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«Um acesso desigual ao desenvolvimento»

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Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco
Escola Secundária Camilo Castelo Branco
Ciências Socioeconómicas
Um Mundo de Contrastes
Um acesso desigual ao desenvolvimento?
Ano Letivo 2020/2021
Vila Nova de Famalicão
Ana Barbosa nº 2
Beatriz Mendes nº 10
Eduardo Dias nº 11
Paulo Leal nº 21
12 H
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Agrupamento de Escolas Camilo Castelo Branco
Escola Secundária Camilo Castelo Branco
Ciências Socioeconómicas
Um Mundo de Contrastes
Um acesso desigual ao desenvolvimento?
Trabalho realizado pelos alunos Ana Barbosa, Beatriz Mendes, Eduardo Dias e Paulo Leal,
do 12º ano, turma H, no âmbito da disciplina Geografia C.
Orientadora: Maria Augusta Santos
Vila Nova de Famalicão
Ano Letivo 2020/2021
2
Índice
Introdução ...................................................................................................................................... 4
As desigualdades de desenvolvimento ....................................................................................... 5
Os indicadores como medida do desenvolvimento ....................................................................... 6
Índice de desenvolvimento humano (IDH) .................................................................................... 7
As consequências da pandemia no desenvolvimento humano global .......................................... 9
Índice de Pobreza Multidimensional (IPM).................................................................................... 9
Índice de Desigualdade de Género (IDG) ................................................................................... 10
O emprego e a exclusão social................................................................................................... 12
Emprego nos países desenvolvidos e em desenvolvimento à escala mundial ........................... 12
Crianças em risco de pobreza .................................................................................................... 14
Relação entre o emprego e a exclusão social ............................................................................ 15
Medidas para atenuar a exclusão social ..................................................................................... 16
A fome e a má nutrição ............................................................................................................... 16
A desigual produção e distribuição de alimentos no mundo ....................................................... 17
Desperdício de alimentos ........................................................................................................ 19
Pobreza e a fome .................................................................................................................... 20
A subnutrição nos países do Sul e a má nutrição nos países do Norte ...................................... 20
A segurança alimentar e as OGM ............................................................................................... 22
A pobreza e a saúde .................................................................................................................... 23
Conceito de pobreza ................................................................................................................... 23
As desigualdades no acesso à saúde ........................................................................................ 24
As medidas para melhorar o acesso à saúde ............................................................................. 25
Estudo de caso – Covid 19 ......................................................................................................... 26
Conclusão..................................................................................................................................... 28
Bibliografia ................................................................................................................................... 29
3
Introdução
O mundo está em constante desenvolvimento, sendo notória a evolução ao longo dos anos.
No entanto, as diferentes ideias, os diferentes regimes políticos, as diferentes oportunidades e
capacidades são entraves a um desenvolvimento mais sustentável.
Neste trabalho iremos abordar as desigualdades entre os diversos países. A fome, a
pobreza, o desemprego e a saúde como fatores que contribuem para acentuar e determinar os
diferentes níveis de desenvolvimento entre os países.
Uma forma de analisar com mais precisão estas desigualdades é através dos diferentes
indicadores de desenvolvimento como o IDH, o IPM e o IDG. Relacionado com estes indicadores,
iremos referir também as suas componentes e classificações.
É evidente que muitas pessoas que habitam em países mais pobres não tem acesso aos
mesmos recursos que outras de países mais desenvolvidos. Assim, iremos esclarecer o porquê
destas disparidades.
Vão ser tidos em conta os fatores que influenciam a empregabilidade e a exclusão social,
assim como as suas respetivas medidas. Relativamente à fome e má nutrição, vamos estudar as
suas causas, nomeadamente a falta de emprego e a baixa produtividade. Será explicado também
o conceito de pobreza e as desigualdades no acesso à saúde.
Deste modo, ao longo do trabalho iremos comprovar que vivemos num mundo de contrastes.
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As desigualdades de desenvolvimento
Os diferentes níveis de desenvolvimento entre os países continuam a ser, atualmente, um
dos grandes problemas mundiais. Por um lado, existem os países desenvolvidos ou também
chamados países do Norte que na generalidade possuem uma grande riqueza e um grande poder,
e por outro, os países em desenvolvimento ou países do Sul caracterizados pela sua pobreza.
Fig.1 - Localização dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento
Apesar das várias diferenças entre os PD e os PED serem bastante significativas, é
importante referir que nem sempre estão corretas as ligações entre: países desenvolvidos e
riqueza; países em desenvolvimento e pobreza. Isto porque os conceitos de crescimento
económico e desenvolvimento humano são confundidos, sendo um fator muito importante saber
distingui-los. O crescimento económico refere-se à quantidade de riqueza produzida por um
determinado país ou região como o PIB ou o PNB. Quanto ao desenvolvimento humano, este
resulta da utilização dessa riqueza na satisfação das necessidades da população.
Assim, às vezes, um crescimento económico não implica necessariamente um
desenvolvimento do país ou da região porque pode haver uma distribuição desigual da riqueza pela
população ou essa riqueza pode não ser utilizada na satisfação das suas necessidades. Deste
modo, só é possível haver desenvolvimento humano se se promover um crescimento económico
de qualidade para levar a uma maior criação de emprego, a uma distribuição equitativa da riqueza,
à garantia dos direitos e da liberdade dos cidadãos, à coesão social e ao respeito pela diversidade
cultural. Contrariamente, outros países podem apresentar um fraco crescimento económico, mas
uma grande evolução no seu desenvolvimento.
É verdade que, ao longo dos anos, verificou-se uma grande melhoria relativamente ao
desenvolvimento dos países, resultado de uma expansão da globalização na economia, na
tecnologia, na cultura e na política. No entanto, esta mesma globalização nem sempre é vantajosa,
principalmente para os países menos desenvolvidos, pois a maior quantidade de dinheiro é obtida
5
pelos países mais desenvolvidos gerando assim disparidades na distribuição da riqueza no mundo.
Além disso, a distribuição desigual dos recursos e a falta de oportunidades de acesso aos mesmos
são também fatores que promovem o aumento das desigualdades.
