Uploaded by ALOP Juliano Pacifico Abreu

AULA 1 - ESPACO PARA DEUS

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ESPAÇO PARA DEUS
Vivendo uma vida espiritual em meio as agitações da vida moderna
Aula 1
N
o contexto do mundo ocidental, onde a sociedade é totalmente voltada para a produtividade e consumo excessivos,
uma das tarefas mais difíceis para o homem é o esvaziar-se. Encontrar um lugar vazio dentro de nós é algo quase impossível em meio
à imensidão de nossos afazeres e responsabilidades.
Apesar desse cenário de impossibilidade, Deus quer tornar possível
o seu diálogo com o homem. Para que essa comunicação aconteça
ele decretou a necessidade do espaço vazio no interior do homem
para que este lhe dê atenção total e ouça a sua voz. O objetivo
deste estudo, então, é que você consiga encontrar esse lugar real
de comunicação com Deus, apesar da correria constante na qual
vive.
Para ilustrar a importância de encontrar esse lugar vazio dentro de
nós, contarei a pequena história de um autor desconhecido do século XVIII:
Nan-in, mestre japonês, recebeu a visita de um professor universitário que veio consultá-lo a respeito do
seu estilo de vida zen, pois estava intrigado com a
influência que esse mestre exercia nos jovens e da
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Vivendo uma vida espiritual em meio as agitações da vida moderna
forma como era admirado por sua sabedoria, sensatez, prudência e simplicidade.
Durante a conversa o professor interrompia Nan-in
com frequência para impor suas convicções, mostrando assim a sua incapacidade de ouvir e aprender as
sábias lições que o mestre tentava passar através de
sua experiência.
Nan-in, então, ofereceu-lhe chá e o serviu calmamente. E mesmo após a xícara estar cheia, o mestre
continuou derramando o chá sobre a xícara. O professor ficou olhando o chá transbordar e não se contendo, disse:.
- A xícara está completamente cheia, não cabe mais
nenhuma gota.
O mestre, então, parou de derramar o chá e disse
calmamente:
- Assim como esta xícara, você está cheio de opiniões
e especulações. Como posso dar-lhe novas ideias e
perspectivas, se você não tem espaço para elas?
Concluímos, então, que o caminho da espiritualidade também é o
caminho do esvaziar-se. Esse espaço vazio, que você tanto necessita em sua vida, tem a ver com suas conexões:
Dentre essas conexões daremos especial atenção à nossa conexão
com Deus. Ele é invisível na sua conexão conosco, caso contrário,
ao ver a sua santidade nós morreríamos. Por essa razão, nós só podemos conhecer Deus através da sua Palavra. É pela Palavra que
ele fala conosco, e quão importante para nós é ouvir a sua voz!
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Vivendo uma vida espiritual em meio as agitações da vida moderna
O TABERNÁCULO
O Senhor Deus ordenou ao povo de Israel que construísse o tabernáculo. Sua intenção era que este fosse um lugar onde pudessem
ter acesso à sua voz.
Também farás um propiciatório de ouro puro, com
dois côvados e meio de comprimento e um côvado e
meio de largura. Farás também dois querubins de ouro
batido, nas duas extremidades do propiciatório. Farás
um querubim em cada extremidade. Serão feitos para
formar uma só peça com o propiciatório, nas duas extremidades dele. Os querubins terão as asas estendidas por cima do propiciatório, cobrindo-o; estarão um
de frente para o outro, com as faces voltadas para o
propiciatório. Colocarás o propiciatório em cima da
arca; e dentro da arca porás o testemunho que te
darei. Ali virei a ti e, de cima do propiciatório, do meio
dos dois querubins que estão sobre a arca do testemunho, falarei contigo a respeito de tudo o que eu te
ordenar para os israelitas. (Êx 25.17-22)
A ideia de espaço vazio surgiu com a tentativa do homem de
preencher o vazio que a queda produziu dentro dele. O pecado faz
com que o homem busque preencher esse vazio de alguma forma,
porém, esse preenchimento não o permite ouvir a voz de Deus.
O ritual estabelecido por Deus no tabernáculo era complexo e cada
etapa dele era rica de detalhes e significados. Porém, nenhuma das
suas peças deveria ser o centro do ritual e da atenção do homem.
