INSTITUTO FEDERAL DA PARAÍBA - CAMPUS JOÃO PESSOA BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL VIDRO NA CONSTRUÇÃO CIVIL JOÃO PESSOA 2022 VIDRO NA CONSTRUÇÃO CIVIL Trabalho apresentado ao professor Vamberto Monteiro da Silva, como requisito parcial de avaliação, para a disciplina de Construção Civil I. JOÃO PESSOA 2022 Materiais de SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 4 2 ORIGEM DO VIDRO 2.1 NO BRASIL 5 6 3 CARACTERÍSTICAS 3.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA 3.2 PROPRIEDADES FÍSICAS 3.3 PROCESSO DE FABRICAÇÃO 7 7 8 8 4 APLICAÇÃO DO VIDRO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 10 5 PRINCIPAIS TIPOS DE VIDRO PARA CONSTRUÇÃO CIVIL 5.1 VIDRO FLOAT 5.2 VIDRO TEMPERADO 5.3 VIDRO LAMINADO 5.4 VIDRO REFLETIVO 5.5 VIDRO ARAMADO 5.6 VIDRO DUPLO 5.7 VIDRO SERIGRAFADO 5.8 VIDRO MULTI ARAMADO 5.9 VIDRO RESISTENTE AO FOGO 5.10 VIDRO AUTOLIMPANTE 5.11 VIDRO FOTOVOLTAICO 12 13 14 14 15 16 16 17 18 19 20 21 6 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO VIDRO NA CONSTRUÇÃO CIVIL 6.1 AS PREOCUPAÇÕES DE SEGURANÇA 22 23 7 CONCLUSÃO 24 REFERÊNCIAS 25 3 1 INTRODUÇÃO O vidro está presente em abundância no nosso dia a dia, seja através das embalagens, nas molduras e fechamentos de nossas casas, ou na arte. No nosso ramo de atividade, a construção civil, são inúmeras as aplicações: garantem maior luminosidade, transparência, segurança, acabamentos e decoração. Eles vêm em diferentes formatos, composições, tipos e formas de produtos mais diversas do mercado, porém, sua escolha deve ser sábia. Ao escolher, deve-se observar e entrar em contato com os mais diversos pontos, como tipo, funcionamento, tamanho, especificações do fabricante e aplicação pretendida, sempre atenta às normas técnicas pertinentes. 4 2 ORIGEM DO VIDRO A origem do vidro não pôde ser determinada. Porém, os primeiros registros são atribuídos aos navegadores fenícios a cerca de sete mil anos atrás, quando ancoraram em uma praia do mar sírio e fizeram uma fogueira para se esquentar com blocos de salitre e soda. Com isso, perceberam um líquido translúcido e que esfriava rapidamente tornando-se sólido, e surgiu o Vidro. No entanto, como alguns estudos arqueológicos sustentam, o vidro pode ter sido uma invenção ainda mais antiga. O estudo afirma que o primeiro objeto de vidro conhecido foi encontrado dentro de uma pirâmide egípcia. As técnicas de fabricação não se desenvolveram até cerca de 100 aC. Foi então que os romanos começaram a usar o sopro de molde interno na fabricação de vidro, o que tornou possível a produção em massa de vidro. Até 1900, a produção desta matéria-prima ainda era considerada uma arte quase secreta. O vidro é uma substância líquida com uma viscosidade muito alta à temperatura ambiente, que varia com a temperatura. É composto basicamente de areia (sílica ou vitrificante), sulfato ou carbonato (abaixo da temperatura de fusão da sílica) e um estabilizador (geralmente cal, que confere resistência ao vidro). Quando esta mistura é elevada a uma temperatura de 1500º C, forma-se uma massa plástica pegajosa. O processo de fusão é muito complexo e envolve principalmente a reação química entre as várias matérias-primas, a formação de fases líquidas e homogêneas, a eliminação de gases produzidos durante a reação química e, finalmente, a formação de uma substância vítrea homogênea pronta para ser fornecida ao a máquina. À medida que o material esfria, a viscosidade aumenta até que um vidro seja obtido. As propriedades do vidro dependem não apenas da temperatura e pressão, mas também de sua história térmica (o caminho para resfriá-lo, passando por várias temperaturas, do líquido ao sólido). A coloração é feita adicionando outras substâncias: por exemplo, cobalto para vidro azul, óxido de cobre para verde, óxido de ferro para vidro bronze e sulfato de zinco para fumaça. Quase 90% de todo o vidro produzido no mundo é do tipo "vidro soda-cal". A composição química deste vidro é resultado de uma série de fatores, incluindo a facilidade de fusão, maior disponibilidade de matérias-primas e propriedades físico-químicas adequadas para a maior aplicação possível. 5 . 