Apesar das melhorias, continuam se a verificar países com diferentes níveis de
desenvolvimento. Os países mais pobres que se caracterizam essencialmente por uma população
que não tem acesso às necessidades básicas como a saúde, educação, alimentação, eletricidade,
entre outras. Estas mesmas necessidades básicas são classificadas de maneira diferente para um
país desenvolvido e para um país em desenvolvimento, ou seja, a alimentação, habitação,
educação já são necessidades básicas garantidas praticamente para toda a população dos PD,
enquanto que, nos PED grande parte da população apresenta dificuldades no acesso a alimentos,
água potável, higiene, habitações dignas, entre outras.
Os indicadores como medida do desenvolvimento
Avaliar o desenvolvimento de cada país requer uma análise cuidada e integrada de modo a
conhecer-se a situação do país ou região, estabelecer comparações no espaço e no tempo,
observar a sua evolução e determinar quais as melhores estratégias se devem adotar para melhorála. Deste modo, são utilizados indicadores estatísticos ou simples (demográficos, sociais,
económicos, políticos) e compostos, sendo que estes últimos apresentam uma dimensão mais
completa e incluem um certo conjunto de indicadores simples.
Por entre os indicadores económicos, o Rendimento Nacional Bruto por habitante é o mais
utilizado e tem como finalidade avaliar o crescimento económico dos países e o nível médio de
rendimento de cada indivíduo. No entanto, este indicador considera as desigualdades na
distribuição dos rendimentos traduzindo apenas uma média para cada país, não avaliando as
desigualdades regionais internas.
Relativamente aos indicadores demográficos, estes permitem perceber quais as
características da população de um país. Nos PED, a população é jovem, visto que o crescimento
natural é elevado, há uma maior diferença entre os valores da natalidade e da mortalidade e por
isso há um maior crescimento da população, a esperança média de vida é baixa e a taxa de
mortalidade infantil apresenta valores elevados. Quanto aos PD, a população é envelhecida, o
crescimento natural é reduzido porque a diferença entre os valores da natalidade e da mortalidade
é baixa, provocando um baixo crescimento da população, a esperança média de vida é elevada e
a taxa de mortalidade infantil é reduzida.
Através do estudo das causas da mortalidade também é possível avaliar o nível de
desenvolvimento dos países. Nos PD, as doenças provêm principalmente de uma alimentação
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desequilibrada, do sedentarismo, do consumo de drogas e álcool. Nos PED, as causas de morte
resultam da falta de condições de higiene, alimentação, cuidados médicos. No entanto, é
importante referir que os valores da mortalidade dos PED diminuíram devido a um maior
planeamento familiar, ao uso generalizado de medicamentos e vacinas, a melhores cuidados de
higiene, entre outros.
A taxa de alfabetização, a assistência médica, a taxa de abandono escolar são exemplos de
indicadores simples sociais. Tal como se verifica no estudo dos outros indicadores, neste também
se podem observar desigualdades entre os PD e os PED. Assim nos países desenvolvidos, a
população usufrui de melhores cuidados de saúde, com uma rede hospitalar densa e de qualidade,
com os medicamentos e tratamentos necessários. A taxa de alfabetização é alta, sendo que o
número de anos de escolaridade tem vindo a aumentar assim como o ingresso no ensino superior.
Quanto aos países em desenvolvimento, os cuidados de saúde não são de tão boa qualidade,
havendo falta de medicamentos, equipamentos médicos, enfermeiros. Apesar do aumento da taxa
de alfabetização, continuam-se a verificar números baixos principalmente entre as mulheres.
Índice de desenvolvimento humano (IDH)
O desenvolvimento humano é um fenómeno que precisa de uma análise mais detalhada e
por isso foi criado, em 1990, um indicador composto denominado de Índice de Desenvolvimento
Humano. Este permite medir o grau de desenvolvimento humano de um determinado país ou região
e é constituído por vários indicadores simples como a esperança média de vida à nascença; o
número médio de anos de escolaridade e o número de anos de escolaridade esperados; e o RNB
per capita.
Fig.2 - Componentes do índice de Desenvolvimento Humano e suas classificações
7
Nos gráficos que se seguem, no período de 1990 a 2017, observa-se que o IDH dos países
a nível mundial teve uma evolução positiva o que significa uma melhoria da qualidade de vida da
população.
Fig.3 - Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Portugal, 1990-2017
Como se pode constatar, em Portugal, entre 1990 e 2017, o IDH sofreu um aumento
progressivo em resultado de uma melhoria do RNB per capita, da esperança média de vida, do
número médio de anos de escolaridade e do número de anos de escolaridade esperados.
Fig.4 - Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), 1990-2017
EUA
África do Sul
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Através do gráfico, observam-se diferenças significativas no IDH entre os EUA e a África do
Sul. Nos EUA o IDH é muito elevado estando muito próximo do 1. Contrariamente, na África do Sul,
apesar do aumento em 2007, no ano de 2017 ainda apresentava um IDH médio, estando muito
próximo de atingir um IDH elevado.
Apesar de toda a sua eficiência, desde a utilização deste indicador, surgiram várias críticas
devido às suas limitações: engloba apenas quatro indicadores simples não considerando outros
aspetos também importantes como a política, o ambiente, a segurança e os dados estatísticos
utilizados no seu cálculo nem sempre estão atualizados ou corretos.
As consequências da pandemia no desenvolvimento humano global
A pandemia de covid-19 que, atualmente, afeta todo o mundo poderá provocar pela primeira
vez um decréscimo no desenvolvimento humano global. Para além de afetar diretamente a saúde
das pessoas, também causa uma enorme pressão sobre os sistemas de saúde, comprometendo o
tratamento de outras patologias; o rendimento das famílias é fortemente afetado e a educação
também é prejudicada devido ao encerramento das escolas, sendo que cerca de 60% das crianças
não estão a receber serviços de educação.
Deste modo, as desigualdades tornam-se também mais visíveis sendo que a queda no
desenvolvimento humano deverá ser muito maior nos países em desenvolvimento do que os países
desenvolvidos porque não tem acesso a tantos recursos nem capacidades para suportar as
consequências sociais e económicas da pandemia. Assim, esta é também uma crise que pode
promover a criação de novas medidas que reduzam as desigualdades.
