CARLOS DAVI DE OLIVEIRA ALVES O PERFECCIONISMO AO LONGO DO ADVENTISMO: UMA ANÁLISE DOS PRINCIPAIS AUTORES DE 1950 A 2020 Projeto de pesquisa submetido como parte dos requisitos necessários para a disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do curso de Bacharelado em Teologia do Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia na Faculdade Adventista da Amazônia, sob orientação metodológica do Prof. Me. Héber Monteiro da Cruz e orientação específica do Prof. ________. BENEVIDES – PA 2023 UM NOVO DEUS DESCONHECIDO: A EPISTEMOLOGIA DE KANT E SUA VISÃO SOBRE OS LIMITES DA PERCEPÇÃO HUMANA Jean Carlos Zukowski Carlos Davi de Oliveira Alves RESUMO O filósofo prussiano Immanuel Kant (1724-1804) exerce uma profunda influência na filosofia moderna e pós-moderna desde que propôs uma nova epistemologia, que buscava resolver os problemas levantados por teóricos que o precederam. O desafio de Hume, em especial, que disse que o homem não pode pensar racionalmente sobre nada, motivou Kant a buscar os limites da compreensão humana. Sua conclusão foi que o ser humano pode pensar racionalmente sobre uma parte da realidade, presente em tempo e espaço, mas não tem acesso a qualquer coisa que ultrapasse os limites da observação, incluindo Deus. Como ele chegou a essa conclusão? O que isso significa para a filosofia e teologia? O objetivo deste artigo é explicar o processo que levou Kant à formulação de sua epistemologia e como isso impactou a noção de relacionamento entre Deus e o homem no mundo moderno. Quanto à abordagem, essa pesquisa é qualitativa; quanto à finalidade, é pura; quanto aos objetivos, é descritiva; quanto à natureza, é um resumo de assunto e, quanto ao objeto e aos procedimento, é bibliográfica. . Num primeiro momento, será apresentado o perfil filosófico de Kant, bem como sua importância na filosofia ocidental. Em seguida, serão apresentados os passos da construção epistemológica de Kant, como ele decidiu estudar a plausibilidade da razão humana e como chegou à conclusão de que apenas uma parte da realidade seria passível de ser conhecida. Serão elencadas, então, as consequências dessa proposta epistemológica para a filosofia e para a religião, bem como seu papel na construção do paradigma contemporâneo. Palavras-Chave: Filosofia, Epistemologia, Iluminismo, Kant, Transcendentalismo. SUMÁRIO 1 2 3 Introdução................................................................................................................. 4 1.1 Problema ........................................................................................................... 4 1.2 Objetivos ........................................................................................................... 4 1.3 Justificativa ....................................................................................................... 5 1.4 Delimitação ....................................................................................................... 5 1.5 Metodologia ...................................................................................................... 5 1.6 Estrutura do estudo ........................................................................................... 6 Revisão de Literatura ............................................................................................... 7 2.1 O Perfil Filosófico de Kant ............................................................................... 7 2.2 Os Passos da Filosofia Kantiana ....................................................................... 8 Cronograma .............................................................................................................. 9 Referências ................................................................................................................... 10 Apêndice: Como escrever a metodologia ..................................................................... 12 3.1 Quanto às Formas de abordagem .................................................................... 12 3.2 Quanto à Finalidade ........................................................................................ 13 3.3 Quanto à Natureza .......................................................................................... 14 3.4 Quanto aos Objetivos ...................................................................................... 16 3.5 Quanto ao Objeto ............................................................................................ 18 3.6 Quanto aos Procedimentos técnicos ............................................................... 19 1 INTRODUÇÃO No mundo moderno existe uma dúvida que permeia a mente de muitas pessoas: É possível conhecer a Deus? Inúmeras religiões e filosofias dizem que sim, mas há uma crescente noção de que o sagrado não pode se comunicar de maneira direta e compreensível com o ser humano. 