2.1 NO BRASIL O vidro foi introduzido no Brasil ao mesmo tempo em que os holandeses invadiram as cidades de Olinda e Recife em Pernambuco entre 1624 e 1635. A primeira oficina de vidro foi construída na região, fundada por quatro artesãos que viajaram com o príncipe Maurício De Nassau, foi fechada depois que os holandeses foram expulsos do solo brasileiro, período em que todo o vidro começou a ser importado de países europeus. Somente em 1812 é que a produção de vidro no país foi retomada e a indústria baiana se estabeleceu, produzindo vidro comum, cristal branco, garrafas e frascos. Mais tarde, a fábrica também fechou. Em 1839, mais uma fábrica foi inaugurada no estado do Rio de Janeiro, enfrentando a concorrência de produtos europeus. No final do século XIX e início do século XX, algumas fábricas foram instaladas e, no início do século passado, a produção de vidro era basicamente manual, usando processos básicos de fabricação, e só no final desse período a indústria começou a desenvolver o vidro, com instalações que promoviam grandes máquinas para produção em massa. Também nesta fase, até hoje, várias empresas surgiram no mercado brasileiro, principalmente a partir de 1950, graças à industrialização acelerada que aqui se iniciou, a produção da indústria vidreira cresceu consideravelmente, possibilitando investimentos do exterior. Desde então, as empresas brasileiras passaram por um processo de amadurecimento e expansão, caracterizado por desenvolvimentos tecnológicos envolvendo a indústria. 6 3 CARACTERÍSTICAS 3.1 COMPOSIÇÃO QUÍMICA Eles são basicamente feitos de areia, calcário, água com gás, alumina, corantes e alvejantes. As matérias-primas que compõem o vidro são vitrificadores, fundentes e estabilizantes. Os agentes vitrificantes são usados para conferir maiores propriedades ao corpo de vidro e consistem em anidrido silícico, anidrido bórico e anidrido fosfórico. O fluxo é projetado para promover a fusão da sílica e é composto por óxido de sódio e óxido de potássio. Os estabilizadores têm o efeito de impedir a dissolução do vidro composto de silício e álcalis: óxido de cálcio, óxido de magnésio e óxido de zinco. A sílica é uma matéria-prima essencial e vem na forma de areia; pedra cinzenta; encontrada nos leitos de rios e pedreiras. A alumina é um constituinte de quase todos os tipos de vidro. Certos componentes de medicamentos ou soluções nutricionais podem incorporar alumínio no vidro e causar intoxicação. Depois que a pedra, a areia e o quartzo são moídos e extraídos, eles são lavados para remover a argila e os orgânicos; o material é então colocado em um tanque refratário para ser derretido. As composições individuais do vidro são muito diversas, pois pequenas alterações são feitas para fornecer propriedades específicas, como índice de refração, cor, viscosidade, etc. Comum a todos os tipos de vidro é a sílica, que é à base de vidro. ● Sílica (SiO2) - 72% Matéria prima básica (areia) com função vitrificante; ● Alumina (Al2O3) - 0,7% Aumenta a resistência mecânica; ● Sódio (Na2SO4) - 14% Aumenta a resistência mecânica; ● Cálcio (CaO) - 9% Proporciona estabilidade ao vidro contra ataques de agentes atmosféricos; ● Magnésio (MgO) - 4% Garante resistência ao vidro para suportar mudanças bruscas de temperatura e aumenta a resistência mecânica; 7 ● Potássio (K2O) - 0,3% Os vidros coloridos são produzidos acrescentando-se a composição corantes como o selênio (Se), óxido de ferro e cobalto para atingir as diferentes cores. 3.2 PROPRIEDADES FÍSICAS As propriedades intrínsecas e fundamentais do vidro são a transparência e a durabilidade. Dependendo do uso do material, outras propriedades se tornam importantes. Vários fluidos e modificadores introduzidos para facilitar a fabricação podem afetar essas propriedades, e os desenvolvimentos no design do vidro identificaram uma ampla gama de composições para alcançar propriedades físicas específicas. As principais propriedades importantes são: ● Transmissão de luz/radiação, reflexão, absorção; ● Índice de Refracção; ● Propriedades Térmicas; ● Resistência; ● Dureza e Resistência à abrasão; ● Durabilidade Química; ● Durabilidade às Intempéries; ● Densidade; ● Resistência ao Fogo/ ● Isolamento Acústico; 3.3 PROCESSO DE FABRICAÇÃO O processo de vidro float foi desenvolvido pela Pilkington em 1952 e é o padrão mundial na fabricação de vidro plano de alta qualidade. O processo, que inicialmente produzia apenas vidros de 6 mm de espessura, agora produz vidros entre 1,8 e 19 mm de espessura. As matérias-primas são misturadas e derretidas com precisão no forno. Despeje continuamente o vidro 8 fundido a aproximadamente 1600 °C em uma lata de liquefação controlada quimicamente. Ele flutua na lata e se espalha uniformemente. A espessura é controlada pela velocidade da folha de vidro, que se solidifica à medida que continua avançando. Após o recozimento (resfriamento controlado), o processo termina com o vidro apresentando uma superfície lisa e paralela. 