de efeito isolamento. Dentro da TUE não existe esse conceito, visto que o agente hipoteticamente trabalha com todas as ações existentes. Kahneman tende a descrever muito melhor um indivíduo real do que a teoria da utilidade esperada o faz, por ela trabalhar no campo do ideal. CURVA DA FRONTEIRA EFICIENTE Damos aqui continuidade em nossos estudos sobre escolhas em situações de incerteza. Veremos agora Teoria de Utilização de Carteira de Markovitz. Markovitz a desenvolveu em 1952 num artigo chamado “seleção de portfólio”. Ela é um modelo de média e variância — o que foi sua grande sacada em relação aos outros estudos de carteira que existiam. O teórico percebeu que o risco não somente era medido pelo desvio-padrão, mas entendeu que a correlação entre os ativos também influenciava nessa mensuração. Novamente, sua grande jogada e contribuição para a teoria de portfólio e escolha de carteiras foi perceber e desenvolver as correlações e suas influências na aplicação e cálculo dos riscos e tomadas de decisões. Markovitz notou que em um gráfico de tempo x variação ou flutuação de valores, a adição de um ativo que possua desenho gráfico semelhante aos outros já pertencentes à carteira não influencia significativamente nos riscos a ela associados. Completando esse pensamento, ativos com gráficos de variação de risco “espelhados” aos da carteira, se adicionados a ela promoveriam redução de risco. Além do mais, enunciou também que a relação risco-retorno não era linear, mas inconstante. Assim sendo, uma solução de otimização de carteiras foi criada e desenvolvida, 501 dando origem ao que conhecemos hoje por fronteira de eficientes (conjunto de carteiras ótimas que oferecem o melhor retorno esperado para determinado tipo de risco). Imaginemos dois ativos. Um com retorno esperado de 5% (risco de aproximadamente 8%) e outro com retorno esperado de 25% (risco de 25%). Antes da teoria que agora estudamos, imaginava-se que a linha de correlação e escolha entre essas duas opções seria uma reta que os ligava. Mas perceba que o desenho de Markovitz é sinuoso e possui um ponto de inflexão — fato gerado pela correlação entre os elementos e riscos. Analisando o gráfico, percebemos que em determinado trecho ele não corresponde a uma função matemática porque um mesmo valor de (x) possui duas imagens no eixo (y). Isto significa financeiramente que para cada ponto abscisso incluso nessa condição, o ativo de menor valor de retorno associado a ele jamais poderá fazer parte da fronteira eficiente porque é dominado pelo ativo de maior valor. Um dos únicos lugares gráficos onde isso não ocorre é no ponto de inflexão ou ponto de carteira de variância mínima. Tem o nome de fronteira eficiente a parte do gráfico que se desenvolve positivamente após o ponto de carteira com variância mínima porque a partir dele não haverá dominância de uma carteira sobre a outra — apenas escolhas envolvendo risco e retorno. Portando, a depender da utilidade do investimento e da aversão aos riscos é que o investidor escolhe a sua carteira. PREMISSAS DO MODELO DE MARKOWITZ Para adentrarmos ao modelo de Markovitz será importante entendermos as premissas por ele adotadas. Antes de mais nada, premissas de modelos são simplificações da realidade e não devem ser aplicadas ipsis litteris dentro dela porque efetivamente são recortes 502 que servem de facilitadores da compreensão do modelo teórico proposto. As sete premissas que estudaremos são as seguintes: ⯀ Os investidores avaliam carteiras baseando-se no retorno esperado e no desvio-padrão do retorno esperado em determinado período; ⯀ Os investidores repelem o risco e escolhem carteiras com menor risco dentro de mesmo retorno; ⯀ Os investidores são completamente racionais, sejam iniciantes, sejam profissionais da área, e sempre escolherão a carteira de maior retorno dentre as carteiras de mesmo risco; ⯀ O princípio da racionalidade dentro de modelos matemático-econômicos é amplamente questionável justamente porque pressupõe que o agente se alija completamente de todos os empecilhos emocionais e toma decisões exclusivamente racionais com base em todas as informações à disposição. ⯀ Os ativos individuais são completamente divisíveis, o que possibilita aos investidores a compra de frações dos ativos; ⯀ Existe uma taxa livre de risco na qual os investidores podem tomar emprestado ou emprestar; ⯀ No mercado real existe o termo “taxa livre de risco”, adotado para fins de entendimentos. Mas ainda os títulos mais seguros não são 100% isentos de risco. ⯀ Os investidores têm a mesma opinião acerca das taxas de retorno dos ativos, havendo assim um único conjunto de carteiras eficientes; ⯀ As expectativas são homogêneas e caminham para uma mesma direção, tendo os títulos e expectativas de retorno “pesos” similares. ⯀ Impostos e custos de transações são irrelevantes e não há restrições às vendas à descoberto. DIVERSIFICAÇÃO E RISCO E RETORNO DA FRONTEIRA EFICIENTE Nesse ponto em que agora nos encontramos é preciso saber o que é fronteira eficiente e as premissas do modelo de Markovitz para que possamos penetrar a teoria propriamente dita. Risco é definido como o desvio-padrão dos retornos, sendo este uma medida da volatilidade. Ou seja, ele mede a dispersão em relação à média de um determinado ativo. Portanto ela é que é considerada de “risco”. Quanto mais longe da média encontra-se a medida de dispersão de um ativo, maior o risco. 503 Os dois primeiros termos do somatório da raiz quadrada são basicamente o desvio padrão de uma carteira. Os “sigmas” minúsculos correspondem às variâncias dos ativos (a) e (b), respectivamente. Já o elemento (W) corresponde ao peso de cada um deles na carteira. A soma dos respectivos pesos x variâncias dos ativos = variância da carteira de ativos. Além desses dois primeiros termos da equação, o brilhantismo de Markovitz foi introduzir no risco um terceiro termo variável: duas vezes (peso do ativo (a) x peso do ativo (b) x correlação dos ativos (a e b) x desvio padrão de (a) e de (b)). Esta é a fórmula de cálculo de risco de Markovitz para dois ativos. É importante entendermos que existem algumas classificações de risco. Outra grandiosidade do teórico foi ligar a diversificação ao risco — desde que a correlação entre os ativos seja imperfeita. Desta forma, quando maior for a diversificação, menor será o risco. Risco diversificável; É o que pode ser reduzido por meio da diversificação dos ativos de uma carteira. Risco sistêmico. Aquele que afeta a todos os agentes indiferentemente. Exemplo: guerras locais ou mundiais. Nada é imune a esse tipo de acontecimento. 504 O gráfico acima representa o efeito da diversificação aplicado à teoria moderna de carteiras de Markovitz. Ele demonstrou que a mistura de ativos com correlações negativas reduz ou até elimina o risco diversificável, restando apenas o risco sistêmico, que a todos sujeita. O efeito diversificação consiste na redução de risco em uma carteira numa proporção maior que a redução média ponderada dos retornos ao adicionarem-se ativos na carteira. Se você possui, por exemplo, uma carteira com retorno de 10% e risco de 5%, o efeito diversificação consistiria em integrar um ativo qualquer que reduza proporcionalmente mais os riscos que os retornos. Portanto, a adição de uma quantidade (x) de ativos reduz a variância dos riscos individuais de maneira que ela quase desapareça. Ou seja, o peso relativo do título fica tão baixo que o seu risco específico se torna irrelevante. Já o risco sistêmico é captado pela covariância, na teoria que estamos estudando aqui. Na teoria moderna de carteiras de Markovitz o retorno esperado é mensurado pela média ponderada dos ativos que compõem uma carteira. O retorno esperado é o somatório do peso x retorno esperado respectivos de cada um dos ativos que compõem a carteira. Lembre-se de que a soma dos pesos deve sempre ser igual a 1 e a participação do ativo na carteira é um número maior que 0 e menor que 1. Grosso modo, a melhor maneira de se medir o retorno esperado de um ativo é observar-lhe os retornos passados. O retorno do ativo em um determinado período corresponde, portanto, a média dos retornos dele no referido intervalo de tempo. TEORIA MODERNA DE CARTEIRAS - RISCO DE CARTEIRA COM 2 E 3 ATIVOS 505 Antes de mergulharmos no assunto risco é preciso que saibamos a diferença entre covariância e correlação. ⯀ Covariância; Mede “direção”. Não tem nenhuma unidade de grandeza em relação ao ativo e não existe um fator comparativo entre as duas coisas. Simplesmente diz se os ativos “caminham” em direções semelhantes ou contrárias. Apenas isso. Se a covariância é maior que zero, isto significa que, comparativamente, a subida de um ativo é acompanhada pela do outro. Se a covariância for negativa, é o contrário que acontece. A covariância de dois ativos (x e y) é igual ao somatório das razões entre o produto dos desvios de cada um dos ativos e número de ativos subtraído de uma unidade (grau de liberdade). ⯀ Correlação. Mede a “força” da “direção”. Ela é um número entre (-1) e (1). A primeira corresponderia a uma correlação negativa perfeita (elementos têm comportamento exatamente oposto); a segunda corresponderia a uma correlação positiva perfeita (elementos têm comportamento exatamente igual). Markovitz trata apenas de correlação dos ativos (“força”). Quanto mais próximo dos valores de extremidade for o valor calculado, também maior será a simetria do movimento. A correlação é o somatório dos produtos dos desvios de cada elemento dividido pela raiz quadrada da covariância dos ativos ao quadrado. Esta é a fórmula usada dentro do modelo de carteiras que estamos estudando para a mensuração de riscos. Risco para Carteiras com 2 e 3 Ativos 506 O risco para carteira de dois ativos é igual à raiz quadrada da (variância x peso do ativo (a)) + (variância x peso do ativo (b)) + 2 vezes (peso do ativo (a) x peso do ativo (b) x correlação entre (a e b) x desvios-padrões de (a e b)) Para o cálculo do risco de uma carteira com três ativos é preciso fazer o que chamamos de matriz de correlação — e esta talvez seja a maior dificuldade em medir os riscos de uma carteira segundo a teoria de Markovitz. Por exemplo, caso você queria colocar 100 ativos numa carteira de investimentos, haverá quase 5000 correlações na matriz. Somente softwares são capazes de fazê-lo. A segunda fórmula é derivada da primeira: repare que para formá-la adiciona-se a variância x peso de mais um ativo e repete-se o terceiro termo para cada correlação entre os ativos. Assim é sucessivamente para o cálculo de (n) ativos. CURVA ENVOLTÓRIA Curva envoltória não é de maneira alguma um assunto fácil. Ela é obtida pela metodologia chamada análise envoltória de dados — uma técnica de mensuração de desempenho que tem como objetivo determinar a eficiência relativa de determinada carteira de ativos considerando sua proximidade da fronteira de eficiência, permitindo assim a comparação de várias unidades tomadoras de decisão. É uma medida de eficiência e um exercício de otimização baseado em restrições. “O que a curva envoltória tem a ver com a fronteira eficiente de Markovitz?” A fronteira é na prática uma curva envoltória. Ela pode ser também definida como o conjunto eficiente formado pela curva envoltória de todas as carteiras que se situam entre a carteira mínima de variância global e a carteira de máximo retorno esperado. 507 Cada ponto no gráfico acima representa uma carteira. A técnica que aqui estudamos serve para definir entre todas elas qual é a fronteira eficiente. Pelo princípio da dominância podemos fazer as seguintes inferências: ⯀ Para o mesmo risco, entre a 1 e a 5, as pessoas preferem esta última, com maior retorno esperado para o mesmo risco; ⯀ Para o mesmo retorno esperado, entre a carteira 6 e a 4, as pessoas preferem esta última, com menos riscos; ⯀ A carteira 3 é preferível à carteira dois porque tem mais retorno e menos riscos; ⯀ Entre 3, 4 e 5 não há uma que predomine sobre a outra porque cada uma tem suas vantagens relativas. Observe que as carteiras 1, 2 e 6 precisam ser descartadas nesse exercício porque são dominadas por outras. Portanto, um agente economicamente reacionário com sua aversão ao risco vai decidir entre a 3,4 ou 5. Esta última é a de maior retorno esperado e a primeira tem menor variância global. CARTEIRA DE VARIÂNCIA MÍNIMA A carteira de variância mínima é basicamente o ponto mais à esquerda da fronteira eficiente, a partir do qual todas as outras carteiras acima e à direita se tornam componentes da curva de fronteira eficiente. 508 Podemos dizer que temos a carteira de variância mínima global e a associada a determinado retorno esperado. Por exemplo: objetivando-se um retorno esperado de 18%, a carteira de variância mínima para isso tem variância em torno de 12%. Esta alternativa é inescapável: tem-se ou a carteira de variância mínima global, ou a carteira de variância mínima para um retorno considerado ótimo. CONSTRUÇÃO DA FRONTEIRA EFICIENTE Construiremos a carteira eficiente com dois ativos. Os passos são os seguintes: ⯀ Escolher os ativos que compõem a carteira; ⯀ Calcular o retorno médio esperado dos ativos que compõem a carteira baseado na média aritmética; ⯀ Calcular o desvio-padrão. Ou seja, tem-se uma base de retorno esperado médio e risco dos ativos que compõem a carteira; ⯀ Calcular a matriz de correlação entre os ativos que compõem a carteira; ⯀ Definir a participação dos ativos que compõem a carteira; ⯀ Calcular o desvio padrão da carteira; ⯀ Construir a fronteira eficiente com os pontos de risco e retorno esperado. 509 Observe no vídeo os dados da planilha. Comecemos pela parte superior. Antes da ideia da fronteira eficiente de Markovitz teríamos entre os ativos A e B, infinitas opções. Na tabela inferior da parte esquerda vemos 6 carteiras com os respectivos e possíveis retornos esperados para cada um dos ativos em determinadas circunstâncias. O retorno esperado de qualquer uma delas corresponde a soma da multiplicação entre a participação de cada um dos ativos pelo seu retorno esperado. Sem consideramos a teoria de Markovitz, o risco da carteira 3 seria, por exemplo, 10,8%. O comportamento seria linear. Mas ele não fez isso. A carteira medida pelo desvio padrão corresponde a mesma carteira que seria construída com correlação igual a 1. Mas o que acontece quando ela cai para 0,5%? Alguma dominância surgirá. Se exagerarmos ainda mais essa redução e a correlação for 0, uma nova fronteira eficiente surgirá — todas as carteiras surgidas dominarão as anteriores porque oferecem o mesmo retorno com menos risco. O mesmo acontece quando a correlação tem o valor de -0,5. Observe que o fator que deforma a reta original é a correlação. Quanto menor for o valor correlativo, mais a curva deslocar-se-á para a esquerda do gráfico. A correlação negativa perfeita (-1) entrega a menor variância possível para determinada carteira. A curva oriunda dela será a melhor fronteira eficiente e terá no ponto de inflexão 510 a carteira de variância global mínima. Em nosso exemplo, ela teria 13% de retorno esperado e desvio esperado de 1,20%. ESCOLHA DE UMA CARTEIRA ÓTIMA Agora entenderemos como é feita a escolha da carteira ótima utilizando a fronteira eficiente de Markovitz. O primeiro ponto relevante é que não se pode avaliar um fundo ou investimento única e exclusivamente observando o seu retorno. É preciso fazer um balanço entre risco e retorno. É possível, por questão de sorte, ter um retorno alto expondo-se a um grande percentual de risco. A fronteira eficiente tem como objetivo justamente balancear isso e encontrar o melhor desempenho de uma carteira levando-se em conta o risco. À primeira vista, qualquer pessoa escolheria a carteira mais rentável. Mas isso não se encaixa na realidade do mercado. William Sharpe é um economista premiado com o Nobel de Economia, aluno de Markovitz e criador do Capital Asset Pricing Model (CAPM) e do Índice de Sharpe. Este avalia o desempenho relativo de um investimento considerando sua exposição ao risco. Quanto maior for o seu valor, mais eficiente é uma carteira. O índice de Sharpe corresponde a razão entre a (diferença do retorno da carteira e a taxa livre de risco (ao que chamamos de “prêmio de risco”)) e o risco. Ou seja, se o prêmio de risco é maior que o risco ao qual se expõe, maior será o índice. Consideramos duas carteiras com desvio-padrão de 2. Uma tem prêmio de 5% e outra de 8%. Não é preciso dizer qual é mais eficiente. Os índices de Sharpe respectivos seriam 2,5 e 4. Na escolha da carteira ótima, o investidor racional deverá escolher a combinação de ativos que mais otimiza sua utilidade. 511 As curvas que tangem a reta da linha de mercado de capitais são curvas de indiferença. Lembremos que as curvas de indiferença estarão presentes dentro da carteira dependendo de sua aversão ao risco. (A) é mais aversão ao risco que as outras duas. A linha de mercado de capitais é uma linha de projeção que tangencia a fronteira eficiente. É o que acontece quando um ativo livre de risco é adicionado. Na curva de fronteira de risco a carteira eficiente é composta apenas por ativos de risco. A escolha ótima de uma carteira se dá no ponto onde a linha de mercado de capitais toca a curva da fronteira eficiente. No ponto de tangência o índice de Sharpe é máximo. Portanto, a escolha é essa — a que obtém maior retorno com a menor exposição ao risco possível. Assim sendo, na escolha da carteira ótima segundo a teoria de Markovitz carece da inclusão da linha de mercado de capitais. Dentro desse assunto, podemos ainda analisar as limitações da teoria de Markovitz. Ainda que pese o seu largo uso em estudos de composição de carteira, ela também é alvo de muitas contestações e críticas. As limitações da teoria de carteiras segundo a teoria de Markovitz são as seguintes: ⯀ Os parâmetros não são constantes; ⯀ Volatilidade, correlação e retorno esperado. Você não pode depois de feita a composição de uma carteira ficar mudando a opção ótima ao balanço das variáveis. ⯀ Os investidores não são suficientemente racionais; ⯀ O questionamento é válido, mas lembremos que o modelo é construído sobre a hipótese da racionalidade. ⯀ Falibilidade da correlação entre risco e retorno; 512 ⯀ Por exemplo: se for possível conseguir mais retorno com menos risco, contrariando os pressupostos de Markovitz? É possível? ⯀ Falibilidade da variância ou desvio-padrão de carteira como melhor critério para mensuração de risco. A despeito dessas observações, a teoria traz pensamentos e introduções muito interessantes para que possamos escolher um portfólio ótimo entre dezenas de centenas de investimentos. Há também a grande sacada de Markovitz no que se refere à correlação e sua importância para o desempenho de risco de uma carteira específica. INTRODUÇÃO DE UM ATIVO LIVRE DE RISCO A teoria de seleção de portfólio de Markovitz e a fronteira eficiente regem basicamente a composição de carteiras com risco. O que faremos agora é uma sequência introduzindo um ativo livre de risco a esse modelo. A primeira coisa a ser analisada é o teorema da separação proposto pelo economista James Tobin. Ele propôs isso porque efetivamente achava que o modelo sem ativo de risco não é realista. Os agentes tentam manter de alguma forma parte da renda em investimentos de risco mínimo ou zero — incluindo dinheiro em espécie, ouro e propriedades. “O que acontece quando incluímos esse tipo de ativos na ideia de Markovitz?” O teorema da separação tem este nome justamente porque separa o trabalho de escolha da carteira. O primeiro momento corresponde à tomada de decisão sobre os investimentos, selecionando o melhor portfólio possível levando-se em conta a aversão ao risco. Depois ele faz decisões de investimento entre duas opções ótimas a partir da carteira ótima. Isto é o teorema da separação de James Tobin. CAPITAL MARKET LINE Observaremos a linha de mercado ou alocação de capitais ou line alocation capital (LAC). Ela é a carteira eficiente composta pela alocação de um ativo livre de risco e ativos com risco otimizando a relação retorno-risco do investidor. 513 A linha de mercado de capitais é uma combinação entre a curva de fronteira eficiente e um ativo de risco (portfólio de mercado e portfólio de risco). A inclinação dela corresponde à recompensa pela variabilidade de risco da carteira. Portanto, quanto mais inclinada for, maior será a recompensa para os sucessivos níveis de risco. O coeficiente de recompensa é tangenciador da fronteira eficiente. O retorno esperado de um portfólio é igual ao retorno de um ativo livre de risco mais a razão entre a (diferença de retorno do portfólio de mercado e ativo libre de risco) e desvio-padrão do portfólio de mercado x desvio-padrão do portfólio eficiente ou desvio-padrão da carteira especificada. O segundo termo da equação corresponde ao índice Sharpe. Indica o coeficiente angular e, portanto, a inclinação da linha de mercado de capitais. Quando maior o seu valor, maior a angulação. Se o desvio-padrão do portfólio de mercado for zero, o retorno esperado será o retorno de risco. O investidor pode optar pela carteira ótima, que tem Sharpe máximo, ou pelas carteiras de acordo com sua aversão ao risco. Naturalmente todos que escolhem a primeira opção têm propensão ao risco. IMPLICAÇÕES DO TEOREMA DE TOBIN 514 Quais são as implicações do Teorema da Separação de Tobin e da Linha de Mercado de capitais em nossa escolha de carteira? Falaremos dessas implicações de forma detalhada daqui em diante! Gráfico em questão: Observações: ⯀ Todos os investidores deverão ter carteiras que possuem uma combinação entre ativo de risco e uma carteira de mercado. Melhor dizendo, ninguém poderá progredir a partir de zero risco e ninguém poderá ter somente mercado. ⯀ Essa combinação se localiza no ponto de tangência da reta que sai do ativo sem risco com a fronteira eficiente. Por exemplo, a participação na renda fixa do ativo livre de risco na carteira A, é maior do que na carteira C que, por conseguinte, seria maior ainda na carteira D. ⯀ Nesse mercado idealizado, todos os investidores possuem a mesma carteira de ativos de risco, ou seja, a gestão ativa de carteira não faz sentido. Falamos de um mercado racional, com todas as informações e atendendo todas as premissas necessárias, o problema desse mercado é que ninguém poderá batê-lo. Ou seja, a curva final do gráfico levada ao limite representa a própria eficiência de mercado. Então, nesse modelo idealizado, não existe uma carteira que bata, em termos de retorno e risco, a carteira C. ⯀ Portanto, os investidores deveriam simplesmente comprar a carteira de mercado, na proporção de ativo livre de risco, determinada pela sua aversão ao risco. Ele, basicamente, só tem de escolher onde sua curva de indiferença estará em cima dessa linha de mercado de capitais. 515 Contudo, podemos concluir que Tobin nos diz que podemos ter um retorno maior, porém, ele está mais disposto a riscos. EFEITOS DA ALAVANCAGEM É um efeito importante para que possamos compreender o Teorema de Separação de Tobin, mas compreender os efeitos de alavancagem poderá nos auxiliar lá na frente, na Hipótese dos Mercados Eficientes (HME). Dentro da HME o princípio central é a afirmativa de que todos os preços são justos, que todo papel baseado nas informações do momento tem o preço justo, portanto, não há como um papel estar sub-precificado ou super-precificado, baseado nas informações disponíveis. Quais as opções que nós temos utilizando um Ativo Livre de Risco (aqueles que possuem Carteira Ótima ou Eficiente)? Falaremos dessas opções daqui em diante! Gráfico em questão: Opções: ⯀ Alavancar sua posição vendendo o Ativo Livre de Risco e investindo em mais participações na Carteira Eficiente. Então, vendemos o ativo ou tomamos dinheiro emprestado e compramos participações da Carteira Eficiente, com o intuito de alavancar. Obviamente, estaremos nos expondo a mais riscos. 516 ⯀ Desalavancar sua posição vendendo partes da Carteira Eficiente e investindo no Ativo Livre de Risco. Trata-se de sair do risco e vir para um risco menor ou até sem risco; venderemos ativos para comprar novos Ativos de Risco Livre. Quanto aos portfólios, os resultantes possuirão risco/retorno que cairão direto na Linha de Mercado de Capital. Contudo, ao combinar um Ativo Livre de Risco com um portfólio localizado em fronteira eficiente, é possível encontrar portfólios em que os índices de risco/retorno são superiores àqueles dos portfólios da fronteira eficiente. E é como se deslocássemos a fronteira eficiente um pouquinho mais para cima; visando encontrar uma Carteira Ótima, com o mesmo risco e maior retorno. Sendo essas as implicações dos Efeitos da Alavancagem dentro do Teorema de Tobin na Linha de Mercado de Capitais. RELAXAMENTO DAS HIPÓTESES E AUSÊNCIA DE CUSTOS Falaremos um pouco de algumas hipóteses de relaxamento, dentro da idéia da Linha de Mercado de Capitais (LMC). As Hipóteses são nada mais do que uma simplificação da realidade. Por exemplo, a idéia de que dois corpos caem ao mesmo tempo, ou seja, nosso mundo é observável e, por conseguinte, simplificado em hipóteses. Assim como, o vácuo, a gravidade, e a massa, são alguns exemplos de simplificações da realidade. Então, nós iremos relaxar essas hipóteses e ver as simplificações. Em primeiro lugar, para compreender as hipóteses, é necessário entender elas para que as mesmas funcionem dentro da Hipótese dos Mercados Eficientes (HME). Isso é relevante, porque toda vez que montamos uma carteira, imaginamos que a carteira e o preço, já estão em um preço justo – não imaginamos que o preço está sub-precificado ou super-precificado; imaginamos sempre que o ativo está com o preço certo. Portanto, determinar se um mercado é ef iciente ou não é uma questão crítica para a avaliação de investimentos. ⯀ LMC: compreendida também como Linha de Eficiência de Mercado, como prevista as Hipóteses de Mercados Eficientes (HME), os relaxamentos dessas hipóteses afetam a Linha de Mercado de Capitais; refletindo sobre a Ausência de Custos de Transações e Impostos (ACTI). ⯀ ACTI: essa hipótese permite a montagem de um portfólio de ativos exatamente na 517 mesma proporção prevista na Carteira Eficiente. A Hipótese de Mercados Eficientes também utiliza essa premissa de custos de transações nulos, para que os preços dos ativos incorporem rapidamente todas as informações disponíveis, a velocidade do mercado é tão rápida que o mesmo corrige os valores quase que automaticamente. Caso isso não aconteça, a carteira pode conter algum ativo sob ou super valorizado; distorcendo, então, os retornos esperados. Vale lembrar, que custos de transações e impostos elevados dificultam a arbitragem, que é outra ferramenta fundamental para HME. Um exemplo importante: se estamos com um ativo sob um preço super-valorizado hoje, significa que o valor de retorno futuro esperado, irá diminuir, porque lá na frente o preço terá de ser justo. O preço fora do lugar esperado distorcerá o retorno esperado. RELAXAMENTO DAS HIPÓTESES E VENDA A DESCOBERTO Outra possibilidade de relaxamento das hipóteses é a venda a descoberto, pela mesma razão da arbitragem. ⯀ Venda a Descoberto: a arbitragem, dentro da HME (Hipótese de Mercados Eficientes), é um processo extremamente relevante. Nele, o agente pode vender um ativo sobre-precificado em relação ao seu valor fundamental (valor presente líquido de seus fluxos de caixa esperados), resultado de ação de agentes não racionais no mercado. Nesse caso, o agente irracional ocorreria em perdas, pois o ativo terá seu preço diminuído. No longo prazo, os agentes irracionais desapareciam, permanecendo apenas os agentes racionais, tornando o mercado eficiente por definição. Ou seja, eu vendo algo que eu considero caro e árbitro deixando o dinheiro parado, ou, até posso comprar algo, independente de eu achar alto ou baixo o preço. Na verdade, o Arbitrador utiliza dessas vendas a descoberto ou alavancagens, na intenção de arbitrar, para que a partir dessa ação seja mais rápido o processo do preço retornar ao lugar certo. Então, se estamos com um artigo muito caro, os agentes racionais que entendem o mercado, começarão a vender a descoberto. A Hipótese de Mercados Eficiente admite os agentes irracionais, mas consideram eles irrelevantes, pois basta os agentes racionais pressionarem o mercado e os irracionais desapareceriam; tornando o mercado eficiente por definição. Então, como a venda a descoberto é uma hipótese para LMC (Linha de Mercado de Capitais), 518 a sua proibição ou uma regulação dessa modalidade, mudaria a arbitragem e, também, atrasaria o processo dos preços retornarem ao equilíbrio. Nessa hipótese, os agentes irracionais poderiam até acabar com a idéia de Mercados Eficientes. Por fim, determinar se um mercado é eficiente ou não é uma questão crítica para a avaliação de investimentos. RELAXAMENTO DAS HIPÓTESES E FINANCIAMENTO SEM TAXA E HOMOGENEIDADE DAS EXPECTATIVAS Falamos da mesma coisa que o relaxamento de hipótese em venda à descoberto. E explicaremos alguns pontos desse tema a partir de agora! ⯀ Financiamento à Taxa Sem Risco: os financiamentos à taxa livre de risco permitem a existência de portfólios com risco/retorno superiores àqueles encontrados na Fronteira Eficiente. A restrição a esse financiamento impossibilitaria a alavancagem e, portanto, a existência desses portfólios. E, é claro, tudo isso dentro da Linha de Mercados de Capitais (LMC). E, não obstante, precisamos esclarecer a homogeneidade das expectativas dentro desse contexto. ⯀ Homogeneidade das Expectativas: as expectativas aqui mencionadas são as expectativas de retorno. Essa é a hipótese fundamental para a garantia de que há uma relação linear simples entre risco/retorno. Isso, pois, dado que existe apenas um ponto de alocação ótima de recursos para aperfeiçoar a relação risco/retorno (Carteira Eficiente), uma corrida a essa carteira provocaria alta nos preços e redução das expectativas de retornos. Por outro lado, uma eventual insuficiência de demanda causaria uma redução de preços e aumento dos seus retornos esperados. Portanto, essa dinâmica constante de preços e expectativas de retorno tende a linearizar a curva de oportunidade de investimentos. Caso fosse relaxada, a carteira de equilíbrio (Carteira Eficiente) não poderia ser alcançada. Por isso, uma das razões pela qual a LMC é linear é porque os agentes arbitram, ao mesmo tempo ou de maneira homogênea, os preços em direção à eficiência. Por exemplo, como existe apenas um ponto de eficiência, se estivermos para cima, os agentes saberão que o ponto não está eficiente e sairão vendendo. Mas como as expectativas são homogêneas, os agentes agirão todos ao mesmo tempo, convergindo em relação à eficiência. Funcionaria da mesma forma, caso tivéssemos um problema nos 519 retornos esperados, os agentes correriam em direção àquela carteira. Ou seja, todas as hipóteses que estão sendo relaxadas são aquelas que tornam a percepção e a idéia de Carteira Eficiente uma possibilidade teórica. Mais uma vez! É importante lembrar: determinar se um mercado é eficiente ou não é uma questão crítica para a avaliação de investimentos. RISCO DIVERSIFICÁVEL E RISCO NÃO DIVERSIFICÁVEL NO CML Dentro da Teoria Moderna de Carteiras é importante sabermos a diferença entre Risco Sistemático e Risco Não Sistemático e analisaremos essas diferenças a partir de agora. Risco Sistemático Conhecemos também como Risco Não Diversificável, sendo aquele que se refere àquele risco que atinge todas as empresas indiscriminadamente e não pode ser eliminado por meio de diversificação. Sendo decorrentes de fatores de mercado, tais como a inflação, as guerras comerciais entre países, decisões políticas e questões geopolíticas internacionais. Basicamente, falamos do risco do macro-ambiente, aquele que dentro da carteira nós não conseguimos evitar. Nós temos o CAPM (Capital Asset Prices Model) para que possamos fazer a modelagem do Risco Sistemático. De antemão, o CAPM é quem introduz o Risco Sistemático, substituindo as covariâncias do modelo de Markowitz pelo “beta”. CAPM: introduziu a noção de Risco Sistemático ao modelo, substituindo as covariâncias pelo Coeficiente de Correlação Linear (betas), sendo os mesmos a própria apresentação do Risco Sistemático. Ou seja, o CAPM define o Risco Sistemático como sendo a covariância dos retornos dos ativos com os retornos do mercado. Exemplo: 520 Risco Não Sistemático Já quando nos referimos ao Risco Não Sistemático, podemos entendê-lo como Risco Diversificável, como podemos perceber, é aquele que pode ser reduzido ou até mesmo eliminado na diversificação. Sendo o risco especifico do ativo em si e não o mercado como um todo. Vale lembrar, que os riscos não sistemáticos mais comuns são as greves, os incêndios, as perdas de contratos importantes, as perdas de receita e alguns dos tipos de resultados ruins. Exemplo: Portanto, podemos afirmar que o Risco Total de Mercado é composto pelo Risco Não Sistemático (diversificável) e pelo Risco Sistemático (não diversificável). Não obstante, precisamos entender que esse processo de diversificação quando executado gerará um Efeito de Diversificação. 521 Efeito de Diversificação Consiste na redução do risco em uma carteira, numa proporção maior que a redução média ponderada dos retornos quando se adiciona ativos na carteira. Ou seja, na medida em que o número de ativos que compõe a carteira cresce, as variâncias dos títulos individuais desaparecem; permanecendo as covariâncias. Basicamente, esse efeito tenta trazer o Risco Não Sistemático para zero, ou seja, no limite. Vale lembrar, que o Risco Total é a soma do Risco Diversificável e do Risco Não Diversificável. E, é claro, eliminando o Risco Diversificável, só nos sobrará o Risco Sistemático, por exemplo, em uma recessão é isso o que acontece; não havendo muito que possamos fazer. EFEITO DA DIVERSIFICAÇÃO NO RISCO SISTEMÁTICO E NO RISCO NÃO SISTEMÁTICO A correlação dos Betas do Modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) de uma carteira diversificada seguem a mesma lógica defendida por Markowitz, podendo ser negativas, positivas ou nulas. Então, explicaremos agora as Carteiras de Correlação positivas, negativas e nulas. Carteira de Correlação Positiva Perfeita: não trazem ganhos com a diversificação, pois haverá aumento do retorno e, por conseguinte, o aumento do risco envolvido. Ou seja, a sua correlação perfeita seria +1. Carteira de Correlação Negativa Perfeita: não trazem riscos para seus investidores, podendo-se até eliminar totalmente o risco da carteira. Ou seja, a correlação perfeita seria -1. 