Tudo o que você precisa saber sobre S u n o Re s e a r c h O conhecimento sobre Economia é essencial ao investidor de valor que busca resultados consistentes no longo prazo. Entender as nuances do mercado e seu relacionamento com seus investimentos e crucial para sua segurança e para a sua tomada de decisão. Neste livro você entenderá o essencial sobre economia para investidores. Suno Research 2 Introdução A macroeconomia é um tema apaixonante, mas também bastante complexo. Somos o tempo todo afetados pelo ambiente econômico em que vivemos. Isso ocorre seja você trabalhador da construção civíl, do setor de serviços, profissional liberal ou empresário. E até mesmo decisões econômicas distantes podem impactar as nossas vidas. A economia global está cada vez mais interligada. Dessa forma, qualquer decisão traz como consequência uma reação em cadeia. Por essas e por outras razões a economia é um tema tão importante para todos, mas mais ainda para os investidores. O objetivo deste e-Book é simplificar ao máximo os conceitos de economia mais importantes para o investidor. A intenção também é fugir das fórmulas complexas e de difícil entendimento para o grande público, bem como das discussões filosóficas que envolvem a Ciência Econômica. Queremos tornar mais claros conceitos que podem parecer difíceis para os investidores iniciantes. É para eles que esse livro se destina. Suno Research 3 Ao ler esse livro, você poderá saber, por exemplo, como as notícias que você vê nos jornais no seu dia a dia impactam a sua carteira de investimentos. A bem da verdade, é importante relativizar o papel que a macroeconomia tem para um investidor de longo prazo. O que de fato irá determinar o sucesso de um investidor são os aspectos microeconômicos. Afinal, a macroeconomia passa sempre por períodos de expansão e de recessão (em média ocorre uma recessão a cada 10 anos). Porém, ainda assim, é importante ter o conhecimento dos aspectos macroeconômicos para se tornar um investidor mais consciente e sábio de sua tomada de decisão, além de isso permitir uma maior leitura do momento da economia. Suno Research 4 O Sistema Financeiro Nacional Antes de entrar nos aspectos práticos da economia para investidores, é crucial entender como está estruturado o Sistema Financeiro Nacional. Em geral todos os países seguem uma estrutura financeira bastante similar à adotada pelo Brasil. São diversas as instituições financeiras presentes em uma economia. Elas podem ser órgãos reguladores, como a CVM, braços ativos do governo, como o Banco Central, e entes privados, como os bancos. Todas essas instituições atuam no sentido de cumprir o principal objetivo do Sistema Financeiro Nacional (SFN), que é fazer o elo entre poupadores de recursos e tomadores de empréstimos. Iremos focar aqui no papel desempenhado pelas principais instituições que atuam no Sistema Financeiro Nacional. Suno Research 5 O Conselho Monetário Nacional O Conselho Monetário Nacional é a maior autoridade do sistema financeiro brasileiro. Ele determina, por exemplo, as ações que serão tomadas em relação à concessão de crédito na economia, à dívida pública e ao cenário fiscal do país. Este órgão é composto pelo Ministro da Economia, pelo Secretário Especial da Fazenda do Ministério da Economia e pelo Presidente do Banco Central. O CMN pode ser considerado o cérebro do governo nas questões relacionadas à moeda e ao credito. Ou seja, é ele quem comanda e toma as decisões. O Banco Central O Banco Central, ou Bacen como também é conhecido, é o principal braço executor das políticas econômicas do governo. Ele é responsável, por exemplo, por determinar a taxa de juros básica da economia brasileira, através do COPOM, o Conselho de Política Monetária. É também de sua atribuição a determinação da quantidade de moeda disponível na economia. A meta do Bacen é assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda, ou seja, conter a inflação, e ao mesmo assegurar o desenvolvimento da economia do país. Suno Research 6 Os Bancos Comerciais O papel de uma instituição bancária é justamente o de ser um intermediador entre um poupador e um tomador. Você deposita recursos em um banco, seja através da caderneta de poupança, depósitos à vista ou de um CDB. Em qualquer uma dessas formas, você está emprestando dinheiro para essa instituição, financiando as operações desta empresa. O que o banco faz é pegar este dinheiro e emprestálo novamente para quem precisa. Pois é, o dinheiro que você deixa na