RICARDO COSTEIRA DA SILVA GÉNESE E TRANSFORMAÇÃO DA ESTRUTURA DO POVOAMENTO DO I MILÉNIO a.C. NA BEIRA INTERIOR VOLUME I - TEXTO FACULDADE DE LETRAS UNIVERSIDADE DE COIMBRA 2005 Capa: Rocha 3 da Vermelhosa (segundo Baptista, 1999) Ricardo Costeira da Silva GÉNESE E TRANSFORMAÇÃO DA ESTRUTURA DO POVOAMENTO DO I MILÉNIO a. C. NA BEIRA INTERIOR Volume I - Texto Dissertação de Mestrado em Arqueologia, área de especialização de Arqueologia Regional, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, sob orientação da Professora Doutora Raquel Vilaça e a co-orientação do Professor Doutor Jorge de Alarcão Faculdade de Letras Universidade de Coimbra 2005 AGRADECIMENTOS Se ao longo deste estudo nos deparámos com diversas dificuldades, não foram menores os apoios com que sistematicamente contámos e que gostaríamos de enumerar. Cumpre-nos, em primeiro lugar, expressar a nossa sincera gratidão à Doutora Raquel Vilaça que aceitou orientar esta dissertação e manifestou sempre grande disponibilidade, lendo e comentando em pormenor os textos provisórios que lhe íamos apresentando e esclarecendo as inúmeras dúvidas com que nos deparámos ao longo deste projecto. O Professor Doutor Jorge de Alarcão assegurou igualmente uma indispensável orientação. A ele devemos não só a sugestão do tema que abordámos como também a revisão crítica de alguns capítulos, aconselhando-nos e proporcionando vários conhecimentos que sempre tentámos desenvolver. Destacamos o apoio do Dr. Pedro C. Carvalho que nos acompanhou na visita a alguns sítios arqueológicos, forneceu importantes informações sobre estações já conhecidas ou inéditas, cedeu para análise alguns materiais cerâmicos por ele recolhidos em prospecções e connosco debateu algumas temáticas relacionadas com este trabalho. Devemos registar o amável empréstimo de cerâmicas e algumas obras bibliográficas por parte de Marcos Osório, Ana Brígida Cruz e Sílvia Moreira, arqueólogos das Câmaras Municipais do Sabugal, Meda e Castelo Branco respectivamente e do Dr. João Mendes Rosa do Gabinete de Património e Arqueologia da Câmara Municipal do Fundão. Diversos colegas e amigos merecem também uma palavra de reconhecimento. Entre estes destacamos o apoio de Ana Bica Osório, Carla Alegria Ribeiro, Maria João Ângelo e dos membros da secção de arqueologia do Ateneu de Coimbra. Estamos profundamente gratos ao Luís Filipe Silva pelo empenho que dedicou na elaboração dos mapas. Foi decisiva a colaboração que recebemos de Sara Oliveira Almeida. A ela ficamos a dever não só o desenho dos materiais e arranjo gráfico das figuras reunidas no II volume como também o constante estímulo e apoio que sempre nos prestou. Por fim, dedico este trabalho a meus pais, agradecendo-lhes sobretudo o incentivo e a amizade. ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................1 2. ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO ...............................................................................................7 2.1. A BEIRA INTERIOR: LIMITES DA ÁREA DE ESTUDO .........................................................................8 2.2. BREVE CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA .......................................................................................10 2.2.1. AS SUB-REGIÕES E SUA CARACTERIZAÇÃO...............................................................................10 2.2.1.1. A BACIA HIDROGRÁFICA DO CÔA .................................................................................................... 12 2.2.1.2. A COVA DA BEIRA ........................................................................................................................... 13 2.2.1.3. A BEIRA INTERIOR SUL ................................................................................................................... 14 2.2.1.4. O PINHAL INTERIOR SUL ................................................................................................................ 15 2.2.2.OS RECURSOS NATURAIS...........................................................................................................16 3. BREVE HISTÓRIA DA INVESTIGAÇÃO NA BEIRA INTERIOR (I MILÉNIO A. C.) ...........20 4. O POVOAMENTO DURANTE O BRONZE FINAL.......................................................................25 4.1. PADRÕES DE ASSENTAMENTO ........................................................................................................25 4.2. OS TESTEMUNHOS ..........................................................................................................................30 4.2.1. OS POVOADOS DE ALTURA .......................................................................................................30 4.2.2. OS CASAIS ...............................................................................................................................37 4.3. A CULTURA MATERIAL ...................................................................................................................40 4.3.1. A CERÂMICA ............................................................................................................................40 4.3.2. A METALURGIA DO BRONZE .....................................................................................................44 4.3.2.1. OS DEPÓSITOS ................................................................................................................................. 51 4.3.3. A OURIVESARIA .......................................................................................................................52 4.4. AS ESTELAS ....................................................................................................................................54 5.O POVOAMENTO DURANTE O FERRO INICIAL .......................................................................56 5.1. OS TESTEMUNHOS ..........................................................................................................................56 5.2. ÉPOCA DE RUPTURAS E/OU CONTINUIDADES?...............................................................................62 6. O POVOAMENTO DURANTE O FERRO PLENO ........................................................................68 6.1. PADRÕES DE ASSENTAMENTO ........................................................................................................68 6.2. OS TESTEMUNHOS ..........................................................................................................................76 6.2.1.ÉPOCA DE RUPTURAS COM A TRADIÇÃO ANTERIOR ...................................................................76 6.3. A CULTURA MATERIAL ...................................................................................................................89 6.3.1. A CERÂMICA ............................................................................................................................89 6.3.2. A METALURGIA DO BRONZE .....................................................................................................93 6.3.3. ARTEFACTOS DE FERRO ..........................................................................................................95 6.3.4. A OURIVESARIA .......................................................................................................................96 7. A PROBLEMÁTICA SUBJACENTE AOS “CASTROS MISTOS”.............................................101 8. A EXPLORAÇÃO MINERALÓGICA E A PRODUÇÃO METALÚRGICA NA BEIRA INTERIOR DURANTE O I MILÉNIO A.C........................................................................................106 9. AS VIAS DE CIRCULAÇÃO NATURAIS NA BEIRA INTERIOR DURANTE O I MILÉNIO A. C...............................................................................................................................................................109 9.1. CAMINHOS E ZONAS DE PASSO. ....................................................................................................112 10. A ARTE RUPESTRE NA BEIRA INTERIOR DURANTE O I MILÉNIO A. C. .....................115 11. O QUADRO ÉTNICO-CULTURAL DA BEIRA INTERIOR ....................................................121 11.1. REVISÃO CRÍTICA DOS CONCEITOS LUSITANISTAS ...................................................................122 11.2. AS TESES VIRIATINAS .................................................................................................................124 11.3. SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: O ESTADO ACTUAL DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA.....................126 11.4. OS POPULI ...................................................................................................................................135 12.CONCLUSÕES .................................................................................................................................147 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................................151 1 1. INTRODUÇÃO “À medida que caminhava por esta selva escura, cada vez mais me convencia de que o fim que nós principalmente devemos ter em vista é reunir um conjunto de factos, de observações e de estudos para o formidável trabalho de conjunto que só os que nos sucederem poderão completar quem sabe ainda quando.” F. Tavares Proença (1910: II) Esta simples frase de F. Tavares Proença, há pouco tempo recordada por J. de Alarcão (2004: 47), poderá, de certa maneira, expressar o estado actual da investigação sobre o I milénio a. C. na Beira Interior, ainda que decorrido quase um século depois de ter sido proferida. Dispomos de um conjunto de dados muito fragmentários que correspondem, por vezes, à sua mera distribuição numa carta de localização do sítio onde foram encontrados, sem que nos permitam responder ou validar muitas das propostas de reconstituição histórica. O número de escavações existentes é constrangedoramente insuficiente, as intervenções que entretanto se realizaram são ainda limitadas e, o contexto de vários achados é totalmente desconhecido. Se o estudo do Bronze Final da região tem vindo a ser abordado e estimulado, especialmente por R. Vilaça, a Idade do Ferro apresenta um grande défice de investigação. A informação existente para o sul e norte de Portugal excede em muito a disponível para o Entre Douro e Tejo, suprido apenas com alguns estudos localizados que se têm vindo a realizar para a faixa litoral e área de Viseu. Perante um quadro tão lacunar, decidimos enfrentar esta temática procurando sistematizar a génese e transformação da estrutura do povoamento do I milénio a. C. na Beira Interior. Para o efeito, delineou-se um conjunto de actividades que pretendia determinar e explicar o processo evolutivo das formas de ocupação do território e a dinâmica das estruturas sociais a que estava associado, partindo de um apreciável vazio de informação anterior. Através da identificação destas transformações, mais facilmente poderíamos isolar o/s móbil/eis que justificaria tais acções. 2 Para além da recolha exaustiva da bibliografia existente sobre o assunto, projectou-se um conjunto de trabalhos de campo. Estes consistiam, essencialmente, na prospecção intensiva ou sistemática por amostragem de distintas áreas regionais e na confirmação de sítios mencionados por referências menos exactas. Para a realização de tal projecto necessitávamos de um amplo conjunto de recursos humanos e de suporte financeiro. No entanto, depois de gorada a nossa candidatura à bolsa de estudos da Fundação para a Ciência e Tecnologia, deparámo-nos sem qualquer outro apoio para prosseguirmos com os nossos intentos. Perante estas limitações, e depois de se encontrar realizado todo o trabalho de base, vimo-nos condicionados a remodelar o plano de trabalhos sem que isso colocasse em total prejuízo as linhas mestras dos nossos objectivos. Nas aulas do Doutor Jorge de Alarcão ouvimo-lo, por vezes, afirmar que a ciência poderá, em certas ocasiões, progredir mais pela renovação de perspectivas do que pela acumulação de dados. Com efeito, projectámos uma síntese e revisão crítica dos conhecimentos que se encontravam dispersos por vários artigos e obras, visitámos alguns locais já conhecidos e aventurámo-nos em prospecções dirigidas que se mostraram manifestamente infrutíferas. Pretendíamos definir novos problemas, contribuir para o encerramento de uma fase de estudos e alertar para os temas que deverão ser tomados como actuais e dignos de uma nova época de investigação, assentando toda a análise num inventário que se pretendeu o mais exaustivo possível. Convém referir que se torna tarefa ingrata proceder a um estudo de síntese do povoamento antigo num espaço ainda incipientemente conhecido e desamparado de quadros cronológicos seguros. Contudo, a prudência que sempre acompanhou as nossas interpretações, não nos impediu de reflectir e equacionar hipóteses explicativas, mesmo que alguns dados apresentados possam ser considerados incertos ou discutíveis. Estamos plenamente conscientes dos condicionamentos verificados pela carência dos trabalhos de campo inicialmente projectados, que truncaram, necessariamente, as conclusões obtidas. Por isso mesmo, nunca tivemos a presunção de considerar este trabalho como um fim, mas sim como o início de um projecto onde se ensaia a evolução dos modelos de habitat em distintas áreas naturais. Estamos certos que estas acções irão motivar a formulação de outras hipóteses ou a elaboração de novos arquétipos (talvez contrários aos que agora defendemos), conducentes ao permanente aprofundamento do 3 desenvolvimento cultural no território e durante o período que foi objecto do nosso estudo. Decorrido este percurso julgamos, assim o esperamos, estar aptos a identificar algumas das zonas prioritárias para o prosseguimento da investigação, e, dentro destas, os sítios que poderão proporcionar a resolução dos problemas pendentes através de sondagens ou escavações alargadas. Ao optar por um quadro regional dilatado e parâmetros cronológicos amplos, procurávamos esboçar um modelo interpretativo da evolução do povoamento ao longo do I milénio a. C. e patentear a possível existência de assimetrias regionais e locais na área estudada. Em primeiro lugar, devemos esclarecer que adoptamos aqui a expressão “povoamento”, na acepção ampla deste termo, ou seja, para designar um conjunto de sítios habitados, mas também os vestígios da cultura material das comunidades que os ocuparam. Para melhor descortinar um quadro de evolução cultural da Beira Interior, optámos por dividir o I milénio a. C. pré-romano em três sequências cronológicas. Esta compartimentação diacrónica revelou-se, porém, arriscada devido à falta de sítios escavados paradigmáticos posteriores ao Bronze Final, e a consequente inexistência de pontos de apoio cronológicos seguros. Por este motivo, julgamos conveniente, desde já, expor as bases que nos orientaram na criação destas seriações cronológicas. As escavações de R. Vilaça (1995a) permitem-nos balizar cronologicamente o Bronze Final da região centro sul da Beira interior entre 1200/1100 a. C. e 800/750 a. C. No entanto, é notória a dificuldade em diferenciar os momentos finais da Idade do Bronze e os inícios da Idade do Ferro. A denominada I Idade do Ferro, entre o século VIII a.C. e meados do século V ou inícios do século IV a.C. está noutras regiões (especialmente a sul) bem caracterizada. Pelo contrário, na Beira Interior este período continua encerrado numa efectiva obscuridade. Por um lado, povoados como a Moreirinha, Monte do Trigo, Alegrios e Monte do Frade são abandonados nos finais do século IX ou primeira metade do século VIII a.C. (Vilaça, 1995a). No entanto, no povoado da Cachouça verifica-se uma continuidade de ocupação pelo menos até ao século VII a.C. 4 O embaraço existente na distinção destes dois períodos parece generalizar-se a todo o Noroeste Peninsular. Na área sudoeste da Meseta, cerâmicas características do Bronze Final coexistem em povoados da I Idade do Ferro (Alvarez-Sanchís, 1999: 38). No noroeste português, Armando Coelho (1986) face a esta problemática cria uma subdivisão na sua fase I (Bronze Final III). Concebe a fase IB (Silva, 1986: 65) que se prolonga até às invasões célticas (500-450 a.C.). Em Trás-os-Montes Oriental (Lemos, 1993), a atribuição de periodização de povoados a esta I Idade do Ferro é concretizada tendo em conta a sua tipologia, pois também aqui circulam materiais que encerram características típicas do Bronze Final regional ao longo daquele período. No vale do Cávado (Martins, 1990), assim como na Beira Baixa (Vilaça, 1995a), esta conjuntura não se encontra ainda totalmente esclarecida. De facto, parece verificar-se um certo arcaísmo do material cerâmico, sendo provável que formas carenadas e potes com lábios decorados (Vilaça e Basílio, 2000: 41) tenham sido fabricados para além dos inícios do I milénio a.C. (Vilaça, 2000a: 33). Por outro lado, a presença de artefactos em ferro (lâminas de faca) de fabrico alógeno em contextos perfeitamente datados do Bronze Final nos povoados da Moreirinha, Monte do Frade e Monte do Trigo (Vilaça, 1995a), leva-nos a colocar reservas quando nos apoiamos em tais objectos como critérios absolutos e seguros para a identificação de uma verdadeira Idade do Ferro. Com efeito, julgamos oportuna a expressão de “Proto-História Antiga” (Vilaça et alii, 2000: 190) utilizada por alguns autores para designar este período de “transição” Bronze Final – Idade do Ferro. Enquanto não forem realizadas escavações em contextos habitacionais que permitam identificar níveis datados deste período, definindo ou aferindo para a região critérios ergológicos perfeitamente enquadrados por datações radiocarbónicas, continuaremos a esbarrar num “beco sem saída”, num problema insolúvel. Por tudo isto, optámos por designar este período de Ferro Inicial ou Ferro Antigo, rejeitando para já a vulgar designação de I Idade do Ferro. Sendo assim, julgamos não fazer sentido a tradicional divisão entre primeira e segunda Idades do Ferro, visto que na Beira Interior esta segunda poderá ser, de facto uma primeira Idade do Ferro, já que os elementos culturais do Bronze Final subsistiram no período anterior. 5 Declinaremos a vulgar designação de II Idade do Ferro e adoptaremos antes uma expressão que, para nós, retratará mais convenientemente o que se constata na Beira Interior – o Ferro Pleno. Contudo, sentimos algumas dificuldades quando nos esforçamos por balizar cronologicamente este período. Julgamos não poder determiná-lo arbitrariamente em limites temporais rígidos. No Sul de Portugal é costume associar-se a II Idade do Ferro à fase posterior da perda de influências orientalizantes, motivadas pela crise do mundo fenício colonial e grego em finais do século VI a. C. e queda de Tartesso. Simultaneamente, a expansão de povos célticos precipita o termo da florescente I Idade do Ferro do Sudoeste. Esta conjuntura é geralmente fixada na transição entre os séculos VI e V a. C., no entanto, recentemente têm-se recuado tais factos para 450 a. C. (Alarcão, 1996: 23). No Noroeste, este período integra-se na fase II de Armando Coelho (Silva, 1986: 66) que terá início em cerca de 500 a. C. Momento marcado pelas invasões célticas e túrdulas (que rompem definitivamente com a “apatia” verificada entre os séculos VII e VI a.C.) e que poderá igualmente reconsiderar-se efectivamente em 450 a. C. (Alarcão, 1996). Na Beira Interior o advento de uma sociedade totalmente integrada numa Idade do Ferro Pleno, resulta de um processo paulatino que se vem definindo desde os finais do Bronze Final (cruzando um período definido por nós como Ferro Inicial) e que no século VI / V a. C. começará a assumir-se mais intensamente. O seu término não assentará igualmente em datações intransigentes e pré-fixas. Sabemos que após as guerras lusitanas (155-138 a. C.) esta região ficará exposta à invasão romana. No entanto, e apesar de no último quartel do século II a. C. esta se encontrar sob o jugo imperial romano, constata-se novamente uma perene evolução do povoamento. Debatemo-nos perante um “conservadorismo” cíclico das comunidades indígenas, confirmado já anteriormente na transição do Bronze Final para a Idade do Ferro e agora no processo de romanização que poderá ter-se arrastado (como no Noroeste (Silva, 1986: 66) até os primeiros séculos da nossa era. Neste sentido, alertamos para a possibilidade de muitas estações consideradas da Idade do Ferro não serem mais do que povoados indígenas integrados já no período romano (hipótese aventada por Férnandez-Posse (1998: 233-234) para a Meseta e Galiza). 6 O presente estudo é constituído por dois volumes. No primeiro volume, para além de se precisar e realizar um pequeno esboço do quadro geográfico e um breve balanço da história da investigação, assumem maior destaque os aspectos descritivos, as hipóteses interpretativas e discussão dos dados que foram reunidos e cartografados. O segundo volume corresponde ao catálogo dos sítios e achados do I milénio a. C. da Beira Interior. Este deverá ser encarado como o fruto da síntese e análise da bibliografia e do pouco expressivo trabalho de campo desenvolvido. Apesar de se pretender exaustivo não podemos garantir um inventário sem falhas. No entanto, julgamos não ter excluído nenhum dado relevante que possa viciar as conclusões, pois a estrutura descritiva deste primeiro volume baseia-se no catálogo (constituindo por isso um utensílio de consulta indispensável). Os vestígios agrupados neste inventário encontram-se normalmente organizados por distritos, concelhos e freguesias, tendo-lhes sido atribuído um número de ordem que será indicado no texto sempre que for considerado útil. A existência de várias referências a sítios de localização desconhecida ou classificação discutível, que não tivemos oportunidade de confirmar, levou-nos a criar um segundo catálogo. Estes dados não serão tomados em linha de conta na interpretação. Apenas os inventariamos pois será tarefa necessária, num futuro próximo, averiguar a sua real existência e proceder à sua respectiva caracterização. Ainda no último volume, reuniu-se todo o suporte gráfico composto por mapas, tabelas, figuras e desenhos. 7 2. ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO Ao idealizar um estudo de povoamento torna-se imprescindível a selecção de um espaço natural coerente, que permita estabelecer uma abordagem da evolução e dispersão das comunidades. A geografia de uma dada região ajuda a moldar a sua ocupação humana que se firma numa base de relações com o território, originando padrões espaciais, formandose a partir da unidade uma diversidade assaz interessante. A paisagem é constantemente aculturada. Este facto advém da necessidade das sociedades humanas criarem uma estrutura convencional do meio físico e ambiental, transformando-o em algo inteligível e socializável. A reconstituição da paisagem antiga e sua evolução, a análise dos ecossistemas e sua articulação com a compreensão das influências que transmitem na actividade humana e como esta o transforma, foi um objectivo da designada Nova Arqueologia. Estamos de acordo com os autores que afirmam que para alcançar esses intentos a investigação deverá ser dirigida em áreas operacionais ao nível da micro-escala ou regional (Fernández Martínez, 1991: 50). Contudo, tal como Raquel Vilaça (1995a: 66), parafraseando Chisholm refere, a escolha de uma área de estudo deverá obedecer a um tipo de descrição e análise que se coadune com os objectivos do trabalho. De facto, a escolha da dimensão do espaço a estudar pode ser bastante subjectiva. Neste particular, baseamo-nos em acidentes geográficos que parecem, em última análise, delimitar um espaço e condicionar as áreas de habitat. No entanto, tais fronteiras naturais não poderão ser vistas como factor de isolamento ou separação entre comunidades que habitem uma ou outra região. Pelo contrário, e em virtude dos corredores de circulação (vide infra 9) que cruzam a nossa área de estudo, não se vislumbram regiões estanques ou herméticas. São desejáveis os estudos micro-regionais baseados essencialmente em prospecção intensiva. Embora em áreas para as quais ainda não se disponha de uma sólida cartografia arqueológica, pensamos ser legítimo iniciar a abordagem delimitando unidades de estudo consubstanciadas em vastas áreas, desenvolvendo o que se poderá designar como um trabalho de síntese. Numa fase seguinte, poderemos dirigir, com 8 mais rigor, a investigação para um espaço geográfico mais preciso e a uma escala inferior. Propomo-nos, mesmo que a tendência dominante da investigação actual aponte para a análise mais detalhada de pequenas áreas, ensaiar uma abordagem em tão extenso espaço de referência. Procurar uma observação mais abrangente, tendo em consideração diferentes sítios e áreas regionais, poderá, devido ao estado actual do conhecimento, constituir o melhor processo para granjear algo mais sobre as sociedades indígenas desta ampla região, a Beira Interior. 2.1. A BEIRA INTERIOR: LIMITES DA ÁREA DE ESTUDO Elegeu-se como área de estudo um amplo território, que, de certa maneira, parece encontrar-se delimitado geograficamente por “acidentes” naturais. Este espaço compreende certas particularidades de cariz geomorfológico que lhe fornecem uma coerência espacial, e justificam a sua individualização ao definirem territórios e acessibilidades bem demarcadas (independentemente das sub-regiões). Tal como R. Vilaça (2005: 15) regista, a pretensa falta de unidade desta vasta região “ (…) é talvez suprida na exclusividade de ela própria constituir um espaço interflúvio, de confluência, onde quase se tocam as bacias dos dois grandes rios peninsulares, que unem a continentalidade ao Atlântico: o Douro e o Tejo (…)”. Aproximam-se as águas da bacia do Tejo, pelo Alto Zêzere, às da bacia do Douro através do Alto Côa. Delimitamos o nosso território a sul pelo rio Tejo. Este curso de água apresenta um regime algo irregular que terá por vezes aproximado as populações das duas margens, outras terá constituído o termo que se poderia acercar (Vilaça e Arruda, 2004: 13). Recorde-se que é já em período de dominação romana que os populi lusitanos se agruparam num esforço comum para a construção da ponte de Alcântara que facilitaria em muito a comunicação entre as duas bandas do Tejo. A oeste, o limite coincide com a Cordilheira Central (também designada de cordilheira divisória principal) e as elevações do triângulo mesozóico, longe de possuir 9 coerência e que com a sua altitude se caracterizam por formar uma muralha montanhosa que vai da serra da Lousã à serra da Estrela. O sistema central é um limite claro de separação com as terras tipicamente litorais. Essa diferenciação começa por ser geológica e geomorfológica. A faixa litoral é de natureza sedimentar e corresponde a parte da orla ceno-mesozóica portuguesa, enquanto o interior, cristalofilino e metamórfico, com alguns depósitos terciários e quaternários (de pequena extensão) é parte da Meseta, onde se erguem maciços montanhosos, com destaque para a Cordilheira Central, que tem na serra da Estrela o ponto mais elevado do continente português (Ribeiro et alii, 1987: 10-ss.). A Sudoeste desta cadeia montanhosa desenha-se o fosso íngreme do Zêzere. O seu vale profundamente entalhado interrompe a ligação entre as serras da Estrela e Gardunha, região onde inicia a formação de uma série contínua de “meandros de trincheira” 1 (Ribeiro et alii, 1987: 151) até desaguar em Constância no Tejo. No início do estudo, orientámos o limite Norte para o chamado planalto da Guarda/Sabugal que parecia terminar o cerco que individualizava esta região. A peneplanície da Meseta Norte sobe suavemente para sul e estaca numa frente de vasta dimensão, caindo rapidamente para as bacias e planícies meridionais. No entanto, a erosão provocada pelas muitas ribeiras da bacia do Zêzere, originaram vales estruturais, rectilíneos, profundos e alinhados NNE/SSO (Ribeiro, 1982: 38), facilitando a transição entre a Cova da Beira e a Meseta pela denominada área das “teclas de piano”. Esta espécie de degraus topográficos permite uma circulação fácil entre o Norte e o Sul formando a “porta da Guarda” (Ribeiro, 1987: 12), entre a serra das Mesas e serra da Estrela, e por isso não poderia ser entendida como barreira ou limite natural. Sendo assim, decidimos estender a área de estudo até ao rio Douro. Não é casualmente que a região histórica da Beira Interior se compreende desde o Douro até ao Tejo. Não obstante, ao incluirmos a área delimitada pela bacia do rio Côa deparamonos com realidades geográficas distintas. Mas, estamos certos, que o seu cruzamento permitirá uma melhor e mais precisa caracterização das diversas realidades observáveis. 1 Na região de Pedrógão este rio abre uma “garganta imponente” de paredes quase a pique (Ribeiro, 1949a: 6). 10 Sendo assim, e fixando o limite Norte no rio Douro, o limes oeste do espaço que medeia aquele até à Guarda coincide com a faixa ocidental da bacia hidrográfica do rio Côa. Ou seja, partindo da Guarda segue a linha de cumeada dos montes que flanqueiam a ocidente a ribeira de Massueime até Trancoso, seguindo a cadeia montanhosa que serve de contraforte a Meda (Marques, 1935: 391), alinhando posteriormente pela ribeira da Teja até ao Douro. Por fim, o limite oriental foi o único que não foi considerado por imperativos de ordem natural. Este segue a linha administrativa moderna (entre Espanha e território português) sem qualquer correspondência em limites do passado. A sua exclusão é justificada apenas por motivos de índole pragmática. O 1º milénio a. C. da faixa raiana espanhola encontra-se, ao contrário da sua congénere portuguesa, melhor estudada. Para isso contribuem os trabalhos de Almagro Gorbea (1977; 1994), Óscar López Jiménez (2001; 2002) e Ana Martín Bravo (1994; 1999). A análise destes trabalhos facilitará o cruzamento de dados com a região actualmente em território português, legitimando a sua omissão da nossa área de estudo. Podemos afirmar que a área geográfica compreendida pelos limites descritos coincide, em linhas gerais, com a Beira Interior. Apesar de retalhada por diversas subregiões, estas articulam-se pela definição de certas unidades básicas de organização da paisagem. 2.2. BREVE CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA 2.2.1. AS SUB-REGIÕES E SUA CARACTERIZAÇÃO A designação de Beira Interior começou a difundir-se no final dos anos 70. Antes, havia já sido apelidada de Beira Oriental e Raia Central (Gaspar, 1993: 86), ou descrita como englobando outras partições como a Beira Transmontana e a Beira Baixa de Amorim Girão. Genericamente, a Beira Interior estende-se num espaço essencialmente delimitado pelas bacias do Douro e do Tejo. No entanto, podemos dividi-la em vários compartimentos territoriais, tendo em conta as suas assimetrias geomorfológicas. 11 Amorim Girão (1933) parece ser o primeiro a esboçar estas diferenciações ao idealizar uma carta regional. Para esta extensa área diferencia, a norte, o Baixo do Alto Côa, individualiza a Cova da Beira e a sul define uma região central de Charneca, ladeada a ocidente pelas Terras do Zêzere e a oriente pelo Campo de Castelo Branco. As maiores diferenciações fazem-se, por um lado, entre a montanha e o restante território, e, por outro lado, entre as zonas a norte e a sul da Cordilheira Central: a sul estamos manifestamente no Portugal Meridional ou Mediterrâneo, tal como definiu Orlando Ribeiro. Se a Cova da Beira, entre as Serras da Estrela, Gardunha e Malcata é quase um “oásis mediterrâneo”, o Campo de Castelo Branco, para sul da Gardunha faz a transição para o peneplaino alentejano. Ou, se quisermos, vistas de sul, a Cova da Beira e Beira Baixa, a norte do Tejo, não são mais que o prolongamento do que costuma ser chamado “a peneplanície de Nisa”, embora correspondam a um segundo patamar de abrasão (Ribeiro et alii, 1987: 152-155 e Ribeiro, 1982: 53 e ss.). Apesar de se configurar como um mosaico constituído por várias sub-regiões, a Beira Interior parece contemplar-se como uma só unidade. Isto deve-se, segundo Raquel Vilaça (1995a: 67) à posição que consagra no extremo centro-ocidental da Península Ibérica. Deste modo, podemos dizer, que a área proposta para o nosso estudo abarca a Beira Interior Norte, mais precisamente a bacia hidrográfica do Côa (abrangendo os concelhos da Almeida, Figueira Castelo Rodrigo, Guarda, Pinhel, Sabugal, e parte dos de Meda, Trancoso e Vila Nova de Foz Côa 2 ); a Cova da Beira (concelhos de Belmonte, Covilhã e Fundão); a Beira Interior Sul (concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Penamacor e Vila Velha de Ródão); e, por fim, a zona do Pinhal Interior Sul, ou a área embutida entre os rios Tejo, Zêzere e Ocreza (concelhos de Mação, Oleiros, Proença-a-Nova, Sardoal, Sertã e Vila de Rei e a parte norte dos concelhos de Abrantes, Constância e Gavião (freguesia de Belver) (mapa 1). 2 Excluindo algumas regiões como o concelho de Celorico da Beira. 12 2.2.1.1. A BACIA HIDROGRÁFICA DO CÔA O rio Côa nasce na serra das Mesas e atravessa todo o distrito da Guarda até desaguar no Douro em Foz Côa. A sua bacia hidrográfica apresenta-se delimitada a oriente pelas bacias da ribeira de Aguiar e rio Águeda (igualmente afluentes da margem esquerda do Douro); a ocidente pelas bacias do rio Mondego e ribeira da Teja ou pelo alinhamento composto pelas elevações de S. Cornélio, Cabeço da Fráguas, serra da Estrela, Lapa e Leomil (Marques, 1935: 389); a norte pelo Douro; e a sul pela serra das Mesas. Esta extensa bacia hidrográfica poderá ser dividida em três sub-regiões. De facto, facilmente se distingue o Baixo Côa de vertentes mais agrestes e vale pronunciado, o Médio Côa mais árido devido ao menor número de afluentes e, finalmente, o Alto Côa mais montanhoso onde se configura um vale mais aberto e irrigado e por isso mais fértil. Todavia, abordaremos este amplo quadro geográfico como um todo pois parece corresponder ao prolongamento para ocidente da superfície da Meseta. As altitudes da serra da Estrela vão diminuindo gradualmente para noroeste, até que na região da Guarda quase se confundem com estes planaltos da também designada Beira Transmontana. Esta feição planáltica é apenas interrompida pelas serras da Marofa e Malcata. A serra da Marofa poderá ser considerada o acidente geográfico mais proeminente existente na zona de aplanamento limítrofe à Meseta. Por sua vez, a serra da Malcata é constituída por uma sucessão de cabeços arredondados e sulcada por alguns vales fundos e sinuosos. Do ponto de vista geológico, esta região integra-se no Maciço Hespérico, composto por formações pré-mesozóicas, firmadas desde o fim dos movimentos hercínicos (Thadeu, 1965: 7). Os terrenos são essencialmente graníticos, sendo apenas interrompidos por pequenas manchas de xistos, grauvaques e quartzitos, fortemente metamorfizados (Marques, 1935: 394). Destacam-se os xistos da serra da Marofa e da foz do Côa por apresentarem formações topográficas mais arredondadas. Por outro lado, surgem nas 13 áreas de contacto entre granitos e xistos, em zonas escavadas pelos cursos de água, veios de minério. A organização da rede hidrográfica encontra-se directamente relacionada com a geomorfologia e tectónica da região. Na Beira Transmontana, a superfície da Meseta apresenta uma inclinação ascendente para sul, o que determina a circulação das águas dos rios e ribeiras para norte ou noroeste (Ribeiro et alii, 1987: 146). Ao longo do seu percurso, o Côa, recebe os caudais de várias ribeiras, afluentes maioritariamente da sua margem esquerda. Progressivamente, e à medida que caminha para o seu curso terminal, o seu vale estreita-se, adquire vertentes íngremes e talhadas de perfil em V, onde o leito do rio corre profundamente encaixado. Situação que se contrapõe com o seu Alto e Médio curso, cuja bacia apresenta vertentes mais suaves e menos apertadas. Afluentes como a ribeira de Massueime e Piscos cruzam as suas superfícies através de profundas gargantas, escavadas pela acção erosiva e regressiva a partir do rio Douro (Silva e Ribeiro, 1991: 8). De um modo geral, a potencialidade agrícola dos solos nesta região é reduzida, predominando os terrenos de classe F (de utilização não agrícola). De entre as áreas com aptidão agrícola destaca-se o vale da ribeira de Noeme e a zona de confluência entre a ribeira das Cabras e a ribeira da Pega onde existem terrenos produtivos. 