522 Carteira de Correlação Nula: por sua vez, significa que o ativo não é sensível a variações do mercado. O ativo é irregular, temos o nulo entre +1 e -1, ou seja, essa modalidade ficará em 0. BETA E A RETA CARACTERÍSTICA DO MERCADO Veremos agora qual a relação do Beta com o Risco Sistemático e, também, veremos a Reta na Característica do Ativo. Lembrando que esses modelos que apresentaremos se referem ao CAPM (Capital Asset Price Model). CAPM: dentro deste contexto, ele define o Risco Sistemático como sendo a covariância dos retornos dos ativos com o retorno do mercado. O CAPM utiliza Betas para medir, em ativos isolados ou carteiras, o risco não diversificável. À medida que haja mudanças no mercado, os Betas acompanharão as mudanças; configurando-se assim uma medida de volatilidade. Lembrando, que o CAPM introduziu a noção de Risco Sistemático ao modelo, substituindo as covariâncias pelo Coeficiente de Correlação Linear (betas), sendo os mesmos a representação do Risco Sistemático. O Beta é a medição do Risco Sistemático, ou seja, ele mede a variação de um ativo qualquer dada a variação percentual do mercado. Então, o Beta pode ser considerado uma espécie de elasticidade. Podendo ser o número resultando maior do que um (+1) ou até menos que um (-1), como já apresentamos em outras aulas. 523 Interpretações do Beta ⯀ Menor que ZERO (negativo) – movimenta-se na direção oposta ao mercado. Sendo indiferente ao risco, quando o mercado sobe o ativo cai e vice-versa. É uma espécie de Hedge. Por exemplo, Ouro ou Dólar, se aplicarmos o Beta entre Dólar e a Bolsa de Valores teríamos um Beta negativo. ⯀ Maior que UM – a variação do ativo é maior que a variação do mercado. Sendo o seu risco agressivo em momentos de mercado alto, acabando por bater o mercado. Mas quando a carteira de mercado cai o ativo desvaloriza mais. Aqui temos um perfil de risco agressivo. ⯀ Menor que UM – tem como base a variação do ativo menor do que a variação do mercado. Sendo seu risco defensivo em momentos de mercado em alta, então, o ativo valoriza menos que a carteira de mercado. Mas quando a carteira de mercado cai, o ativo desvaloriza menos. Por exemplo, se o ativo sobre 5% o ativo sobre 5%, sendo menos volátil que o mercado em si. E, é claro, estamos menos expostos ao risco nessa interpretação de Beta. ⯀ Igual a ZERO – a variação do ativo não possui correlação com a variação do mercado, tendo sua flutuação independente. Sendo, por fim, indiferente ao risco, pois possui um risco idiossincrático, ou seja, o risco é específico do próprio ativo. RETA CARACTERÍSTICA DE UM ATIVO A reta característica de um ativo é obtida por um modelo de regressão linear, ou seja, por uma equação, como essa: OBS: Sendo a linha de baixo referente ao Retorno em Excesso da Carteira de Mercado. 524 Seguindo a Linha de Regressões à Média, podemos compreender que todos os pontos em vermelho (pontos de dispersão), em dado momento, virão a regredir para a média. A equação acima diz-nos que Retorno Esperado do Ativo – O Retorno de Risco é igual ao Retorno Anormal + Beta (sendo a inclinação da reta) que, por sua vez, é multiplicado pelo Retorno de Mercado – O Ativo Livre de Risco + o Erro (erro estatístico). Dadas essas informações, nós temos a Reta Característica do Ativo, que tem como seus principais componentes o Alfa (Retorno Anormal) e o Beta (Inclinação Característica do Ativo). Vale lembrar, que a curva equilibra o Retorno em Excesso da Carteira do Ativo em relação ao Retorno em Excesso da Carteira de Mercado. Basicamente, essa é a Reta Característica do Ativo e a sua relação com o Beta. CAPITAL ASSET PRICING MODEL (CAPM) Falamos de um Modelo de Precificação de Ativos Financeiros, ou seja, um método que procura calcular o retorno esperado de um investimento, levando em conta o risco (Risco Sistemático) do ativo. Utiliza-se para isso o método de análise média-variância. O CAPM foi desenvolvido por quatro economistas, sendo eles William Sharp, Jack Treynor, John Lintner e Jan Mossin. Desses, William Sharp é o mais conhecido, por ser aluno de Markowitz. Diferindo o CAPM do Modelo de Seleção de Portfólios (MSP, de Markowitz), pois o MSP buscava ter o maior retorno esperado sob o menor risco possível, sendo esse risco diminuído pela diversificação, já o CAPM, observa os Riscos Sistemáticos, que são aqueles não-diversificáveis; concentrando todo esse risco em uma única variável chamada “Beta”. Sendo o CAPM um dos modelos mais difundidos e conhecidos para calcular os retornos esperados sobre um ativo, mas, não obstante, ele pode ser utilizado para outras finalidades. O CAPM também pode ser utilizado para: ⯀ Para estimar a taxa de retorno mínima para realizar um investimento, dentro do cálculo de TIR (Taxa Interna de Retorno); ⯀ Utilizado para cálculo do capital próprio, dentro do estudo da Estrutura de Capital. Sabemos que os modelos de “Valuation” utilizam uma variável chamada WACC (Weighted Average Capital Cost), que nada mais é do que o custo médio do capital de terceiro e do próprio capital, logo, para esse cálculo utilizamos o CAPM; ⯀ Como taxa de Descontos de Fluxos de Caixa futuros. 525 Por fim, é importante saber como utilizar o CAPM para modelo de cálculo de retorno esperado de investimento de um ativo. EQUAÇÃO DA SECURITY MARKET LINE (SML) Falaremos aqui da equação do modelo CAPM e com ela nós construiremos a Security Market Line. Veremos ainda as diferenças entre CAPM e SML. Sendo a equação do CAPM: Observações Importantes Sharp nos diz que uma Carteira de Mercado, por exemplo, a IBOVESPA, capta todo o Risco Sistemático que existe. Ou seja, qualquer variação de Risco Sistemático afetará todas as ações dessa carteira. Podemos pegar a inflação como exemplo, pois ela se configura como Risco Sistemático. Portanto, o Beta captura esse risco na ação especifica e, então, passa a representar o mesmo. Podendo o Beta ser negativo ou positivo, dependendo do resultado da equação e, é claro, quanto maior o Beta (Risco Sistemático), maior deverá ser o retorno esperado sobre o ativo em questão, para compensar o risco. Por exemplo, se o Beta for 0,8% e a Carteira de Mercado flutuar 1%, qual será a variação do ativo hipotético A? Ele irá variar 0,8%, mas, ao mesmo tempo, se o mercado cai 1%, o ativo A cairá apenas 0,8%, ou seja, ele tem uma variância menor que o mercado. 526 Contudo, se o Beta for menor que 1 significa que temos uma carteira com baixo risco e, por conseguinte, se o Beta for maior que 1 significa que temos uma carteira de alto risco. A volatilidade, o risco e a variância são todos sinônimos para que compreendamos se a variância do ativo é maior ou menor do que a variância do mercado. Sendo essa a interpretação do Capital Asset Pricing Model. Exemplo de Aplicação de CAPM Para darmos esse exemplo, levaremos em conta os seguintes dados hipotéticos: Se calcularmos o Retorno Esperado da ação A, será ele igual à Taxa Livre de Risco (5%), somada ao Beta (0,8), multiplicado pelo Retorno de Mercado (12%), menos a Taxa Livre de Risco (5%). Teríamos o resultado final de 10,60% de Retorno Esperado para o risco que ele está correndo. Ou seja, o ativo A está barato, pois o seu CAPM é de 18,00%. Por conseguinte, faremos o cálculo da ação B, resultando em 13,4% como Retorno Esperado, então, percebe-se que o Retorno Médio está maior que o CAPM, logo, esse papel também está barato. Valendo a pena ser comprado. Por fim, o ativo C, dados os números da tabela, concluímos que seu Retorno Esperado está abaixo do CAPM, ou seja, o papel está caro, logo, não o compraremos. É dessa maneira que nós podemos enxergar a aplicação de CAPM na prática. Hipóteses Adjacentes ao CAPM Falaremos aqui das principais hipóteses subjacentes do Capital Asset Pricing Model. Sendo 527 essas hipóteses bem simplificadas, mas, para compreensão total, precisamos ter em mente as Hipóteses de Mercado Eficiente (HME). Basicamente, a HME nos diz que o preço da ação, em qualquer momento do mercado, é o preço justo, isso porque ele contém todas as informações disponíveis no mercado naquele momento exato. Ou seja, não haveria uma possibilidade de ganhos fora do mercado, pois ele precifica todas as informações disponíveis. Sendo considerada “hipótese” por não poder ser comprovada. Agora, dada essa introdução, vamos dispor das hipóteses subjacentes para facilitar a compreensão: ⯀ Não existem custos ou impostos sobre transações. ⯀ Os investidores existem em grande número e se comportam de forma competitiva. Um único investidor não pode provocar variações nos preços. ⯀ Todos os investidores são racionais e procuram maximizar sua função de utilidade. ⯀ Os investidores têm aversão ao risco. ⯀ As expectativas dos investidores são homogêneas, ou seja, as opiniões dos investidores sobre retornos, variâncias e correlações entre os ativos de risco são idênticas. Por exemplo, se subir a taxa de juros, todos os investidores enxergarão que essa subida prejudicará os preços dos papéis. Sempre absorvem as informações de maneira homogênea. ⯀ Os investidores podem tomar por empréstimo ou emprestar recursos à taxa livre de risco, sem limitação. ⯀ Os investidores podem vender ativos a descoberto. ⯀ Não há restrições aos investimentos. ⯀ Não há super-avaliações ou sub-avaliações de títulos, pois o mercado absorve as informações de maneira instantânea e precifica o ativo. Construção da Security Market Line Veremos aqui como se da a construção da SML dentro do modelo CAPM. E, vale lembrar, que o CAPM nós construímos dentro do modelo de Markowitz na teoria da Fronteira Eficiente. A SML é uma linha de mercado eficiente. Sendo sua fórmula: Nós construímos essa equação de primeiro grau, pois nos referimos a uma reta; uma rela- 528 ção linear que descreva o Retorno, Risco, o Retorno de Mercado, Beta e o Erro. Dados da equação: Todos esses dados se enquadram e são utilizados para calcularmos os valores dentro do gráfico. Sendo ele: Basicamente, a SML relaciona o Risco de Mercado ao Retorno Esperado de uma hipotética Carteira de Mercado, criando a equação em questão. Onde nós temos o Retorno de Mercado com o Beta sendo sempre 1 e, no gráfico, nós temos uma expectativa de Retorno de Mercado de uma hipotética carteira (B). Na SML nós temos o CAPM + Erro (qualquer erro aleatório), dentro da análise de regressão nós conseguimos compreender melhor esse erro. Sendo a inclinação, o Retorno Esperado do Mercado menos Taxa Livre de Risco e dividido pelo Beta. E, portanto, a diferença entre Retorno de Mercado e a Taxa Livre de Risco é o prêmio de risco. Por exemplo, se tivermos um retorno esperado do ativo I acima de E(Rm) e com o Beta de 0,9%, nesse ativo teremos um retorno esperado maior do que o Beta; valendo a pena ser comprado. A SML, em cima dela, será exatamente o resultado do CAPM, ou seja, para cada Beta teremos um Retorno Esperado, sendo a SML derivada do CAPM. 529 Por fim, compraremos um ativo sempre que ele compense o risco, baseando-se na SML e no CAPM para ter essa informação. CAPM X CML Antes de qualquer coisa, eis as definições em questão: CAPM – Capital Asset Pricing Model. CML – Capital Market Line. 530 Críticas ao modelo de CAPM As principais críticas ao modelo dizem respeito a suas premissas consideradas pouco realistas. A maior dificuldade encontrada é validar o modelo CAPM, por exemplo, quanto maior o Beta, maior será o retorno esperado do ativo, mas foi verificado que algumas ações com o Beta baixo, obtiveram retornos esperados maiores que ações equivalentes, com Betas altos. Normalmente, consideramos o CAPM popular e acessível, pois ele é simples e de fácil acesso e cálculo. Suas Principais Críticas: O modelo é baseado num portfólio de mercado inerentemente não observável. O mercado realmente é eficiente? Ele de fato absorve os preços automaticamente para que seja eficiente? Por exemplo, existem alguns agentes que não possuem uma interpretação homogênea, se o preço do petróleo cai, podemos ter ou não prejuízos na Petrobras, pois ela é uma importadora líquida, ou seja, dependendo da interpretação dada ao agente, os investidores podem vender ou não; é relativa a interpretação de alguns agentes, colocando sob dúvida a eficiência do mercado em relação a interpretação do agente. Sendo essa uma crítica relevante. ⯀ Os investidores são realmente racionais? Algumas teorias nos dizem explicitamente que os investidores não são racionais. ⯀ Dados históricos servem para estimar os retornos exigidos? ⯀ O Beta pode medir a variabilidade futura de um ativo? Por exemplo, o aumento de taxa de juros, impactará uma Siderúrgica na mesma medida que impacta uma ação de um Banco? Evidentemente que não, por isso foram criados outros modelos ⯀ Todas as informações são livres e acessíveis a todos? Os grandes fundos tem acesso a informações privilegiadas, das quais o pequeno investidor não tem, por exemplo. ⯀ Todos os investidores utilizam o mesmo raciocínio frente a decisões de investimentos? Por fim, o modelo do Capital Asset Pricing Model é muito simplificado, ele é restritivo para funcionar. Sendo muito criticado por funcionar excluindo todas essas hipóteses subjacentes aqui citadas. Mas, é claro, não tira o seu mérito e seu funcionamento em diversas formas. 531 GORDON GROWTH MODEL O Gordon Growth Model é uma variação do modelo de dividendos descontados (DDM), que considera uma ação, uma perpetuidade, que renderá ao longo do tempo pagamento de dividendos. Os pressupostos do modelo são: ⯀ Uma ação é uma espécie de perpetuidade; ⯀ Os dividendos crescem a uma taxa constante; e ⯀ O custo de capital próprio é maior que a taxa de crescimento da perpetuidade. O principal deles, dentre os três acima, é o segundo. No entanto, ao mesmo tempo que é um pressuposto, é também uma restrição, porque o Gordon Growth Model funciona, em regra, para empresas já maduras, que atingiram um estágio de crescimento considerável; e o seu crescimento de longo prazo é muito parecido com o do mercado. Um bom exemplo de empresa assim é a Petrobrás: os seus dividendos crescem a uma taxa constante. O terceiro pressuposto é básico, por uma questão quase que matemática. A fórmula do modelo de Gordon é extremamente simples: O Dividendo do Primeiro Período é fácil de pegar, o Custo do Capital Próprio é calculado pelo CAPm, e a Taxa de Crescimento Perpétua precisa ser estimada. Por termos apenas uma taxa na equação, precisa ela ser constante — daí a qualidade de o modelo Gordon Growth servir apenas a empresas grandes, já consolidadas e estáveis no seu crescimento, que praticamente espelham o crescimento do próprio mercado. Como é calculado o preço? 532 Há o preço do dividendo pago por ação — que em nosso caso é R$1,00 —, dividido por pelo custo do capital próprio — que corresponde a 6%, no nosso exemplo —, menos a taxa de crescimento médio do dividendo, de forma perpétua — aqui, corresponde a 2%. Aplicando-se a fórmula, percebe-se que o preço (P) é igual a R$25, na exemplificação. Trata-se de um cálculo absolutamente simples e não há nele nenhum mistério, absolutamente, embora o nome do modelo assuste um pouco. Um outro detalhe importante de se mencionar é o seguinte: quanto maior for a taxa de crescimento da perpetuidade (g), maior será o preço (P). O problema, no entanto, é que, quanto mais próximo o (g) estiver perto do (r), preço tende ao infinito. O modelo de Gordon é interesse para dar um método de precificação, mas possui bastantes restrições para se chegar a uma estimativa adequada do preço de um ativo que se baseia no conceito de perpetuidade. Modelos de crescimento multi-estágios Falaremos aqui, basicamente, da aplicação do Modelo de Crescimento de Gordon usando taxas de crescimento variáveis ao cálculo. Compreendendo que o Modelo de Gordon possui uma série de restrições, teremos três variações desse modelo de dividendos descontados, que são chamados de modelos Multi Estágios, sendo eles: ⯀ Modelo de Dois Estágios: por sua vez, tem um crescimento instável (positivo ou negativo) e depois passa a ter crescimento perpétuo estável. Por exemplo, uma “startup” que tem como característica essa instabilidade no fluxo de caixa no início e depois passa para um crescimento estável. 533 ⯀ Modelo de Três Estágios: o primeiro estágio tem um crescimento estável e alto, no segundo estágio a taxa de crescimento diminui de forma linear até atingir um crescimento perpétuo estável, que é o terceiro estágio. ⯀ Modelo H: tem uma taxa de crescimento mais alta e depois estabiliza para crescimento perpétuo estável. Basicamente, esses são os três modelos de crescimento Multi Estágios baseados no modelo de Gordon. MODELOS DE PRECIFICAÇÕES DE AÇÕES DE DOIS ESTÁGIOS Na igualdade acima temos que o último termo do somatório corresponde ao segundo estágio, e o restante, ao primeiro. A razão correspondente ao último termo corresponde ao modelo de crescimento de Gordon — perpetuidade do dividendo trazida ao valor presente. Portanto, o modelo de dois estágios é o dividendo corrigido por uma taxa de crescimento periódica de primeiro estágio e uma taxa estimada de segundo estágio (taxa maior e menor, respectivamente). Em nosso exemplo a maior corresponde 5% e a menor a 3%. Todos os dividendos futuros calculados são trazidos ao valor presente por uma taxa de descontos (custo de capital próprio, calculado pelo Capital Asset Pricing Model (CAPM). Resumindo, os fluxos futuros dos dividendos são adaptados para o valor presente. Como já dito, o segundo termo diz respeito a perpetuidade do modelo de Gordon. Ela também é adaptada para o valor presente pela fórmula. 534 Peguemos o exemplo com os dados constantes na imagem acima. Temos um dividendo inicial a R$2, com crescimento primário de 5%, custo de capital próprio de 10% e taxa de crescimento da perpetuidade no longo prazo de 3%. O valor do papel é calculado aplicado os respectivos valores na fórmula. Os dividendos futuros são 2,10, 2,21 e 2,32. Precisamos trazê-los ao valor presente com a taxa de custo de capital próprio, equivalente a 10%. Os novos valores são: 1,91, 1,83 e ,174. Feito isso pegamos o valor de 2,32, correspondente ao último dividendo antes da adaptação ao valor presente. Multiplicamos pela taxa de crescimento a longo prazo e dividimos pela perpetuidade (diferença entre o custo de capital próprio e a taxa de crescimento a longo prazo). O resultado será uma perpetuidade — e a levaremos ao valor presente. O valor dará 25,65. Por fim, o preço da ação resultará em R$31,13. O modelo de dois estágios é uma derivação do modelo de crescimento de Gordon incluindo um estágio primário de crescimento alto e instável. Nele podem aparecer dividendos negativos etc. MODELOS DE PRECIFICAÇÕES DE AÇÕES DE TRÊS ESTÁGIOS O primeiro estágio corresponde à soma de todos os fatores de expoente (1) até (n). O segundo estágio corresponde ao primeiro termo no fator limite à direita e o terceiro estágio, ao segundo. “Qual a diferença entre os modelos de duração de 2 e 3 estágios?” O de dois estágios tem taxa de crescimento alto na primeira etapa, e a de longo prazo tem desenvolvimento menor. Imaginemos que as taxas sejam respectivamente 10% e 5% em nosso exemplo. Não existe transição gradual de taxas. Já o modelo de 3 estágios tem essa graduação de taxas, e a transição entre a taxa de crescimento de curto e longo prazo inclui a variável (H), isto é, o período médio de transição entre as duas taxas. 535 Para ambos os modelos, haverá um dividendo levado a um valor futuro a uma taxa estimada e crescimento de primeiro estágio e trazido ao valor presente pelo custo do capital próprio medido pelo Capital Assen Pricing Model (CAPM). Considerando que o (H) em nosso exemplo valha 1,5 — a fase de transição, portanto, é de 3 anos. Se ela fosse de 4 ou 5 anos, ele corresponderia, respectivamente a 2 e 2,5. O modelo de 3 estágios é um fluxo de pagamentos de dividendos futuros trazidos a valor presente pelo custo de capital com uma taxa final mais baixa que a inicial e ambas permeadas por uma etapa transitória. Aplicando os valores do exemplo da imagem na fórmula, para um investimento de 4 períodos. Para entender com mais facilidade, recomendamos que o exercício seja feito à mão passo a passo. Nos quatro primeiros termos da somatória temos os dividendos trazidos ao valor presente pelo custo de capital próprio. Depois os somamos (taxa de crescimento de longo prazo) x (o mesmo dividendo) + (taxa de transição) x (diferença entre a taxa de crescimento de curto prazo do primeiro estágio e taxa de crescimento de longo prazo). O resultado disso é dividido pelo custo de capital próprio – taxa de crescimento a longo prazo. Isso nos dará um cálculo de perpetuidade trazido ao valor presente. Observe que R$141,64 do valor final corresponde à perpetuidade. Ela é tão grande porque o custo de capital próprio é muito semelhante à taxa de crescimento a longo prazo. 536 Tenha cuidado quando grande parte do valuation seja de perpetuidade — provavelmente a taxa de crescimento de longo prazo está sendo superestimada. MODELO H DE DESCONTO DE DIVIDENDOS É também um modelo de desconto de dividendo multiestágio. Uma das suas aplicações pode ser entendida pelo exemplo a seguir: imagine-se dono de uma empresa que por anos e anos pagou consistentemente crescimento dos dividendos na ordem de 15%. Entretanto, por uma razão qualquer que nos escapa, você acredita que isso não mais se perpetuará e o valor cairá para 8%. Assim, o modelo que aqui estudamos é para empreendimentos maduros, mas com tendências de queda de redução da taxa de crescimento do dividendo. Calculamos isso pela fórmula abaixo: O primeiro termo da soma corresponde ao primeiro estágio (perpetuidade do modelo de crescimento de Gordon). Depois pega-se o dividendo corrente e leva-o para o futuro pela taxa de crescimento de longo prazo. Adicionamos então a fase de transição, aqui estimada em quatro anos, dos 15% de crescimento atuai para 8%, que é o de longo prazo. Feito isso, calcula-se mais uma pequena perpetuidade correspondente ao valor daquela transição e acresce ao valor do ativo. O modelo “H” de desconto de dividendo se difere do modelo com 2 e 3 taxas porque não tem uma taxa de desconto — é mais parecido com o modelo de Gordon. Neste calculamos perpetuidade e resíduo de perpetuidade. Voltando ao nosso exemplo. O dividendo zero é 2. Fazemos os cálculos para leva-lo ao 537 futuro. A perpetuidade então é calculada a partir disso: 2,16/0,02. Somamos esse resultado ao resíduo de perpetuidade da transição entre 15 e 8%: 0,28/0.02. Teremos 2 reais x 2 períodos (transição média) x diferença entre o crescimento de curto prazo (atual) e o crescimento estimado de longo prazo. Tudo isso divido pela perpetuidade. O resultado final da equação no exemplo é R$122,00. Novamente reafirmamos que a melhor maneira de se aprender tais cálculos é fazê-los exaustivamente à mão. Escreva a fórmula e coloque os valores respectivos. Se você quer entender “modelos” é preciso discriminar cada uma das partes das fórmulas. “Isto serve para isso, aquilo serve para aquilo”, “Este é um modelo de dois ou três estágios?”, “Onde se encontra cada um deles na fórmula matemática?” Assim ficará mais fácil a compreensão e posterior aplicação dos modelos matemáticos financeiros. Para finalizarmos, reiteramos novamente: o modelo “H” de desconto de dividendos é extremamente simples — sendo um modelo de estágios, é um misto entre os modelos de 2 e 3 estágios e o modelo de crescimento de Gordon. MODELO DUPONT É uma estrutura para analisar o desempenho fundamental popularizada por uma empresa chamada DuPont Corporation no início do século XX. O modelo opera pela decomposição do Return on Equity (ROE) em três fatores — o que permite uma análise mais detalhada. “Como se calcula o ROE segundo o modelo DuPont?” O ROE corresponde a (Margem Líquida) x (Giro do Ativo) x (Alavancagem). A Margem Líquida é igual ao (Lucro Líquido) / (Venda). O Giro do Ativo são as (Vendas Totais) / (Ativo Total Médio). A Alavancagem é o (Ativo Total Médio) / (Patrimônio Líquido Médio). 538 Vejamos o exemplo abaixo: Temos uma empresa com lucro líquido de R$60.000. Vendas de R$700.000. Ativos totais no início do período de R$200.000. Ativos totais no final do período de R$250.000. Patrimônio líquido inicial de R$360.000 e patrimônio líquido final de R$420.000. A margem líquida então corresponde a 0,0857. O giro do ativo equivale a 700.000 em vendas / 225.000 de ativo médio, o que resulta em 3,11. A interpretação para este valor é que cada R$1 de ativo deram R$3,11 de receita no período. É o número de vezes que o ativo gira. A alavancagem é 225.000 (ativo médio) / 390.000 (patrimônio líquido médio). O resultado é 0,5769. Ou seja, esse indicador é um grau de alavancagem porque diz quanto do ativo saiu de capitais próprios. Sendo o seu valor maior, também maior será a alavancagem. O contrário também é válido. Quanto mais próximo de zero for o indicador, maior é a parcela de ativos financiada pelo capital próprio. Se você tem ativo que valha 100u e o patrimônio líquido de 10u, a sua alavancagem é 10 e o seu capital é noventa por cento financiado por capital de terceiros. O modelo DuPont calcula a margem líquida x giro de estoque x alavancagem e indica um ROE, que no caso equivale a 0,1538. Se pegarmos o lucro líquido (60.000) e dividi-lo pelo patrimônio líquido médio (390.000) isso nos resultará em 0,1538 — o mesmo valor. Ou seja, o modelo DuPont não muda o ROE. O que ele faz é decompô-lo e determinar qual dos fatores o estão impulsionando ou retardando. Você tem ferramentas agora para que possa fazer esse tipo de estudo: quais os indicadores estão se comportando melhor e quais estão se comportando pior? Qual a maneira, portanto, de aumentar o ROE operando os valores dos três parâmetros? Aumentar a alavancagem, por exemplo, aumenta também o ROE porque os ativos aumentam, a participação de capital próprio sobre o capital total diminui. Assim, com patrimônio líquido menor e ativos menores, mantendo o giro e obtendo, ao manter-se o giro, uma receita maior, o retorno de ativos também aumenta. 539 Reafirmando, o modelo de DuPont não altera o valor do ROE, mas o destrincha e permite sua análise detalhada. FLUXO DE CAIXA LIVRE Também conhecido como Free Cash Flow (FCF), é o montante de caixa gerado pela empresa e que está disponível aos proprietários. A fórmula é a seguinte: o fluxo de caixa livre = lucro líquido + depreciações e amortizações (despesas que reduzem o lucro líquido, mas não são despesas de caixa. Deterioração dos ativos tangíveis e intangíveis, respectivamente) + a variação do capital de giro (quanto efetivamente precisa-se caixa ou quanto está saindo do negócio) + despesas de capital Capital Expendure (CAPEX — valor de investimento necessário para que os ativos se mantenham fixos, atualizados e operacionais: instalações, tecnologia, espaço físico e virtual dentre outros). Observação: via de regra as despesas de CAPEX são positivas, o que significa compra e aquisição de bens para a empresa. Quando é negativo, representa venda de propriedades, equipamentos etc. Outra fórmula encontrada na literatura de investimentos é: FCF = fluxo de caixa operacional + fluxo de caixa dos investimentos (CAPEX), incluindo a variação de capital de giro. VALUATION PELO CASHFLOW A avaliação de mercado pelo fluxo de caixa livre é basicamente a geração de fluxo de caixas futuros trazida ao valor presente pelo custo médio ponderado de capital ou Weighted Average Cost of Capital (WACC). O fluxo de caixa livre é o método mais conhecido, popular e utilizado para avaliação de mercado de ações e empresas. Corresponde à geração de caixa futuro trazida ao valor presente. O WACC é calculado da seguinte forma: O primeiro termo da equação corresponde ao custo de capital próprio + peso do capital 540 próprio sobre a dívida total (o peso do patrimônio líquido sobre o patrimônio passivo total) e equivale ao peso do capital próprio. O segundo termo da equação corresponde ao custo de capital de terceiros (juros pagos para recebimento do capital emprestado) x ponderação de capital de terceiros x (1 – tributos). Tendo essa informação, a fórmula abaixo é a que usamos para precificação de empresas pelo fluxo de caixa livre: FLUXO DE CAIXA PARA O CAPITAL PRÓPRIO (FREE CASH FLOW TO EQUITY – FCFE) Fluxo de Caixa Livre para a Firma ou Free Cash Flow to Firm (FCFF), representa o valor do fluxo de caixa das operações disponíveis para todos os credores da empresa, acionistas ou terceiros. Sendo necessário calcular o FCFF, teremos disposta a fórmula: FCFF = NOPAT (Net Operating Profit After Taxes) + Depreciações e Amortizações + Variação no Capital de Giro + CAPEX (Capital Expenditure). ⯀ Nopat: nada mais é do que o lucro operacional líquido antes dos impostos. E sua fórmula é NOPAT = EBIT (Earning Before Interest and Taxes) x (1 – T), sendo T os impostos sobre lucro. ⯀ Ebit: refere-se ao lucro antes dos juros e impostos. No cálculo do FCFF nós retiramos os impostos para saber se a empresa, independente do custo de capital, é operacionalmente uma geradora de caixa. Por exemplo, temos a Magalu, que sua operação é comprar produtos e colocar nos seus canais de vendas e distribuir os produtos por meio de uma operação logística. Ou seja, temos uma série de operações envolvendo o processo total da operação da Magalu. Então, 541 o FCFF quer saber se a operação toda da Magalu gera caixa ou não, basicamente é isso, por esse motivo excluímos os impostos em um primeiro momento. Concluímos que o FCFF mede se a operação da empresa gera caixa antes dos juros. FLUXO DE CAIXA PARA A FIRMA (FREE CASH FLOW TO THE FIRM – FCFF) Falaremos aqui da “Valuation” por múltiplos, um método pelo qual nós poderemos calcular, por meio de múltiplos simples, o valor de uma ação. Isso por meio de informações públicas de empresas de capital aberto; podendo ser de empresas do mesmo setor ou com as mesmas características. Aprendemos, em primeiro lugar, o lucro por ação (LPA), que é calculado dividindo-se o lucro líquido pela quantidade de ações que compõem o capital social da empresa. Sendo sua fórmula: Por exemplo, o BBDC4, em 2019 teve um lucro de 25,9bi, de lucro líquido, mas possui 8,87bi de ações, então, quando pegamos 25,9bi e dividimos por 8,87bi, temos o resultado de 2,92. Ou seja, o BBDC4 nos deu 2,92 de lucro por ação no ano de 2019. Basicamente, é isso que o LPA nos informa. E, caso precisemos, podemos dividir o valor atual de BBDC4 com o valor de 2019, para termos mais ou menos o valor de rentabilidade do papel. MÚLTIPLOS - LPA (LUCRO POR AÇÃO) Abordaremos aqui a Avaliação de Empresas pelos seus respectivos Múltiplos. É algo simples e que permite analisar o valor de uma ação através de múltiplos facilmente calculados e de informações públicas das empresas de capital aberto. Via de regra, a comparação é feita entre empresas do mesmo setor ou com características parecidas. ⯀ Lucro por Ação (LPA); Esta é a fórmula do primeiro múltiplo a ser aprendido: 542 O lucro por ação corresponde ao lucro líquido dividido pela quantidade total de ações. Por exemplo: o banco Bradesco (BBDC4) em 2019 teve lucro de 25,9 bilhões de reais, possuindo um total de 8,87 bilhões de ações. Efetuando-se a divisão simples indicada na fórmula o resultado é 2,92. Este número, portanto, é o LPA do Bradesco no ano de 2019. “Tudo bem. Mas como devo usar este indicador do lucro por ação?” É bem simples. O valor da ação do Bradesco no momento dessa aula é de aproximadamente 22 reais. Pegue o valor numérico, divida por 2,92, e você obterá o valor indicador da rentabilidade sobre a ação que está comprando. Preço / Lucro (P/L) Sigamos nos estudos dos principais indicadores. ⯀ Preço por Lucro (P/L); Esta é a fórmula do segundo múltiplo a ser aprendido: O preço por lucro corresponde ao preço da ação dividido pelo lucro por ação (LPA). Mede o preço atual de uma ação dividido pelo lucro por ação dos últimos 12 meses. Serve para entendermos a quantidade de anos necessária para que determinada ação leva para restituir o capital, baseada no lucro gerado pela empresa. Por exemplo: o cálculo do LPA do banco Bradesco (BBDC) nos mostrou o número 2,92. Considerando, como dito anteriormente também, que o valor da ação BBDC4 hoje custa em torno de 22 reais, o preço/lucro para o banco Bradesco nos resultará em 7,53. 543 Isto significa que o acionista vai demorar 7,53 anos, sob as condições acima citadas, para recuperar o capital de investimento. Se trocarmos dividendo e divisor de posição, o resultado matemático é a correspondência numérica percentual da rentabilidade. Em nosso caso ela vale 13,27%. PREÇO / VALOR PATRIMONIAL (P/VP) Chegamos agora ao nosso próximo indicador. ⯀ Preço / Valor Patrimonial (P/VP); Esta é a fórmula do terceiro múltiplo a ser aprendido: O preço pelo valor patrimonial mostra a relação entre o valor da empresa atribuído pelo mercado e o valor patrimonial dela. Na prática, é basicamente quanto o mercado está disposto a pagar para cada real de patrimônio da empresa. O patrimônio líquido, também conhecido por equity, nada mais é que o capital próprio da companhia. Os passivos são divididos em dois ramos: capitais de terceiros ou passivos de terceiros (tudo o que se deve para fornecedores, banco e governo) e o capital próprio (efetivo conhecido como patrimônio líquido). Por exemplo: o Bradesco hoje vale 180 bilhões de reais. O seu patrimônio líquido é de 135,10 bilhões. Portanto, o preço pelo valor patrimonial corresponde a 1,339. O mercado está disposto a pagar R$1,34 para cada R$1 real de patrimônio do Bradesco. Já a diferença entre o valor de mercado e o patrimônio líquido (45 bilhões) é o que chamamos de lucro futuro embutido no preço. ⯀ Resultado > 1: haverá lucro embutido no preço. ⯀ Resultado = 1: não haverá lucro embutido no preço. ⯀ Resultado > 0 e menor que 1: desvalorização mercadológica relativa ao valor patrimonial. Pode ocorrer então duas possibilidades: desvalorização tendendo a zero ou revalorização, aumentando o número do resultado. 