1.1 PROBLEMA O Novo Testamento relata a existência de um altar ao Deus Desconhecido em Atenas por volta do primeiro século. Nessa época, o apóstolo Paulo surgiu pregando por todo o Mediterrâneo a respeito do “Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe” (Atos 17:24, ARA). Quando confrontou os filósofos da cidade, usou a figura desse altar para explicar que era hora de os atenienses se voltarem para algo que até ali haviam ignorado. No mundo moderno, uma outra proposta desafia o conhecimento a respeito de Deus, tanto o de Paulo quanto qualquer outro. Conforme aponta Plantinga (2016, p. 32), o principal responsável pela ideia de que Deus não pode ser conhecido no mundo moderno é Immanuel Kant (1724-1804), filósofo prussiano que propôs uma estrutura epistemológica unindo as perspectivas racionalistas e empiristas recém propagadas no início do iluminismo. A questão estudada nesta pesquisa é: Como ele fez isso? O que o motivou a buscar os limites do entendimento humano e como ele chegou à conclusão de que Deus faz parte de uma realidade incognoscível para o homem? O que isso significou na História da Filosofia moderna? 1.2 OBJETIVOS O objetivo central dessa pesquisa é descrever a filosofia kantiana em seu aspecto epistemológico, explicando como ela chegou à conclusão de que verdades eternas, incluindo Deus, não podem ser conhecidas pelo homem. Para isso, esse trabalho se propõe a (1) explicar de maneira resumida quem foi Kant e porque ele é considerado central na controvérsia epistemológica iluminista, (2) traçar os passos da filosofia kantiana relacionados à possibilidade da obtenção de conhecimento racional, (3) explicar brevemente quais as consequências dessa perspectiva para a filosofia em geral e para a teologia e (4) concluir com um breve resumo do que foi apresentado, ressaltando as consequências de tal epistemologia para a compreensão geral de que Deus não pode ser acessado racionalmente pelo ser humano. 1.3 JUSTIFICATIVA A era moderna trouxe profundas consequências para a reflexão teológica, incluindo ideias relacionadas à possibilidade de interação cognitiva com o sobrenatural. Muitos trabalhos acadêmicos abordam as Escrituras tomando como pressuposto que elas são um mero produto da criatividade humana, pois consideram de antemão que Deus não poderia transmitir algo como uma mensagem compreensível. Grande parte disso vem da visão epistemológica de Kant, e muitos teóricos das mais diversas áreas de pensamento, incluindo a teologia, adotam essa visão sem compreender como ela se formou ou em que se fundamenta. Desse modo, é importante que haja uma explicação lógica e simples baseada na própria obra de Kant, para “traduzir” para muitos que não se dispõem a uma lida filosófica intensa o que esse teórico quis dizer e como isso se transformou num paradigma para a filosofia e para a teologia. 1.4 DELIMITAÇÃO Esta pesquisa não de propõe a explorar a vida de Kant tal como agente histórico ou quaisquer de suas ideias não diretamente relacionadas à epistemologia que desenvolveu. Apesar de serem feitas menções breves às consequências de suas ideias no âmbito moral, por exemplo, o foco está naquilo que pode ou não ser conhecido, não no que deve ou não ser feito. Também não é o propósito deste artigo defender ou refutar a epistemologia kantiana, mas apenas descrevê-la da maneira mais objetiva possível. 1.5 METODOLOGIA Quanto à abordagem, esta pesquisa é qualitativa, pois aborda as ideias e a lógica de um autor específico a respeito de determinado tema. Quanto à finalidade, é pura, e, quanto aos objetivos, descritiva, uma vez que busca apenas apresentar um panorama objetivo das ideias já referidas. Quanto à natureza, trata-se de um resumo de assunto, pois se baseia em parte naquilo que já foi produzido por outros autores. Quanto ao objeto e aos procedimentos, é bibliográfica, se fundamentando principalmente em obras literárias que expressam o pensamento dos teórico escolhido, incluindo as suas próprias. A extensa obra de Kant cobre quase todos os ramos da filosofia, mas sua tese epistemológica se encontra plenamente desenvolvida em sua “Crítica da Razão Pura” (2013), de modo que este foi o livro abordado para levantar os principais dados usados neste estudo. Também há uma menção ao seus “Prolegômenos a Toda Metafísica Futura” (2008), que recapitulam parte de sua motivação para se lançar neste estudo epistemológico. O desenvolvimento desta pesquisa segue a ordem natural da lógica kantiana. Os aspectos centrais de cada passo do seu raciocínio foram resumidos em frases para facilitar a compreensão, e apresentados de acordo com os termos escolhidos pelo próprio autor. As consequências dessa visão foram escolhidas com base no desenvolvimento posterior da própria filosofia de Kant e no que foi apontado por diversos autores dos mais diferentes ramos da história, filosofia e teologia. 1.6 ESTRUTURA DO ESTUDO Depois de (1) apresentar um breve perfil de Kant como filósofo, bem como a aceitação que ele possui no mundo moderno, este estudo vai (2) descrever os passos da filosofia kantiana relacionados à sua epistemologia e à possibilidade de uma relação cognitiva entre Deus e o homem. Em seguida, (3) serão mencionadas algumas consequências do pensamento de Kant no mundo moderno e (4) será apresentado um resumo do que foi exposto, ressaltando a influência kantiana para a formulação da tese de que Deus o homem não podem se relacionar de maneira cognitiva. 