2.2.1.2. A COVA DA BEIRA A Cova da Beira é genericamente interpretada como uma depressão assimétrica, de origem tectónica (Ribeiro, 1949b: 5), delimitada a norte, oeste e sul pelas serras da Estrela e Gardunha. Esta região, de características muito próprias, estende-se por cerca de 30 km de comprimento e 12 km de largura máxima (Ribeiro, 1949b: 23). Esta extensa várzea de abatimento recente (Ribeiro et alii, 1987: 151) encontrase bem irrigada, principalmente pelo Zêzere (que a atravessa longitudinalmente) e seus afluentes, com particular destaque para as ribeiras da Meimoa e Caria. Os seus vales, de solos essencialmente graníticos, não compreendem a forma de meandros (Ribeiro, 1951: 283). Formam-se assim vastos campos de boa capacidade agrícola, predominando os solos de classe A (de utilização agrícola) e classe C (de utilização agrícola condicionada). 14 Não obstante, apresentam algumas rugosidades que originam uma série de relevos descontínuos de tipo Inselberg, como o de Belmonte (Ribeiro, 1949b: 24 e estampa I). No fundo, talvez a possamos apelidar de “oásis” (Orlando Ribeiro (1982: 53) denomina-a de “país”) que margina as faldas orientais da Cordilheira Central, situada no ponto de encontro entre a superfície da Meseta e a peneplanície do sul de Portugal. 2.2.1.3. A BEIRA INTERIOR SUL A Beira Interior Sul (termo usado por Gaspar, 1993: 86), corresponde grosseiramente ao que poderíamos designar de Plataforma de Castelo Branco ou a área central e oriental da província da Beira Baixa. A norte encontra-se delimitada pelo eixo Gardunha-Malcata, a ocidente pelo Ocreza e a sul pelo rio Tejo. Integrada igualmente no Maciço Hespérico, esta região tem como principal acidente tectónico a falha do Ponsul, com uma orientação NE / SW (Ribeiro, 1943). Esta descreve um percurso que parte do extremo sul da serra de Penha Garcia e termina em Vila Velha de Ródão. De um modo geral, poderá afirmar-se que os granitos predominam na região norte da Falha, enquanto que a sul prevalecem os xistos e grauvaques. Em termos orográficos, trata-se da parte da Beira Baixa que apresenta maior “feição campaniça”, incorporando-se discretamente pelas vastas áreas aplanadas da Estremadura espanhola e Alentejo. Neste particular, teremos a registar os característicos montes-ilha de natureza granítica, as cristas quartzíticas de relevos escarpados e aguçados (como as de Penha Garcia e Vila Velha de Ródão) e as arredondadas e moderadas colinas de essência xistosa (Vilaça, 1995a: 68). O rio Tejo drena todos os cursos de água desta região. O seu principal afluente é o Ponsul que, por sua vez, recebe todos os seus afluentes importantes pela margem direita (Ribeiro, 1943: 113-114). Para além deste, destacam-se ainda o rio Erges e a ribeira do Aravil. O comportamento da rede hidrográfica encontra-se relacionado com a geomorfologia, sendo que nas zonas graníticas se apresenta pouco densa e nos terrenos xistosos mais densa e encaixada (Ribeiro et alii, 1987: 36). 15 A potencialidade agrícola dos solos é essencialmente reduzida (classe F). Situação que apenas contrasta com as terras baixas (a noroeste e oeste de Idanha-a-Nova por exemplo), onde se desenvolvem terrenos de utilização agrícola condicionada e mista (Vilaça, 1995a: 70). 2.2.1.4. O PINHAL INTERIOR SUL A região do Pinhal Interior Sul (compreendida entre Zêzere, Tejo e Ocreza) integra-se, do ponto de vista geológico, no Maciço Antigo, predominando os xistos, grauvaques e quartzitos. Este quadro genérico é apenas interrompido por pequenas manchas de granitos, junto ao Tejo (Rio de Moinhos), e calcário na área do concelho do Sardoal. Analisando a geomorfologia da região poderíamos distinguir duas áreas: uma interior e a norte mais montanhosa e outra a sul, junto ao Tejo, menos acidentada mas igualmente ondulada. Entre os acidentes topográficos mais significativos destacam-se as serras de Muradal e Alvélos (concelho de Oleiros), a serra do Cabeço Rainha (concelhos de Sertã e Oleiros) e a cordilheira composta pelo alinhamento das serras do Aivado, Melriça, Amêndoa e Galega que cruzam na diagonal toda esta região, desde as cercanias do Zêzere até à confluência da ribeira de Pracana com o rio Ocreza. Trata-se de uma região profundamente montanhosa, recortada por um alto índice de ribeiras que circulam em vales encaixados e meandriformes de perfil em V. Em relação ao panorama hidrológico distinguem-se os afluentes da margem esquerda do Zêzere dos da margem direita do Tejo (onde aquele se inclui). Relativamente aos primeiros destacam-se as ribeiras da Sertã, Isna e Codes. Ao Tejo afluem (para além do Zêzere) o rio Ocreza e seus afluentes (ribeiras do Alvito e Pracana) e as ribeiras de Eiras, Boas Eiras e Arcês. Em relação à capacidade agrícola destes terrenos, predominam os solos de classe F (de não utilização agrícola) e A+F (de utilização florestal). 16 2.2.2.OS RECURSOS NATURAIS Ao longo do I milénio a. C., toda esta região deveria compreender um conjunto variado de recursos naturais. No entanto, a sua exploração dependeria do domínio de uma adequada tecnologia ou da real indigência por parte daquelas comunidades. É importante salientar, apesar de consensual, que durante o espaço temporal que medeia este período à actualidade, muitas transformações se efectivaram ao nível do meio-ambiente. Julgamos ser assim desnecessário realizar a descrição das actuais condições climáticas e sobretudo da cobertura vegetal que abrange actualmente esta região. Estas não serão necessariamente semelhantes à realidade do período histórico em causa. Sendo assim, e num esforço de repor a estrutura paisagística da antiguidade, deveremos assentar os nossos pressupostos aos elementos paleobotânicos recolhidos nas escavações. No entanto, a somar às escassas intervenções (cientificamente dirigidas), contamos com inferior número de análises paleocarpológicas, polínicas ou antracológicas (entre outras) efectuadas nos ecofactos exumados naquelas. Para além disso, a própria natureza dos solos (muito ácidos) prejudica a conservação de tais elementos. Contudo, para a região em estudo, dispomos de um conjuntos de dados (essencialmente provindos das escavações realizadas por R. Vilaça (1995a: 368-371) na Beira Interior Sul) que contribuem para fornecer algumas pistas sobre o primitivo quadro paleoambiental. A floresta assumiria um papel fundamental na economia destas comunidades pela sua diversificada utilidade, não só construtiva como também recolectiva e cinegética. É relativamente frequente o achado de bolotas em contextos proto-históricos. Na região em causa regista-se o seu aparecimento nos povoados da Cachouça (89) em Idanha-a-Nova (Vilaça, 1995a: 369), do Picoto (12) na Guarda (Perestrelo et alii, 2003) e em Sta. Maria Madalena (109) na Sertã (Batata, 1998: 30). As fontes clássicas referem que os povos indígenas produziriam pão à base de bolotas de carvalho, depois de as secar, triturar e moer (Estrabão III. 3. 7.). Este processo estará nitidamente associado à 17 presença sintomática de vários elementos de moagem nos povoados. Por outro lado, a presença deste fruto atesta a existência de uma floresta composta por Quercus. De facto, as análises realizadas nos ecofactos recuperados nas escavações de R. Vilaça (1995a: 369-371) permitem configurar uma floresta composta por espécies arbóreas como o Quercus (carvalho, sobreiro e azinheira) e o Pinus (pinheiro bravo) e por herbáceas como as estevas, fetos, urze entre outros. A agricultura deveria também contribuir favoravelmente para a base de subsistência destas populações. Neste particular, convém talvez acentuar que as actuais cartas de capacidade de uso dos solos deverão ser lidas com devida reserva, pois não nos permitem antever o aproveitamento agrícola para a época pré-romana. De facto, a rudimentar tecnologia agrícola da época deveria favorecer o cultivo de encostas com solos pouco espessos (Vilaça et alii, 2000: 212) em detrimento dos terrenos pesados de planície. A lavoura da cevada e trigo encontra-se atestada quer pela presença de suas impressões vegetais na cerâmica (Vilaça, 1995a: 368-369; Vilaça, 2004c) quer pela existência de seus grãos nestes contextos. Como complemento às actividades agrícola e de recolecção, deverá ser considerado o contributo da cultura cinegética (documentado na arte rupestre), da pesca (atestada pela existência de pesos de rede) e pela pecuária. Em relação a esta última actividade recorremos, uma vez mais, aos povoados da Beira Baixa (Alegrios (94), Moreirinha (96) e Monte do Frade (104)), onde se recolheram vestígios de porco doméstico, cabra e boi (Antunes, 1992). Teremos de ter em linha de conta que, para além da carne, forneciam leite (produção também de derivados) e lã. Estes dados parecem reflectir a existência, já no Bronze Final, de hábitos de consumo baseados em fauna doméstica. Todavia, estas inferências só poderão ser confirmadas após uma ampliação dos dados paleozoológicos. Não obstante, a análise antracológica denuncia uma expansão dos prados de herbáceas. Facto que poderá demonstrar um estado avançado de degradação e destruição das áreas florestais no Bronze Final (Vilaça, 1995a: 370). Este desbravamento florestal (talvez por acção antrópica) poderá delatar o incremento da pastorícia ou criação de gado. 18 Analisando toda esta conjuntura, deduz-se que a base de subsistência destas comunidades assenta num espectro amplo e diversificado. A Beira Interior reúne igualmente uma grande variedade e quantidade de recursos mineralógicos que justifica salientar, dado o interesse que poderão ter despertado nas sociedades proto-históricas. A crença de variados autores em relacionar o povoamento desta época com as possibilidades ou riquezas metalogenéticas de uma dada área reforçam a necessidade que temos em aprofundar este tipo de análise. Esta região encontra-se inserida (em quase toda a sua extensão) na província mineralogénica do maciço hespérico, caracterizado por comportar duas espécies de mineralizações distintas: os jazigos singenéticos (ferro e carvão vegetal) e jazigos epigenéticos (estanho, volfrâmio e ouro) 3 . Devemos, no entanto, desde o início, filtrar a informação obtida da análise da carta mineira e estudos similares, tendo em conta um sistema de aproximação às necessidades e à capacidade tecnológica e de exploração das sociedades pré-romanas. O facto destas comunidades não serem dotadas de uma tecnologia capaz de beneficiar de certas mineralizações como os filões, leva López Jiménez (2002: 73) a presumir que as quantidades de metal absorvidas deveriam ser muito reduzidas e especialmente centradas numa exploração “oportunista que não optimiza ou institucionaliza” a produção. Esta constatação leva-nos a supor que na mineração préromana primavam os jazigos secundários ou terraços aluvionares. Assim, cingiremos o nosso estudo a este tipo de exploração, nomeadamente aos aluviões auríferos e estaníferos. No entanto, não queremos deixar de assinalar que, apesar de se verificar na região uma supremacia de reservas de estanho e ouro, também se registam algumas importantes jazidas de cobre (essencialmente a norte da Malcata) e de chumbo (região de Penamacor) (Thadeu, 1951: 108). Deveremos ainda dizer que, apesar das camadas ferríferas mais importantes do país se centrarem no nordeste transmontano (ver nota 2), é com alguma frequência que se encontram escórias de ferro junto de alguns povoados. Este facto sugere a sua 3 No entanto, as camadas ferríferas mais importantes concentram-se a norte do país, sendo a Beira Interior pródiga em jazigos epigenéticos. Cfr. Carta Mineira de Portugal, esc. 1/500000, 1965, Serviços Geológicos de Portugal, notícia explicativa, p. 10 e 17. 19 exploração que deveria ocorrer em jazidas superficiais, difíceis de localizar. Não obstante, poderemos destacar a região da Guarda (Alarcão, 1988a: 133) e a zona da Malcata 4 . A riqueza aurífera da Hispânia encontra-se bem patenteada nos relatos dos autores clássicos. Neste sentido, o rio Tejo surge, a partir do século I a.C., como uma referência recorrente da exaltação de riqueza e abundância de ouro. Amílcar Guerra (1995: 130) regista mais de quarenta referências às areias auríferas do Tejo por parte de diversos autores latinos que recorrentemente retomam o tópico iniciado por Catulo de aurifer Tagus (Fernández Nieto, 1970-71: 245-247). Por outro lado, Estrabão (III. 3. 4) ao referir que “(…) a região de que falamos [a Lusitânia] é próspera, grandes e pequenos rios a atravessam, todos vindos das bandas de nascente e paralelos ao Tejo. A maior parte deles são navegáveis e têm areias auríferas (…)”, leva-nos a presumir que para além dos afluentes daquele rio serem detentores deste tipo de recurso, estes encontravam-se acantonados no seu curso inferior/médio, coincidentes com o território dos povos lusitanos. De facto, os quadros de Carvalho (1979: 141) e Sanchéz-Palencia (1989: figura 1) e Sanchéz-Palencia e Perez (1989) demonstram a abundância de aluviões auríferos nos afluentes da margem direita do Tejo: no Erges, Ponsul, Bazágueda, Aravil, Ocreza, Tripeiro, Zêzere e ribeiras do Paul, de Codes, Caratão e Pracana. Em relação aos recursos aluvionares estaníferos devemos assinalar toda a região do curso médio do Zêzere. Os aluviões estaníferos do Zêzere (na área de confluência entre a ribeira da Gaia e a Cova da Beira) e dos vales da ribeiras que descem do Planalto da Guarda confluindo naquele rio (ribeiras da Maçaínha, da Gaia e de Caria) são considerados os mais importantes do país 5 . 4 5 Cfr. Carta Geológica de Portugal, esc. 1/50000, 1960, folha 21B. Cfr. Carta Mineira de Portugal, esc. 1/500000, 1965, Serviços Geológicos de Portugal, e notícia explicativa, p. 26. 20 3. BREVE HISTÓRIA DA INVESTIGAÇÃO NA BEIRA INTERIOR (I MILÉNIO A. C.) É a partir de finais do séc. XIX que a comunidade, então embrionária, de arqueólogos portugueses inicia os seus estudos na Beira Interior. Em 1881 o arqueólogo Francisco Martins Sarmento integra a “Expedição Científica” à Serra da Estrela organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa. Embora parco ao nível dos resultados, o relatório que elabora constitui o primeiro estudo fundamentado em prospecções desta região (Sarmento, 1883). Neste sentido, os inquéritos realizados por vários eclesiásticos e reunidos nas Memórias Parochiaes de 1758, fornecem-nos várias informações de carácter demográfico, económico, geográfico, histórico e mesmo arqueológico. Entre 1896 e 1902, em vários números da revista O Archeólogo Português são publicados os Extractos Archeológicos das Memórias Parochiaes de 1758 por Pedro A. de Azevedo que comenta alguns dados deixados naqueles inquéritos sobre as “antiguidades” (Azevedo, 1896; 1897; 1900; 1901; 1902). Francisco Tavares Proença Júnior (1910) publica a Archeologia do Distrito de Castello Branco (1ª contribuição para o seu estudo), uma obra, que dentro do espírito da época poderá ser considerada como dos primeiros trabalhos sistemáticos com objectivos científicos (Vilaça, 1995: 19), a primeira carta arqueológica daquela região. Esta composição resume o esforço do autor que, desde 1903, recolhe dados sobre o período pré e proto-histórico e romano, descrevendo-os com detalhe, resultando ainda hoje na pouca informação que temos sobre certos povoados da Idade do Ferro. Ao mesmo tempo, no concelho do Sabugal, Joaquim Manuel Correia após a recolha de importantes informações orais junto das populações e achados avulsos publica n’O Archeologo Português (1905; 1906) o resultados das suas pesquisas. Merecedora de destaque é igualmente a acção investigadora de Leite de Vasconcelos que contribui de forma notória para a divulgação da arqueologia desta região (Vasconcelos, 1917; 1918; 1920; 1934). Resultantes das visitas esporádicas que realiza à Beira Interior, este autor recolhe, estuda e publica uma série de materiais arqueológicos que depois deposita no Museu Ethnológico Português. A este fulgor inicial contrapõe-se um certo decréscimo de investigação que se irá sentir nas décadas seguintes. Teremos de aguardar até meados do século transacto para que os estudos proto-históricos retomem, paulatinamente, de novo o seu alento. 21 Na década de 40, deverão ser assinaladas duas obras de João de Almeida, o Roteiro dos monumentos de arquitectura militar do Concelho da Guarda (1943), e posteriormente, o Roteiro dos monumentos militares portugueses (1945, 1946, 1948). Embora sem formação arqueológica, este autor reúne várias informações sobre estações romanas e proto-históricas por vezes pouco fiáveis ou nada credíveis. No entanto, salienta-se o esforço na identificação e catalogação de sítios com interesse arqueológico o que faz com que a sua obra deva ser analisada, embora com bastante precaução, tentando sempre comprovar no campo a localização destas estações. Em 1958, regista-se a escavação de Adriano Vasco Rodrigues no castro do Cabeço das Fráguas, tendo sido apenas publicado um pequeno artigo (Rodrigues, 1959) de síntese onde carecem as descrições dos resultados obtidos. Em 1970, a obra Monumentos históricos do concelho de Mação de Maria Amélia Horta Pereira, por se tratar da primeira monografia sobre esta região dedicada somente à arqueologia, marca a viragem dos estudos arqueológicos da zona. Aqui abordam-se as escavações do castro de S. Miguel de Amêndoa (112) (dirigidas na década de 50 por João Calado Rodrigues) e do Castelo Velho de Caratão (127), embora de forma superficial e não contemplando os contextos estratigráficos. Facto que se repete na Fortaleza de Abrantes (Bübner, 1996). Inseridas na problemática da Idade do Bronze salientam-se as obras de Coffyn (1976; 1983 e 1985) e Monteagudo (1977) que, baseando-se no estudo de peças metálicas, inscrevem-se na discussão sobre o chamado “Bronze Atlântico”. Se a estes adicionarmos os trabalhos de Villas-Bôas (1947 e 1948), Macwhite (1951), Hawkes (1952) e Kalb (1980), verificamos que as dissertações centradas na classificação e determinação de relações genéticas de conjuntos de artefactos metálicos abundam no Centro-Oeste Peninsular. Mas é a partir dos anos 80 do século transacto que a Arqueologia Portuguesa conhece o seu “boom”, reflectindo-se essa acção benéfica também na Beira Interior. Retomando as escavações realizadas por F. Tavares Proença no castro de S. Martinho em 1903 e 1906, este local irá ser alvo de novas intervenções arqueológicas por Joaquim Baptista e Pedro Salvado em 1982, Julien Bécares e Clara Vaz Pinto em 1983 e por esta última novamente em 1986. 22 Na região do Pinhal Interior, deveremos mencionar a acção investigadora de Carlos Batata que realiza vários levantamentos arqueológicos (Batata, 1998; 2000a; 2000b; 2000c; Batata, Gaspar e Batista, 1999) e algumas intervenções arqueológicas (essencialmente de emergência) em vários castros desta região 6 . Em 2002 apresenta a sua tese de mestrado intitulada Idade do Ferro e Romanização entre os rios Zêzere, Tejo e Ocreza, onde sintetiza todas as informações recolhidas ao longo de vários anos de investigação. Abrangendo esta área salientam-se ainda os estudos de Paulo Félix integrados na problemática do Final da Idade do Bronze no Ribatejo Norte (Félix, 2000), nomeadamente as suas intervenções nos povoados do Cabeço das Mós e Quinta da Pedreira (Félix, 1997), aguardando-se a sua tese de doutoramento que ora prepara. Raquel Vilaça inicia em 1987 os seus estudos integrados na problemática do Bronze Final na zona nordeste da plataforma de Castelo Branco. Sob uma rigorosa metodologia e orientação científica, desenvolve um trabalho substanciado não só em prospecção como também em escavações sistemáticas em diversos povoados essencialmente da Beira Baixa. Trata-se, indiscutivelmente, de uma obra de referência e a única síntese sobre o povoamento do Bronze Final na Beira Interior, que rompe definitivamente com o tipo de trabalhos que até então marcavam o passado da investigação nesta região. A esta investigadora deve-se ainda o enorme rol de publicações que tem efectuado, ora sozinha (1990; 1991; 1992; 1993; 1995e; 1997a; 1997b; 1998a; 1998b; 1999; 2000a; 2000b; 2003; 2004a; 2004b; 2004c; 2005), ora com o apoio de alunos e outros arqueólogos (Vilaça et alii, 1995; 1998; 1999a; 1999b; 2000a; 2000b; 2002-03 e 2004), tendo em conta os dados disponíveis sobre o Bronze Final na Beira Interior. Referentes à Meseta Norte e área oriental da Guarda que o autor designa por “Beira Mesetenha”, focamos os recentes trabalhos de O. López Jimenéz (2001; 2002 e 2005) que em muito contaram com as investigações de M. S. Perestrelo e M. Osório e que nos foram preciosos pelas informações que deles retirámos, especialmente da Protohistoria del occidente de la Meseta Norte: estructura social y território (2002). 6 Destacamos as intervenções no Castro de Sta. M.ª Madalena (109), N.ª Sr.ª da Confiança (110) e Cerro do Castelo (111). 23 Deveremos assim igualmente salientar os estudos dedicados à bacia do Côa desenvolvidos por Manuel Sabino Perestrelo (A Romanização na bacia do rio Côa, 2004) e Marcos Osório (O Povoamento Romano do Alto Côa, 2000) que, apesar de orientadas para o período romano, nos fornecem também informações relativas ao povoamento proto-histórico. Do trabalho desencadeado por Marcos Osório no concelho do Sabugal (2000b; 2005) realçam-se as escavações no núcleo histórico daquela localidade (Osório e Santos, 2003) e no povoado do Sabugal Velho (2000c). De M. S. Perestrelo ressaltamos as publicações consagradas aos povoados do Caldeirão (2000) e Castelo de Mouros de Cidadelhe (2001 e 2005). Mais a norte, na região do Vale do Douro, tivemos em conta os levantamentos arqueológicos levados a cabo por Sá Coixão (1996) e por elementos associados ao Parque Arqueológico do Vale do Côa (Rebanda, 1995, Baptista, 1999, Luís, 2005). A consulta de trabalhos académicos realizados por alunos do Instituto de Arqueologia da Universidade de Coimbra foi de grande préstimo para a nossa investigação. Neste âmbito devemos focar os trabalhos de análise espacial do castro de Cabeço dos Mouros (Porfírio, 1999), do castro de Monforte da Beira (Canas, 1999) e do castro de S. Martinho (Marques, 1995) e de prospecção intensiva nas áreas de Capinha (Fundão) (Carvalho et alii, 2002), Torre dos Namorados (Fundão) (Ângelo, 2003) e Torre de Almofala (Figueira Castelo Rodrigo) (Lobão et alii, 2005), ou extensiva na região de Belmonte e Covilhã (Porfírio e Correia, 1998). Não nos podemos furtar de mencionar as sínteses mais gerais, inseridas em capítulos integrados nas extensas colectâneas dedicadas à História de Portugal (Jorge, 1990; Silva e Gomes, 1992; Fabião, 1992; Calado, 1995), que aludem, umas mais que outras, o I milénio a.C. na Beira Interior. Neste âmbito evidencia-se a publicação integral em catálogo de exposições temáticas realizadas no Museu Nacional de Arqueologia (Jorge, 1995 e Alarcão, 1996). São também dignos de registo pesquisas de natureza distinta, materializados em sintéticos levantamentos arqueológicos, por vezes com informações e interpretações controversas (que carecem de confirmação) mas que nos foram proveitosos no planeamento dos trabalhos de planeamento e identificação dos sítios arqueológicos (Campos, 1959; Salvado, 1976; Monteiro, 1978; Pereira e Bento, 1979; Plácido, 1980; 24 Batista, 1982; Batista e Henriques, 1982; Fernandes, 1982; Freire, 1982; Candeias da Silva, 1986; Louro, 1990 e Leitão, 1994). Menos expressivas em termos científicos, contam-se várias monografias históricas e etnográficas de carácter local e regional de onde retirámos (por vezes, entre linhas) pistas ou pontos de orientação que favoreceram a nossa pesquisa (Milheiro, 1982; Silva, 1992; Dias, 1996; Ramos, 1999 etc.). Ao longo dos últimos anos tem-se verificado a intensificação de publicações periódicas em revistas da especialidade, o que incrementa a discussão e o consequente avanço do estado actual da investigação. Para finalizar 7 , saliente-se a obrigatoriedade, hoje em dia, do acompanhamento arqueológico de diversas obras públicas (construção de estradas, barragens, condutas de gás e canais de rega), dinamizando a actividade arqueológica da região, apesar de, infelizmente, muitos dos relatórios referentes a estes trabalhos (alguns contemplando dados inéditos) continuem por publicar. 7 Note-se a ausência, nesta retrospectiva, da indicação dos estudos dedicados à problemática etnológica (mais concretamente aos povos lusitanos). Optámos por isolar este tema para um capítulo próprio. 25 4. O POVOAMENTO DURANTE O BRONZE FINAL Todas as problemáticas envolventes do Bronze Final da Beira Interior encontram-se, de certo modo, já debatidas e cobertas por Raquel Vilaça que, desde a década de 90 do século transacto, tem dedicado diversas publicações às várias temáticas que este assunto encerra. De qualquer modo, face à existência de novos dados pontuais e maior abrangência geográfica do nosso estudo, teceremos algumas considerações sobre o povoamento do Bronze Final. Julgamos que só assim, se possibilitará a análise da sua evolução ao longo de todo o I milénio a.C. Os poucos registos arqueológicos existentes revelam que o lento processo de transformações económicas, políticas e sociais, que resultaram na aparição dos povoados fortificados da Idade do Ferro, têm as suas raízes no Bronze Final. Sob pena de repetir o que outros já disseram, correremos o risco de sintetizar a informação disponível referente ao povoamento daquele período, não descurando de acrescentar a certas matérias mais controversas a nossa tradução dos dados existentes. 4.1. PADRÕES DE ASSENTAMENTO A análise detalhada das características de implantação topográfica dos povoados do Bronze Final parece corroborar a versão de fraca variabilidade aventada por R. Vilaça (1998a: 206). De facto, apenas conseguimos distinguir dois tipos principais de assentamento: os povoados de altura (tipo I) e os, vulgarmente denominados, casais (tipo II). Tipo I – Povoados de altura. Apesar de considerarmos que 95% (56 exemplos) destes habitats se possam englobar no tipo I, a análise mais detalhada das características dos distintos padrões de implantação, permite-nos distribuí-los por quatro categorias específicas. 26 I A – Assentamentos em elevação isolada. Caracterizam-se por se encontrarem localizados em elevações bem destacadas e individualizadas na paisagem, com extraordinárias condições naturais de defesa (conferidas pelas vertentes declivosas que chegam a atingir os 25% de pendente), de acesso difícil e com amplo domínio e controle visual sobre o território que os circunda (sobretudo direccionado para zonas de contacto entre rios e montanhas ou vias de circulação e áreas de abundantes recursos). Contemplam 32% dos registos (19 povoados). Entre estes podemos destacar os que se encontram instalados sobre os “montesilhas” da Beira Baixa como o povoado de S. Martinho (55), Alegrios (94), Monte do Trigo (90), entre outros. I B – Assentamentos em elevação destacada mas inserida em cadeia montanhosa. Possuem características semelhantes aos povoados integrados no sub-tipo anterior (I A). Apenas se diferenciam daqueles por não se encontrarem individualizados na paisagem. Não obstante, apresentam igualmente boas condições naturais de defesa e de visibilidade sobre o território envolvente. Geralmente ocupam as cordilheiras mais imponentes da região, essencialmente os cumes das linhas divisórias de bacias hidrográficas. Demonstrativo desta situação é o alinhamento dos povoados do Cabeço da Argemela (83), Cabeça Gorda (84), Quinta da Samaria (69) e Castro da Amêndoa (125), localizados em pontos destacados do acidente geográfico que individualiza a bacia hidrográfica do Zêzere da bacia hidrográfica da ribeira da Meimoa. Atendem igualmente a 32% dos casos contemplados (19 povoados). 27 I C – Assentamentos em promontórios ou esporões fluviais. Cerca de 22% (13 exemplos) destes povoados de altura situam-se em promontórios ou esporões sobranceiros a rios e ribeiros, com boas defesas naturais (pelo menos em determinados sentidos) mas, em alguns casos, não destacados na paisagem. São os casos dos povoados do Caldeirão (13), Castelo de Mouros de Cidadelhe (22) ou Cachouça (89). 28 I D – Assentamentos em cabeços planálticos ou aplanados nas orlas de elevações mais destacadas. Representando um universo de 9% do total de povoados analisados (5 exemplos), contam-se os sítios que ocupam áreas planálticas nas orlas de elevações mais destacadas como a Tapada das Argolas (79), Covilhã Velha (86) ou Pedra Aguda (78). Por vezes de difícil acesso mas geralmente de maiores dimensões encontram-se correlacionados com terrenos, hoje, de grande aptidão agrícola. A boa visibilidade que auferem encontra-se, essencialmente, direccionada para estes campos. 29 Tipo II – Casais. Por fim, e de natureza distinta, individualizamos os locais vulgarmente designados por “casais” de vocação agro-pastoril. Privilegiam o assentamento no topo de pequenos outeiros ou encostas de suave declive próximo a linhas de água (por vezes pouco expressivas) e terrenos férteis. Estão assim classificados a Quinta da Pedreira, Monte de S. Domingos e Amoreira, perfazendo apenas 5% dos assentamentos integrados no Bronze Final. Todos se encontram muito próximos e relacionados com a margem direita do rio Tejo. Frequência percentual dos tipos de assentamento 5% 8% 33% I-A I-B I-C 22% I-D II 32% 30 4.2. OS TESTEMUNHOS 4.2.1. OS POVOADOS DE ALTURA A criação de quatro tipos de povoados de altura permitiu verificar a existência de dois grupos que comportam pequenas assimetrias. Com efeito, os tipos I A e I B auferem de um amplo domínio ou controle visual sobre todo o território envolvente e são avistados a longas distâncias. Adversamente, os tipos I C e I D, apesar de ostentarem boas condições de visibilidade, esta encontra-se por vezes direccionada a regiões específicas. Para além disso, por estarem camuflados na paisagem envolvente, o seu impacte visual é mais reduzido. Esta situação poderá engrossar o rol de motivos pelos quais uns revelam, preferencialmente, ocupações (contínuas (?) ou descontínuas) em período posterior. De facto, dos 38 povoados (64%) integrados nos tipos I A e I B, apenas dez revelam, pelo menos, uma ocupação posterior. Por outro lado, do tipo I C somente em cinco sítios (dos 13 detectados) não se verificou tal ocorrência, enquanto todos os assentamentos inseridos no tipo I D acusam uma posterior ocupação. Outro aspecto que foi possível descortinar prende-se com a preferência regional por determinado/s tipo/s de implantação (tabela 1). Esta deverá, necessariamente, estar relacionada com as próprias características pedológicas ou geomorfológicas de cada uma das sub-regiões em que compartimos a Beira Interior (vide supra 2.2.1.). Distribuição dos tipos de assentamento por sub-região Nº de povoados 10 Bacia do Côa e Planalto Guarda/Sabugal 8 6 Cova da Beira 4 Beira Interior Sul 2 0 I-A I-B I-C I-D Tipos de assentamento II Pinhal Interior 31 Assim sendo, poderemos dizer que na bacia hidrográfica do Côa (e planalto Guarda/Sabugal) não se integrou nenhum povoado no tipo I D, enquanto todos os outros se encontram indiscriminadamente registados. Na Cova da Beira assiste-se a uma maior representatividade dos tipos I A e I B, não tendo sido integrado nenhum sítio no tipo I C. Na Beira Interior Sul regista-se a presença maioritária de assentamentos inseríveis no tipo I A e no Pinhal Interior de povoados de tipo I C. Não obstante estas pequenas desproporções, pela situação e posicionamento que auferem, os povoados de altura revelam uma semelhante preocupação estratégica e defensiva em termos de domínio visual e controlo do espaço envolvente, tanto imediato como mais longínquo. A procura de locais a cotas elevadas e alcantilados é associada, não exclusivamente, por alguns autores a preocupações de cariz defensivo. Menos consensual é a classificação e atribuição de determinadas estruturas ditas defensivas ao Bronze Final. O significado do muralhamento pode assentar em diversos objectivos, funções e explicações condicionadas por diferentes variáveis como o espaço que delimitam, a implantação topográfica ou a técnica construtiva. Neste sentido, a edificação de tais estruturas poderá envolver factores mais complexos que não necessariamente bélicos. A exclusão de inimigos, a possibilidade da sua integração numa sociedade hierarquizada emergente ou ilustrativo da sinalização espacial relativamente ao território envolvente, são alguns dos agentes enumerados (Vilaça, 1995a: 258). Por outro lado, deverá ter-se em linha de conta a reocupação posterior (nomeadamente na Idade do Ferro) verificada em muitos destes locais. Isto é, será sempre prematuro e problemático nestas situações, sem resultados provenientes de escavações, adjudicar uma correcta datação da construção da muralha e integrá-las inequivocamente no Bronze Final. Deste modo, e excluindo todos os povoados que acusam reocupações posteriores (e que não foram escavados), são raros os sítios abandonados no Bronze Final onde se atesta a presença das rotuladas estruturas defensivas. Assim sendo, mencionam-se os povoados de Serra Gorda (26), Cabeço dos Mouros (36), Castelejo (41), Chandeirinha (53), Castelo Velho de Louriçal do Campo 32 (58), Monte de S. Brás (82), Monte do Trigo 8 (90), Cerro do Castelo (111) e Castelo Velho da Zimbreira 9 (126). Duvidoso permanece o total esclarecimento do hipotético muralhamento do povoado do Caldeirão (13) (Perestrelo, 2005: 83), e datação da Serra da Rachada (75) e Castelo do Santo (124). Deste modo, apenas nove (ou doze) dos povoados dispõem deste tipo de estruturas revelando, ainda assim, algumas assimetrias em termos construtivos e espaciais. No entanto, Carlos Batata (2002: 23) evidencia a existência de muralhas na grande maioria dos povoados do Bronze Final existentes na região entre Ocreza e Zêzere. Discordamos de tal declaração após verificar que à excepção do Cerro do Castelo, Castelo Velho da Zimbreira e Castelo Santo (Mação), todos os outros serão reocupados na Idade do Ferro ou período Romano. Pelo que expressámos, julgamos não ser seguro que (todas) estas construções se reportem ao Bronze Final. Outro aspecto a ter em conta é o facto de apenas dois sítios (Monte de S. Brás e Cerro do Castelo) apresentarem uma estrutura que cerca todo o recinto do povoado, enquanto todos os outros revelam a presença de um pequeno talude (composto por pedra e terra) na/s vertente/s mais exposta/s, de acesso facilitado. Perante este dado, hesitamos em classificar estas construções como verdadeiras muralhas ou fortificações, pois não expressam o que poderemos designar por arquitectura militar. Pensamos que será mais correcto (tal como Vilaça (1995a: 257) adverte) atribuir-lhes uma função delimitativa ou de demarcação do espaço habitado e não um carácter simplesmente defensivo. Este facto justificaria a sua ausência em povoados naturalmente delimitados por vertentes abruptas, os mais comuns nesta região. Todavia, grande parte destes povoados (oito) integra-se no tipo I A e I B, que mais se coaduna com esta característica. Esta circunstância leva-nos a equacionar a possibilidade destes taludes actuarem como expediente protector contra factores climáticos, nomeadamente os ventos fortes que se deveriam sentir nestas altas elevações. Contudo, a diversidade de soluções que apresentam em termos construtivos e 8 Embora tenha sido atestado um nível de ocupação do período calcolítico, a intervenção arqueológica aqui realizada correlaciona a estrutura defensiva identificada ao Bronze Final (Vilaça e Cristóvão, 1995). 