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Seminário - Rita Gonçalves

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SEMINÁRIO – RITA GONÇALVES
TRABALHO DE REFLEXÃO
Estágio em Treino Desportivo II
Faculdade de Motricidade Humana
Ciências do Desporto
Ano letivo 2022/2023
Orientador: Pedro Fatela
Discente: Rodrigo Nel, nº 25118, TD3
Ciências do Deporto | Estágio em Treino Desportivo I | 2022/2023
No dia 13 de março de 2023, a Faculdade de Motricidade Humana recebeu no seminário
a sua antiga aluna de licenciatura em Ciências do Desporto e mais tarde mestrado em Treino
Desportivo. Atualmente, Rita Gonçalves é Treinadora-Adjunta da Seleção Nacional A Feminina.
A sua jornada como jogadora começou aos 12/13 anos, em que jogava principalmente
com rapazes. Em seguida, ingressou numa equipa feminina de formação dos 12 aos 18 anos. Na
transição para treinadora, teve a oportunidade de trabalhar com diversos escalões, desde os
mais jovens (petizes) até aos juvenis, tanto no futebol masculino como feminino, assumindo os
papéis de treinadora-adjunta e treinadora principal. A sua experiência abrangeu várias áreas do
futebol, desde a participação com rapazes numa fase inicial até à orientação e treino de equipas
masculinas e femininas em diferentes faixas etárias.
Rita Gonçalves iniciou a apresentação abordando o Futebol Feminino, mais
especificamente, a seleção feminina, sendo este o tema principal ao longo do seminário.
Compartilhou alguns dados sobre a evolução do futebol feminino em Portugal e explicou os
motivos por trás desse crescimento. Em seguida, discutiu em detalhes o treino de uma seleção
nacional, abordando os modelos de treino e de jogo adotados por Portugal, os critérios de
seleção das jogadoras e apresentou exemplos de exercícios e da rotina típica da seleção
feminina, especialmente em preparação para o Euro 2022.
Durante a apresentação, a Rita Gonçalves compartilhou dados relevantes sobre o
crescimento do futebol feminino em Portugal nos últimos 10 anos. Ela destacou que o número
de jogadoras federadas tem aumentado constantemente, passando de 4.600 para cerca de
15.000 atletas desde 2013. Esse crescimento significativo aconteceu devido principalmente à
criação de mais competições nacionais para mulheres. Outro fator que impulsionou o número
de jogadoras federadas, foi as atletas nacionais terem como inspiração atletas que foram de
Portugal para o estrangeiro como Jéssica Silva no Lyon. A mesma Jéssica Silva, também pela
participação ativa nos media (anúncios, redes sociais e entrevistas) contribuiu como sendo uma
influencia muito grande para jovens atletas que pretendem seguir o seu sonho de serem
jogadoras profissionais. Apesar de ter havido um acréscimo de interesse pelo futebol feminino,
de acordo com um estudo (São Pedro, 2022), o futebol masculino somou cerca de 15 horas e 30
minutos de emissão (aproximadamente 60%) e o feminino teve apenas 36 minutos
(aproximadamente 1%), durante o mesmo período, o que se justifica pelo facto, de
culturalmente o futebol masculino estar mais enraizado e por outras palavras pelo futebol
feminino se encontrar numa fase inicial e não ter a capacidade de gerar tanta audiência. Todavia,
como já referi, o futebol feminino tem ganho o seu espaço, algo que foi reforçado pelos
exemplos dados pela Treinadora Rita Gonçalves.
Foi abordada a ideia de jogo da seleção nacional e destacadas as características das
jogadoras portuguesas em comparação com jogadoras de outras seleções. Ela observou que, em
termos físicos, as jogadoras portuguesas ainda não conseguem competir no mesmo nível que
jogadoras de outras seleções como a Finlândia, um estudo realizado pela Eurostat (2017),
revelou que menos de metade da população portuguesa não realiza atividade física fora do
horário de trabalho, enquanto a Finlândia e outros países, como a Roménia apresentam mais de
85% da população que realiza exercício físico fora das horas de trabalho, esta cultura
normalização do exercício físico por parte da população geral e em específico das mulheres pode
incentivar à prática de exercício para o sexo feminino e em consequência pode levar a resultados
Ciências do Deporto | Estágio em Treino Desportivo I | 2022/2023
positivos no que se trata a uma maior pré-disposição física para a prática de futebol. Além de
aspetos físicos, Rita também refere que o nível técnico-tático ainda tem de ser muito
aperfeiçoado. Além destes fatores sociais, as diferenças físicas e técnico-táticas também podem
ser atribuídas ao facto de haver a diferença de muitos anos de experiência internacional entre
seleções. A treinadora-adjunta da seleção também referiu a experiência necessária para os
treinadores comandarem a equipa nacional, devido ao facto de terem apenas jogadoras da
mesma nacionalidade, que competem em clubes muitos deles rivais e ao pouco tempo que têm
para criar vínculos entre eles.