544 Resultado = 0: desvalorização completa. O mercado não enxerga valor nas ações da empresa. A fórmula abaixo é uma maneira alternativa de se calcular este indicador: Ele pode ser calculado pela razão entre preço da ação e valor patrimonial da ação. Usando o exemplo do Bradesco, seria assim: (22) / (135,1bi / 8,87bi). O resultado é de aproximadamente 1,445. Entre as duas fórmulas citadas aqui, não há uma que seja mais certa ou menos certa. Ambas são perfeitamente válidas. A vantagem da primeira sobre a outra é a simplicidade. PREÇO / VENDAS (P/V) Chegamos a mais um indicador ou múltiplo. ⯀ Preço pela Venda (P/V); Ele indica quanto os investidores estão dispostos a pagar por cada 1 real de receita da empresa. Esta é a formula: O preço pela venda equivale a razão entre preço da ação e vendas por ação. Esta é calculada pela razão entre a receita líquida e o número de ações. “Por que alguém calcularia e desenvolveria algum tipo de interesse pela razão entre preço e venda?” Em primeiro lugar, porque existem empresas que não geram lucro, por incrível que pareça. Exemplificando: ultimamente as empresas Via Varejo e B2W encontram-se nessa situação. Como farei para comparar uma com a outra? Não será por resultados e o patrimônio líquido 545 talvez não seja uma boa opção. Assim sendo, a avaliação de mercado pode ser feita pela receita obtida por elas. Pegamos o faturamento total de vendas no varejo, dividimos pelo número de ações e obteremos o indicador “vendas por ação”. Este por sua vez, quando é denominador do preço da ação, nos fornecerá o indicador “preço por venda”. Depois disso é só comparar os números das duas. Por exemplo: a receita líquida do Bradesco foi de 24, 9 bilhões de reais. Já sabemos que ele possui 8,87 milhões de ações. A venda por ação corresponde a 14,08. Pegamos agora o preço da ação (R$22) e dividimos por 14,08. O resultado é 1,5625. Isto significa precisamente que o mercado se dispõe a pagar aproximadamente um real e cinquenta e seis centavos para cada 1 real de receita do Bradesco. É o múltiplo mais interessante se a valoração for feita pelas vendas. PREÇO / FLUXO DE CAIXA (P/FC) Eis mais um dos indicadores. ⯀ Preço pelo Fluxo de Caixa (P/FC); Ele mede o preço de uma ação relativamente ao fluxo de caixa operacional da empresa. É especialmente útil para casos em que o fluxo de caixa é positivo, mas o lucro líquido não é muito relevante por conta de despesas e depreciações. Imagine uma empresa que tenha um enorme capital investido para realizar suas operações. Grandes empresas de telefonia no Brasil, por exemplo — Telefônica, Vivo, Claro, Tim, Oi etc. Todas elas possuem gigantescos ativos imobilizados por conta da infraestrutura de que necessitam para o funcionamento pleno. Via de regra, as despesas com depreciações nesse ramo de companhias são enormes. Geram lucros “pequenos”, mas caixas positivos relevantes. É aqui que podemos nos utilizar o múltiplo de que tratamos aqui. Esta é a formula para o calcularmos: O Fluxo de Caixa Operacional corresponde numericamente ao lucro líquido (mais) depreciações e amortizações (mais ou menos) a variação do capital de giro. O fluxo operacional 546 de caixa por ação é o valor do fluxo de caixa operacional dividido pelo número de ações. Por exemplo: o fluxo de caixa operacional do Bradesco em 2019 fico em torno de 450 bilhões de reais. Dividindo isso por 8,87 bilhões de ações resultará no fluxo de caixa por ação de aproximadamente R$50. Ou seja, cada ação individualmente gerou um fluxo de caixa operacional de cinquenta reais. Para bancos em geral, todo aporte de correntistas vira fluxo de caixa operacional. Para finalmente calcularmos o preço pelo fluxo de caixa, deve-se pegar o preço da ação (R$22) e dividi-lo por R$50. O resultado é 0, 44. O significado disso é que o mercado está pagando quarenta e quatro centavos para cada real de caixa operacional gerado pelo banco Bradesco. O indicador é dado assim. Posto isso, você pode compará-lo com o de outros bancos: Itaú, Banco do Brasil, Santander, Banrisul etc. Com o indicador que explicamos aqui você consegue estimar quanto o mercado paga por cada real gerado de caixa. Geralmente o valor tem de ser maior que um. DIVIDEND YIELD Chegamos ao nosso sexto indicador de avaliação de empresas. ⯀ Dividend Yield (DY); Esse múltiplo é conhecidíssimo no mercado e também o objeto de desejo de muitos investidores. Basicamente é a remuneração de dividendos. Indica a rentabilidade de um dividendo em relação ao preço de suas ações. Esta é a fórmula para calculá-lo: Os Dividendos por Ação (DPA) calculam-se pela razão entre dividendos totais e número de ações. Por exemplo: :o Bradesco em 2019 distribuiu 17, 8 bilhões de dividendos aos acionistas e tem 8,87 bilhões de ações. Isto significa que o DPA corresponde a dois reais. O Dividend Yield, portanto, corresponde a 2 dividido por 22 (que é o valor da ação Bradesco no momento em que este curso é ministrado). O resultado é 9,09. Muitos investidores compram as ações sem preocuparem-se tanto com o valor que elas atingiram em absoluto. O que eles observarão é a porcentagem de dividend yield. Este, 547 por sua vez, é profundamente ligado à manutenção dos lucros. “Tenho uma empresa com yield por volta de 8,5 ou 9%. A Selic atualmente encontra-se a 2%. Então compro ações e as seguro comigo. Viverei do fluxo de renda dos dividendos pagos pelo Bradesco.” Por isso que esse indicador é muito conhecido e relevante. Se você deseja comprar uma ação qualquer de banco. A sua escolha deve ser feita levando em consideração os yields das empresas. Esta é uma forma de avaliação mercadológica interessante para saber se vale ou não a pena o investimento em determinado papel. ÍNDICE P/E-TO-GROWTH (IPEG) Nesta reta final chegamos a mais um múltiplo de análise mercadológica ⯀ Price Earnings to Growth (P/EG); É o indicador que mede o preço de uma ação com base na taxa de crescimento passada ou esperada. Fornece informações relativas ao status dos papéis — desvalorizado, correspondendo à expectativa ou supervalorizado. Em se tratando de múltiplos, o PEG é um dos mais difíceis de se calcular. “Como calcular e aplicar o índice Price Earnings to Growth?” Imagine o Preço pelo Lucro (P/L) de uma ação no ano de 2019. A expectativa estava alta e as ações cresceram rapidamente. Você deve então pegar o preço delas atualmente e comparar com o lucro do passado. A sua impressão pode ser de uma supervalorização. “Esse papel está muito alto em relação ao lucro” — Sim, mas um erro de análise foi cometido: o preço da ação só está elevado porque o crescimento do lucro também está. O PEG conserta justamente esse tipo de análise. Esta é a fórmula para que o consigamos calcular: 548 O Price Earnings to Growth corresponde numericamente à divisão do Preço por Lucro (número de anos que um investimento demora para “devolver” o capital inicial investido) pela Expectativa de Crescimento Anual dos Ganhos. A mensuração dela é igual a um menos o valor do dividendo payout vezes o Return on Equity (ROE). E o resultado dessa operação deve ser multiplicado por 100 O dividendo payout é calculado pela razão entre dividendos pagos e lucro líquido. Por exemplo: O BBDC4 payout é igual a 17,8 bilhões dividido por 25,9 bilhões. Isto nos dá o valor de 0,6872. O significado desse número é que o Bradesco dividiu sessenta e oito por cento do lucro em dividendos. Resumindo, o dividendo payout corresponde ao percentual de lucro distribuído pela empresa. Já o ROE do Bradesco corresponde a 25,9 bilhões dividido por 134,1 bilhões. O que nos resulta o número 0,1917. Isto indica que o retorno por ROE (ou retorno sobre capital próprio) do Bradesco é de aproximadamente 19%. Por fim, o índice price earnings to growth do Bradesco equivale numericamente a 22 dividido por 2,92 dividido por {(1 — 0,6872) X 0,1917} X 100. Feitos os devidos cálculos obedecendo os princípios matemáticos de aritmética, o resultado é 1,225. De acordo com a tabela de avaliação do PEG, encontrada na parte inferior da imagem das fórmulas, as ações do Bradesco estariam supervalorizadas em relação a taxa de crescimento esperada. Se o valor fosse igual a 1, isto significaria que a correspondência entre valor das ações e expectativa de crescimento têm correspondência total. 549 Por último, se o valor fosse menor que 1 isto apontaria uma subvalorização do preço das ações se comparadas a expectativa de crescimento de mercado. É importante notar que o PEG não é um índice de relatividade, e, portanto, não serve como comparativo entre duas ou mais empresas. EV (ENTERPRISE VALUE) / EBITDA O múltiplo da vez é um dos mais interessantes. Enterprise Value (EV) por Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortitation (EBITDA); Mostra quantos anos de EBITDA (medida da geração de caixa operacional) são necessários para pagar o valor que o mercado atribui à empresa. Este é o mais abrangente dos valores de mercado. Para o calcularmos, precisamos somar o valor de mercado da empresa + dívidas remuneradas e subtrair dessa soma o caixa ou equivalentes. Este cálculo não é usualmente empregado na avaliação de bancos, visto que eles possuem como caixa todo e qualquer depósito de seus clientes. Por exemplo: o valor de mercado da Magalu é de 154,9 bilhões de reais. A dívida da empresa é de 1,76 bilhões. O caixa equivale a 3 bilhões. Assim, a avaliação de mercado da empresa é 153,66. Por que é importante calcularmos esse valor de mercado? Existem empresas muito endividadas e ainda assim muito alavancadas. A fórmula para calcularmos o índice da vez é a seguinte: Aplicando-a aos números da Magalu, usada aqui como exemplo, o índice EV/EBITDA será igual a 153,66 dividido por 2,2. Isto resulta em 69,85 — o que significa que demorará sessenta e nove vírgula oitenta e cinco anos de EBTIDA a 2,2 bilhões para que o capital remu- 550 nere o valor de mercado da Magalu e ainda consiga pagar as dívidas. Com esse indicador você consegue fazer avaliações a respeito dos valores das ações da empresa. Ao contrário do índice anterior, que não servia para comparações, este aqui pode ser usado na avaliação de empresas do mesmo ramo. Se quiser saber qual empresa do varejo, por exemplo, está cara ou barata, você deve pegar os vários EVs disponíveis e colocá-los à balança. Com ele também é possível fazer estimativas de mercado do tipo: qual ação tem mais chances ou tendências de valorização ou desvalorização. Resumidamente, é um ótimo índice mensurador e instrumento para comparação do valor mercadológico de ações. EARNINGS MULTIPLIER Estudaremos agora o Multiplicador de Múltiplos (Earning Multiplier). É uma métrica financeira que enquadra o preço atual de uma ação comparado ao lucro por ação. Também conhecido como índice preço por lucro. Esta é a fórmula para o calcularmos: MODELOS DE ÍNDICE DE MERCADO Ainda dentro do tema de modelos de precificação, falaremos dos modelos de índices de mercado. O Modelo de Índice de Mercado (Single Index Model – SIM) foi desenvolvido por Sharp em 1963. É um modelo simples, utilizado para medir o retorno e o risco de uma ação. Esse modelo assume que apenas UM único fator macroeconômico causa o risco sistemático que afeta o retorno de todas as ações de mercado, podendo assim ser representado por um índice de mercado, como S&P500 ou Ibovespa. Seguindo os dados: 551 O Beta em questão é o mesmo do Modelo CAPM, medido pela covariância entre o Ativo I e o Ativo de Mercado, dividido pela variância do Retorno de Mercado. Alguns dizem que o Beta é uma medida do Risco Sistemático e o Erro é uma medida do Risco Idiossincrático, ou seja, diz respeito a características especificas do ativo em questão, quase como um Proxy do Risco Não Sistemático do ativo. Então, o modelo de índice prega que o excesso de retorno do ativo é igual ao Retorno Anormal, somado ao Beta do ativo e multiplicado pelo Excesso do Retorno de Mercado, também, somado a um Erro (aleatório). Modelos de índice Falamos aqui de uma equação alternativa para a expectativa de Retorno do Ativo, mas, na verdade, ela é uma expectativa sobre o Excesso de Retorno. Essa modalidade, basicamente, descreve o excesso de retorno. Sendo apenas uma equação alternativa para o modelo apresentado anteriormente. Dentro dela, por exemplo, pegamos a ação A, e temos a Expectativa de Retorno do Ativo 552 igual ao Alfa, para batermos o mercado. Sendo o Alfa 2% e o Beta 0,57%, temos o Retorno Esperado do Ativo de 9,87% em relação ao mercado. Não obstante, no caso do ativo A, se o resultado estiver acima de 9,87 é um bom negócio e, por conseguinte, se estiver abaixo de 9,87 é um mau negócio para se entrar. Usaremos a mesma lógica para a ação B e para a C. Modelos MultiFatores Dando continuidade aos nossos estudos sobre Modelos de Precificação de Ações, veremos os chamados Modelos Multi-Fatores e, também, quais modelos nós temos para utilizar. Modelos Multi-Fatores são modelos que empregam dois ou mais fatores em seus cálculos para explicar fenômenos de mercado e/ou preços de equilíbrio de ativos. Um modelo multifatorial pode se usado para explicar o valor de um título individual ou de uma carteira de títulos, comparando dois ou mais fatores para analisar as relações entre as variáveis e o desempenho resultante. Basicamente, o modelo multifator é construído a partir de regressões múltiplas, ou melhor, de análises de regressões múltiplas. No CAPM, nós tínhamos um único fator de concentração do risco (Risco Sistemático) chamado Beta. Por exemplo, a variação da taxa de juros, é um Risco Sistemático que atinge as empresas de modo geral. Mas os modelos multifatores entenderam que para determinadas carteiras e determinados ativos, a variação da taxa de juros impacta de forma diferente. Os modelos multifatores colocam variáveis independentes, que tentam explicar o retorno do ativo e também tentam conseguir explicar a maior porcentagem possível das variáveis do ativo. Obviamente, ninguém terá 100% da variação de um ativo captada por qualquer modelo que seja, uma vez que para isso precisaríamos ter exatidão em todos os dados para conseguir prever as variáveis, deixando de ser estatístico e passando a ser um modelo determinístico. Sendo assim, temos uma fórmula genérica para compreender: 553 Dentro dos modelos multifatoriais podemos ter os fundamentalistas e os macroeconômicos, nos permitindo fazer diversas modalidades de estudos acerca dos retornos dos ativos. A fórmula genérica dos modelos multifatoriais é o Alfa (de Jensen) + Retorno de Mercado + Fatores Específicos + Erro (aleatório), sendo essa a base dos modelos multifatores. Outro exemplo de modelo: TIPOS DE MODELOS MULTIFATORES Sendo bem simples e divididos em três modelos: Modelos de Fatores Macroeconômicos 554 Esses modelos comparam o retorno de um título a fatores como as taxas de empregos, a inflação, juros e crescimento da indústria. Pegamos aqui as influências externas para explicar as variações do mercado. Modelos de Fatores Fundamentais Analisam a relação entre o retorno de um título e suas finanças subjacentes, como lucros, capitalização de mercado e endividamentos. Modelos de Fatores Estatísticos São utilizados para comparar os retornos de diferentes títulos com base no desempenho estatístico de cada título em si; não olhando variáveis externas. Muitas vezes, são utilizados dados históricos nesse tipo de modelagem. Sendo esse o menos utilizado dos modelos. MODELOS MULTIFATORES MACROECONÔMICO Em um Modelo de Fatores Macroeconômico, as variáveis utilizadas são os retornos históricos dos ativos e variáveis macroeconômicas observáveis. O objetivo é determinar quais variáveis macroeconômicas são persistentes em explicar o retorno histórico do ativo e sua volatilidade. As variáveis que explicam o retorno tornam-se os fatores que serão incluídos no modelo. As relações entre variáveis macroeconômicas e volatilidade partem do pressuposto que qualquer variável que exerça influência sobre o fluxo de caixa futuro da empresa influência, indiretamente, os preços das ações e, portanto, sua volatilidade. Quais são as variáveis macroeconômicas mais utilizadas? ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Crescimento (PIB); Produção (Oferta); Consumo (Demanda); Investimento (FBCF); Endividamento Público; Resultado Fiscal Nominal e Primário; Taxas de Juros; Saldos em Reservas Internacionais; Saldos em Conta Corrente; Balança Comercial; 555 ⯀ Poupança e Crédito; ⯀ Inflação. Basicamente, essas são as mais comuns variáveis macroeconômicas que podem afetar o valor de um ativo. Então, construímos esse cálculo do ativo pegando os seus dados nos últimos 10 anos e, também, pegamos as variáveis macroeconômicas dos mesmos 10 anos e tentamos calcular esses fatores com o ativo; suas correlações. Por exemplo, calculamos o retorno do ativo A pegando o Beta e calculando o Retorno do Ativo dividido pela variância da Inflação (ou qualquer variável macroeconômica que queiramos). Sempre sendo o Beta a variância do Retorno do Ativo dividido pela variável macroeconômica. Podendo utilizar todas as variáveis descritas acima. Exemplo de Modelo de Fatores Macroeconômicos: Sendo uma UI (Inflação Inesperada) uma espécie de excesso da inflação. Ainda assim, continua sendo o Beta a variância do Retorno do Ativo dividido pela variável macroeconômica Utilizamos desse modelo para tentar calcular com mais precisão o Retorno Esperado de uma carteira, visando sempre obter o maior Retorno Esperado possível sob o menor risco possível. MODELOS MULTIFATORES APT É um outro modelo multifator como os que já vimos em nosso curso. O APT é o modelo utilizado para descrever o retorno esperado de um ativo ou de um portfólio com uma função linear do risco e a relação de determinados fatores. É semelhante ao Capital Asset 556 Pricing Model (CAPM), mas com suposições menos rígidas — e essa é uma das vantagens em relação a ele. Sua adesão à realidade dos acontecimentos financeiros é mais fácil. As premissas do APT são as seguintes: ⯀ Os retornos dos ativos são descritos por um modelo de fator; ⯀ O risco específico do ativo pode ser eliminado (risco diversificado); ⯀ Os ativos são precificados de forma que não exista oportunidade de arbitragem. Os defensores do APT dizem que ele apresenta as seguintes vantagens em relação ao modelo CAPM: ⯀ Faz menos imposições restritivas em relação às preferências dos investidores quanto ao risco-retorno; ⯀ O APT procura precificar o retorno de um ativo ou portfólio e verificar se neles existe a possibilidade de arbitragem. ⯀ Não faz suposições acerca da distribuição normal dos ativos; ⯀ Não é preciso ter determinado formato de curva de ativos para que o APT funcione. ⯀ Não necessita da identificação do verdadeiro portfólio de mercado. ⯀ O CAPM tem o retorno de mercado como uma hipotética carteira eficiente. Basicamente esses fatores são os que o tornam mais flexível e atraente se comparado ao CAPM. A equação abaixo fornece a estrutura geral do modelo APT. 557 Ela corresponde exatamente à estrutura geral dos modelos multifatores — mas nele não há necessidade do cálculo da hipotética carteira de mercado. A fórmula, portanto, é o alfa de Jensen (retorno do ativo menos o ativo livre de risco subtraído do beta vezes o retorno de mercado menos o ativo livre de risco). A segunda parte da diferença é o resultado da variação esperada do ativo pelo CAPM e a primeira, o retorno esperado real do ativo ou excesso de retorno. Ou seja, se ele for maior do que o previsto no modelo CAPM, haverá um ganho anormal, a que chamamos de alfa de Jensen. Assim sendo, no modelo APT o retorno esperado do ativo = retorno anormal do ativo mais a sensibilidade do fator específico vezes o fator específico (inflação, por exemplo). Empresas altamente endividadas tem o seu preço impactado de maneira muito mais sensível por uma variação da taxa de juros que uma empresa pouco alavancada — o próprio risco sistemático capta isso. Na estrutura geral do modelo APT podem ser incluídos ainda os fatores fundamentalistas (não necessariamente fatores de modelo macroeconômico) e o fator idiossincrático específico e não-captável por nenhum dos outros fatores da variação do retorno do ativo. MODELO MULTIFATORES APT Agora temos aqui a mesma fórmula, só que para calcularmos e medirmos a Security Market Line (SML). O retorno esperado do ativo = taxa livre de riscos + sensibilidade do ativo específico x risco de prêmio do fator específico (taxa esperada menos a taxa livre de risco). Esta equação se difere da equação da APT geral porque nela não se fala em prêmio de risco, mas no número em si do fator específico. Quando somamos os termos da equação exposta, conseguimos construir a Security Market 558 Line (SML) do APT. Num gráfico do somatório dos betas x retorno esperado, ela seria uma equação linear que intercepta o eixo (y) no ponto correspondente à taxa livre de risco e que apresenta também uma relação crescente entre o risco assumido e o retorno esperado. O propósito dessa segunda fórmula de APT que apresentamos é identificar quais seriam os retornos esperados dos ativos para saber se determinado ativo tem opção de arbitragem. Para ativos com mesmo valor beta e diferentes retornos, ela é possível. Portanto, essa linha de segurança nos oferece a possibilidade de identificar os pontos onde a arbitragem é possível e viável. Antes de praticarmos efetivamente uma arbitragem, é preciso que saibamos quais são as suas premissas: ⯀ Ocorre se há zero investimento em portfólio com certeza de lucro; ⯀ O APT prega o seguinte: você não pega dinheiro de seu bolso, mas vende uma opção ou carteira à descoberto e alavanca-se para a compra futura de uma outra carteira. Vende-se uma para adquirir outra com certeza de lucro (risco zero). Daí vem o termo arbitragem. ⯀ Como não houve investimento e o risco é zero, infinitas posições podem ser obtidas, assim como lucros cada vez maiores; ⯀ Como não há dinheiro próprio e a certeza do lucro, é possível assumir posições gigantescas e lucros correspondentes. ⯀ Independentemente da riqueza ou da aversão ao risco, os investidores irão optar por uma posição infinita do portfólio da arbitragem livre de risco; ⯀ Se o risco é zero, não faz a menor diferença se existe ou não aversão ao risco. É certeza de lucro. ⯀ Em um mercado eficiente, as oportunidades de arbitragem lucrativos irão desaparecer rapidamente; ⯀ Pelas premissas do mercado eficiente, se consigo fazer uma arbitragem para assumir posições de compra e lucro, rapidamente elas deixarão de existir. ⯀ O ATP se aplica a carteiras bem diversificadas e não necessariamente a ações individuais ⯀ O CAPM é muito focado em ações, mas o APT parte do pressuposto de carteiras diversificadas. Nos modelos de multirregressão de fatores podemos pegar uma carteira de ações e relacioná-las com qualquer fator. ⯀ Com APT é possível que uma ação individual esteja com o preço errado, encontrando-se apenas acima ou abaixo da SML. ⯀ Aqui eventualmente pode haver oportunidades de arbitragem. Mas elas são pequenas 559 janelas que se abrem e fecham rapidamente porque quando são identificadas, os investidores assumem posições infinitas e levam a arbitragem a zero. Arbitrando uma Oportunidade São construídas duas linhas (A) e (B). Ambas são relacionadas aos mesmos valores betas. Utilizamos para calcular seus retornos esperados as mesmas variáveis fundamentais. Foi feito o modelo de multirregressão e o cálculo de todas as sensibilidades betas, e construímos duas SML para duas carteiras diferentes. A carteira (B) intercepta o eixo (y) em 8% e a (A) em 10%. Nestes pontos o risco corresponde a zero. Portanto o que se deve fazer é a venda short em (B) a 8% de custo e a compra long em (A) com 10% de retorno. A arbitragem de ganho é 2%. Não há envolvimento direto de dinheiro, mas uma “troca” de investimentos. O que acontece é que como pode-se assumir posições infinitas e vender um tipo de ação para comprar outra, haverá influência nos valores de preço à vista e retorno de cada uma delas. No caso, a venda de (B) faz com que o preço caia e o retorno esperado aumente. O contrário acontece com (A), que está sendo comprada em grande quantidade. Isso acontece até que as duas SML sejam justapostas e equivalentes. Assim funciona a Arbitrage Price Theory (APT). 560 Exemplo para três carteiras: São aqui os ativos relacionados ao PIB e à inflação. Os fatores que multiplicam esses elementos correspondem às suas variações de retorno esperado. Já o primeiro termo da somatória corresponde ao alfa (ganho inesperado) de cada uma das carteiras. Observe que uma variação de 1% do PIB afeta a carteira (A) e a soma das carteiras (B) e (C) da mesma maneira. Com a variação na taxa de inflação é a mesma coisa. Ora, se as variáveis se afetam mutuamente, tanto uma quanto a outra terão efeitos idênticos em relação às carteiras. Mas o ganho livre de risco na (A) é 10% e nas carteiras (B) e (C) somadas é de 14%. Surge-nos uma chance de arbitragem de 4%. O que se deve fazer é operar “vendido” em (A) e “comprado” em (B) + (C). Esta é basicamente a forma de arbitragem dentro do APT. Nesse modelo, as oportunidades de arbitragem se extinguem quando houver equilíbrio. Inclusive, por haver possibilidade de posições infinitas, os casos de desbalanço são rapidamente equilibrados e os betas podem ser derivados sem a necessidade de usar o portfólio real de mercado — o que é uma grande vantagem. MODELOS MULTIFATORES E FATORES FUNDAMENTAIS Agora veremos os Modelos de Fatores Fundamentais. Eles utilizam características e dados contábeis da empresa como variáveis preditoras. Inclui-se valor da empresa, valor contábil, lucros de dividendos etc. Um dos mais conhecidos modelos de fatores fundamentais é o Modelo de 3 Fatores de Fama-French. Veremos como ele funciona. Modelos Multifatores Fama French 561 É uma teoria de mercado na qual haverá três visões: retorno de mercado, prêmio por tamanho e prêmio de valor. “O que esses dois teóricos financeiros perceberam?” Perceberam que o retorno histórico das empresas menores era maior que o retorno médio das empresas com maior capitalização de mercado. Portando, existem um prêmio por tamanho ao se investir em firmas menores. Outra observação, chamada de prêmio de valor, que por definição corresponde à variação de capitalização da empresa no mercado divida pelo valor contábil da empresa. Empreendimentos com menor diferença entre valor contábil e valor de mercado têm possibilidades de retornos maiores no futuro. Baseados nessas observações, Fama e French construíram seis possibilidades de carteiras para as operações short e long divididas por tamanho e valor. Sendo também necessário calcular o SMB e o HML para podermos obter a média de retorno dos dois prêmios acima citados. Para tamanho de valor, comparamos o retorno histórico das empresas de mercado classificando-as em três grupos, por exemplo: 30% menores, 40% equivalentes e 30% maiores. Baseado nisso construímos carteiras utilizando os termos da tabela abaixo. O SMB e o HML são calculados a partir dessas carteiras hipotéticas. Ambas com alfa de Jensen maior que zero. Assim contruímos a carteira no modelo de Fama-French. O excesso de retorno esperado da carteira em relação ao mercado = alfa de Jensen + beta (em relação ao prêmio de mercado) + sensibilidade ou impacto da carteira montada em relação ao prêmio de tamanho + sensibilidade vezes o prêmio de valor (diferença entre capitalização de mercado e o valor contábil da empresa) + (e). 562 Depois de constituída a carteira e feita a análise de regressão baseada nas carteiras hipotéticas, obteríamos a fórmula de retorno esperado dentro do modelo de Fama-French. Os dois teóricos criaram e desenvolveram também um modelo de 5 fatores: Neste novo modelo foi incluída a diferença entre os retornos das empresas com lucratividade mais alta e mais baixa (prêmio lucratividade e fator lucro), além do prêmio de tamanho e valo, e a diferença de retorno das empresas que investem de forma conservadora e as que investem agressivamente (fator investimento ou percentual de investimento em relação ao faturamento). Ele nada mais é que o CAPM + prêmios de tamanho e valor + prêmios de lucratividade e fator investimento. Relembremos que o modelo Fama-French é relacionado a fatores fundamentais. Serve para análise fundamentalista em modelos multifatores. Aplicação dos Modelos MultiFatores Vimos anteriormente que eles são muito mais condizentes com a realidade do que os modelos de seleção de portfólio de Markovitz e o Capital Asset Pricing Model (CAPM). 563 Os modelos multifatores têm aplicações infinitas, no sentido em que se pode, a partir de observações próprias da realidade do mercado, identificar variáveis que afetam o preço de determinada carteira ou segmentação específica dela e criar, posteriormente, modelos de precificação dos retornos esperados utilizando as variáveis tomadas como influenciadoras. Outra vantagem é que se torna possível ter uma razoável noção da verdadeira força de impacto das variáveis em análise no preço do retorno esperado de determinado ativo. Resumindo, as aplicações dos modelos multifatores são mais diversificadas e efetivas, dado que é possível uma aproximação muito maior da realidade do retorno esperado de um ativo e suas variáveis mais importantes. Os betas podem ter origem em variáveis macroeconômicas e análises fundamentalistas. Podem haver modelos que combinem as duas — o que gera infinitas possibilidades de análise. As aulas sobre o modelo de precificação de ações multifatorial encerram-se neste ponto . 564 Módulo 7 finanças comportamentais Este capítulo trata sobre as Finanças Comportamentais. HOMO ECONOMICUS X HOMO SOCIAL Você é racional 100% do tempo? Essa é uma provocação que gostaríamos de fazer para entrar no tema. Em geral, nossas reações no trânsito são explosivas e impulsivas. Mesmo que ao sair de casa prometamos a nós mesmos não buzinar no trânsito; na primeira oportunidade, na primeira “fechada”, buzinamos com toda força. Ainda que, ao estacionar o carro depois de brigar no trânsito, tenhamos consciência da possibilidade de gerar um problema, faremos de novo! Não é algo racional que nos move nesse momento, é algo emocional. Melhor dizendo, é o Homo Social agindo. Como agimos no supermercado, por exemplo, entramos sabendo que precisamos comprar as verduras, os legumes, mas quando entramos no corredor dos chocolates, é praticamente impossível sair de lá sem levar ao menos um bom-bom. Esses exemplos e provocações estão como guias, apontando para o ponto central desse tema: como agimos no mundo dos investimentos? Agimos como um Homo Economicus de forma racional ou deixamos as emoções tomarem conta, como o Homo Social. As idéias de Homo Economicus e Homo Social surgem dos estudos das finanças comportamentais. O Homo Economicus, o que age de forma racional, avalia as relações de risco e retorno (temos dois grandes estudiosos do assunto, Treynor e Sharpe). Ele busca sempre, acima de tudo, maximizar o lucro e em contra partida, busca mitigar o risco. Então, percebemos que o Homo Economicus tem aversão ao risco, ele não quer correr risco. É, por exemplo, por essa aversão ao risco que nós fazemos o “Valuation” das empresas, para ter uma margem de segurança. E também, por esse mesmo motivo, temos sempre um percentual da carteira em renda fixa, visando proteger a carteira dos riscos possíveis. Os conceitos de “Hedge” são bons exemplos disso. O Homo Social, não tem aversão ao risco, ele tem aversão a perdas. Mas não raciocina o que é melhor para ele. Não pensa em formas de evitar o risco, seu medo é de perder aquilo que possui. Ele baseia-se nas emoções, por isso o caracterizamos como “Emocional”. Lembremos o exemplo do trânsito, nele está claro que é a emoção falando mais forte, em momento algum se pensa no risco e retorno sob o ato de buzinar. Por conta desse impulso emocional, o Homo Social, acaba por se tornar mais suscetível aos gatilhos mentais (sendo eles os das provas sociais, das autoridades e das comunidades). Podemos concluir que o Homo Economicus agirá de forma racional e com o pensamento lento. Já o Homo Social, agirá de forma emocional e estará suscetível ao pensamento 566 rápido, ou melhor, impulsivo e instantâneo. O livro “Rápido e Devagar” (autor Daniel Kahneman) aborda bastante esse assunto e as diferenças entre as formas de pensar, entre Homo Economicus e Social, e no porquê de estarmos suscetíveis aos gatilhos mentais. Todos esses pontos abordados aqui estão diretamente relacionados à Teoria da Perspectiva. Essa teoria nos leva a entender que o sentimento de perda é 10x superior ao sentimento de ganho. Temos um estudo sobre os macacos que, de certa forma, traduz essa idéia do sentimento de perda e ganho: o Macaco 01 ganha uma maçã e fica extremamente feliz e o Macaco 02 que ganhou duas maçãs, fica feliz na mesmíssima proporção que o Macaco 01. Porém, na hora em que retiramos uma maçã do Macaco 02, percebemos que ele fica desproporcionalmente infeliz, em relação ao sentimento de felicidade de quando ganhou as maçãs. Nesse experimento, ficou claro que o sentimento de felicidade é igual independentemente da proporção dos ganhos, porém, a perda é desproporcional e avassaladora, se comparada ao sentimento de ganho. A perda pode ser absoluta ou relativa, no caso, perder uma maçã seria uma perda relativa e perder as duas maçãs, seria uma perda absoluta; ambas se sobrepõem ao sentimento de felicidade. É necessário prestar muita atenção em todos esses pontos, pois cada um deles tem uma influência ativa e direta em nossos investimentos. RESTRIÇÕES AO INVESTIDOR - ANÁLISE DE PERFIL Diante de uma conduta ética e prezar por um relacionamento de longo prazo para com os clientes, os profissionais e o Sistema Financeiro devem moderar as recomendações para seus clientes. Essa moderação deve ser atendida de acordo com as necessidades, anseios e limitações que eles possuem. Porém, isso só é possível se fizermos uma análise de perfil do investidor sabendo exatamente quais são as restrições que ele deve ter. Mas tudo isso deve ser realizado diante de uma postura e conduta ética – não se esqueça. Só assim será admissível realizar o que for melhor para cada perfil de cliente. É por isso que é tão importante compreender como agir com esse cliente. E são as restrições que devem ser seguidas para que tudo ocorra de maneira correta para determinado investidor são: 567 Idade: ⯀ A relação da idade aos riscos assumidos; Isso significa algo assim: se uma pessoa com 20 anos, investir em ações e por um acaso perder tudo, tudo bem, ela terá anos pela frente para recuperar. Mas, para quem possui 60 anos, já é mais difícil ter um prazo para recuperar a perda. ⯀ Por isso que, quanto mais jovem, mais riscos. E quanto mais experiente, mais conservador. ⯀ Clientes mais jovens podem ter como recomendação produtos com maior risco. Isso acontece, porque tem o tempo ao seu favor; ⯀ Já clientes mais velhos dificilmente terá como recomendação produtos de alto risco. Porque, esse produtos possuem alta volatilidade e são indicados para o longo prazo. Horizonte de Investimento: ⯀ Sobre a liquidez, que é a facilidade de um produto ser negociado ou se tornar dinheiro novamente; Lembre-se: quanto mais líquido, mais fácil de transformar em dinheiro. Quanto menos líquido, mais difícil é esta transformação. ⯀ Os produtos deverão ser recomendados a partir dos objetivos que seus clientes tiverem; ⯀ Exemplo: um cliente quer investir um dinheiro, que vai querer dar entrada em um carro daqui a dois anos. Assim, o profissional vai indicar um produto que atenda este prazo. Por isso é tão importante casar o prazo do investimento com o objetivo do investidor. Conhecimento do Produto: ⯀ Sugerir produtos de acordo com os conhecimentos de seus clientes; ⯀ Para quem não conhece o mercado financeiro e desconhece os possíveis riscos, é mais indicado sugerir produtos com menos complexidade e mais seguros; ⯀ Já, para clientes que conhecem o mercado, tem conhecimento sobre os produtos, lhe darão uma maior liberdade para sugerir produtos mais complexos, com maior risco. 