INTRODUCT‘O ECONOMIA . TRADUC A0 DA 3a EDIC A0 NORTE-AMERICANA na Publicagao (CIP) Dados Internacionais de Catalogacao (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Mankiw, N. Gregory [traIntroducao A economia / N. Gregory Mankiw; sao Paulo : Cengage ducao Allan Vidigal Hastings] -Learning, 2009. Titulo original: Principles of economics 5. reimpr. da 1. ed. de 2005. Bibliografia ISBN 85-221-0408-5 1. Economia I. Titulo. CDD-330 04-7356 indices para catalog° sistematico: 1. Microeconomia 2. Economia 338.5 330 -. 4) "s1--- I -e-l aik./3 4,ouP, 2 Sip,A4125 z5\0'1 oQx4 - Feozik• - vpiTuL05 L3,0 ,,, 15 (vi,lp,klui 2 • sk \Ai-DADE/0 OU f il t,50 ) 35 (q u •- 1 UMir QUE5/,P0 11 5 5ED:I t P 1 i th>` Obi2.E al 610e0 El 0 - , 5,,,,50L7p jok.0 4 Elio) -----____--------,-- ---.__------ -------- ----------' *- S Pjl NA E/jPn E : p cAP CPA PoLi \-1 c < cAr bti l.. INTRODUCAO A (4 c)C 61- ?Pn 0\) A I ECONOMIA TRADUCAO DA 3 EDICAO NORTE-AMERICANA .VJcp E (-kr) N.h\ P..t CY. OD o ,cp,E6cfmE()To -5/Y1 irt-i) 0 E----(-orQc>rA ;cc N. GREGORY MANKIW Universidade de Harvard Traducao: ,- Allan Vidigal Hastings <\ Revisao Tecnica: Carlos Roberto Martins Passos 0 (f.C. Economista — USP, pOs-graduado em economia pelo IPE — USP Conferencista e professor, lecionou nos cursos de pos-graduacao das Faculdades Associadas de Sao Paulo — FASP, no curso de pos-graduacao da Faculdade Sao Luis, no MBA em Financas do Ibmec e no IbmecLaw, do Ibmec Educacional. Diretor da MP Consultores Associados Ltda. ; I Australia • Brasil • Japao • Cordia • CENGAGE Learning.. Mexico • Cingapura • Espanha • Reino Unido • Estados Unidos CENGAGE Learning- a Introdu o à Economia - Tradu0o da 3 edição norte-americana 2004 N. Gregory Mankiw 0 2005 Cengage Learning Ediy3es Ltda. N. Gregory Mankiw Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida, sejam quais forem os meios empregados, senn a permisso, por escrito, da Editora. Aos infratores aplicam-se as sany5es previstas nos artigos 1 02, 104, io6 e 107 da Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de1998. Gerente Editorial: Adilson Pereira Editora de Desenvolvimento: Ada Santos Seles Supervisora de Produco Editorial: Patricia La Rosa Produtora Editorial: Ligia Cosmo Cantarelli Titulo do Original em Ingles: Principles of Economics - Third Edition (ISBN: 0-324-26938-2) Para informa0es sobre nossos produtos, entre em contato pelo telefone o800 U 19 39 Para permisso de uso de material desta obra, envie seu pedido para direitosautorais@cengage.com Traduco: Allan Vidigal Hastings Revis:3 Tecnica: Carlos Roberto Martins Passos Copidesque: Norma Gusukuma e Patricia Carla Rodrigues Reviso: Alessandra Miranda de Sá, Cristina Paixão Lopes e Sandra Garcia Cortes Composico: Cia. Editorial Capa: FZ. Dáblio Design Studio Il ustra0o das Aberturas de Capitulo: Eduardo Borges 0 2005 Cengage Learning. Todos os direitos reservados. ISBN: 85-221-0408-5 Cengage Learning Condominio E-Business Park Rua Werner Siemens, iii - Predio 20 - Espaco 03 Lapa de Baixo - CEP 05069-900 - So Paulo - SP Tel.: (ri) 3665-9900 - Fax: (ri) 3665-9901 SAC: o800 11 19 39 . Para suas soluc Oes de curso e aprendizado, visite www.cengage.com.br Impresso no Brasil. Printed in Brazil. 1 23 45 67 13 12 11 1009 7 EDP_O coru3Ec-A Para Catherine, Nicholas e Peter, minhas outras contribuicoes para a proxima geracao SOBRE 0 AUTOR N. Gregory Mankiw é professor de Economia da Universidade de Harvard. Estudou economia na Universidade de Princeton e no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Ja como professor, lecionou macroeconomia, microeconomia, estatistica e principios de economia. E ate passou um ver ao, ha muito tempo, como professor de vela na ilha de Long Beach. 0 professor Mankiw é um escritor prolifico e participa reg-ularn-tente de debates acad'emicos e politicos. Seus trabalhos foram publicados em pericklicos cientificos, con-io o American Econoinic Review, o Journal of Political Economy e o Quarterly Journal of EC01 •70111iCS, e em veiculos menos aca&micos, como The New York Times, The Financial Times, The Wall Street Journal e Fortune. Ele é tambem autor do sucedido livro-texto de nivel intermediario Macroeconornics (Worth Publishers). Alem de suas atividades como professor, pesquisador e escritor, o professor Mankiw é pesquisador associado do National Bureau of Economic Research, assessor do Federal Reserve Bank de Boston e do Cong,ressional Budget Office e membro do comit' de desenvolvimento do exame Advanced Placement* em economia. 0 professor Mankiw vive em Wellesley, Massachusetts, com sua mulher e seus tr'es filhos. *NT: Advanced Placement é um programa que permite aos alunos do nivel medio ser instruidos em cursos academicos especificos acima do nivel tipico de escolas do seg-undo grau. Os exames de Advanced Placement servem para avaliar o desempenho do aluno nesses cursos. Dependendo da nota obtida, as materias cursadas podem ser eliminadas do programa universitthio. PREFACIO: AO PROFESSOR Em meus 20 anos de vida estudantil, o curso que mais me animou foram os dois semestres de principios da economia que cursei no primeiro ano de economia da faculdade. I\Tao 6 exagero dizer que eles mudaram minha vida. Cresci em uma familia que muitas vezes conversava sobre politica durante o jantar. Os pros e contras de wirias solucOes para os problemas da sociedade geravam debates acalorados. Mas, na escola, senti-me inclinado para as ciencias. Enquanto a politica me parecia vaga, desconexa e subjetiva, a ciencia era analitica, sistematica e objetiva. Enquanto o debate politico prosseguia sem fim, a ciencia avancava. Meu curso sobre os principios da economia abriu-me os olhos para uma nova maneira de pensar. A economia combina as virtudes da politica e da ciencia. E, na verdade , uma ciencia social. Seu objeto de estudos 6 a sociedade — como as pessoas optam por levar suas vidas e como interagem umas corn as outras. Mas ela aborda o tema com a imparcialidade de uma ciencia. Trazendo os metodos cientificos para as questoes politicas, a economia tenta progredir em relacao aos desafios enfrentados por todas as sociedades. Senti-me inclinacio a escrever este livro na esperanca de transmitir um pouco do entusiasmo que senti em meu primeiro curs° de economia. A economia 6 uma materia em que um pouco de conhecimento nos leva por longos caminhos (o mesmo nao se pode dizer, por exemplo, do estudo da fisica ou da lingua japonesa). Os economistas tem um jeito tinico de ver o mundo, o qual pode ser ensinado, em grande parte, em um ou dois semestres. Meu objetivo, neste livro, 6 o de transmitir essa forma de pensar para o maior public° possivel e convencer os leitores de que ela ilumina muitas coisas no mundo que estao a nossa volta. Acredito que todos deveriam estudar as ideias fundamentais que a economia tem a oferecer. Um dos objetivos da educacao generalista é dar as pessoas informac5es sobre o mundo e, com isso, torna-las melhores cidadas. 0 estudo da economia, como o de muitas outras disciplinas, atende a esse objetivo. Escrever um livro-texto de economia 6, portanto, uma gr, ande honra e uma grande responsabilidade. E uma maneira pela qual os economistas podem ajudar a promover um governo melhor e um futuro mais prosper°. Como declarou o gr, ande economista Paul Samuelson: "Nao me interessa quem escreve as leis de um pais ou concebe seus tratados relevantes, ciesde que eu possa escrever os livros de economia" que eles utilizam. Para Quem Este Livro Foi Escrito? E tentador para o economista profissional escrever um livro que aclote o seu ponto de vista e enfatize os topicos que fascinam a ele e a outros economistas. Fiz o que pude para nao ceder a essa tentacao. Tentei colocar-me na posicao de alguem que se depara corn a economia pela primeira vez. Meu objetivo é enfatizar o material que os estudantes deveriam considerar, e efetivamente consideram, interessante sobre o estudo da economia. Um resultado disso é o fato de que este livro 6 mais breve do que muitos outros usados para introduzir a economia aos alunos. Como estudante, fui (e ainda sou, infelizmente) um leitor lento. Reclamava sempre que um professor nos mandava ler um volume de mil paginas. E claro que minha reacao nao era a unica. 0 poeta grego Calimaco a descreveu em poucas palavras: "Grande livro, grande tedio". Calimaco fez essa observacao em 250 a.C., de modo que provavelmente nao se VIII PREFACIO referia a um livro-texto de economia, mas o sentimento hoje se repete no mundo todo a cada semestre, quando os alunos tem suas primeiras tarefas de economia. Meu objetivo, neste livro, é evitar essa reacao omitindo os detalhes desnecessarios que distraem os alunos do que realmente importa nas licoes. Outro resultado dessa orientacao para o aluno é que mais contelido deste livro 6 dedicado a aplicacoes e a politica — e menos a teoria econOmica formal — do que em muitas outras °bras escritas para o curs° de principios. Em todo o livro, procurei voltar-me para as aplicac5es e as questoes politicas sempre que possivel. A maioria dos capitulos inclui estudos de caso ilustrando como os principios de economia sao aplicados. Alem disso, os quadros "Noticias" (que sao, em sua maioria, novos para esta edicao) oferecem trechos de artigos de jornais que mostram como as ideias economicas lancam luz sobre as questaes que a sociedade enfrenta no dia-aApos encerrar seu primeiro curso de economia, os estudantes deverao lidar corn as materias jornalisticas com uma nova perspectiva e maior discernimento. 0 Que Ha de Novo Nesta Edicao? Aconteceram muitas coisas em todo o mundo desde que escrevi a Ultima edicao deste livro. Durante os ultimos anos, uma recessao nos Estados Unidos, um novo presidente, um corte de impostos e escandalos contabeis nas corporacoes norteamericana, uma nova moeda na Europa e ataques terroristas alteraram o cenario economic°. Como o ensino da econornia precisa manter-se atualizado com as mudancas que ocorrem no rnundo, esta nova edicao contem diazias de estudos de caso e de quadros novos. Alem de atualizar o livro, tambem refinei sua abrangencia e seu aspect° pedagogic° coin base em informacoes dadas por rnuitos usuarios da edicao anterior. Ha muitas mudancas, tanto grandes quanto pequenas. Por exemplo, a apresentacao basica de oferta e demanda do Capitulo 4 foi reorganizada e aprimorada. E esta edicao contem dois novos capitulos. Um deles, sobre as "Fronteiras da Microeconomia", apresenta aos alunos a economia da informacao assimetrica, a economia politica e a economia comportamental. Outro, que trata dos "Instrumentos Basicos das Financas", desenvolve os conceitos de valor presente, gestao de risco e valoracao de ativos (estes dois capitulos so existem na versao completa do livro, em 36 capitulos.Ver, a seg,uir, os contornos de cada uma das quatro versoes disponiveis). Esses novos capitulos sao opcionais e podem ser pulados pelos professores sem que se perca a continuidade. Mas o acrescimo desses tOpicos devera proporcionar aos alunos uma melhor compreensao do uso e do objetivo da economia. Todas as alteracoes que fiz e muitas outras que considerei foram avaliadas a luz dos beneficios da brevidade. Corno a maioria das coisas que estudamos em economia, o tempo dos alunos 6 um recurs° escasso. Sempre tenho em mente uma frase do g,rande romancista Robertson Davies: "Uma das coisas mais importantes ao se escrever 6 saber reduzir para nao matar o leitor de tedio". Como Este Livro E Organizado? Para escrever um livro breve e adequado, precisei considerar novas maneiras de organizar materiais familiares. 0 que se segue 6 um tour acelerado pelo text°. Espero que ele de aos professores uma visa° de como as pecas se encaixam. PREFACIO Materiai lntrodutrio 0 Capitulo 1, "Dez Principios de Economia", apresenta aos alunos a visão de mundo dos economistas. É uma previa de algumas das g-randes ideias que s5o recorrentes na economia, como custo de oportunidade, tomada de decis5es marg,inal, o papel dos incentivos, ganhos do comercio e eficiencia das aloca es de mercado. Em todo o livro, refiro-me aos Dez Principios de Econonna apresentados no Capitulo 1 regularmente para relembrar os alunos de que essas ideias s ao o fundamento de toda a economia. Um icone impresso na margen-1 chama a ateN'ao para esses principios fundamentais e interligados. 0 Capitulo 2,"Pensando como um Economista", examina a n-ianeira como os economistas abordam seu campo de estudo. Ele discute o 1.-) apel das hipteses no desenvolvimento de uma teoria e introduz o conceito de modelo econ8mico. Tambem discute o papel dos economistas na formula o de politicas econ6micas. 0 apendice do capitulo oferece uma breve recapitula o sobre como os graficos so usados e como eles podem ter um mau uso. 0 Capitulo 3,"Interdependencia e Ganhos Comerciais", apresenta a teoria da vantagem con-iparativa. Essa teoria explica por que as pessoas comerciam com seus vizinhos e por que as na0es comercian-i umas com as outras. Grande parte da economia trata de como as foNas do mercado coordenam muitas decises individuais de produção e de consumo. Como ponto de particla para essa analise, os alunos veem nesse capitulo como a especializa o, a interdependencia e o comercio podem ser beneficos para todos. As Ferramentas Fundamentais da Oferta e da Demanda Os tres capitulos seguintes introduzem as ferramentas basicas da oferta e da demanda. 0 Capitulo 4,"As FoNas de Mercado da Oferta e da Demanda", desenvolve a curva de oferta, a curva de demanda e a no - o de equilibrio de mercado. 0 Capitulo 5,"Elasticidade e Sua Aplicg ao", introduz o conceito de elasticidade e o utiliza para analisar eventos em tres diferentes mercados. 0 Capitulo 6, "Oferta, Demanda e Politicas do Governo", usa essas ferramentas para examinar os controles de preos, como as leis de controle de alugueis, do salario rnínimo e da incidencia tributaria. 0 Capitulo 7,"Consumidores, Produtores e Eficiencia dos Mercados", estende a analise da oferta e da demancia com os conceitos de excedente do consumiclor e excedente do produtor . Comea desenvolvendo a ligação entre a disposi o dos consumidores para pagar e a curva de demanda e a ligação entre os custos de produ'ao dos produtores e a curva de oferta. Ent ao, mostra que o equilffirio de mercado maximiza a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Assim, os estudantes aprendem cedo sobre a eficiencia das aloca5es atraves . do mercado. Os dois capitulos seg-uintes aplicam os conceitos de excedente do consumidor e s do produtor a questes de politica. 0 Capitulo 8, "Ai.-)lica 5o: Os Custos da Tributg ao", mostra por que os impostos resultam em um peso morto e o que cletermina a inagnitude dessas perdas. 0 Capitulo 9, "Aplica o: Comercio Intemacional", analisa quen-i ganha e quem perde com o comercio intemacional e apresenta o debate sobre politicas comerciais protecionistas. Mais Microeconomia Tendo examinado por que as aloca(; (5es pelo mercado são freqi_lentemente desejaveis, o Iivro passa a considerar como o govemo pode as vezes aprimora-las. 0 .5& IX PREFACIO Capitulo 10,"Extemalidades", explica como efeitos externos, como a poluicao, por exempla podem fazer com que os resultados do mercado sejam ineficientes e discute possiveis solucoes publicas e privadas para essas ineficiencias. 0 Capitulo 11, "Bens Publicos e Recursos Comuns", trata dos problemas que surgem quando bens, como a defesa nacional, nao tem preco de mercado. 0 Capitulo 12,"0 Projeto do Sistema Tributario", descreve a maneira como o governo levanta a receita necessaria para pagar pelos bens ptiblicos. Apresenta alguma informacoes institucionais sobre o sistema tributario dos Estados Uniclos e discute como as metas de eficiencia e eqiiidade entram em jogo ao se moldar um sistema tributario. Os cinco capitulos seguintes examinam o comportamento das empresas e da organizacao industrial. 0 Capitulo 13, "Os Custos de Producao", discute o que se deve incluir nos custos das empresas e introduz as curvas de custos. 0 Capitulo 14, "Empresas cm Mercados Competitivos", analisa o comportamento das empresas tomadoras de precos e deriva a curva de oferta do mercado. 0 Capitulo 15, "Monopolio", trata do comportamento de uma empresa que seja a iinica vendedora em seu mercado. Discute a ineficiencia da formacao dos precos do monopolista, as possiveis respostas politicas e as tentativas das empresas monopolistas de discriminar precos . 0 Capitulo 16,"Oligopolio", abrange os mercados em que ha poucos vendedores, usando o dilema dos prisioneiros como modelo para examinar a interacao estrategica. 0 Capitulo 17,"Competicao Monopolistica", analisa o comportamento num mercado em que muitos vendedores oferecem produtos similares porem diferenciados. Trata ainda do debate sobre os efeitos da publicidade. Os tres capitulos seguintes apresentam questoes relacionadas aos mercados de trabalho. 0 Capitulo 18,"Os Mercados de Fatores de Producao", enfatiza a ligacao entre os precos de fatores e a produtiviciade marg,inal. 0 Capitulo 19, "Ganhos e Discriminacao", discute os determinantes do sal6rio de equilibria incluindo os diferenciais compensatorios, o capital humano e a discriminacao. 0 Capitulo 20, "Desigualdade de Renda e Pobreza", examina o grau de desig,ualdade na sociedade americana, visoes alternativas sobre o papel do govern° na alteracao da distribuicao de renda e varias politicas que tem por objetivo ajudar os membros mais pobres da sociedade. Os dois proximos capitulos contem material opcional. 0 Capitulo 21,"A Teoria da Escolha do Consumidor", analisa a tomada de decis5es individual usando restricoes orcamentarias e curvas de indiferenca. 0 Capitulo 22, "Fronteiras da Microeconomia", introduz os tOpicos da informacao assimetrica, da economia politica e da economia comportamental. Muitos professores preferirao pular todo esse material. Aqueles que decidirem adotar esses topicos poderao optar por recomendar esses capitulos antes do ponto cm que aparecem no livro, e eu os escrevi para conferir flexibilidade aos professores. Macroeconomia Minha abordagem geral ao ensino da macroeconomia é examinar a economia no longo prazo (quando os precos sac) flexiveis) antes do curt° prazo (quando os precos sao estdveis). Acredito que essa organizacao simplifica o aprendizado da macroeconomia por varios motivos. Primeiro, a hipotese classica de flexibilidade de precos estzi mais estreitamente ligada as licoes bdsicas sobre oferta e demanda, que os estudantes ja terao dominado. Segundo, essa dicotomia classica permite que o estudo do longo prazo seja dividido em diversas partes de facil assimilacao. Terceiro, como o ciclo de negocios representa um desvio transitorio do caminho de PREFACIO crescimento da economia no longo prazo, é mais natural estudar esses desvios depois de compreender o equilibrio no longo prazo. Quarto, a teoria macroecon&mica do curto prazo é mais controversa entre os economistas do que a teoria macroecon8mica do longo prazo. Por todos esses motivos, a maioria dos cursos superiores de macroeconomia adota hoje essa abordagem, estudando o longo prazo antes do curto prazo; meu objetivo é oferecer aos estudantes do curso introdutc5rio os mesmos beneficios. Voltando à organizaao da obra, comeo a cobrir a macroeconomia com quest6es ligadas à mensurgao. 0 Capitulo 23,"Medindo a Renda Nacional", discute o sig,nificado do produto interno bruto e de estatisticas relacionadas das contas de renda nacionais. 0 Capitulo 24,"Medindo o Custo de Vida", discute a rnedição e o uso do indice de prec;os ao consun-lidor. Os quatro capitulos que seg,uem descrevem o comportamento da economia real no longo prazo. 0 Capftulo 25,"Produ o e Crescimento", examina os determinan. tes das g,randes variKC )es dos padr5es de vida ao longo do tempo e entre paises. 0 Capítulo 26,"Poupana, Investimento e Sistema Financeiro", discute os tipos de tituições financeiras que existem na economia norte-americana e examina os papeis que representam na alocgao de recursos. 0 Capitulo 27,"As Ferramentas Basicas das Finanas", introduz o valor presente, a gesUio de risco e a fon-naao de prec;os de ativos. 0 Capitulo 28, "Desemprego e Sua Tz.ixa Natural", trata dos determinantes de longo prazo da taxa de desemprego, incluindo a procura de emprego, a leg,islgao do salario minimo, o poder de mercado dos sindicatos e os salarios de eficiencia. Tendo descrito o comportamento de longo prazo da economia real, o livro voltase para o comportamento de longo prazo da moeda e dos preos. 0 Capitulo 29, "O Sistema Monetario", introduz o conceito econ6mico de moeda e o papel do banco central no controle da quantidade de moeda. 0 Capitulo 30,"Crescimento da Moeda e Infk:ao", desenvolve a teoria classica da inflKa- o e discute os custos que a inflaao imp 6e à sociedade. Os dois capitulos seg-,uintes apresentam a macroeconomia das economias abertas, mantendo as premissas de longo prazo de flexibilidade de preos e pleno emprego. 0 Capitulo 31, "Macroeconomia das Economias Abertas: Conceitos Basicos", explica a relação entre poupaNa, investimento e balaNa comercial, a distinao entre taxa de cambio real e nominal e a teoria da paridade do poder de compra. 0 Capitulo 32,"Teoria MacroeconOmica da Economia Aberta", apresenta um n-iodelo classico dos fluxos internacionais de bens e capital. 0 modelo laNa luz sobre diversas quest6- es, inclusive a ligação ente os deficits oNamentarios e os deficits comerciais e os efeitos macroeconOn-licos das politicas comerciais. Como os professores diferem quanto à enfase dada a esse material, esses capitulos foram escritos de maneira a poder ser utilizados de difere.ntes maneiras. Alguns podem preferir utilizar o Capitulo 31, mas nao o 32; outros podem preferir pular os dois capitulos; e ainda outros podem optar por deixar a analise macroeconCimica das economias abertas para o firn do curso. AF)cis desenvolver a teoria econCimica de longo prazo da economia nos Capitulos 25 a 32, o livro volta-se para explicar as flutua c5es de curto prazo em torno da tendencia de longo prazo. Essa organizg ao simplifica o ensino da teoria das flutua es de curto prazo porque, nesse ponto do curso, os alunos ja estudaram muitos dos conceitos macroecon8nlicos basicos. 0 Capitulo 33, "Demanda Agr, egada e Oferta Ag,regada", comea com alguns fatos sobre o ciclo de negc5cios e, em seg,uida, introduz o modelo de demanda agregada e oferta agregada. 0 Xl XII PREFACIO Capitulo 34, "A Influencia das Politicas Monetaria e Fiscal sobre a Demanda Agegada", explica como os formuladores de politicas podem usar as ferramentas de que disp5em para deslocar a curva de demanda agr, egada. 0 Capitulo 35, "O Tradeoff entre Inflação e Desemprego no Curto Prazo", explica por que os formuladores de politicas que controlam a demanda ag,regada enfrentam um tradeoff entre inflg a. - o e desemprego. E examina por que esse tradeoff existe no curto prazo, por que muda ao longo do tempo e por que não existe no longo prazo. 0 livro finaliza com o Capitulo 36, "Cinco Debates sobre Politica Macroeco. n6mica". Esse capitulo de encerramento discute cinco quest 6es controversas com que se deparam os formuladores de politicas: o g,rau adequado de interveN"ao das politicas em face do ciclo de nefficios; a escolha entre regras e discrição na conduao da politica monetaria; a conveni"encia de se atingir uma inflg ao zero; a importância de se equilibrar o oramento pUblico e a necessidade de uma reforma tributaria para incentivar a poupana. Para cada uma dessas questes, o capitulo apresenta os dois lados do debate e incentiva os alunos a fazer seus prprios julgamentos. Ferramentas de Aprendizado 0 objetivo deste livro e ajuclar os estudantes a aprender as lições fundamentais sobre economia e mostrar como elas podem ser aplicadas ao mundo em que vivem. Para isso, usei diversas ferramentas de aprendizado que aparecen-i de maneira recorrente por todo o livro. Estudos de Caso A teoria econOmica somente é útil e interessante se puder ser aplicada à compreens ao de fatos e politicas reais. Assim, este livro contem numerosos estudos de caso que aplicam a teoria que acabou de ser desenvolvida. Noticias Uma vantagen-i que os alunos extraem do estudo da economia e uma nova perspectiva e uma melhor comi.->reenso das noticias de todo o mundo. Para dar destaque a esse beneficio, inclui trechos de muitos artigos de jomal, alg,uns dos quais s'a- o colunas de opinUio escritas por economistas de destaque. Esses artigos, juntamente com minhas breves introdu es, mostram como a teoria econOmica basica pode ser aplicada. Esses artigos s'ao, em sua maioria, novos, escolhidos para esta Quadros "SMS" (Saiba Mais Sobre) Estes quadros oferecem material adicional"para seu conhecimento". Alg-uns deles fornecem informg5es sobre a hist6ria do pensamento econ3mico. Outros esclarecem questes tecnicas. Outros ainda discutem tc5picos complementares que os professores podem decidir discutir ou n'ao ern suas aulas. DefinkAes de Conceitos-Chave Quando são introduzidos conceitos-chave em um capitulo, eles são impressos em negrito. Alem clisso, suas defini 6es apresentadas nas margens. Esse tratamento deve ajudar os alunos a aprender e a rever o material. ao principal, o livro oferece aos alunos "testes rapidos"para que avaliem sua compreens ao do que acabaram de aprender. Se j_-> uderem responder rapidamente a esses testes, eles devem parar e reler o material antes de prosseguir. Testes R4idos ApOs cada se PREFACIO Resumos dos Capitulos Cada capitulo se encerra corn um breve resumo para lembrar aos alunos os conceitos mais importantes que acabaram de aprender. Mais adiante, isso sera uma forma eficiente de fazer revisdo para as 'Novas. Lista de Conceitos-Chave No final de cada capitulo, uma lista de conceitoschave permite que os alunos testem sua compreensao dos novos termos que foram introduzidos. As listas incluem referencias as paginas para que eles possam rever os termos que nao tiverem entendido. Questoes para Revisao Ao final de cada capitulo ha perg,untas para revis5o que cobrem as principais lic5es do capitulo. Os alunos podem usar essas questoes para verificar a compreensao da materia e estudar para as provas. Problemas e AplicacOes Cada capitulo tambem contem uma variedade de problemas e aplicagnes que solicitam aos alunos que apliquem o material que acabaram de estudar. Alguns professores poclem usar essas perguntas como dever de casa. Outros podem como ponto de partida para discuss5es em classe. Versoes Aiternativas dos Livros 0 livro que voce tem em m5os é uma das quatro versOes disponiveis para introduzir a economia aos estudantes. Oferecemos essa variedade de livros porque os professores diferem quanto ao tempo disponivel de que disp5em e quanto aos tapicos que escolhem abordar. Eis aqui uma breve descricao de cada um deles: • Introduc-ao a Economia: Esta versa) completa do livro contem todos os 36 capitulos. Foi concebida para um curso introdutorio em dois semestres que abranja tanto a microeconomia quanto a macroeconomia. • Principios de Microeconomia: Esta versa) contem 22 capitulos e foi concebida para cursos de introducao a microeconomia com duracao de um semestre. • Principios de Macroeconomia: Esta versa() contem 23 capitulos e foi concebida para cursos de introducao a macroeconomia com duracao de um semestre. Contem um desenvolvimento completo da teoria da oferta e da demanda. • illtiOdlica0 a Economia — Edicao Compacta: Esta vers5o do livro contem 24 capitulos. Foi concebida para cursos de um semestre que d5o uma visa() geral tanto da microeconomia quanto da macroeconomia. A tabela que consta da proxima pagina mostra exatamente os capitulos que cada versa° contem. XIII PREFACIO VERSOES DISPONEVEIS As Quatro Versoes Deste Livro Introducao a Economia 1.Dez Principios de Economia 2. Pensando como um Economista 3. Interdependencia e Ganhos Comerciais 4. As Forcas de Mercado da Oferta e da Demanda 5. Elasticidade e Sua Aplicacao 6. Oferta, Demanda e Politicas do Governo 7.Consumidores, Produtores e Eficiencia dos Mercados 8. Aplicack: Os Custos da Tributa0o 9. Aplicacao: Comercio Internacional 10.Externalidades 11.Bens PLIblicos e Recursos Comuns 12.0 Projeto do Sistema Tributario 13.Os Custos de Produck 14.Empresas em Mercados Competitivos 15.Monopolio 16.OligopOlio 17.Competicao Monopolistica 18.Os Mercados de Fatores de Producao 19.Ganhos e Discriminacao 20. Desigualdade de Renda e Pobreza 21.A Teoria da Escolha do Consumidor 22. Fronteiras da Microeconomia 23. Medindo a Renda Nacional 24. Medindo o Custo de Vida 25. Produck e Crescimento 26. Poupanca, Investimento e Sistema Financeiro 27.As Ferramentas Basicas das Financas 28. Desemprego e Sua Taxa Natural 29.0 Sistema Monetario 30. Crescimento da Moeda e Inflacao 31. Macroeconomia das Economias Abertas: Conceitos Basicos 32.Teoria MacroeconOrnica da Economia Aberta 33. Demanda Agregada e Oferta Agregada 34.A Influencia das Politicas Monetaria e Fiscal sobre a Demanda Agregada 35. 0 Tradeoff entre Inflack e Desemprego no Curto Prazo 36. Cinco Debates sobre Politica Macroeconornica Obs.: Os numeros dos capitulos referem-se a obra completa, Introducao a Economia et" XV A Editora Pioneira Thomson ag,radece aos professores citados a seguir por seus comentEirios, criticas e sugestes 1,-)ara esta edi "a o F-mblicada no Brasil: Manuel José Nunes Pinto Reitor do Centro Universitrio Alvares Penteado — Unifecap josé Francisco Vinci de Moraes Chefe do Departamento de Economia da Escola Superior de Propaganda e Marketing — ESPM Sim a- - o Davi Silber Professor Doutor do Departamento de Economia — FEA/USP Juarez Alexandre Baldini Rizzieri Professor Doutor do Departamento de Economia — FEA/USP Sth-gio Goldbaum Professor EAESP — Funcla o Geffilio Vargas Nuno de Almeida Professor do Ibmec PREFACIO Ao escrever este livro, beneficiei-me do apoio de muitas pessoas talentosas. Foram realizadas pesquisas de mercaclo na preparac5o desta edicao. Agradeco i,-)elo tempo que meus colegas dedicaram fazendo comentarios e pelas informac6es clue prestaram. Agradecimentos especiais a Karen Dynan, Douglas Elmendorf e Dean Croushore, que criaram muitos dos problemas e exercicios de aplicacdo apresentados ao final de cada capitulo. Yvonne Zinfon, rninha assistente ern Harvard, foi, como de habit°, acima e alem do dever enquanto esta edicao estava sendo preparada. Sou tambem gr, ato a Fuad Haridi, um estudante de Harvard, por sua ajuda nos estagios finais deste projeto. A equipe de eclitores que trabalhou neste livro fez clele algo muito melhor. Jane Tufts, editora de desenvolvimento, e — como costuma ser — a responsavel por esta edic ao realmente espetacular. Peter Adams, editor senior de aquisicoes em economia, fez un-' excelente trabalho na supervisao das diversas pessoas envolvidas num projeto g,rande como este. Sarah Dorger, editora de desenvolvimento, criou uma excelente equipe para escrever os suplementos, ao mesmo tempo em que administrava milhares de detalhes relacionados a eles. Dan Plofchan, editor de iproduc5o, juntamente com o pessoal da Thistle Hill Publishing Services e da GAC Indianapolis, teve a pacie.ncia e a dedicac5o necessilrias para transformar meu manuscrito neste livro. Janet Hennies, gerente senior de marketing, trabalhou muito para se comunicar com usuitrios em potencial do livro, mesmo enquanto dava a luz um futuro leitor. Tom Gay foi fundamental nos estlig,ios iniciais de planejamento. Jeff Gilbreath foi editor de desenvolvimento ate sua morte prematura; sentiremos sua falta. 0 restante da equipe tambem foi sempre profissional, entusiasmado e dedicado: Jon Schneider, Jenny Fruechtenicht, Terron Sanders, Carrie Hochstrasser, Vicky True, Peggy Buskey, Pam Wallace e Sandee Milewski. Devo tambem ag,radecer a minha editora "in-house"— Deborah Mankiw. Como a primeira leitora de quase tudo o que escrevo, ela oferece sempre a mistura correta de critica e incentivo. Finalmente, agradeco a meus filhos, Catherine, Nicholas e Peter. Suas visitas imprevisiveis ao meu escritorio representaram um alivio bem-vindo apos longas horas escrevendo e reescrevendo. Embora aincla tenham apenas 10, 8 e 4 anos de idade, alg-um dia crescera- o e estudarao os principios da economia. Espero clue este livro proporcione a seus leitores parte da educacao c do esclarecimento que desejo para meus proprios filhos. N. Gregory Mankiw Outubro de 2002 XVII • PREFACIO: AO ALUNO "Economia é o estudo da humanidade em sua vida rotineira." Assim escreveu Alfred Marshall, o grande economista do seculo XIX em seu livro Principios de Econonn a. Embora tenhamos aprendido muito sobre a economia desde os dias de Marshall, essa definiao da economia é tão verdadeira hoje quanto o era em 1890, quando foi publicada a primeira edição de seu texto. Por que voce, um estudante no início do seculo XXI, deveria embarcar no estudo da economia? Ha tres razes. A 1,-)rimeira razao para estudar economia é o fato de que ela o ajudara a entender o n-lundo em que voce vive. Existem muitas questes relativas à economia que podem despertar sua curiosidade. Por que é tao difícil encontrar apartamentos na cidade de Nova York? Por que as companhias aereas cobram menos por um bilhete de ida e volta se o viajante passar um sabado à noite em seu destino? Por que Robin Williams ganha tanto para estrelar filmes? Por que os padr6es de vida sa- o t'ao baixos em muitos paises africanos? Por que alguns paises tem taxas de inflação elevadas, enquanto outros tem preos estaveis? Por que e facil encontrar emprego em alguns anos e em outros é t'ao Estas s ao apenas algumas das perg,untas que um curso de economia ajudara voce a responder. A seg,unda raz'ao para estudar economia é que isso o tomara um participante mais perspicaz da economia. Durante sua vida, voce devera tomar muitas decises econ6micas. Enquanto voce e um estudante, precisa decidir quantos anos quer passar na escola. Depois que tiver um emprego, decidira quanto de sua renda gastar, quanto poupar e como aplicar sua poupaNa. Algum dia, voce podera se ver dirigindo uma pequena empresa ou uma grande corporK'ao e devera decidir que preços cobrar por seus produtos. Os conhecimentos que voce ira adquirir nos capitulos que seg,uem Ihe dar ao uma nova perspectiva a respeito da melhor maneira de tomar essas decises. Estudar economia nao o tornara rico, mas lhe fornecera algumas ferramentas que podem ajudar nesse sentido. A terceira raz'ao para estudar economia é o fato de que ela lhe proporcionara . uma melhor compreens ao dos potenciais e limites da politica econ mica. Como eleitor, voce ajuda a escolher as politicas que orientam a aloca o dos recursos da sociedade. Ao decidir quais politicas apoiar, voce podera fazer a si mesmo varias perguntas sobre a economia. Quais os Onus associados a formas altemativas de tributacfao? Quais os efeitos do livre-comercio com outros paises? Qual a melhor maneira de proteger o meio ambiente? Como um deficit oNamentario do govemo afeta a economia? Essas e outras quest6'es similares esta- o sempre na mente dos . formuladores de politica econOmica nos escritrios dos prefeitos, na mans ao dos o overnadores e na Casa Branca. Portanto, os principios de economia podem ser aplicados em muitas situa(;6'es de nossas vidas. No futuro, esteja voce lendo um jomal, administrando uma empresa ou sentado no Saffio Oval, ficara contente por ter estudado economia. N. Gregory Mankiw XX PREFACIO TRODKAO A ECONO A: UM PAN R A A INTRODUCAO 0 estudo da economia guia-se por algumas grandes ideias. Os economistas veem o mundo como cientistas e legisladores. A teoria da vantagem compamtiva explica como as pessoas se beneficiam da interdependencia economica. 1 Dez Principios de Economia Pensando como um Economista 3 Interdependencia e Ganhos Comerciais OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS COMO a economia coordena ageiztes econornicos interdependentes? Por meio das foros de oferta e demanda de mercado. As ferramentas de oferta e demanda seio empregadas para examinar os efeitos de diversas politicas governamentais. 4 As For-gas de Mercado da Oferta e da Demanda 5 Elasticidade e Sua Aplicacao 6 Oferta, Demanda e Politicas do Governo OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR Por que o equilibrio da ofrrta e da demanda é desejdvel para a sociedade COMO um todo? Os conceitos de excedente do consumidor e excedente do produtor explicam a eficiencia dos mercados, os e os beneficios do custos da tributac do comercio internacional. 7 Consumidores, Produtores e Eficiencia dos Mercados 8 Aplicacao: Os Custos da Tributacao 9 Aplicacao: Comercio Internacional A ECONOMIA DO SETOR POBLICO 10 Extemalidades 11 Bens Ptiblicos e Recursos Comuns 12 0 Projeto do Sistema Tributario 4 --(f3 fc) \. I resultados dos mercados nein sempre são eficientes e os governos por vezes atenuam as falhas do mercado. Para financiar setts programs, os governos levantam receitas por meio de seus sistenzas tributdrios, criados corn o objetivo de equilibrar eficiencia e equidade. COMPORTAIVIENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA INDUSTRIA Os Custos de Producao 14 Empresas em Mercados Competitivos t15 Monopolio 16 Oligopolio 17 Competicao Monopolistica teoria da empresa esclarece as deciscies que esta o por trds da oferta nos rnercados competitivos. Empresas com poder de mercado podem —fazer que os resultados do mercado sejam ineficientes. I A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO 18 Os Mercados de Fatores de Producao 19 Ganhos e Discriminacao 20 Desigualdade de Renda e Pobreza — Estes capitulos exaininanz as caracteristicas peculiares aos mercados de trabalho, em que a inaioria das pessoas obtem a maior parte de sua renda. PREFACIO TPlCOS DE ESTUDOS AVANCADOS 21 A Teoria da Escolha do Consumidor 22 Fronteiras da Microeconomia L Outros tcipicos de microeconomia sifio a T tonzada de decises nas famílias, a assimetria de informa(do, a economia polftica e a economia comporta3nental. DADOS MACROECONM1COS 23 Medindo a Renda Nacional 24 Medindo o Custo de Vida I A quantidade total de produ(-:do e o nivel geral de prcTos s'do usados para monitorar desdobramentos na ecozzomia. A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO 25 Proclu o e Crescimento 26 Poupangi, Investimento e Sistema Financeiro 27 As Ferramentas IM.sicas das FinaNas 28 Desemprego e Sua Taxa Natural MOEDA E PRECOS NO LONGO PRAZO 29 0 Sistema Monetrio 30 Crescimento da Moeda e Inflao A MACROECONOMIA DAS ECONOIVIIAS ABERTAS 31 Macroeconomia das Economias Abertas: Conceitos 1Msicos 32 Teoria Macroecon6mica da Economia Aberta FLUTUAOES ECONMICAS NO CURTO PRAZO 33 Demanda Ag,regada e Oferta Agr, egada 34 A Influ&icia das Politicas Monetria e Fiscal sobre a Demanda Agregada 35 0 Tradeoff entre Inflg a"o e Desemprego no Curto Prazo CONSIDERACES FINAIS 36 Cinco Debates sobre Politica Macroeconmica Estes capftulos descrevem as forvas que, longo prazo, determinam varidveis reais chave, incluindo crescimento do PIB, poupawa, investimento, taxas de juro real e desemprego. 110 0 sistema monetdrio é crucial para deterrninar o comportamento do ru'vel de preffis no longo prazo, a taxa de infia0o e outras varidveis nominais. As interaOes econ6micas de uma na(do com outras na(des sifo descritas por sua balawa comercial, investimento externo h'quido e taxa de cdnzbio. Uin modelo de longo prazo da economia aberta explica os determinantes da balawa comercial, da taxa de c'dmbio real e outras varidveis reais. 0 nwdelo de demanda agregada e oferta agregada explica as flutua.5es econ3micas no curto prazo, os efeitos de curto pmzo da polftica monetdria e fiscal e a liga(do no curto prazo entre varidveis reais e zzominais. Este capftulo de encerramento apresenta os dois lados de cinco inzportantes debates sobre polftica econ'dmica. XXI SU MARIO PARTE 1 I NTRODKAO CAPiTULO DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA 3 Como as Pessoas Tomam Decisoes 4 Principio 1: As Pessoas Enfrentam Tradeoffs 4 Principio 2: 0 Custo de Alguma Coisa E Aquilo de que Voce Desiste para Obte-la 6 Principio 3: As Pessoas Racionais Pensam na Margem 6 Principio 4: As Pessoas Reagem a Incentivos 7 Como as Pessoas Interagem 9 Principio 5: 0 Comercio Pode Ser Bom para Todos 9 Principio 6: Os Mercados Sao Geralmente uma Boa Maneira de Organizar a Atividade Econ()mica 9 Principio 7: AsVezes os Govemos Poclem Melhorar os Resultados dos Mercados 10 SPAS: Adam Smith e a Mao Invisivel Como a Economia Funciona 12 Principio 8: 0 Padrao de Vida de um Pais Depende de Sua Capacidade de Produzir Bens e Servicos 12 Principio 9: Os Precos Sobem Quando o Governo Emite Moeda Demais 13 Principio 10: A Sociedade Enfrenta um Tradeoff de Curto Prazo entre Inflaccio e Desemprego 14 SMS: Como Ler Este Livro Conclusao 16 Resumo 16 Conceitos-Chave 16 Questoes para Revisao 16 Problemas e Aplicacoes 17 CAPiTULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 19 0 Economista Como Cientista 20 0 Metodo Cientifico: Observacao, Teoria e Mais Observacao 21 0 Papel das Hipateses 21 Mocielos Econemicos 22 Nosso Primeiro Modelo: 0 Diag,rama do Fluxo Circular 23 Nosso Segundo Modelo: A Fronteira de Possibilidades de Prociucao 24 Microeconomia e Macroeconomia 26 0 Economista como Conselheiro de Politicas 28 Analise Positiva versus Analise Normativa 28 Economistas em Washington 29 Por Que os Economistas Divergem 30 Divergencias Quanto ao Julgamento Cientifico 30 Divergencias Quanto a Valores 31 Percepcao e Realidade 31 Vamos em Frente 32 Resumo 33 Conceitos-Chave 33 e Questoes para Revis d() 33 Problemas e Aplicacoes 34 Apenclice Gralicos: Uma Breve Revisao 36 Graficos de Uma So Variavel 36 Graficos de DuasVariaveis: 0 Sistema de Coordenadas 36 Curvas no Sistema de Coordenadas 37 Inclinacao 41 Causa e Efeito 47 CAPiTULO INTERDEPENDENCIA E GANHOS COMERCIAIS 45 Uma Parabola para a Economia Moderna 46 Possibilidades de Producao 46 Especializacao e Comercio 48 0 Princlpio da Vantagem Comparativa 50 Vantagem Absoluta 51 Custo de Oportunidade e Vantagem Comparativa 51 Vantagem Comparativa e Comercio 52 SMS: 0 Legado de Adam Smith e David Ricardo Aplicac5es da Vantagem Comparativa 54 Tiger Woods Deve Cortar sua Propria Grama? 54 NOTICIAS: Quem Tem Vantagem Comparativa na Producao de Ovelhas? Os Estados Unidos Devem Comerciar com Outros Paises? 56 Conclusao 56 SUIVIARIO Resumo 57 CAMULO 5 Conceitos-Chave 57 Questes para Reviso 57 Problemas e Aplica5es 57 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS 61 CAP jTULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA 63 Mercados e Competio 64 Mercados Competitivos 64 Con-ipetic;"a"o: Perfeita e Imperfeita 64 Demanda 65 A Curva de Demanda: A Rela o entre Prey) e Quantidade Demandada 65 Demanda de Mercado versus Demanda Individual 66 Deslocamentos da Curva de Demanda 67 Z:STUDO DE CASO: Duas Maneiras de Reduzir a Quantidade Deinandada de Tabaco Oferta 71 A Curva de Oferta: A RelE4o entre Prey) e Quantidade Ofertada 71 Oferta do Mercado versus Oferta Individual 79 Deslocamentos da Curva de Oferta 73 - ELASTICIDADE E SUA APLICAC A0 89 A Elasticidade da Demanda 90 A Elasticidade-Preo da Demanda e Seus Determinantes 90 Calculando a Elasticidade-Prey) da Demanda 91 0 Wtodo do Ponto Wdio: Uma Maneira Melhor de CalcularVariay5es Percentuais e Elasticidades 92 AVariedade das Curvas de Demancia 94 Receita Total e Elasticidade-Prey) da Demanda 94 Elasticidade e Receita Total ao Longo de uma Curva de Demanda Linear 96 NOTk=5: Na Estrada com a Elasticidade ESTUDO DE CASC.k. Estabelecendo o Prey) clo Ingresso de um Museu Outras Elasticidades da Demanda 99 A Elasticidade da Oferta 100 A Elasticidade-Prey) da Oferta e Seus Determinantes 100 Calculando a Elasticidade-Prey) da Oferta 101 AVariedade das Curvas de Oferta 101 da Oferta, da Demanda e da Tr' s Aplicg cies Elasticidade 104 Boas Noticias para a Ag,ricultura Podem Ser Noticias para os Agricultores? 104 Por Que a Opep Não Conseguiu Manter Elevado o Prey) do Petrffleo? 106 A Politica de Proihição das Drogas Aumenta ou Diminui os Crimes Relacionados a Elas? 108 Conclus"k) 109 Resumo 110 Oferta e Demanda Reunidas 75 Equilibrio 75 Tr' s Passos para Analisar Mudam;as do Equilibrio 77 NOTiCIAS: A Mãe Natureza Desloca a Curva de Oferta p Concluso: Como os Pre9 s Alocam Recursos 83 Conceitos-Chave 110 Questes para Reviso 110 Problemas e Aplica es 111 Resumo 84 Controle de Preos 114 Como os Prec;os Máximos Afetam os Resultados do Mercado 114 ESTUDO DE: CASO: Filas nas Bombas cle Gasolina Conceitos-Chave 85 Questes para Reviso 85 Problemas e Aplica es 86 CAMU 1.0 6 OFERTA, DEMANDA E POUTICAS DO GOVERNO 113 SUMARIO ESTUDO CASO: Controle de Alugueis no Curto, e no Longo Prazos N TICAS: As Secas Causam Necessariamente Escassez de Agua? Como os Precos Minimos Afetam os Resultados de Mercado 120 ESTUDO DE CASO: 0 Salado Minim() Avaliando o Controle de Precos 123 Impostos 124 Como os Impostos Cobrados dos Compradores Afetam os Resultados de Mercado 124 Como os Impostos Cobrados dos Vendedores Afetam os Resultados de Mercado 126 ESTUDO DE CASO: 0 Congress° Pode Distribuir o Onus de um Impost° sobre a Folha de Pagamento? Elasticidade e Incidencia Tributaria 128 ESTUDO DE CASO: Quern Paga os Impostos sobre Bens de Luxo? Conclusao 131 Resumo 131 Conceitos-Chave 131 Questoes para Revisao 132 Problemas e AplicacEies 132 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA MERCADOS E BEWI-ESTAR 135 0 Planejador Social Benevolente 147 Ava1iac5o do Equilibrio de Mercado 148 NOTICIAS: Cambistas ESTUDO D CASO: Deveria Haver um Mercado de Orgaos Humanos? NOTICIAS: Como os Peregr, inos Abracaram o Mercado Conclusao: Eficiencia e Falha de Mercado 154 Resumo 155 Conceitos-Chave 155 Questoes para Revisao 155 Problemas e Aplicacoes 156 CAMULO 8 APLICKAO: OS CUSTOS DA TRIBUTKAO 159 0 Peso Morto dos Impostos 160 Como um Impost° Afeta os Participantes do Mercado 161 Peso Morto e Ganhos Comerciais 163 Determinantes do Peso Morto 164 ESTUDO DE CASO: 0 Debate sobre o Peso Morto 0 Peso Morto e a Receita Fiscal Conforme os Impostos Variam 167 SMS: Henry George e o Impost° Territorial ESTUDO CASO: A Curva de Laffer e a Economia do Lado da Oferta Conclusao 171 CAMULO 7 Resumo 172 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS 137 Conceito-Chave 172 Excedente do Consumidor 138 Disposica"o para Pagar 138 Usando a Curva de Demanda para Medir o Excedente do Consumidor 139 Como um Preco Baixo Eleva o Excedente do Consumidor 140 0 Que o Excedente do Consumidor Mede? 141 Problemas e Aplicacoes 172 Excedente do Produtor 143 Custo e Disposicao para Vender 143 Uso da Curva de Oferta para Medir o Excedente do Produtor 144 Como um Preco Mais Alto Aumenta o Excedente do Produtor 146 Eficiencia de Mercado 147 XXV Questoes para Revisdo 172 CAPiTULO 9 APLICKAO: COMERCIO INTERNACIONAL 175 Os Determinantes do Comercio 176 0 Equilibrio sem Comercio 176 Preco Mundial eVantagem Comparativa 177 Os Ganhadores e Perdedores no Comercio Internacional 178 Ganhos e Perdas de um Pais Exportador 178 Ganhos e Perdas de um Pais Importador 180 Os Efeitos de uma Tarifa 182 NOTiCIAS: AVida na SUIVIA RIO Os Efeitos de uma Cota de Importgo 185 Li'(5es para a Politica Comercial 187 Os Argumentos em Favor da Restri o ao Comrcio 188 0 ArguMento dos Empregos 188 SMS: Outros Beneficios do Comercio Intemacional 0 Arg-umento da SeguraNa Nacional 189 0 Argumento da Indlistria Nascente 190 0 Argumento da Competio Desleal 190 NOfiCIAS: Politica Comercial na tndia 0 Argumento da Protelo como Instrumento de Barganha 191 NOTiCIAS: Ci,%‘ SO: Acordos Comerciais e a ESTUDO Organiza o Mundial do Comercio Concluso 194 Resumo 195 Conceitos-Chave 196 Questes para Revisk) 196 Problemas e Aplica es 196 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PBLICO 201 Objeiies à Análise EconOmica da Poluiao 216 Concluso 217 MOTAS: CriaNas como Externalidades Resumo 218 Conceitos-Chave 219 Questes para Revis th3 220 Problemas e Aplicações 220 C,APTULO BENS PBLICOS E RECURSOS COMUNS 223 Os Diferentes Tipos de Bens 224 Bens PtIblicos 225 O Problema dos Caronas 226 Alguns Bens Pblicos Importantes 226 ESTUDO DE CASO: Os FarOis S "o Bens PUblicos? A Dificil Tarefa da Analise de Custo—Beneficio ??9 ESTUDO E CASO: Quanto Vale uma Vida? Recursos Comuns 231 A Tragedia dos Comuns 231 Alguns Recursos Comuns Importantes 232 NOVICIAS: A Solu o de Cingapura ESTUDO DE CAS'O: Por que aVaca Não Est Extinta NOTkIAS: 0 Parque deYellowstone Deveria Cobrar o Mesmo que a Disney World? CAPiTULO 1C Concluso: A Importthicia dos Direitos de Propriedade 236 EXTERNALIDADES 203 Resumo 237 Externalidades e Ineficiência do Mercado 204 Economia do Bem-Estar: RecapitulacAo 205 Extemalidades Negativas 206 Externalidades Positivas 207 ESTUDO D CASO: Transbordamentos TecnolOgicos e Politica Industrial SolueSes Privadas para as Externalidades 209 Tipos de Solu es Privadas 209 0 Teoren-ia de Coase 210 Por Que as Soluc;5es Privadas nem Sempre Funcionam 211 Politicas P-tablicas para as Externalidades 217 Regulamentio 212 Impostos e Subsidios de Pigou 213 ES7UDG DE CASO: Por Que a Gasolina Tributada Tho Pesadamente? LiceNas Negoci veis para Polui-io 215 Conceitos-Chave 237 Questes para Reviso 237 Problemas e Aplicaies 237 CAM111.0 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUT) 6kRIO 241 Um Panorama Financeiro do Governo Norte-americano 242 O Governo Federal 242 O Governo Estadual e Local 246 Impostos e EficithIcia 248 0 Peso Morto 248 CASO: Devemos Taxar a Renda ou o ESTUDO Consumo? nus Administrativo 250 Aliquotas Marginais de Tributg. o e Aliquotas Medias 250 SUMARIO ESTUDO DE CASO: 0 Experiment° Natural da Islandia Tributacao por Montante Onico 251 NOTiCIAS: Como os Impostos Afetam as Mulheres Casadas Impostos e Eqiiidade 253 O Principio dos Beneficios 254 O Principio da Capacidade de Pagamento 254 ESTUDO DE CASO: Como E Distribuida a Carga Tributaria ESTUDO DE CASO: Equidade Horizontal e o Impost° sobre o Casamento Incidencia Tributaria e EqUidade Tributaria 258 NOTiCIAS: 0 Caso contra a Tributacao dos Ganhos de Capital ESTUDO DE CASO: Quem Paga o Impost° de Renda das Pessoas Juridicas? Conclusao: 0 Tradeoff entre Eqiiidade e Eficiencia 260 Resumo 261 Conceitos-Chave 261 Questoes para Revisao 262 Problemas e AplicacZies 262 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E 0RGANIZA00 DA INDUSTRIA 265 CARiTULO 13 OS CUSTOS DE PRODKAO 267 0 Que Sao Custos? 268 Receita Total, Custo Total e Lucro 268 Custos como Custos de Oportunidade 268 O Custo do Capital como Custo de Oportunidade 269 Lucro Econamico versus Lucro Contabil 270 Producao e Custos 271 NOTiCIAS: Lucro Verdadeiro versus Lucro Ficticio A Funcao de Producao 272 Da Funcao de Producao a Curva de Custo Total 273 X XV II As Diversas Medidas do Custo 275 Custos Fixos e Variaveis 276 Custo Medi° e Marginal 277 Curvas de Custos e Suas Formas 278 Curvas de C-ustos Tipicas 279 Custos no Curto e no Longo Prazos 280 A Relacao entre Custo Total Medi° no Curto e no Longo Prazos 280 Economias e "Deseconomias" de Escala 283 SMS: Licoes de uma Fabrica de Alfinetes Conclusao 284 Resumo 285 Conceitos-Chave 285 Quest5es para Revisao 285 Problemas e Aplicac5es 286 CAPITULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPET1TIVOS 289 0 Que E um Mercado Competitivo? 290 0 Sig-nificado da Competicao 290 A Receita de uma Empresa Competitiva 291 Maximizacao de Lucros e a Curva de Oferta de uma Empresa Competitiva 292 Um Exemplo Simples de Maximizacao de Lucros 292 A Curva de Custo Marginal e a Decisao de Oferta da Empresa 294 A Decisao da Empresa de Suspender as Atividades no Curto Prazo 295 Leite Derramado e Outros Custos Irrecuperaveis 297 ESTI.= DE CASO: Restaurantes Quase Vazios e Minigolfe na Baixa Estacao A Decisao da Empresa de Entrar em um Mercado ou Sair Dele no Longo Prazo 298 Medindo o Lucro da Empresa Competitiva por Meio de um Grafico 299 A Curva de Oferta em um Mercado Competitivo 301 0 Curto Prazo: Oferta do Mercado com um Numero Fixo de Empresas 301 0 Longo Prazo: Oferta do Mercado com Entrada e Saida de Empresas 302 Por Que as Empresas Competitivas se Mantem em Atividade Quando Tem Lucro Zero? 303 SUIVIARIO Deslocamento da Dernanda no Curto e no Longo Prazos 304 Por Que a Curva de Oferta de Longo Prazo Pode Ter Inclinação Ascendente 304 INI OTk .:jAS: Entrada ou Superinvestimento? Conclus a- - o: Por Trs da Curva de Oferta 307 Resumo 308 Conceitos-Chave 308 Quest5es para Reviso 308 Problemas e Aplica5es 309 CA*ULG 15 MONOPLIO 313 Por Que Surgem os Monoplios 314 Recursos Monopolistas 315 ESTUDO DE CASO: 0 MonopOlio da DeBeers sobre os Diamantes MonopOlios Criados pelo Governo 316 Monop6lios Naturais 316 Como os Monoplios Tomam Decis5es de Produo e Determinao de Preo 318 MonopeTho e Competi ao 318 A Receita de um Monop(51io 319 Maxirnização de Lucros 321 SMS: Por Que os MonopOlios não Te'm Curva de Oferta O Lucro de um Monopolista 323 ESTUDO DE CASO: Medicamentos Monopolizados e Medicamentos Genericos 0 Custo do Monop6lio em Relao ao BemEstar 325 O Peso Morto 326 O Lucro do Monoplio: um Custo Social? 328 Politica Pública Quanto aos Monoplios 329 Aumento da Competio com as Leis Antitruste 329 Reg,ulamentao 330 Propriedade Pblica 331 Não Fazer Nada 332 NOTkIAS:Transporte Público e Iniciativa Privada Discrimina o de Preos 334 Uma Parabola sobre a Deterrninalo de PreQ3 334 A Moral da Histria 335 -Analise da Discriming Elo de Preos 336 Exemplos de Discriming"ao de Preos 337 NOTiCIAS: Por Que as Pessoas Pagam mais do Que os Cachorros Conclus5.o: A Prevalfticia dos Monoplios 340 Resumo 341 Conceitos-Chave 341 -Quest5es para Revis a o 341 Problemas e Aplica cies 342 CAPftlii0 OLlGOPLIO 345 Entre o Monoplio e a Competio Perfeita 346 Mercados com Poucos Vendedores 347 Um Exemplo de Duoplio 348 Cornpetição, MonopOlios e Carteis 348 O Equilibrio para um OligopOlio 349 NOTLICIAS: Piratas Modernos Como o Tan-ianho de urn OligopOlio Afeta o Resultado de Mercado 352 ESTUDO DE CASC: A Opep e o Mercado Mundial de PetrOleo NOTkIAS: 0 Crescimento do Oligop(Slio -Teoria dos Jogos e Economia da Cooperg a o 354 0 Dilema dos Prisioneiros 355 OligopOlios como um Dilema dos Prisioneiros 356 Outros Exemplos do Dilema dos Prisioneiros 357 O Dilema dos Prisioneiros e o Bem-Estar Social 360 Por Que as Pessoas àsVezes Cooperam 361 ESTUDO DE CASO: 0 Torneio do Dilema dos Prisioneiros Politica Pb1ica Quanto aos OligorKilios 362 Restria'o ao Comercio e a Legisla o Antitruste 363 ESTUDO DE CASO Um Telefonema Ilegal Controversias sobre a Politica Antitruste 364 ESTUDO DE CASO: 0 Caso da Microsoft NOT[ICIAS: Antitruste na Nova Economia Concluso 368 Resumo 369 Conceitos-Chave 369 369 Questes para Revis th) Problemas e Aplica es 369 CAPhLO 17 COMPETIO0 MONOPOUSTICA 373 Competio com Produtos Diferenciados 374 A Empresa Monopolisticamente Competitiva no Curto Prazo 374 O Equilibrio no Longo Prazo 375 SUNIARIO Competicao Monopolistica versus Competicao Perfeita 377 Competicao Monopolistica e o Bem-Estar Social 379 SMS: A Capacidade Ociosa E um Problema Social? Publicidade 380 0 Debate sobre a Publicidade 381 ESTUDO DE CASO: Publicidade e o Preco dos Oculos Publicidade como Sinal de Qualidade 382 Marcas 383 Conclusao 385 Resumo 386 Conceito-Chave 386 Questoes para Revisdo 386 Problemas e Aplicacoes 387 PARTE 6 A ECONOMIA DOS MERCADOS DE TRABALHO 391 CAPiTULO 18 OS MERCADOS DE FATORES DE PRODKAO 391 A Demanda por Mao-de-obra 392 A Empresa Competitiva Maxim' izadora de Lucros 393 e A Funcao da Produc d° e o Produto Marg,inal do Trabalho 394 OValor do Produto Marginal e a Demanda por Mdo-de-obra 395 SMS: Demanda de Insumos e Oferta de Produto: Dois Lados da Mesma Moeda 0 Que Faz a Curva de Demanda por Mao-de-obra se Deslocar? 397 A Oferta de Mao-de-obra 398 A 'Tradeoff entre Trabalho e Lazer 398 0 Que Faz a Curva de Oferta de Mao-de-obra se Deslocar? 399 Equilibrio no Mercado de Trabalho 399 Deslocamentos da Oferta de Mao-de-obra 400 Deslocamentos da Demanda de Mdo-de-obra 401 XXIX ESTUDO DE' C./AS(0: Produtividade e Salarios SMS: Monopsonio Outros Fatores de Producao: Terra e Capital 404 Equilibrio nos Mercados de Terra e de Capital 404 SMS: 0 Que E Renda de Capital? Elos entre os Fatores de Producdo 406 ESTUDO DE CAM': A Economia da Peste Neg,ra Conclusao 408 Resumo 408 Conceitos-Chave 408 Questoes para Revisao 409 Problemas e Aplicacoes 409 CANTULO 19 GANHOS E DISCRIMINKAO 411 Alguns Determinantes do Salario de Equilibrio 412 Diferenciais Compensatorios 412 Capital Humano 412 E.STUDO DE CASO: OValor Crescente da Qualificacdo Talent°, Esforco e Sorte 414 SMS: Procurando um AmorVerdadeiro?Va para a Escola ESTUDO E CASO: Os Beneficios da Beleza Uma Visa° Alternativa da Educacaco: Sinaliza(ao 416 0 Fenomeno das Superastros 417 NOT!C1AS: As Faculdades de Elite Valem o Que Custam? Salarios Acima do Equilibrio: Legislacdo do Salario Minim°, Sindicatos e Salarios de Eficiencia 418 A Economia da Discriminacao 420 Medindo a Discriminacdo no Mercado de Trabalho 420 Discriminac5o por Parte dos Empregadores 422 ESTUDO DE CASO: Bondes Segregados e a Motivacdo do Lucro Discriminacao por Parte de Clientes e Governos 423 ESTUDO DE CASO: Discriminacdo nos Esportes Conclusao 425 Resumo 425 Conceitos-Chave 426 Questoes para Revisdo 426 Problemas e Aplicacoes 426 XXX SUMARIO CAPI' MLO 20 DESIGUALDADE DE RENDA E POBREZA 429 Mensurao da Desigualdade 430 Desig,ualdade de Renda nos Estados Unidos 430 ESTUDO DE CASO: 0 Movimento Feminista e a Distribui o de Renda ESTUDO DE CASO: Desigualdade ao Redor do Mundo A Taxa de Pobreza 433 Problemas na Mensurao da Desigualdade 434 Mobilidade EconOmica 436 A Filosofia Poli.tica da Redistribuição de Renda 437 Utilitarismo 437 Liberalismo 438 Libertarismo 439 Politicas de Redu o da Pobreza 440 Legisla o do Salário Minimo 441 Bem-Estar Social 441 NOTiCIAS: 0 Governo Deveria Tentar Ajudar as Regi es Pobres? Imposto de Rencla Negativo 443 Transferencias em Generos 444 Prog,ramas Antipobreza e Incentivos ao Trabalho 444 Concluso 445 NIOTkl.S:Vales-Educa-lo Resumo 447 Conceitos-Chave 448 Quest5es para Revisk. 448 Problemas e Aplica5es 448 PARTE 7 T PlCOS DE ESTUDOS AVANADOS 451 CAPTULO 21 A TEOR1A DA ESCOLHA DO CONSUMIDOR 453 A Restri o ONamentk-ia: 0 Que o Consumidor Pode Gastar 454 Preferthicias: 0 Que o Consumidor Quer 456 Representa o das Preferencias com Curvas de Indiferena 456 Quatro Propriedades das Curvas de Indiferena 457 Dois Exemplos Extremos de Curvas de IndifereNa 458 Otimizao: 0 Que o Consumidor Escolhe 460 As Escolhas Otimas do Consumidor 461 SMS: Utilidade: Uma Forma Alternativa de Descrever as Preferencias e a Otimiza(;;o Como asVariaies de Renda Afetam as Escolhas do Consumidor 462 Como as Varigb- es nos Pre9os Afetam as Escolhas do Consumidor 463 Efeito Renda e Efeito Substitui o 464 Derivanclo a Curva de Demanda 466 468 Tr6 Aplica cies Todas as Curvas de Demanda Tem Inclingo Negativa? 468 Como os Salários Afetarn a Oferta de Trabalho? 469 ESTUDO DE CASO: Efeitos da Renda sobre a Oferta de Trabalho: Tendencias Histricas, Ganhadores da Loteria e a Conjectura de Carneg,ie Como as Taxas de Juros Afetam a Poupanc;:a das Familias? 473 Conclusk.: As Pessoas Pensam Realmente Assim? 475 Resumo 476 Conceitos-Chave 476 Quest5es para Reviso 476 Problemas e Aplica5es 477 CAP[TTULO 22 FRONTEIRAS DA M1CROECONOMIA 479 Informao Assimetrica 480 A - es Ocultas: Principais, Agentes e Risco Moral 480 Caracteristicas Ocultas: Sele o Adversa e o Problema dos "Abacaxis" 481 Sinaliza o para Transmitir Informa o Particular 482 ESTUDO DE CASO: Presentes Como Sinais Seleção para a Indu o à Divulga o de Informg5es 483 Assim&rica e Politica Pblica 484 Informg k) Economia Politica 485 0 Paracloxo Eleitoral de Condorcet 485 0 Teorema da Impossibilidade de Arrow 486 0 Eleitor Mediano É o Rei 487 Os Politicos Tamb&i-i S" ."o Pessoas 488 SUMARIO Economia Comportamental 489 As Pessoas nem Sempre Sao Racionais 489 NOTiaAS: Politica Agricola e Politica As Pessoas se Importam com a Justica 492 As Pessoas S5o Inconsistentes ao Longo do Tempo 493 Conclusao 493 Resumo 494 Conclusao 515 Resumo 515 Conceitos-Chave 516 Questoes para Revisao 516 Problemas e Aplicacoes 516 CANTULO 24 MEDINDO 0 CUSTO DE VIDA 519 Conceitos-Chave 494 Questoes para Revisao 494 Problemas e Aplicacoes 495 PARTE 8 DADOS MACROECONOMICOS 497 CAPiTULO XXXI 23 MEDINDO A RENDA NACIONAL 499 Renda e Despesa da Economia 500 Mensuracao do Produto Interno Bruto 502 "PIB E o Valor de Mercado..." 502 "...de Todos..." 502 "...os Bens e Servicos..." 503 "...Finais..." 503 "...Produzidos..." 503 "...em um Pais..." 503 "...em um Dado Period° de Tempo" 503 SMS: Outras Medidas de Renda Os Componentes do PIB 505 Consumo 505 Investimento 505 Compras do Govern° 506 Exportacoes Liquidas 506 ES:JUDO DE CASO: Os Componentes do PIB dos Estados Unidos PIB Real versus PIB Nominal 507 Um Exemplo Numeric° 508 0 Deflator do PIB 509 ESTUDO DE CASO: 0 PIB Real na Historia Recente NOTiVAS: 0 PIB Cada Vez Mais Leve PIB e Bem-Estar Econamico 512 ESTUDO DE CASO: Diferencas Internacionais no PIB e na Qualidade de Vida ESTUDO DE CASO: Quem Ganha nas Olimpiadas? 0 indice de Precos ao Consutnidor 520 Como E Calculado o tndice de Precos ao Consumidor 520 SMS: 0 Que Ha na Cesta do IPC? Problemas no Calculo do Custo de Vida 523 TMAS: Compras para o IPC 0 Deflator do PIB e o fndice de Precos ao Consumidor 526 Corrigindo as Variaveis Economicas dos Efeitos da Inflacao 527 Valores Monetarios em Diferentes Epocas 527 ESTUD• DE CASO: 0 Sr. indice Vai a Hollywood Indexacao 528 Taxas de Juros Reais e Nominais 529 Conclusao 531 531 Conceitos-Chave 532 Questoes para Revisao 532 Problemas e AplicacOes 532 Resumo PARTE 9 A ECONOMIA REAL NO LONGO PRAZO 535 CAPiTULO 25 PRODKAO E CRESCIMENTO 537 Crescimento Economic° ao Redor do Mundo 538 SMS: Voce E Mais Rico do Que o American° Mais Rico? Produtividade: Seu Papel e Seus Determinantes 540 Por que a Produtividade E tao Importante 540 Como a Produtividade E Determinada 541 SMS: A Furicao de Producao ESTUDO DE CASO: Os Recursos Naturais Sao uma Limitac5o ao Crescimento? SUMARIO Crescimento Econmico e Politicas PiThlicas 545 A Importancia da PoupaNa e do Investimento 545 Retornos Decrescentes e o Efeito de Alcance 546 Investimento Estrangeiro 547 NOTiMS: Promovendo o Capital Humano Educac;ao 549 Direitos de Propriedade e Estabilidade Politica 550 Livre-Comercio 551 Pesquisa e Desenvolvimento 552 ESTUDO DE CASO: A DesacelerKao e a Aceleraao da Produtividade Crescimento Populacional 554 NOTkIAS: Uma Soluao para os Problemas da Africa Conclusk): A Importthicia do Crescimento no Longo Prazo 558 Resumo 580 Resumo 558 Avalia o de Ativos 591 Analise Fundamentalista 591 A HipOtese dos Mercados Eficientes 592 ESTUDO DE CASO: Passeios AleatOrios e Fundos de Indice Irracionalidade do Mercado 593 Alg,umas Lições da Enron Conceitos-Chave 558 Quest5es para Revisk) 559 Problemas e Aplica95es 559 CAPiTULO 26 POUPANCA, INVESTIMENTO E SISTEMA Conceitos-Chave 580 Quest5es para Revisk) 580 Problemas e Aplica Valor Presente: Medindo o Valor do Dinheiro no Tempo 584 SMS: A Magica da Composiao e a Regra de 70 Administrando o Risco Aversao ao Risco 586 Os Mercados de Seg-uros 587 Diversificgao do Risco Idiossincratico 588 0 Tradeoff entre Risco e Retorno 590 FINANCEIRO 561 Conclusk) 595 Institui es Financeiras na Economia dos Estados Unidos 562 Mercados Financeiros 562 Intermediarios Financeiros 564 SMS: Como Ler as Tabelas com as Cota6 es de Ac;i5es dos Jornais NOTiC2AS: FinaNas na China Juntando Tudo 567 PoupaNa e Investimento nas Contas de Renda Nacionais 568 Algurnas Identidades Importantes 568 0 Sig,nificado da PoupaNa e do Investimento 570 0 Mercado de Fundos cle Emprestimos 570 Resumo 596 Oferta e Demanda de Fundos para Emprstimos 571 Politica 1: Incentivos à Poupanyi 573 Politica 2: Incentivos ao Investimento 574 Politica 3: Deficits e Superavits ONamentarios do Governo 575 ESTUDO DE CASO: A HistOria da Divida dos Estados Unidos -- Conclus a o 579 es 581 CAA. TULO 27 AS FERRAMENTAS BISICAS DAS FINANCAS 583 Conceitos-Chave 596 Quest5es para Revisk) 597 Problemas e Aplica5es 597 CAPhl0 23 DESEMPREGO E SUA TAXA NATURAL 599 Identificando o Desemprego 600 Como se Mede o Desemprego? 600 ESTUDO DE CA,SO: Participac;ao de Homens e Mulheres na FoNa de Trabalho na Economia Norte-Americana A Taxa de Desen-iprego Mede o Que Queremos? Por Quanto Tempo os Desempregados Ficam sem Trabalho? 605 Por Que Sempre Ha Algumas Pessoas Desempregadas? 607 Procura de Emprego 607 Por Que o Desemprego Friccional Inevitvel 608 Politica Pública e Procura de Emprego 608 SUIVIA RI O Seg-,uro-Desemprego 609 NOTICIAS: Desemprego na Alemanha Legislacdo do Salario Minim° 611 Sindicatos e Negociacao Coletiva 613 A Economia dos Sindicatos 613 Os Sindicatos Sao Beneficos ou Prejudiciais Economia? 614 NOTICIAS: Serd Que Voce Deve Entrar para um Sindicato? A Teoria dos Salarios de Eficiencia 616 Saiide do Trabalhador 617 Rotatividade do Trabalhador 617 Esforco do Trabalhador 617 Qualidade do Trabalhador 618 ESTUDO DE CAS : Henry Ford e o Extremamente Generoso Salario de $ 5 por dia Conclusao 620 Resumo 620 Conceitos-Chave 621 Questoes para Revisao 621 Problemas e Aplicacoes 621 PARTE 10 MOEDA E PRKOS NO LONGO PRAZO 625 CAPiTULO 29 0 SISTEIVIA MONETARIO 627 0 Significado da Moeda 628 As Flu-10es da Moeda 628 Tipos de Moeda 629 NOTICIAS: Moeda na Ilha cle Yap Moeda na Economia Americana 631 SMS: Cartaes de Credit°, Cartoes de Debit() e Moeda ESTUDO DE CASO: Onde Esta a Moeda Corrente? 0 Sistema do Federal Reserve 634 A Organizacao do Fed 634 A Comissao Federal do Mercado Aberto 634 Os Bancos e a Oferta de Moeda 635 0 Caso Simples do Sistema de 100% de Reserva Bancaria 636 XX XII I Criacao de Moeda por meio de Reservas Bancarias Fracion6rias 636 O Multiplicador da Moeda 637 Os Instrumentos de Controle Monet6rio do Fed 639 Problemas com o Controle da Oferta de Moeda 640 I ESTUDO D E CASO: Corridas aos Bancos e a Oferta de Moeda Conclusao 642 Resumo 642 Conceitos-Chave 643 Questoes para Revisao 643 Problemas e AplicacOes 643 CAPiTULO 30 CRESCIMENTO DA MOEDA E INFLA00 645 A Teoria Classico. da Inflacao 646 0 Nivel de Precos c °Valor da Moeda 647 Oferta de Moeda, Demanda de Moeda e Equilibrio Monetario 647 Os Efeitos de uma Injecao de Moeda 649 Uma Breve Olhada no Process° de Ajuste 650 A Dicotomia aissica e a Neutralidade Monetaria 651 Velocidade e Equacao Quantitativa 653 ESTUDO DE CASO: Moeda e Precos Durante Quatro Hiperinflacoes O Impost° Inflacionario 656 NOTIVAS: A Rjiissia Recorre ao Impost° Inflacionario O Efeito Fisher 657 Os Custos da Inflacao 659 Queda no Poder Aquisitivo? A Falacia da Inflacao 659 Custos de Sola de Sapato 660 Custos de Menu 661 Variabilidade dos Precos Relativos e a Alocacao Distorcida de Recursos 661 Distorcoes Tributarias Induzidas pela Inflacao 662 Confusao e Inconveniencia 663 NOTECiAS: Hiperinflacao na Servia Um Custo Especial da Inflacao Inesperada: Redistribuicoes Arbitrarias de Riqueza 664 ESTUDO DE- CASO: 0 Magic° de Oz e o Debate da Prata Livre SUNIARIO NOTkIAS: Como Proteger Sua Poupanc;a da Inflgao Limitac5es da Paridade do Poder de Compra 692 E. STUDO DE CASO: 0 Padrao Hambrg,uer Concluso 669 Conclusk) 693 Resumo 669 Resumo 694 Conceitos-Chave 670 Questes para Revisk) 670 Problemas e Aplica es 670 Conceitos-Chave 694 Questes para Revisk) 694 Problemas e Aplica es 694 PARTE 11 A MACROECONOM1A DAS ECONOMIAS ABERTAS 673 CAPiTULO 31 MACROECONOMIA DAS ECONOM1AS ABERTAS: CONCEITOS BAkSICOS 675 Os Fluxos Internacionais de Bens e Capital 676 0 Fluxo de Bens: ExportK cies, Importa5es e Liquicias 676 Exportg 6es ESTU 0 DE CASO A Crescente Abertura da Economia dos Estados Unidos 0 Fluxo de Recursos Financeiros: Fluxo Liquido de Capitais Extemos 678 A Ig,ualdade das Exportac 6es Liquidas e Investimento Externo Liquido 679 NOTk!AS: Como os Chineses Ajudam os Compradores de Casas Pr(Sprias nos Estados Unidos Poupanyi, Investimento e Sua Relgao com os Fluxos Internacionais 681 Juntando Tudo 682 CASO: 0 Deficit Comercial dos ESTUDO Estados Unidos E unlProblema Nacional? Os Preos das Transa es Internacionais:Taxas de Câmbio Real e Nominal 685 Taxa de Cambio Nominal 685 Taxa de Cambio Real 686 SMS: 0 Euro Uma Primeira Teoria da Determina o da Taxa de mbio: Paridade do Poder de Compra 688 A L(3gica Fundamental da Paridade do Poder de Compra 689 Implica es da Paridade do Poder de Compra 689 ESTUDO DE CASO: A Taxa de Cambio Nominal Durante uma Hiperinflgao CAPiTULO TEOR1A MACROECONM1CA DA ECONOMIA ABERTA 697 Oferta e Demanda de Fundos para Emprstimos e de Cambio 698 0 Mercado de Fundos de Emprestimo 698 0 Mercado de Cambio de Moeda Estrangeira 700 SMS: Paridade de Poder de Compra como Caso Especial Equilibrio na Economia Aberta 703 Investimento Extemo Liquido: 0 Elo entre os Dois Mercados 703 Equilibrio Simultaneo nos Dois Mercados 704 Como Politicas e Eventos Afetam uma Economia Aberta 706 Deficits ONamentarios do Governo 706 Politica Comercial 708 NOTIICIAS: 0 Deficit Comercial dos Estados Unidos Instabilidade Politica e Fuga de Capitais 712 Concluso 715 Resumo 715 Conceitos-Chave 716 Questes para Revisão 716 Problemas e Aplica es 717 PARTE 12 FLUTUAC15ES ECONMiCAS NO CURTO PRAZO 1271 CAPh'ULO 33 DEMANDA AGREGADA E OFERTA AGREGADA 723 Tr6 Fatos-Chaves sobre as Flutua Econmicas 724 es SUMARIO Fato 1: As Flutuacoes Economicas Sao Irregulares e Imprevisiveis 724 Fato 2: A Maioria dasVariac5es Macroeconornicas Flutuam Juntas 724 riNANiCIAS: 0 Indicador de Lixo Fato 3: Com a Queda da Producao, Cresce o Desemprego 727 Explicando as Flutuacoes Economicas no Curto Prazo 727 Como o Curto Prazo Difere do Longo Prazo 727 0 Model° Basic() das Flutuacaes Econemicas 728 A Curva de Demanda Ag,regada 729 Por Que a Curva de Demanda Agregada Tem Inclinacao Negativa 729 Por Que a Curva de Demanda Agregada Poderia se Deslocar 731 A Curva de Oferta Agregada 734 Por Que a Curva de Oferta Agregada E Vertical no Longo Prazo 734 Por Que a Curva de Oferta Agregada de Longo Prazo Poderia se Deslocar 735 Uma Nova Maneira de Representar o Crescimento e a Inflacao no Longo Prazo 737 Por Que a Curva de Oferta Agregada Tem Inclinacao Positiva no Curt° Prazo 738 Por Que a Curva de Oferta Ag,regada de Curto Prazo Poderia se Deslocar 740 Duas Causas das Flutuacoes Economicas 742 Os Efeitos de um Deslocamento na Demanda Agregada 742 ESTUDO l CASO: Dois Grandes Deslocarnentos na Demanda Agregada: A Grande Depressao e a Segunda Guerra Mundial ES7UDO DE CASO: A Recessao de 2001 Os Efeitos de um Deslocamento na Oferta Agregada 747 ESTUDO CASO: 0 PetrOleo e a Economia SMS: As Origens da Dcmanda Agregada e da Oferta Agregada Conclusao 751 Resumo 751 Conceitos-Chave 752 Questoes para Revisao 752 Problemas e Aplicacoes 753 CAPiTULO 34 A INFLUENCIA DAS POLITICAS MONETARIA E FISCAL SOBRE A DEMANDA AGREGADA 755 Como a Politica Monetaria Influencia a Demanda Agregada 756 A Teoria da Preferencia pcla Liquidez 757 SMS: Taxas de Juros no Longo Prazo e no Curto Prazo A Inclinacao Negativa da Curva de Demanda Agregada 760 Variacoes da Oferta de Moeda 761 O Papel das Metas de Taxas de Juros na Politica do Fed 763 ESTUDO DE CASO: Por Que o Fed Fica de Olho no Mercado de Acoes (e Vice-Versa) Como a Politica Fiscal Influencia a Demanda Agregada 765 Alteracoes nas Compras do Governo 765 O Efeito Multiplicador 765 Uma Formula para o Multiplicador de Despesas 766 Outras Aplicacoes do Efeito Multiplicador 768 O Efeito Deslocamento 768 Alteracoes nos Impostos 769 SMS: Como a Politica Fiscal Pode Afetar a Oferta Agregada Usando a Politica para Estabilizar a Economia 771 A Favor da Politica de Estabilizacao 771 ESTUDO DE CASO: Keynesianos na Casa Branca O Caso Contra uma Politica Ativa de Estabilizacao 773 Estabilizadores Automaticos 774 NOTiCIAS: A Independencia do Federal Reserve Conclusao 776 Resumo 777 Conceitos-Chave 777 Questoes para Revisdo 777 Problemas e Aplicacoes 778 CAPiTULO 35 0 TRADEOFF ENTRE INFLA00 E DESEMPREGO NO CURTO PRAZO 781 A Curva de Phillips 782 Origens da Curva de Phillips 782 Demanda Agregada, Oferta Agregada e a Curva de Phillips 783 SUMARIO Deslocamentos na Curva de Phillips: 0 Papel das Expectativas 785 A Curva de Phillips no Longo Prazo 785 Expectativas e a Curva de Phillips no Curto Prazo 788 0 Experimento Natural da Hiptese da Taxa Natural 790 Deslocamentos na Curva de Phillips: 0 Papel dos Choques de Oferta 792 Os Beneficios da Baixa Esperada 0 Custo de Reduzir a Infla o 796 A Taxa de Sacrificio 796 Expectativas Racionais e a Possibilidade de Desinfla o sem Custo 797 A Desinfla o deVolcker 798 A Era Greenspan 800 . ESTUDO DE CASO: Por Que a Inflação e o Desemprego Estavam th"o Baixos no Fim da 13e- cada de 1990? NOTkIAS: 0 Caso em Defesa das Metas de Inflacg o - Conclus"a o 804 Resumo 804 Conceitos-Chave 805 Questes para RevisZio 805 Problemas e Aplicações 805 PARTE, 13 COENSIDERAOES FINAIS 509 CAMULO 36 CINCO DEBATES SOBRE POUTICA s 811 MACROECON()MICA 0 Formuladores de Politicas Monetkias e Fiscais Deveriam Tentar Estabilizar a Economia? 812 A Favor: Os Formuladores de Politicas Deveriam Tentar Estabilizar a Economia 812 Contra: Os Formuladores de Politicas Deveriam Tentar Estabilizar a Economia 812 A Politica Monetkia Deveria Ser Feita por Regras, e não Discricionariamente? 814 A Favor: A Politica Monetkia Deveria Ser Feita por Reg,ras 814 NOTiCAS: Allan Greenspan versus PC Contra: A Politica Monetkia não Deveria Ser Feita por Regras 816 0 Banco Central Deveria Buscar Infla o Zero? 817 A Favor: 0 Banco Central Deveria Buscar a Inflg"Elo Zero 817 Contra: 0 Banco Central ri". " o Deveria Buscar Inflação Zero 818 0 Governo Deveria Equilibrar Seu ONamento? 820 A Favor: 0 Govemo Deveria Equilibrar Seu ONamento 820 Contra: 0 Govemo ru'io Deveria Equilibrar Seu ONamento 821 A Legisla o Tributkia Deveria Ser Reformada para Estimular a PoupaNa? 822 A Favor: A Legislac;o Tributkia Deveria Ser Reformada para Estimular a Poupana 823 Contra: A Leg,isla o Tributkia n5o Deveria Ser Alterada para Estimular a PoupaNa 824 Conclusk) 825 Resumo 825 -Questes para Revis a o 826 Problemas e Aplicaies 827 Glosskio 829 tridice 835 1 INTRODUCAO A palavra cconomia vem do termo grego e pode ser entendida como Ladministra um A principio, essa origem pode parecer estranha. Mas, na verdade, os lares e as economias tem muito em comum. Uma farnilia precisa tomar muitas decisaes. Precisa decidir quais tarefas cada membro desempenha e o que cada um deles recebe em troca: quem prepara o jantar? Quem lava a roupa? Quern pode repetir a sobremesa? Quem decide que programa sintonizar na TV? Em resumo, cada familia precisa alocar seus recursos escassos a seus diversos membros,jevando em consideracao as habilidades,_ esforcos e desejos Assim como uma familia, uma sociedade precisa tomar muitas decisoes. Precisa decidir que tarefas sera- o executadas e por quern. Precisa de algumas pessoas para produzir alimentos, outras para fazer roupas e ainda outras para desenvolver programas de computador. Uma vez que a sociedade tenha alocado as pessoas (assim como terras, predios e maquinas) entregar diversas tarefas, deve tambem alocar a producao de bens e servicos que as pessoas produzem. Deve decidir quern comerzi caviar e quem comer6 batatas. Deve decidir quem vai andar de Ferrari e quem vai andar de anibus. 4 PARTE 1 INTROD ~O 0 gerenciamento dos recursos da sociedade e importante porque estes s'c'io escassos. Escassez significa que a sociedade tem recursos limitados e, portanto, rlio pode produzir todos os bens e servios que as pessoas desejam ter. Assim como uma farnflia 1-1 (3 pode dar a seus membros tudo o que eles desejam, uma sociedade n',--io pode dar a cada membro um padrk) de vida alto ao qual eles aspirem. _ Economia e o estudo de como a sociedade administra seus recursos escassos. economia . .. Na maioria das sociedades, os recursos s' o alocados 1 1 o por um Unico planejador o estudo de como a Assim empresas. e fan-iflias central, mas pelos atos combinados de milhes de sociedade administra seus trabatiecursos escassos sendo, Os economistas estudam como as pessoas tomam decis Oes: o quanto lham, o que compram, quanto poupam e como investem suas economias. Estudam - --- — -tamb&n com o as pessoas interagem Unn as C O m as OtTit ra s . Por exemplo, eles examinam con-io um grande nUmero de con-yradores e vendedores de um bem determinam, juntos, o preo pelo qual o bem e vendido e a quantidade que e vendida. Por como ---1?fim,_.os economistas analisam as foNas e tendencias que afetam a economia da renda m&lia, a parcela da populg a"o que na-o . _ __, o crescimento _ um todo, incluindo subindo. o consegue encontrar trabalho e a taxa a qual os preos est: Embora o estudo da economia tenha muitas facetas, o campo e unificado por diversas ideias centrais. No restante deste capitulo, trataremos dos Dez Principios dc . Econonna. I\1 -io se preocupe se i-i' o entender todos eles de inicio ou se nk) os achar th totalmente convincentes. Nos capitulos seguintes exploraremos essas ideias mais a fundo. Os dez principios sO esth o sendo introcluzidos aqui para dar uma ideia do que trata a economia. Voce pode i_->ensar neste capitulo como uma "previa das prO- escassez a natureza limitada dos recursos da sociedade ximas atra6es". COMO AS PESSOAS TOMAM DEClSES N'k) 1-u=i nada de misterioso sobre o que é uma "economia". Não importa se estamos falando da economia de Los Angeles, dos Estados Unidos ou do mundo todo, uma economia e apenas um grupo de pessoas que interagem umas com as outras encluanto levam sua vida. Como o comportamento de uma economia refiete o comportamento das pessoas que a compem, comeyiremos nosso estudo da economia com quatro principios de tomadas de clecises individuais. Prindpio 1: As Pessoas Enfrentam Tradeoffs .2 primeira lição sobre a tomada de decis6'es está resumida no proverbio: "Nada_ e. Para conseguirmos algo que queremos, geralmente precisamOs abrir rru'io de outra coisa de que gostamos. A tomada de decises exige escolher um objetivo em detrimento de outro. ConsideremOs, por exemplo, uma estudante que precise decidir como alocar seu recurso mais precioso — o tempo. Ela pode passar todo o seu tempo estudando ou estudando psicologia, ou pode dividir seu tempo entre as duas discipli1. NRT: Em economia, tradeoffé uma expressao que define un-ia situgao de escolha conflitante, isto é, quando uma Kao econmica que visa à resoluao de determinado problema acarreta, inevitavelmente, outros. Por exemplo, em determinadas circunstancias, a redu(;ao da taxa de desemprego apenas podera ser obtida com o aumento da taxa de inflgao, existindo, portanto, um tradeoff entre inflaao e desemprego. CAPITULO 1 DEZ PRINCIPIOS DE ECONOMIA nas. Para cada hora que passa estudando uma materia, ela abre mdo de uma hora que poderia usar para estudar a outra. E, para cada hora que passa estudando qualquer uma das duas materias, abre n-Cao de uma hora que poderia gastar cochilando, andando de bicicleta, vendo 'TV ou trabalhando meio period° para ganhar dinheiro para alg-uma despesa extra. Ou consideremos um casal decidindo . como gastar sua renda familiar. Eles podem comprar comida, roupas ou pagar uma viagem para a familia. Ou podem poupar 1.-)arte da renda para sua aposentadoria ou para pagar a faculdade dos filhos. Quando dccidem gastar um dOlar a mais em qualquer uma dessas coisas, tem um &Aar a menos para gastar em outras coisas. as pessoas estao agrupadas em sociedade, deparam-se com tipos dife! rentes de tradeoff 0 tradeoff classic° se da entre "armas e manteiga". Quanto mais ,.' gastamos em defesa nacional (armas) para proteger nossas fronteiras de agresso. res estrangeiros, menos podemos gastar com bens de consumo (manteiga) para elevar nosso padrao de \Ada interno. Igualmente importante na sociedade moder'. na 6 o tradeoff entre um meio ambiente sem poluicao e um alto nivel de renda. As leis que exigem que as empresas reduzam a poluicao elevam o custo de producao de bens e servicos. Devido aos custos mais elevados, essas empresas acabam obtendo lucros menores, pagando salarios menores, cobrando precos mais elevados ou fazendo alguma combinacao dessas tres coisas. Assim, embora os reg,u1amentos antipoluicao nos proporcionem o beneficio de um meio an-ibiente corn menos poluicao e a melhor satide que dele decorre, eles trazem consigo o custo da \ reducdo da renda dos proprietarios das empresas, trabalhadores e clientes. '`--- Outro tradeoff que a sociedade enfrenta 6 entre eficiencia e eqUidade. Eficiencia significa que a sociedade est6 obtendo o m6ximo que pode de seus recursos escassos. Equidade significa que os beneficios advindos desses recursos estao sendo distribuidos com justica entre os membros da sociedade. Em outras palavras, a eficiencia se refere ao tamanho do bolo economic° e eqUidade, a mancira como o bolo 6 dividido. Muitas vezes, quando est5o sendo formuladas as politicas do govern°, esses dois objetivos entram em conflito. Consideremos, por exemplo, as politicas que tem por objetivo atingir uma distribuicao mais igualitaria do bem-estar economic°. Algumas delas, como o sistema de bem-estar ou o seguro-desemprego, procuram ajudar os membros mais necessitados da sociedade. Outras, como o impost() de renda das pessoas fisicas, requerem que os bem-sucedidos financeiramente contribuam mais do que outros para sustentar o govern°. Embora essas politicas tragam o beneficio de levar a uma maior equidade, elas tem um custo em termos de reducao da eficiencia. Quando o govern° redistribui renda dos ricos para os pobres, reduz a recompensa pelo trabalho arduo; com isso, as pessoas trabalham menos e produzem menos bens e servicos. Em outras palavras, quando o govern° tenta cortar o bolo economic° em fatias mais iguais, o bolo diminui de tamanho. Reconhecer que as pessoas enfrentam tradeoffs nao nos diz, por si so, quais as decisoes que elas tomarcio ou desejariam tomar. Uma estudante na-0 deveria abandollar o estudo de psicologia apenas porque isso aumenta o tempo disponivel para estudar economia. A sociedade n5o deveria deixar de proteger o meio ambiente sO porque as reg-ulamentacbes ambientais reduzem nosso padrao de vida material. Os pobres nao deveriam seQgnorados sO porque ajuda_lo_s_d_i_stozce os incentivos ao trabalho. Ainda assim .reconhecer os trade—offgein nossaTri a ____, -• • _ _... _ _. e importante porque—a g- pesbat; • somEn e podem tomar boas decis6es se comreendem as opcoes que lhes estao disponiveis. 5 rQuando : --,ieficiencia a propriedade que a sociedade tem de obter o maximo possivel a partir de seus recursos escassos equidade a propriedade de distribuir a prosperidade econ6mica de maneira justa entre os membros da sociedade .___-- 6 PARTE 1 INTRODU0.0 Principio 2: 0 Custo de Alguma Coisa é Aquilo de que Você Desiste para Obtga custo de oportunidade qualquer coisa de que se - tenha de abrir ma o para obter algum item Como as pessoas enfrentam tradeoffs„a tomada de decisi5es exige . comparar os cutos e beneficios de possibilidades alternatiyas de acs'5o. j Em muitos casos, contudo, o custo de uma a o não e tão claro quanto pode parecer à primeira vista. Consideremos, por exemplo, a decis5o de ir à faculdade. 0 beneficio é o enriquecimento intelectual e toda uma vida com melhores oportunidades de emprego. Mas qual é o custo? Para responder a essa pergunta, voce talvez sinta-se tentado a somar os gastos que tem com anuidades, livros, moradia e alimenta5o. Mas na verdade esse total ri5o representa aquilo que voce sacrifica para passar um ano na faculdade. O primeiro problema dessa resposta e o fato de que ela inclui alg,umas coisas que n5o s5o, na verdade, custos para freqentar a faculdade. Mesmo que voce abandone os estudos, precisar21 de um lugar para dormir e de comida para se alimentar. Os custos de moradia e alimentg5o somente s5o custos se forem mais caros na faculdade do que em outro lugar. Na verdade, o custo de moradia e alimenta(;50 pode ser menor na sua faculdade do que as despesas com alug,uel e comida que voce teria caso morasse por conta pr(5pria. Neste caso, o quanto voce poupa em moradia e alimentK5o s5o beneficios de freqi_ientar a faculdade. O seg,undo problema desse fficulo dos custos está no fato de que ele ignora o maior custo de cursar a faculdade - o seu tempo. Quando voce passa um ano freOentando aulas, lendo livros-texto e fazendo trabalhos, n5o pode dedicar esse tempo a um emprego. Para a maioria de estudantes, os salkios que deixam de ganhar enquanto est5o na faculdade s5o o maior custo da sua educg5o. O custo de oportunidade de um item é aquilo de que voce abre rri5o para o obter. Ao tomarem qualquer decis5o, como a de freqentar a faculdade, por exemplo, os tomadores de decis5es precisam estar cientes dos custos de oportunidade que acompanham cada ação possivel. Atletas universitkios que podem ganhar milMes se abandonarem os estudos e se dedicarem ao esporte profissional est5o bem cientes de que, para eles, o custo de oportunidade de cursar a faculdade muito elevado. N5o e de surpreender que muitas vezes concluam que o beneffcio de estudar ri5o compensa o custo de faze-lo. Prindpio 3: As Pessoas Racionais Pensam na Margem - r mudancas marginais pequenos ajustes incrementais a um plano 1de ack , o Y\o)\ ` s,)(n•• i(st\o,c)._. As decises que tomamos durante nossa vida raramente s5o "preto no branco"; elas geralmente envolvem diversos tons de cinza. Na hora do jantar, a decis5o ri5o entre jejuar ou comer ate n5o poder mais, mas entre aceitar uma colherada a mais de pure de batatas ou n5o. Quando chega a hora das provas, sua escolha n5o e entre n5o estudar mais nada ou ficar estudando 24 horas por dia, mas sim entre passar ou ver TV. Os economistas usam o uma hora extra a mais revendo suas anotK cies termo mudaNas marginais para descrever pequenos ajustes incrementais a um plano de a(;5o existente. Lembre-se de que "margem" pressupe a existencia de extremos, portanto, mudaNas marginais s5o ajustes ao redor dos "extremos"daquilo que voce estEl fazendo. Em muitos casos, as pessoas tomam as melhores decises quando pensam na margem. Suponhamos, por exemplo, que voce tenha pedido conselho a um amigo sobre quantos anos deve dedicar aos estudos. Se ele comparar o estilo de vida de alguem com Ph.D. ao de uma pessoa que tenha abandonado a escola no 1 Q grau, CAPiTULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA 7 voce pode se queixar de que essa comparacao nao auxilia a tomar uma decisao.Voce ja tem uma certa instmcao e provavelmente esta querendo decidir se deve passar mais um ano ou dois na faculdade.yara tomar essa decisao, voce precisa saber quais os beneficios adicionais que um ano a ma's na escola-7\Tai o altos por toda a vida e o irlcor r r el_pa r zer de apre_ nder) e quais os custos aclicionais que voce deixara de _ eirTque voce mco rreria (custo da instrucao e . -receber enquanto estiver estudando). Comparando trus-com os custos marginais, voce pode avaliar s— e um ano a mais na faculdade vaT eiia. Como outro exemplo, imagine uma companhia aerea ao decidir quanto cobrar de passageiros que estejam na lista de espera. Suponhamos que o v6o de um avid° de 200 lugares costa a costa, atraves do pais, custe i empresa US$ 100 mil. Neste caso, o custo medio de cada assent° sera de US$ 100 mi1/200, ou seja, de US$ 500. Poderia ser tentador concluir que a empresa jamais deveria vender uma passagem por menos do que US$ 500. Na verdade, entretanto, a empresa pode aumentar seus lucros pensando na margem. Vamos imaginar que o aviao esteja prestes a decolar com dez assentos vagos e que um passageiro em espera esteja disposto a pagar US$ 300 pela passagem. A empresa deve vender a passagem a esse preco? Claro que sim! Se o aviao esta corn assentos vagos, o custo de acrescentar mais um passageiro é minusculo. Embora o custo media por passageiro seja de US$ 500, o custo marginal 6 apenas o custo do saquinho de amendoins e do refrigerante que o passageiro extra consumird. p_esde que o_passag_eiro_pague mais do_ve o custo mat- ginal vender a_pas_agem_para ele \_ e et,Tri bo,se. -ntk -mai3eal 4 fv5t144,- -r1rx504c, fAAY,-f e- 1ucrativo:1 Como esses exemplos mostram, pessoas e empresas podem tomar decisOes melhores pensando na margemi Um tomador de decisoes racional executa umz Vacao se e somente se o beneficio margiLaJda assa o custo marginal. Principio 4: As Pessoas Reagem a Incentivos Como as pessoas tomam decisoes por meio da comparacao de custos e beneficios, seu comportamento pode mudar quando os custos ou beneficios mudam. Em outras palavras, as pessoas reagem a incentivos. Quando o preco de uma maga aumenta, por exemplo, as pessoas optam por comer mais peras e menos magas arca 9soctLsto comprar m— 1 maior. Ao mesmo tempo, os donos de pomares de macieiac--5-s-EFOT7 ras decidem contratar mais trabalhadores e colher mais magas porque o beneficio de vender macas tambem aumentouiComo veremos, o efeito do preco sobre o comportamento dos compradores e dos vendedores num mercado - o mercado de magas, neste caso - 6 crucial para entender como a economia funciond Os formuladores de politicos publicas nunca devem esquecer-se dos incentivos, ji que muitas politicas alteram os custos e beneficios para as pessoas e, portanto, alteram seu comportamento. Um impost() sobre a gasolina, por exemplo, 6 um incentivo para que as pessoas usem carros menores e que consomem menos gasolina. Tambem 6 um incentivo para que prefiram o transporte ptiblico ao carro particular e para que vivam mais pert° de seu local de trabalho. Se o in-iposto fosse elevado o bastante, as pessoas comecariam a usar carros eletricos. Quando os formuladores de politicas deixam de considerar como suas politicas afetam os incentivos, muitas vezes chegam a resultados diferentes dos desejados. Vamos pensar, por exemplo, na politica palica quanto a seguranca no transito. Hoje, todos os carros tem cintos de seg,uranca, mas isso nao ocorria ha 50 anos. Na decada de 1960, o livro Unsafe at Any Speed, de Ralph Nader, gerou uma gr, ande Kobe Bryant, astro do basquete, entende bem o custo de oportunidade e os incentivos. Apesar de suas boas notos e de um desempenho de destoque nos exames pre-universitOnos, ele decidiu deixar de lado a faculdade e ir direto para o bosquete profissional, no qual ganhou milhoes de Mares como um dos principals jogadores do NBA. PARTE 1 INTROD~O preocupgo pública com a seguraNa. 0 Congresso norte-americano reagiu com leis que impunham os cintos de segiirança como equipamento obrigat&io em todos os carros novos. Que efeito tem uma lei de cintos de seguraNa sobre a segurana no tffinsito? 0 efeito direto é (5bvio: quando uma pessoa usa cinto de seguraNa, a probabilidade de que sobreviva a um acidente grave aumenta. Mas a hist(5rianio acaba aí, uma vez que a lei tambem afeta o comportamento ao alterar incentivos. 0 comportamento em questh- o aqui é a velocidade e o cuidado com que os motoristas conduzem seus carros. Dirig,ir devagar e cautelosamente é custoso porque consome tempo e energia do motorista. Ao decidirem o nivel de cuidado tomado ao dirigir, as pessoas racionais comparam o beneficio marginal de dirigir cuidadosamente com o seu custo marg,inal. Elas dirigem mais devagar e mais cuidadosamente quando o beneficio do aumento da seguraNa é elevado. Não e de surpreender, por exemplo, que as pessoas dirijam mais lenta e cuidadosamente quando as estradas esto molhadas e escorregadias do que quando elas estk) secas. Consideremos agora como uma lei sobre cintos de seg,uraNa afeta o cfficulo de custo-beneficio de um motorista. Os cintos de segurarwa reduzem o custo dos acidentes porque diminuem a probabilidade de ferimento ou morte. Em outras palavras, os cintos de segurana reduzem os beneficios de se dirigir lenta e cuidadosamente. As pessoas reagem aos cintos de seg,urana da mesma maneira que reagiriam a uma melhora das condi0es das estradas — dirigindo com velocidade mais alta e com menos cuidado. Assim, o resultado de uma lei de cintos de seguraNa é um maior mimero de acidentes. A dirninuição da condu o cuidadosa tem um efeito claro e adverso sobre os pedestres, que passam a ter maiores chances de serem envolvidos em um acidente, mas (ao contrkio dos motoristas) não gozam do beneficio da maior seguraNa decorrente da iitilização do cinto de seguraNa. primeira vista, esta discuss5o sobre os incentivos e os cintos de seguranyi pode parecer mera especula o. Mas, em um estudo realizado em 1975, o economista Sam Peltzman demonstrou que as leis de seg,uraNa no tffinsito apresentavam muitos efeitos como esse. De acordo com as evid'encias apresentadas por Peltzman, essas leis produzem tanto menos mortes por acidente quanto um maior n mero de acidentes. 0 resultado líquido é uma pequena varia o do n mero de mortes de motoristas e um aumento do nmero de mortes de pedestres. A anEilise que Peltzman fez da segurana no tffinsito é um exemplo do pio geral segundo o qual as pessoas reagem a incentivos. Muitos dos incentivos que os economistas estudam s5o mais diretos do que os das leis de seg,urarli;a no tr" nsito. Ninguem estranha o fato de as pessoas usarem carros menores na Europa, onde os impostos sobre a gasolina sk) elevados, do que nos Estados Unidos, onde esses impostos são baixos. Mas, como demonstra o exemplo dos cintos de seguranc;.a, as politicas pUblicas podem ter efeitos que n'a o são ifio 6bvios antes de ocorrere,mgo analisarmos qualquer política, precisamos considerar .,apenas seus efeitos diretos, mas tambem os efeitos indiretos que operam por meio dos incentivos. Se a politica mudar os incentivos, ela provocani alteray'io no comportamento das pessoas. Teste R4ido Liste e explique sucintamente os quatro principios da tomada de decises individuais. CAPiTULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA COMO AS PESSOAS INTERAGEIV1 Os primeiros quatro principios trataram de como os individuos tomam decisOes. Enquanto levamos nossa vida, muitas de nossas decisOes afetam nao apenas a nos mesmos, mas tambem a outras pessoas. Os prOximos tres principios dizem respeito a como as pessoas interagem umas corn as outras. Principio 5: 0 Comercio Pode Ser Bom para Todos Voce provavelmcnte jci tomou conhecimento pelos noticiarios de que o Japao concorre CO m os Estados Unidos na economia mundial. De certa forma isso é verdade, na malida em que empresas norte-americanas e japonesas produzem muitos bens do mesmo tipo. A Ford c a Toyota concorren-i pelos mesmos clientes no mercado de carros. A Compaq e a Toshiba concorrem pelos mesmos clientes no mercado de computadores pessoais. *Mas é facil se enganar ao pensar na competicao entre paises. 0 comercio entre os Estados Uniclos e o Japao nao é como uma competic5o esportiva, em que um lado ganha e o outro perde. Na verdade, o que acontece 6 o contr6rio: o comercio entre dois paises pode ser born para ambas as partes. Para sabermos por que, vamos pensar como o comercio afeta a sua familia. Quando um parent° seu procura por emprego, esti concorrendo corn membros de outras familias que tambem querem estar empregados. As familias tambem competem umas contra as outras quando vuo as compras, uma vez que cada uma quer tomprar os melhores bens aos menores precos. Assim, de c_e_rta forma, cada existente na ic— onomia esta concorrerao-c-ol-rife-d-a-s -a-s demais. _ ,Apesar dessa competicao, contUdb,.s_u_a_fanitilia nao se dariarnelh_or isolaado-se ,de todas as outras. Se o fizesse, precisaria produzir sua prozia comida, confeccionar suas_proprias rotifii -s-6 -65ifsWr-sua propria casa.-E evidente que sua familia se benel icia rnuito de sua_ .propria habilidade de comerciar com outras pessoas. 0 comercio permite que as pessoas se es ecializem na atividade em_que sao melhores, seja ela a agncultura, a costura ou a construclko. Ao comerclar com os outros, as pessoas podem ,comprar uma maior variedade de bens. e servicos_a. um_ custo.menor.i Assim como as familias, os 'Daises beneficiam-se da possibilidade de comerciar uns com os outros. 0 comercio permite que eles se especializem naquilo que _ fazem - melhor e desfrutem de uma ma-forcidfie Ede de bens e servisos, \Os japoneses, como os franceses, os egipcios e os brasileiros, sao tanto nossos parceiros na eco__ pomia mundial quanto nossos concorrentes,j Principio 6: Os Mercados Sao Geralmente uma Boa Maneira de Organizar a Atividade Economica 0 colapso do comunismo na Unido Sovietica e no Leste Europeu na decada de 1980 pale ser a mudanca mais importante que aconteceu no mundo nos ialtimos 50 anos. Os paises comunistas operavam corn base na premissa de que os planejadores centrais do govemo estavam na melhor posicao para conduzir a atividade economica. Esses planejadores decidiam que bens e servicos produzir, quanto produzir de cada um e quern os produziria e consumiria. A teoria desenvolvida a partir do planejamento central era a de que apenas o govemo poderia organizar a atividade econamica de uma maneira que promovesse o bem-estar econemico de todo o pais. "Por US$ 5 por semana, voce pode assistir ao futebol sem que o importunem pedindo para cortar a gramar 9 PARTE 1 INTRODU0k0 10 economia de mercado uma economia que aloca recursos por meio das . decis ,5es descentralizadas de muitas empresas e familias quando estas interagem nos mercados de bens e servicos Hoje, a maioria dos paises que tiveram economias de planejamento central abandonou esse sistema e esta tentando desenvolver economias de mercado. Numa economia de mercado, as decis5es do planejador central sao substituidas pelas decis(-5es de milh C)es de empresas e familias.As empresas decidem quem contratar e o que produzir. As familias decidem em que empresas trabalhar e o que comprar com seus rendimentos. Essas empresas e familias interagem no mercado, em que e_s_preos e o interesse prc5prio_piamsuAs_ decises. i - ' .A. primeira vista, o sucesso das economias de mercado e en ig,matico. Afinal, numa economia de mercado, ninguem cuida do bem-estar econ6mico de toda a sociedade. Os mercados livres contem muitos compradores e vendedores de diversos bens e servi os e todos estao interessados, antes de mais nada, no seu prOprio bem-estar. Ainda assim, apesar (.-Ia tomada descentralizada de decis6 es e de tomadores de decises movidos pelo interesse particular, as economias de mercado tem se mostrado muito bem-sucedidas na organizgao da atividade econmica de maneira a promover o bem-estar econmico geral. 0 economista Adam Smith, em seu livro A Riqueza das Nacies, publicado em f1776, fez a observaao mais famosa da ciencia econC)mica: as familias e as empresas, ao interagirem nos mercados, agem como se fossem guiadas por uma "mao invisivel" que as leva a resultados de mercado desejaveis. Um de nossos objetivos neste livro é entender como essa mao invisivel faz sua magica. Ao estudar economia, voce aprendera que os preos sao o instrumento com que a mao invisivel con\ duz a atividade econ6mica. Os preos refletem tanto o valor de um bem para a sociedade quanto o custo social de produzi-lo. Como as familias e as empresas observam os preos para decidir o que comprar e o que vender, levam em consideraao, involuntariamente, os custos e beneficios sociais de suas g"(5es. Conseqiientemente, os 1,-)reos levam os tomadores de decises individuais a resultados que, em muitos casos, maximizam o bem-estar da sociedade. Ha um corolario importante que se deduz da habilidade da mao invisivel como condutora da atividade econ mica: quando o governo impede que os preos se ajustem naturalmente a oferta e a demanda, impede que a ii-lo invisivel coordene os milhes de familias e empresas que compem a economia. Esse corolario explistgs tem um efeito adverso sobre a alocaao de recursos: eles ca por que c),s impo,_ e das familia,s. , com isso_as decis6es das empresas distorce _______- Explica _ maior que pode ser causado por politicas de controle direto ainda mal o tambm dos preos, como a de controle dos alugueis. E explica o fracasso do comunismo. Nos pafses comunistas, os preos nao eram determinados no mercado, mas ditados pelos planejadores centrais. Os planejadores nao tinham as informgb es que sao refletidas nos preos quando estes reagem livremente as foNas de mercado. Os planejadores centrais falharam porque tentaram conduzir a economia com uma mao amarrada nas costas — a mao invisivel do mercado. Prindpio 7: Às Vezes os Governos Podem Melhorar os Resuitados dos Mercados Se a rri o invisivel do mercado é tao boa, por que precisamos do govemo? Uma resposta e o fato de que a mao iiivisível precisa que o governo a proteja. Os mercados s(5 funcionam bem quando os direitos de propriedade sao garantidos. Os fazendeiros nao cultivarao alimentos se acharem que suas colheitas serao roubadas, e os CAPiTULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA restaurantes so servirdo refeicoes se tiverem a garantia de que os clientes pagarao antes de ir embora. Todos confiamos no govern() para providenciar polIcia e tribunals para fazer valer nossos direitos sobre aquilo que produzimos. Ha ainda outro motivo pelo qual precisamos do governo: embora os mercados sejam geralmente uma boa maneira de organizar a atividade econOmica, essa regra esta sujeita a algumas excecOes importantes. HO dois motivos genericos para que um governo intervenha na economia — promover a eficiencia e promover a equidade. Ou seja, a maioria das politicas tem por objetivo ou aumentar o bolo economic° ou mudar a maneira como o bolo 6 dividido. Embora a ma- o invisIvel geralmente leve os mercados a alocar os recursos de forma eficiente, isso nem sempre acontece. Os economistas usam a expressao falha de mercado para se referir a uma situacao cm que o mercado, por si so, nao conseg,ue produzir uma alocacao eficiente de recursos. Uma possivel causa de falha de mercado 6 a externalidade, que é o impact° das acnes de uma pessoa sobre o bemestar dos que estao proximos. Um exemplo classic° de custo extemo 6 a poluicao. Outra causa possivel de Lima falha de mercado é o poder de mercado, que se refere a capacidade de uma pessoa (ou um pequeno g,rupo de pessoas) influenciar indevidamente os precos de mercado. Se, por exemplo, todas as pessoas de uma cidade precisarem de ng,ua, mas houver apenas um pow, o proprietario do pogo nao estara sujeito a forte competic5o por meio da qual a ma° invisIvel costuma controlar os J SAIBA MAIS SOBRE... ADAM SMITH E A MAO INVISiVEL Pode ser mera coincidencia o fato de que o grande livro de Adam Smith A Riqueza dos Nacoes foi publicado em 1776, o ano exato em que os revolucionarios norte-americanos assinaram a sua Declaracao da Independencia. Mas os dois documentos compartilham um ponto de vista que era predominante na epoca — que os normalmente tomam melhores decisoes se deixados a agir por conta propria, sem a mao opressiva do governo conduzindo suas acoes. Essa filosofia politica proporciona a base intelectual para a economia de mercado e, de maneira mais geral, para a sociedade livre. Por que as economias descentralizadas de mercado funcionam tao bem? Sera porque se pode contar que as pessoas tratem umas as outras com carinho e bondade? De forma alguma. Adam Smith descreveu a maneira como as pessoas interagem numa economia de mercado da seguinte maneira: 11 falha de mercado uma situacao em que o mercado, por si so, fracassa ao alocar recursos com eficiencia externalidade o impacto das acoes de uma pessoa sobre o bem-estar de outras que nao tomam parte da acao poder de mercado a capacidade que um unico agente economic° (ou um pequeno grupo de agentes) tem de influenciar significativamente os precos do mercado 0 homem tem quase que constantes oportunidades para esperar ajuda de seus semelhantes, e seria vao esperar obte-la somente do benevolencia. Tera maiores chances de ser bem-sucedido se puder interessar o amor-prOprio deles a seu favor e mostrar-lhe que é para sua prOpria vantagem fazer para ele oquilo que deles se exige... Akio e do benevolencia do acougueiro, do cervejeiro, ou do padeiro que esperamos nosso jantar, mos do consideracao que eles tem pelos seus prOprios interesses... Coda individuo... nao tem a intencao de promover o interesse publico, nem sabe o quanto o estO promovendo... Nao pensa sendo no prOprio ganho, e neste caso, como em muitos outros casos, e conduzido por uma moo invisivel a promover um fim que nao fazia parte de sua intencOo. E nem sempre e pior para a sociedade que no° fizesse parte. Ao perseguir seu pr6prio interesse, ele frequentemente promove o interesse do sociedade de modo mais eficaz do que faria se realmente se prestasse a promove-lo. 0 que Smith esta dizendo e que os participantes da economia sao motivados por seus proprios interesses e que a "mao invisivel" do mercado conduz esses_interesses daraaneira que seja promovido o bem-estar m i co . geraL Multos dos principios de Smith permanecem no seio da economia moderna. Nossa analise nos capitulos posteriores nos permitira expressar com mais precisao as conclusOes de Smith e analisar plenamente os pontos fortes e fracos da mao invisivel do mercado. 12 PARTE 1 INTROD~O interesses particulares. Quando há extemalidades ou poder de mercado, politicas públicas bem concebidas podem aumentar a eficiencia econOmica. A mao invisivel pode tambem não conseguir garantir que a prospericlade econOmica seja distribuida eqiiitativamente. Uma economia de mercado recompensa as pessoas de acordo com sua capacidade de produzir coisas pelas quais outras pessoas estejam dispostas a pagar. 0 melhor jogador de basquete do mundo ganha mais do que o melhor jogador de xadrez simplesmente porque as pessoas est'ao dispostas a pagar mais para assistir a uma partida de basquete do que para assistir a um jogo de xadrez. A rnão invisível n'a'o garante que todos tenham comida suficiente, roupas decentes e atendimento medico adequado. Muitas politicas pLiblicas, por exemplo, o in-iposto de renda e o sistema de seguridade social, tem por objetivo atingir uma distribui o mais eqitativa do bem-estar econOmico. Dizer que o govemo pode, por vezes, melhorar os resultados do mercadono significa que ele sempre ofard. A politica pUblica nao é feita por anjos, mas por um processo politico que está longe de ser perfeito. As vezes, as politicas são concebidas somente para recompensar os politicamente poderosos. As vezes, sao feitas por lideres bem-intencionados, mas mal informados. Um dos objetivos do estudo da economia e ajudar voce a julgar quando uma politica govemamental é justific&vel para promover a eficiencia ou a eq-Ciidade e quando não e. Teste R4ido Liste e descreva resumidamente os tr'es principios que regem as interaces ecorknicas. COMO A ECONOMIA FUNCIONA sobre como as pessoas tomam decisOes e depois Comeamos por uma discuss a"o vimos como elas interagem umas com as outras. Juntas, todas essas decisOes e interai5es formam "a economia". Os tres últirnos principios referem-se ao funcionamento da economia. Prindpio 8: 0 Padrk de Vida de um Pais Depende de sua Capacidade de Produzir Bens e Servicos produtividade a quantidade de bens e servicos que um trabalhador pode produzir por hora de trabalho As diferenas de padro de vida em todo o mundo sk) assustadoras. Em 2000, o norte-americano rnédio teve renda de aproximadamente US$ 34.100. No mesmo ano, o mexicano medio ganhou US$ 8.790 e o nigeriano medio, US$ 800. N'a"o é de surpreender que essa g,rande variga'o do nivel de rendimento se reflita em diversos indicadores de qualidade de vida. Os cidaffios de paises de renda elevada tem mais televisores e carros, melhor nutri o, melhor assistencia medica e uma expectativa de vida mais longa do que os cidad'c'ios de paises de baixa renda. As mudanas do padra- o de vida ao longo do tempo tambem Sa'o grandes. Nos Estados Unidos, as rendas cresceran-1 historicamente cerca de 2% ao ano (apOs ajustes que ocorreram devido a altera0es no custo de vida). A essa taxa, a renda media dobra a cada 35 anos. No últirno seculo, a renda media aumentou aproximadamente oito vezes. 0 que explica essas grandes difereNas de padrao de vida entre paises e ao longo do tempo? A resposta é surpreendentemente simples. Quase todas as variações de padr a- - o de vida podem ser atribuidas a difereNas de produtividade entre paises — ou seja, a quanticlade de bens e servios produzidos em uma hora de tra- CAPiTULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA 13 balho. Em paises onde os trabalhadores podem produzir urna g,rande quantidade de bens e servicos por unidade de tempo, a maioria das pessoas desfruta de padrOes de vida elevados; em nacoes onde os trabalhadores sae, menos produtivos, a maioria das pessoas precisa enfrentar uma existencia com major escassez e, portant°, menos confortavel. De forma semelhante, a taxa de crescimento da produtividade de um pais determina a taxa de crescimento de sua renda media. A relacao fundamental entre produtividade e padroes de vida 6 simples, mas suas implicacoes sdo profundas. Se a produtividade é o determinante principal do padra"o de vida, outras explicacoes devem ser de importElncia secundEiria. Por exemplo, poderia ser tentador creditar aos sindicatos de trabalhadores ou as leis de salario minimo a elevacdo do padrao de vida dos trabalhadores norte-americanos durante o seculo passado. Mas a verdadeira heroina dos trabalhadores norte-americanos é sua produtividade crescente.Vejamos outro exemplo: alguns comentaristas afirmaram que a competicao crescente vinda do JapElo e de outros paises explica o lento crescimento da renda nos Estados Unidos nas decadas de 1970 e 1980. Mas na verdade o vildo nao era a competicao internacional, e sim o menor crescimento da produtividade no pais. A relaciio entre produtividade e padrao de vida tambem traz implicacoes profundas para a politica publica. Quando se pensa sobre como alg-uma politica afetarEi os padroes de vida, a questao-chave 6 como ela afetar6 nossa capacidade de produzir bens e servicos. Para elevarem os padroes de vida, os formuladores de politicas precisam elevar a produtividade garantindo que os trabalhadores tenham uma boa educacao, disponham das ferramentas de que precisam para produzir bens e servicos e tenham acesso a melhor tecnolq,Tia disponivel. Principio 9: Os Precos Sobem Quando o Govemo Emite it/loeda Demais Na Alemanha, em janeiro de 1921, um jornal custava 30 centavos de marco. Menos de dois anos depois, em novembro de 1922, o mesmo jornal custava 70.000.000 marcos. Todos os outros precos da economia subiram na mesma medida. Esse episodio 6 um dos exemplos mais espetaculares de inflacao, um aumento no nivel geral de precos da economia. inflacao um aumento do nivel geral de precos da economia 21,1 \ —a_ \ 17_1';:---- n .--<"7-> —411 'Ora, talvez custasse 68 centavos quando voce entrou na mas agora custa 74 centavos!" 14 PARTE 1 INTROD~O Embora os Estados Unidos nunca tenham conhecido uma inflação pn5xima da que houve na Alemanha na decada de 1920, a inflação tem sido, por vezes, um problema econOmico. Durante os anos 70, por exemplo, o nivel geral de prec;os mais do que dobrou e o presidente Gerald Ford referiu-se à inflac;:aTo como o "inimigo ntImero 1". Por outro lado, na decada de 1990, a inflag.1"o foi de cerca de 3% ao ano; a essa taxa, seria preciso mais de 20 anos para que os preg)s dobrassem. Como uma inflação elevada impOe diversos custos à sociedade, mante-la em niveis baixos e um objetivo dos fom-iuladores de politicas econOmicas de todo o mundo. 0 que causa a Em quase todos os casos de inflação elevada ou persistente, o culpado é o mesmo — um aumento na quantidade de moeda. Quando um govemo emite grandes quantidades de moeda, o valor da moeda diminui. Na Alemanha no início da decada de 1920, quando os preos estavam, em media, triplicando a cada mes, a quantidade de moeda tambem triplicava mensalmente. Embora menos dramatica, a histria econOmica dos Estados Unidos aponta para uma conclusa- o semelhante: a inflagrio elevada da decada de 1970 estava associada a um rapido crescimento da quantidade de moeda e a baixa inflg ao dos anos 90 estava associada a um lento crescimento da quantidade de moeda. Principio 10: A Sociedade Enfrenta um Tradeoff de Curto Prazo entre Infia0o e Desemprego curva de uma curva que mostra o trodeoff entre inflaca"o e desemprego, no curto prazo ciclo de neg&ios f1utuaqes da atividade econ6mica, medidas pelo nUmero de pessoas empregadas ou pela produck de bens e servicos Quando o governo aumenta a quantidade de moeda na economia, um dos resultados é iiif1ação. Outro resultado, pelo menos no curto prazo, é um menor nivel de desemprego. A curva que representa este tradeoff de curto prazo entre inflagio e desemprego é chamada de curva de Phillips, em homenagem ao economista que examinou pela Fm-imeira vez essa relga-o. A curva de Phillips continua a ser um tc5pico controverso entre os economistas, mas a maioria deles hoje admite a ideia de que a sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre inflagio e desemprego. Isso significa simplesmente que em periodos de um ou dois anos muitas politicas econOmicas empurram a inflagio e o desemprego em direOes opostas. Os formuladores de politicas enfrentam esse tradeoff independentemente de a inflação e o desemprego estarem em niveis vados (como estavam no inicio da decada de 1980), em niveis baixos (como no final da decada de ou em alguni ponto intermediario. A escolha entre iiiflação e desemprego é apenas temporaria, mas pode durar muitos anos. A curva de Phillips portanto, crucial para o entendimento de muitos fenOmenos na economia. Mais especificamente, e importante para o entendimento do ciclo de negOcios — as flutuag-Ses irregulares e altamente imprevisiveis da atividade econOmica, medidas de bens e servi9r)s. pelo n mero de pessoas empregadas ou pela Fij-oduc; ao Os formuladores de politicas podem explorar o tradeoff de curto prazo entre inflga- o e desemprego usando diversos instrumentos de politica. Mudando o montante de gastos do governo, mudando o valor arrecadado de impostos e mudando o montante de einissOes de moeda, os formuladores cle politicas podem influenciar a combinac;"ao de inf1ação e desemprego que a economia apresenta. Uma vez que esses instrumentos de politica monetaria e fiscal são potencialmente tão poderopara controlar sos, a maneira como os formuladores de politicas devem objeto de constante debate. a economia e mesmo se devem ou n as - o Teste R4ido Liste e descreva resumidamente os três principios que descrevem como a economia funciona. CAPITULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA que deveria. Aproveite essas oportunidades. Escreva suas respostas nas margens do livro. Esses testes servem para avaliar sua compreensao dos fundamentos. Se nao tiver certeza de que sua resposta esteja correta, voce provavelmente precisara rever a secao. SAIBA MAIS SOBRE... COMO LER ESTE LIVRO economia e divertida, mas tambem pode ser dila de aprender. Meu objetivo ao escrever este texto e torna-lo o mais divertido e fad possivel. Mas voce, estudante, tambern tem um papel a cumprir. A experiencia prova que se voce realmente se envolver ao estudar por este livro, obtera melhores resultados, tanto nos exames quanto nos anos que se seguirem. Aqui vao algumas dicas sobre como ler melhor este livro. 1. Resuma, nao marque. Passar um marca-texto amarelo sobre estas paginas e uma atividade passiva demais para manter sua mente concentrada. Em vez disso, quando chegar ao fim de uma secao, resuma com suas proprias palavras o que acabou de aprender. Ao terminar o capitulo, compare seu resumo com o que consta do final do capitulo. Sera que voce entendeu os pontos principais? 2. Teste a si mesmo. No decorrer do livro, os Testes Rapidos proporcionam um feedback instantaneo para revelar se voce aprendeu o 3. Pratique, pratique e pratique. Na final de cada capitulo, ha Questbes para Revisao, que testam seu entendimento, e Problemas e Aplicacoes, para voce aplicar e arnpliar o material. Seu professor talvez peca que voce faca alguns desses exercicios em casa. Neste caso, faca-os; se ele nao pedir, faca-os do mesmo jeito. Quanto mais voce usar seus novos conhecimentos, mais solidos eles se tornarao. 4. Estude em grupo. Depois de ler o livro e resolver os problemas sozinho, reuna-se com seus colegas para discutir o material. Voces aprenderao uns com os outros — um exempla dos ganhos do comercio. 5. Nao se esqueca da vida real. Em meio a todos os ntheros, graficos e palavras novas e estranhas, é facil perder de vista aquilo de que a economia trata. Os Estudos de Caso e os boxes de Noticias espalhados pelo livro servirao de lembrete. Nao pule nenhum. Eles mostram como a teoria esta ligada a coisas que acontecem em nossa vida. Se seus estudos forem bem-sucedidos, voce nunca mais sera capaz de ler um jornal sem pensar em oferta, demanda e no maravilhoso mundo da economia. TAIRA 1 Como as Pessoas Dez Principios Tomam Decisbes As pessoas enfrentam tradeoffs _2: 3 0 custo de alguma coisa e aquilo de que voce desiste para obte-la 4: de Economia As pessoas racionais pensam na margem As pessoas reagem a incentivos Como as Pessoas Interagem . .5: 7 0 comercio pode ser bom para todos 6: Os mercados sao geralmente uma boa maneira de organizar a atividade econornica : As vezes os governos podem melhorar os resultados dos mercados Como Funciona a Economia 15 11: 0 padrao de vida de um pais depende de sua capacidade de ) produzir bens e servicos : Os precos sobem quando o governo emite moeda demais 10: A sociedade enfrenta um tradeoff de curt° prazo entre inflacao e desemprego 16 PARTE 1 INTRODU "A" o CONCLUS Agora voce já teve uma amostra do que trata a economia. Nos capitulos posteriores, desenvolveremos muitos assuntos especificos sobre as pessoas, os mercados e as economias. Domin-los exigith algum esfoNo, mas n". .0 seth uma tarefa 0 campo da economia se baseia em algumas idéias fundamentais que podem ser aplicadas em muitas situa95es diferentes. No decorrer do livro, faremos referencia aos Dez Principios de Economia que destacamos neste capitulo e resumimos na Tabela 1. Tenha os principios em n-iente, pois ate a mais sofisticada das anlises econ micas é constniida com os dez principios aqui apresentados. RESUMO • As lições fundamentais sobre a tomada de decises individual s s o que as pessoas enfrentam tradeoffs entre objetivos alternativos, que o custo de qualquer a o é medido em termos de oportunidades abandonadas, que as pessoas racionais tomam decises comparando custos marginais e beneficios marginais e que as pessoas nludam seu comportamento em funo dos incentivos com que se deparam. • As 1i95es fundamentais a respeito de interg5es entre pessoas s - o que o comercio pode ser mutuamente benefico, que os mercados costun-iam ser uma boa maneira de coordenar o comercio entre as pessoas e que o govemo pode potencialmente melhorar os resultados do mercado quando 11. . falha de mercado ou quando o resultado do mercado eqitativo. • As li0es fundamentais sobre a economia como um todo são que a produtividade é a fonte fundamental dos padres de vida, que o crescimento da moeda e a causa fundamental da inflação e que a sociedade enfrenta um tradeoff de curto prazo entre inflação e desemprego. CONCEITOS-CHAVE escassez, p. 4 economia, 1_-). 4 eficiencia, p. 5 eqiiidade, p. 5 custo de oportunidade, p. 6 mudanas marg,inais, p. 6 economia de mercado, p. 10 falha de mercado, p. 11 extemalidade, p. 11 poder de mercado, p. 11 produtividade, p. 12 inflgk), p. 13 curva de Phillips, p. 14 ciclo de negOcios, p. 14 QUESTES PARA REVISA0 1. De tres exemplos de tradeoffs importantes com que voce se depara na vida. 5. Por que o comercio entre paises n'a- o e como um jogo, em que alguns vencem e outros perdem? 2. Qual o custo de oportunidade de assistir a um filme no cinema? 6. 0 que a "m a- - o invisiver do mercado faz? Y 9. A k,,ua é necessffila para a vida. 0 beneficio marginal de um copo e grande ou pequeno? 10.Por que os formuladores de politicas devem pensar sobre os incentivos? 7. Explique as duas principais causas de falhas de mercado e de um exemplo de cada. 8. Por que a produtividade e importante? 9. 0 que é infiação e quais s - . 0 suas causas? 10. Como a inflao e o desemprego est a- - o relacionados no curto prazo? CAPh-ULO 1 DEZ PRINCiPIOS DE ECONOMIA 17 PROBLEMAS E APLICAOES 1. Descreva alguns dos tradeoffs com que se deparam: a. uma faniilia decidindo se compra um carro novo b. um membro do Congresso decidindo o quanto gastar com os parques nacionais c. o presidente de uma empresa decidindo se abre uma nova ffibrica d. um professor decidindo o quanto deve preparar-se para uma aula 7 . Voce estEl tentando decidir se tira ferias ou não. A maioria dos custos (passagem aerea, hotel, rendimentos que deixam de ser ganhos) se mede em dOlares, mas os beneficios são psicolOgicos. Como se pode comparar os beneficios con-i os custos? 3. Voce pretendia passar o sbado trabalhando em seu emprego de meio periodo, mas um amigo o convida para esquiar. Qual e o verdadeiro custo de ir esquiar? Agora suponha que voce pretendesse, em vez de trabalhar, passar o dia estudando na biblioteca. Neste caso, qual o custo de ir esquiar? Explique. 4. Voce ganhou US$ 100 em um bolo e pode escolher entre gastar o dinheiro agora ou guardar por un-1 ano, depositando numa conta de poupaNa que paga juros de 5%. Qual o custo de oportunidade de gastar os US$ 100 agora? 5. A empresa que voce administra investiu US$ 5 rnilhões no desenvolvimento de um novo produto, mas esse desenvolvimento ainda mio foi concluido. Numa recente reunik), seu pessoal de vendas relatou que a introdu o de produtos concorrentes reduziu o volume previsto de vendas de seu novo produto para US$ 3 mi1hes. Se o custo de completar o desenvolvimento e fazer o produto fosse US$ 1 milh",;"w, valeria a pena gastar esse dinheiro? Qual o valor imriximo que voce deveria pagar para concluir o desenvolviinento? 6. Tres gerentes da Poção M4ica S.A. esto discutindo um possivel aumento de producio. Cada um sugere uma maneira de tomar a NOs devemos verificar se a produtiviHARRY: dade de nossa empresa — litros de poção por trabalhador aumentaria ou diminuiria. RoN: NOs devemos verificar se nosso custo medio — custo por trabalhaclor — aumentaria ou climinuiria. HERMIONE: Devemos verificar se a receita adicional da venda da poção adicional vai ser maior ou menor do que os custos adicionais. Quem, na sua opinião, está certo? Por que? 7. 0 Sistema de Seg,uro Social proporciona renda a pessoas com mais de 65 anos de idade. Se um beneficikio do Sepro Social decidir trabalhar para obter alg-uma renda extra, o valor dos beneficios que recebe do Seg,uro Social deverfl diminuir. a. Como essa decis c-io do Seguro Social afeta a decisão de poupar das pessoas enquanto ainda não tiverem completado 65 anos? b. Como a reduo dos beneficios associada a n-laiores rendin-lentos afeta a disposi o de as pessoas trabalharem depois dos 65 anos? 8. Um recente projeto de lei reformando os programas antipobreza do govemo norte-americano limitou para muitos dos beneficklrios dos programas de assistencia social o periodo de recebimento a dois anos. a. Como isso afeta os incentivos ao trabalho? b. Como isso poderia representar urn tradeoff entre eqiiidade e eficiencia? 9. Seu colega de quarto cozinha melhor do que voce, mas voce é mais r4ido na faxina. Se seu colega sempre cozinhasse e voce sempre fizesse a limpeza, essas tarefas levariam mais ou menos tempo clo que se fossem divididas por igual entre voces? De um exemplo semelhante de como a especializa o e o comercio podem beneficiar dois paises. 10. Suponhamos que os Estados Unidos adotem o planejamento central em sua economia e que voce se tome o planejador chefe. Entre milh Oes de decises que precisa tomar para o prOximo ano estk) quantos CDs produzir, que artistas NT' "o gr, avar e quem deve receber os discos. a. Para tomar essas decises de forma inteligente, de que informaces sobre a indUstria de CDs voce precisaria? E sobre cada cidaffio do pais? 18 PARTE 1 INTR0DUcA0 b. Como suas decisoes sobre CDs afetariam alg,umas de suas outras decisoes, como o nilmero de CD players ou fitas cassete a produzir? Como algumas de suas outras decisoes sobre a economia poderiam mudar sua opiniao sobre os CDs? 11. Explique se cada uma das seguintes ativiciades do governo 6 motivada por uma preocupacao com a eqiiidade 011 por uma preocupac5o com a eficiencia. Quando a 1.-)reocupac5o for com a eficiencia, discuta o tipo de falha de mercado em quest5o. a. reg,ulamentar os precos da TV a cabo b. oferecer a uma parcela da populacao pobre tiquetes que podem ser usados para comprar comida c. proibir que se fume em lugares publicos d. dividir a Standard Oil (que chegou a deter 90% das refinarias de petroleo dos Estados Unidos) em diversas empresas menores e. aumentar as aliquotas de impost() de renda das pessoas com alta renda f. instituir leis punindo quern dirigir embriagado 17. Discuta cada uma das afirmativas a seguir do pont° de vista de eqi_lidade e de eficiencia. a. "E precis() garantir a todos os membros da sociedade o melhor atendimento n-tedico possivel." b."Os trabalhadores que sao demitidos deveriam estar qualificados a receber os beneficios do seguro-desemprego ate que encontrassem trabalho." 13. De que maneiras o seu padrdo de vida e diferente do de seus pais 011 avos quando tinhani sua idade? 0 que causou essas mudancas? 14. Suponhamos que os norte-americanos decidam poupar uma parte maior da sua renda. Se os bancos emprestarem essa poupanca extra para as empresas, que usam esses fundos para construir novas fabricas, corno esse aumento de poupanca poderia levar a um crescimento rapido da produtividade? Quern, na sua opini5o, se beneficiard da maior produtividade? A sociedade esta obtendo um "almoco g,ratis"? 15. Imag,ine que voce e um formulador de politicas tentando decidir se deve ou nao reduzir a inflacdo. Para tomar uma deciszlo inteligente, o que voce precisaria saber sobre inflacao, desemprego e tradeoff entre eles? 16. Procure em um jornal ou no site http://www.eco nomist.com tres noticias recentes sobre a economia. Para cada noticia, identifique um (ou mais) dos Dez Principios tic Economia discutidos neste capitulo que seja relevante e explique por que ele relevante. Alem disso, leia o sumdrio deste livro e identifique, para cada noticia, um capitulo que poderia esclarecer o fato noticiado. P,\ND COMO UM ECO Lada campo de estudos tem sua pr6pria ling,uagem e sua pr6pria maneira de pensar. Os matematicos falam de axiomas, integrais e espaos vetoriais. Os psicOlogos falam de ego, id e dissona'ncia coghitiva. Os advogados falam de comarcas e delitos contratuais. A economia ruio é diferente. Oferta, demanda, elasticidade, vantagem comparativa, excedente do consumidor, 1.-)eso morto — esses termos s a"o y.)arte da linguagem dos economistas. Nos prOximos capitulos do livro, você encontrath muitos termos novos e algumas palavras comuns que os economistas usam de maneira especializada. À primeira vista, essa nova linguagem pode parecer desnecessariamente enigmkica. Mas, como vo& veni, ela tem valor por proporcionar uma maneira nova e útil de pensar sobre o mundo em que vivemos. 0 principal objetivo deste livro é ajudar vo&' a aprender a maneira de pensar do economista. E claro que assim como ninguérn se torna um matemkico, psicOlogo ou advogado da noite para o dia, aprender a pensar como um economista leva algum tempo. Mas, com uma combinao de teoria, estudos de caso e exemplos de economia nas notfcias, este livro oferece uma excelente oportunidade para o desenvolvimento e para a prkica dessa habilidade. Antes de entrarmos na substncia e nos detalhes da teoria econOmica, será bom ter uma visão geral de como os economistas encaram o mundo. Este capitulo, por- 20 PARTE 1 INTRODUcA0 tanto, discute a metodologia utilizada no campo da economia. 0 que distingue a maneira como os economistas enfrentam um problema qualquer? 0 que significa pensar como um economista? 7 C0 7101111 STA COMO a \ IlSTA Os economistas procuram abordar seu campo de estudo com a objetividade de cientistas. Estudam a economia da mesma forma como um fisico estuda a materia e um bialogo estuda a vida: eles desenvolvem teorias, colhem dados e ent5o analisam esses dados para confirmar ou refutar suas teorias. Para os iniciantes, pode parecer estranho afirmar que a economia 6 uma ciencia. Afinal de contas, os economistas nao trabalham com tubos de ensaio nem telesc6pios. Mas a essencia da ciencia 6 o metodo cientifico — o desenvolvimento e o teste imparcial de teorias sobre como funciona o mundo. Esse metodo de investigac5o aplica-se tanto ao estudo da economia de um pais quanto ao estudo da g,ravidade da Terra ou da evolucao das especies.kComo disse _ Albert _ Einstein, "A Ciencia nada maisé do , que_o refinamento do pensamento cotidiano" • • Embora o comentzirio de Einstein seja verdadeiro tanto para as ciencias sociais, como a economia, quanto para as ciencias naturais, como a fisica, a maioria das pessoas nao esta habituada a enxergar a sociedade com os olhos de um cientista. Assim sendo, vamos discutir algumas das maneiras pelas quais os economistas aplicam a logica da ciencia para examinar como uma economia funciona. "Eu sou um cientista social, Michael. lsso quer dizer que eu nao sei explicar nada sobre eletricidade ou coisas desse tipo. Mas, se voce quiser sober algo a respeito de pessoas, eu sou a pessoa de que voce precisa." CAPITULO 2 PENSANDO CONIO UNI ECONOMISTA 0 Wtodo Cientifico: Observack, Teoria e Mais Observack Seg,undo a lenda, Isaac Newton, o famoso cientista e matemkico do seculo XVII, ficou intrigado um dia ao ver uma ma" cair da kvore. A observk k) disso o levou a desenvolver uma teoria da gravidade que se aplica não só a uma ma0 que cai no chão como tambem a quaisquer dos objetos no universo. Testes posteriores da teoria de Newton demonstraram que ela funciona muito bem em diversas circunstklcias (embora, como mais tarde observaria Einstein, não em todas). Por ter sido muito bem-sucedida para explicar observk6es, a teoria de Newton e ate hoje ensinada em cursos de fisica em todo o mundo. Essa intera o entre teoria e observa o tambem ocorre no campo da economia. Um economista poderia viver em um pais que passa por rElpidos aumentos de preos e ser levado por essa observa o a desenvolver uma teoria da inflação. A teoria poderia afirmar que a inflko elevada surge quando o govemo emite muita moeda (como voce deve se lembrar, esse é um dos Dcz P •incipios de Economia discutidos no Capitulo 1). Para testar essa teoria, o economista poderia colher e analisar dados sobre pre9p s e moedas em diferentes paises. Se o aumento na quantidade de moeda não estivesse relacionado com a taxa de crescimento dos prec;os, o economista comkaria a duvidar da validade de sua teoria da inflação. Se o aumento na quantidade de moeda e a inflgo estivessem fortemente correlacionados nos dados internacionais, como de fato ocorre, o economista passaria a confiar mais em sua teoria. Embora os economistas usem a teoria e a observa o da mesma maneira que os outros cientistas, eles enfrentam um obstkulo que torna sua tarefa especialmente dificil: experimentos em economia freqentemente sk) dificeis. Os fisicos que estudam a gravidade podem deixar cair quantos objetos quiserem em seus laboratOrios para gerar dados para testar suas teorias. Em compargio, os economistas que estudam a inflação não podem manipular a politica monetkia de um pafs simplesmente para gerar dados úteis. Os economistas, assim como os astthnomos e biOlogos que estudam a evoluc;io, em geral tem de se satisfazer com quaisquer dados que o mundo possa dar a eles. Para enconfrar um substituto para os experimentos em laboratOrio, os economistas prestam muita aten o aos experimentos naturais que a HistOria oferece. Por exemplo, quando uma g,uerra no Oriente Medio interrompe o fluxo de petrOleo, os prkos dessa mercadoria explodem eiii todo o mundo. Para os consumidores de petrOleo e derivados, isso diminui o pa ffio de vidai Para os formuladores de politicas econ6micas, representa uma escolha dificil quanto à melhor forma de reag,ir. Mas, para os cientistas econOmicos, oferece uma oportunidade para estudar os impactos de um recurso natural essencial sobre as economias do mundo e essa oportunidade persiste por muito tempo depois de terminado o aumento dos preos do petrOleo.4No decorrer do livro, portanto, trataremos de muitos epis6dios histOricos, os quais so importantes para o estudo porque permitem ver como a economia funcionou no passado e, o que é mais importante, ilustrar e avaliar as teorias econ6micas do presente. 