O centro estava no Santo dos Santos (ou Santíssimo Lugar). Nesse
lugar estava a arca (móvel de madeira revestido de ouro) contendo
as tábuas com os dez mandamentos e a vara de Arão. Sobre a arca
havia dois querubins e entre eles o propiciatório vazio (ou o “trono de misericórdia”, em inglês). É nesse lugar vazio, onde não tem
nada, que se ouve a voz de Deus. Era ali, no vazio, que os sacerdotes recebiam as orientações para os próximos passos que o povo
deveria dar em sua caminhada rumo à terra prometida.
Imagine você, a agonia de estar em um culto, cujo centro é um espaço vazio! Todas as outras religiões se prostravam diante de uma
imagem, mas os israelitas tinham como centro da sua adoração um
altar vazio. Este espaço vazio não era um fim em si mesmo, mas um
lugar necessário para que a voz de Deus fosse ouvida.
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Esse desconforto de prostrar-se diante de um trono vazio era a única forma, ordenada aos israelitas, de cultuarem a Deus. Tanto era
assim que o maior pecado que Israel frequentemente cometia era
a idolatria, pois sua atração por imagens fazia com que deixassem
a expectativa de ouvir de Deus. Mas como Deus é um Deus zeloso
e ciumento, não permitiu Israel (e também a nós) ser privado de tal
anseio pela sua voz.
VIVENDO O DESCONFORTO
Na figura do tabernáculo o israelita encontra um dilema terrível,
que é o mesmo que você vai encontrar quando o assunto é espaço
para Deus.
O dilema do lugar vazio é nunca saber o que irá encontrar, e isso é
muito incômodo. Quando entramos num ambiente onde sabemos
o que iremos encontrar, ele leva-nos à religiosidade e não à vida
com Deus. Por isso, é necessário avaliarmos o contraste entre a religiosidade e a expectativa viva e constante de ouvir a voz de Deus.
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Todo aquele que entra em um relacionamento com Deus vai sempre lidar com o desconforto do vazio, mas ele é necessário para
que Deus possa falar. Deus não concorre com as nossas distrações
e preocupações. Ele quer que liberemos espaço no nosso interior,
que esvaziemos a mente de nossas convicções e certezas, para
que ele possa falar conosco. Só o lugar vazio nos permite ouvi-lo,
por isso, ele nos atrai para o desconhecido e para o desconforto.
É necessário entender a importância da voz de Deus, pois o desconforto de estar diante do trono vazio é tão grande que por vezes
perdermos o alvo de estarmos diante dele. Isso acontece porque
ao entrarmos no nosso lugar secreto para falar com Deus, nos deparamos com uma enxurrada de vozes com as quais não precisamos lidar quando estamos envolvidos em fazer “as nossas coisas”.
Mas esse é um processo e experiência que devemos enfrentar se
quisermos ouvir a voz de Deus. Essa é a magnífica herança que os
hebreus nos deixaram – Deus existe e fala com o homem.
Todos os outros povos tentaram, por algum caminho, obter as respostas que o homem busca sobre a origem de todas as coisas. O
caminho conhecido como o mais brilhante, a filosofia grega, tentou
alcançar essas respostas através do intelecto da razão, isto é, de
baixo para cima. Mas Deus mostrou, através de seu povo, que esse
caminho não é necessário, pois ele se comunica com o homem
(de cima para baixo) através do evangelho. Essa comunicação nos
alcançou e passamos a depender dela. Não existe vida cristã sem a
voz de Deus. Não há como viver em santidade, guardar os mandamentos e vencer o pecado se não ouvirmos a sua voz. Por isso, nós
precisamos, devemos e necessitamos passar por este desconforto
do lugar vazio.
A fase inicial do processo de obter uma vida de disciplina espiritual
(separar espaço e tempo diário em solitude) é a mais difícil de todas. Só alguém que entende ser dependente de ouvir a voz do Pai
suporta passar por esse incômodo.
Existe em toda a Bíblia um clamor e convite insistente para que
ouçamos a voz de Deus. Ele está clamando o tempo todo, e muitas
vezes em tom de lamento: “Ah se Israel tivesse ouvido minha voz!”;
“Ah se os profetas entrassem em meu conselho!”.
Você é responsável por deixar espaço vazio em seu interior para
ouvir a voz de Deus, e Deus é responsável por se fazer entendido.