Índice de Pobreza Multidimensional (IPM)
A pobreza é um dos entraves ao desenvolvimento humano. O índice de Pobreza
Multidimensional é muito eficiente a avaliar este entrave através da identificação daquilo a que
muitas famílias não têm acesso como a educação, a saúde, a um nível de vida de qualidade e
também realiza a medição da pobreza multidimensional não relacionada com o rendimento e a sua
intensidade, ou seja, o número de privações a que as pessoas são sujeitas.
No ano de 2019, saiu uma notícia da ONU em que dizia que mais de 500 milhões de pessoas
viviam na pobreza em todo o mundo sendo que mais de 85% dos pobres viviam na África
Subsariana e no sul da Ásia. O diretor do escritório do Relatório do Desenvolvimento Humano do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pedro Conceição afirmou: “Identificar as
áreas onde as famílias são pobres, quais são as áreas em que há mais vulnerabilidade, quais são
as áreas em que é preciso mais investimentos, é preciso mais investimento na saúde, é preciso
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mais investimento na educação. Disponibilizando esta informação pode permitir a conceção e as
políticas públicas e afetação de recursos precisamente nas áreas em que mais investimentos são
necessários para reduzir a pobreza.”.
Estas medidas seriam uma mais-valia para combater a pobreza de uma forma mais bem
organizada e eficaz, promovendo uma maior eficiência e uma maior produtividade.
Fig.5 - Componentes do Índice de Pobreza Multidimensional
Índice de Desigualdade de Género (IDG)
A desigualdade de género ainda é algo que persiste no mundo. As mulheres são as mais
prejudicadas sendo que em muitos países, elas não têm os mesmos direitos que os homens e o
acesso à educação, à saúde, à política ou ao emprego é menor. Assim surgiu o Índice de
Desigualdade de Género que analisa estas desigualdades em três dimensões: saúde; capacitação
e mercado de trabalho. Varia entre 0 e 1 sendo que quanto maior for o valor do índice, menor será
o desenvolvimento do país ou região. No entanto, este indicador também apresenta algumas
limitações porque não tem em conta muitos dos trabalhos efetuados pelas mulheres como por
exemplo o trabalho doméstico, não considera as decisões tomadas pelas mulheres nem a posse
de bens, entre outras limitações.
Em 2020, Portugal encontrava-se em 16º lugar no ranking, estando a ter uma evolução mais
rápida do que a média da UE. O tema principal desse ano focava-se nas oportunidades e nos
desafios para homens e mulheres no trabalho. Neste contexto, a pandemia trouxe muitas
consequências, sobretudo para as mulheres visto que são as que exercem os trabalhos mais
precários. Também, a níveis percentuais, são as que estão mais em teletrabalho o que implica
estarem, simultaneamente, a cuidar dos filhos, das tarefas domésticas e ainda a trabalhar
traduzindo-se numa grande sobrecarga.
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Apesar de tudo, Portugal teve uma evolução positiva e revelou melhorias relevantes: as
mulheres tal como os homens frequentam mais o ensino superior; exercem mais cargos de
administração nas grandes empresas e o número de mulheres entre ministros e membros do
parlamento aumentou.
O gráfico seguinte mostra que no ano de 2020 o índice de desigualdade de género português
rondava os 61,3% face aos 67,9% da UE. Outros países como a Roménia, a Polónia e a Bulgária
apresentam um IDH mais baixo com 54,4%, 55,8% e 59,6%, respetivamente.
Fig.6 - Índice de desigualdade de género dos países da União Europeia
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O emprego e a exclusão social
Emprego nos países desenvolvidos e em desenvolvimento à escala mundial
Fig.7
Fig.8
A partir destas tabelas, conseguimos observar de 2010 a 2019, os valores da população
empregada na Alemanha como um país desenvolvido, e na Roménia como um país em
desenvolvimento. Comparando os valores destes países conseguimos ver que os PD em relação
aos PED têm uma taxa de empregabilidade superior.
Contudo, apesar da Alemanha ter um maior número de população empregada em relação à
Roménia, esta consegue ter uma taxa de empregabilidade de 57,7%, sendo superior a taxa da
Roménia e da Europa, que rondam os 51,5%. Em relação à Roménia, a sua taxa é de 51,3% sendo
inferior à da Europa.
A Alemanha, entre 2010 e 2019, viu aumentar de ano para ano a sua população empregada,
tendo registado o seu maior aumento de 2010 para 2013. O mesmo não aconteceu na Roménia,
em que, no ano de 2010 registou 8712,8 milhões de indivíduos empregados, mas em 2010 e 2016
esse valor diminuiu para 8448,8 milhões de indivíduos. Já em 2019 esse valor aumentou
ligeiramente.
Alguns dos fatores que podem influenciam a empregabilidade nos países são: a competência
e a técnica, o trabalhador para ter acesso à vaga no emprego tem de ter uma formação adequada,
dependendo também do nível de escolaridade e da qualificação que obteve na escola. A habilidade
e a vocação também são consideradas um fator, pois além dos resultados obtidos na escola é
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preciso que o trabalhador se sinta à vontade com a área onde vai trabalhar, para que a sua função
seja considerada uma vocação.
A situação financeira do individuo também é importante, pois o trabalhador ao ter uma vida
económica estável e/ou outras fontes de rendimento e considerado um trabalhador mais seguro
para a empresa por ter uma boa gestão dos seus rendimentos. Em relação ao bem-estar físico e
mental, o profissional se for influenciado pela sua saúde ou pela saúde da sua família pode diminuir
a sua produtividade. Um profissional que controle a sua mente e que cuide da sua saúde pode
favorecer a sua capacidade profissional.
Por fim a habilidade interpessoal também é importante, um profissional que seja capaz de
trabalhar em equipa e de manter uma boa relação com os clientes ou mesmo que tenha trabalhado
na mesmo área anteriormente, influencia o fator de empregabilidade.