568 É por conta disso que devemos conhecer ao máximo o cliente e oferecer aquilo que for melhor para ele. Tolerância de Risco: ⯀ No mercado financeiro e de capitais existem riscos; Quando falamos de API que pode dar os resultados: conservador, moderado ou arrojado, muitas vezes o pessoal acha que estamos falando apenas da tolerância ao risco. Mas, não é! Pois, ela leva em consideração todas estas restrições e análises que vimos acima, e por último chega a tolerância ao risco. Desta forma, é que dizemos que existem riscos para qualquer investidor. ⯀ O risco é: perder seu dinheiro; ⯀ Tem investidores que aceitam tomar esse risco, em troca de uma maior rentabilidade. Já tem outros investidores que não; ⯀ Para proteger os investidores, a CVM criou a Instrução Normativa 539 que regula a Análise do Perfil do Investidor (API). DECISÕES DO INVESTIDOR NA PERSPECTIVA DE FINANÇAS COMPORTAMENTAIS Neste tópico vamos abordar sobre as decisões do investidor na perspectiva de finanças comportamentais. Muitas vezes presenciamos o medo de investir por parte dos investidores. Uma parte se deve ao nosso passado turbulento em que até mesmo as poupanças foram congeladas antes da estabilização econômica. Mas normalmente isso ocorre por falta de educação financeira, a qual em nosso país é quase nula. E justamente para lhe ajudar neste desafio, escrevi um artigo sobre como perder o medo de investir. Por este medo ser bem comum, os economistas sempre buscam entender o comportamento dos agentes financeiros. Desta forma fica mais fácil mapear a tomada de decisões referente aos investimentos. 569 Mas como compreender isso? Basicamente, o que você deve saber é que existem dois tipos de homens: ⯀ Homo Economicus x Homo Sapiens Quando se estuda economia na faculdade, administração ou qualquer coisa de exatas, acreditamos que o ser humano é sempre racional. Mas, isso é bem pelo contrário, não é? Muitas decisões de nossa vida, não apenas financeiras, são tomadas com base emocional e automática. E é aí que entram os dois tipos de homens: o racional é o Homo Economicus, enquanto o emocional é o Homo Sapiens. Essa diferenças acaba demonstrando a falha das teorias e modelos econômicos que existem. Por isso que possuímos as Heurísticas. Heurísticas Elas possuem vieses comportamentais e influências do nosso histórico emocional, como: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Representatividade Disponibilidade Ancoragem Aversão à Perda Heurísticas da Representatividade Avaliação da probabilidade de um evento “B” pelo nível de semelhança do evento “A”. Exemplo de pessoa: ⯀ Uma pessoa tímida, retraída, pouco sociável tende a ser? ⯀ Uma pessoa comunicativa e espontânea tende a ser? Nós criamos muitos estereótipos para realizar julgamentos, como se resultados passados fossem garantia de resultados futuros. Podemos até pensar que uma pessoa mais tímida vai ser um bibliotecário ou programador. Porém, há números que informam que essas pessoas retraídas trabalham com profissões que necessitam mais abertura. Por isso que é uma representatividade que possuímos. Funciona como um pré julgamento 570 apenas por vermos alguém parecido com outra. Heurística da Disponibilidade Também julgamos um evento pela facilidade em que o exemplo ocorre na sua mente. Pense: qual a cidade mais violenta, Altamira no Pará, ou o Rio de Janeiro? Nos ocorre que é o Rio de Janeiro, certo? Logo, é um julgamento pelo disponibilidade de notícias sobre o Rio de Janeiro. Mas, você vai saber, até porque estou lhe contando que, Altamira no Pará, é a primeira na lista de cidade mais violenta no Brasil. Heurística da Ancoragem Esta está ligada diretamente à Representatividade, sendo o seu desdobramento. A âncora traz um “valor” relevante para a tomada de decisão. Pensa comigo: ao ver o preço de quatro 4 tv’s de 40 polegadas por R$ 1.200,00, você tende a acreditar que uma TV de 80 polegadas custa aproximadamente R$ 2.400,00. Correto? Aqui fizemos uma espécie de ancoragem com as polegadas de cada TV e quem lida com valores reais vai saber que isso é uma inverdade. Visto que, uma TV de 80 polegadas custa em torno de R$ 13.000,00. Heurística da Aversão à Perda Maior importância às perdas do que os ganhos. E isso é fato de todo ser humano, damos mais valor sempre ao que perdemos do que quando ainda possuímos algo. E isso é tudo do nosso psicológico, pois possuímos receio de perder o que já foi ganho. Como por exemplo, a crise de 2008 fez com que investidores jamais queiram retornar a Bolsa de Valores, em função de suas grandes perdas. PRINCIPAIS VIESES COGNITIVOS 571 Viés cognitivo (ou baia cognitiva, como dizem os norte-americanos) é uma tendência que temos de fazer alguma coisa, vinda de uma experiência anterior. Podemos descrevê-lo como uma espécie de erro que vai interferir na tomada de decisões baseadas nas informações ao nosso redor. No que pode interferir um viés cognitivo? ⯀ Em relacionamentos, por exemplo. Se você relaciona-se com pessoas que estão num determinado espectro político (direita ou esquerda), qual será a sua tendência? ⯀ Redes sociais também. Elas tendem a te entregar tudo aquilo que você curte e assiste. Ultimamente não é preciso nem dar like mais pois os algoritmos andam bem espertos. Já reparou que no YouTube quanto mais você assiste determinada coisa, mais ela aparece para você? Caso o seu interesse seja finanças, é certo que a menina lá da Empiricus vai aparecer fazendo propaganda. “Oi, eu sou a Betina, tenho 22 anos e um milhão e quarenta e dois mil reais de patrimônio acumulado.” Com o Primo Rico, que é um cara bem bacana, funciona da mesma maneira. Por mais que você não se engaje com o conteúdo dele, quanto mais assisti-lo, mais a rede social te entregará coisas parecidas. ⯀ A região onde mora. No domingo o paulistano adora uma macarronada. Mas no sul do país, se não houver churrasco no domingo, o cara fica doente. Os diferentes locais têm culturas diferentes. O que um europeu ou norte-americano fazem no domingo? ⯀ As preferências são da mesma forma. Lá no churrasco de domingo, eu gosto de comer salsichão e carne de gado magra — não gosto de carne gorda. Já meu sogro adora costela. Tenho pavor de osso, gosto de carne magrinha, mal passada, brilhando: picanha, ou alcatra, ou filé. Depende da preferência ⯀ Experiências anteriores. Com o exemplo das viagens fica fácil entender. “Tive experiências péssimas viajando para a Europa. Mas nos Estados Unidos da América elas foram boas, e por isso gosto de ir pra lá.” Os vieses são basicamente erros intrínsecos e que têm relação com experiências passadas. Nós possuímos alguns deles: ⯀ Status quo — é a pura preguiça e inércia. Qual é, por exemplo, a marca de margarina que você consome? “Eu não tenho vergonha de dizer que consumo Qualy. Desde criança eu via aquela propaganda na tevê, meus pais compravam dessa marca, meus avós também — e meu filho comprará Qualy.” 572 Mas por quê? É uma simples preguiça de experimentar outra margarina. Para finanças, isso é o que explica o valor absurdo alocado em cadernetas de poupança. Na época do presidente Collor o valor da poupança foi confiscado, mas mesmo assim os caras deixam lá o dinheiro simplesmente porque é cômodo. “Ah! Tesouro direto tem que ir atrás, abrir conta em corretora etc.” Portanto, essa decisão está ligada à inércia e preguiça. ⯀ Movimento de manada — é o viés que explica as pirâmides financeiras. Como dizem os norte-americanos, ele está relacionado ao FOMO (fear of missing out, “medo de ficar fora”). No começo de 2019 havia pirâmide financeira de tudo relacionado a criptoativos. Era pirâmide de Bitcoin ou seja lá o que fosse, e que pagava garantidamente 1% ao dia. O cara pensava que isso era difícil e ficou de fora. Mas daí o vizinho ganhou, o pai, o tio, o avô e o primo ganharam — todo mundo estava ganhando dinheiro nessa parada e então ele passou a ter medo de que todo mundo ganhasse menos ele, do lado de fora. O sujeito sabe lá dentro que ele não é todo mundo mas o medo de ficar de fora o faz não raciocinar sobre a atitude e isto está ligado ao pânico e à euforia. O exemplo da pirâmide está relacionado a esta última, e o pânico aos crashers. Com a pandemia do coronavírus todo mundo começou a vender sem parar porque havia pânico. “Por que você está vendendo?” “Porque todo mundo está vendendo.” ⯀ Enquadramento — é legal de se analisar pela foto do WhatsApp. A minha foto, por exemplo, foi tirada em Orlando, tem o meu rosto e um carro que adoro. Isto é um recorte, um enquadramento, um framing. É muito legal levarmos em consideração as polêmicas que acontecem na mídia. Há um policial batendo em alguém ou um cara atirando na polícia; um sujeito abrindo o carro de maneira estranhada — ele pode ser o dono do carro, não é? No framing nós pegamos toda uma cena, mas damos bola apenas para um pedaço que, se visto isolado, pode mudar completamente o sentido da coisa. Isso acontece muito em política, economia, ciências e mídias sociais. O enquadramento é basicamente a influência que um recorte exerce sem que se considere todo o contexto. Pega-se o pedaço de uma grande informação para manipular alguma coisa. Nas técnicas de venda o framing também é muito utilizado em gatilhos mentais. ⯀ Desconto hiperbólico — é algo que não está muito visível e nem se discute tanto no 573 dia a dia. Tem um experimento interessante feito com crianças e marshmallows. Basicamente elas podiam escolher entre ter um agora ou dois, mas não imediatamente. Isso era subliminar: não foi dito quanto tempo era o “depois”. Mas ele era de 15 minutos. O que acontecia é que 90% das crianças queriam o doce agora. Nós percebemos mais o valor da coisa no agora que no futuro, mesmo que nele ganhemos muito mais. O engraçado é que os 10% restantes, que souberam esperar um pouco mais para receber, terão muito mais sucesso como investidores a longo prazo porque saberão aguardar, mensurar o efeito dos juros compostos e do crescimento exponencial. Então o desconto hiperbólico é o seguinte: você tem o valor futuro. Como trazê-lo ao valor presente? Aplique um desconto. Ele é a priorização de uma recompensa imediata frente a uma futura. As crianças preferiram ganhar um doce agora do que dois daqui a pouco tempo. ⯀ Excesso de confiança ou soberba — está muito ligado ao investidor iniciante, principalmente os de day trade ou de opções por termos malucos que induzem à especulação. O porque de ser assim é que todo mundo acerta. Mas o cara acerta uma, duas, três, quatro, cinco. Ele já está pensando que é um baita gênio da parada. Ficou gigante. “Eu mando no mercado, sei o que vai acontecer amanhã!” O sujeito começa a ver-se como um cara fodão só que o mercado é o senhor do futuro. E o que acontece é que ele vai começar a girar repetidamente a carteira e o excesso de confiança vão levá-lo, normalmente, ao prejuízo. ⯀ Aversão a perdas — é algo instintivo. O Homo sapiens economicus tem aversão ao risco porque sabe que isso pode o levar a perdas. Este é um viés cognitivo que faz o investidor morrer de medo de assumir prejuízo. Um exemplo prático: um investidor precisa de dinheiro. Ele comprou Petrobras e Vale. Com a segunda ele está com +5% e com a primeira, -15%. Alguém que tenha aversão a perda vai liquidar a Vale porque está no lucro. “Essa aqui eu estou ganhando!” É aquela velha história que diz que enquanto não se vende, não se perde. O cara compra para curto prazo, mas mantém a longo prazo para evitar perder. O Homo sapiens economicus tem aversão ao risco e à perda. 574 Módulo 8 POLÍTICA DE INVESTIMENTO Este capítulo trata sobre as Políticas de Investimentos. O PROCESSO DE GESTÃO DE CARTEIRAS INDIVIDUAIS E INSTITUCIONAIS Falamos do processo de manuseio de ativos financeiros e outros investimentos, mas não se trata apenas de compra e venda. Esse processo inclui o desenvolvimento de uma estratégia de curto ou longo prazo para adquirir e alienar as participações da carteira. Normalmente, é conhecida como gestão de recursos, gestão de portfólio ou gestão e riqueza. Os serviços de gestão de carteiras incluem: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Alocação de Ativos; Análise das Demonstrações Financeiras; Monitoramento de Investimentos Existentes; Estratégia e Implementação de Portfólio Planejamento Financeiro e Serviços de Consultoria. A avaliação de carteira sempre envolve a análise de risco e retorno, essa é a sua base de atuação. Sendo assim, é possível afirmar que essa gestão é uma terceirização da gestão. Gestão Discricionária é onde o administrador da carteira detém exclusivamente o poder de decidir, já a Gestão Não-Discricionária é aquela que o investidor toma as decisões por conta própria. Basicamente, podemos ter esses dois tipos de gestão, sendo uma ativa, onde o gestor tem liberdade de ação e visando uma remuneração, já numa gestão passiva há um índice estabelecido que se visa seguir e alcançar aquela medida estabelecida. Agora, quanto a perspectiva de portfólio, o gestor de carteira tem os seguintes passo a seguir; analisar o Trade-off risco-retorno, preocupar-se apenas com os riscos sistemáticos das carteiras, sendo este causado pela influência dos fundamentos econômicos sobre a carteira, pois os riscos diversificáveis devem ser zerados na escolha do portfólio, escolhendo uma carteira ótima. Agindo sempre dentro dos três pilares: planejamento, execução e realimentação. ETAPA DE PLANEJAMENTO Falaremos do mais crítico dos processos, pois estabelece a base de todo o processo. Sendo suas etapas: 576 ⯀ Identificação dos Objetivos e Restrições: neste estágio são identificados os resultados desejados em relação ao retorno e ao risco do investimento. ⯀ Política de Investimentos: após os objetivos e restrições serem identificados, o próximo passo é elaborar um Estatuto. ⯀ Expectativas de Mercado: aqui há a formação de expectativas em relação ao mercado de capitais. O risco e o retorno de várias classes de ativos são previstos no longo prazo para escolher carteiras que maximizem o retorno esperado para certos níveis de risco e minimizem o risco da carteira para certos níveis de retorno esperado. ⯀ Estratégia de Alocação de Ativos: sendo essa a última etapa do planejamento, pode ser executada por meio de uma estratégia, onde a política de investimentos e expectativas de mercado são combinadas para determinar os pesos dos ativos de longo prazo, mas pode-se executar uma alocação tática que se refere a qualquer mudança de curto prazo na estratégia da carteira como resultado da mudança nas circunstancias do investidor ou das expectativas do mercado; sendo assim, é considerada uma alocação tática de ativos. ETAPA DE EXECUÇÃO Logo após o planejamento, o próximo passo é a execução. Ela consiste em decisões: ⯀ Seleção de Portfólio: é utilizada para a alocação de investimentos, decidida com base nas análises de risco e retorno de determinada carteira. ⯀ Implementação de Portfólio: definida a composição do portfólio, a compra dos ativos é executada. Como altos custos de transação podem reduzir o desempenho da carteira, essa etapa é muito importante, necessitando do “timing” correto para o gerenciamento. Esses dois fatores compõem a execução e fazem com que ela funcione da melhor forma possíve ETAPA DE REALIMENTAÇÃO A realimentação se refere a qualquer alteração necessária dentro das mudanças em objetivos, recursos, necessidades ou circunstâncias de mercado podem requerer uma revisão do planejamento. Por exemplo, se fizermos o planejamento de retorno baseado em uma taxa selic de 8% ao ano e ela altera-se para 2% ao ano, então, precisaremos voltar e revisar o planejamento. 577 Esse procedimento é composto por: ⯀ Monitoramento e Rebalanceamento da Carteira: basicamente, iremos avaliar as exposições de risco do portfólio e compará-lo com a alocação estratégica de ativos. Visando sempre garantir os objetivos e as restrições alcançadas. Os alvos a serem monitorados são as circunstâncias do investidor, fundamentos econômicos e condições de mercado. Por exemplo, se fizermos investimentos em ativos imobiliários, dentro da carteira teremos os custos para se desfazer desse ativo, caso queiramos, sempre será necessário levar em conta os impostos e custos de transação. ⯀ Avaliação de Desempenho: o desempenho de carteira deve ser avaliado regularmente para medir o cumprimento dos objetivos e a competência dos gestores de carteira. Os retornos absolutos e relativos podem ser utilizados como medida de desempenho da carteira. Existem técnicas de mensuração de desempenho, que podem vir a ser utilizadas para medir essa variação de desempenho. IPS – INVESTMENT POLICY STATEMENT Basicamente, um IPS é a sigla que se refere a um documento que contém as condições de aplicação dos recursos do investidor. Obviamente, existem investidores individuais e institucionais. Em primeiro lugar, é definido o perfil situacional do investidor, analisando seus recursos, créditos e estrutura financeira que o mesmo possui. Conseguiremos enxergar o risco que o investidor pode correr e sua capacidade em relação a ele. Serve para definir as preferências do investidor em relação aos investimentos e suas decisões necessárias; incluindo até o que não se pode fazer. As fontes de riqueza são importantíssimas para definir o perfil situacional do investidor. Trata-se de mapear de onde vem o dinheiro do investidor e, portanto, definir os riscos dos quais ele pode correr e sua tolerância a ele. A forma como o investidor arrecadou sua riqueza determina certas tendências em relação a suas respostas perante o risco. Por exemplo, indivíduos que passaram a vida criando empresas e criando sua própria renda, tendem a ser mais tolerantes ao risco, aceitam com mais facilidade a ideia da volatilidade do mercado. Em segundo lugar, precisamos passar a definir as medidas de riqueza, que são subjetivas. Trata-se do tamanho do patrimônio que esse cliente possui, porém, é subjetivo pois envolve a visão do cliente em relação ao patrimônio. Aqui, as preferências do investidor, seu padrão de consumo e sua atitude em relação ao patrimônio, nos dirão as medidas de riqueza em 578 questão. ESTÁGIO DE VIDA DE UM INVESTIDOR E SUAS FASES Ainda dentro da construção do IPS, uma questão bem relevante, é o estágio da vida em que um investidor se encontra, esse estágio irá nos ajudar a determinar diversas coisas em relação ao perfil desse investidor. A partir dessas definições conseguiremos tomar diversas medidas para melhor atender o investidor. Por exemplo, um casal na faixa de setenta anos, suas aplicações financeiras não terão nada a ver com as aplicações de um jovem casal de vinte e cinco anos. Até porque cada um dos casais terá um tempo diferente para lidar com as perdas, inclusive, isso é própria explicação do horizonte temporal para investimentos. Basicamente, temos quatro fases dentro da vida de um investidor, sendo elas: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Fundação da Riqueza; Acumulação da Riqueza; Manutenção da Riqueza; Distribuição da Riqueza. A fundação da riqueza é o estágio inicial da vida econômica, com investimentos voltados para si mesmo, com a aquisição de habilidades que irão gerar renda. Sendo também a fase onde é mais fácil e barato errar. Aqui nós poderemos arrastar de 25 a 60/65 anos, onde serão criados os fundamentos para acumular patrimônio. Na acumulação de riqueza temos as habilidades adquiridas gerando fruto e riqueza. Temos aqui a necessidade de começar a poupar os ganhos e, também, o aumento das despesas devido às demandas de uma vida mais madura. A sua circunstância será definitiva para o êxito nessa etapa. Falamos do período mais produtivo e mais longo da vida financeira; onde teremos uma tolerância alta ao risco, pois o horizonte temporal ainda está distante. Já quando falamos da manutenção da riqueza, basicamente, começamos a nos preocupar com a manutenção de nosso estilo de vida. Nesse momento reduzimos o ritmo de trabalho. Trata-se de uma fase onde o fluxo de renda tende a reduzir e por isso necessidade de manutenção. Aqui o horizonte é curto e incerto, por isso, teremos pouca tolerância ao risco. Os investimentos de renda fixa se tornam uma parte considerável para esse estágio. Por fim, a distribuição da riqueza, quando um indivíduo já enxerga que seu estilo de vida 579 vem chegando ao fim e é necessário pensar na destinação dessa riqueza e patrimônio. A ideia de legado se faz presente e o planejamento tributário também, para não gerar nenhum tipo de prejuízo no processo de distribuição dessa riqueza e patrimônio. Sendo permitido ao investidor imaginar as possibilidades de impacto ao seu patrimônio na distribuição. Definição do Perfil Psicológico do Investidor O perfil do investidor é importante para a construção de um IPS. Nós iremos explicar e definir cada um dos perfis, sendo eles, investidores cuidadosos, metódicos, espontâneos e individualistas. Esse perfil se refere às características pessoais e preferências do investidor que podem influenciar suas decisões a respeito das alternativas de investimento que ele escolherá. Basicamente, são padrões de comportamento que auxiliarão o profissional a definir as alternativas interessantes para o investidor. Dois conceitos fazem parte desse processo de análise: ⯀ Finanças Tradicionais: o investidor é visto como absolutamente racional, como descrito nas teorias de otimização de carteira. Não envolve apego emocional da hora da tomada de decisão. ⯀ Finanças Comportamentais: onde o investidor apresenta diversos comportamentos não racionais. Experiências anteriores e decisões pessoais são a base para essa modalidade. A análise de perfil do investidor só estará completa com agregarmos o perfil situacional e o perfil psicológico. Com essa totalidade conseguimos definir com mais precisão as preferências de um investidor. Cuidadoso: costuma fazer seus investimentos sem pedir aconselhamento financeiro, evita fazer investimento por medo de perder dinheiro, evita investimento que não compreende a forma. Seus investimentos apresentam baixa rentabilidade, devido à alta necessidade de segurança. Metódico: ele busca dados e fatos para basear suas decisões, eliminando decisões baseadas em elementos emocionais. Sendo ele um investidor disciplinado com características de conservadorismo e está sempre a procura de novas informações. Uma espécie de engenheiro dos investimentos, tudo é feito de maneira racional, com cálculos e planejamentos. 580 Espontâneo: faz o relançamento constante de sua carteira visando a proteção contra riscos, está sempre girando a carteira. Como o giro da carteira é alto, o rendimento acaba sendo abaixo da média. Decisões rápidas que não levam em conta todos os aspectos de risco, por isso espontaneamente. Prefere seguir seu próprio caminho, evitando qualquer tipo de aconselhamento. Possui um perfil com tolerância de risco, por seguir muito seu instinto. Individualista: apresenta um alto grau de confiança em suas próprias decisões. Leva em consideração diversas informações e monta sua própria estratégia com base nessas informações. Por exemplo, os individualistas confiam na sua decisão própria de alocação de investimentos. Quadro de resumo: Aqui podemos verificar as relações dos tipos de personalidade, com a base racional e emocional em relação às decisões de investimento no mercado financeiro. Questionário de Avaliação de Risco A tolerância ao risco é fundamental para a tomada de decisão, sendo ela baseada em diversas metodologias, é necessário utilizarmos de algumas ferramentas para determinar o grau de tolerância ao risco. O questionário de avaliação é aplicado sempre que alguém decide fazer investimento em uma instituição financeira regulamentada pelo governo. Nele consta: ⯀ Objetivos Financeiros; ⯀ Grau de Conhecimento sobre Aplicações; ⯀ Como lida com o Risco de Variação. Essas questões ajudarão a compreender o perfil do investidor em relação à tolerância ao risco. Permitindo-nos classificar o investidor como Conservador, Moderado, Arrojado. Conservador refere-se a quem busca a preservação do patrimônio, possuindo zero tolerância ao risco e preferência por liquidez. Visa ganhos futuros, com uma remuneração baixa, mas confortável. 581 Moderado tolera um pouco de risco em busca de uma pouco mais de rentabilidade. Eles aceitam algumas flutuações de valor desde que a remuneração seja confortável. Arrojado assume abertamente o risco, em busca sempre da maior rentabilidade possível. Sabe do risco e o aceita com tranquilidade, acreditando que no longo prazo terá resultados positivos. Nesse caso, não se pode pensar muito em curto prazo. Objetivos de Retorno Feitos todos os processos anteriores, chega a hora de estabelecer os objetivos de retorno sobre os investimentos pretendidos. Mas isso apenas após a definição dos perfis situacionais e perfis psicológicos. Objetivo de retorno refere-se a taxa de retorno desejada, sempre a maior possível, é claro. Os objetivos se tornam críticos quando o retorno não garantirá o padrão de vida exigido pelo investidor. Os objetivos primários, tem a ver com a renda básica, para suprir as despesas periódicas que definem o seu padrão de vida. São o objetivo de renda propriamente dito. Já os objetivos secundários têm a ver com o aumento de patrimônio e aquisição de bens do investidor. Que são importantes, mas não são críticos, vem em segundo plano na linha importância. Após determinarmos o objetivo de retorno, teremos de analisar o risco ao qual estamos dispostos a encarar para ter esse retorno em questão. Temos de ter uma ideia da tolerância ao risco do investidor. Aqui temos duas partes: a capacidade de assumir risco e a disposição de assumir riscos. A capacidade de assumir riscos leva em consideração os recursos dos investidores e seu horizonte temporal. Veremos se há capacidade de fazer acontecer aquela operação. Será necessário levar em conta: ⯀ Necessidade e objetivos financeiros do investidor no curto e longo prazo; ⯀ Objetivos primários e secundários do investidor; ⯀ Tamanho das perdas que podem ser absorvidas pela carteira do investidor sem que haja prejuízo dos objetivos de investimento de curto e longo prazo. E, quanto à disposição para assumir riscos, podemos dizer que ela é subjetiva, temos ela na aplicação dos questionários. Tem mais a ver com finanças comportamentais. Suportando perdas temporárias de patrimônio, mas entendendo que o futuro será maior do que o 582 esperado. RESTRIÇÕES A SEREM APLICADAS EM UM IPS Após todas as etapas apresentadas anteriormente, chegamos ao momento de identificar as restrições. São as limitações e restrições sobre os ativos, tais como requisitos de liquidez e negociabilidade, concentrações de diversificação e até uma estratégia tributária. O Horizonte de Investimento é analisado a partir de diversos fatores relacionados ao cliente, sendo o estágio da vida em que o investidor se encontra um dos principais fatores. Exerce influência direta na hora da escolha dos investimentos, devido a sua capacidade de aversão ao risco. Lembrando que são quatro as fases de estágio da vida. As Restrições de Liquidez estabelecem a necessidade de caixa do investidor, dependendo do seu padrão de vida e necessidade de acesso aos recursos. Normalmente, são fixadas a partir das despesas do investidor em relação à capacidade de caixa do investidor. Ainda assim, as etapas dos estágios da vida precisam ser levadas em conta. Restrições Regulatórias se refere ao documento da IPS que deve conter quaisquer restrições legais ou regulatórias aplicáveis. Por exemplo, um IPS institucional possui restrições de alocação e essa informação precisa estar explicita, da mesma forma, para pessoas físicas também existem restrições que devem estar explicitadas. Restrições Tributárias devem estar explicitadas da mesma forma que as regulatórias, pois diferentes investidores terão uma situação fiscal diferente e a situação fiscal deve ser indicada no IPS. Ganho de capital, dividendos, fato gerador do tributo, tudo isso deve ser levado em conta na hora de verificar as restrições tributárias. Circunstâncias Específicas trata-se de restrições gerais, sendo bem amplo, havendo uma longa lista, mas tem sempre a ver com restrições expostas pelo investidor. Por exemplo, o cliente bloqueia a possibilidade de investidor em ações de empresas consideradas socialmente irresponsáveis, ou empresas que poluem o meio ambiente. Outro exemplo, clientes que decidiram não investir em VALE devido ao episódio ocorrido com as barragens. Quando temos todos esses fatores bem estabelecidos, nós podemos começar a elaborar um documento, sendo ele a política de investimento do cliente, de outro modo, em inglês, chamamos de Investment Policy Statement – IPS. Esse documento rege a relação entre investidor e gestor de investimento, envolvendo o escopo de trabalho e o grau de discricionariedade que será desfrutado para a alocação de ativos. 583 COMPOSIÇÃO DE IPS INSTITUCIONAL Veremos aqui, tudo que precisamos saber sobre a composição de um IPS Institucional. Mais especificamente, entidades fechadas de previdência privada: planos de benefício definido (BD), de contribuição definida (CD) e de contribuição variável (CV). Entidades fechadas de previdência fechada são como fundos de pensão, sem fins lucrativos, que administram fundos de previdência coletiva. São permitidos exclusivamente para empregados de uma empresa e aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, entes denominados patrocinadores; e aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, denominados instituidores. Básica e normalmente, esses fundos possuem três tipos de planos, sendo eles os BD’s, CD’s e CV’s. Os planos de benefícios são um conjunto de regras definidoras de benefícios, de caráter previdenciário. Bem como das relações jurídicas estabelecidas entre participantes, patrocinadores ou instituidores e entre eles e a entidade, comum à totalidade das pessoas que a ele aderem. Os planos de benefícios possuem independência patrimonial, contábil e financeira. Seu regulamento define: ⯀ As regras de contribuição; ⯀ Os benefícios oferecidos; ⯀ As condições de acesso aos benefícios. Sendo esse regulamento um contrato de natureza civil, onde constam os direitos e obrigações da entidade, patrocinadores e assistidos. Plano de Benefício Definido Falamos daquele no qual o benefício complementar é estabelecido no momento da adesão do participante com base em valores pré-fixados ou em fórmulas de cálculo previstas em regulamento. Para propiciar o benefício acordado, o plano recolhe contribuições que podem variar no curso do tempo. Em último caso, a entidade assume o compromisso de pagar contribuições adicionais, caso o fundo não possua ativos suficientes para pagar todos os benefícios devidos. 