9 Também aqui alguns autores (Pereira, 1970) adscrevem uma ocupação calcolítica que poderá eventualmente relacionar-se com a muralha detectada. 33 espaciais, remete-nos para uma igual multiplicidade de factores que poderão estar inerentes a estas construções, não podendo isolar uma motivação comum a todas elas. Por último, as construções existentes no Monte de S. Brás e Cerro do Castelo (ou Serra da Rachada) afiguram-se, neste panorama, como paradigmáticas. Para além de cercarem todo o recinto habitado, denotam um maior cuidado na sua edificação e transparecem a existência de um grande esforço comunitário dado o volume de pedra que envolvem. A intervenção realizada no Cerro do Castelo permitiu datar a construção daquela estrutura num momento posterior ao século IX a. C (Batata e Gaspar, 2000a: 69). Este facto leva-nos a presumir que numa primeira fase teria sido um povoado aberto e só nos momentos finais do Bronze Final (ou já no Ferro Inicial) se edifica o sistema defensivo. Esta será mais uma das problemáticas que deverá ser aprofundada e esclarecida com o seguimento da investigação. A ocupação preferencial em locais estratégicos de altura não se pode dissociar do intento pelo controlo visual de regiões abonadas em recursos exploráveis e das vias de circulação dos mesmos (especialmente do metal) ou que a eles conduzem (Vilaça, 1995a: 422). Esta faceta leva R. Vilaça (et alii, 2000: 214) a designá-los como verdadeiros “povoados sentinela”, focando a Covilhã Velha (86), Tapada das Argolas (79) e Cabeço da Argemela (83) na Cova da Beira. O povoado da Covilhã Velha controla nitidamente o corredor de circulação entre as planícies meridionais da Beira Baixa e a superfície da Meseta (Vilaça et alii, 2000: 214; Vilaça, 2004a: 46). A mesma autora outorga uma postura de “povoado de ponta” ao Cabeço da Argemela que, por se localizar na “cauda” ocidental da Cova da Beira, domina a entrada e saída naquela região. Neste sentido, realçamos a linha de povoados composta por Cabeça Gorda (84), Quinta da Samaria (69) e Pedra Aguda (78), dispostos ao longo da cumeada da serra de Peroviseu. A sua posição privilegia o controlo visual sobre toda a Cova da Beira a Norte e a Sudeste da fértil bacia da ribeira da Meimoa ou de grande parte de um trecho do já referenciado corredor de passagem entre as planícies meridionais e a Meseta. Destaca-se igualmente a disposição de sítios como a Serra da Rachada (75) (localizado a 1017m. de altitude na vertente oriental inóspita da serra da Estrela), da Chandeirinha (53) (serra da Esperança) e Castelejo (41) sobre a região do Alto Zêzere, de grande riqueza estanífera aluvionar. 34 Na região mais setentrional da Beira Interior (bacia hidrográfica do Côa), elegese a implantação em zonas de domínio visual efectivo sobre cursos fluviais ou pontos de passagem de rios ou ribeiras (Perestrelo, 2004: 121). A lógica de assentamento parece privilegiar o controlo do Côa (evidenciado em Castelo Mau (2) e Castelo dos Mouros de Cidadelhe (22)) ou áreas próximas à foz de seus afluentes como em Alto dos Sobreiros (20) (que ocupa uma posição junto à foz da ribeira das Cabras com o rio Pega e a 1,5 km. da desembocadura deste com o Côa) e Bogalhal Velho (21) (localizado sobre a ribeira das Cabras que domina até ao seu estuário no Côa). Verifica-se a preferência de instalação em sítios que favorecem o controlo de cursos naturais de circulação e mobilidade dos grupos em detrimento pelo domínio de áreas de acesso a recursos naturais ou económicos mais directos. Paralelamente e demonstrando simultaneamente as duas vertentes o Cabeço das Fráguas (8), Cabeço dos Mouros (36) e Castelejo (41), implantados no planalto Guarda/Sabugal, fecham a Este o controlo total do território circundante das ribeiras que afluem ao Alto Zêzere. Apesar de não efectivarem um controlo directo daquela importante (ao nível de recursos) região, apresentam um amplo domínio visual sobre ela (que se estende até ás faldas da Cova da Beira), gerindo igualmente o trânsito de pessoas e bens (provenientes sobretudo da Meseta) que lá converge. Atributos como estes inserem os povoados do Bronze Final numa verdadeira teia de complementaridades que desencadeia um processo de “territorialização da região” onde se encontram, sendo apelidados de “guardiões do território” (Vilaça, 2000a: 34). Por outro lado, esse domínio visual ajusta-se num encadeamento de “intervisibilidades coniventes” (Vilaça, 2000a: 34). Diversos povoados deveriam avistar-se recíproca e relacionalmente. De facto, é possível isolar determinados núcleos onde se constata a existência de visibilidades complementares. Destaca-se o grupo de povoados de Idanha-a-Nova (Moreirinha (96), Alegrios (94), Monte do Trigo (90) e Pedrichas (100)) ou sítios como a Tapada das Argolas (79) de onde é exequível avistar a Covilhã Velha (86), Cabeço do Escarigo (81), Pedra Aguda (78), Quinta da Samaria (69), Moreirinha, Alegrios até aos contrafortes da serra de Penha Garcia. Relativamente a este aspecto, deveremos referenciar a particular complementaridade intervisual entre as duas margens do Médio e Baixo Zêzere. Isto é, 35 percepciona-se uma correspondência visual entre povoados implantados sobranceiramente à margem esquerda e direita daquela zona do curso do rio. Do povoado de N.ª Sr.ª da Confiança (110) (margem esquerda do Zêzere, Sertã) visionamse os sítios de N.ª Sr.ª dos Milagres e do Calvário (Pedrógão Grande). Do castro de Sta. Maria Madalena (109) (Sertã) são visíveis os povoados da Serra do Castelo (Figueiró dos Vinhos) e Castro de Dornes (Ferreira do Zêzere). Finalmente, do Cerro do Castelo (111) (Vila de Rei) é possível avistar-se S. Pedro do Castro (Ferreira do Zêzere). Pelo contrário, na zona da bacia do Côa verifica-se uma certa dicotomia coadunável com este assunto. A implantação dos povoados aqui instalados (certamente condicionados pelas características geomorfológicas) parece não privilegiar a intervisibilidade entre sítios. Facto atestado em Castelo de Mouros de Cidadelhe (22), Castelo Mau (2), Bogalhal Velho (21) e até Caldeirão (13), pela preferência de ocupação em esporões, cabeços situados em recantos de planaltos, em vertentes mais abrigadas sobre vales fluviais. Este contempto pelos relevos mais elevados da região, que conduz ao ocultamento dos povoados na paisagem envolvente (Perestrelo, 2004: 121), contrasta nitidamente com o forte impacto visual dos seus congéneres em áreas mais meridionais designados como autênticos “monumentos naturais” (Vilaça, 1998a: 209). De facto, estes impõem-se como marcos referenciais de um território. Esta forte expressividade cénica (por vezes sublinhada pela elevada concentração de afloramentos graníticos à superfície) transforma sítios de habitação em lugares de referência, configurando-se como “mapas mentais e simbólicos” ou identitários (Vilaça, 2000a: 34 e 2004a: 46). Esta situação reporta-nos para uma outra discussão. Terá existido uma consciencialização desta circunstância? A existir, poderá até certa forma ser demonstrativo de poder ou desigualdades sociais? A ausência de riqueza nos povoados escavados e a sua abundância nos territórios que controlam, quer a disseminação do povoamento por locais estratégicos como peças de um único processo de territorialização, deixam antever que os sítios habitados se encontravam inseridos na mesma paisagem social, sem atritos ou conflitos que justifiquem a aparição de uma rede hierárquica (Vilaça, 1998a: 210-211). 36 A opulência de recursos e o carácter central da região no sistema de trocas (local de passagem obrigatória) tornaria prioritário o controlo deste tráfico efectuado através de lideranças locais (Vilaça, 1998a: 211), designados por J. Alarcão como “agentes de circulação do metal”, para nós eventualmente mercadores. A análise do povoamento e da organização interna de cada povoado parece não indicar uma hierarquia de povoamento mas antes a presença de indivíduos com estatuto sociopolítico superior. Esta desigualdade social encontrava-se matizada na manipulação de determinados artefactos considerados bens de prestígio (Vilaça, 2000a: 35). O povoamento apresenta-se disperso, sem que um sítio sobressaia dos demais ou ocupe um posicionamento centralizado. No entanto, na bacia média e superior do Mondego verifica-se a sobreposição de territórios de exploração entre alguns povoados coetâneos (Senna-Martínez, 1993). Este autor interpreta esta situação como um exemplo de hierarquização do povoamento. Esta sobreposição é apenas constatada na Beira Interior por Perestrelo (2004: 123) em dois únicos casos: entre Bogalhal Velho (21) e Alto dos Sobreiros (20) e Caldeirão (13) com Quinta da Lameira (14). A problemática agudiza-se ao ponderarmos na economia praticada por estes povoados de altura. De facto, a par da modesta dimensão destes aglomerados, a sua organização interna (onde não se identificaram até ao momento locais exclusivos a cada tipo de produção) poderá talvez traduzir um fraco desenvolvimento das actividades produtivas. No entanto, e apoiados na reduzida dimensão dos povoados, deduzimos que a sua economia tinha unicamente uma dimensão familiar ou doméstica. Sendo assim, cada núcleo seria auto-suficiente (Vilaça, 1995a: 422) e viveria num estado de autarcia económica em relação à produção e obtenção dos recursos básicos. Para além da criação de gado suíno, caprino e bovino (Antunes, 1992) e da produção metalúrgica, a prática de outras actividades surge documentada nestes povoados. A rudimentar tecnologia agrícola da época favorecia o cultivo de encostas com solos pouco espessos (Vilaça et alii, 2000: 212) e o plantio de centeio poderia ser praticável a 1600 m de altitude (Ribeiro, 1940-41: 261). O cultivo da cevada e trigo encontra-se atestado pela presença de impressões vegetais de seus grãos nas cerâmicas 37 de alguns destes povoados (Vilaça, 2004c). Embora a agricultura exercida seja ainda incipiente e de pequena escala, pensamos que fornecia os meios de subsistência necessários àquelas comunidades. Ainda assim, esta seria complementada pela recolha de frutos como a bolota (que depois de seca poderia ser triturada, estando também relacionada com a aparição de um grande número de elementos de moagem), pela pesca (atestada pela existência de pesos de rede) e cultura cinegética (documentada na arte rupestre). 4.2.2. OS CASAIS Têm sido recentemente identificados (mais especificamente junto ao Tejo) a par dos povoados de cumeada, sítios implantados junto de terrenos férteis, a cotas reduzidas, sem preocupações defensivas ou de visibilidade, vulgarmente designados por “casais agrícolas” 10 . Este tipo de assentamento está ainda muito mal representado, contando apenas com 5% do total de sítios do Bronze Final. Esta situação poderá espelhar não só a dificuldade que reside no seu reconhecimento, como também os escassos trabalhos de prospecção que quando realizados tendem a ser orientados para o topo de cumeadas. Os “casais de vocação agrícola” conhecidos encontram-se implantados exclusivamente no vector paisagístico e geomorfológico do Vale do Tejo: a Quinta da Pedreira (119) (Félix, 1997; 2000: 730), Amoreira (118) (Cruz, 1997 e 2002), Monte de S. Domingos (60) (Cardoso et alii, 1998) e, já na margem esquerda, Tramagal (Batata et alii, 1999: 28) e Montalvo (Cruz, 1997). Trata-se basicamente de pequenos núcleos residenciais, com reduzido número de estruturas de habitação 11 , implantados no topo de encostas de suave declive, voltadas para o Tejo. Esta estratégia de assentamento parece seguir uma lógica de implantação já antes observada no vale inferior ou estuário do Tejo, nas estações da baixa península de Lisboa como a Tapada da Ajuda (Cardoso e Carreira, 1993; Cardoso, 1995a), Quinta do 10 P. Félix (1997: 33) prefere designá-los por “pequenos aldeamentos”. No entanto, esta denominação poderá aplicar-se igualmente a grande parte dos povoados de altura. 11 Geralmente cabanas circulares compostas por pedra unicamente nos alicerces como surge demonstrado no Monte de S. Domingos (Cardoso et alii, 1998). 38 Percevejo (Barros e Espírito Santo, 1991) em Almada e Moinhos da Atalaia (Pinto e Parreira, 1978) na Amadora. Na região oriental do Côa, M. Osório (2005a) identificou recentemente 12 um conjunto de pequenos sítios pouco destacados na paisagem que poderão, após futuros trabalhos de caracterização, vir a ser integrados neste tipo de assentamentos. De distinto âmbito mas pela sua reduzida dimensão (126 m2), o Monte do Frade (104) (Vilaça, 1995a) é classificado por J. Alarcão (2004: 47) como “casal”. Segundo o autor, deveria ser a residência de alguém com estatuto socio-económico superior, talvez um mercador. Apenas o referenciamos para que não seja confundido com os que atrás destacamos. Sendo assim, teremos apenas em linha de conta, na pequena discussão que se segue, os casais adstritos ao vale do Tejo. Uma das problemáticas que encerra a temática dos casais agrícolas incide na questão cronológica. Embora não existam, por enquanto, dados seguros referentes a esta matéria, não queremos deixar, perante os existentes, de tecer algumas considerações. J. Alarcão (1996: 15) relança esta polémica adscrevendo este tipo de sítios a uma primeira fase do Bronze Final (1250-1000/900 a.C.) que evolucionaria por alturas de mudança do milénio para a concentração destas comunidades em aldeias no topo de cumeadas. Mais tarde (2004: 47), influenciado talvez pelos resultados das intervenções de R. Vilaça (1995a) nos povoados de Alegrios, Monte do Frade e Moreirinha, recua esta evolução para o século XII a. C. 12 Falamos das estações do Carapito (50 B), Carrascal (59 B), e Alto do Carapito (58 B). Encontram-se implantados no topo de suaves outeiros ou plataformas a meia encosta, pouco destacados, sem preocupações defensivas, sobranceiros às principais ribeiras (afluentes da margem direita do Côa), próximos de terrenos férteis propícios à prática da actividade agro-pastoril. Esta estratégia de ocupação contrasta nitidamente com a que é adoptada na região ocidental do Côa, onde o povoamento privilegia as linhas de relevo acentuado. Os dados referentes a estes sítios são ainda escassos para que os possamos englobar nesta discussão, pois nenhum deles apresenta elementos que possam apontar para uma indiscutível ocupação do Bronze Final. No entanto, estamos crentes, que no futuro, a sua correcta caracterização poderá favorecer o avanço desta controversa temática. 39 De facto, J. L. Cardoso (1995a, 48) com base em datações radiocarbónicas e a total ausência de cerâmica brunida recua a ocupação do povoado da Tapada da Ajuda em Lisboa para o século XIII a. C. No entanto, parece distanciar-se do anterior investigador por sustentar a existência de um modelo de dicotomia contemporâneo entre pequenos aldeamentos de planície e povoados de altura (Cardoso, 1995b: 126). Estes casais estariam dependentes de “um centro de carácter proto-urbano” (Cardoso, 1995a: 48) e a sua produção cerealífera complementaria as bases alimentares destes povoados de altura. A existência de uma rede hierárquica de povoamento entre povoados de altura (onde residiria a elite) e povoados dispersos pelos arredores de planície encontra-se igualmente matizada na região alentejana (Parreira, 1995: 132). Os dados provenientes dos casais do curso médio do Tejo, apesar de escassos, parecem contrariar tanto a visão diacrónica de J. Alarcão como alguns aspectos (relações de dependência) da visão sincrónica de J. L. Cardoso. Na Quinta da Pedreira foi possível exumar, ainda que num nível de abandono, um fragmento cerâmico com decoração de sulcos finos brunidos (Félix, 1997: 36). Este tipo de decorativo correlaciona-se com os momentos finais do Bronze Final, mais concretamente entre 1000 e 700 a. C. (Bubner, 1996: 67). Facto que poderá sugerir uma relação de contemporaneidade, pelo menos parcial, com os povoados de altura e afastar a tese proposta por J. Alarcão 13 . No entanto, e valorizando um modelo de dicotomia (coetânea) entre estes dois tipos de povoamento, não cremos que este se tenha consubstanciado num regime de complementaridades e hierarquias verificado por J. L. Cardoso no curso inferior do Tejo. Como atrás justificámos cada núcleo habitacional dispunha de condições favoráveis à obtenção do seu próprio sustento. Aliás, este padrão de assentamento surge bem delimitado geograficamente (proveito da boa exposição meridional para o Tejo). Neste caso traduz a adaptação mais favorável, familiar ou de pequenos grupos, a uma determinada região com características geomorfológicas distintas da restante Beira Interior. Para nós e tendo em conta o estado actual da investigação, estes casais agrícolas terão coexistido com povoados como a Fortaleza de Abrantes, Castelo Velho 13 No entanto, não podemos esquecer o povoado da Amoreira, cujas cronologias propostas recuam significativamente (embora neste sítio tenham também sido identificados níveis de ocupação anterior (Cruz, 1997) que poderão contaminar a datação). 40 de Caratão, Castelo Velho da Zimbreira ou Cabeço das Mós, cada qual num estado de autarcia económica. 4.3. A CULTURA MATERIAL 4.3.1. A CERÂMICA Mais do que qualquer outra categoria, a cerâmica, pela sua variedade, abundância, resistência e uso generalizado, é considerada como documento-chave para o esclarecimento de determinados aspectos relativos às comunidades proto-históricas. Para a Beira Interior do I milénio a. C., o repertório cerâmico do Bronze Final é o único que se encontra minimamente sistematizado. Para tal contribuiu sobremaneira o estudo desenvolvido por R. Vilaça (1995a), que veio auxiliar todos aqueles que em prospecções recolhem cerâmicas que se poderão enquadrar naquela base de dados. No entanto, a classificação cronológica dos diversos assentamentos é geralmente dificultada, tanto pela escassez destes elementos à superfície, como pela ausência de formas ou motivos decorativos que possam ser incluídos indubitavelmente num período específico. Por outro lado, convém salientar, que o exemplo da Cachouça (89) nos veio aconselhar uma certa prudência ao classificar determinado sítio tendo por base a existência de cerâmicas, até então, unicamente padronizadas para o Bronze Final da região. O prolongamento de produção de determinadas formas no Ferro Inicial dificulta (enquanto não se tipificar o repertório cerâmico deste período) a exacta classificação cronológica de determinado assentamento com base unicamente em recolhas de superfície. Exceptuando o grupo de cerâmicas proveniente das escavações de R. Vilaça, contamos apenas com a informação oriunda de recolhas de superfície ou de pequenas e pontuais novas intervenções. Como não dispomos de uma amostra significativa que nos permita estipular um quadro tipológico, limitaremos a nossa análise às características gerais (técnicas e formais) e decorativas destes recipientes. Tivemos oportunidade de atestar (em colecções que assim o permitiram como a da Quinta da Samaria (69) (Est. IV e V), Monte de S. Brás (82) (Est. II e III) e Castelo Velho do Louriçal do Campo (58)) a presença de três tipos de fabrico – grosseiro, 41 mediano e fino, situação que se coaduna com o lote estudado por R. Vilaça (1995a: 270). O fabrico grosseiro apresenta pastas com abundantes elementos não plásticos de grande calibre e mal distribuídos. As superfícies são rudemente alisadas, verificando-se uma grande percentagem de cerâmicas “cepilladas” tanto na face externa como interna. Abundam os grandes recipientes, provavelmente de armazenamento, alguns com grandes asas em fita a arrancar do bojo (por vezes ligeiramente ovóide). As cerâmicas de fabrico mediano comportam pastas com elementos não plásticos de médio calibre e medianamente distribuídos. As suas superfícies são geralmente alisadas, denotando-se em alguns exemplares um ligeiro polimento. Adstrito a este grupo contam-se maioritariamente os potes com asa a arrancar do lábio/bordo, recipientes com colo bem individualizado e algumas formas carenadas. Verifica-se a supremacia deste tipo de fabrico ao nível das recolhas de superfície. As cerâmicas finas ostentam pastas mais depuradas, com reduzido número de elementos não plásticos de baixo calibre e bem distribuídos. As superfícies são alisadas, polidas ou brunidas. Predominam as pequenas taças carenadas que se distribuem igualmente por toda a região. Não obstante, as cerâmicas decoradas são bastante escassas tanto em povoados prospectados como em sítios escavados. As escavações de R. Vilaça (1995a: 277) revelam uma percentagem que varia entre 1 e 5%, dependendo dos assentamentos. No Cerro do Castelo (111), C. Batata e F. Gaspar (2000b: 686) referem que apenas 1% dos fragmentos apresentam decoração. Se o seu achado em escavação é raro, em prospecção é excepcional. Com efeito, a análise da dispersão de tipos decorativos reveste-se de alguma subjectividade, e só poderá ser entendida como ponto da situação da investigação actual. Julgamos que o desenvolvimento de acções específicas, como as escavações, poderá resultar numa grande transformação da realidade hoje observada. As cerâmicas com decoração incisa ou impressa (essencialmente nos lábios e/ou bordos) e com aplicação plástica (de mamilos, botões ou cordões) apresenta uma igual dispersão e proporção não só na região estudada como em todo o ocidente peninsular, abrangendo o centro e norte de Portugal. 42 Para além destas, verifica-se a presença de cerâmicas decoradas “tipo Cogotas”, “tipo Baiões/Santa Luzia”, “tipo Carambolo” e ornatos brunidos (essencialmente “tipo Lapa de Fumo”). A decoração “tipo Cogotas”, típica do Bronze Final da Meseta Norte, caracteriza-se por apresentar linhas incisas e puncionadas, rectas ou formando ziguezagues e reticulados, alguns a partir da técnica de “Boquique” (Perestrelo, 2004: 102). Estas cerâmicas apresentam uma ampla diacronia, recuando-se o início da sua produção para meados do II milénio a. C. até aos dois primeiros séculos do I milénio a. C. (Fernández-Posse y De Arnaíz, 1986: 477). Nesta região, a sua área de distribuição parece concentrar-se na bacia do Côa, estando representada pelos fragmentos de Castelo Mau (2), Caldeirão (13), Castelo de Mouros de Cidadelhe (22), Serra Gorda (26), Sabugal (39), Alto de Santa Eufémia (49) e abaixo da Malcata apenas em Monte do Frade (104) e Moreirinha (96) (Vilaça, 2005: fig. 1). A cerâmica de “tipo Baiões/Santa Luzia” caracteriza-se por ostentar incisões finas consumadas após cozedura ou numa fase de extrema secagem (Vilaça, 1995a: 302). Esta cerâmica, típica da Beira Alta, enquadra-se cronologicamente entre os séculos XII/XI a. C. e VII a. C., embora Silva (1986: 119-120) admita a possibilidade do seu fabrico se prolongar até aos séculos VII/VI a. C. Estas cerâmicas são conhecidas nos povoados da Pedra Aguda (5), Caldeirão (13) e Castelejo (41) a norte da Malcata e, a sul da Gardunha, nos Alegrios (94), Cachouça (89) (Vilaça, 2005: fig. 1) e no Castelo Velho de Louriçal do Campo (58) (inédito, Est. I - 4). Apenas se integrarmos as cerâmicas recolhidas por Perestrelo (2004: 104) em Castelo Mau (2) e Castelo Vieiro (23) (com finas incisões sobre a pasta polida antes da cozedura mas numa fase adiantada da secagem) neste grupo, verificamos uma pequena assimetria entre norte e sul da Beira Interior que, mesmo assim, não é significativa (tendo em conta a proximidade da zona norte com o centro difusor destas cerâmicas – a Beira Alta). As cerâmicas de “tipo Carambolo” caracterizam-se por apresentarem uma decoração pintada a vermelho ou vermelho acastanhado, representando motivos geométricos e rectilíneos (Vilaça, 1995a: 300). 43 Observando o mapa de distribuição peninsular deste tipo de cerâmica (Vilaça, 1995: 301 - fig. 41) cuja produção parece iniciar-se já no século IX a. C., verifica-se que a sua área de maior concentração se localiza no Baixo Guadalquivir, irradiando-se alguns achados (menos numerosos) para a Andaluzia oriental, Extremadura espanhola, Alentejo e Beira Baixa. De facto, na área de estudo apenas se regista a sua presença na Moreirinha (96), Cachouça (89) e Argemela (83) (Vilaça, 2005: fig. 1), todos abaixo da linha da Gardunha. Por fim, as cerâmicas de ornatos brunidos, onde se poderão distinguir duas variantes técnicas: as faixas brunidas e os sulcos brunidos. Segundo Bubner (1996: 67), este tipo de cerâmica caracteriza igualmente o final da Idade do Bronze entre 1000 e 700 a. C. Na região em estudo surge documentada em povoados como a Fortaleza de Abrantes (122), Castelo Velho de Caratão (127), Monte de S. Martinho (55), Alegrios (94), Castelejo, Moreirinha (96) (Bubner, 1996: 69), Monte do Frade (104) (Vilaça, 1995a), S. Gens (97) (Vilaça et alii, 1999), Sabugal (39) (Osório, 2005a) e Quinta da Pedreira (119) (Félix, 1997). É reconhecida a existência de dois grupos principais (Bubner, 1996: 70) que, dentro desta técnica decorativa, comportam diferentes estilos: o grupo “Alpiarça” (onde as zonas de decoração se limitam a estreitas faixas no bojo ou junto ao bordo) e o grupo “Lapa do Fumo” (estilo caracterizado por apresentar bandas mais largas e vastas zonas decoradas). É essencialmente a este último tipo que se associam as cerâmicas de ornatos brunidos da Beira Interior. No entanto, devemos alertar (tal como Bubner, 1996: 68) para a escassez de escavações e por vezes das consequentes publicações, que não permite, por enquanto, delinear uma eventual presença de um grupo local. Isto é, será provável que se possa vir a estabelecer um grupo tipológico com os ornatos brunidos desta região? Após esta breve análise dos diversos tipos decorativos presentes nas cerâmicas da Beira Interior, denota-se a existência de uma hibridez cultural, com influências que abordam da Meseta (“Cogotas”), da Beira Alta (“horizonte Baiões/Santa Luzia”), das zonas meridionais (“tipo Carambolo”) e do Vale do Tejo (ornatos brunidos). Constata-se que a distribuição destes diversos estilos decorativos não é totalmente uniforme por toda a Beira Interior (vide mapa 8). De facto, a norte da linha 44 da Guarda/Malcata assiste-se a um predomínio do “tipo Cogotas”, a ausência total de cerâmicas “tipo Carambolo”, a fraca representação de ornatos brunidos (apenas quebrada pelo Castelejo e Sabugal) e um número superior de registos de “tipo Baiões” nos povoados do Caldeirão e Pedra Aguda. Por este motivo, Almagro Gorbea (1998: 84) considera que a serra da Malcata poderá representar, durante o Bronze Final, uma fronteira entre o mundo meridional e o mundo setentrional. Se a realidade actualmente observada parece corroborar esta tese, deveremos questionar se este facto não poderá ficar a dever-se essencialmente à disparidade de dados existentes entre estas duas regiões, que a intensificação do estudo poderá eventualmente vir a contrariar (como se tem vindo a constatar no Sabugal). Todavia, não será normal que a região mais a norte, pela sua proximidade apresente maior número de registos de influência mesetenha e da Beira Alta, enquanto a zona sul receba com maior facilidade uma influência meridional? Mas será que esse factor nos permite estabelecer uma fronteira entre Beira Interior norte e sul? Pensamos que não. Aliás, advogamos que não obstante a sua interioridade, a Beira Interior apresenta uma grande abertura, devido à sua fisionomia pautada pela existência de “corredores naturais” (vide infra 9), que a ela permitem confluir tendências de cariz atlântico ou continental e de influência mediterrânea ou meridional. 4.3.2. A METALURGIA DO BRONZE Dispomos na Beira Interior de um variado conjunto de objectos metálicos do Bronze Final. Estes elementos têm vindo a ser sucessivamente integrados em sínteses sobre a metalurgia atlântica (Coffyn, 1985; Ruiz-Gálvez Priego, 1984). Os metais descobertos no centro e sul da Beira Interior encontram-se, de igual modo, plenamente estudados por R. Vilaça (1995a). Por este motivo, julgamos que carece de interesse realizar uma nova descrição detalhada destas peças, que não seria mais que uma mera repetição do que já foi dito. Contudo, estes objectos poderão oferecer um imprescindível apoio para o esclarecimento do papel desempenhado pela Beira Interior nos circuitos de intercâmbio durante o Bronze Final. Com efeito, pensamos que uma ligeira abordagem sobre a 45 amostra conhecida será suficiente para obter uma visão geral sobre o conjunto e delinear possíveis áreas de dispersão ou realçar a sua diversidade. Para tal, trataremos todos os objectos como um todo, independentemente das suas condições do achado: povoados, achados avulsos e dentro destes os depósitos. No entanto, a sua apresentação será ordenada consoante a sua funcionalidade (embora devemos alertar que esta poderá por vezes revestir-se de alguma ambivalência). Assim sendo, distinguimos quatro grupos (preconizados por R. Vilaça, 1997b: 124): armas e/ou objectos cortantes (espadas, punhais, pontas de seta e pontas de lança); utensílios e/ou instrumentos de trabalho (foices, “tranchets”, escopros/cinzéis); objectos de adorno (fíbulas, braceletes) e diversos (onde para além de objectos como argolas, virolas ou hastes, decidimos incluir os machados). Grupo 1 – Armas e/ou objectos cortantes Na Beira Interior dispomos de uma interessante conjunto de espadas provenientes tanto de povoados como dos depósitos ou achados avulsos. Estas inserem-se no “tipo pistiliforme”, atribuído cronologicamente ao período que medeia entre 1100-900 a. C., às quais se seguem (entre 900-700 a. C.) as de “tipo língua de carpa” (Vilaça, 1995a: 333). A classificação de alguns dos exemplares gera alguma dificuldade ou até discordância entre autores, devido sobretudo à evolução interna de cada um dos tipos. É o caso da espada proveniente do depósito do Ervedal (77) que Ruiz-Gálvez Priego (1984: 251) considera pistiliforme enquanto Coffyn (1976: 18) a classifica como “língua de carpa”. A espada de Vilar Maior (46) parece tratar-se do único exemplar que reúne consenso ao classificar-se como “tipo pistiliforme”. A espada do Teixoso (74), apesar de apresentar uma lâmina de tendência pistiliforme, deverá integrar-se no “tipo língua de carpa” (Vilaça, 1995a: 334) dado o estreitamento da ponta pouco aguçada. A ponta de lâmina dos Alegrios (94) (Vilaça, 1995a: 333), pelas suas reduzidas dimensões, não se poderá integrar inequivocamente no tipo “língua de carpa”, apesar de ser oriunda de um contexto datado de um momento avançado Bronze Final. De resto, são conhecidos mais oito ou nove exemplares que deverão enquadrarse no “tipo língua de carpa”. Três são procedentes de contextos habitacionais como Monte S. Martinho (55) (Farinha et alii, 1991), Castelo Velho de Caratão (127) (Pereira, 46 1970a: 173) e Tapada das Argolas (79) (Vilaça et alii, 2002-2003: 190) e os restantes cinco ou seis (fragmentos terminais de lâminas de espadas) provêm do depósito do Porto do Concelho (128) (Coffyn, 1985: 228). Segundo R. Vilaça (1995a: 334) as espadas de lâmina de “tipo língua de carpa” integram-se na “metalurgia de âmbito atlântico com expressividade particular na Bretanha francesa”, difundido amplamente desde o Atlântico ao Mediterrâneo. Para além dos nove punhais (e de outras duas lâminas de prováveis punhais) exumados nas escavações de R. Vilaça, esta autora (Vilaça, 1995a: 335-336) descreve mais nove exemplares: um do depósito do Ervedal (77), quatro do depósito de Porto do Concelho (128), um do Monte do Castelo de Monforte da Beira (61), um de Castelo Velho de Caratão (127) e outro oriundo de Cousa Bela (121) (Abrantes) que deverá também integrar-se no Bronze Final. A estes apenas teremos a acrescentar um punhal de rebites proveniente do povoado de N. Sr.