0 Papel das Hip6teses Se voce perguntar a uma fisica quanto tempo levaria para uma bolinha de gude cair do alto de um edificio de dez andares, ela responderá a questk) supondo que a bolinha cai no vkuo. Naturalmente, essa suposição é falsa. Na verdade, o edificio estEl cercado de ar, cujo atrito sobre a bolinha em queda reduz sua velocidade. Mas a fisica esclareceral, corretamente, que o atrito sobre a bolinha é tão pequeno que seu efeito é insig,nificante. Admitir que a bolinha cai no vkuo simplifica em muito o problema sen-i afetar substancialmente a resposta. 21 22 PARTE 1 INTRODUCAO Os economistas adotam hipOteses r)elo mesmo motivo: elas sao capazes de simplificar o mundo complex° em que vivemos e torna-lo mais facil de entender. Para estudarmos os efeitos do comercio internacional, por exemplo, podemos supor que o mundo consiste em apenas dois paises e que cada um deles produz apenas dois bens. E claro que o mundo real consiste em intimeros paises, cada um dos quais produzindo milhares de diferentes tipos de bens. Mas, adotando a hip(5tese de dois paises e dois bens, podemos concentrar mais nosso pensamento. Uma vez que tenhamos entendido o comercio internacional num mundo imaginario com dois paises e dois bens, estaremos em melhores condicoes de entender o comercio internacional no mundo mais complex° em que vivemos. A arte do pensamento cientifico — seja em fIsica, biologia ou economia — esta em decidir quais hipoteses adotar. Suponhamos, por exemplo, que deixamos cair do alto do edificio uma bola de praia em vez de uma bolinha de g,ude. A nossa fisica consideraria que a hipatese de ausencia de atrito nao 6 mais t5o adequada: o atrito exerce muito mais forca sobre a bola de praia do que sobre a bolinha de g,ude porque a bola de praia é muito maior. A hipotese de que a gravidade opera no vacuo é razoavel para estudar a queda de uma bolinha de gude, mas nao de uma bola de praia. Da mesma forma, os economistas usam diferentes hipoteses para responder a diferentes questoes. Suponhamos que queiramos estudar o que acontece corn a economia quando o govemo muda a quantidade de Mares em circulac5o. Uma parte importante dessa anEilise, como veremos, 6 a maneira como os precos reagem. Muitos dos precos da economia so mudam raramente; o preco das revistas, por exemplo, leva varios anos para mudar. 0 conhecimento desse fato pode nos levar a formular diferentes hipoteses ao estudar os efeitos da mudanca da politica em diferentes horizontes de tempo. Para estudarmos os efeitos de curto prazo da politica, podemos supor que os precos mudam pouco. Podemos ate formular uma hipOtese extrema e artificial de que todos os precos s5o completamente fixos. Para estudar os efeitos de longo prazo da polItica, entretanto, podemos supor que todos os precos sejam completamente flexiveis. Assim como um fisico usa diferentes hipOteses para estudar a queda de bolinhas*de gude e cie bolas de praia, os economistas usam diferentes hipoteses para estudar os efeitos de curt° prazo e de longo prazo decorrentes de uma mudanca na quantidade de moeda. Modelos Econenicos Os professores cie biolog,ia do ensino medio ensinam anatomia basica com replicas plasticas do corpo human°. Esses modelos apresentam todos os principais org5os — o corac5o, o figado, os rins e assim por diante — e permitem que os professores mostrem para seus alunos, de uma maneira simples, como as principais partes do corpo encaixam-se umas nas outras. Mas é obvio que esses modelos de plastic° nao sac) corpos humanos de verdade e ninguem os confundiria com uma pessoa. Os modelos sac) estilizados e omitem muitos detalhes. Mas, apesar dessa falta de realism° — e, na verdade, por causa (=Tessa falta de realism° — estudar os modelos iitil para aprender como funciona o corpo human°. Os economistas tambem usan-i modelos para aprender sobre o mundo, mas em vez de serem feitos de plastic°, os modelos dos economistas sao geralmente compostos de diag,ramas e equacbes. Como o modelo de plastic° dos professores de biologia, os modelos econamicos omitem muitos detalhes para permitir que vejamos o que realmente importa. Assim como o modelo do professor de biologia nao mostra todos os mtisculos e vasos capilares do corpo, os modelos dos economistas nao incluem todas as caracteristicas da economia. CAPITULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 23 Ao usarmos modelos para examinar diversas quest6es econamicas ao long° do livro, voce vera que todos eles s5o construidos corn hipoteses. Da mesma maneira que um fisico inicia a analise de uma bolinha de glide em queda supondo que nao haja atrito, os economistas adotam hipoteses para muitos dos detalhes da economia que sao irrelevantes para o estudo da questa() analisada. Todos os modelos — ern fisica, biologia ou economia — simplificam a realidade para que possamos compreende-la melhor. Nosso Primeiro Modelo: 0 Diagrama do Fluxo Circular A economia consiste em mill-16es de pessoas envolvidas em muitas atividades — -comprar, vender, trabalhar, contratar, fabricar etc. Para entendermos como a economia funciona, precisamos encontrar alg,uma maneira de simplificar nosso pensamento sobre todas essas atividades. Em outras palavras, precisamos de um modelo que explique, em termos gerais, como a economia est6 organizada e como seus participantes interagem uns coin os outros. A Fig,ura 1 apresenta um modelo visual da economia chamado diagrama do fluxo circular. Nesse model°, a economia é simplificada para incluir apenas dois tipos Lie tomadores de decisoes: familias e ernpresas. As empresas produzem bens e servicos usando insumos, como trabalho, terra e capitaL(predios e ma uirtasi,os quais sac) chamados Mores de produciio. As famflias sao proprietarias dos fatores de producao e consomem todos os bens e servicos que as empresas produzem. - Jsccr •-i\j'iI% +\cii.\>.k -crk, 3— 4.3\J\I\ - qp, \bcw:()0 0 u t‘ diagrama do fluxo circular um modelo visual da economia que mostra como Os Mares circulam pelos mercados entre as familias e as empresas v,-* 0 Fluxo Circular Receita Bens e seNicos vendidos MERCADOS DE BENS E SERVICOS Empresas vendem Familias compram A Gastos Bens e seivicos comprados EMPRESAS • Produzem e vendem bens e servicos • Contratam e utilizam fatores de producao 1 FAMLIAS Compram e consomem bens e servicos ‘Sao proprietarias e vendedoras dos fatores de producao 11111111111111111111 011111111111111111 111/111111fa Este diagram e represent-GOO esquemotica do organizacdo do economia As decisc5es sao tornados por familias e empresas. As familias e as empresas interagem nos mercados bens_e_setvicoslil__l er ue familias sao compradoras e as empresas,v_encladora s mercados de -fatoreszle_proslucdo (em .__ que as empresas_snacomprodoras e as familias, vendedoras), 0 conjunto extemo de setas represento o fluxo de dinheiro (Mares) e o conjunto interno representa o fluxo correspondente de insumos e produtos. 24 PARTE 1 INTROD~O As familias e as empresas interagem em dois tipos de mercado. Nos mercados de bens e seruiffis, as farnilias s'ao compradoras e as empresas, vendecloras. Mais especificamente, as familias compram os bens e servios que as empresas procluzem. Nos mercados _de fatores . de prodti o, as familias sa o vendedoras e as empresas, compradoras. Nesses mercados, as familias fomecem _ os insumos _que as empresas usam para produzir bens e servic,os.. 0 diagrama do fluxo circular—Off-ece—fiff-fa maneiraThimples de organizar todas as transa5es econOmicas que ocorrem entre as familias e as en-ipresas na economia. 0 conjunto interno de flechas do diagr, ama de fluxo circular representa o fluxo de insumos e produtos. As familias vendem o uso de seu trabalho, terra e capital para as empresas nos mercados de fatores de produao. As empresas enta o utilizam esses fatores para produzir bens e servi os, que sa'o vendidos as famílias nos familias das fluem o 1_-)roclua de fatores os mercados de bens e servic;_os. (Assim, p ernpresasparaasfarnffias para as empresas, e os bens e servi9 Í _ s fluem das 0-C-6rifun-to exten't6 -&flec1 s do diagrama representa o fluxo de dlares.As familias gastam dinheiro para con-iprar bens e servi os das empresas. As empresas usam e parte da receita dessas vendas para pagar pelos fatores de produa o, como o salario de seus trabalhaclores. 0 que sobra é o lucro dos proprietarios da empresa, que sa-o tambem membros das familias. Assim, a despesa com bens e servkos flui das famiemi3relias para as en-lpresas, e_a_renda a_forma de— s affirios, alugueiS e lucro fluidas _ sas para as _ Varnos dar uma volta pelo fluxo circular, acompanhando o caminho que faz uma nota ao passar de pessoa para pessoa na economia. Van-ios imaginar que a nota comece numa fan-iflia; dentro da sua carteira, digamos. Se voc'e quer comprar uma p xicara de cafe, leva sua nota a um dos mercados de bens e serviy_ s da economia, s por exen-iplo, o Fran's Cafe mais prOximo. Ali, vo& a gasta em sua bebida predileta. Ao entrar na caixa registradora da loja, a nota vira receita da empresa. Entretanto, o dmheiro nao fica muito tempo no Fran's Cafe porque a empresa o usa para prar insumos nos mercados de fatores de produa o. Por exemplo, o Fran's Cafe pode usar a nota para pagar o aluguel ao locador ern troca do espao que utiliza ou . para pagar o salario de seus trabalhadores. Seja como for, o dinheiro entra para a 1.-enda de alguma famflia e volta à carteira de alpem. Nesse ponto, a hist(kla do circular da economia recomea. 0 diag,rama do fluxo circular da Figura 1 é um modelo simples da economia. Ele desconsidera detalhes que sa- o importantes em alguns casos. Um modelo de fluxo circular rnais con-iplexo e realista incluiria, por exemplo, os papeis representados pelo governo e pelo con-iercio internacional. Mas esses detalhes ria"o sa o cruciais para um entendimento basico de como a economia esta organizada. Por causa de sua simplicidade, é Util ter en-1 mente o diagrama do fluxo circular ao pensar sobre como os componentes da economia se. encaixam. Nosso Segundo Modelo: A Fronteira de Possibilidades de Produ0o fronteira de possibilidades de produck um grafico que mostra as combinaces de produto que a economia tem possibilidade de produzir dados os fatores de producao e a tecnologia de producao disponiveis Diferentemente clo que se dá com o diagrama do fluxo circular, a maioria dos modelos econOmicos se constrOi com as ferramentas cla matematica. Trataremos agora do mais sirnples deles, chamado fronteira das possibilidades de produ o, e veremos como ele ilustra alg-umas ideias econOmicas basicas. Embora as economias reais 1.-)roduzam milhares de bens e servi os, vamos imaginar uma economia que produza apenas dois bens: carros e computadores. Juntas, a e indUstria de carros e a de computadores usam todos os fatores de produa o da economia. A fronteira de possibilidades de produo e um grffico que mostra as diversas combinK"c5es de produ o — neste caso, entre carros e computadores — que CAPITULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 25 X .f a economia pode produzir dados os fatores de producao e a tecnologia produtiva disponiveis que as pplpres.as_posiemusar para transformar esses fatores em produto. A Figura 2 e um exemplo de fronteira de possibilidades de producao. Nessa economia, se todos os recursos fossem usados na producao de carros, a economia produziria mil carros e nenhum computador. Se todos os recursos fossem usados pela inciustria de computadores, a cconomia procluziria 3 mil computadores e nenhum carro. Os dois pontos finais da fronteira de possibilidades de produ0o representam essas possibilidades extremas. Se a economia dNidisse seus recursos entre as duas industrias, poderia produzir 700 carros e 2 mil computadores, o que 6 representado na figura pelo ponto A. Por outro lado, o resultado do pont° D 6 impossivel porque os recursos s5o escassos: a economia nao tem fatores de producao suficientes para sustentar esse nivel de producao. Em outras palavras, a economia pode 1.-)roduzir em qualquer ponto na fronteira de possibilidades de produc5o ou cientro dela, mas nao fora dela. Um resultado é chamado de eficiente se a economia estEi obtendo tudo o que pode dos recursos escassos que tem a dispos-k5o. Pontos na fronteira de possibilidaaes de producao (e nao dentro dela) representam niveis eficientes de producao. Q-Uanao a economia produz num ponto na fronteira, como o ponto A, por exemplo, nao ha como produzir uma quantidade maior de um bem sem reduzir a prociucao do outro. 0 pont° B representa um resultado ineficiente. Por alg,um motiyo, talvez um alto nivel de desemprego, a economia esta produzindo menos do clue_ poderia a p_artir dos recursos disponiveis: ela esta produzindo apenas 300 carros e mil computadores. Se fosse eliminada a fonte de ineficiencia, a economia_poderia passar do ponto B para o ponto A, aumentando a producao tanto de carros (para 7.0_0 quanto _de cornputadores (para 2 mill. FIGURA 2 Quantidade de Computadgre,s —Pi-oduzidos A Fronteira de Possibilidades de Producao • C) , • D 3.000 _ANL" 2.200 2.000 Fronteira de possibilidades de producao (AA). kiat. 1. , 1.000 \ k (10,;1` t Ok-* ^ 300 k 600 700 1.000 - Quantidade de Carros Produzidos 1/4A0‘, ir Ckk)NP Um dos DCZ PrillCOOS dC EC011Ottlia que discutimos no Capitulo 1 6 o de que as pessoas enfrentam tradeoffs. A fronteira de possibilidades de producao mostra um tradeoff_que a sociedade enfrenta. Uma vez que tenhamos atingido os pontos_de_eficiencia na fronteira, a unica maneira de obter mais de um bem e obtendo menos do outro. Quando a economia se move do ponto A para o ponto C, por exemplo, a sociedade produz mais computadores, mas a custa de uma producao menor de carros. A fronteira de possibilidades de producao mostra as combinacoes de produto — neste caso, de carros e computadores — que a economic tem possibilidade de produzir A economia pode produzir qualquer combinacao que se encontre no fronteira ou dentro dela. Pontos alem do fronteira nao sdo vidveis dodos os recursos do economic]. 26 PARTE 1 INTROD~O 't;wh Outro dos Dez Principios de Economia é o de que o custo de uma coisa é aquilo de que desistimos para obt&la. A isso chan-iamos custo de oportunidade. A fronteira de possibilidades de produ o mostra que o custo de oportunidade de um ben-i e medido em termos do outro. Quando a sociedade realoca alguns fatores de produio da indstria de carros para a indstria de computadores, movendo a economia do ponto A para o ponto C, abre mão de 100 carros para obter 200 computadores a mais. Em outras palavras, quando a economia está no ponto A, o custo de oportunidade de 200 computadores e 100 carros. Observe que a fronteira de possibilidades de 1.->rodu o da Figura 2 curva-se para fora. Isso significa que o custo de oportunidade dos carros em termos de computadores depende de quanto de cada bem a economia está produzindo. Quando a economia usa a maioria de seus recursos para produzir carros, a fronteira de possibilidades de produ o é bastante ing,reme. Como ate mesmo os trabalhadores e rnáquinas mais bem adaptados à produo de computadores esto sendo usados para produzir carros, a economia obtem um aumento substancial no ritimero de computadores para cada carro que deixa de produzir. Por outro lado, quando a economia está usando a maior parte dos seus recursos para produzir computadores, a fronteira de possibilidades de produ o é quase horizontal. Neste caso, os recursos mais adequados para a produ o de computadores já se encontra na indstria de computadores, e cada carro de que a economia desiste resulta apenas num aumento pequeno no mirnero de computadores. A fronteira de possibilidades de produ do mostra o tradeoff entre a produ o de diferentes bens nurn dado momento, mas o tradeoff pode mudar ao longo do tempo. Por exemplo, se um avallo tecnolOgico na indilstria de computadores aumentar o n mero de computadores que um trabalhador é capaz de produzir em uma semana, a economia poderá fabricar mais computadores para urn dacio rffimero de carros. Como resultado, a fronteira de possibilidades de produ o se desloca para fora, como na Figura 3. Por causa desse crescimento econOmico, a sociedade pode deslocar sua produ o do ponto A para o ponto E, desfrutando de mais computadores e mais carros. A fronteira de possibilidades de produ o simplifica uma economia complexa para destacar e esclarecer algumas ideias bsicas. NOs a utilizamos para ilustrar alguns dos conceitos mencionados brevemente no Capitulo 1: escassez, eficiencia, , custo de oportunidade e crescimento econOmico. À medida que tradeoffs _. mos no nosso estudo-de-ec-On-o mia, essas ideias surgir k) novamente sob diversas formas. A fronteira de possibilidades de produ o nos oferece uma maneira simples de pensar nelas. Microeconomia e Macroeconomia Muitos assuntos so estudados em diferentes níveis. Consideremos a biologia, por exemplo. Os biOlogos moleculares estudam os compostos quin-iicos que con-ipOem os seres vivos. Os biOlogos celulares estudam as celulas, que são feitas de muitos compostos quimicos e são, ao mesmo tempo, os elementos que compOem os organisrnos vivos. Os biOlogos evolutivos estudam as muitas variedades de plantas e animais e como as especies mudam g,radualmente com o passar dos seculos. A economia tambem é estudada em diversos iìíveis. Podemos estudar as decisOes de familias ou empresas tomadas individualmente. Ou a intera o entre familias e empresas nos mercados de bens e servios especificos. Ou a opera o de tocla a economia, que e apenas a soma das atividades cle todos os tomadores de decisOes em todos os mercados. CAPITULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA FIGURA 3 0 700 750 1.000 Quantidade de Carros Produzidos 0 campo da economia divide-se tradicionalmente em dois amplos subcampos. A microeconomia o estudo de como as familias e empresas tomam decisaes e de como elas interagem em mercados—especificos. A macroeconomia 6. o estudo de fenomenos que englo-bam fa 1a---a':onorniT e.( TTli-i microeconomista pode estudar os efeitos do controle die iguéi bre os imovers residenciais na cidade de NovaYork, o impact° da competi(ao estrangeira sobre a industria automobilistica dos Estados Unidos ou os efeitos da frequencia escolar obrigataria sobre os ganhos dos trabalhadores. Um macroeconomista pode estudar os efeitos de emprestimos feitos pelo govern() federal, as mudancas da taxa de desemprego ao longo do tempo ou politicos alternativas para promover a elevacao do padrao de vida nacional. A microeconomia e a macroeconomia estao intimamente ligadas. Como as mudancas no economia resultam das decisoes de milhoes de pessoas, 6 impossivel entender os desdobramentos macroeconomicos sen-i considerar as decisoes microeconomicas a eles associadas. Por exemplo, um macroeconomista pode estudar os efeitos de um corte no impost° de renda sobre a producao geral de bens e servicos. Para analisar essa questa°, ele precisa levar em consideracao a maneira pela qual o corte de impostos afeta as decisoes das familias sobre (panto gastar em bens e servicos. Apesar da ligacao inerente entre microeconomia e macroeconomia, os dois campos sao distintos. Na economia, assim como na biologia, pode parecer natural partir da menor unidade. Entretanto, isso nao é necessario e nem sempre 6 a melhor maneira de agir. A biologia evolutiva foi, de certa forma, construida a partir da biologia molecular, uma vez que as especies sac, feitas de moleculas. Mas a biologia molecular e a biologia evolutiva sao campos separados, cada um com suas proprias questoes e seus proprios metodos. Da mesma forma, como a microeconomia e a macroeconomia tratam de questoes diferentes, elas por vezes adotam abordagens bem diferentes e freqidentemente sao ensinadas em cursos separados. . •• microeconomia o estudo de como familias e empresas tomam decisoes e de como interagem nos mercados macroeconomia o estudo dos fenomenos economia como um todo, incluindo inflacao, desemprego e ,gescimento econOrnico 28 PARTE 1 INTROD~O Teste R4ido Em que sentido a economia é uma c&cia? ° Desenhe uma fronteira de possibilidades de produck de uma sociedade que produz alimentos e roupas. Indique um ponto de efic&icia, um ponto de inefic6cia e um ponto impossivel de ser atingido. Mostre os efeitos de uma seca na fronteira de possibilidades de produca o. Defina microeconomia e macroeconomia. 0 ECONOMISTA COMO CONSELHEIRC) DE POUTICAS Muitas vezes pede-se que os economistas expliquem as causas de acontecimentos econCimicos. Por que, por exemplo, o desemprego entre adolescentes é maior do que entre trabalhadores mais velhos? Às vezes solicita-se que os economistas recomendem politicas que melhorem os resultados da economia. 0 que, por exemplo, mico dos adolescentes? o governo deveria fazer para melhorar o bem-estar econ Quando tentam explicar o mundo, os economistas s ao cientistas. Quando tentam ajudar a melhorar a situa o, sk) conselheiros politicos. Anase Positiva versus Anse Normativa Para ajudar a esclarecer os dois papeis que os economistas desempenham, come(;aremos examinando o uso da linguagem. Como cientistas e conselheiros politicos t n-1 objetivos diferentes, usam a linguagem de maneiras diferentes. Por exemplo, suponhamos que duas pessoas estejam discutindo a respeito do salario mínirno. Eis duas afirmativas que poderiamos ouvir delas: PoLLY: 0 salario minimo causa desemprego. NORMA: 0 govemo deveria aumentar o salario declaraOes positivas r (\_ declaraces que tentam descrever o mundo como ele declaraces normativas declaraces que tentam prescrever como o mundo deveria ser • • C1, Ig,norando, por enquanto, se voc'e concorda com essas afirma- es ou discorda delas, observe que a Polly e a Norma diferem quanto ao que est ao tentando fazer. Polly fala como cientista: ela esta fazendo uma declaraio sobre a maneira como o mundo funciona. Norma fala como conselheira politica: ela faz uma declara o sobre . como gostaria de mudar o mundo. Em geral, as declarg 6es a respeito do mundo são de dois tipos. Um tipo, como o de Polly, é positivo. Declara (5es positivas so descritivas; são afirrng'6es a respeito de como o mundo é. 0 segundo tipo de declaraio, como o de Norma, é normativo. Declara es normativas s ao prescritivas; tratam de como o mundo deve- ria ser. Uma difereNa fundamental entre as declarg5es positivas e as normativas esta em como julgamos sua validade. Podemos, em principio, confirmar ou refutar as afirma95es positivas por meio do exame de evidCmcias. Um economista poderia avaliar a declaray-io de Polly analisando dados sobre as variK'6es no salario minimo e no desemprego ao longo do tempo. Ern compara o, avaliar declarac;(5es normativas envolve tanto valores quanto fatos. A declara o de Norma iião pode ser julgada apenas com a utiliza(fao de dados. Decidir o que é uma boa ou uma ina politica não é meramente uma quesUlo cientifica; envolve tambe''m nossa sobre etica, religião e filosofia politica. claro que as declara0es positivas e as normativas podem estar relacionadas. Nossas vis 6es positivas sobre como o mundo funciona afetam nossas opini 6es normativas sobre que politicas s ao desejaveis. A declara o de Polly de que o salario minimo causa desemprego, se verdadeira, poderia nos levar a rejeitar a concluso de Norma de que o govemo deveria aumentar o salario niíiiinio. Contudo, nossas normativas rik) podem vir apenas da analise positiva: elas tanibern conclus 6es envolvem tanto analises positivas quanto julgamentos de valor. CAPITUILO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 29 Ao estudar economia, tenha sempre em mente a distincao entre declaracaes positivas e normativas. Grande parte da teoria econamica apenas tenta explicar como a economia funciona. No entanto, o objetivo da teoria econemica é, muitas vezes, melhorar a maneira como a economia funciona. Quando voce escuta economistas fazendo declaracoes normativas, saiba que eles cruzaran-i a linha, passando de cientistas a conselheiros politicos. Economistas em VVashington 0 presidente Harry Truman disse, uma vez, que gostaria de encontrar urn economista que tivesse um so brag°. Quando pedia conselhos aos seus economistas, eles sempre responciiam: "Por um lado...' Por outro lacio...". Truman estava certo ao perceber que os conselhos dos economistas nem sempre sao diretos. Essa tendencia'esta enraizada em um dos Dez Principios de Economia do Capitulo 1: as pessoas enfrentam ...tyjeof _d_ s: Os economistas estao cientes de que tradeoffs estao incluidos na maioria as ecisoes politicos. Uma politica pode aumentar a eficiencia ao custo da equidade. Pode ajudar geracoes futuras em detriment° das geracoes atuais. Um economista que diz que todas as decisoes politicos sac, faceis ndo 6 um economista confiavel. Truman tambem nzio foi o tinico presidente a confiar em conselhos de economistas. Desde 1946, o presidente dos Estados Unidos 6 orientado pelo Council of Economics Achisers (Conselho de Assessores EconOrnicos) que consiste em tres membros e uma equipe composta de dezenas de economistas. 0 conselho, cujo escritorio fica a apenas alguns metros da Casa Branca, n5o tem outra obrigacao a nao ser assessorar o presidente e escrever anualmente o Economic Report of the President. 0 presidente tambem recebe insumos de economistas de muitos departamentos adn-tinistrativos. Os economistas do Departamento do Tesouro ajudam a formular a politica tributaria. Os economistas do Departamento do Trabalho analisam dodos sobre os trabalhadores e sobre as pessoas que est5o procurando emprego, corn o objetivo de ajudar na formulacao de politicos para o mercado de trabalho. Os economistas do Departamento de Justica ajudam a aplicar as leis antitniste do pais. Tambem he economistas no govern° clue nao pertencem ao Poder Executivo. Para obter avaliacoes indepenclentes das politicos propostas, o Congress° 6 assessorado pelo EscritOrio de Orcamento do Congresso, compost° de economistas. 0 Federal Resme, a instituicao que estabelece a politica monetaria do pais, emprega centenas de economistas para analisar o desenvolvimento da economia nos Estados Unidos e em todo o mundo. A Tabela 1 aponta os sites de alguns desses Orgaos na Internet. TA13ELA 1 Web Sites Eis os sites de olguns orgaos do govemo norte-americano responsoveis pelo coleto de dodos economicos e pelo formulacao do politica economica Department of Commerce (Departamento do Comercio) http://www.commerce.gov Bureau of Labor Statistics (Departamento de Estatisticas do Trabalho) Congressional Budget Office (Escritorio de Orcamento do Congresso) http://www.cbo.gov Federal Reserve Board (Conselho do Banco Central) http://www.federalreserve.gov http://www.b1s.gov 1. NRT.: A traducao foi feita da express5o:"On the one hand... On the other hand...", ern que hand significa m5o, dal o trocadilho corn a palavra"braco". Mas o sentido da expressao em ingles e tal qual traduzido acima. 0 0 ce vw ce ; ce o0 "Vamos muckr. Eu taco a politica, 0 0 voce a implementa e ele a explica." 0 30 PARTE 1 INTRODU~ - A influencia dos economistas sobre a politica vai alem de sua fuN'a o como conselheiros: suas pesquisas e textos muitas vezes afetam indiretamente a politica. 0 economista John Maynard Keynes fez a seguinte observg-a"o: As ideias dos economistas e dos filOsofos politicos, tanto quando eles est o certos quanto quando eles esto errados, s'a o mais poderosas do que geralmente se entende. Na verdade, o mundo é reg,ido por 1.-)ouca coisa mais. Homens praticos, que se acreditam isentos de influencias intelectuais sk, geraln-iente escravos de algum economista defunto. Os loucos em posir5es de comando, que ouvem vozes no ar, destilam seu frenesi a partir de algum escriba academico de poucos anos Embora essas palavras tenham sido escritas em 1935, ainda hoje sa"o verdadeiras. Na realidade, o "escriba academico" que hoje influencia a politica pUblica quase sempre o prprio Keynes. Teste R4ido De um exemplo de declarack positiva e um exemplo de declarack normativa. • Aponte tr' s 6rgos do governo que sejam regularmente assessorados por economistas. Por Que os Economistas Divergem "Se todos os economistas fossem colocados lado a lado, riIio chegariam a nenhuma concluso."Esse gracejo de George Bemard Shaw e revelador. Os economistas, como um g,rupo, freqentemente s'a o criticados por dar conselhos conflitantes aos formuladores de politicas. 0 presidente Ronald Reagan uma vez brincou dizendo 2 que se o jogo Trivial Pursuit tivesse sido criado por economistas, teria cem perguntas e 3 mil respostas. ` Por que os economistas aparecem t a'o freqiientemente dando conselhos conflitantes aos formuladores de politicas? Ha dois motivosbsicos: • Os economistas podem discordar quanto à validade de teorias positivas alternativas sobre o funcionamento do mundo. • Os economistas podem ter valores diferentes e, portanto, vises normativas diferentes sobre que politicas devem ser realizadas. Vamos discutir cada um desses motivos. DiverOncias quanto ao Julgamento Cientifico Há muitos seculos, os astrnomos debatiam se a Terra ou o Sol seriam o centro do sistema solar. Mais recentemente, os meteorologistas tem discutido se a Terra est disso. A cienpassando por um aquecimento global e, em caso positivo, o porque cia é a busca pela compreens a"o do mundo que nos cerca. N'a o é de surpreender que, à medida que a busca continua, os cientistas podem divergir quanto à dire o em que a verdade se encontra. Os economistas freqentemente divergem pelo mesmo motivo. A economia e uma ciencia jovem e ainda 1-1 á muito a aprender. Os economistas às vezes divergem porque tem palpites diferentes sobre a validade de teorias alternativas ou sobre a magnitude de paffimetros importantes. Por exemplo, os economistas divergem sobre se o governo deveria cobrar impostos sobre a renda das familias ou sobre o seu consumo (despesas). Os que defendem uma mudaNa do atual imposto de renda para um imposto sobre o consumo acreditam que a mudaria incentivara as familias a poupar mais porque a renda poupada seria isenta de impostos. Poupanas maiores, por sua vez, levariam a um rapido 2. NE: Trata-se de um jogo de perguntas e respostas, semelhante ao nosso Master, por exemplo. CAPiTULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA crescimento da produtividade e dos padroes de vida. Os que defendem a tributacao sobre a renda corrente acreditam que a poupanca das familias nao responderia muito a mudancas nas leis tributarias. Esses dois grupos de economistas tem diferentes opinioes normativas sobre o sistema tributario porque tem diferentes opinioes positivas a respeito do grau de resposta da poupanca aos incentivos tributarios. Divergencias quanto a Valores Vamos supor que Pedro e Paulo retirem a mesma quantidade de agt, ia do pow de sua cidade. Para pagar pela manutencao do pogo, a cidade cobra um imposto de seus moradores. Pedro tem uma renda de US$ 50.000 e é taxado em US$ 5.000, ou 10% de sua renda. Paulo tem uma rencla de US$ 10.000 e é taxado em US$ 2.000, ou 20°/0 de sua renda. Essa 'p olitica 6 justa? Se nao 6, quem paga muito e quern paga pouco? Faz alg,uma diferenca se a baixa renda de Paul decorre de algum problema medico ou da sua decisao de seguir a carreira de ator? Faz diferenca se a alta renda de Pedro se deve a uma g,rande heranca ou a sua ciisposicao para trabalhar muitas horas num empreo -o fatio-ante? Essas sao questoes dificeis sobre as quais as pessoas provavelmente discordam. Se a cidade contratasse dois especialistas para estudar como deveria taxar os moradores para pagar pelo pogo, nao seria surpreendente que eles oferecessem conselhos conflitantes. Este exemplo simples mostra por que os economistas as vezes divergem a respeito de politicas ptiblicas. Como vimos anteriormente, durante nossa discussao sobre analise positiva e analise normativa, as politicas nao podem ser julgadas somente com base na ciencia. Algumas vezes os economistas podem dar conselhos conflitantes porque tem valores diferentes. Aperfeicoar a ciencia econamica nao vai nos dizer se 6 Pedro ou Paulo quern esta pagando demais. Percepcao e Realidade Como existem diferencas de julgamento cientifico e cliferencas de valores, é inevitavel que haja divergencia entre os economistas. Mas nao devemos exagerar o grau dessa divergencia; em muitos casos, os economistas tem opini5es semelhantes. A Tabela 2 contem dez proposicaes de politica economica. Numa pesquisa corn economistas do mundo dos negocios, do govemo e do corpo docente de universidacles, essas proposicoes foram endossacias pela esmagadora maioria dos entrevistados. A maior parte delas nao receberia o mesmo apoio consensual do public° em geral. A primeira se refere ao controle dos alug,u6is. Por motivos de que trataremos adiante, quase todos os economistas acreditam que o controle dos alugueis afeta de forma negativa a disponibilidade e a qualidade da inoradia e que essa 6 uma forma muito dispendiosa de ajudar os membros mais necessitaclos da sociedade. Ainda assim, muitos govemos locais optam por ignorar as advertencias dos economistas e estabelecem tetos para os alug,u6is que os proprietarios podem cobrar de seus inquilinos. A segunda proposicao da tabela refere-se a tarifas e cotas de importacao, duas politicas que restringem o comercio entre as nacoes. Por motivos que discutiremos em outros capitulos, quase todos os economistas se opoem a essas barreiras ao livre comercio.Todavia, ao longo dos anos, o presiciente e o Congress° optaram por restring,ir a importacao de determinados bens. Em 2002, por exemplo, o govern° Bush impos pesadas tarifas sobre o ago para proteger os produtores de ago domesticos da competicao estrangeira. Neste caso, os economistas foram consistentes em seu aconselhamento, mas os formuladores de politicas optaram por ignord-los. 31 32 PARTE 1 INTROD ~O TABELA 2 ProposiOes (e porcentagem de economistas que concordam com elas) Dez Proposices sobre as quals a Maioria dos Economistas Concorda Fonte: Richard M. Alston, J. R. Kearl e Michael B. Voughn, "1s There Consensus among Economists in the 1990s7,' American Economic Review, maio 1992, p. 203-209. Reproducao permitido. 1.Estabelecer um teto para os alugu6s reduz a quantidade e a qualidade das moradias disponiveis. (93%) 2.Tarifas e cotas de importack costumam reduzir o bem-estar econ6mico geral. (93%) 3.Taxas de c'knbio flexiveis e flutuantes s:k uma proposick que permite um arranjo monethrio internacional eficaz. (90%) 4.A politica fiscal (por exemplo, cortes de impostos e/ou aumento dos gastos do governo) tem efeitos estimulantes significativos sobre uma economia que esteja abaixo do pleno emprego. (90%) 5.0 orcamento federal deve ser equilibrado durante o ciclo de neg6cios, não anualmente. (85%) 6.Os pagamentos em dinheiro aumentam o bem-estar dos beneficiários mais do que as transfer&Icias em mercadorias de igual valor monethrio. (840/0) 7.Um grande &ficit orcamentrio federal tem efeitos adversos sobre a economia. (83%) 8.0 salário minimo aumenta o desemprego entre trabalhadores jovens e não qualificados. (79%) 9.0 governo deveria reestruturar o sistema de assist&icia social nos moldes de um "imposto de renda negativo". (790/0) 10.Os impostos sobre efluentes e as permiss6es para poluick negoci eis são uma abordagem melhor ao controle da poluick do que a imposick de tetos à poluick. (78%) Por que politicas como o controle de alugueis e as barreiras comerciais persistem se os especialistas estio unidos contra elas? Talvez porque os economistas ainda não tenham convencido o público em geral de que elas são indesejiveis. Um dos objetivos deste livro é fazer com que voce entenda a visk) que os economistas tem destes e de outros temas e, talvez, convence-lo de que essa é a viso correta. Teste R4ido Por que os conselheiros econ6micos da presi&ncia podem divergir quanto a quest6es de politica econ6mica? Vamos em Frente Os dois primeiros capitulos do livro apresentaram a voce as ideias e os metodos cla econon-iia. Agora estamos prontos para trabalhar. No prOximo capitulo, comearemos a aprender em maiores detalhes os principios do comportamento econOmico e da politica econOmica. Ao avaNar pelo livro, voce precisará explorar muitas das suas habilidades intelectuais. Pode lhe ser útil ter em mente um conselho do grande economista John Maynard Keynes: - 0 estudo da economia rth o parece exigir talentos especializados de grau mais elevado do que o normal. Não e... um assunto fácil se comparado com a filosofia ou a ciencia pura? Uma disciplina fácil em que bem poucos se sobressaem! 0 paracioxo pode ser explicado talvez pelo fato de que o especialista em economia deve possuir uma combint4-& rara de dons. Deve ser matemkico, historiador, estadista, fil6sofo — em certa medida. Deve compreender simbolos e falar por meio de palavras. Deve contemplar o particular em termos do geral e abordar o abstrato e o concreto em uma só linha de pensamento. Deve estudar o CAPftULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 33 presente à luz do passado com a inten o de compreender o futuro. Nenhuma parte da natureza do homem ou das suas instituições deve ficar inteiramente fora de sua aten o. Deve ser ao mesmo tempo determinado e desinteressado, t" ,;) distante e incorruptivel quanto um artista, mas, por vezes, th - o prOximo da terra quanto um politico. un-t grande encargo, mas, com prkica, voce' se sentirá cada vez mais habituado a pensar como um economista. IRESUMO • Os economistas tentam abordar sua disciplina com a objetividade dos cientistas. Como todos os cientistas, eles formulam hipOteses apropriadas e constroem modelos simplificados para entender o mundo que os cerca. Dois modelos econOmicos simples .s" "o o .. diagrama do fluxo circular e a fronteira de possibilidades de produ o. • 0 campo da economia se divide em dois subcampos: a microeconomia e a macroeconomia. Os microeconomistas estudam a tomada_de_derisiies pelasfamilias e pelas empresas e a intera o entre fan-fflias e empresas no mercado. Os macroeconomistas estudam as foNas e tendfficias_que afetam toda a economia. • Uma declarao ps)siti_va uma_.declarg-o-sobre como o mundoBUma declara o normativa é uma declaraçãosobre como o mundo deveria se. Quando os economistas fazem declargOes normatiyas,. estho agindo majs como - c_onselheiros polticosi do que como cientistas. • _Os economista_s que _assessoram-os-formuladores de_ politicas oferecem conselhos conflitantes_por causa de difereNas de julgamento cientificanu_de difereNas de valores. Em outras situg 6es, os economistas estho unidos em torno dos conselhos que oferecem, mas os formuladores de politicas podem optar por ignorar tais conselhos. CONCEITOS-CHAVE diag,rama do fluxo circular, p. 23 microeconomia, p. 27 fronteira de possibilidades de pro- macroeconomia, p. 27 p. 24 declaraOes positivas, p. 28 declarg5es normativas, p. 28 QUESTC)ES PARA REVISA0 1. Por que a economia e considerada uma ci'encia? , . 2. Por que os econorhistas formulam hipOteses? 3. Um modelo econOmico deveria descrever exatamente a realidade? 4. Desenhe e explique um grffico de uma fronteira de possibilidades de produ o para uma economia que produza leite e biscoitos. 0 que acontece com essa fronteira se alguma doena mata metade do gado leiteiro da economia? 5. Use uma fronteira de possibilidades de produ o para descrever a ideia de "eficiencia". 6. Quais so os dois subcampos em que se divide a economia? Explique o que cada um deles estuda. 7. Qual é a difereNa entre as declargOes positivas e as normativas? Dê um exemplo de cada. 8. 0 que e o Council of Economic Advisers? 9. Por que os economistas às vezes oferecem conselhos conflitantes aos formuladores de politicas? 34 PARTE 1 INTR0DUcA0 PROBLEMAS E APLICAcoES 1. Descreva alg,uns termos incomuns usados em algum outro campo que voce esteja estudando. Por que esses termos especiais so uteis? 2. Uma hipotese comum em economia é a de que os produtos de diferentes empresas num mesmo setor sejam indisting,uiveis. Discuta se essa hipotese razoavel para cada uma das seguintes industrias: a. ago b. romances c. trigo d. fast-food 3. Desenhe urn diagr, ama do fluxo circular. Identifique as partes do model° que correspondem ao fluxo de bens e servicos e ao fluxo de Mares em cada uma das atividades abaixo. a. Sam paga US$ 1 por urn litro de leite comprado na padaria. b. Sally ganha US$ 4,50 por hora trabalhando numa lanchonete. c. Serena gasta US$ 7 para assistir a urn filme. d. Stuart ganha US$ 10 mil por causa de sua participacdo de 10% na propriedade da Acme Industrial. 4. Imagine uma sociedade que produza bens militares e bens de consumo, a que chamaremos respectivamente de "armas" e "manteiga". a. Desenhe urn grafico de uma fronteira de possibilidades de producao para armas e manteiga. Explique por que ela provavelmente se curvara para fora. b. Indique urn ponto que seja impossivel de a economia atingir. Indique um ponto possivel de ser atingido, mas ineficiente. c. I magine que na sociedade haja dois partidos politicos, os Falcoes (que querem for-gas armadas poderosas) e as Pombas (que querem forcas armadas menos poderosas). Indique urn ponto em sua fronteira de possibilidades de produc5o que os Falco-es desejariam escolher e urn ponto que as Pombas gostariam de escolher. d. Imagine que urn pais vizinho agressivo decida reduzir o tamanho das suas forcas armadas. Como resultado, tanto os Falcoes quanto as Pombas reduzem a producao desejada de armas na mesma quantidade. Que partido obteria o major "dividendo de paz", medido pelo aumento da producao de manteiga? Explique. 5. 0 primeiro principio econemico que discutimos no Capitulo 1 é o de que as pessoas se deparam corn tradeoffs. Use a fronteira de possibilidades de producao para ilustrar o tradeoff da sociedade entre urn meio ambiente nao poluido e a quantidade de produto industrial. 0 que, em sua determina o formato e a posicao da fronteira? Mostre o que acontece corn a fronteira se engenheiros desenvolvem urn motor para carro praticamente livre de emissoes de poluentes. 6. Classifique os seguintes topicos como pertencentes a microeconomia ou a macroeconomia. a. A decisdo de uma familia sobre quanto poupar de sua renda. b. 0 efeito das regulamentacoes governamentais sobre as emissoes de poluentes dos carros. c. 0 impacto de uma major poupanca nacional sobre o crescimento econamico. d. A decisao de uma empresa sobre quantos trabalhadores empregar. e. A relacao entre a taxa de inflaca'o e variacoes na quantidade de moeda. 7. Classifique cada uma das declaracoes abaixo como sendo positiva ou normativa. Explique. a. A sociedade enfrenta urn tradeoff de curto prazo entre inflacao e desemprego. b. Uma reduc5o da taxa de crescimento da moeda reduzira a taxa de inflaca-o. c. 0 Federal Reserve deveria reduzir a taxa de crescimento da quantidade de moeda. d. A sociedade deveria exigir que os que recebem beneficios sociais procurassem emprego. e. Impostos menores incentivam o trabalho e a poupanca. 8. Classifique cada uma das declaracoes da Tabela 2 como positiva, normativa ou ambigua. Explique. 9. Se voce fosse o presidente, estaria mais interessado nas opinioes positivistas ou nas opinibes normativas dos seus assessores economicos? Por que? CAPh- ULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 35 10. Você esperaria que os economistas divergissem 11. Consulte um dos sites indicados na Tabela 1. Que menos sobre a polftica pública com o passar do tendricias ou questes econffinicas s". " o abordadas ten-ipo? Por quP As diverg&icias de opinião nele? podem ser completamente eliminadas? Por qu? 36 PARTE 1 INTR0DUcA0 APEN DICE Graficos: Uma Breve Revisao Muitos dos conceitos que os economistas estudam podem ser expressos por meio de numeros — o prey) da banana, a quantidade de bananas vendida, o custo do cultivo da banana e assim por diante. As variaveis econemicas muitas vezes estao relacionadas umas corn as outras. Quando o preco da banana aurnenta, as pessoas compram menos banana. Uma forma de expressar as relacoes entre variaveis é por meio de g,raficos. Os graficos servem para duas coisas. Primeiro, ao desenvolver teorias economicas, os gr, aficos proporcionam uma maneira de expressar visualmente ideias que nao ficariam tao claras se fossem descritas corn equagoes ou palavras. Segundo, durante a analise de dados economicos, os graficos oferecem uma forma de descobrir como as variaveis de fato se relacionam no mundo realindependentemente de estarmos trabalhando corn teorias ou corn dados, os graficos fomecem uma lente através da qual é possivel reconhecer uma floresta a partir de uma grande quantidade de arvores. A informacao numerica pode ser expressa graficamente de varias formas, assim como urn pensamento pode ser expresso de varias maneiras por meio de palavras. Urn born escritor escolhe palavras que tomarao urn argument° claro, uma descricdo agradavel ou uma cena dramatica. Urn economista eficaz escolhe o tipo de grafico mais adequado as suas finalidades. Neste apendice discutiremos como os economistas usam graficos para estudar as relacoes matematicas entre variaveis. Discutiremos tambem algumas das armadilhas que podem surgir no uso de metodos graficos. Graficos de Uma sá Variavel A Figura A-1 mostra tres graficos comuns. 0 grdfico de pizza (pie chart) no painel (a) mostra como se divide a renda total nos Estados Unidos entre as fontes de renda, incluindo a remuneracao dos empregados (salario), lucros corporativos etc. Cada fatia da pizza representa a participacao de uma fonte no total. 0 grrifico de barra (bar graph) do painel (b) compara a renda em quatro paises. A altura de cada barra representa a renda media em cada pais. 0 grafico do serie temporal (time-series graph) do painel (c) traca a crescente produtividade no setor de negacios cios Estados Unidos ao longo do tempo. A altura da linha mostra o produto por hora a cada ano. Voce provavelmente j viu graficos semelhantes em jornais e revistas. Graficos de Duas Variaveis. 0 Sistema de Coordenadas Embora os tres graficos da Figura A-1 sejam iteis para mostrar como uma variavel muda ao longo do tempo ou de urn individuo para outro, eles sac) bastante limitados no que se refere a quanto podem nos dizer. Eles apresentam informacoes sobre uma so variavel. Os economistas muitas vezes estdo interessados nas relacoes entre variaveis, por isso precisam ser capazes de representar duas variaveis num so grafico. 0 uso do sistema de coordenadas toma isso possivel. Suponhamos que voce queira examinar a relacao entre o tempo de estudo e a nota media dos alunos. Para cada aluno de sua classe, voce pode registrar urn par de mimeros: o numero de horas semanais de estudo e a nota media obtida. Esses numeros podem, entao, ser colocados entre parenteses, formando urn par ordeflado, e representados como urn tinico ponto no grafico. Albert E., por exemplo, 6 repre- CAPh-ULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 37 FIGURA A-1 Tipos de GrMico q 0 grdfico de pizza no painel (a) mostro como o rendo nocional dos Estodos Unidos derivo de diversos fontes. 0 gr fico de barras no painei (b) compara a renda media em quatro palses. 0 gratico de serie temporal no painel (c) mostra o produtividade do trabalho nas empresas dos Estados Unidos entre 1950 e 2000. (a) GrMico de Pizza Renda dos proprieterios (8%) ( Salário dos empregados (72%) (c) GrMico de Serie Temporal (b) GrMico de Barras Renda por Pessoa em 2000 Lucros das empresas (12%) Renda de juros (6%) -,Renda de alugueis (2%) Estados Unidos 35.000 ($34.100) Reino 30.000 Unido ($23.550) 25.000 20.000 Mexico 15.000 ($8.790) h.ldia 10.000 ($2.340) 5.000 0 frldice de Produtividade • • • • ...................................... 115 95 75 .......... 55 .......... 35 ................... 0 __I 1950 1960 1970 1980 1990 2000 sentado pelo par ordenado (25 horas/semana, nota 3,5), enquanto seu despreocupado colega Alfred E. é representado pelo par ordenado (5 horas/semana, nota 2,0). Podemos fazer um grafico desses pares ordenados numa grade bidimensional. 0 primeiro nUmero de cada par ordenado, chamado de coordenada x, mostra a localização horizontal do ponto. 0 segundo nUmero, chamado de coordenada y, mostra a localizgZio vertical do ponto. 0 ponto que tem coordenada x e coordenada y iguais a zero é chamado de origem. As duas coordenadas de cada par ordenado nos dizem onde o ponto esta localizado em rela o à origem: x unidades para a direita da origem e y unidades acima dela. A Fig-ura A-2 (p. 38) representa g,raficamente as notas medias em relg"ao ao tempo de estudo de Albert E., Alfred E. e seus colegas. Esse tipo de grafico e chamado de grafico de dispers do porque representa pontos dispersos. Olhando para esse grafico, percebemos imediatamente que os pontos mais à direita (que indicam maior tempo de estudo) tendem a ocupar posições mais elevadas (indicando rnelhores notas). Como o tempo de estudo e as notas costumam mover-se na mesma direção, dizemos que ha uma correlacdo positiva entre essas duas variaveis. Por outro lado, se fizessemos um grafico do tempo gasto em festas e das notas, provavelmente concluirfamos que mais tempo dedicado a festas esta associado com notas menores; poderiamos dizer enth- o que existe uma correla(do negativa, ja que as duas variaveis se movem em dire es opostas. Em ambos os casos o sistema de coordenadas permite ver com faciliclade a correla ao entre as duas variaveis. Curvas no Sistema de Coordenadas Alunos que estudam mais tendem a ter notas mais altas, mas ha outros fatores que influenciam as notas. Preparar-se com anteced"encia, por exemplo, é um fator importante, como tambem o s'ao talento, ateN a. - o dos professores e ate comer bem como o da Figura A-2 n'ao procura isoUrn g,rafico de dispers ao no cafe da manh a. lar o efeito que o estudo tem sobre as notas dos efeitos de outras variaveis. Mas em muitos casos os economistas preferem ver como uma variavel afeta outra mantendo tudo o mais constante. 38 PARTE 1 INTRODUc-A0 FIGURA A-2 Usando o Sistema de Coordenadas A nota media é medida no eixo vertical e o tempo de estudo, no eixo horizontal. Albert E, Alfred E. e seus colegas sao representados por diversos pontos. 0 grafico nos permite ver que os alunos que estudam mais tendem a obter notas mais altos. Nota Media 4,0 • 3,5 • 3,0 • Alfred E (25, 3,5) 2,5 2,0 4indfred E.; ; (5, 2,0) 1,5 1,0 0,5 :1 1 0 5 10 15 20 25 30 40 Tempo de Estudo (horas por semana) 35 Para ver como isso é feito, vamos considerar um dos gnificos mais importantes em economia: a curoa de demanda. A curva de demanda representa o efeito do preco de urn bem sobre a quantidade do hem que os consumidores desejam comprar. Antes de ver uma curva de demanda, contudo, considere a Tabela A-1, que mostra como o ntimero de romances que Emma compra depende de sua renda e do preco dos romances. Quando os romances estao baratos, Emma os compra em gr, ande quantidade. A medida que ficam mais caros, ela pega emprestado livros da biblioteca em vez de os comprar ou opta por ir ao cinema em vez de ler. De maneira similar, para qualquer preco dado, ela compra mais romances quando sua renda é major. Ou seja, quail& sua renda aumenta, Emma gasta parte da renda adicional em romances e parte em outros bens. Temos agora tres vari6veis — o preco dos romances, a renda e o rainier° de romances comprados mais do que podemos representar em um grafico bidimensional. Para representarmos graficamente as informacoes da Tabela A-1, precisamos manter constante uma das tres variaveis e tracar a relacao entre as outras duas. Como a curva de demanda representa a relacao entre preco e quantidade demandada, mantemos constante a renda de Emma e mostramos como o mimero de romances que ela compra varia corn o Few. Suponhamos que a renda de Emma seja de US$ 30 mil por ano. Se colocarmos o niimero de romances comprados no eixo x e o preco dos romances no eixo y, podemos representar graficamente a coluna central da Tabela A-1. Quando os pontos que representam os dados da tabela — (5 romances, US$ 10), (9 romances, US$ 9) e assim por diante — sao ligados, formam uma linha. Essa linha, representada na Figura A-3, é conhecida como a curva de demanda de Emma por romances; ela nos diz quantos romances Emma compra a qualquer preco dado. A curva de demanda tern inclinacao negativa, indicando que urn major preco reduz a quantidade demandada de romances. Como a quantidade demandada de romances e o preco se movem em direcoes opostas, dizemos que as duas variaveis est5o negativamente relacionadas (na situacao inversa, quando duas variaveis movem-se na mesma direcao, a curva que as representa tem inclinacao positiva, e dizemos que elas estao positivamente relacionadas). CAPh- ULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 39 AffiELA A-1 Renda Preo $ 20 mil Romances Comprados por Emma $ 40 mil $ 30 rnii 8 romances $ 10 2 romances 5 romances 9 6 9 8 10 13 16 7 14 17 20 6 18 21 24 5 22 25 28 Curva de demanda, 0 3 Curva de demanda, D i Curva de demanda, 02 Prgo dos..... ........... Romances : I $11 10 ; ' ......... 12 I Curva de Demanda • • ... 1 ... ... .II I ' " A linha D 1 mostra como o nmero de romances que Emma compro depende do preco dos romances quando sua renda é mantido constante. Como o preco e a quantidade demandada negativamente relacionados, estdo curva de demonda se indina para baixo. .... (5,... 10 ........... 9 8 $8) ... ... . ... ... • • .. $7) 7 2,6 6.... ... (25, 5) 5 4 Esta tabela mostra o n mero de romonces que Emma compro para diferentes niveis de rendo e diferentes precos. Pora qualquer dado nivel de rendo, os dados sobre precos e quantidade demandada podem ser representados graficamente, resultando no curva de demanda de Emma por romances, como mostram as Figuras A-3 e A-4. : : ... Dema da . 3 2 .. 1 —... i 0 5 0 15 20 25 I i 30 Quantidade de Romances Comprados Suponhamos agora que a renda de Emma aumente para US$ 40 mil por ano. Para qualq-uer preeo dado, ela comprath mais romances do que comprava quando ganhava menos. Assim como traeamos anteriormente a curva de demanda de Emma por romances com dados da coluna do meio da Tabela A-1, traeamos agora uma nova curva de demanda com os dados da coluna da direita da tabela. Representamos essa nova curva de demanda (eurva 13 7 ) ao lado da curva anterior (curva D i ) na Fig,ura A-4; a nova curva é semelhante à que traeamos antes, mas sit-ua-se mais à direita. Dizemos, assim, que a curva de demanda de Ernma por romances desloca-se para a direita quando sua renda aumenta. Da mesma forma, se a renda de Emma caisse para US$ 20 mil por ano, ela compraria menos romances para qualquer preeo dado e sua curva de demanda se deslocaria para a esquerda (curva D3). 40 PARTE 1 INTRODUcA0 Em economia é importante distinguir entre mnvimentos an longo de uma curva e desloconentos de ulna curva. Como vemos na Figura A-3, se Emma ganhar US$ 30 mil por ano e os romances custarem US$ 8 cada, ela comprara 13 romances por ano. Se o preco cair para US$ 7, o ntimero de romances comprados aumentard para 17 por ano. A curva de demanda, entretanto, se mantera fixa no mesmo lugar. Ela ainda comprard o mesmo nomero de romances a cada preeo, mas com a queda do preco, ela se movera da esquerda para a direita ao longo da sua curva de demanda. Por outro lado, se o preco dos romances permanecer fixo em US$ 8, mas sua renda aumentar para US$ 40 mil por ano, Emma aumentara suas compras de romances de 13 para 16 por ano. Como ela compra mais romances a cada preen, sua curva de demanda desloca-se para fora (para a direita), como mostra a Figura A-4. Ha uma maneira simples de saber quando é precis° deslocar uma curva. Quando uma variavel que nao estt representada nos eixos muda, o grafico se desloca. A renda no esta nem no eixo x nem no eixo y do grafico, portant°, quando a renda de Emma muda, sua curva de demanda deve deslocar-se. Qualquer mudança nao o preco dos romances que afete os habitos de compra de Emma resultard num deslocamento da curva de demanda. Se, por exempla, a biblioteca publica fechar e Emma precisar comprar todos os livros que quiser ler, ela demandard mais romances a cada preco e sua curva de demanda se deslocara para a direita. Se o preco do ingress° do cinema cair e Emma passar mais tempo assistindo a filmes e menos tempo lendo, ela ira demandar menos romances a cada preco e sua curva de demanda se deslocard para a esquerda. Mas, quando muda uma variavel de urn dos dois eixos do grafico, a curva nao se desloca. Interpretamos tai mudanca como um movimento ao longo da curva. FIGURA A-4:1 Deslocamento das Cuntas de Demanda A localizacao do curva de demonda de Emma par romances depende do sua renda. Quanta mais ela ganhar, mais romances podera comprar a coda prep determinodo e mais para a direita sua cum de demand° kora A curva D1 representa a curva de demanda original de Emma par romances quando suo rendo é de US$ 30 mil por ano. Se sua renda aumentar para US$ 40 mil par ano, sua curva de demanda se deslocard para D2. Se sua renda cair para US$ 20 mil par ono, suo curia de demanda se deslocard para D3. Preco dos Romances . , ... ... -•.• • • ".• • • ' ... 1 • - $11 10 9 Quando aumenta a ... , renda, a curva de demanda desloca-se para a direita. ... ... ............ 8 7 6 ... - Quando diminui 5 a renda, a curia - de demanda 4 — desloca-se para a esquerda. — • •- .. .. r reh.cia:F. (rend:a = 40.0000 25 30 Quantidade 3 2 1 0 ! 5 10 13 1516 20 de Romances Comprados CAPh-ULO 2 PENSANDO COMO UM ECONOMISTA Inciina0o Uma pergunta que poderiamos fazer sobre Emma é em que medida seus de compra reagem ao j_-)recs-o. Olhe para a curva de den-ianda representada na Figura A-5. Se essa curva é muito inclinada, Emma compra sempre quase o mesmo rulmero de romances, estejam eles mais caros ou mais baratos. Se a curva e mais horizontal, Emma compra muito menos romances quando o preQ3 aumenta. Para resporicier a perguntas sobre em que medida uma varivel responde a mudarwas em outra variável, podemos usar o conceito de inclina0o. A inclinação de uma linha é a razo entre a distffilcia vertical percorrida e a distffilcia horizontal percorrida à medida que nos movemos ao longo da linha. Essa defini o costuma ser escrita matematicamente da seguinte forma: Inclinação = Ay , Ax onde a letra grega A (delta) representa a varia o de uma variável. Em outras palavras, a incling^a"o de uma linha é igual ao "aumento" (varigk) de dividido pela "disthncia" (varia o de x). A inclinação serd um pequeno niimero positivo no caso de linhas ascendentes com pouca inclinação, um grande n mero positivo no caso de linhas com forte inclinação ascendente e um m'Amero negativo para linhas com nação descendente. Uma linha horizontal teth inclinação zero porque nesse caso a varffiTel y nunca muda; dizemos que as linhas verticais têrn inclinação infinita porque a varffiTel y pode assumir qualquer valor sem que a variElvel x mude. FIGURA A-5 Prev) dos Romances $11 Calculando a Inclinach I1 de uma linha 10 9 ... .. • ... - 7 5 ... ... ... 4 3 2 0 5 10 30 Quantidade de Romances Comprados Pora calculormos a inclinacao do curva de demanda, podemos observar os variocaes das coordenados xeya medida que nos deslocamos do ponto (21 romances, $ 6) para o ponto (13 romances, $ 8). A indinacao da linha é a razao entre a variacao do coordenado y (-2) e a variacao da coordenado x (+8), que igual o —1/4. 41 42 PARTE 1 INTRODUcii0 Qual é a inclinacdo da curva de demanda de Emma por romances? Em primeiro lugar, como a inclinacdo da curva é descendente, sabemos que serd negativa. Para calcularmos urn valor numeric° da inclinacdo, precisamos escolher dois pontos da linha. Com a renda de Emma em US$ 30 mil, ela comprard 21 romances a US$ 6 ou 13 romances a US$ 8. Quando aplicamos a formula da inclinacdo, estamos interessados em saber a variacdo entre esses dois pontos; em outras palavras, o que nos interessa é a diferenca entre eles, o que nos permite concluir que precisamos subtrair um conjunto de valores do outro, como se segue: inclinacao = Ay_ primeira coorcienada y - seg-unda coordenada 6-8 -2 -1 Ax primeira coordenada x - segunda coordenada 21 - 13 8 4 A Figura A-5 representa g,raficamente o funcionamento desse calculo. Tente calcular a inclinacdo da curva de demanda de Emma usando dois pontos diferentes. 0 resultado deve ser exatamente o mesmo, -114. Uma das propriedades das linhas retas é que elas tern a mesma inclinacdo em todos os pontos. Isso no se aplica a °taros tipos de curvas, que tern inclinacdo major em alg,uns pontos do que em outros. A inclinacdo da curva de demanda de Emma nos diz algo sobre o quanto suas compras respondem a mudancas de preco. Uma inclinacdo pequena (urn numero proximo de zero) significa que a curva de demanda de Emma é quase horizontal; neste caso, o numero de romances que ela compra muda substancialmente em resposta a mudancas de Few. Uma inclinacdo major (mamero bem major que zero) sig,nifica que a curva de demanda de Emma é quase vertical; neste caso, o ntimero de romances comprados muda pouco quando us precos variam. Causa e Efeito Os economistas freqiientemente usam graficos para propor arg-umentos sobre o funcionamento da economia. Em outras palavras, eles usam grdficos para explicar como urn conjunto de eventos causa urn outro conjunto de eventos. Quando se observa um gr, afico como a curva de demanda, ndo ha dilivida quanto ao que é causa e o que é efeito. Como estamos variando o preco e mantendo constantes todas as demais variaveis, sabemos que as alteragOes de preco dos romances causam alteragoes na quantidade de romances demandada por Emma. E preciso recordar, entretanto, que nossa curva de demanda provem de urn exemplo hipotetico. Ao fazer graficos corn dados da vida real, muitas vezes é mais dificil determinar como uma variavel afeta outra. 0 primeiro problema é que, ao medir como uma varidvel afeta outra, é dificil manter todo o rest° constante. Se ndo conseguimos manter constantes as variaveis, podemos concluir que uma variavel de nosso g,rafico esti causando variacoes na outra quanclo, na verdade, essas variacoes sao causadas por uma terceira varitivel omitida que nab consta do g,rafico. Alem disso, ainda que tenhamos identificado as duas variaveis corretas para nossa analise, podemos nos deparar corn urn seg- ,undo problema: a causalidadc reversa. Em outras palavras, poderfamos concluir que A causa B quando, na verdade, B é que causa A. As armadilhas da variavel omitida e da causalidade reversa exigem que tenhamos cautela ao usar gr, aficos para tirar conclusoes sobre causas e efeitos. CAPh- ULO 2 PENSANDO COMO UNI ECONOMISTA Vari veis Omitidas Vamos usar um exemplo para ver como a omiss a'o de uma vari&vel pode levar a um gi-ffico enganoso. Imaginemos que o govemo, pressionado pela preocupg a'o pLiblica com o g,rancie riLimero de n-lortes por cncer, contrate a Big Brother Servios Estatisticos Ltda. para realizar um estudo exaustivo. A Big Brother examina muitos itens encontrados na casa das pessoas para ver quais associados ao risco de c s ncer e relata uma forte relg"a"o entre duas variveis: o nUmero de isqueiros que uma familia tem e a probabilidade de que alguem da farnflia venha a ter dincer. A Figura A-6 mostra essa relg-a"o. 0 que devemos concluir a partir desse resultado? A Big Brother prop6e uma resposta politica imediata. Recomenda que o governo desencoraje o uso de isqueiros, instituindo um imposto sobre sua venda, e que exija que sejan-i fixadas etiquetas de advertencia nos isqueiros dizendo: "A Big Brother concluiu que este isqueiro faz mal Ao julgar a validade da an se da Big Brother, uma pergunta se sobressai: a Big Brother manteve constantes todas as variElveis relevantes a não ser a que esti sendo considerada? Se a resposta for negativa, os resultados serk) suspeitos. Uma explica o simples para a Figura A-6 e que as pessoas que tem mais isqueiros tern maior probabilidade de serem fumantes e que é o fumo, não os isqueiros, que causa o Se a Fipra A-6 riio mantem constante a quantidade de fumo, não nos diz o real efeito de ter um isqueiro. Essa histOria ilustra um importante principio: ao ver um grffico sendo usado para dar sustenta o a um arg,un-iento de causa e efeito, é importante perguntar se os n-lovin-ientos de alg,uma varffiTel omitida podem explicar os resultados observados. Causalidade Reversa Os economistas tambem podem se enganar quanto causalidade se interpretarem mal sua direção. Para saber como isso pode acontecer, suponha que a Associa o dos Anarquistas da America encomende um estudo sobre a criminalidade e cheg,ue à Figura A-7, que representa o rffimero de crimes violentos por mil habitantes nas g,randes cidades em relação ao niimero de policiais por mil habitantes. Os anarquistas observam que a curva tem incling"a"o positiva e afirmam que, como o policiamento aumenta a violencia urbana em vez de diminuila, a policia deveria ser abolida. Se pudessemos realizar um experimento controlado, evitariamos o perigo da causalidade reversa. Para fazermos tal experimento, determinariamos aleatoria- 43 44 PARTE 1 INTRODUcA0 mente o numero de policiais em diferentes cidades e entdo examinarfamos a correlacao entre policiamento e criminalidade. A Figura A-7, contudo, nao se baseia num experimento como esse. Ela simplesmente nos permite observar que as cidades mais violentas tern mais policiais. A explicacao para isso pode estar no fato de que cidades mais violentas empregam mais policiais. Em outras palavras, em vez de ser o ntimero de policiais que determina a criminalidade, é a criminalidade que determina o ntimero de policiais. Nada do grafico por si so nos permite determinar a direcao da causalidade. Pode parecer que uma maneira simples de determinar a direcao da causalidade seja observar qual das variaveis se move primeiro. Se o crime aumentar e entdo houver uma expansdo da forca policial, chegaremos a uma conclusao. Se verificarmos que a forca policial se expande e posteriormente a criminalidade aumenta, chegaremos a outra conclusao. Mas essa abordagem tern uma falha: as pessoas por vezes mudam seu comportamento no por causa de uma alteracao nas circunstancias atuais, mas devido a uma mudanca nas suas expectativas quanto as condicoes futuras. Uma cidade que esteja esperando por uma grande onda de crime no futuro, por exemplo, poderia muito bem contratar imediatamente mais policiais. Esse problema é ainda mais fzicil de perceber no caso de bebes e minivans. Os casais muitas vezes compram minivans antes do nascimento do bebe. A minivan vem antes da crianca, mas isso ndo nos leva a concluir que a venda desse tipo de veiculo cause crescimento populacional! Ndo ha urn conjunto completo de reg,ras quo nos diga corn exatiao quando é correto extrair conclusoes causais de graficos. Mas ter em mente que isqueiros nao causam cancer (variavel omitida) e que minivans ndo fazem aumentar o tamanho das famIlias (causalidade reversa) impedira que voce se deixe enganar por muitos argumentos econOmicos falhos. rnagine um dia comum em sua vida.Voces acorda pela manh a- - e toma um copo de suco de laranjas que são cultivadas na FlOrida e uma xicara de cafe produzido no Brasil. Enquanto toma o cafe da manh, assiste a um noticiario transmitido de Nova produYork em sua TV fabricada no Japo.Veste-se com roupas feitas de algod ao zido na GeOrgia e costuradas na Taikindia.Vai para a aula num carro feito de pecas fabricadas em mais de 12 paises espalhados pelo mundo. Ento abre seu livro de economia escrito por um autor que vive em Massachusetts, publicado por uma empresa com sede em Ohio e impresso em papel feito com arvores cultivadas em Oregon. Todos os dias, dependemos de pessoas do mundo todo, a maioria das quais n'a"o conhecemos, para nos fornecerem os bens e servicos de que desfrutamos. Essa interdepende'ncia é possivel porque as pessoas comerciam umas com as outras. Essas pessoas que nos fornecem esses bens e servicos n'ao fazem isso porque s'a-o generosas ou porque se preocupam com nosso bem-estar. Nem há um Orgio govemamental que manda que produzam o que queremos. Em vez disso, elas fornecem a nOs e a outros consumidores os bens e servicos que produzem porque recebem algo em troca. Em capitulos posteriores veremos como nossa economia coordena as atividades de miKies de pessoas com gostos e habilidades diferentes. Como ponto de parti- 46 PARTE 1 INTR0DUcA0 viA da desta analise, consideraremos aqui os motivos da interdependencia economica. Urn dos Dez Principios de EcoTzoinia que destacamos no Capitulo 1 é o de que o comercio pode ser born para todos. Esse principio explica por que as pessoas comerciam corn seus vizinhos e por que os 'Daises comerciam corn outros 'Daises. Neste capitulo, examinaremos esse principio mais detalhadamente. 0 que, exatamente, as pessoas tern a ganhar quando comerciam umas corn as outras? Por que optam por ser interdependentes? UMA PARABOLA PARA A ECONOMIA MODERNA Para entender por que as pessoas optam por depender de outros para os hens e servicos de que precisam e como essa escolha melhora a vida delas, vamos examinar uma economia simples. Imag,inemos que existam dois bens no mundo: came e batatas. E que haja duas pessoas no mundo — uma pecuarista e urn plantador de batatas cada uma das quais gostaria de corner tanto carne quanto batatas. Os ganhos comerciais ficam mais claros se a pecuarista so pode procluzir came e se o agricultor so pode produzir batatas. Num cendrio, tanto urn quanto o outro poderiam optar por nib o ter nada a ver urn corn o outro. Mas, passados varios meses comendo so carne assada, cozida, grelhada e frita, a pecuarista poderia concluir que a auto-suficiencia nao é tao boa assim. 0 agr, icultor, que vinha comendo batatas fritas, assadas, cozidas e pure de batatas, provavelmente concordaria. E facil perceber que o comercio lhes permitiria desfrutar de uma maior variedade. Corn ele, os dois poderiam corner urn belo bife corn batata assada. Embora essa cena ilustre corn a maxima simplicidade como todos poclem se beneficiar do comercio, os ganhos seriam os mesmos se tanto a pecuarista quanto o agricultor pudessem produzir tambem o outro hem, mas a urn custo major. Suponhamos, por exemplo, que o agricultor possa ter gado e came, mas que nao seja muito born nisso, e que a pecuarista possa plantar batatas, mas que suas terras nao sejam muito adequadas a essa cultura. Neste caso, é facil perceber que cada urn se beneficiaria caso se especializasse naquilo que faz melhor e depois cornerciasse corn o outro. Mas os ganhos advindos do comercio nao sac-) tao obvios assim quando uma pessoa é melhor na producao de todos os hens. Suponhamos, por exemplo, que a pecuarista seja melhor do que o ag,ricultor tanto no trato do gado panto no cultivo de batatas. Neste caso, sera que urn dos dois optaria pela auto-suficiencia? Ou ainda haveria motivo para comercializarem urn corn o outro? Para respondermos a essa perg,unta, precisamos analisar mais detidamente os fatores que afetam a decisao. Possibilidades de Producao Suponhamos que o agricultor e a pecuarista trabalhem oito horas por dia cada urn e possam dedicar esse tempo ao cultivo de batatas, a criacao de gado ou a uma combinacao das duas coisas..ATabela 1 mostra a quantidade de tempo que cada um deles precisa para produzir 1 kg de cada urn dos hens. 0 agricultor pode produzir 1 kg de batatas em 15 minutos e 1 kg de carne em 60 minutos. A pecuarista, que mais produtiva nas duas atividades, consegue produzir 1 kg de batatas em 10 minutos e 1 kg de came em 20 minutos. As duas colunas mais a direita da Tabela 1 mostram a quantidade de carne ou de batatas que o ag,ricultor e a pecuarista conseguem produzir se trabalharem 8 horas por dia produzindo urn so tipo de aliment°. 0 painel (a) da Figura 1 ilustra as quantidades de carne e de batatas que o agricultor conseg,ue produzir. Se ele dedica todas as oito horas de seu dia de trabalho au cultivo de batatas, produz 32 kg de batatas (medidos no eixo horizontal) e no 47 CAF4TULO 3 INTERDEPENIDNCIA E GANHOS COMERCIAIS TABELA 1 Agricultor Pecuarista Batatas Carne Carne Batatas 60 min/kg 20 min/kg 15 min/kg 10 min/kg Agricultor e da Pecuarista 32 kg 8 kg 24 kg 48 kg FIGURA 1 (a) ,A Fronteira de Possibilidades de Produsaoldo Agricultor (ik Fronteira de Possibilidades de Produch Carne (kg) Na aus&lcia de com&cio, o escolhe esta produ o e este consumo. / 0 painel (a) mostra as combinacaes de 45 came e batatos que o agricultor capaz de produzir 0 painel (b) f mostra as combiproduzir'ils p_a_caes duas fronteiras de possibilidades de 61" c_erv'`' producao derivarom da Tabela 1 e da hipatese de que o agricultor e a pecuorista ..{0J' e1/4 L‘' trabalhem oito horas por dia ) v (Lt k t e• ,-). ti‘ f.P . 1.5 - ..---16 z4)3- • Batatas (kg) 32 - (b) A Fronteira de Possibilidades de Produ0 o da ecuarista Carne (kg) 24 Na ausncia de comrcio, r st-a e s-c-Olfi -6t—aprodu o e este consumo. 2 ( i -5( eun-LiCu d..-i "- t 12 24 48 Batatas (kg) produz carne. Se dedica todo o seu tempo à produ o de carne, produz 8 kg de came (medidos no eixo vertical) e não produz batatas. Se divide seu tempo igualmente entre as duas atividades, dedicando 4 horas a cada uma, produz 16 kg de Ct, 48 PARTE 1 INTR0DUcii0 batatas e 4 kg de carne. A figura mostra os fres resultados possiveis e outras possibilidades intermedi6rias. Esse gr, afico é a fronteira de possibilidades de producao do agricultor. Como vimos no Capftulo 2,. as fronteiras de possibilidades de producao representam as ,diversas combinacOes de produto que ,urna eConomia_p_ode—p-ioduzir, Elas ilustram urn dos Dez Principios de Economia do CapItulo 1: o de que as pessoas enfrentam tradeoffs. Aqui o agricultor enfrenta urn tradeoff entre produzir came ou produzir batatas. Voce deve se lembrar de que a fronteira de possibilidades de producao do CapItulo 2 se curvava para fora; nesse caso, o tradeoff entre os dois bens dependia das quantidades produzidas. Aqui, contudo, a tecnologia que o agricultor usa para produzir came e batatas (como mostra resumidamente a Tabela 1) permite que ele passe de urn bem para o outro mantendo constante a razao. Neste caso, a fronteira de possibilidades de producao é representada por uma reta. 0 painel (b) da Figura 1 mostra a fronteira de possibilidades de producao da pecuarista. Se ela dedica todas as 8 horas de seu dia a producao de batatas, produz 48 kg de batatas e nao produz came. Se dedica todo o seu tempo a producao de came, produz 24 kg de came, mas rid() produz batatas. Se divide seu tempo, dedicando 4 horas a cada atividade, ela produz 24 kg de batatas e 12 kg de came. Novamente, a fronteira de possibilidades de producao mostra todos os resultados possiveis. Se o agricultor e a pecuarista optam pela auto-suficie.ncia e nao por comerciar urn corn o outro, cada um consome exatamente o que produz. Neste caso, a fronteira de possibilidades de producdo tambem representa a fronteira de possibilidades de consumo. Ou seja, sem o comercio, a Figura 1 mostra as possivers combinagoes de came e batatas que o ag-ricultor e a pecuarista podem consumir. Embora essas fronteiras de possibilidades de producdo sejam nteis para demonstrar os tradeoffs que o agricultor e a pccuarista precisam enfrentar, elas nao nos dizem o que eles efetivamente faro. Para determinarmos suas escolhas, precisamos conhecer os gostos da pecuarista e do agricultor. Suponhamos que escolham as combinacoes identificadas pelos pontos A e B da Figura 1: o agricultor produz e consome 16 kg de batatas e 4 kg de carne e a pecuarista produz e consome 24 kg de batatas e 12 kg de came. Especializacao e Comercio Depois de vArios anos comendo a combinacao B, a pecuarista tern uma ideia e vai conversar corn o ag-ricultor: PECUARISTA: Agr, icultor, meu amigo, tenho uma atima proposta para fazed Sei como podemos melhorar nossa vida. Penso que voce deveria parar de criar gado e dedicar todo o seu tempo ao cultivo de batatas. Pelos meus calculos, se voce trabalhar 8 horas por c-lia cultivando batatas, produzira 32 kg delas. Se me der 15 kg desses 32 kg de batatas eu lhe darei, em troca, 5 kg de carne. No fim das contas, voce tera para corner 17 kg de batatas e 5 kg de carne por dia, em vez dos 16 kg de batatas e 4 kg de carne que tern hoje em dia. Se resolver participar do meu piano, tem 6 mais de ambos os alimentos. (Para ilustrar seu arg-umento, a pecuarista mostra ao agricultor o painel (a) da Figura 2.) CAPh11L0 3 INTERDEPENDI NCIA E GANHOS COMERCIA1S 49 FIGURA 2 (a) ProdKao e Consumo do Agricultor Como o Comercio Expande o Conjunto de Oportunidades de Consumo Carne (kg) Consumo do agricultor com com&cio Produ o e consumo do agricultor sem com&cio Produ o do agricultor com com&cio 0 16 32 L17 Batatas (kg) A proposto de comercio entre o ogricultor e o pecuaristo oferece a cado um dos dois u.ma combinacao de came e botatas que sena impossfvel na ausencia do comercio. No painel (a), o agricultor passa a poder consumir o equivalente ao ponto A* e nao mais ao ponto A No poinel (b), a pecuansta passa a poder consumir o equivalente ao ponto B* e nO-o mois ao ponto B. 0 comercio permite que os dois consurnam mais carne e mais batatas. 714 ak())) c *tiLOCti,L ) (b) Prodtkao e Consumo da Pecuarista Carne (kg) 13-1:(5 -duca'o da 24 pecuarista com com&cio 18 Consumo da pecuarista f cpm com&cioi 13 Produ o e consumo da pecuarista sem com&cio 12 12 AGRICULTOR: (num 24 27 48 Batatas (kg) tom cffico) Parece uma boa ideia. Mas não entendo por que voce a est propondo. Se o negOcio e t a'o bom assim para mim, n-a'o pode ser bom tambem para voce. PECUARISTA: Mas e, sim! Suponhamos que eu passe seis horas por dia cuidando do gado e duas horas por dia cultivando batatas. Ent c-io posso produzir 18 kg de carne e 12 kg de batatas. Depois de lhe dar 5 kg da minha came em troca de 27 kg de suas batatas, ficarei com 13 kg de carne e 27 kg de batatas. Assim, consumirei mais came e mais batata do que consumo hoje. (Ela aponta para o painel (b) da Figura 2.) L ,40k. -12,e2b11;-4.6dCd£, 50 PARTE 1 INTR0DUcA0 TABELA 2 Ganhos do Comercio: Agricultor Resumo Pecuarista Came Batatas Came Batatas 4 kg 16 kg 12 kg 24 kg Producao 0 kg 32 kg 18 kg 12 kg Comercio Recebe 5 kg Dá 15 kg Dá 5 kg Recebe 15 kg Consumo 5 kg 17 kg 13 kg 27 kg + 1 kg + 1 kg + 1 kg + 3 kg Sem Comercio: Producao e Consumo Corn Comercio: Ganhos do Comercio: Aumento do Consumo AGRICULTOR: Nao sei... parece born demais para ser verdade. PECUARISTA: Nao é tao complicado quanto pode parecer a primeira vista. Veja — eu resumi minha proposta numa tabela bem simples. (Entrega ao agricultor uma cOpia da Tabela 2.) AGRICULTOR: (depois de uma pausa para estudar a tabela) Os c6.1cu1os parecem estar certos, mas estou confuso. Como esse negocio pode ser born para nOs dois? PECUARISTA: NOs dois nos beneficiamos porque o comercio permite que nos especializemos naquilo que fazemos melhor.Voce vai passar mais tempo cultivando batatas e menos tempo cuidando do gado. Eu you passar mais tempo cuidando do gado e menos tempo culti\Janda batatas. 0 resultado dessa especializacao e do comercio é que cada urn de nos podera consumir mais came e mais batatas sem precisar trabalhar urn major ntimero de horas. Teste Rapid° Represente graficamente a fronteira de possibilidades de producao de Robinson Crusoe, um naufrago que passava seu tempo colhendo cocos e pescando. Essa fronteira limitara o consumo de cocos e peixes se ele continuar vivendo per si so? Ele estara sujeito aos mesmos limites se puder comerciar corn os nativos da ilha? 0 PRINCIPIO DA VANTAGEM COMPARATIVA A explicac5o que a pecuarista ofereceu dos ganhos do comercio, embora correta, contem urn enigma. Se ela é melhor tanto na producao de came quanto na producao de batatas, como o agricultor pode se especializar naquilo que faz melhor? Ele nao parece estar fazendo alguma coisa melhor. Para resolvermos esse enigma, precisamos estudar o principio da vantagem comparativa. 51 CAPiTULO 3 INTERDEPENDI NCIA E GANHOS COMERCIAIS 0 primeiro passo para desenvolver este principio é pensar na seguinte perg,unta: em nosso exemplo, quen-i pode produzir batatas ao menor custo? 0 agricultor ou a pecuarista? Há duas respostas possiveis e nelas esta a soluao do nosso problerna e a chave para entender os ganhos do comftcio. Vantagem Absoluta EA) 1-\\ Uma maneira de responder à questao sobre o custo da produao de batatas é comparar os insumos necessarios para os dois produtores. Os economistas usam o termo vantagem absoluta quando comparan-i a produtividade de uma pessoa, empresa ou na. ao com a de outra. Diz-se que o produtor que precisa de uma quantidade menor de insumos para produzir um bem tem uma vantagem absoluta na produo desse bem. Em nosso exemplo, a pecuarista tem vantagem absoluta na produao tanto de carne quanto de batatas porque precisa de menos_ternpo do que o agricultor_para Ela precisa de apenas rs. alimentos. qualque produzir uma unidade _de _ _ 20 minutos para produzir 1 kg de carne, enquanto o agTicultor necessita de 60 minutos. Da mesma forma, a pecuarista precisa de apenas 10 minutos para produzir 1 kg de batatas enquanto o agricultor precisa de 15 minutos. Com base nessas informa es, podemos concluir que a pecuarista tem o menor custo de produ-ao de batatas se medirmos o custo em termos da quantidade de insumos. vantagem absoluta a comparack entre produtores de um determinado bem levando em considerack sua rodutividade io, Custo de Oportunidade e i Vantagem Comparativa Há outra maneira de olhar o custo da produao de batatas. Em vez de comparar os insumos necesskios, podemos comparar os custos de oportunidade. Lembre-se de que, como vimos no Capitulo 1, o custo de oportunidade de uma coisa é aquilo de que abrin-los mao para Em nosso exemplo, adotamos a premissa de que o agTicultor e a pecuarista passem 8 horas por dia trabalhando. Assim, o tempo gasto com o cultivo de batatas reduz o tempo disponivel para produzir carne. medida que o agiicultor e a pecuarista realocam seu tempo entre a produao dos dois bens, movem-se ao longo de suas fronteiras de possibilidades de produao; . de unidades de um bem para produzir unidades do outro. 0 custo de abrem m ao oportunidade mede o tradeoff entre os dois bens que cada produtor enfrenta. Vamos considerar, primeiro, o custo de oportunidade da pecuarista. De acordo com a Tabela 1, produzir 1 kg de batatas lhe toma 10 minutos de trabalho. Quando a pecuarista gasta 10 minutos produzindo batatas, tem 10 minutos a menos para produzir came. Como ela precisa de 20 minutos para produzir 1 kg de carne, 10 minutos de trabalho renderiam 1/2 kg de carne. arapcuarista, o custo de oportunidade da produao de 1 kg de batatas é de 1/2 kg de carne_ Vamos considerar, agora, o custo de oportunidade do agricultor. Produzir 1 kg de batatas lhe toma 15 minutos. Como precisa de 60 minutos para produzir 1 kg de carne, 15 minutos de trabalho lhe renderiam 1/4 kg de carne. Dessa forma, o custo de oportunidade de 1 kg de batatas para o agricultor de /4kg.di arne. A Tabela 3 mostra os custos de oportunidade da carne e da batata para os dois produtores. Observe que o custo de oportunidade da carne é o inverso do custo de oportunidade das batatas. Como 1 kg de batatas custa à pecuarista 1/2 kg de carne, 1 kg de carne lhe custa 2 kg de batatas. Da mesma forma, como 1 kg de batatas custa ao agricultor 1/4 kg de carne, 1 kg de came lhe custa 4 kg de batatas. custo de oportunidade aquilo de que devemos abrir mão para obter algum item --- 11<r r --- I ecyirrLt eewnp..- bolcii g.) nu,31 Gurr-vri (( _ ft (5— 52 PARTE 1 INTRODUcA0 Custo de Oportunidade da Carne e das Batatas Custo de Oportunidade de: Agricultor Pecuarista vantagem comparativa a comparacao entre os produtores de urn bem levando em consideracao seus custos de oportunidade ' 1 kg de came 1 kg de batatas 4 kg de batatas 2 kg de batatas 1/4 kg de came 1/2 kg de came Os economistas usam o termo vantagem comparativa para descrever o custo de oportunidade de dois produtores. 0 produtor que abrc rnao de mcnor quantidade de outros bens para produzir o bem X tern menor custo de oportunidade de producao desse bem e diz-se, portanto, que desfruta de uma vantagem comparativa na sua producao. Em nosso exemplo, o agricultor tem.nlen9r_custo_de oportunidade produ(do de_batata,s_do_vle pecuarista: 1 kg de batatas custa ao _ cultor apenas 1/4 kg de came, enquanto o custo para a pecuarista 6 de 1/2 kg de came. Inversamente, a pecuarista tern menor custo de oportunidade na producao de came do que o agricultor: 1 kg de came para a pecuarista custa 2 kg de batatas, ao pass° que os mcsmos 2 kg de came custam ao agricultor 4 kg de batatas. Assim, i em comptarativa na produca-o de hatatas_e_apea_ o agricultor tern uma vantis imis-ta tem uma vantagem com_parativa-na_proch _ o de carne. Embora seja possivel uma pessoa ter vantagem absoluta nos dois hens (como O caso da pecuarista em nosso exemplo), é impossivel que uma pessoa tenha vantagem comparativa nos dois hens. Como o custo de oportunidade de urn bem é o inverso do custo de oportunidade do outro, se o custo de oportunidade de uma pessoa para urn hem 6 relativamente elevado, seu custo de oportunidade para o outro bem tern que ser relativamente baixo. A vantagem comparativa reflete o custo de oportunidade relativo. A menos que duas pessoas tenham exatamente o mesmo custo de oportunidadc, uma delas tera vantagem comparativa em urn bem e a outra tore vantagem comparativa no outro bem. Vantagem Comparativa e Comercio As diferencas de custo de oportunidade e vantagens comparativas criam os ganhos de comercio. Quando cada pessoa se especializa na producao do bem no qual tern vantagem comparativa, a producdo total da economia aumenta e esse aumento do bolo econOmico pode ser usado para melhorar a situacao de todos. Em outras palavras, uma vez_Tle duas pessoas estejam sujeitas_a custos de oportunidade diferentes, cada uma delas po—dera - --6--b--6-heficiar do comerab-obtendb-u-m—bem a urn preco _ interior ao.custo_de oportunidade desse bem. -6nsideremos a transacao proposta do ponto de vista do agricultor. Ele recebe 5 kg de came em troca de 15 kg de batatas. Ou seja, compra 1 kg dc came polo preco de 3 kg de batatas. Esse preco da carne 6 inferior ao seu custo de oportunidade para 1 kg de carne, que é de 4 kg de batatas. Corn isso, o ag,ricultor se beneficia da transacao porque obtem came a urn born preco. Agora vamos considerar o negacio do ponto de vista da pecuarista. Ela compra 15 kg de batatas ao preco de 5 kg de came. Ou seja, o preco das batatas 6 de 1/3 kg CAPIITULO 3 INTERDEPEND CIA E GANHOS COMERCIAIS vem a dar no mesmo, com o preca de parte delas aquilo de que venham a precisor. SAIBA MAIS SOBRE... 0 LEGADO DE ADAM SMITH E DAVID RICARDO tempos os economistas entendiam o principio da vantagem comparativa. Eis o argumento do grande economista Adam Smith: A maxima que todo chefe de familia prudente deve seguir é nunca tentar fazer em casa o que Ihe custarcj mais caro fazer do que comprar. 0 alfaiate nao tenta fabricar seus sapatos, mas os compra,do sapateiro. 0 sapateiro nao tento confeccionor suas pr6prias roupos, mos as compra do alfaiate. 0 fazendeiro n do tenta fazer nem um nem outro, mas se vale desses artesaos. Todos constatam que é mais interessante usar suas capacidades naquilo em que têm vantagem sobre seus vizinhos e comprar, com parte do resultodo de suas atividades, ou, o que Essa citaceo é do livro de Adam Smith A Riqueza das NaOes, publicado em 1776 e considerado um marco na anelise do comercio e da interdependencia econ6mica. 0 livro de Smith inspirou David Ricardo, um corretor de valores milionerio, a tornar-se economista. Em seu livro de 1817, Principios de Economia Polftica e de Tributocao, Ricardo desenvolveu o principio da vantagem comparativa tal como hoje o conhecemos. Sua defesa do livre comercio neo foi um mero exercicio academico. Ele utilizou suas teorias na qualidade de membro do Parlamento Britenico, em que fez oposiceo es Leis dos Cereais, que restringiam a importaceo destes. As conclus6es de Adam Smith e David Ricardo sobre os ganhos do comercio se sustentaram ao longo do tempo. Embora os economistas muitas vezes divirjam em quest6es de politica econ6mica, esteo unidos no apoio ao livre comercio. Ademais, o argumento central em favor do livre comercio neo mudou muito nos dois últimos seculos. Embora o campo da economia tenha ampliado seu alcance e as teorias tenham sido refinadas desde os tempos de Smith e Ricardo, a oposiceo dos economistas es restric6es ao comercio ainda seo baseadas, em grande parte, no principio da vantagem comparativa. de came. Esse preo pelas batatas é inferior ao seu custo de oportunidade de 1 kg de batatas, o qual é 1/2 kg de carne. A pecuarista se beneficia porque compra batatas por um bom preo. Esses beneficios surgem porque .cada pessoa se concentra na atividade para a menor custo de oportunidade: o agricultor passa mais_tempo_cultivando batata perista Mais tempo- p-roduzindo carne:Com isso, a produ o total de carne e a produ o total de batatas aumentam. No nosso exemplo, a produ ao de batatas aumenta de 40 kg para 44 kg e a produ o de came aun-ienta de 16 kg para 18 kg. 0 ag-ricultor e a pecuarista compartilham os beneficios desse aumento da produo.A moral da hist6ria do agricultor e da pecuarista_a_gora deve estar clara:ro-Hc c r )ode beneficiara -Thdos da-so-ciedade porque permite . . que as pessoas se especializem em atividades nas quais t'c' m uma vantagem comparativa. . • Teste hpido Robinson Crusoe pode colher 10 cocos ou pescar 1 peixe por hora. Seu amigo Sexta-Feira pode colher 30 cocos ou pescar 2 peixes por hora. Qual o custo de oportunidade de pescar 1 peixe para Robinson Crusoe? E para Sexta-Feira? Quem tem vantagem absoluta na pesca? E quem tern vantagem compa rativa? s 53 54 PARTE 1 INTR0DUcA0 APLICACOES DA VANTAGEM COMPARATIVA 0 principio da vantagem comparativa explica a interdependencia e os ganhos do cornercio. Como a interdependencia prevalece no mundo de hoje, o principio da vantagem comparativa tern muitas aplicacoes.Apresentaremos aqui dois exemplos, urn imaginario e outro de grande importancia pratica. Tiger Woods deve Cortar sua PrOpria Grama? Tiger Woods passa g,rande parte do seu tempo andando em gramados. Urn dos golfistas mais talentosos de todos os tempos, ele é capaz de dar drives e colocar putts' clue a maioria dos jogadores de fim de semana nem sonha em conseguir. E é muito provavel que ele tambem tenha outros talentos. Vamos imag,inar, por exemplo, que Tiger Woods consiga aparar seu gramado mais rapid() do que qualquer outra pessoa. Mas sera que o simples fato de ele ser capaz disso sig,nifica que dem faze-lo? NOTICIAS QUEM TEM VANTAGEM COMPARATIVA NA PRODUcA0 DE OVELHAS? Uma forma comum de barreira comerciol entre poises sdo as tonics, urn tipo de imposto sobre o importacao de bens de outros poises. No editorial a seguir, o economisto Douglas Irwin discute urn exemplo recente de seu uso. As Tarifas sobre Ovelhas Tosquiam os Consumidores Norte-Americanos Por Douglas A. Irwin o presidente Clinton desferiu urn seri° golpe contra o livre comercio na ltirna quarta-feira, quando anunciou que os Estados Unidos imporiam tarifas elevadas sobre a importacao de ovelhas da Australia e da Nova Zelandia. Sua decisao mina a lideranca norte-americana e torna uma piada as alegacOes da administracao de ser favoravel ao comercio livre e justo. Ha tempos as ovinocultores norte-americanos dependem do governo. Por mais de meio seculo, ate que o Congresso aprovou a reforma da politica agropecuaria, em 1995, eles receberam subsidios pela a produzida. Tendo perdido esse beneficio, prejudicados par custos elevados e ineficiencia e enfrentando a concorrencia interna representada pela came de frango, de boi e de porco, as produtores de ovelhas procuraram impedir a concorrencia externa pedindo protecao contra as importacbes. A quase totalidade das importacoes de ovelhas dos Estados Unidos vem da Australia e da Nova Zelandia, grandes produtores agropecuarios corn uma enorme vantagem cornparativa. A Nova Zelandia tern menos de quatro milhoes de habitantes, mas cerca de 60 milhoes de ovelhas (contra as cerca de sete milhOes de ovelhas dos Estados Unidos). Os fazendeiros da Nova Zelandia investiram pesadamente em novas tecnologias e em marketing, tornando-se as produtores mais eficientes do mundo. A Nova Zelandia tam- bem eliminou seus subsidios agropecuarios internos durante as reformas de livre mercado da decada de 1950 e é urn pais de livre comercio, a caminho da eliminacao de todas as tarifas de importacao ate 2006. Em vez de seguir esse exempt°, a Associacao Norte-Americana dos Produtores de Ovelhas, entre outros grupos, protocolou uma peticao corn "clausula de ressalva" nos termos da Lei de Comercio de 1974, que permite oferecer protecao temporaria "para ocupar urn espaco" aos setores que concorrem corn importacoes. Nos termos da provisa() da clausula de ressalva, o setor que move o pedido precisa apresentar urn plano de ajuste a fim de assegurar que tomara medidas para tornar-se ciimpetitivo no futuro. A protecao tarifaria costuma ser limitada e ter prazo determinado de vigencia. 1. NRT: No golfe, significa tacacla ou movirnento de bola. 2. NRT: No golfe, significa uma tacada leve (para colocar a bola no buraco). CAPITULO 3 INTERDEPENDUVCIA E GANHOS COMERCIAIS Para respondermos a essa pergunta, podemos usar os conceitos de custo de oportunidade e de vantagem comparativa. Digamos que ele consiga cortar a grama em duas horas. Nesse mesmo tempo, ele poderia participar de um comercial de TV para a Nike e ganhar US$ 10 mil. Por outro lado, o garoto da casa vizinha, Forrest Gump, consegue cortar o mesmo gramado em quatro horas. Ele poderia passar as mesmas quatro horas trabalhando no McDonald's e ganhar com isso US$ 20. ...— . Neste exemplo, o custo de oportunidade de Tiger Woods para cortar a grama e de US$ 10 mil e o custo de oportunidade de Forrest e de US$ 20. Tiger desfruta de vantagem absoluta nessa atividade porque consegue fazer o servio em menos tempo. Mas Forrest tem a vantagem comparativa porque seu custo de oportunidade e menor. Neste caso, os ganhos do comercio s a- - o enormes. Em vez de aparar seu prOprio gi,-amado,Tiger deveria participar do comercial e contratar Forrest para cortar a gr, ama. Desde que Tiger pague a Forrest mais de US$ 20 e menos de US$ 10 mil, os dois sairio ganhando. • A International Trade Commission — ITC Comissao de Comercio Internacional dos Estados Unidos determina se as importaces causam "grave dano" ao setor domestico e, em caso positivo, prope uma soluck que o presidente tem plenos poderes para aprovar, alterar ou rejeitar. Em fevereiro, a ITC concluiu que o setor domestico nao havia sofrido "grave dano" adotando uma posicao mais tranqila segundo a qual as import4es seriam "uma causa substancial de ameaca de grave dano". A ITC nao props reduzir as import4es, limitando-se a impor uma tarifa de 20% (decrescente ao longo de quatro anos) sobre as importac6- es que superassem o nivel do ano anterior. De inicio, a administrack parecia estar considerando adota medidas menos restritivas. A Australia e a Nova Zelandia ate ofereceram assistencia financeira aos produtores norte-americanos e a administracao adiou todos os seus comunicados, parecendo chegar a um acordo. Mas essas expectativas foram completamente eliminadas pela estarrecedora decisao final em que a administrack atendia as demandas do setor de ovinocultura e de seus defensores no Congresso. A campanha do Congresso foi liderada pelo senador Max Baucus (democrata de Montana), um membro do Comite de Agricultura cuja irma, uma produtora de ovelhas, comparecera perante a ITC para pedir tarifas mais elevadas. 0 governo optou... (pelo seguinte): alem das tarifas ja existentes, o presidente imps uma tarifa de 90/0 sobre todas as importac6- es no primeiro ano (caindo para 6 0/0 e depois 3% no segundo e no terceiro anos), mais uma enorme tarifa de que superassem 40% sobre as importac cies o nivel do ano anterior (caindo para 32 0/0 e 24% nos anos seguintes)... 0 presidente da Associack Americana de Produtores de Ovelhas anunciou que a decisao "trara alguma estabilidade para o mercado". Sempre que os produtores falam de estabilidade no mercado, pode-se ter certeza de que os consumidores estao sendo espoliados. A decisk sobre as ovelhas, embora tenha passado quase despercebida por aqui, foi seguida de perto no exterior. A decisk solapa a ret6rica de livre comercio da administracao e afeta seus esforcos para fazer com que outras economias abram seus mercados. Era de esperar algum tipo de proteck . contra as importac des, mas nada tao protecionista quanto o que finalmente se materializou. Essa decisk extremada irritou os fazendeiros da Australia e da Nova Zelandia e as autoridades desses governos se comprometeram a acusar os Estados Unidos perante o painel de disputas comerciais da OMC (Organizack Mundial do Comercio). A ocasiao escolhida pela administrack nao poderia ter sido pior. A decisk veio logo depois de uma reunik de cpula da Cooperack Econ6mica da Asia e do Pacifico haver reafirmado seu compromisso com a reducao de barreiras ao comercio e poucos meses antes da reuniao da Organizack Mundial do Comercio, programada para novembro, em Seattle, na qual a OMC pretendia lancar uma nova rodada de negociaces comerciais multilaterais. Um dos principais objetivos dos Estados Unidos durante a reunik era a reducao do protecionismo agricola na Europa e em outras regi6es. Em 1947, pouco antes das eleiOes que se realizariam no ano seguinte, o presidente Truman resistiu bravamente as presses dos grupos de interesses e vetou um projeto de lei que imporia cotas de importacao sobre a la, o qual teria prejudicado as primeiras negocia0es comerciais multilaterais do p6sguerra, previstas para o final daquele ano. 0 sr. Clinton, pelo contrario, embora nao fosse concorrer à reeleicao, cedeu à pressao politica. Se os Estados Unidos, cuja economia em forte expansk é motivo de inveja em todo o mundo, nao consegue resistir ao protecionismo, como pode esperar que outros paises o facam? Fonte: The Wall Street Joumal, 12 jul. 1999, p. A28. C) 1999 Dow Jones & Co. Inc. Reproduzido com permiss&c) de DOW JONES & CO. INC. no formato liyro-texto por meio do Copyright Clearance Center. 55 56 PARTE 1 INTRODKAO Os Estados Unidos Devem Comerciar corn Outros Raises? importacOes bens produzidos no exterior e vendidos internamente exportacoes bens produzidos internamente e vendidos no exterior Assim como as pessoas podem se beneficiar da especializacao e do comercio entre si, como no caso do agricultor e da pecuarista, as populacoes de diferentes 'Daises tambem podem. Muitos dos hens de que os norte-americanos desfrutam sao produzidos no exterior e muitos dos bens produzidos nos Estados Unidos sao vendidos a paises estrangeiros. Os bens produzidos no exterior e vendidos internamente sao chamados de importac5es. Os hens procluzidos internamente e vendidos no exterior sao chamados de exportac5es. Para vermos como os paises podem se beneficiar do comercio, suponhamos que haja dois paises — os Estados Unidos e o Japao — e dois hens — alimentos e carros. Imaginemos que os dois paises produzam carros igualmente bem: cada trabalhador, seja norte-americano ou japones, consegue prod-uzir urn carro por mes. Por outro lacio, como os Estados Unidos tern mais terra e de melhor qualidacie, sao melhores na producao de alimentos: urn trabalhador norte-americano conseg,ue produzir duas toneladas de alimentos por mes, enquanto urn trabalhador japones pode produzir apenas uma. 0 principio da vantagem comparativa afirma que cada bem deve ser produzido pelo pais que tern o menor custo de oportunidade para procluzi-lo. Como o custo de oportunidade de urn carro é de 2 toneladas de alimentos nos Estados Unidos e de apenas 1 tonelada de alimentos no Japao, o Japao desfruta de uma vantagem comparativa na producao de carros. Assim, deveria produzir mais carros do que precisa para consumo interno e exportar parte da pl--oducao para os Estados Unidos. Da mesma forma, como o custo de oportunidade de uma tonelada de alimentos é de urn carro no Japao, mas de apenas 1/2 carro nos Estados Unidos, este pais tern uma vantagem comparativa na producao de alimentos. Os Estados Unidos deveriam, assim, produzir mais alimentos do que necessitam para consumo e exportar parte da producao para o Japao. Por meio da especializacao e do comercio, os dois paises podem ter mais comida e mais carros. E claro que, no mundo real, as questoes envolvidas no comercio entre as nacoes sao mais complexas do que sugere esse exemplo, como veremos no Capitulo 9. Uma das questaes mais importantes é o fato de que cada pais tern muitos cidadaos corn interesses diferentes. 0 comercio internacional pode piorar a situacao para alg-umas dessas pessoas, embora seja benefico para o pais como um todo. Quando os Estados Unidos exportam alimentos e importam carros, o impact() sobre os fazendeiros norte-americanos é diferente do impact° sobre os trabalhadores da industria automobilistica. Mas, ao contrario clas opinioes proferidas por politicos e comentaristas politicos, o comercio internacional nao é uma guerra em que alguns paises ganham e outros perdem. 0 comercio permite que todos os paises atinjam major prosperidade. Teste Rapid° Suponhamos que o digitador mais rapid° do mundo seja, por acaso, urn neurocirurgi80. Ele deve datilografar seus proprios trabalhos ou contratar uma secretaria? Explique. CONCLUS-A0 0 principio da vantagem comparativa mostra que o comercio pode beneficiar a todos.Voce deveria agora entender os beneficios de viver em uma economia interdependente. Mas, tendo visto por que a interciependencia é desejavel, voce talvez esteja se perguntando como isso é possivel. Como as socieciades livres coordenam CAPiTULO 3 INTERDEPENDI NCIA E GANHOS COMERCIAIS 57 as diversas atividades de todas as pessoas envolvidas em suas economias? 0 que garante que os bens e servi os vão dos que os produzem para os que os deveriam consumir? Nun-i mundo com apenas duas pessoas, como o agricultor e a pecuarista, a resposta e simples: elas podem barganhar diretamente e alocar recursos entre si. No mundo real, com bilhes de pessoas, a resposta não é ra o (5bvia. Abordaremos essa quest a'o no prOximo capftulo, no qual veremos que as sociedades livres alocam recursos por meio das foNas de mercado da oferta e da demanda. RESUMO • Cada pessoa consome bens e servi os produzidos por muitas outras pessoas tanto no mesmo pais quanto no mundo todo. A interdependencia e o _comercio s e o desej veis porque permitem que cada um possa desfrutar de uma maior quantidaae e variedade de bens e servios. • Há duas maneiras de comparar a capacidade que duas pessoas tem de produzir um mesmo bem. Dizse que a pessoa que produz o bem com menor quantidade de insumos tem vantagem absoluta na produo desse bem. Diz-se que a pessoa que tem o menor custo de oportunidade na produo de um dos bens tem uma vantagem comparativa. Os ganhos do comercio se baseiam na vantagem comparativa, nk) na vantagem absoluta. • 0 comercio beneficia a todos porque pern-iite que as pessoas se especializem nas atividades em que tenham vantagem comparativa. • 0 principio da vantagem comparativa se aplica tanto aos paises quanto às pessoas. Os economistas usam o principio da vantagem comparativa para advogar o livre comercio entre paises. CONCEITOS-CHAVE vantagem absoluta, p. 51 custo de oportunidade, p. 51 vantagem comparativa, p. 52 importg'(5es, p. 56 exportg'cies, p. 56 QUESTES PARA REVISA0 1. Explique a diferena entre vantagem absoluta e vantagem comparativa. 2. De um exemplo em que uma pessoa tenha vantagem absoluta em alguma atividade, enquanto outra pessoa tenha vantagem comparativa. 3. 0 que é mais importante para o comercio: a vantagem absoluta ou a vantagem comparativa? Ex- plique seu raciocinio usando o exemplo de sua resposta à Questo 2. 4. As na c5es tendem a importar ou exportar os bens em rela o aos quais tem vantagem comparativa? Explique. 5. Por que os economistas se opem a politicas que restrinjam o comercio entre as ng.(5es? PROBLEMAS E APLICAOES 1. Considere o agricultor e a pecuarista do exemplo que usamos neste capitulo. Explique por que, para o agricultor, o custo de oportunidade de produ o de 1 kg de carne é de 4 kg de batatas. Explique por que, para a pecuarista, o custo de oportunidade da produo de 1 kg de carne é de 2 kg de batatas. 2. Maria consegue ler 20 p4inas sobre economia em r 1 hora e 50 p4 inas sobre sociologia em 1 hora. Ela passa 5 horas por dia estudando. a. Represente e fronteira de possibilidades de de Maria para leitura de economia e leitura de sociologia. 58 PARTE 1 INTRODUcA0 b. Qual o custo de oportunidade, para Maria, da leitura de cern pag,inas de sociologia? 3. Os trabalhadores norte-americanos e japoneses podem produzir quatro carros por ano cada urn. Urn trabalhador norte-americano conseg-ue produzir dez toneladas de graos por ano, enquanto urn trabalhador japones conseg-ue produzir cinco toneladas. Para simplificar, adote a premissa de que cada pais tenha cern mill-16es de habitantes. a. Para essa situacao, construa uma tabela andloga a Tabela 1. b. Represente as fronteiras de possibilidades de producao das economias norte-americana e japonesa. c. Qual é, para os Estados Unidos, o custo de oportunidade de um carro? E dos -5os? Qual é, para o Japao, o custo de oportunidade de urn carro? E dos graos? Coloque essas informacoes numa tabela analoga a Tabela 3. d. Qual dos dois paises tern vantagem absoluta na producao de carros? E na producao de gr, aos? e. Qual dos dois paises tern vantagem comparativa na producao de carros? E na producao de °Taos?f. Na ausencia do comercio, metade dos trabalhadores de cada economia produz carros e a outra metade cultiva gr, aos. Que quantidades de carros e de graos cada economia produz? g. Partindo de uma posicao en-i que nao haja connercio, de urn exemplo em que o comercio seja benefico para os dois paises. 4. Pat e Kris sao colegas de quarto. Elas passam a maior parte do seu tempo estudando (claro), mas sempre deixam algum tempo para suas atividades prediletas: fazer pizza e fabricar cerveja. Pat gasta quatro horas para fazer urn litro de cerveja e duas horas para fazer uma pizza. Kris gasta seis horas para fazer urn litro de cerveja e quatro horas para fazer uma pizza. a. Qual o custo de oportunidade da pizza para cacia uma delas? Quem tem vantagem absoluta na fabricacao de pizza? Quem tern vantagem comparativa na fabricacao de pizza? b. Se Pat e Kris comerciassem uma corn a outra, quem daria pizza em troca de cerveja? c. 0 preco da pizza pode ser representado em tenmos de litros de cerveja. Qual o preco mais elevado a que a pizza pode ser negociada e ainda assim beneficiar as duas colegas? E qual o menor preco? Explique. 5. Suponhamos que haja 10 milhoes de trabalhadores no Canada e que cada urn deles possa produzir 2 carros ou 30 toneladas de trigo por ano. a. Qual o custo de oportunidade da producao de urn carro no Canada? E qual o custo de oportunidade da producao de uma tonelada de trigo? Explique a relacao entre o custo de oportunidade ciesses dois bens. b. Represente a fronteira de possibilidades de producao do Canada. Se o pais escolher consumir dez mill-16es de carros, quantas toneladas de trigo podera consumir sem comerciar? Indique esse pont° na fronteira de possibilidades de producao. c. Suponha, agora, que os Estados Unidos se proponham a comprar 10 milhoes de carros do Canada em troca de 20 toneladas de trigo por carro. Se o Canada continuar a consumir 10 milhoes de carros, quanto trigo o pais podera consumir a partir da negociacao? Indique esse ponto no seu diagrama. 0 Canada deve fechar o negOcio? 6. Imagine urn professor que esteja escrevendo urn livro. Ele pode tanto escrever quanto colher dados mais rapid() do que qualquer outra pessoa na universidade. Mesmo assim, contrata urn est-udante para fazer a coleta de dados na biblioteca. Isso faz sentido? Explique. 7. A Inglaterra e a EscOcia produzem bolinhos e malhas de 15. Suponhamos clue urn trabalhador ingles consiga produzir 50 bolinhos por hora ou 1 malha por hora e que um trabalhador escoces consiga produzir 40 bolinhos por hora ou 2 malhas por hora. a. Qual dos dois paises tern vantagem absoluta na producao de cada hem? E qual dos dois paises tern vantagem comparativa? b. Se a Inglaterra e a Escocia decidissem comerciar, que mercadoria a EscOcia venderia para a Inglaterra? Explique. c. Se urn trabalhador escoces so conseguisse produzir 1 malha por hora, a Escocia ainda teria a ganhar corn o comercio? E a Inglaterra? Explique. 8. A tabela a seguir descreve as possibilidades de producao de duas cidades na Beisebolandia: Pares de Meias Vermelhas por Trabalhador par Hora Pares de Meias Brancas par Trabalhador par Hora Boston 3 3 Chicago 2 1 CAPITULO 3 INTERDEPEND4CIA E GANHOS COMERCIAIS a. Na ausencia de comercio, qual seria o preo das meias brancas (em termos de meias verrnelhas) em Boston? E em Chicago? b. Oual das duas cidades tem vantagem absoluta na produ"ao de cada tipo de cor de meias? Qual delas tem a vantagem comparativa na produ'ao de cada tipo de cor de meias? c. Se as cidades comerciassem entre si, que cor de meias cada cidade exportaria? d. Qual a faixa de preos em que cada negcio ocorrera? 9. Suponhamos que a Alemanha possa produzir quaisquer bens com menos horas de trabalho do que a FraNa. a. Em que sentido o custo de todos os bens menor na Alemanha do que na FraNa? 59 b. Em que sentido o custo de alguns bens e menor na Franc;a? c. Se a Alemanha e a Frana negociassem uma com a outra, os dois paises se beneficiariam disso? Explique no contexto de suas respostas aos itens (a) e (b). a seguir s'ao verdadeiras ou falsas? 10. As afirn-ig 6es Explique suas respostas em cada caso. a. "Dois paises podem obter ganhos de comercio mesmo que um deles tenha vantagem absoluta na produ0o de todos os bens." b. "Certas pessoas muito talentosas t'em vantagem comparativa em tudo o que fazem." c. "Se uma determinada transg a- - o comercial e boa para uma pessoa, n'ao pode ser boa para a outra." /I\ E N EL F.1 Af-ti • uando uma frente fria atinge a FlOrida, o preQD do suco de laranja aumenta nos superrnercados norte-americanos. Quando o tempo esquenta na Nova Inglaterra a cada verão, o preo das diEirias nos hoteis do Caribe despencam. Quando irrompe uma guerra no Oriente Medio, o preo da gasolina nos Estados Unidos aumenta e o pre93 dos Cadillacs usados cai. 0 que esses acontecimentos tem em comum? Todos mostram como funcionam a oferta e a demanda. . Oferta e dernanda s Zio as duas 1.->alavras que os economistas usan-i mais freqentemente – e com boas raz6es. A oferta e a demanda s`a"o as foNas que fazem as economias de mercado funcionaSão elas que determinam =_t_i_d_Elck2roduzida a 1. — de_cada bem eo. s_eriar vendido, Se quiser saber como a economia seth afetada por qualquer acontecimento ou politica, voce precisa pensar, primeiro, em seus impactos sobre a oferta e a demanda. Este capitulo introduz a teoria da oferta e da demanda k, Ele considera como comTradores e vendedores se comportam e como interagem_uns com os outros.,Mostra como a oferta e a demanda determinam os preos numa econon-lia de mercado como os pre9c)s, p_or sua vez, alocam os recursos escassos da economia.i 64 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS MERCADOS E COMPETKAO ( mercado urn grupo de compradores e vendedores de urn particular bem ou servico Os termos °feria e demanda referem-se ao comportamento das pessoas enquanto interagem umas corn as outras nos mercados. Urn mercado é urn grupo de cornpradores e vendedores de urn determinado bem ou servico. Os compradores, como grupo, determinam a demanda pelo produto e os vendedores, tambem como g,rupo, determinam a oferta do produto. Antes de discutirmos como se comportam os compradores e os vendedores, vamos tratar corn major profundidade daquilo a que chamamos "mercado" e dos diversos tipos de mercado que observamos na economia. Mercados Competitivos r---v---,/-- --- mercado competitivo urn mercado em que ha tantos compradores e r vendedores que cada urn deles tern impacto Q insignificante sobre o preco 7 de mercado \. ---A—.A1\j`) Os mercados assumem diferentes formas. As vezes sao altamente organizados, tais como os mercados de muitas mercadorias agricolas. Neles, compradores e vendedores encontram-se em lugares e horarios determinados, onde urn leiloeiro ajuda a estabelecer os precos e organizar as vendas. Mais frequentemente, os mercados sao menos organizados. Vamos considerar, por exemplo, o mercado de sorvete numa cidade qualquer. Os compradores de sorvete nao se rennem em urn horario determinado. Os vendedores de sorvete estao em pontos diferentes da cidade e oferecem produtos c-liferentes. Nao ha urn leiloeiro para apregoar o preco do sorvete. Cada vendedor estabelece o preco do seu sorvete e cada comprador decide quanto sorvete comprar em cada loja. Embora nao seja organizaclo, o grupo de compradores e vendedores de sorvete forma urn mercado. Cada comprador sabe que ha varios vendedores entre os quais pode escolher e cada vendedor sabe que seu produto é similar ao oferecido pelos demais vendedores. \O preco do sorvete e a a_ lantidade de sorvete vendida nao sao determinadospor urn Unico comprador ou vende-d-OrTi-nas pradores e vendedores a medida que interagem no mercado. ---O mercado de sorvete, como a maroria dos mercados que ha na economia, é altamente competitivo. Um mercado competitivo é urn mercado em que hi muitos compradores e muitos vencledores, de modo que cada urn deles, individualmente, tern impacto insignificante sobre o preco de mercado. Cada vendector de sorvete tern urn controle limitado sobre o preco porque os outros vendedores oferecem produtos similares. Urn vendedor nao tern muitos motivos para vender abaixo do preco vigente e, se cobrar mais do que isso, os compradores vao fazer suas compras em outro lugar. Da mesma forma, comprador alg,um_pode influenciar o preco do ___ sorvete porque cada irm deles Compra uma pequena quantidade relacao ao em totat-de _ sdivete-cottieicializado nO Neste capftulo, veiernoS ..6orno- os compradores e vendedores interagem nos mercados competitivos. Veremos como as forcas da oferta e da demanda determinam tanto a quantidade vendida quanto o preco de urn bem. Competicao: Perfeita e imperfeita Neste capItulo, faremos a suposicao de que os mercados sejam perfeitamente coin-- petitivos. Os mercadosa erfeitamente competitivos sao definidos por duas caracterIsticas fundamentais: •p) os hens oferecidos para venda sao todos iguais e!"(2)),os \--' compradores e vendedores sao tao numerosos quo nenhum deles é capaz de, mdividualmente, influenciar o preco de mercado. Como os_compradores e vgJg_ctores dos mercados perfeitamente competitivos precisam aceitaropreco que o mercado determina, sao chamados del tomadores de preps. j cApiruLo 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA Há mercados em que o conceito de competi o perfeita se aplica perfeitamente. No mercado de trigo, por exemplo, há milhares de agricultores que vendem trigo e milhb- es de consumidores que utilizam o grão e seus derivados. Como há um comprador ou vendedor especifico que seja capaz de influenciar o pre90 do trigo, cada um deles aceita opço como dado. Mas nem todos os bens e servios s k) negociados em mercados perfeitamente competitivos. Alguns mercados tem um preso. Um mercado nessas condies é chamado -e-Xemplo, pode ser que a empresa de TV a cabo que presta servios para voce seja um monopOlio: e possivel que os moradores da sua ciciade sO possam comprar os servios de uma emi.-)resa. op-O—h erfeia-e-dd-frion— Alguns mercados fican-i entre os extremos da competi lio. Urn mercado nessas condic Oes, a que chamamos/igop6ho, fem poucos vende~c, dores, que nem sempre con-ipetem agr, essivamente. Um exemplo disso são as rotas aereas. Se uma rota entre duas cidades for realizada por apenas duas ou tres companhias aereas, elas podem evitar a competiQoLig_orosa, mantendo, assim, os pre--riefe7-h–a ços elevados. Outro tipo de mercado é oCrrtonopolisticarrielite competi T –t,tiry) muitos vendedores, mas cada un-t oferecend o ufi iproduto Iigeira e diferente. ponto„estabecerto ate pode, vendedor cada identicos, 4) s nk) Como os pr. p-iutos lecer os preos de seu prprio produto. Um exemplo . disso e b merC ado de revistas. Elas competem umas con-1 as outras pelos leitores e qualquer pessoa pode entrar no mercado laNando uma nova revista, mas cada uma oferece artigos diferentes e pode estabelecer seu prprio pre9D. Apesar da diversidade dos tipos de mercado que há no mundo, comearemos estudando a competi o perfeita. Os mercados perfeitan-lente competitivos são os mais friceis de analisar. Ademais, como há um certo grau de competic;:k) na maioria dos mercados, muitas das lições que aprenderemos estudando a oferta e a demanda sob condiQ5es de con-ipeti o perfeita se aplicam tambe.m a mercados mais complexos. Teste R4ido vos7 0 , que é um mercado? • Quais são as caracteristicas dos mercados i2erfeitamente compe. compik c‘..-V15Nrui2roLks.,7 'etslan, d-4 cck. , knctoL., ; prad 1,1 jcb Jz. CbJ ‘4‹,-. 1k 1-4,4445 -(_ • ~-ksis) rk DEMAND 65 (,) e 'W\1„ v 'tY. d2./ L_, crwtttdo J'ffitwe, - 4-7?) Cc & 'VO pj!4(§3 ~ ./ Comearemos nosso estudo dos mercados examinando o comportamento dos compradores. Para concentrarmos nosso pensamento, vamos tratar de um bem em particular: o sorvete. 0, c,U (V`L v).\‘((i:5 \YeMat) r eacAock eu n E;" A Curva de Demanda: A Reigk entre Preco e Quantidade Demandada A quantidade demandada de um bem qualquer é a quantidade desse bem que os . compradores desejam e podem comprar. Como veremos, s" o muitas as coisas que determinam a quantidade demandada de qualquer bem, mas, ao se analisar como funcio os mercados, há um determinante que representa um papel central: o Preo do bei Se o prey) do sorvete subir para $ 20 a bola, voce comprará menos sorvete. o era, por exemplo, comprar frozen yogurt em vez de sorvete. Se o preo do sorvete cair para $ 0,20 a bola, voce comprard muito mais sorvete. Como a quantidade demandada diminui quando o preo aumenta e aumenta quando o preo diminui, dizemos que a quantidade demandada e negativarnente relacionada com o preo. Essa relação entre preo e quantidade demandada se aplica à maioria dos bens edstentes na economia e, na verdade, é tão universal que os economistas quantidade demandada a quantidade de um bem que os compradores desejam e podem ) comprar 66 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAIV1 OS MERCADOS FSU RA 1 A Escala de Demanda e a Curva de Demanda de Catarina A escala de demonda mostra a quantidade demandada a oda prep. A curva de demanda, que representa graficamente a escala de demanda, mostra coma a quantidade demandada do bem varia quando seu prep se ahem. Coma um prep menor aumenta a quantidade dernandada, a curva de demanda se inc./la] para baixo. Prep do Sorvete de Casquinha Quantidade Demandada do Sorvete de Casquinha $ 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 12 10 8 6 4 2 Preco do Sorvete de Casquinha $3,00 2,50 1. Uma diminuicao 2,00 no preco 1,50 1,00 0,50 2 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Quantidade 2.... aumenta a quantidade demandada de sorvete de casquinha. lei da demanda a afirmacao de que, corn tudo o mais mantido constante, a quantidade — demandada de urn bem diminui quando o preco dele aumenta lescala de demanda uma tabela que mostra a -i relacao entre o preco de urn l bem e a quantidade ' demandada curva de demanda — urn grafico da relacao entre o preco de urn bem e a _q_uantidade demandada de Sorvete de Casquinha a chamam de lei da demanda: corn tudo o mais mantido constantc lo o preco de urn bem aum enta, sua quantidade demandada diminui; uando o preco dirninui, a quantidade emanc_ ada aumenta. A Tabela da Figura 1 mostra quantos sorvetes de casquinha Catarina compra por mes, a diferentes precos. Se o sorvete for de g,raca, ela consumira 12 casquinhas. A $ 0,50 por casquinha, ela comprara 10 casquinhas. A medida que o preco aumentar, ela comprar6 cada vez menos sorvetes de casquinha. Quando o preeo atinge $ 3,00, Catarina ndo compra nenhum sorvete. Essa escala é chamada de escala de demanda, a qual mostra a relacao entre o preco de urn bem e sua quantidade demandada, mantidas constantes todas as demais coisas quo influenciam a quantidade do bem que consumidores desejam comprar. 0 gnifico da Figura 1 usa os mimeros da tabela para ilustrar a lei da demanda. Por convened°, o preco do sorvete é representado no eixo demandada no eixo horizontal. A linha inclinada ara baixo relaciona prep e guantidade demandada é chamada de curva de demanda. Demanda de Mercado versus Demanda Individual A curva de demanda da Figura 1 representa a demanda de uma pessoa por urn produto. Para analisarmos como funcionam os mercados, precisamos determinar a demanda de mercado, ue e a soma de todas as demandas individuais or um determinado bem ou servieo. CAPiTULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA da de mercado determinada somando-se honzontalmente_as curvas de demanda individuais. Ao preco de 2, Catanna demanda casquinha e Aficolau demanda 3. A quantidade demandada pelo mercado o esse preco é de 7 sorvetes. Preco do Sorvete de Casquinha 12 10 8 6 4 2 0 $3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 (.1(0 -‘,,ASt(<0 N t-k\itnirQ0*. D Catanna = 4 1 Demanda do Mercado Pre93 do Sorvete de Casquinha Prgo do Sorvete de Casquinha $3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 $3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 D Nicolau 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9101112 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9101112 Quantidade de Sorvetes de Casquinha Quantidade de Sorvetes de Casquinha ,(1 19 16 13 10 7 Demanda de Nicolau Demanda de Catarina Preo do Sorvete de Casquinha 7 6 5 4 3 2 1 + 4 sorvetes de Mercado Nicolau Catarina $ 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 67 0 2 4 6 :1-8 10 12 14 16 18 Quantidade de Sorvetes de Casquinha e í 9-rtcyM ozwo.\/C04 A Fig,ura 2 mostra as escalas de demanda por sorvete de duas pessoas — Catarina e Nicolau. A escala de demanda de Catarina nos diz quanto sorvete ela compra a eada preo, e a escala de demanda de Nicolau nos diz quanto sorvete ele compra a cada diferente preolik demanda de mercado a cada preo e a soma das duasi demandas individuais., 0 grfico da Figura 2 mostra as curvas de demanda que correspondem a essas esealas de demanda. Observe que somamos as duas curvas de demanda individuais horizontalmente para obter a curva de demanda de mercado. Ou seja, para encontrarmos a quantidade total demandada para qualquer preo, somamos as quantidades individuais encontradas no eixo horizontal das curvas de demanda individuais. Como estamos interessados em analisar como os mercados funcionam, trabalharemos com mais freqi ncia com a curva de demanda de mercado. A curva de demanda de mercado mostra como a quantidade total demandada de um bem varia conforme seu preo varia, enquanto todos os demais fatores que afetam a quantidade que os consumidores desejam comprar são mantidos constantes. Deslocamentos da Curva de Demanda A curva de demanda de sorvete mostra quanto sorvete as pessoas compram para qualquer preo dado, mantidos constantes os muitos outros fatores, alem do pre9D, 68 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS clue afetam as decisoes de compra dos consumidores. Como resultado, a curva de demanda nao precisa ser estavel ao longo do tempo. Se acontecer algo que altere a quantidade demandada a cada prego, a curva de demanda se deslocara. Suponhamos, por exemplo, que a Associacao Norte-Americana de Medicina descut-a-a que as pessoas que tomam sorvete regularmente vivem mais tempo e sao mais saudaveis. Essa descoberta aumentaria a demanda por sorvete. A qualquer 1->rego dado, os compradores passariam a desejar comprar uma major quantidade de sorvete e, corn isso, a curva de demanda se deslocaria. A Figura 3 ilustra deslocamentos da demanda. Qualquer mudanca que aumente a quantidade demandada a cada preco, como a descoherta imag,inaria da Associacao Norte-Americana de Medicina, desloca a curva de demanda para a direita e é chamada de aliment° do demanda. Qualquer mudanga que reduza a quantidade demandada a cada preco desloca a curva para a esquerda e é chamada de reductio do donanda. Sao muitas as ,variaveis que_Rodem deslocar a curva de demanda., As mais importantes sao: 'NRenda o que aconteceria corn a sua demanda por sorvete so voce perdesse o seu emprego no ver5o? Ela provavelmente cairia. Uma renda menor sig,nifica que voce tern menos renda para seus gastos totals, de modo que precisara gastar menos corn alguns hens — e provavelmente corn todos. Se a demanda por urn hem diminui quando a renda cai, o hem é chamado de bem normal. Nem todos os hens sao normais. Se a demanda por urn hem aumenta quando a renda cai, o hem é chamado de bem inferior. Urn exemplo de hem inferior pode ser a passagem de Onibus. Se sua renda diminuir, sera menos provavel quo voce cornpre urn carro ou tome urn taxi. l mais provavel que ande de onibus. bem normal urn bem para o qual, tudo o mais mantido constante, urn aumento na renda leva a urn aumento da demanda bem inferior urn bem para o qual, tudo o • Precos dos Bens Relacionados Suponhamos que o preco do frozen yogurt mais mantido constante, urn caia. A lei da demanda diz que voce comprara mais frozen yogurt. Ao mesmo tempo, voce provavelmente comprard menos sorvete. Uma vez que o sorvete e o aumento na renda leve a uma diminuicao da demanda FI,GU RA 3 Deslocamentos da Curva de Demanda Preco do Sorvete de Casquinha Aumento da demanda Quolquer mudanp que aumente a quantidade que as compradores desejam comprar a urn dado prep desloca a curia de demanda para a direita. Qualquer mudanp que reduza a quantidade que as compradores desejam comprar a um dodo prep desloca a curva de demanda para a esquerda. Diminuicao da demanda Curva de Curva de d emanda, demanda, Curva de demanda, 0 Quantidade de Sorvete de Casquinha CAPftULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA frozen yog,urt s zio ambos sobremesas geladas, doces e cremosas, eles satisfazem desejos semelhantes. Quando uma queda do prec;o de um bem reduz a demanda por outro bem, os dois bens so chamados cle substitutos. Os substitutos so, freqUentemente, pares de bens que podem ser usados um no lugar do outro, como cachorros-quentes e hambiirgueres, malhas de ffi e moletons, ing-ressos para o cinema e fitas de vfdeo alugadas. Suponhamos agora que o preQo da cobertura de chocolate quente caia. De acordo com a lei da demanda, voce conwrara mais cobertura. Mas, neste caso, tambem comprara mais sorvete, porque sorvete e cobertura são freqi_ientemente usados juntos. Quando uma queda do prec) de um bem causa um aumento da demanda de outro, os dois bens s - o chamados de complementares. Os bens com lementares freqUenten -es de bens usados em conjunto, como asolina e carros, com -)utadores e so CD -)lavers. Prv“ c1,21,(:; n\ Gostos 0 mais Obvio deterrninante de sua demanda são seus gostos. Se voce gosta de sorvete, comprara mais sorvete. Os economistas normalmente n^ao tentam explicar os gostos porque eles se baseiam em foNas hist6ricas e psicolOgicas que esfflo alem do campo de estudo da economia..0s economi tns, entretanto )ecam.inam o que acontece quando os gostos mudara, Expectativas Suas expectativas quanto ao futuro podem afetar a sua demanda por um bem ou servic) hoje. Por exemplo, se voce tem a expectativa de obter uma renda maior no mes que vem, pode estar mais disposto a gastar parte de suas economias na compra de sorvete. Ou, se voce espera que o prec) do sorvete diminua aman1-4 pode estar menos disposto a comprar sorvete ao prev) de hoje. ' Nmero de compradores ' omo a clen-landa do mercado é derivada das demandas individuais, depende de todos os fatores que determinam a demanda de cada comprador individual, incluindo a renda, os gostos e expectativas dele e os preos dos bens relacionados. Alem disso, ela depende do nUmero de compradores. Se Pedro, outro consumidor de sorvete, se juntasse a Catarina e Nicolau, a quantidade demandada de mercado seria maior a cada preo e a curva de demanda se deslocaria para a direita. P t u;,J (_14‘ ailwkwkk- Resumo A curva de demanda mostra o que acontece com a quantidade demandada de um bem quando seu preo muda, mantidas constantes todas as outras variaveis que influenciam os compradores. Quando uma dessas variaveis muda, a curva de demanda se desloca. A Tabela 1 lista todas as variaveis que exercem influencia sobre a quantidade de um bem que os consumidores desejam comprar. TABELA 1 Variaveis que Influenciam os Compradores ; Esta tabela lista as variciveis que exercem influe ncia sobre a quantidade que os consumidores decidem comprar de um bem qualquer. Observe o popel especial representado pelo preco do bem: umo mudanca no preco do bem represento um movimento ao longo do curvo de demonda, ao posso que uma mudonca nos demais variOveis desloca a curva de demanda. Vanavel Uma Mudanca Nesta Vanavel... Preco Renda Preco dos bens relacionados Gostos Expectativas Niimero de compradores Representa um movimento ao longo da curva de demanda Desloca a curva de demanda Desloca a Curva de demanda Desloca a 'curva de demanda Desloca a curva de demanda Desloca a curva de demanda 69 substitutos (4) dois bens para os quais o aumento do preco de um leva a um aumento da demanda pelo outro complementares (-) dois bens para os quais o aumento do preco de um leva a uma reducao da demanda pelo outro L"z 41 e)." -1_ (4.r »4,Y(IC, 70 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Estudo de Caso DUAS MANEIRAS DE REDUZIR A QUANTIDADE DEMANDADA DE TABACO Os formuladores de politicas piablicas muitas vezes desejam reduzir a quantidade de cigarros consumida pelo povo. A politica pode tentar atingir esse objetivo de duas maneiras. Uma maneira de reduzir o tabag-ismo é deslocar a curva de demanda por cigarros e outros produtos de tabaco. Os comunicados publicos, os alertas obrigatorios nas embalagens de cigarros e a proibicao da publicidade de cigarros na TV sao pollticas que tern por objetivo reduzir a quantidade demandada de cigarros a cada preco. Se bem-sucedidas, essas politicas deslocam a curva de demanda por cigarros para a esquerda, como no painel (a) da Figura 4. Altemativamente, os formuladores de politicas podem tentar aumentar o preco dos cigarros. Se o govern° taxar os fabricantes de cigarros, 1.