Uploaded by Tiago Brito

Introdu 231 227 o 224 Economia - Mankiw 1

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INTRODUCT‘O
ECONOMIA
.
TRADUC A0
DA 3a EDIC A0
NORTE-AMERICANA
na Publicagao (CIP)
Dados Internacionais de Catalogacao
(Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Mankiw, N. Gregory
[traIntroducao A economia / N. Gregory Mankiw;
sao Paulo : Cengage
ducao Allan Vidigal Hastings] -Learning, 2009.
Titulo original: Principles of economics
5. reimpr. da 1. ed. de 2005.
Bibliografia
ISBN 85-221-0408-5
1. Economia I. Titulo.
CDD-330
04-7356
indices para catalog° sistematico:
1. Microeconomia
2. Economia
338.5
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INTRODUCAO A
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ECONOMIA
TRADUCAO DA 3 EDICAO NORTE-AMERICANA
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N. GREGORY MANKIW
Universidade de Harvard
Traducao:
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Allan Vidigal Hastings
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Revisao Tecnica:
Carlos Roberto Martins Passos
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(f.C.
Economista — USP, pOs-graduado em economia pelo IPE — USP
Conferencista e professor, lecionou nos cursos de pos-graduacao das Faculdades Associadas
de Sao Paulo — FASP, no
curso de pos-graduacao da Faculdade Sao Luis,
no MBA em Financas do Ibmec e no IbmecLaw, do Ibmec Educacional.
Diretor da MP Consultores Associados Ltda.
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Australia
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Brasil
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Japao
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Cordia
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CENGAGE
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Mexico
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Cingapura
•
Espanha
•
Reino Unido
•
Estados Unidos
CENGAGE
Learning-
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Introdu o à Economia - Tradu0o da 3 edição
norte-americana
2004 N. Gregory Mankiw
0 2005 Cengage Learning Ediy3es Ltda.
N. Gregory Mankiw
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados,
senn a permisso, por escrito, da Editora.
Aos infratores aplicam-se as sany5es previstas nos artigos
1 02, 104, io6 e 107 da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de1998.
Gerente Editorial: Adilson Pereira
Editora de Desenvolvimento: Ada Santos Seles
Supervisora de Produco Editorial: Patricia La Rosa
Produtora Editorial: Ligia Cosmo Cantarelli
Titulo do Original em Ingles: Principles of Economics
- Third Edition
(ISBN: 0-324-26938-2)
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contato pelo telefone o800 U 19 39
Para permisso de uso de material desta obra, envie
seu pedido para direitosautorais@cengage.com
Traduco: Allan Vidigal Hastings
Revis:3 Tecnica: Carlos Roberto Martins Passos
Copidesque: Norma Gusukuma e Patricia Carla
Rodrigues
Reviso: Alessandra Miranda de Sá, Cristina Paixão
Lopes e Sandra Garcia Cortes
Composico: Cia. Editorial
Capa: FZ. Dáblio Design Studio
Il ustra0o das Aberturas de Capitulo: Eduardo
Borges
0 2005 Cengage Learning. Todos os direitos reservados.
ISBN: 85-221-0408-5
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Impresso no Brasil.
Printed in Brazil.
1 23 45 67 13 12 11 1009
7
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coru3Ec-A
Para Catherine, Nicholas e Peter, minhas outras
contribuicoes para a proxima geracao
SOBRE 0 AUTOR
N. Gregory Mankiw é professor de Economia da Universidade de Harvard. Estudou
economia na Universidade de Princeton e no Massachusetts Institute of Technology
(MIT). Ja como professor, lecionou macroeconomia, microeconomia, estatistica e
principios de economia. E ate passou um ver ao, ha muito tempo, como professor de
vela na ilha de Long Beach.
0 professor Mankiw é um escritor prolifico e participa reg-ularn-tente de debates
acad'emicos e politicos. Seus trabalhos foram publicados em pericklicos cientificos,
con-io o American Econoinic Review, o Journal of Political Economy e o Quarterly
Journal of EC01 •70111iCS, e em veiculos menos aca&micos, como The New York Times,
The Financial Times, The Wall Street Journal e Fortune. Ele é tambem autor do
sucedido livro-texto de nivel intermediario Macroeconornics (Worth Publishers).
Alem de suas atividades como professor, pesquisador e escritor, o professor
Mankiw é pesquisador associado do National Bureau of Economic Research, assessor do Federal Reserve Bank de Boston e do Cong,ressional Budget Office e membro do comit' de desenvolvimento do exame Advanced Placement* em economia.
0 professor Mankiw vive em Wellesley, Massachusetts, com sua mulher e seus
tr'es filhos.
*NT: Advanced Placement é um programa que permite aos alunos do nivel medio ser instruidos
em cursos academicos especificos acima do nivel tipico de escolas do seg-undo grau. Os exames de
Advanced Placement servem para avaliar o desempenho do aluno nesses cursos. Dependendo da
nota obtida, as materias cursadas podem ser eliminadas do programa universitthio.
PREFACIO: AO PROFESSOR
Em meus 20 anos de vida estudantil, o curso que mais me animou foram os dois
semestres de principios da economia que cursei no primeiro ano de economia da
faculdade. I\Tao 6 exagero dizer que eles mudaram minha vida.
Cresci em uma familia que muitas vezes conversava sobre politica durante o jantar. Os pros e contras de wirias solucOes para os problemas da sociedade geravam
debates acalorados. Mas, na escola, senti-me inclinado para as ciencias. Enquanto a
politica me parecia vaga, desconexa e subjetiva, a ciencia era analitica, sistematica e
objetiva. Enquanto o debate politico prosseguia sem fim, a ciencia avancava.
Meu curso sobre os principios da economia abriu-me os olhos para uma nova
maneira de pensar. A economia combina as virtudes da politica e da ciencia. E, na
verdade , uma ciencia social. Seu objeto de estudos 6 a sociedade — como as pessoas optam por levar suas vidas e como interagem umas corn as outras. Mas ela
aborda o tema com a imparcialidade de uma ciencia. Trazendo os metodos cientificos para as questoes politicas, a economia tenta progredir em relacao aos desafios
enfrentados por todas as sociedades.
Senti-me inclinacio a escrever este livro na esperanca de transmitir um pouco do
entusiasmo que senti em meu primeiro curs° de economia. A economia 6 uma
materia em que um pouco de conhecimento nos leva por longos caminhos (o
mesmo nao se pode dizer, por exemplo, do estudo da fisica ou da lingua japonesa).
Os economistas tem um jeito tinico de ver o mundo, o qual pode ser ensinado, em
grande parte, em um ou dois semestres. Meu objetivo, neste livro, 6 o de transmitir essa forma de pensar para o maior public° possivel e convencer os leitores de
que ela ilumina muitas coisas no mundo que estao a nossa volta.
Acredito que todos deveriam estudar as ideias fundamentais que a economia
tem a oferecer. Um dos objetivos da educacao generalista é dar as pessoas informac5es sobre o mundo e, com isso, torna-las melhores cidadas. 0 estudo da economia,
como o de muitas outras disciplinas, atende a esse objetivo. Escrever um livro-texto
de economia 6, portanto, uma gr, ande honra e uma grande responsabilidade. E uma
maneira pela qual os economistas podem ajudar a promover um governo melhor e
um futuro mais prosper°. Como declarou o gr, ande economista Paul Samuelson:
"Nao me interessa quem escreve as leis de um pais ou concebe seus tratados relevantes, ciesde que eu possa escrever os livros de economia" que eles utilizam.
Para Quem Este Livro Foi Escrito?
E tentador para o economista profissional escrever um livro que aclote o seu ponto
de vista e enfatize os topicos que fascinam a ele e a outros economistas. Fiz o que
pude para nao ceder a essa tentacao. Tentei colocar-me na posicao de alguem que
se depara corn a economia pela primeira vez. Meu objetivo é enfatizar o material
que os estudantes deveriam considerar, e efetivamente consideram, interessante
sobre o estudo da economia.
Um resultado disso é o fato de que este livro 6 mais breve do que muitos outros
usados para introduzir a economia aos alunos. Como estudante, fui (e ainda sou,
infelizmente) um leitor lento. Reclamava sempre que um professor nos mandava
ler um volume de mil paginas. E claro que minha reacao nao era a unica. 0 poeta
grego Calimaco a descreveu em poucas palavras: "Grande livro, grande tedio".
Calimaco fez essa observacao em 250 a.C., de modo que provavelmente nao se
VIII
PREFACIO
referia a um livro-texto de economia, mas o sentimento hoje se repete no mundo
todo a cada semestre, quando os alunos tem suas primeiras tarefas de economia.
Meu objetivo, neste livro, é evitar essa reacao omitindo os detalhes desnecessarios
que distraem os alunos do que realmente importa nas licoes.
Outro resultado dessa orientacao para o aluno é que mais contelido deste livro
6 dedicado a aplicacoes e a politica — e menos a teoria econOmica formal — do que
em muitas outras °bras escritas para o curs° de principios. Em todo o livro, procurei voltar-me para as aplicac5es e as questoes politicas sempre que possivel. A maioria dos capitulos inclui estudos de caso ilustrando como os principios de economia
sao aplicados. Alem disso, os quadros "Noticias" (que sao, em sua maioria, novos
para esta edicao) oferecem trechos de artigos de jornais que mostram como as
ideias economicas lancam luz sobre as questaes que a sociedade enfrenta no dia-aApos encerrar seu primeiro curso de economia, os estudantes deverao lidar corn
as materias jornalisticas com uma nova perspectiva e maior discernimento.
0 Que Ha de Novo Nesta Edicao?
Aconteceram muitas coisas em todo o mundo desde que escrevi a Ultima edicao
deste livro. Durante os ultimos anos, uma recessao nos Estados Unidos, um novo
presidente, um corte de impostos e escandalos contabeis nas corporacoes norteamericana, uma nova moeda na Europa e ataques terroristas alteraram o cenario
economic°. Como o ensino da econornia precisa manter-se atualizado com as
mudancas que ocorrem no rnundo, esta nova edicao contem diazias de estudos de
caso e de quadros novos.
Alem de atualizar o livro, tambem refinei sua abrangencia e seu aspect° pedagogic° coin base em informacoes dadas por rnuitos usuarios da edicao anterior. Ha
muitas mudancas, tanto grandes quanto pequenas. Por exemplo, a apresentacao
basica de oferta e demanda do Capitulo 4 foi reorganizada e aprimorada. E esta
edicao contem dois novos capitulos. Um deles, sobre as "Fronteiras da
Microeconomia", apresenta aos alunos a economia da informacao assimetrica, a
economia politica e a economia comportamental. Outro, que trata dos
"Instrumentos Basicos das Financas", desenvolve os conceitos de valor presente,
gestao de risco e valoracao de ativos (estes dois capitulos so existem na versao
completa do livro, em 36 capitulos.Ver, a seg,uir, os contornos de cada uma das quatro versoes disponiveis). Esses novos capitulos sao opcionais e podem ser pulados
pelos professores sem que se perca a continuidade. Mas o acrescimo desses tOpicos devera proporcionar aos alunos uma melhor compreensao do uso e do objetivo da economia.
Todas as alteracoes que fiz e muitas outras que considerei foram avaliadas a luz
dos beneficios da brevidade. Corno a maioria das coisas que estudamos em economia, o tempo dos alunos 6 um recurs° escasso. Sempre tenho em mente uma frase
do g,rande romancista Robertson Davies: "Uma das coisas mais importantes ao se
escrever 6 saber reduzir para nao matar o leitor de tedio".
Como Este Livro E
Organizado?
Para escrever um livro breve e adequado, precisei considerar novas maneiras de
organizar materiais familiares. 0 que se segue 6 um tour acelerado pelo text°.
Espero que ele de aos professores uma visa° de como as pecas se encaixam.
PREFACIO
Materiai lntrodutrio
0 Capitulo 1, "Dez Principios de Economia", apresenta aos alunos a visão de
mundo dos economistas. É uma previa de algumas das g-randes ideias que s5o
recorrentes na economia, como custo de oportunidade, tomada de decis5es marg,inal, o papel dos incentivos, ganhos do comercio e eficiencia das aloca es de mercado. Em todo o livro, refiro-me aos Dez Principios de Econonna apresentados no
Capitulo 1 regularmente para relembrar os alunos de que essas ideias s ao
o fundamento de toda a economia. Um icone impresso na margen-1 chama a ateN'ao para
esses principios fundamentais e interligados.
0 Capitulo 2,"Pensando como um Economista", examina a n-ianeira como os
economistas abordam seu campo de estudo. Ele discute o 1.-) apel das hipteses no
desenvolvimento de uma teoria e introduz o conceito de modelo econ8mico.
Tambem discute o papel dos economistas na formula o de politicas econ6micas.
0 apendice do capitulo oferece uma breve recapitula o sobre como os graficos so
usados e como eles podem ter um mau uso.
0 Capitulo 3,"Interdependencia e Ganhos Comerciais", apresenta a teoria da
vantagem con-iparativa. Essa teoria explica por que as pessoas comerciam com seus
vizinhos e por que as na0es comercian-i umas com as outras. Grande parte da economia trata de como as foNas do mercado coordenam muitas decises individuais
de produção e de consumo. Como ponto de particla para essa analise, os alunos
veem nesse capitulo como a especializa o, a interdependencia e o comercio
podem ser beneficos para todos.
As Ferramentas Fundamentais da Oferta e da Demanda
Os tres capitulos seguintes introduzem as ferramentas basicas da oferta e da
demanda. 0 Capitulo 4,"As FoNas de Mercado da Oferta e da Demanda", desenvolve a curva de oferta, a curva de demanda e a no - o de equilibrio de mercado. 0
Capitulo 5,"Elasticidade e Sua Aplicg ao",
introduz o conceito de elasticidade e o
utiliza para analisar eventos em tres diferentes mercados. 0 Capitulo 6, "Oferta,
Demanda e Politicas do Governo", usa essas ferramentas para examinar os controles de preos, como as leis de controle de alugueis, do salario rnínimo e da incidencia tributaria.
0 Capitulo 7,"Consumidores, Produtores e Eficiencia dos Mercados", estende a
analise da oferta e da demancia com os conceitos de excedente do consumiclor e
excedente do produtor . Comea desenvolvendo a ligação entre a disposi o dos
consumidores para pagar e a curva de demanda e a ligação entre os custos de produ'ao dos produtores e a curva de oferta. Ent ao,
mostra que o equilffirio de mercado maximiza a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Assim, os estudantes aprendem cedo sobre a eficiencia das aloca5es atraves . do mercado.
Os dois capitulos seg-uintes aplicam os conceitos de excedente do consumidor e
s
do produtor a questes de politica. 0 Capitulo 8, "Ai.-)lica 5o:
Os Custos da
Tributg ao",
mostra por que os impostos resultam em um peso morto e o que
cletermina a inagnitude dessas perdas. 0 Capitulo 9, "Aplica o: Comercio
Intemacional", analisa quen-i ganha e quem perde com o comercio intemacional e
apresenta o debate sobre politicas comerciais protecionistas.
Mais Microeconomia
Tendo examinado por que as aloca(; (5es
pelo mercado são freqi_lentemente desejaveis, o Iivro passa a considerar como o govemo pode as vezes aprimora-las. 0
.5&
IX
PREFACIO
Capitulo 10,"Extemalidades", explica como efeitos externos, como a poluicao, por
exempla podem fazer com que os resultados do mercado sejam ineficientes e discute possiveis solucoes publicas e privadas para essas ineficiencias. 0 Capitulo 11,
"Bens Publicos e Recursos Comuns", trata dos problemas que surgem quando
bens, como a defesa nacional, nao tem preco de mercado. 0 Capitulo 12,"0 Projeto
do Sistema Tributario", descreve a maneira como o governo levanta a receita necessaria para pagar pelos bens ptiblicos. Apresenta alguma informacoes institucionais
sobre o sistema tributario dos Estados Uniclos e discute como as metas de eficiencia e eqiiidade entram em jogo ao se moldar um sistema tributario.
Os cinco capitulos seguintes examinam o comportamento das empresas e da
organizacao industrial. 0 Capitulo 13, "Os Custos de Producao", discute o que se
deve incluir nos custos das empresas e introduz as curvas de custos. 0 Capitulo 14,
"Empresas cm Mercados Competitivos", analisa o comportamento das empresas
tomadoras de precos e deriva a curva de oferta do mercado. 0 Capitulo 15,
"Monopolio", trata do comportamento de uma empresa que seja a iinica vendedora em seu mercado. Discute a ineficiencia da formacao dos precos do monopolista,
as possiveis respostas politicas e as tentativas das empresas monopolistas de discriminar precos . 0 Capitulo 16,"Oligopolio", abrange os mercados em que ha poucos
vendedores, usando o dilema dos prisioneiros como modelo para examinar a interacao estrategica. 0 Capitulo 17,"Competicao Monopolistica", analisa o comportamento num mercado em que muitos vendedores oferecem produtos similares
porem diferenciados. Trata ainda do debate sobre os efeitos da publicidade.
Os tres capitulos seguintes apresentam questoes relacionadas aos mercados de
trabalho. 0 Capitulo 18,"Os Mercados de Fatores de Producao", enfatiza a ligacao
entre os precos de fatores e a produtiviciade marg,inal. 0 Capitulo 19, "Ganhos e
Discriminacao", discute os determinantes do sal6rio de equilibria incluindo os
diferenciais compensatorios, o capital humano e a discriminacao. 0 Capitulo 20,
"Desigualdade de Renda e Pobreza", examina o grau de desig,ualdade na sociedade americana, visoes alternativas sobre o papel do govern° na alteracao da distribuicao de renda e varias politicas que tem por objetivo ajudar os membros mais
pobres da sociedade.
Os dois proximos capitulos contem material opcional. 0 Capitulo 21,"A Teoria
da Escolha do Consumidor", analisa a tomada de decis5es individual usando restricoes orcamentarias e curvas de indiferenca. 0 Capitulo 22, "Fronteiras da
Microeconomia", introduz os tOpicos da informacao assimetrica, da economia politica e da economia comportamental. Muitos professores preferirao pular todo esse
material. Aqueles que decidirem adotar esses topicos poderao optar por recomendar esses capitulos antes do ponto cm que aparecem no livro, e eu os escrevi para
conferir flexibilidade aos professores.
Macroeconomia
Minha abordagem geral ao ensino da macroeconomia é examinar a economia no
longo prazo (quando os precos sac) flexiveis) antes do curt° prazo (quando os precos sao estdveis). Acredito que essa organizacao simplifica o aprendizado da
macroeconomia por varios motivos. Primeiro, a hipotese classica de flexibilidade de
precos estzi mais estreitamente ligada as licoes bdsicas sobre oferta e demanda, que
os estudantes ja terao dominado. Segundo, essa dicotomia classica permite que o
estudo do longo prazo seja dividido em diversas partes de facil assimilacao.
Terceiro, como o ciclo de negocios representa um desvio transitorio do caminho de
PREFACIO
crescimento da economia no longo prazo, é mais natural estudar esses desvios
depois de compreender o equilibrio no longo prazo. Quarto, a teoria macroecon&mica do curto prazo é mais controversa entre os economistas do que a teoria
macroecon8mica do longo prazo. Por todos esses motivos, a maioria dos cursos
superiores de macroeconomia adota hoje essa abordagem, estudando o longo
prazo antes do curto prazo; meu objetivo é oferecer aos estudantes do curso introdutc5rio os mesmos beneficios.
Voltando à organizaao da obra, comeo a cobrir a macroeconomia com quest6es ligadas à mensurgao. 0 Capitulo 23,"Medindo a Renda Nacional", discute o
sig,nificado do produto interno bruto e de estatisticas relacionadas das contas de
renda nacionais. 0 Capitulo 24,"Medindo o Custo de Vida", discute a rnedição e o
uso do indice de prec;os ao consun-lidor.
Os quatro capitulos que seg,uem descrevem o comportamento da economia real
no longo prazo. 0 Capftulo 25,"Produ o e Crescimento", examina os determinan.
tes das g,randes variKC )es
dos padr5es de vida ao longo do tempo e entre paises. 0
Capítulo 26,"Poupana, Investimento e Sistema Financeiro", discute os tipos de
tituições financeiras que existem na economia norte-americana e examina os papeis
que representam na alocgao de recursos. 0 Capitulo 27,"As Ferramentas Basicas das
Finanas", introduz o valor presente, a gesUio de risco e a fon-naao de prec;os de ativos. 0 Capitulo 28, "Desemprego e Sua Tz.ixa Natural", trata dos determinantes de
longo prazo da taxa de desemprego, incluindo a procura de emprego, a leg,islgao do
salario minimo, o poder de mercado dos sindicatos e os salarios de eficiencia.
Tendo descrito o comportamento de longo prazo da economia real, o livro voltase para o comportamento de longo prazo da moeda e dos preos. 0 Capitulo 29,
"O Sistema Monetario", introduz o conceito econ6mico de moeda e o papel do
banco central no controle da quantidade de moeda. 0 Capitulo 30,"Crescimento
da Moeda e Infk:ao", desenvolve a teoria classica da inflKa- o e discute os custos
que a inflaao imp 6e
à sociedade.
Os dois capitulos seg-,uintes apresentam a macroeconomia das economias abertas, mantendo as premissas de longo prazo de flexibilidade de preos e pleno
emprego. 0 Capitulo 31, "Macroeconomia das Economias Abertas: Conceitos
Basicos", explica a relação entre poupaNa, investimento e balaNa comercial, a distinao entre taxa de cambio real e nominal e a teoria da paridade do poder de compra. 0 Capitulo 32,"Teoria MacroeconOmica da Economia Aberta", apresenta um
n-iodelo classico dos fluxos internacionais de bens e capital. 0 modelo laNa luz
sobre diversas quest6- es, inclusive a ligação ente os deficits oNamentarios e os deficits comerciais e os efeitos macroeconOn-licos das politicas comerciais. Como os
professores diferem quanto à enfase dada a esse material, esses capitulos foram
escritos de maneira a poder ser utilizados de difere.ntes maneiras. Alguns podem
preferir utilizar o Capitulo 31, mas nao o 32; outros podem preferir pular os dois
capitulos; e ainda outros podem optar por deixar a analise macroeconCimica das
economias abertas para o firn do curso.
AF)cis desenvolver a teoria econCimica de longo prazo da economia nos
Capitulos 25 a 32, o livro volta-se para explicar as flutua c5es
de curto prazo em
torno da tendencia de longo prazo. Essa organizg ao
simplifica o ensino da teoria
das flutua es de curto prazo porque, nesse ponto do curso, os alunos ja estudaram muitos dos conceitos macroecon8nlicos basicos. 0 Capitulo 33, "Demanda
Agr, egada e Oferta Ag,regada", comea com alguns fatos sobre o ciclo de negc5cios
e, em seg,uida, introduz o modelo de demanda agregada e oferta agregada. 0
Xl
XII
PREFACIO
Capitulo 34, "A Influencia das Politicas Monetaria e Fiscal sobre a Demanda
Agegada", explica como os formuladores de politicas podem usar as ferramentas
de que disp5em para deslocar a curva de demanda agr, egada. 0 Capitulo 35, "O
Tradeoff entre Inflação e Desemprego no Curto Prazo", explica por que os formuladores de politicas que controlam a demanda ag,regada enfrentam um tradeoff entre
inflg a. - o e desemprego. E examina por que esse tradeoff existe no curto prazo, por
que muda ao longo do tempo e por que não existe no longo prazo.
0 livro finaliza com o Capitulo 36, "Cinco Debates sobre Politica Macroeco.
n6mica". Esse capitulo de encerramento discute cinco quest 6es controversas com
que se deparam os formuladores de politicas: o g,rau adequado de interveN"ao das
politicas em face do ciclo de nefficios; a escolha entre regras e discrição na conduao da politica monetaria; a conveni"encia de se atingir uma inflg ao zero; a importância de se equilibrar o oramento pUblico e a necessidade de uma reforma tributaria para incentivar a poupana. Para cada uma dessas questes, o capitulo apresenta
os dois lados do debate e incentiva os alunos a fazer seus prprios julgamentos.
Ferramentas de Aprendizado
0 objetivo deste livro e ajuclar os estudantes a aprender as lições fundamentais
sobre economia e mostrar como elas podem ser aplicadas ao mundo em que vivem.
Para isso, usei diversas ferramentas de aprendizado que aparecen-i de maneira
recorrente por todo o livro.
Estudos de Caso A teoria econOmica somente é útil e interessante se puder ser
aplicada à compreens ao de fatos e politicas reais. Assim, este livro contem numerosos estudos de caso que aplicam a teoria que acabou de ser desenvolvida.
Noticias Uma vantagen-i que os alunos extraem do estudo da economia e uma
nova perspectiva e uma melhor comi.->reenso das noticias de todo o mundo. Para
dar destaque a esse beneficio, inclui trechos de muitos artigos de jomal, alg,uns dos
quais s'a- o colunas de opinUio escritas por economistas de destaque. Esses artigos,
juntamente com minhas breves introdu es, mostram como a teoria econOmica
basica pode ser aplicada. Esses artigos s'ao, em sua maioria, novos, escolhidos para
esta
Quadros "SMS" (Saiba Mais Sobre) Estes quadros oferecem material adicional"para seu conhecimento". Alg-uns deles fornecem informg5es sobre a hist6ria do pensamento econ3mico. Outros esclarecem questes tecnicas. Outros ainda
discutem tc5picos complementares que os professores podem decidir discutir ou
n'ao ern suas aulas.
DefinkAes de Conceitos-Chave Quando são introduzidos conceitos-chave
em um capitulo, eles são impressos em negrito. Alem clisso, suas defini 6es
apresentadas nas margens. Esse tratamento deve ajudar os alunos a aprender e a
rever o material.
ao principal, o livro oferece aos alunos "testes
rapidos"para que avaliem sua compreens ao do que acabaram de aprender. Se
j_-> uderem responder rapidamente a esses testes, eles devem parar e reler o material
antes de prosseguir.
Testes R4idos ApOs cada se
PREFACIO
Resumos dos Capitulos Cada capitulo se encerra corn um breve resumo para
lembrar aos alunos os conceitos mais importantes que acabaram de aprender. Mais
adiante, isso sera uma forma eficiente de fazer revisdo para as 'Novas.
Lista de Conceitos-Chave No final de cada capitulo, uma lista de conceitoschave permite que os alunos testem sua compreensao dos novos termos que foram
introduzidos. As listas incluem referencias as paginas para que eles possam rever
os termos que nao tiverem entendido.
Questoes para Revisao Ao final de cada capitulo ha perg,untas para revis5o
que cobrem as principais lic5es do capitulo. Os alunos podem usar essas questoes
para verificar a compreensao da materia e estudar para as provas.
Problemas e AplicacOes Cada capitulo tambem contem uma variedade de
problemas e aplicagnes que solicitam aos alunos que apliquem o material que acabaram de estudar. Alguns professores poclem usar essas perguntas como dever de
casa. Outros podem
como ponto de partida para discuss5es em classe.
Versoes Aiternativas dos Livros
0 livro que voce tem em m5os é uma das quatro versOes disponiveis para introduzir a economia aos estudantes. Oferecemos essa variedade de livros porque os professores diferem quanto ao tempo disponivel de que disp5em e quanto aos tapicos
que escolhem abordar. Eis aqui uma breve descricao de cada um deles:
• Introduc-ao a Economia: Esta versa) completa do livro contem todos os 36 capitulos. Foi concebida para um curso introdutorio em dois semestres que abranja
tanto a microeconomia quanto a macroeconomia.
• Principios de Microeconomia: Esta versa) contem 22 capitulos e foi concebida
para cursos de introducao a microeconomia com duracao de um semestre.
• Principios de Macroeconomia: Esta versa() contem 23 capitulos e foi concebida
para cursos de introducao a macroeconomia com duracao de um semestre.
Contem um desenvolvimento completo da teoria da oferta e da demanda.
• illtiOdlica0 a Economia — Edicao Compacta: Esta vers5o do livro contem 24 capitulos. Foi concebida para cursos de um semestre que d5o uma visa() geral tanto da
microeconomia quanto da macroeconomia.
A tabela que consta da proxima pagina mostra exatamente os capitulos que
cada versa° contem.
XIII
PREFACIO
VERSOES DISPONEVEIS
As Quatro Versoes Deste Livro
Introducao a Economia
1.Dez Principios de Economia
2. Pensando como um Economista
3. Interdependencia e Ganhos Comerciais
4. As Forcas de Mercado da Oferta e da Demanda
5. Elasticidade e Sua Aplicacao
6. Oferta, Demanda e Politicas do Governo
7.Consumidores, Produtores e Eficiencia dos Mercados
8. Aplicack: Os Custos da Tributa0o
9. Aplicacao: Comercio Internacional
10.Externalidades
11.Bens PLIblicos e Recursos Comuns
12.0 Projeto do Sistema Tributario
13.Os Custos de Produck
14.Empresas em Mercados Competitivos
15.Monopolio
16.OligopOlio
17.Competicao Monopolistica
18.Os Mercados de Fatores de Producao
19.Ganhos e Discriminacao
20. Desigualdade de Renda e Pobreza
21.A Teoria da Escolha do Consumidor
22. Fronteiras da Microeconomia
23. Medindo a Renda Nacional
24. Medindo o Custo de Vida
25. Produck e Crescimento
26. Poupanca, Investimento e Sistema Financeiro
27.As Ferramentas Basicas das Financas
28. Desemprego e Sua Taxa Natural
29.0 Sistema Monetario
30. Crescimento da Moeda e Inflacao
31. Macroeconomia das Economias Abertas: Conceitos Basicos
32.Teoria MacroeconOrnica da Economia Aberta
33. Demanda Agregada e Oferta Agregada
34.A Influencia das Politicas Monetaria e Fiscal sobre a Demanda Agregada
35. 0 Tradeoff entre Inflack e Desemprego no Curto Prazo
36. Cinco Debates sobre Politica Macroeconornica
Obs.: Os numeros dos capitulos referem-se a obra completa, Introducao a Economia
et"
XV
A Editora Pioneira Thomson ag,radece aos professores citados a seguir por seus
comentEirios, criticas e sugestes 1,-)ara esta edi "a o F-mblicada no Brasil:
Manuel José Nunes Pinto
Reitor do Centro Universitrio Alvares Penteado — Unifecap
josé Francisco Vinci de Moraes
Chefe do Departamento de Economia da Escola Superior de Propaganda e
Marketing — ESPM
Sim a- - o Davi Silber
Professor Doutor do Departamento de Economia — FEA/USP
Juarez Alexandre Baldini Rizzieri
Professor Doutor do Departamento de Economia — FEA/USP
Sth-gio Goldbaum
Professor EAESP — Funcla o Geffilio Vargas
Nuno de Almeida
Professor do Ibmec
PREFACIO
Ao escrever este livro, beneficiei-me do apoio de muitas pessoas talentosas.
Foram realizadas pesquisas de mercaclo na preparac5o desta edicao. Agradeco
i,-)elo tempo que meus colegas dedicaram fazendo comentarios e pelas informac6es
clue prestaram.
Agradecimentos especiais a Karen Dynan, Douglas Elmendorf e Dean Croushore,
que criaram muitos dos problemas e exercicios de aplicacdo apresentados ao final de
cada capitulo. Yvonne Zinfon, rninha assistente ern Harvard, foi, como de habit°,
acima e alem do dever enquanto esta edicao estava sendo preparada. Sou tambem
gr, ato a Fuad Haridi, um estudante de Harvard, por sua ajuda nos estagios finais deste
projeto.
A equipe de eclitores que trabalhou neste livro fez clele algo muito melhor. Jane
Tufts, editora de desenvolvimento, e — como costuma ser — a responsavel por esta
edic ao
realmente espetacular. Peter Adams, editor senior de aquisicoes em economia, fez un-' excelente trabalho na supervisao das diversas pessoas envolvidas num
projeto g,rande como este. Sarah Dorger, editora de desenvolvimento, criou uma
excelente equipe para escrever os suplementos, ao mesmo tempo em que administrava milhares de detalhes relacionados a eles. Dan Plofchan, editor de iproduc5o,
juntamente com o pessoal da Thistle Hill Publishing Services e da GAC
Indianapolis, teve a pacie.ncia e a dedicac5o necessilrias para transformar meu
manuscrito neste livro. Janet Hennies, gerente senior de marketing, trabalhou
muito para se comunicar com usuitrios em potencial do livro, mesmo enquanto
dava a luz um futuro leitor. Tom Gay foi fundamental nos estlig,ios iniciais de planejamento. Jeff Gilbreath foi editor de desenvolvimento ate sua morte prematura;
sentiremos sua falta. 0 restante da equipe tambem foi sempre profissional, entusiasmado e dedicado: Jon Schneider, Jenny Fruechtenicht, Terron Sanders, Carrie
Hochstrasser, Vicky True, Peggy Buskey, Pam Wallace e Sandee Milewski.
Devo tambem ag,radecer a minha editora "in-house"— Deborah Mankiw. Como
a primeira leitora de quase tudo o que escrevo, ela oferece sempre a mistura correta de critica e incentivo.
Finalmente, agradeco a meus filhos, Catherine, Nicholas e Peter. Suas visitas
imprevisiveis ao meu escritorio representaram um alivio bem-vindo apos longas
horas escrevendo e reescrevendo. Embora aincla tenham apenas 10, 8 e 4 anos de
idade, alg-um dia crescera- o e estudarao os principios da economia. Espero clue este
livro proporcione a seus leitores parte da educacao c do esclarecimento que desejo
para meus proprios filhos.
N. Gregory Mankiw
Outubro de 2002
XVII
•
PREFACIO: AO ALUNO
"Economia é o estudo da humanidade em sua vida rotineira." Assim escreveu
Alfred Marshall, o grande economista do seculo XIX em seu livro Principios de
Econonn a. Embora tenhamos aprendido muito sobre a economia desde os dias de
Marshall, essa definiao da economia é tão verdadeira hoje quanto o era em 1890,
quando foi publicada a primeira edição de seu texto.
Por que voce, um estudante no início do seculo XXI, deveria embarcar no estudo da economia? Ha tres razes.
A 1,-)rimeira razao para estudar economia é o fato de que ela o ajudara a entender o n-lundo em que voce vive. Existem muitas questes relativas à economia que
podem despertar sua curiosidade. Por que é tao difícil encontrar apartamentos na
cidade de Nova York? Por que as companhias aereas cobram menos por um bilhete de ida e volta se o viajante passar um sabado à noite em seu destino? Por que
Robin Williams ganha tanto para estrelar filmes? Por que os padr6es de vida sa- o t'ao
baixos em muitos paises africanos? Por que alguns paises tem taxas de inflação elevadas, enquanto outros tem preos estaveis? Por que e facil encontrar emprego em
alguns anos e em outros é t'ao Estas s ao
apenas algumas das perg,untas que
um curso de economia ajudara voce a responder.
A seg,unda raz'ao para estudar economia é que isso o tomara um participante
mais perspicaz da economia. Durante sua vida, voce devera tomar muitas decises
econ6micas. Enquanto voce e um estudante, precisa decidir quantos anos quer passar na escola. Depois que tiver um emprego, decidira quanto de sua renda gastar,
quanto poupar e como aplicar sua poupaNa. Algum dia, voce podera se ver dirigindo uma pequena empresa ou uma grande corporK'ao e devera decidir que preços cobrar por seus produtos. Os conhecimentos que voce ira adquirir nos capitulos que seg,uem Ihe dar ao
uma nova perspectiva a respeito da melhor maneira de
tomar essas decises. Estudar economia nao o tornara rico, mas lhe fornecera algumas ferramentas que podem ajudar nesse sentido.
A terceira raz'ao para estudar economia é o fato de que ela lhe proporcionara
.
uma melhor compreens ao
dos potenciais e limites da politica econ mica. Como
eleitor, voce ajuda a escolher as politicas que orientam a aloca o dos recursos da
sociedade. Ao decidir quais politicas apoiar, voce podera fazer a si mesmo varias
perguntas sobre a economia. Quais os Onus associados a formas altemativas de tributacfao? Quais os efeitos do livre-comercio com outros paises? Qual a melhor
maneira de proteger o meio ambiente? Como um deficit oNamentario do govemo
afeta a economia? Essas e outras quest6'es similares esta- o sempre na mente dos
.
formuladores de politica econOmica nos escritrios dos prefeitos, na mans ao
dos
o
overnadores e na Casa Branca.
Portanto, os principios de economia podem ser aplicados em muitas situa(;6'es
de nossas vidas. No futuro, esteja voce lendo um jomal, administrando uma
empresa ou sentado no Saffio Oval, ficara contente por ter estudado economia.
N. Gregory Mankiw
XX
PREFACIO
TRODKAO
A ECONO A: UM PAN R A A
INTRODUCAO
0 estudo da economia guia-se por algumas
grandes ideias.
Os economistas veem o mundo como
cientistas e legisladores.
A teoria da vantagem compamtiva
explica como as pessoas se beneficiam
da interdependencia economica.
1 Dez Principios de Economia
Pensando como um Economista
3 Interdependencia e Ganhos Comerciais
OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
COMO a economia coordena ageiztes
econornicos interdependentes? Por meio
das foros de oferta e demanda de
mercado.
As ferramentas de oferta e demanda seio
empregadas para examinar os efeitos de
diversas politicas governamentais.
4 As For-gas de Mercado da Oferta
e da Demanda
5 Elasticidade e Sua Aplicacao
6 Oferta, Demanda e Politicas do Governo
OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
Por que o equilibrio da ofrrta e da
demanda é desejdvel para a sociedade
COMO um todo? Os conceitos de excedente
do consumidor e excedente do produtor
explicam a eficiencia dos mercados, os
e os beneficios do
custos da tributac do
comercio internacional.
7 Consumidores, Produtores e
Eficiencia dos Mercados
8 Aplicacao: Os Custos da Tributacao
9 Aplicacao: Comercio Internacional
A ECONOMIA DO SETOR POBLICO
10 Extemalidades
11 Bens Ptiblicos e Recursos Comuns
12 0 Projeto do Sistema Tributario
4 --(f3 fc)
\.
I
resultados dos mercados nein sempre
são eficientes e os governos por vezes
atenuam as falhas do mercado.
Para financiar setts programs, os
governos levantam receitas por meio de
seus sistenzas tributdrios, criados corn o
objetivo de equilibrar eficiencia
e equidade.
COMPORTAIVIENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA INDUSTRIA
Os Custos de Producao
14 Empresas em Mercados Competitivos
t15
Monopolio
16 Oligopolio
17 Competicao Monopolistica
teoria da empresa esclarece as deciscies
que esta o por trds da oferta nos rnercados
competitivos.
Empresas com poder de mercado podem
—fazer que os resultados do mercado
sejam ineficientes.
I
A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO
18 Os Mercados de Fatores de Producao
19 Ganhos e Discriminacao
20 Desigualdade de Renda e Pobreza
—
Estes capitulos exaininanz as
caracteristicas peculiares aos mercados
de trabalho, em que a inaioria das pessoas
obtem a maior parte de sua renda.
PREFACIO
TPlCOS DE ESTUDOS AVANCADOS
21 A Teoria da Escolha do Consumidor
22 Fronteiras da Microeconomia
L Outros tcipicos de microeconomia sifio a
T tonzada de decises nas famílias, a
assimetria de informa(do, a economia
polftica e a economia comporta3nental.
DADOS MACROECONM1COS
23 Medindo a Renda Nacional
24 Medindo o Custo de Vida
I
A quantidade total de produ(-:do e o nivel
geral de prcTos s'do usados para
monitorar desdobramentos na ecozzomia.
A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO
25 Proclu o e Crescimento
26 Poupangi, Investimento e
Sistema Financeiro
27 As Ferramentas IM.sicas das FinaNas
28 Desemprego e Sua Taxa Natural
MOEDA E PRECOS NO LONGO PRAZO
29 0 Sistema Monetrio
30 Crescimento da Moeda e Inflao
A MACROECONOMIA DAS ECONOIVIIAS ABERTAS
31 Macroeconomia das Economias
Abertas: Conceitos 1Msicos
32 Teoria Macroecon6mica da
Economia Aberta
FLUTUAOES ECONMICAS NO CURTO PRAZO
33 Demanda Ag,regada e Oferta Agr, egada
34 A Influ&icia das Politicas Monetria e
Fiscal sobre a Demanda Agregada
35 0 Tradeoff entre Inflg a"o
e Desemprego
no Curto Prazo
CONSIDERACES FINAIS
36 Cinco Debates sobre Politica
Macroeconmica
Estes capftulos descrevem as forvas que,
longo prazo, determinam varidveis
reais chave, incluindo crescimento do
PIB, poupawa, investimento, taxas de
juro real e desemprego.
110
0 sistema monetdrio é crucial para
deterrninar o comportamento do ru'vel de
preffis no longo prazo, a taxa de infia0o
e outras varidveis nominais.
As interaOes econ6micas de uma na(do
com outras na(des sifo descritas por sua
balawa comercial, investimento externo
h'quido e taxa de cdnzbio.
Uin modelo de longo prazo da economia
aberta explica os determinantes da
balawa comercial, da taxa de c'dmbio
real e outras varidveis reais.
0 nwdelo de demanda agregada e oferta
agregada explica as flutua.5es
econ3micas no curto prazo, os efeitos de
curto pmzo da polftica monetdria e
fiscal e a liga(do no curto prazo entre
varidveis reais e zzominais.
Este capftulo de encerramento apresenta
os dois lados de cinco inzportantes debates
sobre polftica econ'dmica.
XXI
SU MARIO
PARTE 1
I NTRODKAO
CAPiTULO
DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA 3
Como as Pessoas Tomam Decisoes 4
Principio 1: As Pessoas Enfrentam Tradeoffs 4
Principio 2: 0 Custo de Alguma Coisa E Aquilo de
que Voce Desiste para Obte-la 6
Principio 3: As Pessoas Racionais Pensam na
Margem 6
Principio 4: As Pessoas Reagem a Incentivos 7
Como as Pessoas Interagem 9
Principio 5: 0 Comercio Pode Ser Bom para
Todos 9
Principio 6: Os Mercados Sao Geralmente uma Boa
Maneira de Organizar a Atividade Econ()mica 9
Principio 7: AsVezes os Govemos Poclem Melhorar
os Resultados dos Mercados 10
SPAS: Adam Smith e a Mao Invisivel
Como a Economia Funciona 12
Principio 8: 0 Padrao de Vida de um Pais Depende
de Sua Capacidade de Produzir Bens e
Servicos 12
Principio 9: Os Precos Sobem Quando o Governo
Emite Moeda Demais 13
Principio 10: A Sociedade Enfrenta um Tradeoff de
Curto Prazo entre Inflaccio e Desemprego 14
SMS: Como Ler Este Livro
Conclusao 16
Resumo 16
Conceitos-Chave 16
Questoes para Revisao 16
Problemas e Aplicacoes 17
CAPiTULO 2
PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 19
0 Economista Como Cientista 20
0 Metodo Cientifico: Observacao, Teoria e Mais
Observacao 21
0 Papel das Hipateses 21
Mocielos Econemicos 22
Nosso Primeiro Modelo: 0 Diag,rama do Fluxo
Circular 23
Nosso Segundo Modelo: A Fronteira de
Possibilidades de Prociucao 24
Microeconomia e Macroeconomia 26
0 Economista como Conselheiro de Politicas 28
Analise Positiva versus Analise Normativa 28
Economistas em Washington 29
Por Que os Economistas Divergem 30
Divergencias Quanto ao Julgamento Cientifico 30
Divergencias Quanto a Valores 31
Percepcao e Realidade 31
Vamos em Frente 32
Resumo 33
Conceitos-Chave 33
e
Questoes para Revis d()
33
Problemas e Aplicacoes 34
Apenclice Gralicos: Uma Breve Revisao 36
Graficos de Uma So Variavel 36
Graficos de DuasVariaveis: 0 Sistema de
Coordenadas 36
Curvas no Sistema de Coordenadas 37
Inclinacao 41
Causa e Efeito 47
CAPiTULO
INTERDEPENDENCIA E GANHOS
COMERCIAIS 45
Uma Parabola para a Economia Moderna 46
Possibilidades de Producao 46
Especializacao e Comercio 48
0 Princlpio da Vantagem Comparativa 50
Vantagem Absoluta 51
Custo de Oportunidade e Vantagem
Comparativa 51
Vantagem Comparativa e Comercio 52
SMS: 0 Legado de Adam Smith e David Ricardo
Aplicac5es da Vantagem Comparativa 54
Tiger Woods Deve Cortar sua Propria Grama? 54
NOTICIAS: Quem Tem Vantagem Comparativa na
Producao de Ovelhas?
Os Estados Unidos Devem Comerciar com Outros
Paises? 56
Conclusao 56
SUIVIARIO
Resumo 57
CAMULO 5
Conceitos-Chave 57
Questes para Reviso 57
Problemas e Aplica5es 57
PARTE 2
OFERTA E DEMANDA I:
COMO FUNCIONAM
OS MERCADOS 61
CAP jTULO 4
AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA
DEMANDA 63
Mercados e Competio 64
Mercados Competitivos 64
Con-ipetic;"a"o: Perfeita e Imperfeita 64
Demanda 65
A Curva de Demanda: A Rela o entre Prey) e
Quantidade Demandada 65
Demanda de Mercado versus Demanda
Individual 66
Deslocamentos da Curva de Demanda 67
Z:STUDO DE CASO: Duas Maneiras de Reduzir a
Quantidade Deinandada de Tabaco
Oferta 71
A Curva de Oferta: A RelE4o entre Prey) e
Quantidade Ofertada 71
Oferta do Mercado versus Oferta Individual 79
Deslocamentos da Curva de Oferta 73
-
ELASTICIDADE E SUA APLICAC A0 89
A Elasticidade da Demanda 90
A Elasticidade-Preo da Demanda e Seus
Determinantes 90
Calculando a Elasticidade-Prey) da Demanda 91
0 Wtodo do Ponto Wdio: Uma Maneira Melhor
de CalcularVariay5es Percentuais e
Elasticidades 92
AVariedade das Curvas de Demancia 94
Receita Total e Elasticidade-Prey) da Demanda 94
Elasticidade e Receita Total ao Longo de uma Curva
de Demanda Linear 96
NOTk=5: Na Estrada com a Elasticidade
ESTUDO DE CASC.k. Estabelecendo o Prey) clo
Ingresso de um Museu
Outras Elasticidades da Demanda 99
A Elasticidade da Oferta 100
A Elasticidade-Prey) da Oferta e Seus
Determinantes 100
Calculando a Elasticidade-Prey) da Oferta 101
AVariedade das Curvas de Oferta 101
da Oferta, da Demanda e da
Tr' s Aplicg cies
Elasticidade 104
Boas Noticias para a Ag,ricultura Podem Ser
Noticias para os Agricultores? 104
Por Que a Opep Não Conseguiu Manter Elevado o
Prey) do Petrffleo? 106
A Politica de Proihição das Drogas Aumenta ou
Diminui os Crimes Relacionados a Elas? 108
Conclus"k) 109
Resumo 110
Oferta e Demanda Reunidas 75
Equilibrio 75
Tr' s Passos para Analisar Mudam;as do
Equilibrio 77
NOTiCIAS: A Mãe Natureza Desloca a Curva de
Oferta
p
Concluso: Como os Pre9 s Alocam Recursos 83
Conceitos-Chave 110
Questes para Reviso 110
Problemas e Aplica es 111
Resumo 84
Controle de Preos 114
Como os Prec;os Máximos Afetam os Resultados do
Mercado 114
ESTUDO DE: CASO: Filas nas Bombas cle
Gasolina
Conceitos-Chave 85
Questes para Reviso 85
Problemas e Aplica
es 86
CAMU 1.0
6
OFERTA, DEMANDA E POUTICAS DO
GOVERNO 113
SUMARIO
ESTUDO
CASO: Controle de Alugueis no
Curto, e no Longo Prazos
N TICAS: As Secas Causam Necessariamente
Escassez de Agua?
Como os Precos Minimos Afetam os Resultados de
Mercado 120
ESTUDO DE CASO: 0 Salado Minim()
Avaliando o Controle de Precos 123
Impostos 124
Como os Impostos Cobrados dos Compradores
Afetam os Resultados de Mercado 124
Como os Impostos Cobrados dos Vendedores
Afetam os Resultados de Mercado 126
ESTUDO DE CASO: 0 Congress° Pode Distribuir
o Onus de um Impost° sobre a Folha de
Pagamento?
Elasticidade e Incidencia Tributaria 128
ESTUDO DE CASO: Quern Paga os Impostos
sobre Bens de Luxo?
Conclusao 131
Resumo 131
Conceitos-Chave 131
Questoes para Revisao 132
Problemas e AplicacEies 132
PARTE 3
OFERTA E DEMANDA
MERCADOS E BEWI-ESTAR 135
0 Planejador Social Benevolente 147
Ava1iac5o do Equilibrio de Mercado 148
NOTICIAS: Cambistas
ESTUDO D CASO: Deveria Haver um Mercado
de Orgaos Humanos?
NOTICIAS: Como os Peregr, inos Abracaram o
Mercado
Conclusao: Eficiencia e Falha de Mercado 154
Resumo 155
Conceitos-Chave 155
Questoes para Revisao 155
Problemas e Aplicacoes 156
CAMULO 8
APLICKAO: OS CUSTOS DA
TRIBUTKAO 159
0 Peso Morto dos Impostos 160
Como um Impost° Afeta os Participantes do
Mercado 161
Peso Morto e Ganhos Comerciais 163
Determinantes do Peso Morto 164
ESTUDO DE CASO: 0 Debate sobre o Peso
Morto
0 Peso Morto e a Receita Fiscal Conforme os
Impostos Variam 167
SMS: Henry George e o Impost° Territorial
ESTUDO CASO: A Curva de Laffer e a
Economia do Lado da Oferta
Conclusao 171
CAMULO 7
Resumo 172
CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA
DOS MERCADOS 137
Conceito-Chave 172
Excedente do Consumidor 138
Disposica"o para Pagar 138
Usando a Curva de Demanda para Medir o
Excedente do Consumidor 139
Como um Preco Baixo Eleva o Excedente do
Consumidor 140
0 Que o Excedente do Consumidor Mede? 141
Problemas e Aplicacoes 172
Excedente do Produtor 143
Custo e Disposicao para Vender 143
Uso da Curva de Oferta para Medir o Excedente do
Produtor 144
Como um Preco Mais Alto Aumenta o Excedente
do Produtor 146
Eficiencia de Mercado 147
XXV
Questoes para Revisdo 172
CAPiTULO 9
APLICKAO: COMERCIO INTERNACIONAL 175
Os Determinantes do Comercio 176
0 Equilibrio sem Comercio 176
Preco Mundial eVantagem Comparativa 177
Os Ganhadores e Perdedores no Comercio
Internacional 178
Ganhos e Perdas de um Pais Exportador 178
Ganhos e Perdas de um Pais Importador 180
Os Efeitos de uma Tarifa 182
NOTiCIAS: AVida na
SUIVIA RIO
Os Efeitos de uma Cota de Importgo 185
Li'(5es para a Politica Comercial 187
Os Argumentos em Favor da Restri o ao
Comrcio 188
0 ArguMento dos Empregos 188
SMS: Outros Beneficios do Comercio
Intemacional
0 Arg-umento da SeguraNa Nacional 189
0 Argumento da Indlistria Nascente 190
0 Argumento da Competio Desleal 190
NOfiCIAS: Politica Comercial na tndia
0 Argumento da Protelo como Instrumento de
Barganha 191
NOTiCIAS:
Ci,%‘ SO: Acordos Comerciais e a
ESTUDO
Organiza o Mundial do Comercio
Concluso 194
Resumo 195
Conceitos-Chave 196
Questes para Revisk) 196
Problemas e Aplica es 196
PARTE 4
A ECONOMIA DO SETOR
PBLICO 201
Objeiies à Análise EconOmica da Poluiao 216
Concluso 217
MOTAS: CriaNas como Externalidades
Resumo 218
Conceitos-Chave 219
Questes para Revis th3 220
Problemas e Aplicações 220
C,APTULO
BENS PBLICOS E RECURSOS COMUNS 223
Os Diferentes Tipos de Bens 224
Bens PtIblicos 225
O Problema dos Caronas 226
Alguns Bens Pblicos Importantes 226
ESTUDO DE CASO: Os FarOis S "o Bens
PUblicos?
A Dificil Tarefa da Analise de Custo—Beneficio ??9
ESTUDO E CASO: Quanto Vale uma Vida?
Recursos Comuns 231
A Tragedia dos Comuns 231
Alguns Recursos Comuns Importantes 232
NOVICIAS: A Solu o de Cingapura
ESTUDO DE CAS'O: Por que aVaca Não Est
Extinta
NOTkIAS: 0 Parque deYellowstone Deveria
Cobrar o Mesmo que a Disney World?
CAPiTULO 1C
Concluso: A Importthicia dos Direitos de
Propriedade 236
EXTERNALIDADES 203
Resumo 237
Externalidades e Ineficiência do Mercado 204
Economia do Bem-Estar: RecapitulacAo 205
Extemalidades Negativas 206
Externalidades Positivas 207
ESTUDO D CASO: Transbordamentos
TecnolOgicos e Politica Industrial
SolueSes Privadas para as Externalidades 209
Tipos de Solu es Privadas 209
0 Teoren-ia de Coase 210
Por Que as Soluc;5es Privadas nem Sempre
Funcionam 211
Politicas P-tablicas para as Externalidades 217
Regulamentio 212
Impostos e Subsidios de Pigou 213
ES7UDG DE CASO: Por Que a Gasolina
Tributada Tho Pesadamente?
LiceNas Negoci veis para Polui-io 215
Conceitos-Chave 237
Questes para Reviso 237
Problemas e Aplicaies 237
CAM111.0 12
0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUT) 6kRIO 241
Um Panorama Financeiro do Governo
Norte-americano 242
O Governo Federal 242
O Governo Estadual e Local 246
Impostos e EficithIcia 248
0 Peso Morto 248
CASO: Devemos Taxar a Renda ou o
ESTUDO
Consumo?
nus Administrativo 250
Aliquotas Marginais de Tributg. o e Aliquotas
Medias 250
SUMARIO
ESTUDO DE CASO: 0 Experiment° Natural da
Islandia
Tributacao por Montante Onico 251
NOTiCIAS: Como os Impostos Afetam as
Mulheres Casadas
Impostos e Eqiiidade 253
O Principio dos Beneficios 254
O Principio da Capacidade de Pagamento 254
ESTUDO DE CASO: Como E Distribuida a Carga
Tributaria
ESTUDO DE CASO: Equidade Horizontal e o
Impost° sobre o Casamento
Incidencia Tributaria e EqUidade Tributaria 258
NOTiCIAS: 0 Caso contra a Tributacao dos
Ganhos de Capital
ESTUDO DE CASO: Quem Paga o Impost° de
Renda das Pessoas Juridicas?
Conclusao: 0 Tradeoff entre Eqiiidade e
Eficiencia 260
Resumo 261
Conceitos-Chave 261
Questoes para Revisao 262
Problemas e AplicacZies 262
PARTE 5
COMPORTAMENTO DA
EMPRESA E 0RGANIZA00 DA
INDUSTRIA 265
CARiTULO 13
OS CUSTOS DE PRODKAO 267
0 Que Sao Custos? 268
Receita Total, Custo Total e Lucro 268
Custos como Custos de Oportunidade 268
O Custo do Capital como Custo de
Oportunidade 269
Lucro Econamico versus Lucro Contabil 270
Producao e Custos 271
NOTiCIAS: Lucro Verdadeiro versus Lucro Ficticio
A Funcao de Producao 272
Da Funcao de Producao a Curva de Custo
Total 273
X
XV II
As Diversas Medidas do Custo 275
Custos Fixos e Variaveis 276
Custo Medi° e Marginal 277
Curvas de Custos e Suas Formas 278
Curvas de C-ustos Tipicas 279
Custos no Curto e no Longo Prazos 280
A Relacao entre Custo Total Medi° no Curto e no
Longo Prazos 280
Economias e "Deseconomias" de Escala 283
SMS: Licoes de uma Fabrica de Alfinetes
Conclusao 284
Resumo 285
Conceitos-Chave 285
Quest5es para Revisao 285
Problemas e Aplicac5es 286
CAPITULO 14
EMPRESAS EM MERCADOS
COMPET1TIVOS 289
0 Que E um Mercado Competitivo? 290
0 Sig-nificado da Competicao 290
A Receita de uma Empresa Competitiva 291
Maximizacao de Lucros e a Curva de Oferta de
uma Empresa Competitiva 292
Um Exemplo Simples de Maximizacao
de Lucros 292
A Curva de Custo Marginal e a Decisao de Oferta
da Empresa 294
A Decisao da Empresa de Suspender as Atividades
no Curto Prazo 295
Leite Derramado e Outros Custos
Irrecuperaveis 297
ESTI.= DE CASO: Restaurantes Quase Vazios e
Minigolfe na Baixa Estacao
A Decisao da Empresa de Entrar em um Mercado
ou Sair Dele no Longo Prazo 298
Medindo o Lucro da Empresa Competitiva por
Meio de um Grafico 299
A Curva de Oferta em um Mercado
Competitivo 301
0 Curto Prazo: Oferta do Mercado com um
Numero Fixo de Empresas 301
0 Longo Prazo: Oferta do Mercado com Entrada e
Saida de Empresas 302
Por Que as Empresas Competitivas se Mantem em
Atividade Quando Tem Lucro Zero? 303
SUIVIARIO
Deslocamento da Dernanda no Curto e no Longo
Prazos 304
Por Que a Curva de Oferta de Longo Prazo Pode
Ter Inclinação Ascendente 304
INI OTk .:jAS: Entrada ou Superinvestimento?
Conclus a- - o: Por Trs da Curva de Oferta 307
Resumo 308
Conceitos-Chave 308
Quest5es para Reviso 308
Problemas e Aplica5es 309
CA*ULG 15
MONOPLIO 313
Por Que Surgem os Monoplios 314
Recursos Monopolistas 315
ESTUDO DE CASO: 0 MonopOlio da DeBeers
sobre os Diamantes
MonopOlios Criados pelo Governo 316
Monop6lios Naturais 316
Como os Monoplios Tomam Decis5es de
Produo e Determinao de Preo 318
MonopeTho e Competi ao 318
A Receita de um Monop(51io 319
Maxirnização de Lucros 321
SMS: Por Que os MonopOlios não Te'm Curva de
Oferta
O Lucro de um Monopolista 323
ESTUDO DE CASO: Medicamentos
Monopolizados e Medicamentos Genericos
0 Custo do Monop6lio em Relao ao BemEstar 325
O Peso Morto 326
O Lucro do Monoplio: um Custo Social? 328
Politica Pública Quanto aos Monoplios 329
Aumento da Competio com as
Leis Antitruste 329
Reg,ulamentao 330
Propriedade Pblica 331
Não Fazer Nada 332
NOTkIAS:Transporte Público e Iniciativa Privada
Discrimina o de Preos 334
Uma Parabola sobre a Deterrninalo de PreQ3 334
A Moral da Histria 335
-Analise da Discriming Elo de Preos 336
Exemplos de Discriming"ao de Preos 337
NOTiCIAS: Por Que as Pessoas Pagam mais do
Que os Cachorros
Conclus5.o: A Prevalfticia dos Monoplios 340
Resumo 341
Conceitos-Chave 341
-Quest5es para Revis a o 341
Problemas e Aplica cies 342
CAPftlii0
OLlGOPLIO 345
Entre o Monoplio e a Competio Perfeita 346
Mercados com Poucos Vendedores 347
Um Exemplo de Duoplio 348
Cornpetição, MonopOlios e Carteis 348
O Equilibrio para um OligopOlio 349
NOTLICIAS: Piratas Modernos
Como o Tan-ianho de urn OligopOlio Afeta o
Resultado de Mercado 352
ESTUDO DE CASC: A Opep e o Mercado
Mundial de PetrOleo
NOTkIAS: 0 Crescimento do Oligop(Slio
-Teoria dos Jogos e Economia da Cooperg a o 354
0 Dilema dos Prisioneiros 355
OligopOlios como um Dilema dos Prisioneiros 356
Outros Exemplos do Dilema dos Prisioneiros 357
O Dilema dos Prisioneiros e o Bem-Estar
Social 360
Por Que as Pessoas àsVezes Cooperam 361
ESTUDO DE CASO: 0 Torneio do Dilema dos
Prisioneiros
Politica Pb1ica Quanto aos OligorKilios 362
Restria'o ao Comercio e a Legisla o
Antitruste 363
ESTUDO DE CASO Um Telefonema Ilegal
Controversias sobre a Politica Antitruste 364
ESTUDO DE CASO: 0 Caso da Microsoft
NOT[ICIAS: Antitruste na Nova Economia
Concluso 368
Resumo 369
Conceitos-Chave 369
369
Questes para Revis th)
Problemas e Aplica es 369
CAPhLO 17
COMPETIO0 MONOPOUSTICA 373
Competio com Produtos Diferenciados 374
A Empresa Monopolisticamente Competitiva no
Curto Prazo 374
O Equilibrio no Longo Prazo 375
SUNIARIO
Competicao Monopolistica versus Competicao
Perfeita 377
Competicao Monopolistica e o Bem-Estar
Social 379
SMS: A Capacidade Ociosa E um Problema
Social?
Publicidade 380
0 Debate sobre a Publicidade 381
ESTUDO DE CASO: Publicidade e o Preco dos
Oculos
Publicidade como Sinal de Qualidade 382
Marcas 383
Conclusao 385
Resumo 386
Conceito-Chave 386
Questoes para Revisdo 386
Problemas e Aplicacoes 387
PARTE 6
A ECONOMIA DOS MERCADOS
DE TRABALHO 391
CAPiTULO 18
OS MERCADOS DE FATORES DE
PRODKAO 391
A Demanda por Mao-de-obra 392
A Empresa Competitiva Maxim' izadora de
Lucros 393
e
A Funcao da Produc d°
e o Produto Marg,inal do
Trabalho 394
OValor do Produto Marginal e a Demanda por
Mdo-de-obra 395
SMS: Demanda de Insumos e Oferta de Produto:
Dois Lados da Mesma Moeda
0 Que Faz a Curva de Demanda por Mao-de-obra
se Deslocar? 397
A Oferta de Mao-de-obra 398
A 'Tradeoff entre Trabalho e Lazer 398
0 Que Faz a Curva de Oferta de Mao-de-obra se
Deslocar? 399
Equilibrio no Mercado de Trabalho 399
Deslocamentos da Oferta de Mao-de-obra 400
Deslocamentos da Demanda de
Mdo-de-obra 401
XXIX
ESTUDO DE' C./AS(0: Produtividade e Salarios
SMS: Monopsonio
Outros Fatores de Producao: Terra e Capital 404
Equilibrio nos Mercados de Terra e de Capital 404
SMS: 0 Que E Renda de Capital?
Elos entre os Fatores de Producdo 406
ESTUDO DE CAM': A Economia da Peste Neg,ra
Conclusao 408
Resumo 408
Conceitos-Chave 408
Questoes para Revisao 409
Problemas e Aplicacoes 409
CANTULO 19
GANHOS E DISCRIMINKAO 411
Alguns Determinantes do Salario de
Equilibrio 412
Diferenciais Compensatorios 412
Capital Humano 412
E.STUDO DE CASO: OValor Crescente da
Qualificacdo
Talent°, Esforco e Sorte 414
SMS: Procurando um AmorVerdadeiro?Va para a
Escola
ESTUDO E CASO: Os Beneficios da Beleza
Uma Visa° Alternativa da Educacaco:
Sinaliza(ao 416
0 Fenomeno das Superastros 417
NOT!C1AS: As Faculdades de Elite Valem o Que
Custam?
Salarios Acima do Equilibrio: Legislacdo do Salario
Minim°, Sindicatos e Salarios de Eficiencia 418
A Economia da Discriminacao 420
Medindo a Discriminacdo no Mercado de
Trabalho 420
Discriminac5o por Parte dos Empregadores 422
ESTUDO DE CASO: Bondes Segregados e a
Motivacdo do Lucro
Discriminacao por Parte de Clientes e
Governos 423
ESTUDO DE CASO: Discriminacdo nos Esportes
Conclusao 425
Resumo 425
Conceitos-Chave 426
Questoes para Revisdo 426
Problemas e Aplicacoes 426
XXX
SUMARIO
CAPI' MLO 20
DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA 429
Mensurao da Desigualdade 430
Desig,ualdade de Renda nos Estados Unidos 430
ESTUDO DE CASO: 0 Movimento Feminista e a
Distribui o de Renda
ESTUDO DE CASO: Desigualdade ao Redor do
Mundo
A Taxa de Pobreza 433
Problemas na Mensurao da Desigualdade 434
Mobilidade EconOmica 436
A Filosofia Poli.tica da Redistribuição de
Renda 437
Utilitarismo 437
Liberalismo 438
Libertarismo 439
Politicas de Redu o da Pobreza 440
Legisla o do Salário Minimo 441
Bem-Estar Social 441
NOTiCIAS: 0 Governo Deveria Tentar Ajudar as
Regi es Pobres?
Imposto de Rencla Negativo 443
Transferencias em Generos 444
Prog,ramas Antipobreza e Incentivos
ao Trabalho 444
Concluso 445
NIOTkl.S:Vales-Educa-lo
Resumo 447
Conceitos-Chave 448
Quest5es para Revisk. 448
Problemas e Aplica5es 448
PARTE 7
T PlCOS DE ESTUDOS
AVANADOS 451
CAPTULO 21
A TEOR1A DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR 453
A Restri o ONamentk-ia: 0 Que o Consumidor
Pode Gastar 454
Preferthicias: 0 Que o Consumidor Quer 456
Representa o das Preferencias com Curvas de
Indiferena 456
Quatro Propriedades das Curvas de
Indiferena 457
Dois Exemplos Extremos de Curvas de
IndifereNa 458
Otimizao: 0 Que o Consumidor Escolhe 460
As Escolhas Otimas do Consumidor 461
SMS: Utilidade: Uma Forma Alternativa de
Descrever as Preferencias e a Otimiza(;;o
Como asVariaies de Renda Afetam as Escolhas do
Consumidor 462
Como as Varigb- es nos Pre9os Afetam as Escolhas
do Consumidor 463
Efeito Renda e Efeito Substitui o 464
Derivanclo a Curva de Demanda 466
468
Tr6 Aplica cies
Todas as Curvas de Demanda Tem Inclingo
Negativa? 468
Como os Salários Afetarn a Oferta de
Trabalho? 469
ESTUDO DE CASO: Efeitos da Renda sobre a
Oferta de Trabalho: Tendencias Histricas,
Ganhadores da Loteria e a Conjectura de Carneg,ie
Como as Taxas de Juros Afetam a Poupanc;:a das
Familias? 473
Conclusk.: As Pessoas Pensam Realmente
Assim? 475
Resumo 476
Conceitos-Chave 476
Quest5es para Reviso 476
Problemas e Aplica5es 477
CAP[TTULO 22
FRONTEIRAS DA M1CROECONOMIA 479
Informao Assimetrica 480
A - es Ocultas: Principais, Agentes e Risco
Moral 480
Caracteristicas Ocultas: Sele o Adversa e o
Problema dos "Abacaxis" 481
Sinaliza o para Transmitir Informa o
Particular 482
ESTUDO DE CASO: Presentes Como Sinais
Seleção para a Indu o à Divulga o de
Informg5es 483
Assim&rica e Politica Pblica 484
Informg k)
Economia Politica 485
0 Paracloxo Eleitoral de Condorcet 485
0 Teorema da Impossibilidade de Arrow 486
0 Eleitor Mediano É o Rei 487
Os Politicos Tamb&i-i S" ."o Pessoas 488
SUMARIO
Economia Comportamental 489
As Pessoas nem Sempre Sao Racionais 489
NOTiaAS: Politica Agricola e Politica
As Pessoas se Importam com a Justica 492
As Pessoas S5o Inconsistentes ao Longo do
Tempo 493
Conclusao 493
Resumo 494
Conclusao 515
Resumo 515
Conceitos-Chave 516
Questoes para Revisao 516
Problemas e Aplicacoes 516
CANTULO 24
MEDINDO 0 CUSTO DE VIDA 519
Conceitos-Chave 494
Questoes para Revisao 494
Problemas e Aplicacoes 495
PARTE 8
DADOS
MACROECONOMICOS 497
CAPiTULO
XXXI
23
MEDINDO A RENDA NACIONAL 499
Renda e Despesa da Economia 500
Mensuracao do Produto Interno Bruto 502
"PIB E o Valor de Mercado..." 502
"...de Todos..." 502
"...os Bens e Servicos..." 503
"...Finais..." 503
"...Produzidos..." 503
"...em um Pais..." 503
"...em um Dado Period° de Tempo" 503
SMS: Outras Medidas de Renda
Os Componentes do PIB 505
Consumo 505
Investimento 505
Compras do Govern° 506
Exportacoes Liquidas 506
ES:JUDO DE CASO: Os Componentes do PIB
dos Estados Unidos
PIB Real versus PIB Nominal 507
Um Exemplo Numeric° 508
0 Deflator do PIB 509
ESTUDO DE CASO: 0 PIB Real na Historia
Recente
NOTiVAS: 0 PIB Cada Vez Mais Leve
PIB e Bem-Estar Econamico 512
ESTUDO DE CASO: Diferencas Internacionais no
PIB e na Qualidade de Vida
ESTUDO DE CASO: Quem Ganha nas
Olimpiadas?
0 indice de Precos ao Consutnidor 520
Como E Calculado o tndice de Precos ao
Consumidor 520
SMS: 0 Que Ha na Cesta do IPC?
Problemas no Calculo do Custo de Vida 523
TMAS: Compras para o IPC
0 Deflator do PIB e o fndice de Precos ao
Consumidor 526
Corrigindo as Variaveis Economicas dos Efeitos
da Inflacao 527
Valores Monetarios em Diferentes Epocas 527
ESTUD• DE CASO: 0 Sr. indice Vai a Hollywood
Indexacao 528
Taxas de Juros Reais e Nominais 529
Conclusao 531
531
Conceitos-Chave 532
Questoes para Revisao 532
Problemas e AplicacOes 532
Resumo
PARTE 9
A ECONOMIA REAL NO LONGO
PRAZO 535
CAPiTULO 25
PRODKAO E CRESCIMENTO 537
Crescimento Economic° ao Redor do
Mundo 538
SMS: Voce E Mais Rico do Que o American° Mais
Rico?
Produtividade: Seu Papel e Seus
Determinantes 540
Por que a Produtividade E tao Importante 540
Como a Produtividade E Determinada 541
SMS: A Furicao de Producao
ESTUDO DE CASO: Os Recursos Naturais Sao
uma Limitac5o ao Crescimento?
SUMARIO
Crescimento Econmico e Politicas PiThlicas 545
A Importancia da PoupaNa e do
Investimento 545
Retornos Decrescentes e o Efeito de Alcance 546
Investimento Estrangeiro 547
NOTiMS: Promovendo o Capital Humano
Educac;ao 549
Direitos de Propriedade e Estabilidade Politica 550
Livre-Comercio 551
Pesquisa e Desenvolvimento 552
ESTUDO DE CASO: A DesacelerKao e a
Aceleraao da Produtividade
Crescimento Populacional 554
NOTkIAS: Uma Soluao para os Problemas da
Africa
Conclusk): A Importthicia do Crescimento no
Longo Prazo 558
Resumo 580
Resumo 558
Avalia o de Ativos 591
Analise Fundamentalista 591
A HipOtese dos Mercados Eficientes 592
ESTUDO DE CASO: Passeios AleatOrios e Fundos
de Indice
Irracionalidade do Mercado 593
Alg,umas Lições da Enron
Conceitos-Chave 558
Quest5es para Revisk) 559
Problemas e Aplica95es 559
CAPiTULO 26
POUPANCA, INVESTIMENTO E SISTEMA
Conceitos-Chave 580
Quest5es para Revisk) 580
Problemas e Aplica
Valor Presente: Medindo o Valor do Dinheiro no
Tempo 584
SMS: A Magica da Composiao e a Regra de 70
Administrando o Risco
Aversao ao Risco 586
Os Mercados de Seg-uros 587
Diversificgao do Risco Idiossincratico 588
0 Tradeoff entre Risco e Retorno 590
FINANCEIRO 561
Conclusk) 595
Institui es Financeiras na Economia dos Estados
Unidos 562
Mercados Financeiros 562
Intermediarios Financeiros 564
SMS: Como Ler as Tabelas com as Cota6 es de
Ac;i5es dos Jornais
NOTiC2AS: FinaNas na China
Juntando Tudo 567
PoupaNa e Investimento nas Contas de Renda
Nacionais 568
Algurnas Identidades Importantes 568
0 Sig,nificado da PoupaNa e do Investimento 570
0 Mercado de Fundos cle Emprestimos 570
Resumo 596
Oferta e Demanda de Fundos
para Emprstimos 571
Politica 1: Incentivos à Poupanyi 573
Politica 2: Incentivos ao Investimento 574
Politica 3: Deficits e Superavits ONamentarios do
Governo 575
ESTUDO DE CASO: A HistOria da Divida
dos Estados Unidos
--
Conclus a o 579
es 581
CAA. TULO 27
AS FERRAMENTAS BISICAS DAS
FINANCAS 583
Conceitos-Chave 596
Quest5es para Revisk) 597
Problemas e Aplica5es 597
CAPhl0 23
DESEMPREGO E SUA TAXA NATURAL 599
Identificando o Desemprego 600
Como se Mede o Desemprego? 600
ESTUDO DE CA,SO: Participac;ao de Homens e
Mulheres na FoNa de Trabalho na Economia
Norte-Americana
A Taxa de Desen-iprego Mede o Que Queremos?
Por Quanto Tempo os Desempregados Ficam sem
Trabalho? 605
Por Que Sempre Ha Algumas Pessoas
Desempregadas? 607
Procura de Emprego 607
Por Que o Desemprego Friccional
Inevitvel 608
Politica Pública e Procura de Emprego 608
SUIVIA RI O
Seg-,uro-Desemprego 609
NOTICIAS: Desemprego na Alemanha
Legislacdo do Salario Minim° 611
Sindicatos e Negociacao Coletiva 613
A Economia dos Sindicatos 613
Os Sindicatos Sao Beneficos ou Prejudiciais
Economia? 614
NOTICIAS: Serd Que Voce Deve Entrar para um
Sindicato?
A Teoria dos Salarios de Eficiencia 616
Saiide do Trabalhador 617
Rotatividade do Trabalhador 617
Esforco do Trabalhador 617
Qualidade do Trabalhador 618
ESTUDO DE CAS : Henry Ford e o
Extremamente Generoso Salario de $ 5 por dia
Conclusao 620
Resumo 620
Conceitos-Chave 621
Questoes para Revisao 621
Problemas e Aplicacoes 621
PARTE 10
MOEDA E PRKOS NO LONGO
PRAZO 625
CAPiTULO 29
0 SISTEIVIA MONETARIO 627
0 Significado da Moeda 628
As Flu-10es da Moeda 628
Tipos de Moeda 629
NOTICIAS: Moeda na Ilha cle Yap
Moeda na Economia Americana 631
SMS: Cartaes de Credit°, Cartoes de Debit() e
Moeda
ESTUDO DE CASO: Onde Esta a Moeda
Corrente?
0 Sistema do Federal Reserve 634
A Organizacao do Fed 634
A Comissao Federal do Mercado Aberto 634
Os Bancos e a Oferta de Moeda 635
0 Caso Simples do Sistema de 100% de Reserva
Bancaria 636
XX XII I
Criacao de Moeda por meio de Reservas Bancarias
Fracion6rias 636
O Multiplicador da Moeda 637
Os Instrumentos de Controle Monet6rio do
Fed 639
Problemas com o Controle da Oferta de
Moeda 640
I
ESTUDO D E
CASO: Corridas aos Bancos e a
Oferta de Moeda
Conclusao 642
Resumo 642
Conceitos-Chave 643
Questoes para Revisao 643
Problemas e AplicacOes 643
CAPiTULO 30
CRESCIMENTO DA MOEDA E INFLA00 645
A Teoria Classico. da Inflacao 646
0 Nivel de Precos c °Valor da Moeda 647
Oferta de Moeda, Demanda de Moeda e Equilibrio
Monetario 647
Os Efeitos de uma Injecao de Moeda 649
Uma Breve Olhada no Process° de Ajuste 650
A Dicotomia aissica e a Neutralidade
Monetaria 651
Velocidade e Equacao Quantitativa 653
ESTUDO DE CASO: Moeda e Precos Durante
Quatro Hiperinflacoes
O Impost° Inflacionario 656
NOTIVAS: A Rjiissia Recorre ao Impost°
Inflacionario
O Efeito Fisher 657
Os Custos da Inflacao 659
Queda no Poder Aquisitivo? A Falacia da
Inflacao 659
Custos de Sola de Sapato 660
Custos de Menu 661
Variabilidade dos Precos Relativos e a Alocacao
Distorcida de Recursos 661
Distorcoes Tributarias Induzidas pela Inflacao 662
Confusao e Inconveniencia 663
NOTECiAS: Hiperinflacao na Servia
Um Custo Especial da Inflacao Inesperada:
Redistribuicoes Arbitrarias de Riqueza 664
ESTUDO DE- CASO: 0 Magic° de Oz e o Debate
da Prata Livre
SUNIARIO
NOTkIAS:
Como Proteger Sua Poupanc;a da
Inflgao
Limitac5es da Paridade do Poder de Compra 692
E. STUDO DE CASO: 0 Padrao Hambrg,uer
Concluso 669
Conclusk) 693
Resumo 669
Resumo 694
Conceitos-Chave 670
Questes para Revisk) 670
Problemas e Aplica es 670
Conceitos-Chave 694
Questes para Revisk) 694
Problemas e Aplica es 694
PARTE 11
A MACROECONOM1A DAS
ECONOMIAS ABERTAS 673
CAPiTULO 31
MACROECONOMIA DAS ECONOM1AS ABERTAS:
CONCEITOS BAkSICOS 675
Os Fluxos Internacionais de Bens e Capital 676
0 Fluxo de Bens: ExportK cies, Importa5es e
Liquicias 676
Exportg 6es
ESTU 0 DE CASO A Crescente Abertura da
Economia dos Estados Unidos
0 Fluxo de Recursos Financeiros: Fluxo Liquido de
Capitais Extemos 678
A Ig,ualdade das Exportac 6es Liquidas e
Investimento Externo Liquido 679
NOTk!AS: Como os Chineses Ajudam os
Compradores de Casas Pr(Sprias nos Estados
Unidos
Poupanyi, Investimento e Sua Relgao com os
Fluxos Internacionais 681
Juntando Tudo 682
CASO: 0 Deficit Comercial dos
ESTUDO
Estados Unidos E unlProblema Nacional?
Os Preos das Transa es Internacionais:Taxas de
Câmbio Real e Nominal 685
Taxa de Cambio Nominal 685
Taxa de Cambio Real 686
SMS: 0 Euro
Uma Primeira Teoria da Determina o da Taxa de
mbio: Paridade do Poder de Compra 688
A L(3gica Fundamental da Paridade do Poder de
Compra 689
Implica es da Paridade do Poder de Compra 689
ESTUDO DE CASO: A Taxa de Cambio Nominal
Durante uma Hiperinflgao
CAPiTULO
TEOR1A MACROECONM1CA DA ECONOMIA
ABERTA 697
Oferta e Demanda de Fundos para Emprstimos
e de Cambio 698
0 Mercado de Fundos de Emprestimo 698
0 Mercado de Cambio de Moeda Estrangeira 700
SMS: Paridade de Poder de Compra como
Caso Especial
Equilibrio na Economia Aberta 703
Investimento Extemo Liquido: 0 Elo entre os Dois
Mercados 703
Equilibrio Simultaneo nos Dois Mercados 704
Como Politicas e Eventos Afetam uma Economia
Aberta 706
Deficits ONamentarios do Governo 706
Politica Comercial 708
NOTIICIAS: 0 Deficit Comercial dos Estados
Unidos
Instabilidade Politica e Fuga de Capitais 712
Concluso 715
Resumo 715
Conceitos-Chave 716
Questes para Revisão 716
Problemas e Aplica
es 717
PARTE 12
FLUTUAC15ES ECONMiCAS NO
CURTO PRAZO 1271
CAPh'ULO 33
DEMANDA AGREGADA E OFERTA
AGREGADA 723
Tr6 Fatos-Chaves sobre as Flutua
Econmicas 724
es
SUMARIO
Fato 1: As Flutuacoes Economicas Sao Irregulares e
Imprevisiveis 724
Fato 2: A Maioria dasVariac5es Macroeconornicas
Flutuam Juntas 724
riNANiCIAS: 0 Indicador de Lixo
Fato 3: Com a Queda da Producao, Cresce o
Desemprego 727
Explicando as Flutuacoes Economicas no Curto
Prazo 727
Como o Curto Prazo Difere do Longo Prazo 727
0 Model° Basic() das Flutuacaes Econemicas 728
A Curva de Demanda Ag,regada 729
Por Que a Curva de Demanda Agregada Tem
Inclinacao Negativa 729
Por Que a Curva de Demanda Agregada Poderia se
Deslocar 731
A Curva de Oferta Agregada 734
Por Que a Curva de Oferta Agregada E Vertical no
Longo Prazo 734
Por Que a Curva de Oferta Agregada de Longo
Prazo Poderia se Deslocar 735
Uma Nova Maneira de Representar o Crescimento
e a Inflacao no Longo Prazo 737
Por Que a Curva de Oferta Agregada Tem
Inclinacao Positiva no Curt° Prazo 738
Por Que a Curva de Oferta Ag,regada de Curto
Prazo Poderia se Deslocar 740
Duas Causas das Flutuacoes Economicas 742
Os Efeitos de um Deslocamento na Demanda
Agregada 742
ESTUDO l CASO: Dois Grandes
Deslocarnentos na Demanda Agregada: A Grande
Depressao e a Segunda Guerra Mundial
ES7UDO DE CASO: A Recessao de 2001
Os Efeitos de um Deslocamento na Oferta
Agregada 747
ESTUDO
CASO: 0 PetrOleo e a Economia
SMS: As Origens da Dcmanda Agregada e da
Oferta Agregada
Conclusao 751
Resumo 751
Conceitos-Chave 752
Questoes para Revisao 752
Problemas e Aplicacoes 753
CAPiTULO 34
A INFLUENCIA DAS POLITICAS MONETARIA E
FISCAL SOBRE A DEMANDA AGREGADA 755
Como a Politica Monetaria Influencia a Demanda
Agregada 756
A Teoria da Preferencia pcla Liquidez 757
SMS: Taxas de Juros no Longo Prazo e no Curto
Prazo
A Inclinacao Negativa da Curva de Demanda
Agregada 760
Variacoes da Oferta de Moeda 761
O Papel das Metas de Taxas de Juros na Politica do
Fed 763
ESTUDO DE CASO: Por Que o Fed Fica de Olho
no Mercado de Acoes (e Vice-Versa)
Como a Politica Fiscal Influencia a Demanda
Agregada 765
Alteracoes nas Compras do Governo 765
O Efeito Multiplicador 765
Uma Formula para o Multiplicador de
Despesas 766
Outras Aplicacoes do Efeito Multiplicador 768
O Efeito Deslocamento 768
Alteracoes nos Impostos 769
SMS: Como a Politica Fiscal Pode Afetar a Oferta
Agregada
Usando a Politica para Estabilizar a
Economia 771
A Favor da Politica de Estabilizacao 771
ESTUDO DE CASO: Keynesianos na Casa Branca
O Caso Contra uma Politica Ativa de
Estabilizacao 773
Estabilizadores Automaticos 774
NOTiCIAS: A Independencia do Federal Reserve
Conclusao 776
Resumo 777
Conceitos-Chave 777
Questoes para Revisdo 777
Problemas e Aplicacoes 778
CAPiTULO 35
0 TRADEOFF ENTRE INFLA00 E
DESEMPREGO NO CURTO PRAZO 781
A Curva de Phillips 782
Origens da Curva de Phillips 782
Demanda Agregada, Oferta Agregada e a Curva de
Phillips 783
SUMARIO
Deslocamentos na Curva de Phillips: 0 Papel das
Expectativas 785
A Curva de Phillips no Longo Prazo 785
Expectativas e a Curva de Phillips no Curto
Prazo 788
0 Experimento Natural da Hiptese da Taxa
Natural 790
Deslocamentos na Curva de Phillips: 0 Papel dos
Choques de Oferta 792
Os Beneficios da Baixa
Esperada
0 Custo de Reduzir a Infla o 796
A Taxa de Sacrificio 796
Expectativas Racionais e a Possibilidade de
Desinfla o sem Custo 797
A Desinfla o deVolcker 798
A Era Greenspan 800
.
ESTUDO DE CASO: Por Que a Inflação e o
Desemprego Estavam th"o Baixos no Fim da 13e- cada
de 1990?
NOTkIAS: 0 Caso em Defesa das Metas de
Inflacg o
-
Conclus"a o 804
Resumo 804
Conceitos-Chave 805
Questes para RevisZio 805
Problemas e Aplicações 805
PARTE, 13
COENSIDERAOES FINAIS 509
CAMULO 36
CINCO DEBATES SOBRE POUTICA
s
811
MACROECON()MICA
0 Formuladores de Politicas Monetkias e Fiscais
Deveriam Tentar Estabilizar a Economia? 812
A Favor: Os Formuladores de Politicas Deveriam
Tentar Estabilizar a Economia 812
Contra: Os Formuladores de Politicas
Deveriam Tentar Estabilizar a Economia 812
A Politica Monetkia Deveria Ser Feita por
Regras, e não Discricionariamente? 814
A Favor: A Politica Monetkia Deveria Ser Feita por
Reg,ras 814
NOTiCAS: Allan Greenspan versus PC
Contra: A Politica Monetkia não Deveria Ser Feita
por Regras 816
0 Banco Central Deveria Buscar Infla o
Zero? 817
A Favor: 0 Banco Central Deveria Buscar a Inflg"Elo
Zero 817
Contra: 0 Banco Central ri". " o Deveria Buscar
Inflação Zero 818
0 Governo Deveria Equilibrar Seu
ONamento? 820
A Favor: 0 Govemo Deveria Equilibrar Seu
ONamento 820
Contra: 0 Govemo ru'io Deveria Equilibrar Seu
ONamento 821
A Legisla o Tributkia Deveria Ser Reformada
para Estimular a PoupaNa? 822
A Favor: A Legislac;o Tributkia Deveria Ser
Reformada para Estimular a Poupana 823
Contra: A Leg,isla o Tributkia n5o Deveria Ser
Alterada para Estimular a PoupaNa 824
Conclusk) 825
Resumo 825
-Questes para Revis a o 826
Problemas e Aplicaies 827
Glosskio 829
tridice 835
1
INTRODUCAO
A palavra cconomia vem do termo grego e pode ser entendida como
Ladministra
um A principio, essa origem pode parecer estranha. Mas, na verdade, os lares e as economias tem muito em comum.
Uma farnilia precisa tomar muitas decisaes. Precisa decidir quais tarefas
cada
membro desempenha e o que cada um deles recebe em troca: quem prepara
o jantar? Quem lava a roupa? Quern pode repetir a sobremesa? Quem decide
que programa sintonizar na TV? Em resumo, cada familia precisa alocar seus
recursos
escassos a seus diversos membros,jevando em consideracao as habilidades,_
esforcos e desejos
Assim como uma familia, uma sociedade precisa tomar muitas decisoes.
Precisa
decidir que tarefas sera- o executadas e por quern. Precisa de algumas
pessoas para
produzir alimentos, outras para fazer roupas e ainda outras para desenvolver
programas de computador. Uma vez que a sociedade tenha alocado as pessoas
(assim
como terras, predios e maquinas) entregar diversas tarefas, deve tambem
alocar a
producao de bens e servicos que as pessoas produzem. Deve decidir quern
comerzi
caviar e quem comer6 batatas. Deve decidir quem vai andar de Ferrari
e quem vai
andar de anibus.
4
PARTE 1 INTROD ~O
0 gerenciamento dos recursos da sociedade e importante porque estes s'c'io
escassos. Escassez significa que a sociedade tem recursos limitados e, portanto, rlio
pode produzir todos os bens e servios que as pessoas desejam ter. Assim como
uma farnflia 1-1 (3 pode dar a seus membros tudo o que eles desejam, uma sociedade n',--io pode dar a cada membro um padrk) de vida alto ao qual eles aspirem.
_
Economia e o estudo de como a sociedade administra seus recursos escassos.
economia
. ..
Na maioria das sociedades, os recursos s' o alocados 1 1 o por um Unico planejador
o estudo de como a
Assim
empresas.
e
fan-iflias
central, mas pelos atos combinados de milhes de
sociedade administra seus
trabatiecursos escassos sendo, Os economistas estudam como as pessoas tomam decis Oes: o quanto
lham, o que compram, quanto poupam e como investem suas economias. Estudam
- --- —
-tamb&n com o as pessoas interagem Unn as C O m as OtTit ra s . Por exemplo, eles examinam con-io um grande nUmero de con-yradores e vendedores de um bem determinam, juntos, o preo pelo qual o bem e vendido e a quantidade que e vendida. Por
como
---1?fim,_.os economistas analisam as foNas e tendencias que afetam a economia
da renda m&lia, a parcela da populg a"o que na-o
.
_ __, o crescimento
_ um todo, incluindo
subindo.
o
consegue encontrar trabalho e a taxa a qual os preos est:
Embora o estudo da economia tenha muitas facetas, o campo e unificado por
diversas ideias centrais. No restante deste capitulo, trataremos dos Dez Principios dc
.
Econonna. I\1 -io se preocupe se i-i' o entender todos eles de inicio ou se nk) os achar
th
totalmente convincentes. Nos capitulos seguintes exploraremos essas ideias mais a
fundo. Os dez principios sO esth o sendo introcluzidos aqui para dar uma ideia do
que trata a economia. Voce pode i_->ensar neste capitulo como uma "previa das prO-
escassez
a natureza limitada dos
recursos da sociedade
ximas atra6es".
COMO AS PESSOAS TOMAM DEClSES
N'k) 1-u=i nada de misterioso sobre o que é uma "economia". Não importa se estamos falando da economia de Los Angeles, dos Estados Unidos ou do mundo todo,
uma economia e apenas um grupo de pessoas que interagem umas com as outras
encluanto levam sua vida. Como o comportamento de uma economia refiete o
comportamento das pessoas que a compem, comeyiremos nosso estudo da economia com quatro principios de tomadas de clecises individuais.
Prindpio 1: As Pessoas Enfrentam Tradeoffs
.2
primeira lição sobre a tomada de decis6'es está resumida no proverbio: "Nada_ e.
Para conseguirmos algo que queremos, geralmente precisamOs abrir
rru'io de outra coisa de que gostamos. A tomada de decises exige escolher um objetivo em detrimento de outro.
ConsideremOs, por exemplo, uma estudante que precise decidir como alocar seu
recurso mais precioso — o tempo. Ela pode passar todo o seu tempo estudando
ou estudando psicologia, ou pode dividir seu tempo entre as duas discipli1. NRT: Em economia, tradeoffé uma expressao que define un-ia situgao de escolha conflitante,
isto é, quando uma Kao econmica que visa à resoluao de determinado problema acarreta, inevitavelmente, outros. Por exemplo, em determinadas circunstancias, a redu(;ao da taxa de desemprego apenas podera ser obtida com o aumento da taxa de inflgao, existindo, portanto, um tradeoff entre inflaao e desemprego.
CAPITULO 1 DEZ PRINCIPIOS DE ECONOMIA
nas. Para cada hora que passa estudando uma materia, ela abre mdo de uma hora
que poderia usar para estudar a outra. E, para cada hora que passa estudando qualquer uma das duas materias, abre n-Cao de uma hora que poderia gastar cochilando, andando de bicicleta, vendo 'TV ou trabalhando meio period° para ganhar
dinheiro para alg-uma despesa extra.
Ou consideremos um casal decidindo . como gastar sua renda familiar. Eles
podem comprar comida, roupas ou pagar uma viagem para a familia. Ou podem
poupar 1.-)arte da renda para sua aposentadoria ou para pagar a faculdade dos filhos.
Quando dccidem gastar um dOlar a mais em qualquer uma dessas coisas, tem um
&Aar a menos para gastar em outras coisas.
as pessoas estao agrupadas em sociedade, deparam-se com tipos dife! rentes de tradeoff 0 tradeoff classic° se da entre "armas e manteiga". Quanto mais
,.' gastamos em defesa nacional (armas) para proteger nossas fronteiras de agresso. res estrangeiros, menos podemos gastar com bens de consumo (manteiga) para
elevar nosso padrao de \Ada interno. Igualmente importante na sociedade moder'. na 6 o tradeoff entre um meio ambiente sem poluicao e um alto nivel de renda. As
leis que exigem que as empresas reduzam a poluicao elevam o custo de producao
de bens e servicos. Devido aos custos mais elevados, essas empresas acabam
obtendo lucros menores, pagando salarios menores, cobrando precos mais elevados ou fazendo alguma combinacao dessas tres coisas. Assim, embora os reg,u1amentos antipoluicao nos proporcionem o beneficio de um meio an-ibiente corn
menos poluicao e a melhor satide que dele decorre, eles trazem consigo o custo da
\ reducdo da renda dos proprietarios das empresas, trabalhadores e clientes.
'`--- Outro tradeoff que a sociedade enfrenta 6 entre eficiencia e eqUidade. Eficiencia
significa que a sociedade est6 obtendo o m6ximo que pode de seus recursos escassos. Equidade significa que os beneficios advindos desses recursos estao sendo
distribuidos com justica entre os membros da sociedade. Em outras palavras, a eficiencia se refere ao tamanho do bolo economic° e eqUidade, a mancira como o
bolo 6 dividido. Muitas vezes, quando est5o sendo formuladas as politicas do
govern°, esses dois objetivos entram em conflito.
Consideremos, por exemplo, as politicas que tem por objetivo atingir uma distribuicao mais igualitaria do bem-estar economic°. Algumas delas, como o sistema
de bem-estar ou o seguro-desemprego, procuram ajudar os membros mais necessitados da sociedade. Outras, como o impost() de renda das pessoas fisicas, requerem que os bem-sucedidos financeiramente contribuam mais do que outros para
sustentar o govern°. Embora essas politicas tragam o beneficio de levar a uma
maior equidade, elas tem um custo em termos de reducao da eficiencia. Quando o
govern° redistribui renda dos ricos para os pobres, reduz a recompensa pelo trabalho arduo; com isso, as pessoas trabalham menos e produzem menos bens e servicos. Em outras palavras, quando o govern° tenta cortar o bolo economic° em fatias
mais iguais, o bolo diminui de tamanho.
Reconhecer que as pessoas enfrentam tradeoffs nao nos diz, por si so, quais as
decisoes que elas tomarcio ou desejariam tomar. Uma estudante na-0 deveria abandollar o estudo de psicologia apenas porque isso aumenta o tempo disponivel
para estudar economia. A sociedade n5o deveria deixar de proteger o meio
ambiente sO porque as reg-ulamentacbes ambientais reduzem nosso padrao de
vida material. Os pobres nao deveriam seQgnorados sO porque ajuda_lo_s_d_i_stozce os incentivos ao trabalho. Ainda assim .reconhecer os trade—offgein nossaTri a
____, -• • _ _... _ _.
e importante porque—a g- pesbat; • somEn e podem tomar boas decis6es se comreendem as opcoes que lhes estao disponiveis.
5
rQuando
:
--,ieficiencia
a propriedade que a sociedade tem de obter o maximo
possivel a partir de seus recursos escassos
equidade
a propriedade de distribuir a
prosperidade econ6mica de
maneira justa entre os membros da sociedade
.___--
6
PARTE 1 INTRODU0.0
Principio 2: 0 Custo de Alguma Coisa é Aquilo
de que Você Desiste para Obtga
custo de oportunidade
qualquer coisa de que se
-
tenha de abrir ma o para
obter algum item
Como as pessoas enfrentam tradeoffs„a tomada de decisi5es exige . comparar os cutos e beneficios de possibilidades alternatiyas de acs'5o. j Em muitos casos, contudo,
o custo de uma a o não e tão claro quanto pode parecer à primeira vista.
Consideremos, por exemplo, a decis5o de ir à faculdade. 0 beneficio é o enriquecimento intelectual e toda uma vida com melhores oportunidades de emprego. Mas
qual é o custo? Para responder a essa pergunta, voce talvez sinta-se tentado a somar
os gastos que tem com anuidades, livros, moradia e alimenta5o. Mas na verdade
esse total ri5o representa aquilo que voce sacrifica para passar um ano na faculdade.
O primeiro problema dessa resposta e o fato de que ela inclui alg,umas coisas
que n5o s5o, na verdade, custos para freqentar a faculdade. Mesmo que voce
abandone os estudos, precisar21 de um lugar para dormir e de comida para se alimentar. Os custos de moradia e alimentg5o somente s5o custos se forem mais
caros na faculdade do que em outro lugar. Na verdade, o custo de moradia e alimenta(;50 pode ser menor na sua faculdade do que as despesas com alug,uel e
comida que voce teria caso morasse por conta pr(5pria. Neste caso, o quanto voce
poupa em moradia e alimentK5o s5o beneficios de freqi_ientar a faculdade.
O seg,undo problema desse fficulo dos custos está no fato de que ele ignora o
maior custo de cursar a faculdade - o seu tempo. Quando voce passa um ano freOentando aulas, lendo livros-texto e fazendo trabalhos, n5o pode dedicar esse
tempo a um emprego. Para a maioria de estudantes, os salkios que deixam de
ganhar enquanto est5o na faculdade s5o o maior custo da sua educg5o.
O custo de oportunidade de um item é aquilo de que voce abre rri5o para o
obter. Ao tomarem qualquer decis5o, como a de freqentar a faculdade, por exemplo, os tomadores de decis5es precisam estar cientes dos custos de oportunidade
que acompanham cada ação possivel. Atletas universitkios que podem ganhar
milMes se abandonarem os estudos e se dedicarem ao esporte profissional est5o
bem cientes de que, para eles, o custo de oportunidade de cursar a faculdade
muito elevado. N5o e de surpreender que muitas vezes concluam que o beneffcio
de estudar ri5o compensa o custo de faze-lo.
Prindpio 3: As Pessoas Racionais Pensam na Margem
-
r mudancas marginais
pequenos ajustes
incrementais a um plano
1de ack
, o
Y\o)\ `
s,)(n•• i(st\o,c)._.
As decises que tomamos durante nossa vida raramente s5o "preto no branco"; elas
geralmente envolvem diversos tons de cinza. Na hora do jantar, a decis5o ri5o
entre jejuar ou comer ate n5o poder mais, mas entre aceitar uma colherada a mais
de pure de batatas ou n5o. Quando chega a hora das provas, sua escolha n5o e entre
n5o estudar mais nada ou ficar estudando 24 horas por dia, mas sim entre passar
ou ver TV. Os economistas usam o
uma hora extra a mais revendo suas anotK cies
termo mudaNas marginais para descrever pequenos ajustes incrementais a um
plano de a(;5o existente. Lembre-se de que "margem" pressupe a existencia de
extremos, portanto, mudaNas marginais s5o ajustes ao redor dos "extremos"daquilo que voce estEl fazendo.
Em muitos casos, as pessoas tomam as melhores decises quando pensam na
margem. Suponhamos, por exemplo, que voce tenha pedido conselho a um amigo
sobre quantos anos deve dedicar aos estudos. Se ele comparar o estilo de vida de
alguem com Ph.D. ao de uma pessoa que tenha abandonado a escola no 1 Q grau,
CAPiTULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA
7
voce pode se queixar de que essa comparacao nao auxilia a tomar uma decisao.Voce
ja tem uma certa instmcao e provavelmente esta querendo decidir se deve passar
mais um ano ou dois na faculdade.yara tomar essa decisao, voce precisa saber quais
os beneficios adicionais que um ano a ma's na escola-7\Tai o
altos por toda a vida e o irlcor r r el_pa
r zer de apre_
nder) e quais os custos aclicionais
que voce deixara de
_ eirTque voce mco rreria (custo da instrucao e
. -receber enquanto estiver estudando). Comparando
trus-com
os custos marginais, voce pode avaliar s—
e um ano a mais na faculdade vaT
eiia.
Como outro exemplo, imagine uma companhia aerea ao decidir quanto cobrar
de passageiros que estejam na lista de espera. Suponhamos que o v6o de um avid°
de 200 lugares costa a costa, atraves do pais, custe i empresa US$ 100 mil. Neste
caso, o custo medio de cada assent° sera de US$ 100 mi1/200, ou seja, de US$ 500.
Poderia ser tentador concluir que a empresa jamais deveria vender uma passagem
por menos do que US$ 500. Na verdade, entretanto, a empresa pode aumentar seus
lucros pensando na margem. Vamos imaginar que o aviao esteja prestes a decolar
com dez assentos vagos e que um passageiro em espera esteja disposto a pagar
US$ 300 pela passagem. A empresa deve vender a passagem a esse preco? Claro
que sim! Se o aviao esta corn assentos vagos, o custo de acrescentar mais um passageiro é minusculo. Embora o custo media por passageiro seja de US$ 500, o custo
marginal 6 apenas o custo do saquinho de amendoins e do refrigerante que o passageiro extra consumird. p_esde que o_passag_eiro_pague mais do_ve o custo mat-
ginal vender a_pas_agem_para ele
\_
e
et,Tri bo,se. -ntk -mai3eal
4
fv5t144,- -r1rx504c,
fAAY,-f e-
1ucrativo:1
Como esses exemplos mostram, pessoas e empresas podem tomar decisOes
melhores pensando na margemi Um tomador de decisoes racional executa umz
Vacao se e somente se o beneficio margiLaJda
assa o custo marginal.
Principio 4: As Pessoas Reagem a Incentivos
Como as pessoas tomam decisoes por meio da comparacao de custos e beneficios,
seu comportamento pode mudar quando os custos ou beneficios mudam. Em outras
palavras, as pessoas reagem a incentivos. Quando o preco de uma maga aumenta,
por exemplo, as pessoas optam por comer mais peras e menos magas
arca 9soctLsto
comprar m—
1 maior. Ao mesmo tempo, os donos de pomares de macieiac--5-s-EFOT7
ras decidem contratar mais trabalhadores e colher mais magas porque o beneficio de
vender macas tambem aumentouiComo veremos, o efeito do preco sobre o comportamento dos compradores e dos vendedores num mercado - o mercado de
magas, neste caso - 6 crucial para entender como a economia funciond
Os formuladores de politicos publicas nunca devem esquecer-se dos incentivos,
ji que muitas politicas alteram os custos e beneficios para as pessoas e, portanto,
alteram seu comportamento. Um impost() sobre a gasolina, por exemplo, 6 um
incentivo para que as pessoas usem carros menores e que consomem menos gasolina. Tambem 6 um incentivo para que prefiram o transporte ptiblico ao carro particular e para que vivam mais pert° de seu local de trabalho. Se o in-iposto fosse elevado o bastante, as pessoas comecariam a usar carros eletricos.
Quando os formuladores de politicas deixam de considerar como suas politicas
afetam os incentivos, muitas vezes chegam a resultados diferentes dos desejados.
Vamos pensar, por exemplo, na politica palica quanto a seguranca no transito.
Hoje, todos os carros tem cintos de seg,uranca, mas isso nao ocorria ha 50 anos. Na
decada de 1960, o livro Unsafe at Any Speed, de Ralph Nader, gerou uma gr, ande
Kobe Bryant, astro do
basquete, entende bem o
custo de oportunidade e os
incentivos. Apesar de suas
boas notos e de um
desempenho de destoque
nos exames pre-universitOnos,
ele decidiu deixar de lado a
faculdade e ir direto para o
bosquete profissional, no qual
ganhou milhoes de Mares
como um dos principals
jogadores do NBA.
PARTE 1 INTROD~O
preocupgo pública com a seguraNa. 0 Congresso norte-americano reagiu com
leis que impunham os cintos de segiirança como equipamento obrigat&io em
todos os carros novos.
Que efeito tem uma lei de cintos de seguraNa sobre a segurana no tffinsito?
0 efeito direto é (5bvio: quando uma pessoa usa cinto de seguraNa, a probabilidade de que sobreviva a um acidente grave aumenta. Mas a hist(5rianio acaba aí, uma
vez que a lei tambem afeta o comportamento ao alterar incentivos. 0 comportamento em questh- o aqui é a velocidade e o cuidado com que os motoristas conduzem seus carros. Dirig,ir devagar e cautelosamente é custoso porque consome
tempo e energia do motorista. Ao decidirem o nivel de cuidado tomado ao dirigir,
as pessoas racionais comparam o beneficio marginal de dirigir cuidadosamente
com o seu custo marg,inal. Elas dirigem mais devagar e mais cuidadosamente quando o beneficio do aumento da seguraNa é elevado. Não e de surpreender, por
exemplo, que as pessoas dirijam mais lenta e cuidadosamente quando as estradas
esto molhadas e escorregadias do que quando elas estk) secas.
Consideremos agora como uma lei sobre cintos de seg,uraNa afeta o cfficulo de
custo-beneficio de um motorista. Os cintos de segurarwa reduzem o custo dos acidentes porque diminuem a probabilidade de ferimento ou morte. Em outras palavras, os cintos de segurana reduzem os beneficios de se dirigir lenta e cuidadosamente. As pessoas reagem aos cintos de seg,urana da mesma maneira que reagiriam
a uma melhora das condi0es das estradas — dirigindo com velocidade mais alta e
com menos cuidado. Assim, o resultado de uma lei de cintos de seguraNa é um
maior mimero de acidentes. A dirninuição da condu o cuidadosa tem um efeito
claro e adverso sobre os pedestres, que passam a ter maiores chances de serem
envolvidos em um acidente, mas (ao contrkio dos motoristas) não gozam do beneficio da maior seguraNa decorrente da iitilização do cinto de seguraNa.
primeira vista, esta discuss5o sobre os incentivos e os cintos de seguranyi pode
parecer mera especula o. Mas, em um estudo realizado em 1975, o economista Sam
Peltzman demonstrou que as leis de seg,uraNa no tffinsito apresentavam muitos efeitos como esse. De acordo com as evid'encias apresentadas por Peltzman, essas leis
produzem tanto menos mortes por acidente quanto um maior n mero de acidentes.
0 resultado líquido é uma pequena varia o do n mero de mortes de motoristas e
um aumento do nmero de mortes de pedestres.
A anEilise que Peltzman fez da segurana no tffinsito é um exemplo do
pio geral segundo o qual as pessoas reagem a incentivos. Muitos dos incentivos
que os economistas estudam s5o mais diretos do que os das leis de seg,urarli;a no
tr" nsito. Ninguem estranha o fato de as pessoas usarem carros menores na
Europa, onde os impostos sobre a gasolina sk) elevados, do que nos Estados
Unidos, onde esses impostos são baixos. Mas, como demonstra o exemplo dos
cintos de seguranc;.a, as politicas pUblicas podem ter efeitos que n'a o são ifio 6bvios
antes de ocorrere,mgo analisarmos qualquer política, precisamos considerar
.,apenas seus efeitos diretos, mas tambem os efeitos indiretos que operam por meio
dos incentivos. Se a politica mudar os incentivos, ela provocani alteray'io no comportamento das pessoas.
Teste R4ido Liste e explique sucintamente os quatro principios da tomada de decises individuais.
CAPiTULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA
COMO AS PESSOAS INTERAGEIV1
Os primeiros quatro principios trataram de como os individuos tomam decisOes.
Enquanto levamos nossa vida, muitas de nossas decisOes afetam nao apenas a nos
mesmos, mas tambem a outras pessoas. Os prOximos tres principios dizem respeito a como as pessoas interagem umas corn as outras.
Principio 5: 0 Comercio Pode Ser Bom para Todos
Voce provavelmcnte jci tomou conhecimento pelos noticiarios de que o Japao concorre CO m os Estados Unidos na economia mundial. De certa forma isso é verdade,
na malida em que empresas norte-americanas e japonesas produzem muitos bens
do mesmo tipo. A Ford c a Toyota concorren-i pelos mesmos clientes no mercado
de carros. A Compaq e a Toshiba concorrem pelos mesmos clientes no mercado de
computadores pessoais.
*Mas é facil se enganar ao pensar na competicao entre paises. 0 comercio entre
os Estados Uniclos e o Japao nao é como uma competic5o esportiva, em que um
lado ganha e o outro perde. Na verdade, o que acontece 6 o contr6rio: o comercio
entre dois paises pode ser born para ambas as partes.
Para sabermos por que, vamos pensar como o comercio afeta a sua familia.
Quando um parent° seu procura por emprego, esti concorrendo corn membros de
outras familias que tambem querem estar empregados. As familias tambem competem umas contra as outras quando vuo as compras, uma vez que cada uma quer
tomprar os melhores bens aos menores precos. Assim, de c_e_rta forma, cada
existente
na ic—
onomia esta concorrerao-c-ol-rife-d-a-s -a-s demais.
_
,Apesar dessa competicao, contUdb,.s_u_a_fanitilia nao se dariarnelh_or isolaado-se
,de todas as outras. Se o fizesse, precisaria produzir sua prozia comida, confeccionar
suas_proprias rotifii -s-6 -65ifsWr-sua propria casa.-E evidente que sua familia se benel
icia rnuito de sua_ .propria habilidade de comerciar com outras pessoas. 0 comercio
permite que as pessoas se es ecializem na atividade em_que sao melhores, seja ela a
agncultura, a costura ou a construclko. Ao comerclar com os outros, as pessoas podem
,comprar uma maior variedade de bens. e servicos_a. um_ custo.menor.i
Assim como as familias, os 'Daises beneficiam-se da possibilidade de comerciar
uns com os outros. 0 comercio permite que eles se especializem naquilo que
_ fazem
- melhor e desfrutem de uma ma-forcidfie
Ede de bens e servisos, \Os japoneses,
como os franceses, os egipcios e os brasileiros, sao tanto nossos parceiros na eco__
pomia mundial quanto nossos concorrentes,j
Principio 6: Os Mercados Sao Geralmente uma Boa Maneira de
Organizar a Atividade Economica
0 colapso do comunismo na Unido Sovietica e no Leste Europeu na decada de 1980
pale ser a mudanca mais importante que aconteceu no mundo nos ialtimos 50 anos.
Os paises comunistas operavam corn base na premissa de que os planejadores centrais do govemo estavam na melhor posicao para conduzir a atividade economica.
Esses planejadores decidiam que bens e servicos produzir, quanto produzir de cada
um e quern os produziria e consumiria. A teoria desenvolvida a partir do planejamento central era a de que apenas o govemo poderia organizar a atividade econamica de
uma maneira que promovesse o bem-estar econemico de todo o pais.
"Por US$ 5 por semana, voce
pode assistir ao futebol sem
que o importunem pedindo
para cortar a gramar
9
PARTE 1 INTRODU0k0
10
economia de mercado
uma economia que aloca
recursos por meio das
.
decis ,5es descentralizadas de
muitas empresas e familias
quando estas interagem nos
mercados de bens e servicos
Hoje, a maioria dos paises que tiveram economias de planejamento central
abandonou esse sistema e esta tentando desenvolver economias de mercado. Numa economia de mercado, as decis5es do planejador central sao substituidas
pelas decis(-5es de milh C)es de empresas e familias.As empresas decidem quem contratar e o que produzir. As familias decidem em que empresas trabalhar e o que
comprar com seus rendimentos. Essas empresas e familias interagem no mercado,
em que e_s_preos e o interesse prc5prio_piamsuAs_ decises. i
- '
.A. primeira vista, o sucesso das economias de mercado e en ig,matico. Afinal, numa economia de mercado, ninguem cuida do bem-estar econ6mico de toda a
sociedade. Os mercados livres contem muitos compradores e vendedores de diversos bens e servi os e todos estao interessados, antes de mais nada, no seu prOprio
bem-estar. Ainda assim, apesar (.-Ia tomada descentralizada de decis6 es e de tomadores de decises movidos pelo interesse particular, as economias de mercado tem
se mostrado muito bem-sucedidas na organizgao da atividade econmica de
maneira a promover o bem-estar econmico geral.
0 economista Adam Smith, em seu livro A Riqueza das Nacies, publicado em
f1776, fez a observaao mais famosa da ciencia econC)mica: as familias e as empresas, ao interagirem nos mercados, agem como se fossem guiadas por uma "mao
invisivel" que as leva a resultados de mercado desejaveis. Um de nossos objetivos
neste livro é entender como essa mao invisivel faz sua magica. Ao estudar economia, voce aprendera que os preos sao o instrumento com que a mao invisivel con\ duz a atividade econ6mica. Os preos refletem tanto o valor de um bem para a
sociedade quanto o custo social de produzi-lo. Como as familias e as empresas
observam os preos para decidir o que comprar e o que vender, levam em consideraao, involuntariamente, os custos e beneficios sociais de suas g"(5es. Conseqiientemente, os 1,-)reos levam os tomadores de decises individuais a resultados que,
em muitos casos, maximizam o bem-estar da sociedade.
Ha um corolario importante que se deduz da habilidade da mao invisivel como
condutora da atividade econ mica: quando o governo impede que os preos se
ajustem naturalmente a oferta e a demanda, impede que a ii-lo invisivel coordene
os milhes de familias e empresas que compem a economia. Esse corolario explistgs tem um efeito adverso sobre a alocaao de recursos: eles
ca por que c),s impo,_
e das familia,s.
, com isso_as decis6es das empresas
distorce
_______- Explica
_
maior que pode ser causado por politicas de controle direto
ainda
mal
o
tambm
dos preos, como a de controle dos alugueis. E explica o fracasso do comunismo.
Nos pafses comunistas, os preos nao eram determinados no mercado, mas ditados pelos planejadores centrais. Os planejadores nao tinham as informgb es que
sao refletidas nos preos quando estes reagem livremente as foNas de mercado. Os
planejadores centrais falharam porque tentaram conduzir a economia com uma
mao amarrada nas costas — a mao invisivel do mercado.
Prindpio 7: Às Vezes os Governos Podem Melhorar os
Resuitados dos Mercados
Se a rri o invisivel do mercado é tao boa, por que precisamos do govemo? Uma resposta e o fato de que a mao iiivisível precisa que o governo a proteja. Os mercados
s(5 funcionam bem quando os direitos de propriedade sao garantidos. Os fazendeiros nao cultivarao alimentos se acharem que suas colheitas serao roubadas, e os
CAPiTULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA
restaurantes so servirdo refeicoes se tiverem a garantia de que os clientes pagarao
antes de ir embora. Todos confiamos no govern() para providenciar polIcia e tribunals para fazer valer nossos direitos sobre aquilo que produzimos.
Ha ainda outro motivo pelo qual precisamos do governo: embora os mercados
sejam geralmente uma boa maneira de organizar a atividade econOmica, essa regra
esta sujeita a algumas excecOes importantes. HO dois motivos genericos para que
um governo intervenha na economia — promover a eficiencia e promover a equidade. Ou seja, a maioria das politicas tem por objetivo ou aumentar o bolo economic° ou mudar a maneira como o bolo 6 dividido.
Embora a ma- o invisIvel geralmente leve os mercados a alocar os recursos de
forma eficiente, isso nem sempre acontece. Os economistas usam a expressao falha
de mercado para se referir a uma situacao cm que o mercado, por si so, nao conseg,ue produzir uma alocacao eficiente de recursos. Uma possivel causa de falha de
mercado 6 a externalidade, que é o impact° das acnes de uma pessoa sobre o bemestar dos que estao proximos. Um exemplo classic° de custo extemo 6 a poluicao.
Outra causa possivel de Lima falha de mercado é o poder de mercado, que se refere a capacidade de uma pessoa (ou um pequeno g,rupo de pessoas) influenciar indevidamente os precos de mercado. Se, por exemplo, todas as pessoas de uma cidade
precisarem de ng,ua, mas houver apenas um pow, o proprietario do pogo nao estara sujeito a forte competic5o por meio da qual a ma° invisIvel costuma controlar os
J
SAIBA MAIS SOBRE...
ADAM SMITH E A MAO INVISiVEL
Pode ser mera coincidencia o fato de que o grande livro de Adam
Smith A Riqueza dos Nacoes foi publicado em 1776, o ano exato em
que os revolucionarios norte-americanos assinaram a sua Declaracao
da Independencia. Mas os dois documentos compartilham um ponto
de vista que era predominante na epoca — que os
normalmente tomam melhores decisoes se deixados a agir por conta propria, sem a mao opressiva do
governo conduzindo suas acoes. Essa filosofia politica
proporciona a base intelectual para a economia de mercado e, de maneira mais geral, para a sociedade livre.
Por que as economias descentralizadas de mercado funcionam tao bem? Sera porque se pode contar
que as pessoas tratem umas as outras com carinho e
bondade? De forma alguma. Adam Smith descreveu a
maneira como as pessoas interagem numa economia
de mercado da seguinte maneira:
11
falha de mercado
uma situacao em que o
mercado, por si so, fracassa
ao alocar recursos com
eficiencia
externalidade
o impacto das acoes de uma
pessoa sobre o bem-estar de
outras que nao tomam parte
da acao
poder de mercado
a capacidade que um unico
agente economic° (ou um
pequeno grupo de agentes)
tem de influenciar
significativamente os precos
do mercado
0 homem tem quase que constantes oportunidades para esperar
ajuda de seus semelhantes, e seria vao esperar obte-la somente do
benevolencia. Tera maiores chances de ser bem-sucedido se puder
interessar o amor-prOprio deles a seu favor e mostrar-lhe que é para
sua prOpria vantagem fazer para ele oquilo que deles se exige... Akio
e do benevolencia do acougueiro, do cervejeiro, ou do padeiro que
esperamos nosso jantar, mos do consideracao que eles tem pelos
seus prOprios interesses...
Coda individuo... nao tem a intencao de promover o interesse
publico, nem sabe o quanto o estO promovendo... Nao pensa sendo
no prOprio ganho, e neste caso, como em muitos outros casos, e conduzido por uma moo invisivel a promover um fim que nao fazia parte
de sua intencOo. E nem sempre e pior para a sociedade que no° fizesse parte. Ao perseguir seu pr6prio interesse, ele frequentemente promove o interesse do sociedade de modo mais eficaz do que faria se
realmente se prestasse a promove-lo.
0 que Smith esta dizendo e que os participantes da
economia sao motivados por seus proprios interesses e
que a "mao invisivel" do mercado conduz esses_interesses daraaneira que seja promovido o bem-estar
m i co . geraL
Multos dos principios de Smith permanecem no seio
da economia moderna. Nossa analise nos capitulos posteriores nos permitira expressar com mais precisao as
conclusOes de Smith e analisar plenamente os pontos
fortes e fracos da mao invisivel do mercado.
12
PARTE 1 INTROD~O
interesses particulares. Quando há extemalidades ou poder de mercado, politicas
públicas bem concebidas podem aumentar a eficiencia econOmica.
A mao invisivel pode tambem não conseguir garantir que a prospericlade econOmica seja distribuida eqiiitativamente. Uma economia de mercado recompensa
as pessoas de acordo com sua capacidade de produzir coisas pelas quais outras pessoas estejam dispostas a pagar. 0 melhor jogador de basquete do mundo ganha
mais do que o melhor jogador de xadrez simplesmente porque as pessoas est'ao
dispostas a pagar mais para assistir a uma partida de basquete do que para assistir
a um jogo de xadrez. A rnão invisível n'a'o garante que todos tenham comida suficiente, roupas decentes e atendimento medico adequado. Muitas politicas pLiblicas,
por exemplo, o in-iposto de renda e o sistema de seguridade social, tem por objetivo atingir uma distribui o mais eqitativa do bem-estar econOmico.
Dizer que o govemo pode, por vezes, melhorar os resultados do mercadono significa que ele sempre ofard. A politica pUblica nao é feita por anjos, mas por um processo politico que está longe de ser perfeito. As vezes, as politicas são concebidas
somente para recompensar os politicamente poderosos. As vezes, sao feitas por
lideres bem-intencionados, mas mal informados. Um dos objetivos do estudo da
economia e ajudar voce a julgar quando uma politica govemamental é justific&vel
para promover a eficiencia ou a eq-Ciidade e quando não e.
Teste R4ido
Liste e descreva resumidamente os tr'es principios que regem as interaces ecorknicas.
COMO A ECONOMIA FUNCIONA
sobre como as pessoas tomam decisOes e depois
Comeamos por uma discuss a"o
vimos como elas interagem umas com as outras. Juntas, todas essas decisOes e interai5es formam "a economia". Os tres últirnos principios referem-se ao funcionamento da economia.
Prindpio 8: 0 Padrk de Vida de um Pais Depende de sua
Capacidade de Produzir Bens e Servicos
produtividade
a quantidade de bens e
servicos que um trabalhador
pode produzir por hora de
trabalho
As diferenas de padro de vida em todo o mundo sk) assustadoras. Em 2000, o
norte-americano rnédio teve renda de aproximadamente US$ 34.100. No mesmo
ano, o mexicano medio ganhou US$ 8.790 e o nigeriano medio, US$ 800. N'a"o é de
surpreender que essa g,rande variga'o do nivel de rendimento se reflita em diversos indicadores de qualidade de vida. Os cidaffios de paises de renda elevada tem
mais televisores e carros, melhor nutri o, melhor assistencia medica e uma expectativa de vida mais longa do que os cidad'c'ios de paises de baixa renda.
As mudanas do padra- o de vida ao longo do tempo tambem Sa'o grandes. Nos
Estados Unidos, as rendas cresceran-1 historicamente cerca de 2% ao ano (apOs
ajustes que ocorreram devido a altera0es no custo de vida). A essa taxa, a renda
media dobra a cada 35 anos. No últirno seculo, a renda media aumentou aproximadamente oito vezes.
0 que explica essas grandes difereNas de padrao de vida entre paises e ao
longo do tempo? A resposta é surpreendentemente simples. Quase todas as variações de padr a- - o de vida podem ser atribuidas a difereNas de produtividade entre
paises — ou seja, a quanticlade de bens e servios produzidos em uma hora de tra-
CAPiTULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA
13
balho. Em paises onde os trabalhadores podem produzir urna g,rande quantidade
de bens e servicos por unidade de tempo, a maioria das pessoas desfruta de
padrOes de vida elevados; em nacoes onde os trabalhadores sae, menos produtivos,
a maioria das pessoas precisa enfrentar uma existencia com major escassez e, portant°, menos confortavel. De forma semelhante, a taxa de crescimento da produtividade de um pais determina a taxa de crescimento de sua renda media.
A relacao fundamental entre produtividade e padroes de vida 6 simples, mas
suas implicacoes sdo profundas. Se a produtividade é o determinante principal do
padra"o de vida, outras explicacoes devem ser de importElncia secundEiria. Por exemplo, poderia ser tentador creditar aos sindicatos de trabalhadores ou as leis de salario minimo a elevacdo do padrao de vida dos trabalhadores norte-americanos
durante o seculo passado. Mas a verdadeira heroina dos trabalhadores norte-americanos é sua produtividade crescente.Vejamos outro exemplo: alguns comentaristas afirmaram que a competicao crescente vinda do JapElo e de outros paises explica o lento crescimento da renda nos Estados Unidos nas decadas de 1970 e 1980.
Mas na verdade o vildo nao era a competicao internacional, e sim o menor crescimento da produtividade no pais.
A relaciio entre produtividade e padrao de vida tambem traz implicacoes profundas para a politica publica. Quando se pensa sobre como alg-uma politica afetarEi os padroes de vida, a questao-chave 6 como ela afetar6 nossa capacidade de produzir bens e servicos. Para elevarem os padroes de vida, os formuladores de
politicas precisam elevar a produtividade garantindo que os trabalhadores tenham
uma boa educacao, disponham das ferramentas de que precisam para produzir
bens e servicos e tenham acesso a melhor tecnolq,Tia disponivel.
Principio 9: Os Precos Sobem Quando o Govemo Emite it/loeda Demais
Na Alemanha, em janeiro de 1921, um jornal custava 30 centavos de marco. Menos
de dois anos depois, em novembro de 1922, o mesmo jornal custava 70.000.000
marcos. Todos os outros precos da economia subiram na mesma medida. Esse episodio 6 um dos exemplos mais espetaculares de inflacao, um aumento no nivel
geral de precos da economia.
inflacao
um aumento do nivel geral de
precos da economia
21,1
\
—a_
\
17_1';:---- n
.--<"7->
—411
'Ora, talvez custasse 68 centavos quando voce entrou na
mas agora custa 74 centavos!"
14
PARTE 1 INTROD~O
Embora os Estados Unidos nunca tenham conhecido uma inflação pn5xima da
que houve na Alemanha na decada de 1920, a inflação tem sido, por vezes, um problema econOmico. Durante os anos 70, por exemplo, o nivel geral de prec;os mais do
que dobrou e o presidente Gerald Ford referiu-se à inflac;:aTo como o "inimigo
ntImero 1". Por outro lado, na decada de 1990, a inflag.1"o foi de cerca de 3% ao
ano; a essa taxa, seria preciso mais de 20 anos para que os preg)s dobrassem. Como
uma inflação elevada impOe diversos custos à sociedade, mante-la em niveis baixos
e um objetivo dos fom-iuladores de politicas econOmicas de todo o mundo.
0 que causa a Em quase todos os casos de inflação elevada ou persistente, o culpado é o mesmo — um aumento na quantidade de moeda. Quando um
govemo emite grandes quantidades de moeda, o valor da moeda diminui. Na Alemanha no início da decada de 1920, quando os preos estavam, em media, triplicando a cada mes, a quantidade de moeda tambem triplicava mensalmente. Embora menos dramatica, a histria econOmica dos Estados Unidos aponta para uma
conclusa- o semelhante: a inflagrio elevada da decada de 1970 estava associada a um
rapido crescimento da quantidade de moeda e a baixa inflg ao dos anos 90 estava
associada a um lento crescimento da quantidade de moeda.
Principio 10: A Sociedade Enfrenta um
Tradeoff de
Curto Prazo entre
Infia0o e Desemprego
curva de
uma curva que mostra o
trodeoff entre inflaca"o e
desemprego, no curto prazo
ciclo de neg&ios
f1utuaqes da atividade
econ6mica, medidas pelo
nUmero de pessoas
empregadas ou pela produck
de bens e servicos
Quando o governo aumenta a quantidade de moeda na economia, um dos resultados é iiif1ação. Outro resultado, pelo menos no curto prazo, é um menor nivel
de desemprego. A curva que representa este tradeoff de curto prazo entre inflagio
e desemprego é chamada de curva de Phillips, em homenagem ao economista
que examinou pela Fm-imeira vez essa relga-o.
A curva de Phillips continua a ser um tc5pico controverso entre os economistas,
mas a maioria deles hoje admite a ideia de que a sociedade enfrenta um tradeoff de
curto prazo entre inflagio e desemprego. Isso significa simplesmente que em periodos de um ou dois anos muitas politicas econOmicas empurram a inflagio e o
desemprego em direOes opostas. Os formuladores de politicas enfrentam esse
tradeoff independentemente de a inflação e o desemprego estarem em niveis
vados (como estavam no inicio da decada de 1980), em niveis baixos (como no final
da decada de ou em alguni ponto intermediario. A escolha entre iiiflação e
desemprego é apenas temporaria, mas pode durar muitos anos. A curva de Phillips
portanto, crucial para o entendimento de muitos fenOmenos na economia. Mais
especificamente, e importante para o entendimento do ciclo de negOcios — as flutuag-Ses irregulares e altamente imprevisiveis da atividade econOmica, medidas
de bens e servi9r)s.
pelo n mero de pessoas empregadas ou pela Fij-oduc; ao
Os formuladores de politicas podem explorar o tradeoff de curto prazo entre
inflga- o e desemprego usando diversos instrumentos de politica. Mudando o montante de gastos do governo, mudando o valor arrecadado de impostos e mudando
o montante de einissOes de moeda, os formuladores cle politicas podem influenciar
a combinac;"ao de inf1ação e desemprego que a economia apresenta. Uma vez que
esses instrumentos de politica monetaria e fiscal são potencialmente tão poderopara controlar
sos, a maneira como os formuladores de politicas devem
objeto de constante debate.
a economia e mesmo se devem ou n as - o
Teste R4ido Liste e descreva resumidamente os três principios que descrevem como a economia
funciona.
CAPITULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA
que deveria. Aproveite essas oportunidades. Escreva suas respostas nas
margens do livro. Esses testes servem para avaliar sua compreensao
dos fundamentos. Se nao tiver certeza de que sua resposta esteja correta, voce provavelmente precisara rever a secao.
SAIBA MAIS SOBRE...
COMO LER ESTE LIVRO
economia e divertida, mas tambem pode ser dila de aprender.
Meu objetivo ao escrever este texto e torna-lo o mais divertido e fad
possivel. Mas voce, estudante, tambern tem um papel a cumprir. A
experiencia prova que se voce realmente se envolver ao estudar por
este livro, obtera melhores resultados, tanto nos exames quanto nos
anos que se seguirem. Aqui vao algumas dicas sobre como ler melhor
este livro.
1. Resuma, nao marque. Passar um marca-texto amarelo sobre
estas paginas e uma atividade passiva demais para manter sua mente
concentrada. Em vez disso, quando chegar ao fim de uma secao, resuma com suas proprias palavras o que acabou de aprender. Ao terminar
o capitulo, compare seu resumo com o que consta do final do capitulo. Sera que voce entendeu os pontos principais?
2. Teste a si mesmo. No decorrer do livro, os Testes Rapidos proporcionam um feedback instantaneo para revelar se voce aprendeu o
3. Pratique, pratique e pratique. Na final de cada capitulo, ha
Questbes para Revisao, que testam seu entendimento, e Problemas
e Aplicacoes, para voce aplicar e arnpliar o material. Seu professor
talvez peca que voce faca alguns desses exercicios em casa. Neste
caso, faca-os; se ele nao pedir, faca-os do mesmo jeito. Quanto mais
voce usar seus novos conhecimentos, mais solidos eles se tornarao.
4. Estude em grupo. Depois de ler o livro e resolver os problemas sozinho, reuna-se com seus colegas para discutir o material.
Voces aprenderao uns com os outros — um exempla dos ganhos do
comercio.
5. Nao se esqueca da vida real. Em meio a todos os ntheros, graficos e palavras novas e estranhas, é facil perder de vista aquilo de que
a economia trata. Os Estudos de Caso e os boxes de Noticias espalhados pelo livro servirao de lembrete. Nao pule nenhum. Eles mostram
como a teoria esta ligada a coisas que acontecem em nossa vida. Se
seus estudos forem bem-sucedidos, voce nunca mais sera capaz de ler
um jornal sem pensar em oferta, demanda e no maravilhoso mundo
da economia.
TAIRA 1
Como as Pessoas
Dez Principios
Tomam Decisbes
As pessoas enfrentam tradeoffs
_2:
3 0 custo de alguma coisa e aquilo de que voce desiste para obte-la
4:
de Economia
As pessoas racionais pensam na margem
As pessoas reagem a incentivos
Como as Pessoas Interagem . .5:
7
0 comercio pode ser bom para todos
6: Os mercados sao geralmente uma boa maneira de organizar
a atividade econornica
: As vezes os governos podem melhorar os resultados dos mercados
Como Funciona a
Economia
15
11: 0 padrao de vida de um pais depende de sua capacidade de
)
produzir bens e servicos
: Os precos sobem quando o governo emite moeda demais
10: A sociedade enfrenta um tradeoff de curt° prazo entre inflacao e
desemprego
16
PARTE 1 INTRODU
"A" o
CONCLUS
Agora voce já teve uma amostra do que trata a economia. Nos capitulos posteriores, desenvolveremos muitos assuntos especificos sobre as pessoas, os mercados e
as economias. Domin-los exigith algum esfoNo, mas n". .0 seth uma tarefa
0 campo da economia se baseia em algumas idéias fundamentais que podem ser
aplicadas em muitas situa95es diferentes.
No decorrer do livro, faremos referencia aos Dez Principios de Economia que destacamos neste capitulo e resumimos na Tabela 1. Tenha os principios em n-iente,
pois ate a mais sofisticada das anlises econ micas é constniida com os dez principios aqui apresentados.
RESUMO
• As lições fundamentais sobre a tomada de
decises individual s s o que as pessoas enfrentam
tradeoffs entre objetivos alternativos, que o custo de
qualquer a o é medido em termos de oportunidades abandonadas, que as pessoas racionais tomam
decises comparando custos marginais e beneficios marginais e que as pessoas nludam seu comportamento em funo dos incentivos com que se
deparam.
• As 1i95es fundamentais a respeito de interg5es
entre pessoas s - o que o comercio pode ser mutuamente benefico, que os mercados costun-iam ser
uma boa maneira de coordenar o comercio entre as
pessoas e que o govemo pode potencialmente melhorar os resultados do mercado quando 11. . falha de
mercado ou quando o resultado do mercado
eqitativo.
• As li0es fundamentais sobre a economia como um
todo são que a produtividade é a fonte fundamental
dos padres de vida, que o crescimento da moeda e
a causa fundamental da inflação e que a sociedade
enfrenta um tradeoff de curto prazo entre inflação e
desemprego.
CONCEITOS-CHAVE
escassez, p. 4
economia, 1_-). 4
eficiencia, p. 5
eqiiidade, p. 5
custo de oportunidade, p. 6
mudanas marg,inais, p. 6
economia de mercado, p. 10
falha de mercado, p. 11
extemalidade, p. 11
poder de mercado, p. 11
produtividade, p. 12
inflgk), p. 13
curva de Phillips, p. 14
ciclo de negOcios, p. 14
QUESTES PARA REVISA0
1. De tres exemplos de tradeoffs importantes com
que voce se depara na vida.
5. Por que o comercio entre paises n'a- o e como um
jogo, em que alguns vencem e outros perdem?
2. Qual o custo de oportunidade de assistir a um
filme no cinema?
6. 0 que a "m a- - o invisiver do mercado faz?
Y
9. A k,,ua
é necessffila para a vida. 0 beneficio marginal de um copo
e grande ou pequeno?
10.Por que os formuladores de politicas devem pensar sobre os incentivos?
7. Explique as duas principais causas de falhas de
mercado e de um exemplo de cada.
8. Por que a produtividade e importante?
9. 0 que é infiação e quais s - . 0 suas causas?
10. Como a inflao e o desemprego est a- - o relacionados no curto prazo?
CAPh-ULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA
17
PROBLEMAS E APLICAOES
1. Descreva alguns dos tradeoffs com que se deparam:
a. uma faniilia decidindo se compra um carro novo
b. um membro do Congresso decidindo o quanto
gastar com os parques nacionais
c. o presidente de uma empresa decidindo se abre
uma nova ffibrica
d. um professor decidindo o quanto deve preparar-se para uma aula
7
. Voce estEl tentando decidir se tira ferias ou não. A
maioria dos custos (passagem aerea, hotel, rendimentos que deixam de ser ganhos) se mede em
dOlares, mas os beneficios são psicolOgicos. Como
se pode comparar os beneficios con-i os custos?
3. Voce pretendia passar o sbado trabalhando em
seu emprego de meio periodo, mas um amigo o
convida para esquiar. Qual e o verdadeiro custo de
ir esquiar? Agora suponha que voce pretendesse,
em vez de trabalhar, passar o dia estudando na
biblioteca. Neste caso, qual o custo de ir esquiar?
Explique.
4. Voce ganhou US$ 100 em um bolo e pode escolher entre gastar o dinheiro agora ou guardar por
un-1 ano, depositando numa conta de poupaNa
que paga juros de 5%. Qual o custo de oportunidade de gastar os US$ 100 agora?
5. A empresa que voce administra investiu US$ 5
rnilhões no desenvolvimento de um novo produto, mas esse desenvolvimento ainda mio foi concluido. Numa recente reunik), seu pessoal de
vendas relatou que a introdu o de produtos concorrentes reduziu o volume previsto de vendas de
seu novo produto para US$ 3 mi1hes. Se o custo
de completar o desenvolvimento e fazer o produto fosse US$ 1 milh",;"w, valeria a pena gastar esse
dinheiro? Qual o valor imriximo que voce deveria
pagar para concluir o desenvolviinento?
6. Tres gerentes da Poção M4ica S.A. esto discutindo um possivel aumento de producio. Cada um
sugere uma maneira de tomar a
NOs devemos verificar se a produtiviHARRY:
dade de nossa empresa — litros de
poção por trabalhador aumentaria ou
diminuiria.
RoN: NOs devemos verificar se nosso custo
medio — custo por trabalhaclor — aumentaria ou climinuiria.
HERMIONE: Devemos verificar se a receita adicional
da venda da poção adicional vai ser
maior ou menor do que os custos adicionais.
Quem, na sua opinião, está certo? Por que?
7. 0 Sistema de Seg,uro Social proporciona renda a
pessoas com mais de 65 anos de idade. Se um
beneficikio do Sepro Social decidir trabalhar
para obter alg-uma renda extra, o valor dos beneficios que recebe do Seg,uro Social deverfl diminuir.
a. Como essa decis c-io
do Seguro Social afeta a
decisão de poupar das pessoas enquanto ainda
não tiverem completado 65 anos?
b. Como a reduo dos beneficios associada a
n-laiores rendin-lentos afeta a disposi o de as
pessoas trabalharem depois dos 65 anos?
8. Um recente projeto de lei reformando os programas antipobreza do govemo norte-americano limitou para muitos dos beneficklrios dos programas
de assistencia social o periodo de recebimento a
dois anos.
a. Como isso afeta os incentivos ao trabalho?
b. Como isso poderia representar urn tradeoff entre
eqiiidade e eficiencia?
9. Seu colega de quarto cozinha melhor do que voce,
mas voce é mais r4ido na faxina. Se seu colega
sempre cozinhasse e voce sempre fizesse a limpeza, essas tarefas levariam mais ou menos tempo
clo que se fossem divididas por igual entre voces?
De um exemplo semelhante de como a especializa o e o comercio podem beneficiar dois paises.
10. Suponhamos que os Estados Unidos adotem o
planejamento central em sua economia e que voce
se tome o planejador chefe. Entre milh Oes
de decises que precisa tomar para o prOximo ano estk)
quantos CDs produzir, que artistas NT' "o gr, avar e
quem deve receber os discos.
a. Para tomar essas decises de forma inteligente,
de que informaces sobre a indUstria de CDs
voce precisaria? E sobre cada cidaffio do pais?