sua conta ou deposita na caderneta de poupança, por exemplo, não fica lá com seu nome. O banco só é obrigado a deixar uma pequena parcela do recurso depositado guardada, que é chamada de compulsório. Todo o resto, o banco pode emprestar para pessoas que desejam tomar recursos. Essas pessoas podem ser desde empresário com projetos de expansão a pessoas tomando empréstimo para financiar o pagamento de seu cartão de crédito. O banco, obviamente, cobra um juro mais alto ao emprestar o dinheiro do que ele paga para o poupador. Esta diferença é chamada de spread bancário, e é dela que vem o lucro da operação de crédito dos bancos. Suno Research 7 Logo, fica fácil entender como o banco ganha dinheiro em cima dos recursos emprestados e porque os produtos mais comumente oferecidos são ruins para o cliente. Quanto mais esses produtos proporcionarem spread para o banco, mais lucrativa a instituição será e melhor remunerará acionistas, diretores e gerentes, que oferecem esses produtos. Por isso estes últimos costumam oferecer produtos como a poupança, um Certificado de Depósito Bancário que paga 80% do CDI ou títulos de capitalização para seus clientes. Outro papel importante dos bancos é que eles podem estender o prazo de operações na economia. Os bancos podem captar recursos à vista, através por exemplo dos depósitos, e emprestar esses recursos com um prazo de pagamento de, por exemplo, 20 anos. Esta capacidade de captar a curto prazo e emprestar a longo prazo quando gerida de forma responsável se torna uma propulsora do desenvolvimento da economia. Os bancos ainda são divididos em pelo menos quatro tipos: • Comerciais • De Investimento • De Desenvolvimento • Múltiplos Suno Research 8 Demais instituições As citadas acima são apenas algumas das instituições que compõem o SFN. Existem diversas outras, tais como: • Corretoras de valores mobiliários • Bancos de Investimentos • Fundos de investimento • Entidades de previdência complementar • Empresas de seguro • CVM • Bolsa de Valores • Susep • Anbima • Casas de análise de investimento Dentre essas, cabe destacar duas instituições que estão presentes no dia a dia de qualquer investidor de ações. São elas a bolsa de valores, que permite que investidores se tornem sócios de grandes empresas, e a corretora de valores mobiliários, que intermedeia essa operação. Suno Research 9 A Taxa de Juros Para entender o funcionamento da economia e a sua relação para os investidores, talvez nenhum conceito seja mais importante do que o de taxa de juros. A taxa de juros pode ser melhor definida como o custo de oportunidade do dinheiro. Ou seja, é quanto o poupador cobra por abdicar de usar o seu dinheiro no momento presente. Pense bem, as pessoas poderiam gastar todos os seus recursos no momento presente. Porém, as mais conscientes não fazem isso. Isso porque elas vislumbram que esse dinheiro pode ser importante no futuro. Seja qual for o motivo, quem poupa abdica de um consumo no presente. Esta pessoa, obviamente, espera ter uma recompensa por estar deixando de usar o dinheiro no momento. Suno Research 10 Esta recompensa se materializa justamente na taxa de juros. Ao abdicar de consumir “X” hoje um poupador espera poder consumir “2X” amanhã. Em suma, o poupador sempre estará buscando um benefício. Por que alguns países têm taxas de juros mais altas que outros? Imagine, por exemplo, que você fosse aplicar seu dinheiro nos títulos da dívida norte-americana, o país que tem um dos menores riscos de crédito do mundo. Neste caso, talvez você aceitasse um retorno de 2% ao ano, que pode ser considerado baixo e que é o que estes títulos lhe pagam em média. Isso porque você sabe que a chance de receber um calote é mínima. Mas e se fosse oferecido o mesmo retorno por um país com alta chance de não honrar a sua dívida? Neste caso, você não toparia emprestar, não é? Afinal, para obter um rendimento de 2%, você pode comprar títulos americanos que são bem mais seguros. Nesse caso, talvez o retorno exigido fosse de 10% ou 30%, ou até maior. Isto irá depender de quão arriscado é aquele investimento. Esse é o motivo pelo qual alguns países possuam taxas de juros maiores que outros, por conta da diferença do risco de crédito. Suno Research 11 Isso também acontece com as pessoas. Normalmente, quem tem um score de crédito pior – quem já deixou de pagar uma dívida, por exemplo – tem dificuldades de cosneguir taxas de juros mais baixas. Os bancos enxergam nesse tipo de dado uma chance maior de receber