2 REVISÃO DE LITERATURA Muitos teóricos e historiadores abordaram e mapearam a filosofia de Kant. Entre esses, é possível mencionar alguns, como Deleuze (1963), que escreveu “A Filosofia Crítica de Kant”. Este é um glossário útil para compreender as bases elementares de sua filosofia. Plantinga (2016), por sua vez, refletiu sobre as limitações da epistemologia kantiana em seu “Conhecimento e Crença Cristã”, apesar de não ter apresentado de maneira detalhada seu pensamento. Entre os muitos artigos que poderiam ser mencionados, alguns resumem a filosofia kantiana de maneira muito precisa, como “As Duas Respostas de Kant ao Problema de Hume”, de Barra (2022), “A Epistemologia entre Hume, Kant e Darwin”, de Freitas (2004) e “A Teoria do Conhecimento de Kant: O Idealismo Transcendental”, de Silveira (2002). Outros autores se dedicaram exclusivamente à relação entre o desafio de Hume e a resposta de Kant, como Suzuki (2015), que escreveu o artigo “Kant acordou mesmo do sono dogmático?”, e Motta (2012), autor de “Kant e o Sono Dogmático: Influência de Hume na compreensão da causalidade”. 2.1 O PERFIL FILOSÓFICO DE KANT Immanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo considerado central para o pensamento moderno, tendo influenciado toda a tradição filosófica posterior a ele. Sua marca principal foi a formulação de uma epistemologia inédita, que buscava responder às dúvidas e problemas levantados por seus predecessores. Quase todas as obras que falam a respeito de Kant mencionam a sua grandeza. Ele é considerado “o maior filósofo após os antigos gregos” (SILVEIRA, 2002, p. 29), “o maior filósofo do Iluminismo alemão” (COTRIM, 2006, p. 160) e “o ponto culminante, a perfeição do Iluminismo” (TROMBLEY, 2014, p. 28). Aranha (2006, p. 180) afirma que ele “construiu um dos mais importantes sistemas filosóficos no século XVIII, de marcante influência na história do pensamento”, de modo que “sua importância e influência não têm como ser superestimadas” (TROMBLEY, 2014, p. 28). Ele seria o responsável por uma nova “revolução copernicana” (MOTTA, 2012, p. 37), mas, em vez de colocar o Sol no centro do sistema solar, ele colocaria o homem no centro do Universo. Trombley (2014, p. 21) resume afirmando que Kant construiu o mais abrangente e detalhado sistema de filosofia desde a revolução científica. Seu trabalho coloca perguntas que continuam fixas na imaginação dos filósofos de hoje. Sua influência é sentida em todas as áreas da filosofia e transborda para outras disciplinas tão diversas quanto o direito e a astronomia.1 Em suma, “Kant argumentou que a realidade era a experiência” (STOBAUGH, 2012, p. 208). Ou seja “se alguém não podia experimentar algo com seus sentidos, então não era real” (STOBAUGH, 2012, p. 208). Desse modo, “enfatizou a liberdade subjetiva, a fraternidade e a igualdade”, “conceitos abstratos cuja realidade estava enraizada na experiência” e que motivaram grandes movimentos políticos, como a Revolução francesa (STOBAUGH, 2012, p. 208). Kant publicou muitos livros, mas foi sua Crítica da Razão Pura, lançada em 1781, que apresentou uma resposta ao desafio de Hume. É nela que se desenvolve sua epistemologia e as consequências subsequentes para a filosofia e teologia (TROMBLEY, 2014, p. 23). 2.2 OS PASSOS DA FILOSOFIA KANTIANA A filosofia de Kant começa (1) considerando a possibilidade das acusações de Hume à metafísica. Ele prossegue (2) diferenciando a razão da experiência e explicando que elas trabalham juntas no processo de produzir o conhecimento, o que envolve (3) definir os conceitos a priori a partir dos quais o objeto pode ser conhecido. (4) Aquilo que atende a esses conceitos, segundo ele, pode ser conhecido. (5) O que está fora dos limites dos conceitos e da experiência, por sua vez, é completamente desconhecido. Sendo assim, ele conclui que (6) a razão humana é limitada, mas não é inútil, e que (7) o homem deve ser considerado a medida de todos os conhecimentos. [...] texto do desenvolvimento 1 Trombley (2014, p. 28) ainda chega a dizer que “uma caracterização mais precisa da filosofia europeia moderna poderia ser que ela consiste em uma série de notas de rodapé referentes à obra de Kant”. 3 CRONOGRAMA Este projeto de pesquisa será desenvolvido conforme o cronograma apresentado na tabela a seguir: Tabela 1 - Cronograma do Projeto de Pesquisa Evento Fev. Mar Abr. Mai Jun. Jul Ago. Set Out Nov. Dez 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 2023 Revisão do tema a ser trabalhado no TCC 10 Reunião com orientador 10 Entrega do cronograma. 21 Reunião com orientador 17 Coleta de Dados e Escrita do Referencial Bibliográfico 28 X X Construção da Referencial Teórico 10 Revisão 21 Coleta de dados para o TCC 21 Análise dos dados de Pesquisa 24 X X X X Pesquisa e avaliação com o orientador 7 Análise da estrutura do TCC 14 Orientações gerais de Pesquisa 21 Qualificação X 9 Fonte: Elaboração própria. REFERÊNCIAS ARANHA, M. L. DE A. História da Educação e da Pedagogia: Geral e Brasil. São Paulo: Moderna, 2006. BARRA, E. S. As Duas Respostas de Kant ao Problema de Hume. Princípios UFRN, v. 9, p. 145–178, dez. 2022. BRAKEMEIER, G. Ciência ou Religião: Quem vai conduzir a história? São Leopoldo: Sinodal, 2006. COTRIM, G. Fundamentos da Filosofia: História e grandes temas. São Paulo, SP: Saraiva, 2006. DELEUZE, G. A Filosofia Crítica de Kant. Lisboa, PO: Edições 70, 1963. FESER, E. A Última Superstição: Uma refutação do neoateísmo. Belo Horizonte - MG: Edições Cristo Rei, 