9 4 APLICAÇÃO DO VIDRO NA CONSTRUÇÃO CIVIL Desde 1980, o vidro conquistou os espaços da arquitetura e das construções civis. Com o desenvolvimento da economia, sua aplicação na construção é cada vez mais. Se era um elemento raro usado no Brasil há alguns anos, hoje é um produto comum e está sendo utilizado em larga escala, como fachadas, telhados, pisos, divisórias, portas e janelas, escadas e paredes, além de sendo usado como fora do elemento de segurança no guardrail. Podemos argumentar que este material é utilizado porque permite a interação entre os meios internos e externos, o que aumenta a segurança e a visibilidade. O que o torna o material mais cobiçado no mercado da construção é sua transparência, reutilização, durabilidade e praticidade, além da boa estética. O vidro garante a leveza do ambiente e substitui o material comumente utilizado em residências, prédios comerciais, hotéis, aeroportos, parques, shoppings, hospitais e escolas, pois traz beleza e harmonia às formas contornadas. Entre outros fatores, o tipo de vidro a ser utilizado para cada projeto dependerá: 1) de como o cliente deseja que o produto final seja; 2) do estresse que o vidro suportará. Para atender ao segundo requisito, é necessário entender as técnicas de resfriamento utilizadas na fabricação do vidro. A nova tecnologia permitiu o uso de vidro em paredes de suporte, pisos e estruturas de escadas com designs mais leves. Espera-se que os avanços na tecnologia de fabricação de vidro permitam a substituição de estruturas de aço e concreto no futuro, o que levará a uma redução substancial no custo final do projeto. O uso do vidro em ambientes internos também é uma realidade inegável. Hoje, eles podem ser encontrados em diversos locais, como ambientes corporativos, utilizados como divisórias, telas, etc. Por exemplo, escritórios, ambientes corporativos ou instituições públicas exigem cada vez mais divisórias de alto padrão feitas de estruturas de alumínio e painéis de vidro. É fácil de montar e desmontar, conferindo ao ambiente uma estética diferenciada, proteção acústica, sofisticação e funcionalidade. Seja no piso, escada, telhado ou em qualquer outro lugar, o vidro traz modernidade, simplicidade, sofisticação e outros benefícios além de ser um produto sustentável e reutilizável. Cada projeto deve ter a função de envidraçamento e as opções estéticas mais adequadas para aplicar no local. 10 A definição do tipo de vidro utilizado em cada projeto depende de dois fatores principais: o esforço de apresentação do material e o efeito desejado pelo cliente em seu produto final. No entanto, a utilização de avanços e inovações na linha de produção em termos de quantidade e qualidade de material garante um número cada vez maior de possibilidades de aplicação de materiais. Um grande exemplo do avanço do vidro e da expansão de seus usos é o Burj Khalifa em Dubai, o edifício mais alto do planeta e um dos edifícios mais tecnologicamente aplicados já desenvolvidos pelo homem. Mesmo no clima rigoroso do deserto, o edifício tem mais de 28.000 painéis de vidro, adicionando ainda mais beleza e harmonia a esta estrutura maravilhosa, 174.000 metros quadrados de vidro Guardian. Atualmente, os projetos mais complexos aproveitam as possibilidades e peculiaridades do vidro plano comum, vidro laminado, vidro reflexivo, vidro temperado e vidro serigrafado, utilizando materiais que vão desde estruturas a objetos decorativos, demonstrando a riqueza e utilidade dos produtos. as razões para o crescimento contínuo da indústria do vidro. 11 5 PRINCIPAIS TIPOS DE VIDRO PARA CONSTRUÇÃO CIVIL Desde a era da industrialização mundial, o aumento do uso do vidro nas construções civis trouxe problemas que a indústria vidreira precisa resolver. Apesar do potencial de trazer mais luz e inovações estéticas, até o início do século 20, os vidros utilizados nas edificações apresentavam problemas para resistir a possíveis esforços, e sua quebra poderia causar sérios danos às pessoas. Há também problemas com isolamento térmico e segurança patrimonial. Este empreendimento rende atualmente diversos tipos de vidros que oferecem alta resistência, segurança e proporcionam às edificações maior conforto térmico e acústico. Esses avanços não apenas tornam o vidro mais utilizado, mas também abrem novas possibilidades de uso desse material na construção