calote. A taxa de juros real A taxa de juros real nada mais é do que a diferença entre a taxa de juros e a inflação. É ela quem vai determinar o quanto o poder de compra do investidor irá aumentar em um investimento. Suponha que você investiu em um título que lhe rendeu 100% em um ano. Ou seja, você dobrou o seu dinheiro. Ótimo negócio, não? Mas suponha também que a inflação no período também foi de 100%. Ou seja, os preços todos dobraram. Neste caso, o seu ganho real foi de 0%, pois todo o ganho que você teve no seu investimento foi anulado pelo aumento dos preços. Em suma, você não teve um aumento do poder de compra. Lembre-se que os investidores, ao aplicar seu dinheiro, estão sempre buscando um aumento do poder de compra. Por isso, é sempre crucial levar em conta a inflação. Suno Research 12 As Taxas de Juros Mais Utilizadas no Brasil No Brasil, existem diversas taxas de juros. Duas delas, porém, são as mais importantes no contexto de um investidor: a taxa Selic e o CDI. A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia nacional. Ela é determinada pelo COPOM, que é o Comitê de Política Monetária do Banco Central. Este conselho se reúne periodicamente para definir a meta da taxa Selic. Então, a partir desta definição, o Banco Central passa a operar no mercado de títulos de forma a fazer a taxa Selic convergir para a meta estabelecida. Uma outra taxa muito relevante para a economia é a taxa DI, também conhecida como CDI - sigla para Certificado de Depósito Interbancário. Esta é a taxa na qual os bancos emprestam dinheiro uns aos outros quando precisam de recursos. A Taxa CDI, via de regra, é sempre bastante similar à Selic. O CDI também é a taxa mais utilizada para servir como indexador aos títulos de renda fixa. Suno Research 13 O Efeito de Alterações da Taxa de Juros no Mercado de Ações Você já entendeu como a taxa de juros afeta o rendimento dos títulos de renda fixa. O que é mais interessante, porém, é que a taxa de juros também pode afetar o rendimento do mercado acionário. Mas de que forma isto ocorre? Para entender isto você precisa compreender que os investidores têm uma escolha entre aplicar em títulos de renda fixa ou em ativos de renda variável. O mercado de renda variável, historicamente, apresenta um rendimento em torno de 7% acima da inflação. Imagine, então, que o mercado de renda fixa está oferecendo títulos com retorno de 15% acima da inflação. Neste caso, qual é a motivação que o investidor teria para aplicar no mercado de ações? Esta motivação seria muito baixa. Visto que o mercado de renda variável, como o próprio nome indica, oscila e apresenta retornos incertos. Sendo assim, se títulos de renda fixa pagam um retorno muito acima do projetado no mercado de ações, a aplicação em ativos de renda variável é desestimulada. Suno Research 14 Por outro lado, imagine um país que paga apenas 1% de juro sobre seus títulos. Nesse local, a população que poupa é, mesmo que indiretamente, incentivada a alocar seus recursos na renda variável, visto que ela provavelmente oferecerá um retorno maior, ainda que com suas oscilações naturais. Para provar esta relação, veja esses dois exemplos. Observe como o cenário de alta da bolsa de valores a partir de junho de 2016 se deu simultaneamente à redução da taxa Selic. Suno Research 15 Alta da bolsa e Queda da Taxa de Juros Selic Tx mes Diário de 01/06/2016 ate 07/03/2019 Economatica Fonte: Economatica Isto ocorre pois conforme a taxa de juros cai e os títulos se tornam menos atrativos, os investidores passam a entrar mais no mercado de renda variável, elevando assim os preços das ações. O inverso também é verdadeiro. Suno Research 16 A Inflação Uma vez entendido o conceito de taxa de juros, está na hora de conhecer outro tema crucial e que está diretamente ligado ao nível do juros de um país, que é a inflação. O que seria a inflação? A inflação pode ser definida como o aumento gradual no nível de preços. Ou ainda, como a diminuição no poder de compra de uma moeda. Este aumento no nível de preços, no geral, ocorre por conta da expansão da base monetária, ou seja, pelo aumento da quantidade de moeda disponível na economia. Imagine que em uma economia todos os preços subiram 10% em um ano. E que você, neste ano, não teve um aumento de seu salário. Neste caso se diz que você perdeu poder de compra. Pois embora seu salário não tenha se alterado os produtos ficaram 10% mais caros. Ou seja, o seu salário agora compra menos produtos do que ele