18
PARTE 1 INTR0DUcA0
b. Como suas decisoes sobre CDs afetariam alg,umas de suas outras decisoes, como o nilmero de
CD players ou fitas cassete a produzir? Como
algumas de suas outras decisoes sobre a economia poderiam mudar sua opiniao sobre os CDs?
11. Explique se cada uma das seguintes ativiciades do
governo 6 motivada por uma preocupacao com a
eqiiidade 011 por uma preocupac5o com a eficiencia. Quando a 1.-)reocupac5o for com a eficiencia,
discuta o tipo de falha de mercado em quest5o.
a. reg,ulamentar os precos da TV a cabo
b. oferecer a uma parcela da populacao pobre tiquetes que podem ser usados para comprar comida
c. proibir que se fume em lugares publicos
d. dividir a Standard Oil (que chegou a deter 90%
das refinarias de petroleo dos Estados Unidos)
em diversas empresas menores
e. aumentar as aliquotas de impost() de renda das
pessoas com alta renda
f. instituir leis punindo quern dirigir embriagado
17.
Discuta cada uma das afirmativas a seguir do pont° de vista de eqi_lidade e de eficiencia.
a. "E precis() garantir a todos os membros da sociedade o melhor atendimento n-tedico possivel."
b."Os trabalhadores que sao demitidos deveriam estar qualificados a receber os beneficios
do seguro-desemprego ate que encontrassem
trabalho."
13. De que maneiras o seu padrdo de vida e diferente
do de seus pais 011 avos quando tinhani sua idade?
0 que causou essas mudancas?
14. Suponhamos que os norte-americanos decidam
poupar uma parte maior da sua renda. Se os bancos emprestarem essa poupanca extra para as
empresas, que usam esses fundos para construir
novas fabricas, corno esse aumento de poupanca
poderia levar a um crescimento rapido da produtividade? Quern, na sua opini5o, se beneficiard da
maior produtividade? A sociedade esta obtendo
um "almoco g,ratis"?
15. Imag,ine que voce e um formulador de politicas
tentando decidir se deve ou nao reduzir a inflacdo.
Para tomar uma deciszlo inteligente, o que voce
precisaria saber sobre inflacao, desemprego e
tradeoff entre eles?
16. Procure em um jornal ou no site http://www.eco nomist.com tres noticias recentes sobre a economia. Para cada noticia, identifique um (ou mais)
dos Dez Principios tic Economia discutidos neste
capitulo que seja relevante e explique por que ele
relevante. Alem disso, leia o sumdrio deste livro
e identifique, para cada noticia, um capitulo que
poderia esclarecer o fato noticiado.
P,\ND COMO UM ECO
Lada campo de estudos tem sua pr6pria ling,uagem e sua pr6pria maneira de pensar. Os matematicos falam de axiomas, integrais e espaos vetoriais. Os psicOlogos
falam de ego, id e dissona'ncia coghitiva. Os advogados falam de comarcas e delitos contratuais.
A economia ruio é diferente. Oferta, demanda, elasticidade, vantagem comparativa, excedente do consumidor, 1.-)eso morto — esses termos s a"o
y.)arte da linguagem
dos economistas. Nos prOximos capitulos do livro, você encontrath muitos termos
novos e algumas palavras comuns que os economistas usam de maneira especializada. À primeira vista, essa nova linguagem pode parecer desnecessariamente
enigmkica. Mas, como vo& veni, ela tem valor por proporcionar uma maneira
nova e útil de pensar sobre o mundo em que vivemos.
0 principal objetivo deste livro é ajudar vo&' a aprender a maneira de pensar do
economista. E claro que assim como ninguérn se torna um matemkico, psicOlogo
ou advogado da noite para o dia, aprender a pensar como um economista leva
algum tempo. Mas, com uma combinao de teoria, estudos de caso e exemplos de
economia nas notfcias, este livro oferece uma excelente oportunidade para o
desenvolvimento e para a prkica dessa habilidade.
Antes de entrarmos na substncia e nos detalhes da teoria econOmica, será bom
ter uma visão geral de como os economistas encaram o mundo. Este capitulo, por-
20
PARTE 1 INTRODUcA0
tanto, discute a metodologia utilizada no campo da economia. 0 que distingue a
maneira como os economistas enfrentam um problema qualquer? 0 que significa
pensar como um economista?
7
C0 7101111 STA COMO a \ IlSTA
Os economistas procuram abordar seu campo de estudo com a objetividade de
cientistas. Estudam a economia da mesma forma como um fisico estuda a materia
e um bialogo estuda a vida: eles desenvolvem teorias, colhem dados e ent5o analisam esses dados para confirmar ou refutar suas teorias.
Para os iniciantes, pode parecer estranho afirmar que a economia 6 uma ciencia.
Afinal de contas, os economistas nao trabalham com tubos de ensaio nem telesc6pios. Mas a essencia da ciencia 6 o metodo cientifico — o desenvolvimento e o teste
imparcial de teorias sobre como funciona o mundo. Esse metodo de investigac5o
aplica-se tanto ao estudo da economia de um pais quanto ao estudo da g,ravidade
da Terra ou da evolucao das especies.kComo disse
_ Albert
_ Einstein, "A Ciencia nada
maisé do , que_o refinamento
do pensamento cotidiano"
•
•
Embora o comentzirio de Einstein seja verdadeiro tanto para as ciencias sociais,
como a economia, quanto para as ciencias naturais, como a fisica, a maioria das
pessoas nao esta habituada a enxergar a sociedade com os olhos de um cientista.
Assim sendo, vamos discutir algumas das maneiras pelas quais os economistas
aplicam a logica da ciencia para examinar como uma economia funciona.
"Eu sou um cientista social, Michael. lsso quer dizer que eu nao sei explicar nada sobre eletricidade ou
coisas desse tipo. Mas, se voce quiser sober algo a respeito de pessoas, eu sou a pessoa de que voce
precisa."
CAPITULO 2 PENSANDO CONIO UNI ECONOMISTA
0 Wtodo Cientifico: Observack, Teoria e Mais Observack
Seg,undo a lenda, Isaac Newton, o famoso cientista e matemkico do seculo XVII,
ficou intrigado um dia ao ver uma ma" cair da kvore. A observk k)
disso o levou
a desenvolver uma teoria da gravidade que se aplica não só a uma ma0 que cai no
chão como tambem a quaisquer dos objetos no universo. Testes posteriores da teoria de Newton demonstraram que ela funciona muito bem em diversas circunstklcias (embora, como mais tarde observaria Einstein, não em todas). Por ter sido
muito bem-sucedida para explicar observk6es, a teoria de Newton e ate hoje ensinada em cursos de fisica em todo o mundo.
Essa intera o entre teoria e observa o tambem ocorre no campo da economia.
Um economista poderia viver em um pais que passa por rElpidos aumentos de preos e ser levado por essa observa o a desenvolver uma teoria da inflação. A teoria
poderia afirmar que a inflko elevada surge quando o govemo emite muita moeda
(como voce deve se lembrar, esse é um dos Dcz P •incipios de Economia discutidos no
Capitulo 1). Para testar essa teoria, o economista poderia colher e analisar dados
sobre pre9p s e moedas em diferentes paises. Se o aumento na quantidade de moeda
não estivesse relacionado com a taxa de crescimento dos prec;os, o economista
comkaria a duvidar da validade de sua teoria da inflação. Se o aumento na quantidade de moeda e a inflgo estivessem fortemente correlacionados nos dados internacionais, como de fato ocorre, o economista passaria a confiar mais em sua teoria.
Embora os economistas usem a teoria e a observa o da mesma maneira que os
outros cientistas, eles enfrentam um obstkulo que torna sua tarefa especialmente
dificil: experimentos em economia freqentemente sk) dificeis. Os fisicos que estudam a gravidade podem deixar cair quantos objetos quiserem em seus laboratOrios
para gerar dados para testar suas teorias. Em compargio, os economistas que
estudam a inflação não podem manipular a politica monetkia de um pafs simplesmente para gerar dados úteis. Os economistas, assim como os astthnomos e biOlogos que estudam a evoluc;io, em geral tem de se satisfazer com quaisquer dados
que o mundo possa dar a eles.
Para enconfrar um substituto para os experimentos em laboratOrio, os economistas prestam muita aten o aos experimentos naturais que a HistOria oferece.
Por exemplo, quando uma g,uerra no Oriente Medio interrompe o fluxo de petrOleo, os prkos dessa mercadoria explodem eiii todo o mundo. Para os consumidores de petrOleo e derivados, isso diminui o pa ffio de vidai Para os formuladores de
politicas econ6micas, representa uma escolha dificil quanto à melhor forma de reag,ir. Mas, para os cientistas econOmicos, oferece uma oportunidade para estudar os
impactos de um recurso natural essencial sobre as economias do mundo e essa
oportunidade persiste por muito tempo depois de terminado o aumento dos preos do petrOleo.4No decorrer do livro, portanto, trataremos de muitos epis6dios
histOricos, os quais so importantes para o estudo porque permitem ver como a
economia funcionou no passado e, o que é mais importante, ilustrar e avaliar as
teorias econ6micas do presente.
0 Papel das Hip6teses
Se voce perguntar a uma fisica quanto tempo levaria para uma bolinha de gude cair
do alto de um edificio de dez andares, ela responderá a questk) supondo que a
bolinha cai no vkuo. Naturalmente, essa suposição é falsa. Na verdade, o edificio
estEl cercado de ar, cujo atrito sobre a bolinha em queda reduz sua velocidade. Mas
a fisica esclareceral, corretamente, que o atrito sobre a bolinha é tão pequeno que
seu efeito é insig,nificante. Admitir que a bolinha cai no vkuo simplifica em muito
o problema sen-i afetar substancialmente a resposta.
21
22
PARTE 1 INTRODUCAO
Os economistas adotam hipOteses r)elo mesmo motivo: elas sao capazes de
simplificar o mundo complex° em que vivemos e torna-lo mais facil de entender.
Para estudarmos os efeitos do comercio internacional, por exemplo, podemos
supor que o mundo consiste em apenas dois paises e que cada um deles produz
apenas dois bens. E claro que o mundo real consiste em intimeros paises, cada um
dos quais produzindo milhares de diferentes tipos de bens. Mas, adotando a hip(5tese de dois paises e dois bens, podemos concentrar mais nosso pensamento. Uma
vez que tenhamos entendido o comercio internacional num mundo imaginario
com dois paises e dois bens, estaremos em melhores condicoes de entender o
comercio internacional no mundo mais complex° em que vivemos.
A arte do pensamento cientifico — seja em fIsica, biologia ou economia — esta em
decidir quais hipoteses adotar. Suponhamos, por exemplo, que deixamos cair do
alto do edificio uma bola de praia em vez de uma bolinha de g,ude. A nossa fisica
consideraria que a hipatese de ausencia de atrito nao 6 mais t5o adequada: o atrito exerce muito mais forca sobre a bola de praia do que sobre a bolinha de g,ude
porque a bola de praia é muito maior. A hipotese de que a gravidade opera no
vacuo é razoavel para estudar a queda de uma bolinha de gude, mas nao de uma
bola de praia.
Da mesma forma, os economistas usam diferentes hipoteses para responder a
diferentes questoes. Suponhamos que queiramos estudar o que acontece corn a
economia quando o govemo muda a quantidade de Mares em circulac5o. Uma
parte importante dessa anEilise, como veremos, 6 a maneira como os precos reagem. Muitos dos precos da economia so mudam raramente; o preco das revistas,
por exemplo, leva varios anos para mudar. 0 conhecimento desse fato pode nos
levar a formular diferentes hipoteses ao estudar os efeitos da mudanca da politica
em diferentes horizontes de tempo. Para estudarmos os efeitos de curto prazo da
politica, podemos supor que os precos mudam pouco. Podemos ate formular uma
hipOtese extrema e artificial de que todos os precos s5o completamente fixos. Para
estudar os efeitos de longo prazo da polItica, entretanto, podemos supor que todos
os precos sejam completamente flexiveis. Assim como um fisico usa diferentes
hipOteses para estudar a queda de bolinhas*de gude e cie bolas de praia, os economistas usam diferentes hipoteses para estudar os efeitos de curt° prazo e de longo
prazo decorrentes de uma mudanca na quantidade de moeda.
Modelos Econenicos
Os professores cie biolog,ia do ensino medio ensinam anatomia basica com replicas
plasticas do corpo human°. Esses modelos apresentam todos os principais org5os
— o corac5o, o figado, os rins e assim por diante — e permitem que os professores
mostrem para seus alunos, de uma maneira simples, como as principais partes do
corpo encaixam-se umas nas outras. Mas é obvio que esses modelos de plastic°
nao sac) corpos humanos de verdade e ninguem os confundiria com uma pessoa.
Os modelos sac) estilizados e omitem muitos detalhes. Mas, apesar dessa falta de
realism° — e, na verdade, por causa (=Tessa falta de realism° — estudar os modelos
iitil para aprender como funciona o corpo human°.
Os economistas tambem usan-i modelos para aprender sobre o mundo, mas em
vez de serem feitos de plastic°, os modelos dos economistas sao geralmente compostos de diag,ramas e equacbes. Como o modelo de plastic° dos professores de
biologia, os modelos econamicos omitem muitos detalhes para permitir que vejamos o que realmente importa. Assim como o modelo do professor de biologia nao
mostra todos os mtisculos e vasos capilares do corpo, os modelos dos economistas
nao incluem todas as caracteristicas da economia.
CAPITULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA
23
Ao usarmos modelos para examinar diversas quest6es econamicas ao long° do
livro, voce vera que todos eles s5o construidos corn hipoteses. Da mesma maneira
que um fisico inicia a analise de uma bolinha de glide em queda supondo que nao
haja atrito, os economistas adotam hipoteses para muitos dos detalhes da economia que sao irrelevantes para o estudo da questa() analisada. Todos os modelos —
ern fisica, biologia ou economia — simplificam a realidade para que possamos compreende-la melhor.
Nosso Primeiro Modelo: 0 Diagrama do Fluxo Circular
A economia consiste em mill-16es de pessoas envolvidas em muitas atividades —
-comprar, vender, trabalhar, contratar, fabricar etc. Para entendermos como a economia funciona, precisamos encontrar alg,uma maneira de simplificar nosso pensamento sobre todas essas atividades. Em outras palavras, precisamos de um
modelo que explique, em termos gerais, como a economia est6 organizada e como
seus participantes interagem uns coin os outros.
A Fig,ura 1 apresenta um modelo visual da economia chamado diagrama do
fluxo circular. Nesse model°, a economia é simplificada para incluir apenas dois
tipos Lie tomadores de decisoes: familias e ernpresas. As empresas produzem bens
e servicos usando insumos, como trabalho, terra e capitaL(predios e ma uirtasi,os
quais sac) chamados Mores de produciio. As famflias sao proprietarias dos fatores de
producao e consomem todos os bens e servicos que as empresas produzem.
-
Jsccr
•-i\j'iI%
+\cii.\>.k
-crk,
3— 4.3\J\I\
-
qp,
\bcw:()0 0
u
t‘
diagrama do fluxo circular
um modelo visual da
economia que mostra como
Os Mares
circulam pelos
mercados entre as familias
e as empresas
v,-*
0 Fluxo Circular
Receita
Bens e seNicos
vendidos
MERCADOS DE BENS
E SERVICOS
Empresas vendem
Familias compram
A Gastos
Bens e
seivicos
comprados
EMPRESAS
• Produzem e vendem
bens e servicos
• Contratam e utilizam
fatores de producao
1
FAMLIAS
Compram e consomem
bens e servicos
‘Sao proprietarias e
vendedoras dos fatores
de producao
11111111111111111111
011111111111111111
111/111111fa
Este diagram e
represent-GOO esquemotica do
organizacdo do economia As
decisc5es sao tornados por familias
e empresas. As familias e as
empresas interagem nos mercados
bens_e_setvicoslil__l
er ue
familias sao compradoras e as
empresas,v_encladora
s
mercados de -fatoreszle_proslucdo
(em
.__ que as empresas_snacomprodoras e as familias,
vendedoras), 0 conjunto extemo
de setas represento o fluxo de
dinheiro (Mares) e o conjunto
interno representa o fluxo
correspondente de insumos
e produtos.
24
PARTE 1 INTROD~O
As familias e as empresas interagem em dois tipos de mercado. Nos mercados de
bens e seruiffis, as farnilias s'ao compradoras e as empresas, vendecloras. Mais especificamente, as familias compram os bens e servios que as empresas procluzem.
Nos mercados _de fatores . de prodti o, as familias sa o vendedoras e as empresas, compradoras. Nesses mercados, as familias fomecem
_ os insumos _que as empresas
usam para produzir bens e servic,os.. 0 diagrama do fluxo circular—Off-ece—fiff-fa
maneiraThimples de organizar todas as transa5es econOmicas que ocorrem entre
as familias e as en-ipresas na economia.
0 conjunto interno de flechas do diagr, ama de fluxo circular representa o fluxo
de insumos e produtos. As familias vendem o uso de seu trabalho, terra e capital
para as empresas nos mercados de fatores de produao. As empresas enta o utilizam esses fatores para produzir bens e servi os, que sa'o vendidos as famílias nos
familias
das
fluem
o
1_-)roclua
de
fatores
os
mercados de bens e servic;_os. (Assim,
p
ernpresasparaasfarnffias
para as empresas, e os bens e servi9
Í
_ s fluem das
0-C-6rifun-to exten't6 -&flec1 s do diagrama representa o fluxo de dlares.As familias gastam dinheiro para con-iprar bens e servi os das empresas. As empresas usam
e
parte da receita dessas vendas para pagar pelos fatores de produa o, como o salario
de seus trabalhaclores. 0 que sobra é o lucro dos proprietarios da empresa, que sa-o
tambem membros das familias. Assim, a despesa com bens e servkos flui das famiemi3relias para as en-lpresas, e_a_renda a_forma de— s affirios, alugueiS e lucro fluidas
_
sas para as
_
Varnos dar uma volta pelo fluxo circular, acompanhando o caminho que faz uma
nota ao passar de pessoa para pessoa na economia. Van-ios imaginar que a nota
comece numa fan-iflia; dentro da sua carteira, digamos. Se voc'e quer comprar uma
p
xicara de cafe, leva sua nota a um dos mercados de bens e serviy_ s da economia,
s
por exen-iplo, o Fran's Cafe mais prOximo. Ali, vo& a gasta em sua bebida predileta.
Ao entrar na caixa registradora da loja, a nota vira receita da empresa. Entretanto,
o dmheiro nao fica muito tempo no Fran's Cafe porque a empresa o usa para
prar insumos nos mercados de fatores de produa o. Por exemplo, o Fran's Cafe
pode usar a nota para pagar o aluguel ao locador ern troca do espao que utiliza ou
. para pagar o salario de seus trabalhadores. Seja como for, o dinheiro entra para a
1.-enda de alguma famflia e volta à carteira de alpem. Nesse ponto, a hist(kla do
circular da economia recomea.
0 diag,rama do fluxo circular da Figura 1 é um modelo simples da economia. Ele
desconsidera detalhes que sa- o importantes em alguns casos. Um modelo de fluxo
circular rnais con-iplexo e realista incluiria, por exemplo, os papeis representados
pelo governo e pelo con-iercio internacional. Mas esses detalhes ria"o sa o cruciais
para um entendimento basico de como a economia esta organizada. Por causa de
sua simplicidade, é Util ter en-1 mente o diagrama do fluxo circular ao pensar sobre
como os componentes da economia se. encaixam.
Nosso Segundo Modelo: A Fronteira de Possibilidades de Produ0o
fronteira de possibilidades
de produck
um grafico que mostra as
combinaces de produto que
a economia tem possibilidade
de produzir dados os
fatores de producao e a
tecnologia de producao
disponiveis
Diferentemente clo que se dá com o diagrama do fluxo circular, a maioria dos
modelos econOmicos se constrOi com as ferramentas cla matematica. Trataremos
agora do mais sirnples deles, chamado fronteira das possibilidades de produ o, e
veremos como ele ilustra alg-umas ideias econOmicas basicas.
Embora as economias reais 1.-)roduzam milhares de bens e servi os, vamos imaginar uma economia que produza apenas dois bens: carros e computadores. Juntas, a
e
indUstria de carros e a de computadores usam todos os fatores de produa o da economia. A fronteira de possibilidades de produo e um grffico que mostra as
diversas combinK"c5es de produ o — neste caso, entre carros e computadores — que
CAPITULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA
25
X .f
a economia pode produzir dados os fatores de producao e a tecnologia produtiva disponiveis que as pplpres.as_posiemusar para transformar esses fatores em produto.
A Figura 2 e um exemplo de fronteira de possibilidades de producao. Nessa economia, se todos os recursos fossem usados na producao de carros, a economia produziria mil carros e nenhum computador. Se todos os recursos fossem usados pela
inciustria de computadores, a cconomia procluziria 3 mil computadores e nenhum
carro. Os dois pontos finais da fronteira de possibilidades de produ0o representam essas possibilidades extremas. Se a economia dNidisse seus recursos entre as
duas industrias, poderia produzir 700 carros e 2 mil computadores, o que 6 representado na figura pelo ponto A. Por outro lado, o resultado do pont° D 6 impossivel porque os recursos s5o escassos: a economia nao tem fatores de producao suficientes para sustentar esse nivel de producao. Em outras palavras, a economia pode
1.-)roduzir em qualquer ponto na fronteira de possibilidades de produc5o ou cientro
dela, mas nao fora dela.
Um resultado é chamado de eficiente se a economia estEi obtendo tudo o que
pode dos recursos escassos que tem a dispos-k5o. Pontos na fronteira de possibilidaaes de producao (e nao dentro dela) representam niveis eficientes de producao.
Q-Uanao a economia produz num ponto na fronteira, como o ponto A, por exemplo, nao ha como produzir uma quantidade maior de um bem sem reduzir a prociucao do outro. 0 pont° B representa um resultado ineficiente. Por alg,um motiyo,
talvez um alto nivel de desemprego, a economia esta produzindo menos do clue_
poderia a p_artir dos recursos disponiveis: ela esta produzindo apenas 300 carros e
mil computadores. Se fosse eliminada a fonte de ineficiencia, a economia_poderia
passar do ponto B para o ponto A, aumentando a producao tanto de carros (para
7.0_0 quanto _de cornputadores (para 2 mill.
FIGURA 2
Quantidade
de Computadgre,s
—Pi-oduzidos
A Fronteira de Possibilidades
de Producao
•
C)
,
• D
3.000
_ANL"
2.200
2.000
Fronteira de
possibilidades
de producao
(AA). kiat.
1.
,
1.000
\ k
(10,;1` t
Ok-*
^
300
k
600 700
1.000
-
Quantidade de
Carros Produzidos
1/4A0‘,
ir Ckk)NP
Um dos DCZ PrillCOOS dC EC011Ottlia que discutimos no Capitulo 1 6 o de que as pessoas enfrentam tradeoffs. A fronteira de possibilidades de producao mostra um tradeoff_que a sociedade enfrenta. Uma vez que tenhamos atingido os pontos_de_eficiencia
na fronteira, a unica maneira de obter mais de um bem e obtendo menos do outro.
Quando a economia se move do ponto A para o ponto C, por exemplo, a sociedade
produz mais computadores, mas a custa de uma producao menor de carros.
A fronteira de possibilidades de producao
mostra as combinacoes de produto — neste
caso, de carros e computadores — que a
economic tem possibilidade de produzir
A economia pode produzir qualquer
combinacao que se encontre no fronteira ou
dentro dela. Pontos alem do fronteira nao
sdo vidveis dodos os recursos do economic].
26
PARTE 1 INTROD~O
't;wh
Outro dos Dez Principios de Economia é o de que o custo de uma coisa é aquilo
de que desistimos para obt&la. A isso chan-iamos custo de oportunidade. A fronteira
de possibilidades de produ o mostra que o custo de oportunidade de um ben-i e
medido em termos do outro. Quando a sociedade realoca alguns fatores de produio da indstria de carros para a indstria de computadores, movendo a economia
do ponto A para o ponto C, abre mão de 100 carros para obter 200 computadores
a mais. Em outras palavras, quando a economia está no ponto A, o custo de oportunidade de 200 computadores e 100 carros.
Observe que a fronteira de possibilidades de 1.->rodu o da Figura 2 curva-se para
fora. Isso significa que o custo de oportunidade dos carros em termos de computadores depende de quanto de cada bem a economia está produzindo. Quando a
economia usa a maioria de seus recursos para produzir carros, a fronteira de possibilidades de produ o é bastante ing,reme. Como ate mesmo os trabalhadores e
rnáquinas mais bem adaptados à produo de computadores esto sendo usados
para produzir carros, a economia obtem um aumento substancial no ritimero de
computadores para cada carro que deixa de produzir. Por outro lado, quando a economia está usando a maior parte dos seus recursos para produzir computadores, a
fronteira de possibilidades de produ o é quase horizontal. Neste caso, os recursos
mais adequados para a produ o de computadores já se encontra na indstria de
computadores, e cada carro de que a economia desiste resulta apenas num aumento pequeno no mirnero de computadores.
A fronteira de possibilidades de produ do mostra o tradeoff entre a produ o de
diferentes bens nurn dado momento, mas o tradeoff pode mudar ao longo do
tempo. Por exemplo, se um avallo tecnolOgico na indilstria de computadores
aumentar o n mero de computadores que um trabalhador é capaz de produzir em
uma semana, a economia poderá fabricar mais computadores para urn dacio rffimero de carros. Como resultado, a fronteira de possibilidades de produ o se desloca
para fora, como na Figura 3. Por causa desse crescimento econOmico, a sociedade
pode deslocar sua produ o do ponto A para o ponto E, desfrutando de mais computadores e mais carros.
A fronteira de possibilidades de produ o simplifica uma economia complexa
para destacar e esclarecer algumas ideias bsicas. NOs a utilizamos para ilustrar
alguns dos conceitos mencionados brevemente no Capitulo 1: escassez, eficiencia,
, custo de oportunidade e crescimento econOmico. À medida que
tradeoffs
_.
mos no nosso estudo-de-ec-On-o mia, essas ideias surgir k) novamente sob diversas
formas. A fronteira de possibilidades de produ o nos oferece uma maneira simples de pensar nelas.
Microeconomia e Macroeconomia
Muitos assuntos so estudados em diferentes níveis. Consideremos a biologia, por
exemplo. Os biOlogos moleculares estudam os compostos quin-iicos que con-ipOem
os seres vivos. Os biOlogos celulares estudam as celulas, que são feitas de muitos
compostos quimicos e são, ao mesmo tempo, os elementos que compOem os organisrnos vivos. Os biOlogos evolutivos estudam as muitas variedades de plantas e
animais e como as especies mudam g,radualmente com o passar dos seculos.
A economia tambem é estudada em diversos iìíveis. Podemos estudar as decisOes de familias ou empresas tomadas individualmente. Ou a intera o entre familias e empresas nos mercados de bens e servios especificos. Ou a opera o de tocla
a economia, que e apenas a soma das atividades cle todos os tomadores de decisOes em todos os mercados.
CAPITULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA
FIGURA 3
0
700 750 1.000 Quantidade de
Carros Produzidos
0 campo da economia divide-se tradicionalmente em dois amplos subcampos.
A microeconomia o estudo de como as familias e empresas tomam decisaes e de
como elas interagem em mercados—especificos. A macroeconomia 6. o estudo de
fenomenos que englo-bam fa 1a---a':onorniT
e.(
TTli-i microeconomista pode estudar os
efeitos do controle die iguéi bre os imovers residenciais na cidade de NovaYork,
o impact° da competi(ao estrangeira sobre a industria automobilistica dos Estados
Unidos ou os efeitos da frequencia escolar obrigataria sobre os ganhos dos trabalhadores. Um macroeconomista pode estudar os efeitos de emprestimos feitos pelo
govern() federal, as mudancas da taxa de desemprego ao longo do tempo ou politicos alternativas para promover a elevacao do padrao de vida nacional.
A microeconomia e a macroeconomia estao intimamente ligadas. Como as
mudancas no economia resultam das decisoes de milhoes de pessoas, 6 impossivel
entender os desdobramentos macroeconomicos sen-i considerar as decisoes microeconomicas a eles associadas. Por exemplo, um macroeconomista pode estudar
os efeitos de um corte no impost° de renda sobre a producao geral de bens e servicos. Para analisar essa questa°, ele precisa levar em consideracao a maneira pela
qual o corte de impostos afeta as decisoes das familias sobre (panto gastar em bens
e servicos.
Apesar da ligacao inerente entre microeconomia e macroeconomia, os dois
campos sao distintos. Na economia, assim como na biologia, pode parecer natural
partir da menor unidade. Entretanto, isso nao é necessario e nem sempre 6 a
melhor maneira de agir. A biologia evolutiva foi, de certa forma, construida a partir da biologia molecular, uma vez que as especies sac, feitas de moleculas. Mas a
biologia molecular e a biologia evolutiva sao campos separados, cada um com suas
proprias questoes e seus proprios metodos. Da mesma forma, como a microeconomia e a macroeconomia tratam de questoes diferentes, elas por vezes adotam abordagens bem diferentes e freqidentemente sao ensinadas em cursos separados.
. ••
microeconomia
o estudo de como familias e
empresas tomam decisoes e
de como interagem nos
mercados
macroeconomia
o estudo dos fenomenos
economia como um todo,
incluindo inflacao,
desemprego e
,gescimento econOrnico
28
PARTE 1 INTROD~O
Teste R4ido Em que sentido a economia é uma c&cia? ° Desenhe uma fronteira de possibilidades de
produck de uma sociedade que produz alimentos e roupas. Indique um ponto de efic&icia, um ponto
de inefic6cia e um ponto impossivel de ser atingido. Mostre os efeitos de uma seca na fronteira de possibilidades de produca o. Defina microeconomia e macroeconomia.
0 ECONOMISTA COMO CONSELHEIRC) DE POUTICAS
Muitas vezes pede-se que os economistas expliquem as causas de acontecimentos
econCimicos. Por que, por exemplo, o desemprego entre adolescentes é maior do
que entre trabalhadores mais velhos? Às vezes solicita-se que os economistas recomendem politicas que melhorem os resultados da economia. 0 que, por exemplo,
mico dos adolescentes?
o governo deveria fazer para melhorar o bem-estar econ
Quando tentam explicar o mundo, os economistas s ao cientistas. Quando tentam
ajudar a melhorar a situa o, sk) conselheiros politicos.
Anase Positiva versus Anse Normativa
Para ajudar a esclarecer os dois papeis que os economistas desempenham, come(;aremos examinando o uso da linguagem. Como cientistas e conselheiros politicos
t n-1 objetivos diferentes, usam a linguagem de maneiras diferentes.
Por exemplo, suponhamos que duas pessoas estejam discutindo a respeito do
salario mínirno. Eis duas afirmativas que poderiamos ouvir delas:
PoLLY:
0 salario minimo causa desemprego.
NORMA: 0 govemo deveria aumentar o salario
declaraOes positivas
r
(\_
declaraces que tentam
descrever o mundo
como ele
declaraces normativas
declaraces que tentam
prescrever como o mundo
deveria ser
•
•
C1,
Ig,norando, por enquanto, se voc'e concorda com essas afirma- es ou discorda
delas, observe que a Polly e a Norma diferem quanto ao que est ao tentando fazer.
Polly fala como cientista: ela esta fazendo uma declaraio sobre a maneira como o
mundo funciona. Norma fala como conselheira politica: ela faz uma declara o
sobre . como gostaria de mudar o mundo.
Em geral, as declarg 6es a respeito do mundo são de dois tipos. Um tipo, como
o de Polly, é positivo. Declara (5es positivas so descritivas; são afirrng'6es a respeito de como o mundo é. 0 segundo tipo de declaraio, como o de Norma, é normativo. Declara es normativas s ao prescritivas; tratam de como o mundo deve-
ria ser.
Uma difereNa fundamental entre as declarg5es positivas e as normativas esta
em como julgamos sua validade. Podemos, em principio, confirmar ou refutar as
afirma95es positivas por meio do exame de evidCmcias. Um economista poderia
avaliar a declaray-io de Polly analisando dados sobre as variK'6es no salario minimo e no desemprego ao longo do tempo. Ern compara o, avaliar declarac;(5es normativas envolve tanto valores quanto fatos. A declara o de Norma iião pode ser
julgada apenas com a utiliza(fao de dados. Decidir o que é uma boa ou uma ina
politica não é meramente uma quesUlo cientifica; envolve tambe''m nossa
sobre etica, religião e filosofia politica.
claro que as declara0es positivas e as normativas podem estar relacionadas.
Nossas vis 6es positivas sobre como o mundo funciona afetam nossas opini 6es normativas sobre que politicas s ao desejaveis. A declara o de Polly de que o salario
minimo causa desemprego, se verdadeira, poderia nos levar a rejeitar a concluso
de Norma de que o govemo deveria aumentar o salario niíiiinio. Contudo, nossas
normativas rik) podem vir apenas da analise positiva: elas tanibern
conclus 6es
envolvem tanto analises positivas quanto julgamentos de valor.
CAPITUILO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA
29
Ao estudar economia, tenha sempre em mente a distincao entre declaracaes
positivas e normativas. Grande parte da teoria econamica apenas tenta explicar
como a economia funciona. No entanto, o objetivo da teoria econemica é, muitas
vezes, melhorar a maneira como a economia funciona. Quando voce escuta economistas fazendo declaracoes normativas, saiba que eles cruzaran-i a linha, passando
de cientistas a conselheiros politicos.
Economistas em VVashington
0 presidente Harry Truman disse, uma vez, que gostaria de encontrar urn economista que tivesse um so brag°. Quando pedia conselhos aos seus economistas, eles
sempre responciiam: "Por um lado...' Por outro lacio...".
Truman estava certo ao perceber que os conselhos dos economistas nem sempre sao diretos. Essa tendencia'esta enraizada em um dos Dez Principios de Economia
do Capitulo 1: as pessoas enfrentam ...tyjeof
_d_
s: Os economistas estao cientes de que
tradeoffs estao incluidos na maioria as ecisoes politicos. Uma politica pode
aumentar a eficiencia ao custo da equidade. Pode ajudar geracoes futuras em detriment° das geracoes atuais. Um economista que diz que todas as decisoes politicos
sac, faceis ndo 6 um economista confiavel.
Truman tambem nzio foi o tinico presidente a confiar em conselhos de economistas. Desde 1946, o presidente dos Estados Unidos 6 orientado pelo Council of
Economics Achisers (Conselho de Assessores EconOrnicos) que consiste em tres
membros e uma equipe composta de dezenas de economistas. 0 conselho, cujo
escritorio fica a apenas alguns metros da Casa Branca, n5o tem outra obrigacao a
nao ser assessorar o presidente e escrever anualmente o Economic Report of the
President.
0 presidente tambem recebe insumos de economistas de muitos departamentos adn-tinistrativos. Os economistas do Departamento do Tesouro ajudam a formular a politica tributaria. Os economistas do Departamento do Trabalho analisam
dodos sobre os trabalhadores e sobre as pessoas que est5o procurando emprego,
corn o objetivo de ajudar na formulacao de politicos para o mercado de trabalho. Os
economistas do Departamento de Justica ajudam a aplicar as leis antitniste do pais.
Tambem he economistas no govern° clue nao pertencem ao Poder Executivo.
Para obter avaliacoes indepenclentes das politicos propostas, o Congress° 6 assessorado pelo EscritOrio de Orcamento do Congresso, compost° de economistas. 0
Federal Resme, a instituicao que estabelece a politica monetaria do pais, emprega
centenas de economistas para analisar o desenvolvimento da economia nos
Estados Unidos e em todo o mundo. A Tabela 1 aponta os sites de alguns desses
Orgaos na Internet.
TA13ELA 1
Web Sites
Eis os sites de olguns orgaos do govemo norte-americano responsoveis pelo coleto de dodos economicos e
pelo formulacao do politica economica
Department of Commerce (Departamento do Comercio)
http://www.commerce.gov
Bureau of Labor Statistics (Departamento de Estatisticas do Trabalho)
Congressional Budget Office (Escritorio de Orcamento do Congresso)
http://www.cbo.gov
Federal Reserve Board (Conselho do Banco Central)
http://www.federalreserve.gov
http://www.b1s.gov
1. NRT.: A traducao foi feita da express5o:"On the one hand... On the other hand...", ern que hand
significa m5o, dal o trocadilho corn a palavra"braco". Mas o sentido da expressao em ingles e tal
qual traduzido acima.
0
0
ce
vw
ce
;
ce
o0
"Vamos muckr. Eu taco a politica,
0
0 voce a implementa e ele a explica."
0
30
PARTE 1 INTRODU~
-
A influencia dos economistas sobre a politica vai alem de sua fuN'a o como conselheiros: suas pesquisas e textos muitas vezes afetam indiretamente a politica. 0
economista John Maynard Keynes fez a seguinte observg-a"o:
As ideias dos economistas e dos filOsofos politicos, tanto quando eles est o
certos quanto quando eles esto errados, s'a o mais poderosas do que geralmente
se entende. Na verdade, o mundo é reg,ido por 1.-)ouca coisa mais. Homens praticos, que se acreditam isentos de influencias intelectuais sk, geraln-iente escravos
de algum economista defunto. Os loucos em posir5es de comando, que ouvem
vozes no ar, destilam seu frenesi a partir de algum escriba academico de poucos
anos
Embora essas palavras tenham sido escritas em 1935, ainda hoje sa"o verdadeiras. Na realidade, o "escriba academico" que hoje influencia a politica pUblica
quase sempre o prprio Keynes.
Teste R4ido
De
um exemplo de declarack positiva e um exemplo de declarack normativa. • Aponte
tr' s 6rgos do governo que sejam regularmente assessorados por economistas.
Por Que os Economistas Divergem
"Se todos os economistas fossem colocados lado a lado, riIio chegariam a nenhuma concluso."Esse gracejo de George Bemard Shaw e revelador. Os economistas,
como um g,rupo, freqentemente s'a o criticados por dar conselhos conflitantes aos
formuladores de politicas. 0 presidente Ronald Reagan uma vez brincou dizendo
2
que se o jogo Trivial Pursuit tivesse sido criado por economistas, teria cem perguntas e 3 mil respostas.
` Por que os economistas aparecem t a'o freqiientemente dando conselhos conflitantes aos formuladores de politicas? Ha dois motivosbsicos:
• Os economistas podem discordar quanto à validade de teorias positivas alternativas sobre o funcionamento do mundo.
• Os economistas podem ter valores diferentes e, portanto, vises normativas diferentes sobre que politicas devem ser realizadas.
Vamos discutir cada um desses motivos.
DiverOncias quanto ao Julgamento Cientifico
Há muitos seculos, os astrnomos debatiam se a Terra ou o Sol seriam o centro do
sistema solar. Mais recentemente, os meteorologistas tem discutido se a Terra est
disso. A cienpassando por um aquecimento global e, em caso positivo, o porque
cia é a busca pela compreens a"o do mundo que nos cerca. N'a o é de surpreender
que, à medida que a busca continua, os cientistas podem divergir quanto à dire o
em que a verdade se encontra.
Os economistas freqentemente divergem pelo mesmo motivo. A economia e
uma ciencia jovem e ainda 1-1 á muito a aprender. Os economistas às vezes divergem
porque tem palpites diferentes sobre a validade de teorias alternativas ou sobre a
magnitude de paffimetros importantes.
Por exemplo, os economistas divergem sobre se o governo deveria cobrar impostos sobre a renda das familias ou sobre o seu consumo (despesas). Os que defendem
uma mudaNa do atual imposto de renda para um imposto sobre o consumo acreditam que a mudaria incentivara as familias a poupar mais porque a renda poupada seria isenta de impostos. Poupanas maiores, por sua vez, levariam a um rapido
2. NE: Trata-se de um jogo de perguntas e respostas, semelhante ao nosso Master, por exemplo.
CAPiTULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA
crescimento da produtividade e dos padroes de vida. Os que defendem a tributacao
sobre a renda corrente acreditam que a poupanca das familias nao responderia
muito a mudancas nas leis tributarias. Esses dois grupos de economistas tem diferentes opinioes normativas sobre o sistema tributario porque tem diferentes opinioes
positivas a respeito do grau de resposta da poupanca aos incentivos tributarios.
Divergencias quanto a Valores
Vamos supor que Pedro e Paulo retirem a mesma quantidade de agt, ia do pow de
sua cidade. Para pagar pela manutencao do pogo, a cidade cobra um imposto de
seus moradores. Pedro tem uma renda de US$ 50.000 e é taxado em US$ 5.000, ou
10% de sua renda. Paulo tem uma rencla de US$ 10.000 e é taxado em US$ 2.000,
ou 20°/0 de sua renda.
Essa 'p olitica 6 justa? Se nao 6, quem paga muito e quern paga pouco? Faz alg,uma diferenca se a baixa renda de Paul decorre de algum problema medico ou da sua
decisao de seguir a carreira de ator? Faz diferenca se a alta renda de Pedro se deve
a uma g,rande heranca ou a sua ciisposicao para trabalhar muitas horas num empreo
-o fatio-ante?
Essas sao questoes dificeis sobre as quais as pessoas provavelmente discordam.
Se a cidade contratasse dois especialistas para estudar como deveria taxar os moradores para pagar pelo pogo, nao seria surpreendente que eles oferecessem conselhos conflitantes.
Este exemplo simples mostra por que os economistas as vezes divergem a respeito de politicas ptiblicas. Como vimos anteriormente, durante nossa discussao
sobre analise positiva e analise normativa, as politicas nao podem ser julgadas
somente com base na ciencia. Algumas vezes os economistas podem dar conselhos
conflitantes porque tem valores diferentes. Aperfeicoar a ciencia econamica nao vai
nos dizer se 6 Pedro ou Paulo quern esta pagando demais.
Percepcao e Realidade
Como existem diferencas de julgamento cientifico e cliferencas de valores, é inevitavel que haja divergencia entre os economistas. Mas nao devemos exagerar o grau
dessa divergencia; em muitos casos, os economistas tem opini5es semelhantes.
A Tabela 2 contem dez proposicaes de politica economica. Numa pesquisa corn
economistas do mundo dos negocios, do govemo e do corpo docente de universidacles, essas proposicoes foram endossacias pela esmagadora maioria dos entrevistados. A maior parte delas nao receberia o mesmo apoio consensual do public°
em geral.
A primeira se refere ao controle dos alug,u6is. Por motivos de que trataremos
adiante, quase todos os economistas acreditam que o controle dos alugueis afeta de
forma negativa a disponibilidade e a qualidade da inoradia e que essa 6 uma forma
muito dispendiosa de ajudar os membros mais necessitaclos da sociedade. Ainda
assim, muitos govemos locais optam por ignorar as advertencias dos economistas
e estabelecem tetos para os alug,u6is que os proprietarios podem cobrar de seus
inquilinos.
A segunda proposicao da tabela refere-se a tarifas e cotas de importacao, duas
politicas que restringem o comercio entre as nacoes. Por motivos que discutiremos
em outros capitulos, quase todos os economistas se opoem a essas barreiras ao livre
comercio.Todavia, ao longo dos anos, o presiciente e o Congress° optaram por restring,ir a importacao de determinados bens. Em 2002, por exemplo, o govern° Bush
impos pesadas tarifas sobre o ago para proteger os produtores de ago domesticos
da competicao estrangeira. Neste caso, os economistas foram consistentes em seu
aconselhamento, mas os formuladores de politicas optaram por ignord-los.
31
32
PARTE 1 INTROD ~O
TABELA 2
ProposiOes (e porcentagem de economistas que concordam com elas)
Dez Proposices sobre as quals a
Maioria dos Economistas Concorda
Fonte: Richard M. Alston, J. R. Kearl e
Michael B. Voughn, "1s There Consensus
among Economists in the 1990s7,'
American Economic Review, maio 1992,
p. 203-209. Reproducao permitido.
1.Estabelecer um teto para os alugu6s reduz a quantidade e a qualidade das moradias disponiveis.
(93%)
2.Tarifas e cotas de importack costumam reduzir o bem-estar econ6mico geral. (93%)
3.Taxas de c'knbio flexiveis e flutuantes s:k uma proposick que permite um arranjo monethrio internacional eficaz. (90%)
4.A politica fiscal (por exemplo, cortes de impostos e/ou aumento dos gastos do governo) tem efeitos
estimulantes significativos sobre uma economia que esteja abaixo do pleno emprego. (90%)
5.0 orcamento federal deve ser equilibrado durante o ciclo de neg6cios, não anualmente. (85%)
6.Os pagamentos em dinheiro aumentam o bem-estar dos beneficiários mais do que as transfer&Icias em mercadorias de igual valor monethrio. (840/0)
7.Um grande &ficit orcamentrio federal tem efeitos adversos sobre a economia. (83%)
8.0 salário minimo aumenta o desemprego entre trabalhadores jovens e não qualificados. (79%)
9.0 governo deveria reestruturar o sistema de assist&icia social nos moldes de um "imposto de
renda negativo". (790/0)
10.Os impostos sobre efluentes e as permiss6es para poluick negoci eis são uma abordagem melhor ao controle da poluick do que a imposick de tetos à poluick. (78%)
Por que politicas como o controle de alugueis e as barreiras comerciais persistem se os especialistas estio unidos contra elas? Talvez porque os economistas
ainda não tenham convencido o público em geral de que elas são indesejiveis. Um
dos objetivos deste livro é fazer com que voce entenda a visk) que os economistas
tem destes e de outros temas e, talvez, convence-lo de que essa é a viso correta.
Teste R4ido Por que os conselheiros econ6micos da presi&ncia podem divergir quanto a quest6es de
politica econ6mica?
Vamos em Frente
Os dois primeiros capitulos do livro apresentaram a voce as ideias e os metodos cla
econon-iia. Agora estamos prontos para trabalhar. No prOximo capitulo, comearemos a aprender em maiores detalhes os principios do comportamento econOmico
e da politica econOmica.
Ao avaNar pelo livro, voce precisará explorar muitas das suas habilidades intelectuais. Pode lhe ser útil ter em mente um conselho do grande economista John
Maynard Keynes:
-
0 estudo da economia rth o parece exigir talentos especializados de grau mais
elevado do que o normal. Não e... um assunto fácil se comparado com a filosofia ou a ciencia pura? Uma disciplina fácil em que bem poucos se sobressaem!
0 paracioxo pode ser explicado talvez pelo fato de que o especialista em economia deve possuir uma combint4-& rara de dons. Deve ser matemkico, historiador, estadista, fil6sofo — em certa medida. Deve compreender simbolos e falar
por meio de palavras. Deve contemplar o particular em termos do geral e abordar o abstrato e o concreto em uma só linha de pensamento. Deve estudar o
CAPftULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA
33
presente à luz do passado com a inten o de compreender o futuro. Nenhuma
parte da natureza do homem ou das suas instituições deve ficar inteiramente
fora de sua aten o. Deve ser ao mesmo tempo determinado e desinteressado,
t" ,;) distante e incorruptivel quanto um artista, mas, por vezes, th - o prOximo da
terra quanto um politico.
un-t grande encargo, mas, com prkica, voce' se sentirá cada vez mais habituado a pensar como um economista.
IRESUMO
• Os economistas tentam abordar sua disciplina com
a objetividade dos cientistas. Como todos os cientistas, eles formulam hipOteses apropriadas e constroem modelos simplificados para entender o
mundo que os cerca. Dois modelos econOmicos
simples .s" "o o .. diagrama do fluxo circular e a fronteira de possibilidades de produ o.
• 0 campo da economia se divide em dois subcampos: a microeconomia e a macroeconomia. Os microeconomistas estudam a tomada_de_derisiies
pelasfamilias e pelas empresas e a intera o entre
fan-fflias e empresas no mercado. Os macroeconomistas estudam as foNas e tendfficias_que afetam
toda a economia.
• Uma declarao ps)siti_va uma_.declarg-o-sobre
como o mundoBUma declara o normativa é uma
declaraçãosobre como o mundo deveria se. Quando os economistas fazem declargOes normatiyas,.
estho agindo majs como - c_onselheiros polticosi do
que como cientistas.
• _Os economista_s que _assessoram-os-formuladores
de_ politicas oferecem conselhos conflitantes_por
causa de difereNas de julgamento cientificanu_de
difereNas de valores. Em outras situg 6es,
os economistas estho unidos em torno dos conselhos que
oferecem, mas os formuladores de politicas podem
optar por ignorar tais conselhos.
CONCEITOS-CHAVE
diag,rama do fluxo circular, p. 23
microeconomia, p. 27
fronteira de possibilidades de pro- macroeconomia, p. 27
p. 24
declaraOes positivas, p. 28
declarg5es normativas, p. 28
QUESTC)ES PARA REVISA0
1. Por que a economia e considerada uma ci'encia?
, .
2. Por que os econorhistas formulam hipOteses?
3. Um modelo econOmico deveria descrever exatamente a realidade?
4. Desenhe e explique um grffico de uma fronteira
de possibilidades de produ o para uma economia
que produza leite e biscoitos. 0 que acontece com
essa fronteira se alguma doena mata metade do
gado leiteiro da economia?
5. Use uma fronteira de possibilidades de produ o
para descrever a ideia de "eficiencia".
6. Quais so os dois subcampos em que se divide a
economia? Explique o que cada um deles estuda.
7. Qual é a difereNa entre as declargOes positivas e
as normativas? Dê um exemplo de cada.
8. 0 que e o Council of Economic Advisers?
9. Por que os economistas às vezes oferecem conselhos conflitantes aos formuladores de politicas?
34
PARTE 1 INTR0DUcA0
PROBLEMAS E APLICAcoES
1. Descreva alg,uns termos incomuns usados em
algum outro campo que voce esteja estudando.
Por que esses termos especiais so uteis?
2. Uma hipotese comum em economia é a de que os
produtos de diferentes empresas num mesmo setor
sejam indisting,uiveis. Discuta se essa hipotese
razoavel para cada uma das seguintes industrias:
a. ago
b. romances
c. trigo
d. fast-food
3. Desenhe urn diagr, ama do fluxo circular. Identifique as partes do model° que correspondem ao
fluxo de bens e servicos e ao fluxo de Mares em
cada uma das atividades abaixo.
a. Sam paga US$ 1 por urn litro de leite comprado
na padaria.
b. Sally ganha US$ 4,50 por hora trabalhando
numa lanchonete.
c. Serena gasta US$ 7 para assistir a urn filme.
d. Stuart ganha US$ 10 mil por causa de sua participacdo de 10% na propriedade da Acme Industrial.
4. Imagine uma sociedade que produza bens militares e bens de consumo, a que chamaremos respectivamente de "armas" e "manteiga".
a. Desenhe urn grafico de uma fronteira de possibilidades de producao para armas e manteiga.
Explique por que ela provavelmente se curvara
para fora.
b. Indique urn ponto que seja impossivel de a economia atingir. Indique um ponto possivel de ser
atingido, mas ineficiente.
c. I magine que na sociedade haja dois partidos
politicos, os Falcoes (que querem for-gas armadas poderosas) e as Pombas (que querem forcas
armadas menos poderosas). Indique urn ponto
em sua fronteira de possibilidades de produc5o
que os Falco-es desejariam escolher e urn ponto que as Pombas gostariam de escolher.
d. Imagine que urn pais vizinho agressivo decida
reduzir o tamanho das suas forcas armadas.
Como resultado, tanto os Falcoes quanto as
Pombas reduzem a producao desejada de armas
na mesma quantidade. Que partido obteria o
major "dividendo de paz", medido pelo aumento da producao de manteiga? Explique.
5. 0 primeiro principio econemico que discutimos
no Capitulo 1 é o de que as pessoas se deparam
corn tradeoffs. Use a fronteira de possibilidades de
producao para ilustrar o tradeoff da sociedade
entre urn meio ambiente nao poluido e a quantidade de produto industrial. 0 que, em sua
determina o formato e a posicao da fronteira? Mostre o que acontece corn a fronteira se
engenheiros desenvolvem urn motor para carro
praticamente livre de emissoes de poluentes.
6. Classifique os seguintes topicos como pertencentes a microeconomia ou a macroeconomia.
a. A decisdo de uma familia sobre quanto poupar
de sua renda.
b. 0 efeito das regulamentacoes governamentais
sobre as emissoes de poluentes dos carros.
c. 0 impacto de uma major poupanca nacional
sobre o crescimento econamico.
d. A decisao de uma empresa sobre quantos trabalhadores empregar.
e. A relacao entre a taxa de inflaca'o e variacoes na
quantidade de moeda.
7. Classifique cada uma das declaracoes abaixo como
sendo positiva ou normativa. Explique.
a. A sociedade enfrenta urn tradeoff de curto prazo
entre inflacao e desemprego.
b. Uma reduc5o da taxa de crescimento da moeda
reduzira a taxa de inflaca-o.
c. 0 Federal Reserve deveria reduzir a taxa de
crescimento da quantidade de moeda.
d. A sociedade deveria exigir que os que recebem
beneficios sociais procurassem emprego.
e. Impostos menores incentivam o trabalho e a
poupanca.
8. Classifique cada uma das declaracoes da Tabela 2
como positiva, normativa ou ambigua. Explique.
9. Se voce fosse o presidente, estaria mais interessado nas opinioes positivistas ou nas opinibes normativas dos seus assessores economicos? Por que?
CAPh- ULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA
35
10. Você esperaria que os economistas divergissem 11. Consulte um dos sites indicados na Tabela 1. Que
menos sobre a polftica pública com o passar do
tendricias ou questes econffinicas s". " o abordadas
ten-ipo? Por quP As diverg&icias de opinião
nele?
podem ser completamente eliminadas? Por qu?
36
PARTE 1 INTR0DUcA0
APEN DICE
Graficos: Uma Breve Revisao
Muitos dos conceitos que os economistas estudam podem ser expressos por meio
de numeros — o prey) da banana, a quantidade de bananas vendida, o custo do cultivo da banana e assim por diante. As variaveis econemicas muitas vezes estao relacionadas umas corn as outras. Quando o preco da banana aurnenta, as pessoas
compram menos banana. Uma forma de expressar as relacoes entre variaveis é por
meio de g,raficos.
Os graficos servem para duas coisas. Primeiro, ao desenvolver teorias economicas, os gr, aficos proporcionam uma maneira de expressar visualmente ideias que
nao ficariam tao claras se fossem descritas corn equagoes ou palavras. Segundo,
durante a analise de dados economicos, os graficos oferecem uma forma de descobrir como as variaveis de fato se relacionam no mundo realindependentemente de
estarmos trabalhando corn teorias ou corn dados, os graficos fomecem uma lente
através da qual é possivel reconhecer uma floresta a partir de uma grande quantidade de arvores.
A informacao numerica pode ser expressa graficamente de varias formas, assim
como urn pensamento pode ser expresso de varias maneiras por meio de palavras.
Urn born escritor escolhe palavras que tomarao urn argument° claro, uma descricdo agradavel ou uma cena dramatica. Urn economista eficaz escolhe o tipo de grafico mais adequado as suas finalidades.
Neste apendice discutiremos como os economistas usam graficos para estudar
as relacoes matematicas entre variaveis. Discutiremos tambem algumas das armadilhas que podem surgir no uso de metodos graficos.
Graficos de Uma sá Variavel
A Figura A-1 mostra tres graficos comuns. 0 grdfico de pizza (pie chart) no painel (a)
mostra como se divide a renda total nos Estados Unidos entre as fontes de renda,
incluindo a remuneracao dos empregados (salario), lucros corporativos etc. Cada
fatia da pizza representa a participacao de uma fonte no total. 0 grrifico de barra (bar
graph) do painel (b) compara a renda em quatro paises. A altura de cada barra
representa a renda media em cada pais. 0 grafico do serie temporal (time-series graph)
do painel (c) traca a crescente produtividade no setor de negacios cios Estados
Unidos ao longo do tempo. A altura da linha mostra o produto por hora a cada ano.
Voce provavelmente j viu graficos semelhantes em jornais e revistas.
Graficos de Duas Variaveis. 0 Sistema de Coordenadas
Embora os tres graficos da Figura A-1 sejam iteis para mostrar como uma variavel
muda ao longo do tempo ou de urn individuo para outro, eles sac) bastante limitados no que se refere a quanto podem nos dizer. Eles apresentam informacoes sobre
uma so variavel. Os economistas muitas vezes estdo interessados nas relacoes entre
variaveis, por isso precisam ser capazes de representar duas variaveis num so grafico. 0 uso do sistema de coordenadas toma isso possivel.
Suponhamos que voce queira examinar a relacao entre o tempo de estudo e a
nota media dos alunos. Para cada aluno de sua classe, voce pode registrar urn par de
mimeros: o numero de horas semanais de estudo e a nota media obtida. Esses
numeros podem, entao, ser colocados entre parenteses, formando urn par ordeflado,
e representados como urn tinico ponto no grafico. Albert E., por exemplo, 6 repre-
CAPh-ULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA
37
FIGURA A-1
Tipos de GrMico
q
0 grdfico de pizza no painel (a) mostro como o rendo nocional dos Estodos Unidos derivo de diversos fontes. 0 gr fico de barras no painei (b) compara
a renda media em quatro palses. 0 gratico de serie temporal no painel (c) mostra o produtividade do trabalho nas empresas dos Estados Unidos entre
1950 e 2000.
(a) GrMico de Pizza
Renda dos
proprieterios (8%)
(
Salário dos
empregados
(72%)
(c) GrMico de Serie Temporal
(b) GrMico de Barras
Renda por
Pessoa em 2000
Lucros das
empresas (12%)
Renda de
juros (6%)
-,Renda de
alugueis (2%)
Estados
Unidos
35.000 ($34.100) Reino
30.000
Unido
($23.550)
25.000
20.000
Mexico
15.000
($8.790) h.ldia
10.000
($2.340)
5.000
0
frldice de
Produtividade
•
•
•
• ......................................
115
95
75 ..........
55 ..........
35 ...................
0 __I
1950 1960 1970 1980 1990 2000
sentado pelo par ordenado (25 horas/semana, nota 3,5), enquanto seu despreocupado colega Alfred E. é representado pelo par ordenado (5 horas/semana, nota 2,0).
Podemos fazer um grafico desses pares ordenados numa grade bidimensional.
0 primeiro nUmero de cada par ordenado, chamado de coordenada x, mostra a localização horizontal do ponto. 0 segundo nUmero, chamado de coordenada y, mostra
a localizgZio vertical do ponto. 0 ponto que tem coordenada x e coordenada y
iguais a zero é chamado de origem. As duas coordenadas de cada par ordenado nos
dizem onde o ponto esta localizado em rela o à origem: x unidades para a direita
da origem e y unidades acima dela.
A Fig-ura A-2 (p. 38) representa g,raficamente as notas medias em relg"ao ao
tempo de estudo de Albert E., Alfred E. e seus colegas. Esse tipo de grafico e chamado de grafico de dispers do porque representa pontos dispersos. Olhando para
esse grafico, percebemos imediatamente que os pontos mais à direita (que indicam
maior tempo de estudo) tendem a ocupar posições mais elevadas (indicando
rnelhores notas). Como o tempo de estudo e as notas costumam mover-se na
mesma direção, dizemos que ha uma correlacdo positiva entre essas duas variaveis.
Por outro lado, se fizessemos um grafico do tempo gasto em festas e das notas, provavelmente concluirfamos que mais tempo dedicado a festas esta associado com
notas menores; poderiamos dizer enth- o que existe uma correla(do negativa, ja que
as duas variaveis se movem em dire es opostas. Em ambos os casos o sistema de
coordenadas permite ver com faciliclade a correla ao entre as duas variaveis.
Curvas no Sistema de Coordenadas
Alunos que estudam mais tendem a ter notas mais altas, mas ha outros fatores que
influenciam as notas. Preparar-se com anteced"encia, por exemplo, é um fator
importante, como tambem o s'ao talento, ateN a. - o dos professores e ate comer bem
como o da Figura A-2 n'ao procura isoUrn g,rafico de dispers ao
no cafe da manh a.
lar o efeito que o estudo tem sobre as notas dos efeitos de outras variaveis. Mas em
muitos casos os economistas preferem ver como uma variavel afeta outra mantendo tudo o mais constante.
38
PARTE 1 INTRODUc-A0
FIGURA A-2
Usando o Sistema de Coordenadas
A nota media é medida no eixo vertical e o
tempo de estudo, no eixo horizontal. Albert
E, Alfred E. e seus colegas sao representados
por diversos pontos. 0 grafico nos permite
ver que os alunos que estudam mais tendem
a obter notas mais altos.
Nota
Media
4,0
•
3,5
•
3,0
•
Alfred E
(25, 3,5)
2,5
2,0
4indfred E.;
; (5, 2,0)
1,5
1,0
0,5
:1
1
0
5
10
15
20
25
30
40 Tempo
de Estudo
(horas por semana)
35
Para ver como isso é feito, vamos considerar um dos gnificos mais importantes
em economia: a curoa de demanda. A curva de demanda representa o efeito do preco
de urn bem sobre a quantidade do hem que os consumidores desejam comprar.
Antes de ver uma curva de demanda, contudo, considere a Tabela A-1, que mostra
como o ntimero de romances que Emma compra depende de sua renda e do preco
dos romances. Quando os romances estao baratos, Emma os compra em gr, ande
quantidade. A medida que ficam mais caros, ela pega emprestado livros da biblioteca em vez de os comprar ou opta por ir ao cinema em vez de ler. De maneira similar, para qualquer preco dado, ela compra mais romances quando sua renda é
major. Ou seja, quail& sua renda aumenta, Emma gasta parte da renda adicional
em romances e parte em outros bens.
Temos agora tres vari6veis — o preco dos romances, a renda e o rainier° de
romances comprados mais do que podemos representar em um grafico bidimensional. Para representarmos graficamente as informacoes da Tabela A-1, precisamos
manter constante uma das tres variaveis e tracar a relacao entre as outras duas.
Como a curva de demanda representa a relacao entre preco e quantidade demandada, mantemos constante a renda de Emma e mostramos como o mimero de
romances que ela compra varia corn o Few.
Suponhamos que a renda de Emma seja de US$ 30 mil por ano. Se colocarmos
o niimero de romances comprados no eixo x e o preco dos romances no eixo y,
podemos representar graficamente a coluna central da Tabela A-1. Quando os pontos que representam os dados da tabela — (5 romances, US$ 10), (9 romances,
US$ 9) e assim por diante — sao ligados, formam uma linha. Essa linha, representada na Figura A-3, é conhecida como a curva de demanda de Emma por romances; ela nos diz quantos romances Emma compra a qualquer preco dado. A curva
de demanda tern inclinacao negativa, indicando que urn major preco reduz a quantidade demandada de romances. Como a quantidade demandada de romances e o
preco se movem em direcoes opostas, dizemos que as duas variaveis est5o negativamente relacionadas (na situacao inversa, quando duas variaveis movem-se na
mesma direcao, a curva que as representa tem inclinacao positiva, e dizemos que
elas estao positivamente relacionadas).
CAPh- ULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA
39
AffiELA A-1
Renda
Preo
$ 20 mil
Romances Comprados por Emma
$ 40 mil
$ 30 rnii
8 romances
$ 10
2 romances
5 romances
9
6
9
8
10
13
16
7
14
17
20
6
18
21
24
5
22
25
28
Curva de demanda, 0 3
Curva de demanda, D i
Curva de demanda, 02
Prgo dos..... ...........
Romances : I
$11
10
;
'
.........
12
I
Curva de Demanda
• • ... 1 ... ...
.II
I
'
"
A linha D 1 mostra como o nmero de
romances que Emma compro depende
do preco dos romances quando sua
renda é mantido constante. Como o
preco e a quantidade demandada
negativamente relacionados,
estdo
curva de demonda se indina para
baixo.
.... (5,... 10
...........
9
8
$8)
... ... . ... ... • • ..
$7)
7
2,6
6.... ...
(25, 5)
5
4
Esta tabela mostra o n mero de romonces
que Emma compro para diferentes niveis
de rendo e diferentes precos. Pora qualquer dado nivel de rendo, os dados sobre
precos e quantidade demandada podem
ser representados graficamente,
resultando no curva de demanda de
Emma por romances, como mostram as
Figuras A-3 e A-4.
:
:
...
Dema da
.
3
2
..
1 —...
i
0
5
0
15
20
25
I i
30 Quantidade
de Romances
Comprados
Suponhamos agora que a renda de Emma aumente para US$ 40 mil por ano.
Para qualq-uer preeo dado, ela comprath mais romances do que comprava quando
ganhava menos. Assim como traeamos anteriormente a curva de demanda de
Emma por romances com dados da coluna do meio da Tabela A-1, traeamos agora
uma nova curva de demanda com os dados da coluna da direita da tabela.
Representamos essa nova curva de demanda (eurva 13 7 ) ao lado da curva anterior
(curva D i ) na Fig,ura A-4; a nova curva é semelhante à que traeamos antes, mas
sit-ua-se mais à direita. Dizemos, assim, que a curva de demanda de Ernma por
romances desloca-se para a direita quando sua renda aumenta. Da mesma forma, se
a renda de Emma caisse para US$ 20 mil por ano, ela compraria menos romances
para qualquer preeo dado e sua curva de demanda se deslocaria para a esquerda
(curva D3).
40
PARTE 1 INTRODUcA0
Em economia é importante distinguir entre mnvimentos an longo de uma curva e
desloconentos de ulna curva. Como vemos na Figura A-3, se Emma ganhar US$ 30
mil por ano e os romances custarem US$ 8 cada, ela comprara 13 romances por
ano. Se o preco cair para US$ 7, o ntimero de romances comprados aumentard para
17 por ano. A curva de demanda, entretanto, se mantera fixa no mesmo lugar. Ela
ainda comprard o mesmo nomero de romances a cada preeo, mas com a queda do
preco, ela se movera da esquerda para a direita ao longo da sua curva de demanda.
Por outro lado, se o preco dos romances permanecer fixo em US$ 8, mas sua renda
aumentar para US$ 40 mil por ano, Emma aumentara suas compras de romances
de 13 para 16 por ano. Como ela compra mais romances a cada preen, sua curva de
demanda desloca-se para fora (para a direita), como mostra a Figura A-4.
Ha uma maneira simples de saber quando é precis° deslocar uma curva.
Quando uma variavel que nao estt representada nos eixos muda, o grafico se desloca. A renda no esta nem no eixo x nem no eixo y do grafico, portant°, quando a
renda de Emma muda, sua curva de demanda deve deslocar-se. Qualquer mudança
nao o preco dos romances que afete os habitos de compra de Emma resultard num deslocamento da curva de demanda. Se, por exempla, a biblioteca publica fechar e Emma precisar comprar todos os livros que quiser ler, ela demandard
mais romances a cada preco e sua curva de demanda se deslocara para a direita. Se
o preco do ingress° do cinema cair e Emma passar mais tempo assistindo a filmes
e menos tempo lendo, ela ira demandar menos romances a cada preco e sua curva
de demanda se deslocard para a esquerda. Mas, quando muda uma variavel de urn
dos dois eixos do grafico, a curva nao se desloca. Interpretamos tai mudanca como
um movimento ao longo da curva.
FIGURA A-4:1
Deslocamento das
Cuntas de Demanda
A localizacao do curva de demonda de
Emma par romances depende do sua
renda. Quanta mais ela ganhar, mais
romances podera comprar a coda prep
determinodo e mais para a direita sua
cum de demand° kora A curva D1
representa a curva de demanda original de
Emma par romances quando suo rendo é
de US$ 30 mil por ano. Se sua renda
aumentar para US$ 40 mil par ano, sua
curva de demanda se deslocard para D2.
Se sua renda cair para US$ 20 mil par
ono, suo curia de demanda se deslocard
para D3.
Preco dos
Romances
. , ... ...
-•.• • • ".• • • ' ...
1
• -
$11
10
9
Quando aumenta a
... , renda, a curva de
demanda desloca-se
para a direita. ... ...
............
8
7
6
...
-
Quando diminui
5
a renda, a curia
- de demanda
4 — desloca-se para
a esquerda.
—
•
•-
..
..
r
reh.cia:F.
(rend:a =
40.0000
25
30 Quantidade
3
2
1
0
!
5
10
13 1516
20
de Romances
Comprados
CAPh-ULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA
Inciina0o
Uma pergunta que poderiamos fazer sobre Emma é em que medida seus
de compra reagem ao j_-)recs-o. Olhe para a curva de den-ianda representada na Figura
A-5. Se essa curva é muito inclinada, Emma compra sempre quase o mesmo rulmero de romances, estejam eles mais caros ou mais baratos. Se a curva e mais horizontal, Emma compra muito menos romances quando o preQ3 aumenta. Para resporicier a perguntas sobre em que medida uma varivel responde a mudarwas em
outra variável, podemos usar o conceito de inclina0o.
A inclinação de uma linha é a razo entre a distffilcia vertical percorrida e a distffilcia horizontal percorrida à medida que nos movemos ao longo da linha. Essa
defini o costuma ser escrita matematicamente da seguinte forma:
Inclinação =
Ay
,
Ax
onde a letra grega A (delta) representa a varia o de uma variável. Em outras palavras, a incling^a"o de uma linha é igual ao "aumento" (varigk) de dividido pela
"disthncia" (varia o de x). A inclinação serd um pequeno niimero positivo no caso
de linhas ascendentes com pouca inclinação, um grande n mero positivo no caso de
linhas com forte inclinação ascendente e um m'Amero negativo para linhas com
nação descendente. Uma linha horizontal teth inclinação zero porque nesse caso a
varffiTel y nunca muda; dizemos que as linhas verticais têrn inclinação infinita porque a varffiTel y pode assumir qualquer valor sem que a variElvel x mude.
FIGURA A-5
Prev) dos
Romances
$11
Calculando a Inclinach
I1
de uma linha
10
9
... .. • ...
-
7
5
... ... ...
4
3
2
0
5
10
30 Quantidade
de Romances
Comprados
Pora calculormos a inclinacao do
curva de demanda, podemos
observar os variocaes das
coordenados xeya medida que
nos deslocamos do ponto
(21 romances, $ 6) para o
ponto (13 romances, $ 8).
A indinacao da linha é a razao
entre a variacao do coordenado
y (-2) e a variacao da
coordenado x (+8), que
igual o —1/4.
41
42
PARTE 1 INTRODUcii0
Qual é a inclinacdo da curva de demanda de Emma por romances? Em primeiro lugar, como a inclinacdo da curva é descendente, sabemos que serd negativa.
Para calcularmos urn valor numeric° da inclinacdo, precisamos escolher dois pontos da linha. Com a renda de Emma em US$ 30 mil, ela comprard 21 romances a
US$ 6 ou 13 romances a US$ 8. Quando aplicamos a formula da inclinacdo, estamos interessados em saber a variacdo entre esses dois pontos; em outras palavras,
o que nos interessa é a diferenca entre eles, o que nos permite concluir que precisamos subtrair um conjunto de valores do outro, como se segue:
inclinacao =
Ay_ primeira coorcienada y - seg-unda coordenada
6-8
-2 -1
Ax primeira coordenada x - segunda coordenada 21 - 13 8
4
A Figura A-5 representa g,raficamente o funcionamento desse calculo. Tente calcular a inclinacdo da curva de demanda de Emma usando dois pontos diferentes. 0
resultado deve ser exatamente o mesmo, -114. Uma das propriedades das linhas
retas é que elas tern a mesma inclinacdo em todos os pontos. Isso no se aplica a
°taros tipos de curvas, que tern inclinacdo major em alg,uns pontos do que em
outros.
A inclinacdo da curva de demanda de Emma nos diz algo sobre o quanto suas
compras respondem a mudancas de preco. Uma inclinacdo pequena (urn numero
proximo de zero) significa que a curva de demanda de Emma é quase horizontal;
neste caso, o numero de romances que ela compra muda substancialmente em resposta a mudancas de Few. Uma inclinacdo major (mamero bem major que zero)
sig,nifica que a curva de demanda de Emma é quase vertical; neste caso, o ntimero
de romances comprados muda pouco quando us precos variam.
Causa e Efeito
Os economistas freqiientemente usam graficos para propor arg-umentos sobre o
funcionamento da economia. Em outras palavras, eles usam grdficos para explicar
como urn conjunto de eventos causa urn outro conjunto de eventos. Quando se
observa um gr, afico como a curva de demanda, ndo ha dilivida quanto ao que é causa
e o que é efeito. Como estamos variando o preco e mantendo constantes todas as
demais variaveis, sabemos que as alteragOes de preco dos romances causam alteragoes na quantidade de romances demandada por Emma. E preciso recordar, entretanto, que nossa curva de demanda provem de urn exemplo hipotetico. Ao fazer
graficos corn dados da vida real, muitas vezes é mais dificil determinar como uma
variavel afeta outra.
0 primeiro problema é que, ao medir como uma varidvel afeta outra, é dificil
manter todo o rest° constante. Se ndo conseguimos manter constantes as variaveis,
podemos concluir que uma variavel de nosso g,rafico esti causando variacoes na
outra quanclo, na verdade, essas variacoes sao causadas por uma terceira varitivel
omitida que nab consta do g,rafico. Alem disso, ainda que tenhamos identificado as
duas variaveis corretas para nossa analise, podemos nos deparar corn urn seg- ,undo
problema: a causalidadc reversa. Em outras palavras, poderfamos concluir que A
causa B quando, na verdade, B é que causa A. As armadilhas da variavel omitida e
da causalidade reversa exigem que tenhamos cautela ao usar gr, aficos para tirar
conclusoes sobre causas e efeitos.
CAPh- ULO 2 PENSANDO COMO UNI ECONOMISTA
Vari veis Omitidas Vamos usar um exemplo para ver como a omiss a'o
de uma
vari&vel pode levar a um gi-ffico enganoso. Imaginemos que o govemo, pressionado pela preocupg a'o
pLiblica com o g,rancie riLimero de n-lortes por cncer, contrate
a Big Brother Servios Estatisticos Ltda. para realizar um estudo exaustivo. A Big
Brother examina muitos itens encontrados na casa das pessoas para ver quais
associados ao risco de c s ncer e relata uma forte relg"a"o entre duas variveis: o
nUmero de isqueiros que uma familia tem e a probabilidade de que alguem da
farnflia venha a ter dincer. A Figura A-6 mostra essa relg-a"o.
0 que devemos concluir a partir desse resultado? A Big Brother prop6e uma
resposta politica imediata. Recomenda que o governo desencoraje o uso de isqueiros, instituindo um imposto sobre sua venda, e que exija que sejan-i fixadas etiquetas de advertencia nos isqueiros dizendo: "A Big Brother concluiu que este isqueiro
faz mal
Ao julgar a validade da an se da Big Brother, uma pergunta se sobressai: a Big
Brother manteve constantes todas as variElveis relevantes a não ser a que esti sendo
considerada? Se a resposta for negativa, os resultados serk) suspeitos. Uma explica o simples para a Figura A-6 e que as pessoas que tem mais isqueiros tern maior
probabilidade de serem fumantes e que é o fumo, não os isqueiros, que causa o
Se a Fipra A-6 riio mantem constante a quantidade de fumo, não nos diz
o real efeito de ter um isqueiro.
Essa histOria ilustra um importante principio: ao ver um grffico sendo usado para
dar sustenta o a um arg,un-iento de causa e efeito, é importante perguntar se os
n-lovin-ientos de alg,uma varffiTel omitida podem explicar os resultados observados.
Causalidade Reversa Os economistas tambem podem se enganar quanto
causalidade se interpretarem mal sua direção. Para saber como isso pode acontecer, suponha que a Associa o dos Anarquistas da America encomende um estudo
sobre a criminalidade e cheg,ue à Figura A-7, que representa o rffimero de crimes
violentos por mil habitantes nas g,randes cidades em relação ao niimero de policiais
por mil habitantes. Os anarquistas observam que a curva tem incling"a"o positiva e
afirmam que, como o policiamento aumenta a violencia urbana em vez de diminuila, a policia deveria ser abolida.
Se pudessemos realizar um experimento controlado, evitariamos o perigo da
causalidade reversa. Para fazermos tal experimento, determinariamos aleatoria-
43
44
PARTE 1 INTRODUcA0
mente o numero de policiais em diferentes cidades e entdo examinarfamos a correlacao entre policiamento e criminalidade. A Figura A-7, contudo, nao se baseia
num experimento como esse. Ela simplesmente nos permite observar que as cidades mais violentas tern mais policiais. A explicacao para isso pode estar no fato de
que cidades mais violentas empregam mais policiais. Em outras palavras, em vez de
ser o ntimero de policiais que determina a criminalidade, é a criminalidade que
determina o ntimero de policiais. Nada do grafico por si so nos permite determinar
a direcao da causalidade.
Pode parecer que uma maneira simples de determinar a direcao da causalidade
seja observar qual das variaveis se move primeiro. Se o crime aumentar e entdo
houver uma expansdo da forca policial, chegaremos a uma conclusao. Se verificarmos que a forca policial se expande e posteriormente a criminalidade aumenta,
chegaremos a outra conclusao. Mas essa abordagem tern uma falha: as pessoas por
vezes mudam seu comportamento no por causa de uma alteracao nas circunstancias atuais, mas devido a uma mudanca nas suas expectativas quanto as condicoes
futuras. Uma cidade que esteja esperando por uma grande onda de crime no futuro, por exemplo, poderia muito bem contratar imediatamente mais policiais. Esse
problema é ainda mais fzicil de perceber no caso de bebes e minivans. Os casais
muitas vezes compram minivans antes do nascimento do bebe. A minivan vem
antes da crianca, mas isso ndo nos leva a concluir que a venda desse tipo de veiculo cause crescimento populacional!
Ndo ha urn conjunto completo de reg,ras quo nos diga corn exatiao quando é
correto extrair conclusoes causais de graficos. Mas ter em mente que isqueiros nao
causam cancer (variavel omitida) e que minivans ndo fazem aumentar o tamanho
das famIlias (causalidade reversa) impedira que voce se deixe enganar por muitos
argumentos econOmicos falhos.
rnagine um dia comum em sua vida.Voces acorda pela manh a- - e toma um copo de
suco de laranjas que são cultivadas na FlOrida e uma xicara de cafe produzido no
Brasil. Enquanto toma o cafe da manh, assiste a um noticiario transmitido de Nova
produYork em sua TV fabricada no Japo.Veste-se com roupas feitas de algod ao
zido na GeOrgia e costuradas na Taikindia.Vai para a aula num carro feito de pecas
fabricadas em mais de 12 paises espalhados pelo mundo. Ento abre seu livro de
economia escrito por um autor que vive em Massachusetts, publicado por uma
empresa com sede em Ohio e impresso em papel feito com arvores cultivadas em
Oregon.
Todos os dias, dependemos de pessoas do mundo todo, a maioria das quais n'a"o
conhecemos, para nos fornecerem os bens e servicos de que desfrutamos. Essa
interdepende'ncia é possivel porque as pessoas comerciam umas com as outras.
Essas pessoas que nos fornecem esses bens e servicos n'ao fazem isso porque s'a-o
generosas ou porque se preocupam com nosso bem-estar. Nem há um Orgio
govemamental que manda que produzam o que queremos. Em vez disso, elas fornecem a nOs e a outros consumidores os bens e servicos que produzem porque
recebem algo em troca.
Em capitulos posteriores veremos como nossa economia coordena as atividades
de miKies de pessoas com gostos e habilidades diferentes. Como ponto de parti-
46
PARTE 1 INTR0DUcA0
viA
da desta analise, consideraremos aqui os motivos da interdependencia economica.
Urn dos Dez Principios de EcoTzoinia que destacamos no Capitulo 1 é o de que o
comercio pode ser born para todos. Esse principio explica por que as pessoas
comerciam corn seus vizinhos e por que os 'Daises comerciam corn outros 'Daises.
Neste capitulo, examinaremos esse principio mais detalhadamente. 0 que, exatamente, as pessoas tern a ganhar quando comerciam umas corn as outras? Por que
optam por ser interdependentes?
UMA PARABOLA PARA A ECONOMIA MODERNA
Para entender por que as pessoas optam por depender de outros para os hens e servicos de que precisam e como essa escolha melhora a vida delas, vamos examinar
uma economia simples. Imag,inemos que existam dois bens no mundo: came e
batatas. E que haja duas pessoas no mundo — uma pecuarista e urn plantador de
batatas cada uma das quais gostaria de corner tanto carne quanto batatas.
Os ganhos comerciais ficam mais claros se a pecuarista so pode procluzir came
e se o agricultor so pode produzir batatas. Num cendrio, tanto urn quanto o outro
poderiam optar por nib o ter nada a ver urn corn o outro. Mas, passados varios meses
comendo so carne assada, cozida, grelhada e frita, a pecuarista poderia concluir que
a auto-suficiencia nao é tao boa assim. 0 agr, icultor, que vinha comendo batatas fritas, assadas, cozidas e pure de batatas, provavelmente concordaria. E facil perceber
que o comercio lhes permitiria desfrutar de uma maior variedade. Corn ele, os dois
poderiam corner urn belo bife corn batata assada.
Embora essa cena ilustre corn a maxima simplicidade como todos poclem se
beneficiar do comercio, os ganhos seriam os mesmos se tanto a pecuarista quanto
o agricultor pudessem produzir tambem o outro hem, mas a urn custo major.
Suponhamos, por exemplo, que o agricultor possa ter gado e came, mas que nao
seja muito born nisso, e que a pecuarista possa plantar batatas, mas que suas terras nao sejam muito adequadas a essa cultura. Neste caso, é facil perceber que cada
urn se beneficiaria caso se especializasse naquilo que faz melhor e depois cornerciasse corn o outro.
Mas os ganhos advindos do comercio nao sac-) tao obvios assim quando uma pessoa é melhor na producao de todos os hens. Suponhamos, por exemplo, que a
pecuarista seja melhor do que o ag,ricultor tanto no trato do gado panto no cultivo
de batatas. Neste caso, sera que urn dos dois optaria pela auto-suficiencia? Ou ainda
haveria motivo para comercializarem urn corn o outro? Para respondermos a essa
perg,unta, precisamos analisar mais detidamente os fatores que afetam a decisao.
Possibilidades de Producao
Suponhamos que o agricultor e a pecuarista trabalhem oito horas por dia cada urn
e possam dedicar esse tempo ao cultivo de batatas, a criacao de gado ou a uma
combinacao das duas coisas..ATabela 1 mostra a quantidade de tempo que cada um
deles precisa para produzir 1 kg de cada urn dos hens. 0 agricultor pode produzir
1 kg de batatas em 15 minutos e 1 kg de carne em 60 minutos. A pecuarista, que
mais produtiva nas duas atividades, consegue produzir 1 kg de batatas em 10 minutos e 1 kg de came em 20 minutos. As duas colunas mais a direita da Tabela 1 mostram a quantidade de carne ou de batatas que o ag,ricultor e a pecuarista conseguem
produzir se trabalharem 8 horas por dia produzindo urn so tipo de aliment°.
0 painel (a) da Figura 1 ilustra as quantidades de carne e de batatas que o agricultor conseg,ue produzir. Se ele dedica todas as oito horas de seu dia de trabalho
au cultivo de batatas, produz 32 kg de batatas (medidos no eixo horizontal) e no
47
CAF4TULO 3 INTERDEPENIDNCIA E GANHOS COMERCIAIS
TABELA 1
Agricultor
Pecuarista
Batatas
Carne
Carne
Batatas
60 min/kg
20 min/kg
15 min/kg
10 min/kg
Agricultor e da Pecuarista
32 kg
8 kg
24 kg
48 kg
FIGURA 1
(a) ,A Fronteira de Possibilidades de Produsaoldo Agricultor
(ik Fronteira de Possibilidades de
Produch
Carne (kg)
Na aus&lcia de com&cio, o
escolhe esta
produ o e este consumo.
/ 0 painel (a) mostra as combinacaes de
45 came e batatos que o agricultor capaz de
produzir 0 painel (b) f mostra as combiproduzir'ils
p_a_caes
duas fronteiras de possibilidades de
61"
c_erv'`'
producao derivarom da Tabela 1 e da
hipatese de que o agricultor e a pecuorista ..{0J' e1/4 L‘'
trabalhem oito horas por dia
)
v
(Lt k t e• ,-). ti‘
f.P .
1.5 -
..---16
z4)3- •
Batatas (kg)
32
-
(b) A Fronteira de Possibilidades de Produ0 o da ecuarista
Carne (kg)
24
Na ausncia de comrcio,
r st-a e s-c-Olfi -6t—aprodu o e este consumo.
2 ( i
-5( eun-LiCu d..-i "- t
12
24
48
Batatas (kg)
produz carne. Se dedica todo o seu tempo à produ o de carne, produz 8 kg de
came (medidos no eixo vertical) e não produz batatas. Se divide seu tempo igualmente entre as duas atividades, dedicando 4 horas a cada uma, produz 16 kg de
Ct,
48
PARTE 1 INTR0DUcii0
batatas e 4 kg de carne. A figura mostra os fres resultados possiveis e outras possibilidades intermedi6rias.
Esse gr, afico é a fronteira de possibilidades de producao do agricultor. Como
vimos no Capftulo 2,. as fronteiras de possibilidades de producao representam as
,diversas combinacOes de produto que ,urna eConomia_p_ode—p-ioduzir, Elas ilustram
urn dos Dez Principios de Economia do CapItulo 1: o de que as pessoas enfrentam
tradeoffs. Aqui o agricultor enfrenta urn tradeoff entre produzir came ou produzir
batatas. Voce deve se lembrar de que a fronteira de possibilidades de producao do
CapItulo 2 se curvava para fora; nesse caso, o tradeoff entre os dois bens dependia
das quantidades produzidas. Aqui, contudo, a tecnologia que o agricultor usa para
produzir came e batatas (como mostra resumidamente a Tabela 1) permite que ele
passe de urn bem para o outro mantendo constante a razao. Neste caso, a fronteira de possibilidades de producao é representada por uma reta.
0 painel (b) da Figura 1 mostra a fronteira de possibilidades de producao da
pecuarista. Se ela dedica todas as 8 horas de seu dia a producao de batatas, produz
48 kg de batatas e nao produz came. Se dedica todo o seu tempo a producao de came,
produz 24 kg de came, mas rid() produz batatas. Se divide seu tempo, dedicando 4
horas a cada atividade, ela produz 24 kg de batatas e 12 kg de came. Novamente, a
fronteira de possibilidades de producao mostra todos os resultados possiveis.
Se o agricultor e a pecuarista optam pela auto-suficie.ncia e nao por comerciar
urn corn o outro, cada um consome exatamente o que produz. Neste caso, a fronteira de possibilidades de producdo tambem representa a fronteira de possibilidades de consumo. Ou seja, sem o comercio, a Figura 1 mostra as possivers combinagoes de came e batatas que o ag-ricultor e a pecuarista podem consumir.
Embora essas fronteiras de possibilidades de producdo sejam nteis para
demonstrar os tradeoffs que o agricultor e a pccuarista precisam enfrentar, elas nao
nos dizem o que eles efetivamente faro. Para determinarmos suas escolhas, precisamos conhecer os gostos da pecuarista e do agricultor. Suponhamos que escolham
as combinacoes identificadas pelos pontos A e B da Figura 1: o agricultor produz e
consome 16 kg de batatas e 4 kg de carne e a pecuarista produz e consome 24 kg
de batatas e 12 kg de came.
Especializacao e Comercio
Depois de vArios anos comendo a combinacao B, a pecuarista tern uma ideia e vai
conversar corn o ag-ricultor:
PECUARISTA:
Agr, icultor, meu amigo, tenho uma atima proposta para fazed Sei
como podemos melhorar nossa vida. Penso que voce deveria parar
de criar gado e dedicar todo o seu tempo ao cultivo de batatas.
Pelos meus calculos, se voce trabalhar 8 horas por c-lia cultivando
batatas, produzira 32 kg delas. Se me der 15 kg desses 32 kg de
batatas eu lhe darei, em troca, 5 kg de carne. No fim das contas,
voce tera para corner 17 kg de batatas e 5 kg de carne por dia, em
vez dos 16 kg de batatas e 4 kg de carne que tern hoje em dia. Se
resolver participar do meu piano, tem 6 mais de ambos os alimentos.
(Para ilustrar seu arg-umento, a pecuarista mostra ao agricultor o
painel (a) da Figura 2.)
CAPh11L0 3 INTERDEPENDI NCIA E GANHOS COMERCIA1S
49
FIGURA 2
(a) ProdKao e Consumo do Agricultor
Como o Comercio Expande o Conjunto
de Oportunidades de Consumo
Carne (kg)
Consumo do
agricultor com
com&cio
Produ o e
consumo do
agricultor
sem com&cio
Produ o do
agricultor
com com&cio
0
16
32
L17
Batatas (kg)
A proposto de comercio entre o ogricultor e o
pecuaristo oferece a cado um dos dois u.ma
combinacao de came e botatas que sena
impossfvel na ausencia do comercio. No painel
(a), o agricultor passa a poder consumir o
equivalente ao ponto A* e nao mais ao ponto A
No poinel (b), a pecuansta passa a poder
consumir o equivalente ao ponto B* e nO-o
mois ao ponto B. 0 comercio permite que os
dois consurnam mais carne e mais batatas.
714 ak())) c
*tiLOCti,L )
(b) Prodtkao e Consumo da Pecuarista
Carne (kg)
13-1:(5 -duca'o da
24
pecuarista
com com&cio
18
Consumo da
pecuarista
f
cpm com&cioi
13
Produ o e
consumo da
pecuarista
sem com&cio
12
12
AGRICULTOR: (num
24 27
48
Batatas (kg)
tom cffico) Parece uma boa ideia. Mas não entendo por que
voce a est propondo. Se o negOcio e t a'o
bom assim para mim, n-a'o
pode ser bom tambem para voce.
PECUARISTA: Mas e, sim! Suponhamos que eu passe seis horas por dia cuidando
do gado e duas horas por dia cultivando batatas. Ent c-io
posso produzir 18 kg de carne e 12 kg de batatas. Depois de lhe dar 5 kg da
minha came em troca de 27 kg de suas batatas, ficarei com 13 kg de
carne e 27 kg de batatas. Assim, consumirei mais came e mais batata do que consumo hoje. (Ela aponta para o painel (b) da Figura 2.)
L
,40k. -12,e2b11;-4.6dCd£,
50
PARTE 1
INTR0DUcA0
TABELA 2
Ganhos do Comercio:
Agricultor
Resumo
Pecuarista
Came
Batatas
Came
Batatas
4 kg
16 kg
12 kg
24 kg
Producao
0 kg
32 kg
18 kg
12 kg
Comercio
Recebe 5 kg
Dá 15 kg
Dá 5 kg
Recebe 15 kg
Consumo
5 kg
17 kg
13 kg
27 kg
+ 1 kg
+ 1 kg
+ 1 kg
+ 3 kg
Sem Comercio:
Producao e Consumo
Corn Comercio:
Ganhos do Comercio:
Aumento do Consumo
AGRICULTOR: Nao
sei... parece born demais para ser verdade.
PECUARISTA: Nao é tao complicado quanto pode parecer a primeira vista. Veja —
eu resumi minha proposta numa tabela bem simples. (Entrega ao
agricultor uma cOpia da Tabela 2.)
AGRICULTOR: (depois de uma pausa para estudar a tabela) Os c6.1cu1os parecem
estar certos, mas estou confuso. Como esse negocio pode ser born
para nOs dois?
PECUARISTA: NOs dois nos beneficiamos porque o comercio permite que nos
especializemos naquilo que fazemos melhor.Voce vai passar mais
tempo cultivando batatas e menos tempo cuidando do gado. Eu
you passar mais tempo cuidando do gado e menos tempo culti\Janda batatas. 0 resultado dessa especializacao e do comercio é
que cada urn de nos podera consumir mais came e mais batatas
sem precisar trabalhar urn major ntimero de horas.
Teste Rapid° Represente graficamente a fronteira de possibilidades de producao de Robinson Crusoe,
um naufrago que passava seu tempo colhendo cocos e pescando. Essa fronteira limitara o consumo de cocos
e peixes se ele continuar vivendo per si so? Ele estara sujeito aos mesmos limites se puder comerciar corn os
nativos da ilha?
0 PRINCIPIO DA VANTAGEM COMPARATIVA
A explicac5o que a pecuarista ofereceu dos ganhos do comercio, embora correta,
contem urn enigma. Se ela é melhor tanto na producao de came quanto na producao de batatas, como o agricultor pode se especializar naquilo que faz melhor? Ele
nao parece estar fazendo alguma coisa melhor. Para resolvermos esse enigma, precisamos estudar o principio da vantagem comparativa.
51
CAPiTULO 3 INTERDEPENDI NCIA E GANHOS COMERCIAIS
0 primeiro passo para desenvolver este principio é pensar na seguinte perg,unta: em nosso exemplo, quen-i pode produzir batatas ao menor custo? 0 agricultor
ou a pecuarista? Há duas respostas possiveis e nelas esta a soluao do nosso problerna e a chave para entender os ganhos do comftcio.
Vantagem Absoluta
EA) 1-\\
Uma maneira de responder à questao sobre o custo da produao de batatas é comparar os insumos necessarios para os dois produtores. Os economistas usam o
termo vantagem absoluta quando comparan-i a produtividade de uma pessoa,
empresa ou na. ao com a de outra. Diz-se que o produtor que precisa de uma quantidade menor de insumos para produzir um bem tem uma vantagem absoluta na
produo desse bem.
Em nosso exemplo, a pecuarista tem vantagem absoluta na produao tanto de
carne quanto de batatas porque precisa de menos_ternpo do que o agricultor_para
Ela precisa de apenas
rs. alimentos.
qualque
produzir uma unidade
_de _
_
20 minutos para produzir 1 kg de carne, enquanto o agTicultor necessita de 60
minutos. Da mesma forma, a pecuarista precisa de apenas 10 minutos para produzir 1 kg de batatas enquanto o agricultor precisa de 15 minutos. Com base nessas
informa es, podemos concluir que a pecuarista tem o menor custo de produ-ao
de batatas se medirmos o custo em termos da quantidade de insumos.
vantagem absoluta
a comparack entre
produtores de um
determinado bem levando
em considerack sua
rodutividade
io,
Custo de Oportunidade e i Vantagem Comparativa
Há outra maneira de olhar o custo da produao de batatas. Em vez de comparar os
insumos necesskios, podemos comparar os custos de oportunidade. Lembre-se de
que, como vimos no Capitulo 1, o custo de oportunidade de uma coisa é aquilo
de que abrin-los mao para Em nosso exemplo, adotamos a premissa de que
o agTicultor e a pecuarista passem 8 horas por dia trabalhando. Assim, o tempo
gasto com o cultivo de batatas reduz o tempo disponivel para produzir carne.
medida que o agiicultor e a pecuarista realocam seu tempo entre a produao dos
dois bens, movem-se ao longo de suas fronteiras de possibilidades de produao;
.
de unidades de um bem para produzir unidades do outro. 0 custo de
abrem m ao
oportunidade mede o tradeoff entre os dois bens que cada produtor enfrenta.
Vamos considerar, primeiro, o custo de oportunidade da pecuarista. De acordo
com a Tabela 1, produzir 1 kg de batatas lhe toma 10 minutos de trabalho. Quando
a pecuarista gasta 10 minutos produzindo batatas, tem 10 minutos a menos para
produzir came. Como ela precisa de 20 minutos para produzir 1 kg de carne, 10
minutos de trabalho renderiam 1/2 kg de carne. arapcuarista, o custo de oportunidade da produao de 1 kg de batatas é de 1/2 kg de carne_
Vamos considerar, agora, o custo de oportunidade do agricultor. Produzir 1 kg
de batatas lhe toma 15 minutos. Como precisa de 60 minutos para produzir 1 kg de
carne, 15 minutos de trabalho lhe renderiam 1/4 kg de carne. Dessa forma, o custo
de oportunidade de 1 kg de batatas para o agricultor de /4kg.di arne.
A Tabela 3 mostra os custos de oportunidade da carne e da batata para os dois
produtores. Observe que o custo de oportunidade da carne é o inverso do custo de
oportunidade das batatas. Como 1 kg de batatas custa à pecuarista 1/2 kg de carne,
1 kg de carne lhe custa 2 kg de batatas. Da mesma forma, como 1 kg de batatas
custa ao agricultor 1/4 kg de carne, 1 kg de came lhe custa 4 kg de batatas.
custo de oportunidade
aquilo de que devemos abrir
mão para obter algum item
--- 11<r r
--- I ecyirrLt
eewnp..-
bolcii
g.) nu,31
Gurr-vri
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52
PARTE 1 INTRODUcA0
Custo de Oportunidade da
Carne e das Batatas
Custo de Oportunidade de:
Agricultor
Pecuarista
vantagem comparativa
a comparacao entre os
produtores de urn bem
levando em consideracao
seus custos de oportunidade
'
1 kg de came
1 kg de batatas
4 kg de batatas
2 kg de batatas
1/4 kg de came
1/2 kg de came
Os economistas usam o termo vantagem comparativa para descrever o custo
de oportunidade de dois produtores. 0 produtor que abrc rnao de mcnor quantidade de outros bens para produzir o bem X tern menor custo de oportunidade de
producao desse bem e diz-se, portanto, que desfruta de uma vantagem comparativa na sua producao. Em nosso exemplo, o agricultor tem.nlen9r_custo_de oportunidade produ(do
de_batata,s_do_vle pecuarista: 1 kg de batatas custa ao
_
cultor apenas 1/4 kg de came, enquanto o custo para a pecuarista 6 de 1/2 kg de
came. Inversamente, a pecuarista tern menor custo de oportunidade na producao
de came do que o agricultor: 1 kg de came para a pecuarista custa 2 kg de batatas,
ao pass° que os mcsmos 2 kg de came custam ao agricultor 4 kg de batatas. Assim,
i em comptarativa na produca-o de hatatas_e_apea_
o agricultor tern uma vantis
imis-ta tem uma vantagem com_parativa-na_proch
_
o de carne.
Embora seja possivel uma pessoa ter vantagem absoluta nos dois hens (como
O caso da pecuarista em nosso exemplo), é impossivel que uma pessoa tenha vantagem comparativa nos dois hens. Como o custo de oportunidade de urn bem é o
inverso do custo de oportunidade do outro, se o custo de oportunidade de uma
pessoa para urn hem 6 relativamente elevado, seu custo de oportunidade para o
outro bem tern que ser relativamente baixo. A vantagem comparativa reflete o custo
de oportunidade relativo. A menos que duas pessoas tenham exatamente o mesmo
custo de oportunidadc, uma delas tera vantagem comparativa em urn bem e a outra
tore vantagem comparativa no outro bem.
Vantagem Comparativa e Comercio
As diferencas de custo de oportunidade e vantagens comparativas criam os ganhos
de comercio. Quando cada pessoa se especializa na producao do bem no qual tern
vantagem comparativa, a producdo total da economia aumenta e esse aumento do
bolo econOmico pode ser usado para melhorar a situacao de todos. Em outras palavras, uma vez_Tle duas pessoas estejam sujeitas_a custos de oportunidade diferentes, cada uma delas po—dera
- --6--b--6-heficiar do comerab-obtendb-u-m—bem a urn preco
_ interior ao.custo_de oportunidade desse bem.
-6nsideremos a transacao proposta do ponto de vista do agricultor. Ele recebe
5 kg de came em troca de 15 kg de batatas. Ou seja, compra 1 kg dc came polo
preco de 3 kg de batatas. Esse preco da carne 6 inferior ao seu custo de oportunidade para 1 kg de carne, que é de 4 kg de batatas. Corn isso, o ag,ricultor se beneficia da transacao porque obtem came a urn born preco.
Agora vamos considerar o negacio do ponto de vista da pecuarista. Ela compra
15 kg de batatas ao preco de 5 kg de came. Ou seja, o preco das batatas 6 de 1/3 kg
CAPIITULO 3 INTERDEPEND
CIA E GANHOS COMERCIAIS
vem a dar no mesmo, com o preca de parte delas aquilo de que
venham a precisor.
SAIBA MAIS SOBRE...
0 LEGADO DE ADAM SMITH E
DAVID RICARDO
tempos os economistas entendiam o principio
da vantagem comparativa. Eis o argumento do
grande economista Adam Smith:
A maxima que todo chefe de familia prudente
deve seguir é nunca tentar fazer em casa o que Ihe
custarcj mais caro fazer do que comprar. 0 alfaiate
nao tenta fabricar seus sapatos, mas os compra,do
sapateiro. 0 sapateiro nao tento confeccionor suas
pr6prias roupos, mos as compra do alfaiate. 0
fazendeiro n do tenta fazer nem um nem outro, mas se vale desses artesaos. Todos constatam que é mais interessante usar suas
capacidades naquilo em que têm vantagem sobre seus vizinhos e
comprar, com parte do resultodo de suas atividades, ou, o que
Essa citaceo é do livro de Adam Smith A Riqueza das NaOes,
publicado em 1776 e considerado um marco na anelise do comercio e da interdependencia econ6mica.
0 livro de Smith inspirou David Ricardo, um corretor de valores
milionerio, a tornar-se economista. Em seu livro de 1817, Principios
de Economia Polftica e de Tributocao, Ricardo desenvolveu o principio da vantagem comparativa tal como hoje o conhecemos. Sua
defesa do livre comercio neo foi um mero exercicio
academico. Ele utilizou suas teorias na qualidade de
membro do Parlamento Britenico, em que fez oposiceo es Leis dos Cereais, que restringiam a importaceo destes.
As conclus6es de Adam Smith e David Ricardo
sobre os ganhos do comercio se sustentaram ao
longo do tempo. Embora os economistas muitas
vezes divirjam em quest6es de politica econ6mica,
esteo unidos no apoio ao livre comercio. Ademais, o
argumento central em favor do livre comercio neo
mudou muito nos dois últimos seculos. Embora o
campo da economia tenha ampliado seu alcance e as
teorias tenham sido refinadas desde os tempos de Smith e Ricardo,
a oposiceo dos economistas es restric6es ao comercio ainda seo
baseadas, em grande parte, no principio da vantagem comparativa.
de came. Esse preo pelas batatas é inferior ao seu custo de oportunidade de 1 kg
de batatas, o qual é 1/2 kg de carne. A pecuarista se beneficia porque compra batatas por um bom preo.
Esses beneficios surgem porque .cada pessoa se concentra na atividade para a
menor custo de oportunidade: o agricultor passa mais_tempo_cultivando
batata
perista
Mais tempo- p-roduzindo carne:Com isso, a produ o
total de carne e a produ o total de batatas aumentam. No nosso exemplo, a produ ao
de batatas aumenta de 40 kg para 44 kg e a produ o de came aun-ienta de
16 kg para 18 kg. 0 ag-ricultor e a pecuarista compartilham os beneficios desse
aumento da produo.A moral da hist6ria do agricultor e da pecuarista_a_gora deve
estar
clara:ro-Hc c r
)ode beneficiara -Thdos
da-so-ciedade porque permite
.
.
que as pessoas se especializem em atividades nas quais t'c' m uma vantagem comparativa.
.
•
Teste hpido Robinson Crusoe pode colher 10 cocos ou pescar 1 peixe por hora. Seu amigo Sexta-Feira
pode colher 30 cocos ou pescar 2 peixes por hora. Qual o custo de oportunidade de pescar 1 peixe para
Robinson Crusoe? E para Sexta-Feira? Quem tem vantagem absoluta na pesca? E quem tern vantagem compa rativa?
s
53
54
PARTE 1 INTR0DUcA0
APLICACOES DA VANTAGEM COMPARATIVA
0 principio da vantagem comparativa explica a interdependencia e os ganhos do
cornercio. Como a interdependencia prevalece no mundo de hoje, o principio da
vantagem comparativa tern muitas aplicacoes.Apresentaremos aqui dois exemplos,
urn imaginario e outro de grande importancia pratica.
Tiger Woods deve Cortar sua PrOpria Grama?
Tiger Woods passa g,rande parte do seu tempo andando em gramados. Urn dos golfistas mais talentosos de todos os tempos, ele é capaz de dar drives e colocar putts'
clue a maioria dos jogadores de fim de semana nem sonha em conseguir. E é muito
provavel que ele tambem tenha outros talentos.
Vamos imag,inar, por exemplo, que Tiger Woods consiga aparar seu gramado
mais rapid() do que qualquer outra pessoa. Mas sera que o simples fato de ele ser
capaz disso sig,nifica que dem faze-lo?
NOTICIAS
QUEM TEM VANTAGEM COMPARATIVA NA PRODUcA0 DE OVELHAS?
Uma forma comum de barreira comerciol entre poises sdo as tonics, urn tipo de imposto sobre o importacao de bens de outros poises. No editorial a
seguir, o economisto Douglas Irwin discute urn exemplo recente de seu uso.
As Tarifas sobre Ovelhas
Tosquiam os Consumidores
Norte-Americanos
Por Douglas A. Irwin
o presidente Clinton desferiu urn seri° golpe
contra o livre comercio na ltirna quarta-feira,
quando anunciou que os Estados Unidos
imporiam tarifas elevadas sobre a importacao
de ovelhas da Australia e da Nova Zelandia.
Sua decisao mina a lideranca norte-americana e torna uma piada as alegacOes da
administracao de ser favoravel ao comercio
livre e justo.
Ha tempos as ovinocultores norte-americanos dependem do governo. Por mais de
meio seculo, ate que o Congresso aprovou a
reforma da politica agropecuaria, em 1995,
eles receberam subsidios pela a produzida.
Tendo perdido esse beneficio, prejudicados
par custos elevados e ineficiencia e enfrentando a concorrencia interna representada
pela came de frango, de boi e de porco, as
produtores de ovelhas procuraram impedir a
concorrencia externa pedindo protecao contra as importacbes.
A quase totalidade das importacoes de
ovelhas dos Estados Unidos vem da Australia
e da Nova Zelandia, grandes produtores agropecuarios corn uma enorme vantagem cornparativa. A Nova Zelandia tern menos de quatro milhoes de habitantes, mas cerca de 60
milhoes de ovelhas (contra as cerca de
sete milhOes de ovelhas dos Estados Unidos).
Os fazendeiros da Nova Zelandia investiram
pesadamente em novas tecnologias e em
marketing, tornando-se as produtores mais
eficientes do mundo. A Nova Zelandia tam-
bem eliminou seus subsidios agropecuarios
internos durante as reformas de livre mercado da decada de 1950 e é urn pais de livre
comercio, a caminho da eliminacao de todas
as tarifas de importacao ate 2006.
Em vez de seguir esse exempt°, a
Associacao Norte-Americana dos Produtores
de Ovelhas, entre outros grupos, protocolou
uma peticao corn "clausula de ressalva" nos
termos da Lei de Comercio de 1974, que
permite oferecer protecao temporaria "para
ocupar urn espaco" aos setores que concorrem corn importacoes. Nos termos da provisa() da clausula de ressalva, o setor que
move o pedido precisa apresentar urn plano
de ajuste a fim de assegurar que tomara
medidas para tornar-se ciimpetitivo no
futuro. A protecao tarifaria costuma ser limitada e ter prazo determinado de vigencia.
1. NRT: No golfe, significa tacacla ou movirnento de bola.
2. NRT: No golfe, significa uma tacada leve (para colocar a bola no buraco).
CAPITULO 3 INTERDEPENDUVCIA E GANHOS COMERCIAIS
Para respondermos a essa pergunta, podemos usar os conceitos de custo de
oportunidade e de vantagem comparativa. Digamos que ele consiga cortar a grama
em duas horas. Nesse mesmo tempo, ele poderia participar de um comercial de TV
para a Nike e ganhar US$ 10 mil. Por outro lado, o garoto da casa vizinha, Forrest
Gump, consegue cortar o mesmo gramado em quatro horas. Ele poderia passar as
mesmas
quatro horas trabalhando no McDonald's e ganhar com isso US$ 20.
...—
. Neste exemplo, o custo de oportunidade de Tiger Woods para cortar a grama e de
US$ 10 mil e o custo de oportunidade de Forrest e de US$ 20. Tiger desfruta de vantagem absoluta nessa atividade porque consegue fazer o servio em menos tempo.
Mas Forrest tem a vantagem comparativa porque seu custo de oportunidade e menor.
Neste caso, os ganhos do comercio s a- - o enormes. Em vez de aparar seu prOprio
gi,-amado,Tiger deveria participar do comercial e contratar Forrest para cortar a gr, ama.
Desde que Tiger pague a Forrest mais de US$ 20 e menos de US$ 10 mil, os dois
sairio ganhando.
• A International Trade Commission — ITC
Comissao de Comercio Internacional dos
Estados Unidos determina se as importaces causam "grave dano" ao setor domestico e, em caso positivo, prope uma soluck que o presidente tem plenos poderes
para aprovar, alterar ou rejeitar. Em fevereiro,
a ITC concluiu que o setor domestico nao
havia sofrido "grave dano" adotando uma
posicao mais tranqila segundo a qual as
import4es seriam "uma causa substancial
de ameaca de grave dano". A ITC nao props
reduzir as import4es, limitando-se a impor
uma tarifa de 20% (decrescente ao longo
de quatro anos) sobre as importac6- es que
superassem o nivel do ano anterior.
De inicio, a administrack parecia estar
considerando adota medidas menos restritivas. A Australia e a Nova Zelandia ate ofereceram assistencia financeira aos produtores norte-americanos e a administracao
adiou todos os seus comunicados, parecendo chegar a um acordo. Mas essas expectativas foram completamente eliminadas pela
estarrecedora decisao final em que a administrack atendia as demandas do setor de
ovinocultura e de seus defensores no
Congresso.
A campanha do Congresso foi liderada
pelo senador Max Baucus (democrata de
Montana), um membro do Comite de
Agricultura cuja irma, uma produtora de ovelhas, comparecera perante a ITC para pedir
tarifas mais elevadas. 0 governo optou...
(pelo seguinte): alem das tarifas ja existentes, o presidente imps uma tarifa de 90/0
sobre todas as importac6- es no primeiro ano
(caindo para 6 0/0 e depois 3% no segundo e
no terceiro anos), mais uma enorme tarifa de
que superassem
40% sobre as importac cies
o nivel do ano anterior (caindo para 32 0/0 e
24% nos anos seguintes)...
0 presidente da Associack Americana
de Produtores de Ovelhas anunciou que a
decisao "trara alguma estabilidade para o
mercado". Sempre que os produtores falam
de estabilidade no mercado, pode-se ter
certeza de que os consumidores estao
sendo espoliados.
A decisk sobre as ovelhas, embora
tenha passado quase despercebida por aqui,
foi seguida de perto no exterior. A decisk
solapa a ret6rica de livre comercio da administracao e afeta seus esforcos para fazer
com que outras economias abram seus mercados. Era de esperar algum tipo de proteck
.
contra as importac des,
mas nada tao protecionista quanto o que finalmente se materializou. Essa decisk extremada irritou os
fazendeiros da Australia e da Nova Zelandia
e as autoridades desses governos se comprometeram a acusar os Estados Unidos
perante o painel de disputas comerciais da
OMC (Organizack Mundial do Comercio).
A ocasiao escolhida pela administrack
nao poderia ter sido pior. A decisk veio logo
depois de uma reunik de cpula da
Cooperack Econ6mica da Asia e do Pacifico
haver reafirmado seu compromisso com a
reducao de barreiras ao comercio e poucos
meses antes da reuniao da Organizack
Mundial do Comercio, programada para
novembro, em Seattle, na qual a OMC pretendia lancar uma nova rodada de negociaces comerciais multilaterais. Um dos principais objetivos dos Estados Unidos durante a
reunik era a reducao do protecionismo agricola na Europa e em outras regi6es.
Em 1947, pouco antes das eleiOes que
se realizariam no ano seguinte, o presidente
Truman resistiu bravamente as presses dos
grupos de interesses e vetou um projeto de
lei que imporia cotas de importacao sobre a
la, o qual teria prejudicado as primeiras
negocia0es comerciais multilaterais do p6sguerra, previstas para o final daquele ano. 0
sr. Clinton, pelo contrario, embora nao fosse
concorrer à reeleicao, cedeu à pressao politica. Se os Estados Unidos, cuja economia em
forte expansk é motivo de inveja em todo
o mundo, nao consegue resistir ao protecionismo, como pode esperar que outros
paises o facam?
Fonte: The Wall Street Joumal, 12 jul.
1999, p. A28. C) 1999 Dow Jones & Co.
Inc. Reproduzido com permiss&c) de DOW
JONES & CO. INC. no formato liyro-texto
por meio do Copyright Clearance Center.
55
56
PARTE 1 INTRODKAO
Os Estados Unidos Devem Comerciar corn Outros Raises?
importacOes
bens produzidos no exterior e
vendidos internamente
exportacoes
bens produzidos internamente
e vendidos no exterior
Assim como as pessoas podem se beneficiar da especializacao e do comercio entre
si, como no caso do agricultor e da pecuarista, as populacoes de diferentes 'Daises
tambem podem. Muitos dos hens de que os norte-americanos desfrutam sao produzidos no exterior e muitos dos bens produzidos nos Estados Unidos sao vendidos a paises estrangeiros. Os bens produzidos no exterior e vendidos internamente sao chamados de importac5es. Os hens procluzidos internamente e vendidos no
exterior sao chamados de exportac5es.
Para vermos como os paises podem se beneficiar do comercio, suponhamos que
haja dois paises — os Estados Unidos e o Japao — e dois hens — alimentos e carros.
Imaginemos que os dois paises produzam carros igualmente bem: cada trabalhador, seja norte-americano ou japones, consegue prod-uzir urn carro por mes. Por
outro lacio, como os Estados Unidos tern mais terra e de melhor qualidacie, sao
melhores na producao de alimentos: urn trabalhador norte-americano conseg,ue
produzir duas toneladas de alimentos por mes, enquanto urn trabalhador japones
pode produzir apenas uma.
0 principio da vantagem comparativa afirma que cada bem deve ser produzido
pelo pais que tern o menor custo de oportunidade para procluzi-lo. Como o custo
de oportunidade de urn carro é de 2 toneladas de alimentos nos Estados Unidos e
de apenas 1 tonelada de alimentos no Japao, o Japao desfruta de uma vantagem
comparativa na producao de carros. Assim, deveria produzir mais carros do que
precisa para consumo interno e exportar parte da pl--oducao para os Estados
Unidos. Da mesma forma, como o custo de oportunidade de uma tonelada de alimentos é de urn carro no Japao, mas de apenas 1/2 carro nos Estados Unidos, este
pais tern uma vantagem comparativa na producao de alimentos. Os Estados
Unidos deveriam, assim, produzir mais alimentos do que necessitam para consumo e exportar parte da producao para o Japao. Por meio da especializacao e do
comercio, os dois paises podem ter mais comida e mais carros.
E claro que, no mundo real, as questoes envolvidas no comercio entre as nacoes
sao mais complexas do que sugere esse exemplo, como veremos no Capitulo 9.
Uma das questaes mais importantes é o fato de que cada pais tern muitos cidadaos
corn interesses diferentes. 0 comercio internacional pode piorar a situacao para
alg-umas dessas pessoas, embora seja benefico para o pais como um todo. Quando
os Estados Unidos exportam alimentos e importam carros, o impact() sobre os
fazendeiros norte-americanos é diferente do impact° sobre os trabalhadores da
industria automobilistica. Mas, ao contrario clas opinioes proferidas por politicos e
comentaristas politicos, o comercio internacional nao é uma guerra em que alguns
paises ganham e outros perdem. 0 comercio permite que todos os paises atinjam
major prosperidade.
Teste Rapid°
Suponhamos que o digitador mais rapid° do mundo seja, por acaso, urn neurocirurgi80.
Ele deve datilografar seus proprios trabalhos ou contratar uma secretaria? Explique.
CONCLUS-A0
0 principio da vantagem comparativa mostra que o comercio pode beneficiar a
todos.Voce deveria agora entender os beneficios de viver em uma economia interdependente. Mas, tendo visto por que a interciependencia é desejavel, voce talvez
esteja se perguntando como isso é possivel. Como as socieciades livres coordenam
CAPiTULO 3 INTERDEPENDI NCIA E GANHOS COMERCIAIS
57
as diversas atividades de todas as pessoas envolvidas em suas economias? 0 que
garante que os bens e servi os vão dos que os produzem para os que os deveriam
consumir?
Nun-i mundo com apenas duas pessoas, como o agricultor e a pecuarista, a resposta e simples: elas podem barganhar diretamente e alocar recursos entre si. No
mundo real, com bilhes de pessoas, a resposta não é ra o (5bvia. Abordaremos essa
quest a'o no prOximo capftulo, no qual veremos que as sociedades livres alocam
recursos por meio das foNas de mercado da oferta e da demanda.
RESUMO
• Cada pessoa consome bens e servi os produzidos
por muitas outras pessoas tanto no mesmo pais
quanto no mundo todo. A interdependencia e o
_comercio s e o desej veis porque permitem que cada
um possa desfrutar de uma maior quantidaae e
variedade de bens e servios.
• Há duas maneiras de comparar a capacidade que
duas pessoas tem de produzir um mesmo bem. Dizse que a pessoa que produz o bem com menor
quantidade de insumos tem vantagem absoluta na
produo desse bem. Diz-se que a pessoa que tem o
menor custo de oportunidade na produo de um
dos bens tem uma vantagem comparativa. Os ganhos
do comercio se baseiam na vantagem comparativa,
nk) na vantagem absoluta.
• 0 comercio beneficia a todos porque pern-iite que as
pessoas se especializem nas atividades em que
tenham vantagem comparativa.
• 0 principio da vantagem comparativa se aplica tanto
aos paises quanto às pessoas. Os economistas usam
o principio da vantagem comparativa para advogar o
livre comercio entre paises.
CONCEITOS-CHAVE
vantagem absoluta, p. 51
custo de oportunidade, p. 51
vantagem comparativa, p. 52
importg'(5es, p. 56
exportg'cies, p. 56
QUESTES PARA REVISA0
1. Explique a diferena entre vantagem absoluta e
vantagem comparativa.
2. De um exemplo em que uma pessoa tenha vantagem absoluta em alguma atividade, enquanto outra pessoa tenha vantagem comparativa.
3. 0 que é mais importante para o comercio: a vantagem absoluta ou a vantagem comparativa? Ex-
plique seu raciocinio usando o exemplo de sua
resposta à Questo 2.
4. As na c5es tendem a importar ou exportar os bens
em rela o aos quais tem vantagem comparativa?
Explique.
5. Por que os economistas se opem a politicas que
restrinjam o comercio entre as ng.(5es?
PROBLEMAS E APLICAOES
1. Considere o agricultor e a pecuarista do exemplo
que usamos neste capitulo. Explique por que, para
o agricultor, o custo de oportunidade de produ o
de 1 kg de carne é de 4 kg de batatas. Explique por
que, para a pecuarista, o custo de oportunidade da
produo de 1 kg de carne é de 2 kg de batatas.
2. Maria consegue ler 20 p4inas sobre economia em
r
1 hora e 50 p4 inas sobre sociologia em 1 hora. Ela
passa 5 horas por dia estudando.
a. Represente e fronteira de possibilidades de
de Maria para leitura de economia e leitura de sociologia.
58
PARTE 1 INTRODUcA0
b. Qual o custo de oportunidade, para Maria, da
leitura de cern pag,inas de sociologia?
3. Os trabalhadores norte-americanos e japoneses
podem produzir quatro carros por ano cada urn.
Urn trabalhador norte-americano conseg-ue produzir dez toneladas de graos por ano, enquanto
urn trabalhador japones conseg-ue produzir cinco
toneladas. Para simplificar, adote a premissa de
que cada pais tenha cern mill-16es de habitantes.
a. Para essa situacao, construa uma tabela andloga
a Tabela 1.
b. Represente as fronteiras de possibilidades de
producao das economias norte-americana e
japonesa.
c. Qual é, para os Estados Unidos, o custo de oportunidade de um carro? E dos -5os? Qual é, para
o Japao, o custo de oportunidade de urn carro? E
dos graos? Coloque essas informacoes numa
tabela analoga a Tabela 3.
d. Qual dos dois paises tern vantagem absoluta na
producao de carros? E na producao de gr, aos?
e. Qual dos dois paises tern vantagem comparativa na producao de carros? E na producao de
°Taos?f. Na ausencia do comercio, metade dos trabalhadores de cada economia produz carros e a outra
metade cultiva gr, aos. Que quantidades de carros
e de graos cada economia produz?
g. Partindo de uma posicao en-i que nao haja
connercio, de urn exemplo em que o comercio
seja benefico para os dois paises.
4. Pat e Kris sao colegas de quarto. Elas passam a
maior parte do seu tempo estudando (claro), mas
sempre deixam algum tempo para suas atividades
prediletas: fazer pizza e fabricar cerveja. Pat gasta
quatro horas para fazer urn litro de cerveja e duas
horas para fazer uma pizza. Kris gasta seis horas
para fazer urn litro de cerveja e quatro horas para
fazer uma pizza.
a. Qual o custo de oportunidade da pizza para
cacia uma delas? Quem tem vantagem absoluta
na fabricacao de pizza? Quem tern vantagem
comparativa na fabricacao de pizza?
b. Se Pat e Kris comerciassem uma corn a outra,
quem daria pizza em troca de cerveja?
c. 0 preco da pizza pode ser representado em tenmos de litros de cerveja. Qual o preco mais elevado a que a pizza pode ser negociada e ainda
assim beneficiar as duas colegas? E qual o
menor preco? Explique.
5. Suponhamos que haja 10 milhoes de trabalhadores no Canada e que cada urn deles possa produzir 2 carros ou 30 toneladas de trigo por ano.
a. Qual o custo de oportunidade da producao de
urn carro no Canada? E qual o custo de oportunidade da producao de uma tonelada de trigo?
Explique a relacao entre o custo de oportunidade ciesses dois bens.
b. Represente a fronteira de possibilidades de producao do Canada. Se o pais escolher consumir
dez mill-16es de carros, quantas toneladas de
trigo podera consumir sem comerciar? Indique
esse pont° na fronteira de possibilidades de
producao.
c. Suponha, agora, que os Estados Unidos se proponham a comprar 10 milhoes de carros do
Canada em troca de 20 toneladas de trigo por
carro. Se o Canada continuar a consumir 10
milhoes de carros, quanto trigo o pais podera
consumir a partir da negociacao? Indique esse
ponto no seu diagrama. 0 Canada deve fechar o
negOcio?
6. Imagine urn professor que esteja escrevendo urn
livro. Ele pode tanto escrever quanto colher dados
mais rapid() do que qualquer outra pessoa na universidade. Mesmo assim, contrata urn est-udante
para fazer a coleta de dados na biblioteca. Isso faz
sentido? Explique.
7. A Inglaterra e a EscOcia produzem bolinhos e
malhas de 15. Suponhamos clue urn trabalhador
ingles consiga produzir 50 bolinhos por hora ou 1
malha por hora e que um trabalhador escoces consiga produzir 40 bolinhos por hora ou 2 malhas
por hora.
a. Qual dos dois paises tern vantagem absoluta na
producao de cada hem? E qual dos dois paises
tern vantagem comparativa?
b. Se a Inglaterra e a Escocia decidissem comerciar,
que mercadoria a EscOcia venderia para a Inglaterra? Explique.
c. Se urn trabalhador escoces so conseguisse produzir 1 malha por hora, a Escocia ainda teria a
ganhar corn o comercio? E a Inglaterra? Explique.
8. A tabela a seguir descreve as possibilidades de
producao de duas cidades na Beisebolandia:
Pares de Meias Vermelhas
por Trabalhador par Hora
Pares de Meias Brancas par
Trabalhador par Hora
Boston
3
3
Chicago
2
1
CAPITULO 3 INTERDEPEND4CIA E GANHOS COMERCIAIS
a. Na ausencia de comercio, qual seria o preo das
meias brancas (em termos de meias verrnelhas)
em Boston? E em Chicago?
b. Oual das duas cidades tem vantagem absoluta
na produ"ao de cada tipo de cor de meias? Qual
delas tem a vantagem comparativa na produ'ao
de cada tipo de cor de meias?
c. Se as cidades comerciassem entre si, que cor de
meias cada cidade exportaria?
d. Qual a faixa de preos em que cada negcio
ocorrera?
9. Suponhamos que a Alemanha possa produzir
quaisquer bens com menos horas de trabalho do
que a FraNa.
a. Em que sentido o custo de todos os bens
menor na Alemanha do que na FraNa?
59
b. Em que sentido o custo de alguns bens e menor
na Franc;a?
c. Se a Alemanha e a Frana negociassem uma
com a outra, os dois paises se beneficiariam
disso? Explique no contexto de suas respostas
aos itens (a) e (b).
a seguir s'ao verdadeiras ou falsas?
10. As afirn-ig 6es
Explique suas respostas em cada caso.
a. "Dois paises podem obter ganhos de comercio
mesmo que um deles tenha vantagem absoluta
na produ0o de todos os bens."
b. "Certas pessoas muito talentosas t'em vantagem
comparativa em tudo o que fazem."
c. "Se uma determinada transg a- - o comercial e
boa para uma pessoa, n'ao pode ser boa para a
outra."
/I\
E
N
EL
F.1
Af-ti •
uando uma frente fria atinge a FlOrida, o preQD do suco de laranja aumenta nos
superrnercados norte-americanos. Quando o tempo esquenta na Nova Inglaterra a
cada verão, o preo das diEirias nos hoteis do Caribe despencam. Quando irrompe
uma guerra no Oriente Medio, o preo da gasolina nos Estados Unidos aumenta e
o pre93 dos Cadillacs usados cai. 0 que esses acontecimentos tem em comum?
Todos mostram como funcionam a oferta e a demanda.
.
Oferta e dernanda s Zio
as duas 1.->alavras que os economistas usan-i mais freqentemente – e com boas raz6es. A oferta e a demanda s`a"o as foNas que fazem as economias
de mercado funcionaSão elas que determinam =_t_i_d_Elck2roduzida
a 1.
—
de_cada bem eo. s_eriar vendido, Se quiser saber como a economia seth afetada por qualquer acontecimento ou politica, voce precisa pensar,
primeiro, em seus impactos sobre a oferta e a demanda.
Este capitulo introduz a teoria da oferta e da demanda k, Ele considera como comTradores e vendedores se comportam e como interagem_uns com os outros.,Mostra
como a oferta e a demanda determinam os preos numa econon-lia de mercado
como os pre9c)s, p_or sua vez, alocam os recursos escassos da economia.i
64
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
MERCADOS E COMPETKAO
(
mercado
urn grupo de compradores e
vendedores de urn particular
bem ou servico
Os termos °feria e demanda referem-se ao comportamento das pessoas enquanto
interagem umas corn as outras nos mercados. Urn mercado é urn grupo de cornpradores e vendedores de urn determinado bem ou servico. Os compradores, como
grupo, determinam a demanda pelo produto e os vendedores, tambem como g,rupo, determinam a oferta do produto. Antes de discutirmos como se comportam os
compradores e os vendedores, vamos tratar corn major profundidade daquilo a
que chamamos "mercado" e dos diversos tipos de mercado que observamos na
economia.
Mercados Competitivos
r---v---,/-- --- mercado competitivo
urn mercado em que ha
tantos compradores e
r vendedores que cada urn
deles tern impacto
Q
insignificante sobre o preco
7
de mercado
\.
---A—.A1\j`)
Os mercados assumem diferentes formas. As vezes sao altamente organizados, tais
como os mercados de muitas mercadorias agricolas. Neles, compradores e vendedores encontram-se em lugares e horarios determinados, onde urn leiloeiro ajuda
a estabelecer os precos e organizar as vendas.
Mais frequentemente, os mercados sao menos organizados. Vamos considerar,
por exemplo, o mercado de sorvete numa cidade qualquer. Os compradores de sorvete nao se rennem em urn horario determinado. Os vendedores de sorvete estao
em pontos diferentes da cidade e oferecem produtos c-liferentes. Nao ha urn leiloeiro para apregoar o preco do sorvete. Cada vendedor estabelece o preco do seu sorvete e cada comprador decide quanto sorvete comprar em cada loja.
Embora nao seja organizaclo, o grupo de compradores e vendedores de sorvete
forma urn mercado. Cada comprador sabe que ha varios vendedores entre os quais
pode escolher e cada vendedor sabe que seu produto é similar ao oferecido pelos
demais vendedores. \O preco do sorvete e a a_
lantidade de sorvete vendida nao sao
determinadospor urn Unico comprador ou vende-d-OrTi-nas
pradores e vendedores a medida que interagem no mercado.
---O mercado de sorvete, como a maroria dos mercados que ha na economia, é altamente competitivo. Um mercado competitivo é urn mercado em que hi muitos
compradores e muitos vencledores, de modo que cada urn deles, individualmente,
tern impacto insignificante sobre o preco de mercado. Cada vendector de sorvete
tern urn controle limitado sobre o preco porque os outros vendedores oferecem produtos similares. Urn vendedor nao tern muitos motivos para vender abaixo do preco
vigente e, se cobrar mais do que isso, os compradores vao fazer suas compras em
outro lugar. Da mesma forma, comprador alg,um_pode influenciar o preco do
___ sorvete porque cada irm deles Compra
uma
pequena
quantidade
relacao
ao
em
totat-de
_
sdivete-cottieicializado nO
Neste capftulo, veiernoS ..6orno- os compradores e vendedores interagem nos
mercados competitivos. Veremos como as forcas da oferta e da demanda determinam tanto a quantidade vendida quanto o preco de urn bem.
Competicao: Perfeita e imperfeita
Neste capItulo, faremos a suposicao de que os mercados sejam perfeitamente coin--
petitivos. Os mercadosa
erfeitamente competitivos sao definidos por duas caracterIsticas fundamentais: •p) os hens oferecidos para venda sao todos iguais e!"(2)),os
\--'
compradores e vendedores sao tao numerosos quo nenhum deles é capaz de, mdividualmente, influenciar o preco de mercado. Como os_compradores e vgJg_ctores
dos mercados perfeitamente competitivos precisam aceitaropreco que o mercado
determina, sao chamados del tomadores de preps. j
cApiruLo 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
Há mercados em que o conceito de competi o perfeita se aplica perfeitamente. No mercado de trigo, por exemplo, há milhares de agricultores que vendem
trigo e milhb- es de consumidores que utilizam o grão e seus derivados. Como
há um comprador ou vendedor especifico que seja capaz de influenciar o pre90 do
trigo, cada um deles aceita opço como dado.
Mas nem todos os bens e servios s k) negociados em mercados perfeitamente
competitivos. Alguns mercados tem um
preso. Um mercado nessas condies é chamado -e-Xemplo, pode
ser que a empresa de TV a cabo que presta servios para voce seja um monopOlio:
e possivel que os moradores da sua ciciade sO possam comprar os servios de uma
emi.-)resa.
op-O—h
erfeia-e-dd-frion—
Alguns mercados fican-i entre os extremos da competi
lio. Urn mercado nessas condic Oes, a que chamamos/igop6ho, fem poucos vende~c,
dores, que nem sempre con-ipetem agr, essivamente. Um exemplo disso são as rotas
aereas. Se uma rota entre duas cidades for realizada por apenas duas ou tres companhias aereas, elas podem evitar a competiQoLig_orosa, mantendo, assim, os pre--riefe7-h–a
ços elevados. Outro tipo de mercado é oCrrtonopolisticarrielite competi
T
–t,tiry)
muitos vendedores, mas cada un-t oferecend o ufi iproduto Iigeira e diferente.
ponto„estabecerto
ate
pode,
vendedor
cada
identicos,
4)
s
nk)
Como os pr. p-iutos
lecer os preos de seu prprio produto. Um exemplo . disso e b merC ado de revistas.
Elas competem umas con-1 as outras pelos leitores e qualquer pessoa pode entrar no
mercado laNando uma nova revista, mas cada uma oferece artigos diferentes e pode
estabelecer seu prprio pre9D.
Apesar da diversidade dos tipos de mercado que há no mundo, comearemos
estudando a competi o perfeita. Os mercados perfeitan-lente competitivos são os
mais friceis de analisar. Ademais, como há um certo grau de competic;:k) na maioria dos mercados, muitas das lições que aprenderemos estudando a oferta e a
demanda sob condiQ5es de con-ipeti o perfeita se aplicam tambe.m a mercados
mais complexos.
Teste R4ido
vos7
0 , que é um mercado? • Quais são as caracteristicas dos mercados i2erfeitamente compe.
compik
c‘..-V15Nrui2roLks.,7 'etslan,
d-4
cck.
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knctoL., ; prad 1,1
jcb
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Comearemos nosso estudo dos mercados examinando o comportamento dos
compradores. Para concentrarmos nosso pensamento, vamos tratar de um bem em
particular: o sorvete.
0,
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(V`L v).\‘((i:5
\YeMat)
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A Curva de Demanda: A Reigk entre Preco e Quantidade Demandada
A quantidade demandada de um bem qualquer é a quantidade desse bem que os
.
compradores desejam e podem comprar. Como veremos, s" o muitas as coisas que
determinam a quantidade demandada de qualquer bem, mas, ao se analisar como
funcio os mercados, há um determinante que representa um papel central: o
Preo do bei Se o prey) do sorvete subir para $ 20 a bola, voce comprará menos
sorvete. o era, por exemplo, comprar frozen yogurt em vez de sorvete. Se o preo
do sorvete cair para $ 0,20 a bola, voce comprard muito mais sorvete. Como a quantidade demandada diminui quando o preo aumenta e aumenta quando o preo
diminui, dizemos que a quantidade demandada e negativarnente relacionada com o
preo. Essa relação entre preo e quantidade demandada se aplica à maioria dos
bens edstentes na economia e, na verdade, é tão universal que os economistas
quantidade demandada
a quantidade de um bem que os
compradores desejam e podem )
comprar
66
PARTE 2
OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAIV1 OS MERCADOS
FSU RA 1
A Escala de Demanda e a Curva de Demanda de Catarina
A escala de demonda mostra a quantidade demandada a oda prep. A curva de demanda, que representa graficamente a escala de demanda, mostra
coma a quantidade demandada do bem varia quando seu prep se ahem. Coma um prep menor aumenta a quantidade dernandada, a curva de
demanda se inc./la] para baixo.
Prep do Sorvete
de Casquinha
Quantidade
Demandada do Sorvete
de Casquinha
$ 0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
12
10
8
6
4
2
Preco do Sorvete
de Casquinha
$3,00
2,50
1. Uma diminuicao 2,00
no preco
1,50
1,00
0,50
2
4 5 6
7 8 9 10 11 12 Quantidade
2.... aumenta a quantidade
demandada de sorvete
de casquinha.
lei da demanda
a afirmacao de que, corn tudo
o mais mantido constante, a
quantidade
— demandada de
urn bem diminui quando o
preco dele aumenta
lescala de demanda
uma tabela que mostra a
-i relacao entre o preco de urn
l bem e a quantidade
' demandada
curva de demanda
—
urn grafico da relacao entre o
preco de urn bem e a
_q_uantidade demandada
de Sorvete
de Casquinha
a chamam de lei da demanda: corn tudo o mais mantido constantc
lo o preco
de urn bem aum enta, sua quantidade demandada diminui; uando o preco dirninui,
a quantidade emanc_ ada aumenta.
A Tabela da Figura 1 mostra quantos sorvetes de casquinha Catarina compra por
mes, a diferentes precos. Se o sorvete for de g,raca, ela consumira 12 casquinhas. A
$ 0,50 por casquinha, ela comprara 10 casquinhas. A medida que o preco aumentar, ela comprar6 cada vez menos sorvetes de casquinha. Quando o preeo atinge
$ 3,00, Catarina ndo compra nenhum sorvete. Essa escala é chamada de escala de
demanda, a qual mostra a relacao entre o preco de urn bem e sua quantidade
demandada, mantidas constantes todas as demais coisas quo influenciam a quantidade do bem que consumidores desejam comprar.
0 gnifico da Figura 1 usa os mimeros da tabela para ilustrar a lei da demanda.
Por convened°, o preco do sorvete é representado no eixo
demandada no eixo horizontal. A linha inclinada ara baixo
relaciona prep e
guantidade demandada é chamada de curva de demanda.
Demanda de Mercado versus Demanda Individual
A curva de demanda da Figura 1 representa a demanda de uma pessoa por urn produto. Para analisarmos como funcionam os mercados, precisamos determinar a
demanda de mercado, ue e a soma de todas as demandas individuais or um determinado bem ou servieo.
CAPiTULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
da de mercado determinada somando-se honzontalmente_as curvas de demanda individuais. Ao preco de 2, Catanna demanda
casquinha e Aficolau demanda 3. A quantidade demandada pelo mercado o esse preco é de 7 sorvetes.
Preco do Sorvete de Casquinha
12
10
8
6
4
2
0
$3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
(.1(0
-‘,,ASt(<0
N t-k\itnirQ0*.
D
Catanna
=
4
1
Demanda do Mercado
Pre93 do
Sorvete de
Casquinha
Prgo do
Sorvete de
Casquinha
$3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
$3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
D
Nicolau
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9101112
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9101112
Quantidade de Sorvetes de Casquinha
Quantidade de Sorvetes de Casquinha
,(1
19
16
13
10
7
Demanda de Nicolau
Demanda de Catarina
Preo do
Sorvete de
Casquinha
7
6
5
4
3
2
1
+
4 sorvetes de
Mercado
Nicolau
Catarina
$ 0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
67
0 2 4 6 :1-8 10 12 14 16 18
Quantidade de Sorvetes de Casquinha
e
í 9-rtcyM ozwo.\/C04
A Fig,ura 2 mostra as escalas de demanda por sorvete de duas pessoas — Catarina
e Nicolau. A escala de demanda de Catarina nos diz quanto sorvete ela compra a
eada preo, e a escala de demanda de Nicolau nos diz quanto sorvete ele compra
a cada diferente preolik demanda de mercado a cada preo e a soma das duasi
demandas individuais.,
0 grfico da Figura 2 mostra as curvas de demanda que correspondem a essas
esealas de demanda. Observe que somamos as duas curvas de demanda individuais horizontalmente para obter a curva de demanda de mercado. Ou seja, para
encontrarmos a quantidade total demandada para qualquer preo, somamos as
quantidades individuais encontradas no eixo horizontal das curvas de demanda
individuais. Como estamos interessados em analisar como os mercados funcionam,
trabalharemos com mais freqi ncia com a curva de demanda de mercado. A curva
de demanda de mercado mostra como a quantidade total demandada de um bem
varia conforme seu preo varia, enquanto todos os demais fatores que afetam a
quantidade que os consumidores desejam comprar são mantidos constantes.