Fig.9
Em relação a população empregada na europa em milhões de indivíduos entre 1986 e 2019
destaca-se: a Alemanha com um aumento de 15908,2 milhões de indivíduos entre esses anos, de
seguida a Espanha com um aumento positivo de 8945,5 milhões de indivíduos e por fim a França
com um aumento de 5665,1 milhões de habitantes.
Apesar dos poucos recursos fidedignos disponíveis, conseguimos apurar que o país da UE
com um menor aumento foi o Luxemburgo, com aumento de 140 mil indivíduos, possivelmente
devido à estabilidade económica e empresarial do país e ao elevado índice de desenvolvimento
deste território.
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No fim de 2013, a população empregada no mundo estava distribuída desta forma: as
atividades que estavam relacionadas com a agricultura pesavam cerca de 32% do emprego de total
do mundo. As regiões que se destacavam era a Ásia Meridional, o Sudeste Asiático e a Africa
Subsariana. Do emprego total do mundo 23% diziam respeito às atividades relacionadas com a
indústria, e os restantes 45% diziam respeito às atividades do setor dos serviços. Apesar do direito
ao trabalho ser digno, este é um desafio para todos os indivíduos nas várias regiões do mundo.
Assim sendo existem ainda duas realidades diferentes marcadas por diversas diferenças
espalhadas pelo globo.
Nos países desenvolvidos conseguimos verificar que, após inúmeras alterações das normas
de trabalho desde meados dos anos oitenta, uma tendência para a paralisação dos salários reais
e o consequente aumento da pobreza ocorreu derivado à crise global em 2008. Assim com o
aumento dos empregos precários, sobretudo pela efetivação do trabalho a tempo parcial e
individualização das carreiras profissionais.
Em relação aos países em desenvolvimento, podemos abordar o processo de redução de
pobreza no trabalho e no emprego informal, contribuindo assim para a manutenção da economia
informal, como os empregos precários que garantem a sobrevivência de grande parte da população
do globo. É nestes países que o trabalho infantil é uma realidade, mais de 165 milhões de crianças,
com idades entre os 5 e os 17 anos de idade trabalham para ajudar/complementar os rendimentos
das suas famílias.
Crianças em risco de pobreza
Fig.10
14
As empresas transacionais ou multinacionais, são instituições industriais, comerciais e de
prestação de serviços quem tenham sede num país e ação em diversos territórios dispersos pelo
mundo. Quando estas empresas deslocam as suas empresas para outra zona do globo, tiram
partido das diferenças salariais e da flexibilidade que existe na legalização laboral nos diversos
países à volta do mundo, contribuindo assim para o aumento do emprego precário e do
desemprego. Os países que mais se destacam são a Grécia, Bulgária, Roménia e Hungria.
Relação entre o emprego e a exclusão social
Segundo dados publicados pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) no final de
2013, mais de mil milhões de seres humanos encontravam-se desempregados ou em subemprego,
ou seja, quando um trabalhador se sujeita a um trabalho onde não usa as suas habilidades.
O desemprego na população jovem ativa foi cerca de 73% em 2014. Isto contribui para
aumentar a pobreza, para atrasar o início da vida familiar e para estimular o sentimento de
marginalização, exclusão e de frustração pois querem seguir com a sua vida em frente.
Dos mais de 2,8 mil milhões de empregados pelo mundo fora, só cerda de 1,6 mil milhões
ainda não ganhavam o suficiente para se conseguirem sustentar a si e às suas famílias.
Conseguimos perceber que cada vez é maior a desigualdade entre salários, não só entre
trabalhadores de diferentes profissões, mas também entre trabalhadores com a mesma profissão.
Nesta situação, com a redução do emprego é apenas a ponta do icebergue, pois não basta ter um
emprego, é preciso ser produtivo e ter confiança no emprego que exerce.
De acordo com o estudo da Organização Internacional do Trabalho, os ordenados das
profissões mais qualificadas têm tendência a crescerem com maior rapidez do que as profissões
menos qualificadas. Contudo conseguimos verificar que parte dos países está a ocorrer uma
redução gradual das desigualdades salariais segundo o género no setor da indústria.
Outra das causas para a execução social também está relacionada com a qualificação dos
trabalhadores.
Apesar da educação e da formação continuarem a ser consideradas importantes, existe um
grande número de empregas quem vêm a formação como um custo e não como um investimento
útil e necessário.
As consequências disto tudo contribuem para aumentar as disparidades da UNECO, que
segundo eles informam, existem 780 milhões de adultos analfabetos pelo mundo, dos mais 2/3 são
representados por mulheres, as três regiões com maior taxa de iliteracia são a Asia Meridional e
ocidental, os Estados Árabes e a África Subsariana;
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Medidas para atenuar a exclusão social
Existem várias medidas que estão a ser colocadas em todo o mundo com o objetivo de
atenuar a exclusão social. Estas medidas foram criadas por organizações não governamentais,
organizações internacionais, com a Organização Internacional do Trabalho e pelo o Banco Mundial.
Estes objetivos visam criar condições nos países menos desenvolvidos para fixar a
população ativa mais qualificada, promover a educação e formação para todas as pessoas,
combater o desemprego e o trabalho precário e defender o direito a um trabalho digno. É necessário
também que o Estado de cada país não deixe que a população viva com um rendimento abaixo do
limiar de pobreza e que seja respeitada a igualdade entre homens e mulheres.
A fome e a má nutrição
As oportunidades relacionadas com o emprego, as diferenças salariais entre homens e
mulheres e a exclusão social são causas que contribuem para o crescimento do número de pessoas
com fome. O bem-estar de uma pessoa desempregada ou até mesmo empregada, mas que recebe
baixos rendimentos vai estar em causa uma vez que não vai conseguir alcançar a vida que
desejaria.
A fome é um grande problema mundial que está relacionado com a carência de alimentos
ingeridos por cada indivíduo que em muitos casos não têm possibilidade em os adquirir. Este
grande problema é predominante em qualquer tipo de idades levando ao aparecimento de doenças
que podem levar a longo prazo à morte.