->or exemplo, eles repassarao grande parte da taxacao para os consumidores sob a forma de precos mais elevados. Urn Few major incentivard os fumantes a reduzir o ntimero de cigarros consumidos. Neste caso, a reducao de consumo nao representa deslocamento da FIGURA 4 Deslocamentos da Curva de Demanda e Movimentos ao longo da Curva de Demanda Se os alertas impressos nos embalagens de cigorros convencerem as fumantes a fumar menos, a curva de demonda por cigarros se deslocaro para a esquerda. No painel (a), a curva de demand° desloca-se de D7 para D2. Ao prep de $ 2 par maco, a quontidade demandada cal de 20 para 10 cigarros par dia, coma se ye no deslocamento do ponto A para o ponto B. Por outro ludo, se um imposto aumenta o prep dos cigorros, a curva de demanda nao se desloca. Em vez disso, observamos um movimento para um outro ponto do curva de demanda. No painel (b), quando o preco aumenta de $ 2 para $ 4 o quantidade demandada cal de 20 para 12 cigarros por dio, o que se reflete em um movimento do ponto A para o ponto C. (a) Deslocamento da Curva de Demanda Preco do Maco de Cigarros Uma politica que desencoraje o tabagismo desloca a curva de demanda para a esquerda $ 2,00 (b) Movimento ao Longo da Curva de Demanda Um imposto que aumente o preco dos cigarros resulta em urn movimento ao longo da curva de demanda Preco do Maco de Cigarros $ 4,00 2,00 10 • 20 Numero de Cigarros Fumados por Dia 0 124 20 Numero de Cigarros Fumados por Dia CAPIITULO 4 AS FOgAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA 71 cutva de demanda, mas sim um movimento ao longo da curva de den-ianda para um ponto com preco maior e quantidade menor, como mostra o painel (b) da Figura 4. Em que medida a quantidade demandada de cigarros reage a mudancas no seu preco? Os economistas tentaram responder a essa pergunta estudando o que acontece quando o imposto sobre os cigarros muda. Eles descobriram que um aumento de 10% do preco provoca uma reducio de 4% na quantidade demandada. Os adolescentes se mostraram especialmente sensiveis ao preco dos cigarros: um aumento de 10% do preco resulta numa queda de 12% na quantidade demandada de cigarros entre os adolescentes. Uma questho relacionada a esta e como o preco dos cigarros afeta a demanda por drogas ilegais como a maconha. Os opositores da taxac'ao sobre cigarros arg,umentam que tabaco e maconha so bens substitutos, de modo que precos elevados dos cigarros encorajam o uso de maconha. Por outro lado, especialistas em dependencia quimica veem o cigarro como uma "droga de entrada" que leva os jovens a experimentar outras substancias nocivas à saúde. A maioria dos estudos com dados é consistente com essa constataram que menores precos dos cigarros est ao associados a um maior uso de maconha. Em outras palavras, tabaco e maconha parecem mais ser bens complementares do que proprian-iente substitutos. e Teste R4ido De um exemplo de uma escala de demanda por pizza e represente graficamente a curva Qual é a melhor maneira de acabar com isso? de demanda respectiva. • De um exemplo de algo que deslocaria essa curva de demanda. • Uma mudanca no preco da pizza deslocaria sua curva de demanda? OFERTA Vamos agora nos voltar para o outro lado do mercado e examinar o comportamento dos vendedores. Mais uma vez, 1.-)ara concentrarmos o foco de nossa vamos considerar o mercado de sorvete. A Curva de Oferta: A Reia0o entre Preco e Quantidade Ofertada )j--/&quantidade ofertada .„, a quantidade de um bem que A quantidade ofertada de qualquer bem ou servico e a quantidade que os vende- -,-) os vendedores estk dores querem e podem vender. Ha muitos detern-linantes da quantidade ofertada, ) dispostos a vender e podem mas, novamente, o preco representa um papel central em nossa analise. Quando o vender preco do sorvete esta elevado, vender sorvete e lucrativo e, portanto, a quantidade ofertada e grande. Os vendedores de sorvete trabalham por n-aiitas horas, compram muitas maquinas de fabricar sorvete e contratam muitos trabalhadores. Por outro lado, quanc_lo o preco do sorvete esta baixo, o negOcio e menos lucrativo e os vendedores produzem menos sorvete. A um preco baixo, alguns vendedores podem ate optar por fechar as portas e, com isso, sua quantidade ofertada cai para zero. Uma vez que a quantidade ofertada aumenta a medida que o preco aumenta e cai quando o preco se reduz, dizemos que a quantidade ofertacla esta positivamente lei da oferta relacion ada i om o preco do ben-i. Essa relac ao entre preco e quantidade ofertada e a afirmack de que, com tudo chamada clq lei da oferta: com tudo o n-lais mantido _ constante, quando o preco de o mais mantido constante, a um.. bem aumenta, a quantidade ofertada desse bem tambem aumenta e, quando o quantidade ofertada de um i._-)reco de um bem cai, a quaritidade ofertada desse bem tambem cail bem aumenta quando seu preco aumenta 72 PARTE 2 °FERIA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS FIGURA 5 A Escala de Oferta e a Curva de Oferta de Ben A escala de oferta mostra a quantidode ofertoda a coda preco. Esto curvo de oferta, que representa graficamente a escala de oferto mostra como a quantidade ofertada do bem muda quando seu preco varia. Coma urn prep molar aumenta a quantidade ofertada, a curva de oferta se inclina para cima. Preco do Sorvete de Casquinha Quantidade Ofertada de Sorvetes de Casquinha $ 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 2 3 4 5 Preco do Sorvete de Casquinha $3,00 2,50 1. Urn aumento no preco... 2,00 1,50 1,00 0,50 0 i 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Quantidade de Sorvetes de Casquinha 2.... aumenta a quantidade ofertada de sorvetes de casquinhas. escala de oferta uma tabela que mostra a relacao entre o brew e a quantidade ofertada de urn bem curva de oferta urn grafico da relacao entre o preco de urn bem e a quantidade ofertada A tabela da Figura 5 mostra a quantidade ofertacla por Ben, urn vendedor de sorvete, a cada preco. A qualquer preco abaixo de $ 1,00, Ben nao oferece nenhuma quantidade de sorvete. A medicla que o preco aumenta, ele oferece uma quantidade cada vez major. Essa é a escala de oferta, uma tabela que mostra a relac5o entre o preco e a quantidade ofertada de urn hem, mantendo-se constantes todas as demais coisas que influenciam a quanticlade que os produtores do hem desejam vender. 0 gr, afico da Figura 5 usa os dados da tabela para ilustrar a lei da oferta. A curva que relaciona o preco corn a quantidade ofertada é chamada de curva de oferta. A curva de oferta se inclina para cima porque, corn tudo o mais mantido constante, urn preco major significa uma quantidade ofertada major. Oferta do Mercado versus Oferta Individual Assim como a demanda de mercado é a soma das demandas de todos os compradores, a oferta de mercado é a soma das ofertas de todos os vendedores. A tabela da Figura 6 mostra as escalas de oferta de dois produtores de sorvete, Ben e Jerry. A escala de oferta de Ben nos diz a quantidade de sorvete ofertada por ele e a escala de oferta de Jerry nos diz a quantidade de sorvete que ele oferece, qualquer que seja o preco. A oferta de mercado é a soma das duas ofertas indivic-luais. CAPIITULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA FIGURA 6 Oferta do Mercado como a Soma das Ofertas Individuais quantidade ofertada em um mercado é a soma das quantidades ofertadas por todos os vendedores o cada precoAssim, a curva de ofertc de mercado determinado somondo-se horizontalmente as curvaS de oferta individuais. Ao preco de „5 2, Ben oferto 3 sorvetes de cosquinha e lerry, 4. A quantidade ofertada de mercodo o esse preco é de 7 sorvetes. 0 0 1 2 3 4 5 $ 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 Mercado ierry Ben Preco do Sorvete de Casquinha + = 0 0 0 2 4 6 8 0 0 1 4 7 10 13 Oferta de Mercado Oferta de Jerry Oferta de Ben Preg) do Sorvete de Casquinha Preo do Sorvete de Casquinha Preo do Sorvete de Casquinha $3,00 $3,00 $3,00 2,50 2,50 2,50 2,00 2,00 2,00 1,50 1,50 1,50 1,00 1,00 1,00 0,50 0,50 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 01 2 3 4 5 6 7 8 9101112 Quantidade de Sorvetes de Casquinha --1 3713 p ct:kknOE, dj ecoilintrk Jerry 111 Iii11111 °Mercado 0,50 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 01 2 3 4 5 6 7 8 9101112 01 2 3 4 5 6 7 8 9101112 Quantidade de Sorvetes de Casquinha Quantidade de Sorvetes de Casquinha tox5,9" (Lcu eiwk.-u(k) a) 0 gthfico da Figura 6 mostra as curvas de oferta que correspondem às escalas de oferta. Assim como fazemos com as curvas de den-ianda, somamos horizontalmente as curvas de oferta individuais para obter a curva de oferta de mercado. Ou seja, para encontrar a quantidade ofertada total a cada precs'o, somamos as quantidades encontradas no eixo horizontal das curvas de oferta individuais. A curva de oferta de n-iercado mostra como a quantidade ofertada total varia à medida que o pre9o, do bem varia. Deslocamentos da Curva de Oferta A curva de oferta de sorvete mostra quanto os produtores oferecem para venda a cada preo dado, mantidos constantes todos os demais fatores — menos o preo — que afetam as decises dos produtores sobre quanto vender. Essa relação pode mudar ao longo do tempo e essa mudaNa é representada por um deslocamento cla curva de oferta. Por exemplo, vamos supor que o pre90 do EitIcar caia. Con-io o Kiicar é um insumo na produo de sorvete, a queda no preo do giicar torna 73 74 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Deslocamentos da Curva de Oferta Qualquer mudanca que aumente a quantidade que as vendedores desejam produzir a coda preco desloca a curva de oferta poro a direita. Qualquer mudanca que reduza a quantidade que eles desejam produzir a coda preco desloca a curvo de oferta para a esquerda. Preco do Sorvete de Casquinha Curva de oferta, 03 Curva de oferta, Curva de oferta, 0, Reducao da oferta Aumento da oferta Quantidade de Sorvetes de Casquinha mais lucrativa a venda de sorvete. Isso aumenta a oferta de sorvete: a qualquer preco dado, os vendedores agora estao dispostos a vender uma quantidade major. Corn isso, a curva de oferta de sorvete se desloca para a direita. A Figura 7 ilustra deslocamentos da oferta. Qualquer mudanca que aumente a quantidade ofertada a cada preco, como uma queda do preco do acticar, desloca a curva de oferta para a ciireita e é chamada de um ailment() dci oferta. Similarmente, qualquer muclanca que reduza a quantidade ofertada a cada prey) desloca a curva de oferta para a esquerda e é chamacla de tnna reduclio cla oterta. Sao muitas as variaveis que podem deslocar a curva de oferta. Aqui estao algumas das mais importantes: --pPreco dos insumos Para produzir sorvete, os vendedores usam diversos insumos: leite, acucar, aromatizantes, maquinas de fabricar sorvete, as fabricas onde o sorvete é produzido e os trabalhadores para misturar os ingredientes e operar as maiquinas. Quando aumenta o preco de urn ou mais desses insumos, a producao de soniete se toma menos lucrativa e as empresas ofertam menos sorvete. Se o preco dos insumos subir substancialmente, algumas empresas podem fechar e nao ofertar nenhuma quantidade de sorvete. Assim, a oferta de urn bem esti negativamente relacionada corn o preco dos insumos usados na sua producao. A tecnologia utilizada para transformar os insumos em sorvete é tambem outro determinante da oferta. A invencao de maquinas de produzir solvete, por exemplo, reduziu a quantidade de trabalho necessaria para a producdo de sorvete. Reduzindo os custos das empresas, os avancos na tecnologia aumentam a !,r" ' oferta de sorvetel 4TeCnOlOgla EXpeCtatiVaS A quantidade de sorvete de massa que uma empresa oferta hoje pode depender de suas expectativas quanto ao futuro. Se, por exemplo, uma empresa tiver a expectativa de que o preco do sorvete aumente no futuro, ela estocan"' parte de sua producao atual e ofertard menos hoje. CAPITULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA 75 TABELA 2 Variáveis que Influenciam os Vendedores Esta tabela lista as vanaveis que exercem influncia sobre a quantidade que os produtores decidem vender de um determinado bem. Observe o papel especial do preco do bem: umo mudanca no preco represento movimento oo longo da curva de oferta, ao passo que uma mudonca de qualquer outra varlavel desloca a cuiva de oferta. Variavel Uma Mudanca Desta Preco Precos dos insumos Tecnologia Expectativas Nmero de Vendedores Representa um movimento ao longo da curva de oferta Desloca a curva de oferta Desloca a curva de oferta Desloca a curva de oferta Desloca a curva de oferta fNN/110-ttcl, Wirnero de Vendedores atores A oferta do mercadoL.iepende de todos_os_f_ ienciara_os_v_endedores individuais, como o_precs-o dos insumos usados na s-i. ecnologia disponivel e as expectativas. i Alem disso, a oferta frodu "ao do bem um mercado depende do ntimero de vendedores. Se Ben e Jerry saissem do ramo de sorvete, a oferta no mercacio diminuiria. Resumo A curva de oferta mostra o que acontece com a quantidade ofertada de um bem quando seu preo varia, mantidas constantes todas as demais variaveis que influenciam os vendedores. Quando uma dessas variaveis muda, a curva de oferta se desloca. A Tabela 2 lista todas as variaveis que determinam a quantidade que os produtores decidem vender de um bem. De um exemplo de uma tabela de oferta de pizza e trace a respectiva curva de oferta. • De um exemplo de algo que deslocaria esta curva de oferta. • Uma mudanca do preco da pizza deslocaria essa curva de oferta? Teste R.Oido OFERTA E DEMANDA REUNIDAS Tendo analisado a oferta e a demanda em separado, vamos agora combina-las para ver como determinam a quantidade de um bem vendido no mercado e o seu preo. Equilibrio A Fig,ura 8 mostra a curva de oferta de mercado e a curva de demanda de mercado juntas. Observe que ha um ponto em que ocorre intersecc;"ao das curvas de oferta e demanda, o qual e chamado de equilibrio do mercado. 0 preo nessa interseceao e chamado de pre90 de equilibrio e a quantidade é chamada de quantidade de equilibrio. Aqui, o prec;o de equilibrio é $ 2 por sorvete e a quantidade de brio e de 7 sorvetes. equilibria ma situacao na qual o preco tingiu o nivel em que a Iquantidade ofertada e igual a , quantidacle demandada ', ) preco de equilibrio f o preco que iguala a l quantidade ofertada e a quantidade demandada quantidade de equilibrio a quantidade ofertada e a quantidade demandada ao preco de equilibrio 76 PARTE 2 °FERIA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Preco do Sorvete de Casquinha 0 Equilibrio de Oferta e Demanda 0 equih'brio é encontraa'o no ponto em que ocorre interseccoo do curvo de oleo e do curva de demon& Ao preco de equilibria o quantidade ofertado e igual a quantidade demondada Aqui, o prep de equilibrio é $ 2: a esse preco, sao ofertados 7 sorvetes de casquinha e sao dernandados 7 $2,00 Oferta Equilibrio z Preco de Equilibrio Quantidade de Equilibrio 6 7 8 Demanda 9 10 11 12 13 Quantidade de Sorvetes de Casquinha 0 dicionario define a palavra equilibrio como uma situacao em que diversas forgas estao em igualdade — e isso tambem descreve o equilibrio de mercado. Ac) prep de equilibria a quantidade do bem clue os compiadores desejam podem coivrar é exatamente igual a quantidade (pie os vendedores desejam e podem vender. 0 preco de equilibrio é por vezes chamado de preco de ajustamento do mercado porque, a esse de oferta — ,excess() urria_atuacoemuea quantidade ofertada e maior —do que a duantidade demandada excesso de demanda uma situacao_i_que r a demandada major do que a quantidade ofertada preco, o mercado esti satisfeito: os compradores compraram tudo o clue desejavam comprar e os vendedores venderam tudo o que desejavam vender. As acoes de compradores e de vendedores conduzem naturalmente o mercado em direcdo ao equilibrio entre oferta c demanda. Para saber por que, considere o que acontece quando o preco de rnercado no é igual ao preco de equilibrio. Suponhamos, primeiro, que o preco de mercado esteja acima do preco de equilibria como no painel (a) da Figura 9. Ao Few de $ 2,50 por sorvete, a quantidade ofertada (10 sorvetes) é superior a quantidade demandada (4). Ha urn excedente do bem: os fornecedores no conseguem vender tudo o que querem ao Few vigente. Uma situacao como essa é denominada de excesso de oferta. Quando ha urn excesso de oferta no mercado de sorvete, os vendedores descobrem que seus freezers ficam lotados corn o produto que gostariam, mas no conseguem vender. Eles respondem a esse excess° reduzindo seus precos. Com a diminuicao nos precos a quantidade demandada aumenta e a quantidade ofertada diminui. Os precos continuam a cair ate quo o mercado atinja seu equilibrio. Suponhamos agora que o preco de mercado esteja abaixo do preco de equilibria como no painel (b) da Figura 9. Neste caso, o preco é de $ 1,50 por sorvete e a quantidade demandada do bem excede a quantidade ofertada. Ha uma escassez do bem: os compradores n5o conseg-uem comprar tudo o quo desejam ao preco vigente. Uma situac5o como essa é denominada de excesso de demanda. Quando ocorre uma escassez no mercado de sorvete, os compradores precisam esperar em longas filas por uma oportunidade para comprar urn dos poucos sorvetes de casquinha que estao disponiveis. CAPjTULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA 77 Mercados em Desequilibrio No painel (a), temos um excesso de oferto. Como o preco de mercado de $ 2,50 estd acima do preco de equillbrio, a quantidade ofertada (10 sorvetes) excede a quantidade demandada (4). Os fomecedores tentam aumentar suas vendas reduzindo o preco do son/ete, e isso conduz o preco ao seu rilvel de equilíbrio. No painel (b), temos um excesso de demando. Como o preco de mercado de 1,50 esth obaixo do equilibrio, a quantidade demandada (10 sorvetes) supera o quantidade oferthdo (4). Com muitos compradores indo atrds de poucos bens, os fornecedores podem tiror vantagem da escassez elevondo os precos. Assim, em ambos os cosos, o ajustamento dos precos conduz o mercado em direc do ao equillbrio entre oferta e demanda. to A Excesso de Oferta Preo do Sorvete de Casquinha Excesso de oferta •y r,lk k. fY ( 0,4 crosxo,,510 Ctn (talEL tcesso de Demanda) Oferta Pre93 do Sorvete de Casquinha Oferta $2,50 2,00 $2,00 1,50 Excesso de demanda Demanda 0 4 Quantidade demandada 7 10 Quantidade ofertada Quantidade de Sorvetes de Casquinha 0 4 Quantidade ofertada Havendo muitos compradores atrs de poucos bens, os vendedores podem reagir à escassez aumentando seus preos sem, com isso, perder vendas. À medida que o preo aumenta, a quantidade demandada diminui, a quantidade ofertada aumenta e o mercado, mais uma vez, move-se em direco ao equilfbrio. Assim, as atividades dos diversos compradores e vendedores conduzem automaticamente o mercado em dire o ao prec;o de equilfbrio. Uma vez que o mercado atinja seu equilfbrio, todos os compradores e vendedores ficam satisfeitos e há pressk) nem para cima nem para baixo sobre o j_-)reo.A rapidez com que o equilfbrio é atingido varia de mercado para mercado, dependendo da velocidade de ajustamento dos pre9 p s. Na maioria dos mercados livres, o excesso e a escassez apenas temporSrios porque os preos acabam por se mover C M dire o aos niveis de equilfbrio. De fato, esse fenOmeno é tão universal queé chamado de lei da oferta e da demanda: o preo de qualquer bem se ajusta j_-)ara trazer a quantidade ofertada e a quantidade demandada do bem para o equilibrio. Demanda 10 Quantidade demandada Quantidade de Sorvetes de Casquinha lei da oferta e da demanda a afirmack de que o preco de qualquer bem se ajusta para trazer a quantidade Tr's Passos para Analisar Mudancas do EquiRbrio ofertada e a quantidade demandada desse bem para Até aqui, vimos como a oferta e a demanda, juntas, determinam o equilfbrio de mercado, o que, por sua vez, determina o preo e a quantidade do be.m que os compradores compram e os vendedores vendem. É claro que o preo e a quantidade de equilibrio dependem da posi o das curvas de oferta e de demanda. Quando algum evento desloca uma dessas curvas, o equilfbrio do mercado muda. A análise de tal o equilibrio 78 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Fade Acreclitar, Harolcio: 1\l'ao é Oferta ou Demancla,.. é Oferta e Demanaa mudanca é chamada de estatica comparativa porque envolve a comparacao de duas situacoes estaveis — um equilibrio inicial e um novo equilibrio. Ao analisarmos como alg,um fato afeta urn mercado, fazemos isso em tres etapas. Em primeiro lugar, verificamos se o fato desloca a curva de oferta, a curva de demanda ou, em alg-uns casos, ambas as curvas. Em segundo lugar, verificamos se a curva se desloca para a direita ou para a esquerda. Em terceiro lugar, usamos o diagrama de oferta e demanda para comparar o equilibrio inicial corn o novo equilibria para ver como 0 deslocamento afeta o preco e a quantidade de eq-uilibrio. A Tabela 3 resume essas tres etapas. Para vermos como usar essa receita, vamos consicierar os diversos eventos que poderiam afetar o mercado de sorvete. Exernplo: uma Mudanca da Demanda Suponhamos que o tempo fique muito quente num determinado verao. Como isso afeta o mercado de sorvete? Para responder a essa pergunta, vamos seguir as tres etapas. 1. 0 tempo quente afeta a curva de demanda mudando o desejo das pessoas por sorvete. Ou seja, o tempo muda a quantidade de sorvete que as pessoas desejam comprar a qualquer Few dada A curva de oferta fica inalterada porque o tempo nao afeta diretamente as empresas que vendem sorvete. • :IC Um Programa em Tres Etapas para Analisar Mudancas do Equilibrio 1.Analisar se o acontecimento desloca a curva de oferta ou a curva de demanda (ou ambas). 2.Analisar em qual direcao a curva se desloca. 3.Usar o diagrama de oferta e demanda para ver como o deslocamento altera o preco e a quantidade de equilibria. CAPiTULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA 79 FIGURA 10 Preo do Sorvete de Casquinha 1. 0 tempo quente aumenta a demanda por sorvete... Oferta $2,50 Novo equilibrio 2....resultando em maior Equilibrio inicial 0 7 -n 1 0 3....e maior quantidade vendida. Como um Aumento da Demanda Afeta o Equilibrio Um evento que aumente a quantidade demandada a qualquer preco dado desioca a curva de demanda para o direita. Tanto o preco de equilíbrio quonto a quantidade de equilibrio aumentam. Aqui, um vero excepcionalmente quente leva os compradores a demandar mais sorvete. A curva de demanda desloca-se de D i para 02 , fazendo o preco de equilibrio aumentar de $ 2,00 para $ 2,50 e a quantidade de equilibrio aumentar de 7 para 10 sorvetes de casquinha. Quantidade de Sorvetes de Casquinha 2. Como o tempo quente faz com que as • pessoas queiram tomar mais sorvete, a curva de demanda desloca-se para a direita. A Figura 10 mostra esse aumento da demanda como um deslocan-lento da curva de demanda de D .1 para 13 7 . Esse deslocamento indica que a quantidade demandada de sorvete e maior qualquer que seja o preo. 3. Como a Fig-ura 10 mostra, o aumento da demanda eleva o preo de equilibrio de $ 2,00 para $ 2,50 e a quantidade de equilibrio de 7 para 10 sorvetes. Em outras palavras, o tempo quente aumenta o preQ0 e a quantidade vendida de sorvete. Desiocamento das Cunfas versus Movimentos ao Longo Delas Observe que, quando as altas temperaturas fazem o preQ p do sorvete aumentar, a quantidade de sorvete que as empresas ofertam aumenta, n-ruito embora a curva de oferta permanea a mesma. Neste caso, os economistas dizem que há um aumento da"quantidade ofertada", mas n'ao da "oferta". "Oferta"refere-se posi o da curva de oferta,_ ao passo que "quantidade - ofer_ tada" tem a ver _ a quantidade que os fo-fr-iec~-e s- d-esejarrr-v—e-nder. Neste exemplo, a oferta nao muda porque o tempd nao afeta o desejo que as empresas t'em de vender a um dado preo. Em vez disso, o calor altera o desejo que os consumidores te'rn de comprar, qualquer que seja o pre93 dado, e, assim, desloca a curva de demanda. 0 aumento da demanda faz com que o preo de equilibrio aumente. Quando o preo aumenta, a quantidade ofertada aumenta. Esse aumento na quantidade ofertada e representado pelo movimento ao longo da curva de oferta. 80 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Resumindo, urn deslocamento da curva de oferta é chamado de "mudanca da oferta" e urn deslocamento da curva de demanda é chamado de "mudanca da demanda". Urn movimento 170 long() de uma curva de oferta fixa é chamado de "mudanca na quantidade ofertada" e urn movimento ao ion go de uma curva de demanda fixa é chamado de "mudanca na quantidade demandada". Exemplo: Uma Mudanca da Oferta Suponhamos que, num outro verao, urn furacao destrua parte da safra de cana-de-acticar e que isso aumente o prey) do aciicar. Como esse acontecimento afeta o mercado de sorvete? Novamente, seguimos as fres etapas para responder a essa perg,unta. 1.A mudanca do preco do acucar, urn insumo na producao de sorvete, afeta a curva de oferta. Urn aumento nos custos de producao reduz a quantidade de sorvete que as empresas produzem e vendem a qualquer preco dado. A curva de demanda nao muda porque o major custo dos insumos nao afeta diretamente a quantidade de sorvete quo as familias desejam comprar. 2. A curva de oferta desloca-se para a esquercla porque, a qualquer preco, a quantidade total que as empresas desejam e podem vender é menor. A Figura 11 ilustra essa reducao da oferta como sendo urn deslocamento da curva de oferta de 01 para 02. 3. Como mostra a Figura 11, o deslocamento da curva de oferta aumenta o preco de equilibrio de $ 2,00 para $ 2,50 e reduz a quantidade de &pill-brio de 7 para 4 sorvetes de casquinha. Como resultado do aumento no 'Dreg° do acucar, o preco do sorvete aumenta e a quantidade de sorvete venclida cai. Como uma Reducao da Oferta Preco do Sorvete de Casquinha Afeta o Equilibrio Um acontecimento que reduza a quantidade ofertodo o qualquer prep dodo desloca o curva de oferta pora a esquerda. 0 prep de equilibrio oumenta e a quantidade de equilibrio cal. Aqui,. urn aumento no prep do acucar (urn insumo) faz corn que as vendedores ofertem menos sorvete. A curva de oferta desloca-se de 01 para 02, o que faz corn que o preco de equilibrio do sorvete aumente de $ 2,00 para $ 2,50 e a quantidade de equilfbrio diminua de 7 para 4 sorvetes de casquinha. Novo equilibrio $ 2,50 Equilibrio inicial 2,00 2....resultando em major preco do sorvete... Demanda 0 4 Quantidade de Sorvetes de Casquinha 3.... e uma diminuicao na quantidade vendida. cApirum 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA NOTIIC1AS A MAE NATUREZA DESLOCA A CURVA DE OFERTA Segundo nosso andlise, um desastre natural que Quatro Dias de Frio Assolam a Calif6rnia: Safras Devastadas; Preco das Frutas Citricas Deve Subir Por Todd S. Purdum Quatro dias de temperaturas abaixo de zero destruiram mais de um terco da safra anual de frutas citricas da CalifOrnia, causando um prejuizo de mais de meio bilhão de d6lares e indicando que o preco da laranja nos supermercados deve triplicar até a semana que vem. Desde segunda-feira, o ar frio e seco do Golfo do Alasca fez despencar a temperatura em todo o Estado, ficando entre —8°C e —12°C na regik agricola do Central Valley — a pior frente fria desde a redi uz a oferta reduz a quantidade vendida e aumenta o preco. Eis um exemplo recente. nevasca de dez dias de 1990. Os agricultores mantiveram ligadas suas mkuinas de vento e irrigack por toda a noite para manter as , rvores aquecidas, mas representantes do governo declararam que a perda foi quase total no vale e pode ter 0 chegado a 50 /0 no restante do Estado. A Calif&nia responde por cerca de ' 80% das laranjas e 90% dos limões con, sumidos in natura em todo o pais e os atacadistas afirmaram que os precos da i laranja no varejo podem triplicar nos prOximos dias. 0 preco do limão tam, b&ri deverá aumentar, mas o do suco de laranja deve ser menos afetado porque a maior parte das laranjas para produ0o de suco são cultivadas na FlOrida. Em mercados da Calif6rnia, os ataalguns , cadistas relataram que o preco da laranja-bahla subiu de 35 centavos de libra na terca-feira para 90 centavos de libra na qua rta-feira. Fonte: The New York Times, 25 dez. 1998, P. Al. Copyright ©1998 by The New York Times. Co. Reimpresso com permissk. Exempio: Mudanca Tanto da Oferta Quanto da Demanda Suponhamos Para analisarmos agora que a onda de calor e o furac a- - o acontec;am no mesmo ver a'o. essa combina o de eventos, seguiremos novamente as trs etapas. 1.Verificamos que as duas curvas se deslocan-i. 0 calor afeta a curva de demanda porque altera a quantidade de sorvete que as familias desejam comprar, a qualquer preo dado. Ao mesmo ten-ipo, ao aumentar o prec;o do gticar, o furaco clesloca a curva de oferta porque muda a quantidade de sorvete que as empresas desejam vender, a qualquer preo dado. 2. As curvas deslocam-se na mesma dire o em que se deslocaram nas amilises anteriores: a curva de demanda desloca-se para a direita e a curva de oferta, para a esquerda. Esses deslocamentos são ilustrados pela Figura 12. I 81 82 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS . FIGURA Deslocamento Tanto da Oferta Quanto da Demanda Observamos aqui, simultaneamente, urn aumento do demanda e uma reducao do oferta. HO do's resultados possiveis. No painel (a), o prep de equiIfbrio aumenta de P1 para P2 e a quantidade de equillbrio aumenta de Q7 para Q2. No painel (b), o preco de equilibrio novamente aumenta de 131 porn P2, mas a quantidade de equilibrio cal de Q7 para Q2. (a) 0 Preco Aumenta, a Quantidade Aumenta Preco do Sorvete de Grande Casquinha aumento da (b)0 Preco Aumenta, A Quantidade Diminui Preco do Sorvete de Casquinha demanda Novo equilibria Pequeno aumento da demanda P2 Pi D 2 Pequena reducao da oferta Equilibria inicial Grande reducao da oferta P1 Equilibria inicial :D 0 Q1 Q2 Quantidade de Sorvetes de Casquinha 014- 02 Quantidade de Sorvetes de Casquinha 3. Como mostra a Figura 12, sac) dois os resultados possiveis, dependendo da extens5o relativa dos deslocamentos da demanda e da oferta. Em ambos os casos, o preco de equilibrio aumenta. No painel (a), em que a demanda aumenta substancialmente enquanto a oferta tern uma reducao bastante pequena, a quantidade de equilibrio tambem aumenta. Por outro lado, no painel (b), em que a oferta se reduz substancialmente e a demanda aumenta pouco, a quantidade de equillbrio diminui. Portant°, esses acontecimentos vao certamente elevar o preco do sorvete, mas seu impact° sobre a quantidade vendida de sorvete ambiguo (ou seja, pode tanto aumentar quanto diminuir). Rest] m 0 Acabamos de ver tres exemplos de como usar as curvas de oferta e de demanda para analisar uma mudanca no equilibrio. Sempre que urn acontecimento desloca a curva de oferta, a curva de demanda ou as duas curvas, podemos usar essas ferramentas para prever como o acontecimento alterara a quantidade venc-iida no equilibrio e o preco pelo qual o bem sera vendido. A Tabela 4 mostra o resultado previsto para qualquer combinacao de deslocamentos das duas curvas. Para se certificar de que entendeu como usar as ferramentas de oferta e demanda, escolha algumas das possibilidades da tabela e veja se consegue explicar por que a tabela faz essas previsoes. CAP(TULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA 0 Que Acontece com o Preo e a Quantidade Quando a Oferta ou a Demanda se Deslocam? Para fozer um teste rdpido, veja se é capaz de explicar cada uma das possibilidades apresentadas aqui com diagramas de Nenhuma Pvludanca da Demanda Um Aumento da Demanda Uma Dirnnuic'ao da Demanda oferta e demanda. Nenhuma Mudan a da Oferta Um Aumento da Oferta Uma Diminuicao da Oferta P é o mesmo P diminui - Q é o mesmo Q aumenta P aumenta Q diminui P aumenta P é ambfguo Q aumenta Q aumenta - Qé ambiguo P diminui P diminui P é ambiguo Q diminui Q ,,,, • Teste R4ido Analise o que acontece com o mercado de pizza quando o preco do tomate aumenta. • Analise o que acontece com o mercado de pizza se o preco do hambrguer cai. . CONCLUS AO: COMO OS PRECOS ALOCAM RECURSOS Este capitulo analisou a oferta e a demanda num Unico mercado. En-tbora tenhamos nos concentrado no mercado de sorvete, as lições que vimos aqui se aplicam tambem à maioria dos demais mercados. Sempre que voce vai a uma loja comprar algo, está contribuindo para a demanda desse item. Sempre que procura por um emprego, está contribuindo para a oferta de servios de m'a- o-de-obra. Como a oferta e a demanda são fenOmenos econOmicos fa- o universais, o modelo de oferta e demanda é uma poderosa ferramenta de análise. Usaremos esse modelo seg,uidas vezes nos prc5ximos capitulos. P aumenta diminui 84 I PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Urn dos Dez Principios de Economia que discutimos no Capitulo 1 é o de que os mercados sac), em geral, uma boa maneira de organizar a atividade econamica. Embora ainda seja muito cedo para julgar se os resultados dos mercado silo bons ou ruins, neste capitulo comecamos a ver corno os mercados funcionam. Em qualquer sistema economic°, os recursos escassos tem de ser alocados entre usos que competem entre Si. As economias de mercado usam as for-gas de oferta e demanda para servir a esse fim. A oferta e a demanda, juntas, determinam os precos dos diferentes bens c servicos da economia; os precos, por sua vez, sao os sinais que orientam a a1ocac5o de recursos. Vamos considerar, por exemplo, a alocacao de terrenos de frente para o mar. Como a quantidade de terrenos desse tipo é limitada, nem todos podem usufruir do luxo de viver proximo ii praia. Quem obtem esse recurso? A resposta 6: quern quiser e puder pagar seu preco. 0 preco dos terrenos de frente para o mar se ajusta ate que a quantidade demandada de terrenos seja exatamente igual a quantidade ofertada. Assim, nas economias de mercado, os precos sac) os mecanismos de racionamento dos recursos escassos. Da mesma forma, os precos determinam quem produz cada hem e o quanto sera produzido. Vamos considerar a agTicultura, por exemplo. 0 que determina quern é ou rid° agr, icultor? Numa sociedade livre, n5o ha urn org5o de planejamento do govern° tomando essa decis5o e garantindo urn suprimento adequado de alimentos. Em vez disso, a alocac5o dos trabalhadores as fazendas se baseia nas decisoes a resi.->eito de emprego de mill-16es de trabalhadores. Esse sistema descentralizado funciona hem porque essas decisoes dependem dos precos. Os precos dos alimentos e os salarios dos trabalhadores rurais (o preco de seu trabalho) ajustam-se para garantir que urn numero suficiente de pessoas decida trabalhar na agicultura. Se alg-uem nunca viu uma economia de mercado em acao, essa ideia pode parecer absurda. As economias sac) grandes grupos de pessoas engajadas em muitas atividades interdependentes. 0 que impede que a tomada descentralizada de decisOes se degenere e vire urn caos? 0 que coordena as acoes de mill-16es de pessoas, cac-ia uma corn suas pi-alphas habilidades e seus prOprios desejos? 0 que garante que aquilo que precisa ser feito realmente seja feito? A resposta, em uma palavra, é precos. Se as economias de mercado s5o conduzidas por uma m5o invisivel, como sugeriu Adam Smith, ent5o o sistema de precos 6 a batuta que a rnao invisivel usa para reger a orquestra economica. RESUMO • Os economistas usam o modelo de oferta e demanda para analisar mercados competitivos. Num mercado competitivo, ha muitos compradores e vendedores, cada urn dos quais corn pouca ou nenhuma influencia sobre o preco de mercado. • A curva de demanda mostra como a quantidade demandada de urn hem depende do preco. De acordo corn a lei da demanda, conforme o preco de urn bem cai, a quantidade demandada aumenta. Assim, a curva de demanda se inclina para baixo. • Alem do preco, outros determinantes da quantidade que os consumidores desejam comprar sac) a renda, o preco dos hens substitutos e complementares, os gostos, as expectativas e o numero de compradores. Se qualquer urn desses fatores muda, a curva de demanda se desloca. • A curva de oferta mostra como a quantidade ofertada de urn hem depende do preco. De acordo corn a lei da oferta, conforme o preco de urn bem aumenta, a quantidade ofertada tambem aumenta. Portant°, a curva de oferta se Melina para cima. CAMTULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA 85 • Alem do preco, outros determinantes da quantidade que os produtores desejarao vender sao o preco dos insumos, a tecnologia, as expectativas e o nUmero de vendedores. Se qualquer um desses fatores muda, a curva de oferta se desloca. • A interseccao entre as curvas de oferta e demanda determina o equilibrio do mercado. Ao preco de equilibrio, a quantidade demandada é igual à quantidade ofertada. • Para analisar como qualquer acontecimento afeta um mercado, usamos o diag,rama de oferta e demanda para examinar como o acontecimento afeta o preco e a quantidade de equilibrio e fazemos isso em tres etapas. Primeiro, determinamos se o acontecimento desloca a curva de oferta ou a curva de demanda (ou ambas). Depois, verificamos em que direcao a curva se desloca. E, finalmente, comparamos o novo equilibrio com o equilibrio inicial. • 0 comportamento de compradores e vendedores naturalmente conduz os mercados em direcao ao Quando o preco de mercado estl acima do preco de equilibrio, há um excedente do bem, que causa uma diminuicao no preco de mercado. Quando o preco de mercado está abaixo do equilibrio, há uma escassez, que causa urn aumento no preco de mercado. • Nas economias de mercado os precos sao os sinais que orientam as decises econOmicas e, assim, alocam os recursos escassos. Para cada bem existente na economia, o preco assegura que oferta e demanda se equilibrem. 0 preco de equilibrio entao determina a quantidade do bem que os compradores decidirao comprar e a quantidade do bem que os vendedores decidirao produzir. QUEST 15ES PARA REVISA0 1. 0 que é um mercado competitivo? Descreva brevemente os tipos de mercado que nao sao perfeitamente competitivos. 2. 0 que determina a quantidade de um bem demandada pelos compradores? 3. 0 que sao a escala de demanda e a curva de demanda? Como estao relacionadas? Por que a curva de demanda se inclina para baixo? 4. Uma mudanca dos gostos dos consumidores leva a um movimento ao longo da curva de demanda ou a um deslocamento desta? Uma mudanca no preco leva a um movimento ao longo da curva de demanda ou a um deslocamento desta? 5. A renda do Popeye diminui e, como resultado, ele compra mais espinafre. 0 espinafre e um bem inferior ou normal? 0 que acontece com a curva de demanda de Popeye por espinafre? 6. 0 que determina a quantidade de um bem ofertada pelos vendedores? 7. 0 que sao a escala de oferta e a curva de oferta? Como se relacionam? Por que a curva de oferta tem inclinacao para cima? 8. Uma mudanca da tecnologia de producao leva a um movimento ao longo da curva de oferta ou a um deslocamento desta? Uma mudanca de preco 86 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS leva a urn movimento ao longo da curva de oferta ou a um deslocamento desta? 9. Defina o equillbrio de urn mercado. Descreva as forcas que conduzem o mercado em direcao ao equilibrio. 10. Cerveja e pizza sao bens cornplementares porque freqtientemente sao consumidos juntos. Quando o preco da cerveja aumenta, o que acontece corn a oferta, a demanda, a quantidade ofertada, a quantidade demandada e o preco de mercado da pizza? 11. Descreva o papel representado pelos precos nas economias de mercado. PROBLEMAS E APLICACOES 1. Explique cada uma das declarac5es abaixo, usando diagr, amas de oferta e demanda. a. Quando uma frente fria atinge a Florida, o preco do suco de laranja aumenta nos supermercados de todo o territorio norte-americano. b. A cada verao, quando comeca a esquentar na Nova Inglaterra, o preco das diarias dos hoteis no Caribe despenca. c. Quando irrompe uma guerra no Oriente Medi°, o preco da gasolina aumenta .e o preco do Cadillac usado diminui. ?. "Urn aumento da demanda por notebooks aumenta a quantidade demandada de notebooks, mas nab a quantidade ofertada." Esta afirmacao é verdadeira ou falsa? Expliq-ue. 3. Considere o mercado de minivans. Para cada urn dos eventos indicados, identifique que determinantes da demanda ou da oferta sao afetados. Indique tambern se a oferta ou a demanda aumentam ou diminuem. Por fim, demonstre o efeito sobre o preco e a quantidade de minivans. a. As pessoas decidem ter mais filhos. b. Uma greve de metaltirgicos aumenta o preco do aco. c. Os engenheiros desenvolvem novas maquinas automatizadas para a producao de minivans. d. 0 preco dos utiliterios esporte aumenta. e. Un-ia queda no mercado de acaes reduz o poder aquisitivo das pessoas. 4. Durante a decada de 1990, avancos tecnolOg,icos reduziram o custo dos chips para computadores. Em sua opiniao, como isso afetou o mercado de computadores? E o de software? E o de maquinas de escrever? 5. Usando diag-ramas de oferta e demanda, demonstre o efeito dos seg,uintes acontecimentos sobre o IDreco de mercado das blusas de moletom. a. Urn furacao na Carolina do Sul prejudica a safra de algodao. b. 0 preco dos casacos de couro cai. c.Todas as escolas passam a exigir uniformes adequados para a aula de educacao fisica. d. Sao inventadas novas maquinas de tecelagem. 6. Suponha que em 2005 o numero de nascimentos fique temporariamente elevado. Como esta alta no ntimero de nascimentos afeta o Few dos servicos de babas em 2010 e em 2020? (Dica: criancas de 5 anos precisam de babes, enquanto adolescentes de 15 podem ser babes.) CAPiTULO 4 AS FORCAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA 7. Althn de ser um condimento, o catchup é um complemento dos cachorros-quentes. Se o prey) do cachorro-quente subir, o que aconteceth com o mercado de catchup? E com o mercado de tomate? E com o mercado de suco de tornate? E com o mercado de suco de laranja? l 87 duziria o mercado em dire o ao equilfbrio? E, se o prev) de mercado estivesse abaixo do pre90 de o que conduziria o mercado em direc-k) ao equilfbrio? 10. Con-lo p`a"o e requeija- o s a- - o freqiientemente consumidos juntos, são bens complementares. a. Observamos que o preo de equilibrio do requeij Eio e a quantidade de equilibrio do p as - o aumentaram. 0 que poderia ser responsvel por esse padra"o — uma queda do preo da farinha ou uma queda do pre90 do leite? Ilustre e explique sua resposta. b. Suponhamos que, em vez disso, o pre90 de equilibrio do requeij a- - o tenha aumentado, mas a quantidade de equilibrio do pa- o tenha caido. 0 que poderia ser responsvel por isso — um aumento no pre9c) da farinha ou no pre9c) do leite? Ilustre e explique sua resposta. 8. 0 estudo de caso apresentado neste capitulo discute os impostos sobre o cigarro como forma de combate ao tabag,ismo.Agora pense nos mercados dos demais produtos de tabaco, como charutos e tabaco para mascar. a. Esses bens s'a"o substitutos ou complementares do cigarro? b. Usando um diagr, ama de oferta e demanda, demonstre o que acontecerá con-i os mercados de charutos e tabaco para mascar se o imposto sobre o cigarro aumentar. c. Se os formuladores de politicas quiserem reduzir o consumo total de tabaco, que politicas 11. Suponhamos que o preo dos ingressos para os poderiam combinar com o imposto sobre o jogos de futebol em sua escola sejam deterrninacigarro? clos pelas foNas de mercado. No momento as escalas de oferta e demanda de ingressos sa- o as 9. 0 mercado de pizza tem as seguintes escalas de seguintes: oferta e demanda: Preo Quantidade Demandada Quantidade Ofertada $4 135 104 81 68 53 39 26 53 81 98 110 121 5 6 7 8 9 Represente g,raficamente as curvas de oferta e de demanda. Quais sa.o o prec» e a quantidade de equilibrio nesse mercado? Se o pre90 de mercado estivesse acima do preo de equilibrio, o que con- Preco $4 8 12 16 20 Quanticlade Demandada Quantidade Ofertada 10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 8.000 8.000 8.000 8.000 8.000 a. Represente graficamente as curvas de oferta e de demanda. 0 que há de incomum nessa curva de oferta? E 1.-)or que isso pode ser verdade? b. Quais sa- o o preo de equilibrio e a quantidade de equilibrio dos ingressos? 88 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS c. Sua faculdade pretende aumentar o mimero de vagas em 5 mil alunos no proximo ano. A escala de demanda dosses estudantes adicionais sera: Prec.o $4 8 12 16 20 Quantidade Demandada 4.000 3.000 2.000 1.000 Some a escala de demancla original corn a dos novos alunos para chegar a nova escala de demanda da faculdade. Quais sera° o novo preco e a nova quantidade de equillbrio? 12. Urn artigo do The New York Times descreveu uma bem-sucedida campanha de marketing da tria de champanhe frances. 0 artigo obseivou que "muitos executivos estao surpresos corn os precos estratosfericos do champanhe. Mas, ao mesmo tempo, tern medo de que os fortes aumentos do preco reduzam a demanda, o que provocaria uma diminuicao repentina nos precos". Que erro os executivos est5o cometendo em sua an6lise dessa situacao? Ilustre sua resposta corn urn grafico. 13. Pesquisas de mercado revelaram as seg,uintes informagoes sobre o mercado de barras de chocolate: a escala de demanda pode ser representada pela equacao Q'' = 1.600 — 300P, onde Q`) é a quantidade demandada e P. o preco. A escala de oferta pode ser representada pela equacdo Q" = 1.400 + 700P, onde Q" é a quantidade ofertada. Calcule o 'Dreg° de equilibrio e a quantidade de equilibrio no mercado de barras de chocolate. 14. 0 que queremos dizer quando nos referimos a urn mercado perfeitamente competitivo? Voce acha que o exernplo do mercado de sorvetes utilizado neste capitulo se encaixa nessa descricao? Ha outro tipo de mercado que caracterize melhor o mercado de sorvetes? ELASTIC1DADE E SUA APLICAC:Ik0 mag,ine que voce seja um fazendeiro do Estado do Kansas que produz trigo. Como-1 toda a sua renda vem da venda do trigo, voce se empenha muito para tomar a sua terra o mais produtiva possivel. Acompanha as condi es do clima e do solo, verifica seus campos para ver se ha sinais de pragas e doenyis e estuda os tiltimos avallos da tecnolog,ia agricola.Voce sabe que quanto mais cultivar, mais tera para vender apOs a colheita e mais elevados ser ao sua renda e seu padr"ao de vida. Um dia, a Universidade Estadual do Kansas anuncia uma g,rande descoberta. Pesquisadores do departamento de agronomia desenvolveram um novo tipo de trigo hibrido que aumenta em 20% a produ o por hectare cultivado. Como reagir a essa noticia? Sera que voce deve usar o novo trigo hibrido? Essa descoberta deixa voce em melhores ou piores condi es do que antes? Neste capitulo, veremos que essas quest c5es podem ter respostas surpreendentes. A surpresa vira da aplicacfao da mais basica das ferramentas econOmicas - a oferta e a demanda - ao mercado de trigo. 0 capitulo anterior introduziu a oferta e a demanda. Em qualquer mercado competitivo, como é o mercado de trigo, a curva de oferta, com incling`a- o ascendente, representa o comportamento dos vendedores e a curva de demanda, com ção descendente, o comportamento dos compradores. 0 preo do bem se ajusta para conduzir a quantidade ofertada e a quantidade demandada do bem ao brio. Para aplicarmos essa analise basica e entendermos o impacto da descoberta dos ag,r6nomos, precisamos, antes, desenvolver mais uma ferramenta: o conceito de 90 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS elasticidaddA elasticidade, uma medida da resposta dos compradores e vendedores as mudancas das condicoes do mercado, nos permite analisar a oferta e a deman- da corn major precisaoj Ao estudarmos como urn acontecimento ou politica pUblica qualquer afeta urn mercado, podemos discutir nao apenas a direcao dos efeitos, mas tambem sua magnitude. ELASTICIDADE DA DEMANDA elasticidade uma medida da resposta da quantidade demandada o— u da quantidade ofertada a variacOes em seus determinantes elasticidade-preco da demanda uma medida do quanto a quantidade demandada de um bem reage a uma mudanca no_preco do bem em questa° calculada como a variacao percentual da quantidade demandada dividida pela variacao percentual do preco Quando introduzimos a demanda, no Capitulo 4, observamos que os consumidores /-)creralmente compram mais de urn bem quar icloopreco desteesta mais baixo, quando a renda deles é major, quando os precos dos bens substitutos do hem estdo elevados ou quando os precos dos bens complementares esta-o baixos. Nossa cliscussdo sobre a demanda foi qualitativa, na-o quantitativa. Ou seja, discutimos a direçao 1e a quantidade demandada se move, mas nao a dimensao do movimento.. medirernouantooscorisumidores reagie_m a mudancas dessas variaveis os economistas usam o _conceit° de elasticidade. A Elasticidade-Preco da Demanda e Seus Determinantes A lei da demanda afirma que uma queda no preco de urn bem aumenta a quantidade demandada dee. A elasticidade-preco da demanda mede o quanto a quantidade demandada -adaiçanopreco. A demanda por UM bem é chamada de eldstica se aquantidade demandada res or' desubstancialmente a mudancas no preco. Diz-se que a demanda por um hem é inelastica se aquantidade demandada responde pouco ail:_l udaiacas_no_prec_Q. A elasticidac la_ de aualauer bem rnec leo_ql_ ranto os dores estao dispostos a deixar de ad umr do bem a medida que presoatimenta. Assim, a elasticidade reflete as muitas torcas econamicas, sociais e psicolOg,icas — que moldam as preferencias dos consumidores. Corn base na experiencia, entretanto, podemos apresentar alg,umas reg,ras gerais sobre o que determina a elasticidade-preco da demanda. Disponibilidade de Substitutos Proximos Bens corn substitutos proximos tendem a ter demanda mais elastica porque é mais facil para os consumidores troca-los por outros. Por exemplo, manteiga e margarina sao facilmente substituiveis uma pela outra. Urn pequeno aumento no preco da manteiga, s-upondo que o preco da margarina se mantenha constante, fare corn que a quantidade vendida de manteiga tenha uma grande diminuicao. Por outro lado, como os ovos nao tern substitutos prOximos, a demanda por ovos é menos elastica do que a demanda por manteiga. ,3 • c‘, i-cc -0.– • Bens Necessarios versus Bens uperfluos Os hens necessarios tendem a ter demanda inelastica, enquanto a demancia por hens de 1-uxo (ou superfluos) tende a ser elastica. Quando o preco de uma consulta medica aumenta, as pessoas nao alteram drasticamente o mimero de vezes que vao ao medico, embora possam ir corn menos frequencia. Por o-utro lado, quando o preco dos veleiros aumenta, a quantidade demandada de veleiros cai substancialmente. Isso porque as pessoas tendem a encarar as consultas medicas como uma necessidade e os veleiros como urn luxo. E claro que urn bem ser necessario ou superfluo depende nao so de s-uas CAPiTULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICA-A0 propriedades intrinsecas, mas tambem das prefer'encias do comprador. Para um velej dor ávido que ri - o esteja muito preocupado com a pn5pria saUde, os veleiros podem ser uma necessidade com demanda inel stica e as consultas medicas, algo superfluo com demanda ehistica. Definiçäo do Mercado A elasticidade da demanda em qualquer mercado depende de como traeamos os limites deste. Mercados definidos de forma restrita tendem a ter demanda mais elE'Istica do que mercados definidos de forn-la ampla, uma vez que é mais fácil encontrar substitutos para bens definidos de maneira restrita. Por exemplo, os alimentos, uma categoria ampla, fern demanda bastante porque não há bons substitutos para eles. 0 sorvete, uma categoria restrita, tem demanda mais elástica, porque é fácil substituf-lo por outras sobremesas. Sorvete de baunilha, uma categoria muito mais restrita, tem demanda muito porque os outros sabores de sorvete s^a"o substitutos quase perfeitos para ele. Horizonte de Tempo Os bens tendem a apresentar demanda mais el stica em horizontes de tem1,-)o niais longos. Quando o preeo da gasolina sobe, a quantidade demandada desse combustivel cai pouco nos primeiros meses. Com o passar do tempo, contudo, as pessoas compram carros que consomem menos gasolina, passam a usar o transporte pUblico e se mudan-i para mais perto do lugar onde trabalham. Em alg-uns anos, a quantidade den-iandada de gasolina cai substancialmente. Calculando a Elasticidade-Preo da Demanda Agora que discutimos a elasticidade-preeo da demanda em termos gerais, vamos examinar com maior atene"o como ela e calculada. Os economistas calculam a elasticidade-preeo da demanda como a variae a- - o percentual da quantidade demandada dividida pela variae a- - o percentual do preeo. Ou seja, Elasticidade-preeo da demanda - Variae a'o percentual da quantidade demandada Varia o percentual do preeo -k Por exen-iplo, suponhamos que um aumento de 10% no preeo do sorvete de casquinha cause un-la ci- ue'da de 20% quantidade de sorvetes que voc'e con-ipra. Sua elasticidade da demanda seth calculada como Elasticidade-preeo da demanda = 20% 10% 2 Neste exem lo, a elasticidade e. 2, 1ndicando que avariaço da quantidade . demandada é duas vezes maior do ue a variac k, do preeo. COMO a quantidade demandada de um bem es-ffl negativamente relacionada com seuprqço, a variae"a"o percentual da quantidade demandada sempre ter. sinal oposto ao da varia o percentual do pres;o. Neste exemplo, a variaea_percentualdo de 10% positivos (refletindo um aumento) e a varia o percentual da quantidade demandada e de 20% negativos (refletindo uma essa razk), as elasticidades-preeo da demanda são algumas vezes representadas_por nmeros negativos. Neste livro, seguiremos a prtica comum de deixar de lado o sinal de menos e apresentar todas as elasticidades-preeo con-io nUmeros positivos -)e 91 92 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONANI OS MERCADOS (os matematicos chamam isso de valor absoluto). Corn essa convencao,, uma major elasticidade- re o im lica uma • ande res a da cjuantjcade demandada ao pl.:Les? . 0 Metodo do Ponto Medio: Uma Maneira Melhor de Calcular VariacOes Percentuais e Elasticidades Se voce tentar calcular a elasticidade-preco da demanda entre dois pontos de uma curva de demanda, logo perceber6 urn problema desagradavel: a elasticidade do ponto A para o pont° B parece diferente da elasticidade do ponto B para o ponto A. Consicieremos, por exemplo, os seg-uintes ntimeros: Ponto A: Preco = $ 4 Quantidade = 120 Ponto B: Preco = $ 6 Quantidade = 80 Indo-se do ponto A para o ponto B, o preco sobe 50% e a quantidade demandada cai 33%, indicando que a elasticidade-preco da demanda é de 33/50, ou 0,66. Em comparacdo indo-se do ponto B para o ponto A, o preco cai 33% e a quantidade aumenta 50%, indicando elasticidade-preco da demanda de 50/33, ou 1,5. Uma maneira de evitar esse problema é usar o metodo do pont° inedio para calcular a elasticidade. A forma-padr5o de calcular uma variacao percentual é dividir a variacao pelo nivel inicial. 0 metodo do pont° medic,/ por outro lado, calcu15 a variactdo percentual dividindo a variacao pelo ponto medio (ou media) dos niveis inicial e final. Por exemplo, $ 5 é o ponto medio entre $ 4 e $ 6. Assim, segundo o metodo do pont° medio, uma variacao de $ 4 para $ 6 é considerada urn aumento de 40%, uma vez que (6 - 4)15 x 100 = 40. Da mesma forma, uma mudanca de $ 6 para $ 4 tambem é considerada uma queda de 40%. Corno o metodo do ponto medio chega sempre ao mesmo resultado, independentemente da direcao da mudanca, é muito usado para calcular a elasticidadepreco da demanda entre dois pontos. Em nosso exemplo, o ponto medio entre os pontos A e B é: Ponto Medio: Prow = $ 5 Quantidade = 100 Segundo o metodo do ponto medic), ao se passar do ponto A para o ponto B, o preco aumenta 40% e a quantidade cai 40%. Da mesma forma, ao se passar do ponto B para o ponto A, o preco cai 40% e a quantidade aumenta 40%. Em ambas as clirecoes, a elasticidade-preco da demanda é 1. Podemos expressar o metodo do ponto medio corn a seg,uinte formula para a elasticidade-preco da demanda entre dois pontos, denotados por (Q1, Pi) e (Q2,137): Elasticidade-preco da demanda . (Q2 - Q1)/[(Q9 (21)/21 —1)1)1[(1)9 + P1)12] \ numerador é a variacao percentual da quantidade calculada polo metodo do ponto medio e o denominador, a variacao percentual do preco calculada polo metodo do ponto medio. Use essa formula sempre que precisar calcular elasticidades. CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICA-A0 FIGURA 1 A Elasticidade-Preco da Demanda A elasticidade-preco da dernanda determino se a curva de demanda é indinada ou nao. Observe que todas as variacaes percentuais sao calculadas pelo metodo do ponto medio. Demanda Perfeitamente Elasticidade Igual a 0 (b) Demanda Inel6tica: Elasticidade Inferior a 1 Pre9D Pre9r) Demanda $5 $5 / 4 /// Demanda 1 Um aumento de 22% no 1. Um aumento no prev)... 100 0 90 -4-100 0 Quantidade Quantidade ' ' 2. ...causa uma queda de 11% na quantidade demandada. 2....deixa inalterada a quan tidade demandada. (c) Demanda com El. stica Unithria: Elasticidade Igual a 1 Prev.n $5 1. Um aumento de 22% no Quantidade 80 -7100 0 / 2. ...causa uma queda de 22% na quantidade demandada. Elasticidade Maior do que 1 (d) Demanda Preo I (e) Demanda Perfeitamente Elasticidade Infinita Preg) 1. A qualquer pre93 acima de $4, a quantidade demandada é zero. $4 Demanda 1. Um aumento de 22% no prev)... 0 jJ 9i Quantidade 2. ...causa uma queda de 67% na quantidade demandada. Demanda 2. A exatamente $4, os consumidores comprar a. . o qualquer quantidade. 0 3. A um pre9D inferior a $4, a quantidade demandada é infinita. Quantidade 93 94 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Neste livro, contudo, raramente faremos tais calculos. Para a major parte de nossa proposta, o que a elasticidade representa — a resposta da quantidade demandada ao preco — é muito mais importante do que a forma como é calculada. A Variedade das Curvas de Demanda Os economistas classificam as curvas de demanda de acordo corn sua elasticidade. A demanda é elastica quando a elasticidade é maior do que 1, de modo que a quantidade varia proporcionalmente mais do que o preco. A demanda é inelastica quando a elasticidade é menor do que 1, de modo que a quantidade varia proporcionalmente menos do clue o preco. Se a elasticidade é igual a 1, de modo que a variacao da quantidade seja proporcionalmente igual a variacrao do preco, diz-se que a demanda possui elasticidade unitaria. Como a elasticidade-preco da demanda mede o quanto a quantidade demandada responde a mudancas no preco, esta estreitamente relacionada corn a inclinacao da curva de demanda. Uma boa regra geral é a seguinte: quanto mais horizontal for uma curva de demanda que passa por urn determinado pont°, major sera a elasticidade-preco da demanda. Quanto mais vertical for uma curva de demanda que passa por urn determinado ponto, menor sera a elasticidade-preco da demanda. A Figura 1 mostra cinco casos. No caso extremo da elasticidade zero mostrado no painel (a), a demanda é perfeitamente inelastica e a curva de demanda é vertical. Neste caso a quantidade demandada se mantem a mesma qualquer que seja o Few. A medida que aumenta a elasticidade, a curva de demanda se torna cada vez mais horizontal, como mostram os paineis (b), (c) e (d). No extremo oposto, mostrado no painel (e), a demanda é peifeitamente elostica. Isso ocorre a medida que a elasticidade-preco da demanda se aproxima do infinito e a curva de demanda se toma horizontal, refletindo o fato de que mudancas muito pequenas do preco levam a grandes variacoes na quantidade demandada. Por fim, se voce se confunde corn os termos elastic° e ine/astico, aI vai urn truque. As curvas inelasticas, como a do painel (a), parecem-se corn a letra I. As elasticas, como a do painel (e), 1.-)arecem-se corn a letra E. Isso nao é muito profundo, Inas pode ajudar no seu proximo exame. Receita Total e Elasticidade-Preco da Demanda receita total a quantia pogo pelos compradores e recebida pelos vendedores de urn bem, calculada como o preco do bem multiplicado pela quantidade vendida Ao estuciarmos mudancas da oferta ou da demanda num mercado, uma variavel que frequentemente desejamos estudar é a, receita total, a quantia paga pelos compradores e recebida pelos vendedores de urn bem. Em qualquer mercado, a receita total ePxQ—o pre.s,o do bem multi licado .ela uantidade vendida dee. Podemos representar a receita total graficamente, como na Figura 2. A altura do retangulo abaixo da curva de demanda éPea largura é Q. A area do retangulo, P x Q, é igual receita total do mercado. Na Figura 2, em que P = $ 4 e Q = 100, a receita total $ 4 x 100, ou $ 400. Como a receita total varia a medida que nos movemos ao longo da curva de demanda? A resposta depende da elasticidade-preco da demanda. Se a demanda for inelastica, como na Figura 3, um ailment° no preco causard um aumento na receita total. Aqui, urn aumento no preco de $ 1 para $ 3 provoca uma diminuicao na quantidade demandada somente de 100 para 80, de modo que a receita total aumenta de 100 para 240. Urn aumento do preco eleva P x Q porque a diminuicao cm Q é pipporcionalmente inferior ao aumento em P. CAPftULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICACAO QURA 2 Receita Total Pre90 A quantla total pagc pelos compradores e recebida pelos vendedores é igual Orea do rekingulo abaixo da curva de demanda, P x Q. Aqut ao preco de $ 4, a quantidade demandada e 100 e a receita total é 400. $4 P X Q = $400 (receita) Demanda 100 0 Quantidade FIGURA 3 Como a Receita Total Muda com os Precos: Demanda Ineffitica Com uma curva de demanda inelOstica, um aumenio no preco provoca umo diminu0o proporcionalmente menor no quantidade demandada. Assim, a receito total (o preco multiplicado pela quantidade) aumenta. Aqui, UM aumento de preco de 1 poro $ 3 provoca uma diminui0o na quantidade demandado de 100 para 80 e a receita total aumenta de $ 100 para $ 240. Pre90 Pre90 $3 Receita = $100 0 Demanda 100 Quantidade 0 80 Quantidade 95 96 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Obtemos o resultado oposto se a demanda é eldstica: urn aumento no preco causa uma diminuic5o na receita total. Na Figura 4, por exemplo, quando o preco sobe de $ 4 para $ 5, a quantidade demandada diminui de 50 para 20 e, corn isso, a receita total diminui de $ 200 para $ 100. Como a demanda é eldstica, a reducao da quantidade demandada é tao grande que mais do que compensa o aumento do preco. Ou seja, urn aumento no preco reduz P x Q porque a diminuicdo em Q é proporcionalmente major do que o aumento em P. Embora os exemplos das duas fig,uras sejam extremos, ilustram uma regra geral: -.: z (0, Q.., • Quando a demanda é ineldstica (elasticidade-preco da demanda menor do que 1), o preco e a receita total movem-se na mesma dire(do. • Quando a demanda é eldstica (elasticidade-preco da demanda major do que 1), o preco e a receita total movem-se em direcoes opostas. • Se a demanda tern elasticidade unitaria (elasticidade-preco da demanda ig,ual a 1), a receita total permanece constante quando o preco varia. = Elasticidade e Receita Total ao Longo de uma Cuiva de Demanda Linear Embora algumas curvas de demanda tenham elasticidade constante ao longo de toda a curia, isso nem sempre acontece. Urn exemplo de curva de demanda em que a elasticidade muda é uma linha reta, como mostra a Figura 5. Uma curva de FIGURA 4 Como a Receita Total Muda Quando o Preco Muda: Demanda Elastica Corn uma curva de demanda elastic-a, urn aumento no prep provoca uma reducao proporcionalmente major no quantidade demandada. Ass/m, receita total (o prep multiplicado pela quantidade) diminui. Aqui, urn aumento de preco de $ 4 polo $ 5 provoca uma reducao no quantidade demondada de 50 polo 20, de maneira que o receita total diminui de $ 200 para $ 700. Preco Preco $5 $4 Demanda Receita = $100 0 50 Quantidade 0 20 Quantidade . .-.. CAF4TULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICA-A0 A(..) 97 FIGURA 5 , Elasticidade de uma Curva de Demanda Linear ("cti A elasticidade maior do que 1. A inclina0o de uma curva de demanda linear é constante, mas sua elasticidade não. A lista que consta da tobela de demanda foi usada para calcular a elasticidade-preo da demanda pelo modo do ponto médio. Nos pontos em que o preco é baixo e o quantidade é elevada, a curva de demanda é inelOstica. Nos pontos em que o preco é alto e a quantidade é baixa, a curva de demanda é elOstica. 4(k ij^,:v A elasticidade menor do que 1. 13 bt+240- (Ac‘A. -Y\f3(?&Ixto -1\CA,u5 .4.AAYN ed Preoo 2 (93 (11 4 Quantidade 6 10 8 12 14 Quantidade Recerta Total (Prec,o x Quantidade) $0 $7 O 6 2 12 5 4 20 4 6 24 3 8 24 2 10 20 1 12 12 0 14 0 tj ,9((k ,Aa F1 ekk_ 21,N 0 p,t9rY1119 p Vanaok Percentual do Preco Variack Percentual da Quantidade Descriok Elasticidade 0,Q-5\.°)" o 15 200 13,0 Elastica 18 67 3,7 Elastica 22 40 1,8 Elastica 29 29 1,0 Elastica unitaria 40 22 0,6 Inelastica 67 18 0,3 Inelastica 200 15 0,1 Inelastica o n01-414. demancla linear tem inclina o constante. Len-ibre-se de que a inclinação e definida como "o aumento dividido pela distffilcia", que, no caso, é a razo entre a variao de preo ("aumento") e a varig5.o cla quantidade ("clistklcia"). A desta curva de demanda especifica é constante porque cada aun-iento de $ 1 no preQ0 faz a quantidade demandada se reduzir nas mesmas duas unidades. Embora a inclinacfa'o das curvas de demanda lineares seja constante, sua elasticidade nk, e. Isso porque a inclinação é a razão entre as varia(cies das duas ao passo que a elasticidade é a raz'cio entre as -oariac-5es percentuais das duas variveis. Podemos ver isso na tabela da Fig,ura 5, que representa a escala de 'demanda da curva de demanda linear do diagrama. A tabela usa o metodo do ponto medio para calcular a elasticidade-prev) cia den-landa. Nos pontos com pre90 baixo e quantidacle elevada, a curva de demanda e inelástica. Nos pontos com preo alto e quaritidade baixa, a curva de demanda Essa tabela tambem apresenta a receita total em cada ponto da curva de demanda. Esses mimeros ilustram a relação entre a receita total e a elasticidade. Quando o pre9c, é $ 1, por exemplo, a demanda é inel stica e um aumento no prey) para $ 2 eleva a receita total. Quando o pre90 é $ 5, a demanda é el.stica e um aumento no pre93 para $ 6 reduz a receita total. Entre $ 3 e $ 4, a demanda tem elasticidade unitffiia e a receita total é ig-ual para os dois preos. -11,9 I 771 )0 (a-wa) z pey)447J (Gi2-GJ) 2-o 98 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS tcNOTiCIAS NA ESTRADA COM A ELASTICIDADE Coma umo empresa privado que opera peclagios em uma rodovia deve estabelecer o prep do peclogio a ser cobrado? Coma veremos neste art/go, a resposto a esso pergunta exige um entendimento do curva de demand° e de sua elasticidode. Para Quem Vai Viajar, o Prep Importa Par Steven Pear/stein Todas as empresas enfrentam uma pergunta em comum: qual preco gerara o lucro ximo para seus produtos? A resposta nem sempre e obvia: o aumento do preco de alguma coisa muitas vezes tern como resultado uma reducao das vendas a medida que os consumidores sensiveis a precos buscam alternativas ou simplesmente deixam de adquirir o bem em questa°. Para cada produto, o grau dessa sensibilidade e diferente. 0 estratagema esta em identificar o ponto em que 'haja uma tradeoff ideal de margem de lucro e volume de vendas. Agora mesmo, as construtores de uma nova rodovia privada entre Leesburg e o Aeroporto Internacional Dulles, em Washington, estao tentando encontrar esse ponto magic°. 0 grupo calculou, originalmente, que poderia cobrar quase $ 2 pela viagem de 14 milhas, atraindo por dia 34 mil veiculos, em media, que costumavam trafegar par estradas p6blicas congestionadas, como a Route 7. Mas, apOs gastarem $ 350 milhoes para construir sua to propalada "Greenway", eles descobriram, para seu desgosto, que apenas Estudo de Caso ESTABELECENDO 0 PRECO DO INGRESS° DE UM MUSEU Se o prep do ingresso aumentasse, esta fila fria diminuir? Voce é 0 curador de urn grande museu de arte. Seu diretor financeiro lhe diz que o museu esta ficando sem recursos e sugere que voce mude o 'Drew dos ingressos para aumentar a receita total. 0 que voce deve fazer? Aumentar ou diminuir o preco do ingresso? A resposta depende da elasticidade da demanda. Se a demanda por visitas ao museu for inelEistica, entao um aumento no 'Drew do ingress° aumentaria a receita total. Mas, se a demanda for elastica, urn aumento no preco do ingress° reduziria tanto o numero de visitantes que a receita total diminuiria. Neste caso, o melhor seria reduzir os precos: o ntimero de visitantes aumentaria tanto que faria crescer a receita total. Para estimar a elasticidade-preco da demanda, é precis() recorrer aos estatisticos. Eles pociem usar os dados histOricos para analisar como a frecitiencia ao museu variou de ano para ano a medida que o preco dos ingressos variou. Ou podem usar dados sobre a frequencia a museus em todo o pais para ver como o preco dos ingressos a afeta. Ao estudar qualquer urn desses conjuntos de dados, os estatisticos precisariam levar em consideracao outros fatores que afetam a frequencia — o tempo, a populacdo, o tamanho da colecdo e assim por diante — para isolar o efeito do preco. No fim das contas, essa an6lise dos dados proporcionaria uma estima- CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICACAO um terco daquele nmero de motoristas estava disposto a pagar tanto para reduzir em 20 minutos sua viagem diaria. SP quando a empresa, em desespero, baixou o pedagio para $ 1 foi que conseguiu chegar perto de atrair o fluxo de transito previsto. Embora a Greenway ainda esteja dando prejuizo, sua situack é obviamente melhor neste novo ponto da curva de demanda do que nos seus primeiros dias de atividade. A receita diaria mkia é hoje de $ 22 mil, contra os $ 14.875 de quando era cobrado o preco "especial de inaugurack", de $ 1,75. E, com o transito leve mesmo nos horarios de pico, é possivel que os proprietarios reduzam ainda mais os precos em busca de maiores receitas. Afinal de contas, quando o preco foi reduzido em 45% na última primavera, gerou um aumento no volume de trafego de 200% três meses depois. Se a mesma razk se aplicar novamente, reduzir o preco do peda- gio em mais 25 0./0 elevaria o volume diario de trafego para 38 mil viagens e a receita diaria aumentaria para quase $ 29 mil. 0 problema, evidentemente, é que a mesma razk geralmente não se aplica a cada ponto de preco e é justamente por isso que é tho complicado estabelecer precos... Clifford Winston, da Brookings Institution, e John Calfee, da American Enterprise Institution, estudaram o dilema do pedagio... No ano passado, os economistas realizaram uma pesquisa de mercado com 1.170 pessoas de todo o pais, a quem foi apresentada uma ske de alternativas em que Ihes era pedido que fizessem uma escolha pessoal entre reduca- o do tempo de viagem e pedagios mais caros. No fim das contas, os pesquisadores concluiram que as pessoas que davam maior valor à reduca- o do tempo de viagem ja o tinham feito passando a usar transporte morando mais perto do trabalho ou tendo optado por um emprego que Ihes permitisse trafegar fora do horario de rush. Por outro lado, os que dirigiam por muito tempo tinham uma maior tolerancia ao congestionamento e só estavam dispostos a pagar 20% do que ganhavam por hora para poupar uma hora de seu tempo. Em suma, as concIuses de Winston e Calfee ajudam a explicar por que o preco e as projeces de trafego originais da Greenway eram excessivamente altos: para eles, apenas pessoas que ganhassem pelo menos $ 30 por hora (cerca de $ 60 mil por ano) estariam dispostas a pagar $ 2 para poupar 20 minutos. Fonte: The Washington Post, 24 out. 1996, p. El. Copyright ©1996, The Reimpresso com permisso. 1/1/oshington Post. tiva da elasticidade-preco da demanda que voce poderia usar para decidir como responder ao seu problema financeiro. • Outras Eiastia dades da Demanda - 'c) l!cfc R < -) Alem da elasticidade-preco da den-ianda, os economistas usam outras elasticidades Luk) • 54' para descrever o comportan-iento dos compradores num mercado. rs A Elasticidade-Renda da Demanda A elasticidade-renda da demanda elasticidade-renda da mede o quanto a quantidade demandada varia conforme a renda do consumidor varia. Ela é calculada como a variacfa"o percentual da quantidade demandada di\Adida pela varia o percentual da renda. Ou seja, demanda uma medida do quanto a quantidade demandada de um bem responde a uma Elasticidade-renda da den-tanda = Varia(Ao percentual da quanticiade demandada Varigo pereentual da renda Como vimos no Capitulo 4, a maioria dos bens e nonnal: rendas mais elevadas aumentam a quantidade demandada. Como a quantidade demandada e a renda movem-se na mesma direção, os bens normais te'm elasticidade-renda positiva. Alguns bens, como as passagens de ônihus, s'th) infenores: rendas mais elevadas variack na renda dos consumidores, calculada como a variack percentual da quantidade demandada dividida pela variack percentual da renda 99 100 PARTE 2 °FERIA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS diminuem a quantidade demandada delas. Como a quantidade demandada e a renda se movem em direcoes opostas, os bens inferiores tem elasticidade-renda neaativa. Mesmo entre os bens normais, as elasticidades-renda variam substancialmente de magnitude. Os bens necessarios, como alimentos e vestuario, tendem a apresentar baixa elasticidade-renda porque os consumidores sempre decidem comprar alguma quantidade deles, nao importa quao baixa seja sua renda. Os hens superfluos, como caviar e diamantes, tendem a apresentar elevada elasticidade-renda porque os consumidores sabem que podem passar sem eles se sua renda for baixa demais. elasticidade-preco cruzada da demanda uma medida do quanto a quantidade demandada de urn bem responde a uma A Elasticidade-Preco C ada da Demanda A elasticidade-preco cruzada da demanda mede o qt.---ianto a quantidade demandada de um bem varia a mcdida o preco de urn outro bem varia. E calculada como a variacao percentual da quantidade demandada do bem 1 dividida pela variacao percentual do preco do hem 2. variacao no preco de outro, calculada como a variacao percentual da quantidade Elasticidade-preco cruzada da demanda Variacao percentual da quantidade demandada do bem 1 Variacao percentual do preco do bem 2 demandada do primeiro bem dividida pela variacao percentual do preco do segundo bem Li (c,1 0 fato de a elasticidade-preco cruzada ser urn numero positivo ou negativo depende de os dois hens em questa° serem substitutos ou complementares. Como vimos no Capitulo 4, os bens substitutos s5o aqueles tipicamente usados urn no lugar do outro, como hamblirgueres e cachorros-quentes. Urn aumento no preco do cachorro-quente induz as pessoas a consumir hambtirgueres. Como o preco dos cachorrbs-quentes e a quantidade demandada de hamblirperes movem-se na mesma direcao, a elasticidade-preco cnizada é positiva. Por outro lado, os hens cornplementares sao aqueles tipicamente usados em conjunto, como computadores e software. Neste caso, a elasticidade-preco cruzada e negativa, indicando que urn aumento no preco dos computadores reduz a quantidade demandada de software. Teste Rapid° Defina elasticidade-preco da demanda. • Explique a relacao entre a receita total e elasticidade-preco da demanda. A ELASTICIDADE DA °FERIA C),1 .CetaSticidade-preco da oferta uma medida do quanto a Quando introduzimos a oferta, no Capitulo 4, observan-los que os produtores de urn bem oferecem para venda mais desse hem quando seu preco aumenta, quando o preco dos insumos utilizados diminui, ou quando ocorre urn avanco tecnologico. Para passar das afirmacoes de natureza qualitativa para afirmacoes de natureza quantitativa sobre a quantidade ofertada, nas usaremos mais uma vez o conceito de elasticidade. quantidade ofertada de um bem responde a uma variacao do seu preco, calculada como a variacao percentual da quantidade ofertada dividida pela variaca-o percentual do preco A Elasticidade-Preco da Oferta e Seus Determinantes A lei da oferta afirma que quanto mais elevados os precos, major a quantidade ofertada. A elasticidade-preco da oferta mede o quanto a quantidade ofertada responde a mudan_c_as no preco. A oferta de urn hem é chamada de eldstica se a quantidade ofertada responde substancialmente a mudancas no preco. A oferta é chamada de inelastica se a quantidade ofertada responde pouco a mudancas no preco. CAMTULO 5 ELASTIC1DADE E SUA APLICA A elasticidade-preco da oferta depende da flexibilidade ci ue os vendedores tem para mudar a c uantidade do bem c ue roduzem. Por exemplo, os terrenos de frente para o mar tem oferta inelastica porque e quase impossivel aumentar a oferta desse bem. Por outro lado, os bens manufaturados, como livros, carros e televisores, tem oferta elastica porque as empresas que os produzem podem fazer funcionar suas fabricas por mais tempo em resposta a precos mais altos. Na maiori erçadci uni determinante-chave da elasticidade-preco da oferta é o -)eriodo ue esta sendo considerado. A oferta e aeralmente ais elastica no longo p_a r zo do que no curto prazo. Em curtos periodos, as empresas nk) podem mudar facilmente o tamanho de suas fabricas para produzir uma quantidade maior ou menor de um bem. No decorrer de lon aos período, resas podeni mudar com mais facilidade o porte de suas fabricaspara produzir mais de um determinado bem. Assim, no curto prazo, a quantidade ofertada não responde muito preco. Por outro lado, em periodos mais longos, as empresas podem construir novas fabricas ou fechar fabricas antigas.Alem disso, novas empresas podem entrar nos mercados e empresas antigas podem fechar. Assim, no longo prazo, a quantidade ofertada pode reagir de maneira substancial a mudancas no preco. Calculando a Elasticidade-Preo da Oferta Agora que temos alg-uma ideia do que e a elasticidade-preco da oferta, vamos ser mais precisos. Os economistas calculam a elasticidacle-preco da oferta como a variac'ao percentual da quantidade ofertada dividida pela variação percentual do preco, 011 seja, Vamos supor, por exemplo, que um aumento no preco do leite de $ 2,85 para $ 3,15 por litro aumente a quantidade que os fazendeiros produzem de 9 mil para 11 mil litros por mes. Usando o metodo do ponto medio, ns calculamos a variack) percentual do preco como Varigio percentual do p •eo = (3,15 - 2,85)/3,00 x 100 = 10% Da mesma forma, calculamos como a variacio percentual da quantidade ofertada Varia o percentual da quantidade ofertada = (11.000 - 9.000)/10.000 x 100 = 20% Neste caso, a elasticidade-preco da oferta Elasticidade-preo da oferta = 20% = 2,0 10% Neste exemplo uma elasticidade de 2 reflete o fato de que a variack) da quantidade ofertada e proporcion•ln-iente duas vezes maior que a variac ao do preco. A Variedade das Curvas de Oferta Como a elasticidade-preco da oferta mede a resposta da quantidade ofertada ao preco, isso se reflete na aparencia da curva de oferta. A Figura 6 mostra cinco casos. No caso extremo cle elasticidade zero, como mostra o painel (a), a oferta é perfeita- O 101 1 02 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS A Elasticidade-Preco da Oferta A elasticidade-preco do oferta determina se a curva de oferta tern inclinacao acentuada ou noo. Observe que todas as variacCies percentuais scio calculadas pelo metodo do ponto medio. (a) Oferta Perfeitamente Inelastica: Elasticidade igual a 0 Preco Oferta (b) Oferta Inelastica: Elasticidade Menor do que 1 Preco Oferta $5 $5 / 4 1. Urn aumento de 22% no preco... 1. Urn aumento no preco... 0 Quantidade 100 / 2. ...deixa inalterada a quantidade ofertada. 0 100 /7•• 110 Quantidade 2....provoca urn aumento de 10% na quantidade ofertada. (c) Oferta corn Elasticidade Unitaria: Elasticidade lgual a 1 0 /100 —n 125 Quantidade 2....provoca urn aumento de 22% na quantidade ofertada. (d) Oferta Elastica: Elasticidade Major do que 1 (e) Oferta Perfeitamente Elastica: Elasticidade_Infinita Preco Prey:, 1. A qualquer preco acima de $ 4, a quantidade ofertada e infinita $5 /4 Oferta $4 1. Um aumento de 22% do preco... 2. A urn preco exatamente de $ 4, os produtores oferecem qualquer quantidade. 0 Quantidade 100 '200 \ 2....provoca urn aumento de 67% na quantidade ofertada. 0 3. A qualquer preco abaixo de $ 4, a quantidade ofertada é zero. Quantidade CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICA A0 103 mente incidstica e a curva de oferta é vertical. Neste caso, a quantidacle ofertada e a mesma, qualquer que seja o preo. A medida que a elasticidade aumenta, a curva de oferta toma-se mais horizontal, indicando que a quantidade ofertada responde mais a varig (5es de preo. No extremo oposto, mostrado no painel (e), a oferta peifeitantente chlstica. Isso se cki quando a elasticidade-preo da oferta se aproxima do infinito e a curva de oferta se torna horizontal, indicando que varig6- es muito pequenas no prey) levam a varia 6es muito g,randes da quantidade ofertada. Em alguns mercados, a elasticidade da oferta não é constante, variando ao longo da curva de oferta. A Figura 7 mostra um caso tipico de uma ind-Cistria em que as empresas dispem de filbricas com capacidade de produo limitada. Para baixos niveis de quantidade ofertada, a elasticidade da oferta é alta, indicando que as empresas respondem substancialmente a variaes de prec;o. Nessa regik), as empresas têrn capacidade de produ o que não está sendo utilizada (capacidade ociosa), como instalK:(5es e equipamentos que passain a maior parte do dia parados. Pequenos aumentos do prec;o far"k) com que seja lucrativo para essas empresas comear a utilizar essa capacidade ociosa. À medida que a quantidade ofertacia aumenta, as empresas se aproximam do pleno uso de sua capacidade. Uma vez que toda a capacidade esteja sendo utilizada, aumentar a j_-)rodu o requer a constru o de novas fi-lbricas. Para induzir as empresas a incorrer nessas despesas extras, o pre90 precisa aumentar substancialmente, de modo que a oferta se toma menos ekistica. A Fig,ura 7 apresenta um exemplo numerico desse fen6meno. Quando o preo se eleva de $ 3 para $ 4 (um aun-lento de 29%, de acordo com o metodo do ponto medio), a quantidade ofertada sobe de 100 para 200 (um aumento de 67%). Como a quantidade ofertada tem un-la varialo proporcionalmente maior que a varigo do preo, a curva de oferta tem elasticidade superior a 1. Por outro lado, quando os preos sobem de $ 12 para $ 15 (um aumento de 22%), a quantidade ofertada aumenta de 500 para 525 (um aumento de 5%). Neste caso, a quantidade ofertada tem un-ia varia o proporcionalmente menor que a varialo do preo, de modo que a elasticidade é inferior a 1. FIGURA 7 Como a Elasticidade-Preco da Oferta Pode Variar Prew $15 Uma vez que as empresas freqentemente têm uma capacidade n-)axima de producao, a elasticidade do oferta pode ser muito elevada quando a quantidade ofertada é pequena e muito boixa quando a quantidade ofertada é grande. Aqui, um aumento de preco de $ 3 para $ 4 aumenta o quantidade ofertada de 100 pora 200. Como o oumento de 67% na quantidade ofertada (calculado usando-se o modo do ponto mlio) é maior do que o aumento de 29% no preco, a curva de oferta é elastica nessa regiao. Em comparacao, quando o preco aumenta de $ 12 para $ 15, a quantidade ofertada aumenta somente de 500 para 525. Como o aumento de 5% no quantidade ofertada é menor do que o aumento de 22% no preco, a curva de oferta é inelastica nessa regiao. A elasticidade pequena (menor que 1) 12 A elasticidade grande (maior que 1) 4 3 0 100 200 500 525 Quantidade 104 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Teste Rapid° Defina a elasticidade-preco da oferta. • Explique por que a elasticidade-preco da oferta pode ser diferente no longo prazo e no curto prazo. TRES APLICACOES DA OFERTA, DA DEMANDA E DA ELASTICIDADE Sera que boas noticias para a agicultura podem ser más noticias para os agr, icultores? Por que a Opep (Organizacao dos Paises Exportadores de Petraleo) nao conseguiu manter elevado o preco do petroleo? A proibica-o das drogas aumenta ou diminui os crimes ligados a elas? A primeira vista pode parecer que essas perguntas nao tem muito em comum, mas todas se referem aos mercados e todos os mercados estdo sujeitos as forcas da oferta e da demanda. Aqui, aplicaremos as versateis ferramentas da oferta, demanda e elasticidade para responder a essas questoes aparentemente complexas. Boas Noticias para a Agricultura Podem Ser Más Noticias para os Agricultores? Vamos, agora, voltar para a pergunta que fizemos no comeco deste capitulo: o que acontece corn os produtores e corn o mercado de trigo quando os agr, onomos de uma universidade descobrem urn novo tipo de trigo hibrido mais produtivo do que as variedades existentes? Lembre-se de que no Capitulo 4 respondemos a esse tipo de questdo em tres etapas. Em primeiro lugar, determinamos se é a cuiva de demanda ou a curva de oferta que se desloca. Em segundo, vemos em que direcdo se cid o deslocamento. E, em terceiro, usamos o cliagr, ama de oferta e demanda para ver a mudanca ocorrida no equillbrio de mercado. Neste caso, a descoberta do novo trigo hibrido afeta a curva de oferta. Como o hibrido aumenta a quantidade de trigo que pode ser produzida par hectare de terra, os fazendeiros desejam ofertar mais trigo a qualquer preco dado. Em outras palavras, a curva de oferta desloca-se para a direita. A curva de demanda permanece a mesma porque a quantidade de trigo que os consumidores desejam comprar a qualquer Feço dado nao é afetada pela introduc5o do novo hibrido. A Figura 8 mostra urn exemplo de uma mudanca desse tipo. Quando a curva de oferta desloca-se de 01 para 02, a quanticiade de trigo vendida aumenta de 100 para 110 e o preco do trigo cai de $ 3 para $ 2. Mas essa descoberta deixa os ag,ricultores em melhor situacao? Como primeiro passo para respondermos a essa pergunta, vamos ver o que acontece corn a receita total recebida pelos ag,ricultores. A receita total é P x Q, o preco do trigo multiplicado pela quantidade vendida. A descoberta afeta os fazendeiros de duas maneiras conflitantes. 0 trigo hibrido permite que eles vendam mais trigo (aumento de Q), mas cada saca é vendida por urn preco menor (queda de P) . 0 fato de a receita total aumentar ou diminuir depende da elasticidade da demanda. Na pratica, a demanda por generos alimenticios basicos, como é o caso do trigo, é geralmente inelastica, uma vez que esses hens sac) relativamente baratos e ha poucos bons substitutos para eles. Quando a curva de demanda é inelastica, como no caso da Figura 8, uma queda no preco faz corn que a receita total diminua. Podemos ver na figura: o preco do trigo cai substancialmente, ao passo que a quantidade de trigo vendida aumenta apenas levemente. A receita total cai de $ 300 para $ 220. Assim, a descoberta do novo hibrido diminui a receita total que os fazendeiros obtem corn a venda de suas safras. CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICACAO 105 FIGURA 8 Pre93 do Trigo 2....leva a uma grande queda do Um Aumento da Oferta no 1. Quando a demanda um aumento da oferta... 100 110 Mercado de Trigo Quondo um avanco tecnolagico aumenta o oferta de trigo de 0 1 para 02 , o preco deste cai. Como a demanda por trigo é inelastica, o aumento da. quantidade vendida de 100 para 110 é proporcionalmente menor do que a queda do preco de $ 3 para $ 2. Com isso, a receito total dos fazendeiros coi de 300 ($ 3 x 100) para $ 220 ($2x110). Quantidade de Trigo 3....e um aumento proporcionalmente menor da quantidade vendida. Com isso a receita cai de $300 para $220. Se a situg a- - o dos ag-ricultores piora com a descoberta clo novo hibrido, por que eles o adotam? A resposta vai ao "knago de como os mercados competitivos funcionam. Como cada ag,ricultor representa uma pequena parte do mercado de trigo, ele toma o preo do trigo como dado. Para qualquer preQD dado do trigo, é melhor usar o novo hibrido para produzir e vender mais. Mas, quando todos os agricultores seguem esse raciocinio, a oferta de trigo aumenta, o preQ p cai e os ag,ricultores se veem prejudicados. Embora este exemplo possa parecer meramente hipotetico, ajuda a explicar uma -ande mudanc;a ocorrida na econon-lia dos Estados Unidos no seculo passado. 200 anos, a maioria dos norte-americanos vivia em fazendas. 0 conhecimento sobre metodos ag,ricolas era tho primitivo que a maioria da popu1ação ainda precisava viver no campo para produzir comida suficiente. Mas, com o tempo, os avanos da tecnolog,ia agropecukia aumentaram a quantidade de alimentos que cada fazendeiro poderia produzir. Esse aurnento da oferta de alimentos, juntamente com uma demanda inel stica por alimentos, fez cair a receita dos fazendeiros, o que, por sua vez, serviu de incentivo para que as pessoas abandonassem a atividade ag,ropecukia. Alguns dados podem demonstrar a mag,nitude dessa mudaNa histffica. Em 1950, havia 10 milhes de pessoas trabalhando no campo nos Estados Unidos, o equivalente a 17`)/0 da foNa de trabalho do pais. Em 2000, menos de 3 milhes de pessoas trabalhavam em fazendas, ou 2% da foNa de trabalho. Essa mudana coincidiu com enormes avallos na produtividade das fazendas: apesar da queda de 70% no nmero de produtores rurais, a produ o ag,ropecukia das fazendas norteamericanas mais do que dobrou entre 1950 e 2000. Esta análise do mercado de produtos agropecukios tambem ajuda a explicar um aparente paradoxo da politica alg,uns prog,ramas para o campo tentam ajudar os fazendeiros incentivando a redu o de certas safras. Por que? 0 objetivo dos programas é reduzir a oferta de produtos ag,ropecukios e, com isso, aumentar seus preos. Por causa da demanda inel stica por seus produtos, os fazendeiros obtem uma maior receita total se fornecem ao mercado uma safra menor. Fazendeiro algum, agindo por conta prpria, deixaria a terra ociosa, pois cada um deles toma o preo de mercado como daclo. Mas, se todos os fazendeiros, juntos, o fizerem, cada um deles será beneficiado. 106 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Doonesbur u.i by Absolutamente nada, Rufus! Creia ou nao, o governo me paga $ 175mi1 por ano para nao plantar nada. Tambem nao entendo muito bem, Rufus, mas acho otimo! S6 aqui nos Estados Unidos alguem poderia ganhar $175 m para plantar 22 mil \ hectares de mato! .rw 777 ii Meu pais é seu, doce terra do subsidio!! a. 75' ce LL, )) 77 Ao se analisarem os efeitos da tecnologia agricola ou da politica agricola, importante ter em mente que o que é born para os agricultores nao é necessariamente born para a sociedade. Avancos tecnologicos podem ser prejudiciais para os fazendeiros, mas sao Otimos para os consumidores, que pagam menos pelos alimentos que compram. Da mesma forma, uma politica que tenha por objetivo reduzir a oferta de produtos agropecuarios pode aumentar as rendas dos fazendeiros, mas o faz a custa dos consumidores. Por que a Opep Nao Conseguiu Writer Eievado o Preco do Petroleo? Muitos dos acontecimentos mais perturbadores para as economias do mundo todo nas ultimas decadas tiveram sua origem no mercado de petroleo. Nos anos 70, os membros da Organizacao dos Paises Exportadores de Petroleo (Opep) decidiram elevar os precos mundiais do produto para aumentar sua renda. Esses paises ating,iram seu objetivo reduzindo conj-untamente a quantidade de petrOleo ofertada. De 1973 a 1974, o preco do petroleo (descontada a inflacao do periodo) subiu mais de 50%. Entdo, poucos anos depois, a Opep fez a mesma coisa outra vez. 0 preco subiu 14% em 1979, 34% em 1980 e mais 34% em 1981. Mas a Opep teve dificuldades para manter o preco tao elevado. Entre 1982 e 1985, o preco caiu a uma taxa mais ou menos constante de 10% ao ano. A insatisfacao e a desorganizacao prevaleceram entre os paises membros da Opep. Em 1986, a cooperacao entre esses paises deixou de existir e o preco despencou 45%. Em 1990, o preco do petroleo (descontada a inflacdo) voltou ao ponto em que estava em 1970 e se manteve nesse baixo nivel durante a major parte da decada de 1990. Esse episodio mostra como a oferta e a demanda podem se comportar de maneiras diferentes no curto prazo e no longo prazo. No curto prazo, tanto a ofera demanda de petroleo sdo relativamente inelasticas. A oferta é inelastiquanto ta ca porque a quantidacie de reservas conhecidas e a capacidade de extracdo de petroleo rid() podem mudar rapidamente. A demanda é inelastica porque os habitos de compra nao respondem imediatamente a mudancas no preco. Muitos proprietarios de carros velhos e que sao"bebedores de gasolina", por exemplo, conformam-se e pagam o prey.) mais elevado. Assim, como mostra o painel (a) da Figura 9, as curvas de oferta e de demanda de curt° prazo tern inclinac5o acentuada. CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICA110 107 FIGURA 9 Uma Reduch da Oferta no Mercado Mundial de PetrOleo Quando coi a oferta de petraleo, o resposto depende do horizonte de tempo. No curto prazo, a oferta e a demanda sao relativamente inelasticas, como no painel (a). Assim, quando a curva de oferto desloca-se de 0 para 02 , o preco aumenta substancialmente. Em comparacao, no longo prazo, a oferta e o demonda sao relativamente elasticas, como no painel (b). Neste caso, o mesmo deslocamento da curva de oferta (de 0 para 0 ) causa um menor 2 aumento no preco. (a) 0 Mercado de Petr6leo no Curto Prazo Prev) do Petrleo 1. No curto prazo, quando oferta e demanda são inel, sticas, um deslocamento da oferta... 02 o (b) 0 Mercado de Petrleo no Longo Prazo Pre93 do Petri5leo 1. No longo prazo, quando oferta e demanda s, c) el sticas, um deslocamento da oferta... - 2....provoca b um grande aumento no preo. 2....provocaP2t um grande — aumento no pre9o. Demanda Demanda Quantidade de Petr6leo 0 0 A situg;-io é bem diferente no longo 1.->razo. No decorrer de periodos mais longos, os produtores de j_-)etr6leo que nao s ao membros da Opep respondem aos altos prec;os aumentando a explorac;ao e construindo nova capacidade de extracfao. Os consumidores respondem com maior economia, por exemplo substituindo carros antigos e ineficientes por outros mais novos e mais eficientes, que consomem menos gasolina. Assim, como vemos no painel (b) da Figura 9, as curvas de oferta e demanda (de longo prazo s, o mais elasticas. No longo prazo, o deslocamento da curva de oferta de 0 1 para 0 2 causa um aumento de prec;o muito menor. Esta analise mostra por que a Opep obteve sucesso ao manter elevados os prev)s do petrOleo somente no curto prazo. Quando seus paises membros concordaram em reduzir a produ ao, deslocaran-i a curva de oferta para a esquerda. Embora cada membro da organizg"ao estivesse vendendo menos petrOleo, o preo subiu tanto no curto prazo que a renda dos paises exportadores do produto aumentou. Em comparg ao, no longo prazo, quando oferta e demanda sao mais elasticas, a mesma redu ao da oferta, medida pelo deslocamento horizontal da curva de oferta, causou um aumento menor no preo. Assim, a reduc s o coordenada de oferta provou ser menos lucrativa no longo prazo. A Opep existe ainda hoje e, de tempos em tempos, obtm sucesso ao reduzir a oferta e elevar os preos. Mas o preo do petrleo (descontada a infla o) nunca voltou ao pico atingido em 1981. 0 cartel agora parece ter entendido que elevar os preos e mais facil no curto do que no longo prazo. . - - - - Quantidade de Petrcileo 108 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS A Politica de Proibicao das Drogas Aumenta ou Diminui os Crimes Relacionados a Elas? Urn problema persistente enfrentado por nossa sociedade é o uso de drogas ilegais como a heroina, a cocaina, o ecstasy e o crack. 0 uso de drogas tern diversos efeitos negativos. Urn deles é o fato de que a dependencia de drogas pode arniinar a vida dos usuarios e de suas familias. Outro é que os viciados em drogas muitas vezes recorrem ao roubo e outros crimes violentos para obter o dinheiro de que precisam para sustentar seu vicio. Para desencorajar o uso de drogas ilegais, o govern° norte-americano gasta bilhoes de Mares por ano para reduzir o fluxo de drogas para dentro do pais.Vamos usar as ferramentas da oferta e da demanda para examinar essa politica de combate as drogas. Suponhamos que o governo aumente o ntimero de agentes federais dedicados ao combate as drogas. 0 que acontece corn o mercado de drogas ilegais? Como de habit°, responderemos a essa pergunta em tres etapas. Em primeiro lugar, vamos verificar se as curvas de oferta e demanda se deslocam. Em seg,undo, vamos verificar a direcao do deslocamento. E, em terceiro, vamos ver como o deslocamento afeta 0 Few e a quantidade de equilibrio. Muito embora o objetivo de uma polftica de proibicao das drogas seja reduzir o seu uso, o impact° direto dessa politica recai rnais sobre os vendedores do que sobre os compradores. Quail& o govern() impede que alg,umas drogas entrem no pais e prende mais traficantes, aumenta o 'Dreg° de venda das drogas e, portant°, reduz a quantidade ofertada a qualquer preco dado. A demanda por drogas — a quantidade que os compradores desejam a qualquer preco dado — nao muda. Como mostra o painel (a) da Figura 10, a proibicao desloca a curia de oferta para a esquerda, de O. para 07, e deixa a curia de demanda inalterada. 0 preco de equilibrio das drogas aumenta de Pl para I)2 e a quantidade de equilibrio cai de Qa para Q2• A diminuicao na quantidade de equilibrio mostra que a proibicao das cirogas reduz seu uso. Mas o que acontece corn a quantidade de crimes relacionados as drogas? Para responder a essa pergunta, considere a quantia total que os usuarios de drogas pagam pelas drogas que compram. Como sac) poucos os viciados em drogas que abandonarao seus hzibitos destrutivos por causa de urn aumento nos precos, é provOvel q-ue a demanda por drogas seja inelastica, como indica a figura. Se a demanda é inelastica, entao urn aumento nos precos aumenta a receita total do mercado de drogas. Ou seja, como a proibicao das drogas aumenta o preco destas proporcionalmente mais do que reduz seu uso, ela eleva a quantidade total de dinheiro que os usuarios pagam pelas drogas que compram. Os viciacios que j tinham que roubar para sustentar seus hEibitos terao uma necessidade ainda major de dinheiro rapido. Assim, a proibicao das drogas pode aumentar o nivel de crimes ligados a elas. Por causa desse efeito adverso da proibicao das drogas, alguns analistas sugerem abordagens alternativas para o problema das drogas. Em vez de procurar reduzir a oferta, os formuladores de politicas deveriam tentar reduzir a demanda por meio de uma politica educacional. Uma hem-sucedida politica educacional quanto as drogas tern o efeito representado no painel (b) da Figura 10. A curva de demanda deslocase para a esquerda, de D1 para D7. Corn isso, a quantidade de equilibrio cai de Q1 para Q2 e o preco de equilibrio cai de P1 para P2. A receita total, que é o preco multiplicado pela quantidade, tambem cai. Assim, ao contrOrio de uma politica de proibicao das drogas, uma politica educacional contra elas pode reduzir tanto seu us° quanto os crimes relacionados a elas. Os partidarios da politica de proibicao podem argumentar que os efeitos desta no longo prazo sac) diferentes dos efeitos no curt° prazo, uma vez que a elasticidade da demanda pode depender do horizonte de tempo. A demanda por drogas CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICACAO 1 09 FIGURA 10 Politicas para Reduzir o Uso de Drogas Ilegais A politica de proibic -q o das drogas reduz a oferta de o para 0 2 , como no painel (a). Se a demondo por drogas é ineldstica, ent"q o a quantia totol paga pelos usu qrios de drogas aumenta, muito embora a quantidade utilizada de drogas caia. Em comparac:do, a politica educocional contra as drogas reduz a demanda por drogas de D i para D 2 , como no painel (b). Como tanto o preco quanto a quantidade diminuem, a quantia paga pelos usu qrios de drogas menor. (b) Politica Educacional contra as Drogas (a) Politica de Proibi0o das Drogas Pre90 das Drogas 1. A politica de proibi0o das drogas reduz a oferta destas... Preco das Drogas 1. A a politica educacional contra as drogas reduz a demanda destas... Oferta P Pi 2 p 2. ...o que eleva o preco... / // P 2 2. ...o que reduz o pre9q... provavelmente é inelEistica em curtos periodos porque os preos mais elevados afetam substancialmente o uso de clrogas por parte dos que já estk) viciados. Mas a demanda pode ser mais el stica no decorrer de periodos mais longos porque os maiores preos desencorajariam as experiencias com drogas entre os jovens e, com o tempo, levariam a um menor nUmero de viciados em drogas. Neste caso, a politica de proibi o aumentaria os crimes ligados a drogas no curto prazo e os reduziria no longo prazo. Teste R4ido Como uma seca que destrua metade de todas as colheitas pode ser boa para os agricultores? Se uma seca como essa é boa para os agricultores, por que eles n:k destroem suas pr q prias safras na ausncia de secas? Conclusk, De acordo com uma velha piada, ate um papagaio pode se tomar um economista, desde que aprenda a dizer "oferta e demanda". Esses dois Ultimos capitulos devem te-lo convencido de que há muito de verdade niso. As ferramentas da oferta e da demanda nos permitem analisar muitos dos principais acontecimentos e politicas que moldam a economia. Agora voce esta" bem encaminhado em sua trajetOria para se tornar um economista (ou, na pior das hipOteses, um papagaio culto). 110 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS • A elasticidade-preco da demanda mede o quanto a quantidade demandada responde a variacoes preco. A demanda tende a ser mais elastica se ha substitutos proximos disponiveis, se o bem é superfluo em vez de ser essencial, se o mercado é definido de maneira restrita ou se os compradores tern hastante tempo para responder a uma mudanca do preco. • A elasticidade-preco da demanda é calculada como a variacao percentual da quantidade demandada dividida pela variacao percentual do preco. Se a elasticidade é menor que 1, de modo que a quantidade demandada varia menos proporcionalmente variacao de preco, dizemos que a demanda é inelastica. Se a elasticidade é major que 1, de modo que a quantidade demandada varia mais que proporcionalmente a variacao de preco, dizemos que a demanda é elastica. • A receita total, que é a quantia total paga por urn hem, é ig,ual ao preco do hem multiplicado 'Dela quantidade vendida. No caso de curvas de demanda inelasticas, a receita total aumenta quando o preco aumenta. Para curvas de demanda elasticas, a receita total diminui quando o preco aumenta. • A elasticidade-renda da demanda mede o quanto a quantidade demandada reage a variacoes na renda dos consumidores. A elasticidade-preco cruzada da demanda mede o quanto a quantidade demandada de urn hem responde a variacoes no preco de outro. • A elasticidade-preco da oferta mede o quanto a quantidade ofertada responde a variacZes no prey). Essa elasticidade frequentemente depende do horizonte de tempo considerado. Na maioria dos mercados, a oferta é mais elastica no longo prazo do que no curt° prazo. • A elasticidade-preco da oferta é calculada como a variacao percentual da quantidade ofertada dividida pela variacdo percentual do preco. Se a elasticidade é menor que 1, de modo que a quantidade ofertada varia menos que proporcionalmente a variacdo de 1)reco, dizemos que a oferta é inelastica. Se a elasticidade é major que 1, de modo que a quantidade ofertada varia mais que proporcionalmente a variacao de preco, dizemos que a oferta é elastica. • As ferramentas de oferta e demanda podem ser aplicadas a muitos tipos diferentes de mercados. Este capitulo as utiliza para analisar os mercados de trigo, de petrOleo e de drogas ilegais. CONCEITOS-CHAVE elasticidade, p. 90 elasticidade-preco da demanda, p.90 receita total, p. 94 elasticidade-renda da demanda, p.99 elasticidade-preco cruzada da demanda, p. 100 1. Defina a elasticic-lade-preco da demanda e a elasticidade-renda da demanda. 2. Relacione e explique alg,uns dos determinantes da elasticidade-preco da demanda. 3. Se a elasticidade é major que 1, a demanda é elastica ou inelastica? Se a elasticidade é ig,ual a 0, a demanda é perfeitamente elastica ou perfeitamente inelastica? 4. Num diagrama de oferta e clemanda, mostre o preco de equilibria a quanticiade de equilihrio e a receita total dos produtores. 5. Se a demanda é elastica, como urn aumento do preco muda a receita total? Explique. elasticidade-preco da oferta, p. 100 6. Como denominamos urn hem cuja elasticidaderenda e inferior a 0? 7. Como se calcula a elasticidade-preco da oferta? Explique o que ela mede. 8. Qual é a elasticidade-preco da oferta das obras de Picasso? 9. A elasticidade-preco da oferta costuma ser major no curto ou no longo prazo? Por que? 10. Na decada de 1970, a Opep causou urn aumento drastic° do preco do petroleo. 0 que impediu que ela mantivesse os precos tao elevados assim durante os anos 80? CAPITULO 5 ELASTICIDADE E SUA APLICAcii0 111 PROBLEMAS E APLICAOES 1. Para cada urn dos pares de bens abaixo, qual dos dois bens voce espera que tenha demanda mais elastica e por que? a. livros didaticos obrigatarios e romances b. gravacoes de Beethoven e gr, ravacoes de musica classica em geral c. aquecimento central a oleo nos proximos seis meses e aquecimento central a oleo nos proximos cinco anos d. g,uarand ou zigua. Suponha que os viajantes a negocios c os turistas tenham as seg-,uintes demandas por passagens aereas de Nova York para Boston: Preco Quantidade Demandada (viajantes a negOcios) Quantidade Demandada (turistas) $ 150 200 250 300 2.100 2.000 1.900 1.800 1.000 800 600 400 a.A medida que o preco aumenta de $ 200 para $ 250, qual é a elasticidade-preco da demancia para (i) os viajantes a negocios e (ii) os turistas? (Use o metodo do ponto medio em seus calculos.) b. Por que a elasticidade dos turistas seria diferente da dos viajantes a negocios? 3. Suponha que a sua escala de demanda por CDs seja: Preco Quantidade Demandada (renda = 10 mil) Quantidade Demandada (renda = S 12 mil) $8 10 12 14 16 40 32 24 16 8 50 45 30 20 12 a. Use o metodo do ponto medio para calcular a sua elasticidade-preco da demancia quando o preco dos CDs aumenta de $ 8 para $ 10 se (i) sua renda é de $ 10 mil e (ii) se sua renda é de $ 12 mil. b. Calcule sua elasticidade-renda da demanda quando sua renda aumenta de $ 10 mil para $ 12 mil (i) ao preco de $ 12 e (ii) ao preco de $ 16. 4. Emily decidiu gastar urn terco de sua renda em roupas. a. Qual a sua elasticidade-renda da demanda por roupas? b. Qual a sua elasticidade-preco da demanda por roupas? C. Se os gostos de Emily mudarem e ela decidir gastar apenas urn quarto de sua renda em roupas, como isso mudara sua curva de demanda? Quais sera° agora sua elasticidade-renda e elasticidade-preco? 5. Segundo o jornal The New York Times (17 fey. 1996, p. 25), o uso do metro caiu al.76s urn aumento de preco."Houve quase quatro milhoes de usuarios a menos em dezembro de 1995, o primeiro ales completo apos o Few da passagem aumentar de 25 centavos de Mar para $ 1,50. A queda no mimero de passageiros foi de 4,3% em relacao ao mesmo roes do ano anterior." a. Use estes dados para estimar a elasticidadepreco da demanda das passagens de metro. b. De acordo corn sua estimativa, 0 que aconteceria corn a receita da empresa que administra o metro corn o aumento da passagem? c. Por que a sua estimativa de elasticidade pode nao ser muito confiavel? 6. Dois motoristas —Torn e Jerry — \Tao a um posto de gasolina. Antes de ver o Few, cada urn faz seu pedido. Torn diz: "Quero 10 litros de gasolina". E Jerry diz: "Quero $ 10 de gasolina". Qual é a elasticidade-preco da demanda de cada motorista? 7. Os economistas observaram que durante epocas de declinio na atividade economica os gastos corn refeicoes em restaurantes caem mais do que os gastos corn alimentos para consumo em casa. Como o conceit° de elasticidade pode ajudar a exiplicar esse fenomeno? 8. Considere a politica publica quanto ao tabagismo. a. Estudos indicam que a elasticidade-preco da demanda por cigarros é de cerca de 0,4. Se urn mac° custa hoje $ 2 e o govern° quer reduzir o seu consumo em 20%, em quanto deve aumentar o preco? b. Se o govern° aumentar permanentemente o preco dos cigarros, a politica tera maiores efeitos dentro de urn ou de cinco anos? c Estudos demonstram tambem que os adolescentes tem major elasticidade-preco do que os adultos. For que isso pode ser verdade? 112 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS 9. Seria de esperar que a elasticidade-preo da demanda fosse maior no mercado de sorvetes em geral ou no mercado de sorvetes de creme? Seria de esperar que a elasticidade-preo da oferta fosse maior no mercado de sorvetes em geral ou no mercado de sorvetes de creme? Explique suas respostas. 10. Os mec_iicamentos têm demanda inelastica e os computadores têrn demanda elastica. Suponhamos que um avallo tecnoli5g,ico dobre a oferta dos dois produtos (ou seja, a quantidade ofertada a cada preQ:) sera o dobro da orig,inal). a. 0 que acontecera com o preo de equilibrio e a quantidade de equilibrio em cada mercado? b. Que produto sofrera uma grande varia o no preo? c. Que produto sofrera uma grande varia o na quantidade? d. 0 que acontecera com a despesa total dos consumiciores com cada produto? 11. As casas de frente para o mar tC).m oferta inelastica e os carros tn-i oferta elastica. Suponhamos que um crescimento populacional dobre a demanda pelos dois produtos (ou seja, a quantidade demandada a qualquer pre93 dado sera o dobro da original). a. 0 que acontecera com o preo de equilibrio e a quantidade de equilibrio em cada n-iercado? b. Que produto sofrera maior varia(;: .- o no preo? c. Que produto sofre.ra n-taior varialo na quantidade? d. 0 que acontecera con-i a despesa total dos consumidores com cada produto? 12. Ha muitos anos, enchentes ao longo dos rios Mississippi e Missouri destruiram n-iilhares de alqueires de trigo. foram destniia. Os ag,ricultores cujas plantg 6es das ficaram em pssima situa'ao, mas aqueles cujas terras n'ao foram afetadas pelas enchentes se beneficiaram por elas. Por quP b. De que informgb'es sobre o mercado de trigo vo& precisaria para avaliar se os ag-ricultores foram prejudicados ou beneficiados pelas enchentes? pode ser 13. Explique por que a seguinte coloca ao verdadeira: Uma seca em todo o mundo aumenta a receita total que os agricultores recebem com a venda de g,faos, mas uma seca apenas no Estado de Kansas reduz a receita total dos ag,ricultores desse estado. 14. Como um clima rnelhor torna o campo mais produtivo, a terra cultivavel em reg,ib- es com boas condi es climaticas é n-iais cara do que a que se localiza em regi es com condies climaticas mins. Com o passar do tempo, contudo, à medida que o avallo da tecnologia aumentou a produtividade de todos os tipos de terra, o preQp da terra cultivavel (descontada a infla o) diminuiu. Use o conceito de elasticidade para explicar por que a produtividade e os preos da terra esfao positivamente relacionados no espao, mas negativamente relacionados ao longo do tempo. OFERTA, DEMANDA E POUTICAS DO GOVERN() Os economistas desempenham duas funcOes. Como cientistas, desenvolvem e testam teorias para explicar o mundo que os cerca. Como mentores de politicas governamentais, usam suas teorias para ajudar a transformar o mundo em urn lugar melhor. Os capitulos 4 e 5 concentraram-se no aspecto cientifico. Vimos como a oferta e a demanda determinam o preco e a quantidade vendida de urn bem.Vimos tambem como diversos acontecimentos podem deslocar a oferta e a demanda e, corn isso, mudar o preco e a quantidade de equilibrio. Este capitulo nos dá uma primeira vis-do de politicas governamentais. Aqui analisaremos diversos tipos de politica governamental usando apenas as ferramentas de oferta e demanda. Como voce verd, a andlise possibilitarEi alg-umas conclusoes surpreendentes. As politicas muitas vezes tern efeitos que seus arquitetos não planejam ou nao preveem. Comecaremos pelas politicas que controlan-i diretamente os precos. For exemplo, as leis de controle do aluguel determinam urn preco mEiximo que os proprietarios podem cobrar de seus inquilinos. As leis de salario minimo determinam o menor saldrio que as empresas podem pagar aos trabalhadores. Os controles de precos costumam ser aplicados quando os formuladores de politicas acreditam que o preco de mercado de urn bem ou servico é injusto para os compradores ou os vendedores. Mas, como verernos, essas politicas tambem podem gerar injusticas. 114 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Depois da nossa discussio sobre controles de preos, trataremos em seguida do impacto dos impostos. Os formuladores de politicas usam os impostos para nos resultados do mercado e para levantar receitas para fins pb1icos. Embora a existncia de impostos em nossa economia seja óbvia, seus efeitos rtio o sao. Por exemplo, quando o governo cobra um imposto sobre o salario que as empresas pagam aos seus funcionarios, quem arca com o Onus é a empresa ou os trabalhadores? A resposta nao e nada clara - ate aplicarmos as poderosas ferramentas de oferta e demanda. CONTROLE DE PRECOS preco mimo legal ara um me má o preco ao qua I um bem pode ser vendido preo minimo um hmite mmo legalparao pode pre_o ao qual um bem -ser vendido • --. . p Para sabermos como os controles de pre9 s afetam os resultados do mercado, vamos observar novamente o mercado de sorvetes. Como vimos no Capitulo 4, se o solvete for vendido num mercado_competitivo . livre . de reg-ulamenta tfao gpvemament4o seu a Luart-oterta?a . lernanda:_ao_preo de se aus-taraPara prar é exatamente igual à quantim.„co-m tidade de sorvete coti-aclores d_e_seja c os vendedores deseiam vender. Para serm os concretos, vamos supor que o ~ prec;o de equilibno por casquinha de sorvete seja de $ 3. Nen-1 todos ficarian-i felizes con-i o resultado desse i_-)rocesso de livre mercado. Digamos que a Associaao Nacional de Consumidores de Sorvete reclame do pre9p de $ 3, dizendo que é elevado demais para que todos possam desfrutar de um sorvete por dia (a dieta recomendada pela associaao). Ao mesmo tempo a Orgap nizg"ao Nacional dos Fabricantes de Sorvete reclama do pre9 de $ 3 - resultado da "competiao acirrada"- dizerdo que é baixo demais e esta achatando a renda em favor da governo ao junto lobby faz g,rupos desses um Cada dos seus membros. de leis que alterem o resultado do mercado por meio do controle direto aprova(; ao do prey) do sorvete. ererruIr_es,_os Naturalmente, como os comp_radores degualquer bent_sen _que os vendedore uerenlpresos maiores, os interesses dos dois menore ti_p_o_sentrarn_eniconflito. Se a Associa o Nacional closFnsumidorde Sorvete gr for ben-i-sucedida em seu trabalho de lobby, (.22,21Terno in-tpora tj_t_p_21-es_o_~ pode vender sorvete. Como o preo n'ao_pode ir alem desse legal o maximo le a al e chamado_de.we£9 ...maximo. Por outro lado, se a Organiza(;ao dos • to t-Them-s ucedida no t abalho de lobby, 9___governo im -)ora um -)re93. rnin,imo leaal minimo legaLcornoopreço chan-tado de_ preco minimo.Vamos tratar dos efeitos de cada uma dessas politicas. Como os Precos Maximos Afetam os Resultados do Mercado . Quando o governo, pressionado F)elas reclama0es e contribui0 es eleitorais da AssociKao Nacional dos Consumic-lores de Sorvete, in-tpi5e um pre& maximo ao -mercado de sorvete, ha dois resultados possiveis. N1"o parnel (a) da -- igura 1, o a o_ preo de 4 por casquinha. Neste _caso, overno impe um preo- maximo . . . como _ _ clue equilibra a oferta e a demanda ($ 3) esta abaixo do maximo, o preo maximo e As foNas de mercado movem naturalmente a economia em dire-a‘o nãoobrigório. jiI1 ibrf6 e—o -p" reo mdmo não exerce efeitO sobre o_ p reo ou s_.-obrea__quantidade vendida. 0 painel (b) da Figura 1 mostra a outra possibilidade, que é mais interessante. Neste caso, áIjxp de $ 2 por casquinha. _Como o preQD de equilibrio de $ 3 esta acima do preso m6cimo, o preffl uma restrifflo o brtgatoria sobre o mercado. As foNas de oferta e demant_endep. mas a mover o pre-o em direc;ao ao _ quando o . preo de mer cado atinge o preo de mercado se iguala ao en_ta_rmais.- Assim aum_ _, • _• — -tas,preo maxlmo. A esse prec», a quanticiade d emandada de sorvete (125 casquinl- CAPiTULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLITICAS DO GOVERNO 115 FIGURA 1 Um Mercado corn Preco Maximo Cia'(\lerYki d fik,th No painel (a), o govemo impae urn prep maxim° de $ 4. Coma o prep maxim° esto acima do prep de equilibrio de $ 3, o prep maxima ndo tem nenhum efeito e o mercado pode alcancar o equilibrio entre a oferta e a demanda. Nesse equilibria a quantidade ofertada e a quantidade demandada sdo iguais a 100 sorvetes de casquinha. No painel (b), o govemo impde urn preco maxima de $ 2 par casquinha. Coma o prep maxima é inferior ao preco de equilibrio $ 3, o prep de mercado passo a ser igual o $ 2. A esse preco, sdo demandadas 125 casquinhas e somente 75 casquinhas sdo ofertadas, de modo que ha uma escassez de 50 casquinhas. 5015W0M4ia rten6.0 otare (a) Urn Preco MaximONao Obrigatorioi Preco do Sorvete de Casquinha Oferta (b) Urn Preco Maximo que,t .0brigatorio Preco do Sorvete de Casquinha Oferta Preco de equilibrio $4 Preco maxima $3 3 de equilibrio Preco 2 Demanda 100 Quantidade de equilibrio Quantidade de Sorvete de Casquinha 75 125 Quantidade de Quantidade Quantidade Sorvete de Casquinha ofertada demandada 0 conforme a figura)excede a quantidade ofertada (75 casquinhas). uma escassez' sorvete, Q.e aneira que a • das_pessoas que,siesejan -- e—m aoRreco vigente nao consegue-m faze-lo. Quando surge um-a escassez de sorvete porca preco maxim° algum mecanismo lara racionar soryete vai . se desenvolveulaturalmente. 0 mecanismo -- t- o,-)L),:vo po e assumir a forma de gran es os compradores que estao dispostos a chegar cedo e esperar na fila conseguem o sorvete, enquanto os que nao estao dispostos a esperar ficam sem ele. Alternativamente, os vendedores podem racionar o sorvete de acordo corn seus criterios pessoais, vendendo apenas para amigos, parentes ou membros de seus g,rupos étnicos ou raciais. observe que, embora o gresor_n_4ximo seja/resultado de_ urn desejo ajKdar os orn . prad-Oi-g-de sorvete, nenaodos os cornpradoi,,s_se beneliciam pNitica. Algu n efeThv-a-iii-efit-'p e —agam -' preco men6r, embora_talvez fenham que esperar, n k a fi par.a.fa40Qc,mas Outtos na-O--podemimprar sor'ete Este e*emplo do mercado de sorvete mostra Urn tesultado geral: .quaiidob gotkr- no impoe urn preco maxim° • . obrigatorio a um mercado competitivo, surge uma escassez do produto e os vendedores obrigados a racionar os bens escassos entre um grande ntimero de compradores em potencial. Os mecanismos de racionamento desenvolvidos quando se estabelecem pre- cos maximos sac) raramente desejaveis. As longas filas sao ineficientes, porque consomem o tempo dos compradores. A discriminacao de acordo corn os criterios do vendedor tambem é ineficiente (porque o bern nao vai necessariamente para o comprador que lhe dá valor mais alto) c potencialmentc injusta. Em comparacao, o mecanismo de racionamento num mercado livre e competitivo é ao mesmo tempo eficiente e impessoal: quando o mercado de sorvete atinge seu equilibria qualquer pessoa disposta a pagar o preco de mercado pode conseguir urn sorvete. Os mercados livres racionam hens por meio dos precos. 1 N.R.T.: Tambem denominada"excesso de demanda". 116 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Estude de CasG FILAS NAS BOMBAS DE GASOLINA Como vimos no capftulo anterior, em 1973 a Organiza o dos Paises Exportadores de PetrOleo (Opep) elevou o pre.o do peta5leo cru nos mercados mundiais. Como o petrOleo cru é o principal insumo utilizado para produzir gasolina, os preos mais elevados do petrOleo cru reduziram a oferta de gasolina. Longas filas nos postos tomaram-se comuns e os motoristas muitas vezes precisavam esperar horas para comprar alg,uns litros de combustivel. Quem foi o responsvel por essas longas filas? A maioria das pessoas culpa a Opep. É claro que, se a Opep não tivesse aumentado o prec;o do petrcileo, a escassez de gasolina não teria ocorrido. Mas os economistas culpam as reg,ulamentg-cies do governo norte-americano que lirnitaram o preo que as companhias de petrOleo poderiam cobrar pela gasolina. A Figura 2 mostra o que aconteceu. Como se vê no painel (a), antes de a Opep aumentar o pre9D do petrOleo cru, o precm de equilibrio da gasolina P 1 estava abaixo do preo niáximo. A regulamentação do preo, portanto, não surtiu nenhum efeito. Quando o preo do petrOleo subiu, entretanto, a situa o mudou. 0 aumento no preo do petr(51eo cru aumentou o custo de proc_lu o da gasolina e isso reduziu a oferta desse combustivel. Como vemos no painel (b), a curva de oferta deslocou-se para a esquerda, de 01 para O. Num mercado não regulamentado, esse deslocamento da oferta elevaria o preo da gasolina de P 1 p .ara P2 e, como resultado, não haveria escassez. Em vez disso, o preo rrulximo impediu que o 1_->reo FIGURA 2‘ 0 Mercado de Gasolina com Preco Mkimo • 0 painel (a) mostra o mercodo de gasolino quondo o preco maximo nao é obrigatario porque o preco de equ librio P 1 esta aboixo do preco maximo. 0 painel (b) mostro o mercado de gosolino depois que um aumento do preco do petraleo cru (um insumo na producao de gosolino) desloco a curva de oferto para a esquerdo, de 0 1 para 02 . Em um mercado nao regulomentado, o preco terio subido de P i para P2 . MOS o preco maximo impede que isso oconteca. Ao preco maximo obrigotario, os consumidores desejam compror Q D , MOS os produtores estao dispostos o vender somente Qo. A diferenco entre a quantidade demondado e o quontidode ofertoda, Q D — Q 0 , mede o escossez de gosolino. (b) 0 Pre9;) 1~mo da Gasolina É Obrigathrio (a) 0 Pre9D rffiximo da Gasolina Não É Obrigatrio Preo da Gasolina Pre9D da Gasolina 2....mas quando a oferta cai... Oferta, 01 °, 1. Inicialmente, o preo m, ximo P 2 Preo r ximo obrigathrio... Preo rn. ximo 3....o prey3 m. ximo se torna obrigatOrio... Pi Pi 4. Demanda Qi Quantidade de Gasolina resultando em escassez. Demanda 0 Q 0 QD Q1 Quantidade de Gasolina CAPITULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLiTICAS DO GOVERNO subisse para o nivel de equilibrio. Ao preco maxima os produtores estavam dispostos a vender Qo e os consumidores estavam dispostos a comprar QD. Assim, ao preco controlado, o deslocamento da oferta causou uma grave escassez. Por fim, as leis que reg,ulavam o preco da gasolina foram revogadas. Os leg,isladores perceberam que cram parcialmente responsaveis pelas muitas horas que os norte-americanos perdiam esperando nas filas para comprar gasolina. Hoje, quando o preco do petroleo cru se altera, o preco da gasolina pode se ajustar para equilibrar a oferta e a demanda. Estudo de Caso CONTROLE DE ALUGUEIS NO CURIO E NO LONGO PRAZOS Urn exemplo comum de preco maxim() é o controle de alugueis. Em muitas cidades dos Estados Unidos, o govern() local estabelece urn teto para o preco que os proprietarios podem cobrar de seus inquilinos. 0 objetivo dessa politica é ajudar os pobres tornando a moradia mais acessivel. Os economistas frequentemente criticam o controle dos alugueis, arg,umentando que é uma forma altamente ineficiente de ajudar os pobres a elevar seu padrao de vida. Urn economista referiu-se ao controle de alugueis como "a melhor maneira de destruir uma cidade, excetuandose, naturalmente, urn bombardeio". Os efeitos adversos do controle dos alugueis sac) menos evidentes para a populacao em geral porque se manifestam ao longo de muitos anos. No curto prazo, os proprietarios tern urn numero fixo de imoveis residenciais para alugar e nao podem ajustar esse numero na mesma velocidade em que mudam as condicoes de mercado. Alem disso, o ntimero de pessoas em busca de moradia numa cidade pode nao ter urn alto g,rau de resposta aos alugueis no curto prazo porque leva tempo para as pessoas mudarem suas condicoes de moradia. Assim, a oferta e a demanda por moradia sao relativamente inelasticas no curto prazo. 0 painel (a) da Figura .3 mostra os efeitos de curto prazo do controle dos alug,ueis sobre o mercado de imoveis residenciais. Como se da corn qualquer preco maximo obrigatorio, o controle dos alupleis causa uma escassez. Todavia, como oferta e demanda so inelasticas no curt° prazo, a escassez inicial causada pelo controle dos alugueis é pequena. 0 principal efeito no curt° prazo é a reducao dos alugueis. Mas a situacao muda no longo prazo porque compradores e vendedores de imoveis residenciais alugados reagem mais as condic5es do mercado corn o passar do tempo. Do lado da oferta, os proprietarios reagem aos baixos alugueis deixando de construir novos imoveis residenciais e deixando de lado a manutencao dos VI existentes. Do lado da demanda, os baixos alug,ueis encorajam as pessoas a morar sozinhas (em vez de morar corn os pais ou dividir urn apartamento corn outras pessoas) e induzem mais pessoas a se mudar para as cidades. Assim, tanto a oferta quanto a demanda sao mais elasticas no longo prazo. 0 painel (b) da Figura 3 ilustra o mercado de locacao de imOveis no longo prazo. Quando o controle dos alug,ueis forca os precos para niveis inferiores ao do equilibria a quantidade ofertada de apartamentos cai substancialmente e a quantidade demandada de apartamentos aumenta substancialmente. 0 resultado é uma gr, ande escassez de imoveis. Em cidades onde ha controle dos alug,ueis, os proprietarios usam diferentes mecanismos para racionar a moradia. Alguns mantem longas listas de espera, outros dao preferencia a inquilinos sem filhos e h ainda aqueles clue discriminam 117 118 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS FIGURA 3 Controle dos Alugueis no Curto e no Longo Prazos 0 painel (a) mostra os efeitos de curto prozo do controle dos aluguels. Como a oferta e a demanda sao relativamente inelasticas, o preco maximo imposto por umo lei de controle dos alugueis causa apenas uma pequena escassez de imaveis. 0 painel (b) mostra os efeitos de longo prazo: como a oferto e a demanda por apartamentos sao mais elasticas, o controle dos alugueis causa uma grande escassez. (b) Controle dos Aluguis no Longo Prazo (a oferta e a demanda são el sticas) (a) Controle dos Aluguis no Curto Prazo (a oferta e a demanda são inel sticas) Preo do Aluguel de um Residencial Pre9D do Aluguel de um Ims:Svel Residencial Oferta Oferta Aluguel controlado Aluguel controlado Escassez Escassez 0 Demanda Demanda Quantidade de Imciveis Residenciais 0 Quantidade de Imciveis Residenciais com base na raa. No caso dos apartamentos, às vezes so alugados para pessoas que oferecem dinheiro por baixo do pano aos zeladores dos predios. Em essencia, essas propinas elevam o preo total de um apartamento (incluindo o subomo) para niveis mais pr6ximos do prec;o de Para entendermos melhor os efeitos do controle dos alugueis, temos que nos lembrar de un-1 dos Dez Principios de Economia do Capitulo 1: as pessoas reagem a incentivos. Nos mercados livres, os proprietarios tentam manter seus im6veis em boas condi5es porque im6veis desejaveis alcaNam preos mais elevados. Por outro lado, quando o controle dos alugueis cria escassez e listas de espera, os proprietarios perdem o incentivo para responder aos interesses dos inquilinos. Por que um proprietario gastaria dinheiro para manter e melhorar suas propriedades quando as pessoas esth- o fazendo fila de espera para morar em qualquer im6ve1 residencial? No fim, os inquilinos obtem alug,ueis menores, mas tambem moradias de qualidade inferior. Os formuladores de politicas freqiientemente reagem aos efeitos do controle dos alug,ueis impondo reg,ulamentg cies adicionais. Ha, por exemplo, leis que tornam ilegal a discrimina o racial na loca o de im6veis e exigem que os proprietarios proporcionem o minimo de condicAes adequadas para se viver. Entretanto, a dessas leis é difícil e dispendiosa. Em compara o, quando se elimina o controle dos alug,ueis e o mercado de im6veis residenciais passa a ser regulado pelas foNas da competi o, essas leis tomam-se menos necessarias. Em um mercado livre, o pre9:) da moradia ajusta-se para eliminar a escassez que leva a um comportamento indesejado dos proprietarios. • CAPITULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLITICAS DO GOVERNO 119 irNOTICIAS AS SECAS CAUSAM NECESSARIAMENTE ESCASSEZ DE AGUA? No verao de 1999, a costa leste dos Estados Unidos experimentou uma rara folta de chuvas e escassez de agua. 0 artigo abaixo sugere umo maneira pela qual a escassez poderia ter sido evitada. Economia de Cima para Baixo Par Terry L. Anderson e Clay J. Landry A seca esta sendo culpada pela escassez de agua na regiao !este e a Mae Natureza esta sendo censurada par sua falta de colaboracao. E claro que a seca e a causa imediata do problema, mas a verdadeira culpada é a regulamentacao que nao permite que as mercados e as precos igualem demanda e oferta. As semelhancas entre a agua e a gasolina sao instrutivas. A crise da energia da decada de 1970 tambern foi atribuida a baixa oferta de petroleo cru que a natureza proporciona, mas, na verdade, as principais causas da escassez foram as atitudes da Organizacao dos Raises Exportadores de Petroleo, combinadas corn o controle de precos... Novamente, as reguladores estao respondendo a uma escassez — de agua, neste caso — corn controles e regulamentos, em vez de permitir que o mercado funcione. As cidades estao restringindo o uso de agua; algumas ate proibiram as restaurantes de servir agua sem que o cliente peca. Mas, embora as cidades tenham inicialmente conseguido diminuir o uso de agua, algumas delas ja estao registrando urn aumento do consumo. Isso levou algumas delegacias de policia a fazer listas de moradores suspeitos de desperdicar agua. Ha uma solucao melhor do que envolver a policia nisso. As forcas do mercado podem assegurar a disponibilidade de agua ate em anos de seca. Ao contrario do que se costuma pensar, a oferta de agua, assim como a de petrOleo cru, nao é fixa. Coma se da corn qualquer recurso natural, a, oferta de agua muda em resposta ao crescimento econOrnico e ao preco. Em paises em desenvolvimento, apesar do crescimento populacional, a porcentagem de pessoas que tern acesso a agua tratada aumentou de 44% em 1980 para 74% em 1994. 