584 Características: ⯀ Mutualismo, a avaliação dos riscos em função da coletividade, gerando solidariedade entre os participantes; ⯀ Conta coletiva; ⯀ Incógnita quanto à contribuição necessária; ⯀ Benefícios independem das variações das reservas; ⯀ Superávits ou déficits do plano – são de responsabilidade coletiva. São os planos que mais precisam de fiscalização, pois possuem uma remuneração estabelecida e precisam ser cumpridos à risca. Contribuição Definida É o plano mais confortável em relação a gestão do fundo e menos confortável para quem usufrui do benefício após a concessão. Essa modalidade o valor do benefício complementar é estabelecido apenas no momento da sua concessão, ou seja, o valor só será feito com base no valor que acumulamos ao fim e ao cabo. Basicamente, acumulamos num período de tempo, gerando um saldo, e por fim, recebemos um valor de benefício com base no acumulado, sendo o benefício sempre proporcional, portanto. Características: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Individualista; Incógnita quanto ao valor do benefício; Conta individual; Benefício em função das reservas; Não há superávits ou déficits. Contribuição Variável Modalidade que apresenta características mistas entre as outras modalidades apresentadas, sendo sua forma mais comum a que os benefícios programados, na fase de acumulação ou na fase da atividade, tenham características de CD (contas individuais) e na fase de inatividade tenham características de BD (rendas vitalícias). Podem oferecer benefícios definidos para casos de benefício de riscos, os não previsíveis, tais como morte, invalidez, 585 doença ou reclusão. Restrições Legais para Aplicações de Recursos As restrições legais são relevantes para a aplicação de recursos. Os recursos obtidos pela contribuição individual e do patrocinador são investidos em ações de empresas, imóveis, títulos, empréstimos e financiamentos aos participantes, entre outras opções, e é por meio desses investimentos que o pagamento dos benefícios é garantido. O Conselho Monetário Nacional é quem deve estabelecer as diretrizes referentes às aplicações dos recursos dos fundos de pensão. Essa regulamentação se dá por meio de resoluções que estabelecem limites máximos de aplicação em diferentes classes de ativos. Atualmente, a resolução que rege esses limites é 4695 de 27/11/2018. Ela alterou as resoluções: N. 3922 de 25/11/2010 que dispõe sobre aplicações dos recursos dos regimes próprios de previdência social instituídos pela União, Estados e Municípios. N. 4661 de 25/05/2018 que dispõe sobre aplicações de recursos garantidores dos planos administrados pelas entidades fechadas de previdência complementar. Exemplo de aplicação de recursos retirados de uma proposição de grupo de trabalho instituído pela portaria N. 12, de 23 de abril de 2019. Nesse caso, as entidades fechadas de previdência complementar têm como restrição legal para aplicação de recursos 100% do fundo, mas em outras modalidades há limitações, como podemos observar na imagem apresentada acima. No pró-gestão e seus níveis, vemos que há o estabelecimento de limites máximos diferentes à serem analisados. Tudo isso é definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). SUPERÁVIT E DÉFICIT ATUARIAL 586 A avaliação atuarial tem como objetivo principal dimensionar os compromissos de cada plano de benefícios e estabelecer a forma de seu financiamento (plano de custeio), em busca da manutenção de seu equilíbrio. Todo fim de ano os fundos de pensão fazem essa avaliação, à preço de mercado e pegar todos os benefícios futuros, trazendo-os à preço presente e, por fim, comparar os ativos garantidores e o passivo atuarial que precisaremos para pagar todos os benefícios. Os Ativos Garantidores são os recursos destinados à cobertura dos benefícios oferecidos pelo plano de benefícios e são compostos das contas contábeis de ativos disponíveis e de investimento, deduzidos de suas correspondências de exigibilidade. Já o Passivo Atuarial é o valor necessário para pagar todos os benefícios aos assistidos e aos participantes ativos. Se os ativos garantidores forem superiores ao passivo atuarial, nós teremos por definição o Superávit, já se os ativos garantidores são inferiores ao passivo atuarial, nós teremos por definição um Déficit. Por fim, se temos os ativos garantidores em igualdade para com o passivo atuarial, teremos o equilíbrio, por definição. Esses conceitos de déficit e superávit dizem respeito ao que possuímos de ativos garantidores e de passivo atuarial. Esse estoque irá determinar, em linhas gerais, qual o quadro que nós teremos de analisar. Cálculo Atuarial É realizado utilizando-se de modernas técnicas de probabilidade, estatísticas, economia, contabilidade e matemática avançadas. Temos toda uma ciência que envolve o cálculo atuarial, visando a melhor probabilidade de pagamento do benefício estabelecido. Leva em conta os seguintes parâmetros: ⯀ Os parâmetros e hipóteses biométricas, demográficas; ⯀ Os parâmetros financeiros; ⯀ Os parâmetros econômicos; As modalidades de benefício e regime financeiro de custeio e serem implementados pelo RPPS (Regime Próprio de Previdência Social). Precisamos entender que falamos de algo denso, que leva anos de estudos e envolve uma ciência própria e séria, aqui pontuamos algumas poucas características iniciais em torno da coisa propriamente dita. 587 Asset Liability Management Basicamente, falamos de uma gestão integrada de ativos e passivos que permite a gestão de risco do descasamento entre ativos e passivos. Dentro de uma entidade fechada de previdência privada, temos um fluxo de caixa, que funciona a partir dos aportes dos ativos e das contribuições. Então, o Gestor de uma entidade dessas, quando faz sua gestão de portfólio, ele precisará entender que há um descasamento entre os ativos e o prazo de maturação do investimento e do outro lado, temos a necessidade de caixa gerado pelo benefício. Todo esse cenário é necessário ser levado em conta na hora da gestão. Existe um processo para que todo esse cenário descrito venha a funcionar, sendo denominado de Asset Liability Management. Funciona baseado em um ciclo: cálculo do fluxo de caixa > estruturação de portfólio > avaliação de risco e retorno > desenvolvimento de estratégia > tomada de decisão > monitoramento de resultados > obtenção de dados. Após o ciclo completo, nós retornamos ao cálculo de fluxo de caixa, formando um ciclo de investimentos e decisões que permitiram a nós assumir algumas posições, levando sempre em conta um determinado período de tempo. METAS ATUARIAIS, ÍNDICES DE REFERÊNCIA E ALOCAÇÕES ESTRATÉGICAS Meta Atuarial Ela define o quão rentável os recursos financeiros dos planos necessitam ser, visando sempre pagar os benefícios propostos aos beneficiários. É uma taxa de remuneração real e mínima que um fundo precisa ter para cumprir suas metas. Obviamente, estamos falando dos fundos de previdência dos benefícios definidos. O não atingimento da meta atuarial acarreta perdas de recursos que deverão ser recuperados pelos próprios investimentos ou por novos aportes, para que o fundo mantenha sua capacidade de honrar seus compromissos com os beneficiários do fundo. Lembrando que a meta atuarial só tem sentido quando falamos de um plano de benefício 588 definido. Sendo ela composta por: Índices de Referência Os principais índices podem ser considerados o Benchmark, que são os índices de inflação oficiais. Nesse caso, aquele índice que melhor reflete as alterações do custo de vida dos integrantes do fundo. Por exemplo, IGPM ou IPCA (Índice Geral de Preços do Mercado ou Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Alocações Estratégicas Os fundos devem orientar sua gestão por uma alocação estratégica de ativos que garantam o atingimento de meta atuarial determinada pela necessidade de equilíbrio entre o que se arrecada e os compromissos presentes ou futuros do fundo, considerando-se como arrecadação também a rentabilidade financeira resultante da alocação dos recursos do fundo. Essa alocação estratégica é, em princípio, complementada por alocações táticas, cujo objetivo é aproveitar as oportunidades de mercado, no sentido de ampliar a rentabilidade do fundo, gerando uma folga financeira que garante segurança das pensões. Exemplo: o investidor planeja investir R$200 por mês, com valor corrigido anualmente pela inflação, durante 30 anos. Depois, planeja sacar uma aposentadoria mensal pelos próximos 30 anos. Qual o valor da aposentadoria? Entra aqui o exemplo prático apresentado por meio da planilha em aula, aqui, nós colocaremos apenas os comentários possíveis acerca do exemplo apresentado em aula. Aplicaremos por 360 meses um valor pré-definido, sob a correção de algumas taxas. Não obstante, sacaremos um valor definido, dentro de 360 meses, que será referente à uma aposentadoria mensal. Na planilha consideramos um valor de fluxo de caixa com taxa de inflação zero e taxa de rentabilidade de 5%. Uma vez estabelecida a meta atuarial dentro do fundo, ela deverá ser seguida de maneira fortemente fiel, tem de ser uma obsessão. Ao fixarmos o acordo de pagamento de determinado benefício e os valores não fecham, teremos de aumentar a contribuição ou teremos de fazer com que o fundo renda mais. A meta precisa ser perseguida. 589 Num plano de contribuição variável, na prática, teremos a possibilidade de reduzir o benefício ou aumentar, variando conforme as circunstâncias que abarcam os valores. PGBL E VGBL – DEFINIÇÃO, CARACTERÍSTICAS, SEGREGAÇÃO EM RELAÇÃO AO PATRIMÔNIO DA SEGURADORA E TRIBUTAÇÃO Entidades Abertas de Previdência Privada São as entidades que operam no segmento aberto são sociedades anônimas com finalidade lucrativa. O acesso a esse segmento de previdência é facultado a qualquer pessoa independente do vínculo profissional ou associativo. O funcionamento das entidades abertas de previdência é autorizado e fiscalizado pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda e normatizado pelo Conselho Nacional de Seguros Privado (CNSP). As entidades fechadas são basicamente os fundos de pensão e as fechadas são abarcadas pelos bancos e seguradoras. Sem as fechadas sem fins lucrativos e as abertas com fins lucrativos. Nas fechadas possuem a autonomia para a gestão Entidades abertas de previdência privada, basicamente, fornecem dos grandes planos PGBL e VGBL. Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) É um plano de previdência complementar aberta com cobertura por sobrevivência, cuja principal característica é a ausência de rentabilidade mínima garantida durante a fase de acumulação dos recursos. Sendo a rentabilidade da provisão idêntica à rentabilidade do fundo de investimento especialmente constituído onde os recursos estão aplicados. Outras características importantes: 590 Lembrando que a cobertura por sobrevivência permite o pagamento do capital segurado, pela sobrevivência do segurado ao período de diferimento contratado, ou pela compra, mediante pagamento único, de renda imediata. Ele é entendido como um plano complementar ao plano de previdência pública, portanto, é necessário o pagamento de INSS, só pode optar pelo PGBL quem contribui. Segregação em Relação ao Patrimônio da Seguradora Significa que o patrimônio dos fundos de previdência ficará segregado dos recursos próprios das seguradoras. Além disso, os participantes dos planos individuais de previdência terão a titularidade das cotas dos fundos em que são aplicados os seus recursos. Seu objetivo é blindar, pois os recursos ficam protegidos em caso de uma liquidação extrajudicial da instituição, garantindo o recebimento de seus rendimentos e, em caso de morte, a transmissão aos seus benefícios sem necessidade de inventário. Quando buscamos um plano PGBL teremos de escolher se utilizaremos tabela progressiva ou regressiva, isso no momento da adesão. Tabela Regressiva: Vale lembrar, que é necessário sempre identificar o perfil tributário do investidor na hora de fazer a escolha de qual tabela irá seguir. 591 Tabela Progressiva: Na tabela progressiva, os saques são considerados rendas tributáveis, nos moldes de salários, férias e aluguéis, e a eles se aplica a tabela do imposto de renda. Para complementar, dentro do PGBL existem várias modalidades de planos, mas que fazem parte do mesmo, são subtipos. Tais como o Plano de Remuneração Garantida e Performance, Plano de Remuneração Garantida e Performance sem Atualização, Plano com Atualização Garantida e Performance e Plano com Desempenho Referenciado. VIDA GERADOR DE BENEFÍCIO LIVRE (VGBL) Trata-se de um seguro de pessoas com cobertura por sobrevivência, que também tem a característica de ausência de rentabilidade mínima garantida durante a fase de acumulação dos recursos, sendo a rentabilidade da provisão idêntica à rentabilidade do fundo de investimento especialmente constituído, onde os recursos estão aplicados. Os seguros não são penhoráveis e também não tem prêmio pago, isso é compreendido juridicamente. Possuem um tratamento diferenciado nos impostos de transmissão de bens e um tratamento diferente quanto ao imposto de renda. Logo, não abatemos ele na base de cálculo do imposto de renda, apenas pagamos IR sobre os rendimentos. Assim como no PBGL, o VGBL possui seus subtipos, algumas modalidades por assim dizer. Tais como Vida com Remuneração Garantida e Performance, Vida com Remuneração Garantida e Performance sem Atualização, Vida com Atualização Garantida e Performance e Vida com Desempenho Referenciado. Temos ainda, o Vida com Renda Imediata, Dotal Puro, Dotal Misto e Dotal Misto com Performance. SEGURADORAS E DEMAIS INVESTIDORES INSTITUCIONAIS Falamos das companhias que se comprometem a indenizar um cliente, de acordo com um contrato realizado entre ambos, mediante o pagamento por parte do cliente de uma 592 quantia estipulada e no caso de ocorrência de qualquer evento relacionado aos riscos. As organizações que são consideradas investidores institucionais fazem parte de algumas dessas categorias: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Fundos de Pensão; Seguradoras; Gestoras de Investimentos; Fundos de Investimento; Corretoras de valores e Distribuidoras de Valores; Entidades de Capitalização; Bancos; Family Offices; Outras entidades que tenham experiência e operem com volume financeiro de acordo com as regras da CVM. Todos esses investidores são obrigados a fazer um IPS Institucional, onde estará definido todas as características do fundo e suas estruturas básicas. Lembrando que é necessário conter os objetivos financeiros, os objetivos dos clientes e a situação financeira e o grau de conhecimento do cliente a respeito dos investimentos. Definições: Tudo isso dentro da jornada: definição dos objetivos > aplicação de questionário > definição de perfis > alocação de ativos. Todos os investidores de fundos institucionais deverão seguir esse procedimento e essa jornada apresentada aqui. 593 Módulo 9 ALOCAÇÃO DE ATIVOS Este capítulo trata sobre Alocação de Ativos. ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO ATIVA, PASSIVA E SEMIATIVA Falamos da maneira pela qual o investidor busca obter a melhor relação custo, risco e retorno, considerando o horizonte temporal e as classes de ativos nas quais ele pode alocar esses investimentos. É uma estratégia construída a partir de um objetivo estabelecido. Apresentaremos agora três tipos de estratégias para a alocação de ativos, baseado em determinados tipos de objetivos. A Estratégia Ativa: tem como objetivo a gestão dos recursos superar os retornos médios do mercado de ações e aproveitar ao máximo a flutuação de preços de curto prazo. Quem adota essa estratégia não acredita na hipótese dos mercados eficientes, pois ela acredita que os preços em qualquer momento estão justos, corretos. Então, ele aloca os ativos conforme ele acha que o mercado está precificando de forma errada, ele quer bater o mercado. Estratégia Passiva: acredita no contrário da ativa, basicamente, montamos a composição do portfólio, distribuindo com a ideia de movimento o mínimo possível. Resiste-se a tentação de reagir ou antecipar movimentos do mercado. Estratégia Semiativa: onde se traça uma estratégia ativa, mas não possui um portfólio de referência. Visa ganhar um alpha de mercado, um excesso de retorno por assim dizer. O objetivo é um desempenho superior à estratégia passiva sem incorrer em muitos riscos adicionais. Exemplo de Alocação de Ativos: Determinamos as classes de ativos conforme nossa estratégia e os objetivos já estabelecidos. Essa diversificação de alocação nos ativos monta aquilo que chamamos de portfólio. 595 ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO ESTRATÉGICA E TÁTICA Estratégica Trata-se de uma estratégia de portfólio em que o investidor define alocações por várias classes de ativos e reequilibra o portfólio periodicamente. Há intolerância ao risco e objetivo de longo prazo. Exemplo: Acima temos o portfólio original e um portfólio que se desviou ao longo do tempo, e que estamos realocando para dentro do nosso objetivo. Basicamente, é uma forma de alocação passiva, diferente da tática. Tática É uma estratégia de portfólio de gerenciamento ativo que altera a porcentagem de ativos mantidos em várias categorias para tirar vantagem de anomalias de preços de mercado ou setores de mercados fortes. Exemplo: 596 Queremos manter a posição original, porém, o mercado irá aumentar, logo, nós aumentamos nossa participação no mercado acionário. Depois de performar, nós retornamos para a posição original. ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO DINÂMICA E ESTÁTICA Dinâmica Trata-se de uma estratégia de gerenciamento de portfólio que frequentemente ajuda a combinação de classes de ativos para se adequar às condições de mercado. Obviamente, falamos de uma estratégia mais cara e que eventualmente nos leva a se desfazer de posições em classes abaixo do valor ideal de mercado, mas, doutro modo, entende-se que estamos sempre atualizados com ativos de alto desempenho. Imaginemos que temos tesouro SELIC, pré-fixado em 4%, mas enxergamos uma mudança na condição macro irá fazer com que essa taxa suba para 6%, nós perderemos valor de mercado nele. Logo, o gestor se antecipará, mas ao mesmo tempo, ele enxerga que as condições são positivas para o mercado de ações, então, ele venderá essa posição e irá para renda variável, aproveitando essa alta da bolsa. Essa estratégia exige mais análises para que esse movimento todo seja possível e eficaz. Estática Falamos de uma estratégia onde definido uma distribuição percentual nas diferentes classes de ativos, o gestor não irá redefinir ou mexer mais nessa posição. Não olhamos para desempenho e valor presente, futuro e as mudanças nas relações de risco e retorno. Acreditando que essa estratégia inicial nos trará um retorno futuro. Sua grande vantagem é que ela é barata e envolve pouquíssimas análises para que ela funcione, não tendo custos tributários e de transações. Ao mesmo tempo, teremos o prejuízo no caso de um desvio das relações de risco e retorno das nossas expectativas. Estamos sempre contando com o possível distanciamento de risco e retorno, ainda que nossa posição seja não nos movermos em direção ao que o mercado está apresentando, visando o retorno futuro e acreditando que ele irá de encontro com nossas expectativas. 597 Basicamente, a fronteira eficiente permite que a gente otimize essa escolha de portfólio. Lembrando que sempre visamos bater o mercado, levando em consideração a quantidade de risco que estamos dispostos a enfrentar. Mas, é claro, todo investidor quer a maior rentabilidade possível com o menor risco possível. Vale lembrar, que a apenas a linha vermelha representa a escolha ótima do portfólio eficiente. Existe, ainda, uma variante, quando introduzimos um ativo sem risco. Nesse caso, damos origem à teoria de da separação de Tobin. Com a introdução desse ativo, é possível traçar a linha de mercado de capitais e escolher o portfólio ótimo que otimiza a relação risco/ retorno. Gráfico de exemplo utilizado em aula: O problema desse método é a complexidade do cálculo: quando utilizamos muitos ativos, temos de calcular os índices de todos os papéis e suas covariâncias ou correlações. E, também, qualquer pequena mudança nesse cálculo provocaria mudanças drásticas na fronteira eficiente, tornando ela muito instável. Mais alguns conflitos possíveis: 598 ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO BLACK-LITTERMAN Esse modelo foi concebido para resolver os problemas inerentes ao Modelo Média-variância de Markowitz. Ele calcula os retornos esperados de mercado como uma combinação de conjunto de expectativas específicas de cada investidor e um ponto de referência noutro, usando como ponto neutro a carteira de mercado de equilíbrio. Ele agrega as crenças específicas de um investidor à projeção de risco e retorno. Para isso, utiliza-se a abordagem Bayesiana, uma combinação de informação a priori e a posteriori, temos as crenças e também as expectativas em relação ao mercado e a possibilidade que elas aconteçam na realidade. Eis, então, a fórmula do modelo de Black-Litterman: Em aula, o professor divide em duas partes a fórmula para facilitar a compreensão. Sendo a primeira a média ponderada dos desvios esperados. Essa primeira parte nos apresenta a matriz de covariância do mercado, ou seja, pegamos o passado e multiplicamos pelo indicador escalar que é a medida da crença sobre as variâncias em relação ao retorno de mercado. Basicamente, nos diz o quanto acreditamos que os retornos e variações do mercado são corretos. Quanto maior for o escalar, maior é a confiança no retorno. Já a segunda parte envolve as convicções próprias. Por exemplo, se temos previsões sobre 3 papéis “P” é um vetor. Temos a convicção, os papéis e os vetores nessa parte. O investidor não só tem a expectativa de retorno, mas também tem a expectativa sobre o desvio. Pegaremos a variância estimada, multiplicada pela expectativa de mercado e somamos a variância esperado pelo investidor e multiplicamos pelo vetor de previsões. Complexo, não? Esse modelo requer um pouco mais de atenção, mesmo. Exemplo: 599 Para a total compreensão, será necessário acompanhar todas as variações do exemplo apresentadas em aula. Por aqui, colocaremos as assertivas necessárias como um bom caminho para compreender as aulas. Em aula também nos foi apresentado algumas possibilidades de cálculo feitas por meio de uma planilha específica que estará disponível na plataforma, com ela conseguimos analisar algumas variações desse cálculo. Mais um exemplo: Aqui veremos o modelo com três ativos e duas visões, mas apenas para a compreensão de como o modelo funciona. 600 Quando colocamos ativos e visões se faz necessário introduzir vetores e matrizes e ainda multiplicá-los. Esse modelo é mais complicado de se montar do que o modelo de Markowitz. ESTRATÉGIA DE ALOCAÇÃO COM SIMULAÇÃO MONTE CARLO Falamos de um método utilizado para prever a probabilidade de diferentes resultados quando existe intervenção de variáveis aleatórias massivas, auxiliando a explicar o impacto do risco e da incerteza nas previsões. Ele pressupõe a validade da hipótese, ou seja, diz que os preços de mercado estão sempre justos, incorporados da melhor forma. O método Monte Carlo é uma estratégia estocástica, e uma simulação virtual de um problema, visando obter uma distribuição de resultados para qualquer problema estatístico que nós possamos ter. O exemplo prático está na planilha apresentada em aula, onde pegamos um conjunto aleatório de observações (no exemplo são 30), que são variáveis aleatórias. É necessário analisar todas as variáveis e desvios apresentados na planilha para que possamos compreender com exatidão a simulação. Observação: utilizamos das informações da planilha para gerar uma nova série de dados aleatórios para prever o futuro dos valores estocásticos. Porém, a visualização da planilha e das variáveis apresentadas em aula se faz obrigatória para compreensão do conteúdo dessa aula, pois não conseguimos abarcar todo o conteúdo numérico nesta transcrição. Esse modelo surgiu no Projeto Manhattan a partir de observações de roletas e das anotações dos números, com base nisso eles tentavam prever quais seriam os próximos números, isso no caso de um cassino. ESTRATÉGIAS DE ALOCAÇÃO POR ASSETLIABILITY MANAGEMENT (ALM) Falamos de uma gestão integrada de ativos e passivos que permite a gestão de risco de descasamento entre ativos e passivos. Um gestor comum está exposto à necessidade de achar o melhor portfólio e o ALM pode auxiliar a aumentar o retorno dos ativos e o capital próprio, minimizando risco enquanto mantém a gestão de pagamento dos passivos dentro do limite seguro. 601 Basicamente, ele é utilizado em fundos de previdência abertos ou fechados, é o método mais eficaz para eles. Mas aqui nós utilizaremos ele para os bancos, que o utilizam para a alocação de ativos, pois de um lado os bancos possuem seus ativos e do outro lado temos os depósitos e demandas dos clientes para cobrir. Um gestor de banco, nesse caso, utilizaria o ALM para otimizar sua carteira, mas mantendo a liquidez para cobrir os passivos. Fundos, bancos e seguradoras utilizam desse método. Exemplo: Lembrando que ele corresponde ao ciclo apresentado no exemplo, onde é abarcado todo o procedimento do ALM. Geralmente, o ALM, é utilizado por meio de ciclos, podendo ser de seis meses, três meses etc. Para bancos, por exemplo, o bom funcionamento do ALM é elementar para garantir o bom funcionamento do sistema bancário quanto aos seus passivos. A principal função do gestor dentro do ALM é equilibrar o risco de liquidez e o risco da taxa de juros. Um problema de liquidez se dá quando tentamos vender os títulos e não encontramos comprador. Já o risco da taxa de juros é o risco potencial de perda de investimentos que resultam de uma mudança nas taxas de juros. Se as taxas de juros aumentarem, por exemplo, o valor de um título ou outro investimento de renda fixa diminuirá. Via de regra, o horizonte temporal precisará ser analisado e levado em conta na hora de equilibrar esses dois riscos. O ALM envolve um conjunto de técnicas de gerenciamento para medir a correspondência de ativos e passivos, auxiliando assim na gestão prudente da carteira de investimentos. Portanto, a gestão de ativos e passivos é a gestão do balanço total em termos de quantitativos e qualitativos. Por exemplo: 602 O gráfico representa entrada e saída de caixa, veja que é possível fazer o balanceamento das entradas e saídas. ALTERAÇÕES NAS CIRCUNSTÂNCIAS DO INVESTIDOR O rebalanceamento de carteira é o processo que é feito o realinhamento das ponderações da carteira de investimento. Ele envolve a compra ou venda de ativos em um período para manter um nível ideal ou desejado de alocação de ativos ou risco. Seu objetivo é manter a relação de risco e retorno, dentro de uma estratégia de investimentos. As principais razões de rebalanceamento são: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Alterações nas necessidades financeiras do investidor; Mudança no horizonte de investimento; Carteira com baixa performance; Desvio da carteira da alocação estratégica. Um dos principais motivos é a mudança das circunstâncias da vida do investidor, tais como ter um filho, mudar de emprego, mudar de carreira e de estado. Aquilo que muda drasticamente as circunstâncias tende a gerar a necessidade de um rebalanceamento por conta desses eventos significativos. DESVIO DE ALOCAÇÃO ESTRATÉGICA Falamos da alocação estratégica que se refere a uma estratégia de portfólio de longo prazo, que envolve a escolha de alocações de classes de ativos e o rebalanceamento das alocações periodicamente. 603 Esse balanceamento ocorre quando os pesos de alocação de ativos se desviam materialmente dos pesos da alocação estratégica devido a ganhos ou perdas não realizados em cada classe de ativos. Acima temos um exemplo da possibilidade de alocação apresentada em aula. Ela nos mostra a possibilidade de alocação de portfólio rebalanceado por desvios nas circunstâncias ou na alocação estratégica. REBALANCEAMENTO REGULAR X REBALANCEAMENTO PERCENTUAL DA CARTEIRA Regular Falamos da abordagem mais simples; A estratégia envolve simplesmente a análise da composição de portfólio em períodos pré-determinados e o ajuste à alocação na frequência desejada. Avaliação mensais e trimestrais são mais adequadas, pois o rebalanceamento semanal seria extremamente custoso e o rebalanceamento anual afastaria muito a alocação do portfólio da alocação estratégica original. ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Deve levar em conta: Restrições de tempo; Custos de transação; Desvio permitido em relação à alocação estratégica. Percentual da Carteira Aqui requer um acompanhamento mais criterioso, e envolve um cronograma de rebalanceamento focado na composição permitida de cada ativo em classe ou ativo em um portfólio. Cada ativo ou classe de ativos recebe um peso e uma faixa de tolerância correspondente. 604 Exemplo: Só vamos rebalancear se o limite for extrapolado, passando daquilo que estabelecemos a partir de nossas condições e circunstâncias cabíveis. ESTRATÉGIAS DE REBALANCEAMENTO DINÂMICO Falamos do Constant Proportion Portfolio Insurance, que nada mais é do que o seguro de portfólio de proporção constante. É um modo dinâmico de alocação, no qual a proporção do patrimônio investido em ativos de risco varia em relação ao patrimônio alocado no ativo livre de risco, de modo a buscar uma rentabilidade acima de um piso previamente estabelecido. O CPPI assume um fato; à medida que a riqueza do investidor aumenta, aumenta também a tolerância ao risco. Outra coisa importante para se entender, é que para o investidor a manutenção da reserva de segurança é condição básica. Por exemplo, temos 300k para investir, iremos definir que 150k será o piso mínimo para guardar de reserva de segurança e o restante buscaremos um portfólio com um rendimento adicional. Definiremos a rentabilidade mínima esperada, qual o horizonte temporal e, tamb ém , um multip lic ador f ixo do inve s timento, que s er á utilizado no rebalanceamento. Fórmulas: 605 Exemplo: no momento zero, o investimento total é de 300k, e o portfólio mínimo é de 150k, sendo o multiplicador 1,5. Segundo a fórmula acima teremos, nesse caso, a alocação de portfólio de risco em 225k. Em aula, conseguimos identificar cada posição dos coeficientes e as variações possíveis dentro desse cálculo. Esse portfólio de segurança é para garantir o valor mínimo do investidor. Como poderíamos classificar as três principais estratégias na alta, oscilação e na baixa do mercado? Temos uma tabelinha para auxiliar nessa classificação: Na alta teremos, outperform em Buy and Hold, underperform em Constant Mix e outperform em CPPI. Na oscilação, será neutro em Buy and Hold, out perform em Constant Mix, e teremos under perform em CPPI. Na baixa, teremos outperform em Buy and Hold, underperform em Constant Mix e, por fim, teremos outperform em CPPI. ESTRATÉGIA DE REBALANCEAMENTO DINÂMICO COM BUY AND HOLD Por exemplo, suponhamos que tenhamos 60% de renda variável e 40% de renda fixa. A 606 renda variável cresce em 50% e a renda fixa em 10%, ou seja, se colocarmos 100 mil em renda variável, teremos 90 mil e a renda fixa teremos 40 mil. Somados os valores, teremos 134 mil, que correspondem a 67% em renda variável e 33% em renda fixa. Quando nossa estratégia é Buy and Hold, na prática já balanceamos, pois deixamos os ativos com maior crescimento ser a maior parte da carteira. Falamos de uma estratégia passiva. Com a decisão de não fazer o rebalanceamento, o portfólio se torna mais agressivo à medida que ativos de renda variável sobem mais que os ativos de renda fixa. Por outro lado, em momentos de baixa no mercado acionário, o portfólio se torna mais defensivo à medida que os ativos de renda fixa tomem uma proporção maior do portfólio. Eventualmente, a exposição de risco do investidor na estratégia Buy and Hold pode se desviar do perfil risco. CONSTANT MIX PROPORTION Falamos da maneira pelo qual o investidor busca a melhor relação de risco e retorno esperado de sua carteira, considerando o horizonte temporal, as classes de ativos e a volatilidade. O investidor poderá escolher a estratégia que melhor se encaixa para aquilo que ele estabeleceu como objetivo. ⯀ Estratégia Ativa: tem como objetivo da gestão de recursos superar os retornos médios do mercado de ações e aproveitar ao máximo a flutuação de preços de curto prazo. Quem adota essa estratégia não acredita na hipótese dos mercados eficientes, pois ela diz que os preços em qualquer momento estarão justos e incorporados por todas as informações necessárias. Alocaremos aqui os ativos que acreditamos estarem precificados de maneira errada, visando um futuro crescimento. ⯀ Estratégia Passiva: nós deixamos o dinheiro investido, basicamente um buy and hold. Montamos a composição do portfólio e a taxa de risco e retorno esperado, eventualmente fazemos um rebalanceamento. Aqui reduzimos os custos tributários e de transação, pois não há tantas movimentações. Estratégia Semiativa: o investidor traça uma estratégia ativa sem um portfólio de referência. Desviamos do portfólio no esforço de ganhar um alpha de mercado, que é o excesso de retorno com relação ao índice. Rebalanceamos as classes de ativos esperando obter ganhos de curto prazo. Busca-se um desempenho superior sem incorrer em muitos riscos adicionais. Exemplo de alocação de ativos: 607 Nós temos um exemplo de uma carteira com a alocação de ativos feita, determinado as classes de ativos e suas proporções. CONSTANT MIX PROPORTION INSURANCE Seu objetivo é manter a mesma proporção de diferentes classes de ativos, dentro de uma faixa especificada por rebalanceamento. Falamos mais em uma estratégia de alocação de ativos. O investidor pode: ⯀ Vender ativos de renda fixa quando eles estão subindo e compra ativos de renda fixa quando estão caindo; ⯀ Compra ativos de renda variável quando eles estão caindo e vende ativos de renda variável quando eles estão subindo. Basicamente, compramos na baixa e vendemos na alta em todo caso. Sem levar em conta o motivo dessa alteração do mercado. Portanto, falamos de uma estratégia agressiva à medida que a renda variável cai e mais defensivo à medida que ativos de renda variável sobem. 608 Módulo 10 ÉTICA Este capítulo trata sobre ética. FINTECHS E SEUS SEGMENTOS São organizações que se utilizam de inovações tecnológicas para trazer inovações para o setor financeiro. Focam em negócios que permitam a escalabilidade e simplificação de processos burocráticos. No Brasil, quem regulamenta as Fintechs é o Conselho Monetário Nacional, sendo fiscalizada pelo Banco Central. Devem ser construídas como sociedades anônimas, precisam da autorização do Bacen e devem prestar informações em relação às suas operações de crédito. Existem dois modelos de Fintechs: ⯀ Sociedades de crédito direto (SCD) são empresas que emprestam recursos próprios e podem atuar nas áreas de seguros e análise de créditos. ⯀ Sociedade de empréstimo entre pessoas (SFP) realizam operações de empréstimo entre si, sendo sua modalidade de rede a chamada Ponta-à-ponta, é uma forma dos dois entes se encontrarem, quem empresta e quem recebe o empréstimo. Essas são as formas que o Bacen entende que podem operar na modalidade de Fintechs, servindo ainda, quase sempre, para os bancos digitais. Bancos Digitais são bancos regulamentados pelo Banco Central e funcionam inteiramente online, sem tarifas e manutenção de conta. Existe um universo todo dentro dessa modalidade do setor bancário. Outro segmento conhecido como Fintechs são os Meios de Pagamento, onde atua na área de movimentação e transição financeira, por exemplo, o PicPay e PagSeguro. São inovações dentro do sistema bancário, vale lembrar. Empréstimos e Negociação de Dívidas (P2P Lending) que são empresas que intermediam empréstimos ou financiamentos, colocando em contato direto o fiador e o credor. Crowd Founding são plataformas de financiamento coletivo. Que buscam recursos para executar um objetivo proposto. “Vaquinha” é um bom exemplo dessa modalidade de Fintech de doação. Startups de Investimentos que auxiliam no processo de investimento em ativos, análises e ferramentas, em alguns casos, evoluem para execução de ordens de compra e venda de ativos em bolsa de valores. Seguros/Insurtechs tem como objetivo aprimorar o relacionamento entre o cliente e a 610 seguradora, oferecendo opções de seguro, taxas, e condições de pagamento. Gerenciamento de Finanças são aplicativos de gestão financeira e são Fintechs bem populares no Brasil, auxiliando pessoas físicas e jurídicas. A principal do Brasil é a Conta Azul. Fidelização, Recomendação e Cashback, esse segmento está em franca estação no Brasil, auxiliando na gestão e criação de programas de atração e fidelização. Por exemplo, MagaluPay, Ame e Multifidelidade. Cryptomoedas e Blockchain que são sistemas que permitem a ocorrência de transações de diversas naturezas de forma descentralizada. A Cryptomoeda virou um sistema de reserva de valores, tornando-se conhecidas dentro do segmento das Fintechs. BLOCKCHAIN E DISTRIBUTED LEDGER TECHNOLOGY (DLT) Distributed Ledger Technology (DLT) É uma base de dados contendo diversos “nós”. Cada computador corresponde a um nó. Ela une diretamente todos os pontos sem que haja um sistema físico que os centralize a todos. Um exemplo dessa tecnologia é o programa Napster, que permitia o compartilhamento e download de arquivos de música. Os seus desenvolvedores foram acusados de pirataria pelas grandes produtoras do mundo todo, mas nenhum dos usuários foi preso por pirataria porque o Napster era justamente o sistema de ponto-a-ponto. Os registros ficam distribuídos em vários locais independentemente. Nesse sistema de conexão, toda vez que uma transação é feita são aplicados protocolos de validação. Aplicado ao sistema financeiro, ele funciona como um livro-razão contábil (onde ficam registradas todas as transações contábeis de uma empresa). As atualizações da DLT são feitas independentemente em cada nó e conduzidas por um algoritmo de consenso (concordância entre os nós das conexões). As transações do tipo TED nos bancos são confirmadas de maneira centralizada pelo banco. Na DTL essa confirmação é feita de modo descentralizado por algoritmos de consenso. Esta tecnologia promete revolucionar a maneira com a qual a informação é coletada, armazenada e distribuída, trazendo impactos significativos na forma com que os indivíduos, empresas e governos realizam transações. 