No mundo, apesar de alguns progressos, existem mais de 50 países onde os níveis de fome
são muito preocupantes. Dentro desses países predominam maioritariamente países em
desenvolvimento já que são nestes locais onde, por exemplo, a pobreza, as secas ou as pestes
são elevadas, acarretando como consequência a escassez de alimentos.
O Índice Global da Fome mostra-nos como cada país se encontra em relação a este
problema mundial, a fome, sendo efetuados estudos uma vez por ano. Para isso têm em atenção
a subalimentação, o raquitismo infantil e a mortalidade infantil de cada um dos países.
Assim temos Chade, Timor-Leste e Madagáscar como os três piores países pois nestas
regiões as taxas de raquitismo infantil e mortalidade infantil são muito elevadas. Por outro lado, os
níveis de fome são mais baixos nos países mais desenvolvidos como por exemplo os países
europeus.
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Este grande contraste entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento
advém de diversos fatores tal como a desigual produção e distribuição de alimentos no mundo, o
desperdício de alimentos ou ainda a pobreza.
A desigual produção e distribuição de alimentos no mundo
Os países em desenvolvimento por serem países economicamente menos influentes, o setor
das indústrias e o setor terciário são menos predominantes. Deste modo assistimos a um maior
número de população ativa a trabalhar na agricultura onde para algumas famílias é a sua única
fonte de rendimento. Esta é uma agricultura de subsistência com o objetivo de satisfazer as
necessidades básicas relacionadas com a alimentação de cada família. O uso de tecnologias é
muito baixo logo a mão de obra é mais abundante, o que leva a uma produtividade mais baixa;
cultivam várias espécies, aproveitando as sementes de colheitas anteriores e utilizam produtos
naturais como estrume para fertilizar as terras pois não conseguem adquirir produtos específicos,
tendo como consequência a deterioração de alguns alimentos.
Os rendimentos dos agricultores são reduzidos, sendo o machismo muito predominante. As
mulheres não conseguem ter controlo nas terras e é raro conseguirem um financiamento destas.
Além de que a mão-de-obra feminina é reduzida e as sementes utilizadas por estas não são as
melhores.
Por isso, os baixos rendimentos, o esgotamento dos solos e a escassez de alimentos vão
levar ao aumento da pobreza e da fome nestas regiões.
Fig.11
Fig.12
Agricultura moderna
Agricultura de subsistência
Em relação aos países desenvolvidos, estes são os grandes produtores agrícolas a nível
mundial contribuindo para o comércio de alimentos provenientes da agricultura. Com isto praticam
uma agricultura moderna onde o uso de tecnologias é bastante elevado e por isso o número de
população empregada nesta atividade é baixa. Por outro lado, podemos dizer que este tipo de
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agricultura é mais eficiente visto que utilizam pesticidas e herbicidas que ajudam a diminuir os
desperdícios de alimentos, logo a produtividade é maior.
No que se refere à proteção do meio ambiente, os países desenvolvidos têm como dever
cooperar com os países em desenvolvimento de modo a diminuir os índices de poluição
provenientes da agricultura. Aos países mais pobres as questões sobre a proteção do meio
ambiente não podem ser levantadas visto que estes estão preocupados em resolver problemas de
escassez de alimentos que afeta a maioria da sua população.
A produção de cerais é visto como um bom indicador para comparar as competências que
cada país adquire relacionadas com a alimentação da sua população. Sendo os cereais bens
acessíveis a toda a população e ricos em nutrientes e vitaminas, são bastante consumidos pela
população dos países mais pobres. No entanto, a sua produção também é elevada em regiões
onde o rendimento por hectare é alto.
Fig.13 - Exportação de cereais nos anos de 2000 a 2010
Segundo o gráfico, de 2000 a 2010 o maior exportador de cereais foi a Ásia, assistindo uma
grande subida de 2006 a 2008 de dólares adquiridos. O segundo maior exportador foi a América
Latina e Caraíbas registando, tal como a Ásia, um crescimento acentuado de milhões de dólares
nos anos de 2006 a 2008, mas sempre inferior a esta. Após um ano, sofreram uma diminuição de
aproximadamente 3 milhões de dólares, voltando a subir nos anos seguintes. Em relação à Oceânia
e à África, os dólares obtidos por exportações foram muito reduzidos, apesar de África ter registado
uma pequena subida ao longo dos anos.
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Assim, para além da produção agrícola, alguns alimentos provêm da pecuária, onde a população
procura ingerir algumas proteínas que necessita. Esta tem aumentado a nível mundial tendo maior
destaque nos países desenvolvidos.
Nos anos de 1970 a 2010 a produção mundial de carne
passou de 100 milhões de toneladas para mais de 250 milhões de
toneladas. Para esta subida contribui o aumento acentuado da
produção nos países desenvolvidos, chegando a ser superior à
dos países em desenvolvimento a partir de 1992. Assim passou
de perto de 40 milhões de toneladas para cerca de 170 milhões
de toneladas de carne. Nos países em desenvolvimento
assistimos a um aumento, mas menos significante completando
em 2010 apenas 140 milhões de toneladas de carne produzidas.
Fig.14 - Produção de carne entre 1970 a 2010
Com isto, podemos comprovar que a distribuição de alimentos se encontra repartida
desigualmente pelo mundo. Para além da produção agrícola, onde os países desenvolvidos são
mais competentes, o preço dos bens também contribuiu para esta desigualdade, uma vez que uma
pessoa com problemas financeiros não vai conseguir obter certo tipo de bens que podem ser
essenciais para a sua alimentação.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura), o
índice alimentar que estuda a evolução dos preços de cinco alimentos (carne, açúcar, óleo vegetal,
cereais e lacticínios) em todo o mundo registou a maior subida desde os últimos anos. As carnes
registaram uma subida de 2,3% em relação a fevereiro devido ao aumento das importações da
China e exportação da Europa. O açúcar e os cereais registaram uma queda, mas ainda
apresentam uma média elevada em comparação a 2020, registando um preço superior a 30% e
26,5%, respetivamente, que o ano passado. Em comparação com o ano de 2020, a população não
vai conseguir adquirir a mesma quantidade de alimentos com a mesma quantidade de moeda e se
esta situação se mantiver, a fome vai aumentar.