Deslocamentos da Curva de Demanda
A curva de demanda de sorvete mostra quanto sorvete as pessoas compram para
qualquer preo dado, mantidos constantes os muitos outros fatores, alem do pre9D,
68
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
clue afetam as decisoes de compra dos consumidores. Como resultado, a curva de
demanda nao precisa ser estavel ao longo do tempo. Se acontecer algo que altere
a quantidade demandada a cada prego, a curva de demanda se deslocara.
Suponhamos, por exemplo, que a Associacao Norte-Americana de Medicina descut-a-a que as pessoas que tomam sorvete regularmente vivem mais tempo e sao
mais saudaveis. Essa descoberta aumentaria a demanda por sorvete. A qualquer
1->rego dado, os compradores passariam a desejar comprar uma major quantidade
de sorvete e, corn isso, a curva de demanda se deslocaria.
A Figura 3 ilustra deslocamentos da demanda. Qualquer mudanca que aumente a quantidade demandada a cada preco, como a descoherta imag,inaria da
Associacao Norte-Americana de Medicina, desloca a curva de demanda para a
direita e é chamada de aliment° do demanda. Qualquer mudanga que reduza a
quantidade demandada a cada preco desloca a curva para a esquerda e é chamada
de reductio do donanda.
Sao muitas as ,variaveis que_Rodem deslocar a curva de demanda., As mais
importantes sao:
'NRenda o que aconteceria corn a sua demanda por sorvete so voce perdesse o seu
emprego no ver5o? Ela provavelmente cairia. Uma renda menor sig,nifica que voce
tern menos renda para seus gastos totals, de modo que precisara gastar menos corn
alguns hens — e provavelmente corn todos. Se a demanda por urn hem diminui
quando a renda cai, o hem é chamado de bem normal.
Nem todos os hens sao normais. Se a demanda por urn hem aumenta quando a
renda cai, o hem é chamado de bem inferior. Urn exemplo de hem inferior pode ser
a passagem de Onibus. Se sua renda diminuir, sera menos provavel quo voce cornpre urn carro ou tome urn taxi. l mais provavel que ande de onibus.
bem normal
urn bem para o qual, tudo o
mais mantido constante, urn
aumento na renda leva a urn
aumento da demanda
bem inferior
urn bem para o qual, tudo o
• Precos dos Bens Relacionados Suponhamos que o preco do frozen yogurt
mais mantido constante, urn
caia. A lei da demanda diz que voce comprara mais frozen yogurt. Ao mesmo
tempo, voce provavelmente comprard menos sorvete. Uma vez que o sorvete e o
aumento na renda leve a uma
diminuicao da demanda
FI,GU RA 3
Deslocamentos da Curva de
Demanda
Preco do
Sorvete de
Casquinha
Aumento da
demanda
Quolquer mudanp que aumente a
quantidade que as compradores desejam
comprar a urn dado prep desloca a curia
de demanda para a direita. Qualquer
mudanp que reduza a quantidade que as
compradores desejam comprar a um dodo
prep desloca a curva de demanda
para a esquerda.
Diminuicao
da demanda
Curva de
Curva de
d emanda,
demanda,
Curva de demanda,
0
Quantidade de
Sorvete de Casquinha
CAPftULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
frozen yog,urt s zio ambos sobremesas geladas, doces e cremosas, eles satisfazem
desejos semelhantes. Quando uma queda do prec;o de um bem reduz a demanda
por outro bem, os dois bens so chamados cle substitutos. Os substitutos so, freqUentemente, pares de bens que podem ser usados um no lugar do outro, como
cachorros-quentes e hambiirgueres, malhas de ffi e moletons, ing-ressos para o
cinema e fitas de vfdeo alugadas.
Suponhamos agora que o preQo da cobertura de chocolate quente caia. De acordo com a lei da demanda, voce conwrara mais cobertura. Mas, neste caso, tambem
comprara mais sorvete, porque sorvete e cobertura são freqi_ientemente usados juntos. Quando uma queda do prec) de um bem causa um aumento da demanda de
outro, os dois bens s - o chamados de complementares. Os bens com lementares
freqUenten
-es de bens usados em conjunto, como asolina e carros,
com -)utadores e so
CD -)lavers.
Prv“ c1,21,(:; n\
Gostos 0 mais Obvio deterrninante de sua demanda são seus gostos. Se voce
gosta de sorvete, comprara mais sorvete. Os economistas normalmente n^ao tentam
explicar os gostos porque eles se baseiam em foNas hist6ricas e psicolOgicas que
esfflo alem do campo de estudo da economia..0s economi tns, entretanto )ecam.inam o que acontece quando os gostos mudara,
Expectativas Suas expectativas quanto ao futuro podem afetar a sua demanda
por um bem ou servic) hoje. Por exemplo, se voce tem a expectativa de obter uma
renda maior no mes que vem, pode estar mais disposto a gastar parte de suas economias na compra de sorvete. Ou, se voce espera que o prec) do sorvete diminua
aman1-4 pode estar menos disposto a comprar sorvete ao prev) de hoje.
'
Nmero de compradores ' omo a clen-landa
do mercado é derivada das demandas individuais, depende de todos os fatores que determinam a demanda de
cada comprador individual, incluindo a renda, os gostos e expectativas dele e os preos dos bens relacionados. Alem disso, ela depende do nUmero de compradores. Se
Pedro, outro consumidor de sorvete, se juntasse a Catarina e Nicolau, a quantidade
demandada de mercado seria maior a cada preo e a curva de demanda se deslocaria para a direita.
P t u;,J
(_14‘
ailwkwkk-
Resumo A curva de demanda mostra o que acontece com a quantidade demandada de um bem quando seu preo muda, mantidas constantes todas as outras
variaveis que influenciam os compradores. Quando uma dessas variaveis muda, a
curva de demanda se desloca. A Tabela 1 lista todas as variaveis que exercem
influencia sobre a quantidade de um bem que os consumidores desejam comprar.
TABELA 1
Variaveis que Influenciam os Compradores
;
Esta tabela lista as variciveis que exercem influe ncia sobre a quantidade que os consumidores decidem comprar
de um bem qualquer. Observe o popel especial representado pelo preco do bem: umo mudanca no preco do
bem represento um movimento ao longo do curvo de demonda, ao posso que uma mudonca nos demais
variOveis desloca a curva de demanda.
Vanavel
Uma Mudanca Nesta Vanavel...
Preco
Renda
Preco dos bens relacionados
Gostos
Expectativas
Niimero de compradores
Representa um movimento ao longo da curva de demanda
Desloca a curva de demanda
Desloca a Curva de demanda
Desloca a 'curva de demanda
Desloca a curva de demanda
Desloca a curva de demanda
69
substitutos (4)
dois bens para os quais o
aumento do preco de um
leva a um aumento da
demanda pelo outro
complementares (-)
dois bens para os quais o
aumento do preco de um
leva a uma reducao da
demanda pelo outro
L"z 41 e)."
-1_
(4.r »4,Y(IC,
70
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Estudo de Caso
DUAS MANEIRAS DE REDUZIR A QUANTIDADE DEMANDADA DE TABACO
Os formuladores de politicas piablicas muitas vezes desejam reduzir a quantidade
de cigarros consumida pelo povo. A politica pode tentar atingir esse objetivo de
duas maneiras.
Uma maneira de reduzir o tabag-ismo é deslocar a curva de demanda por cigarros e outros produtos de tabaco. Os comunicados publicos, os alertas obrigatorios
nas embalagens de cigarros e a proibicao da publicidade de cigarros na TV sao pollticas que tern por objetivo reduzir a quantidade demandada de cigarros a cada
preco. Se bem-sucedidas, essas politicas deslocam a curva de demanda por cigarros para a esquerda, como no painel (a) da Figura 4.
Altemativamente, os formuladores de politicas podem tentar aumentar o preco
dos cigarros. Se o govern° taxar os fabricantes de cigarros, 1.->or exemplo, eles repassarao grande parte da taxacao para os consumidores sob a forma de precos mais
elevados. Urn Few major incentivard os fumantes a reduzir o ntimero de cigarros
consumidos. Neste caso, a reducao de consumo nao representa deslocamento da
FIGURA 4
Deslocamentos da Curva de Demanda e Movimentos ao longo da Curva de Demanda
Se os alertas impressos nos embalagens de cigorros convencerem as fumantes a fumar menos, a curva de demonda por cigarros se deslocaro para a
esquerda. No painel (a), a curva de demand° desloca-se de D7 para D2. Ao prep de $ 2 par maco, a quontidade demandada cal de 20 para 10 cigarros par dia, coma se ye no deslocamento do ponto A para o ponto B. Por outro ludo, se um imposto aumenta o prep dos cigorros, a curva de demanda
nao se desloca. Em vez disso, observamos um movimento para um outro ponto do curva de demanda. No painel (b), quando o preco aumenta de $ 2
para $ 4 o quantidade demandada cal de 20 para 12 cigarros por dio, o que se reflete em um movimento do ponto A para o ponto C.
(a) Deslocamento da Curva de Demanda
Preco do
Maco de
Cigarros
Uma politica que
desencoraje o
tabagismo desloca a
curva de demanda
para a esquerda
$ 2,00
(b) Movimento ao Longo da Curva de Demanda
Um imposto que aumente
o preco dos cigarros
resulta em urn movimento
ao longo da curva
de demanda
Preco do
Maco de
Cigarros
$ 4,00
2,00
10 •
20
Numero de Cigarros Fumados por Dia
0
124
20
Numero de Cigarros Fumados por Dia
CAPIITULO 4
AS FOgAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
71
cutva de demanda, mas sim um movimento ao longo da curva de den-ianda para
um ponto com preco maior e quantidade menor, como mostra o painel (b) da
Figura 4.
Em que medida a quantidade demandada de cigarros reage a mudancas no seu
preco? Os economistas tentaram responder a essa pergunta estudando o que acontece quando o imposto sobre os cigarros muda. Eles descobriram que um aumento de 10% do preco provoca uma reducio de 4% na quantidade demandada. Os
adolescentes se mostraram especialmente sensiveis ao preco dos cigarros: um
aumento de 10% do preco resulta numa queda de 12% na quantidade demandada
de cigarros entre os adolescentes.
Uma questho relacionada a esta e como o preco dos cigarros afeta a demanda
por drogas ilegais como a maconha. Os opositores da taxac'ao sobre cigarros arg,umentam que tabaco e maconha so bens substitutos, de modo que precos elevados dos cigarros encorajam o uso de maconha. Por outro lado, especialistas em
dependencia quimica veem o cigarro como uma "droga de entrada" que leva os
jovens a experimentar outras substancias nocivas à saúde. A maioria dos estudos
com dados é consistente com essa constataram que menores precos
dos cigarros est ao
associados a um maior uso de maconha. Em outras palavras,
tabaco e maconha parecem mais ser bens complementares do que proprian-iente
substitutos. e
Teste R4ido De um exemplo de uma escala de demanda por pizza e represente graficamente a curva
Qual é a melhor maneira de
acabar com isso?
de demanda respectiva. • De um exemplo de algo que deslocaria essa curva de demanda. • Uma mudanca
no preco da pizza deslocaria sua curva de demanda?
OFERTA
Vamos agora nos voltar para o outro lado do mercado e examinar o comportamento dos vendedores. Mais uma vez, 1.-)ara concentrarmos o foco de nossa
vamos considerar o mercado de sorvete.
A Curva de Oferta: A Reia0o entre Preco e Quantidade Ofertada
)j--/&quantidade ofertada
.„,
a quantidade de um bem que
A quantidade ofertada de qualquer bem ou servico e a quantidade que os vende- -,-) os vendedores estk
dores querem e podem vender. Ha muitos detern-linantes da quantidade ofertada, ) dispostos a vender e podem
mas, novamente, o preco representa um papel central em nossa analise. Quando o
vender
preco do sorvete esta elevado, vender sorvete e lucrativo e, portanto, a quantidade
ofertada e grande. Os vendedores de sorvete trabalham por n-aiitas horas, compram
muitas maquinas de fabricar sorvete e contratam muitos trabalhadores. Por outro
lado, quanc_lo o preco do sorvete esta baixo, o negOcio e menos lucrativo e os vendedores produzem menos sorvete. A um preco baixo, alguns vendedores podem
ate optar por fechar as portas e, com isso, sua quantidade ofertada cai para zero.
Uma vez que a quantidade ofertada aumenta a medida que o preco aumenta e cai
quando o preco se reduz, dizemos que a quantidade ofertacla esta positivamente
lei da oferta
relacion ada
i om o preco do ben-i. Essa relac ao entre preco e quantidade ofertada e
a afirmack de que, com tudo
chamada clq lei da oferta: com tudo o n-lais mantido
_ constante, quando o preco de
o mais mantido constante, a
um.. bem aumenta, a quantidade ofertada desse bem tambem aumenta e, quando o
quantidade ofertada de um
i._-)reco de um bem cai, a quaritidade ofertada desse bem tambem cail
bem aumenta quando seu
preco aumenta
72
PARTE 2 °FERIA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
FIGURA 5
A Escala de Oferta e a Curva de Oferta de Ben
A escala de oferta mostra a quantidode ofertoda a coda preco. Esto curvo de oferta, que representa graficamente a escala de oferto mostra como a
quantidade ofertada do bem muda quando seu preco varia. Coma urn prep molar aumenta a quantidade ofertada, a curva de oferta se inclina para cima.
Preco do Sorvete
de Casquinha
Quantidade Ofertada
de Sorvetes
de Casquinha
$ 0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
2
3
4
5
Preco do
Sorvete de
Casquinha
$3,00
2,50
1. Urn
aumento
no preco... 2,00
1,50
1,00
0,50
0 i 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Quantidade
de Sorvetes de Casquinha
2.... aumenta a quantidade ofertada
de sorvetes de casquinhas.
escala de oferta
uma tabela que mostra a
relacao entre o brew e a
quantidade ofertada de urn
bem
curva de oferta
urn grafico da relacao entre o
preco de urn bem e a
quantidade ofertada
A tabela da Figura 5 mostra a quantidade ofertacla por Ben, urn vendedor de
sorvete, a cada preco. A qualquer preco abaixo de $ 1,00, Ben nao oferece nenhuma quantidade de sorvete. A medicla que o preco aumenta, ele oferece uma quantidade cada vez major. Essa é a escala de oferta, uma tabela que mostra a relac5o
entre o preco e a quantidade ofertada de urn hem, mantendo-se constantes todas
as demais coisas que influenciam a quanticlade que os produtores do hem desejam vender.
0 gr, afico da Figura 5 usa os dados da tabela para ilustrar a lei da oferta. A curva
que relaciona o preco corn a quantidade ofertada é chamada de curva de oferta. A
curva de oferta se inclina para cima porque, corn tudo o mais mantido constante,
urn preco major significa uma quantidade ofertada major.
Oferta do Mercado versus Oferta Individual
Assim como a demanda de mercado é a soma das demandas de todos os compradores, a oferta de mercado é a soma das ofertas de todos os vendedores. A tabela
da Figura 6 mostra as escalas de oferta de dois produtores de sorvete, Ben e Jerry.
A escala de oferta de Ben nos diz a quantidade de sorvete ofertada por ele e a escala de oferta de Jerry nos diz a quantidade de sorvete que ele oferece, qualquer que
seja o preco. A oferta de mercado é a soma das duas ofertas indivic-luais.
CAPIITULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
FIGURA 6
Oferta do Mercado como a Soma das Ofertas Individuais
quantidade ofertada em um mercado é a soma das quantidades ofertadas por todos os vendedores o cada precoAssim, a curva de ofertc de mercado
determinado somondo-se horizontalmente as curvaS de oferta individuais. Ao preco de „5 2, Ben oferto 3 sorvetes de cosquinha e lerry, 4. A quantidade
ofertada de mercodo o esse preco é de 7 sorvetes.
0
0
1
2
3
4
5
$ 0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
Mercado
ierry
Ben
Preco do Sorvete de Casquinha
+
=
0
0
0
2
4
6
8
0
0
1
4
7
10
13
Oferta de Mercado
Oferta de Jerry
Oferta de Ben
Preg) do
Sorvete de
Casquinha
Preo do
Sorvete de
Casquinha
Preo do
Sorvete de
Casquinha
$3,00
$3,00
$3,00
2,50
2,50
2,50
2,00
2,00
2,00
1,50
1,50
1,50
1,00
1,00
1,00
0,50
0,50
1 1
1 1 1 1 1 1 1 1 1
01 2 3 4 5 6 7 8 9101112
Quantidade de Sorvetes
de Casquinha
--1 3713 p
ct:kknOE,
dj ecoilintrk
Jerry
111
Iii11111
°Mercado
0,50
1 1 1 1 1 1
1 1 1 1 1
01 2 3 4 5 6 7 8 9101112
01 2 3 4 5 6 7 8 9101112
Quantidade de Sorvetes
de Casquinha
Quantidade de Sorvetes
de Casquinha
tox5,9" (Lcu eiwk.-u(k)
a)
0 gthfico da Figura 6 mostra as curvas de oferta que correspondem às escalas
de oferta. Assim como fazemos com as curvas de den-ianda, somamos horizontalmente as curvas de oferta individuais para obter a curva de oferta de mercado. Ou
seja, para encontrar a quantidade ofertada total a cada precs'o, somamos as quantidades encontradas no eixo horizontal das curvas de oferta individuais. A curva de
oferta de n-iercado mostra como a quantidade ofertada total varia à medida que o
pre9o, do bem varia.
Deslocamentos da Curva de Oferta
A curva de oferta de sorvete mostra quanto os produtores oferecem para venda a
cada preo dado, mantidos constantes todos os demais fatores — menos o preo —
que afetam as decises dos produtores sobre quanto vender. Essa relação pode
mudar ao longo do tempo e essa mudaNa é representada por um deslocamento
cla curva de oferta. Por exemplo, vamos supor que o pre90 do EitIcar caia. Con-io o
Kiicar é um insumo na produo de sorvete, a queda no preo do giicar torna
73
74
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Deslocamentos da Curva de Oferta
Qualquer mudanca que aumente a quantidade que
as vendedores desejam produzir a coda preco
desloca a curva de oferta poro a direita. Qualquer
mudanca que reduza a quantidade que eles
desejam produzir a coda preco desloca a curvo de
oferta para a esquerda.
Preco do
Sorvete de
Casquinha
Curva de oferta, 03
Curva de
oferta,
Curva de
oferta, 0,
Reducao
da oferta
Aumento
da oferta
Quantidade de Sorvetes
de Casquinha
mais lucrativa a venda de sorvete. Isso aumenta a oferta de sorvete: a qualquer
preco dado, os vendedores agora estao dispostos a vender uma quantidade major.
Corn isso, a curva de oferta de sorvete se desloca para a direita.
A Figura 7 ilustra deslocamentos da oferta. Qualquer mudanca que aumente a
quantidade ofertada a cada preco, como uma queda do preco do acticar, desloca a
curva de oferta para a ciireita e é chamada de um ailment() dci oferta. Similarmente,
qualquer muclanca que reduza a quantidade ofertada a cada prey) desloca a curva
de oferta para a esquerda e é chamacla de tnna reduclio cla oterta.
Sao muitas as variaveis que podem deslocar a curva de oferta. Aqui estao algumas das mais importantes:
--pPreco dos insumos Para produzir sorvete, os vendedores usam diversos insumos: leite, acucar, aromatizantes, maquinas de fabricar sorvete, as fabricas onde o
sorvete é produzido e os trabalhadores para misturar os ingredientes e operar as
maiquinas. Quando aumenta o preco de urn ou mais desses insumos, a producao
de soniete se toma menos lucrativa e as empresas ofertam menos sorvete. Se o
preco dos insumos subir substancialmente, algumas empresas podem fechar e nao
ofertar nenhuma quantidade de sorvete. Assim, a oferta de urn bem esti negativamente relacionada corn o preco dos insumos usados na sua producao.
A tecnologia utilizada para transformar os insumos em sorvete é
tambem outro determinante da oferta. A invencao de maquinas de produzir solvete, por exemplo, reduziu a quantidade de trabalho necessaria para a producdo de
sorvete. Reduzindo os custos das empresas, os avancos na tecnologia aumentam a
!,r"
'
oferta de sorvetel
4TeCnOlOgla
EXpeCtatiVaS A quantidade de sorvete de massa que uma empresa oferta hoje
pode depender de suas expectativas quanto ao futuro. Se, por exemplo, uma
empresa tiver a expectativa de que o preco do sorvete aumente no futuro, ela estocan"' parte de sua producao atual e ofertard menos hoje.
CAPITULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
75
TABELA 2
Variáveis que Influenciam os Vendedores
Esta tabela lista as vanaveis que exercem influncia sobre a quantidade que os produtores decidem vender de um
determinado bem. Observe o papel especial do preco do bem: umo mudanca no preco represento movimento oo
longo da curva de oferta, ao passo que uma mudonca de qualquer outra varlavel desloca a cuiva de oferta.
Variavel
Uma Mudanca Desta
Preco
Precos dos insumos
Tecnologia
Expectativas
Nmero de Vendedores
Representa um movimento ao longo da curva de oferta
Desloca a curva de oferta
Desloca a curva de oferta
Desloca a curva de oferta
Desloca a curva de oferta
fNN/110-ttcl,
Wirnero de Vendedores
atores
A oferta do mercadoL.iepende de todos_os_f_
ienciara_os_v_endedores individuais, como o_precs-o dos insumos usados na
s-i.
ecnologia disponivel e as expectativas. i Alem disso, a oferta
frodu "ao do bem
um mercado depende do ntimero de vendedores. Se Ben e Jerry saissem do ramo
de sorvete, a oferta no mercacio diminuiria.
Resumo A curva de oferta mostra o que acontece com a quantidade ofertada de
um bem quando seu preo varia, mantidas constantes todas as demais variaveis
que influenciam os vendedores. Quando uma dessas variaveis muda, a curva de
oferta se desloca. A Tabela 2 lista todas as variaveis que determinam a quantidade
que os produtores decidem vender de um bem.
De um exemplo de uma tabela de oferta de pizza e trace a respectiva curva de oferta. •
De um exemplo de algo que deslocaria esta curva de oferta. • Uma mudanca do preco da pizza deslocaria
essa curva de oferta?
Teste R.Oido
OFERTA E DEMANDA REUNIDAS
Tendo analisado a oferta e a demanda em separado, vamos agora combina-las para
ver como determinam a quantidade de um bem vendido no mercado e o seu preo.
Equilibrio
A Fig,ura 8 mostra a curva de oferta de mercado e a curva de demanda de mercado
juntas. Observe que ha um ponto em que ocorre intersecc;"ao das curvas de oferta e
demanda, o qual e chamado de equilibrio do mercado. 0 preo nessa interseceao
e chamado de pre90 de equilibrio e a quantidade é chamada de quantidade de
equilibrio. Aqui, o prec;o de equilibrio é $ 2 por sorvete e a quantidade de
brio e de 7 sorvetes.
equilibria
ma situacao na qual o preco
tingiu o nivel em que a
Iquantidade ofertada e igual a
,
quantidacle demandada
',
) preco de equilibrio
f o preco que iguala a
l quantidade ofertada e a
quantidade demandada
quantidade de equilibrio
a quantidade ofertada e a
quantidade demandada ao
preco de equilibrio
76
PARTE 2
°FERIA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Preco do
Sorvete de
Casquinha
0 Equilibrio de Oferta e Demanda
0 equih'brio é encontraa'o no ponto em que
ocorre interseccoo do curvo de oleo e do curva
de demon& Ao preco de equilibria o quantidade
ofertado e igual a quantidade demondada Aqui,
o prep de equilibrio é $ 2: a esse preco, sao
ofertados 7 sorvetes de casquinha e sao
dernandados 7
$2,00
Oferta
Equilibrio
z Preco de Equilibrio
Quantidade
de Equilibrio
6
7
8
Demanda
9 10 11 12 13
Quantidade de Sorvetes de Casquinha
0 dicionario define a palavra equilibrio como uma situacao em que diversas forgas estao em igualdade — e isso tambem descreve o equilibrio de mercado. Ac) prep
de equilibria a quantidade do bem clue os compiadores desejam podem coivrar é exatamente igual a quantidade (pie os vendedores desejam e podem vender. 0 preco de
equilibrio é por vezes chamado de preco de ajustamento do mercado porque, a esse
de oferta
—
,excess()
urria_atuacoemuea
quantidade ofertada e maior
—do que a duantidade
demandada
excesso de demanda
uma situacao_i_que
r
a
demandada
major do que a quantidade
ofertada
preco, o mercado esti satisfeito: os compradores compraram tudo o clue desejavam
comprar e os vendedores venderam tudo o que desejavam vender.
As acoes de compradores e de vendedores conduzem naturalmente o mercado
em direcdo ao equilibrio entre oferta c demanda. Para saber por que, considere o
que acontece quando o preco de rnercado no é igual ao preco de equilibrio.
Suponhamos, primeiro, que o preco de mercado esteja acima do preco de equilibria como no painel (a) da Figura 9. Ao Few de $ 2,50 por sorvete, a quantidade ofertada (10 sorvetes) é superior a quantidade demandada (4). Ha urn excedente do bem: os fornecedores no conseguem vender tudo o que querem ao Few
vigente. Uma situacao como essa é denominada de excesso de oferta. Quando ha urn
excesso de oferta no mercado de sorvete, os vendedores descobrem que seus freezers ficam lotados corn o produto que gostariam, mas no conseguem vender. Eles
respondem a esse excess° reduzindo seus precos. Com a diminuicao nos precos a
quantidade demandada aumenta e a quantidade ofertada diminui. Os precos continuam a cair ate quo o mercado atinja seu equilibrio.
Suponhamos agora que o preco de mercado esteja abaixo do preco de equilibria como no painel (b) da Figura 9. Neste caso, o preco é de $ 1,50 por sorvete e
a quantidade demandada do bem excede a quantidade ofertada. Ha uma escassez
do bem: os compradores n5o conseg-uem comprar tudo o quo desejam ao preco
vigente. Uma situac5o como essa é denominada de excesso de demanda. Quando
ocorre uma escassez no mercado de sorvete, os compradores precisam esperar em
longas filas por uma oportunidade para comprar urn dos poucos sorvetes de casquinha que estao disponiveis.
CAPjTULO 4
AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
77
Mercados em Desequilibrio
No painel (a), temos um excesso de oferto. Como o preco de mercado de $ 2,50 estd acima do preco de equillbrio, a quantidade ofertada (10
sorvetes) excede a quantidade demandada (4). Os fomecedores tentam aumentar suas vendas reduzindo o preco do son/ete, e isso conduz o preco
ao seu rilvel de equilíbrio. No painel (b), temos um excesso de demando. Como o preco de mercado de 1,50 esth obaixo do equilibrio, a quantidade
demandada (10 sorvetes) supera o quantidade oferthdo (4). Com muitos compradores indo atrds de poucos bens, os fornecedores podem tiror
vantagem da escassez elevondo os precos. Assim, em ambos os cosos, o ajustamento dos precos conduz o mercado em direc do
ao equillbrio entre
oferta e demanda.
to
A
Excesso de Oferta
Preo do
Sorvete de
Casquinha
Excesso de oferta
•y
r,lk k.
fY (
0,4
crosxo,,510 Ctn
(talEL
tcesso de Demanda)
Oferta
Pre93 do
Sorvete de
Casquinha
Oferta
$2,50
2,00
$2,00
1,50
Excesso de
demanda
Demanda
0
4
Quantidade
demandada
7
10
Quantidade
ofertada
Quantidade
de Sorvetes
de Casquinha
0
4
Quantidade
ofertada
Havendo muitos compradores atrs de poucos bens, os vendedores podem reagir à escassez aumentando seus preos sem, com isso, perder vendas. À medida
que o preo aumenta, a quantidade demandada diminui, a quantidade ofertada
aumenta e o mercado, mais uma vez, move-se em direco ao equilfbrio.
Assim, as atividades dos diversos compradores e vendedores conduzem automaticamente o mercado em dire o ao prec;o de equilfbrio. Uma vez que o mercado atinja seu equilfbrio, todos os compradores e vendedores ficam satisfeitos e
há pressk) nem para cima nem para baixo sobre o j_-)reo.A rapidez com que o equilfbrio é atingido varia de mercado para mercado, dependendo da velocidade de
ajustamento dos pre9 p s. Na maioria dos mercados livres, o excesso e a escassez
apenas temporSrios porque os preos acabam por se mover C M dire o aos niveis
de equilfbrio. De fato, esse fenOmeno é tão universal queé chamado de lei da
oferta e da demanda: o preo de qualquer bem se ajusta j_-)ara trazer a quantidade ofertada e a quantidade demandada do bem para o equilibrio.
Demanda
10
Quantidade
demandada
Quantidade
de Sorvetes
de Casquinha
lei da oferta e da demanda
a afirmack de que o preco
de qualquer bem se ajusta
para trazer a quantidade
Tr's Passos para Analisar Mudancas do EquiRbrio
ofertada e a quantidade
demandada desse bem para
Até aqui, vimos como a oferta e a demanda, juntas, determinam o equilfbrio de
mercado, o que, por sua vez, determina o preo e a quantidade do be.m que os compradores compram e os vendedores vendem. É claro que o preo e a quantidade de
equilibrio dependem da posi o das curvas de oferta e de demanda. Quando algum
evento desloca uma dessas curvas, o equilfbrio do mercado muda. A análise de tal
o equilibrio
78
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Fade Acreclitar, Harolcio: 1\l'ao é
Oferta ou Demancla,..
é Oferta e Demanaa
mudanca é chamada de estatica comparativa porque envolve a comparacao de duas
situacoes estaveis — um equilibrio inicial e um novo equilibrio.
Ao analisarmos como alg,um fato afeta urn mercado, fazemos isso em tres etapas. Em primeiro lugar, verificamos se o fato desloca a curva de oferta, a curva de
demanda ou, em alg-uns casos, ambas as curvas. Em segundo lugar, verificamos se
a curva se desloca para a direita ou para a esquerda. Em terceiro lugar, usamos o
diagrama de oferta e demanda para comparar o equilibrio inicial corn o novo equilibria para ver como 0 deslocamento afeta o preco e a quantidade de eq-uilibrio. A
Tabela 3 resume essas tres etapas. Para vermos como usar essa receita, vamos consicierar os diversos eventos que poderiam afetar o mercado de sorvete.
Exernplo: uma Mudanca da Demanda Suponhamos que o tempo fique
muito quente num determinado verao. Como isso afeta o mercado de sorvete? Para
responder a essa pergunta, vamos seguir as tres etapas.
1. 0 tempo quente afeta a curva de demanda mudando o desejo das pessoas por
sorvete. Ou seja, o tempo muda a quantidade de sorvete que as pessoas desejam
comprar a qualquer Few dada A curva de oferta fica inalterada porque o tempo
nao afeta diretamente as empresas que vendem sorvete.
• :IC
Um Programa em Tres Etapas para Analisar Mudancas do Equilibrio
1.Analisar se o acontecimento desloca a curva de oferta ou a curva de demanda (ou ambas).
2.Analisar em qual direcao a curva se desloca.
3.Usar o diagrama de oferta e demanda para ver como o deslocamento altera o preco e a quantidade
de equilibria.
CAPiTULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
79
FIGURA 10
Preo do
Sorvete de
Casquinha
1. 0 tempo quente aumenta
a demanda por sorvete...
Oferta
$2,50
Novo equilibrio
2....resultando
em maior
Equilibrio
inicial
0
7 -n 1 0
3....e maior
quantidade vendida.
Como um Aumento da Demanda
Afeta o Equilibrio
Um evento que aumente a quantidade
demandada a qualquer preco dado
desioca a curva de demanda para o
direita. Tanto o preco de equilíbrio quonto
a quantidade de equilibrio aumentam.
Aqui, um vero excepcionalmente quente
leva os compradores a demandar mais
sorvete. A curva de demanda desloca-se
de D i para 02 , fazendo o preco de
equilibrio aumentar de $ 2,00 para
$ 2,50 e a quantidade de equilibrio
aumentar de 7 para 10 sorvetes de
casquinha.
Quantidade de Sorvetes
de Casquinha
2. Como o tempo quente faz com que as • pessoas queiram tomar mais sorvete, a
curva de demanda desloca-se para a direita. A Figura 10 mostra esse aumento da
demanda como um deslocan-lento da curva de demanda de D .1 para 13 7 . Esse deslocamento indica que a quantidade demandada de sorvete e maior qualquer que
seja o preo.
3. Como a Fig-ura 10 mostra, o aumento da demanda eleva o preo de equilibrio
de $ 2,00 para $ 2,50 e a quantidade de equilibrio de 7 para 10 sorvetes. Em
outras palavras, o tempo quente aumenta o preQ0 e a quantidade vendida de
sorvete.
Desiocamento das Cunfas versus Movimentos ao Longo Delas Observe
que, quando as altas temperaturas fazem o preQ p do sorvete aumentar, a quantidade
de sorvete que as empresas ofertam aumenta, n-ruito embora a curva de oferta permanea a mesma. Neste caso, os economistas dizem que há um aumento da"quantidade ofertada", mas n'ao da "oferta".
"Oferta"refere-se
posi o da curva de oferta,_ ao passo que "quantidade
- ofer_
tada" tem a ver _
a quantidade que os fo-fr-iec~-e s- d-esejarrr-v—e-nder. Neste
exemplo, a oferta nao muda porque o tempd nao afeta o desejo que as empresas
t'em de vender a um dado preo. Em vez disso, o calor altera o desejo que os consumidores te'rn de comprar, qualquer que seja o pre93 dado, e, assim, desloca a
curva de demanda. 0 aumento da demanda faz com que o preo de equilibrio
aumente. Quando o preo aumenta, a quantidade ofertada aumenta. Esse aumento na quantidade ofertada e representado pelo movimento ao longo da curva de
oferta.
80
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Resumindo, urn deslocamento da curva de oferta é chamado de "mudanca da
oferta" e urn deslocamento da curva de demanda é chamado de "mudanca
da demanda". Urn movimento 170 long() de uma curva de oferta fixa é chamado de
"mudanca na quantidade ofertada" e urn movimento ao ion go de uma curva
de demanda fixa é chamado de "mudanca na quantidade demandada".
Exemplo: Uma Mudanca da Oferta Suponhamos que, num outro verao,
urn furacao destrua parte da safra de cana-de-acticar e que isso aumente o prey)
do aciicar. Como esse acontecimento afeta o mercado de sorvete? Novamente,
seguimos as fres etapas para responder a essa perg,unta.
1.A mudanca do preco do acucar, urn insumo na producao de sorvete, afeta a curva
de oferta. Urn aumento nos custos de producao reduz a quantidade de sorvete
que as empresas produzem e vendem a qualquer preco dado. A curva de demanda nao muda porque o major custo dos insumos nao afeta diretamente a quantidade de sorvete quo as familias desejam comprar.
2. A curva de oferta desloca-se para a esquercla porque, a qualquer preco, a quantidade total que as empresas desejam e podem vender é menor. A Figura 11 ilustra essa reducao da oferta como sendo urn deslocamento da curva de oferta de
01 para 02.
3. Como mostra a Figura 11, o deslocamento da curva de oferta aumenta o preco
de equilibrio de $ 2,00 para $ 2,50 e reduz a quantidade de &pill-brio de 7 para 4
sorvetes de casquinha. Como resultado do aumento no 'Dreg° do acucar, o preco
do sorvete aumenta e a quantidade de sorvete venclida cai.
Como uma Reducao da Oferta
Preco do
Sorvete de
Casquinha
Afeta o Equilibrio
Um acontecimento que reduza a
quantidade ofertodo o qualquer prep
dodo desloca o curva de oferta pora a
esquerda. 0 prep de equilibrio
oumenta e a quantidade de equilibrio
cal. Aqui,. urn aumento no prep do
acucar (urn insumo) faz corn que as
vendedores ofertem menos sorvete. A
curva de oferta desloca-se de 01 para
02, o que faz corn que o preco de
equilibrio do sorvete aumente de $ 2,00
para $ 2,50 e a quantidade de equilfbrio
diminua de 7 para 4 sorvetes de
casquinha.
Novo
equilibrio
$ 2,50
Equilibrio inicial
2,00
2....resultando
em major preco
do sorvete...
Demanda
0
4
Quantidade de Sorvetes
de Casquinha
3.... e uma diminuicao
na quantidade vendida.
cApirum
4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
NOTIIC1AS
A MAE NATUREZA DESLOCA A CURVA DE OFERTA
Segundo nosso andlise, um desastre natural que
Quatro Dias de Frio
Assolam a Calif6rnia:
Safras Devastadas; Preco
das Frutas Citricas Deve
Subir
Por Todd S. Purdum
Quatro dias de temperaturas abaixo de
zero destruiram mais de um terco da
safra anual de frutas citricas da CalifOrnia,
causando um prejuizo de mais de meio
bilhão de d6lares e indicando que o
preco da laranja nos supermercados
deve triplicar até a semana que vem.
Desde segunda-feira, o ar frio e seco
do Golfo do Alasca fez despencar a temperatura em todo o Estado, ficando entre
—8°C e —12°C na regik agricola do
Central Valley — a pior frente fria desde a
redi uz a oferta reduz a quantidade vendida e aumenta o preco. Eis um exemplo recente.
nevasca de dez dias de 1990. Os agricultores mantiveram ligadas suas mkuinas
de vento e irrigack por toda a noite para
manter as , rvores aquecidas, mas representantes do governo declararam que a
perda foi quase total no vale e pode ter
0
chegado a 50 /0 no restante do Estado.
A Calif&nia responde por cerca de
' 80% das laranjas e 90% dos limões con, sumidos in natura em todo o pais e os
atacadistas afirmaram que os precos da
i laranja no varejo podem triplicar nos
prOximos dias. 0 preco do limão tam, b&ri deverá aumentar, mas o do suco de
laranja deve ser menos afetado porque a
maior parte das laranjas para produ0o
de suco são cultivadas na FlOrida. Em
mercados da Calif6rnia, os ataalguns
,
cadistas relataram que o preco da laranja-bahla subiu de 35 centavos de libra na
terca-feira para 90 centavos de libra na
qua rta-feira.
Fonte: The New York Times, 25 dez. 1998, P. Al.
Copyright ©1998 by The New York Times. Co.
Reimpresso com permissk.
Exempio: Mudanca Tanto da Oferta Quanto da Demanda Suponhamos
Para analisarmos
agora que a onda de calor e o furac a- - o acontec;am no mesmo ver a'o.
essa combina o de eventos, seguiremos novamente as trs etapas.
1.Verificamos que as duas curvas se deslocan-i. 0 calor afeta a curva de demanda
porque altera a quantidade de sorvete que as familias desejam comprar, a qualquer preo dado. Ao mesmo ten-ipo, ao aumentar o prec;o do gticar, o furaco
clesloca a curva de oferta porque muda a quantidade de sorvete que as empresas
desejam vender, a qualquer preo dado.
2. As curvas deslocam-se na mesma dire o em que se deslocaram nas amilises
anteriores: a curva de demanda desloca-se para a direita e a curva de oferta, para
a esquerda. Esses deslocamentos são ilustrados pela Figura 12.
I
81
82
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
.
FIGURA
Deslocamento Tanto da Oferta Quanto da Demanda
Observamos aqui, simultaneamente, urn aumento do demanda e uma reducao do oferta. HO do's resultados possiveis. No painel (a), o prep de equiIfbrio aumenta de P1 para P2 e a quantidade de equillbrio aumenta de Q7 para Q2. No painel (b), o preco de equilibrio novamente aumenta de 131 porn
P2, mas a quantidade de equilibrio cal de Q7 para Q2.
(a) 0 Preco Aumenta, a Quantidade Aumenta
Preco do
Sorvete de Grande
Casquinha aumento da
(b)0 Preco Aumenta, A Quantidade Diminui
Preco do
Sorvete de
Casquinha
demanda
Novo
equilibria
Pequeno
aumento da
demanda
P2
Pi
D
2
Pequena
reducao
da oferta
Equilibria inicial
Grande
reducao
da oferta
P1
Equilibria
inicial
:D
0
Q1
Q2
Quantidade de
Sorvetes de
Casquinha
014- 02
Quantidade de
Sorvetes de
Casquinha
3. Como mostra a Figura 12, sac) dois os resultados possiveis, dependendo da
extens5o relativa dos deslocamentos da demanda e da oferta. Em ambos os
casos, o preco de equilibrio aumenta. No painel (a), em que a demanda aumenta substancialmente enquanto a oferta tern uma reducao bastante pequena, a
quantidade de equilibrio tambem aumenta. Por outro lado, no painel (b), em que
a oferta se reduz substancialmente e a demanda aumenta pouco, a quantidade
de equillbrio diminui. Portant°, esses acontecimentos vao certamente elevar o
preco do sorvete, mas seu impact° sobre a quantidade vendida de sorvete
ambiguo (ou seja, pode tanto aumentar quanto diminuir).
Rest] m 0 Acabamos de ver tres exemplos de como usar as curvas de oferta e de
demanda para analisar uma mudanca no equilibrio. Sempre que urn acontecimento desloca a curva de oferta, a curva de demanda ou as duas curvas, podemos usar
essas ferramentas para prever como o acontecimento alterara a quantidade venc-iida no equilibrio e o preco pelo qual o bem sera vendido. A Tabela 4 mostra o resultado previsto para qualquer combinacao de deslocamentos das duas curvas. Para se
certificar de que entendeu como usar as ferramentas de oferta e demanda, escolha
algumas das possibilidades da tabela e veja se consegue explicar por que a tabela
faz essas previsoes.
CAP(TULO 4
AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
0 Que Acontece com o Preo e a Quantidade Quando a Oferta ou a Demanda se Deslocam?
Para fozer um teste rdpido, veja se é capaz de explicar cada uma das possibilidades apresentadas aqui com diagramas de
Nenhuma Pvludanca da Demanda
Um Aumento da Demanda
Uma Dirnnuic'ao da Demanda
oferta e demanda.
Nenhuma Mudan a da Oferta
Um Aumento da Oferta
Uma Diminuicao da Oferta
P é o mesmo
P diminui -
Q é o mesmo
Q aumenta
P aumenta
Q diminui
P aumenta
P é ambfguo
Q aumenta
Q aumenta -
Qé ambiguo
P diminui
P diminui
P é ambiguo
Q diminui
Q
,,,,
•
Teste R4ido
Analise o que acontece com o mercado de pizza quando o preco do tomate aumenta. •
Analise o que acontece com o mercado de pizza se o preco do hambrguer cai.
.
CONCLUS AO:
COMO OS PRECOS ALOCAM RECURSOS
Este capitulo analisou a oferta e a demanda num Unico mercado. En-tbora tenhamos nos concentrado no mercado de sorvete, as lições que vimos aqui se aplicam
tambem à maioria dos demais mercados. Sempre que voce vai a uma loja comprar
algo, está contribuindo para a demanda desse item. Sempre que procura por um
emprego, está contribuindo para a oferta de servios de m'a- o-de-obra. Como a
oferta e a demanda são fenOmenos econOmicos fa- o universais, o modelo de oferta
e demanda é uma poderosa ferramenta de análise. Usaremos esse modelo seg,uidas vezes nos prc5ximos capitulos.
P aumenta
diminui
84 I PARTE 2
OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Urn dos Dez Principios de Economia que discutimos no Capitulo 1 é o de que os
mercados sac), em geral, uma boa maneira de organizar a atividade econamica.
Embora ainda seja muito cedo para julgar se os resultados dos mercado silo bons
ou ruins, neste capitulo comecamos a ver corno os mercados funcionam. Em qualquer sistema economic°, os recursos escassos tem de ser alocados entre usos que
competem entre Si. As economias de mercado usam as for-gas de oferta e demanda
para servir a esse fim. A oferta e a demanda, juntas, determinam os precos dos diferentes bens c servicos da economia; os precos, por sua vez, sao os sinais que orientam a a1ocac5o de recursos.
Vamos considerar, por exemplo, a alocacao de terrenos de frente para o mar.
Como a quantidade de terrenos desse tipo é limitada, nem todos podem usufruir
do luxo de viver proximo ii praia. Quem obtem esse recurso? A resposta 6: quern
quiser e puder pagar seu preco. 0 preco dos terrenos de frente para o mar se ajusta ate que a quantidade demandada de terrenos seja exatamente igual a quantidade ofertada. Assim, nas economias de mercado, os precos sac) os mecanismos de
racionamento dos recursos escassos.
Da mesma forma, os precos determinam quem produz cada hem e o quanto sera
produzido. Vamos considerar a agTicultura, por exemplo. 0 que determina quern é
ou rid° agr, icultor? Numa sociedade livre, n5o ha urn org5o de planejamento do
govern° tomando essa decis5o e garantindo urn suprimento adequado de alimentos. Em vez disso, a alocac5o dos trabalhadores as fazendas se baseia nas decisoes
a resi.->eito de emprego de mill-16es de trabalhadores. Esse sistema descentralizado
funciona hem porque essas decisoes dependem dos precos. Os precos dos alimentos e os salarios dos trabalhadores rurais (o preco de seu trabalho) ajustam-se para
garantir que urn numero suficiente de pessoas decida trabalhar na agicultura.
Se alg-uem nunca viu uma economia de mercado em acao, essa ideia pode parecer absurda. As economias sac) grandes grupos de pessoas engajadas em muitas
atividades interdependentes. 0 que impede que a tomada descentralizada de decisOes se degenere e vire urn caos? 0 que coordena as acoes de mill-16es de pessoas,
cac-ia uma corn suas pi-alphas habilidades e seus prOprios desejos? 0 que garante
que aquilo que precisa ser feito realmente seja feito? A resposta, em uma palavra,
é precos. Se as economias de mercado s5o conduzidas por uma m5o invisivel, como
sugeriu Adam Smith, ent5o o sistema de precos 6 a batuta que a rnao invisivel usa
para reger a orquestra economica.
RESUMO
• Os economistas usam o modelo de oferta e demanda para analisar mercados competitivos. Num mercado competitivo, ha muitos compradores e vendedores, cada urn dos quais corn pouca ou nenhuma
influencia sobre o preco de mercado.
• A curva de demanda mostra como a quantidade
demandada de urn hem depende do preco. De acordo corn a lei da demanda, conforme o preco de urn
bem cai, a quantidade demandada aumenta. Assim,
a curva de demanda se inclina para baixo.
• Alem do preco, outros determinantes da quantidade
que os consumidores desejam comprar sac) a renda,
o preco dos hens substitutos e complementares, os
gostos, as expectativas e o numero de compradores.
Se qualquer urn desses fatores muda, a curva de
demanda se desloca.
• A curva de oferta mostra como a quantidade ofertada de urn hem depende do preco. De acordo corn a
lei da oferta, conforme o preco de urn bem aumenta,
a quantidade ofertada tambem aumenta. Portant°, a
curva de oferta se Melina para cima.
CAMTULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
85
• Alem do preco, outros determinantes da quantidade
que os produtores desejarao vender sao o preco dos
insumos, a tecnologia, as expectativas e o nUmero de
vendedores. Se qualquer um desses fatores muda, a
curva de oferta se desloca.
• A interseccao entre as curvas de oferta e demanda
determina o equilibrio do mercado. Ao preco de
equilibrio, a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada.
• Para analisar como qualquer acontecimento afeta um
mercado, usamos o diag,rama de oferta e demanda
para examinar como o acontecimento afeta o preco e
a quantidade de equilibrio e fazemos isso em tres etapas. Primeiro, determinamos se o acontecimento desloca a curva de oferta ou a curva de demanda (ou
ambas). Depois, verificamos em que direcao a curva
se desloca. E, finalmente, comparamos o novo equilibrio com o equilibrio inicial.
• 0 comportamento de compradores e vendedores
naturalmente conduz os mercados em direcao ao
Quando o preco de mercado estl acima
do preco de equilibrio, há um excedente do bem,
que causa uma diminuicao no preco de mercado.
Quando o preco de mercado está abaixo do equilibrio, há uma escassez, que causa urn aumento no
preco de mercado.
• Nas economias de mercado os precos sao os sinais
que orientam as decises econOmicas e, assim, alocam os recursos escassos. Para cada bem existente
na economia, o preco assegura que oferta e demanda se equilibrem. 0 preco de equilibrio entao determina a quantidade do bem que os compradores
decidirao comprar e a quantidade do bem que os
vendedores decidirao produzir.
QUEST 15ES
PARA REVISA0
1. 0 que é um mercado competitivo? Descreva brevemente os tipos de mercado que nao sao perfeitamente competitivos.
2. 0 que determina a quantidade de um bem demandada pelos compradores?
3. 0 que sao a escala de demanda e a curva de
demanda? Como estao relacionadas? Por que a
curva de demanda se inclina para baixo?
4. Uma mudanca dos gostos dos consumidores leva a
um movimento ao longo da curva de demanda ou
a um deslocamento desta? Uma mudanca no
preco leva a um movimento ao longo da curva de
demanda ou a um deslocamento desta?
5. A renda do Popeye diminui e, como resultado, ele
compra mais espinafre. 0 espinafre e um bem
inferior ou normal? 0 que acontece com a curva
de demanda de Popeye por espinafre?
6. 0 que determina a quantidade de um bem ofertada pelos vendedores?
7. 0 que sao a escala de oferta e a curva de oferta?
Como se relacionam? Por que a curva de oferta tem
inclinacao para cima?
8. Uma mudanca da tecnologia de producao leva a
um movimento ao longo da curva de oferta ou a
um deslocamento desta? Uma mudanca de preco
86
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
leva a urn movimento ao longo da curva de oferta
ou a um deslocamento desta?
9. Defina o equillbrio de urn mercado. Descreva as
forcas que conduzem o mercado em direcao ao
equilibrio.
10. Cerveja e pizza sao bens cornplementares porque
freqtientemente sao consumidos juntos. Quando
o preco da cerveja aumenta, o que acontece corn a
oferta, a demanda, a quantidade ofertada, a quantidade demandada e o preco de mercado da pizza?
11. Descreva o papel representado pelos precos nas
economias de mercado.
PROBLEMAS E APLICACOES
1. Explique cada uma das declarac5es abaixo, usando
diagr, amas de oferta e demanda.
a. Quando uma frente fria atinge a Florida, o preco
do suco de laranja aumenta nos supermercados
de todo o territorio norte-americano.
b. A cada verao, quando comeca a esquentar na
Nova Inglaterra, o preco das diarias dos hoteis
no Caribe despenca.
c. Quando irrompe uma guerra no Oriente Medi°,
o preco da gasolina aumenta .e o preco do
Cadillac usado diminui.
?. "Urn aumento da demanda por notebooks aumenta a quantidade demandada de notebooks,
mas nab a quantidade ofertada." Esta afirmacao é
verdadeira ou falsa? Expliq-ue.
3. Considere o mercado de minivans. Para cada urn
dos eventos indicados, identifique que determinantes da demanda ou da oferta sao afetados.
Indique tambern se a oferta ou a demanda aumentam ou diminuem. Por fim, demonstre o efeito
sobre o preco e a quantidade de minivans.
a. As pessoas decidem ter mais filhos.
b. Uma greve de metaltirgicos aumenta o preco do
aco.
c. Os engenheiros desenvolvem novas maquinas
automatizadas para a producao de minivans.
d. 0 preco dos utiliterios esporte aumenta.
e. Un-ia queda no mercado de acaes reduz o poder
aquisitivo das pessoas.
4. Durante a decada de 1990, avancos tecnolOg,icos
reduziram o custo dos chips para computadores.
Em sua opiniao, como isso afetou o mercado de
computadores? E o de software? E o de maquinas
de escrever?
5. Usando diag-ramas de oferta e demanda, demonstre o efeito dos seg,uintes acontecimentos sobre o
IDreco de mercado das blusas de moletom.
a. Urn furacao na Carolina do Sul prejudica a safra
de algodao.
b. 0 preco dos casacos de couro cai.
c.Todas as escolas passam a exigir uniformes adequados para a aula de educacao fisica.
d. Sao inventadas novas maquinas de tecelagem.
6. Suponha que em 2005 o numero de nascimentos
fique temporariamente elevado. Como esta alta no
ntimero de nascimentos afeta o Few dos servicos
de babas em 2010 e em 2020? (Dica: criancas de 5
anos precisam de babes, enquanto adolescentes de
15 podem ser babes.)
CAPiTULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA
7. Althn de ser um condimento, o catchup é um complemento dos cachorros-quentes. Se o prey) do
cachorro-quente subir, o que aconteceth com o
mercado de catchup? E com o mercado de tomate? E com o mercado de suco de tornate? E com o
mercado de suco de laranja?
l
87
duziria o mercado em dire o ao equilfbrio? E, se
o prev) de mercado estivesse abaixo do pre90 de
o que conduziria o mercado em direc-k)
ao equilfbrio?
10. Con-lo p`a"o e requeija- o s a- - o freqiientemente consumidos juntos, são bens complementares.
a. Observamos que o preo de equilibrio do requeij Eio
e a quantidade de equilibrio do p as - o aumentaram. 0 que poderia ser responsvel por
esse padra"o — uma queda do preo da farinha ou
uma queda do pre90 do leite? Ilustre e explique
sua resposta.
b. Suponhamos que, em vez disso, o pre90 de
equilibrio do requeij a- - o tenha aumentado, mas a
quantidade de equilibrio do pa- o tenha caido. 0
que poderia ser responsvel por isso — um
aumento no pre9c) da farinha ou no pre9c) do
leite? Ilustre e explique sua resposta.
8. 0 estudo de caso apresentado neste capitulo discute os impostos sobre o cigarro como forma de
combate ao tabag,ismo.Agora pense nos mercados
dos demais produtos de tabaco, como charutos e
tabaco para mascar.
a. Esses bens s'a"o substitutos ou complementares
do cigarro?
b. Usando um diagr, ama de oferta e demanda, demonstre o que acontecerá con-i os mercados de
charutos e tabaco para mascar se o imposto
sobre o cigarro aumentar.
c. Se os formuladores de politicas quiserem reduzir o consumo total de tabaco, que politicas 11. Suponhamos que o preo dos ingressos para os
poderiam combinar com o imposto sobre o
jogos de futebol em sua escola sejam deterrninacigarro?
clos pelas foNas de mercado. No momento as
escalas de oferta e demanda de ingressos sa- o as
9. 0 mercado de pizza tem as seguintes escalas de
seguintes:
oferta e demanda:
Preo
Quantidade Demandada
Quantidade Ofertada
$4
135
104
81
68
53
39
26
53
81
98
110
121
5
6
7
8
9
Represente g,raficamente as curvas de oferta e de
demanda. Quais sa.o o prec» e a quantidade de
equilibrio nesse mercado? Se o pre90 de mercado
estivesse acima do preo de equilibrio, o que con-
Preco
$4
8
12
16
20
Quanticlade Demandada
Quantidade Ofertada
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
8.000
8.000
8.000
8.000
8.000
a. Represente graficamente as curvas de oferta e
de demanda. 0 que há de incomum nessa curva
de oferta? E 1.-)or que isso pode ser verdade?
b. Quais sa- o o preo de equilibrio e a quantidade
de equilibrio dos ingressos?
88
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
c. Sua faculdade pretende aumentar o mimero
de vagas em 5 mil alunos no proximo ano. A
escala de demanda dosses estudantes adicionais sera:
Prec.o
$4
8
12
16
20
Quantidade Demandada
4.000
3.000
2.000
1.000
Some a escala de demancla original corn a dos
novos alunos para chegar a nova escala de demanda da faculdade. Quais sera° o novo preco e a
nova quantidade de equillbrio?
12. Urn artigo do The New York Times descreveu uma
bem-sucedida campanha de marketing da
tria de champanhe frances. 0 artigo obseivou que
"muitos executivos estao surpresos corn os precos
estratosfericos do champanhe. Mas, ao mesmo
tempo, tern medo de que os fortes aumentos do
preco reduzam a demanda, o que provocaria uma
diminuicao repentina nos precos". Que erro os
executivos est5o cometendo em sua an6lise dessa
situacao? Ilustre sua resposta corn urn grafico.
13. Pesquisas de mercado revelaram as seg,uintes
informagoes sobre o mercado de barras de chocolate: a escala de demanda pode ser representada
pela equacao Q'' = 1.600 — 300P, onde Q`) é a
quantidade demandada e P. o preco. A escala
de oferta pode ser representada pela equacdo
Q" = 1.400 + 700P, onde Q" é a quantidade ofertada. Calcule o 'Dreg° de equilibrio e a quantidade
de equilibrio no mercado de barras de chocolate.
14. 0 que queremos dizer quando nos referimos a urn
mercado perfeitamente competitivo? Voce acha
que o exernplo do mercado de sorvetes utilizado
neste capitulo se encaixa nessa descricao? Ha
outro tipo de mercado que caracterize melhor o
mercado de sorvetes?
ELASTIC1DADE E SUA APLICAC:Ik0
mag,ine que voce seja um fazendeiro do Estado do Kansas que produz trigo. Como-1
toda a sua renda vem da venda do trigo, voce se empenha muito para tomar a sua
terra o mais produtiva possivel. Acompanha as condi es do clima e do solo, verifica seus campos para ver se ha sinais de pragas e doenyis e estuda os tiltimos
avallos da tecnolog,ia agricola.Voce sabe que quanto mais cultivar, mais tera para
vender apOs a colheita e mais elevados ser ao
sua renda e seu padr"ao de vida.
Um dia, a Universidade Estadual do Kansas anuncia uma g,rande descoberta.
Pesquisadores do departamento de agronomia desenvolveram um novo tipo de
trigo hibrido que aumenta em 20% a produ o por hectare cultivado. Como reagir a essa noticia? Sera que voce deve usar o novo trigo hibrido? Essa descoberta
deixa voce em melhores ou piores condi es do que antes? Neste capitulo, veremos que essas quest c5es
podem ter respostas surpreendentes. A surpresa vira da
aplicacfao da mais basica das ferramentas econOmicas - a oferta e a demanda - ao
mercado de trigo.
0 capitulo anterior introduziu a oferta e a demanda. Em qualquer mercado competitivo, como é o mercado de trigo, a curva de oferta, com incling`a- o ascendente,
representa o comportamento dos vendedores e a curva de demanda, com
ção descendente, o comportamento dos compradores. 0 preo do bem se ajusta
para conduzir a quantidade ofertada e a quantidade demandada do bem ao
brio. Para aplicarmos essa analise basica e entendermos o impacto da descoberta
dos ag,r6nomos, precisamos, antes, desenvolver mais uma ferramenta: o conceito de
90
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
elasticidaddA elasticidade, uma medida da resposta dos compradores e vendedores
as mudancas das condicoes do mercado, nos permite analisar a oferta e a deman-
da corn major precisaoj Ao estudarmos como urn acontecimento ou politica pUblica qualquer afeta urn mercado, podemos discutir nao apenas a direcao dos efeitos,
mas tambem sua magnitude.
ELASTICIDADE DA DEMANDA
elasticidade
uma medida da resposta da
quantidade demandada o—
u da
quantidade ofertada a variacOes em seus determinantes
elasticidade-preco da
demanda
uma medida do quanto a
quantidade demandada de
um bem reage a uma
mudanca no_preco do bem
em questa° calculada como
a variacao percentual da
quantidade demandada dividida pela variacao percentual
do preco
Quando introduzimos a demanda, no Capitulo 4, observamos que os consumidores /-)creralmente compram mais de urn bem quar
icloopreco desteesta mais baixo,
quando a renda deles é major, quando os precos dos bens substitutos do hem estdo
elevados ou quando os precos dos bens complementares esta-o baixos. Nossa cliscussdo sobre a demanda foi qualitativa, na-o quantitativa. Ou seja, discutimos a
direçao
1e a quantidade demandada se move, mas nao a dimensao do movimento..
medirernouantooscorisumidores reagie_m a mudancas dessas variaveis os economistas usam o _conceit° de elasticidade.
A Elasticidade-Preco da Demanda e Seus Determinantes
A lei da demanda afirma que uma queda no preco de urn bem aumenta a quantidade demandada dee. A elasticidade-preco da demanda mede o quanto a
quantidade demandada -adaiçanopreco. A demanda por UM bem
é chamada de eldstica se aquantidade demandada res or' desubstancialmente a
mudancas no preco. Diz-se que a demanda por um hem é inelastica se aquantidade demandada responde pouco ail:_l
udaiacas_no_prec_Q.
A elasticidac
la_ de aualauer bem rnec
leo_ql_
ranto os
dores estao dispostos a deixar de ad umr do bem a medida que
presoatimenta.
Assim,
a
elasticidade
reflete
as
muitas
torcas
econamicas,
sociais
e
psicolOg,icas
—
que moldam as preferencias dos consumidores. Corn base na experiencia, entretanto, podemos apresentar alg,umas reg,ras gerais sobre o que determina a elasticidade-preco da demanda.
Disponibilidade de Substitutos Proximos
Bens corn substitutos proximos
tendem a ter demanda mais elastica porque é mais facil para os consumidores
troca-los por outros. Por exemplo, manteiga e margarina sao facilmente substituiveis uma pela outra. Urn pequeno aumento no preco da manteiga, s-upondo que o
preco da margarina se mantenha constante, fare corn que a quantidade vendida de
manteiga tenha uma grande diminuicao. Por outro lado, como os ovos nao tern
substitutos prOximos, a demanda por ovos é menos elastica do que a demanda por
manteiga.
,3 •
c‘, i-cc -0.– •
Bens Necessarios versus Bens uperfluos Os hens necessarios tendem a
ter demanda inelastica, enquanto a demancia por hens de 1-uxo (ou superfluos)
tende a ser elastica. Quando o preco de uma consulta medica aumenta, as pessoas
nao alteram drasticamente o mimero de vezes que vao ao medico, embora possam
ir corn menos frequencia. Por o-utro lado, quando o preco dos veleiros aumenta, a
quantidade demandada de veleiros cai substancialmente. Isso porque as pessoas
tendem a encarar as consultas medicas como uma necessidade e os veleiros como
urn luxo. E claro que urn bem ser necessario ou superfluo depende nao so de s-uas
CAPiTULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICA-A0
propriedades intrinsecas, mas tambem das prefer'encias do comprador. Para um
velej dor ávido que ri - o esteja muito preocupado com a pn5pria saUde, os veleiros
podem ser uma necessidade com demanda inel stica e as consultas medicas, algo
superfluo com demanda ehistica.
Definiçäo do Mercado A elasticidade da demanda em qualquer mercado depende de como traeamos os limites deste. Mercados definidos de forma restrita
tendem a ter demanda mais elE'Istica do que mercados definidos de forn-la ampla,
uma vez que é mais fácil encontrar substitutos para bens definidos de maneira restrita. Por exemplo, os alimentos, uma categoria ampla, fern demanda bastante
porque não há bons substitutos para eles. 0 sorvete, uma categoria restrita,
tem demanda mais elástica, porque é fácil substituf-lo por outras sobremesas.
Sorvete de baunilha, uma categoria muito mais restrita, tem demanda muito
porque os outros sabores de sorvete s^a"o substitutos quase perfeitos para ele.
Horizonte de Tempo Os bens tendem a apresentar demanda mais el stica em
horizontes de tem1,-)o niais longos. Quando o preeo da gasolina sobe, a quantidade
demandada desse combustivel cai pouco nos primeiros meses. Com o passar do
tempo, contudo, as pessoas compram carros que consomem menos gasolina, passam a usar o transporte pUblico e se mudan-i para mais perto do lugar onde trabalham. Em alg-uns anos, a quantidade den-iandada de gasolina cai substancialmente.
Calculando a Elasticidade-Preo da Demanda
Agora que discutimos a elasticidade-preeo da demanda em termos gerais, vamos
examinar com maior atene"o como ela e calculada. Os economistas calculam a
elasticidade-preeo da demanda como a variae a- - o percentual da quantidade demandada dividida pela variae a- - o percentual do preeo. Ou seja,
Elasticidade-preeo
da demanda
-
Variae a'o
percentual da quantidade demandada
Varia o percentual do preeo
-k
Por exen-iplo, suponhamos que um aumento de 10% no preeo do sorvete de casquinha cause un-la ci- ue'da de 20%
quantidade de sorvetes que voc'e con-ipra. Sua
elasticidade da demanda seth calculada como
Elasticidade-preeo da demanda =
20%
10%
2
Neste exem lo, a elasticidade e. 2, 1ndicando que avariaço da quantidade
.
demandada é duas vezes maior do ue a variac k,
do preeo.
COMO a quantidade demandada de um bem es-ffl negativamente relacionada
com seuprqço, a variae"a"o percentual da quantidade demandada sempre ter. sinal
oposto ao da varia o percentual do pres;o. Neste exemplo, a variaea_percentualdo
de 10% positivos (refletindo um aumento) e a varia o percentual da
quantidade demandada e de 20% negativos (refletindo uma
essa
razk), as elasticidades-preeo da demanda são algumas vezes representadas_por
nmeros negativos. Neste livro, seguiremos a prtica comum de deixar de lado o
sinal de menos e apresentar todas as elasticidades-preeo con-io nUmeros positivos
-)e
91
92
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONANI OS MERCADOS
(os matematicos chamam isso de valor absoluto). Corn essa convencao,, uma major
elasticidade- re o im lica uma • ande res
a da cjuantjcade demandada ao
pl.:Les? .
0 Metodo do Ponto Medio: Uma Maneira Melhor de Calcular VariacOes
Percentuais e Elasticidades
Se voce tentar calcular a elasticidade-preco da demanda entre dois pontos de uma
curva de demanda, logo perceber6 urn problema desagradavel: a elasticidade do
ponto A para o pont° B parece diferente da elasticidade do ponto B para o ponto
A. Consicieremos, por exemplo, os seg-uintes ntimeros:
Ponto A:
Preco = $ 4
Quantidade = 120
Ponto B:
Preco = $ 6
Quantidade = 80
Indo-se do ponto A para o ponto B, o preco sobe 50% e a quantidade demandada cai 33%, indicando que a elasticidade-preco da demanda é de 33/50, ou 0,66.
Em comparacdo indo-se do ponto B para o ponto A, o preco cai 33% e a quantidade aumenta 50%, indicando elasticidade-preco da demanda de 50/33, ou 1,5.
Uma maneira de evitar esse problema é usar o metodo do pont° inedio para calcular a elasticidade. A forma-padr5o de calcular uma variacao percentual é dividir
a variacao pelo nivel inicial. 0 metodo do pont° medic,/ por outro lado, calcu15 a
variactdo percentual dividindo a variacao pelo ponto medio (ou media) dos niveis
inicial e final. Por exemplo, $ 5 é o ponto medio entre $ 4 e $ 6. Assim, segundo o
metodo do pont° medio, uma variacao de $ 4 para $ 6 é considerada urn aumento
de 40%, uma vez que (6 - 4)15 x 100 = 40. Da mesma forma, uma mudanca de $ 6
para $ 4 tambem é considerada uma queda de 40%.
Corno o metodo do ponto medio chega sempre ao mesmo resultado, independentemente da direcao da mudanca, é muito usado para calcular a elasticidadepreco da demanda entre dois pontos. Em nosso exemplo, o ponto medio entre os
pontos A e B é:
Ponto Medio:
Prow = $ 5
Quantidade = 100
Segundo o metodo do ponto medic), ao se passar do ponto A para o ponto B, o
preco aumenta 40% e a quantidade cai 40%. Da mesma forma, ao se passar do
ponto B para o ponto A, o preco cai 40% e a quantidade aumenta 40%. Em ambas
as clirecoes, a elasticidade-preco da demanda é 1.
Podemos expressar o metodo do ponto medio corn a seg,uinte formula para a
elasticidade-preco da demanda entre dois pontos, denotados por (Q1, Pi) e (Q2,137):
Elasticidade-preco da demanda
.
(Q2 - Q1)/[(Q9 (21)/21
—1)1)1[(1)9 + P1)12]
\
numerador é a variacao percentual da quantidade calculada polo metodo do
ponto medio e o denominador, a variacao percentual do preco calculada polo metodo do ponto medio. Use essa formula sempre que precisar calcular elasticidades.
CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICA-A0
FIGURA 1
A Elasticidade-Preco da Demanda
A elasticidade-preco da dernanda determino se a curva de demanda é indinada ou nao. Observe que todas as variacaes percentuais sao calculadas pelo
metodo do ponto medio.
Demanda Perfeitamente
Elasticidade Igual a 0
(b) Demanda Inel6tica:
Elasticidade Inferior a 1
Pre9D
Pre9r)
Demanda
$5
$5
/
4
///
Demanda
1 Um
aumento
de 22%
no
1. Um
aumento
no prev)...
100
0
90 -4-100
0
Quantidade
Quantidade
'
'
2. ...causa uma queda de 11% na quantidade demandada.
2....deixa inalterada a quan tidade demandada.
(c) Demanda com El. stica Unithria: Elasticidade Igual a 1
Prev.n
$5
1. Um
aumento
de 22% no
Quantidade
80 -7100
0
/
2. ...causa uma queda de 22% na quantidade demandada.
Elasticidade Maior do que 1
(d) Demanda
Preo I
(e) Demanda Perfeitamente
Elasticidade Infinita
Preg)
1. A qualquer pre93 acima
de $4, a quantidade
demandada é zero.
$4
Demanda
1. Um
aumento
de 22%
no prev)...
0
jJ
9i
Quantidade
2. ...causa uma queda de 67% na quantidade demandada.
Demanda
2. A exatamente $4,
os consumidores
comprar a. . o qualquer
quantidade.
0
3. A um pre9D inferior a $4,
a quantidade demandada é infinita.
Quantidade
93
94
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Neste livro, contudo, raramente faremos tais calculos. Para a major parte de
nossa proposta, o que a elasticidade representa — a resposta da quantidade demandada ao preco — é muito mais importante do que a forma como é calculada.
A Variedade das Curvas de Demanda
Os economistas classificam as curvas de demanda de acordo corn sua elasticidade. A
demanda é elastica quando a elasticidade é maior do que 1, de modo que a quantidade varia proporcionalmente mais do que o preco. A demanda é inelastica quando
a elasticidade é menor do que 1, de modo que a quantidade varia proporcionalmente menos do clue o preco. Se a elasticidade é igual a 1, de modo que a variacao da
quantidade seja proporcionalmente igual a variacrao do preco, diz-se que a demanda possui elasticidade unitaria.
Como a elasticidade-preco da demanda mede o quanto a quantidade demandada responde a mudancas no preco, esta estreitamente relacionada corn a inclinacao
da curva de demanda. Uma boa regra geral é a seguinte: quanto mais horizontal for
uma curva de demanda que passa por urn determinado pont°, major sera a elasticidade-preco da demanda. Quanto mais vertical for uma curva de demanda que
passa por urn determinado ponto, menor sera a elasticidade-preco da demanda.
A Figura 1 mostra cinco casos. No caso extremo da elasticidade zero mostrado
no painel (a), a demanda é perfeitamente inelastica e a curva de demanda é vertical.
Neste caso a quantidade demandada se mantem a mesma qualquer que seja o
Few. A medida que aumenta a elasticidade, a curva de demanda se torna cada vez
mais horizontal, como mostram os paineis (b), (c) e (d). No extremo oposto, mostrado no painel (e), a demanda é peifeitamente elostica. Isso ocorre a medida que a
elasticidade-preco da demanda se aproxima do infinito e a curva de demanda se
toma horizontal, refletindo o fato de que mudancas muito pequenas do preco
levam a grandes variacoes na quantidade demandada.
Por fim, se voce se confunde corn os termos elastic° e ine/astico, aI vai urn truque.
As curvas inelasticas, como a do painel (a), parecem-se corn a letra I. As elasticas,
como a do painel (e), 1.-)arecem-se corn a letra E. Isso nao é muito profundo, Inas
pode ajudar no seu proximo exame.
Receita Total e Elasticidade-Preco da Demanda
receita total
a quantia pogo pelos
compradores e recebida pelos
vendedores de urn bem,
calculada como o preco do
bem multiplicado pela
quantidade vendida
Ao estuciarmos mudancas da oferta ou da demanda num mercado, uma variavel que
frequentemente desejamos estudar é a, receita total, a quantia paga pelos compradores e recebida pelos vendedores de urn bem. Em qualquer mercado, a receita total
ePxQ—o pre.s,o do bem multi licado .ela uantidade vendida dee. Podemos
representar a receita total graficamente, como na Figura 2. A altura do retangulo
abaixo da curva de demanda éPea largura é Q. A area do retangulo, P x Q, é igual
receita total do mercado. Na Figura 2, em que P = $ 4 e Q = 100, a receita total
$ 4 x 100, ou $ 400.
Como a receita total varia a medida que nos movemos ao longo da curva de
demanda? A resposta depende da elasticidade-preco da demanda. Se a demanda
for inelastica, como na Figura 3, um ailment° no preco causard um aumento na
receita total. Aqui, urn aumento no preco de $ 1 para $ 3 provoca uma diminuicao
na quantidade demandada somente de 100 para 80, de modo que a receita total
aumenta de 100 para 240. Urn aumento do preco eleva P x Q porque a diminuicao
cm Q é pipporcionalmente inferior ao aumento em P.
CAPftULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICACAO
QURA 2
Receita Total
Pre90
A quantla total pagc pelos compradores
e recebida pelos vendedores é igual
Orea do rekingulo abaixo da curva de
demanda, P x Q. Aqut ao preco de $ 4,
a quantidade demandada e 100 e a
receita total é 400.
$4
P X Q = $400
(receita)
Demanda
100
0
Quantidade
FIGURA 3
Como a Receita Total Muda com os Precos: Demanda Ineffitica
Com uma curva de demanda inelOstica, um aumenio no preco provoca umo diminu0o proporcionalmente menor no quantidade demandada. Assim,
a receito total (o preco multiplicado pela quantidade) aumenta. Aqui, UM aumento de preco de 1 poro $ 3 provoca uma diminui0o na quantidade
demandado de 100 para 80 e a receita total aumenta de $ 100 para $ 240.
Pre90
Pre90
$3
Receita = $100
0
Demanda
100 Quantidade
0
80
Quantidade
95
96
PARTE 2
OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Obtemos o resultado oposto se a demanda é eldstica: urn aumento no preco causa
uma diminuic5o na receita total. Na Figura 4, por exemplo, quando o preco sobe de
$ 4 para $ 5, a quantidade demandada diminui de 50 para 20 e, corn isso, a receita
total diminui de $ 200 para $ 100. Como a demanda é eldstica, a reducao da quantidade demandada é tao grande que mais do que compensa o aumento do preco.
Ou seja, urn aumento no preco reduz P x Q porque a diminuicdo em Q é proporcionalmente major do que o aumento em P.
Embora os exemplos das duas fig,uras sejam extremos, ilustram uma regra geral:
-.:
z (0, Q..,
• Quando a demanda é ineldstica (elasticidade-preco da demanda menor do que
1), o preco e a receita total movem-se na mesma dire(do.
• Quando a demanda é eldstica (elasticidade-preco da demanda major do que 1),
o preco e a receita total movem-se em direcoes opostas.
• Se a demanda tern elasticidade unitaria (elasticidade-preco da demanda ig,ual a
1), a receita total permanece constante quando o preco varia.
=
Elasticidade e Receita Total ao Longo de uma Cuiva de Demanda Linear
Embora algumas curvas de demanda tenham elasticidade constante ao longo de
toda a curia, isso nem sempre acontece. Urn exemplo de curva de demanda em que
a elasticidade muda é uma linha reta, como mostra a Figura 5. Uma curva de
FIGURA 4
Como a Receita Total Muda Quando o Preco Muda: Demanda Elastica
Corn uma curva de demanda elastic-a, urn aumento no prep provoca uma reducao proporcionalmente major no quantidade demandada. Ass/m,
receita total (o prep multiplicado pela quantidade) diminui. Aqui, urn aumento de preco de $ 4 polo $ 5 provoca uma reducao no quantidade demondada de 50 polo 20, de maneira que o receita total diminui de $ 200 para $ 700.
Preco
Preco
$5
$4
Demanda
Receita = $100
0
50
Quantidade
0
20
Quantidade
.
.-..
CAF4TULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICA-A0
A(..)
97
FIGURA 5
,
Elasticidade de uma Curva de Demanda Linear
("cti
A elasticidade
maior do que 1.
A inclina0o de uma curva de demanda linear é constante, mas
sua elasticidade não. A lista que consta da tobela de demanda foi
usada para calcular a elasticidade-preo da demanda pelo
modo do ponto médio. Nos pontos em que o preco é baixo e o
quantidade é elevada, a curva de demanda é inelOstica. Nos
pontos em que o preco é alto e a quantidade é baixa, a curva de
demanda é elOstica.
4(k ij^,:v
A elasticidade
menor do
que 1.
13
bt+240- (Ac‘A. -Y\f3(?&Ixto
-1\CA,u5
.4.AAYN
ed
Preoo
2
(93
(11
4
Quantidade
6
10
8
12
14
Quantidade
Recerta Total
(Prec,o x Quantidade)
$0
$7
O
6
2
12
5
4
20
4
6
24
3
8
24
2
10
20
1
12
12
0
14
0
tj ,9((k
,Aa
F1
ekk_
21,N
0
p,t9rY1119 p
Vanaok Percentual
do Preco
Variack Percentual
da Quantidade
Descriok
Elasticidade
0,Q-5\.°)"
o
15
200
13,0
Elastica
18
67
3,7
Elastica
22
40
1,8
Elastica
29
29
1,0
Elastica unitaria
40
22
0,6
Inelastica
67
18
0,3
Inelastica
200
15
0,1
Inelastica
o
n01-414.
demancla linear tem inclina o constante. Len-ibre-se de que a inclinação e definida como "o aumento dividido pela distffilcia", que, no caso, é a razo entre a variao de preo ("aumento") e a varig5.o cla quantidade ("clistklcia"). A
desta curva de demanda especifica é constante porque cada aun-iento de $ 1 no
preQ0 faz a quantidade demandada se reduzir nas mesmas duas unidades.
Embora a inclinacfa'o das curvas de demanda lineares seja constante, sua elasticidade nk, e. Isso porque a inclinação é a razão entre as varia(cies das duas
ao passo que a elasticidade é a raz'cio entre as -oariac-5es percentuais das duas
variveis. Podemos ver isso na tabela da Fig,ura 5, que representa a escala de
'demanda da curva de demanda linear do diagrama. A tabela usa o metodo do
ponto medio para calcular a elasticidade-prev) cia den-landa. Nos pontos com pre90
baixo e quantidacle elevada, a curva de demanda e inelástica. Nos pontos com
preo alto e quaritidade baixa, a curva de demanda
Essa tabela tambem apresenta a receita total em cada ponto da curva de demanda. Esses mimeros ilustram a relação entre a receita total e a elasticidade. Quando
o pre9c, é $ 1, por exemplo, a demanda é inel stica e um aumento no prey) para
$ 2 eleva a receita total. Quando o pre90 é $ 5, a demanda é el.stica e um aumento no pre93 para $ 6 reduz a receita total. Entre $ 3 e $ 4, a demanda tem elasticidade unitffiia e a receita total é ig-ual para os dois preos.
-11,9
I
771
)0
(a-wa)
z pey)447J
(Gi2-GJ)
2-o
98
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
tcNOTiCIAS
NA ESTRADA COM A ELASTICIDADE
Coma umo empresa privado que opera peclagios em uma rodovia deve estabelecer o prep do peclogio a ser cobrado? Coma veremos
neste art/go, a resposto a esso pergunta exige um entendimento do curva de demand° e de sua elasticidode.
Para Quem Vai Viajar, o Prep
Importa
Par Steven Pear/stein
Todas as empresas enfrentam uma pergunta em comum: qual preco gerara o lucro
ximo para seus produtos?
A resposta nem sempre e obvia: o
aumento do preco de alguma coisa muitas
vezes tern como resultado uma reducao das
vendas a medida que os consumidores sensiveis a precos buscam alternativas ou simplesmente deixam de adquirir o bem em
questa°. Para cada produto, o grau dessa
sensibilidade e diferente. 0 estratagema
esta em identificar o ponto em que 'haja
uma tradeoff ideal de margem de lucro e
volume de vendas.
Agora mesmo, as construtores de uma
nova rodovia privada entre Leesburg e o
Aeroporto Internacional Dulles, em Washington, estao tentando encontrar esse ponto
magic°. 0 grupo calculou, originalmente, que
poderia cobrar quase $ 2 pela viagem de 14
milhas, atraindo por dia 34 mil veiculos, em
media, que costumavam trafegar par estradas p6blicas congestionadas, como a Route
7. Mas, apOs gastarem $ 350 milhoes para
construir sua to propalada "Greenway", eles
descobriram, para seu desgosto, que apenas
Estudo de Caso
ESTABELECENDO 0 PRECO DO INGRESS° DE UM MUSEU
Se o prep do ingresso
aumentasse, esta fila fria
diminuir?
Voce é 0 curador de urn grande museu de arte. Seu diretor financeiro lhe diz que o
museu esta ficando sem recursos e sugere que voce mude o 'Drew dos ingressos
para aumentar a receita total. 0 que voce deve fazer? Aumentar ou diminuir o
preco do ingresso?
A resposta depende da elasticidade da demanda. Se a demanda por visitas ao
museu for inelEistica, entao um aumento no 'Drew do ingress° aumentaria a receita total. Mas, se a demanda for elastica, urn aumento no preco do ingress° reduziria tanto o numero de visitantes que a receita total diminuiria. Neste caso, o melhor
seria reduzir os precos: o ntimero de visitantes aumentaria tanto que faria crescer a
receita total.
Para estimar a elasticidade-preco da demanda, é precis() recorrer aos estatisticos. Eles pociem usar os dados histOricos para analisar como a frecitiencia ao museu
variou de ano para ano a medida que o preco dos ingressos variou. Ou podem usar
dados sobre a frequencia a museus em todo o pais para ver como o preco dos
ingressos a afeta. Ao estudar qualquer urn desses conjuntos de dados, os estatisticos precisariam levar em consideracao outros fatores que afetam a frequencia — o
tempo, a populacdo, o tamanho da colecdo e assim por diante — para isolar o efeito do preco. No fim das contas, essa an6lise dos dados proporcionaria uma estima-
CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICACAO
um terco daquele nmero de motoristas
estava disposto a pagar tanto para reduzir em
20 minutos sua viagem diaria.
SP quando a empresa, em desespero,
baixou o pedagio para $ 1 foi que conseguiu
chegar perto de atrair o fluxo de transito
previsto.
Embora a Greenway ainda esteja dando
prejuizo, sua situack é obviamente melhor
neste novo ponto da curva de demanda do
que nos seus primeiros dias de atividade. A
receita diaria mkia é hoje de $ 22 mil, contra os $ 14.875 de quando era cobrado o
preco "especial de inaugurack", de $ 1,75.
E, com o transito leve mesmo nos horarios
de pico, é possivel que os proprietarios
reduzam ainda mais os precos em busca de
maiores receitas.
Afinal de contas, quando o preco foi
reduzido em 45% na última primavera, gerou
um aumento no volume de trafego de 200%
três meses depois. Se a mesma razk se
aplicar novamente, reduzir o preco do peda-
gio em mais 25 0./0 elevaria o volume diario de
trafego para 38 mil viagens e a receita diaria
aumentaria para quase $ 29 mil.
0 problema, evidentemente, é que a
mesma razk geralmente não se aplica a
cada ponto de preco e é justamente por isso
que é tho complicado estabelecer precos...
Clifford Winston, da Brookings Institution,
e John Calfee, da American Enterprise
Institution, estudaram o dilema do pedagio...
No ano passado, os economistas realizaram uma pesquisa de mercado com
1.170 pessoas de todo o pais, a quem foi
apresentada uma ske de alternativas em
que Ihes era pedido que fizessem uma
escolha pessoal entre reduca- o do tempo de
viagem e pedagios mais caros.
No fim das contas, os pesquisadores
concluiram que as pessoas que davam maior
valor à reduca- o do tempo de viagem ja o tinham feito passando a usar transporte
morando mais perto do trabalho ou
tendo optado por um emprego que Ihes permitisse trafegar fora do horario de rush.
Por outro lado, os que dirigiam por
muito tempo tinham uma maior tolerancia
ao congestionamento e só estavam dispostos a pagar 20% do que ganhavam por hora
para poupar uma hora de seu tempo.
Em suma, as concIuses de Winston e
Calfee ajudam a explicar por que o preco e
as projeces de trafego originais da Greenway eram excessivamente altos: para eles,
apenas pessoas que ganhassem pelo
menos $ 30 por hora (cerca de $ 60 mil por
ano) estariam dispostas a pagar $ 2 para
poupar 20 minutos.
Fonte: The Washington Post, 24 out. 1996, p.
El. Copyright ©1996, The
Reimpresso com permisso.
1/1/oshington Post.
tiva da elasticidade-preco da demanda que voce poderia usar para decidir como
responder ao seu problema financeiro. •
Outras Eiastia dades da Demanda
-
'c)
l!cfc
R
<
-)
Alem da elasticidade-preco da den-ianda, os economistas usam outras elasticidades
Luk)
• 54'
para descrever o comportan-iento dos compradores num mercado.
rs
A Elasticidade-Renda da Demanda A elasticidade-renda da demanda
elasticidade-renda da
mede o quanto a quantidade demandada varia conforme a renda do consumidor
varia. Ela é calculada como a variacfa"o percentual da quantidade demandada di\Adida pela varia o percentual da renda. Ou seja,
demanda
uma medida do quanto a
quantidade demandada de
um bem responde a uma
Elasticidade-renda da den-tanda =
Varia(Ao percentual da quanticiade demandada
Varigo pereentual da renda
Como vimos no Capitulo 4, a maioria dos bens e nonnal: rendas mais elevadas
aumentam a quantidade demandada. Como a quantidade demandada e a renda
movem-se na mesma direção, os bens normais te'm elasticidade-renda positiva.
Alguns bens, como as passagens de ônihus, s'th) infenores: rendas mais elevadas
variack na renda dos
consumidores, calculada
como a variack percentual
da quantidade demandada
dividida pela variack
percentual da renda
99
100
PARTE 2 °FERIA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
diminuem a quantidade demandada delas. Como a quantidade demandada e a
renda se movem em direcoes opostas, os bens inferiores tem elasticidade-renda
neaativa.
Mesmo entre os bens normais, as elasticidades-renda variam substancialmente
de magnitude. Os bens necessarios, como alimentos e vestuario, tendem a apresentar baixa elasticidade-renda porque os consumidores sempre decidem comprar
alguma quantidade deles, nao importa quao baixa seja sua renda. Os hens superfluos, como caviar e diamantes, tendem a apresentar elevada elasticidade-renda
porque os consumidores sabem que podem passar sem eles se sua renda for baixa
demais.
elasticidade-preco cruzada
da demanda
uma medida do quanto a
quantidade demandada de
urn bem responde a uma
A Elasticidade-Preco C
ada da Demanda A elasticidade-preco cruzada
da demanda mede o qt.---ianto a quantidade demandada de um bem varia a mcdida
o preco de urn outro bem varia. E calculada como a variacao percentual da
quantidade demandada do bem 1 dividida pela variacao percentual do preco do
hem 2.
variacao no preco de outro,
calculada como a variacao
percentual da quantidade
Elasticidade-preco cruzada
da demanda
Variacao percentual da quantidade demandada do bem 1
Variacao percentual do preco do bem 2
demandada do primeiro bem
dividida pela variacao
percentual do preco do
segundo bem
Li
(c,1
0 fato de a elasticidade-preco cruzada ser urn numero positivo ou negativo
depende de os dois hens em questa° serem substitutos ou complementares. Como
vimos no Capitulo 4, os bens substitutos s5o aqueles tipicamente usados urn no
lugar do outro, como hamblirgueres e cachorros-quentes. Urn aumento no preco do
cachorro-quente induz as pessoas a consumir hambtirgueres. Como o preco dos
cachorrbs-quentes e a quantidade demandada de hamblirperes movem-se na
mesma direcao, a elasticidade-preco cnizada é positiva. Por outro lado, os hens cornplementares sao aqueles tipicamente usados em conjunto, como computadores e
software. Neste caso, a elasticidade-preco cruzada e negativa, indicando que urn
aumento no preco dos computadores reduz a quantidade demandada de software.
Teste Rapid°
Defina elasticidade-preco da demanda. • Explique a relacao entre a receita total e elasticidade-preco da demanda.
A ELASTICIDADE DA °FERIA
C),1
.CetaSticidade-preco da oferta
uma medida do quanto a
Quando introduzimos a oferta, no Capitulo 4, observan-los que os produtores de urn
bem oferecem para venda mais desse hem quando seu preco aumenta, quando o
preco dos insumos utilizados diminui, ou quando ocorre urn avanco tecnologico.
Para passar das afirmacoes de natureza qualitativa para afirmacoes de natureza
quantitativa sobre a quantidade ofertada, nas usaremos mais uma vez o conceito de
elasticidade.
quantidade ofertada de um
bem responde a uma variacao
do seu preco, calculada como
a variacao percentual da
quantidade ofertada dividida
pela variaca-o percentual
do preco
A Elasticidade-Preco da Oferta e Seus Determinantes
A lei da oferta afirma que quanto mais elevados os precos, major a quantidade ofertada. A elasticidade-preco da oferta mede o quanto a quantidade ofertada responde a mudan_c_as no preco. A oferta de urn hem é chamada de eldstica se a quantidade ofertada responde substancialmente a mudancas no preco. A oferta é chamada
de inelastica se a quantidade ofertada responde pouco a mudancas no preco.
CAMTULO 5 ELASTIC1DADE E SUA APLICA
A elasticidade-preco da oferta depende da flexibilidade ci ue os vendedores tem
para mudar a c uantidade do bem c ue roduzem. Por exemplo, os terrenos de frente para o mar tem oferta inelastica porque e quase impossivel aumentar a oferta
desse bem. Por outro lado, os bens manufaturados, como livros, carros e televisores, tem oferta elastica porque as empresas que os produzem podem fazer funcionar suas fabricas por mais tempo em resposta a precos mais altos.
Na maiori
erçadci uni determinante-chave da elasticidade-preco da
oferta é o -)eriodo ue esta sendo considerado. A oferta e aeralmente ais elastica
no longo p_a
r zo do que no curto prazo. Em curtos periodos, as empresas nk) podem
mudar facilmente o tamanho de suas fabricas para produzir uma quantidade maior
ou menor de um bem. No decorrer de lon aos período,
resas podeni mudar
com mais facilidade o porte de suas fabricaspara produzir mais de um determinado bem. Assim, no curto prazo, a quantidade ofertada não responde muito
preco. Por outro lado, em periodos mais longos, as empresas podem construir
novas fabricas ou fechar fabricas antigas.Alem disso, novas empresas podem entrar
nos mercados e empresas antigas podem fechar. Assim, no longo prazo, a quantidade ofertada pode reagir de maneira substancial a mudancas no preco.
Calculando a Elasticidade-Preo da Oferta
Agora que temos alg-uma ideia do que e a elasticidade-preco da oferta, vamos ser
mais precisos. Os economistas calculam a elasticidacle-preco da oferta como a
variac'ao percentual da quantidade ofertada dividida pela variação percentual do
preco, 011 seja,
Vamos supor, por exemplo, que um aumento no preco do leite de $ 2,85 para
$ 3,15 por litro aumente a quantidade que os fazendeiros produzem de 9 mil para 11 mil litros por mes. Usando o metodo do ponto medio, ns calculamos a variack) percentual do preco como
Varigio percentual do p •eo = (3,15 - 2,85)/3,00 x 100 = 10%
Da mesma forma, calculamos
como
a
variacio percentual da quantidade ofertada
Varia o percentual da quantidade ofertada = (11.000 - 9.000)/10.000 x 100 = 20%
Neste caso, a elasticidade-preco da oferta
Elasticidade-preo da oferta = 20% = 2,0
10%
Neste exemplo uma elasticidade de 2 reflete o fato de que a variack) da quantidade ofertada e proporcion•ln-iente duas vezes maior que a variac ao
do preco.
A Variedade das Curvas de Oferta
Como a elasticidade-preco da oferta mede a resposta da quantidade ofertada ao
preco, isso se reflete na aparencia da curva de oferta. A Figura 6 mostra cinco casos.
No caso extremo cle elasticidade zero, como mostra o painel (a), a oferta é perfeita-
O
101
1 02
PARTE 2
OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
A Elasticidade-Preco da Oferta
A elasticidade-preco do oferta determina se a curva de oferta tern inclinacao acentuada ou noo. Observe que todas as variacCies percentuais scio calculadas pelo metodo do ponto medio.
(a) Oferta Perfeitamente Inelastica: Elasticidade igual a 0
Preco
Oferta
(b) Oferta Inelastica: Elasticidade Menor do que 1
Preco
Oferta
$5
$5
/ 4
1. Urn
aumento
de 22%
no preco...
1. Urn
aumento
no preco...
0
Quantidade
100
/
2. ...deixa inalterada a quantidade ofertada.
0
100 /7•• 110
Quantidade
2....provoca urn aumento de 10% na
quantidade ofertada.
(c) Oferta corn Elasticidade Unitaria: Elasticidade lgual a 1
0
/100 —n 125 Quantidade
2....provoca urn aumento de 22% na quantidade ofertada.
(d) Oferta Elastica: Elasticidade Major do que 1
(e) Oferta Perfeitamente Elastica: Elasticidade_Infinita
Preco
Prey:,
1. A qualquer preco
acima de $ 4, a quantidade
ofertada e infinita
$5
/4
Oferta
$4
1. Um
aumento
de 22%
do preco...
2. A urn preco exatamente
de $ 4, os produtores oferecem
qualquer quantidade.
0
Quantidade
100 '200
\
2....provoca urn aumento de 67% na
quantidade ofertada.
0
3. A qualquer preco abaixo
de $ 4, a quantidade ofertada é zero.
Quantidade
CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICA A0
103
mente incidstica e a curva de oferta é vertical. Neste caso, a quantidacle ofertada e a
mesma, qualquer que seja o preo. A medida que a elasticidade aumenta, a curva
de oferta toma-se mais horizontal, indicando que a quantidade ofertada responde
mais a varig (5es
de preo. No extremo oposto, mostrado no painel (e), a oferta
peifeitantente chlstica. Isso se cki quando a elasticidade-preo da oferta se aproxima
do infinito e a curva de oferta se torna horizontal, indicando que varig6- es muito
pequenas no prey) levam a varia 6es
muito g,randes da quantidade ofertada.
Em alguns mercados, a elasticidade da oferta não é constante, variando ao longo
da curva de oferta. A Figura 7 mostra um caso tipico de uma ind-Cistria em que as
empresas dispem de filbricas com capacidade de produo limitada. Para baixos
niveis de quantidade ofertada, a elasticidade da oferta é alta, indicando que as
empresas respondem substancialmente a variaes de prec;o. Nessa regik), as
empresas têrn capacidade de produ o que não está sendo utilizada (capacidade
ociosa), como instalK:(5es e equipamentos que passain a maior parte do dia parados.
Pequenos aumentos do prec;o far"k) com que seja lucrativo para essas empresas
comear a utilizar essa capacidade ociosa. À medida que a quantidade ofertacia
aumenta, as empresas se aproximam do pleno uso de sua capacidade. Uma vez que
toda a capacidade esteja sendo utilizada, aumentar a j_-)rodu o requer a constru o
de novas fi-lbricas. Para induzir as empresas a incorrer nessas despesas extras, o pre90
precisa aumentar substancialmente, de modo que a oferta se toma menos ekistica.
A Fig,ura 7 apresenta um exemplo numerico desse fen6meno. Quando o preo
se eleva de $ 3 para $ 4 (um aun-lento de 29%, de acordo com o metodo do ponto
medio), a quantidade ofertada sobe de 100 para 200 (um aumento de 67%). Como
a quantidade ofertada tem un-la varialo proporcionalmente maior que a varigo
do preo, a curva de oferta tem elasticidade superior a 1. Por outro lado, quando
os preos sobem de $ 12 para $ 15 (um aumento de 22%), a quantidade ofertada
aumenta de 500 para 525 (um aumento de 5%). Neste caso, a quantidade ofertada tem un-ia varia o proporcionalmente menor que a varialo do preo, de modo
que a elasticidade é inferior a 1.
FIGURA 7
Como a Elasticidade-Preco da Oferta Pode Variar
Prew
$15
Uma vez que as empresas freqentemente têm uma
capacidade n-)axima de producao, a elasticidade do oferta pode
ser muito elevada quando a quantidade ofertada é pequena e
muito boixa quando a quantidade ofertada é grande. Aqui, um
aumento de preco de $ 3 para $ 4 aumenta o quantidade
ofertada de 100 pora 200. Como o oumento de 67% na
quantidade ofertada (calculado usando-se o modo do ponto
mlio) é maior do que o aumento de 29% no preco, a curva
de oferta é elastica nessa regiao. Em comparacao, quando o
preco aumenta de $ 12 para $ 15, a quantidade ofertada
aumenta somente de 500 para 525. Como o aumento de 5%
no quantidade ofertada é menor do que o aumento de 22%
no preco, a curva de oferta é inelastica nessa regiao.
A elasticidade
pequena (menor que 1)
12
A elasticidade
grande (maior que 1)
4
3
0
100
200
500 525 Quantidade
104
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Teste Rapid°
Defina a elasticidade-preco da oferta. • Explique por que a elasticidade-preco da oferta
pode ser diferente no longo prazo e no curto prazo.
TRES APLICACOES DA OFERTA, DA DEMANDA
E DA ELASTICIDADE
Sera que boas noticias para a agicultura podem ser más noticias para os agr, icultores? Por que a Opep (Organizacao dos Paises Exportadores de Petraleo) nao conseguiu manter elevado o preco do petroleo? A proibica-o das drogas aumenta ou
diminui os crimes ligados a elas? A primeira vista pode parecer que essas perguntas nao tem muito em comum, mas todas se referem aos mercados e todos os mercados estdo sujeitos as forcas da oferta e da demanda. Aqui, aplicaremos as versateis ferramentas da oferta, demanda e elasticidade para responder a essas questoes
aparentemente complexas.
Boas Noticias para a Agricultura Podem Ser Más Noticias para os
Agricultores?
Vamos, agora, voltar para a pergunta que fizemos no comeco deste capitulo: o que
acontece corn os produtores e corn o mercado de trigo quando os agr, onomos de
uma universidade descobrem urn novo tipo de trigo hibrido mais produtivo do que
as variedades existentes? Lembre-se de que no Capitulo 4 respondemos a esse tipo
de questdo em tres etapas. Em primeiro lugar, determinamos se é a cuiva de
demanda ou a curva de oferta que se desloca. Em segundo, vemos em que direcdo
se cid o deslocamento. E, em terceiro, usamos o cliagr, ama de oferta e demanda para
ver a mudanca ocorrida no equillbrio de mercado.
Neste caso, a descoberta do novo trigo hibrido afeta a curva de oferta. Como o
hibrido aumenta a quantidade de trigo que pode ser produzida par hectare de
terra, os fazendeiros desejam ofertar mais trigo a qualquer preco dado. Em outras
palavras, a curva de oferta desloca-se para a direita. A curva de demanda permanece a mesma porque a quantidade de trigo que os consumidores desejam comprar
a qualquer Feço dado nao é afetada pela introduc5o do novo hibrido. A Figura 8
mostra urn exemplo de uma mudanca desse tipo. Quando a curva de oferta desloca-se de 01 para 02, a quanticiade de trigo vendida aumenta de 100 para 110 e o
preco do trigo cai de $ 3 para $ 2.
Mas essa descoberta deixa os ag,ricultores em melhor situacao? Como primeiro
passo para respondermos a essa pergunta, vamos ver o que acontece corn a receita
total recebida pelos ag,ricultores. A receita total é P x Q, o preco do trigo multiplicado pela quantidade vendida. A descoberta afeta os fazendeiros de duas maneiras
conflitantes. 0 trigo hibrido permite que eles vendam mais trigo (aumento de Q),
mas cada saca é vendida por urn preco menor (queda de P) .
0 fato de a receita total aumentar ou diminuir depende da elasticidade da
demanda. Na pratica, a demanda por generos alimenticios basicos, como é o caso
do trigo, é geralmente inelastica, uma vez que esses hens sac) relativamente baratos e ha poucos bons substitutos para eles. Quando a curva de demanda é inelastica, como no caso da Figura 8, uma queda no preco faz corn que a receita total
diminua. Podemos ver na figura: o preco do trigo cai substancialmente, ao passo
que a quantidade de trigo vendida aumenta apenas levemente. A receita total cai
de $ 300 para $ 220. Assim, a descoberta do novo hibrido diminui a receita total que
os fazendeiros obtem corn a venda de suas safras.
CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICACAO
105
FIGURA 8
Pre93
do Trigo
2....leva a
uma grande
queda do
Um Aumento da Oferta no
1. Quando a demanda
um aumento
da oferta...
100 110
Mercado de Trigo
Quondo um avanco tecnolagico aumenta o oferta
de trigo de 0 1 para 02 , o preco deste cai. Como a
demanda por trigo é inelastica, o aumento da.
quantidade vendida de 100 para 110 é proporcionalmente menor do que a queda do preco de
$ 3 para $ 2. Com isso, a receito total dos
fazendeiros coi de 300 ($ 3 x 100) para $ 220
($2x110).
Quantidade
de Trigo
3....e um aumento proporcionalmente
menor da quantidade vendida. Com
isso a receita cai de $300 para $220.
Se a situg a- - o dos ag-ricultores piora com a descoberta clo novo hibrido, por que
eles o adotam? A resposta vai ao "knago de como os mercados competitivos funcionam. Como cada ag,ricultor representa uma pequena parte do mercado de trigo,
ele toma o preo do trigo como dado. Para qualquer preQD dado do trigo, é melhor
usar o novo hibrido para produzir e vender mais. Mas, quando todos os agricultores seguem esse raciocinio, a oferta de trigo aumenta, o preQ p cai e os ag,ricultores
se veem prejudicados.
Embora este exemplo possa parecer meramente hipotetico, ajuda a explicar uma
-ande mudanc;a ocorrida na econon-lia dos Estados Unidos no seculo passado.
200 anos, a maioria dos norte-americanos vivia em fazendas. 0 conhecimento sobre
metodos ag,ricolas era tho primitivo que a maioria da popu1ação ainda precisava
viver no campo para produzir comida suficiente. Mas, com o tempo, os avanos da
tecnolog,ia agropecukia aumentaram a quantidade de alimentos que cada fazendeiro poderia produzir. Esse aurnento da oferta de alimentos, juntamente com uma demanda inel stica por alimentos, fez cair a receita dos fazendeiros, o que, por sua vez,
serviu de incentivo para que as pessoas abandonassem a atividade ag,ropecukia.
Alguns dados podem demonstrar a mag,nitude dessa mudaNa histffica. Em
1950, havia 10 milhes de pessoas trabalhando no campo nos Estados Unidos, o
equivalente a 17`)/0 da foNa de trabalho do pais. Em 2000, menos de 3 milhes de
pessoas trabalhavam em fazendas, ou 2% da foNa de trabalho. Essa mudana coincidiu com enormes avallos na produtividade das fazendas: apesar da queda de
70% no nmero de produtores rurais, a produ o ag,ropecukia das fazendas norteamericanas mais do que dobrou entre 1950 e 2000.
Esta análise do mercado de produtos agropecukios tambem ajuda a explicar
um aparente paradoxo da politica alg,uns prog,ramas para o campo tentam
ajudar os fazendeiros incentivando a redu o de certas safras. Por que? 0 objetivo
dos programas é reduzir a oferta de produtos ag,ropecukios e, com isso, aumentar
seus preos. Por causa da demanda inel stica por seus produtos, os fazendeiros
obtem uma maior receita total se fornecem ao mercado uma safra menor.
Fazendeiro algum, agindo por conta prpria, deixaria a terra ociosa, pois cada um
deles toma o preo de mercado como daclo. Mas, se todos os fazendeiros, juntos, o
fizerem, cada um deles será beneficiado.
106
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Doonesbur
u.i
by
Absolutamente nada,
Rufus! Creia ou nao,
o governo me paga $ 175mi1
por ano para nao plantar nada.
Tambem nao entendo muito
bem, Rufus, mas acho otimo!
S6 aqui nos Estados Unidos
alguem poderia ganhar $175 m
para plantar 22 mil
\
hectares de mato!
.rw
777
ii
Meu pais é seu,
doce terra
do subsidio!!
a.
75'
ce
LL,
))
77
Ao se analisarem os efeitos da tecnologia agricola ou da politica agricola,
importante ter em mente que o que é born para os agricultores nao é necessariamente born para a sociedade. Avancos tecnologicos podem ser prejudiciais para os
fazendeiros, mas sao Otimos para os consumidores, que pagam menos pelos alimentos que compram. Da mesma forma, uma politica que tenha por objetivo reduzir a oferta de produtos agropecuarios pode aumentar as rendas dos fazendeiros,
mas o faz a custa dos consumidores.
Por que a Opep Nao Conseguiu Writer Eievado o Preco do Petroleo?
Muitos dos acontecimentos mais perturbadores para as economias do mundo todo
nas ultimas decadas tiveram sua origem no mercado de petroleo. Nos anos 70, os
membros da Organizacao dos Paises Exportadores de Petroleo (Opep) decidiram
elevar os precos mundiais do produto para aumentar sua renda. Esses paises ating,iram seu objetivo reduzindo conj-untamente a quantidade de petrOleo ofertada.
De 1973 a 1974, o preco do petroleo (descontada a inflacao do periodo) subiu mais
de 50%. Entdo, poucos anos depois, a Opep fez a mesma coisa outra vez. 0 preco
subiu 14% em 1979, 34% em 1980 e mais 34% em 1981.
Mas a Opep teve dificuldades para manter o preco tao elevado. Entre 1982 e
1985, o preco caiu a uma taxa mais ou menos constante de 10% ao ano. A insatisfacao e a desorganizacao prevaleceram entre os paises membros da Opep. Em 1986,
a cooperacao entre esses paises deixou de existir e o preco despencou 45%. Em
1990, o preco do petroleo (descontada a inflacdo) voltou ao ponto em que estava
em 1970 e se manteve nesse baixo nivel durante a major parte da decada de 1990.
Esse episodio mostra como a oferta e a demanda podem se comportar de
maneiras diferentes no curto prazo e no longo prazo. No curto prazo, tanto a ofera demanda de petroleo sdo relativamente inelasticas. A oferta é inelastiquanto
ta
ca porque a quantidacie de reservas conhecidas e a capacidade de extracdo de
petroleo rid() podem mudar rapidamente. A demanda é inelastica porque os habitos de compra nao respondem imediatamente a mudancas no preco. Muitos proprietarios de carros velhos e que sao"bebedores de gasolina", por exemplo, conformam-se e pagam o prey.) mais elevado. Assim, como mostra o painel (a) da Figura
9, as curvas de oferta e de demanda de curt° prazo tern inclinac5o acentuada.
CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICA110
107
FIGURA 9
Uma Reduch da Oferta no Mercado Mundial de PetrOleo
Quando coi a oferta de petraleo, o resposto depende do horizonte de tempo. No curto prazo, a oferta e a demanda sao relativamente inelasticas, como
no painel (a). Assim, quando a curva de oferto desloca-se de 0 para 02 , o preco aumenta substancialmente. Em comparacao, no longo prazo, a oferta
e o demonda sao relativamente elasticas, como no painel (b). Neste caso, o mesmo deslocamento da curva de oferta (de 0 para 0 ) causa um menor
2
aumento no preco.
(a) 0 Mercado de Petr6leo no Curto Prazo
Prev) do
Petrleo
1. No curto prazo, quando oferta
e demanda são inel, sticas,
um deslocamento da oferta...
02 o
(b) 0 Mercado de Petrleo no Longo Prazo
Pre93 do
Petri5leo
1. No longo prazo, quando
oferta e demanda s, c) el sticas,
um deslocamento da oferta...
-
2....provoca b
um grande
aumento
no preo.
2....provocaP2t
um grande —
aumento
no pre9o.
Demanda
Demanda
Quantidade de Petr6leo
0
0
A situg;-io é bem diferente no longo 1.->razo. No decorrer de periodos mais longos, os produtores de j_-)etr6leo que nao s ao membros da Opep respondem aos altos
prec;os aumentando a explorac;ao e construindo nova capacidade de extracfao. Os
consumidores respondem com maior economia, por exemplo substituindo carros
antigos e ineficientes por outros mais novos e mais eficientes, que consomem
menos gasolina. Assim, como vemos no painel (b) da Figura 9, as curvas de oferta
e demanda (de longo prazo s, o mais elasticas. No longo prazo, o deslocamento da
curva de oferta de 0 1 para 0 2 causa um aumento de prec;o muito menor.
Esta analise mostra por que a Opep obteve sucesso ao manter elevados os prev)s do petrOleo somente no curto prazo. Quando seus paises membros concordaram em reduzir a produ ao, deslocaran-i a curva de oferta para a esquerda. Embora
cada membro da organizg"ao estivesse vendendo menos petrOleo, o preo subiu
tanto no curto prazo que a renda dos paises exportadores do produto aumentou.
Em comparg ao, no longo prazo, quando oferta e demanda sao mais elasticas, a
mesma redu ao da oferta, medida pelo deslocamento horizontal da curva de oferta, causou um aumento menor no preo. Assim, a reduc s o coordenada de oferta
provou ser menos lucrativa no longo prazo.
A Opep existe ainda hoje e, de tempos em tempos, obtm sucesso ao reduzir a
oferta e elevar os preos. Mas o preo do petrleo (descontada a infla o) nunca
voltou ao pico atingido em 1981. 0 cartel agora parece ter entendido que elevar os
preos e mais facil no curto do que no longo prazo.
.
-
-
-
-
Quantidade de Petrcileo
108
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
A Politica de Proibicao das Drogas Aumenta ou Diminui os Crimes
Relacionados a Elas?
Urn problema persistente enfrentado por nossa sociedade é o uso de drogas ilegais
como a heroina, a cocaina, o ecstasy e o crack. 0 uso de drogas tern diversos efeitos negativos. Urn deles é o fato de que a dependencia de drogas pode arniinar a
vida dos usuarios e de suas familias. Outro é que os viciados em drogas muitas
vezes recorrem ao roubo e outros crimes violentos para obter o dinheiro de que
precisam para sustentar seu vicio. Para desencorajar o uso de drogas ilegais, o
govern° norte-americano gasta bilhoes de Mares por ano para reduzir o fluxo de
drogas para dentro do pais.Vamos usar as ferramentas da oferta e da demanda para
examinar essa politica de combate as drogas.
Suponhamos que o governo aumente o ntimero de agentes federais dedicados
ao combate as drogas. 0 que acontece corn o mercado de drogas ilegais? Como de
habit°, responderemos a essa pergunta em tres etapas. Em primeiro lugar, vamos
verificar se as curvas de oferta e demanda se deslocam. Em seg,undo, vamos verificar a direcao do deslocamento. E, em terceiro, vamos ver como o deslocamento
afeta 0 Few e a quantidade de equilibrio.
Muito embora o objetivo de uma polftica de proibicao das drogas seja reduzir o
seu uso, o impact° direto dessa politica recai rnais sobre os vendedores do que
sobre os compradores. Quail& o govern() impede que alg,umas drogas entrem no
pais e prende mais traficantes, aumenta o 'Dreg° de venda das drogas e, portant°,
reduz a quantidade ofertada a qualquer preco dado. A demanda por drogas — a
quantidade que os compradores desejam a qualquer preco dado — nao muda.
Como mostra o painel (a) da Figura 10, a proibicao desloca a curia de oferta para
a esquerda, de O. para 07, e deixa a curia de demanda inalterada. 0 preco de equilibrio das drogas aumenta de Pl para I)2 e a quantidade de equilibrio cai de Qa para
Q2• A diminuicao na quantidade de equilibrio mostra que a proibicao das cirogas
reduz seu uso.
Mas o que acontece corn a quantidade de crimes relacionados as drogas? Para
responder a essa pergunta, considere a quantia total que os usuarios de drogas
pagam pelas drogas que compram. Como sac) poucos os viciados em drogas que
abandonarao seus hzibitos destrutivos por causa de urn aumento nos precos, é provOvel q-ue a demanda por drogas seja inelastica, como indica a figura. Se a demanda é inelastica, entao urn aumento nos precos aumenta a receita total do mercado
de drogas. Ou seja, como a proibicao das drogas aumenta o preco destas proporcionalmente mais do que reduz seu uso, ela eleva a quantidade total de dinheiro que
os usuarios pagam pelas drogas que compram. Os viciacios que j tinham que roubar para sustentar seus hEibitos terao uma necessidade ainda major de dinheiro rapido. Assim, a proibicao das drogas pode aumentar o nivel de crimes ligados a elas.
Por causa desse efeito adverso da proibicao das drogas, alguns analistas sugerem
abordagens alternativas para o problema das drogas. Em vez de procurar reduzir a
oferta, os formuladores de politicas deveriam tentar reduzir a demanda por meio de
uma politica educacional. Uma hem-sucedida politica educacional quanto as drogas
tern o efeito representado no painel (b) da Figura 10. A curva de demanda deslocase para a esquerda, de D1 para D7. Corn isso, a quantidade de equilibrio cai de Q1
para Q2 e o preco de equilibrio cai de P1 para P2. A receita total, que é o preco multiplicado pela quantidade, tambem cai. Assim, ao contrOrio de uma politica de proibicao das drogas, uma politica educacional contra elas pode reduzir tanto seu us°
quanto os crimes relacionados a elas.
Os partidarios da politica de proibicao podem argumentar que os efeitos desta
no longo prazo sac) diferentes dos efeitos no curt° prazo, uma vez que a elasticidade da demanda pode depender do horizonte de tempo. A demanda por drogas
CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICACAO
1 09
FIGURA 10
Politicas para Reduzir o Uso de Drogas Ilegais
A politica de proibic -q o das drogas reduz a oferta de o para 0 2 , como no painel (a). Se a demondo por drogas é ineldstica, ent"q o a quantia totol paga
pelos usu qrios de drogas aumenta, muito embora a quantidade utilizada de drogas caia. Em comparac:do, a politica educocional contra as drogas reduz a
demanda por drogas de D i para D 2 , como no painel (b). Como tanto o preco quanto a quantidade diminuem, a quantia paga pelos usu qrios de drogas
menor.
(b) Politica Educacional contra as Drogas
(a) Politica de Proibi0o das Drogas
Pre90 das
Drogas
1. A politica de proibi0o das
drogas reduz a oferta destas...
Preco das
Drogas
1. A a politica educacional contra
as drogas reduz a demanda destas...
Oferta
P
Pi
2
p
2. ...o que
eleva o
preco...
/
//
P
2
2. ...o que
reduz o
pre9q...
provavelmente é inelEistica em curtos periodos porque os preos mais elevados
afetam substancialmente o uso de clrogas por parte dos que já estk) viciados. Mas
a demanda pode ser mais el stica no decorrer de periodos mais longos porque os
maiores preos desencorajariam as experiencias com drogas entre os jovens e, com
o tempo, levariam a um menor nUmero de viciados em drogas. Neste caso, a politica de proibi o aumentaria os crimes ligados a drogas no curto prazo e os reduziria no longo prazo.
Teste R4ido Como uma seca que destrua metade de todas as colheitas pode ser boa para os agricultores? Se uma seca como essa é boa para os agricultores, por que eles n:k destroem suas pr q prias safras na
ausncia de secas?
Conclusk,
De acordo com uma velha piada, ate um papagaio pode se tomar um economista,
desde que aprenda a dizer "oferta e demanda". Esses dois Ultimos capitulos devem
te-lo convencido de que há muito de verdade niso. As ferramentas da oferta e da
demanda nos permitem analisar muitos dos principais acontecimentos e politicas
que moldam a economia. Agora voce esta" bem encaminhado em sua trajetOria para
se tornar um economista (ou, na pior das hipOteses, um papagaio culto).
110
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
• A elasticidade-preco da demanda mede o quanto a
quantidade demandada responde a variacoes
preco. A demanda tende a ser mais elastica se ha
substitutos proximos disponiveis, se o bem é superfluo em vez de ser essencial, se o mercado é definido
de maneira restrita ou se os compradores tern hastante tempo para responder a uma mudanca do
preco.
• A elasticidade-preco da demanda é calculada como
a variacao percentual da quantidade demandada
dividida pela variacao percentual do preco. Se a
elasticidade é menor que 1, de modo que a quantidade demandada varia menos proporcionalmente
variacao de preco, dizemos que a demanda é inelastica. Se a elasticidade é major que 1, de modo que a
quantidade demandada varia mais que proporcionalmente a variacao de preco, dizemos que a
demanda é elastica.
• A receita total, que é a quantia total paga por urn hem,
é ig,ual ao preco do hem multiplicado 'Dela quantidade
vendida. No caso de curvas de demanda inelasticas, a
receita total aumenta quando o preco aumenta. Para
curvas de demanda elasticas, a receita total diminui
quando o preco aumenta.
• A elasticidade-renda da demanda mede o quanto a
quantidade demandada reage a variacoes na renda
dos consumidores. A elasticidade-preco cruzada da
demanda mede o quanto a quantidade demandada
de urn hem responde a variacoes no preco de outro.
• A elasticidade-preco da oferta mede o quanto a
quantidade ofertada responde a variacZes no prey).
Essa elasticidade frequentemente depende do horizonte de tempo considerado. Na maioria dos mercados, a oferta é mais elastica no longo prazo do que
no curt° prazo.
• A elasticidade-preco da oferta é calculada como a
variacao percentual da quantidade ofertada dividida
pela variacdo percentual do preco. Se a elasticidade é
menor que 1, de modo que a quantidade ofertada
varia menos que proporcionalmente a variacdo de
1)reco, dizemos que a oferta é inelastica. Se a elasticidade é major que 1, de modo que a quantidade ofertada varia mais que proporcionalmente a variacao de
preco, dizemos que a oferta é elastica.
• As ferramentas de oferta e demanda podem ser aplicadas a muitos tipos diferentes de mercados. Este
capitulo as utiliza para analisar os mercados de trigo,
de petrOleo e de drogas ilegais.
CONCEITOS-CHAVE
elasticidade, p. 90
elasticidade-preco da demanda,
p.90
receita total, p. 94
elasticidade-renda da demanda,
p.99
elasticidade-preco cruzada da
demanda, p. 100
1. Defina a elasticic-lade-preco da demanda e a elasticidade-renda da demanda.
2. Relacione e explique alg,uns dos determinantes da
elasticidade-preco da demanda.
3. Se a elasticidade é major que 1, a demanda é elastica ou inelastica? Se a elasticidade é ig,ual a 0, a
demanda é perfeitamente elastica ou perfeitamente inelastica?
4. Num diagrama de oferta e clemanda, mostre o
preco de equilibria a quanticiade de equilihrio e a
receita total dos produtores.
5. Se a demanda é elastica, como urn aumento do
preco muda a receita total? Explique.
elasticidade-preco da oferta,
p. 100
6. Como denominamos urn hem cuja elasticidaderenda e inferior a 0?
7. Como se calcula a elasticidade-preco da oferta?
Explique o que ela mede.
8. Qual é a elasticidade-preco da oferta das obras de
Picasso?
9. A elasticidade-preco da oferta costuma ser major
no curto ou no longo prazo? Por que?
10. Na decada de 1970, a Opep causou urn aumento
drastic° do preco do petroleo. 0 que impediu que
ela mantivesse os precos tao elevados assim
durante os anos 80?
CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICAcii0
111
PROBLEMAS E APLICAOES
1. Para cada urn dos pares de bens abaixo, qual dos
dois bens voce espera que tenha demanda mais
elastica e por que?
a. livros didaticos obrigatarios e romances
b. gravacoes de Beethoven e gr, ravacoes de musica
classica em geral
c. aquecimento central a oleo nos proximos seis
meses e aquecimento central a oleo nos proximos cinco anos
d. g,uarand ou zigua.
Suponha que os viajantes a negocios c os turistas
tenham as seg-,uintes demandas por passagens
aereas de Nova York para Boston:
Preco
Quantidade Demandada
(viajantes a negOcios)
Quantidade Demandada
(turistas)
$ 150
200
250
300
2.100
2.000
1.900
1.800
1.000
800
600
400
a.A medida que o preco aumenta de $ 200 para
$ 250, qual é a elasticidade-preco da demancia
para (i) os viajantes a negocios e (ii) os turistas?
(Use o metodo do ponto medio em seus calculos.)
b. Por que a elasticidade dos turistas seria diferente da dos viajantes a negocios?
3. Suponha que a sua escala de demanda por CDs
seja:
Preco
Quantidade Demandada
(renda = 10 mil)
Quantidade Demandada
(renda = S 12 mil)
$8
10
12
14
16
40
32
24
16
8
50
45
30
20
12
a. Use o metodo do ponto medio para calcular a
sua elasticidade-preco da demancia quando o
preco dos CDs aumenta de $ 8 para $ 10 se (i)
sua renda é de $ 10 mil e (ii) se sua renda é de
$ 12 mil.
b. Calcule sua elasticidade-renda da demanda
quando sua renda aumenta de $ 10 mil para $ 12
mil (i) ao preco de $ 12 e (ii) ao preco de $ 16.
4. Emily decidiu gastar urn terco de sua renda em
roupas.
a. Qual a sua elasticidade-renda da demanda por
roupas?
b. Qual a sua elasticidade-preco da demanda por
roupas?
C. Se os gostos de Emily mudarem e ela decidir
gastar apenas urn quarto de sua renda em roupas, como isso mudara sua curva de demanda?
Quais sera° agora sua elasticidade-renda e elasticidade-preco?
5. Segundo o jornal The New York Times (17 fey. 1996,
p. 25), o uso do metro caiu al.76s urn aumento de
preco."Houve quase quatro milhoes de usuarios a
menos em dezembro de 1995, o primeiro ales
completo apos o Few da passagem aumentar de
25 centavos de Mar para $ 1,50. A queda no
mimero de passageiros foi de 4,3% em relacao ao
mesmo roes do ano anterior."
a. Use estes dados para estimar a elasticidadepreco da demanda das passagens de metro.
b. De acordo corn sua estimativa, 0 que aconteceria corn a receita da empresa que administra o
metro corn o aumento da passagem?
c. Por que a sua estimativa de elasticidade pode
nao ser muito confiavel?
6. Dois motoristas —Torn e Jerry — \Tao a um posto de
gasolina. Antes de ver o Few, cada urn faz seu
pedido. Torn diz: "Quero 10 litros de gasolina". E
Jerry diz: "Quero $ 10 de gasolina". Qual é a elasticidade-preco da demanda de cada motorista?
7. Os economistas observaram que durante epocas
de declinio na atividade economica os gastos corn
refeicoes em restaurantes caem mais do que os
gastos corn alimentos para consumo em casa.
Como o conceit° de elasticidade pode ajudar a
exiplicar esse fenomeno?
8. Considere a politica publica quanto ao tabagismo.
a. Estudos indicam que a elasticidade-preco da
demanda por cigarros é de cerca de 0,4. Se urn
mac° custa hoje $ 2 e o govern° quer reduzir o
seu consumo em 20%, em quanto deve aumentar o preco?
b. Se o govern° aumentar permanentemente o
preco dos cigarros, a politica tera maiores efeitos
dentro de urn ou de cinco anos?
c Estudos demonstram tambem que os adolescentes tem major elasticidade-preco do que os
adultos. For que isso pode ser verdade?
112
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
9. Seria de esperar que a elasticidade-preo da demanda fosse maior no mercado de sorvetes em geral ou
no mercado de sorvetes de creme? Seria de esperar
que a elasticidade-preo da oferta fosse maior no
mercado de sorvetes em geral ou no mercado de
sorvetes de creme? Explique suas respostas.
10. Os mec_iicamentos têm demanda inelastica e os
computadores têrn demanda elastica. Suponhamos que um avallo tecnoli5g,ico dobre a oferta dos
dois produtos (ou seja, a quantidade ofertada a
cada preQ:) sera o dobro da orig,inal).
a. 0 que acontecera com o preo de equilibrio e a
quantidade de equilibrio em cada mercado?
b. Que produto sofrera uma grande varia o no
preo?
c. Que produto sofrera uma grande varia o na
quantidade?
d. 0 que acontecera com a despesa total dos consumiciores com cada produto?
11. As casas de frente para o mar tC).m oferta inelastica e os carros tn-i oferta elastica. Suponhamos
que um crescimento populacional dobre a demanda pelos dois produtos (ou seja, a quantidade demandada a qualquer pre93 dado sera o dobro da
original).
a. 0 que acontecera com o preo de equilibrio e a
quantidade de equilibrio em cada n-iercado?
b. Que produto sofrera maior varia(;: .- o no preo?
c. Que produto sofre.ra n-taior varialo na quantidade?
d. 0 que acontecera con-i a despesa total dos consumidores com cada produto?
12. Ha muitos anos, enchentes ao longo dos rios
Mississippi e Missouri destruiram n-iilhares de
alqueires de trigo.
foram destniia. Os ag,ricultores cujas plantg 6es
das ficaram em pssima situa'ao, mas aqueles
cujas terras n'ao foram afetadas pelas enchentes
se beneficiaram por elas. Por quP
b. De que informgb'es sobre o mercado de trigo
vo& precisaria para avaliar se os ag-ricultores
foram prejudicados ou beneficiados pelas enchentes?
pode ser
13. Explique por que a seguinte coloca ao
verdadeira: Uma seca em todo o mundo aumenta
a receita total que os agricultores recebem com a
venda de g,faos, mas uma seca apenas no Estado
de Kansas reduz a receita total dos ag,ricultores
desse estado.
14. Como um clima rnelhor torna o campo mais produtivo, a terra cultivavel em reg,ib- es com boas condi es climaticas é n-iais cara do que a que se localiza em regi es com condies climaticas mins.
Com o passar do tempo, contudo, à medida que o
avallo da tecnologia aumentou a produtividade de
todos os tipos de terra, o preQp da terra cultivavel
(descontada a infla o) diminuiu. Use o conceito de
elasticidade para explicar por que a produtividade e
os preos da terra esfao positivamente relacionados
no espao, mas negativamente relacionados ao
longo do tempo.
OFERTA, DEMANDA
E POUTICAS DO GOVERN()
Os economistas desempenham duas funcOes. Como cientistas, desenvolvem e testam teorias para explicar o mundo que os cerca. Como mentores de politicas governamentais, usam suas teorias para ajudar a transformar o mundo em urn lugar
melhor. Os capitulos 4 e 5 concentraram-se no aspecto cientifico. Vimos como a
oferta e a demanda determinam o preco e a quantidade vendida de urn bem.Vimos
tambem como diversos acontecimentos podem deslocar a oferta e a demanda e,
corn isso, mudar o preco e a quantidade de equilibrio.
Este capitulo nos dá uma primeira vis-do de politicas governamentais. Aqui analisaremos diversos tipos de politica governamental usando apenas as ferramentas
de oferta e demanda. Como voce verd, a andlise possibilitarEi alg-umas conclusoes
surpreendentes. As politicas muitas vezes tern efeitos que seus arquitetos não planejam ou nao preveem.
Comecaremos pelas politicas que controlan-i diretamente os precos. For exemplo, as leis de controle do aluguel determinam urn preco mEiximo que os proprietarios podem cobrar de seus inquilinos. As leis de salario minimo determinam o
menor saldrio que as empresas podem pagar aos trabalhadores. Os controles de
precos costumam ser aplicados quando os formuladores de politicas acreditam que
o preco de mercado de urn bem ou servico é injusto para os compradores ou os
vendedores. Mas, como verernos, essas politicas tambem podem gerar injusticas.
114
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Depois da nossa discussio sobre controles de preos, trataremos em seguida do
impacto dos impostos. Os formuladores de politicas usam os impostos para
nos resultados do mercado e para levantar receitas para fins pb1icos. Embora a
existncia de impostos em nossa economia seja óbvia, seus efeitos rtio o sao. Por
exemplo, quando o governo cobra um imposto sobre o salario que as empresas
pagam aos seus funcionarios, quem arca com o Onus é a empresa ou os trabalhadores? A resposta nao e nada clara - ate aplicarmos as poderosas ferramentas de
oferta e demanda.
CONTROLE DE PRECOS
preco mimo
legal ara
um me má
o preco ao qua I um bem
pode ser vendido
preo minimo
um hmite mmo legalparao
pode
pre_o ao qual um bem
-ser vendido
• --. .
p
Para sabermos como os controles de pre9 s afetam os resultados do mercado, vamos
observar novamente o mercado de sorvetes. Como vimos no Capitulo 4, se o solvete
for vendido num mercado_competitivo . livre . de reg-ulamenta tfao gpvemament4o seu
a Luart-oterta?a . lernanda:_ao_preo de
se aus-taraPara
prar é exatamente igual à quantim.„co-m
tidade de sorvete coti-aclores d_e_seja
c os vendedores deseiam vender. Para serm os concretos, vamos supor que o
~
prec;o de equilibno por casquinha de sorvete seja de $ 3.
Nen-1 todos ficarian-i felizes con-i o resultado desse i_-)rocesso de livre mercado.
Digamos que a Associaao Nacional de Consumidores de Sorvete reclame do pre9p
de $ 3, dizendo que é elevado demais para que todos possam desfrutar de um sorvete por dia (a dieta recomendada pela associaao). Ao mesmo tempo a Orgap
nizg"ao Nacional dos Fabricantes de Sorvete reclama do pre9 de $ 3 - resultado
da "competiao acirrada"- dizerdo que é baixo demais e esta achatando a renda
em favor da
governo
ao
junto
lobby
faz
g,rupos
desses
um
Cada
dos seus membros.
de leis que alterem o resultado do mercado por meio do controle direto
aprova(; ao
do prey) do sorvete.
ererruIr_es,_os
Naturalmente, como os comp_radores degualquer bent_sen
_que os vendedore uerenlpresos maiores, os interesses dos dois
menore
ti_p_o_sentrarn_eniconflito. Se a Associa o Nacional closFnsumidorde Sorvete
gr
for ben-i-sucedida em seu trabalho de lobby, (.22,21Terno in-tpora tj_t_p_21-es_o_~
pode vender sorvete. Como o preo n'ao_pode ir alem desse
legal
o maximo le a al e chamado_de.we£9 ...maximo. Por outro lado, se a Organiza(;ao dos
•
to t-Them-s ucedida no t abalho de lobby, 9___governo im -)ora um -)re93.
rnin,imo leaal
minimo legaLcornoopreço
chan-tado de_ preco minimo.Vamos tratar dos efeitos de cada uma dessas politicas.
Como os Precos Maximos Afetam os Resultados do Mercado
.
Quando o governo, pressionado F)elas reclama0es e contribui0 es eleitorais da
AssociKao Nacional dos Consumic-lores de Sorvete, in-tpi5e um pre& maximo ao
-mercado de sorvete, ha dois resultados possiveis. N1"o parnel (a) da -- igura 1, o
a
o_ preo
de 4 por casquinha. Neste _caso,
overno impe um preo- maximo
.
. . como
_ _
clue equilibra a oferta e a demanda ($ 3) esta abaixo do maximo, o preo maximo e
As foNas de mercado movem naturalmente a economia em dire-a‘o
nãoobrigório.
jiI1 ibrf6 e—o -p" reo mdmo não exerce efeitO sobre o_ p reo ou s_.-obrea__quantidade vendida.
0 painel (b) da Figura 1 mostra a outra possibilidade, que é mais interessante.
Neste caso, áIjxp de $ 2 por casquinha. _Como o
preQD de equilibrio de $ 3 esta acima do preso m6cimo, o preffl
uma restrifflo o brtgatoria sobre o mercado. As foNas de oferta e demant_endep.
mas
a mover o pre-o em direc;ao ao
_ quando o . preo de mer cado atinge
o preo de mercado se iguala ao
en_ta_rmais.- Assim
aum_
_, •
_•
—
-tas,preo maxlmo. A esse prec», a quanticiade d emandada de sorvete (125 casquinl-
CAPiTULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLITICAS DO GOVERNO
115
FIGURA 1
Um Mercado corn Preco Maximo Cia'(\lerYki
d fik,th
No painel (a), o govemo impae urn prep maxim° de $ 4. Coma o prep maxim° esto acima do prep de equilibrio de $ 3, o prep maxima ndo tem
nenhum efeito e o mercado pode alcancar o equilibrio entre a oferta e a demanda. Nesse equilibria a quantidade ofertada e a quantidade demandada
sdo iguais a 100 sorvetes de casquinha. No painel (b), o govemo impde urn preco maxima de $ 2 par casquinha. Coma o prep maxima é inferior ao
preco de equilibrio $ 3, o prep de mercado passo a ser igual o $ 2. A esse preco, sdo demandadas 125 casquinhas e somente 75 casquinhas sdo ofertadas, de modo que ha uma escassez de 50 casquinhas.
5015W0M4ia
rten6.0 otare
(a) Urn Preco MaximONao Obrigatorioi
Preco do
Sorvete de
Casquinha
Oferta
(b) Urn Preco Maximo que,t .0brigatorio
Preco do
Sorvete de
Casquinha
Oferta
Preco de
equilibrio
$4
Preco maxima
$3
3
de
equilibrio
Preco
2
Demanda
100
Quantidade
de equilibrio
Quantidade de
Sorvete de
Casquinha
75
125
Quantidade de
Quantidade Quantidade Sorvete de
Casquinha
ofertada
demandada
0
conforme a figura)excede a quantidade ofertada (75 casquinhas).
uma escassez'
sorvete, Q.e aneira
que a
• das_pessoas que,siesejan
-- e—m
aoRreco vigente nao consegue-m faze-lo.
Quando surge um-a escassez de sorvete porca
preco maxim° algum
mecanismo lara racionar soryete
vai
. se desenvolveulaturalmente. 0 mecanismo
-- t- o,-)L),:vo
po e assumir a forma de gran es os compradores que estao dispostos a chegar cedo e esperar na fila conseguem o sorvete, enquanto os que nao estao dispostos a esperar ficam sem ele. Alternativamente, os vendedores podem racionar o
sorvete de acordo corn seus criterios pessoais, vendendo apenas para amigos,
parentes ou membros de seus g,rupos étnicos ou raciais. observe que, embora o
gresor_n_4ximo seja/resultado de_ urn desejo
ajKdar os orn
. prad-Oi-g-de sorvete,
nenaodos os cornpradoi,,s_se beneliciam pNitica. Algu n efeThv-a-iii-efit-'p e —agam
-'
preco men6r, embora_talvez fenham que esperar,
n k a fi par.a.fa40Qc,mas
Outtos na-O--podemimprar sor'ete
Este e*emplo do mercado de sorvete mostra Urn tesultado geral: .quaiidob gotkr- no impoe urn preco maxim°
•
.
obrigatorio a um mercado competitivo, surge uma escassez do produto e os vendedores
obrigados a racionar os bens escassos entre um grande ntimero de compradores em potencial. Os mecanismos de racionamento desenvolvidos quando se estabelecem pre-
cos maximos sac) raramente desejaveis. As longas filas sao ineficientes, porque consomem o tempo dos compradores. A discriminacao de acordo corn os criterios do
vendedor tambem é ineficiente (porque o bern nao vai necessariamente para o
comprador que lhe dá valor mais alto) c potencialmentc injusta. Em comparacao, o
mecanismo de racionamento num mercado livre e competitivo é ao mesmo tempo
eficiente e impessoal: quando o mercado de sorvete atinge seu equilibria qualquer
pessoa disposta a pagar o preco de mercado pode conseguir urn sorvete. Os mercados livres racionam hens por meio dos precos.
1 N.R.T.: Tambem denominada"excesso de demanda".
116
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Estude de CasG
FILAS NAS BOMBAS DE GASOLINA
Como vimos no capftulo anterior, em 1973 a Organiza o dos Paises Exportadores
de PetrOleo (Opep) elevou o pre.o do peta5leo cru nos mercados mundiais. Como
o petrOleo cru é o principal insumo utilizado para produzir gasolina, os preos mais
elevados do petrOleo cru reduziram a oferta de gasolina. Longas filas nos postos
tomaram-se comuns e os motoristas muitas vezes precisavam esperar horas para
comprar alg,uns litros de combustivel.
Quem foi o responsvel por essas longas filas? A maioria das pessoas culpa a
Opep. É claro que, se a Opep não tivesse aumentado o prec;o do petrcileo, a escassez de gasolina não teria ocorrido. Mas os economistas culpam as reg,ulamentg-cies
do governo norte-americano que lirnitaram o preo que as companhias de petrOleo poderiam cobrar pela gasolina.
A Figura 2 mostra o que aconteceu. Como se vê no painel (a), antes de a Opep
aumentar o pre9D do petrOleo cru, o precm de equilibrio da gasolina P 1 estava abaixo do preo niáximo. A regulamentação do preo, portanto, não surtiu nenhum
efeito. Quando o preo do petrOleo subiu, entretanto, a situa o mudou. 0 aumento no preo do petr(51eo cru aumentou o custo de proc_lu o da gasolina e isso reduziu a oferta desse combustivel. Como vemos no painel (b), a curva de oferta deslocou-se para a esquerda, de 01 para O. Num mercado não regulamentado, esse
deslocamento da oferta elevaria o preo da gasolina de P 1 p .ara P2 e, como resultado, não haveria escassez. Em vez disso, o preo rrulximo impediu que o 1_->reo
FIGURA 2‘
0 Mercado de Gasolina com Preco Mkimo
•
0 painel (a) mostra o mercodo de gasolino quondo o preco maximo nao é obrigatario porque o preco de equ librio P 1 esta aboixo do preco maximo. 0
painel (b) mostro o mercado de gosolino depois que um aumento do preco do petraleo cru (um insumo na producao de gosolino) desloco a curva de
oferto para a esquerdo, de 0 1 para 02 . Em um mercado nao regulomentado, o preco terio subido de P i para P2 . MOS o preco maximo impede que isso
oconteca. Ao preco maximo obrigotario, os consumidores desejam compror Q D , MOS os produtores estao dispostos o vender somente Qo. A diferenco
entre a quantidade demondado e o quontidode ofertoda, Q D — Q 0 , mede o escossez de gosolino.
(b) 0 Pre9;) 1~mo da Gasolina É Obrigathrio
(a) 0 Pre9D rffiximo da Gasolina Não É Obrigatrio
Preo da
Gasolina
Pre9D da
Gasolina
2....mas quando
a oferta cai...
Oferta, 01
°,
1. Inicialmente,
o preo m, ximo
P
2
Preo r ximo
obrigathrio...