civil. A partir de sílica, alumina, cálcio, magnésio, sódio e potássio, são produzidos os produtos básicos: vidro float e vidro de impressão. Esses produtos beneficiados podem ser transformados em dezenas de copos. A NBR 11706 especifica as condições exigidas para o vidro plano na construção civil, aplica-se ao vidro: 1. recozidos estirados (lisos), incolores ou coloridos; 2. recozidos “float”, incolores ou coloridos; 3. recozidos impressos, incolores ou coloridos; 4. de segurança aramados; 5. de segurança temperados, ● “float”, incolores ou coloridos; ● estirados (lisos), incolores ou coloridos; ● impressos, incolores ou coloridos; ● esmaltados; 6. de segurança laminados, ● simples: lisos ou “float”, incolores ou coloridos; ● múltiplos: lisos ou “float”, incolores ou coloridos; ● mistos, simples: lisos ou “float” e impressos, incolores ou coloridos; 7. foscos; 8. termo absorventes; 9. termorefletoras. 12 Assim como em outras normas, existem alguns suplementos à ABNT NBR 11706. Como o 7210, que fala apenas sobre vidro, e o 5426, que fornece planos de amostragem e procedimentos de inspeção. Ainda podemos nos referir à Norma 7199, que se refere a todo o projeto, execução e aplicação do vidro, e a 7334, sobre vidro de segurança, que trata de desvios quando as peças são verificadas. Abaixo estão alguns dos tipos mais comuns de vidro na arquitetura contemporânea. 5.1 VIDRO FLOAT Fabricação: O vidro float (ou comum) é composto por sílica (areia), potássio, alumina, sódio (barrilha), magnésio e cálcio. Essas matérias primas são misturadas com precisão e fundidas no forno. O vidro, fundido a aproximadamente 1.000 graus, é continuamente derramado num tanque de estanho liquefeito, quimicamente controlado. Ele flutua no Estanho, espalhando-se uniformemente. A espessura é controlada pela velocidade da chapa de vidro que se solidifica à medida que continua avançando. Após o recozimento (resfriamento controlado), o processo termina com o vidro apresentando superfícies polidas e paralelas. O float pode ser incolor, verde, fumê e bronze. Para obter vidros comuns coloridos, é preciso juntar corantes no processo de fabricação. No Brasil, é produzido em diversos tamanhos e com espessuras que variam de 2 a 19 mm. Benefícios: O vidro float é muito requisitado no mercado. A transparência, durabilidade, boa resistência química, facilidade de manuseio e baixo custo atraem os consumidores. Aplicações: Geralmente, não recebe nenhum tipo de tratamento e pode ser utilizado nas mais diversas aplicações – construção civil, indústria de móveis e decoração. Ele é a matéria-prima para o processamento de todos os demais vidros planos: temperados, laminados, insulados, serigrafados, curvos, duplo envidraçamento, espelhos, entre outros. 13 5.2 VIDRO TEMPERADO Fabricação: A fabricação do temperado, considerado vidro de segurança, é realizada por meio de um forno de têmpera horizontal ou vertical. O vidro float (comum) é submetido a um processo de aquecimento e resfriamento rápido que o torna bem mais resistente à quebra por impacto, apresentando, assim, uma resistência até cinco vezes maior que a do vidro comum. Depois de temperado, o vidro não pode ser beneficiado, cortado, furado, etc. Portanto, qualquer processo de transformação tem de ser feito antes do processo de têmpera. Benefícios: Sua principal característica é a resistência. Resiste ao choque térmico, flexão, flambagem, torção e peso. É considerado um vidro de segurança, pois em caso de quebra, fragmenta-se em pequenos pedaços pouco cortantes, o que diminui o risco de ferimentos. Aplicações: É muito utilizado na construção civil, na indústria automotiva e na decoração. É também o único vidro que pode ser aplicado como porta sem a utilização de caixilhos. 5.3 VIDRO LAMINADO Fabricação: O laminado é o tipo mais resistente de vidro, composto de duas ou mais lâminas de vidro fortemente interligadas, sob calor e pressão, por uma ou mais camadas de polivinil butiral (PVB) ou resina. Os vidros laminados podem ser fabricados com uma infinidade de cores. Estas variam de acordo com a combinação das cores dos vidros, o número de películas de PVB e as cores dessas películas ou resinas. Benefícios: Em caso de quebra da placa laminada, os cacos permanecem presos. Com a aplicação do laminado, eventuais ferimentos são evitados. Conforme a necessidade da proteção – segurança de pessoas e/ou de bens patrimoniais – o laminado pode resistir a diferentes níveis de impacto e ataques por vandalismo. Além de segurança, a laminação confere ao vidro função termo acústica. O conforto acústico se dá em função da espessura da camada intermediária (PVB ou resina). Quando produzidos com placas de vidro de controle solar, os vidros laminados tornam-se eficientes para manter o conforto térmico. A família dos vidros para 14 controle solar empregados nos projetos arquitetônicos é formada por refletivo e low-e (baixo emissivo). Aplicações: O laminado simples é mais utilizado na arquitetura – em divisórias, portas, janelas, clarabóias, pára-brisas de carro, sacadas, guarda-corpos, fachadas e coberturas. 