comprava no início do ano. Suno Research 17 A Relação Entre Inflação e Taxa de Juros Lembre-se que o objetivo do Banco Central é assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda. Em outras palavras, a sua meta é manter a inflação em um nível razoável. Assim, a taxa de juros estabelecida pelo Bacen desempenha um papel muito importante na hora de controlar a inflação. A taxa de juros, na prática, é o custo do dinheiro. Se a taxa de juros é baixa, digamos que de 1% ao ano, isto irá estimular as famílias e empresas a tomarem dinheiro emprestado, e assim, haverá mais dinheiro circulando na economia. O que por um lado é bom, pois causa desenvolvimento econômico, por outro é péssimo, pois pode pressionar os preços, criando a uma pressão inflacionária. Da mesma forma, imagine agora que a taxa de juros seja muito alta, de digamos 20% ao ano. Neste caso serão poucas as famílias e empresas que tomarão recursos emprestados. Assim, haverá menos dinheiro circulando na economia. Por um lado, isto é bom, pois causa uma redução da inflação, mas por outro lado isto é ruim pois causa uma diminuição da atividade econômica. Suno Research 18 Essa é a ideia que está por trás da relação entre taxa de juros e inflação de forma geral. No entanto, não acontece em todos os casos. Existe, por exemplo, a “estagflação”, que acontece quando o país não cresce, mas ainda assim tem altas taxas de inflação. Ou também há os casos de países desenvolvidos onde mesmo com taxa de juros zerada ou negativa não apresentam inflação. Mais do que isso, alguns apresentam deflação, como falaremos mais para frente. O Mercado de Ações Está Protegido da Inflação? Um questionamento natural por parte do investidor no mercado de renda variável é se ao aplicar em ações ele estará protegido da inflação. Na prática, não há nenhum mecanismo que garanta com certeza que o investidor terá um ganho acima da inflação. No entanto, ao avaliar o histórico do mercado, é possível afirmar que em uma janela de período de longo prazo o mercado de ações sempre superou o aumento no nível de preços. Suno Research 19 Observe, por exemplo, na imagem abaixo uma comparação da inflação acumulada em comparação com o retorno do índice acionário: Fonte: Economatica É natural observar a razão do retorno acima da inflação. Além do fato de que as empresas geram valor, e por isso valorizaram, há de se notar que a inflação ocorre por conta de um aumento de preços. Esse aumento de preço, ao fim, causa um aumento na linha de faturamento das empresas. Suno Research 20 Os Indicadores de Inflação Existem vários indicadores de inflação. Cada um possui uma metodologia de cálculo diferentes, que busca se adequar ao objetivo do indicador específico. Os 2 mais comuns indicadores de inflação no Brasil e que permeiam o cotidiano dos investidores e da população em geral são o IPCA e o IGPM. O IPCA é o Índice de Preços do Consumidor Amplo. Ele é a inflação que atinge o consumidor. Ele é medido através do estabelecimento de uma cesta de bens, essa cesta consiste no perfil de consumo médio do brasileiro. Uma vez definida esta cesta os seus preços são monitorados, e a partir do aumento de preço desses bens em conjunto é definido o IPCA. É importante ressaltar que o IPCA é uma média. Ou seja, ele não quer dizer que a inflação que você sente no seu bolso será especificamente aquela divulgada. Por isso, não se surpreenda se a sua inflação pessoal for um pouco divergente da divulgada no IPCA. O IGPM, por sua vez, é conhecido como a inflação do atacado. Ele possui em sua metodologia de cálculo fatores distintos do IPCA, que buscam melhor retratar a inflação experimentada pelos produtores e empresários. Por isso o IPGM é muitas vezes utilizado para reajustar contratos automaticamente na economia. Suno Research 21 A Deflação e Porque ela é temida pelas autoridades Agora que você já está familiarizado com o conceito de inflação, será muito simples entender o que é uma deflação. A deflação pode ser encarada, de certa forma, como o oposto da inflação. Ou seja, se a inflação representa o aumento no nível de preços, a deflação representa sua redução. Da mesma forma, se a inflação representa a perda do poder de compra da moeda, uma deflação significa que o poder de compra da moeda está aumentando. Isto seria ótimo, não é mesmo? Não é tão simples assim. O que aconteceria em uma economia em uma constante deflação? As pessoas simplesmente deixariam de consumir. Lembre-se, em uma deflação os preços se reduzem ao