Preo rn. ximo
3....o prey3
m. ximo se torna
obrigatOrio...
Pi
Pi
4.
Demanda
Qi
Quantidade
de Gasolina
resultando
em
escassez.
Demanda
0
Q
0
QD Q1
Quantidade
de Gasolina
CAPITULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLiTICAS DO GOVERNO
subisse para o nivel de equilibrio. Ao preco maxima os produtores estavam dispostos a vender Qo e os consumidores estavam dispostos a comprar QD. Assim, ao
preco controlado, o deslocamento da oferta causou uma grave escassez.
Por fim, as leis que reg,ulavam o preco da gasolina foram revogadas. Os leg,isladores perceberam que cram parcialmente responsaveis pelas muitas horas que os
norte-americanos perdiam esperando nas filas para comprar gasolina. Hoje, quando o preco do petroleo cru se altera, o preco da gasolina pode se ajustar para equilibrar a oferta e a demanda.
Estudo de Caso
CONTROLE DE ALUGUEIS NO CURIO E NO LONGO PRAZOS
Urn exemplo comum de preco maxim() é o controle de alugueis. Em muitas cidades dos Estados Unidos, o govern() local estabelece urn teto para o preco que os
proprietarios podem cobrar de seus inquilinos. 0 objetivo dessa politica é ajudar os
pobres tornando a moradia mais acessivel. Os economistas frequentemente criticam o controle dos alugueis, arg,umentando que é uma forma altamente ineficiente de ajudar os pobres a elevar seu padrao de vida. Urn economista referiu-se ao
controle de alugueis como "a melhor maneira de destruir uma cidade, excetuandose, naturalmente, urn bombardeio".
Os efeitos adversos do controle dos alugueis sac) menos evidentes para a populacao em geral porque se manifestam ao longo de muitos anos. No curto prazo, os
proprietarios tern urn numero fixo de imoveis residenciais para alugar e nao podem
ajustar esse numero na mesma velocidade em que mudam as condicoes de mercado. Alem disso, o ntimero de pessoas em busca de moradia numa cidade pode nao
ter urn alto g,rau de resposta aos alugueis no curto prazo porque leva tempo para as
pessoas mudarem suas condicoes de moradia. Assim, a oferta e a demanda por
moradia sao relativamente inelasticas no curto prazo.
0 painel (a) da Figura .3 mostra os efeitos de curto prazo do controle dos alug,ueis
sobre o mercado de imoveis residenciais. Como se da corn qualquer preco maximo
obrigatorio, o controle dos alupleis causa uma escassez. Todavia, como oferta e
demanda so inelasticas no curt° prazo, a escassez inicial causada pelo controle dos
alugueis é pequena. 0 principal efeito no curt° prazo é a reducao dos alugueis.
Mas a situacao muda no longo prazo porque compradores e vendedores de
imoveis residenciais alugados reagem mais as condic5es do mercado corn o passar
do tempo. Do lado da oferta, os proprietarios reagem aos baixos alugueis deixando
de construir novos imoveis residenciais e deixando de lado a manutencao dos VI
existentes. Do lado da demanda, os baixos alug,ueis encorajam as pessoas a morar
sozinhas (em vez de morar corn os pais ou dividir urn apartamento corn outras pessoas) e induzem mais pessoas a se mudar para as cidades. Assim, tanto a oferta
quanto a demanda sao mais elasticas no longo prazo.
0 painel (b) da Figura 3 ilustra o mercado de locacao de imOveis no longo prazo.
Quando o controle dos alug,ueis forca os precos para niveis inferiores ao do equilibria a quantidade ofertada de apartamentos cai substancialmente e a quantidade
demandada de apartamentos aumenta substancialmente. 0 resultado é uma gr, ande escassez de imoveis.
Em cidades onde ha controle dos alug,ueis, os proprietarios usam diferentes
mecanismos para racionar a moradia. Alguns mantem longas listas de espera,
outros dao preferencia a inquilinos sem filhos e h ainda aqueles clue discriminam
117
118
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
FIGURA 3
Controle dos Alugueis no Curto e no Longo Prazos
0 painel (a) mostra os efeitos de curto prozo do controle dos aluguels. Como a oferta e a demanda sao relativamente inelasticas, o preco maximo imposto por umo lei de controle dos alugueis causa apenas uma pequena escassez de imaveis. 0 painel (b) mostra os efeitos de longo prazo: como a oferto e
a demanda por apartamentos sao mais elasticas, o controle dos alugueis causa uma grande escassez.
(b) Controle dos Aluguis no Longo Prazo
(a oferta e a demanda são el sticas)
(a) Controle dos Aluguis no Curto Prazo
(a oferta e a demanda são inel sticas)
Preo do
Aluguel de
um
Residencial
Pre9D do
Aluguel de
um Ims:Svel
Residencial
Oferta
Oferta
Aluguel
controlado
Aluguel controlado
Escassez
Escassez
0
Demanda
Demanda
Quantidade de Imciveis
Residenciais
0
Quantidade de Imciveis
Residenciais
com base na raa. No caso dos apartamentos, às vezes so alugados para pessoas
que oferecem dinheiro por baixo do pano aos zeladores dos predios. Em essencia,
essas propinas elevam o preo total de um apartamento (incluindo o subomo) para
niveis mais pr6ximos do prec;o de
Para entendermos melhor os efeitos do controle dos alugueis, temos que nos
lembrar de un-1 dos Dez Principios de Economia do Capitulo 1: as pessoas reagem a
incentivos. Nos mercados livres, os proprietarios tentam manter seus im6veis em
boas condi5es porque im6veis desejaveis alcaNam preos mais elevados. Por
outro lado, quando o controle dos alugueis cria escassez e listas de espera, os proprietarios perdem o incentivo para responder aos interesses dos inquilinos. Por que
um proprietario gastaria dinheiro para manter e melhorar suas propriedades quando as pessoas esth- o fazendo fila de espera para morar em qualquer im6ve1 residencial? No fim, os inquilinos obtem alug,ueis menores, mas tambem moradias de qualidade inferior.
Os formuladores de politicas freqiientemente reagem aos efeitos do controle
dos alug,ueis impondo reg,ulamentg cies adicionais. Ha, por exemplo, leis que tornam ilegal a discrimina o racial na loca o de im6veis e exigem que os proprietarios proporcionem o minimo de condicAes adequadas para se viver. Entretanto, a
dessas leis é difícil e dispendiosa. Em compara o, quando se elimina o
controle dos alug,ueis e o mercado de im6veis residenciais passa a ser regulado
pelas foNas da competi o, essas leis tomam-se menos necessarias. Em um mercado livre, o pre9:) da moradia ajusta-se para eliminar a escassez que leva a um
comportamento indesejado dos proprietarios. •
CAPITULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLITICAS DO GOVERNO
119
irNOTICIAS
AS SECAS CAUSAM NECESSARIAMENTE ESCASSEZ DE AGUA?
No verao de 1999, a costa leste dos Estados Unidos experimentou uma rara folta de chuvas e escassez de agua. 0 artigo abaixo sugere
umo maneira pela qual a escassez poderia ter sido evitada.
Economia de Cima para
Baixo
Par Terry L. Anderson e Clay J. Landry
A seca esta sendo culpada pela escassez de
agua na regiao !este e a Mae Natureza esta
sendo censurada par sua falta de colaboracao. E claro que a seca e a causa imediata
do problema, mas a verdadeira culpada é a
regulamentacao que nao permite que as
mercados e as precos igualem demanda e
oferta.
As semelhancas entre a agua e a gasolina sao instrutivas. A crise da energia da
decada de 1970 tambern foi atribuida a
baixa oferta de petroleo cru que a natureza
proporciona, mas, na verdade, as principais
causas da escassez foram as atitudes da
Organizacao dos Raises Exportadores de
Petroleo, combinadas corn o controle de
precos...
Novamente, as reguladores estao respondendo a uma escassez — de agua, neste
caso — corn controles e regulamentos, em
vez de permitir que o mercado funcione. As
cidades estao restringindo o uso de agua;
algumas ate proibiram as restaurantes de
servir agua sem que o cliente peca. Mas,
embora as cidades tenham inicialmente
conseguido diminuir o uso de agua, algumas delas ja estao registrando urn aumento do consumo. Isso levou algumas delegacias de policia a fazer listas de moradores
suspeitos de desperdicar agua.
Ha uma solucao melhor do que
envolver a policia nisso. As forcas do mercado podem assegurar a disponibilidade de
agua ate em anos de seca. Ao contrario do
que se costuma pensar, a oferta de agua,
assim como a de petrOleo cru, nao é fixa.
Coma se da corn qualquer recurso natural,
a, oferta de agua muda em resposta ao
crescimento econOrnico e ao preco. Em
paises em desenvolvimento, apesar do
crescimento populacional, a porcentagem
de pessoas que tern acesso a agua tratada
aumentou de 44% em 1980 para 74% em
1994. 0 aumento da renda proporcionou a
esses Raises as meios para fornecer mais
agua potavel.
A oferta tambern aumenta quando as
usuarios jã existentes tern incentivos para
conservar o excedente de mercado. 0
banco de agua emergencial da California é
urn exemplo disso. 0 banco permite que as
agricultores comprem agua de outros
usuarios durante o periodo de seca. Em
1991, o primeiro ano em que o banco funcionou, quando o preco era de $ 125 par
ubidade de refere'ncia (o acre-pe, equivalente a 1.232.280 litros), a oferta foi duas
vezes maior do que a demanda. Ou seja,
havia mais gente tentando vender agua do
que tentando comprar.
Dados de todo o mundo demonstram
que, quando as cidades aumentam o preco
da agua em 10%, o uso desta cal ate 12%.
Quando o preco da agua para fins
agropecuarios aumenta 10%, o uso desta
cai
Infelizmente, as usuarios de agua do
leste dos Estados Unidos nao pagam urn
preco realista pela agua que consomem. De
acordo corn a American Water Works
Association, apenas 2% dos fornecedores
locals de agua corrigem sazonalmente seus
precos.
E, o que e mais impressionante, as leis
de aguas do leste dos Estados Unidos
proibem a compra e venda de agua pelos
usuarios. Assim coma as permissoes negociaveis de poluicao estabelecidas pela Lei
do Ar Limpo levaram as poluidores a buscar
formas eficientes de reduzir as emissbes,
direitos negociaveis sabre a agua podem
estimular a conservacao e aumentar a oferta. E principalmente uma questao de seguir
o judiciario e o legislativo do oeste do pais,
que permitiram a negociacao.
Fazendo da agua uma mercadoria e
rompendo as grilhoes das forcas de mercado, as formuladores de politicas podem
garantir que haja oferta de agua em
abundancia para todos. Novas politicas nao
acabarao corn as secas, mas diminuirao a
pena que elas impoem ativando o poco
invisivel dos mercados de agua.
Fonte: The Wall Street Journal, 23 ago. 1999, p.
A14. C1999 by Dow Jones & Co., Inc. Reproduzido
corn permissao de DOW JONES & CO., INC. no formato livro-texto par intermedio do Copyright
Clearance Center.
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
120
Corno os Precos Unimos Afetam os Resultados de Mercado
Para examinarmos os efeitos de outro tij_-)o de controle de preos exercido pelo governo, vamos voltar para o mercado de sorvete. Imaginemos agora que o governo seja
convencido pelos argumentos da Organiza o Nacional dos Fabricantes de Sorvete.
Neste caso, o govemo poderia instituir um preo minimo. Os preos n-iinimos, como
os preos 11-1ximos, s .. - o uma tentativa do govemo de manter os preos em niveis que
n' o o de equilibrio. Enquanto um prec;o rnximo estabelece um mdmo legal, um
prew minimo estabelece um minimo legal.
Quando o governo lmpe um prey) minimo ao mercado de sorvete, 1-ui dois
resultados possiveis. Se o governo impuser um preo minimo de $ 2 por sorvete de
casquinha e o preo de equilibrio for $ 3, teremos o resultado do painel (a) da
p
Fig,ura 4. Neste caso, como o preQo de equilibrio est acima do preQ minimo, este
é obrigatOrio. As foNas do mercado movem naturalmente a economia para o
ri k)
equilibrio e o pre9 p minimo ri-'io surte nenhum efeito.
___, Figura 4_mostra o que acontece quando o governo institui um
Q ,pain .el (b da
f-e—cas-o---, Cordo o -i5re- oe equipre n-o- rpinirrio- e i}3- or sorvete ce---- c7a-s-c-iu----ii-i
— - -- - --- -se ,?_6r-n-Wigats5rio, pas~-i6_
librio cle1 3einfericir a o fhinimo le ga 1, O p
— — .''s--- - a__,Q.Id_o_a.. ser um_krestzao .zo nriQrcaclo..).As foNas de oferta e aeman da t e ri a e m a
-mover o pre90 em dire a o ao equilibrio, mas, quando o preo de mercado atinge o
minimo legal, ri . o pode continuar a cair. 0 pre9c, de mercado passa a ser igual ao
preo minimo, ao qual a quantidade de sorvete ofertada (120 casquinhas) supera a
quantidade demandada (80 casquinhas). Algumas pessoas que querem vender sorvete ao preo vigente ri .--io conseguir"&) faz&lo. Assim, um prep mthimo obrigatrio
causa 11111 excedente2.
FIGURA 4
Um Mercado com Preco Minimo 17iThit-C1)3‘-1)--)
No painel (a), o govemo impae um preco minimo de $ 2. Como esse preco esta aboixo do preco de equilibrio de $ 3, o preco minimo nao tem nenhum
efeito. 0 preco de mercado ajusta-se para equilibrar oferta e demanda. No equilfbrio, as quantidades ofertada e demandado sao iguais o 100 son/etes de
casquinha. No painel (b), o govemo impae um preco minimo de $ 4, acima do preco de equilibrio de $ 3. Assim, o preco de mercado passa o ser igual a
$ 4. Como a esse preco sao ofertados 120 sorvete e sao demandados apenas 80, ha um excedente de 40 unidades.
ir\ws,
(a) Um Preo Minimo Nth- o Obrigat&io
Pre9D do
Sorvete de
Casquinha
Oferta
(b) Um Preo Minimo Obrigat6rio
Preo do
Sorvete de
Casquinha
Oferta
Excedente
Preo de
equilibrio
$3
3
2
Preco de
equilibrio
0
Quantidade
100
de Sorvetes
Quantidade
de equilibrio de Casquinha
2 N.R.T.: Tambem denominado excesso de oferta.
0
Preco _ 12)-MOS
minimo
ott,
Demanda
120 Quantidade
80
I Quantidade Quantidade de Sorvetes
demandada ofertada de Casquinha
CAPITULO 6 OFERTA, DENIANDA E POLiTICAS DO GOVERNO
Assim como os precos maximos e a escassez, os precos minimos e os excedentes tambem podem conduzir a indesepleis mecanismos de racionamento. No caso
do prey) minim°, alguns vendedores nao conseguirdo vender a quantidade que
desejam ao preco de mercado. Os que recorrem as preferencias pessoais dos cornpradores, talvez relacionadas a elos raciais ou de familia, tern maiores chances de
vender os bens produzidos do que aqueles que na"o o fazem. Por outro lado, num
mercado livre, o preco serve de mecanismo de racionamento e os vendedores conseguem yender tudo o gue dese'am ao preco de equilibno2)
Estudo de Caso
0 SALARIO 11/1iNIMO
Urn exemplo importante de preco minim° é o salario minimo. As leis de sa16rio
minin-to determinam o menor preco que os empregadores podem pagar pelo trabalho. 0 Congress° norte-americano instituiu pela primeira vez urn salario minim° corn a Fair Labor Standards Act (lei de regulamentacao do trabalho em regime
especial), de 1938, garantindo aos trabalhadores urn padrao de vida minimamente
adequado. Em 2002, o salario minim° era de $ 5,15 por hora, segundo a leg,islacao
federal, send° que alguns estados norte-americanos impunham sakirios minimos
ainda mais elevados.
Para examinarmos os efeitos do sakirio minim°, precisamos considerar o mercado de trabalho. 0 painel (a) da Figura 5 mostra o mercado de trabalho, que, como
todos os mercados, est Ei sujeito as forcas de oferta e demanda. Os trabalhadores
determinam a oferta de mao-de-obra e as empresas determinam a demanda.,SsA
swer,,nsk.,n'a:o
Ro_m er;adcz,o s4,41:i.sz no/km.plmc_n
sta p
a oferta de rza19-cje-obra e a demanc
FIGURA 5
Como o Salario Minimo Afeta o Mercado de Trabalho
0 painel (a) mostro urn mercado de trabalho em que o saldrio se ajusta para equilibrar a oferta e a demanda de mao-de-obra. 0 poinel (b) mostra o
impacto de urn salon° minim° obngatorio. Como o solorio minim° é urn prep minima, causa urn excedente: a quantidade ofertada de moo-de-obra
supero a quantidade demandada. 0 resultado e desemprego.
Salario
Salario
Oferta de
Mao-de-obra
) Excedente de
Mao-de-obra
(desemprego)
Oferta de
Maode-ob a
Salario
minimo
Salario de
equilibrio
Demanda
par Maode-obra
Emprego de
equilibrio
Quantidade
de Mao-de-obra
Demanda
par Maode-obra
0
Quantidade Quantidade
Quantidade
demandada ofertada de Mao-de-obra
121
122
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
0 painel (b) da Figura 5 mostra o mercado de trabalho em que vigora um salario mínimo. Sc o salario minimo esta acima do nivel de equi1íbrio, como neste caso,
.
a quantidade ofertada de m ao-de-obra excede a quantidade demandada. 0 resultado é o desemprego. Assim, o salario minimo eleva a renda dos trabalhadores que
fem emprego, mas reduz a renda daqueles que n ao conseg,uem encontrar trabalho.
Para entender melhor o salario minimo, tenha em mente que a economia 1-1-o
contem um sO mercado de trabalho, mas varios, para diferentes tipos de trabalhadores. 0 impacto do salario minimo depende da habilidade e da experie'ncia do trabalhador. Trabalhadores altamente habilitados e com muita experiencia
afetados porque o salario de equilibrio deles esta acima do salario minimo. Para
eles, o salario minimo r1 o e obrigat&io.
merkado de
palariominimo tem seu maior impacto
_ trabalb.cqara adoles,
centes. 0 -Salario de eqiii1fLiri-6-dds-addles ntes e mais baixo porque eles esto
rall;a4F6lk1e—n.1
entre os membr6s merids ëiEeìientes daTorde t—
disso, os adoTescentes frequentemente esffo c-iispostos a aceitar um salario menor
sem
estagiarios
como
trabalhar
a
em
disp6
se
(alguns
aprendizado
de
em troca
receber nenhum pagamento. Entretanto, como os estag,ios não oferecem nenhum
tipo de pagamento, o salario minimo n'ao se aplica a eles. Se o salario rnínimo se
aplicasse a esse tipo de trabalho, talvez ele nem existisse). Como resultado, o salario minimo e obrigatrio com mais freqincia para os adolescentes do que para os
demais membros da forca cle trabalho.
Muitos economistas fem estudado como as leis de salario minimo afetam o
n-lercado de trabalho dos adolescentes. Esses pesquisadores con-Taram as mudanc.as no salario minimo ao longo do tempo com as mudancas no emprego de adolescentes. Embora haja debates sobre o quanto o salario minimo afeta o en-lprego,
os estudos em geral afirmam que um aumento de 10% do salario minimo reduz o
en-tprego de adolescentes entre e 3%. Ao interpretar essa estimativa, observe
3
que um aumento de 10' /0 no salario minimo n ao aumenta en-i 10% a renda media
dos adolescentes. Uma mudanca da lei não afeta diretamente os adolescentes que
ja est'ao ganhando mais do que o salario minimo; alem disso, a execuco das leis de
salario minimo não é perfeita. Assim, a queda estimada no emprego de 1% a 3°/0 e
sig,nificativa.
Alem de alterar a quantidade demandada de mo-de-obra, o salario minimo
tambem altera a quantidade ofertada. Como o salario minimo eleva o salario que
os adolescentes podem ganhar, ele aumenta o mimero de adolescentes em busca
de trabalho. Estudos concluiram que um maior salario minimo intlui em quais adolescentes estaro empregados. Quando o salario minimo aumenta, alg-uns jovens
na escola optam por abandonar os estudos e trabalhar. Esses
que ainda est ao
jovens tiram o lugar de outros adolescentes que ja haviam desistido da escola e que
ento se veem desempregados.
0 salario minimo é um assunto freqi.iente do debate politico. Os que advogam
pelo salario minimo vem essa politica como um meio de aumentar a renda dos
trabalhadores pobres. Observam, corretamente, que os trabalhadores que ganham
salario minimo s) conseg,uem manter um baixo padr ao de vida. Em 2002, por
exemplo, quando o salario minimo nos Estados Unidos era de $ 5,15 por hora, dois
adultos que trabalhassem 40 horas semanais um ano inteiro em empregos que
pagassem salario minimo teriam renda anual total de $ 21.424, menos da metade
da renda familiar mediana. Muitos dos defensores do salario minimo admitem que
ele tem alguns efeitos adversos, inclusive o desemprego, mas acreditam que esses
CAPITULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLiTICAS DO GOVERNO
123
efeitos sao pequenos e que, levando-se em consideracao tocios os fatores, urn salario minimo maior deixa os pobres em melhor situacao.
Os que se °poem ao salario minimo afirmam que essa nao 6 a melhor maneirade combater a pobreza. Eles observam que urn salario minim() elevado causa
desemprego, incentiva os adolescentes a abandonar os estudos e impede que trabalhadores nao qualificados obtenham o treinamento no emprego de que necessitam. E observam, ainda, que o salEirio minim° é uma polftica que dificilmente atinge o alvo pretendido. Nem todos os trabalhadores que recebem salzirio minim() sao
chefes de familia tentando fug,ir da pobreza. Na verdade, menos de urn terco dos
que ganham salad° minim() sac) de familias corn rencia abaixo da linha de pobreza. E muitos sao adolescentes de classe media trabalhando em empregos de meio
period°. •
Avaliando o Controle de Precos
Urn dos Dez Princlpios de Economia discutidos no Capitulo 1. 6 de que os mercados
costuMam ser um born meio de organizar a atividade economica. Esse principio
explica por que os economistas costumam se opor aos precos maximos e precos
minimos. Para eles, Os precos nao sao resultado de urn process° desorganizado.
Sao, argumentam eles, o resultado dos milhoes de decisoes de empresas e consumiclores que estao por tras das curvas de oferta e demanda. Os precos desempenham a funcao crucial de equilibrar oferta e demanda e, corn isso, coordenar a atividade economica. Quando os formuladores de politicas fixam precos por decreto,
obscurecem os sinais que normalmente conduzem a alocacao dos recursos da
sociedade.
Outro dos Dez Principios de Economia é de que os governos podem as vezes
melhorar os resultados do mercado. Corn efeito, os formuladores de politicas adotam controles de precos porque consideram injustos os resultados do mercado. Os
controles de precos frequentemente visam ajudar os pobres. As leis de controle dos
alug,u6is, por exemplo, procuram tornar a moradia acessivel para todos e as leis de
salario minim() tentam ajudar os pobres a escapar da pobreza.
Mas os controles de precos muitas vezes prejudicam as pessoas a quern se esta
tentando ajudar. 0 controle dos alugueis pode manter baixos os alug,u6is, mas tamhem desencoraja os proprietarios de manter seus pi-echos e torna difIcil encontrar
moradia. As leis de sal6rio minim° podem elevar a renda de alg,uns trabalhadores,
Inas fazem corn que outros fiquem desempregados.
A ajuda aqueles que precisam pode ser dada sem a utilizacao de controle de precos. Por exemplo, o govemo poderia tornar a moradia mais acessivel se arcasse corn
uma parte do alug-,uel pago pelas familias pobres. Ao contrario do controle dos alug,ueis, os subsidios a moradia nao reduzem a quantidade ofertada de imoveis e, portanto, nao gera escassez. De maneira similar, o subsidio aos salOrios eleva os padroes
de vida dos trabalhadores pobres sem desencorajar a contratacao por parte das
empresas. Urn exemplo de subsidio ao salad° é o (EITC) earned income tax credit, urn
programa govemamental que suplementa a renda dos trabalhadores que ganham
baixos salEirios.
Embora essas politicas alternativas sejam, muitas vezes, melhores do que o controle dos precos, elas nab sao perfeitas. Alug,uel e salarios subsidiados custam
dinheiro para o governo e, portanto, exigem aumentos dos impostos. Como veremos na proxima secao, a tributacao tern seus proprios custos.
9 c.64.
rec\S.11'Yk..
Q0J\ rwoi
V\1\ 91r3
Rapid° Defina 'prep mOximo e prep minimo e dê urn exemplo de cada. Qual proVoca escassez?
Qual provoca excedente? Par que?
1-0 9-104 TotoCiNtrie Jfa,.c.601-0-4
LOcivok
v4_6,-(1-W bV\kyt-twu
(Alk&tw Aoh
CAr Q1,1
‘1‘4-) 1,)"N5
e1/43
as).
Q)3(`Cc
124
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
I MPOSTOS
inci fincia tributaria
•a
maneira pela qual o ônus
de um imposto é dividido
entre os parlicipantes de
um mercado
Todos os governos — desde o governo federal em Washington, D.C., aos govemos
de pequenas cidades — usam imj.,-)ostos para levantar receita para projetos
como estradas, escolas e defesa nacional. Como os impostos s'ao um importante
instrumento de politica e como afetam nossa vida de diversas maneiras, seu estudo é um tOpico ao qual voltaremos diversas vezes durante o livro. Nesta
comeyiremos nosso estudo de como os in-ipostos afetam a economia.
Para preparar o palco 1.-)ara nossa analise, imagine que um governo local decicla
realizar um festival anual de sorvete — com desfile, fogos de artificio e discurso das
autoridades da cidade. Para levantar recursos para pagar o evento, decide cobrar um
imposto de $ 0,50 sobre a venda de cada sorvete de casquinha. Quando o plano e
anunciado, nossos dois g,rupos lobistas entram em gao. A Organizgao Nacional
dos Fabricantes de Sorvete afirma que seus membros estao lutando pela sobrevivencia em um mercado competitivo e sustentam que sao os compradores de sorvete que
devem pagar o in-iposto. Ja a Associgao Nacional de Consumidores de Sorvete diz
que estes estao passando por dificuldades financeiras, de modo que quen-i deve
pagar o imposto sao os vencledores. 0 prefeito da cidade, na esperaNa de chegar a
um acordo, sugere que n-ietacle do imposto seja paga pelos compradores e metade
seja paga pelos vendedores.
Para analisarrnos essas propostas, precisamos abordar uma questao simples,
porem sutil: quando o governo institui um imposto sobre algum bem, quem arca
com o (5rius desse imposto? Os compradores desse bem? Os vendedores desse
bem? Ou, se compradores e vendedores dividem o 8nus do imposto, o que deter3,-rnina como o 6nus será clividido? 0 govemo pode sin-iplesmente decretar os terc.
" mos da divisao, como sugere o prefeito, ou ela sera determinada por foNas fundamentais da economia? Os economistas usam o termo incidencia tributaxia para
se referir à distribuic;ao do Onus tributrio. Como veremos, alg-umas lições surpreendentes sobre a incidencia tributaria surgem da simples aplica(;:ao das ferramentas da oferta e da demanda.
Como os Impostos Cobrados dos Compradores
Afetam os Resultados de Mercado
Vamos prin-leiro considerar um imposto que passa a ser cobraclo dos compradores
de um bem. Suponhamos, por exemplo, que o governo local aprove uma lei que
exige que os con-lpradores de sorvetes de casquinha lhe repassem $ 0,50 por sorvete comprado. Como essa lei afetaria os con-yradores e vendedores de sorvete? Para
respondermos, podemos seguir as tres etapas do Capitulo 4 j_-)ara analise da oferta
e da demanda: (1) determinamos se a lei afeta a curva de oferta ou a curva de
demanda, (2) verificamos em que direao a curva se desloca e (3) examinamos
como o deslocan-iento afeta o equilibrio.
Primeira Etapa 0 impacto inicial do imposto se da sobre a demanda por sorvete. A curva de oferta nao é afetada porque, para qualquer prec;o dado do sorvete,
os vendedores estao sujeitos ao mesmo incentivo para ofertar sorvete ao mercado.
Os compradores, por sua vez, agora tem que pagar um imposto ao governo (alem
do prey) pago aos vendedores) sempre que compram sorvete. Assim, o imposto
desloca a curva de demanda por sorvete.
Segunda Etapa É facil determinar a direyio do deslocamento. Como o imposto sobre os compradores torna menos atraente a compra de sorvete, os compradores demandam uma quantidade menor de sorvete a qualquer prey) dado. Com
isso, a curva de demanda desloca-se para a esquerda (ou para baixo, o que da no
mesmo), como mostra a Figura 6.
CAPITULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLITICAS DO GOVERNO
125
FIGURA 6
Um Imposts) Cobrado dos
Preco do
Sorvete de
Casquinha
Preco pago
pelos
cornpradores
Preco serr
o impost
Equilibrio sem
o imposto
Urn imposto cobrado
dos compradores
desloca a curva de
demanda para baixo
num valor igual ao
do imposto ($0,50).
$ 3, 30 A..........
_ I mpost° ($0,50)
2,80
Preco
recebido
pelos
vendedores
Oferta,
Equilibrio
corn o imposto
90 100
Quantidade
de Sorvetes
de Casquinha
Podemos, neste caso, ser mais precisos a respeito de quanto a curva se desloca.
Por causa do imposto de $ 0,50 cobrado dos compradores, o preco efetivo para eles
passa a ser $ 0,50 mais alto do que o preco de mercado (qualquer que seja o preco
de mercado). Por exemplo, se o preco de mercado de urn sorvete de casquinha fosse
$ 2,00, o preco efetivo para seus compradores seria $ 2,50. Como o que interessa
aos compradores é o custo total, incluldo o impost°, eles demandam uma quantidade de sorvete equivalente a que teriam demandado se o preco de mercado fosse
$ 0,50 mais elevado do que realmente é. Em outras palavras, para in
pscoimpradores a demandar qualquer quantidade dada, o preco de mercado.agora preciz
sa ser $ 0,50 Mai—s—baixo.,,pra compensar os efeitos do imposto Assim o im_posto
.,-cil e-siC;c3---a--C7
ur—
va- de demanda paras—Ep—ara D2—, num vakr exaam en- t e i al
ao do imposto ($ 0,5
,--- Terceira Etapa Tendo determinado como a curva de clemanda se desloca, podemos agora ver o efeito do imposto comparando o equilibrio inicial corn o novo
equilibrio. De acordo corn a figura, o preco de equilibrio cai de $ 3,00 para $ 2,80 e
a quantidade de equilibrio cai de 100 para 90 sorvetes. Como os,vendedore,sjendem menos e os compradores_ compram menos no novo e51.1ilibrio, o.imposto 5o
b re
oianja do mercado de sorvei—
e. '
I mplicacoes Podemos, agora, retomar a questa-o da incidencia tributaria: quern
paga o imposto? Embora os compradores repassem o impost() para o govern°, vendedores e com_ pradores dividem o onus. Como o preco de mercado cai de $ 3,00
para $ 2,80 apos a introducao do impost°, os vendedores recebem $ 0,20 a menos
por sorvete que vendem. Assim, o imposto deixa os vendedores em pior situacao.
Os compradores pagam menos aos vendedores ($ 2,80), mas o preco efetivo,
do o impost°, sobe de $ 3,00 para $ 3,30 ($ 2,80 + $ 0,50 = $ 3,30). Assim, o imposto tambem prejudica os compraciores.
Compradores
Quando um imposto de $ 0,50
passa a ser cobrado dos
comprodores, o curva de
demanda desloca-se para baixo
em $ 0,50, de Dj para 02. A
quantidade de equilibrio pi de
100 paro 90 sorvetes. 0 prep
que os vendedores recebem cal
de $ 3,00 para $ 2,80. 0 preco
que os compradores pagom
(incluido o imposto) aumenta de
$ 3,00 pora $ 3,30. Embora o
imposto sejo cobrado dos compradores, compra d
Jëde-
dares dividem o Onus do imposto.
(L,-.cx,
126
PARTE 2
OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
Como os Impostos Cobrados dos Vendedores
Afetam os Resultados de Mercado
Vamos agora considerar um imposto cobrado dos vendedores de un-1 bem. Suponhamos que o governo local aprove uma lei que exija que os vendedores de sorvete de casquinha enviem ao governo $ 0,50 para cada sorvete vendido. Quais
sero os efeitos dessa lei? Novamente, aplicaremos as tr' s etapas para saber a
resposta.
Primeira Etapa Neste caso, o impacto imediato do imposto recai sobre os vendedores de soivete. Como o imposto não e cobrado dos compradores, a quantidade demandada de sorvete a cada preo dado fica inalterada; com isso, a curva de
demanda n", o muda. Entretanto, em re1ação aos vendedores o imposto sobre as
vendas aumenta o custo de venda e deixa o nefficio de sorvete menos lucrativo
qualquer que seja o preo dado, de modo que a curva de oferta se desloca.
Segunda Etapa Como o imposto sobre os vendedores eleva o custo de produ o
e venda de sorvete, reduz a quantidade ofertada qualquer que seja o prec;o. A curva
de oferta desloca-se para a esquerda (ou para cima, o que dá no mesmo).
Novamente, podemos ser precisos quanto à magnitude do deslocamento. Para
qualquer prey) de mercado do sorvete, o pre90 efetivo para os vendedores — o valor
com que ficam aps pagar o imposto — é $ 0,50 menor. Por exemplo, se o prec;o de
mercado de um sorvete de casquinha for $ 2,00, o preo efetivo recebido pelos vendedores será de $ 1,50. Qualquer que seja o preQo de mercado, os vendedores ofertark) uma quantidade de sorvete equivalente à que ofertariam se o prec;o fosse $ 0,50
menor. Em outras palavras, para induzir osyendedores a vender qualquer quantQa.,£1,2.,ercado deve~er $ 0 50 mais alto para con-i nsar o efei, de
to do imposto. Assim, como mostra a Figura 7, a curva de 6 Gta des16ca-se para
de' 0, para 0 2 no montante exato do imposto ($ 0,50).
FIGURO,
Um Imposto cobrado dos
Vendedores
Quando um imposto de $ 0,50
cobrado dos vendedores, o curva de
oferta desloco-se paro cima em
$ 0,50, de 0 para 0 2 . A quantidade de equih'brio cai de 100 para
90 sorvetes. 0 preco que os compradores pagam sobe de $ 3,00
para $ 3,30. 0 preco que os
vendedores recebem (apOs pagar o
imposto) cai de $ 3,00 poro $ 2,80.
Emborao imposto sejo coprodo dos
vendeClores, compradores e
vendedores diviarern o nus do
_
Pre9D do
Sorvete de
Casquinha
Preco pago pelos
compradores
$ 3,30
rPreco sem
.3,00
o imposto
2,80
_
Um imposto cobrado
dos vendedores
desloca a curva de
ofer-ta para cima no
valor do imposto
1
($0,50).
Equilibrio sem
o imposto
Equilibrio com
o imposto
Imposto ($0,50)
Pre9p recebido
pelos vendedores
etuc,6)
fwvA,
07,
Demanda, D
+k,U. cytY\\c)/~.
eir4Noce415
90 100
Quantidade
de Sorvetes
de Casquinha
CAPITULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLITICAS DO GOVERNO
127
Terceira Etapa Tendo determinado como a curia de oferta se desloca, podemos
agora comparar o equilibrio inicial corn o novo equilibrio. A figura mostra que o
'Drew de equilibrio do sorvete sobe de $ 3,00 para $ 3,30 e que a quantidade de equilibrio cai de 100 para 90 casquinhas. Novamente, o impost° reduz o tamanho do
mercado. E novamente compradores e vendedores dividem o onus do impost°.
Como o preco de mercado aumenta, o compradores pagam $ 0,30 a mais por sorvete em relacao ao que pagavam antes de o impost° ter sido aprovado. Os vendedores
xecebem urn preco mais elevado do que recebiam antes da cobranca do imposto, mas
o preco efetivo (apOs o pagamento do imposto) cai de $ 3,00 para $ 2,80.
I mplicacOes Se comparar as figuras 6 e 7, voce chegard a uma conclusao surpreendente: impostos cobrados de compradores e impostos cobmdos de vendedores sao
equivalentes. Nos dois casos, o impost° introduz uma cunha entre o preco que os
C0/401,60 — ? Tip q3o
compradores pagam c o que os vendedores recebem. A cunha entre o preco dos
vendedores e o preco dos compradores 6 a mesma, independentemente de o imposlatcv.D. criNY
to ser cobrado dos compradores ou dos vendedores. Em qualquer urn dos casos, a
cunha desloca a posicao relativa das curvas de oferta e demanda. No novo equili- 47icticterto
ctoLkton
bria os compradores e os vendedores dividem o onus do impost°. A (mica diferencsrn)-tuk 2..o
ca entre o impost() cobrado dos compradores e aquele cobrado dos vendedores esti
em quern 6 responsdvel pelo envio ft
s •
a ins)
A equivalencia entre esses dois impostos é facil de entender quando imagina- 3,00 —
mos que o governo recolhe o impost() de $ 0,50 sobre o sorvete num cofrinho
Coisa - .6.1.)1205
colocado no balcao de cada sorveteria. Quando o governo cobra o impost° dos
compradores, eles tern que colocar $ 0,50 no cofrinho cada vez que urn sorvete
cLe-u,N olurhoikAbral
comprado. Quando o imposto é cobrado dos vendedores, sac) eles que tern que
colocar os $ 0,50 no cofrinho depois da venda de cada sorvete. Ndo faz nenhuma
93
diferenca se os $ 0,50 v5o diretamente do bolso do comprador para o cofrinho ou
se vao indiretamente, saindo do bolso do comprador, indo para as m5os do ven- ma murry,uni-Aikarrn
dedor e so ent5o sendo colocados no cofrinho. Uma vez que o perc_a_d_o atinja o
rn
ka -8 3r0
3
novo equilibrioisompradores e vendedores compartilharao o Onus, independenn —
temente da forma como o imposto é cobrado.
o
Estudo de Caso
0 CONGRESSO PODE DISTRIBUIR 0 ONUS DE UM
IMPOST() SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO?
Se voce já recebeu urn contracheque, provavelmente percebeu que foram descontados impostos do valor que voce ganhou. Nos Estados Unidos um desses impostos
chama-se Pica, a sigla de Federal Insurance Contribution Act (Lei das Contribuicoes
Fecierais aos Seguros). 0 govern° usa a receita do Pica para sustentar a Seguridade
Social e o Medicare, dois prog,ramas de assistencia aos idosos. A contribuicao para
o Pica 6 urn exemplo de tributo sobre a folha de pagamento, urn impost° sobre os
salkios que as empresas pagam aos trabalhadores. Em 2002, o total de Pica pago
por um trabalhador medio foi equivalente a 15,3% de seus rendimentos.
Quern, na sua opiniao, arca corn o Onus desse imposto: as empresas ou os trabalhadores? Quando o Congress° aprovou essa lei, tentou determinar uma divisao
do Onus tributdrio. Pela lei, metade do impost° é paga pelas empresas e metade,
pelos trabalhadores. Ou seja, metade do impost° vem da receita das empresas e
metade 6 cleduzida do saldrio dos trabalhadores. 0 valor que aparece como deducao no contracheque é a contribuicao do trabalhador.
Mas nossa analise da incidencia tributkia demonstra que os legisladores na'o
podem determinar corn tanta facilidade a distribuicao de urn Onus tributario. Para
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128
PARTE 2
OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
FIGURA 8
Um Imposto sobre a
Folha de Pagamento
Oferta de R/1. -o-de-obra
Os impostos sobre a folha de pagamento
Introduzem uma cunha entre o salOrio que
os trabalhadores recebem e o saOrio que
Salkio pago
pelas empresas
as empresas pagam. Se compararmos os
sak,rios com e sem o imposto, veremos que
Salkio sem
os trabalhadores e as empresas
impostos
compartilham o ônus do imposto. Essa
recebido
Salkio
divisao do ônus do imposto entre
pelos trabalhadores
trabolhadores e empresas n'cio depende de
o govemo cobrar o imposto dos
trabalhadores, dos empresos ou dividir o
imposto igualmente entre os dois grupos.
Cunha fiscal
0
Demanda por
Wo-de-obra
Quantidade de Ifflo-de-obra
exemplificarmos, vamos analisar o imposto sobre a folha de pagamento como se
fosse um imposto sobre um bem qualquer, em que o bem é o trabalho e o pre90
desse ben-i é o salario. A caracteristica central do imposto sobre a folha de pagamento é o fato de que ele introduz un-la cunha entre o salario que as empresas pagam e
o salario que os trabalhadores recebem. A Figura 8 mostra o resultado. Quando entra
em vigor um imposto sobre a folha de pagamento, o salario recebido pelos trabalhadores cai e o salario pago pelas emi.-)resas aumenta. No final, trabalhadores e empresas compartilham o Onus do imposto, como requer a legislação. Mas essa divisa o do
6nus tributario nada tem a ver com a divis ao legal: a divis ao do 6nus na Figura 8 n-ao
necessariamente meio-a-meio entre as partes e o mesmo resultado poderia prevalecer se a lei estabelecesse que o imposto deveria ser integralmente pago pelos trabalhadores ou pelas empresas.
Este exemplo den-lonstra que a 1ic;5o fundamental da incid'encia tributaria é muitas vezes esquecida no debate público. Os legisladores podem decidir se um
imposto sai do bolso do comprador ou do vendedor, mas n ao podem leg,islar sobre
o verdadeiro 6nus do imposto. Mais exatamente, a incid'encia tributaria depende
das foNas de oferta e demanda. •
Eiasticidade e Incid&lcia Tributaria
Quando um bem é tributado, os seus compradores e vendedores compartilham o
Onus dos inwostos. Mas como, .exataxnente, se dá essQ divis'a'o? Ela raramente
igualitaria. Para ver COrno o onus e dividido, cOnsidere o impado da frib-utka-o
Sobre-b- s -dOis mercados da Figura 9. Em an-ibos os casos, a figura mostra a curva de
demanda inicial, a curva de oferta inicial e um imposto que introduz uma cunha
entre o valor pago pelos compradores e o valor recebido pelos vendedores (ri o
foram desenhadas em nenhum painel da figura as novas curvas de oferta e demanda. A curva que se desloca depende de o imposto ser cobrado dos compradores ou
dos vendedores. Como vimos, isto e irrelevante no que diz respeito à incidencia tributaria). A diferena entre os dois paineis esta na elasticidade relativa da oferta e
da demanda.
0 painel (a) da Fig,ura 9 mostra um imposto num mercado con-1 oferta altamente elastica e demanda relativamente inelastica. Ou seja, os vendedores reagem
muito a mudaNas no preo do bem (de modo que a curva de oferta tem inclina-
CAPITULO 6 OFERTA, DEIVIANDA E POLITICAS DO GOVERNO
129
FIGURA 9
(a) Oferta Elastica, Demanda lnelastica
Preco
1. Quando a oferta é mais
elastica do que a demanda...
Preco pago pelos
compradores
Oferta
Impost°
2....a incidencia
tributaria recai
mais pesadamente
sobre os
consumidores...
Preco sem
o imposto
Preco recebido
pelos vendedores
3....do que
sobre os
produtores.
Demanda
0
Quantidade
como o Onus de um Impost°
Dividido
No painel (a), a curia de oferta é elostica e
a de demanda, inelostica. Neste caso, o
prep recebido pelos vendedores cal pouco
en quanta o prep pogo pelos compradores
aumenta substancialmente. Assim sendo, os
compradores arcam corn a major parte do
Onus tributdrio. No painel (b), a curva de
oferta e inekistica e a curva de demanda,
elOstica. Neste caso, o prep recebido pelos
vendedores cal substancialmente, en quanta
o preco pogo pelos compradores so
aumenta urn pouco. Ass/m, as vendedores
arcam corn a ma/or parte do Onus tributdrio.
(b) Oferta IneIática, Demanda Elastica
Preco
• 1. Quando a demanda e mais
elastica do que a oferta...
Preco pago pelos
corn pradores
Preco sem
o imposto
Oferta
3. ...do que sobre
os consumidores.
Impost°
2. ...a incidencia
tributaria
recai mais
pesadamente
sobre os
produtores...
Preco recebido
pelos vendedores
Demanda
0
Quantidade
cao relativamente pouco acentuada), ao passo que os compradores nao respondem
Inuit° a mudancas de preco (de modo que a curva de demanda é relativamente
ingreme). Quando urn impost° incide sobre urn mercado corn essas elasticidades,
o‘preco recebido pelos vendedores nao cai muito, de modo que os vededores
_
E‘ircam apelTa corn 1.11n- eqtrenaparte do..oryils::Ror..au_tro lado,.Q,pre_co_pago_petp.s.
co41--ad-O'f6-s--S-Obe Substancialmente, dicando clue eles ar.c_am com a major parte
o onus d'o ImDosto.
painel (b) da Figura 9 mostra urn imposto em urn mercado corn oferta relativamente inelastica e demanda muito elastica. Neste caso, os vendedores nao respondem muito a Mudancas de preco (de modo que a curva de oferta é mais ingreme) e us compraciores respondem muito a mudancas de preco (de modo que a
curva de demanda tern inclinacao menos acentuada). A figura mostra que, quando
urn impost() 6 aprovado, o preco Rago_ze_los comprado:ies nao sobe muito,
Cpre-co rec—ebiao—pero-S
enciecto—fes_cii stibstancialn-i- ente.'b-e'S-Se'i=no'dOTh-sVe—ri•
d'eabr-eg•arCam c'Orn-a—filai6r-ibarte--do onus do in-mo."-t
I
•
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS
130
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c,Citg. Y'r),CRA
-r Le(ci kt.t9- -pct,9,Ck ,447-6)
Os dois paineis da Fig,ura 9 d'Elo uma 1ição geral sobre a divisk) do Onus de um
imposto: o ôius de um imposto recai mais pesadamente sobre o lado menos eltistico do
mercado. Por que isso ocorre? Em essencia, a elasticidade mede a disp_os4o dos
—
co_ mpradotsTO-tilvende dor par_a sair do rnei'cado . quando_ as condi es-torna-m-se
esfavor_a_y_eis. Uma elasticidade pequena da demanda sig,nifica que os compradores
.
-n'a c) tem bo a s alternativas ao consumo do bem ern questa o. Uma elasticidade pequena da oferta sig,nifica que os vencledores nZio tem boas alternativas à produca o do
é tributado,_ . olado . _com menos alternativas boas
bem en questab. Quando o bem
_
facilidade quanto o outro e precisa, portanto,
na'o_ pode deixar o mercado
_ conitanta
arcar com uma parcela maior Q ôus do imposto.
Podemos aplicar essa lOgica ao imposto sobre a folha de pagamento que discutimos no estudo de caso anterior. A maioria dos economistas do trabalho acredita que
a oferta de trabalho é muito menos elastica do que a demanda. Isso significa que, os
trabalhadores - e não as empresas - arcam com a maior parte do Onus do imposto
sobre a folha de pagamento. Em outras palavras, a distribui o do Onus tributario
esta ta'o perto assim da divis'ao meio-a-meio pretendida pelos leg,isladores.
ri ao
Y)1C)U4'1
L 1. Jyg.",,,t,
"Se esse borco fosse um
pouquinho mais caro,
estarfamos jogando golfe."
QUEM PAGA OS IMPOSTOS SOBRE BENS DE
r\k,
6k.
p<<,>
Fstudo de Case
r,`
6)"-;k0,,r;°'/'‘r,b
t )
,,,, 9
›Y.
CÀe
q
Em 1990, o Congresso norte-americano aprovou urirnovo imposto sobre bens de
luxo, como iates, avi'Oes particulares, peles, jOias e carros de luxo. 0 objetivo do
'
novo imposto era aumentar a receita proveniente daqueles que podiam pagar com
mais facilidade. Como só os ricos poclem con-iprar bens tk) extravagantes, tributar
os bens cie luxo parecia uma maneira lOgica de cobrar um imposto dos ricos.
Mas, quando as foNas de oferta e demanda entraram em ação, o resultado foi
bem diferente do esperado pelo Congresso.yamos considerar, -)or exemi)12_,c) mere . iates. A demanda por eles e bastante elastica. Uma rni1ionária pode facilmente deixar de comprar um iate; ela pode usar o mesmo dinheiro para comprar
uma casa maior, passar ferias na Europa ou deixar um legado maior para seus herdeiros. Em comparKa o, a oferta de iates e relativamente inelastica, pelo nrienos no
.
curto prazo. As LThricas cle iates ri ao podem ser faciln-iente convertidas para ter usos
alternativos e os trabalhadores que constroem iates n5o anseiam por mudar de carreira em resposta a uma mudaNa nas concli0es de mercado.
Nossa análise faz uma previsk) clara, neste caso. Com demanda elEistica e oferta
inelastica, o Onus do imposto recai em grande medida sobre os fornecedores. Isto
um imposto sobre iates coloca um pesado Onus sobre as empresas e os trabalhadores
que constroem iates, porque eles acabam obtendo um preo n-ienor por seus produtos. Mas os trabalhadores n'a o são ricos. Com isso, o Onus dos impostos sobre bens de
luxo recai mais sobre a classe media do que sobre os ricos.
As hipOteses equivocadas quanto à incidencia do imposto sobre bens de luxo se
tomaram visiveis apOs a entrada em vigor do imposto. Os fornecedores de bens de
luxo comunicaram aos seus representantes no Congresso as dificuldades que estavam enfrentando e em 1993 o Congresso reduziu a maior parte dos impostos sobre
bens de luxo. •
Teste N4ido Em um diagrama de oferta e demanda, demonstre como um imposto cobrado dos compradores de autorn6veis de $ 1.000 por unidade comprada afeta a quantidade vendida e o preco dos autom6veis. Em outro diagrama, mostre corno um imposto cobrado dos vendedores de autom6veis de 1.000
•
CAPiTULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLITICAS DO GOVERNO
131
por unidade afeta a quantidade vendida e o preco dos automoveis. Nos dois diagramas, indique a variacao do
preco pago pelos compradores de automoveis e a variacao do preco recebido pelos vendedores.
(ONCLUSA0
I A economia é reolda por dots tipos de leis,Las, leis de, oferta„demanda e as leis
lAcjy
c - tadas_pz,los.go,yernosjNeste capitulo comecamos a ver como essas leis mteragem. Os controles de precos e os impostos so comuns em vdrios mercados da
economia e seus efeitos sac) frequentemente debatidos na imprensa e entre os formuladores de politicas. E urn pouco de conhecimento de economia pode ajudar
muito a entender e avaliar essas politicas.
Nos proximos capitulos analisaremos muitas politicas govemamentais em maiores detalhes. Examinaremos melhor os impactos da tributacdo e trataremos de urn
conjunto de polfticas mais amplo do que o abordado ate aqui. Mas as licoes bEisicas
cleste capitulo se manterdo: ao se analisarem politicas governamentais, a oferta e a
demanda so as principais e mais titeis ferramentas de anzilise.
RESUMO
• Urn preco maxim° é urn valor maxim° legal para o
preco de urn hem ou servico. Urn exemplo de preco
maxim° é o controle dos alugueis. Se o preco maxim° est6 abaixo do preco de equilibria a quantidade
demandada excede a quantidade ofertada. Por causa
da escassez resultante, os vendedores precisam
racionar de alguma forma o bem ou servico entre os
compradores.
• Urn preco minim° é urn valor minim° legal para o
prey) de urn bem ou servico. Urn exemplo de preco
minim° é o salario minim°. Se o preco minim° esta
acima do preco de equilibria a quantidade ofertada
excede a quantidade demandada. Por causa do excedente resultante, a demanda dos compradores pelo
bem ou servico precisa ser racionada de alguma
forma entre os vendedores.
• Quando o governo estabelece urn impost° sabre urn
bem, a quantidade de equilibrio do bem cai. Ou seja,
--, ^
.-f.x4,-A cky,,s
e-y,,tt,
U
urn impost° sobre urn mercado reduz o tamanho do
merca do.
• Um
-)osto
r
bem introduz ui-na cunha
22tL
e .2._prez_zajoRelos con
re
o pieo
recebido • -los vendedore • . do o merc. e.• se
move Rara oj2yo N11113e19-) Os cornpradores
m
mais pelo bem e -o s veriadores recebem menos p_or
os com rado res e vendedores
coaartill2Lm
s do ialostoLA
tutaria_cou seta, a divisdo do Onus) indgende de o
imposto ser cobrado dos com,p_rdores ou dos vendedores.
• Ajncidencia de urn_imposto depende das elasticidades-preco da oferta e da demanda. 0c5aus_tende a
recair sobre o lado do mercado que é menos elastiso, porque es_s_e_ lad°
_ dol-n_elKa_cicuada.gade_responNder to facilmente
in2p2stor_ncian_do a quantipla,___
4ecoxnp_r
su _yenclidi.
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132
PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM 05 MERCADOS
QUESTC)ES PARA REVISA0
1. De um exemplo de preeo máxirno e outro de 1.-)reeo
minimo
9
. 0 que causa escassez de um bem: um i_->reeo
mo ou um preeo minimo? E qual dos dois causa
excedente?
3. Quais os mecanismos que alocam recursos quando não se autoriza que o preeo de um bem traga a
oferta e a demanda para o equilibrio?
4. Explique por que os economistas normalmente se
opem aos controles de preeos?
5. Qual a diferenea entre um imposto pago pelos
compradores e um imposto pago pelos vendedores?
6. Como um imposto sobre um bem afeta o preeo
pago pelos compradores, o preeo recebido pelos
vendedores e a quantidade vendida?
7. 0 que determina a maneira como o Cinus tribut. rio se divide entre compradores e vendedores? Por
que?
PROBLEMAS E APL1CACES
1. Os amantes da msica clssica convencem o
Congresso a impor um preeo mElximo de $ 40 para
os ingressos de concertos. Essa politica faz com
que mais ou menos pessoas possam assistir a concertos de música cl ssica?
2. 0 governo decidiu que o preeo de mercado do
queijo está baixo demais.
a. Suponha que o governo imponha um preeo
minimo obrigatcirio para o mercado de queijo.
Use um diagrama de oferta e demanda para
demonstrar o efeito dessa politica sobre o preeo
do queijo e a quantidade de queijo vendida.
uma escassez ou um excedente de queijo?
b. Os produtores reclamam de que o preeo minimo reduziu sua receita total. Isso é possivel?
Explique.
c. Em resposta às reclamae 6es dos produtores, o
governo concorda em comprar todo o excedente de queijo ao preeo minimo. Quem se beneficia dessa politica, se comparada à do preeo
minimo? Quem sai perdendo?
3. Um estudo recente concluiu que as relae 6es de
oferta e demanda de Frisbees so as seguintes:
Quantidade
Quantidade
Preo por
Ofertada
Dernandada
Frisbee
1 milh-ao
15 milhO-es
10
2
12
9
4
9
8
6
6
7
8
3
6
10
1
$ 11
a. Quais sk) o preeo e a quantidade de equilibrio
dos Frisbees?
b. Os fabricantes de Frisbees convencem o governo de que a produe."a"o desse produto melhora o
entendimento que os cientistas tem de aerodinâmica e que, portanto, e importante para a
seguranea nacional. 0 Congr, esso, preocupado,
decide impor um preeo minimo $ 2 acima do
preeo de equilibrio. Qual sen-1 o novo preeo de
mercado? Quantos Frisbees sero vendidos?
e. Os universitkios, irados, fazem uma passeata e
:
exigem uma redue io do preeo dos Frisbees. 0
Congresso, ainda mais preocupado, decide acabar com o preeo minimo e estabelecer um preeo
rnáximo $ 1 abaixo do preeo minimo anterior.
Qual será o novo preeo de mercado? Quantos
Frisbees serio vendidos?
4. Suponha que o govemo federal exija que os consumidores de cerveja pag,uem um imposto de $ 2 por
caixa de cerveja comprada (na verdade, tanto o
governo federal quanto os governos estaduais
cobram alg-um tipo de imposto sobre a cerveja).
a. Represente g,raficamente a oferta e den-ianda de
mercado de cerveja sem o imposto. Mostre o
preeo pago pelos consumidores, o preeo recebido pelos produtores e a quantidade de cerveja
vendida. Qual a diferenea entre o preeo pago
pelos consumidores e o recebido pelos produtores?
b. Agora represente graficamente a oferta e demancla de mercado de cerveja com o imposto.
Mostre o preeo pago pelos consumidores, o preeo recebido pelos produtores e a quantidade de
cerveja vendida. Qual a diferenea entre o preeo
pago pelos consumidores e o preeo recebido
pelos produtores? A quantidade de cerveja vendida aumentou ou diminuiu?
5. Um senador quer aumentar a receita tributkia e
deixar os trabalhadores em melhor situaelo. Um
membro de sua equipe propb e aumentar o impos-
CAPITULO 6 OFERTA, DEIVIANDA E POLITICAS DO GOVERNO
to sobre a folha de pagamento pago pelas empresas e usar parte da arrecadacao adicional para
reduzir o impost° sobre a folha de pagamento
pago pelos trabalhadores. Isso realizaria os objetivos do senador?
6. Se o govern° cobrar urn impost° de $ 500 sobre os
carros de luxo, o preco pago pelos consumidores
aumentard mais do que $ 500, menos do que $ 500
ou exatamente $ 500? Explique.
7. 0 Congress° e o presidente decidem que o pais
deve diminuir a poluicao do ar reduzindo o consumo de gasolina. Decidem aplicar urn impost° de
$ 0,50 por litro de gasolina vendido.
a. Eles devem impor esse imposto aos produtores
ou aos consumidores? Explique cuidadosamente
corn urn grafico de oferta e demanda.
b. Se a demanda por gasolina fosse mais elastica,
esse imposto seria mais eficaz ou menos eficaz
na reducao da quantidade de gasolina consumida? Explique tanto corn palavras quanto corn
urn diagrama.
c. Os consumidores de gasolina sao beneficiados
ou prejudicados pelo imposto? Por que?
d. Os trabalhadores da inclustria de petrOleo sao
beneficiados ou prejudicados pelo imposto? Por
que?
8. Urn estudo de caso deste capitulo discute a leg,islacao do salario minim°.
a. Suponha que o salario minim° esteja acima do
salario de equilibrio de mercado para trabalhadores nao qualificados. Usando um grafico de
oferta e demanda, indique o salario de mercado, o numero de trabalhadores que estdo empregados e o nomero de trabalhadores que
estao desempregados. Indique, ainda, o pagamento total de salarios aos trabalhadores nao
qualificados.
b. Agora suponha que o ministro do trabalho proponha urn aumento do salario minim°. Que
efeito esse aumento teria sobre o emprego? A
mudanca no nivel de emprego depende da elasticidade da demanda, da elasticidade da oferta,
das duas elasticidades ou de nenhuma delas?
c. Que efeito esse aumento do salario minim°
teria sobre o desemprego? A mudanca no nivel
de desemprego depende da elasticidade da
demanda, da elasticidade da oferta, das duas
elasticidades ou de nenhuma delas?
133
d. Se a demanda por mao-de-obra nao qualificada
fosse inelastica, o aliment° proposto do salad°
minimo aumentaria ou diminuiria o pagamento
total de salarios aos trabalhadores nao qualificados? Sua resposta muciaria se a demanda por
mao-de-obra n50 qualificada fosse elastica?
9. Considere as seg,uintes politicas, cada uma delas
almejando a reducao dos crimes violentos por
meio da reducao do uso de an-nas de fogo. Ilustre
cada uma dessas politicas corn urn diagr, ama de
oferta e demanda do mercado de armas.
a. urn imposto sobre os compradores de armas;
b. urn impost° sobre os vendedores de armas;
c. urn preco minimo para as armas;
d. urn imposto sobre a municao.
10. 0 govern° dos Estados Unidos administra dois
programas que afetam o mercado de cigarros. As
campanhas em meios de comunicacao e as exigencias de rotulagem tern por objetivo tornar o
public° ciente dos perigos do tabagismo. Ao
mesmo tempo, 0 Departamento de Agr, icultura
mantem urn programa de sustentacao de precos
para os fazendeiros produtores de tabaco que
eleva o preco do tabaco, deixando-o acima do
preco de equilibrio.
a. Como esses dois programas afetam o consumo
de cigarros? Use urn grafico do mercado de
cigarros em sua resposta.
b. Qual o efeito combinado desses dois programas
sobre o preco dos cigarros?
c. Os cigarros sao pesadamente tributados. Qual o
efeito do impost° sobre o consumo de cigarros?
11. Urn subsidio é o oposto de urn impost°. Corn urn
impost() de $ 0,50 sobre os compradores de sorvetes de casquinha, o governo obtem $ 0,50 para cada
sorvete comprado; corn urn subsidio de $ 0,50 para
os compradores de sorvetes de casquinha, o governo paga a eles $ 0,50 por sorvete comprado.
a. Mostre o efeito de urn subsidio de $ 0,50 por sorvete de casquinha sobre a curia de demanda por
esse produto, o preco efetivo pago pelos consumidores, o preco efetivo recebido pelos vendedores e a quantidade de sorvetes vendida.
b. Os consumidores ganham ou perdem corn essa
politica? E os produtores? E o governo?
OFERTA E • DEMANDA II: •
MERCADOS E BEWESTAR
\
ONSu
E EFiCPBNCIK
Quando os consumidores vac) ao supermercado comprar peru para o Natal, podem
ficar desapontados ao verificar que os precos dessa ave estao excessivamente altos.
Ao mesmo tempo, os produtores que levam ao mercado os perus que criaram gostariam que os precos estivessem ainda mais altos. Essas opinioes nao surpreendem:
os compradores sempre gostariam de pagar menos e os vendedores sempre gostariam de receber mais. Mas existe um "preco certo" do peru do ponto de vista da
sociedade como urn todo?
Nos capitulos anteriores vimos como, nas economias de mercado, as forcas de
oferta e demanda determinam o preco e a quantidade vendida dos bens e servicos.
Ate aqui, contudo, descrevemos a maneira como a sociedade aloca os recursos
escassos sem abordar diretamente a questa° de que se essa alocacao é desejavel.
Em outras palavras, nossa analise foi positiva (aquilo que 6), e no nonnativa (aquilo que deveria ser). Sabemos que o preco do peru se ajusta para garantir que a
quantidade ofertada seja igual a quantidade demandada. Mas, nesse equilibria a
quantidade produzida e consumida é pequena demais, grande demais ou exata?
138
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
economia do bem-estar
o estudo de como a alocack
de recursos afeta o bem-estar
econqmico
Neste capitulo, abordaremos o tOpico da economia do bem-estar, o estudo de
con-to a aloca o de recursos afeta o bem-estar econOmico. Comearemos exanlinando os beneficios que compradores e vendedores recebem por participar do
mercado. Vamos tambem examinar como a sociedade pode fazer com que esses
beneficios sejam os maiores possiveis. Essa análise leva a uma conclus"o profunda:
o equilfbrio de oferta e demanda num mercado maximiza os beneficios totais recebidos por compradores e vendedores.
Como voce deve se lembrar do Capitulo 1, um dos Dez Principios de Econoinia é de
que os mercados costumam ser uma boa maneira de organizar a atividade econ mica. 0 estudo da economia do bem-estar explica mais detalhaciamente esse principio
e tambem responde a nossa pergunta sobre o preo certo do peru: o preo que equilibra a oferta e a demanda de peru é, num sentido particular, o melhor, na medida
em que rnaximiza o bem-estar total dos consumidores e dos produtores de peru.
EXCEDENTE DO CONSUMIDOR
Comegiremos nosso estudo da economia do bem-estar pelos beneficios que os
compradores recebem por sua participa o no mercado.
Disposick para Pagar
disposicao para pagar
a quantia maxima que um
comprador pagara por um
bem
Suponha que voce tenha uma grava o em perfeito estado do primeiro ffibum de
Elvis Presley. Como voce não é f", . dele, decide vender o álbum. Uma maneira de
fazer isso e realizar um
Quatro ffis de Elvis comparecem ao leiffio: John, Paul, George e Ringo. Cada um
deles gostaria de ser o dono do álbum, mas há um limite para o quanto cada um
está disposto a pagar. A Tabela 1 mostra o pre9D mximo que cada um dos quatro
possiveis compradores pagaria. 0 rriximo de cada comprador é chamado de disposi o para pagar e mede o valor que o con-iprador atribui ao bem. Cada comprador adoraria comprar o álbum por um valor menor do que sua disposi o para
pagar, se recusaria a pagar um valor maior do que sua disposi o para pagar e seria
indiferente à compra do ffibum ao preo exatamente ig,ual a essa disposi o.
Para vender seu álbum, digamos que voce comece o leiffio com um preo baixo,
de $ 10, por exen-iplo. Como os quatro compradores esto dispostos a pagar muito
mais do que isso, o preo sobe rapidamente. Os lances terminam quando John ofe-
TABELA 1
A Disposick para Pagar de Quatro Possiveis Compradores
Comprador
John
Paul
George
Ringo
Disposick para Pagar
$ 100
80
70
50
CAI:4TM° 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS
rece $ 80 (ou urn pouco mais). Nesse ponto, Paul, George e Ringo se retiram do leila° porque nao estao dispostos a pagar mais do que $ 80. John paga os $ 80 e leva
o album. Observe que o album vai para o comprador que lhe atribui major valor.
Que beneficio John obtem corn a compra do album de Elvis Presley? De certa
forma, para ele é uma pechincha: ele esta disposto a pagar ate $ 100 pelo album,
mas acaba pagando apenas $ 80. Dizemos que John recebe urn excedente do consumidor de $ 20. Excedente do consumidor é a quantia que o comprador esta disposto a pagar por urn bem menos a quantia que ele efetivamente paga pelo bem.
o excedente do consumidor mede o beneficio que os com_pradores obtem por
sua participacao_no mercado,Neste exemplo, John recebe urn beneficio de $ 20 por
particiPado do leilao, porque pagou $ 80 por urn bem que, para ele, vale $ 100.
Paul, George e Ringo nao obtem nenhum excedente do consumidor por sua participacao no leildo porque foram embora sem o album e sem pagar nada.
Vamos imaginar agora urn exemplo diferente. Suponhamos que voce tivesse
dois albuns identicos de Elvis Presley para vender. Mais uma vez, voce os leiloa
entre os quatro possiveis compradores. Para simplificarmos as coisas, vamos presumir que os dois albuns devam ser vendidos pelo mesmo preco e que nenhum dos
compradores esteja interessado em adquirir mais do que urn album. Corn isso, o
preco sobe ate que so restem dois compradores.
Neste caso, os lances param quando John e Paul oferecem $ 70 (ou pouco mais).
A esse preco, eles se satisfazem corn a compra do album e George e Ringo rid()
estao dispostos a dar nenhum lance mais alto. John e Paul obtem urn excedente do
consumidor igual a sua disposicao para pagar menos o preco pago. 0 excedente do
consumidor de John é de $ 30 e o de Paul, de $ 10. 0 excedente do consumidor de
John é maior do que no exemplo anterior porque o album que ele obtern é o
mesmo, mas o preco que ele pagq é menor. 0 excedente do consumidor total no
mercado é de $ 40.(4W i
)
Usando a Curva de Demanda para Medir o Excedente do Consumidor
0 excedente do consumidor esta estreitamente associado a curva de demanda de
um produto. Para vermos como isso ocorre, vamos continuar corn nosso exemplo e
considerar a curva de demanda do album de Elvis Presley.
Vamos comecar pela disposicao para pagar dos quatro possiveis compradores
para identificar a relacdo de demanda do album. A tabela da Figura 1 mostra a escala de demanda correspondente a Tabela 1. Se o preco esta acima de $ 100, a quantidade demandada do mercado é 0, porque nenhum comprador esta disposto a
pagar urn preco tao elevado. Se o prey) esta entre $ 80 e $ 100, a quantidade
demandada é 1, porque so John esta disposto a pagar urn preco tao alto. Se o preco
esta entre $ 70 e $ 80, a quantidade demandada é 2, já que tanto John quanto Paul
estao dispostos a pagar o preco. Podemos aplicar a mesma analise aos demais precos. Corn isso, a escala de demanda é derivada da disposicao para pagar dos quatro possiveis compradores.
0 grafico da Figura 1 mostra a curva de demanda correspondente a essa escala
de demanda. Observe a relacdo_entre a altura da curva de demanda e a disposicao
para pagar dos compradores. Para qualquer quantidade, o_preco dado_pela curva de
demanda indica a disposicao para pagar do comprador marginal, aquele comprador
que seria o p_rimeiro a deixar o mercado, se o preco fosse urn poucsimais_alta.
Quando a quantidade é de 4 albuns, por exemplo, a curva de demanda tern a altura de $ 50, o preco que Ringo (o comprador marginal) esti disposto a pagar por urn
album. Para a quantidade de 3 albuns, a curva de demanda tern a altura de $ 70, o
prey) que George (que passa a ser o comprador marginal) esta disposto a pagar.
139
excedente do consumidor
a quantia que o comprador
esta disposto a pagar pelo
bem menos a quantia que ele
realmente paga
140
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEIVI-ESTAR
FIGURA 1
A Escala de Demanda e a Curva de Demanda
A tabelo mostro a escala de demonda dos compradores do Tabela 1. 0 grako mostra a curva de demanda correspondente. Observe que a altura da
curva de demanda reflete a disposicao para pagar dos compradores.
Prev)
do blbum
Preco
Mais que $ 100
$ 80 a $ 100
$ 70 a $ 80
$ 50 a $ 70
$ 50 ou menos
Compradores
Quantidade
Demandada
Nenhum
John
John e Paul
John, Paul e George
John, Paul, George e Ringo
0
1
2
3
4
$100
Disposição para pagar de John
Disposição para pagar de Paul
Disposição para pagar
de George
80 —
70 —
Disposição para pagar
de Ringo
50
Demanda
0
l
1
1
2
I
3
4
Quantidade
de blbuns
Como a curva de demanda reflete a disposi o para pagar dos compradores,
pode ser usada para medir o excedente do consumidor. A Fig,ura 2 usa a curva de
demanda para calcular o excedente do consumidor de nosso exemplo. No painel
(a), o preo e $ 80 (ou pouco mais) e a quantidade demandada e 1. Observe que a
kea acima do prec;o e abaixo da curva de demanda e igual a $ 20. Esse valor e exatamente o excedente do consumidor que calculamos anteriormente com apenas 1
ffibum vendido.
0 painel (b) da Figura 2 n-iostra o excedente do consumidor quando o preo
$ 70 (ou pouco mais). Neste caso, a kea acima do pre93 e abaixo da curva de
demanda é igual à kea de dois retffilgulos: o excedente do consumidor de John
nesse ponto e $ 30 e o de Paul e $ 10. Isso é igual a uma kea de $ 40. Novamente,
esse valor e ig-ual ao excedente do consumidor que calculamos anteriormente.
A 1ição que aprendemos com este exemplo é vfflida para todas as curvas de
demanda: a drea abaixo
__ _da curva de demanda e acima do_preo mede o excedente do conde que a altura da curva de
sumidor em um mercado.
_ 0 motivo 2ara isso é o fato
demanda mede o valor que os compradores atribuem ao bem, como medida de sua
disposi o para pagar. A difereNa entre essa disposi o para pagar e o preo de
`-" - mercado e o excedente do consumidor de cada comprador.As srm, a a.rea total abaixo da curva de demanda e acima do preo e a soma dos excedentes do consumidor
de todos os compradore -S -no mercado
bern ou
Como um Preco Baixo Eleva o Excedente do Consumidor
Como os compradores sempre gostariam de pagar menos pelos bens que compram, um prey) menor faz os compradores de um bem ficarem em uma situao
melhor. Mas em quanto o bem-estar dos compradores se eleva em resposta a um
CAPITULO 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS
141
FIGURA 2
Medindo o Excedente do Consumidor corn a Curva de Demanda
No painel (a), o prep do bem é $ 80 e o excedente do consumidor e $20. No painel (b), o preco do bem é $ 70 e o excedente
(a) Preco = $ 80
Preco do
Album
Preco do
Album
$ 100
$ 100
80
do consumidor é $ 40.
(b) Preco = $ 70
Excedente do consumidor
de John ($ 20)
...........
70
Excedente do consumidor
de John ($ 30)
80
.........
70
.........
Excedente do
consumidor
de Paul ($10)
Excedente do
50 — consumidor
total ($ 40)
50
Demanda
0
1
2
3
4
Quantidade
de Albuns
Demanda
1
2
preco menor? Podemos usar o conceito de excedente do consumidor para responder a essa pergunta de maneira precisa.
A Figura 3 mostra uma curva de demanda tipica, corn inclinacao descendente.
Embora possa parecer que ela tern formato urn pouco diferente da curva em
degraus dos dois graficos anteriores, as ideias e conceitos que acabamos de desenvolver ainda se aplicam: o excedente do consumidor é a area abaixo da curva de
demanda e acima do preco. No painel (a), o excedente do consumidor ao preco
a area do triangulo ABC.
Suponhamos agora que o preco caia de P, para P2, como mostra o painel (b). 0
excedente do consumidor agora é ig,ual a area ADF. 0 aumento do excedente do
consumidor atribuido ao menor preco é a area BCFD.
Esse aumento do excedente do consumidor tern dois componentes. Primeiro, os
compradores que ja compravam Q, do bem ao preco mais elevado P, estao em
melhor situacao porque passam a pagar menos. 0 aumento do excedente do consumidor dos compradores já existentes é a reducao da quantia paga por eles e é
ig,ual a area do retangulo BCED. Seg-undo, alg,uns novos compradores entram no
mercado porque agora estao dispostos a comprar o hem pelo preco menor. Corn
isso, a quantidade demandada do mercado aumenta de Q, para (22. 0 excedente
do consumidor desses recem-chegados ao mercado é a area do triang,ulo CEF.
0 Que o Excedente do Consumidor Mede?
Noss° objetivo ao desenvolver o conceito de excedente do consumidor é fazer julgamentos normativos sobre a necessidade dos resultados de mercado. Agora que
voce já viu o que é excedente do consumidor, vamos ver se ele é uma boa medida
do bem-estar economic°.
3
4
Quantidade
de Albuns
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
142
FIGURA 3
Como o Preco Afeta o Excedente do Consumidor
No painel (a), o preco é P,, a quantidade demandada é Q, e o excedente do consumidor é igual à drea do tridngulo ABC. Quando o preco cai de P, paro
P2, como mostra o painel (b), a quantidade demandada aumenta de Q, para (2 2 e o excedente do consumidor aumenta para a drea do tridngulo ADE 0
aumento do excedente do consumidor (a drea BCFD ) se dd em parte porque os consumidores já existentes agora pagam menos (drea BCED) e em
parte porque novos consumidores entram no mercado ao preco mais baixo (drea CEF).
(b) Eaccedente do Consumidor ao Prew P2
(a) Excedente do Consumidor ao Preo
Pre93
Excedente do consumidor
adicional para os
consumidores iniciais
Excedente
do consumidor
inicial
Excedente do
consumidor dos
ri0Vos consumidores
Demanda
o
Qi
Quantidade
0
Q
Q.,
Quantidade
Imagine que voc'e é um formulador de politicas que quer projetar um bom sistema econômico.Você se importaria com a quantia de excedente do consumidor? 0
excedente do consumidor a quantia que os compradores esto dispostos a pagar
por_um_Ilem_menos_a_q_u_antia_ que ifetivamente_pagam —.mede_o-bene_fici6_que os
compradores obt"thia de um_bem taLcoma percebido_pelos pr6prios compradores. Assim,
.
o excedente do consumidor é uma boa medida do bem-estar ece ~49 --se_os formuladores de politicas desejam respeitar as prefer&icias_dos_compfadores.
s
Em algumas circunst'a ncias, os formuladores de politicas podem optar por
se importar com o excedente do consumidor por não respeitar as prefer&lcias que
guiam o comportamento dos compradores. Por exemplo, os viciados em drogas
estk) dispostos a pagar um preo elevado pela heroina, mas n'a'o didamos que eles
obfern um grande beneficio por serem capazes de comprar heroina a um preo
baixo (embora os prOprios viciados possam pensar que sim). Do ponto de vista da
sociedade, a disposi o para pagar, neste caso, n'a"o é uma boa medida do beneffcio
para os compradores e o excedente do consumidor n a"o e uma boa medida do bem-.
estar econOmico porque os viciados n a o t" ' m o prOprio bem-estar em mente.
Na maioria dos m.ercados, contudo, o excedente do consumidor efetivamente
reflete o bem-estar econOmico. Os economistas normalmente partem da hipOtese
de que os compradores s'a o racionais ao tomar decises e de que suas preferncias
devem ser respeitadas. Neste caso, os . consumidores sk) os melhores juizes de
quanto beneficio obtern dos bens que compram.
CAPiTULO 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIeNCIA DOS IVIERCADOS
143
Teste Rapid° Represente graficamente uma curva de demanda de peru. Em seu diagrama, indique urn
preco do peru e o excedente do consumidor que resulta desse preco. Explique corn suas prOprias palavras o
que esse excedente do consumidor mede.
EXCEDENTE DO PRODUTOR
Vamos nos voltar agora para o outro lado do mercado e tratar dos beneficios que os
vendedores obtem de sua participacao no mercado. Como veremos, nossa analise
do bem-estar dos vendedores é semelhante a nossa analise do bem-estar dos cornpradores.
Custo e Disposicao para Vender
Imagine que voce é propfietario de uma casa e quer pinta-la. Voce consulta quatro
vendedoras de servicos de pintura: Mary, Frida, Georgia e Grandma. Cada pintora
esta disposta a realizar o servico, desde que o preco seja justo.Voce decide pedir um
orcamento das quatro pintoras e oferecer o servico aquela que fard o trabalho pelo
preco mais baixo.
Cada pintora esti disposta a realizar o servico se o preco por ela recebido excede o custo de fazer o trabalho. Aqui, o termo custo deve ser interpretado como o
custo de oportunidade de cada uma: inclui as despesas que a pintora tera (corn
tinta, pinceis etc.) e o valor que atribui ao seu proprio tempo. A Tabela 2 mostra o
custo de cada uma elas. Como o custo de uma pintora é o preco minimo que ela
aceitaria para trabalhar, o custo é uma medida de sua disposicao para vender seus
servicos. Cada pintora desejaria muito vender seus servicos a urn preco superior ao
custo, recusaria vender seus servicos a urn preco inferior ao custo e seria indiferente a venda de seus servicos a urn preco igual ao seu custo.
Quando voce pede urn orcamento as pintoras, o preco pode comecar elevado,
mas cai rapidamente porque elas competem entre si pelo servico. Uma vez que
Grandma tenha proposto $ 600 (ou pouco menos), ela é a ianica competidora que
resta. Ela fica feliz em prestar o servico por esse preco porque seu custo é de apenas $ 500. Mary, Frida e Georgia nao tern interesse em pintar a sua casa por menos
de $ 600. Observe que o servico vai para a pintora que é capaz de trabalhar ao
menor custo.
Que beneffcio Grandma recebe pela realizacao do servico? Como ela é capaz de
pintar a casa por $ 500, mas voce lhe paga $ 600, dizemos que ela recebe um excedente do produtor de $ 1001Excedente do produtoré o montante que urn vendedor receber
custo d? produ ao. 0 excedente do produtor mede o benejicioque
traem de sua participacao num mercado.
TABELA 2
Os.Custos de Quatro Possiveis Vendedoras
Vendedora
Mary
Frida
Georgia
Grandma
Custo
$ 900
800
600
500
i custo-1._ _ _...
/ o valor de tudo aquilo de qu—e)i
( urn vendedor precisa abrir
/
ma) para produzir urn bem /
___.....
excedente do produtor
a quantia que urn vendedor
recebe por urn bem menos
seu custo de producao
144
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEIVI-ESTAR
Vamos agora imaginar um exemplo um pouco diferente. Suponhamos que voce
tenha duas casas que precisam de pintura. Mais uma vez, voce leiloa o servio entre
as quatro pintoras. Para simplificarmos, vamos imaginar que nenhun-la delas possa
pintar as duas casas e que voce pague a mesma quantia pela pintura de cada casa.
Com isso, o preo cai ate que restem apenas duas pintoras.
Neste caso, as propostas param quando Georgia e Grandma se oferecem para
prestar o servio por $ 800 (ou pouco menos). A esse prey3, as duas estio dispostas a trabalhar, mas Mary e Frida nao. A $ 800, Grandma e Georg,ia recebem excedentes do produtor de $ 300 e $ 200, respectivamente. 0 excedente do produtor
total do mercado e $ 500.
Uso da Curva de Oferta para Medir o Excedente do Produtor
Assim como o excedente do consumidor está estreitamente associado à curva de
demanda, o excedente do produtor esta estreitamente associado à curva de oferta.
Para vermos como, vamos prosseg-uir com nosso exemplo.
Come(;:amos usando os custos das quatro pintoras para identificar a escala de
oferta dos servi9Ds de pintura. A tabela da Fig,ura 4 mostra a escala de oferta que
corresponde aos custos que constam da Tabela 2. Se o preo está abaixo de $ 500,
nenhuma das quatro pintoras esta disposta a prestar o serviv), de modo que a
quantidade ofertada é zero. Se o preo esta entre $ 500 e $ 600, só Grandma esta
disposta a prestar o servio, de modo que a quantidade ofertada é 1.
FIGURA 4
A Escala de Oferta e a Curva de Oferta
A tabela mostra a escala de oferta das vendedoras da Tabela 2. 0 grcifico mostra a curva de oferto correspondente. Observe que a altura da curva
reflete os custos das vendedoras.
Predo
Vendedoras
Mary, Frida,
Georgia e Grandma
Frida, Georgia e
$ 800 a $ 900
Grandma
Georgia e Grandma
$ 600 a $ 800
Grandma
$ 500 a $ 600
Menos do que $ 500 Ninguem
$ 900 ou mais
Quantidade
Ofertada
4
Preo da
Pintura
da Casa
Oferta
Custo de Mary
$ 900
800
Custo de Frida
3
2
1
0
Custo de Georgia
600
500
0
Custo de Grandma
I
1
I
2
I
3
I
4
Quantidade de
Casas Pintadas
CAPITULO 7 CONSUNIIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS
145
Se o preco esta entre $ 600 e $ 800, Grandma e Georgia estao dispostas a prestar o servico, de modo que a quantidade ofertada é 2 e assim por diante. Corn isso,
a escala de oferta é derivada dos custos das quatro pintoras.
o g,rafico da Figura 4 mostra a curva de oferta correspondente a essa escala de
oferta. .._
Observe que a altura da curva de oferta esta relacionada aos custos das ven_
dedoras. Para qualquer quantidade-, precO—datO
- t_ _ p-eTa—Ciirva---repres-Etifa o cusioveirdeledmarginalfraquela queseria a_primeira a deixar
_ o mercado se o Frew fosse
menor. Para a quantidade de 4 casas, por exemplo, a curva de oferta tern altura de
$ 900, o custo de Mary (a vendedora marginal) para prestar seus servicos de pintura. Para a quantidade de 3 casas, a curva de oferta tern altura de $ 800, o custo de
Frida (que agora é a vendedora marginal) para prestar seus servicos de pintura.
Como a curva de oferta reflete os custos das vendedoras, ela pode ser usada
para medir o excedente do produtor. A Figura 5 usa a curva de oferta para calcular o excedente do produtor em nosso exemplo. No painel (a), consideramos que
O preco é $ 600. Neste caso, a quantidade ofertada-&-ly Observe que a area
abaixo
do preco e acima da curva de oferta é igual a $ .100/montante que é identico ao
excedente do produtor de Grandma que calculamos anteriormente.
O painel (b) da Figura 5 mostra o excedente do produtor ao preco de $ 800.
Neste caso, a area abaixo do preco e acima da curva de oferta é igual A area total
dos dois retangulos, ou seja $ 500 - o excedente do produtor que calculamos anteriormente para Georgia e Grandma quando havia duas casas que precisavam ser
pintadas.
FIGURA 5
Medindo o Excedente do Produtor corn a Curva de Oferta
No painel (a), o preco do bem é $ 600 e o excedente do produtor é $ 100. No painel (b), o preco do bem é $ 800 e o excedente
fp) -
do produtor é $ 500.
00 i.91C)
0,0 i
800 <-7. re
(a) Preco = $ 600
Preco da
Pintura
da Casa
$ 900
800
ex" bitA kvvils„,
te v.
(b) Preco = $ 800
NOV
Oferta
04j
Preco da
Pintura
da Casa
$ 900
Oferta
Excedente do
produtdr total
($ 500)
800
600
50
Excedente do produtor
de Grandma ($100)
600
500
Excedente do
prod utor de
Georgia ($ 200)
Excedente do produtor
de Grandma ($ 300)
4
Quantidade de
Casas Pintadas
2
3
4
Quantidade de
Casas Pintadas
146
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
A lição que extraimos deste exemplo se aplica a todas as curvas de oferta: a drea
produtor em um
.abaixo do prep e acima da curoa de oferta representa o excedente_do
-A 16gica e simples: a altura da curva de oferta mede os custos dos vendenzercado.
_
dores, e a difereNa entre o pre90 e o custo de produ o e o excedente do produtor de cada vendedor. Assim, a kea é a soma dos excedentes do produtor de todos
os vendedores.
Como um Preco Mais Alto Aumenta o Excedente do Produtor
Ninguem se surpreenderia ao ouvir dizer que os vendedores sempre gostariam de
receber um preo maior pelos bens que vendem. Mas em que medida o bem-estar
dos vendedores se eleva em resposta a um prey) maior? 0 conceito de excedente
do produtor oferece uma resposta precisa a essa pergunta.
A Figura 6 mostra uma curva de oferta tipica com inclinação ascendente. Muito
embora essa curva de oferta seja diferente em forn-iato das que vimos na figura
anterior, o excedente do produtor e medido da mesma maneira: o excedente do
produtor e a . rea abaixo do preo e acima da curva de oferta. No painel (a), o preo
e P, e o excedente do produtor e a área do trikigulo ABC.
FIGURA 6
Como o Preco Afeta o Excedente do Produtor
No painel (a), o preco é P 7 , a quantidade demandada é (2 1 e o excedente do produtor é igual ao triangulo ABC Quando o preco aumenta de P i para
P2, como mostra o painel (b), a quantidade ofertada aumenta de Q 1 para Q2 e o excedente do produtor aumenta para a area do triangulo ADE 0
aumento do excedente do produtor (area BCFD) se da em parte porque os produtores existentes agora possam a receber mais (area BCED) e em parte
porque novos produtores entram no mercado ao preco mais elevado (area CEF).
Excedente do produtor
adicional dos
produtores iniciais
Oferta
P2
Pi Excedente
do
produto
Pi
Excedente
do produtor
inicial
Excedente do
produtor dos
novos produtores
CAPITULO 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS
0 painel (b) mostra o que acontece quando o preco aumenta de P1 para P2. 0
excedente do produtor agora passa a ser igual a area ADF. Esse aumento do excedente do produtor tern duas partes. Em primeiro lugar, os vendedores que já estavam
vendendo Q1 do bem ao mais baixo preco P1 se beneficiam porque agora recebem
mais por aquilo que vendem. 0 aumento do excedente do produtor dos vendedores
existentes é igual a area do retangulo BCED. Em segundo lugar, alguns novos vendedores entram no mercado porque estao dispostos a prod-uzir o bem ao preco mais
alto, o que resulta em um aumento da quantidade ofertada de Q1 para (22. 0 excedente do produtor desses novos vendedores é igual a area do tri'angulo CEF.
Como mostra nossa analise, usamos o excedente do produtor para medir o
bem-estar dos vendedores, de forma semelhante ao uso do excedente do consumidor para medir o bem-estar dos compradores. Como essas duas medidas de hemestar economic° sao muito parecidas, é natural usa-las juntas. E é exatamente o
que faremos na proxima secao.
Teste Rapid° Represente graficamente uma curva de oferta de peru. Em seu diagrama, indique urn
preco do peru e o excedente do produtor que resulta desse preco. Explique corn suas prOprias palavras o que
esse excedente do produtor mede.
EFICIENCIA DE MERCADO
0 excedente do consumidor e o excedente do produtor sao as ferramentas basicas
dos economistas para estudar o hem-estar dos compradores e dos vendedores em
urn mercado, as quais podem nos ajudar a abordar uma questdo economica fundamental: a alocacdo de recursos determinada pelos mercados livres é desejavel?
0 Planejador Social Benevolente
Para avaliarmos os resultados de mercado, introduziremos em nossa analise urn
novo personagem hipotetico chamado planejador social benevolente. 0 planejador
social benevolente é urn ditador onisciente, onipotente e bem-intencionado, que
deseja maximizar o bem-estar economic° de todos os membros da sociedade. 0
que, em sua opinido, ele deve fazer? Deixar os compradores e vendedores no equilibrio que atingem naturalmente por si sas? Ou sera que ele pode aumentar o bemestar economic° alterando de alguma maneira o resultado do mercado?
Para responder a essa pergunta, o planejador precisa, antes de mais nada, decidir como medir o bem-estar economic° de uma sociedade. Uma medida possivel
a soma dos excedentes do consumidor e dos excedentes do produtor, que chamamos de excedente total. 0 excedente do consumidor é o beneficio que os compradores obtem de sua participacao no mercado e o excedente do produtor é o beneficio
recebido pelos vendedores. E natural, portanto, usar o excedente total como medida do bem-estar economic° da sociedade.
Para entender melhor essa medida do bem-estar economic°, lembre-se de
como medimos os excedentes do consumidor e do produtor. Definimos excedente
do consumidor como
Excedente do consumidor =Valor para os compradores — Quantia paga pelos compradores.
147
148
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
De maneira similar, medimos o excedente do produtor como
Excedente do produtor = Quantia recebida pelos vendedores - Custo para os vendedores.
Quando somamos os excedentes do consumidor e do produtor, temos
Excedente total =Valor para os compradores — Quantia paga pelos compradores
+ Quantia recebida pelos vendedores — Custo para os vendedores.
A quantia paga pelos compradores é igual à quantia recebida pelos vendedores,
de modo que os dois termos medios da expressk) cancelam um ao outro. Com isso,
podemos escrever o excedente total como
Excedente total =Valor i_Dara os compradores - Custo para os vendedores.
eficiencia
a propriedade da alocack de
um recurso de maximizar o
excedente total recebido por
todos os membros da
sociedade
eciiidade
a imparcialidade na distribuick do bem-estar entre
os membros da sociedade
0 excedente total de urn mercado e o valor total atribuido pelos compradores
dos bens, medido por sua disposi o para pagar, menos o custo total dos vendedores que fornecem esses bens.
Se uma aloca o de recursos maximiza o excedente total, dizemos que tem efiSe uma aloca o não é eficiente, ento parte dos ganhos do comercio entre
compradores e vendedores nc) está sendo obtida. Por exemplo, uma alocgk
ineficiente se un bem rro est. sendo 1.-)roduzido ao menor custo pelos vendedores. Neste caso, deslocar a produ o cle um produtor de alto custo para outro que
tenha custo mais baixo reduzirfl o custo total para os vendedores e aumentar o
excedente total. De maneira similar, uma aloca o e ineficiente se um ben-i n^a'o está
sendo consurnido pelos compradores que Ihe atribuem maior valor. Neste caso,
deslocar o consumo do bem de um comprador que lhe atribui baixo valor para
outro que lhe cle um valor rnaior elevarEl o excedente total.
Alem da eficiencia, o planejador social tambem pode se preocupar com a eqidade - a imparcialidade na distribui o do bem-estar entre os diversos compradores e vendedores. Em essencia, os ganhos de comercio em um mercado são como
um bolo a ser distribuido entre os participantes do mercado. A questk da eficiencia é se o bolo é tão grande quanto possivel. A quest k) da eqidade e se o bolo est
sendo bem dividido. Avaliar a eqidade de um resultado de mercado e mais dificil
do que avaliar sua eficiencia. Enquanto a eficiencia é uma meta objetiva que pode
ser julgada ern termos estritamente positivos, a eqidade envolve julgamentos normativos que vão alem da economia e entram no campo da filosofia politica.
Neste capitulo nos concentramos na eficiencia como meta do planejador social
benevolente. Tenha em mente, entretanto, que os formuladores de politicas da vida
real freqentemente tambem estho preocupados com a eqfridade. Ou seja, preocupan-i-se tanto com o tamanho do bolo econ3mico quanto com a maneira como ele
fatiado e distribuido entre os membros da sociedade.
Avalia0o do Equilibrio de Mercado
A Figura 7 mostra os excedentes do consumidor e do produtor quando um mercado atinge o equilibrio entre oferta e demanda. Lembre-se de que o excedente do
consumidor é igual à kea acima do preo e abaixo da curva de demanda e que o
excedente do produtor é igual à kea abaixo do preo e acima da curva de oferta.
Assim, a kea total entre as curvas de oferta e demanda ate o ponto de equilibrio
representa o excedente total desse mercado.
CAPITULO 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS 149
I
Preco
Preco de
equilibrio
Excedente
do prod utor
Demanda
Essa alocacao de recursos no equilibrio é eficiente? Ela maximiza o excedente
total? Para responder a essa perg,unta, lembre-se de que, quando urn mercado esti'
em equilibria o preco determina quais compradores e quais vendedores participam
dele. Os compradores que atribuem ao bem urn valor major do que o preco (representados pelo segment° AE da curva de demanda) optam por comprar o bem; os
compradores que atribuem ao bem urn valor menor do que o preco (representados
pelo seg,mento EB) nao o compram. Da mesma forma, os vendedores cujos custos
sac, inferiores ao preco (representados pelo segment° CE da curva de oferta) optam
por produzir e vender o bem; aqueles cujos custos sac) maiores que o preco (representados pelo segment° ED), nao.
Essas observacoes levam a duas conclusoes sobre os resultados de mercado:
Os mercados livres alocam a oferta de hens aos compradores que lhes atribuem
major valor, tal como medido por sua disposic5o para pagan
Os mercados livres alocam a demanda por hens aos vendedores que podem
produzi-los ao menor custo.
Assim, dada a quantidade produzida e vendida em urn mercado em equilibria
o planejador social benevolente nao pode aumentar o bem-estar economic°
nmdando a alocacao de consumo entre os compradores ou a alocacao de produ(ao
entre os vendedores.
Mas ele pode aumentar o bem-estar economic° aumentancio ou diminuindo a
quantidade do hem? A resposta é negativa, como vemos nesta terceira conclusao
sobre os resultados de mercado:
150
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
3. Os mercados livres produzem a quantidade de bens que maximiza a soma dos
excedentes do consumidor e do produtor.
Para entender o porque disso, pense na Fig-ura 8. Lembre-se de que a curva de
demanda reflete o valor para os compradores e de que a curva de oferta reflete o
custo para os vendedores. Para quantidades abaixo do nivel de equilibrio, o valor
para os compradores excede o custo para os vendedores. Nessa reg-ik), aumentos
na quantidade elevam o excedente total e continuam a faze-lo ate a quantidade
atingir o nivel de equilibrio. Para alem da quantidade de equilibrio, contudo, o valor
para os compradores e menor clo que o custo para os vendedores. Portanto, produzir mais do que a quantidade de equilibrio reduziria o excedente total.
Essas tres conclusr6es sobre os resultados de mercado nos dizem que o equilibrio entre oferta e demanda rnaximiza a soma dos excedentes do consumidor e do
produtor. Em outras palavras, o resultado de equilibrio e uma aloca o eficiente de
recursos. A tarefa do planejador social benevolente, portanto, é bastante simples:
basta que ele deixe o resultado de mercado da maneira como o encontrou. Essa
politica de tambem conhecida pela expressk) francesa laissezfaire, que significa, literalmente, "deixe-os fazer".
Agora podemos entender melhor a n-ik) invisivel do mercado de que falou
Adam Smith, como vimos no Capitulo 1. 0 planejador social benevolente n-Eio
precisa alterar o resultado de mercaclo porque a rnão invisivel já conduziu os compradores e veridedores a uma aloca o dos recursos da economia que maximiza o
excedente total. Essa conclusk) explica por que os economistas freqiientemente
defendem os mercaclos livres como a melhor maneira de organizar a atividade
ecor mica.
FIGURA 8
A Eficikcia da Quantidade de Equilibrio
Para quantidades menores do que a quantidade de
o volor pora os comprodores excede o
custo para os vendedores. Para quantidades maiores
do que o quantidade de equilíbrio, o custo para os
vendedores excede o valor paro os comprodores.
Assim, o equih'brio de mercado maximiza o sorna
dos excedentes do consumidor e do produtor.
Pre93
Oferta
Valor
para os
compradores
Custo
para os
vendedores
Custo
para os
vendedores
Demanda
Valor
para os
1'compradores
0 valor para os compradores
maior do que o custo para
os vendedores.
1
0 valor para os compradores
menor do que o custo para
os vendedores.
CAPITULO 7 CONSUNIIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS NIERCADOS
151
NOTiCIAS
CAMBISTAS
Para alocar recursos efidentemente, uma economic precis° fazer que as bens cheguem aos consumidores que lhes atribuem maior valor. As vezes essa
tarefa cabe aos cambistas.
Ingressos? A Oferta e a
Demanda se Encontram nas
Calcadas
Por John Tierney
Vender ingressos no cambio negro tern sido
muito born para Kevin Thomas, e ele nao
tenta se explicar por isso. Ele se ve como urn
classic° empreendedor norte-americano:
um rapaz do Bronx que abandonou os estudos no ensino medic), aprendeu sozinho urn
trabalho, cla duro sete noites por semana,
ganha $ 40 mil por ano e, aos 26 anos de
idade, tern $ 75 mil na poupanca, tudo isso
prestando urn servico do lado de fora dos
teatros e estadios de Nova York.
Ele 56 reclama de uma coisa: "Fui preso
umas 30 vezes no ano passado", disse ele
em uma noite ha pouco tempo, logo depois
de faturar $ 280 num jogo dos Knicks. "A
gente aprende a lidar corn a coisa — eu dou
urn nome falso aos tiras e pago as multas
quando preciso pagar, mas nao acho que
seja justo. Para mim, trabalhar como cambista é como ser urn corretor de valores,
comprando a urn preco baixo e vendendo a
urn preco alto. Se as pessoas estao dispostas a me pagar, qual e o problema?"
o problema é serio para os policiais de
Nova York e New Jersey, que estao pegando
pesado corn o sr. Thomas e corn revendedores licenciados de ingressos. Policiais a paisana estao impondo novas
restricoes a revenda de ingressos corn agio
e os procuradores gerais dos dois estados
estao movendo processos contra mais de
12 revendedores.
Mas as economistas tendem a enxergar
os cambistas pela mesma Otica que o sr.
Thomas. Para eles, a cruzada dos governos
estaduais faz tanto sentido quanta as antigas
campanhas dos governos comunistas contra
os "exploradores". Os economistas afirmam
que as restricOes so inconvenientes para o
public°, reduzem a audiencia dos eventos
culturais e esportivos, desperdicam o tempo
da policia, privam a cidade de Nova York de
dezenas de milhoes de Mares em receitas
tributarias e acabam par elevar o preco dos
ingressos.
, "Para as politicos, é sempre born posar de
defensores dos pobres dizendo que precos
altos sao ilegais", diz William J. Baumol, diretor
do Centro de Economia Aplicada C. V. Starr da
Universidade de Nova York. "Quem sabe eles
resolvam o problema da Aids declarando que
a doenca tambem e ilegal. lsso nao faria mal
algum porque nao teria nenhum efeito, mas
quando alguern mexe corn precos, acaba
criando problemas de verdade"
0 dr. Baumol foi urn dos economistas
que conceberam a ideia de vender ingressos para a Broadway, no dia da apresentacao, pela metade do preco no quiosque da
TKTS na Times Square, o que as proprietarios dos teatros consideraram muito radical na epoca em que o quiosque abriu, em
1973. Mas eles lucraram ao encontrar uma
nova clientela para ingressos que nao teriam
sido vendidos, urn exemplo do principio do
livre mercado segundo o qual tanto as compradores quanta as vendedores acabam
beneficiados quando o preco é ajustado
para atender a demanda.
Os economistas veem outro exemplo
dessa lic*ao no Museu de Arte Moderna,
onde as pessoas ficam na fila par ate duas
horas para comprar ingressos para a
exposicao de Matisse. Mas na calcada ha
uma alternativa: as cambistas que conseguem escapar da policia estao vendendo
as ingressos de $ 12,50 par precos que variam de $ 20 a $ 50.
"Voce nao precisa dar urn valor muito
alto ao seu tempo para estar disposto a
pagar $ 10 au $ 15 a mais se nao quiser ficar
duas horas na fila para comprar urn ingresso
para a exposicao de Matisse", diz Richard H.
Thaler, economista da Universidade de
Cornell. "Algumas pessoas acham que é
mais justo fazer todo mundo ficar na fila,
mas isso obriga todas as pessoas a se dedicarem a uma atividade totalmente improdutiva e age a favor das pessoas que tem mais
tempo livre. Os cambistas dao uma chance
a outras pessoas. Nao vejo nenhum motivo
para proibir a atividade"
Mas legalizar a atividade dos cambistas
nao seria necessariamente uma boa coisa
para todos. 0 sr. Thomas, par exemplo,
teme que a concorrencia extra possa tira-lo
dos negacios. Mas, ap6s 16 anos — ele
comecou a trabalhar do lado de fora do
Estadio Yankee aos dez anos de idade ele
acha que talvez seja hora de mudar.
Fonte: The New York Times, 26 dez. 1992, p. Al.
Copyright ©1992 by The New York Times Co.
Reimpresso corn permissao.
1 52
PARTE 3 OFERTA E DEIVIANDA II: IVIERCADOS E BEIVI-ESTAR
Esitudo
Caso
^
DEVER1A HAVER UM MERCADO DE (5RG AOS HUMANOS?
Em 12 de abril de 2001, na primeira pkgina do The Boston Globe, lia-se a manchete
"Como o Amor de uma Wie Ajudou a Salvar Duas Vidas". 0 jornal contava a histOria de Susan Stephens, uma mulher cujo filho precisava de um transplante de
rim. Quando o medico que cuidava dele descobriu que o rim da rne no era compativel, propOs uma solu o inovadora: se ela doasse um de seus rins para um
receptor anOnimo, seu filho iria para o topo da fila de espera pelo Or0o. A
aceitou a proposta e logo dois pacientes receberam o transplante que estavam
a o-uarda ndo.
.
A engenhosidade da proposta do medico e a nobreza do ato da m'a e ri o sk)
passiveis de dúvida. Mas a histOria levanta algumas questOes interessantes. Se a
male pOde trocar um rim por outro, ser que o hospital permitiria que ela trocasse
um rim por um caro tratamento experimental de câncer que ela não pudesse pagar
de outra maneira? Sen'i que ela poderia trocar um rim por uma bolsa de estudos
para seu filho na faculdade de medicina ligada ao hospital? Será que ela poderia
vender o rim e usar o dinheiro para trocar seu carro velho por um Lexus novinho?
Em termos de politica pública, as pessoas ri"k) podem vender seus Orgios. Em
essencia, no mercado de OrOos, o governo estabeleceu um preo rri ximo igual a
zero. Com isso, como se dá com qualquer preo rmiximo obrigatOrio, há uma escassez do bem. No caso da farnilia Stephens, a transa o não se enquadrou na
ção porque n;-io houve troca de dinheiro.
Muitos economistas acreditam que haveria grandes beneficios se a existencia de
um mercado livre de OrOos fosse permitida. As pessoas nascem com dois rins, mas
geralmente só precisam de um deles. Enquanto isso, algumas pessoas sofrem de
doeNas que as deixam sem nenhum rim em funcionamento. Apesar dos Obvios
ganhos de comercio, a situa o é g,rave. A espera media por um transplante de rim
de tres anos e meio e cerca de seis mil pessoas morrem por ano nos Estados
Unidos porque não conseg,uem encontrar um rim a tempo. Se as pessoas que precisam de um rim pudessem compr-lo das pessoas que tem dois, o preQD se elevaria ate equilibrar oferta e demanda. Os vendedores se beneficiariam do dinheiro
recebido. Os compradores se beneficiariam do Org5o de que precisam para salvar
sua vida. A escassez de rins logo desapareceria.
Um mercado como esse levaria a uma aloca o eficiente de recursos, mas aqueles que criticam a ideia se preocupam com a quest &) da justic;a. Um mercado de
OrOos, argumentam, beneficiaria os ricos à custa dos pobres, porque os OrOos
seriam alocados às pessoas com maior disposi o e capacidade para pagar. Mas
tambem é possivel questionar a justia do sistema em vigor: hoje, a maioria de nOs
anda por ai com um Orgo de que n' o precisa, enquanto alguns dos cidaffios de
nossa sociedade estio morrendo. Isso é justo?.
Teste R4ido
Represente graficamente a oferta e a demanda de peru. No equilibrio, indique os excedentes do consumidor e do produtor. Explique por que uma produck maior de peru reduziria o excedente total.
CAPITULO 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS IVIERCADOS
153
NOTiCIAS
COMO OS PEREGRINOS' ABRAcARAM 0 MERCADO
Do prOxima vez que se sentar ô mesa no Dia de Acao de Gracas, talvez voce deva agradecer nao sá o peru que esth no seu prato, mos tambem o sistema economic° em que vive.
A Acao de Gracas
Homenageia a Mao Invisivel
Par Caroline Baum
A maioria dos norte-americanos pensa no
Dia de Acao de Gracas coma um momento
para reunir as amigos e parentes e celebrar
com um grande banquete. Se as criancas
sabem alga sabre as origens desse feriado
nacional, declarado par promulgacao presidencial, e que as peregrinos estavam gratos
par uma boa colheita em suas novas terras
e separaram esse dia para agradecer par ela.
0 que elas nao sabem e que as coisas
nem sempre foram to boas para as peregrinos, que chegaram ao Novo Mundo vindos da Inglaterra (através da Holanda) para
escapar da perseguicao religiosa. Seus
primeiros invernos apOs desembarcarem
em Plymouth Rock, em 1620, e estabelecerem a colonia da Baia de Plymouth foram
dificeis. 0 clima da regiao era ruim e as
safras eram pequenas. Metade dos peregrinos morreu ou voltou para a Inglaterra.
Os que ficaram passaram fame. Apesar
de suas profundas conviccoes religiosas, as
colonos comecaram a roubar uns dos outros. Na primavera de 1623, depois de tres
invernos rigorosos e de uma fame generalizada, o governador Bradford e as moradores do local "comecaram a pensar coma
poderiam cultivar o maxima e obter uma
safra melhor do que as anteriores para nao
Permanecer na miseria", coma relatou o
PrOprio Bradford.
Uma das tradicoes que as peregrinos
trouxeram consigo da Inglaterra era alga
chamado "cultivo em comum". Os colonos
reuniam as frutos de seus esforcos e dividiam a colheita entre Si.
A ideia de "retirar a propriedade e trazelia para a comunidade acabou par causar
muita confusao e descontentamento e retardar em muito o emprego que 'hes poderia
beneficiar e reconfortar".
Homens jovens e fortes ressentiam-se
de trabalhar para outros homens e suas esposas sem nenhuma remuneracao.
Entao, depois de tres invernos de fame,
Bradford instituiu uma nova politica quando
chegou a epoca do plantio, na primavera de
1,623. Ele estabeleceu um late para cada
familia, permitindo que cada uma "plantasse
para si propria e se fiasse em si propria para
esse fim".
Para as colonos, as resultados foram
nada menos que miraculosos. As mulheres
ia m de bom grado para o campo, levando
consigo as filhos pequenos. Os que antes
diziam estar par demais doentes e fracas
para trabalhar aravam cam vigor suas
proprias terras...
Mas nao se tratava de milagre algum.
Sem querer, Bradford e as peregrinos descobriram aquilo que o Leste Europeu aprendeu — da pior maneira — mais de 350 anos
depois: o socialismo nao funciona. Privadas
de seus direitos de propriedade e na falta de
incentivos econornicos ao trabalho, as pessoas se comportam de uma maneira preOs colonos logo tiveram comida mais
do que suficiente para suas prOprias necessidades e comecaram a trocar seu excedente de graos par outras mercadorias, coma peles.
Depois de tres invernos esfomeados, as
peregrinos enxergaram a fartura coma um
golpe de sorte, quando, na verdade, estavam apenas reagindo aos sinais do mercado. Mesmo antes de haver um mercado oficial, a mao inyisivel ja operava.
0 Dia de Acao de Gracas é um momento para agradecer um sistema de governo
que permite que a mao invisivel conduza e
proteja as pessoas.
Fonte: Bloomberg News (http://mv.bloomberg.com),
21 nov. 2001. Reimpresso corn permissao.
1. NRT: Nome dados aos primeiros colonos puritanos que fundaram, em 1620, a colonia de Plymouth, que tambem eram
chamados de pilgrim fathers.
154
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
i
CONCLUSAO: EF[Cl NCAA E FALKA DE MERC-WO
Este capitulo introduziu as ferramentas lxisicas da economia do bem-estar — os
excedentes do consumidor e do produtor — e as utilizou para avaliar a eficiencia dos
mercados livres. Mostramos que as foNas de oferta e demanda alocam recursos
com eficiencia. Ou seja, embora cada comprador e vendedor no n-iercado s(5 se
s
preocupe com seu pr(5prio bem-estar, eles s o, juntos, guiados por uma mo invia um equilibrio que n-laximiza os beneficios totais para compradosivel em direc; a"o
res e vendedores.
Aqui devemos fazer uma advertencia: para concluirmos que os mercados s'a-o
eficientes, adotamos uma serie de hip6teses sobre como eles funcionam. Quando
essas hipteses não se sustentam, nossa concluso de que o equilibrio de mercado
e eficiente pode deixar de ser verdadeira. Ao concluirmos o capitulo, vamos tratar
rapidamente de duas dessas hipteses.
s
Em primeiro lugar, supusemos em nossa anfflise que os mercados s o perfeitamente competitivos. Mas na vida real a competi o muitas vezes está longe de ser
perfeita. Em alg-uns mercados, um Unico comprador ou vendedor (ou um pequeno
grupo de compradores ou vendedores) pode ser capaz de controlar os preos de
mercado. Essa capacidade de influenciar os preos é chamada de poder de mercado.
0 poder de mercado pode fazer com que os mercados sejam ineficientes ao manter o preo e a quantidade distantes do equilibrio entre oferta e demanda.
Em seg,undo lugar, nossa arthlise tambem supOs que o resultado em um mercado son-iente importe para os compradores e vendedores do mercado em quest5o.
Mas na vida real as decisOes de con-ipradores e vendedores às vezes afetam pessoas
que não s a- - o participantes do mercado. A po1uição e um exemplo cl ssico de resultado de mercado que afeta pessoas que est". o fora do mercado. Efeitos colaterais
desse tipo, chamados de externalidades, fazem com que o bem-estar em um mercado dependa de mais coisas do que o valor para os compradores e o custo para os
vendedores. Como os compradores e vendedores n^a"o levam esses efeitos colaterais
em considera o ao decidir quanto consumir e produzir, o equilibrio em um
cado pode ser ineficiente do ponto de vista da sociedade como um todo.
0 poder de mercado e as externalidades so exemplos de um fenOmeno geral
chamado de .falha de mercado — a incapacidade que alg-uns mercados não reg,u1amentados têrn de alocar recursos com eficiencia. Quando os mercados falham, a
politica pública pode, em alguns casos, solucionar o problema e aumentar a eficiencia da economia. Os microeconomistas dedicam grande parte de seus esfoNos ao
s
estudo de quando as falhas de mercado so prwthveis e de que tipos de politica s o
melhores para corrigi-las. Ao prosseg,uir com seus estudos de economia, voce ver
que as ferramentas da economia do bem-estar aqui desenvolvidas sk) facilmente
adaptadas para esse objetivo.
Apesar da possibilidade de falhas de mercado, a 111 " o invisível do mercado e de
uma importncia extraordinria. Em muitos mercados, as hip6teses que adotamos
neste capitulo funcionam muito bem e a conclus. o da eficiencia do mercado aplica-se diretamente. Ademais, nossa arblise da economia do ben-l-estar e da eficiencia do mercado pode ser usada para esclarecer os efeitos de wirias politicas governamentais. Nos dois prOximos capitulos, aplicaremos as ferramentas que acabamos
de desenvolver ao estudo de duas questOes politicas importantes — os efeitos da tributa o e do comercio internacional sobre o bem-estar.
CAPiTULO 7 CONSUNIIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS NIERCADOS
RESUMO
• 0 excedente do consumidor é ig,ual ao valor que
os compradores estao dispostos a pagar por urn
bem menos a quantia que efetivamente pagam
por ele e mede o beneficio que os compradores
obtem de sua participacao no mercado. 0 excedente do consumidor pode ser calculado determinando-se a area abaixo da curva de demanda
e acima do preco.
• 0 excedente do produtor é igual a quantia que
os vendedores recebem por seus hens menos
seus custos de producao e mede o beneficio que
os vendedores obtem de sua participacao no
mercado. 0 excedente do produtor pode ser calculado determinando-se a area abaixo do preco
e acima da curva de oferta.
• Uma alocacao de recursos que maximize a soma
dos excedentes do consumidor e do produtor
chamada de eficiente. Os formuladores de politicos muitas vezes se preocupam corn a eficiencia — e corn a equidade — dos resultados econemi cos.
• 0 equilibrio de oferta e demanda maximiza a
soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Ou seja, a mao invisivel do mercado leva
os compradores e vendedores a alocar os recursos de forma eficiente.
• Os mercados nao alocam recursos de forma eficiente na presenca de falhas de mercado como
poder de mercado ou externalidades.
CONCEITOS-CHAVE
economia do bem-estar, p. 138
disposicao para pagar, p. 138
excedente do consumidor, p. 139
custo, p. 143
excedente do produtor, p. 143
eficiencia, p. 148
equidade, p. 148
QUESTOES PARA REVISAO
155
156
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: NIERCADOS E BENI-ESTAR
PRGBLEMAS E APLICAOES
1. Uma geada inesperada na Califcirnia prejudicou a
safra de 1im5es. 0 que acontece com o excedente do
consumidor no mercado de 1imes? 0 que acontece com o excedente do consumidor no mercado de
limonada? Ilustre sua resposta com diagr, amas.
2. Suponha que a demanda por pc"-o francL's aumente. 0 que acontece com o excedente do produtor
no mercado de pão fran&'s? 0 que acontece com
o excedente do produtor no mercado de farinha?
Ilustre sua resposta com cliag,ramas.
3. 0 dia estEl quente e Bert está com sede. Eis o valor
que ele atribui a uma garrafa de 4-ua:
Valor da primeira garrafa $ 7
5
Valor da seg,unda garrafa
3
Valor da terceira garrafa
1
Valor da quarta garrafa
derive a escala
es,
a. Com base nessas informK6
de demanda de Bert. Represente graficamente a
sua curva de demanda por garrafas de 4-ua.
b. Se o 1.-.)reffl da garrafa de Eigua for $ 4, quantas
garrafas ele comprar? Qual o excedente do consumidor que Bert obtem de suas compras? Indique o excedente do consumidor de Bert em
seu grffico.
c. Se o preo cair para $ 2, em quanto muda a
quantidade demandada? Em quanto muda o
excedente do consumidor de Bert? Indique essas
mudarwas em seu grfico.
4. Emie é dono de um pNo. Como bombear grandes
quantidades de a- gua é mais dificil do que bombear
pequenas quantidades, o custo de produ o de
uma garrafa aumenta com o nmero de garrafas.
Eis o custo quc ele tem para produzir cada garrafa
de 4-ua:
Custo da primeira garrafa $
3
Custo da segunda garrafa
5
Custo da terceira garrafa
7
Custo da quarta garrafa
a. Com base nessas informa es, derive a escala
de oferta de Ernie. Represente g-raficamente a
sua curva de oferta de garrafas de 4-ua.
b. Se o preo da 4-,ua for $ 4, quantas garrafas ele
produzinl e vender? Qual o excedente do produtor que Emie obtem de suas vendas? Indique o excedente do produtor de Ernie em seu
0-r fico.
c. Se o 1_-)reo subir para $ 6, em quanto muda a
quantidade ofertacla? Em quanto muda o excedente do produtor de Emie? Indique essas mudaNas em seu gráfico.
5. Considere um mercado em que Bert, do problema
3, seja o comprador e o Emie, do problen-ia 4, seja
o vencledor.
a. Use a escala de oferta de Emie e a escala de
demanda de Bert 1.-)ara identificar a quantidade
demandada e a quantidade ofertada aos preos
de $ 2, $ 4 e $ 6. Qual desses preos traz oferta e
demanda para o equilibrio?
b. Quais .s. o o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente total nesse
equilibrio?
c. Se Ernie produzisse e Bert consumisse uma garrafa a menos, o que aconteceria com o excedente total?
d. Se Ernie produzisse e Bert consun-iisse uma garrafa a mais, o que aconteceria com o excedente
total?
6. 0 custo de produco de aparelhos de som caiu nas
1timas decadas.Vamos considerar algumas
cações disso.
a. Use um diagrama de oferta e demanda para
demonstrar o efeito da queda dos custos de proclu o sobre o prec-sp e a quantidade de aparelhos de som vendida.
b. Em seu diag,rama, indique o que acontece com o
excedente do consumidor e com o excedente do
produtor.
c. Suponha que a oferta de aparelhos de som seja
muito ek'istica. Quem se beneficia mais da queda dos custos de produ o: os consumidores ou
os produtores de aparelhos de som?
7. Há quatro consumidores dispostos a pagar as
seguintes quantias por um corte de cabelo:
Montel: $ 5
Jerry: $ 7 Oprah: $ 2 Ricki: $ 8
CAPITULO 7 CONSUM1DORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS
Ha quatro sal5es de beleza, corn os seg-uintes precos para urn corte de cabelo:
Saldo A: $ 3 Sala° B: $ 6 Saldo C: $ 4 Saldo D: $ 2
Cada salao tern capacidade para produzir so urn
corte de cabelo. Em termos de eficiencia, quantos
cortes de cabelo devem ser realizados? Que saloes
devem realizar os cortes e que consumidores devem cortar o cabelo? Qual a dimensao maxima
possivel do excedente do produtor?
8. Suponhamos que urn avanco tecnolOgico reduza o
custo de producao de computadores.
a. Use urn diag,rama de oferta e demanda para
demonstrar o que acontece corn o preco, a
quantidade, o excedente do consumidor e o
excedente do produtor no mercado de computadores.
b. Computadores e calculadoras sao bens substitutos. Use urn diagrama de oferta e demanda
para demonstrar o que acontece corn o preco, a
quantidade, o excedente do consumidor e o
exceciente do produtor no mercado de calculadoras. Os fabricantes de calculadoras devem
ficar felizes ou chateados corn o avanco tecnologico dos computadores?
c. Computadores e software sao bens complementares. Use urn diagrama de oferta e demanda
para demonstrar o que acontece corn o preco, a
quantidade, o excedente do consumidor e o
excedente do produtor no mercado de software.
Os produtores de software devem ficar felizes
ou chateados corn o avanco tecnologico dos
computadores?
d. Essa analise ajuda a explicar por que o produtor
de software Bill Gates é urn dos homens mais
ricos do mundo?
9. Pense em como os pianos de assistencia medica
afetam a qualidade dos servicos de saude prestados. Suponha que urn procedimento medico tipico tenha custo de $ 100, mas que uma pessoa corn
assistencia medica so precise desembolsar $ 20
quando opta por realizar urn procedimento. A
empresa de assistencia medica arca corn os demais
$ 80 (a seguradora recuperara os $ 80 por meio de
premios mais elevados para todos os seus seg,urados, mas a parcela paga por este seg-urado especifico é pequena).
157
a. Represente graficamente a curia de demanda
do mercado de servicos de satide (em seu diag,rama, o eixo horizontal deve representar a
quantidade de procedimentos medicos). Indique a quantidade demandada de procedimentos se o preco de cada urn deles for $ 100.
b. Em sett diagTama, inclique a quantidade demandada de proceclimentos se os consumidores
pagarem $ 20 por procedimento. Se o custo de
cada procedimento para a sociedade for, realmente, $ 100 e se as pessoas tern pianos de
assistencia medica como o descrito anteriormente, o mimero dc procedimentos realizados
maximizard o excedente total? Explique.
c. Os economistas muitas vezes culpam o sistema
de assistencia medica pelo uso excessivo de cuidados medicos. Dada sua analise, por que o uso
dos atendimentos medicos poderia ser considerado"excessivo"?
d. Que tipos de politica poderiam impedir esse
uso excessivo?
10. Muitas areas da California passaram por uma grave seca no fim dos anos 80 e comeco dos 90.
a. Use urn diagrama do mercado de agua para demonstrar os efeitos de uma seca sobre o preco e
a quantidade de equilibrio da agua.
b. Muitas comunidacles nao permitiram que o
preco da agua aumentasse. Qual o efeito dessa
politica sobre o mercado de agua? Indique em
seu diaarama o suraimento de urn excedente ou
de uma escassez.
c. Uma materia publicada em The Will Street
Journal em 1991 afirmou: "Todos os moradores
de Los Angeles sera) obrigados a diminuir em
10% seu consumo da agua em 19de marco e em
mais 5% em IQ de maio, corn base em seus
niveis de consumo de 1986". 0 autor criticava
essa politica corn base em argumentos ligados
tanto a eficiencia quanto a equidade, dizendo:
"Esta politica nao apenas recompensa as famflias que ldesperdicarami agua em 1986 como
tambem pouco faz para encorajar consumidores
que poderiam fazer reducoes mais drasticas [e]
pune os que não tem como reduzir rapidamente o seu uso da agua". Em que sentido o sis-
158
PARTE 3 OFERTA E DEIVIANDA II: MERCADOS E BENI-ESTAR
tema de racionamento de 4-ua de Los Angeles
e ineficiente? E em que sentido e injusto?
d. Suponha que, pelo contrrio, Los Angeles permitisse que o pre90 da 4-ua subisse ate que a
quantidade demandada fosse igual à ofertada. A
alocg-a-o resultante seria mais eficiente? Em sua
opini a- - o, seria mais ou menos justa do que as
redu95es proporcionais a que se refere o artigo
de jornal? 0 que poderia ser feito para tornar a
solu o de mercado mais justa?
APLICKAO: OS CUSTOS
DA TRIBUTKAO
Os impostos sao frequentemente motivo de acaloradas discussaes polfticas. Em
1776 a ira das colOnias americanas provocada pelos impostos cobrados pela
Inglaterra desencadeou a Revolucao Americana. Mais de dois seculos depois,
Ronald Reagan foi eleito presidente corn uma plataforma baseada em grandes cortes no imposto de renda das pessoas fisicas e durante seus oito anos na Casa
Branca a aliquota maxima desse imposto caiu de 70% para 28%. Em 1992, Bill
Clinton foi eleito presidente em parte porque o entao presidente, George Bush,
rompera sua promessa de campanha feita em 1988: "Leiam meus labios: nenhum
imposto novo". Pelo menos sob esse aspect°, o George Bush mais jovem nao
seguiu os passos do pai: como candidato, prometeu um corte nos impostos e, uma
vez eleito, cumpriu a promessa.
Comecamos a estudar os impostos no Capftulo 6. Ali vimos como urn imposto
sobre urn bem afeta o preco e a quantidade vendida deste e como as forcas de oferta e demanda dividem o onus do imposto entre compradores e vendedores. Neste
capItulo, ampliaremos essa analise e veremos como os impostos afetam o bemestar economic° dos participantes de urn mercado.
A primeira vista, os efeitos dos impostos sobre o bem-estar podem parecer
obvios. 0 govern° aprova impostos para levantar receita e essa receita precisa sair
do bolso de alguem. Como vimos no Capftulo 6, tanto os compradores quanta os
vendedores ficam em uma situacao pior quando urn bem é tributado: urn imposto
160
PARTE 3
OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
aumenta o preo que os compradores pagam e diminui o pre9a que os vendedores
recebem. Mas, para entendermos bem como os impostos afetam o bem-estar econ6rriico, precisamos comparar a reducfao de bem-estar dos compradores e vendedores com a elevalo da receita do governo. As ferramentas dos excedentes do
consumidor e do produtor nos permitem fazer essa comparao. A analise
demonstrara que os custos dos impostos para os compradores e vendedores s'ao
maiores que o aumento de receita do governo.
oo
50,
c" 0 PESO MORTO DOS IMPOSTOS
ruVamos comear recordando uma das lições surpreendentes do Capitulo 6: na-o
z
° importa se um imposto recai sobre os compradores ou os vendedores de um bem.
°
o o Quando um imposto recai sobre os compradores, a curva de demanda desloca-se
para baixo no montante do imposto; quando recai sobre os vendedores, a curva de
oferta desloca-se para cima no montante do imposto. Nos dois casos, quando o
IJJ <
imposto entra em vigor, o preo pago pelos compradores aumenta e o recebido
"
o
compradores e vendedores compartilham
< pelos vendedores cai. No fim das contas,
o Onus do imposto, independentemente de como ele é cobrado.
A Fig,ura 1 mostra esses efeitos. Para simplificar nossa discussio, a figura n'ao
"Sobe, a id6O de taxo0o
mostra deslocamentos das curvas de oferta e demanda, embora uma delas precise
com representac'do tornb m
se deslocar. 0 que determina qual das duas curvas se deslocara é se o imposto
não me agrado muito."
cobrado dos vendedores (deslocamento da curva de oferta) ou dos compradores
(deslocamento da curva de demanda). Neste capitulo, podemos simplificar os graficos desconsiderando o deslocamento. 0 resultado que importa para nossos objetivos neste ponto e o fato de que o imposto introduz uma cunha entre o preo que os
compradores pagam e o preo que os vendedores recebem. Por causa dessa cunha
tributaria, a quantidade vendida cai e fica abaixo do nivel que seria vendido na
ausencia do imposto. Em outras palavras, um imposto sobre um bem causa uma
redu o no tamanho do mercado desse bem. Esses resultados ja devem ser familiares para quem leu o Capftulo 6.
v;
`6)
FIGURA 1
o
Quantidade
Quantidade
com o imposto sem o imposto
Quantidade
CAPiTULO 8 APLICA00: OS CUSTOS DA TRIBUTAcA0
Como um Imposto Afeta os Participantes do Mercado
161
Peso -rAoR-ro
Vamos usar as ferramentas da economia do bem-estar para medir os ganhos e perdas resultantes de urn impost° sobre urn bem. Para tanto, precisamos levar em consideracao como o impost() afeta os compradores, os vendedores e o governo. 0
beneficio obtido pelos compradores num mercado é medido pelo excedente do
consumidor — a quantia que os compradores estao dispostos a pagar por urn bem
menos 0 que efetivamente pagam. 0 beneficio obtido pelos vendedores em urn
mercado 6 medido pelo excedente do produtor — a quantia que os vendedores recebem pelo bem menos seus custos. Essas s5o as medidas de economia do bem-estar
que usamos no Capitulo 7.
E quanto a terceira parte envolvida, o governo? Se T é o valor do impost° eQéa
quantidade vendida do bem, o govern() recebe uma receita tributaria total de T x Q.
Ele pode usar essa receita tributdria para oferecer servicos, tal como estradas, policiamento e educacao publica, ou para ajudar os necessitados. Assim, para analisarmos como os impostos afetam o bem-estar economic°, usamos a receita tributaria
para medir o beneficio que o governo obtem do impost°. Lernbre-se, contudo, que
esse beneficio na verdade no fica corn o govern°, mas corn todos aqueles corn
quern a receita é gasta.
A Figura 2 mostra que a receita tributaria de urn govern° é representada pelo
retdngulo entre as curvas de oferta e demancla. A altura desse retangulo é o valor
do impost°, T, e sua largura 6 a quantidade vendida do hem, Q. Como a area de
urn retangulo é obtida multiplicando-se a altura pela largura, a area desse retangulo é T x Q, o mesmo que a receita tributaria.
ct ,a64-.1.0-Jock,
ALL-Aea
(Ito
oi
Bem-Estar sem lmpostos Para vermos como urn impost() afeta o bem-estar,
comecaremos analisando o bem-estar antes de o govern° ter aprovado um imposto. A Figura 3 mostra o diagrama de oferta e demanda e indica as areas relevantes
corn letras de A a F.
FIGIVA 2
Preco
Receita Tributaria
A receita tributoria que o govemo coleta é
igual a T x Q, o valor do imposto, T, multiplicado pela quantidade vendida, Q. Assim, a
receita tributaria e igual O drea do retangulo
localizado entre as curvas de oferta e
demanda.
Preco pago pelos
compradores
Preco recebido
pelos vendedores
Quantidade
vendida (Q)
Quantidade
Quantidade
corn o imposto sem 0 imposto
Demanda
Quantidade
162
PARTE 3
OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
FIGURA 3
Como um Imposto Afeta o Bem-Estar
Um imposto sobre um bem reduz o excedente do consumidor (a reducao é dada pelas Orea B + C) e o excedente do produtor (a reducao é dada pelas dreo D + E). Como a queda dos excedentes do consumidor e do
produtor excede a receita tributOria (Orea B + D), dizemos que o imposto parece impor uma perdo de peso
morto (Orea C + E).
Sem Imposto
Excedente do Consumidor
Excedente do Produtor
Receita Tributaria
Excedente Total
A+B+C
D+ E+F
Nenhuma
A+B+C+D+E+F
Com Imposto
A
F
B+D
A+B+D+F
Variaca-o
- (B + C)
- (D + E)
+ (B + D)
- (C + E)
A area C + E mostra a queda do excedente total e é a perda de peso morto do imposto.
Q2
Quantidade
Na ausricia de um imposto, o preo e a quantidade se encontram na interseco das curvas de oferta e demanda. 0 preo e P i e a quantidade vendida, Q i . Como
a curva de demanda reflete a disposi o para pagar dos compradores, o excedente
do consumidor e a area entre a curva de demanda e o preo, A + B + C. De maneira similar, como a curva de oferta reflete os custos dos vendedores, o excedente do
produtor é a area entre a curva de oferta e o prec;o, D + E + F. Neste caso, como n, o
há imposto, a receita tributaria e igual a zero.
0 excedente total - a soma dos excedentes do consumidor e do produtor igual à area A+B+C+D+E+ F. Ou seja, como vimos no Capitulo 7, o excedente total é a area entre as curvas de oferta e demanda que vai ate a quantidade de
A primeira coluna da tabela da Figura 3 resume essas concluses.
Bem-Estar com um imposto Consideremos agora o bem-estar apOs o
imposto ter sido aprovado. 0 prew pago pelos con-ipradores sobe de P 1 para Pc, de
modo que o excedente do consumidor passa a ser apenas a area A (a area abaixo
da curva de demanda e acima do preo para o comprador). 0 preo recebido pelos
vendedores cai de P i para 13 ,„ de modo que o excedente do produtor passa a ser
CAPITULO 8 APLICACAO: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO
163
apenas a area F (a area acima da curva de oferta e abaixo do preco para o vendedor). A quantidade vendida cai de Q, para Q, e o govemo coleta uma receita tributaria igual a area B + D.
Para calculallitos o excedente total corn o imposto, nos somamos o excedente
do consumidor, o excedente do produtor e a receita tributaria. Assim, conclulmos
que o excedente total é a area A + B + D + F. A segunda coluna da tabela resume
essas conclusoes.
Mudancas no Bem-Estar Podemos agora perceber os efeitos do impost°
comparando o bem-estar antes e depois de sua aprovacao. A terceira coluna da
tabela da Figura 3 mostra as mudancas. 0 imposto faz corn que o excedente do
consumidor se reduza o equivalente a area B + C e corn que o excedente do produtor se reduza o equivalente a area D + E. A receita tributaria aumenta o equivalente a area B + D. Nao surpreende que compradores e vendedores sejam prejudicados e o governo seja beneficiado.
A mudanca total do bem-estar inclui a mudanca do excedente do consumidor
(que é negativa), do excedente do produtor (que tambem é negativa) e da receita
tributaria (que é positiva). Ao somarmos esses tres componentes, concluimos que
O excedente total do mercado cai o equivalente as areas C + E.ICom isso,asp_e_LAqs
para os compradores e para os veTzdedores a partir da implementacao do inyostos
H
_Jy_e_.:
ram_ a receita obtida pelo governol
d A queda do excedente total que resulta quando um
impost° (ou outra polftica) istorce urn resultado de mercado é chamada de peso
morto. A area C + E mede o montante do peso morto.
Para entender por que os impostos causam peso morto, lembre-se de urn dos
Dez Principios de Economia: as pessoas reagem a incentivos. Vimos, no Capftulo 7,
que os mercados normalmente alocam recursos escassos de maneira eficiente. Ou
seja, o equilibrio de oferta e demanda n-iaximiza o excedente total dos compradores
e vendedores do mercado. Mas quando urn imposto aumenta o preco para os corn-
pradores e reduz o preco para os vendedores, da aos compradores urn incentivo para
consumir menos e aos vendedores, urn incentivo para produzir menos. A medida
que compradores e vendedores respondem a esses incentivos, o tamanho do mercado se reduz, ficando abaixo do ideal. Assim, como os impostos distorcem os incentivos, fazem corn que os mercados aloquem recursos de maneira ineficiente.
Peso Mort° e Ganhos Comerciais
Para concluirmos por que os impostos resultam em peso morto, vamos considerar
urn exemplo. Imagine que Joe limpe a casa de Jane a cada sernana por $ 100. 0 custo
de oportunidade do tempo de Joe é $ 80 e o valor de uma casa limpa para Jane é
$ 120. Portanto, cada urn dos dois recebe urn benefIcio de $ 20 pela transacao. 0
excedente total de $ 40 mede os ganhos de comercio dessa determinada transacao.
Suponhamos agora que o governo imponha urn imposto de $ 50 para os prestadores de servicos de limpeza. Agora, nao ha preco que Jane possa pagan a Joe que
os deb<e em melhor situacao apOs o pagamento do imposto. 0 maxim° que ela esta
disposta a pagar é $ 120, mas isso deixaria Joe corn apenas $ 70 apos pagan o
imposto, menos do que os $ 80 de seu custo de oportunidade. Por outro lado, para
que Joe recebesse seu custo de oportunidade de $ 80, Jane teria que pagar $ 130, o
que esta acima do valor de $ 120 que ela atribui a uma casa limpa. Corn isso, Jane
e Joe cancelam seu negocio. Joe fica sem a renda e Jane tern que se acostumar a
viver em uma casa suja.
peso morto
a queda do excedente total
resultante de uma distorcao
de mercado, como urn
imposto
164
PARTE 3
OFERTA E DEIVIANDA II: NIERCADOS E BEIVI-ESTAR
0 imposto piorou a situa o dos dois num total de $ 40, uma vez que eles perde-
ram essa quantia de excedente. Ao mesmo tempo, o governo n'a- o consegue coletar
nenhuma receita deles porque o negOcio foi cancelado. Os $ 40 s'a- o um peso morto:
s".o uma perda para os compradores e vendedores em um mercado que 1-1"o é con-ipensada por um aumento da receita do govemo. Com base neste exemplo, podemos
perceber a fonte do peso n-lorto: os inzpostos causam peso morto porque impedern que os
compradores e vendedores obtenham alguns dos ganhos de com&cio.
A área do triing,ulo entre as curvas de oferta e demanda (áreas C + E da Figura 3)
mede essas perdas, que podem ser vistas mais facilmente na Figura 4 lembrando-se
que a curva de demanda reflete o valor do bem para os consumidores e que a curva
de oferta reflete os custos para os proclutores. Quando o imposto aumenta o preo
para os compradores para Pc e reduz o pre9D para os vendedores para Pv, os compradores e vendedores marginais deixam o mercado, de modo que a quantidade vendida cai de Q, para Q,. Mas, como mostra a fig,ura, o valor do bem para esses compradores ainda supera o custo para os vendedores. Como no exemplo de Joe e Jane, os
ganhos de con-i rcio — a diferena entre o valor para os compradores e o custo para
os vendedores — é menor do que o imposto. Com isso, essas transges deixam de
ser realizadas a partir do momento em que o imposto entra em vigor. 0 peso morto
o excedente perdido porque o imposto desencoraja a realiza o dessas transg-Oes
mutuamente vantajosas.
Teste hpido
Represente graficamente a curva de oferta e demanda de biscoitos. Mostre o que aconteceria com a quantidade vendida, o preco pago pelos compradores e o preco recebido pelos vendedores se
o governo criasse um imposto sobre biscoitos. Em seu diagrama, mostre o peso morto decorrente do imposto. Explique o significado do peso morto.
* *kYsk(49, ( .5. J • fiS»
• '&.43.,0&1,!,\SID
DETERMINANTES DO PESO MORTO
0 que determina se o peso morto de um imposto seth grande ou pequeno? As elasticidades-preo cla oferta e da demanda, que medem a resposta das quantidades
demandada e ofertada às varia(; (5es
de pre9p.
FIGURA 4
Preo
Ganhos de
com&cio
perdidos
0 Peso Morto
Quondo o governo crio um imposto sobre
um bem, o quantidade vendida cai de Q7
para Q2. Com isso, olguns dos potenciais
gonhos de com&cio entre comprodores e
vendedores n do
ocorrem. Esses ganhos
perdidos origthom a perda de peso morto.
P
Oferta
c
Pre90 sem
o imposto
Montante
do imposto
Pv
Custo para os
vendedores
Valor para os
compradores
Q
2
4
/
Q1
Demanda
Quantidade
Redu0o da quantidade devido ao imposto
CAPITULO 8 APLICACAO: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO
165
Vamos, em primeiro lugar, ver como a elasticidade da oferta afeta a magnitude
do peso morto. Nos dois paineis superiores da Figura 5, a curva de demanda e o
valor do imposto sao os mesmos. A Unica diferenca nessas figuras 6 a elasticidade
da curva de oferta. No painel (a), a curva de oferta é relativamente inelastica: a
quantidade ofertada responde pouco a variacoes de preco. No painel (b), a curva de
oferta é relativamente elastica: a quantidade ofertada responde substancialmente a
variacaes de preco. Observe que o peso morto, a area do triang-ulo entre as curvas
de oferta e demanda, é major quando a curva de oferta 6 mais elastica.