2017. FREITAS, R. S. DE. A epistemologia entre Hume, Kant e Darwin. Filosofia e história da ciência no Cone Sul: 3o Encontro, p. 364–370, 2004. HITCHENS, C. Deus não é Grande: Como a religião envenena tudo. Rio de Janeiro, RJ: Ediouro, 2007. KANT, I. Crítica da Razão Pura. Versão Eletrônica: Acrópolis, 2013. KANT, I. Prolegômenos a Toda Metafísica Futura. Lisboa: Edições 70, 2008. MORUJÃO, C. Karl Leonhard Reinhold: Da “crítica da razão” à busca do princípio incondicionado de todo o saber. Revista Portuguesa de Filosofia, v. 6, p. 731–745, 2005. MOTTA, C. Kant e o Sono Dogmático: Influência de Hume na compreensão da causalidade. Páginas de Filosofia, v. 4, n. 1, p. 17–38, jan. 2012. PLANTINGA, A. Conhecimento e Crença Cristã. Brasília, DF: Academia Monergista, 2016. SILVEIRA, F. L. DA. A Teoria do Conhecimento de Kant: O Idealismo Transcedental. Caderno brasileiro de ensino de física, v. 19, p. 28–51, jun. 2002. STOBAUGH, J. P. World History: Observations and assessments from creation to today. Green Forest, AR: Master Books , 2012. SUZUKI, M. Kant acordou mesmo do sono dogmático? Estudos Kantianos, v. 3, n. 2, jun. 2015. TROMBLEY, S. 50 Pensadores que Formaram o Mundo Moderno: Perfis de 50 filósofos, cientistas, teóricos políticos e sociais e líderes espirituais marcantes cujas ideias definiram a época em que vivemos. Rio de Janeiro, RJ: LeYa, 2014. APÊNDICE: COMO ESCREVER A METODOLOGIA Existem diferentes tipos de pesquisa, e uma mesma pesquisa pode ser classificada de diferentes maneiras, por meio de diferentes aspectos. Para facilitar a compreensão, pegue uma caneta em suas mãos e tente classificá-la. Existem algumas maneiras de fazer isso. Quanto à cor, ela é azul, preta ou vermelha? Quanto a marca, ela é de marca X ou Y? Quanto ao tipo de bico, é fino ou redondo? Quanto à tinta, é esferográfica ou hidrográfica? Ou seja, há diferentes maneiras de classificar uma caneta, depende do que você está analisando. Com base nesses aspectos, é possível produzir uma infinidade de canetas diferentes. O mesmo acontece com a pesquisa científica. Quanto à finalidade, a pesquisa que você está fazendo será uma coisa, quanto à natureza, outra, e assim por diante. Ela pode ser classificada por seis critérios diferentes: (1) forma de abordagem, (2) finalidade, (3) natureza, (4) objetivos, (5) objeto, e (6) procedimentos técnicos. 3.1 QUANTO ÀS FORMAS DE ABORDAGEM A forma ou método de abordagem diz respeito ao conceito mais amplo da pesquisa. Para atingir ao objetivo geral, o pesquisador precisa escolher de que maneira irá abordar os dados coletados, e isso pode ser feito de maneira quantitativa ou qualitativa. A pesquisa quantitativa envolve a coleta sistemática de informação, mediante condições controladas e procedimentos estatísticos. Ela busca quantificar aquilo que coleta para obter respostas com base em procedimentos estruturados e instrumentos formais para a coleta de informações. Com base nesses dados, é possível identificar e medir causas e seus respectivos efeitos. Pesquisas como essa geralmente estão ligadas às ciências exatas, naturais e sociais. Na teologia, são comuns na área aplicada. É possível medir, por exemplo, quantas pessoas foram a um determinado evangelismo depois de uma determinada distribuição de convites. Com esses dados em mãos, podem ser feitas inferências de quantos convites devem ser feitos para que um determinado número compareça nos próximos eventos. A pesquisa quantitativa geralmente envolve formulários e/ou questionários e está cheia de mapas, gráficos, tabelas e listas. A pesquisa qualitativa, por sua vez, envolve a coleta e análise sistemática de materiais narrativos mais subjetivos. Ela trabalha com realidades não quantificáveis, não utilizando instrumentos formais e estruturados. Quando coleta os dados em campo, opta por perguntas abertas, em vez de questionários fechados. Ao invés de limitar-se a dados numéricos específicos, articula os dados de modo a produzir informação que seja aplicável ao fenômeno em toda a sua extensão. Em outras palavras, a pesquisa qualitativa não pretende apresentar resultados que foram calculados, mas articulados de maneira filosófica, tendo como base principalmente dados coletados a partir de ideias presentes em textos. O discurso de um estudo qualitativo discorre mais sobre ideias e o significado dos fenômenos que sobre dados numéricos. Seu objetivo gira em torno do significado subjetivo atribuído ao objeto pelas diferentes fontes consultadas, bem como a decodificação das fontes bibliográficas da maneira mais imparcial possível. Em resumo, a pesquisa quantitativa olha para o objeto e pergunta, principalmente: “Quanto?”. A pesquisa qualitativa, por sua vez, quer saber: “O que significa isso?”. 