longo do tempo. Ou seja, as pessoas tenderiam a adiar o consumo buscando pagar mais barato. Afinal, por que pagar R$ 100 por um bem quando você pode aguardar e comprar o mesmo produto por R$ 90? Esta redução no consumo irá causar o empresário a produzir menos. Uma menor produção faz com que o empresário contrate menos pessoas. O que, por sua vez, faz com que aumente o nível de desemprego, reduzindo o consumo... Cria-se, assim, um ciclo vicioso na economia. Suno Research 22 A Política Monetária A política monetária é um dos instrumentos mais utilizados pelo governo para guiar a economia. Ela diz respeito à gestão da quantidade de moeda disponível na economia. O governo pode atuar com uma política monetária expansionista ou contracionista, a depender dos seus objetivos. A Política Monetária Expansionista e os Seus Efeitos A política monetária expansionista consiste na intenção da autoridade monetária de elevar a quantidade de moeda circulante na economia. As autoridades tipicamente utilizam isto como uma forma de induzir o crescimento. No entanto, esta é uma estratégia que deve ser utilizada com muito cautela, pois pode causar danos estruturais à economia. Suno Research 23 A política monetária expansionista irá consistir no uso dos de um ou mais dos três instrumentos de política monetária (open marketing, compulsório e redesconto). Portanto, o governo comprará títulos do mercado para inserir moeda na economia (open marketing). Reduzirá o depósito compulsório para permitir que os bancos emprestem mais dinheiro (compulsório). E irá, também, reduzir a taxa de redesconto para propiciar que os bancos tomem mais riscos e utilizem as reservas do Bacen se necessário (redesconto). No curto prazo, em teoria, a tendência é que isso coloque mais dinheiro em circulação na economia, o que faz com que haja maior produção e nível de emprego. Este aumento na base monetária, porém, se não acompanhado de um aumento da produtividade da economia ao fim, irá ocasionar pressões inflacionárias. Essas pressões tendem a minar a confiança no sistema econômico, e assim reverter todos os benefícios positivos de uma política monetária expansionista irresponsável. Suno Research 24 A história econômica demonstra que a imensa maioria das ocasiões em que se apostou no crescimento econômico com inflação terminaram em fracasso. O Brasil, inclusive, sofreu batente com autoridades que confiaram no desenvolvimento através da expansão da base monetária, o que ao fim levou o país a uma inflação descontrolada. A Política Monetária Contracionista e os Seus Efeitos A política monetária contracionista é, em geral, o remédio amargo usado para curar a doença da recessão. O mais curioso é que, no curto prazo, tende a agravar ainda mais os efeitos de uma crise econômica. Porém, tem se mostrado, na maioria dos casos, uma forma eficaz de estabilizar as expectativas do mercado e retomar o controle da economia. Para por esta política em prática, o governo também utiliza um ou mais dos três instrumentos de política monetária. Portanto, ele irá vender títulos no mercado de open market. Elevará a exigência sobre o depósito compulsório dos bancos, trazendo mais segurança à estrutura do sistema financeiro. E, por fim, poderá elevar a taxa de redesconto, fazendo com que os bancos se tornem mais conservadores. Suno Research 25 Essas medidas farão com que haja menos dinheiro em circulação na economia. Assim, é de se esperar que, no curto prazo, a produção diminua e também o desemprego aumente. Porém, essas políticas farão também com que ocorra um controle no nível de preços. Ou seja, farão com que a inflação fique sob controle. Isto é importante para que a iniciativa privada retome a confiança na economia e volte a investir. A política monetária contracionista desempenha um papel especial na expectativa de inflação, que deve estar ancorada para o país retomar o crescimento. Afinal, um cenário de inflação alta traz muitas incertezas e afasta os investidores. Suno Research 26 Política Fiscal A política fiscal é o conceito que abrange como o governo arrecada recursos e como ele os gasta. Uma gerência responsável da política fiscal é muito importante para o que as contas públicas estejam bem, o que por sua vez é muito importante para o desenvolvimento econômico do país. O Que Acontece se o Governo Gasta Mais do que Arrecada? Algumas pessoas podem pensar que as contas do governo são extremamente complexas e expostas a variáveis completamente diferentes das que