• ‘..../'..),k.o-N-tY /1.f.•-ciA
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Q,f)().. 41. 6. dock,
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FIGURA 5
Distorcoes Tributarias e Elasticidades
Nos Oriels (a) e (b), a cunta de demanda e o valor do imposto sao iguais, mos a elasticidade-preco do oferta é diferente. Observe que quanta
mois elastica é a curva de oferta, major é o peso morto wusado pelo imposta Nos paineis (c) e (d), a curva de oferta e o valor do imposto sao
iguais, mas a elasticidade-preco do demando e diferente. Observe que quanta mais elastica 6 a curva de demanda, major 6 o peso morto causado
pelo imposto.
A bh,
(a) Oferta Inelastica
(b) Oferta Elastica
)21
Preco
Preco
Quando a oferta
relativamente elastica,
topes° morto do
e qrande.
uposto
irt
Oferta
Quando a oferta
relativamente
inelastica„o peso
moil() do impost?
é pequeno.
Valor
do
imposto
Oferta
Valor
do
imposto
Demanda
Demanda
Quantidade
Quantidade
(c) Demanda Inelastica
(d) Demanda Elastica
Ays-
Preco
Preco
Oferta
Oferta
Valor
do
imposto
Quando a demanda
relativamente
inelastica,.opeso
worto_cto im_posto
peq.y_en.
Valor
do
imposto
Demanda
Quantidade
Demanda
Quando a demanda 6
relativamente elastica,
peso morto do imposto,
LO__granciti
0
Quantidade
166
PARTE 3
OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
De maneira similar, os dois paineis inferiores da Figura 5 mostram como a elasticidade da demanda afeta a magnitude do peso morto. Aqui, a curva de oferta e o
valor do imposto s - 4c) mantidos constantes. No painel (c) a curva de demanda
relativamente inel stica e o peso morto é pequeno. No painel (d) a curva de demanda é mais elstica e o peso morto do imposto e maior.
E fácil explicar a lição a ser aprendida com essa figura. Um imposto é um peso
morto porque induz compradores e vendedores a uma mudana de comportamento. 0 imposto eleva o preQu pago pelos compradores, de modo que eles conson-lem
menos. Ao n-lesmo tempo, reduz o preo recebido pelos vendedores, assim eles
passam a produzir menos. Por causa dessas mudanas de comportamento, o tamanho do mercado diminui e fica abaixo do ideal. As elasticidades da oferta e da
demanda medem o quanto vendedores e compradores respondem às varig c--ies no
pre(-5° e, portanto, determinam quanto um imposto distorce o resultado de mercado. Assim, quanto nzaiores as elasticidades de oferta e demanda, maior o peso morto de
um imposto.
Estudo de Caso
0 DEBATE SOBRE 0 PESO MORTO
"Eis o que eu acho a respeito
da elasticidade da oferta de
trabalho."
Oferta, demanda, elasticidade e peso morto, todos esses itens de teoria econOmica
são o bastante para deixar qualquer um confuso. Acredite voce ou n"a'o, estas ideias
vão ao ffi-nago de uma questh- o politica profunda: que tamanho deve ter a atua-a'o
do governo? A discuss^a'o gira em tomo desses conceitos porque quanto maior o
peso morto da tributa o, maior o custo de qualquer programa do governo. Se a triesse peso morto e um forte argumenbuta o traz UM elevado peso morto, ent a'o
to a favor de um governo que fga menos coisas e cobre menos impostos. Mas, se
os impostos irnpõem um baixo peso morto, os programas governamentais so
menos custosos do que poderiam ser.
o? Os economistas divergem
Enfim, qual o tamanho do peso morto da tribut
muito sobre essa questio. Para entendermos a natureza dessa divergencia, vamos
pensar na principal tributa o dos Estados Unidos — a tributa o sobre o trabalho.
0 imposto da Seguridade Social, o imposto do Medicare e, em grande medida, o
imposto de renda federal são impostos sobre os rendimentos do trabalho. Muitos
governos estaduais tambem tributam os ganhos do trabalho. Um imposto sobre o
rendimento do trabalho introduz uma cunha entre o salkio que as empresas
pagam e o salkio que os trabalhadores recebem. Se somarmos todas as formas de
imposto sobre os rendimentos do trabalho, a taxa marginal sobre os rendimentos
do trabalho — o imposto incidente sobre o Ultimo dOlar ganho — é de quase 50%
para muitos trabalhadores.
Embora o valor do imposto sobre o trabalho seja fácil de determinar, o mesmo
n'a'o ocorre com a magnitude do peso morto desse imposto. Os economistas divergem sobre a magnitude do peso morto dos impostos sobre o trabalho. Essa divergencia surge porque os economistas tem opini es diferentes quanto à elasticidade da
oferta de trabalho.
Economistas que afirman-1 que os impostos sobre os rendimentos do trabalho
acreditam que a oferta de trabalho seja bastante
n'a"o causam grande distoN Eio
Segundo eles, a maioria das pessoas trabalharia em tempo integral
independentemente do salário. Neste caso, a curva de oferta de trabalho seria
praticamente vertical e um imposto sobre os rendimentos do trabalho teria um
pequeno peso morto.
CAPITULO 8 APLICACAO: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO
Os que afirmam que os impostos sobre os rendimentos do trabalho causam
grande distorcao acreditam que a curva de oferta de trabalho seja mais elastica. Eles
admitem que alguns grupos de trabalhadores podem ofertar seu trabalho inelasticamente, mas sustentam que muitos outros grupos sao mais sensiveis a incentivos.
Eis alguns exemplos:
• Muitos trabalhadores podem ajustar o rinmero de horas trabalhadas — fazendo
hora extra por exemplo. Quanto major o salario, mais horas eles decidirdo trabalhar.
• Algumas familias tern uma segunda fonte de renda — muitas vezes, mulheres
casadas que tem filhos — corn certa liberdade para escolher entre o trabalho
domestic° nao remunerado e o trabalho remunerado no mercado. Ao decidirem
se aceitam urn emprego ou nao, essas pessoas que ganham a segunda renda
comparam os beneficios de ficar em casa (incluindo quanto poupariam se nao
precisassem pagar para que cuidassem de seus filhos) corn os salarios que p oderiam receber.
• Muitas das pessoas mais velhas 1,-)odem decidir quando querem se aposentar e
suas decisoes se baseiam, em parte, nos salarios. Uma vez que elas estejam aposentadas, os salarios determinam seu incentivo a trabalhar meio period°.
• Algumas pessoas consideram a possibilidade de se engajar em atividades ilegais
como o trafico de drogas ou de aceitar urn emprego que pague "por fora" para
evitar os impostos. Os economistas chamam isso de economia subterranea. Ao
decidirem se trabalham na economia subterranea ou numa atividade licita,
esses criminosos em potencial comparam o ganho que podem ter a margem da
lei corn o salario que podem receber legalmente.
Em todos esses casos, a quantidade ofertada de mao-de-obra reage ao salario
(o preco do trabalho). Assim, as decis5es desses trabalhadores sdo distorcidas
quando os rendimentos de seu trabalho sao tributados. Os impostos sobre o trabalho incentivam os trabalhadores a trabalhar menos horas, as pessoas que obtem a
segunda fonte de renda da familia a ficar em casa, os idosos a se aposentar cedo e
os inescrupulosos a fazer parte da economia subterranea.
Essas duas visoes da tributacao do trabalho persistem ate hoje. Corn efeito, ao
ver dois candidatos politicos debatendo se o governo deve prestar mais servicos ou
reduzir o Onus tributario, lembre-se de que parte das desavencas pode ser proveniente de diferentes opini5es sobre a elasticidade da oferta de trabalho e sobre o
peso morto da tributacao. •
Teste Rapid° A demanda por cerveja e mais elastica do que a demanda per leite. Qual dos impostos
teria maior peso morto: urn imposto sobre a cerveja ou urn imposto sobre o leite? Por que?
0 PESO MORTO E A RECEITA FISCAL
CONFORME OS IMPOSTOS VARIAM
Os impostos raramente se mantem constantes por longos periodos. Os formuladores de polfticas dos governos locais, estaduais e federais estao sempre pensando em
aumentar urn imposto ou diminuir outro. Aqui, veremos o que acontece corn o
peso morto e corn a receita tributaria quando o montante do imposto muda.
167
168
PARTE 3
OFERTA E DEIVIANDA II: MERCADOS E BEIVI-ESTAR
SAIBA MAIS SOBRE...
HENRY GEORGE E 0 IMPOSTO TERRITORIAL
Haverá um imposto ideal? Henry George, um economista e filOsofo social norte-americano do skulo XIX, acreditava que sim. Em seu
livro Progresso e pobreza, de 1879, George argumentava que o governo deveria obter de um imposto sobre a terra a totalidade de sua
receita. Esse "imposto imico" seria, em sua opiniao, tanto eqitativo
quanto eficiente. As id6as de George Ihe valeram um grande nmero de seguidores politicos e em 1886 ele quase ganhou a eleicao
para prefeito de Nova York (embora tenha ficado bem à frente do
candidato republicano — e mais tarde presidente dos Estados Unidos
— Theodore Roosevelt).
A proposta de George de tributar a terra foi motivada, em grande medida, por uma preocupacao com
a distribuick do bem-estar econ6mico. Ele deplorava
o "chocante contraste entre a riqueza monstruosa e a
necessidade humilhante" e achava que os proprietarios de terras se beneficiavam mais do que mereciam do rapido crescimento da economia como um
todo.
Os argumentos de George em favor do imposto
territorial podem ser entendidos usando-se as ferramentas da economia moderna. Imagine primeiro a
oferta e a demanda no mercado de arrendamento de
terras. À medida que a imigracao faz a populack
aumentar e os avancos tecnolOgicos fazem a renda
crescer, a demanda por terras aumenta ao longo do tempo. Mas,
como a quantidade de terra é fixa, a oferta é perfeitamente
ca. Um rapido crescimento da demanda associado a uma oferta
inelastica leva a um grande aumento no valor de equilibrio dos arren-
damentos de terra, .de modo que o crescimento econ6mico torna
ainda mais ricos os proprietarios de terras.
Consideremos agora a inci&ncia de um imposto sobre a terra.
Como vimos no Capitulo 6, o 6nus de um imposto recai mais pesadamente sobre o lado menos elastico do mercado. Um imposto
sobre a terra leva esse principio ao extremo. Como a elasticidade da
oferta é zero, os proprietarios arcam com todo o 6nus do imposto.
Consideremos em seguida a questao da eficiência. Como acabamos de ver, o peso morto de um imposto depende das elasticidades da oferta e demanda. Novamente, um imposto sobre a terra
um caso extremo. Como a oferta é perfeitamente inelastica, um
imposto sobre a terra nao altera a alocacao do mercado. Nao ha
peso morto e a receita tributaria do governo é exatamente igual
perda dos proprietarios de terra.
Embora a tributacao da terra possa parecer atraente na teoria, na
pratica nao é tao simples quanto aparenta ser. Para nao distorcer os
incentivos econ6micos, um imposto como esse deve ser cobrado
sobre a terra no estado natural. Mas o valor da terra freqentemente
resultado das benfeitorias, como a derrubada de arvores, a instalacao . de esgotos e a construcao de estradas. Diferentemente da oferta de terras no estado natural, a oferta de benfeitorias tem elasticidade maior que zero. Se
o governo criasse um imposto sobre a terra incluindo
benfeitorias, os incentivos seriam distorcidos. Os proprietarios reagiriam à tributacao dedicando menos
recursos as benfeitorias em suas terras.
Hoje, poucos economistas apOiam a proposta de
George de um imposto único sobre a terra. Al&fl de a
tributacao das benfeitorias ser um problema em
potencial, o imposto nao levantaria recursos suficientes para o governo muito maior que temos hoje. Mas
muitos dos argumentos de George ainda sao validos.
Eis a avaliacao do eminente economista Milton
Friedman um skulo depois do livro de George:
"Em minha opini q o, o imposto 'menos ruim' é o que tributa a
propriedade de terra n q o trabalhada, o argumento de George ha
muitos e muitos anos."
A Figura 6 mostra os efeitos de impostos pequeno, medio e g,rande, mantidas
constantes as curvas de oferta e 'demanda de mercado. 0 peso morto — a reduc;^a'o
do excedente total que resulta quando o imposto reduz o tamanho de um mercado abaixo do ideal — é ig,ual ò kea do triffilgulo entre as curvas de oferta e demanda. No caso do imposto pequeno do painel (a), a kea do triffi-igulo do peso morto
bem pequena. Mas, com o aumento do imposto, como vemos nos paineis (b) e
(c), o peso morto fica cada vez maior.
Com efeito, o peso morto do imposto aumenta mais rapidamente que o valor
desse imposto. Isso ocorre porque o peso morto e a Eirea de um triklgulo, a qual
depende do quadrado de seu tamanho. Se dobrarmos o tamanho de um imposto,
por exemplo, a base e a altura do triingulo correspondente dobraro, de modo que
o peso morto aumentani em um fator de 4. Se triplicarmos o tamanho de um
imposto, tanto a base quanto a altura triplicaro e, com isso, o peso morto aumentará em um fator de 9.
CAPiTULO 8 APLICACAO: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO
169
FIGURA 6
Peso Morto e Receita Tributaria de Tres lmpostos de Diferentes Tamanhos
0 peso morto é a reducao do excedente total causada pelo impost°. A receita tributaria e o valor do imposto multiplicado pela quantidade vendido do
bem. No painel (a), urn pequeno imposto tern urn peso morto pequeno e gera uma receita pequena. No painel (b), urn imposto algo major tern urn
peso morto maior e arrecada uma receita maior. No painel (c), um imposto muito elevado tern urn peso morto elevado e reduz tanto o tamanho do mercado que a arrecadocao e pequena.
(a) Impost° Pequeno
Preco
(b) Impost° Medi°
(d) Impost° Grande
Preco
Peso
morto
Oferta
Peso morto
Oferta
PC
PC
Receita
Tributaria
Pv
Demanda
0
Q2 Q,
Quantidade 0
Q2
Quantidade 0 Q2
A receita tributaria do govemo equivale ao valor do imposto multiplicado pela
quantidade vendida do bem. Como vemos na Figura 6, a receita tributaria é igual
area do retang,ulo entre as curvas de oferta e demanda. No caso do imposto pequeno do painel (a), a receita tributaria é baixa. Como do painel (a) para o (b) o imposto se eleva, a receita tributaria aumenta. Mas quando o tamanho do impost()
aumenta alem disso, do painel (b) para o painel (c), a receita tributaria cai porque
o impost() alto reduz drasticamente o mercado. No caso de urn impost() muito
g,rande, nao seria gerada nenhuma receita porque as pessoas simplesmente parariam de comprar e vender o hem.
A Figura 7 resume esses resultados. No painel (a), vemos que, corn o aumento
do montante do imposto, o peso morto cresce rapidamente. Em comparacao, o painel (b) mostra que a principio a receita tributaria cresce corn o montante do imposto; depois, contudo, a medida que o impost() se torna major, o mercado encolhe
tanto que a receita tributaria comeca a cair.
Estudo de Casot
A CURVA DE LAFFER E A ECONOMIA DO LADO DA °FERIA
Urn dia, em 1974, o economista Arthur Laffer estava em urn restaurante de Washington corn diversos jomalistas e politicos de renome. Ele pegou urn guardanapo e
desenhou nele uma figura para demonstrar como as aliquotas dos impostos afetam
a receita tributaria. 0 desenho que fez era muito parecido corn o painel (b) da Figura
7. Laffer ent5o sugeriu que os Estados Unidos estavam do lado de inclinacao descendente dessa curva. As aliquotas tinham chegado a urn nivel tao alto, afirmava ele, que,
se fossem reduzidas, a receita tributaria aumentaria.
Quantidade
170
PARTE 3
OFERTA E DENIANDA II: NIERCADOS E BENI-ESTAR
FIGURA 7
Como o Peso Morto e a Recelta Tributkia Variam em Funch do Nivel da Aliquota de um Imposto (RT)
0 painel (a) mostra que, à medida que a aliquota aumenta, o peso morto cresce. 0 painel (b) mostra que a receita tribut&ia a principio cresce, mas
depois cai Esta relac&) é por vezes chamcdo de curva de Laffer.
(a) Peso Morto
(b) Receita (a curva de Laffer)
A maioria dos economistas duvidava-dessa sugestao de Laffer. A ideia de que
um corte de impostos pudesse aumentar a receita tributaria estava correta do ponto
de vista da teoria econOmica, mas havia dUvidas quanto a se funcionaria na pratica. Havia poucos indícios de que, como afirmava Laffer, as aliquotas dos impostos
nos Estados Unidos tivessem de fato atingido niveis tao extremos.
Ainda assim, a curva de Laffer (como ficou conhecida) atraiu a ateNao de
Ronald Reagan. David Stockman, diretor de oNamento do primeiro governo
Reagan, conta a seguinte histOria:
[Reagan] ja estivera ele mesmo na curva de Laffer. "Eu fiquei rico fazendo filmes
durante a Seg,unda Guerra Mundial", dizia. Naquela epoca, a sobretaxa de guerra sobre a renda chegava a 90°/0. "Bastava fazer quatro filmes para ficar na
quota mais alta", continuava. "Entao todos nOs paravamos de trabalhar depois
do quarto filme e iamos para o interior."As aliquotas elevadas faziam com que
as pessoas trabalhassem menos. Aliquotas mais baixas faziam com que as pessoas trabalhassem mais. Sua experithlcia pessoal provou isso.
Quando Reagan foi candidato a presidente em 1980, os cortes nos impostos
eram parte de sua plataforma. Reagan argumentava que os impostos estavam tao
altos que chegavam a desencorajar o trabalho arduo e que a reduao das
tas daria às pessoas o incentivo adequado para que trabalhassem, o que aumentaria o bem-estar econOmico e talvez ate a receita tributaria. Como a reduao nas
aliquotas tinha por objetivo incentivar as pessoas e aumentar a quantidade ofertada de mao-de-obra, as opiniOes de Laffer e Reagan ficaram conhecidas como
economia do lado da oferta.
A histOria nao confirmou a conjectura de Laffer de que aliquotas menores de
imposto aumentariam a receita tributaria. Quando Reagan, apOs se eleger, diminuiu os impostos, o resultado foi uma receita tributaria menor, e nao maior.A receita vinda do imposto de renda das pessoas fisicas (por pessoa, ajustada de acordo
com a inflgao) caiu 9% entre 1980 e 1984, muito embora a renda media (por pessoa, ajustada de acordo com a inflgao) tivesse crescido 4% no mesmo periodo.
Mas o corte nos impostos, juntamente com a indisposiao dos formuladores de
CAPITULO 8 APL1CACAO: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO
polfticas para restringir gastos, deu inicio a urn longo period° durante o qual o
governo gastou mais do que arrecadou em impostos. Durante os dois mandatos de
Reagan e por varios anos apos o final deles, o govemo teve grandes deficits °Kamentarios.
Mas os arg-,umentos de Laffer nao eram totalmente desprovidos de merit°.
Embora urn corte geral nas aliquotas normalmente reduza a receita, alguns contribuintes podem, por vezes, estar do lado errado da curva de Laffer. Na decada de
1980, a receita tributaria arrecadada dos norte-americanos mais ricos, que pagam
as maiores aliquotas, efetivamente aumentou quando os impostos diminuiram. A
ideia de que impostos reduzidos podem aumentar a receita tributaria pode estar
correta se for aplicada aos contribuintes que pagam os impostos mais elevados.
Alem disso, o argumento de Laffer pode ser mais plausivel quando aplicado a palses em que as aliquotas sao muito mais elevadas do que nos Estaclos Unidos. Na
Suecia, no inicio dos anos 80, por exemplo, o trabalhador tipico enfrentava aliquotas marginais de aproximadamente 80%. Tais aliquotas representavam urn forte
desincentivo ao trabalho. Estudos indicaram que a Suecia poderia ter aumentado
sua receita tributaria se tivesse diminuido as aliquotas.
Essas ideias surgem corn frequencia nos debates politicos. Quando Bill Clinton
assumiu a presidencia dos Estados Unidos, em 1993, aumentou as aliquotas do
imposto de renda federal dos contribuintes de alta renda para cerca de 40%. Alg-uns
economistas criticaram a politica, dizendo que o plano nao proporcionaria tanta
receita quanto previa o govern° Clinton. Eles afirmavam que o govern() '15o estava
levando em consideracao a maneira como os impostos afetam o comportamento.
Ao contrario disso, quando Bob Dole concorreu contra Clinton na eleicao de 1996,
propos a reducao do imposto de renda das pessoas fisicas. Embora Dole rejeitasse
a ideia de que os cortes no imposto se pagassem por si mesmos, afirmava que o
corte de 28% seria recuperado porque aliquotas menores resultariam num rapid°
crescimento economic°. Os economistas discutiam se a projecao de 28% de Dole
era razoavel, excessivamente otimista ou (como Laffer poderia sugerir) excessivamente pessimista.
Os formuladores de politicas discordam quanto a essas quest5es, em parte porque discordam quanto a magnitude das elasticidades relevantes.
ticas forem a oferta e a demanda em algum mercado, mais os impostos sobre esse
merca o distorcerao o comportame,Q94_mais provavel sera queu'r-i---t corteri;
impostos. aumente—a receita tn u aria, ao se iscu e, en re an f o,
• a Ka° gera1
- -o
valor a ma's ou a menos arrecadado por um governo por causa de uma mudanca
dos impostos rid° pode ser calculado levando-se apenas as aliquotas em consideraga-0: tu&,.depeQdetabe.Q.k.3.-.omcLa rnudananos vimposto,s.a.tpt.koa
_.z9witam entcz___da5,_gess cos,. •
Rapido Se o governo dobrar o imposto sobre a gasolina, e possivel ter certeza de que a receita tributaria aumentara? E e possivel ter certeza de que o peso morto do imposto sobre a gasolina aumentara?
Teste
Explique.
CONCLUSA0
Os impostos, como disse Oliver Wendell Holmes, sao o preco que pagamos por
viver em uma sociedade civilizada. Na verdade, nossa sociedade nao pocie existir
sem impostos de algum tipo. Todos esperamos que o governo prop orcione determinados servicos, como estradas, parques, policiamento e defesa nacional. Esses
servicos püblicos exigem receita tributaria.
171
172
PARTE 3
ÏÏ
OFERTA E DEIVIANDA II: MERCADOS E BEIVI-ESTAR
Este capitulo mostrou qu'ao elevado pode ser o preo da sociedade civilizada.
Um dos Dez Principios de Econornia discutidos no Capitulo 1 é que os mercados
costumam ser uma boa forma de organizar a atividade econOmica. Quando o
governo cobra impostos dos compradores e vendedores de um bem, contudo, a
sociedade perde parte dos beneficios da eficie'ncia de mercado. Os impostos s-ao
dispendiosos para os participantes do mercado n ao
só porque transferem recursos
deles para o governo, mas tambem porque alteram os incentivos e distorcem os
resultados do mercado.
RESUMO
• Um imposto sobre um bem reduz o bem-estar dos
seus compradores e vendedores e a redu'a.- o dos
excedentes do consumidor e do produtor costuma
ser maior que a receita arrecadada pelo govemo. A
queda do excedente total — a soma do excedente do
consumidor, do excedente do produtor e da receita
tributaria — é chamada de peso morto do imposto.
• Os impostos impem um peso morto porque fazem
com que os compradores consumam menos e os
vendedores produzam menos e essa mudaNa de
comportamento reduz o mercado, colocando-o um
nivel abaixo daquele que rnaximiza o excedente
total. Como as elasticidades da oferta e demanda
medem o quanto os participantes do mercado respondem as condic;"c)es deste, altas elasticidades
implicam maior peso morto.
• Com o crescimento das aliquotas, os incentivos se
tornam cada vez mais distorcidos e o peso morto,
cada vez maior. A receita tributaria primeiro
aumenta com o tamanho da aliquota. A partir de
um determinado momento, contudo, um aun-lento
das aliquotas passa a reduzir a receita tributkia
porque reduz o tamanho do mercado.
CONCEITO-CHAVE
peso morto, p. 163
QUESTES PARA REVIS-A0
1. 0 que acontece com os excedentes do consumidor
e do produtor quando a venda de um bem é tributada? Como a mudana dos excedentes do consumidor e do produtor se relaciona com a receita tributaria? Explique.
2. Trace um diagrama de oferta e demanda com um
imposto sobre a venda do bem. Indique o peso
morto. Indique a receita tributaria.
3. Como as elasticidades de oferta e demanda afetam
o peso morto de um imposto? Por que elas tem
tcodimi
v'A‘".,4:4-s'ov
esse efeito ?
Por
que
os
especialistas
divergem
quanto
a se os
4.
imi.->ostos sobre o trabalho imp^6em um peso morto
gr, ande ou pequeno?
5. 0 que acontece com a perda de peso morto e a
receita tributaria quando um imposto aumenta?
f. -%-kk) '1)1VAL9 cu.vmuNke.( 44C
)rf)0J'Ir
g4.‘t Ot
PROBLEMAS E APLICA OES
1. 0 mercado de pizza e caracterizado por uma curva
de demanda de inclinação descendente e uma
curva de oferta de inclinação ascendente.
a. Trace o grafico do equilibrio para esse mercado
competitivo. Indique o pre9 p, a quantidade, o
Lk
i6
e9 ak,‘
1114:41.1fr
,t1 irn
f,z-A4:14 ,
excedente do consumidor e o excedente do produtor. Existe algum peso morto? Explique.
b. Suponha que o governo obrigue cada pizzaria a
pagar um imposto de $ 1 por pizza vendida.
Ilustre o efeito desse imposto sobre o mercado
CAPITULO 8 APLICAcii0: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO
de pizza, lembrando-se de indicar o excedente
do consumidor, o excedente do proclutor, a
receita do govemo e o peso morto do impost°.
Como cada Area se compara corn as areas da
situacao anterior ao imposto?
c. Se o impost() fosse removido, os comedores e os
vendedores de pizza ficariam em melhor situa(do, mas o govemo perderia receita tributaria.
Suponha que os consumidores e produtores
transfiram voluntariamente parte dos sous
ganhos para o governo.Todas as partes (inclusive
o governo) podem ficar em melhor situacao
que quando havia imposto? Explique usando as
areas que indicou no seu grAfico.
2. Avalie as duas afirmativas a seguir. Voce concorda
corn elas? For que?
a."Se o governo tributar a terra, os ricos proprietarios de terra repassardo o impost° a seus
pobres arrendatArios."
b."Se o governo tributar os predios de apartamentos, os ricos proprietarios repassarao o
imposto aos seus pobres inquilinos."
3. Avalie as duas afirmativas a seguir. Voce concorda
corn elas? For que?
a."Um impost° que nao imponha urn peso morto
nao pode arrecadar receita tributaria para o
governo."
b."Um impost() que nao arrecada receita tributaria para o governo nao pode originar urn peso
morto."
4. Considere o mercado de elAsticos.
a. Se este mercado tiver oferta muito elAstica e
demanda muito inelAstica, como o Onus de urn
impost° sobre os elasticos se dividiria entre
consumidores e produtores? Use em sua resposta os instrumentos dos excedentes do consumidor e do produtor.
b. Se este mercado tiver oferta muito inelastica e
demanda muito elastica, como o Onus de urn
imposto sobre os elasticos se dividiria entre
consumidores e produtores? Compare sua resposta corn a que deu ao item (a).
5. Suponha que o governo crie urn impost() sobre
aquecedores a Oleo.
a. 0 peso morto a que esse impost() deu origem
seria provavelmente maior no primeiro ou no
quinto ano apOs sua criacao? Explique.
b. A receita arrecadada corn esse imi,-)osto seria
provavelmente maior no primeiro ou no quint°
ano apOs sua criacao? Explique.
173
6. Urn dia, depois da aula de economia, urn amigo
seu sugere que tributar a comida seria uma boa
maneira de gerar receita porque a demanda é
muito inelastica. Em que sentido tributar os aumentos é um "born" jeito de arrecadar receita? E
em que sentido nao é um"bom"jeito de arrecadar
receita?
7. 0 senador Daniel Patrick Moynihan uma vez
apresentou urn projeto de lei que instituiria urn
impost° de 10 mil por cento sobre urn certo tipo
de bala para armas de fogo.
a.Voce acha que esse imposto pode gerar uma
grande receita? For que?
b. Ainda que o imposto no gerasse nenhuma
receita, qual poderia ser o motivo para que o
senador Moynihan o propusesse?
8. 0 govern° cria urn impost° sobre a compra
meias.
a. Ilustre o efeito desse imposto sobre o preco e a
quanticiade de equilibrio no mercado de meias.
Identifique as seguintes areas antes e depois da
criac5o do imposto: gasto total dos consumidores, receita total dos produtores e receita tributaria do govern°.
b. 0 preco recebido pelos produtores atimenta ou
diminui? E possivel saber se a receita total dos
produtores aumenta ou diminui? Explique.
c. 0 preco pago pelos consumidores aumenta ou
diminui? E possivel saber se o gasto total dos
consumidores aumenta ou diminui? Explique
cuidadosamente. (Dica: pense na elasticidade.)
Se o gasto total dos consumidores diminui, o
excedente do consumidor aumenta? Explique.
9. Suponha que o governo hoje arrecade $ 100
milhoes por meio de urn impost° de $ 0,01 sobre
uma peca qualquer e outros $ 100 milhoes por
meio de urn imposto de $ 0,10 sobre urn pequeno
aparelho eletrOnico. Se o governo dobrasse o imposto sobre as pecas e eliminasse o que incide
sobre os aparelhos, arrecadaria mais dinheiro, menos dinheiro ou a mesma quantia de dinheiro que
arrecada hoje? Explique.
10. A maioria dos estados norte-americanos tributa a
compra de carros novos. Suponha que o estado de
New Jersey exija que os revendedores de carro
pag-uem $ 100 por carro vendido e pretenda aumentar esse impost° para $ 150 por carro no ano
que vem.
a. Ilustre gaficamente os efeitos desse aumento
sobre a quantidade vendida de carros em New
174
PARTE 3
OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
Jersey, sobre o preo pago pelos consumidores e
sobre o pre9D recebido pelos produtores.
b. Crie uma tabela que demonstre os niveis do
excedente do consumidor, do excedente do produtor, da receita do governo e do excedente
total antes e depois do aumento do imposto.
c. Qual a varig do
da receita governamental? Ela
positiva ou negativa?
do peso morto? Ela e positiva
d. Qual a varig do
ou negativa?
e. Dê uma raz'a"o pela qual a demanda por carros
em New Jersey possa ser bastante eldstica. Isso
torna rnais ou menos pro ydvel o imposto adicional aumentar a receita do governo? Como os
estados podem tentar diminuir a elasticidade da
demanda?
11. Hd vdrios anos, o governo brit'dnico criou um
"imposto"que exig,ia que cada pessoa pagasse
uma quantia fixa ao governo, independentemente
de sua renda ou riqueza. Qual o efeito desse
imposto sobre a eficiencia econOmica? Qual o
efeito sobre a eqidade econ6mica? Voce acha que
o imposto era popular?
12. Este capitulo analisou, em termos de bem-estar, os
efeitos da aplicgdo de um imposto sobre um bem.
Considere agora un-la politica oposta, supondo
que o governo subsidie um bem: para cada unidade vendida do bem, o governo paga $ 2 ao cornprador. Como o subsidio afeta o excedente do consumidor, o excedente do produtor, a receita tributkia e o excedente total? 0 subsidio dá origen-t a
um peso morto? Explique.
13. (Este problema requer um pouco de dlgebra e e
desafiador.) Suponha que um mercado seja descrito pelas seguintes equa es de oferta e demanda:
2p
Qo
Q D = 300 — P
a. Calcule o preo de equilibrio e a quantidade de
equilibrio.
b. Suponha que um imposto T seja cobrado dos
de
compradores, de modo que a nova equg do
demanda seja
Q° = 300 — + T)
Calcule o novo equilibrio. 0 que acontece com
o preo recebido pelos vendedores, com o preo
pago pelos compradores e com a quantidade
vendida?
c. A receita tributdria é T x Q. Use sua resposta ao
item (b) para calcular a receita tributkia como
fun o de T. Trace um grdfico desta relgdo para
T entre 0 e 300.
d. 0 peso morto de um imposto e a drea do tridngulo entre as curvas de oferta e demanda. Lembrando que a drea de um tridngulo e 1/2 x base x
de T.
altura, calcule o peso morto como fun do
Trace um grMico dessa relg. o para T entre 0 e
300. (Dica: olhando de lado, a base do tridngulo
do peso morto eTea altura é a difereNa entre
a quantidade vendida com o imposto e a quantidade vendida sem o imposto.)
e. 0 governo agora laNa um imposto de
$ 200 por unidade. Essa é uma boa politica? Por
que? Voce poderia propor uma politica melhor?
APLICACAO: COMERCIO
INTERNACIONAL
5ObPe °F t:4'TP1
Se voce der uma olhada nas etiquetas das roupas que esti vestindo, provavelmente vera que algumas delas foram fabricadas em outro pais. Ha urn seculo, a
industria de texteis e vestuario representava grande parte da economia forteamericana, porem isso ja nao acontece mais. Frente a concorrentes estrangeiros
que conseguiam produzir bens de qualidade a urn custo baixo, as empresas norteamericanas enfrentaram dificuldades cada vez maiores para produzir e vender
texteis e vestuario corn lucro. Como resultado, demitiram empregados e fecharam
suas fabricas. Hoje, grande parte dos texteis e das roupas que os norte-americanos consomem é importada.
A historia da inchistria textil levanta diversas questoes importantes de polftica
economica: como o comercio internacional afeta o bem-estar economico? Quern
ganha e quern perde corn o livre comercio entre Raises e como os ganhos se cornparam corn as perdas?
0 Capftulo 3 introduziu o estudo do comercio internacional aplicando o principio da vantagem comparativa. De acordo corn esse principio, todos os paises
podem se beneficiar do comercio uns corn os outros, porque o comercio permite
que cada pais se especialize naquilo que faz melhor. Mas a anAlise do Capftulo 3
nao estava completa. Ela nao explicou como o mercado internacional consegue
obter esses ganhos de comercio e como os ganhos sao distribuidos entre os diversos agentes economicos.
DelvV\
1)
rPtO E) A .
176
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
Vamos agora retomar o estudo do comrcio intemacional e abordar essas quesU5es. Nos últimos capitulos, desenvolvemos diversas ferramentas para analisar o funcionamento dos mercados: oferta, demanda, equilibrio, excedente do consumidor,
excedente do produtor e assim por diante. Com essas fen-amentas, podemos aprender mais sobre os efeitos do comercio intemacional sobre o bem-estar econ3mico.
OS DETERMINANTES DO COM
C10
Vamos considerar o mercado de ac;o, o qual e muito útil para examinar os ganhos e
perdas do comercio intemacional. 0 go e fabricado em diversos paises e há um
grande comercio desse bem no mundo todo. Alem disso, o mercado de aço é um
daqueles em que os forn-iuladores de politicas freqilentemente pensam em implementar (e por vezes implementam) restri95es ao comercio para proteger os produtores de aço domesticos dos concorrentes estrangeiros. Examinaremos aqui o mercado
de aço de um pais imaginrio chamado
0 Equilibrio sem Com&cio
Quando comea a nossa hist6ria, o mercado de aço da Isolândia está isolado do
resto do mundo. Por decreto govemarnental, ninguen-i no pais pode importar e
exportar ac;o e a penalidade por infringir o decreto é tão grancle que ning-uem esti
disposto a correr esse risco.
Como n'a"o 1-1.E1 comercio intemacional, o mercado de acs'o do pais consiste apenas
em compradores e vendedores isolandeses. Como mostra a Fig,ura 1, o prec;o interno se ajusta para equilibrar a quantidade ofertada pelos vendedores intemos e a
quantidade demandada pelos compradores internos. A fig-ura mostra os excedentes
do consumidor e do produtor no equilibrib e sem comercio internacional. A soma
FIGURA 1
0 Equilibrio sem Comercio Internacional
pode negociar nos mercados intemacionais, o preco se ajusta para equilibrar o
Quando uma economia n do
oferta e a demanda intemas. Esta figura mostra os excedentes do consumidor e do produtor en-] equih'brio sem
com&cio intemacional de aco no pais imaginOrio da Isokindia.
Pre9z,
do A93
Oferta
interna
Pre9D de
equilibrio
Demanda
interna
0
Quantidade
de equilibrio
Quantidade
de A90
CAPiTULO 9 APLICA00: COMERCIO INTERNACIONAL
dos excedentes do consumidor e do produtor mede o beneficio total que os cornpradores e vendedores recebem no mercado de aco.
Suponhamos agora que nas eleicoes a Isolandia eleja uma nova presidente. A
campanha da presidente baseou-se em uma plataforma de "mudancas" e ela prometeu aos eleitores idelas novas e corajosas. 0 primeiro ato da nova presidente
reunir uma equipe de economistas para avaliar a politica comercial isolandesa. Ela
lhes pede que respondam a tres perguntas:
• Se o govemo permitisse que os isolandeses importassem e exportassem aco, o
que aconteceria corn o preco e corn a quantidade vendida de aco no mercado
interno?
• Quern ganharia e quern perderia corn o livre comercio de aco? Os ganhos superariam as i)erdas?
• As tarifas (urn impost() sobre as importacoes) ou uma cota de importacao (urn
limite sobre importacoes) deveria fazer parte da nova politica comercial?
Apos rever a oferta e a demanda em seu livro precilleto (que é este aqui, claro),
a equipe econ'amica do novo govern° comeca sua analise.
Preco Mundial e Vantagem Comparativa
A primeira questa() que nossos economistas abordam é se a Isolandia tern possibilidade de se tornar importadora ou exportadora de ago. Em outras palavras, se o
livre comercio fosse permitido, os isolandeses acabariam comprando ou vendendo
aco nos mercados internacionais?
Para responder a essa perpr,unta, os economistas comparam o preco atual do ago
na Isolandia corn o preco do aco em outros paises. Chan-iamos o preco que prevalece nos mercados mundiais de preco mundial. Se o preco mundial do ago fosse
mais alto do que o preco interno, entao a Isolandia se tornaria exportadora de aco
quando o comercio fosse permitido. Os produtores isolandeses ficariam avidos por
receber os precos mais elevados praticados no exterior e comecariam a vender seu
aco para compradores de outros paises. Por outro lado, se o preco mundial fosse
menor do que o preco intern°, entao a Isolandia se tornaria importadora de aco.
Como os vendedores externos ofereceriam urn prey) melhor, os consumidores de
ago isolandeses logo comecariam a comprar o produto de outros paises.
Em essencia, comparar o preco mundial corn o preco interno antes do comercio
indica se a Isolandia tera vantagem comparativa na producao de ago. 0 preco interno reflete o custo de oportunidade do aco: diz de quanto urn isolandes precisa abrir
mao para obter uma unidade de ago. Se o preco interno é baixo, o custo da producao de ago na Isolandia tambem é baixo, sugerindo que esse pais tern vantagem
comparativa na producao de ago em relacao ao resto do mundo. Se o preco interno é mais alto, entao o custo de producao na Isolandia tambern é alto, sugerindo
que os paises estrangeiros tern vantagem comparativa na producao de aco.
Como vimos no Capitulo 3, o comercio entre paises se baseia, em nitima analise, na vantagem comparativa. Isto é, o cornercio é benefico porque permite que cada
pais se especialize em produzir aquilo que faz melhor. Comparando o preco mundial corn o preco interno antes do comercio, podemos determinar se a Isolandia é
melhor ou pior do que o resto do mundo no que se refere a producao de aco.
Teste Rapid°
Urn determinado pais, Autarka, nao
preco mundial
o preco de urn bem que
prevalece no mercado
mundial desse bem
permite o comercio internacional. Em Autarka voce
pode comprar urn terno por 3 oncas de ouro. Enquanto isso, nos paises vizinhos, voce pode comprar o
mesmo terno por 2 oncas de ouro. Se Autarka passasse a permitir o lyre comercio, sena importad& ou exportador de ternos?
-4\cfA,
fy),
fuoilif3)
tc.) LudraAlp, ilx4(.9m4t.
i>kivr1
.41%, (412.(#
177
178
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
OS GANHADORES E PERDEDORES NO
COIVIbK10 INTERNACIONAL
Para analisarem os efeitos do livre comercio sobre o bem-estar, os economistas da
Isolandia comeam com a hipOtese de que o pais é uma pequena economia se comterao efeito insignificante sobre
parado ao resto do mundo, de modo que suas g Oes
os mercados mundiais. A hipOtese da economia pequena tem uma implicgao especifica para se analisar o mercado de se a economia da Isolandia for pequena, a
mudana de sua politica comercial nao afetara o preo mundial do aQ p . Diz-se que
os isolandeses sao tomadores de preps na economia mundial, ou seja, adotam o pre90
mundial do aço como dado. Eles podem vender aço a esse pre90 e ser exportadores
ou comprar a esse pre9a e ser importadores.
A hipOtese da economia pequena nao é necessaria para analisar os ganhos e
perdas decorrentes do comercio intemacional. Mas os economistas da Isolandia
sabem, por sua prOpria experiencia, que essa hipOtese facilita muito a analise. E
sabem tambem que as lições basicas nao mudam no caso mais complicado de uma
grande economia.
Ganhos e Perdas de um Pais Exportador
A Figura 2 mostra o mercado de a9D isolandes quando o pre93 de equilibrio antes
do comercio e inferior ao preo mundial. Uma vez permitido o livre comercio, o
pre9D interno sobe ate se igualar ao mundial. Nenhum vendedor de aço aceitaria
menos do que o preo mundial e nenhum comprador pagaria mais do que o preo
mundial.
Com o pre90 interno ig,ual ao pre90 mundial, a quantidade ofertada intemamente difere da quantidade demandada internamente. A curva de oferta mostra a quantidade de aço ofertada pelos vendedores isolandeses e a curva de demanda mostra
FIGURA 2
Comercio Internacional em um Pais Exportador
Uma vez permitido o comercio, o preco intemo sobe ate se igualar ao preco mundial. A curva de oferta mostra
quantidade de aco produzida intemamente e a curva de demanda mostra a quantidade consumida intemamente. As exportacaes da Isolandio sao iguais à diferenca entre a quantidode ofertada intemamente e o quantidade demandada internamente ao preco mundial.
Pre9D
do Av)
Oferta interna
Preo apOs o
com&cio
Pre9P antes
do com&cio
Prey)
mundial
Exporta0es
Quantidade
demandada
internamente
Demanda
interna
Quantidade
ofertada
internamente
Quantidade
de A93
CAPITULO 9 APLICACAO: COMERCIO INTERNACIONAL
a quantidade de aco demandada pelos compradores isolandeses. Como a quantidade ofertada intemamente é major do que a quantidade demandada intemamente, a
Isolandia vende aco para outros paises. Corn isso, torna-se exportadora de aco.
Embora a quantidade ofertada internamente e a quantidade demandada internamente sejam diferentes, o mercado de ago continua em equilibrio porque agora
ha urn novo participante no mercado: o resto do mundo. A linha horizontal do preco
mundial pode ser vista como sendo a demanda do resto do mundo por ago. Essa
curva de demanda é perfeitamente elastica porque a Isolandia, sendo urn pais
pequeno, pode vender quanto aco quiser ao preco mundial.
Vamos considerar agora os ganhos e perdas da abertura comercial. Claramente,
nem todos sao beneficiados. 0 comercio forca o prey) interno para cima ate que
atinja o nivel do preco mundial. Os produtores nacionais de ago ficam em melhor
situacao porque agora podem vender ago a urn preco mais elevado, mas os consumidores internos de aco agora estao em pior situacdo, porque tern que comprar aco
a um preco major.
Para medir esses ganhos e perdas, vejamos as mudancas nos excedentes do consumidor e do produtor, apresentados no grafico e na tabela da Figura 3. Antes de
ser permitido o comercio, o preco do aco se ajusta para equilibrar a oferta e a
demanda internas. 0 excedente do consumidor, a area entre a curva de demanda e
o preco anterior ao comercio, é a area A + B. 0 excedente do produtor, a area entre
crAky,,
Como o Livre Comercio Afeta o Bem-Estar em um Pais Exportador
Quando o preco intemo sobe paw igualor-se co prep mundial, os vendedores ficom em situacao melhor (o
excedente do produtor aumenta de C paw B + C + D) e os comprodores Ram em pior situacoo (o excedente
do consumidor cal de A + B pora A). 0 excedente total aumenta num montante igual O area D, id/condo que o
comercio aumento o bem-estor economico do pais como um todo.
Antes do Comercio
Depois do Comercio
Variacao
A area D mostra o aumento do excedente total e representa os ganhos de comercio.
Pres°
do Aco
Preco apos
o comercio
Exportacoes
Oferta
interna
Preco
mundial
Preco antes
do comercio
Demanda
interna
Quantidade
de Aco
179
180
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
a curva de oferta e o preo anterior ao comercio, é a kea C. 0 excedente total anterior ao comercio — a soma dos excedentes do consumidor e do produtor — e a kea
A + B + C.
Depois que se permite o comercio, o preo interno sobe ate o nivel do preo
mundial. 0 excedente do consumidor passa a ser a kea A (a kea entre a curva de
demanda e o preo mundial). 0 excedente do produtor e a kea B + C + D (a kea
entre a curva de oferta e o preo mundial). Com isso, o excedente total com comercio é a kea A + B + C + D.
Esses dilculos de bem-estar mostram quem ganha e quem perde com o comercio em um pais exportador. Os vencleclores se beneficiam porque o excedente do
produtor aumenta em B + D. Os compradores ficam em pior situgo porque o
excedente do consumidor diminui na medida da kea B. Como os ganhos dos vendedores superam as perdas dos compradores em D, o excedente total da
aumenta.
Essa análise de um pais exportador leva a duas conclus-6es:
• Quando um pais permite o comercio e se toma exportador de um bem, os produtores intemos do bem em questk, ficam em melhor situa o e os consumidores internos ficam em pior situa o.
• 0 comcrcio aumenta o bem-estar econ8mico de uma nao na medida em que
os ganhos dos beneficiados superam as perdas dos prejudicados.
Ganhos e Perdas de um Pais Importador
Suponhamos agora que o preo interno antes do comercio esteja acima do preo
mundial. Novamente, depois da libera o do comercio, o preo interno deve se
ig,ualar ao mundial. Como mostra a Figura 4, a quantidade ofertada internamente
Comercio Internacional em um Pais Importador
Umo vez liberado o com&cio, o preco intemo coi oté se igualar ao preco mundial. A curva de oferta mostra a
quantidade de oco produzida internomente e a curva de demonda mostra a quantidade consumida intemamente. As importaces s'ao iguois a diferenca entre a quantidade demandada internamente e a quantidade ofertada internamente ao preco mundial.
Pre90
do A9D
Oferta
interna
Pre90 antes
do com&cio
Pre9D
mundial
Preo apOs
o com&cio
I mporta-Oes
0
Demanda
interna
Quantidade
Quantidade
ofertada
demandada
internamente internamente
Quantidade
de A9D
CAPITULO 9 APLICACAO: COMERCIO INTERNACIONAL
é menor que a demandada. A diferenca entre a quantidade demandada e a quantidade ofertada internamente é comprada de outros paises e a IsolAndia se torna
um pais importador de ac.o.
Neste caso, a linha horizontal do preco mundial representa a oferta do resto do
mundo. Essa curva de oferta é perfeitamente elastica porque a Isoliinclia é uma economia pequena e, assim sendo, pode comprar quanto ago quiser ao preco mundial.
Vejamos agora os ganhos e perdas decorrentes da liberacao do comercio. Novamente, nem todos se beneficiam. Quando o comercio forca os precos para baixo,
os consumidores internos ficam em melhor situacao (eles podem agora comprar
ago a urn preco mais baixo) e os produtores intemos ficam em pior situacao (eles
agora tern que vender ago a urn preco menor). As mudancas nos excedentes do
consumidor e do produtor medem os ganhos e as perdas, como vemos na tabela e
no grafico da Figura 5. Antes do comercio, o excedente do consumidor é a area A, o
excedente do produtor é a area B+Ceo excedente total é a area A + B + C. Depois
da abertura comercial, o excedente do consumidor passa a ser a area A + B + D, o
excedente do produtor passa a ser a area C e o excedente total passa a ser a area
A + B + C + D.
Estes calculos de bem-estar mostram quern ganha e quern perde corn o cornercio em urn pais importador. Os compradores se beneficiam, porque aumenta o
FIGURA 5
Como o Livre Comercio Afeta o Bem-Estar em um Pais lmportador
Quondo o prep intern° cal e se iguala ao preco mundial, as comprodores ficam em melhor situacdo (o excedente do consumidor aumenta de A para A + B + D e as vendedores ficom em pior situacao (o excedente do
produtor coi de B + C pato C). 0 excedente total aumenta num valor igual a drea D, indicando que o comercio
aumenta o bem-estor economic° do pais coma um todo.
Excedente do Consumidor
Excedente do Produtor
Excedente Total
Antes do Comercio
A
B+C
A+B+C
Depois do Comercio
A+B+D
C
A+B+C+D
Variacao
+(B + D)
-B
+D
i(
A area D mostra o aumento do excedente total e representa as ganhos de comercio.
Preco
do Aco
Oferta
interna
Preco antes
do comercio
Preco apos
o comercio
ImportacOes
Preco
mundial
Demanda
interna
Quantidade
de Aco
181
182
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
excedente do consumidor o equivalente à area B + D. Os vendedores se veem em
pior situga- o porque o excedente do produtor cai o equivalente à area B. Os ganhos
dos compradores superam as perdas dos vendedores e o aumento do excedente
total é dado pela area D.
Essa analise de um pais importador leva a duas concluses paralelas kluelas
sobre um pais exportador:
• Quando um pais permite o comercio e se torna importador de um bem, os consumidores internos desse bem ficam em melhor situg ao e os produtores interprejudicados.
nos desse bem s ao
• 0 comercio aumenta o bem-estar econmico de uma ngao na medida em
que os ganhos dos que se beneficiam do comercio superam as perdas daqueles que s'ao prejudicados por ele.
Tendo concluido nossa analise do comercio, podemos entender melhor um dos
Dez Principios de Economia do Capitulo 1: o comercio pode melhorar a situgao de
todos. Se a Isolandia abrir seu mercado de a93 para o comercio internacional, essa
mudaNa vai criar vencedores e perdedores, independentemente de o pais vir a ser
importador ou exportador de aço. Mas seja qual for o caso, os ganhos dos que se
beneficiam do comercio superam as perdas dos que sao prejudicados, de modo que
os que sa- o beneficiados podem compensar as perdas dos prejudicados e ainda
assim ficar em melhor situgao do que antes. Neste sentido, o comercio realmente
pode deixar todos em situgao melhor. Mas sera que a situaao de todos inelhorapara os perdedores no comerra? Provavelmente na- o. Na pratica, a compensa ao
cio intemacional e rara. Na ausencia de compensa o, a abertura ao comercio
internacional e uma politica que aumenta o tamanho do bolo econ mico, embora
talvez deixe alguns dos participantes da economia com uma fatia menor.
Agora podemos entender por que o debate sobre a politica comercial e fao controvertido. Sempre que uma politica cria ganhadores e perdedores, ha a possibilidade de uma batalha politica. Os paises por vezes deixam de gozar dos beneficios
do comercio simplesmente porque os perdedores tern mais fora politica do que os
ganhadores. E os perdedores fazem lobby por restri es comerciais, como tarifas e
cotas de importg-ao.
.\_.
Os Efeitos de uma Tarifa
y
. ry
tarifa
imposto sobre bens
produzidos no exterior e
vendidos internamente
y'D,JLazA
Em seguida, os economistas isolandeses passam a analisar os efeitos de uma tarifa —
um imposto sobre bens importados. Os economistas rapidamente perceben-i que uma
tarifa sobre o aço nao tera nenhum efeito se a Isolandia se tomar uma exportadora de
Se ninguem na Isolandia estiver interessado em importar aço, uma tarifa sobre
as importa95es desse bem sera irrelevante. A tarifa somente tera importancia se a
Isolandia se tomar uma importadora de aço. Concentrando sua ateNao neste caso,
os economistas comparam o bem-estar com e sem a tarifa.
0 grafico da Figura 6 mostra o mercado isolandes de aço. Havendo livre comercio, o pre9D interno iguala-se ao pre9D mundial. Uma tarifa eleva o preo do .aso
importado para alem do prev) mundial no valor da tarifa. Os fornecedores internos
de aço, que competem com os fornecedores de ao importado, agora podem vender
seu produto pelo pre93 mundial mais o valor da tarifa. Assim, o prec;o do aço — tanto
do importado quanto do produzido internamente — aumenta o equivalente à tarifa
e se aproxima, portanto, do preo que vigoraria na ausencia de comercio.
A mudaNa do prey) afeta o comportamento dos compradores e vendedores
internos. Como a tarifa eleva o preo do aço, reduz a quantidade demandada internamente de (2 D 1 para Q D 2 e eleva a quantidade ofertada internamente de Q", para
Q° 2 . Assim, a tarifa reduz a quantidade de importa es e desloca o mercado interno para
um ponto mais prciximo de seu equilibrio sem corn&cio.
CAPITULO 9 APLICACAO: CONIERCIO INTERNACIONAL
FIGURA 6
Os Efeitos de uma Tarifa
Uma tarifa reduz a quantidade de importocaes e desloca o mercado para urn ponto mais prOximo do equilibrio
que existiria no ausencia de comercio internacional. 0 excedente total cal o equivalente a area D + F Estes dois
triangulos representam o peso morto do tarifa.
Excedente do Consumidor
Excedente do Produtor
Receita do Govern°
Antes da Tarifa
Depois da Tarifa
Mudanca
A+B+C+D +1E + F
A+B
C+G
-(C+D+E+F)
+C
+E
A+B+C+E+G
-(D + F)
Nenhuma
A+B+C+D+E+F+G
Excedente Total
.."2"
A area D + F mostra a queda do excedente total e representa o peso morto causado pela tarifa.
Preco
do Aco
Oferta
interna
A
Equilibrio
sem comercio
Preco corn
tarifa
Preco sem
tarifa
tift:Y LkSL."..
Preco
mundial
Importacao
sem tarifa
Consideremos agora os ganhos e perdas resultantes da tarifa. Como ela aumenta o preco interno, os vendedores internos ficam em melhor situagdo e os compradores internos, em pior. Alem disso, o governo obtem receita. Para medirmos esses
ganhos e perdas, analisemos as mudancas no excedente do consumidor, no excedente do produtor e na receita do governo. Essas mudangas encontram-se resumidas na tabela da Figura 6.
Antes da tarifa, o prego interno é igual ao prego mundial. 0 excedente do consumidor, a area entre a curva de demanda e o preco mundial, é a area A + B + C +
D + E + F. 0 excedente do produtor, a area entre a curva de oferta e o prego mundial, é a area G.
A receita do govemo é igual a zero. 0 excedente total - a soma do excedente do
consumidor, do excedente do produtor e da receita do govemo é a area A + B + C +
D + E + F + G.
183
184
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
Uma vez q.ue o govemo imp 6e
a tarifa, o pre9;) interno supera o preço mundial
no montante da tarifa. Agora, o excedente do consumidor passa a ser a Eirea A + B
e o excedente do produtor, a área C + G. A receita do governo, que e a quantidade
importada apOs a tarifa multiplicada pelo montante da tarifa, e a área E. Assim, o
excedente total com a tarifa e a área A+B+C+E+ G.
Para de.terminarmos o efeito total da tarifa sobre o bem-estar, somamos a variao do excedente do consumillor (que e negativa), a varialo do excedente do produtor (positiva) e a varia o da receita do govemo (positiva). Concluimos que o
excedente total no mercado diminui o equivalente à área D + F. Essa diminuição no
excedente total é chamada de 1.7eso morto da tarifa.
Uma tarifa causa um peso morto simplesmente porque é um tipo de imposto.
Como a maioria dos impostos, ela distorce os incentivos e afasta a alocação de
recursos escassos do Otimo. Neste caso, podemos identificar dois efeitos. Primeiro,
a tarifa sobre o aço eleva o preo do aço que os produtores internos podem cobrar
para un-1 preQ0 que fica acima do preo mundial e, com isso, os incentiva a aumentar a produ o de ao (de Q", para Q",). Seg,undo, a tarifa eleva o preo que os
(
NOTIklAS
A VIDA NA ISOLTINDIA
Nossa histOria sobre a IndstrIa do aco e sobre o debate quanto a poiltica comercial em Isolandia é apenas umo pardbola. Ou sela que nao?
Bush Institui Tarifas de at
30% sobre as Importa0es
de
Por Dovid E. Sanger
0 presidente Bush tomou hoje uma das
medidas federais mais amplas em duas
dkadas para proteger uma importante
indistria norte-americana, impondo tarifas
de até 30% sobre a maioria dos tipos de
aco importados da Europa, Asia e Am&ica
do Sul. As tarifas ficark em vigor por tr' s
anos, disse ele, para permitir que os produtores norte-americanos consolidem suas
operac6es e reduzam a dispensa temporAria de trabalhadores.
A ack do presidente provavelmente
faiA aumentar rapidamente o preco do
aco em até 10%, um custo com que os
consumidores norte-americanos arcark
sob a forma de precos mais altos de carros, eletrodomticos e moradia. Os
Estados Unidos importam cerca de um
quarto do aco que consomem...
Minutos depois do anncio da Casa
Branca, os aliados europeus dos Estados
Unidos e o Japk afirmaram que iriam contestar a medida perante a Organizack
Mundial do Com&cio, o que permite antever uma grande briga comercial com
muitos dos parses que o presidente
tentando manter unidos na luta contra o
terrorismo.
0 presidente Bush é sabidamente favorvel ao livre com&cio e muitos membros de sua equipe econ6mica — inclusive
Lawrence Lindsey, que preside o Conselho Econ6mico Nacional, e Glen
Hubbard, presidente do conselho de
assessores econ6micos — preveniram
quanto aos riscos que a medida traz tanto
para sua fama de defensor do livre com&cio quanto para a economia em geral.
algum tempo, o representante comercial
da presid&icia, Robert B. Zoellick, comparou o aumento de tarifas com o aumento de impostos e, embora hoje os portavozes da Casa Branca tenham evitado
comparac6es como esta, admitiram que o
resultado seria um custo maior para os
consumidores.
Fonte: The New York Times, 6 mar. 2002, p. B2.
Copyright 2002 by The New York Times Co.
Reimpresso com permissk.
CAPETULO 9 APLICACAO: COMERCIO INTERNACIONAL
185
compradores internos de ago tern de pagar e, portant°, os incentiva a reduzir o
consumo de ago (de Q", para 0). A area D representa o peso morto causado pela
superproducao de ago e a area F representa o peso morto causada pelo subconsumo. 0 peso morto total causacio pela tarifa é a soma desses dois trikgulos.
Os Efeitos de uma Cota de Importacao
0 proximo passo na analise dos economistas isolandeses consiste em considerar os
efeitos de uma cota de importacao — urn limite sobre a quantidade de importacOes. Mais especificamente, imagine que o governo da Isolandia distribua urn (,
niimero limitado de licencas de importacao. Cada licenca cla ao seu detentor o
direito de importar uma tonelada de ago. Os economistas isolandeses querem
comparar o bem-estar sob uma politica de livre comercio corn o bem-estar apos a
instituicao desta cota de importacao.
0 g,rafico e a tabela da Figura 7 mostram como uma cota de importacao afeta o
mercado de ago da Isolandia. Como a cota de importacao impede que os isolandeses comprem do exterior a quantidade de ago que desejam, a oferta de ago deixa
ser perfeitamente elastica ao preco mundial. Uma vez que o preco do ago na
Isolandia seja superior ao preco mundial, os detentores das licencas de importacao importarao o quanto lhes for permitido e a oferta total de aco na Isolandia
passara a ser igual a oferta intema mais a quantidade determinada pelas cotas. Ou
seja, a curva de oferta acima do 'Drew mundial se desloca para a direita na exata
quantidade permitida pelas cotas (a curia de oferta abaixo do preco mundial nao
se desloca, porque, neste caso, a importacao nao é lucrativa para os detentores da
licenca).
0 preco na Isolandia se ajusta para equilibrar a oferta (de aco produzido internamente mais o aco importado) e a demanda. Como mostra a figura, a cota faz corn
que o preco do ago fique acima do preco mundial. A quantidade demandada internamente cai de Q1), para Q e a quantidade ofertada internamente sobe de (2c)1 para
Nao é de surpreender, portant°, que a cota de importacao reduza as importagoes de ago.
Vamos considerar agora os ganhos e perdas decorrentes da cota. Como a cota
eleva 0 preco intern° para urn preco acima do preco mundial, os vendedores internos ficam em melhor situacao enquanto os compradores intemos ficam em pior
situacao. Alem disso, os detentores das licencas tambem se beneficiam porque
lucram comprando ago ao preco mundial e vendendo ao Few intern°, mais elevado. Para medirmos esses ganhos e perclas, voltamo-nos para o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente dos detentores de licencas.
Antes da imposicao da cota pelo govemo, o preco intern° é igual ao preco
munclial. 0 excedente do consumidor, a area entre a cuiva de demanda e o preco
mundial, eA+B+C+D+ E' + E" + F. 0 excedente do produtor, a area entre a
curva de oferta e o preco mundial, é a area G. 0 excedente dos detentores de licencas de importacao é igual a zero porque nao ha licencas. 0 excedente total, a soma
dos excedentes do consumidor, do produtor e dos detentores de licenca, é a area
A+B+C+D+E'+E"+F+G.
Depois que o govern° impOe a cota de importacao e emite as licencas, o preco
intern° excede o preco mundial. Os consumiclores intemos tem excedente igual a
area A + B e os produtores internos tern excedente igual a area C + G. 0 lucro dos
detentores de licencas em cada unidade importada é igual a diferenca entre o preco
do ago na Isolandia e o preco mundial. Seu excedente é ig-ual a diferenca de precos
multiplicada pela quantidade importada. Assirn, é igual a area do retangulo E'+ E".
0 excedente total corn a cota é a area A + B + C + E'+ E"+ G.
Para vermos como o bem-estar total muda apos a imposicao da cota, somamos
a mudanca no excedente do consumidor (que é negativa), a mudanca no exceden-
cota de importacao
urn limite sabre a quantidade
de urn bem que pode ser
produzido no exterior e
vendido internamente
186
PARTE 3
OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
FIGURA 7
Os Efeitos de uma Cota de Importa0o
As cotas de importo0o, como os tarifas, reduzem a quantidade de importa0es e deslocam o mercado para mais perto
do equilibrio que existiria no ause'ncia de com&do intemacional. 0 excedente total cai em um montante igual b drea D
•
+ E Esses dois triOngulos
representom o peso morto causado pela cota. A16m disso, a cota de importac do
transfere E' +
E" para quem detrr, as licencas de importa0o.
Antes da Cota
Excedente do Consumidor A+B+C+D+ E' + E" + F
Excedente do Produtor
Excedente dos Detentores
de licencas
Nenhum
Excedente Total
Depois da Cota
Mudanca
A+B
C+G
-(C + D + E' + E" + F)
+C
Ei + E"
+(E' + E")
A+B+C+D+E+E"+F+G A+B+C+E'-i-E"+G -(D+F)
A kea D + F mostra a queda de excedente total e representa o peso morto causado pela cota.
Pre90
do Ag)
Oferta
interna
Oferta
interna
Equilibrio
sem comercio
Oferta
importada
Cota
Pre90 da
Isore•ndia
com cota
Preo
sem
cota
Prey)
mundial
Equilibrio
com cota
Importa o
com cota
Importaco
sem cota
Demanda
interna
Prev)
mundial
Quantidade
de Pn o
te do produtor (positiva) e a mudaNa no excedente dos detentores de licerwas
(positiva). Concluimos que há uma diminuição no excedente total de mercado dada
pela ffi. ea D + F. Essa área representa o peso morto da cota de importa o.
Esta aná1ise pode parecer familiar. Com efeito, se compararmos a anffiise das cotas de importa o da Figura 7 com a análise das tarifas da Figura 6, veremos que elas
so essencialmente id'enticas. Tanto as tarifas quanto as cotas de importafflo elevam o
prcw interno do bem, reduzem o bem-estar dos consumidores internos, aumentam o bemestar dos produtores internos e drzo origem a um peso morto. Existe somente uma diferena entre esses dois tipos de restri o ao com&cio: a tarifa aumenta a receita do
governo (área E na Figura 6), enquanto as cotas de importa o criam um excedente
para os detentores de liceNa (área E'+ E"na Figura 7).
Tarifas e cotas de importa o podem ser ainda mais parecidas. Suponhamos que
o governo deseje ficar com o excedente dos detentores de licenças, cobrando uma
CAPITULO 9 APLICA00: COMERCIO INTERNACIONAL
taxa para a concessao destas. Uma licenca para vender uma tonelada de ago tern
exatamente o valor da diferenca entre o preco do ago na Isolandia e o preco mundial e o governo pode fixar a taxa de licenca em urn valor tao alto quanto esse diferencial de preco. Se o governo fizer isso, a taxa cobrada pela licenca de importacao
funcionara exatamente como uma tarifa: excedente do consumidor, excedente do
produtor e receita do governo sao exatamente ig-uais corn as duas politicas.
Na pratica, contudo, os paises que restringem o comercio por meio de cotas
raramente o fazem vendendo licencas de importacao. Por exemplo, em algumas
ocasioes o governo norte-americano pressiona o Japao a limitar "voluntariamente"
a venda de carros japoneses nos Estados Unidos. Neste caso, o governo japones
aloca as licencas de importacao a empresas japonesas e o excedente dessas licengas (E' + E") vai para estas empresas. Do ponto de vista do bem-estar americano,
esse tipo de cota de importacao é pior do que a imposicao de uma tarifa pelos
Estados Unidos sobre os carros importados. Tanto a tarifa quanto a cota de imp ortacao aumentam os precos, restringem o comercio e geram peso morto, mas, pelo
menos, a tarifa gera receita para o governo norte-americano e nao para as montadoras de automoveis japonesas.
Embora ate este ponto de nossa analise as cotas e as tarifas parecam impor
pesos mortos semelhantes, uma cota pode potencialmente ter urn peso morto
major, dependendo do mecanismo usado para alocar as licencas de importacao.
Suponhamos que, quando a Isolandia imp-6e a sua cota, todos entendam que as
licencas irao para aqueles que gastam mais recursos fazendo lobby junto ao governo. Neste caso, ha uma taxa de licenciamento implicita — o custo do lobby. Contudo
as receitas dessa taxa, em vez de serem arrecadadas pelo governo, sao gastas corn
despesas dos lobbistas. 0 peso morto desse tipo de cota inclui nao apenas as perdas por superproducao (area D) e subconsumo (area F), mas tambem qualquer
parte do excedente dos detentores de licenca (area E' + E") que seja desperdicada
corn os custos do lobby.
Licoes para a Politica Comercial
A equipe econernica da Isolandia pode agora escrever seu relatorio para a presidente:
Senhora presidente,
A senhora nos fez tres perguntas sobre a abertura comercial. Depois de
muito trabalho, temos as respostas.
Pergunta: Se o governo permitisse que os isolandeses importassem e exportassem ago, o que aconteceria corn o preco e a quantidade vendida desse produto no mercado interno?
Resposta: Uma vez permitido o comercio, o preco intemo do produto se
igualaria ao preco mundial.
Se o preco mundial fosse major do que o preco na Isolandia, nosso preco
aumentaria. 0 preco major reduziria a quantidade de ago que os isolandeses
consomem e aumentaria a quantidade de ago que eles produzem. A Isolandia
se tornaria, assim, exportadora de ago. Isso se daria porque, neste caso, o pais
teria uma vantagem comparativa na producao de ago.
Se, ao contrario, o preco mundial estivesse agora mais baixo do que o preco
na Isolandia, nosso preco cairia. 0 menor preco aumentaria a quantidade de
aco que o pais consome e reduziria a quantidade de ago que o pais produz.
Nessas condicoes, a Isolandia se tornaria urn pais importador de ago. Isso aconteceria porque, neste caso, os demais 'Daises teriam uma vantagem comparativa na producao de ago.
187
188
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
Pergunta: Quem ganharia e quem perderia com o livre comercio de go? Os
ganhos seriam maiores do que as perdas?
Resposta: A resposta depende do que vai acontecer com o pre93 quando o
comercio for liberado: se vai subir ou cair. Se o prey) subir, os produtores de
saitho ganhando e os consumidores, perdendo. Se o preo cair, os consumido.
res sair &)
ganhando e os produtores, perdendo. Tanto num caso quanto no
.
outro, os ganhos ser k,
maiores do que as perdas. Com isso, o livre come'rcio
aumentar o bem-estar total dos isolandeses.
Pergunta: 0 que deverá fazer parte da nova politica comercial do pais: uma
tarifa ou uma cota de importa o?
Resposta: Uma tarifa, como a maioria dos impostos, cria um peso morto: a
receita obtida seria menor do que as perdas dos compradores e dos vendedores. Neste caso, o peso morto ocorreria porque a tarifa deslocaria a economia
para um ponto mais prOximo do atual equilibrio sen-i comercio. Uma cota de
importa o funciona quase como uma tarifa e causaria um peso morto semelhante. A melhor politica, do ponto de vista da eficiencia econOmica, seria permitir o livre comercio sem nenhuma tarifa ou cota de importa o.
Esperamos que estas respostas lhe sejam Uteis para a tomada de decisR)
sobre a nova politica.
Atenciosamente,
Equipe econmica isolandesa
Teste Rápido
Represente graficamente as curvas de oferta e demanda de ternos de lã em Autarka.
Quando o com&cio é liberado, o preco cai de 3 para 2 oncas de ouro. Em seu diagrama, qual a mudanca nos
excedentes do consumidor e do produtor? Qual a mudanca no excedente total? Como uma tarifa sobre as
importaces de ternos mudaria esses resultados?
OS ARGUMENTOS EM FAVOR DA RESTRIO0 AO COMC10
A carta da equipe econ6mica convence a nova presidente da Isolândia a considerar
a abertura do mercado de aço. Ela percebe que o preQp intemo está agora mais elevado do que o pre9() mundial. 0 livre comercio, portanto, poderia causar uma
queda no pre90 interno do aço e prejudicaria os produtores de aço nacionais. Antes
de in-iplernentar a nova politica, ela pede aos produtores de a.Qp de seu pais que
comentem o conselho dado pelos economistas.
de surpreender, portanto, que os 1.->rodutores de a93 se oponham ao livre
comercio desse produto. Eles acreditam que o governo deveria proteger a indUstria
nacional de aço da concorrencia estrangeira.Vamos Ni-er alg,uns dos argumentos que
eles poderiam dar para sustentar sua posição e como a equipe econ(5mica replicaria.
0 Argumento dos Empregos
Os opositores do livre comercio muitas vezes argumentam que o comercio com
outros paises destrOi empregos internan-iente. Em nosso exemplo, o livre comercio
de ac;.o faria cair o pre90 do aço, reduzindo a quantidade procluzida desse produto
na Isolândia e, assim, reduzindo tambem o nivel de emprego na inchistria de ao
do pais. Alguns trabalhadores isolandeses ficariam desempregados.
Mas o livre comercio cria empregos ao mesmo tempo que os clestric5i. Quando
os isolandeses compram aço de outros paises, estes paises obtem recursos para
comprar outros bens da Isolândia. Os trabalhadores isolandeses se deslocariam da
indlistria do aço para indústrias em que o pais tivesse vantagem comparativa.
CAPiTULO 9 APLICAcAO: COMERCIO INTERNACIONAL
duzidos em grandes quantidades — um fertmeno chamado de
economics de esccia. Uma empresa de urn pais pequeno no
podera tirar vantagem total das economias de escala se vender
apenas em seu pequeno mercado interno. 0 llyre comercio cla
as empresas acesso aos mercados mundiais e !hes permite
realizar mais plenamente as economias de escala.
SAIBA MAIS SOBRE...
OUTROS BENEFiCIOS DO COMERCIO
INTERNACIONAL
Ate
aqui, nossas conclusoes se basearam em uma analise-padrao
do comercio internacional. Como vimos, ha quem ganhe e quem
perca quando um pais se abre para o comercio, mas os ganhos dos
que se beneficiam superam as perdas dos que se prejudicam corn
o comercio. Ainda assim ha como reforcar o argumento em prol do
llyre comercio. Existem varios outros beneficios econornicos do
comercio alem daqueles indicados em nossa analise.
Aqui estao, de forma resumida, alguns deles:
Major variedade de bens: Os bens produzidos em outros !Daises
nao so exatamente iguais. A cerveja alema, por exemplo,
diferente da cerveja norte-arnericana. 0 llyre comercio oferece
aos consumidores de todos os Raises uma major variedade de
bens a partir da qual eles fazem sua escolha.
Menores custos por meio de economias de escala: alguns bens
somente podem ser produzidos a urn baixo custo se forem pro-
•
Major competicao: Uma empresa protegida da competicao
estrangeira tern maiores possibilidades de ter poder de mercado, o que por sua vez dá capacidade de aumentar precos
para niveis acima dos praticados em urn mercado competitivo.
Este é urn tipo de falha de mercado. Abrir o mercado é urn
incentivo a competicao e dá a mao invisivel maiores possibilidades de fazer sua magica.
Major fluxo de ideias: Muitas vezes se considera que a transferencia de avancos tecnologicos por todo o mundo esteja ligada
ao comercio internacional por meio dos bens que incorporam
esses avancos. Por exemplo, o melhor jeito para urn pais agricola pobre aprender sobre computadores é compra-los do exterior,
em vez de tentar produzi-los internamente.
Assim, o llyre comercio aumenta a variedade de bens disponivel
para os consumidores, permite que as empresas tirem vantagem das
economias de escala, torna os mercados mais competitivos e facilita
a disseminacao da tecnologia. Se os economistas isolandeses considerassem esses efeitos importantes, o conselho que deram a presidente poderia ter ainda mais forca.
Embora a transicao possa impor sofrimento para alguns trabalhadores no curt°
prazo, permitiria que a Isolandia como urn todo desfrutasse de urn padrao de vida
mais elevado.
Os opositores do comercio muitas vezes se mostram ceticos quanto a criacao de
empregos por meio do comercio. Eles podem arg,umentar que tudo pode ser produzido a urn valor mais baixo no exterior. Corn o livre comercio, eles poderiam argumentar, os isolandeses nao poderiam ser empregados lucrativamente em nenhuma
industria. Entretanto, como explica o Capitulo 3, os ganhos de comercio se baseiam
na vantagem comparativa, nao na vantagem absoluta. Mesmo que urn pais seja
melhor do que outro na producao de tudo, ainda assim os dois sairao ganhando se
comerciarem entre si. Os trabalhadores em cada pais finalmente encontrarao
emprego na indListria em que seu pais tiver vantagem comparativa.
0 Argumento da Seguranca Nacional
Quando uma industria é ameacada pela competicao de outros 'Daises, os opositores ao livre comercio frequentemente argumentam que a industria é vital para a
seguranca nacional. Em nosso exemplo, os produtores de ago isolandeses poderiam
argumentar que o ago é usado para fabricar armas e tanques. 0 livre comercio tornaria a Isolandia dependente de outros paises estrangeiros quanto ao fornecimento de aco. Se inesperadamente eclodisse uma guerra, a Isolandia poderia estar Incapacitada de produzir aco e armas em quanticiacie suficiente para se defender.
0 Mundo de Berry
"Voce gosta do protecionismo
como itrabalhadori. E no
pope! de consumidor?"
190
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
Os economistas reconhecem que proteger indiistrias-chave pode ser apropriado
quando ha preocupaes legitimas com a seguraNa nacional, mas temem que esse
argumento seja usado de forma exagerada por produtores avidos por obter lucro a
custa dos consumidores. A indlistria relojoeira dos Estados Unidos, por exemplo,
argumentou por longo tempo ser vital para a seguraNa nacional, afirmando que seus
trabalhadores especializados seriam necessarios em tempos de g,uerra. Certamente
tentador para certas indstrias exagerar seu papel na defesa nacional com a finalidade de obter proteao contra a concorrncia estrangeira.
0 Argumento da lndstria Nascente
Novas indstrias as vezes defendem restri Oes
temporarias ao comercio para
ajuda-las a se estabelecer. ApOs o periodo de proteao, arg,umentam elas, amadurecerao e estarao capacitadas a concorrer com os competidores estrangeiros. Da
mesma forma, indtistrias mais antigas por vezes afirmam que precisam de proteao temporaria para se adequar as novas condi es. Por exemplo, o presidente da
General Motors, Roger Smith, certa vez pediu proteao temporaria "para dar aos
fabricantes de carros dos Estados Unidos tempo para colocar a indstria nacional
em pe novamente".
.
Os economistas freqiientemente sao ceticos em relgao a tais reivindicg Oes.
A
principal razao para isso é que o argumento da indlistria nascente é dificil de ser
implementado na pratica. Para ter sucesso na aplicaao da proteao, o governo precisaria decidir quais inclUstrias viriam a se tomar lucrativas no futuro e decidir tambem se, para os consumidores, os beneficios do estabelecimento de tais indUstrias
deveriam exceder os custos da proteao. Entretanto, é muito dificil "escolher vencedores". E isso é mais dificil ainda devido ao processo politico que freqiientemente oferece proteao as indUstrias que sao politicamente poderosas. E, uma vez que
uma indstria poderosa é protegida da concorrth-icia estrangeira, é muito dificil
remover essa politica "temporaria".
Alem disso, muitos econon-iistas sao ceticos em relayio ao argumento cla indstria
nascente ate em principio. Suponhamos, por exemplo, que a indtistria de aço da
Isolandia seja nova e incapaz de competir lucrativamente contra seus rivais estrangeiros. Contudo, ha uma razao para acreditar que a indstria possa ser rentavel a longo
prazo. Neste caso, os proprietarios das empresas deveriam estar dispostos a arcar com
prejuizos temporarios para atingir lucros no futuro. Para que uma indtistria cresa, nao
ha necessidade de protecao. As empresas de muitos setores — como as diversas
empresas que hoje operam na Intemet — sofrem perdas temporarias na esperanyi de
crescer e se ton-lar lucrativas no futuro. E muitas delas sao bem-sucedidas, mesmo
sem proteao contra a concorr&icia estrangeira.
0 Argumento da CompetiOo Desleal
Um arg-umento comum é o de que o livre comercio só e desejavel se todos os paises jogaren-i seg,undo as mesmas reg-ras. Se as en-ipresas de diferentes paises estao
sujeitas a leis e regulamentos diferentes, seria injusto (a arg-umentgao sustenta)
esperar que as empresas concorram no mercado internacional. Suponhamos, por
exen-iplo, que o governo da Vizinholandia subsidie sua indUstria de aço com gr, andes iserw Oes
fiscais. A indilstria de aço isolandesa poderia argumentar que deveria
ser protegida dessa cornpetição porque aVizinholandia nao concorre de forma leal.
Sera que a Isolandia seria, realmente, prejudicada se comprasse aço de outro
pais a um pre93. subsidiado? Os produtores de aço da Isolandia certamente seriam
prejudicados, mas os consumidores de aço se beneficiariam do menor pre9o. Alem
disso, a situgao nao n-iudaria tanto em relgao ao livre comercio: os ganhos para
CAPiTULO 9 APLICACAO: COMERCIO INTERNACIONAL
NOTICIAS
POLITICA COMERCIAL NA INDIA
A India é um dos poises mais pobres do mundo. Urn dos motivos para isso é a politico
0 Frango Mostra como
Dificil Exportar Alimentos
para a India
Por cello W Dugger
Nova Deli — Os norte-americanos adoram
peito de frango corn os mais variados ternperos, enquanto os indianos preferem coxas a
tandoori, que podem ser facilmente comidas
corn uma das maos, e urn curly de frango
enriquecido corn o tutano do osso da coxa.
Para a Perdue Farms, o terceiro maior
produtor de frango dos Estados Unidos, essa
diferenca de gostos culinarios parece uma
oportunidade maravilhosa. Ao mesmo
tempo em que vende a carne branca para os
norte-americanos a urn preco elevado, poderia mandar para a India a carne escura, mais
barata e desprezada nos Estados Unidos.
Assim, enquanto a India se preparava
para acabar corn a longa proibicao a importack de frango, resultado de uma negociacao corn os Estados Unidos, a Perdue come-
comercial do govemo.
cou a desenvolver uma estrategia para vender
coxas nesse novo mercado potencialmente
gigantesco, no qual ha cerca de 150 milhOes
de consumidores de classe media.
, Mas nao é a toa que a India é conhecida como uma das economias mais protecionistas do mundo. Ainda ha uma profunda
ambivalencia em relacao ao investimento e
ao comercio internacionais e a India adotou
uma postura extremamente cautelosa em
relacao a globalizacao. Na Ultima decada,
deixou entrar cada vez mais produtos importados e reduziu as barreiras ao comercio,
baixando a tarifa media de 128% para 40%.
Ainda assirn, as tarifas indianas estao entre as
mais altas do mundo.
E, claro, assim que a indiistria nacional
de ayes percebeu a ameaca representada
pela carne escura barata vinda de fora, seus
lobistas comecaram a protestar. 0 governo
logo concordou corn urn aumento da tarifa
sobre as coxas de 35% para 100%...
Muitos indianos, dos nacionalistas hindus linha-dura aos socialistas nehruvianos,
Os frangos norte-americanos sao uma
ameaca para a prosperidade indiana?
acreditam que o pais precisa proteger seus
pequenos produtores, mesmo que seja a
custa de precos maiores e produtos de
qualidade mais baixa para os consumidores.
Fonte: The New York Times, 14 jun. 2000, pp. Cl,
C6. Copyright CO 2000 by The New York Times Co.
Reimpresso corn permissao.
os consumidores quo comprariam a precos mais baixos ainda superariam
as perdas
dos produtores. 0 subsiclio da Vizinholandia a sua industria de
ago pode nao ser
uma boa politica, mas quern arca corn o custo sao os contribuintes
da Vizinholandia. A Isolandia pode se beneficiar da oportunidade de comprar ago
a urn preco
subsidiado.
0 Argument° da Protecao como Instrumento de Barganha
Outro arg,umento favorEivel as restricaes ao comercio tern a ver corn
a estrategia de
barganha. Muitos formuladores de politicas afirmam apoiar o livre comercio,
mas,
ao mesmo tempo, dizem que as restricoes podem ser titeis em negociacoes
corn parceiros comerciais. Seg,unc-lo eles, a ameaca de uma restricao comercial
pode ajudar a
remover outra restricao que j tenha sido imposta por urn govern() estrangeiro.
Por
exemplo, a Isolandia poderia ameacar impor uma tarifa a importacao
de ago se a
Vizinholandia nao eliminasse a tarifa clue impoe ao trigo. Se aVizinholand
ia respondesse corn a eliminacao da tarifa, o resultado poderia ser urn comercio
mais livre.
191
192
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
(
NOTkIAS
GLOBALIZA(40
0 movimento em direcao ao livre comercio - por vezes chamado de globalizacao
nem sempre estao bem informodos.
CoraOes e Crebros
Por Poul Krugman
Há um velho ditado na Europa que diz que
quem não é socialista antes dos 30 anos
nk tem corack e quem ainda é socialista
depois dos 30 nk tem c&ebro. Com as
devidas adaptac6es, isso se aplica perfeitamente ao movimento contra a globalizack
— que chegou às manchetes pela primeira
vez em Seattle, em 1999, e tem feito o rnximo para perturbar a Reunik de Cpula
das Americas que se realiza na cidade de
Quebec neste fim de semana.
0 fato é que os resultados da globaliza-•
ck nem sempre s a o bonitos de ver. Se voce
- tem olguns fortes opositores, mas, como mostra este artigo, eles
comprar um produto fabricado em algum
pais do Terceiro Mundo, ele telA sido produzido por trabalhadores que ganham pouquissimo pelos padr6es norte-americanos e
que provavelmente trabalham em condic6es
horriveis. Qualquer pessoa que não se incomode com isso, pelo menos de vez em
quanclo, n", .0 tem corack.
Mas isso n , o significa que os manifestantes estejam certos. Pelo contr o, qualquer pessoa que ache que a soluck para a
pobreza no mundo está em protestar contra
o com&cio internacional nk tem cerebro —
ou tem e prefere não usar. 0 movimento
antiglobalizack já tem um respeithvel hist6-
rico de prejudicar justamente as pessoas e
causas que diz defender...
Será que há algo pior do que admitir que
criancas trabalhem em linhas de produck
com psimas condic6es de vida? Infelizmente, há. Em 1993, descobriu-se que eram
criancas os oper os de Bangladesh que produziam roupas para a Wal-Mart e o senador
Tom Harkin propOs uma lei que proibia as
importac6es de paises em que houvesse trabalho infantil. 0 resultado direto foi que as
%bricas de texteis de Bangladesh pararam de
empregar criancas. Mas será que elas voltaram para a escola? Ou para lares estruturados? Nk, segundo a organizack Oxfam,
não funcionar.
0 problema dessa estrateg,ia de barganha e que a ameaa pode
Pode cumprir a
E, se isso acontecer, o pais teth que que fazer uma escolha dificil.
pr6prio bemseu
reduziria
ameac;a e implementar a restrição ao comercio, o que
de prestig,io
estar econ3mico, ou pode voltar atrs na ameaa, o que causaria 1_-)erda
nte desejar
em assuntos internacionais. Frente a essas escolhas, o pais provavelme
nunca ter feito a ameaa.
Estudo de Caso
DO COM
ACORDOS COMERCIAIS E A ORGANIZA00 MUNDIAL
C10
chegar ao livre
Um pais pode adotar uma entre duas abordagens possiveis para
remover as restri 5es
comercio. Ele pode adotar uma abordagem unilateral e
a no
Cni-Bretanh
pela
adotada
abordagem
a
comerciais por conta prepria. Foi essa
ente, um pais
seculo XIX e pelo Chile e Coreia do Sul liá alg,uns anos. Alternativam
ao comercio enpode adotar uma abordagem multilateral, reduzindo restrições
pode negociar com
quanto outros paises fazem o mesmo. Em outras palavras, ele
em todo o
seus parceiros comerciais para tentar reduzir as restrições comerciais
mundo.
CAPiTULO 9 APLICA00: CONIERCIO INTERNACIONAL
que descobriu que as criancas trabalhadoras
foram parar em empregos ainda piores ou
nas ruas — e que uma parcela significativa
delas foi forcada a se prostituir.
0 que acontece é que os Raises do
Terceiro Mundo nao sao pobres porque seus
trabalhadores ganham mal, mas o contrario.
Como os 'Daises sao pobres, algo que para
os norte-americanos parece um emprego
ruim corn salario ruim quase sempre é
melhor do que as outras alternativas:
milhOes de mexicanos migram para o norte
do Mexico por causa dos empregos exportadores de baixo salario que deixam indignados os opositores do Nafta. E esses empregos nao existiriam se os salarios fossem
melhores: os mesmos fatores que fazem
dos Raises pobres o que sao — baixa produtividade, falta de infra-estrutura, desorganizacao social geral — significam que eles sO
podem competir nos mercados internacionais se pagarem salarios muito mais baixos
do que os dos Raises ricos.
E claro que os opositores da globalizacao
jã ouviram esse argumento e tern suas
respostas. Numa conferencia realizada na
semana passada, ouvi elegias a superioridade do estilo de vida rural tradicional em
relacao a vida urbana moderna — uma afirmativa que nao apenas vai contra o fato
obvio de que muitos camponeses vao em
busca de empregos urbanos assim que p0dem, como tambern (me parece) contern
urn desagradavel elemento de discriminacao
cultural, especialmente tendo em vista a
esmagadora preponderancia de rostos brancos entre os manifestantes (voce gostaria de
viver em urn vilarejo pre-industrial?). Tambem ouvi afirmativas de que a pobreza do
Terceiro Mundo e culpa das multinacionais —
o que e mentira pura e simples, mas tambern e uma crenca conveniente para quem
faz questao de ver a globalizacao como manifestacao pura do mal.
A resposta mais sofisticada e que o
movimento nao queria interromper as exportacbes — queria apenas melhores condicoes de trabalho e salarios.
Mas essa proposta nao pode ser levada
a seri°. Os Raises do Terceiro Mundo precisam desesperadamente de suas industrias
exportadoras — nao podem recuar para urn
193
bucolismo imaginario. Eles sO podem ter
inclUstrias exportadoras se 'hes for permitido
vender bens produzidos sob condicoes que
as habitantes de parses ricos consideram terriveis e por trabalhadores que recebem salados muito baixos. E esse é urn fato que as
ativistas contrarios a globalizacao recusam-se
a aceitar.
Entao, quern e o malvado da historia?
Os ativistas estao conseguindo gerar as imagens que querem a partir de Quebec: os
lideres sentados em predios fortificados,
corn milhares de policiais protegendo-os das
massas enraivecidas do lado de fora. Mas as
imagens podem enganar. Muitas das pessoas do lado de dentro das cercas de arame
farpado querem sinceramente ajudar os pobres do mundo. E o pessoal do lado de fora,
qualquer que seja sua intencao, esta fazendo o que pode para deixar os pobres mais
pobres ainda.
Fonte: The New York Times, 22 abr. 2001, OP-ED
WK/p. 17. Copyright CO 2001 by The New York Times
Co. Reimpresso corn permisso.
Urn exemplo importante da abordagem multilateral é o Acordo de Livre
Comercio da America do Norte, o Nafta, que reduziu, em 1993, as barreiras cornerciais entre os Estados Unidos, o Mexico e o Canada. Outro é o Acordo Geral sobre
Tarifas e Comercio, o Gatt, uma serie de negociacoes continuas entre muitos poises
que pretende promover o livre comercio. Os Estados Unidos ajudaram a fundar o
Gatt depois da Segunda Guerra Mundial, em resposta as elevadas tarifas adotadas
durante a Grande Depressao da &Rada de 1930. Muitos economistas acreditam que
as tarifas elevadas contribuiram para as dificuldades economicas daquele period°.
0 Gatt foi bem-sucedido na reducao da tarifa media entre os paises membros de
cerca de 40% apos a Seg,unda Guerra para aproximadamente 5% nos dias de hoje.
As reg,ras estabelecidas pelo Gatt sao hoje aplicadas por uma instituicao internacional chamada de Organizacao Mundial do Comercio (OMC). A OMC foi fundada em 1995 e tern sede em Genebra, na SuIça. Em janeiro de 2002, 144 paises,
responsaveis por 97% do comercio internacional do planeta, haviam aderido
organizacao. A funcao da OMC é administrar acordos comerciais, proporcionar urn
forum para negociacOes e lidar corn as disputas quo possam surgir entre os paises
membros.
Quais sao os pros e contras da abordagem multilateral ao livre comercio? Uma
vantagem é que essa abordagem pode resultar em comercio mais livre do que a unilateral porque é capaz de reduzir as restricoes comerciais tanto no exterior quanto
194
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
no pr(5prio pais. Mas, quando as negocig6- es intemacionais falham, o resultado
pode ser um comercio ainda mais restrito do que o da abordagem unilateral.
Alem disso, as abordagens multilaterais podem apresentar uma vantagem politica. Na maioria dos mercados, os produtores sao menos numerosos que os consumidores, porem mais organizados — e exercem maior influencia politica. Reduzir a
tarifa sobre o aço na Isolandia, por exemplo, pode ser politicamente dificil se nao
houver ajuda. Os produtores de aço se oporiam ao livre comercio e os usukios de
a90 que scriam beneficiados s'ao tao numerosos que organizar seu apoio seria diffcil. Mas suponhamos que aVizinhokindia prometa reduzir a tarifa sobre o trigo ao
mesmo tempo em que a Isolandia reduz sua tarifa sobre o a90. Neste caso, os propoliticamente poderosos, apoiariam
dutores de trigo isolandeses, que tambem s ao
o acordo. Com isso, a abordagem multilateral ao livre comercio pode algumas vezes
e
ganhar apoio politico quando uma abordagem unilateral na o o consegue. •
Teste hpido
A indUstria t til de Autarka ap6ia a proibick da importack de ternos. Descreva cinco argumentos que seus lobbistas poderiam usar. Dê uma resposta para cada um desses argumentos.
comclusAc
Os economistas e o pb1ico em geral muitas vezes divergem sobre o livre comercio. Em maio de 2000, por exemplo, o Congresso norte-americano debatia se deveria ou ita- o conceder à China"Rela es Comerciais Normais Permanentes", o que
manteria baixas as barreiras entre os dois paises. 0 púhlico se dividiu sobre a questao. Numa pesquisa realizada pelo Wall Street Journal, 48% concordaram com a
afirmativa de que "o comercio intemacional é ruim para a economia dos Estados
Unidos porque as importac;"15es baratas prejudicam os salkios e custam empregos".
Apenas 34% concordaram que "o comercio intemacional é bom para a economia
dos Estados Unidos, resultando em crescimento econ6mico e empregos para os
trabalhadores norte-americanos". Em compargao, a maioria esmagadora dos economistas e favonlvel à proposta. Eles veem o livre comercio como uma maneira de
alocar a produao eficientemente e de elevar os padres de vida em ambos os paises. Afinal, o Congesso concordou com os economistas e o projeto de lei foi aprovado pela Qmara dos Deputados por 237 votos contra 197.
Os economistas enxergam os Estados Unidos como um experimento continuo
que confirma as virtudes do livre comercio. Ao longo de sua histOria, o pais permitiu livre comercio entre os seus estados e se beneficiou como um todo da especializgao que o comercio permite. A Fl6rida planta laranjas, o Texas produz petr6leo,
a Calif6rnia faz vinho e assim por diante. Os norte-americanos nao teriam o alto
1.-)adro de vida de que desfrutam hoje se as pessoas só consumissem os bens e serViC;OS produzidos em seus prprios estados. Da mesma forma, o mundo tambem
pocleria se beneficiar do livre comercio entre os paises.
Para entendermos melhor a vis'ao que os economistas tem do comercio, vamos
continuar com nossa pan'ibola. Suponhamos que a Isolandia ignore os conselhos
de sua equipe econOmica e decida não permitir o livre comercio de go. 0 pais continua no equilibrio sem comercio intemacional.
Um dia, um inventor isolandes descobre uma nova maneira de fazer aço a um
custo muito baixo. Entretanto, o processo é misterioso e o inventor insiste em
mante-lo sob sigilo. 0 mais estranho é que o inventor n'a'o precisa de trabalhadores ou de minerio de ferro. 0 Linico insumo que usa é o trigo.
CAPITULO 9 APLICACAO: COMERCIO INTERNACIONAL
195
Ele é aclamado como urn genio. Pelo fato de o ago ser utilizado em muitos produtos, a invencao reduz o custo de muitos bens, permitindo que todos os isolandeses desfrutem de urn padrao de vida melhor. Os trabalhadores que antes produziam ago enfrentam problemas na hora em que as fabricas que os empregavam
fecham, mas encontram emprego em outras industrias. Alguns tornam-se fazendeiros e cultivam o trig° que o inventor transforma em ago. Outros vao para novas
indUstrias que surgem como resultado do alto 1,-)adrao de vida da Isolandia. Todos
entendem que o deslocamento desses trabalhadores é parte inevitavel do prog,resso tecnologico.
Depois de muitos anos, uma reporter de urn jornal decide investigar o misterioso e novo processo de producao de ago. Ela entra na fabrica do inventor e descobre
que 6 tudo uma fraude. Ele nao fabrica ago. Em vez disso, contrabandeia trigo para
o exterior e troca por aco fabricado em °taros paises. A Unica coisa que ele descobriu foram os ganhos provenientes do comercio internacional.
Quando a verdade é revelada, o governo fecha a empresa do inventor. 0 preco
do ago aumenta e os trabalhadores voltam aos seus antigos empregos nas fabricas
de ago. Os padroes de vida da Isolandia voltam aos niveis anteriores. 0 inventor é
preso e exposto a execracao publica. Afinal de contas, ele nao era inventor: era
somente urn economista.
RESUMO
• Os efeitos do livre con-16rd° podem ser determinados comparando-se o preco intern() na ausencia de
comercio corn o preco mundial. Urn baixo preco
intern° indica que o pais desfnita de vantagem
comparativa na producao do bem e que se tomara
urn exportador. Urn preco intern° elevado indica
que o restante do mundo tern uma vantagem cornparativa na producao do bem e que o pais se tornara urn importador.
• Quando urn pais se abre para o comercio internacional e se torna exportador de urn bem, a situacao
dos produtores do hem melhora, enquanto os consumidores do hem ficam em pior situacao. Quando
urn pais se abre para o comercio internacional e se
torna importador, os consumidores ficam em
melhor situacao, ao passo que a situacao dos produtores piora. Em ambos os casos, os ganhos do
comercio superam as perdas.
• Uma tarifa — urn impost() sobre as importacnes —
desloca o mercado para urn pont° mais proximo do
equilibrio que existiria na ausencia de comercio e,
portant°, reduz os ganhos do comercio. Embora os
produtores internos fiquem em uma situacao
melhor e o govern() arrecade receitas, as perdas dos
consumidores superam esses ganhos.
• Uma cota de importacao — urn limite sobre as
importacoes — tern efeitos semelhantes aos da tarifa. Mas, corn as cotas, os detentores das licencas de
importacao obtem a receita que o govern() arrecadaria corn uma tarifa.
• Ha varios argumentos em favor da restricao ao
comercio internacional: protecao de empregos,
defesa da seguranca nacional, auxilio as indUstrias
nascentes, prevencao a concorrencia desleal e reacao as restricoes externas ao comercio. Embora
alguns desses arg,umentos possam ter merito em
alg-uns casos, os economistas acreditam que o livre
comercio é normalmente a melhor politica.
196
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
CONCEITOS-CHAVE
preco mundial, p. 177
tarifa, p. 182
cota de importaco, p. 185
QUESTCIES PARA REVISA0
1. 0 que o preco interno vigente na ausencia de
comercio internacional nos diz sobre a vantagem
comparativa de um pais?
2. Quando um pais se torna exportador de algum
bem? E quando se toma importador?
3. Faca o diag-rama de oferta e demanda de um pais
importador. Quais eram o excedente do consumidor e o excedente do produtor antes da abertura
comercial? Quais s'a"o o excedente do consumidor e
o excedente do produtor depois da abertura comercial? Qual a variac a'o
do excedente total?
4. Descreva o que é uma tarifa e relate seus efeitos
econOmicos.
5. 0 que e uma cota de importac a"o?
Compare seus
efeitos econOmicos com os de uma tarifa.
6. Liste cinco argumentos usados freqentemente
para apoiar restrices comerciais. Como os economistas respondem a esses arg,umentos?
7. Qual a diferenca entre as abordagens unilateral e
multilateral para alcancar o livre con-iercio? De um
exemplo de cada.
PROBLEMAS E APLICAOES
1. Os Estados Unidos representan-1 uma pequena
parte do mercado mundial de laranjas.
a. Represente graficamente o equilibrio no mercado de laranjas dos Estados Unidos na ausencia
de comercio intemacional. Identifique o preco de
equilibrio, a quantidade de equilif-tho, o excedente do consumidor e o excedente do produtor.
b. Suponha que o preco mundial da laranja esteja
abaixo do preco nos Estados Unidos antes do
comercio e que esse n-iercado agora se abra para
o comercio intemacional. Identifique o novo
preco de equilibrio, a quantidade consumida, a
quantidade produzida internamente e a quantidade importada. Indique as mudancas nos excedentes do consumidor e do produtor intemo. 0
excedente total interno aumentou ou diminuiu?
2. 0 preco mundial de vinho está abaixo do preco
que vigoraria nos Estados Unidos na ausencia de
comercio.
a. Supondo que as importa95es de vinho dos
Estados Unidos sejam uma pequena parte da
produc"a'o rnundial total de vinho, represente
graficamente o mercado norte-americano de
vinho quando há livre comercio. Identifique o
excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente total em uma tabela apropriada.
b. Suponha agora que uma mudanca incomum da
Corrente do Golfo leve a uma onda de frio fora
de epoca no ver'5.0 europeu, destruindo grande
parte da safra de uvas do continente. Que efeito
isso teria sobre o preco mundial do vinho?
Usando seu grffico e sua tabela da parte (a)
den-lonstre o efeito sobre o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente
total nos Estados Unidos. Quem s'a".o os ganhadores e os perdedores? Os Estados Unidos como
um todo ficam em uma situac a- - o melhor ou pior?
CAPiTULO 9 APLICAcAO: COMERCIO INTERNACIONAL
3. 0 preco mundial do algodao esta abaixo do preco
sem comercio do pais A e acima do preco sem
comercio do pais B. Usando gr6ficos de oferta e
demanda e tabelas de bem-estar como as deste
capitulo, demonstre os ganhos de comercio em
cada pais. Compare os resultados para os dois
paises.
4. Suponha que o Cong,resso dos Estados Unidos
imponha uma tarifa sobre carros importados para
proteger a indUstria automobilistica nacional da
concorrencia estrangeira. Supondo quo os Estados
Unidos sejam tomadores de precos no mercado
mundial de automOveis, mostre em urn gr6fico: a
variacao da quantidade importada, a perda dos
consumidores dos Estados Unidos, o ganho dos
produtores dos Estados Unidos, a receita do governo e o peso morto associado a tarifa. A perda para
os consumidores pode ser decomposta em tres
partes: transferencia para os produtores intemos,
transferencia para o govern° e peso morto. Use seu
grafico para identificar os tres componentes.
5. De acordo corn urn artigo do New York Times (5
nov. 1993),"muitos produtores de trigo do CentroOeste norte-americano se °poem ao Nafta ao
passo que os produtores de milho o apOiam". Para
simplificar, suponha que os Estados Unidos sejam
urn pais pequeno tanto no mercado de trigo quanto no de milho e que, sem o acordo de livre cornercio, o pais nao negociasse esses bens internacionalmente (ambas as hipoteses sao falsas, Inas nao
afetam as repostas qualitativas as perguntas a
seguir).
a. Corn base nessa reportagem, voce acredita que
o preco mundial do trigo esteja acima ou abaixo
do preco q-ue vigoraria nos Estados Unidos na
ausencia de comercio? E quanto ao preco do
milho? Agora analise as consequencias do Nafta
sobre o bem-estar em ambos os mercados.
b. Considerando-se os dois mercados juntos, o
Nafta deixa os agricultores norte-americanos
197
como urn todo em melhor ou pior situacao? E
quanto as consumidores como urn todo? E quanto aos Estados Unidos como urn todo?
6. Imagine que os vinicultores do Estado de Washington pecam ao govern° estadual que tribute os
vinhos importados da California. Eles argumentam
que esse impost° ao mesmo tempo geraria receitas para 0 govern° e aumentaria 0 emprego na
industria de vinhos no Estado de Washington.
Voce concorda corn essa reivindicacao? Essa 6 uma
boa politica?
7. 0 senador Ernest Hollings escreveu uma vez que
"os consumidores nao sao beneficiados por importacaes de menor preco. Basta dar uma olhada nos
cat6logos para verificar que os consumidores
pagam exatamente o mesmo pelas roupas, independentemente de serem fabricadas nos Estados
Unidos ou importadas". Comente.
8. Escreva urn breve ensaio defendendo ou criticando cada uma das posicoes politicas a seg-uir.
a. 0 govern() nab deve permitir importacoes se as
empresas estrangeiras estiverem vendendo por
urn preco inferior aos seus custos de producao
(urn fenomeno chamado "dumping").
b. 0 governo deveria interromper temporariamente a importacao de hens cujas industrias
nacionais sejam novas e estejam lutando pela
sobrevivencia.
c. 0 govern° nao deve permitir importacOes de
'Daises cujas leis ambientais sejam mais tolerantes do que as nossas.
9. Suponha quo urn avanco tecnolOgico no Japao
reduza o preco mundial dos televisores.
a. Suponha quo os Estados Unidos sejam importadores de televisores e que nao haja restricaes ao
comercio. Como esse avanco tecnologico afeta o
bem-estar dos consumidores e dos produtores
norte-americanos? 0 que acontece corn o excedente total nos Estados Unidos?
198
PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR
b. Suponha agora que os Estados Unidos adotem
uma cota sobre a importaco de televisores.
Como o avanco tecnol gico japones afeta o
bem-estar dos consun-liclores, dos produtores e
dos detentores de licencas de importack) norteamericanos?
10. Quando o governo da Comerciolkidia decidiu
impor uma cota de importaco aos carros importados, surgiram tres propostas: (1) leiloar as licencas
de importaco; (2) distribuir as licencas aleatoriamente por meio de sorteio; (3) colocar as pessoas
ern fila e entregar as licencas na forma de "o primeiro a chegar é o primeiro a ser atendido".
Compare os efeitos dessas politicas. Qual, em sua
opinik), acarreta o rnaior peso morto? Qual acarreta o menor? Por que? (Dica: todas as outras
maneiras que o govemo tem para arrecadar receitas tambem acarretam um peso morto.)
11. Um artigo sobre os produtores de beterrabas para
extrac"o de aciicar publicado no Wall Strect
Journal (26 jun. 1990) explicava que "o governo
incentiva a elevaco dos precos intemos do aciicar
quando limita as importac5es de acticar com
menor preco. Garante aos produtores um 'preco
de estabilizaco do mercado' de $ 0,22 por libra,
cerca de $ 0,09 mais alto do que o atual preco no
mercado mundial". 0 governo mantem o preco
elevado j_-)or meio da imposico de cotas de importaco.
a. Represente g-raficamente o efeito dessa cota
sobre o mercado norte-americano de aciicar.
Indique os precos e quantidades relevantes com
livre comercio e com a cota de importac: o.
b. Analise os efeitos da cota de aciicar com as ferramentas de anfflise do bem-estar.
c. 0 artigo tambem comenta que "criticos do programa do acticar dizem que [a cota] privou muitos paises exportadores de acilcar do Caribe, da
America Latina e do Extremo Oriente de ganhos
com exportac8es, afetou suas economias e causou
instabilidade politica, ao mesmo tempo que elevou a demanda do Terceiro Mundo por ajuda
extema vinda Estados Unidos". Nossa anfise do
bem-estar só inclui ganhos e perdas para consumidores e produtores norte-americanos. Em sua
opinik), que papel os ganhos e perdas das pessoas de outros paises devem representar na formulaco da politica econ8mica dos Estados
Unidos?
d. 0 artigo prossegue dizendo que "internamente,
o programa do acUcar ajudou a tomar possivel o
espetacular crescimento da inclUstria de xarope
de milho de alta frutose". Por que o programa
de aclicar surtiu esse efeito? (Dica: o acticar e o
xarope de milho são bens substitutos ou complementares?)
12. (Esta questh'o é desafiadora.) Considere um
pequeno pais exportador de aco. Suponha que um
governo favothvel ao comercio internacional decida subsidiar a exportaco de aco pagando uma
determinada quantia por tonelada do produto
vendida no exterior. Como esse subsidio às exportac8es afeta o preco interno, a quantidade produzida, a quantidade consumida e a quantidade
exportada de aco?
Como esse subsidio afeta os excedentes do consumidor e do produtor, a receita do govemo e o exce-
CAPiTULO 9 APLICAcAO: COMERCIO INTERNACIONAL
dente total? (Dica: a analise de um subsidio
exportacao é semelhante a analise de uma tarifa.)
13. Que disputas ou acordos comerciais apareceram
nas noticias ultimamente? Quern, em sua opiniao, est6 entre os vencedores e perdedores do
livre comercio? Que gr, upo tern major influencia
politica? Observaca-o: alguns lugares em que voce
199
pode encontrar informacOes desse tipo sao os
sites da Organizacao Mundial do Comercio
(http://www. wto.org), da Comissao de Comercio
Internacional dos Estados Unidos (http://
www.usitc.gov) e da Administracao do Comercio
Internacional do Departamento de Comercio
Norte-Americano (http:// www.ita.doc.gov .)
A ECONOMIA 01 SETOR
LICO
EXTERNALIDADES
As empresas que produzem e vendem papel tambem criam, como subproduto do
processo industrial, um produto quimico chamado dioxina. Os cientistas acreditam
que quando a dioxina entra no meio ambiente, aumenta o risco de câncer, anomalias conOnitas e outros problemas de saiide da populgea"o.
A produo e a libera o de dioxina representam um problema para a sociedade? Do Capitulo 4 ao 9, vimos como os mercados alocam recursos escassos por
meio das foNas de oferta e demanda e como o equilibrio entre oferta e demanda e,
de maneira geral, uma aloca o eficiente de recursos. Usando a famosa metMora de
Adam Smith, a "rno invisivel" do mercado leva os compradores e vendedores de
um mercado, que sO esto interessados em si pr6prios, a maximizar o beneficio
total que a sociedade obtem do mercado em quesiflo. Essa conclusio é a base de
um dos Dez Principios de Econonzia do Capitulo 1: os mercados são geralmente uma
boa maneira de organizar a atividade econOmica. Devemos concluir, portanto, que
a m.c1 invisivel impede que as empresas do mercado de papel emitam dioxina em
excesso?
Os mercados fazem muitas coisas bem, mas não todas. Neste capitulo, comearemos a estudar mais um dos Dez Princlpios de Econonzia: os govemos podem,
vezes, melhorar os resultados do mercado.Vamos examinar por que os mercados
vezes falham na aloca o eficiente de recursos, como as politicas governamentais
podem potencialn-iente melhorar a aloca o do mercado e que tipos de politica tiTi
maiores possibilidades de funcionar melhor.
204
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
texternalidade
f
o impacto das acdes de uma
pessoa sobre o bem-estar de
outras cue nao tomam parte j
da acao
• nOIA41,04
cA
*CO cows*.
lain &Arms).
• luoktlitla
As falhas do mercado que examinaremos neste capitulo se enquadram na categoria geral das chamadas externalidades. Uma externalidade surge quando uma
pessoa se dedica a uma acdo que provoca impact° no bem-estar de urn terceiro que
no participa dessa acdo, sem pagar nem receber nenhuma compensacao por esse
impact°. Se o impact° sobre o terceiro é adverso, é chamado externalidade negativa;
se é benefico, é chamado de externalidade positiva. Quando ha extemalidades, o
interesse da sociedade em urn resultado de mercado vai alem do bem-estar dos
compradores e dos vendedores que participam do mercado; passa a incluir tambem
hem-estar de terceiros que sao indiretamente afetados. Como os compradores e
vendedores desconsideram os efeitos extemos de suas acoes quando decidem
quanto demandar ou ofertar, o equilibrio de mercado nao é eficiente quando ha
externalidades. On seja, o equilibrio nao maximiza o beneficio total para a sociedade como urn todo. A liberacao de dioxina no meio ambiente, por exemplo, é uma
externalidade negativa. As empresas produtoras de papel que estejam voltaclas
para seu proprio interesse na70 levarao em consideracao o custo total da poluicao
que criam e, por isso, emitirdo dioxina em excesso, a menos que o governo as impeca ou desestimule.
Ha diversos tipos de externalidades e de respostas politicas que procuram resolver essas falhas do mercado. Eis alguns exemplos:
• A fumaca emitida 'Delos escapamentos dos carros gera externalidades negativas
porque outras pessoas sa-o obrigadas a respirar o ar poluido. Como resultado
dessa extemalidade os motoristas tendem a se tornar grandes poluiclores. 0
govemo federal procura resolver esse problema estabelecendo padroes de emissao para os carros. Alem disso, tributa a gasolina para diminuir o tempo que as
pessoas 1.-)assam dirigindo, reduzindo, assim, o us6 do carro.
• A restauracao de imOveis antigos produz uma externalidade positiva porque as
pessoas que passam por eles podem desfrutar da beleza e do senso historic°
que essas construcoes proporcionam. Os proprietarios dos imOveis nao obtem
nenhum beneficio de sua restauracao e, por isso, tendem a demolir rapidamente as construc5es antigas. Muitos governos locais reagem a isso controlando a
demolicao de construcoes historicas e oferecendo isencoes fiscais aos proprietarios que as restaurarem.
• 0 latido dos cachorros cria uma externalidade negativa porque os vizinhos sao
perturbados pelo barulho. Os donos nao arcam corn o custo total do barulho e,
por isso, tendem a tomar poucas precaucoes para impedir que seus caes latam.
Os governos locais lidam corn esse problema tornando ilegal a"perturbacdo da
paz".
• A pesquisa de novas tecnologias oferece uma externalidade positiva porque cria
conhecimento que outras pessoas podem usar. Como os inventores nao conseguem receber os beneficios totais de suas invencoes, tendem a dedicar menos
recursos a pesquisa. 0 govern° federal aborda parcialmente esse problema por
meio do sistema de patentes, que confere aos inventores uso exclusivo de seus
inventos por urn determinado period°.
Em cada urn desses casos, algum tomador de decisa-o deixa de levar em conta os
efeitos externos de seu comportamento. 0 governo reage tentando influenciar essas
decisoes para proteger os interesses dos terceiros que sao prejudicados.
EXTERNALIDADES E INEFICIENCIA DO MERCADO
Nesta secao, usaremos as ferramentas do Capitulo 7 para examinar como as externalidades afetam o bem-estar economic°. A andlise mostra corn precisdo por que
CAPITULO 10 EXTERNALIDADES
as externalidades fazem com que os mercados aloquem recursos de forma ineficiente. Mais adiante, examinaremos diversas maneiras pelas quais os agentes privados e os formuladores de politicas pUblicas podem remediar esse tipo de falha do
mercado.
Economia do Bem-Estar: Recapituia0o
Vamos comear recapitulando as lições principais sobre a economia do bem-estar
que vimos no Capitulo 7. Para dar solidez à nossa anlise, consideraremos um mercado especifico — o mercado de alurnínio. A Figura 1 mostra as curvas de oferta e
demanda desse mercado.
Como voce deve se lembrar, vimos no Capitulo 7 que as curvas de oferta e demanda contem informaes importantes sobre custos e beneffcios. A curva de
demanda de aluminio reflete o valor do aluminio para os consumidores medido
pelo prec;o que esto dispostos a pagar. Para qualquer quantidade dada, a altura da
curva de demanda indica a disposi o para pagar do comprador marginal. Em
outras palavras, indica o valor que a Ultima unidade de aluminio comprada tem
para o consumidor. De maneira similar, a curva de oferta reflete os custos de produo do aluminio. Para qualquer quantidade dada, a altura da curva de oferta
indica qual é o custo para o vendedor marginal. Em outras palavras, indica o custo
que a Ultima unidade de aluminio vendida tem para o produtor.
Na ausencia de intervenco governamental, o preo se ajusta para equilibrar a
oferta e a demanda. A quantidade produzida e consumida no equilibrio de mercado, representada por --MERGWO na Figura 1, e eficiente no sentido de que maximiza
a soma dos excedentes do consumidor e do produtor, ou seja, o mercado aloca
recursos de uma maneira que maximiza o valor total para os consumidores que
compram e usam o aluminio menos o custo total para os produtores que fabricam
e vendem o aluminio.
FIGURA 1
Pre9::) do
Aluminio
Oferta
(custo privado)
Equilibrio
Demanda
(valor privado)
0
QMERCADO
Quantidade
de Aluminio
0 Mercado de Aluminio
A curva de demanda reflete o valor para os
compradores e a curva de oferta reflete o custo
para os vendedores. A quantidade de equihbrio,
Qm ER cAD0, maximiza o valor total para os
comprodores menos os custos totais para os
vendedores. Na aus&7cia de externalidades,
portanto, o equihbrio do mercado é eficiente.
205
206
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
Externalidades Negativas
"Tudo o que eu posso dizer
é que, se ser urn produtor
lider implica ser urn
poluidor Ilder, entao
assim seja."
Vamos supor agora que as fabricas de aluminio emitam poluicao: para cada unidade de aluminio produzida, uma determinada quantidade de fumaca entra na
atmosfera. Como a fumaca cria um risco para a sal:1de de quern respira esse ar, é
uma externalidade negativa. Como essa externalidade afeta a eficiencia do resultado de mercado?
Por causa da externalidade, o custo da producao de aluminio para a sociedade é
major do que o custo para os produtores de aluminio. Para cada unidade de aluminio produzida, o custo social inclui os custos privados para os produtores mais os
custos das pessoas afetadas adversamente pela poluicao. A Figura 2 mostra o custo
social da producao de aluminio. A curva de custo social se localiza acima da curva
de oferta porque leva em consideracao os custos externos impostos a sociedade
pelos produtores de aluminio. A diferenca entre as duas curvas reflete o custo da
poluicao emitida.
Que quantidade de aluminio deve-se produzir? Para responder a essa pergunta,
vamos considerar novamente o que faria urn planejador social benevolente..Rylane.ador r iii o cedente total ori *nado n me o valor do aluminio para os consumidores menos o custo de producao dele. 0 planejador entende,
contudo, que o custo de producao inclui os custos externos da poluicao.
Ele escolheria o nivel de producao de aluminio em que a curva de demanda cruza
a curva de custo social. Essa intersecao determina, do ponto de vista da sociedade
como urn todo, a quantidade Otima de aluminio produzida. Abaixo desse nivel de
producao, o valor do aluminio para os consumidores (medido pela altura da curia
de demanda) supera o custo social de sua producao (medido pela altura da curia de
custo social). 0 planejador nao produz mais do que esse nivel porque o custo social
da producao adicional de aluminio excede o valor para os consumidores.
Observe que a quantidade de equilibrio de aluminio, QmERcAD0, é major do que
a quantidade socialmente Otima, QOTE,f,. A razao para essa ineficiencia é que o equi-
FIGURA 2
Preco do
Aluminio
Custo
social
Custo da
poluicao,,
Poluicao e Otimo Social
Na presenca de umalxvandade nee.ka)como a poluicao, o custo social aro
bem excede seu custo privado. A quantidade atima, QOTimA 4 portant°, menor do
que a quantidade de equih'brio, QmERcADD
Oferta
(custo privado)
Otimo —
—
Equilibrio
/4.60
Demanda
(valor privado)
0
QOTI MA QM E RCADO
Quantidade
de Aluminio
CAPfTULO 10 EXTERNALIDADES
librio de mercado refiete apenas os custos privados de produ o. No equilibrio do
mercado, o consumidor marginal atribui ao aluminio um valor inferior ao custo
social de produ o. Ou seja, em 0--MERCADO, a curva de demanda está abaixo da curva
de custo social. Com isso, reduzir a produ o e o consumo de aluminio deixandoos abaixo do nivel de equilibrio de mercado eleva o bem-estar econOmico total.
Como o planejador social pode atingir o resultado timo? Uma maneira seria
tributar os produtores de aluminio por tonelada vendida. 0 imposto deslocaria a
curva de oferta de aluminio para cima no montante do imposto. Se o imposto refietisse exatamente o custo social da fumga lanada na atmosfera, a nova curva de
oferta coincidiria com a curva de custo social. No novo equilibrio de mercado, os
produtores de aluminio produziriam a quantidade socialmente ótima de aluminio.
0 uso de um imposto como esse é chamado de internaliza o de uma externalidade porque dá aos compradores e vendedores de um mercado um incentivo para
que leveni em conta os efeitos externos de suas a95es. Essencialmente, os produtores de aluminio levariam em conta os custos da poluição ao decidir quanto aluminio
ofertar, uma vez que o imposto faria com que eles pagassem por esses custos externos. A politica se baseia em um dos Dez Principios de Economia: as pessoas reagem a
incentivos. Mais adiante, neste capitulo, veren-ios outras maneiras pelas quais os formuladores de politicas podem lidar com as extemalidades.
Externalidades Positivas
Embora alg-umas atividades imponham custos a terceiros, outras geram beneficios.
Considere a educa o, por exemplo. Ela rende externalidades positivas porque uma
popula o mais instruida leva a um governo melhor, o que beneficia a todos.
Observe que o beneficio de produtividade da educa o n - c) é necessariamente uma
externalidade: o consumidor da educa o absorve a maior parte do beneffcio sob a
forma de salrios mais elevados. Mas, se parte dos beneficios da produtividade da
educao beneficiar outras pessoas, esse efeito tambem seth considerado uma
externalidade positiva.
A aná1ise das externalidades positivas é semelhante à anlise de externalidades
negativas. Como mostra a Figura 3, a curva de demanda não reflete o valor do bem
para a sociedade. Como o valor social e maior do que o valor privado, a curva de
valor social fica acima da curva de demanda. A quantidade ótima se localiza no
ponto em que a curva de valor social e a curva de oferta (que representa os custos)
se interceptam. Assim, a quantidade socialmente Otima é maior do que a quantidade determinada pelo mercado privado.
Novamente, o governo pode corrigir a falha do mercado induzindo os participantes do mercado a internalizar a externalidade. A rea o apropriada no caso das
externalidades positivas é exatamente oposta ao caso de externalidades negativas.
Para deslocarem o equilibrio de mercado social 6timo as extemalidades positivas
requerem um subsidio. Na verdade, essa é exatamente a politica que o governo
adota: a educg"a'o e altamente subsidiada por meio de escolas pUblicas e bolsas
concedidas pelo governo.
Resumindo: as externalidades negativas fazem com que os mercados produzam uma
quantidade maior do que a socialmente desejdvel. As externalidades positivas fazem com
que os mercados produzam uma quantidade menor do que a socialmente desejdvel. Para
solucionar esse problema, o governo pode internalizar a externalidade tributando bens
que trazem extenzalidades negativas e subsidiando os bens que trazem externalidades
positivas.
207
internalizack de uma
externalidade
alterack dos incentivos de
maneira que as pessoas
levem em considerack os
efeitos externos de suas acO-es
vf,
208
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO
FIGURA 3
Preco da
Educacao
Oferta
(custo privado)
A Educacao e o otimo Social
Quando ha uma extemalidade positivo, o
valor social do bem excede seu valor privada A quantidade otima, C2OTimA4 portant°,
major do que a quantidade de equilibria
"
CIXO:,tbrkk
ta -
PA
QMERCADO.
Valor
social
cymal:ciotA.0,,
Fki-vade
• 0, *y
o vittlytta
(uvtiwX0.
•
Demanda
(valor privado)
P1340-09-
0
QMERCADO QOTIMA
Quantidade
de Educacao
Alen avant/I&
Estudo de Caso
TRANSBORDAMENTOS
TECNOLOGICOS E POLITICA INDUSTRIAL
Considere o mercado de robes industriais. Os robes estao na fronteira de uma
tecnologia em rapida evolucao. Sempre que uma empresa constrOi urn robe, ha
alguma chance de que descubra urn projeto novo e melhor. Esse novo projeto
beneficiara nao so a empresa, mas a sociedade como urn todo, porque entrara no
conjunto de conhecimento tecnolegico de toda a sociedade. Esse tipo de externalidade positiva é chamado de transbordamento de tecnologia.
Neste caso, o govern° pode intemalizar a extemalidade subsidiando a producao de robes. Se o governo pagar as empresas urn subsidio por robe produzido, a
curva de oferta se deslocard para baixo no valor do subsidio e esse deslocamento
aumentard a quantidade de equilibrio de robes. Para garantir que o equilibrio do
mercado seja igual ao otirno social, o subsidio deve ser igual ao valor do transbordamento de tecnologia.
Qual a magnitude dos transbordamentos de tecnologia c quais suas implicacees
para a politica ptiblica? Essa é uma pergunta importante porque o progresso tecnologico é a chave para explicar por que os padroes de vida se elevam corn o
tempo. Mas tambem é uma pergunta dificil sobre a qual os economistas freqiientemente divergem.
Alguns economistas acreditam que os transbordamentos tecnolOgicos sao universals e que o governo deve encorajar as inchistrias quo criam os maiores transbordamentos. Por exemplo, esses economistas argumentam que se a fabricacdo de
chips para computadores cria transbordamentos maiores do que a producao de
batatas chips, entao o govern° deve usar as leis tributarias para incentivar a producao de chips para computadores em relacao a de batatin has chips. A intervencao do
governo na economia para incentivar industrias que promovem a tecnologia é por
vezes chamada de politica industrial.
Outros economistas sao mais ceticos quanto a politica industrial. Embora os
transbordamentos tecnolog,icos sejam comuns, o sucesso de uma polftica industrial
CAPh- ULO 10 EXTERNALIDADES
209
requer que o govemo seja capaz de medir a magnitude dos transbordamentos em
diferentes mercados. E a quesifio da mensura o e, na melhor da hipteses,
Alem disso, na ausencia de medidas precisas, o sistema politico 1,-)ode acabar subsidiando as indlIstrias que tem maior poder politico, em lugar das indtistrias que
criam as maiores extemalidades positivas.
Outra n-ianeira de lidar com os transbordamentos tecnolOg,icos e a prote o das
patentes. As leis de patente protegem os direitos dos inventores, dando a eles direito exclusivo de uso de seu invento por um determinado periodo. Quando uma
empresa faz uma inovato tecnolOgica, pode patentear a ideia e angariar para si
n-iesma grande parte do beneficio econ6mico. Diz-se que a patente intemaliza a
extemalidade dando à empresa um direito de propriedade sobre sua inven0- o. Se
outras empresas quiserem usar a nova tecnolog-ia, ter - o que obter permisso das
empresas detentoras da patente e pagar royalties. Assim, o sistema de patentes oferece às empresas um incentivo para que se dediquem à pesquisa e outras atividades que fazem avaNar a tecnologia. •
Teste R4ido
De um exemplo de externalidade negativa e outro de externalidade positiva.. Explique por
que os resultados de mercado são ineficientes quando ha externalidades.
010
SOLUCOES PRIVADAS PARA AS EXTERNALIDADES
• 411,v;
'r,,tCpCkck
lijjk.
6^1
-
iCN:W)-Xtr'cik; C11(‘ ‘ tg.kCk
agora por que as externali6des levam os mercados a alocar recurSOS de maneira ineficiente, mas mencionamos apenas superficialmente COMO
essas ineficiencias ip odem ser reparadas. Na prtica, tanto os agentes privados
quanto os forn-iuladores de politicas pUblicas reagem . s externalidades de diversas maneiras. Todas as solu es compartilham o objetivo de levar a aloca o de
recursos para mais prOximo do Otimo social. Nesta seção, examinaremos as solues privadas.
/Discutimos até
Tipos de Soiuces Privadas
Embora as externalidades tendam a fazer com que os mercados sejam ineficientes,
nem sempre é necesskia uma a",o governamental para solucionar o problema. Em
algumas circunstkicias, as pessoas podem desenvolver solu95es privadas.
isks vezes, o problema das externalidades e resolvido com cdigos morais e sanc' 5es sociais. Consideremos, por exemplo, por que a maioria das pessoas iião joga
lixo em lugares pblicos. En-ibora existam leis contra isso, elas n - o são aplicadas
rigorosamente. A maioria das pessoas evita jogar lixo em lugares p-Ciblicos porque
essa é a coisa certa a fazer. A Regra de Ouro que as criaNas aprendem diz: "NT - o
fga aos outros o que não quer que faam a voce". Essa reg,ra de procedimento
moral nos diz para levar em considera o os efeitos de nossas g 6es
sobre os
outros. Em termos econOmicos, manda-nos internalizar as externalidades.
Outra solu o privada para as externalidades está nas institui es filantr6picas,
muitas das quais foram estabelecidas para tratar de externalidades. 0 Sierra Club,
por exemplo, cujo objetivo é proteger o meio ambiente, e uma organiza o sem fins
lucrativos financiada por doaQ5es privadas. Outro exemplo so as faculdades e unide ex-alunos, empresas e funda es, em parte
versidades que recebem dog 6es
porque a educa o gera externalidades positivas para a sociedade.
0 mercado privado freqi.ientemente pode resolver o problema das extemalidades a partir do interesse prprio das partes envolvidas. Em alguns casos, a solu o
entre diferentes tipos de negOcios. Considere, por
assume a forrna de integr,
'
`TY1clu4't
UÇÅ
210
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PICIBLICO
exemplo, urn produtor de magas e um apicultor que estejam localizados urn proximo do outro. Cada negocio confere uma externalidade positiva ao outro: ao polinizarem as fibres das macieiras, as abelhas ajudam na producao de magas. Ao
mesmo tempo, usam o nectar que retiram das flores para produzir mel. Ainda
assim, quando o produtor de maca's decide quantas arvores plantar e o apicultor
decide quantas abelhas manter, eles nao levam em consideracdo a externalidade
positiva. Corn isso, o produtor de magas planta menos do que poderia e o apicultor mantem menos abelhas do que poderia. Essas externalidades poderiam ser
internalizadas se o apicultor comprasse o pomar ou se o produtor de maca's comprasse as colmeias. Entdo, as duas atividades se desenvolveriam dentro da mesma
empresa, que poderia determinar o nUmero Otimo de arvores e de abelhas. Internalizar as externalidades é urn dos motivos pelos quais algumas empresas se
envolvem em diferentes tipos de atividades.
Outra maneira pela qual o mercado privado lida corn efeitos externos é por
meio de contratos entre as partes interessadas. No exemplo anterior, urn contrato
entre o produtor de maca's e o apicultor poderia resolver o problema das poucas
arvores e das poucas abelhas. 0 contrato poderia especificar o mimero de arvores,
o numero de abelhas e, talvez, urn pagamento de uma parte a outra. Ao estabelecer a quantidade certa de arvores e de abelhas, o contrato pocle resolver a ineficiencia que normalmente se origina das externalidades e deixar as duas partes em
melhor situacao.
0 Teorema de Coase
teorema de Coase
a proposicjo de que, se os
agentes econbmicos privados
puderem negociar sem custo
a alocacao de recursos,
poderao resolver por Si 565 o
problema das externalidades
Ate que pont° o mercado privado é eficaz ao lidar corn extemalidades? Um resultado famoso, conhecido como teorema de Coase, em homenagem ao economista
Ronald Coase, sugere que ele pode ser bastante eficaz em algumas circunstancias. De
acordo corn o teorema de Coase, se os agentes econamicos privados puderem negociar sem custo a alocacao de recursos, entdo o mercado privado sempre solucionard
o problema das externalidades e alocara recursos corn eficiencia.
Para ver como o teorema de Coase funciona, vamos usar urn exemplo. Suponhamos que Dick tenha urn cachorro chamado Spot, que late e incomoda Jane,
vizinha de Dick. Dick obtern urn beneficio por ser dono do cachon-o, mas o cachorro
confere uma extemalidade negativa a Jane. Dick deve ser forcado a se livrar de Spot
ou Jane deve ficar noites sem dormir por causa dos latidos de Spot?
Considere primeiro qual resultado é socialmente eficiente. Urn planejador social,
considerando as duas alternativas, compararia o beneficio que Dick obtern da posse
do cachorro corn o custo impost° a Jane pelos latidos de Spot. Se o beneficio exce_
der o custo, para Dick -sera eficiente
ficar
corn
o
animal
e
para
Jane,
conviver
corn
o
__
barulho. Masse o custo for maith=cjue o beneficio, Dick deyera se livrar do cao._
De acordo corn o teorema de Coase, o mercado privado chegara ao resultado eficiente por si so. Como? Jane podera simplesmente oferecer__a_Dick um pagarnento
para que se _desfaca do cachorro. Dick aceitara se a quantia de dinheiro que_ Jane
oferecer for major do que o beneficio de ficar _corn o cachorro.
Negociando o preco, Dick e Jane poderao sempre chegar a urn resultado eficiente. Suponhamos, por exemplo, que Dick obtenha urn benefIcio de $ 500 por manter o cachorro e que Jane argue corn urn custo de $ 800 por causa do barulho. Neste
caso, Jane podera oferecer a Dick urn pagamento de $ 600 para que ele se livre do
cab e Dick aceitard alegremente. As duas partes estardo em melhor situacao do que
antes e o resultado eficiente sera atingido.
possivel, naturalmente, que Jane nao esteja disposta a oferecer nenhum preco
que Dick queira aceitar. Suponhamos, por exemplo, que Dick obtenha urn beneficio
CAPiTULO 10 EXTERNALIDADES
211
Por que as SoluOes Privadas nem Sempre Funcionam
Apesar da lOgica convincente do teorema de Coase, os agentes econOmicos privados, por si sOs, muitas vezes s'ao incapazes de solucionar os problemas causados
por externalidades. 0 teorema só se aplica quando as partes nao tem dificuldades
para chegar a um acordo e o aplicar. No mundo, entretanto, a negocig ao nem
sempre f-unciona, mesmo quando ha a possibilidade de se chegar a um acordo
mutuamente benffico.
isks vezes, as partes interessadas nao conseguem resolver um problema de externalidade por causa dos custos de transa o, os custos que as partes tem na negociaao e implementgao do acordo. Em nosso exemplo, vamos imaginar que Dick
e Jane falem linguas diferentes, de modo que precisem contratar um tradutor para
chegar a um acordo. Se o beneficio de resolver o problema dos latidos for menor
que o custo do tradutor, eles poderao optar por deixar o problema sem soluao. Em
exemplos mais realistas, os custos de transgao nao sao as despesas con-i o tradutor, mas com os advogados necessarios para redig,ir e aplicar os contratos.
Em outras ocasiOes, as negocigOes simplesmente fracassam. As repetidas ocorrencias de guerras e greves demonstram que chegar a um acordo pode ser dificil e
que nao conseg-uir chegar a um acordo pode ser dispendioso. 0 problema é que as
partes muitas vezes resistem e ficam à espera de um acordo melhor para si.
Suponhamos, por exemplo, que Dick receba um beneficio de $ 500 por ter o cachorro e Jane esteja sujeita a um custo de $ 800 por causa dos latidos. Embora seja eficiente para ela pagar a Dick para que ele se livre do animal, sao muitos os pre9os
custos de transack
"custos em que as partes
incorrem no processo de
efetivack de uma negociack
212
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO
que poderiam levar a esse resultado. Dick poderia exigir $ 750 e Jane poderia oferecer apenas $ 550. Enquanto estivessem discutindo o preco, o resultado ineficiente
persistiria.
Chegar a urn acordo eficiente é ainda mais dificil quando o niamero de partes
interessadas é grande porque coordenar todas as partes é dispendioso. Considere,
por exemplo, uma fabrica que polua as ag-uas de urn lago. A poluicao imp-6e uma
externalidade negativa aos pescadores da regiao. Segundo o teorema de Coase, se
a poluicao é ineficiente, entao a fabrica e os pescadores podem chegar a urn acordo no qual as pescadores pag,uem a fabrica para que ela no polua o meio ambiente. Entretanto, se houver muitos pescadores, coordenar todos eles na negociacao
corn a fabrica pode ser quase impossivel.
Quando a negociacao privada nao funciona, o governo as vezes pode desempenhar urn papel. 0 govern() é uma instituicao concebida para ag-ir em nome da coletividade. Neste exemplo, o govern() pode agir em name dos pescadores, porque é
pouco pratico para estes agir em seu proprio name. Na proxima secao, veremos
como o governo pode tentar resolver o problema das extemalidades.
Teste Rapid() De urn exemplo de solucao privada para uma externalidade. 0 que é o teorema de
Coase? • Por que os agentes econornicos as vezes nao conseguem resolver os problemas causados par uma
externalidade?
POLITICAS PUBLICAS PARA AS EXTERNALIDADES
Quando uma externalidade faz corn que urn mercado cheg,ue a uma alocacao ineficiente de recursos, o governo pode reagir de duas maneiras. As polfticas de comando
e controle regulam diretamente o comportamento. As politicos baseadas no nzercado
oferecem incentivos de forma que os tomadores de decisoes privados optem por
resolver o problema entre si.
Reguiamentacao
CIL
1,A)9t1MA
govern() pode solucionar uma externalidade tornando obrigatorios ou proibidos
determinados tipos de comportamentos. Por exemplo, é crime jogar produtos quimicos toxicos nos reservatorios de agua. Neste caso, as custos externos para a
sociedade superam em muito os beneficios para o poluidor. Assim, o governo institui uma politica de comando e controle que proibe totalmente esse tipo de acao.
Na maioria dos casos de poluicao, contudo, a situacao nao é tao simples. Apesar
dos objetivos declarados de alguns ambientalistas, seria impossivel proibir todas as
atividades poluidoras. Par exemplo, praticamente todas as formas de transporte — ate
os cavalos — produzem alguns subprodutos poluentes indesejaveis. Mas nao seria
sensato para o govern() proibir todos os meios de transporte. Assim, em vez de tentar erradicar completamente a poluicao, a sociedade tern que ponderar os custos e
beneficios para decidir os tipos e quantidades de poluicao que vai permitir. Nos
Estados Unidos, a Environmental Protection Agency — EPA (Agencia de Protecao
Ambiental) é o orgao governamental encarregado de desenvolver e aplicar regulamentos de protecao ao meio ambiente.
Os reg-ulamentos ambientais podem tomar muitas formas. Em alguns casos, a
EPA determina o nivel maximo de poluicao que uma fabrica pode emitir. Em
outros, exige que as empresas adotem uma tecnologia especifica para reduzir as
emissoes. Mas, em todos os casos, para conceber boas regras, os encarregados de
fazer a regulamentacao governamental precisam conhecer os detalhes relativos a
0
CAPITULO 10 EXTERNALIDADES
213
indstrias especificas e às tecnolog,ias alternativas que poderiam ser adotadas.
vezes pode ser difícil para os encarregados da regulamenta o govemamental
obter essas intorma95es.
,W I 11,
Cì
impostos e Subsidios de Pigou
Em vez de regulamentar o comportamento em resposta a uma externalidade, o
governo pode usar politicas baseadas no mercado para alinhar incentivos privados
com eficiencia social. Por exemplo, como já vimos, o governo pode intemalizar a
externalidade tributando atividades que causem externalidades negativas e subsidiando atividades que tragam extemalidades positivas. Os impostos criados para
corrigir os efeitos de externalidades negativas são denominados impostos de
Pigou, em homenagem ao economista Arthur Pigou (1877-1959), um dos primeiros defensores de seu uso.
Os econon-iistas costumam preferir os impostos de Pigou à regulamenta o
como maneira de lidar com a poluic;o porque esses impostos podem reduzir a
poluição a um custo menor para a sociedade.Vamos usar um exemplo para ver por
que.
Suponhamos que duas ffibricas — un-ia produtora de papel e uma produtora de
aço — estejam, cada uma delas, despejando 500 toneladas de lixo num rio 1_-)or ano.
A EPA decide que quer reduzir a quantidade de po1uição e considera duas
• Regulamentao: A EPA pode determinar que cada fElbrica reduza sua
para 300 toneladas por ano.
• Imposto de Pigou: A EPA pode tributar cada ffibrica em $ 50 mil por tonelada
de poluição emitida.
A reg-ulamentaio determinaria um nivel de po1uição, ao passo que o imposto
conferiria aos proprietkios das ffibricas um incentivo econ6mico para reduzir a
Que solugio seria melhor em sua opinio?