Desperdício de alimentos
No mundo, cerca de 4 bilhões de alimentos são desperdiçados que, dependendo do motivo,
podiam ser utilizados para alimentar pessoas que passam fome. Este desperdício de alimentos é
realizado de forma desigual entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento. Nos países
desenvolvidos esta perda é muito maior e advém do consumidor que por cozinhar alimentos em
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excesso após as refeições muitos deles são deitados fora. Já nos países em desenvolvimento este
desperdício não resulta dos mesmos motivos. Estes alimentos muitas vezes ficam estragados
durante a produção pois nestes países as técnicas de produção são muito rudimentares,
apresentam falta de espaços de armazenamentos de alimentos e a dificuldade de transporte
destes.
Pobreza e a fome
A população mais pobre, também nela onde predomina a fome, localiza-se principalmente
nas áreas rurais onde em algumas dessas regiões as condições sociais e económicas são muito
miseráveis. Por causa disto, esta população vive em áreas que em muitos casos não têm
saneamento básico, eletricidade ou água canalizada, e economicamente não são muito
desenvolvidos e por isso não conseguem comprar todos os alimentos que necessitam para
sobreviver, consumindo principalmente alimentos que provenham da agricultura que, por si só, já
são muitas vezes escassos.
Relativamente às crianças, a falta de peso decorre muitas vezes de doenças que as mães
tiverem durante a gravidez, sendo como consequência da falta de alimentos. Estas são obrigadas
a deixar a escola e ir trabalhar para a agricultura de forma a contribuir para as despesas domésticas.
Então, como não têm os conhecimentos básicos, muitos deles não conseguem arranjar um
emprego fora da agricultura o que torna mais difícil sair da pobreza e consequentemente da fome.
A subnutrição nos países do Sul e a má nutrição nos países do Norte
A segurança alimentar diz respeito à ingestão suficiente de alimentos de boa qualidade por
cada indivíduo de modo a garantir uma vida saudável e equilibrada. Todavia, no mundo atual, a
população ingere alimentos muitas vezes de forma excessiva ou insuficiente. Esta desigualdade
pode ser provocada pela produção agrícola; pela disponibilidade económica de cada país ou de
cada indivíduo; pelos desastres naturais; conflitos ou pela consciência das vantagens de uma boa
alimentação.
De acordo com a FAO, o consumo médio mundial encontra-se próximo de 2800 quilocalorias
por habitante, mas este número varia devido às desigualdades entre os países. Nos países mais
pobres, como a Índia, a sua população encontra-se em grande parte subnutrida, prejudicando o
seu desenvolvimento tanto do país como da sua população. Por causa disso, o sistema imunitário
destas pessoas é bastante baixo sendo difícil combater doenças como a anemia, osteoporose,
raquitismo, entre outros, que são o resultado da má nutrição.
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O Sudão faz parte desses países onde encontramos um grande número de pessoas
subnutridas. Após ter conseguido a sua independência, o Sudão tem passado por dificuldades
económicas e sociais, onde os conflitos com o Norte não têm ajudado a melhorar esta situação.
Em dezembro de 2013, deu-se início a um novo conflito que obrigou 4,4 milhões de pessoas,
incluindo crianças, a se deslocarem para o interior do país e algumas delas a se dirigirem para
outros de forma a fugir da violência. Este conflito agrava cada vez mais a situação de escassez de
alimentos o que leva a uma maior propagação da fome. Deste modo, estas pessoas como
economicamente são pouco desenvolvidas não conseguem adquirir os bens para se alimentar e
alimentar os seus filhos e por isso 1,1 milhões de crianças estão subnutridas e cerca de 300 mil em
situações mais alarmantes de fome, o que pode levar à morte destas. Para além disso, vivem em
condições precárias, algumas crianças são forçadas a ir para o exército e muitas delas,
principalmente raparigas, sofrem de violência sexual.
Devido a esta infeliz realidade várias organizações como a UNICEF têm ajudado estes
cidadãos com assistência média, alimentos, água potável, segurança das crianças e com uma boa
aprendizagem escolar de forma a reduzir a fome e desenvolver o país.
Para além disso, várias regiões têm oferecido a sua ajuda como é o caso da UE que ofereceu
mais de 43,5 milhões de euros e os EUA com 79,3 milhões para que o Sudão consiga ultrapassar
esta crise.
No Norte os países defrontam-se com outro problema: a má nutrição. Este resulta da grande
disponibilidade de alimentos, do sedentarismo da sua população, do grande desenvolvimento
tecnológico e do marketing que acabam por aumentar a taxa de obesidade em cada país. O
excesso de alimentos, muitos deles não saudáveis, desenvolve doenças como a diabetes, os
ataques cardíacos, certos cancros, entre outros, que podem levar à morte. A obesidade também
pode atingir os países em desenvolvimento, sendo mais preocupante pois a assistência médica é
muito débil e por isso é muito difícil tratar doenças da obesidade.
Posto isto, existem regiões da África como o Egipto e a Líbia onde a taxa de obesidade em
população adulta é quase idêntica à dos EUA. Isto deve-se ao facto de a população ter alterado os
seus estilos de vida devido à influência cultural de outros países. Assim a população ingere em
maior quantidade alimentos menos saudáveis, como o fast-food, que normalmente são alimentos
mais baratos e acessíveis para estas pessoas os adquirir.
Contudo, os EUA continuam a ser o país onde a taxa de obesidade, tanto em adultos como
em crianças, é a mais elevada.
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A segurança alimentar e as OGM
Os países do Norte, de forma a conseguirem satisfazer todas as necessidades relativas à
alimentação e de certa forma se tornarem mais competitivos, decidiram apoiar os agricultores
através do aumento dos subsídios, o que vai contribuir para uma maior qualidade de trabalho e
consequentemente um aumento da produtividade. Este aumento é difícil de ser registado nos
países em desenvolvimento pois não têm meios económicos suficientes para alcançar este feito o
que vai constituir um obstáculo para a comercialização dos seus bens.