0 aumento da renda proporcionou a esses Raises as meios para fornecer mais agua potavel. A oferta tambern aumenta quando as usuarios jã existentes tern incentivos para conservar o excedente de mercado. 0 banco de agua emergencial da California é urn exemplo disso. 0 banco permite que as agricultores comprem agua de outros usuarios durante o periodo de seca. Em 1991, o primeiro ano em que o banco funcionou, quando o preco era de $ 125 par ubidade de refere'ncia (o acre-pe, equivalente a 1.232.280 litros), a oferta foi duas vezes maior do que a demanda. Ou seja, havia mais gente tentando vender agua do que tentando comprar. Dados de todo o mundo demonstram que, quando as cidades aumentam o preco da agua em 10%, o uso desta cal ate 12%. Quando o preco da agua para fins agropecuarios aumenta 10%, o uso desta cai Infelizmente, as usuarios de agua do leste dos Estados Unidos nao pagam urn preco realista pela agua que consomem. De acordo corn a American Water Works Association, apenas 2% dos fornecedores locals de agua corrigem sazonalmente seus precos. E, o que e mais impressionante, as leis de aguas do leste dos Estados Unidos proibem a compra e venda de agua pelos usuarios. Assim coma as permissoes negociaveis de poluicao estabelecidas pela Lei do Ar Limpo levaram as poluidores a buscar formas eficientes de reduzir as emissbes, direitos negociaveis sabre a agua podem estimular a conservacao e aumentar a oferta. E principalmente uma questao de seguir o judiciario e o legislativo do oeste do pais, que permitiram a negociacao. Fazendo da agua uma mercadoria e rompendo as grilhoes das forcas de mercado, as formuladores de politicas podem garantir que haja oferta de agua em abundancia para todos. Novas politicas nao acabarao corn as secas, mas diminuirao a pena que elas impoem ativando o poco invisivel dos mercados de agua. Fonte: The Wall Street Journal, 23 ago. 1999, p. A14. C1999 by Dow Jones & Co., Inc. Reproduzido corn permissao de DOW JONES & CO., INC. no formato livro-texto par intermedio do Copyright Clearance Center. PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS 120 Corno os Precos Unimos Afetam os Resultados de Mercado Para examinarmos os efeitos de outro tij_-)o de controle de preos exercido pelo governo, vamos voltar para o mercado de sorvete. Imaginemos agora que o governo seja convencido pelos argumentos da Organiza o Nacional dos Fabricantes de Sorvete. Neste caso, o govemo poderia instituir um preo minimo. Os preos n-iinimos, como os preos 11-1ximos, s .. - o uma tentativa do govemo de manter os preos em niveis que n' o o de equilibrio. Enquanto um prec;o rnximo estabelece um mdmo legal, um prew minimo estabelece um minimo legal. Quando o governo lmpe um prey) minimo ao mercado de sorvete, 1-ui dois resultados possiveis. Se o governo impuser um preo minimo de $ 2 por sorvete de casquinha e o preo de equilibrio for $ 3, teremos o resultado do painel (a) da p Fig,ura 4. Neste caso, como o preQo de equilibrio est acima do preQ minimo, este é obrigatOrio. As foNas do mercado movem naturalmente a economia para o ri k) equilibrio e o pre9 p minimo ri-'io surte nenhum efeito. ___, Figura 4_mostra o que acontece quando o governo institui um Q ,pain .el (b da f-e—cas-o---, Cordo o -i5re- oe equipre n-o- rpinirrio- e i}3- or sorvete ce---- c7a-s-c-iu----ii-i — - -- - --- -se ,?_6r-n-Wigats5rio, pas~-i6_ librio cle1 3einfericir a o fhinimo le ga 1, O p — — .''s--- - a__,Q.Id_o_a.. ser um_krestzao .zo nriQrcaclo..).As foNas de oferta e aeman da t e ri a e m a -mover o pre90 em dire a o ao equilibrio, mas, quando o preo de mercado atinge o minimo legal, ri . o pode continuar a cair. 0 pre9c, de mercado passa a ser igual ao preo minimo, ao qual a quantidade de sorvete ofertada (120 casquinhas) supera a quantidade demandada (80 casquinhas). Algumas pessoas que querem vender sorvete ao preo vigente ri .--io conseguir"&) faz&lo. Assim, um prep mthimo obrigatrio causa 11111 excedente2. FIGURA 4 Um Mercado com Preco Minimo 17iThit-C1)3‘-1)--) No painel (a), o govemo impae um preco minimo de $ 2. Como esse preco esta aboixo do preco de equilibrio de $ 3, o preco minimo nao tem nenhum efeito. 0 preco de mercado ajusta-se para equilibrar oferta e demanda. No equilfbrio, as quantidades ofertada e demandado sao iguais o 100 son/etes de casquinha. No painel (b), o govemo impae um preco minimo de $ 4, acima do preco de equilibrio de $ 3. Assim, o preco de mercado passa o ser igual a $ 4. Como a esse preco sao ofertados 120 sorvete e sao demandados apenas 80, ha um excedente de 40 unidades. ir\ws, (a) Um Preo Minimo Nth- o Obrigat&io Pre9D do Sorvete de Casquinha Oferta (b) Um Preo Minimo Obrigat6rio Preo do Sorvete de Casquinha Oferta Excedente Preo de equilibrio $3 3 2 Preco de equilibrio 0 Quantidade 100 de Sorvetes Quantidade de equilibrio de Casquinha 2 N.R.T.: Tambem denominado excesso de oferta. 0 Preco _ 12)-MOS minimo ott, Demanda 120 Quantidade 80 I Quantidade Quantidade de Sorvetes demandada ofertada de Casquinha CAPITULO 6 OFERTA, DENIANDA E POLiTICAS DO GOVERNO Assim como os precos maximos e a escassez, os precos minimos e os excedentes tambem podem conduzir a indesepleis mecanismos de racionamento. No caso do prey) minim°, alguns vendedores nao conseguirdo vender a quantidade que desejam ao preco de mercado. Os que recorrem as preferencias pessoais dos cornpradores, talvez relacionadas a elos raciais ou de familia, tern maiores chances de vender os bens produzidos do que aqueles que na"o o fazem. Por outro lado, num mercado livre, o preco serve de mecanismo de racionamento e os vendedores conseguem yender tudo o gue dese'am ao preco de equilibno2) Estudo de Caso 0 SALARIO 11/1iNIMO Urn exemplo importante de preco minim° é o salario minimo. As leis de sa16rio minin-to determinam o menor preco que os empregadores podem pagar pelo trabalho. 0 Congress° norte-americano instituiu pela primeira vez urn salario minim° corn a Fair Labor Standards Act (lei de regulamentacao do trabalho em regime especial), de 1938, garantindo aos trabalhadores urn padrao de vida minimamente adequado. Em 2002, o salario minim° era de $ 5,15 por hora, segundo a leg,islacao federal, send° que alguns estados norte-americanos impunham sakirios minimos ainda mais elevados. Para examinarmos os efeitos do sakirio minim°, precisamos considerar o mercado de trabalho. 0 painel (a) da Figura 5 mostra o mercado de trabalho, que, como todos os mercados, est Ei sujeito as forcas de oferta e demanda. Os trabalhadores determinam a oferta de mao-de-obra e as empresas determinam a demanda.,SsA swer,,nsk.,n'a:o Ro_m er;adcz,o s4,41:i.sz no/km.plmc_n sta p a oferta de rza19-cje-obra e a demanc FIGURA 5 Como o Salario Minimo Afeta o Mercado de Trabalho 0 painel (a) mostro urn mercado de trabalho em que o saldrio se ajusta para equilibrar a oferta e a demanda de mao-de-obra. 0 poinel (b) mostra o impacto de urn salon° minim° obngatorio. Como o solorio minim° é urn prep minima, causa urn excedente: a quantidade ofertada de moo-de-obra supero a quantidade demandada. 0 resultado e desemprego. Salario Salario Oferta de Mao-de-obra ) Excedente de Mao-de-obra (desemprego) Oferta de Maode-ob a Salario minimo Salario de equilibrio Demanda par Maode-obra Emprego de equilibrio Quantidade de Mao-de-obra Demanda par Maode-obra 0 Quantidade Quantidade Quantidade demandada ofertada de Mao-de-obra 121 122 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS 0 painel (b) da Figura 5 mostra o mercado de trabalho em que vigora um salario mínimo. Sc o salario minimo esta acima do nivel de equi1íbrio, como neste caso, . a quantidade ofertada de m ao-de-obra excede a quantidade demandada. 0 resultado é o desemprego. Assim, o salario minimo eleva a renda dos trabalhadores que fem emprego, mas reduz a renda daqueles que n ao conseg,uem encontrar trabalho. Para entender melhor o salario minimo, tenha em mente que a economia 1-1-o contem um sO mercado de trabalho, mas varios, para diferentes tipos de trabalhadores. 0 impacto do salario minimo depende da habilidade e da experie'ncia do trabalhador. Trabalhadores altamente habilitados e com muita experiencia afetados porque o salario de equilibrio deles esta acima do salario minimo. Para eles, o salario minimo r1 o e obrigat&io. merkado de palariominimo tem seu maior impacto _ trabalb.cqara adoles, centes. 0 -Salario de eqiii1fLiri-6-dds-addles ntes e mais baixo porque eles esto rall;a4F6lk1e—n.1 entre os membr6s merids ëiEeìientes daTorde t— disso, os adoTescentes frequentemente esffo c-iispostos a aceitar um salario menor sem estagiarios como trabalhar a em disp6 se (alguns aprendizado de em troca receber nenhum pagamento. Entretanto, como os estag,ios não oferecem nenhum tipo de pagamento, o salario minimo n'ao se aplica a eles. Se o salario rnínimo se aplicasse a esse tipo de trabalho, talvez ele nem existisse). Como resultado, o salario minimo e obrigatrio com mais freqincia para os adolescentes do que para os demais membros da forca cle trabalho. Muitos economistas fem estudado como as leis de salario minimo afetam o n-lercado de trabalho dos adolescentes. Esses pesquisadores con-Taram as mudanc.as no salario minimo ao longo do tempo com as mudancas no emprego de adolescentes. Embora haja debates sobre o quanto o salario minimo afeta o en-lprego, os estudos em geral afirmam que um aumento de 10% do salario minimo reduz o en-tprego de adolescentes entre e 3%. Ao interpretar essa estimativa, observe 3 que um aumento de 10' /0 no salario minimo n ao aumenta en-i 10% a renda media dos adolescentes. Uma mudanca da lei não afeta diretamente os adolescentes que ja est'ao ganhando mais do que o salario minimo; alem disso, a execuco das leis de salario minimo não é perfeita. Assim, a queda estimada no emprego de 1% a 3°/0 e sig,nificativa. Alem de alterar a quantidade demandada de mo-de-obra, o salario minimo tambem altera a quantidade ofertada. Como o salario minimo eleva o salario que os adolescentes podem ganhar, ele aumenta o mimero de adolescentes em busca de trabalho. Estudos concluiram que um maior salario minimo intlui em quais adolescentes estaro empregados. Quando o salario minimo aumenta, alg-uns jovens na escola optam por abandonar os estudos e trabalhar. Esses que ainda est ao jovens tiram o lugar de outros adolescentes que ja haviam desistido da escola e que ento se veem desempregados. 0 salario minimo é um assunto freqi.iente do debate politico. Os que advogam pelo salario minimo vem essa politica como um meio de aumentar a renda dos trabalhadores pobres. Observam, corretamente, que os trabalhadores que ganham salario minimo s) conseg,uem manter um baixo padr ao de vida. Em 2002, por exemplo, quando o salario minimo nos Estados Unidos era de $ 5,15 por hora, dois adultos que trabalhassem 40 horas semanais um ano inteiro em empregos que pagassem salario minimo teriam renda anual total de $ 21.424, menos da metade da renda familiar mediana. Muitos dos defensores do salario minimo admitem que ele tem alguns efeitos adversos, inclusive o desemprego, mas acreditam que esses CAPITULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLiTICAS DO GOVERNO 123 efeitos sao pequenos e que, levando-se em consideracao tocios os fatores, urn salario minimo maior deixa os pobres em melhor situacao. Os que se °poem ao salario minimo afirmam que essa nao 6 a melhor maneirade combater a pobreza. Eles observam que urn salario minim() elevado causa desemprego, incentiva os adolescentes a abandonar os estudos e impede que trabalhadores nao qualificados obtenham o treinamento no emprego de que necessitam. E observam, ainda, que o salEirio minim° é uma polftica que dificilmente atinge o alvo pretendido. Nem todos os trabalhadores que recebem salzirio minim() sao chefes de familia tentando fug,ir da pobreza. Na verdade, menos de urn terco dos que ganham salad° minim() sac) de familias corn rencia abaixo da linha de pobreza. E muitos sao adolescentes de classe media trabalhando em empregos de meio period°. • Avaliando o Controle de Precos Urn dos Dez Princlpios de Economia discutidos no Capitulo 1. 6 de que os mercados costuMam ser um born meio de organizar a atividade economica. Esse principio explica por que os economistas costumam se opor aos precos maximos e precos minimos. Para eles, Os precos nao sao resultado de urn process° desorganizado. Sao, argumentam eles, o resultado dos milhoes de decisoes de empresas e consumiclores que estao por tras das curvas de oferta e demanda. Os precos desempenham a funcao crucial de equilibrar oferta e demanda e, corn isso, coordenar a atividade economica. Quando os formuladores de politicas fixam precos por decreto, obscurecem os sinais que normalmente conduzem a alocacao dos recursos da sociedade. Outro dos Dez Principios de Economia é de que os governos podem as vezes melhorar os resultados do mercado. Corn efeito, os formuladores de politicas adotam controles de precos porque consideram injustos os resultados do mercado. Os controles de precos frequentemente visam ajudar os pobres. As leis de controle dos alug,u6is, por exemplo, procuram tornar a moradia acessivel para todos e as leis de salario minim() tentam ajudar os pobres a escapar da pobreza. Mas os controles de precos muitas vezes prejudicam as pessoas a quern se esta tentando ajudar. 0 controle dos alugueis pode manter baixos os alug,u6is, mas tamhem desencoraja os proprietarios de manter seus pi-echos e torna difIcil encontrar moradia. As leis de sal6rio minim° podem elevar a renda de alg,uns trabalhadores, Inas fazem corn que outros fiquem desempregados. A ajuda aqueles que precisam pode ser dada sem a utilizacao de controle de precos. Por exemplo, o govemo poderia tornar a moradia mais acessivel se arcasse corn uma parte do alug-,uel pago pelas familias pobres. Ao contrario do controle dos alug,ueis, os subsidios a moradia nao reduzem a quantidade ofertada de imoveis e, portanto, nao gera escassez. De maneira similar, o subsidio aos salOrios eleva os padroes de vida dos trabalhadores pobres sem desencorajar a contratacao por parte das empresas. Urn exemplo de subsidio ao salad° é o (EITC) earned income tax credit, urn programa govemamental que suplementa a renda dos trabalhadores que ganham baixos salEirios. Embora essas politicas alternativas sejam, muitas vezes, melhores do que o controle dos precos, elas nab sao perfeitas. Alug,uel e salarios subsidiados custam dinheiro para o governo e, portanto, exigem aumentos dos impostos. Como veremos na proxima secao, a tributacao tern seus proprios custos. 9 c.64. rec\S.11'Yk.. Q0J\ rwoi V\1\ 91r3 Rapid° Defina 'prep mOximo e prep minimo e dê urn exemplo de cada. Qual proVoca escassez? Qual provoca excedente? Par que? 1-0 9-104 TotoCiNtrie Jfa,.c.601-0-4 LOcivok v4_6,-(1-W bV\kyt-twu (Alk&tw Aoh CAr Q1,1 ‘1‘4-) 1,)"N5 e1/43 as). Q)3(`Cc 124 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS I MPOSTOS inci fincia tributaria •a maneira pela qual o ônus de um imposto é dividido entre os parlicipantes de um mercado Todos os governos — desde o governo federal em Washington, D.C., aos govemos de pequenas cidades — usam imj.,-)ostos para levantar receita para projetos como estradas, escolas e defesa nacional. Como os impostos s'ao um importante instrumento de politica e como afetam nossa vida de diversas maneiras, seu estudo é um tOpico ao qual voltaremos diversas vezes durante o livro. Nesta comeyiremos nosso estudo de como os in-ipostos afetam a economia. Para preparar o palco 1.-)ara nossa analise, imagine que um governo local decicla realizar um festival anual de sorvete — com desfile, fogos de artificio e discurso das autoridades da cidade. Para levantar recursos para pagar o evento, decide cobrar um imposto de $ 0,50 sobre a venda de cada sorvete de casquinha. Quando o plano e anunciado, nossos dois g,rupos lobistas entram em gao. A Organizgao Nacional dos Fabricantes de Sorvete afirma que seus membros estao lutando pela sobrevivencia em um mercado competitivo e sustentam que sao os compradores de sorvete que devem pagar o in-iposto. Ja a Associgao Nacional de Consumidores de Sorvete diz que estes estao passando por dificuldades financeiras, de modo que quen-i deve pagar o imposto sao os vencledores. 0 prefeito da cidade, na esperaNa de chegar a um acordo, sugere que n-ietacle do imposto seja paga pelos compradores e metade seja paga pelos vendedores. Para analisarrnos essas propostas, precisamos abordar uma questao simples, porem sutil: quando o governo institui um imposto sobre algum bem, quem arca com o (5rius desse imposto? Os compradores desse bem? Os vendedores desse bem? Ou, se compradores e vendedores dividem o 8nus do imposto, o que deter3,-rnina como o 6nus será clividido? 0 govemo pode sin-iplesmente decretar os terc. " mos da divisao, como sugere o prefeito, ou ela sera determinada por foNas fundamentais da economia? Os economistas usam o termo incidencia tributaxia para se referir à distribuic;ao do Onus tributrio. Como veremos, alg-umas lições surpreendentes sobre a incidencia tributaria surgem da simples aplica(;:ao das ferramentas da oferta e da demanda. Como os Impostos Cobrados dos Compradores Afetam os Resultados de Mercado Vamos prin-leiro considerar um imposto que passa a ser cobraclo dos compradores de um bem. Suponhamos, por exemplo, que o governo local aprove uma lei que exige que os con-lpradores de sorvetes de casquinha lhe repassem $ 0,50 por sorvete comprado. Como essa lei afetaria os con-yradores e vendedores de sorvete? Para respondermos, podemos seguir as tres etapas do Capitulo 4 j_-)ara analise da oferta e da demanda: (1) determinamos se a lei afeta a curva de oferta ou a curva de demanda, (2) verificamos em que direao a curva se desloca e (3) examinamos como o deslocan-iento afeta o equilibrio. Primeira Etapa 0 impacto inicial do imposto se da sobre a demanda por sorvete. A curva de oferta nao é afetada porque, para qualquer prec;o dado do sorvete, os vendedores estao sujeitos ao mesmo incentivo para ofertar sorvete ao mercado. Os compradores, por sua vez, agora tem que pagar um imposto ao governo (alem do prey) pago aos vendedores) sempre que compram sorvete. Assim, o imposto desloca a curva de demanda por sorvete. Segunda Etapa É facil determinar a direyio do deslocamento. Como o imposto sobre os compradores torna menos atraente a compra de sorvete, os compradores demandam uma quantidade menor de sorvete a qualquer prey) dado. Com isso, a curva de demanda desloca-se para a esquerda (ou para baixo, o que da no mesmo), como mostra a Figura 6. CAPITULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLITICAS DO GOVERNO 125 FIGURA 6 Um Imposts) Cobrado dos Preco do Sorvete de Casquinha Preco pago pelos cornpradores Preco serr o impost Equilibrio sem o imposto Urn imposto cobrado dos compradores desloca a curva de demanda para baixo num valor igual ao do imposto ($0,50). $ 3, 30 A.......... _ I mpost° ($0,50) 2,80 Preco recebido pelos vendedores Oferta, Equilibrio corn o imposto 90 100 Quantidade de Sorvetes de Casquinha Podemos, neste caso, ser mais precisos a respeito de quanto a curva se desloca. Por causa do imposto de $ 0,50 cobrado dos compradores, o preco efetivo para eles passa a ser $ 0,50 mais alto do que o preco de mercado (qualquer que seja o preco de mercado). Por exemplo, se o preco de mercado de urn sorvete de casquinha fosse $ 2,00, o preco efetivo para seus compradores seria $ 2,50. Como o que interessa aos compradores é o custo total, incluldo o impost°, eles demandam uma quantidade de sorvete equivalente a que teriam demandado se o preco de mercado fosse $ 0,50 mais elevado do que realmente é. Em outras palavras, para in pscoimpradores a demandar qualquer quantidade dada, o preco de mercado.agora preciz sa ser $ 0,50 Mai—s—baixo.,,pra compensar os efeitos do imposto Assim o im_posto .,-cil e-siC;c3---a--C7 ur— va- de demanda paras—Ep—ara D2—, num vakr exaam en- t e i al ao do imposto ($ 0,5 ,--- Terceira Etapa Tendo determinado como a curva de clemanda se desloca, podemos agora ver o efeito do imposto comparando o equilibrio inicial corn o novo equilibrio. De acordo corn a figura, o preco de equilibrio cai de $ 3,00 para $ 2,80 e a quantidade de equilibrio cai de 100 para 90 sorvetes. Como os,vendedore,sjendem menos e os compradores_ compram menos no novo e51.1ilibrio, o.imposto 5o b re oianja do mercado de sorvei— e. ' I mplicacoes Podemos, agora, retomar a questa-o da incidencia tributaria: quern paga o imposto? Embora os compradores repassem o impost() para o govern°, vendedores e com_ pradores dividem o onus. Como o preco de mercado cai de $ 3,00 para $ 2,80 apos a introducao do impost°, os vendedores recebem $ 0,20 a menos por sorvete que vendem. Assim, o imposto deixa os vendedores em pior situacao. Os compradores pagam menos aos vendedores ($ 2,80), mas o preco efetivo, do o impost°, sobe de $ 3,00 para $ 3,30 ($ 2,80 + $ 0,50 = $ 3,30). Assim, o imposto tambem prejudica os compraciores. Compradores Quando um imposto de $ 0,50 passa a ser cobrado dos comprodores, o curva de demanda desloca-se para baixo em $ 0,50, de Dj para 02. A quantidade de equilibrio pi de 100 paro 90 sorvetes. 0 prep que os vendedores recebem cal de $ 3,00 para $ 2,80. 0 preco que os compradores pagom (incluido o imposto) aumenta de $ 3,00 pora $ 3,30. Embora o imposto sejo cobrado dos compradores, compra d Jëde- dares dividem o Onus do imposto. (L,-.cx, 126 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS Como os Impostos Cobrados dos Vendedores Afetam os Resultados de Mercado Vamos agora considerar um imposto cobrado dos vendedores de un-1 bem. Suponhamos que o governo local aprove uma lei que exija que os vendedores de sorvete de casquinha enviem ao governo $ 0,50 para cada sorvete vendido. Quais sero os efeitos dessa lei? Novamente, aplicaremos as tr' s etapas para saber a resposta. Primeira Etapa Neste caso, o impacto imediato do imposto recai sobre os vendedores de soivete. Como o imposto não e cobrado dos compradores, a quantidade demandada de sorvete a cada preo dado fica inalterada; com isso, a curva de demanda n", o muda. Entretanto, em re1ação aos vendedores o imposto sobre as vendas aumenta o custo de venda e deixa o nefficio de sorvete menos lucrativo qualquer que seja o preo dado, de modo que a curva de oferta se desloca. Segunda Etapa Como o imposto sobre os vendedores eleva o custo de produ o e venda de sorvete, reduz a quantidade ofertada qualquer que seja o prec;o. A curva de oferta desloca-se para a esquerda (ou para cima, o que dá no mesmo). Novamente, podemos ser precisos quanto à magnitude do deslocamento. Para qualquer prey) de mercado do sorvete, o pre90 efetivo para os vendedores — o valor com que ficam aps pagar o imposto — é $ 0,50 menor. Por exemplo, se o prec;o de mercado de um sorvete de casquinha for $ 2,00, o preo efetivo recebido pelos vendedores será de $ 1,50. Qualquer que seja o preQo de mercado, os vendedores ofertark) uma quantidade de sorvete equivalente à que ofertariam se o prec;o fosse $ 0,50 menor. Em outras palavras, para induzir osyendedores a vender qualquer quantQa.,£1,2.,ercado deve~er $ 0 50 mais alto para con-i nsar o efei, de to do imposto. Assim, como mostra a Figura 7, a curva de 6 Gta des16ca-se para de' 0, para 0 2 no montante exato do imposto ($ 0,50). FIGURO, Um Imposto cobrado dos Vendedores Quando um imposto de $ 0,50 cobrado dos vendedores, o curva de oferta desloco-se paro cima em $ 0,50, de 0 para 0 2 . A quantidade de equih'brio cai de 100 para 90 sorvetes. 0 preco que os compradores pagam sobe de $ 3,00 para $ 3,30. 0 preco que os vendedores recebem (apOs pagar o imposto) cai de $ 3,00 poro $ 2,80. Emborao imposto sejo coprodo dos vendeClores, compradores e vendedores diviarern o nus do _ Pre9D do Sorvete de Casquinha Preco pago pelos compradores $ 3,30 rPreco sem .3,00 o imposto 2,80 _ Um imposto cobrado dos vendedores desloca a curva de ofer-ta para cima no valor do imposto 1 ($0,50). Equilibrio sem o imposto Equilibrio com o imposto Imposto ($0,50) Pre9p recebido pelos vendedores etuc,6) fwvA, 07, Demanda, D +k,U. cytY\\c)/~. eir4Noce415 90 100 Quantidade de Sorvetes de Casquinha CAPITULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLITICAS DO GOVERNO 127 Terceira Etapa Tendo determinado como a curia de oferta se desloca, podemos agora comparar o equilibrio inicial corn o novo equilibrio. A figura mostra que o 'Drew de equilibrio do sorvete sobe de $ 3,00 para $ 3,30 e que a quantidade de equilibrio cai de 100 para 90 casquinhas. Novamente, o impost° reduz o tamanho do mercado. E novamente compradores e vendedores dividem o onus do impost°. Como o preco de mercado aumenta, o compradores pagam $ 0,30 a mais por sorvete em relacao ao que pagavam antes de o impost° ter sido aprovado. Os vendedores xecebem urn preco mais elevado do que recebiam antes da cobranca do imposto, mas o preco efetivo (apOs o pagamento do imposto) cai de $ 3,00 para $ 2,80. I mplicacOes Se comparar as figuras 6 e 7, voce chegard a uma conclusao surpreendente: impostos cobrados de compradores e impostos cobmdos de vendedores sao equivalentes. Nos dois casos, o impost° introduz uma cunha entre o preco que os C0/401,60 — ? Tip q3o compradores pagam c o que os vendedores recebem. A cunha entre o preco dos vendedores e o preco dos compradores 6 a mesma, independentemente de o imposlatcv.D. criNY to ser cobrado dos compradores ou dos vendedores. Em qualquer urn dos casos, a cunha desloca a posicao relativa das curvas de oferta e demanda. No novo equili- 47icticterto ctoLkton bria os compradores e os vendedores dividem o onus do impost°. A (mica diferencsrn)-tuk 2..o ca entre o impost() cobrado dos compradores e aquele cobrado dos vendedores esti em quern 6 responsdvel pelo envio ft s • a ins) A equivalencia entre esses dois impostos é facil de entender quando imagina- 3,00 — mos que o governo recolhe o impost() de $ 0,50 sobre o sorvete num cofrinho Coisa - .6.1.)1205 colocado no balcao de cada sorveteria. Quando o governo cobra o impost° dos compradores, eles tern que colocar $ 0,50 no cofrinho cada vez que urn sorvete cLe-u,N olurhoikAbral comprado. Quando o imposto é cobrado dos vendedores, sac) eles que tern que colocar os $ 0,50 no cofrinho depois da venda de cada sorvete. Ndo faz nenhuma 93 diferenca se os $ 0,50 v5o diretamente do bolso do comprador para o cofrinho ou se vao indiretamente, saindo do bolso do comprador, indo para as m5os do ven- ma murry,uni-Aikarrn dedor e so ent5o sendo colocados no cofrinho. Uma vez que o perc_a_d_o atinja o rn ka -8 3r0 3 novo equilibrioisompradores e vendedores compartilharao o Onus, independenn — temente da forma como o imposto é cobrado. o Estudo de Caso 0 CONGRESSO PODE DISTRIBUIR 0 ONUS DE UM IMPOST() SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO? Se voce já recebeu urn contracheque, provavelmente percebeu que foram descontados impostos do valor que voce ganhou. Nos Estados Unidos um desses impostos chama-se Pica, a sigla de Federal Insurance Contribution Act (Lei das Contribuicoes Fecierais aos Seguros). 0 govern° usa a receita do Pica para sustentar a Seguridade Social e o Medicare, dois prog,ramas de assistencia aos idosos. A contribuicao para o Pica 6 urn exemplo de tributo sobre a folha de pagamento, urn impost° sobre os salkios que as empresas pagam aos trabalhadores. Em 2002, o total de Pica pago por um trabalhador medio foi equivalente a 15,3% de seus rendimentos. Quern, na sua opiniao, arca corn o Onus desse imposto: as empresas ou os trabalhadores? Quando o Congress° aprovou essa lei, tentou determinar uma divisao do Onus tributdrio. Pela lei, metade do impost° é paga pelas empresas e metade, pelos trabalhadores. Ou seja, metade do impost° vem da receita das empresas e metade 6 cleduzida do saldrio dos trabalhadores. 0 valor que aparece como deducao no contracheque é a contribuicao do trabalhador. Mas nossa analise da incidencia tributkia demonstra que os legisladores na'o podem determinar corn tanta facilidade a distribuicao de urn Onus tributario. Para 0 ) 5o ‘2,1s3 QOM (0) (3-fryatc, 4-"yrk) (9 6--. k9-tt\19 3ChrfAVV\70(TO C e0 c\., cttALVi-Nct. Q. r;)_ 2ft\ -Q1C `?3 LA.cJ a. --kah drawl) l otto (t„itict., ckni -fir?' L94 -A-01-1-C:t( Inv* 128 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS FIGURA 8 Um Imposto sobre a Folha de Pagamento Oferta de R/1. -o-de-obra Os impostos sobre a folha de pagamento Introduzem uma cunha entre o salOrio que os trabalhadores recebem e o saOrio que Salkio pago pelas empresas as empresas pagam. Se compararmos os sak,rios com e sem o imposto, veremos que Salkio sem os trabalhadores e as empresas impostos compartilham o ônus do imposto. Essa recebido Salkio divisao do ônus do imposto entre pelos trabalhadores trabolhadores e empresas n'cio depende de o govemo cobrar o imposto dos trabalhadores, dos empresos ou dividir o imposto igualmente entre os dois grupos. Cunha fiscal 0 Demanda por Wo-de-obra Quantidade de Ifflo-de-obra exemplificarmos, vamos analisar o imposto sobre a folha de pagamento como se fosse um imposto sobre um bem qualquer, em que o bem é o trabalho e o pre90 desse ben-i é o salario. A caracteristica central do imposto sobre a folha de pagamento é o fato de que ele introduz un-la cunha entre o salario que as empresas pagam e o salario que os trabalhadores recebem. A Figura 8 mostra o resultado. Quando entra em vigor um imposto sobre a folha de pagamento, o salario recebido pelos trabalhadores cai e o salario pago pelas emi.-)resas aumenta. No final, trabalhadores e empresas compartilham o Onus do imposto, como requer a legislação. Mas essa divisa o do 6nus tributario nada tem a ver com a divis ao legal: a divis ao do 6nus na Figura 8 n-ao necessariamente meio-a-meio entre as partes e o mesmo resultado poderia prevalecer se a lei estabelecesse que o imposto deveria ser integralmente pago pelos trabalhadores ou pelas empresas. Este exemplo den-lonstra que a 1ic;5o fundamental da incid'encia tributaria é muitas vezes esquecida no debate público. Os legisladores podem decidir se um imposto sai do bolso do comprador ou do vendedor, mas n ao podem leg,islar sobre o verdadeiro 6nus do imposto. Mais exatamente, a incid'encia tributaria depende das foNas de oferta e demanda. • Eiasticidade e Incid&lcia Tributaria Quando um bem é tributado, os seus compradores e vendedores compartilham o Onus dos inwostos. Mas como, .exataxnente, se dá essQ divis'a'o? Ela raramente igualitaria. Para ver COrno o onus e dividido, cOnsidere o impado da frib-utka-o Sobre-b- s -dOis mercados da Figura 9. Em an-ibos os casos, a figura mostra a curva de demanda inicial, a curva de oferta inicial e um imposto que introduz uma cunha entre o valor pago pelos compradores e o valor recebido pelos vendedores (ri o foram desenhadas em nenhum painel da figura as novas curvas de oferta e demanda. A curva que se desloca depende de o imposto ser cobrado dos compradores ou dos vendedores. Como vimos, isto e irrelevante no que diz respeito à incidencia tributaria). A diferena entre os dois paineis esta na elasticidade relativa da oferta e da demanda. 0 painel (a) da Fig,ura 9 mostra um imposto num mercado con-1 oferta altamente elastica e demanda relativamente inelastica. Ou seja, os vendedores reagem muito a mudaNas no preo do bem (de modo que a curva de oferta tem inclina- CAPITULO 6 OFERTA, DEIVIANDA E POLITICAS DO GOVERNO 129 FIGURA 9 (a) Oferta Elastica, Demanda lnelastica Preco 1. Quando a oferta é mais elastica do que a demanda... Preco pago pelos compradores Oferta Impost° 2....a incidencia tributaria recai mais pesadamente sobre os consumidores... Preco sem o imposto Preco recebido pelos vendedores 3....do que sobre os produtores. Demanda 0 Quantidade como o Onus de um Impost° Dividido No painel (a), a curia de oferta é elostica e a de demanda, inelostica. Neste caso, o prep recebido pelos vendedores cal pouco en quanta o prep pogo pelos compradores aumenta substancialmente. Assim sendo, os compradores arcam corn a major parte do Onus tributdrio. No painel (b), a curva de oferta e inekistica e a curva de demanda, elOstica. Neste caso, o prep recebido pelos vendedores cal substancialmente, en quanta o preco pogo pelos compradores so aumenta urn pouco. Ass/m, as vendedores arcam corn a ma/or parte do Onus tributdrio. (b) Oferta IneIática, Demanda Elastica Preco • 1. Quando a demanda e mais elastica do que a oferta... Preco pago pelos corn pradores Preco sem o imposto Oferta 3. ...do que sobre os consumidores. Impost° 2. ...a incidencia tributaria recai mais pesadamente sobre os produtores... Preco recebido pelos vendedores Demanda 0 Quantidade cao relativamente pouco acentuada), ao passo que os compradores nao respondem Inuit° a mudancas de preco (de modo que a curva de demanda é relativamente ingreme). Quando urn impost° incide sobre urn mercado corn essas elasticidades, o‘preco recebido pelos vendedores nao cai muito, de modo que os vededores _ E‘ircam apelTa corn 1.11n- eqtrenaparte do..oryils::Ror..au_tro lado,.Q,pre_co_pago_petp.s. co41--ad-O'f6-s--S-Obe Substancialmente, dicando clue eles ar.c_am com a major parte o onus d'o ImDosto. painel (b) da Figura 9 mostra urn imposto em urn mercado corn oferta relativamente inelastica e demanda muito elastica. Neste caso, os vendedores nao respondem muito a Mudancas de preco (de modo que a curva de oferta é mais ingreme) e us compraciores respondem muito a mudancas de preco (de modo que a curva de demanda tern inclinacao menos acentuada). A figura mostra que, quando urn impost() 6 aprovado, o preco Rago_ze_los comprado:ies nao sobe muito, Cpre-co rec—ebiao—pero-S enciecto—fes_cii stibstancialn-i- ente.'b-e'S-Se'i=no'dOTh-sVe—ri• d'eabr-eg•arCam c'Orn-a—filai6r-ibarte--do onus do in-mo."-t I • PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM OS MERCADOS 130 CA (L) s.otm Tt49. (0) Li cidot' .daatc , ock.PkcA4cicth.c:Jovn;'1/4. (>1.49' --n\IACCX118: &iit:Ofy‘,U 9L c,Citg. Y'r),CRA -r Le(ci kt.t9- -pct,9,Ck ,447-6) Os dois paineis da Fig,ura 9 d'Elo uma 1ição geral sobre a divisk) do Onus de um imposto: o ôius de um imposto recai mais pesadamente sobre o lado menos eltistico do mercado. Por que isso ocorre? Em essencia, a elasticidade mede a disp_os4o dos — co_ mpradotsTO-tilvende dor par_a sair do rnei'cado . quando_ as condi es-torna-m-se esfavor_a_y_eis. Uma elasticidade pequena da demanda sig,nifica que os compradores . -n'a c) tem bo a s alternativas ao consumo do bem ern questa o. Uma elasticidade pequena da oferta sig,nifica que os vencledores nZio tem boas alternativas à produca o do é tributado,_ . olado . _com menos alternativas boas bem en questab. Quando o bem _ facilidade quanto o outro e precisa, portanto, na'o_ pode deixar o mercado _ conitanta arcar com uma parcela maior Q ôus do imposto. Podemos aplicar essa lOgica ao imposto sobre a folha de pagamento que discutimos no estudo de caso anterior. A maioria dos economistas do trabalho acredita que a oferta de trabalho é muito menos elastica do que a demanda. Isso significa que, os trabalhadores - e não as empresas - arcam com a maior parte do Onus do imposto sobre a folha de pagamento. Em outras palavras, a distribui o do Onus tributario esta ta'o perto assim da divis'ao meio-a-meio pretendida pelos leg,isladores. ri ao Y)1C)U4'1 L 1. Jyg.",,,t, "Se esse borco fosse um pouquinho mais caro, estarfamos jogando golfe." QUEM PAGA OS IMPOSTOS SOBRE BENS DE r\k, 6k. p<<,> Fstudo de Case r,` 6)"-;k0,,r;°'/'‘r,b t ) ,,,, 9 ›Y. CÀe q Em 1990, o Congresso norte-americano aprovou urirnovo imposto sobre bens de luxo, como iates, avi'Oes particulares, peles, jOias e carros de luxo. 0 objetivo do ' novo imposto era aumentar a receita proveniente daqueles que podiam pagar com mais facilidade. Como só os ricos poclem con-iprar bens tk) extravagantes, tributar os bens cie luxo parecia uma maneira lOgica de cobrar um imposto dos ricos. Mas, quando as foNas de oferta e demanda entraram em ação, o resultado foi bem diferente do esperado pelo Congresso.yamos considerar, -)or exemi)12_,c) mere . iates. A demanda por eles e bastante elastica. Uma rni1ionária pode facilmente deixar de comprar um iate; ela pode usar o mesmo dinheiro para comprar uma casa maior, passar ferias na Europa ou deixar um legado maior para seus herdeiros. Em comparKa o, a oferta de iates e relativamente inelastica, pelo nrienos no . curto prazo. As LThricas cle iates ri ao podem ser faciln-iente convertidas para ter usos alternativos e os trabalhadores que constroem iates n5o anseiam por mudar de carreira em resposta a uma mudaNa nas concli0es de mercado. Nossa análise faz uma previsk) clara, neste caso. Com demanda elEistica e oferta inelastica, o Onus do imposto recai em grande medida sobre os fornecedores. Isto um imposto sobre iates coloca um pesado Onus sobre as empresas e os trabalhadores que constroem iates, porque eles acabam obtendo um preo n-ienor por seus produtos. Mas os trabalhadores n'a o são ricos. Com isso, o Onus dos impostos sobre bens de luxo recai mais sobre a classe media do que sobre os ricos. As hipOteses equivocadas quanto à incidencia do imposto sobre bens de luxo se tomaram visiveis apOs a entrada em vigor do imposto. Os fornecedores de bens de luxo comunicaram aos seus representantes no Congresso as dificuldades que estavam enfrentando e em 1993 o Congresso reduziu a maior parte dos impostos sobre bens de luxo. • Teste N4ido Em um diagrama de oferta e demanda, demonstre como um imposto cobrado dos compradores de autorn6veis de $ 1.000 por unidade comprada afeta a quantidade vendida e o preco dos autom6veis. Em outro diagrama, mostre corno um imposto cobrado dos vendedores de autom6veis de 1.000 • CAPiTULO 6 OFERTA, DEMANDA E POLITICAS DO GOVERNO 131 por unidade afeta a quantidade vendida e o preco dos automoveis. Nos dois diagramas, indique a variacao do preco pago pelos compradores de automoveis e a variacao do preco recebido pelos vendedores. (ONCLUSA0 I A economia é reolda por dots tipos de leis,Las, leis de, oferta„demanda e as leis lAcjy c - tadas_pz,los.go,yernosjNeste capitulo comecamos a ver como essas leis mteragem. Os controles de precos e os impostos so comuns em vdrios mercados da economia e seus efeitos sac) frequentemente debatidos na imprensa e entre os formuladores de politicas. E urn pouco de conhecimento de economia pode ajudar muito a entender e avaliar essas politicas. Nos proximos capitulos analisaremos muitas politicas govemamentais em maiores detalhes. Examinaremos melhor os impactos da tributacdo e trataremos de urn conjunto de polfticas mais amplo do que o abordado ate aqui. Mas as licoes bEisicas cleste capitulo se manterdo: ao se analisarem politicas governamentais, a oferta e a demanda so as principais e mais titeis ferramentas de anzilise. RESUMO • Urn preco maxim° é urn valor maxim° legal para o preco de urn hem ou servico. Urn exemplo de preco maxim° é o controle dos alugueis. Se o preco maxim° est6 abaixo do preco de equilibria a quantidade demandada excede a quantidade ofertada. Por causa da escassez resultante, os vendedores precisam racionar de alguma forma o bem ou servico entre os compradores. • Urn preco minim° é urn valor minim° legal para o prey) de urn bem ou servico. Urn exemplo de preco minim° é o salario minim°. Se o preco minim° esta acima do preco de equilibria a quantidade ofertada excede a quantidade demandada. Por causa do excedente resultante, a demanda dos compradores pelo bem ou servico precisa ser racionada de alguma forma entre os vendedores. • Quando o governo estabelece urn impost° sabre urn bem, a quantidade de equilibrio do bem cai. Ou seja, --, ^ .-f.x4,-A cky,,s e-y,,tt, U urn impost° sobre urn mercado reduz o tamanho do merca do. • Um -)osto r bem introduz ui-na cunha 22tL e .2._prez_zajoRelos con re o pieo recebido • -los vendedore • . do o merc. e.• se move Rara oj2yo N11113e19-) Os cornpradores m mais pelo bem e -o s veriadores recebem menos p_or os com rado res e vendedores coaartill2Lm s do ialostoLA tutaria_cou seta, a divisdo do Onus) indgende de o imposto ser cobrado dos com,p_rdores ou dos vendedores. • Ajncidencia de urn_imposto depende das elasticidades-preco da oferta e da demanda. 0c5aus_tende a recair sobre o lado do mercado que é menos elastiso, porque es_s_e_ lad° _ dol-n_elKa_cicuada.gade_responNder to facilmente in2p2stor_ncian_do a quantipla,___ 4ecoxnp_r su _yenclidi. - -6 irv.; c)0,.., r4'., :,. '\y/1\4\ -ry,sv y \ ft „ ti-/'\ (.4-4-4, r,t6 ^WV k(4 ------1)- r)-n, . -k' 1, No, —.44,,c,\ k, .1- . 1s kI . CO NCEITOS-CHAVElifi ,.,-. ),Lifb4k.c,9,--,A) &It, i,.,,t co.pci%ticst. iro. rn' £ccJ.. 31 preco maxim° , p. 114 .1: 4\ 11 41g 1 1.,0_ L ?JUT Ct° CfL"a-- 0,9 pOCU- cts. jAv-vrak Rreco minim°, p. 114 , ( ) ilk, Iry dYN- ' - sn-ttAt (V`i) 1-0 - s (e4 - 5,2 1-1 t7trai .0) Ki -t) j- 4.,3 0 4..„) _ ( - - r e 1 4 -v 1\ 11: ) ,At(IA.0.2o./ t-t? otkoci)i.CI:v7) Li e -,6e-- 4_ 9,37 7 24 4. -4) La 0 €ty, GA__( LttCo.-01e. t54, ' )(9{KR ad (-wit; CyCirtre6 incidencia tributaria, p. 124 ..kuvu ol G4 oti Pitt, et -py sto -uirn L4, P 132 PARTE 2 OFERTA E DEMANDA I: COMO FUNCIONAM 05 MERCADOS QUESTC)ES PARA REVISA0 1. De um exemplo de preeo máxirno e outro de 1.-)reeo minimo 9 . 0 que causa escassez de um bem: um i_->reeo mo ou um preeo minimo? E qual dos dois causa excedente? 3. Quais os mecanismos que alocam recursos quando não se autoriza que o preeo de um bem traga a oferta e a demanda para o equilibrio? 4. Explique por que os economistas normalmente se opem aos controles de preeos? 5. Qual a diferenea entre um imposto pago pelos compradores e um imposto pago pelos vendedores? 6. Como um imposto sobre um bem afeta o preeo pago pelos compradores, o preeo recebido pelos vendedores e a quantidade vendida? 7. 0 que determina a maneira como o Cinus tribut. rio se divide entre compradores e vendedores? Por que? PROBLEMAS E APL1CACES 1. Os amantes da msica clssica convencem o Congresso a impor um preeo mElximo de $ 40 para os ingressos de concertos. Essa politica faz com que mais ou menos pessoas possam assistir a concertos de música cl ssica? 2. 0 governo decidiu que o preeo de mercado do queijo está baixo demais. a. Suponha que o governo imponha um preeo minimo obrigatcirio para o mercado de queijo. Use um diagrama de oferta e demanda para demonstrar o efeito dessa politica sobre o preeo do queijo e a quantidade de queijo vendida. uma escassez ou um excedente de queijo? b. Os produtores reclamam de que o preeo minimo reduziu sua receita total. Isso é possivel? Explique. c. Em resposta às reclamae 6es dos produtores, o governo concorda em comprar todo o excedente de queijo ao preeo minimo. Quem se beneficia dessa politica, se comparada à do preeo minimo? Quem sai perdendo? 3. Um estudo recente concluiu que as relae 6es de oferta e demanda de Frisbees so as seguintes: Quantidade Quantidade Preo por Ofertada Dernandada Frisbee 1 milh-ao 15 milhO-es 10 2 12 9 4 9 8 6 6 7 8 3 6 10 1 $ 11 a. Quais sk) o preeo e a quantidade de equilibrio dos Frisbees? b. Os fabricantes de Frisbees convencem o governo de que a produe."a"o desse produto melhora o entendimento que os cientistas tem de aerodinâmica e que, portanto, e importante para a seguranea nacional. 0 Congr, esso, preocupado, decide impor um preeo minimo $ 2 acima do preeo de equilibrio. Qual sen-1 o novo preeo de mercado? Quantos Frisbees sero vendidos? e. Os universitkios, irados, fazem uma passeata e : exigem uma redue io do preeo dos Frisbees. 0 Congresso, ainda mais preocupado, decide acabar com o preeo minimo e estabelecer um preeo rnáximo $ 1 abaixo do preeo minimo anterior. Qual será o novo preeo de mercado? Quantos Frisbees serio vendidos? 4. Suponha que o govemo federal exija que os consumidores de cerveja pag,uem um imposto de $ 2 por caixa de cerveja comprada (na verdade, tanto o governo federal quanto os governos estaduais cobram alg-um tipo de imposto sobre a cerveja). a. Represente g,raficamente a oferta e den-ianda de mercado de cerveja sem o imposto. Mostre o preeo pago pelos consumidores, o preeo recebido pelos produtores e a quantidade de cerveja vendida. Qual a diferenea entre o preeo pago pelos consumidores e o recebido pelos produtores? b. Agora represente graficamente a oferta e demancla de mercado de cerveja com o imposto. Mostre o preeo pago pelos consumidores, o preeo recebido pelos produtores e a quantidade de cerveja vendida. Qual a diferenea entre o preeo pago pelos consumidores e o preeo recebido pelos produtores? A quantidade de cerveja vendida aumentou ou diminuiu? 5. Um senador quer aumentar a receita tributkia e deixar os trabalhadores em melhor situaelo. Um membro de sua equipe propb e aumentar o impos- CAPITULO 6 OFERTA, DEIVIANDA E POLITICAS DO GOVERNO to sobre a folha de pagamento pago pelas empresas e usar parte da arrecadacao adicional para reduzir o impost° sobre a folha de pagamento pago pelos trabalhadores. Isso realizaria os objetivos do senador? 6. Se o govern° cobrar urn impost° de $ 500 sobre os carros de luxo, o preco pago pelos consumidores aumentard mais do que $ 500, menos do que $ 500 ou exatamente $ 500? Explique. 7. 0 Congress° e o presidente decidem que o pais deve diminuir a poluicao do ar reduzindo o consumo de gasolina. Decidem aplicar urn impost° de $ 0,50 por litro de gasolina vendido. a. Eles devem impor esse imposto aos produtores ou aos consumidores? Explique cuidadosamente corn urn grafico de oferta e demanda. b. Se a demanda por gasolina fosse mais elastica, esse imposto seria mais eficaz ou menos eficaz na reducao da quantidade de gasolina consumida? Explique tanto corn palavras quanto corn urn diagrama. c. Os consumidores de gasolina sao beneficiados ou prejudicados pelo imposto? Por que? d. Os trabalhadores da inclustria de petrOleo sao beneficiados ou prejudicados pelo imposto? Por que? 8. Urn estudo de caso deste capitulo discute a leg,islacao do salario minim°. a. Suponha que o salario minim° esteja acima do salario de equilibrio de mercado para trabalhadores nao qualificados. Usando um grafico de oferta e demanda, indique o salario de mercado, o numero de trabalhadores que estdo empregados e o nomero de trabalhadores que estao desempregados. Indique, ainda, o pagamento total de salarios aos trabalhadores nao qualificados. b. Agora suponha que o ministro do trabalho proponha urn aumento do salario minim°. Que efeito esse aumento teria sobre o emprego? A mudanca no nivel de emprego depende da elasticidade da demanda, da elasticidade da oferta, das duas elasticidades ou de nenhuma delas? c. Que efeito esse aumento do salario minim° teria sobre o desemprego? A mudanca no nivel de desemprego depende da elasticidade da demanda, da elasticidade da oferta, das duas elasticidades ou de nenhuma delas? 133 d. Se a demanda por mao-de-obra nao qualificada fosse inelastica, o aliment° proposto do salad° minimo aumentaria ou diminuiria o pagamento total de salarios aos trabalhadores nao qualificados? Sua resposta muciaria se a demanda por mao-de-obra n50 qualificada fosse elastica? 9. Considere as seg,uintes politicas, cada uma delas almejando a reducao dos crimes violentos por meio da reducao do uso de an-nas de fogo. Ilustre cada uma dessas politicas corn urn diagr, ama de oferta e demanda do mercado de armas. a. urn imposto sobre os compradores de armas; b. urn impost° sobre os vendedores de armas; c. urn preco minimo para as armas; d. urn imposto sobre a municao. 10. 0 govern° dos Estados Unidos administra dois programas que afetam o mercado de cigarros. As campanhas em meios de comunicacao e as exigencias de rotulagem tern por objetivo tornar o public° ciente dos perigos do tabagismo. Ao mesmo tempo, 0 Departamento de Agr, icultura mantem urn programa de sustentacao de precos para os fazendeiros produtores de tabaco que eleva o preco do tabaco, deixando-o acima do preco de equilibrio. a. Como esses dois programas afetam o consumo de cigarros? Use urn grafico do mercado de cigarros em sua resposta. b. Qual o efeito combinado desses dois programas sobre o preco dos cigarros? c. Os cigarros sao pesadamente tributados. Qual o efeito do impost° sobre o consumo de cigarros? 11. Urn subsidio é o oposto de urn impost°. Corn urn impost() de $ 0,50 sobre os compradores de sorvetes de casquinha, o governo obtem $ 0,50 para cada sorvete comprado; corn urn subsidio de $ 0,50 para os compradores de sorvetes de casquinha, o governo paga a eles $ 0,50 por sorvete comprado. a. Mostre o efeito de urn subsidio de $ 0,50 por sorvete de casquinha sobre a curia de demanda por esse produto, o preco efetivo pago pelos consumidores, o preco efetivo recebido pelos vendedores e a quantidade de sorvetes vendida. b. Os consumidores ganham ou perdem corn essa politica? E os produtores? E o governo? OFERTA E • DEMANDA II: • MERCADOS E BEWESTAR \ ONSu E EFiCPBNCIK Quando os consumidores vac) ao supermercado comprar peru para o Natal, podem ficar desapontados ao verificar que os precos dessa ave estao excessivamente altos. Ao mesmo tempo, os produtores que levam ao mercado os perus que criaram gostariam que os precos estivessem ainda mais altos. Essas opinioes nao surpreendem: os compradores sempre gostariam de pagar menos e os vendedores sempre gostariam de receber mais. Mas existe um "preco certo" do peru do ponto de vista da sociedade como urn todo? Nos capitulos anteriores vimos como, nas economias de mercado, as forcas de oferta e demanda determinam o preco e a quantidade vendida dos bens e servicos. Ate aqui, contudo, descrevemos a maneira como a sociedade aloca os recursos escassos sem abordar diretamente a questa° de que se essa alocacao é desejavel. Em outras palavras, nossa analise foi positiva (aquilo que 6), e no nonnativa (aquilo que deveria ser). Sabemos que o preco do peru se ajusta para garantir que a quantidade ofertada seja igual a quantidade demandada. Mas, nesse equilibria a quantidade produzida e consumida é pequena demais, grande demais ou exata? 138 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR economia do bem-estar o estudo de como a alocack de recursos afeta o bem-estar econqmico Neste capitulo, abordaremos o tOpico da economia do bem-estar, o estudo de con-to a aloca o de recursos afeta o bem-estar econOmico. Comearemos exanlinando os beneficios que compradores e vendedores recebem por participar do mercado. Vamos tambem examinar como a sociedade pode fazer com que esses beneficios sejam os maiores possiveis. Essa análise leva a uma conclus"o profunda: o equilfbrio de oferta e demanda num mercado maximiza os beneficios totais recebidos por compradores e vendedores. Como voce deve se lembrar do Capitulo 1, um dos Dez Principios de Econoinia é de que os mercados costumam ser uma boa maneira de organizar a atividade econ mica. 0 estudo da economia do bem-estar explica mais detalhaciamente esse principio e tambem responde a nossa pergunta sobre o preo certo do peru: o preo que equilibra a oferta e a demanda de peru é, num sentido particular, o melhor, na medida em que rnaximiza o bem-estar total dos consumidores e dos produtores de peru. EXCEDENTE DO CONSUMIDOR Comegiremos nosso estudo da economia do bem-estar pelos beneficios que os compradores recebem por sua participa o no mercado. Disposick para Pagar disposicao para pagar a quantia maxima que um comprador pagara por um bem Suponha que voce tenha uma grava o em perfeito estado do primeiro ffibum de Elvis Presley. Como voce não é f", . dele, decide vender o álbum. Uma maneira de fazer isso e realizar um Quatro ffis de Elvis comparecem ao leiffio: John, Paul, George e Ringo. Cada um deles gostaria de ser o dono do álbum, mas há um limite para o quanto cada um está disposto a pagar. A Tabela 1 mostra o pre9D mximo que cada um dos quatro possiveis compradores pagaria. 0 rriximo de cada comprador é chamado de disposi o para pagar e mede o valor que o con-iprador atribui ao bem. Cada comprador adoraria comprar o álbum por um valor menor do que sua disposi o para pagar, se recusaria a pagar um valor maior do que sua disposi o para pagar e seria indiferente à compra do ffibum ao preo exatamente ig,ual a essa disposi o. Para vender seu álbum, digamos que voce comece o leiffio com um preo baixo, de $ 10, por exen-iplo. Como os quatro compradores esto dispostos a pagar muito mais do que isso, o preo sobe rapidamente. Os lances terminam quando John ofe- TABELA 1 A Disposick para Pagar de Quatro Possiveis Compradores Comprador John Paul George Ringo Disposick para Pagar $ 100 80 70 50 CAI:4TM° 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS rece $ 80 (ou urn pouco mais). Nesse ponto, Paul, George e Ringo se retiram do leila° porque nao estao dispostos a pagar mais do que $ 80. John paga os $ 80 e leva o album. Observe que o album vai para o comprador que lhe atribui major valor. Que beneficio John obtem corn a compra do album de Elvis Presley? De certa forma, para ele é uma pechincha: ele esta disposto a pagar ate $ 100 pelo album, mas acaba pagando apenas $ 80. Dizemos que John recebe urn excedente do consumidor de $ 20. Excedente do consumidor é a quantia que o comprador esta disposto a pagar por urn bem menos a quantia que ele efetivamente paga pelo bem. o excedente do consumidor mede o beneficio que os com_pradores obtem por sua participacao_no mercado,Neste exemplo, John recebe urn beneficio de $ 20 por particiPado do leilao, porque pagou $ 80 por urn bem que, para ele, vale $ 100. Paul, George e Ringo nao obtem nenhum excedente do consumidor por sua participacao no leildo porque foram embora sem o album e sem pagar nada. Vamos imaginar agora urn exemplo diferente. Suponhamos que voce tivesse dois albuns identicos de Elvis Presley para vender. Mais uma vez, voce os leiloa entre os quatro possiveis compradores. Para simplificarmos as coisas, vamos presumir que os dois albuns devam ser vendidos pelo mesmo preco e que nenhum dos compradores esteja interessado em adquirir mais do que urn album. Corn isso, o preco sobe ate que so restem dois compradores. Neste caso, os lances param quando John e Paul oferecem $ 70 (ou pouco mais). A esse preco, eles se satisfazem corn a compra do album e George e Ringo rid() estao dispostos a dar nenhum lance mais alto. John e Paul obtem urn excedente do consumidor igual a sua disposicao para pagar menos o preco pago. 0 excedente do consumidor de John é de $ 30 e o de Paul, de $ 10. 0 excedente do consumidor de John é maior do que no exemplo anterior porque o album que ele obtern é o mesmo, mas o preco que ele pagq é menor. 0 excedente do consumidor total no mercado é de $ 40.(4W i ) Usando a Curva de Demanda para Medir o Excedente do Consumidor 0 excedente do consumidor esta estreitamente associado a curva de demanda de um produto. Para vermos como isso ocorre, vamos continuar corn nosso exemplo e considerar a curva de demanda do album de Elvis Presley. Vamos comecar pela disposicao para pagar dos quatro possiveis compradores para identificar a relacdo de demanda do album. A tabela da Figura 1 mostra a escala de demanda correspondente a Tabela 1. Se o preco esta acima de $ 100, a quantidade demandada do mercado é 0, porque nenhum comprador esta disposto a pagar urn preco tao elevado. Se o prey) esta entre $ 80 e $ 100, a quantidade demandada é 1, porque so John esta disposto a pagar urn preco tao alto. Se o preco esta entre $ 70 e $ 80, a quantidade demandada é 2, já que tanto John quanto Paul estao dispostos a pagar o preco. Podemos aplicar a mesma analise aos demais precos. Corn isso, a escala de demanda é derivada da disposicao para pagar dos quatro possiveis compradores. 0 grafico da Figura 1 mostra a curva de demanda correspondente a essa escala de demanda. Observe a relacdo_entre a altura da curva de demanda e a disposicao para pagar dos compradores. Para qualquer quantidade, o_preco dado_pela curva de demanda indica a disposicao para pagar do comprador marginal, aquele comprador que seria o p_rimeiro a deixar o mercado, se o preco fosse urn poucsimais_alta. Quando a quantidade é de 4 albuns, por exemplo, a curva de demanda tern a altura de $ 50, o preco que Ringo (o comprador marginal) esti disposto a pagar por urn album. Para a quantidade de 3 albuns, a curva de demanda tern a altura de $ 70, o prey) que George (que passa a ser o comprador marginal) esta disposto a pagar. 139 excedente do consumidor a quantia que o comprador esta disposto a pagar pelo bem menos a quantia que ele realmente paga 140 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEIVI-ESTAR FIGURA 1 A Escala de Demanda e a Curva de Demanda A tabelo mostro a escala de demonda dos compradores do Tabela 1. 0 grako mostra a curva de demanda correspondente. Observe que a altura da curva de demanda reflete a disposicao para pagar dos compradores. Prev) do blbum Preco Mais que $ 100 $ 80 a $ 100 $ 70 a $ 80 $ 50 a $ 70 $ 50 ou menos Compradores Quantidade Demandada Nenhum John John e Paul John, Paul e George John, Paul, George e Ringo 0 1 2 3 4 $100 Disposição para pagar de John Disposição para pagar de Paul Disposição para pagar de George 80 — 70 — Disposição para pagar de Ringo 50 Demanda 0 l 1 1 2 I 3 4 Quantidade de blbuns Como a curva de demanda reflete a disposi o para pagar dos compradores, pode ser usada para medir o excedente do consumidor. A Fig,ura 2 usa a curva de demanda para calcular o excedente do consumidor de nosso exemplo. No painel (a), o preo e $ 80 (ou pouco mais) e a quantidade demandada e 1. Observe que a kea acima do prec;o e abaixo da curva de demanda e igual a $ 20. Esse valor e exatamente o excedente do consumidor que calculamos anteriormente com apenas 1 ffibum vendido. 0 painel (b) da Figura 2 n-iostra o excedente do consumidor quando o preo $ 70 (ou pouco mais). Neste caso, a kea acima do pre93 e abaixo da curva de demanda é igual à kea de dois retffilgulos: o excedente do consumidor de John nesse ponto e $ 30 e o de Paul e $ 10. Isso é igual a uma kea de $ 40. Novamente, esse valor e ig-ual ao excedente do consumidor que calculamos anteriormente. A 1ição que aprendemos com este exemplo é vfflida para todas as curvas de demanda: a drea abaixo __ _da curva de demanda e acima do_preo mede o excedente do conde que a altura da curva de sumidor em um mercado. _ 0 motivo 2ara isso é o fato demanda mede o valor que os compradores atribuem ao bem, como medida de sua disposi o para pagar. A difereNa entre essa disposi o para pagar e o preo de `-" - mercado e o excedente do consumidor de cada comprador.As srm, a a.rea total abaixo da curva de demanda e acima do preo e a soma dos excedentes do consumidor de todos os compradore -S -no mercado bern ou Como um Preco Baixo Eleva o Excedente do Consumidor Como os compradores sempre gostariam de pagar menos pelos bens que compram, um prey) menor faz os compradores de um bem ficarem em uma situao melhor. Mas em quanto o bem-estar dos compradores se eleva em resposta a um CAPITULO 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS 141 FIGURA 2 Medindo o Excedente do Consumidor corn a Curva de Demanda No painel (a), o prep do bem é $ 80 e o excedente do consumidor e $20. No painel (b), o preco do bem é $ 70 e o excedente (a) Preco = $ 80 Preco do Album Preco do Album $ 100 $ 100 80 do consumidor é $ 40. (b) Preco = $ 70 Excedente do consumidor de John ($ 20) ........... 70 Excedente do consumidor de John ($ 30) 80 ......... 70 ......... Excedente do consumidor de Paul ($10) Excedente do 50 — consumidor total ($ 40) 50 Demanda 0 1 2 3 4 Quantidade de Albuns Demanda 1 2 preco menor? Podemos usar o conceito de excedente do consumidor para responder a essa pergunta de maneira precisa. A Figura 3 mostra uma curva de demanda tipica, corn inclinacao descendente. Embora possa parecer que ela tern formato urn pouco diferente da curva em degraus dos dois graficos anteriores, as ideias e conceitos que acabamos de desenvolver ainda se aplicam: o excedente do consumidor é a area abaixo da curva de demanda e acima do preco. No painel (a), o excedente do consumidor ao preco a area do triangulo ABC. Suponhamos agora que o preco caia de P, para P2, como mostra o painel (b). 0 excedente do consumidor agora é ig,ual a area ADF. 0 aumento do excedente do consumidor atribuido ao menor preco é a area BCFD. Esse aumento do excedente do consumidor tern dois componentes. Primeiro, os compradores que ja compravam Q, do bem ao preco mais elevado P, estao em melhor situacao porque passam a pagar menos. 0 aumento do excedente do consumidor dos compradores já existentes é a reducao da quantia paga por eles e é ig,ual a area do retangulo BCED. Seg-undo, alg,uns novos compradores entram no mercado porque agora estao dispostos a comprar o hem pelo preco menor. Corn isso, a quantidade demandada do mercado aumenta de Q, para (22. 0 excedente do consumidor desses recem-chegados ao mercado é a area do triang,ulo CEF. 0 Que o Excedente do Consumidor Mede? Noss° objetivo ao desenvolver o conceito de excedente do consumidor é fazer julgamentos normativos sobre a necessidade dos resultados de mercado. Agora que voce já viu o que é excedente do consumidor, vamos ver se ele é uma boa medida do bem-estar economic°. 3 4 Quantidade de Albuns PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR 142 FIGURA 3 Como o Preco Afeta o Excedente do Consumidor No painel (a), o preco é P,, a quantidade demandada é Q, e o excedente do consumidor é igual à drea do tridngulo ABC. Quando o preco cai de P, paro P2, como mostra o painel (b), a quantidade demandada aumenta de Q, para (2 2 e o excedente do consumidor aumenta para a drea do tridngulo ADE 0 aumento do excedente do consumidor (a drea BCFD ) se dd em parte porque os consumidores já existentes agora pagam menos (drea BCED) e em parte porque novos consumidores entram no mercado ao preco mais baixo (drea CEF). (b) Eaccedente do Consumidor ao Prew P2 (a) Excedente do Consumidor ao Preo Pre93 Excedente do consumidor adicional para os consumidores iniciais Excedente do consumidor inicial Excedente do consumidor dos ri0Vos consumidores Demanda o Qi Quantidade 0 Q Q., Quantidade Imagine que voc'e é um formulador de politicas que quer projetar um bom sistema econômico.Você se importaria com a quantia de excedente do consumidor? 0 excedente do consumidor a quantia que os compradores esto dispostos a pagar por_um_Ilem_menos_a_q_u_antia_ que ifetivamente_pagam —.mede_o-bene_fici6_que os compradores obt"thia de um_bem taLcoma percebido_pelos pr6prios compradores. Assim, . o excedente do consumidor é uma boa medida do bem-estar ece ~49 --se_os formuladores de politicas desejam respeitar as prefer&icias_dos_compfadores. s Em algumas circunst'a ncias, os formuladores de politicas podem optar por se importar com o excedente do consumidor por não respeitar as prefer&lcias que guiam o comportamento dos compradores. Por exemplo, os viciados em drogas estk) dispostos a pagar um preo elevado pela heroina, mas n'a'o didamos que eles obfern um grande beneficio por serem capazes de comprar heroina a um preo baixo (embora os prOprios viciados possam pensar que sim). Do ponto de vista da sociedade, a disposi o para pagar, neste caso, n'a"o é uma boa medida do beneffcio para os compradores e o excedente do consumidor n a"o e uma boa medida do bem-. estar econOmico porque os viciados n a o t" ' m o prOprio bem-estar em mente. Na maioria dos m.ercados, contudo, o excedente do consumidor efetivamente reflete o bem-estar econOmico. Os economistas normalmente partem da hipOtese de que os compradores s'a o racionais ao tomar decises e de que suas preferncias devem ser respeitadas. Neste caso, os . consumidores sk) os melhores juizes de quanto beneficio obtern dos bens que compram. CAPiTULO 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIeNCIA DOS IVIERCADOS 143 Teste Rapid° Represente graficamente uma curva de demanda de peru. Em seu diagrama, indique urn preco do peru e o excedente do consumidor que resulta desse preco. Explique corn suas prOprias palavras o que esse excedente do consumidor mede. EXCEDENTE DO PRODUTOR Vamos nos voltar agora para o outro lado do mercado e tratar dos beneficios que os vendedores obtem de sua participacao no mercado. Como veremos, nossa analise do bem-estar dos vendedores é semelhante a nossa analise do bem-estar dos cornpradores. Custo e Disposicao para Vender Imagine que voce é propfietario de uma casa e quer pinta-la. Voce consulta quatro vendedoras de servicos de pintura: Mary, Frida, Georgia e Grandma. Cada pintora esta disposta a realizar o servico, desde que o preco seja justo.Voce decide pedir um orcamento das quatro pintoras e oferecer o servico aquela que fard o trabalho pelo preco mais baixo. Cada pintora esti disposta a realizar o servico se o preco por ela recebido excede o custo de fazer o trabalho. Aqui, o termo custo deve ser interpretado como o custo de oportunidade de cada uma: inclui as despesas que a pintora tera (corn tinta, pinceis etc.) e o valor que atribui ao seu proprio tempo. A Tabela 2 mostra o custo de cada uma elas. Como o custo de uma pintora é o preco minimo que ela aceitaria para trabalhar, o custo é uma medida de sua disposicao para vender seus servicos. Cada pintora desejaria muito vender seus servicos a urn preco superior ao custo, recusaria vender seus servicos a urn preco inferior ao custo e seria indiferente a venda de seus servicos a urn preco igual ao seu custo. Quando voce pede urn orcamento as pintoras, o preco pode comecar elevado, mas cai rapidamente porque elas competem entre si pelo servico. Uma vez que Grandma tenha proposto $ 600 (ou pouco menos), ela é a ianica competidora que resta. Ela fica feliz em prestar o servico por esse preco porque seu custo é de apenas $ 500. Mary, Frida e Georgia nao tern interesse em pintar a sua casa por menos de $ 600. Observe que o servico vai para a pintora que é capaz de trabalhar ao menor custo. Que beneffcio Grandma recebe pela realizacao do servico? Como ela é capaz de pintar a casa por $ 500, mas voce lhe paga $ 600, dizemos que ela recebe um excedente do produtor de $ 1001Excedente do produtoré o montante que urn vendedor receber custo d? produ ao. 0 excedente do produtor mede o benejicioque traem de sua participacao num mercado. TABELA 2 Os.Custos de Quatro Possiveis Vendedoras Vendedora Mary Frida Georgia Grandma Custo $ 900 800 600 500 i custo-1._ _ _... / o valor de tudo aquilo de qu—e)i ( urn vendedor precisa abrir / ma) para produzir urn bem / ___..... excedente do produtor a quantia que urn vendedor recebe por urn bem menos seu custo de producao 144 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEIVI-ESTAR Vamos agora imaginar um exemplo um pouco diferente. Suponhamos que voce tenha duas casas que precisam de pintura. Mais uma vez, voce leiloa o servio entre as quatro pintoras. Para simplificarmos, vamos imaginar que nenhun-la delas possa pintar as duas casas e que voce pague a mesma quantia pela pintura de cada casa. Com isso, o preo cai ate que restem apenas duas pintoras. Neste caso, as propostas param quando Georgia e Grandma se oferecem para prestar o servio por $ 800 (ou pouco menos). A esse prey3, as duas estio dispostas a trabalhar, mas Mary e Frida nao. A $ 800, Grandma e Georg,ia recebem excedentes do produtor de $ 300 e $ 200, respectivamente. 0 excedente do produtor total do mercado e $ 500. Uso da Curva de Oferta para Medir o Excedente do Produtor Assim como o excedente do consumidor está estreitamente associado à curva de demanda, o excedente do produtor esta estreitamente associado à curva de oferta. Para vermos como, vamos prosseg-uir com nosso exemplo. Come(;:amos usando os custos das quatro pintoras para identificar a escala de oferta dos servi9Ds de pintura. A tabela da Fig,ura 4 mostra a escala de oferta que corresponde aos custos que constam da Tabela 2. Se o preo está abaixo de $ 500, nenhuma das quatro pintoras esta disposta a prestar o serviv), de modo que a quantidade ofertada é zero. Se o preo esta entre $ 500 e $ 600, só Grandma esta disposta a prestar o servio, de modo que a quantidade ofertada é 1. FIGURA 4 A Escala de Oferta e a Curva de Oferta A tabela mostra a escala de oferta das vendedoras da Tabela 2. 0 grcifico mostra a curva de oferto correspondente. Observe que a altura da curva reflete os custos das vendedoras. Predo Vendedoras Mary, Frida, Georgia e Grandma Frida, Georgia e $ 800 a $ 900 Grandma Georgia e Grandma $ 600 a $ 800 Grandma $ 500 a $ 600 Menos do que $ 500 Ninguem $ 900 ou mais Quantidade Ofertada 4 Preo da Pintura da Casa Oferta Custo de Mary $ 900 800 Custo de Frida 3 2 1 0 Custo de Georgia 600 500 0 Custo de Grandma I 1 I 2 I 3 I 4 Quantidade de Casas Pintadas CAPITULO 7 CONSUNIIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS 145 Se o preco esta entre $ 600 e $ 800, Grandma e Georgia estao dispostas a prestar o servico, de modo que a quantidade ofertada é 2 e assim por diante. Corn isso, a escala de oferta é derivada dos custos das quatro pintoras. o g,rafico da Figura 4 mostra a curva de oferta correspondente a essa escala de oferta. .._ Observe que a altura da curva de oferta esta relacionada aos custos das ven_ dedoras. Para qualquer quantidade-, precO—datO - t_ _ p-eTa—Ciirva---repres-Etifa o cusioveirdeledmarginalfraquela queseria a_primeira a deixar _ o mercado se o Frew fosse menor. Para a quantidade de 4 casas, por exemplo, a curva de oferta tern altura de $ 900, o custo de Mary (a vendedora marginal) para prestar seus servicos de pintura. Para a quantidade de 3 casas, a curva de oferta tern altura de $ 800, o custo de Frida (que agora é a vendedora marginal) para prestar seus servicos de pintura. Como a curva de oferta reflete os custos das vendedoras, ela pode ser usada para medir o excedente do produtor. A Figura 5 usa a curva de oferta para calcular o excedente do produtor em nosso exemplo. No painel (a), consideramos que O preco é $ 600. Neste caso, a quantidade ofertada-&-ly Observe que a area abaixo do preco e acima da curva de oferta é igual a $ .100/montante que é identico ao excedente do produtor de Grandma que calculamos anteriormente. O painel (b) da Figura 5 mostra o excedente do produtor ao preco de $ 800. Neste caso, a area abaixo do preco e acima da curva de oferta é igual A area total dos dois retangulos, ou seja $ 500 - o excedente do produtor que calculamos anteriormente para Georgia e Grandma quando havia duas casas que precisavam ser pintadas. FIGURA 5 Medindo o Excedente do Produtor corn a Curva de Oferta No painel (a), o preco do bem é $ 600 e o excedente do produtor é $ 100. No painel (b), o preco do bem é $ 800 e o excedente fp) - do produtor é $ 500. 00 i.91C) 0,0 i 800 <-7. re (a) Preco = $ 600 Preco da Pintura da Casa $ 900 800 ex" bitA kvvils„, te v. (b) Preco = $ 800 NOV Oferta 04j Preco da Pintura da Casa $ 900 Oferta Excedente do produtdr total ($ 500) 800 600 50 Excedente do produtor de Grandma ($100) 600 500 Excedente do prod utor de Georgia ($ 200) Excedente do produtor de Grandma ($ 300) 4 Quantidade de Casas Pintadas 2 3 4 Quantidade de Casas Pintadas 146 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR A lição que extraimos deste exemplo se aplica a todas as curvas de oferta: a drea produtor em um .abaixo do prep e acima da curoa de oferta representa o excedente_do -A 16gica e simples: a altura da curva de oferta mede os custos dos vendenzercado. _ dores, e a difereNa entre o pre90 e o custo de produ o e o excedente do produtor de cada vendedor. Assim, a kea é a soma dos excedentes do produtor de todos os vendedores. Como um Preco Mais Alto Aumenta o Excedente do Produtor Ninguem se surpreenderia ao ouvir dizer que os vendedores sempre gostariam de receber um preo maior pelos bens que vendem. Mas em que medida o bem-estar dos vendedores se eleva em resposta a um prey) maior? 0 conceito de excedente do produtor oferece uma resposta precisa a essa pergunta. A Figura 6 mostra uma curva de oferta tipica com inclinação ascendente. Muito embora essa curva de oferta seja diferente em forn-iato das que vimos na figura anterior, o excedente do produtor e medido da mesma maneira: o excedente do produtor e a . rea abaixo do preo e acima da curva de oferta. No painel (a), o preo e P, e o excedente do produtor e a área do trikigulo ABC. FIGURA 6 Como o Preco Afeta o Excedente do Produtor No painel (a), o preco é P 7 , a quantidade demandada é (2 1 e o excedente do produtor é igual ao triangulo ABC Quando o preco aumenta de P i para P2, como mostra o painel (b), a quantidade ofertada aumenta de Q 1 para Q2 e o excedente do produtor aumenta para a area do triangulo ADE 0 aumento do excedente do produtor (area BCFD) se da em parte porque os produtores existentes agora possam a receber mais (area BCED) e em parte porque novos produtores entram no mercado ao preco mais elevado (area CEF). Excedente do produtor adicional dos produtores iniciais Oferta P2 Pi Excedente do produto Pi Excedente do produtor inicial Excedente do produtor dos novos produtores CAPITULO 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS 0 painel (b) mostra o que acontece quando o preco aumenta de P1 para P2. 0 excedente do produtor agora passa a ser igual a area ADF. Esse aumento do excedente do produtor tern duas partes. Em primeiro lugar, os vendedores que já estavam vendendo Q1 do bem ao mais baixo preco P1 se beneficiam porque agora recebem mais por aquilo que vendem. 0 aumento do excedente do produtor dos vendedores existentes é igual a area do retangulo BCED. Em segundo lugar, alguns novos vendedores entram no mercado porque estao dispostos a prod-uzir o bem ao preco mais alto, o que resulta em um aumento da quantidade ofertada de Q1 para (22. 0 excedente do produtor desses novos vendedores é igual a area do tri'angulo CEF. Como mostra nossa analise, usamos o excedente do produtor para medir o bem-estar dos vendedores, de forma semelhante ao uso do excedente do consumidor para medir o bem-estar dos compradores. Como essas duas medidas de hemestar economic° sao muito parecidas, é natural usa-las juntas. E é exatamente o que faremos na proxima secao. Teste Rapid° Represente graficamente uma curva de oferta de peru. Em seu diagrama, indique urn preco do peru e o excedente do produtor que resulta desse preco. Explique corn suas prOprias palavras o que esse excedente do produtor mede. EFICIENCIA DE MERCADO 0 excedente do consumidor e o excedente do produtor sao as ferramentas basicas dos economistas para estudar o hem-estar dos compradores e dos vendedores em urn mercado, as quais podem nos ajudar a abordar uma questdo economica fundamental: a alocacdo de recursos determinada pelos mercados livres é desejavel? 0 Planejador Social Benevolente Para avaliarmos os resultados de mercado, introduziremos em nossa analise urn novo personagem hipotetico chamado planejador social benevolente. 0 planejador social benevolente é urn ditador onisciente, onipotente e bem-intencionado, que deseja maximizar o bem-estar economic° de todos os membros da sociedade. 0 que, em sua opinido, ele deve fazer? Deixar os compradores e vendedores no equilibrio que atingem naturalmente por si sas? Ou sera que ele pode aumentar o bemestar economic° alterando de alguma maneira o resultado do mercado? Para responder a essa pergunta, o planejador precisa, antes de mais nada, decidir como medir o bem-estar economic° de uma sociedade. Uma medida possivel a soma dos excedentes do consumidor e dos excedentes do produtor, que chamamos de excedente total. 0 excedente do consumidor é o beneficio que os compradores obtem de sua participacao no mercado e o excedente do produtor é o beneficio recebido pelos vendedores. E natural, portanto, usar o excedente total como medida do bem-estar economic° da sociedade. Para entender melhor essa medida do bem-estar economic°, lembre-se de como medimos os excedentes do consumidor e do produtor. Definimos excedente do consumidor como Excedente do consumidor =Valor para os compradores — Quantia paga pelos compradores. 147 148 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR De maneira similar, medimos o excedente do produtor como Excedente do produtor = Quantia recebida pelos vendedores - Custo para os vendedores. Quando somamos os excedentes do consumidor e do produtor, temos Excedente total =Valor para os compradores — Quantia paga pelos compradores + Quantia recebida pelos vendedores — Custo para os vendedores. A quantia paga pelos compradores é igual à quantia recebida pelos vendedores, de modo que os dois termos medios da expressk) cancelam um ao outro. Com isso, podemos escrever o excedente total como Excedente total =Valor i_Dara os compradores - Custo para os vendedores. eficiencia a propriedade da alocack de um recurso de maximizar o excedente total recebido por todos os membros da sociedade eciiidade a imparcialidade na distribuick do bem-estar entre os membros da sociedade 0 excedente total de urn mercado e o valor total atribuido pelos compradores dos bens, medido por sua disposi o para pagar, menos o custo total dos vendedores que fornecem esses bens. Se uma aloca o de recursos maximiza o excedente total, dizemos que tem efiSe uma aloca o não é eficiente, ento parte dos ganhos do comercio entre compradores e vendedores nc) está sendo obtida. Por exemplo, uma alocgk ineficiente se un bem rro est. sendo 1.-)roduzido ao menor custo pelos vendedores. Neste caso, deslocar a produ o cle um produtor de alto custo para outro que tenha custo mais baixo reduzirfl o custo total para os vendedores e aumentar o excedente total. De maneira similar, uma aloca o e ineficiente se um ben-i n^a'o está sendo consurnido pelos compradores que Ihe atribuem maior valor. Neste caso, deslocar o consumo do bem de um comprador que lhe atribui baixo valor para outro que lhe cle um valor rnaior elevarEl o excedente total. Alem da eficiencia, o planejador social tambem pode se preocupar com a eqidade - a imparcialidade na distribui o do bem-estar entre os diversos compradores e vendedores. Em essencia, os ganhos de comercio em um mercado são como um bolo a ser distribuido entre os participantes do mercado. A questk da eficiencia é se o bolo é tão grande quanto possivel. A quest k) da eqidade e se o bolo est sendo bem dividido. Avaliar a eqidade de um resultado de mercado e mais dificil do que avaliar sua eficiencia. Enquanto a eficiencia é uma meta objetiva que pode ser julgada ern termos estritamente positivos, a eqidade envolve julgamentos normativos que vão alem da economia e entram no campo da filosofia politica. Neste capitulo nos concentramos na eficiencia como meta do planejador social benevolente. Tenha em mente, entretanto, que os formuladores de politicas da vida real freqentemente tambem estho preocupados com a eqfridade. Ou seja, preocupan-i-se tanto com o tamanho do bolo econ3mico quanto com a maneira como ele fatiado e distribuido entre os membros da sociedade. Avalia0o do Equilibrio de Mercado A Figura 7 mostra os excedentes do consumidor e do produtor quando um mercado atinge o equilibrio entre oferta e demanda. Lembre-se de que o excedente do consumidor é igual à kea acima do preo e abaixo da curva de demanda e que o excedente do produtor é igual à kea abaixo do preo e acima da curva de oferta. Assim, a kea total entre as curvas de oferta e demanda ate o ponto de equilibrio representa o excedente total desse mercado. CAPITULO 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS 149 I Preco Preco de equilibrio Excedente do prod utor Demanda Essa alocacao de recursos no equilibrio é eficiente? Ela maximiza o excedente total? Para responder a essa perg,unta, lembre-se de que, quando urn mercado esti' em equilibria o preco determina quais compradores e quais vendedores participam dele. Os compradores que atribuem ao bem urn valor major do que o preco (representados pelo segment° AE da curva de demanda) optam por comprar o bem; os compradores que atribuem ao bem urn valor menor do que o preco (representados pelo seg,mento EB) nao o compram. Da mesma forma, os vendedores cujos custos sac, inferiores ao preco (representados pelo segment° CE da curva de oferta) optam por produzir e vender o bem; aqueles cujos custos sac) maiores que o preco (representados pelo segment° ED), nao. Essas observacoes levam a duas conclusoes sobre os resultados de mercado: Os mercados livres alocam a oferta de hens aos compradores que lhes atribuem major valor, tal como medido por sua disposic5o para pagan Os mercados livres alocam a demanda por hens aos vendedores que podem produzi-los ao menor custo. Assim, dada a quantidade produzida e vendida em urn mercado em equilibria o planejador social benevolente nao pode aumentar o bem-estar economic° nmdando a alocacao de consumo entre os compradores ou a alocacao de produ(ao entre os vendedores. Mas ele pode aumentar o bem-estar economic° aumentancio ou diminuindo a quantidade do hem? A resposta é negativa, como vemos nesta terceira conclusao sobre os resultados de mercado: 150 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR 3. Os mercados livres produzem a quantidade de bens que maximiza a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Para entender o porque disso, pense na Fig-ura 8. Lembre-se de que a curva de demanda reflete o valor para os compradores e de que a curva de oferta reflete o custo para os vendedores. Para quantidades abaixo do nivel de equilibrio, o valor para os compradores excede o custo para os vendedores. Nessa reg-ik), aumentos na quantidade elevam o excedente total e continuam a faze-lo ate a quantidade atingir o nivel de equilibrio. Para alem da quantidade de equilibrio, contudo, o valor para os compradores e menor clo que o custo para os vendedores. Portanto, produzir mais do que a quantidade de equilibrio reduziria o excedente total. Essas tres conclusr6es sobre os resultados de mercado nos dizem que o equilibrio entre oferta e demanda rnaximiza a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Em outras palavras, o resultado de equilibrio e uma aloca o eficiente de recursos. A tarefa do planejador social benevolente, portanto, é bastante simples: basta que ele deixe o resultado de mercado da maneira como o encontrou. Essa politica de tambem conhecida pela expressk) francesa laissezfaire, que significa, literalmente, "deixe-os fazer". Agora podemos entender melhor a n-ik) invisivel do mercado de que falou Adam Smith, como vimos no Capitulo 1. 0 planejador social benevolente n-Eio precisa alterar o resultado de mercaclo porque a rnão invisivel já conduziu os compradores e veridedores a uma aloca o dos recursos da economia que maximiza o excedente total. Essa conclusk) explica por que os economistas freqiientemente defendem os mercaclos livres como a melhor maneira de organizar a atividade ecor mica. FIGURA 8 A Eficikcia da Quantidade de Equilibrio Para quantidades menores do que a quantidade de o volor pora os comprodores excede o custo para os vendedores. Para quantidades maiores do que o quantidade de equilíbrio, o custo para os vendedores excede o valor paro os comprodores. Assim, o equih'brio de mercado maximiza o sorna dos excedentes do consumidor e do produtor. Pre93 Oferta Valor para os compradores Custo para os vendedores Custo para os vendedores Demanda Valor para os 1'compradores 0 valor para os compradores maior do que o custo para os vendedores. 1 0 valor para os compradores menor do que o custo para os vendedores. CAPITULO 7 CONSUNIIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS NIERCADOS 151 NOTiCIAS CAMBISTAS Para alocar recursos efidentemente, uma economic precis° fazer que as bens cheguem aos consumidores que lhes atribuem maior valor. As vezes essa tarefa cabe aos cambistas. Ingressos? A Oferta e a Demanda se Encontram nas Calcadas Por John Tierney Vender ingressos no cambio negro tern sido muito born para Kevin Thomas, e ele nao tenta se explicar por isso. Ele se ve como urn classic° empreendedor norte-americano: um rapaz do Bronx que abandonou os estudos no ensino medic), aprendeu sozinho urn trabalho, cla duro sete noites por semana, ganha $ 40 mil por ano e, aos 26 anos de idade, tern $ 75 mil na poupanca, tudo isso prestando urn servico do lado de fora dos teatros e estadios de Nova York. Ele 56 reclama de uma coisa: "Fui preso umas 30 vezes no ano passado", disse ele em uma noite ha pouco tempo, logo depois de faturar $ 280 num jogo dos Knicks. "A gente aprende a lidar corn a coisa — eu dou urn nome falso aos tiras e pago as multas quando preciso pagar, mas nao acho que seja justo. Para mim, trabalhar como cambista é como ser urn corretor de valores, comprando a urn preco baixo e vendendo a urn preco alto. Se as pessoas estao dispostas a me pagar, qual e o problema?" o problema é serio para os policiais de Nova York e New Jersey, que estao pegando pesado corn o sr. Thomas e corn revendedores licenciados de ingressos. Policiais a paisana estao impondo novas restricoes a revenda de ingressos corn agio e os procuradores gerais dos dois estados estao movendo processos contra mais de 12 revendedores. Mas as economistas tendem a enxergar os cambistas pela mesma Otica que o sr. Thomas. Para eles, a cruzada dos governos estaduais faz tanto sentido quanta as antigas campanhas dos governos comunistas contra os "exploradores". Os economistas afirmam que as restricOes so inconvenientes para o public°, reduzem a audiencia dos eventos culturais e esportivos, desperdicam o tempo da policia, privam a cidade de Nova York de dezenas de milhoes de Mares em receitas tributarias e acabam par elevar o preco dos ingressos. , "Para as politicos, é sempre born posar de defensores dos pobres dizendo que precos altos sao ilegais", diz William J. Baumol, diretor do Centro de Economia Aplicada C. V. Starr da Universidade de Nova York. "Quem sabe eles resolvam o problema da Aids declarando que a doenca tambem e ilegal. lsso nao faria mal algum porque nao teria nenhum efeito, mas quando alguern mexe corn precos, acaba criando problemas de verdade" 0 dr. Baumol foi urn dos economistas que conceberam a ideia de vender ingressos para a Broadway, no dia da apresentacao, pela metade do preco no quiosque da TKTS na Times Square, o que as proprietarios dos teatros consideraram muito radical na epoca em que o quiosque abriu, em 1973. Mas eles lucraram ao encontrar uma nova clientela para ingressos que nao teriam sido vendidos, urn exemplo do principio do livre mercado segundo o qual tanto as compradores quanta as vendedores acabam beneficiados quando o preco é ajustado para atender a demanda. Os economistas veem outro exemplo dessa lic*ao no Museu de Arte Moderna, onde as pessoas ficam na fila par ate duas horas para comprar ingressos para a exposicao de Matisse. Mas na calcada ha uma alternativa: as cambistas que conseguem escapar da policia estao vendendo as ingressos de $ 12,50 par precos que variam de $ 20 a $ 50. "Voce nao precisa dar urn valor muito alto ao seu tempo para estar disposto a pagar $ 10 au $ 15 a mais se nao quiser ficar duas horas na fila para comprar urn ingresso para a exposicao de Matisse", diz Richard H. Thaler, economista da Universidade de Cornell. "Algumas pessoas acham que é mais justo fazer todo mundo ficar na fila, mas isso obriga todas as pessoas a se dedicarem a uma atividade totalmente improdutiva e age a favor das pessoas que tem mais tempo livre. Os cambistas dao uma chance a outras pessoas. Nao vejo nenhum motivo para proibir a atividade" Mas legalizar a atividade dos cambistas nao seria necessariamente uma boa coisa para todos. 0 sr. Thomas, par exemplo, teme que a concorrencia extra possa tira-lo dos negacios. Mas, ap6s 16 anos — ele comecou a trabalhar do lado de fora do Estadio Yankee aos dez anos de idade ele acha que talvez seja hora de mudar. Fonte: The New York Times, 26 dez. 1992, p. Al. Copyright ©1992 by The New York Times Co. Reimpresso corn permissao. 1 52 PARTE 3 OFERTA E DEIVIANDA II: IVIERCADOS E BEIVI-ESTAR Esitudo Caso ^ DEVER1A HAVER UM MERCADO DE (5RG AOS HUMANOS? Em 12 de abril de 2001, na primeira pkgina do The Boston Globe, lia-se a manchete "Como o Amor de uma Wie Ajudou a Salvar Duas Vidas". 0 jornal contava a histOria de Susan Stephens, uma mulher cujo filho precisava de um transplante de rim. Quando o medico que cuidava dele descobriu que o rim da rne no era compativel, propOs uma solu o inovadora: se ela doasse um de seus rins para um receptor anOnimo, seu filho iria para o topo da fila de espera pelo Or0o. A aceitou a proposta e logo dois pacientes receberam o transplante que estavam a o-uarda ndo. . A engenhosidade da proposta do medico e a nobreza do ato da m'a e ri o sk) passiveis de dúvida. Mas a histOria levanta algumas questOes interessantes. Se a male pOde trocar um rim por outro, ser que o hospital permitiria que ela trocasse um rim por um caro tratamento experimental de câncer que ela não pudesse pagar de outra maneira? Sen'i que ela poderia trocar um rim por uma bolsa de estudos para seu filho na faculdade de medicina ligada ao hospital? Será que ela poderia vender o rim e usar o dinheiro para trocar seu carro velho por um Lexus novinho? Em termos de politica pública, as pessoas ri"k) podem vender seus Orgios. Em essencia, no mercado de OrOos, o governo estabeleceu um preo rri ximo igual a zero. Com isso, como se dá com qualquer preo rmiximo obrigatOrio, há uma escassez do bem. No caso da farnilia Stephens, a transa o não se enquadrou na ção porque n;-io houve troca de dinheiro. Muitos economistas acreditam que haveria grandes beneficios se a existencia de um mercado livre de OrOos fosse permitida. As pessoas nascem com dois rins, mas geralmente só precisam de um deles. Enquanto isso, algumas pessoas sofrem de doeNas que as deixam sem nenhum rim em funcionamento. Apesar dos Obvios ganhos de comercio, a situa o é g,rave. A espera media por um transplante de rim de tres anos e meio e cerca de seis mil pessoas morrem por ano nos Estados Unidos porque não conseg,uem encontrar um rim a tempo. Se as pessoas que precisam de um rim pudessem compr-lo das pessoas que tem dois, o preQD se elevaria ate equilibrar oferta e demanda. Os vendedores se beneficiariam do dinheiro recebido. Os compradores se beneficiariam do Org5o de que precisam para salvar sua vida. A escassez de rins logo desapareceria. Um mercado como esse levaria a uma aloca o eficiente de recursos, mas aqueles que criticam a ideia se preocupam com a quest &) da justic;a. Um mercado de OrOos, argumentam, beneficiaria os ricos à custa dos pobres, porque os OrOos seriam alocados às pessoas com maior disposi o e capacidade para pagar. Mas tambem é possivel questionar a justia do sistema em vigor: hoje, a maioria de nOs anda por ai com um Orgo de que n' o precisa, enquanto alguns dos cidaffios de nossa sociedade estio morrendo. Isso é justo?. Teste R4ido Represente graficamente a oferta e a demanda de peru. No equilibrio, indique os excedentes do consumidor e do produtor. Explique por que uma produck maior de peru reduziria o excedente total. CAPITULO 7 CONSUMIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS IVIERCADOS 153 NOTiCIAS COMO OS PEREGRINOS' ABRAcARAM 0 MERCADO Do prOxima vez que se sentar ô mesa no Dia de Acao de Gracas, talvez voce deva agradecer nao sá o peru que esth no seu prato, mos tambem o sistema economic° em que vive. A Acao de Gracas Homenageia a Mao Invisivel Par Caroline Baum A maioria dos norte-americanos pensa no Dia de Acao de Gracas coma um momento para reunir as amigos e parentes e celebrar com um grande banquete. Se as criancas sabem alga sabre as origens desse feriado nacional, declarado par promulgacao presidencial, e que as peregrinos estavam gratos par uma boa colheita em suas novas terras e separaram esse dia para agradecer par ela. 0 que elas nao sabem e que as coisas nem sempre foram to boas para as peregrinos, que chegaram ao Novo Mundo vindos da Inglaterra (através da Holanda) para escapar da perseguicao religiosa. Seus primeiros invernos apOs desembarcarem em Plymouth Rock, em 1620, e estabelecerem a colonia da Baia de Plymouth foram dificeis. 0 clima da regiao era ruim e as safras eram pequenas. Metade dos peregrinos morreu ou voltou para a Inglaterra. Os que ficaram passaram fame. Apesar de suas profundas conviccoes religiosas, as colonos comecaram a roubar uns dos outros. Na primavera de 1623, depois de tres invernos rigorosos e de uma fame generalizada, o governador Bradford e as moradores do local "comecaram a pensar coma poderiam cultivar o maxima e obter uma safra melhor do que as anteriores para nao Permanecer na miseria", coma relatou o PrOprio Bradford. Uma das tradicoes que as peregrinos trouxeram consigo da Inglaterra era alga chamado "cultivo em comum". Os colonos reuniam as frutos de seus esforcos e dividiam a colheita entre Si. A ideia de "retirar a propriedade e trazelia para a comunidade acabou par causar muita confusao e descontentamento e retardar em muito o emprego que 'hes poderia beneficiar e reconfortar". Homens jovens e fortes ressentiam-se de trabalhar para outros homens e suas esposas sem nenhuma remuneracao. Entao, depois de tres invernos de fame, Bradford instituiu uma nova politica quando chegou a epoca do plantio, na primavera de 1,623. Ele estabeleceu um late para cada familia, permitindo que cada uma "plantasse para si propria e se fiasse em si propria para esse fim". Para as colonos, as resultados foram nada menos que miraculosos. As mulheres ia m de bom grado para o campo, levando consigo as filhos pequenos. Os que antes diziam estar par demais doentes e fracas para trabalhar aravam cam vigor suas proprias terras... Mas nao se tratava de milagre algum. Sem querer, Bradford e as peregrinos descobriram aquilo que o Leste Europeu aprendeu — da pior maneira — mais de 350 anos depois: o socialismo nao funciona. Privadas de seus direitos de propriedade e na falta de incentivos econornicos ao trabalho, as pessoas se comportam de uma maneira preOs colonos logo tiveram comida mais do que suficiente para suas prOprias necessidades e comecaram a trocar seu excedente de graos par outras mercadorias, coma peles. Depois de tres invernos esfomeados, as peregrinos enxergaram a fartura coma um golpe de sorte, quando, na verdade, estavam apenas reagindo aos sinais do mercado. Mesmo antes de haver um mercado oficial, a mao inyisivel ja operava. 0 Dia de Acao de Gracas é um momento para agradecer um sistema de governo que permite que a mao invisivel conduza e proteja as pessoas. Fonte: Bloomberg News (http://mv.bloomberg.com), 21 nov. 2001. Reimpresso corn permissao. 1. NRT: Nome dados aos primeiros colonos puritanos que fundaram, em 1620, a colonia de Plymouth, que tambem eram chamados de pilgrim fathers. 154 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR i CONCLUSAO: EF[Cl NCAA E FALKA DE MERC-WO Este capitulo introduziu as ferramentas lxisicas da economia do bem-estar — os excedentes do consumidor e do produtor — e as utilizou para avaliar a eficiencia dos mercados livres. Mostramos que as foNas de oferta e demanda alocam recursos com eficiencia. Ou seja, embora cada comprador e vendedor no n-iercado s(5 se s preocupe com seu pr(5prio bem-estar, eles s o, juntos, guiados por uma mo invia um equilibrio que n-laximiza os beneficios totais para compradosivel em direc; a"o res e vendedores. Aqui devemos fazer uma advertencia: para concluirmos que os mercados s'a-o eficientes, adotamos uma serie de hip6teses sobre como eles funcionam. Quando essas hipteses não se sustentam, nossa concluso de que o equilibrio de mercado e eficiente pode deixar de ser verdadeira. Ao concluirmos o capitulo, vamos tratar rapidamente de duas dessas hipteses. s Em primeiro lugar, supusemos em nossa anfflise que os mercados s o perfeitamente competitivos. Mas na vida real a competi o muitas vezes está longe de ser perfeita. Em alg-uns mercados, um Unico comprador ou vendedor (ou um pequeno grupo de compradores ou vendedores) pode ser capaz de controlar os preos de mercado. Essa capacidade de influenciar os preos é chamada de poder de mercado. 0 poder de mercado pode fazer com que os mercados sejam ineficientes ao manter o preo e a quantidade distantes do equilibrio entre oferta e demanda. Em seg,undo lugar, nossa arthlise tambem supOs que o resultado em um mercado son-iente importe para os compradores e vendedores do mercado em quest5o. Mas na vida real as decisOes de con-ipradores e vendedores às vezes afetam pessoas que não s a- - o participantes do mercado. A po1uição e um exemplo cl ssico de resultado de mercado que afeta pessoas que est". o fora do mercado. Efeitos colaterais desse tipo, chamados de externalidades, fazem com que o bem-estar em um mercado dependa de mais coisas do que o valor para os compradores e o custo para os vendedores. Como os compradores e vendedores n^a"o levam esses efeitos colaterais em considera o ao decidir quanto consumir e produzir, o equilibrio em um cado pode ser ineficiente do ponto de vista da sociedade como um todo. 0 poder de mercado e as externalidades so exemplos de um fenOmeno geral chamado de .falha de mercado — a incapacidade que alg-uns mercados não reg,u1amentados têrn de alocar recursos com eficiencia. Quando os mercados falham, a politica pública pode, em alguns casos, solucionar o problema e aumentar a eficiencia da economia. Os microeconomistas dedicam grande parte de seus esfoNos ao s estudo de quando as falhas de mercado so prwthveis e de que tipos de politica s o melhores para corrigi-las. Ao prosseg,uir com seus estudos de economia, voce ver que as ferramentas da economia do bem-estar aqui desenvolvidas sk) facilmente adaptadas para esse objetivo. Apesar da possibilidade de falhas de mercado, a 111 " o invisível do mercado e de uma importncia extraordinria. Em muitos mercados, as hip6teses que adotamos neste capitulo funcionam muito bem e a conclus. o da eficiencia do mercado aplica-se diretamente. Ademais, nossa arblise da economia do ben-l-estar e da eficiencia do mercado pode ser usada para esclarecer os efeitos de wirias politicas governamentais. Nos dois prOximos capitulos, aplicaremos as ferramentas que acabamos de desenvolver ao estudo de duas questOes politicas importantes — os efeitos da tributa o e do comercio internacional sobre o bem-estar. CAPiTULO 7 CONSUNIIDORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS NIERCADOS RESUMO • 0 excedente do consumidor é ig,ual ao valor que os compradores estao dispostos a pagar por urn bem menos a quantia que efetivamente pagam por ele e mede o beneficio que os compradores obtem de sua participacao no mercado. 0 excedente do consumidor pode ser calculado determinando-se a area abaixo da curva de demanda e acima do preco. • 0 excedente do produtor é igual a quantia que os vendedores recebem por seus hens menos seus custos de producao e mede o beneficio que os vendedores obtem de sua participacao no mercado. 0 excedente do produtor pode ser calculado determinando-se a area abaixo do preco e acima da curva de oferta. • Uma alocacao de recursos que maximize a soma dos excedentes do consumidor e do produtor chamada de eficiente. Os formuladores de politicos muitas vezes se preocupam corn a eficiencia — e corn a equidade — dos resultados econemi cos. • 0 equilibrio de oferta e demanda maximiza a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Ou seja, a mao invisivel do mercado leva os compradores e vendedores a alocar os recursos de forma eficiente. • Os mercados nao alocam recursos de forma eficiente na presenca de falhas de mercado como poder de mercado ou externalidades. CONCEITOS-CHAVE economia do bem-estar, p. 138 disposicao para pagar, p. 138 excedente do consumidor, p. 139 custo, p. 143 excedente do produtor, p. 143 eficiencia, p. 148 equidade, p. 148 QUESTOES PARA REVISAO 155 156 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: NIERCADOS E BENI-ESTAR PRGBLEMAS E APLICAOES 1. Uma geada inesperada na Califcirnia prejudicou a safra de 1im5es. 0 que acontece com o excedente do consumidor no mercado de 1imes? 0 que acontece com o excedente do consumidor no mercado de limonada? Ilustre sua resposta com diagr, amas. 2. Suponha que a demanda por pc"-o francL's aumente. 0 que acontece com o excedente do produtor no mercado de pão fran&'s? 0 que acontece com o excedente do produtor no mercado de farinha? Ilustre sua resposta com cliag,ramas. 3. 0 dia estEl quente e Bert está com sede. Eis o valor que ele atribui a uma garrafa de 4-ua: Valor da primeira garrafa $ 7 5 Valor da seg,unda garrafa 3 Valor da terceira garrafa 1 Valor da quarta garrafa derive a escala es, a. Com base nessas informK6 de demanda de Bert. Represente graficamente a sua curva de demanda por garrafas de 4-ua. b. Se o 1.-.)reffl da garrafa de Eigua for $ 4, quantas garrafas ele comprar? Qual o excedente do consumidor que Bert obtem de suas compras? Indique o excedente do consumidor de Bert em seu grffico. c. Se o preo cair para $ 2, em quanto muda a quantidade demandada? Em quanto muda o excedente do consumidor de Bert? Indique essas mudarwas em seu grfico. 4. Emie é dono de um pNo. Como bombear grandes quantidades de a- gua é mais dificil do que bombear pequenas quantidades, o custo de produ o de uma garrafa aumenta com o nmero de garrafas. Eis o custo quc ele tem para produzir cada garrafa de 4-ua: Custo da primeira garrafa $ 3 Custo da segunda garrafa 5 Custo da terceira garrafa 7 Custo da quarta garrafa a. Com base nessas informa es, derive a escala de oferta de Ernie. Represente g-raficamente a sua curva de oferta de garrafas de 4-ua. b. Se o preo da 4-,ua for $ 4, quantas garrafas ele produzinl e vender? Qual o excedente do produtor que Emie obtem de suas vendas? Indique o excedente do produtor de Ernie em seu 0-r fico. c. Se o 1_-)reo subir para $ 6, em quanto muda a quantidade ofertacla? Em quanto muda o excedente do produtor de Emie? Indique essas mudaNas em seu gráfico. 5. Considere um mercado em que Bert, do problema 3, seja o comprador e o Emie, do problen-ia 4, seja o vencledor. a. Use a escala de oferta de Emie e a escala de demanda de Bert 1.-)ara identificar a quantidade demandada e a quantidade ofertada aos preos de $ 2, $ 4 e $ 6. Qual desses preos traz oferta e demanda para o equilibrio? b. Quais .s. o o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente total nesse equilibrio? c. Se Ernie produzisse e Bert consumisse uma garrafa a menos, o que aconteceria com o excedente total? d. Se Ernie produzisse e Bert consun-iisse uma garrafa a mais, o que aconteceria com o excedente total? 6. 0 custo de produco de aparelhos de som caiu nas 1timas decadas.Vamos considerar algumas cações disso. a. Use um diagrama de oferta e demanda para demonstrar o efeito da queda dos custos de proclu o sobre o prec-sp e a quantidade de aparelhos de som vendida. b. Em seu diag,rama, indique o que acontece com o excedente do consumidor e com o excedente do produtor. c. Suponha que a oferta de aparelhos de som seja muito ek'istica. Quem se beneficia mais da queda dos custos de produ o: os consumidores ou os produtores de aparelhos de som? 7. Há quatro consumidores dispostos a pagar as seguintes quantias por um corte de cabelo: Montel: $ 5 Jerry: $ 7 Oprah: $ 2 Ricki: $ 8 CAPITULO 7 CONSUM1DORES, PRODUTORES E EFICIENCIA DOS MERCADOS Ha quatro sal5es de beleza, corn os seg-uintes precos para urn corte de cabelo: Saldo A: $ 3 Sala° B: $ 6 Saldo C: $ 4 Saldo D: $ 2 Cada salao tern capacidade para produzir so urn corte de cabelo. Em termos de eficiencia, quantos cortes de cabelo devem ser realizados? Que saloes devem realizar os cortes e que consumidores devem cortar o cabelo? Qual a dimensao maxima possivel do excedente do produtor? 8. Suponhamos que urn avanco tecnolOgico reduza o custo de producao de computadores. a. Use urn diag,rama de oferta e demanda para demonstrar o que acontece corn o preco, a quantidade, o excedente do consumidor e o excedente do produtor no mercado de computadores. b. Computadores e calculadoras sao bens substitutos. Use urn diagrama de oferta e demanda para demonstrar o que acontece corn o preco, a quantidade, o excedente do consumidor e o exceciente do produtor no mercado de calculadoras. Os fabricantes de calculadoras devem ficar felizes ou chateados corn o avanco tecnologico dos computadores? c. Computadores e software sao bens complementares. Use urn diagrama de oferta e demanda para demonstrar o que acontece corn o preco, a quantidade, o excedente do consumidor e o excedente do produtor no mercado de software. Os produtores de software devem ficar felizes ou chateados corn o avanco tecnologico dos computadores? d. Essa analise ajuda a explicar por que o produtor de software Bill Gates é urn dos homens mais ricos do mundo? 9. Pense em como os pianos de assistencia medica afetam a qualidade dos servicos de saude prestados. Suponha que urn procedimento medico tipico tenha custo de $ 100, mas que uma pessoa corn assistencia medica so precise desembolsar $ 20 quando opta por realizar urn procedimento. A empresa de assistencia medica arca corn os demais $ 80 (a seguradora recuperara os $ 80 por meio de premios mais elevados para todos os seus seg,urados, mas a parcela paga por este seg-urado especifico é pequena). 157 a. Represente graficamente a curia de demanda do mercado de servicos de satide (em seu diag,rama, o eixo horizontal deve representar a quantidade de procedimentos medicos). Indique a quantidade demandada de procedimentos se o preco de cada urn deles for $ 100. b. Em sett diagTama, inclique a quantidade demandada de proceclimentos se os consumidores pagarem $ 20 por procedimento. Se o custo de cada procedimento para a sociedade for, realmente, $ 100 e se as pessoas tern pianos de assistencia medica como o descrito anteriormente, o mimero dc procedimentos realizados maximizard o excedente total? Explique. c. Os economistas muitas vezes culpam o sistema de assistencia medica pelo uso excessivo de cuidados medicos. Dada sua analise, por que o uso dos atendimentos medicos poderia ser considerado"excessivo"? d. Que tipos de politica poderiam impedir esse uso excessivo? 10. Muitas areas da California passaram por uma grave seca no fim dos anos 80 e comeco dos 90. a. Use urn diagrama do mercado de agua para demonstrar os efeitos de uma seca sobre o preco e a quantidade de equilibrio da agua. b. Muitas comunidacles nao permitiram que o preco da agua aumentasse. Qual o efeito dessa politica sobre o mercado de agua? Indique em seu diaarama o suraimento de urn excedente ou de uma escassez. c. Uma materia publicada em The Will Street Journal em 1991 afirmou: "Todos os moradores de Los Angeles sera) obrigados a diminuir em 10% seu consumo da agua em 19de marco e em mais 5% em IQ de maio, corn base em seus niveis de consumo de 1986". 0 autor criticava essa politica corn base em argumentos ligados tanto a eficiencia quanto a equidade, dizendo: "Esta politica nao apenas recompensa as famflias que ldesperdicarami agua em 1986 como tambem pouco faz para encorajar consumidores que poderiam fazer reducoes mais drasticas [e] pune os que não tem como reduzir rapidamente o seu uso da agua". Em que sentido o sis- 158 PARTE 3 OFERTA E DEIVIANDA II: MERCADOS E BENI-ESTAR tema de racionamento de 4-ua de Los Angeles e ineficiente? E em que sentido e injusto? d. Suponha que, pelo contrrio, Los Angeles permitisse que o pre90 da 4-ua subisse ate que a quantidade demandada fosse igual à ofertada. A alocg-a-o resultante seria mais eficiente? Em sua opini a- - o, seria mais ou menos justa do que as redu95es proporcionais a que se refere o artigo de jornal? 0 que poderia ser feito para tornar a solu o de mercado mais justa? APLICKAO: OS CUSTOS DA TRIBUTKAO Os impostos sao frequentemente motivo de acaloradas discussaes polfticas. Em 1776 a ira das colOnias americanas provocada pelos impostos cobrados pela Inglaterra desencadeou a Revolucao Americana. Mais de dois seculos depois, Ronald Reagan foi eleito presidente corn uma plataforma baseada em grandes cortes no imposto de renda das pessoas fisicas e durante seus oito anos na Casa Branca a aliquota maxima desse imposto caiu de 70% para 28%. Em 1992, Bill Clinton foi eleito presidente em parte porque o entao presidente, George Bush, rompera sua promessa de campanha feita em 1988: "Leiam meus labios: nenhum imposto novo". Pelo menos sob esse aspect°, o George Bush mais jovem nao seguiu os passos do pai: como candidato, prometeu um corte nos impostos e, uma vez eleito, cumpriu a promessa. Comecamos a estudar os impostos no Capftulo 6. Ali vimos como urn imposto sobre urn bem afeta o preco e a quantidade vendida deste e como as forcas de oferta e demanda dividem o onus do imposto entre compradores e vendedores. Neste capItulo, ampliaremos essa analise e veremos como os impostos afetam o bemestar economic° dos participantes de urn mercado. A primeira vista, os efeitos dos impostos sobre o bem-estar podem parecer obvios. 0 govern° aprova impostos para levantar receita e essa receita precisa sair do bolso de alguem. Como vimos no Capftulo 6, tanto os compradores quanta os vendedores ficam em uma situacao pior quando urn bem é tributado: urn imposto 160 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR aumenta o preo que os compradores pagam e diminui o pre9a que os vendedores recebem. Mas, para entendermos bem como os impostos afetam o bem-estar econ6rriico, precisamos comparar a reducfao de bem-estar dos compradores e vendedores com a elevalo da receita do governo. As ferramentas dos excedentes do consumidor e do produtor nos permitem fazer essa comparao. A analise demonstrara que os custos dos impostos para os compradores e vendedores s'ao maiores que o aumento de receita do governo. oo 50, c" 0 PESO MORTO DOS IMPOSTOS ruVamos comear recordando uma das lições surpreendentes do Capitulo 6: na-o z ° importa se um imposto recai sobre os compradores ou os vendedores de um bem. ° o o Quando um imposto recai sobre os compradores, a curva de demanda desloca-se para baixo no montante do imposto; quando recai sobre os vendedores, a curva de oferta desloca-se para cima no montante do imposto. Nos dois casos, quando o IJJ < imposto entra em vigor, o preo pago pelos compradores aumenta e o recebido " o compradores e vendedores compartilham < pelos vendedores cai. No fim das contas, o Onus do imposto, independentemente de como ele é cobrado. A Fig,ura 1 mostra esses efeitos. Para simplificar nossa discussio, a figura n'ao "Sobe, a id6O de taxo0o mostra deslocamentos das curvas de oferta e demanda, embora uma delas precise com representac'do tornb m se deslocar. 0 que determina qual das duas curvas se deslocara é se o imposto não me agrado muito." cobrado dos vendedores (deslocamento da curva de oferta) ou dos compradores (deslocamento da curva de demanda). Neste capitulo, podemos simplificar os graficos desconsiderando o deslocamento. 0 resultado que importa para nossos objetivos neste ponto e o fato de que o imposto introduz uma cunha entre o preo que os compradores pagam e o preo que os vendedores recebem. Por causa dessa cunha tributaria, a quantidade vendida cai e fica abaixo do nivel que seria vendido na ausencia do imposto. Em outras palavras, um imposto sobre um bem causa uma redu o no tamanho do mercado desse bem. Esses resultados ja devem ser familiares para quem leu o Capftulo 6. v; `6) FIGURA 1 o Quantidade Quantidade com o imposto sem o imposto Quantidade CAPiTULO 8 APLICA00: OS CUSTOS DA TRIBUTAcA0 Como um Imposto Afeta os Participantes do Mercado 161 Peso -rAoR-ro Vamos usar as ferramentas da economia do bem-estar para medir os ganhos e perdas resultantes de urn impost° sobre urn bem. Para tanto, precisamos levar em consideracao como o impost() afeta os compradores, os vendedores e o governo. 0 beneficio obtido pelos compradores num mercado é medido pelo excedente do consumidor — a quantia que os compradores estao dispostos a pagar por urn bem menos 0 que efetivamente pagam. 0 beneficio obtido pelos vendedores em urn mercado 6 medido pelo excedente do produtor — a quantia que os vendedores recebem pelo bem menos seus custos. Essas s5o as medidas de economia do bem-estar que usamos no Capitulo 7. E quanto a terceira parte envolvida, o governo? Se T é o valor do impost° eQéa quantidade vendida do bem, o govern() recebe uma receita tributaria total de T x Q. Ele pode usar essa receita tributdria para oferecer servicos, tal como estradas, policiamento e educacao publica, ou para ajudar os necessitados. Assim, para analisarmos como os impostos afetam o bem-estar economic°, usamos a receita tributaria para medir o beneficio que o governo obtem do impost°. Lernbre-se, contudo, que esse beneficio na verdade no fica corn o govern°, mas corn todos aqueles corn quern a receita é gasta. A Figura 2 mostra que a receita tributaria de urn govern° é representada pelo retdngulo entre as curvas de oferta e demancla. A altura desse retangulo é o valor do impost°, T, e sua largura 6 a quantidade vendida do hem, Q. Como a area de urn retangulo é obtida multiplicando-se a altura pela largura, a area desse retangulo é T x Q, o mesmo que a receita tributaria. ct ,a64-.1.0-Jock, ALL-Aea (Ito oi Bem-Estar sem lmpostos Para vermos como urn impost() afeta o bem-estar, comecaremos analisando o bem-estar antes de o govern° ter aprovado um imposto. A Figura 3 mostra o diagrama de oferta e demanda e indica as areas relevantes corn letras de A a F. FIGIVA 2 Preco Receita Tributaria A receita tributoria que o govemo coleta é igual a T x Q, o valor do imposto, T, multiplicado pela quantidade vendida, Q. Assim, a receita tributaria e igual O drea do retangulo localizado entre as curvas de oferta e demanda. Preco pago pelos compradores Preco recebido pelos vendedores Quantidade vendida (Q) Quantidade Quantidade corn o imposto sem 0 imposto Demanda Quantidade 162 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR FIGURA 3 Como um Imposto Afeta o Bem-Estar Um imposto sobre um bem reduz o excedente do consumidor (a reducao é dada pelas Orea B + C) e o excedente do produtor (a reducao é dada pelas dreo D + E). Como a queda dos excedentes do consumidor e do produtor excede a receita tributOria (Orea B + D), dizemos que o imposto parece impor uma perdo de peso morto (Orea C + E). Sem Imposto Excedente do Consumidor Excedente do Produtor Receita Tributaria Excedente Total A+B+C D+ E+F Nenhuma A+B+C+D+E+F Com Imposto A F B+D A+B+D+F Variaca-o - (B + C) - (D + E) + (B + D) - (C + E) A area C + E mostra a queda do excedente total e é a perda de peso morto do imposto. Q2 Quantidade Na ausricia de um imposto, o preo e a quantidade se encontram na interseco das curvas de oferta e demanda. 0 preo e P i e a quantidade vendida, Q i . Como a curva de demanda reflete a disposi o para pagar dos compradores, o excedente do consumidor e a area entre a curva de demanda e o preo, A + B + C. De maneira similar, como a curva de oferta reflete os custos dos vendedores, o excedente do produtor é a area entre a curva de oferta e o prec;o, D + E + F. Neste caso, como n, o há imposto, a receita tributaria e igual a zero. 0 excedente total - a soma dos excedentes do consumidor e do produtor igual à area A+B+C+D+E+ F. Ou seja, como vimos no Capitulo 7, o excedente total é a area entre as curvas de oferta e demanda que vai ate a quantidade de A primeira coluna da tabela da Figura 3 resume essas concluses. Bem-Estar com um imposto Consideremos agora o bem-estar apOs o imposto ter sido aprovado. 0 prew pago pelos con-ipradores sobe de P 1 para Pc, de modo que o excedente do consumidor passa a ser apenas a area A (a area abaixo da curva de demanda e acima do preo para o comprador). 0 preo recebido pelos vendedores cai de P i para 13 ,„ de modo que o excedente do produtor passa a ser CAPITULO 8 APLICACAO: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO 163 apenas a area F (a area acima da curva de oferta e abaixo do preco para o vendedor). A quantidade vendida cai de Q, para Q, e o govemo coleta uma receita tributaria igual a area B + D. Para calculallitos o excedente total corn o imposto, nos somamos o excedente do consumidor, o excedente do produtor e a receita tributaria. Assim, conclulmos que o excedente total é a area A + B + D + F. A segunda coluna da tabela resume essas conclusoes. Mudancas no Bem-Estar Podemos agora perceber os efeitos do impost° comparando o bem-estar antes e depois de sua aprovacao. A terceira coluna da tabela da Figura 3 mostra as mudancas. 0 imposto faz corn que o excedente do consumidor se reduza o equivalente a area B + C e corn que o excedente do produtor se reduza o equivalente a area D + E. A receita tributaria aumenta o equivalente a area B + D. Nao surpreende que compradores e vendedores sejam prejudicados e o governo seja beneficiado. A mudanca total do bem-estar inclui a mudanca do excedente do consumidor (que é negativa), do excedente do produtor (que tambem é negativa) e da receita tributaria (que é positiva). Ao somarmos esses tres componentes, concluimos que O excedente total do mercado cai o equivalente as areas C + E.ICom isso,asp_e_LAqs para os compradores e para os veTzdedores a partir da implementacao do inyostos H _Jy_e_.: ram_ a receita obtida pelo governol d A queda do excedente total que resulta quando um impost° (ou outra polftica) istorce urn resultado de mercado é chamada de peso morto. A area C + E mede o montante do peso morto. Para entender por que os impostos causam peso morto, lembre-se de urn dos Dez Principios de Economia: as pessoas reagem a incentivos. Vimos, no Capftulo 7, que os mercados normalmente alocam recursos escassos de maneira eficiente. Ou seja, o equilibrio de oferta e demanda n-iaximiza o excedente total dos compradores e vendedores do mercado. Mas quando urn imposto aumenta o preco para os corn- pradores e reduz o preco para os vendedores, da aos compradores urn incentivo para consumir menos e aos vendedores, urn incentivo para produzir menos. A medida que compradores e vendedores respondem a esses incentivos, o tamanho do mercado se reduz, ficando abaixo do ideal. Assim, como os impostos distorcem os incentivos, fazem corn que os mercados aloquem recursos de maneira ineficiente. Peso Mort° e Ganhos Comerciais Para concluirmos por que os impostos resultam em peso morto, vamos considerar urn exemplo. Imagine que Joe limpe a casa de Jane a cada sernana por $ 100. 0 custo de oportunidade do tempo de Joe é $ 80 e o valor de uma casa limpa para Jane é $ 120. Portanto, cada urn dos dois recebe urn benefIcio de $ 20 pela transacao. 0 excedente total de $ 40 mede os ganhos de comercio dessa determinada transacao. Suponhamos agora que o governo imponha urn imposto de $ 50 para os prestadores de servicos de limpeza. Agora, nao ha preco que Jane possa pagan a Joe que os deb<e em melhor situacao apOs o pagamento do imposto. 0 maxim° que ela esta disposta a pagar é $ 120, mas isso deixaria Joe corn apenas $ 70 apos pagan o imposto, menos do que os $ 80 de seu custo de oportunidade. Por outro lado, para que Joe recebesse seu custo de oportunidade de $ 80, Jane teria que pagar $ 130, o que esta acima do valor de $ 120 que ela atribui a uma casa limpa. Corn isso, Jane e Joe cancelam seu negocio. Joe fica sem a renda e Jane tern que se acostumar a viver em uma casa suja. peso morto a queda do excedente total resultante de uma distorcao de mercado, como urn imposto 164 PARTE 3 OFERTA E DEIVIANDA II: NIERCADOS E BEIVI-ESTAR 0 imposto piorou a situa o dos dois num total de $ 40, uma vez que eles perde- ram essa quantia de excedente. Ao mesmo tempo, o governo n'a- o consegue coletar nenhuma receita deles porque o negOcio foi cancelado. Os $ 40 s'a- o um peso morto: s".o uma perda para os compradores e vendedores em um mercado que 1-1"o é con-ipensada por um aumento da receita do govemo. Com base neste exemplo, podemos perceber a fonte do peso n-lorto: os inzpostos causam peso morto porque impedern que os compradores e vendedores obtenham alguns dos ganhos de com&cio. A área do triing,ulo entre as curvas de oferta e demanda (áreas C + E da Figura 3) mede essas perdas, que podem ser vistas mais facilmente na Figura 4 lembrando-se que a curva de demanda reflete o valor do bem para os consumidores e que a curva de oferta reflete os custos para os proclutores. Quando o imposto aumenta o preo para os compradores para Pc e reduz o pre9D para os vendedores para Pv, os compradores e vendedores marginais deixam o mercado, de modo que a quantidade vendida cai de Q, para Q,. Mas, como mostra a fig,ura, o valor do bem para esses compradores ainda supera o custo para os vendedores. Como no exemplo de Joe e Jane, os ganhos de con-i rcio — a diferena entre o valor para os compradores e o custo para os vendedores — é menor do que o imposto. Com isso, essas transges deixam de ser realizadas a partir do momento em que o imposto entra em vigor. 0 peso morto o excedente perdido porque o imposto desencoraja a realiza o dessas transg-Oes mutuamente vantajosas. Teste hpido Represente graficamente a curva de oferta e demanda de biscoitos. Mostre o que aconteceria com a quantidade vendida, o preco pago pelos compradores e o preco recebido pelos vendedores se o governo criasse um imposto sobre biscoitos. Em seu diagrama, mostre o peso morto decorrente do imposto. Explique o significado do peso morto. * *kYsk(49, ( .5. J • fiS» • '&.43.,0&1,!,\SID DETERMINANTES DO PESO MORTO 0 que determina se o peso morto de um imposto seth grande ou pequeno? As elasticidades-preo cla oferta e da demanda, que medem a resposta das quantidades demandada e ofertada às varia(; (5es de pre9p. FIGURA 4 Preo Ganhos de com&cio perdidos 0 Peso Morto Quondo o governo crio um imposto sobre um bem, o quantidade vendida cai de Q7 para Q2. Com isso, olguns dos potenciais gonhos de com&cio entre comprodores e vendedores n do ocorrem. Esses ganhos perdidos origthom a perda de peso morto. P Oferta c Pre90 sem o imposto Montante do imposto Pv Custo para os vendedores Valor para os compradores Q 2 4 / Q1 Demanda Quantidade Redu0o da quantidade devido ao imposto CAPITULO 8 APLICACAO: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO 165 Vamos, em primeiro lugar, ver como a elasticidade da oferta afeta a magnitude do peso morto. Nos dois paineis superiores da Figura 5, a curva de demanda e o valor do imposto sao os mesmos. A Unica diferenca nessas figuras 6 a elasticidade da curva de oferta. No painel (a), a curva de oferta é relativamente inelastica: a quantidade ofertada responde pouco a variacoes de preco. No painel (b), a curva de oferta é relativamente elastica: a quantidade ofertada responde substancialmente a variacaes de preco. Observe que o peso morto, a area do triang-ulo entre as curvas de oferta e demanda, é major quando a curva de oferta 6 mais elastica. • ‘..../'..),k.o-N-tY /1.f.•-ciA )n Q,f)().. 41. 6. dock, iyurywk) tea', vvputhy". It FIGURA 5 Distorcoes Tributarias e Elasticidades Nos Oriels (a) e (b), a cunta de demanda e o valor do imposto sao iguais, mos a elasticidade-preco do oferta é diferente. Observe que quanta mois elastica é a curva de oferta, major é o peso morto wusado pelo imposta Nos paineis (c) e (d), a curva de oferta e o valor do imposto sao iguais, mas a elasticidade-preco do demando e diferente. Observe que quanta mais elastica 6 a curva de demanda, major 6 o peso morto causado pelo imposto. A bh, (a) Oferta Inelastica (b) Oferta Elastica )21 Preco Preco Quando a oferta relativamente elastica, topes° morto do e qrande. uposto irt Oferta Quando a oferta relativamente inelastica„o peso moil() do impost? é pequeno. Valor do imposto Oferta Valor do imposto Demanda Demanda Quantidade Quantidade (c) Demanda Inelastica (d) Demanda Elastica Ays- Preco Preco Oferta Oferta Valor do imposto Quando a demanda relativamente inelastica,.opeso worto_cto im_posto peq.y_en. Valor do imposto Demanda Quantidade Demanda Quando a demanda 6 relativamente elastica, peso morto do imposto, LO__granciti 0 Quantidade 166 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR De maneira similar, os dois paineis inferiores da Figura 5 mostram como a elasticidade da demanda afeta a magnitude do peso morto. Aqui, a curva de oferta e o valor do imposto s - 4c) mantidos constantes. No painel (c) a curva de demanda relativamente inel stica e o peso morto é pequeno. No painel (d) a curva de demanda é mais elstica e o peso morto do imposto e maior. E fácil explicar a lição a ser aprendida com essa figura. Um imposto é um peso morto porque induz compradores e vendedores a uma mudana de comportamento. 0 imposto eleva o preQu pago pelos compradores, de modo que eles conson-lem menos. Ao n-lesmo tempo, reduz o preo recebido pelos vendedores, assim eles passam a produzir menos. Por causa dessas mudanas de comportamento, o tamanho do mercado diminui e fica abaixo do ideal. As elasticidades da oferta e da demanda medem o quanto vendedores e compradores respondem às varig c--ies no pre(-5° e, portanto, determinam quanto um imposto distorce o resultado de mercado. Assim, quanto nzaiores as elasticidades de oferta e demanda, maior o peso morto de um imposto. Estudo de Caso 0 DEBATE SOBRE 0 PESO MORTO "Eis o que eu acho a respeito da elasticidade da oferta de trabalho." Oferta, demanda, elasticidade e peso morto, todos esses itens de teoria econOmica são o bastante para deixar qualquer um confuso. Acredite voce ou n"a'o, estas ideias vão ao ffi-nago de uma questh- o politica profunda: que tamanho deve ter a atua-a'o do governo? A discuss^a'o gira em tomo desses conceitos porque quanto maior o peso morto da tributa o, maior o custo de qualquer programa do governo. Se a triesse peso morto e um forte argumenbuta o traz UM elevado peso morto, ent a'o to a favor de um governo que fga menos coisas e cobre menos impostos. Mas, se os impostos irnpõem um baixo peso morto, os programas governamentais so menos custosos do que poderiam ser. o? Os economistas divergem Enfim, qual o tamanho do peso morto da tribut muito sobre essa questio. Para entendermos a natureza dessa divergencia, vamos pensar na principal tributa o dos Estados Unidos — a tributa o sobre o trabalho. 0 imposto da Seguridade Social, o imposto do Medicare e, em grande medida, o imposto de renda federal são impostos sobre os rendimentos do trabalho. Muitos governos estaduais tambem tributam os ganhos do trabalho. Um imposto sobre o rendimento do trabalho introduz uma cunha entre o salkio que as empresas pagam e o salkio que os trabalhadores recebem. Se somarmos todas as formas de imposto sobre os rendimentos do trabalho, a taxa marginal sobre os rendimentos do trabalho — o imposto incidente sobre o Ultimo dOlar ganho — é de quase 50% para muitos trabalhadores. Embora o valor do imposto sobre o trabalho seja fácil de determinar, o mesmo n'a'o ocorre com a magnitude do peso morto desse imposto. Os economistas divergem sobre a magnitude do peso morto dos impostos sobre o trabalho. Essa divergencia surge porque os economistas tem opini es diferentes quanto à elasticidade da oferta de trabalho. Economistas que afirman-1 que os impostos sobre os rendimentos do trabalho acreditam que a oferta de trabalho seja bastante n'a"o causam grande distoN Eio Segundo eles, a maioria das pessoas trabalharia em tempo integral independentemente do salário. Neste caso, a curva de oferta de trabalho seria praticamente vertical e um imposto sobre os rendimentos do trabalho teria um pequeno peso morto. CAPITULO 8 APLICACAO: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO Os que afirmam que os impostos sobre os rendimentos do trabalho causam grande distorcao acreditam que a curva de oferta de trabalho seja mais elastica. Eles admitem que alguns grupos de trabalhadores podem ofertar seu trabalho inelasticamente, mas sustentam que muitos outros grupos sao mais sensiveis a incentivos. Eis alguns exemplos: • Muitos trabalhadores podem ajustar o rinmero de horas trabalhadas — fazendo hora extra por exemplo. Quanto major o salario, mais horas eles decidirdo trabalhar. • Algumas familias tern uma segunda fonte de renda — muitas vezes, mulheres casadas que tem filhos — corn certa liberdade para escolher entre o trabalho domestic° nao remunerado e o trabalho remunerado no mercado. Ao decidirem se aceitam urn emprego ou nao, essas pessoas que ganham a segunda renda comparam os beneficios de ficar em casa (incluindo quanto poupariam se nao precisassem pagar para que cuidassem de seus filhos) corn os salarios que p oderiam receber. • Muitas das pessoas mais velhas 1,-)odem decidir quando querem se aposentar e suas decisoes se baseiam, em parte, nos salarios. Uma vez que elas estejam aposentadas, os salarios determinam seu incentivo a trabalhar meio period°. • Algumas pessoas consideram a possibilidade de se engajar em atividades ilegais como o trafico de drogas ou de aceitar urn emprego que pague "por fora" para evitar os impostos. Os economistas chamam isso de economia subterranea. Ao decidirem se trabalham na economia subterranea ou numa atividade licita, esses criminosos em potencial comparam o ganho que podem ter a margem da lei corn o salario que podem receber legalmente. Em todos esses casos, a quantidade ofertada de mao-de-obra reage ao salario (o preco do trabalho). Assim, as decis5es desses trabalhadores sdo distorcidas quando os rendimentos de seu trabalho sao tributados. Os impostos sobre o trabalho incentivam os trabalhadores a trabalhar menos horas, as pessoas que obtem a segunda fonte de renda da familia a ficar em casa, os idosos a se aposentar cedo e os inescrupulosos a fazer parte da economia subterranea. Essas duas visoes da tributacao do trabalho persistem ate hoje. Corn efeito, ao ver dois candidatos politicos debatendo se o governo deve prestar mais servicos ou reduzir o Onus tributario, lembre-se de que parte das desavencas pode ser proveniente de diferentes opini5es sobre a elasticidade da oferta de trabalho e sobre o peso morto da tributacao. • Teste Rapid° A demanda por cerveja e mais elastica do que a demanda per leite. Qual dos impostos teria maior peso morto: urn imposto sobre a cerveja ou urn imposto sobre o leite? Por que? 0 PESO MORTO E A RECEITA FISCAL CONFORME OS IMPOSTOS VARIAM Os impostos raramente se mantem constantes por longos periodos. Os formuladores de polfticas dos governos locais, estaduais e federais estao sempre pensando em aumentar urn imposto ou diminuir outro. Aqui, veremos o que acontece corn o peso morto e corn a receita tributaria quando o montante do imposto muda. 167 168 PARTE 3 OFERTA E DEIVIANDA II: MERCADOS E BEIVI-ESTAR SAIBA MAIS SOBRE... HENRY GEORGE E 0 IMPOSTO TERRITORIAL Haverá um imposto ideal? Henry George, um economista e filOsofo social norte-americano do skulo XIX, acreditava que sim. Em seu livro Progresso e pobreza, de 1879, George argumentava que o governo deveria obter de um imposto sobre a terra a totalidade de sua receita. Esse "imposto imico" seria, em sua opiniao, tanto eqitativo quanto eficiente. As id6as de George Ihe valeram um grande nmero de seguidores politicos e em 1886 ele quase ganhou a eleicao para prefeito de Nova York (embora tenha ficado bem à frente do candidato republicano — e mais tarde presidente dos Estados Unidos — Theodore Roosevelt). A proposta de George de tributar a terra foi motivada, em grande medida, por uma preocupacao com a distribuick do bem-estar econ6mico. Ele deplorava o "chocante contraste entre a riqueza monstruosa e a necessidade humilhante" e achava que os proprietarios de terras se beneficiavam mais do que mereciam do rapido crescimento da economia como um todo. Os argumentos de George em favor do imposto territorial podem ser entendidos usando-se as ferramentas da economia moderna. Imagine primeiro a oferta e a demanda no mercado de arrendamento de terras. À medida que a imigracao faz a populack aumentar e os avancos tecnolOgicos fazem a renda crescer, a demanda por terras aumenta ao longo do tempo. Mas, como a quantidade de terra é fixa, a oferta é perfeitamente ca. Um rapido crescimento da demanda associado a uma oferta inelastica leva a um grande aumento no valor de equilibrio dos arren- damentos de terra, .de modo que o crescimento econ6mico torna ainda mais ricos os proprietarios de terras. Consideremos agora a inci&ncia de um imposto sobre a terra. Como vimos no Capitulo 6, o 6nus de um imposto recai mais pesadamente sobre o lado menos elastico do mercado. Um imposto sobre a terra leva esse principio ao extremo. Como a elasticidade da oferta é zero, os proprietarios arcam com todo o 6nus do imposto. Consideremos em seguida a questao da eficiência. Como acabamos de ver, o peso morto de um imposto depende das elasticidades da oferta e demanda. Novamente, um imposto sobre a terra um caso extremo. Como a oferta é perfeitamente inelastica, um imposto sobre a terra nao altera a alocacao do mercado. Nao ha peso morto e a receita tributaria do governo é exatamente igual perda dos proprietarios de terra. Embora a tributacao da terra possa parecer atraente na teoria, na pratica nao é tao simples quanto aparenta ser. Para nao distorcer os incentivos econ6micos, um imposto como esse deve ser cobrado sobre a terra no estado natural. Mas o valor da terra freqentemente resultado das benfeitorias, como a derrubada de arvores, a instalacao . de esgotos e a construcao de estradas. Diferentemente da oferta de terras no estado natural, a oferta de benfeitorias tem elasticidade maior que zero. Se o governo criasse um imposto sobre a terra incluindo benfeitorias, os incentivos seriam distorcidos. Os proprietarios reagiriam à tributacao dedicando menos recursos as benfeitorias em suas terras. Hoje, poucos economistas apOiam a proposta de George de um imposto único sobre a terra. Al&fl de a tributacao das benfeitorias ser um problema em potencial, o imposto nao levantaria recursos suficientes para o governo muito maior que temos hoje. Mas muitos dos argumentos de George ainda sao validos. Eis a avaliacao do eminente economista Milton Friedman um skulo depois do livro de George: "Em minha opini q o, o imposto 'menos ruim' é o que tributa a propriedade de terra n q o trabalhada, o argumento de George ha muitos e muitos anos." A Figura 6 mostra os efeitos de impostos pequeno, medio e g,rande, mantidas constantes as curvas de oferta e 'demanda de mercado. 