611 Tipos de redes de conexão de informações O modelo centralizado foi o que deu origem aos outros dois. Grandes empresas fazem uso dele. Há um computador central e diversos computadores periféricos que dependem dele para receber e enviar informações. Já o modelo descentralizado é uma derivação do modelo centralizado. Equivale à formação de pequenos núcleos de centralização espalhados pela rede de conexão, de forma evitar os congestionamentos presentes nos sistemas com um único núcleo. Os centros nucleares desse modelo de sistema se conectam entre si. Por fim, no modelo que estudamos aqui, chamado de distribuídos, não há servidores. Todas as unidades estão conectadas entre si. Existem vários caminhos para que a informação saia de um ponto A e chegue em um ponto B. Os nós mantêm as cópias de transações de maneira independente uns dos outros. BLOCKCHAIN A melhor tradução para o nome é “corrente de blocos de informação”. É um tipo de Distributed Ledger Technology (DLT). Sua distribuição e gerenciamento é feito por redes ponto-a-ponto. O que a diferencia das DLTs é que os dados são agrupados e armazenados em blocos ligados entre si e protegidos por criptografia de entrada e saída. Outra característica é que o blockchain é uma estrutura sempre crescente de registros: não há deleção nem alteração. Uma vez que um bloco de informação é agregado ao sistema, ele torna-se protegido contra alterações e exclusões. Este é um grande ponto que promove a confiabilidade do processo. Trata-se de uma excelente ferramenta para o rastreamento de ativos, eventos, registros e transações. O sistema cartorário mundial poderia ser completamente substituído por esta tecnologia porque haveria um livro-razão completamente protegido contra adulterações registrando todas as transações de um determinado setor. A tecnologia blockchain é famosa por ser 612 a usada no sistema de criação e registro de transações de criptomoedas. Exemplificando: Transação de bitcoin. A transação é requisitada por um indivíduo e transferida para uma rede ponto-a-ponto. A partir daqui, os algoritmos de consenso são aplicados para validar a transação e o status dos usuários envolvidos. Essa transação, após ser verificada, é registrada no bloco e comparada com outras transações anteriores no bloco em que ela se encontra. Posteriormente, um novo bloco surge e isso é registrado no livro-razão. Assim encerra-se o processo. REGULATORY TECHNOLOGY Tecnologia que inova o controle e aperfeiçoamento dos processos regulatórios. Alguns estudos indicam que este será um mercado de mais de 50 bilhões de dólares em 2025 e tem tudo para se tornar um grande setor dentro das inovações tecnológicas. Utiliza a tecnologia da informação para aprimorar processos regulatórios. Esse tipo de produto coloca ênfase no monitoramento regulatório. Atualmente já existem empresas que auxiliam empresas seguradoras, por exemplo, a se enquadrarem dentro do arcabouço regulatório do país em que se encontram. Assim, a razão das empresas de regulamento tecnológico relaciona-se a monitoramentos regulatórios, relatórios e compliance utilizando computação em nuvem para auxiliar outras empresas a cumprirem regulamentações nacionais de maneira eficiente e econômica. Atualmente, relaciona-se principalmente à indústria de bens de consumo e alimentos com o objetivo de aumentar tanto a transparência quanto a consistência dos processos regulamentares, fornecendo informações sólidas de regulamentações ambíguas. Oferece assim níveis mais elevados de qualidade para o compliance a um custo mais baixo. No Brasil essa tecnologia ainda é incipiente, mas nos mercados mais desenvolvidos já é uma realidade consolidada. Os universos de atuação das empresas desse setor são: ⯀ Reporte regulatório: distribuição automática de dados de relatórios por meio de análises de bigdatas em tempo real. ⯀ Gerenciamento de riscos: detecção de riscos regulatórios e compliance, avaliando exposição ao risco e antecipando futuras ameaças. ⯀ Compliance: monitoramento em tempo real dos regulamentos de uma companhia. ⯀ Monitoramento das transações: auditoria de transações em tempo real. ⯀ Gestão de controle e aprovação de clientes: verificador automático para detectar e evitar fraudes. 613 De modo geral, esse é o funcionamento das empresas de regulação tecnológicas. O segmento encontra-se em expansão e atua em variados setores do processo econômico. SANDBOX REGULATÓRIO É também um processo de regulação. Seu diferencial é que permite que algumas instituições autorizadas ou não autorizadas a funcionar pelo Banco Central consigam testar e aprovar projetos inovadores com clientes reais sujeitos a requisitos regulatórios estabelecidos. Um outro ponto de destaque é que o sandbox regulatório busca entregar velocidade à inovação. Os processos de autorização pelo BACEN são lentos e obviamente descaracterizam a inovação e sua principal qualidade: a velocidade. Assim, o sandbox regulatório tem o objetivo de acelerar os processos sem que passe por todas as etapas de autorização do BACEN. Tem pouca regulação e permite que as empresas inovadoras promovam e testem projetos de maneira segura. As regulamentações do sandbox ainda se encontram em fase inicial e tem previsão de inauguração do primeiro ciclo para o primeiro semestre de 2021. Os principais benefícios dos participantes são: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Testes de projetos inovadores com clientes reais. Requisitos regulatórios mais simples e brandos. Monitoramento específico pelo Banco Central do Brasil. Contato com o setor de regulamentação do Banco Central do Brasil podendo fornecer subsídios para eventuais novas regulamentações do sistema financeiro. As empresas interessadas em participar do sistema sandbox deverão apresentar projetos inovadores definidos na regulamentação do programa, as quais devem constar no conselho monetário nacional ou no Banco Central do Brasil. O projeto desenvolvido deve invariavelmente cair no arcabouço de fiscalização ou de competência do conselho monetário do Banco Central. Os critérios de elegibilidade da sandbox regulatório são os seguintes: ⯀ A atividade deve enquadrar-se no conceito de “negócio inovador”, tem de utilizar tecnologias inovadoras ou fazer uso inovador da tecnologia já existente e desenvolver produtos ou serviços que ainda não são oferecidos no mercado. ⯀ O modelo deve ter capacidade de promover ganhos de eficiência, redução de custos ou ampliação ao acesso ao público. ⯀ Deve demonstrar capacidade técnica e financeira suficientes para desenvolver as atividades as quais se propõe a fazer. 614 Os administradores e sócios dessas empresas devem estar enquadrados nas seguintes exigências: ⯀ Habilitados para o exercício de funções em instituições financeiras. ⯀ Não podem ter sido condenados por crimes falimentares, prevaricação, corrupção, concussão. ⯀ Não podem estar impedidos de administrar os próprios bens em razão de decisões judiciais ou administrativas. ⯀ Não estarem proibidos de fazerem contratos com instituições financeiras oficiais ou de participarem de licitações com os objetivos: aquisição, alienação e realização de obras públicas. ⯀ Terem capacidade de estabelecer mecanismos de defensão contra ataques cibernéticos, registro e proteção de informações, prevenção à lavagem de dinheiro e terrorismo dentro do negócio proposto. Para as empresas e projetos aprovados, existe um sistema de classificação por pontuação. Os melhores qualificados têm mais chances de aprovação. Os principais pontos analisados são: ⯀ Presença e relevância da inovação. ⯀ Magnitude do benefício esperado. ⯀ Potencial de impacto para o desenvolvimento de mercado de valores. OPEN BANKING Este não é necessariamente uma nova tecnologia, mas um conceito de funcionamento do sistema bancário que por meio do Banco Central está sendo trazido ao Brasil. Alguns países como a Inglaterra já aplicam essa inovação há vários anos. O open banking é um sistema de compartilhamento de dados, produtos e serviços dos clientes pelo sistema financeiro mediante autorização dos participantes. Inclui abertura e integração das plataformas de setores de bancos e de empresas tecnológicas do setor financeiro. Os objetivos do open banking são propiciar melhores produtos e serviços financeiros, aumentar a eficiência e a competitividade. As vantagens são: ⯀ Redução da inércia: por meio do compartilhamento de dados, produtos e serviços. ⯀ Integração: de produtos e serviços às diferentes jornadas digitais do cliente. ⯀ Customização: possibilidade de construir o produto ou serviço financeiro personalizado. ⯀ Organização: agregação em um único ambiente de todos os produtos ou serviços 615 financeiros dos diferentes provedores. Em maio de 2020 o Banco Central apresentou, com autorização do Conselho Monetário Nacional, um conjunto de regras e de quatro fases de implementação com início em 30 de novembro de 2020 e conclusão em outubro de 2021. As fases estão no quadro abaixo ] : O sistema PIX faz parte desse macrouniverso do sistema de open banking. Em suma, o sistema relaciona-se ao compartilhamento de dados, de serviços (com publicação dos custos de serviços disponibilizados pelas instituições financeiras), de dados cadastrais e transacionais dos clientes e, por fim, relaciona-se também à integração dos serviços. O sistema open banking é então um aparato regulatório que o Banco Central está encabeçando e entregando ao mercado para promover mudanças na estrutura do sistema financeiro nacional. MACHINE LEARNING Este é um conceito ligado à inteligência artificial. A melhor definição é a seguinte: trata-se de um algoritmo que permite ao sistema central alterar seu comportamento tendo como base a própria experiência com mínima interferência humana possível. As modificações, baseadas em regras lógicas, permitem a melhoria de desempenho de uma tarefa ou da tomada de decisões autônomas mais condizentes com o contexto. Fazem uso do mecanismo “machine learning” grande parte dos aplicativos de geolocalização, comércio eletrônico, redes sociais etc. Resumidamente, é a “máquina” aprendendo com atividades recorrentes dos humanos de modo que possa, com o tempo, tomar decisões de indicação ou sugestões de informações por conta própria. Essa tecnologia pode sugerir a compra de automóveis, roupas, calçados ou adoção de uma rota alternativa para o trabalho e por aí vai. 616 Os algoritmos aqui envolvidos costumam ser categorizados em supervisionados e não-supervisionados. Os primeiros são aqueles que aprendem com a experiência, classificação e rotulação para a prevenção de eventos futuros. Os segundos são aqueles em que todas as informações utilizadas no treinamento não são nem classificadas, nem rotuladas — a máquina faz um trabalho mais individual e sem interferências diretas de aprendizagem por parte dos humanos. Já o padrão semi-rotulado é algo entre os dois acima explicados: há uma pequena quantidade de dados rotulados, e uma grande quantidade de informações não-rotuladas. O desenvolvimento dessa tecnologia pode oferecer um algoritmo que tome decisões de investimento baseado naquilo que aprendeu sobre você. Ainda é um conceito pouco aplicado às finanças, mas muito promissor na área de comércio eletrônico, aplicativos e seguros. ALGO-TRADING É uma forma de negociação que segue um conjunto de instruções pré-fixadas de forma automatizada — essa tecnologia é também conhecida por “robôs de investimento ou robô de trader”. Por seu um processo automático, atinge velocidade e frequência impossíveis de serem batidas por operadores humanos, além de não conter influência emotiva nas atividades de negociação. Quando as condições de mercado atingem os parâmetros anteriormente sinalizados, os “robôs” executam as ordens de compra e venda com estabelecimento de metas, preço-alvo etc. Os principais benefícios do algo-trading são os seguintes: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Baixo custo de operação; Negociações executadas nos melhores preços possíveis; Colocação de ordens de maneira precisa e automática; Negociações instantâneas evitando mudanças significativas de preços; Verificação de múltiplas condições de mercado simultaneamente; Risco reduzido de erros na colocação de ordens Risco reduzido por conta de fatores emocionais e psicológicos, comuns em operadores humanos. ROBÔS CONSULTORES (ADVISORS) São plataformas digitais que fornecem serviços automatizados de planejamento financeiro, 617 com pouca ou nenhuma supervisão humana. Baseiam-se em algoritmos que coletam informações sobre investidores, situações financeiras, tendências de mercado, economia, objetivos financeiros e, a partir desses dados, prestam consultoria ou investem diretamente os ativos do cliente. Geralmente ajustam estratégias de indexação passiva partindo da otimização por média-variância. Utilizam bigdatas e informações variadas do comportamento dos investidores, inclusive com capacidade de aprendizagem por inteligência artificial. Os principais serviços oferecidos pelos robôs consultores são: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Configuração de contas; Planejamento de metas; Planejamento de aposentadorias; Gerenciamento de portfólios; Alocação de recursos de emergência; Atendimento personalizado; Educação financeira; Baixas taxas de serviço. Os benefícios promovidos são o baixo custo, em comparação com os assessores tradicionais; disponibilidade absoluta em tempo real; ampliação de acesso a investidores menos renomados e de capital menos significativo; e o aumento da eficiência para execução de ordens de mercado e rebalanceamento de carteira de investimentos. O problema é que uma vez que uma conta é criada dentro dessa modalidade de investimentos, há dificuldade por parte do investidor de opinar sobre as operações, visto que o processo é totalmente automatizado. ABORDAGENS QUANTITATIVAS São maneiras especiais de atuação do mercado que se valem do uso de tecnologias consagradas e inovadoras. As principais abordagens quantitativas resumem-se ao número de quatro: high-frequency trading, robô-advisors, algo-trading e machine learning. HIGH-FREQUENCY TRADING (HFT) É uma negociação de alta frequência que usa poderosos programas para executar ordens massivas em poucas frações de segundos. As ações são efetuadas a partir do momento 618 em que o merc ado apre s enta determinada s condiçõ e s pré - determinada s algoritmicamente. O algoritmo analisa os mercados, e busca encontrar as condições previamente concordantes que autorizam a execução dos pedidos de compra ou venda. Essa tecnologia é um processo de negociação que tem o objetivo de rastrear os mercados e encontrar os chamados “spreads” de compra e venda. Os principais benefícios dessa tecnologia é o aumento de liquidez de mercado e remoção dos spreads. Já os pontos que mais são criticados nesse sistema são: ⯀ Substituição de grande número de corretores; ⯀ Aplicação de modelos matemáticos algorítmicos para tomadas de decisão eliminando a interação humana dos processos; ⯀ Movimentação massiva e extremamente rápida sem necessidade de razão lógica; ⯀ Restrição de acesso aos algoritmos por parte de investidores de menor poder aquisitivo, visto que o custo para adquiri-los é elevado. Assim, grandes corporações atropelam mercadologicamente os pequenos investidores; ⯀ Insustentação da liquidez oferecida, visto que os picos são atingidos em pequenas frações de tempo. Ela desaparece tão logo a negociação que disparou o algoritmo cessa. 619 Módulo 11 ÉTICA e autorregulação Este capítulo trata sobre ética aplicada aos profissionais de investimento.. PRINCÍPIOS GERAIS DE ÉTICA APLICADA A PROFISSIONAIS DE INVESTIMENTOS Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e representam imperativos em sua conduta. É aquilo que o profissional em si, segue e que formam sua conduta ao longo do tempo. O código de ética de profissional é algo institucional é da instituição e ele é o conjunto de normas éticas que devem, é mandatório, devem ser seguidas pelos profissionais no exercício do seu trabalho. Geralmente, as instituições que têm código de ética profissional tem um comitê de ética que avalia se um eventual profissional usurpou ou quebrou esse código de ética ou não. Diferente das leis que também podem ser interpretadas, os códigos de ética são mais abstratos ainda. Ou seja, há de haver uma interpretação das intenções daquele que eventualmente violou, como se deu aquela violação. O código de ética é um regulamento escrito, a ética profissional não está escrita, é a consciência do profissional. Dito isso, nós vamos ver quais são os princípios gerais de ética aplicada a profissionais de investimentos. Os princípios gerais da ética foram retirados da INSTRUÇÃO CVM Nº 592, de 17 de novembro de 2017, com as alterações introduzidas pelas instruções CVM Nº 609/19 e 619/20. O consultor de valores mobiliários deve observar as seguintes regras de conduta: I - exercer suas atividades com boa fé, transparência, diligência e lealdade, colocando os interesses de seus clientes acima dos seus; II - desempenhar suas atribuições de modo a buscar atender os objetivos de investimento de deus clientes, levando em consideração a sua situação financeira e o seu perfil, nos termos da regulamentação que dispõe sobre o dever de verificação da adequação dos produtos, serviços e operações ao perfil do cliente; III - cumprir fielmente o contrato firmado com o cliente, prévia e obrigatoriamente por escrito, o qual deve conter as características dos serviços a serem prestados, dentre as quais se incluem: ⯀ descrição detalhada da remuneração cobrada pelos serviços; 621 ⯀ informações sobre outras atividades que o próprio consultor exerça e os potenciais conflitos de interesses existentes entre tais atividades e a consultoria de valores mobiliários; ⯀ informações sobre as atividades exercidas por sociedades controladoras, controladas, coligadas e sob controle comum ao consultor e os potenciais clientes conflitos de interesse existentes entre tais atividades e a consultoria de valores mobiliários; ⯀ quando aplicável, os riscos inerentes aos diversos tipos de operações com valores mobiliários nos mercados de bolsa, de balcão, nos mercados de liquidação futura, explicitando que a aplicação em derivativos pode resultar em perdas superiores ao investimento realizada e nas operações de empréstimos de ações; ⯀ o conteúdo e a periodicidade das informações a serem prestadas ao cliente; ⯀ informação a respeito da abrangência dos serviços prestados, indicando os mercados e tipos de valores mobiliários abrangidos; e ⯀ procedimento a ser seguido caso um conflito de interesse, mesmo que potencial, surja após a celebração do contrato, incluindo prazo para notificação do cliente. IV - evitar práticas que possam ferir a relação fiduciária mantida com seus clientes; V - prestar o serviço de forma independente e fundamentada; VI - manter atualizada, em perfeita ordem e à disposição do cliente, toda a documentação que deu suporte para a consultoria prestada ao cliente, inclusive a avaliação do seu perfil; VII - transferir ao cliente qualquer benefício ou vantagem que possa alcançar em decorrência da sua condição de consultor de valores mobiliários, exceto na hipótese do § 1º do art. 17: VIII - suprir seus clientes com informações e documentos relativos aos serviços prestados na forma e prazos estabelecidos. VII - suprir seus clientes com informações e documentos relativos aos serviços prestados na forma e prazos estabelecidos em suas regras internas; IX - suprir seus clientes com informações sobre os riscos envolvidos nas operações recomendadas; X - prestar as informações que lhe forem solicitadas pelo cliente, pertinentes aos fundamentos das recomendações de investimento realizadas; XI - informar à CVM sempre que verifique a ocorrência ou indícios de violação da legislação que incumbe à CVM fiscalizar, no prazo máximo de 10 dias úteis da ocorrência ou identi- 622 ficação; e XII - na orientação a clientes, quanto à escolha de prestadores de serviços prevista no inciso III do § 1° do art 1º, zelar pela adequada prestação de serviços e divulgar qualquer tipo de relação comercial que tenha estabelecido com o prestador, sendo vetado o recebimento de remuneração pela indicação de serviços, em observância ao inciso VII deste artigo. Parágrafo único: É permitida a cobrança de taxa de performance exclusivamente de investidores profissionais, conforme regulamentação específica. CÓDIGO ANBIMA DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS PARA O PROGRAMA DE CERTIFICAÇÃO CONTINUADA - DEFINIÇÕES (CAPÍTULO I) Art. 1º. Para os efeitos deste Código, entende-se por: I. Aderente: instruções que aderem ao Código de Certificação e se vinculam à Associação por meio contratual, ficando sujeitas às regras específicas deste Código; II. Administração de Recursos de Terceiros: atividades de Administração Fiduciária e Gestão de Recursos de Terceiros, conforme definidas neste Código: III. Administração Fiduciária: conjunto de serviços relacionados direta ou indiretamente ao funcionamento e manutenção do Fundo, desempenha por pessoa jurídica autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários; IV. Administrador Fiduciário: pessoa jurídica autorizada pela CVM a desempenhar a Administração Fiduciária; V. AMBIMA ou Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais; VI. Associada ou Filiada: instituição que se associa à Anbima e passa a ter vínculo associativo, ficando sujeita a todas as regras de autorregulação da Associação; VII. Atividades Elegíveis: são as atividades de Distribuição de Produtos de Investimento e Gestão de Recursos de Terceiros. VIII. Banco de dados: conjunto de informações cadastrais enviadas para a ANBIMA pelas Instituições Participantes que são armazenadas de forma estruturada; 623 IX. Canais Digitais: canais digitais ou eletrônicos utilizados na Distribuição de Produtos de Investimento, que servem como instrumentos remotos, não possuindo contato presencial entre a Instituição Participante e o investidor ou potencial investidor. X. Carta de Recomendação: documento expedido pela Supervisão de Mercados e aceito pela Instituição Participante que contém as medidas a serem adotadas a fim de sanar a(s) infração(oes) de pequeno potencial de dado e de fácil reparabilidade cometida(s) pelas Instituições. XI. Código de Atividades Conveniadas: Código ANBIMA de Regulação e Melhores Prática para as Atividades Conveniadas que dispõe sobre convênios celebrados entre a ANBIMA e as instituições públicas; XII. Código de Certificação ou Código: Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para o Programa de Certificação Continuada; XIII. Código dos Processos: Código ANBIMA dos Processos de Regulação e Melhores Práticas que dispõe sobre a condução de processos sancionadores para a apuração de descumprimento às regras estabelecidas nos Códigos de Regulação e Melhores Práticas ANBIMA; XIV. Comissão de Acompanhamento: Organismo de Supervisão com competências definidas no artigo 37 deste Código; XV. Conglomerado ou Grupo Econômico: conjunto de entidades controladoras diretas ou indiretas, controladas, coligadas ou submetidas a controle comum; XVI. Conselho de Regulação e Melhores Práticas: Organismo de Supervisão com competências definidas no artigo 44 deste Código; XVII. Distribuição de Produtos de Investimento: (i) oferta de produtos de investimento de forma individual ou coletiva, resultado ou não em aplicação de recursos, assim como a aceitação de pedido de aplicação por meio de agências bancárias, plataformas de atendimento, centrais de atendimento, canais digitais ou eletrônicos, ou qualquer outro canal estabelecido para este fim; e (ii) atividades acessórias oferecidas aos investidores, tais como manutenção do portfólio de investimentos e fornecimento de informações periódicas acerca dos investimentos realizados. XVIII. Fundo de Investimento ou Fundo: comunhão de recursos, constituído sob a forma de condomínio, destinada à aplicação em ativos financeiros; 624 XIX. Gestão de Recursos de Terceiros: gestão profissional dos ativos financeiros integrantes da carteira dos veículos de investimento, desempenhada por pessoa física ou jurídica autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários; XX. Gestão de Recursos de Terceiros: gestão profissional dos ativos financeiros integrantes da carteira dos Veículos de Investimento, desempenha por pessoa jurídica autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários; XXI. Gestor de Recursos de Terceiros ou Gestor de Recursos: pessoa jurídica autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários a desempenhar a Gestão de Recursos de Terceiros. XXII. Instituições Participantes e instituições Associadas à ANBIMA que desempenhem uma ou mais atividades elegíveis ou instituições aderentes a este código; XXIII. Organismos de Supervisão: em conjunto, Conselho de Regulação e Melhores Práticas, Comissão de Acompanhamento e Supervisão de Mercados; XXIV. Plataformas de Atendimento: toda e qualquer forma de atendimento ao investidor pelas Instituições Participantes, inclusive por meio de Canais Digitais e telefônico, em que os profissionais desempenhem a Distribuição de Produtos de Investimento; XXV. Produtos de Investimento: valores mobiliários e ativos financeiros regulados pela Comissão de Valores Mobiliários e pelo Banco Central do Brasil; XXVI. Profissional Aprovado: aquele que atingir o índice mínimo estabelecido para aprovação no exame de certificação e que não estiver vinculado a nenhuma Instituição Participante; XXVII. Profissional Certificado: aquele que atingir o índice mínimo estabelecido para aprovação no exame de certificação e que, cumulativamente, estiver vinculado a uma Instituição Participante; XXVIII. Programa Detalhado: documento disponível no site da ANBIMA na internet que reúne todos os assuntos que serão exigidos nos exames de certificação, assim como a proporção de cada um deles; XXIX. Regulação: normas legais e infralegais que dispõem sobre assuntos vinculados ao mercado financeiro e de capitais. XXX. Supervisão de Mercados: Organismo de Supervisão com competências definidas no artigo 33 deste Código; XXXI. Termo de Compromisso: instrumento pelo qual a Instituição Participante 625 compromete-se perante a ANBIMA a cessar e corrigir os indícios de irregularidades que tenha cometido em face do Código de Certificação; e XXXII. Veículos de investimento: Fundos de Investimento e Carteiras Administradas constituídos com o objetivo de investir recursos obtidos junto a um ou mais investidores. Parágrafo único: Estão excluídas do conceito de Plataformas de Atendimento as centrais de atendimento que se destinam exclusivamente a receber e executar orientações de investidores. Capítulo II Art. 2º O presente Código tem como objetivo estabelecer princípios e normas para elevação e capacitação técnica dos profissionais das Instituições Participantes que desempenham as Atividades Elegíveis. Art 3° Este Código se destina aos bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de dese, sociedades corretoras e distribuidoras de títulos e valores mobiliários, Administradores Fiduciários e Gestores de Recursos Terceiros. § 1º. A observância das normas deste Código é obrigatória para as Instituições Participantes. § 2º. As instituições participantes devem assegurar que o presente Código seja também observado por todos os integrantes de seu Conglomerado ou Grupo Econômico que estejam autorizados no Brasil a desempenhar as atividades elegíveis. § 3º. A obrigação prevista no caput não implica o reconhecimento, por parte das Instituições Participantes, da existência de qualquer modalidade de assunção, transferência de responsabilidade, ou solidariedade entre estes integrantes, embora todas as referidas entidades estejam sujeitas às regras e princípios estabelecidos pelo presente Código. Art 4º As Instituições Participantes, submetidas à ação reguladora e fiscalizadora do Conselho Monetário Nacional, do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários, concordam, expressamente, que o adequado desempenho das atividades disciplinadas pelos Códigos ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas excedem o limite de simples observância da Regulação vigente que lhes são aplicáveis, devendo, dessa forma, submeter-se também aos procedimentos estabelecidos por este Código. Parágrafo único: O presente Código não se sobrepõe à Regulação vigente, ainda que venham a ser editadas normas, após o início da sua vigência, que sejam contrárias às disposições ora trazidas, devendo ser desconsiderada, caso haja contradição entre as regras 626 estabelecidas neste Código e a Regulação, a respectiva disposição deste Código, sem prejuízo das demais regras nele contidas. Capítulo III Art. 6º As Instituições Participantes e seus profissionais devem: I.Possuir reputação ilibada; II. Exercer suas atividades com boa fé, transparência, diligência, idoneidade e lealdade em relação aos investidores; III.Cumprir com todas as suas obrigações, devendo empregar, no exercício de suas atividades, o cuidado que toda pessoa prudente e diligente costuma dispensar à administração de seus próprios negócios, respondendo por quaisquer infrações ou irregularidades que venham a ser cometidas; IV.Ser norteados na prestação de suas atividades pelos princípios da liberdade de iniciativa e da livre concorrência, evitando a adoção de práticas caracterizadoras de concorrência desleal e/ou de condições não equitativas, respeitando os princípios de livre negociação; V.Evitar quaisquer práticas que infrinjam ou estejam em conflito com as regras e princípios contidos neste Código, na Regulação e/ou nas demais regras estabelecidas pela Anbima: VI. Adotar condutas compatíveis com os princípios de idoneidade moral e profissional; VII. Vedar a intermediação de investimentos ilegais e não participar de qualquer negócio que envolva fraude ou corrupção, manipulação ou distorção de preços, declarações falsas ou lesão aos direitos de investidores; VII. Ser diligentes e não contribuir para a veiculação ou circulação de notícias ou informações inverídicas ou imprecisas sobre o mercado financeiro e de capitais; IX. Zelar para que não sejam dadas informações imprecisas a respeito das atividades que é capaz de prestar, bem como com a relação a suas qualificações, seus títulos acadêmicos e experiência profissional. Art. 7º As Instituições Participantes devem assegurar que seus profissionais não tenham: Sido inabilitados para o exercício de cargo em instituições financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores Mobiliários, 627 pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar ou pela Superintendência de Seguros Privados; Sofrido punição definitiva, nos últimos cinco anos, em decorrência de sua atuação como administrador ou membro de conselho fiscal de entidade sujeita ao controle e fiscalização dos órgãos reguladores mencionados anteriormente. Art. 8º São consideradas descumprimento às obrigações e princípios deste Código não apenas a inexistência ou a insuficiência das regras e procedimentos exigidos, mas também a sua não implementação ou implementação inadequada para os fins previstos neste Código. Parágrafo único: São exemplos de evidências de implementação inadequada das regras e procedimentos previstos no Código: I. A reiterada ocorrência de falhas, não sanadas nos prazos estabelecidos; e II.A ausência de mecanismo ou evidência que demonstre a aplicação dos procedimentos estabelecidos por este Código. Capítulo VIII – Seção II Seção II - Certificação Profissional para Gestores de Recursos de Terceiros Art. 29 - A CGA é destinada aos profissionais que atuam na Gestão profissional de Recursos de Terceiros, conforme regulação da Comissão de Valores Mobiliários. Parágrafo único: Para fins deste Código, estão abarcados pelo caput todos os profissionais que atuam na Gestão de Recursos de Terceiros e que têm alçada/poder discricionário de investimento (compra e venda) dos ativos financeiros integrantes das carteiras dos veículos de investimento. Art. 30. Os profissionais que exercem a atividade de Gestão de Recursos de Terceiros e, cumulativamente a este atividade, atuam na Distribuição de seus próprios Fundos de Investimento, conforme autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, devem obter, além da CGA, a certificação de Distribuição de Produtos de Investimento exigida por este Código. Art. 31. Os profissionais com certificação válida emitida pelo CFA Institute USA, poderão obter a CGA, a partir da aprovação em exame específico a ser divulgado pela Anbima, estando sujeitos, a partir dessa aprovação, ao disposto neste Código. 628 Art. 32. As Instituições Participantes devem assegurar que os profissionais que exerçam a Gestão de Recursos de Terceiros cumpram com o disposto no Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para a Administração de Recursos de Terceiros. CÓDIGO ANBIMA DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS - OFERTAS PÚBLICAS DE DISTRIBUIÇÃO E AQUISIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS PROPÓSITO E ABRANGÊNCIA(CAP I) Art.1º O objetivo do presente Código de Regulação e Melhores Práticas para as Ofertas Públicas de Distribuição e Aquisição de Valores Mobiliários (Código) é estabelecer princípios e regras que devem ser observados pelas instituições participantes (abaixo definidas) nas ofertas públicas de valores mobiliários, incluindo os programas de distribuição, regulamentados pela Lei nº 6.385, de 07 de dezembro de 1976 (Lei 6.385) e pela Comissão de Valores Mobiliários - CVM (Ofertas Públicas), com a finalidade de propiciar a transparência e o adequado funcionamento do mercado. § 1º As seguintes Ofertas Públicas não estão sujeitas às disposições deste Código e estão automaticamente dispensadas de registro na ANBIMA, salvo se tais ofertas utilizarem o prospecto, caso em que serão aplicáveis as disposições do presente Código: I - As Ofertas Públicas de valores mobiliários distribuídas com esforços restritos, nos termos da regulamentação em vigor, observado o parágrafo 3º abaixo; II - As Ofertas Públicas de lote único e indivisível de valores mobiliários; III - As Ofertas Públicas de que trata a Instrução CVM Nº 286/98 que dispõe sobre alienação de ações de propriedade de pessoas jurídicas de direito público e de entidades controladas direta ou indiretamente pelo Poder Público e dispensa os registros de que tratam os artigos 19 e 21 da Lei 6.385, nos casos que especifica; e IV - As Ofertas Públicas de valores mobiliários de emissão de empresas de pequeno porte e de microempresas, assim definidas em lei. §2º As Ofertas Públicas automaticamente dispensadas de registro, nos termos do parágrafo 1º acima, devem ser registradas na ANBIMA apenas para fins do disposto no capítulo V, que trata do envio de informações para a base de dados da ANBIMA. §3º Sem prejuízo do disposto no parágrafo primeiro acima, deverão ser registradas na 629 ANBIMA, as Ofertas Públicas de ações distribuídas com esforços restritos (ofertas públicas de ações com esforços restritos), conforme regulamentação em vigor. § 4º Competirá ao Conselho de Regulação e Melhores Práticas do Mercado de Capitais referido no capítulo XII deste Código (Conselho de Regulação e Melhores Práticas) deliberar sobre outras Ofertas Públicas de valores mobiliários não abarcados por este Código. Art. 2º - Para fins deste Código são consideradas instituições participantes as instituições filiadas à ANBIMA - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais que exercem a atividade de intermediação de Ofertas Públicas de distribuição primária ou secundária de valores mobiliários correspondentes (Atividades), bem como as instituições que, embora não filiadas, exercem as atividades e venham expressamente a aderir a este Código. § 1º As instituições participantes classificadas como agente fiduciário têm suas atividades definidas no artigo 1º do Anexo III. § 2° Para fins do disposto artigo 3° do Anexo I, são consideradas instituições participantes as companhias securitizadoras. § 3º Para a adesão a este Código, as instituições participantes devem observar o disposto no capítulo II abaixo. Art. 3º - As instituições participantes, submetidas à ação reguladora e fiscalizadora do Conselho Monetário Nacional, do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários, concordam expressamente, em adição à observância das normas legais e regulamentares que lhes são aplicáveis, em submeter-se também aos procedimentos estabelecidos por este Código. Parágrafo único: O presente Código não se sobrepõe à legislação e a regulamentação em vigor, ainda que, após o início da sua vigência, venham a ser editadas normas que sejam contrárias às disposições ora trazidas. Caso haja contradição entre as regras estabelecida neste Código e normas legais ou regulamentares, a respectiva disposição deste Código deverá ser desconsiderada, sem prejuízo de suas demais regras. Art 4º - As instituições participantes devem assegurar que o presente Código seja também observado por todos os integrantes do seu conglomerado ou grupo economico, que estejam autorizados no Brasil a desempenhar qualquer das atividades prevista neste Código. Tal obrigação não implica no reconhecimento, por parte das instituições participantes, da existência de qualquer modalidade de assunção, solidariedade ou transferência de responsabilidade entre esses integrantes. Entretanto, todas as referidas entidades estarão sujeitas às regras e princípios estabelecidos pelo presente Código. 