3.2 QUANTO À FINALIDADE A finalidade é a razão pela qual a pesquisa está sendo feito. Quanto à finalidade, a pesquisa pode ser pura/básica ou aplicada. A pesquisa pura, ou básica, é aquela feita com o objetivo de produzir um novo conhecimento sobre algo, sem que haja uma aplicação prática prevista. Por exemplo, imagine uma pesquisa que tenta descrever o Deus bíblico apenas com base naquilo que Ele diz sobre si mesmo. Há muitos textos que poderiam ser usados. Através de Isaías, Ele disse: “Eu fiz a terra e criei nela o homem; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens” (Is 45:12, ARA). Já em Malaquias, revela algo sobre Seu caráter: “Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso, vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (Ml 3:6, ARA). Um levantamento de todos estes textos permitiria traçar um perfil autobiográfico de Deus, que poderia ser descrito por meio de uma pesquisa bem-organizada, mas essas informações não podem ser usadas imediatamente para resolver alguma questão prática, como qual a melhor estratégia para evangelizar a classe média ou qual o estilo de música adequado para ser usado na adoração. Obviamente, uma pesquisa assim forneceria princípios que podem ser aplicados em ambos os casos, mas ela não possui esse fim imediato, seu objetivo é apresentar o conhecimento sobre algo, o uso posterior está fora das intenções primárias do pesquisador. Sendo assim, todas as pesquisas que pretendem levantar informações ou descobrir a verdade sobre algo em vez de fornecer orientações práticas são, quanto a sua finalidade, pesquisas puras, ou básicas. A pesquisa aplicada é feita para produzir algum conhecimento que será usado de maneira prática, buscando resolver algum problema concreto da vida moderna. Por exemplo, há pesquisas que tentam descobrir como aumentar o interesse de determinada faixa etária ou classe social pelos programas evangelísticos da igreja. Muitos artigos buscam na Bíblia os métodos corretos para atingir o maior número possível de pessoas, inclusive se baseando em Jesus e Paulo, os maiores evangelistas das Escrituras. Há algum tempo, um aluno pesquisou sobre a relação entre o discipulado e o evangelismo público no ministério de Jesus. Assim como em outras pesquisas bíblicas, essa também precisou de um levantamento de textos que correspondem ao tema, análise de versos chave nos idiomas originais e uma organização sistemática do que foi descoberto. Nesse caso, porém, não se busca apenas levantar a informações e apresentar de maneira compreensível, mas fornecer orientações sobre discipulado e evangelismo das multidões com base no próprio modo como Jesus atingia as pessoas. Ou seja, há um problema prático (Como devemos evangelizar? Através do discipulado ou com evangelismos que atinjam as multidões?) e uma resposta bíblica, criada a partir de uma pesquisa cuja finalidade era exatamente responder a esse problema. A pesquisa, portanto, é aplicada quando sua finalidade é produzir conhecimentos que serão aplicados de maneira prática na resolução de problemas reais e cotidianos. Para diferenciar a pesquisa pura da aplicada, imagine que alguém está realizando uma pesquisa sobre a relação de Ellen G. White com seus filhos. Depois de um levantamento de referências em cartas e outros documentos primários, se obtém uma variada gama de informações. Caso uma pesquisa pura seja produzida, o autor buscará apenas elencar eventos e temas predominantes e organizá-los na apresentação de seu artigo. Podem ser fornecidas informações interessantes, como a que filho ela escreveu mais, o tom de suas cartas ou as palavras que mais se repetem. Caso seja produzida uma pesquisa aplicada, por outro lado, serão escolhidas com predominância as seções que tratam de questões práticas. Nesse caso, o objetivo será apresentar como a Serva do Senhor cuidava de seus filhos para, com base nisso, dar insights e mesmo orientações práticas que podem ser imitadas pelos membros da igreja. Na pesquisa pura, a informação é o suficiente para o pesquisador, na pesquisa aplicada, ele quer encontrar um meio de fazer com que essa informação seja usada para algo, e deixa isso claro em seu texto. 3.3 QUANTO À NATUREZA A natureza é o tipo de pesquisa que está sendo feita, ou seja, sua categoria ou classificação. Quanto à natureza, a pesquisa pode ser um trabalho científico original ou um resumo de assunto. O trabalho científico original é raro, e está nas esferas de mestrado e doutorado. Se trata das teses e dissertações, que não pertencem ao domínio de quem está fazendo seu primeiro bacharel. Esses trabalhos são pesquisas nunca feitas antes, que contribuem para a evolução do conhecimento da ciência em alguma área específica. Nas ciências naturais, por exemplo, é comum especialistas tentarem estudar pela primeira vez qual a causa ou a cura de uma doença ou como ocorre determinado fenômeno. Nas ciências teológicas, podem haver muitos trabalhos assim. Um doutorando pode pesquisar a fundo sobre um texto bíblico que nunca antes foi abordado de maneira acadêmica ou mesmo produzir um relatório histórico sobre uma importante figura de algum momento significativo do cristianismo que nunca tenha sido estudada de maneira aprofundada antes. A nível de bacharel, porém, todos os trabalhos são resumos de assunto, pois se baseiam em outros trabalhos científicos já realizados e possuem uma proposta menos ousada. Os pesquisas que são resumos de assunto dispensam a originalidade, ou seja, não são pioneiras em determinado tema, mas se baseiam em trabalhos avançados, publicados por autoridades na área em questão. Não se trata apenas de uma cópia de ideias, mas do levantamento e articulação dos dados fornecidos por pesquisas profundas e geralmente originais a respeito de algo. É necessário usar a metodologia adequada para