0 peso morto — a reduc;^a'o do excedente total que resulta quando o imposto reduz o tamanho de um mercado abaixo do ideal — é ig,ual ò kea do triffilgulo entre as curvas de oferta e demanda. No caso do imposto pequeno do painel (a), a kea do triffi-igulo do peso morto bem pequena. Mas, com o aumento do imposto, como vemos nos paineis (b) e (c), o peso morto fica cada vez maior. Com efeito, o peso morto do imposto aumenta mais rapidamente que o valor desse imposto. Isso ocorre porque o peso morto e a Eirea de um triklgulo, a qual depende do quadrado de seu tamanho. Se dobrarmos o tamanho de um imposto, por exemplo, a base e a altura do triingulo correspondente dobraro, de modo que o peso morto aumentani em um fator de 4. Se triplicarmos o tamanho de um imposto, tanto a base quanto a altura triplicaro e, com isso, o peso morto aumentará em um fator de 9. CAPiTULO 8 APLICACAO: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO 169 FIGURA 6 Peso Morto e Receita Tributaria de Tres lmpostos de Diferentes Tamanhos 0 peso morto é a reducao do excedente total causada pelo impost°. A receita tributaria e o valor do imposto multiplicado pela quantidade vendido do bem. No painel (a), urn pequeno imposto tern urn peso morto pequeno e gera uma receita pequena. No painel (b), urn imposto algo major tern urn peso morto maior e arrecada uma receita maior. No painel (c), um imposto muito elevado tern urn peso morto elevado e reduz tanto o tamanho do mercado que a arrecadocao e pequena. (a) Impost° Pequeno Preco (b) Impost° Medi° (d) Impost° Grande Preco Peso morto Oferta Peso morto Oferta PC PC Receita Tributaria Pv Demanda 0 Q2 Q, Quantidade 0 Q2 Quantidade 0 Q2 A receita tributaria do govemo equivale ao valor do imposto multiplicado pela quantidade vendida do bem. Como vemos na Figura 6, a receita tributaria é igual area do retang,ulo entre as curvas de oferta e demanda. No caso do imposto pequeno do painel (a), a receita tributaria é baixa. Como do painel (a) para o (b) o imposto se eleva, a receita tributaria aumenta. Mas quando o tamanho do impost() aumenta alem disso, do painel (b) para o painel (c), a receita tributaria cai porque o impost() alto reduz drasticamente o mercado. No caso de urn impost() muito g,rande, nao seria gerada nenhuma receita porque as pessoas simplesmente parariam de comprar e vender o hem. A Figura 7 resume esses resultados. No painel (a), vemos que, corn o aumento do montante do imposto, o peso morto cresce rapidamente. Em comparacao, o painel (b) mostra que a principio a receita tributaria cresce corn o montante do imposto; depois, contudo, a medida que o impost() se torna major, o mercado encolhe tanto que a receita tributaria comeca a cair. Estudo de Casot A CURVA DE LAFFER E A ECONOMIA DO LADO DA °FERIA Urn dia, em 1974, o economista Arthur Laffer estava em urn restaurante de Washington corn diversos jomalistas e politicos de renome. Ele pegou urn guardanapo e desenhou nele uma figura para demonstrar como as aliquotas dos impostos afetam a receita tributaria. 0 desenho que fez era muito parecido corn o painel (b) da Figura 7. Laffer ent5o sugeriu que os Estados Unidos estavam do lado de inclinacao descendente dessa curva. As aliquotas tinham chegado a urn nivel tao alto, afirmava ele, que, se fossem reduzidas, a receita tributaria aumentaria. Quantidade 170 PARTE 3 OFERTA E DENIANDA II: NIERCADOS E BENI-ESTAR FIGURA 7 Como o Peso Morto e a Recelta Tributkia Variam em Funch do Nivel da Aliquota de um Imposto (RT) 0 painel (a) mostra que, à medida que a aliquota aumenta, o peso morto cresce. 0 painel (b) mostra que a receita tribut&ia a principio cresce, mas depois cai Esta relac&) é por vezes chamcdo de curva de Laffer. (a) Peso Morto (b) Receita (a curva de Laffer) A maioria dos economistas duvidava-dessa sugestao de Laffer. A ideia de que um corte de impostos pudesse aumentar a receita tributaria estava correta do ponto de vista da teoria econOmica, mas havia dUvidas quanto a se funcionaria na pratica. Havia poucos indícios de que, como afirmava Laffer, as aliquotas dos impostos nos Estados Unidos tivessem de fato atingido niveis tao extremos. Ainda assim, a curva de Laffer (como ficou conhecida) atraiu a ateNao de Ronald Reagan. David Stockman, diretor de oNamento do primeiro governo Reagan, conta a seguinte histOria: [Reagan] ja estivera ele mesmo na curva de Laffer. "Eu fiquei rico fazendo filmes durante a Seg,unda Guerra Mundial", dizia. Naquela epoca, a sobretaxa de guerra sobre a renda chegava a 90°/0. "Bastava fazer quatro filmes para ficar na quota mais alta", continuava. "Entao todos nOs paravamos de trabalhar depois do quarto filme e iamos para o interior."As aliquotas elevadas faziam com que as pessoas trabalhassem menos. Aliquotas mais baixas faziam com que as pessoas trabalhassem mais. Sua experithlcia pessoal provou isso. Quando Reagan foi candidato a presidente em 1980, os cortes nos impostos eram parte de sua plataforma. Reagan argumentava que os impostos estavam tao altos que chegavam a desencorajar o trabalho arduo e que a reduao das tas daria às pessoas o incentivo adequado para que trabalhassem, o que aumentaria o bem-estar econOmico e talvez ate a receita tributaria. Como a reduao nas aliquotas tinha por objetivo incentivar as pessoas e aumentar a quantidade ofertada de mao-de-obra, as opiniOes de Laffer e Reagan ficaram conhecidas como economia do lado da oferta. A histOria nao confirmou a conjectura de Laffer de que aliquotas menores de imposto aumentariam a receita tributaria. Quando Reagan, apOs se eleger, diminuiu os impostos, o resultado foi uma receita tributaria menor, e nao maior.A receita vinda do imposto de renda das pessoas fisicas (por pessoa, ajustada de acordo com a inflgao) caiu 9% entre 1980 e 1984, muito embora a renda media (por pessoa, ajustada de acordo com a inflgao) tivesse crescido 4% no mesmo periodo. Mas o corte nos impostos, juntamente com a indisposiao dos formuladores de CAPITULO 8 APL1CACAO: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO polfticas para restringir gastos, deu inicio a urn longo period° durante o qual o governo gastou mais do que arrecadou em impostos. Durante os dois mandatos de Reagan e por varios anos apos o final deles, o govemo teve grandes deficits °Kamentarios. Mas os arg-,umentos de Laffer nao eram totalmente desprovidos de merit°. Embora urn corte geral nas aliquotas normalmente reduza a receita, alguns contribuintes podem, por vezes, estar do lado errado da curva de Laffer. Na decada de 1980, a receita tributaria arrecadada dos norte-americanos mais ricos, que pagam as maiores aliquotas, efetivamente aumentou quando os impostos diminuiram. A ideia de que impostos reduzidos podem aumentar a receita tributaria pode estar correta se for aplicada aos contribuintes que pagam os impostos mais elevados. Alem disso, o argumento de Laffer pode ser mais plausivel quando aplicado a palses em que as aliquotas sao muito mais elevadas do que nos Estaclos Unidos. Na Suecia, no inicio dos anos 80, por exemplo, o trabalhador tipico enfrentava aliquotas marginais de aproximadamente 80%. Tais aliquotas representavam urn forte desincentivo ao trabalho. Estudos indicaram que a Suecia poderia ter aumentado sua receita tributaria se tivesse diminuido as aliquotas. Essas ideias surgem corn frequencia nos debates politicos. Quando Bill Clinton assumiu a presidencia dos Estados Unidos, em 1993, aumentou as aliquotas do imposto de renda federal dos contribuintes de alta renda para cerca de 40%. Alg-uns economistas criticaram a politica, dizendo que o plano nao proporcionaria tanta receita quanto previa o govern° Clinton. Eles afirmavam que o govern() '15o estava levando em consideracao a maneira como os impostos afetam o comportamento. Ao contrario disso, quando Bob Dole concorreu contra Clinton na eleicao de 1996, propos a reducao do imposto de renda das pessoas fisicas. Embora Dole rejeitasse a ideia de que os cortes no imposto se pagassem por si mesmos, afirmava que o corte de 28% seria recuperado porque aliquotas menores resultariam num rapid° crescimento economic°. Os economistas discutiam se a projecao de 28% de Dole era razoavel, excessivamente otimista ou (como Laffer poderia sugerir) excessivamente pessimista. Os formuladores de politicas discordam quanto a essas quest5es, em parte porque discordam quanto a magnitude das elasticidades relevantes. ticas forem a oferta e a demanda em algum mercado, mais os impostos sobre esse merca o distorcerao o comportame,Q94_mais provavel sera queu'r-i---t corteri; impostos. aumente—a receita tn u aria, ao se iscu e, en re an f o, • a Ka° gera1 - -o valor a ma's ou a menos arrecadado por um governo por causa de uma mudanca dos impostos rid° pode ser calculado levando-se apenas as aliquotas em consideraga-0: tu&,.depeQdetabe.Q.k.3.-.omcLa rnudananos vimposto,s.a.tpt.koa _.z9witam entcz___da5,_gess cos,. • Rapido Se o governo dobrar o imposto sobre a gasolina, e possivel ter certeza de que a receita tributaria aumentara? E e possivel ter certeza de que o peso morto do imposto sobre a gasolina aumentara? Teste Explique. CONCLUSA0 Os impostos, como disse Oliver Wendell Holmes, sao o preco que pagamos por viver em uma sociedade civilizada. Na verdade, nossa sociedade nao pocie existir sem impostos de algum tipo. Todos esperamos que o governo prop orcione determinados servicos, como estradas, parques, policiamento e defesa nacional. Esses servicos püblicos exigem receita tributaria. 171 172 PARTE 3 ÏÏ OFERTA E DEIVIANDA II: MERCADOS E BEIVI-ESTAR Este capitulo mostrou qu'ao elevado pode ser o preo da sociedade civilizada. Um dos Dez Principios de Econornia discutidos no Capitulo 1 é que os mercados costumam ser uma boa forma de organizar a atividade econOmica. Quando o governo cobra impostos dos compradores e vendedores de um bem, contudo, a sociedade perde parte dos beneficios da eficie'ncia de mercado. Os impostos s-ao dispendiosos para os participantes do mercado n ao só porque transferem recursos deles para o governo, mas tambem porque alteram os incentivos e distorcem os resultados do mercado. RESUMO • Um imposto sobre um bem reduz o bem-estar dos seus compradores e vendedores e a redu'a.- o dos excedentes do consumidor e do produtor costuma ser maior que a receita arrecadada pelo govemo. A queda do excedente total — a soma do excedente do consumidor, do excedente do produtor e da receita tributaria — é chamada de peso morto do imposto. • Os impostos impem um peso morto porque fazem com que os compradores consumam menos e os vendedores produzam menos e essa mudaNa de comportamento reduz o mercado, colocando-o um nivel abaixo daquele que rnaximiza o excedente total. Como as elasticidades da oferta e demanda medem o quanto os participantes do mercado respondem as condic;"c)es deste, altas elasticidades implicam maior peso morto. • Com o crescimento das aliquotas, os incentivos se tornam cada vez mais distorcidos e o peso morto, cada vez maior. A receita tributaria primeiro aumenta com o tamanho da aliquota. A partir de um determinado momento, contudo, um aun-lento das aliquotas passa a reduzir a receita tributkia porque reduz o tamanho do mercado. CONCEITO-CHAVE peso morto, p. 163 QUESTES PARA REVIS-A0 1. 0 que acontece com os excedentes do consumidor e do produtor quando a venda de um bem é tributada? Como a mudana dos excedentes do consumidor e do produtor se relaciona com a receita tributaria? Explique. 2. Trace um diagrama de oferta e demanda com um imposto sobre a venda do bem. Indique o peso morto. Indique a receita tributaria. 3. Como as elasticidades de oferta e demanda afetam o peso morto de um imposto? Por que elas tem tcodimi v'A‘".,4:4-s'ov esse efeito ? Por que os especialistas divergem quanto a se os 4. imi.->ostos sobre o trabalho imp^6em um peso morto gr, ande ou pequeno? 5. 0 que acontece com a perda de peso morto e a receita tributaria quando um imposto aumenta? f. -%-kk) '1)1VAL9 cu.vmuNke.( 44C )rf)0J'Ir g4.‘t Ot PROBLEMAS E APLICA OES 1. 0 mercado de pizza e caracterizado por uma curva de demanda de inclinação descendente e uma curva de oferta de inclinação ascendente. a. Trace o grafico do equilibrio para esse mercado competitivo. Indique o pre9 p, a quantidade, o Lk i6 e9 ak,‘ 1114:41.1fr ,t1 irn f,z-A4:14 , excedente do consumidor e o excedente do produtor. Existe algum peso morto? Explique. b. Suponha que o governo obrigue cada pizzaria a pagar um imposto de $ 1 por pizza vendida. Ilustre o efeito desse imposto sobre o mercado CAPITULO 8 APLICAcii0: OS CUSTOS DA TRIBUTACAO de pizza, lembrando-se de indicar o excedente do consumidor, o excedente do proclutor, a receita do govemo e o peso morto do impost°. Como cada Area se compara corn as areas da situacao anterior ao imposto? c. Se o impost() fosse removido, os comedores e os vendedores de pizza ficariam em melhor situa(do, mas o govemo perderia receita tributaria. Suponha que os consumidores e produtores transfiram voluntariamente parte dos sous ganhos para o governo.Todas as partes (inclusive o governo) podem ficar em melhor situacao que quando havia imposto? Explique usando as areas que indicou no seu grAfico. 2. Avalie as duas afirmativas a seguir. Voce concorda corn elas? For que? a."Se o governo tributar a terra, os ricos proprietarios de terra repassardo o impost° a seus pobres arrendatArios." b."Se o governo tributar os predios de apartamentos, os ricos proprietarios repassarao o imposto aos seus pobres inquilinos." 3. Avalie as duas afirmativas a seguir. Voce concorda corn elas? For que? a."Um impost° que nao imponha urn peso morto nao pode arrecadar receita tributaria para o governo." b."Um impost() que nao arrecada receita tributaria para o governo nao pode originar urn peso morto." 4. Considere o mercado de elAsticos. a. Se este mercado tiver oferta muito elAstica e demanda muito inelAstica, como o Onus de urn impost° sobre os elasticos se dividiria entre consumidores e produtores? Use em sua resposta os instrumentos dos excedentes do consumidor e do produtor. b. Se este mercado tiver oferta muito inelastica e demanda muito elastica, como o Onus de urn imposto sobre os elasticos se dividiria entre consumidores e produtores? Compare sua resposta corn a que deu ao item (a). 5. Suponha que o governo crie urn impost() sobre aquecedores a Oleo. a. 0 peso morto a que esse impost() deu origem seria provavelmente maior no primeiro ou no quinto ano apOs sua criacao? Explique. b. A receita arrecadada corn esse imi,-)osto seria provavelmente maior no primeiro ou no quint° ano apOs sua criacao? Explique. 173 6. Urn dia, depois da aula de economia, urn amigo seu sugere que tributar a comida seria uma boa maneira de gerar receita porque a demanda é muito inelastica. Em que sentido tributar os aumentos é um "born" jeito de arrecadar receita? E em que sentido nao é um"bom"jeito de arrecadar receita? 7. 0 senador Daniel Patrick Moynihan uma vez apresentou urn projeto de lei que instituiria urn impost° de 10 mil por cento sobre urn certo tipo de bala para armas de fogo. a.Voce acha que esse imposto pode gerar uma grande receita? For que? b. Ainda que o imposto no gerasse nenhuma receita, qual poderia ser o motivo para que o senador Moynihan o propusesse? 8. 0 govern° cria urn impost° sobre a compra meias. a. Ilustre o efeito desse imposto sobre o preco e a quanticiade de equilibrio no mercado de meias. Identifique as seguintes areas antes e depois da criac5o do imposto: gasto total dos consumidores, receita total dos produtores e receita tributaria do govern°. b. 0 preco recebido pelos produtores atimenta ou diminui? E possivel saber se a receita total dos produtores aumenta ou diminui? Explique. c. 0 preco pago pelos consumidores aumenta ou diminui? E possivel saber se o gasto total dos consumidores aumenta ou diminui? Explique cuidadosamente. (Dica: pense na elasticidade.) Se o gasto total dos consumidores diminui, o excedente do consumidor aumenta? Explique. 9. Suponha que o governo hoje arrecade $ 100 milhoes por meio de urn impost° de $ 0,01 sobre uma peca qualquer e outros $ 100 milhoes por meio de urn imposto de $ 0,10 sobre urn pequeno aparelho eletrOnico. Se o governo dobrasse o imposto sobre as pecas e eliminasse o que incide sobre os aparelhos, arrecadaria mais dinheiro, menos dinheiro ou a mesma quantia de dinheiro que arrecada hoje? Explique. 10. A maioria dos estados norte-americanos tributa a compra de carros novos. Suponha que o estado de New Jersey exija que os revendedores de carro pag-uem $ 100 por carro vendido e pretenda aumentar esse impost° para $ 150 por carro no ano que vem. a. Ilustre gaficamente os efeitos desse aumento sobre a quantidade vendida de carros em New 174 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR Jersey, sobre o preo pago pelos consumidores e sobre o pre9D recebido pelos produtores. b. Crie uma tabela que demonstre os niveis do excedente do consumidor, do excedente do produtor, da receita do governo e do excedente total antes e depois do aumento do imposto. c. Qual a varig do da receita governamental? Ela positiva ou negativa? do peso morto? Ela e positiva d. Qual a varig do ou negativa? e. Dê uma raz'a"o pela qual a demanda por carros em New Jersey possa ser bastante eldstica. Isso torna rnais ou menos pro ydvel o imposto adicional aumentar a receita do governo? Como os estados podem tentar diminuir a elasticidade da demanda? 11. Hd vdrios anos, o governo brit'dnico criou um "imposto"que exig,ia que cada pessoa pagasse uma quantia fixa ao governo, independentemente de sua renda ou riqueza. Qual o efeito desse imposto sobre a eficiencia econOmica? Qual o efeito sobre a eqidade econ6mica? Voce acha que o imposto era popular? 12. Este capitulo analisou, em termos de bem-estar, os efeitos da aplicgdo de um imposto sobre um bem. Considere agora un-la politica oposta, supondo que o governo subsidie um bem: para cada unidade vendida do bem, o governo paga $ 2 ao cornprador. Como o subsidio afeta o excedente do consumidor, o excedente do produtor, a receita tributkia e o excedente total? 0 subsidio dá origen-t a um peso morto? Explique. 13. (Este problema requer um pouco de dlgebra e e desafiador.) Suponha que um mercado seja descrito pelas seguintes equa es de oferta e demanda: 2p Qo Q D = 300 — P a. Calcule o preo de equilibrio e a quantidade de equilibrio. b. Suponha que um imposto T seja cobrado dos de compradores, de modo que a nova equg do demanda seja Q° = 300 — + T) Calcule o novo equilibrio. 0 que acontece com o preo recebido pelos vendedores, com o preo pago pelos compradores e com a quantidade vendida? c. A receita tributdria é T x Q. Use sua resposta ao item (b) para calcular a receita tributkia como fun o de T. Trace um grdfico desta relgdo para T entre 0 e 300. d. 0 peso morto de um imposto e a drea do tridngulo entre as curvas de oferta e demanda. Lembrando que a drea de um tridngulo e 1/2 x base x de T. altura, calcule o peso morto como fun do Trace um grMico dessa relg. o para T entre 0 e 300. (Dica: olhando de lado, a base do tridngulo do peso morto eTea altura é a difereNa entre a quantidade vendida com o imposto e a quantidade vendida sem o imposto.) e. 0 governo agora laNa um imposto de $ 200 por unidade. Essa é uma boa politica? Por que? Voce poderia propor uma politica melhor? APLICACAO: COMERCIO INTERNACIONAL 5ObPe °F t:4'TP1 Se voce der uma olhada nas etiquetas das roupas que esti vestindo, provavelmente vera que algumas delas foram fabricadas em outro pais. Ha urn seculo, a industria de texteis e vestuario representava grande parte da economia forteamericana, porem isso ja nao acontece mais. Frente a concorrentes estrangeiros que conseguiam produzir bens de qualidade a urn custo baixo, as empresas norteamericanas enfrentaram dificuldades cada vez maiores para produzir e vender texteis e vestuario corn lucro. Como resultado, demitiram empregados e fecharam suas fabricas. Hoje, grande parte dos texteis e das roupas que os norte-americanos consomem é importada. A historia da inchistria textil levanta diversas questoes importantes de polftica economica: como o comercio internacional afeta o bem-estar economico? Quern ganha e quern perde corn o livre comercio entre Raises e como os ganhos se cornparam corn as perdas? 0 Capftulo 3 introduziu o estudo do comercio internacional aplicando o principio da vantagem comparativa. De acordo corn esse principio, todos os paises podem se beneficiar do comercio uns corn os outros, porque o comercio permite que cada pais se especialize naquilo que faz melhor. Mas a anAlise do Capftulo 3 nao estava completa. Ela nao explicou como o mercado internacional consegue obter esses ganhos de comercio e como os ganhos sao distribuidos entre os diversos agentes economicos. DelvV\ 1) rPtO E) A . 176 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR Vamos agora retomar o estudo do comrcio intemacional e abordar essas quesU5es. Nos últimos capitulos, desenvolvemos diversas ferramentas para analisar o funcionamento dos mercados: oferta, demanda, equilibrio, excedente do consumidor, excedente do produtor e assim por diante. Com essas fen-amentas, podemos aprender mais sobre os efeitos do comercio intemacional sobre o bem-estar econ3mico. OS DETERMINANTES DO COM C10 Vamos considerar o mercado de ac;o, o qual e muito útil para examinar os ganhos e perdas do comercio intemacional. 0 go e fabricado em diversos paises e há um grande comercio desse bem no mundo todo. Alem disso, o mercado de aço é um daqueles em que os forn-iuladores de politicas freqilentemente pensam em implementar (e por vezes implementam) restri95es ao comercio para proteger os produtores de aço domesticos dos concorrentes estrangeiros. Examinaremos aqui o mercado de aço de um pais imaginrio chamado 0 Equilibrio sem Com&cio Quando comea a nossa hist6ria, o mercado de aço da Isolândia está isolado do resto do mundo. Por decreto govemarnental, ninguen-i no pais pode importar e exportar ac;o e a penalidade por infringir o decreto é tão grancle que ning-uem esti disposto a correr esse risco. Como n'a"o 1-1.E1 comercio intemacional, o mercado de acs'o do pais consiste apenas em compradores e vendedores isolandeses. Como mostra a Fig,ura 1, o prec;o interno se ajusta para equilibrar a quantidade ofertada pelos vendedores intemos e a quantidade demandada pelos compradores internos. A fig-ura mostra os excedentes do consumidor e do produtor no equilibrib e sem comercio internacional. A soma FIGURA 1 0 Equilibrio sem Comercio Internacional pode negociar nos mercados intemacionais, o preco se ajusta para equilibrar o Quando uma economia n do oferta e a demanda intemas. Esta figura mostra os excedentes do consumidor e do produtor en-] equih'brio sem com&cio intemacional de aco no pais imaginOrio da Isokindia. Pre9z, do A93 Oferta interna Pre9D de equilibrio Demanda interna 0 Quantidade de equilibrio Quantidade de A90 CAPiTULO 9 APLICA00: COMERCIO INTERNACIONAL dos excedentes do consumidor e do produtor mede o beneficio total que os cornpradores e vendedores recebem no mercado de aco. Suponhamos agora que nas eleicoes a Isolandia eleja uma nova presidente. A campanha da presidente baseou-se em uma plataforma de "mudancas" e ela prometeu aos eleitores idelas novas e corajosas. 0 primeiro ato da nova presidente reunir uma equipe de economistas para avaliar a politica comercial isolandesa. Ela lhes pede que respondam a tres perguntas: • Se o govemo permitisse que os isolandeses importassem e exportassem aco, o que aconteceria corn o preco e corn a quantidade vendida de aco no mercado interno? • Quern ganharia e quern perderia corn o livre comercio de aco? Os ganhos superariam as i)erdas? • As tarifas (urn impost() sobre as importacoes) ou uma cota de importacao (urn limite sobre importacoes) deveria fazer parte da nova politica comercial? Apos rever a oferta e a demanda em seu livro precilleto (que é este aqui, claro), a equipe econ'amica do novo govern° comeca sua analise. Preco Mundial e Vantagem Comparativa A primeira questa() que nossos economistas abordam é se a Isolandia tern possibilidade de se tornar importadora ou exportadora de ago. Em outras palavras, se o livre comercio fosse permitido, os isolandeses acabariam comprando ou vendendo aco nos mercados internacionais? Para responder a essa perpr,unta, os economistas comparam o preco atual do ago na Isolandia corn o preco do aco em outros paises. Chan-iamos o preco que prevalece nos mercados mundiais de preco mundial. Se o preco mundial do ago fosse mais alto do que o preco interno, entao a Isolandia se tornaria exportadora de aco quando o comercio fosse permitido. Os produtores isolandeses ficariam avidos por receber os precos mais elevados praticados no exterior e comecariam a vender seu aco para compradores de outros paises. Por outro lado, se o preco mundial fosse menor do que o preco intern°, entao a Isolandia se tornaria importadora de aco. Como os vendedores externos ofereceriam urn prey) melhor, os consumidores de ago isolandeses logo comecariam a comprar o produto de outros paises. Em essencia, comparar o preco mundial corn o preco interno antes do comercio indica se a Isolandia tera vantagem comparativa na producao de ago. 0 preco interno reflete o custo de oportunidade do aco: diz de quanto urn isolandes precisa abrir mao para obter uma unidade de ago. Se o preco interno é baixo, o custo da producao de ago na Isolandia tambem é baixo, sugerindo que esse pais tern vantagem comparativa na producao de ago em relacao ao resto do mundo. Se o preco interno é mais alto, entao o custo de producao na Isolandia tambern é alto, sugerindo que os paises estrangeiros tern vantagem comparativa na producao de aco. Como vimos no Capitulo 3, o comercio entre paises se baseia, em nitima analise, na vantagem comparativa. Isto é, o cornercio é benefico porque permite que cada pais se especialize em produzir aquilo que faz melhor. Comparando o preco mundial corn o preco interno antes do comercio, podemos determinar se a Isolandia é melhor ou pior do que o resto do mundo no que se refere a producao de aco. Teste Rapid° Urn determinado pais, Autarka, nao preco mundial o preco de urn bem que prevalece no mercado mundial desse bem permite o comercio internacional. Em Autarka voce pode comprar urn terno por 3 oncas de ouro. Enquanto isso, nos paises vizinhos, voce pode comprar o mesmo terno por 2 oncas de ouro. Se Autarka passasse a permitir o lyre comercio, sena importad& ou exportador de ternos? -4\cfA, fy), fuoilif3) tc.) LudraAlp, ilx4(.9m4t. i>kivr1 .41%, (412.(# 177 178 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR OS GANHADORES E PERDEDORES NO COIVIbK10 INTERNACIONAL Para analisarem os efeitos do livre comercio sobre o bem-estar, os economistas da Isolandia comeam com a hipOtese de que o pais é uma pequena economia se comterao efeito insignificante sobre parado ao resto do mundo, de modo que suas g Oes os mercados mundiais. A hipOtese da economia pequena tem uma implicgao especifica para se analisar o mercado de se a economia da Isolandia for pequena, a mudana de sua politica comercial nao afetara o preo mundial do aQ p . Diz-se que os isolandeses sao tomadores de preps na economia mundial, ou seja, adotam o pre90 mundial do aço como dado. Eles podem vender aço a esse pre90 e ser exportadores ou comprar a esse pre9a e ser importadores. A hipOtese da economia pequena nao é necessaria para analisar os ganhos e perdas decorrentes do comercio intemacional. Mas os economistas da Isolandia sabem, por sua prOpria experiencia, que essa hipOtese facilita muito a analise. E sabem tambem que as lições basicas nao mudam no caso mais complicado de uma grande economia. Ganhos e Perdas de um Pais Exportador A Figura 2 mostra o mercado de a9D isolandes quando o pre93 de equilibrio antes do comercio e inferior ao preo mundial. Uma vez permitido o livre comercio, o pre9D interno sobe ate se igualar ao mundial. Nenhum vendedor de aço aceitaria menos do que o preo mundial e nenhum comprador pagaria mais do que o preo mundial. Com o pre90 interno ig,ual ao pre90 mundial, a quantidade ofertada intemamente difere da quantidade demandada internamente. A curva de oferta mostra a quantidade de aço ofertada pelos vendedores isolandeses e a curva de demanda mostra FIGURA 2 Comercio Internacional em um Pais Exportador Uma vez permitido o comercio, o preco intemo sobe ate se igualar ao preco mundial. A curva de oferta mostra quantidade de aco produzida intemamente e a curva de demanda mostra a quantidade consumida intemamente. As exportacaes da Isolandio sao iguais à diferenca entre a quantidode ofertada intemamente e o quantidade demandada internamente ao preco mundial. Pre9D do Av) Oferta interna Preo apOs o com&cio Pre9P antes do com&cio Prey) mundial Exporta0es Quantidade demandada internamente Demanda interna Quantidade ofertada internamente Quantidade de A93 CAPITULO 9 APLICACAO: COMERCIO INTERNACIONAL a quantidade de aco demandada pelos compradores isolandeses. Como a quantidade ofertada intemamente é major do que a quantidade demandada intemamente, a Isolandia vende aco para outros paises. Corn isso, torna-se exportadora de aco. Embora a quantidade ofertada internamente e a quantidade demandada internamente sejam diferentes, o mercado de ago continua em equilibrio porque agora ha urn novo participante no mercado: o resto do mundo. A linha horizontal do preco mundial pode ser vista como sendo a demanda do resto do mundo por ago. Essa curva de demanda é perfeitamente elastica porque a Isolandia, sendo urn pais pequeno, pode vender quanto aco quiser ao preco mundial. Vamos considerar agora os ganhos e perdas da abertura comercial. Claramente, nem todos sao beneficiados. 0 comercio forca o prey) interno para cima ate que atinja o nivel do preco mundial. Os produtores nacionais de ago ficam em melhor situacao porque agora podem vender ago a urn preco mais elevado, mas os consumidores internos de aco agora estao em pior situacdo, porque tern que comprar aco a um preco major. Para medir esses ganhos e perdas, vejamos as mudancas nos excedentes do consumidor e do produtor, apresentados no grafico e na tabela da Figura 3. Antes de ser permitido o comercio, o preco do aco se ajusta para equilibrar a oferta e a demanda internas. 0 excedente do consumidor, a area entre a curva de demanda e o preco anterior ao comercio, é a area A + B. 0 excedente do produtor, a area entre crAky,, Como o Livre Comercio Afeta o Bem-Estar em um Pais Exportador Quando o preco intemo sobe paw igualor-se co prep mundial, os vendedores ficom em situacao melhor (o excedente do produtor aumenta de C paw B + C + D) e os comprodores Ram em pior situacoo (o excedente do consumidor cal de A + B pora A). 0 excedente total aumenta num montante igual O area D, id/condo que o comercio aumento o bem-estor economico do pais como um todo. Antes do Comercio Depois do Comercio Variacao A area D mostra o aumento do excedente total e representa os ganhos de comercio. Pres° do Aco Preco apos o comercio Exportacoes Oferta interna Preco mundial Preco antes do comercio Demanda interna Quantidade de Aco 179 180 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR a curva de oferta e o preo anterior ao comercio, é a kea C. 0 excedente total anterior ao comercio — a soma dos excedentes do consumidor e do produtor — e a kea A + B + C. Depois que se permite o comercio, o preo interno sobe ate o nivel do preo mundial. 0 excedente do consumidor passa a ser a kea A (a kea entre a curva de demanda e o preo mundial). 0 excedente do produtor e a kea B + C + D (a kea entre a curva de oferta e o preo mundial). Com isso, o excedente total com comercio é a kea A + B + C + D. Esses dilculos de bem-estar mostram quem ganha e quem perde com o comercio em um pais exportador. Os vencleclores se beneficiam porque o excedente do produtor aumenta em B + D. Os compradores ficam em pior situgo porque o excedente do consumidor diminui na medida da kea B. Como os ganhos dos vendedores superam as perdas dos compradores em D, o excedente total da aumenta. Essa análise de um pais exportador leva a duas conclus-6es: • Quando um pais permite o comercio e se toma exportador de um bem, os produtores intemos do bem em questk, ficam em melhor situa o e os consumidores internos ficam em pior situa o. • 0 comcrcio aumenta o bem-estar econ8mico de uma nao na medida em que os ganhos dos beneficiados superam as perdas dos prejudicados. Ganhos e Perdas de um Pais Importador Suponhamos agora que o preo interno antes do comercio esteja acima do preo mundial. Novamente, depois da libera o do comercio, o preo interno deve se ig,ualar ao mundial. Como mostra a Figura 4, a quantidade ofertada internamente Comercio Internacional em um Pais Importador Umo vez liberado o com&cio, o preco intemo coi oté se igualar ao preco mundial. A curva de oferta mostra a quantidade de oco produzida internomente e a curva de demonda mostra a quantidade consumida intemamente. As importaces s'ao iguois a diferenca entre a quantidade demandada internamente e a quantidade ofertada internamente ao preco mundial. Pre90 do A9D Oferta interna Pre90 antes do com&cio Pre9D mundial Preo apOs o com&cio I mporta-Oes 0 Demanda interna Quantidade Quantidade ofertada demandada internamente internamente Quantidade de A9D CAPITULO 9 APLICACAO: COMERCIO INTERNACIONAL é menor que a demandada. A diferenca entre a quantidade demandada e a quantidade ofertada internamente é comprada de outros paises e a IsolAndia se torna um pais importador de ac.o. Neste caso, a linha horizontal do preco mundial representa a oferta do resto do mundo. Essa curva de oferta é perfeitamente elastica porque a Isoliinclia é uma economia pequena e, assim sendo, pode comprar quanto ago quiser ao preco mundial. Vejamos agora os ganhos e perdas decorrentes da liberacao do comercio. Novamente, nem todos se beneficiam. Quando o comercio forca os precos para baixo, os consumidores internos ficam em melhor situacao (eles podem agora comprar ago a urn preco mais baixo) e os produtores intemos ficam em pior situacao (eles agora tern que vender ago a urn preco menor). As mudancas nos excedentes do consumidor e do produtor medem os ganhos e as perdas, como vemos na tabela e no grafico da Figura 5. Antes do comercio, o excedente do consumidor é a area A, o excedente do produtor é a area B+Ceo excedente total é a area A + B + C. Depois da abertura comercial, o excedente do consumidor passa a ser a area A + B + D, o excedente do produtor passa a ser a area C e o excedente total passa a ser a area A + B + C + D. Estes calculos de bem-estar mostram quern ganha e quern perde corn o cornercio em urn pais importador. Os compradores se beneficiam, porque aumenta o FIGURA 5 Como o Livre Comercio Afeta o Bem-Estar em um Pais lmportador Quondo o prep intern° cal e se iguala ao preco mundial, as comprodores ficam em melhor situacdo (o excedente do consumidor aumenta de A para A + B + D e as vendedores ficom em pior situacao (o excedente do produtor coi de B + C pato C). 0 excedente total aumenta num valor igual a drea D, indicando que o comercio aumenta o bem-estor economic° do pais coma um todo. Excedente do Consumidor Excedente do Produtor Excedente Total Antes do Comercio A B+C A+B+C Depois do Comercio A+B+D C A+B+C+D Variacao +(B + D) -B +D i( A area D mostra o aumento do excedente total e representa as ganhos de comercio. Preco do Aco Oferta interna Preco antes do comercio Preco apos o comercio ImportacOes Preco mundial Demanda interna Quantidade de Aco 181 182 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR excedente do consumidor o equivalente à area B + D. Os vendedores se veem em pior situga- o porque o excedente do produtor cai o equivalente à area B. Os ganhos dos compradores superam as perdas dos vendedores e o aumento do excedente total é dado pela area D. Essa analise de um pais importador leva a duas concluses paralelas kluelas sobre um pais exportador: • Quando um pais permite o comercio e se torna importador de um bem, os consumidores internos desse bem ficam em melhor situg ao e os produtores interprejudicados. nos desse bem s ao • 0 comercio aumenta o bem-estar econmico de uma ngao na medida em que os ganhos dos que se beneficiam do comercio superam as perdas daqueles que s'ao prejudicados por ele. Tendo concluido nossa analise do comercio, podemos entender melhor um dos Dez Principios de Economia do Capitulo 1: o comercio pode melhorar a situgao de todos. Se a Isolandia abrir seu mercado de a93 para o comercio internacional, essa mudaNa vai criar vencedores e perdedores, independentemente de o pais vir a ser importador ou exportador de aço. Mas seja qual for o caso, os ganhos dos que se beneficiam do comercio superam as perdas dos que sao prejudicados, de modo que os que sa- o beneficiados podem compensar as perdas dos prejudicados e ainda assim ficar em melhor situgao do que antes. Neste sentido, o comercio realmente pode deixar todos em situgao melhor. Mas sera que a situaao de todos inelhorapara os perdedores no comerra? Provavelmente na- o. Na pratica, a compensa ao cio intemacional e rara. Na ausencia de compensa o, a abertura ao comercio internacional e uma politica que aumenta o tamanho do bolo econ mico, embora talvez deixe alguns dos participantes da economia com uma fatia menor. Agora podemos entender por que o debate sobre a politica comercial e fao controvertido. Sempre que uma politica cria ganhadores e perdedores, ha a possibilidade de uma batalha politica. Os paises por vezes deixam de gozar dos beneficios do comercio simplesmente porque os perdedores tern mais fora politica do que os ganhadores. E os perdedores fazem lobby por restri es comerciais, como tarifas e cotas de importg-ao. .\_. Os Efeitos de uma Tarifa y . ry tarifa imposto sobre bens produzidos no exterior e vendidos internamente y'D,JLazA Em seguida, os economistas isolandeses passam a analisar os efeitos de uma tarifa — um imposto sobre bens importados. Os economistas rapidamente perceben-i que uma tarifa sobre o aço nao tera nenhum efeito se a Isolandia se tomar uma exportadora de Se ninguem na Isolandia estiver interessado em importar aço, uma tarifa sobre as importa95es desse bem sera irrelevante. A tarifa somente tera importancia se a Isolandia se tomar uma importadora de aço. Concentrando sua ateNao neste caso, os economistas comparam o bem-estar com e sem a tarifa. 0 grafico da Figura 6 mostra o mercado isolandes de aço. Havendo livre comercio, o pre9D interno iguala-se ao pre9D mundial. Uma tarifa eleva o preo do .aso importado para alem do prev) mundial no valor da tarifa. Os fornecedores internos de aço, que competem com os fornecedores de ao importado, agora podem vender seu produto pelo pre93 mundial mais o valor da tarifa. Assim, o prec;o do aço — tanto do importado quanto do produzido internamente — aumenta o equivalente à tarifa e se aproxima, portanto, do preo que vigoraria na ausencia de comercio. A mudaNa do prey) afeta o comportamento dos compradores e vendedores internos. Como a tarifa eleva o preo do aço, reduz a quantidade demandada internamente de (2 D 1 para Q D 2 e eleva a quantidade ofertada internamente de Q", para Q° 2 . Assim, a tarifa reduz a quantidade de importa es e desloca o mercado interno para um ponto mais prciximo de seu equilibrio sem corn&cio. CAPITULO 9 APLICACAO: CONIERCIO INTERNACIONAL FIGURA 6 Os Efeitos de uma Tarifa Uma tarifa reduz a quantidade de importocaes e desloca o mercado para urn ponto mais prOximo do equilibrio que existiria no ausencia de comercio internacional. 0 excedente total cal o equivalente a area D + F Estes dois triangulos representam o peso morto do tarifa. Excedente do Consumidor Excedente do Produtor Receita do Govern° Antes da Tarifa Depois da Tarifa Mudanca A+B+C+D +1E + F A+B C+G -(C+D+E+F) +C +E A+B+C+E+G -(D + F) Nenhuma A+B+C+D+E+F+G Excedente Total .."2" A area D + F mostra a queda do excedente total e representa o peso morto causado pela tarifa. Preco do Aco Oferta interna A Equilibrio sem comercio Preco corn tarifa Preco sem tarifa tift:Y LkSL.".. Preco mundial Importacao sem tarifa Consideremos agora os ganhos e perdas resultantes da tarifa. Como ela aumenta o preco interno, os vendedores internos ficam em melhor situagdo e os compradores internos, em pior. Alem disso, o governo obtem receita. Para medirmos esses ganhos e perdas, analisemos as mudancas no excedente do consumidor, no excedente do produtor e na receita do governo. Essas mudangas encontram-se resumidas na tabela da Figura 6. Antes da tarifa, o prego interno é igual ao prego mundial. 0 excedente do consumidor, a area entre a curva de demanda e o preco mundial, é a area A + B + C + D + E + F. 0 excedente do produtor, a area entre a curva de oferta e o prego mundial, é a area G. A receita do govemo é igual a zero. 0 excedente total - a soma do excedente do consumidor, do excedente do produtor e da receita do govemo é a area A + B + C + D + E + F + G. 183 184 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR Uma vez q.ue o govemo imp 6e a tarifa, o pre9;) interno supera o preço mundial no montante da tarifa. Agora, o excedente do consumidor passa a ser a Eirea A + B e o excedente do produtor, a área C + G. A receita do governo, que e a quantidade importada apOs a tarifa multiplicada pelo montante da tarifa, e a área E. Assim, o excedente total com a tarifa e a área A+B+C+E+ G. Para de.terminarmos o efeito total da tarifa sobre o bem-estar, somamos a variao do excedente do consumillor (que e negativa), a varialo do excedente do produtor (positiva) e a varia o da receita do govemo (positiva). Concluimos que o excedente total no mercado diminui o equivalente à área D + F. Essa diminuição no excedente total é chamada de 1.7eso morto da tarifa. Uma tarifa causa um peso morto simplesmente porque é um tipo de imposto. Como a maioria dos impostos, ela distorce os incentivos e afasta a alocação de recursos escassos do Otimo. Neste caso, podemos identificar dois efeitos. Primeiro, a tarifa sobre o aço eleva o preo do aço que os produtores internos podem cobrar para un-1 preQ0 que fica acima do preo mundial e, com isso, os incentiva a aumentar a produ o de ao (de Q", para Q",). Seg,undo, a tarifa eleva o preo que os ( NOTIklAS A VIDA NA ISOLTINDIA Nossa histOria sobre a IndstrIa do aco e sobre o debate quanto a poiltica comercial em Isolandia é apenas umo pardbola. Ou sela que nao? Bush Institui Tarifas de at 30% sobre as Importa0es de Por Dovid E. Sanger 0 presidente Bush tomou hoje uma das medidas federais mais amplas em duas dkadas para proteger uma importante indistria norte-americana, impondo tarifas de até 30% sobre a maioria dos tipos de aco importados da Europa, Asia e Am&ica do Sul. As tarifas ficark em vigor por tr' s anos, disse ele, para permitir que os produtores norte-americanos consolidem suas operac6es e reduzam a dispensa temporAria de trabalhadores. A ack do presidente provavelmente faiA aumentar rapidamente o preco do aco em até 10%, um custo com que os consumidores norte-americanos arcark sob a forma de precos mais altos de carros, eletrodomticos e moradia. Os Estados Unidos importam cerca de um quarto do aco que consomem... Minutos depois do anncio da Casa Branca, os aliados europeus dos Estados Unidos e o Japk afirmaram que iriam contestar a medida perante a Organizack Mundial do Com&cio, o que permite antever uma grande briga comercial com muitos dos parses que o presidente tentando manter unidos na luta contra o terrorismo. 0 presidente Bush é sabidamente favorvel ao livre com&cio e muitos membros de sua equipe econ6mica — inclusive Lawrence Lindsey, que preside o Conselho Econ6mico Nacional, e Glen Hubbard, presidente do conselho de assessores econ6micos — preveniram quanto aos riscos que a medida traz tanto para sua fama de defensor do livre com&cio quanto para a economia em geral. algum tempo, o representante comercial da presid&icia, Robert B. Zoellick, comparou o aumento de tarifas com o aumento de impostos e, embora hoje os portavozes da Casa Branca tenham evitado comparac6es como esta, admitiram que o resultado seria um custo maior para os consumidores. Fonte: The New York Times, 6 mar. 2002, p. B2. Copyright 2002 by The New York Times Co. Reimpresso com permissk. CAPETULO 9 APLICACAO: COMERCIO INTERNACIONAL 185 compradores internos de ago tern de pagar e, portant°, os incentiva a reduzir o consumo de ago (de Q", para 0). A area D representa o peso morto causado pela superproducao de ago e a area F representa o peso morto causada pelo subconsumo. 0 peso morto total causacio pela tarifa é a soma desses dois trikgulos. Os Efeitos de uma Cota de Importacao 0 proximo passo na analise dos economistas isolandeses consiste em considerar os efeitos de uma cota de importacao — urn limite sobre a quantidade de importacOes. Mais especificamente, imagine que o governo da Isolandia distribua urn (, niimero limitado de licencas de importacao. Cada licenca cla ao seu detentor o direito de importar uma tonelada de ago. Os economistas isolandeses querem comparar o bem-estar sob uma politica de livre comercio corn o bem-estar apos a instituicao desta cota de importacao. 0 g,rafico e a tabela da Figura 7 mostram como uma cota de importacao afeta o mercado de ago da Isolandia. Como a cota de importacao impede que os isolandeses comprem do exterior a quantidade de ago que desejam, a oferta de ago deixa ser perfeitamente elastica ao preco mundial. Uma vez que o preco do ago na Isolandia seja superior ao preco mundial, os detentores das licencas de importacao importarao o quanto lhes for permitido e a oferta total de aco na Isolandia passara a ser igual a oferta intema mais a quantidade determinada pelas cotas. Ou seja, a curva de oferta acima do 'Drew mundial se desloca para a direita na exata quantidade permitida pelas cotas (a curia de oferta abaixo do preco mundial nao se desloca, porque, neste caso, a importacao nao é lucrativa para os detentores da licenca). 0 preco na Isolandia se ajusta para equilibrar a oferta (de aco produzido internamente mais o aco importado) e a demanda. Como mostra a figura, a cota faz corn que o preco do ago fique acima do preco mundial. A quantidade demandada internamente cai de Q1), para Q e a quantidade ofertada internamente sobe de (2c)1 para Nao é de surpreender, portant°, que a cota de importacao reduza as importagoes de ago. Vamos considerar agora os ganhos e perdas decorrentes da cota. Como a cota eleva 0 preco intern° para urn preco acima do preco mundial, os vendedores internos ficam em melhor situacao enquanto os compradores intemos ficam em pior situacao. Alem disso, os detentores das licencas tambem se beneficiam porque lucram comprando ago ao preco mundial e vendendo ao Few intern°, mais elevado. Para medirmos esses ganhos e perclas, voltamo-nos para o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente dos detentores de licencas. Antes da imposicao da cota pelo govemo, o preco intern° é igual ao preco munclial. 0 excedente do consumidor, a area entre a cuiva de demanda e o preco mundial, eA+B+C+D+ E' + E" + F. 0 excedente do produtor, a area entre a curva de oferta e o preco mundial, é a area G. 0 excedente dos detentores de licencas de importacao é igual a zero porque nao ha licencas. 0 excedente total, a soma dos excedentes do consumidor, do produtor e dos detentores de licenca, é a area A+B+C+D+E'+E"+F+G. Depois que o govern° impOe a cota de importacao e emite as licencas, o preco intern° excede o preco mundial. Os consumiclores intemos tem excedente igual a area A + B e os produtores internos tern excedente igual a area C + G. 0 lucro dos detentores de licencas em cada unidade importada é igual a diferenca entre o preco do ago na Isolandia e o preco mundial. Seu excedente é ig-ual a diferenca de precos multiplicada pela quantidade importada. Assirn, é igual a area do retangulo E'+ E". 0 excedente total corn a cota é a area A + B + C + E'+ E"+ G. Para vermos como o bem-estar total muda apos a imposicao da cota, somamos a mudanca no excedente do consumidor (que é negativa), a mudanca no exceden- cota de importacao urn limite sabre a quantidade de urn bem que pode ser produzido no exterior e vendido internamente 186 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR FIGURA 7 Os Efeitos de uma Cota de Importa0o As cotas de importo0o, como os tarifas, reduzem a quantidade de importa0es e deslocam o mercado para mais perto do equilibrio que existiria no ause'ncia de com&do intemacional. 0 excedente total cai em um montante igual b drea D • + E Esses dois triOngulos representom o peso morto causado pela cota. A16m disso, a cota de importac do transfere E' + E" para quem detrr, as licencas de importa0o. Antes da Cota Excedente do Consumidor A+B+C+D+ E' + E" + F Excedente do Produtor Excedente dos Detentores de licencas Nenhum Excedente Total Depois da Cota Mudanca A+B C+G -(C + D + E' + E" + F) +C Ei + E" +(E' + E") A+B+C+D+E+E"+F+G A+B+C+E'-i-E"+G -(D+F) A kea D + F mostra a queda de excedente total e representa o peso morto causado pela cota. Pre90 do Ag) Oferta interna Oferta interna Equilibrio sem comercio Oferta importada Cota Pre90 da Isore•ndia com cota Preo sem cota Prey) mundial Equilibrio com cota Importa o com cota Importaco sem cota Demanda interna Prev) mundial Quantidade de Pn o te do produtor (positiva) e a mudaNa no excedente dos detentores de licerwas (positiva). Concluimos que há uma diminuição no excedente total de mercado dada pela ffi. ea D + F. Essa área representa o peso morto da cota de importa o. Esta aná1ise pode parecer familiar. Com efeito, se compararmos a anffiise das cotas de importa o da Figura 7 com a análise das tarifas da Figura 6, veremos que elas so essencialmente id'enticas. Tanto as tarifas quanto as cotas de importafflo elevam o prcw interno do bem, reduzem o bem-estar dos consumidores internos, aumentam o bemestar dos produtores internos e drzo origem a um peso morto. Existe somente uma diferena entre esses dois tipos de restri o ao com&cio: a tarifa aumenta a receita do governo (área E na Figura 6), enquanto as cotas de importa o criam um excedente para os detentores de liceNa (área E'+ E"na Figura 7). Tarifas e cotas de importa o podem ser ainda mais parecidas. Suponhamos que o governo deseje ficar com o excedente dos detentores de licenças, cobrando uma CAPITULO 9 APLICA00: COMERCIO INTERNACIONAL taxa para a concessao destas. Uma licenca para vender uma tonelada de ago tern exatamente o valor da diferenca entre o preco do ago na Isolandia e o preco mundial e o governo pode fixar a taxa de licenca em urn valor tao alto quanto esse diferencial de preco. Se o governo fizer isso, a taxa cobrada pela licenca de importacao funcionara exatamente como uma tarifa: excedente do consumidor, excedente do produtor e receita do governo sao exatamente ig-uais corn as duas politicas. Na pratica, contudo, os paises que restringem o comercio por meio de cotas raramente o fazem vendendo licencas de importacao. Por exemplo, em algumas ocasioes o governo norte-americano pressiona o Japao a limitar "voluntariamente" a venda de carros japoneses nos Estados Unidos. Neste caso, o governo japones aloca as licencas de importacao a empresas japonesas e o excedente dessas licengas (E' + E") vai para estas empresas. Do ponto de vista do bem-estar americano, esse tipo de cota de importacao é pior do que a imposicao de uma tarifa pelos Estados Unidos sobre os carros importados. Tanto a tarifa quanto a cota de imp ortacao aumentam os precos, restringem o comercio e geram peso morto, mas, pelo menos, a tarifa gera receita para o governo norte-americano e nao para as montadoras de automoveis japonesas. Embora ate este ponto de nossa analise as cotas e as tarifas parecam impor pesos mortos semelhantes, uma cota pode potencialmente ter urn peso morto major, dependendo do mecanismo usado para alocar as licencas de importacao. Suponhamos que, quando a Isolandia imp-6e a sua cota, todos entendam que as licencas irao para aqueles que gastam mais recursos fazendo lobby junto ao governo. Neste caso, ha uma taxa de licenciamento implicita — o custo do lobby. Contudo as receitas dessa taxa, em vez de serem arrecadadas pelo governo, sao gastas corn despesas dos lobbistas. 0 peso morto desse tipo de cota inclui nao apenas as perdas por superproducao (area D) e subconsumo (area F), mas tambem qualquer parte do excedente dos detentores de licenca (area E' + E") que seja desperdicada corn os custos do lobby. Licoes para a Politica Comercial A equipe econernica da Isolandia pode agora escrever seu relatorio para a presidente: Senhora presidente, A senhora nos fez tres perguntas sobre a abertura comercial. Depois de muito trabalho, temos as respostas. Pergunta: Se o governo permitisse que os isolandeses importassem e exportassem ago, o que aconteceria corn o preco e a quantidade vendida desse produto no mercado interno? Resposta: Uma vez permitido o comercio, o preco intemo do produto se igualaria ao preco mundial. Se o preco mundial fosse major do que o preco na Isolandia, nosso preco aumentaria. 0 preco major reduziria a quantidade de ago que os isolandeses consomem e aumentaria a quantidade de ago que eles produzem. A Isolandia se tornaria, assim, exportadora de ago. Isso se daria porque, neste caso, o pais teria uma vantagem comparativa na producao de ago. Se, ao contrario, o preco mundial estivesse agora mais baixo do que o preco na Isolandia, nosso preco cairia. 0 menor preco aumentaria a quantidade de aco que o pais consome e reduziria a quantidade de ago que o pais produz. Nessas condicoes, a Isolandia se tornaria urn pais importador de ago. Isso aconteceria porque, neste caso, os demais 'Daises teriam uma vantagem comparativa na producao de ago. 187 188 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR Pergunta: Quem ganharia e quem perderia com o livre comercio de go? Os ganhos seriam maiores do que as perdas? Resposta: A resposta depende do que vai acontecer com o pre93 quando o comercio for liberado: se vai subir ou cair. Se o prey) subir, os produtores de saitho ganhando e os consumidores, perdendo. Se o preo cair, os consumido. res sair &) ganhando e os produtores, perdendo. Tanto num caso quanto no . outro, os ganhos ser k, maiores do que as perdas. Com isso, o livre come'rcio aumentar o bem-estar total dos isolandeses. Pergunta: 0 que deverá fazer parte da nova politica comercial do pais: uma tarifa ou uma cota de importa o? Resposta: Uma tarifa, como a maioria dos impostos, cria um peso morto: a receita obtida seria menor do que as perdas dos compradores e dos vendedores. Neste caso, o peso morto ocorreria porque a tarifa deslocaria a economia para um ponto mais prOximo do atual equilibrio sen-i comercio. Uma cota de importa o funciona quase como uma tarifa e causaria um peso morto semelhante. A melhor politica, do ponto de vista da eficiencia econOmica, seria permitir o livre comercio sem nenhuma tarifa ou cota de importa o. Esperamos que estas respostas lhe sejam Uteis para a tomada de decisR) sobre a nova politica. Atenciosamente, Equipe econmica isolandesa Teste Rápido Represente graficamente as curvas de oferta e demanda de ternos de lã em Autarka. Quando o com&cio é liberado, o preco cai de 3 para 2 oncas de ouro. Em seu diagrama, qual a mudanca nos excedentes do consumidor e do produtor? Qual a mudanca no excedente total? Como uma tarifa sobre as importaces de ternos mudaria esses resultados? OS ARGUMENTOS EM FAVOR DA RESTRIO0 AO COMC10 A carta da equipe econ6mica convence a nova presidente da Isolândia a considerar a abertura do mercado de aço. Ela percebe que o preQp intemo está agora mais elevado do que o pre9() mundial. 0 livre comercio, portanto, poderia causar uma queda no pre90 interno do aço e prejudicaria os produtores de aço nacionais. Antes de in-iplernentar a nova politica, ela pede aos produtores de a.Qp de seu pais que comentem o conselho dado pelos economistas. de surpreender, portanto, que os 1.->rodutores de a93 se oponham ao livre comercio desse produto. Eles acreditam que o governo deveria proteger a indUstria nacional de aço da concorrencia estrangeira.Vamos Ni-er alg,uns dos argumentos que eles poderiam dar para sustentar sua posição e como a equipe econ(5mica replicaria. 0 Argumento dos Empregos Os opositores do livre comercio muitas vezes argumentam que o comercio com outros paises destrOi empregos internan-iente. Em nosso exemplo, o livre comercio de ac;.o faria cair o pre90 do aço, reduzindo a quantidade procluzida desse produto na Isolândia e, assim, reduzindo tambem o nivel de emprego na inchistria de ao do pais. Alguns trabalhadores isolandeses ficariam desempregados. Mas o livre comercio cria empregos ao mesmo tempo que os clestric5i. Quando os isolandeses compram aço de outros paises, estes paises obtem recursos para comprar outros bens da Isolândia. Os trabalhadores isolandeses se deslocariam da indlistria do aço para indústrias em que o pais tivesse vantagem comparativa. CAPiTULO 9 APLICAcAO: COMERCIO INTERNACIONAL duzidos em grandes quantidades — um fertmeno chamado de economics de esccia. Uma empresa de urn pais pequeno no podera tirar vantagem total das economias de escala se vender apenas em seu pequeno mercado interno. 0 llyre comercio cla as empresas acesso aos mercados mundiais e !hes permite realizar mais plenamente as economias de escala. SAIBA MAIS SOBRE... OUTROS BENEFiCIOS DO COMERCIO INTERNACIONAL Ate aqui, nossas conclusoes se basearam em uma analise-padrao do comercio internacional. Como vimos, ha quem ganhe e quem perca quando um pais se abre para o comercio, mas os ganhos dos que se beneficiam superam as perdas dos que se prejudicam corn o comercio. Ainda assim ha como reforcar o argumento em prol do llyre comercio. Existem varios outros beneficios econornicos do comercio alem daqueles indicados em nossa analise. Aqui estao, de forma resumida, alguns deles: Major variedade de bens: Os bens produzidos em outros !Daises nao so exatamente iguais. A cerveja alema, por exemplo, diferente da cerveja norte-arnericana. 0 llyre comercio oferece aos consumidores de todos os Raises uma major variedade de bens a partir da qual eles fazem sua escolha. Menores custos por meio de economias de escala: alguns bens somente podem ser produzidos a urn baixo custo se forem pro- • Major competicao: Uma empresa protegida da competicao estrangeira tern maiores possibilidades de ter poder de mercado, o que por sua vez dá capacidade de aumentar precos para niveis acima dos praticados em urn mercado competitivo. Este é urn tipo de falha de mercado. Abrir o mercado é urn incentivo a competicao e dá a mao invisivel maiores possibilidades de fazer sua magica. Major fluxo de ideias: Muitas vezes se considera que a transferencia de avancos tecnologicos por todo o mundo esteja ligada ao comercio internacional por meio dos bens que incorporam esses avancos. Por exemplo, o melhor jeito para urn pais agricola pobre aprender sobre computadores é compra-los do exterior, em vez de tentar produzi-los internamente. Assim, o llyre comercio aumenta a variedade de bens disponivel para os consumidores, permite que as empresas tirem vantagem das economias de escala, torna os mercados mais competitivos e facilita a disseminacao da tecnologia. Se os economistas isolandeses considerassem esses efeitos importantes, o conselho que deram a presidente poderia ter ainda mais forca. Embora a transicao possa impor sofrimento para alguns trabalhadores no curt° prazo, permitiria que a Isolandia como urn todo desfrutasse de urn padrao de vida mais elevado. Os opositores do comercio muitas vezes se mostram ceticos quanto a criacao de empregos por meio do comercio. Eles podem arg,umentar que tudo pode ser produzido a urn valor mais baixo no exterior. Corn o livre comercio, eles poderiam argumentar, os isolandeses nao poderiam ser empregados lucrativamente em nenhuma industria. Entretanto, como explica o Capitulo 3, os ganhos de comercio se baseiam na vantagem comparativa, nao na vantagem absoluta. Mesmo que urn pais seja melhor do que outro na producao de tudo, ainda assim os dois sairao ganhando se comerciarem entre si. Os trabalhadores em cada pais finalmente encontrarao emprego na indListria em que seu pais tiver vantagem comparativa. 0 Argumento da Seguranca Nacional Quando uma industria é ameacada pela competicao de outros 'Daises, os opositores ao livre comercio frequentemente argumentam que a industria é vital para a seguranca nacional. Em nosso exemplo, os produtores de ago isolandeses poderiam argumentar que o ago é usado para fabricar armas e tanques. 0 livre comercio tornaria a Isolandia dependente de outros paises estrangeiros quanto ao fornecimento de aco. Se inesperadamente eclodisse uma guerra, a Isolandia poderia estar Incapacitada de produzir aco e armas em quanticiacie suficiente para se defender. 0 Mundo de Berry "Voce gosta do protecionismo como itrabalhadori. E no pope! de consumidor?" 190 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR Os economistas reconhecem que proteger indiistrias-chave pode ser apropriado quando ha preocupaes legitimas com a seguraNa nacional, mas temem que esse argumento seja usado de forma exagerada por produtores avidos por obter lucro a custa dos consumidores. A indlistria relojoeira dos Estados Unidos, por exemplo, argumentou por longo tempo ser vital para a seguraNa nacional, afirmando que seus trabalhadores especializados seriam necessarios em tempos de g,uerra. Certamente tentador para certas indstrias exagerar seu papel na defesa nacional com a finalidade de obter proteao contra a concorrncia estrangeira. 0 Argumento da lndstria Nascente Novas indstrias as vezes defendem restri Oes temporarias ao comercio para ajuda-las a se estabelecer. ApOs o periodo de proteao, arg,umentam elas, amadurecerao e estarao capacitadas a concorrer com os competidores estrangeiros. Da mesma forma, indtistrias mais antigas por vezes afirmam que precisam de proteao temporaria para se adequar as novas condi es. Por exemplo, o presidente da General Motors, Roger Smith, certa vez pediu proteao temporaria "para dar aos fabricantes de carros dos Estados Unidos tempo para colocar a indstria nacional em pe novamente". . Os economistas freqiientemente sao ceticos em relgao a tais reivindicg Oes. A principal razao para isso é que o argumento da indlistria nascente é dificil de ser implementado na pratica. Para ter sucesso na aplicaao da proteao, o governo precisaria decidir quais inclUstrias viriam a se tomar lucrativas no futuro e decidir tambem se, para os consumidores, os beneficios do estabelecimento de tais indUstrias deveriam exceder os custos da proteao. Entretanto, é muito dificil "escolher vencedores". E isso é mais dificil ainda devido ao processo politico que freqiientemente oferece proteao as indUstrias que sao politicamente poderosas. E, uma vez que uma indstria poderosa é protegida da concorrth-icia estrangeira, é muito dificil remover essa politica "temporaria". Alem disso, muitos econon-iistas sao ceticos em relayio ao argumento cla indstria nascente ate em principio. Suponhamos, por exemplo, que a indtistria de aço da Isolandia seja nova e incapaz de competir lucrativamente contra seus rivais estrangeiros. Contudo, ha uma razao para acreditar que a indstria possa ser rentavel a longo prazo. Neste caso, os proprietarios das empresas deveriam estar dispostos a arcar com prejuizos temporarios para atingir lucros no futuro. Para que uma indtistria cresa, nao ha necessidade de protecao. As empresas de muitos setores — como as diversas empresas que hoje operam na Intemet — sofrem perdas temporarias na esperanyi de crescer e se ton-lar lucrativas no futuro. E muitas delas sao bem-sucedidas, mesmo sem proteao contra a concorr&icia estrangeira. 0 Argumento da CompetiOo Desleal Um arg-umento comum é o de que o livre comercio só e desejavel se todos os paises jogaren-i seg,undo as mesmas reg-ras. Se as en-ipresas de diferentes paises estao sujeitas a leis e regulamentos diferentes, seria injusto (a arg-umentgao sustenta) esperar que as empresas concorram no mercado internacional. Suponhamos, por exen-iplo, que o governo da Vizinholandia subsidie sua indUstria de aço com gr, andes iserw Oes fiscais. A indilstria de aço isolandesa poderia argumentar que deveria ser protegida dessa cornpetição porque aVizinholandia nao concorre de forma leal. Sera que a Isolandia seria, realmente, prejudicada se comprasse aço de outro pais a um pre93. subsidiado? Os produtores de aço da Isolandia certamente seriam prejudicados, mas os consumidores de aço se beneficiariam do menor pre9o. Alem disso, a situgao nao n-iudaria tanto em relgao ao livre comercio: os ganhos para CAPiTULO 9 APLICACAO: COMERCIO INTERNACIONAL NOTICIAS POLITICA COMERCIAL NA INDIA A India é um dos poises mais pobres do mundo. Urn dos motivos para isso é a politico 0 Frango Mostra como Dificil Exportar Alimentos para a India Por cello W Dugger Nova Deli — Os norte-americanos adoram peito de frango corn os mais variados ternperos, enquanto os indianos preferem coxas a tandoori, que podem ser facilmente comidas corn uma das maos, e urn curly de frango enriquecido corn o tutano do osso da coxa. Para a Perdue Farms, o terceiro maior produtor de frango dos Estados Unidos, essa diferenca de gostos culinarios parece uma oportunidade maravilhosa. Ao mesmo tempo em que vende a carne branca para os norte-americanos a urn preco elevado, poderia mandar para a India a carne escura, mais barata e desprezada nos Estados Unidos. Assim, enquanto a India se preparava para acabar corn a longa proibicao a importack de frango, resultado de uma negociacao corn os Estados Unidos, a Perdue come- comercial do govemo. cou a desenvolver uma estrategia para vender coxas nesse novo mercado potencialmente gigantesco, no qual ha cerca de 150 milhOes de consumidores de classe media. , Mas nao é a toa que a India é conhecida como uma das economias mais protecionistas do mundo. Ainda ha uma profunda ambivalencia em relacao ao investimento e ao comercio internacionais e a India adotou uma postura extremamente cautelosa em relacao a globalizacao. Na Ultima decada, deixou entrar cada vez mais produtos importados e reduziu as barreiras ao comercio, baixando a tarifa media de 128% para 40%. Ainda assirn, as tarifas indianas estao entre as mais altas do mundo. E, claro, assim que a indiistria nacional de ayes percebeu a ameaca representada pela carne escura barata vinda de fora, seus lobistas comecaram a protestar. 0 governo logo concordou corn urn aumento da tarifa sobre as coxas de 35% para 100%... Muitos indianos, dos nacionalistas hindus linha-dura aos socialistas nehruvianos, Os frangos norte-americanos sao uma ameaca para a prosperidade indiana? acreditam que o pais precisa proteger seus pequenos produtores, mesmo que seja a custa de precos maiores e produtos de qualidade mais baixa para os consumidores. Fonte: The New York Times, 14 jun. 2000, pp. Cl, C6. Copyright CO 2000 by The New York Times Co. Reimpresso corn permissao. os consumidores quo comprariam a precos mais baixos ainda superariam as perdas dos produtores. 0 subsiclio da Vizinholandia a sua industria de ago pode nao ser uma boa politica, mas quern arca corn o custo sao os contribuintes da Vizinholandia. A Isolandia pode se beneficiar da oportunidade de comprar ago a urn preco subsidiado. 0 Argument° da Protecao como Instrumento de Barganha Outro arg,umento favorEivel as restricaes ao comercio tern a ver corn a estrategia de barganha. Muitos formuladores de politicas afirmam apoiar o livre comercio, mas, ao mesmo tempo, dizem que as restricoes podem ser titeis em negociacoes corn parceiros comerciais. Seg,unc-lo eles, a ameaca de uma restricao comercial pode ajudar a remover outra restricao que j tenha sido imposta por urn govern() estrangeiro. Por exemplo, a Isolandia poderia ameacar impor uma tarifa a importacao de ago se a Vizinholandia nao eliminasse a tarifa clue impoe ao trigo. Se aVizinholand ia respondesse corn a eliminacao da tarifa, o resultado poderia ser urn comercio mais livre. 191 192 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR ( NOTkIAS GLOBALIZA(40 0 movimento em direcao ao livre comercio - por vezes chamado de globalizacao nem sempre estao bem informodos. CoraOes e Crebros Por Poul Krugman Há um velho ditado na Europa que diz que quem não é socialista antes dos 30 anos nk tem corack e quem ainda é socialista depois dos 30 nk tem c&ebro. Com as devidas adaptac6es, isso se aplica perfeitamente ao movimento contra a globalizack — que chegou às manchetes pela primeira vez em Seattle, em 1999, e tem feito o rnximo para perturbar a Reunik de Cpula das Americas que se realiza na cidade de Quebec neste fim de semana. 0 fato é que os resultados da globaliza-• ck nem sempre s a o bonitos de ver. Se voce - tem olguns fortes opositores, mas, como mostra este artigo, eles comprar um produto fabricado em algum pais do Terceiro Mundo, ele telA sido produzido por trabalhadores que ganham pouquissimo pelos padr6es norte-americanos e que provavelmente trabalham em condic6es horriveis. Qualquer pessoa que não se incomode com isso, pelo menos de vez em quanclo, n", .0 tem corack. Mas isso n , o significa que os manifestantes estejam certos. Pelo contr o, qualquer pessoa que ache que a soluck para a pobreza no mundo está em protestar contra o com&cio internacional nk tem cerebro — ou tem e prefere não usar. 0 movimento antiglobalizack já tem um respeithvel hist6- rico de prejudicar justamente as pessoas e causas que diz defender... Será que há algo pior do que admitir que criancas trabalhem em linhas de produck com psimas condic6es de vida? Infelizmente, há. Em 1993, descobriu-se que eram criancas os oper os de Bangladesh que produziam roupas para a Wal-Mart e o senador Tom Harkin propOs uma lei que proibia as importac6es de paises em que houvesse trabalho infantil. 0 resultado direto foi que as %bricas de texteis de Bangladesh pararam de empregar criancas. Mas será que elas voltaram para a escola? Ou para lares estruturados? Nk, segundo a organizack Oxfam, não funcionar. 0 problema dessa estrateg,ia de barganha e que a ameaa pode Pode cumprir a E, se isso acontecer, o pais teth que que fazer uma escolha dificil. pr6prio bemseu reduziria ameac;a e implementar a restrição ao comercio, o que de prestig,io estar econ3mico, ou pode voltar atrs na ameaa, o que causaria 1_-)erda nte desejar em assuntos internacionais. Frente a essas escolhas, o pais provavelme nunca ter feito a ameaa. Estudo de Caso DO COM ACORDOS COMERCIAIS E A ORGANIZA00 MUNDIAL C10 chegar ao livre Um pais pode adotar uma entre duas abordagens possiveis para remover as restri 5es comercio. Ele pode adotar uma abordagem unilateral e a no Cni-Bretanh pela adotada abordagem a comerciais por conta prepria. Foi essa ente, um pais seculo XIX e pelo Chile e Coreia do Sul liá alg,uns anos. Alternativam ao comercio enpode adotar uma abordagem multilateral, reduzindo restrições pode negociar com quanto outros paises fazem o mesmo. Em outras palavras, ele em todo o seus parceiros comerciais para tentar reduzir as restrições comerciais mundo. CAPiTULO 9 APLICA00: CONIERCIO INTERNACIONAL que descobriu que as criancas trabalhadoras foram parar em empregos ainda piores ou nas ruas — e que uma parcela significativa delas foi forcada a se prostituir. 0 que acontece é que os Raises do Terceiro Mundo nao sao pobres porque seus trabalhadores ganham mal, mas o contrario. Como os 'Daises sao pobres, algo que para os norte-americanos parece um emprego ruim corn salario ruim quase sempre é melhor do que as outras alternativas: milhOes de mexicanos migram para o norte do Mexico por causa dos empregos exportadores de baixo salario que deixam indignados os opositores do Nafta. E esses empregos nao existiriam se os salarios fossem melhores: os mesmos fatores que fazem dos Raises pobres o que sao — baixa produtividade, falta de infra-estrutura, desorganizacao social geral — significam que eles sO podem competir nos mercados internacionais se pagarem salarios muito mais baixos do que os dos Raises ricos. E claro que os opositores da globalizacao jã ouviram esse argumento e tern suas respostas. Numa conferencia realizada na semana passada, ouvi elegias a superioridade do estilo de vida rural tradicional em relacao a vida urbana moderna — uma afirmativa que nao apenas vai contra o fato obvio de que muitos camponeses vao em busca de empregos urbanos assim que p0dem, como tambern (me parece) contern urn desagradavel elemento de discriminacao cultural, especialmente tendo em vista a esmagadora preponderancia de rostos brancos entre os manifestantes (voce gostaria de viver em urn vilarejo pre-industrial?). Tambem ouvi afirmativas de que a pobreza do Terceiro Mundo e culpa das multinacionais — o que e mentira pura e simples, mas tambern e uma crenca conveniente para quem faz questao de ver a globalizacao como manifestacao pura do mal. A resposta mais sofisticada e que o movimento nao queria interromper as exportacbes — queria apenas melhores condicoes de trabalho e salarios. Mas essa proposta nao pode ser levada a seri°. Os Raises do Terceiro Mundo precisam desesperadamente de suas industrias exportadoras — nao podem recuar para urn 193 bucolismo imaginario. Eles sO podem ter inclUstrias exportadoras se 'hes for permitido vender bens produzidos sob condicoes que as habitantes de parses ricos consideram terriveis e por trabalhadores que recebem salados muito baixos. E esse é urn fato que as ativistas contrarios a globalizacao recusam-se a aceitar. Entao, quern e o malvado da historia? Os ativistas estao conseguindo gerar as imagens que querem a partir de Quebec: os lideres sentados em predios fortificados, corn milhares de policiais protegendo-os das massas enraivecidas do lado de fora. Mas as imagens podem enganar. Muitas das pessoas do lado de dentro das cercas de arame farpado querem sinceramente ajudar os pobres do mundo. E o pessoal do lado de fora, qualquer que seja sua intencao, esta fazendo o que pode para deixar os pobres mais pobres ainda. Fonte: The New York Times, 22 abr. 2001, OP-ED WK/p. 17. Copyright CO 2001 by The New York Times Co. Reimpresso corn permisso. Urn exemplo importante da abordagem multilateral é o Acordo de Livre Comercio da America do Norte, o Nafta, que reduziu, em 1993, as barreiras cornerciais entre os Estados Unidos, o Mexico e o Canada. Outro é o Acordo Geral sobre Tarifas e Comercio, o Gatt, uma serie de negociacoes continuas entre muitos poises que pretende promover o livre comercio. Os Estados Unidos ajudaram a fundar o Gatt depois da Segunda Guerra Mundial, em resposta as elevadas tarifas adotadas durante a Grande Depressao da &Rada de 1930. Muitos economistas acreditam que as tarifas elevadas contribuiram para as dificuldades economicas daquele period°. 0 Gatt foi bem-sucedido na reducao da tarifa media entre os paises membros de cerca de 40% apos a Seg,unda Guerra para aproximadamente 5% nos dias de hoje. As reg,ras estabelecidas pelo Gatt sao hoje aplicadas por uma instituicao internacional chamada de Organizacao Mundial do Comercio (OMC). A OMC foi fundada em 1995 e tern sede em Genebra, na SuIça. Em janeiro de 2002, 144 paises, responsaveis por 97% do comercio internacional do planeta, haviam aderido organizacao. A funcao da OMC é administrar acordos comerciais, proporcionar urn forum para negociacOes e lidar corn as disputas quo possam surgir entre os paises membros. Quais sao os pros e contras da abordagem multilateral ao livre comercio? Uma vantagem é que essa abordagem pode resultar em comercio mais livre do que a unilateral porque é capaz de reduzir as restricoes comerciais tanto no exterior quanto 194 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR no pr(5prio pais. Mas, quando as negocig6- es intemacionais falham, o resultado pode ser um comercio ainda mais restrito do que o da abordagem unilateral. Alem disso, as abordagens multilaterais podem apresentar uma vantagem politica. Na maioria dos mercados, os produtores sao menos numerosos que os consumidores, porem mais organizados — e exercem maior influencia politica. Reduzir a tarifa sobre o aço na Isolandia, por exemplo, pode ser politicamente dificil se nao houver ajuda. Os produtores de aço se oporiam ao livre comercio e os usukios de a90 que scriam beneficiados s'ao tao numerosos que organizar seu apoio seria diffcil. Mas suponhamos que aVizinhokindia prometa reduzir a tarifa sobre o trigo ao mesmo tempo em que a Isolandia reduz sua tarifa sobre o a90. Neste caso, os propoliticamente poderosos, apoiariam dutores de trigo isolandeses, que tambem s ao o acordo. Com isso, a abordagem multilateral ao livre comercio pode algumas vezes e ganhar apoio politico quando uma abordagem unilateral na o o consegue. • Teste hpido A indUstria t til de Autarka ap6ia a proibick da importack de ternos. Descreva cinco argumentos que seus lobbistas poderiam usar. Dê uma resposta para cada um desses argumentos. comclusAc Os economistas e o pb1ico em geral muitas vezes divergem sobre o livre comercio. Em maio de 2000, por exemplo, o Congresso norte-americano debatia se deveria ou ita- o conceder à China"Rela es Comerciais Normais Permanentes", o que manteria baixas as barreiras entre os dois paises. 0 púhlico se dividiu sobre a questao. Numa pesquisa realizada pelo Wall Street Journal, 48% concordaram com a afirmativa de que "o comercio intemacional é ruim para a economia dos Estados Unidos porque as importac;"15es baratas prejudicam os salkios e custam empregos". Apenas 34% concordaram que "o comercio intemacional é bom para a economia dos Estados Unidos, resultando em crescimento econ6mico e empregos para os trabalhadores norte-americanos". Em compargao, a maioria esmagadora dos economistas e favonlvel à proposta. Eles veem o livre comercio como uma maneira de alocar a produao eficientemente e de elevar os padres de vida em ambos os paises. Afinal, o Congesso concordou com os economistas e o projeto de lei foi aprovado pela Qmara dos Deputados por 237 votos contra 197. Os economistas enxergam os Estados Unidos como um experimento continuo que confirma as virtudes do livre comercio. Ao longo de sua histOria, o pais permitiu livre comercio entre os seus estados e se beneficiou como um todo da especializgao que o comercio permite. A Fl6rida planta laranjas, o Texas produz petr6leo, a Calif6rnia faz vinho e assim por diante. Os norte-americanos nao teriam o alto 1.-)adro de vida de que desfrutam hoje se as pessoas só consumissem os bens e serViC;OS produzidos em seus prprios estados. Da mesma forma, o mundo tambem pocleria se beneficiar do livre comercio entre os paises. Para entendermos melhor a vis'ao que os economistas tem do comercio, vamos continuar com nossa pan'ibola. Suponhamos que a Isolandia ignore os conselhos de sua equipe econOmica e decida não permitir o livre comercio de go. 0 pais continua no equilibrio sem comercio intemacional. Um dia, um inventor isolandes descobre uma nova maneira de fazer aço a um custo muito baixo. Entretanto, o processo é misterioso e o inventor insiste em mante-lo sob sigilo. 0 mais estranho é que o inventor n'a'o precisa de trabalhadores ou de minerio de ferro. 0 Linico insumo que usa é o trigo. CAPITULO 9 APLICACAO: COMERCIO INTERNACIONAL 195 Ele é aclamado como urn genio. Pelo fato de o ago ser utilizado em muitos produtos, a invencao reduz o custo de muitos bens, permitindo que todos os isolandeses desfrutem de urn padrao de vida melhor. Os trabalhadores que antes produziam ago enfrentam problemas na hora em que as fabricas que os empregavam fecham, mas encontram emprego em outras industrias. Alguns tornam-se fazendeiros e cultivam o trig° que o inventor transforma em ago. Outros vao para novas indUstrias que surgem como resultado do alto 1,-)adrao de vida da Isolandia. Todos entendem que o deslocamento desses trabalhadores é parte inevitavel do prog,resso tecnologico. Depois de muitos anos, uma reporter de urn jornal decide investigar o misterioso e novo processo de producao de ago. Ela entra na fabrica do inventor e descobre que 6 tudo uma fraude. Ele nao fabrica ago. Em vez disso, contrabandeia trigo para o exterior e troca por aco fabricado em °taros paises. A Unica coisa que ele descobriu foram os ganhos provenientes do comercio internacional. Quando a verdade é revelada, o governo fecha a empresa do inventor. 0 preco do ago aumenta e os trabalhadores voltam aos seus antigos empregos nas fabricas de ago. Os padroes de vida da Isolandia voltam aos niveis anteriores. 0 inventor é preso e exposto a execracao publica. Afinal de contas, ele nao era inventor: era somente urn economista. RESUMO • Os efeitos do livre con-16rd° podem ser determinados comparando-se o preco intern() na ausencia de comercio corn o preco mundial. Urn baixo preco intern° indica que o pais desfnita de vantagem comparativa na producao do bem e que se tomara urn exportador. Urn preco intern° elevado indica que o restante do mundo tern uma vantagem cornparativa na producao do bem e que o pais se tornara urn importador. • Quando urn pais se abre para o comercio internacional e se torna exportador de urn bem, a situacao dos produtores do hem melhora, enquanto os consumidores do hem ficam em pior situacao. Quando urn pais se abre para o comercio internacional e se torna importador, os consumidores ficam em melhor situacao, ao passo que a situacao dos produtores piora. Em ambos os casos, os ganhos do comercio superam as perdas. • Uma tarifa — urn impost() sobre as importacnes — desloca o mercado para urn pont° mais proximo do equilibrio que existiria na ausencia de comercio e, portant°, reduz os ganhos do comercio. Embora os produtores internos fiquem em uma situacao melhor e o govern() arrecade receitas, as perdas dos consumidores superam esses ganhos. • Uma cota de importacao — urn limite sobre as importacoes — tern efeitos semelhantes aos da tarifa. Mas, corn as cotas, os detentores das licencas de importacao obtem a receita que o govern() arrecadaria corn uma tarifa. • Ha varios argumentos em favor da restricao ao comercio internacional: protecao de empregos, defesa da seguranca nacional, auxilio as indUstrias nascentes, prevencao a concorrencia desleal e reacao as restricoes externas ao comercio. Embora alguns desses arg,umentos possam ter merito em alg-uns casos, os economistas acreditam que o livre comercio é normalmente a melhor politica. 196 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR CONCEITOS-CHAVE preco mundial, p. 177 tarifa, p. 182 cota de importaco, p. 185 QUESTCIES PARA REVISA0 1. 0 que o preco interno vigente na ausencia de comercio internacional nos diz sobre a vantagem comparativa de um pais? 2. Quando um pais se torna exportador de algum bem? E quando se toma importador? 3. Faca o diag-rama de oferta e demanda de um pais importador. Quais eram o excedente do consumidor e o excedente do produtor antes da abertura comercial? Quais s'a"o o excedente do consumidor e o excedente do produtor depois da abertura comercial? Qual a variac a'o do excedente total? 4. Descreva o que é uma tarifa e relate seus efeitos econOmicos. 5. 0 que e uma cota de importac a"o? Compare seus efeitos econOmicos com os de uma tarifa. 6. Liste cinco argumentos usados freqentemente para apoiar restrices comerciais. Como os economistas respondem a esses arg,umentos? 7. Qual a diferenca entre as abordagens unilateral e multilateral para alcancar o livre con-iercio? De um exemplo de cada. PROBLEMAS E APLICAOES 1. Os Estados Unidos representan-1 uma pequena parte do mercado mundial de laranjas. a. Represente graficamente o equilibrio no mercado de laranjas dos Estados Unidos na ausencia de comercio intemacional. Identifique o preco de equilibrio, a quantidade de equilif-tho, o excedente do consumidor e o excedente do produtor. b. Suponha que o preco mundial da laranja esteja abaixo do preco nos Estados Unidos antes do comercio e que esse n-iercado agora se abra para o comercio intemacional. Identifique o novo preco de equilibrio, a quantidade consumida, a quantidade produzida internamente e a quantidade importada. Indique as mudancas nos excedentes do consumidor e do produtor intemo. 0 excedente total interno aumentou ou diminuiu? 2. 0 preco mundial de vinho está abaixo do preco que vigoraria nos Estados Unidos na ausencia de comercio. a. Supondo que as importa95es de vinho dos Estados Unidos sejam uma pequena parte da produc"a'o rnundial total de vinho, represente graficamente o mercado norte-americano de vinho quando há livre comercio. Identifique o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente total em uma tabela apropriada. b. Suponha agora que uma mudanca incomum da Corrente do Golfo leve a uma onda de frio fora de epoca no ver'5.0 europeu, destruindo grande parte da safra de uvas do continente. Que efeito isso teria sobre o preco mundial do vinho? Usando seu grffico e sua tabela da parte (a) den-lonstre o efeito sobre o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente total nos Estados Unidos. Quem s'a".o os ganhadores e os perdedores? Os Estados Unidos como um todo ficam em uma situac a- - o melhor ou pior? CAPiTULO 9 APLICAcAO: COMERCIO INTERNACIONAL 3. 0 preco mundial do algodao esta abaixo do preco sem comercio do pais A e acima do preco sem comercio do pais B. Usando gr6ficos de oferta e demanda e tabelas de bem-estar como as deste capitulo, demonstre os ganhos de comercio em cada pais. Compare os resultados para os dois paises. 4. Suponha que o Cong,resso dos Estados Unidos imponha uma tarifa sobre carros importados para proteger a indUstria automobilistica nacional da concorrencia estrangeira. Supondo quo os Estados Unidos sejam tomadores de precos no mercado mundial de automOveis, mostre em urn gr6fico: a variacao da quantidade importada, a perda dos consumidores dos Estados Unidos, o ganho dos produtores dos Estados Unidos, a receita do governo e o peso morto associado a tarifa. A perda para os consumidores pode ser decomposta em tres partes: transferencia para os produtores intemos, transferencia para o govern° e peso morto. Use seu grafico para identificar os tres componentes. 5. De acordo corn urn artigo do New York Times (5 nov. 1993),"muitos produtores de trigo do CentroOeste norte-americano se °poem ao Nafta ao passo que os produtores de milho o apOiam". Para simplificar, suponha que os Estados Unidos sejam urn pais pequeno tanto no mercado de trigo quanto no de milho e que, sem o acordo de livre cornercio, o pais nao negociasse esses bens internacionalmente (ambas as hipoteses sao falsas, Inas nao afetam as repostas qualitativas as perguntas a seguir). a. Corn base nessa reportagem, voce acredita que o preco mundial do trigo esteja acima ou abaixo do preco q-ue vigoraria nos Estados Unidos na ausencia de comercio? E quanto ao preco do milho? Agora analise as consequencias do Nafta sobre o bem-estar em ambos os mercados. b. Considerando-se os dois mercados juntos, o Nafta deixa os agricultores norte-americanos 197 como urn todo em melhor ou pior situacao? E quanto as consumidores como urn todo? E quanto aos Estados Unidos como urn todo? 6. Imagine que os vinicultores do Estado de Washington pecam ao govern° estadual que tribute os vinhos importados da California. Eles argumentam que esse impost° ao mesmo tempo geraria receitas para 0 govern° e aumentaria 0 emprego na industria de vinhos no Estado de Washington. Voce concorda corn essa reivindicacao? Essa 6 uma boa politica? 7. 0 senador Ernest Hollings escreveu uma vez que "os consumidores nao sao beneficiados por importacaes de menor preco. Basta dar uma olhada nos cat6logos para verificar que os consumidores pagam exatamente o mesmo pelas roupas, independentemente de serem fabricadas nos Estados Unidos ou importadas". Comente. 8. Escreva urn breve ensaio defendendo ou criticando cada uma das posicoes politicas a seg-uir. a. 0 govern() nab deve permitir importacoes se as empresas estrangeiras estiverem vendendo por urn preco inferior aos seus custos de producao (urn fenomeno chamado "dumping"). b. 0 governo deveria interromper temporariamente a importacao de hens cujas industrias nacionais sejam novas e estejam lutando pela sobrevivencia. c. 0 govern° nao deve permitir importacOes de 'Daises cujas leis ambientais sejam mais tolerantes do que as nossas. 9. Suponha quo urn avanco tecnolOgico no Japao reduza o preco mundial dos televisores. a. Suponha quo os Estados Unidos sejam importadores de televisores e que nao haja restricaes ao comercio. Como esse avanco tecnologico afeta o bem-estar dos consumidores e dos produtores norte-americanos? 0 que acontece corn o excedente total nos Estados Unidos? 198 PARTE 3 OFERTA E DEMANDA II: MERCADOS E BEM-ESTAR b. Suponha agora que os Estados Unidos adotem uma cota sobre a importaco de televisores. Como o avanco tecnol gico japones afeta o bem-estar dos consun-liclores, dos produtores e dos detentores de licencas de importack) norteamericanos? 10. Quando o governo da Comerciolkidia decidiu impor uma cota de importaco aos carros importados, surgiram tres propostas: (1) leiloar as licencas de importaco; (2) distribuir as licencas aleatoriamente por meio de sorteio; (3) colocar as pessoas ern fila e entregar as licencas na forma de "o primeiro a chegar é o primeiro a ser atendido". Compare os efeitos dessas politicas. Qual, em sua opinik), acarreta o rnaior peso morto? Qual acarreta o menor? Por que? (Dica: todas as outras maneiras que o govemo tem para arrecadar receitas tambem acarretam um peso morto.) 11. Um artigo sobre os produtores de beterrabas para extrac"o de aciicar publicado no Wall Strect Journal (26 jun. 1990) explicava que "o governo incentiva a elevaco dos precos intemos do aciicar quando limita as importac5es de acticar com menor preco. Garante aos produtores um 'preco de estabilizaco do mercado' de $ 0,22 por libra, cerca de $ 0,09 mais alto do que o atual preco no mercado mundial". 0 governo mantem o preco elevado j_-)or meio da imposico de cotas de importaco. a. Represente g-raficamente o efeito dessa cota sobre o mercado norte-americano de aciicar. Indique os precos e quantidades relevantes com livre comercio e com a cota de importac: o. b. Analise os efeitos da cota de aciicar com as ferramentas de anfflise do bem-estar. c. 0 artigo tambem comenta que "criticos do programa do acticar dizem que [a cota] privou muitos paises exportadores de acilcar do Caribe, da America Latina e do Extremo Oriente de ganhos com exportac8es, afetou suas economias e causou instabilidade politica, ao mesmo tempo que elevou a demanda do Terceiro Mundo por ajuda extema vinda Estados Unidos". Nossa anfise do bem-estar só inclui ganhos e perdas para consumidores e produtores norte-americanos. Em sua opinik), que papel os ganhos e perdas das pessoas de outros paises devem representar na formulaco da politica econ8mica dos Estados Unidos? d. 0 artigo prossegue dizendo que "internamente, o programa do acUcar ajudou a tomar possivel o espetacular crescimento da inclUstria de xarope de milho de alta frutose". Por que o programa de aclicar surtiu esse efeito? (Dica: o acticar e o xarope de milho são bens substitutos ou complementares?) 12. (Esta questh'o é desafiadora.) Considere um pequeno pais exportador de aco. Suponha que um governo favothvel ao comercio internacional decida subsidiar a exportaco de aco pagando uma determinada quantia por tonelada do produto vendida no exterior. Como esse subsidio às exportac8es afeta o preco interno, a quantidade produzida, a quantidade consumida e a quantidade exportada de aco? Como esse subsidio afeta os excedentes do consumidor e do produtor, a receita do govemo e o exce- CAPiTULO 9 APLICAcAO: COMERCIO INTERNACIONAL dente total? (Dica: a analise de um subsidio exportacao é semelhante a analise de uma tarifa.) 13. Que disputas ou acordos comerciais apareceram nas noticias ultimamente? Quern, em sua opiniao, est6 entre os vencedores e perdedores do livre comercio? Que gr, upo tern major influencia politica? Observaca-o: alguns lugares em que voce 199 pode encontrar informacOes desse tipo sao os sites da Organizacao Mundial do Comercio (http://www. wto.org), da Comissao de Comercio Internacional dos Estados Unidos (http:// www.usitc.gov) e da Administracao do Comercio Internacional do Departamento de Comercio Norte-Americano (http:// www.ita.doc.gov .) A ECONOMIA 01 SETOR LICO EXTERNALIDADES As empresas que produzem e vendem papel tambem criam, como subproduto do processo industrial, um produto quimico chamado dioxina. Os cientistas acreditam que quando a dioxina entra no meio ambiente, aumenta o risco de câncer, anomalias conOnitas e outros problemas de saiide da populgea"o. A produo e a libera o de dioxina representam um problema para a sociedade? Do Capitulo 4 ao 9, vimos como os mercados alocam recursos escassos por meio das foNas de oferta e demanda e como o equilibrio entre oferta e demanda e, de maneira geral, uma aloca o eficiente de recursos. Usando a famosa metMora de Adam Smith, a "rno invisivel" do mercado leva os compradores e vendedores de um mercado, que sO esto interessados em si pr6prios, a maximizar o beneficio total que a sociedade obtem do mercado em quesiflo. Essa conclusio é a base de um dos Dez Principios de Econonzia do Capitulo 1: os mercados são geralmente uma boa maneira de organizar a atividade econOmica. Devemos concluir, portanto, que a m.c1 invisivel impede que as empresas do mercado de papel emitam dioxina em excesso? Os mercados fazem muitas coisas bem, mas não todas. Neste capitulo, comearemos a estudar mais um dos Dez Princlpios de Econonzia: os govemos podem, vezes, melhorar os resultados do mercado.Vamos examinar por que os mercados vezes falham na aloca o eficiente de recursos, como as politicas governamentais podem potencialn-iente melhorar a aloca o do mercado e que tipos de politica tiTi maiores possibilidades de funcionar melhor. 204 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() texternalidade f o impacto das acdes de uma pessoa sobre o bem-estar de outras cue nao tomam parte j da acao • nOIA41,04 cA *CO cows*. lain &Arms). • luoktlitla As falhas do mercado que examinaremos neste capitulo se enquadram na categoria geral das chamadas externalidades. Uma externalidade surge quando uma pessoa se dedica a uma acdo que provoca impact° no bem-estar de urn terceiro que no participa dessa acdo, sem pagar nem receber nenhuma compensacao por esse impact°. Se o impact° sobre o terceiro é adverso, é chamado externalidade negativa; se é benefico, é chamado de externalidade positiva. Quando ha extemalidades, o interesse da sociedade em urn resultado de mercado vai alem do bem-estar dos compradores e dos vendedores que participam do mercado; passa a incluir tambem hem-estar de terceiros que sao indiretamente afetados. Como os compradores e vendedores desconsideram os efeitos extemos de suas acoes quando decidem quanto demandar ou ofertar, o equilibrio de mercado nao é eficiente quando ha externalidades. On seja, o equilibrio nao maximiza o beneficio total para a sociedade como urn todo. A liberacao de dioxina no meio ambiente, por exemplo, é uma externalidade negativa. As empresas produtoras de papel que estejam voltaclas para seu proprio interesse na70 levarao em consideracao o custo total da poluicao que criam e, por isso, emitirdo dioxina em excesso, a menos que o governo as impeca ou desestimule. Ha diversos tipos de externalidades e de respostas politicas que procuram resolver essas falhas do mercado. Eis alguns exemplos: • A fumaca emitida 'Delos escapamentos dos carros gera externalidades negativas porque outras pessoas sa-o obrigadas a respirar o ar poluido. Como resultado dessa extemalidade os motoristas tendem a se tornar grandes poluiclores. 0 govemo federal procura resolver esse problema estabelecendo padroes de emissao para os carros. Alem disso, tributa a gasolina para diminuir o tempo que as pessoas 1.-)assam dirigindo, reduzindo, assim, o us6 do carro. • A restauracao de imOveis antigos produz uma externalidade positiva porque as pessoas que passam por eles podem desfrutar da beleza e do senso historic° que essas construcoes proporcionam. Os proprietarios dos imOveis nao obtem nenhum beneficio de sua restauracao e, por isso, tendem a demolir rapidamente as construc5es antigas. Muitos governos locais reagem a isso controlando a demolicao de construcoes historicas e oferecendo isencoes fiscais aos proprietarios que as restaurarem. • 0 latido dos cachorros cria uma externalidade negativa porque os vizinhos sao perturbados pelo barulho. Os donos nao arcam corn o custo total do barulho e, por isso, tendem a tomar poucas precaucoes para impedir que seus caes latam. Os governos locais lidam corn esse problema tornando ilegal a"perturbacdo da paz". • A pesquisa de novas tecnologias oferece uma externalidade positiva porque cria conhecimento que outras pessoas podem usar. Como os inventores nao conseguem receber os beneficios totais de suas invencoes, tendem a dedicar menos recursos a pesquisa. 0 govern° federal aborda parcialmente esse problema por meio do sistema de patentes, que confere aos inventores uso exclusivo de seus inventos por urn determinado period°. Em cada urn desses casos, algum tomador de decisa-o deixa de levar em conta os efeitos externos de seu comportamento. 0 governo reage tentando influenciar essas decisoes para proteger os interesses dos terceiros que sao prejudicados. EXTERNALIDADES E INEFICIENCIA DO MERCADO Nesta secao, usaremos as ferramentas do Capitulo 7 para examinar como as externalidades afetam o bem-estar economic°. A andlise mostra corn precisdo por que CAPITULO 10 EXTERNALIDADES as externalidades fazem com que os mercados aloquem recursos de forma ineficiente. Mais adiante, examinaremos diversas maneiras pelas quais os agentes privados e os formuladores de politicas pUblicas podem remediar esse tipo de falha do mercado. Economia do Bem-Estar: Recapituia0o Vamos comear recapitulando as lições principais sobre a economia do bem-estar que vimos no Capitulo 7. Para dar solidez à nossa anlise, consideraremos um mercado especifico — o mercado de alurnínio. A Figura 1 mostra as curvas de oferta e demanda desse mercado. Como voce deve se lembrar, vimos no Capitulo 7 que as curvas de oferta e demanda contem informaes importantes sobre custos e beneffcios. A curva de demanda de aluminio reflete o valor do aluminio para os consumidores medido pelo prec;o que esto dispostos a pagar. Para qualquer quantidade dada, a altura da curva de demanda indica a disposi o para pagar do comprador marginal. Em outras palavras, indica o valor que a Ultima unidade de aluminio comprada tem para o consumidor. De maneira similar, a curva de oferta reflete os custos de produo do aluminio. Para qualquer quantidade dada, a altura da curva de oferta indica qual é o custo para o vendedor marginal. Em outras palavras, indica o custo que a Ultima unidade de aluminio vendida tem para o produtor. Na ausencia de intervenco governamental, o preo se ajusta para equilibrar a oferta e a demanda. A quantidade produzida e consumida no equilibrio de mercado, representada por --MERGWO na Figura 1, e eficiente no sentido de que maximiza a soma dos excedentes do consumidor e do produtor, ou seja, o mercado aloca recursos de uma maneira que maximiza o valor total para os consumidores que compram e usam o aluminio menos o custo total para os produtores que fabricam e vendem o aluminio. FIGURA 1 Pre9::) do Aluminio Oferta (custo privado) Equilibrio Demanda (valor privado) 0 QMERCADO Quantidade de Aluminio 0 Mercado de Aluminio A curva de demanda reflete o valor para os compradores e a curva de oferta reflete o custo para os vendedores. A quantidade de equihbrio, Qm ER cAD0, maximiza o valor total para os comprodores menos os custos totais para os vendedores. Na aus&7cia de externalidades, portanto, o equihbrio do mercado é eficiente. 205 206 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() Externalidades Negativas "Tudo o que eu posso dizer é que, se ser urn produtor lider implica ser urn poluidor Ilder, entao assim seja." Vamos supor agora que as fabricas de aluminio emitam poluicao: para cada unidade de aluminio produzida, uma determinada quantidade de fumaca entra na atmosfera. Como a fumaca cria um risco para a sal:1de de quern respira esse ar, é uma externalidade negativa. Como essa externalidade afeta a eficiencia do resultado de mercado? Por causa da externalidade, o custo da producao de aluminio para a sociedade é major do que o custo para os produtores de aluminio. Para cada unidade de aluminio produzida, o custo social inclui os custos privados para os produtores mais os custos das pessoas afetadas adversamente pela poluicao. A Figura 2 mostra o custo social da producao de aluminio. A curva de custo social se localiza acima da curva de oferta porque leva em consideracao os custos externos impostos a sociedade pelos produtores de aluminio. A diferenca entre as duas curvas reflete o custo da poluicao emitida. Que quantidade de aluminio deve-se produzir? Para responder a essa pergunta, vamos considerar novamente o que faria urn planejador social benevolente..Rylane.ador r iii o cedente total ori *nado n me o valor do aluminio para os consumidores menos o custo de producao dele. 0 planejador entende, contudo, que o custo de producao inclui os custos externos da poluicao. Ele escolheria o nivel de producao de aluminio em que a curva de demanda cruza a curva de custo social. Essa intersecao determina, do ponto de vista da sociedade como urn todo, a quantidade Otima de aluminio produzida. Abaixo desse nivel de producao, o valor do aluminio para os consumidores (medido pela altura da curia de demanda) supera o custo social de sua producao (medido pela altura da curia de custo social). 0 planejador nao produz mais do que esse nivel porque o custo social da producao adicional de aluminio excede o valor para os consumidores. Observe que a quantidade de equilibrio de aluminio, QmERcAD0, é major do que a quantidade socialmente Otima, QOTE,f,. A razao para essa ineficiencia é que o equi- FIGURA 2 Preco do Aluminio Custo social Custo da poluicao,, Poluicao e Otimo Social Na presenca de umalxvandade nee.ka)como a poluicao, o custo social aro bem excede seu custo privado. A quantidade atima, QOTimA 4 portant°, menor do que a quantidade de equih'brio, QmERcADD Oferta (custo privado) Otimo — — Equilibrio /4.60 Demanda (valor privado) 0 QOTI MA QM E RCADO Quantidade de Aluminio CAPfTULO 10 EXTERNALIDADES librio de mercado refiete apenas os custos privados de produ o. No equilibrio do mercado, o consumidor marginal atribui ao aluminio um valor inferior ao custo social de produ o. Ou seja, em 0--MERCADO, a curva de demanda está abaixo da curva de custo social. Com isso, reduzir a produ o e o consumo de aluminio deixandoos abaixo do nivel de equilibrio de mercado eleva o bem-estar econOmico total. Como o planejador social pode atingir o resultado timo? Uma maneira seria tributar os produtores de aluminio por tonelada vendida. 0 imposto deslocaria a curva de oferta de aluminio para cima no montante do imposto. Se o imposto refietisse exatamente o custo social da fumga lanada na atmosfera, a nova curva de oferta coincidiria com a curva de custo social. No novo equilibrio de mercado, os produtores de aluminio produziriam a quantidade socialmente ótima de aluminio. 0 uso de um imposto como esse é chamado de internaliza o de uma externalidade porque dá aos compradores e vendedores de um mercado um incentivo para que leveni em conta os efeitos externos de suas a95es. Essencialmente, os produtores de aluminio levariam em conta os custos da poluição ao decidir quanto aluminio ofertar, uma vez que o imposto faria com que eles pagassem por esses custos externos. A politica se baseia em um dos Dez Principios de Economia: as pessoas reagem a incentivos. Mais adiante, neste capitulo, veren-ios outras maneiras pelas quais os formuladores de politicas podem lidar com as extemalidades. Externalidades Positivas Embora alg-umas atividades imponham custos a terceiros, outras geram beneficios. Considere a educa o, por exemplo. Ela rende externalidades positivas porque uma popula o mais instruida leva a um governo melhor, o que beneficia a todos. Observe que o beneficio de produtividade da educa o n - c) é necessariamente uma externalidade: o consumidor da educa o absorve a maior parte do beneffcio sob a forma de salrios mais elevados. Mas, se parte dos beneficios da produtividade da educao beneficiar outras pessoas, esse efeito tambem seth considerado uma externalidade positiva. A aná1ise das externalidades positivas é semelhante à anlise de externalidades negativas. Como mostra a Figura 3, a curva de demanda não reflete o valor do bem para a sociedade. Como o valor social e maior do que o valor privado, a curva de valor social fica acima da curva de demanda. A quantidade ótima se localiza no ponto em que a curva de valor social e a curva de oferta (que representa os custos) se interceptam. Assim, a quantidade socialmente Otima é maior do que a quantidade determinada pelo mercado privado. Novamente, o governo pode corrigir a falha do mercado induzindo os participantes do mercado a internalizar a externalidade. A rea o apropriada no caso das externalidades positivas é exatamente oposta ao caso de externalidades negativas. Para deslocarem o equilibrio de mercado social 6timo as extemalidades positivas requerem um subsidio. Na verdade, essa é exatamente a politica que o governo adota: a educg"a'o e altamente subsidiada por meio de escolas pUblicas e bolsas concedidas pelo governo. Resumindo: as externalidades negativas fazem com que os mercados produzam uma quantidade maior do que a socialmente desejdvel. As externalidades positivas fazem com que os mercados produzam uma quantidade menor do que a socialmente desejdvel. Para solucionar esse problema, o governo pode internalizar a externalidade tributando bens que trazem extenzalidades negativas e subsidiando os bens que trazem externalidades positivas. 207 internalizack de uma externalidade alterack dos incentivos de maneira que as pessoas levem em considerack os efeitos externos de suas acO-es vf, 208 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO FIGURA 3 Preco da Educacao Oferta (custo privado) A Educacao e o otimo Social Quando ha uma extemalidade positivo, o valor social do bem excede seu valor privada A quantidade otima, C2OTimA4 portant°, major do que a quantidade de equilibria " CIXO:,tbrkk ta - PA QMERCADO. Valor social cymal:ciotA.0,, Fki-vade • 0, *y o vittlytta (uvtiwX0. • Demanda (valor privado) P1340-09- 0 QMERCADO QOTIMA Quantidade de Educacao Alen avant/I& Estudo de Caso TRANSBORDAMENTOS TECNOLOGICOS E POLITICA INDUSTRIAL Considere o mercado de robes industriais. Os robes estao na fronteira de uma tecnologia em rapida evolucao. Sempre que uma empresa constrOi urn robe, ha alguma chance de que descubra urn projeto novo e melhor. Esse novo projeto beneficiara nao so a empresa, mas a sociedade como urn todo, porque entrara no conjunto de conhecimento tecnolegico de toda a sociedade. Esse tipo de externalidade positiva é chamado de transbordamento de tecnologia. Neste caso, o govern° pode intemalizar a extemalidade subsidiando a producao de robes. Se o governo pagar as empresas urn subsidio por robe produzido, a curva de oferta se deslocard para baixo no valor do subsidio e esse deslocamento aumentard a quantidade de equilibrio de robes. Para garantir que o equilibrio do mercado seja igual ao otirno social, o subsidio deve ser igual ao valor do transbordamento de tecnologia. Qual a magnitude dos transbordamentos de tecnologia c quais suas implicacees para a politica ptiblica? Essa é uma pergunta importante porque o progresso tecnologico é a chave para explicar por que os padroes de vida se elevam corn o tempo. Mas tambem é uma pergunta dificil sobre a qual os economistas freqiientemente divergem. Alguns economistas acreditam que os transbordamentos tecnolOgicos sao universals e que o governo deve encorajar as inchistrias quo criam os maiores transbordamentos. Por exemplo, esses economistas argumentam que se a fabricacdo de chips para computadores cria transbordamentos maiores do que a producao de batatas chips, entao o govern° deve usar as leis tributarias para incentivar a producao de chips para computadores em relacao a de batatin has chips. A intervencao do governo na economia para incentivar industrias que promovem a tecnologia é por vezes chamada de politica industrial. Outros economistas sao mais ceticos quanto a politica industrial. Embora os transbordamentos tecnolog,icos sejam comuns, o sucesso de uma polftica industrial CAPh- ULO 10 EXTERNALIDADES 209 requer que o govemo seja capaz de medir a magnitude dos transbordamentos em diferentes mercados. E a quesifio da mensura o e, na melhor da hipteses, Alem disso, na ausencia de medidas precisas, o sistema politico 1,-)ode acabar subsidiando as indlIstrias que tem maior poder politico, em lugar das indtistrias que criam as maiores extemalidades positivas. Outra n-ianeira de lidar com os transbordamentos tecnolOg,icos e a prote o das patentes. As leis de patente protegem os direitos dos inventores, dando a eles direito exclusivo de uso de seu invento por um determinado periodo. Quando uma empresa faz uma inovato tecnolOgica, pode patentear a ideia e angariar para si n-iesma grande parte do beneficio econ6mico. Diz-se que a patente intemaliza a extemalidade dando à empresa um direito de propriedade sobre sua inven0- o. Se outras empresas quiserem usar a nova tecnolog-ia, ter - o que obter permisso das empresas detentoras da patente e pagar royalties. Assim, o sistema de patentes oferece às empresas um incentivo para que se dediquem à pesquisa e outras atividades que fazem avaNar a tecnologia. • Teste R4ido De um exemplo de externalidade negativa e outro de externalidade positiva.. Explique por que os resultados de mercado são ineficientes quando ha externalidades. 010 SOLUCOES PRIVADAS PARA AS EXTERNALIDADES • 411,v; 'r,,tCpCkck lijjk. 6^1 - iCN:W)-Xtr'cik; C11(‘ ‘ tg.kCk agora por que as externali6des levam os mercados a alocar recurSOS de maneira ineficiente, mas mencionamos apenas superficialmente COMO essas ineficiencias ip odem ser reparadas. Na prtica, tanto os agentes privados quanto os forn-iuladores de politicas pUblicas reagem . s externalidades de diversas maneiras. Todas as solu es compartilham o objetivo de levar a aloca o de recursos para mais prOximo do Otimo social. Nesta seção, examinaremos as solues privadas. /Discutimos até Tipos de Soiuces Privadas Embora as externalidades tendam a fazer com que os mercados sejam ineficientes, nem sempre é necesskia uma a",o governamental para solucionar o problema. Em algumas circunstkicias, as pessoas podem desenvolver solu95es privadas. isks vezes, o problema das externalidades e resolvido com cdigos morais e sanc' 5es sociais. Consideremos, por exemplo, por que a maioria das pessoas iião joga lixo em lugares pblicos. En-ibora existam leis contra isso, elas n - o são aplicadas rigorosamente. A maioria das pessoas evita jogar lixo em lugares p-Ciblicos porque essa é a coisa certa a fazer. A Regra de Ouro que as criaNas aprendem diz: "NT - o fga aos outros o que não quer que faam a voce". Essa reg,ra de procedimento moral nos diz para levar em considera o os efeitos de nossas g 6es sobre os outros. Em termos econOmicos, manda-nos internalizar as externalidades. Outra solu o privada para as externalidades está nas institui es filantr6picas, muitas das quais foram estabelecidas para tratar de externalidades. 0 Sierra Club, por exemplo, cujo objetivo é proteger o meio ambiente, e uma organiza o sem fins lucrativos financiada por doaQ5es privadas. Outro exemplo so as faculdades e unide ex-alunos, empresas e funda es, em parte versidades que recebem dog 6es porque a educa o gera externalidades positivas para a sociedade. 0 mercado privado freqi.ientemente pode resolver o problema das extemalidades a partir do interesse prprio das partes envolvidas. Em alguns casos, a solu o entre diferentes tipos de negOcios. Considere, por assume a forrna de integr, ' `TY1clu4't UÇÅ 210 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PICIBLICO exemplo, urn produtor de magas e um apicultor que estejam localizados urn proximo do outro. Cada negocio confere uma externalidade positiva ao outro: ao polinizarem as fibres das macieiras, as abelhas ajudam na producao de magas. Ao mesmo tempo, usam o nectar que retiram das flores para produzir mel. Ainda assim, quando o produtor de maca's decide quantas arvores plantar e o apicultor decide quantas abelhas manter, eles nao levam em consideracdo a externalidade positiva. Corn isso, o produtor de magas planta menos do que poderia e o apicultor mantem menos abelhas do que poderia. Essas externalidades poderiam ser internalizadas se o apicultor comprasse o pomar ou se o produtor de maca's comprasse as colmeias. Entdo, as duas atividades se desenvolveriam dentro da mesma empresa, que poderia determinar o nUmero Otimo de arvores e de abelhas. Internalizar as externalidades é urn dos motivos pelos quais algumas empresas se envolvem em diferentes tipos de atividades. Outra maneira pela qual o mercado privado lida corn efeitos externos é por meio de contratos entre as partes interessadas. No exemplo anterior, urn contrato entre o produtor de maca's e o apicultor poderia resolver o problema das poucas arvores e das poucas abelhas. 0 contrato poderia especificar o mimero de arvores, o numero de abelhas e, talvez, urn pagamento de uma parte a outra. Ao estabelecer a quantidade certa de arvores e de abelhas, o contrato pocle resolver a ineficiencia que normalmente se origina das externalidades e deixar as duas partes em melhor situacao. 0 Teorema de Coase teorema de Coase a proposicjo de que, se os agentes econbmicos privados puderem negociar sem custo a alocacao de recursos, poderao resolver por Si 565 o problema das externalidades Ate que pont° o mercado privado é eficaz ao lidar corn extemalidades? Um resultado famoso, conhecido como teorema de Coase, em homenagem ao economista Ronald Coase, sugere que ele pode ser bastante eficaz em algumas circunstancias. De acordo corn o teorema de Coase, se os agentes econamicos privados puderem negociar sem custo a alocacao de recursos, entdo o mercado privado sempre solucionard o problema das externalidades e alocara recursos corn eficiencia. Para ver como o teorema de Coase funciona, vamos usar urn exemplo. Suponhamos que Dick tenha urn cachorro chamado Spot, que late e incomoda Jane, vizinha de Dick. Dick obtern urn beneficio por ser dono do cachon-o, mas o cachorro confere uma extemalidade negativa a Jane. Dick deve ser forcado a se livrar de Spot ou Jane deve ficar noites sem dormir por causa dos latidos de Spot? Considere primeiro qual resultado é socialmente eficiente. Urn planejador social, considerando as duas alternativas, compararia o beneficio que Dick obtern da posse do cachorro corn o custo impost° a Jane pelos latidos de Spot. Se o beneficio exce_ der o custo, para Dick -sera eficiente ficar corn o animal e para Jane, conviver corn o __ barulho. Masse o custo for maith=cjue o beneficio, Dick deyera se livrar do cao._ De acordo corn o teorema de Coase, o mercado privado chegara ao resultado eficiente por si so. Como? Jane podera simplesmente oferecer__a_Dick um pagarnento para que se _desfaca do cachorro. Dick aceitara se a quantia de dinheiro que_ Jane oferecer for major do que o beneficio de ficar _corn o cachorro. Negociando o preco, Dick e Jane poderao sempre chegar a urn resultado eficiente. Suponhamos, por exemplo, que Dick obtenha urn benefIcio de $ 500 por manter o cachorro e que Jane argue corn urn custo de $ 800 por causa do barulho. Neste caso, Jane podera oferecer a Dick urn pagamento de $ 600 para que ele se livre do cab e Dick aceitard alegremente. As duas partes estardo em melhor situacao do que antes e o resultado eficiente sera atingido. possivel, naturalmente, que Jane nao esteja disposta a oferecer nenhum preco que Dick queira aceitar. Suponhamos, por exemplo, que Dick obtenha urn beneficio CAPiTULO 10 EXTERNALIDADES 211 Por que as SoluOes Privadas nem Sempre Funcionam Apesar da lOgica convincente do teorema de Coase, os agentes econOmicos privados, por si sOs, muitas vezes s'ao incapazes de solucionar os problemas causados por externalidades. 0 teorema só se aplica quando as partes nao tem dificuldades para chegar a um acordo e o aplicar. No mundo, entretanto, a negocig ao nem sempre f-unciona, mesmo quando ha a possibilidade de se chegar a um acordo mutuamente benffico. isks vezes, as partes interessadas nao conseguem resolver um problema de externalidade por causa dos custos de transa o, os custos que as partes tem na negociaao e implementgao do acordo. Em nosso exemplo, vamos imaginar que Dick e Jane falem linguas diferentes, de modo que precisem contratar um tradutor para chegar a um acordo. Se o beneficio de resolver o problema dos latidos for menor que o custo do tradutor, eles poderao optar por deixar o problema sem soluao. Em exemplos mais realistas, os custos de transgao nao sao as despesas con-i o tradutor, mas com os advogados necessarios para redig,ir e aplicar os contratos. Em outras ocasiOes, as negocigOes simplesmente fracassam. As repetidas ocorrencias de guerras e greves demonstram que chegar a um acordo pode ser dificil e que nao conseg-uir chegar a um acordo pode ser dispendioso. 0 problema é que as partes muitas vezes resistem e ficam à espera de um acordo melhor para si. Suponhamos, por exemplo, que Dick receba um beneficio de $ 500 por ter o cachorro e Jane esteja sujeita a um custo de $ 800 por causa dos latidos. Embora seja eficiente para ela pagar a Dick para que ele se livre do animal, sao muitos os pre9os custos de transack "custos em que as partes incorrem no processo de efetivack de uma negociack 212 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO que poderiam levar a esse resultado. Dick poderia exigir $ 750 e Jane poderia oferecer apenas $ 550. Enquanto estivessem discutindo o preco, o resultado ineficiente persistiria. Chegar a urn acordo eficiente é ainda mais dificil quando o niamero de partes interessadas é grande porque coordenar todas as partes é dispendioso. Considere, por exemplo, uma fabrica que polua as ag-uas de urn lago. A poluicao imp-6e uma externalidade negativa aos pescadores da regiao. Segundo o teorema de Coase, se a poluicao é ineficiente, entao a fabrica e os pescadores podem chegar a urn acordo no qual as pescadores pag,uem a fabrica para que ela no polua o meio ambiente. Entretanto, se houver muitos pescadores, coordenar todos eles na negociacao corn a fabrica pode ser quase impossivel. Quando a negociacao privada nao funciona, o governo as vezes pode desempenhar urn papel. 0 govern() é uma instituicao concebida para ag-ir em nome da coletividade. Neste exemplo, o govern() pode agir em name dos pescadores, porque é pouco pratico para estes agir em seu proprio name. Na proxima secao, veremos como o governo pode tentar resolver o problema das extemalidades. Teste Rapid() De urn exemplo de solucao privada para uma externalidade. 0 que é o teorema de Coase? • Por que os agentes econornicos as vezes nao conseguem resolver os problemas causados par uma externalidade? POLITICAS PUBLICAS PARA AS EXTERNALIDADES Quando uma externalidade faz corn que urn mercado cheg,ue a uma alocacao ineficiente de recursos, o governo pode reagir de duas maneiras. As polfticas de comando e controle regulam diretamente o comportamento. As politicos baseadas no nzercado oferecem incentivos de forma que os tomadores de decisoes privados optem por resolver o problema entre si. Reguiamentacao CIL 1,A)9t1MA govern() pode solucionar uma externalidade tornando obrigatorios ou proibidos determinados tipos de comportamentos. Por exemplo, é crime jogar produtos quimicos toxicos nos reservatorios de agua. Neste caso, as custos externos para a sociedade superam em muito os beneficios para o poluidor. Assim, o governo institui uma politica de comando e controle que proibe totalmente esse tipo de acao. Na maioria dos casos de poluicao, contudo, a situacao nao é tao simples. Apesar dos objetivos declarados de alguns ambientalistas, seria impossivel proibir todas as atividades poluidoras. Par exemplo, praticamente todas as formas de transporte — ate os cavalos — produzem alguns subprodutos poluentes indesejaveis. Mas nao seria sensato para o govern() proibir todos os meios de transporte. Assim, em vez de tentar erradicar completamente a poluicao, a sociedade tern que ponderar os custos e beneficios para decidir os tipos e quantidades de poluicao que vai permitir. Nos Estados Unidos, a Environmental Protection Agency — EPA (Agencia de Protecao Ambiental) é o orgao governamental encarregado de desenvolver e aplicar regulamentos de protecao ao meio ambiente. Os reg-ulamentos ambientais podem tomar muitas formas. Em alguns casos, a EPA determina o nivel maximo de poluicao que uma fabrica pode emitir. Em outros, exige que as empresas adotem uma tecnologia especifica para reduzir as emissoes. Mas, em todos os casos, para conceber boas regras, os encarregados de fazer a regulamentacao governamental precisam conhecer os detalhes relativos a 0 CAPITULO 10 EXTERNALIDADES 213 indstrias especificas e às tecnolog,ias alternativas que poderiam ser adotadas. vezes pode ser difícil para os encarregados da regulamenta o govemamental obter essas intorma95es. ,W I 11, Cì impostos e Subsidios de Pigou Em vez de regulamentar o comportamento em resposta a uma externalidade, o governo pode usar politicas baseadas no mercado para alinhar incentivos privados com eficiencia social. Por exemplo, como já vimos, o governo pode intemalizar a externalidade tributando atividades que causem externalidades negativas e subsidiando atividades que tragam extemalidades positivas. Os impostos criados para corrigir os efeitos de externalidades negativas são denominados impostos de Pigou, em homenagem ao economista Arthur Pigou (1877-1959), um dos primeiros defensores de seu uso. Os econon-iistas costumam preferir os impostos de Pigou à regulamenta o como maneira de lidar com a poluic;o porque esses impostos podem reduzir a poluição a um custo menor para a sociedade.Vamos usar um exemplo para ver por que. Suponhamos que duas ffibricas — un-ia produtora de papel e uma produtora de aço — estejam, cada uma delas, despejando 500 toneladas de lixo num rio 1_-)or ano. A EPA decide que quer reduzir a quantidade de po1uição e considera duas • Regulamentao: A EPA pode determinar que cada fElbrica reduza sua para 300 toneladas por ano. • Imposto de Pigou: A EPA pode tributar cada ffibrica em $ 50 mil por tonelada de poluição emitida. A reg-ulamentaio determinaria um nivel de po1uição, ao passo que o imposto conferiria aos proprietkios das ffibricas um incentivo econ6mico para reduzir a Que solugio seria melhor em sua opinio? A maioria dos economistas preferiria o imposto. Eles assinalariam, primeiro, que tão eficazes quanto os regulamentos para a redu a. . o do nivel geral os impostos s ao de po1uição. A EPA poderia atingir qualquer nivel de po1uição que desejasse, fixando o imposto no nivel adequado. Quanto maior o imposto, maior a redu o da Coni efeito, se o imposto fosse elevado o suficiente, as duas ffibricas fechariam, reduzindo a poluição a zero. pela qual os economistas prefeririam o in-iposto é o fato de que ele A raz a'o reduz a poluição mais eficientemente. 0 reg,ulamento exige que as duas ffibricas uniforme reduzam a poluição na mesma quantidade, mas uma redu ao necessariamente a forma menos dispendiosa cle limpar a 4-ua. É possivel que a f brica de papel consiga reduzir a poluição a um custo menor do que a fl p rica de Neste caso, a primeira reagiria ao imposto reduzindo s-ubstancialmente sua poluição para enquanto a outra reagiria reduzindo menos a poluição e pagando o imposto. Em essencia, os impostos de Pigou cobram um prec;o pelo direito de poluir. Assim como os mercados alocam bens aos compradores que lhes atribuem maior valor, os fabricas que enfrentam os maiores custos impostos de Pigou alocam a poluição as para reduzi-la. Qualquer que seja o nivel de poluição escolhido pela EPA, ela poderá atingir essa meta ao menor custo total usando o imposto. Os economistas argi,imentam ainda que os in-ipostos de Pigou são melhores de comando e contropara o meio ambiente. Sob uma politica de regulamentg a'o 6es uma vez que tivessem le, as ffibricas não teriam motivo para reduzir as en-iiss imposto de Pigou um imposto instituido para \ corrigir os efeitos de uma externalidade ne_gativa 214 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLICO atingido a meta de 300 toneladas de lixo. Já o impost() dá as fabricas urn incentivo para desenvolver tecnologias corn niveis de poluicao menores porque reduzem o montante de impostos que as fabricas devem pagar. Os impostos de Pigou sao diferentes de muitos outros impostos. Como vimos no Capitulo 8, a maioria dos impostos distorce os incentivos e desloca a alocacao dc recursos para longe do otimo social. A reducao do bem-estar economic° — ou seja, dos excedentes do consumidor e do produtor — excede o montante da receita arrecadada pelo govern°, resultando em urn peso morto. Em comparacao, quando ha presenca de externalidades, a sociedade tambem se preocupa corn o bem-estar dos tercciros que sao afetados. Os impostos de Pigou s‘do os incentivos corretos para a presenca de externalidades e, portant°, deslocam a alocacao de recursos para mais pert° do otimo social. Assim, os impostos de Pigou, ao mesmo tempo que arrecadam receita para o govern°, aumentam a eficiencia econOmica. Estudo de Caso POR QUE A GASOJNA E TRIEUTADA TAO PESADAMENTE? Em muitos paises, a gasolina esti entre os bens mais pesadamente tributados da economia: nos Estacios Unidos, por exemplo, cerca de metade do preco que os motoristas pagam pela gasolina se dew a impostos. Em muitos paises europeus, o impost() é ainda mais elevado e o preco da gasolina é tres ou quatro vezes major do que nos Estados Unidos. Por que esse impost° é tao comum? Uma resposta possivel é que o impost° sobre a gasolina seja urn impost° de Pigou que tern por objetivo corrigir tres externalidades negativas associadas aos carros: • Congestionamentos: se voce ja ficou preso no transit°, provavelmente desejou que houvesse menos carros nas ruas. 0 impost° sobre a gasolina reduz os congestionamentos, incentivando as pessoas a usar transporte public°, fazer rodfzio de carros corn os amigos mais freqUentemente e morar mais pert° de onde trabalham. • Acidentes: semprc que alg,uem compra urn carro grande ou urn veiculo utilitario esportivo, fica mais seguro, mas coloca outras pessoas em risco. De acordo corn a National Highway Traffic Safety Administration (o orgo federal norte-americano que administra o tr5nsito), uma pessoa que dirige urn carro comum tern cinco vezes mais chances de morrer se for atingida por urn utilitario esportivo do que por outro carro. 