ª da Confiança na Sertã (110) (Batata, 2002: nº 15) e um outro exemplar oriundo da Tapada das Argolas (79) (Vilaça et alii, 2002-2003: 190). Apesar dos diversos pormenores tipológicos, todos eles se deverão incluir na família dos punhais de “tipo Porto de Mós”. Estes apresentam uma lingueta perfurada com três (Ruiz-Gálvez Priego, 1984: 253) ou dois a cinco (Coffyn, 1983: 175-176) rebites, lâmina com nervura central bem marcada, triangular ou com fios paralelos. A sua distribuição esboça uma maior concentração no extremo ocidental da Península, com maior impacto no centro do actual território português (Vilaça, 1995a: 336). Segundo Martín Bravo (1999: 52) surgem em contextos do século X-IX a. C. São cinco os exemplares de pontas de lança em bronze conhecidas na Beira Interior e atribuídas ao Bronze Final. Na aldeia de Vila Soeiro no concelho da Guarda (a cerca de 1km do povoado do Caldeirão (13)) foi encontrada uma ponta de lança de folha esbelta, ponta arredondada, nervura central bem marcada e alvado tubular curto (Perestrelo, 2000: 65-66 e fig. 24). Segundo Perestrelo (2000: 65) apresenta semelhanças tanto com as pontas de lança de “tipo Vénat” (devido ao curto alvado e contorno losangular da folha) como com as de “tipo Baiões” (pelo contorno alargado no terço inferior da lâmina). O mesmo autor encontra os paralelos mais próximos nos dois exemplares recolhidos no depósito de Huelva que se caracterizam por ostentar uma folha de secção losangular e nervura 47 central (Ruiz-Gálvez Priego, 1995: 202, lâmina 13-nº8 e 14-nº2). Também o objecto proveniente de Castelo Mendo (1) é mencionado por A. V. Rodrigues (1961a) como semelhante aos exemplares exumados naquele depósito. Por fim, conhecem-se outras três pontas de lança provenientes do depósito de Porto do Concelho (128) (Pereira, 1970a: 187-191). Duas destas apresentam analogias com a lança de Vila Soeiro, ao apresentarem folha esbelta de contorno losangular, com nervura central bem marcada e alvado tubular curto de secção ligeiramente elíptica. O terceiro elemento difere dos anteriores pois apresenta três caneluras em cada face. São notórias as afinidades destes materiais com as pontas de lança recuperadas do depósito de Huelva. Estima-se a cronologia deste achado ao período que medeia o século XI e IX a. C. (Ruiz-Gálvez Priego, 1998), corroborando igualmente com a datação do depósito de Porto do Concelho que deverá rondar a segunda metade do século IX a. C. (Coffyn, 1985: 228). Outra categoria de objectos que se poderão também incluir neste grupo são as pontas de seta, que se encontram escassamente representadas na Beira Interior. Com efeito, para além das quatro pontas de seta oriundas do Monte do Frade (2) e Alegrios (2) que apresentam corpo triangular, pedúnculo central e duas aletas (Vilaça, 1995a: 141 e 179), contamos apenas com mais seis exemplares que reservam, no entanto, alguns problemas de datação. De facto, as pontas de seta provenientes da Malcata (35) (Rodrigues, 1961: 10), de Medelim (93) (Vilaça, 1995a: nº31) e peças nº 1 e 2 da Tapada das Argolas (79) (Vilaça et alii, 2002-2003) poderão integrar-se no tipo mais arcaico de folha foliácea e pedúnculo central associadas ao “tipo Palmela” (que remonta ao período Campaniforme). Apenas se mencionam pois talvez se possa sugerir (embora com muitas reticências pois não se conhecem os contextos de onde provêm) que alguns destes objectos sobrevivam excepcional ou ocasionalmente até ao Bronze Final. Da mesma forma, a ponta de seta do Castelo Velho de Caratão (127) (Pereira, 1970a), semelhante às exumadas por R. Vilaça, e a peça nº 3 da Tapada das Argolas (Vilaça et alii, 2002-2003), de lâmina subtriangular com pedúnculo e esboço de aleta, reservam algumas dificuldades de datação. R. Vilaça (1995a: 333) e Martín Bravo (1999: 53) interrogam-se face à escassez destes elementos, visto que o uso do arco implicaria o múltiplo registo destes elementos. 48 Estas duas autoras servem-se da representação iconográfica de S. Martinho I e II para comprovar a real utilização destes instrumentos no Bronze Final. No entanto, a menos que o panorama geral se altere teremos de equacionar a existência de pontas de seta em madeira endurecida que terá desaparecido do registo arqueológico (Martín Bravo, 1999: 53) ou mesmo líticas. Grupo II – Utensílios e/ou instrumentos de trabalho. Encontram-se inventariadas quatro foices de bronze na Beira Interior. Contamos apenas com um fragmento medial de lâmina de foice nervurada encontrada em contexto habitacional no Castelejo (41) (Vilaça, 1995a: 111). Oriundos do depósito do Porto do Concelho (128) registam-se dois exemplares, um com nervura na parte central da lâmina e talão liso e outro com talão e lâmina nervurados (Pereira, 1970a: 184-187). Por fim, o achado descontextualizado da Quinta do Vale do Zebro (120) (Silva et alii, 1999) próximo da estação arqueológica da Quinta da Pedreira. Este objecto, a que falta a extremidade distal, apresenta a face inferior plana, bordo exterior com nervura no talão e lâmina. Todos estes objectos (com alguma interrogação face ao exemplar do Castelejo) se poderão incluir no grupo das foices “tipo Rocanes” caracterizadas por possuírem “um talão estreito mas individualizado, lâmina larga, curta e encurvada, com dorso espessado, reverso liso e anverso com nervuras de reforço” (Vilaça, 1995a: 331). Inserem-se, segundo Coffyn e Ruiz-Gálvez Priego, nos primeiros séculos do I milénio a. C. (Vilaça, 1995a: 332). A presença deste tipo de objectos pouco parece alterar a aparente ausência de utensílios agrícolas nos registos materiais do Bronze Final. Facto contrariado apenas se defendermos a ambivalência funcional de outros materiais (como os machados) potencialmente utilizados nesta actividade produtiva ou equacionarmos a falta de documentação arqueológica. Martín Bravo (1999: 59) interpreta esta circunstância como uma clara evidência do predomínio da economia pastoril face à agricultura. O número de objectos designados por “tranchets” registados na Beira Interior poderá ser visto como importante dado para reforçar esta importância da criação de 49 gado, uma vez que lhe está adstrito a funcionalidade no corte de couros, peles e sólidos flexíveis. De facto, dos dez exemplares conhecidos em território português, metade são provenientes da Beira Interior: um da Tapada das Argolas (79), dois do Monte do Trigo (90), um do Monte do Frade (104) e outro do Castelo Velho de Caratão (127) (Vilaça et alii, 2002-2003: 190). O único objecto exumado em contexto fechado (Monte do Frade) permite R. Vilaça (1995a: 374) atribuir-lhes uma possível cronologia do século X a. C. Outro dos utensílios que poderemos mencionar pela sua expressividade em contextos do Bronze Final são os designados escopros ou cinzéis. Para além dos seis exemplares associados a um contexto habitacional em Alegrios (3) e Moreirinha (3) (Vilaça, 1995a), regista-se o objecto que se encontrava no depósito de Porto do Concelho (Jalhay, 1944: 273) e os achados avulsos do Cabeço de Santiago (92), Aldeia do Bispo (28) e Vila Boa (44) (Vilaça, 1995a: n.os 36, 43 e 55 respectivamente). Grupo III e IV – Objectos de adorno e/ou uso pessoal e diversos. Dentro desta categoria distinguem-se inúmeros objectos de pequena dimensão de uso diverso, ornamental e/ou pessoal. R. Vilaça (1995a: 340-343) documenta a existência nos povoados por si escavados de botões, braceletes, uma fíbula, um alfinete, um prego, argolas, hastes e varetas. Para além destes, apenas referimos o achado de um botão cónico e quatro argolas na Tapada das Argolas (79) (Vilaça et alii, 2002-2003: 182) e da existência de quatro braceletes provenientes do Castelo Velho de Caratão (127) (Pereira, 1970a) e um outro fragmento no Cerro do Castelo (111) (Batata, 2002: 25). A presença de pequenas peças em bronze em contextos habitacionais vem de certa maneira alterar o panorama da metalurgia do Bronze Final, dominada pelo armamento e machados. Por outro lado, demonstra um grande desenvolvimento e uso generalizado da metalurgia do bronze durante este período (Martín Bravo, 1999: 59), uma vez que estava também ao dispor de bens quotidianos. O grupo dos machados é, para além do mais representativo, um dos mais emblemáticos utensílios do Bronze Final. Não obstante, a sua funcionalidade é ainda controversa e difícil de determinar, pelo que decidimos inclui-los neste grupo geral de 50 diversos. Esta opção obedece simplesmente a uma ordem metodológica, não querendo com isto depreciar este tipo de artefactos. Encontram-se representados nos quatro depósitos do Bronze Final conhecidos na Beira Interior. Na região de Porto da Vide (21) no concelho de Pinhel foram reconhecidos três exemplares: um machado de talão de uma argola (Monteagudo 43-A), um machado campanulado (Monteagudo 19-A) e um machado de alvado de duas argolas que deverá datar do século VIII a. C. (Perestrelo, 2004: 107). Do depósito do Paul (71), Tavares Proença (1910: 12) faz referência a sete e Leite de Vasconcelos (1917: 328) a dez machados de diversas tipologias. Segundo R. Vilaça (1995a: nº 19) pelo menos dois deverão tratar-se de machados de talão de duas argolas. No depósito da Quinta do Ervedal (77) recolheram-se quatro machados de talão de uma argola, um ou dois machados de apêndices e sete ou oito fragmentos (Coffyn, 1976: 13-22) enquanto no Porto do Concelho (128) apenas se regista a presença de dois machados de talão de uma argola (Coffyn, 1983). Todos os outros 40 exemplares conhecidos para a Beira Interior enquadram-se no grupo dos achados avulsos, dos quais doze são de tipologia desconhecida. Poderemos distingui-los por quatro categorias: machados planos; de apêndices; de talão com uma ou duas argolas e de alvado. Para além dos que já se encontram estudados e sistematizados (Vilaça, 1995a: 397-398, quadros 75, 76, 77 e 78) apenas teremos de referir a existência de mais quatro: o machado plano de perfil trapezoidal do Castelo Velho de Caratão 14 (127) (Pereira, 1970a: 172); o machado de apêndices de Vale Branquinho (65) (Vilaça e Gabriel, 1999) que se enquadra no tipo 20-B de Monteagudo; e o machado de talão com uma ou duas argolas de Castelo Mendo (1) (Rodrigues, 1961: 11). Monteagudo (1977) faz corresponder os machados planos ao período que medeia entre o III e primeira metade do II milénio a. C. No entanto, a ausência de achados deste tipo em contexto não permite tecer quaisquer considerações sobre esta problemática (Vilaça, 1995a: 397). Já relativamente aos machados de talão com uma ou duas argolas Coffyn (1985: 252) defende que terão começado a produzir-se massivamente na Península Ibérica a partir de 1000 a. C. até finais do século VIII a. C. Fernández Manzano (1986: 62) distingue dois grandes centros produtores distintos. Por um lado temos uma produção 14 Este exemplar deverá corresponder à ocupação Calcolítica também atestada neste local. 51 polarizada no Centro/Norte de Portugal e Galiza conforme defende Coffyn (1985), e por outro a Meseta Norte. De facto, a análise de Martín Bravo (1999: 53, fig. 16) permite demonstrar a existência de tipos que apenas se documentam no centro e norte do actual território português. Talvez por isso Coffyn (1985) crie o “grupo Lusitano”. Não obstante, apesar de terem uma cronologia de fabrico semelhantes aos anteriores, os machados de apêndices apresentam uma dispersão muito mais ampla abarcando também o vale do Douro e este peninsular. Contudo, verifica-se que o tipo 20-B de Monteagudo (1977) (com três exemplares na Beira Baixa) se circunscreve principalmente em torno da bacia do curso médio e final do Tejo (Martín Bravo, 1999: 53). Esta grande concentração e quantidade de machados de bronze na região, parece demonstrar a existência de fortes redes de intercâmbio de metalurgia atlântica até o século VIII a. C. No entanto, alguns autores defendem que o uso generalizado destes artefactos, tipicamente ibéricos, se possa prolongar no Ferro Inicial. De facto, R. Vilaça (1995a: 398) chega mesmo a correlacionar alguns destes elementos com núcleos de povoamento com ocupação da Idade do Ferro. Algo a que a consequente investigação deverá entretanto tentar esclarecer. 4.3.2.1. OS DEPÓSITOS Na área abrangida pelo nosso estudo regista-se a presença de quatro entidades classificáveis como depósitos de objectos diversos em bronze: Porto da Vide (21) (Bogalhal Velho); Paul (71) (Covilhã); Quinta do Ervedal (77) (Castelo Novo); e Porto do Concelho (128) (Mação). Tanto o hipotético significado destas manifestações como a descrição dos seus componentes encontram-se já extensamente debatidos (ver catálogo n.º 21, 71, 77 e 128 respectivamente). Pelo que julgamos ser mais pertinente tecer algumas considerações sobre as suas posições e localizações (aproximadas). Tentámos primeiro averiguar se existia alguma sugestiva associação ou proximidade destes depósitos a determinado povoado. De facto, a localização do depósito de Porto da Vide confunde-se com a do povoado de Bogalhal Velho. Por outro lado, o depósito da Quinta do Ervedal não ficará longe do Castelo Velho de Louriçal do Campo. No entanto, o caso do Paul e do Porto do Concelho não corroboram desta 52 situação. Facto que poderá reflectir somente a menor investigação das áreas onde se encontram implantados. Do mesmo modo, tentámos conferir as suas localizações face às linhas de fronteira entre populi (Mapa 7). O depósito de Porto da Vide situa-se no trifinium que demarcámos entre Cobelci, Lancienses Transcudani e Aravi. A Quinta do Ervedal parece aproximar-se do território fronteiriço entre Igaeditani e Tapori. Contudo, mais uma vez os restantes exemplos tendem a discordar deste padrão. Analisámos igualmente a relação que estes poderiam auferir com linhas de água. Porto da Vide encontra-se sobranceiro à confluência da ribeira das Cabras com o Côa e o Paúl à ribeira que lhe empresta o topónimo. Este facto é reforçado através do topónimo “Porto” e mesmo “Paúl”. Situação que poderá conectar-se com os depósitos votivos em meios aquáticos ou nas suas margens de que nos relembra R. Vilaça (1995a: 400). No entanto, a Quinta do Ervedal e o Porto do Concelho não apresentam o mesmo tipo de vicinalidade em relação ás linhas de água existentes nas suas proximidades. Todavia, um dos aspectos comuns a todos eles é a sua proximidade a zonas de passagem ou circulação (Mapa 6). Não obstante, a diversidade do espólio nos depósitos de Porto do Concelho e Quinta do Ervedal (neste destaca-se o aparecimento de 24 lingotes plano-convexos de bronze) poderá reflectir outra faceta, como o desenvolvimento da produção e circulação do metal na Beira Interior durante o Bronze Final. No entanto, pela presença de determinados objectos comuns a todos os depósitos, como os machados de talão de uma ou duas argolas, podemos (segundo a datação de Coffyn (1985: 252) para estes artefactos) dilatar a cronologia daqueles até ao século VIII a. C. Momento avançado do Bronze Final e de transição para o Ferro Inicial, do qual pouco sabemos. Será que esta mesma transição é pautada por um período de instabilidade marcado pelo declínio da metalurgia do bronze? Sendo assim, não se poderia associar este fenómeno a tantas outras manifestações semelhantes de diferentes períodos de ocultação de riqueza? Relembrando Ruiz-Gálvez Priego (1995: 23) estas situações coincidem normalmente com zonas de passagem e/ou territórios fronteiriços. 4.3.3. A OURIVESARIA As peças de ourivesaria do Bronze Final procedentes da Beira Interior, embora em reduzido número em comparação com outras regiões, constituem um importante 53 dado, não só pelo seu valor intrínseco, mas principalmente por fornecer informações sobre referências culturais que cada um transmite. Conhecem-se três ou seis peças de ouro, todas provenientes da área estudada por R. Vilaça (1995a). Por se encontrarem já analisadas por aquela autora e perfeitamente descritas ao nível dos detalhes técnicos de fabricação e sua respectiva composição (Parreira e Pinto, 1980; Armbruster e Parreira, 1993), daremos maior tónico às relações culturais que parecem atestar. Em Gibaltar (72) terão sido recolhidas argolas de ouro encadeadas, entretanto perdidas (Sarmento, 1883: 15). Este tipo de objectos parece abranger uma cronologia ampla desde os inícios do II milénio a. C. até ao Bronze Final, com eventuais paralelos junto dos tesouros de Mérida datados deste período (Vilaça, 1995a: 399). Também os dois braceletes de ouro referenciados por Sarmento (1883: 15) e Vasconcelos (1896: 21), como provavelmente provenientes do povoado de Cabeço dos Mouros (36) (Pena Lobo), encontram-se em paradeiro desconhecido. As poucas informações cedidas por aqueles autores levam R. Vilaça (1995a: 399) a presumir que possam ser abertos, lisos e com extremidades rematadas em botões cónicos. Semelhantes a estes (abertos, maciços e lisos, adelgaçando do centro para o exterior) parecem ser os exemplares procedentes de Monforte da Beira (61) e Soalheira (85) (Vilaça, 1995a: n.º 9 e 24). Por último, refira-se a bráctea de Sobreiral (62) que ostenta 50 cones obtidos pela técnica do repuxado (Parreira e Pinto, 1980: 14). Por ser peça única, da qual não se conhecem paralelos idênticos, oferece bastantes dificuldades ao nível da sua classificação cronológica. De facto, a falta de referências sobre as condições precisas destes achados e completa ausência de informação dos contextos arqueológicos de onde provêm, apenas permite encaixá-los em seriações tipológicas pré-definidas, estabelecendo-se margens cronológicas muito amplas para cada peça. Sendo assim, pensamos que o conjunto de braceletes de ouro da Beira Interior se poderá incluir no grupo de torques e braceletes maciços e abertos de “tipo Sagrajas/Berzocana”, que Almagro Gorbea (1974) integra entre os séculos XII/XI a. C. Aparentemente, peças tipologicamente semelhantes registam-se no ocidente francês e ilhas britânicas, tendo os seus padrões decorativos afinidades com as cerâmicas decoradas do Ocidente Peninsular (nomeadamente “tipo Baiões/Santa Luzia” e ornatos brunidos) (Parreira e Pinto, 1980: 28). 54 Relativamente aos seus contextos de achado é possível estabelecer três situações distintas. Em Gibaltar a descoberta surge associado às águas, embora se possa relacionála com os possíveis povoados referidos por Proença (1910: 14-15) para a zona do Teixoso ou com o povoado de S. Cristóvão (73). Os achados de Cabeço dos Mouros e Monforte da Beira poderão associar-se aos respectivos povoados, enquanto os de Soalheira e Sobreiral surgem em contexto isolado. Somos, no entanto, levados a constatar, através da sua localização aproximada, que todos se encontram próximos de importantes zonas de passagem (Mapa 6). Por outro lado, Soalheira e Sobreiral situam-se junto da linha de fronteira que estabelecemos entre Tapori e Igaeditani (Mapa 7). Estes dois últimos testemunhos poderão enquadrar-se, mais uma vez, na interpretação de Ruiz-Gálvez Priego (1995: 23) que refere que a ocultação de jóias não só imortaliza a riqueza (retirando-a dos circuitos de intercâmbio) como se reivindica o controlo sobre determinadas áreas, coincidindo a sua aparição com zonas de passagem ou territórios fronteiriços. Por fim, pensamos que não se deverá dissociar este tipo de achados com o desenvolvimento de implantação dos povoados em lugares destacados na paisagem, de onde se controlam importantes zonas de passagem. Independentemente do seu reduzido número (que poderá ser apenas uma casualidade mas a que poderemos juntar outros objectos como o âmbar da Moreirinha Vilaça, 1995a: 228) que pela sua raridade deveria ter grande valor), esta conjuntura parece demonstrar o enriquecimento de alguns indivíduos ou elites locais. Facto que deverá relacionar-se com o incremento e intensificação dos contactos exógenos, onde a Beira Interior pela sua privilegiada posição assumiria uma centralidade entre Norte / Sul e Interior /Litoral. 4.4. AS ESTELAS Dispomos de seis monumentos insculturados atribuídos ao Bronze Final na Beira Interior. Os exemplares de Piçarreias (31), Eiras (33) e Meimão (102) (caracterizam-se por apresentarem escudo no centro, demarcado por espada e lança) incluem-se no subtipo II A de M. V. Gomes e J. P. Monteiro (1976-1977) das estelas estremenhas e são convencionalmente atribuídos ao século XI-X a. C. (Vilaça, 1995a: 402-403). 55 Do povoado de S. Martinho (55), são provenientes dois blocos paralelepipédicos e um menir fálico insculturados, atribuídos já com alguma discordância ao Bronze Final. Diferem dos anteriores, não só pelo contexto do achado (num povoado) mas também ao nível morfológico, iconográfico e certamente funcional. Estes monumentos têm vindo a ser objecto de diversos estudos (Almagro Basch, 1966; Celestino Pérez, 1990 e Galán Domingo, 1993) centrados não só na análise tipológica como também cronológica e interpretação funcional dos mesmos. Para além disso, as discussões despertadas pelo aparecimento de tais elementos foram já abordadas por R. Vilaça (1995a: 402-406) e, mais recentemente, por J. Alarcão (2001: 325-334). Trabalhos esses que esgotaram muitas das análises que se poderão efectuar face à informação disponível. Deste modo, queremos apenas reforçar alguns aspectos relativos à sua distribuição ou localização que temos vindo a debater tanto para os achados de ourivesaria como para os depósitos de objectos em bronze atrás focados. Com efeito, (e excluindo desta análise os monumentos de S. Martinho) poderemos associar os primeiros exemplares a vias naturais de passagem, mais precisamente ao corredor que estabelecemos entre Cova da Beira e Meseta (Mapa 6). Assim pensamos (tal como R. Vilaça, 1995a: 404) que fará todo o sentido conceber estas estelas como marcos sinalizadores de caminhos, recursos ou fronteiras. De facto, estas localizam-se geograficamente próximas das linhas de fronteira entre populi que estabelecemos (situação já focada por J. Alarcão, 2001: 353). Se aceitarmos este propósito, a estela localizada no Baraçal (31) assinalaria a fronteira entre Ocelenses e Lancienses Transcudani e as estelas encontradas próximo de Meimão (102) e Fóios (33) o limes entre estes últimos e os Lancienses Oppidani (Mapa 7). Não queremos com isto refutar a possibilidade destas manifestações assinalarem tumulações (ou até residências) de individualidades de status superior. Apenas nos afastamos destas sugestões devido à ausência de contextos relacionados com os seus achados. 56 5.O POVOAMENTO DURANTE O FERRO INICIAL 5.1. OS TESTEMUNHOS Reflexo de uma incontestável escassez de dados é a existência em toda a Beira Interior de apenas duas estações que apresentam dados seguros perfeitamente enquadráveis no Ferro Inicial: o povoado da Cachouça (89) (Idanha-a-Nova) e o povoado de fossas do Picoto (12) (Guarda). Curioso é o facto da Cachouça marcar o período de transição entre Bronze Final e Ferro Inicial, prolongando-se a sua ocupação provavelmente até aos séculos VII/VI a.C. (Vilaça e Arruda, 2004: 23), enquanto o Picoto poderá representar trânsito entre o final deste período 15 e o Ferro Pleno, balizando-se a sua ocupação entre os séculos VI-V a.C. (Perestrelo et alii, 2003). O povoado da Cachouça (89) ocupa o extremo oriental de uma área planáltica que remata em esporão ou promontório. De fácil acesso a sul e oeste, apresenta boas condições naturais de defesa a norte e este, encontrando-se daqui sobranceiro ao local onde a barroca do Canada desagua no rio Torto (Vilaça e Basílio, 2000). Para além das estruturas habitacionais destaca-se a presença de um talude em terra e pedra, que delimita o povoado nos lados mais expostos. A este associam-se diversos afloramentos com “covinhas” ou “fossetes” que juntamente com outros elementos lhe conferem uma carga simbólica e ritual (Vilaça, 2005: 16). Às cerâmicas características do Bronze Final como as formas carenadas, os potes com lábios decorados, as decorações brunidas tipo “Lapa do Fumo”, as de tipo “Baiões” ou tipo “Carambolo”, juntam-se as cerâmicas penteadas (ou “peinadas”) de influência do mundo mesetenho e as cerâmicas ao torno cinzentas finas de inspiração fenícia ou orientalizante (Vilaça e Basílio, 2000: 41). Para além da olaria, destaca-se a presença de contas de colar oculadas, um fragmento de unguentário tricolor, elementos zoomórficos em terracota (de uma possível ave) e artefactos de ferro (punhal de lâmina triangular) (Vilaça e Basílio, 2000: 41). Estes materiais e as datações radiocarbónicas obtidas permitem afirmar que na sequência habitacional do Bronze Final, o sítio apresenta uma continuidade de ocupação 15 Neste aspecto parece distanciarmo-nos dos autores (Perestrelo et alii, 2003) que se referem àquele local como um povoado de inícios da II Idade do Ferro. 57 durante os séculos VIII e VI a.C. (Vilaça e Arruda, 2004: 23). No entanto, julgamos ser importante referir que os materiais adscritos ao Ferro Inicial coexistem com outros, típicos do período anterior, em estratos que apresentam alguns problemas de conservação. O sítio do Picoto (12) encontra-se implantado no topo de um ligeiro planalto delimitado pelos rios Diz e Noéme e a ribeira de Corte Cavalo. As únicas estruturas identificadas por Perestrelo, Osório e Santos (2003) resumem-se a pouco mais de uma dezena de fossas escavadas no substrato geológico. Foram recolhidos fragmentos cerâmicos, exclusivamente de fabrico manual comportando pastas grosseiras, fragmentos de moinhos, um seixo de rio com entalhes laterais (peso de pesca ou tear) e três fragmentos de objectos em bronze ou cobre (hastes, agulhas ou botões) e um fragmento disforme em ferro (Perestrelo et alii, 2003). Segundo os autores, o acervo ceramológico comporta formas essencialmente bojudas com bordos extrovertidos e colo apertado de armazenamento, onde se realça a grande concentração de mica visível à superfície. Apenas se detectou um fragmento, aparentemente decorado, com um sulco superficial largo na asa e aplicação plástica tipo botão junto ao bordo. Após a análise dos resultados, aqueles investigadores adscrevem-lhe uma vocação de natureza produtiva, como o cultivo, a pesca, a farinação e o armazenamento. As datações radiocarbónicas realizadas em restos de bolotas, grãos de trigo e carvão vegetal apresentam resultados um pouco díspares, embora permitam aos autores, após calibração, estabelecer um período de ocupação que medeia entre os séculos VI-V a.C. (que poderá eventualmente recuar até ao século VIII a.C.) (Perestrelo et alii, 2003). A especificidade e dificuldade na identificação deste sítio reporta-nos uma vez mais para a problemática da visibilidade/invisibilidade dos vestígios arqueológicos, explorado em capítulo anterior. Um dos aspectos interessantes de que se reveste este sítio ressalta do facto dos povoados de fossas se enquadrarem num período que geralmente oscila entre o Neolítico e finais da Idade do Bronze (Bellido Blanco, 1996). Trata-se, juntamente com as estruturas em fossa calcolíticas identificadas em Terlamonte (Covilhã) (Silva e Carvalho, 2004), dos poucos locais na Beira Interior que ostentam estas características. Tanto na Meseta como no Norte de Portugal este tipo de assentamentos surge normalmente adstrito aos finais da Idade do Bronze, geralmente integrados no horizonte cultural designado de Cogotas I. 58 A escassa distância, para noroeste, encontra-se o povoado de Castelos Velhos (11). A cerca de 100 m a sudoeste deste povoado, na estação romana de Póvoa do Mileu, foi encontrado um conjunto de objectos em bronze cuja provável datação e integração cultural nos alertou para a possibilidade de existência de uma contemporaneidade (pelo menos parcial) de ocupação com o sítio do Picoto. Na porta da capela românica da Póvoa do Mileu, servia de puxador um bracelete em bronze (Rodrigues, 1957) que Perestrelo (2004: 115) indica poder enquadrar-se num período entre finais do século VI e meados do século IV a. C., conforme paralelos recolhidos na necrópole de Las Ruedas em Valladolid (Sanz Mínguez, 1997: 403). A. V. Rodrigues (1977: 27-28) menciona ainda a presença de fíbulas de “tipo Acebuchal”, fíbulas de fusilhão fixo “do período La Tène” e uma fíbula hispânica “tipo folha de loureiro”. Segundo classificação de Perestrelo (2004: 115), uma vez que desconhecemos as peças, este último exemplar de folha larga e nervo central insere-se no tipo 12 de Cuadrado, apresentando uma cronologia semelhante proposta para o bracelete em bronze. Por outro lado, as fíbulas de “tipo Acebuchal”, com pé voltado e botão terminal, são datáveis do século VI – inícios do IV a. C. (Argente Oliver, 1994: 80). Como vemos, a diacronia cronológica que nos oferecem estes exemplares, demonstra que se por um lado os poderemos integrar nos inícios do Ferro Pleno, por outro também poderão recuar aos finais do Ferro Inicial. Não obstante, V. Pereira, que tem vindo a realizar escavações na Póvoa do Mileu, menciona a existência de um nível estratigráfico que se sobrepõe ao afloramento rochoso de onde exumou materiais cerâmicos que atribui ao Bronze Final (Pereira, 2005: 233). Entre estes destaca-se a presença de uma taça carenada (Pereira, 2005: 233 – fig. 3). Esta informação permite-nos colocar uma série de questões. Será que estes materiais cerâmicos poderão comprovar uma anterior ocupação deste sítio datada do Bronze Final? Ou atestarão a existência de uma fase de coexistências (como na Cachouça) onde sobrevivem algumas formas cerâmicas? Sendo assim, as cerâmicas manuais e ao torno de pastas grosseiras recolhidas por Perestrelo (2004: 47-48) no povoado de Castelos Velhos deverão datar-se do Ferro Inicial ou do Ferro Pleno como têm vindo a ser interpretadas? Terá tido este sítio, apesar da aparente descontinuidade espacial, uma ocupação permanente ao longo do I milénio a.C.? Por outro lado, a existência de objectos metálicos, de inegável valor simbólico, a 100m de distância do 59 recinto muralhado de Castelo Velhos não poderá relacionar-se com a necrópole deste povoado? Todas estas pendências só poderão ser esclarecidas através da continuação dos trabalhos de investigação no sítio da Póvoa do Mileu, uma vez que parte significativa do povoado de Castelos Velhos foi destruída devido à construção de uma urbanização. No entanto, independentemente de todas as interrogações que se colocam face a este povoado e movendo-nos apenas no campo das conjecturas (o único possível no momento), poderemos talvez admitir a existência de uma contemporaneidade de ocupação entre este e o sítio do Picoto. Situação que, a comprovar-se, terá de ter em conta a relativa proximidade verificada entre ambos. Conjuntura essa que nos propomos ensaiar no seguimento deste estudo. Partindo igualmente da análise do espólio (designadamente ceramológico) exumado na Cachouça e no Picoto, estações seguramente enquadradas no Ferro Inicial, poderemos estabelecer comparações relativas que nos ofereçam pistas no sentido de presumir a possível ocupação de outros locais durante este período. Entre estes destacamos os casos do Sabugal e Sabugal Velho. Sobre o núcleo histórico do Sabugal (39), instalado sobre um suave promontório circundado pelo Côa, as escavações de Marcos Osório têm revelado uma série de dados interessantes que o levam a afirmar que este local terá sofrido uma “presença estável” durante os períodos Calcolítico, Bronze Médio, Bronze Final e Idade do Ferro (Osório, 2005a: 41). No entanto, a construção da muralha leonesa provocou (nos locais sondados) o revolvimento dos estratos arqueológicos que, a par da dificuldade em obter datações radiocarbónicas, não permite estabelecer um corte estratigráfico que esclareça a evolução diacrónica ocupacional deste sítio. Não obstante, parece verificar-se uma descontinuidade espacial entre os níveis Calcolíticos e do Bronze Final, identificados no topo do outeiro, e a ocupação da Idade do Ferro localizada a uma cota ligeiramente inferior (Vilaça, 2005: 18). Entre as cerâmicas datadas da Idade do Ferro e para além das estampilhas associadas a uma fase mais tardia, distinguem-se três exemplares com motivos penteados ou “peinados” de influência mesetenha. Lembre-se que este tipo de cerâmicas foi também identificado no povoado da Cachouça. 60 A uma tigela de fabrico manual e superfícies brunidas com “frisos de arcos de círculo enfrentados pela sua convexidade alternados vertical e horizontalmente” (Osório e Santos, 2003) juntam-se dois fragmentos com linhas paralelas oblíquas em ziguezague horizontal que materializam um dos motivos mais recorrentes do Ferro Inicial da Meseta (Hernández Hernández, 1981: 320-321, cit. em Osório, 2005: 41). No entanto, esta técnica decorativa apesar de surgir na Bacia do Douro por volta da segunda metade do século VII/século VI a.C., tem um período de vigência que se prolonga até ao século II a.C. (Álvarez-Sanchíz, 1999: 202), colocando óbvias reservas e não oferecendo o mínimo de condições exigíveis para que seja considerado um “fóssil-director” do Ferro Antigo (Férnandez-Posse, 1998: 156). Caso contrário, para além da Cachouça, Sabugal e Sabugal Velho teríamos de aventar a hipótese de em locais como o Castelo da Sr.ª de Monforte (4), Castelo Velho da Meda (18), Castelo Velho de Seixas do Douro (51) entre outros (vide mapa 9), onde se constata a presença destas cerâmicas, acusarem uma ocupação do Ferro Inicial. O Sabugal apresenta uma ocupação segura do Bronze Final e da fase final da Idade do Ferro. A comprovar-se a existência de um nível de transição entre aqueles dois períodos poderá relançar-se a discussão da problemática sobre ocupação permanente ou ocupação cíclica noutros sítios arqueológicos. Temática que tentaremos abordar posteriormente pois, até ao momento, verifica-se a inexistência em toda a Beira Interior de uma única estação que tenha revelado indícios seguros de uma ocupação estável e permanente ao longo do I milénio a.C. O povoado do Sabugal Velho (29) encontra-se implantado num suave mas destacado outeiro nos contrafortes setentrionais da serra da Aldeia Velha (Osório, 2000c). Também aqui Marcos Osório tem procedido a uma planeada investigação que começa a surtir resultados interessantes que convém abordar. Tal como no Sabugal, deparamo-nos com o total revolvimento dos níveis estratigráficos relativos ao período de ocupação proto-histórica devido às construções de épocas posteriores. Pelo que, mais uma vez, a análise dos materiais se reveste de grande importância, embora sempre subjectiva. Para além do espólio datado do Bronze Final e Ferro Pleno, reuniu-se um conjunto de cerâmicas decoradas com motivos penteados que se poderão vir a relacionar com o Ferro Inicial. Entre estas destaca-se a presença de um exemplar com traços impressos verticais e paralelos moldurados por sulcos brunidos horizontais e outro fragmento com motivos ondulados e entrecruzados (Osório, 2005: 44), temas comuns 61 ou inseríveis no Ferro Antigo mesetenho (Hernández Hernández, 1981: 318). Um outro padrão composto por linhas onduladas e entrecruzadas penteadas acompanhadas de alinhamentos oblíquos incisos ou picotados surge em dois fragmentos (Osório, 2005: 44). Osório remete-os, com base em paralelos em Sanchorreja, para um horizonte cultural de Cogotas II, datado do Ferro Inicial (Fernández-Posse, 1998: 145). Para além destes elementos, o autor refere a existência de cerâmicas de influência meridional datáveis do século V-IV a.C. e de uma fíbula de bronze de peça única de tipo Acebuchal (semelhante às encontradas em Castelos Velhos) também inserível naquele período (Osório, 2005a: 44). Estes últimos dados, associados ao facto deste povoado se encontrar localizado numa zona bastante rica em mineralizações em ferro (facto demonstrado em época medieval quando aqui se instala um povoado mineiro) deixa-nos antever uma ocupação que poderá realmente se ter iniciado nos finais deste Ferro Inicial mas que deverá assumir preponderância já num período pleno da Idade do Ferro. Mais forçada parece-nos ser a tentativa de Perestrelo (2005: 77) em atribuir uma fase de ocupação do Ferro Inicial 16 no Castelo de Mouros de Cidadelhe (22) consubstanciando-se apenas na análise da cerâmica comum ali recolhida. Salienta a presença de fragmentos de cerâmica com aplicação plástica do tipo cordão ou mamilo/botão 17 ; com decoração por caneluras ou sulcos mais ou menos largos e pouco profundos (atestado no povoado do Picoto); as superfícies “cepilladas”; com decoração incisa ou impressa nos lábios ou bordos 18 ; e as cerâmicas com incorporação de paletas de mica (constatadas igualmente no Picoto) 19 . Com base nestes pressupostos o autor (Perestrelo, 2005: 79) enumera os povoados de Bogalhal Velho (21) e Alto dos Sobreiros (20) como potenciais locais ocupados durante este período. 