De seguida foram abordados os Modelos de Jogo utilizado pela Seleção A Feminina, Rita
Gonçalves revelou a importância da intenção coletiva nas ações das jogadoras, tanto na
Organização Ofensiva como na Organização Defensiva. Na Organização Ofensiva trabalhar em
conjunto para criar oportunidades de ataque, procurar espaços vazios, realizar triangulações e
finalizar com eficácia. Na Organização Defensiva a equipa em conjunto deve fechar espaços aos
adversários, pressionar e recuperar a posse de bola. A referência à intenção coletiva reflete a
importância de uma abordagem de jogo coesa, em que todas as jogadoras trabalham em direção
aos mesmos objetivos.
De acordo com a Treinadora-Adjunta da Seleção A Nacional, o sistema tático utilizado
inicialmente era o 1-4-3-3, algo que foi adaptado de acordo com as características das próprias
jogadoras, sendo que foi optado por um sistema tático de 1-4-4-2, geralmente em losango,
sempre tendo em conta o adversário e o momento de jogo. A mudança de sistema aconteceu
segundo Rita devido a ter jogadoras com melhor capacidade técnica no meio-campo, em
comparação há fraca finalização por parte das avançadas. Um estudo realizado por Kaid et al.
(2010) procurou identificar qual o fator mais importante para um treinador na escolha do
sistema tático para a a sua equipa. Foi revelado que as capacidades técnicas de cada atleta são
fatores fundamentais para a escolha do sistema de jogo e do esquema tático, sendo este
associado ao treino, apesar disto, o mesmo estudo indica que o resultado do jogo é o fator mais
influente para uma mudança de sistema de jogo. A escolha da treinadora-adjunta Rita Gonçalves
e da equipa técnica vai de encontro ao estudo, já que o momento do jogo, que engloba o
resultado tem impacto nessa mesma decisão assim como a capacidade técnica das jogadoras,
que segundo Rita, é superior no meio-campo, daí a sua escolha de um sistema tático de 1-4-4-2
que procura o preenchimento do meio-campo e controlar a posse de bola, com um jogador a
mais neste setor (Francisco et al., 2020).
Na última parte do seminário, Rita Gonçalves compartilhou um vídeo que ela mesma
realizou com o objetivo de motivar suas jogadoras. No vídeo ela indica que o futebol não se
resume apenas a aspetos táticos, mas também emoção. Ela realçou a importância de ter emoção
e paixão pelo jogo, destacando que esses elementos também são fundamentais para o sucesso
no futebol. A mensagem transmitida por Rita Gonçalves foi de que, além das estratégias e
técnicas, é essencial que as jogadoras joguem com emoção e dedicação.
Em conclusão, a apresentação de Rita Gonçalves no seminário destacou o crescimento
significativo do futebol feminino em Portugal nos últimos anos. A criação de mais competições
e a presença de jogadoras portuguesas no exterior serviram como inspiração para jovens atletas.
No entanto, ainda existem desafios a superar, como a diferença física e técnica em comparação
com outras seleções, além da falta de experiência internacional. O seminário proporcionou uma
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visão abrangente do futebol feminino em Portugal, seus avanços e os desafios que ainda
precisam de ser ultrapassados.
Bibliografia
Kaid, J. C., Kaid, D. F., Casarin, C. A. S., & Arsa, G. (2013). A escolha da tática de jogo no futebol
de campo. Revista Brasileira de Futebol (The Brazilian Journal of Soccer Science),
3(2), 48-55.
Rodigues, M. F., Guimarães, D. L. R., Netto, E. R., da Costa Junior, M. R., & Miguel, H. (2020).
Evolução dos sistemas táticos no futebol de campo: uma revisão de literatura.
RBFF-Revista Brasileira de Futsal e Futebol, 12(48), 303-316.
São Pedro, A. R. F. (2022). Futebol feminino na televisão portuguesa: a (in) visibilidade das
mulheres (Doctoral dissertation).
https://ec.europa.eu/eurostat/web/products-eurostat-news/-/DDN-201903281?inheritRedirect=true&redirect=%2Feurostat%2Fnews%2Fwhats-new
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