5.4 VIDRO REFLETIVO Fabricação: Desenvolvido com tecnologia que garante o controle eficiente da intensidade de luz e do calor transmitidos para os ambientes internos, os vidros refletivos, chamados popularmente de espelhados, são grandes aliados do conforto ambiental e da eficiência energética nas edificações. A transformação do vidro float em refletivo consiste na aplicação de uma camada metalizada numa de suas faces, feita pelos processos pirolíticos (on-line) ou de câmara a vácuo (off-line). Pelo sistema on-line, a camada metalizada é pulverizada com óxidos metálicos durante a fabricação do float. No processo off-line, a chapa de vidro passa por uma câmara mantida a vácuo, na qual recebe a deposição de átomos de metal sobre uma de suas faces. O vidro refletivo pode ser laminado, insulado, serigrafado ou temperado. Porém, são necessários alguns cuidados em situações especiais: os vidros que passam pelo processo a vácuo não podem ser temperados e o processo de serigrafia deve ser feito antes do depósito dos óxidos. Os refletivos pirolíticos podem ser temperados e serigrafados após o processo de pirólise (decomposição pelo calor). Benefícios: As vantagens são muitas, performances diferenciadas para controle solar em relação à transmissão e à reflexão de luz e calor, além de baixos coeficientes de sombreamento; redução em até 80% da passagem de calor por radiação solar para o interior do ambiente, garantindo, assim, excelente isolamento térmico; barreira contra os raios ultravioleta (UV) – quando laminado –; economia de consumo de energia elétrica pela diminuição do uso do ar-condicionado, consequência do controle térmico que o vidro proporciona; controle da luminosidade incidente no vidro: sensação de conforto ao usuário e racionalização no uso da luz elétrica. 15 Aplicações: Fachadas de edifícios residenciais e comerciais, coberturas, portas, janelas, sacadas de edifícios e casas. 5.5 VIDRO ARAMADO Fabricação: Considerado um vidro de segurança, o aramado é um impresso translúcido que possui uma rede metálica de malha quadriculada incorporada à massa do vidro. Durante seu processo de fabricação – semelhante ao do vidro impresso -, assim que o vidro passa entre os cilindros metálicos e vai para a estenderia (conjunto de rolos), o arame (malha de aço) é colocado dentro da massa vítrea. Em seguida, é resfriado gradativamente. Benefícios: A rede metálica incorporada ao vidro tem como função principal segurar os estilhaços de vidro na hora do rompimento da placa. Ou seja, em caso de quebra, o vidro fica preso à rede metálica, deixando o vão indevassável até sua substituição, reduzindo os riscos de ferimentos no momento da quebra. Por ser translúcido, proporciona privacidade e estética ao projeto, ampliando o conceito de iluminação e requinte (possui efeito decorativo). Além disso, o aramado possui excepcionais índices de resistência ao fogo, prevenindo, assim, o ambiente da passagem de chamas e fumaça. Aplicações: Caixa de escada, coberturas, fechamentos de clarabóias, sacadas, peitoris, tampos de balcões, composição de móveis, divisórias e guarda-copos. 5.6 VIDRO DUPLO Fabricação: O vidro duplo, também chamado de insulado, tem função termo acústica. Dependendo de sua composição, pode proporcionar isolamento térmico e acústico. O sistema de envidraçamento duplo alia as vantagens técnicas e estéticas de pelo menos dois tipos de vidro. Entre os dois vidros, há uma camada interna de ar ou de gás desidratado – dupla selagem. A primeira selagem evita a troca gasosa, enquanto a segunda garante a estabilidade do conjunto. O sistema de envidraçamento duplo pode ser composto por qualquer tipo de vidro (temperado, laminado, colorido, incolor, metalizado e baixo emissivo), destacando as qualidades 16 entre eles. Ou seja, é possível combinar vidros de propriedades diferentes, como a resistência (externa) dos temperados com a proteção térmica (interna) dos laminados. O vidro duplo também pode conter uma persiana interna (entre vidros). Esse sistema reúne todas as vantagens resultantes do vidro duplo, como o controle de luminosidade e privacidade. Benefícios: Os duplos oferecem privacidade, aproveitamento máximo da luz natural e controle da luminosidade (entrada de luz e calor), isolamento térmico e acústico (atenua as ondas sonoras em níveis superiores ao do vidro comum com melhor resultado pela utilização de gases especiais) e grande durabilidade. Aplicações: Fechamento de vãos fixos, janelas, portas, coberturas, visores das portas de saunas secas e úmidas, fechamento de salas e ambientes climatizados são algumas das aplicações para o vidro duplo. As persianas entre vidros funcionam muito bem em hospitais, clínicas e laboratórios, pois, além de silenciosa, não acumula sujeira alguma por estar protegida dentro do envidraçamento. 5.7 VIDRO SERIGRAFADO Fabricação: No processo de fabricação do vidro serigrafado ou pintado a quente, a imagem que se deseja aplicar ao vidro é gravada em uma tela de poliéster e transferida para a peça de vidro, por meio de emissão luminosa. Esse processo lembra o de revelação fotográfica. A tinta que se aplica ao vidro é o esmalte cerâmico, também conhecido como esmalte vitrificável. O produto é uma combinação de frita (elemento vítreo) e pigmentos inorgânicos à base de óxidos, estabilizados em alta temperatura. Por se tratar de uma composição vítrea, o esmalte segue as propriedades do vidro. Após a aplicação do esmalte cerâmico, o float passa pela têmpera e é submetido a tratamento térmico. Depois de fundida a mais de 560 graus, a tinta adere à peça, resultando uma impressão com grande resistência a riscos e manchas de gordura. Portanto, o vidro float torna-se serigrafado e temperado, sendo mais resistente que o comum. Alguns tipos de vidro refletivo podem ser serigrafados, desde que a metalização resista à têmpera, proporcionando ganhos em controle solar. Quando aplicados em situações que 17 exijam segurança, como fachadas, coberturas, escadas e guarda corpos, a norma indica que os serigrafiados devem ser laminados. Benefícios: O serigrafado tem funções que vão além da decorativa. Nos automóveis, age no bloqueio de raios solares (ultravioleta e infravermelho) que causam perda de aderência da cola utilizada na fixação dos vidros. Ou seja, é um instrumento de segurança. Na linha branca, é utilizado principalmente em fornos elétricos e de microondas, protegendo e escondendo a lã térmica que mantém o calor interno. A serigrafia é também utilizada para encobrir pontos de cola e peças internas de alguns produtos. As características de transparência e translucidez, obtidas a partir de cores e desenhos aplicados, resultam em proteção de 0% a 100% de cobertura da superfície do vidro, constituindo opção de sombreamento em fachadas e coberturas. Aplicações: Com várias opções de cor e desenho, são infinitas as possibilidades para a criação e aplicação do serigrafado. Empregados com frequência em produtos de linha branca e automotivos, o vidro também é utilizado na indústria moveleira e construção civil (ambientes interiores e fachadas de edifícios). 5.8 VIDRO MULTI ARAMADO Fabricação: O vidro multilaminado pode ser considerado um sanduíche de vidros reforçado já que em sua fabricação são utilizadas duas ou mais lâminas de vidro intercaladas por uma ou mais camadas de polivinil butiral (PVB) ou resina. Os vidros comercialmente chamados de anti vandalismo e blindados são vidros multilaminados. Cada tipo, entretanto, possui composição, aplicação ideal e nível de proteção diferente. Os fabricantes também costumam utilizar composições diferenciadas para seus produtos. Benefícios: Desenvolvido para oferecer mais segurança a vários tipos de ambientes e garantir a integridade física das pessoas, em casos de ataques com pedra ou armas brancas. Aplicações: Indicado para ambientes que necessitam de proteção reforçada, tais como bancos, vitrinas de lojas de luxo, guaritas, joalherias, piso, visores de piscina entre outros. 