levantar e interpretar esses dados, bem como abordar o tema da pesquisa de um ponto de vista diferente, ainda que não totalmente pioneiro. Para esclarecer, imagine três doutorandos. Um deles está fazendo uma pesquisa sobre José Bates, um dos pioneiros da IASD, analisando especialmente as influências teológicas que ele recebeu dos movimentos e igrejas americanas de sua época. Um outro está levantando todas as menções que Ellen G. White fez a outras igrejas ou movimentos espiritualistas, buscando compreender sua visão geral e impressões específicas sobre seu cenário religioso contemporâneo. O último está fazendo um levantamento completo dos embates pessoais e por meio da imprensa que Tiago White teve com líderes ou teólogos de outras comunidades ou denominações, especialmente com os universalistas, que foram uma verdadeira pedra no sapato desde o movimento milerita. O que cada um desse alunos de doutorado está fazendo é um trabalho científico original, pois estão levantando dados específicos sobre a vida de cada um desses pioneiros sobre um enfoque totalmente novo e aprofundado. Por coincidência, todos os trabalhos têm algo em comum, apesar de serem feitos de maneira independente. Então surge nosso quarto personagem, um aluno do seminário que tem o interesse de produzir uma pesquisa sobre a relação dos pioneiros adventistas com as outras igrejas em seu tempo. Existem outras pesquisas nessa direção, então ele precisará ser um pouco criativo para abordar o tema de maneira um pouco diferente. Seu trabalho, porém, não será original. Ele não irá buscar todos os documentos de maneira primária ou levantar todos os dados possíveis, pois não teria nem mesmo espaço para organizá-los. Em vez disso, poderá ler as teses doutorais citadas acima para selecionar os dados mais importantes e mesmo usá-las como fontes, pois foram produzidas por autoridades históricas da igreja que, cada uma a seu modo, realizaram uma pesquisa original para garantir o máximo de inovação e precisão. É assim que a pesquisa funciona. Alguém pesquisa algo de maneira tão profunda a ponto de se tornar um especialista naquilo. Essa é o trabalho científico original. Vários trabalhos assim são feitos e, depois, vem alguém que está começando e usa todo esse conhecimento produzido para criar um bom resumo, que não é uma pesquisa tão profunda quanto as fontes que cita mas é capaz de comparar de maneira apropriada a visão e os dados levantados e discutidos pelos especialistas. Em outras palavras, os trabalhos científicos originais são super delimitados, pioneiros e muito aprofundados, ao passo que os resumos de assunto são mais breves, e geralmente usam os trabalhos científicos originais como base. 3.4 QUANTO AOS OBJETIVOS Os objetivos são os tipos de metas que a pesquisa pretende atingir. Quanto aos objetivos, uma pesquisa pode ser exploratória, descritiva ou explicativa. A pesquisa é exploratória quando pretende proporcionar informações mais claras ou novas sobre determinado assunto, facilitando assim a delimitação de um tema, a definição de objetivos ou a formulação de hipóteses para alguma problemática que se tem em vista. Em certo sentido, todas as pesquisas que estão começando são exploratórias, a menos que haja um levantamento prévio feito por outras pesquisas, o que pode colocar em questão a validade de se analisar algo que já tenha sido explorado exaustivamente. Em outras palavras, quando um aluno ou pesquisador define o tema da sua pesquisa, ele deve começar uma pesquisa prévia, que lhe fornecerá uma visão geral de onde está se enfiando. Dependendo do tema, pode ser necessário ler e analisar muitas fontes. Isso é a exploração inicial. Caso um artigo seja produzido com base nesse primeiro levantamento, na parte metodológica deve ser especificado que a pesquisa é exploratória, quanto aos objetivos, pois levanta informações gerais sobre algo que ainda não foi estudado antes com profundidade. A partir dessas informações, outro pesquisador terá um guia para começar uma pesquisa mais detalhada. Caso o pesquisador queira prosseguir, delimitando sua pesquisa, ele precisará decidir se seu objetivo será descritivo ou explicativo. O objetivo de uma pesquisa é descritivo quando ela pretende observar, analisar, classificar e interpretar dados sem interferir no que eles revelam ou manipular os resultados para produzir algum tipo de explicação. Muitas pesquisas podem ter esse objetivo, das bibliográficas às de campo ou laboratório. No caso de uma pesquisa bibliográfica, imagine a seguinte problemática: Qual a diferença entre as visões teontológicas de Joseph Smith e Ellen G. White? Ou, em outras palavras, qual a ideia de Deus presente na teologia de cada um deles? Para responder a essa pergunta, será necessário fazer um levantamento completo sobre o que cada um dos dois entende ser a Divindade, e depois apresentar uma descrição imparcial do que os dados revelam. Não se busca compreender porque o Deus de Smith precisa de uma progenitora para dar origem aos seus filhos e o Deus descrito por Ellen G. White não, apenas deixar bem claro o que cada um dos dois diz ser essa figura divina. Muitos outros exemplos poderiam ser dados. Em suma, nesses casos, o pesquisador apenas levanta os dados e apresenta de maneira organizada o que eles