A maioria dos economistas preferiria o imposto. Eles assinalariam, primeiro, que
tão eficazes quanto os regulamentos para a redu a. . o do nivel geral
os impostos s ao
de po1uição. A EPA poderia atingir qualquer nivel de po1uição que desejasse, fixando o imposto no nivel adequado. Quanto maior o imposto, maior a redu o da
Coni efeito, se o imposto fosse elevado o suficiente, as duas ffibricas
fechariam, reduzindo a poluição a zero.
pela qual os economistas prefeririam o in-iposto é o fato de que ele
A raz a'o
reduz a poluição mais eficientemente. 0 reg,ulamento exige que as duas ffibricas
uniforme
reduzam a poluição na mesma quantidade, mas uma redu ao
necessariamente a forma menos dispendiosa cle limpar a 4-ua. É possivel que a
f brica de papel consiga reduzir a poluição a um custo menor do que a fl p rica de
Neste caso, a primeira reagiria ao imposto reduzindo s-ubstancialmente sua
poluição para enquanto a outra reagiria reduzindo menos a poluição e
pagando o imposto.
Em essencia, os impostos de Pigou cobram um prec;o pelo direito de poluir. Assim
como os mercados alocam bens aos compradores que lhes atribuem maior valor, os
fabricas que enfrentam os maiores custos
impostos de Pigou alocam a poluição as
para reduzi-la. Qualquer que seja o nivel de poluição escolhido pela EPA, ela poderá
atingir essa meta ao menor custo total usando o imposto.
Os economistas argi,imentam ainda que os in-ipostos de Pigou são melhores
de comando e contropara o meio ambiente. Sob uma politica de regulamentg a'o
6es
uma
vez que tivessem
le, as ffibricas não teriam motivo para reduzir as en-iiss
imposto de Pigou
um imposto instituido para \
corrigir os efeitos de uma
externalidade ne_gativa
214
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLICO
atingido a meta de 300 toneladas de lixo. Já o impost() dá as fabricas urn incentivo
para desenvolver tecnologias corn niveis de poluicao menores porque reduzem o
montante de impostos que as fabricas devem pagar.
Os impostos de Pigou sao diferentes de muitos outros impostos. Como vimos
no Capitulo 8, a maioria dos impostos distorce os incentivos e desloca a alocacao
dc recursos para longe do otimo social. A reducao do bem-estar economic° — ou
seja, dos excedentes do consumidor e do produtor — excede o montante da receita
arrecadada pelo govern°, resultando em urn peso morto. Em comparacao, quando
ha presenca de externalidades, a sociedade tambem se preocupa corn o bem-estar
dos tercciros que sao afetados. Os impostos de Pigou s‘do os incentivos corretos
para a presenca de externalidades e, portant°, deslocam a alocacao de recursos para
mais pert° do otimo social. Assim, os impostos de Pigou, ao mesmo tempo que
arrecadam receita para o govern°, aumentam a eficiencia econOmica.
Estudo de Caso
POR QUE A GASOJNA E TRIEUTADA TAO PESADAMENTE?
Em muitos paises, a gasolina esti entre os bens mais pesadamente tributados da
economia: nos Estacios Unidos, por exemplo, cerca de metade do preco que os
motoristas pagam pela gasolina se dew a impostos. Em muitos paises europeus, o
impost() é ainda mais elevado e o preco da gasolina é tres ou quatro vezes major
do que nos Estados Unidos.
Por que esse impost° é tao comum? Uma resposta possivel é que o impost°
sobre a gasolina seja urn impost° de Pigou que tern por objetivo corrigir tres externalidades negativas associadas aos carros:
• Congestionamentos: se voce ja ficou preso no transit°, provavelmente desejou
que houvesse menos carros nas ruas. 0 impost° sobre a gasolina reduz os congestionamentos, incentivando as pessoas a usar transporte public°, fazer rodfzio de carros corn os amigos mais freqUentemente e morar mais pert° de onde
trabalham.
• Acidentes: semprc que alg,uem compra urn carro grande ou urn veiculo utilitario
esportivo, fica mais seguro, mas coloca outras pessoas em risco. De acordo corn
a National Highway Traffic Safety Administration (o orgo federal norte-americano que administra o tr5nsito), uma pessoa que dirige urn carro comum tern
cinco vezes mais chances de morrer se for atingida por urn utilitario esportivo
do que por outro carro. 0 impost() sobre a gasolina é uma forma indireta de
fazer corn que as pessoas pag,uem pelo risco que seus carros g,randes e de elevado consumo impaem aos °taros, o que os faz levar em considerac5o esse risco
ao escolher o veiculo que comprario.
0
up'4
0
•
"Se o impost° fosse moior, eu
andaria de onibus."
Polttic-no: a queima de combustiveis fosseis como a gasolina é tida como causa do
aquecimento global. Os especialistas divergem quanto ao risco que representam,
Inas o impost° certamente reduz o risco ao reduzir o uso de gasolina.
Assim, o imposto sobre a gasolina, em vez de criar peso morto como a maioria
dos impostos, faz corn que a economia funcione melhor. Ele representa menos congestionamentos, estradas mais seguras e urn meio ambiente mais limpo.
CAPTULO 10 EXTERNALIDADES
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Licencas Negocivels para Poiuica.o(
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de papel e da fabnca c1e aço, vamos supor que a
a
Retomando o exemplo da fabric
EPA, apesar dos conselhos de seus economistas, decicia adotar a regu1an-ienta5o e
exija que cada fabrica recluza sua po1uição para 300 toneladas de lixo por ano. Um
.
ter entrado em vigor e depois de as duas fabricas
depois de a regulamentaY-io
estarem adaptadas a ela, elas v5o 5 EPA com uma proposta. A fabrica de aço deseja
aumentar sua emiss5o de lixo em 100 toneladas. A fabrica de papel concorda em
recluzir sua po1uição na mesma quantidade se a fabrica de ay) lhe pagar $ 5 milhOes.
A EPA deve permitir que as fabricas fgam esse acordo?
Do ponto de vista da eficiencia econOmica, permitir o negOcio é uma boa politica. 0 negOcio deve deixar os proprietarios das cluas fabricas em melhor situa-ao,
ja que ambos voluntariamente concordaram com ele. Alem do mais, o negOcio n5o
.
teria efeitos extemos porque o volume total de polui( s "5o continuaria o mesmo.
Assim, o bem-estar social aumenta ao se permitir que a fabrica de papel venda seus
direitos de po1uição à fabrica de ac;o.
A mesma lOgica se aplica a qualquer transferencia voluntaria de direitos de
de uma empresa para outra. Se a EPA permitir que as ernpresas fKam
essas transay5es, tera, em essencia, criado um novo recurso escasso: as licenas de
mercado para a negociac;r5o dessas liceNas se desenvolvera e esse
mercado sera regido pelas foNas de oferta e demanda. A mão invisivel garantira que
esse novo mercado aloque com eficiencia o direito de poluir. As empresas que
conseg,uem reduzir a po1uição a um custo elevado estark) dispostas a pagar mais
pelas liceNas. As empresas que puderem reduzir a poluição a um baixo custo preferir5o vender qualquer liceNa de que disponham.
Uma vantagem de se permitir um mercado de licerwas de poluição é o fato de
que a alocg5o inicial clas liceNas de polui 5o entre as empresas n5o tem import5ncia do ponto de vista de eficiencia econOmica. A lOgica por tras dessa conclus5o
similar 5que1a encontrada no teoren-ia de Coase. As empresas que podem reduzir a polui 5o mais facilmente estariam dispostas a vender qualquer liceNa que
conseguissem obter e as empresas que s6 conseguem reduzir a polui5o a um alto
custo estariam dispostas a comprar todas as licengis de que precisassem. Descle
que haja um mercado livre de direitos de poluk . 5- o, a alocay-lo final sera eficiente,
qualquer que seja a alocay-lo inicial.
En-ibora o uso de liceNas de poluição para reduzir a poluição possa parecer
muito diferente do uso de impostos de Pigou, na verdade as duas politicas
tem muito em comum. Com os impostos de Pigou, as empresas poluicioras tem que
pagar o imposto ao govemo. (Mesmo as empresas que ja possuem licenyis devem pagar para poluir: o custo de oportunidade de poluir o meio ambiente e o que
elas receberiam pela venda de suas liceNas no mercado aberto.) Tanto os irnpostos de Pigou quanto as liceNas de polui5o permitem intemalizar a extemalidade
da poluição tornando-a dispendiosa para as empresas.
A semelhanyi das duas politicas pode ser observada considerando-se um mercado de poluição. Os dois paineis da Figura 4 mostram a curva de demanda por
direitos de poluição. Essa curva indica que, quanto menor o prey) da poluição, mais
empresas optar5o por poluir o meio an-ibiente. No painel (a), a EPA usa um imposto de Pigou para estabelecer um preo para a poluição. Neste caso, a curva de oferta por direitos de polui5o é perfeitamente elastica (porque as en-ipresas podem
poliiir o quanto quiserem desde que pag,uem o imposto) e a posi.5o da curva de
demanda determina a quantidade de poluição. No painel (b), a EPA estabelece un-ia
quantidade de poluição, emitindo liceNas. Neste caso, a curva de oferta de clireitos
-s
de poluic;5o é perfeitamente inelastica (porque a quantidade de poluiy o é determinada pelo nUmero de liceNas) e a posi ao da curva de demanda determina o
-f-Ctn
215
216
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PBLlCO
FIGURA 4
A Equivalkcia entre os linpostos de Pigou e as Licencas de Poluico
No peinel (a), a EPA estabelece um preco para a poluicao adotando um imposto de Pigou e o curva de demando determina a quantidade de poluicao.
No painel (b), a EPA limita a quantidade de poluicao limitando o n mero de licenas e a curva de demanda determina o prece da poluicao. 0 preco e a
quantidade de polui0o sao os mesmos nos dois casos.
(a) Imposto de Pigou
(b) Concesses de Polui0o
Preco da
Polui0o
Preco da
Poluic'a-o
,
Oferta de licenas
de polui0-o
kS'
Imposto
de Pigou
1. Um imposto
de Pigou fixa
o preo da
Demanda por
direitos de polui0o
Demanda por
direitos de
preo da po1uição. Assim, para qualquer curva de demanda de po1uição, a EPA
pode ating,ir qualquer ponto da curva de demanda, seja estabelecendo um 1. ->re o
por meio de um imposto de Pigou, seja estabelecendo uma quantidade por meio
das liceNas de
Em alguns casos, contudo, vender liceNas pode ser melhor do que aplicar um
imposto de Pigou. Suponhamos que a EPA não deseje que mais do que 600 toneladas de lixo sejam lanyidas ao rio. Mas, como não conhece a curva de demanda
por po1uição, n a'o
está certa quanto ao montante de imposto que tomaria possivel
ating,ir essa meta. Neste caso, ela pode simplesn-lente leiloar 600 liceNas. 0 preo
do leil"a"o n-lostraria a mag-nitude apropriada do imposto de Pigou.
A ideia de o governo leiloar o direito de poluir pode, a principio, parecer obra da
imag,inao de algum economista. E, de fato, foi assim que a ideia surg,iu. Mas a EPA
tem usado cada vez mais o sistema como forma de controle da poluição. As
de poluição, assim como os impostos de Pigou, são hoje consideradas uma
maneira de custo eficaz para manter o meio ambiente limpo.
Objeces à Anase EconOmica da Polui0o
"N5o podemos conceder a ning-uem a op o de poluir em troca de um pagamento." Este comenffiio, feito pelo ex-senador norte-americano Edmund Muskie,
reflete a opini"a"o de alguns ambientalistas. Ar puro e 4-ua limpa, arg,umentam eles,
s'a- o direitos humanos fundamentais que não podem ser degradados por considera es sob uma perspectiva econOmica. Como atribuir um preço ao ar puro e
s
4rua limpa? 0 meio ambiente e t cio
i mportante, dizem eles, que devemos protegelo ao rriximo, independentemente do custo.
CAPITULO 10 EXTERNALIDADES
Os economistas nao simpatizam muito corn esse tipo de argument°. Para eles, as
boas politicas ambientais comecam pelo reconhecimento do primeiro dos Dez
PrincIpios de Economia, que vimos no Capitulo 1: as pessoas enfrentam tradeoffs. E
claro que o ar puro e a agua limpa sao valiosos. Mas seu valor precisa ser comparado ao seu custo de oportunidade — ou seja, aquilo de que as pessoas precisam abrir
mao para obte-los. E impossivel eliminar completamente a poluicao. Qualquer tentativa de fazer isso reverteria muitos dos avancos tecnologicos que nos permitem
desfrutar de urn alto padrao de vida. Poucas pessoas estariam dispostas a aceitar
uma alimentacao pobre em nutrientes, cuidados medicos inadequados ou moradias
improvisadas a fim de deixar o meio ambiente o mais limpo possivel.
Os economistas argumentam que alguns ativistas ambientais prejudicam sua
propria causa recusando-se a pensar em termos econOmicos. Urn meio ambiente
limpo é urn bem como qualquer outro. Como todos os hens normais, tern elasticidade de renda positiva: 'Daises ricos tem condicoes financeiras para manter urn
meio ambiente mais limpo do que os paises pobres e, portanto, costumam ter uma
protecao ambiental mais rigorosa. Alem disso, como a maioria dos outros bens, ar
puro e ag-ua limpa estao sujeitos a lei da demanda: quanto menor o preco da protecao ambiental, mais protecao ambiental o pirblico desejard. A abordagem economica ao uso das licencas de poluicao e dos impostos de Pigou reduz o custo da protecao ambiental e deveria, portant°, aumentar a demanda do paha:, por urn meio
ambiente limpo.
Teste Rapid° Uma fabrica de cola e uma fabrica de aco emitem fumaca que contem urn produto quimico nocivo se inalado em grandes quantidades. Descreva tres maneiras pelas quais o governo da cidade em
que as fabricas estao instaladas poderia reagir a essa externalidade. Quais sao os prOs e os contras de cada
uma de suas solucoes?
CONCLUSAO
A rnao invisivel é poderosa, mas nao onipotente. 0 equilibrio de urn mercado
maximiza a soma do excedente do proclutor e o do consumidor. Quando os cornpradores e os vendeclores do mercado em questa() Sao as unicas partes interessa(las, esse resultado é eficiente do pont° de vista da socieciade como urn todo. Mas
quando ha efeitos extemos, como a poluicao, para se avaliar o resultacio de urn
mercado é necessario levar em consideracao o bem-estar de terceiros. Neste caso,
a mao invisivel do mercado pode falhar no trabalho de alocar os recursos corn eficiencia.
Em alg,uns casos, as pessoas podem resolver sozinhas os problemas das externalidades. 0 teorema de Coase sugere que as partes interessadas podem negociar
entre si e chegar a uma solucao eficiente. Algumas vezes, entretanto, nao ha como
chegar a urn resultado eficiente, talvez porque o g,rande numero de interessados
dificulte a negociacao.
Quando as pessoas nao sao capazes de resolver o problema das extemalidades privadamente, o governo freqiientemente entra em acao. Mas, mesmo assim,
a sociedade nao pode deixar completamente de lado as forcas do mercado. Mais
exatamente, o govern° pode abordar o problema exigindo que os tomadores de
decisao arquem totalmente corn os custos de suas acaes. Os impostos de Pigou e
as licencas de poluicao, por exemplo, foram criados para internalizar a externalidade da poluicao. Cada vez mais, estao se tornando as politicas preferidas dos
interessados em proteger o meio ambiente. As forcas do mercado, quando conetamente redirecionadas, sao, em muitos casos, o melhor remedio para as falhas
do mercado.
1,4
217
218
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
CRIANcAS COMO EXTERNALIDADES
Este editorial sarcastic° de The Economist uma revista de noticias internacional, chama a atencoo para uma externalidade comum que ndo tem sido
completamente percebida.
Mantenha Segredo: Quando
as Criancas Devem Ser
Escondidas, e Nao Ouvidas
Vivemos em tempos cada vez mais intolerantes. Ha uma proliferacao de placas proibindo fumar, cuspir, estacionar e ate andar...
Boates e restaurantes chiques ha tempos
adotaram regras proibindo jeans, e a coisa
vai alern. Alguns pubs de Londres adotaram
politica de proibicao aos ternos, temendo
que barulhentos corretores engravatados
prejudicassem a atmosfera do local. Os
ambientalistas ha muito exigem diversos
tipos de proibicoes quanto aos carros. Os
telefones celulares sao as alvos mais recentes: alguns trens, salas de espera em aero-
portos, restaurantes e ate campos de golfe
estao sendo designados como "areas livres
de celulares".
Se e a intolerancia que vai ditar o espirito desta epoca, a revista The Economist gostaria de sugerir restricoes a mais uma fonte
de poluicao sonora: as criancas. Antes que
voce comece a achar que isso é mero preconceito, podemos oferecer um born argumento econOmico a favor da medida.
Fumar, dirigir e usar telefones celulares causam aquilo que os economistas chamam de
"externalidades negativas", ou seja, o custo
dessas atividades para terceiros tende a
exceder o custo para o usuario. A mao invisivel do mercado se confunde, desperdicando recursos. Assim, como os custos enfren-
tados por urn motorista nao refletem os
custos que ele impoe as demais pessoas
sob a forma de poluicao e congestionamentos, ele usa o carro mais do que seria socialmente desejavel. Da mesma forma, argumenta-se, os fumantes nao tomam as cuidados necessarios para evitar que sua fumaca irritante afete as pessoas que as cercam.
Os governos costumam reagir a essas
falhas do mercado de duas maneiras. Uma
delas e mais impostos para fazer corn que os
poluidores arquem corn o custo total de seu
comportamento anti-social. A outra e a regulamentacao, tal como estabelecer padroes de
emissao de poluentes ou proibir que se fume
em locals Oblicos. As duds abordagens
poderiam funcionar em relacao as criancas.
RESUMO
• Quando uma transacao entre urn comprador e urn
vendedor afeta diretamente uma terceira parte, o
efeito é chamado de extemalidade. As externalidades negativas, como a poluica-o, fazem corn clue a
quantidade socialmente atima em urn mercado seja
inferior a quantidade de equilibrio. As externalidades positivas, como os transbordamentos de tecnologia, fazem corn que a quantidade socialmente
otima em urn mercado seja superior a de equilibrio.
• As pessoas afetadas pelas externalidades podem as
vezes resolver o problema privadamente. Por exem-
plo, quando uma empresa provoca uma extemalidade a outra, as duas podem internalizar a externalidade por meio de uma fusao. Alternativamente, as
partes interessadas podem resolver o problema firmando urn contrato. De acordo corn o teorema de
Coase, se as pessoas puderem negociar sem custos,
ent5o sempre poder5o chegar a urn acordo segundo o qual os recursos sejam alocados eficientemente. Mas em muitos casos chegar a urn acordo quando existem muitas partes envolvidas é dificil, de
modo que o teorema de Coase nao se aplica.
CAPITULO 10 EXTERNALIDADES
As criancas, da mesma forma que cigarros ou telefones celulares, claramente
põem uma externalidade negativa ,as pessoas que Ihes estk pr6ximas. Qualquer pessoa que tenha enfrentado um v6o de 12
horas perto de um bebê chork ou com um
adolescente entediado chutando as costas
de seu assento agarraria esta id6a com a
mesma facilidade com que agarraria o garoto pelo pescoco. É um caso claro de falha do
mercado: os pais nk arcam plenamente
com os custos totais (abs, bebs viajam de
graca nos avi es), de modo que não hesitam em levar consigo suas crias barulhentas.
Onde esta a rn",ao invisível quando precisamos dela para administrar um bom tapa?
A soluck é 6bvia. Companhias a&eas,
trens e restaurantes deveriam criar keas em
que criancas não pudessem ficar. Se todas
fossem colocadas no fundo do avik, os
pais talvez se esforcassem para minimizar a
poluick sonora que causam. E, em vez de
as criancas pagarem menos e os beb' s
voarem de graca, eles deveriam pagar mais
do que os adultos, sendo a receita adicional
resultante usada para subsidiar os assentos
mais pr6ximos da zona de guerra.
Os passageiros entk poderiam pedir
assentos na area em que não houvesse
criangas, assim como hoje pedem assentos
na ala de nk-fumantes. À medida que mais
mulheres optam por n",ao ter filhos e o
nUmero de pessoas mais velhas sem filhos
pequenos aumenta, a demanda por viajar
sem criancas aumentará. Sim, é um pouco
intolerante — mas por que os pais nk deve-
• Quando as partes privadas não conseguem lidar
bem com efeitos externos, como a poluição, o
govemo frecitientemente entra em ação. Alg,un-las
vezes, impede atividades socialmente ineficientes
regulamentando o comportamento. Outras, internaliza uma externalidade com impostos de Pigou.
riam ser tratados da n-iesma forma que os
fumantes? E ha uma companhia a&ea que
provavelmente seria pioneira no programa:
a Virgin.
Fonte: The Economist, 5 dez. 1998, p. 20. C.) The
Economist Newspaper Ltd. Todos os direitos reservados. Reproduzido com permissao. Proibida nova
reproducao. http://vwvw.economist.corn
Outra politica pilblica é a concessk) de liceNas de
Por exemplo, o govemo pode proteger o
meio ambiente emitindo um niimero limitado de
liceNas de poluição. 0 resultado dessa politica
em g,rande medida, o mesmo da cobraNa de
impostos de Pigou dos poluidores.
CONCEITOS-CHAVE
externalidade, p. 204
internalizar uma externalidade,
p. 207
1219
teorema de Coase, p. 210
custos de transa o, p. 211
imposto de Pigou, p. 213
220
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
QUESTOES PARA REVIS-AO
1. De urn exemplo de externalidade negativa e outro
de externalidade positiva.
2. Use urn g-rafico de oferta e demanda para explicar
o efeito de uma externalidade negativa sobre a
produedo.
3. De que maneira urn sistema de patentes ajuda a
sociedade a resolver o problema de uma externalidade?
4. Liste alg,umas maneiras pelas quais os problemas
causados pelas externalidades podem ser solucionados sem intervenedo do governo.
5. Imagine que voce é urn nao-fumante dividindo o
quarto corn urn fumante. Segundo o teorema de
Coase, o que determina se ele fumara no quarto?
Esse resultado é eficiente? Como voce e seu colega de quarto chegam a essa conclusdo?
6. 0 que sac, impostos de Pigou? For que os economistas preferem esses impostos as regulamentagoes como maneira de proteger o meio ambiente
da poluicao?
PROBLEMAS E APLICAOES
1. Ha duas maneiras de proteger seu carro de furto.
Uma trava dificulta o trabalho de furtar o carro.
Urn rastreador facilita o trabalho da policia depois
que o carro foi furtado. Qual desses tipos de proteed° transmite uma extemalidadc negativa aos
deinais proprietarios de carros? Qual protecdo
transmite uma extemalidade positiva? Em sua opiniao, sua analise tern implicacoes politicas?
2. Voce concorda corn as afirmativas abaixo? Por que?
a."Os beneficios dos impostos de Pigou como
forma de reduzir a poluiedo precisam ser cornparados corn o peso morto causado por esse
imposto."
b."Ao decidir entre cobrar urn imposto de Pigou
dos consumidores ou dos produtores, o govemo
deve tomar cuidado para cobrar o impost° do
lado do mercado que provoca a externalidade."
3. Considere o mercado de extintores de incendio.
a. For que os extintores de incendio apresentam
externalidades positivas?
b. Represente graficamente o mercado de extintores de incendio, indicando a curva de demanda,
a curva de valor social, a curva de oferta e a curva
dc custo social.
c. Indique o nivel de producdo de equilibrio de
mercado e o nivel de eficiencia de producdo. De
uma explicacdo intuitiva de por que as duas
quantidades sdo diferentes.
d. Se o beneficio extemo é de $ 10 por extintor,
descreva uma politica governamental que leve a
um resultado eficiente.
4. As contribuicoes para organizacoes filantrOpicas
sdo dedutiveis do imposto de renda. De que maneira essa politica incentiva solucoes privadas para
externalidades?
5. Ringo adora tocar rock a urn volume muito alto.
Luciano adora Opera e detesta rock. Infelizmente,
eles s-ao vizinhos em urn predio cujas paredes sdo
finas como papel.
a. Qual é a extemalidade neste caso?
b. Que politica de comando e controle poderia ser
imposta pelo proprietario? Essa politica levaria a
urn resultado ineficiente?
c. Suponha que o proprietario do predio permita
que os inquilinos resolvam o problema da
maneira que acharem melhor. De acordo corn o
teorema de Coase, como Ringo e Luciano poderiam chegar por si sas a urn resultado eficiente?
0 que os poderia impedir de ating,ir urn resultado eficiente?
6. Diz-se que o govern° da Suiea subsidia a criae5o de
gado e que o subsic-lio é major em areas que tern
mais atracoes turisticas. Voce conseg,ue imaginar
por que essa politica podc ser eficiente?
7. Urn grande consumo de alcool provoca mais acidentes de transit° e, portant°, impoe custos as
pessoas que ndo bebem e dirigem.
a. Represente graficamente o mercado de alcool
indicando a curva de demanda, a curva de valor
social, a curva de oferta, a curva de custo social,
a producao de equilibrio de mercado e o nivel de
producdo eficiente.
CAPftULO 10 EXTERNALIDADES
b. Em seu gráfico, sombreie a area correspondente ao peso morto do equilibrio de mercado.
(Dica: o peso morto ocorre porque s'a- o consumidas algumas unidades de alcool cujo custo
social excede o valor social.) Explique.
8. Muitos observadores acreditam que os niveis de
poluiyio em nossa economia sío excessivamente
elevados.
a. Se a sociedade deseja reduzir a po1uição total
num determinado gr, au, por que e eficiente aplicar diferentes niveis de reduYio a diferentes
empresas?
b. As abordagens de comando e controle muitas
vezes se baseiam ern redu es uniformes para
as empresas. Por que essas abordagens costumam ser incapazes de afetar as empresas que
deveriam fazer as maiores reduies?
c. Os economistas argumentam que impostos de
Pigou ou direitos negocffiTeis de
apropriados, resultar'a'o em uma redu o eficiente da poluição. Como essas abordagens
afetam as empresas que deveriam fazer as
maiores reducc5es?
9. 0 Rio Pristine tem duas empresas poluidoras ao
longo de suas margens. A Acme Industrial e a
Qufmica Criativa despejam, cada uma, 100 toneladas de lixo no rio por ano. 0 custo por tonelada de
lixo despejado que se reduz é de $ 10 para a Acme
e $ 100 para a Creative. 0 governo local quer
reduzir a poluição de 200 para 50 toneladas.
a. Se o governo conhecesse os custos de redu-ao
para cada empresa, que reduc;6"es imporia para
atingir sua meta geral? Qual seria o custo para
cada empresa e qual seria o custo para as duas
empresas juntas?
b. Em uma situayio mais comum, contudo, o
da
governo desconhece o custo da redu ao
polui0- o para cada empresa. Admitindo que o
govemo decidisse ating,ir sua meta geral impondo reduies uniformes às duas, calcule a reduo feita por cada empresa, o custo para cada
uma delas e o custo total para as duas juntas.
c. Compare o custo total da redu o da
nas partes (a) e (b). Se o governo desconhece o
custo da redu ao
para cada empresa, ainda ha
alguma maneira de reduzir a poluição para 50
toneladas ao custo total calculado na parte (a)?
Explique.
10. "Uma multa é um imposto por se ter feito algo
errado. Urn imposto é uma multa por se ter feito
algo certo." Discuta.
221
11. A Figura 4 mostra que, para cada curva de demanda por direitos de poluição dada, o governo pode
atingir o mesmo resultado, seja estabelecendo o
prey) com um imposto de Pigou, seja estabelecendo a quantidade com licenyis de
Suponhamos que haja um grande avallo na tecnologia de controle da
a. Usando grficos semelhantes aos da Figura 4,
ilustre o efeito do desenvolvimento tecnol6gico
sobre a demanda por direitos de
b. Qual o efeito sobre o preo e a quantidade de
po1uic5o de cada sistema de regulamentac5o?
Explique.
12. Suponha que o govemo decida emitir liceNas negoci veis para um determinado tipo de
a. Do ponto de vista de eficiencia econ6mica, faz
difereNa se o govemo distribuir ou leiloar as
licenyis ? E sob outros pontos de vista?
b. Se o govemo optar por distribuir licencas, a sua
alocayo entre as empresas importa sob o ponto
de vista da eficiencia? E sob outros pontos de
vista?
13. A principal causa do aquecimento global e o dic5xido de carbono, que entra na atmosfera em diferentes quantidades a partir de diferentes pafses, mas
se distribui uniformemente pelo planeta durante o
ano. Em certo artigo publicado no jomal Thc Boston
Globe (3 jul. 1990), Martin e Kathleen Feldstein
argumentam que a abordagem correta ao aquecimento global pedir a cada pafs que estabilize suas emisses de di6xido de carbono no niveis
atuais", como sugerem alguns. Em vez disso, eles
argumentam, "as emisses de diOxido de carbono
devem ser reduzidas nos pafses onde o custo
menor e os paises que arcarem com o Onus deven-i
ser remunerados pelo resto do mundo".
a. Por que a coopera o intemacional e necesskia
para se chegar a um resultado eficiente?
b. É possivel criar um sistema de compensg a"o
tal
que todos os paises fiquem ern melhor situa o
que estariam sob um sistema de reclu o uniforme das emiss,5es? Explique.
14. Algumas pessoas se op6'em às politicas de redução da poluição baseadas no mercado, afirmando
que elas atribuem um valor monetario
do ar e da ag,ua. Os economistas dizem que a
sociedade atribui implicitamente um valor à limpeza do meio ambiente, mesmo debaixo de politicas
de comando e controle. Discuta por que isso
verdade.
222
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLICO
15. (Esta questao é desafiadora.) HA tres industrias no
Happy Valley.
Empresa
Nivei Inicial
de Poluicao
A
70 unidades
Custo de Reducao da
Poluicao par Unidade
$ 20
80
25
50
10
0 governo quer reduzir a poluicao para 120 unidades e por isso dá a cada empresa 40 licencas
negociaveis de poluicao.
a. Quern vende licencas e quantas vende? Quern
compra licencas e quantas compra? Explique
brevemente por que os vendedores e compradores estao, cada urn deles, dispostos a comprar
e a vender licencas. Qual o custo total da reducao da poluicao nessa situac5o?
b. Em quanto os custos de reduc5o da poluic5o
seriam maiores se as concessoes nao pudessem
ser negociadas?
BENS KBL 0 F
R,7 UR OS COMUNS
A letra de uma antiga cancao diz que "The best things in life are free" ("As melhores coisas da vida sao de graca"). Um pensamento momentaneo nos revela uma
longa lista de bens que o compositor podia ter em mente. A natureza proporciona
alg,uns deles, como rios, montanhas, praias, lagos e oceanos. 0 govemo é responsavel por outros, como playgrounds, parques e desfiles. Em qualquer desses casos,
as pessoas nao trri de pagar nenhum imposto quando escolhem desfmtar o beneficio desse bem.
Os bens gratuitos proporcionam um especial desafio para a analise econ8mica.
A maioria clos bens em nossa economia é alocada em mercados onde os compradores pagan-i pelo que recebem e os vendedores sao pagos pelo que fornecem. Para
esses bens, os precos sao os sinais que orientam as decises de con-ipradores e vendedores. Quando os bens estao disponfveis gratuitamente, contudo, as forcas de
mercado que normalmente alocam os recursos em nossa economia
Neste capitulo examinaremos os problemas relacionados a bens que nao
precos de mercado. Nossa analise esclarecera um dos Dez Principios de Economia do
Capitulo 1: às vezes os governos podem melhorar os resultados do mercado. Quando um bem nao tem preco, os n-iercados privados nao conseg-uem garantir que ele
seja produzido e consun-iido nas quantidades apropriadas. Nestes casos, a politica
govemamental pode potencialmente remediar a falha do mercado e aumentar o
bem-estar econOmico.
224
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR POBLICO
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OS DIFERENTES TIPOS DE BENS
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rn,utct
ctu,ovittici ck„ou.
( (.64
4G6,4
propriedade da exclusao
a propriedade de urn bem
segundo a qual uma pessoa
pode ser impedida de usa-lo
rivalidade
a propriedade de um bem
segundo a qual sua utilizacao
Os mercados conseguem proporcionar adequadamente os hens que as pessoas
querem? A resposta a essa questao depende do bem considerado. Como discutimos no Capitulo 7, podemos confiar no mercado para fornecer a quantidade
ciente de sorvetes de casquinha: o preco do sorvete se ajusta para equilibrar oferta
e demanda e esse equilibrio maximiza a soma dos excedentes do consumidor e do
produtor. Mas, como discutimos no Capitulo 10, nao podemos confiar que o mercado impeca os produtores de aluminio de poluir o ar que respiramos: os compradores e vendedores em urn mercado normalmente nao levam em considerac5o os
efeitos extemos de suas decisoes. Assim, os mercados funcionam bem quando se
trata de sorvete, mas funcionam mal quando o bem é ar puro.
Ao se pensar nos diversos tipos de hens existentes na economia, é ütil agrupalos segundo duas caracteristicas:
• 0 bem é excludente? As pessoas pociem ser impedidas de usa-lo?
• 0 bem é rival? 0 fato de uma pessoa usar um bem elimina a possibilidade de
que alguem mais possa usa-lo?
par uma pessoa impede
outras pessoas de utiliza-lo
----r-V—V—V—
bens privados
Partindo dessas duas caracteristicas, a Figura 1 divide os hens em quatro cateaorias:
bens que sao tanto
1. Os bens privados sao tanto excludentes quanto rivais. Considere urn sorvete de
casquinha, por exemplo. Ele é excludente porque é possivel impedir que uma
pessoa o tome — é so nao dar o sorvete a essa pessoa. E o sorvete de casquinha
excludentes quanto rivais
'---A—
FIGURA 1
Quatro Tipos de Bens
Os hens podem ser agrupados em
quatro categorias segundo duos
perguntos: (1) 0 bem é excludente? 1st° 6, as pessoas podem
ser impedidas de usci-lo? (2) 0
bem é rival? Isto 6, se uma pessoa
usa urn bem, isso elimina a
possibilidade de outra pessoa
usd-lo? 0 diagram° do exemplos
de hens pertencentes a coda uma
dos quatro categorias.
Sim
Sim
[Excludenteli
Nao
MonopOlios Naturals
• Sorvetes de casquinha
• Roupas
• Estradas corn pedagio
congestionadas
• Protecao contra incendios
• TV a cabo
• Estradas corn pedagio
llyre
• Recursos Comuns
Nao
I Rivard
Bens Privados
Peixes do mar
• Meio ambiente
• Estradas sem pedagio
congestionadas
•
Bens Ptiblicos
• Sirene de tornado
• Defesa nacional
• Estradas sem pedagio
livre
225
CAP1TULO 11 BENS PUBLICOS E RECURSOS CONIUNS
rival porque, se uma pessoa tomar um sorvete, outra n'ao podera tomar o
mesmo sorvete. A maioria dos bens da economia e composta de bens privados,
como os sorvetes de casquinhas. Quando analisamos oferta e demanda nos
capitulos 4, 5 e 6 e a eficiencia dos mercados nos capitulos 7, 8 e 9, adn-iitimos
implicitamente que os bens fossem tanto excludentes quanto rivais.
2. Bens pbiicos n'ao s'ao nem excludentes nem rivais. Ou seja, as pessoas na-o
podem ser impedidas de usar um bem ptIblico e, quando uma pessoa usa um
bem público, isso n ao
reduz a disponibilidade dele, podendo ser utilizado por
outras pessoas sem prejuizo de nenhuma delas. Por exemplo, uma sirene de tornado de uma pequena cidade é um bem público. Quando a sirene soa, é impossivel impedir que alg,uem a ouc, a. E, quando alguem recebe o beneficio do sinal
de perigo, isso n'ao reduz o beneficio conferido aos demais habitantes.
3. Os recursos comuns s'ao rivais, mas n'ao excludentes. Por exemplo, os peixes no
mar s'ao bens rivais: quando alguen-1 pesca um deles, ha menos peixes disponiveis para a prOxima pessoa que for pescar. Mas os peixes na'o s'ao excludentes,
porque, dada a vasticla- o do mar, e difícil impedir que os pescadores retirem peixes dele.
4. Quando um bem n ao
e nem excludente nem rival, e exemplo de monoOlio natural. Considere, por exemplo, a proteao contra incridios numa cidade pequena.
facil excluir as pessoas do uso do bem: os bombeiros podem sin-Iplesmente
permitir que a casa delas queime ate o fim. Mas a proteção contra inc'endios n'ao
rival. Os bombeiros passam g,rande parte de seu tempo esperando por
cle modo que proteger un-ia casa a mais provaveln-iente n ao
reduzira a
teção disponivel para as demais. Em outras palavras, uma vez que uma cidade
pague pelo corpo de bombeiros, o custo adicional da prote ao
de uma casa a
mais e pequeno. No Capitulo 15, daremos uma definic; ,ao
melhor dos monop(5lios naturais e os estudaremos em maiores detalhes.
Neste capitulo, examinaremos os bens que não s'ao excludentes e, portanto,
esta- o disponiveis gratuitamente para todos: os bens pb1icos e os recursos naturais.
Como veremos, este tpico esta estreitamente relacionado ao estudo das externalidades. Quando se trata de bens pbicos e de recursos naturais, as extemalidades
surgem porque algo de valor n'ao tem prNo estipulado. Se alguem proporciona um
bem pUblico, como uma sirene de tomado, as outras pessoas se beneficiam, mas
rth- o podem ser cobradas por esse beneffcio. De maneira similar, quando uma pessoa usa um recurso comum, como os peixes do mar, as outras pessoas s'ao prejudicadas e n ao
s a"o
compensadas por essa perda. Por causa desses efeitos extemos, as
decises privadas de consumo e produlo podem levar a uma aloca ao
ineficiente
dos recursos e a interven o do govemo pode potencialmente aumentar o bemestar econOmico.
Teste R4ido
Defina bens pblicos e recursos comuns e dê um exemplo de cada.
BENS PBLiCOS
Para entender de que maneira os bens ptiblicos diferem de outros bens e quais s.k)
os problemas que apresentam à sociedade, vamos considerar um exemplo: um
show pirotecnico. Esse bem na'o é excludente porque e impossivel impedir que
alguem veja os fogos, e n ao
é rival porque o entretenimento que uma pessoa extrai
dele não reduz o entretenimento disponivel para as outras.
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bens p(Iblicos
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excludentes nem rivais
recursos comu ns
bens que são rivais, mas
excludentes
226
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
Problema dos Caronas
carona
(
alguern que recebe o
beneficio de urn bem, mas
evita pagar por ele
Os moradores de Smalltown, nos Estados Unidos, gostam de ver fogos de artificio no
feriado de Quatro de Julho, Dia da Independencia norte-americana. Cada urn dos
500 moradores da cidade atribui urn valor de $ 10 ao espetaculo. 0 custo de urn show
pirotecnico é $ 1 mil. Como o beneficio de $ 5 mil supera o custo de $ 1 mil, 6 eficiente para os moradores de Smalltown ver a queima de fogos de artificio nessa data.
0 mercado privado produziria um resultado eficiente? Provavelmente nao.
I magine que Ellen, uma empreendedora de Smalltown, decidisse fazer uma queima de fogos de artificio. Ela provavelmente teria dificuldades para vender ingressos para o evento porque sous clientes em potencial logo perceberiam que podeham ver a exibicao mesmo sem pagar ingress°. Como os fogos nao sa-o excludentes, ha um incentivo para que as pessoas sejam caronas. Urn carona é uma pessoa
que recebe o beneficio de urn bem, mas evita pagar por ele.
Uma maneira de enxergar essa falha do mercado é pensar que ela surge de uma
externalidade. Se Ellen realizasse a exibicao de fogos de artificio, ela conferiria urn
beneficio extemo as pessoas que assistissem ao espetaculo sem pagar por isso. Ao
decidir se faz ou rid° a apresentacdo, Ellen ig,nora esses beneficios extemos.
Embora uma apresentacao de fogos de artificio seja socialmente desejavel, ela rid°
6 lucrativa do ponto de vista privado. Como resultado, Ellen toma uma decisa-o
socialmente ineficiente de nao realizar o espetaculo.
Embora o mercado privado falhe ao nao fomecer a apresentacao de fogos de
artificio demandada pelos habitantes de Smalltovvn, a solucao para esse problema
6 &via. 0 govern° local pock patrocinar uma festa de Quatro de Julho, aumentando os impostos de todos em $ 2 e usando a receita arrecadada para contratar Ellen
para que produza o espetaculo. Todos os moradores s'ao beneficiados em $ 8 — os
$ 10 do valor que atribuem aos fogos menos os $ 2 do imposto. Ellen pode ajudar
Smalltown a atingir o resultado eficiente no papel de funcionaria publica, embora
na-o o possa fazer como empreendedora privada.
O caso de Smalltovvn é simplificado, mas tambem é realista. Na verdade, muitos governos locais dos Estados Unidos pagam pelos fogos de artificio no feria&
de Quatro de Julho. Alem do mais, o caso nos ensina uma licao geral sobre Os hens
publicos: como eles na-o sao excludentes, o problema dos caronas impede que o
mercado privado Os oferte. 0 govern°, entretanto, pode potencialmente resolver o
problema. Se concluir que os beneficios totais excedem os custos, pode proporcionar o hem public° e 1.-)agar por ele corn a receita de impostos, deixando todos em
melhor situacao.
Alguns Bens Publicos importantes
Ha muitos exemplos de hens publicos. Aqui, vamos considerar ties dos mais
importantes.
Defesa Nacionai A defesa do pais de agressores externos é urn exemplo classic° de hem phlico. Uma vez que o pais esta defendido, é impossivel impedir qualquer pessoa de desfrutar o beneficio proporcionado por essa defesa. Ademais,
quail& alguem desfruta do beneficio da defesa nacional, nao reduz o beneficio
proporcionado Cs demais pessoas. Assim, a defesa nacional nao 6 nem excludente
nem rival.
CAPfTULO 11 BENS POBLICOS E RECURSOS COMUNS
"O conceito me agrada, desde que possamos construir isso sem aumentar os impostos."
A defesa nacional tambem é um dos bens pb1icos mais dispendiosos. Em 2002,
o governo federal dos Estados Unidos gastou um total de $ 348 bilMes em defesa
nacional, ou cerca de $ 1.200 por pessoa. As pessoas divergem quanto a essa quantia ser muito alta ou muito baixa, mas ninguem duvida de que e necessario o governo gastar alguma quantia com a defesa nacional. Ate os economistas que defendem uma presena menor do Estado concordam que a defesa nacional é um bem
pb1ico que deve ser proporcionado pelo govemo.
Pesquisa de Base A cria o de conhecimento é um bem pUblico. Se um matematico prova um novo teorema, o teorema entra para o conjunto geral de conhecimento que todos podem usar gr, atuitamente. Como o conhecimento é um bem
empresas que tem fins lucrativos tendem a pegar carona no conhecimento criado por outras pessoas e, com isso, investem poucos recursos na crig"a"o de
novos conhecimentos.
Ao se avaliar a politica adequada para a cria o de conhecimento, é importante
disting,uir entre conhecimentos gerais e conhecimentos tecnolc5g,icos especificos.
Os conhecimentos tecnolc5gicos especificos, como a inven o de uma bateria
melhor, por exemplo, podem ser patenteados. Com isso, o inventor obten-i grande
parte do beneficio de sua inveN ao, embora não sua totalidade. Em comparg-c-io,
um matematico não pode patentear um teorema; conhecimentos gerais como esse
ficam disponiveis g,ratuitan-iente para todos. Em outras palavras, o sistema de
atentes torna excludentes os conhecimentos tecno1 cos especificos, mas n'ao os
mentos gerais
,2
0 governo procura proporcionar os conhecimentos gerais de diversas maneiras.
governamentais, como os Institutos Nacionais da Sade e a Fundg'ao Na0rg aos
cional de Ciencia, subsidian-i a pesquisa de base em medicina, matematica, fisica,
quimica, biologia e ate economia. Alg-,umas pessoas justificam o financiamento do
progTama espacial pelo governo com base no argumento de que contribui para o
conjunto de conhecimentos da sociedade. Certamente muitos bens privados,
227
228
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO
inclusive os coletes a prova de balas e o suco Tang, usam materials orig-inalmente
desenvolvidos pelos cientistas e engenheiros que estavam tentando levar o
homem a Lua. E dificil determinar o nivel adequado de apoio govemamental a
essas empreitadas porque os beneficios sao de dificil mensuracao. Alem disso, os
deputados e senadores que reservam fundos para pesquisa normalmente tern
pouca experiencia cientifica e, portant°, nao sac) as pessoas mais indicadas para
julgar as linhas de pesquisa que render5o os maiores beneficios.
Luta contra a Pobreza Muitos prog,ramas governamentais tern por objetivo
ajudar os pobres. Nos Estados Unidos, por exemplo, o programa denominado
Assistencia Temporaria as Familias Necessitadas oferece uma pequena renda a alg,umas familias pobres. De maneira similar, o programa de vales-alimentacao subsidia
a compra de alimentos para pessoas de baixa renda, e diversos programas governamentais de moradia tornam mais acessivel a compra de imoveis. Esses programas
contra a pobreza sac) financiados por impostos cobrados de familias que s5o financeiramente mais hem-sucedidas.
Os economistas diver-gem entre eles si quanto ao papel que o govern° deve
represen tar na luta contra a pobreza. Aqui, destacamos urn argument° importante:
os defensores de prog,ramas contra a pobreza alegam que a luta contra esse problema 6 urn bem pUblico.
Suponhamos que todos prefiram viver numa sociedade sem pobreza. Mesmo
que essa preferencia seja clara e generalizada, a luta contra a pobreza nao 6 urn
"bem" que o mercado privado possa proporcionar. Ning,u6m, individualmente,
pode eliminar a pobreza porque o problema C amplo demais. Alem disso, 116 grande pressao para a caridade privada resolver o problema: as pessoas que nao fazem
doacOes podem pegar carona na generosidade das que doam. Neste caso, tributar
os ricos para elevar o padrao de vida dos pobres pode deixar todos em melhor
situac5o. Os pobres ficam em melhor situacao porque agora desfrutam de urn
padr5o de vida mais alto, e os que pagam os impostos porque desfrutam de viver
numa sociedade corn menos pobreza.
Estude ce Case
OS FAROIS SAO BENS POBL1COS?
t)
0
v
c‹`
Urn hem de que tipo?
Alg,uns bens podem ser classificados em pUblicos ou privados, dependendo das circunstancias. Por exemplo, urn show pirotecnico sera urn bem public° se for realizado numa cidade corn muitos habitantes. Entretanto, se for realizado num parque
de diversoes privado, como a Disney World, tendera mais a ser urn hem privado
porque os visitantes do parque terao pago para entrar nele.
Outro exemplo s5o os farais. Os economistas hi muito tempo usam os farois
como exemplo de bem public°. Os farOis sao usados para marcar locals especificos,
de maneira que os navios que passam evitem aguas traicoeiras. 0 beneficio que o
farol proporciona ao capita° do navio n5o 6 nem excludente, nem rival, de modo
que cada capitdo tern urn incentivo para pegar carona usando o farol para navegar
sem pagar por esse servico. Por causa desse problema dos caronas, os mercados
privados n5o costumam proporcionar os farois de que os capit5es de navios precisam. Como resultado, a maioria dos farois hoje 6 operada pelo govern°.
Em alguns casos, entretanto, os farOis podem ser considerados mais como hens
privados. Na costa da Inglaterra, no seculo XIX, a posse e a operacao de alguns
CAP j TULO 11 BENS PUBL1COS E RECURSOS CONIUNS
229
far6is eram privadas. Entretanto, em vez de tentar cobrar o servko dos capithes dos
navios, o proprietkio do farol cobrava do proprietkio do porto mais prOximo. Se o
proprietkio do porto n", o pagasse, o dono do farol desligava a luz e os navios evitavam esse porto.
Ao se decidir se algo é um bem pb1ico, e preciso determinar o n mero de beneficikios e verificar se eles podem ser excluidos do uso do bem. 0 problema dos caronas surge quando o rulmero de beneficikios é grande e excluir qualquer um deles
impossivel. Se um farol beneficia muitos capites de navios, trata-se de um bem
Mas, se beneficia principalmente um único proprietkio de porto, é considerado mais como um bem privado. •
A Difícil Tarefa da Analise de Custo-Beneficio
Ate aqui vimos que o governo proporciona bens Viblicos porque o mercado privado, por si s6, iião produz uma quantidade eficiente. Entretanto, decidir que o
governo deve desempenhar uma fuN Eio e só o primeiro passo. Em seg,uida, o
governo precisa determinar que especies de bens Viblicos deve fornecer e em que
quantidades.
Suponhamos que o governo esteja considerando um projeto púhlico, como a
constru o de uma nova estrada. Para julgar se deve ou nk) fazer a obra, precisa
comparar o beneficio total para todos que a usariam com os custos de constr io
e manuteno. Para tomar essa decisk), o govemo poderia contratar uma equipe de
economistas e engenheiros para que realizassem um estudo, chamado anMise de
custo-beneficio, cujo objetivo é estimar os custos e beneficios totais do projeto
m um todo.
para a sociedade CO()
Os analistas de custo-beneficio tem um duro trabalho. Como a estrada estari
disponivel para todos gratuitamente, não há um preo pelo qual se possa julgar o
valor da estrada. Simplesmente perguntar às pessoas que valor atribuiriam à estraseria confiElvel: é difícil quantificar beneficios a partir dos resultados de um
da n k)
questionkio e, alem disso, 1-1 pouco incentivo para que os entrevistados responcom honestidade. Os que usariam a estrada t'em um incentivo
dam às quest 6es
para exagerar os beneficios que receberiam a fim de fazer com que ela seja construida. Os que seriam prejudicados pela estrada t'ern um incentivo para exagerar os
custos a fim de evitar sua constru o.
Uni forneciniento eficiente de bens piThlicos é, portanto, intrinsecamente mais
difícil do que um fornecimento eficiente de bens privados. Os bens privados são fornecidos no mercado. Os compradores de um bem privado revelam o valor que atribuem a ele por meio do prec;o que estio dispostos a pagar. Os vendedores revelam
p
seus custos por meio dos pre9 s que esifio dispostos a aceitar. Em compara o, os
observam nenhum sinal cle pre90 ao avaliar se o
analistas de custo-beneficio n Eio
governo deve fornecer um bem púhlico. Portanto, suas conclus^(5es sobre os custos e
beneffcios dos projetos piklicos sk), na melhor das hiV)teses, aproxima es.
Estudo de Caso
QUANTO VALE UMA VIDA?
Imagine que voce tenha sido eleito para membro do conselho local de sua cidade.
0 engenheiro que trabalha para o governo da cidade vem com uma proposta para
anMise de custo-beneficio
um estudo que compara os
custos e os beneficios de um
bem
para a sociedade
230
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC°
voce: a cidade pode gastar $ 10 mil para construir e operar urn semaforo num cruzamento da cidade no qual hoje ha apenas uma placa de "Pare". 0 beneficio do
semdforo é major seguranca. 0 engenheiro estima, corn base em dados extraidos
de cruzamentos semelhantes, que o semaforo recluziria o risco de urn acidente de
transit° fatal durante a sua vida titil de 1,6% para 1,1%. A cidade deve gastar essa
verba corn o semdforo?
Para responder a essa questa°, voce se volta para a analise de custo-beneficio,
mas logo encontra um obstaculo: os custos e beneficios devem estar nas mesmas
unidades de medida para poderem ser comparados. 0 custo é medido em Mares,
mas o beneficio — a possibilidade de salvar a vida de alguem — nao é medido em
valores monetarios. Para tomar a decisao, voce precisa atribuir urn valor em dinheiro a uma vida humana.
Primeiro, pode sentir-se tentado a concluir que a vida humana nao tern preco.
Afinal, provavelmente nao ha nenhuma quantia de dinheiro que alguem possa lhe
pagar para voce voluntariamente abrir rnao de sua propria vida ou da vida de urn
ente querido. Isso sugere que a vida humana tem urn valor monetario infinito.
Mas, para os fins da analise de custo-beneficio, essa resposta leva a resultados
sem sentido. Se realmente a tribuissemos urn valor infinito a vida humana, colocariamos sem6foros em todas as esquinas. Similarmente, todos dirigiriamos carros
grandes corn todos os mais modernos itens de sepranea, e nao carros pequenos
corn poucos equipamentos de seguranea. Mas nao ha semdforos em todas as esquinas e as pessoas muitas vezes optam por carros pequenos sem air bags laterais ou
freios ABS. Em nossas decisoes, tanto publicas quanto privadas, por vezes colocamos nossa vida em risco para economizar urn pouco.
Uma vez aceita a ideia de que a vida de uma pessoa tern, sim, urn valor monetario implicit°, como podemos determinar esse valor? Uma abordagem, por vezes
usada pelos tribunais para determinar indenizaeoes em processos por homicidio,
é calcular a quantia total de dinheiro que a pessoa teria ganho se nao tivesse morrido. Os economistas muitas vezes criticam essa abordagem, uma vez que ela carrega a premissa bizarra de que a vida de urn aposentado ou de urn invalid° nao
tem valor.
Uma maneira melhor de avaliar a vida humana é analisar os riscos quo as pessoas estao voluntariamente dispostas a correr e o quanto lhes deveria ser pago para
que corressem esses riscos. 0 risco de morte, por exemplo, varia de uma ocupacao
para outra. Os operarios da construed° civil que trabalham em arranha-ceus correm urn risco major de morrer no trabalho do que pessoas quo trabalham num
escritorio. Comparando os salarios de profissoes de major e menor risco e controlando o nivel de instmcdo, experiencia e outros determinantes dos salarios, os economistas poclem ter uma ideia do valor que as i.-)essoas atribuem a prOpria vida.
Estudos utilizando essa abordagem concluem que o valor da vida humana é de
aproximadamente $ 10 mill-16es.
Podemos agora voltar ao nosso exemplo original e dar uma resposta ao engenheiro. 0 semaforo reduz o risco de morte em 0,5%. Assim, a expectativa do beneficio a ser proporcionado pelo semaforo é de 0,005 x $ 10 milhoes, ou $ 50 mil. Essa
estimativa do beneficio supera em muito o custo de $ 10 mil, de modo quo voce
deve aprovar o projeto. •
Teste Rapid°
0 que e o problema dos caronas? • Por que o problema dos caronas induz o governo a
fornecer bens pOblicos? • Coma o governo deve decidir se fornece ou nao urn bem p6blico?
CAPh-ULO 11 BENS PUBLICOS E RECURSOS CONIUNS
231
RECURSOS COMUNS
Os recursos comuns, como os bens nao sao excludentes: estao disponiveis g,ratuitamente para todos que queiram usa-los. Os recursos comuns, entretanto, sao rivais: o uso de um recurso comum por uma pessoa reduz a possibilidade
que outras pessoas tem de usa-lo. Assim, os recursos comuns clao origem a um
novo problema. Urna vez fornecido o bem, os formuladores de politicas precisam
se preocupar com a quantidade usada desse recurso. Esse problema pode ser mais
bem entendido por meio da classica parabola chamada Trag&lia dos Comuns.
Tra0dia dos Comuns
uma parbola que ilustra por
A Tra0dia dos Comuns
Considere a vida em uma pequena cidade medieval. Das muitas atividades econ6micas ali realizadas, uma das mais importantes é a crigao de ovelhas. Muitas das
familias da cidade tem rebanhos de ovelhas e se sustentam vendendo lã, que
usada para fazer roupas.
Quando essa hist(5ria come(;:a, as ovelhas passam g-rande parte de seu tempo
pastando nas terras que cercam a cidade, chamadas de Comuna Local. Nenhuma
familia é dona da Comuna. Em vez disso, as terras sao propriedade coletiva de
todos os habitantes da cidade e todos podem deixar suas ovelhas ali para pastar. A
propriedade coletiva funciona bem porque a terra é abundante. Desde que todos
tenham acesso a quantidade de pastagem de que precisam, as terras da Comuna
Local nao sao um bem rival e permitir que as ovelhas dos habitantes pastem gratuitamente nao constitui problema. Todos na cidade estao felizes.
Com o passar dos anos, a populgao da cidade cresce e, com ela, o nUmero de
ovelhas que pastam na Comuna. Com um nmero crescente de ovelhas e uma
quantidade fixa de terras, a terra comea a perder sua capacidade de se recuperar.
Con-i o decorrer do tempo, a terra passa a ser utilizada tao intensamente que acaba
por ficar esteril. Com o fim do pasto na Comuna, criar ovelhas fica impossivel e a
pr6spera indstria de lã da cidade desaparece. Muitas farnilias perdem sua fonte de
sustento.
0 que causa a tragedia? Por que os pastores permitem que a populaao de ovelhas cresa a ponto de destruir a Comuna Local? A razao é que os incentivos sociais
.
e privados sao diferentes. Evitar a destruiao das pastagens depende de a ao
coletiva i_->or parte dos pastores. Se os pastores agissem juntos, poderiam reduzir a
populgao de ovelhas para um nivel que a Comuna pudesse sustentar. Entretanto,
nenhuma familia tem incentivo para reduzir o tamanho do seu rebanho porque
cada rebanho representa apenas uma pequena parte do problema.
Em essencia, a Tragedia dos Comuns surge por causa de uma externalidade.
Quando o rebanho de uma famflia pasta nas terras comuns, reduz a qualidade da
terra disponivel para as demais familias. Como as pessoas nao levam em considergao essa externalidade negativa ao decidir quantas ovelhas possuir, o resultado e
um niimero excessivo de animais.
Se a tragedia tivesse sido antevista, a cidade poderia ter resolvido o problema de
diversas maneiras. Poderia ter reg,ulado o n mero de ovelhas por familia, internalizado a externalidade tributando as ovelhas ou leiloado um n mero limitado de
liceNas de pastagem. Ou seja, a cidade meclieval poderia ter lidado com o problema do excesso de ovelhas da mesma maneira que a sociedade modema lida com o
problema da
No caso da terra, entretanto, ha uma soluao mais simples. A cidade pode dividir as terras entre as familias da cidade. Cada familia pode colocar uma cerca em sua
parcela de terra protegendo-a, dessa forma, do uso excessivo. Com isso, a terra se
que os recursos comuns
mais utilizados do que o
desejável do ponto de vista
de toda a sociedade
232
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR POBLICO
tomaria um bem privado, deixando de ser urn recurso comum. Esse resultado de
fato ocorreu durante o movimento de cercamentos na Inglaterra, no seculo
A Tragedia dos Comuns é uma historia corn uma lição geral: quando alg,uem usa
urn recurso comum, diminui o desfrute que as outras pessoas podem ter dele. Por
causa dessa extemalidade negativa, os recursos comuns tendem a ser usados em
excesso. 0 governo pode resolver o problema, reduzindo o uso de recursos comuns
por meio de regulamentos ou impostos. Alternativamente, algumas vezes pode
transformer o recurs° comum em hem privado.
Essa licao é conhecida h. milhares de anos. AristOteles, filosofo da Grecia
Antiga, apontou o problema dos recursos comuns: "0 que é comum a muitos é o
que recebe menos cuidados, porque todos tem major preocupacao corn o que é seu
do que corn aquilo que possuem em conjunto corn outros".
Aiguns Recursos Comuns Importantes
He muitos exemplos de recursos comuns. Em quase todos os casos, he o mesmo
problema que acontece na Trageclia dos Comuns: os tomadores de decisoes privados
NOTICIAS
A SOLUcA0 DE CINGAPURA
Os pedogios sao um jeito de resolver o problema dos congestionamentos e, de acordo corn alguns econornistas, no° sao too usados quanta deveriam
ser. Nesta coluno, o economista Lester Thurow descreve a solucOo bem-sucedido que Ongapura encontrou para as congestionamentos.
A Economia de Estabelecimento de
Preps nas Estradas
Por Lester C Thurow
Vamos comecar par em fato observavel. Cidade alguma jamais conseguiu resolver as
problemas de poluicao e congestionamentos construindo mais ruas.
Algumas cidades do mundo construfram
muitas ruas (coma Los Angeles) e outras
construfram muito poucas (Xangai tinha bem
poucos carros ate recentemente), mas as
niveis de congestionamento e de poluicao
nao variam muito. Urn n mero major de ruas
56 incentiva mais pessoas a usar seus carros,
a morar mais longe do trabalho e, cam isso,
a usar mais espaco nas ruas... Uma analise
recente do problema dos congestionamentos em Londres concluiu que a cidade poderia derrubar todos as im6veis do centro a fim
de usar o espaco para construir ruas e ainda
assim teria urn transit° altamente congestionado.
Os economistas sempre tiveram uma
solucao teorica para a questa° dos congestionamentos de automOveis e da poluicao —
estabelecer precos pelo uso das ruas. Cobrar
pelo uso das ruas cam base em quais ruas
as pessoas utilizam, a que hora do dia e em
que epoca do ano e no grau de poluicao no
moment° em que as ruas estao sendo usadas. Estabelecer precos em niveis que resultem no volume atm° de uso.
Ate Cingapura decidir tentar experimentar, cidade alguma tivera a coragem de estabelecer precos para suas ruas. Muitas ideias
podem parecer boas na teoria e canter fahas inesperadas. Agora Cingapura ja tem
mais de dez anos de experiencia cam o sistema e ele funciona! No ha falhas inesperadas. Cingapura e a Unica cidade na face da
Terra sem congestionamentos e sem problemas de poluicao causados par carros.
Em Cingapura, uma serie de cab ines de
peclagio cerca a parte central da cidade. Para
CAPh-ULO 11 BENS PUBLICOS E RECURSOS COMUNS
233
usam em excesso o recurso comum. Os governos com freqiincia regulamentam o
comportamento ou impi5em tarifas para atenuar o problema do uso excessivo.
Como discutimos no Capitulo 10, os mercado não protegem
adequadamente o meio ambiente. A poluição e uma externalidade negativa que
pode ser solucionada com regulamentos ou com impostos de Pigou sobre as atividades poluidoras. Essa falha do mercado pode ser considerada um exemplo do problema dos recursos comuns. Ar puro e agua limpa s'ao recursos comuns como os
pastos abertos, e a polui "ao excessiva e como a pastagem excessiva. A degrada(fao
do meio ambiente é uma vers"a"o moderna da Tragedia dos Comuns.
Ar e Agua Puros
Estradas Congestionadas As estradas podem ser bens pblicos ou recursos
.
esta congestionada, o uso dela por alguem n'a- o afeta
comuns. Se uma estrada ri k)
as demais pessoas. Neste caso, o uso não é rival e a estrada é um bem pblico. Mas,
se a estrada esta congestionada, ento seu uso resulta numa externalidade negativa. Quando alguem dirige nessa estrada, ela se toma ainda mais congestionada e
as outras pessoas precisam dirigir mais devagar. Neste caso, a estrada e um recurso comum.
entrar ali, cada carro precisa pagar um pedagio baseado nas ruas utilizadas, no horario
de uso e no nivel de poluicao do dia. Os
precos sao aumentados e diminuidos para
levar ao uso Otimo.
Alern disso, Cingapura calcula o n mero
maximo de -carros que podem ser suportados sem poluicao fora do centro da cidade e
leiloa, a cada mes, direitos de licenca para
carros novos. Diferentes tipos de chapas permitem diferentes graus de utilizacao. Uma
chapa que permita usar o carro a qualquer
hora é muito mais cara do que outra que s6
permita a utilizacao nos fins de semana —
periodo em que os problemas de congestionamento sao muito menores. Os precos
dependem da oferta e da demanda.
Com esse sistema, Cingapura deixa de
gastar recursos em projetos de infra-estrutura
que nao resolvem os problemas de congestionamento e poluicao. A receita obtida pelo
sistema é usada para reduzir outros impostos.
Mas, se isso funciona, por que Londres
rejeitou fixar precos pelo uso das ruas em
seu recente relatOrio sobre os problemas dos
congestionamentos e da poluick? Porque
eles temiam que tal sistema fosse considerado uma interferencia excessiva do governo e
que a populacao nao tolerasse um sistema
que permitisse que os ricos pudessem usar
mais seus carros do que os pobres.
Os dois argumentos ignoram o fato de
que ja temos estradas com pedagio, mas
novas tecnologias tambem permitiriam evitar os dois problemas.
Usando c6digos de barras e cart6- es de
debito, as cidades poderiam instalar leitores
de c6digos de barras em diferentes pontos.
A medida que cada carro passasse por cada
ponto, uma certa quantia seria deduzida do
cartao de debito do motorista, dependendo
das condices do tempo, do horario e da
localizacao.
Dentro do carro, o motorista teria um
medidor que Ihe diria quanto foi cobrado e
quanto resta em sua conta no cartao de
debito...
Para os igualitarios que acreditam que
os privilegios de usar o carro devem ser divididos uniformemente (ou seja, nao com
base na renda), seria possivel pensar em
um sistema em que fosse concedido a cada
carro um cartao de debito com um saldo
anual. Aqueles que quisessem dirigir menos
poderiam vender o saldo nao utilizado para
pessoas que quisessem dirigir mais.
Em vez de proporcionar à cidade uma
receita tributaria adicional, esse sistema conferiria uma renda complementar as pessoas
que estivessem dispostas a viver perto de
onde trabalham ou a usar o transporte
Como os pobres dirigem menos que os
ricos, o sistema acabaria sendo uma forma
de redistribuicao igualitária de renda dos
ricos para os pobres.
Fonte: The Boston Globe, 28 fev. 1995, p. 40.
Copyright 1995 by GLOBE NEWSPAPER CO (MA).
Reproduzido com permissk da GLOBE NEWSPAPER
CO (MA) no formato livro-texto por meio do Copyright
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234
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
Uma maneira pela qual o govern() pode abordar o problema dos congestionamentos nas estradas é cobrar urn pedagio dos motoristas. Os pedagios sao, em
essencia, urn impost() de Pigou sobre a extemalidade do congestionamento. Muitas
vezes, como no caso de estradas locais, os pedagios nao sao uma solucao pratica
porque a cobranca seria custosa demais.
Em alguns casos, os congestionamentos so representam problema em determinados horarios do dia. Se, por exemplo, uma ponte tern trafego intenso na hora do
rush, a external idade do congestionamento é major nesse horario do que em outros
momentos do dia. A maneira eficiente de lidar corn essas externalidades é cobrar
pedagios maiores durante o horario de rush. Isso representaria urn incentivo para
que os motoristas alterassem sua rotina e reduziria o transito nos horarios de major
congestionamento.
Outra politica quo responde a questao dos congestionamentos, discutida num
estudo de caso do capitulo anterior, é o impost() sobre a gasolina. A gasolina é urn
bem complementar a conducao de veiculos: urn aumento do preco da gasolina
tende a reduzir o uso do automOvel. Assim, urn imposto sobre a gasolina reduz os
congestionamentos. Entretanto, urn imposto sobre a gasolina é uma solucao
imperfeita para os congestionamentos das estradas. 0 problema é que o impost°
sobre a gasolina afeta outras decisoes alem do grau de uso dos carros em estradas
congestionadas. Por exemplo, o imposto desencoraja que se dirija em estradas nao
congestionadas, ainda quo nelas nao haja a externalidade do congestionamento.
Peixes, Baieias e Outros Animais Seivagens Muitas especies de animais
sao recursos comuns. Os peixes e as baleias, por exemplo, tern valor comercial e
qualquer pessoa pode ir pescar no oceano o que estiver disponivel. Cada pessoa
tern pouco incentivo para preservar a especie para o ano seguinte. Assim como o
uso excessivo dos pastos pode destruir a Comuna Local, a pesca excessiva de peixes e baleias pode destruir populacoes marinhas de alto valor comercial.
0 mar continua sendo urn dos recursos comuns menos regulamentados. Ha
dois problemas quo impedem uma solucao simples. Em primeiro lugar, muitos palses tern saida para o mar, de modo que qualquer solucao exig,iria cooperacao internacional entre 'Daises que tern valores diferentes. Em seg-undo lugar, por causa da
vastidao dos oceanos, fazer qualquer acordo ser cumprido seria dificil. Como resultado, os direitos de pesca tern sido uma fonte de tensdo internacional entre paises
normalmente amigos.
Nos Estados Unidos ha diversas leis visando a protecao de peixes e especies
animais que sdo cacados. Por exemplo, o govern() cobra por licencas para cacar e
pescar e restringe a duracao das estacoes de caca e pesca. Os pescadores devem
lancar de volta a agua peixes muito pequenos e os cacadores podem matar somente urn mamero limitado de animais. Todas essas leis reduzem o uso de um recurso
comum e ajudam a manter as populacoes animais.
Estudo de Caso
POR QUE A VACA NAO ESTA EXTINTA
Ao longo da historia, muitas especies animais tern sido ameacadas de extingdo.
Quando os europeus chegaram pela primeira vez a America do Norte, mais de 60
milhoes de btifalos perambulavam pelo continente. No entanto, a caca ao btifalo
CAPIftULO 11 BENS PUBLICOS E RECURSOS COMUNS
235
era tão popular durante o seculo XIX que por volta de 1900 a populg a'o havia caido
para 400 animais antes que o governo decidisse entrar em g"a'o para proteger a
especie. Hoje, em alguns paises africanos, os elefantes enfrentam um desafio semelhante porque cgadores matam os animais para extrair seus clentes de
Entretanto, nem todos os animais que têrn valor comercial estão amegados. A
y
vaca, por exemplo, e uma fonte valiosa cle alimento, n as ning,uem teme que a vaca
logo seja extinta. Com efeito, a grande clemanda por carne bovina parece garantir
que a especie continuath a existir.
NOTkIAS
0 PARQUE DE YELLOWSTONE DEVERIA COBRAR 0 MESMO QUE A DISNEY WORLD?
-
Os parques nacionais, assim como as estradas, podem ser bens pblicos ou recursos comuns. Se a lota0o nc io representa problema, urna visita a um
.
é rival. Mas, se o porque se toma popular, é ofetado da mesma moneira que o Comuno Local. Nesta coluna, um economista
parque ri do
norte-americano defende a cobranca de um valor malor pelos ingressos para resolver esse problema.
Sahre os Parques e Ganhe um
Lucro
Por Allen R. Sanderson
de conhecimento de todos que nossos
parques nacionais estao superlotados, deteriorados e falidos. Algumas pessoas sugerem
que deveriamos tratar desses problemas instituindo reservas, isolando algumas areas, ou
pedindo ao Congresso que aumente a verba
para o National Park Service (Servico
Nacional de Parques). Mas, para os economistas, ha uma soluck muito mais 6bvia:
aumentar o preco dos ingressos.
Quando o National Park Service foi estabelecido, em 1916, as entradas para o parque de Yellowstone para uma familia de
cinco pessoas que chegasse de carro custavam $ 7,50; hoje, o preco é de apenas $10.
Se o preco de 1916 tivesse sido corrigido
pela inflack, uma entrada custaria $120 em
1995 — aproximadamente o mesmo que
essa familia pagaria por um dia na Disney
World [...] ou para assistir a um jogo de futebol americano.
Nao é ã toa que nossos parques naciohais estao devastados e pisoteados. Estamos
,tratando nossos tesouros naturais e hist&icos
como se fossem bens livres, quando nao o
sao. Estamos ignorando o custo da manutencao desses lugares e racionando o uso por
lotacao — quando fica cheio demais, ninguam
mais pode entrar o que a, talvez, a forma
menos eficiente de alocar recursos escassos.
0 preco pago por uma familia para passar o
dia em um parque nacional nao acompanhou o de outras formas de recreacao. Em
madia, mal chega a um ablar por pessoa...
Um aumento no preco do ingresso
, para, digamos, $ 20 por pessoa ou reduziria
a superlotacao e a deteriorack, reduzindo o
n mero de visitantes, ou aumentaria substancialmente as receitas do National Park
Service (admitindo que a legislacao permitisse que os parques ficassem com o dinheiro
das entradas). 0 resultado mais provavel
um aumento das receitas. Depois de gastar
centenas de dlares para chegar ao parque
de Yellowstone, poucas pessoas desistiriam
de entrar por causa do ingresso de $ 20.
0 aumento da receita criaria mais possibilidades de recreack ao ar livre tanto por
meio da expansk do National Park Service
quanto pelo encorajamento de empresarios
a criar e operar seus preprios parques, algo
que nao é possivel fazer enquanto tiverem
um concorrente público que forneca seu
produto a um preco muito abaixo do custo.
hora de p6r nosso dinheiro onde
mais conveniente: ou n6s damos o devido
valor ao Grand Canyon e Yosemite e nao
reclamamos de pagar entradas mais realistas
ou nao Ihes damos valor e devemos parar
de nos queixar de seu lamentavel estado e
do provavel destino ainda mais lamentavel
que terao.
Fonte: The New York Times, 30 set. 1995, p. 19.
Copyright 01995 by The New York Times Co.
Reproduzido com permissk.
236
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR POBLICO
0
"Sere que o mercodo vol
cuidar de mim?"
Por que o valor comercial do marfim é uma ameaca para os elefantes, ao pass°
que o valor comercial da came protege as vacas? Isso acontece porque os elefantes sdo urn recurso comum, enquanto as vacas sac) urn bem privaclo. Os elefantes
vagueiam livremente e ndo tern dono. Cada pessoa que alga ilegalmente esta
sujeita a urn forte incentivo para matar todos os elefantes que encontrar. Como os
cacadores sdo muitos, cada urn deles tern pouco interesse em preservar a populacdo
de elefantes. As vacas, ao contrario, vivem em fazendas privacias. Cada fazendeiro
emprega g,randes esforcos para manter a populacao de animais em sua propriedade porque colhe os beneficios desse esforco.
Os governos tentaram resolver o problema dos elefantes de duas maneiras.
Alguns paises, como Quenia, Tanzania e Uganda proibiram que se matassem elefantes e vendesse marfim. Mas essas leis sdo de dificil aplicac5o e as populacoes de
elefantes continuaram a diminuir. Já outros paises, como Botsuana, Malavi, Namibia e Zimbabue transformaram os elefantes em bens privados autorizando as
pessoas a mata-los desde que estivessem dentro das propriedades privadas. Agora
os proprietarios de terras tern urn incentivo para preservar os elefantes que estdo
em suas terras e, como resultado, as populacoes comecaram a aumentar. Com a
propriedade privada e a motivacao dos lucros ag,indo em seu favor, o elefante africano talvez venha a estar algum dia tdo livre da extingdo quanta a vaca.
Tete Rapid°
Par que os governos tentam limitar o uso dos recursos comuns?
CONCLUSAO: A iiiiiPORTA‘C A DOS REP-OS
DE PROPRIEDADE
Neste capitulo e no anterior, vimos que hd"bens"que o mercado n5o fomece adequadamente. Os mercados nao garantem que o am que respiramos seja puro nem
que nosso pais se defenda de ag,ressores estrangeiros. Em vez disso, as sociedades
dependem do govern° para a protecao do meio arnbiente e para a defesa nacional.
Embora os problemas de que tratamos nestes capitulos surjam em muitos mercados diferentes, eles tern algo em comum. Em todos os casos, o mercado falha na
alocacao eficiente de recursos porque os direitos de propriedade n5o estdo bem estabelecidos. Ou seja, algum item de valor ndo tern urn proprietdrio corn autoridade
legal para controlzi-lo. Por exemplo, embora nao haja chivida de que os "hens" am
puro e defesa nacional sejam valiosos, ning,uem tern o direito de lhes atribuir urn
preco e lucrar corn seu uso. Uma fdbrica polui em excess° porque ninguem lhe
cobra nenhum valor pela poluicdo que emite. 0 mercado rid° fornece defesa nacional porque ningt, lem pode cobrar das pessoas defenciidas nada pelo beneficio que
recebem.
Quando a ausencia de direitos de propriedade causa uma falha de mercado, o
o-overno pode potencialmente resolver o 1.-)roblema. Em alguns casos, como na
venda de licencas de poluicdo, a solucao é o govemo ajudar a definir direitos de
propriedade e, corn isso, liberar as forcas de mercado. Em outras situagoes, como
na restricao das temporadas de caca, a solucdo é o governo regulamentar o comportamento privado. Outras vezes, ainda como no caso da defesa nacional, a solucdo é o governo fomecer urn hem que os mercados falham ao ofertar. Em todos os
casos, se a politica for hem planejada e conduzida, pode tornar a alocacdo de recursos mais eficiente e, assim, aumentar o hem-estar economic°.
CAPhrULO 11 BENS Pl:JBLICOS E RECURSOS COMUNS
237
RESUMG
• Os bens diferem quanto a serem excludentes e
rivais. Um bem é excludente quando é possivel
impedir que alguem o use. Um bem é rival se o uso
que alguem faz dele impede outras pessoas de usar
a mesma unidade do bem. Os mercados funcionam melhor para os bens privados, que s' "o tanto
excludentes quanto rivais. Os mercados não funcionam bem para outros tipos de bens.
• Os bens pb1icos não s' o nem rivais nem excludentes. São exemplos de bens pb1icos os shows
pirotecnicos, a defesa nacional e a crigk) de conhecimento de base. Como as pessoas não pagam
pelo uso que fazem dos bens pUblicos, há um
incentivo para que tomem carona quando o bem e
fomecido privadamente. Portanto, os govemos fornecem os bens pb1icos, tomando suas decises
quanto à quantidade com base em anzIlises de
custo-beneficio.
• Os recursos comuns são rivais, mas iião excludentes. São exemplos os pastos comunitEirios, o ar puro
e as vias congestionadas. Como as pessoas
pagam pelo uso que fazem dos recursos comuns,
excessivamente. Portanto, os gotendem a
vernos tentam limitar o uso dos recursos comuns.
CONCEITOS-CHAVE
-
propriedade da exclus &), p. 224
rivalidade, p. 224
bens privados, p. 224
anfflise de custo-beneficio, p. 229
Tragedia dos Comuns, p. 231
bens pb1icos, p. 225
recursos comuns, p. 225
carona, p. 226
QUESTI5ES PARA REVISA0
1. Explique o que sig,nifica um bem ser "excludente".
Explique o que significa um bem ser "rival". Uma
pizza e excludente? É rival?
2. Defina e de um exemplo de bem pUblico. 0 mercado privado pode proporcionar esse bem por si
sO? Explique.
3. 0 que e a anfise de custo-beneficio dos bens
pUblicos? Por que é importante? Por que é dificil?
4. Defina e de um exemplo de recurso comum. Sem
interveN Eio governamental, as pessoas usario ex,cessivamente ou muito pouco esse bem? Por que?
\ -)&4-"IL
Yi
"
u),PN
it
crv
PROBLEMAS E APLICA ,OES
1. 0 texto diz que os bens púhlicos e os recursos
comuns envolvem externalidades.
a. As extemalidades associadas aos bens pUblicos
geralmente são positivas ou negativas? Use
exemplos em sua resposta. A quantidade de
bens pUblicos no mercado livre geralmente
maior ou menor do que a quantidade eficiente?
b. As extemalidades associadas aos recursos comuns geralmente sk) positivas ou negativas?
Use exen-iplos em sua resposta. 0 uso de recur-
sos con-iuns no mercado livre geralmente
maior ou menor do que o uso eficiente?
2. Pense nos bens e servios proporcionados por seu
govemo local.
a. Usando a classifica o da Figura 1, explique a
que categoria pertence cacia um dos bens a
seguir:
• prote o policial
• li mpeza das ruas
238
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
• educacao
• estradas rurais
• vias urbanas
b. Por clue, em sua opiniao, o governo fornece
itens que nao sao bens piThlicos?
3. Charlie adora assistir aos Teletubbies no canal public° de TV de sua cidade, mas nunca manda dinheiro para manter o canal durante as campanhas
de doacao.
a. Qual o nome que os economistas ciao a Charlie?
b. Como o governo pode resolver o problema causado por pessoas como ele?
c.Voce consegue imag,inar maneiras pelas quais o
mercado privado possa solucionar esse problema?
Como a existencia da TV a cabo altera a situacao?
4. 0 texto afirma clue as empresas privadas no realizam a quantidade eficiente de pesquisa cientifica
de base.
a. Explique por que isso ocorre. Em sua resposta,
enquadre a pesquisa de base numa das categorias mostradas na Figura 1.
b. Que tipo de politica foi adotada nos Estados
Unidos para responder a esse problema?
c. Muitas vezes se diz que essa polItica aumenta a
capacidade tecnolOg,ica das empresas norteamericanas em relacao as estrangeiras. Esse arg-umento é consistente corn sua classificacao da
pesquisa de base na parte (a)? (Dica: a propriedade da exclusao pode se aplicar a alguns
beneficiarios potenciais de urn hem public° e
nao a outros?)
5. Por que ha muito lixo ao long° das estracias, mas
pouco nos jardins das residencias particulares?
6. 0 sistema de metro de Washington, D.C., cobra
tarifas mais altas durante os horarios de rush. Por
que?
7. As madeireiras dos Estados Unidos cortam muitas
arvores em terras publicas e terras privadas.
Discuta a eficiencia provavel da atividade de cortar
arvores em cada tipo de terra se no houver reg,ulamentacao por parte do govern°. Por que, em sua
opinido, o governo deveria regulamentar o corte
em areas pliblicas? Sera que regulamentos semelhantes deveriam se aplicar as terras particulares?
8. Um artigo publicado na revista The Economist (19
mar. 1994) afirma: "Na decada passada, a maioria
das areas ricas em peixes do mundo foram exploradas ate a quase exaustao". 0 artigo prossegue
corn uma analise do problema e uma discussao de
possiveis solucoes govemamentais e privadas.
a. "Nao culpem os 'Pescadores pela pesca em
excesso. Eles estao se comportando racionalmente, como sempre fizeram." Em que sentido
a "pesca em excesso" é racional para os 'Pescadores?
b. "Ulna comunidade mantida unida por lacos de
obrigagoes e interesses mutuos pode administrar urn recurs° comum por Si propria."Explique
como essa administracdo poderia funcionar, em
tese, e os obstaculos que ela enfrentaria na vida
real.
c. "Ate 1976 a maioria das areas pesqueiras do
mundo estava aberta para todos, tomando a conservacao dos peixes quase impossivel. Entdo urn
acordo internacional ampliou alguns aspectos da
jurisdicao maritima [norte-americana] de 12 para
200 n-iilhas a contar da costa."Usando o conceit°
de direitos de propriedade, discuta como esse
acordo reduz o problema.
d. 0 artigo observa que muitos govemos auxiliam
os 'Pescadores de urn modo que incentiva mais
a pesca. Como essas politicas podem encorajar
urn circulo vicioso de excess° de pesca?
C. "SO quando os pescadores acreditarem que
terao direito exclusivo de longo prazo sobre
uma area de pesca é que vdo administra-la de
maneira tao voltada para o longo prazo quanto
os fazendeiros administram suas terras." Defenda esta afirmativa.
f. Que outras politicas de reducao da pesca em
excess° poderiam ser consideradas?
CAPh ULO 11 BENS PlJBLICOS E RECURSOS COMUNS
sobre
9. Em uma economia de n-iercado, a informac ao
a qualidade ou a fun o dos bens e servios é um
bem valioso por si só. Como o mercado privado
Voce consegue imagifomece essas inforn-lac 6es?
nar um meio pelo qual o govemo represente algum
informg6es?
dessas
fornecimento
papel no
Por
10. Em sua opinião, a Intemet e um bem
que?
11. As pessoas de renda mais alta esta o dispostas a
pagar mais do que as de renda mais baixa para evi-
239
-
tar o risco de morte. Exemplificando, esta o mais
dispostas a pagar por acess6rios de seguraNa em
seus carros. Em sua opinfao, os analistas de custobeneficio devem levar isso em conta em suas avalig5es de projetos ptiblicos? Considere, por exemplo, uma cidade rica e outra pobre, as duas conside um semMoro. A cidade
derando a instalg ao
mais rica deve atribuir à vida humana un-t valor
monetario mais elevado ao tomar sua decis'ao?
Por que?
0 PROJETO DO SISTEMA
TRIBUTAtRIO
Al "Scarface"Capone, o notOrio Ongster e chefflo do crime da decada de 20, nunca
foi condenado por seus diversos crimes violentos. Mas acabou indo para a cadeia —
por evaso de in-ipostos. Ele negligenciou a prudente observa o feita F)or Benjamin
.
Franklin de que "neste mundo nada e certo a ri &)
ser a morte e os impostos".
Quando Franklin fez essa afirrnação, em 1789, o cidaffio norte-americano
medio pagava menos de 5% de sua renda em impostos e isso continuou a valer
pelos cem anos que se seguiram. Durante o seculo XX, entretanto, os impostos passaram a ter uma importffi .lcia maior na vida das pessoas. Hoje, todos os impostos
somados — imposto de renda de pessoa física, imposto de renda de pessoa juddica,
impostos sobre a folha de pagamentos, impostos sobre as vendas e impostos sobre
a propriedade — consomem cerca de um teNo da renda do norte-americano medio.
Em muitos paises da Europa, a mordida dos impostos é ainda maior.
Os impostos s' o inevit. veis porque nOs, como ciclados, esperamos que o
governo nos proporcione diversos bens e servios. Os dois capitulos anteriores
con-learam a laNar uma luz sobre um dos Dez Principios de Econoinia do Capitulo
1: o governo pode às vezes melhorar os resultados do mercado. Quando o governo repara uma externalidade (como a poluição do ar), proporciona um bem
(como a defesa nacional) ou regula o uso de um recurso comum (como a pesca
242
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC°
em urn lago pLiblico), pode aumentar o bem-estar econOmico. Mas os beneficios do
govern° vem junto corn custos. Para o govern° desempenhar essa e muitas outras
funcOes, ele precisa aumentar a receita por.meio dos impostos.
Comecamos nosso estudo da tributacao em capitulos anteriores, nos quais vimos como urn impost() sobre urn bem afeta a oferta e a demanda por esse bem.
Vimos, no Capitulo 6, que urn imposto reduz a quantidade vendida em urn mercado e examinamos como o encargo de urn imposto se divide entre compradores e
vendedores, dependendo das elasticidades de oferta e demanda. No Capitulo 8,
examinamos como os impostos afetam o bem-estar economic°. Aprendemos que
os impostos causam peso morto: a reducao dos excedentes do consumidor e do produtor que resulta de urn impost° excede a receita arrecadada pelo govern°.
Neste capitulo, ampliaremos essas lic5es e cliscutiremos o modelo de urn sistema
tributario. Comecaremos corn urn panorama financeiro do govern° norte-americano. Ao se considerar o sistema tributario, conhecer alguns elementos basicos de
como o governo dos Estados Unidos arrecada e gasta clinheiro. Entao veremos
os principios fundamentals da tributacao. A maioria das pessoas concorda que
os impostos devem impor o menor custo possivel a sociedade e que Onus dos impostos deve ser distribuido corn justica. Ou seja, que o sistema tributario deve ser eficiente e equitativo. Como veremos, declarar esses objetivos é muito mais facil do que
alcanca-los.
UM PANORAMA FINANCEIRO DO GOVERNO
NORTE-AMERICANO
Quanto da renda da nacao o govern() norte-americano retem sob a forma de impostos? A Figura 1 mostra a receita do govemo (federal, estadual e local) como porcentagem da renda total da economia norte-americana. Ela mostra que, ao longo do
tempo, o governo vem retendo parcelas cada vez maiores da renda total. Em 1902,
o govern° arrecadava 7% da renda total; em 2000, recolhia 31%. Em outras palavras,
conforme a renda da economia cresceu, o governo cresceu ainda mais.
A Tabela 1 compara o encargo tributario de diversos paises importantes, meclido pela receita tributaria do governo central como porcentagem da renda total do
pais. Os Estados Unidos estao no pelotdo intermediario. 0 encargo tributario
norte-americano é baixo se comparado ao dos 'Daises europeus, mas é alto se cornparado a muitos outros 'Daises ao redor do mundo. Paises pobres, como fndia e
Paquistdo, geralmente tern encargos tributarios relativamente baixos. Esse fato é
consistente corn o que evidencia a Figura 1: a medida que um pais enriquece, o
governo tipicamente toma uma parte major da renda sob a forma de impostos.
O tamanho total do govemo so conta uma parte da histOria. Por tras dos valores monetarios estdo as milhares de decisoes individuals sobre impostos e despesas. Para entendermos melhor as financas do governo, vamos ver como o total se
divide em categorias amplas.
0 Governo Federal
0 govern° federal norte-americano arrecada cerca de dois ter-cos dos impostos da
economia do pais. Ele recolhe esse dinheiro de diversas formas e encontra maneiras mais variadas ainda de gasta-lo.
CAPI1TULO 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO
243
FIGURA 1
Receita do Governo Norte-Americano como Porcentagem do PIB
Esta figura mostra a receita nos Estados Unidos do govemo federal e dos govemos estaduais e locais como porcentagem do Produto Interno Bruto
(PIB), que mede a renda total na economia Ela mostra que o govemo representa um papel importante na economia dos Estados Unidos e que
esse papel vem crescendo ao longo do tempo.
Fonte: Historical Statistics of the United States; Economic Report of the President, 2002; e dlculos do autor.
Receita como
Porcentagem
do PIB
35
—
Governo como um todo
30
25
Estadual e local
20
15
Federal
10
i
1913
1902
•kx\-\o
1922 1927 1932
1940
1950
I
F
TABELA
Receita Tribut&ia do Governo Central como Porcentagem do PIB
Fonte: World Development Report 1998/1999.
Franca
Reino Unido
Alemanha
Brasil
Estados Unidos
Canada
38,8%
33,7
29,4
19,7
19,3
18,5
Rssia
Paquistao
Indonesia
Mexico
hdia
I
I
1970
1980
i
1960
17,4
15,3
14,7
12,8
10,3
I
I
I
1990
2000
244
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO
Receitas A Tabela 2 mostra as receitas do governo federal norte-americano em
2001. As receitas totais naquele ano foram de $ 1.991 trilhao, urn numero to grande que e dificil de compreender. Para trazer esse ntimero astronomico para niveis
mais simples, podemos dividi-lo pelo tamanho da populacao dos Estados Unidos,
que era de cerca de 285 milhoes em 2001. Concluimos, entao, que cada norte-americano pagou em media $ 6.986 ao govern() federal.
A major fonte de receitas do govern() federal é o imposto de renda das pessoas
ffsicas. A cada ano, quando se aproxima o dia 15 de abril, quase todas as familias
norte-americanas preenchem urn formulario para determinar o valor do impost°
de renda que devem ao govern°. Cada familia tem que relatar sua renda, de todas
as fontes: sal6rios, juros sobre a poupanca, dividendos de empresas de que tenham
acoes, lucros de pequenas empresas que possuam e assim por diante. A obrigaciio
tributdria da familia (o quanto ela deve) se baseia em sua renda total.
A obrigacao tributziria de uma familia nao é simplesmente proporcional a sua
renda. A lei exige urn calculo mais complicado. A renda tributavel é calculada como
a renda total menos urn valor baseado no ntimero de dependentes (principalmente as criancas) e menos algumas despesas que os formuladores de politicas consideram dedutiveis (como pagamentos de juros hipotecOrios e doacaes a instituicOes
de caridade). A obrigacao tributOria é entao calculada corn base nos dados que veremos na Tabela 3.
Essa tabela apresenta a all-quota marginal do impost° — a aliquota aplicada a cada
dolar adicional de renda. Como a aliquota marginal aumenta corn a renda, familias
de alta renda pagam uma porcentagem major da sua renda em impostos. Observe
que cada aliquota da tabela se aplica apenas a renda dentro da respectiva faixa, e
nao a toda a renda da pessoa. Por exemplo, alg,uem que tenha uma renda de urn
milhao de Mares ainda assim pagara apenas 15% sobre os primeiros $ 27.050.
(Trataremos do conceito de aliquota marginal mais adiante.)
Quase tao importantes para o governo federal quanto o impost() de renda das
pessoas fisicas sao os impostos sobre a folha de pagamentos. Urn imposto sobre
.folha de pagamentos é urn imposto sobre os salarios que uma empresa paga a seus trabalhadores. A Tabela 2 se refere a essa receita como impostos para a seguriciade social
porque a receita desses impostos é destinada ao pagamento da Sepridacie Social e
do Medicare. A Seguridade Social é. urn programa de provimento de rencia concebido principalmente para manter o padrao de vida dos idosos. 0 Medicare é o programa de sa6de do govern° para os idosos.ATabela 2 mostra que o cidadao norte-americano medio pagou $ 2.435 em impostos para a seg,uridade social em 2001.
0 seg,uinte em magnitude, mas muito menor que o impost() de renda das pessoas fisicas ou dos impostos 1.->ara a seg,uridade social, é o impost() de rencia sobre
pessoas juridicas. Uma pessoa juridica é uma sociedade anonima constitufda como
TABELA 2
Receitas do Governo Federal Norte-Americano: 2001
Fonte: Economic Report of the President, 2002, tabela B-81, p. 416.
Impost°
lmposto de renda das pessoas fisicas
lmpostos para a seguridade social
lmposto de renda das pessoas juridicas
Outros
Total
Valor
(bilhoes)
Valor por
Pessoa
Percentual
das Receitas
$ 994
694
151
152
$ 3.488
2.435
530
533
500/o
35
$1.991
$6.986
100%
8
8
CAPiTULO 12 0 PROJETO DO SISTENIA TRIBUTARIO
TABELA 3
Aliquotas do Imposto de Renda Federal nos Estados Unidos: 2001
Esto tobela mostra as aliquotas marginais para contribuintes solteiros. Os impostos devidos por um contribuinte dependem de todas os aliquotas marginois até o seu nível de contribuic cjo. Por exemplo, um
contribuinte com rendo de $ 50 mil pago 15% sobre os primeiros $ 27050 e 27,5% sobre o restante.
Sobre a Rencia Tributavei...
Ate $ 27.050
De $ 27.051 a $ 65.550
De $ 65.551 a $ 136.750
De $ 136.751 a $ 297.350
Mais de $ 297.351
A Alkluota
15,0%
27,5
30,5
35,5
39,1
uma personalidade juridica independente. 0 govemo tributa cada sociedade annima com base em seus lucros — o valor que a empresa recebe pelos bens e servi(;os que vende menos o custo de produzir esses bens e servi os. Observe que, em
esskcia, os lucros são tributacios duas vezes: uma vez quando a empresa tem lucro
e outra pelo imposto de renda das pessoas fisicas quanclo a empresa usa os lucros
para 1.->agar dividendos a seus acionistas.
A última categoria, chan-iada "outros" na Tabela 2, representa 8% das receitas.
Essa categoria inclui os L'XCiSe taXeS, que incidem sobre bens especificos, como gasolina, cigarros e bebidas alcoólicas. Inclui tamb m diversos itens menores, como
impostos sobre heraNas e impostos alfandegkios.
Despesas ATabela 4 mostra os gastos do govemo federal em 2001.A despesa total
foi de $ 1.864 trilho, ou $ 6.540 por pessoa. Esta tabela tamblm mostra como as despesas do govemo federal eram divididas entre as principais categorias de despesa.
A principal categoria da Tabela 4 é a Seguridade Social, que representa principalmente pagamentos cle transferkcias para os idosos (um pagamento de transfer'encia é um pagamento realizado pelo governo pelo qual ele nZio recebe bens e servic;os em troca). Essa categoria representou 23% dos gastos do governo federal em
2001 e está crescendo em importincia. A razo para esse crescimento é que o
aumento da expectativa de vida e a queda da taxa de natalidade fizeram con-1 que
TABELA 4
Despesas do Governo Federal Norte-Americano: 2001
—
Fonte: Economic Report of the President, 2002, tabela B-81, p. 416.
Valor
(bilh es)
Seguridade social
$ 433
309
Defesa nacional
' t cu-k-nc,".1+1-n.cr1/41
270
Auxilio a renda
206
Juros liquidos
217
Medicare
173
SaUde
256
Outros
Categoria
Total
$ 1.864
Vaior por
Pessoa
$ 1.519
1.084
947
723
761
607
898
$6.540
Percentual
das Despesas
23%
17
14
11
12
9
14
100%
245
246
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
superavit orcamentario
quando as receitas do governo sao maiores que suas
despesas
deficit orcamentario
quando as despesas do
governo sao maiores que
suas receitas
a populacao idosa crescesse mais rapidamente do que a populacao total. A maioria
dos analistas acha que essa tendencia vai se manter por inuitos anos.
A segunda major categoria de gastos é a defesa nacional. Isso inclui tanto o
salario dos militares quanto a compra de equipamentos como armas, jatos de cornbate e navios de guerra. As despesas corn defesa nacional flutuam ao longo do
tempo conforme as tense-es internacionais e o clima politico mudam. Nao é de surpreender que os gastos corn defesa nacional aumentem substancialmente nos
periodos de guerra.
A terceira categoria é a despesa corn o auxilio a renda, que inclui transferencias
para familias pobres. Urn programa é a Assistencia Temporaria as Familias Necessitadas (Temporary Assistance for Needy Families — Tanf). Outro é o Programa
deVales-Alimentacao (Food Stamp), que dEl as fan-rilias pobres tiquetes que podem
usar para comprar comida. 0 governo federal fornece parte desses recursos aos
governos estaduais e locais, que administram os programas segundo diretrizes
federais.
Urn pouco menores do que as despesas corn a categoria auxilio a renda sao as
despesas corn juros liquidos. Quando alguem empresta dinheiro de urn banco, este
exige que ele pague juros pelo emprestimo. 0 mesmo acontece quando o govemo
toma emprestimos do paha). Quanto mais endiyidado estiver o govern°, maiores
sera° suas despesas corn pagamentos de juros.
0 Medicare, a categoria seg-uinte da Tabela 4, é o plan° de saude do govern°
para os idosos. Despesas nessa categoria aumentaram bastante ao longo do tempo
por dois motivos. Primeiro, a populacdo idosa cresceu mais rapidamente do que a
populacao total. Seg,undo, o custo da assistencia medial tern aumentado mais rapidamente do que o de outros bens e servicos.
Em seguida vem a categoria das outras despesas corn sande. Entre elas estao o
Medicaid, o progr, ama de saude do govemo para os pobres. Ela inclui tambem despesas corn pesquisa medica, como as realizadas por meio dos Institutos Nacionais
de SaUde.
A categoria "outros" da Tabela 4 consiste em muitas fun0es menos dispendiosas do govern°. Inclui, por exemplo, o sistema da justica federal, o programa espacial e os programas de apoio aos produtores rurais, alem dos salarios do Congress°
e do presidente.
Você talvez tenha percebido quo as receitas totais do govern° que constam na
Tabela 2 excedem as despesas totais da Tabela 4 em $ 127 bill-15es. Quando as
receitas sao maiores que as despesas, ha urn superavit orcamentario. Quando as
receitas sao menores que as despesas, ha urn deficit orcamentario. 0 govern()
financia o deficit orcamentario corn emprestimos que toma do public°. Quando ha
urn superavit orcamentario, o govern° usa esse excess° de receita para reduzir sua
divida pendente.
0 Governo Estadual e Local
Os governos estacluais e locais arrecadam cerca de 40% de todos os impostos
pagos.Vamos ver como obtem e como gastam sua receita tributaria.
Receitas A Tabela 5 mostra as receitas dos governos estaduais e locais dos
Estados Unidos. As receitas totals em 1999 foram de $ 1.434 trilhao. Com base na
populac5o naquele ano, de cerca de 272 milhoes de habitantes, isso equivale a
$ 5.271 por pessoa. A tabela mostra ainda como esse total se divide entre os diferentes tipos de impostos.
Os dois impostos mais importantes para os governos estaduais e locais sac) os
impostos sobre vendas e os impostos sobre a propriedade. Os impostos sobre yendas sao cobrados como porcentagem do valor total das despesas feitas nas lojas de
CAPiTULO 12 0 PROJETO DO S1STEMA TRIBUTARIO
TABELA 5
Receitas dos Governos Estaduais e Locals nos Estados Unidos: 1999
Fonte: Economic Report of the President, 2002, tabela B-86, p. 421.
Imposto
Impostos sobre a venda
Impostos sobre a propriedade
Imposto de renda das pessoas fisicas
Imposto de renda das pessoas juridicas
Do governo federal
Outros
Tota I
(bilh",c5es)
Valor por
Pessaa
$ 291
$ 1.070
240
189
882
695
34
271
409
125
996
1.504
$ 1.434
$ 5.271
Valor
Percentual
das Receitas
200/0
17
13
2
19
29
100%
varejo. Sempre que urn cliente compra algo, tem de pagar ao lojista um valor a
mais, que o lojista, por sua vez, remete ao govemo (alguns estados isentam alguns
itens considerados "necessidades", como alimentos e roupas). Os impostos sobre
as propriedades so cobrados como um percentual do valor estimado da terra e da
ffi-ea construida e s'a o pagos por seus proprietios. Juntos, esses dois irnpostos
repre.sentam mais que urn teNo das receitas dos govemos estaduais e locais.
Os govemos estaduais e locais tambem cobram imposto de renda das pessoas
fisicas e juriclicas. Em muitos casos, os impostos de renda estadual e local sõo semelhantes aos impostos de renda federais. Em outros casos, s o bastante diferentes.
Por exemplo, alguns estados tributam a renda proveniente dos sal rios em menor
intensidade do que a renda obtida sob a forma de juros e dividendos. Alguns estados ri"o tributam a renda.
Os govemos estaduais e locais tambem recebem fundos substanciais do governo federal. Em certa medida, a politica do governo federal de compartilhar sua
receita com os governos estaduais redistribui recursos dos estaclos mais ricos (que
pagam mais impostos) para os de renda mais baixa (que recebem mais beneficios).
e
Muitas vezes esses fundos est k) atrelados a programas especificos que o govemo
federal deseja subsidiar.
Por fim, os governos estaduais e locais obtem grande parte de sua receita de
cliversas fontes agrupadas na categoria "outros" da Tabela 5. Entre elas esto as
taxas cobradas por liceNas de caia e pesca, os ped4ios de estradas e pontes e as
passagens de Onibus pUblicos e metr8.
Despesas A Tabela 6 mostra o gasto total dos governos estaduais e locais em
1999 e sua divisao entre as categorias principais.
0 maior gasto dos govemos estaduais e locais e, de longe, com a educg ao. Os
govemos locais pagam as escolas púhlicas, que educam a maior parte dos estudanpara
contribuem
tes, do jardim da infancia ao ensino medio. Os govemos estaduais
a manuteno das universidades públicas. Em 1999, a educaao foi responsavel por
um teNo das despesas dos governos estaduais e locais.
A seg,unda maior categoria s'ao as despesas com o bem-estar ptiblico, que
incluem pagamentos de transferencia aos F>obres. Essa categoria inclui alg,uns progran-las federais que sao administrados pelos governos estaduais e locais. Em
seguida vem a categoria das estradas, que inclui a construao de novas rodovias e
a manuteNao das existentes. A categoria "outras" da Tabela 6 inclui muitos dos
demais servic;os prestados pelos govemos estaduais e locais, como bibliotecas, policiamento, coleta de lixo, protea'o contra incendios, n-lanuteN ao de parques e
remoao de neve.
247
248
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR POBLICO
TABELA 6
Despesas dos Governos Estaduais e Locals nos Estados Unidos: 1999
Fonte: Economic Report of the President, 2002, tabela B-86, p. 421.
Categoria
Valor
Educacao
Bem-estar public°
Estradas
Outros
(bill-16es)
$ 483
219
93
607
Total
$1.402
Valor por
Pessoa
$ 1.776
Percentual
das Despesas
805
341
2.232
34%
16
7
43
$ 5.154
100%
Teste Rapido
Nos Estados Unidos, quais sao as duas fontes mais importantes de receita tributaria do governo federal? • Quais as duas mais importantes fontes de receita tributaria dos governos estaduais e locals?
IMPOSTOS E EFICIENCIA
Agora que vimos como o govern° dos Estados Unidos, cm seus diversos niveis,
arrecada c gasta dinheiro, vamos pensar em como avaliar sua politica tributaria.
Obviamente, o objetivo de urn sistema tributario é arrecadar receita para o governo, mas h rnuitas maneiras de se arrecadar uma determinada quantia de dinheiro. Ao planejarem urn sistema tributario, os formuladores de politicas tern dois
objetivos: eficiencia e equidade.
Urn sistema tributdrio sera mais eficiente do que outro se levantar o mesmo
montante de recursos a urn menor custo para os contribuintes. Quais sao os custos
dos impostos para os contribuintes? 0 mais Obvio é o pagamento do proprio
impost°. Essa transferencia de dinheiro do contribuinte para o govern° é uma
caracteristica inevitavel de qualquer sisterna tributario. No entanto, os impostos
tambem trazem consigo dois outros custos que os sistemas tributarios bem planejados procuram evitar ou, pelo menos, minimizar:
• 0 peso morto que ocorre quando os impostos distorcem as decisoes que as pessoas tomam.
• Os encargos administrativos suportaclos pelos contribuintes ao agirem de acordo corn a legislacao tributaria.
Urn sistema tributario eficiente é aquele que irnpöe pequeno peso morto e
pequenos encargos administrativos.
0 Peso Morto
Urn dos INT Principios de Economia é que as pessoas respondem a incentivos, inclusive os proporcionados pelo sistema tributario. Se o govern° tributa o sorvete, as
pessoas tomam menos sorvete e mais frozen yogurt. Se o govern° tributa a moraclia, as pessoas passam a morar em casas menores e a gastar uma parcela major de
sua renda em outras coisas. Se o govern° tributa os ganhos do trabalho, as pessoas
trabalham menos c desfrutam mais do lazer.
Como os impostos distorcem os incentivos, criam urn peso morto. Como vimos
no Capitulo 8, o peso morto de urn impost° é a reducao do bem-estar economic°
CAPh- 11L0 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO
dos contribuintes que excede a quantia de receita arrecadada pelo govemo. 0 peso
morto é a ineficiencia que um imposto cria à medida que as pessoas alocam recursos de acordo com o incentivo do imposto e 1-1." .0 segundo os verdadeiros custos e
beneficios dos bens e servios que compram e vendem.
Para recordarmos como os impostos causam peso morto, vamos nos valer de urn
exemplo. Suponhamos que Joe atribua o valor de $ 8 a uma pizza e Jane lhe atribua $ 6. Se n'aTo houver in-ipostos sobre a pizza, o preo refletirá seu custo de produo. Suponhamos que o pre90 da pizza seja $ 5, de modo que tanto Joe quanto
Jane decidam con-yr.-1a. Os dois consun-iidores tem alg-um excedente de valor em
rela o ao preQc) pago. Joe obtem um excedente do consumidor de $ 3 e Jane, de
$ 1. 0 excedente total e de $ 4.
Suponhamos agora que o govemo cobre um imposto de $ 2 sobre a pizza e que
o preo desta suba para $ 7. Joe ainda assim a compra, mas agora ele tem um excedente do consumidor de apenas $ 1. Jane agora opta por não con-iprar a pizza porque o preQo é maior do que o valor para ela. 0 governo arrecada receita tributria
de $ 2 sobre a pizza de Joe. 0 excedente do consun-lidor total cai em $ 3 (de $ 4 para
$ 1). Como o excedente total cai mais do que a receita tributria, o imposto gerou
peso morto. Neste caso, o peso morto é de $ 1.
Observe que o peso morto n5.0 vem de Joe, a pessoa que pagou o imposto, mas
de Jane, a pessoa que n a- - o o pagou. A redu o de $ 2 do excedente do consumidor
de Joe compensa o valor da receita arrecadada pelo governo. 0 peso morto surge
porque o imposto faz com que Jane altere seu comportamento. Quando o in-iposto
eleva o pre9p da pizza, Jane fica em pior situg5o e não há receita para compensar
o governo. Essa redu o do bem-estar de Jane é o peso morto do in-iposto.
249
Z
o
'`z
a.
o
0
o
0
(§) 1977 by NEA, inC
"Eu queria consertar a casa,
mos se o fizer a cidade vai
aumentar meus impostos!"
iY
Estudo de Caso
cvn
DEVEMOS TAXAR A RENDA OU O CONSUIVIO?
C-CCre,
Quando os impostos induzem as pessoas a mudar seu comportamento — por
exemplo, quando se induz Jane a comprar n-ienos pizzas — os impostos causan-1
peso morto e tornam a aloca o de recursos menos eficiente. Como n6s já vimos,
gr, ande parte da receita do govemo vem do in-iposto de renda das pessoas fisicas.
Em um estudo de caso do Capitulo 8, discutimos como esse imposto encoraja as
1,-) essoas a trabalhar menos do que trabalhariam se ele n5o existisse. Outra ineficiencia causada por esse imposto é o fato de que desencoraja a poupana.
Vamos imag,inar uma pessoa de 25 anos de idade que esteja pensando em poupar $ 100. Se ela depositar esse dinheiro em uma conta de poupaNa que rende 8%
e o deixar lá, ter $ 2.172 quando se aposentar aos 65 anos de idade. Se o govemo
tributar um quarto da renda de juros a cada ano, a taxa de juros real serEi de apenas 6%. Depois de 40 anos rendendo 6°/0, os $ 100 aumentam para apenas $ 1.029,
menos da metade do valor sem tributa o. Assim, como a renda de juros é tributada, a poupaNa é muito menos atraente.
Alguns economistas defendem que os desestimulos à poupaNa provocados pelo
sistema tributrio atual sejam eliminados por melo de uma mudaNa na base tributEiria. Em vez de tributar a renda que as pessoas ganhan-1, o governo poderia tributar
a renda que as pessoas gastam. De acordo com essa proposta, toda a renda poupada
só seria tributada quando, mais tarde, fosse gasta. Esse sistema altemativo, chamado
de imposto sobre o consuTno, não distorceria as decises de poupar das pessoas.
Essa ideia recebe algum apoio dos formuladores de politicas. Diversos membros
do Congresso norte-americano defendem a substituio do atual sistema de
imposto de renda por um imposto sobre o consumo. Alem disso, diversas clj.usu-
CX-LC\
4}),.(L,
--u/rPoL
-frAsAa:,
CaLe;Ds.
250
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO
las do cOdigo tributario atual já deixam o sistema trib-utario proximo de urn imposto sobre o consumo. Os contribuintes podem depositar uma quantia limitacla de
sua poupanca em contas especiais — como as Individual Retirement Accounts
(Fundos de Aposentadoria Individual), os pianos Keogh e os pianos 401(k) — que
sao isentas de impostos ate que o dinheiro seja retirado no momento da aposentadoria. Para as pessoas que aplicaram a major parte de suas economias nesses fundos de aposentadoria o imposto, de fato, é baseado em seu consumo, e nao em s-ua
renda. •
Onus Administrativo
aliquota media
total de impostos pagos
dividido pela renda total
aliquota marginal
imposto adicional pago sobre
urn dolar de renda adicional
Se em tomb do dia 15 de abril voce pedir a urn norte-americano tipico sua opiniao
sobre o sistema tributario, provavelmente vai ouvir falar da dor de cabeca de preencher os formularios do impost° de renda. 0 onus administrativo de qualquer sistema tributario é parte da ineficiencia por ele criada. 0 Onus nao inclui apenas o
tempo gasto corn preenchimento de formularios no comeco de abril, mas tambem
o tempo usado durante o ano para guardar corn seguranca os reg,istros fiscais
necessarios e os recursos que o govern() usa 1.-)ara aplicar a leg,islacao tributaria.
Muitos contribuintes — principalmente os que pagam aliquotas mais elevadas —
contratam advogados tributaristas e contadores para ajudar a lidar corn os impostos. Esses especialistas na complexa legislacao tributaria preenchem os formularios
para seus clientes e ajudam a organizar seus negocios de maneira a reduzir o montante devido em impostos. Esse comportamento 6 legal e chama-se fuga legal de
impostos, que difere da evasao fiscal, que é ilegal.
Os criticos de nosso sistema tributario dizem que esses especialistas ajudam
seus clientes a evitar impostos abusando de algumas das detalhadas claus-ulas do
codigo tributario, por vezes chamadas de "lacunas". As vezes as lacunas sao erros
do Congr, esso: decorrem de ambiguidades ou omissoes (la legislacao. Mais frequentemente, ocorrem porque o Congress° decide dar tratamento especial a tipos
especificos de comportamento. For exemplo, o cOc-ligo tributario federal dos Estados Unidos da tratamento preferencial aos investidores em titulos locais porque o
Congress° queria facilitar a tomada de emprestimos por parte dos governos estaduais e locais. Em certa medida, essa provisao beneficia estados e cidades; em certa
medida, beneficia os contribuintes de alta renda. A maioria das lacunas 6 hem
conhecida no Congress° pelos responsaveis pela politica tributaria, mas o que pode
parecer uma lacuna para um contribuinte pode representar uma deducao justifiedvel para outro.
Os recursos destinados a aplicacao da legislacao tributaria sao urn tipo de peso
morto. 0 governo so arrecada o montante de impostos pagos. For outro lado, urn
contrib-uinte perde nao so esse montante, mas tambem o tempo e o dinheiro gastos
em documentacao, calculos e evitando impostos. 0 Onus administrativo do sistema
tributario poderia ser reduzido corn uma simplificacao cia leg,islacao tributaria, a qual,
entretanto, é politicamente dificil. Muitas pessoas estao dispostas a simplificar o
codigo tributario eliminando as lacunas que beneficiam outras pessoas, mas poucas
estao dispostas a eliminar as lacunas que as favorecem. No fim das contas, a complexidade da leg,islacao tributaria resulta do process° politico a medida que diferentes
contribuintes, corn seus proprios interesses, fazem lobby em causa propria.
AlIquotas Marginais e Aliquotas Medias
Ao discutirem a eficiencia e a eqi.iidade do impost() de renda, os economistas clistinguem entre dois conceitos de aliquotas: o medio e o marginal. A aliquota media
o imposto total pago dividido pela renda total. A aliquota marginal 6 o impost()
adicional pago sobre urn &Aar adicional de renda.
CAPfTULO 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO
251
Suponhamos, por exemplo, que o governo aplique uma aliquota de 20% sobre os
1,-)rimeiros $ 50 mil de renda e un-la aliquota de 50% sobre toda renda alem de $ 50
mil. Nessas condi es, uma pessoa que ganha $ 60 mil paga um imposto de $ 15 mil:
20% dos prirneiros $ 50 mil (0,2 x $ 50 mil = $ 10 mil) mais 50% dos $ 10 mil seguintes (0,5 x $ 10 mil = $ 5 mil). Para esse contribuinte, a aliquota Media seria $ 15 mil/
c
$ 60 mil, ou 25%, mas a aliquota marginal seria 50 /o. Se ele ganhasse um dOlar adicional de renda, esse dlar estaria sujeito a uma aliquota cle 50%, de modo que o
montante devido por ele ao governo aumentaria em $ 0,50.
As aliquotas media e marginal conten-i, cada uma, um elemento útil de informaao. Se estamos tentando medir o sacrificio feito pelo contribuinte, a aliquota media
e mais apropriada porque mede a fraao da renda arrecadada sob a forma de impostos. Mas, se estivermos tentando avaliar quanto o sistema tributario distorce os
incentivos, a aliquota marg,inal é mais importante. Um dos Dez Principios de Economia
clo Capitulo 1 é que as pessoas racionais pensam na margem. Um corolario desse
principio e que a aliquota marginal mede o quanto o sistema tributario desencoraja
o trabalho. Se voce estiver pensando em fazer algumas horas extras, essa aliquota
marginal determinara quanto de sua renda adicional ira para o governo. É, portanto, a aliquota marginal que determina o peso morto do imposto de renda.
Estudo de Caso
0 EXPERIMENTO NATURAL DA ISLMDIA
Na decada de 1980, a Islandia mudou seu sistema tributario de tal maneira que,
como efeito colateral, proporcionou um experimento natural sobre como os impostos afetam a economia. Antes da reforma, as pessoas pagavam impostos com base
em sua renda no ano anterior. Depois da reforma, elas passaram a pagar os impostos com base em sua rencla atual. Assim, os impostos cle 1987 se basearam na renda
de 1986, mas os de 1988 se basearam na renda de 1988. A renda de 1987 nunca foi
tributada. Durante esse ano de transiao, a aliquota marginal do imposto de renda
caiu para zero.
Como relatou, em dezembro de 2001, um artigo publicado na American
Economic Review, os habitantes da Islandia aproveitaram essa folga dos impostos.
cerca de 3% em 1987 e depois
0 nUmero total de horas trabalhadas aumentou
voltou ao nivel normal em 1988. A produa o de bens e servios em 1987 (medida
pelo PIB real) foi 4% maior do que a media do ano anterior e do ano seguinte.
Esse episOclio confirma um dos Dez Principios de Economia: as pessoas reagem a
incentivos.
A queda da aliquota marg,inal da Islandia sO durou um ano e isso certamente
influenciou o grau de resposta. Por um lado, as pessoas podem ter aberto mao de
suas ferias e feito horas extras para aproveitar o incentivo temporario. Por outro
lado, ninguem iria alterar seus planos de carreira e as empresas na o iriam reestruturar seu ambiente de trabalho por causa de um incentivo que logo desapareceria.
Uma mudaNa permanente da aliquota marginal poderia ter efeito maior ou menor
sobre o incentivo do que uma mudaNa temporaria. •
Tributack por Montante Único
Suponhamos que o governo cobre de todas as pessoas um imposto de $ 4 mil. Ou
seja, todos deverao o mesmo valor, independentemente de seus ganhos ou quaisquer a. 6- es que possam praticar. Esse tipo de imposto e chamado de tributa o por
montante
tributack por montante
Cinico
um imposto que é a mesma
quantia para todas as pessoas
252
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR POBLICO
A tributacao por montante unico mostra claramente a diferenca entre as aliquotas media e marginal. Para urn contribuinte corn renda de $ 20 mil, a aliquota media
de uma tributacao por montante imico de $ 4 mil é de 20%; para outro corn renda
de $ 40 mil, a aliquota media é de 10%. Para ambos, a aliquota marginal é zero, porque no se devera nenhum impost() por urn Mar adicional de renda.
A tributacao por montante unico é o imposto mais eficiente possivel. Como as
decisEies de uma pessoa no alteram o montante devido, o impost() no distorce os
incentivos e, portanto, no causa peso morto. Como todos podem calcular facilmente o valor devido e no h6 nenhum beneficio em contratar advogados e contadores tributaristas, a tributacao por montante unico impoe para os contribuintes
urn onus administrativo
Se a tributacao por montante onico é t5o eficiente, por que raramente é observada no mundo real? A razao é clue a eficiencia é somente urn dos objetivos do sistema tribut6rio. A tributacao por montante imico tomaria a mesma quantia dos
pobres e dos ricos, urn resultado que a maioria das pessoas consideraria injusto.
Para entendermos os sistemas tributzirios que observamos, vamos considerar na
prOxima sec5o o outro grande objetivo da politica tributaria: a equidade.
NOTiCIAS
COMO OS IMPOSTOS AFETAM AS MULHERES CASADAS
Os impostos causam peso morto quando distorcem o comportamento. A oferta de moo-de-obra de mulheres casadas é urn exemplo clisso.
0 Sistema Tributario NorteAmericano Desencoraja o
Trabalho das Mulheres
Casadas
Mos talvez a sra. Banqueira de Investimento nao mereca tanto desprezo. Talvez
ela seja apenas uma "mulher economica"
racional, reagindo a incentivos.
o casamento a mandou para a aliquota
lheres casadas trabalhariam se a estrutura
norte-americana de tributacao progressiva
nao impusesse a segunda fonte de renda
das familias aliquotas marginais tao elevadas.
"Ha uma ligacao entre os impostos e a
participacao na forca de trabalho", comenta
Par Virginia Postrel
mais alta. Somados os impostos federais,
estaduais e para a seguridade social, ela
As mulheres solteiras de Sex and the City
leem os anOncios de casamento do The
agora perde mais ou menos metade de
cada dOlar que ganha — a contar do
California em Berkeley e do National Bureau
of Economic Research. "Acreditamos que ela
New York Times e trocam de uma noiva que
primeiro. E preciso gostar muito do proprio
trabalho para se estar disposto a fazer
seja bem forte. Na verdade, acreditamos
que seja especialmente forte no que se refere as mulheres casadas", que costumam
"ate recentemente" era uma executiva de
contas. Agora que ela encontrou urn banqueiro corn quem se casar, dizem elas corn
desprezo, nao precisa fingir estar interessada
mesma coisa pela metade do preco.
0 Census Bureau revelou recentemente
Nada Eissa, economista da Universidade da
ser a segunda fonte de renda da familia e
tern major probabilidade de pensar em nao
que, nos Estados Unidos, em 51% dds
casais em que a mulher esteja na idade
trabalhar fora.
Elas querem amor, no alguern que pague
til as dois conjuges trabalham — a primei6
vez que esse indice superou os 50% desde
Muito mais do que as mulheres solteiras,
as casadas agem coma se estivessem do
as contas.
que comecou a ser acompanhado. Mais mu-
lado da oferta. Se suas aliquotas marginais
em sua carreira. Essas mulheres independentes menosprezam tat comportamento.
CAPIITULO 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO
Teste
Rapido
253
0 que significa efici&icia de um sistema tributario? 0 que pode tornar um sistema tribu-
trio ineficiente?
NIPOSTOS E EQU1DADE
Desde que os colonos norte-americanos jogaram chá importado no porto de
Boston para protestar contra os elevados in-ipostos britnicos, a politica tributria
tem gerado alg,uns dos debates mais fervorosos na politica dos Estados Unidos,
mas esse fervor todo raramente se deve a questes de eficiência. Pelo contrrio,
decorre de discorffincias sobre como o 8nus tributrio deve ser distribuido. 0
senador Russel Long uma vez ridicularizou o debate público com um versinho:
Don't tax you.
D011't tax me.
7ax
that fella behind the tree.1
cairem, elas vao procurar emprego. Se
aumentarem, elas ficarao em casa.
Ao punir desproporcionalmente as mulheres casadas, o sistema tributario distorce
suas decis6es pessoais. E, ao desencorajar o
trabalho produtivo, reduz o padrao de vida
geral dos norte-americanos.
Esse é um aspecto dos impostos de
que os politicos nao falam. A questao da
"multa do casamento" tende a colocar o
assunto nos termos de uma questao de formacao de familia: até que ponto o c6digo
tributarlo afeta a decisao de casamento dos
casais? Mas o casamento nao é uma questao predominantemente econ6mica.
Seria mais pertinente perguntar como o
c6digo tributario afeta as decis6es de trabalho das mulheres casadas. Ha motivos politicos 6bvios para nao se fazer essa pergunta.
Os democratas nao querem adMitir que a
maior tributacao dos ricos afeta as esposas
trabalhadoras, com medo de causar uma
cisk entre feministas e redistributivistas. E
os republicanos nao querem admitir que a
reducao dos impostos vai levar mais mulheres casadas a procurar emprego, para nao
dividir os liberais econ6micos e os conservadores sociais. Entao todos ficam quietos.
Mas as provas empiricas sao claras. As
aliquotas sao uma questao feminista.
A professora Eissa estudou como os
impostos afetam o comportamento... Em um
artigo de 1995 para o National Bureau of
Economic Research, ela avaliou como as
mulheres casadas reagiram à reforma tributaria de 1986. A reforma criou um experimento natural, reduzindo a maior aliquota marginal de 50 0/0 para 28 0/0, mas teve impacto
reduzido sobre os contribuintes intermediarios. Isso deu a ela uma oportunidade para
comparar as reac6es de diferentes grupos de
esposas antes e depois da mudanca.
Antes dela, as mulheres no 99 percentil
de renda familiar (o 1 0/0 mais rico) pagavam,
em rri dia, 52 centavos em impostos sobre
o primeiro d6lar ganho. Em alguns estadoS,
uma esposa que ganhasse menos de $ 30
mil por ano poderia chegar a pagar em
impostos até 70% do primeiro cf6lar ganho.
.
A lei de 19 -86 reduziu as aliquotas federais e, com isso, cortou a aliquota m6clia
enfrentada por essas mulheres para 38%. A
porcentagem das mulheres casadas que trabalhavam saltou de 46 0/0 para 55% — um
aumento de 19% — e as que ja estavam
empregadas aumentaram em 13% o nUmero de horas trabalhadas.
1. NRT:"M-io se tribute / N10 me tribute / Tribute aquele sujeito atr.. s da arvore."
Para ter certeza de que esse aumento
tinha sido causado pela mudanca do imposto, e nao por outras ten&ncias, a professora
Eissa o comparou com o comportamento
das mulheres no 75' percentil, sujeitas a um
corte muito menor de suas aliquotas. Sua
participacao na forca de trabalho e o nUmero
de horas trabalhadas tamb&n aumentaram,
mas significativamente menos — um aumento de 7 0/0 do nUmero de mulheres empregadas e de 9% de horas trabalhadas.
Desde 1986, as aliquotas aumentaram,
medida que Washington se preocupava
mais com o aumento das receitas e menos
com os incentivos para o lado da oferta...
Parece que, uma vez que uma mulher tenha
se casado, pelas leis tributarias nao se quer
que ela trabalhe.
Fonte: The New York Times, 2 nov. 2000, p. C2.
2000 by The New York Times Co.
Copyright
Reproduzido com permissk.
254
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
E claro que, se nOs contamos que o govern° forneca alguns dos bens e seivicos que
desejamos, os impostos devem recair sobre alg,uem. Nesta secao, trataremos da
eqUidade do sistema tributario. Como os onus tributarios devem ser divididos entre
a populacao? Como avaliar se urn sistema tributario é justo ou nao? Toclos concordarn que o sistema tributario deve ser eqUitativo, mas ha muita discordancia sobre
o que significa eqUidade e sobre como julgar a eqUidade de urn sistema tributario.
0 Principio dos Beneficios
principio dos beneficios
a ideia de que as pessoas
deveriam pagar as impostos
corn base nos beneficios que
recebem dos servicos do
governo
da capacidade de
I
1 pagamento
a ideia de que as impostos
deveriam ser cobrados da
pessoa corn base na
capacidade que essa pessoa
1
\ tern de suportar o onus do
I imposto
I
,I equidade vertical
/I a ideia de que contribuintes
-\• corn major capacidade de
) pagamento de impostos
deveriam pagar maiores
quantias
equidade horizontal
a ideia de que contribuintes
corn capacidades de
pagamento de impostos
si milares devenam pagar a
mesma quantia
Urn principio da tributacao, chamado de principio dos beneficios, afirma que as
pessoas devem pagar impostos corn base nos beneficios que obtem dos servicos do
govern°. Esse principio procura tomar os hens pUblicos similares aos bens privados. Parece justo que alguem que vai sempre ao cinema pag,ue mais pelo total de
ingressos do que alguem que raramente vai. De maneira similar, quem obtem gr, andes beneficios de urn hem pUblico deve pagar mais por ele do que alguem que
obtem urn pequeno beneficio.
0 impost° sobre a gasolina, por exemplo, é alg,umas vezes justificado usando-se o
principio dos beneficios. Em alguns estados norte-americanos, as receitas do imposto da gasolina sao usadas para construir e manter rodovias. Como as pessoas que
compram gasolina sao as mesmas que usam essas rodovias, o imposto sobre a gasolina pode ser considerado uma maneira justa de pagar por esse servico do govemo.
0 principio dos beneficios tambem pode ser usado para argumentar que os
cidadaos ricos devem pagar impostos maiores do que os cidadaos pobres. Por que?
Simplesmente porque os ricos se beneficiam mais dos servicos pUblicos. Considere,
por exemplo, os beneficios da protecao policial contra roubo. Os cidadaos que tern
mais a ser protegido obtem da policia urn beneficio maior do que os que tern menos. Portanto, de acordo corn o principio dos beneficios, os ricos devem contribuir
mais do que os pobres para o custo de manutencao da forca policial. 0 mesmo
argumento pode ser usado para muitos outros servicos pUblicos, como protecao
contra incendios, a defesa nacional e o sistema judiciario.
E ate possivel usar o principio dos beneficios para argumentar em favor dos prog-ramas contra a pobreza financiados por impostos cobrados dos ricos. Como vimos
no Capitulo 11, as pessoas preferem viver em uma sociedade sem pobreza, o que
sugere que os programas contra a pobreza sao um bem public°. Se os ricos atribuem a esse bem public° urn valor monetario maior do que os membros da classe
media, talvez simplesmente porque tern mais para gastar, entao, de acordo corn o
principio dos beneficios, eles devem ser tributados mais pesadamente para pagar
por esses programas.
0 Principio da Capacidade de Pagamento
Outra maneira de avaliar a eqUidade de urn sistema tributario é chamada de principio da capacidade de pagamento, segundo o qual os impostos devem ser
cobrados das pessoas de acordo corn a capacidade que elas tern de suportar o
encargo. Esse principio é algumas vezes justificado pelo argument° de que todos os
cidadaos devem fazer o "mesmo sacrificio" para sustentar o governo. Entretanto, a
magnitude do sacrificio de uma pessoa depende nao so do montante de impostos
que paga, mas tambem da renda e de outras circunstancias. Urn imposto de $ 1 mil
pago por uma pessoa pobre pode exig,ir urn sacrificio major do que urn imposto de
$ 10 mil pago por alg,uem que seja rico.
0 principio da capacidade de pagamento leva a dois conceitos de eqUidade: a
eqUidade vertical e a eqUidade horizontal. Seg-,undo a eqiiidade vertical, os contribuintes corn maior capacidade de pagamento devem contribuir corn uma quantia major. Segundo a eqiiidade horizontal, os contribuintes corn capacidades de
pagamento semelhantes devem contribuir corn a mesma quantia. Embora esses
CAPFTULO 12 0 PROJETO DO SISTENIA TRIBUTARIO
255
Apla
- t/y\cleu
fikaA 7
Tr' s Sistemas Tributarios
Imposto Proporcional
Renda
$ 50.000
100.000
200.000
Valor do
Imposto
$ 12.500
25.000
50.000
Percentual
da Renda
25%
25
25
Imposto Regressivo
Valor do
Imposto
$ 15.000
25.000
40.000
Percentual
da Renda
30%
25
20
conceitos de eqi_iidade sejam genericamente accitos,
ten-ia tributkio raramente e simples.
Imposto Progressivo
Valor do
Imposto
$ 10.000
25.000
60.000
Percentual
da Renda
20%
25
30
T
4tkidocb -s?-ru
-spv
Icrfis
para avaliar um sis-
Eqidade Vertical Se os impostos se baseiam na capacidade de pagamento,
enth"o os contribuintes ricos devem pagar mais do que os contribuintes pobres. Mas
quanto a mais? Grande parte do debate sobre politica tributkia estEl relacionada a
essa quest-&).
Vamos considerar os três sistemas tributkios da Figura 7. Em cada caso, os contribuintes de maior renda pagam mais. Entretanto, os sistemas divergem quanto
rapidez com que os impostos aumentam com a renda. 0 primeiro sistema é chamado de imposto proporcional porque todos os contribuintes pagam a mesma
fra o de sua renda. 0 segundo sistema é chamado de imposto regressivo porque
os contribuintes com altas rendas pagam uma fra o menor de sua renda, embora
o montante seja maior. 0 terceiro sistema é chamado de imposto progressivo
porque os contribuintes com altas rendas pagam uma frK"&) maior de sua renda.
Qual desses tr6 sistemas tributkios e mais justo? Não existe nenhuma resposta Obvia e a teoria econ6'mica nk) nos oferece nenhuma ajuda para tentar descobrir a resposta. A eqUidade, como a beleza, está nos olhos do observador.
Estudo de Caso
COMO É DISTRIBIADA A CARGA TRIBUTIkRIA
Grande parte do debate sobre a politica tributkia diz respeito a se os ricos pagam
uma parcela justa de impostos.I\lo 1-1á nenhuma maneira objetiva de sfazer esse julgamento. Contudo, ao avaliar a questh'o por si pr6prio, será útil voc saber quanto
as fan-iflias de diferentes niveis de renda pagam sob o atual sistema tributkio.
A Tabela 8 apresenta alguns dados de como todos os impostos federais são distribuidos entre classes de renda. Para a constru o clessa tabela, as familias foram
ordenadas de acordo com sua renda e divididas em cinco grupos de tamanho igual
chamados de quintis. A tabela apresenta, ainda, dados sobre o 1% dos norte-arnericanos mais ricos, con-i renda anual de pelo menos $ 245.700.
A seg,unda coluna da tabela mostra a renda media de cada g,rupo. As familias do
quinto mais pobre tern renda niédia de $ 11.400 e as do quinto mais rico t'C'm renda
media de $ 167.500. 0 1% dos norte-americanos mais ricos tem renda media de
pouco mais de $ 1 milho.
(-4
A coluna seg,uinte mostra os impostos totais como porcentagem da renda.
Como podemos ver, o sistema tributkio federal dos Estados Unidos é progr, essivo.
As familias do quinto niais pobre pagam 5,3% de sua renda em impostos e as farnilias do quinto mais rico, 27,4°/0. 0 1% de norte-an-lericanos mais ricos paga 32,7%
de sua rencla em impostos.
1-55
P,tdocikede
.-PROvp9
imposto proporcional
um imposto segundo o qual
os contribuintes com altas
rendas e os contribuintes com
rendas menores pagam a
mesma frack de sua renda
imposto regressivo
um imposto segundo o qual
os contribuintes com altas
rendas pagam uma frack
menor de sua renda do que
os contribuintes com rendas
menores
imposto progressivo
um imposto segundo o qual
os contribuintes com altas
rendas pagam uma frack
maior de sua renda do que os
contribuintes com rendas
menores
Captek. liu.64dactx:tx.
Ctt,-
256
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
TABELA 8
o Encargo dos lmpostos Federais nos Estados Unidos
Fonte: Congressional Budget Office.
As estimativas sao baseadas na legislaca"o tributaria de 2000. Os valores monetanos sao
dados em Mares de 1997.
Quintil
Menor
Segundo
Medic)
Quarto
Major
1% Mais Rico
Renda
Media
$11.400
28.600
45.100
65.600
167.500
1.016.900
Impostos como
Percentual
da Renda
5,3%
12,8
16,7
20,0
27,4
Percentual
da Renda
Total
4,0%
9,0
13,9
20,2
53,2
Percentual
de Todos
os Irnpostos
0,9%
5,2
10,4
18,1
65,4
32,7
15,8
23,1
A quarta e a quinta colunas comparam a distribuicao da renda e a distribuicdo
dos impostos. 0 quintil mais pobre ganha 4,0% da renda total e paga 0,9% dos
impostos. 0 quintil mais rico ganha 53,2% da renda total e paga 65,4% dos impostos. 0 1% dos norte-americanos mais ricos (que tern, lembre-se, 1/20 do tamanho
de cada quintil) ganha 15,8% da renda total e paga 23,1% dos impostos.
Essa tabela é urn born ponto de partida para entender o encargo do governo,
mas a imagem que oferece nao esta completa. Embora inclua todos os impostos
que fluem das familias para o governo federal, ela falha ao incluir os pagamentos
de transferencias — como Seguridacie Social e Assistencia as Familia Necessitadas —
que fluem do governo federal de volta para as famIlias.
Os estudos que consideram tanto os impostos quanto as transferencias mostram major progr, essividade. 0 grupo das familias mais ricas continua a pagar cerca
de urn quarto de sua renda ao governo, ate mesmo depois de as transferencias
terem sido subtraidas. Em comparacao, as familias pobres tipicamente recebem
mais em transferencias do que pagam em impostos. A aliquota media do quintil
mais pobre, em vez de ser os 5,3% constantes da tabela, é de aproximadamente
30% negativos. Em outras palavras, sua renda é aproximadamente 30% major do
que seria sem os impostos e as transferencias do govemo. A licdo é clara: para se
entender plenamente a progressividade das politicas governamentais, é preciso
levar em conta tanto o que as pessoas pagam quanto o que elas recebem. •
Equidade Horizontal Se os impostos sao baseados na capacidade de pagamento, entao contribuintes semelhantes deveriam pagar montantes semelhantes
de impostos. Mas o que determina se dois contribuintes sao semelhantes? As familias diferem entre si de diversas maneiras. Para avaliar se urn codigo tributario é
horizontalmente equitativo, é preciso determinar quais diferencas sao relevantes
para a capacidade de pagamento das familias e quais nao sao.
Suponhamos que as fan-iflias Smith e Jones tenham renda de $ 50 mil cada. Os
Smith nao tern filhos, mas o Sr. Smith tern uma doenca que acarreta despesas
medicas de $ 20 mil. Os Jones gozam de boa saticle, mas tern quatro filhos, dos
quais dois estao na faculdade, gerando despesas de instrucao de $ 30 mil. Seria
justo que essas duas familias pagassem o mesmo montante em impostos porque
tern a mesma renda? Seria mais justo conceder aos Smith uma isencao para ajudalos a arcar corn as altas despesas medicas? Ou seria mais justo conceder uma isencao aos Jones para ajuda-los corn as despesas de instrucao?
CAPITULO 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO
Não ha resposta facil para essas perguntas. Na pratica, a legislaco tributaria
norte-americana para o imposto de renda esta repleta de clausulas especiais que
alteram o imposto das familias com base em circunstffilcias especificas.
Estudo de Caso
EQOIDADE HORIZONTAL E 0 IMPOSTO SOBRE 0 CASAMENTO
0 tratamento dado ao casamento oferece um bom exemplo de como é difícil atingir a eqiiidade horizontal na pratica. Consideremos clois casais exatamente identicos, a não ser pelo fato de que um deles esta casado e o outro não. Uma caracteristica peculiar do cOdigo de imposto de renda norte-americano é o fato de que os
dois casais pagam impostos diferentes. A raz"ao pela qual o casamento afeta a restributaria trata cada par casado
ponsabilidade fiscal de um casal e que a legislac ao
como um só contribuinte. Quando um homem e uma mulher se casam, param de
pagar impostos individualmente e passan-i a pagar como uma familia. Se eles tem
rendas semelhantes, sua obriga o tributaria aumenta quando se casam.
Para ver como funciona esse "imposto sobre o casamento", imagine o seguinte
exemplo de in-iposto de renda prog-ressivo. Suponhamos que o governo tribute 25%
da renda acima de $ 10 mil. A renda inferior a $ 10 mil esta isenta de tributac"ao.
Vamos ver como esse sistema trata dois casais diferentes.