estão presentes no dia a dia de uma pessoa comum. De fato, as contas dos governos apresentam um grau de complexidade muito acima do que um orçamento familiar, por exemplo. No entanto, um governo deve, ou ao menos deveria, gerir seu orçamento da mesma forma que uma família toma conta de suas finanças. Isto é, buscando sempre arrecadar mais do que gasta. Ou então se utilizando de alavancagem (dívidas) apenas quando isto for produtivo. Suno Research 27 Para ilustrar este argumento vamos demonstrar o que acontece se um governo gasta mais do que arrecada durante muito tempo e de forma irracional. Suponha que um governo esteja inicialmente em estágio de pleno equilíbrio em suas contas públicas. Ou seja, gasta exatamente a mesma quantia que arrecada com tributos. De uma hora para outra, o governante em exercício decide gastar mais, como uma forma de incentivar a economia, sem aumentar os tributos. Portanto, agora o governo passa a gastar mais do que ele arrecada, entrando assim em uma situação de déficit fiscal. Para financiar este déficit o governo irá utilizar do mesmo mecanismo que empresas e famílias usam quando gastam mais do que arrecadam. Isto é, emitirá títulos de dívida. O que ocorre, porém, é que com a situação de déficit do governo, o risco de ele não honrar com os seus pagamentos de dívida aumentou. Afinal, emprestar para uma entidade com desequilíbrio nas contas é mais arriscado do que emprestar para uma entidade com contas sanadas. Suno Research 28 O que irá ocorrer, então, é que os juros pelos quais as pessoas estarão dispostas a emprestar para o governo subirão para compensar este maior risco. Porém, e aqui está a chave do entendimento, o que ocorre quando os juros sobem para uma empresa privada sob a ótica do investimento? O investimento na economia real se torna menos atrativo. Suponha que você trabalhe em uma empresa que irá investir em uma fábrica que poderá render um retorno sobre o investimento de 8% ao ano. Este projeto é viável desde que a taxa de juros do governo seja inferior a este valor. Caso contrário uma opção de investimento mais prática seria aplicar nos títulos do governo. Se o título do governo oferece, por exemplo, 6% ao ano, esta fábrica é mais rentável e, portanto, viável. Porém, se a taxa de juros do governo subir para 10% ao ano, investir nesta fábrica deixa de fazer sentido. Suno Research 29 Fica claro, então, que quando um governo entra em sucessivos déficits, causando um aumento da taxa de juros, isto inibe o investimento do setor privado. Anulando, assim, os ganhos de um maior gasto do governo. Este é o processo conhecido na economia como “crowding-out”, que é a expressão que representa saída do setor privado da economia. Esse ciclo acontece na maioria dos casos de déficit fiscal recorrente e sem uma programação de longo prazo. É, também, um exemplo perfeito de uma política fiscal expansionista. Ainda assim, há correntes que argumentam que é possível ter aumento de gastos do governo sem gerar o efeito crowding-out. É por isso que a maioria dos investidores enxergam como um péssimo sinal o aumento dos déficits governamentais. É também por isso que sempre se cobra responsabilidade fiscal por parte das autoridades. Do outro lado, existe a política fiscal contracionista. Ela envolve uma redução no gasto do governo ou a elevação de tributos. Ou ainda ambos simultaneamente. Ao fim, sua intenção é gerar um superávit para o governo, ou seja, ter mais receita do que gastos, ou simplesmente reduzir o déficit. Suno Research 30 Esta política é um remédio amargo que poucos governantes gostam de utilizar. Afinal, os seus efeitos no curto prazo não são vistos como positivos pela população. Se uma política fiscal expansionista leva, em teoria, a um surto de crescimento de curto prazo uma política contracionista produz o efeito contrário. Afinal, ao governo reduzir os seus gastos ou elevar os tributos haverá menos moeda em circulação na economia, sendo assim menos consumo, que é um dos principais motores do PIB. Logo você pode pensar “por que então algum governo lançaria mão desta política?”