revelam. Nas pesquisas sociais, que geralmente são realizadas por meio de questionários, o objetivo também é descritivo, onde se pretende realizar algum levantamento socioeconômico e psicossocial, por exemplo. Finalmente, uma pesquisa é explicativa quanto ao objetivo quando pretende, além de registrar, analisar e interpretar os fenômenos estudados, identificar seus fatores determinantes, ou seja, suas causas. Em outras palavras, a pesquisa explicativa não pretende apenas dizer o que as coisas são, como na descritiva, ela vai além, buscando compreender porque as coisas são como são. Tomando o exemplo anterior, no caso de uma pesquisa bibliográfica, a pesquisa rompe os limites do objetivo descritivo quando, além de apresentar os dados como eles simplesmente são, tenta estabelecer relações que explicam a origem ou o funcionamento daquilo que é observado/estudado. Em vez de explicar a ideia de Deus presente em um autor, uma pesquisa explicativa buscaria entender porque esse autor pensa assim, e não de outro modo. Em vez de apenas dizer que que, para Elen G. White, Deus é um pessoa real, corpórea e soberana, um estudo explicativo tentaria compreender a fonte de sua definição, bem como a maneira a partir da qual ela articulou as fontes em que se baseia até chegar em sua posição. A maioria das pesquisas explicativas usa o método experimental, que se caracteriza pela manipulação e controle das variáveis, com o objetivo de identificar qual a variável independente que determina a causa da variável dependente ou do fenômeno em estudo. Dificilmente uma pesquisa dessas é desenvolvida dentro do escopo teológico. Sendo assim, (1) um estudo exploratório pretende levantar os primeiros dados sobre um tema para oferecer uma visão panorâmica, (2) um estudo descritivo pretende descrever algo, do pensamento de um ou mais autores ao funcionamento de determinado processo ou evento e (3) um estudo explicativo procura estabelecer as relações entre causa e efeito, para que fique claro porque o objeto estudado é como é. 3.5 QUANTO AO OBJETO O objeto, como já explicado, é o tema, sujeito, fato, ideia, lugar, processo ou texto que será abordado. Ou seja, é aquilo que será pesquisado. Quanto ao objeto, a pesquisa pode ser bibliográfica, de laboratório ou de campo. A pesquisa é bibliográfica quanto ao objeto quando os materiais usados para se conseguir as informações são exclusivamente bibliográficos, ou seja, vêm de publicações e outros tipos de textos. Todas as pesquisas são bibliográficas em alguma medida, pois esse geralmente é o ponto de partida para responder a qualquer indagação: levantar o que outros pesquisadores já descobriram. Quando, porém, não são usados outros materiais além de livros, artigos, outros textos ou documentos não publicados, é dito que ela é bibliográfica quanto ao objeto. Caso se usem dados obtidos por meio de laboratório ou pesquisa de campo, ela não será mais classificada assim, apesar de esse ter sido seu ponto inicial. As pesquisas de laboratório, como o próprio nome já diz, são realizadas em laboratório, compreendido aqui como um ambiente controlado, podendo ser real ou artificial. Nele, o pesquisador tem condições de provocar, produzir e reproduzir os fenômenos observados, obtendo os dados necessários para identificar as relações de causa e efeito e fazer previsões. Se trata de um método aplicado quase exclusivamente nas ciências naturais e sociais. Pesquisas assim incluem, por exemplo, as que são feitas para descobrir a taxa de eficácia de um remédio em comparação com o outro, no caso das ciências naturais; e os conhecidos “experimentos sociais”, em que se observa o comportamento das pessoas diante de situações provocadas. As pesquisas de campo, por sua vez, coletam “a informação diretamente com a população pesquisada, no próprio local onde os fatos ou fenômenos ocorrem espontaneamente” (MÜCKENBERGER et al., 2013b, p. 47). É o caso das pesquisas que contam a história de uma igreja ou instituição. O pesquisador vai até o lugar, entrevistas pessoas envolvidas e procura fotos, monumentos, documentos ou qualquer outra coisa típica do local pesquisado para reunir as informações necessárias. Em resumo, a questão aqui é a seguinte: Onde estão os dados que serão usados na pesquisa? Em publicações/documentos (bibliográfica), experiências laboratoriais (de laboratório) ou nalgum lugar em que acontece ou aconteceu aquilo que se pretende estudar (de campo)? 3.6 QUANTO AOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS Os procedimentos técnicos dizem respeito à maneira como o pesquisador obtém e organiza os dados para que eles possam ser apresentados na pesquisa. Quanto aos procedimentos, a pesquisa pode ser bibliográfica, documental, experimental, de levantamento, um estudo de caso, pesquisa ação ou pesquisa de observação/participante. A pesquisa bibliográfica é aquela que usa material escrito ou gravado, mecânica ou eletronicamente. Esses materiais são livros, revistas, fitas gravadas de áudio ou vídeo, páginas da internet, relatórios de simpósios ou seminários, anais de congressos, entre outros. A maioria das pesquisas realizadas pelos alunos do seminário é bibliográfica. Se você passa o dia na biblioteca ou na internet procurando os materiais para sua pesquisa, saiba que, quanto