16 Este local terá seguramente (como documenta a intervenção ali realizada por aquele investigador) uma fase de ocupação do Bronze Final e outra do Ferro Pleno. 17 Segundo Perestrelo (2005: 78) esta técnica “decorativa” poderá ter sido produzida na metade norte e oriental da Península até século V a.C. 18 Segundo Perestrelo (2005) estas cerâmicas surgem nos povoados da Idade do Ferro no Norte de Portugal. 19 Perestrelo (2005: 79) referencia que esta olaria parece substituir a cerâmica fina característica do Bronze Final a partir do século VII a. C. no Noroeste Peninsular. 62 Este é um dos problemas que podemos generalizar a grande parte dos povoados da Beira Interior. Torna-se difícil determinar com rigor e sem apoio estratigráfico quando é que a sobrevivência ou coexistência destes elementos pode indicar uma fase de ocupação do Ferro Inicial. Para nós esta análise não poderá ser realizada pois tais cerâmicas não reúnem as mínimas condições exigíveis para que se possam considerar “fósseis – guia”. 5.2. ÉPOCA DE RUPTURAS E/OU CONTINUIDADES? O Ferro Inicial poderá ser interpretado como um momento transitório entre as especificidades do Bronze Final e Ferro Pleno. Assim sendo, a sua compreensão tornase fundamental para a completa acepção do quadro ou sequência evolutiva do povoamento ao longo do I milénio a.C. Conhecemos dois sítios certos (Cachouça e Picoto) e outros três possíveis de compreenderem uma fase de ocupação deste período. A carência de dados seguros limita a análise a que nos propomos e apenas nos permite traçar um quadro de conjecturas que simultaneamente se encadeiam e embaraçam numa ambiguidade de vivências. Com efeito, as palavras que se seguem terão de ser encaradas como linhas de pensamento de traçado inseguro que aguardam por novos dados que as reformulem gradualmente. Várias questões se colocam quando nos debruçamos no facto de quatro dos povoados escavados por R. Vilaça (1995a) serem totalmente abandonados no final do século IX / inícios do século VIII a.C. Estes sítios, tal como o Castelo Velho de Freixo de Numão (Jorge, 2003) abandonado durante o Bronze Médio, não voltaram a ser reocupados posteriormente. Quais as novas estratégias de povoamento? Terão sido abandonados tendo a população se concentrado noutros locais já habitados? Ou, simplesmente a população ter-se-á disseminado por novos núcleos criados de raiz? Trata-se de movimentos generalizados? Esses hipotéticos núcleos ocuparam as mesmas ou distintas áreas valorizadas no Bronze Final? Poderá esta alteração estar associada à invasão/imigração dos povos lusitanos? Muitas interrogações que se mantêm há anos e para as quais receamos não ter resposta. Não obstante, quando analisamos os dados de que dispomos conseguimos isolar certas rupturas com o Bronze Final. 63 Ao nível do povoamento, para além do colapso ou abandono temporal dos povoados do Bronze Final, verifica-se uma continuidade cultural (embora renovada) no povoado da Cachouça (Vilaça, 2000b: 15). Distintos em certos aspectos, os assentamentos habitados durante o Bronze Final obedecem a padrões semelhantes ao nível da localização e implantação topográfica, situando-se nas plataformas de topo das elevações mais destacadas na paisagem (povoados de altura ou núcleos alcantilados). A Cachouça parece romper com esta lógica de implantação localizando-se numa área planáltica definida por um promontório. O mesmo se verifica no Picoto (instalado num planalto encaixado), no Sabugal e Sabugal Velho (suave outeiro) e Castelos Velhos (meia encosta). Constata-se uma “imergência” ou submersão na paisagem que dilacera a individualidade física característica dos povoados do Bronze Final. Esta dissimulação na paisagem é verificada na Cachouça que apenas é visível de determinados pontos do vale e no Picoto que se encontra instalado num planalto encaixado entre vários cursos de água. Os povoados do Sabugal, Sabugal Velho e Castelos Velhos apesar de se encontrarem implantados em pontos relativamente individualizados e com amplo domínio visual sobre vias naturais de penetração, surgem envolvidos por um conjunto de serranias que emergem no seu enquadramento. Esta relativa submersão dos habitats não compromete totalmente a visibilidade para amplos horizontes. Parece, no entanto, direccioná-la para os cursos de água. Da Cachouça domina-se parte da bacia do Pônsul, barroca do Canada e rio Torto; do Picoto tem-se um amplo domínio visual para os rios Diz e Noéme e a ribeira do Corte Cavalo; do Sabugal para o Côa; Sabugal Velho para as ribeiras de Aldeia Velha e Alfaiates e Castelos Velhos para o Alto Mondego. Por sua vez, assiste-se a uma maior proximidade a bons terrenos agrícolas e de grande riqueza hídrica. Para além de uma ruptura com as anteriores estratégias de implantação na paisagem, supõe-se a articulação de territórios de exploração mais directa com a realização de actividades de subsistência baseadas numa economia que poderia abarcar um amplo espectro. Ao mesmo tempo, surgem estruturas que poderão pressupor um carácter mais permanente destas comunidades, como o talude existente na Cachouça ou as fossas de armazenamento (ainda que limitado) do Picoto. 64 Retomando um dos temas deixados em aberto na primeira parte desta exposição, é conveniente abordar aqui a possível existência de uma relação de complementaridade e reciprocidade, dada a proximidade e provável contemporaneidade, entre Castelos Velhos e Picoto. Com essa finalidade, traçámos os territórios teóricos de exploração (Vitta-Finzi e Higgs, 1970) de cada um. Assim sendo, definimos os territórios potencialmente exploráveis de 15, 30 e 60 minutos do povoado de Castelos Velhos e somente de 15 e 30 minutos do sítio do Picoto (figura 1). Verificou-se uma sobreposição parcial entre a isócrona de 60 minutos do território de Castelos Velhos e a linha que demarca o território de 15 minutos do Picoto. Tendo em conta a natureza distinta dos dois sítios poderíamos supor que um eventual sistema de complementaridades se baseava na exploração intensiva dos terrenos férteis em torno do Picoto, enquanto o povoado de Castelos Velhos, para além de coordenador de toda a actividade, remata este conluio ao controlar as vias de mobilidade e comunicação. Não obstante todas as incongruências que encerram este modelo teórico, ao creditarmos estes pressupostos como é que eles deverão ser interpretados? Como um prenúncio da situação que advogamos para o Ferro Pleno (vide infra 6.2.1)? Como uma possibilidade de tal sistema de complementaridades ocorrer igualmente no Ferro Inicial? Como mera casualidade não demonstrativa da interpretação que lhe conferimos? De facto, são várias as incertezas e o encadeamento de meras suposições que transpusemos até alcançar estes resultados. Apenas os apresentamos com o intuito de formalizar um conjunto de questões que deverão direccionar a futura investigação. Pelo que, até nos sustentarmos em bases mais firmes, não teremos em linha de conta o exemplo deste padrão ocupacional nas nossas interpretações. Debruçaremo-nos antes na Cachouça, Sabugal e Sabugal Velho que são ocupados durante o Bronze Final. Juntamente, contamos com alguns sítios (poucos é certo) denominados de “casais” de vocação agro-pecuária também enquadrados naquele período. A conjugação destes factos leva-nos a colocar certas reticências face à suposta necessidade de apropriação de maior número de recursos. Por outro lado, não se verifica uma total quebra de estratégia de assentamento, mas o abandono de determinado tipo de povoados (os povoados alcantilados essencialmente de tipo IA) em benefício de outros junto a terrenos agrícolas de planície. 65 Ao invés de uma total metamorfose de implantação, deparamo-nos sim com uma selecção. Mas qual o porquê de só os povoados de altura serem abandonados? A primeira causa poderá estar associada às dimensões bastante modestas daqueles povoados (Vilaça, 1995a). R. Vilaça (2005: 18) equaciona igualmente a possibilidade destes abandonos estarem relacionados a actos simbólicos ou rituais. Pensamos que a justificação de tais colapsos poderá ser pautada pela desvalorização da funcionalidade a que aqueles povoados estariam adstritos. Para aquela investigadora a instalação das populações em povoados praticamente inóspitos e alcantilados deverá associar-se à “necessidade de controlo visual e estratégico dos recursos regionais críticos e das vias de circulação do metal ou que a elas conduziam” (Vilaça, 1995a: 422). Poderíamos supor um descrédito do bronze face ao ferro. Sendo esta região bastante fértil em recursos estaníferos (fundamental à metalurgia do bronze), factor que cativava o contacto com populações alógenas, seria agora depreciada por estes. Mas tal ruptura com influências exógenas não deverá ser decifrada por tais motivos. O bronze continua a ser produzido a par do ferro e, para além do estanho, esta região é provadamente rica em recursos auríferos que comportam um “valor intemporal”. Não obstante o facto do comércio da prata ser o grande objectivo dos povos orientalizantes (Arruda, 1996: 43), é reconhecida a necessidade destes povos em aprovisionar estanho, metal praticamente inexistente no Mediterrâneo Oriental (Arruda, 1996: 41). No entanto, se os povoados que controlavam as vias de circulação entram em colapso, parece certo que o trânsito de pessoas e bens por tais circuitos terá diminuído ou caído em demérito. De facto, as influências orientalizantes, em grande parte responsáveis pelo desenvolvimento cultural do sul, aparentam ter canalizado as relações Norte-Sul pela linha da costa em desfavor das zonas do interior. Tal facto poderá explicar a quase total ausência de objectos orientalizantes neste território face à sua concentração na zona litoral (Senna-Martinez, 1995: 72). Os dados arqueológicos permitem constatar que o comércio fenício terá privilegiado a costa atlântica. Para além dos assentamentos orientalizantes conhecidos no litoral algarvio e alentejano, assistimos à sua concentração na zona do estuário do Tejo, em Santa Olaia e em Conímbriga (estuário do 66 Mondego), na foz do Douro e do rio Minho (Coto da Pena em Caminha) (Arruda, 1996). Não obstante, na vizinha Alta Estremadura espanhola a opção por uma via orientalizante está bem patente, com a emergência de povoados fortificados (Martin Bravo, 1999). No entanto, o contacto com esta região deverá conectar-se com interferências da região tartéssica. Com efeito, as comunidades indígenas da Beira Interior vêem-se afastadas desta “globalização orientalizante”, devido à sua posição física que terá privilegiado um contacto ao mundo mais setentrional, atlântico e mesetenho onde esta situação igualmente se verifica. No noroeste português, Armando Coelho (1986) verifica a partir do século VII a.C. um certo retrocesso ao constatar uma redução da circulação de bronze e da produção de jóias, a continuidade de utilização de materiais perecíveis na arquitectura, a inexistência de vestígios de utilização do ferro e do torno de oleiro e uma decadência na produção cerâmica que se torna mais grosseira. Situação que só se altera no século IV a. C. com a invasão/imigração dos povos célticos. Parece então plausível que se aponte o enfraquecimento drástico de circulação do metal como principal causa para o abandono de estratégias de povoamento apoiadas em assentamentos de altura alcantilados na Beira Interior. Não obstante, os marcadores de índole mediterrânea ao nível artefactual e tecnológico verificados na Cachouça, poderão em última análise revelar uma inequívoca e manifesta descontinuidade relativamente aos materiais de tradição cultural do Bronze Final. No entanto, esta descontinuidade não expressa um corte ou ruptura com o passado pois será insuficiente para retratar a alteração cultural de uma região. O tempo será de coexistências (Vilaça e Basílio, 2000: 46), assistindo-se à manutenção de tradições (como a metalurgia do bronze) e a assimilações residuais de certas novidades de cariz mesetenho e mediterrâneo (Vilaça e Arruda, 2004: 24). Tais concomitâncias verificam-se igualmente no Bronze Final com a apropriação de artefactos em ferro (lâminas) nos povoados do Monte do Frade e Moreirinha (Vilaça, 1995a). Por outro lado, os elementos exógenos recolhidos na Cachouça podem revelar “a fachada de um corpo socio-político que se mantém basicamente inalterável” (Vilaça, 67 2000b: 13). Presume-se que a assimilação de novos elementos terá sido cometida de forma selectiva e que os contactos não terão sido intensos, pois não impeliram consigo “novas concepções arquitectónicas ou a própria escrita” (Vilaça e Arruda, 2004: 24). Nesta área continental onde a influência mediterrânea foi inegavelmente mais ténue, a manutenção de culturas de feição arcaizante poderá ter sido bem mais perene. Esta zona interior deverá ter prosseguido a sua evolução um pouco à margem de tais influências devido à decadência das redes de intercâmbio do Bronze Final. O Ferro Inicial na Beira Interior parece ter sido uma época de regionalização, em que cada povoado, voltado para si, evolucionaria de distinta feição consoante as tradições anteriores e grau de assimilação das diferentes influências que tenuemente deveriam abeirar tanto da costa como da Meseta e Extremadura espanhola. Esta região, que de repente se vê afastada dos focos mais activos de uma nova fase, é por Coffyn (1985: 267) designada como centro do “grupo lusitano” durante o Bronze Final. Este cunho ideológico e socioeconómico tão fincado em época anterior parece ter voltado as comunidades a um “conservadorismo” com o prolongamento efectivo das tradições culturais do Bronze Final, numa altura em que estas tinham já entrado em colapso. Com efeito, desta época dispomos de elementos bem parcos para creditarem uma genuína I Idade do Ferro. Daí a nossa preferência em designarmos este ciclo de Ferro Inicial. Por esse motivo, consideramos este período (século VIII-V a.C.) como uma fase de transição, lenta e progressiva, entre o Bronze Final e uma única e autêntica Idade do Ferro – o Ferro Pleno. Uma “mudança em continuidade” que se prolongou por vários séculos e cujos principais actores terão sido as populações autóctones do Bronze Final. 68 6. O POVOAMENTO DURANTE O FERRO PLENO A análise do quadro do povoamento do Ferro Pleno a que nos propomos tentará suprir as contingências existentes, motivadas essencialmente pela carência generalizada de sítios escavados de um modo sistemático e devidamente publicados. De facto, a falta de informações constatada no estudo de períodos anteriores perdura e acentua-se quando nos debruçamos nos povoados da Idade do Ferro e castros romanizados. O volume de notícias referentes ao povoamento desta época é incomparavelmente inferior à que existe para o Noroeste e até para o Sul de Portugal. Pelo exposto, tentaremos ensaiar uma forma de aproximação à realidade em causa, centrada num modelo que partirá necessariamente de um quadro explicativo de conjunto (e por isso, às vezes subjectivo) exemplificando, sempre que possível, com casos concretos (não necessariamente modelares mas dos quais dispomos de melhor informação). Julgamos, assim o esperamos, poder contribuir para o estabelecimento de bases mais firmes para o tratamento adequado da problemática cultural e evolutiva do povoamento da segunda metade do I milénio a. C. 6.1. PADRÕES DE ASSENTAMENTO A análise da implantação topográfica de cada povoado permite obter importantes informações acerca das estratégias económicas e sociais das suas comunidades. A escolha específica de locais de assentamento, distintos em cada época, poderá indicar, em última análise, transformações na estrutura social. É neste aspecto que reside o nosso intento em distinguir exaustivamente diferentes sub-tipos preferenciais de implantação. Esta divisão poderá ser acusada por vezes de pouco significativa, no entanto, revela a priori a tendência para uma franca variabilidade e rompe definitivamente com o estigma verificado no Bronze Final a este nível. Deste modo, definimos cinco tipos de assentamento tendo em conta a implantação topográfica e paisagística eleita. 69 Tipo I – Povoados destacados em altura. Incluem-se nesta categoria todos os povoados que se situam no topo de cabeços destacados na paisagem, alcantilados, com boas condições naturais de defesa e absoluto controlo visual sobre o território circundante e longínquo. Designamo-los de grupo de povoados de implantação tradicional do Bronze Final20 , retratados por sítios como o Monte de S. Martinho (55) e Cabeço da Argemela (83). No entanto, saliente-se a instalação aparentemente de raiz neste período do povoado do Tintinolho (9), que do seu alto domina o vale do Alto Mondego. Outro aspecto curioso (e talvez distinto do Bronze Final) é o facto de não obstante as suas extraordinárias condições naturais de defesa, possuem (caso se assuma corresponderem a este período cronológico) regra geral sistemas defensivos, por vezes bastante complexos (como os casos indicados). Correspondem a 27% (15 povoados) dos casos inventariados. 20 Correspondem aos assentamentos de tipo I A e I B do Bronze Final. 70 Tipo II – Assentamentos em cabeços “planálticos” ou aplanados. Muitos com igual ocupação do Bronze Final 21 , a instalação em cabeços “planálticos” ou aplanados representa 11% (6 povoados) da totalidade dos casos. Ocupam geralmente o topo de largos outeiros ou plataformas de maior dimensão não tão elevados como os anteriores, com boas condições naturais de defesa (apesar de pelo menos um dos flancos apresentar melhor acessibilidade). Auferem de boa visibilidade, não só para o espaço mais distante como preferencialmente para os terrenos envolventes, geralmente de grande riqueza ao nível dos recursos naturais. Tomamos como casos mais sintomáticos o povoado da Tapada de Longroiva (17), Tapada das Argolas (79) e Covilhã Velha (86). 21 Correspondem aos assentamentos de tipo I D do Bronze Final. 71 Tipo III – Povoados de encosta. Distinguem-se igualmente os povoados de encosta (9% - 5 povoados) situados em vertentes protegidas ou abrigadas. Apresentam um dos lados mais exposto ao nível da defesa natural e a visibilidade restringida ou direccionada a uma só orientação. Entre estes destaca-se o povoado de Castelos Velhos (11). 72 Tipo IV – Povoados de planície. Os povoados implantados em pequenas elevações são, por enquanto, quase inexistentes (4%). Contamos apenas com dois casos confirmados: Matrena (27) e Olival Comprido II (116). Encontram-se próximos de cursos de água sobre terrenos aluvionares de boa capacidade agrícola. A identificação destes sítios reveste-se de grande dificuldade, pelo que pensamos que este número não será expressivo da realidade da época. Tipo V – “Povoados de rio”. Por último, destacam-se os povoados que se encontram intimamente relacionados com cursos fluviais ou linhas de água significativas (49% - 27 povoados). Tratam-se de sítios que comportam diferentes, mas, no seu geral, medianas condições naturais de defesa e intenso domínio visual sobre vias naturais de penetração e vales de solos aluvionares muito férteis. A análise mais detalhada de certas características particulares de implantação destes povoados permite-nos distinguir três categorias distintas: 73 V A – Cabeços ou plataformas destacadas sobre cursos fluviais: dentro dos “povoados de rio” são os que reúnem melhores condições naturais de defesa e visibilidade. São também os mais numerosos (16 povoados), contemplando 29% da amostragem. Entre eles podemos destacar os povoados do Bogalhal Velho (21) e Castelo da Cogula (47). V B – Esporões fluviais 22 : apresentam igualmente boas defesas naturais e visibilidade. No entanto, por não se encontrarem tão destacados na paisagem, o seu impacte visual é menor que os anteriores. Correspondem a 13% (7 povoados) do universo contabilizado. Poderemos destacar os povoados de Castelo de Mouros de Cidadelhe (22) e Castelo Vieiro (23) como modelos padrão. 22 Equivalem aos assentamentos de tipo I C do Bronze Final. 74 V C – “Penínsulas” fluviais: tratam-se de sítios que se encontram envolvidos por meandros fluviais que os cercam de todos os lados, salvo pelo istmo que os une à respectiva margem. Foram assim classificados os povoados de Serra de Bois, Cabeço dos Mouros, Grelheira (98) e Castelejo do Tostão (114). Contabilizam apenas 7% dos sítios inventariados. 75 Uma primeira análise, parece permitir-nos falar de uma supremacia do tipo V – os “povoados de rio”. Para além dos 49% de sítios que se encontram imediatamente sobranceiros a cursos fluviais, constata-se que cerca de 60% dos restantes se localizam a menos de um quilómetro de distância de linhas de água significativas. Esta supremacia de povoamento junto de cursos fluviais atesta-se igualmente na província de Cáceres (Martin Bravo, 1999: 202). Frequência percentual dos tipos de assentamento 7% 27% 13% Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV Tipo VA 11% 29% Tipo VB Tipo VC 4% 9% Não se verificam grandes assimetrias relativamente à distribuição dos diversos tipos de assentamento pelas quatro sub-regiões em que dividimos a Beira Interior (tabela 2). Facto que poderá espelhar a desigual intensidade de investigação praticada em cada uma delas. Por outro lado, as poucas desproporções atestadas poderão igualmente traduzir as diferentes características geomorfológicas que encerra cada subregião. Não obstante, na bacia hidrográfica do Côa e planalto Guarda/Sabugal (região melhor estudada e com maior número de achados integrados neste período) e Pinhal Interior acompanha-se a tendência global ao nível estatístico, com uma supremacia do tipo V logo seguido do tipo I. Na Beira Interior Sul, dos cinco povoados inventariados, três inserem-se no tipo V-C, o mais escasso desta tipologia. Por sua vez, na Cova da Beira verifica-se uma inversão destes valores, não tendo sido identificado nenhum povoado de tipo V. 76 Distribuição dos tipos de assentamento por sub-região Nº de povoados 14 12 Bacia do Côa e Planalto Guarda/Sabugal 10 Cova da Beira 8 Beira Interior Sul 6 4 Pinhal Interior 2 0 I II III IV V-A V-B V-C Tipos de assentamento Sendo os padrões de assentamento reflexo da sociedade que os privilegia, atestase uma evolução na estratégia de implantação e, por inerência, da memória colectiva social que os sustenta, que tentaremos descortinar de seguida com a profundidade menor à desejada mas a possível. 6.2. OS TESTEMUNHOS 6.2.1.ÉPOCA DE RUPTURAS COM A TRADIÇÃO ANTERIOR A reocupação de locais anteriormente habitados durante o Bronze Final (tabela 2), verificada em 40% dos sítios do Ferro Pleno, não deverá ser entendida como um verdadeiro sinónimo de continuidade cultural pois reveste-se de várias especificidades que dilaceram a estrutura daquele período. A primeira distinção, desde logo discernível, prende-se com a preferência de implantação do povoamento. A opção por cabeços alcantilados, bem destacados e de amplo domínio visual sobre a paisagem (tipo I) revela ainda uma percentagem acentuada. No entanto, os únicos sítios assim caracterizados e novamente ocupados no Ferro Pleno apresentam uma maior dimensão face à média verificada em grande parte destes povoados durante o Bronze Final. De notar, que apenas dois povoados de tipo I são criados de raiz durante este período, o Tintinolho (9) e Jarmelo (10). Verifica-se assim uma reconversão de ocupação para espaços mais amplos, não tão destacados na paisagem, procurando um controlo mais directo e efectivo de um 77 território mais delimitado, capaz de gerar uma economia de subsistência e de amplo espectro com relativa margem de excedentes. Os castros ocupam zonas que reúnem possibilidades de controlo territorial de pastos, explorações agrícolas, áreas de bosques e recursos fluviais e áreas de grande mobilidade na paisagem susceptíveis de serem centralizados por cada um deles. Juntamente, a alegada dispersão do povoamento atestada degrada a rede de intervisibilidades coniventes entre povoados antes manifestada. Ao invés do controlo extensivo e regional dos recursos, que caracterizava o Bronze Final, privilegia-se agora um domínio mais directo e local dos mesmos 23 . No entanto, continua a ter relevância o controlo de zonas de passagem ou linhas de comunicação, nomeadamente as vias naturais de penetração. Facto expresso pela elevada percentagem de sítios integrados no tipo V (povoados de rio) que revelam uma grande preocupação pelo domínio de trechos significativos dos cursos fluviais. Assim se explica também a reocupação de locais alcantilados (tipo I) como o Cabeço da Argemela (83) (“povoado de ponta” que controla a entrada e saída da Cova da Beira), Monte de S. Martinho (55) (importante eixo de comunicações para quem se dirige ou vem do Tejo) e a instalação de raiz do Tintinolho (9) (dominando o vale do Alto Mondego). O próprio florescimento de povoados tipo II, como a Tapada das Argolas (79), Covilhã Velha (86), parece indicar a continuidade de valorização da ocupação de locais estratégicos que dominam as vias tradicionais de circulação. Mesmo os povoados de encosta (tipo III) assumem esta particularidade. Em Castelos Velhos (11), apesar da visibilidade se encontrar orientada a uma única direcção por ocupar a encosta setentrional do monte, controla a saída natural da Guarda desde o Alto Mondego. Deste modo, inviabiliza-se na Beira Interior o que Martín Bravo atesta na província de Cáceres. De acordo com a autora (1999: 203) naquela região o controlo visual sobre a paisagem envolvente torna-se um aspecto secundário durante o Ferro Pleno. Temos vindo propositadamente a ignorar a organização interna dos povoados. Os dados que conseguimos recolher referentes a estruturas de cariz doméstico surgem 23 Não nos esqueçamos que o mesmo se verificava já no Bronze Final nos povoados relacionados com o Baixo Côa. 78 desarticulados e mostram ser insuficientes para que se produza um discurso coerente acerca dos mesmos. Condicionados pela carência de escavações assumimos uma postura de cauteloso silêncio relativamente a este assunto. Não obstante, e adoptando um modelo condicional de aproximação parece-nos possível estabelecer parâmetros relativos à dimensão de grande parte dos povoados ocupados no Ferro Pleno. Os nossos cálculos basearam-se, nos povoados integralmente muralhados, na área do perímetro definida pela estrutura defensiva. Quando nos vimos impossibilitados de utilizar este critério assentámos a nossa previsão nas características topográficas que poderiam individualizar um espaço, como a quebra de curvas de nível. Esta tarefa revela-se bastante adversa principalmente nos sítios onde as reocupações posteriores de época romana, medieval e até contemporânea foram mais intensas. Revelou-se mais adequada a criação de três intervalos de dimensão (tabela 2): povoados com dimensão até dois hectares, outro de dois a cinco hectares e, por fim, todos os sítios com uma área superior a cinco hectares. Este exercício, para além de facilitar a percepção de uma possível categorização, minimiza a probabilidade de erro inerente à atribuição de valores absolutos (apesar de podermos ser acusados de alguma subjectividade). Frequência percentual das dimensões dos povoados 4% até 2 hectares 29% de 2 a 5 hectares > 5 hectares 67% Com efeito, e se a área dos povoados do Bronze Final raramente ultrapassa os 0,5 ha, 67% (37) dos castros do Ferro Pleno incluem-se no primeiro grupo, de dimensão 79 média entre um e dois hectares. Trata-se de uma dimensão comum a todos os tipos de assentamento. Cerca de 29% (16) dos povoados ultrapassam os dois hectares, e só excepcionalmente atingem uma dimensão de 3,5 hectares. Entre estes últimos distinguem-se os sítios implantados sobre cabeços aplanados (tipo II) como a Covilhã Velha (86) (3,5 ha) e Tapada das Argolas (79) (4 ha), povoados de tipo I como o Castelo Mendo (1) (3 ha) ou inseridos no tipo V-A como o Cabeço das Mós (129) (4,5 ha). Este facto poderá denunciar uma certa incoerência no nosso discurso pois todos os sítios agora mencionados revelam uma ocupação do Bronze Final e, conforme sintetizámos, naquele período a área ocupada não deveria ascender os 0,5 hectares. Mas atentemos no povoado da Covilhã Velha onde R. Vilaça (et alii, 2000: 207209) distingue no limite norte da estação um pequeno cabeço que parece destacar-se da restante área. Esta circunstância leva a autora a diferenciar dois sectores distintos que poderão ter sido ocupados em épocas divergentes. De facto, os materiais recolhidos daquele local e que se reportam ao Bronze Final parecem encontrar-se delimitados àquele pequeno cabeço. Situação idêntica verifica-se em S. Miguel de Amêndoa (112) e Cabeço da Argemela (83) onde se identificam pequenos cabeços destacados dentro do mesmo planalto (“acrópoles”) que poderão ter sido ocupados durante o Bronze Final. Cremos que estas anteriores comunidades tenham restringido a sua ocupação nestes locais às áreas mais elevadas e destacadas. Durante o Ferro Pleno estes povoados serão preferencialmente reocupados pois, para além das boas condições de visibilidade se manterem, existe também espaço físico por onde expandir a área residencial. Facto que não sucede na grande parte dos povoados alcantilados do Bronze Final devido (juntamente com outros factores) à superfície habitável se encontrar bem delimitada pelas vertentes declivosas. Por fim, destacam-se os únicos casos em que a dimensão do povoado ascende os cinco hectares: o povoado de Castelo dos Prados (24) onde o perímetro da área muralhada contempla cerca de dez hectares e Monte Calabre (48) com oito hectares, ambos inseridos no tipo V-A. Perante este facto não nos podemos alhear da forte romanização de que estes sítios deverão ter sido alvo. Podendo, o Castelo dos Prados (onde são visíveis inúmeros materiais de época romana), num momento inicial de 80 ocupação do Ferro Pleno encontrar-se delimitado à zona meridional (mais reduzida) controlando visualmente o curso alto do Massueime. Dimensão dos tipos de assentamento Nº de povoados 12 10 8 até 2 hectares 6 de 2 a 5 hectares 4 > 5 hectares 2 0 I II III IV V-A V-B V-C Tipos de assentamento Este aumento generalizado da área dos povoados faz com que se expandam para zonas menos protegidas (não tão alcantiladas), tornando-se a defesa natural menos efectiva. Para compensar a diminuição das pendentes, e em contraste com o Bronze Final (onde se regista a sistemática ausência de defensibilidade artificial), 66% dos povoados do Ferro Pleno 24 ostenta sistemas defensivos (tabela 2), por vezes bastante complexos. Do ponto de vista construtivo as semelhanças são evidentes. Estas construções encerram uma tecnologia rudimentar baseada na utilização de pedra local partida, colocada a seco ou apenas com alguma terra de permeio, formando blocos compactos e contínuos que se acoplam ao terreno sem qualquer evidência da presença de contrafortes ou torres. A este propagado arcaísmo ou simplismo técnico contrapõe-se a morfologia destas estruturas que demonstram uma grande variabilidade de soluções. Confrontam-se modelos demasiado simples com outros por vezes bastante complexos. Este facto é facilmente empregado por diversos autores para recuar a cronologia de construção dos primeiros ou associar os segundos ao período romano e até medieval. No norte de 24 Não se tendo verificado qualquer assimetria ao nível dos diversos tipos de assentamento. Apenas, como a própria designação indica, os povoados abertos de planície (tipo IV) não ostentam estruturas defensivas. 