. É bastante simples. Isto é muitas vezes necessário pois os seus efeitos de longo prazo também são reversos em relação ao de uma política expansionista. Isto é, uma política contracionista quando bem gerida irá aumentar a arrecadação do governo e reduzir os seus gastos. Ou seja, ela estará melhorando a situação econômica do Estado. Com isso, o governo poderá pagar menores juros por sua dívida. O que é um grande motor de incentivo ao investimento privado. Suno Research 31 Política Cambial A política fiscal e monetária são os dois principais instrumentos para as autoridades econômicas intervirem na economia de um país. São, também, os dois mecanismos mais utilizados no Brasil. Existe, porém, uma outra forma pela qual um governo pode interferir diretamente na economia. Esta é através da política cambial. Embora não utilizada de forma extremamente ativa no Brasil, alguns países, como a China, utilizam da política cambial para gerar maiores incentivos à economia. Além disso, com o governo intervindo ou não, o câmbio é uma variável extremamente importante para a economia e para os investidores. Portanto, será dedicado um capítulo exclusivo para discutir os efeitos do câmbio e da política cambial. Suno Research 32 Tipos de Flutuação Cambial Existem 3 principais tipos de flutuação cambial, são elas: • Câmbio Flutuante • Câmbio Fixo • Bandas Cambias (Ou flutuação suja) Câmbio Flutuante Um país que adota câmbio flutuante permite que o valor da moeda oscile livremente de acordo com as forças de mercado. Ou seja, o valor da moeda será determinado pelas forças de oferta e demanda. A maioria dos países desenvolvidos adotam este tipo de flutuação cambial. Câmbio Fixo Na estratégia de câmbio fixo o governo arbitrariamente define a taxa de câmbio que mais lhe convém. Por exemplo, imagine que o governo brasileiro define que o dólar a partir de hoje passará a custar R$ 1,50. Ele então atua no mercado de forma a garantir que a moeda será comprada e vendida no valor estabelecido. Suno Research 33 Isto pode trazer sérios desequilíbrios econômicos a um país. Por isso, poucos países adotam esta estratégia. No entanto, alguns países adotam esta abordagem como forma de favorecer o seu desenvolvimento. A China durante muito tempo adotou uma política de câmbio fixo. Ela deixou esta política oficialmente de lado, porém ainda atua de forma agressiva sobre o câmbio. A ideia dos chineses foi depreciar a sua moeda. Pois, dessa forma, o país poderia exportar muito mais produtos, pois seus preços se tornariam extremamente competitivos. Isso gerou superávits na balança comercial chinesa e impulsionou o seu crescimento durante muitos anos. No entanto, este modelo foi bastante criticado por alguns países que acusavam a China de vantagem indevida no comércio exterior. Flutuação Suja O modelo de flutuação suja é um meio termo entre o câmbio flutuante e o câmbio fixo. Este é o modelo que vigora no nosso país. O Banco Central permite a oscilação do câmbio dentro de certas bandas, a partir das quais ele começa a atuar para evitar um grande distúrbio econômico. Suno Research 34 O Bacen pode, por exemplo, definir com bandas cambias o valor do dólar entre R$2 e R$ 4. Isto significa que ele irá comprar dólares sempre que o valor se aproximar de R$ 2, para fazer com que o valor do dólar suba. E irá vender dólares toda vez que a moeda se aproximar de R$ 4, para fazer com que o seu valor se reduza. O argumento por trás desta intervenção do Bacen é aumentar a previsibilidade do sistema para os agentes econômicos. A Correlação Negativa Entre o Ibovespa e o Dólar Foi discutido em capítulos anteriores o fato de existir uma correlação negativa entre o Ibovespa e a taxa de Juros. Pois bem, de forma similar, existe uma correlação negativa entre o Ibovespa e a cotação do dólar. Suno Research 35 Observe, na imagem abaixo, como em boa parte do tempo essas duas variáveis se movem em direções opostas. Fonte: Economatica Suno Research 36 É necessário, portanto, entender o motivo por trás de tal dinâmica. Considere que o Brasil é uma economia emergente e sujeita ao fluxo estrangeiro de capital. O que ocorre quando os investidores estrangeiros resolvem aplicar no Brasil? Eles vendem os seus dólares para comprar reais e então aplicar nos ativos brasileiros. Ou seja, a venda de dólares deprecia o valor desta moeda, ao mesmo tempo em que a compra dos ativos brasileiros valoriza o seu valor. Portanto, os ativos seguem em direções opostas. Invertendo este raciocínio o que ocorre quando os estrangeiros resolvem por sair do Brasil? Eles irão vender os seus ativos nacionais, causando queda em suas cotações, e comprar dólares para repatriar os seus recursos, causando um aumento do preço do dólar. Mais uma vez é demonstrado como e porque essas variáveis se movem para caminhos distintos. Suno Research 37 A c o m p a n h e a S u n o N a s Re d e s S o c i a i s