aos procedimentos, ela é bibliográfica. A pesquisa documental se baseia em fontes que ainda não receberam organização, tratamento analítico ou publicação, ou seja, basicamente, são fontes não publicadas, consistindo principalmente de documentos. Exemplos comuns usados em pesquisas no seminário são cartas pessoais, atas de igrejas, fotos, certificados de batismo e outros. Pesquisas assim geralmente buscam descrever a história de um lugar ou instituição, se aproximando ao máximo do objeto pesquisado. A pesquisa experimental acontece quando um fato ou fenômeno da realidade é reproduzido de forma controlada, com o objetivo de descobrir os fatores que o produzem ou que por ele são produzidos. É própria das ciências naturais e sociais, como explicado anteriormente. Se realizam testes repetidamente em laboratório ou a partir da observação de um determinado grupo de pessoas e, a partir dessa amostragem, se deduz que o mesmo resultado é valido para o restante da natureza ou sociedade. Um determinado remédio consegue salvar 99% dos pacientes que sofrem com certa doença no hospital X, por exemplo. Se considera, a partir disso, que ele será eficaz com a maioria das pessoas que enfrentarem aquela doença em todo o mundo. Como exige a manipulação dos dados e o controle do ambiente, dificilmente uma pesquisa dessas será desenvolvida por um estudante do seminário. A pesquisa de levantamento também chamada de pesquisa de opinião, é aquela que busca a informação diretamente com um grupo que se está estudando. São aplicados questionários, formulários ou entrevistas, para que os dados possam ser comparados, tabulados e analisados estatisticamente. Um estudo de caso é o que deseja estudar com profundidade os diversos aspectos característicos de um determinado objeto. É possível fazer um estudo de caso, por exemplo, da experiência ministerial de uma das turmas de teologia formadas na FAAMA nos cinco primeiros anos após o término do curso. Se trata de um caso específico (uma turma só) que será estudado de maneira isolada e profunda. Dificilmente esses trabalhos pretendem fazer alguma comparação ou são abrangentes, pois se limitam a um caso de cada vez. A pesquisa ação acontece quando os pesquisadores se envolvem no trabalho de pesquisa de modo participativo ou cooperativo, interagindo em função de um resultado esperado. Segundo BELTRANO, nesse tipo de trabalho, “o pesquisador compartilha todo o processo cm a comunidade. Ele não toma decisões isoladamente”, mas “atua em parceria com os demais integrantes do grupo social, com o objetivo de identificar um problema e traçar as estratégias para solucionar essa questão”.2 De maneira prática, imagine que um grupo de alunos se reúne para desenvolver estratégias para aumentar o interesse dos alunos do ensino médio nas aulas de ensino religioso. Ao longo do processo, eles registram toda a experiência e, depois, podem escrever uma pesquisa-ação, relatando desde a problemática até a aplicação da solução proposta. Apesar de ser uma proposta interessante, não é muito usada como artigos de conclusão de curso no seminário. Na pesquisa participante, o pesquisador não necessariamente monta uma equipe, como na pesquisa ação, mas também está em contato direto com o objeto estudado. Ele atua como um observador ativo, que decide o que deve ser feito e, depois, registra o fenômeno conforme se desenvolve. A tomada de decisões pode ou não ser coletiva, dependendo dos propósitos do pesquisador. Também busca uma solução real para algum problema concreto, geralmente envolvendo uma população específica que pode ser abordada e investigada de maneira local. Como no exemplo anterior, não é muito efetuada pelos alunos no seminário. Quanto aos procedimentos técnicos, as pesquisas do seminário costumam ser bibliográficas ou documentais, embora seja possível realizar em outros modelos, dependendo da disponibilidade de recursos, tempo e assistência profissional. Os grupos de pesquisa que abordam a teologia sistemática, histórica ou bíblica, especialmente, raramente apresentam projetos ou artigos que se aventuram em outras modalidades. ... Uma vez que você compreende as diferentes maneiras de se classificar uma pesquisa, precisa classificar a sua própria. Antes de sair da estrutura de tópicos para a escrita do texto, é indispensável deixar claro se o trabalho é quantitativo ou qualitativo, qual sua finalidade, natureza, objetivos, como seu objeto será investigado e que procedimentos técnicos serão 2 https://viacarreira.com/pesquisa-acao/ adotados. O lugar de fazer isso é na metodologia, presente na introdução. Depois de apresentar os diferentes aspectos do estudo, como seu problema, as obras que já foram escritas a respeito (revisão de literatura), os objetivos, a justificativa e a delimitação, é hora de explicar qual a metodologia adotada. O primeiro passo da metodologia é a classificação metodológica, onde a pesquisa deve ser classificada segundo cada um dos critérios enumerados acima. É preciso dizer: “Quanto à finalidade, esta pesquisa é pura, pois busca fornecer dados relativos ao objeto estudado sem uma aplicação prática prevista”. Prosseguindo, é necessário explicar se ela é, quanto à natureza, um trabalho científico original ou um resumo de assunto, e assim por diante.