Considere primeiro Sam e Sally. Sam é um poeta que procura se tornar conhecido, mas que na'o tem renda, ao passo que Sally é uma advogada que ganha $ 100
mil ao ano. Antes de se casarem, Sam n'ao pagava impostos. Sally pagava 25% de
$ 90 mil ($ 100 mil menos a isenca"o de $ 10 mil), ou $ 22.500. Depois de se casarem, seus in-ipostos ficaro no nivel em que estk). Neste caso, o imposto de renda
encoraja nem desencoraja o casamento.
Consideren-ios agora John e Joan, dois professores universitarios que ganham,
cada um, $ 50 mil por ano.Antes de se casarem, cada um pagava $ 10 mil em impostos (25% de $ 40 mil), em un-1 total de $ 20 mil. Depois do casamento, eles tem uma
renda total de $ 100 mil e, portanto, devem um imposto de 25% de $ 90 mil, ou
$ 22.500. Assim, quando John e Joan se casam, o total de imposto pago pelos dois
aumenta em $ 2.500. Esse aumento é chamado de imposto sobre o casamento.
Poderiamos resolver o problema de John e Joan elevando a isencao de renda dos
casados de $ 10 mil para $ 20 mil, mas essa mudanca causaria outro problema.
Neste caso, Sam e Sally pagariam um imposto apOs se casarem de somente $ 20
mil, $ 2.500 a menos do que pagavam quando solteiros. Eliminar o imposto sobre
o casamento de John e Joan criaria um subsidio ao casamento de Sam e Sally.
Na pratica, o cOdigo tributario norte-americano e um incOmodo meio-termo
de impostos sobre o casamento e subsidios ao casaque inclui un-la combinac",-io
mento. De acordo com um estudo do Congressional Budget Office, 42% dos pares
casados pagam um imposto sobre o casamento de em media 2% de sua renda,
enquanto 51')/0 deles pagam menos impostos por causa do n-iatrimOnio, numa
media de 2,3% de sua renda. Se um casal vai se beneficiar mais do casamento ou
de "juntar os trapos" (do ponto de vista tributario) depende de como a renda se
divide entre os dois membros. Se um homem e uma mulher tem rendas semelhantes (como John e Joan), o casamento provavelmente elevara sua conta de imposto.
Mas e provavel que haja um subsidio ao casamento quando um parceiro ganha
muito mais do que o outro, especialmente se só um dos dois tiver ganhos (como
no caso de Sam e Sally).
257
258
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO
Mao h solucao simples para esse problema. Para entender por que, tente planejar urn impost° de renda que tenha as quatro propriedades a seguir:
• Dois casais oficialmente unidos corn a mesma renda total deveriam pagar o
mesmo imposto.
• Quando duas pessoas se casam, o imposto total de ambas nao deveria se alterar.
• Uma pessoa ou uma familia sem renda nao deveria pagar impostos.
• Contribuintes corn altas rendas deveriam pagar uma frac-do maior desta do que
contribuintes de renda mais baixa.
"E prometem armor, respeitor
e cuidar urn do outro e pagar
Trois impostos oo govemo
dos Estados Unidos como urn
cosol legalmente unido do
que se tivessem continuado o
simplesmente morar juntos?"
Essas quatro propriedades sao atraentes, mas é impossivel cumprir todas ao
mesmo tempo. Qualquer impost° de renda que satisfaca as tres primeiras condigoes violara a quarta: o unico impost° de renda que satisfaz as tres primeiras propriedades é o impost° proporcional.
Alguns economistas tem advogado a abolicao da penalidade sobre o casamento fazendo os individuos, e nao as familias, serem as unidades de contribuicao, uma
politica adotada por muitos paises europeus. Essa abordagem pode parecer mais
equitativa porque trata da mesma maneira os casais que se uniram oficialmente e
os quo na-o o fizeram. No entanto, essa mudanca deixaria de fora a primeira das
propriedades acima: familias corn a mesma renda total poderiam acabar pagando
impostos diferentes. Por exemplo, se cada casal legalmente unido pagasse impostos como se nao o fosse, Sam e Sally pagariam $ 22.500, ao passo que John e Joan
pagariam $ 20 mil, ainda que os dois casais tenham a mesma renda. E difIcil dizer
se esse sistema tributario seria mais ou menos justo do que o sistema atual. •
Incidencia Tributaria e Eqiiidade Tributaria
A incidencia tributEiria — o estudo de quem arca corn o Onus dos impostos — é fundamental para entender a eqi_lidade tributaria. Como vimos no Capitulo 6, a pessoa que arca corn o Onus do impost° nem sempre é a mesma quo efetua o pagamento ao govern°. Como os impostos alteram a oferta e a demanda, eles alteram
os precos de equilibrio. Corn isso, afetam pessoas alem daquelas que, segundo a lei,
pagam os impostos. Ao se avaliar a equidade vertical e horizontal de urn impost°,
é importante levar esses efeitos indiretos em consiclerac-do.
Muitas discuss6es sabre equidade tributaria ignoram os efeitos indiretos dos
impostos e se baseiam naquilo que os economistas chamam, em torn de brincadeira, de teoria do papel znata-nzoscas da incidencia tributaria. Segundo essa teoria, o
Onus de um imposto, tal como uma mosca num papel mata-moscas, grucia no primeiro ponto em que pousa. Entretanto, essa premissa raramente é verdadeira.
Por exemplo, alguem quo nao tenha estudado economia poderia arpmentar
que urn impost° sobre casacos de pele é verticalmente equitativo porque a maioria
dos compradores desse hem é rica. No entanto, se esses compradores puderem
substituir facilmente os casacos de pele por outros hens de luxo, entao o imposto
sobre eles poder6 simplesmente reduzir sua venda. No fim das contas, o Onus do
imposto recairzi mais sobre os fabricantes e vendedores de casacos de pele do quo
sobre aqueles que os compram. Como a maioria dos trabalhadores de .confeccao de
casacos de pele nao é rica, a eqiiidade de urn impost() sobre esse bem poderia ser
hem diferente do que indica a teoria do papel mata-moscas.
CAMTULO 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO
259
NOTkIAS
0 CASO CONTRA A TRIBUTA00 DOS GANHOS DE CAPITAL
Nesto coluna, um economista aborda o tratamento dodo pelo sistema tributdrio atual aos ganhos de capital, isto é, renda gonha em poupanco. Na sua
opinido, o argumento se baseia em eficincia ou eqQidade?
Vod tamb6n Poderia Estar
Sujeito a uma Tributa0o
de 950/0
Por Steven E. Landsburg
Era uma vez um homem que foi trabalhar e
ganhou um d6lar, que usou para comprar
uma ack de uma empresa. A ack pagava
dividendos de 10 centavos por ano, sendo
10% a taxa normal de retorno em seu pais.
Gracas à boa administrack da empresa,
a ack passou a render o dobro em dividendos, 20 centavos por ano, fazendo com que
o preco da acao tambem dobrasse. 0
homem vendeu a ack que tinha por 2
d6lares, que depositou no banco. Seus filhos
acabaram por herdar o dinheiro e o reinvestiram na mesma empresa. Eles usaram os
dividendos de 20 cents ao ano para comprar
bens e servicos e foram felizes para sempre.
Isso é uma fabula. Eis a realidade:
Era uma vez um homem que foi trabalhar e ganhou um d6lar. Depois de pagar o
imposto de renda federal e estadual, ficou
com 50 centavos, que usou para comprar
meia ack de uma empresa. Quando o
preco da ack dobrou, ele a vendeu por um
cl6lar, pagou um imposto de 10 centavos
pelo ganho de capital e depositou os 90
centavos remanescentes no banco. Seus
filhos acabaram por herdar o dinheiro, pagaram 50 centavos em imposto sobre a heranca e reinvestiram os 40 centavos restantes
na mesma empresa.
A empresa continuou a ganhar 10% de
taxa de retorno, metade da qual era usada
para pagar imposto de renda das pessoas
juridicas e outros impostos. Com isso, os
filhos do personagem original recebiam um
dividendo anual de 5 0/0, equivalente a 2 centavos por ano. Ap6s o pagamento do imposto de renda das pessoas fisicas sobre os dividendos, eles ficavam com 1 centavo de renda por ano. Usavam parte desse centavo para
comprar bens e servicos e o restante para
pagar impostos sobre a venda destes...
Depois de uma serie de decises econ6micas perfeitamente razoaveis, essa familia perdeu 95 0/0 de sua renda para os impostos. Noventa e cinco por cento! De 20 centavos para 1 centavo! Como isso p6de acontecer? É simples: tributando-se a mesma
renda cinco vezes.
Alguns aspectos da múltipla tributack
sao facilmente reconhecidos, mas outros
nao. Todos ja ouviram falar da "bitributacao"
da renda das pessoas juridicas: primeiro
quando a renda é obtida e segundo quando
distribuida sob a forma de dividendos, mas
nem todos percebem que os ganhos de
capital sao sempre causados por expectativas de renda futura. Isso significa que o
imposto sobre os ganhos de capital representa uma terceira tributacao sobre uma
renda que ja foi ou sera tributada duas
vezes. Tributar tanto os dividendos quanto os
ganhos de capital é como multar um motorista por excesso de velocidade e depois.
multa-lo de novo porque seu velocimetro
apresentou uma leitura elevada.
Mais importante ainda, cada um desses
impostos — junto com o imposto sobre a
heranca e, diga-se de passagem, qualquer
imposto sobre ganhos de capital — e, em
última analise, um imposto sobre o trabalho.
por isso que Marx estava certo: o capital
a corporificacao de trabalho passado. Os
ganhos de capital de hoje sao uma recom-
pensa diferida pelo trabalho de ontem.
Tributar essa renda é tributar o trabalho que
a possibilitou.
Um imposto sobre o capital — seja calculado sobre os dividendos, a renda das
pessoas juriclicas, os ganhos de capital ou a
heranca — equivale nao somente a um
imposto sobre o trabalho, mas a um imposto altamente discriminat6rio sbre o trabalho. Ele penaliza muito mais o trabalho dos
jovens (que tern muitos anos de poupanca
pela frente) do que o dos idosos (que tendem a gastar sua renda à medida que a
recebem). Com isso, nao apenas as pessoas
sao penalizadas por trabalhar, mas sao
duplamente penalizadas por comecar a trabalhar cedo.
Um imposto sobre o trabalho desencoraja os trabalhadores. Um imposto sobre o
capital desencoraja desproporcionalmente o
trabalho entre os jovens, distorcendo decis6es de manter dinheiro na poupanca e
retardando o crescimento econ6mico.
Assim, um imposto sobre o capital tem
todas as desvantagens de um imposto a
mais sobre o trabalho, e mais outras...
Tudo isso sugere que seria melhor termos um s6 imposto sobre a renda assalariada e nenhum imposto sobre a renda das pessoas juridicas, os dividendos, os ganhos de
capital ou as herancas. Ha um volume crescente de pesquisas que ap6ia essa sugestao... Os melhores pensadores corroboram o
senso comum: se ha cinco impostos, ha pelo
menos quatro a mais do que o devido.
Fonte: The Wall Street loumal, 5 mar. 2001, p. A22. C
2001 by Dow Jones & Co. Inc. Reproduzido com permissk de DOW JONES CO. INC. no formato liyro-texto,
por meio do Copyright Clearance Center.
260
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
Estudo de Caso
QUEM PAGA 0 IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JUR1DICAS?
Esto trobalhadora pogo parte
do imposto de renda dos
pessoas jundicas.
0 imposto de renda das pessoas juridicas é um born exemplo da importancia da
incidência tributaria para a politica tributaria. Tributar as empresas é popular entre
os eleitores. Afinal de contas, as empresas nao sao pessoas. Os eleitores estao sem pre avidos por ter seus impostos reduzidos, corn alguma empresa impessoal que
pague a conta.
Entretanto, antes de decidirmos que o imposto de renda das pessoas juridicas
uma boa maneira de arrecadar receita para o govern°, devemos pensar em quern
arca corn o onus desse imposto. Esta é uma questa° dificil sobre a qual os economistas discordam, mas uma coisa é certa: as pessoas pagam todos as impastos.
Quando o governo cobra urn impost() de uma empresa, ela age mais como coletora de impostos do que como contribuinte. 0 onus recai, em Ultima instancia, sobre
as pessoas fisicas — os proprietarios, clientes ou trabalhadores da empresa.
Muitos economistas acreditam que trabalhadores e clientes arcam corn grande
parte do onus do impost() de renda das pessoas jundicas. Para ver o iporque, considere urn exemplo. Suponhamos que o governo norte-americano decida aumentar
O imposto sobre a renda ganha pelas empresas fabricantes de automOveis. De millcio, esse imposto afeta os proprietarios das empresas, que recebem urn lucro menor, mas, corn o passar do tempo, eles reagirao ao impost°. Como a fabricac.ao de
carros se tornou menos lucrativa, eles investirao menos na construcao de novas
fabricas, passando a investir sua riqueza de outras maneiras — por exemplo, cornprando casas maiores ou constniindo fabricas de outros ramos ou em outros palses. Corn menos fabricas de carros, a oferta do hem diminuira e, corn ela, a demanda por trabalhadores. Assim, um imposto sobre as empresas que fabricam carros
faz corn que o preco dos carros aumente e o salrio dos trabalhadores na industria
automobilistica caia.
0 impost() de renda das pessoas juridicas mostra como pode ser perigosa a teoria do papel mata-moscas da incidencia tribut6ria. 0 imposto de renda das pessoas
juridicas é popular, em parte, porque parece ser pago por empresas ricas, mas as
ipessoas que realmente arcam corn o Onus final do imposto — os clientes e trabalhadores das empresas — muitas vezes nao sao ricas. Se a verdadeira incidencia do
imposto sobre as empresas fosse mais bem conhecida, o imposto seria menos
popular entre os eleitores.
Teste Rapido Explique o principio dos beneficios e o principio da capacidade de pagamento. • 0 que e
equidade vertical e equidade horizontal? • Por que estudar a incide'ncia tributaria e importante para determinar a equidade de urn sistema tributario?
XCONCLUSAO: 0 TRADEOFF ENTRE EQUIDADE E EFICIENCIA
Quase todo mundo concorda que eqiiidade e eficiencia sao os dois objetivos mais
i mportantes de urn sistema tributario. Entretanto, freqiientemente esses dois objetivos entram em conflito. Muitas muclancas propostas nas leis tributarias aumentam a eficiencia enquanto reduzem a equidade ou aumentam a equidade enquanto reduzem a eficiencia. As pessoas frequentemente discordam a respeito da politica tributaria porque atribuem importancia diferente a esses dois objetivos.
A historia recente da polltica tributaria mostra como os lideres politicos diferem
em suas opinioes a respeito de equidade e eficiencia. Quando Ronald Reagan foi
eleito presidente, em 1980, a aliquota marginal sobre os ganhos dos norte-ameri-
CAP1TULO 12 0 PROJETO DO SISTEIVIA TRIBUTARIO
261
canos mais ricos era de 50%. A aliquota marg,inal sobre a renda de juros era de
70°/0. Reagan arg,umentou que aliquotas tão elevadas distorciam muito os incentivos econOmicos ao trabalho e à poupaNa; em outras palavras, afirmou que
tas tio altas custavam muito em termos de eficiência econOmica. A reforma tributkia tinha, portanto, alta prioridade em seu govemo. Reagan assinou leis em que
autorizava grandes cortes nas aliquotas em 1981 e, novamente, em 1986. Quando
ele deixou o cargo, em 1989, os norte-americanos mais ricos estavam sujeitos a uma
aliquota marginal de apenas 28%.
.
preE o p&.ndulo do debate politico vai e volta. Quando Bill Clinton concorreu 21
sidCmcia, em 1992, argumentou que a parcela de impostos que os ricos estavam
pagando não era justa. Em outras palavras, as baixas aliquotas dos ricos violavam
sua viso de eqiiidade vertical. Em 1993, o presidente Clinton assinou um projeto
de lei que aumentava a aliquota dos norte-americanos mais ricos para cerca de
40%. Quando George W. Bush concorreu à presi&ncia, repetiu muitos temas de
Reagan. Logo depois de se mudar para a Casa Branca, em 2001, cumpriu sua promessa de campanha de reverter em parte o aumento dos impostos que Clinton
promovera. Quando o programa de cortes de impostos de Bush estiver concluido,
a maior aliquota serEl de 35%.
A economia, por si sO, não é capaz de determinar a melhor maneira de equilibrar
os objetivos de eficincia e eqiiidade. A questo envolve 1 .1'o sO filosofia politica
como tambm economia. Mas os economistas representam um papel importante
no debate politico sobre politica tributkia: eles podem lanyir luz sobre os tradeoffis
enfrentados pela sociedade e ajudar a evitar politicas que sacrifiquem a eficincia
sem que tragam nenhum beneficio em termos de egiiidade.
RESWITiJO
• 0 govemo norte-americano arrecada receita por
meio de diversos impostos. Os mais importantes para
o govemo federal são o imposto de renda das pessoas
fisicas e os impostos sobre a folha de pagamento para
a seguridade social. Os mais importantes para os
govemos estaduais e locais são o impostos sobre a
venda e o imposto sobre a propriedade.
• A eficincia de um sistema tributkio refere-se aos
custos que ele impOe aos contribuintes. Há dois
custos alérn da transferthicia de recursos do contribuinte para o governo. 0 primeiro é a distor(; - o da
aloca o de recursos decorrente do fato de que os
impostos distorcem os incentivos e o comportamento. 0 seg,undo é o Onus acIministrativo de
cumprir as leis tributkias.
• A eqiiidade de um sistema tributkio se refere ao
fato de o Onus do imposto ser distribuido ou
de rnaneira justa entre a popula5o. De acordo com
o principio dos beneficios, é justo que as pessoas
paguem impostos de acordo com o beneficio que
recebem do governo. De acordo com o principio da
capacidade de pagamento, é justo para as pessoas
pagar os impostos com base na sua capacidade de
arcar com o Onus financeiro. Ao se avaliar a
dade de um sistema tributkio, é importante lembrar uma lição aprendida com o estudo da
cia tributkia: a distribui o dos Onus tributkios
igual à distribui o dos recolhimentos.
Ao
considerarem
mudanc;as da
•
os formuladores de politicas freqi_lentemente
enfrentam iirn tradeoff entre efici"e'ncia e eqiiidade.
A maior parte do debate sobre politica tributkia
surge porque as pessoas atribuem impoffincias
diferentes a esses dois objetivos.
CONCEITOS-CHAVE
262
PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC()
QUESTOES PARA REVISAO
1. Durante o seculo passado, o govern° norte-americano cresceu mais ou menos lentamente do que o
restante da economia?
2. Quais sao as duas fontes de receita mais importantes para o govern° federal norte-americano?
3. Explique como os lucros das empresas sac) bitributados.
4. For que a carga tributaria para os contribuintes é
major do que a receita arrecadada pelo govemo?
5. For que alg,uns economistas propoem tributar o
consumo e na-o a renda?
6. De dois arg,umentos seg,undo os quais os contribuintes ricos devam pagar mais impostos do que
os contribuintes pobres.
7. Qual o conceit° de equidade horizontal e por que
ela é de dificil aplicacao?
PROBLEMAS E APLICAOES
1. Os gastos do govern° dos Estados Unidos con-io
parcela da renda nacional tem crescido ao longo
do tempo. Quais mudanc.as na economia e na
socieciade norte-americanas podem explicar essa
tendencia? Voce acha que ela se mantera?
7. Numa fonte impressa ou na Internet, descubra se
o govern° federal dos Estados Unidos apresentou
superdvit ou deficit orcamentario no ano passado.
0 que os formuladores dc politicas esperam que
aconteca nos proximos anos? (Dica: o endereco do
Congressional Budget Office na Internet
http://www.cbo.gov .)
3. As informacoes de muitas das tabelas deste capitulo foram retiradas do Economic Report of the
President, que C publicado anualmente. Usando
uma edic5o recente desse relatorio (que pode ser
encontrado na Internet), responda as perguntas e
indique ruimeros para justificar. (Dica: o ender-ego
da imprensa oficial norte-americana na Internet é
http://www.gpo.gov.)
a. A Figura 1 mostra que a receita do govern°
norte-americano como porcentagem da renda
total cresceu corn o tempo. Esse crescimento
pode ser atribuido principalmente a mudancas
da receita do govern° federal ou da receita dos
crovernos estacluais e locais?
b. Analisando a receita combinada dos governos
federal, estaduais e locais, como a composicao
da receita total mudou ao long° do tempo? 0
in-iposto de renda das pessoas fisicas ficou mais
ou menos importante? E os impostos para a
seg,uridade social? E os impostos sobre Os lucros
das emprcsas?
c. Analisando as despesas combinadas dos governos federal, estaduais e locais, como as participacoes relativas dos pagamentos de transferencias e das compras de hens c servicos mudaram
ao longo do tempo?
4. 0 capitulo afirma que a populac5o idosa dos
Estados Unidos esti crescendo a uma velocidade
major do que a populacao total. Mais especificamente, o ntimero de trabalhadores esta crescendo
lentamente, enquanto o ntimero de aposentados
cresce rapidamente. Preocupados corn o futuro da
Seguridade Social, alguns membros do Congress°
propoem urn "congelamento" do programa.
a. Se as despesas totais fossem congeladas, o que
aconteceria corn os beneficios por aposentado? E
corn os impostos pagos por trabalhador? (Admitindo que os impostos e receitas da seguridade social estejam equilibrados a cada ano.)
b. Se os beneficios por aposentado fossem congelados, o que aconteceria corn as despesas totais?
E corn o imposto pago por trabalhador?
C. Se o imposto pago por trabalhador fosse congelado, 0 que aconteceria corn as despesas totais?
E corn os beneficios por aposentado?
d. Quais as implicacoes das suas respostas para os
itens (a), (b) e (c) no que se refere as dificeis
decisoes que os formuladores de politicas precisam tomar?
5. S-uponha que voce seja urn cidaddo medio da economia norte-americana.Voce paga 4% de sua renda em imposto de renda estadual e 15,3% dos
ganhos em seu trabalho em impostos federais
sobre a folha de pagamento (somando as parcelas
do empregador e do empregado).Alem disso, paga
imposto de renda federal nos termos da Tabela 3.
Quanto voce paga de cada urn desses impostos se
ganha $ 20 mil por ano? Levando em consideraca-o
todos os impostos, quais s'ao as suas aliquotas
media e marginal? 0 que aconteceria corn os seus
recolhimentos e corn suas aliquotas media e marginal se sua renda subisse para $ 40 mil?
6. Alguns estados isentam de impostos sabre a
venda os hens basicos, como alimentos e bebidas.
-
CAPh ULO 12 0 PROJETO DO SISTEIVIA TRIBUTARIO
Outros não o fazem. Discuta os meritos dessa
Considere tanto a eficiencia quanto a
eqidade em sua resposta.
7. Explique como o comportamento das pessoas
afetado pelas seguintes caracteristicas do cOdigo
tributario federal dos Estados Unidos.
.
a. Contribui es para instituic 6es filantrOpicas .s o
dedutiveis.
b. As vendas de cerveja s'a"o tributadas.
c. Os juros que os proprietarios de inóvcis residenciais 1.->agam sobre hipotecas são dedutfveis.
d. Os ganhos de capital realizados s5o tributados,
mas os ganhos acumulados nk) o são. (Quando
uma pessoa é proprietaria de uma N''a"o cujo
valor aumenta, ela tem um ganho de capital
"acumulado". Se a pessoa vender a acfa o, o
ganho e "realizado".)
8. Suponha que seu Estado eleve o imposto sobre as
vendas de 5% para 6%. 0 secretario da receita de
seu Estado preve um aumento de 20°/0 da receita do
imposto sobre vendas. Isso seria plausfvel? Explique.
9. Considere dois dos progr, amas de garantia de
renda dos Estados Unidos: a Temporary Assistance
for Needy Families — Tanf (Assistencia Temporkia
a Familias Necessitadas) e o Earned Income Tax
Credit — EITC (Credito de Imposto de Renda
Recebido).
a. Quando uma mulher com filhos e renda muito
baixa ganha um d6lar a mais, ela recebe menos
em beneficios Tanf. Qual é o efeito dessa caracteristica da Tanf sobre a oferta de trabalho de
mulheres de baixa renda? Explique.
b. 0 EITC proporciona beneficios crescentes
medida que os trabalhadores de baixa renda
ganham maiores rendas (ate certo ponto). Qual
e o efeito desse programa sobre a oferta de trabalho de pessoas de baixa renda? Explique.
c. Quais as desvantagens de eliminar o TANF e
alocar os recursos ao EITC?
10. A Lei de Reforma Tributaria de 1986, nos Estados
Unidos, eliminou a deducfao dos pagamentos relativos a juros sobre debitos do consumidor (princide credito e emprestimos para a
palmente cart 6es
compra de autom6veis), mas manteve a deduc;:a-o
dos pagamentos de juros sobre hipotecas e emprestimos para a compra de im6veis residenciais.
0 que, em sua opinião, aconteceu com os montantes relativos de dividas de consumo e de dMdas de credito imobiliario?
11. Classifique cada um dos modos de financiamento
a seg,uir como exemplos do principio dos beneffcios ou do principio da capacidade de pagamento.
263
a.Visitantes de muitos parques nacionais pagam
pelo ingresso.
b. Os impostos locais sobre propriedades financiam escolas de ensino fundamental, basico e
medio.
c. Um fundo de manuterwk) de aeroportos cobra
um imposto sobre cada passagem aerea vendida
e usa o dinheiro arrecadado para melhorias nos
aeroportos e no sistema de controle de trafego
aereo.
Qualquer relação de alfquotas de imi.->osto de
renda incorpora dois tipos de aliquota: aliquotas
medias e aliquotas marginais.
a. A ali'quota media é definida como o total do
in-iposto pago di\f-idido pela renda. Em um sistema
tributario proporcional como o apresentado na
Tabela 7, quais são as aliquotas meclias das pessoas que ganham $ 50 mil, $ 100 mil e $ 200 mil?
Quais as aliquotas medias correspondentes
seg,undo os sistemas regressivo e prog,ressivo?
b. A aliquota marginal e definida como o imposto
adicional pago sobre a renda adicional dividido
pelo aumento da renda. Calcule a aliquota marginal de um sistema tributario proporcional
quando a renda aumenta de $ 50 mil para $ 100
mil. Calcule a aliquota marginal quando a renda
aumenta de $ 100 mil para $ 200 mil. Calcule as
aliquotas marginais correspondentes no sistema tributario regressivo e no sistema tributario
progressivo.
c. Descreva a relacio entre aliquotas medias e mara
inais em cada um dos tres sistemas tributarios.
Em geral, qual aliquota é relevante para alguem
decidir se aceita um emprego que paga um salkio
ligeiramente superior ao salario pago no emprego
atual? Qual aliquota é relevante para avaliar a
eqiiidade vertical de um sistema tributario?
13. Qual a justificativa, em termos cie eficiencia, para se
tributar o consumo e não a renda? Se os Estados
Unidos adotassem um imposto sobre o consumo,
voce acha que o sistema tributario do pais se tomaria mais ou menos progressivo? Explique.
14. Nos Estados Unidos, se um venciedor leva um
cliente para almoar, parte do custo do almcv e
uma despesa dedutivel para a empresa. Alguns
membros do Congresso norte-americano arg,umentam que essa caracteristica do c(5digo tributario
beneficia empresarios relativamente ricos e deveria
ser eliminada. Entretanto, esse arg,umento encontra
uma oposio maior por parte dos restaurantes do
que por parte das empresas que s'cio beneficiadas
pela dedu o. Explique.
5
•
A economia 6 composta por milhares de empresas que produzem os hens e
servicos de que usufruimos todos os dias: a General Motors produz carros, a
General Electric, ldmpadas, e a General Mills, cereais matinais. Alg,umas empresas,
k>n,
como essas fres, sao g,randes: empregam milhares de trabalhadores e tem milhares
de acionistas que participam de sells lucros. Outras empresas, como a barbearia ou
0
de
sao
e
1ra doceria de seu bairro, sao pequenas: empregam poucos trabalhadores
-' -'
,-1._
slCiD
(\
-:: N\
-- \')
propriedade de uma so pessoa ou familia.
v,\.-.,.
r,V)
\)‘'
,,, r -.)
.,./)?, c.)- \-)
Nos capitulos anteriores, usamos a curva de oferta para sumariar as decisoes de A*7
n
.
(
,
.
producao das empresas. De acordo corn a lei da oferta, as empresas estao dispostas:
a produzir e vender maiores quantidades de urn determinado bem seoprecofor . `)- - , '') '
alto e essa rea ao nos conduz a uma curva de oferta com inclina ao ascendente. \\ \\'> r- \.,.
o(- c‘-i‘.
Para analisarmos muitas questoes, a lei da oferta é tudo o que precisamos saber do ..,, \ \...\ 0', C;
. C
comportamento das empresas.
t-)
C
.
0)
Neste capitulo e nos proximos, examinaremos em maiores detalhes o compor0tamento da empresa. Esse topic° proporcionara urn melhor entendimento das
decisoes que est-do por tr6s da curva de oferta em urn mercado. Alem disso, intro—
estudo
duziremos o seamento da economia chamado de or:aniza * industrial o
de como as decisoes da em resa sobre recos e quantidades de endem da—s
condicoes do mercado que enfrentam. A cidade em que voce vive, por
—
pode ter diversas pizzarias, mas apenas uma empresa de TV a cabo. Como essa
268
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1ND5TR1A
diferenc;a no ralmero de empresas afeta os prec;os nesses mercados e a eficincia
dos resultados do mercado? 0 campo da organiza o industrial trata justamente
dessa questo.
Mas, antes de nos voltarmos para esses temas, precisamos discutir os custos
produo.Todas as empresas, da Delta
em
custos ao produzir os bens e servios que vendem. Como veremos nos capitulos
seg,uintes, os custos de uma emE_resa s^ ."c) um determinante-chave de suas decis-6es
de roduo e determina -k) de preos._Neste cap Í6 definirernos a gumas das
varffiTeis que os economistas usam para medir os custos da empresa e trataremos
das relg6es entre elas. Um aviso: este assunto pode parecer kido e tecnico. Mas e
fundamental para a compreensk) dos fascinantes tpicos que estk) por vir.
0 QW-'SÃ CUSTOS?
Comearemos nossa discussk) dos custos na Ribrica de Biscoitos da Helen. Helen,
a proprietkia da empresa, compra farinha, açúcar, gotas de chocolate e outros
ing,redientes. Ela tambem compra as batedeiras e fornos e contrata trabalhadores
para operarem esses equipamentos. Então, vencle os biscoitos resultantes aos consumidores. Examinando algurnas das quest5es com que ela se clepara em sua atividade, poderemos aprender sobre os custos que se aplicam a todas as empresas da
economia.
Receita Total, Custo Total e Lucro
Vamos comear pelo objetivo da en-ipresa. Para entendermos as deci es que uma
toma, 1-ecisamos entender o c ue ela estEl tentando fazer. E conce-bivel que
Helen tenha fundado sua empresa grKas a um desejo altr Rt-a- de prover o mundo
cle biscoitos ou, talvez, pelo amor ao negcio de biscoitos. No entanto, o mais
provvel é que ela tenha criado a empresa para ganhar dinheiro. Os economistas
normalmente assumem
objetivo de uma em_presa é maximizar i. lucro_e que
essa hipci
nciona bem na maioria dos casos.
•0
de uma empresa? 0 montante que a empresa recebe pela venda
cle sua pro
iscoitos) é chamado de receita total. 0 montante_que a_empre.
's_apaga
r, trabalhadores, fomos ete,Le chamado de
.custolotal. E Helen fica com , a recita quq ._<
e> ,c
~r
cobrir seus
custos. 0 lu.cro
receita total
ei _resa menos o
Ireceita total
o montante que uma empresa recebe pela venda de sua
produck
custo totai
o valor de mercado dos
insumos que uma empresa
usa na produck
lucro
receita total menos custo total
trnk
'
Lucro = Receita total - Custo total
0 objetivo de Helen e fazer com que o lucro de sua empresa seja o maior
possivel.
Para entendermos como uma empresa maximiza o lucro, precisamos saber com
mais profundidade como medir sua receita total e seu custo total. A receita total
a parte mais fficilLe igual '21 3antidade que a empresa produz
prec;:o pelcl_qual vende sua proclu o. Se Helen produz 10 mirbiscoitos e os vende
a $ 2 cada, sua receita tot -al é de $20 mil. Em compara o, a rnedição do custo total
de uma empresa e bem mais sutil.
Custos como Custos de Oportunidade
Ao se medirem os custos da Hbrica de Biscoitos da Helen ou de qualquer outra
empresa, é importante ter em mente um dos Dez Principios de EC011011lia do Capitulo 1:
269
CAPiTULO 13 OS CUSTOS DE PRODUcA0
te-la Lembre-se de que
r
clucLvoce desis
Last°
o custo de oportunidade de urn item refere-se a todas as coisas a que renunciamos
para adquiri-la..Quando os economistas falanijio_custo dezodu-ao de uma em
os desta.
_Iqc)sc p_ortunidade da Eroducao do-s bens e
sa, incluem todos ci_
Os custos de oportunidade da producao de Lima empresa algumas vezes sao
obvios e outras vezes nao sac) t5o obvios assim. Quando Helen paga $ 1 mil pela farinha, estes $ 1 mil s5o urn custo de oportunidade porque ela ri5o pode mais uszi-los
para comprar outra coisa. De maneira similar, quando ela contrata trabalhadores para
fazer biscoitos, os sal6rios que paga sao parte dos custos da empresa. Como esses
custos exigem que a empresa desembolse dinheiro, sao chamados de custos explicitos. Jzi °taros custos de oportunidade da empresa, chamados de custos
nao exigem que se desembolse dinheiro. Imagine que Helen tenha bastante habilidade corn computadores e possa ganhar $ 100 por hora trabalhando como programadora. Para cada hora que passa em sua f6brica de biscoitos, ela deixa de ganhar
$ 100 de renda e essa renda da qual cla abre mao tambem é parte de seu custo.
Essa distinc5o entre custos explicitos e custos implicitos aponta para uma diferenca importante entre as maneiras como os economistas e os contadores analisam
as empresas. Os_economistas est5o interessados cm estudar como as empresas
tomam decisoes de_produc5o e de determinacao de preco. Conno essas decisoes se
baseiam em custos tanto explicitos quanto impaitos, os economistas incluem os
dois tipos ao calcular o custo das empresas. Os contad ores or outro lado, tern por
func5o acompanhar o fluxo de dinheiro que entra e sai da empresa. Por issoTeTel
mede,m_o_s custos explicitos, mas geralmente ianoram os
te percebida no
1
o dbre Oësei
A diterenca entre economist
caso da Fzibrica de Biscoitos da Helen. Quando ela abre mao da oportunidade de
aanhar dinheiro como _proaramadora cie computadores, seu contador nao lanca
,P
onisustodaemprsa de biscoitos. Como nao sai dinheiro da empresa_p_ara
i
.f±y_e_r_frente_assse custo ele nunca surge nas demonstracoes financeiras preparadas
ps_l_o_contados. Urn economista,Telo contrario, contard a renda da qual Helen abriu
custo porque_essa renda afetara as clecisoes que ela tomara em sua
empresa de biscoitos. Por exemplo, se o salario de Helen como programadora
) aumentar de $ 100 para $ 500 por hora, ela podera chegar a conclusao de que tocar sua empresa é custoso demais e optar por fechar a fabrica, tornando-se programadora em tempo integral.
0 Custo do Capital como Custo de Oportunidade
Urn custo implicit° importante em quase todo negocio é o custo de oportunidade
do capital financeiro que foi investido na atividade. Suponhamos, por exemplo, que
Helen tenha usado $ 300 mil de suas economias para comprar a fabrica de biscoitos do proprietzirio anterior. Se ela tivesse deixado o dinheiro em uma conta de
poupanca a juros de 5% ao ano, ganharia $ 15 mil por ano. Portanto, para ser proprietziria da fzibrica de biscoitos, Helen abre mao de $ 15 mil em renda de juros por
ano. Esses $ 15 mil de que ela abre mao s5o urn dos custos de oportunidade implicitos do negocio de Helen.
Como ja vimos, os economistas e os contadores tratam os custos de formas
diferentes e isso é especialmente verdade no tratamento dado ao custo do capital.
Urn economista vera os $ 15 mil em renda de juros de que Helen abre ma° a cada
ano como um custo de sua empresa, muito embora seja um custo implicit°. 0 contador contratado por ela, contudo, n5o lancana esses $ 15 mil como custo porque
nao sai dinheiro da empresa para pagan por eles.
Para explorarmos em maior profundidade a diferenca entre economistas e contadores, vamos mudar um pouco o exemplo. Suponhamos que Helen nao tivesse
os $ 300 mil necessarios para con-iprar a fzibrica e usasse $ 100 mil de suas econo-
custos explicitos
os custos dos insumosque,
exigendesembolso de
dinheiro por parte da empresa
custos implicitos
os custos dos insumos due
snajexigern desern
lh.e
cli_r_
C3
(PAC t
e
por_parte claernm.sa
.j(4,
CctU.. OVC. mcie
270
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ/WAO DA 1NDSTR1A
mias e tomasse $ 200 mil emprestados de um banco a juros de 5%. 0 contador
Helen, que só mede os custos explicitos, agora contath como custo estes $ 10 mil
de juros pagos pelo emj3restimo bancrio porque esse montante de dinheiro agora
sai da empresa. Entretanto, de acordo com um econon-iista, o custo de oportunidade da empresa é ainda de $ 15 mil. 0 custo de oportunidade é igual aos juros pagos
sobre o emprestimo (un-i custo explicito de $ 10 mil) mais os juros sobre a poupanca de que abriu rnão (um custo implicito de $ 5 mil).
Lucro Econ mico versus Lucro Contbil
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FIGURA 1
Economistas versus Contadores
Os economistas induem todos os custos de oportunidade quando analisam uma empresa ao passo que os contadores medem somente os custos
explicitos. Assim, o lucro econamico é menor do que o lucro contabil.
Como os Economistas
\Them as Empresas
Como os Contadores
Wem as Empresas
Lucro
econmico
Receita
Lucro
cont,Mpil
Custos
implicitos
Custos
explicitos
Receita
Custos de
oportunidade
totais
Custos
explicitos
CAPITULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO
271
PRODUcA0 E CUSTOS
As empresas incorrem em custos ao comprar os insumos que usam para produzir
os bens e servicos que planejam vender. Nesta secao, examinaremos o elo entre o
process° de producao de uma empresa e seu custo total. Novamente, usaremos a
Fabrica de Biscoitos da Helen.
NOTICIAS
LUCRO VERDADEIRO VERSUS LUCRO FICTiCIO
A ondlise do comportamento dos empresas parte do mensuracdo da receita, custos e lucros. Em 2007 e 2002, este assunto chegou aos jomais quando
se revelou que diversas grandes empresas mentiram o respeito destas medidas-chave de desempenho.
0 Sabor da Fraude
Par Paul Krugman
Voce e dono de uma sorveteria. Ela nao
muito lucrativa, entao coma voce pode ficar
rico? Cada urn dos escandalos envolvendo
grandes empresas revelados ate agora sugere uma estrategia diferente de enriquecimento pessoal.
Primeiro, a estrategia da Enron. Voce
assina contratos para fornecer aos clientes
urn sorvete par dia pelos proximos 30 anos.
Voce subestima deliberadamente o custo de
cada sorvete; entao, lanca as lucros projetados das vendas futuras de sorvete coma
parte dos resultados do ano corrente. De
uma hora para outra, sua empresa parece
altamente lucrativa e voce consegue vender
acoes da sorveteria a precos inflados.
Depois, ha a estrategia da Dynegy. As
vendas de sorvete nao sao lucrativas, mas
voce convence as investidores de que elas
serao no futuro. Entao, firma urn acordo sigi-
loso corn outra sorveteria do bairro: cada
uma comprara centenas de sorvetes da
outra a cada dia. Ou melhor, fingira comprar
— nao faz sentido se darem ao trabalho de
efetivamente transportar tanto sorvete para
cima e para baixo. 0 resultado é que voce
parece ser urn membro importante de urn
neg6cio em expansao e, corn isso, consegue
vender acbes a precos inflados...
Par fim, ha a estrategia da WorldCom.
Aqui, voce nao cria vendas imaginarias; faz
.custos reais desaparecerem, fingindo que
despesas operacionais — creme de leite,
ackar, calda de chocolate — sao parte do
preco de aquisicao de urn novo freezer.
Corn isso, sua empresa parece ser altamente lucrativa no papel, tomando dinheiro
emprestado apenas para financiar a compra
de novas equipamentos. E voce pode vender acoes a precos inflados.
Ah, quase me esqueci: coma enriquecer
corn isso? A maneira mais fad é dar a si
mesmo muitas opcoes de compra de acOes,
beneficiando-se, assim, dos precos inflados
que criou...
Nao estou dizendo que todas as empresas dos Estados Unidos sejam corruptas,
mas esta claro que as executivos que querem se corromper enfrentam poucos obstaculos. Os auditores nao tern interesse em
dificultar a vida de empresas que !hes proporcionam grandes receitas par servicos de
consultoria; as executivos dos bancos nao
tern interesse em dificultar a vida de empresas que, coma viemos a saber no caso da
Enron, lhes deram participacao em alguns
negocios escusos lucrativos. E as politicos,
mantidos quietos par contribuicoes eleitorais
e outros agrados, impediram que as reguladores cumprissem sua funcao.
Fonte: The New York Times, 28 jun. 2002, p. A27.
Copyright © 2002 by The New York Times Co.
Reproduzido com permissa"o.
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZA
272
',D)(
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F it‘
v
0 DA lND5TRlA
Na analise a seguir, adotamos uma importante hipOtese simplificadora: consideramos que o tamanho da fabrica de Helen é fixo e que ela só pode mudar a
quantidade de biscoitos produzida mudando o nUm' ero de trabalhadores. Essa
realista no curto_p_r5izo, mas na- o no longo. Ou seja, Helen nao pode
construir uma nova ffibrica da noite para o dia, mas pode faze-lo em aproximadamente um ano. Essa análise, portanto, deve ser vista como uma descria - o das decises de producao que Helen enfrenta no curto prazo. Examinaremos em maiores
detalhes a rela o entre custos e horizonte de tempo mais adiante.
A FunOo de Produ0o
a relac ao
entre a quantidade
de sumosusadapararo:
duzir um bem e a quantidade
produzida do bem
A Tabela 1 mostra como a quantidade de biscoitos que a ffibrica de Helen produz
por hora depende do nUmero de trabalhadores. Como se vê nas duas primeiras
colunas, se não há trabalhadores na ffibrica, Helen n'a"o produz nenhum biscoito.
Quando há 1 trabalhador, ela produz 50 biscoitos. Quando há 2 trabalhadores, ela
produz 90 biscoitos e assim por diante. A Figura 2 apresenta um grMico dessas duas
colunas de n meros. 0 n mero de trabalhadores está no eixo horizontal e o nUmero de biscoitos produzidos, no eixo vertical A relga- o entre a quantidade de insumos (trabalhadores) e a quantidade produzida (biscoitos) e charnadadefunção de
produo.
irn
produto
o aumento da produck que
resulta de uma unidade adicional de insumo
Um dos Dez Principios de Economia introduzidos no Capitulo 1 diz que as pessoas
racionais pensam na margem. Como veremos em outros capitulos, esse conceito e
fundamental para entender as decises das empresas sobre quantos trabalhadores
contratar e sobre quanto produzir. Para darmos um passo em dire o ao entendimento dessas decises, a terceira coluna da tabela nos dá o produto marginal por
trabalhador. 0 produto marginal de qualquer insumo no processoc_p_
le roc125-ao_e
o aumento da quantidade rodu—zida ue se obtem a artir d'e uma unidade adicional do insumo em questh- o. Quando o nUmero de trabalhadores sobe de 1 para 2, a
produo de biscoitos sobe de 50 para 90, de modo que o produto n-iarginal do
segundo trabalhador são 40 biscoitos. E quando o nUmero de trabalhadores sobre
de 2 para 3, a produ o de biscoitos aumenta de 90 para 120, de modo que o produto marginal do terceiro trabalhador s'a- o 30 biscoitos.
Co
/?i r\ =
.-
\h, 1. 0
0,-L
r/
Uma Funck de
Produck e Custo Total:
A Fabrica de Biscoito` ~1 Nmero de
de Helen
IYJ
Trabalhadores
0
I: oVek
30
Procluck V-)
(quantidade de
biscoitos
produzidal
por hora)
0
clf Cu4s9 ( QA(.53-
Rcdst9W\
inawke
Custo Total dos
L
Produto
3.4
Marginal do
Custo da
Trabalho (
'Fabrica
$30
n
\f,k,
Custo dos ,
Trabalhadores
$0
insumos (custo
da fabrica +
custo dos
trabalhadores)\i\'(
$ 30
50
50
0, W
0»9
30
10
30
20
50
30
30
60
30
40
70 \0; b(3
30 \
50
so
40
40
2
90
3
120
4
140
5
150
30
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--)
20
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-
II
273
CAPITULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO
Vic
J-1,9
FIGURA 2
vcivh,t. 4c\'‘u 6
Quantidade
Produzida
(biscoitos
por hora)
A Fun * de Producao da
Funcao de producao
150
140
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Helen
UMGrOTTle
unc producaolmostra a
relacao entre o nOmero ne trabalhadores
contratados e a quantidade produzida.
adores
Aqui; o niimer
contratados (eixo horizontal) é o mostrado
no primeira coluna do Tabela 1 e a
quantidade produzida (eixo vertical) é a
mostrada no segunda coluna A funcoo de
producao torna-se menos inclinada
medida que o numero de trabolhadores
do
o—qu'e-reflete a minuicao
dr7
produto marginal.
L_N
1
1
2
I
3
I
4
1
5
Numero de
Trabalhadores
F)Q
Contratados
N
Pc:
c.:Irc)
C1,-,6j\-0
KO
)
k' (V-\\-Vt•-/3-
Observe clue, medida tqleormero de trabalhadores aumenta, oyroduto
marginal diminui. 0 seg-L, Ind° trabalhador tern urn produto marginal de 40 bis-:--coitos, o terceiro, de 30 biscoitos, e o quarto, de 20 biscoitos. Essa propriedade é
chamada de produto marginal decrescente. Inicialmente, quando ha poucos trabalhadores empregados, eles tern facil acesso ao equipamento de cozinha de
Helen. Corn o aumento do mimero de trabalhadores,
partilhar equipamentos e trabalhar
corn uma lotac_ao cada vez major. Assim,
_ _
contratados,
cada trabalhador adicional contribui menos
to mais trabalhadores sao
para a producao de biscoitas
0 produto marginal decrescente tambem pode ser visto na Figura 2. A inclinacdo da funcao de producao ("aumento dividido pela distancia") nos diz qual é a
variacao da producao de biscoitos na fabrica de Helen ("elevacao") para cada
insumo adicional de trabalho ("distkicia"). Ou seja, a inclinacao da funcao de
ducao mede o produto marginal de um trabalhador. Corn o aumento no niimero
de trabalhadOres, o roduto marginardiminui e a furicao de producao- se toma mais
horizontal.
produto marginal
decrescente
a pro riedade segundo a qual
o produto marginal de um
insumo climinui a me Ida que
a quantidade do insumo
—
aumenta
k(-.),(6\:\
-0nD cc,
o
Q„Q„.„n\f,),
Da Fun * de Producao a Curva de Custo Total
\p,
As Liltimas tres colunas da Tabela 1 mostram o custo de producao de biscoitos da
fabrica de Helen. Neste exemplo, o custo da fabrica de Helen é de $ 30 por hora e
o de um trabalhador, de $ 10 por hora. Se ela contrata urn trabalhador, seu custo
total é de $ 40. Se contrata 2 trabalhadores, é de $ 50 e assim por diante. Corn essa
PIZ 0 or° go
A,-
if iv
AL DE c_
ce E
(1-'1/0 CtU-CCA-0
Ct.A.
p-oo()Ax
rst
.
274
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA ENIPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1ND5TRlA
informa o, a tabela agora nos mostra como o nUmero de trabalhadores que Helen
contrata se relaciona com a quantidade de biscoitos que ela produz e com seu custo
total de produ'ao.
Nosso objetivo nos prOximos capitulos sera estudar as clecis cies
de produ o e
de determina o de preos das empresas. Para tanto, a relg ao
mais importante da
Tabela 1 é a existente entre a quantidade produzida (segunda coluna) e o custo total
(sexta coluna). A Figura 3 representa graficamente essas duas colunas de dados
com a quantidade produzida no eixo horizontal e o custo total no vertical. Esse grafico e chamado de curva de custo total.
Compare agora a curva de custo total da Figura 3 com a fuN'ao de produc --io da
Fig,ura 2. Elas s..o os lados opostos da mesma moeda. A inclinação da curva de
custo total aumenta com a quantidade produzida, enquanto a inclinacfao da func,.. o
de produ o diminui. Essas mudaNas da inclinação ocorrem pelas mesmas razies.
Uma produ-io elevada de biscoitos sipifica que a cozinha de Helen esta lotada de
trabalhadores. Como a cozinha esta cheia demais, cada trabalhador adicional
acrescenta menos à produ o de biscoitos, refletindo o produto marginal decrescente. Portanto, a funio de produ o fica relativamente achatada. Mas vamos
inverter o raciocinio: quando a cozinha esta lotada, produzir um biscoito a mais
requer muito trabalho adicional e isso é muito dispendioso. Com isso, quando a
quantidade produzida é elevada, a curva de custo total apresenta inclinação relativamente ingreme.
FIGURA 3
A Curva de Custo Total de Helen
Uma curva de custo total ilustro a
relacdo
entre a quantidade produzida
e o custo total de produ0o. Aqui, a
quantidade produzida (no eixo
horizontal) é mostrada no segundo
coluna do Tabela 1 e o custo total (no
eixo vertical), no sexta coluna.
A inclinacoo
da curva de custo total
Lirr a com a quantidade produzida
roduto marginal
decrescente.
Custo
Total
Curva de custo total
$80
70
60
50
40
30
DA
20
ej ,,) !TA-0
p„ L
10
f\ u\f\ ru
O
111111111111111
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 Quantidade
Produzida
(biscoitos por hora)
Mg:(0)\\C,S,A
CAPiTULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO
275
Teste Rapido Se o fazendeiro Jones nao planta sementes em sua fazenda, nao colhe nada. Se planta urn
saco de sementes, colhe tres sacas de trigo. Se planta dois sacos, colhe cinco sacas. Se planta tres sacos, colhe
seis sacas. Urn saco de sementes custa $100 e as sementes sao o Onico custo dele. Use esses dados para
representar graficamente a funcao de producao e a cuiva de custo total do fazendeiro. Explique o formato das
curvas.
AS DIVERSAS MEDIDAS DO CUSTO
Nossa analise da Fabrica de Biscoitos da Helen demonstrou como o custo total
de uma empresa retlete sua funcao de producAo. A partir dos dados do custo total de uma empresa, podemos derivar diversas outras medidas de custo, que sera°
uteis quando analisarmos as decisoes de producao e dc determinacao de preco em
capitulos futuros. Para vermos como essas medidas sao derivadas, vamos usar o
exemplo da Tabela 2, que apresenta &dos de custos da empresa vizinha de Helen,
a Barraca de Limonada da Thelma.
A primeira coluna da tabela mostra o nUmero de copos de limonada que Thelma
pode produzir, indo de 0 a 10 copos por hora. A seg,unda coluna mostra o custo
total de producao de limonada de Thelma. A Figura 4 traca a curva de custo total
de Thelma. A quantidade de limonada (da primeira coluna) esta no eixo horizontal( x)
e o custo total (da seg,unda coluna), no eixo vertical. A curva de custo total de
J.A-V r'‘
(1 )
TAgELA 2
Quantidade
de Limonada
(copos por
hora)
0
0_,
-r
,It 4-%, Pc.o\\Ittusto
Total
Custo
Fixo
$ 3,00
$ 3,00
Custo
Variavel
$ 0,00
Custo
Fixo
Medi°
Custo
Variavel
Medio
Custo
Total
Medi°
i 411):1
Custo
Marginal
As Diversas Medidas de
Custo: Barraca de
Li monada da Thelma.
$ 0,30
$ 3,30
1
3,30
3,00
0,30
$ 3,00
$ 0,30
2
3,80
3,00
0,80
1,50
0,40
1,90 ... •
3
4,50
3,00
1,50
1,00
0,50
1,50
0,50
0,70
0,90
4
5,40
3,00
2,40
0,75
0,60
1,35
, 5
6,50
3,00
3,50
0,60
0,70
1,30
1,10
1,30
6
7,80
3,00
4,80
0,50
0,80
1,30
0,90
1,33
1,00
1,38
1,50
7
9,30
3,00
6,30
0,43
8
11,00
3,00
8,00
0,38
1,70
1,90
9
12,90
3,00
9,90
0,33
1,10
1,43
10
15,00
3,00
12,00
0,30
1,20
1,50
2,10
j 0
276
PARTE 5 COMPORTANIENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1ND5TRlA
FIGURA 4
A Curva de Custo Total de Thelma
Aqui, a quantidade produzida (no eixo
horizontal) é mostrado no primeira coluna
da Tobela 2 e o custo total (no eixo vertical),
na segunda coluna. Como no Figuro 3, o
inchnoc5o do curva de custo total aumento
medida ue a uontidade oduzido
aumenta por causa do produto marginal
decrescente.
Custo Total
$15,00
Curva de custo total
14,00
13,00
12,00
11,00
10,00
9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0
I
I
I
I
1
I
I
I
1
2
3
4
5
6
7
8
I
I
Quantidade
Produzida
(copos de limonada por hora)
9
10
Thelma tem formato semelhante à de Helen. Mais especificamente, sua
aumenta com a quantidade procluzida, o que (como já vimos) retlete o 1.-)roduto
marOEinal decrescente.
f„0\\
custos fixos
custos que não variam com a
quantldade produzida
custos vari veis
custos que variam com a
. quantidade produzida
Custos Fixos e Variveis
0 custo total de Thelma pode ser dividido em dois tipos. Alpns custos, chamados
decustosfixos,nãovariam com a quantidade produzida. A em resa incorre neles
mesmoq1eno produza nada. _ s custos fixos de Thelma incluem o alug-uel que
ela paga porque esse custo será o mesmo qualquer que seja a quantidade de
nada que produza. De maneira similar, se ela precisar contratar um funcionkio em
temi3o integral para pagar as contas, o sakirio dele será um custo fixo, pois
dependerá da quantidade de limonada produzida. A terceira coluna da Tabela 2
mostra o custo fixo de Thelma, que, neste exemplo, e de $ 3.
Alguns dos custos da empresa, chamados de custos yar_iiveis mudam medida que a quari
produzida varia. Os custos varklveis de Thelma incluem o custo
dos limões, açúcar, copos descarffifeis e canuclos: quanto mais limonada ela fizer,
mais desses itens precisará comprar. De maneira similar, se ela precisar contratar
mais funcionkios para fazer rnais limonada, o salkio deles seni um custo varizivel.
A quarta coluna da tabela mostra o custo varizivel de Thelma. 0 custo varivel e 0
CAPiTULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO
277
quando ela nao produz nada, $ 0,30 se procluz urn copo de limonada, $ 0,80 quando produz 2 copos e assim por diante.
0 custo total de uma em_-)resa é a soma dos custos fixos e variaveis. Na Tabela
2, o custo total da segunda coluna é ig-ual aos custos fixos da terceira coluna mais
os custos variaveis da quarta coluna.
Custo Medio e Marginal t4.:
RI) Oki
"\-
\-j'c•--0-",\_Ci-
Como proprietaria da empresa, Thelma precisa decidir
produzir. Uma
o
p
1have dessa decisao se refere a saber como os custos v-do variar
prc ç
iar.ParatornaressadecisSo, Thelma pode fazer duas
_Rmlnc
„n l
tos sobre o custo de grodu0o de limonada ao seu supervisor de producao:
rA(2 .
• Quanto custa fazer urn copo de limonada tipico?
• Quanto custa
- aumentar
- - a producao de limonada em urn copo?
Embora a primeira vista possa parecer que essas duas perguntas tern a mesma
resposta, isso nao ocorre. As duas respostas sac) importantes para se entender como
as empresas tomam decisoes de producao.
Para identificarmos o custo da unidade tipica produzida, dividimos os custos da
empresa pela quantidade produzida. Por exemplo, se a empresa produz 2 copos por
hora, seu custo total é de $ 3,80 e o custo de urn copo tipico é de $ 3,80/2, ou $ 1,90.
0 custo total dividido ela uantidade roduzida é chamado de custo total medio.
Corno o custo total é a soma dos custos fixos e variaveis, o custo total meat() pode
ser expreasc como a soma do custo fixo medio e do custo variavel medio. 0 custo
de produzida e o custo variavel
fixo medio é o custo fixo dividido pela quantida—
e la quantidade produzida.
medio é o custo va r
Embora o custo total medio nos diga o custo da unidade tIpica, n'ao nos diz em
.vanto o cLusto total mudarkse a empresa alterar seu nivel de producao. A tiltima
coluna da Tabela 2 mostra em quanto aurnenta o custo total quando a empresa
aumenta a produc5o em 1 unidade. Esse ntimero é chamado de custo marginal.
Por exemplo, se Thelma aumentar a produ0o de 2 para 3 copos, seu custo total
aumentard de $ 3,80 para $ 4,50, de modo que o custo marginal do terceiro copo de
limonada sera $ 4,50 menos $ 3,80, ou $ 0,70.
Pode ser dtil expressar essas definicoes matematicamente:
custo_ltal7io
-c—
ustototal dividido pela
tidade produzida
_
custo fixo medio
.
custos Nos divididos pela.
quantidade produzida
•
/•
_
custo vanavet meow_
, custos variaveis divididopela
I
quantid
ade produzida
--custo marginal
o aumento do custo total
-d-ecorrente da produca"o de
uma untdade adicional
Custo total medio = Custo total / Qaantidade
CTM = CT/Q
Gusto marginal =Variacao do custo total /Variacao da quantidade
-CMg = ACT/AQ
Aqui, A, a letra grega delta, representa a mudanca em uma variavel. Essas
equagoes mostram como o custo total medio e o custo marainal derivam do custo
total. 0 Gusto total medio nos diz o custo do uma wzidade tipica de produto seocAsictotal
for dividido 42or igual entre todas as unidades produzidas. 0 custo marginal nos djz_em..
0 de Unla unidade adicional de
po.iumenta o
_plachita. Como veremos em maiores detalhes no proximo capitulo, Thelma, nossa
empreendedora da limonada, vai descobrir que os conceitos de custo total media e
custo marginal sao bastante iateis na hora de decidir quanta limonada produzir.
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278
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA IND13STRIA
Curvas de Custos e Suas Formas
o
I
t\) \,;()
N L
Assim como em capitulos anteriores os graficos de oferta e demanda foram Uteis
para analisar o comportamento clos mercados, os graficos de custo medio e mar-cornp
. ortamento das erp2res A Figura 5 r e prearaanalisa
'senta os custos de Thelma, utilizando os dados da Tabela 2. 0 eixo horizontal mede
a quantidade produzida pela empresa e o vertical, os custos marginal e medios. 0
grafico apresenta quatro curvas: custo total medio (CTM), custo fixo medio (CFM),
custo variavel medio (CVM) e custo marginal (CMg).
As curvas de custos da Barraca de Limonada da Thelma aqui apresentadas tern
comuns as curvas de custos de muitas empresas
alg-umas caracteristicas que s ao
existentes na economia. Vamos examinar tres caracteristicas especificas: o formato
da curva de custo n-iarginal, o formato da curva de custo total medio e a rela o
entre custo marg,inal e custo total medio.
ag.!pai Ascendente o custo maroinal de Thelma aumenta com a
produzida. Isso reflete a ro riedade do p~rginal decrescente.
T
Quando Theln-ia esta produzindo uma pequena quantidade de Tri n7;i-iacraTela t—em
poucos trabalhadores e grande parte de seu equipamento n'ao está sendo utilizada.
Como ela pode facilmente colocar esses recursos ociosos em uso, o produto marginal de um trabalhador extra é alto e o custo marginal de um copo extra de limonada e baixo. Por outro lado, quando ela esta produzindo uma grande quantidade
de limonada, sua barraca esta lotada de empregados e a maior parte de seu equipamento esta sendo plenamente utilizada. Thelma pode produzir mais se contratar
mais trabalhadores, mas esses novos funcionrios ter ao que trabalhar em condie podem ter de esperar para usar os equipamentos. Por essa
()es de superlotg ao
FIGUFA 5
-
1) w,,,,r
1
ek e)
As Curvas de Custo Total Wdio e
Custo Marginal de Thelma.
Esto figura mostra o custo total mkio (CTM),
custo fixo mkio (CFM), custo vanavel mkio
(CVM) e custo marginal (CMg) da Barraca de
Limonada de Thelma. Todas essas curvas sao
trap3das a partir dos dados da Tabela 2 e
revelar
eristicas qLes-ao,cor
t
rliuns
.mu'itas
aumenta com a quantidade produzida. (2) A
curva de custo total m6c
lioteDiforma de U.
(3) A curva de custo marginal cruza a curva
de custo total mkio no ponto em que o
custo total mkio
Q, r
Custos
\
>,
(, c,
$3,50 _
,,
._ (`>f,
0
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(7
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3,25
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2,75
\
2,50
2,25
CMg
2,00
1,75
1,50
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CVM
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I
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I
6
•
i
7 8
Quantidade
Produzida
(copos de limonada por hora)
9 10
279
CAPITULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO
razdo, quando a quantidade de limonada produzida já é elevada, o produto marginal de urntrabalhador adicional é baixo e o custo marginal de urn co sO adicional
.1)
.ae—limonada c clevado.
/ • e.,
C
___—,
—
__„ i- 4,,,,,Q, • __) 9.p.rps r,_
•
d
-
Cutva de Custo Total Medio em U A curia de custo total medio de Thelma ,.),- Tr, E c) \ N- , (-,/-,-_ il, p RoN
se_ciesi_u_e_o_s_usto total medio_ C_A-0
roo rc1uê disso
tern forma de U. Para ente
e _orna do custo fixo medio e do custo variavel medio. 0 gusto fixo medio sempre
custo fixo se distribui or um
o
por_que
diminui
lo a
a,tun-I rumentar _i_j_anc_
r_a_de_unidades___O custo
6_nie
producao, aumenta por caus_a_do produto marginal decrescente. 0.custo total medio
(IV
e. o Vvv..p., P\u
Como
medio.
variavel
refleteo
_ formato das . curvas de custo fixo medi° e de custo
mostra a Figura 5 a niveis cleat:94ga° muito baixos como 1 ou 2 copos porhora,
r_.0D0 zs,
POP'. t.)1:-)0
p ueOCUStOfLXOSed1V1deefltre poucas unida—des..0
o custo total inedioe
fro1" A
_quanclo_a_pro-auc_ao aumenta, ate atingir 5 copos
custo total medio passa a diminuir
___
por hora, quando o custo total medio cai para $ 1,30 por copo de limonada. Quando
a empresa produz mais do que 6 copos, o custo total medio passa a subir novamente porque o custo variavel medio aumenta substancialmente.
que minimiza o custo
m
A parte mais uantidade
escala eficiente
.total medio. Essa quantidade é por vezes chamada de escala eficiente da empres_a.
a quantidade produzida qu\-e-"").-)
Se ela produzir
limonada.
de
copos
6
ou
5
de
é
Para Thelma, a escala eficiente
minimiza o custo total medio
menos do que 5 ou 6 copos, seu custo total medio ficara acima do minim() de $ 1,30.
ik
i)-.0\J A
pct,
_A Relacao entre Custo}Viarginal e Custo.Total_Medio Se voce olhar para
áalgo que pode parecer surpreendente a primeira
a Figura 5 (ou para a Tabela 2
vista. Sempr_aus_ o custo mar&nalfor menor do_gue o custo totaligedio_o custo total
U4() Uf\j‘tf\ff.'
r)
rnedio estart4.em queda. Sempre gue o custo marginalfor maior do clue o custo _total medio,
Q. custo total medio estarci aumentando. Essa caracteristica das curvas de custo de
Thelma nao é uma coincidencia resultante dos numeros usados no exemplo: ela se
aplica a todas as empresas.
Para entendermos por que, vamos usar uma analogia. 0 custo total medio
como a media total de suas notas obtidas na escola. 0 custo marginal é como a nota
da proxima disciplina que voce vai cursar. Se sua nota na proxima disciplina.
_ •.• - for
_
menor do que sua no rne_diatotal sua media total caira Se sua nota naprOxima
_disciplina for maior- d_o_q_ue sua media total, sua media
_ total aumentara. A matemati'nal.
argi
e
ca dos custos medios e marginal é identica a das notas medias
Essa _relaa'o entre o cus_to total medio e o custo marginal tern urn importante,
corolario: a curva de custo mar• nal cruza corn a curva de custo total medio em seu ponto
custo
é inferior
Por ue? A baixos niveis de producao, o custo marginal
as
que
de oisao
total medic), de modo clue o custo total medio esta em queda,
duas curvas se cruzam, o custo marginal aumenta mais do que o custo total ni_e_dio.
total medio tern de comecar a
Pela razao que acabamos de examinar, o custo _
tr no
aumentar a artir desse nivel de producao. Assim, o ponto de intersecas
#ponto minim° do custo total medio. Como veremos no proximo capitulo, esse
ponto de custo total medio minim° desempenha urn papel-chave na analise das
empresas competitivas.
,
/
u
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f
z
TA 5c
pt
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°
Qj AC' ,
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.,_ •A's'
1
--C
r.A.
\-)
Curvas de Custos Tipicas
—
f!Cv
‘4
Nos exemplos que estudamos ate aqui, as empresas apresentam produto marginal
decrescente e, portant°, custo marginal ascendente em todos os niveis de producao.
P.
01
P-0
•
.
280
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA lND5TRlA
Entretanto, as empresas do mundo real freqentemente sao mais complicadas
do que a empresa aqui analisada. Em muitas empresas, o produto
decrescente na- o comeyi a ocorrer imediatamente apOs a contratgao do primeiro •
trabalhador. Dependendo do processo de produao, o segundo ou o terceiro trabalhaclores podem ter um produto marginal maior do que o primeiro porque uma
equipe de trabalhadores pode dividir as tarefas e trabalhar com maior produtividade do que um - nico trabalhador. Essas empresas teriam um aumento no produto marginal durante alg-um tempo, ate o instante em que aparecesse o produto
mar oinal decrescente.
A tabela da Figura 6 mostra os dados de custo de uma empresa nessas
condi es, chamada de Barraca de Pa'es do Big Bob. Esses dados s'ao usados nos
graficos. 0 painel (a) mostra como o custo total (CT) depende da quantidade produzida e o painel (b) mostra o custo total medio (CTM), o custo fixo medio (CF1VI),
o custo variavel medio (CVM) e o custo marginal (CMg). Na faixa de produ o
entre 0 e 4 j_•) es por hora, a empresa apresenta um produto marginal crescente, e
a curva de custo marginal decresce. ApOs 5 p aes
por hora, a en-ipresa comeyi a
apresentar produto marg,inal decrescente, e a curva de custo marg,inal comea a se
elevar. Essa combina o de produto marginal crescente e depois decrescente faz
com que a curva de custo marg,inal tambem tenha forma de U.
Apesar dessas difereNas em relga- o ao nosso exemplo anterior, as curvas de
custos do Big Bob compartilham as tr'e's propriedades que, pela sua import'ancia,
sempre devem ser lembradas:
• .,,A_p_ rtir de determinado nivel
o istor
aumento da quantida
duzida.
• -.A.
---curva de custo medio total tem forma de U.
• A curva de custo
com a cui a .
ue o custo total medio é minimo.,
r 2a
i- 1 aumenta com o
no onto
Teste R4ido Suponha que, para produzir 4 carros, a Honda tenha um custo total de produck de $ 225
mil e que seu custo total de produck de 5 carros seja de $ 250 mil. Qual o é custo total mkio da produck
de 5 carros? Qual é o custo marginal do quinto carro? • Represente graficamente a curva de custo marginal e
de custo total mkio de uma empresa tipica e explique por que elas se cruzam em determinado ponto.
CUSTOS NO CURTO E NO LONGO PRAZOS
Clin)!
-a,
1-/
s3
`
s)
(24'.°
\./
Observamos, no comec-s• o cleste capftulo, que os custos de uma en-ipresa podem
depender do horizonte de tempo considerado. Vamos examinar mais acuradamente por que isso acontece.
A Reiack entre Custo Total Widio no Curto e no Longo Prazos
Para muitas empresas, a divis'ao dos custos totais entre custos fixos e custos variaveis depende do horizonte de tempo. Considere, por exemplo, um fabricante de
automOveis como a Ford Motor Company. Num periodo de apenas poucos meses,
a empresa ria- o é capaz de ajustar o n mero ou o tamanho de suas fabricas de carros. A imica maneira de produzir rnais carros é contratar mais trabalhaciores para
as fabricas de que ja disp5e. 0 custo dessas fabricas k_portanto, um custo fixo_no
curto prazo. Ja ao longo de diversos anos, a Ford pode expandir suas fabricas existentes, constniir novas ou fechar as antigas. Assim, o custo de suas fabricas é m
custo variavel no longo prazo.
p\) k, q\ es() t.k
Or*
r:
281
CAPITULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO
......_._
Muitas empresas, como a Barraca de Paes do Big'Bob, (present= produto_m_arginal rescente ntes de a resentar decrescente e, portant°,
tem curvas de custo corn o format° semelhante as representadas nesta figura. 0 painel (a) mostra coma o custo total (CT) epende do quantidade produzida. 0 painel (b) mostra coma o custo total media (CTM), o custo fixo medic) (CFM), o custo variovel media (CVM) e o custo marginal (CMg) dependem do quantidade produzida. Essas curvas representam graficamente as dodos do tabela. Qbserve gue o custo marginal e o
custo varidvel medic, caem antes de comecar a subir.
Quantidade
de Paes
(por hora)
Custo
Total
Custo
Fixo
Q
CT . CF + CV
CF
Custo
\knave!
Custo
Fixo
Medic)
Custo
Variavel
Media
Custo
Total
Media
Custo
Marginal
CV
CFM = CF/Q
CVIVI = CV/Q
Critil .,-- CT/Q
CMg = ACT/AQ
0
$ 2,00
$ 2,00
$ 0,00
1
3,00
2,00
1,00
2
3,80
2,00
3
4,40
4
-
-
$ 2,00
$ 1,00
$ 3,00
1,80
1,00
0,90
1,90
2,00
2,40
0,67
0,80
1,47
4,80
2,00
2,80
0,50
0,70
1,20
5
5,20
2,00
3,20
0,40
0,64
1,04
6
5,80
2,00
3,80
0,33
0,63
0,96
7
6,60
2,00
4,60
0,29
0,66
0,95
8
7,60
2,00
5,60
0,25
0,70
0,95
9
8,80
2,00
6,80
0,22
0,76
0,98
10
10,20
2,00
8,20
0,20
0,82
1,02
11
11,80
2,00
9,80
0,18
0,89
1,07
12
13,60
2,00
11,60
0,17
0,97
1,14
15,60
2,00
13,60
0,15
1,05
1,20
17,80
2,00
15,80
0,14
1,13
1,27
$ 1,00
0,80
0,60
0,40
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
13
_
2,00
2,20
14
(b) Curvas de Custo Marginal e Medio
(a) Curva de Custo Total
Custo
Total
Custos
$18,00
16,00
14,00
12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
$3,00
0
2,50
CMg
2,00
1,50
CTM
CVM
1,00
0,50
2 k4
CFM
6
8
10
12
14
Quantidade Produzida (paes por hora)
0
2
4
6
8
10
12
Quantidade Produzida (paes por hora)
14
282
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1NDSTR1A
FIGURA 7
Custo Total Medio no Curto e no
Longo Prazos
Como os custos fixos sao variciveis no longo
prazo, a curva de custo total mkio do curto
prazo difere da curva de custo total mkio do
longo prazo.
7
Custo
Total
Medio
CTM no
curto
prazo com
fabrica pequena
CTM no curto
CTM no
prazo com
prazo com
fabrica madia fabrica grande longo prazo
CTM no curto
$12.000
10.000
Economias
de escala
Retorno
constante
de escala
1.000 1.200
(1,Pee
rJ
(,s,JCYJUr,/7.fr
,)
,\,-,\ckf\
(1 0 3,L (),0,1\1"1^,r
rrio h),)\
Auo
iy‘tr\-0J1'
f.
o CL' )(f eko
(n)\,0,A70
Deseconomias
de escala
Quantidade de
Carros por Dia
Como muitas decises s'a'o fixas no curto prazo, mas variveis no longo prazo,
as curvas de custos de longo prazo das empresas diferem de suas curvas de custos
de curto prazo. A Fig-ura 7 mostra um exemplo. Ali, vemos tres curvas de custo total
medio de curto prazo — para ffibricas de pequeno, medio e grande portes — e tambem a curva de custo total medio de longo prazo. À medida que a empresa se move
ao longo da curva de longo prazo, ajusta o porte de sua ffibrica à quantidade produzida.
0 grffico mostra como os custos de curto e de longo prazos est'a- o relacionados.
A curva de custo total medio de longo prazo tem o formato de U e é muito mais
plana do que as de curto prazo. Alem disso, todas as curvas de curto prazo esto na
curva de longo prazo ou acima dela. Essas propriedades devem-se ao fato de que as
empresas te'm flexibilidade maior no longo prazo. Em ess'encia, no longo prazo, elas
podem escolher a curva de curto prazo que desejam usar, mas, no curto prazo,
t'em de usar a curva que escolheram no passado.
A figura mostra um exemplo de como uma mudana na produo altera os
custos ao longo de diferentes horizontes de tempo. Quando a Ford quer aumentar a produ o de 1.000 para 1.200 carros por dia, a Unica opcfa- o que tem no curto
prazo é contratar mais trabalhadores para sua ffibrica de medio porte já existente.
Devido ao produto marg,inal decrescente, o custo total sobe de $ 10 mil para $ 12
mil por carro. Entretanto, no longo prazo, a empresa pode expandir tanto o tamanho da ffibrica quanto sua foNa de trabalho, fazendo com que o custo total medio
volte para $ 10 mil.
Quanto tempo leva para uma empresa chegar ao longo prazo? A resposta
depende da empresa. Pode levar um ano ou mais para uma grande empresa, como
uma montadora de carros, construir uma ffibrica maior. Por outro lado, uma pessoa
que tenha uma barraca de limonada pode sair para comprar uma jarra maior em
menos de uma hora. Ou seja, n'a- o há uma resposta Unica para quanto tempo uma
produtivas.
empresa leva para ajustar suas instalg cies
283
CAPiTULO 13 OS CUSTOS DE PRODUcA0
Economias e Deseconomias de Escaia
0 format() da curia de custo total medio de longo prazo transmite informacOes
importantes sobre a tecnologia da producdo de urn bem. Quando a curia de custo
total rnedio de longo prazo decresce corn o aumento da producao, dizemos que ha
economias de escala. Quando ela se eleva corn a producao, dizemos que 116 deseconomias de escala. Quando o custo total medio de longo prazo nao varia corn o
nivel de producao, dizemos que ha retornos constantes de escala. Neste exemplo, a Ford tern economias de escala em baixos niveis de producao, retornos constantes de escala em niveis intermediarios de producao e deseconomias de escala
em altos nivers de producao.
0 que poderia ser a causa das economias ou deseconomias de escala? As economias de escala geralmente surgem porque maiores niveis de producao possibilitam especializacao entre os trabalhadores, o que permite que cada trabalhador se
tome melhor nas tarefas que lhe sao desig,nadas. Por exemplo, a producao moderna em linhas de montagem requer urn gr, ande nurnero de trabalhadores. Se a Ford
estivesse produzindo uma pequena quantidade de carros, ndo poderia se aproveitar da vantagem desse fato e terra urn custo total medio mais elevado. As deseconomias de escala podem surgir por causa de problemas de coordenacao inerentes
a qualquer gr, ande organizacao. Quanto mais carros a Ford produzir, mais sobrecarregada ficard a equipe de administracao e menos eficientes sera() os administradores para manter os custo baixos.
economias de escala
a propriedade segundo a qual
o custo total medio de longo
prazo cal corn o aumento da
quantidade produzida
deseconomias de escala
a propriedade segundo a qual
o custo total medio de longo
prazo aumenta corn o
aumento da quantidade
produzida
retornos constantes
de
escala
a propriedade segundo a qual
o custo total medio de longo
prazo se mantem constante
enquanto a quantidade
produzida varia
para receber a cabeca; a feitura do cobeca requer duos ou tres
operacdes distintas; encaixd-la e uma atividade peculiar, branqued-la é outra; ate mesmo embold-los é um negOcio por Si SO.
SAIBA MAIS SOBRE...
LIcOES DE UMA FABRICA DE ALFINETES
ir
.tuem tudo faz, nada sabei.` Esta frase ajuda a explicar por que as
empresas as vezes usufruem de economias de escala. Alguern que
tenta fazer de tudo geralmente acaba fazendo tudo mal. Se uma
empresa quer que seus trabalhadores sejam o mais produtivos que
puderem, muitas vezes e melhor confiar a cada urn uma tarefa limitada
que possa ser dominada. Entretanto, isso s6 e possivel se a empresa
tern muitos trabalhadores e gera uma grande quantidade de produto.
Em seu famoso livro A Riqueza dos Nacdes Adam Smith descreveu uma visita que fez a uma fabrica de alfinetes. Smith ficou
impressionado corn a especializacao entre os trabalhadores e corn as
economias de escala resultantes. Ele escreveu:
Urn homem estende o arame, outro o estica, urn terceiro o
corta, urn quarto lhe deixa corn ponta, urn quint° lixa o topo
Smith relatou que, gracas a especializacao, a fabrica de alfinetes
produzia milhares de alfinetes por trabalhador por dia. Ele conjeturou
que, se os trabalhadores tivessem optado por trabalhar separadamente e nao como uma equipe de especialistas, "eles certamente
nao poderiam, cada urn por si sa, fazer sequer vinte alfinetes por dia".
Em outras palavras, por causa da especializacao, uma grande fabrica
de alfinetes pode atingir uma maior producao por trabalhador e urn
menor custo por alfinete do que uma fabrica de alfinetes menor.
A especializacao que Smith observou na fabrica de alfinetes prevalece na economia moderna. Se voce quer construir uma casa, por
exemplo, pode tentar fazer tudo sozinho, mas muitas pessoas recorrem a urn construtor, que, por sua vez, contrata carpinteiros, encanadores, eletricistas, pintores e muitos outros tipos de trabalhadores.
Esses trabalhadores especializam-se em atividades especificas e isso
'hes permite fazer melhor o seu trabalho do que se fossem generalistas. Na verdade, o uso da especializacao para alcancar economias
de escala é urn dos motivos pelos quais as sociedades modernas so
t o prosperas.
284
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZI~ DA 1NDSTR1A
Esta anlise mostra por que as curvas de custo total medio de longo prazo tem
freqentemente forma de U. A baixos niveis de produc;,-io,
a empresa se beneficia
de um tamanho maior porque pode tirar vantagem de uma especialização maior.
Os problemas de coordenao, nessa fase, ainda 1-1 "o são acentuados. Por outro
lado, a niveis de produio elevados, os beneficios da especializa o foram obtidos e os problemas de coordena o se tornam mais graves i medida que a empresa cresce. Assim, o custo total medio de longo prazo diminui a baixos niveis de produ a"o
por causa da especializa o crescente e sobe a altos niveis de proc-lu o por
causa do aumento nos problemas de coordena o.
Teste R4icio Se a Boeing produzir 9 jatos por mês, seu custo total de longo prazo será de $ 9 milhes
por mês. Se produzir 10 jatos por rns, seu custo total de longo prazo será de $ 9,5 milhões por mês. A empresa apresenta economias ou deseconomias de escala?
CONCLUSik0
0 objetivo deste capitulo foi desenvolver algumas ferramentas que poderemos usar
para estudar como as empresas tomam decises cle produio e de determinalo de
preo. Agora voc'e deve entender o que os economistas querem dizer com custos e
como os custos variam com a quantidade produzida de uma empresa. Para refrescar sua memOria, a Tabela 3 apresenta um resumo de algurnas das definições
encontradas por n6s.
TABELA 3
Os Diversos Tipos de Custo:
Um Resumo
Termo
Definicuk
Descrick
MatemMica
CAPITULG 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO
E claro que, por Si SOS, as curvas de custo de uma empresa nab nos dizem que decisoes ela tomara, mas
sac) urn componente importante dessas ciecisoes, como comecaremos a ver no proximo capitulo.
ESU 011
empresas maximizar o lucro,
• 0sol
q_iLe igual receita total menos o custo total.
• Ao se analisar o comportamento de uma empresa, é importante incluir todos os custos de oportunidade da producao. Alguns custos de oportunidade, como os salarios pagos pela empresa aos
trabalhadores, so explicitos. Outros, como o
salario de que o dono da empresa abre ma° por
trabalhar na propria empresa em vez de trabalhar em outro emprego, sao
• Os custos de uma empresa refletem seu processo de producao. Para uma en) re ti
da roducao diminui medida
que a quantidade de urn insumo aumenta, revelando a prcipi
Troduto
r ed.a.
•decrescente. Como resultado, a curva de custo
total da empresa toma-se mais inclinada
icia ue a quantidade produzida aumenta.
• Os custos totais de uma empresa podem ser
dMdidos em custos fixos e custos variaveis.
Custos fixos sao aqueles_gue_nao mudanlquando a etnpresa altera a quantidade produzida.
Custos variaveis sao aqueles que mudam quanao a emp_resa altera a uantidade roduzida,
• Da curva de custo total ‘de uma emp_
resa
outras medidas de custo. 0 usto
d erivam duasc
total medio éocusto total dividido pc,LI
produzida. 0 custo marginal é o montante
no ual o custo total aumenta quando a quantidjAe_produzida aumenta em uma unidade._
• Ao se analisar o comportamento de uma empresa, geralmente é iItil representar graficamente o
custo total medio e o custo marginal. Para uma•
empre_siLtipica, o rust° marginal aumenta corn a
quantidade produzida_O custo total medio a
yrincipio cai corn o aumento na quantidade produzida e de ois sobe a medida c ue a quantidade
ais. A curva de custo _marproctizicl
ginal sem -)re cruza corn a curva de custo total
inedio no •onto de custo tota medio minim°
• Os custos de uma empresa muitas vezes dependem do horizonte de tempo que esta sendo
considerado. Mais especificamente, muitos
custos sao fixos no curto prazo, mas variaveis no
_l ong° prazo. Como resultac uando_uma
empresa:Lnuda seu nivel de producao, o custo
total medio pode aumentar mais no curto prazo
do que no longo prazo.
CONCEITOS-CHAVE
receita total, p. 268
custo total, p. 268
lucro, p. 268
custos explicitos, p. 269
custos implicitos, p. 269
lucro economic°, p. 270
lucro contabil, p. 270
funcao de producao, p. 272
produto marginal, p. 272
produto marginal decrescente,
p. 273
custos fixos, p. 276
custos variaveis, p. 276
custo total medic', p. 277
custo fixo medic,/ p. 277
custo variavel rnédio, p. 277
1. Qual é a relacao entre a receita total, o lucro e o
custo total de uma empresa?
2. De urn exemplo de custo de oportuniclade que
um contador poderia nao considerar como
custo. Por que ele poderia ig,norar esse custo?
custo marginal, p. 277
escala eficiente, p. 279
economias de escala, p. 283
deseconomias de escala, p. 283 .
retornos constantes de escala,
p. 283
3. 0 que é produto marginal e, quando é decrescente, o que isso significa?
4. Represente graficamente uma funcao de producao que apresente o produto marginal decrescente do trabalho. Represente graficamente
285
286
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA lND5TRlA
a curva de custo total a ela associada. (Nos dois
casos, lembre-se de dar nome aos eixos.) Explique
o formato dessas duas curvas.
5. Defina custo total, custo total medio e custo marcr
inal Como estao relacionados?
6. Represente grafican-iente as curvas de custo marginal e custo total medio de uma empresa
Explique por que as curvas t'em o formato apre-
sentado e por que se cruzam em determinado
ponto.
7. Como e por que a curva de custo total meclio de
un-la empresa é diferente no curto prazo e no
longo prazo?
8. Defina economias de escala e explique por que
podem surgir. Defina deseconomias de escala e
explique por que podem surgir.
PROBLEMAS E APLICAOES
1. Este capitulo discute muitos tipos de custos: custo
de oportunidade, custo total, custo fixo, custo varffiTel, custo total medio e custo marg,inal. Complete as frases abaixo com o tipo de custo mais adequado a cada uma delas:
a. 0 verdadeiro custo de se realizar uma aeao e seu
b. 0
diminui quando o custo marginal
menor do que ele, mas aumenta quando o custo
marginal é maior.
c. Um custo que não depende da quantidade produzida é um
ci. Na indstria cle sorvetes, no curto prazo, o
inclui o custo do creme e do aecar, mas não o
custo da fabrica.
e. 0 lucro é ig,ual à receita total menos o
f. 0 custo de produzir uma unidade adicional é o
2. Sua tia esta pensando em abrir uma loja de ferragens. Ela estima que Ihe custaria $ 500 mil por ano
alugar um espaeo e comprar um estoque. Alem
disso, ela teria que abrir mao de seu emprego de
contadora, em que ganha $ 50 mil por ano.
a. Defina o custo de oportunidade.
b. Qual e o custo de oportunidade de sua tia de
operar uma loja de ferragens por um ano? Se ela
acha que pode vender $ 510 mil em mercadorias
por ano, deve abrir a loja? Explique.
3. Suponha que sua faculdade cobre separadamente
pela sua instrueao e pela estadia e alimentaeao.
a. Qual e o custo de cursar a faculdade que nao
representa custo de oportunidade?
b. Qual é o custo de oportunidade explfcito de cursar a faculdade?
c. Qual é o custo de oportunidade implicito de freqentar a faculdade?
4. Um pescador profissional observa a seguinte
relaeao entre o n mero de horas que passa pescando e a quantidade de peixes que consegue pegar:
Horas
Qudntidade de Peixes (ern kg)
1
10
2
18
3
24
4
28
5
30
a. Qual é o produto marg,inal de cada hora gasta
pescando?
b. Use esses dados para representar graficamente a
funeao de produeao do pescador. Explique seu
formato.
c. 0 pescador tem custo fixo de $ 10 (sua vara de
pesear). 0 custo de oportunidade de seu tempo
$ 5 por hora. Represente g,raficamente a curva
de custo total do pescador. Explique seu formato.
5. A Nimbus, Inc. fabrica vassouras e as vende de
porta em porta. Eis a relaeao entre o n mero de
trabalhadores e a produeao da Nimbus em um
determinado dia:
CAPITULO 13 OS CUSTOS DE PRODUcA0
Produto
Trabalhadores Producao Marginal
0
0
1
20
2
50
3
90
4
Custo
Total
Custo
Total
Custo
Medic) Marginal
120
5
140
6
150
7
155
a. Preencha a coluna do produto marginal. Que
padrao pode ser identificado? Como voce pode
explica-lo?
b. Urn trabalhador custa $ 100 por dia e a empresa
tern custo fixo de $ 200. Use essa informac5o
para preencher a coluna do custo total.
c. Preencha a coluna do custo total medio.
(Lembre-se de que CTM = CT/Q.) Que padrao
pode ser identificado?
d. Agora preencha a coluna do custo marginal.
(Lembre-se de que CMg = ACT/AQ.) Que
padrao pode ser identificado?
e. Compare a coluna de produto marginal e a
coluna de custo marginal. Explique a relacao
entre elas.
f. Compare a coluna de custo total medio e a coluna de custo marginal. Explique a relac5o entre
elas.
6. Suponha que voce e urn colega de classe tenham
criado urn servico de entrega de paes no campus da
universidade. Liste alg,uns de seus custos fixos e
287
clescreva por que sao fixos. Liste alg,uns de seus
custos variaveis e descreva por que sac) variaveis.
7. Considere as seg,uintes informacoes de custos de
uma pizzaria:
Q (duzias)
0
1
2
Custo Total
Custo Variavel
$300
350
390
$0
50
90
3
420
120
4
450
150
5
490
190
6
540
240
a. Qual é o custo fixo da pizzaria?
b. Construa uma tabela corn o c'Slculo do custo
marginal por diizia de pizzas a partir das informacoes sobre custo total. Calcule tambem o
custo marginal por duzia de pizzas a partir do
custo variavel. Qual a relacao entre esses dois
conjuntos de valores? Comente.
8. Voce est6 pensando em montar uma barraca de
limonada. A barraca em si custa $ 200. Os ingredientes para cada copo de limonada custam $ 0,50.
a. Qual é o custo fixo do seu negacio? Qual é o
custo variavel por copo de limonada?
b. Construa uma tabela mostrando seu custo total,
seu custo total medio e seu custo marginal para
nlveis de producao variando de 0 a 10 galoes.
(Dica: cada gal?io contem 16 copos.) Represente
o-raficamente as tres curvas de custos.
9. Seu primo Vinnie é propriet6rio de uma empresa
de pintura de paredes corn custo fixo de $ 200 e a
seguinte relacao de custos variaveis:
Quantidade de
6
Casas Pintadas
1 2 3
4
5
7
por Nies
Custos Variaveis $ 10 $ 20 $ 40 $ 80 $ 160 $ 320 $ 640
Calcule o custo fixo medio, o custo vari6vel medio
e o custo total medio para cada quantidade. Qual
a escala eficiente da en-ipresa de pintura?
288
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1ND5TR1A
10. 0 Bar de Sucos do Harry tem as seguintes rela0es
de custos:
Q (barris)
Custo Vanavel
Custo Total
0
$0
$ 30
1
10
40
2
25
55
3
45
75
4
70
100
5
100
130
6
135
165
b. Represente graficamente as tres curvas. Qual é a
relg"a- o entre a curva de custo marginal e a de
custo total medio? E entre a curva de custo marginal e a de custo vari vel medio? Explique.
11. Considere a seguinte tabela de custo total de
longo prazo de tres empresas diferentes:
a. Calcule o custo variEivel medio, o custo total
medio e o custo marg,inal para cada quantidade.
Analise se cada uma dessas empresas apresenta
economias ou deseconomias de escala.
Quantidade 1
2
3
Empresa A $60 $70 $80
Empresa B 11 24 39
Empresa C 21 34 49
4
5
6
7
$90 $100 $110 $120
56
75
96 119
66
85 106 129
EMPRESAS EM MERCADOS
COMPETITIVOS
Se o posto de gasolina do seu bairro aumentasse o preco que cobra pelo combustivel em 20%, perceberia uma g,rande queda na quantidade de gasolina vendicia.
Seus clientes logo passariam a abastecer seus carros em outros postos. Por outro
lado, se a empresa que fornece agua a sua cidade aumentasse o preco em 20%,
observarlamos somente urn pequeno decrescimo na quantidade de agua fornecida.
As pessoas poderiam regar seus jardins corn menor frequencia e comprar chuveiros mais eficientes, mas seria dificil reduzir muito o consumo de agua e improvavel
encontrar outro fornecedor. A diferenca entre o_mercaclo deg
n
o de ua é
&via: ha muitas em resas Zistribuindo_gasolina, mas apenas uma xesa de
_abastecimento d giii. Qoino seria de es erar, essa diferenca quanto a estnitura
dos mercados molda as decisoes de precificacao e pr-oc
_tu doclas empresas que operam nesses mercados.
Neste capitulo, examinaremos o comportamento das empresas competitivas,
como o posto de gasolina do bairro. Voce talvez se lembre de que urn mercado é
cr
uT
. _stitivo .. uando cada comprador e vendedor sdo •eouenos se corn arados ao
tamanho do mercado e, portanto, tern pouca capacidade para influenciar os precos
do mercado. Por outro lado, se uma empresa é capaz de influenciar o preco de mer.cado do hem sue
0•- --rnos__que_tem ujejo
merca-To7Mais adiante examinaremos o comportamento das empresas que tern poder de mercado, como a cornpanhia de abastecimento de agua da sua cidade.
▪
290
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA IND(JSTRIA
Nossa analise das empresas competitivas neste capitulo esclarecera as decis-Oes
que est c-io
por tras da curva de oferta em um mercado competitivo.Veremos, como
nao e de surpreender, que a curva de oferta do mercado esta estreitamente associada aos custos de produc;ao das empresas (na verdade, essa conclusao deve ser
familiar para voce pela analise que fizemos no Capitulo 7). Mas, entre os diversos
custos das empresas – fixo, variavel, me.dio e marginal quais sao os mais importantes para suas decisb- es a respeito de que quantidade ofertar a cada prec;o?
Veremos que todas essas medidas do custo representam papeis importantes e
interligados.
iUEÉ U Pi Rirti :A30
(C
C MPErirritiV07
Nosso objetivo neste capitulo e examinar como as empresas tomam decis Oes
de.
produo nos mercados competitivos. Como pano de fundo para esta analise,
comearemos considerando o que e um mercado competitivo.
0 Significado da CompetiOo
competitivo
\ mercado
....-------.
1 um mercado com muitos
compradores e vendedores
n_e&o_dando produtos
I .
.
' identicos, de modo que cada
_
,
comprador e cada vendedor
e un-1 tomador de preco
Embora ja tenhamos discutido o significado da competic;ao no Capitulo 4, vamos
rever rapidamente a lição. Um mercado competitivo, por vezes chamado de mer-
• Ha muitos con-i -)radores e_vendedores no niercado.
• Os bens oferecidos pelos diversos vendedores sao em grande escala o mesmo.
Por causa dessas condi es, as ações de um comprador ou vendecio mdividual
no mercado tern_ im.12E
- __1_.cto_ msignificante sobre o preo de mercado. Cada comprador e cada vendedor tomam o preo de mercado como dado.
Urn exemplo é o mercado de leite. Nenhum comprador individual de leite e
capaz de influenciar o -)reco do
r ue ca a
ady:_ul_re uma
em relaçãoaotarnanho do mercado. De maneira similar, cada
vendedor de leite tem controle limitado sobre porque ha muitos outros
vendedores fomecendo um rroduto basicamente identico. Como cada vendedor
-)ode vender uanto uiser ao -)re o vi crente, nao tem motivo ara cobrar menos do
-)re o e, se cobrar mais, os com -)radores vão p rocurar outro fornecedor—
.
cornpradores e vendedores dos mercados competitivos precisam aceitar o preo
que o mercado determina e, portanto, sao chamados de tomadores de prm)s.
Alem dessas duas condi es para a competi ao, ha uma terceira cond o as
vezes tida como caracteristica dos mercados perfeitamente competitivos:
• As em -)resas odem entrar e sair livremente do mercado.
Se, por exemplo, qualquer pessoa pudesse decidir fundar uma fazenda de leite
e se qualquer produtor de leite existente pudesse optar por sair do negOcio de latienta- o a indUstria cle leite satisfaria essa condi ao. É importante observar que
grande parte da analise dos mercados competitivos nao depende da hipOtese da
livre entrada e saida porque essa condi ao nao é necessaria para que as empresas
sejam tomadoras de precg-os. Entretanto, como veremos mais adiante, a entrada e a
saida s'ao, em n-luitos casos, foNas poderosas que dao forma ao resultado de longo
prazo nos mercados competitivos.
CAPiTULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS
A Receita de uma Empresa Competitiva
Uma empresa que opera nun-i mercado competitivo, como a maioria das demais
empresas da economia, procura maximizar seu lucro, que é igual a receita total
menos o custo total. Para vermos como ela procede, consideraremos, em primeiro
lugar, as receitas de uma empresa competitiva. Para mantermos as coisas em termos concretos, vamos nos concentrar em uma empresa especifica: a Fazenda de
Laticfnios da Familia Smith.
A Fazenda Smith produz uma quantidade Q de leite e vende cada unidade no
mercado ao preco P. A receita total da empresa é P x Q. Por exemplo, urn galao1 de
leite é vendido por $ 6 e a fazenda vende mil galoes, de modo que sua receita total
$ 6 mil.
Como a Fazenda Smith é pequena se comparada ao mercado mundial de leite,
toma o preco con-Jo dado pelas condicoes de mercado. Isso sig,nifica, mais especificamente, que o preco do leite nao depende da quantidade de produto que a
Fazenda Smith produz ou vende. Se os Smiths dobram a quantidade de leite que
produzem, o preco do leite se mantem constante e a receita total deles dobra.
Como resultado, a receita total é proporcional ao volume de producao.
A Tabela 1 mostra a receita da Fazenda de Laticinios da Familia Smith. As duas
primeiras colunas mostram a quantidacie de produto que a fazenda produz e o
preco a quo é vendido. A terceira coluna indica a receita total da fazencla. A tabela
adota a hipotese de que o preco do leite seja de $ 6 por galao, de modo quo a receita total é simplesmente $ 6 vezes o numero de galaes.
Assim como os conceitos de media e marginal foram uteis no capitulo anterior,
quando analisamos os custos, tambem o serao para a analise da receita. Para ver o
que nos dizem esses conceitos, considere estas duas questoes:
'
Receita Total, Media e Marginal de uma Empresa Competitiva
Receita Total
Receita Media
Receita Marginal
x Q)
(RAI = RT/Q)
(R114g = ART/ \Q)
Quantidade
Preco
(Q)
(P)
(RT = P
1 gal-ao
$6
$6
$6
2
6
12
6
3
6
18
6
4
6
24
6
30
6
$6
6
6
6
5
6
6
6
36
6
7
6
42
6
6
6
8
6
48
1. NRT: Gal5o é uma medida liquida equivalente, nos Estados Unidos, a 3,8 1.
6
291
292
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA lND5TRlA
• Qual e a receita que a fazenda recebe por um galao tipico cle leite?
• Qual é a receita adicional que a fazenda recebe quando aumenta a 13rodueao de
leite em 1 galao?
receita mkia
receita total dividida pela
quantidade vendida
As duas Ultimas colunas da Tabela 1 respondem a essas quest6-es.
A quarta coluna da tabela mostra a receita rnédia, que é a receita total (da terceira coluna) dividida pela quanticiade produzida (da primeira coluna). A receita
media nos diz a receita que a empresa recebe por uma unidade tipica venclida. Na
Tabela 1, a receita media e ig-ual a $ 6, o preeo de um galao de leite. Isso ilustra uma
lieao geral que se aplica nao só as empresas competitivas, mas tambem a todas as
demais. A receita total é o preeo multiplicado pela quanticiade (P x Q) e a receita
media é a receita total (P x Q) dividida pela quantidade (Q). Assim, para todas as
empresas, a receita nddia é sempre igual ao preffl do benz.
• receita marginal
a variack da receita total
decorrente da venda de uma
unidade adicional
A quinta coluna mostra a receita marginal, que e a variaeao da receita total
decorrente da venda de cada unidade adicional de produto. Na Tabela 1, a receita
marg-inal e ig,ual a $ 6, o preeo de um galao de leite. Esse resultado ilustra uma lieao
que se aplica somente as empresas competitivas. A receita total ePxQePe fixo
para as empresas competitivas. Assim, quando Q aumenta em 1 unidade, a receita
total aumenta em P dlares. Pam as enzpresas competitivas, a receita marginal é igual
ao preffl do bem.
Teste R4c1c)
Quando urna empresa competitiva dobra a quantidade que vende, o que acontece com o
preco de seu produto e com sua receita total?
t ,,
, ,
.
.MAXIMIZA00 DE LUCROS ' E A CUVA DE
OFERTA DE UMA EMPRESA COMPETIWA
i‘ec,u1P,
0 objetivo das empresas competitivas é maximizar o lucro, que é igual à receita
total menos o custo total. Acabamos de discutir a receita das empresas e, no capitulo anterior, tratamos dos custos. Agora estamos prontos para ver como uma
, empresa maximiza seus lueros e como essa decisao conduz à sua curva de oferta.
kJt.)
Vamos comeear nossa aná1ise sobre a clecisao de oferta da empresa com o exemplo
da Tabela 2. Na prin-leira coluna consta o rulmero de gaffies de leite que a Fazenda
de Laticinios da Familia Smith produz. A segunda coluna mostra a receita total da
fazenda, que é $ 6 vezes o n mero de gal5es. A terceira coluna mostra o custo total
da fazenda. 0 custo total inclui os custos fixos, que sao de $ 3 neste exemplo, e os
custos varffiTeis, que dependem da quantidade produzicla.
A quarta coluna mostra o lucro da fazenda, que e calculado subtraindo-se o
custo total da receita total. Se a fazenda nao produz nada, tem urn prejuizo de $ 3.
Se produz um galao, tem um lucro de $ 1. Se produz 2 gal es, tem um lucro de $ 4
e assim por diante,. Para maximizar o lucro, a Fazenda Smith escolhe_a_Qu_antidasle
que torna o lucro o maior possivel. Neste exemplo, o lucro é maxin-lizado quando a
fazenda prod-uz 4 ou 5 gal es de leite, com lucro de $ 7.
293
CAPITULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS
Maximizacao dos lucros: Urn Exemplo Numerico
&V
Quantidade
Receita Total
Custo Total
Lucro
(Q)
(RT)
(CT)
(RT - CT)
0 galao
$0
$3
6
5
cei-
Custo Marginal
(011g
ACT/AQ)
Variacao do Lucro
(Rling
Gne
CMg)
$6
$2
$4
6
3
3
6
4
2
6
5
1
6
7
-1
6
8
-2
5 4{
6
9
-3
5-1 ??
1
8
4
18
12
6
24
17
7
30
23
7
36
30
6
42
38
4
47
ART/ AQ)
-$ 3
12
48
Receita Marginal
(RMg
1
-
Ha outra maneira de examinar a decisao da Fazenda Smith: os Smiths,podem
o lucro comparando a receita marginal e o
encontrar a quantidade que maximiza
_
custo marginal de cada unidade_produzida. Na quinta e na sexta colunas da Tabela
o custo marginal a partir das variacoes da
e
marginal
2 estao calculados a receita
receita total e do custo total, enquanto na iltima coluna consta a variac-ao dos
lucros causada por cada galao adicional de leite produzido. 0 primeiro gardo de
leite que a fazenda produz tern receita marginal de $ 6 e custo marginal de $ 2;
assim, produzir esse gala° aumenta os lucros em $ 4 (de -$ 3 para $ 1). 0 segundo
gala° de leite que a fazenda produz tern receita marginal de $ 6 e custo marginal
de $ 3, de modo que aumenta o lucro em $ 3 (de $ 1 para $ 4). Enquanto a receita
marginal for maior do que o custo marginal, o aumento da quantidade produzida
elevara o lucro. Uma vez que a Fazenda Smith atinja 5 ga16-es de leite, contudo, a
situacao muda muito. 0 sexto gala() teria receita marginal de $ 6 e custo marginal
de $ 7, de modo que sua producao reduziria o lucro em $ 1 (de $ 7 para $ 6). Como
resultado, os Smiths nao produziriam mais do que 5 gala-es.
Urn dos Dez Principios de Economia do Capitulo 1 é que as pessoas racionais pensam na margem. Agora podemos ver como a Fazenda de Laticinios da Familia
Smith pode aplicar esse principio. Se a receita marginal for major do que o custo
marginal - como acontece corn 1, 2 ou 3 galoes - os Smiths aumentarao a producao de leite. Se a receita marginal for menor do que o custo marginal - como acontece corn 6, 7 ou 8 galaes - os Smiths deverao diminuir a producao. Se os Smiths
pensarem na margem e fizerem ajustes incrementais no nivel de producao, sera°
levados naturalmente a produzir a quantidade que maximiza o lucro.
)
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1NDSTRIA
294
(
Maximizacb do Lucro para
t.:(9
uma Empresa Competitiva
Esta figura mostra a curva de custo
marginal (CMg), o curva de custo total
mkio (CTM) e a curve de custo
variOvel mkio (CVM). Mostra ainda o
preco de mercado (P), que é igual
receito marginal (RMg) e à rece•ta
mkia (RM). À quantidade Q,, a
receita marginal RMg, supera o custo
n-larginal CMg i , de modo que o
aumento da produc do
aumenta o
lucro. À quantidade Q 2, 0 custo
marginal CMg 2 estO acima da receita
marginal RMg 2 , de modo que a
redu0o da produc&) aumento o lucro.
A quantidade que maximiza o lucro
QA4,4x se encontra no ponto em que
linha horizontal do preco corta a curva
Custos
e Receita
empresa maximiza o lucro produzindo
ka quantidade em que o custo marginal
igual à receita marginal.
CMg
CMg2
CTM
P = RMg i = RMg2
P = RM = RMg
CVM
CMgi
0
Q1
Quantidade
Q2
ChAi&X
de custo marginal.
E f lot,AD
jtL
0€,NN
,
r)le
-
MiL.0 a
f
- _fk
t-
),
/
„poL)
1,k
OE'c"(\9NRN9_,
0.‘,) ).)! 0
)<
n —TPh
r )\-E,
A Curva cie Custo Marginai e a Deciso de Oferta da Empresa
tfiro,5if
• ,
k
'k
1
Para ampliar esta an.1ise da maximizg'c'io do lucro, considere as curvas de custos da
Fig,ura 1. Elas têm tr' s caracteristicas que, como vimos no capitulo anterior, descrevem a maioria das empresas: a curva de custo marg,inal (CMg) tem inclinga-o
ascendente. A curva de custo total medio (CTM) tem forma de U. E a curva de custo
marginal cruza com a curva de custo total medio no ponto em que o custo total
medio é míriimo. A figura mostra ainda uma linha horizontal na altura do preo de
mercado (P). A linha do }_->reo é horizontal porque a empresa e tomadora de preos: o preo do produto de uma empresa será sempre o mesmo, independentemente da quantidade que ela decidir produzir. Tenha em mente que, para as empresas
competitivas, o prec;o e igual à receita media (RIVI) e à receita marg,inal (RMg).
Podemos usar a Figura 1 para identificar a quantidade de produto que maximiza o lucro. Imag,ine que a empresa esteja produzindo Q 1 . A esse nivel de produ-ao,
a receita marginal é maior do que o custo marginal, ou seja, se a empresa aumentasse seu nivel de produ ao
e vendas em 1 unidade, a receita adicional (RMg i ) excederia os custos adicionais (CMg i ). 0 lucro, que e igual à receita total menos o custo
total, aumentaria. Assim, quando a receita marginal e maior do que o custo marginal, como em Q 1, a empresa pode aumentar os lucros elevando a produao.
Um argumento semelhante se aplica quando a produao está em Q,. Neste
caso, o custo marginal é maior do que a receita marginal. Se a empresa red -uzisse a
prodL4o em 1 unidade, os custos poupados (CMg 2) superariam a receita perdida
(RMg2 ). Assim, se a receita marginal for menor do que o custo marg,inal, como em
Q„ a empresa pode aumentar seu lucro reduzindo a produ o.
CAPITULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS
1295
FIGURA 2
Onde terminam esses ajustes marginais no nivel de producao?
Independentemente de a empresa partir de urn nivel de producao baixo (como Q1)
ou alto (como Q,), ela acabar6 por ajustar sua producdo ate que a quantidade produzida chegue a (2mAx. Essa analise mostra uma regra geral da maximizacao do
lucro: no nivel de produ00 que ma.x-imiza 0 lucro, a receita marginal e 0 custo marginal
sao exatamente iguais.
Podemos agora ver como uma empresa competitiva determina a quantidade
seu bem que fomecera ao mercado. Como uma en-ipresa competitiva é tomadora
de precos, sua receita marginal é igual ao preco de mercado. Para qualquer preco
dado, a quantidade de produto que maximiza o lucro de uma empresa competitiva
esti na intersecao do preco corn a curva de custo marginal. Na Figura 1, essa quantidade Q.
A Figura 2 mostra como uma empresa competitiva reage a urn aumento do
preco. Quando o preco é P1, a empresa produz a quantidade Q1, a quantidade que
iguala o custo marginal ao preco. Quando o preco aumenta para P„ a empresa percebe que a receita marginal fica major do que o custo marginal no nivel anterior de
producao e, corn isso, aumenta a quantidade produzida. A nova quantidade que
maximiza o lucro é Q„ em que o custo marginal é igual ao novo e mais elevado
preco. Em essencia, como a curva de custo marginal das empresas detennina a quantidade de prod uto que estas estao dispostas a ofertar a qualquer prep dado, e a curva de oferta das empresas competitivas.
A Decisao da Empresa de Suspender as Atividades no Curto Prazo
Ate aqui, analisamos a quest5o de quanto uma empresa competitiva produzira.
Em alguns casos, entretanto, a empresa optarci por paralisar as atividades e nada
produzir.
296
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1NDSTR1A
Aqui, devemos distinguir entre uma paralis o temporaria das atividades e
uma saida permanente da empresa do mercado. Uma paralist4-do refere-se a uma
decis;-io de curto prazo de n'a- o produzir nada durante um determinado intervalo de
tempo por causa das condições atuais do mercado. Uma saida refere-se a uma decis'a'o de longo prazo de deixar o mercado. As decis 6es
de curto e de longo prazos
diferem porque a maioria das empresas não conseg-ue se livrar do custo fixo no
curto prazo, mas pode faz&lo no longo. Ou seja, uma empresa que paralisa as atividades temporariamente ainda tem de arcar com seus custos fixos, ao passo que
outra que sai do mercado deixa de pagar tanto os custos fixos quanto os variaveis.
Considere, por exemplo, a decis a- - o de produo que um fazendeiro precisa
tomar. 0 custo da terra e um dos seus custos fixos. Se ele decide não produzir nada
durante uma esta o, a terra fica ociosa e ele ri, o consegue recuperar esse custo.
Ao tomar a decis ao
de curto prazo de paralisar as atividades por uma estgo, dizemos que o custo fixo da terra é um custo irrecuperdvel. Por outro lado, se o fazendeiro decide abandonar definitivan-iente a agricultura, ele pode vender a terra. Ao
tomar a decisão de longo prazo de sair ou n'ao do mercado, o custo da terra
irrecupervel (voltaremos, em breve, à questh- o do custo irrecuperavel).
Vamos agora considerar o que determina a decis ao
de interrup o de uma
empresa. Se ela paralisa as atividades, perde toda a receita da venda de seu produto. Ao mesmo tempo, economiza os custos variaveis de produ a- - o (n-las ainda precisa arcar com os custos fixos). Assim, a empresa paralisa as atividades se a receita que
obteria produzindo é menor do que seus custos varidveis de produ0o.
Um pouco de matemEitica pocle tomar mais útil esse criterio de paralisg"a"o das
atividades. Se RT e a receita total e CVe o custo variavel, a decis"ao da empresa pode
ser representada como
se RT < CV
A empresa paralisa as atividades se a receita total é menor do que o custo variavel.
Dividindo os dois lados dessa desigualdade pela quantidade Q, podemos escrever
-4) Paralisg^a"o se RT/Q < CV/Q
Observe que essa expresso pode ser simplificada. RT/Q e a receita total dividida
pela quantidade, que e a receita media. Como ja vimos anteriormente, a receita
media de qualquer empresa e simplesn-iente o pre93 P do bem. De maneira similar, CV/Q e o custo varffi7e1 medio CVM. Assim, o criterio para a paralisa5o de uma
en-ipresa
Paralisg-a'o se P < CVM
Ou seja, uma empresa opta por paralisar as atividades se o pre93 do bem é menor
do que o custo variavel medio de proclu o. Esse criterio é intuitivo: ao decidir proa empresa compara o pre que recebe pela unidade tipica com o custo variavel medio em que incorrera para produzir essa unidade tipica. Se o preo n'ao cobrir
o custo variavel medio, a empresa ficara em melhor situg"a"o se suspender a produEla podera reabrir no futuro se as condições mudarem de maneira tal que o
preo exceda o custo variavel medio.
Temos agora uma descri o completa da estratégia de maximiza o do lucro de
uma empresa competitiva. Se ela produzir algo, produzirá a quantidade em que o
custo marginal seja igual ao preQ:3, do bem. Se o pre90 for inferior ao custo variavel
medio nesta quantidade, a empresa ficará em melhor situgk, se baixar as portas e
ri^a‘o produzir nada. Esses resultados encontram-se ilustrados na Figura 3. A curva
CAPiTULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS
297
FIGURA 3,
Custos
A Curva de Oferta de Curto
Curva de oferta
de curto prazo
da empresa
CMg
Competitivas
CTM
CVM
A empresa
paralisa as
atividades —
se P < CVM
0
Prazo das Empresas
No curto prozo, a curva de oferta
dos empresas competitivas e a
curva de custo marginal (CMg)
acima do custo variavel medic)
(CVM). Se o prep ficar abaixo do
custo variOvel media, a empresa
ficarci em melhor situacOo se
paralisar as atividades.
Quantidade
de oferta de curto prazo das empresas cornpetitivas e a parcela da curva de custo marginal delas que esta acima do custo variavel medio.
Leite Derramado e Outros Custos Irrecuperaveis
provavel que alg,uem ji tenha lhe dito para"nao chorar sobre o leite derramado"
ou que"esqueca o passado". Esses adagios refletem uma verdade profunda sobre a
tomada de decis5es racionais. Os economistas dizem que urn custo é urn custo
irrecuperavel quando já ocorreu e, nao pode ser recuperado. Em certo sentido, urn
custo irrecuperavel é o oposto de urn custo de oportunidade: urn custo de oportunidade é aquilo de que voce precisa abrir mao se optar por fazer uma coisa em vez
de outra, enquanto urn custo irrecuperavel nao pode ser evitado, independentemente das opcoes que faca. Como nao ha nada a fazer a respeito dos custos irrecuperaveis, eles podem ser ig,norados na tomada de decisoes a respeito de diversos
aspectos da vida, inclusive na estrategia empresarial.
Nossa analise da decisao de paralisacao das atividades de uma empresa é um
exemplo da irrelevancia dos custos irrecuperaveis. Adotamos a hipatese de que a
empresa nao pode recuperar seus custos fixos ao interromper temporariamente a
producao. Como resultado, os custos fixos da empresa sao custos irrecuperaveis no
curto prazo e a empresa pode ignorEi-los ao decidir quanto prod-uzir. A curva de
oferta de curto prazo da empresa é a parte da curva de custo marginal que esta
acima do custo variavel medio e a magnitude do custo fixo nao é importante para
essa decisao de oferta.
A irrelevancia dos custos irrecuperaveis tambem é importante para decis5 es
pessoais. Imagine, por exemplo, que voce atribua urn valor de $ 10 ao ato de assistir a urn filme recem-lancado.Voce compra um ingress° por $ 7, mas o perde antes
de chegar ao cinema. Sera que voce deve comprar outro ingress° ou ir para casa e
recusar-se a pagar um total de $ 14 para ver o filme? A resposta é que voce deve
comprar outro ingress°. 0 beneficio de assistir ao fume ($ 10) ainda excede o custo
de oportunidade (os $ 7 pelo seg-undo ingresso). Os $ 7 que voce pagou pelo
ing,resso que perdeu sao urn custo irrecuperavel. Nao vale a pena chorar por causa
deles, como no caso do leite derramado.
E
custo irrecuperavel
urn custo que ja ocorreu e
que nao pode ser recuperado
298 I PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZA0 510 DA lND5TRIA
Estudo de C4550
RESTAURANTES QUASE VAZIOS E IVIINIGOLFE NA BAIXA ESTgi\O
Vo& alguma vez já entrou em um restaurante para aln-locar e viu que estava praticamente vazio? Talvez tenha se perguntado por que o estabelecimento se dava ao
trabalho de ficar aberto, uma vez que a receita proporcionada pelos poucos clientes
não tinha nenhuma possibilidade de cobrir os custos de operacio do restaurante.
Ao tomar a decisio de abrir ou não para o almoco, o proprietth-io de um restaurante precisa ter em mente a distinc a'o
entre custos fixos e custos vari veis. Muitos
dos custos de um restaurante — aluguel, equipamento de cozinha, mesas, loucas,
talheres etc. — sk) fixos. Fechar durante o almoco não reduziria esses custos. Em
outras palavras, s - o custos irrecupen-iveis no curto prazo. Quando o proprietrio
estEi decidindo se deve ou não servir o almoco, somente os custos variveis — o preco
dos alimentos adicionais e os salários dos funcionElrios extras — s'a'o relevantes. 0
propriefkio da casa só fechará para o almoco se a receita proporcionada pelos poucos clientes mio for suficiente para cobrir os custos variveis do restaurante.
0 operador de um campo de minigolfe numa estncia de verio enfrenta uma
decisão semelhante. Como a receita varia substancialmente de estac'Elo para estac5o, a empresa precisa decidir quando vai ficar aberta e quancio vai ficar fechada.
Novamente, os custos fixos — o custo de comprar o terreno e construir o empreendimento — são irrelevantes. 0 campo de minigolfe sO deve ficar aberto nos periodos do ano em que as receitas excedem os custos variElveis. •
A Decis'cio da Empresa de Entrar em um IVIercado ou
Sair Dele no Longo Prazo
(ks)"
A deciso da empresa de sair do mercado no longo prazo é semelhante à decis-a-o
de paralisar as atividades. Se a empresa sair, perderá toda a receita da venda de seu
produto, mas economizanl os custos de produc a- - o, tanto fixos quanto variveis.
Assim, a empresa sai do mercado se a receita que obteria C0111 a produJo é menor que
seus custos totais.
Novamente, esse crit&io pode ser mais útil se representado matematicamente.
Se RT é a receita total e CT, o custo total, o critkio da empresa pode ser descrito
como
Saida se RT < CT
A empresa sai do mercado se a receita total é menor que o custo total. Dividindo
os dois lados da desig,ualdade pela quantidade Q, temos
Saida se RT/Q < CT/Q
Podemos simplificar mais isso observando que RT/Q é a receita rnédia, que é igual
ao preco P, e que CT/Q é o custo total rnédio CTM. Assim, o crit&io de saida da
empresa
ri
Saida se P < CTM
CAPiTULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS
299
—Fi'GURA 4
A Curva de Oferta de Longo Prazo
Custos
das Empresas Competitivas
CTM
No longo prazo, a curva de oferta dos
empresas competitivas é a parte do
CUTO de custo marginal (CMg) que este
OCIMO do custo total media (CTM). Se o
prep for inferior ao custo total medic; a
empresa ficare em melhor situacao se
soir do mercado.
A empresa
sai se
P < CTM
Quantidade
0
Ou seja, a empresa opta por sair do mercado se o preco do hem é inferior ao custo
total medio de producao.
Uma analise paralela se aplica ao empreendedor quo esteja pensando em abrir
uma empresa. A empresa entrara no mercado se isso for lucrativo, o que ocorre
quando o preco do hem supera o custo total medio de producao. 0 criterio
entrada
Entrada se P> CTM
0 criterio de entrada é exatamente o oposto do criterio de saida.
Podemos agora descrever a estrategia de maximizacao de lucros das empresas
competitivas no longo prazo. Se a empresa esta no mercado, produz a quantidade
na qual o custo marginal é igual ao preco do bem, mas, se o preco é inferior ao custo
total medio para essa quantidade, a empresa opta por sair do mercado (ou por nao
entrar nele). Esses resultados estao representados na Figura 4. A curva de oferta de
Ion go prazo da empresa competitiva e a parte da sua curoa de custo marginal title esta
acima do custo total medio.
Medindo o Lucro da Empresa Competitiva par Meio de um Gram
Ao analisarmos a saida e a entrada do mercado, é estarmos capacitados a analisar o lucro da empresa em maiores detalhes. Lembre-se de que o lucro é ig-ual a
receita total (RT) menos o custo total (CT):
Lucro = RT – CT
Podemos reescrever essa definicao multiplicand° e dividindo o lado direito por Q:
Lucro = (RT/Q – CT/Q) x Q
300
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZAA0 DA lND5TRlA
FIGURA 5
lucro como a Area entre o Preco e o Custo Total Medio
A area do retangulo sombreado entre o preco e o custo totol medio represento o lucro da empresa. A olturo do retangulo é o preco menos o custo total
medio (P — CTM) e a largura do retangulo é a quantidade produzida (Q). No painel (a), o preco esta acima do custo total medio, de modo que a
empresa tem um lucro positivo. No painel (b), o preco é inferior ao custo total medio, de modo que a empresa tem prejufzo.
(a) Empresa com Lucros
0
Quantidade
(quantidade que maximiza o lucro)
(b) Empresa com Prejuizos
0
Quantidade
(quantidade que minimiza o prejuizo)
Mas observe que RT/Q e a receita media, que é o pre9p P, e que CT/Q é o custo total
medio CTM. Portanto,
Luero = (P — CTM) x Q
Essa maneira de expressar o lucro da empresa nos permite medir o lucro em nossos gr, aficos.
o painel (a) da Figura 5 mostra uma empresa com lucro positivo. Como ja vimos,
a empresa maximiza o lucro produzindo a quantidade para a qual o pre90 e ig,ual ao
custo marginal. O1he agora para o retang,ulo sombreado. A altura do retang,ulo e
P — CTM, a difereNa entre o preo e o custo total medio. A largura do retang,ulo
Q, a quantidade produzida. Portanto, a area do retangulo é (P — CTM) x Q, que e
o lucro da empresa.
De maneira similar, o painel (b) dessa figura mostra uma empresa com prejuizo
(ou lucro negativo). Neste caso, maximizar o lucro significa minimizar o prejuizo, uma tarefa que se cumpre, novamente, produzindo-se a quantidade para a qual
o prec;o e igual ao custo marginal. Veja agora o retangulo sombreado. Sua altura
CTM — P e sua larg,ura é Q. A area e (CTM — P) x Q, o que é igual ao prejuizo da
empresa. Como uma empresa nessa situg ao
ria'o esta levantando receita o bastante para cobrir seu custo total m fflo, ela optaria por sair do mercado.
Teste R4ido
Como o preco recebido por uma empresa competitiva maximizadora de lucros se compara com seu custo marginal? Explique. • Em que situac ao
uma empresa competitiva maximizadora de lucros
CAPITULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETIT1VOS
301
decide paralisar as atividades? E em que situack uma empresa competitiva maximizadora de lucros decide
sair do mercado?
A CURVA E OFERTA
UM MERCAD COMPETITIVO
Agora que já examinamos a decis a- . o de oferta de un-ia só empresa, poden-ios discutir a curva de oferta de um mercado. Há dois casos a considerar: primeiro, examinaremos um mercado com um nUmero fixo de empresas; depois, examinaremos
um mercado em que o nUmero de empresas pode mudar à medida que empresas
.
antigas saem do mercado e novas empresas entram nele. Os dois casos s k)
importantes porque cada um se aplica a um horizonte de tempo especifico. Em intervalos de tempo curtos, é muitas vezes dificil para as empresas entrar e sair do mercado, de rnodo que a hipOtese de urn niimero fixo de empresas e apropriada. Mas, no
decorrer de periodos mais longos, o ruimero de empresas pode se ajustar
mudancas nas concli es do mercado.
0 Curto Prazo: Oferta do Mercado com um NUmero Fixo de Empresas
Considere inicialmente um mercado com mil empresas idêiiticas. A qualquer preco
dado, cada empresa fomece unia quantidade de produto para a qual o custo marginal é igual ao preco, como mostra o painel (a) da Figura 6. Ou seja, enquanto o
preco estiver acima do custo vari vel medio, a curva de custo marginal de cada
empresa serEl sua curva de oferta. A quantidade de produto ofertada ao mercado e
FIGURA 6
Oferta do Mercado com um Nmero Fixo de Empresas
Quando o nmero de empresas do mercado é fixo, a curva de oferta do mercodo, mostroda no painel (b), reflete as curvas de custo marginal das
empresas individuais, mostradas no painel (a). Aqui, num mercado com mil empresas, a quantidode de produto ofertada ao mercado é mil vezes o
quantidade que cada empresa oferta.
(a) Oferta de uma Empresa
Preco
(b) Oferta do Mercado
Preco
. 0ferta
$ 2,00
$ 2,00
1,00
1,00
0
100
200
Quantidade
(empresa)
0
100.000
200.000
Quantidade
(mercado)
302
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA INDOSTRIA
ig,ual a soma das quantidades que cada uma das mil empresas individuals oferta.
Assim, para derivarmos a curva de oferta do mercado, somamos a quantidade que
cada empresa do mercado oferta. Como mostra o painel (b) da Fig,ura 6, como as
empresas sdo identicas, a quantidade ofertada ao mercado é mil vezes major do
que a quantidade que cada empresa oferta.
0 Longo Prazo: Oferta do Mercado corn Entrada e SaIda de Empresas
Vejamos agora o que acontece se as empresas sac) capazes de entrar no mercacio ou
sair dele. Suponhamos que todas tenham acesso mesma tecnologia de producao
do bem e aos mesmos mercados para comprar os insumos de produc5o. Assim,
todas as empresas existentes e em potencial tern as mesmas curvas de custos.
Em urn mercado como esse, as decisOes de entrada e saida dependem dos
incentivos que ha para os proprietarios das empresas existentes e para os
empreendedores que podem fundar novas empresas. Se as empresas ja existentes
no mercado forem lucrativas, havera urn incentivo para que novas empresas
entrem no mercado. Essa entrada expandira o niTimero de empresas, aumentara a
quanticlade ofertada do bem e reduzird os precos e os lucros. Inversamente, se as
empresas do mercado estiverem tendo prejuizos, alg,umas das existentes sairdo do
mercado. Sua saida reduzird o numero de empresas, diminuira a quantidade ofertada do produto e aumentard os precos e os lucros. Ao Jim desse process° de entra-
da e salda, as empresas que ficarem no mercado deverao ter lucro economic° igual a zero.
Lembre-se de que o lucro das empresas pode ser expresso como
Lucro = (P — CT M) x Q
Essa equacao mostra que uma empresa em atividade tern lucro zero se e somente
se o preco do bem for ig,ual ao custo total medio da proc-lucdo do bem ern questao.
Se o prey) for superior ao custo total medic), o lucro sera positivo, encorajando a
entrada de novas empresas. Se o preco for inferior ao custo total medio, o lucro sera
negativo, o que encorajara a saida de alg-umas empresas. 0 process° de entrada e
salda so termina quando o prep e o custo total medio se igualam.
Essa analise traz uma implicacao surpreendente. Como vimos anteriormente, as
empresas competitivas produzem de tal modo que o preco seja igual ao custo marginal. E acabamos de ver que a livre entrada e saida dos mercados forca o preco a
se igualar ao custo total medio. Mas, se o preco é ig-ual ao custo marginal e ao custo
total medic), entao estas duas medidas de custo devem ser iguais entre si. 0 custo
marginal e o custo total medio somente são ig,uais, contudo, quando a empresa
opera ao custo total medio minim°. Como vimos no capitulo anterior, o nivel de
producao corn menor custo total rnedio é chamado de escala eficiente. Assim, o equi-
lthrio de Longo prazo de um nzercado competitivo corn livre entrada e salda deve ter suas
empresas operand° na escala eficiente.
0 painel (a) da Fig-ura 7 mostra uma empresa que se encontra nesse equilibrio
de longo prazo. Nesta figura, o preco P é ig-ual ao custo marginal CMg, de modo
que a empresa esta maximizando os lucros. 0 preco tambem é ig-ual ao custo total
medio CTM, de modo que o lucro é zero. Nao ha incentivo para que novas empresas entrem no mercado nem para que as existentes saiam dele.
Corn base nesta analise do comportamento das empresas, podemos determinar
a curva de oferta de longo prazo do mercado. Em urn mercado corn livre entrada e
saida, so he urn 'Dreg° consistente coal o lucro zero — o custo total medio minimo.
Como resultado, a curva de oferta de mercado no longo prazo precisa ser horizontal a esse preco, como no painel (b) da Fig-ura 7. Qualquer preco acima desse nivel
CAPiTULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS
303
Oferta do Mercado corn Entrada e Saida
As empresos entram e saem do mercado ate o lucro chegar a zero. Assim, no longo prozo, o preco é igual ao custo total medic) mInima, coma mostra
o painel (a). 0 numero de empresas se ajusta para garantir que toda a demanda seja satisfeita a esse preco. A curio de oferta de mercado no longo
prazo é horizontal a esse preco, coma mostra o painel (b).
(b) Oferta de Mercado
(a) Condicao de Lucro Zero para as Empresas
Preco
Preco
P CTM minimo
0
Quantidade (mercado)
Quantidade (empresa)
geraria lucro, levando a uma entrada de empresas no mercado e a urn aumento da
quantidade total ofertada. Qualquer preco abaixo desse nivel geraria prejuizos,
levando a uma saida de empresas do mercado e a uma reducao da quantidade total
ofertada. 0 numero de empresas acaba por se ajustar de tal maneira que o preco
seja igual ao custo total medio rnInirno e haja empresas o suficiente para satisfazer
toda a demancia a esse preco.
Por que as Empresas Competitivas Se Mantem em
Atividade Quando Tern Liao Zero?
A primeira vista, pode parecer estranho que empresas competitivas tenham lucro
a.
Lr,
zero no longo prazo. Afinal de contas, as pessoas abrem empresas para ter lucro. tn
Se a entrada de empresas no mercado acaba por reduzir o lucro a zero, pode parecer que nao ha muito sentido em se dedicar a atividacie.
Para entender melhor a condicao de lucro zero, lembre-se de que o lucro é igual 00<
a receita total menos o custo total e que esse custo inclui todos os custos de opor- 00
Z
tunidade da empresa. Mais especificamente, inclui o custo de oportunidade do
tempo e do dinheiro que o proprietario dedica a empresa. No equilibrio de lucro
zero, a receita da empresa precisa compensar os proprietarios pelo tempo e pelo
"Somos uma organizacao
dinheiro que gastam para manter a empresa em operacao.
sem fins lucrativos — ndo
Vamos considerar urn exemplo. Suponhamos que urn fazendeiro tenha precisaqueremos ser, mos somas!"
do investir $ 1 milhao para abrir sua fazenda e que esse $ 1 milhao pudesse, alternativamente, ter sido depositado num banco para render $ 50 mil por ano em juros.
Alem disso, para dar inicio a seu negocio, ele teve de abrir mao de outro emprego
que lhe pagaria $ 30 mil por ano. Entao o custo de oportunidade do fazendeiro
tL.,
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Lu z
0 cur]
u
LU
ce 0
304
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA lNDSTRlA
inclui tanto os juros que poderia ter ganho quanto o salário a que renunciou — um
total de $ 80 mil. Ainda que o lucro seja reduzido a zero, sua receita como fazendeiro o compensará por esses custos de oportunidade.
Lembre-se de que os contadores e os economistas medem custos de maneiras
dife.rentes. Como vimos no capitulo anterior, os contadores acompanham os custos
explicitos, mas geralmente deixam de lado os implícitos. Ou seja, medem os custos que exigem da empresa saida de dinheiro, mas deixam de incluir os custos
de oportunidade da produ o que não envolvem desembolso de dinheiro. Com
isso, no equilthrio de lucro zero, o lucro econOm.ico e zero, mas o contbil é positivo. 0 contador do nosso fazendeiro, por exemplo, concluiria que ele teve lucro cont bil de $ 80 mil, que é o bastante para mant&lo no neg6cio.
Desiocamento da Demanda no Curto e no Longo Prazos
Como as empresas podem entrar e sair do mercado no longo prazo, mas ru'io no
curto, a resposta do mercado a uma mudaNa da demanda depende do horizonte
de tempo que se considera. Para vermos por que isso ocorre, vamos acompanhar os
efeitos de um deslocamento da demanda. Esta arullise mostrath como um mercado reage ao longo do tempo e como a entrada e a saida de empresas conduzem os
mercados para o seu equilibrio de longo prazo.
Suponhamos que o mercado de leite comece em equilthrio de longo prazo. As
empresas te'rn lucro zero, de modo que o preo é igual ao custo total medio
mo. 0 painel (a) da Figura 8 mostra essa situa o. 0 equilthrio de longo prazo e o
ponto A, a quantidade vendida no mercado é o ponto Q1 e o preQo é P,.
Suponhamos agora que os cientistas descubram que o leite tem efeitos miraculosos sobre a saúde. Como resultado, a curva de demanda por leite desloca-se para
fora, de D, para D„ como no painel (b). 0 equilibrio de curto prazo passa do ponto
A 1.-)ara o B; como -resultado, a quantidade aumenta de Q, para Q, e o prec;o sobe de
P, para P,. Todas as en-ipresas existentes respondem ao pre93 mais elevado aumentando a q-uantidade produzida. Como a curva de oferta de cada empresa reflete sua
curva de custo marg,inal, o quanto cada uma delas aumentará a produ o ser,
determinado pela curva de custo marginal. No novo equilibrio de curto prazo, o
preo do leite é maior do que o custo total medio, de modo que as empresas t'em
lucro positivo.
Ao longo do tempo, o lucro nesse mercado encoraja a entrada de novas empresas. Por exemplo, alguns fazendeiros podem desistir de produzir outras coisas e
passar a produzir leite. À medida que o niimero de empresas aumenta, a curva de
oferta de curto prazo desloca-se para a direita, de 0 1 para 02' como no painel (c), e
esse deslocamento faz com que o preQ p do leite caia. Por firn
o pre90 volta para o
custo total medio mfnimo, os lucros passam a ser zero e as empresas param de
entrar no mercado. Assim, o mercado atinge um novo equilibrio de longo prazo no
ponto C. 0 prec-gp do leite voltou a ser P 1 , mas a quantidade produzida se elevou
para Q. Cada empresa está novan-iente operando na escala eficiente, mas como
mais eMpresas no setor, a quantidade de leite produzida e venclida é maior.
Por que a Curva de Oferta de Longo Prazo Pode Ter
Inclinack Ascendente
Ate aqui, vimos que a entrada e a saida podem fazer com que a curva de oferta de
longo prazo de mercado seja horizontal. Nossa análise mostra, em ess'encia, que
um g,rande nmero de novas empresas com potencial para entrar no mercado, cada
CAPETULO 14 EMPRESAS E11,4 MERCADOS COMPETITIVOS
305
FIGURA 8
Aumento da Demanda no Curto e no Longo Prazos
0 mercado parte do equilibria de longo prazo, mostrado no ponto A do painel (a). Nesse equilibria, coda empresa tern lucro zero e o prep é igual ao
custo total medio minima 0 painel (b) mostra o que acontece no curto prazo quando a demanda aumenta de D, paw 02 . 0 equilibria vai do ponto A
pow o panto B, o prep aumenta de P, para P2 e a quantidade vendida no mercado aumenta de Q, para Q2 . Como agora o prep e major do que o
custo total medic; as empresas tern lucro, o que, corn o passar do tempo, encoraja novas empresas a entrar no mercado. Essa entrada de empresas
desloca a curva de oferta de curio prozo paw a direita, de 0 7 para 02 , como mostra o painel (c). No nova equilibria de longo prazo, o ponto C, o prep
voltou para P,, mos a quantidade vend/do aumentou para Q3. Os lucros voltaram a ser zero e o prep voltou para o custo total media minima, mas o
mercado tern urn numero molar de empresas para atender a molar demanda.
(a) Condicao Inicial
Mercado
Preco
Oferta de curto prazo, 01
Oferta de
longo prazo
Demanda,
0
Empresa
(b) Reacao no Curto Prazo
Preco
2
P1
Mercado
Preco
Lucro
P
Quantidade
(mercado)
CMg .,CTM
01
zJ
P
2
Oferta de
longo prazo
P1
D
2
D1
0
Quantidade
(empresa)
Quantidade
(mercado)
(c) Reacao no Longo Prazo
Empresa
Mercado
Preco
Pres°
CMg CTM
2
Oferta de
longo prazo
D
0
Quantidade
(empresa)
0
Q
2
Q3
2
Quantidade
(mercado)
306
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZA
DA INDL)STRIA
A0
NOTkIAS
ENTRADA OU SUPERINVESTIMENTO?
Nos mercados competitivos, uma forte demonda leva a altos precos e altos lucros, o que leva, assim, a uma maior entrada de empresos no
mercado e precos e lucros decrescentes. Para os economistas, essas forcas de mercado sao um reflexo da mao invisfvel em acao, mas, para os
gerentes de empresos, novas entradas e umo quedo dos lucros podem parecer um "problema de superinvestimento". Eis aqui um exemplo de
olguns onos atras.
Em Algumas Indstrias, os
Executivos Prev' em que
Tempos Dificeis Esth por Vir;
um dos Principais Culpados:
Altos Lucros
Por Bernard Vilysocki, Jr.
Monterey, Calif. — Cerca de 20 executivos
est a-- o fechados numa sala de reuni6es com
uma equipe de consultores e o clima est
surpreendentemente pesado.
um belo dia de verk, o mercado de
ac6es está em alta, a economia dos Estados
Unidos está em excelente forma e algumas
das empresas aqui representadas anunciam
lucros maiores do que os previstos. E o
melhor de tudo talvez seja o fato de que
esses homens afortunados estk a um pulo
de disthncia do famoso campo de golfe de
Pebble Beach. Deveriam estar euf6ricos.
Em vez disso, uma sensack de preocupack se faz sentir entre esses executivos da
Mobil Corp., cia Union Carbide Corp. e de
outras empresas que fazem uso intensivo do
capital. Entre o golfe, as maravilhosas refeices e os charutos, eles ouvem de seus anfitri6es uma mensagem de cautela.
"Sinto-me como um profeta do apocalipse" é a frase de boas-vindas proferida por
R. Duane Dickson, diretor da Mercer
Management Consulting e anfitrik da reu"Acreditamos que a queda já tenha
comecado. Não posso Ihes dizer até onde
ela vai. Mas a coisa pode ser feia."
Há dois dias os executivos e seus assessores discutem o que esperam em seus
setores entre hoje e o ano 2000: produck
crescendo al&n do normal, sobras de produ0o em todo o mundo, guerras de precos,
quebras e consolidaces...
Joseph Soviero, vice-presidente da
Union Carbide e um dos participantes da reunik de Pebble Beach, menciona um problema estranho, mas fundamental, enfrentado
pela indstria quimica: os altos lucros dos
últimos anos. "A lucratividade que o setor
verifica em tempos bons sempre leva a superinvestimento e foi o que aconteceu de novo
desta vez" Ele acrescenta que o ciclo de
neg6cios da indstria quimica está em andamento e chegou a seu pico. Na Union
Carbide, segundo ele, "sempre se conversa
sobre o ciclo" e se tenta administr&lo.
Até aqui, a demanda não representa um
grande problema. Em muitas indstrias, ela
ainda está crescendo constantemente,
embora devagar. 0 que está acontecendo
um excesso de oferta causado pelo problema recorrente do superinvestimento... Os
pr6ximos anos trark competick feroz e
precos em queda.