18 5.9 VIDRO RESISTENTE AO FOGO Fabricação: Os vidros resistentes ao fogo, também chamados de anti fogos, são vidros laminados compostos por várias lâminas intercaladas com material químico transparente, como o gel intumescente, que se funde e dilata em caso de incêndio. Ou seja, no momento em que o vidro recebe calor procedente do fogo e a temperatura eleva-se, o processo de intumescência é ativado, criando uma barreira opaca ao fogo. Esse processo também pode ser ativado por um excesso de temperatura ou de raios ultravioleta derivados da radiação solar. Durante um incêndio, o gel é capaz de absorver a radiação térmica, detendo a pressão do incêndio e mantendo constante a temperatura sobre a face do vidro, oposta ao fogo. O desempenho do vidro resistente ao fogo depende de muitos detalhes técnicos envolvendo a instalação e o tipo de vidro a ser utilizado. Ou seja, se o vidro tiver de resistir a sessenta minutos de incêndio, o caixilho deverá seguir a mesma regra de resistência. Isso significa que o comportamento dos diferentes materiais deve ser conhecido e projetado para que o sistema funcione de acordo com o esperado. Todo projeto necessita de um sistema completo resistente ao fogo pelo tempo necessário de acordo com a legislação nacional de cada país. Os especificadores devem estar atentos se existe a necessidade da utilização de um vidro pára-chamas (que impede a propagação do fogo, mas deixa o calor passar para outro ambiente) ou um corta-fogo (barra tanto a chama como o calor). Ou seja, o vidro é pára-chamas quando resiste, sem deformações significativas, o tempo para que foi classificado (estabilidade mecânica) e, também, é estanque às chamas e aos gases quentes (estanqueidade). O corta-fogo atende à estabilidade mecânica e à estanqueidade e, ainda, impede a auto inflamação da face não exposta ao fogo ou dos objetos mais próximos (isolamento térmico). Benefícios: De ação preventiva, sua função é a proteção contra incêndio fogo, gases e fumaça. O tempo de resistência do vidro resistente ao fogo pode variar conforme sua espessura. Dessa forma, permite evacuação segura, enquanto os bombeiros combatem o fogo. Com esse tipo de vidro, o consumidor diminui a preocupação com incêndios. Além disso, o vidro não se funde e proporciona isolamento térmico. Aplicações: Sempre que se desejar compartilhar um ambiente, ou seja, mantê-lo isolado do incêndio, proporcionando a evacuação do edifício, o anti-fogo 19 deve ser utilizado. Em áreas como rotas de fuga, caixa de escada, compartimentação nas fachadas entre andares e compartimentação horizontal de laje, o anti-fogo é necessário. Pode ser aplicado em divisórias, fachadas e coberturas que necessitam de integridade garantida pelo tempo especificado durante um incêndio. 5.10 VIDRO AUTOLIMPANTE Fabricação: Para a produção do autolimpante, o float recebe uma película com uma camada com partículas de dióxido de titânio (TiO2). A camada de cobertura age de duas formas: na primeira, quebra as moléculas orgânicas; e, na segunda, elimina a poeira inorgânica. A quebra das moléculas orgânicas é feita por meio do processo chamado fotocatalítico. Os raios ultravioletas reagem com a cobertura de dióxido de titânio do vidro autolimpante e desintegram as moléculas à base de carbono, eliminando totalmente a poeira orgânica. A segunda parte do processo acontece quando a chuva ou um jato d’água atingem o vidro. Como é um produto hidrofílico (que absorve bem a água), ao invés de formar gotículas, como nos vidros normais, a água se espalha igualmente por toda superfície do vidro autolimpante, levando com ela toda a poeira. Em comparação com os vidros normais, a água também seca muito mais rapidamente e não deixa aquelas tradicionais manchas. Benefícios: Aproveita a força dos raios UV e da água da chuva para combater de forma eficiente a sujeira e os resíduos que se acumulam no exterior da janela (marcas de água, poluentes atmosféricos orgânicos, poeira, borrifos de água do mar e resíduos de insetos). O produto também trabalha a favor do meio ambiente, uma vez que evita a utilização intensiva de detergentes poluidores e contribui para diminuir a frequência de lavagens, gerando economia de tempo e dinheiro. Aplicações: O autolimpante é indicado para ser utilizado em janelas e portas de pátios, jardins de inverno, sacadas e instalações suspensas, fachadas envidraçadas, envidraçamentos suspensos e átrios, mobiliário utilizado em ambientes externos. Ou seja, ele pode ser utilizado em todos os ambientes que sofram a incidência dos raios UV. É adequado para locais altamente poluídos como lugares próximos às áreas industriais e aeroportos. 