0 impost() sobre a gasolina é uma forma indireta de fazer corn que as pessoas pag,uem pelo risco que seus carros g,randes e de elevado consumo impaem aos °taros, o que os faz levar em considerac5o esse risco ao escolher o veiculo que comprario. 0 up'4 0 • "Se o impost° fosse moior, eu andaria de onibus." Polttic-no: a queima de combustiveis fosseis como a gasolina é tida como causa do aquecimento global. Os especialistas divergem quanto ao risco que representam, Inas o impost° certamente reduz o risco ao reduzir o uso de gasolina. Assim, o imposto sobre a gasolina, em vez de criar peso morto como a maioria dos impostos, faz corn que a economia funcione melhor. Ele representa menos congestionamentos, estradas mais seguras e urn meio ambiente mais limpo. CAPTULO 10 EXTERNALIDADES Uk-"'RWLL ,m‘ Licencas Negocivels para Poiuica.o( cfkiL a ~r) 1 • c• .1:350 d.112,15f)'h -t aXCI) • C ÇÅ'"'L2 ,.3111\:attt‘l ' (.-)LUt_ de papel e da fabnca c1e aço, vamos supor que a a Retomando o exemplo da fabric EPA, apesar dos conselhos de seus economistas, decicia adotar a regu1an-ienta5o e exija que cada fabrica recluza sua po1uição para 300 toneladas de lixo por ano. Um . ter entrado em vigor e depois de as duas fabricas depois de a regulamentaY-io estarem adaptadas a ela, elas v5o 5 EPA com uma proposta. A fabrica de aço deseja aumentar sua emiss5o de lixo em 100 toneladas. A fabrica de papel concorda em recluzir sua po1uição na mesma quantidade se a fabrica de ay) lhe pagar $ 5 milhOes. A EPA deve permitir que as fabricas fgam esse acordo? Do ponto de vista da eficiencia econOmica, permitir o negOcio é uma boa politica. 0 negOcio deve deixar os proprietarios das cluas fabricas em melhor situa-ao, ja que ambos voluntariamente concordaram com ele. Alem do mais, o negOcio n5o . teria efeitos extemos porque o volume total de polui( s "5o continuaria o mesmo. Assim, o bem-estar social aumenta ao se permitir que a fabrica de papel venda seus direitos de po1uição à fabrica de ac;o. A mesma lOgica se aplica a qualquer transferencia voluntaria de direitos de de uma empresa para outra. Se a EPA permitir que as ernpresas fKam essas transay5es, tera, em essencia, criado um novo recurso escasso: as licenas de mercado para a negociac;r5o dessas liceNas se desenvolvera e esse mercado sera regido pelas foNas de oferta e demanda. A mão invisivel garantira que esse novo mercado aloque com eficiencia o direito de poluir. As empresas que conseg,uem reduzir a po1uição a um custo elevado estark) dispostas a pagar mais pelas liceNas. As empresas que puderem reduzir a poluição a um baixo custo preferir5o vender qualquer liceNa de que disponham. Uma vantagem de se permitir um mercado de licerwas de poluição é o fato de que a alocg5o inicial clas liceNas de polui 5o entre as empresas n5o tem import5ncia do ponto de vista de eficiencia econOmica. A lOgica por tras dessa conclus5o similar 5que1a encontrada no teoren-ia de Coase. As empresas que podem reduzir a polui 5o mais facilmente estariam dispostas a vender qualquer liceNa que conseguissem obter e as empresas que s6 conseguem reduzir a polui5o a um alto custo estariam dispostas a comprar todas as licengis de que precisassem. Descle que haja um mercado livre de direitos de poluk . 5- o, a alocay-lo final sera eficiente, qualquer que seja a alocay-lo inicial. En-ibora o uso de liceNas de poluição para reduzir a poluição possa parecer muito diferente do uso de impostos de Pigou, na verdade as duas politicas tem muito em comum. Com os impostos de Pigou, as empresas poluicioras tem que pagar o imposto ao govemo. (Mesmo as empresas que ja possuem licenyis devem pagar para poluir: o custo de oportunidade de poluir o meio ambiente e o que elas receberiam pela venda de suas liceNas no mercado aberto.) Tanto os irnpostos de Pigou quanto as liceNas de polui5o permitem intemalizar a extemalidade da poluição tornando-a dispendiosa para as empresas. A semelhanyi das duas politicas pode ser observada considerando-se um mercado de poluição. Os dois paineis da Figura 4 mostram a curva de demanda por direitos de poluição. Essa curva indica que, quanto menor o prey) da poluição, mais empresas optar5o por poluir o meio an-ibiente. No painel (a), a EPA usa um imposto de Pigou para estabelecer um preo para a poluição. Neste caso, a curva de oferta por direitos de polui5o é perfeitamente elastica (porque as en-ipresas podem poliiir o quanto quiserem desde que pag,uem o imposto) e a posi.5o da curva de demanda determina a quantidade de poluição. No painel (b), a EPA estabelece un-ia quantidade de poluição, emitindo liceNas. Neste caso, a curva de oferta de clireitos -s de poluic;5o é perfeitamente inelastica (porque a quantidade de poluiy o é determinada pelo nUmero de liceNas) e a posi ao da curva de demanda determina o -f-Ctn 215 216 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PBLlCO FIGURA 4 A Equivalkcia entre os linpostos de Pigou e as Licencas de Poluico No peinel (a), a EPA estabelece um preco para a poluicao adotando um imposto de Pigou e o curva de demando determina a quantidade de poluicao. No painel (b), a EPA limita a quantidade de poluicao limitando o n mero de licenas e a curva de demanda determina o prece da poluicao. 0 preco e a quantidade de polui0o sao os mesmos nos dois casos. (a) Imposto de Pigou (b) Concesses de Polui0o Preco da Polui0o Preco da Poluic'a-o , Oferta de licenas de polui0-o kS' Imposto de Pigou 1. Um imposto de Pigou fixa o preo da Demanda por direitos de polui0o Demanda por direitos de preo da po1uição. Assim, para qualquer curva de demanda de po1uição, a EPA pode ating,ir qualquer ponto da curva de demanda, seja estabelecendo um 1. ->re o por meio de um imposto de Pigou, seja estabelecendo uma quantidade por meio das liceNas de Em alguns casos, contudo, vender liceNas pode ser melhor do que aplicar um imposto de Pigou. Suponhamos que a EPA não deseje que mais do que 600 toneladas de lixo sejam lanyidas ao rio. Mas, como não conhece a curva de demanda por po1uição, n a'o está certa quanto ao montante de imposto que tomaria possivel ating,ir essa meta. Neste caso, ela pode simplesn-lente leiloar 600 liceNas. 0 preo do leil"a"o n-lostraria a mag-nitude apropriada do imposto de Pigou. A ideia de o governo leiloar o direito de poluir pode, a principio, parecer obra da imag,inao de algum economista. E, de fato, foi assim que a ideia surg,iu. Mas a EPA tem usado cada vez mais o sistema como forma de controle da poluição. As de poluição, assim como os impostos de Pigou, são hoje consideradas uma maneira de custo eficaz para manter o meio ambiente limpo. Objeces à Anase EconOmica da Polui0o "N5o podemos conceder a ning-uem a op o de poluir em troca de um pagamento." Este comenffiio, feito pelo ex-senador norte-americano Edmund Muskie, reflete a opini"a"o de alguns ambientalistas. Ar puro e 4-ua limpa, arg,umentam eles, s'a- o direitos humanos fundamentais que não podem ser degradados por considera es sob uma perspectiva econOmica. Como atribuir um preço ao ar puro e s 4rua limpa? 0 meio ambiente e t cio i mportante, dizem eles, que devemos protegelo ao rriximo, independentemente do custo. CAPITULO 10 EXTERNALIDADES Os economistas nao simpatizam muito corn esse tipo de argument°. Para eles, as boas politicas ambientais comecam pelo reconhecimento do primeiro dos Dez PrincIpios de Economia, que vimos no Capitulo 1: as pessoas enfrentam tradeoffs. E claro que o ar puro e a agua limpa sao valiosos. Mas seu valor precisa ser comparado ao seu custo de oportunidade — ou seja, aquilo de que as pessoas precisam abrir mao para obte-los. E impossivel eliminar completamente a poluicao. Qualquer tentativa de fazer isso reverteria muitos dos avancos tecnologicos que nos permitem desfrutar de urn alto padrao de vida. Poucas pessoas estariam dispostas a aceitar uma alimentacao pobre em nutrientes, cuidados medicos inadequados ou moradias improvisadas a fim de deixar o meio ambiente o mais limpo possivel. Os economistas argumentam que alguns ativistas ambientais prejudicam sua propria causa recusando-se a pensar em termos econOmicos. Urn meio ambiente limpo é urn bem como qualquer outro. Como todos os hens normais, tern elasticidade de renda positiva: 'Daises ricos tem condicoes financeiras para manter urn meio ambiente mais limpo do que os paises pobres e, portanto, costumam ter uma protecao ambiental mais rigorosa. Alem disso, como a maioria dos outros bens, ar puro e ag-ua limpa estao sujeitos a lei da demanda: quanto menor o preco da protecao ambiental, mais protecao ambiental o pirblico desejard. A abordagem economica ao uso das licencas de poluicao e dos impostos de Pigou reduz o custo da protecao ambiental e deveria, portant°, aumentar a demanda do paha:, por urn meio ambiente limpo. Teste Rapid° Uma fabrica de cola e uma fabrica de aco emitem fumaca que contem urn produto quimico nocivo se inalado em grandes quantidades. Descreva tres maneiras pelas quais o governo da cidade em que as fabricas estao instaladas poderia reagir a essa externalidade. Quais sao os prOs e os contras de cada uma de suas solucoes? CONCLUSAO A rnao invisivel é poderosa, mas nao onipotente. 0 equilibrio de urn mercado maximiza a soma do excedente do proclutor e o do consumidor. Quando os cornpradores e os vendeclores do mercado em questa() Sao as unicas partes interessa(las, esse resultado é eficiente do pont° de vista da socieciade como urn todo. Mas quando ha efeitos extemos, como a poluicao, para se avaliar o resultacio de urn mercado é necessario levar em consideracao o bem-estar de terceiros. Neste caso, a mao invisivel do mercado pode falhar no trabalho de alocar os recursos corn eficiencia. Em alg,uns casos, as pessoas podem resolver sozinhas os problemas das externalidades. 0 teorema de Coase sugere que as partes interessadas podem negociar entre si e chegar a uma solucao eficiente. Algumas vezes, entretanto, nao ha como chegar a urn resultado eficiente, talvez porque o g,rande numero de interessados dificulte a negociacao. Quando as pessoas nao sao capazes de resolver o problema das extemalidades privadamente, o governo freqiientemente entra em acao. Mas, mesmo assim, a sociedade nao pode deixar completamente de lado as forcas do mercado. Mais exatamente, o govern° pode abordar o problema exigindo que os tomadores de decisao arquem totalmente corn os custos de suas acaes. Os impostos de Pigou e as licencas de poluicao, por exemplo, foram criados para internalizar a externalidade da poluicao. Cada vez mais, estao se tornando as politicas preferidas dos interessados em proteger o meio ambiente. As forcas do mercado, quando conetamente redirecionadas, sao, em muitos casos, o melhor remedio para as falhas do mercado. 1,4 217 218 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() CRIANcAS COMO EXTERNALIDADES Este editorial sarcastic° de The Economist uma revista de noticias internacional, chama a atencoo para uma externalidade comum que ndo tem sido completamente percebida. Mantenha Segredo: Quando as Criancas Devem Ser Escondidas, e Nao Ouvidas Vivemos em tempos cada vez mais intolerantes. Ha uma proliferacao de placas proibindo fumar, cuspir, estacionar e ate andar... Boates e restaurantes chiques ha tempos adotaram regras proibindo jeans, e a coisa vai alern. Alguns pubs de Londres adotaram politica de proibicao aos ternos, temendo que barulhentos corretores engravatados prejudicassem a atmosfera do local. Os ambientalistas ha muito exigem diversos tipos de proibicoes quanto aos carros. Os telefones celulares sao as alvos mais recentes: alguns trens, salas de espera em aero- portos, restaurantes e ate campos de golfe estao sendo designados como "areas livres de celulares". Se e a intolerancia que vai ditar o espirito desta epoca, a revista The Economist gostaria de sugerir restricoes a mais uma fonte de poluicao sonora: as criancas. Antes que voce comece a achar que isso é mero preconceito, podemos oferecer um born argumento econOmico a favor da medida. Fumar, dirigir e usar telefones celulares causam aquilo que os economistas chamam de "externalidades negativas", ou seja, o custo dessas atividades para terceiros tende a exceder o custo para o usuario. A mao invisivel do mercado se confunde, desperdicando recursos. Assim, como os custos enfren- tados por urn motorista nao refletem os custos que ele impoe as demais pessoas sob a forma de poluicao e congestionamentos, ele usa o carro mais do que seria socialmente desejavel. Da mesma forma, argumenta-se, os fumantes nao tomam as cuidados necessarios para evitar que sua fumaca irritante afete as pessoas que as cercam. Os governos costumam reagir a essas falhas do mercado de duas maneiras. Uma delas e mais impostos para fazer corn que os poluidores arquem corn o custo total de seu comportamento anti-social. A outra e a regulamentacao, tal como estabelecer padroes de emissao de poluentes ou proibir que se fume em locals Oblicos. As duds abordagens poderiam funcionar em relacao as criancas. RESUMO • Quando uma transacao entre urn comprador e urn vendedor afeta diretamente uma terceira parte, o efeito é chamado de extemalidade. As externalidades negativas, como a poluica-o, fazem corn clue a quantidade socialmente atima em urn mercado seja inferior a quantidade de equilibrio. As externalidades positivas, como os transbordamentos de tecnologia, fazem corn que a quantidade socialmente otima em urn mercado seja superior a de equilibrio. • As pessoas afetadas pelas externalidades podem as vezes resolver o problema privadamente. Por exem- plo, quando uma empresa provoca uma extemalidade a outra, as duas podem internalizar a externalidade por meio de uma fusao. Alternativamente, as partes interessadas podem resolver o problema firmando urn contrato. De acordo corn o teorema de Coase, se as pessoas puderem negociar sem custos, ent5o sempre poder5o chegar a urn acordo segundo o qual os recursos sejam alocados eficientemente. Mas em muitos casos chegar a urn acordo quando existem muitas partes envolvidas é dificil, de modo que o teorema de Coase nao se aplica. CAPITULO 10 EXTERNALIDADES As criancas, da mesma forma que cigarros ou telefones celulares, claramente põem uma externalidade negativa ,as pessoas que Ihes estk pr6ximas. Qualquer pessoa que tenha enfrentado um v6o de 12 horas perto de um bebê chork ou com um adolescente entediado chutando as costas de seu assento agarraria esta id6a com a mesma facilidade com que agarraria o garoto pelo pescoco. É um caso claro de falha do mercado: os pais nk arcam plenamente com os custos totais (abs, bebs viajam de graca nos avi es), de modo que não hesitam em levar consigo suas crias barulhentas. Onde esta a rn",ao invisível quando precisamos dela para administrar um bom tapa? A soluck é 6bvia. Companhias a&eas, trens e restaurantes deveriam criar keas em que criancas não pudessem ficar. Se todas fossem colocadas no fundo do avik, os pais talvez se esforcassem para minimizar a poluick sonora que causam. E, em vez de as criancas pagarem menos e os beb' s voarem de graca, eles deveriam pagar mais do que os adultos, sendo a receita adicional resultante usada para subsidiar os assentos mais pr6ximos da zona de guerra. Os passageiros entk poderiam pedir assentos na area em que não houvesse criangas, assim como hoje pedem assentos na ala de nk-fumantes. À medida que mais mulheres optam por n",ao ter filhos e o nUmero de pessoas mais velhas sem filhos pequenos aumenta, a demanda por viajar sem criancas aumentará. Sim, é um pouco intolerante — mas por que os pais nk deve- • Quando as partes privadas não conseguem lidar bem com efeitos externos, como a poluição, o govemo frecitientemente entra em ação. Alg,un-las vezes, impede atividades socialmente ineficientes regulamentando o comportamento. Outras, internaliza uma externalidade com impostos de Pigou. riam ser tratados da n-iesma forma que os fumantes? E ha uma companhia a&ea que provavelmente seria pioneira no programa: a Virgin. Fonte: The Economist, 5 dez. 1998, p. 20. C.) The Economist Newspaper Ltd. Todos os direitos reservados. Reproduzido com permissao. Proibida nova reproducao. http://vwvw.economist.corn Outra politica pilblica é a concessk) de liceNas de Por exemplo, o govemo pode proteger o meio ambiente emitindo um niimero limitado de liceNas de poluição. 0 resultado dessa politica em g,rande medida, o mesmo da cobraNa de impostos de Pigou dos poluidores. CONCEITOS-CHAVE externalidade, p. 204 internalizar uma externalidade, p. 207 1219 teorema de Coase, p. 210 custos de transa o, p. 211 imposto de Pigou, p. 213 220 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() QUESTOES PARA REVIS-AO 1. De urn exemplo de externalidade negativa e outro de externalidade positiva. 2. Use urn g-rafico de oferta e demanda para explicar o efeito de uma externalidade negativa sobre a produedo. 3. De que maneira urn sistema de patentes ajuda a sociedade a resolver o problema de uma externalidade? 4. Liste alg,umas maneiras pelas quais os problemas causados pelas externalidades podem ser solucionados sem intervenedo do governo. 5. Imagine que voce é urn nao-fumante dividindo o quarto corn urn fumante. Segundo o teorema de Coase, o que determina se ele fumara no quarto? Esse resultado é eficiente? Como voce e seu colega de quarto chegam a essa conclusdo? 6. 0 que sac, impostos de Pigou? For que os economistas preferem esses impostos as regulamentagoes como maneira de proteger o meio ambiente da poluicao? PROBLEMAS E APLICAOES 1. Ha duas maneiras de proteger seu carro de furto. Uma trava dificulta o trabalho de furtar o carro. Urn rastreador facilita o trabalho da policia depois que o carro foi furtado. Qual desses tipos de proteed° transmite uma extemalidadc negativa aos deinais proprietarios de carros? Qual protecdo transmite uma extemalidade positiva? Em sua opiniao, sua analise tern implicacoes politicas? 2. Voce concorda corn as afirmativas abaixo? Por que? a."Os beneficios dos impostos de Pigou como forma de reduzir a poluiedo precisam ser cornparados corn o peso morto causado por esse imposto." b."Ao decidir entre cobrar urn imposto de Pigou dos consumidores ou dos produtores, o govemo deve tomar cuidado para cobrar o impost° do lado do mercado que provoca a externalidade." 3. Considere o mercado de extintores de incendio. a. For que os extintores de incendio apresentam externalidades positivas? b. Represente graficamente o mercado de extintores de incendio, indicando a curva de demanda, a curva de valor social, a curva de oferta e a curva dc custo social. c. Indique o nivel de producdo de equilibrio de mercado e o nivel de eficiencia de producdo. De uma explicacdo intuitiva de por que as duas quantidades sdo diferentes. d. Se o beneficio extemo é de $ 10 por extintor, descreva uma politica governamental que leve a um resultado eficiente. 4. As contribuicoes para organizacoes filantrOpicas sdo dedutiveis do imposto de renda. De que maneira essa politica incentiva solucoes privadas para externalidades? 5. Ringo adora tocar rock a urn volume muito alto. Luciano adora Opera e detesta rock. Infelizmente, eles s-ao vizinhos em urn predio cujas paredes sdo finas como papel. a. Qual é a extemalidade neste caso? b. Que politica de comando e controle poderia ser imposta pelo proprietario? Essa politica levaria a urn resultado ineficiente? c. Suponha que o proprietario do predio permita que os inquilinos resolvam o problema da maneira que acharem melhor. De acordo corn o teorema de Coase, como Ringo e Luciano poderiam chegar por si sas a urn resultado eficiente? 0 que os poderia impedir de ating,ir urn resultado eficiente? 6. Diz-se que o govern° da Suiea subsidia a criae5o de gado e que o subsic-lio é major em areas que tern mais atracoes turisticas. Voce conseg,ue imaginar por que essa politica podc ser eficiente? 7. Urn grande consumo de alcool provoca mais acidentes de transit° e, portant°, impoe custos as pessoas que ndo bebem e dirigem. a. Represente graficamente o mercado de alcool indicando a curva de demanda, a curva de valor social, a curva de oferta, a curva de custo social, a producao de equilibrio de mercado e o nivel de producdo eficiente. CAPftULO 10 EXTERNALIDADES b. Em seu gráfico, sombreie a area correspondente ao peso morto do equilibrio de mercado. (Dica: o peso morto ocorre porque s'a- o consumidas algumas unidades de alcool cujo custo social excede o valor social.) Explique. 8. Muitos observadores acreditam que os niveis de poluiyio em nossa economia sío excessivamente elevados. a. Se a sociedade deseja reduzir a po1uição total num determinado gr, au, por que e eficiente aplicar diferentes niveis de reduYio a diferentes empresas? b. As abordagens de comando e controle muitas vezes se baseiam ern redu es uniformes para as empresas. Por que essas abordagens costumam ser incapazes de afetar as empresas que deveriam fazer as maiores reduies? c. Os economistas argumentam que impostos de Pigou ou direitos negocffiTeis de apropriados, resultar'a'o em uma redu o eficiente da poluição. Como essas abordagens afetam as empresas que deveriam fazer as maiores reducc5es? 9. 0 Rio Pristine tem duas empresas poluidoras ao longo de suas margens. A Acme Industrial e a Qufmica Criativa despejam, cada uma, 100 toneladas de lixo no rio por ano. 0 custo por tonelada de lixo despejado que se reduz é de $ 10 para a Acme e $ 100 para a Creative. 0 governo local quer reduzir a poluição de 200 para 50 toneladas. a. Se o governo conhecesse os custos de redu-ao para cada empresa, que reduc;6"es imporia para atingir sua meta geral? Qual seria o custo para cada empresa e qual seria o custo para as duas empresas juntas? b. Em uma situayio mais comum, contudo, o da governo desconhece o custo da redu ao polui0- o para cada empresa. Admitindo que o govemo decidisse ating,ir sua meta geral impondo reduies uniformes às duas, calcule a reduo feita por cada empresa, o custo para cada uma delas e o custo total para as duas juntas. c. Compare o custo total da redu o da nas partes (a) e (b). Se o governo desconhece o custo da redu ao para cada empresa, ainda ha alguma maneira de reduzir a poluição para 50 toneladas ao custo total calculado na parte (a)? Explique. 10. "Uma multa é um imposto por se ter feito algo errado. Urn imposto é uma multa por se ter feito algo certo." Discuta. 221 11. A Figura 4 mostra que, para cada curva de demanda por direitos de poluição dada, o governo pode atingir o mesmo resultado, seja estabelecendo o prey) com um imposto de Pigou, seja estabelecendo a quantidade com licenyis de Suponhamos que haja um grande avallo na tecnologia de controle da a. Usando grficos semelhantes aos da Figura 4, ilustre o efeito do desenvolvimento tecnol6gico sobre a demanda por direitos de b. Qual o efeito sobre o preo e a quantidade de po1uic5o de cada sistema de regulamentac5o? Explique. 12. Suponha que o govemo decida emitir liceNas negoci veis para um determinado tipo de a. Do ponto de vista de eficiencia econ6mica, faz difereNa se o govemo distribuir ou leiloar as licenyis ? E sob outros pontos de vista? b. Se o govemo optar por distribuir licencas, a sua alocayo entre as empresas importa sob o ponto de vista da eficiencia? E sob outros pontos de vista? 13. A principal causa do aquecimento global e o dic5xido de carbono, que entra na atmosfera em diferentes quantidades a partir de diferentes pafses, mas se distribui uniformemente pelo planeta durante o ano. Em certo artigo publicado no jomal Thc Boston Globe (3 jul. 1990), Martin e Kathleen Feldstein argumentam que a abordagem correta ao aquecimento global pedir a cada pafs que estabilize suas emisses de di6xido de carbono no niveis atuais", como sugerem alguns. Em vez disso, eles argumentam, "as emisses de diOxido de carbono devem ser reduzidas nos pafses onde o custo menor e os paises que arcarem com o Onus deven-i ser remunerados pelo resto do mundo". a. Por que a coopera o intemacional e necesskia para se chegar a um resultado eficiente? b. É possivel criar um sistema de compensg a"o tal que todos os paises fiquem ern melhor situa o que estariam sob um sistema de reclu o uniforme das emiss,5es? Explique. 14. Algumas pessoas se op6'em às politicas de redução da poluição baseadas no mercado, afirmando que elas atribuem um valor monetario do ar e da ag,ua. Os economistas dizem que a sociedade atribui implicitamente um valor à limpeza do meio ambiente, mesmo debaixo de politicas de comando e controle. Discuta por que isso verdade. 222 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLICO 15. (Esta questao é desafiadora.) HA tres industrias no Happy Valley. Empresa Nivei Inicial de Poluicao A 70 unidades Custo de Reducao da Poluicao par Unidade $ 20 80 25 50 10 0 governo quer reduzir a poluicao para 120 unidades e por isso dá a cada empresa 40 licencas negociaveis de poluicao. a. Quern vende licencas e quantas vende? Quern compra licencas e quantas compra? Explique brevemente por que os vendedores e compradores estao, cada urn deles, dispostos a comprar e a vender licencas. Qual o custo total da reducao da poluicao nessa situac5o? b. Em quanto os custos de reduc5o da poluic5o seriam maiores se as concessoes nao pudessem ser negociadas? BENS KBL 0 F R,7 UR OS COMUNS A letra de uma antiga cancao diz que "The best things in life are free" ("As melhores coisas da vida sao de graca"). Um pensamento momentaneo nos revela uma longa lista de bens que o compositor podia ter em mente. A natureza proporciona alg,uns deles, como rios, montanhas, praias, lagos e oceanos. 0 govemo é responsavel por outros, como playgrounds, parques e desfiles. Em qualquer desses casos, as pessoas nao trri de pagar nenhum imposto quando escolhem desfmtar o beneficio desse bem. Os bens gratuitos proporcionam um especial desafio para a analise econ8mica. A maioria clos bens em nossa economia é alocada em mercados onde os compradores pagan-i pelo que recebem e os vendedores sao pagos pelo que fornecem. Para esses bens, os precos sao os sinais que orientam as decises de con-ipradores e vendedores. Quando os bens estao disponfveis gratuitamente, contudo, as forcas de mercado que normalmente alocam os recursos em nossa economia Neste capitulo examinaremos os problemas relacionados a bens que nao precos de mercado. Nossa analise esclarecera um dos Dez Principios de Economia do Capitulo 1: às vezes os governos podem melhorar os resultados do mercado. Quando um bem nao tem preco, os n-iercados privados nao conseg-uem garantir que ele seja produzido e consun-iido nas quantidades apropriadas. Nestes casos, a politica govemamental pode potencialmente remediar a falha do mercado e aumentar o bem-estar econOmico. 224 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR POBLICO 7:4C/UNqi16 atock,rn Col kA, 4 • P, a,k,k .. c,ckclIcAA, ..1, 0 (plan OS DIFERENTES TIPOS DE BENS AOZ clk (:& ,DU -Pa& 1DC6.c.,A) `l kvAL. rn,utct ctu,ovittici ck„ou. ( (.64 4G6,4 propriedade da exclusao a propriedade de urn bem segundo a qual uma pessoa pode ser impedida de usa-lo rivalidade a propriedade de um bem segundo a qual sua utilizacao Os mercados conseguem proporcionar adequadamente os hens que as pessoas querem? A resposta a essa questao depende do bem considerado. Como discutimos no Capitulo 7, podemos confiar no mercado para fornecer a quantidade ciente de sorvetes de casquinha: o preco do sorvete se ajusta para equilibrar oferta e demanda e esse equilibrio maximiza a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Mas, como discutimos no Capitulo 10, nao podemos confiar que o mercado impeca os produtores de aluminio de poluir o ar que respiramos: os compradores e vendedores em urn mercado normalmente nao levam em considerac5o os efeitos extemos de suas decisoes. Assim, os mercados funcionam bem quando se trata de sorvete, mas funcionam mal quando o bem é ar puro. Ao se pensar nos diversos tipos de hens existentes na economia, é ütil agrupalos segundo duas caracteristicas: • 0 bem é excludente? As pessoas pociem ser impedidas de usa-lo? • 0 bem é rival? 0 fato de uma pessoa usar um bem elimina a possibilidade de que alguem mais possa usa-lo? par uma pessoa impede outras pessoas de utiliza-lo ----r-V—V—V— bens privados Partindo dessas duas caracteristicas, a Figura 1 divide os hens em quatro cateaorias: bens que sao tanto 1. Os bens privados sao tanto excludentes quanto rivais. Considere urn sorvete de casquinha, por exemplo. Ele é excludente porque é possivel impedir que uma pessoa o tome — é so nao dar o sorvete a essa pessoa. E o sorvete de casquinha excludentes quanto rivais '---A— FIGURA 1 Quatro Tipos de Bens Os hens podem ser agrupados em quatro categorias segundo duos perguntos: (1) 0 bem é excludente? 1st° 6, as pessoas podem ser impedidas de usci-lo? (2) 0 bem é rival? Isto 6, se uma pessoa usa urn bem, isso elimina a possibilidade de outra pessoa usd-lo? 0 diagram° do exemplos de hens pertencentes a coda uma dos quatro categorias. Sim Sim [Excludenteli Nao MonopOlios Naturals • Sorvetes de casquinha • Roupas • Estradas corn pedagio congestionadas • Protecao contra incendios • TV a cabo • Estradas corn pedagio llyre • Recursos Comuns Nao I Rivard Bens Privados Peixes do mar • Meio ambiente • Estradas sem pedagio congestionadas • Bens Ptiblicos • Sirene de tornado • Defesa nacional • Estradas sem pedagio livre 225 CAP1TULO 11 BENS PUBLICOS E RECURSOS CONIUNS rival porque, se uma pessoa tomar um sorvete, outra n'ao podera tomar o mesmo sorvete. A maioria dos bens da economia e composta de bens privados, como os sorvetes de casquinhas. Quando analisamos oferta e demanda nos capitulos 4, 5 e 6 e a eficiencia dos mercados nos capitulos 7, 8 e 9, adn-iitimos implicitamente que os bens fossem tanto excludentes quanto rivais. 2. Bens pbiicos n'ao s'ao nem excludentes nem rivais. Ou seja, as pessoas na-o podem ser impedidas de usar um bem ptIblico e, quando uma pessoa usa um bem público, isso n ao reduz a disponibilidade dele, podendo ser utilizado por outras pessoas sem prejuizo de nenhuma delas. Por exemplo, uma sirene de tornado de uma pequena cidade é um bem público. Quando a sirene soa, é impossivel impedir que alg,uem a ouc, a. E, quando alguem recebe o beneficio do sinal de perigo, isso n'ao reduz o beneficio conferido aos demais habitantes. 3. Os recursos comuns s'ao rivais, mas n'ao excludentes. Por exemplo, os peixes no mar s'ao bens rivais: quando alguen-1 pesca um deles, ha menos peixes disponiveis para a prOxima pessoa que for pescar. Mas os peixes na'o s'ao excludentes, porque, dada a vasticla- o do mar, e difícil impedir que os pescadores retirem peixes dele. 4. Quando um bem n ao e nem excludente nem rival, e exemplo de monoOlio natural. Considere, por exemplo, a proteao contra incridios numa cidade pequena. facil excluir as pessoas do uso do bem: os bombeiros podem sin-Iplesmente permitir que a casa delas queime ate o fim. Mas a proteção contra inc'endios n'ao rival. Os bombeiros passam g,rande parte de seu tempo esperando por cle modo que proteger un-ia casa a mais provaveln-iente n ao reduzira a teção disponivel para as demais. Em outras palavras, uma vez que uma cidade pague pelo corpo de bombeiros, o custo adicional da prote ao de uma casa a mais e pequeno. No Capitulo 15, daremos uma definic; ,ao melhor dos monop(5lios naturais e os estudaremos em maiores detalhes. Neste capitulo, examinaremos os bens que não s'ao excludentes e, portanto, esta- o disponiveis gratuitamente para todos: os bens pb1icos e os recursos naturais. Como veremos, este tpico esta estreitamente relacionado ao estudo das externalidades. Quando se trata de bens pbicos e de recursos naturais, as extemalidades surgem porque algo de valor n'ao tem prNo estipulado. Se alguem proporciona um bem pUblico, como uma sirene de tomado, as outras pessoas se beneficiam, mas rth- o podem ser cobradas por esse beneffcio. De maneira similar, quando uma pessoa usa um recurso comum, como os peixes do mar, as outras pessoas s'ao prejudicadas e n ao s a"o compensadas por essa perda. Por causa desses efeitos extemos, as decises privadas de consumo e produlo podem levar a uma aloca ao ineficiente dos recursos e a interven o do govemo pode potencialmente aumentar o bemestar econOmico. Teste R4ido Defina bens pblicos e recursos comuns e dê um exemplo de cada. BENS PBLiCOS Para entender de que maneira os bens ptiblicos diferem de outros bens e quais s.k) os problemas que apresentam à sociedade, vamos considerar um exemplo: um show pirotecnico. Esse bem na'o é excludente porque e impossivel impedir que alguem veja os fogos, e n ao é rival porque o entretenimento que uma pessoa extrai dele não reduz o entretenimento disponivel para as outras. (.0AtCk-,41;'4LCCI i ,t cy (Gx, cf,a b.117)71- .rflC L P°r EMA.tkpl bens p(Iblicos bens que não sk nem excludentes nem rivais recursos comu ns bens que são rivais, mas excludentes 226 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() Problema dos Caronas carona ( alguern que recebe o beneficio de urn bem, mas evita pagar por ele Os moradores de Smalltown, nos Estados Unidos, gostam de ver fogos de artificio no feriado de Quatro de Julho, Dia da Independencia norte-americana. Cada urn dos 500 moradores da cidade atribui urn valor de $ 10 ao espetaculo. 0 custo de urn show pirotecnico é $ 1 mil. Como o beneficio de $ 5 mil supera o custo de $ 1 mil, 6 eficiente para os moradores de Smalltown ver a queima de fogos de artificio nessa data. 0 mercado privado produziria um resultado eficiente? Provavelmente nao. I magine que Ellen, uma empreendedora de Smalltown, decidisse fazer uma queima de fogos de artificio. Ela provavelmente teria dificuldades para vender ingressos para o evento porque sous clientes em potencial logo perceberiam que podeham ver a exibicao mesmo sem pagar ingress°. Como os fogos nao sa-o excludentes, ha um incentivo para que as pessoas sejam caronas. Urn carona é uma pessoa que recebe o beneficio de urn bem, mas evita pagar por ele. Uma maneira de enxergar essa falha do mercado é pensar que ela surge de uma externalidade. Se Ellen realizasse a exibicao de fogos de artificio, ela conferiria urn beneficio extemo as pessoas que assistissem ao espetaculo sem pagar por isso. Ao decidir se faz ou rid° a apresentacdo, Ellen ig,nora esses beneficios extemos. Embora uma apresentacao de fogos de artificio seja socialmente desejavel, ela rid° 6 lucrativa do ponto de vista privado. Como resultado, Ellen toma uma decisa-o socialmente ineficiente de nao realizar o espetaculo. Embora o mercado privado falhe ao nao fomecer a apresentacao de fogos de artificio demandada pelos habitantes de Smalltovvn, a solucao para esse problema 6 &via. 0 govern° local pock patrocinar uma festa de Quatro de Julho, aumentando os impostos de todos em $ 2 e usando a receita arrecadada para contratar Ellen para que produza o espetaculo. Todos os moradores s'ao beneficiados em $ 8 — os $ 10 do valor que atribuem aos fogos menos os $ 2 do imposto. Ellen pode ajudar Smalltown a atingir o resultado eficiente no papel de funcionaria publica, embora na-o o possa fazer como empreendedora privada. O caso de Smalltovvn é simplificado, mas tambem é realista. Na verdade, muitos governos locais dos Estados Unidos pagam pelos fogos de artificio no feria& de Quatro de Julho. Alem do mais, o caso nos ensina uma licao geral sobre Os hens publicos: como eles na-o sao excludentes, o problema dos caronas impede que o mercado privado Os oferte. 0 govern°, entretanto, pode potencialmente resolver o problema. Se concluir que os beneficios totais excedem os custos, pode proporcionar o hem public° e 1.-)agar por ele corn a receita de impostos, deixando todos em melhor situacao. Alguns Bens Publicos importantes Ha muitos exemplos de hens publicos. Aqui, vamos considerar ties dos mais importantes. Defesa Nacionai A defesa do pais de agressores externos é urn exemplo classic° de hem phlico. Uma vez que o pais esta defendido, é impossivel impedir qualquer pessoa de desfrutar o beneficio proporcionado por essa defesa. Ademais, quail& alguem desfruta do beneficio da defesa nacional, nao reduz o beneficio proporcionado Cs demais pessoas. Assim, a defesa nacional nao 6 nem excludente nem rival. CAPfTULO 11 BENS POBLICOS E RECURSOS COMUNS "O conceito me agrada, desde que possamos construir isso sem aumentar os impostos." A defesa nacional tambem é um dos bens pb1icos mais dispendiosos. Em 2002, o governo federal dos Estados Unidos gastou um total de $ 348 bilMes em defesa nacional, ou cerca de $ 1.200 por pessoa. As pessoas divergem quanto a essa quantia ser muito alta ou muito baixa, mas ninguem duvida de que e necessario o governo gastar alguma quantia com a defesa nacional. Ate os economistas que defendem uma presena menor do Estado concordam que a defesa nacional é um bem pb1ico que deve ser proporcionado pelo govemo. Pesquisa de Base A cria o de conhecimento é um bem pUblico. Se um matematico prova um novo teorema, o teorema entra para o conjunto geral de conhecimento que todos podem usar gr, atuitamente. Como o conhecimento é um bem empresas que tem fins lucrativos tendem a pegar carona no conhecimento criado por outras pessoas e, com isso, investem poucos recursos na crig"a"o de novos conhecimentos. Ao se avaliar a politica adequada para a cria o de conhecimento, é importante disting,uir entre conhecimentos gerais e conhecimentos tecnolc5g,icos especificos. Os conhecimentos tecnolc5gicos especificos, como a inven o de uma bateria melhor, por exemplo, podem ser patenteados. Com isso, o inventor obten-i grande parte do beneficio de sua inveN ao, embora não sua totalidade. Em comparg-c-io, um matematico não pode patentear um teorema; conhecimentos gerais como esse ficam disponiveis g,ratuitan-iente para todos. Em outras palavras, o sistema de atentes torna excludentes os conhecimentos tecno1 cos especificos, mas n'ao os mentos gerais ,2 0 governo procura proporcionar os conhecimentos gerais de diversas maneiras. governamentais, como os Institutos Nacionais da Sade e a Fundg'ao Na0rg aos cional de Ciencia, subsidian-i a pesquisa de base em medicina, matematica, fisica, quimica, biologia e ate economia. Alg-,umas pessoas justificam o financiamento do progTama espacial pelo governo com base no argumento de que contribui para o conjunto de conhecimentos da sociedade. Certamente muitos bens privados, 227 228 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO inclusive os coletes a prova de balas e o suco Tang, usam materials orig-inalmente desenvolvidos pelos cientistas e engenheiros que estavam tentando levar o homem a Lua. E dificil determinar o nivel adequado de apoio govemamental a essas empreitadas porque os beneficios sao de dificil mensuracao. Alem disso, os deputados e senadores que reservam fundos para pesquisa normalmente tern pouca experiencia cientifica e, portant°, nao sac) as pessoas mais indicadas para julgar as linhas de pesquisa que render5o os maiores beneficios. Luta contra a Pobreza Muitos prog,ramas governamentais tern por objetivo ajudar os pobres. Nos Estados Unidos, por exemplo, o programa denominado Assistencia Temporaria as Familias Necessitadas oferece uma pequena renda a alg,umas familias pobres. De maneira similar, o programa de vales-alimentacao subsidia a compra de alimentos para pessoas de baixa renda, e diversos programas governamentais de moradia tornam mais acessivel a compra de imoveis. Esses programas contra a pobreza sac) financiados por impostos cobrados de familias que s5o financeiramente mais hem-sucedidas. Os economistas diver-gem entre eles si quanto ao papel que o govern° deve represen tar na luta contra a pobreza. Aqui, destacamos urn argument° importante: os defensores de prog,ramas contra a pobreza alegam que a luta contra esse problema 6 urn bem pUblico. Suponhamos que todos prefiram viver numa sociedade sem pobreza. Mesmo que essa preferencia seja clara e generalizada, a luta contra a pobreza nao 6 urn "bem" que o mercado privado possa proporcionar. Ning,u6m, individualmente, pode eliminar a pobreza porque o problema C amplo demais. Alem disso, 116 grande pressao para a caridade privada resolver o problema: as pessoas que nao fazem doacOes podem pegar carona na generosidade das que doam. Neste caso, tributar os ricos para elevar o padrao de vida dos pobres pode deixar todos em melhor situac5o. Os pobres ficam em melhor situacao porque agora desfrutam de urn padr5o de vida mais alto, e os que pagam os impostos porque desfrutam de viver numa sociedade corn menos pobreza. Estude ce Case OS FAROIS SAO BENS POBL1COS? t) 0 v c‹` Urn hem de que tipo? Alg,uns bens podem ser classificados em pUblicos ou privados, dependendo das circunstancias. Por exemplo, urn show pirotecnico sera urn bem public° se for realizado numa cidade corn muitos habitantes. Entretanto, se for realizado num parque de diversoes privado, como a Disney World, tendera mais a ser urn hem privado porque os visitantes do parque terao pago para entrar nele. Outro exemplo s5o os farais. Os economistas hi muito tempo usam os farois como exemplo de bem public°. Os farOis sao usados para marcar locals especificos, de maneira que os navios que passam evitem aguas traicoeiras. 0 beneficio que o farol proporciona ao capita° do navio n5o 6 nem excludente, nem rival, de modo que cada capitdo tern urn incentivo para pegar carona usando o farol para navegar sem pagar por esse servico. Por causa desse problema dos caronas, os mercados privados n5o costumam proporcionar os farois de que os capit5es de navios precisam. Como resultado, a maioria dos farois hoje 6 operada pelo govern°. Em alguns casos, entretanto, os farOis podem ser considerados mais como hens privados. Na costa da Inglaterra, no seculo XIX, a posse e a operacao de alguns CAP j TULO 11 BENS PUBL1COS E RECURSOS CONIUNS 229 far6is eram privadas. Entretanto, em vez de tentar cobrar o servko dos capithes dos navios, o proprietkio do farol cobrava do proprietkio do porto mais prOximo. Se o proprietkio do porto n", o pagasse, o dono do farol desligava a luz e os navios evitavam esse porto. Ao se decidir se algo é um bem pb1ico, e preciso determinar o n mero de beneficikios e verificar se eles podem ser excluidos do uso do bem. 0 problema dos caronas surge quando o rulmero de beneficikios é grande e excluir qualquer um deles impossivel. Se um farol beneficia muitos capites de navios, trata-se de um bem Mas, se beneficia principalmente um único proprietkio de porto, é considerado mais como um bem privado. • A Difícil Tarefa da Analise de Custo-Beneficio Ate aqui vimos que o governo proporciona bens Viblicos porque o mercado privado, por si s6, iião produz uma quantidade eficiente. Entretanto, decidir que o governo deve desempenhar uma fuN Eio e só o primeiro passo. Em seg,uida, o governo precisa determinar que especies de bens Viblicos deve fornecer e em que quantidades. Suponhamos que o governo esteja considerando um projeto púhlico, como a constru o de uma nova estrada. Para julgar se deve ou nk) fazer a obra, precisa comparar o beneficio total para todos que a usariam com os custos de constr io e manuteno. Para tomar essa decisk), o govemo poderia contratar uma equipe de economistas e engenheiros para que realizassem um estudo, chamado anMise de custo-beneficio, cujo objetivo é estimar os custos e beneficios totais do projeto m um todo. para a sociedade CO() Os analistas de custo-beneficio tem um duro trabalho. Como a estrada estari disponivel para todos gratuitamente, não há um preo pelo qual se possa julgar o valor da estrada. Simplesmente perguntar às pessoas que valor atribuiriam à estraseria confiElvel: é difícil quantificar beneficios a partir dos resultados de um da n k) questionkio e, alem disso, 1-1 pouco incentivo para que os entrevistados responcom honestidade. Os que usariam a estrada t'em um incentivo dam às quest 6es para exagerar os beneficios que receberiam a fim de fazer com que ela seja construida. Os que seriam prejudicados pela estrada t'ern um incentivo para exagerar os custos a fim de evitar sua constru o. Uni forneciniento eficiente de bens piThlicos é, portanto, intrinsecamente mais difícil do que um fornecimento eficiente de bens privados. Os bens privados são fornecidos no mercado. Os compradores de um bem privado revelam o valor que atribuem a ele por meio do prec;o que estio dispostos a pagar. Os vendedores revelam p seus custos por meio dos pre9 s que esifio dispostos a aceitar. Em compara o, os observam nenhum sinal cle pre90 ao avaliar se o analistas de custo-beneficio n Eio governo deve fornecer um bem púhlico. Portanto, suas conclus^(5es sobre os custos e beneffcios dos projetos piklicos sk), na melhor das hiV)teses, aproxima es. Estudo de Caso QUANTO VALE UMA VIDA? Imagine que voce tenha sido eleito para membro do conselho local de sua cidade. 0 engenheiro que trabalha para o governo da cidade vem com uma proposta para anMise de custo-beneficio um estudo que compara os custos e os beneficios de um bem para a sociedade 230 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC° voce: a cidade pode gastar $ 10 mil para construir e operar urn semaforo num cruzamento da cidade no qual hoje ha apenas uma placa de "Pare". 0 beneficio do semdforo é major seguranca. 0 engenheiro estima, corn base em dados extraidos de cruzamentos semelhantes, que o semaforo recluziria o risco de urn acidente de transit° fatal durante a sua vida titil de 1,6% para 1,1%. A cidade deve gastar essa verba corn o semdforo? Para responder a essa questa°, voce se volta para a analise de custo-beneficio, mas logo encontra um obstaculo: os custos e beneficios devem estar nas mesmas unidades de medida para poderem ser comparados. 0 custo é medido em Mares, mas o beneficio — a possibilidade de salvar a vida de alguem — nao é medido em valores monetarios. Para tomar a decisao, voce precisa atribuir urn valor em dinheiro a uma vida humana. Primeiro, pode sentir-se tentado a concluir que a vida humana nao tern preco. Afinal, provavelmente nao ha nenhuma quantia de dinheiro que alguem possa lhe pagar para voce voluntariamente abrir rnao de sua propria vida ou da vida de urn ente querido. Isso sugere que a vida humana tem urn valor monetario infinito. Mas, para os fins da analise de custo-beneficio, essa resposta leva a resultados sem sentido. Se realmente a tribuissemos urn valor infinito a vida humana, colocariamos sem6foros em todas as esquinas. Similarmente, todos dirigiriamos carros grandes corn todos os mais modernos itens de sepranea, e nao carros pequenos corn poucos equipamentos de seguranea. Mas nao ha semdforos em todas as esquinas e as pessoas muitas vezes optam por carros pequenos sem air bags laterais ou freios ABS. Em nossas decisoes, tanto publicas quanto privadas, por vezes colocamos nossa vida em risco para economizar urn pouco. Uma vez aceita a ideia de que a vida de uma pessoa tern, sim, urn valor monetario implicit°, como podemos determinar esse valor? Uma abordagem, por vezes usada pelos tribunais para determinar indenizaeoes em processos por homicidio, é calcular a quantia total de dinheiro que a pessoa teria ganho se nao tivesse morrido. Os economistas muitas vezes criticam essa abordagem, uma vez que ela carrega a premissa bizarra de que a vida de urn aposentado ou de urn invalid° nao tem valor. Uma maneira melhor de avaliar a vida humana é analisar os riscos quo as pessoas estao voluntariamente dispostas a correr e o quanto lhes deveria ser pago para que corressem esses riscos. 0 risco de morte, por exemplo, varia de uma ocupacao para outra. Os operarios da construed° civil que trabalham em arranha-ceus correm urn risco major de morrer no trabalho do que pessoas quo trabalham num escritorio. Comparando os salarios de profissoes de major e menor risco e controlando o nivel de instmcdo, experiencia e outros determinantes dos salarios, os economistas poclem ter uma ideia do valor que as i.-)essoas atribuem a prOpria vida. Estudos utilizando essa abordagem concluem que o valor da vida humana é de aproximadamente $ 10 mill-16es. Podemos agora voltar ao nosso exemplo original e dar uma resposta ao engenheiro. 0 semaforo reduz o risco de morte em 0,5%. Assim, a expectativa do beneficio a ser proporcionado pelo semaforo é de 0,005 x $ 10 milhoes, ou $ 50 mil. Essa estimativa do beneficio supera em muito o custo de $ 10 mil, de modo quo voce deve aprovar o projeto. • Teste Rapid° 0 que e o problema dos caronas? • Por que o problema dos caronas induz o governo a fornecer bens pOblicos? • Coma o governo deve decidir se fornece ou nao urn bem p6blico? CAPh-ULO 11 BENS PUBLICOS E RECURSOS CONIUNS 231 RECURSOS COMUNS Os recursos comuns, como os bens nao sao excludentes: estao disponiveis g,ratuitamente para todos que queiram usa-los. Os recursos comuns, entretanto, sao rivais: o uso de um recurso comum por uma pessoa reduz a possibilidade que outras pessoas tem de usa-lo. Assim, os recursos comuns clao origem a um novo problema. Urna vez fornecido o bem, os formuladores de politicas precisam se preocupar com a quantidade usada desse recurso. Esse problema pode ser mais bem entendido por meio da classica parabola chamada Trag&lia dos Comuns. Tra0dia dos Comuns uma parbola que ilustra por A Tra0dia dos Comuns Considere a vida em uma pequena cidade medieval. Das muitas atividades econ6micas ali realizadas, uma das mais importantes é a crigao de ovelhas. Muitas das familias da cidade tem rebanhos de ovelhas e se sustentam vendendo lã, que usada para fazer roupas. Quando essa hist(5ria come(;:a, as ovelhas passam g-rande parte de seu tempo pastando nas terras que cercam a cidade, chamadas de Comuna Local. Nenhuma familia é dona da Comuna. Em vez disso, as terras sao propriedade coletiva de todos os habitantes da cidade e todos podem deixar suas ovelhas ali para pastar. A propriedade coletiva funciona bem porque a terra é abundante. Desde que todos tenham acesso a quantidade de pastagem de que precisam, as terras da Comuna Local nao sao um bem rival e permitir que as ovelhas dos habitantes pastem gratuitamente nao constitui problema. Todos na cidade estao felizes. Com o passar dos anos, a populgao da cidade cresce e, com ela, o nUmero de ovelhas que pastam na Comuna. Com um nmero crescente de ovelhas e uma quantidade fixa de terras, a terra comea a perder sua capacidade de se recuperar. Con-i o decorrer do tempo, a terra passa a ser utilizada tao intensamente que acaba por ficar esteril. Com o fim do pasto na Comuna, criar ovelhas fica impossivel e a pr6spera indstria de lã da cidade desaparece. Muitas farnilias perdem sua fonte de sustento. 0 que causa a tragedia? Por que os pastores permitem que a populaao de ovelhas cresa a ponto de destruir a Comuna Local? A razao é que os incentivos sociais . e privados sao diferentes. Evitar a destruiao das pastagens depende de a ao coletiva i_->or parte dos pastores. Se os pastores agissem juntos, poderiam reduzir a populgao de ovelhas para um nivel que a Comuna pudesse sustentar. Entretanto, nenhuma familia tem incentivo para reduzir o tamanho do seu rebanho porque cada rebanho representa apenas uma pequena parte do problema. Em essencia, a Tragedia dos Comuns surge por causa de uma externalidade. Quando o rebanho de uma famflia pasta nas terras comuns, reduz a qualidade da terra disponivel para as demais familias. Como as pessoas nao levam em considergao essa externalidade negativa ao decidir quantas ovelhas possuir, o resultado e um niimero excessivo de animais. Se a tragedia tivesse sido antevista, a cidade poderia ter resolvido o problema de diversas maneiras. Poderia ter reg,ulado o n mero de ovelhas por familia, internalizado a externalidade tributando as ovelhas ou leiloado um n mero limitado de liceNas de pastagem. Ou seja, a cidade meclieval poderia ter lidado com o problema do excesso de ovelhas da mesma maneira que a sociedade modema lida com o problema da No caso da terra, entretanto, ha uma soluao mais simples. A cidade pode dividir as terras entre as familias da cidade. Cada familia pode colocar uma cerca em sua parcela de terra protegendo-a, dessa forma, do uso excessivo. Com isso, a terra se que os recursos comuns mais utilizados do que o desejável do ponto de vista de toda a sociedade 232 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR POBLICO tomaria um bem privado, deixando de ser urn recurso comum. Esse resultado de fato ocorreu durante o movimento de cercamentos na Inglaterra, no seculo A Tragedia dos Comuns é uma historia corn uma lição geral: quando alg,uem usa urn recurso comum, diminui o desfrute que as outras pessoas podem ter dele. Por causa dessa extemalidade negativa, os recursos comuns tendem a ser usados em excesso. 0 governo pode resolver o problema, reduzindo o uso de recursos comuns por meio de regulamentos ou impostos. Alternativamente, algumas vezes pode transformer o recurs° comum em hem privado. Essa licao é conhecida h. milhares de anos. AristOteles, filosofo da Grecia Antiga, apontou o problema dos recursos comuns: "0 que é comum a muitos é o que recebe menos cuidados, porque todos tem major preocupacao corn o que é seu do que corn aquilo que possuem em conjunto corn outros". Aiguns Recursos Comuns Importantes He muitos exemplos de recursos comuns. Em quase todos os casos, he o mesmo problema que acontece na Trageclia dos Comuns: os tomadores de decisoes privados NOTICIAS A SOLUcA0 DE CINGAPURA Os pedogios sao um jeito de resolver o problema dos congestionamentos e, de acordo corn alguns econornistas, no° sao too usados quanta deveriam ser. Nesta coluno, o economista Lester Thurow descreve a solucOo bem-sucedido que Ongapura encontrou para as congestionamentos. A Economia de Estabelecimento de Preps nas Estradas Por Lester C Thurow Vamos comecar par em fato observavel. Cidade alguma jamais conseguiu resolver as problemas de poluicao e congestionamentos construindo mais ruas. Algumas cidades do mundo construfram muitas ruas (coma Los Angeles) e outras construfram muito poucas (Xangai tinha bem poucos carros ate recentemente), mas as niveis de congestionamento e de poluicao nao variam muito. Urn n mero major de ruas 56 incentiva mais pessoas a usar seus carros, a morar mais longe do trabalho e, cam isso, a usar mais espaco nas ruas... Uma analise recente do problema dos congestionamentos em Londres concluiu que a cidade poderia derrubar todos as im6veis do centro a fim de usar o espaco para construir ruas e ainda assim teria urn transit° altamente congestionado. Os economistas sempre tiveram uma solucao teorica para a questa° dos congestionamentos de automOveis e da poluicao — estabelecer precos pelo uso das ruas. Cobrar pelo uso das ruas cam base em quais ruas as pessoas utilizam, a que hora do dia e em que epoca do ano e no grau de poluicao no moment° em que as ruas estao sendo usadas. Estabelecer precos em niveis que resultem no volume atm° de uso. Ate Cingapura decidir tentar experimentar, cidade alguma tivera a coragem de estabelecer precos para suas ruas. Muitas ideias podem parecer boas na teoria e canter fahas inesperadas. Agora Cingapura ja tem mais de dez anos de experiencia cam o sistema e ele funciona! No ha falhas inesperadas. Cingapura e a Unica cidade na face da Terra sem congestionamentos e sem problemas de poluicao causados par carros. Em Cingapura, uma serie de cab ines de peclagio cerca a parte central da cidade. Para CAPh-ULO 11 BENS PUBLICOS E RECURSOS COMUNS 233 usam em excesso o recurso comum. Os governos com freqiincia regulamentam o comportamento ou impi5em tarifas para atenuar o problema do uso excessivo. Como discutimos no Capitulo 10, os mercado não protegem adequadamente o meio ambiente. A poluição e uma externalidade negativa que pode ser solucionada com regulamentos ou com impostos de Pigou sobre as atividades poluidoras. Essa falha do mercado pode ser considerada um exemplo do problema dos recursos comuns. Ar puro e agua limpa s'ao recursos comuns como os pastos abertos, e a polui "ao excessiva e como a pastagem excessiva. A degrada(fao do meio ambiente é uma vers"a"o moderna da Tragedia dos Comuns. Ar e Agua Puros Estradas Congestionadas As estradas podem ser bens pblicos ou recursos . esta congestionada, o uso dela por alguem n'a- o afeta comuns. Se uma estrada ri k) as demais pessoas. Neste caso, o uso não é rival e a estrada é um bem pblico. Mas, se a estrada esta congestionada, ento seu uso resulta numa externalidade negativa. Quando alguem dirige nessa estrada, ela se toma ainda mais congestionada e as outras pessoas precisam dirigir mais devagar. Neste caso, a estrada e um recurso comum. entrar ali, cada carro precisa pagar um pedagio baseado nas ruas utilizadas, no horario de uso e no nivel de poluicao do dia. Os precos sao aumentados e diminuidos para levar ao uso Otimo. Alern disso, Cingapura calcula o n mero maximo de -carros que podem ser suportados sem poluicao fora do centro da cidade e leiloa, a cada mes, direitos de licenca para carros novos. Diferentes tipos de chapas permitem diferentes graus de utilizacao. Uma chapa que permita usar o carro a qualquer hora é muito mais cara do que outra que s6 permita a utilizacao nos fins de semana — periodo em que os problemas de congestionamento sao muito menores. Os precos dependem da oferta e da demanda. Com esse sistema, Cingapura deixa de gastar recursos em projetos de infra-estrutura que nao resolvem os problemas de congestionamento e poluicao. A receita obtida pelo sistema é usada para reduzir outros impostos. Mas, se isso funciona, por que Londres rejeitou fixar precos pelo uso das ruas em seu recente relatOrio sobre os problemas dos congestionamentos e da poluick? Porque eles temiam que tal sistema fosse considerado uma interferencia excessiva do governo e que a populacao nao tolerasse um sistema que permitisse que os ricos pudessem usar mais seus carros do que os pobres. Os dois argumentos ignoram o fato de que ja temos estradas com pedagio, mas novas tecnologias tambem permitiriam evitar os dois problemas. Usando c6digos de barras e cart6- es de debito, as cidades poderiam instalar leitores de c6digos de barras em diferentes pontos. A medida que cada carro passasse por cada ponto, uma certa quantia seria deduzida do cartao de debito do motorista, dependendo das condices do tempo, do horario e da localizacao. Dentro do carro, o motorista teria um medidor que Ihe diria quanto foi cobrado e quanto resta em sua conta no cartao de debito... Para os igualitarios que acreditam que os privilegios de usar o carro devem ser divididos uniformemente (ou seja, nao com base na renda), seria possivel pensar em um sistema em que fosse concedido a cada carro um cartao de debito com um saldo anual. Aqueles que quisessem dirigir menos poderiam vender o saldo nao utilizado para pessoas que quisessem dirigir mais. Em vez de proporcionar à cidade uma receita tributaria adicional, esse sistema conferiria uma renda complementar as pessoas que estivessem dispostas a viver perto de onde trabalham ou a usar o transporte Como os pobres dirigem menos que os ricos, o sistema acabaria sendo uma forma de redistribuicao igualitária de renda dos ricos para os pobres. Fonte: The Boston Globe, 28 fev. 1995, p. 40. Copyright 1995 by GLOBE NEWSPAPER CO (MA). Reproduzido com permissk da GLOBE NEWSPAPER CO (MA) no formato livro-texto por meio do Copyright Clearance Center. 234 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() Uma maneira pela qual o govern() pode abordar o problema dos congestionamentos nas estradas é cobrar urn pedagio dos motoristas. Os pedagios sao, em essencia, urn impost() de Pigou sobre a extemalidade do congestionamento. Muitas vezes, como no caso de estradas locais, os pedagios nao sao uma solucao pratica porque a cobranca seria custosa demais. Em alguns casos, os congestionamentos so representam problema em determinados horarios do dia. Se, por exemplo, uma ponte tern trafego intenso na hora do rush, a external idade do congestionamento é major nesse horario do que em outros momentos do dia. A maneira eficiente de lidar corn essas externalidades é cobrar pedagios maiores durante o horario de rush. Isso representaria urn incentivo para que os motoristas alterassem sua rotina e reduziria o transito nos horarios de major congestionamento. Outra politica quo responde a questao dos congestionamentos, discutida num estudo de caso do capitulo anterior, é o impost() sobre a gasolina. A gasolina é urn bem complementar a conducao de veiculos: urn aumento do preco da gasolina tende a reduzir o uso do automOvel. Assim, urn imposto sobre a gasolina reduz os congestionamentos. Entretanto, urn imposto sobre a gasolina é uma solucao imperfeita para os congestionamentos das estradas. 0 problema é que o impost° sobre a gasolina afeta outras decisoes alem do grau de uso dos carros em estradas congestionadas. Por exemplo, o imposto desencoraja que se dirija em estradas nao congestionadas, ainda quo nelas nao haja a externalidade do congestionamento. Peixes, Baieias e Outros Animais Seivagens Muitas especies de animais sao recursos comuns. Os peixes e as baleias, por exemplo, tern valor comercial e qualquer pessoa pode ir pescar no oceano o que estiver disponivel. Cada pessoa tern pouco incentivo para preservar a especie para o ano seguinte. Assim como o uso excessivo dos pastos pode destruir a Comuna Local, a pesca excessiva de peixes e baleias pode destruir populacoes marinhas de alto valor comercial. 0 mar continua sendo urn dos recursos comuns menos regulamentados. Ha dois problemas quo impedem uma solucao simples. Em primeiro lugar, muitos palses tern saida para o mar, de modo que qualquer solucao exig,iria cooperacao internacional entre 'Daises que tern valores diferentes. Em seg-undo lugar, por causa da vastidao dos oceanos, fazer qualquer acordo ser cumprido seria dificil. Como resultado, os direitos de pesca tern sido uma fonte de tensdo internacional entre paises normalmente amigos. Nos Estados Unidos ha diversas leis visando a protecao de peixes e especies animais que sdo cacados. Por exemplo, o govern() cobra por licencas para cacar e pescar e restringe a duracao das estacoes de caca e pesca. Os pescadores devem lancar de volta a agua peixes muito pequenos e os cacadores podem matar somente urn mamero limitado de animais. Todas essas leis reduzem o uso de um recurso comum e ajudam a manter as populacoes animais. Estudo de Caso POR QUE A VACA NAO ESTA EXTINTA Ao longo da historia, muitas especies animais tern sido ameacadas de extingdo. Quando os europeus chegaram pela primeira vez a America do Norte, mais de 60 milhoes de btifalos perambulavam pelo continente. No entanto, a caca ao btifalo CAPIftULO 11 BENS PUBLICOS E RECURSOS COMUNS 235 era tão popular durante o seculo XIX que por volta de 1900 a populg a'o havia caido para 400 animais antes que o governo decidisse entrar em g"a'o para proteger a especie. Hoje, em alguns paises africanos, os elefantes enfrentam um desafio semelhante porque cgadores matam os animais para extrair seus clentes de Entretanto, nem todos os animais que têrn valor comercial estão amegados. A y vaca, por exemplo, e uma fonte valiosa cle alimento, n as ning,uem teme que a vaca logo seja extinta. Com efeito, a grande clemanda por carne bovina parece garantir que a especie continuath a existir. NOTkIAS 0 PARQUE DE YELLOWSTONE DEVERIA COBRAR 0 MESMO QUE A DISNEY WORLD? - Os parques nacionais, assim como as estradas, podem ser bens pblicos ou recursos comuns. Se a lota0o nc io representa problema, urna visita a um . é rival. Mas, se o porque se toma popular, é ofetado da mesma moneira que o Comuno Local. Nesta coluna, um economista parque ri do norte-americano defende a cobranca de um valor malor pelos ingressos para resolver esse problema. Sahre os Parques e Ganhe um Lucro Por Allen R. Sanderson de conhecimento de todos que nossos parques nacionais estao superlotados, deteriorados e falidos. Algumas pessoas sugerem que deveriamos tratar desses problemas instituindo reservas, isolando algumas areas, ou pedindo ao Congresso que aumente a verba para o National Park Service (Servico Nacional de Parques). Mas, para os economistas, ha uma soluck muito mais 6bvia: aumentar o preco dos ingressos. Quando o National Park Service foi estabelecido, em 1916, as entradas para o parque de Yellowstone para uma familia de cinco pessoas que chegasse de carro custavam $ 7,50; hoje, o preco é de apenas $10. Se o preco de 1916 tivesse sido corrigido pela inflack, uma entrada custaria $120 em 1995 — aproximadamente o mesmo que essa familia pagaria por um dia na Disney World [...] ou para assistir a um jogo de futebol americano. Nao é ã toa que nossos parques naciohais estao devastados e pisoteados. Estamos ,tratando nossos tesouros naturais e hist&icos como se fossem bens livres, quando nao o sao. Estamos ignorando o custo da manutencao desses lugares e racionando o uso por lotacao — quando fica cheio demais, ninguam mais pode entrar o que a, talvez, a forma menos eficiente de alocar recursos escassos. 0 preco pago por uma familia para passar o dia em um parque nacional nao acompanhou o de outras formas de recreacao. Em madia, mal chega a um ablar por pessoa... Um aumento no preco do ingresso , para, digamos, $ 20 por pessoa ou reduziria a superlotacao e a deteriorack, reduzindo o n mero de visitantes, ou aumentaria substancialmente as receitas do National Park Service (admitindo que a legislacao permitisse que os parques ficassem com o dinheiro das entradas). 0 resultado mais provavel um aumento das receitas. Depois de gastar centenas de dlares para chegar ao parque de Yellowstone, poucas pessoas desistiriam de entrar por causa do ingresso de $ 20. 0 aumento da receita criaria mais possibilidades de recreack ao ar livre tanto por meio da expansk do National Park Service quanto pelo encorajamento de empresarios a criar e operar seus preprios parques, algo que nao é possivel fazer enquanto tiverem um concorrente público que forneca seu produto a um preco muito abaixo do custo. hora de p6r nosso dinheiro onde mais conveniente: ou n6s damos o devido valor ao Grand Canyon e Yosemite e nao reclamamos de pagar entradas mais realistas ou nao Ihes damos valor e devemos parar de nos queixar de seu lamentavel estado e do provavel destino ainda mais lamentavel que terao. Fonte: The New York Times, 30 set. 1995, p. 19. Copyright 01995 by The New York Times Co. Reproduzido com permissk. 236 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR POBLICO 0 "Sere que o mercodo vol cuidar de mim?" Por que o valor comercial do marfim é uma ameaca para os elefantes, ao pass° que o valor comercial da came protege as vacas? Isso acontece porque os elefantes sdo urn recurso comum, enquanto as vacas sac) urn bem privaclo. Os elefantes vagueiam livremente e ndo tern dono. Cada pessoa que alga ilegalmente esta sujeita a urn forte incentivo para matar todos os elefantes que encontrar. Como os cacadores sdo muitos, cada urn deles tern pouco interesse em preservar a populacdo de elefantes. As vacas, ao contrario, vivem em fazendas privacias. Cada fazendeiro emprega g,randes esforcos para manter a populacao de animais em sua propriedade porque colhe os beneficios desse esforco. Os governos tentaram resolver o problema dos elefantes de duas maneiras. Alguns paises, como Quenia, Tanzania e Uganda proibiram que se matassem elefantes e vendesse marfim. Mas essas leis sdo de dificil aplicac5o e as populacoes de elefantes continuaram a diminuir. Já outros paises, como Botsuana, Malavi, Namibia e Zimbabue transformaram os elefantes em bens privados autorizando as pessoas a mata-los desde que estivessem dentro das propriedades privadas. Agora os proprietarios de terras tern urn incentivo para preservar os elefantes que estdo em suas terras e, como resultado, as populacoes comecaram a aumentar. Com a propriedade privada e a motivacao dos lucros ag,indo em seu favor, o elefante africano talvez venha a estar algum dia tdo livre da extingdo quanta a vaca. Tete Rapid° Par que os governos tentam limitar o uso dos recursos comuns? CONCLUSAO: A iiiiiPORTA‘C A DOS REP-OS DE PROPRIEDADE Neste capitulo e no anterior, vimos que hd"bens"que o mercado n5o fomece adequadamente. Os mercados nao garantem que o am que respiramos seja puro nem que nosso pais se defenda de ag,ressores estrangeiros. Em vez disso, as sociedades dependem do govern° para a protecao do meio arnbiente e para a defesa nacional. Embora os problemas de que tratamos nestes capitulos surjam em muitos mercados diferentes, eles tern algo em comum. Em todos os casos, o mercado falha na alocacao eficiente de recursos porque os direitos de propriedade n5o estdo bem estabelecidos. Ou seja, algum item de valor ndo tern urn proprietdrio corn autoridade legal para controlzi-lo. Por exemplo, embora nao haja chivida de que os "hens" am puro e defesa nacional sejam valiosos, ning,uem tern o direito de lhes atribuir urn preco e lucrar corn seu uso. Uma fdbrica polui em excess° porque ninguem lhe cobra nenhum valor pela poluicdo que emite. 0 mercado rid° fornece defesa nacional porque ningt, lem pode cobrar das pessoas defenciidas nada pelo beneficio que recebem. Quando a ausencia de direitos de propriedade causa uma falha de mercado, o o-overno pode potencialmente resolver o 1.-)roblema. Em alguns casos, como na venda de licencas de poluicdo, a solucao é o govemo ajudar a definir direitos de propriedade e, corn isso, liberar as forcas de mercado. Em outras situagoes, como na restricao das temporadas de caca, a solucdo é o governo regulamentar o comportamento privado. Outras vezes, ainda como no caso da defesa nacional, a solucdo é o governo fomecer urn hem que os mercados falham ao ofertar. Em todos os casos, se a politica for hem planejada e conduzida, pode tornar a alocacdo de recursos mais eficiente e, assim, aumentar o hem-estar economic°. CAPhrULO 11 BENS Pl:JBLICOS E RECURSOS COMUNS 237 RESUMG • Os bens diferem quanto a serem excludentes e rivais. Um bem é excludente quando é possivel impedir que alguem o use. Um bem é rival se o uso que alguem faz dele impede outras pessoas de usar a mesma unidade do bem. Os mercados funcionam melhor para os bens privados, que s' "o tanto excludentes quanto rivais. Os mercados não funcionam bem para outros tipos de bens. • Os bens pb1icos não s' o nem rivais nem excludentes. São exemplos de bens pb1icos os shows pirotecnicos, a defesa nacional e a crigk) de conhecimento de base. Como as pessoas não pagam pelo uso que fazem dos bens pUblicos, há um incentivo para que tomem carona quando o bem e fomecido privadamente. Portanto, os govemos fornecem os bens pb1icos, tomando suas decises quanto à quantidade com base em anzIlises de custo-beneficio. • Os recursos comuns são rivais, mas iião excludentes. São exemplos os pastos comunitEirios, o ar puro e as vias congestionadas. Como as pessoas pagam pelo uso que fazem dos recursos comuns, excessivamente. Portanto, os gotendem a vernos tentam limitar o uso dos recursos comuns. CONCEITOS-CHAVE - propriedade da exclus &), p. 224 rivalidade, p. 224 bens privados, p. 224 anfflise de custo-beneficio, p. 229 Tragedia dos Comuns, p. 231 bens pb1icos, p. 225 recursos comuns, p. 225 carona, p. 226 QUESTI5ES PARA REVISA0 1. Explique o que sig,nifica um bem ser "excludente". Explique o que significa um bem ser "rival". Uma pizza e excludente? É rival? 2. Defina e de um exemplo de bem pUblico. 0 mercado privado pode proporcionar esse bem por si sO? Explique. 3. 0 que e a anfise de custo-beneficio dos bens pUblicos? Por que é importante? Por que é dificil? 4. Defina e de um exemplo de recurso comum. Sem interveN Eio governamental, as pessoas usario ex,cessivamente ou muito pouco esse bem? Por que? \ -)&4-"IL Yi " u),PN it crv PROBLEMAS E APLICA ,OES 1. 0 texto diz que os bens púhlicos e os recursos comuns envolvem externalidades. a. As extemalidades associadas aos bens pUblicos geralmente são positivas ou negativas? Use exemplos em sua resposta. A quantidade de bens pUblicos no mercado livre geralmente maior ou menor do que a quantidade eficiente? b. As extemalidades associadas aos recursos comuns geralmente sk) positivas ou negativas? Use exen-iplos em sua resposta. 0 uso de recur- sos con-iuns no mercado livre geralmente maior ou menor do que o uso eficiente? 2. Pense nos bens e servios proporcionados por seu govemo local. a. Usando a classifica o da Figura 1, explique a que categoria pertence cacia um dos bens a seguir: • prote o policial • li mpeza das ruas 238 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() • educacao • estradas rurais • vias urbanas b. Por clue, em sua opiniao, o governo fornece itens que nao sao bens piThlicos? 3. Charlie adora assistir aos Teletubbies no canal public° de TV de sua cidade, mas nunca manda dinheiro para manter o canal durante as campanhas de doacao. a. Qual o nome que os economistas ciao a Charlie? b. Como o governo pode resolver o problema causado por pessoas como ele? c.Voce consegue imag,inar maneiras pelas quais o mercado privado possa solucionar esse problema? Como a existencia da TV a cabo altera a situacao? 4. 0 texto afirma clue as empresas privadas no realizam a quantidade eficiente de pesquisa cientifica de base. a. Explique por que isso ocorre. Em sua resposta, enquadre a pesquisa de base numa das categorias mostradas na Figura 1. b. Que tipo de politica foi adotada nos Estados Unidos para responder a esse problema? c. Muitas vezes se diz que essa polItica aumenta a capacidade tecnolOg,ica das empresas norteamericanas em relacao as estrangeiras. Esse arg-umento é consistente corn sua classificacao da pesquisa de base na parte (a)? (Dica: a propriedade da exclusao pode se aplicar a alguns beneficiarios potenciais de urn hem public° e nao a outros?) 5. Por que ha muito lixo ao long° das estracias, mas pouco nos jardins das residencias particulares? 6. 0 sistema de metro de Washington, D.C., cobra tarifas mais altas durante os horarios de rush. Por que? 7. As madeireiras dos Estados Unidos cortam muitas arvores em terras publicas e terras privadas. Discuta a eficiencia provavel da atividade de cortar arvores em cada tipo de terra se no houver reg,ulamentacao por parte do govern°. Por que, em sua opinido, o governo deveria regulamentar o corte em areas pliblicas? Sera que regulamentos semelhantes deveriam se aplicar as terras particulares? 8. Um artigo publicado na revista The Economist (19 mar. 1994) afirma: "Na decada passada, a maioria das areas ricas em peixes do mundo foram exploradas ate a quase exaustao". 0 artigo prossegue corn uma analise do problema e uma discussao de possiveis solucoes govemamentais e privadas. a. "Nao culpem os 'Pescadores pela pesca em excesso. Eles estao se comportando racionalmente, como sempre fizeram." Em que sentido a "pesca em excesso" é racional para os 'Pescadores? b. "Ulna comunidade mantida unida por lacos de obrigagoes e interesses mutuos pode administrar urn recurs° comum por Si propria."Explique como essa administracdo poderia funcionar, em tese, e os obstaculos que ela enfrentaria na vida real. c. "Ate 1976 a maioria das areas pesqueiras do mundo estava aberta para todos, tomando a conservacao dos peixes quase impossivel. Entdo urn acordo internacional ampliou alguns aspectos da jurisdicao maritima [norte-americana] de 12 para 200 n-iilhas a contar da costa."Usando o conceit° de direitos de propriedade, discuta como esse acordo reduz o problema. d. 0 artigo observa que muitos govemos auxiliam os 'Pescadores de urn modo que incentiva mais a pesca. Como essas politicas podem encorajar urn circulo vicioso de excess° de pesca? C. "SO quando os pescadores acreditarem que terao direito exclusivo de longo prazo sobre uma area de pesca é que vdo administra-la de maneira tao voltada para o longo prazo quanto os fazendeiros administram suas terras." Defenda esta afirmativa. f. Que outras politicas de reducao da pesca em excess° poderiam ser consideradas? CAPh ULO 11 BENS PlJBLICOS E RECURSOS COMUNS sobre 9. Em uma economia de n-iercado, a informac ao a qualidade ou a fun o dos bens e servios é um bem valioso por si só. Como o mercado privado Voce consegue imagifomece essas inforn-lac 6es? nar um meio pelo qual o govemo represente algum informg6es? dessas fornecimento papel no Por 10. Em sua opinião, a Intemet e um bem que? 11. As pessoas de renda mais alta esta o dispostas a pagar mais do que as de renda mais baixa para evi- 239 - tar o risco de morte. Exemplificando, esta o mais dispostas a pagar por acess6rios de seguraNa em seus carros. Em sua opinfao, os analistas de custobeneficio devem levar isso em conta em suas avalig5es de projetos ptiblicos? Considere, por exemplo, uma cidade rica e outra pobre, as duas conside um semMoro. A cidade derando a instalg ao mais rica deve atribuir à vida humana un-t valor monetario mais elevado ao tomar sua decis'ao? Por que? 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTAtRIO Al "Scarface"Capone, o notOrio Ongster e chefflo do crime da decada de 20, nunca foi condenado por seus diversos crimes violentos. Mas acabou indo para a cadeia — por evaso de in-ipostos. Ele negligenciou a prudente observa o feita F)or Benjamin . Franklin de que "neste mundo nada e certo a ri &) ser a morte e os impostos". Quando Franklin fez essa afirrnação, em 1789, o cidaffio norte-americano medio pagava menos de 5% de sua renda em impostos e isso continuou a valer pelos cem anos que se seguiram. Durante o seculo XX, entretanto, os impostos passaram a ter uma importffi .lcia maior na vida das pessoas. Hoje, todos os impostos somados — imposto de renda de pessoa física, imposto de renda de pessoa juddica, impostos sobre a folha de pagamentos, impostos sobre as vendas e impostos sobre a propriedade — consomem cerca de um teNo da renda do norte-americano medio. Em muitos paises da Europa, a mordida dos impostos é ainda maior. Os impostos s' o inevit. veis porque nOs, como ciclados, esperamos que o governo nos proporcione diversos bens e servios. Os dois capitulos anteriores con-learam a laNar uma luz sobre um dos Dez Principios de Econoinia do Capitulo 1: o governo pode às vezes melhorar os resultados do mercado. Quando o governo repara uma externalidade (como a poluição do ar), proporciona um bem (como a defesa nacional) ou regula o uso de um recurso comum (como a pesca 242 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC° em urn lago pLiblico), pode aumentar o bem-estar econOmico. Mas os beneficios do govern° vem junto corn custos. Para o govern° desempenhar essa e muitas outras funcOes, ele precisa aumentar a receita por.meio dos impostos. Comecamos nosso estudo da tributacao em capitulos anteriores, nos quais vimos como urn impost() sobre urn bem afeta a oferta e a demanda por esse bem. Vimos, no Capitulo 6, que urn imposto reduz a quantidade vendida em urn mercado e examinamos como o encargo de urn imposto se divide entre compradores e vendedores, dependendo das elasticidades de oferta e demanda. No Capitulo 8, examinamos como os impostos afetam o bem-estar economic°. Aprendemos que os impostos causam peso morto: a reducao dos excedentes do consumidor e do produtor que resulta de urn impost° excede a receita arrecadada pelo govern°. Neste capitulo, ampliaremos essas lic5es e cliscutiremos o modelo de urn sistema tributario. Comecaremos corn urn panorama financeiro do govern° norte-americano. Ao se considerar o sistema tributario, conhecer alguns elementos basicos de como o governo dos Estados Unidos arrecada e gasta clinheiro. Entao veremos os principios fundamentals da tributacao. A maioria das pessoas concorda que os impostos devem impor o menor custo possivel a sociedade e que Onus dos impostos deve ser distribuido corn justica. Ou seja, que o sistema tributario deve ser eficiente e equitativo. Como veremos, declarar esses objetivos é muito mais facil do que alcanca-los. UM PANORAMA FINANCEIRO DO GOVERNO NORTE-AMERICANO Quanto da renda da nacao o govern() norte-americano retem sob a forma de impostos? A Figura 1 mostra a receita do govemo (federal, estadual e local) como porcentagem da renda total da economia norte-americana. Ela mostra que, ao longo do tempo, o governo vem retendo parcelas cada vez maiores da renda total. Em 1902, o govern° arrecadava 7% da renda total; em 2000, recolhia 31%. Em outras palavras, conforme a renda da economia cresceu, o governo cresceu ainda mais. A Tabela 1 compara o encargo tributario de diversos paises importantes, meclido pela receita tributaria do governo central como porcentagem da renda total do pais. Os Estados Unidos estao no pelotdo intermediario. 0 encargo tributario norte-americano é baixo se comparado ao dos 'Daises europeus, mas é alto se cornparado a muitos outros 'Daises ao redor do mundo. Paises pobres, como fndia e Paquistdo, geralmente tern encargos tributarios relativamente baixos. Esse fato é consistente corn o que evidencia a Figura 1: a medida que um pais enriquece, o governo tipicamente toma uma parte major da renda sob a forma de impostos. O tamanho total do govemo so conta uma parte da histOria. Por tras dos valores monetarios estdo as milhares de decisoes individuals sobre impostos e despesas. Para entendermos melhor as financas do governo, vamos ver como o total se divide em categorias amplas. 0 Governo Federal 0 govern° federal norte-americano arrecada cerca de dois ter-cos dos impostos da economia do pais. Ele recolhe esse dinheiro de diversas formas e encontra maneiras mais variadas ainda de gasta-lo. CAPI1TULO 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO 243 FIGURA 1 Receita do Governo Norte-Americano como Porcentagem do PIB Esta figura mostra a receita nos Estados Unidos do govemo federal e dos govemos estaduais e locais como porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB), que mede a renda total na economia Ela mostra que o govemo representa um papel importante na economia dos Estados Unidos e que esse papel vem crescendo ao longo do tempo. Fonte: Historical Statistics of the United States; Economic Report of the President, 2002; e dlculos do autor. Receita como Porcentagem do PIB 35 — Governo como um todo 30 25 Estadual e local 20 15 Federal 10 i 1913 1902 •kx\-\o 1922 1927 1932 1940 1950 I F TABELA Receita Tribut&ia do Governo Central como Porcentagem do PIB Fonte: World Development Report 1998/1999. Franca Reino Unido Alemanha Brasil Estados Unidos Canada 38,8% 33,7 29,4 19,7 19,3 18,5 Rssia Paquistao Indonesia Mexico hdia I I 1970 1980 i 1960 17,4 15,3 14,7 12,8 10,3 I I I 1990 2000 244 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO Receitas A Tabela 2 mostra as receitas do governo federal norte-americano em 2001. As receitas totais naquele ano foram de $ 1.991 trilhao, urn numero to grande que e dificil de compreender. Para trazer esse ntimero astronomico para niveis mais simples, podemos dividi-lo pelo tamanho da populacao dos Estados Unidos, que era de cerca de 285 milhoes em 2001. Concluimos, entao, que cada norte-americano pagou em media $ 6.986 ao govern() federal. A major fonte de receitas do govern() federal é o imposto de renda das pessoas ffsicas. A cada ano, quando se aproxima o dia 15 de abril, quase todas as familias norte-americanas preenchem urn formulario para determinar o valor do impost° de renda que devem ao govern°. Cada familia tem que relatar sua renda, de todas as fontes: sal6rios, juros sobre a poupanca, dividendos de empresas de que tenham acoes, lucros de pequenas empresas que possuam e assim por diante. A obrigaciio tributdria da familia (o quanto ela deve) se baseia em sua renda total. A obrigacao tributziria de uma familia nao é simplesmente proporcional a sua renda. A lei exige urn calculo mais complicado. A renda tributavel é calculada como a renda total menos urn valor baseado no ntimero de dependentes (principalmente as criancas) e menos algumas despesas que os formuladores de politicas consideram dedutiveis (como pagamentos de juros hipotecOrios e doacaes a instituicOes de caridade). A obrigacao tributOria é entao calculada corn base nos dados que veremos na Tabela 3. Essa tabela apresenta a all-quota marginal do impost° — a aliquota aplicada a cada dolar adicional de renda. Como a aliquota marginal aumenta corn a renda, familias de alta renda pagam uma porcentagem major da sua renda em impostos. Observe que cada aliquota da tabela se aplica apenas a renda dentro da respectiva faixa, e nao a toda a renda da pessoa. Por exemplo, alg,uem que tenha uma renda de urn milhao de Mares ainda assim pagara apenas 15% sobre os primeiros $ 27.050. (Trataremos do conceito de aliquota marginal mais adiante.) Quase tao importantes para o governo federal quanto o impost() de renda das pessoas fisicas sao os impostos sobre a folha de pagamentos. Urn imposto sobre .folha de pagamentos é urn imposto sobre os salarios que uma empresa paga a seus trabalhadores. A Tabela 2 se refere a essa receita como impostos para a seguriciade social porque a receita desses impostos é destinada ao pagamento da Sepridacie Social e do Medicare. A Seguridade Social é. urn programa de provimento de rencia concebido principalmente para manter o padrao de vida dos idosos. 0 Medicare é o programa de sa6de do govern° para os idosos.ATabela 2 mostra que o cidadao norte-americano medio pagou $ 2.435 em impostos para a seg,uridade social em 2001. 0 seg,uinte em magnitude, mas muito menor que o impost() de renda das pessoas fisicas ou dos impostos 1.->ara a seg,uridade social, é o impost() de rencia sobre pessoas juridicas. Uma pessoa juridica é uma sociedade anonima constitufda como TABELA 2 Receitas do Governo Federal Norte-Americano: 2001 Fonte: Economic Report of the President, 2002, tabela B-81, p. 416. Impost° lmposto de renda das pessoas fisicas lmpostos para a seguridade social lmposto de renda das pessoas juridicas Outros Total Valor (bilhoes) Valor por Pessoa Percentual das Receitas $ 994 694 151 152 $ 3.488 2.435 530 533 500/o 35 $1.991 $6.986 100% 8 8 CAPiTULO 12 0 PROJETO DO SISTENIA TRIBUTARIO TABELA 3 Aliquotas do Imposto de Renda Federal nos Estados Unidos: 2001 Esto tobela mostra as aliquotas marginais para contribuintes solteiros. Os impostos devidos por um contribuinte dependem de todas os aliquotas marginois até o seu nível de contribuic cjo. Por exemplo, um contribuinte com rendo de $ 50 mil pago 15% sobre os primeiros $ 27050 e 27,5% sobre o restante. Sobre a Rencia Tributavei... Ate $ 27.050 De $ 27.051 a $ 65.550 De $ 65.551 a $ 136.750 De $ 136.751 a $ 297.350 Mais de $ 297.351 A Alkluota 15,0% 27,5 30,5 35,5 39,1 uma personalidade juridica independente. 0 govemo tributa cada sociedade annima com base em seus lucros — o valor que a empresa recebe pelos bens e servi(;os que vende menos o custo de produzir esses bens e servi os. Observe que, em esskcia, os lucros são tributacios duas vezes: uma vez quando a empresa tem lucro e outra pelo imposto de renda das pessoas fisicas quanclo a empresa usa os lucros para 1.->agar dividendos a seus acionistas. A última categoria, chan-iada "outros" na Tabela 2, representa 8% das receitas. Essa categoria inclui os L'XCiSe taXeS, que incidem sobre bens especificos, como gasolina, cigarros e bebidas alcoólicas. Inclui tamb m diversos itens menores, como impostos sobre heraNas e impostos alfandegkios. Despesas ATabela 4 mostra os gastos do govemo federal em 2001.A despesa total foi de $ 1.864 trilho, ou $ 6.540 por pessoa. Esta tabela tamblm mostra como as despesas do govemo federal eram divididas entre as principais categorias de despesa. A principal categoria da Tabela 4 é a Seguridade Social, que representa principalmente pagamentos cle transferkcias para os idosos (um pagamento de transfer'encia é um pagamento realizado pelo governo pelo qual ele nZio recebe bens e servic;os em troca). Essa categoria representou 23% dos gastos do governo federal em 2001 e está crescendo em importincia. A razo para esse crescimento é que o aumento da expectativa de vida e a queda da taxa de natalidade fizeram con-1 que TABELA 4 Despesas do Governo Federal Norte-Americano: 2001 — Fonte: Economic Report of the President, 2002, tabela B-81, p. 416. Valor (bilh es) Seguridade social $ 433 309 Defesa nacional ' t cu-k-nc,".1+1-n.cr1/41 270 Auxilio a renda 206 Juros liquidos 217 Medicare 173 SaUde 256 Outros Categoria Total $ 1.864 Vaior por Pessoa $ 1.519 1.084 947 723 761 607 898 $6.540 Percentual das Despesas 23% 17 14 11 12 9 14 100% 245 246 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() superavit orcamentario quando as receitas do governo sao maiores que suas despesas deficit orcamentario quando as despesas do governo sao maiores que suas receitas a populacao idosa crescesse mais rapidamente do que a populacao total. A maioria dos analistas acha que essa tendencia vai se manter por inuitos anos. A segunda major categoria de gastos é a defesa nacional. Isso inclui tanto o salario dos militares quanto a compra de equipamentos como armas, jatos de cornbate e navios de guerra. As despesas corn defesa nacional flutuam ao longo do tempo conforme as tense-es internacionais e o clima politico mudam. Nao é de surpreender que os gastos corn defesa nacional aumentem substancialmente nos periodos de guerra. A terceira categoria é a despesa corn o auxilio a renda, que inclui transferencias para familias pobres. Urn programa é a Assistencia Temporaria as Familias Necessitadas (Temporary Assistance for Needy Families — Tanf). Outro é o Programa deVales-Alimentacao (Food Stamp), que dEl as fan-rilias pobres tiquetes que podem usar para comprar comida. 0 governo federal fornece parte desses recursos aos governos estaduais e locais, que administram os programas segundo diretrizes federais. Urn pouco menores do que as despesas corn a categoria auxilio a renda sao as despesas corn juros liquidos. Quando alguem empresta dinheiro de urn banco, este exige que ele pague juros pelo emprestimo. 0 mesmo acontece quando o govemo toma emprestimos do paha). Quanto mais endiyidado estiver o govern°, maiores sera° suas despesas corn pagamentos de juros. 0 Medicare, a categoria seg-uinte da Tabela 4, é o plan° de saude do govern° para os idosos. Despesas nessa categoria aumentaram bastante ao longo do tempo por dois motivos. Primeiro, a populacdo idosa cresceu mais rapidamente do que a populacao total. Seg,undo, o custo da assistencia medial tern aumentado mais rapidamente do que o de outros bens e servicos. Em seguida vem a categoria das outras despesas corn sande. Entre elas estao o Medicaid, o progr, ama de saude do govemo para os pobres. Ela inclui tambem despesas corn pesquisa medica, como as realizadas por meio dos Institutos Nacionais de SaUde. A categoria "outros" da Tabela 4 consiste em muitas fun0es menos dispendiosas do govern°. Inclui, por exemplo, o sistema da justica federal, o programa espacial e os programas de apoio aos produtores rurais, alem dos salarios do Congress° e do presidente. Você talvez tenha percebido quo as receitas totais do govern° que constam na Tabela 2 excedem as despesas totais da Tabela 4 em $ 127 bill-15es. Quando as receitas sao maiores que as despesas, ha urn superavit orcamentario. Quando as receitas sao menores que as despesas, ha urn deficit orcamentario. 0 govern() financia o deficit orcamentario corn emprestimos que toma do public°. Quando ha urn superavit orcamentario, o govern° usa esse excess° de receita para reduzir sua divida pendente. 0 Governo Estadual e Local Os governos estacluais e locais arrecadam cerca de 40% de todos os impostos pagos.Vamos ver como obtem e como gastam sua receita tributaria. Receitas A Tabela 5 mostra as receitas dos governos estaduais e locais dos Estados Unidos. As receitas totals em 1999 foram de $ 1.434 trilhao. Com base na populac5o naquele ano, de cerca de 272 milhoes de habitantes, isso equivale a $ 5.271 por pessoa. A tabela mostra ainda como esse total se divide entre os diferentes tipos de impostos. Os dois impostos mais importantes para os governos estaduais e locais sac) os impostos sobre vendas e os impostos sobre a propriedade. Os impostos sobre yendas sao cobrados como porcentagem do valor total das despesas feitas nas lojas de CAPiTULO 12 0 PROJETO DO S1STEMA TRIBUTARIO TABELA 5 Receitas dos Governos Estaduais e Locals nos Estados Unidos: 1999 Fonte: Economic Report of the President, 2002, tabela B-86, p. 421. Imposto Impostos sobre a venda Impostos sobre a propriedade Imposto de renda das pessoas fisicas Imposto de renda das pessoas juridicas Do governo federal Outros Tota I (bilh",c5es) Valor por Pessaa $ 291 $ 1.070 240 189 882 695 34 271 409 125 996 1.504 $ 1.434 $ 5.271 Valor Percentual das Receitas 200/0 17 13 2 19 29 100% varejo. Sempre que urn cliente compra algo, tem de pagar ao lojista um valor a mais, que o lojista, por sua vez, remete ao govemo (alguns estados isentam alguns itens considerados "necessidades", como alimentos e roupas). Os impostos sobre as propriedades so cobrados como um percentual do valor estimado da terra e da ffi-ea construida e s'a o pagos por seus proprietios. Juntos, esses dois irnpostos repre.sentam mais que urn teNo das receitas dos govemos estaduais e locais. Os govemos estaduais e locais tambem cobram imposto de renda das pessoas fisicas e juriclicas. Em muitos casos, os impostos de renda estadual e local sõo semelhantes aos impostos de renda federais. Em outros casos, s o bastante diferentes. Por exemplo, alguns estados tributam a renda proveniente dos sal rios em menor intensidade do que a renda obtida sob a forma de juros e dividendos. Alguns estados ri"o tributam a renda. Os govemos estaduais e locais tambem recebem fundos substanciais do governo federal. Em certa medida, a politica do governo federal de compartilhar sua receita com os governos estaduais redistribui recursos dos estaclos mais ricos (que pagam mais impostos) para os de renda mais baixa (que recebem mais beneficios). e Muitas vezes esses fundos est k) atrelados a programas especificos que o govemo federal deseja subsidiar. Por fim, os governos estaduais e locais obtem grande parte de sua receita de cliversas fontes agrupadas na categoria "outros" da Tabela 5. Entre elas esto as taxas cobradas por liceNas de caia e pesca, os ped4ios de estradas e pontes e as passagens de Onibus pUblicos e metr8. Despesas A Tabela 6 mostra o gasto total dos governos estaduais e locais em 1999 e sua divisao entre as categorias principais. 0 maior gasto dos govemos estaduais e locais e, de longe, com a educg ao. Os govemos locais pagam as escolas púhlicas, que educam a maior parte dos estudanpara contribuem tes, do jardim da infancia ao ensino medio. Os govemos estaduais a manuteno das universidades públicas. Em 1999, a educaao foi responsavel por um teNo das despesas dos governos estaduais e locais. A seg,unda maior categoria s'ao as despesas com o bem-estar ptiblico, que incluem pagamentos de transferencia aos F>obres. Essa categoria inclui alg,uns progran-las federais que sao administrados pelos governos estaduais e locais. Em seguida vem a categoria das estradas, que inclui a construao de novas rodovias e a manuteNao das existentes. A categoria "outras" da Tabela 6 inclui muitos dos demais servic;os prestados pelos govemos estaduais e locais, como bibliotecas, policiamento, coleta de lixo, protea'o contra incendios, n-lanuteN ao de parques e remoao de neve. 247 248 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR POBLICO TABELA 6 Despesas dos Governos Estaduais e Locals nos Estados Unidos: 1999 Fonte: Economic Report of the President, 2002, tabela B-86, p. 421. Categoria Valor Educacao Bem-estar public° Estradas Outros (bill-16es) $ 483 219 93 607 Total $1.402 Valor por Pessoa $ 1.776 Percentual das Despesas 805 341 2.232 34% 16 7 43 $ 5.154 100% Teste Rapido Nos Estados Unidos, quais sao as duas fontes mais importantes de receita tributaria do governo federal? • Quais as duas mais importantes fontes de receita tributaria dos governos estaduais e locals? IMPOSTOS E EFICIENCIA Agora que vimos como o govern° dos Estados Unidos, cm seus diversos niveis, arrecada c gasta dinheiro, vamos pensar em como avaliar sua politica tributaria. Obviamente, o objetivo de urn sistema tributario é arrecadar receita para o governo, mas h rnuitas maneiras de se arrecadar uma determinada quantia de dinheiro. Ao planejarem urn sistema tributario, os formuladores de politicas tern dois objetivos: eficiencia e equidade. Urn sistema tributdrio sera mais eficiente do que outro se levantar o mesmo montante de recursos a urn menor custo para os contribuintes. Quais sao os custos dos impostos para os contribuintes? 0 mais Obvio é o pagamento do proprio impost°. Essa transferencia de dinheiro do contribuinte para o govern° é uma caracteristica inevitavel de qualquer sisterna tributario. No entanto, os impostos tambem trazem consigo dois outros custos que os sistemas tributarios bem planejados procuram evitar ou, pelo menos, minimizar: • 0 peso morto que ocorre quando os impostos distorcem as decisoes que as pessoas tomam. • Os encargos administrativos suportaclos pelos contribuintes ao agirem de acordo corn a legislacao tributaria. Urn sistema tributario eficiente é aquele que irnpöe pequeno peso morto e pequenos encargos administrativos. 0 Peso Morto Urn dos INT Principios de Economia é que as pessoas respondem a incentivos, inclusive os proporcionados pelo sistema tributario. Se o govern° tributa o sorvete, as pessoas tomam menos sorvete e mais frozen yogurt. Se o govern° tributa a moraclia, as pessoas passam a morar em casas menores e a gastar uma parcela major de sua renda em outras coisas. Se o govern° tributa os ganhos do trabalho, as pessoas trabalham menos c desfrutam mais do lazer. Como os impostos distorcem os incentivos, criam urn peso morto. Como vimos no Capitulo 8, o peso morto de urn impost° é a reducao do bem-estar economic° CAPh- 11L0 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO dos contribuintes que excede a quantia de receita arrecadada pelo govemo. 0 peso morto é a ineficiencia que um imposto cria à medida que as pessoas alocam recursos de acordo com o incentivo do imposto e 1-1." .0 segundo os verdadeiros custos e beneficios dos bens e servios que compram e vendem. Para recordarmos como os impostos causam peso morto, vamos nos valer de urn exemplo. Suponhamos que Joe atribua o valor de $ 8 a uma pizza e Jane lhe atribua $ 6. Se n'aTo houver in-ipostos sobre a pizza, o preo refletirá seu custo de produo. Suponhamos que o pre90 da pizza seja $ 5, de modo que tanto Joe quanto Jane decidam con-yr.-1a. Os dois consun-iidores tem alg-um excedente de valor em rela o ao preQc) pago. Joe obtem um excedente do consumidor de $ 3 e Jane, de $ 1. 0 excedente total e de $ 4. Suponhamos agora que o govemo cobre um imposto de $ 2 sobre a pizza e que o preo desta suba para $ 7. Joe ainda assim a compra, mas agora ele tem um excedente do consumidor de apenas $ 1. Jane agora opta por não con-iprar a pizza porque o preQo é maior do que o valor para ela. 0 governo arrecada receita tributria de $ 2 sobre a pizza de Joe. 0 excedente do consun-lidor total cai em $ 3 (de $ 4 para $ 1). Como o excedente total cai mais do que a receita tributria, o imposto gerou peso morto. Neste caso, o peso morto é de $ 1. Observe que o peso morto n5.0 vem de Joe, a pessoa que pagou o imposto, mas de Jane, a pessoa que n a- - o o pagou. A redu o de $ 2 do excedente do consumidor de Joe compensa o valor da receita arrecadada pelo governo. 0 peso morto surge porque o imposto faz com que Jane altere seu comportamento. Quando o in-iposto eleva o pre9p da pizza, Jane fica em pior situg5o e não há receita para compensar o governo. Essa redu o do bem-estar de Jane é o peso morto do in-iposto. 249 Z o '`z a. o 0 o 0 (§) 1977 by NEA, inC "Eu queria consertar a casa, mos se o fizer a cidade vai aumentar meus impostos!" iY Estudo de Caso cvn DEVEMOS TAXAR A RENDA OU O CONSUIVIO? C-CCre, Quando os impostos induzem as pessoas a mudar seu comportamento — por exemplo, quando se induz Jane a comprar n-ienos pizzas — os impostos causan-1 peso morto e tornam a aloca o de recursos menos eficiente. Como n6s já vimos, gr, ande parte da receita do govemo vem do in-iposto de renda das pessoas fisicas. Em um estudo de caso do Capitulo 8, discutimos como esse imposto encoraja as 1,-) essoas a trabalhar menos do que trabalhariam se ele n5o existisse. Outra ineficiencia causada por esse imposto é o fato de que desencoraja a poupana. Vamos imag,inar uma pessoa de 25 anos de idade que esteja pensando em poupar $ 100. Se ela depositar esse dinheiro em uma conta de poupaNa que rende 8% e o deixar lá, ter $ 2.172 quando se aposentar aos 65 anos de idade. Se o govemo tributar um quarto da renda de juros a cada ano, a taxa de juros real serEi de apenas 6%. Depois de 40 anos rendendo 6°/0, os $ 100 aumentam para apenas $ 1.029, menos da metade do valor sem tributa o. Assim, como a renda de juros é tributada, a poupaNa é muito menos atraente. Alguns economistas defendem que os desestimulos à poupaNa provocados pelo sistema tributrio atual sejam eliminados por melo de uma mudaNa na base tributEiria. Em vez de tributar a renda que as pessoas ganhan-1, o governo poderia tributar a renda que as pessoas gastam. De acordo com essa proposta, toda a renda poupada só seria tributada quando, mais tarde, fosse gasta. Esse sistema altemativo, chamado de imposto sobre o consuTno, não distorceria as decises de poupar das pessoas. Essa ideia recebe algum apoio dos formuladores de politicas. Diversos membros do Congresso norte-americano defendem a substituio do atual sistema de imposto de renda por um imposto sobre o consumo. Alem disso, diversas clj.usu- CX-LC\ 4}),.(L, --u/rPoL -frAsAa:, CaLe;Ds. 250 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO las do cOdigo tributario atual já deixam o sistema trib-utario proximo de urn imposto sobre o consumo. Os contribuintes podem depositar uma quantia limitacla de sua poupanca em contas especiais — como as Individual Retirement Accounts (Fundos de Aposentadoria Individual), os pianos Keogh e os pianos 401(k) — que sao isentas de impostos ate que o dinheiro seja retirado no momento da aposentadoria. Para as pessoas que aplicaram a major parte de suas economias nesses fundos de aposentadoria o imposto, de fato, é baseado em seu consumo, e nao em s-ua renda. • Onus Administrativo aliquota media total de impostos pagos dividido pela renda total aliquota marginal imposto adicional pago sobre urn dolar de renda adicional Se em tomb do dia 15 de abril voce pedir a urn norte-americano tipico sua opiniao sobre o sistema tributario, provavelmente vai ouvir falar da dor de cabeca de preencher os formularios do impost° de renda. 0 onus administrativo de qualquer sistema tributario é parte da ineficiencia por ele criada. 0 Onus nao inclui apenas o tempo gasto corn preenchimento de formularios no comeco de abril, mas tambem o tempo usado durante o ano para guardar corn seguranca os reg,istros fiscais necessarios e os recursos que o govern() usa 1.-)ara aplicar a leg,islacao tributaria. Muitos contribuintes — principalmente os que pagam aliquotas mais elevadas — contratam advogados tributaristas e contadores para ajudar a lidar corn os impostos. Esses especialistas na complexa legislacao tributaria preenchem os formularios para seus clientes e ajudam a organizar seus negocios de maneira a reduzir o montante devido em impostos. Esse comportamento 6 legal e chama-se fuga legal de impostos, que difere da evasao fiscal, que é ilegal. Os criticos de nosso sistema tributario dizem que esses especialistas ajudam seus clientes a evitar impostos abusando de algumas das detalhadas claus-ulas do codigo tributario, por vezes chamadas de "lacunas". As vezes as lacunas sao erros do Congr, esso: decorrem de ambiguidades ou omissoes (la legislacao. Mais frequentemente, ocorrem porque o Congress° decide dar tratamento especial a tipos especificos de comportamento. For exemplo, o cOc-ligo tributario federal dos Estados Unidos da tratamento preferencial aos investidores em titulos locais porque o Congress° queria facilitar a tomada de emprestimos por parte dos governos estaduais e locais. Em certa medida, essa provisao beneficia estados e cidades; em certa medida, beneficia os contribuintes de alta renda. A maioria das lacunas 6 hem conhecida no Congress° pelos responsaveis pela politica tributaria, mas o que pode parecer uma lacuna para um contribuinte pode representar uma deducao justifiedvel para outro. Os recursos destinados a aplicacao da legislacao tributaria sao urn tipo de peso morto. 0 governo so arrecada o montante de impostos pagos. For outro lado, urn contrib-uinte perde nao so esse montante, mas tambem o tempo e o dinheiro gastos em documentacao, calculos e evitando impostos. 0 Onus administrativo do sistema tributario poderia ser reduzido corn uma simplificacao cia leg,islacao tributaria, a qual, entretanto, é politicamente dificil. Muitas pessoas estao dispostas a simplificar o codigo tributario eliminando as lacunas que beneficiam outras pessoas, mas poucas estao dispostas a eliminar as lacunas que as favorecem. No fim das contas, a complexidade da leg,islacao tributaria resulta do process° politico a medida que diferentes contribuintes, corn seus proprios interesses, fazem lobby em causa propria. AlIquotas Marginais e Aliquotas Medias Ao discutirem a eficiencia e a eqi.iidade do impost() de renda, os economistas clistinguem entre dois conceitos de aliquotas: o medio e o marginal. A aliquota media o imposto total pago dividido pela renda total. A aliquota marginal 6 o impost() adicional pago sobre urn &Aar adicional de renda. CAPfTULO 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO 251 Suponhamos, por exemplo, que o governo aplique uma aliquota de 20% sobre os 1,-)rimeiros $ 50 mil de renda e un-la aliquota de 50% sobre toda renda alem de $ 50 mil. Nessas condi es, uma pessoa que ganha $ 60 mil paga um imposto de $ 15 mil: 20% dos prirneiros $ 50 mil (0,2 x $ 50 mil = $ 10 mil) mais 50% dos $ 10 mil seguintes (0,5 x $ 10 mil = $ 5 mil). Para esse contribuinte, a aliquota Media seria $ 15 mil/ c $ 60 mil, ou 25%, mas a aliquota marginal seria 50 /o. Se ele ganhasse um dOlar adicional de renda, esse dlar estaria sujeito a uma aliquota cle 50%, de modo que o montante devido por ele ao governo aumentaria em $ 0,50. As aliquotas media e marginal conten-i, cada uma, um elemento útil de informaao. Se estamos tentando medir o sacrificio feito pelo contribuinte, a aliquota media e mais apropriada porque mede a fraao da renda arrecadada sob a forma de impostos. Mas, se estivermos tentando avaliar quanto o sistema tributario distorce os incentivos, a aliquota marg,inal é mais importante. Um dos Dez Principios de Economia clo Capitulo 1 é que as pessoas racionais pensam na margem. Um corolario desse principio e que a aliquota marginal mede o quanto o sistema tributario desencoraja o trabalho. Se voce estiver pensando em fazer algumas horas extras, essa aliquota marginal determinara quanto de sua renda adicional ira para o governo. É, portanto, a aliquota marginal que determina o peso morto do imposto de renda. Estudo de Caso 0 EXPERIMENTO NATURAL DA ISLMDIA Na decada de 1980, a Islandia mudou seu sistema tributario de tal maneira que, como efeito colateral, proporcionou um experimento natural sobre como os impostos afetam a economia. Antes da reforma, as pessoas pagavam impostos com base em sua renda no ano anterior. Depois da reforma, elas passaram a pagar os impostos com base em sua rencla atual. Assim, os impostos cle 1987 se basearam na renda de 1986, mas os de 1988 se basearam na renda de 1988. A renda de 1987 nunca foi tributada. Durante esse ano de transiao, a aliquota marginal do imposto de renda caiu para zero. Como relatou, em dezembro de 2001, um artigo publicado na American Economic Review, os habitantes da Islandia aproveitaram essa folga dos impostos. cerca de 3% em 1987 e depois 0 nUmero total de horas trabalhadas aumentou voltou ao nivel normal em 1988. A produa o de bens e servios em 1987 (medida pelo PIB real) foi 4% maior do que a media do ano anterior e do ano seguinte. Esse episOclio confirma um dos Dez Principios de Economia: as pessoas reagem a incentivos. A queda da aliquota marg,inal da Islandia sO durou um ano e isso certamente influenciou o grau de resposta. Por um lado, as pessoas podem ter aberto mao de suas ferias e feito horas extras para aproveitar o incentivo temporario. Por outro lado, ninguem iria alterar seus planos de carreira e as empresas na o iriam reestruturar seu ambiente de trabalho por causa de um incentivo que logo desapareceria. Uma mudaNa permanente da aliquota marginal poderia ter efeito maior ou menor sobre o incentivo do que uma mudaNa temporaria. • Tributack por Montante Único Suponhamos que o governo cobre de todas as pessoas um imposto de $ 4 mil. Ou seja, todos deverao o mesmo valor, independentemente de seus ganhos ou quaisquer a. 6- es que possam praticar. Esse tipo de imposto e chamado de tributa o por montante tributack por montante Cinico um imposto que é a mesma quantia para todas as pessoas 252 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR POBLICO A tributacao por montante unico mostra claramente a diferenca entre as aliquotas media e marginal. Para urn contribuinte corn renda de $ 20 mil, a aliquota media de uma tributacao por montante imico de $ 4 mil é de 20%; para outro corn renda de $ 40 mil, a aliquota media é de 10%. Para ambos, a aliquota marginal é zero, porque no se devera nenhum impost() por urn Mar adicional de renda. A tributacao por montante unico é o imposto mais eficiente possivel. Como as decisEies de uma pessoa no alteram o montante devido, o impost() no distorce os incentivos e, portanto, no causa peso morto. Como todos podem calcular facilmente o valor devido e no h6 nenhum beneficio em contratar advogados e contadores tributaristas, a tributacao por montante unico impoe para os contribuintes urn onus administrativo Se a tributacao por montante onico é t5o eficiente, por que raramente é observada no mundo real? A razao é clue a eficiencia é somente urn dos objetivos do sistema tribut6rio. A tributacao por montante imico tomaria a mesma quantia dos pobres e dos ricos, urn resultado que a maioria das pessoas consideraria injusto. Para entendermos os sistemas tributzirios que observamos, vamos considerar na prOxima sec5o o outro grande objetivo da politica tributaria: a equidade. NOTiCIAS COMO OS IMPOSTOS AFETAM AS MULHERES CASADAS Os impostos causam peso morto quando distorcem o comportamento. A oferta de moo-de-obra de mulheres casadas é urn exemplo clisso. 0 Sistema Tributario NorteAmericano Desencoraja o Trabalho das Mulheres Casadas Mos talvez a sra. Banqueira de Investimento nao mereca tanto desprezo. Talvez ela seja apenas uma "mulher economica" racional, reagindo a incentivos. o casamento a mandou para a aliquota lheres casadas trabalhariam se a estrutura norte-americana de tributacao progressiva nao impusesse a segunda fonte de renda das familias aliquotas marginais tao elevadas. "Ha uma ligacao entre os impostos e a participacao na forca de trabalho", comenta Par Virginia Postrel mais alta. Somados os impostos federais, estaduais e para a seguridade social, ela As mulheres solteiras de Sex and the City leem os anOncios de casamento do The agora perde mais ou menos metade de cada dOlar que ganha — a contar do California em Berkeley e do National Bureau of Economic Research. "Acreditamos que ela New York Times e trocam de uma noiva que primeiro. E preciso gostar muito do proprio trabalho para se estar disposto a fazer seja bem forte. Na verdade, acreditamos que seja especialmente forte no que se refere as mulheres casadas", que costumam "ate recentemente" era uma executiva de contas. Agora que ela encontrou urn banqueiro corn quem se casar, dizem elas corn desprezo, nao precisa fingir estar interessada mesma coisa pela metade do preco. 0 Census Bureau revelou recentemente Nada Eissa, economista da Universidade da ser a segunda fonte de renda da familia e tern major probabilidade de pensar em nao que, nos Estados Unidos, em 51% dds casais em que a mulher esteja na idade trabalhar fora. Elas querem amor, no alguern que pague til as dois conjuges trabalham — a primei6 vez que esse indice superou os 50% desde Muito mais do que as mulheres solteiras, as casadas agem coma se estivessem do as contas. que comecou a ser acompanhado. Mais mu- lado da oferta. Se suas aliquotas marginais em sua carreira. Essas mulheres independentes menosprezam tat comportamento. CAPIITULO 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO Teste Rapido 253 0 que significa efici&icia de um sistema tributario? 0 que pode tornar um sistema tribu- trio ineficiente? NIPOSTOS E EQU1DADE Desde que os colonos norte-americanos jogaram chá importado no porto de Boston para protestar contra os elevados in-ipostos britnicos, a politica tributria tem gerado alg,uns dos debates mais fervorosos na politica dos Estados Unidos, mas esse fervor todo raramente se deve a questes de eficiência. Pelo contrrio, decorre de discorffincias sobre como o 8nus tributrio deve ser distribuido. 0 senador Russel Long uma vez ridicularizou o debate público com um versinho: Don't tax you. D011't tax me. 7ax that fella behind the tree.1 cairem, elas vao procurar emprego. Se aumentarem, elas ficarao em casa. Ao punir desproporcionalmente as mulheres casadas, o sistema tributario distorce suas decis6es pessoais. E, ao desencorajar o trabalho produtivo, reduz o padrao de vida geral dos norte-americanos. Esse é um aspecto dos impostos de que os politicos nao falam. A questao da "multa do casamento" tende a colocar o assunto nos termos de uma questao de formacao de familia: até que ponto o c6digo tributarlo afeta a decisao de casamento dos casais? Mas o casamento nao é uma questao predominantemente econ6mica. Seria mais pertinente perguntar como o c6digo tributario afeta as decis6es de trabalho das mulheres casadas. Ha motivos politicos 6bvios para nao se fazer essa pergunta. Os democratas nao querem adMitir que a maior tributacao dos ricos afeta as esposas trabalhadoras, com medo de causar uma cisk entre feministas e redistributivistas. E os republicanos nao querem admitir que a reducao dos impostos vai levar mais mulheres casadas a procurar emprego, para nao dividir os liberais econ6micos e os conservadores sociais. Entao todos ficam quietos. Mas as provas empiricas sao claras. As aliquotas sao uma questao feminista. A professora Eissa estudou como os impostos afetam o comportamento... Em um artigo de 1995 para o National Bureau of Economic Research, ela avaliou como as mulheres casadas reagiram à reforma tributaria de 1986. A reforma criou um experimento natural, reduzindo a maior aliquota marginal de 50 0/0 para 28 0/0, mas teve impacto reduzido sobre os contribuintes intermediarios. Isso deu a ela uma oportunidade para comparar as reac6es de diferentes grupos de esposas antes e depois da mudanca. Antes dela, as mulheres no 99 percentil de renda familiar (o 1 0/0 mais rico) pagavam, em rri dia, 52 centavos em impostos sobre o primeiro d6lar ganho. Em alguns estadoS, uma esposa que ganhasse menos de $ 30 mil por ano poderia chegar a pagar em impostos até 70% do primeiro cf6lar ganho. . A lei de 19 -86 reduziu as aliquotas federais e, com isso, cortou a aliquota m6clia enfrentada por essas mulheres para 38%. A porcentagem das mulheres casadas que trabalhavam saltou de 46 0/0 para 55% — um aumento de 19% — e as que ja estavam empregadas aumentaram em 13% o nUmero de horas trabalhadas. 1. NRT:"M-io se tribute / N10 me tribute / Tribute aquele sujeito atr.. s da arvore." Para ter certeza de que esse aumento tinha sido causado pela mudanca do imposto, e nao por outras ten&ncias, a professora Eissa o comparou com o comportamento das mulheres no 75' percentil, sujeitas a um corte muito menor de suas aliquotas. Sua participacao na forca de trabalho e o nUmero de horas trabalhadas tamb&n aumentaram, mas significativamente menos — um aumento de 7 0/0 do nUmero de mulheres empregadas e de 9% de horas trabalhadas. Desde 1986, as aliquotas aumentaram, medida que Washington se preocupava mais com o aumento das receitas e menos com os incentivos para o lado da oferta... Parece que, uma vez que uma mulher tenha se casado, pelas leis tributarias nao se quer que ela trabalhe. Fonte: The New York Times, 2 nov. 2000, p. C2. 2000 by The New York Times Co. Copyright Reproduzido com permissk. 254 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() E claro que, se nOs contamos que o govern° forneca alguns dos bens e seivicos que desejamos, os impostos devem recair sobre alg,uem. Nesta secao, trataremos da eqUidade do sistema tributario. Como os onus tributarios devem ser divididos entre a populacao? Como avaliar se urn sistema tributario é justo ou nao? Toclos concordarn que o sistema tributario deve ser eqUitativo, mas ha muita discordancia sobre o que significa eqUidade e sobre como julgar a eqUidade de urn sistema tributario. 0 Principio dos Beneficios principio dos beneficios a ideia de que as pessoas deveriam pagar as impostos corn base nos beneficios que recebem dos servicos do governo da capacidade de I 1 pagamento a ideia de que as impostos deveriam ser cobrados da pessoa corn base na capacidade que essa pessoa 1 \ tern de suportar o onus do I imposto I ,I equidade vertical /I a ideia de que contribuintes -\• corn major capacidade de ) pagamento de impostos deveriam pagar maiores quantias equidade horizontal a ideia de que contribuintes corn capacidades de pagamento de impostos si milares devenam pagar a mesma quantia Urn principio da tributacao, chamado de principio dos beneficios, afirma que as pessoas devem pagar impostos corn base nos beneficios que obtem dos servicos do govern°. Esse principio procura tomar os hens pUblicos similares aos bens privados. Parece justo que alguem que vai sempre ao cinema pag,ue mais pelo total de ingressos do que alguem que raramente vai. De maneira similar, quem obtem gr, andes beneficios de urn hem pUblico deve pagar mais por ele do que alguem que obtem urn pequeno beneficio. 0 impost° sobre a gasolina, por exemplo, é alg,umas vezes justificado usando-se o principio dos beneficios. Em alguns estados norte-americanos, as receitas do imposto da gasolina sao usadas para construir e manter rodovias. Como as pessoas que compram gasolina sao as mesmas que usam essas rodovias, o imposto sobre a gasolina pode ser considerado uma maneira justa de pagar por esse servico do govemo. 0 principio dos beneficios tambem pode ser usado para argumentar que os cidadaos ricos devem pagar impostos maiores do que os cidadaos pobres. Por que? Simplesmente porque os ricos se beneficiam mais dos servicos pUblicos. Considere, por exemplo, os beneficios da protecao policial contra roubo. Os cidadaos que tern mais a ser protegido obtem da policia urn beneficio maior do que os que tern menos. Portanto, de acordo corn o principio dos beneficios, os ricos devem contribuir mais do que os pobres para o custo de manutencao da forca policial. 0 mesmo argumento pode ser usado para muitos outros servicos pUblicos, como protecao contra incendios, a defesa nacional e o sistema judiciario. E ate possivel usar o principio dos beneficios para argumentar em favor dos prog-ramas contra a pobreza financiados por impostos cobrados dos ricos. Como vimos no Capitulo 11, as pessoas preferem viver em uma sociedade sem pobreza, o que sugere que os programas contra a pobreza sao um bem public°. Se os ricos atribuem a esse bem public° urn valor monetario maior do que os membros da classe media, talvez simplesmente porque tern mais para gastar, entao, de acordo corn o principio dos beneficios, eles devem ser tributados mais pesadamente para pagar por esses programas. 0 Principio da Capacidade de Pagamento Outra maneira de avaliar a eqUidade de urn sistema tributario é chamada de principio da capacidade de pagamento, segundo o qual os impostos devem ser cobrados das pessoas de acordo corn a capacidade que elas tern de suportar o encargo. Esse principio é algumas vezes justificado pelo argument° de que todos os cidadaos devem fazer o "mesmo sacrificio" para sustentar o governo. Entretanto, a magnitude do sacrificio de uma pessoa depende nao so do montante de impostos que paga, mas tambem da renda e de outras circunstancias. Urn imposto de $ 1 mil pago por uma pessoa pobre pode exig,ir urn sacrificio major do que urn imposto de $ 10 mil pago por alg,uem que seja rico. 0 principio da capacidade de pagamento leva a dois conceitos de eqUidade: a eqUidade vertical e a eqUidade horizontal. Seg-,undo a eqiiidade vertical, os contribuintes corn maior capacidade de pagamento devem contribuir corn uma quantia major. Segundo a eqiiidade horizontal, os contribuintes corn capacidades de pagamento semelhantes devem contribuir corn a mesma quantia. Embora esses CAPFTULO 12 0 PROJETO DO SISTENIA TRIBUTARIO 255 Apla - t/y\cleu fikaA 7 Tr' s Sistemas Tributarios Imposto Proporcional Renda $ 50.000 100.000 200.000 Valor do Imposto $ 12.500 25.000 50.000 Percentual da Renda 25% 25 25 Imposto Regressivo Valor do Imposto $ 15.000 25.000 40.000 Percentual da Renda 30% 25 20 conceitos de eqi_iidade sejam genericamente accitos, ten-ia tributkio raramente e simples. Imposto Progressivo Valor do Imposto $ 10.000 25.000 60.000 Percentual da Renda 20% 25 30 T 4tkidocb -s?-ru -spv Icrfis para avaliar um sis- Eqidade Vertical Se os impostos se baseiam na capacidade de pagamento, enth"o os contribuintes ricos devem pagar mais do que os contribuintes pobres. Mas quanto a mais? Grande parte do debate sobre politica tributkia estEl relacionada a essa quest-&). Vamos considerar os três sistemas tributkios da Figura 7. Em cada caso, os contribuintes de maior renda pagam mais. Entretanto, os sistemas divergem quanto rapidez com que os impostos aumentam com a renda. 0 primeiro sistema é chamado de imposto proporcional porque todos os contribuintes pagam a mesma fra o de sua renda. 0 segundo sistema é chamado de imposto regressivo porque os contribuintes com altas rendas pagam uma fra o menor de sua renda, embora o montante seja maior. 0 terceiro sistema é chamado de imposto progressivo porque os contribuintes com altas rendas pagam uma frK"&) maior de sua renda. Qual desses tr6 sistemas tributkios e mais justo? Não existe nenhuma resposta Obvia e a teoria econ6'mica nk) nos oferece nenhuma ajuda para tentar descobrir a resposta. A eqUidade, como a beleza, está nos olhos do observador. Estudo de Caso COMO É DISTRIBIADA A CARGA TRIBUTIkRIA Grande parte do debate sobre a politica tributkia diz respeito a se os ricos pagam uma parcela justa de impostos.I\lo 1-1á nenhuma maneira objetiva de sfazer esse julgamento. Contudo, ao avaliar a questh'o por si pr6prio, será útil voc saber quanto as fan-iflias de diferentes niveis de renda pagam sob o atual sistema tributkio. A Tabela 8 apresenta alguns dados de como todos os impostos federais são distribuidos entre classes de renda. Para a constru o clessa tabela, as familias foram ordenadas de acordo com sua renda e divididas em cinco grupos de tamanho igual chamados de quintis. A tabela apresenta, ainda, dados sobre o 1% dos norte-arnericanos mais ricos, con-i renda anual de pelo menos $ 245.700. A seg,unda coluna da tabela mostra a renda media de cada g,rupo. As familias do quinto mais pobre tern renda niédia de $ 11.400 e as do quinto mais rico t'C'm renda media de $ 167.500. 0 1% dos norte-americanos mais ricos tem renda media de pouco mais de $ 1 milho. (-4 A coluna seg,uinte mostra os impostos totais como porcentagem da renda. Como podemos ver, o sistema tributkio federal dos Estados Unidos é progr, essivo. As familias do quinto niais pobre pagam 5,3% de sua renda em impostos e as farnilias do quinto mais rico, 27,4°/0. 0 1% de norte-an-lericanos mais ricos paga 32,7% de sua rencla em impostos. 1-55 P,tdocikede .-PROvp9 imposto proporcional um imposto segundo o qual os contribuintes com altas rendas e os contribuintes com rendas menores pagam a mesma frack de sua renda imposto regressivo um imposto segundo o qual os contribuintes com altas rendas pagam uma frack menor de sua renda do que os contribuintes com rendas menores imposto progressivo um imposto segundo o qual os contribuintes com altas rendas pagam uma frack maior de sua renda do que os contribuintes com rendas menores Captek. liu.64dactx:tx. Ctt,- 256 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() TABELA 8 o Encargo dos lmpostos Federais nos Estados Unidos Fonte: Congressional Budget Office. As estimativas sao baseadas na legislaca"o tributaria de 2000. Os valores monetanos sao dados em Mares de 1997. Quintil Menor Segundo Medic) Quarto Major 1% Mais Rico Renda Media $11.400 28.600 45.100 65.600 167.500 1.016.900 Impostos como Percentual da Renda 5,3% 12,8 16,7 20,0 27,4 Percentual da Renda Total 4,0% 9,0 13,9 20,2 53,2 Percentual de Todos os Irnpostos 0,9% 5,2 10,4 18,1 65,4 32,7 15,8 23,1 A quarta e a quinta colunas comparam a distribuicao da renda e a distribuicdo dos impostos. 0 quintil mais pobre ganha 4,0% da renda total e paga 0,9% dos impostos. 0 quintil mais rico ganha 53,2% da renda total e paga 65,4% dos impostos. 0 1% dos norte-americanos mais ricos (que tern, lembre-se, 1/20 do tamanho de cada quintil) ganha 15,8% da renda total e paga 23,1% dos impostos. Essa tabela é urn born ponto de partida para entender o encargo do governo, mas a imagem que oferece nao esta completa. Embora inclua todos os impostos que fluem das familias para o governo federal, ela falha ao incluir os pagamentos de transferencias — como Seguridacie Social e Assistencia as Familia Necessitadas — que fluem do governo federal de volta para as famIlias. Os estudos que consideram tanto os impostos quanto as transferencias mostram major progr, essividade. 0 grupo das familias mais ricas continua a pagar cerca de urn quarto de sua renda ao governo, ate mesmo depois de as transferencias terem sido subtraidas. Em comparacao, as familias pobres tipicamente recebem mais em transferencias do que pagam em impostos. A aliquota media do quintil mais pobre, em vez de ser os 5,3% constantes da tabela, é de aproximadamente 30% negativos. Em outras palavras, sua renda é aproximadamente 30% major do que seria sem os impostos e as transferencias do govemo. A licdo é clara: para se entender plenamente a progressividade das politicas governamentais, é preciso levar em conta tanto o que as pessoas pagam quanto o que elas recebem. • Equidade Horizontal Se os impostos sao baseados na capacidade de pagamento, entao contribuintes semelhantes deveriam pagar montantes semelhantes de impostos. Mas o que determina se dois contribuintes sao semelhantes? As familias diferem entre si de diversas maneiras. Para avaliar se urn codigo tributario é horizontalmente equitativo, é preciso determinar quais diferencas sao relevantes para a capacidade de pagamento das familias e quais nao sao. Suponhamos que as fan-iflias Smith e Jones tenham renda de $ 50 mil cada. Os Smith nao tern filhos, mas o Sr. Smith tern uma doenca que acarreta despesas medicas de $ 20 mil. Os Jones gozam de boa saticle, mas tern quatro filhos, dos quais dois estao na faculdade, gerando despesas de instrucao de $ 30 mil. Seria justo que essas duas familias pagassem o mesmo montante em impostos porque tern a mesma renda? Seria mais justo conceder aos Smith uma isencao para ajudalos a arcar corn as altas despesas medicas? Ou seria mais justo conceder uma isencao aos Jones para ajuda-los corn as despesas de instrucao? CAPITULO 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO Não ha resposta facil para essas perguntas. Na pratica, a legislaco tributaria norte-americana para o imposto de renda esta repleta de clausulas especiais que alteram o imposto das familias com base em circunstffilcias especificas. Estudo de Caso EQOIDADE HORIZONTAL E 0 IMPOSTO SOBRE 0 CASAMENTO 0 tratamento dado ao casamento oferece um bom exemplo de como é difícil atingir a eqiiidade horizontal na pratica. Consideremos clois casais exatamente identicos, a não ser pelo fato de que um deles esta casado e o outro não. Uma caracteristica peculiar do cOdigo de imposto de renda norte-americano é o fato de que os dois casais pagam impostos diferentes. A raz"ao pela qual o casamento afeta a restributaria trata cada par casado ponsabilidade fiscal de um casal e que a legislac ao como um só contribuinte. Quando um homem e uma mulher se casam, param de pagar impostos individualmente e passan-i a pagar como uma familia. Se eles tem rendas semelhantes, sua obriga o tributaria aumenta quando se casam. Para ver como funciona esse "imposto sobre o casamento", imagine o seguinte exemplo de in-iposto de renda prog-ressivo. Suponhamos que o governo tribute 25% da renda acima de $ 10 mil. A renda inferior a $ 10 mil esta isenta de tributac"ao. Vamos ver como esse sistema trata dois casais diferentes. Considere primeiro Sam e Sally. Sam é um poeta que procura se tornar conhecido, mas que na'o tem renda, ao passo que Sally é uma advogada que ganha $ 100 mil ao ano. Antes de se casarem, Sam n'ao pagava impostos. Sally pagava 25% de $ 90 mil ($ 100 mil menos a isenca"o de $ 10 mil), ou $ 22.500. Depois de se casarem, seus in-ipostos ficaro no nivel em que estk). Neste caso, o imposto de renda encoraja nem desencoraja o casamento. Consideren-ios agora John e Joan, dois professores universitarios que ganham, cada um, $ 50 mil por ano.Antes de se casarem, cada um pagava $ 10 mil em impostos (25% de $ 40 mil), em un-1 total de $ 20 mil. Depois do casamento, eles tem uma renda total de $ 100 mil e, portanto, devem um imposto de 25% de $ 90 mil, ou $ 22.500. Assim, quando John e Joan se casam, o total de imposto pago pelos dois aumenta em $ 2.500. Esse aumento é chamado de imposto sobre o casamento. Poderiamos resolver o problema de John e Joan elevando a isencao de renda dos casados de $ 10 mil para $ 20 mil, mas essa mudanca causaria outro problema. Neste caso, Sam e Sally pagariam um imposto apOs se casarem de somente $ 20 mil, $ 2.500 a menos do que pagavam quando solteiros. Eliminar o imposto sobre o casamento de John e Joan criaria um subsidio ao casamento de Sam e Sally. Na pratica, o cOdigo tributario norte-americano e um incOmodo meio-termo de impostos sobre o casamento e subsidios ao casaque inclui un-la combinac",-io mento. De acordo com um estudo do Congressional Budget Office, 42% dos pares casados pagam um imposto sobre o casamento de em media 2% de sua renda, enquanto 51')/0 deles pagam menos impostos por causa do n-iatrimOnio, numa media de 2,3% de sua renda. Se um casal vai se beneficiar mais do casamento ou de "juntar os trapos" (do ponto de vista tributario) depende de como a renda se divide entre os dois membros. Se um homem e uma mulher tem rendas semelhantes (como John e Joan), o casamento provavelmente elevara sua conta de imposto. Mas e provavel que haja um subsidio ao casamento quando um parceiro ganha muito mais do que o outro, especialmente se só um dos dois tiver ganhos (como no caso de Sam e Sally). 