Para além disso, os países do Norte introduziram transgénicos nos mercados mundiais. Os
transgénicos ou também denominados por OGM, são organismos que, devido ao desenvolvimento
tecnológico, sofrem algumas alterações no seu ADN de forma a não serem desperdiçados devido
ao insetos e vírus e assim aumentar a sua produção. São produzidos alimentos como milho,
algodão, soja, entre outros, utilizando este processo de alteração de genes.
Estes transgénicos contribuem para uma boa nutrição uma vez que conseguem acrescentar
aos alimentos nutrientes e vitaminas ou retirar deles várias toxinas e substâncias que provocam
alergias; ajudam a preservar o meio ambiente através do uso menos frequente de pesticidas ou
herbicidas, permitindo a conservação do solo e ainda ajudar os países que apresentam escassez
de alimentos devido á baixa produtividade. Por outro lado, estes apresentam os seus aspetos
negativos como, por exemplo, o aparecimento de insetos com capacidades de resistir às toxinas,
a contaminação de espécies selvagens através da transferência de genes de culturas que sofreram
as alterações e também podem trazer consequências para a saúde humana.
A globalização acarreta consigo mais exigências em relação ao consumo de alimentos uma
vez que os cidadãos estão preocupados em garantir uma boa alimentação sem correr riscos a nível
da saúde. Por isso, a pressão da população sobre os benefícios de consumir esses transgénicos é
cada vez maior, levando a que estes só sejam comercializados após serem realizados estudos
para que não surjam consequências na saúde de cada indivíduo.
Futuramente, pretende-se acabar com os desafios alimentares que afetam países
desenvolvidos e países em desenvolvimento. Os países desenvolvidos para reduzir a má
alimentação, devem encorajar a sua população a consumir alimentos saudáveis e de boa qualidade
e praticar exercício físico. Em relação aos países em desenvolvimento, estes pretendem acabar
com a fome e para o conseguirem devem aumentar a qualificação dos agricultores, utilizar
sementes que dão um maior lucro e onde o produto final seja mais saudável e rico em nutrientes.
Assim a OMS criou cerca de 6 objetivos que pretende ver concretizado em 2025 de forma a
reduzir os problemas nutricionais que afetam crianças, jovens e mulheres grávidas.
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Dentro desses objetivos tem-se: reduzir o número de crianças com menos de 5 anos com fome,
reduzir o número de mulheres com anemia, travar o aumento de crianças com excesso de peso e
as que são amamentadas através do leite materno, entre outros.
Por fim, algumas medidas estão também a ser implementadas para reduzir a obesidade
infantil no mundo. A UE tem como objetivos reduzir a influência que a publicidade tem em cada
indivíduo, principalmente nas crianças, com vista a reduzir o consumo de alimentos pouco
saudáveis; dar a conhecer à população os benefícios de ter uma alimentação saudável e ainda
promover o consumo de alimentos saudáveis em troca de alimentos mais calóricos e a prática de
exercício físico.
A pobreza e a saúde
Conceito de pobreza
Segundo a Comissão sobre Direitos Sociais, Económicos e Culturais, das Nações Unidas,
pobreza pode ser definida como «condição humana caracterizada por privação sustentada ou
crónica de recursos, capacidades, escolhas, segurança e poder necessários para o gozo de um
adequado padrão de vida e outros direitos civis, culturais, económicos, políticos e sociais». De uma
forma mais simples, pobreza consiste na carência de condições básicas que nos permitem ter uma
vida digna.
No entanto, não podemos limitar o conceito de pobreza ao fator económico. Pobreza também
consiste na exclusão social, como a falta de acesso a direitos e serviços, entre outros.
O conceito de pobreza não é igual em todo o mundo. Em alguns países pobres, o conceito
de pobreza está relacionado, por exemplo, com a fome; enquanto que num país mais rico, é
considerado pobre quem não possui dinheiro para comprar um telemóvel. Podemos então concluir,
que o conceito de pobreza sofreu uma evolução ao longo dos anos e está diretamente relacionado
com o desenvolvimento de um país.
Fig.15 - Notícia da página da
Organização das Nações Unidas (ONU)
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As desigualdades no acesso à saúde
É do conhecimento de todos o avanço da medicina nas últimas décadas e, por sua vez, o
desenvolvimento de medicamentos cada vez mais eficazes. No entanto, o acesso aos cuidados de
saúde não é igual para toda a população. Estima-se que todos os anos, pelo menos mil milhões de
pessoas não tenham acesso aos cuidados de saúde que necessitam. Além disso, devido ao
dispêndio de recursos financeiros em serviços de saúde, cerca de 100 milhões de pessoas
encontram-se numa situação abaixo do limiar de pobreza.
Um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde e pelo Banco Mundial, revela que
em 2017, cerca de 180 milhões de pessoas gastavam cerca de um quarto do seu orçamento em
cuidados de saúde; e pelo menos metade da população mundial não tem acesso aos cuidados
essenciais de saúde.
O estado sanitário dos países em desenvolvimento, em muitos casos, é caótico, e a ajuda
prestada pelos países mais ricos não é suficiente. O contraste entre estes países na área da saúde
é muito vincado. Num país em desenvolvimento, muitas das mortes poderiam ser evitadas através
de uma vacina antecipada, ou através de um antibiótico. Nestes países, cerca de 22 milhões
crianças não têm a acesso a um sistema de vacinação, e por conta disso, quatro em cada dez
mortes são de crianças com doenças infeciosas, malária, tuberculose, diarreias, ou infeções
respiratórias; um cenário completamente inadmissível caso ocorresse num país desenvolvido. Do
outro lado da moeda, sete em cada dez mortes são de pessoas com mais de 70 anos.
Fig.16 – Principais causas de morte por região, por 100 000 habitantes, 2012
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Apesar da vontade e do sacrifício feito por algumas organizações de modo a melhorar a
saúde nos países mais pobres, situações de instabilidade política ou cenários de conflitos, como
uma guerra, são um entrave para a concretização desta ação.
A pobreza não é o único fator responsável pelas desigualdades existentes na área da saúde.