81 Portugal a transição do milénio parece trazer consigo a complexificação dos sistemas construtivos (Martins, 1996: 128). De traçado simples (os mais comuns) podemos indicar as estruturas defensivas do Tintinolho (9) onde se distingue um muro de granito mediano, bem devastado com cerca de dois metros de largura e do Monte do Castelo de Monforte da Beira (61) que apresenta uma única linha de muralha composta por pequenos blocos de quartzito sobrepostos a seco. Ilustrativos de uma pretensa complexidade são as construções identificadas no Cabeço da Argemela (83), onde se percepciona um sistema triplo concêntrico, ou Covilhã Velha (86) com um sistema duplo bastante irregular (integrando muros radiais e apêndices (Vilaça et alii, 2000: 207-209). Em relação a este aspecto gostaríamos de individualizar a estrutura identificada na Quinta da Samaria (69). Contemplando uma simples técnica construtiva (pedra local não aparelhada disposta a seco) e contornando todo o povoado (excepto a Oeste de onde dispõe de boas condições naturais de defesa e se encontra delimitado por afloramentos graníticos) são visíveis a Sudeste duas estruturas semicirculares que se adossam ao pano exterior desta construção. Será dúbia a sua classificação como pequenas torres ou bastiões. No entanto, realçamos aqui a importância de que se reveste o esclarecimento desta e outras situações (como o hipotético fosso que Tavares Proença afirma existir no Monte de S. Martinho (55) (Vilaça, 2004d: 58), que poderão alterar o panorama hoje constatado. Outra característica por vezes evidente é a integração de grandes afloramentos naturais nas linhas de muralha. No Castelo Velho de Caratão (127) a estrutura defensiva constituída por blocos de quartzito adapta-se ao terreno e complementa-se com o afloramento natural aparelhado, evidenciando um traçado bastante irregular. Um dado curioso prende-se com a perpetuação de uma especificidade verificada no Bronze Final. Em certos povoados estas construções apresentam-se limitadas às vertentes de melhor acessibilidade. No entanto, diferenciam-se das outras por comportarem uma tecnologia de construção mais elaborada. É o caso do Cabeço dos Mouros (91) (Idanha-a-Nova) onde a estrutura defensiva se limita ao lado Sudeste (o 82 mais vulnerável) e é constituída por grandes blocos graníticos aparelhados na base onde assentam lajes de xisto de médio e grande porte. Analogamente, no Castelo dos Prados (24) a muralha (que ainda conserva alguns tramos com dois metros de altura) de pedra e cascalho batido com terra (solução tecnológica inovadora) apenas se expande pelas vertentes de pendente não acentuada. No Castelo de Mouros de Cidadelhe (22) o troço de muralha (Perestrelo, 2005: 82-83), que apenas contorna o cabeço do lado ocidental (o mais acessível), apresenta igualmente uma complexa solução tecnológica. Com cerca de 2,70 m. de largura, conta com as duas faces aparelhadas que sustentam o miolo composto por pedra miúda e terra. A par disto, encosta e integra na sua empena afloramentos rochosos devidamente aparelhados e junto à sua face interna foi identificado um alinhamento de pedra tosco que poderá ser classificado como muro interno de reforço (facto até agora inédito na Beira Interior). Por fim, salienta-se a existência de alguns sítios onde se encontra bem patente que a função destas muralhas não ficaria a dever-se unicamente a factores bélicos. Exemplo claro deste facto é a estrutura do Castelo da Cogula (47) que apesar de rodear todo o cabeço (alternando blocos de granito aparelhados com outros irregulares), teria uma funcionalidade não só defensiva mas também delimitativa do espaço habitado e de regularização do nível de circulação (ao permitir a realização de aterros). Facto a que parece estar também associada a estrutura que cerca o Monte Calabre (48). Na hora de atribuir uma cronologia a estas estruturas, esbarramos, uma vez mais, na falta de informações provenientes de escavações que nos possam elucidar de forma segura sobre os seus contextos de construção. Tanto no Noroeste português (Silva, 1986) como na província de Salamanca (Martin Valls, 1998: 176) a aparição de fortificações nos povoados é associada à pressão do mundo céltico ou celtibérico respectivamente, verificada a partir do século V/IV a. C. Para Álvarez-Sanchís (1999: 319), o advento dos castros fortificados reflecte o impacte demográfico (embora pouco significativo) de populações célticas, que juntamente com as muralhas importam novos padrões de enterramento como as necrópoles de incineração. Com o recuo da data de migração dos povos lusitanos aventada por J. Alarcão (2001), as alterações vividas na Beira Interior dificilmente se justificarão com teses de 83 invasão célticas. No entanto, o aparente fenómeno da celtização das comunidades lusitanas continua ainda por explorar. De facto, a análise de artefactos da Idade do Ferro identificados nesta região (ver capítulo seguinte) e a presença de três urnas cinerárias na área de Mação (Pereira, 1970: 256-259) poderão relacionar-se com uma possível influência celtizante destes grupos. Outro factor que terá contribuído para o muralhamento sistemático destes povoados deverá residir na inconstância e incerteza dos tempos marcada pela ameaça romana a partir do século II a. C. (Vilaça et alii, 2000: 211). Esta situação poderá também relacionar-se com os vários casos de ocultação de riqueza ou tesouros, compostos por jóias ou denários de prata, verificado no decorrer deste período. Facto atestado em sítios como Casal do Chão das Casas (113) (Vila Velha de Ródão), Soalheira do Barbanejo (61) (Monforte da Beira) ou Monsanto (95) (Fabião, 2004: 64) entre outros. Independentemente da motivação, objectivos (sempre revestidos de alguma subjectividade) ou da sua datação, a construção de muralhas de tão grande porte expressa um conjunto de sintomas comuns. Em primeiro lugar, subentendem a inversão de um assinalável trabalho comunitário (esforço comum) que envolve planificação prévia, capacidade de organização e um investimento considerável do ponto de vista material e de mão-deobra. Por outro lado, pressupõem um desejo de permanência e apropriação do espaço imediato (local), ou seja, um alto grau de sedentarismo. As muralhas são agora encaradas como verdadeiras referências visuais, estruturais e simbólicas que marcam a paisagem local. À menor densidade de povoamento contrapõe-se o aumento da dimensão dos sítios habitados que poderá indicar não só o aumento demográfico como também a concentração populacional. Ao verificar que na província de Cáceres o número de povoados parece ir em contínuo crescendo até ao Ferro tardio (Martin Bravo, 1999), podemos estar a incorrer num lapso motivado pela deficiente identificação ou classificação dos sítios protohistóricos. 84 Mas, perante os dados disponíveis, cremos que o povoamento do Ferro Pleno na Beira Interior esboça um modelo de expansão linear discontínuo-concentrado (Ellisson e Harris, 1972). Este arquétipo assenta na concentração populacional em determinadas áreas mais favoráveis e a sua ausência em tramas com menos recursos. Neste sentido, a dispersão do povoamento e a existência de grandes vazios parece coadunar-se com a inexistência de fricções pelo controlo ou exploração de recursos. No entanto, a sedentarização e aproveitamento dos recursos mais directos provocam a total reestruturação dos sistemas de exploração do meio envolvente, ou seja, da gestão específica de um espaço mais delimitado. Ao processo de elaboração de uma estrutura convencional do meio físico designamos de territorialidade, que tem como variáveis fundamentais a economia e a demografia. Assim sendo, e como temos vindo a demonstrar, os povoados tendem a instalar-se em pontos de importante valor estratégico, articulando a gestão de recursos de subsistência em áreas mais directas com o controlo das vias de comunicação e circulação, privilegiando as bacias fluviais por reunirem estas especiais conveniências logísticas. Não obstante, a subsistência baseada na agricultura (sociedades agrícolas) requer um uso ordenado da terra e, por arrasto, a sua categorização. Consequentemente, estas sociedades assumem um comportamento altamente territorial. Serão comunidades mais fechadas, autênticas unidades autónomas sem articulação supra territorial, que nobilitam a autarcia económica ou até mesmo o autismo (Vilaça et alii, 2000: 214). Paralelamente, continua por determinar se aqueles povoados (de maior dimensão) terão desempenhado funções de “lugares centrais” ou relações de complementaridade com pequenos sítios, dispostos pelos seus territórios de exploração (ou próximo destes), coordenando uma série de actividades e práticas. As relações de dependência entre povoados de grande dimensão (geralmente situados a uma cota superior e de onde a população deveria proceder) e pequenos sítios que dominam a planície (castros agrícolas) surgem documentadas no norte de Portugal (Martins, 1996: 129). Estas sociedades encontram-se assim integradas numa economia de exploração agrícola centralizada. 85 Este padrão, determinado no Noroeste, não se verifica nos grupos da Meseta Central (Férnandez Posse, 1998: 155-162) e apenas se regista um caso na Alta Estremadura espanhola (Martin Bravo, 1999: 202-203). Na Beira Interior torna-se penoso tecer quaisquer considerações sobre este assunto. Tem vindo a ser privilegiada a técnica de prospecção extensiva ou direccional, orientada geralmente para o topo de plataformas elevadas onde, “tradicionalmente”, se localiza o povoamento pré-romano. No entanto, recentes trabalhos de prospecção intensiva alcançaram resultados (com as condicionantes adstritas a este tipo de trabalho) que, devidamente estruturados, poderão revelar-se úteis para o início de discussão desta problemática na região. Referimo-nos, concretamente, ao estudo realizado por M. J. Ângelo que se desenvolveu em torno do povoado da Covilhã Velha (Quintas da Torre). Esta autora, ao percorrer intensivamente os campos localizados a sul e sudeste daquele povoado, identifica (para além de habitats de época romana e medieval) três sítios cuja cronologia poderá remontar ao I milénio a.C. A tarefa de atribuição de datações a sítios reconhecidos em prospecção mostra-se por vezes bastante ingrata. De facto, foi somente possível recolher um número reduzido de fragmentos cerâmicos, quase na sua totalidade informes. No entanto, a análise das suas pastas revela semelhanças evidentes com os materiais exumados no povoado da Covilhã Velha e que permitem datar uma das suas fases de ocupação do Ferro Pleno. Tendo em conta este aspecto, e enquanto não se esclarecem os contextos deposicionais daqueles locais, permitimo-nos, a título hipotético, considerá-los coetâneos daquela fase de ocupação. Referimo-nos aos povoados da Peixeira (100 B), Tapado Fundeira (105 B) e Cabeça de Boi (104 B) (Ângelo, 2003: n.º 30, 37 e 38 respectivamente). Todos eles se revestem de grandes semelhanças relativamente às características de implantação25 ou respectivo posicionamento e pela ausência de estruturas defensivas. Nesta vasta planície que aqui se forma, salpicada de suaves cabeços, denota-se a preferência de instalação (na totalidade dos casos) pela encosta sul de amplos outeiros. Facto que evidencia a procura de sítios abrigados dos ventos fortes vindos do norte. Outra circunstância comum reflecte-se na proximidade dos seus terrenos envolventes a abundantes linhas de água. O povoado da Peixeira encontra-se contíguo a diversos afluentes da ribeira de 25 Poderiam englobar-se nos assentamentos de tipo IV. 86 Taveiró e os povoados do Tapado Fundeira e Cabeça de Boi junto a vários cursos de água afluentes da ribeira de Turgalha. Neste sentido, podemos afirmar que se vêem envolvidos por terrenos bem irrigados e de grande potencialidade agrícola. Paralelamente, destaca-se a presença de grande quantidade de minério de ferro descortinada no sítio do Tapado Fundeira. Perspectivam-se nestes locais as condições naturais ideais para a prática de uma actividade agrícola intensiva. Mas será que podemos classificá-los de casais agrícolas (semelhantes aos identificados no norte de Portugal) dependentes de um povoado de maiores dimensões localizado nas suas cercanias a uma cota mais elevada, neste caso a Covilhã Velha (86)? Com a finalidade de esclarecer potenciais complementaridades, resolvemos traçar os territórios teóricos de exploração (Vitta-Finzi e Higgs, 1970) de cada um destes quatro sítios. Apesar deste modelo teórico (Site Catchement Analysis) assentar em algumas incongruências ou princípios discutíveis serviu-nos como “angariador” de pistas de aproximação a uma realidade passada difícil de captar. Os resultados devem ser lidos tendo em conta as diversas imperfeições ou limitações. Assim sendo, definimos os territórios potencialmente exploráveis de 15, 30 e 60 minutos do povoado da Covilhã Velha e somente de 15 e 30 minutos dos restantes (figura 2). Enquanto os territórios destes últimos comportam em toda a sua extensão terrenos de boa aptidão agrícola, o mesmo só acontece no povoado da Covilhã Velha nos terrenos que medeiam as isócronas de 30 a 60 minutos (Vilaça et alii, 2000: 213). É precisamente neste espaço, a sul / sudeste, que se sobrepõem os territórios de 30 minutos do Tapado Fundeira e Cabeça de Boi. Para além deste facto, verifica-se a intercepção dos territórios de 30 minutos dos três povoados de planície. Parece estarmos perante um núcleo de povoamento integrado numa economia de exploração agrícola centralizada. O sistema de complementaridades baseia-se na exploração intensiva dos terrenos férteis pelos povoados de planície, enquanto a Covilhã Velha, para além de coordenador de toda a actividade, remata este conluio ao controlar as vias de mobilidade e comunicação. Particularmente interessantes são igualmente os resultados provenientes da prospecção intensiva realizada em torno de Capinha (Fundão) ou, por inerência, em redor do povoado da Tapada das Argolas (Carvalho et alii, 2002). Este estudo demonstra que na área sul do seu território de 30 minutos potencialmente explorável (a 87 de maior aptidão agrícola, próximo do curso da ribeira da Meimoa), “gravitam” uma série de pequenos núcleos de povoamento, classificados como aedificia romanos (Carvalho et alii, 2002: 145 e Est. IV). As suas características de implantação não diferem muito dos povoados de planície atrás referenciados. Esta atribuição cronológica resulta da recolha de superfície nestes locais de materiais, por vezes em número bastante reduzido, característicos daquele período mas que também se poderiam classificar como de tradição indígena ou de época anterior (recipientes de armazenamento de bordo extrovertido). Com efeito, estes condicionalismos, intrínsecos à prática da prospecção, levam-nos a crer que, muito possivelmente, alguns daqueles sítios poderão ter sido ocupados durante o Ferro Pleno ou Tardio. Este problema prende-se com o facto da visibilidade/invisibilidade do registo arqueológico em prospecção. Aquele tipo de povoados de planície, de ocupação talvez estacional (na dependência de famílias que viviam no povoado central) ou que albergavam permanentemente pequenos núcleos não deixariam grandes evidências materiais no terreno. As reocupações posteriores, a que estarão sujeitos, eliminam por completo os seus vestígios de superfície, sendo estes casos apenas detectáveis a partir de escavações. Acreditamos, dada a insuficiência ou não abundância de terrenos de boa capacidade agrícola na Beira Interior, que muitos núcleos rurais de épocas posteriores (casais, quintas ou villae de vocação agrária) se instalem sobre casais agrícolas do Ferro Pleno, obliterando assim o seu registo arqueológico de superfície. Mais uma vez realçamos a carência de escavações que possam comprovar tais teorias. No entanto, neste particular dispomos de alguns casos que servirão de modelo exemplificativo do que propomos. Referimo-nos às estações de Olival Comprido II (116) (Abrantes), Fonte do Sapo (127 B) (Mouriscas, Abrantes) e Vilar da Mó (143 B) (Belver, Gavião) (Batata, 2002: n.º 218, 197 e 253 respectivamente). O primeiro sítio corresponde a uma villa, o segundo a um vicus e o último a uma aldeia, todos de época romana. Não obstante, as escavações aqui realizadas (à excepção do último 26 ) por Filomena Gaspar 27 vieram determinar uma prévia ocupação do Ferro Pleno. Tratam-se 26 Proposta de datação conferida por Batata (2002: n.º 253). 27 Devido à inexistência de publicação referente a estas intervenções, apoiamo-nos no que é relatado por C. Batata (2002) que teve acesso aos respectivos relatórios. 88 de sítios implantados em encostas suaves de pequenos cabeços que se dispõem ao longo dos terraços fluviais do Tejo (de grande fertilidade agrícola). Contudo, torna-se aqui bastante difícil definir supostos padrões de complementaridade entre estes e povoados de altura fortificados de mediana dimensão. Facilmente se verifica a proximidade (mas não a sobreposição de territórios teóricos de exploração) entre a estação de Fonte do Sapo e povoados como o Casal das Freiras I (117) e até Cabeço das Mós (129), ou do Olival Comprido II com a Fortaleza de Abrantes (122). Mas, a articulação de outros dados leva-nos a rejeitar, para esta região, as relações evidenciadas na Covilhã Velha (86) e possivelmente na Tapada das Argolas (79). Note-se que a existência de povoados de planície ou casais de vocação agrícola junto ao Tejo é um facto já antes atestado durante (pelo menos) o Bronze Final (onde defendemos a inexistência de relações de complementaridade). Por isso, esta particular apropriação do espaço contíguo ao Tejo poderá obedecer a matrizes impostas de tradição milenar, um regionalismo. A existência de povoados de grandes dimensões a par de outros (aparentemente coetâneos) de menores dimensões nas suas proximidades, invariavelmente tidos como “secundários” ou subalternos dos primeiros, poderá ser extremamente sugestiva (até tentadora) da possibilidade de se constituir como a materialização espacial de uma, várias vezes citada, “complexificação social”. Não obstante, a forte sedentarização e territorialização atestada provocar uma cristalização do sistema social, pensamos que não irá conduzir à formação de chefaturas mais complexas ou proto-estados. Atente-se, relativamente a este aspecto, na descrição geográfica das comunidades lusitanas que ocupavam o espaço entre Douro e Tejo que nos legou Plínio (4, 113). Este refere ao longo do litoral várias cidades (Talábriga, Emínio, Conímbriga, Colipo, Eburobrício e Olisipo) enquanto para o interior apenas cita populi. Perante tal distinção somos levados a presumir a existência de uma marcada dicotomia entre um litoral mais proto-urbanizado 28 e um interior (menos desenvolvido) onde deveriam subsistir as ancestrais práticas comunitárias (Fabião, 1992: 174). A fundação de Idanha- 28 Alguns autores alertam que o desenvolvimento urbano do litoral poderá corresponder já aos efeitos da romanização pelo facto de Plínio escrever em meados do século I d. C. 89 a-Velha, um núcleo populacional aparentemente levantado em lugar não habitado anteriormente, parece transparecer a intenção de criar um novo pólo regional (com funções administrativas) numa região onde o fenómeno urbano era inexistente. No entanto, escasseiam elementos em áreas residenciais que permitam determinar eventuais transformações sociais, políticas ou económicas e um conhecimento efectivo das necrópoles (espaços privilegiados para detectar desigualdades sociais). Apenas dispomos de dados provenientes de prospecções (quase sempre dirigidas) que permitem a identificação de sítios, a avaliação da dimensão das áreas ocupadas e operar recolhas de superfície, sem que tal contribua significativamente para uma caracterização das respectivas formas de ocupação, organização interna dos grandes povoados e da sua efectiva datação. Daí que as interpretações por nós aventadas para esta região, tanto da possibilidade de existência de pequenos núcleos rurais instalados nas proximidades de grandes povoados e que lhes complementam as bases de subsistência, como da inexistência de sítios proto-urbanizados, tenham de ser revistos com cautelosas reservas. Tais considerações carecem em absoluto da indispensável base empírica, que extrapole as recolhas e caracterizações de superfície, e que as permita definitivamente sustentar ou refutar. 6.3. A CULTURA MATERIAL 6.3.1. A CERÂMICA A notória escassez de elementos materiais datados do Ferro Pleno na Beira Interior condiciona, sobremaneira, qualquer tentativa de estudo abrangente que envolva esta temática na região. A falta de escavações ou parca publicação dos resultados, essencialmente do enquadramento dos materiais exumados nos respectivos contextos estratigráficos, é evidente nos povoados datados do Ferro Pleno. Poderemos afirmar que as únicas intervenções realizadas em contextos deste âmbito cronológico e que se encontram devidamente publicadas se resumem ao Sabugal (39) e Sabugal Velho (29). Não obstante, as posteriores reocupações verificadas nestes locais, vieram provocar o remeximento dos solos e a consequente destruição de estratos devidamente selados. Talvez por isso, as únicas cerâmicas que aqui se encontram publicadas se resumam aos elementos decorados (Osório e Santos, 2003; Osório, 2005a). 90 As recolhas de superfície efectuadas em assentamentos do Ferro Pleno, para além de fornecerem escassos materiais, raramente proporcionam elementos decorados e nunca formas completas. Por outro lado, grande parte destes povoados terá sido ocupada em momentos anteriores (sobretudo do Bronze Final e possivelmente do Ferro Inicial), pelo que muitas vezes estas recolhas carecem de seguros índices cronológicos. O Ferro Pleno caracteriza-se pela generalização de utilização de objectos em ferro e do torno do oleiro na elaboração da cerâmica. Contudo, surgem materiais em ferro em contextos do Bronze Final (nos povoados de Castelejo (41), Monte do Frade (104) e Moreirinha (96) (Vilaça, 1995a: 348-349) e as cerâmicas finas ao torno estão presentes em contextos do Ferro Inicial (no povoado da Cachouça (89) (Vilaça e Basílio, 2000), independentemente de terem ali sido ou não fabricados. A problemática agudiza-se ao tentarmos determinar uma cronologia específica para as técnicas decorativas que surgem nas cerâmicas associadas a este período. A decoração penteada encontra-se representada em contextos do Ferro Inicial (na Cachouça), embora prolongando-se até finais do Ferro Pleno. Contudo, apesar da cerâmica estampilhada ser também associada por alguns autores ao Ferro Inicial, na Extremadura espanhola parece surgir só nos finais do século V/ inícios do século IV a. C. (Martín Bravo, 1999: 242). Carecemos de materiais exumados em estratigrafia selada datada deste período que permita estabelecer um repertório formal que se possa enquadrar num quadro tipológico e sequencial. Perante tais limitações, apenas poderemos fazer uma breve abordagem aos recipientes cerâmicos que julgamos enquadrarem-se neste período. Teremos como ponto de partida o espólio do Castelejo do Tostão (114), por aqui ter sido o único povoado que permitiu a recolha de um espólio significativo e por parecer ter uma única fase de ocupação datada do Ferro Pleno e Quinta da Samaria (69). Verificamos, à partida, um aparente predomínio das produções ao torno em relação à cerâmica manual. Não obstante, qualquer uma delas comporta essencialmente dois tipos de fabrico: mediano e fino. As cerâmicas de fabrico mediano apresentam pastas onde são visíveis alguns elementos não plásticos de médio e baixo calibre, medianamente distribuídos. Apresentam uma cozedura redutora com arrefecimento oxidante. Um dos fragmentos encontra-se decorado no bojo por meandros incisos (Est. VIII - 4). Padrão registado 91 igualmente no Castelo Vieiro (23) (Perestrelo, 2004: 68-69) e Cabeço das Mós (129) (Batata, 2002: n.º 171). O fabrico fino apresenta pastas bem depuradas, de cozedura oxidante e coloração alaranjada e esbranquiçada. Este tipo de fabrico encontra-se presente no Castelo da Vieiro (Perestrelo, 2004: 113), Sabugal e Sabugal Velho (Osório, 2005a: 4446). Ambos os tipos de fabrico apresentam superfícies alisadas. Apenas se regista a presença de um tipo formal dominante que encerra, no entanto, algumas variantes. Trata-se dos grandes recipientes globulares ou ovóides de perfil em “S”, com colo pouco desenvolvido e bordo esvasado ou extrovertido, muito comum nos povoados do ocidente peninsular em contextos do Ferro Pleno e que podemos comparar ao tipo 19 de Martín Bravo (1999: 236 e fig. 103) para a Extremadura espanhola. Não obstante, algumas diferenças ao nível do bordo, que sendo extrovertido poderá rematar em lábio mais saliente, revirado, engrossado ou moldurado em aba, esta forma encontra-se muito bem representada em quase todos os povoados do Ferro Pleno da região. Para além do Castelejo do Tostão (Est. VIII – 1 e 2) refira-se a sua presença na Quinta da Samaria (69) (Est. VI – 2 a 4 e Est. VII - 1), Alfaiates (30) (Est. IX - 1), Matrena (27), Sortelha-a-Velha (101) (Est. IX - 2), Pedra Aguda (5) (Pereira, 2003: 79), Castelo Vieiro (23) (Perestrelo, 2004: 68-69), Sabugal (39) (Osório e Santos, 2003), Sabugal Velho (29) (Osório, 2005a: 44), Monte do Castelo de Monforte da Beira (61) (Canas, 1999: 303), Castro do Picoto (99) (Batata, 2002: n.º 6) e Santa Maria Madalena (109) (Batata, 2002: n.º 28). Por fim, uma breve referência aos recipientes cerâmicos decorados. As cerâmicas estampilhadas encontram-se presentes nos povoados do Jarmelo (10), Sabugal (39), Sabugal Velho (29), Tapada das Argolas (79) (Vilaça, 2005: figura 1), Quinta da Samaria (69) (Est. VII – 3) e Cabeço das Mós (129) (Batata, 2002: n.º 171). Verifica-se de imediato uma exclusão das zonas do curso médio e final do Côa e Beira Interior Sul (Mapa 9) que parece acompanhar a acentuada falta de investigação deste período nestas respectivas regiões. Apenas temos conhecimento dos motivos (feitos a matriz) representados nos fragmentos da Tapada das Argolas, Sabugal e Sabugal Velho. Na Tapada das Argolas verifica-se a repetição de séries de “S” (Vilaça et alii, 2000: figura 13-18), no Sabugal 92 ornitomorfos, círculos concêntricos e semicírculos concêntricos (Osório e Santos, 2003: 280-286), motivo que se repete noutros dois fragmentos no Sabugal Velho (Osório, 2005a: 44). Este grupo decorativo oferece, actualmente, alguns problemas de datação. Apesar de sistematicamente integrado no Ferro Pleno, a intensificação do estudo em contextos do Ferro Inicial (principalmente no Alentejo (Gamito, 1996: 112) e Norte de Portugal (Bettencourt, 2005: 26) relata o aparecimento (ainda pouco significativo) durante esta fase de motivos estampilhados. Deveremos, até se exumarem em estratigrafia selada e devidamente caracterizada, acautelar a atribuição de uma datação para este tipo de cerâmica com base em paralelos nas regiões vizinhas. A estas juntam-se as cerâmicas penteadas (ou “peinadas”) de influência do mundo mesetenho. Esta técnica decorativa encerra igualmente alguns problemas de atribuição cronológica pois surge na Bacia do Douro por volta da segunda metade do século VII / século VI a.C., tendo um período de vigência que se prolonga até ao século II a.C. (Álvarez-Sanchíz, 1999: 202). Coloca assim óbvias reservas e não oferece o mínimo de condições exigíveis para que seja considerado um “fóssil-director” tanto do Ferro Inicial como do Ferro Pleno (Férnandez-Posse, 1998: 156). Demonstrativo desta problemática é o facto destas cerâmicas estarem presentes em povoados com ocupação do Bronze Final como nos Alegrios, Ferro Inicial como na Cachouça e Ferro Pleno como no Castelo da Sr.ª de Monforte. Como podemos ver (Mapa 9) atesta-se o seu registo nos Alegrios (94), Cachouça (89), Sabugal (39) e Sabugal Velho (29), Castelo Velho da Meda (18), Castelo Velho de Seixas do Douro (51) e Castelo da Sr.ª de Monforte (4) (Vilaça, 2005: 19). Para além destes, aponte-se a referência fugaz à presença de cerâmica com entrelaçados incisos a pente em Pinhel (25) (Perestrelo, 2004: 75-76) e a dois fragmentos de bojo com decoração penteada do Castro de Santa Maria Madalena (109) (Batata, 2002: n.º 28). Por fim, de salientar a quase total ausência das cerâmicas pintadas de influência ibérica, procedentes das regiões meridionais da Península e cuja datação recua ao século V a. C., atingindo o seu apogeu no século IV/III a. C. (Férnandez Posse, 1998: 165166). Este facto apenas é contrariado pela presença de cerâmica ao torno com suaves bandas pintadas de cor vínica no Sabugal Velho (29) (Osório, 2005a: 44) e de um outro 93 fragmento com banda pintada no lábio proveniente da Quinta da Samaria (69) (Est. VII - 4). Perante os dados actualmente disponíveis parece-nos arriscado e até errado pretender extrair quaisquer conclusões acerca da distribuição destes materiais (mapa 9) ou interpretar o significado de presenças ou eventuais ausências dos mesmos. 6.3.2. A METALURGIA DO BRONZE Tal como as cerâmicas, os materiais metálicos do Ferro Pleno conhecidos reduzem-se a poucos achados casuais ou pontuais, dos quais, apesar de serem todos provenientes de povoados, não se conhecem (para a maioria) os seus contextos de deposição. Assiste-se a uma superioridade dos objectos em bronze face aos artefactos em ferro. Contudo, aqueles diferem do Bronze Final pois o uso do bronze parece agora restringir-se à produção de objectos ornamentais. O ferro é reservado ao fabrico de armas. Na estação romana de Póvoa de Mileu foram identificadas algumas peças em bronze (já referidas no capítulo 5.1.) que estarão certamente relacionadas com o povoado de Castelos Velhos (11) localizado a 100m para NE deste local. Falamos de um conjunto de fíbulas de “tipo Acebuchal”, fíbulas de fusilhão fixo “do período La Tène”, uma fíbula hispânica “tipo folha de loureiro” e um bracelete que parecem enquadrar-se num período entre finais do século VI e meados do século IV a. C. Apenas os referimos novamente, pois a diacronia cronológica que auferem demonstra que se por um lado os poderemos integrar nos finais do Ferro Inicial, por outro também poderão avançar até inícios do Ferro Pleno. Dada a ausência de informações concretas relativas às condições de seus achados, esta será mais uma questão que ficará em aberto aguardando o prosseguimento da investigação. O mesmo se aplica relativamente ao exemplar de fíbula de “tipo Acebuchal”, de pé voltado com botão terminal, datável do século VI – inícios do IV a. C. (Argente Oliver, 1994: 80) oriundo do Sabugal Velho (Osório, 2005: 44 e est. 19 nº 4). 94 Dispomos de mais quatro fíbulas integráveis num período mais tardio do Ferro Pleno. Nas escavações do castelo de Pinhel (25) foi recolhido um fragmento de fíbula anular de aro interrompido datável de um período que medeia os séculos III-I a. C., embora sobreviva até meados do século I d. C. (Perestrelo, 2004: 116). Os outros dois exemplares provêm do povoado da Tapada das Argolas (79). Um dos objectos enquadra-se na família das “fíbulas de cavalinho” 29 sem ginete e, segundo R. Vilaça (et alii, 2002-2003: 191), poderá integrar-se no tipo D2 de Almagro Gorbea e Torres Ortis (1999) ou Ponte 29.1 (Ponte, 2001: 311-317), datado genericamente entre os finais do século IV a. C e inícios do século I a. C. Este tipo particular, de cariz céltico peninsular, apresenta uma grande concentração de achados na região mesetenha e na Extremadura espanhola (Vilaça et alii, 2002-2003: 191). O outro exemplar corresponde ao apêndice caudal de uma fíbula de cabuchão do tipo 4h de Schüle (1969: 148), vulgarmente designada por “tipo transmontano”. Trata-se de um tipo muito disseminado em todo o Ocidente peninsular (embora se aceite que o seu centro difusor se encontre na Meseta), com peculiar incidência nos séculos III-II a. C. (Ponte, 2001: 332, cit. em Vilaça et alii, 2002-2003: 191). Registe-se a existência de uma outra peça semelhante proveniente do Monte de S. Martinho (55) (Leitão, 1988). Da Tapada das Argolas provêm ainda duas placas em bronze decoradas (uma subquadrangular, outra subtriangular) de difícil classificação (placas de cinturão?) que R. Vilaça (et alii, 2002-2003: 192 e figura 8 n.º 1 e 2), através da análise dos motivos decorativos que ostentam e de exemplares análogos encontrados na Extremadura espanhola, enquadra nos momentos finais da Idade do Ferro. Igualmente de difícil caracterização é a placa subrectangular em bronze, decorada com entrançados e ziguezagues gravados, recolhida nas escavações do Castro de S. Miguel de Amêndoa (112) (Pereira, 1970a: 253). Os cinco orifícios que apresenta, levam-nos a presumir que poderá tratar-se de uma placa de cinturão que seria fixada por rebites. 29 A. V. Rodrigues (2002: 66-67) menciona o aparecimento de uma fíbula de cavalinho em bronze no Castelo de Marialva (19). No entanto, trata-se de uma mera referência em que o autor não apresenta qualquer registo do dito exemplar. Pelo que, não o incluímos neste estudo e apenas alertamos para a necessidade de conferir este dado. 95 6.3.3. ARTEFACTOS DE FERRO Relativamente aos materiais metálicos em ferro pouco haverá a comentar, devido ao limitado e constrangedor número de objectos conhecidos. A conteira e espada de ferro provenientes da Tapada das Argolas são as únicas peças que se encontram devidamente estudadas (Vilaça et alii, 2002-2003: nº 16 e 17). A conteira de forma cónica e alvado subcircular deveria ser parte integrante de uma lança, o que só por si é pouco para a podermos integrar num período cronológico preciso. Por outro lado, a espada de ferro parece apresentar afinidades tipológicas com as espadas de “tipo La Tène” (escassamente representadas em Portugal), podendo assim integrar-se nos momentos mais tardios da Idade do Ferro (Vilaça et alii, 2002-2003: 192). Esta peça exibe a singularidade de se encontrar intencionalmente dobrada na zona mesial, o que poderá indicar uma prática ritual de inutilização de armas, normalmente associado a contextos sepulcrais. Por fim, M. H. Pereira (1970a: 244-251) dá-nos conta de um conjunto de materiais em ferro provenientes do castro de S. Miguel de Amêndoa: uma ponta de lança de falso alvado 30 , um escopro de lâmina com secção subrectangular, uma falcata (ou faca?) e um machado de alvião. Tratam-se de materiais de prolongada utilização, pelo menos adentro a época romana, cuja ocupação se encontra atestada neste local. Apesar de terem sido recolhidos em escavação (dirigida por João Calado Rodrigues nos anos 50), não dispomos de informação que integre tais elementos na estratigrafia do sítio. Deste modo, torna-se difícil determinar a que época específica estarão relacionados. Para além de se constatar o alto valor simbólico destes elementos (quer objectos de adorno em bronze, quer armamento em ferro), é difícil, dada a escassez de objectos ou pela sua aparente descontextualização, tecer muito mais considerações sobre esta temática. A tendência fortemente celtizante que aparentam muitas destas peças, deverá ser atestada e devidamente caracterizada com o prosseguimento da investigação. 30 Regista-se a referência ao aparecimento de uma ponta de lança em ferro próximo do povoado de Sortelha-a-Velha (101) (Monteiro, 1978), da qual não dispomos de informações suficientes para a incluirmos neste estudo. 96 6.3.4. A OURIVESARIA Uma das categorias mais carismática da cultura material dos finais deste Ferro Pleno é o que convencionámos designar por depósitos de joalharia em prata, vulgarmente apelidados de tesouros argênteos. Todas as peças se encontram já devidamente estudadas e publicadas (principalmente por Raddatz (1969) e o espólio proveniente de Monsanto publicado por Leite de Vasconcelos (1920) foi recentemente estudado por C. Fabião (2004), no entanto pensamos que levantam várias questões que merecem ser aqui brevemente debatidas. Trata-se essencialmente dos conjuntos procedentes do Casal do Chão das Casas (113) (Vila Velha de Ródão), Soalheira do Barbanejo (61) (Monforte da Beira) e Monsanto da Beira (95), constituídos por braceletes, torques, fíbulas e vasos de prata. De Monsanto contamos com dois braceletes de prata. Um é constituído por uma chapa laminar com extremidades rematadas de forma rectilínea onde se encontra decorado com matrizes e punções, muito semelhante a peças encontradas nos tesouros do Alto Guadalquivir (Fabião, 2004: 64). O outro exemplar é mais simples, apenas composto por uma chapa estreita planoconvexa com vestígios de decoração cinzelada. Do Casal do Chão das Casas regista-se a presença de mais um bracelete maciço aberto em prata. O conjunto dos torques é o mais representativo, onde Monsanto contribui com seis exemplares. Dois deles são mais complexos: um é constituído por arame filiforme de prata, com zona central batida (onde apresenta decoração pontilhada puncionada), com extremidades reviradas e fundidas formando olhais; o outro é formado por fio grosso de prata, ostentando na área central decoração aplicada em filigrana formando meandros entre faixas (Fabião, 2004: 64). Os restantes quatro objectos consistem em colares entrançados formados por três grossos fios de prata com extremidades rematadas em olhais. Enquadram-se nos chamados “torques ibéricos” onde se incluem igualmente os dois exemplares de Casal do Chão das Casas e os quatro elementos da Soalheira do Barbanejo. Neste último local foi ainda identificado um torque em ouro (a única peça neste metal) com entrançado mais elaborado (Parreira e Pinto, 1980: 8). 