257 258 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PCIBLICO Mao h solucao simples para esse problema. Para entender por que, tente planejar urn impost° de renda que tenha as quatro propriedades a seguir: • Dois casais oficialmente unidos corn a mesma renda total deveriam pagar o mesmo imposto. • Quando duas pessoas se casam, o imposto total de ambas nao deveria se alterar. • Uma pessoa ou uma familia sem renda nao deveria pagar impostos. • Contribuintes corn altas rendas deveriam pagar uma frac-do maior desta do que contribuintes de renda mais baixa. "E prometem armor, respeitor e cuidar urn do outro e pagar Trois impostos oo govemo dos Estados Unidos como urn cosol legalmente unido do que se tivessem continuado o simplesmente morar juntos?" Essas quatro propriedades sao atraentes, mas é impossivel cumprir todas ao mesmo tempo. Qualquer impost° de renda que satisfaca as tres primeiras condigoes violara a quarta: o unico impost° de renda que satisfaz as tres primeiras propriedades é o impost° proporcional. Alguns economistas tem advogado a abolicao da penalidade sobre o casamento fazendo os individuos, e nao as familias, serem as unidades de contribuicao, uma politica adotada por muitos paises europeus. Essa abordagem pode parecer mais equitativa porque trata da mesma maneira os casais que se uniram oficialmente e os quo na-o o fizeram. No entanto, essa mudanca deixaria de fora a primeira das propriedades acima: familias corn a mesma renda total poderiam acabar pagando impostos diferentes. Por exemplo, se cada casal legalmente unido pagasse impostos como se nao o fosse, Sam e Sally pagariam $ 22.500, ao passo que John e Joan pagariam $ 20 mil, ainda que os dois casais tenham a mesma renda. E difIcil dizer se esse sistema tributario seria mais ou menos justo do que o sistema atual. • Incidencia Tributaria e Eqiiidade Tributaria A incidencia tributEiria — o estudo de quem arca corn o Onus dos impostos — é fundamental para entender a eqi_lidade tributaria. Como vimos no Capitulo 6, a pessoa que arca corn o Onus do impost° nem sempre é a mesma quo efetua o pagamento ao govern°. Como os impostos alteram a oferta e a demanda, eles alteram os precos de equilibrio. Corn isso, afetam pessoas alem daquelas que, segundo a lei, pagam os impostos. Ao se avaliar a equidade vertical e horizontal de urn impost°, é importante levar esses efeitos indiretos em consiclerac-do. Muitas discuss6es sabre equidade tributaria ignoram os efeitos indiretos dos impostos e se baseiam naquilo que os economistas chamam, em torn de brincadeira, de teoria do papel znata-nzoscas da incidencia tributaria. Segundo essa teoria, o Onus de um imposto, tal como uma mosca num papel mata-moscas, grucia no primeiro ponto em que pousa. Entretanto, essa premissa raramente é verdadeira. Por exemplo, alguem quo nao tenha estudado economia poderia arpmentar que urn impost° sobre casacos de pele é verticalmente equitativo porque a maioria dos compradores desse hem é rica. No entanto, se esses compradores puderem substituir facilmente os casacos de pele por outros hens de luxo, entao o imposto sobre eles poder6 simplesmente reduzir sua venda. No fim das contas, o Onus do imposto recairzi mais sobre os fabricantes e vendedores de casacos de pele do quo sobre aqueles que os compram. Como a maioria dos trabalhadores de .confeccao de casacos de pele nao é rica, a eqiiidade de urn impost() sobre esse bem poderia ser hem diferente do que indica a teoria do papel mata-moscas. CAMTULO 12 0 PROJETO DO SISTEMA TRIBUTARIO 259 NOTkIAS 0 CASO CONTRA A TRIBUTA00 DOS GANHOS DE CAPITAL Nesto coluna, um economista aborda o tratamento dodo pelo sistema tributdrio atual aos ganhos de capital, isto é, renda gonha em poupanco. Na sua opinido, o argumento se baseia em eficincia ou eqQidade? Vod tamb6n Poderia Estar Sujeito a uma Tributa0o de 950/0 Por Steven E. Landsburg Era uma vez um homem que foi trabalhar e ganhou um d6lar, que usou para comprar uma ack de uma empresa. A ack pagava dividendos de 10 centavos por ano, sendo 10% a taxa normal de retorno em seu pais. Gracas à boa administrack da empresa, a ack passou a render o dobro em dividendos, 20 centavos por ano, fazendo com que o preco da acao tambem dobrasse. 0 homem vendeu a ack que tinha por 2 d6lares, que depositou no banco. Seus filhos acabaram por herdar o dinheiro e o reinvestiram na mesma empresa. Eles usaram os dividendos de 20 cents ao ano para comprar bens e servicos e foram felizes para sempre. Isso é uma fabula. Eis a realidade: Era uma vez um homem que foi trabalhar e ganhou um d6lar. Depois de pagar o imposto de renda federal e estadual, ficou com 50 centavos, que usou para comprar meia ack de uma empresa. Quando o preco da ack dobrou, ele a vendeu por um cl6lar, pagou um imposto de 10 centavos pelo ganho de capital e depositou os 90 centavos remanescentes no banco. Seus filhos acabaram por herdar o dinheiro, pagaram 50 centavos em imposto sobre a heranca e reinvestiram os 40 centavos restantes na mesma empresa. A empresa continuou a ganhar 10% de taxa de retorno, metade da qual era usada para pagar imposto de renda das pessoas juridicas e outros impostos. Com isso, os filhos do personagem original recebiam um dividendo anual de 5 0/0, equivalente a 2 centavos por ano. Ap6s o pagamento do imposto de renda das pessoas fisicas sobre os dividendos, eles ficavam com 1 centavo de renda por ano. Usavam parte desse centavo para comprar bens e servicos e o restante para pagar impostos sobre a venda destes... Depois de uma serie de decises econ6micas perfeitamente razoaveis, essa familia perdeu 95 0/0 de sua renda para os impostos. Noventa e cinco por cento! De 20 centavos para 1 centavo! Como isso p6de acontecer? É simples: tributando-se a mesma renda cinco vezes. Alguns aspectos da múltipla tributack sao facilmente reconhecidos, mas outros nao. Todos ja ouviram falar da "bitributacao" da renda das pessoas juridicas: primeiro quando a renda é obtida e segundo quando distribuida sob a forma de dividendos, mas nem todos percebem que os ganhos de capital sao sempre causados por expectativas de renda futura. Isso significa que o imposto sobre os ganhos de capital representa uma terceira tributacao sobre uma renda que ja foi ou sera tributada duas vezes. Tributar tanto os dividendos quanto os ganhos de capital é como multar um motorista por excesso de velocidade e depois. multa-lo de novo porque seu velocimetro apresentou uma leitura elevada. Mais importante ainda, cada um desses impostos — junto com o imposto sobre a heranca e, diga-se de passagem, qualquer imposto sobre ganhos de capital — e, em última analise, um imposto sobre o trabalho. por isso que Marx estava certo: o capital a corporificacao de trabalho passado. Os ganhos de capital de hoje sao uma recom- pensa diferida pelo trabalho de ontem. Tributar essa renda é tributar o trabalho que a possibilitou. Um imposto sobre o capital — seja calculado sobre os dividendos, a renda das pessoas juriclicas, os ganhos de capital ou a heranca — equivale nao somente a um imposto sobre o trabalho, mas a um imposto altamente discriminat6rio sbre o trabalho. Ele penaliza muito mais o trabalho dos jovens (que tern muitos anos de poupanca pela frente) do que o dos idosos (que tendem a gastar sua renda à medida que a recebem). Com isso, nao apenas as pessoas sao penalizadas por trabalhar, mas sao duplamente penalizadas por comecar a trabalhar cedo. Um imposto sobre o trabalho desencoraja os trabalhadores. Um imposto sobre o capital desencoraja desproporcionalmente o trabalho entre os jovens, distorcendo decis6es de manter dinheiro na poupanca e retardando o crescimento econ6mico. Assim, um imposto sobre o capital tem todas as desvantagens de um imposto a mais sobre o trabalho, e mais outras... Tudo isso sugere que seria melhor termos um s6 imposto sobre a renda assalariada e nenhum imposto sobre a renda das pessoas juridicas, os dividendos, os ganhos de capital ou as herancas. Ha um volume crescente de pesquisas que ap6ia essa sugestao... Os melhores pensadores corroboram o senso comum: se ha cinco impostos, ha pelo menos quatro a mais do que o devido. Fonte: The Wall Street loumal, 5 mar. 2001, p. A22. C 2001 by Dow Jones & Co. Inc. Reproduzido com permissk de DOW JONES CO. INC. no formato liyro-texto, por meio do Copyright Clearance Center. 260 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() Estudo de Caso QUEM PAGA 0 IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JUR1DICAS? Esto trobalhadora pogo parte do imposto de renda dos pessoas jundicas. 0 imposto de renda das pessoas juridicas é um born exemplo da importancia da incidência tributaria para a politica tributaria. Tributar as empresas é popular entre os eleitores. Afinal de contas, as empresas nao sao pessoas. Os eleitores estao sem pre avidos por ter seus impostos reduzidos, corn alguma empresa impessoal que pague a conta. Entretanto, antes de decidirmos que o imposto de renda das pessoas juridicas uma boa maneira de arrecadar receita para o govern°, devemos pensar em quern arca corn o onus desse imposto. Esta é uma questa° dificil sobre a qual os economistas discordam, mas uma coisa é certa: as pessoas pagam todos as impastos. Quando o governo cobra urn impost() de uma empresa, ela age mais como coletora de impostos do que como contribuinte. 0 onus recai, em Ultima instancia, sobre as pessoas fisicas — os proprietarios, clientes ou trabalhadores da empresa. Muitos economistas acreditam que trabalhadores e clientes arcam corn grande parte do onus do impost() de renda das pessoas jundicas. Para ver o iporque, considere urn exemplo. Suponhamos que o governo norte-americano decida aumentar O imposto sobre a renda ganha pelas empresas fabricantes de automOveis. De millcio, esse imposto afeta os proprietarios das empresas, que recebem urn lucro menor, mas, corn o passar do tempo, eles reagirao ao impost°. Como a fabricac.ao de carros se tornou menos lucrativa, eles investirao menos na construcao de novas fabricas, passando a investir sua riqueza de outras maneiras — por exemplo, cornprando casas maiores ou constniindo fabricas de outros ramos ou em outros palses. Corn menos fabricas de carros, a oferta do hem diminuira e, corn ela, a demanda por trabalhadores. Assim, um imposto sobre as empresas que fabricam carros faz corn que o preco dos carros aumente e o salrio dos trabalhadores na industria automobilistica caia. 0 impost() de renda das pessoas juridicas mostra como pode ser perigosa a teoria do papel mata-moscas da incidencia tribut6ria. 0 imposto de renda das pessoas juridicas é popular, em parte, porque parece ser pago por empresas ricas, mas as ipessoas que realmente arcam corn o Onus final do imposto — os clientes e trabalhadores das empresas — muitas vezes nao sao ricas. Se a verdadeira incidencia do imposto sobre as empresas fosse mais bem conhecida, o imposto seria menos popular entre os eleitores. Teste Rapido Explique o principio dos beneficios e o principio da capacidade de pagamento. • 0 que e equidade vertical e equidade horizontal? • Por que estudar a incide'ncia tributaria e importante para determinar a equidade de urn sistema tributario? XCONCLUSAO: 0 TRADEOFF ENTRE EQUIDADE E EFICIENCIA Quase todo mundo concorda que eqiiidade e eficiencia sao os dois objetivos mais i mportantes de urn sistema tributario. Entretanto, freqiientemente esses dois objetivos entram em conflito. Muitas muclancas propostas nas leis tributarias aumentam a eficiencia enquanto reduzem a equidade ou aumentam a equidade enquanto reduzem a eficiencia. As pessoas frequentemente discordam a respeito da politica tributaria porque atribuem importancia diferente a esses dois objetivos. A historia recente da polltica tributaria mostra como os lideres politicos diferem em suas opinioes a respeito de equidade e eficiencia. Quando Ronald Reagan foi eleito presidente, em 1980, a aliquota marginal sobre os ganhos dos norte-ameri- CAP1TULO 12 0 PROJETO DO SISTEIVIA TRIBUTARIO 261 canos mais ricos era de 50%. A aliquota marg,inal sobre a renda de juros era de 70°/0. Reagan arg,umentou que aliquotas tão elevadas distorciam muito os incentivos econOmicos ao trabalho e à poupaNa; em outras palavras, afirmou que tas tio altas custavam muito em termos de eficiência econOmica. A reforma tributkia tinha, portanto, alta prioridade em seu govemo. Reagan assinou leis em que autorizava grandes cortes nas aliquotas em 1981 e, novamente, em 1986. Quando ele deixou o cargo, em 1989, os norte-americanos mais ricos estavam sujeitos a uma aliquota marginal de apenas 28%. . preE o p&.ndulo do debate politico vai e volta. Quando Bill Clinton concorreu 21 sidCmcia, em 1992, argumentou que a parcela de impostos que os ricos estavam pagando não era justa. Em outras palavras, as baixas aliquotas dos ricos violavam sua viso de eqiiidade vertical. Em 1993, o presidente Clinton assinou um projeto de lei que aumentava a aliquota dos norte-americanos mais ricos para cerca de 40%. Quando George W. Bush concorreu à presi&ncia, repetiu muitos temas de Reagan. Logo depois de se mudar para a Casa Branca, em 2001, cumpriu sua promessa de campanha de reverter em parte o aumento dos impostos que Clinton promovera. Quando o programa de cortes de impostos de Bush estiver concluido, a maior aliquota serEl de 35%. A economia, por si sO, não é capaz de determinar a melhor maneira de equilibrar os objetivos de eficincia e eqiiidade. A questo envolve 1 .1'o sO filosofia politica como tambm economia. Mas os economistas representam um papel importante no debate politico sobre politica tributkia: eles podem lanyir luz sobre os tradeoffis enfrentados pela sociedade e ajudar a evitar politicas que sacrifiquem a eficincia sem que tragam nenhum beneficio em termos de egiiidade. RESWITiJO • 0 govemo norte-americano arrecada receita por meio de diversos impostos. Os mais importantes para o govemo federal são o imposto de renda das pessoas fisicas e os impostos sobre a folha de pagamento para a seguridade social. Os mais importantes para os govemos estaduais e locais são o impostos sobre a venda e o imposto sobre a propriedade. • A eficincia de um sistema tributkio refere-se aos custos que ele impOe aos contribuintes. Há dois custos alérn da transferthicia de recursos do contribuinte para o governo. 0 primeiro é a distor(; - o da aloca o de recursos decorrente do fato de que os impostos distorcem os incentivos e o comportamento. 0 seg,undo é o Onus acIministrativo de cumprir as leis tributkias. • A eqiiidade de um sistema tributkio se refere ao fato de o Onus do imposto ser distribuido ou de rnaneira justa entre a popula5o. De acordo com o principio dos beneficios, é justo que as pessoas paguem impostos de acordo com o beneficio que recebem do governo. De acordo com o principio da capacidade de pagamento, é justo para as pessoas pagar os impostos com base na sua capacidade de arcar com o Onus financeiro. Ao se avaliar a dade de um sistema tributkio, é importante lembrar uma lição aprendida com o estudo da cia tributkia: a distribui o dos Onus tributkios igual à distribui o dos recolhimentos. Ao considerarem mudanc;as da • os formuladores de politicas freqi_lentemente enfrentam iirn tradeoff entre efici"e'ncia e eqiiidade. A maior parte do debate sobre politica tributkia surge porque as pessoas atribuem impoffincias diferentes a esses dois objetivos. CONCEITOS-CHAVE 262 PARTE 4 A ECONOMIA DO SETOR PUBLIC() QUESTOES PARA REVISAO 1. Durante o seculo passado, o govern° norte-americano cresceu mais ou menos lentamente do que o restante da economia? 2. Quais sao as duas fontes de receita mais importantes para o govern° federal norte-americano? 3. Explique como os lucros das empresas sac) bitributados. 4. For que a carga tributaria para os contribuintes é major do que a receita arrecadada pelo govemo? 5. For que alg,uns economistas propoem tributar o consumo e na-o a renda? 6. De dois arg,umentos seg,undo os quais os contribuintes ricos devam pagar mais impostos do que os contribuintes pobres. 7. Qual o conceit° de equidade horizontal e por que ela é de dificil aplicacao? PROBLEMAS E APLICAOES 1. Os gastos do govern° dos Estados Unidos con-io parcela da renda nacional tem crescido ao longo do tempo. Quais mudanc.as na economia e na socieciade norte-americanas podem explicar essa tendencia? Voce acha que ela se mantera? 7. Numa fonte impressa ou na Internet, descubra se o govern° federal dos Estados Unidos apresentou superdvit ou deficit orcamentario no ano passado. 0 que os formuladores dc politicas esperam que aconteca nos proximos anos? (Dica: o endereco do Congressional Budget Office na Internet http://www.cbo.gov .) 3. As informacoes de muitas das tabelas deste capitulo foram retiradas do Economic Report of the President, que C publicado anualmente. Usando uma edic5o recente desse relatorio (que pode ser encontrado na Internet), responda as perguntas e indique ruimeros para justificar. (Dica: o ender-ego da imprensa oficial norte-americana na Internet é http://www.gpo.gov.) a. A Figura 1 mostra que a receita do govern° norte-americano como porcentagem da renda total cresceu corn o tempo. Esse crescimento pode ser atribuido principalmente a mudancas da receita do govern° federal ou da receita dos crovernos estacluais e locais? b. Analisando a receita combinada dos governos federal, estaduais e locais, como a composicao da receita total mudou ao long° do tempo? 0 in-iposto de renda das pessoas fisicas ficou mais ou menos importante? E os impostos para a seg,uridade social? E os impostos sobre Os lucros das emprcsas? c. Analisando as despesas combinadas dos governos federal, estaduais e locais, como as participacoes relativas dos pagamentos de transferencias e das compras de hens c servicos mudaram ao longo do tempo? 4. 0 capitulo afirma que a populac5o idosa dos Estados Unidos esti crescendo a uma velocidade major do que a populacao total. Mais especificamente, o ntimero de trabalhadores esta crescendo lentamente, enquanto o ntimero de aposentados cresce rapidamente. Preocupados corn o futuro da Seguridade Social, alguns membros do Congress° propoem urn "congelamento" do programa. a. Se as despesas totais fossem congeladas, o que aconteceria corn os beneficios por aposentado? E corn os impostos pagos por trabalhador? (Admitindo que os impostos e receitas da seguridade social estejam equilibrados a cada ano.) b. Se os beneficios por aposentado fossem congelados, o que aconteceria corn as despesas totais? E corn o imposto pago por trabalhador? C. Se o imposto pago por trabalhador fosse congelado, 0 que aconteceria corn as despesas totais? E corn os beneficios por aposentado? d. Quais as implicacoes das suas respostas para os itens (a), (b) e (c) no que se refere as dificeis decisoes que os formuladores de politicas precisam tomar? 5. S-uponha que voce seja urn cidaddo medio da economia norte-americana.Voce paga 4% de sua renda em imposto de renda estadual e 15,3% dos ganhos em seu trabalho em impostos federais sobre a folha de pagamento (somando as parcelas do empregador e do empregado).Alem disso, paga imposto de renda federal nos termos da Tabela 3. Quanto voce paga de cada urn desses impostos se ganha $ 20 mil por ano? Levando em consideraca-o todos os impostos, quais s'ao as suas aliquotas media e marginal? 0 que aconteceria corn os seus recolhimentos e corn suas aliquotas media e marginal se sua renda subisse para $ 40 mil? 6. Alguns estados isentam de impostos sabre a venda os hens basicos, como alimentos e bebidas. - CAPh ULO 12 0 PROJETO DO SISTEIVIA TRIBUTARIO Outros não o fazem. Discuta os meritos dessa Considere tanto a eficiencia quanto a eqidade em sua resposta. 7. Explique como o comportamento das pessoas afetado pelas seguintes caracteristicas do cOdigo tributario federal dos Estados Unidos. . a. Contribui es para instituic 6es filantrOpicas .s o dedutiveis. b. As vendas de cerveja s'a"o tributadas. c. Os juros que os proprietarios de inóvcis residenciais 1.->agam sobre hipotecas são dedutfveis. d. Os ganhos de capital realizados s5o tributados, mas os ganhos acumulados nk) o são. (Quando uma pessoa é proprietaria de uma N''a"o cujo valor aumenta, ela tem um ganho de capital "acumulado". Se a pessoa vender a acfa o, o ganho e "realizado".) 8. Suponha que seu Estado eleve o imposto sobre as vendas de 5% para 6%. 0 secretario da receita de seu Estado preve um aumento de 20°/0 da receita do imposto sobre vendas. Isso seria plausfvel? Explique. 9. Considere dois dos progr, amas de garantia de renda dos Estados Unidos: a Temporary Assistance for Needy Families — Tanf (Assistencia Temporkia a Familias Necessitadas) e o Earned Income Tax Credit — EITC (Credito de Imposto de Renda Recebido). a. Quando uma mulher com filhos e renda muito baixa ganha um d6lar a mais, ela recebe menos em beneficios Tanf. Qual é o efeito dessa caracteristica da Tanf sobre a oferta de trabalho de mulheres de baixa renda? Explique. b. 0 EITC proporciona beneficios crescentes medida que os trabalhadores de baixa renda ganham maiores rendas (ate certo ponto). Qual e o efeito desse programa sobre a oferta de trabalho de pessoas de baixa renda? Explique. c. Quais as desvantagens de eliminar o TANF e alocar os recursos ao EITC? 10. A Lei de Reforma Tributaria de 1986, nos Estados Unidos, eliminou a deducfao dos pagamentos relativos a juros sobre debitos do consumidor (princide credito e emprestimos para a palmente cart 6es compra de autom6veis), mas manteve a deduc;:a-o dos pagamentos de juros sobre hipotecas e emprestimos para a compra de im6veis residenciais. 0 que, em sua opinião, aconteceu com os montantes relativos de dividas de consumo e de dMdas de credito imobiliario? 11. Classifique cada um dos modos de financiamento a seg,uir como exemplos do principio dos beneffcios ou do principio da capacidade de pagamento. 263 a.Visitantes de muitos parques nacionais pagam pelo ingresso. b. Os impostos locais sobre propriedades financiam escolas de ensino fundamental, basico e medio. c. Um fundo de manuterwk) de aeroportos cobra um imposto sobre cada passagem aerea vendida e usa o dinheiro arrecadado para melhorias nos aeroportos e no sistema de controle de trafego aereo. Qualquer relação de alfquotas de imi.->osto de renda incorpora dois tipos de aliquota: aliquotas medias e aliquotas marginais. a. A ali'quota media é definida como o total do in-iposto pago di\f-idido pela renda. Em um sistema tributario proporcional como o apresentado na Tabela 7, quais são as aliquotas meclias das pessoas que ganham $ 50 mil, $ 100 mil e $ 200 mil? Quais as aliquotas medias correspondentes seg,undo os sistemas regressivo e prog,ressivo? b. A aliquota marginal e definida como o imposto adicional pago sobre a renda adicional dividido pelo aumento da renda. Calcule a aliquota marginal de um sistema tributario proporcional quando a renda aumenta de $ 50 mil para $ 100 mil. Calcule a aliquota marginal quando a renda aumenta de $ 100 mil para $ 200 mil. Calcule as aliquotas marginais correspondentes no sistema tributario regressivo e no sistema tributario progressivo. c. Descreva a relacio entre aliquotas medias e mara inais em cada um dos tres sistemas tributarios. Em geral, qual aliquota é relevante para alguem decidir se aceita um emprego que paga um salkio ligeiramente superior ao salario pago no emprego atual? Qual aliquota é relevante para avaliar a eqiiidade vertical de um sistema tributario? 13. Qual a justificativa, em termos cie eficiencia, para se tributar o consumo e não a renda? Se os Estados Unidos adotassem um imposto sobre o consumo, voce acha que o sistema tributario do pais se tomaria mais ou menos progressivo? Explique. 14. Nos Estados Unidos, se um venciedor leva um cliente para almoar, parte do custo do almcv e uma despesa dedutivel para a empresa. Alguns membros do Congresso norte-americano arg,umentam que essa caracteristica do c(5digo tributario beneficia empresarios relativamente ricos e deveria ser eliminada. Entretanto, esse arg,umento encontra uma oposio maior por parte dos restaurantes do que por parte das empresas que s'cio beneficiadas pela dedu o. Explique. 5 • A economia 6 composta por milhares de empresas que produzem os hens e servicos de que usufruimos todos os dias: a General Motors produz carros, a General Electric, ldmpadas, e a General Mills, cereais matinais. Alg,umas empresas, k>n, como essas fres, sao g,randes: empregam milhares de trabalhadores e tem milhares de acionistas que participam de sells lucros. Outras empresas, como a barbearia ou 0 de sao e 1ra doceria de seu bairro, sao pequenas: empregam poucos trabalhadores -' -' ,-1._ slCiD (\ -:: N\ -- \') propriedade de uma so pessoa ou familia. v,\.-.,. r,V) \)‘' ,,, r -.) .,./)?, c.)- \-) Nos capitulos anteriores, usamos a curva de oferta para sumariar as decisoes de A*7 n . ( , . producao das empresas. De acordo corn a lei da oferta, as empresas estao dispostas: a produzir e vender maiores quantidades de urn determinado bem seoprecofor . `)- - , '') ' alto e essa rea ao nos conduz a uma curva de oferta com inclina ao ascendente. \\ \\'> r- \.,. o(- c‘-i‘. Para analisarmos muitas questoes, a lei da oferta é tudo o que precisamos saber do ..,, \ \...\ 0', C; . C comportamento das empresas. t-) C . 0) Neste capitulo e nos proximos, examinaremos em maiores detalhes o compor0tamento da empresa. Esse topic° proporcionara urn melhor entendimento das decisoes que est-do por tr6s da curva de oferta em urn mercado. Alem disso, intro— estudo duziremos o seamento da economia chamado de or:aniza * industrial o de como as decisoes da em resa sobre recos e quantidades de endem da—s condicoes do mercado que enfrentam. A cidade em que voce vive, por — pode ter diversas pizzarias, mas apenas uma empresa de TV a cabo. Como essa 268 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1ND5TR1A diferenc;a no ralmero de empresas afeta os prec;os nesses mercados e a eficincia dos resultados do mercado? 0 campo da organiza o industrial trata justamente dessa questo. Mas, antes de nos voltarmos para esses temas, precisamos discutir os custos produo.Todas as empresas, da Delta em custos ao produzir os bens e servios que vendem. Como veremos nos capitulos seg,uintes, os custos de uma emE_resa s^ ."c) um determinante-chave de suas decis-6es de roduo e determina -k) de preos._Neste cap Í6 definirernos a gumas das varffiTeis que os economistas usam para medir os custos da empresa e trataremos das relg6es entre elas. Um aviso: este assunto pode parecer kido e tecnico. Mas e fundamental para a compreensk) dos fascinantes tpicos que estk) por vir. 0 QW-'SÃ CUSTOS? Comearemos nossa discussk) dos custos na Ribrica de Biscoitos da Helen. Helen, a proprietkia da empresa, compra farinha, açúcar, gotas de chocolate e outros ing,redientes. Ela tambem compra as batedeiras e fornos e contrata trabalhadores para operarem esses equipamentos. Então, vencle os biscoitos resultantes aos consumidores. Examinando algurnas das quest5es com que ela se clepara em sua atividade, poderemos aprender sobre os custos que se aplicam a todas as empresas da economia. Receita Total, Custo Total e Lucro Vamos comear pelo objetivo da en-ipresa. Para entendermos as deci es que uma toma, 1-ecisamos entender o c ue ela estEl tentando fazer. E conce-bivel que Helen tenha fundado sua empresa grKas a um desejo altr Rt-a- de prover o mundo cle biscoitos ou, talvez, pelo amor ao negcio de biscoitos. No entanto, o mais provvel é que ela tenha criado a empresa para ganhar dinheiro. Os economistas normalmente assumem objetivo de uma em_presa é maximizar i. lucro_e que essa hipci nciona bem na maioria dos casos. •0 de uma empresa? 0 montante que a empresa recebe pela venda cle sua pro iscoitos) é chamado de receita total. 0 montante_que a_empre. 's_apaga r, trabalhadores, fomos ete,Le chamado de .custolotal. E Helen fica com , a recita quq ._< e> ,c ~r cobrir seus custos. 0 lu.cro receita total ei _resa menos o Ireceita total o montante que uma empresa recebe pela venda de sua produck custo totai o valor de mercado dos insumos que uma empresa usa na produck lucro receita total menos custo total trnk ' Lucro = Receita total - Custo total 0 objetivo de Helen e fazer com que o lucro de sua empresa seja o maior possivel. Para entendermos como uma empresa maximiza o lucro, precisamos saber com mais profundidade como medir sua receita total e seu custo total. A receita total a parte mais fficilLe igual '21 3antidade que a empresa produz prec;:o pelcl_qual vende sua proclu o. Se Helen produz 10 mirbiscoitos e os vende a $ 2 cada, sua receita tot -al é de $20 mil. Em compara o, a rnedição do custo total de uma empresa e bem mais sutil. Custos como Custos de Oportunidade Ao se medirem os custos da Hbrica de Biscoitos da Helen ou de qualquer outra empresa, é importante ter em mente um dos Dez Principios de EC011011lia do Capitulo 1: 269 CAPiTULO 13 OS CUSTOS DE PRODUcA0 te-la Lembre-se de que r clucLvoce desis Last° o custo de oportunidade de urn item refere-se a todas as coisas a que renunciamos para adquiri-la..Quando os economistas falanijio_custo dezodu-ao de uma em os desta. _Iqc)sc p_ortunidade da Eroducao do-s bens e sa, incluem todos ci_ Os custos de oportunidade da producao de Lima empresa algumas vezes sao obvios e outras vezes nao sac) t5o obvios assim. Quando Helen paga $ 1 mil pela farinha, estes $ 1 mil s5o urn custo de oportunidade porque ela ri5o pode mais uszi-los para comprar outra coisa. De maneira similar, quando ela contrata trabalhadores para fazer biscoitos, os sal6rios que paga sao parte dos custos da empresa. Como esses custos exigem que a empresa desembolse dinheiro, sao chamados de custos explicitos. Jzi °taros custos de oportunidade da empresa, chamados de custos nao exigem que se desembolse dinheiro. Imagine que Helen tenha bastante habilidade corn computadores e possa ganhar $ 100 por hora trabalhando como programadora. Para cada hora que passa em sua f6brica de biscoitos, ela deixa de ganhar $ 100 de renda e essa renda da qual cla abre mao tambem é parte de seu custo. Essa distinc5o entre custos explicitos e custos implicitos aponta para uma diferenca importante entre as maneiras como os economistas e os contadores analisam as empresas. Os_economistas est5o interessados cm estudar como as empresas tomam decisoes de_produc5o e de determinacao de preco. Conno essas decisoes se baseiam em custos tanto explicitos quanto impaitos, os economistas incluem os dois tipos ao calcular o custo das empresas. Os contad ores or outro lado, tern por func5o acompanhar o fluxo de dinheiro que entra e sai da empresa. Por issoTeTel mede,m_o_s custos explicitos, mas geralmente ianoram os te percebida no 1 o dbre Oësei A diterenca entre economist caso da Fzibrica de Biscoitos da Helen. Quando ela abre mao da oportunidade de aanhar dinheiro como _proaramadora cie computadores, seu contador nao lanca ,P onisustodaemprsa de biscoitos. Como nao sai dinheiro da empresa_p_ara i .f±y_e_r_frente_assse custo ele nunca surge nas demonstracoes financeiras preparadas ps_l_o_contados. Urn economista,Telo contrario, contard a renda da qual Helen abriu custo porque_essa renda afetara as clecisoes que ela tomara em sua empresa de biscoitos. Por exemplo, se o salario de Helen como programadora ) aumentar de $ 100 para $ 500 por hora, ela podera chegar a conclusao de que tocar sua empresa é custoso demais e optar por fechar a fabrica, tornando-se programadora em tempo integral. 0 Custo do Capital como Custo de Oportunidade Urn custo implicit° importante em quase todo negocio é o custo de oportunidade do capital financeiro que foi investido na atividade. Suponhamos, por exemplo, que Helen tenha usado $ 300 mil de suas economias para comprar a fabrica de biscoitos do proprietzirio anterior. Se ela tivesse deixado o dinheiro em uma conta de poupanca a juros de 5% ao ano, ganharia $ 15 mil por ano. Portanto, para ser proprietziria da fzibrica de biscoitos, Helen abre mao de $ 15 mil em renda de juros por ano. Esses $ 15 mil de que ela abre mao s5o urn dos custos de oportunidade implicitos do negocio de Helen. Como ja vimos, os economistas e os contadores tratam os custos de formas diferentes e isso é especialmente verdade no tratamento dado ao custo do capital. Urn economista vera os $ 15 mil em renda de juros de que Helen abre ma° a cada ano como um custo de sua empresa, muito embora seja um custo implicit°. 0 contador contratado por ela, contudo, n5o lancana esses $ 15 mil como custo porque nao sai dinheiro da empresa para pagan por eles. Para explorarmos em maior profundidade a diferenca entre economistas e contadores, vamos mudar um pouco o exemplo. Suponhamos que Helen nao tivesse os $ 300 mil necessarios para con-iprar a fzibrica e usasse $ 100 mil de suas econo- custos explicitos os custos dos insumosque, exigendesembolso de dinheiro por parte da empresa custos implicitos os custos dos insumos due snajexigern desern lh.e cli_r_ C3 (PAC t e por_parte claernm.sa .j(4, CctU.. OVC. mcie 270 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ/WAO DA 1NDSTR1A mias e tomasse $ 200 mil emprestados de um banco a juros de 5%. 0 contador Helen, que só mede os custos explicitos, agora contath como custo estes $ 10 mil de juros pagos pelo emj3restimo bancrio porque esse montante de dinheiro agora sai da empresa. Entretanto, de acordo com um econon-iista, o custo de oportunidade da empresa é ainda de $ 15 mil. 0 custo de oportunidade é igual aos juros pagos sobre o emprestimo (un-i custo explicito de $ 10 mil) mais os juros sobre a poupanca de que abriu rnão (um custo implicito de $ 5 mil). Lucro Econ mico versus Lucro Contbil , F (f) 3 Cy,./ J.. ) rv\ ttAQI5-C) \"5\ €,N `. .S\ !. *C• C - Mr4r. \‘-' • r.) hAJ\JC).._. \AI FIGURA 1 Economistas versus Contadores Os economistas induem todos os custos de oportunidade quando analisam uma empresa ao passo que os contadores medem somente os custos explicitos. Assim, o lucro econamico é menor do que o lucro contabil. Como os Economistas \Them as Empresas Como os Contadores Wem as Empresas Lucro econmico Receita Lucro cont,Mpil Custos implicitos Custos explicitos Receita Custos de oportunidade totais Custos explicitos CAPITULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO 271 PRODUcA0 E CUSTOS As empresas incorrem em custos ao comprar os insumos que usam para produzir os bens e servicos que planejam vender. Nesta secao, examinaremos o elo entre o process° de producao de uma empresa e seu custo total. Novamente, usaremos a Fabrica de Biscoitos da Helen. NOTICIAS LUCRO VERDADEIRO VERSUS LUCRO FICTiCIO A ondlise do comportamento dos empresas parte do mensuracdo da receita, custos e lucros. Em 2007 e 2002, este assunto chegou aos jomais quando se revelou que diversas grandes empresas mentiram o respeito destas medidas-chave de desempenho. 0 Sabor da Fraude Par Paul Krugman Voce e dono de uma sorveteria. Ela nao muito lucrativa, entao coma voce pode ficar rico? Cada urn dos escandalos envolvendo grandes empresas revelados ate agora sugere uma estrategia diferente de enriquecimento pessoal. Primeiro, a estrategia da Enron. Voce assina contratos para fornecer aos clientes urn sorvete par dia pelos proximos 30 anos. Voce subestima deliberadamente o custo de cada sorvete; entao, lanca as lucros projetados das vendas futuras de sorvete coma parte dos resultados do ano corrente. De uma hora para outra, sua empresa parece altamente lucrativa e voce consegue vender acoes da sorveteria a precos inflados. Depois, ha a estrategia da Dynegy. As vendas de sorvete nao sao lucrativas, mas voce convence as investidores de que elas serao no futuro. Entao, firma urn acordo sigi- loso corn outra sorveteria do bairro: cada uma comprara centenas de sorvetes da outra a cada dia. Ou melhor, fingira comprar — nao faz sentido se darem ao trabalho de efetivamente transportar tanto sorvete para cima e para baixo. 0 resultado é que voce parece ser urn membro importante de urn neg6cio em expansao e, corn isso, consegue vender acbes a precos inflados... Par fim, ha a estrategia da WorldCom. Aqui, voce nao cria vendas imaginarias; faz .custos reais desaparecerem, fingindo que despesas operacionais — creme de leite, ackar, calda de chocolate — sao parte do preco de aquisicao de urn novo freezer. Corn isso, sua empresa parece ser altamente lucrativa no papel, tomando dinheiro emprestado apenas para financiar a compra de novas equipamentos. E voce pode vender acoes a precos inflados. Ah, quase me esqueci: coma enriquecer corn isso? A maneira mais fad é dar a si mesmo muitas opcoes de compra de acOes, beneficiando-se, assim, dos precos inflados que criou... Nao estou dizendo que todas as empresas dos Estados Unidos sejam corruptas, mas esta claro que as executivos que querem se corromper enfrentam poucos obstaculos. Os auditores nao tern interesse em dificultar a vida de empresas que !hes proporcionam grandes receitas par servicos de consultoria; as executivos dos bancos nao tern interesse em dificultar a vida de empresas que, coma viemos a saber no caso da Enron, lhes deram participacao em alguns negocios escusos lucrativos. E as politicos, mantidos quietos par contribuicoes eleitorais e outros agrados, impediram que as reguladores cumprissem sua funcao. Fonte: The New York Times, 28 jun. 2002, p. A27. Copyright © 2002 by The New York Times Co. Reproduzido com permissa"o. PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZA 272 ',D)( t\ ; F it‘ v 0 DA lND5TRlA Na analise a seguir, adotamos uma importante hipOtese simplificadora: consideramos que o tamanho da fabrica de Helen é fixo e que ela só pode mudar a quantidade de biscoitos produzida mudando o nUm' ero de trabalhadores. Essa realista no curto_p_r5izo, mas na- o no longo. Ou seja, Helen nao pode construir uma nova ffibrica da noite para o dia, mas pode faze-lo em aproximadamente um ano. Essa análise, portanto, deve ser vista como uma descria - o das decises de producao que Helen enfrenta no curto prazo. Examinaremos em maiores detalhes a rela o entre custos e horizonte de tempo mais adiante. A FunOo de Produ0o a relac ao entre a quantidade de sumosusadapararo: duzir um bem e a quantidade produzida do bem A Tabela 1 mostra como a quantidade de biscoitos que a ffibrica de Helen produz por hora depende do nUmero de trabalhadores. Como se vê nas duas primeiras colunas, se não há trabalhadores na ffibrica, Helen n'a"o produz nenhum biscoito. Quando há 1 trabalhador, ela produz 50 biscoitos. Quando há 2 trabalhadores, ela produz 90 biscoitos e assim por diante. A Figura 2 apresenta um grMico dessas duas colunas de n meros. 0 n mero de trabalhadores está no eixo horizontal e o nUmero de biscoitos produzidos, no eixo vertical A relga- o entre a quantidade de insumos (trabalhadores) e a quantidade produzida (biscoitos) e charnadadefunção de produo. irn produto o aumento da produck que resulta de uma unidade adicional de insumo Um dos Dez Principios de Economia introduzidos no Capitulo 1 diz que as pessoas racionais pensam na margem. Como veremos em outros capitulos, esse conceito e fundamental para entender as decises das empresas sobre quantos trabalhadores contratar e sobre quanto produzir. Para darmos um passo em dire o ao entendimento dessas decises, a terceira coluna da tabela nos dá o produto marginal por trabalhador. 0 produto marginal de qualquer insumo no processoc_p_ le roc125-ao_e o aumento da quantidade rodu—zida ue se obtem a artir d'e uma unidade adicional do insumo em questh- o. Quando o nUmero de trabalhadores sobe de 1 para 2, a produo de biscoitos sobe de 50 para 90, de modo que o produto n-iarginal do segundo trabalhador são 40 biscoitos. E quando o nUmero de trabalhadores sobre de 2 para 3, a produ o de biscoitos aumenta de 90 para 120, de modo que o produto marginal do terceiro trabalhador s'a- o 30 biscoitos. Co /?i r\ = .- \h, 1. 0 0,-L r/ Uma Funck de Produck e Custo Total: A Fabrica de Biscoito` ~1 Nmero de de Helen IYJ Trabalhadores 0 I: oVek 30 Procluck V-) (quantidade de biscoitos produzidal por hora) 0 clf Cu4s9 ( QA(.53- Rcdst9W\ inawke Custo Total dos L Produto 3.4 Marginal do Custo da Trabalho ( 'Fabrica $30 n \f,k, Custo dos , Trabalhadores $0 insumos (custo da fabrica + custo dos trabalhadores)\i\'( $ 30 50 50 0, W 0»9 30 10 30 20 50 30 30 60 30 40 70 \0; b(3 30 \ 50 so 40 40 2 90 3 120 4 140 5 150 30 ( ".-K) --) 20 10 n . (,,, ,':?) , Cl: T e _t, _ tHC (v ivin( // ie. - II 273 CAPITULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO Vic J-1,9 FIGURA 2 vcivh,t. 4c\'‘u 6 Quantidade Produzida (biscoitos por hora) A Fun * de Producao da Funcao de producao 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Helen UMGrOTTle unc producaolmostra a relacao entre o nOmero ne trabalhadores contratados e a quantidade produzida. adores Aqui; o niimer contratados (eixo horizontal) é o mostrado no primeira coluna do Tabela 1 e a quantidade produzida (eixo vertical) é a mostrada no segunda coluna A funcoo de producao torna-se menos inclinada medida que o numero de trabolhadores do o—qu'e-reflete a minuicao dr7 produto marginal. L_N 1 1 2 I 3 I 4 1 5 Numero de Trabalhadores F)Q Contratados N Pc: c.:Irc) C1,-,6j\-0 KO ) k' (V-\\-Vt•-/3- Observe clue, medida tqleormero de trabalhadores aumenta, oyroduto marginal diminui. 0 seg-L, Ind° trabalhador tern urn produto marginal de 40 bis-:--coitos, o terceiro, de 30 biscoitos, e o quarto, de 20 biscoitos. Essa propriedade é chamada de produto marginal decrescente. Inicialmente, quando ha poucos trabalhadores empregados, eles tern facil acesso ao equipamento de cozinha de Helen. Corn o aumento do mimero de trabalhadores, partilhar equipamentos e trabalhar corn uma lotac_ao cada vez major. Assim, _ _ contratados, cada trabalhador adicional contribui menos to mais trabalhadores sao para a producao de biscoitas 0 produto marginal decrescente tambem pode ser visto na Figura 2. A inclinacdo da funcao de producao ("aumento dividido pela distancia") nos diz qual é a variacao da producao de biscoitos na fabrica de Helen ("elevacao") para cada insumo adicional de trabalho ("distkicia"). Ou seja, a inclinacao da funcao de ducao mede o produto marginal de um trabalhador. Corn o aumento no niimero de trabalhadOres, o roduto marginardiminui e a furicao de producao- se toma mais horizontal. produto marginal decrescente a pro riedade segundo a qual o produto marginal de um insumo climinui a me Ida que a quantidade do insumo — aumenta k(-.),(6\:\ -0nD cc, o Q„Q„.„n\f,), Da Fun * de Producao a Curva de Custo Total \p, As Liltimas tres colunas da Tabela 1 mostram o custo de producao de biscoitos da fabrica de Helen. Neste exemplo, o custo da fabrica de Helen é de $ 30 por hora e o de um trabalhador, de $ 10 por hora. Se ela contrata urn trabalhador, seu custo total é de $ 40. Se contrata 2 trabalhadores, é de $ 50 e assim por diante. Corn essa PIZ 0 or° go A,- if iv AL DE c_ ce E (1-'1/0 CtU-CCA-0 Ct.A. p-oo()Ax rst . 274 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA ENIPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1ND5TRlA informa o, a tabela agora nos mostra como o nUmero de trabalhadores que Helen contrata se relaciona com a quantidade de biscoitos que ela produz e com seu custo total de produ'ao. Nosso objetivo nos prOximos capitulos sera estudar as clecis cies de produ o e de determina o de preos das empresas. Para tanto, a relg ao mais importante da Tabela 1 é a existente entre a quantidade produzida (segunda coluna) e o custo total (sexta coluna). A Figura 3 representa graficamente essas duas colunas de dados com a quantidade produzida no eixo horizontal e o custo total no vertical. Esse grafico e chamado de curva de custo total. Compare agora a curva de custo total da Figura 3 com a fuN'ao de produc --io da Fig,ura 2. Elas s..o os lados opostos da mesma moeda. A inclinação da curva de custo total aumenta com a quantidade produzida, enquanto a inclinacfao da func,.. o de produ o diminui. Essas mudaNas da inclinação ocorrem pelas mesmas razies. Uma produ-io elevada de biscoitos sipifica que a cozinha de Helen esta lotada de trabalhadores. Como a cozinha esta cheia demais, cada trabalhador adicional acrescenta menos à produ o de biscoitos, refletindo o produto marginal decrescente. Portanto, a funio de produ o fica relativamente achatada. Mas vamos inverter o raciocinio: quando a cozinha esta lotada, produzir um biscoito a mais requer muito trabalho adicional e isso é muito dispendioso. Com isso, quando a quantidade produzida é elevada, a curva de custo total apresenta inclinação relativamente ingreme. FIGURA 3 A Curva de Custo Total de Helen Uma curva de custo total ilustro a relacdo entre a quantidade produzida e o custo total de produ0o. Aqui, a quantidade produzida (no eixo horizontal) é mostrada no segundo coluna do Tabela 1 e o custo total (no eixo vertical), no sexta coluna. A inclinacoo da curva de custo total Lirr a com a quantidade produzida roduto marginal decrescente. Custo Total Curva de custo total $80 70 60 50 40 30 DA 20 ej ,,) !TA-0 p„ L 10 f\ u\f\ ru O 111111111111111 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 Quantidade Produzida (biscoitos por hora) Mg:(0)\\C,S,A CAPiTULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO 275 Teste Rapido Se o fazendeiro Jones nao planta sementes em sua fazenda, nao colhe nada. Se planta urn saco de sementes, colhe tres sacas de trigo. Se planta dois sacos, colhe cinco sacas. Se planta tres sacos, colhe seis sacas. Urn saco de sementes custa $100 e as sementes sao o Onico custo dele. Use esses dados para representar graficamente a funcao de producao e a cuiva de custo total do fazendeiro. Explique o formato das curvas. AS DIVERSAS MEDIDAS DO CUSTO Nossa analise da Fabrica de Biscoitos da Helen demonstrou como o custo total de uma empresa retlete sua funcao de producAo. A partir dos dados do custo total de uma empresa, podemos derivar diversas outras medidas de custo, que sera° uteis quando analisarmos as decisoes de producao e dc determinacao de preco em capitulos futuros. Para vermos como essas medidas sao derivadas, vamos usar o exemplo da Tabela 2, que apresenta &dos de custos da empresa vizinha de Helen, a Barraca de Limonada da Thelma. A primeira coluna da tabela mostra o nUmero de copos de limonada que Thelma pode produzir, indo de 0 a 10 copos por hora. A seg,unda coluna mostra o custo total de producao de limonada de Thelma. A Figura 4 traca a curva de custo total de Thelma. A quantidade de limonada (da primeira coluna) esta no eixo horizontal( x) e o custo total (da seg,unda coluna), no eixo vertical. A curva de custo total de J.A-V r'‘ (1 ) TAgELA 2 Quantidade de Limonada (copos por hora) 0 0_, -r ,It 4-%, Pc.o\\Ittusto Total Custo Fixo $ 3,00 $ 3,00 Custo Variavel $ 0,00 Custo Fixo Medi° Custo Variavel Medio Custo Total Medi° i 411):1 Custo Marginal As Diversas Medidas de Custo: Barraca de Li monada da Thelma. $ 0,30 $ 3,30 1 3,30 3,00 0,30 $ 3,00 $ 0,30 2 3,80 3,00 0,80 1,50 0,40 1,90 ... • 3 4,50 3,00 1,50 1,00 0,50 1,50 0,50 0,70 0,90 4 5,40 3,00 2,40 0,75 0,60 1,35 , 5 6,50 3,00 3,50 0,60 0,70 1,30 1,10 1,30 6 7,80 3,00 4,80 0,50 0,80 1,30 0,90 1,33 1,00 1,38 1,50 7 9,30 3,00 6,30 0,43 8 11,00 3,00 8,00 0,38 1,70 1,90 9 12,90 3,00 9,90 0,33 1,10 1,43 10 15,00 3,00 12,00 0,30 1,20 1,50 2,10 j 0 276 PARTE 5 COMPORTANIENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1ND5TRlA FIGURA 4 A Curva de Custo Total de Thelma Aqui, a quantidade produzida (no eixo horizontal) é mostrado no primeira coluna da Tobela 2 e o custo total (no eixo vertical), na segunda coluna. Como no Figuro 3, o inchnoc5o do curva de custo total aumento medida ue a uontidade oduzido aumenta por causa do produto marginal decrescente. Custo Total $15,00 Curva de custo total 14,00 13,00 12,00 11,00 10,00 9,00 8,00 7,00 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0 I I I I 1 I I I 1 2 3 4 5 6 7 8 I I Quantidade Produzida (copos de limonada por hora) 9 10 Thelma tem formato semelhante à de Helen. Mais especificamente, sua aumenta com a quantidade procluzida, o que (como já vimos) retlete o 1.-)roduto marOEinal decrescente. f„0\\ custos fixos custos que não variam com a quantldade produzida custos vari veis custos que variam com a . quantidade produzida Custos Fixos e Variveis 0 custo total de Thelma pode ser dividido em dois tipos. Alpns custos, chamados decustosfixos,nãovariam com a quantidade produzida. A em resa incorre neles mesmoq1eno produza nada. _ s custos fixos de Thelma incluem o alug-uel que ela paga porque esse custo será o mesmo qualquer que seja a quantidade de nada que produza. De maneira similar, se ela precisar contratar um funcionkio em temi3o integral para pagar as contas, o sakirio dele será um custo fixo, pois dependerá da quantidade de limonada produzida. A terceira coluna da Tabela 2 mostra o custo fixo de Thelma, que, neste exemplo, e de $ 3. Alguns dos custos da empresa, chamados de custos yar_iiveis mudam medida que a quari produzida varia. Os custos varklveis de Thelma incluem o custo dos limões, açúcar, copos descarffifeis e canuclos: quanto mais limonada ela fizer, mais desses itens precisará comprar. De maneira similar, se ela precisar contratar mais funcionkios para fazer rnais limonada, o salkio deles seni um custo varizivel. A quarta coluna da tabela mostra o custo varizivel de Thelma. 0 custo varivel e 0 CAPiTULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO 277 quando ela nao produz nada, $ 0,30 se procluz urn copo de limonada, $ 0,80 quando produz 2 copos e assim por diante. 0 custo total de uma em_-)resa é a soma dos custos fixos e variaveis. Na Tabela 2, o custo total da segunda coluna é ig-ual aos custos fixos da terceira coluna mais os custos variaveis da quarta coluna. Custo Medio e Marginal t4.: RI) Oki "\- \-j'c•--0-",\_Ci- Como proprietaria da empresa, Thelma precisa decidir produzir. Uma o p 1have dessa decisao se refere a saber como os custos v-do variar prc ç iar.ParatornaressadecisSo, Thelma pode fazer duas _Rmlnc „n l tos sobre o custo de grodu0o de limonada ao seu supervisor de producao: rA(2 . • Quanto custa fazer urn copo de limonada tipico? • Quanto custa - aumentar - - a producao de limonada em urn copo? Embora a primeira vista possa parecer que essas duas perguntas tern a mesma resposta, isso nao ocorre. As duas respostas sac) importantes para se entender como as empresas tomam decisoes de producao. Para identificarmos o custo da unidade tipica produzida, dividimos os custos da empresa pela quantidade produzida. Por exemplo, se a empresa produz 2 copos por hora, seu custo total é de $ 3,80 e o custo de urn copo tipico é de $ 3,80/2, ou $ 1,90. 0 custo total dividido ela uantidade roduzida é chamado de custo total medio. Corno o custo total é a soma dos custos fixos e variaveis, o custo total meat() pode ser expreasc como a soma do custo fixo medio e do custo variavel medio. 0 custo de produzida e o custo variavel fixo medio é o custo fixo dividido pela quantida— e la quantidade produzida. medio é o custo va r Embora o custo total medio nos diga o custo da unidade tIpica, n'ao nos diz em .vanto o cLusto total mudarkse a empresa alterar seu nivel de producao. A tiltima coluna da Tabela 2 mostra em quanto aurnenta o custo total quando a empresa aumenta a produc5o em 1 unidade. Esse ntimero é chamado de custo marginal. Por exemplo, se Thelma aumentar a produ0o de 2 para 3 copos, seu custo total aumentard de $ 3,80 para $ 4,50, de modo que o custo marginal do terceiro copo de limonada sera $ 4,50 menos $ 3,80, ou $ 0,70. Pode ser dtil expressar essas definicoes matematicamente: custo_ltal7io -c— ustototal dividido pela tidade produzida _ custo fixo medio . custos Nos divididos pela. quantidade produzida • /• _ custo vanavet meow_ , custos variaveis divididopela I quantid ade produzida --custo marginal o aumento do custo total -d-ecorrente da produca"o de uma untdade adicional Custo total medio = Custo total / Qaantidade CTM = CT/Q Gusto marginal =Variacao do custo total /Variacao da quantidade -CMg = ACT/AQ Aqui, A, a letra grega delta, representa a mudanca em uma variavel. Essas equagoes mostram como o custo total medio e o custo marainal derivam do custo total. 0 Gusto total medio nos diz o custo do uma wzidade tipica de produto seocAsictotal for dividido 42or igual entre todas as unidades produzidas. 0 custo marginal nos djz_em.. 0 de Unla unidade adicional de po.iumenta o _plachita. Como veremos em maiores detalhes no proximo capitulo, Thelma, nossa empreendedora da limonada, vai descobrir que os conceitos de custo total media e custo marginal sao bastante iateis na hora de decidir quanta limonada produzir. ' )GcIvM-4•(_•E'i AL. t A 77E ‘J A t-A-o D'\ P i)() .C-7f) D e,(3 MEtp C.) ?).\ 1 ADG,, 0 i 4) -(4.)-3- A L c_ • \ 278 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA IND13STRIA Curvas de Custos e Suas Formas o I t\) \,;() N L Assim como em capitulos anteriores os graficos de oferta e demanda foram Uteis para analisar o comportamento clos mercados, os graficos de custo medio e mar-cornp . ortamento das erp2res A Figura 5 r e prearaanalisa 'senta os custos de Thelma, utilizando os dados da Tabela 2. 0 eixo horizontal mede a quantidade produzida pela empresa e o vertical, os custos marginal e medios. 0 grafico apresenta quatro curvas: custo total medio (CTM), custo fixo medio (CFM), custo variavel medio (CVM) e custo marginal (CMg). As curvas de custos da Barraca de Limonada da Thelma aqui apresentadas tern comuns as curvas de custos de muitas empresas alg-umas caracteristicas que s ao existentes na economia. Vamos examinar tres caracteristicas especificas: o formato da curva de custo n-iarginal, o formato da curva de custo total medio e a rela o entre custo marg,inal e custo total medio. ag.!pai Ascendente o custo maroinal de Thelma aumenta com a produzida. Isso reflete a ro riedade do p~rginal decrescente. T Quando Theln-ia esta produzindo uma pequena quantidade de Tri n7;i-iacraTela t—em poucos trabalhadores e grande parte de seu equipamento n'ao está sendo utilizada. Como ela pode facilmente colocar esses recursos ociosos em uso, o produto marginal de um trabalhador extra é alto e o custo marginal de um copo extra de limonada e baixo. Por outro lado, quando ela esta produzindo uma grande quantidade de limonada, sua barraca esta lotada de empregados e a maior parte de seu equipamento esta sendo plenamente utilizada. Thelma pode produzir mais se contratar mais trabalhadores, mas esses novos funcionrios ter ao que trabalhar em condie podem ter de esperar para usar os equipamentos. Por essa ()es de superlotg ao FIGUFA 5 - 1) w,,,,r 1 ek e) As Curvas de Custo Total Wdio e Custo Marginal de Thelma. Esto figura mostra o custo total mkio (CTM), custo fixo mkio (CFM), custo vanavel mkio (CVM) e custo marginal (CMg) da Barraca de Limonada de Thelma. Todas essas curvas sao trap3das a partir dos dados da Tabela 2 e revelar eristicas qLes-ao,cor t rliuns .mu'itas aumenta com a quantidade produzida. (2) A curva de custo total m6c lioteDiforma de U. (3) A curva de custo marginal cruza a curva de custo total mkio no ponto em que o custo total mkio Q, r Custos \ >, (, c, $3,50 _ ,, ._ (`>f, 0 ,, ,f), , (7 -- ,,,- fi'' ' ) 3,25 (N-' 7 Q_,,r,'' ' sk• ..,- \(y,-.('- Q. 3,00 ' _ .-/i• 2,75 \ 2,50 2,25 CMg 2,00 1,75 1,50 1,25 CVM 1,00 0,75 r+) 0,50 D!f f\ìUt, (i)E Pn-o cFm 0,25 nti 1 0 riv0 1)E, " I 2 3 4t I 5 -) I 6 • i 7 8 Quantidade Produzida (copos de limonada por hora) 9 10 279 CAPITULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO razdo, quando a quantidade de limonada produzida já é elevada, o produto marginal de urntrabalhador adicional é baixo e o custo marginal de urn co sO adicional .1) .ae—limonada c clevado. / • e., C ___—, — __„ i- 4,,,,,Q, • __) 9.p.rps r,_ • d - Cutva de Custo Total Medio em U A curia de custo total medio de Thelma ,.),- Tr, E c) \ N- , (-,/-,-_ il, p RoN se_ciesi_u_e_o_s_usto total medio_ C_A-0 roo rc1uê disso tern forma de U. Para ente e _orna do custo fixo medio e do custo variavel medio. 0 gusto fixo medio sempre custo fixo se distribui or um o por_que diminui lo a a,tun-I rumentar _i_j_anc_ r_a_de_unidades___O custo 6_nie producao, aumenta por caus_a_do produto marginal decrescente. 0.custo total medio (IV e. o Vvv..p., P\u Como medio. variavel refleteo _ formato das . curvas de custo fixo medi° e de custo mostra a Figura 5 a niveis cleat:94ga° muito baixos como 1 ou 2 copos porhora, r_.0D0 zs, POP'. t.)1:-)0 p ueOCUStOfLXOSed1V1deefltre poucas unida—des..0 o custo total inedioe fro1" A _quanclo_a_pro-auc_ao aumenta, ate atingir 5 copos custo total medio passa a diminuir ___ por hora, quando o custo total medio cai para $ 1,30 por copo de limonada. Quando a empresa produz mais do que 6 copos, o custo total medio passa a subir novamente porque o custo variavel medio aumenta substancialmente. que minimiza o custo m A parte mais uantidade escala eficiente .total medio. Essa quantidade é por vezes chamada de escala eficiente da empres_a. a quantidade produzida qu\-e-"").-) Se ela produzir limonada. de copos 6 ou 5 de é Para Thelma, a escala eficiente minimiza o custo total medio menos do que 5 ou 6 copos, seu custo total medio ficara acima do minim() de $ 1,30. ik i)-.0\J A pct, _A Relacao entre Custo}Viarginal e Custo.Total_Medio Se voce olhar para áalgo que pode parecer surpreendente a primeira a Figura 5 (ou para a Tabela 2 vista. Sempr_aus_ o custo mar&nalfor menor do_gue o custo totaligedio_o custo total U4() Uf\j‘tf\ff.' r) rnedio estart4.em queda. Sempre gue o custo marginalfor maior do clue o custo _total medio, Q. custo total medio estarci aumentando. Essa caracteristica das curvas de custo de Thelma nao é uma coincidencia resultante dos numeros usados no exemplo: ela se aplica a todas as empresas. Para entendermos por que, vamos usar uma analogia. 0 custo total medio como a media total de suas notas obtidas na escola. 0 custo marginal é como a nota da proxima disciplina que voce vai cursar. Se sua nota na proxima disciplina. _ •.• - for _ menor do que sua no rne_diatotal sua media total caira Se sua nota naprOxima _disciplina for maior- d_o_q_ue sua media total, sua media _ total aumentara. A matemati'nal. argi e ca dos custos medios e marginal é identica a das notas medias Essa _relaa'o entre o cus_to total medio e o custo marginal tern urn importante, corolario: a curva de custo mar• nal cruza corn a curva de custo total medio em seu ponto custo é inferior Por ue? A baixos niveis de producao, o custo marginal as que de oisao total medic), de modo clue o custo total medio esta em queda, duas curvas se cruzam, o custo marginal aumenta mais do que o custo total ni_e_dio. total medio tern de comecar a Pela razao que acabamos de examinar, o custo _ tr no aumentar a artir desse nivel de producao. Assim, o ponto de intersecas #ponto minim° do custo total medio. Como veremos no proximo capitulo, esse ponto de custo total medio minim° desempenha urn papel-chave na analise das empresas competitivas. , / u ri\e f z TA 5c pt c __C) ° Qj AC' , livv-N ' .,_ •A's' 1 --C r.A. \-) Curvas de Custos Tipicas — f!Cv ‘4 Nos exemplos que estudamos ate aqui, as empresas apresentam produto marginal decrescente e, portant°, custo marginal ascendente em todos os niveis de producao. P. 01 P-0 • . 280 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA lND5TRlA Entretanto, as empresas do mundo real freqentemente sao mais complicadas do que a empresa aqui analisada. Em muitas empresas, o produto decrescente na- o comeyi a ocorrer imediatamente apOs a contratgao do primeiro • trabalhador. Dependendo do processo de produao, o segundo ou o terceiro trabalhaclores podem ter um produto marginal maior do que o primeiro porque uma equipe de trabalhadores pode dividir as tarefas e trabalhar com maior produtividade do que um - nico trabalhador. Essas empresas teriam um aumento no produto marginal durante alg-um tempo, ate o instante em que aparecesse o produto mar oinal decrescente. A tabela da Figura 6 mostra os dados de custo de uma empresa nessas condi es, chamada de Barraca de Pa'es do Big Bob. Esses dados s'ao usados nos graficos. 0 painel (a) mostra como o custo total (CT) depende da quantidade produzida e o painel (b) mostra o custo total medio (CTM), o custo fixo medio (CF1VI), o custo variavel medio (CVM) e o custo marginal (CMg). Na faixa de produ o entre 0 e 4 j_•) es por hora, a empresa apresenta um produto marginal crescente, e a curva de custo marginal decresce. ApOs 5 p aes por hora, a en-ipresa comeyi a apresentar produto marg,inal decrescente, e a curva de custo marg,inal comea a se elevar. Essa combina o de produto marginal crescente e depois decrescente faz com que a curva de custo marg,inal tambem tenha forma de U. Apesar dessas difereNas em relga- o ao nosso exemplo anterior, as curvas de custos do Big Bob compartilham as tr'e's propriedades que, pela sua import'ancia, sempre devem ser lembradas: • .,,A_p_ rtir de determinado nivel o istor aumento da quantida duzida. • -.A. ---curva de custo medio total tem forma de U. • A curva de custo com a cui a . ue o custo total medio é minimo., r 2a i- 1 aumenta com o no onto Teste R4ido Suponha que, para produzir 4 carros, a Honda tenha um custo total de produck de $ 225 mil e que seu custo total de produck de 5 carros seja de $ 250 mil. Qual o é custo total mkio da produck de 5 carros? Qual é o custo marginal do quinto carro? • Represente graficamente a curva de custo marginal e de custo total mkio de uma empresa tipica e explique por que elas se cruzam em determinado ponto. CUSTOS NO CURTO E NO LONGO PRAZOS Clin)! -a, 1-/ s3 ` s) (24'.° \./ Observamos, no comec-s• o cleste capftulo, que os custos de uma en-ipresa podem depender do horizonte de tempo considerado. Vamos examinar mais acuradamente por que isso acontece. A Reiack entre Custo Total Widio no Curto e no Longo Prazos Para muitas empresas, a divis'ao dos custos totais entre custos fixos e custos variaveis depende do horizonte de tempo. Considere, por exemplo, um fabricante de automOveis como a Ford Motor Company. Num periodo de apenas poucos meses, a empresa ria- o é capaz de ajustar o n mero ou o tamanho de suas fabricas de carros. A imica maneira de produzir rnais carros é contratar mais trabalhaciores para as fabricas de que ja disp5e. 0 custo dessas fabricas k_portanto, um custo fixo_no curto prazo. Ja ao longo de diversos anos, a Ford pode expandir suas fabricas existentes, constniir novas ou fechar as antigas. Assim, o custo de suas fabricas é m custo variavel no longo prazo. p\) k, q\ es() t.k Or* r: 281 CAPITULO 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO ......_._ Muitas empresas, como a Barraca de Paes do Big'Bob, (present= produto_m_arginal rescente ntes de a resentar decrescente e, portant°, tem curvas de custo corn o format° semelhante as representadas nesta figura. 0 painel (a) mostra coma o custo total (CT) epende do quantidade produzida. 0 painel (b) mostra coma o custo total media (CTM), o custo fixo medic) (CFM), o custo variovel media (CVM) e o custo marginal (CMg) dependem do quantidade produzida. Essas curvas representam graficamente as dodos do tabela. Qbserve gue o custo marginal e o custo varidvel medic, caem antes de comecar a subir. Quantidade de Paes (por hora) Custo Total Custo Fixo Q CT . CF + CV CF Custo \knave! Custo Fixo Medic) Custo Variavel Media Custo Total Media Custo Marginal CV CFM = CF/Q CVIVI = CV/Q Critil .,-- CT/Q CMg = ACT/AQ 0 $ 2,00 $ 2,00 $ 0,00 1 3,00 2,00 1,00 2 3,80 2,00 3 4,40 4 - - $ 2,00 $ 1,00 $ 3,00 1,80 1,00 0,90 1,90 2,00 2,40 0,67 0,80 1,47 4,80 2,00 2,80 0,50 0,70 1,20 5 5,20 2,00 3,20 0,40 0,64 1,04 6 5,80 2,00 3,80 0,33 0,63 0,96 7 6,60 2,00 4,60 0,29 0,66 0,95 8 7,60 2,00 5,60 0,25 0,70 0,95 9 8,80 2,00 6,80 0,22 0,76 0,98 10 10,20 2,00 8,20 0,20 0,82 1,02 11 11,80 2,00 9,80 0,18 0,89 1,07 12 13,60 2,00 11,60 0,17 0,97 1,14 15,60 2,00 13,60 0,15 1,05 1,20 17,80 2,00 15,80 0,14 1,13 1,27 $ 1,00 0,80 0,60 0,40 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 13 _ 2,00 2,20 14 (b) Curvas de Custo Marginal e Medio (a) Curva de Custo Total Custo Total Custos $18,00 16,00 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 $3,00 0 2,50 CMg 2,00 1,50 CTM CVM 1,00 0,50 2 k4 CFM 6 8 10 12 14 Quantidade Produzida (paes por hora) 0 2 4 6 8 10 12 Quantidade Produzida (paes por hora) 14 282 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1NDSTR1A FIGURA 7 Custo Total Medio no Curto e no Longo Prazos Como os custos fixos sao variciveis no longo prazo, a curva de custo total mkio do curto prazo difere da curva de custo total mkio do longo prazo. 7 Custo Total Medio CTM no curto prazo com fabrica pequena CTM no curto CTM no prazo com prazo com fabrica madia fabrica grande longo prazo CTM no curto $12.000 10.000 Economias de escala Retorno constante de escala 1.000 1.200 (1,Pee rJ (,s,JCYJUr,/7.fr ,) ,\,-,\ckf\ (1 0 3,L (),0,1\1"1^,r rrio h),)\ Auo iy‘tr\-0J1' f. o CL' )(f eko (n)\,0,A70 Deseconomias de escala Quantidade de Carros por Dia Como muitas decises s'a'o fixas no curto prazo, mas variveis no longo prazo, as curvas de custos de longo prazo das empresas diferem de suas curvas de custos de curto prazo. A Fig-ura 7 mostra um exemplo. Ali, vemos tres curvas de custo total medio de curto prazo — para ffibricas de pequeno, medio e grande portes — e tambem a curva de custo total medio de longo prazo. À medida que a empresa se move ao longo da curva de longo prazo, ajusta o porte de sua ffibrica à quantidade produzida. 0 grffico mostra como os custos de curto e de longo prazos est'a- o relacionados. A curva de custo total medio de longo prazo tem o formato de U e é muito mais plana do que as de curto prazo. Alem disso, todas as curvas de curto prazo esto na curva de longo prazo ou acima dela. Essas propriedades devem-se ao fato de que as empresas te'm flexibilidade maior no longo prazo. Em ess'encia, no longo prazo, elas podem escolher a curva de curto prazo que desejam usar, mas, no curto prazo, t'em de usar a curva que escolheram no passado. A figura mostra um exemplo de como uma mudana na produo altera os custos ao longo de diferentes horizontes de tempo. Quando a Ford quer aumentar a produ o de 1.000 para 1.200 carros por dia, a Unica opcfa- o que tem no curto prazo é contratar mais trabalhadores para sua ffibrica de medio porte já existente. Devido ao produto marg,inal decrescente, o custo total sobe de $ 10 mil para $ 12 mil por carro. Entretanto, no longo prazo, a empresa pode expandir tanto o tamanho da ffibrica quanto sua foNa de trabalho, fazendo com que o custo total medio volte para $ 10 mil. Quanto tempo leva para uma empresa chegar ao longo prazo? A resposta depende da empresa. Pode levar um ano ou mais para uma grande empresa, como uma montadora de carros, construir uma ffibrica maior. Por outro lado, uma pessoa que tenha uma barraca de limonada pode sair para comprar uma jarra maior em menos de uma hora. Ou seja, n'a- o há uma resposta Unica para quanto tempo uma produtivas. empresa leva para ajustar suas instalg cies 283 CAPiTULO 13 OS CUSTOS DE PRODUcA0 Economias e Deseconomias de Escaia 0 format() da curia de custo total medio de longo prazo transmite informacOes importantes sobre a tecnologia da producdo de urn bem. Quando a curia de custo total rnedio de longo prazo decresce corn o aumento da producao, dizemos que ha economias de escala. Quando ela se eleva corn a producao, dizemos que 116 deseconomias de escala. Quando o custo total medio de longo prazo nao varia corn o nivel de producao, dizemos que ha retornos constantes de escala. Neste exemplo, a Ford tern economias de escala em baixos niveis de producao, retornos constantes de escala em niveis intermediarios de producao e deseconomias de escala em altos nivers de producao. 0 que poderia ser a causa das economias ou deseconomias de escala? As economias de escala geralmente surgem porque maiores niveis de producao possibilitam especializacao entre os trabalhadores, o que permite que cada trabalhador se tome melhor nas tarefas que lhe sao desig,nadas. Por exemplo, a producao moderna em linhas de montagem requer urn gr, ande nurnero de trabalhadores. Se a Ford estivesse produzindo uma pequena quantidade de carros, ndo poderia se aproveitar da vantagem desse fato e terra urn custo total medio mais elevado. As deseconomias de escala podem surgir por causa de problemas de coordenacao inerentes a qualquer gr, ande organizacao. Quanto mais carros a Ford produzir, mais sobrecarregada ficard a equipe de administracao e menos eficientes sera() os administradores para manter os custo baixos. economias de escala a propriedade segundo a qual o custo total medio de longo prazo cal corn o aumento da quantidade produzida deseconomias de escala a propriedade segundo a qual o custo total medio de longo prazo aumenta corn o aumento da quantidade produzida retornos constantes de escala a propriedade segundo a qual o custo total medio de longo prazo se mantem constante enquanto a quantidade produzida varia para receber a cabeca; a feitura do cobeca requer duos ou tres operacdes distintas; encaixd-la e uma atividade peculiar, branqued-la é outra; ate mesmo embold-los é um negOcio por Si SO. SAIBA MAIS SOBRE... LIcOES DE UMA FABRICA DE ALFINETES ir .tuem tudo faz, nada sabei.` Esta frase ajuda a explicar por que as empresas as vezes usufruem de economias de escala. Alguern que tenta fazer de tudo geralmente acaba fazendo tudo mal. Se uma empresa quer que seus trabalhadores sejam o mais produtivos que puderem, muitas vezes e melhor confiar a cada urn uma tarefa limitada que possa ser dominada. Entretanto, isso s6 e possivel se a empresa tern muitos trabalhadores e gera uma grande quantidade de produto. Em seu famoso livro A Riqueza dos Nacdes Adam Smith descreveu uma visita que fez a uma fabrica de alfinetes. Smith ficou impressionado corn a especializacao entre os trabalhadores e corn as economias de escala resultantes. Ele escreveu: Urn homem estende o arame, outro o estica, urn terceiro o corta, urn quarto lhe deixa corn ponta, urn quint° lixa o topo Smith relatou que, gracas a especializacao, a fabrica de alfinetes produzia milhares de alfinetes por trabalhador por dia. Ele conjeturou que, se os trabalhadores tivessem optado por trabalhar separadamente e nao como uma equipe de especialistas, "eles certamente nao poderiam, cada urn por si sa, fazer sequer vinte alfinetes por dia". Em outras palavras, por causa da especializacao, uma grande fabrica de alfinetes pode atingir uma maior producao por trabalhador e urn menor custo por alfinete do que uma fabrica de alfinetes menor. A especializacao que Smith observou na fabrica de alfinetes prevalece na economia moderna. Se voce quer construir uma casa, por exemplo, pode tentar fazer tudo sozinho, mas muitas pessoas recorrem a urn construtor, que, por sua vez, contrata carpinteiros, encanadores, eletricistas, pintores e muitos outros tipos de trabalhadores. Esses trabalhadores especializam-se em atividades especificas e isso 'hes permite fazer melhor o seu trabalho do que se fossem generalistas. Na verdade, o uso da especializacao para alcancar economias de escala é urn dos motivos pelos quais as sociedades modernas so t o prosperas. 284 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZI~ DA 1NDSTR1A Esta anlise mostra por que as curvas de custo total medio de longo prazo tem freqentemente forma de U. A baixos niveis de produc;,-io, a empresa se beneficia de um tamanho maior porque pode tirar vantagem de uma especialização maior. Os problemas de coordenao, nessa fase, ainda 1-1 "o são acentuados. Por outro lado, a niveis de produio elevados, os beneficios da especializa o foram obtidos e os problemas de coordena o se tornam mais graves i medida que a empresa cresce. Assim, o custo total medio de longo prazo diminui a baixos niveis de produ a"o por causa da especializa o crescente e sobe a altos niveis de proc-lu o por causa do aumento nos problemas de coordena o. Teste R4icio Se a Boeing produzir 9 jatos por mês, seu custo total de longo prazo será de $ 9 milhes por mês. Se produzir 10 jatos por rns, seu custo total de longo prazo será de $ 9,5 milhões por mês. A empresa apresenta economias ou deseconomias de escala? CONCLUSik0 0 objetivo deste capitulo foi desenvolver algumas ferramentas que poderemos usar para estudar como as empresas tomam decises cle produio e de determinalo de preo. Agora voc'e deve entender o que os economistas querem dizer com custos e como os custos variam com a quantidade produzida de uma empresa. Para refrescar sua memOria, a Tabela 3 apresenta um resumo de algurnas das definições encontradas por n6s. TABELA 3 Os Diversos Tipos de Custo: Um Resumo Termo Definicuk Descrick MatemMica CAPITULG 13 OS CUSTOS DE PRODUCAO E claro que, por Si SOS, as curvas de custo de uma empresa nab nos dizem que decisoes ela tomara, mas sac) urn componente importante dessas ciecisoes, como comecaremos a ver no proximo capitulo. ESU 011 empresas maximizar o lucro, • 0sol q_iLe igual receita total menos o custo total. • Ao se analisar o comportamento de uma empresa, é importante incluir todos os custos de oportunidade da producao. Alguns custos de oportunidade, como os salarios pagos pela empresa aos trabalhadores, so explicitos. Outros, como o salario de que o dono da empresa abre ma° por trabalhar na propria empresa em vez de trabalhar em outro emprego, sao • Os custos de uma empresa refletem seu processo de producao. Para uma en) re ti da roducao diminui medida que a quantidade de urn insumo aumenta, revelando a prcipi Troduto r ed.a. •decrescente. Como resultado, a curva de custo total da empresa toma-se mais inclinada icia ue a quantidade produzida aumenta. • Os custos totais de uma empresa podem ser dMdidos em custos fixos e custos variaveis. Custos fixos sao aqueles_gue_nao mudanlquando a etnpresa altera a quantidade produzida. Custos variaveis sao aqueles que mudam quanao a emp_resa altera a uantidade roduzida, • Da curva de custo total ‘de uma emp_ resa outras medidas de custo. 0 usto d erivam duasc total medio éocusto total dividido pc,LI produzida. 0 custo marginal é o montante no ual o custo total aumenta quando a quantidjAe_produzida aumenta em uma unidade._ • Ao se analisar o comportamento de uma empresa, geralmente é iItil representar graficamente o custo total medio e o custo marginal. Para uma• empre_siLtipica, o rust° marginal aumenta corn a quantidade produzida_O custo total medio a yrincipio cai corn o aumento na quantidade produzida e de ois sobe a medida c ue a quantidade ais. A curva de custo _marproctizicl ginal sem -)re cruza corn a curva de custo total inedio no •onto de custo tota medio minim° • Os custos de uma empresa muitas vezes dependem do horizonte de tempo que esta sendo considerado. Mais especificamente, muitos custos sao fixos no curto prazo, mas variaveis no _l ong° prazo. Como resultac uando_uma empresa:Lnuda seu nivel de producao, o custo total medio pode aumentar mais no curto prazo do que no longo prazo. CONCEITOS-CHAVE receita total, p. 268 custo total, p. 268 lucro, p. 268 custos explicitos, p. 269 custos implicitos, p. 269 lucro economic°, p. 270 lucro contabil, p. 270 funcao de producao, p. 272 produto marginal, p. 272 produto marginal decrescente, p. 273 custos fixos, p. 276 custos variaveis, p. 276 custo total medic', p. 277 custo fixo medic,/ p. 277 custo variavel rnédio, p. 277 1. Qual é a relacao entre a receita total, o lucro e o custo total de uma empresa? 2. De urn exemplo de custo de oportuniclade que um contador poderia nao considerar como custo. Por que ele poderia ig,norar esse custo? custo marginal, p. 277 escala eficiente, p. 279 economias de escala, p. 283 deseconomias de escala, p. 283 . retornos constantes de escala, p. 283 3. 0 que é produto marginal e, quando é decrescente, o que isso significa? 4. Represente graficamente uma funcao de producao que apresente o produto marginal decrescente do trabalho. Represente graficamente 285 286 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA lND5TRlA a curva de custo total a ela associada. (Nos dois casos, lembre-se de dar nome aos eixos.) Explique o formato dessas duas curvas. 5. Defina custo total, custo total medio e custo marcr inal Como estao relacionados? 6. Represente grafican-iente as curvas de custo marginal e custo total medio de uma empresa Explique por que as curvas t'em o formato apre- sentado e por que se cruzam em determinado ponto. 7. Como e por que a curva de custo total meclio de un-la empresa é diferente no curto prazo e no longo prazo? 8. Defina economias de escala e explique por que podem surgir. Defina deseconomias de escala e explique por que podem surgir. PROBLEMAS E APLICAOES 1. Este capitulo discute muitos tipos de custos: custo de oportunidade, custo total, custo fixo, custo varffiTel, custo total medio e custo marg,inal. Complete as frases abaixo com o tipo de custo mais adequado a cada uma delas: a. 0 verdadeiro custo de se realizar uma aeao e seu b. 0 diminui quando o custo marginal menor do que ele, mas aumenta quando o custo marginal é maior. c. Um custo que não depende da quantidade produzida é um ci. Na indstria cle sorvetes, no curto prazo, o inclui o custo do creme e do aecar, mas não o custo da fabrica. e. 0 lucro é ig,ual à receita total menos o f. 0 custo de produzir uma unidade adicional é o 2. Sua tia esta pensando em abrir uma loja de ferragens. Ela estima que Ihe custaria $ 500 mil por ano alugar um espaeo e comprar um estoque. Alem disso, ela teria que abrir mao de seu emprego de contadora, em que ganha $ 50 mil por ano. a. Defina o custo de oportunidade. b. Qual e o custo de oportunidade de sua tia de operar uma loja de ferragens por um ano? Se ela acha que pode vender $ 510 mil em mercadorias por ano, deve abrir a loja? Explique. 3. Suponha que sua faculdade cobre separadamente pela sua instrueao e pela estadia e alimentaeao. a. Qual e o custo de cursar a faculdade que nao representa custo de oportunidade? b. Qual é o custo de oportunidade explfcito de cursar a faculdade? c. Qual é o custo de oportunidade implicito de freqentar a faculdade? 4. Um pescador profissional observa a seguinte relaeao entre o n mero de horas que passa pescando e a quantidade de peixes que consegue pegar: Horas Qudntidade de Peixes (ern kg) 1 10 2 18 3 24 4 28 5 30 a. Qual é o produto marg,inal de cada hora gasta pescando? b. Use esses dados para representar graficamente a funeao de produeao do pescador. Explique seu formato. c. 0 pescador tem custo fixo de $ 10 (sua vara de pesear). 0 custo de oportunidade de seu tempo $ 5 por hora. Represente g,raficamente a curva de custo total do pescador. Explique seu formato. 5. A Nimbus, Inc. fabrica vassouras e as vende de porta em porta. Eis a relaeao entre o n mero de trabalhadores e a produeao da Nimbus em um determinado dia: CAPITULO 13 OS CUSTOS DE PRODUcA0 Produto Trabalhadores Producao Marginal 0 0 1 20 2 50 3 90 4 Custo Total Custo Total Custo Medic) Marginal 120 5 140 6 150 7 155 a. Preencha a coluna do produto marginal. Que padrao pode ser identificado? Como voce pode explica-lo? b. Urn trabalhador custa $ 100 por dia e a empresa tern custo fixo de $ 200. Use essa informac5o para preencher a coluna do custo total. c. Preencha a coluna do custo total medio. (Lembre-se de que CTM = CT/Q.) Que padrao pode ser identificado? d. Agora preencha a coluna do custo marginal. (Lembre-se de que CMg = ACT/AQ.) Que padrao pode ser identificado? e. Compare a coluna de produto marginal e a coluna de custo marginal. Explique a relacao entre elas. f. Compare a coluna de custo total medio e a coluna de custo marginal. Explique a relac5o entre elas. 6. Suponha que voce e urn colega de classe tenham criado urn servico de entrega de paes no campus da universidade. Liste alg,uns de seus custos fixos e 287 clescreva por que sao fixos. Liste alg,uns de seus custos variaveis e descreva por que sac) variaveis. 7. Considere as seg,uintes informacoes de custos de uma pizzaria: Q (duzias) 0 1 2 Custo Total Custo Variavel $300 350 390 $0 50 90 3 420 120 4 450 150 5 490 190 6 540 240 a. Qual é o custo fixo da pizzaria? b. Construa uma tabela corn o c'Slculo do custo marginal por diizia de pizzas a partir das informacoes sobre custo total. Calcule tambem o custo marginal por duzia de pizzas a partir do custo variavel. Qual a relacao entre esses dois conjuntos de valores? Comente. 8. Voce est6 pensando em montar uma barraca de limonada. A barraca em si custa $ 200. Os ingredientes para cada copo de limonada custam $ 0,50. a. Qual é o custo fixo do seu negacio? Qual é o custo variavel por copo de limonada? b. Construa uma tabela mostrando seu custo total, seu custo total medio e seu custo marginal para nlveis de producao variando de 0 a 10 galoes. (Dica: cada gal?io contem 16 copos.) Represente o-raficamente as tres curvas de custos. 9. Seu primo Vinnie é propriet6rio de uma empresa de pintura de paredes corn custo fixo de $ 200 e a seguinte relacao de custos variaveis: Quantidade de 6 Casas Pintadas 1 2 3 4 5 7 por Nies Custos Variaveis $ 10 $ 20 $ 40 $ 80 $ 160 $ 320 $ 640 Calcule o custo fixo medio, o custo vari6vel medio e o custo total medio para cada quantidade. Qual a escala eficiente da en-ipresa de pintura? 288 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1ND5TR1A 10. 0 Bar de Sucos do Harry tem as seguintes rela0es de custos: Q (barris) Custo Vanavel Custo Total 0 $0 $ 30 1 10 40 2 25 55 3 45 75 4 70 100 5 100 130 6 135 165 b. Represente graficamente as tres curvas. Qual é a relg"a- o entre a curva de custo marginal e a de custo total medio? E entre a curva de custo marginal e a de custo vari vel medio? Explique. 11. Considere a seguinte tabela de custo total de longo prazo de tres empresas diferentes: a. Calcule o custo variEivel medio, o custo total medio e o custo marg,inal para cada quantidade. Analise se cada uma dessas empresas apresenta economias ou deseconomias de escala. Quantidade 1 2 3 Empresa A $60 $70 $80 Empresa B 11 24 39 Empresa C 21 34 49 4 5 6 7 $90 $100 $110 $120 56 75 96 119 66 85 106 129 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS Se o posto de gasolina do seu bairro aumentasse o preco que cobra pelo combustivel em 20%, perceberia uma g,rande queda na quantidade de gasolina vendicia. Seus clientes logo passariam a abastecer seus carros em outros postos. Por outro lado, se a empresa que fornece agua a sua cidade aumentasse o preco em 20%, observarlamos somente urn pequeno decrescimo na quantidade de agua fornecida. As pessoas poderiam regar seus jardins corn menor frequencia e comprar chuveiros mais eficientes, mas seria dificil reduzir muito o consumo de agua e improvavel encontrar outro fornecedor. A diferenca entre o_mercaclo deg n o de ua é &via: ha muitas em resas Zistribuindo_gasolina, mas apenas uma xesa de _abastecimento d giii. Qoino seria de es erar, essa diferenca quanto a estnitura dos mercados molda as decisoes de precificacao e pr-oc _tu doclas empresas que operam nesses mercados. Neste capitulo, examinaremos o comportamento das empresas competitivas, como o posto de gasolina do bairro. Voce talvez se lembre de que urn mercado é cr uT . _stitivo .. uando cada comprador e vendedor sdo •eouenos se corn arados ao tamanho do mercado e, portanto, tern pouca capacidade para influenciar os precos do mercado. Por outro lado, se uma empresa é capaz de influenciar o preco de mer.cado do hem sue 0•- --rnos__que_tem ujejo merca-To7Mais adiante examinaremos o comportamento das empresas que tern poder de mercado, como a cornpanhia de abastecimento de agua da sua cidade. ▪ 290 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA IND(JSTRIA Nossa analise das empresas competitivas neste capitulo esclarecera as decis-Oes que est c-io por tras da curva de oferta em um mercado competitivo.Veremos, como nao e de surpreender, que a curva de oferta do mercado esta estreitamente associada aos custos de produc;ao das empresas (na verdade, essa conclusao deve ser familiar para voce pela analise que fizemos no Capitulo 7). Mas, entre os diversos custos das empresas – fixo, variavel, me.dio e marginal quais sao os mais importantes para suas decisb- es a respeito de que quantidade ofertar a cada prec;o? Veremos que todas essas medidas do custo representam papeis importantes e interligados. iUEÉ U Pi Rirti :A30 (C C MPErirritiV07 Nosso objetivo neste capitulo e examinar como as empresas tomam decis Oes de. produo nos mercados competitivos. Como pano de fundo para esta analise, comearemos considerando o que e um mercado competitivo. 0 Significado da CompetiOo competitivo \ mercado ....-------. 1 um mercado com muitos compradores e vendedores n_e&o_dando produtos I . . ' identicos, de modo que cada _ , comprador e cada vendedor e un-1 tomador de preco Embora ja tenhamos discutido o significado da competic;ao no Capitulo 4, vamos rever rapidamente a lição. Um mercado competitivo, por vezes chamado de mer- • Ha muitos con-i -)radores e_vendedores no niercado. • Os bens oferecidos pelos diversos vendedores sao em grande escala o mesmo. Por causa dessas condi es, as ações de um comprador ou vendecio mdividual no mercado tern_ im.12E - __1_.cto_ msignificante sobre o preo de mercado. Cada comprador e cada vendedor tomam o preo de mercado como dado. Urn exemplo é o mercado de leite. Nenhum comprador individual de leite e capaz de influenciar o -)reco do r ue ca a ady:_ul_re uma em relaçãoaotarnanho do mercado. De maneira similar, cada vendedor de leite tem controle limitado sobre porque ha muitos outros vendedores fomecendo um rroduto basicamente identico. Como cada vendedor -)ode vender uanto uiser ao -)re o vi crente, nao tem motivo ara cobrar menos do -)re o e, se cobrar mais, os com -)radores vão p rocurar outro fornecedor— . cornpradores e vendedores dos mercados competitivos precisam aceitar o preo que o mercado determina e, portanto, sao chamados de tomadores de prm)s. Alem dessas duas condi es para a competi ao, ha uma terceira cond o as vezes tida como caracteristica dos mercados perfeitamente competitivos: • As em -)resas odem entrar e sair livremente do mercado. Se, por exemplo, qualquer pessoa pudesse decidir fundar uma fazenda de leite e se qualquer produtor de leite existente pudesse optar por sair do negOcio de latienta- o a indUstria cle leite satisfaria essa condi ao. É importante observar que grande parte da analise dos mercados competitivos nao depende da hipOtese da livre entrada e saida porque essa condi ao nao é necessaria para que as empresas sejam tomadoras de precg-os. Entretanto, como veremos mais adiante, a entrada e a saida s'ao, em n-luitos casos, foNas poderosas que dao forma ao resultado de longo prazo nos mercados competitivos. CAPiTULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS A Receita de uma Empresa Competitiva Uma empresa que opera nun-i mercado competitivo, como a maioria das demais empresas da economia, procura maximizar seu lucro, que é igual a receita total menos o custo total. Para vermos como ela procede, consideraremos, em primeiro lugar, as receitas de uma empresa competitiva. Para mantermos as coisas em termos concretos, vamos nos concentrar em uma empresa especifica: a Fazenda de Laticfnios da Familia Smith. A Fazenda Smith produz uma quantidade Q de leite e vende cada unidade no mercado ao preco P. A receita total da empresa é P x Q. Por exemplo, urn galao1 de leite é vendido por $ 6 e a fazenda vende mil galoes, de modo que sua receita total $ 6 mil. Como a Fazenda Smith é pequena se comparada ao mercado mundial de leite, toma o preco con-Jo dado pelas condicoes de mercado. Isso sig,nifica, mais especificamente, que o preco do leite nao depende da quantidade de produto que a Fazenda Smith produz ou vende. Se os Smiths dobram a quantidade de leite que produzem, o preco do leite se mantem constante e a receita total deles dobra. Como resultado, a receita total é proporcional ao volume de producao. A Tabela 1 mostra a receita da Fazenda de Laticinios da Familia Smith. As duas primeiras colunas mostram a quantidacie de produto que a fazenda produz e o preco a quo é vendido. A terceira coluna indica a receita total da fazencla. A tabela adota a hipotese de que o preco do leite seja de $ 6 por galao, de modo quo a receita total é simplesmente $ 6 vezes o numero de galaes. Assim como os conceitos de media e marginal foram uteis no capitulo anterior, quando analisamos os custos, tambem o serao para a analise da receita. Para ver o que nos dizem esses conceitos, considere estas duas questoes: ' Receita Total, Media e Marginal de uma Empresa Competitiva Receita Total Receita Media Receita Marginal x Q) (RAI = RT/Q) (R114g = ART/ \Q) Quantidade Preco (Q) (P) (RT = P 1 gal-ao $6 $6 $6 2 6 12 6 3 6 18 6 4 6 24 6 30 6 $6 6 6 6 5 6 6 6 36 6 7 6 42 6 6 6 8 6 48 1. NRT: Gal5o é uma medida liquida equivalente, nos Estados Unidos, a 3,8 1. 6 291 292 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA lND5TRlA • Qual e a receita que a fazenda recebe por um galao tipico cle leite? • Qual é a receita adicional que a fazenda recebe quando aumenta a 13rodueao de leite em 1 galao? receita mkia receita total dividida pela quantidade vendida As duas Ultimas colunas da Tabela 1 respondem a essas quest6-es. A quarta coluna da tabela mostra a receita rnédia, que é a receita total (da terceira coluna) dividida pela quanticiade produzida (da primeira coluna). A receita media nos diz a receita que a empresa recebe por uma unidade tipica venclida. Na Tabela 1, a receita media e ig-ual a $ 6, o preeo de um galao de leite. Isso ilustra uma lieao geral que se aplica nao só as empresas competitivas, mas tambem a todas as demais. A receita total é o preeo multiplicado pela quanticiade (P x Q) e a receita media é a receita total (P x Q) dividida pela quantidade (Q). Assim, para todas as empresas, a receita nddia é sempre igual ao preffl do benz. • receita marginal a variack da receita total decorrente da venda de uma unidade adicional A quinta coluna mostra a receita marginal, que e a variaeao da receita total decorrente da venda de cada unidade adicional de produto. Na Tabela 1, a receita marg-inal e ig,ual a $ 6, o preeo de um galao de leite. Esse resultado ilustra uma lieao que se aplica somente as empresas competitivas. A receita total ePxQePe fixo para as empresas competitivas. Assim, quando Q aumenta em 1 unidade, a receita total aumenta em P dlares. Pam as enzpresas competitivas, a receita marginal é igual ao preffl do bem. Teste R4c1c) Quando urna empresa competitiva dobra a quantidade que vende, o que acontece com o preco de seu produto e com sua receita total? t ,, , , . .MAXIMIZA00 DE LUCROS ' E A CUVA DE OFERTA DE UMA EMPRESA COMPETIWA i‘ec,u1P, 0 objetivo das empresas competitivas é maximizar o lucro, que é igual à receita total menos o custo total. Acabamos de discutir a receita das empresas e, no capitulo anterior, tratamos dos custos. Agora estamos prontos para ver como uma , empresa maximiza seus lueros e como essa decisao conduz à sua curva de oferta. kJt.) Vamos comeear nossa aná1ise sobre a clecisao de oferta da empresa com o exemplo da Tabela 2. Na prin-leira coluna consta o rulmero de gaffies de leite que a Fazenda de Laticinios da Familia Smith produz. A segunda coluna mostra a receita total da fazenda, que é $ 6 vezes o n mero de gal5es. A terceira coluna mostra o custo total da fazenda. 0 custo total inclui os custos fixos, que sao de $ 3 neste exemplo, e os custos varffiTeis, que dependem da quantidade produzicla. A quarta coluna mostra o lucro da fazenda, que e calculado subtraindo-se o custo total da receita total. Se a fazenda nao produz nada, tem urn prejuizo de $ 3. Se produz um galao, tem um lucro de $ 1. Se produz 2 gal es, tem um lucro de $ 4 e assim por diante,. Para maximizar o lucro, a Fazenda Smith escolhe_a_Qu_antidasle que torna o lucro o maior possivel. Neste exemplo, o lucro é maxin-lizado quando a fazenda prod-uz 4 ou 5 gal es de leite, com lucro de $ 7. 293 CAPITULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS Maximizacao dos lucros: Urn Exemplo Numerico &V Quantidade Receita Total Custo Total Lucro (Q) (RT) (CT) (RT - CT) 0 galao $0 $3 6 5 cei- Custo Marginal (011g ACT/AQ) Variacao do Lucro (Rling Gne CMg) $6 $2 $4 6 3 3 6 4 2 6 5 1 6 7 -1 6 8 -2 5 4{ 6 9 -3 5-1 ?? 1 8 4 18 12 6 24 17 7 30 23 7 36 30 6 42 38 4 47 ART/ AQ) -$ 3 12 48 Receita Marginal (RMg 1 - Ha outra maneira de examinar a decisao da Fazenda Smith: os Smiths,podem o lucro comparando a receita marginal e o encontrar a quantidade que maximiza _ custo marginal de cada unidade_produzida. Na quinta e na sexta colunas da Tabela o custo marginal a partir das variacoes da e marginal 2 estao calculados a receita receita total e do custo total, enquanto na iltima coluna consta a variac-ao dos lucros causada por cada galao adicional de leite produzido. 0 primeiro gardo de leite que a fazenda produz tern receita marginal de $ 6 e custo marginal de $ 2; assim, produzir esse gala° aumenta os lucros em $ 4 (de -$ 3 para $ 1). 0 segundo gala° de leite que a fazenda produz tern receita marginal de $ 6 e custo marginal de $ 3, de modo que aumenta o lucro em $ 3 (de $ 1 para $ 4). Enquanto a receita marginal for maior do que o custo marginal, o aumento da quantidade produzida elevara o lucro. Uma vez que a Fazenda Smith atinja 5 ga16-es de leite, contudo, a situacao muda muito. 0 sexto gala() teria receita marginal de $ 6 e custo marginal de $ 7, de modo que sua producao reduziria o lucro em $ 1 (de $ 7 para $ 6). Como resultado, os Smiths nao produziriam mais do que 5 gala-es. Urn dos Dez Principios de Economia do Capitulo 1 é que as pessoas racionais pensam na margem. Agora podemos ver como a Fazenda de Laticinios da Familia Smith pode aplicar esse principio. Se a receita marginal for major do que o custo marginal - como acontece corn 1, 2 ou 3 galoes - os Smiths aumentarao a producao de leite. Se a receita marginal for menor do que o custo marginal - como acontece corn 6, 7 ou 8 galaes - os Smiths deverao diminuir a producao. Se os Smiths pensarem na margem e fizerem ajustes incrementais no nivel de producao, sera° levados naturalmente a produzir a quantidade que maximiza o lucro. ) PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1NDSTRIA 294 ( Maximizacb do Lucro para t.:(9 uma Empresa Competitiva Esta figura mostra a curva de custo marginal (CMg), o curva de custo total mkio (CTM) e a curve de custo variOvel mkio (CVM). Mostra ainda o preco de mercado (P), que é igual receito marginal (RMg) e à rece•ta mkia (RM). À quantidade Q,, a receita marginal RMg, supera o custo n-larginal CMg i , de modo que o aumento da produc do aumenta o lucro. À quantidade Q 2, 0 custo marginal CMg 2 estO acima da receita marginal RMg 2 , de modo que a redu0o da produc&) aumento o lucro. A quantidade que maximiza o lucro QA4,4x se encontra no ponto em que linha horizontal do preco corta a curva Custos e Receita empresa maximiza o lucro produzindo ka quantidade em que o custo marginal igual à receita marginal. CMg CMg2 CTM P = RMg i = RMg2 P = RM = RMg CVM CMgi 0 Q1 Quantidade Q2 ChAi&X de custo marginal. E f lot,AD jtL 0€,NN , r)le - MiL.0 a f - _fk t- ), / „poL) 1,k OE'c"(\9NRN9_, 0.‘,) ).)! 0 )< n —TPh r )\-E, A Curva cie Custo Marginai e a Deciso de Oferta da Empresa tfiro,5if • , k 'k 1 Para ampliar esta an.1ise da maximizg'c'io do lucro, considere as curvas de custos da Fig,ura 1. Elas têm tr' s caracteristicas que, como vimos no capitulo anterior, descrevem a maioria das empresas: a curva de custo marg,inal (CMg) tem inclinga-o ascendente. A curva de custo total medio (CTM) tem forma de U. E a curva de custo marginal cruza com a curva de custo total medio no ponto em que o custo total medio é míriimo. A figura mostra ainda uma linha horizontal na altura do preo de mercado (P). A linha do }_->reo é horizontal porque a empresa e tomadora de preos: o preo do produto de uma empresa será sempre o mesmo, independentemente da quantidade que ela decidir produzir. Tenha em mente que, para as empresas competitivas, o prec;o e igual à receita media (RIVI) e à receita marg,inal (RMg). Podemos usar a Figura 1 para identificar a quantidade de produto que maximiza o lucro. Imag,ine que a empresa esteja produzindo Q 1 . A esse nivel de produ-ao, a receita marginal é maior do que o custo marginal, ou seja, se a empresa aumentasse seu nivel de produ ao e vendas em 1 unidade, a receita adicional (RMg i ) excederia os custos adicionais (CMg i ). 0 lucro, que e igual à receita total menos o custo total, aumentaria. Assim, quando a receita marginal e maior do que o custo marginal, como em Q 1, a empresa pode aumentar os lucros elevando a produao. Um argumento semelhante se aplica quando a produao está em Q,. Neste caso, o custo marginal é maior do que a receita marginal. Se a empresa red -uzisse a prodL4o em 1 unidade, os custos poupados (CMg 2) superariam a receita perdida (RMg2 ). Assim, se a receita marginal for menor do que o custo marg,inal, como em Q„ a empresa pode aumentar seu lucro reduzindo a produ o. CAPITULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS 1295 FIGURA 2 Onde terminam esses ajustes marginais no nivel de producao? Independentemente de a empresa partir de urn nivel de producao baixo (como Q1) ou alto (como Q,), ela acabar6 por ajustar sua producdo ate que a quantidade produzida chegue a (2mAx. Essa analise mostra uma regra geral da maximizacao do lucro: no nivel de produ00 que ma.x-imiza 0 lucro, a receita marginal e 0 custo marginal sao exatamente iguais. Podemos agora ver como uma empresa competitiva determina a quantidade seu bem que fomecera ao mercado. Como uma en-ipresa competitiva é tomadora de precos, sua receita marginal é igual ao preco de mercado. Para qualquer preco dado, a quantidade de produto que maximiza o lucro de uma empresa competitiva esti na intersecao do preco corn a curva de custo marginal. Na Figura 1, essa quantidade Q. A Figura 2 mostra como uma empresa competitiva reage a urn aumento do preco. Quando o preco é P1, a empresa produz a quantidade Q1, a quantidade que iguala o custo marginal ao preco. Quando o preco aumenta para P„ a empresa percebe que a receita marginal fica major do que o custo marginal no nivel anterior de producao e, corn isso, aumenta a quantidade produzida. A nova quantidade que maximiza o lucro é Q„ em que o custo marginal é igual ao novo e mais elevado preco. Em essencia, como a curva de custo marginal das empresas detennina a quantidade de prod uto que estas estao dispostas a ofertar a qualquer prep dado, e a curva de oferta das empresas competitivas. A Decisao da Empresa de Suspender as Atividades no Curto Prazo Ate aqui, analisamos a quest5o de quanto uma empresa competitiva produzira. Em alguns casos, entretanto, a empresa optarci por paralisar as atividades e nada produzir. 296 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA 1NDSTR1A Aqui, devemos distinguir entre uma paralis o temporaria das atividades e uma saida permanente da empresa do mercado. Uma paralist4-do refere-se a uma decis;-io de curto prazo de n'a- o produzir nada durante um determinado intervalo de tempo por causa das condições atuais do mercado. Uma saida refere-se a uma decis'a'o de longo prazo de deixar o mercado. As decis 6es de curto e de longo prazos diferem porque a maioria das empresas não conseg-ue se livrar do custo fixo no curto prazo, mas pode faz&lo no longo. Ou seja, uma empresa que paralisa as atividades temporariamente ainda tem de arcar com seus custos fixos, ao passo que outra que sai do mercado deixa de pagar tanto os custos fixos quanto os variaveis. Considere, por exemplo, a decis a- - o de produo que um fazendeiro precisa tomar. 0 custo da terra e um dos seus custos fixos. Se ele decide não produzir nada durante uma esta o, a terra fica ociosa e ele ri, o consegue recuperar esse custo. Ao tomar a decis ao de curto prazo de paralisar as atividades por uma estgo, dizemos que o custo fixo da terra é um custo irrecuperdvel. Por outro lado, se o fazendeiro decide abandonar definitivan-iente a agricultura, ele pode vender a terra. Ao tomar a decisão de longo prazo de sair ou n'ao do mercado, o custo da terra irrecupervel (voltaremos, em breve, à questh- o do custo irrecuperavel). Vamos agora considerar o que determina a decis ao de interrup o de uma empresa. Se ela paralisa as atividades, perde toda a receita da venda de seu produto. Ao mesmo tempo, economiza os custos variaveis de produ a- - o (n-las ainda precisa arcar com os custos fixos). Assim, a empresa paralisa as atividades se a receita que obteria produzindo é menor do que seus custos varidveis de produ0o. Um pouco de matemEitica pocle tomar mais útil esse criterio de paralisg"a"o das atividades. Se RT e a receita total e CVe o custo variavel, a decis"ao da empresa pode ser representada como se RT < CV A empresa paralisa as atividades se a receita total é menor do que o custo variavel. Dividindo os dois lados dessa desigualdade pela quantidade Q, podemos escrever -4) Paralisg^a"o se RT/Q < CV/Q Observe que essa expresso pode ser simplificada. RT/Q e a receita total dividida pela quantidade, que e a receita media. Como ja vimos anteriormente, a receita media de qualquer empresa e simplesn-iente o pre93 P do bem. De maneira similar, CV/Q e o custo varffi7e1 medio CVM. Assim, o criterio para a paralisa5o de uma en-ipresa Paralisg-a'o se P < CVM Ou seja, uma empresa opta por paralisar as atividades se o pre93 do bem é menor do que o custo variavel medio de proclu o. Esse criterio é intuitivo: ao decidir proa empresa compara o pre que recebe pela unidade tipica com o custo variavel medio em que incorrera para produzir essa unidade tipica. Se o preo n'ao cobrir o custo variavel medio, a empresa ficara em melhor situg"a"o se suspender a produEla podera reabrir no futuro se as condições mudarem de maneira tal que o preo exceda o custo variavel medio. Temos agora uma descri o completa da estratégia de maximiza o do lucro de uma empresa competitiva. Se ela produzir algo, produzirá a quantidade em que o custo marginal seja igual ao preQ:3, do bem. Se o pre90 for inferior ao custo variavel medio nesta quantidade, a empresa ficará em melhor situgk, se baixar as portas e ri^a‘o produzir nada. Esses resultados encontram-se ilustrados na Figura 3. A curva CAPiTULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS 297 FIGURA 3, Custos A Curva de Oferta de Curto Curva de oferta de curto prazo da empresa CMg Competitivas CTM CVM A empresa paralisa as atividades — se P < CVM 0 Prazo das Empresas No curto prozo, a curva de oferta dos empresas competitivas e a curva de custo marginal (CMg) acima do custo variavel medic) (CVM). Se o prep ficar abaixo do custo variOvel media, a empresa ficarci em melhor situacOo se paralisar as atividades. Quantidade de oferta de curto prazo das empresas cornpetitivas e a parcela da curva de custo marginal delas que esta acima do custo variavel medio. Leite Derramado e Outros Custos Irrecuperaveis provavel que alg,uem ji tenha lhe dito para"nao chorar sobre o leite derramado" ou que"esqueca o passado". Esses adagios refletem uma verdade profunda sobre a tomada de decis5es racionais. Os economistas dizem que urn custo é urn custo irrecuperavel quando já ocorreu e, nao pode ser recuperado. Em certo sentido, urn custo irrecuperavel é o oposto de urn custo de oportunidade: urn custo de oportunidade é aquilo de que voce precisa abrir mao se optar por fazer uma coisa em vez de outra, enquanto urn custo irrecuperavel nao pode ser evitado, independentemente das opcoes que faca. Como nao ha nada a fazer a respeito dos custos irrecuperaveis, eles podem ser ig,norados na tomada de decisoes a respeito de diversos aspectos da vida, inclusive na estrategia empresarial. Nossa analise da decisao de paralisacao das atividades de uma empresa é um exemplo da irrelevancia dos custos irrecuperaveis. Adotamos a hipatese de que a empresa nao pode recuperar seus custos fixos ao interromper temporariamente a producao. Como resultado, os custos fixos da empresa sao custos irrecuperaveis no curto prazo e a empresa pode ignorEi-los ao decidir quanto prod-uzir. A curva de oferta de curto prazo da empresa é a parte da curva de custo marginal que esta acima do custo variavel medio e a magnitude do custo fixo nao é importante para essa decisao de oferta. A irrelevancia dos custos irrecuperaveis tambem é importante para decis5 es pessoais. Imagine, por exemplo, que voce atribua urn valor de $ 10 ao ato de assistir a urn filme recem-lancado.Voce compra um ingress° por $ 7, mas o perde antes de chegar ao cinema. Sera que voce deve comprar outro ingress° ou ir para casa e recusar-se a pagar um total de $ 14 para ver o filme? A resposta é que voce deve comprar outro ingress°. 0 beneficio de assistir ao fume ($ 10) ainda excede o custo de oportunidade (os $ 7 pelo seg-undo ingresso). Os $ 7 que voce pagou pelo ing,resso que perdeu sao urn custo irrecuperavel. Nao vale a pena chorar por causa deles, como no caso do leite derramado. E custo irrecuperavel urn custo que ja ocorreu e que nao pode ser recuperado 298 I PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZA0 510 DA lND5TRIA Estudo de C4550 RESTAURANTES QUASE VAZIOS E IVIINIGOLFE NA BAIXA ESTgi\O Vo& alguma vez já entrou em um restaurante para aln-locar e viu que estava praticamente vazio? Talvez tenha se perguntado por que o estabelecimento se dava ao trabalho de ficar aberto, uma vez que a receita proporcionada pelos poucos clientes não tinha nenhuma possibilidade de cobrir os custos de operacio do restaurante. Ao tomar a decisio de abrir ou não para o almoco, o proprietth-io de um restaurante precisa ter em mente a distinc a'o entre custos fixos e custos vari veis. Muitos dos custos de um restaurante — aluguel, equipamento de cozinha, mesas, loucas, talheres etc. — sk) fixos. Fechar durante o almoco não reduziria esses custos. Em outras palavras, s - o custos irrecupen-iveis no curto prazo. Quando o proprietrio estEi decidindo se deve ou não servir o almoco, somente os custos variveis — o preco dos alimentos adicionais e os salários dos funcionElrios extras — s'a'o relevantes. 0 propriefkio da casa só fechará para o almoco se a receita proporcionada pelos poucos clientes mio for suficiente para cobrir os custos variveis do restaurante. 0 operador de um campo de minigolfe numa estncia de verio enfrenta uma decisão semelhante. Como a receita varia substancialmente de estac'Elo para estac5o, a empresa precisa decidir quando vai ficar aberta e quancio vai ficar fechada. Novamente, os custos fixos — o custo de comprar o terreno e construir o empreendimento — são irrelevantes. 0 campo de minigolfe sO deve ficar aberto nos periodos do ano em que as receitas excedem os custos variElveis. • A Decis'cio da Empresa de Entrar em um IVIercado ou Sair Dele no Longo Prazo (ks)" A deciso da empresa de sair do mercado no longo prazo é semelhante à decis-a-o de paralisar as atividades. Se a empresa sair, perderá toda a receita da venda de seu produto, mas economizanl os custos de produc a- - o, tanto fixos quanto variveis. Assim, a empresa sai do mercado se a receita que obteria C0111 a produJo é menor que seus custos totais. Novamente, esse crit&io pode ser mais útil se representado matematicamente. Se RT é a receita total e CT, o custo total, o critkio da empresa pode ser descrito como Saida se RT < CT A empresa sai do mercado se a receita total é menor que o custo total. Dividindo os dois lados da desig,ualdade pela quantidade Q, temos Saida se RT/Q < CT/Q Podemos simplificar mais isso observando que RT/Q é a receita rnédia, que é igual ao preco P, e que CT/Q é o custo total rnédio CTM. Assim, o crit&io de saida da empresa ri Saida se P < CTM CAPiTULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS 299 —Fi'GURA 4 A Curva de Oferta de Longo Prazo Custos das Empresas Competitivas CTM No longo prazo, a curva de oferta dos empresas competitivas é a parte do CUTO de custo marginal (CMg) que este OCIMO do custo total media (CTM). Se o prep for inferior ao custo total medic; a empresa ficare em melhor situacao se soir do mercado. A empresa sai se P < CTM Quantidade 0 Ou seja, a empresa opta por sair do mercado se o preco do hem é inferior ao custo total medio de producao. Uma analise paralela se aplica ao empreendedor quo esteja pensando em abrir uma empresa. A empresa entrara no mercado se isso for lucrativo, o que ocorre quando o preco do hem supera o custo total medio de producao. 0 criterio entrada Entrada se P> CTM 0 criterio de entrada é exatamente o oposto do criterio de saida. Podemos agora descrever a estrategia de maximizacao de lucros das empresas competitivas no longo prazo. Se a empresa esta no mercado, produz a quantidade na qual o custo marginal é igual ao preco do bem, mas, se o preco é inferior ao custo total medio para essa quantidade, a empresa opta por sair do mercado (ou por nao entrar nele). Esses resultados estao representados na Figura 4. A curva de oferta de Ion go prazo da empresa competitiva e a parte da sua curoa de custo marginal title esta acima do custo total medio. Medindo o Lucro da Empresa Competitiva par Meio de um Gram Ao analisarmos a saida e a entrada do mercado, é estarmos capacitados a analisar o lucro da empresa em maiores detalhes. Lembre-se de que o lucro é ig-ual a receita total (RT) menos o custo total (CT): Lucro = RT – CT Podemos reescrever essa definicao multiplicand° e dividindo o lado direito por Q: Lucro = (RT/Q – CT/Q) x Q 300 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZAA0 DA lND5TRlA FIGURA 5 lucro como a Area entre o Preco e o Custo Total Medio A area do retangulo sombreado entre o preco e o custo totol medio represento o lucro da empresa. A olturo do retangulo é o preco menos o custo total medio (P — CTM) e a largura do retangulo é a quantidade produzida (Q). No painel (a), o preco esta acima do custo total medio, de modo que a empresa tem um lucro positivo. No painel (b), o preco é inferior ao custo total medio, de modo que a empresa tem prejufzo. (a) Empresa com Lucros 0 Quantidade (quantidade que maximiza o lucro) (b) Empresa com Prejuizos 0 Quantidade (quantidade que minimiza o prejuizo) Mas observe que RT/Q e a receita media, que é o pre9p P, e que CT/Q é o custo total medio CTM. Portanto, Luero = (P — CTM) x Q Essa maneira de expressar o lucro da empresa nos permite medir o lucro em nossos gr, aficos. o painel (a) da Figura 5 mostra uma empresa com lucro positivo. Como ja vimos, a empresa maximiza o lucro produzindo a quantidade para a qual o pre90 e ig,ual ao custo marginal. O1he agora para o retang,ulo sombreado. A altura do retang,ulo e P — CTM, a difereNa entre o preo e o custo total medio. A largura do retang,ulo Q, a quantidade produzida. Portanto, a area do retangulo é (P — CTM) x Q, que e o lucro da empresa. De maneira similar, o painel (b) dessa figura mostra uma empresa com prejuizo (ou lucro negativo). Neste caso, maximizar o lucro significa minimizar o prejuizo, uma tarefa que se cumpre, novamente, produzindo-se a quantidade para a qual o prec;o e igual ao custo marginal. Veja agora o retangulo sombreado. Sua altura CTM — P e sua larg,ura é Q. A area e (CTM — P) x Q, o que é igual ao prejuizo da empresa. Como uma empresa nessa situg ao ria'o esta levantando receita o bastante para cobrir seu custo total m fflo, ela optaria por sair do mercado. Teste R4ido Como o preco recebido por uma empresa competitiva maximizadora de lucros se compara com seu custo marginal? Explique. • Em que situac ao uma empresa competitiva maximizadora de lucros CAPITULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETIT1VOS 301 decide paralisar as atividades? E em que situack uma empresa competitiva maximizadora de lucros decide sair do mercado? A CURVA E OFERTA UM MERCAD COMPETITIVO Agora que já examinamos a decis a- . o de oferta de un-ia só empresa, poden-ios discutir a curva de oferta de um mercado. Há dois casos a considerar: primeiro, examinaremos um mercado com um nUmero fixo de empresas; depois, examinaremos um mercado em que o nUmero de empresas pode mudar à medida que empresas . antigas saem do mercado e novas empresas entram nele. Os dois casos s k) importantes porque cada um se aplica a um horizonte de tempo especifico. Em intervalos de tempo curtos, é muitas vezes dificil para as empresas entrar e sair do mercado, de rnodo que a hipOtese de urn niimero fixo de empresas e apropriada. Mas, no decorrer de periodos mais longos, o ruimero de empresas pode se ajustar mudancas nas concli es do mercado. 0 Curto Prazo: Oferta do Mercado com um NUmero Fixo de Empresas Considere inicialmente um mercado com mil empresas idêiiticas. A qualquer preco dado, cada empresa fomece unia quantidade de produto para a qual o custo marginal é igual ao preco, como mostra o painel (a) da Figura 6. Ou seja, enquanto o preco estiver acima do custo vari vel medio, a curva de custo marginal de cada empresa serEl sua curva de oferta. A quantidade de produto ofertada ao mercado e FIGURA 6 Oferta do Mercado com um Nmero Fixo de Empresas Quando o nmero de empresas do mercado é fixo, a curva de oferta do mercodo, mostroda no painel (b), reflete as curvas de custo marginal das empresas individuais, mostradas no painel (a). Aqui, num mercado com mil empresas, a quantidode de produto ofertada ao mercado é mil vezes o quantidade que cada empresa oferta. (a) Oferta de uma Empresa Preco (b) Oferta do Mercado Preco . 0ferta $ 2,00 $ 2,00 1,00 1,00 0 100 200 Quantidade (empresa) 0 100.000 200.000 Quantidade (mercado) 302 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA INDOSTRIA ig,ual a soma das quantidades que cada uma das mil empresas individuals oferta. Assim, para derivarmos a curva de oferta do mercado, somamos a quantidade que cada empresa do mercado oferta. Como mostra o painel (b) da Fig,ura 6, como as empresas sdo identicas, a quantidade ofertada ao mercado é mil vezes major do que a quantidade que cada empresa oferta. 0 Longo Prazo: Oferta do Mercado corn Entrada e SaIda de Empresas Vejamos agora o que acontece se as empresas sac) capazes de entrar no mercacio ou sair dele. Suponhamos que todas tenham acesso mesma tecnologia de producao do bem e aos mesmos mercados para comprar os insumos de produc5o. Assim, todas as empresas existentes e em potencial tern as mesmas curvas de custos. Em urn mercado como esse, as decisOes de entrada e saida dependem dos incentivos que ha para os proprietarios das empresas existentes e para os empreendedores que podem fundar novas empresas. Se as empresas ja existentes no mercado forem lucrativas, havera urn incentivo para que novas empresas entrem no mercado. Essa entrada expandira o niTimero de empresas, aumentara a quanticlade ofertada do bem e reduzird os precos e os lucros. Inversamente, se as empresas do mercado estiverem tendo prejuizos, alg,umas das existentes sairdo do mercado. Sua saida reduzird o numero de empresas, diminuira a quantidade ofertada do produto e aumentard os precos e os lucros. Ao Jim desse process° de entra- da e salda, as empresas que ficarem no mercado deverao ter lucro economic° igual a zero. Lembre-se de que o lucro das empresas pode ser expresso como Lucro = (P — CT M) x Q Essa equacao mostra que uma empresa em atividade tern lucro zero se e somente se o preco do bem for ig,ual ao custo total medio da proc-lucdo do bem ern questao. Se o prey) for superior ao custo total medic), o lucro sera positivo, encorajando a entrada de novas empresas. Se o preco for inferior ao custo total medio, o lucro sera negativo, o que encorajara a saida de alg-umas empresas. 0 process° de entrada e salda so termina quando o prep e o custo total medio se igualam. Essa analise traz uma implicacao surpreendente. Como vimos anteriormente, as empresas competitivas produzem de tal modo que o preco seja igual ao custo marginal. E acabamos de ver que a livre entrada e saida dos mercados forca o preco a se igualar ao custo total medio. Mas, se o preco é ig-ual ao custo marginal e ao custo total medic), entao estas duas medidas de custo devem ser iguais entre si. 0 custo marginal e o custo total medio somente são ig,uais, contudo, quando a empresa opera ao custo total medio minim°. Como vimos no capitulo anterior, o nivel de producao corn menor custo total rnedio é chamado de escala eficiente. Assim, o equi- lthrio de Longo prazo de um nzercado competitivo corn livre entrada e salda deve ter suas empresas operand° na escala eficiente. 0 painel (a) da Fig-ura 7 mostra uma empresa que se encontra nesse equilibrio de longo prazo. Nesta figura, o preco P é ig-ual ao custo marginal CMg, de modo que a empresa esta maximizando os lucros. 0 preco tambem é ig-ual ao custo total medio CTM, de modo que o lucro é zero. Nao ha incentivo para que novas empresas entrem no mercado nem para que as existentes saiam dele. Corn base nesta analise do comportamento das empresas, podemos determinar a curva de oferta de longo prazo do mercado. Em urn mercado corn livre entrada e saida, so he urn 'Dreg° consistente coal o lucro zero — o custo total medio minimo. Como resultado, a curva de oferta de mercado no longo prazo precisa ser horizontal a esse preco, como no painel (b) da Fig-ura 7. Qualquer preco acima desse nivel CAPiTULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS 303 Oferta do Mercado corn Entrada e Saida As empresos entram e saem do mercado ate o lucro chegar a zero. Assim, no longo prozo, o preco é igual ao custo total medic) mInima, coma mostra o painel (a). 0 numero de empresas se ajusta para garantir que toda a demanda seja satisfeita a esse preco. A curio de oferta de mercado no longo prazo é horizontal a esse preco, coma mostra o painel (b). (b) Oferta de Mercado (a) Condicao de Lucro Zero para as Empresas Preco Preco P CTM minimo 0 Quantidade (mercado) Quantidade (empresa) geraria lucro, levando a uma entrada de empresas no mercado e a urn aumento da quantidade total ofertada. Qualquer preco abaixo desse nivel geraria prejuizos, levando a uma saida de empresas do mercado e a uma reducao da quantidade total ofertada. 0 numero de empresas acaba por se ajustar de tal maneira que o preco seja igual ao custo total medio rnInirno e haja empresas o suficiente para satisfazer toda a demancia a esse preco. Por que as Empresas Competitivas Se Mantem em Atividade Quando Tern Liao Zero? A primeira vista, pode parecer estranho que empresas competitivas tenham lucro a. Lr, zero no longo prazo. Afinal de contas, as pessoas abrem empresas para ter lucro. tn Se a entrada de empresas no mercado acaba por reduzir o lucro a zero, pode parecer que nao ha muito sentido em se dedicar a atividacie. Para entender melhor a condicao de lucro zero, lembre-se de que o lucro é igual 00< a receita total menos o custo total e que esse custo inclui todos os custos de opor- 00 Z tunidade da empresa. Mais especificamente, inclui o custo de oportunidade do tempo e do dinheiro que o proprietario dedica a empresa. No equilibrio de lucro zero, a receita da empresa precisa compensar os proprietarios pelo tempo e pelo "Somos uma organizacao dinheiro que gastam para manter a empresa em operacao. sem fins lucrativos — ndo Vamos considerar urn exemplo. Suponhamos que urn fazendeiro tenha precisaqueremos ser, mos somas!" do investir $ 1 milhao para abrir sua fazenda e que esse $ 1 milhao pudesse, alternativamente, ter sido depositado num banco para render $ 50 mil por ano em juros. Alem disso, para dar inicio a seu negocio, ele teve de abrir mao de outro emprego que lhe pagaria $ 30 mil por ano. Entao o custo de oportunidade do fazendeiro tL., o Lu z 0 cur] u LU ce 0 304 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA lNDSTRlA inclui tanto os juros que poderia ter ganho quanto o salário a que renunciou — um total de $ 80 mil. Ainda que o lucro seja reduzido a zero, sua receita como fazendeiro o compensará por esses custos de oportunidade. Lembre-se de que os contadores e os economistas medem custos de maneiras dife.rentes. Como vimos no capitulo anterior, os contadores acompanham os custos explicitos, mas geralmente deixam de lado os implícitos. Ou seja, medem os custos que exigem da empresa saida de dinheiro, mas deixam de incluir os custos de oportunidade da produ o que não envolvem desembolso de dinheiro. Com isso, no equilthrio de lucro zero, o lucro econOm.ico e zero, mas o contbil é positivo. 0 contador do nosso fazendeiro, por exemplo, concluiria que ele teve lucro cont bil de $ 80 mil, que é o bastante para mant&lo no neg6cio. Desiocamento da Demanda no Curto e no Longo Prazos Como as empresas podem entrar e sair do mercado no longo prazo, mas ru'io no curto, a resposta do mercado a uma mudaNa da demanda depende do horizonte de tempo que se considera. Para vermos por que isso ocorre, vamos acompanhar os efeitos de um deslocamento da demanda. Esta arullise mostrath como um mercado reage ao longo do tempo e como a entrada e a saida de empresas conduzem os mercados para o seu equilibrio de longo prazo. Suponhamos que o mercado de leite comece em equilthrio de longo prazo. As empresas te'rn lucro zero, de modo que o preo é igual ao custo total medio mo. 0 painel (a) da Figura 8 mostra essa situa o. 0 equilthrio de longo prazo e o ponto A, a quantidade vendida no mercado é o ponto Q1 e o preQo é P,. Suponhamos agora que os cientistas descubram que o leite tem efeitos miraculosos sobre a saúde. Como resultado, a curva de demanda por leite desloca-se para fora, de D, para D„ como no painel (b). 0 equilibrio de curto prazo passa do ponto A 1.-)ara o B; como -resultado, a quantidade aumenta de Q, para Q, e o prec;o sobe de P, para P,. Todas as en-ipresas existentes respondem ao pre93 mais elevado aumentando a q-uantidade produzida. Como a curva de oferta de cada empresa reflete sua curva de custo marg,inal, o quanto cada uma delas aumentará a produ o ser, determinado pela curva de custo marginal. No novo equilibrio de curto prazo, o preo do leite é maior do que o custo total medio, de modo que as empresas t'em lucro positivo. Ao longo do tempo, o lucro nesse mercado encoraja a entrada de novas empresas. Por exemplo, alguns fazendeiros podem desistir de produzir outras coisas e passar a produzir leite. À medida que o niimero de empresas aumenta, a curva de oferta de curto prazo desloca-se para a direita, de 0 1 para 02' como no painel (c), e esse deslocamento faz com que o preQ p do leite caia. Por firn o pre90 volta para o custo total medio mfnimo, os lucros passam a ser zero e as empresas param de entrar no mercado. Assim, o mercado atinge um novo equilibrio de longo prazo no ponto C. 0 prec-gp do leite voltou a ser P 1 , mas a quantidade produzida se elevou para Q. Cada empresa está novan-iente operando na escala eficiente, mas como mais eMpresas no setor, a quantidade de leite produzida e venclida é maior. Por que a Curva de Oferta de Longo Prazo Pode Ter Inclinack Ascendente Ate aqui, vimos que a entrada e a saida podem fazer com que a curva de oferta de longo prazo de mercado seja horizontal. Nossa análise mostra, em ess'encia, que um g,rande nmero de novas empresas com potencial para entrar no mercado, cada CAPETULO 14 EMPRESAS E11,4 MERCADOS COMPETITIVOS 305 FIGURA 8 Aumento da Demanda no Curto e no Longo Prazos 0 mercado parte do equilibria de longo prazo, mostrado no ponto A do painel (a). Nesse equilibria, coda empresa tern lucro zero e o prep é igual ao custo total medio minima 0 painel (b) mostra o que acontece no curto prazo quando a demanda aumenta de D, paw 02 . 0 equilibria vai do ponto A pow o panto B, o prep aumenta de P, para P2 e a quantidade vendida no mercado aumenta de Q, para Q2 . Como agora o prep e major do que o custo total medic; as empresas tern lucro, o que, corn o passar do tempo, encoraja novas empresas a entrar no mercado. Essa entrada de empresas desloca a curva de oferta de curio prozo paw a direita, de 0 7 para 02 , como mostra o painel (c). No nova equilibria de longo prazo, o ponto C, o prep voltou para P,, mos a quantidade vend/do aumentou para Q3. Os lucros voltaram a ser zero e o prep voltou para o custo total media minima, mas o mercado tern urn numero molar de empresas para atender a molar demanda. (a) Condicao Inicial Mercado Preco Oferta de curto prazo, 01 Oferta de longo prazo Demanda, 0 Empresa (b) Reacao no Curto Prazo Preco 2 P1 Mercado Preco Lucro P Quantidade (mercado) CMg .,CTM 01 zJ P 2 Oferta de longo prazo P1 D 2 D1 0 Quantidade (empresa) Quantidade (mercado) (c) Reacao no Longo Prazo Empresa Mercado Preco Pres° CMg CTM 2 Oferta de longo prazo D 0 Quantidade (empresa) 0 Q 2 Q3 2 Quantidade (mercado) 306 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZA DA INDL)STRIA A0 NOTkIAS ENTRADA OU SUPERINVESTIMENTO? Nos mercados competitivos, uma forte demonda leva a altos precos e altos lucros, o que leva, assim, a uma maior entrada de empresos no mercado e precos e lucros decrescentes. Para os economistas, essas forcas de mercado sao um reflexo da mao invisfvel em acao, mas, para os gerentes de empresos, novas entradas e umo quedo dos lucros podem parecer um "problema de superinvestimento". Eis aqui um exemplo de olguns onos atras. Em Algumas Indstrias, os Executivos Prev' em que Tempos Dificeis Esth por Vir; um dos Principais Culpados: Altos Lucros Por Bernard Vilysocki, Jr. Monterey, Calif. — Cerca de 20 executivos est a-- o fechados numa sala de reuni6es com uma equipe de consultores e o clima est surpreendentemente pesado. um belo dia de verk, o mercado de ac6es está em alta, a economia dos Estados Unidos está em excelente forma e algumas das empresas aqui representadas anunciam lucros maiores do que os previstos. E o melhor de tudo talvez seja o fato de que esses homens afortunados estk a um pulo de disthncia do famoso campo de golfe de Pebble Beach. Deveriam estar euf6ricos. Em vez disso, uma sensack de preocupack se faz sentir entre esses executivos da Mobil Corp., cia Union Carbide Corp. e de outras empresas que fazem uso intensivo do capital. Entre o golfe, as maravilhosas refeices e os charutos, eles ouvem de seus anfitri6es uma mensagem de cautela. "Sinto-me como um profeta do apocalipse" é a frase de boas-vindas proferida por R. Duane Dickson, diretor da Mercer Management Consulting e anfitrik da reu"Acreditamos que a queda já tenha comecado. Não posso Ihes dizer até onde ela vai. Mas a coisa pode ser feia." Há dois dias os executivos e seus assessores discutem o que esperam em seus setores entre hoje e o ano 2000: produck crescendo al&n do normal, sobras de produ0o em todo o mundo, guerras de precos, quebras e consolidaces... Joseph Soviero, vice-presidente da Union Carbide e um dos participantes da reunik de Pebble Beach, menciona um problema estranho, mas fundamental, enfrentado pela indstria quimica: os altos lucros dos últimos anos. "A lucratividade que o setor verifica em tempos bons sempre leva a superinvestimento e foi o que aconteceu de novo desta vez" Ele acrescenta que o ciclo de neg6cios da indstria quimica está em andamento e chegou a seu pico. Na Union Carbide, segundo ele, "sempre se conversa sobre o ciclo" e se tenta administr&lo. Até aqui, a demanda não representa um grande problema. Em muitas indstrias, ela ainda está crescendo constantemente, embora devagar. 0 que está acontecendo um excesso de oferta causado pelo problema recorrente do superinvestimento... Os pr6ximos anos trark competick feroz e precos em queda. Fonte: The Wall Street Joumal, 7 ago. 1997, p. Al. (.0 1997 by Dow Jones & Co. Inc. Reproduzido com permissk de DOW JONES & CO. INC., no formato livro- texto por meio do Copyright Clearance Center. qual enfrentando os mesmos custos. Con-i isso, ao custo total medio minimo, a curva de oferta do mercado é horizontal. Quando a demanda pelo bem aumenta, o resultado de longo prazo e um aumento do nmero de empresas e da quantidade total ofertada, sem nenhuma mudaNa do preyi Entretanto, há dois motivos pelos quais a curva de oferta de longo prazo do m.ercado pode ter inclinação ascendente. 0 primeiro e que alg-um recurso usado na produo pode estar disponivel somente em quantidades limitadas. Considere, por exemplo, o mercado de produtos agricolas. Qualquer pessoa pode decidir comprar terras e dar ini.cio a uma fazenda, mas a quantidade de terra é limitada. À medida que mais pessoas se tomam agricultores, o pre93 das terras cultivEiveis aumenta, o CAPITULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS que eleva os custos para todos os agricultores no mercado. Assim, urn aumento da demanda por produtos agr, kolas nao pode induzir urn aumento na quantidade ofertada sem induzir tambem urn aumento nos custos dos fazendeiros, o que, por sua vez, significa urn aumento de precos. 