A fraca organização da assistência médica e a reduzida formação de técnicos qualificados na área
da saúde são aspetos determinantes para esta desigualdade. Como se não bastasse, a maioria
dos medicamentos necessários para tratar as doenças que afetam as populações dos países mais
pobres são caros e, portanto, não estão ao alcance da maior fatia deste povo. Com isto, é possível
perceber que nos países em desenvolvimento, enquanto a parte da população mais pobre não tem
acesso aos cuidados de saúde necessários, as classes com mais poder económico recorrem à
medicina privada, evidenciando uma vez mais as desigualdades no acesso à saúde.
Para ajudar, muitas empresas farmacêuticas enriquecem a um ritmo acelerado, sem sequer
investir na investigação. A OMC (Organização Mundial do Comércio) já tentou intervir, de forma a
tornar do interesse público o fabrico dos medicamentos. No entanto, esta ação não teve qualquer
efeito, e as grandes empresas farmacêuticas continuam a usufruir dos seus abusivos privilégios.
Fig.17 – Número estimado de mortes por malária, 2012 (regiões da OMS).
As medidas para melhorar o acesso à saúde
Devido às dívidas externas de valor astronómico dos países mais pobres, o processo de
desenvolvimento destes torna-se cada vez mais difícil, e de igual modo, o acesso a cuidados de
saúde com a mínima qualidade. Sendo assim, considera-se que a pobreza é o maior entrave ao
desenvolvimento dos PED.
De modo a reverter, ou amenizar esta situação, as ONG têm assumido um papel
fundamental, atuando em muitos países ao nível da prevenção das causas, e nas consequências.
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Em termos de prevenção, as organizações não-governamentais atuam, por exemplo,
através do investimento em construção de escolas e formação de professores, de modo a promover
a educação; através de campanhas de educação sexual e dicas para uma melhor prática agrícola,
podendo prevenir algumas doenças; e através do tratamento de águas, um bem essencial para a
vida humana.
Ao nível das consequências, as ONG socorrem populações que estejam impedidas de
satisfazer as suas necessidades básicas, devido a uma catástrofe natural, guerra, epidemia, entre
outros.
Fig.18 - Médicos Sem Fronteiras (MSF) em missão.
Estudo de caso – Covid 19
A pandemia da Covid-19 teve início em dezembro de 2019, em Wuhan, na China, e
rapidamente se tornou numa ameaça global.
Depois de um ano e meio do aparecimento deste vírus, conseguimos perceber que a Covid19 veio acentuar ainda mais as desigualdades sociais e económicas presentes nos países.
Num país em desenvolvimento, caracterizado por possuir locais com grande densidade
populacional, pela maior sobrelotação das habitações e dependência do uso de transportes
públicos, o distanciamento é mais difícil, aumentando assim o risco de transmissão do vírus. Além
disso, por serem países com poucos recursos financeiros, o acesso aos cuidados de saúde são
mais reduzidos e, devido à corrupção, característica muito presente nestes países, apenas as
classes mais altas têm acesso a estes.
Enquanto nos países mais ricos uma em cada quatro pessoas já tomou pelo menos a
primeira dose da vacina, nos países mais pobres apenas uma em cada quinhentas pessoas já foi
vacinada. Ao passo que nos países desenvolvidos existe uma ordem de vacinação, nos PED,
devido às suas características corruptivas, a ordem de vacinação é, muitas vezes, consoante a
vontade de quem tem poder.
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É possível perceber que o nível económico de um país é fulcral para atenuar uma
desigualdade. Visto que os países não enriquecem nem se desenvolvem da noite para o dia, é
fundamental que os cidadãos e os governos hajam em concordância com a urgência de criar um
mundo mais igual e sustentável.
Fig.19 - «MSF amplia atendimento médico em resposta ao aumento catastrófico da COVID-19 na Índia»
Fig.21 - Situação da pandemia da Covid-19 na em Portugal e
Espanha, países desenvolvidos, à data de 4 de maio de 2021.
Fig.20 - Situação da pandemia da Covid-19 na Índia,
país em desenvolvimento, à data de 4 de maio de
2021.
Como podemos verificar através da análise a estas duas notícias, exatamente à mesma
data, a situação da pandemia num país em desenvolvimento e num país desenvolvido é totalmente
distinta. A Índia vive uma altura caótica, com o país e sistema de saúde a arrebentar pelas costuras,
enquanto que a situação pandémica em Portugal está controlada, com a vacinação a progredir a
um bom ritmo. É então possível observar os contrastes entre um país desenvolvido e um país em
desenvolvimento num domínio do presente, que é a Covid-19.
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Conclusão
Vivemos num mundo repleto de contrastes.
Através da análise de diversos indicadores que ajudam a medir o desenvolvimento, da
comparação e compreensão dos números do emprego e exclusão social nos países desenvolvidos
e países em desenvolvimento, através do estudo da fome e má nutrição e da pobreza e saúde,
podemos facilmente perceber que estamos perante um mundo de contrastes.
A tarefa mais difícil será mesmo corrigir estas disparidades. De forma a reverter esta
situação, um longo e imenso caminho de solidariedade, os países, estados e organizações têm
pela frente.
Envolvendo o trabalho com os temas dos períodos anteriores, um mundo de contrastes é o
resultado de um mundo policêntrico e de um mundo fragmentado. Um mundo policêntrico possibilita
uma maior acessibilidade a tudo em geral, no entanto não de forma equitativa, levando a um mundo
fragmentado, um mundo repleto de desigualdades que por sua vez deflagra num mundo de
contrastes.
No exato momento em que estamos sentados à secretária, em frente ao computador a
escrever a conclusão do trabalho, outro conjunto de adolescentes está a trabalhar no campo, sem
comer desde a noite anterior. Enquanto que pessoas nos são queridas, como os nossos avós, já
foram vacinadas contra a Covid-19, existem crianças que só desejavam voltar a abraçar os seus
avós, levados por esta maldita pandemia.
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Bibliografia
Manual Geografia C 12º ano – Plátano Editora
https://unric.org/pt
https://www.dn.pt/
https://brasil.elpais.com/
https://barometro-covid-19.ensp.unl.pt/
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https://welovegeography.pt/
https://www.poch.portugal2020.pt/
https://www.rtp.pt/
https://www.pordata.pt/
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