97 Os modelos que mais se assemelham a estes objectos de prata provêm dos tesouros de Badajoz (Raddatz, 1969: 200) e correspondem a tipos muito difundidos na área ibérica e celtibérica nos finais da época pré-romana. De Monsanto são ainda procedentes quatro fíbulas de prata, apenas com molas e fuzilhões em ferro. Duas apresentam um esquema idêntico aos modelos “La Téne I”, outra ao “tipo La Téne II” e a última, mais complexa, semelhante às de cavaleiro sobre arco com cena venatória sobre o pé e prótomos de cavalo no eixo (também característica dos esquemas técnicos formais de “La Téne”) (Fabião, 2004: 64-65). Todas têm os seus paralelos mais próximos na actual Andaluzia espanhola, maioritariamente concentrados no Alto Guadalquivir (Martín Bravo, 1999: 219). Por último, deveremos mencionar os quatro vasos de prata igualmente provenientes de Monsanto da Beira. Três deles possuem uma forma troncocónica e fundo hemisférico achatado, enquanto o outro apresenta um corpo mais globular e decoração incisa e repuchada (Gomes e Beirão, 1988). O destaque deste conjunto vai para o exemplar que ostenta uma inscrição (“grafito”) celtibérica com caracteres ibéricos de variante característica do Vale do Ebro (Martín Bravo, 1999: 220). Estes objectos encontram semelhanças com espólio referido no SE peninsular para contextos culturais do século III-II a. C. (Gomes e Beirão, 1988: 135). A primeira apreciação que poderemos fazer centra-se na concentração destes depósitos numa região delimitada da Beira Interior Sul. Por outro lado, verifica-se um auge de produções de objectos em prata na joalharia dos finais do Ferro Pleno em detrimento do ouro utilizado no Bronze Final. Segundo Martín Bravo (1999: 219), esta situação identifica-se igualmente na Extremadura espanhola, na Meseta norte e na celtibéria. Tal facto numa área tão afamada pelos seus recursos auríferos (“aurifer Tagus”), não ficará a dever-se certamente à dificuldade de aprovisionamento daquele metal. Parece antes demonstrar que o ouro deixa de desempenhar o papel emblemático que adquirira em épocas anteriores (nomeadamente no Bronze Final). Do mesmo modo, a produção ou utilização de objectos em prata poderá atestar a existência de contactos ou influências meridionais orientalizantes. O conhecimento do processamento técnico para obtenção daquele metal, o trabalho de transformação que 98 implicam e a decoração que ostentam tais artefactos presumem a existência de influências orientais que apenas terão chegado à costa levantina e meridional peninsular após o século VIII a. C. (Gomes e Beirão, 1988: 135). Este facto leva-nos a questionar onde terão sido produzidas ou quem serão os artifícies encarregues de transformar as peças em apreço. Se é certo que estes artefactos apresentam afinidades genéricas com vários conjuntos das regiões meridionais, C. Fabião (2004: 71) afirma que as mesmas conjugam igualmente um número apreciável de singularidades expressas essencialmente nas fíbulas de Monsanto. Circunstância que parece individualizar esta região e Extremadura espanhola face às duas tradicionais grandes áreas produtoras – a região meridional e o noroeste peninsular. Estes objectos poderão reforçar a tese que defende a presença de uma área autónoma em relação às anteriormente consagradas (Fabião, 2004: 71). Mas estas singularidades estilísticas permitirão falar de um novo centro produtor que abasteceria não só esta região como também a Extremadura espanhola? Para além de termos de equacionar a possibilidade destas peças terem chegado a esta região através das rotas de intercâmbio, também poderemos imaginar que tais caminhos estariam abertos à deambulação de especialistas familiarizados com as técnicas de ourivesaria orientalizante. Estes artifícies encarregar-se-iam de atender a demanda de pessoas mais destacadas da sociedade indígena, através da reprodução de protótipos exógenos ou na elaboração de raiz de um conjunto de adornos que apresentam novos esquemas de representação, outras iconografias de gosto conceptual eminentemente local ou regional. Esta conjuntura derivaria em pequenas variações regionais, pelo que em vez de um novo centro produtor, pensamos ser mais correcto determinarmos novas áreas culturais. Outra questão que poderemos colocar debate-se com o significado que tais depósitos encerram. A ocultação de valores é um fenómeno comum em diversos momentos da Antiguidade, que no entanto reservam distintos intuitos. C. Fabião (2004: 68) alerta para a possibilidade destas jóias, além de objectos de adorno e pelo seu valor intrínseco, poderem ser interpretadas como reservas de riqueza utilizadas como elementos de troca. Contudo, depois de analisar o conjunto de Monsanto, este autor 99 demarca-se desta apreciação conferindo àquelas uma única utilidade ornamental, utilizadas por determinado indivíduo ou grupos de elite local. O ocultamento de peças com estas características, que também nestes casos concretos surgem associadas a espécies numismáticos (denários de prata) é, de igual modo, atribuído a situações de instabilidade, designadamente movimentações militares. Nesta perspectiva, a sua datação parece relacionar estes conjuntos a episódios bélicos da conquista romana do extremo ocidental peninsular, nomeadamente com as guerras sertorianas. Uma outra justificação, não necessariamente exclusiva, poderá assentar na hipótese de constituírem o produto de saques efectuados nas regiões meridionais, facto que se encontra devidamente documentado nas fontes clássicas. Para melhor determinar o “agente da ocultação” ou as “circunstâncias do ocultamento” seria imprescindível dispormos de mais informação sobre as condições destes achados. De facto, sobre o depósito do Casal do Chão das Casas nada sabemos, e relativamente ao de Soalheira do Barbanejo apenas poderemos tentar associá-lo, devido à sua proximidade, com o povoado do Monte do Castelo de Monforte da Beira. Não obstante, o caso de Monsanto reveste-se de certas particularidades que nos leva a colocar algumas reservas em relação às simplistas classificações atrás expostas. Por um lado, é difícil de estabelecer, desconhecendo os contextos originais de deposição, se a existência destas jóias denuncia a presença de “chefes”. A possibilidade de estas terem sido aparentemente “importadas” do Alto Guadalquivir, uma área com organização social complexa, não valida, só por si, que o seu valor simbólico original se lhes tenha mantido adstrito. Nenhuma evidência comprovou até hoje que Monsanto tenha sido um lugar de habitat ou residencial durante o I milénio a. C. Paralelamente, lembre-se que este local é o mais impressionante monte-ilha de toda a Beira Baixa. As suas características topográficas e respectiva posição ou peculiaridades (vários afloramentos graníticos à superfície) fazem do monte de Monsanto um ponto de referência avistado a grandes distâncias. Alguns autores têm vindo a alertar para o significado que tais locais identitários poderão encerrar durante a pré-história (Tilley, 1996; Bradley, 1998 cit. em Vilaça, 2000a: 34). 100 Esta conjuntura leva-nos a supor que a este lugar estavam restringidas quaisquer actividades profanas. Seria um ponto para ser contemplado mas não habitado 31 . O povoamento processava-se no seu envolvimento em sítios como a Moreirinha e Alegrios (durante o Bronze Final, uma vez que para o Ferro Pleno não se conhece até ao momento nenhum povoado próximo de Monsanto). Caso se confirmem as nossas suspeitas, os artefactos aqui recolhidos poderão reflectir não um vulgar entesouramento mas sim depósitos votivos, simples oferendas a divindades. 31 A reserva de locais bastante destacados e ocupação de outros em seu redor não tão distintos parece não ser exclusiva desta região. Note-se, neste sentido, o povoado de Castelo Velho de Freixo de Numão (embora datado do Bronze Médio) que não se instala no local mais destacado da área mas sim num outro sítio (também eminente) de onde se tem uma visão privilegiada daquele – o monte de S. Gabriel (Jorge, 1995: 37). 101 7. A PROBLEMÁTICA SUBJACENTE AOS “CASTROS MISTOS” O problema da continuidade/descontinuidade ocupacional dos povoados do Bronze Final é um dos mais prementes para a compreensão da evolução do povoamento ao longo do I milénio a. C. De momento apenas se distinguem sítios com ocupações curtas e únicas de outros com mais de uma ocupação ao longo do I milénio a. C., embora nunca sequenciais. Estes foram designados por Leite de Vasconcelos (1895: 7, cit. em Vilaça, 2004a: 50) de “castros mistos”. Lugares como o Monte do Trigo (90), Alegrios (94), Moreirinha (96) e Monte do Frade (104) são abandonados nos finais do século IX ou primeira metade do século VIII a. C. (Vilaça, 1995a). Todavia, no povoado da Cachouça (89) verifica-se uma continuidade de ocupação até século VII-VI a. C. (Vilaça e Basílio, 2000). Por outro lado, 23 dos povoados (37%) que revelam uma ocupação do Bronze Final são novamente reocupados no Ferro Pleno, sendo que 17 destes são romanizados (vide tabela 2). Apesar disso, o reconhecimento de uma ocupação posterior ao Bronze Final não traduz, necessariamente, uma continuidade cultural. Desconhece-se, na Beira Interior, qualquer sítio que tenha revelado indícios seguros de uma ocupação estável e permanente ao longo do I milénio a.C. No entanto, se transitarmos da escala local (do povoado) para uma análise micro-regional, constata-se que todas estas áreas uma vez habitadas durante o Bronze Final, continuarão a ser sempre ocupadas. A existência de um padrão geral de continuidade civilizacional não apresenta rupturas profundas, apesar das situações de abandono de povoados e, sobretudo, do “depauperamento” de certos modelos de assentamento ou seu ressurgimento em moldes ligeiramente divergentes. Vários autores assentam a interpretação deste complexo fenómeno em oscilações demográficas, que estimulariam processos de crescimento e povoamento de territórios ou a sua inversa retracção e abandono de espaços anteriormente ocupados. Verifica-se ao longo do I milénio a. C. uma conjuntura que parece corroborar este aumento demográfico. Uma das circunstâncias que melhor o poderá documentar é a ampliação das dimensões dos povoados do Ferro Pleno. Este dado é, no entanto, rebatido por aqueles que interpretam tal situação como um exemplo de concentração da população e consequente decréscimo do número de povoados em relação ao Bronze Final. Contudo 102 o nosso estudo confere uma imagem algo discordante desta análise. Dos 93 povoados inventariados, 59 reportam-se ao Bronze Final (tabela 1) enquanto 55 se circunscrevem ao Ferro Pleno (tabela 2), não se assistindo a uma grande assimetria da porção de povoados ocupados durante aqueles dois períodos. Não obstante, a articulação de vários factores que aparentam espelhar um crescimento demográfico contribuirá para justificar outros como a intensificação de exploração de certos recursos, o aumento de tensões entre comunidades, a relevância adquirida pelas funções guerreiras e sequente complexificação das hierarquias sociais. Todavia, perante o leque de informações de que dispomos, abstemo-nos de aprofundar esta discussão que se transformaria num mero exercício retórico. Ao analisarmos os povoados do Bronze Final que denotam reocupações posteriores, apenas podemos traçar um conjunto mínimo de conjecturas tendo em conta as características comuns que ostentam. Um dos aspectos mais interessantes é expresso pelo facto de 14, daqueles 23 povoados, se localizarem sobre as linhas de fronteira entre populi que demarcámos (vide mapa 7), os que se convencionou chamar de “povoados sentinela”. Os restantes usufruem de amplo domínio visual sobre estes limes (como a Pedra Aguda (5) e Vilar Maior (46)), ou ocupam uma posição central nestes territórios (como Monte de S. Martinho (55) e Sabugal (39)). Todos se integram nos principais eixos de comunicação e exercem um controle sobre as principais vias de circulação naturais (vide mapa 6). Este facto poderá indicar a subsistência milenar tanto de corredores de circulação como da demarcação dos territórios dos diversos populi. Do mesmo modo, a manutenção (ou reocupação) de um conjunto de exemplares face à antiga malha de povoamento revela que não terá existido um efectivo colapso destas mesmas redes. A transformação que poderá denotar-se na sociedade não afecta necessariamente os principais vectores de continuidade de ocupação e controle de territórios cujas raízes se moldam no Bronze Final. Não obstante, continuamos por desvendar como o processo histórico, baseado na continuidade estrutural entre Bronze Final, Ferro Inicial, Ferro Pleno e até Romanização, evoluiu e se materializou. A falta de dados, que temos vindo insistentemente a invocar, não nos permite determinar a cronologia fina e a diacronia de ocupação destes povoados nem deliberar como é que estes interagiram neste diálogo transcultural. Assim que deixamos o Bronze Final, avançamos para um longo período onde os parcos e difusos vestígios conhecidos, dificultam e ofuscam o seu 103 reconhecimento. Cremos que a resolução desta problemática passará pelo incremento de acções que privilegiem o estabelecimento de bases definidoras que permitam a perfeita caracterização da Idade do Ferro na Beira Interior, nomeadamente do Ferro Inicial. Regista-se, nos 23 povoados que isolámos, um suposto hiato num período inicial da Idade do Ferro. Parece-nos incompreensível a existência de um fenómeno de convergência que determina a ocupação de um espaço no Bronze Final e Ferro Pleno intercalado por uma fase de abandono. Como adscrevemos, o Ferro Inicial é definido como o momento de “transição” entre o Bronze Final e uma verdadeira Idade do Ferro, o Ferro Pleno. Ao atestar-se a ocupação durante este período nos “castros mistos” acima referidos, estaríamos a comprovar a existência de uma continuidade ocupacional durante o I milénio a.C. naqueles povoados. No entanto, por simples que pareça, a definição de uma ocupação do Ferro Inicial ganha contornos bastante complexos pois não existem, até ao momento, quaisquer “fósseis directores” que o permitam individualizar e caracterizar. Os poucos povoados em que conferimos um período de ocupação do Ferro Inicial acusam, ao nível das estratégias de assentamento, uma diversidade que tanto se aproxima do Bronze Final como do Ferro Pleno. Relativamente à cultura material, nomeadamente o registo cerâmico, o exemplo da Cachouça (89) demonstra a existência de um certo arcaísmo (embora acompanhado com algumas inovações). Coexistem as formas carenadas e os potes de lábios serrilhados típicos do Bronze Final, com outros elementos, como as cerâmicas penteadas de influência mesetenha, que continuam a ser fabricados no Ferro Pleno. Julgamos que a observação de tão recorrentes descontinuidades nas dinâmicas de povoamento ficará a dever-se, essencialmente, ao profundo desconhecimento que ainda temos sobre os artefactos característicos (se é que realmente existem) da mais antiga fase da Idade do Ferro na Beira Interior. Por outro lado, ao identificarem-se materiais adscritos ao Bronze Final e ao Ferro Pleno num mesmo local, poderá constituir um bom indício de continuidade cultural nestas mesmas áreas. Com efeito, enquanto os trabalhos desenvolvidos se consubstanciarem em prospecções, que se resumem à identificação de novos povoados ou à recolha de materiais à superfície, este problema subsistirá. Urge traçar novos caminhos de investigação para que se considere o Bronze Final como uma fase cronológico-cultural 104 autónoma; o Ferro Inicial, apesar de um período de transição, como uma fase com identidade própria; e o Ferro Pleno como uma etapa adentro o século V a. C. que poderá resultar de vários e complexos factores. Como vimos (capítulo 5), a intensificação dos trabalhos que estão a ser desenvolvidos em locais como o Sabugal (39), Sabugal Velho (29) e Castelos Velhos ou Póvoa do Mileu (11) poderão contribuir para a desmistificação do Ferro Inicial naquelas regiões. No entanto, falar em continuidade não significa a manutenção da mesma lógica de relacionamento entre as populações e o espaço onde se instalaram. Cremos que a resposta adequada a esta controvérsia deverá ser encontrada em projectos orientados para uma escala regional. Com a realização de escavações conduzidas cientificamente de um conjunto de povoados que permitam identificar níveis selados, definindo-se assim critérios ergológicos para cada período enquadrados por datações absolutas e determinando as especificidades daqueles que são definitivamente abandonados e as particularidades dos que se mantém ou são novamente reocupados. Neste particular, apraz-nos destacar em especial a região da bacia hidrográfica do curso médio e final da ribeira da Meimoa, nomeadamente o caso dos povoados do Cabeço da Argemela (83), Quinta da Samaria (69), Tapada das Argolas (79) e Covilhã Velha (86). Para além da coerência espacial, revelam um conjunto de características comuns sendo interessante descortinar como terão interagido ao longo deste processo transcultural. Todos eles se situam sobre linhas de fronteira entre populi (vide mapa 7), dominando visualmente importantes áreas de circulação (vide mapa 6). Ambos revelam indícios de terem sido ocupados no Bronze Final, Ferro Pleno e (exceptuando a Quinta da Samaria) Romanizados. A qualidade e variedade do espólio conhecido ou recolhido em cada um deles, permite-nos ainda avultar os sítios da Quinta da Samaria e Tapada das Argolas. No primeiro, foi possível recolher vários fragmentos de taças carenadas (Est. IV), bordos serrilhados (Est. V – 2), recipientes ao torno (Est. VI - 2 a 4 e Est. VII – 1), um fragmento decorado com estampilha (Est. VII – 3) e outro com banda pintada (Est. VII – 4). Na Tapada das Argolas, para além da igual diversidade de formas cerâmicas, destaca-se a relevância do achado de um conjunto de metais (ímpar até agora na Beira Interior), que apontam para prováveis ocupações na transição do III para o II milénio a. 105 C, do II para o I milénio a. C. (Vilaça et alii, 2002-2003) e dos finais da Idade do Ferro para a romanização (Carvalho et alii, 2002). Importa verificar se estes locais terão sido ocupados na fase de transição entre Bronze Final e Ferro Pleno e, assim, comprovar ou refutar uma utilização contínua ou permanente durante o I milénio a. C. Pelo que ficou exposto, urge conhecer, através de novos projectos de investigação, a Idade do Ferro, afinal, uma das fases piores conhecidas da proto-história da Beira Interior. 106 8. A EXPLORAÇÃO MINERALÓGICA E A PRODUÇÃO METALÚRGICA NA BEIRA INTERIOR DURANTE O I MILÉNIO a.C. Às escassas informações existentes sobre a exploração de minério na Beira Interior junta-se a tarefa ingrata e quase impossível de detectar sinais evidentes dessa extracção durante o I milénio a. C. No entanto, a identificação de artefactos arqueológicos em certas explorações mineiras poderão abonar essa actividade em época pré-romana. O caso mais mediático reporta-se ao complexo das minas de cobre de QuartaFeira 32 (42) (Sortelha). Neste local foi recolhido a 12m. de profundidade um machado de talão de uma argola (Correia, 1905: 206). A presença de tal objecto e de outros cinco machados de pedra polida, identificados numa outra mina desta exploração, poderá certificar o antigo exercício desta actividade (Vilaça, 1995a: 86). Nas minas de Colmeal (na margem esquerda da ribeira da Gaia, Belmonte) foram também recolhidos quatro picos de rocha dura e um percutor que poderão associar-se à exploração estanífera na região em época pré-romana (Allan, 1965: 19; Domergue, 1987: 511 e Vilaça, 1995a: 78). A descoberta de um machado plano a dois metros de profundidade, quando se procedia à exploração aluvionar estanífera na zona do Cabeço da Quinta das Flores (Vela, Guarda) (Cardoso, 1959: 122-123, cit. em Vilaça, 1998b: 351), poderá aprofundar estas evidências. Em relação à exploração aurífera, a técnica privilegiada terá sido a lavagem de areias aluvionares através de canais abertos no solo e em poços (Fernández Nieto, 197071: 256) ou o uso da prática de batear. Este último trata-se de um método simples que desafortunadamente não perpetua qualquer tipo de vestígios arqueológicos. Para além disso, trabalhos posteriores (comportando técnicas mais destrutivas), terão sucessivamente eliminado estes testemunhos. 32 Tem vindo a ser referido na bibliografia (Domergue, 1987: 522 e Vilaça, 1995a: 86) que tal achado terá ocorrido na mina da Bica. No entanto, M. Osório (2005a: 37-38), após consultar os registos camarários de licenciamento, afirma que à data do achado apenas as minas da Tapada da Tenda e Vale de Arca se encontravam em funcionamento. 107 Com efeito, ainda hoje moldam a paisagem (junto aos terraços fluviais de alguns rios atrás mencionados) imensas cicatrizes resultantes de escavações a céu aberto, compostas por areia e cascalho, designadas localmente por “conheiras”. Os vestígios mais impressionantes encontram-se nas margens do Erges (junto a Monfortinho), da Meimoa (junto à Presa e Covão do Urso, Penamacor) (Allan, 1965: 17-19; Domergue, 1987: 511-512 e Sánchez-Palencia e Pérez Garcia, 2005) e das ribeiras de Codes e Codegoso (próximo das populações de Milreu e Lousa, Vila de Rei) (Barbosa et alii, 1998). Contudo, torna-se difícil estabelecer a sua época de laboração. Pensamos que estes vestígios mais acentuados se relacionem com a exploração em época romana. No entanto, evidencia-se uma relação de proximidade entre estas “conheiras” e alguns povoados com ocupação proto-histórica. A título de exemplo destacamos os casos do Castelo Velho do Caratão (127), Cerro do Castelo (111), Nª. Sr.ª da Confiança (110) (Batata et alii, 1999: 32) 33 . De facto, constata-se igualmente uma certa imediação entre povoados e zonas de extracção de metal noutros pontos desta região. Na área do Alto Zêzere (fértil em recursos estaníferos de aluvião) regista-se uma grande densidade de povoamento, tanto do Bronze Final como da Idade do Ferro 34 . Realçamos, entre outros, a posição do povoado da Quinta da Chandeirinha (53) (também, em relação a este aspecto, referido por R. Vilaça (1998b: 351) e o da Serra da Rachada (75), implantados numa situação dominadora sobre esta região mineira. Mas que significará esta relação de proximidade? Poderemos aventar a hipótese de estarmos perante povoados mineiros? As evidências arqueológicas apuradas nos povoados escavados por R. Vilaça (Castelejo (41), Cachouça (89), Monte do Trigo (90), Alegrios (94), Moreirinha (96), Monte do Frade (104)), assim como Monte de S. Martinho (55), Castelo Velho de Caratão (127) ou Cabeço da Argemela (83), demonstram a prática da metalurgia através da presença de moldes, cadinhos ou pingos de fundição (Vilaça, 1998b: 351). Esta 33 Para além de outros sítios mencionados no catálogo B, onde destacamos o Monte da Picota (108B) pela posição de absoluto domínio visual que apresenta sobre o rio Erges. 34 Note-se também relativamente a esta região a grande concentração de povoados ainda não confirmados, assinalados no catálogo B. 108 circunstância permite considerar que em cada povoado se desenvolvessem trabalhos de redução e transformação do metal. Contudo, R. Vilaça (1998b: 351) aponta para uma produção muito modesta que indicia a existência de “povoados metalúrgicos” mas não povoados mineiros durante o Bronze Final. Não obstante, sobre a mineralização do ferro, esta questão continua envolta numa mais acentuada obscuridade. Assistimos no Sabugal Velho a uma proximidade com minérios de ferro que terá sido certamente explorado no período alto medieval, transformando este local em povoado mineiro (Osório, 2000c). No entanto, sobre a possibilidade de uma exploração artesanal deste minério na Idade do Ferro não existem sinais materiais seguros que induzam tal acção. Próximo do povoado do Castelo Vieiro (23) (na vertente Este) foram identificadas grandes quantidades de minério de ferro em bruto e escórias resultantes da sua metalurgia. Também no povoado da Tapada das Argolas (79) regista-se o mesmo facto numa área planáltica imediatamente adjacente a NE deste local. Para além destes, evidencia-se a presença de níveis consideráveis de escórias de ferro nos povoados de Castelos Velhos (11) (Guarda), Castelo dos Prados (24) (Pinhel), Tapada do Castelo (17) (Longroiva) e Cabeço das Fráguas (8). No entanto, estes indícios são insuficientes para que se possam tecer grandes comentários a seu respeito. Continuamos sem ter noção da capacidade tecnológica das comunidades da Idade do Ferro para extrair ou produzir tal metal. Por outro lado, enquanto não se realizarem escavações nestes povoados, teremos que colocar reservas a estes indicativos pois a totalidade destes locais evidencia uma continuidade ou reocupação durante o período romano. 109 9. AS VIAS DE CIRCULAÇÃO NATURAIS NA BEIRA INTERIOR DURANTE O I MILÉNIO a. C. Ao adscrever-se o “poder” no Bronze Final ao domínio das vias de circulação (Vilaça et alii, 2000: 214), motivado essencialmente pela cobiça de determinados recursos (principalmente os metalíferos) e pela intensidade e diversidade das trocas inter e supra regionais, torna-se imprescindível a tentativa de traçar essas linhas de comunicação da antiguidade pré-romana. Falamos de comunidades que teriam uma relação de aproximidade com o espaço que habitam e que constitui a sua área de exploração. É indiscutível a importância das relações de mobilidade que compuseram as estruturas de interacção entre os grupos do I milénio a.C. No entanto, a invisibilidade dos caminhos antigos ou a carência de estruturas e elementos construtivos reconhecíveis fisicamente dificulta sobremaneira este tipo de estudo. O esforço na sua dissecação deverá assentar essencialmente em contextos geográficos, concentrados nas características hidro-orográficas de uma dada região (Vilaça et alii, 1998: 35), que poderão delinear vias naturais de circulação. Esta análise deverá conjugar-se com a articulação dos espaços ou lugares imediatos (habitats), tendo em conta uma certa atemporalidade quando se ensaia a decomposição da paisagem de outrora. Neste sentido, nunca poderemos afirmar com segurança total qual a estrutura exacta destes caminhos, mas apenas “intuir e sugerir os seus rumos e orientação e zonas habituais de passagem” (Vilaça et alii, 1998: 35). A Beira Interior terá sido um local de confluência de diferentes tradições culturais, especialmente oriundas do mundo mesetenho continental e mundo litoral atlântico. Para tal, deverá ter contribuído uma situação e posicionamento próprios, aliados a uma variedade de recursos, que terão transformado esta região numa passagem obrigatória entre Norte e Sul. Esta região interior encontra-se “limitada” a Norte pelo Douro e a Sul pelo Tejo, duas das mais importantes redes fluviais da Península Ibérica. As bacias destes dois rios rasgam esta ampla região através dos seus afluentes (alguns poderão considerar-se importantes vias naturais de circulação) diluindo-se na área setentrional da Beira Baixa, com o prolongamento de um braço do Tejo pelo Alto Zêzere e das águas do Douro pelo Alto Côa (Vilaça, 2000b). Destaca-se, no entanto, o rio Tejo que poderá ser considerado 110 também um eixo flúvio-marítimo reconciliando a região interior e continental do oriente peninsular com o litoral atlântico (Vilaça, 1998a: 205; Vilaça et alii, 1998: 37). A orografia, marcada pelas serras da Cordilheira Central, beneficia e facilita igualmente a fluidez na Beira Interior. Entre os “corredores naturais” de circulação mencionamos, em primeiro lugar, o que se forma (ao longo de 10 Km.) entre a Gardunha e a Malcata/Mesas (Ribeiro et alii, 1987: 151), tantas vezes invocado por R. Vilaça (et alii, 1998: 36; 1998a: 205; 2004: 43). Outro curso natural de extrema importância encontra-se expresso pela Cova da Beira. Este “acidente” geográfico terá tido um papel assinalável em relação às influências provenientes da meseta ocidental, abrindo-se a noroeste até às faldas do planalto Guarda/Sabugal (Vilaça, 2004: 43). Mais a norte, a extensa superfície do planalto mesetenho é delimitada a ocidente pela denominada falha ou depressão de Longroiva (Ferreira, 1971). Este acidente tectónico forma um extenso vale (“graben” de Longroiva) que se prolonga até Vilariça (Silva e Ribeiro, 1991: 7), constituindo uma excelente via de comunicação natural que facilitaria a circulação até à região setentrional do rio Douro. Os factores económicos terão igualmente viabilizado a delineação de caminhos. O aproveitamento de variados recursos deverá ser entendido através da interacção dos grupos em articulação com a sua respectiva área de exploração, que comportará decerto um conjunto de percursos pendulares de ida e volta. Facto que expressará um modo de territorialização (Vilaça et alii, 1998: 37). A abundância de recursos metalíferos terá contribuído para a instalação de “rotas emblemáticas” (Vilaça et alii, 1998: 37). Interligavam-se as zonas de extracção mineira (matéria-prima), zonas de produção metalífera e zonas de escoamento de produção. Este facto materializa não só a afluência de pessoas vindas de fora, como também a intensificação de trocas que poderão ter sido de longo curso. A presença de âmbar originário do mar Báltico no povoado da Moreirinha (Beck e Vilaça, 1995) deverá ser demonstrativo da existência de relações “comerciais” de longo alcance (Kalb, 1998: 163). Outra actividade como a transumância merece a nossa atenção. A tentativa de demonstrar que este modo peculiar de racionalização da criação de gado poderá remontar à proto-história encontra-se envolta de grande polémica. No entanto, pensamos dever aqui reter-nos um pouco. Caso esta remota antecedência se verifique 111 podemos retirar pistas interessantes da análise daqueles caminhos ancestrais que se definiram ao longo dos tempos e perduraram, na Beira Interior, até há escassas décadas atrás. Não nos esqueçamos que a transumância para além de fruto de condicionalismos físicos (oro-climáticos), humanos e históricos é, também, um movimento de Homens. As teorias que vigoram sobre o pastoreio antigo na Península Ibérica encerramse num certo extremismo de opiniões. De um lado, encontram-se os defensores de que esta actividade terá sido importante na Antiguidade e que, na ausência de testemunhos, baseiam os seus argumentos nas características oro-climáticas das regiões e na tradição de anos recentes. Do outro, deparamo-nos com quem refuta tal pressuposto por falta de vestígios que o creditem, acusando aqueles de assentarem as suas deduções num anacronismo ao extrapolar para o passado remoto práticas recentes. Entre os defensores de uma prática ancestral da transumância devemos destacar o trabalho de E. Gálan Domingo e M. Ruiz Gálvez Priego (2001). Estes autores situam no IV milénio a.C. a transformação do bosque mediterrâneo em pastagens para aproveitamento pecuário, associando mesmo as estátuas menires e petroglifos a rotas de transumância. Os textos deixados pelos autores clássicos revestem-se, em relação a este assunto, de uma certa ambiguidade que ambas as facções utilizam nas suas argumentações. No que concerne a este ponto, gostaríamos de salientar a interpretação que J. Sánchez Corriendo Jaén (1977) compõe de uma série de textos de Tito Lívio que registam, entre os anos 193 a 180 a.C., embates anuais entre tropas romanas e os lusitani na região do Guadalquivir. Estas contendas têm sido associadas ao pretenso bandoleirismo imperante entre os povos lusitanos (Garcia Bellido, 1945). No entanto, aquele autor, ao constatar que os incidentes aparentam ter sido provocados pelos romanos e que terão decorrido sempre na primavera ou outono, conclui que estes grupos de lusitanos (que visitavam o vale do Guadalquivir) seriam pastores e não ladrões (Sánchez Corriendo Jaén, 1977). O facto das fontes latinas os considerarem tão desfavoravelmente explica-se considerando que dispomos de uma única versão dos conhecimentos, que deverá beber directamente as informações triunfalistas que os governadores da província enviavam a Roma. Por outro lado, parece ser generalizada a má fama dos pastores na antiguidade. Basta recordar que Orosio (5, 4, 1) apresenta Viriato como homo pastoralis et latro. Apesar de interessante, não deixaremos de colocar reservas a esta exposição de Sanchéz Corriendo Jaén que deverá, contudo, contribuir para engrossar o rol de 112 interpretações sobre o belicismo dos povos lusitanos, sistematizadas recentemente por J. Alarcão (2001: 338-342). Embora se continue por esclarecer se a prática da transumância poderá remontar à Antiguidade, daremos conta de algumas destas rotas expressas em bibliografia específica. No entanto, estas deverão ser encaradas como mero ponto de referência pois cremos que estas vias, mesmo que ancestrais, serão certamente mutáveis. Uma multiplicidade de factores como a guerra, mercado de lã ou a própria preferência do pastor poderá condicionar o traçado destas rotas. A sua análise consubstanciada numa visão estática e intersecular utilizando um método comparativo, resultará numa incorrecção pois não tem em conta realidades históricas e geopolíticas distintas. A contemplação de paisagens imobilizadas (sobretudo em áreas montanhosas) definidas como “reservas de tradição” não deve deixar de considerar todo o tipo de mutações conjunturais. Por fim, outro elemento para a discussão. É um dado adquirido que as vias romanas foram um elemento fundamental para a romanização da Península Ibérica. Mas terão esses caminhos sido criados ex novo por romanos? Parece-nos plausível asseverar que os caminhos frequentados pela população indígena ou as rotas habituais de passagem de origem ancestral, possam estar intimamente relacionadas com algumas das futuras vias romanas, pelo menos as secundárias. 9.1. CAMINHOS E ZONAS DE PASSO. Tentaremos esboçar os principais e sempre hipotéticos caminhos pré-romanos (Mapa 6) 35 , tendo em conta as informações que diversos autores têm reunido a partir da análise dos pressupostos atrás explanados. Uma das fontes mais preciosas para este estudo encontra-se consubstanciada no trabalho de R. Vilaça et alii (1998). Um dos principais trajectos apontado por aqueles (1998: 40) partiria da região de Vila Velha de Ródão e seguindo o curso do Ponsul alcançaria o Monte de S. Martinho (55) e seguidamente a região dos povoados do Monte do Trigo (90), Cabeça Alta (87), Idanha-a-Nova (88), Cachouça (89) e Cabeço dos Mouros (91). Aqui derivava um outro caminho oriundo de Malpica do Tejo (Monte 35 Este mapa deverá ser apenas encarado como uma ferramenta de apoio ao texto que se segue. 113 de S. Domingos (60)) e Monforte da Beira (61). Desta zona a via inflectiria para oriente rumo a Norte acompanhando a linha de povoados da Moreirinha (96), Alegrios (94), Pedrichas (100), Monte do Frade (104) e Cabeço do Escarigo (81). Deste ponto vários trajectos se proporcionavam: para a região do Alto Zêzere através do corredor natural que se forma entre Gardunha e Malcata; para a zona do Alto Côa e extremo ocidental da Meseta por Vale da Sr.