0 resultado é uma curva de oferta de longo prazo de mercado corn inclinacao ascendente, mesmo que haja livre entrada no setor. A segunda razdo para a curva de oferta ter inclinacao ascendente é que as empresas podem ter custos diferentes. Considere, por exemplo, o mercado de pintores de parede. Qualquer pessoa pode entrar no mercado de seivicos de pintura, mas nem todas estao sujeitas aos mesmos custos. Os custos variam, cm parte, porque alg-umas pessoas trabalham mais rEipido do que outras e, em parte, porque alg,umas tern alternativas melhores de uso de seu tempo, sabendo gerencia-lo melhor do que outras. Para qualquer preco dado, as pessoas corn menores custos tern major probabilidade de entrar no mercado do que aquelas corn custos mais elevaclos. Para aumentar a quantidade ofertada de servicos de pintura, as pessoas precisam ser encorajadas a entrar no mercado e, como estao sujeitas a custos maiores, o preco precisa subir para que a entrada no mercado seja lucrativa para elas. Assim, a curva de oferta de mercado de servicos de pintura tern inclinacao ascendente, mesmo quo haja livre entrada no mercado. Observe que, se as empresas estao sujeitas a custos diferentes, algumas delas tern lucros mesmo no longo prazo. Neste caso, o prey) do mercado reflete o custo total medio da empresa marginal — a que sairia do mercado se o preco calsse. Essa empresa tern lucro zero, mas aquelas cujos custos sao menores obtem lucro positivo. A entrada de novas empresas no mercado nao elimina esse lucro porque as entrantes em potencial tern custos mais elevados do que as empresas que ja estao no mercado. As empresas de major custo somente entrarao no mei-cad° se o preco aumentar, tornando o mercado lucrativo para elas. Assim, por esses dois motivos, a curva de oferta de longo prazo de urn mercado pode ter inclinacao ascendente, e nao horizontal, indicando que é necessario urn major preco para induzir urn aumento na quantidade ofertada. Ainda assim, a HO° fundamental sobre entrada e saida de empresas no mercado permanece verdadeira. Como as empresas podem entrar e sair corn mais facilidade no longo prazo do que no curt°, a curva de oferta de Longo prazo e tipicamente mais elastica do que a curva de oferta de curto prazo. y Teste Rapido No longo prazo, havendo ll re entrada e saida de empresas no mercado, o preco em urn mercado e igual ao custo marginal, ao custo total medio, a ambos ou a nenhum deles? Explique corn urn diagrama. CONCLUSAO: POR TRAS DA CURVA DE °FERIA Estivemos discutindo o comportamento das empresas competitivas que maximizam o lucro. Como voce talvez se lembre, vimos no Capitulo 1 que urn dos Dez Princlpios de Economia é que as pessoas racionais pensam na margem. Este capitulo aplicou esse conceito a empresa competitiva. A analise marginal nos proporcionou uma teoria da curva de oferta num mercado competitivo e, corn isso, urn entendimento mais profundo dos resultados de mercado. Aprendemos que, quando compramos urn bem de uma empresa em urn mercado competitivo, podemos ter certeza de que o preco pago esta proximo do custo de producao do bem em questa°. Mais especificamente, se as empresas forem competitivas e maximizarem seus lucros, o preco de urn hem sera igual ao custo marginal de sua producao. Alem disso, se as empresas puderem entrar e sair livre- 3 308 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZAA0 DA 1ND5TRIA mente do mercado, o preo tambern sera igual ao menor custo total medio de produao possivel. Embora tenhamos, ao longo deste capitulo, adotado a hiptese de que as empresas sao tomadoras de preos, muitas das ferramentas que desenvolvemos aqui tan-ibem sao Uteis para o estudo das empresas em mercados menos competitivos. No prOximo capitulo, examinaremos o comportamento das en-ipresas que tem poder de mercado. Mais uma vez, a analise marg-inal sera Util para analisar essas empresas, mas com implica es bastante diferentes. RESUMO - • Como as empresas competitivas sa o tomadoras de prec;os, suas receitas s ao 1.-)roporcionais à quantidade produzida. 0 preo do ben-i é igual à receita media e à receita marginal da empresa. • Para maximizar o lucro, a empresa escolhe uma quantidade produzida tal que a receita marginal seja ig-ual ao custo marg,inal. Como a receita marg,inal das empresas competitivas é igual ao pre9D de mercado, a empresa escolhe uma quantidade tal que o preo seja igual ao custo marginal. Assim, a curva de custo marginal da empresa é sua curva de oferta. • No curto prazo, quando uma empresa n ao é capaz de recuperar seus custos fixos, opta por paralisar do ben-i preo o se temporarian-lente as atividades inferior ao custo variavel medio. No longo prazo, quando a empresa é capaz de recuperar tanto os mercado competitivo, p. 290 receita rnédia, p. 292 custos fixos quanto os variaveis, opta por sair do mercado se o preo é inferior ao custo total medio. • Em um mercado com livre entrada e saida de empresas, os lucros sa o conduzidos para zero no longo prazo. Nesse equilibrio de longo prazo, todas as empresas produzem na escala eficiente, o preo igual ao custo total medio minimo e o n mero de empresas se ajusta para satisfazer a quantidade demandada a esse • As varia 5es da demanda rem efeitos diferentes em diferentes horizontes de tempo. No curto prazo, um aumento da demanda eleva os preos e gera lucros e uma queda da demanda reduz os preos e gera prejufzos. Mas, se as empresas podem entrar e sair livremente do mercado, enfao no longo prazo o nmero de empresas se ajusta para conduzir o mercado de volta para o equilíbrio de lucro zero. receita marginal, p. 292 custo irrecuperavel, p. 297 QUESTES PARA REVISA0 1. 0 que significa en-ipresa competitiva? 2. Trace as curvas de custos de uma empresa tipica. Para um dado preQD, explique como a empresa escolhe o nivel de prochN:ao que maxin-liza o lucro. 3. Sob que condi es uma empresa paralisa temporariamente as atividades? Explique. 4. Sob que condi es uma en-ipresa sai do mercado? Explique. 5. Uma empresa iguala o preo ao custo marg,inal no curto prazo, no longo prazo ou em ambos? Explique. 6. Uma empresa iguala o preo ao custo total medio minimo no curto prazo, no longo 1.--)razo ou em ambos? Explique. 7. As curvas de oferta do mercado sa o tipicamente mais elasticas no curto prazo ou no longo prazo? Explique. CAPiTULO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS 309 PROBLEMAS E APLICAcOES 1. Quais sa'o as caracteristicas de um mercado cornpetitivo? Em sua opiniao, qual das bebidas abaixo é mais bem descrita por essas caracteristicas? For que nao as demais? a. Eig,ua da tomeira b. 6g,ua engarrafada c. refrigerante d. cerveja 2. As longas horas que uma colega sua passou no laboratorio de quimica da faculdade finalmente valeram a pena — ela dcscobriu uma formula secreta que permite que as pessoas estudem em cinco minutos o que estudariam em uma hora. Ate agora, ela vendeu 200 doses e apresenta a seguinte relaca"o de custo total meclio: 199 200 201 Custo Total Medio $199 200 201 Se urn novo cliente oferecer a sua colega $ 300 pelo procluto, ser que ela devera preparar mais uma dose? Explique. 3. 0 setor de alcacuz é competitivo. Cada empresa produz 2 milhoes de fios de alcacuz por ano. Os fios tern urn custo total medio de $ 0,20 e sao vendidos por $ 0,30. a. Qual é o custo marginal de urn fio? b. Essa industria esti ern seu equilibrio de longo prazo? Por que? 4. Voce vai ao melhor restaurante da cidade e pede urn prat° de lagosta a $ 40. Depois de corner metade do prato, percebe que esti satisfeito. Sua namorada quer que voce termine o jantar porque voce nao tern como para casa e "já pagou por ele". 0 que voce deve fazer? Relacione a resposta ao material deste capItulo. 5. 0 servico de corte de g,rama de Bob é uma empresa competitiva e que maximiza os lucros. Bob cobra $ 27 por gramado cortado. Seu custo total por dia é de $ 280, sendo $ 30 de custo fixo. Ele corta 10 gramados por dia. 0 que se pode dizer a respeito da decisao dc curto prazo de Bob de paralisar as atividades e de sua decisa o de longo prazo de sair do mercado? 6. Considere o custo total e a receita total dados na tabela a seguir: Quantidade 0 Custo Total $ 8 Receita Tota; 0 1 $9 8 3 2 $ 10 $ 11 16 24 7 6 5 4 $ 13 $ 19 $ 27 $ 37 32 40 48 56 a. Calcule o lucro para cada quantidade. Quanto a empresa deve produzir para maximizar o lucro? b. Calcule a receita marginal e o custo marginal para cada quantidade. Trace os g,raficos. (Dica: coloque os pontos entre os numeros inteiros. For exemplo, o custo marginal entre 2 e 3 deve ser colocado em 2 1/2.) Em que quantidade demandada essas curvas se cruzam? Como isso esta relacionado a resposta do item (a)? c.E Ip ossivel dizer se essa empresa esti em uma industria competitiva? Em caso positivo, é pos4N/el dizer se a indUstria esti em seu equilibrio de longo prazo? 7. Extraido de The Wall Street Journal (23 .jul. 1991): "Desde que ating,iu seu pico em 1976, o consumo per capita de carne bovina nos Estados Unidos caiu 28,6%... [e] o rebanho bovino norte-americano chegou ao ponto mais baixo em 30 anos". a. Usando diagramas para uma empresa e para a industria, mostre o efeito de curto prazo de urn declinio da demanda por came bovina. Coloque cuidadosamente legendas no diagrama e descreva ern texto corrido todas as mudancas que puder identificar. b. Num novo diag-rama, demonstre o efeito de long-o prazo de um declinio cla demanda por carne bovina. Explique-o corn suas prOprias palavras. 8. "Precos elevados causam, tradicionalmente, expansao de uma indUstria e acabam por colocar 310 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZ ~0 DA INDC1STRIA fim nos altos preos e na prosperidade dos fabricantes." Explique isso usando os diagramas apropriados. 9. Suponha que o setor de impress'ao de livros seja competitivo e parta do equilibrio de longo prazo. a. Trace um diagrama que descreva a empresa tipica do setor. b. A Grafica e Editora Hi-Te.ch inventou um novo processo que reduz substancialmente o custo da impressio de livros. 0 que acontece com os lucros da empresa e con-1 o prey) dos livros no curto prazo, quando a patente da Hi-Tech impede que outras empresas usem a tecnologia? c. 0 que acontece no longo prazo, quando a patente expira e outras empresas passam a poder usar a tecnologia? 10. Muitos barcos pequenos s"ao feitos de fibra de vidro, un-1 derivado do petrOleo. Suponhamos que o prey) do petrOleo aumente. a. Usando cliagyamas, den-tonstre o que acontece com as curvas de custos de uma empresa individual fabricante de barcos e con-1 a curva de oferta do mercado. b. 0 que acontece com os lucros dos fabricantes de barcos no curto prazo? 0 que acontece com o nUn-tero de fabricantes de barcos no longo j_-> razo? 11. Suponhamos que o setor têxtil dos Estados Unidos seja competitivo e que não haja com&-cio intemacional de tecidos. No equilibrio de longo prazo, o preo por peyt é $ 30. a. Descreva o equilibrio com graficos para todo o mercado e para un-1 produtor individual. Suponhamos agora que os produtores de outros paises estejam dispostos a vender grandes quantidades de tecido nos Estados Unidos por apenas $ 25 a peyt. b. Supondo que os produtores de tecido dos Estados Unidos tenham gr, andes custos fixos, qual o efeito no curto prazo que essas importagx3es t11-1 sobre a quantidade produzida por um produtor individual? Qual é o efeito de curto prazo sobre o lucro? Ilustre sua resposta com um grafico. c. Qual sera o efeito de longo prazo sobre o n mero de empresas norte-americanas no setor? 12. Suponhamos que haja mil quiosques de rosca salo-ada em atividade na cidade de Nova York. Cada quiosque tem a curva de custo total m&lio tipica em forma de U.A curva de demanda por rosca salgada do mercado ten-1 inclinação descendente e o mercado de rosca salgada esta em equilibrio competitivo de longo prazo. a. Represente graficamente o equilibrio atual usando graficos para o mercado todo e para cada quiosque de roscas salgadas individual. b. Agora a cidade decide restringir o mimero de licenas para quiosques de roscas salgadas, reduzindo o nUmero para apenas 800. Que efeito isso tera sobre o mercado e sobre cada quiosque individual que continue em operac;.'"ao? Use g,raficos para ilustrar sua resposta. c. Suponhamos que a cidade decida cobrar uma taxa de licenciamento dos 800 quiosques. Como isso afetara o nUmero de roscas salgadas vendidas 1,-)or um quiosque individualmente e o lucro desse quiosque? A cidade quer levantar a maior CAPITLILO 14 EMPRESAS EM MERCADOS COMPETITIVOS receita possivel e, ao mesmo tempo, garantir que 800 quiosques permanecam funcionando na cidade. Em quanto a cidade deve aumentar a taxa de licenciamento? Mostre a resposta em seu g,rafico. 13. Suponha que a inchistria de mineracao de ouro seja competitiva. a. Ilustre o equilibrio de longo prazo usando diao -ramas do mercado de ouro e de uma mina de ouro representativa. b. Suponha que urn aumento da demanda por joias induza urn aumento da demanda por ouro. Usando seus diagramas da parte (a), demonstre o que aconteceria no curto prazo corn o mercado de ouro e corn cada mina de ouro existente. c. Se a demanda por ouro se mantiver elevada, o que acontecera corn o Few ao longo do tempo? Mais especificamente, o novo preco de equilfbrio de longo prazo seria superior, inferior ou igual ao preco de equillbrio de curto prazo da parte (b)? E possivel que o novo preco de equilibrio de longo prazo seja superior ao preco equilibrio de longo prazo original? Explique. 14. (Este problema é desafiador.) 0 New York Times (1° jul. 1994) publicou uma reportagem sobre a proposta do govemo Clinton de acabar corn a proibicao de exportacdo de petroleo do norte do Alasca. 311 De acordo corn o artigo, o govern() dizia que "o principal efeito da proibicao foi o de fornecer as refinarias da California petroleo cm mais barato do que o disponivel no mercado mundial... A proibicao criou um subsidio para as refinarias californianas que no foi repassado aos consumidores". Vamos usar nosso conhecimento sobre o comportamento das empresas para analisar estas afirmativas. a. Trace as curvas de custos de uma refinaria na California e de uma refinaria em alg,um outro lugar do mundo. Suponha que as refinarias da California tenham acesso a petraleo barato do Alasca c que as demais precisem comprar petroleo do Oriente Medio, muito mais caro. b.Todas as refinarias produzem gasolina para o mercado mundial, em que vigora apenas um preco. No equilibrio de longo prazo, esse preco dependera dos custos enfrentados 'Delos produtores da California ou dos enfrentados pelos demais produtores? Explique. (Dica: a California, por si so, nao é capaz de abastecer todo o mercado mundial.) Trace novos graficos para ilustrar os lucros obtidos por uma refinaria na California e por uma refinaria em algum outro lugar. c. Neste modelo, ha urn subsidio para as refinarias da California? Ele é repassado aos consumidores? 15 IVIONOK51.10 Se voce tem um computador pessoal, ele provavelmente utiliza alguma versao do Windows, o sistema operacional vendido pela Microsoft Corporation. Quando a Microsoft projetou a primeira versao do Windows, ha muitos anos pediu e recebeu do governo um copyright, que da a Microsoft direito exclusivo de produzir e vender cOpias do sistema operacional Windows. Assim, se alguem quer comprar uma cOpia do sistema, nao tem muita escolha a nao ser dar a Microsoft os cerca de $ 50 que a empresa decidiu cobrar pelo produto. Dizemos que a Microsoft detem o monopcilio do mercado de Windows. As decis6es empresariais da Microsoft nao sao bem descritas pelo modelo de comportamento da empresa que desenvolvemos no capitulo anterior. Ali, analisamos os mercados competitivos, nos quais ha muitas empresas que oferecem produtos essencialmente identicos, de modo que cada empresa tem pouca influencia sobre o preo que recebe. Em compargao, um monopOlio como o da Microsoft nao tem concorrentes prOximos e, assim, pode influenciar o preo de mercado de seu produto. Enquanto uma empresa competitiva é uma tomadora de preffis, uma empresa monopolista é uma formadora de preffis. Neste capitulo, analisaremos as implicg Oes desse poder de mercado e veremos que o poder de mercado altera a relgao entre os custos de uma empresa e o pre93 pelo qual ela vende seu produto ao mercado. Uma empresa competitiva toma o preo de seu produto como dado pelo mercado e entao determina a quantidade que ofertara de maneira que o preo seja igual ao custo marginal. Já o preo cobrado por um monopOlio excede o custo marginal. Esse resultado é claramente verdadeiro no caso do Windows da Microsoft. 0 custo marginal do Windows — o custo 314 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA -4ri\ 0,0 cm • D E- t 1-) CP adicional em que a Microsoft incorreria ao gravar em urn CD uma cOpia adicional do programa — 6 de apenas alguns dOlares. 0 preco de mercado do Windows 6 muitas vezes superior ao seu custo marginal. Talvez nao seja surpreendente que os monopOlios cobrem precos elevados por seus produtos. Os clientes dos monopOlios parecem nao ter outra escolha a nao ser pagar o prey) que o monopOlio esteja cobrando. No entanto, se 6 esse o caso, por que uma copia do Windows nao custa $ 500? Ou $ 5 mil? A razao, naturalmente, é que se a Microsoft fixasse urn preco tdo elevado, menos pessoas comprariam o produto. As pessoas comprariam menos computadores, passariam para outros sistemas operacionais ou fariam copias ilegais. Os monopalios nao conseguem ating,ir qualquer nivel de lucro que desejem porque precos elevados reduzem a quantidade que seus clientes compram. Embora os monopOlios possam controlar preco de seus produtos, seus lucros nao sac) ilimitados. Ao examinarmos as decisoes de producao e determinacao de precos dos monopolios, consideraremos tambem as implicacoes do monopalio para a sociedade como urn todo. As empresas monopolistas, assim como as competitivas, tern por objetivo maximizar o lucro, mas esse objetivo tern ramificacoes m-uito diferentes para as empresas competitivas e as monopolistas. Como vimos no Capitulo 7, nos mercados competitivos, os compradores e vendedores, interessados em si proprios, sao inconscientemente conduzidos por uma mao invisivel em direcao a promocao do bem-estar economic° geral. Por outro lado, como as empresas monopolistas na-o estao sujeitas ao freio da competica- o, o resultado em urn mercado em que haja monopolio nem sempre atende aos melhores interesses da sociedade. Urn dos Dcz Principios de EC0110111la do Capitulo 1 6 que os govemos as vezes podem melhorar os resultados do mercado. A analise feita neste capitulo esclarecera esse principio. Ao examinarmos os problemas que os monopolios criam para a sociedade, tambem discutiremos as diversas maneiras pelas quais os formuladores de politicos do governo podem reagir a esses problemas. 0 govern° norte-americano, por exemplo, fica muito atento as decisoes empresariais da Microsoft. Em 1994, impediu que a empresa con-iprasse a Intuit, uma produtora de software que vende o principal progTama de gerenciamento de financas pessoais, alegando que uma combinacao da Microsoft corn a Intuit concentraria excessivamente o poder de mercado nas maos de uma so empresa. De maneira semelhante, em 1998, o Departamento de Justica dos Estados Unidos apresentou objecao quando a Microsoft comecou a integrar seu navegador de Internet ao sistema operacional Windows, afirmando que isso impediria a competicao por parte de outras empresas, como a Netscape. Essa preocupacao levou o Departamento de Justica a propor uma demanda em juizo contra a Microsoft. Quando o processo se encerrou, em 2002, a Microsoft concordou corn alg,umas restricoes as suas praticas empresariais, mas lhe foi permitido manter o navegador como parte do Windows. POR QUE SURGEM OS MONOPOLIOS monopolio uma empresa que é a Unica vendedora de urn produto que nao tern substitutos proximos Uma em -)resa 6 urn mono olio se 6 a unica vendedora de seu produto e se seu zoduto rid° tern substitutouroximos. A causa fundamental dos monopolios esta nas 13arreims a entrada: urn monopolio se mantem corno o ianico ven edor de seu ue Els____outras empresas nao -)odem entr AO mercado e competir com ela. As barreiras a entrada, por sua vez, tern tres origens principals: ) • Umrecuo-chveé exclusivo de uma Unica empresa. ') • Ozoverno concede a uma Unica em resa cy:direito exclusivo de pro uzir tim determinado bem ou servico. _ kr-1 1 "T t) • ts f c() • • 1', Pj! A CAPftULO 15 MONOPCSLIO EPt ( 315 Os custos de rodu ^ae o tornam um nico produtor mais eficiente do que um g,rande nUmero de_produtores. Vamos discutir rapidamente cada uma dessas fontes. Recursos Monopolistas A maneira mais simples pela qual urn monoólio pode surr e uma única empresa ser propriet, ria de um recurso-chcive. Considere, por exemplo, o mercado de agua em uma pequena eidade do Velho Oeste. Se dúzias de moradores tiverem pNos em funcionamento, o modelo competitivo discutido no capitulo anterior descreverá o comportamento dos vendedores. Com isso, o prev) de um galk, de água será igual ao custo marginal do bombeamento de um galk) adicional. Entretanto, se houver somente um poc;o na cidade e for impossivel obter água de alguma outra maneira, . ent a"o o dono do po9D tera um monopOlio sobre a 4,ua. N a- - o é de sur1.-)reender que o monopolista tenha muito mais poder de mercado do que qualquer empresa em um mercado competitivo. No caso de um bem indispens. vel como a água, o monopolista pode exigir um preo muito alto, mesmo que o custo marginal seja baixo. Embora a propriedade exclusiva de um recurso-chave seja uma causa potencial de monopOlio, os monopOlios raramente surgem por esse motivo na prEitica. As economias atuais s • - o g,randes e os recursos tem muitos proprietrios. Com efeito, como muitos bens s" - o negociados internacionalmente, o alcance natural de seus mercados muitas vezes é mundial. Assim, há poucos exemplos de en-ipresas que sejam proprietrias de um recurso para o qual n'a- o haja substitutos prximos. Estudo de Caso 0 MONOPLlO DA DeBEERS SOBRE OS DIAMANTES Um exemplo cl ssico de monopOlio que resultou da propriedade de um recursochave e o da DeBeers, a empresa de diamantes da ikfrica do Sul. A DeBeers controla cerca de 80°/0 da produ o mundial de diamantes. Embora a participa o da empresa no mercado não seja de 100%, e grande o bastante para exercer influencia considervel sobre o preo mundial dos diamantes. Quanto poder de mercado a DeBeers tem? A resposta depende, em parte, da existencia de substitutos prOximos para seu produto. Se as pessoas enxergarem esmeraldas, rubis e safiras como bons substit-utos para os diamantes, ent a"o a DeBeers teth poder de mercado relativamente pequeno. Neste caso, qualquer tentativa por parte da empresa de aumentar o preo dos diamantes faria com que as pessoas trocassem os diamantes por outras pedras preciosas. Mas se as pessoas considerarem que essas outras pedras s'aTo muito diferentes dos diamantes, ento a DeBeers poderá exercer uma influencia considethvel sobre o preo de seu produto. A DeBeers paga por um grande volume de publicidade. À primeira vista, essa deciso pode parecer surpreendente. Se um monopolista é o Unico vendedor de seu produto, entki por que precisa anunciar? Um objetivo dos amincios da DeBeers e diferenciar os diamantes das demais pedras na mente dos consumidores. Quando o slogan da empresa afirma que "diamantes são para sempre", quer que pensemos que o mesmo n a"o se aplica a esmeraldas, rubis e safiras (e observe que o slogan se aplica a todos os diamantes, n'aTo só aos da DeBeers — um sinal da posi o monopolista da empresa). Se os an-Uncios forem bem-sucedidos, os consumidores enxergar os diamantes como Unicos, e não apenas como uma dentre diversas pedras preciosas, e essa perceN a- - o dará à DeBeers maior poder de mercado. • "Em vez de um monopalio, gostamos de pensar em nas mesmos como ia Unica opcqo que ha na cidadel" 316 cA0 DA INDUSTRIA PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E 0RGANIZA MonopOlios Criados pelo Governo a uma so pesEm muitos casos, os monopOlios surgem porque o govern° concede As vezes, o soa ou empresa o direito exclusivo de vender algum bem ou servico. . Antes,c)or monopolista ser quer quern de politica monopolio decorre da influencia seus amigos e aliaexemplo, os reis concediam licencas exclusivas de comercio a visto como é isso porque dos. Em outros casos, o govern° concede urn monopolio concedeu monopode interesse public°. Por exemplo, o govemo norte-americano a base de dados lio a uma empresa chamada Network Solutions, Inc., que mantem .gov, corn base na de todos os enderecos de Internet terminados em .com, .net e . crenca de que esses dados precisarn ser centralizados e abrangentes de como As leis de patentes e direitos autorais sao dois exemplos importantes Quando uma public°. interesse ao atender para o governo cria urn monopolio pode requerer companhia farmaceutica descobre urn novo medicament°, t° é realmente origoverno uma patente. Se o govern° considera que o medicamen de fabricacao exclusivo direito empresa a confere que o ginal, a patente é aprovada, autor termina de e venda do produto por 20 anos. De maneira similar, quando urn autoral direito 0 ele. sobre escrever urn romance, pode requerer o direito autoral o livro sem a uma garantia do govern° de que ning-uem podera imprimir e vender a sobre a permissao do autor. 0 direito autoral faz do romancista urn monopolist venda de seu livro. Como essas E fOcil perceber os efeitos das leis de patentes e direitos autorais. elevados dos que os leis concedem monopolio a urn proclutor, levam a precos mais prod-utores esses que permitir ao Mas, . que ocorreriam se houvesse competicao as leis tambem monopolistas cobrem precos mais altos e obtenham lucros maiores, farcompanhias as que encorajam alg,uns comportamentos desejaveis. Permite-se corn o objetivo de maceuticas monopolizem os medicamentos que descobrem as vendas de seus incentivar a pesquisa. Permite-se que os autores monopolizem livros para incentiva-los a escrever mais e melhores livros. e custos. beneficios trazem autorais direitos e patentes regem que Assim, as leis compensados, em Os beneficios sao urn incentivo major a atividade criativa e sao os examinarem que , monopolica precos certa medida, pelos custos da formacao de em maiores &taffies adiante. monopalio natural um monop6lio que surge porque uma s6 empresa consegue ofertar urn bem ou servico a urn mercado inteiro a urn custo menor do que ocorreria se existissem duas ou mais empresas no mercado Monopolios Naturals em -)resa conse_g_ue oferUma indUstria é urn monopolio natural quando uma so a urn custo menor do gue duas ou tar urn bem ou servico a urn mercado inteiro , --cr de escala_para mars empresas. Urn monopalio natural su re quando he economias custo total medio de uma toda a faixa relevarrte de producao. A Figura 1 mostra o pode procluzir empresa corn economias de escala. Neste caso, uma sO empresa qualquer quanqualquer quantidade de produto a urn custo menor. Ou seja, para menor produuma a leva empresas de nUmero major tidade dada de produto, urn cao por empresa e a urn custo total medio mais elevado. levar agua Para 6gua. de Um exemplo de monopalio natural esta na distribuicao rede de tubulaaos moradores de uma cidade, uma empresa precisa construir uma desse sewico, cada goes. Se duas ou mais empresas competissem na prestacao o custo total empresa teria que pagar o custo fixo da construcao da rede. Assim, medio da agua é menor se uma sO empresa supre o mercado. os bens pUbliVimos outros exemplos de monopolio natural quando cliscutimos que alguns cos e os recursos comuns, no Capitulo 11. Observamos, de passagem, é uma ponte que bens da economia sao excludentes, mas nao rivais. Urn exernplo CAPhilL0 15 MONOP15110 FiGuRT, Economias de Escala como Causa de um Monopnlio Quando a curva de custo total medio de uma empresa dedina continuomente, a empresa tem o que se denomina monopOlio natural. Neste caso, quando a producck se divide entre um maior n mero de empresos, cada umo delas produz menos e o custo total medio aumenta. Assim, uma só empresa consegue produzir qualquer quantidade dada a um custo menor. Custo onfrY D Custo total -1‘4=) medio 0 Quantidade produzida seja th'o pouco trafegada que nunca haja congestionamento nela. A ponte é excludente porque um pedalgio poderia impedir que alguem a usasse e naio e rival porque o uso dela por alg,uem nalo diminui a possibilid ade de que outras pessoas a usem. Como hé um custo fixo para a constru o da ponte e um custo marginal desprezivel para os usuffiios adicionais, o custo total medio de uma viagem pela ponte (o custo total dividido pelo ri mero de viagens) diminui com o aumento do ntimero de viagens. Por essa razk), a ponte e um monoplio natural. Quando uma empresa é um monopfflio natural, preocupa -se menos com a entrada de novas empresas no mercado que possam erodir seu poder monopolista. Normalmente, uma empresa tem dificuldade para manter sua posi o monopolista se ri s o tem a propriedade de um recurso-c have ou a prote o do governo. 0 lucro do monopolista atrai novas empresas para o mercado e estas podem tornar o mercado mais competitivo. Em compara o, entrar em um mercado em que alguma empresa detenha monopfflio natural não é interessante. As empresas entrantes em potencial sabem que não poder"o atingir os mesmos baixos custos de que desfruta o monopolista porque, depois de entrar, cada uma teria uma fatia menor do mercado. Em alguns casos, o tamanho do mercado é determin ante para saber se uma indstria é um monopOlio natural ou naio. Novamen te, considere uma ponte sobre um rio. Quando a popula o é pequena, a ponte pode ser um monoplio natural. Uma só ponte pode satisfazer totalmente a demanda por viagens de um lado a outro do rio pelo menor custo, mas, à medida que a populgo cresce e a ponte fica congestionada, satisfazer totalmente a demanda pode requerer duas ou mais pontes sobre o mesmo rio. Portanto, com a expansk) do mercado, um monop6lio natural pode evoluir e se tornar um mercado competitivo. 318 EMPRESA E ORGAN PARTE 5 COMPORTAMENTO DA Teste Rapido IZACAO DA INDUSTRIA urn mercado pode ser monopolista? De dois Quais so as tres razbes pelas quais da existencia de cada urn deles. exem- plos de monopolios e explique as razOes COMO GS MONOPOLIOS IMAM DECISOES O DE PROMO° E DETERMINA00 DE PREC olios, podemos examinar como uma Agora que sabemos como surgem os monop ir e que prego cobrar pelo seu produempresa monopolista decide quanto produz olista que fazemos nesta secao é o ponto to. A analise do comportamento monop lios sao desejaveis e que politicos o govemo de partida para avaliar se Os monopo pode adotar nos mercados monopolistas. MonopOlio e Competicao a competitiva e urn monopolista é a capaA principal diferenca entre uma empres de seu produto. Uma empresa compecidade que este tern de influenciar o preco de o em que opera e, portanto, toma o preco titiva é pequena em relag5o ao mercad es do mercado. Em contraposicao, urn monoseu produto como dacio pelas condign bem mercado, pode alterar o preco de seu polista, como tinico produtor em seu o. ajustando a quantidade que oferta ao mercad urn e itiva compet a empres uma entre Uma maneira de enxergar essa diferenca a que cada uma delas enfrenta. Quando monopolista é examinar a curva de demand antecapitulo no itivas empresas compet analisamos a maximizagao do lucro pelas de mercado como uma linha horizontal. rior, representamos g,raficamente o prego a quantidade que quiser a esse vender pode titiva compe a Como uma empres 2. horizontal, como no painel (a) da Fig,ura -1, ) reco, enfrenta uma curva de demanda vende urn produto que tern muitos subsCorn efeito, como a empresa competitiva de curva a o), demais empresas do mercad titutos perfeitos (os produtos de todas as a é perfeitamente elastica. demanda corn que coda empresa se defront é o tinico produtor de seu mercado, Ern contraposicao, como urn monopolista & do mercado. Assim, a curva de sua curva de demanda é a curva de demon dente por todos os motivos que descen ao demanda do monopolista tern inclinag no painel (b) da Figura 2. Se o monopo vimos anteriormente, como representado proconsumidores comprarao menos desse os , produto seu de prego o elevar lista que olista reduzir a quantidade de produto ciuto. Ern outras palavras, se o monop vende, o prego desse produto aumentard. o que ade capacid a o ece uma restriga A curva de demanda do mercado estabel de mercado. Se possivel, os monopolismonopolista tern de lucrar corn scu poder esse a ade e vender uma grande quantid tas prefeririam cobrar urn prego elevado torna esse resultado impossivel. Mais espepreco. A curva de demanda do mercacio o descreve as combinacCies de prego e mercad do a cificamente, a curva de demand lista. Ajustando a quantidade produquantidade possiveis para a empresa monopo ), o monopolista pode escolher qualzida (ou o preco cobrado, o que da no mesmo fora nao pode escolher um pont° que esteja quer ponto da curva de demanda, mas dela. caso no Como r? escolhe vai olista monop o Qual pont° da curva de demanda mos que o objetivo do monopolista seja das empresas competitivas, nos assumi empresa é a receita total menos os custos maximizar o lucro. Como o lucro total da do comportamento dos monopolios sera totais, nossa proximo tarefa na explicagao examinar suas receitas. CAPh-ULO 15 MONOINSLIO Curvas de Demanda para Empresas Competitivas e Monopolistas Como as empresas competitivas sao tomadoras de precos, elas se deparam com curvas de dernanda horizontais, como no painel (a). Como umo empresa monopolista é a única produtora em seu mercado, ela se depara com umo curm de dernanda de mercado com inclinacao descendente, como no painel (b). Como resultado, o monopolista precisa aceitar um preco menor se quiser vender uma quantidade maior. (b) A Curva de Demanda de um Monopolista (a) A Curva de Demanda de uma Empresa Competitiva Pre93 Preg) Demanda 0 Quantidade Produzida 0 A Receita de um 1VionoOlio Imag-ine uma cidade que tenha um s6 produtor de água. A Tabela 1 mostra como a receita do monop6lio poderia depender da quantidade de 4-ua produzida. As duas primeiras colunas mostram a escala de demanda do monop6lio. Se ele produzir 1 gakio de 4ua, poderá vende-lo por $ 10. Se produzir 2 gaffies, precisará reduzir o preo para $ 9 por galo se quiser vende-los. Se produzir 3 ga1 es, o preo precisaul cair para $ 8 e assim por diante. Se representarn-tos gr, aficamente as duas colunas de nUmeros, obteremos uma curva de clemanda tipica com descendente. A terceira coluna da tabela representa a receita total da empresa monopolista, que é ig,ual à quantidade vendida (da primeira coluna) multiplicada pelo preo (da 5 seprida coluna). A quarta coluna traz a receita nic dia da en-tpresa, que é o quanto de receita que a empresa recebe por unidade vendida. Calculamos a receita media tomando o valor da receita total, na terceira coluna, e dividindo-o pela quantidade produzida, na prinleira. Como vimos no capitulo anterior, a receita media sempre igual ao 1_-)reo do bem. Isso é válido tanto para as empresas monopolistas quanto para as empresas competitivas. A - 1tima coluna da Tabela 1 nos fornece o cfficulo da receita inarginal da empresa, que é a receita que a empresa recebe pela venda de cada unidade adicional de produto. Calculamos a receita marg,inal tomando a varig: o da receita total obtida quando a quantidade vendida aumenta em uma unidade. Por exen-tplo, quando a fazenda 1.-)roduz e vende 3 ga1 es de 4ua, sua receita total é de $ 24. Se aumentar a produ o e as vendas para 4 gales, aurnentará a receita total para $ 28. Assirn, a receita marginal é de $ 28 menos $ 24, ou $ 4. Quantidade Produzida 319 320 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E 0RGANIZAcA0 DA INDUSTRIA TABELA 1 Receita Total, Media e Marginal de urn Monopolio Quantidade de Agua (Q) 0 galao Preco (P) $ 11 Receita Total Receita Media Receita Marginal (RT = P x Q) $0 (RM = RTIQ) (RMg = ART I AO $10 1 10 10 • $ 10 2 9 18 9 3 8 24 8 8 6 t, 4 4 7 28 7 5 6 30 6 6 5 30 5 4, 2 i; 0 7 4 28 4 8 3 24 3 -4 A Tabela 1 mostra urn resultado clue é importante para o entendimento do cornportamento do monopolista: a receita marginal da empresa monopolista e sempre menor do clue o prep do bem. Por exemplo, se a empresa aumentar a producao e a venda de agua de 3 para 4 galoes, a receita total aumentara apenas $ 4, embora ela seja capaz de vender cada galao por $ 7. Para urn monopolista, a receita marginal menor do que o preco porque ele se depara corn uma curva de demanda corn inclinac5o descendente. Para aumentar a quantidade vend ida, uma empresa monopolista precisa reduzir o preco do bem. Assim, para vender o quarto galdo de agua, a empresa monopolista tern de obter uma receita menor por cada urn dos tres primeiros galbes. A receita marginal dos monopalios é muito diferente da receita marginal das empresas competitivas. Quando urn monopolista aumenta a quantidade vendida afeta de duas formas a receita total (P x Q): • 0 efeito quantidade: é vendida uma quantidade major, de modo que Qé major. • 0 efeito prep: o preco cai, de modo que P é menor. Como as empresas competitivas podem vender tudo o que quiserem ao preco de mercado, ndo existe para elas o efeito preco. Quando elas aumentam a producao em uma unidade, recebem o preco de mercado por essa unidade e nao recebem nada a menos pelas unidades quo já estavam vendendo. Ou seja, como as empresas competitivas sao tomadoras de precos, sua receita marginal é igual ao preco do bem. Um monopolista, por sua vez, quando aumenta a producao em 1 unidade, precisa reduzir o preco cobrado por unidade vendida e essa reducdo do preco reduz a receita advinda das unidades que já. vinha vendendo. Como resultado, a receita marginal do monopOlio é menor do que o preco. CAPh-ULO 15 NIONOK5L10 321 FIGURA 3 Pre9) As Curvas de Demanda e de Receita Marginal para um Monopnlio $11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 -1 A curva de demanda mostra como a quantidade Receita marginal 1 2 3 Demanda (receita r clia) 4 7 5 8 afeta o preco do bem. A curva de receita marginal mostro como a receito do empreso varia quando a quantidade aumenta em 1 unidade. Como o preco de todas os unidades vendidas deve cair se o monopOlio aumentar a produ0o, o receita marginal sera sempre menor que o preco. Quantidade de ikgua —2 —3 —4 A Figura 3 representa as curvas de demanda e de receita marginal de uma empresa monopolista. (Como o preo da empresa é igual à sua receita media, a curva de demanda é tambem sua cui-va de receita media.) Essas duas curvas sempre partem do mesmo ponto no eixo vertical porque a receita marginal da primeira unidade vendida e igual ao preo do bem. Mas, desse ponto em diante, pelo motivo que acabamos de discutir, a receita marg,inal do monopolista passa a ser p menor que o pre9 do bem. ConseqUentemente, sua curva de receita marginal fica abaixo da sua curva de demanda. Podemos ver na fig,ura (e na Tabela 1) que a receita marginal pode ate tornar-se negativa. A receita marg,inal e negativa quando o efeito preo sobre a receita maior do que o efeito quantidade. Neste caso, quando a empresa produz uma unidade adicional de produto, o pre9D cai o suficiente para fazer com que a receita total diminua, mesmo que a empresa esteja vendendo mais unidades. p P.0 Maximizack de Lucros, L‘ 0 Agora que já nos familiarizamos com a receita de uma empresa monopolista, estamos prontos para examinar como ela maximiza seus lucros. Como vimos no Capitulo 1, um dos Dez Principios de Econonna e de que as pessoas racionais pensam na margem. Essa lição vale tanto para as empresas monopolistas quanto para as competitivas. Aqui, aplicamos a lógica da análise marg,inal à deciso do monopolista sobre quanto produzir. A Figura 4 mostra a curva de demanda, a curva de receita marginal e as curvas de custo para uma empresa monopolista. Todas elas devem parecer familiares: as curvas de demanda e de receita marginal s'a o como as encontradas na Figura 3 e as s de custos s o como aquelas que vimos nos dois últirnos capitulos. Essas curvas contelm todas as informg^6es de que precisamos para determinar o nivel de produo que um monopolista maximizador de lucros vai escolher. trk PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E 0RGANIZAcii0 DA INDUSTRIA 322 1.1 p t ‘`) Maximizacio dos Lucros de um Um monopolista maximiza o lucro escolhendo quantidade ern que a receita marginal se iguala ao custo marginal (panto A). Entao, usa a curva de demanda para determinar o preco que induzirci as consumidores a comprar essa quantidade (pont° B). 4) jj) .. c}.,-) -, C)j V V,‘)J , z ,F, .J !') . voo twry.3 0 oc) , rolOt ) 1. \ • 0 °'-(f€) Y t o r,c- ,e, 5 0 r 0 tio 1 max Quantidade Suponhamos, em primeiro lugar, que a empresa esteja operand° corn um baixo nivel de producao, como Q 1 . Neste caso, o custo marginal é menor que a receita marginal. Se a empresa aumentar a produc5o em 1 unidade, a receita adicional excedera os custos adicionais, e o lucro aumentara. Assim, quando o custo marginal é menor do que a receita marginal, a empresa pode aumentar o lucro produzindo urn numero maior de unidades. Urn arg,umento semelhante aplica-se a niveis elevados de producao, como Q2. Neste caso, o custo marginal é major do que a receita marginal. Se a empresa reduzir a producao em 1 unidade, os custos poupados ser5o maiores que a receita perdida. Assim, se o custo marginal for major do que a receita marginal, a empresa podera aumentar o lucro reduzindo a producdo. No final, a empresa ajusta seu nivel de produc5o ate que a quantidade atinja QMAXf na qual a receita marginal é igual ao custo marginal. Assim, a quantidade produzida que maximiza o lucro do monopolista detenninada pela intersccao do curva de receita marginal corn a curva de custo marginal. Na Figura 4, essa intersecao se dá no pont° A. Como vimos no capitulo anterior, as empresas competitivas tambem optam por produzir uma quantidade em que a receita marginal seja ig,ual ao custo marginal. No que se refere a essa reg,ra da maximizacao de lucros, as empresas competitivas e as monopolistas sao semelhantes, mas tambem ha uma diferenca importante entre esses tipos de empresa: a receita marginal das empresas competitivas é igual ao preco, ao passo que a receita marginal de urn monopolista é menor que a preco. Ou seja: Para empresas competitiyas:_ P= = CMg clPara monop_olistas: P > RA/Ig = CMg; t ) , ‘5T A igualdade da receita_marginal _ ._,e do. custo marginal na quantidade ...._ _que . maxi. ___ miza e a mesma para _ . _ os dois tipos ___ de empresa. 0 que difere _ _e a relacao __ _ _. _ o lucro enire__9 _._ preco, a receita marginal e o custo marginal. _______ - AO?' Demanda Receita marginal 0 ql) Cyt Ci i26.) Custo marginal ri • \ , if:- 1. A intersecao da curva de receita marginal e da curva de custo marginal determina a quantidade que maximiza o lucro... Custo total medio ro' .\ • )-Y -. 5) I _ot .c.:3-''S. C. 2.... e entao a curva de demanda mostra o preco consistente corn essa quantidade. Preco do monopolista c2-1 (); -e. ,.('.. Custos e Receita Monopolista CAPiTULO 15 MIONOP151_10 323 maneira descrita neste capitulo), o monop6lio não tern curva de SAIBA MAIS SOBRE... POR QUE OS MONOPLlOS NAO i CURVA DE OFERTA TN você talvez tenha percebido que analisamos o preco em um mercado monoi)olista usando a curva de demanda de mercado e as curvas de custos da empresa. Não fizemos nenhuma referencia à curva de oferta do mercado. Em contraposi0o, quando analisamos os precos nos mercados competitivos, a partir do Capitulo 4, as duas palavras mais importantes sempre foram oferta e demanda. 0 que aconteceu com a curva de oferta? Embora as empresas monopolistas tomem decises sobre a quantidade a ser ofertada (da oferta. Uma curva de oferta nos diz a quantidade que a empresa decide ofertar a qualquer preco dado. Esse conceito faz sentido quando analisamos as empresas competitivas, que são tomadoras de precos. Mas uma empresa monopolista é formadora de preco, e não tomadora. N&-.) faz sentido perguntar a quantidade que uma empresa monopolista produziria a qualquer preco porque a empresa estabelece o preco ao mesmo tempo que escolhe a quantidade que ofertar. Com efeito, a decisk de um monopolista sobre quanto ofertar não pode ser separada da curva de demanda com que ele se depara. 0 formato da curva de demanda determina o formato da curva de receita marginal, que, por sua vez, determina a quantidade que maximiza o lucro do monopolista. Em urn mercado competitivo, as decis"Cies de oferta podem ser analisadas sem que se conheca a curva de demanda, mas o mesmo não se aplica ao mercado monopolista. Portanto, nunca falamos da curva de oferta de um monop6lio. Como o monopolista encontra o preo que maximiza o lucro para seu produto? A curva de demanda responde a essa pergimta porque relaciona o preo que os clientes esth- o dispostos a pagar com a quantidade vendida. Assim, depois que a empresa monopolista decide o volume de produ o que iguala a receita marg,inal ao custo marginal, usa a curva de demanda para identificar o 1.-)rev) consistente com essa quantidade. Na Figura 4, o preo que maximiza o lucro estEl no ponto B. Agora podemos ver uma diferenyl crucial entre os mercados con-i empresas competitivas e os mercados em que há monopOlio: 110S mercados competitivos, o preco se iguala ao custo marginal. Nos mercados monopolistas, o preco é maior que o custo mar- Como veremos em breve, essa conclusio é crucial para entender o custo social do monopOlio. 0 Lucro de um Monopoiista Quanto lucra uma empresa monopolista? Para encontrar o lucro de tal empresa, lembre-se de que o lucro e ig,ual à receita total (RT) menos os custos totais (CT): Lucro = RT — CT Essa expresso pode ser reescrita con-io Lucro = (RT/Q — CT/Q) x Q RT/Q é a receita media, que e igual ao preo P, e CT/Q é o custo total medio CTM. Assim, Lucro = (P — CTM) x Q 324 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA INDUSTRIA FIGURA 5 0 Lucro do Monopolista A drea do retOngulo BCDE é iguol oo lucro de uma empresa monopolista. A altura do retangulo (BC) e o prep menos o custo total medio, que e Igual ao lucro par unidade vend/do. A largura do retangulo (DC) e o numero de unidades vend/dos. Custos e Receita Custo marginal Preco do monopolista Custo total media Custo total medic D Lucro do monopolista Demanda Receita marginal Q MAX Quantidade Essa equacao do lucro (que é a mesma das empresas competitivas) nos permite medir o lucro do monopolista em nosso grafico. Considere o retang,ulo sombreado da Figura 5.A altura do retang,ulo (o seg,mento BC) é o preco menos o custo total medic), P — CTM, que é o lucro por unidade vendida. A largura do retangulo (o seg,mento DC) é a quantidade vendida Assim, a area do retangulo representa o lucro total do monopolista. Estude de Cass MED1CAMENTOS MONOPOL1ZADOS E MED1CAMENTOS GENER1COS Segundo nossa analise, Os precos sac) determinados de maneira bem diferente nos mercados monopolistas e nos mercados competitivos. Urn ambiente ideal para testar essa teoria é o mercado de medicamentos porque este contem as duas estruturas de mercado. Quando uma empresa descobre urn novo medicament°, as leis de patente the concedem urn monopolio sobre a venda do medicament° ern questa°. Mas, corn o tempo, a patente acaba por expirar e, a partir dal, qualquer empresa pode fabricar e vender o medicament°. Nesse momento, o mercado deixa de ser monopolista e passa a ser competitivo. 0 que acontece corn o preco de urn medicament° quando a patente exi)ira? A Fig,ura 6 mostra o mercado de urn medicament° tipico. Nessa figura, o custo marginal da producao do medicament° é constante (isso é aproximadamente verdadeiro para muitos medicamentos). Durante a vigencia da patente, a empresa monopolista maximiza o lucro produzindo a quantidade em que a receita marginal se iguala ao custo marginal e cobrando urn preco bem superior ao custo marginal, mas, quando a patente expira, o lucro proporcionado pela producao do CAP1TULO 15 MONOPOLIO 325 FIGURA 6 0 Mercado de Medicamentos Custos e Receita Preco durante a vig&Kia da patente Custo marginal Preco aps a patente expirar Receita marginal Quantidade de monop6lio Quantidade competitiva Demanda Quantidade medicamento encoraja a entrada de novas empresas no mercado. À medida que o p mercado se torna mais competitivo, o preQ cai ate se igualar ao custo marginal. E os fatos so consistentes com nossa teoria. Quando a patente de um medicamento expira, outras empresas entram rapidamente no mercado e comeam a ven. der os produtos chamados genericos, que s .o quimicamente identicos ao produto de marca do antigo monopolista. E, como preve nossa análise, o preo do medicamento generico produzido de forma competitiva é bem inferior ao que era cobrado pela empresa monopolista. 0 vencimento da patente, entretanto, ruio faz com que o monopcTho perca todo o seu poder de mercado. Alguns consumidores se mantem fieis ao medicamento de marca, talvez com medo de que os novos medicamentos genericos não sejam realmente iguais àqueles que vem usando há anos. Como resultado, o antigo monopolista pode continuar a cobrar um preo um pouco superior ao preo praticado por seus novos concorrentes. • Teste R4iclo Explique como um monopolista escolhe a quantidade produzida e o preco a ser cobrado pelo produto. 0 CUSTO DO MO kOPL110 E?A RELA00 AO BEM-ESTAR 0 monopOlio e uma boa mancira de organizar un-1 mercado?Vimos que os monopolistas, diferentemente das empresas competitivas, cobram preos superiores ao custo marginal. Do ponto de vista dos consumidores, esse preQc) elevado faz com que os monop6lios sejam indesejeh r eis. Ao mesmo tempo, contudo, os monopolistas lucram com os altos prec;o que cobram. Do ponto de vista dos proprietrios das empresas, o preo elevado faz com que o monopOlio seja muito atraente. Sen1 que Quando uma patente confere a uma empresa um monopOlio sobre a venda de um medicamento, a empresa cobra o preco de monopcilio, que é bem superior ao custo marginal de producq- o do medicamento. Quando a patente do medicamento expira, novas empresas entram no mercado, tornando-o mais competitivo. Como resultado, o valor cai do preco monopolista para o custo marginal. 326 PARTE 5 COMPORTAIVIENTO DA EIVIPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA os beneficios para os propriet6rios das empresas superam os custos impostos aos consumidores, fazendo corn que o monopOlio seja desejavel do ponto de vista da sociedacie como urn todo? NOs pociemos responder a essa questa() usando o tipo de anzilise visto no Capitulo 7. Como naquele capitulo, usamos o excedente total como nossa medida de hem-estar economic°. Lembre-se de que o excedente total é a soma do excedente do consumidor e do excedente do produtor. 0 excedente do consumidor é a disposicao dos consumidores para pagar por urn bem menos o montante que efetivamente pagam por ele. 0 excedente do produtor é a quantia que os produtores recebem por urn bem menos seus custos de producao. Neste caso, 116 urn so produtor — o monopolista. Voce talvez j6 tenha conseguido imaginar o resultado desta analise. No Capitulo 7, concluimos que o equilibrio da oferta e da ciemanda em um mercado competitivo é urn resultado no apenas natural, mas tambem desejlivel. Em particular, a m5o invisivel do mercado leva a uma alocacao de recursos que torna o excedente total o major possivel. Como urn monopolio leva a uma alocacao de recursos diferente da que ocorreria em urn mercado competitivo, o resultado deve, de alguma rnaneira, falhar na maximizacao do hem-estar economic° total. 0 Peso Morto Comecaremos examinando o que a empresa monopolista faria se fosse administrada por urn planejador social benevolente. 0 planejador social nao se preocupa apenas corn o lucro obtido pelos proprietarios da empresa, mas tambern corn os beneficios recebidos pelos consumidores dos produtos vendidos pela empresa. 0 planejador tenta maximizar o excedente total, que é igual ao excedente do produtor (lucro) mais o excedente do consumidor. Tenha em mente que o excedente total é igual ao valor do hem para os consumidores menos os custos de producao do produtor monopolista. A Figura 7 analisa o nivel de producao que um planejador social benevolente escolheria. A curva de demanda reflete o valor do bem para os consumidores, medido por sua disposicao de pagar por ele. A curva de custo marginal reflete os custos para o monopolista. Assim, a quantidade socialmente eficiente se encontra no ponto em quo a curve de demanda e a curva de custo marginal se cruzam. Abaixo dessa quantidade, o valor para os consumidores excede o custo marginal de ofertar o bem, de mod° que aumentar a produc5o aumentaria o excedente total. Acima dessa quantidade, o custo marginal excede o valor para os consumidores, de modo que diminuir a producao elevaria o excedente total. Se o planejador social estivesse administrando o monopolio, a empresa poderia atingir esse resultado eficiente cobrando o prow encontrado na intersecao das curvas de demanda e de custo marginal. Assim, tal como uma empresa competitiva e nao como uma empresa monopolista maximizadora de lucro, o planejador social cobraria um 'Dreg° ig,ual ao custo marginal. Como esse preco daria aos consumidores urn sinal correto sobre o custo de producao do hem, os consumidores comprariam a quantidade eficiente. Podemos avaliar os efeitos de bem-estar do monopOlio comparando o nivel de producao que o monopolista escolhe corn o nivel de producao que urn planejador social escolheria. Como vimos, o monopolista decide produzir e vender a quantidade em que as curvas de receita marginal e custo marginal se cruzam; o planejador social escolheria a quantidade em que as curvas de demancla e de custo marginal se cruzam. A Figura 8 mostra uma comparac5o entre as duas situagoes. 0 monopolista produz menos do quo a quantidade de produto sociahnente tliciente. CAPiTULO 15 MONOKSLIO 327 FIGURA 7 Pre93 0 Nivel de Producb Eficiente Custo marginal Um plonejador social benevolente que desejosse maximizar o excedente total do mercado escolheria o nivel de producO-o em que as curvas de demanda e de custo marginal se cruzam. Abaixo desse nivel, o valor do bem para o comprador marginal (como refletido na CUNG de demanda) excede o custo marginal de producdo do bem. Acima desse nível, o valor para o comprador marginal é menor do que o custo marginal. Custo — para o monopolista Valor para os compradores Demanda (valor para Valor os compradores) para os likcompradores Custo — para o monopolista Quantidade Valor para os compradores é maior do que o custo para o vendedor. 0 valor para os compradores menor do que o custo para o vendedor. Quantidade eficiente A lneficiência do MonoOlio Como um monopcilio cobra um preco superlor ao custo marginal, nem todos os consumidores que atribuem ao bem volor superior ao custo o compram. Assim, a quantidade produzida e vendido por um monopolista é inferior ao nivel socialmente eficiente. 0 peso morto é representado pela Orea do trOngulo entre a curva de demanda (que reflete o valor do bem para os consumidores) e a curva de custo marginal (que reflete o custo para o produtor monopolista). Preg) Preo do monoplio Receita marginal Quantidade Quantidade do monoplio eficiente Demanda Quantidade 328 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E 0RGANIZAcA0 DA INDOSTRIA Tambern podemos enxergar a ineficiencia do monopOlio em termos do preco do monopolista. Como a curva de demanda do mercado descreve uma relacao negativa entre o Few e a quantidade do hem, uma quantidade que seja ineficientemente baixa equivale a urn preco ineficientemente alto. Quando urn monopolista cobra urn preco superior ao custo marginal, alguns consumidores em potencial atribuem ao hem urn valor superior ao custo marginal, mas inferior ao preco monopolista, e acabam por nao comprar o bem. Como o valor que eles atribuem ao hem é major do que o custo de oferta-lo, esse resultado é ineficiente. Assim, a formacao de precos no monopolio impede que ocorram algumas transacoes mutuamente beneficas. Assim como medimos a ineficiencia dos impostos por meio do triangulo do peso morto no Capitulo 8, podemos medir a ineficiencia do monopolio de maneira similar. A Fig,ura 8 mostra o peso morto. Lembre-se de que a curva de demanda reflete o valor para os consumidores e que a curva de custo marginal reflete o custo para o produtor monopolista. Assim, a area do triangulo do peso morto, entre a curva de demanda e a curva de custo marginal, é igual a perda de excedente total decorrente da formacao de preco monopolista. 0 peso morto causado pelo monopolio é semelhante aquele causado por urn impost°. Corn efeito, o monopolista se assemelha a urn coletor privado de impostos. Como vimos no Capitulo 8, urn impost° sobre urn hem insere uma cunha entre a disposicao para pagar dos consumidores (refletida na curva de demanda) e os custos dos produtores (refletidos na curva de oferta). Como urn monopolio exerce seu poder de mercado cobrando urn preco superior ao custo marginal, provoca uma cunha semelhante. Nos dois casos, a cunha faz corn que a quantidade vendida seja inferior ao otimo social. A diferenca entre os dois casos é que o govern() obtem uma receita a partir do impost°, ao passo que uma empresa privada obtem o lucro monopolista. O Lucro do MonopOlio: urn Custo Social? tentador censurar os monopalios por eles "explorarem" o public°. De fato, os monopolios obtem altos lucros por causa de seu poder de mercado. Mas, seg,undo a analise econ6mica do monopolio, o lucro da empresa lido é por Si so necessariamente urn problema para a sociedade. 0 hem-estar em urn mercado monopolizado, como em qualquer outro mercado, inclui tanto o hem-estar dos consumidores quanto o dos produtores. Quando urn consumidor paga urn dOlar a mais a urn produtor por causa de urn preco monopolista, sua situacao piora em urn dOlar e a do produtor melhora no mesmo montante. Essa transferencia dos consumidores do hem para os proprietarios do monopOlio nao afeta o excedente total do mercado — a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Ern outras palavras, o lucro monopolista por si so nao representa uma reducao do tamanho do bolo economico; representa apenas uma fatia major para os produtores e uma fatia menor para os consumidores. A menos que os consumidores sejam, por algum motivo, mais merecedores do que os produtores — urn julgamento que esta alem dos dominios da eficiencia economica o lucro do monopOlio nao representa urn problema social. 0 problema nos mercados monopolizados surge porque a empresa produz e vende uma quantidade inferior ao nivel que maximiza o excedente total. 0 peso morto mede quanto o bolo econemico se reduziu como resultado disso. Essa ineficiencia esta ligada ao preco elevado do monopolio: os consumidores compram menos -unidades quando a empresa eleva o preco para alem do custo marginal. Mas tenha em mente que o lucro obtido sobre as unidades que continuarao a ser vendidas nao é o problema. 0 problema decorre da ineficiencia de produzir (e vender) menos unidades do produto. Em outras palavras, se o preco elevado do monopOlio CAP1TULO 15 NIONOPOLIO 329 desencorajasse a compra do bem por alguns consumidores, elevaria o excen ao dente do produtor exatamente no mesmo montante em que reduziria o excedente do consumidor, deixando o excedente total no mesmo nivel que poderia ser atingido por um planejador social benevolente. Entretanto, ha uma possivel excelo a essa conclus^ao. Suponhamos que uma empresa monopolista tenha que incorrer em custos adicionais para manter sua monopolista. Por exemplo, uma empresa monopolista criada pelo governo posi ao pode precisar contratar lobistas para convencer os leg,isladores a manter o monopOlio. Neste caso, ela pode usar parte de seus lucros monopolistas para pagar esses custos adicionais. Neste caso, a perda social do monop6lio incluira tanto esses custos quanto o 1,-)eso morto resultante de um prec,:o superior ao custo marginal. Como a quantidade produzida por um monopolista se compara com a quantidade que maximiza o excedente total? Teste R4ido POUTGCA PBLlCA QUANTO AOS MONOP(3180S Vimos que os monop6lios, ao contrario dos mercados competitivos, falham na alocgo eficiente de recursos. Os monop1ios produzem menos do que a quantidade p de produto socialmente desejavel e, com isso, cobram pre9 s superiores ao custo marginal. Os formuladores de politicas do govemo podem reagir ao problema dos monopOlios de quatro maneiras: • • • • Tentando tornar as indUstrias monopolizadas mais competitivas. Regulamentando o comportamento dos monopcilios. Transformando alguns monopOlios privados em empresas pUblicas. N'ao fazendo nada. Aumento da Competick com a Leis_Antitruste Se a Coca-Cola e a PepsiCo quisessem se fundir, a transa o seria minuciosamente analisada pelo governo federal antes de ser realizada. Os advogados e economistas do Departamento de Justia poderiam concluir que a fuso destas duas grandes empresas de bebidas tornaria o mercado americano de refrigerantes substancialmente menos competitivo e, conseqi.ientemente, reduziria o bem estar econOmico do pais como um todo. Nesse caso, o Departamento de Justi a contestaria a fus-cio na corte e, se o juiz concordasse com as conclusOes, as duas empresas seriam impedidas de se fundirem. Foi exatamente este tipo de contesta o que impediu que a Microsoft, a gigante do software, comprasse a Intuit em 1994. 0 poder do governo sobre a indUstria privada provem da legislação antitruste, um conjunto de leis que tem por objetivo limitar o poder dos monoplios. A primeira e mais importante destas leis foi a Lei Antitruste Sherman, que o Congresso aprovou em 1890 para reduzir o poder de mercado dos g-randes e poderosos "trustes" que eram vistos como os dominadores da economia naquela epoca. A Lei Clayton, de 1914, refoNou os poderes do governo e autorizou processos judiciais privados. Como colocou a Suprema Corte dos Estados Unidos em uma ocasião, as leis antitruste são "uma carta abrangente de liberdade econOmica que tem por objetivo preservar a competi o livre e irrestrita como reg,ra de comercio". A legislação antitruste proporciona ao governo diversos meios para promover a competi o. Elas permitem que o governo impea fusOes, como a nossa fus'"o hipotetica entre a Coca-Cola e a PepsiCo. Tambern permitem que o governo des- "Mas se nos fundirmos com a Amalgarnated, teremos recursos o bastante para combater a viola0o das leis antitruste causada pela fusdo." 330 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EIVIPRESA E 0RGANIZAcii0 DA INDUSTRIA membre empresas. Em 1984, por exemplo, o govern° dividiu a AT&T, a g,rande empresa de telecomunicacoes, em oito empresas menores. Finalmente, a legislacao antitruste impede que as empresas coordenem suas atividades de forma a tornar os mercados menos competitivos; iremos discutir alguns usos da legislacao antitruste no Capftulo 16. A leg,islacao antitruste tern tanto custos quanto beneficios. As vezes as empresas se fundem nao para reduzir a competicao, mas para reduzir os custos atraves uma producao conjunta mais eficiente. Esses beneffcios das fusoes sao por vezes chamados de sinergias. Por exemplo, muitos bancos americanos se fundiram nos tiltimos anos e, combinando suas operacoes, conseg-uiram reduzir seus quadros administrativos. Se a leg,islacao tern por objetivo aumentar o bem-estar social, o govemo deve ser capaz de determinar quais fus6es sac) desejaveis e quais nao sac). Ou seja, ele deve ser capaz de medir e comparar o beneffcio social das sinerg,ias corn o custo social da reducao da concorrencia. Os crfticos das leis antitruste sao ceticos em relacao a capacidade do govern° de fazer a analise de custo-beneficio necessaria corn precisao suficiente. Regulamentacao Outra maneira pela qual o govern° lida corn o problema do monopOlio é pela regulamentacao do comportamento dos monopolistas. Essa solucao é comum no caso dos monopolios naturais, como os das empresas de agua e energia eletrica. Essas empresas não podem cobrar os 1,-)recos que desejam. Em vez disso, ha agendas governamentais que regulamentam seus precos. Que prey) o govemo deve estabelecer para urn monopolio natural? Esta pergunta nao é t5o simples quanto pode parecer a primeira vista. Seria possfvel concluir que o preco deveria ser igual ao custo marginal do monopolista. Se o preco for igual ao custo marginal, os clientes comprarao a quantidade que maximiza o excedente total e a alocacao de recursos sera eficiente. Mas h, entretanto, dois problemas praticos corn a determinacao do preco pelo custo marginal con-io sistema de rep., ilamentacao. A primeira estd ilustrada na Figura 9. Os monopolios naturals tern, por definicao, custo total medio decrescente. Como vimos no Capitulo 13, quail& o custo total medio é decrescente, o custo marginal é inferior ao custo total medio. Se os que fazem a regulamentacao fixarem o preco de forma que ele seja ig,ual ao custo marginal, o preco serEi inferior ao custo total medio e a empresa perdera dinheiro. Em vez de cobrar urn preco t5o baixo, a empresa monopolista simplesmente sairia do mercado. Os clue fazem a reg,ulamentacao podem reagir a este problema de diversas maneiras, nenhuma das quais é perfeita. Uma maneira seria subsidiar o monopolista. Essencialmente, o govemo arcaria corn as perdas inerentes a determinacao do preco pelo custo marginal. Mas para pagar pelo subsidio, o govern() precisaria arrecadar dinheiro por meio dos impostos, que tern seu proprio peso morto. Alternativamente, poderiam permitir que o monopolista cobrasse urn preco superior ao custo marginal. Se o 1.-)reco regulamentado for igual ao custo total medic), o monopolista tera lucro economic() igual a zero. Mas a determinacao do preco gera peso morto porque o preco do monopolista deixa de refletir o cust;) marginal da producao do bem. Essencialmente, a determinacao do preco pelo custo medio como urn imposto sobre o hem que o monopolista esta vendendo. 0 segundo problema da determinacao de preco pelo custo marginal como urn sistema de regulamentacao (e tambem da determinacao do preco pelo custo medio) é clue isso nao da ao monopolista qualquer incentivo a reducao de custos. Cada empresa de urn mercado competitivo tenta reduzir seus custos porque menores custos significam maiores lucros. Mas urn monopolista reg,ulamentado sabe que 331 CAPIITULO 15 MONOK5L10 — GURA . Determinac a. o do Preo pelo Custo Marginal para um Monopnlio Natural Pre9D Custo total medio Pre93 regulamentado Custo total medio Prejuizo Custo marginal Como um monopalio natural tem custo total medio decrescente, o custo marginal é inferior ao custo total rn6a1io. Assim, se os que fazem o exigirem que um regulamentacao monopalio natural cobre um preco igual ao custo marginal, o preco sera inferior ao custo total rndio e o monopalio perdera dinheiro. Demanda Quantidade - os que fazem a reg,ulamentg"a"o recluzir a"o os preos sempre que os custos cairern, se beneficiara dos menores custos. Na pratica, os responsaveis pela e que ele n ao reg-ulamenta o lidam com este problema permitindo que os monopolistas fiquem com parte dos beneficios dos menores custos sob a forma de um lucro mais elevado, uma pratica que exige desviar-se um pouco da detern-iina o do prec;o pelo custo marginal. Propriedade Nblica A terceira politica usada pelo governo para lidar com os monopOlios é a propriedade pUblica, ou seja, em vez de reg,ulamentar um monopOlio natural administrado por uma empresa privada, o prOprio governo pode administrar o monopOlio. Essa solu o é comum em muitos paises europeus, onde o govemo é proprietario e operador de empresas de servios pUblicos como as de telefonia, agua e energia Nos Estados Unidos, o governo administra o Servi o Postal. A entrega de correspondthlcia registrada é muitas vezes considerada um monopOlio natural. Os economistas costumam preferir a propriedade privada à propriedade pUblica dos monopOlio naturais. A questho central esta em como a propriedade da empresa afeta os custos de produ o. Há um incentivo para que os proprietarios privados minimizem os custos, desde que possam ficar com parte do beneficio sob a forma de lucros mais elevados. Se os administradores da empresa n. o estiverem sendo bem-sucedidos na redu a"o dos custos, os proprietarios os demitiro. Em comparg"cio, se os burocratas do governo que administram um monopOlio trabalharem mal, os perdedores sefa o os clientes e os contribuintes, cujo Unico recurso o sistema politico. Os burocratas podem tornar-se um g,rupo de interesse especial e tentar bloquear reformas que objetivem reduzir custos. Em termos mais claros, como maneira de garantir que as empresas sejam bem administradas, a cabine eleitoral é menos confiavel do que a motivg^ao do lucro. 332 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDOSTRIA Nao Fazer Nada Cada uma das politicas anteriores destinadas a reduzir o problema do monopOlio tern suas desvantagens. Como resultado, al guns economistas argumentam que em muitos casos o melhor para 0 govern° é no tentar remediar as ineficiencias da determinacao de precos monopolista. Eis aqui a ava1iac50 do economista George Stigler, quo ganhou o Premio Nobel por seu trabalho na area da organizacao industrial, publicada na Fortune Encyclopedia of Economics: Urn famoso teorema em economia afirma que uma economia corn empresas competitivas produzira a major renda possivel a partir de urn determinado NOTiCIAS TRANSPORTE PUBLIC° E INICIATIVA PRIVADA Em muitas ciolodes, o sistema de transporte coletivo de onibus e metro 6 urn monopOlio administrado pelo govemo local. Mas qual serd o melhor sistema? 0 Sujeito da Van Por John Tierney Vincent Cummins olha de dentro da van corn os olhos atentos de urn criminoso experiente. 0 centro do Brooklyn esta calmo esta noite... calmo demais. "Veja se no ha ninguem atras de mim!", grita ele no microfone de seu radio, falando corn um outro criminoso ao volante de uma van que acabou de passar por ele no sentido oposto da Livingston Street. Ele olha para os dois lados. No ha carros de policia a vista. E tambem nao ve nenhum dos costumeiros carros sem identificacao. Cummins fica ern silencio por alguns instantes — ele acabou de ouvir pelo radio que a policia acabou de prender dois outros motoristas mas nao consegue parar. "Veja se nao ha ninguem atras de mim!", repete para o radio enquanto encosta, implacavel, no meio-fio. Cinco segundos depois, o mal triunfa. Uma mu/her de meia-idade carregando uma sacola de compras entra no van... e Cummins se vai, impunemente! Sua nova viti ma e as demais passageiros riem quando perguntamos por que estao andando nesse transporte ilegal. Que trouxa pagaria $1,50 para ficar ern pe no Onibus ou no metrO quando aqui ha urn assento garantido par $1? Ao contrario dos motoristas de onibus, os responsaveis pelas vans dao troco e aceitam dinheiro e as vans sao mais freqUentes a qualquer hora do dia. "Levo uma hora para chegar em casa quando pego onibus", explica Cynthia Peters, uma enfermeira nascida em Trinidad. "Quando trabalho ate tarde, tenho medo de esperar pelo onibus no escuro e depois andar tres quarteirOes para chegar em casa. Corn a van de Vincent, chego em casa em menos de meia hora. Ele me deixa na porta e espera que eu entre!' Cummins preferiria nao ser urn fora-dalei. Nascido em Barbados, ele dirige a perua em period° integral desde que urn acidente o forcou a abrir mao de seu trabalho coma ferramenteiro. "Eu poderia viver da pensao par invalidez", diz, "mas trabalhar é melhor". Ele preenchia as requisitos do governo federal para operar urn servico de vans interestadual e passou anos tentando conseguir uma autorizacao para trabalhar na cidade. Sua solicitacao, que inclula mais de 900 declaracOes de passageiros, grupos empresariais e lideres religiosos, foi aprovada pela Comissao Local de Taxis e Limusines e pelo Departamento de Transportes. 0 prefeito Giuliani o apoiava, mas neste verao o Conselho da Cidade recusou seu pedido de licenca, coma vem fazendo ha quatro anos. E e par isso que milhares de motoristas de transporte irregular trafegam pelo Brooklyn e pelo Queens fugindo da policia. Os vereadores afirmam que estao tentando impedir que as vans causem acidentes e problemas de transit°, embora ninguem que as utilize leve esses argumentos a serio. Vans cam motoristas qualificados e segurados, coma Cummins, nao sao mais perigosas nem causam mais problemas do que as taxis. SO representam perigo para o monopolio do transporte pUblico, cujos lide- CAPhilL0 15 MONOP&10 333 estoque de recursos. Nenhurna economia real atende exatamente às condi(-5es do teorema e todas as economias reais ficam aciu m da economia ideal — uma diferena chamada de "falha do mercado". Entretanto, em minha o grau de "falha do mercado" da economia norte-americana é muito menor do que o de "falha politica" decorrente das imperfeic;es das politicas econmicas encontradas nos sistemas politicos reais. Como essa citação deixa claro, determinar o papel apropriado do governo na economia requer tanto julgamentos politicos quanto julgamentos econ6micos. res sindicais v'ern sendo bem-sucedidos na campanha contra elas. Os motoristas de vans refutaram dois mitos urbanos modernos: o de que o transporte coletivo causa prejuizo e o de que precisa ser um empreendimento Ernpreendedores como Cummins prosperam em outras cidades — Seul e Buenos Aires confiam plenamente nas empresas de 6nibus privadas e lucrativas — e eles ja fizeram de Nova York a lider mundial de transporte coletivo. Os primeiros bondes puxados a cavalo e trens elevados foram estabelecidos por empresas privadas. 0 primeiro metr6 foi parcialmente financiado por um emprtimo do municipio, mas, de resto, era um empreendimento privado, construiclo e administrado com bom lucro quando as passagens custavam um niquel — o equivalente hoje a menos de urn dOlar, fVlas os politicos de Nova York acabaram por afastar do neg6cio a maioria das empresas privadas, recusando-se a corrigir o preco das passagens pela inflack. Quando as empresas perderam dinheiro, em 1920, o prefeito John Hylan se ofereceu para ensinalas a administrar o negOcio. Ele prometeu que, se a cidade administrasse o metr6, ganharia dinheiro sem aumentar o preco e ainda libertaria os moradores da "servidk" e da "ditadura" dos "avarentos monop6lios do transporte". Mas as despesas aumentaram assim que o governo fundiu todas as operaces privadas em um verdadeiro monopOlio. A passagem, que foi de um niquel durante sete decadas de transporte privado, subiu 2.900% sob a administrac ks pública — e hoje a Metropolitan Transportation Authority ainda consegue perder $ 2 por percurso. Enquanto isso, um motorista de van clandestina consegue prestar um servico melhor a um preco mais baixo e ainda ter lucro. "O transporte poderia voltar a ser lucrativo se dessem uma chance aos empreendedores", diz Daniel B. Klein, um economista da Universidade de Santa Clara, na Calif6rnia, e co-autor de Curb Rights, um novo livro sobre transporte coletivo publicado pela Brookings Institution. "O governo provou que tem tanto a ver com a prestack de servicos de transporte público quanto com a produck de cereais matinais. Deveria concentrar-se no estabelecimento de novas regras de incentivo à competick'.' Para se encorajarem os operadores privados a fazer um investimento de longo prazo no atendimento regular a uma rota, os pesquisadores da Brookings recomendam que Ihes sejam vendidos "direitos exclusivos" para pegar passageiros em pontos determinados ao longo da rota. Com isso, os oportunistas eventuais na- o conseguiriam furar a fila e roubar clientes dos operadores fixos. Mas, para encorajar a competica- o, haveria ao longo da rota paradas comuns onde os passageiros poderiam pegar qualquer van ou 6nibus licenciado. Os elementos desse sistema ja existem onde as vans estabeleceram informalmente suas pr6prias paradas separadas daquelas dos 6nibus regulares, mas a Camara Local esta tentando eliminar esses concorrentes. Al&n de negar licencas a novos motoristas como Cummins, ela proibiu os motoristas veteranos que ja t&n licenca de operar nas Vincent Cummins: Empreendedor Foro-da-Lei rotas dos 6nibus. A menos que essas restricc5es sejam revertidas em juizo — um processo em favor dos motoristas esta sendo movido pelo Institute for Justice, um escrit6rio de advocacia de interesse público em Washington as vans só conseguirk competir com o transporte regularizado se forem contra a lei. Neste exato momento, apesar dos esforcos da polícia e do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes, urn predador em s&ie como Cummins esta atraindo mais uma vitima incauta. E ele pode até estar dando troco para uma nota de $ 5. Fonte: The New York Times MagazThe, 10 ago. 1997 by The New York 1997, p, 22. Copyright Times Co. Reproduzido com permissao. 334 I PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA INDUSTRIA Teste Rapid° Descreva as maneiras pelas quais os formuladores de politicos podem reagir as ineficiencias causadas pelos monopolios. Liste urn problema em potencial decorrente de cada uma dessas reacbes politicas. DISCRAHN.AcA0 DE PREcOS discriminacao de precos a pratica comercial de vender o mesmo bem por diferentes precos a diferentes clientes Ate aqui, admitimos que a empresa monopolista cobra o mesmo de todos os ellentes. Mas em muitos casos as empresas tentam vender o mesmo bem a diferentes clientes por precos diferentes, muito embora os custos de produce° sejam os mesmos. Esse praitica é chamada de discriminacao de precos. Antes de discutirmos o comportamento de urn monopolista que discrimina precos, devemos observer que essa discriminacao nao é possIvel quando urn hem é vendido em urn mercado competitivo, no qual existem muitas empresas que y endem o mesmo hem ao preco de mercado. Empresa alg,ume este disposta a cobrar urn Few menor de qualquer cliente porque ela pode vender o quanto quiser ao preco de mercado. E, se alguma empresa tenter cobrar mais de urn cliente, o ellente vai comprar de outra empresa. Para que uma empresa possa fazer discriminacao de precos, precise ter alg,um poder de mercado. Uma Parabola sobre a Determinacao do Preco Para entendermos por que urn monopolista poderia querer praticar cliscriminacao de precos, vamos considerar um exemplo simples. Imagine que voce é o presidente de uma editora, a Readalot Publishing Company. A autora de major vendagem da editora acabou de escrever seu ultimo romance. Para simplificarmos, vamos imaginer que voce pag,uc a autora $ 2 milhoes pelo dircito de publicacao do livro. Vamos admitir ainda que o custo de impressao do livro seja zero. 0 lucro da Readalot, portant°, sera a receita que obtiver corn a venda do livro menos os $ 2 milhoes pagos a autora. Dadas essas condicoes, como voce, presidente da editora, decidiria o preco a ser cobrado polo livro? o primeiro passo é estimar qual sere a provavel demanda pelo livro. 0 departamento de marketing da Readalot lhe diz que o livro atraira dois tipos de leitores. Sere atraente para os 100 mil fas incondicionais da autora, que estarao dispostos a pager ate $ 30 pelo livro. Alern disso, o livro podere atrair cerca de 400 mil leitores menos entusiastas que estardo dispostos a pager $ 5 1,-)or ele. Qual o preco que maximize o lucro da editora? Ha clois precos a serem considerados: $ 30 é o preco mais alto que a Readalot pode cobrar e, assim, vender o livro aos 100 mil fas incondicionais, e $ 5 é o maior preco que pode cobrar e que permitiria vender o livro pare todo o mercado de 500 mil leitores em potencial. 0 problema a ser resolvido pela Readalot é uma simples questa° de aritmetica. Ao preco de $ 30, a empresa vendere 100 mil exemplares do livro, a receita sera de $ 3 milhoes e o lucro sera de $ 1 milhSo. Ao preco de $ 5, vendere 500 mil exemplares, a receita sere de $ 2,5 mill-16es e o lucro sere de $ 500 mil. Assim, a Readalot maximize seu lucro cobrando $ 30 e abrindo mao de oportunidade de vender aos 400 mil leitores menos entusiastas. Observe que a decisao de editora gera urn peso morto. He 400 mil leitores dispostos a pagar $ 5 pelo livro e o custo marginal para atende-los é zero. Assim, sao perdidos $ 2 milhoes de excedente total quando a Readalot cobra o preco mais elevado. Esse peso morto é a habitual ineficiencia que surge sempre que urn monopolista cobra urn preco superior ao custo marginal. CAPhrULO 15 IVIONOKSLIO Suponhamos agora que o departamento de marketing da Readalot fac;a uma importante descoberta: os dois grupos de leitores se localizam em mercados separados. Todos os ffis incondicionais vivem na Australia, enquanto os demais leitores vivem nos Estados Unidos. Alem disso, e dificil para os leitores que vivem em um pais comprar livros no outro. De que forma essa descoberta afeta a estrategia marketihg da editora? Neste caso, a empresa pode lucrar ainda mais. Ela pode cobrar $ 30 por livro dos 100 mil leitores australianos. E pode cobrar $ 5 por livro dos 400 mil leitores nortearnericanos. Neste caso, a receita será de $ 3 milHes na AustrEllia e de $ 2 milh"(5es nos Estados Unidos, em um total de $ 5 milh.5es. 0 lucro ser& então, de $ 3 milh(5es, que é substancialmente maior do que o $ 1 milh a'o que a empresa poderia ganhar cobranclo o mesmo pre90 de $ 30 de todos os clientes. N5o e de surde 1.-)reos. discrirninação de preender que a Readalot opte por seg-uir a estrategia Embora a hist6ria da Readalot seja hipotetica, descreve com precis'a"o as prEiticas comerciais de muitas editoras. Os livros-texto, por exemplo, costumam ser vendidos a pre9p s mais baixos na Europa do que nos Estados Unidos. Ainda mais importante é o diferencial de preo entre os livros de capa dura e as brochuras. Quando uma editora tem um novo romance, lança inicialmente uma edição cara, de capa dura e, mais tarde, laNa uma mais barata, ern brochura. A diferena de preo entre as duas edijes supera em muito a diferença dos custos- de impressio. 0 objetivo do editor é igual ao do nosso exemplo. Ao vender a vers'a o em capa dura aos ffis inconclicionais e a brochura aos leitores menos entusiastas, a editora pratica discrimina o de prec;os e aumenta seu lucro. A Moral da Histhria Como qualquer parbola, a histOria da Editora Readalot é uma maneira especial de exprimir urn pensamento. Mas tambem, como qualquer parEibola, ensina alg-umas lições importantes e gerais. Neste caso, hEi tres lições a aprender sobre a discriminao de pre9Ds. A primeira e mais 6bvia é que a discrirninação cle pre9os é uma estrategia racional para a maximizgki dos lucros monopolistas. Em outras palavras, ao cobrar diferentes prec;os de diferentes clientes, um monopolista pode aumentar seu lucro. Essencialmente, um monopolista discriminador de preos cobra de cada cliente um pre93 mais pr6ximo da çlisposição dele para pagar do que seria possivel com um pre(-;o único para todos os clientes. A seg,unda lição é que a discrimina o de preos exige a sej.->arg a"o dos compradores seg,undo sua clisposi o para pagar. Em nosso exemplo, os clientes estavam separados geografican-iente. Mas os monopolistas por vezes escolhem outras difererwas, como idade ou renda, para distinguir os clientes. Um corolario desta segunda lição é que certas foNas do mercado podem dir as en-ipresas de praticar discrimina o de preos. Mais especificamente, uma dessas foNas é a arbitragem, o processo de comprar um bem em um mercado a um pre90 baixo e vende-lo em outro mercado a um pre9D mais elevado, a fim de obter lucro com a difereNa entre os pre9:)s. Em nosso exemplo, suponhamos que as livrarias da Austrlia possam comprar o livro nos Estados Unidos e revendC.j.-lo aos leitores australianos. Essa arbitragem impediria que a Readalot praticasse discrimina o de preos porque australiano algum compraria o livro ao preo mais elevado. A terceira lição de nossa parbola talvez seja a mais surpreendente: a discriming a- - o de preos pode aumentar o bem-estar econOmico. Lembre-se de que surge um peso morto quando a Readalot cobra um só pre90 de $ 30, já. que os 400 mil leitores menos entusiastas acabam não con-iprando o livro, muito embora lhe atribuan-i um valor superior ao custo marginal de produ o. Em comparg"Eio, quando 335 336 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZACAO DA INDUSTRIA a Readalot pratica discriminac5o de precos, todos os leitores acabam por comprar o livro e o resultado é eficiente. Assim, a discriminacdo de precos pode eliminar a ineficiencia inerente a determinacao de precos monopolista. Observe que o aliment° do bem-estar decorrente da discriminacao de preco aparece como um major excedente do produtor, e nao como urn major excedente do consumidor. Em nosso exemplo, os consumidores nao ficam em melhor situacdo por ter comprado o livro: o preco que pagaram é exatamente ig,ual ao valor que atribuem ao livro, de modo que eles ndo obtem nenhum excedente do consumidor. Todo o aumento do excedente total decorrente da discriminacao de preco é recebido pela Readalot sob a forma de lucro major. Analise da Discriminacao de Precos Vamos analisar mais formalmente como a discriminacao de precos afeta o hemestar economic°. Comecaremos admitindo que o monopolista possa praticar discriminacao de precos corn perfeicao. A discriminacao de preps perfrita descreve uma situacao em que o monopolista conhece exatamente a disposicao para pagar de cada client° e pode cobrar de cada comprador urn 'Dreg° diferente. Neste caso, o monopolista cobra de cada cliente exatamente sua disposicao para pagar e obtem o excedente total em cada transacao. A Figura 10 mostra os excedentes do produtor e do consumidor corn e sem discriminaca- o de precos. Sem discriminaca- o de precos, a empresa cobra urn Unico preco, superior ao custo marginal, como mostra o painel (a). Como alguns compradores em potencial que atribuem ao hem valor superior ao custo marginal nao o compram devido ao alto preco cobrado, o monopolio causa urn peso morto. Mas, quando uma FIGURA 10 Bem-Estar corn e sem Discriminacao de Precos 0 painel (a) mostra um monopolist° que cobra o rnesmo prep de todos os clientes. 0 excedente total nesse mercado e igual O soma do lucro (excedente do produtor) e do excedente do consumidor. 0 poinel (b) mostra um monopolist° que pode praticar discriminacao de precos perfeita. Como o excedente do consumidor e igual a zero, o excedente total agora e igual ao lucro do empresa. Comparando estes dais paineis, podemos ver que a discriminocao de precos perfeita aumento o lucro e o excedente total e reduz o excedente do consumidor. (a) Monopolista corn Preco Onico Preco (b) Monopolista corn Perfeita Discriminacao de Precos Preco Excedente do consumidor Preco do monopolio Lucro Custo marginal Receita marginal 0 Quantidade vendida Custo marginal Demanda Demanda Quantidade 0 Quantidade vendida Quantidade CAPh'ULO 15 MONOIN5L10 337 empresa pode discriminar prev)s perfeitamente, como no painel (b), cada um dos compradores que atribui ao bem um valor superior ao custo marginal o compra e paga por ele um preo igual à sua disposiO"o para pagar. Todas as transg cies mutuamente beneficas se realizam, não há peso morto e a totalidade do excedente forrnado pelo mercado vai para o produtor monopolista sob a forma de lucro. claro que, na realidade, a discrimina o de preos não é perfeita. Os clientes não entram nas lojas com tabuletas anunciando sua disposição para pagar. Em vez disso, as empresas pratican-i cliscrimingo de preos dividindo as pessoas em grupos: jovens e velhos, os que compram durante a semana e os compram em finais de semana, norte-americanos e australianos e assin-1 por diante. Ao contrkio do que ocorreu em nossa parbola da Readalot, os clientes dentro de cada grupo NT o diferir entre si na sua disposi o para pagar pelo produto, fazendo com que a discrimina o de prec;os perfeita seja impossivel. Como essa discrimina o de preos irnperfeita afeta o bem-estar? A desses esquemas de detern-lina o de 1.-)re os é bastante con-iplicada e o fato é que uma resposta geral para essa pergunta. Comparada ao resultado cio monopOlio com preo único, a discriming o de preos imperfeita pode aumentar, reduzir ou deixar inalterado o excedente total de urn mercado. A única concluso certa e que a discrimina o de preo aumenta o lucro do monopolista — caso contrkio, p a empresa optaria por cobrar o mesmo pre9 de todos os clientes. Exemplos de Discrimina0o de Precos As empresas em nossa economia usam diversas estrateg,ias comerciais para cobrar prec;os diferentes de clientes diferentes. Agora que entendemos a economia da discrimina o de preos, vamos ver alguns exemplos. ingressos de Cinerna Muitos cinemas cobram pre9os mais baixos pelos ingressos de criaNas e idosos do que dos demais freqentadores. Isso seria dificil de explicar em um mercado competitivo, em que o preo e ig,ual ao custo marginal, e o custo marginal de oferecer um assento a uma criaNa ou um idoso é o mesmo de oferecer um assento para outra pessoa qualquer. Mas esse fato pode ser facilmente explicado se os cinemas tiverem algum poder de monopOlio local e se as crianas e idosos tiverem uma menor disposi o para pagar por um ingresso. Neste caso, os cinemas aumentam seus lucros por meio da discrimina o de preos. Pre“)s das Passagens A&eas Os assentos em avi es são vendidos a muitos preos diferentes. A maioria das companhias aereas norte-americanas cobra um pre9p menor por uma passagem de ida e volta entre duas cidades se o viajante passar a noite de sbado na cidade de destino. Isso pode parecer estranho à primeira vista. Que difereNa pode fazer para a companhia aerea urn passageiro pemoitar no sbado na cidade de destino? 0 motivo é que essa regi, -a é uma n-taneira de separar os que viajam a negOcios dos demais. Um passageiro em viagem de negc5cios tem alta disposi o para pagar e, provavelmente, não vai querer passar a noite de sbado na cidade para onde foi. Por outro lado, um passageiro que esteja viajando por motivos pessoais tem menor disposi o para pagar e maior probabilidade de estar disposto a pemoitar no s'ilbado na cidade de destino. Assim, as compaa nhias aereas conseg,uem praticar discriming .0 de pre9c)s cobrando um prev) menor dos passageiros que passam a noite de s-ibado na cidade de destino. u, O te) o z o d uJ CL. Cupons de Desconto Muitas empresas fornecem cupons de desconto ao Z púhlico por meio de jornais e revistas. Basta que o comprador recorte o cupom para obter um desconto de, por exemplo, $ 0,50 em sua prOxima compra. Por que as oz empresas oferecem esses cupons? Por que simplesmente n" ,c) reduzem o preo do } produto em $ 0,50? > 0 "Voce ficario chateado de saber como eu paguei pouco por esto passagem?" 338 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EIVIPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA A resposta é que os cupons permitem que as empresas fagam discriminagao de pregos. Elas sabem que nem todos os clientes estao dispostos a gastar seu tempo recortando os cupons. Alem disso, a disposicao para recortar os cupons esti relacionada a disposigao do cliente para pagar pelo bem. E pouco provavel que uma executiva rica e ocupada esteja disposta a gastar seu tempo recortando cupons do jomal; ela provavelmente estara disposta a pagar urn preg.o mais elevado por muitos bens. Alguem que esteja desempregado tern major disposigao para recortar cupons e menor disposigao para pagar. Ass/m, cobrando urn preco menor apenas dos clientes que recortam cupons, as empresas podem praticar a discriminacao de pregos corn sucesso. Ajuda Financei ra Muitas faculdades e universidades concedem ajuda financeira sob a forma de bolsas de estudo a estudantes necessitados. Essa politica pode ser vista como uma especie de discriminagao de pregos. Estudantes ricos tern mais . recursos financeiros e, portanto, major disposig ao para pagar do que os estudantes necessitados. Cobrando anuidades elevadas e oferecendo seletivamente ajuda financeira, as escolas cobram dos alunos pregos baseados no valor que eles atri- NOTiCIAS POR QUE AS PESSOAS PAGAM MAIS DO QUE OS CACHORROS 0 economista Hal Varian discute urn exemplo classic° de discriminacao de precos. Um Grande Fator na Determinacio de Preps de Medicamentos Controlados: Localizacio, Localizacao, Localizacio Por Hal R. Varian Os medicamentos controlados tomaram carater politico. Al Gore criticou recentemente o fabricante do medicamento para artrite Lodine por vender a $108 a posologia para urn mes quando receitado para humanos e a $ 38 quando receitado para caes. E Rao é so a vantagem para as caes que esta incomodando os politicos: as diferencas internacionais de precos dos medicamentos sao outro ponto de conflito. 0 Congresso aprovou recentemente uma medida que permite que as farmaceuticos importem medica- mentos controlados de praises onde eles sao vendidos por precos substancialmente inferiores aos praticados nos Estados Unidos. Cobrar precos diferentes quando as produtos sao para humanos e quando sao para animais ou precos diferentes de consumidores ern diferentes paises e o que os economistas chamam de "discriminacao de precos de terceiro grau' E uma pratica comum entre as laboratOrios farmaceuticos. A posologia para urn mes do antidepressivo Zoloft e vendido por $ 29,74 na Austria, $ 32,91 ern Luxemburgo, $ 40,97 no Mexico e $ 64,67 nos Estados Unidos. Esse tipo de determinacao de precos diferenciada e motivado, ern parte, pela estrutura de custos dos laboratOrios farmaceuticos e, ern parte, pelas diferencas de poder de barganha. Pode custar milhOes de Mares pesquisar, desenvolver, testar e cola- car no mercado urn nova medicamento. Uma vez que se incorreu nesses custos fixos, contudo, produzir realmente o medicamento pode custar muito pouco. Como o preco de mercado é frequentemente muito superior ao custo marginal de producao, sempre ha a tentacao de reduzir as precos para gerar incrementos de vendas e de lucros. 0 problema é que cortar as precos indiscriminadamente tende a reduzir as rendimentos. A estrategia natural é cortar as precos seletivamente e estabelecer precos diferentes para mercados diferentes. Os medicamentos para humanos geralmente vendem mais do que as medicamentos para animais. Os medicamentos ern paises ricos tendem a custar mais do que as medicamentos ern paises pobres. Uma dose diaria do medicament° para Aids PLC é vendida par $ 18 nos CAPh'ULO 15 MONOIN51.10 339 buern ao estudo. Esse comportamento e scmelhante ao de qualquer monopolista que pratica discriminac"a"o de precos. Descontos por Quanticiade Ate aqui, em nossos exemplos de discriminaco de precos, o monopolista cobra diferentes precos de clientes diferentes. Mas em alg,uns casos os monopolistas praticam discriminac"a'o de precos cobrando diferentes precos do mesmo cliente por diferentes unidades que o cliente compra. Por exemplo, muitas empresas oferecem precos menores a clientes que compram g,randes quantidades. Uma padaria poderia cobrar $ 0,50 por uma rosquinha e $ 5 por uma dúzia delas. Isso e uma forma de discriminac;.'io de precos porque o cliente paga um preco maior pela primeira unidade comprada do que pela decima segunda. Os descontos por quantidade são, eiii muitos casos, uma forma bem-sucedida de discriminaca- o de precos porque a disposic5o de um cliente para pagar por uma unidade adicional dirninui à medida que ele compra mais unidades. De dois exemplos de discriminack de precos. • Como a discriminacao de precos perfeiTeste Rapido ta afeta o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente total? Estados Unidos e $ 9 em Uganda, enquanto a de um generico semelhante é vendida por $ 1,50 no Brasil. Mesmo a $ 9 por dose, o laborathrio farmaceutico obtem um lucro com o aumento nas vendas. Mas, se o medicamento fosse vendido a $ 9 para todos, os lucros seriam substancialmente menores do que sob a determinack de precos diferenciada. Os Estados Unidos acabam pagando mais pelos medicamentos porque o pais e muito mais rico do que o resto do mundo e tende a gastar uma grande parcela dessa riqueza em servicos de sade. Alem disso, na maioria dos paises, um único 6rgo governamental prestador de servicos de sade negocia os precos dos medicamentos. 0 sistema de sade norte-americano muito mais fragmentado, o que tende a reduzir o poder de barganha dos prestadores de servicos de sade na negociack dos precos dos medicamentos. A discriminack de precos n".ao é popular entre os consumidores, especialmente aqueles que pagam precos mais altos. 0 que a economia tem a dizer sobre esse tipo de determinack de precos diferenciada? Ela boa ou ruim? Para responder a essas perguntas, precisamos perguntar que preco prevaleceria se s6 um preco pudesse ser cobrado. imagine que haja apenas dois paises envolvidos, os Estados Unidos e Uganda, e que o PLC seja vendido a $ 18 nos Estados Unidos e a $ 9 em Uganda. Se o laborat6rio farmaceutico cobrasse o mesmo preco nos dois paises, qual seria ele? Neste caso, muito provavel que estivesse mais pr6ximo de $ 18 do que de $ 9. É verdade que as vendas cairiam consideravelmente em Uganda, mas essa perda de receita seria muito pequena se comparada à que haveria nos Estados Unidos se o preco fosse pr6ximo de $ 9, já que o mercado norte-americano é muito maior. Neste caso, um preco fixo deixaria os ugandenses em situack muito pior e pouco faria para beneficiar os norteamericanos. Mas a situack poderia ser diferente. Imagine um medicamento para evitar a malária que muitas pessoas poderiam comprar em Uganda a $ 2 a dose e poucas pessoas nos Estados Unidos poderiam comprar a $ 10 a dose. Se o mercado ugandense fosse cinco vezes maior do que o norteamericano e se o laborat6rio farmaceutico pudesse cobrar um preco, ele teria receita maior se fixasse esse preco em $ 2. Se o custo de produck do medicamento fosse suficientemente baixo, esse preco tambem seria o mais lucrativo. A pergunta critica, do ponto de vista econ mico, é se é a determinack de precos diferenciada ou o preco fixo que faz com que o maior n mero de pessoas obtenha os medicamentos. No caso do medicamento para Aids, a determinack de precos diferenciada leva a um consumo total maior; no caso do medicamento para evitar a mdaria, o contrko... Não ha uma resposta simples para a questk de a discriminack de precos ser uma coisa genericamente boa ou ruim. Ela tende a gerar maiores receitas que podem ser revertidas para pesquisa e desenvolvimento, o que cria maiores incentivos ao investimento no desenvolvimento de medicamentos. Quando permite que se atenda a mercados que do contrario seriam ignorados, a discriminack de precos tende a ser socialmente útil. Mas, se a determinack de precos diferenciada é apenas uma desculpa para aumentar precos que, do contrko, seriam baixos, entk ela deixa de ser recomen &el. Fonte: The New York Times, 21 set. 2000, p. C2, Copyright (b), 2000 by The New York Times Co. Reproduzido com permissk. 340 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA ENIPRESA E 0RGANIZA00 DA INDUSTRIA CAS AO: PREVALEN1 C A DOS MONOPL[OS Este capitulo discutiu o comportamento de empresas que tern controle sobre os precos que cobram.Vimos que essas empresas se comportam muito diferentemente das empresas competitivas que estudamos no capitulo anterior. A Tabela 2 apresenta resumidamente algumas das semelhancas e diferencas entre os mercados competitivos e monopolistas. Do ponto de vista da politica ptiblica, urn resultado crucial é quo os monopolistas produzem menos do que a quantidade socialmente eficiente e cobram precos superiores ao custo marginal. Como resultado, eles geram urn peso morto. Em algt, ins casos essas ineficiencias podem ser atenuadas por meio da discriminac5o de precos por parte do monopolista, mas cm outros os formuladores de politicos do govern° precisam adotar uma i_->ostura atiYa. Ate quo ponto os problemas do monopolio predominam? Essa pergunta tern duos respostas. Em certo sentido, os monopalios sac) comuns. A maioria das empresas tern algum controle sobre os precos quo cobram. Elas nao s5o obrigadas a cobrar o preco de mercado por seus produtos porque eles rido sac) exatamente identicos aos ofertados por outras empresas. Urn Ford Taurus nao é identico a urn Toyota Camry. 0 sorvete da Ben and Jerry n5o é identico ao da Breyer. Todos esses bens tern curvas de demanda corn inclinacao descendente, o que confere a cada produtor urn certo grau de poder de monopolio. No entanto, as empresas corn poder de monopolio substancial sac) bastante raras. Poucos bens sao realmente imicos. A maioria tern substitutos que, ainda que nao sejam exatamente identicos, sac) bastante similares. A Ben and Jerry pode aumentar urn pouco o preco de seus sorvetes sem perder a totalidade de suas vondas; mas se o preco aumentar demais, as vendas cair5o substancialmente. No fim, o poder de monopolio é uma questao de grau. E verdade que muitas empresas tern algum poder de monopolio e tambem que sou poder de monopolio é normalmente limitado. Nestes casos, n5o erraremos muito se assumirmos que essas empresas operam em mercados competitivos, ainda que nao seja exatamente este o caso. Competicao versus MonopOlio: Uma Comparacao Resumida Semelhancas Objetivo das empresas --‘ Regra de Maximizacao Pode obter lucros economicos no curt° prazo? 4 Competicao MonopOlio Maximizar o lucro RMg = CMg Maximizar o lucro RMg = CMg Sim Sim Diferencas Numero de empresas Muitas Uma Receita marginal RMg = P .ng_52 Preco Produz uma quantidade de produto que maximiza o bem-estar? Entrada no longo prazo? Pode obter lucro economic° no longo prazo? E possivel praticar discriminacao de precos? P =_CMg P > CMg Sim Sim Nao Nao Nao No Sim Sim CAPhilL0 15 NIONON51_10 341 RESUMO • Um monopolista é uma empresa que é a única vendedora ern seu mercado. Um monopOlio surge quando uma única empresa detem um recursochave, quando o govemo concede a uma empresa direito exclusivo de produzir um bem ou quando uma só empresa pode suprir o mercado inteiro a um custo menor do que o poderia ser atingido por duas ou mais empresas. • Como um monopolista é o único produtor de seu mercado, ele se defronta com uma curva de demanda de inclinack) descendente para o seu j)roduto. Quando um monopolista aumenta a produco em uma unidade, o preco de seu produto diminui, o que reduz o montante da receita obtida sobre todas as unidades produzidas e vendidas. Como resultado, a receita marginal é sempre inferior ao preco do bem. • Da mesma forma que uma empresas competitiva, uma empresa monopolista maximiza seus lucros produzindo a quantidade em que a receita marginal e ig,ual ao custo marg,inal. 0 monopOlio entk) escolhe o preco coerente com essa quantidade demandada. Diferentemente do que ocorre com uma empresa competitiva, o preco de um monopolista excede a sua receita marginal, de modo que o preco é maior do que o custo marg,inal. • 0 nivel de produc5o que maximiza o lucro de um monopolista é inferior ao nivel que maximiza a soma dos excedentes do consumidor e do produ- tor. Ou seja, quando o monopolista cobra um preco superior ao custo marginal, alg,uns clientes que atribuem ao bem valor superior ao custo de produção ri : o o compram. Como resultado, o monopOlio provoca um peso morto similar 5quele provocado pelos impostos. • Os formuladores de politicas podem reagir à ineficiência do comportamento monopolista de quatro antitruste para maneiras. Podem usar a legislac k) tentar tornar a indilstria mais competitiva. Podem reg,ulamentar os precos cobrados pelo monopolista. Podem transformar o monopolista em uma empresa administrada pelo govemo. Ou, se a falha de mercado for considerada pequena se comparada . s imperfeici5es inevitElveis das politicas, podem nk) fazer nada. • Os monopolistas freqiientemente aumentam seus lucros cobrando precos diferentes pelo mesmo bem com base na disposic - o para pagar dos compradores. Essa pnItica de discriminack) de precos pode aumentar o bem-estar econC)mico ao fazer com que o bem chegue a alguns consumidores que, caso contrrio, n'a'c) o comprariam. No caso extremo da discriminack) de precos perfeita, as perdas causadas pelo peso morto do monopOlio sk) completamente eliminadas. De maneira mais geral, quando a discriminack) de precos é imperfeita, pode aumentar ou diminuir o bem-estar econe)mico em comparack) com o resultado quando o preco do monopolista e Unico. CONCELTIOS-CHAVE monopOlio, p. 314 monopOlio natural, p. 316 discriminaco de F)recos, p. 334 QUESUj ES PARA REVISA0 1. Dê um exemplo de monopOlio criado pelo governo. A criack) de tal monopOlio é necessariamente Explique. uma má politica 2. Defina o monopOlio natural. 0 que o tamanho de um mercado tem a ver com o fato de uma tria ser ou não um monopOlio natural? 3. Por que a receita marginal de um monopolista inferior ao preco do bem? A receita marginal pode ser negativa? Explique. 4. Represente g,raficamente as curvas de demanda, receita marginal e custo marginal para um monoMostre o nivel de produck) que maximiza o lucro. Mostre o preco que maximiza o lucro. 5. No diagrama feito para a pergunta anterior, n-lostre o nivel de produc a- - o que maxin-liza o excedente total. Mostre o peso morto causado pelo monop6lio. Explique sua resposta. 342 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDOSTRIA 6. 0 que confere ao governo poderes para regulamentar fusbes entre empresas? Do pont° de vista do bem-estar da sociedade, de urn born motivo e urn mau motivo 'Delos quais duas empresas poderiam querer se fundir. 7. Descreva os dois problemas que podem surg,ir quando os responsaveis pela regulamentacao ordenam a urn monopolio natural que fixe urn preco igual ao custo marginal. 8. De dois exemplos de discriminacao de precos. Em cada caso, explique por que o monopolista decide seguir essa estrategia de negacio. 1. Uma editora tern a seg-uinte escala de demanda para o proximo romance de urn de seus autores rnais populares: maximizacao da eficiencia economica. Que preco cobraria pelo livro? Quanto lucro teria cobrando esse preco? 2. Suponha que a lei determine que o preco a ser cobrado por urn monopolio natural seja ig,ual ao custo total medio. Indique em urn gr, Eifico o 'Dreg° cobrado e o peso morto para a sociedade em relacao a determinacao de prow pelo custo marginal. 3. Imagine a entrega de correio. Em geral, qual é o formato da curva de custo total medio? Como o format° da curva pode diferir para areas nirais isoladas e areas urbanas densamente povoadas? Como o formato da curva pode ter mudado ao longo do tempo? Explique. 4. Suponha que a Clean Springs Water Company detenha o monopolio da venda de agua engarrafada na California. Se o preco da agua de tomeira aumenta, qual é a mudanca no nivel de producao que maximiza o lucro? Qual é a mudanca no preco e no lucro da Clean Springs? Explique corn palawas e corn urn gr 5. Uma pequena cidade é atendida por diversos supermercados concorrentes, cada urn corn urn custo marginal constante. a. Usando urn grafico do mercado de generos alirnenticios, indique o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente total. b. Suponha agora que os supermercados independentes se reunam para formar uma rede. Usando urn novo grafico, indique o novo excedente do consumidor, excedente do produtor e excedente total. Em relacao ao mercado competitivo, qual é a transferencia dos consumidores para os produtores? Qual é o peso morto? 6. Johnny Rockabilly acabou de g,ravar seu ultimo CD. 0 departamento de marketing de sua gravadora concluiu que a demanda para o CD sera a seo-uinte: Prey) $100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Quantidade Dernandada 0 100.000 200.000 300.000 400.000 500.000 600.000 700.000 800.000 900.000 1.000.000 o autor recebe $ 2 milh6es para escrever o livro e o custo marginal de publicacao é constante, sendo igual a de $ 10 por cOpia. a. Calcule a receita total, o custo total e o lucro para cada quantidade. Qual quantidade a editora escolheria para maximizar o lucro? Que preco ela cobraria? h. Calcule a receita marginal. (Lembre-se de que RMg = ART/A(2.) Qual é o comportamento da receita marginal em relacao ao preco? Explique. c. Represente gr, aficamente as curvas de receita marginal, custo marginal e demanda. Em que quantidade as curvas de receita marginal e custo marginal se cnizam? 0 que isso significa? d. Em seu grafico, sombreie a perda provocada pelo peso morto. Explique o que isso significa. e. Se o autor recebesse $ 3 milh6es, em vez de $ 2 milh5es, para escrever o liwo, como isso afetaria a decisao da editora sobre o preco a ser cobrado? Explique. f. Suponha que a editora nao estivesse preocupada corn a maximizacao do lucro, mas sim corn a CAPiTULO 15 NIONOKSLIO Prem Nirnero cie CDs $ 24 10.000 22 20.000 20 30.000 18 40.000 16 50.000 14 60.000 empresa pode procluzir o CD sen-i custo fixo e com um custo variavel de $ 5 por CD. a. Encontre a receita total para as quantidades iguais a 10 mil, 20 mil e assirn por diante. Qual a receita marg-inal para cada aumento de 10 mil na quantidade vendida de CDs? b. Que quantidade de CDs maximizaria o lucro? Qual seria o pre9p ? Qual seria o lucro? c. Se voce fosse o agente de Johnny, que pagamento aconselharia que ele cobrasse da gravadora? Por que? 7. Em 1969, o govemo norte-americano acusou a IBM de monopolizar o n-iercado de computadores. Ele afirmou (corretamente) que g,rande parte dos con-iputadores de grande porte vendidos nos Estados Unidos era produzida pela IBM. A IBM alegou (corretamente) que uma parcela muito menor do mercado de todos os tipos de computadores consistia em produtos IBM. Com base nesses fatos, voce acha que o govemo deveria ter processado a IBM por infringir a legislgao antitruste? Explique. 8. Un-ia empresa esta pensando em construir uma ponte sobre um rio. A construao custaria $ 2 milhOes e a manuteNao nao custaria nada. A tabela a seguir mostra a demanda que a empresa preve' ao longo da vida útil da ponte. A Preco por Viagern Wrnero de Viagens (rnhares) $8 0 7 100 6 200 5 300 4 400 3 500 2 600 1 700 0 800 ponte, qual sera o prec;o que maximizara o lucro? Esse seria o nivel eficiente de produc, ao? Por que'? a. Se a empresa construir a 343 b. Se a empresa estiver interessada em maximizar o lucro, deve construir a ponte? Qual seria seu lucro ou prejuizo? c. Se o governo construir a ponte, que preo deve cobrar? c.-I. 0 governo deve construir a ponte? Explique. 9. A Placebo Drug ComF)any detem a F)atente de um dos medicamentos descobertos por ela. a. Admitindo que a producao do medicamento envolve um custo marginal crescente, represente graficarnente o pre90 e a quantidade que maximizam os lucros da Placebo. Mostre tambem, os lucros da empresa. b. Suponha agora que o governo cobre um imposto sobre cada frasco do n-ledicamento produzido. Em uma nova representgao gr, afica, ilustre o novo preo e a nova quanticiade da Placebo. Faa uma compargao com sua resposta para a parte (a). c. Embora nao seja facil de visualizar nos diag-ramas, o imposto reduz o lucro da Placebo. Explique por que isso deve ser verdade. d. Suponha que, em vez de um imposto por frasco, o governo cobre da Placebo um imposto de $ 10 mil independentemente da quantidade de frascos produzida. Como esse imposto afeta o pre90, a quantidade e o lucro da empresa? Explique. 10. Larry, Curly e Moe administram o tinico bar da cidade. Lany quer vender o maximo possivel de bebidas sem ter prejuizo. Curly quer que o bar traga a maior receita possivel. Moe quer obter o maior lucro possivel. Usando um simples grafico da curva de demanda do bar e de suas curvas de custos, indique a combingao de preQD e quantidade que satisfga a preferencia de cada um dos tres sOcios. Explique. 11. A AT&T foi por muitos anos um monopOlio reg-ulamentado, prestando servi os telefOnicos tanto locais quanto de longa distancia. a. Explique por que o servio telefOnico de longa distancia foi originalmente um monopOlio natural. b. Ao longo das duas últirnas decadas, muitas en-ipresas lanaram satelites de comunicgao, cada um sendo capaz de transmitir um n mero li mitado de chamadas. Como o papel crescente dos satelites alterou a estrutura de custos do serv4.:o telefOnico de longa distancia? 344 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EIVIPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA uma longa batalha juridica contra o governo, a AT&T concordou em competir corn outras empresas no mercado de ligacoes de longa distancia e tambem em dividir seu servico de telefonia local nas "Baby Bells", que permaneceram altamente regulamentadas. c. Por que poderia ser eficiente ter competicao no servico teleffinico de longa distancia, e monop6lios re plamentados no servico telefenico local? 12. A Best Computer Company acabou de desenvolver urn novo chip, cuja patente conseguiu imediatamente. a. Represente g,raficamente o excedente do consumidor, o excedente do produtor e o excedente total do mercado desse novo chip. b. 0 que acontece corn essas tres medidas de excedente quando a eml.->resa é capaz de praticar discriminacao de precos perfeita? Qual é a variacao do peso morto? Que transferencias ocorrem? 13. Explique por que urn monopolista sempre produzira uma quanticiade em que a curva de demanda seja elastica. (Dica: se a demanda é inelastica e a empresa eleva seus precos, o que acontece corn a receita total e corn o custo total?) 14. A cantora Britney Spears detem o monopolio de urn recurs() escasso: ela mesma. Ela é a 'mica pessoa capaz de produzir urn show da Britney Spears. Esse fato significa que o govern° deveria regulamentar os precos de seus shows? Por que? 15. A Napster, o servico de troca on-line de arquivos de computador, permitia que as pessoas usassem a Internet para fazer download de copias de suas calicoes favoritas sem custo. Em que sentido a Napster aumenta a eficiencia economica no curto prazo? Em que sentido pode ter reduzido a eficiencia econemica no longo prazo? Por que, cm sua opiniao, os tribunais acabaram por fechar a Napster? Voce acha que essa foi a politica correta? 16. Muitos esquemas de discriminacao de precos envolvem algum custo. For exemplo, os cupons de desconto consomem tempo e recursos tanto do comprador quanto do vendedor. Esta questao trata das implicacoes de custo decorrentes da discrimiApos nacao de precos. Para simplificarmos, vamos assumir que os custos de producao de nosso monopolista sejam proporcionais a producao, de modo que o custo total medio e o custo marginal sejam constantes e iguais entre si. a. Represente graficamente as curvas de custo, de demanda e de receita marginal do monopolista. Indique o preco que o monopolista cobraria sem discriminacao de 'News. b. Em seu grafico, marque a area correspondente ao lucro do monopolista e chame-a de X. Marque a area correspondente ao excedente do consumidor e chame-a deY. Marque a area correspondente ao peso morto e chame-a de Z. c. Agora suponha que o monopolista possa praticar uma discriminacao de precos perfeita. Qual é o lucro dele? (Responda em termos de X, Y e Z.) d. Qual é a variacao do lucro do monopolista decorrente da discriminacao de precos? Qual é a variacao do excedente total decorrente da discriminacao de precos? Qual das duas variacoes major? Explique. (Responda em termos de X, Y e Z.) e. Agora suponha que haja um custo para praticar discriminacao de precos. Para modelar esse custo, suponha que o monopolista precise pagar urn custo fixo C I p ara praticar discriminacao de precos. Como o monopolista tomaria a decisao de pagar ou nao esse custo fixo? (Responda em termos de X,Y, Z e C.) f. De que forma urn planejador social benevolente, que se preocupa corn o excedente total, decidiria se o monopolista deve ou nao praticar discriminacao de precos? (Responda em termos de X,Y, Z e C.) g. Compare suas respostas para as partes (e) e (f). De que forma o incentivo a discriminacao de precos a que esta sujeito o monopolista difere da discriminacao de precos do planejador social benevolentc? E possivel que o monopolista pratique discriminacao de precos mesmo que ela nao seja socialmente desejavel? OLlGOPLlO Se algul'ml for a uma loja nos Estados Unidos para comprar bolas de tenis, é pro\thvel que saia de lá com uma dentre quatro marcas: Wilson, Penn, Dunlop ou Spalding. Essas quatro empresas fabricam quase todas as bolas de tenis vendidas nesse pais. Juntas, elas determinam a quantidade de bolas de tenis produzida e, dada a curva de demanda de mercado, o preo pelo qual as bolas serk, vendiclas. Como podemos descrever o mercado de bolas de tenis? Nos dois capitulos anteriores discutimos dois tipos de estrutura de mercado. Em um mercado competitivo, cada empresa é t^a- o pequena comparada com o mercado que não pode influenciar o preo de seu produto e, portanto, toma o prec;o como dado pelas condicf6es do mercado. Em um mercado monopolizado, uma Unica empresa supre todo o mercado de determinado bem e pode escolher qualquer prey) e quantidade da curva de demanda de mercado. 0 mercado de bolas de tenis não se enquadra nem no modelo competitivo nen-i •no modelo monopolista. A competio e o monopOlio s o formas extremas de estrutura de mercado. A competi o ocorre quando há muitas empresas no mercado oferecendo produtos essencialmente identicos; o monopOlio ocorre quando 11á apenas uma empresa em um mercado. E natural comear o estudo da organiza o industrial com esses casos extremos porque eles sk) os mais fficeis de entender. Mas muitos setores, inclusive o de bolas de tenis, ficam em algum ponto entre os dois extremos. As empresas nesses setores tem concorrentes, mas ao mesmo tempo 346 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EIVIPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA nao enfrentam tanta competicao a ponto de serem tomadoras de precos. Os economistas chamam isso de competicao iinperfeita. Neste capitulo discutiremos os tipos de competicao imperfeita e examinaremos urn determinado tipo chamado de oligopolio. Em essencia, um mercado oligopolista é aquele em que ha poucos vendedores. Como resultado, os atos de qualquer vendedor do mercado podem ter gr, ande impact() sobre os lucros de todos os outros. Ou seja, as empresas oligopolistas sao interdependentes de uma forma que as empresas competitivas nao sao. Nosso objetivo neste capitulo é ver como essa interdependencia molda o comportamento das empresas e que problemas traz para a politica publica. ENTRE 0 MONOPOLIO E A COMPETIO0 PERFEITA oligopolio uma estrutura de mercado ern que apenas poucos vendedores oferecem produtos similares ou identicos competicao monopolistica uma estrutura de mercado ern que muitas empresas vendem produtos que sao si milares, mas nao identicos Nos dois capitulos anteriores analisamos mercados corn muitas empresas competitivas e mercados corn uma tinica empresa monopolista. No Capitulo 14, vimos que o preco ern urn mercado competitivo é sempre ig-ual ao custo marginal de producao. Vimos tambem que no longo prazo a entrada e a saida de empresas levam o lucro economic° a zero, de modo que o preco tambem é igual ao custo total medio. No Capitulo 15, virnos como as empresas que tern poder de mercado podem usa-lo para manter os precos acima do custo marginal, levando a urn lucro economic° positivo para a empresa e a urn peso morto para a sociedade. Os casos da competicao perfeita e do monopolio ilustram algt_imas ideias importantes a respeito do funcionamento dos mercados. Contudo, a maioria dos mercados existentes na economia inclui elementos desses dois casos e, portanto, nao é plenamente descrita por nenhum deles. A empresa tipica da economia enfrenta a concorrencia, que, entretanto, nao é tao rigorosa a ponto de fazer corn que a empresa seja descrita corn exatidao pela empresa tomadora de precos analisada no Capitulo 14. A empresa tipica tambem tern algum grau de poder de mercado, mas tao grande para permitir que a empresa seja descrita corn exatidao pela empresa monopolista analisada no Capitulo 15. Em outras palavras, a empresa tipica em nossa economia é imperfeitamente competitiva. Ha dois tipos de mercados em que a competicao é imperfeita. Urn oligopolio é urn mercado corn poucos vendedores, cada urn oferecendo urn produto similar ou identico ao dos demais. Urn exemplo é o mercado de bolas de tenis; outro é o mercado mundial de petroleo cru: alguns Raises do Oriente Medi° controlam gr, ande parte das reservas mundiais de petroleo cru. A competicao monopolistica descreve uma estnitura de mercado em que ha muitas empresas que vendem produtos que sao similares, mas nao identicos. Sao exemplos os mercados de romances, filmes, CDs e jogos para computadores. Em urn mercado competitivo monopolisticamente, cada empresa tern monopOlio sobre seu produto, mas muitas outras empresas tern produtos similares que competem pelos mesmos clientes. A Figura 1 resume os quatro tipos de estrutura de mercado. A primeira coisa que devemos perguntar sobre qualquer mercado é quantas empresas ha nele. Sc apenas uma, o mercado é urn monopolio. Se ha poucas empresas, é urn oligopalio. Se ha muitas empresas, precisamos fazer mais uma pergunta: as empresas vendem produtos identicos ou diferenciados? Se vendem produtos diferenciados, o mercado é competitivo monopolisticamente. Se vendem produtos identicos, o mercado perfeitamente competitivo. A realidade, é claro, nao tern contornos tao definidos quanto a teoria. Em alguns casos, voce pode achar dificil deciciir qual é a estrutura que melhor descreve urn mercado. For exemplo, nao ha urn numero magic° que separe "poucas" de "mui- CAPiTULO 16 OLIGOP1:5110 — 347 FIGURA 1 NUmero de Empresas? Os Quatro Tipos de Muitas Estrutura de Mercado empresas Tipo de Produtos? Uma empresa MonopPlio (Capitulo 15) Poucas empresas OligopPlio (Capitulo 16) Produtos diferenciados Competicao Monopolistica (Capitulo 17) Produtos i &nticos Competicao Perfeita (Capitulo 14) tas" quando se conta o nUmero de emi.-)resas. (As cerca de uma dUzia de empresas que hoje vendem carros nos Estados Unidos fazem desse mercado um oligopOlio ou um mercado mais competitivo? A resposta está aberta ao debate.) De maneira similar, não há um meio garantido de determinar quando os produtos s" "o diferen. ciados e quando s" o i&nticos. (As diferentes marcas de leite so i&nticas? Mais uma vez, a resposta está aberta ao debate.) Ao analisarem os mercados do n-iundo real, os economistas precisam ter em mente as lições aprendidas com o estudo de todos os tipos de estrutura de mercado e, então, aplicar cada lição da maneira que lhes parecer apropriada. Agora que entendemos como os economistas definem os vffiios tipos de estrutura de mercado, podemos continuar nossa anlise sobre eles. No prOximo capftulo, analisaremos a compet4o monopolistica. Neste, trataremos do Teste R4ido Defina oligopPlio e competicao monopolfstica e dê urn exemplo de cada. MERCADOS COM POUCOS VENDEDORES Como em um mercado oligopolista há somente um pequeno niimero de- - vendedo-res, uma caracteristica-chave do oligopOlio é a tens a o entre a cooperg a o e o interesse prOprio. 0 grupo de oligopolistas se beneficia se coopera e age como se fosse um monopOlio – produzindo uma pequena quantidade de produto e cobrando um prey3 superior a. o custo marg,inal. Mas, como cada oligopolista se preocupa somente com seu prOprio lucro, há fortes incentivos em gk) que impedem que um grupo de empresas mantenha os resultados de um monopOlio. Os economistas que estudam o organizacao industrial dividem o mercado em quatro toos de competicao monopollstica e de competicao perfeita. 348 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA ENIPRESA E ORGANIZAcA0 DA INDUSTRIA Urn Exemplo de DuopOlio Para entendermos o comportamento dos oligopolios, vamos considerar urn oligopolio corn apenas dois membros, chamado de duop6/io. 0 duopolio é o tipo mais simples de oligopolio. Os oligopolios corn tres ou mais membros enfrentam os mesmos problen-tas que os oligopOlios que tern somente dois membros, de modo que nao perdemos muito ao comecar pelo caso do duopolio. Imagine uma cidade em que apenas dois dos habitantes — Jack e Jill — tenham pocos que produzem ag,ua potavel.Todo sabado, Jack e Jill decidem (pantos galaes de ag-ua vac) bombear, levar ate a cidade e vender pelo preco que o mercado puder pagar. Para simplificarmos, vamos imaginar que Jack e Jill possam bombear tanta agua quanto quiserem sem custo. Ou seja, o custo marginal da agua é zero. A Tabela 1 mostra a escala de demanda de agua. A primeira coluna mostra a quantidade demandada total e a segunda mostra o preco. Se os dois proprietarios venderem urn total de 10 galoes de agua, cada galao custara $ 110. Se venderem urn total de 20 gal oes, o preco de cada galao caira para $ 100 e assim por diante. Se representassemos graficamente essas duas colunas de ntimeros, obterfamos uma curva de demanda padrao, corn inclinacao descendente. A Ultima coluna da Tabela 1 mostra a receita total da venda de d o-ua. E i orual a quantidade vendida vezes o preco. Como no ha custo para bombear agua, a receita total dos dois produtores é igual ao lucro total. Vamos agora examinar como a organizacao do setor de abastecimento de agua da cidade afeta o preco e a quanticiade vendida de ag-ua. Competicao, MonopOlios e Cartels conluio ide urn acordo entre as empresas um mercado a respeito .. das quantidades a serem produzidas ou dos precos a serem cobrados cartel urn grupo de empresas agindo conforme urn acordo )..., Antes de examinarmos o preco e a quantidade de ag-ua que resultariam do duopolio de Jack e Jill, vamos cliscutir rapidamente as duas estruturas de mercado que conhecemos: a competicao e o monopolio. Vamos ver primeiro o que aconteceria se o mercado de ag,ua fosse perfeitamente competitivo. Em urn mercado competitivo, as decisoes de producao de cacia empresa levam a uma igualdade entre Few e custo marginal. No mercado de agua, o custo marginal é zero. Assim, havendo competicao, o preco de equilibrio da ag,ua seria zero e a quantidade de equilibrio seria de 120 galaes. 0 preco da agua reflebria o custo de producao e a quantidade eficiente de agua seria produzida e consumida. Agora vamos ver como urn monopolio se comportaria. A Tabela 1 mostra que o lucro total é. maximizado quando a quantidade é de 60 galoes e o preco é de $ 60 por galao. Assim, urn monopolista maximizador de lucros produziria essa quantidade e cobraria esse preco. Como é. padrao no monopolio, o preco seria superior ao custo marginal. 0 resultado seria ineficiente, JO que a quantidade de agua y endida e consumida seria inferior ao nivel socialmente eficiente de 120 gakies. -*Que resultado devemos esperar de nossos duopolistas? Uma possibilidade é que Jack e Jill se rainam e facam urn acordo em relacao a quantidade de agua a ser produzida e o preco a ser cobracio. Urn acordo sobre producao e precos como esse entre empresas é chamado de conluio e o g,rupo de empresas que age conforme urn acordo é chamado de cartel. Uma vez formado um cartel, o mercado passa, na pratica, a ser atendido por urn monopolio, e podemos aplicar a analise do Capitulo 15. Ou seja, se Jack e Jill entrassem em conluio, concordariam corn o resultado de monopolio porque esse resultado maximiza o lucro total que os produtores podem obter do mercado. Nossos dois produtores produziriam urn total de 60 gal5es, que seriam vendidos ao preco de $ 60 cada. Novamente, o Few é superior ao custo marginal e o resultado é socialmente ineficiente. CAPh'ULO 16 OLIGOK51_10 349 A Escala de Demanda de Água Preco $120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Receita Total (e lucro totai) $ 0 1.100 2.000 2.700 3.200 3.500 3.600 ' 3.500 3.200 — 2.700 2.000 1.100 0 .t.904,115thi fr9fYli ckne« , 44?4,» CerlY)PktiA tY6 :-: -c9.4“:4-1)06 dfi AC:41 mas tambem só sobre o nivel total de produ ao, Um cartel deve concordar n ao sobre a quantidade a ser produzida pelos membros. Em nosso caso, Jack e Jill devem concordar sobre como dividir entre si a produ o monopolista de 60 gal'Oes. maior no mercado, pois uma Cada membro do cartel desejara uma participa ao 1.-)articipa o maior significa um lucro maior. Se Jack e Jill concordarem em dividir o mercado em partes iguais, cada um produzira 30 galOes, o prew sera de $ 60 por cr al'ao e cada um deles tera lucro de $ 1.800. 0 Equilibrio para um Oligopdio Embora os oligopolistas desejassem formar carteis e obter lucros monopolistas, isso é possivel. Como veremos mais adiante neste capitulo, a geralmente n ao antitruste proibe explicitamente acordos entre os oligopolistas como assunto de politica pUblica. Alem disso, conflitos entre os membros de um cartel sobre como dividir o lucro do mercado muitas vezes tomam impossivel um acordo entre eles. Van-los, assim, ver o que aconteceria se Jack e Jill decidissem separadamente a quantidade de ag,ua a ser produzida. De inicio, seria de esperar que eles chegassem ao resultado monopolista por si prOprios porque esse resultado maximiza o lucro conjunto. Na falta de um acordo entre as partes, contudo, o resultado monopolista e improvavel. Para saber por que, imagine que Jack espere que Jill produza apenas 30 gal6es (metade da quantidade monopolista). Jack raciocinaria da seguinte maneira: "Eu tambem poderia produzir 30 galões. Neste caso, seria vendido um total de cle ag,ua ao pre9D de $ 60 por galão. Meu lucro seria de $ 1.800 (30 gal-Oes 60 gal Oes . Ou enfao, eu poderia produzir 40 galb- es. Neste caso, seria venx $ 60 por gal ao). dido um total de 70 gaffies ao preo de $ 50 por galao. Meu lucro seria de $ 2 mil Embora o lucro total do mercado diminuisse, meu lucro (40 gal es x $ 50 por gal ao). maior no mercado." seria maior 1,-)orque eu teria uma participg ao 350 PARTE 5 COMPORTAMENTO DA EMPRESA E ORGANIZA00 DA INDUSTRIA PIRATAS MODERNOS Os cartels set roros, em parte porque a legislacao ontitruste os torna ilegais. Como descreve o art/go abaixo, contudo, as empresas de tronsporte marltimo desfrutam de uma rara isencoo dessas leis e, coma resulted°, cobibm precos mais elevados do que poderiam cobrar sob outras circunsteinclas. Corn o Crescimento do Comercio dos Estados Unidos, os Cartels Maritimos Ficam um Pouco mais Sujeitos a um Exame Minucioso Par Anna Wilde Matthews Rutherford, NJ. — A cada duas semanas, em urn discreto predio de escritorios, cerca de 20 administradores de empresas de linhas marftimas se reunem. Eles se sentam em volta de uma grande mesa, conversam sobre coisas fteis enquanto comem bolinhos e tomam café e, entao, comecam a discutir quanto cobrarao para transportar cargasztraes do Oceano Atlantic°. Tudo é muito rotineiro, a nao ser por urn detalhe: eles nao trabalham para a mesma empresa. Cada urn representa uma empresa diferente, que supostamente deveria estar competindo corn as outras pelos neg6dos. De acordo corn as leis antitruste norteamericanas, a maioria das pessoas que fizesse o que eles estao fazendo acabaria em urn tribunal. Mas o transporte marftimo nao é map outras atividades. Muitas das grandes companhias de transporte marftimo do mundo, da norte-americana Sea-Land Service Inc. a dinamarquesa A. P. Moller/Maersk Line, sao membros de urn cartel pouco conhecido y que ha decactas estabelece as precos de dezenas de aloes de (Wares de carga. A maioria dos bens de consumo norteamericanos exportados ou importados par via marftima é afetada em algum grau. 0 cartel — na verdade diversos cartels, urn para cada rota de transporte — pode dizer aos importadores e exportadores quando comecam e quando terminam os contratos de transporte. Podem favorecer urn port° em detrimento de outros a ponto de afastar totalmente de uma cidade o tao necessario comercio. E, coma o setor de transporte marftimo, par decisao do Congresso norteamericano, nao esta sujeito a legislacao antitruste, tudo isso esta dentraida lei. E claro que Jill poderia seguir o mesmo raciocinio. Neste caso, Jack e Jill levariam para a cidade 40 galoes de agua cada urn. A venda total seria de 80 galOes e o preco cairia para $ 40. Assim, se os duopolistas perseguissem somente seus interesses proprios ao decidir quanto produzir, eles produziriam uma -ejuantidade total major que a quantidade monopolista, cobrariam um preco inferior ao preco monopolista e teriam lucro total menor do que o 1-ucro monopolista. Embora a logica do interesse proprio aumente a producao do duopolio para alem do nivel de monopOlio, ela na- o faz os duopolistas chegarem a alocacao corn0 petitiva. Vamos ver o que acontece quando cada duopolista produz 40 gal 6es. preco é de $ 40 e cada duopolista obtem urn lucro de $ 1.600. Neste caso, a logica diferente: do interesse proprio de Jack leva a uma conclus do "Agora meu lucro é de $ 1.600. Suponhamos que eu aumente a producao para 50 galoes. Neste caso, venderia