Ele fala com você até que você o entenda. Ele é um comunicador
por excelência e tem paciência infinita. Não há como você não o
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entender, a não ser que esteja cheio demais para isso. Quando essa
comunicação entre você e Deus acontece, a vida começa a fluir
maravilhosamente.
OUVIR A VOZ DE DEUS É VIDA,
NÃO OUVI-LA É MORTE!
“Se ouvires atentamente a voz do SENHOR, teu Deus,
e fizeres o que é correto aos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os
seus estatutos, não enviarei contra ti nenhuma das
doenças que enviei contra os egípcios, pois eu sou o
SENHOR, que te sara.” (Êx 15.26)
“Agora, portanto, se ouvirdes atentamente a minha
voz e guardardes a minha aliança, sereis minha propriedade exclusiva dentre todos os povos, porque
toda a terra é minha” (Êx 19.5)
“Entretanto, não haverá pobre algum no teu meio
(pois o SENHOR certamente te abençoará na terra
que o SENHOR, teu Deus, te dará por herança para
possuíres), desde que ouças com atenção a voz do
SENHOR, teu Deus, cuidando para cumprir todo este
mandamento que hoje te ordeno.” (Dt 15.4,5)
“Se ouvires atentamente a voz do SENHOR, teu Deus,
tendo o cuidado de guardar todos os seus mandamentos que hoje te ordeno, o SENHOR, teu Deus, te
exaltará sobre todas as nações da terra. Se ouvires a
voz do SENHOR, teu Deus, todas estas bênçãos virão
sobre ti e te alcançarão.” (Dt 28.1,2)
“Se, porém, não ouvires a voz do SENHOR, teu Deus,
não cumprindo todos os seus estatutos, que hoje te ordeno, todas estas maldições virão sobre ti e te alcançarão.” (Dt 28.15)
“Na angústia clamaste, e te livrei; eu te respondi do
meio dos trovões; coloquei-te à prova junto às águas
de Meribá. Meu povo, ouve-me e eu te advertirei; ah,
Israel, se apenas me escutasses! Não haja no meio de
ti deus estranho, nem te prostres perante um deus estrangeiro. Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da
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Vivendo uma vida espiritual em meio as agitações da vida moderna
terra do Egito; abre bem a tua boca, e eu a encherei.
Mas meu povo não ouviu minha voz, e Israel não quis
saber de mim. Por isso, eu os entreguei à teimosia de
coração, para que andassem segundo seus próprios
conselhos. Ah, se o meu povo me escutasse! Ah, se
Israel andasse nos meus caminhos!” (Sl 81.7-13)
“Apenas reconhece que foste rebelde contra o SENHOR, teu Deus, e que te prostituíste com deuses
estrangeiros debaixo de toda árvore frondosa e não
deste ouvidos à minha voz, diz o SENHOR.” (Jr 3.13)
“Mas lhes ordenei isto: Dai ouvidos à minha voz, e eu
serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em
todo o caminho que eu vos ordenar, para que vos
corra tudo bem.” (Jr 7.23)
“Dize-lhes: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Maldito o homem que não der ouvidos às palavras desta
aliança, que ordenei a vossos pais no dia em que os
tirei da terra do Egito, da fornalha de fundição de ferro, dizendo: Ouvi a minha voz e fazei segundo tudo
o que vos mando; assim vós sereis o meu povo, e eu
serei o vosso Deus.” (Jr 11.3,4)
“Falei contigo no tempo da tua prosperidade; mas tu
disseste: Não escutarei. Este tem sido o teu procedimento, desde a tua juventude não ouves a minha
voz.” (Jr 22.21)
“Pois quem dentre eles esteve no conselho do SENHOR, para que percebesse e ouvisse a sua palavra,
ou quem esteve atento e escutou a sua palavra? Aí
está a tempestade do SENHOR! A sua fúria foi desencadeada; um tufão gira sobre a cabeça dos ímpios. A
ira do SENHOR não recuará até que ele tenha escutado e cumprido os seus planos. Nos últimos dias entendereis isso claramente. Eu não enviei esses profetas,
contudo foram correndo; não lhes falei, todavia profetizaram. Mas se tivessem comparecido ao meu conselho, então teriam feito o meu povo ouvir as minhas
palavras e o teriam afastado do seu mau caminho e
da maldade das suas ações.” (Jr 23.18-22)
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