630 § 1º: Para os fins previstos neste artigo, considera-se pertencente ao mesmo conglomerado ou grupo econômico qualquer sociedade controlada, controladora ou sob controle comum das instituições participantes. § 2º Caso a instituição participante não associada à ANBIMA queira cancelar sua adesão ao presente Código, deverá solicitá-la por meio de carta dirigida ao Presidente do Conselho de Regulação e Melhores Práticas. Tal pedido somente será deferido no caso de a instituição participante não possuir qualquer obrigação pendente com a ANBIMA, inclusive oriunda de processos conduzidos no âmbito de suas atividades de regulação e melhores práticas. CÓDIGO ANBIMA DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS - OFERTAS PÚBLICAS DE DISTRIBUIÇÃO E AQUISIÇÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS PRINCÍPIOS GERAIS (CAPÍTULO III) Art. 6º - As instituições participantes devem observar os seguintes princípios e regras em suas atividades relacionadas às operações de Oferta Pública de que participem: Nortear a prestação das atividades pelos princípios da liberdade de iniciativa e da livre concorrência; Evitar quaisquer práticas que infrinjam ou estejam em conflito com as regras e princípios contidos neste Código, na legislação pertinente e/ou nas demais normas estabelecidas pela ANBIMA; Evitar a adoção de práticas caracterizadas de concorrência desleal e/ou de condições não equitativas, bem como de quaisquer outras práticas que contrariem os princípios contidos no presente Código, respeitando os princípios´de livre negociação; Cumprir todas as suas obrigações, devendo empregar, no exercício de sua atividade, o cuidado que toda pessoa prudente e diligente costuma dispensar à administração de seus próprios negócios, respondendo por quaisquer infrações ou irregularidades que venham a ser cometidas durante o período em que prestarem as atividades reguladas por este Código; Buscar desenvolver suas atividades com vistas a incentivar o mercado secundário de valores mobiliários, respeitadas as características de cada Oferta Pública. 631 Capítulo IV Art 7º - No exercício de suas Atividades, as instituições participantes devem: I. Zelar pela veracidade e precisão das informações incluídas nos documentos da Oferta Pública; II. Cumprir fielmente as exigência estabelecidas pela legislação e regulamentação em vigor; III. Disponibilizar informações claras, precisas e suficientes sobre a Oferta Pública, a emissora e/ou ofertantes, se for o caso. IV. Utilizar as informações obtidas em razão de sua participação em Ofertas Públicas, exclusivamente para os fins para os quais tenham sido contratadas; V.Manter a confidencialidade das informações assim identificadas e que tiverem acesso em decorrência da participação na Oferta Pública, comprometendo-se a não utilizá-las fora dos termos da Oferta Pública; VI.Participar apenas de Ofertas Públicas cujos coordenadores(i) sejam instituições participantes; ou (ii) sejam integrantes do conglomerado ou grupo econômico das instituições participantes; VII. Participar apenas de Ofertas Públicas de debêntures cujos Agentes Fiduciários sejam instituições participantes; VIII. Identificar a instituição participante que atuará como líder da distribuição ou aquisição (coordenador líder), nos termos da regulamentação da CVM; IX. Participar apenas de Ofertas Públicas no mercado primário e secundário de ações, debêntures conversíveis em ações ou bônus de subscrição quando as emissoras de tais Ofertas Públicas tiverem aderido ou se comprometido a aderir ao prazo de 6 meses, contando do primeiro anúncio de distribuição, pelo menos ao Nível 1 ou ao Bovespa Mais, conforme o caso das “Práticas Diferenciadas de Governança Corporativa” da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros - BM&FBovespa, observando o parágrafo 2° deste artigo. As instituições participantes devem ainda incentivar essas emissoras a adotar sempre padrões mais elevados de governança corporativa. X. Enviar à ANBIMA cópia da carta conforto e/ou manifestação escrita dos auditores independentes da emissora acerca da consistência das informações financeiras constantes do prospecto e/ou do formulário de referência, relativas às demonstrações financeiras publi- 632 cadas da emissora; XI. Informar à ANBIMA se possui parecer legal dos advogados contratados para assessorar a instituição participante da Oferta Pública sobre a consistência das informações fornecidas no prospecto ou no memorando de Ofertas públicas de ações com esforços restritos (memorando) (conforme modelo disponibilizado pela ANBIMA) em relação ao formulário de referência analisado durante o procedimento de diligência legal na emissora; e XII. Estimular a contratação, pela emissora e/ou ofertantes, de instituição para desenvolver atividade de formador de mercado. §1º As instituições participantes devem fazer com que conste das publicações e/ou divulgações da Oferta Pública, em destaque, a adesão da emissora às Práticas de Governança Corporativa da BM&FBOVESPA ou, fazer constar de igual forma, o comprometimento de fazê-lo por meio de contrato de colocação e distribuição contendo cláusula, por parte das emissoras, de adesão a estas práticas no prazo previsto no inciso IX do caput deste artigo § 2º As instituições participantes estão dispensadas de observar o disposto no inciso IX do caput deste artigo quando se tratar de Oferta Pública de distribuição secundária dos valores mobiliários mencionados no inciso IX, e desde que o(s) respectivo(s) ofertante(s) não seja(m participante(s) do grupo de controle da emissora. §3º As instituições participantes podem, observado o disposto no artigo 33, inciso VI deste Código, solicitar a dispensa do inciso IX do caput, desde que apresentadas as devidas justificativas. § 4º Caso não sejam obtidas as manifestações indicadas nos incisos X e XI acima, as instituições participantes devem fazer constar do prospecto sem mitigação, a informação de que tais manifestações não foram obtidas. Para os casos de Ofertas Públicas de ações distribuídas com esforços restritos, às instituições participantes devem fazer constar do memorando, a informação sobre a não obtenção da manifestação indicada no inciso XI. § 5º As instituições participantes devem instituir área ou nomear profissional para as atividades de compliance, com a isenção necessária para o cumprimento do seu dever, sendo que por atividades de compliance entendem-se as ações visando o cumprimento das Leis, regulamentações e princípios corporativos aplicáveis ao Coordenador da Oferta Pública. § 6º As instituições participantes que atuarem na qualidade de coordenadores devem, dentro do cronograma da Oferta Pública de debêntures, disponibilizar aos agentes fiduciários contratados pela Emissora os documentos da Oferta Pública solicitados por eles, de forma a permitir o devido cumprimento das atividades inerentes aos referidos agentes. 633 § 7º As instituições participantes que atuarem na qualidade de coordenadores devem fazer menção do Agente Fiduciário nos documentos da Oferta, incluindo, no mínimo, as seguintes informações: (i) denominação social; (ii) inscrição no CNPJ; (iii) endereço; (iv) telefone; (v) home page; e (vi) e-mail da área responsável por atender os debenturistas e/ou investidores. § 8° As obrigações das instituições participantes que exercerem as atividades de Agentes Fiduciários estão previstas no Anexo III deste Código. § 9º As instituições participantes estão dispensadas de observar o disposto no inciso X do caput deste artigo quando se tratar de ofertas públicas de ações com esforços restritos. Capítulo VII Art. 14 - É obrigatória a veiculação da logomarca da Anbima, acompanhada de texto obrigatório (Selo ANBIMA), na forma prevista no artigo 15, utilizada para demonstração do compromisso das instituições participantes com os cumpimento e observância das disposições do presente Código, nos documento a seguir listados da Oferta Pública: ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ ⯀ Prospecto; Lâmina para Nota Promissória, conforme modelo disponibilizado pela ANBIMA; Memorando, conforme modelo disponibilizado pela ANBIMA; Avisos ao mercado; Comunicados ao mercado; Anúncio de início de distribuição; Anúncio de encerramento de distribuição; e Edital de Oferta Pública de Aquisição de Ações - OPA. Art. 15 - A veiculação do Selo ANBIMA tem por finalidade exclusiva demonstrar o compromisso das instituições participantes em atender às disposições do presente Código, não cabendo qualquer responsabilidade à ANBIMA pelas informações constantes dos referidos documentos relativos às Ofertas Públicas, bem como pela qualidade da emissora e/ou ofertantes, das instituições participantes e/ou dos valores mobiliários objeto da Oferta Pública. Paragrafo unico - O selo ANBIMA será composto pela logomarca da ANBIMA acompanhada do seguinte texto: “A (O) presente oferta pública (programa) foi elaborada(o) de acordo com as normas de Regulação e Melhores Práticas para as Ofertas Públicas´de Distribuição e Aquisição de 634 Valores Mobiliários. O registro ou análise prévia da presente Oferta Pública não implica, por parte da ANBIMA, garantia da veracidade das informações prestadas ou julgamento sobre a qualidade da companhia emissora do(s) ofertantes(s), das instituições participantes, bem como sobre os valores mobiliários a serem distribuídos. Este selo não implica recomendação de investimento.” Art. 16 - A imposição das penalidades previstas no presente Código será dispensada se for reeditada a publicação e/ou divulgação, conforme o caso, com as devidas correções, até o 2º dia útil da publicação e/ou divulgação errada, com os mesmos padrões e através de meios ao menos iguais ou utilizados para a publicação e/ou divulgação original. Capítulo VIII Art. 17 - As peças publicitárias sobre Ofertas Públicas deverão ser obrigatoriamente veiculadas com o selo previsto no artigo 18 abaixo (Selo Publicidade) § 1º Não se confunde o Selo de Publicidade disciplinado neste Capítulo com Selo ANBIMA previsto no capítulo VII acima. § 2° Para os fins deste Código, entende-se por peça publicitária toda forma de comunicação sobre Ofertas Públicas e/ou Programa de Distribuição feita a investidores ou potenciais investidores, pelas instituições participantes e/ou pela emissora ou ofertantes, de forma impessoal e insdiscriminada, desde que tal comunicação seja fruto de uma estratégia mercadológica e realizada com objetivo comercial (Publicidade). São exemplos de Publicidade, sem limitação, quaisquer materiais publicados ou elaborados para uso em mídia pública, tais como jornais, revistas, internet e similares, ou materiais disponibilizados para o público em geral por meio de agências, outros locais públicos, mala direta ou demais materiais de publicidade. § 3º Não se caracterizam como Publicidade: ⯀ Materiais relacionados a dados cadastrais, destinados unicamente à comunicação de alterações de endereços, telefones, pessoal, denominação ou outras informações de simples referência para o investidor; ⯀ Materiais que restrinjam às informações obrigatórias, exigidas por lei ou norma expedida pelas autoridades reguladoras ou autorreguladoras, como, por exemplo, prospectos, formulário de referência, memorando, lâminas de nota promissória, avisos ao mercado, comunicados ao mercado, anúncios de início, anúncio de encerramento de distribuição, laudo de avaliação e edital de Oferta Pública de Aquisição de Ações - OPA; 635 ⯀ Informações que atendam a solicitações específicas de determinado investidor; ⯀ Materiais de cunho estritamente jornalístico, inclusive entrevistas, divulgadas em quaisquer meios de comunicação; ⯀ Anúncios em qualquer mídia pública que não tratem de Oferta Pública ou Programa de Distribuição específicos, ou que tratem de Oferta Pública ou Programa de Distribuição já concluídos; e ⯀ Documentos de suporte a apresentações oferecidas a investidores (material road show) § 4º - Especificamente quando se tratar de Publicidade eletrônica veiculada na internet, por meio de link ou banner, as instituições participantes devem disponibilizar, direta ou indiretamente, o prospecto da Oferta Pública e/ou o Programa de Distribuição. Art. 1 - O Selo de Publicidade composto pela logomarca da ANBIMA deverá conter o seguinte texto: “A(O) presente oferta pública (programa) foi elaborada(o) de acordo com as normas de Regulação e Melhores Práticas para as Ofertas Públicas de Distribuição e Aquisição de Valores Mobiliários. Art. 19 - As instituições participantes devem assegurar que toda Publicidade veiculada pela emissora e/ou ofertantes inclua o Selo de Publicidade, exceto aquelas veiculadas em rádio e/ou televisão. CÓDIGO ANBIMA DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS PARA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS DE TERCEIROS E DELIBERAÇÕES CORRELATAS - DEFINIÇÕES (CAPÍTULO I) Art 1º. Para os efeitos deste Código, entende-se por: Aderente: instituições que aderem ao Código e se vinculam à Associação por meio contratual, ficando sujeitas às regras específicas deste documento; Administração de Recursos de Terceiros: atividades de Administração Fiduciária, Gestão de Recursos de Terceiros e Gestão de Patrimônio Financeiro, quando referidas em conjunto, conforme definidas neste Código; Administração Fiduciária: conjunto de serviços relacionados direta ou indiretamente ao funcionamento e à manutenção do fundo, desempenhada por pessoa jurídica autori- 636 zada pela Comissão de Valores Mobiliários; Administrador Fiduciário: pessoa jurídica autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários para desempenhar a atividade de Administração Fiduciária; Análise de Perfil do Investidor: regras e procedimentos adotados pelas Instituições Participantes para identificar as necessidades econômico-financeiras, presentes e futuras, do investidor, suas expectativas, objetivos, tolerância a risco, necessidade de liquidez e horizonte de investimento; ANBIMA ou Associação: Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais; Apreçamento: consiste em precificar os ativos pertencentes à carteira dos Veículos de Investimento pelos respectivos preços negociados ao mercado em caso de ativos líquidos ou, quando este preço não é observável, por uma estimativa adequado de preço que o ativo teria em uma eventual negociação feita no mercado; asso Associada ou Filiada: instituições que se associam à ANBIMA, e passam a ter vínculo ciativo, ficando sujeita a todas as regras de autorregulação da Associação. Ativos Financeiros: valores mobiliários e ativos financeiros definidos pela Comissão de Valores Mobiliários e/ou pelo Banco Central do Brasil, bens e direitos de qualquer natureza; Ativos de Crédito Privado: ativos financeiros representativos de dívidas ou obrigações de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado e títulos cujos emissores sejam diferentes da União Federal ( não soberanas); Ativos Imobiliários: quaisquer ativos pelos quais ocorra a participação dos Fundos de Investimento Imobiliários nos empreendimentos imobiliários permitidos pela Regulação aplicável; Carta de Recomendação: documento expedido pela Supervisão de Mercados e aceitos pela Instituição Participante que contém as medidas a serem adotadas a fim de sanar a(s) infração(ões) de pequeno potencial de dano e de fácil reparabilidade cometida(s) pelas Instituições Participantes, conforme previsto neste Código; Carteira Administrada: carteira administrada regulada pela Instrução CVM n° 558, de 26 de março de 2015, e suas alterações posteriores; Cedente: aquele que realiza a Cessão de Direitos Creditórios para o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios; 637 Cessão de Direitos Creditórios: a transferência pelo Cedente, credor originário ou não, de seus Direitos Creditórios para o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios, mantendo-se inalterados os restantes elementos da relação obrigacional; Código: Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros; Código ANBIMA: Códigos ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas; Código de Certificação: Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para o Programa de Certificação Continuada; Código de Distribuição: Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para a Distribuição de Produtos de Investimento; Código dos Processos: Código ANBIMA dos Processos de Regulação e Melhores Práticas; Código de Serviços Qualificados: Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para os Serviços Qualificados ao Mercado de Capitais; Consolidação de Ativos: serviço prestado a investidores que representa a consolidação de ativos ou carteiras mediante contrato específico, por meio, do qual o prestador de serviços consolida informações sobre os diversos investimentos mantidos pelo cliente e os consolida por meio de relatórios periódicos. Esta atividade não é definida como carteira administrada e não está sujeita às disposições do anexo V deste Código, devendo o prestador de serviços de consolidação obter, conforme o caso e segundo o escopo contratado, eventuais licenças necessárias para a prestação de tais serviços. Comissão de Acompanhamento: Organismo de Supervisão com competências definidas no artigo 60 deste Código; Conglomerado ou Grupo Econômico: conjunto de entidades controladoras diretas ou indiretas, controladas, coligadas ou submetidas a controle comum; Conheça seu Cliente: regras e procedimentos adotados pelas Instituições Participantes para conhecer seus investidores; Conselho de Recursos de Terceiros: Organismo de Supervisão com competÊncias definidas no artigo 67 deste Código; Coobrigação: é a obrigação contratual ou qualquer outra forma de retenção substancial dos riscos de crédito do ativo adquirido pelo Fundo assumida pelo Cedente ou 638 terceiro, em que os riscos de exposição à variação do fluxo de caixa do ativo permaneçam com o Cedente ou terceiro; Desenquadramento: descumprimento dos limites de concentração e diversificação da carteira dos Veículos de Investimento, assim como todas as vedações e restrições inclusas nos Documentos dos Veículos de Investimento, não compreendendo os limites de risco descritos na seção IV do capítulo VIII deste Código que por ventura estejam previstos no regulamento dos Fundos ou nos contratos de Carteira Administrada, conforme o caso; Diretoria: diretoria da ANBIMA eleita nos termos do estatuto social da Associação; Direitos Creditórios: os direitos e títulos representativos de crédito, originários de operações realizadas nos segmentos financeiro, comercial, industrial, imobiliário, de hipotecas, de arrendamento mercantil e de prestação de serviços e os warrants, contratos e demais títulos referidos pela Regulação em vigor; Documento dos Veículos de Investimento: são os documentos oficiais exigidos pela Regulação específica em vigor dos Veículos de Investimento; Fundo de Investimento ou Fundo: comunhão de recursos constituído sob a forma de condomínio, destinada à aplicação em ativos financeiros; Fundo Aberto: Fundo constituído sob a forma de condomínio aberto, em que os investidores podem solicitar o resgate de suas cotas em conformidade com o disposto no regulamento do Fundo; Fundo Exclusivo: Fundo destinado exclusivamente a um único investidor profissional, nos termos da Regulação em vigor; Fundo Fechado: Fundo constituído sob a forma de condomínio fechado´em que as cotas somente são resgatadas ao término do prazo de duração do fundo; Fundo Reservado: Fundo destinado a um grupo determinado de investdores que tenham entre si vínculo familiar, societário ou que pertençam a um mesmo conglomerado ou Grupo Econômico, ou que, por escrito determinem essa condição; FII: Fundo de Investimento Imobiliário, regulados pela Instrução CVM n°472, de 31 de outubro de 2008, e suas alterações posteriores; FLP: Fundos de Investimento em Participações regulados pela Instrução CVM nº 472, de 31 de outubro de 2008, e suas alterações posteriores; FIP: Fundos de Investimento em Participações regulados pela Instrução CVM n° 639 578, de 30 de agosto de 2016, e suas alterações posteriores; Fundo 555: Fundo de Investimento regulado pela Instrução CVM N° 555, de 17 de dezembro de 2014, e suas alterações posteriores; Fundo de Índice: Fundos de Índices de Mercado regulados pela Instrução CVM n° 359, de 22 de janeiro de 2002, e suas alterações posteriores; Gestão de Patrimônio Financeiro ou Gestão de Patrimônio: gestão profissional dos ativos financeiros integrantes da carteira dos Veículos de Investimento, com foco individualizado nas necessidades financeiras do investidor e desempenhada por pessoa jurídica autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários; Gestão de Recursos de Terceiros: gestão profissional dos ativos financeiros integrantes da carteira dos Veículos de Investimento; Gestor de Patrimônio: Gestor de Recursos que desempenha a Gestão de Recursos de Terceiros e, adicionalmente a esta atividade, desempenha a atividade de Gestão de Patrimônio Financeiro; Gestor de Recursos de Terceiros ou Gestor de Recursos: pessoa jurídica autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários a desempenhar a atividade de Gestão de Recursos de Terceiros; ICVM 400: Instrução CVM n° 400, de 29 de dezembro de 2003, e suas alterações posteriores, que dispõe sobre as ofertas públicas de distribuição de valores mobiliários, nos mercados primário ou secundário; ICVM 588: Instrução CVM n° 558, de 26 de março de 2015, e suas alterações posteriores, que dispõe sobre o exercício profissional de administração de carteiras de valores mobiliários; Instituições Participantes: instituições Associadas à ANBIMA, ou instituições Aderentes a este Código; Material Publicitário: material sobre os Veículos de Investimento ou sobre a(s) atividade(s) de Administração Fiduciária, Gestão de Recursos de Terceiros e/ou Gestão de Patrimônio divulgado pelas Instituições Participantes por qualquer meio de comunicação disponível, que seja destinado a investidores ou potenciais investidores com o objetivo de estratégia comercial e mercadológica, podendo mencionar a rentabilidade dos Veículos de Investimento; Material Técnico: material sobre os Fundos de Investimento, divulgado pelas 640 Instituições Participantes por qualquer meio de comunicação disponível, que seja destinado a investidores ou potenciais investidores com o objetivo de dar suporte técnico a uma decisão de investimento, devendo conter, no mínimo, as informações previstas no artigo 24 do anexo I desse Código; Organismo de Supervisão: em conjunto, Conselho de Recursos de Terceiros, Comissão de Acompanhamento e Supervisão de Mercados; Plano de Continuidade de Negócios: plano de contingência, continuidade de negócios e recuperação de desastres que assegurem a continuidade das atividades da Instituição Participante e a integridade das informações processadas em sistemas sob sua responsabilidade e interfaces com sistemas de terceiros; Regulação: normas legais e infralegais aplicáveis às atividades de Administração de Recursos de Terceiros; Relação Fiduciária: relação de confiança e lealdade que se estabelece entre os investidores e a Instituição Participante no momento em que lhe é confiada a prestação de serviço para a qual foi contratada. Supervisão de Mercados: Organismo de Supervisão com competências definidas no artigo 57 deste Código; Termo de Compromisso: instrumento pelo qual a Instituição Participante compromete-se perante a ANBIMA a cessar e corrigir os atos que possam caracterizar indícios de irregularidades em face deste Código; e Veículo de Investimento: Fundos de Investimento e Carteiras Administradas constituídos localmente com o objetivo de investir recursos obtidos junto a um ou mais investidores. Capítulo II Art. 3° Este Código se destina às instituições que desempenham o exercício profissional de Administração Fiduciária, Gestão de Recursos de Terceiros e Gestão de Patrimônio Financeiro de Veículos de Investimento. § 1º A observância das normas deste Código é obrigatória para as Instituições Participantes; § 2º As Instituições Participantes devem assegurar que o presente Código seja também observado por todos os integrantes de seu Conglomerado ou Grupo Econômico que 641 estejam autorizados, no Brasil, a desempenhar o exercício profissional de Administração Fiduciária, Gestão de Recursos de Terceiros e Gestão de Patrimônio Financeiro. § 3º A obrigação prevista no parágrafo acima não implica o reconhecimento, por parte das Instituições Participantes, da existência de qualquer modalidade de assunção, solidariedade ou transferência de responsabilidade entre estes integrantes, embora todas as referidas entidades estejam sujeitas às regras e princípios estabelecidos pelo presente Código. § 4º As Instituições Participantes estão dispensadas de observar o disposto neste Código para: ⯀ Clubes de Investimento e FIP, sendo esse último autorregulado pelo Código ABVCAP/ ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas; ⯀ Gestores de Recursos, suja instituição tenha sido dispensada nos termos da Deliberação CVM n° 764 de 4 de abril de 2017; ⯀ Gestores de Recursos de Terceiros Pessoa Física; e ⯀ Fundos de Investimento cujo patrimônio líquido seja composto, exclusivamente, por recursos próprios do Gestor de Recursos ou, no caso de instituições financeiras, de seu Conglomerado ou Grupo Econômico, de acordo com a dispensa concedida pelo regulador a cada instituição. Art. 4° As instituições Participantes submetidas à ação reguladora e fiscalizadora do Conselho Monetário Nacional, do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Mobiliários, concordam, expressamente, que as atividades de Administração Fiduciária, Gestão de Recursos de Terceiros excedam o limite de simples observância da Regulação que lhes são aplicáveis, devendo, dessa forma, submeter-se também aos procedimentos estabelecidos por este código. Parágrafo único: O presente Código não se sobrepõe à Regulação vigente, ainda que venham a ser editadas normas, após o início de sua vigência, que não sejam contrárias às disposições ora trazidas, de maneira que deve ser desconsiderada, caso haja condição entre as regras estabelecidas neste Código e a Regulação em vigor, a respectiva disposição deste Código, sem prejuízo das demais regras nele contidas. Capítulo IV Art. 6º As Instituições Participantes devem: I. Exercer suas atividades com boa-fé, transparência, diligência e lealdade; 642 II. Cumprir todas as suas obrigações, devendo empregar, no exercício de suas atividades, o cuidado que toda pessoa prudente e diligente costuma dispensar à administração de seus próprios negócios, respondendo por quaisquer infrações ou irregularidades que venham a ser cometidas; III. Nortear a prestação das atividades pelos princípios de liberdade de iniciativa e da livre concorrência, evitando a adoção de práticas caracterizadoras de concorrência desleal e/ ou de condições não equitativas, respeitando os princípios de livre negociação. IV. Evitar quaisquer práticas que infrinjam ou estejam em conflito com as regras e princípios contidos neste Código e na Regulação em vigor; V. Adotar condutas compatíveis com os princípios de idoneidade moral e profissional; VI. Evitar práticas que possam vir a prejudicar a Administração de Recursos de Terceiros e seus participantes, especialmente no que tange aos deveres e direitos relacionados às atribuições específicas de cada uma das Instituições Participantes estabelecidas em contratos, regulamentos, neste Código e na Regulação vigente; VII. Envidar os melhores esforços para que todos os profissionais que desempenham funções ligadas à Administração de Recursos de Terceiros atuem com imparcialidade e conheçam o código de ética da Instituição Participante e as normas aplicáveis à sua atividade; VIII. Identificar, administrar e mitigar eventuais conflitos de interesses, nas respectivas esferas de atuação, que possam afetar a imparcialidade de pessoas que desempenhem funções ligadas à Administração de Recursos de Terceiros; IX. Evitar práticas que possam ferir a Relação Fiduciária mantida com os investidores. X. Desempenhar suas atribuições buscando atender aos objetivos descritos nos Documentos dos Veículos de Investimento e na Regulação em vigor, bem como promover a divulgação de informação a eles relacionadas, inclusive no que diz respeito à remuneração por seus serviços, visando sempre ao fácil e correto entendimento por parte dos investidores; e XI. Transferir ao Veículo de Investimento qualquer benefício ou vantagem que possa alcançar em decorrência de sua condição como Administrador Fiduciário, Gestor de Recursos e/ou Gestor de Patrimônio, observada a exceção prevista na norma específica de Fundos. Art 7° São considerados descumprimento às obrigações e princípios deste Código não apenas a inexistência das regras e procedimentos aqui exigidos, mas também a sua não implementação ou implementação inadequada para os fins previstos neste Código. 643 Parágrafo único. São evidências de implementação inadequada das regras e procedimentos estabelecidos neste Código: A retirada ocorrência de falhas, não sanadas nos prazos estabelecidos; e A ausência de mecanismo ou evidência que demonstre a aplicação dos procedimentos estabelecidos por este Código. Art. 8° É vedado, nos casos dos Fundos de Investimento em cotas de Fundos de Investimento que invistam mais de 95% de seu patrimônio em um único Fundo, a utilização de qualquer instituto jurídico ou estrutura de produto cuja implicação econômica, de forma direta ou indireta, resulte em desconto, abatimento ou redução artificial de taxa de administração, performance e/ou qualquer outra taxa que venha a ser cobrada pela indústria de Fundos de Investimento. Capítulo VI - Seção I - Regras Gerais Art. 18. As Instituições Participantes podem contratar, quando aplicável e sem prejuízo de suas responsabilidades, terceiros devidamente habilitados e autorizados para distribuir seus Produtos de Investimento e/ou prestar suporte à atividade de Distribuição de Produtos de Investimento. §1º. As Instituições Participantes devem implementar e manter, em documento escrito, regras e procedimentos para seleção, contratação e supervisão dos terceiros contratados que sejam consistentes e passíveis de verificação e que contenham, no mínimo: I. Procedimentos prévios à contratação: a. Processo interno para seleção e contratação do terceiro, indicando as áreas internas envolvidas nesse processo; e b. Processo de diligência adotado nos casos de contratação de terceiros para atividades que não possuam questionário ANBIMA de Due Diligence, observado o parágrafo 2º deste artigo; II. Procedimentos pós-contratação: a. Áreas responsáveis pela supervisão dos terceiros contratados; b. Processo adotado para supervisionar o terceiro contratado; e 644 c. Processo adotado para tratar as não conformidades e ressalvas identificadas. §2º. Em seu processo de contratação de terceiros, a Instituição Participante deve exigir que o terceiro contratado, para desempenhar a atividade de Distribuição de Produtos de Investimento, responda ao questionário ANBIMA de Due Diligence para Distribuição de Produtos de Investimento, conforme modelo disponibilizado pela Associação em seu site na internet, sem prejuízo da solicitação de informações adicionais a critério da Instituição Participante. §3º. Deve constar do documento previsto no parágrafo 1º deste artigo a metodologia de supervisão baseada em risco adotada pela Instituição Participante, nos termos do parágrafo único do artigo 22 deste Código, com o objetivo de garantir que as medidas de supervisão, prevenção ou mitigação sejam proporcionais aos riscos identificados. §4º O processo de contratação e supervisão do terceiro deve ser efetuado visando o melhor interesse dos Fundos de Investimento, em especial nos casos em que haja ligação direta ou indireta entre o contratado e demais prestadores de serviços, ou serviços, ou investidores na hipótese de potenciais conflitos de interesse. §5º As Instituições Participantes devem, para cumprimento das exigências previstas neste artigo, observar o porte da empresa contratada, o volume de transações, bem como a criticidade da atividade, buscando agir com razoabilidade e bom senso. § 6° As Instituições Participantes devem zelar, ao contratar terceiros que pertençam ao seu Conglomerado ou Grupo Econômico, ou ao Conglomerado ou Grupo Economico dos Investidores dos Fundos de Investimento, para que as operações observem condições estritamente comutativas. §7º Estão dispensadas da obrigatoriedade prevista neste artigo as empresas que pertençam ao mesmo Conglomerado ou Grupo Econômico da Instituição Participante, desde que observado o disposto no parágrafo anterior. §8° Cabe à Diretoria regulamentar as regras e procedimentos referentes a contratação de terceiros quando o Fundo realizar investimentos no exterior. Art. 19. A contratação de terceiros deve ser formalizada em contrato escrito e deve prever, no mínimo: I. As obrigações e deveres das partes envolvidas; II. A relação e as características dos serviços que serão contratados e exercidos por cada uma das partes; 645 III. A obrigação de cumprir suas atividades em conformidade com as disposições previstas neste Código e na Regulação em vigor específica, no que aplicável, para cada tipo de Fundos de Investimento; e IV. Que os terceiros contratados devem, no limite de suas atividades, deixar à disposição do Administrador Fiduciário todos os documentos e informações exigidos pela Regulação em vigor que sejam necessários para a elaboração de documentos e informes periódicos obrigatórios, salvo aqueles considerados confidenciais, nos termos da Regulação em vigor. Art. 20 Sem prejuízo do disposto na Regulação em vigor, as Instituições Participantes, responderão por prejuízos decorrentes de atos e omissões próprios a que derem causa, sempre que agirem de forma contrária ao disposto neste Código. Seção II - Contratação de Terceiros pelo Administrador Fiduciário Art. 21 O Administrador Fiduciário, ao contratar os terceiros em nome dos Fundos de Investimento, deve observar que: Os Gestores de Recursos devem, obrigatoriamente, ser Associados ou Aderentes a este Código, ressalvado o disposto no parágrafo 4° do artigo 3° deste Código; O custodiante, o escriturador e o controlador devem, obrigatoriamente, ser Associados ou Aderentes ao Código de Serviços Qualificados; e Os demais prestadores de serviços que tiverem suas atividades autorregulados pela ANBIMA e não forem Associados ou Aderentes aos Códigos ANBIMA devem, obrigatoriamente, ser classificados como de alto risco e ser supervisionados, no mínimo, a cada 12 meses, nos termos do parágrafo único do artigo 23 este Código. §1° A classificação de que trata o inciso III do caput deve ser realizada apenas nas hipóteses de contratação de terceiros em nome dos Fundos de Investimento que possuem suas atividades autorreguladas pela ANBIMA. §2° O Administrador Fiduciário, o Gestor de Recursos e o Gestor de Patrimônio que efetuar a distribuição de cotas de seus próprios Fundos, nos temos permitidos pela Comissão de Valores Mobiliários, deve cumprir com o disposto no Código de Distribuição, observando o parágrafo 4° do artigo 67 deste Código. 