20 5.11 VIDRO FOTOVOLTAICO Fabricação: Pequenas lâminas de células fotovoltaicas fabricadas com silício, um material semicondutor, são instaladas em vidros simples, laminados ou duplos e dão origem aos vidros fotovoltaicos. Esses vidros permitem a absorção da radiação solar e convertem a energia em eletricidade. Cada painel de vidro pode abrigar diversas células ligadas entre si. Fios instalados no interior dos perfis de alumínio conduzem a energia elétrica de um painel para outro, sucessivamente, até as baterias de armazenamento. Benefícios: Permite a absorção da radiação solar e converte energia em eletricidade. Hoje, a sua taxa de conversão de energia, ou seja, a quantidade de energia solar capturada pelos vidros ou painéis fotovoltaicos e efetivamente transformada em energia totaliza 8% a 16%. Aplicações: Na Europa, onde a escassez de energia elétrica vem se tornando cada vez mais preocupante, os vidros fotovoltaicos estão entre as soluções utilizadas em fachadas e coberturas para ganhos em eficiência energética e altíssimo desempenho ambiental das edificações. 21 6 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO VIDRO NA CONSTRUÇÃO CIVIL As vantagens do uso do vidro em edifícios são inúmeras: maior aproveitamento da luz, conforto, sensação de amplitude, estética e, claro, economia. Também é versátil, cobrindo quase todas as partes do imóvel, tanto para objetos quanto para aprimorar a estética da fachada do imóvel. Sua preparação é semelhante à preparação de bolos, pois é feita combinando certas quantidades de ingredientes. Normalmente, é 70% de areia, 14% de cálcio, 14% de sódio e 2% de produto químico. Após a mistura, os componentes entram em um forno com temperaturas de até 1500ºC, onde são direcionados para moldes específicos, onde são resfriados e recebem sua forma final. Para usar o vidro corretamente, há dois fatores a serem considerados na escolha do tipo certo: a estética e o esforço que o vidro suportará. Uma grande variedade de modelos e qualidades pode ser encontrada no mercado, tornando este produto uma excelente opção para quem busca investir em um projeto mais enxuto. Vantagens da utilização de vidro na construção incluem: ● Ele acrescenta o embelezamento da fachada de um edifício; ● Ele é útil para fins ornamentais e decorativos tanto para interiores e exteriores dos edifícios; ● Ele ajuda na economia de espaço em interiores; ● Ele executa efeitos de iluminação retenção de calor, e economia de energia; ● Ela transmite uma sensação de harmonia, abertura e acordo; ● É um material versátil que pode ser usado para fazer escadas, prateleiras transparentes coloridos e outras características como divisores e cubículos; ● Ele economiza em custos de ar condicionado, porque janelas de vidro são maus condutores de calor. Desvantagens do uso de vidro em sua casa ou escritório: ● É caro e pode aumentar os custos de construção; ● Não recomendado para uso em áreas propensas a terremotos; ● Alto custo na manutenção. 22 6.1 AS PREOCUPAÇÕES DE SEGURANÇA As cozinhas e banheiros podem ser equipados com balcões ou chuveiros de vidro, que são fáceis de limpar e dão ao espaço um ar muito moderno e higiênico. Outras áreas onde é usado o envidraçamento extensivo são o jardim de inverno e o solário. As estufas estão em uso desde o século XVI e foram originalmente usadas por proprietários de terras para cultivar frutas mediterrâneas e subtropicais, como limões e laranjas, nos climas mais frios do norte da Europa e da Inglaterra. Os conservatórios modernos são frequentemente usados como anexo ao edifício principal e usados como conservatório ou solário. 23 7 CONCLUSÃO A escolha do vidro é crescente porque está relacionada às propriedades que ele nos oferece, como translucidez, integração com o ambiente externo, eficiência energética (oferecida pela redução do uso de iluminação e ar condicionado), acústica e segurança... técnicas de fabricação, podemos fabricar vidros com diferentes propriedades e diversos usos. Os riscos do uso do vidro na construção são proporcionais à variedade de opções no mercado. Portanto, informações e especificações precisas sobre o tipo de vidro adequado para o uso pretendido devem ser solicitadas diretamente ao fabricante. Nunca devemos esquecer que, uma vez instalado num edifício, o vidro está sujeito a fatores que podem comprometer a sua integridade e colocar em risco os utilizadores. 24 REFERÊNCIAS BERGAMO, A. P. R. H.; MOTTER, C. B. A origem do vidro e seu uso na arquitetura. Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional – 2014. O uso do vidro na construção civil. 2018. Disponível em: https://saimel.com.br/o-uso-do-vidro-na-construcao-civil/. Acesso em: 4 jun. 2022. GIOVANNI, Mariacher. O vidro: os estilos na arte. São Paulo, Martins Fontes, 1992 25