Fonte: The Wall Street Joumal, 7 ago. 1997, p. Al. (.0
1997 by Dow Jones & Co. Inc. Reproduzido com permissk de DOW JONES & CO. INC., no formato livro-
texto por meio do Copyright Clearance Center.
qual enfrentando os mesmos custos. Con-i isso, ao custo total medio minimo, a
curva de oferta do mercado é horizontal. Quando a demanda pelo bem aumenta,
o resultado de longo prazo e um aumento do nmero de empresas e da quantidade total ofertada, sem nenhuma mudaNa do preyi
Entretanto, há dois motivos pelos quais a curva de oferta de longo prazo do
m.ercado pode ter inclinação ascendente. 0 primeiro e que alg-um recurso usado na
produo pode estar disponivel somente em quantidades limitadas. Considere, por
exemplo, o mercado de produtos agricolas. Qualquer pessoa pode decidir comprar
terras e dar ini.cio a uma fazenda, mas a quantidade de terra é limitada. À medida
que mais pessoas se tomam agricultores, o pre93 das terras cultivEiveis aumenta, o
CAPITULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS
que eleva os custos para todos os agricultores no mercado. Assim, urn aumento da
demanda por produtos agr, kolas nao pode induzir urn aumento na quantidade
ofertada sem induzir tambem urn aumento nos custos dos fazendeiros, o que, por
sua vez, significa urn aumento de precos. 0 resultado é uma curva de oferta de
longo prazo de mercado corn inclinacao ascendente, mesmo que haja livre entrada
no setor.
A segunda razdo para a curva de oferta ter inclinacao ascendente é que as
empresas podem ter custos diferentes. Considere, por exemplo, o mercado de pintores de parede. Qualquer pessoa pode entrar no mercado de seivicos de pintura,
mas nem todas estao sujeitas aos mesmos custos. Os custos variam, cm parte, porque alg-umas pessoas trabalham mais rEipido do que outras e, em parte, porque
alg,umas tern alternativas melhores de uso de seu tempo, sabendo gerencia-lo
melhor do que outras. Para qualquer preco dado, as pessoas corn menores custos
tern major probabilidade de entrar no mercado do que aquelas corn custos mais
elevaclos. Para aumentar a quantidade ofertada de servicos de pintura, as pessoas
precisam ser encorajadas a entrar no mercado e, como estao sujeitas a custos maiores, o preco precisa subir para que a entrada no mercado seja lucrativa para elas.
Assim, a curva de oferta de mercado de servicos de pintura tern inclinacao ascendente, mesmo quo haja livre entrada no mercado.
Observe que, se as empresas estao sujeitas a custos diferentes, algumas delas
tern lucros mesmo no longo prazo. Neste caso, o prey) do mercado reflete o custo
total medio da empresa marginal — a que sairia do mercado se o preco calsse. Essa
empresa tern lucro zero, mas aquelas cujos custos sao menores obtem lucro positivo. A entrada de novas empresas no mercado nao elimina esse lucro porque as
entrantes em potencial tern custos mais elevados do que as empresas que ja estao
no mercado. As empresas de major custo somente entrarao no mei-cad° se o preco
aumentar, tornando o mercado lucrativo para elas.
Assim, por esses dois motivos, a curva de oferta de longo prazo de urn mercado pode ter inclinacao ascendente, e nao horizontal, indicando que é necessario
urn major preco para induzir urn aumento na quantidade ofertada. Ainda assim, a
HO° fundamental sobre entrada e saida de empresas no mercado permanece verdadeira. Como as empresas podem entrar e sair corn mais facilidade no longo prazo do
que no curt°, a curva de oferta de Longo prazo e tipicamente mais elastica do que a curva
de oferta de curto prazo.
y
Teste Rapido No longo prazo, havendo ll re entrada e saida de empresas no mercado, o preco em urn
mercado e igual ao custo marginal, ao custo total medio, a ambos ou a nenhum deles? Explique corn urn diagrama.
CONCLUSAO: POR TRAS DA CURVA DE °FERIA
Estivemos discutindo o comportamento das empresas competitivas que maximizam o lucro. Como voce talvez se lembre, vimos no Capitulo 1 que urn dos Dez
Princlpios de Economia é que as pessoas racionais pensam na margem. Este capitulo aplicou esse conceito a empresa competitiva. A analise marginal nos proporcionou uma teoria da curva de oferta num mercado competitivo e, corn isso, urn
entendimento mais profundo dos resultados de mercado.
Aprendemos que, quando compramos urn bem de uma empresa em urn mercado competitivo, podemos ter certeza de que o preco pago esta proximo do custo
de producao do bem em questa°. Mais especificamente, se as empresas forem
competitivas e maximizarem seus lucros, o preco de urn hem sera igual ao custo
marginal de sua producao. Alem disso, se as empresas puderem entrar e sair livre-
3
308
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZAA0 DA 1ND5TRIA
mente do mercado, o preo tambern sera igual ao menor custo total medio de produao possivel.
Embora tenhamos, ao longo deste capitulo, adotado a hiptese de que as
empresas sao tomadoras de preos, muitas das ferramentas que desenvolvemos
aqui tan-ibem sao Uteis para o estudo das empresas em mercados menos competitivos. No prOximo capitulo, examinaremos o comportamento das en-ipresas que
tem poder de mercado. Mais uma vez, a analise marg-inal sera Util para analisar
essas empresas, mas com implica es bastante diferentes.
RESUMO
-
• Como as empresas competitivas sa o tomadoras de
prec;os, suas receitas s ao 1.-)roporcionais à quantidade produzida. 0 preo do ben-i é igual à receita
media e à receita marginal da empresa.
• Para maximizar o lucro, a empresa escolhe uma
quantidade produzida tal que a receita marginal
seja ig-ual ao custo marg,inal. Como a receita marg,inal das empresas competitivas é igual ao pre9D de
mercado, a empresa escolhe uma quantidade tal
que o preo seja igual ao custo marginal. Assim, a
curva de custo marginal da empresa é sua curva de
oferta.
• No curto prazo, quando uma empresa n ao é capaz
de recuperar seus custos fixos, opta por paralisar
do ben-i
preo
o
se
temporarian-lente as atividades
inferior ao custo variavel medio. No longo prazo,
quando a empresa é capaz de recuperar tanto os
mercado competitivo, p. 290
receita rnédia, p. 292
custos fixos quanto os variaveis, opta por sair do
mercado se o preo é inferior ao custo total medio.
• Em um mercado com livre entrada e saida de
empresas, os lucros sa o conduzidos para zero no
longo prazo. Nesse equilibrio de longo prazo, todas
as empresas produzem na escala eficiente, o preo
igual ao custo total medio minimo e o n mero de
empresas se ajusta para satisfazer a quantidade
demandada a esse
• As varia 5es da demanda rem efeitos diferentes em
diferentes horizontes de tempo. No curto prazo,
um aumento da demanda eleva os preos e gera
lucros e uma queda da demanda reduz os preos e
gera prejufzos. Mas, se as empresas podem entrar e
sair livremente do mercado, enfao no longo prazo
o nmero de empresas se ajusta para conduzir o
mercado de volta para o equilíbrio de lucro zero.
receita marginal, p. 292
custo irrecuperavel, p. 297
QUESTES PARA REVISA0
1. 0 que significa en-ipresa competitiva?
2. Trace as curvas de custos de uma empresa tipica.
Para um dado preQD, explique como a empresa
escolhe o nivel de prochN:ao que maxin-liza o lucro.
3. Sob que condi es uma empresa paralisa temporariamente as atividades? Explique.
4. Sob que condi es uma en-ipresa sai do mercado?
Explique.
5. Uma empresa iguala o preo ao custo marg,inal no
curto prazo, no longo prazo ou em ambos?
Explique.
6. Uma empresa iguala o preo ao custo total medio
minimo no curto prazo, no longo 1.--)razo ou em
ambos? Explique.
7. As curvas de oferta do mercado sa o tipicamente
mais elasticas no curto prazo ou no longo prazo?
Explique.
CAPiTULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS
309
PROBLEMAS E APLICAcOES
1. Quais sa'o as caracteristicas de um mercado cornpetitivo? Em sua opiniao, qual das bebidas abaixo
é mais bem descrita por essas caracteristicas? For
que nao as demais?
a. Eig,ua da tomeira
b. 6g,ua engarrafada
c. refrigerante
d. cerveja
2. As longas horas que uma colega sua passou no
laboratorio de quimica da faculdade finalmente
valeram a pena — ela dcscobriu uma formula
secreta que permite que as pessoas estudem em
cinco minutos o que estudariam em uma hora. Ate
agora, ela vendeu 200 doses e apresenta a seguinte relaca"o de custo total meclio:
199
200
201
Custo Total Medio
$199
200
201
Se urn novo cliente oferecer a sua colega $ 300
pelo procluto, ser que ela devera preparar mais
uma dose? Explique.
3. 0 setor de alcacuz é competitivo. Cada empresa
produz 2 milhoes de fios de alcacuz por ano. Os
fios tern urn custo total medio de $ 0,20 e sao vendidos por $ 0,30.
a. Qual é o custo marginal de urn fio?
b. Essa industria esti ern seu equilibrio de longo
prazo? Por que?
4. Voce vai ao melhor restaurante da cidade e pede
urn prat° de lagosta a $ 40. Depois de corner metade do prato, percebe que esti satisfeito. Sua
namorada quer que voce termine o jantar porque
voce nao tern como para casa e "já pagou
por ele". 0 que voce deve fazer? Relacione a resposta ao material deste capItulo.
5. 0 servico de corte de g,rama de Bob é uma empresa competitiva e que maximiza os lucros. Bob
cobra $ 27 por gramado cortado. Seu custo total
por dia é de $ 280, sendo $ 30 de custo fixo. Ele
corta 10 gramados por dia. 0 que se pode dizer a
respeito da decisao dc curto prazo de Bob de paralisar as atividades e de sua decisa o de longo prazo
de sair do mercado?
6. Considere o custo total e a receita total dados na
tabela a seguir:
Quantidade 0
Custo Total $ 8
Receita Tota; 0
1
$9
8
3
2
$ 10 $ 11
16 24
7
6
5
4
$ 13 $ 19 $ 27 $ 37
32 40 48 56
a. Calcule o lucro para cada quantidade. Quanto a
empresa deve produzir para maximizar o lucro?
b. Calcule a receita marginal e o custo marginal
para cada quantidade. Trace os g,raficos. (Dica:
coloque os pontos entre os numeros inteiros.
For exemplo, o custo marginal entre 2 e 3 deve
ser colocado em 2 1/2.) Em que quantidade
demandada essas curvas se cruzam? Como isso
esta relacionado a resposta do item (a)?
c.E Ip ossivel dizer se essa empresa esti em uma
industria competitiva? Em caso positivo, é pos4N/el dizer se a indUstria esti em seu equilibrio
de longo prazo?
7. Extraido de The Wall Street Journal (23 .jul. 1991):
"Desde que ating,iu seu pico em 1976, o consumo
per capita de carne bovina nos Estados Unidos
caiu 28,6%... [e] o rebanho bovino norte-americano chegou ao ponto mais baixo em 30 anos".
a. Usando diagramas para uma empresa e para a
industria, mostre o efeito de curto prazo de urn
declinio da demanda por came bovina. Coloque
cuidadosamente legendas no diagrama e descreva ern texto corrido todas as mudancas que
puder identificar.
b. Num novo diag-rama, demonstre o efeito de
long-o prazo de um declinio cla demanda por
carne bovina. Explique-o corn suas prOprias
palavras.
8. "Precos elevados causam, tradicionalmente,
expansao de uma indUstria e acabam por colocar
310
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA INDC1STRIA
fim nos altos preos e na prosperidade dos fabricantes." Explique isso usando os diagramas apropriados.
9. Suponha que o setor de impress'ao de livros seja
competitivo e parta do equilibrio de longo prazo.
a. Trace um diagrama que descreva a empresa tipica do setor.
b. A Grafica e Editora Hi-Te.ch inventou um novo
processo que reduz substancialmente o custo da
impressio de livros. 0 que acontece com os
lucros da empresa e con-1 o prey) dos livros no
curto prazo, quando a patente da Hi-Tech impede que outras empresas usem a tecnologia?
c. 0 que acontece no longo prazo, quando a
patente expira e outras empresas passam a
poder usar a tecnologia?
10. Muitos barcos pequenos s"ao feitos de fibra de
vidro, un-1 derivado do petrOleo. Suponhamos que
o prey) do petrOleo aumente.
a. Usando cliagyamas, den-tonstre o que acontece
com as curvas de custos de uma empresa individual fabricante de barcos e con-1 a curva de oferta do mercado.
b. 0 que acontece com os lucros dos fabricantes
de barcos no curto prazo? 0 que acontece com
o nUn-tero de fabricantes de barcos no longo
j_-> razo?
11. Suponhamos que o setor têxtil dos Estados
Unidos seja competitivo e que não haja com&-cio
intemacional de tecidos. No equilibrio de longo
prazo, o preo por peyt é $ 30.
a. Descreva o equilibrio com graficos para todo o
mercado e para un-1 produtor individual.
Suponhamos agora que os produtores de outros
paises estejam dispostos a vender grandes quantidades de tecido nos Estados Unidos por apenas
$ 25 a peyt.
b. Supondo que os produtores de tecido dos
Estados Unidos tenham gr, andes custos fixos,
qual o efeito no curto prazo que essas importagx3es t11-1 sobre a quantidade produzida por um
produtor individual? Qual é o efeito de curto
prazo sobre o lucro? Ilustre sua resposta com
um grafico.
c. Qual sera o efeito de longo prazo sobre o n mero de empresas norte-americanas no setor?
12. Suponhamos que haja mil quiosques de rosca salo-ada em atividade na cidade de Nova York. Cada
quiosque tem a curva de custo total m&lio tipica
em forma de U.A curva de demanda por rosca salgada do mercado ten-1 inclinação descendente e o
mercado de rosca salgada esta em equilibrio competitivo de longo prazo.
a. Represente graficamente o equilibrio atual
usando graficos para o mercado todo e para
cada quiosque de roscas salgadas individual.
b. Agora a cidade decide restringir o mimero de
licenas para quiosques de roscas salgadas,
reduzindo o nUmero para apenas 800. Que efeito isso tera sobre o mercado e sobre cada quiosque individual que continue em operac;.'"ao? Use
g,raficos para ilustrar sua resposta.
c. Suponhamos que a cidade decida cobrar uma
taxa de licenciamento dos 800 quiosques. Como
isso afetara o nUmero de roscas salgadas vendidas 1,-)or um quiosque individualmente e o lucro
desse quiosque? A cidade quer levantar a maior
CAPITLILO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS
receita possivel e, ao mesmo tempo, garantir
que 800 quiosques permanecam funcionando
na cidade. Em quanto a cidade deve aumentar a
taxa de licenciamento? Mostre a resposta em
seu g,rafico.
13. Suponha que a inchistria de mineracao de ouro
seja competitiva.
a. Ilustre o equilibrio de longo prazo usando diao
-ramas do mercado de ouro e de uma mina de
ouro representativa.
b. Suponha que urn aumento da demanda por
joias induza urn aumento da demanda por ouro.
Usando seus diagramas da parte (a), demonstre
o que aconteceria no curto prazo corn o mercado de ouro e corn cada mina de ouro existente.
c. Se a demanda por ouro se mantiver elevada, o
que acontecera corn o Few ao longo do tempo?
Mais especificamente, o novo preco de equilfbrio de longo prazo seria superior, inferior ou
igual ao preco de equillbrio de curto prazo da
parte (b)? E possivel que o novo preco de equilibrio de longo prazo seja superior ao preco
equilibrio de longo prazo original? Explique.
14. (Este problema é desafiador.) 0 New York Times (1°
jul. 1994) publicou uma reportagem sobre a proposta do govemo Clinton de acabar corn a proibicao de exportacdo de petroleo do norte do Alasca.
311
De acordo corn o artigo, o govern() dizia que "o
principal efeito da proibicao foi o de fornecer as
refinarias da California petroleo cm mais barato do
que o disponivel no mercado mundial... A proibicao
criou um subsidio para as refinarias californianas
que no foi repassado aos consumidores". Vamos
usar nosso conhecimento sobre o comportamento
das empresas para analisar estas afirmativas.
a. Trace as curvas de custos de uma refinaria na
California e de uma refinaria em alg,um outro
lugar do mundo. Suponha que as refinarias da
California tenham acesso a petraleo barato do
Alasca c que as demais precisem comprar petroleo do Oriente Medio, muito mais caro.
b.Todas as refinarias produzem gasolina para o
mercado mundial, em que vigora apenas um
preco. No equilibrio de longo prazo, esse preco
dependera dos custos enfrentados 'Delos produtores da California ou dos enfrentados pelos
demais produtores? Explique. (Dica: a California,
por si so, nao é capaz de abastecer todo o mercado mundial.) Trace novos graficos para ilustrar
os lucros obtidos por uma refinaria na California
e por uma refinaria em algum outro lugar.
c. Neste modelo, ha urn subsidio para as refinarias da California? Ele é repassado aos consumidores?
15
IVIONOK51.10
Se voce tem um computador pessoal, ele provavelmente utiliza alguma versao do
Windows, o sistema operacional vendido pela Microsoft Corporation. Quando a
Microsoft projetou a primeira versao do Windows, ha muitos anos pediu e recebeu
do governo um copyright, que da a Microsoft direito exclusivo de produzir e vender cOpias do sistema operacional Windows. Assim, se alguem quer comprar uma
cOpia do sistema, nao tem muita escolha a nao ser dar a Microsoft os cerca de $ 50
que a empresa decidiu cobrar pelo produto. Dizemos que a Microsoft detem o
monopcilio do mercado de Windows.
As decis6es empresariais da Microsoft nao sao bem descritas pelo modelo de
comportamento da empresa que desenvolvemos no capitulo anterior. Ali, analisamos os mercados competitivos, nos quais ha muitas empresas que oferecem produtos essencialmente identicos, de modo que cada empresa tem pouca influencia
sobre o preo que recebe. Em compargao, um monopOlio como o da Microsoft nao
tem concorrentes prOximos e, assim, pode influenciar o preo de mercado de seu
produto. Enquanto uma empresa competitiva é uma tomadora de preffis, uma
empresa monopolista é uma formadora de preffis.
Neste capitulo, analisaremos as implicg Oes
desse poder de mercado e veremos
que o poder de mercado altera a relgao entre os custos de uma empresa e o pre93
pelo qual ela vende seu produto ao mercado. Uma empresa competitiva toma o
preo de seu produto como dado pelo mercado e entao determina a quantidade
que ofertara de maneira que o preo seja igual ao custo marginal. Já o preo cobrado por um monopOlio excede o custo marginal. Esse resultado é claramente verdadeiro no caso do Windows da Microsoft. 0 custo marginal do Windows — o custo
314
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA
-4ri\
0,0 cm
•
D E-
t 1-)
CP
adicional em que a Microsoft incorreria ao gravar em urn CD uma cOpia adicional
do programa — 6 de apenas alguns dOlares. 0 preco de mercado do Windows 6
muitas vezes superior ao seu custo marginal.
Talvez nao seja surpreendente que os monopOlios cobrem precos elevados por
seus produtos. Os clientes dos monopOlios parecem nao ter outra escolha a nao ser
pagar o prey) que o monopOlio esteja cobrando. No entanto, se 6 esse o caso, por
que uma copia do Windows nao custa $ 500? Ou $ 5 mil? A razao, naturalmente, é
que se a Microsoft fixasse urn preco tdo elevado, menos pessoas comprariam o produto. As pessoas comprariam menos computadores, passariam para outros sistemas operacionais ou fariam copias ilegais. Os monopalios nao conseguem ating,ir
qualquer nivel de lucro que desejem porque precos elevados reduzem a quantidade que seus clientes compram. Embora os monopOlios possam controlar preco de
seus produtos, seus lucros nao sac) ilimitados.
Ao examinarmos as decisoes de producao e determinacao de precos dos monopolios, consideraremos tambem as implicacoes do monopalio para a sociedade
como urn todo. As empresas monopolistas, assim como as competitivas, tern por
objetivo maximizar o lucro, mas esse objetivo tern ramificacoes m-uito diferentes
para as empresas competitivas e as monopolistas. Como vimos no Capitulo 7, nos
mercados competitivos, os compradores e vendedores, interessados em si proprios,
sao inconscientemente conduzidos por uma mao invisivel em direcao a promocao
do bem-estar economic° geral. Por outro lado, como as empresas monopolistas na-o
estao sujeitas ao freio da competica- o, o resultado em urn mercado em que haja
monopolio nem sempre atende aos melhores interesses da sociedade.
Urn dos Dcz Principios de EC0110111la do Capitulo 1 6 que os govemos as vezes
podem melhorar os resultados do mercado. A analise feita neste capitulo esclarecera esse principio. Ao examinarmos os problemas que os monopolios criam para
a sociedade, tambem discutiremos as diversas maneiras pelas quais os formuladores de politicos do governo podem reagir a esses problemas. 0 govern° norte-americano, por exemplo, fica muito atento as decisoes empresariais da Microsoft. Em
1994, impediu que a empresa con-iprasse a Intuit, uma produtora de software que
vende o principal progTama de gerenciamento de financas pessoais, alegando que
uma combinacao da Microsoft corn a Intuit concentraria excessivamente o poder de
mercado nas maos de uma so empresa. De maneira semelhante, em 1998, o
Departamento de Justica dos Estados Unidos apresentou objecao quando a
Microsoft comecou a integrar seu navegador de Internet ao sistema operacional
Windows, afirmando que isso impediria a competicao por parte de outras empresas, como a Netscape. Essa preocupacao levou o Departamento de Justica a propor
uma demanda em juizo contra a Microsoft. Quando o processo se encerrou, em
2002, a Microsoft concordou corn alg,umas restricoes as suas praticas empresariais,
mas lhe foi permitido manter o navegador como parte do Windows.
POR QUE SURGEM OS MONOPOLIOS
monopolio
uma empresa que é a Unica
vendedora de urn produto
que nao tern substitutos
proximos
Uma em -)resa 6 urn mono olio se 6 a unica vendedora de seu produto e se seu
zoduto rid° tern substitutouroximos. A causa fundamental dos monopolios esta
nas 13arreims a entrada: urn monopolio se mantem corno o ianico ven edor de seu
ue Els____outras empresas nao -)odem entr AO mercado e competir com
ela. As barreiras a entrada, por sua vez, tern tres origens principals:
) • Umrecuo-chveé exclusivo de uma Unica empresa.
') • Ozoverno concede a uma Unica em resa cy:direito exclusivo de pro uzir tim
determinado bem ou servico.
_
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1
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Pj!
A
CAPftULO 15 MONOPCSLIO
EPt (
315
Os custos de rodu ^ae o tornam um nico produtor mais
eficiente do que um
g,rande nUmero de_produtores.
Vamos discutir rapidamente cada uma dessas fontes.
Recursos Monopolistas
A maneira mais simples pela qual urn monoólio pode surr e uma única
empresa
ser propriet, ria de um recurso-chcive. Considere, por exemplo, o mercado de
agua
em uma pequena eidade do Velho Oeste. Se dúzias de moradores tiverem pNos em
funcionamento, o modelo competitivo discutido no capitulo anterior descreverá o
comportamento dos vendedores. Com isso, o prev) de um galk, de água será igual
ao custo marginal do bombeamento de um galk) adicional. Entretanto, se houver
somente um poc;o na cidade e for impossivel obter água de alguma outra maneira,
.
ent a"o
o dono do po9D tera um monopOlio sobre a 4,ua. N a- - o é de sur1.-)reender que
o monopolista tenha muito mais poder de mercado do que qualquer empresa em
um mercado competitivo. No caso de um bem indispens. vel como a água, o monopolista pode exigir um preo muito alto, mesmo que o custo marginal seja baixo.
Embora a propriedade exclusiva de um recurso-chave seja uma causa potencial
de monopOlio, os monopOlios raramente surgem por esse motivo na prEitica. As
economias atuais s • - o g,randes e os recursos tem muitos proprietrios. Com efeito,
como muitos bens s" - o negociados internacionalmente, o alcance natural de seus
mercados muitas vezes é mundial. Assim, há poucos exemplos de en-ipresas que
sejam proprietrias de um recurso para o qual n'a- o haja substitutos prximos.
Estudo de Caso
0 MONOPLlO DA DeBEERS SOBRE OS DIAMANTES
Um exemplo cl ssico de monopOlio que resultou da propriedade de um recursochave e o da DeBeers, a empresa de diamantes da ikfrica do Sul. A DeBeers controla cerca de 80°/0 da produ o mundial de diamantes. Embora a participa o da
empresa no mercado não seja de 100%, e grande o bastante para exercer influencia considervel sobre o preo mundial dos diamantes.
Quanto poder de mercado a DeBeers tem? A resposta depende, em parte, da
existencia de substitutos prOximos para seu produto. Se as pessoas enxergarem
esmeraldas, rubis e safiras como bons substit-utos para os diamantes, ent a"o
a
DeBeers teth poder de mercado relativamente pequeno. Neste caso, qualquer tentativa por parte da empresa de aumentar o preo dos diamantes faria com que as
pessoas trocassem os diamantes por outras pedras preciosas. Mas se as pessoas
considerarem que essas outras pedras s'aTo muito diferentes dos diamantes, ento a
DeBeers poderá exercer uma influencia considethvel sobre o preo de seu produto.
A DeBeers paga por um grande volume de publicidade. À primeira vista, essa
deciso pode parecer surpreendente. Se um monopolista é o Unico vendedor de seu
produto, entki por que precisa anunciar? Um objetivo dos amincios da DeBeers e
diferenciar os diamantes das demais pedras na mente dos consumidores. Quando
o slogan da empresa afirma que "diamantes são para sempre", quer que pensemos
que o mesmo n a"o
se aplica a esmeraldas, rubis e safiras (e observe que o slogan se
aplica a todos os diamantes, n'aTo só aos da DeBeers — um sinal da posi o monopolista da empresa). Se os an-Uncios forem bem-sucedidos, os consumidores
enxergar os diamantes como Unicos, e não apenas como uma dentre diversas
pedras preciosas, e essa perceN a- - o dará à DeBeers maior poder de mercado. •
"Em vez de um monopalio,
gostamos de pensar em nas
mesmos como ia Unica opcqo
que ha na cidadel"
316
cA0 DA INDUSTRIA
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E 0RGANIZA
MonopOlios Criados pelo Governo
a uma so pesEm muitos casos, os monopOlios surgem porque o govern° concede
As vezes, o
soa ou empresa o direito exclusivo de vender algum bem ou servico.
. Antes,c)or
monopolista
ser
quer
quern
de
politica
monopolio decorre da influencia
seus amigos e aliaexemplo, os reis concediam licencas exclusivas de comercio a
visto como
é
isso
porque
dos. Em outros casos, o govern° concede urn monopolio
concedeu monopode interesse public°. Por exemplo, o govemo norte-americano
a base de dados
lio a uma empresa chamada Network Solutions, Inc., que mantem
.gov, corn base na
de todos os enderecos de Internet terminados em .com, .net e
.
crenca de que esses dados precisarn ser centralizados e abrangentes
de como
As leis de patentes e direitos autorais sao dois exemplos importantes
Quando uma
public°.
interesse
ao
atender
para
o governo cria urn monopolio
pode requerer
companhia farmaceutica descobre urn novo medicament°,
t° é realmente origoverno uma patente. Se o govern° considera que o medicamen
de fabricacao
exclusivo
direito
empresa
a
confere
que
o
ginal, a patente é aprovada,
autor termina de
e venda do produto por 20 anos. De maneira similar, quando urn
autoral
direito
0
ele.
sobre
escrever urn romance, pode requerer o direito autoral
o livro sem a
uma garantia do govern° de que ning-uem podera imprimir e vender
a sobre a
permissao do autor. 0 direito autoral faz do romancista urn monopolist
venda de seu livro.
Como essas
E fOcil perceber os efeitos das leis de patentes e direitos autorais.
elevados dos que os
leis concedem monopolio a urn proclutor, levam a precos mais
prod-utores
esses
que
permitir
ao
Mas,
.
que ocorreriam se houvesse competicao
as leis tambem
monopolistas cobrem precos mais altos e obtenham lucros maiores,
farcompanhias
as
que
encorajam alg,uns comportamentos desejaveis. Permite-se
corn o objetivo de
maceuticas monopolizem os medicamentos que descobrem
as vendas de seus
incentivar a pesquisa. Permite-se que os autores monopolizem
livros para incentiva-los a escrever mais e melhores livros.
e custos.
beneficios
trazem
autorais
direitos
e
patentes
regem
que
Assim, as leis
compensados, em
Os beneficios sao urn incentivo major a atividade criativa e sao
os
examinarem
que
,
monopolica
precos
certa medida, pelos custos da formacao de
em maiores &taffies adiante.
monopalio natural
um monop6lio que surge
porque uma s6 empresa
consegue ofertar urn bem ou
servico a urn mercado inteiro
a urn custo menor do que
ocorreria se existissem duas
ou mais empresas
no mercado
Monopolios Naturals
em -)resa conse_g_ue oferUma indUstria é urn monopolio natural quando uma so
a urn custo menor do gue duas ou
tar urn bem ou servico a urn mercado inteiro
, --cr
de escala_para
mars empresas. Urn monopalio natural su re quando he economias
custo total medio de uma
toda a faixa relevarrte de producao. A Figura 1 mostra o
pode procluzir
empresa corn economias de escala. Neste caso, uma sO empresa
qualquer quanqualquer quantidade de produto a urn custo menor. Ou seja, para
menor produuma
a
leva
empresas
de
nUmero
major
tidade dada de produto, urn
cao por empresa e a urn custo total medio mais elevado.
levar agua
Para
6gua.
de
Um exemplo de monopalio natural esta na distribuicao
rede de tubulaaos moradores de uma cidade, uma empresa precisa construir uma
desse sewico, cada
goes. Se duas ou mais empresas competissem na prestacao
o custo total
empresa teria que pagar o custo fixo da construcao da rede. Assim,
medio da agua é menor se uma sO empresa supre o mercado.
os bens pUbliVimos outros exemplos de monopolio natural quando cliscutimos
que alguns
cos e os recursos comuns, no Capitulo 11. Observamos, de passagem,
é uma ponte que
bens da economia sao excludentes, mas nao rivais. Urn exernplo
CAPhilL0 15 MONOP15110
FiGuRT,
Economias de Escala como Causa de um Monopnlio
Quando a curva de custo total medio de uma empresa dedina
continuomente, a empresa tem o que se
denomina monopOlio natural. Neste caso, quando a producck
se divide entre um maior n mero de empresos,
cada umo delas produz menos e o custo total medio
aumenta. Assim, uma só empresa consegue produzir
qualquer quantidade dada a um custo menor.
Custo
onfrY
D
Custo
total -1‘4=)
medio
0
Quantidade produzida
seja th'o pouco trafegada que nunca haja congestionamento
nela. A ponte é excludente porque um pedalgio poderia impedir que alguem
a usasse e naio e rival porque o uso dela por alg,uem nalo diminui a possibilid
ade de que outras pessoas a
usem. Como hé um custo fixo para a constru o da
ponte e um custo marginal desprezivel para os usuffiios adicionais, o custo total medio
de uma viagem pela ponte
(o custo total dividido pelo ri mero de viagens) diminui
com o aumento do ntimero de viagens. Por essa razk), a ponte e um monoplio
natural.
Quando uma empresa é um monopfflio natural, preocupa
-se menos com a
entrada de novas empresas no mercado que possam
erodir seu poder monopolista. Normalmente, uma empresa tem dificuldade para
manter
sua
posi o monopolista se ri s o tem a propriedade de um recurso-c
have ou a prote o do governo.
0 lucro do monopolista atrai novas empresas para
o mercado e estas podem tornar o mercado mais competitivo. Em compara o,
entrar em um mercado em que
alguma empresa detenha monopfflio natural não
é interessante. As empresas
entrantes em potencial sabem que não poder"o atingir
os mesmos baixos custos
de que desfruta o monopolista porque, depois de entrar,
cada uma teria uma fatia
menor do mercado.
Em alguns casos, o tamanho do mercado é determin
ante para saber se uma
indstria é um monopOlio natural ou naio. Novamen
te, considere uma ponte sobre
um rio. Quando a popula o é pequena, a ponte
pode ser um monoplio natural.
Uma só ponte pode satisfazer totalmente a demanda
por viagens de um lado a
outro do rio pelo menor custo, mas, à medida que a
populgo cresce e a ponte fica
congestionada, satisfazer totalmente a demanda pode
requerer duas ou mais pontes sobre o mesmo rio. Portanto, com a expansk) do
mercado, um monop6lio natural pode evoluir e se tornar um mercado competitivo.
318
EMPRESA E ORGAN
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA
Teste Rapido
IZACAO DA INDUSTRIA
urn mercado pode ser monopolista? De dois
Quais so as tres razbes pelas quais
da existencia de cada urn deles.
exem-
plos de monopolios e explique as razOes
COMO GS MONOPOLIOS IMAM DECISOES
O
DE PROMO° E DETERMINA00 DE PREC
olios, podemos examinar como uma
Agora que sabemos como surgem os monop
ir e que prego cobrar pelo seu produempresa monopolista decide quanto produz
olista que fazemos nesta secao é o ponto
to. A analise do comportamento monop
lios sao desejaveis e que politicos o govemo
de partida para avaliar se Os monopo
pode adotar nos mercados monopolistas.
MonopOlio e Competicao
a competitiva e urn monopolista é a capaA principal diferenca entre uma empres
de seu produto. Uma empresa compecidade que este tern de influenciar o preco
de
o em que opera e, portanto, toma o preco
titiva é pequena em relag5o ao mercad
es do mercado. Em contraposicao, urn monoseu produto como dacio pelas condign
bem
mercado, pode alterar o preco de seu
polista, como tinico produtor em seu
o.
ajustando a quantidade que oferta ao mercad
urn
e
itiva
compet
a
empres
uma
entre
Uma maneira de enxergar essa diferenca
a que cada uma delas enfrenta. Quando
monopolista é examinar a curva de demand
antecapitulo
no
itivas
empresas compet
analisamos a maximizagao do lucro pelas
de mercado como uma linha horizontal.
rior, representamos g,raficamente o prego
a quantidade que quiser a esse
vender
pode
titiva
compe
a
Como uma empres
2.
horizontal, como no painel (a) da Fig,ura
-1, ) reco, enfrenta uma curva de demanda
vende urn produto que tern muitos subsCorn efeito, como a empresa competitiva
de
curva
a
o),
demais empresas do mercad
titutos perfeitos (os produtos de todas as
a é perfeitamente elastica.
demanda corn que coda empresa se defront
é o tinico produtor de seu mercado,
Ern contraposicao, como urn monopolista
& do mercado. Assim, a curva de
sua curva de demanda é a curva de demon
dente por todos os motivos que
descen
ao
demanda do monopolista tern inclinag
no painel (b) da Figura 2. Se o monopo
vimos anteriormente, como representado
proconsumidores comprarao menos desse
os
,
produto
seu
de
prego
o
elevar
lista
que
olista reduzir a quantidade de produto
ciuto. Ern outras palavras, se o monop
vende, o prego desse produto aumentard.
o
que
ade
capacid
a
o
ece uma restriga
A curva de demanda do mercado estabel
de mercado. Se possivel, os monopolismonopolista tern de lucrar corn scu poder
esse
a
ade
e vender uma grande quantid
tas prefeririam cobrar urn prego elevado
torna esse resultado impossivel. Mais espepreco. A curva de demanda do mercacio
o descreve as combinacCies de prego e
mercad
do
a
cificamente, a curva de demand
lista. Ajustando a quantidade produquantidade possiveis para a empresa monopo
), o monopolista pode escolher qualzida (ou o preco cobrado, o que da no mesmo
fora
nao pode escolher um pont° que esteja
quer ponto da curva de demanda, mas
dela.
caso
no
Como
r?
escolhe
vai
olista
monop
o
Qual pont° da curva de demanda
mos que o objetivo do monopolista seja
das empresas competitivas, nos assumi
empresa é a receita total menos os custos
maximizar o lucro. Como o lucro total da
do comportamento dos monopolios sera
totais, nossa proximo tarefa na explicagao
examinar suas receitas.
CAPh-ULO 15 MONOINSLIO
Curvas de Demanda para Empresas Competitivas e Monopolistas
Como as empresas competitivas sao tomadoras de precos, elas se deparam com curvas de dernanda horizontais, como no painel (a). Como umo
empresa monopolista é a única produtora em seu mercado, ela se depara com umo curm de dernanda de mercado com inclinacao descendente,
como no painel (b). Como resultado, o monopolista precisa aceitar um preco menor se quiser vender uma quantidade maior.
(b) A Curva de Demanda de um Monopolista
(a) A Curva de Demanda de uma Empresa Competitiva
Pre93
Preg)
Demanda
0
Quantidade Produzida
0
A Receita de um 1VionoOlio
Imag-ine uma cidade que tenha um s6 produtor de água. A Tabela 1 mostra como a
receita do monop6lio poderia depender da quantidade de 4-ua produzida.
As duas primeiras colunas mostram a escala de demanda do monop6lio. Se ele
produzir 1 gakio de 4ua, poderá vende-lo por $ 10. Se produzir 2 gaffies, precisará reduzir o preo para $ 9 por galo se quiser vende-los. Se produzir 3 ga1 es, o
preo precisaul cair para $ 8 e assim por diante. Se representarn-tos gr, aficamente as
duas colunas de nUmeros, obteremos uma curva de clemanda tipica com
descendente.
A terceira coluna da tabela representa a receita total da empresa monopolista,
que é ig,ual à quantidade vendida (da primeira coluna) multiplicada pelo preo (da
5
seprida coluna). A quarta coluna traz a receita nic dia da en-tpresa, que é o quanto
de receita que a empresa recebe por unidade vendida. Calculamos a receita media
tomando o valor da receita total, na terceira coluna, e dividindo-o pela quantidade
produzida, na prinleira. Como vimos no capitulo anterior, a receita media sempre
igual ao 1_-)reo do bem. Isso é válido tanto para as empresas monopolistas quanto para as empresas competitivas.
A - 1tima coluna da Tabela 1 nos fornece o cfficulo da receita inarginal da empresa, que é a receita que a empresa recebe pela venda de cada unidade adicional de
produto. Calculamos a receita marg,inal tomando a varig: o da receita total obtida
quando a quantidade vendida aumenta em uma unidade. Por exen-tplo, quando a
fazenda 1.-)roduz e vende 3 ga1 es de 4ua, sua receita total é de $ 24. Se aumentar
a produ o e as vendas para 4 gales, aurnentará a receita total para $ 28. Assirn, a
receita marginal é de $ 28 menos $ 24, ou $ 4.
Quantidade Produzida
319
320
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E 0RGANIZAcA0 DA INDUSTRIA
TABELA 1
Receita Total, Media e
Marginal de urn
Monopolio
Quantidade
de Agua
(Q)
0 galao
Preco
(P)
$ 11
Receita Total
Receita Media
Receita Marginal
(RT = P x Q)
$0
(RM = RTIQ)
(RMg = ART I AO
$10
1
10
10
• $ 10
2
9
18
9
3
8
24
8
8
6
t, 4
4
7
28
7
5
6
30
6
6
5
30
5
4, 2
i; 0
7
4
28
4
8
3
24
3
-4
A Tabela 1 mostra urn resultado clue é importante para o entendimento do cornportamento do monopolista: a receita marginal da empresa monopolista e sempre
menor do clue o prep do bem. Por exemplo, se a empresa aumentar a producao e a
venda de agua de 3 para 4 galoes, a receita total aumentara apenas $ 4, embora ela
seja capaz de vender cada galao por $ 7. Para urn monopolista, a receita marginal
menor do que o preco porque ele se depara corn uma curva de demanda corn inclinac5o descendente. Para aumentar a quantidade vend ida, uma empresa monopolista precisa reduzir o preco do bem. Assim, para vender o quarto galdo de agua, a
empresa monopolista tern de obter uma receita menor por cada urn dos tres primeiros galbes.
A receita marginal dos monopalios é muito diferente da receita marginal das
empresas competitivas. Quando urn monopolista aumenta a quantidade vendida
afeta de duas formas a receita total (P x Q):
• 0 efeito quantidade: é vendida uma quantidade major, de modo que Qé major.
• 0 efeito prep: o preco cai, de modo que P é menor.
Como as empresas competitivas podem vender tudo o que quiserem ao preco
de mercado, ndo existe para elas o efeito preco. Quando elas aumentam a producao em uma unidade, recebem o preco de mercado por essa unidade e nao recebem nada a menos pelas unidades quo já estavam vendendo. Ou seja, como as
empresas competitivas sao tomadoras de precos, sua receita marginal é igual ao
preco do bem. Um monopolista, por sua vez, quando aumenta a producao em 1
unidade, precisa reduzir o preco cobrado por unidade vendida e essa reducdo do
preco reduz a receita advinda das unidades que já. vinha vendendo. Como resultado, a receita marginal do monopOlio é menor do que o preco.
CAPh-ULO 15 NIONOK5L10
321
FIGURA 3
Pre9)
As Curvas de Demanda e de Receita
Marginal para um Monopnlio
$11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
-1
A curva de demanda mostra como a quantidade
Receita
marginal
1
2
3
Demanda
(receita r clia)
4
7
5
8
afeta o preco do bem. A curva de receita marginal
mostro como a receito do empreso varia quando
a quantidade aumenta em 1 unidade. Como o
preco de todas os unidades vendidas deve cair se
o monopOlio aumentar a produ0o, o receita
marginal sera sempre menor que o preco.
Quantidade de ikgua
—2
—3
—4
A Figura 3 representa as curvas de demanda e de receita marginal de uma
empresa monopolista. (Como o preo da empresa é igual à sua receita media, a
curva de demanda é tambem sua cui-va de receita media.) Essas duas curvas sempre partem do mesmo ponto no eixo vertical porque a receita marginal da primeira unidade vendida e igual ao preo do bem. Mas, desse ponto em diante, pelo
motivo que acabamos de discutir, a receita marg,inal do monopolista passa a ser
p
menor que o pre9 do bem. ConseqUentemente, sua curva de receita marginal fica
abaixo da sua curva de demanda.
Podemos ver na fig,ura (e na Tabela 1) que a receita marginal pode ate tornar-se
negativa. A receita marg,inal e negativa quando o efeito preo sobre a receita
maior do que o efeito quantidade. Neste caso, quando a empresa produz uma unidade adicional de produto, o pre9D cai o suficiente para fazer com que a receita total
diminua, mesmo que a empresa esteja vendendo mais unidades.
p P.0
Maximizack de Lucros,
L‘ 0
Agora que já nos familiarizamos com a receita de uma empresa monopolista, estamos prontos para examinar como ela maximiza seus lucros. Como vimos no
Capitulo 1, um dos Dez Principios de Econonna e de que as pessoas racionais pensam na margem. Essa lição vale tanto para as empresas monopolistas quanto para
as competitivas. Aqui, aplicamos a lógica da análise marg,inal à deciso do monopolista sobre quanto produzir.
A Figura 4 mostra a curva de demanda, a curva de receita marginal e as curvas
de custo para uma empresa monopolista. Todas elas devem parecer familiares: as
curvas de demanda e de receita marginal s'a o como as encontradas na Figura 3 e as
s
de custos s o como aquelas que vimos nos dois últirnos capitulos. Essas curvas
contelm todas as informg^6es de que precisamos para determinar o nivel de produo que um monopolista maximizador de lucros vai escolher.
trk
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E 0RGANIZAcii0 DA INDUSTRIA
322
1.1
p
t
‘`)
Maximizacio dos Lucros de um
Um monopolista maximiza o lucro escolhendo
quantidade ern que a receita marginal se
iguala ao custo marginal (panto A). Entao, usa
a curva de demanda para determinar o preco
que induzirci as consumidores a comprar essa
quantidade (pont° B).
4)
jj)
.. c}.,-)
-,
C)j
V
V,‘)J
,
z
,F,
.J
!')
. voo
twry.3 0
oc) ,
rolOt
)
1.
\
• 0
°'-(f€)
Y
t o r,c- ,e, 5 0
r
0
tio
1
max
Quantidade
Suponhamos, em primeiro lugar, que a empresa esteja operand° corn um baixo
nivel de producao, como Q 1 . Neste caso, o custo marginal é menor que a receita
marginal. Se a empresa aumentar a produc5o em 1 unidade, a receita adicional
excedera os custos adicionais, e o lucro aumentara. Assim, quando o custo marginal é menor do que a receita marginal, a empresa pode aumentar o lucro produzindo urn numero maior de unidades.
Urn arg,umento semelhante aplica-se a niveis elevados de producao, como Q2.
Neste caso, o custo marginal é major do que a receita marginal. Se a empresa reduzir a producao em 1 unidade, os custos poupados ser5o maiores que a receita perdida. Assim, se o custo marginal for major do que a receita marginal, a empresa
podera aumentar o lucro reduzindo a producdo.
No final, a empresa ajusta seu nivel de produc5o ate que a quantidade atinja
QMAXf na qual a receita marginal é igual ao custo marginal. Assim, a quantidade produzida que maximiza o lucro do monopolista detenninada pela intersccao do curva de
receita marginal corn a curva de custo marginal. Na Figura 4, essa intersecao se dá no
pont° A.
Como vimos no capitulo anterior, as empresas competitivas tambem optam por
produzir uma quantidade em que a receita marginal seja ig,ual ao custo marginal.
No que se refere a essa reg,ra da maximizacao de lucros, as empresas competitivas
e as monopolistas sao semelhantes, mas tambem ha uma diferenca importante
entre esses tipos de empresa: a receita marginal das empresas competitivas é igual
ao preco, ao passo que a receita marginal de urn monopolista é menor que a preco.
Ou seja:
Para empresas competitiyas:_ P=
= CMg
clPara monop_olistas: P > RA/Ig = CMg;
t
) , ‘5T
A igualdade da receita_marginal
_ ._,e do. custo marginal na quantidade
...._ _que . maxi. ___
miza
e a mesma para
_
. _
os dois tipos
___ de empresa. 0 que
difere
_
_e a relacao
__ _
_.
_ o lucro
enire__9 _._
preco, a receita marginal e o custo marginal.
_______
-
AO?'
Demanda
Receita marginal
0
ql)
Cyt
Ci i26.)
Custo
marginal
ri • \
,
if:-
1. A intersecao da curva
de receita marginal e da
curva de custo marginal
determina a quantidade
que maximiza o lucro...
Custo total medio
ro' .\ •
)-Y -. 5) I
_ot
.c.:3-''S.
C.
2.... e entao a curva de
demanda mostra o preco
consistente corn essa
quantidade.
Preco do
monopolista
c2-1
();
-e.
,.('..
Custos e
Receita
Monopolista
CAPiTULO 15 MIONOP151_10
323
maneira descrita neste capitulo), o monop6lio não tern curva de
SAIBA MAIS SOBRE...
POR QUE OS MONOPLlOS NAO
i
CURVA DE OFERTA
TN
você talvez tenha percebido que analisamos o preco em um mercado monoi)olista usando a curva de demanda de mercado e as curvas de custos da empresa. Não fizemos nenhuma referencia à curva
de oferta do mercado. Em contraposi0o, quando analisamos os precos nos mercados competitivos, a partir do Capitulo 4, as duas palavras mais importantes sempre foram oferta e demanda.
0 que aconteceu com a curva de oferta? Embora as empresas
monopolistas tomem decises sobre a quantidade a ser ofertada (da
oferta. Uma curva de oferta nos diz a quantidade que a empresa
decide ofertar a qualquer preco dado. Esse conceito faz sentido
quando analisamos as empresas competitivas, que são tomadoras
de precos. Mas uma empresa monopolista é formadora de preco, e
não tomadora. N&-.) faz sentido perguntar a quantidade que uma
empresa monopolista produziria a qualquer preco porque a empresa estabelece o preco ao mesmo tempo que escolhe a quantidade
que ofertar.
Com efeito, a decisk de um monopolista sobre quanto ofertar não pode ser separada da curva de demanda com que ele se
depara. 0 formato da curva de demanda determina o formato da
curva de receita marginal, que, por sua vez, determina a quantidade que maximiza o lucro do monopolista. Em urn mercado competitivo, as decis"Cies de oferta podem ser analisadas sem que se
conheca a curva de demanda, mas o mesmo não se aplica ao mercado monopolista. Portanto, nunca falamos da curva de oferta de
um monop6lio.
Como o monopolista encontra o preo que maximiza o lucro para seu produto?
A curva de demanda responde a essa pergimta porque relaciona o preo que os
clientes esth- o dispostos a pagar com a quantidade vendida. Assim, depois que a
empresa monopolista decide o volume de produ o que iguala a receita marg,inal
ao custo marginal, usa a curva de demanda para identificar o 1.-)rev) consistente com
essa quantidade. Na Figura 4, o preo que maximiza o lucro estEl no ponto B.
Agora podemos ver uma diferenyl crucial entre os mercados con-i empresas
competitivas e os mercados em que há monopOlio: 110S mercados competitivos, o preco
se iguala ao custo marginal. Nos mercados monopolistas, o preco é maior que o custo mar-
Como veremos em breve, essa conclusio é crucial para entender o custo
social do monopOlio.
0 Lucro de um Monopoiista
Quanto lucra uma empresa monopolista? Para encontrar o lucro de tal empresa,
lembre-se de que o lucro e ig,ual à receita total (RT) menos os custos totais (CT):
Lucro = RT — CT
Essa expresso pode ser reescrita con-io
Lucro = (RT/Q — CT/Q) x Q
RT/Q é a receita media, que e igual ao preo P, e CT/Q é o custo total medio CTM.
Assim,
Lucro = (P — CTM) x Q
324
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA INDUSTRIA
FIGURA 5
0 Lucro do Monopolista
A drea do retOngulo BCDE é iguol oo
lucro de uma empresa monopolista. A
altura do retangulo (BC) e o prep
menos o custo total medio, que e Igual
ao lucro par unidade vend/do. A largura
do retangulo (DC) e o numero de
unidades vend/dos.
Custos e
Receita
Custo marginal
Preco do
monopolista
Custo total media
Custo
total medic
D
Lucro do
monopolista
Demanda
Receita marginal
Q MAX
Quantidade
Essa equacao do lucro (que é a mesma das empresas competitivas) nos permite
medir o lucro do monopolista em nosso grafico.
Considere o retang,ulo sombreado da Figura 5.A altura do retang,ulo (o seg,mento BC) é o preco menos o custo total medic), P — CTM, que é o lucro por unidade
vendida. A largura do retangulo (o seg,mento DC) é a quantidade vendida
Assim, a area do retangulo representa o lucro total do monopolista.
Estude de Cass
MED1CAMENTOS MONOPOL1ZADOS E MED1CAMENTOS GENER1COS
Segundo nossa analise, Os precos sac) determinados de maneira bem diferente nos
mercados monopolistas e nos mercados competitivos. Urn ambiente ideal para testar essa teoria é o mercado de medicamentos porque este contem as duas estruturas de mercado. Quando uma empresa descobre urn novo medicament°, as leis de
patente the concedem urn monopolio sobre a venda do medicament° ern questa°.
Mas, corn o tempo, a patente acaba por expirar e, a partir dal, qualquer empresa
pode fabricar e vender o medicament°. Nesse momento, o mercado deixa de ser
monopolista e passa a ser competitivo.
0 que acontece corn o preco de urn medicament° quando a patente exi)ira? A
Fig,ura 6 mostra o mercado de urn medicament° tipico. Nessa figura, o custo marginal da producao do medicament° é constante (isso é aproximadamente verdadeiro para muitos medicamentos). Durante a vigencia da patente, a empresa
monopolista maximiza o lucro produzindo a quantidade em que a receita marginal se iguala ao custo marginal e cobrando urn preco bem superior ao custo marginal, mas, quando a patente expira, o lucro proporcionado pela producao do
CAP1TULO 15 MONOPOLIO
325
FIGURA 6
0 Mercado de Medicamentos
Custos e
Receita
Preco durante
a vig&Kia
da patente
Custo
marginal
Preco aps a
patente expirar
Receita
marginal
Quantidade
de monop6lio
Quantidade
competitiva
Demanda
Quantidade
medicamento encoraja a entrada de novas empresas no mercado. À medida que o
p
mercado se torna mais competitivo, o preQ cai ate se igualar ao custo marginal.
E os fatos so consistentes com nossa teoria. Quando a patente de um medicamento expira, outras empresas entram rapidamente no mercado e comeam a ven.
der os produtos chamados genericos, que s .o quimicamente identicos ao produto
de marca do antigo monopolista. E, como preve nossa análise, o preo do medicamento generico produzido de forma competitiva é bem inferior ao que era cobrado pela empresa monopolista.
0 vencimento da patente, entretanto, ruio faz com que o monopcTho perca todo
o seu poder de mercado. Alguns consumidores se mantem fieis ao medicamento
de marca, talvez com medo de que os novos medicamentos genericos não sejam
realmente iguais àqueles que vem usando há anos. Como resultado, o antigo
monopolista pode continuar a cobrar um preo um pouco superior ao preo praticado por seus novos concorrentes. •
Teste R4iclo
Explique como um monopolista escolhe a quantidade produzida e o preco a ser cobrado
pelo produto.
0 CUSTO DO MO kOPL110 E?A RELA00 AO BEM-ESTAR
0 monopOlio e uma boa mancira de organizar un-1 mercado?Vimos que os monopolistas, diferentemente das empresas competitivas, cobram preos superiores ao
custo marginal. Do ponto de vista dos consumidores, esse preQc) elevado faz com
que os monop6lios sejam indesejeh r eis. Ao mesmo tempo, contudo, os monopolistas lucram com os altos prec;o que cobram. Do ponto de vista dos proprietrios das
empresas, o preo elevado faz com que o monopOlio seja muito atraente. Sen1 que
Quando uma patente confere a uma
empresa um monopOlio sobre a venda
de um medicamento, a empresa cobra
o preco de monopcilio, que é bem
superior ao custo marginal de
producq- o do medicamento. Quando a
patente do medicamento expira, novas
empresas entram no mercado,
tornando-o mais competitivo. Como
resultado, o valor cai do preco
monopolista para o custo marginal.
326
PARTE 5 COMPORTAIVIENTO DA EIVIPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA
os beneficios para os propriet6rios das empresas superam os custos impostos aos
consumidores, fazendo corn que o monopOlio seja desejavel do ponto de vista da
sociedacie como urn todo?
NOs pociemos responder a essa questa() usando o tipo de anzilise visto no
Capitulo 7. Como naquele capitulo, usamos o excedente total como nossa medida
de hem-estar economic°. Lembre-se de que o excedente total é a soma do excedente do consumidor e do excedente do produtor. 0 excedente do consumidor é a
disposicao dos consumidores para pagar por urn bem menos o montante que efetivamente pagam por ele. 0 excedente do produtor é a quantia que os produtores
recebem por urn bem menos seus custos de producao. Neste caso, 116 urn so produtor — o monopolista.
Voce talvez j6 tenha conseguido imaginar o resultado desta analise. No Capitulo
7, concluimos que o equilibrio da oferta e da ciemanda em um mercado competitivo é urn resultado no apenas natural, mas tambem desejlivel. Em particular, a
m5o invisivel do mercado leva a uma alocacao de recursos que torna o excedente
total o major possivel. Como urn monopolio leva a uma alocacao de recursos diferente da que ocorreria em urn mercado competitivo, o resultado deve, de alguma
rnaneira, falhar na maximizacao do hem-estar economic° total.
0 Peso Morto
Comecaremos examinando o que a empresa monopolista faria se fosse administrada por urn planejador social benevolente. 0 planejador social nao se preocupa
apenas corn o lucro obtido pelos proprietarios da empresa, mas tambern corn os
beneficios recebidos pelos consumidores dos produtos vendidos pela empresa. 0
planejador tenta maximizar o excedente total, que é igual ao excedente do produtor (lucro) mais o excedente do consumidor. Tenha em mente que o excedente total
é igual ao valor do hem para os consumidores menos os custos de producao do
produtor monopolista.
A Figura 7 analisa o nivel de producao que um planejador social benevolente
escolheria. A curva de demanda reflete o valor do bem para os consumidores,
medido por sua disposicao de pagar por ele. A curva de custo marginal reflete os
custos para o monopolista. Assim, a quantidade socialmente eficiente se encontra no
ponto em quo a curve de demanda e a curva de custo marginal se cruzam. Abaixo dessa
quantidade, o valor para os consumidores excede o custo marginal de ofertar o
bem, de mod° que aumentar a produc5o aumentaria o excedente total. Acima
dessa quantidade, o custo marginal excede o valor para os consumidores, de modo
que diminuir a producao elevaria o excedente total.
Se o planejador social estivesse administrando o monopolio, a empresa poderia atingir esse resultado eficiente cobrando o prow encontrado na intersecao das
curvas de demanda e de custo marginal. Assim, tal como uma empresa competitiva e nao como uma empresa monopolista maximizadora de lucro, o planejador
social cobraria um 'Dreg° ig,ual ao custo marginal. Como esse preco daria aos consumidores urn sinal correto sobre o custo de producao do hem, os consumidores
comprariam a quantidade eficiente.
Podemos avaliar os efeitos de bem-estar do monopOlio comparando o nivel de
producao que o monopolista escolhe corn o nivel de producao que urn planejador
social escolheria. Como vimos, o monopolista decide produzir e vender a quantidade em que as curvas de receita marginal e custo marginal se cruzam; o planejador social escolheria a quantidade em que as curvas de demancla e de custo marginal se cruzam. A Figura 8 mostra uma comparac5o entre as duas situagoes. 0
monopolista produz menos do quo a quantidade de produto sociahnente tliciente.
CAPiTULO 15 MONOKSLIO
327
FIGURA 7
Pre93
0 Nivel de Producb Eficiente
Custo marginal
Um plonejador social benevolente que
desejosse maximizar o excedente total do
mercado escolheria o nivel de producO-o
em que as curvas de demanda e de custo
marginal se cruzam. Abaixo desse nivel, o
valor do bem para o comprador marginal
(como refletido na CUNG de demanda)
excede o custo marginal de producdo do
bem. Acima desse nível, o valor para o
comprador marginal é menor do que
o custo marginal.
Custo
— para o
monopolista
Valor
para os
compradores
Demanda
(valor para
Valor os compradores)
para os
likcompradores
Custo —
para o
monopolista
Quantidade
Valor para os
compradores é
maior do que
o custo para
o vendedor.
0 valor para os
compradores
menor do que
o custo para
o vendedor.
Quantidade
eficiente
A lneficiência do MonoOlio
Como um monopcilio cobra um preco
superlor ao custo marginal, nem todos
os consumidores que atribuem ao bem
volor superior ao custo o compram.
Assim, a quantidade produzida e
vendido por um monopolista é inferior
ao nivel socialmente eficiente. 0 peso
morto é representado pela Orea do
trOngulo entre a curva de demanda
(que reflete o valor do bem para os
consumidores) e a curva de custo
marginal (que reflete o custo para o
produtor monopolista).
Preg)
Preo do
monoplio
Receita
marginal
Quantidade Quantidade
do monoplio eficiente
Demanda
Quantidade
328
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E 0RGANIZAcA0 DA INDOSTRIA
Tambern podemos enxergar a ineficiencia do monopOlio em termos do preco do
monopolista. Como a curva de demanda do mercado descreve uma relacao negativa entre o Few e a quantidade do hem, uma quantidade que seja ineficientemente baixa equivale a urn preco ineficientemente alto. Quando urn monopolista
cobra urn preco superior ao custo marginal, alguns consumidores em potencial
atribuem ao hem urn valor superior ao custo marginal, mas inferior ao preco
monopolista, e acabam por nao comprar o bem. Como o valor que eles atribuem
ao hem é major do que o custo de oferta-lo, esse resultado é ineficiente. Assim, a
formacao de precos no monopolio impede que ocorram algumas transacoes mutuamente beneficas.
Assim como medimos a ineficiencia dos impostos por meio do triangulo do
peso morto no Capitulo 8, podemos medir a ineficiencia do monopolio de maneira similar. A Fig,ura 8 mostra o peso morto. Lembre-se de que a curva de demanda
reflete o valor para os consumidores e que a curva de custo marginal reflete o custo
para o produtor monopolista. Assim, a area do triangulo do peso morto, entre a
curva de demanda e a curva de custo marginal, é igual a perda de excedente total
decorrente da formacao de preco monopolista.
0 peso morto causado pelo monopolio é semelhante aquele causado por urn
impost°. Corn efeito, o monopolista se assemelha a urn coletor privado de impostos.
Como vimos no Capitulo 8, urn impost° sobre urn hem insere uma cunha entre a disposicao para pagar dos consumidores (refletida na curva de demanda) e os custos dos
produtores (refletidos na curva de oferta). Como urn monopolio exerce seu poder de
mercado cobrando urn preco superior ao custo marginal, provoca uma cunha semelhante. Nos dois casos, a cunha faz corn que a quantidade vendida seja inferior ao
otimo social. A diferenca entre os dois casos é que o govern() obtem uma receita a
partir do impost°, ao passo que uma empresa privada obtem o lucro monopolista.
O Lucro do MonopOlio: urn Custo Social?
tentador censurar os monopalios por eles "explorarem" o public°. De fato, os
monopolios obtem altos lucros por causa de seu poder de mercado. Mas, seg,undo
a analise econ6mica do monopolio, o lucro da empresa lido é por Si so necessariamente urn problema para a sociedade.
0 hem-estar em urn mercado monopolizado, como em qualquer outro mercado,
inclui tanto o hem-estar dos consumidores quanto o dos produtores. Quando urn
consumidor paga urn dOlar a mais a urn produtor por causa de urn preco monopolista, sua situacao piora em urn dOlar e a do produtor melhora no mesmo montante. Essa transferencia dos consumidores do hem para os proprietarios do monopOlio nao afeta o excedente total do mercado — a soma dos excedentes do consumidor
e do produtor. Ern outras palavras, o lucro monopolista por si so nao representa uma
reducao do tamanho do bolo economico; representa apenas uma fatia major para os
produtores e uma fatia menor para os consumidores. A menos que os consumidores sejam, por algum motivo, mais merecedores do que os produtores — urn julgamento que esta alem dos dominios da eficiencia economica o lucro do monopOlio nao representa urn problema social.
0 problema nos mercados monopolizados surge porque a empresa produz e
vende uma quantidade inferior ao nivel que maximiza o excedente total. 0 peso
morto mede quanto o bolo econemico se reduziu como resultado disso. Essa ineficiencia esta ligada ao preco elevado do monopolio: os consumidores compram
menos -unidades quando a empresa eleva o preco para alem do custo marginal. Mas
tenha em mente que o lucro obtido sobre as unidades que continuarao a ser vendidas nao é o problema. 0 problema decorre da ineficiencia de produzir (e vender)
menos unidades do produto. Em outras palavras, se o preco elevado do monopOlio
CAP1TULO 15 NIONOPOLIO
329
desencorajasse a compra do bem por alguns consumidores, elevaria o excen ao
dente do produtor exatamente no mesmo montante em que reduziria o excedente
do consumidor, deixando o excedente total no mesmo nivel que poderia ser atingido por um planejador social benevolente.
Entretanto, ha uma possivel excelo a essa conclus^ao. Suponhamos que uma
empresa monopolista tenha que incorrer em custos adicionais para manter sua
monopolista. Por exemplo, uma empresa monopolista criada pelo governo
posi ao
pode precisar contratar lobistas para convencer os leg,isladores a manter o monopOlio. Neste caso, ela pode usar parte de seus lucros monopolistas para pagar esses
custos adicionais. Neste caso, a perda social do monop6lio incluira tanto esses custos quanto o 1,-)eso morto resultante de um prec,:o superior ao custo marginal.
Como a quantidade produzida por um monopolista se compara com a quantidade que
maximiza o excedente total?
Teste R4ido
POUTGCA PBLlCA QUANTO AOS MONOP(3180S
Vimos que os monop6lios, ao contrario dos mercados competitivos, falham na alocgo eficiente de recursos. Os monop1ios produzem menos do que a quantidade
p
de produto socialmente desejavel e, com isso, cobram pre9 s superiores ao custo
marginal. Os formuladores de politicas do govemo podem reagir ao problema dos
monopOlios de quatro maneiras:
•
•
•
•
Tentando tornar as indUstrias monopolizadas mais competitivas.
Regulamentando o comportamento dos monopcilios.
Transformando alguns monopOlios privados em empresas pUblicas.
N'ao fazendo nada.
Aumento da Competick com a Leis_Antitruste
Se a Coca-Cola e a PepsiCo quisessem se fundir, a transa o seria minuciosamente analisada pelo governo federal antes de ser realizada. Os advogados e economistas do Departamento de Justia poderiam concluir que a fuso destas duas grandes
empresas de bebidas tornaria o mercado americano de refrigerantes substancialmente menos competitivo e, conseqi.ientemente, reduziria o bem estar econOmico
do pais como um todo. Nesse caso, o Departamento de Justi a contestaria a fus-cio
na corte e, se o juiz concordasse com as conclusOes, as duas empresas seriam impedidas de se fundirem. Foi exatamente este tipo de contesta o que impediu que a
Microsoft, a gigante do software, comprasse a Intuit em 1994.
0 poder do governo sobre a indUstria privada provem da legislação antitruste,
um conjunto de leis que tem por objetivo limitar o poder dos monoplios. A primeira e mais importante destas leis foi a Lei Antitruste Sherman, que o Congresso
aprovou em 1890 para reduzir o poder de mercado dos g-randes e poderosos "trustes" que eram vistos como os dominadores da economia naquela epoca. A Lei
Clayton, de 1914, refoNou os poderes do governo e autorizou processos judiciais
privados. Como colocou a Suprema Corte dos Estados Unidos em uma ocasião, as
leis antitruste são "uma carta abrangente de liberdade econOmica que tem por
objetivo preservar a competi o livre e irrestrita como reg,ra de comercio".
A legislação antitruste proporciona ao governo diversos meios para promover a
competi o. Elas permitem que o governo impea fusOes, como a nossa fus'"o
hipotetica entre a Coca-Cola e a PepsiCo. Tambern permitem que o governo des-
"Mas se nos fundirmos com a
Amalgarnated, teremos
recursos o bastante para
combater a viola0o das
leis antitruste causada
pela fusdo."
330
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EIVIPRESA E 0RGANIZAcii0 DA INDUSTRIA
membre empresas. Em 1984, por exemplo, o govern° dividiu a AT&T, a g,rande
empresa de telecomunicacoes, em oito empresas menores. Finalmente, a legislacao
antitruste impede que as empresas coordenem suas atividades de forma a tornar os
mercados menos competitivos; iremos discutir alguns usos da legislacao antitruste
no Capftulo 16.
A leg,islacao antitruste tern tanto custos quanto beneficios. As vezes as empresas se fundem nao para reduzir a competicao, mas para reduzir os custos atraves
uma producao conjunta mais eficiente. Esses beneffcios das fusoes sao por vezes
chamados de sinergias. Por exemplo, muitos bancos americanos se fundiram nos
tiltimos anos e, combinando suas operacoes, conseg-uiram reduzir seus quadros
administrativos. Se a leg,islacao tern por objetivo aumentar o bem-estar social, o
govemo deve ser capaz de determinar quais fus6es sac) desejaveis e quais nao sac).
Ou seja, ele deve ser capaz de medir e comparar o beneffcio social das sinerg,ias
corn o custo social da reducao da concorrencia. Os crfticos das leis antitruste sao
ceticos em relacao a capacidade do govern° de fazer a analise de custo-beneficio
necessaria corn precisao suficiente.
Regulamentacao
Outra maneira pela qual o govern° lida corn o problema do monopOlio é pela regulamentacao do comportamento dos monopolistas. Essa solucao é comum no caso
dos monopolios naturais, como os das empresas de agua e energia eletrica. Essas
empresas não podem cobrar os 1,-)recos que desejam. Em vez disso, ha agendas
governamentais que regulamentam seus precos.
Que prey) o govemo deve estabelecer para urn monopolio natural? Esta pergunta nao é t5o simples quanto pode parecer a primeira vista. Seria possfvel concluir que o preco deveria ser igual ao custo marginal do monopolista. Se o preco for
igual ao custo marginal, os clientes comprarao a quantidade que maximiza o excedente total e a alocacao de recursos sera eficiente.
Mas h, entretanto, dois problemas praticos corn a determinacao do preco pelo
custo marginal con-io sistema de rep., ilamentacao. A primeira estd ilustrada na
Figura 9. Os monopolios naturals tern, por definicao, custo total medio decrescente. Como vimos no Capitulo 13, quail& o custo total medio é decrescente, o custo
marginal é inferior ao custo total medio. Se os que fazem a regulamentacao fixarem
o preco de forma que ele seja ig,ual ao custo marginal, o preco serEi inferior ao custo
total medio e a empresa perdera dinheiro. Em vez de cobrar urn preco t5o baixo, a
empresa monopolista simplesmente sairia do mercado.
Os clue fazem a reg,ulamentacao podem reagir a este problema de diversas
maneiras, nenhuma das quais é perfeita. Uma maneira seria subsidiar o monopolista. Essencialmente, o govemo arcaria corn as perdas inerentes a determinacao do
preco pelo custo marginal. Mas para pagar pelo subsidio, o govern() precisaria arrecadar dinheiro por meio dos impostos, que tern seu proprio peso morto.
Alternativamente, poderiam permitir que o monopolista cobrasse urn preco superior ao custo marginal. Se o 1.-)reco regulamentado for igual ao custo total medic), o
monopolista tera lucro economic() igual a zero. Mas a determinacao do preco gera
peso morto porque o preco do monopolista deixa de refletir o cust;) marginal da
producao do bem. Essencialmente, a determinacao do preco pelo custo medio
como urn imposto sobre o hem que o monopolista esta vendendo.
0 segundo problema da determinacao de preco pelo custo marginal como urn
sistema de regulamentacao (e tambem da determinacao do preco pelo custo
medio) é clue isso nao da ao monopolista qualquer incentivo a reducao de custos.
Cada empresa de urn mercado competitivo tenta reduzir seus custos porque menores custos significam maiores lucros. Mas urn monopolista reg,ulamentado sabe que
331
CAPIITULO 15 MONOK5L10
—
GURA
.
Determinac a. o do Preo pelo
Custo Marginal para um
Monopnlio Natural
Pre9D
Custo total
medio
Pre93
regulamentado
Custo total medio
Prejuizo
Custo marginal
Como um monopalio natural tem custo
total medio decrescente, o custo
marginal é inferior ao custo total
rn6a1io. Assim, se os que fazem o
exigirem que um
regulamentacao
monopalio natural cobre um preco
igual ao custo marginal, o preco sera
inferior ao custo total rndio e o
monopalio perdera dinheiro.
Demanda
Quantidade
-
os que fazem a reg,ulamentg"a"o recluzir a"o os preos sempre que os custos cairern,
se beneficiara dos menores custos. Na pratica, os responsaveis pela
e que ele n ao
reg-ulamenta o lidam com este problema permitindo que os monopolistas fiquem
com parte dos beneficios dos menores custos sob a forma de um lucro mais elevado, uma pratica que exige desviar-se um pouco da detern-iina o do prec;o pelo
custo marginal.
Propriedade Nblica
A terceira politica usada pelo governo para lidar com os monopOlios é a propriedade pUblica, ou seja, em vez de reg,ulamentar um monopOlio natural administrado
por uma empresa privada, o prOprio governo pode administrar o monopOlio. Essa
solu o é comum em muitos paises europeus, onde o govemo é proprietario e operador de empresas de servios pUblicos como as de telefonia, agua e energia
Nos Estados Unidos, o governo administra o Servi o Postal. A entrega de correspondthlcia registrada é muitas vezes considerada um monopOlio natural.
Os economistas costumam preferir a propriedade privada à propriedade pUblica dos monopOlio naturais. A questho central esta em como a propriedade da
empresa afeta os custos de produ o. Há um incentivo para que os proprietarios
privados minimizem os custos, desde que possam ficar com parte do beneficio sob
a forma de lucros mais elevados. Se os administradores da empresa n. o estiverem
sendo bem-sucedidos na redu a"o dos custos, os proprietarios os demitiro. Em
comparg"cio, se os burocratas do governo que administram um monopOlio trabalharem mal, os perdedores sefa o os clientes e os contribuintes, cujo Unico recurso
o sistema politico. Os burocratas podem tornar-se um g,rupo de interesse especial e tentar bloquear reformas que objetivem reduzir custos. Em termos mais claros, como maneira de garantir que as empresas sejam bem administradas, a cabine eleitoral é menos confiavel do que a motivg^ao do lucro.
332
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDOSTRIA
Nao Fazer Nada
Cada uma das politicas anteriores destinadas a reduzir o problema do monopOlio
tern suas desvantagens. Como resultado, al guns economistas argumentam que em
muitos casos o melhor para 0 govern° é no tentar remediar as ineficiencias da
determinacao de precos monopolista. Eis aqui a ava1iac50 do economista George
Stigler, quo ganhou o Premio Nobel por seu trabalho na area da organizacao industrial, publicada na Fortune Encyclopedia of Economics:
Urn famoso teorema em economia afirma que uma economia corn empresas
competitivas produzira a major renda possivel a partir de urn determinado
NOTiCIAS
TRANSPORTE PUBLIC° E INICIATIVA PRIVADA
Em muitas ciolodes, o sistema de transporte coletivo de onibus e metro 6 urn monopOlio administrado pelo govemo local. Mas qual
serd o melhor sistema?
0 Sujeito da Van
Por John Tierney
Vincent Cummins olha de dentro da van
corn os olhos atentos de urn criminoso
experiente. 0 centro do Brooklyn esta calmo
esta noite... calmo demais. "Veja se no ha
ninguem atras de mim!", grita ele no microfone de seu radio, falando corn um outro criminoso ao volante de uma van que acabou
de passar por ele no sentido oposto da
Livingston Street. Ele olha para os dois lados.
No ha carros de policia a vista. E tambem
nao ve nenhum dos costumeiros carros sem
identificacao. Cummins fica ern silencio por
alguns instantes — ele acabou de ouvir pelo
radio que a policia acabou de prender dois
outros motoristas mas nao consegue
parar. "Veja se nao ha ninguem atras de
mim!", repete para o radio enquanto encosta, implacavel, no meio-fio.
Cinco segundos depois, o mal triunfa.
Uma mu/her de meia-idade carregando
uma sacola de compras entra no van... e
Cummins se vai, impunemente! Sua nova
viti ma e as demais passageiros riem quando
perguntamos por que estao andando nesse
transporte ilegal. Que trouxa pagaria $1,50
para ficar ern pe no Onibus ou no metrO
quando aqui ha urn assento garantido par
$1? Ao contrario dos motoristas de onibus, os
responsaveis pelas vans dao troco e aceitam
dinheiro e as vans sao mais freqUentes a
qualquer hora do dia. "Levo uma hora para
chegar em casa quando pego onibus", explica Cynthia Peters, uma enfermeira nascida
em Trinidad. "Quando trabalho ate tarde,
tenho medo de esperar pelo onibus no escuro e depois andar tres quarteirOes para chegar em casa. Corn a van de Vincent, chego
em casa em menos de meia hora. Ele me
deixa na porta e espera que eu entre!'
Cummins preferiria nao ser urn fora-dalei. Nascido em Barbados, ele dirige a perua
em period° integral desde que urn acidente
o forcou a abrir mao de seu trabalho coma
ferramenteiro. "Eu poderia viver da pensao
par invalidez", diz, "mas trabalhar é melhor".
Ele preenchia as requisitos do governo federal para operar urn servico de vans interestadual e passou anos tentando conseguir uma
autorizacao para trabalhar na cidade. Sua
solicitacao, que inclula mais de 900 declaracOes de passageiros, grupos empresariais e
lideres religiosos, foi aprovada pela
Comissao Local de Taxis e Limusines e pelo
Departamento de Transportes. 0 prefeito
Giuliani o apoiava, mas neste verao o
Conselho da Cidade recusou seu pedido de
licenca, coma vem fazendo ha quatro anos.
E e par isso que milhares de motoristas de
transporte irregular trafegam pelo Brooklyn e
pelo Queens fugindo da policia.
Os vereadores afirmam que estao tentando impedir que as vans causem acidentes e problemas de transit°, embora ninguem que as utilize leve esses argumentos
a serio. Vans cam motoristas qualificados e
segurados, coma Cummins, nao sao mais
perigosas nem causam mais problemas do
que as taxis. SO representam perigo para o
monopolio do transporte pUblico, cujos lide-
CAPhilL0 15 MONOP&10
333
estoque de recursos. Nenhurna economia real atende exatamente às condi(-5es do teorema e todas as economias reais ficam aciu m da economia ideal —
uma diferena chamada de "falha do mercado". Entretanto, em minha
o grau de "falha do mercado" da economia norte-americana é muito
menor do que o de "falha politica" decorrente das imperfeic;es das politicas
econmicas encontradas nos sistemas politicos reais.
Como essa citação deixa claro, determinar o papel apropriado do governo na
economia requer tanto julgamentos politicos quanto julgamentos econ6micos.
res sindicais v'ern sendo bem-sucedidos na
campanha contra elas.
Os motoristas de vans refutaram dois
mitos urbanos modernos: o de que o transporte coletivo causa prejuizo e o de que precisa ser um empreendimento
Ernpreendedores como Cummins prosperam em outras cidades — Seul e Buenos
Aires confiam plenamente nas empresas de
6nibus privadas e lucrativas — e eles ja fizeram de Nova York a lider mundial de transporte coletivo. Os primeiros bondes puxados
a cavalo e trens elevados foram estabelecidos por empresas privadas. 0 primeiro
metr6 foi parcialmente financiado por um
emprtimo do municipio, mas, de resto, era
um empreendimento privado, construiclo e
administrado com bom lucro quando as passagens custavam um niquel — o equivalente
hoje a menos de urn dOlar,
fVlas os politicos de Nova York acabaram
por afastar do neg6cio a maioria das empresas privadas, recusando-se a corrigir o preco
das passagens pela inflack. Quando as
empresas perderam dinheiro, em 1920, o
prefeito John Hylan se ofereceu para ensinalas a administrar o negOcio. Ele prometeu
que, se a cidade administrasse o metr6,
ganharia dinheiro sem aumentar o preco e
ainda libertaria os moradores da "servidk" e
da "ditadura" dos "avarentos monop6lios do
transporte". Mas as despesas aumentaram
assim que o governo fundiu todas as operaces privadas em um verdadeiro monopOlio.
A passagem, que foi de um niquel durante
sete decadas de transporte privado, subiu
2.900% sob a administrac ks pública — e hoje
a Metropolitan Transportation Authority ainda
consegue perder $ 2 por percurso. Enquanto
isso, um motorista de van clandestina consegue prestar um servico melhor a um preco
mais baixo e ainda ter lucro.
"O transporte poderia voltar a ser lucrativo se dessem uma chance aos empreendedores", diz Daniel B. Klein, um economista da
Universidade de Santa Clara, na Calif6rnia, e
co-autor de Curb Rights, um novo livro sobre
transporte coletivo publicado pela Brookings
Institution. "O governo provou que tem tanto
a ver com a prestack de servicos de transporte público quanto com a produck de
cereais matinais. Deveria concentrar-se no
estabelecimento de novas regras de incentivo à competick'.' Para se encorajarem os
operadores privados a fazer um investimento
de longo prazo no atendimento regular a
uma rota, os pesquisadores da Brookings
recomendam que Ihes sejam vendidos "direitos exclusivos" para pegar passageiros em
pontos determinados ao longo da rota. Com
isso, os oportunistas eventuais na- o conseguiriam furar a fila e roubar clientes dos operadores fixos. Mas, para encorajar a competica- o, haveria ao longo da rota paradas
comuns onde os passageiros poderiam pegar
qualquer van ou 6nibus licenciado.
Os elementos desse sistema ja existem
onde as vans estabeleceram informalmente
suas pr6prias paradas separadas daquelas
dos 6nibus regulares, mas a Camara Local
esta tentando eliminar esses concorrentes.
Al&n de negar licencas a novos motoristas
como Cummins, ela proibiu os motoristas
veteranos que ja t&n licenca de operar nas
Vincent Cummins: Empreendedor
Foro-da-Lei
rotas dos 6nibus. A menos que essas restricc5es sejam revertidas em juizo — um processo em favor dos motoristas esta sendo movido pelo Institute for Justice, um escrit6rio de
advocacia de interesse público em
Washington as vans só conseguirk competir com o transporte regularizado se forem
contra a lei. Neste exato momento, apesar
dos esforcos da polícia e do Sindicato dos
Trabalhadores em Transportes, urn predador
em s&ie como Cummins esta atraindo mais
uma vitima incauta. E ele pode até estar
dando troco para uma nota de $ 5.
Fonte: The New York Times MagazThe, 10 ago.
1997 by The New York
1997, p, 22. Copyright
Times Co. Reproduzido com permissao.
334 I
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA INDUSTRIA
Teste Rapid° Descreva as maneiras pelas quais os formuladores de politicos podem reagir as ineficiencias causadas pelos monopolios. Liste urn problema em potencial decorrente de cada uma dessas reacbes
politicas.
DISCRAHN.AcA0 DE PREcOS
discriminacao de precos
a pratica comercial de vender
o mesmo bem por diferentes
precos a diferentes clientes
Ate aqui, admitimos que a empresa monopolista cobra o mesmo de todos os ellentes. Mas em muitos casos as empresas tentam vender o mesmo bem a diferentes
clientes por precos diferentes, muito embora os custos de produce° sejam os mesmos. Esse praitica é chamada de discriminacao de precos.
Antes de discutirmos o comportamento de urn monopolista que discrimina precos, devemos observer que essa discriminacao nao é possIvel quando urn hem é
vendido em urn mercado competitivo, no qual existem muitas empresas que y endem o mesmo hem ao preco de mercado. Empresa alg,ume este disposta a cobrar
urn Few menor de qualquer cliente porque ela pode vender o quanto quiser ao
preco de mercado. E, se alguma empresa tenter cobrar mais de urn cliente, o ellente vai comprar de outra empresa. Para que uma empresa possa fazer discriminacao
de precos, precise ter alg,um poder de mercado.
Uma Parabola sobre a Determinacao do Preco
Para entendermos por que urn monopolista poderia querer praticar cliscriminacao
de precos, vamos considerar um exemplo simples. Imagine que voce é o presidente de uma editora, a Readalot Publishing Company. A autora de major vendagem
da editora acabou de escrever seu ultimo romance. Para simplificarmos, vamos imaginer que voce pag,uc a autora $ 2 milhoes pelo dircito de publicacao do livro.
Vamos admitir ainda que o custo de impressao do livro seja zero. 0 lucro da
Readalot, portant°, sera a receita que obtiver corn a venda do livro menos os $ 2
milhoes pagos a autora. Dadas essas condicoes, como voce, presidente da editora,
decidiria o preco a ser cobrado polo livro?
o primeiro passo é estimar qual sere a provavel demanda pelo livro. 0 departamento de marketing da Readalot lhe diz que o livro atraira dois tipos de leitores.
Sere atraente para os 100 mil fas incondicionais da autora, que estarao dispostos a
pager ate $ 30 pelo livro. Alern disso, o livro podere atrair cerca de 400 mil leitores
menos entusiastas que estardo dispostos a pager $ 5 1,-)or ele.
Qual o preco que maximize o lucro da editora? Ha clois precos a serem considerados: $ 30 é o preco mais alto que a Readalot pode cobrar e, assim, vender o livro
aos 100 mil fas incondicionais, e $ 5 é o maior preco que pode cobrar e que permitiria vender o livro pare todo o mercado de 500 mil leitores em potencial. 0 problema a ser resolvido pela Readalot é uma simples questa° de aritmetica. Ao preco de
$ 30, a empresa vendere 100 mil exemplares do livro, a receita sera de $ 3 milhoes
e o lucro sera de $ 1 milhSo. Ao preco de $ 5, vendere 500 mil exemplares, a receita sere de $ 2,5 mill-16es e o lucro sere de $ 500 mil. Assim, a Readalot maximize seu
lucro cobrando $ 30 e abrindo mao de oportunidade de vender aos 400 mil leitores
menos entusiastas.
Observe que a decisao de editora gera urn peso morto. He 400 mil leitores dispostos a pagar $ 5 pelo livro e o custo marginal para atende-los é zero. Assim, sao
perdidos $ 2 milhoes de excedente total quando a Readalot cobra o preco mais elevado. Esse peso morto é a habitual ineficiencia que surge sempre que urn monopolista cobra urn preco superior ao custo marginal.
CAPhrULO 15 IVIONOKSLIO
Suponhamos agora que o departamento de marketing da Readalot fac;a uma
importante descoberta: os dois grupos de leitores se localizam em mercados separados. Todos os ffis incondicionais vivem na Australia, enquanto os demais leitores
vivem nos Estados Unidos. Alem disso, e dificil para os leitores que vivem em um
pais comprar livros no outro. De que forma essa descoberta afeta a estrategia
marketihg da editora?
Neste caso, a empresa pode lucrar ainda mais. Ela pode cobrar $ 30 por livro dos
100 mil leitores australianos. E pode cobrar $ 5 por livro dos 400 mil leitores nortearnericanos. Neste caso, a receita será de $ 3 milHes na AustrEllia e de $ 2 milh"(5es
nos Estados Unidos, em um total de $ 5 milh.5es. 0 lucro ser& então, de $ 3
milh(5es, que é substancialmente maior do que o $ 1 milh a'o que a empresa poderia ganhar cobranclo o mesmo pre90 de $ 30 de todos os clientes. N5o e de surde 1.-)reos.
discrirninação
de
preender que a Readalot opte por seg-uir a estrategia
Embora a hist6ria da Readalot seja hipotetica, descreve com precis'a"o as prEiticas
comerciais de muitas editoras. Os livros-texto, por exemplo, costumam ser vendidos a pre9p s mais baixos na Europa do que nos Estados Unidos. Ainda mais importante é o diferencial de preo entre os livros de capa dura e as brochuras. Quando
uma editora tem um novo romance, lança inicialmente uma edição cara, de capa
dura e, mais tarde, laNa uma mais barata, ern brochura. A diferena de
preo entre as duas edijes supera em muito a diferença dos custos- de impressio.
0 objetivo do editor é igual ao do nosso exemplo. Ao vender a vers'a o em capa dura
aos ffis inconclicionais e a brochura aos leitores menos entusiastas, a editora pratica discrimina o de prec;os e aumenta seu lucro.
A Moral da Histhria
Como qualquer parbola, a histOria da Editora Readalot é uma maneira especial de
exprimir urn pensamento. Mas tambem, como qualquer parEibola, ensina alg-umas
lições importantes e gerais. Neste caso, hEi tres lições a aprender sobre a discriminao de pre9Ds.
A primeira e mais 6bvia é que a discrirninação cle pre9os é uma estrategia racional para a maximizgki dos lucros monopolistas. Em outras palavras, ao cobrar diferentes prec;os de diferentes clientes, um monopolista pode aumentar seu lucro.
Essencialmente, um monopolista discriminador de preos cobra de cada cliente um
pre93 mais pr6ximo da çlisposição dele para pagar do que seria possivel com um pre(-;o único para todos os clientes.
A seg,unda lição é que a discrimina o de preos exige a sej.->arg a"o dos compradores seg,undo sua clisposi o para pagar. Em nosso exemplo, os clientes estavam
separados geografican-iente. Mas os monopolistas por vezes escolhem outras difererwas, como idade ou renda, para distinguir os clientes.
Um corolario desta segunda lição é que certas foNas do mercado podem
dir as en-ipresas de praticar discrimina o de preos. Mais especificamente, uma dessas foNas é a arbitragem, o processo de comprar um bem em um mercado a um
pre90 baixo e vende-lo em outro mercado a um pre9D mais elevado, a fim de obter
lucro com a difereNa entre os pre9:)s. Em nosso exemplo, suponhamos que as livrarias da Austrlia possam comprar o livro nos Estados Unidos e revendC.j.-lo aos leitores australianos. Essa arbitragem impediria que a Readalot praticasse discrimina o
de preos porque australiano algum compraria o livro ao preo mais elevado.
A terceira lição de nossa parbola talvez seja a mais surpreendente: a discriming a- - o de preos pode aumentar o bem-estar econOmico. Lembre-se de que surge
um peso morto quando a Readalot cobra um só pre90 de $ 30, já. que os 400 mil leitores menos entusiastas acabam não con-iprando o livro, muito embora lhe atribuan-i um valor superior ao custo marginal de produ o. Em comparg"Eio, quando
335
336
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA INDUSTRIA
a Readalot pratica discriminac5o de precos, todos os leitores acabam por comprar
o livro e o resultado é eficiente. Assim, a discriminacdo de precos pode eliminar a
ineficiencia inerente a determinacao de precos monopolista.
Observe que o aliment° do bem-estar decorrente da discriminacao de preco
aparece como um major excedente do produtor, e nao como urn major excedente
do consumidor. Em nosso exemplo, os consumidores nao ficam em melhor situacdo por ter comprado o livro: o preco que pagaram é exatamente ig,ual ao valor que
atribuem ao livro, de modo que eles ndo obtem nenhum excedente do consumidor.
Todo o aumento do excedente total decorrente da discriminacao de preco é recebido pela Readalot sob a forma de lucro major.
Analise da Discriminacao de Precos
Vamos analisar mais formalmente como a discriminacao de precos afeta o hemestar economic°. Comecaremos admitindo que o monopolista possa praticar discriminacao de precos corn perfeicao. A discriminacao de preps perfrita descreve uma
situacao em que o monopolista conhece exatamente a disposicao para pagar de
cada client° e pode cobrar de cada comprador urn 'Dreg° diferente. Neste caso, o
monopolista cobra de cada cliente exatamente sua disposicao para pagar e obtem
o excedente total em cada transacao.
A Figura 10 mostra os excedentes do produtor e do consumidor corn e sem discriminaca- o de precos. Sem discriminaca- o de precos, a empresa cobra urn Unico preco,
superior ao custo marginal, como mostra o painel (a). Como alguns compradores em
potencial que atribuem ao hem valor superior ao custo marginal nao o compram
devido ao alto preco cobrado, o monopolio causa urn peso morto. Mas, quando uma
FIGURA 10
Bem-Estar corn e sem Discriminacao de Precos
0 painel (a) mostra um monopolist° que cobra o rnesmo prep de todos os clientes. 0 excedente total nesse mercado e igual O soma do lucro (excedente do produtor) e do excedente do consumidor. 0 poinel (b) mostra um monopolist° que pode praticar discriminacao de precos perfeita. Como o
excedente do consumidor e igual a zero, o excedente total agora e igual ao lucro do empresa. Comparando estes dais paineis, podemos ver que a discriminocao de precos perfeita aumento o lucro e o excedente total e reduz o excedente do consumidor.
(a) Monopolista corn Preco Onico
Preco
(b) Monopolista corn Perfeita Discriminacao de Precos
Preco
Excedente
do consumidor
Preco do
monopolio
Lucro
Custo marginal
Receita
marginal
0
Quantidade
vendida
Custo marginal
Demanda
Demanda
Quantidade
0
Quantidade
vendida
Quantidade
CAPh'ULO 15 MONOIN5L10
337
empresa pode discriminar prev)s perfeitamente, como no painel (b), cada um dos
compradores que atribui ao bem um valor superior ao custo marginal o compra e
paga por ele um preo igual à sua disposiO"o para pagar. Todas as transg cies mutuamente beneficas se realizam, não há peso morto e a totalidade do excedente forrnado pelo mercado vai para o produtor monopolista sob a forma de lucro.
claro que, na realidade, a discrimina o de preos não é perfeita. Os clientes
não entram nas lojas com tabuletas anunciando sua disposição para pagar. Em vez
disso, as empresas pratican-i cliscrimingo de preos dividindo as pessoas em grupos: jovens e velhos, os que compram durante a semana e os compram em finais
de semana, norte-americanos e australianos e assin-1 por diante. Ao contrkio do
que ocorreu em nossa parbola da Readalot, os clientes dentro de cada grupo NT o
diferir entre si na sua disposi o para pagar pelo produto, fazendo com que a discrimina o de prec;os perfeita seja impossivel.
Como essa discrimina o de preos irnperfeita afeta o bem-estar? A
desses esquemas de detern-lina o de 1.-)re os é bastante con-iplicada e o fato é que
uma resposta geral para essa pergunta. Comparada ao resultado cio monopOlio com preo único, a discriming o de preos imperfeita pode aumentar, reduzir ou deixar inalterado o excedente total de urn mercado. A única concluso certa
e que a discrimina o de preo aumenta o lucro do monopolista — caso contrkio,
p
a empresa optaria por cobrar o mesmo pre9 de todos os clientes.
Exemplos de Discrimina0o de Precos
As empresas em nossa economia usam diversas estrateg,ias comerciais para cobrar
prec;os diferentes de clientes diferentes. Agora que entendemos a economia da discrimina o de preos, vamos ver alguns exemplos.
ingressos de Cinerna Muitos cinemas cobram pre9os mais baixos pelos ingressos de criaNas e idosos do que dos demais freqentadores. Isso seria dificil de explicar em um mercado competitivo, em que o preo e ig,ual ao custo marginal, e o custo
marginal de oferecer um assento a uma criaNa ou um idoso é o mesmo de oferecer
um assento para outra pessoa qualquer. Mas esse fato pode ser facilmente explicado se os cinemas tiverem algum poder de monopOlio local e se as crianas e idosos
tiverem uma menor disposi o para pagar por um ingresso. Neste caso, os cinemas
aumentam seus lucros por meio da discrimina o de preos.
Pre“)s das Passagens A&eas Os assentos em avi es são vendidos a muitos
preos diferentes. A maioria das companhias aereas norte-americanas cobra um
pre9p menor por uma passagem de ida e volta entre duas cidades se o viajante passar a noite de sbado na cidade de destino. Isso pode parecer estranho à primeira
vista. Que difereNa pode fazer para a companhia aerea urn passageiro pemoitar
no sbado na cidade de destino? 0 motivo é que essa regi, -a é uma n-taneira de
separar os que viajam a negOcios dos demais. Um passageiro em viagem de negc5cios tem alta disposi o para pagar e, provavelmente, não vai querer passar a noite
de sbado na cidade para onde foi. Por outro lado, um passageiro que esteja viajando por motivos pessoais tem menor disposi o para pagar e maior probabilidade
de estar disposto a pemoitar no s'ilbado na cidade de destino. Assim, as compaa
nhias aereas conseg,uem praticar discriming .0 de pre9c)s cobrando um prev)
menor dos passageiros que passam a noite de s-ibado na cidade de destino.
u,
O
te)
o
z o
d
uJ
CL.
Cupons de Desconto Muitas empresas fornecem cupons de desconto ao Z
púhlico por meio de jornais e revistas. Basta que o comprador recorte o cupom para
obter um desconto de, por exemplo, $ 0,50 em sua prOxima compra. Por que as oz
empresas oferecem esses cupons? Por que simplesmente n" ,c) reduzem o preo do }
produto em $ 0,50?
>
0
"Voce ficario chateado de
saber como eu paguei pouco
por esto passagem?"
338
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EIVIPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA
A resposta é que os cupons permitem que as empresas fagam discriminagao de
pregos. Elas sabem que nem todos os clientes estao dispostos a gastar seu tempo
recortando os cupons. Alem disso, a disposicao para recortar os cupons esti relacionada a disposigao do cliente para pagar pelo bem. E pouco provavel que uma
executiva rica e ocupada esteja disposta a gastar seu tempo recortando cupons do
jomal; ela provavelmente estara disposta a pagar urn preg.o mais elevado por muitos bens. Alguem que esteja desempregado tern major disposigao para recortar
cupons e menor disposigao para pagar. Ass/m, cobrando urn preco menor apenas
dos clientes que recortam cupons, as empresas podem praticar a discriminacao de
pregos corn sucesso.
Ajuda Financei ra Muitas faculdades e universidades concedem ajuda financeira sob a forma de bolsas de estudo a estudantes necessitados. Essa politica pode ser
vista como uma especie de discriminagao de pregos. Estudantes ricos tern mais
.
recursos financeiros e, portanto, major disposig ao
para pagar do que os estudantes
necessitados. Cobrando anuidades elevadas e oferecendo seletivamente ajuda
financeira, as escolas cobram dos alunos pregos baseados no valor que eles atri-
NOTiCIAS
POR QUE AS PESSOAS PAGAM MAIS DO QUE OS CACHORROS
0 economista Hal Varian discute urn exemplo classic° de discriminacao de precos.
Um Grande Fator na
Determinacio de Preps de
Medicamentos Controlados:
Localizacio, Localizacao,
Localizacio
Por Hal R. Varian
Os medicamentos controlados tomaram
carater politico. Al Gore criticou recentemente o fabricante do medicamento para artrite
Lodine por vender a $108 a posologia para
urn mes quando receitado para humanos e
a $ 38 quando receitado para caes. E Rao é
so a vantagem para as caes que esta incomodando os politicos: as diferencas internacionais de precos dos medicamentos sao
outro ponto de conflito. 0 Congresso aprovou recentemente uma medida que permite que as farmaceuticos importem medica-
mentos controlados de praises onde eles sao
vendidos por precos substancialmente inferiores aos praticados nos Estados Unidos.
Cobrar precos diferentes quando as produtos sao para humanos e quando sao para
animais ou precos diferentes de consumidores ern diferentes paises e o que os economistas chamam de "discriminacao de precos
de terceiro grau' E uma pratica comum entre
as laboratOrios farmaceuticos. A posologia
para urn mes do antidepressivo Zoloft e vendido por $ 29,74 na Austria, $ 32,91 ern
Luxemburgo, $ 40,97 no Mexico e $ 64,67
nos Estados Unidos.
Esse tipo de determinacao de precos
diferenciada e motivado, ern parte, pela
estrutura de custos dos laboratOrios farmaceuticos e, ern parte, pelas diferencas de
poder de barganha. Pode custar milhOes de
Mares pesquisar, desenvolver, testar e cola-
car no mercado urn nova medicamento.
Uma vez que se incorreu nesses custos
fixos, contudo, produzir realmente o medicamento pode custar muito pouco. Como o
preco de mercado é frequentemente muito
superior ao custo marginal de producao,
sempre ha a tentacao de reduzir as precos
para gerar incrementos de vendas e de
lucros. 0 problema é que cortar as precos
indiscriminadamente tende a reduzir as rendimentos.
A estrategia natural é cortar as precos
seletivamente e estabelecer precos diferentes para mercados diferentes. Os medicamentos para humanos geralmente vendem
mais do que as medicamentos para animais.
Os medicamentos ern paises ricos tendem a
custar mais do que as medicamentos ern
paises pobres. Uma dose diaria do medicament° para Aids PLC é vendida par $ 18 nos
CAPh'ULO 15 MONOIN51.10
339
buern ao estudo. Esse comportamento e scmelhante ao de qualquer monopolista
que pratica discriminac"a"o de precos.
Descontos por Quanticiade Ate aqui, em nossos exemplos de discriminaco
de precos, o monopolista cobra diferentes precos de clientes diferentes. Mas em
alg,uns casos os monopolistas praticam discriminac"a'o de precos cobrando diferentes precos do mesmo cliente por diferentes unidades que o cliente compra. Por
exemplo, muitas empresas oferecem precos menores a clientes que compram g,randes quantidades. Uma padaria poderia cobrar $ 0,50 por uma rosquinha e $ 5 por
uma dúzia delas. Isso e uma forma de discriminac;.'io de precos porque o cliente
paga um preco maior pela primeira unidade comprada do que pela decima segunda. Os descontos por quantidade são, eiii muitos casos, uma forma bem-sucedida
de discriminaca- o de precos porque a disposic5o de um cliente para pagar por uma
unidade adicional dirninui à medida que ele compra mais unidades.
De dois exemplos de discriminack de precos. • Como a discriminacao de precos perfeiTeste Rapido
ta afeta o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente total?
Estados Unidos e $ 9 em Uganda, enquanto
a de um generico semelhante é vendida por
$ 1,50 no Brasil. Mesmo a $ 9 por dose, o
laborathrio farmaceutico obtem um lucro
com o aumento nas vendas. Mas, se o medicamento fosse vendido a $ 9 para todos,
os lucros seriam substancialmente menores
do que sob a determinack de precos diferenciada.
Os Estados Unidos acabam pagando
mais pelos medicamentos porque o pais e
muito mais rico do que o resto do mundo e
tende a gastar uma grande parcela dessa
riqueza em servicos de sade. Alem disso,
na maioria dos paises, um único 6rgo
governamental prestador de servicos de
sade negocia os precos dos medicamentos.
0 sistema de sade norte-americano
muito mais fragmentado, o que tende a
reduzir o poder de barganha dos prestadores
de servicos de sade na negociack dos precos dos medicamentos.
A discriminack de precos n".ao é popular
entre os consumidores, especialmente aqueles que pagam precos mais altos. 0 que a
economia tem a dizer sobre esse tipo de
determinack de precos diferenciada? Ela
boa ou ruim? Para responder a essas perguntas, precisamos perguntar que preco prevaleceria se s6 um preco pudesse ser cobrado.
imagine que haja apenas dois paises
envolvidos, os Estados Unidos e Uganda, e
que o PLC seja vendido a $ 18 nos Estados
Unidos e a $ 9 em Uganda. Se o laborat6rio
farmaceutico cobrasse o mesmo preco nos
dois paises, qual seria ele? Neste caso,
muito provavel que estivesse mais pr6ximo
de $ 18 do que de $ 9. É verdade que as
vendas cairiam consideravelmente em
Uganda, mas essa perda de receita seria
muito pequena se comparada à que haveria
nos Estados Unidos se o preco fosse pr6ximo de $ 9, já que o mercado norte-americano é muito maior. Neste caso, um preco fixo
deixaria os ugandenses em situack muito
pior e pouco faria para beneficiar os norteamericanos.
Mas a situack poderia ser diferente.
Imagine um medicamento para evitar a
malária que muitas pessoas poderiam comprar em Uganda a $ 2 a dose e poucas pessoas nos Estados Unidos poderiam comprar
a $ 10 a dose. Se o mercado ugandense
fosse cinco vezes maior do que o norteamericano e se o laborat6rio farmaceutico
pudesse cobrar um preco, ele teria receita
maior se fixasse esse preco em $ 2. Se o
custo de produck do medicamento fosse
suficientemente baixo, esse preco tambem
seria o mais lucrativo.
A pergunta critica, do ponto de vista econ mico, é se é a determinack de precos
diferenciada ou o preco fixo que faz com
que o maior n mero de pessoas obtenha os
medicamentos. No caso do medicamento
para Aids, a determinack de precos diferenciada leva a um consumo total maior; no
caso do medicamento para evitar a mdaria,
o contrko...
Não ha uma resposta simples para a
questk de a discriminack de precos ser
uma coisa genericamente boa ou ruim. Ela
tende a gerar maiores receitas que podem
ser revertidas para pesquisa e desenvolvimento, o que cria maiores incentivos ao
investimento no desenvolvimento de medicamentos. Quando permite que se atenda a
mercados que do contrario seriam ignorados,
a discriminack de precos tende a ser socialmente útil. Mas, se a determinack de precos
diferenciada é apenas uma desculpa para
aumentar precos que, do contrko, seriam
baixos, entk ela deixa de ser recomen &el.
Fonte: The New York Times, 21 set. 2000, p. C2,
Copyright (b), 2000 by The New York Times Co.
Reproduzido com permissk.
340
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA ENIPRESA E 0RGANIZA00 DA INDUSTRIA
CAS AO:
PREVALEN1 C A DOS MONOPL[OS
Este capitulo discutiu o comportamento de empresas que tern controle sobre os
precos que cobram.Vimos que essas empresas se comportam muito diferentemente das empresas competitivas que estudamos no capitulo anterior. A Tabela 2 apresenta resumidamente algumas das semelhancas e diferencas entre os mercados
competitivos e monopolistas.
Do ponto de vista da politica ptiblica, urn resultado crucial é quo os monopolistas produzem menos do que a quantidade socialmente eficiente e cobram precos
superiores ao custo marginal. Como resultado, eles geram urn peso morto. Em
algt, ins casos essas ineficiencias podem ser atenuadas por meio da discriminac5o de
precos por parte do monopolista, mas cm outros os formuladores de politicos do
govern° precisam adotar uma i_->ostura atiYa.
Ate quo ponto os problemas do monopolio predominam? Essa pergunta tern
duos respostas.
Em certo sentido, os monopalios sac) comuns. A maioria das empresas tern
algum controle sobre os precos quo cobram. Elas nao s5o obrigadas a cobrar o
preco de mercado por seus produtos porque eles rido sac) exatamente identicos aos
ofertados por outras empresas. Urn Ford Taurus nao é identico a urn Toyota Camry.
0 sorvete da Ben and Jerry n5o é identico ao da Breyer. Todos esses bens tern curvas de demanda corn inclinacao descendente, o que confere a cada produtor urn
certo grau de poder de monopolio.
No entanto, as empresas corn poder de monopolio substancial sac) bastante
raras. Poucos bens sao realmente imicos. A maioria tern substitutos que, ainda que
nao sejam exatamente identicos, sac) bastante similares. A Ben and Jerry pode
aumentar urn pouco o preco de seus sorvetes sem perder a totalidade de suas vondas; mas se o preco aumentar demais, as vendas cair5o substancialmente.
No fim, o poder de monopolio é uma questao de grau. E verdade que muitas
empresas tern algum poder de monopolio e tambem que sou poder de monopolio
é normalmente limitado. Nestes casos, n5o erraremos muito se assumirmos que
essas empresas operam em mercados competitivos, ainda que nao seja exatamente este o caso.
Competicao versus
MonopOlio: Uma
Comparacao Resumida
Semelhancas
Objetivo das empresas
--‘ Regra de Maximizacao
Pode obter lucros economicos
no curt° prazo?
4
Competicao
MonopOlio
Maximizar o lucro
RMg = CMg
Maximizar o lucro
RMg = CMg
Sim
Sim
Diferencas
Numero de empresas
Muitas
Uma
Receita marginal
RMg = P
.ng_52
Preco
Produz uma quantidade de produto
que maximiza o bem-estar?
Entrada no longo prazo?
Pode obter lucro economic° no longo prazo?
E possivel praticar discriminacao de precos?
P =_CMg
P > CMg
Sim
Sim
Nao
Nao
Nao
No
Sim
Sim
CAPhilL0 15 NIONON51_10
341
RESUMO
• Um monopolista é uma empresa que é a única
vendedora ern seu mercado. Um monopOlio surge
quando uma única empresa detem um recursochave, quando o govemo concede a uma empresa
direito exclusivo de produzir um bem ou quando
uma só empresa pode suprir o mercado inteiro a
um custo menor do que o poderia ser atingido por
duas ou mais empresas.
• Como um monopolista é o único produtor de seu
mercado, ele se defronta com uma curva de demanda de inclinack) descendente para o seu j)roduto.
Quando um monopolista aumenta a produco em
uma unidade, o preco de seu produto diminui, o
que reduz o montante da receita obtida sobre
todas as unidades produzidas e vendidas. Como
resultado, a receita marginal é sempre inferior ao
preco do bem.
• Da mesma forma que uma empresas competitiva,
uma empresa monopolista maximiza seus lucros
produzindo a quantidade em que a receita marginal e ig,ual ao custo marg,inal. 0 monopOlio entk)
escolhe o preco coerente com essa quantidade
demandada. Diferentemente do que ocorre com
uma empresa competitiva, o preco de um monopolista excede a sua receita marginal, de modo que o
preco é maior do que o custo marg,inal.
• 0 nivel de produc5o que maximiza o lucro de um
monopolista é inferior ao nivel que maximiza a
soma dos excedentes do consumidor e do produ-
tor. Ou seja, quando o monopolista cobra um preco
superior ao custo marginal, alg,uns clientes que
atribuem ao bem valor superior ao custo de produção ri : o o compram. Como resultado, o monopOlio
provoca um peso morto similar 5quele provocado
pelos impostos.
• Os formuladores de politicas podem reagir à ineficiência do comportamento monopolista de quatro
antitruste para
maneiras. Podem usar a legislac k)
tentar tornar a indilstria mais competitiva. Podem
reg,ulamentar os precos cobrados pelo monopolista. Podem transformar o monopolista em uma
empresa administrada pelo govemo. Ou, se a falha
de mercado for considerada pequena se comparada . s imperfeici5es inevitElveis das politicas, podem
nk) fazer nada.
• Os monopolistas freqiientemente aumentam seus
lucros cobrando precos diferentes pelo mesmo
bem com base na disposic - o para pagar dos compradores. Essa pnItica de discriminack) de precos
pode aumentar o bem-estar econC)mico ao fazer
com que o bem chegue a alguns consumidores
que, caso contrrio, n'a'c) o comprariam. No caso
extremo da discriminack) de precos perfeita, as
perdas causadas pelo peso morto do monopOlio
sk) completamente eliminadas. De maneira mais
geral, quando a discriminack) de precos é imperfeita, pode aumentar ou diminuir o bem-estar econe)mico em comparack) com o resultado quando o
preco do monopolista e Unico.
CONCELTIOS-CHAVE
monopOlio, p. 314
monopOlio natural, p. 316
discriminaco de F)recos, p. 334
QUESUj ES PARA REVISA0
1. Dê um exemplo de monopOlio criado pelo governo. A criack) de tal monopOlio é necessariamente
Explique.
uma má politica
2. Defina o monopOlio natural. 0 que o tamanho de
um mercado tem a ver com o fato de uma
tria ser ou não um monopOlio natural?
3. Por que a receita marginal de um monopolista
inferior ao preco do bem? A receita marginal pode
ser negativa? Explique.
4. Represente g,raficamente as curvas de demanda,
receita marginal e custo marginal para um monoMostre o nivel de produck) que maximiza o
lucro. Mostre o preco que maximiza o lucro.
5. No diagrama feito para a pergunta anterior, n-lostre o nivel de produc a- - o que maxin-liza o excedente
total. Mostre o peso morto causado pelo monop6lio. Explique sua resposta.
342
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDOSTRIA
6. 0 que confere ao governo poderes para regulamentar fusbes entre empresas? Do pont° de vista
do bem-estar da sociedade, de urn born motivo e
urn mau motivo 'Delos quais duas empresas poderiam querer se fundir.
7. Descreva os dois problemas que podem surg,ir
quando os responsaveis pela regulamentacao
ordenam a urn monopolio natural que fixe urn
preco igual ao custo marginal.
8. De dois exemplos de discriminacao de precos. Em
cada caso, explique por que o monopolista decide
seguir essa estrategia de negacio.
1. Uma editora tern a seg-uinte escala de demanda
para o proximo romance de urn de seus autores
rnais populares:
maximizacao da eficiencia economica. Que
preco cobraria pelo livro? Quanto lucro teria
cobrando esse preco?
2. Suponha que a lei determine que o preco a ser
cobrado por urn monopolio natural seja ig,ual ao
custo total medio. Indique em urn gr, Eifico o 'Dreg°
cobrado e o peso morto para a sociedade em relacao a determinacao de prow pelo custo marginal.
3. Imagine a entrega de correio. Em geral, qual é o
formato da curva de custo total medio? Como o
format° da curva pode diferir para areas nirais isoladas e areas urbanas densamente povoadas?
Como o formato da curva pode ter mudado ao
longo do tempo? Explique.
4. Suponha que a Clean Springs Water Company
detenha o monopolio da venda de agua engarrafada na California. Se o preco da agua de tomeira
aumenta, qual é a mudanca no nivel de producao
que maximiza o lucro? Qual é a mudanca no preco
e no lucro da Clean Springs? Explique corn palawas e corn urn gr
5. Uma pequena cidade é atendida por diversos
supermercados concorrentes, cada urn corn urn
custo marginal constante.
a. Usando urn grafico do mercado de generos alirnenticios, indique o excedente do consumidor,
o excedente do produtor e o excedente total.
b. Suponha agora que os supermercados independentes se reunam para formar uma rede.
Usando urn novo grafico, indique o novo excedente do consumidor, excedente do produtor e
excedente total. Em relacao ao mercado competitivo, qual é a transferencia dos consumidores
para os produtores? Qual é o peso morto?
6. Johnny Rockabilly acabou de g,ravar seu ultimo
CD. 0 departamento de marketing de sua gravadora concluiu que a demanda para o CD sera a
seo-uinte:
Prey)
$100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Quantidade Dernandada
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
900.000
1.000.000
o autor recebe $ 2 milh6es para escrever o livro e
o custo marginal de publicacao é constante, sendo
igual a de $ 10 por cOpia.
a. Calcule a receita total, o custo total e o lucro para cada quantidade. Qual quantidade a editora
escolheria para maximizar o lucro? Que preco
ela cobraria?
h. Calcule a receita marginal. (Lembre-se de que
RMg = ART/A(2.) Qual é o comportamento da
receita marginal em relacao ao preco? Explique.
c. Represente gr, aficamente as curvas de receita
marginal, custo marginal e demanda. Em que
quantidade as curvas de receita marginal e custo
marginal se cnizam? 0 que isso significa?
d. Em seu grafico, sombreie a perda provocada
pelo peso morto. Explique o que isso significa.
e. Se o autor recebesse $ 3 milh6es, em vez de $ 2
milh5es, para escrever o liwo, como isso afetaria
a decisao da editora sobre o preco a ser cobrado? Explique.
f. Suponha que a editora nao estivesse preocupada corn a maximizacao do lucro, mas sim corn a
CAPiTULO 15 NIONOKSLIO
Prem
Nirnero cie CDs
$ 24
10.000
22
20.000
20
30.000
18
40.000
16
50.000
14
60.000
empresa pode procluzir o CD sen-i custo fixo e
com um custo variavel de $ 5 por CD.
a. Encontre a receita total para as quantidades
iguais a 10 mil, 20 mil e assirn por diante. Qual
a receita marg-inal para cada aumento de 10 mil
na quantidade vendida de CDs?
b. Que quantidade de CDs maximizaria o lucro?
Qual seria o pre9p ? Qual seria o lucro?
c. Se voce fosse o agente de Johnny, que pagamento aconselharia que ele cobrasse da gravadora?
Por que?
7. Em 1969, o govemo norte-americano acusou a
IBM de monopolizar o n-iercado de computadores.
Ele afirmou (corretamente) que g,rande parte dos
con-iputadores de grande porte vendidos nos
Estados Unidos era produzida pela IBM. A IBM
alegou (corretamente) que uma parcela muito
menor do mercado de todos os tipos de computadores consistia em produtos IBM. Com base nesses fatos, voce acha que o govemo deveria ter processado a IBM por infringir a legislgao antitruste?
Explique.
8. Un-ia empresa esta pensando em construir uma
ponte sobre um rio. A construao custaria $ 2
milhOes e a manuteNao nao custaria nada. A
tabela a seguir mostra a demanda que a empresa
preve' ao longo da vida útil da ponte.
A
Preco por Viagern
Wrnero de Viagens (rnhares)
$8
0
7
100
6
200
5
300
4
400
3
500
2
600
1
700
0
800
ponte, qual sera o
prec;o que maximizara o lucro? Esse seria o nivel
eficiente de produc, ao? Por que'?
a. Se a empresa construir a
343
b. Se a empresa estiver interessada em maximizar
o lucro, deve construir a ponte? Qual seria seu
lucro ou prejuizo?
c. Se o governo construir a ponte, que preo deve
cobrar?
c.-I. 0 governo deve construir a ponte? Explique.
9. A Placebo Drug ComF)any detem a F)atente de um
dos medicamentos descobertos por ela.
a. Admitindo que a producao do medicamento
envolve um custo marginal crescente, represente graficarnente o pre90 e a quantidade que
maximizam os lucros da Placebo. Mostre tambem, os lucros da empresa.
b. Suponha agora que o governo cobre um imposto sobre cada frasco do n-ledicamento produzido. Em uma nova representgao gr, afica, ilustre o
novo preo e a nova quanticiade da Placebo.
Faa uma compargao com sua resposta para a
parte (a).
c. Embora nao seja facil de visualizar nos diag-ramas, o imposto reduz o lucro da Placebo.
Explique por que isso deve ser verdade.
d. Suponha que, em vez de um imposto por frasco, o governo cobre da Placebo um imposto de
$ 10 mil independentemente da quantidade
de frascos produzida. Como esse imposto afeta
o pre90, a quantidade e o lucro da empresa?
Explique.
10. Larry, Curly e Moe administram o tinico bar da
cidade. Lany quer vender o maximo possivel de
bebidas sem ter prejuizo. Curly quer que o bar
traga a maior receita possivel. Moe quer obter o
maior lucro possivel. Usando um simples grafico
da curva de demanda do bar e de suas curvas de
custos, indique a combingao de preQD e quantidade que satisfga a preferencia de cada um dos tres
sOcios. Explique.
11. A AT&T foi por muitos anos um monopOlio reg-ulamentado, prestando servi os telefOnicos tanto
locais quanto de longa distancia.
a. Explique por que o servio telefOnico de longa
distancia foi originalmente um monopOlio
natural.
b. Ao longo das duas últirnas decadas, muitas
en-ipresas lanaram satelites de comunicgao,
cada um sendo capaz de transmitir um n mero
li mitado de chamadas. Como o papel crescente
dos satelites alterou a estrutura de custos do
serv4.:o telefOnico de longa distancia?
344
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EIVIPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA
uma longa batalha juridica contra o governo,
a AT&T concordou em competir corn outras
empresas no mercado de ligacoes de longa distancia e tambem em dividir seu servico de telefonia
local nas "Baby Bells", que permaneceram altamente regulamentadas.
c. Por que poderia ser eficiente ter competicao no
servico teleffinico de longa distancia, e monop6lios re plamentados no servico telefenico local?
12. A Best Computer Company acabou de desenvolver urn novo chip, cuja patente conseguiu imediatamente.
a. Represente g,raficamente o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente
total do mercado desse novo chip.
b. 0 que acontece corn essas tres medidas de excedente quando a eml.->resa é capaz de praticar discriminacao de precos perfeita? Qual é a variacao
do peso morto? Que transferencias ocorrem?
13. Explique por que urn monopolista sempre produzira uma quanticiade em que a curva de demanda
seja elastica. (Dica: se a demanda é inelastica e a
empresa eleva seus precos, o que acontece corn a
receita total e corn o custo total?)
14. A cantora Britney Spears detem o monopolio de
urn recurs() escasso: ela mesma. Ela é a 'mica pessoa capaz de produzir urn show da Britney Spears.
Esse fato significa que o govern° deveria regulamentar os precos de seus shows? Por que?
15. A Napster, o servico de troca on-line de arquivos
de computador, permitia que as pessoas usassem
a Internet para fazer download de copias de suas
calicoes favoritas sem custo. Em que sentido a
Napster aumenta a eficiencia economica no curto
prazo? Em que sentido pode ter reduzido a eficiencia econemica no longo prazo? Por que, cm
sua opiniao, os tribunais acabaram por fechar a
Napster? Voce acha que essa foi a politica correta?
16. Muitos esquemas de discriminacao de precos
envolvem algum custo. For exemplo, os cupons de
desconto consomem tempo e recursos tanto do
comprador quanto do vendedor. Esta questao trata
das implicacoes de custo decorrentes da discrimiApos
nacao de precos. Para simplificarmos, vamos assumir que os custos de producao de nosso monopolista sejam proporcionais a producao, de modo
que o custo total medio e o custo marginal sejam
constantes e iguais entre si.
a. Represente graficamente as curvas de custo, de
demanda e de receita marginal do monopolista.
Indique o preco que o monopolista cobraria sem
discriminacao de 'News.
b. Em seu grafico, marque a area correspondente
ao lucro do monopolista e chame-a de X. Marque a area correspondente ao excedente do
consumidor e chame-a deY. Marque a area correspondente ao peso morto e chame-a de Z.
c. Agora suponha que o monopolista possa praticar uma discriminacao de precos perfeita. Qual
é o lucro dele? (Responda em termos de X, Y e
Z.)
d. Qual é a variacao do lucro do monopolista
decorrente da discriminacao de precos? Qual é
a variacao do excedente total decorrente da discriminacao de precos? Qual das duas variacoes
major? Explique. (Responda em termos de X,
Y e Z.)
e. Agora suponha que haja um custo para praticar
discriminacao de precos. Para modelar esse
custo, suponha que o monopolista precise pagar
urn custo fixo C I p ara praticar discriminacao de
precos. Como o monopolista tomaria a decisao
de pagar ou nao esse custo fixo? (Responda em
termos de X,Y, Z e C.)
f. De que forma urn planejador social benevolente,
que se preocupa corn o excedente total, decidiria
se o monopolista deve ou nao praticar discriminacao de precos? (Responda em termos de X,Y,
Z e C.)
g. Compare suas respostas para as partes (e) e (f).
De que forma o incentivo a discriminacao de
precos a que esta sujeito o monopolista difere
da discriminacao de precos do planejador social
benevolentc? E possivel que o monopolista pratique discriminacao de precos mesmo que ela
nao seja socialmente desejavel?
OLlGOPLlO
Se algul'ml for a uma loja nos Estados Unidos para comprar bolas de tenis, é pro\thvel que saia de lá com uma dentre quatro marcas: Wilson, Penn, Dunlop ou
Spalding. Essas quatro empresas fabricam quase todas as bolas de tenis vendidas
nesse pais. Juntas, elas determinam a quantidade de bolas de tenis produzida e,
dada a curva de demanda de mercado, o preo pelo qual as bolas serk, vendiclas.
Como podemos descrever o mercado de bolas de tenis? Nos dois capitulos
anteriores discutimos dois tipos de estrutura de mercado. Em um mercado competitivo, cada empresa é t^a- o pequena comparada com o mercado que não pode influenciar o preo de seu produto e, portanto, toma o prec;o como dado pelas condicf6es do mercado. Em um mercado monopolizado, uma Unica empresa supre todo
o mercado de determinado bem e pode escolher qualquer prey) e quantidade da
curva de demanda de mercado.
0 mercado de bolas de tenis não se enquadra nem no modelo competitivo nen-i
•no modelo monopolista. A competio e o monopOlio s o formas extremas de
estrutura de mercado. A competi o ocorre quando há muitas empresas no mercado oferecendo produtos essencialmente identicos; o monopOlio ocorre quando 11á
apenas uma empresa em um mercado. E natural comear o estudo da organiza o
industrial com esses casos extremos porque eles sk) os mais fficeis de entender.
Mas muitos setores, inclusive o de bolas de tenis, ficam em algum ponto entre os
dois extremos. As empresas nesses setores tem concorrentes, mas ao mesmo tempo
346
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EIVIPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA
nao enfrentam tanta competicao a ponto de serem tomadoras de precos. Os economistas chamam isso de competicao iinperfeita.
Neste capitulo discutiremos os tipos de competicao imperfeita e examinaremos
urn determinado tipo chamado de oligopolio. Em essencia, um mercado oligopolista é aquele em que ha poucos vendedores. Como resultado, os atos de qualquer
vendedor do mercado podem ter gr, ande impact() sobre os lucros de todos os
outros. Ou seja, as empresas oligopolistas sao interdependentes de uma forma que
as empresas competitivas nao sao. Nosso objetivo neste capitulo é ver como essa
interdependencia molda o comportamento das empresas e que problemas traz
para a politica publica.
ENTRE 0 MONOPOLIO E A COMPETIO0 PERFEITA
oligopolio
uma estrutura de mercado
ern que apenas poucos
vendedores oferecem
produtos similares ou
identicos
competicao monopolistica
uma estrutura de mercado
ern que muitas empresas
vendem produtos que sao
si milares, mas nao identicos
Nos dois capitulos anteriores analisamos mercados corn muitas empresas competitivas e mercados corn uma tinica empresa monopolista. No Capitulo 14, vimos
que o preco ern urn mercado competitivo é sempre ig-ual ao custo marginal de producao. Vimos tambem que no longo prazo a entrada e a saida de empresas levam
o lucro economic° a zero, de modo que o preco tambem é igual ao custo total
medio. No Capitulo 15, virnos como as empresas que tern poder de mercado
podem usa-lo para manter os precos acima do custo marginal, levando a urn lucro
economic° positivo para a empresa e a urn peso morto para a sociedade.
Os casos da competicao perfeita e do monopolio ilustram algt_imas ideias
importantes a respeito do funcionamento dos mercados. Contudo, a maioria dos
mercados existentes na economia inclui elementos desses dois casos e, portanto,
nao é plenamente descrita por nenhum deles. A empresa tipica da economia
enfrenta a concorrencia, que, entretanto, nao é tao rigorosa a ponto de fazer corn
que a empresa seja descrita corn exatidao pela empresa tomadora de precos analisada no Capitulo 14. A empresa tipica tambem tern algum grau de poder de mercado, mas tao grande para permitir que a empresa seja descrita corn exatidao pela
empresa monopolista analisada no Capitulo 15. Em outras palavras, a empresa tipica em nossa economia é imperfeitamente competitiva.
Ha dois tipos de mercados em que a competicao é imperfeita. Urn oligopolio é
urn mercado corn poucos vendedores, cada urn oferecendo urn produto similar ou
identico ao dos demais. Urn exemplo é o mercado de bolas de tenis; outro é o mercado mundial de petroleo cru: alguns Raises do Oriente Medi° controlam gr, ande
parte das reservas mundiais de petroleo cru. A competicao monopolistica descreve uma estnitura de mercado em que ha muitas empresas que vendem produtos
que sao similares, mas nao identicos. Sao exemplos os mercados de romances, filmes, CDs e jogos para computadores. Em urn mercado competitivo monopolisticamente, cada empresa tern monopOlio sobre seu produto, mas muitas outras empresas tern produtos similares que competem pelos mesmos clientes.
A Figura 1 resume os quatro tipos de estrutura de mercado. A primeira coisa que
devemos perguntar sobre qualquer mercado é quantas empresas ha nele. Sc
apenas uma, o mercado é urn monopolio. Se ha poucas empresas, é urn oligopalio.
Se ha muitas empresas, precisamos fazer mais uma pergunta: as empresas vendem
produtos identicos ou diferenciados? Se vendem produtos diferenciados, o mercado é competitivo monopolisticamente. Se vendem produtos identicos, o mercado
perfeitamente competitivo.
A realidade, é claro, nao tern contornos tao definidos quanto a teoria. Em alguns
casos, voce pode achar dificil deciciir qual é a estrutura que melhor descreve urn
mercado. For exemplo, nao ha urn numero magic° que separe "poucas" de "mui-
CAPiTULO 16 OLIGOP1:5110
—
347
FIGURA 1
NUmero de Empresas?
Os Quatro Tipos de
Muitas
Estrutura de Mercado
empresas
Tipo de Produtos?
Uma
empresa
MonopPlio
(Capitulo 15)
Poucas
empresas
OligopPlio
(Capitulo 16)
Produtos
diferenciados
Competicao
Monopolistica
(Capitulo 17)
Produtos
i &nticos
Competicao
Perfeita
(Capitulo 14)
tas" quando se conta o nUmero de emi.-)resas. (As cerca de uma dUzia de empresas
que hoje vendem carros nos Estados Unidos fazem desse mercado um oligopOlio
ou um mercado mais competitivo? A resposta está aberta ao debate.) De maneira
similar, não há um meio garantido de determinar quando os produtos s" "o diferen.
ciados e quando s" o i&nticos. (As diferentes marcas de leite so i&nticas? Mais
uma vez, a resposta está aberta ao debate.) Ao analisarem os mercados do n-iundo
real, os economistas precisam ter em mente as lições aprendidas com o estudo de
todos os tipos de estrutura de mercado e, então, aplicar cada lição da maneira que
lhes parecer apropriada.
Agora que entendemos como os economistas definem os vffiios tipos de estrutura de mercado, podemos continuar nossa anlise sobre eles. No prOximo capftulo, analisaremos a compet4o monopolistica. Neste, trataremos do
Teste R4ido
Defina oligopPlio e competicao monopolfstica e dê urn exemplo de cada.
MERCADOS COM POUCOS VENDEDORES
Como em um mercado oligopolista há somente um pequeno niimero de- - vendedo-res, uma caracteristica-chave do oligopOlio é a tens a o entre a cooperg a o e o interesse prOprio. 0 grupo de oligopolistas se beneficia se coopera e age como se fosse
um monopOlio – produzindo uma pequena quantidade de produto e cobrando um
prey3 superior a. o custo marg,inal. Mas, como cada oligopolista se preocupa somente com seu prOprio lucro, há fortes incentivos em gk) que impedem que um grupo
de empresas mantenha os resultados de um monopOlio.
Os economistas que estudam o
organizacao industrial dividem o
mercado em quatro toos
de
competicao monopollstica e
de competicao perfeita.
348
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA ENIPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA
Urn Exemplo de DuopOlio
Para entendermos o comportamento dos oligopolios, vamos considerar urn oligopolio corn apenas dois membros, chamado de duop6/io. 0 duopolio é o tipo mais
simples de oligopolio. Os oligopolios corn tres ou mais membros enfrentam os
mesmos problen-tas que os oligopOlios que tern somente dois membros, de modo
que nao perdemos muito ao comecar pelo caso do duopolio.
Imagine uma cidade em que apenas dois dos habitantes — Jack e Jill — tenham
pocos que produzem ag,ua potavel.Todo sabado, Jack e Jill decidem (pantos galaes
de ag-ua vac) bombear, levar ate a cidade e vender pelo preco que o mercado puder
pagar. Para simplificarmos, vamos imaginar que Jack e Jill possam bombear tanta
agua quanto quiserem sem custo. Ou seja, o custo marginal da agua é zero.
A Tabela 1 mostra a escala de demanda de agua. A primeira coluna mostra a
quantidade demandada total e a segunda mostra o preco. Se os dois proprietarios
venderem urn total de 10 galoes de agua, cada galao custara $ 110. Se venderem
urn total de 20 gal oes,
o preco de cada galao caira para $ 100 e assim por diante. Se
representassemos graficamente essas duas colunas de ntimeros, obterfamos uma
curva de demanda padrao, corn inclinacao descendente.
A Ultima coluna da Tabela 1 mostra a receita total da venda de d o-ua. E i orual a
quantidade vendida vezes o preco. Como no ha custo para bombear agua, a receita total dos dois produtores é igual ao lucro total.
Vamos agora examinar como a organizacao do setor de abastecimento de agua
da cidade afeta o preco e a quanticiade vendida de ag-ua.
Competicao, MonopOlios e Cartels
conluio
ide
urn acordo entre as empresas
um mercado a respeito
.. das quantidades a serem
produzidas ou dos precos a
serem cobrados
cartel
urn grupo de empresas
agindo conforme urn acordo
)...,
Antes de examinarmos o preco e a quantidade de ag-ua que resultariam do duopolio de Jack e Jill, vamos cliscutir rapidamente as duas estruturas de mercado que
conhecemos: a competicao e o monopolio.
Vamos ver primeiro o que aconteceria se o mercado de ag,ua fosse perfeitamente
competitivo. Em urn mercado competitivo, as decisoes de producao de cacia empresa levam a uma igualdade entre Few e custo marginal. No mercado de agua, o custo
marginal é zero. Assim, havendo competicao, o preco de equilibrio da ag,ua seria zero
e a quantidade de equilibrio seria de 120 galaes. 0 preco da agua reflebria o custo de
producao e a quantidade eficiente de agua seria produzida e consumida.
Agora vamos ver como urn monopolio se comportaria. A Tabela 1 mostra que o
lucro total é. maximizado quando a quantidade é de 60 galoes e o preco é de $ 60
por galao. Assim, urn monopolista maximizador de lucros produziria essa quantidade e cobraria esse preco. Como é. padrao no monopolio, o preco seria superior
ao custo marginal. 0 resultado seria ineficiente, JO que a quantidade de agua y endida e consumida seria inferior ao nivel socialmente eficiente de 120 gakies.
-*Que resultado devemos esperar de nossos duopolistas? Uma possibilidade é
que Jack e Jill se rainam e facam urn acordo em relacao a quantidade de agua a ser
produzida e o preco a ser cobracio. Urn acordo sobre producao e precos como esse
entre empresas é chamado de conluio e o g,rupo de empresas que age conforme
urn acordo é chamado de cartel. Uma vez formado um cartel, o mercado passa, na
pratica, a ser atendido por urn monopolio, e podemos aplicar a analise do Capitulo
15. Ou seja, se Jack e Jill entrassem em conluio, concordariam corn o resultado de
monopolio porque esse resultado maximiza o lucro total que os produtores podem
obter do mercado. Nossos dois produtores produziriam urn total de 60 gal5es, que
seriam vendidos ao preco de $ 60 cada. Novamente, o Few é superior ao custo
marginal e o resultado é socialmente ineficiente.
CAPh'ULO 16 OLIGOK51_10
349
A Escala de Demanda de Água
Preco
$120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Receita Total
(e lucro totai)
$
0
1.100
2.000
2.700
3.200
3.500
3.600 '
3.500
3.200 —
2.700
2.000
1.100
0
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44?4,» CerlY)PktiA tY6 :-: -c9.4“:4-1)06
dfi AC:41
mas tambem
só sobre o nivel total de produ ao,
Um cartel deve concordar n ao
sobre a quantidade a ser produzida pelos membros. Em nosso caso, Jack e Jill
devem concordar sobre como dividir entre si a produ o monopolista de 60 gal'Oes.
maior no mercado, pois uma
Cada membro do cartel desejara uma participa ao
1.-)articipa o maior significa um lucro maior. Se Jack e Jill concordarem em dividir o
mercado em partes iguais, cada um produzira 30 galOes, o prew sera de $ 60 por
cr
al'ao e cada um deles tera lucro de $ 1.800.
0 Equilibrio para um Oligopdio
Embora os oligopolistas desejassem formar carteis e obter lucros monopolistas, isso
é possivel. Como veremos mais adiante neste capitulo, a
geralmente n ao
antitruste proibe explicitamente acordos entre os oligopolistas como assunto de
politica pUblica. Alem disso, conflitos entre os membros de um cartel sobre como
dividir o lucro do mercado muitas vezes tomam impossivel um acordo entre eles.
Van-los, assim, ver o que aconteceria se Jack e Jill decidissem separadamente a
quantidade de ag,ua a ser produzida.
De inicio, seria de esperar que eles chegassem ao resultado monopolista por si
prOprios porque esse resultado maximiza o lucro conjunto. Na falta de um acordo
entre as partes, contudo, o resultado monopolista e improvavel. Para saber por que,
imagine que Jack espere que Jill produza apenas 30 gal6es (metade da quantidade
monopolista). Jack raciocinaria da seguinte maneira:
"Eu tambem poderia produzir 30 galões. Neste caso, seria vendido um total de
cle ag,ua ao pre9D de $ 60 por galão. Meu lucro seria de $ 1.800 (30 gal-Oes
60 gal Oes
.
Ou enfao, eu poderia produzir 40 galb- es. Neste caso, seria venx $ 60 por gal ao).
dido um total de 70 gaffies ao preo de $ 50 por galao. Meu lucro seria de $ 2 mil
Embora o lucro total do mercado diminuisse, meu lucro
(40 gal es x $ 50 por gal ao).
maior no mercado."
seria maior 1,-)orque eu teria uma participg ao
350
PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZA00 DA INDUSTRIA
PIRATAS MODERNOS
Os cartels set roros, em parte porque a legislacao ontitruste os torna ilegais. Como descreve o art/go abaixo, contudo, as empresas de tronsporte marltimo desfrutam de uma rara isencoo dessas leis e, coma resulted°, cobibm precos mais elevados do que poderiam cobrar sob outras circunsteinclas.
Corn o Crescimento do
Comercio dos Estados
Unidos, os Cartels Maritimos
Ficam um Pouco mais
Sujeitos a um Exame
Minucioso
Par Anna Wilde Matthews
Rutherford, NJ. — A cada duas semanas, em
urn discreto predio de escritorios, cerca de
20 administradores de empresas de linhas
marftimas se reunem. Eles se sentam em
volta de uma grande mesa, conversam sobre
coisas fteis enquanto comem bolinhos e
tomam café e, entao, comecam a discutir
quanto cobrarao para transportar cargasztraes do Oceano Atlantic°.
Tudo é muito rotineiro, a nao ser por urn
detalhe: eles nao trabalham para a mesma
empresa. Cada urn representa uma empresa diferente, que supostamente deveria
estar competindo corn as outras pelos neg6dos. De acordo corn as leis antitruste norteamericanas, a maioria das pessoas que
fizesse o que eles estao fazendo acabaria
em urn tribunal.
Mas o transporte marftimo nao é map
outras atividades. Muitas das grandes companhias de transporte marftimo do mundo,
da norte-americana Sea-Land Service Inc. a
dinamarquesa A. P. Moller/Maersk Line, sao
membros de urn cartel pouco conhecido
y
que ha decactas estabelece as precos de
dezenas de aloes de (Wares de carga.
A maioria dos bens de consumo norteamericanos exportados ou importados par
via marftima é afetada em algum grau. 0
cartel — na verdade diversos cartels, urn para
cada rota de transporte — pode dizer aos
importadores e exportadores quando comecam e quando terminam os contratos de
transporte. Podem favorecer urn port° em
detrimento de outros a ponto de afastar
totalmente de uma cidade o tao necessario
comercio. E, coma o setor de transporte
marftimo, par decisao do Congresso norteamericano, nao esta sujeito a legislacao antitruste, tudo isso esta dentraida lei.
E claro que Jill poderia seguir o mesmo raciocinio. Neste caso, Jack e Jill levariam para a cidade 40 galoes de agua cada urn. A venda total seria de 80 galOes e o
preco cairia para $ 40. Assim, se os duopolistas perseguissem somente seus interesses proprios ao decidir quanto produzir, eles produziriam uma -ejuantidade total
major que a quantidade monopolista, cobrariam um preco inferior ao preco monopolista e teriam lucro total menor do que o 1-ucro monopolista.
Embora a logica do interesse proprio aumente a producao do duopolio para
alem do nivel de monopOlio, ela na- o faz os duopolistas chegarem a alocacao corn0
petitiva. Vamos ver o que acontece quando cada duopolista produz 40 gal 6es.
preco é de $ 40 e cada duopolista obtem urn lucro de $ 1.600. Neste caso, a logica
diferente:
do interesse proprio de Jack leva a uma conclus do
"Agora meu lucro é de $ 1.600. Suponhamos que eu aumente a producao para
50 galoes. Neste caso, venderia 
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