646 Seção III - Contratação de Terceiros pelo Gestor de Recursos Art. 22 O Gestor de Recursos, ao contratar em nome dos Fundos as Corretoras de Títulos e Valores e as Corretoras de Câmbio (“Corretoras”) deve observar o disposto da seção I deste capítulo, e estabelecer no documento previsto no parágrafo 1° do artigo 18 deste Código, no mínimo: Critérios adotados para a escolha das Corretoras que busquem o melhor interesse para os investidores; e Como será dado aos investidores transparência sobre os eventuais recebimentos de serviços adicionais fornecidos pelas Corretoras em razão de sua contratação e relacionamento. Capítulo VI - Seção IV - Supervisão Baseada em Risco para os Terceiros Contratados Art. 23 A supervisão baseada em risco tem como objetivo destinar maior atenção aos terceiros contratados que demonstrem maior probabilidade de apresentar falhas em sua atuação ou representem potencialmente um dano maior para os investidores e para a integridade do mercado financeiro e de capitais. Parágrafo único: As Instituições Participantes devem elaborar metodologia para supervisão baseada em risco dos terceiros contratados, a qual deve conter, no mínimo: ⯀ Classificação dos terceiros contratados por grau de risco, indicando os critérios utilizados para esta classificação, segmentando-os em baixo, médio e alto risco; ⯀ Descrição de como serão realizadas as supervisões para cada segmento, de baixo, médio e alto risco, e sua periodicidade, que não poderá ser superior a 36 meses; e ⯀ Previsão de reavaliação tempestiva dos terceiros contratados, na ocorrência de qualquer fato novo, ou alteração significativa que a critério da Instituição Participante justifique a referida reavaliação. Art. 24 A Instituição Participante que contratar terceiros não Associados ou Aderentes deve, além de classificá-los em sua metodologia como de alto risco, nos termos do inciso II do artigo 21 deste Código, adotar, para esses prestadores, critérios adicionais para supervisão. 647 Capítulo VII Art. 25 A Administração Fiduciária compreende o conjunto de serviços relacionados direta ou indiretamente ao funcionamento e à manutenção dos Fundos de Investimento, devendo o Administrador Fiduciário fazê-lo de acordo com o disposto neste Código e na Regulação vigente. Seção I - Obrigações Gerais do Administrador Fiduciário Art. 26 O Administrador Fiduciário é o responsável pela: I.Constituição, administração, funcionamento e divulgação de informações dos Fundos; II.Elaboração de todos os documentos relacionados aos Fundos, devendo observar, durante a elaboração, a Regulação aplicável a cada tipo de Fundo de Investimento; III.Supervisão das regras, procedimentos e controles da gestão de risco implementada pelo Gestor de Recursos, conforme seção IV do capítulo VIII deste Código; IV. Supervisão dos limites de investimento das carteiras dos Fundos, nos termos da seção II deste capítulo; V. Supervisão dos terceiros contratados, conforme capítulo VI deste Código; e VI. Gestão do risco de liquidez, que deve ser feita em conjunto com o Gestor de Recursos, nos termos da Regulação vigente e conforme o previsto no contrato de prestação de serviço. Capítulo VII -Seção II - Limites de Investimento dos Fundos Art. 27 Sem prejuízo das obrigações aplicáveis ao Gestor de Recursos, o Administrador Fiduciário deve supervisionar os limites de investimento das carteiras dos Fundos, de forma a verificar sua aderência às regras, restrições e vedações previstas em seus regulamentos, assim como na Regulação vigente. §1° O administrador Fiduciário deverá adotar processo diário de verificação do disposto no caput após a realização das operações com base no patrimônio líquido dos Fundos de 648 Investimento com no máximo uma dia útil de defasagem. §2° Caso haja desenquadramento aos limites de investimento das carteiras dos Fundos nos termos do caput, o Administrador Fiduciários deve formalizá-lo ao Gestor de Recursos para que este informe detalhadamente o motivo que o ensejou, assim como o plano de ação com o prazo para o reenquadramento. §3° Havendo o desenquadramento aos limites de investimento permitidos pela carteira dos Fundos, o Administrador Fiduciário deve, no limite de suas atribuições, diligenciar junto ao Gestor de Recursos para que o reenquadramento seja realizado. Art.28 Caso haja desenquadramento aos limites de investimentos permitidos pela carteira dos Fundos, o Administrador Fiduciário deve avaliar se este desenquadramento pode afetar a condição tributário dos investidores ou se é fator determinante na decisão de investimento de potenciais investidores ou desinvestimento de investidores atuais. §1° Caso a avaliação de desenquadramento indique alguma das consequências previstas no caput, o Administrador Fiduciário deve ser diligente e dar transparência da situação para os investidores e para os demais prestadores de serviços envolvidos no processo de distribuição das cotas do Fudo por ele contratados, e decidir, no mínimo, pelas seguintes medidas, caso sejam aplicáveis: ⯀ Divulgação de fato relevante; ⯀ Necessidade de fechamento do Fundo à captação de novos recursos enquanto perdurar o desenquadramento; e/ou ⯀ Outras medidas que julgar cabíveis para dar transparência aos investidores, como, por exemplo, a declaração de do investidor nos documentos de adesão ao Fundo atestando que está ciente do desenquadramento existente. §2° Nos casos em que o desenquadramento tenha ocorrido em razão de fatores exógenos e alheios à vontade do Gestor de Recursos, e/ou não caiba o uso das situações previstas na Regulação vigente (liquidação, incorporação), o Administrador Fiduciário deve, além de decidir pelas medidas previstas no parágrafo acima, atualizar, semestralmente, os investimentos a respeito da situação do desenquadramento e da evolução do plano de ação apresentado, por meio de assembleia ou qualquer outro meio de comunicação previsto no regulamento do Fundo. Art. 29. Quando da transferência do serviço de Administração Fiduciária e/ou Gestão de Recursos de Terceiros, o Administrador Fiduciário deve informar tempestivamente por escrito à nova instituição que fará a Administração Fiduciária e/ou Gestão de Recursos de Terceiros se há desenquadramento em relação aos limites de investimento permitdos pela carteira do Fundo e/ou pela Regulação vigente, sem prejuízo da prévia e criteriosa 649 avaliação, pela instituição que irá receber o Fundo, para identificação de possíveis desenquadramentos. Parágrafo único: Caso o desenquadramento afete a condição tributária do Fundo e/ou seja fator determinante na decisão de investimento de investidores ou potenciais investidores, o Administrador Fiduciário responsável pela elaboração da ata da assembleia que deliberar pela transferência da Administração Fiduciária e/ou Gestão de Recursos de Terceiros, deve registrar a existência e a causa do desenquadramento do Fundo, devendo, ainda registrar a existência e a causa do desenquadramento do Fundo, devendo, ainda registrar o plano de ação proposto pela nova instituição que fará a Administração Fiduciária e/ou Gestão de Recursos de Terceiros e o prazo para reenquadramento informado pelo Gestor de Recursos. Art. 30 Cabe à Diretoria regulamentar as regras e procedimentos referentes aos limites de investimento e desenquadramento dos Fundos. CÓDIGO ANBIMA DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS PARA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS DE TERCEIROS E DELIBERAÇÕES CORRELATAS - ANEXO I FUNDOS DE INVESTIMENTO 555 (CAPÍTULOS III A VIII) Capítulo III - Documentos e informações dos fundos 555 Art 7° O Administrador Fiduciário deve tomar providências para que sejam disponibilizados aos investidores os documentos relacionados ao Fundo 555 e suas informações periódicas a partir de seu ingresso nos termos termos da Regulação aplicável. Art. 8° Os documentos devem conter as principais características do Fundo 555, dentre as quais as informações relevantes aos investidores sobre políticas de investimento, taxas e riscos envolvidos, bem como seus direitos e responsabilidades. Seção I- Lâmina de Informações Essenciais Art. 9° O Administrador Fiduciário do Fundo 555 aberto que não seja destinado exclusivamente a investidores qualificados deve elaborar lâmina de informações essenciais na forma do disposto na Regulação vigente. 650 Parágrafo único: Cabe à Diretoria regulamentar as regras e procedimentos referentes à elaboração da escala de risco para a lâmina de informações essenciais. Capítulo IV - Risco de liquidez Art. 10 O Gestor de Recursos, em conjunto com o Administrador Fiduciário, é o responsável pela gestão do risco de liquidez dos Fundos 555, na forma do disposto na Regulação vigente. Parágrafo único: A gestão do risco de liquidez deve ser aplicada a todos os ativos financeiros integrantes da carteira de investimentos dos Fundos 555 abertos. Art. 11 Cabe à diretoria regulamentar as regras e procedimentos referentes aos risco de liquidez dos fundos 555. Capítulo V - Gestão de Crédito Privado Art. 12. O Gestor de Recursos é o responsável pela gestão do crédito da carteira dos Fundos 555, e deve manter e implementar, em documento escrito, regras e procedimentos que descrevam os controles adotados para a gestão da qualidade dos créditos financeiros,contendo, no mínimo: I. Responsável(is) pela análise e gestão de crédito com definição de responsabilidades; II. Procedimentos adotados para aquisição e monitoramento dos créditos; III. Procedimentos adotados para controlar os limites de crédito por emissor aprovados nas carteiras de investimento, respeitando os respectivos regulamentos dos Fundos 555; e IV. Governança adotada e tratativas implementadas quando houver descumprimentodos limites de crédito. §1º. A estrutura organizacional do Gestor de Recursos deve ser compatível com a natureza e com a complexidade das operações de crédito que se pretenda adquirir para as carteiras dos Fundos geridos. §2º. Sem prejuízo de sua responsabilidade, o Gestor de Recursos pode contratar terceiros para auxiliar na avaliação ou no acompanhamento do crédito privado dos Fundos 555, 651 devendo realizar, para esta contratação, prévia e criteriosa análise e seleção dos contratados. §3º. A gestão dos Ativos de Crédito Privado integrantes da carteira dos Fundos 555 não pode ser terceirizada, conforme previsto no capítulo VIII do Código. §4º. O documento de que trata o caput deve ser revisto de forma periódica e, sempreque as condições, ambiente e pressupostos nos quais ele se baseia se alterarem de forma significativa e relevante, seu conteúdo deve ser readequado. Art. 13. Sem prejuízo de suas responsabilidade, o Gestor de Recursos pode constituir comitê ou organismo de crédito que seja responsável por aprovar as aquisições e monitoramento de ativos de crédito para os Fundos 555. Parágrafo único. Caso seja instaurado, o comitê ou organismo de que trata o caput deve: I. Estabelecer forma de reporte, incluindo hierarquia e alçada; II. Definir a periodicidade em que as reuniões serão realizadas; III. Documentar as decisões e deliberações tomadas; e IV. Arquivar os documentos que fundamentaram as decisões Art. 14. O Gestor de Recursos, ao adquirir crédito privado para os Fundos 555 sob sua gestão, deve, no mínimo: I. Verificar, previamente à aquisição, a compatibilidade do crédito que se pretende adquirir com a política de investimento dos Fundos 555 e com a Regulação vigente; II. Avaliar a capacidade de pagamento do devedor e/ou de suas controladas, bem como a qualidade das garantias envolvidas, caso existam; III. Definir limites para investimento em Ativos de Crédito Privado, tanto para os Fundos 555 quanto para o Gestor de Recursos (instituição gestora/pessoa jurídica), quando aplicável, e para emissores ou contrapartes com características semelhantes; IV. Considerar, caso a caso, a importância da combinação de análises quantitativas e qualitativas e, em determinadas situações, utilizar métricas baseadas nos índices financeiros do devedor, acompanhadas de análise, devidamente documentada; V. Realizar investimentos em Ativos de Crédito Privado somente se tiver tido acesso às informações necessárias para a devida análise de risco de crédito para compra e acompanhamento do ativo; 652 VI. Observar, em operações envolvendo empresas do Conglomerado ou Grupo Econômico do Gestor de Recursos e/ou do Administrador Fiduciário do Fundo 555, os mesmos critérios utilizados em operações com terceiros, mantendo documentação de forma a comprovar a realização das operações em bases equitativas e livre de conflitos de interesse; e VII. Investir em Ativos de Crédito Privado apenas de emissores pessoas jurídicas que tenham suas demonstrações financeiras auditadas, anualmente, por auditor independente autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários e/ou Banco Central do Brasil. §1º. Sem prejuízo do disposto no inciso VII acima, o Gestor de Recursos pode investir em Ativos de Crédito Privado de empresas que não tenham suas demonstrações financeiras auditadas em razão de terem sido constituídas em prazo inferior a um ano, desde que seja diligente e que o ativo contenha cláusula de vencimento antecipado para execução, caso não obtenha as demonstrações financeiras da empresa auditadas após um ano de constituição. §2º. Excetua-se da observância do disposto no inciso VII do caput o ativo de crédito privado que conte com: I. Cobertura integral de seguro; ou II. Carta de fiança ou aval; ou III. Coobrigação integral por parte de instituição financeira ou seguradoras ou empresas que tenham suas demonstrações financeiras auditadas anualmente por auditor independente autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários. §3º. O Gestor de Recursos deve realizar, nas hipóteses previstas no parágrafo 2º acima, os mesmos procedimentos de análise de risco de crédito descritos nesta seção para a empresa seguradora, fiadora ou avalista da operação. §4º. O rating e a súmula do ativo ou do emissor fornecido por agência classificadora de risco, quando existir, deve ser utilizado como informação adicional à avaliação do risco de crédito e dos demais riscos a que devem proceder, e não como condição suficiente para sua aquisição e monitoramento. §5º. É recomendável que as instituições estabeleçam rating interno para classificação de risco de crédito dos ativos adquiridos pelo Gestor de Recursos. Art. 17. O Gestor de Recursos deve implementar e manter processo de monitoramento dos Ativos de Crédito Privado adquiridos de modo a acompanhar os riscos envolvidos na operação, bem como a qualidade e capacidade de adimplemento do crédito e de execução das garantias enquanto o ativo permanecer na carteira de investimento do Fundo 555. 653 Art. 18. O Gestor de Recursos deve avaliar periodicamente a qualidade de crédito dos principais devedores/emissores dos ativos de crédito adquiridos pelos Fundos 555, com periodicidade de revisão proporcional à qualidade de crédito - quanto pior a qualidade, mais curto deve ser o intervalo entre as reavaliações - e/ou à relevância do crédito para a carteira, sendo necessário documentar todas as reavaliações realizadas. Parágrafo único. As avaliações de que trata o caput devem ser formalizadas e ficar disponíveis para o Administrador Fiduciário e para a ANBIMA, sempre que solicitadas, pelos prazos previstos neste Código e na Regulação vigente. Art. 19. As práticas relacionadas à aquisição e monitoramento dos Ativos de Crédito Privadodescritas nas seções I e II deste capítulo, podem ser aplicáveis de forma mitigada, desde que envolvam emissores listados em mercados organizados e levem em consideração a complexidade e a liquidez do ativo, a qualidade do emissor e a representatividade do ativo nas carteiras de investimento. §1º. A análise da relevância das práticas a serem adotadas é de responsabilidade do Gestor de Recurso, inclusive no que concerne às disposições da Regulação vigente aplicável a cada tipo de Fundo. §2º. Os critérios que ensejam a adoção de procedimentos diferenciados, nos termos do caput, devem ser passiveis de verificação e estar claramente descritos no documento previsto no artigo 13 deste anexo, e devem, também, estar em consonância com os princípios gerais de conduta previstos no capítulo IV do Código. Capítulo VIII Art. 31 A Gestão de Recursos de Terceiros consiste na gestão profissional dos ativos financeiros integrantes das carteiras dos Veículos de Investimento, nos termos estabelecidos nos Documentos dos Veículos de Investimento, neste Código e na Regulação vigente. §1° A gestão dos Veículos de Investimento deve ser exercida por profissional devidamente habilitado e autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários para o exercício da atividade de Gestão de Recursos de Terceiros, ressalvado o disposto no parágrafo 4° do artigo 3° deste Código. §2° Os profissionais que exerçam a atividade de Gestão de Recursos Terceiros e possuam alçada de decisão sobre o investimento, desinvestimento e manutenção dos ativos financeiros integrantes das carteiras dos Veículos de Investimento devem estar devidamente certificados, nos termos do Código de Certificação, ressalvado o disposto no parágrafo 4° 654 do artigo 3° deste Código. §3° A Gestão de Recursos de Terceiros realizada com a utilização de sistemas automatizados ou algoritmos está sujeita às obrigações e regras previstas neste Código. Seção I - Obrigações Gerais do Gestor de Recursos de Terceiros Art. 32 O Gestor de Recursos é o responsável: I. Pelas decisões de investimento, manutenção e desinvestimento, segundo a política de investimento e demais características do Veículo de Investimento estabelecidas nos Documentos dos Veículos de Investimento, conforme aplicável; II. Pelas ordens de compra e venda de ativos financeiros e demais modalidades operacionais; III. Pelo envio das informações relativos aos negócios realizados pelos Veículos de Investimento ou Administrador Fiduciário ou ao terceiro contratado para essa atividade, quando aplicável; IV. Pela negociação, alocação e rateio de ordens dos Veículos de Investimento, quando aplicável; V. Pelo enquadramento aos limites de investimento da carteira dos Veículos de Investimento, observado o disposto nos Documentos dos Veículos de Investimento e na Regulação vigente; VI. Pelo processo de prevenção à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo dos ativos financeiros adquiridos pelos Veículos de Investimento; VII. Pelo controle de risco dos Veículos de Investimento, incluindo, mas não se limitando à gestão do risco de liquidez, risco de mercado e risco de crédito, bem como ao enquadramento dos Veículos de Investimento aos limites de risco estabelecidos nos Documentos dos Veículos de Investimento e/ou em suas regras de risco; e VIII. Para garantir que as operações realizadas pelos Veículos de Investimento tenham sempre propósitos econômicos compatíveis com os Documentos dos Veículos de Investimento, e estejam em consonância com os princípios gerais de conduta previstos neste Código. 655 Art. 33 O Gestor de Recursos deve estabelecer procedimentos para o controle e monitoramento das operações realizadas entre os Veículos de Investimento sob a mesma gestão, com critérios que busquem mitigar eventuais conflitos de interesse e assimetria entre os Veículos de Investimentos. Capítulo VIII - Seção II - Limites de Investimento dos Veículos de Investimento Art. 34 O Gestor de Recursos deve manter os limite de investimento das carteiras dos Veículos de Investimento em aderência às regras, restrições e vedações previstas nos Documentos dos Veículos de Investimento e na Regulação vigente, observado, também o disposto no artigo 29 deste Código. §1° O Gestor de Recursos deve observar a adequação dos ativos financeiros à carteira dos Veículos de Investimento previamente à realização das operações, levando em consideração as estratégias de investimento dos Veículos de Investimento, seus limites de risco e as regras previstas nos Documentos dos Veículos de Investimento e na Regulação vigente. §2° Havendo desenquadramento passivo aos limites de investimento das carteiras dos Veículos de Investimento e/ou com a Regulação vigente. §3° É vedada a utilização de qualquer instituto jurídico, estrutura de produto ou a aquisição de ativos financeiros que, se aplicados diretamente, descumpririam com a política de investimento dos Veículos de Investimento e/ou com a Regulação vigente. §4° Quando da transferência da atividade de Gestão de Recursos de Terceiros, a instituição que irá receber o Fundo deverá, na esfera de suas responsabilidades, obsercar o disposto no artigo 29 deste Código. Art. 35 O Gestor de Recursos que investir em Fundos de Investimento geridos por terceiros está dispensado, para o Fundo investidores, de consolidar a carteira dos Fundos investidos, devendo, porém, caso tenha ciência de que os Fundos investidos estejam desenquadrados, verificar se este evento acarretou desenquadramento no Fundo investidor. Parágrafo único: Caso o Fundo investidor tenha desenquadrado, nos termos do caput, o Gestor de Recursos deve diligenciar para o reenquadramento da carteira. Seção III - Rateio de Ordens para os 656 Veículos de Investimento Art. 36 O Gestor de Recursos pode realizar rateio de ordens para os Veículos de Investimento, desde que mantenha processos, critérios e controles preestabelecidos para que o rateio seja realizado de forma justa, de acordo com critérios equitativos, que estejam formalizados e que sejam passíveis de verificação. §1° O Gestor de Recursos é o responsável pelo rateio de ordens dos Veículos de Investimento sob sua gestão, e deve assegurar que neste rateio não haja Veículos de Investimentos que sejam privilegiados em detrimento de outros. §2° Para realizar o agrupamento de ordens e seu posterior rateio, o Gestor de Recursos deve implementar e manter, em documento escrito, os processos, critérios e controles preestabelecidos de que trata o caput, levando em consideração as estratégias e investimentos dos Veículos de Investimento, assim como eventuais restrições contidas nos regulamentos e na Regulação vigente. §3°Devem constar também do documento de que trata o parágrafo acima, critérios específicos que mitiguem eventuais conflitos de interesse nas hipóteses em que o Gestor de Recursos realizar operações entre: I. Contrapartes ou intermediários financeiros do mesmo Conglomerado ou Grupo Econômico da Instituição Participante; e II. Veículos de Investimento geridos pelo mesmo Gestor de Recursos. §4° Caso o Gestor de Recursos tenha que alterar a relação dos Veículos de Investimento definidos para participar do rateio, deverá manter registro desta alteração. Seção IV - Gestão de Risco dos Veículos de Investimento - Subseção I - Responsabilidades Art. 37 O Gestor de Recursos é o responsável pela gestão de risco da carteira dos Veículos de Investimento, ressalvado o risco de liquidez, que deve ser gerido em conjunto com o Administrador Fiduciário. §1° A gestão de risco de que trata o caput deve ser desempenhada por área designada para esta atividade, devendo o Gestor de Recursos assegurar que essa área: 657 I. Detenha profissionais em quantidade suficiente, observada a natureza, o porte, a complexidade, a estrutura, o perfil de risco das operações realizadas e o modelo de negócio da instituição; II. Tenha profissionais com qualificação técnica e experiência necessária para o exercício da atividade; III.Possua independência funcional em relação à mesa de operação; IV. Tenha profissionais com qualificação técnica e experiência necessária para o exercício da atividade; V. Tenha acesso regular a capacitação e treinamento;e VI. Tenha autonomia e autoridade para questionar os riscos assumidos nas operações realizadas pela Instituição Participante e adotar as medidas necessárias. §2º A área referida no parágrafo acima é responsável por: I. Implementar, manter e executar o processo de gestão de risco e o disposto no documento interno que trata das regras, procedimentos e controles de risco, nos termos do artigo 39, incluindo os terceiros contratados para desempenhar funções ligadas a esse processo. II. Elaborar, no mínimo, mensalmente, relatório de monitoramento, indicando os Veículos de Investimento que tiveram seus limites de risco excedidos; III. Reportar os assuntos envolvendo a gestão de risco para as áreas e profissionais determinados pela instituição e para os diretores de gestão de risco e de Gestão de Recursos de Terceiros; IV. Publicar o documento interno que trata das regras, procedimento e controles de risco, nos termos do artigo 39, no site do Gestor de Recursos e mantê-lo atualizado, informando a data de vigência do documento, bem como a data da última revisão; e V. Manter em seus arquivos os documentos previstos nesta seção por, no mínimo, 5 anos. §3° O Gestor de Recursos pode, sem prejuízo de suas responsabilidades, contratar terceiros para desempenhar a atividade prevista neste artigo, sendo que, neste caso, os requisitos de contratação previstos no capítulo VI deste Código devem ser igualmente aplicáveis para esta contratação; §4° O Gestor de Recursos deve observar, caso aplicável, as regras de gestão de risco específicas para cada Veículo de Investimento, conforme previsto nos anexos a este Código. 658 Art.38 O Gestor de Recursos deve atribuir a responsabilidade pela gestão de risco a uma diretor estatutário ou equivalente, que deve exercer suas funções com independência e assegurar que todas as providências necessárias para ajustar continuamente a exposição aos riscos das carteiras de investimento sob sua gestão sejam tomadas, utilizando como base os limites previstos nos Documentos dos Veículos de Investimento. Parágrafo único: O diretor de risco de que trata o caput: I. Pode ser o mesmo diretor indicado na Comissão de Valores Mobiliários para a atividade de controles internos e de compliance, nos termos do artigo 11 deste Código; e II. Não pode atuar em funções relacionadas à Administração de Recursos de Terceiros, à intermediação e à distribuição ou à consultoria de valores mobiliários, ou em qualquer atividade que limite a sua independência, na instituição, ou fora dela. Subseção II - Regras de Risco Art. 39 O Gestor de Recursos deve implementar e manter, em documento escrito, regras e procedimentos que permitam o monitoramento, a mensuração e o ajuste, quando aplicável, dos riscos de mercado, liquidez e crédito inerentes aos Veículos de Investimento, inclusive em situações de estresse. §1° O documento de que trata o caput, deve estabelecer, no mínimo, os procedimentos necessários à identificação e ao acompanhamento da exposição dos riscos de mercado, liquidez, concentração, contraparte, operacionais e crédito, que sejam relevantes para a carteira dos Veículos de Investimento. §2° O monitoramento, a mensuração e o ajuste de que trata o caput devem ser realizados de forma diligente, de modo que não comprometam a transparência e a evidenciação dos riscos identificados; §3° Além do disposto nesta seção, o Gestor de Recursos deve observar, caso aplicável, as regras de isco previstas nos anexos a este Código; Art. 40 O documento escrito previsto no caput do artigo 39 deve ser consistente e passível de verificação e deve conter, no mínimo. I. Governança: ⯀ O organograma com os cargos das pessoas envolvidas na gestão de risco, incluindo suas atribuições e responsabilidades; 659 ⯀ Como se dá a autonomia e autoridade dos profissionais que desempenham funções relacionadas ao risco, inclusive para questionar os riscos assumidos nas operações realizadas pela instituição e adotar as medidas necessárias; ⯀ As reuniões ou fóruns, tais como comitês ou organismos, destinados a tratar os assuntos relacionados à gestão de risco, incluindo as situações atípicas de mercado ou não contempladas no documento de que trata o caput do artigo 39; ⯀ As regras de composição mínima dos comitês ou organismos, quando aplicável, bem como seus objetivos, composição, competências, autonomia, alçada e periodicidade das reuniões; Como se dá o processo de tomada de decisão e aprovação dos assuntos relacionados à gestão de risco, incluindo a formalização dessas decisões e deliberações; ⯀ Fluxo de reporte e troca de informações entre os responsáveis pelo monitoramento dos riscos e as demais áreas envolvidas no processo de gestão de risco, incluindo a periodicidade em que é realizado; e ⯀ A forma de reporte dos assuntos envolvendo a gestão de risco para a alta administração da Instituição Participante; II. Limites de exposição aos riscos: ⯀ Como se dá a identificação e o acompanhamento da exposição aos riscos de mercado, de liquidez e de crédito; e ⯀ Como se dá a identificação e o acompanhamento da exposição aos riscos que não tenham limites expressos nos Documentos dos Veículos de Investimento; III. Plano de ação para tratar os casos de desenquadramento dos limites; IV. Metodologia dos riscos; ⯀ As métricas e estruturas que são utilizadas na gestão de risco, bem como as áreas que as definem; ⯀ Como são feitos os testes de aderência às metodologias, quando aplicáveis, e a periodicidade em que são realizados, que não pode ser superior a 12 meses; e ⯀ A periodicidade de revisão das metodologias estabelecidas no documento escrito previsto no caput do artigo 39, que não pode ser superior a 24 meses ou em um prazo inferior caso os testes de aderência evidenciem inconsistências ou demandem revisão; V. Monitoramento dos riscos: ⯀ Como é feito o monitoramento dos riscos aos quais os Veículos de Investimento são expostos; ⯀ Obrigação de elaborar relatório de monitoramento que contenha os Veículos de 660 Investimento que tiveram seus limites de risco excedidos e definir a periodicidade com que este relatório´será divulgado; e ⯀ Forma de acompanhamento e diligência dos terceiros contratados para monitorar e mensurar os riscos inerentes a cada um dos Veículos de Investimento, quando aplicável. §1° Os limites de exposição de riscos atribuídos aos Fundos, nos termos do Inciso II deste artigo, devem ser compatíveis com as regras e procedimentos ANBIMA para lâmina de informações essenciais e disponível no site da Associação na internet, caso aplicável. §2° As metodologias e ferramentas utilizadas para o acompanhamento dos riscos devem ser consistentes e compatíveis com os Documentos dos Veículos de Investimentos. CÓDIGO AMBIMA DE REGULAÇÃO E MELHORES PRÁTICAS PARA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS DE TERCEIROS E DELIBERAÇÕES CORRELATAS - CONSELHO CONSULTIVO E COMITÊ TÉCNICO E DE INVESTIMENTO (CAPÍTULO X) Art. 51 Podem ser constituídos, por iniciativa dos investidores dos Veículos de Investimento, do Administrador Fiduciário ou do Gestor de Recursos, conselho consultivo, comitê técnico, ou comitê de investimentos (“Conselho” ou “Comitê”) para os Veículos de Investimento no formato definido na Regulação vigente, os quais não podem ser remunerados às expensas dos Veículos de Investimento. §1° As atribuições, composição, requisitos para convocação e deliberação do Conselho ou Comitê devem constar explicitamente dos Documentos dos Veículos de Investimento. §2° Independentemente da competência atribuída ao Conselho ou Comitê, o Gestor de Recursos é o responsável pela decisão final de cada investimento, devendo manter evidências que assegurem ou comprovem o cumprimento do seu processo de investimento, análise de riscos, adequação aos Documentos dos Veículos de Investimento e à Regulação vigente. §3° Sem prejuízo da responsabilidade de que trata o parágrafo 2°acima, o Gestor de Recursos poderá acatar recomendações de investimento ou desinvestimento, desde que por meio de outras estruturas de governança previstas nos Documentos dos Veículos de Investimento. §4°Cabe àquele que constituir o Conselho ou Comitê (Gestor de Recursos e/ou Administrador 661 Fiduciário): I. Assegurar que haja elegibilidade dos candidatos a membros do Conselho ou Comitê, a fim de que tenham qualificação compatível com com o cargo, considerando a estrutura e tipo do Veículo de Investim