ª da Póvoa (106), Castelejo (41), S. Cornélio (43) e Vilar Maior (46); para a Cova da Beira, a ocidente, aproveitando a bacia da ribeira da Meimoa seguindo ao largo de povoados como a Tapada das Argolas (79), Pedra Aguda (78), Quinta da Samaria (69) ou Cabeça Gorda (84). Este trânsito para a Cova da Beira poderia igualmente efectuar-se através da rota delineada pelos povoados da Covilhã Velha (86) e Cabeço da Argemela (83) ou de sul cruzando os contrafortes da Gardunha. Neste sentido, julgamos possível perspectivar o caminho que apartava da região de Abrantes, junto ao Tejo (cruzando povoados como Amoreira (118), Quinta da Pedreira (119), Olival Comprido II (116) e Casal das Freiras I (117)) e que chegando ao Ocreza flectia para norte (passando por Castelo Velho da Zimbreira (126), Cerca do Castelo (108) e Cabeço dos Castelos (107)), e circulando pelo sopé das serras de Alvélos e Muradal chegaria às faldas sul da Gardunha (Castelo Velho de Louriçal do Campo (58)). As futuras vias romanas parecem, em certos troços, decalcar este traçado (Batata, 2002: estampa XIV). A circulação dirigida à Cova da Beira e, mais especificamente, para a região do Alto Zêzere remataria um papel assinalável pela firmada riqueza estanífera. A ligação para a periferia do planalto Guarda/Sabugal poderia efectuar-se por um corredor que se estende até S. Estevão/Alto do Mosteiro. Vencendo-se este desnível atingia-se a bacia do Côa que, segundo López Jimenéz (2002: 236), mantém bem conservados alguns caminhos tradicionais de passagem (nomeadamente na parte mais alta e encaixada). Aquele autor sugere assim vários caminhos: Sabugal (39), Caria Atalaia (38), Ponte do Sequeiro, Almeida e Castelo Rodrigo e Sabugal, Castelos do Ozendo (37), Souto (40), Sabugal Velho (29), Lajeosa em direcção ao Cabeço das Mesas (López Jiménez, 2002: 236-237). Pensamos ser possível traçar dois outros possíveis caminhos que beneficiariam dos vales da ribeira das Cabras e da ribeira de Massueime. Do Castelo Mendo (1) poderia rumar-se em direcção de Castelo Mau (2), Pinhel (25), Alto dos Sobreiros (20), Bogalhal Velho (21) (confluência da ribeira das Cabras com o Côa) e Castelo de Mouros de Cidadelhe (22) (confluência da ribeira de Massueime com o Côa); ou seguir 114 uma rota por Jarmelo (10), Castelo dos Prados (24), Castelo Vieiro (23) e Castelo de Marialva (19). Ambas parecem ir derivar a Longroiva (17) onde, através do seu extenso vale, se efectivava o trânsito para o planalto beirão e norte do Douro. Em relação às rotas de transumância desta região ressalta um ponto em comum que se concretiza no local de partida: a Cordilheira Central. Desta região os gados partiam para invernar no Vale do Douro, atravessando terras como Castelo Rodrigo e Castelo Melhor (como comprovam os forais destas populações) ou, com mais frequência, para as Campinas de Idanha (Rosmaninhal, Malpica do Tejo, Zebreira e Segura) e terras de além Tejo (Oliveira, 2000: 35). Uma das rotas mais conhecidas é-nos transmitida por Orlando Ribeiro (194041). Os gados oriundos de Sabugueiro, Valezim ou Loriga atravessavam a Serra da estrela em direcção a Unhais da Serra e Tortozendo até alcançar a Cova da Beira. Daqui rumavam por Fundão, Alpedrinha, Vale Prazeres, Orca, S. Miguel de Acha, Oledo e Idanha-a-Nova. Outra via conhecida seria a que de Manteigas se direccionava por Aldeia do Carvalho, Fundão, Alpedrinha, Alcongosta, Soalheira, Lardosa, Escalos de Baixo, Escalos de Cima, Ponte do Moinheco, Ladoeiro e Rosmaninhal (Oliveira, 2000: 41). Em alternativa ao Fundão poderia derivar por Valhelhas, Belmonte, Capinha, Penamacor, Pedrógão, Proença-a-Velha e Idanha-a-Nova (Oliveira, 2000: 41). Apesar das reservas relativas à antiguidade destes traçados, não podemos deixar de evidenciar a sua importância no acesso à Cova da Beira/Alto Zêzere (zona de riqueza estanífera) e à bacia do Tejo e seus afluentes (área de riqueza aurífera). Para além disso, a importância que retomam nos contactos com o planalto beirão, vale do Douro/meseta ocidental e Tejo. Um outro aspecto curioso consubstancia-se na proximidade, que parece estar latente, entre estes itinerários e alguns povoados (mapa 6). 115 10. A ARTE RUPESTRE NA BEIRA INTERIOR DURANTE O I MILÉNIO a. C. A arte rupestre é uma das manifestações artísticas do passado de maior notabilidade. É geralmente considerada como exponente da criatividade humana e documento único sobre formas de vida, da sensibilidade e das crenças das sociedades que a produziram. Numa época em que a escrita é desconhecida (ou ainda incipiente e, por enquanto, indecifrável), as informações que podemos retirar através da análise de algumas gravuras poderão ser consideradas como complemento valioso para o conhecimento de alguns aspectos das comunidades do I milénio a. C. No entanto, os nossos limitados conhecimentos relativamente a esta temática não nos permitem traçar novas conjecturas ao nível das características formais e tecnológicas deste fenómeno. Este pequeno texto deverá ser entendido como uma exposição dos principais resultados da investigação arqueológica referentes à arte rupestre do I milénio a. C. na Beira Interior. Centraremos a nossa análise nos motivos representados e sua situação geográfica ou ligação com o meio ambiente observável. Neste sentido, teremos em linha de conta três conjuntos artísticos 36 que se apresentam amplamente estudados e divulgados: o Côa e Alto Douro (figura 3), o Vale do Tejo e a bacia hidrográfica do Zêzere (figura 6). A arte sidérica constitui, a seguir ao Paleolítico Inferior, o momento mais relevante da arte rupestre do Vale do Côa e Alto Douro. Foram aqui identificados 18 núcleos distintos (Baptista, 1999) que comportam diversas gravuras, classificadas da Idade do Ferro (figura 3), obtidas através da incisão filiforme por intermédio de ponta fina metálica ou lítica (Luís, 2005: 45) em suporte de xisto. A representação da figura humana, geralmente armada e/ou a cavalo é a temática dominante. Nestas composições, surgem igualmente figurados animais (cavalos, canídeos e cervídeos) e armas (lanças, falcatas e escudos). 36 Limitaremos a nossa análise a estes três núcleos de arte rupestre. No entanto, na base de dados Endovélico (Instituto Português de Arqueologia) surgem mencionadas inúmeras gravuras do I milénio a. C. (nomeadamente no concelho da Covilhã) que resolvemos excluir desta apresentação por não se encontrarem devidamente estudadas ou publicadas e, assim, o nosso conhecimento sobre elas ser bastante redutor. 116 Em alguns destes painéis surgem representadas cenas ritualizadas de carácter simbólico (Baptista, 1999). Mas quem se encontra aqui caracterizado? Nas rochas 1 e 3 da Vermelhosa encontram-se figurados guerreiros. No primeiro exemplo (figura 4) podemos ver um guerreiro montado a cavalo, segurando na mão direita um dardo, com elmo e cintura contida por um cinturão (Baptista, 1999). Por sua vez, a rocha 3 deste conjunto (figura 5), apresenta uma luta entre dois guerreiros onde se vislumbram certos pormenores referentes aos trajes rituais: largos cinturões, enfaixamento das pernas (da figura maior) e algumas armas como os dardos de arremesso e pequenos escudos circulares com espesso umbo central (Baptista, 1999). Quando atentamos na descrição dos Lusitanos feita por Estrabão (III. 3. 6) defrontamo-nos com certos aspectos comuns. Este autor clássico refere que os Lusitanos “ (…) usam um pequeno escudo de dois pés de diâmetro, côncavo para diante, suspenso com talabartes de couro: com efeito não possuem, nem braçadeira, nem asa. Além disso, usam ainda um punhal ou gládio (kopis). A maior parte usa couraças de linho, alguns poucos couraças de malha metálica e capacetes de tríplice cimeira, ao passo que os demais têm elmos de nervos. Os peões usam também polainas de couro, e cada um traz diversos dardos; e alguns, lanças com pontas de bronze (…)”. De facto, as características da indumentária bélica e das armas referidas nesta passagem são idênticas às que se encontram figuradas naqueles painéis. No entanto, este facto, só por si, é insuficiente para demonstrar que o populus que ocuparia esta região (neste caso muito possivelmente os Medubrigenses) se integraria no grupo dos Lusitani 37 . Todavia, deverá ser um dado a ter em conta no cruzamento com os vestígios ocupacionais e materiais proto-históricos da área envolvente. Contudo, e por oposição à arte rupestre, a ocupação do I milénio a. C. do Baixo Côa é praticamente desconhecida. Outro aspecto interessante é a sistemática representação da figura antropomorfa com cabeça rematada em perfil aviforme, apresentando semelhanças com a silhueta humana. Este pormenor (presente nas rochas 1 e 3 da Vermelhosa e rocha 3 de Vale de Cabrões) sugere a utilização de máscaras, devendo possivelmente constituir mitografias, comuns no imaginário artístico destas comunidades (Baptista, 1999: 173). 37 Ao verificar-se este pressuposto, poderíamos comprovar que o território deste grupo étnico se estendia até às margens do Douro. 117 A configuração de cabeças aviformes em corpo humano é usual na mitologia de diversas culturas. A título de exemplo podemos mencionar os deuses Horus e Íbis no antigo Egipto e o deus Harappa na religião Indu 38 . Destaca-se, na representação do painel da rocha 3 da Vermelhosa, outro aspecto curioso. Ambos os guerreiros aqui impressos detêm um proeminente falo em forma de serpente (distingue-se facilmente a cabeça viperina triangular e a língua bífida). Julgamos que os ofídios deveriam igualmente integrar o pensamento mítico destas comunidades. É dado como consensual o papel activo desempenhado pelas serpentes nas diversas religiões ao longo dos tempos. Este animal surge vulgarmente associado a deuses, lugares sagrados ou servindo como símbolo de fertilidade. Este motivo surge também representado no Vale do Tejo e bacia hidrográfica do Zêzere. Estes dados permitem-nos deduzir que a sociedade que produziu estas gravuras transparece um simbolismo complexo e de tipo guerreiro. As cenas representadas nestes painéis parecem efectivar uma sacralização da guerra, verificando-se uma ligação entre o guerreiro e o divino. O círculo artístico do Vale do Tejo apresenta igualmente uma ampla variedade de iconografias. No entanto, a sua diacronia de utilização é significativamente mais abreviada em relação ao Vale do Côa, assistindo-se ao colapso do Santuário do Vale do Tejo durante o Bronze Final. Esta última fase, designada por “período de círculos e linhas”, caracteriza-se pela exaustiva presença de círculos, serpentiformes, ferraduras e podomorfos (Gomes, 1987: 41). Emblemáticas deste momento são as gravuras detectadas na rocha 29 e 43 do Cachão do Algarve. Na rocha 29 verificou-se a existência da gravação de um escudo com escudatura em “V”. Na rocha 53 foram detectados serpentiformes, círculos, ferraduras, podomorfos e duas espadas (Gomes, 1987: 43). Salienta-se, mais uma vez, a “obsessão” por figurar serpentes e armas. Contudo, destaca-se a presença de motivos podomorfos e ferraduras a que voltaremos mais adiante. 38 Esta manifestação na arte repete-se igualmente noutros locais. Nas grutas de Lascaux, na sala do poço, existe uma pintura (embora de época diferente) onde figura um antropomorfo com cabeça aviforme (Laming, 1959: 35). 118 A arte rupestre existente na bacia hidrográfica do Zêzere (figura 6) apresenta determinados denominadores comuns. Todos os painéis se localizam perto de linhas de água ou nascentes e foram gravados em suporte de xisto-grauváquico. Seleccionámos cinco conjuntos que, ao se encontrarem devidamente estudados e publicados, poderão integrar-se no I milénio a. C. A Pedra das Letras (Proença-a-Nova) trata-se de uma laje de xisto, orientada a sul, onde são visíveis quatro fiadas de riscos oblíquos gravados pela técnica da incisão (Batata, 2002: n.º 52). Na Lajeira (Ermida, Sertã) encontra-se uma laje em xisto, orientada a oeste, com motivos serpentiformes, meandriformes, círculos, espirais e pontos alinhados gravados por percussão e antropomorfos resultantes da aplicação da técnica da picotagem (Batata, 2002: n.º 21). A laje da Fechadura (a meia encosta da serra de Figueiredo, Sertã), orientada a noroeste, apresenta motivos escutiformes, pentagramas, caracteres pré-alfabetiformes e latinos, ponteados, pontas de seta, um machado de nervuras, quadrados, rectângulos e uma possível representação vulvar, gravados pela técnica de picotado e incisão (Batata, 2002: n.º 18). Em Fonte das Rimas (Figueiredo, Sertã) encontram-se vários motivos gravados pela técnica da picotagem semelhantes aos da Lajeira, disseminados pelos afloramentos xistosos (Batata, 2002: n.º 20). Por último, a Bicha Pintada (Vila de Rei) trata-se de uma longa gravura serpentiforme (10,5m de comprimento) com cabeça losangular. Este exemplar, datado da Idade do Ferro (Gomes, 1999: 234), encontra-se localizada numa encosta da margem direita da ribeira de Codes, tendo sido gravada através de incisor metálico, proferindo um sulco de perfil em V. De destacar o estilo algo naturalista e a sua inserção cénica na paisagem envolvente junto à base de uma alta falésia onde existe uma nascente de água (Gomes, 1999: 225). Em qualquer um destes conjuntos, apesar de se tratarem de gravuras incisas ou percutidas, surgem figurados, para além de motivos geométricos e abstractos, as armas e os serpentiformes. 119 Depois de analisar o conjunto de arte rupestre do I milénio a. C. da Beira Interior podemos tecer algumas considerações genéricas referentes às suas tendências e pontos comuns. Todas as gravuras parecem englobar-se no que geralmente é apelidado de “arte de rio”. A sua ligação à água é por demais evidente ao ocuparem preferencialmente as encostas dos principais rios desta região (Douro e Tejo) e seus afluentes (Côa e Zêzere). Por outro lado, situam-se no topo de serranias que, tal como as linhas de água, poderão ser interpretados como eixos de comunicação ou antigos caminhos, que mais tarde se transformaram em vias romanas e medievais. Segundo M. V. Gomes (1987: 43) os podomorfos e as ferraduras presentes no Vale do Tejo poderão estar conotadas com conceitos de passagem ou integradas no contexto dos “mitos de viagem” (viagem sagrada ou peregrinação). Para além disso, evidencia-se a prática de actividades bélicas, de caça e até de meios de transporte como o cavalo. Este factor poderá levar-nos a presumir que tais gravuras estarão associadas a grupos de pessoas em trânsito e até, dado o cariz mitográfico de algumas representações, em actividades venatórias. Independentemente das técnicas de gravação utilizadas, verifica-se que a arte do Côa é mais figurativa, contrapondo com as representações abstractas dos outros dois complexos meridionais. Pensamos que este aspecto poderá estar intimamente aliado à periodização das mesmas, pois se as primeiras gravuras se integram na arte sidérica, as segundas (pelo menos as do Vale do Tejo) pertencem ao Bronze Final. Outro aspecto que importa realçar é a inexistência (até ao momento) de qualquer povoado coetâneo nas proximidades destes exemplares. Facto que poderá atestar a sacralização destas representações. Os palcos privilegiados para a consagração de tais manifestações artísticas deveriam ser considerados como verdadeiros santuários, onde se encontraria vedado o exercício qualquer actividade profana. Teremos que anexar a estes elementos os dois locais onde surgem inscrições rupestres. Na rocha 23 do Vale da Casa (Alto Douro) (figura 3, n.º 1) foi identificada uma inscrição em escrita alfabética de tipo celtibérico (Luís, 2005: 45). Na laje da 120 Fechadura (Sertã) existem duas inscrições que utilizam em associação caracteres latinos e pré-latinos (para além de uma outra tipicamente latina) (Batata, 2002, n.º 18). Enquanto continuarem indecifráveis, as suas interpretações encerram alguma subjectividade. No entanto, não resistimos a ponderar a sua associação com outros exemplares, possivelmente semelhantes, como o Cabeço das Fráguas e Lamas de Moledo. Lembremo-nos que estas inscrições descrevem rituais sagrados (Curado, 1996: 154-158). Não estarão também aqueles testemunhos adstritos a práticas rituais, reforçando assim a sacralização destes locais? Uma outra possível conjectura poderá avaliá-las como marcos territoriais. Assinalariam o limite territorial dos diversos populi e a mensagem guerreira e mitológica dos outros painéis “funcionaria como propiciadora da manutenção desses limites” (Luís, 2005: 45). De facto, tanto o Cabeço das Fráguas como a rocha 23 do Vale da Casa situam-se, segundo a nossa proposta (vide capítulo 9.4), em zona de fronteira entre populi. Por último, ao ponderarmos sobre os motivos gravados, aferimos a repetição de um universo simbólico marcadamente masculino. Base que nos transmite a aparência de uma sociedade, para além de guerreira, fortemente patriarcal. A interpretação do significado dos diversos símbolos poderá transformar-se em tarefa algo subjectiva. No entanto, pensamos ter deixado algumas reflexões sobre esta matéria que poderão fornecer importantes dados para a melhor compreensão destas comunidades do I milénio a. C. 121 11. O QUADRO ÉTNICO-CULTURAL DA BEIRA INTERIOR Não restam dúvidas de que a área abarcada pelo nosso estudo (faixa interior entre Douro e Tejo) foi, durante o I milénio a. C., ocupada pelos Lusitanos. Este tópico constitui, ainda hoje, um dos temas mais controversos da arqueologia portuguesa, senão mesmo, ibérica e que grande interesse tem despertado nos mais variadíssimos historiadores. Para tal contribuiu a existência na cultura popular portuguesa de uma grande carga mítica, que com a exaltação transcendente dos Lusitanos, enveredou pela sua exumação ao tratá-los como os antepassados por excelência de Portugal. Assim, tal como os alemães descendiam dos germanos, os franceses dos gauleses, os gregos modernos dos antigos helenos, os portugueses provinham dos Lusitanos (Leal, 2000: 299). A par disto, verifica-se a existência de sucessivas gerações de investigadores que foram acumulando contributos para a sua mitificação a partir de bases pseudo-eruditas, difundindo uma imagem irreal que hoje se torna difícil de depurar, substituindo-a por uma reconstituição mais consentânea com a realidade histórica. Certamente que sem uma visão baseada na interpretação histórica era impossível ligar o passado e o presente, reconstituir a tradição, reatar nação e estado e instituir um inventário simbólico, sem o qual não existiria nem identidade nem consciência colectiva. No entanto, a consciência nacional pode ser de vários modos imposta ou sugerida como reforço do princípio das nacionalidades. De facto, o Estado Novo rapidamente percebeu que a memória colectiva poderia ser aplicada como instrumento para alcançar uma consciência nacionalista, e que, através da manipulação de mecanismos de consciencialização, poderia facilmente legitimar o regime fecundado no golpe de estado de 28 de Maio de 1926. São muitos os historiadores que, debruçando-se relativamente a este assunto, irão até ao último quartel do século XX deixar trespassar no seu discurso um frémito vibrante de nacionalismo. Por outro lado, se quisermos isolar um tema em que melhor se reflectem todos os prejuízos e deficiências dos antigos e modernos investigadores, e em que a verdadeira e falsa História se entrelaçam, esta seria, sem dúvida, a “Estória” de Viriato e seus Lusitanos. 122 Ao aparente interesse por esta temática, reveste-se para nós de ainda maior perplexidade o facto de nunca se ter efectivado o conjunto necessário de acções (consequentes e concretas) de investigação arqueológica. O conhecimento que temos dos Lusitanos baseia-se essencialmente na leitura dos fragmentários textos clássicos a que cada um advoga a sua respectiva interpretação. É neste oculto panorama que reside a cristalização de certas teorias feitas, sem que a informação disponível seja suficiente para as comprovar ou infirmar solidamente. Não queremos parecer presunçosos pois julgamos que todos são livres de construir ou escolher seus heróis ou símbolos. No entanto, não se pode arredar deste processo a consciência das limitações e da falta de adequação histórica que poderá originar essa operação. Sabemos que só por grosseiro anacronismo se poderá relacionar Lusitanos com os actuais portugueses e o território daqueles com as actuais fronteiras de Portugal. Sem o intuito de engrossar o rol de verborreias consubstanciadas numa etnia que afinal é tão pouco conhecida, pensamos ser oportuno debruçarmo-nos em algumas problemáticas que este assunto encerra. Partindo da descrição das fascinantes teses lusitanistas pretendemos rematar esta discussão fazendo o ponto actual da investigação científica, nomeadamente da correspondência efectiva entre entidades étnicas e territórios com a consequente extrapolação para o registo arqueológico. 11.1. REVISÃO CRÍTICA DOS CONCEITOS LUSITANISTAS São os próprios autores clássicos, do início da nossa era, os primeiros escritores a relatar as facetas do povo lusitano e do seu chefe Viriato, exaltando-os pela resistência ao invasor. Podemos ler em Estrabão que a Lusitânia era a “mais forte das nações iberas” (III. 3.3), ou que aquela “seria a maior entre os povos ibéricos” (III. 3.3). Da Idade Média não são conhecidos quaisquer relatos sobre os Lusitanos ou Viriato. Após este hiato será o Bispo de Évora, D. Garcia de Meneses, em meados do século XV, o primeiro a utilizar o termo Lusitani (Herculano, s.d.: 40). Mas serão os autores humanistas do século XVI como André de Resende e Frei Bernardo de Brito, envolvidos em circunstancialismos político-sociais da época em Portugal (já com 123 excessos nacionalistas) que deram origem à pseudo-correspondência indiscriminada entre lusitano – português, ainda hoje em voga. Luís de Camões iria empregar o termo “Lusíadas”, discorrido por André de Resende, para cognominar a sua epopeia. Não indiferente àquela pretensa osmose, este autor exalta nos versos da sua obra os feitos dos supostos antepassados portugueses que “na inimiga guerra romana tanto se afamaram” (Lus. I, 26). A tónica deste discurso manter-se-á até ao século XIX, altura em que se verifica a primeira imposição a estas preposições materializada por Alexandre Herculano. Este autor discorda em absoluto das teses que vêem os Lusitanos como génese do povo português, “nação inteiramente moderna” (Herculano, s.d.: 98) que se teria formado a partir de variadíssimas estratificações. No entanto, e ainda durante aquele século, a tal pretensa sinonímia é retomada por Francisco Martins Sarmento. Assente em pressupostos de originalidade e antiguidade, utiliza os povos lusitanos como objecto onde se poderia avaliar a etnogenealogia em Portugal. Com o recurso à leitura das fontes antigas e com base na prospecção e interpretação de uma grande variedade de achados arqueológicos, tenta rotular os lusitanos como descendentes étnicos de Portugal. Podemos, desta forma, ler no relatório da Expedição Scientifica à Serra da Estrella, que realiza em 1881 (1883: 7), “As preocupações litterarias, que fariam crer o mais inaccessivel dos Herminios habitado pelos nossos antepassados, os lusitanos, (…)”. Este povo teria uma das ascendências “mais puras” da Antiguidade (Sarmento, 1880: 37) sendo de origem lígure que, por sua vez, se relacionariam a uma remota migração ariana que teria introduzido na Península Ibérica a civilização do bronze. Leite de Vasconcelos, quer pela sua ligação à Arqueologia, quer pelas suas relações de amizade com Martins Sarmento, não fica indiferente a esta temática. Em As Religiões da Lusitânia (1897-1913) parece insistir na continuidade entre os povos lusitanos e o povo português, nomeadamente na semelhança das antigas práticas religiosas e tradições populares contemporâneas portuguesas. No entanto, não se observa neste autor uma fixação tão grande, como em Martins Sarmento, nas formulações ideológicas exclusivistas dos Lusitanos. Vasconcelos parte desde o início da Pré-história até à fundação da nacionalidade, onde 124 se teriam sucedido um conjunto de povos (em especial os Lusitanos) cujas contribuições teriam aos poucos moldado a cultura tradicional portuguesa. Em termos práticos, para além de parecer apostado na celticidade ou celtização destas populações, reconhecia a existência de diferentes regiões na Lusitânia. Distingue a “Lusitânia Primitiva” (entre Tejo e o extremo norte da Galiza), região que decompõe em duas: a comarca entre Tejo e Douro e a Galiza (Vasconcelos, 1905: 7). Mendes Corrêa, um dos autores que mais extensamente se ocupou das questões étnico-culturais do nosso território, virá contestar a tese de A. Herculano. Os seus estudos apresentam um cunho marcadamente nacionalista como que bebendo o gosto pelas tendências políticas regentes na época. Este reproduz novamente o reconhecimento da ascendência lusitana dos actuais portugueses. Os seus ideais acabariam por conhecer uma grande difusão, não só por constarem do capítulo consagrado à Pré e Proto-história da História de Portugal (1928) (uma das principais obras de referência histórica durante décadas), mas também por terem sido expostas em obras de carácter científico como Os Povos Primitivos da Lusitânia (1924). Nesta última (1924: 375), podemos ler: “Na verdade, a glória de Viriato não é em nada fictícia. Os depoimentos dos autores romanos são insuspeitos (…). Nem as glórias lusas são apócrifas nem outro povo da Antiguidade merece, mais que os Lusitanos, ser considerado o mais importante elemento etnogénico dos Portugueses”. As ideias deste autor irão persistir, através de seus discípulos, praticamente até finais da década de 70 (séc. XX) e enraizar na cultura popular portuguesa até aos nossos dias os mitos consolidados essencialmente a partir dos actos heróicos do chefe caudilho lusitano, Viriato. 11.2. AS TESES VIRIATINAS “Temos neste momento a oportunidade de constatar que Viriato, embora aparentemente repouse em paz, depois de uma morte traiçoeira, continua afinal a ver-se envolvido em andanças várias, não tão sangrentas, mas quase tão movimentadas como as que em tempos recuados enfrentou”. Amílcar Guerra (2003: 18) 125 Se este processo de osmose entre Lusitanos – Portugueses tende a criar um forte sentimento de orgulho nacionalista, naturalmente que a figura do seu líder não será esquecida. A personagem de Viriato estimulou o imaginário do Estado Novo, sequioso de encontrar simbologias justificativas de uma identidade que fizesse divergir a atenção de outras vertentes da sociedade portuguesa. Inspirou as mais diversas manifestações de carácter nacionalista servindo até de emblema a uma brigada dos “Viriatos” da Legião Portuguesa que combateu na Guerra Civil espanhola, do lado franquista (Saraiva, 1987: 550). Na cultura popular portuguesa, Viriato sempre representou o papel do herói mítico, antecedendo Afonso Henriques, lutando valorosamente contra a ocupação romana e defendendo do poderoso invasor esta região que mais tarde daria lugar a uma parte de Portugal. No prefácio da tradução portuguesa do Viriatus de Adolf Schulten 39 , Mendes Corrêa coloca o chefe lusitano “no nosso Pantéon de heroísmos e grandezas”. Este enaltecedor da hombridade lusitana, referindo-se a Viriato, acaba mesmo por profetizar que "a sua fama e o seu exemplo ecoarão pelas quebradas dos séculos e nas almas das gerações enquanto houver justiça e portugueses sobre a terra”. Por outro lado, a guerra empreendida pelos Lusitanos contra os romanos comandada por Viriato profetiza, de forma esplêndida, tudo o que pode realizar o povo português “sob uma direcção prestigiosa, enérgica, esclarecida, honesta e patriótica” (Corrêa, 1928: 210). Este tipo de discurso será utilizado para enaltecer a figura de Salazar, o homem do “génio providencial” que “reintegrou Portugal no rumo dos seus altos destinos” (Corrêa, 1954: 26). Outro aspecto caricato é o empenhamento generalizado em atribuir a este “arquétipo do português” uma pátria que nunca teve, lugares onde deveria ter nascido ou até casas onde terá habitado. Demonstrativo de todo este frenesim é a disputa verificada entre várias localidades que se arrogam berço de Viriato. Entre estas podemos citar, a título de exemplo, a pitoresca aldeia de Folgosinho (concelho de Gouveia) onde incrustada na empena arruinada de uma velha casa se pode ler o seguinte 39 Porto, 1927, 2.ª edição de 1940 – datas não sem significado. 126 dístico: “Nesta casa nasceu Viriato”. Também Viseu 40 , que lhe ergueu uma estátua no centro da cidade, e várias cidades desde Zamora à Andaluzia têm a pretensão de ser o local de onde aquele é natural, o que faz com que seja apelidado por uns de português, por outros de espanhol ou pelos mais diplomatas de luso – espanhol. Esta crença, tão profundamente enraizada na nossa mentalidade nacional, alcança traços de dogmatização tornando-se um pressuposto quase inquestionável nas produções literário e/ou científicas actuais. Podemos mesmo afirmar que beneficiou recentemente de um certo revivalismo relacionado com a moda do romance histórico de época romana presente nos escaparates de qualquer livraria. Quase por arrasto dão-se à estampa peças de teatro, ensaios, romances e tratados subordinados à temática lusitanista/viriatina. Precavendo uma possível recaída numa história acontecimentalista (Alarcão, 1996-97) esquivaremos o nosso discurso de um sujeito individual, neste caso Viriato. Apenas nos debruçaremos novamente sobre esta personagem se, eventualmente, as informações a ele remetidas sejam pertinentes para o estudo global do quadro étnicocultural lusitano. 11.3. SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA: O ESTADO ACTUAL DA INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA Não poderíamos analisar o povoamento ao longo do I milénio a. C. na Beira Interior ignorando o estudo das etnias que ocuparam esta área. A região entre Douro e Tejo é sistematicamente referida por diversas fontes literárias como correspondente ao rincão dos Lusitanos. No entanto, e apesar de tanta tinta já ter discorrido sobre o assunto (como atrás explanámos), a verdade é que chegamos a este ponto com a sensação de que as certezas, se realmente existem, são escassas e que as teorias dúbias (umas mais que outras) assolam toda esta problemática. Não nos sentindo minimamente confortáveis “navegando” por campos tão obscuros apenas nos debruçaremos, e superficialmente, em questões que poderemos transpor para o estudo da génese e evolução do povoamento desta região ao longo do I milénio a. C.. Sendo assim, cabe aqui explanar as informações que permitem isolar aquela área como pano de fundo étnico-cultural dos 40 Situação espelhada no título de uma produção científica como o catálogo de arqueologia da região de Viseu intitulado Por Terras de Viriato. 127 Lusitanos para que, no capítulo seguinte, possamos descer ao particular dos populi que compõem aquela etnia. No tratamento da problemática étnico-cultural da Beira Interior nas vésperas da romanização estamos condenados a debatermo-nos em dois planos ou bases distintas: a visão dos autores greco-latinos e o que decorre das diferentes sínteses ensaiadas pelos investigadores contemporâneos que tentam reconstruir a geografia étnica de determinado espaço. A mescla de informações provenientes de dados antigos e modernos e a dificuldade em demarcar uma área geográfica étnica precisa fazem com que, em prejuízo metodológico, tenhamos por vezes que operar com limites imprecisos e ambíguos. Os textos literários dos autores greco-latinos constituem uma das fontes primordiais para o estudo da História Antiga no esforço de reconstituição de antigos espaços geográficos e da sua respectiva ocupação étnica. No entanto, há que considerar as lacunas e imprecisões daqueles relatos sobre os povos peninsulares e seus territórios pois não foram redigidos com a intenção de nos transmitirem maiores detalhes 41 , surgem fragmentados e, sabemos hoje, a imagem da geografia física peninsular da época encontrava-se distorcida da realidade. Neste caso concreto, a habitual designação de Lusitânia poderá revestir-se de uma certa ambiguidade, uma vez que alguns dos textos clássicos que se referem a esta região foram escritos numa época em que a província romana de mesmo nome era já uma realidade efectiva. Teremos assim que admitir que tal nomeação se reporte não ao território outrora ocupado pelos Lusitanos mas à realidade provincial romana. Por outro lado, o próprio registo clássico apresenta uma diversidade e heterogeneidade de testemunhos em relação à delimitação da Lusitânia. Estrabão (III.3.3) fixa o limite meridional deste grupo no rio Tejo. No entanto, ao referir-se à “mesopotânia” entre Tejo e Guadiana (III.1.6) localiza aqui Célticos e alguns Lusitanos que por suposta acção romana ter-se-iam para lá deslocado. A descrição de Plínio (4.113) apresenta a região ocidental litoral entre Douro e Vouga ocupada pelos antigos Túrdulos e a restante faixa litoral sob o domínio de várias cidades que juntamente com a área interior até ao Tejo era habitada pelos Lusitanos. 41 Carlos Fabião (1998: 61) afirma que o esforço de catalogação das diferentes áreas do império romano estaria relacionado com a necessária e efectiva apropriação de novos espaços e sua reorganização, tendo em conta os modelos preconizados por Roma. 128 Esta transposição do Tejo da comunidade lusitana surge documentada em Apiano (Iber. 56-57), Orósio (Hist. 4.21.10) e novamente em Estrabão (III.3.1) quando este afirma que aquele rio corre entre Lusitanos. Respectivamente ao limite setentrional este autor (III.4.20) relata que os habitantes da margem direita do Douro seriam igualmente Lusitanos que só passaram a designar-se por Galaicos após a conquista de Roma. Esta ambiguidade dos textos clássicos permite, através da sua leitura e interpretação, aos vários autores contemporâneos laborar nos mesmos erros, procurando vislumbrar ou justificar a partir destes as suas observações sobre a realidade arqueológica, produzindo um discurso não menos heterogéneo. Situação que se verifica com maior impetuosidade em relação à problemática da presença ou ausência lusitana a sul do Tejo e, por arrasto, de qual seria a natureza dos seus contactos com os célticos. Em abono desta discussão prefiguram vários dados que a tornam mais complexa. Primeiramente, Untermann (1985) demonstra, a partir de seus mapas linguísticos, afinidades entre as Beiras e o Nordeste alentejano. A distribuição geográfica das inscrições rupestres em língua supostamente lusitana como o Cabeço das Fráguas e particularmente do exemplar de Arroyo de La Luz (Cáceres) poderá também comprovar a extensão desta unidade linguística para sul do Tejo (Tovar, 1985). No entanto, o facto de se tratarem de exemplares epigráficos com caracteres latinos (de época romana) é utilizado para demonstrar que esta transposição do Tejo tenha sido realizada por imposição romana (Fabião, 1998: 66). Por outro lado, sabemos hoje que a relação língua – etnia se encontra desacreditada (Alarcão, 2001: 294). Outro episódio surge materializado através das conformidades onomásticas indígenas entre aquelas duas regiões aferidas por J. Encarnação (1984: 777 e Mapa 1). Mas, mais uma vez, o facto de se tratarem de epígrafes de época romana encerra diversos quadros explicativos. Finalmente, um dos argumentos muito em voga reporta-se à geografia das guerras lusitanas e o envolvimento directo das gentes meridionais que poderá comprovar a existência de Lusitanos nesta região (Fabião, 1998: 66). Julgamos que este dado é igualmente discutível por se tratar de um momento de instabilidade generalizado que poderá não retratar a realidade existente e por se desenrolar num momento já muito avançado da proto-história. Além disso, estamos convictos que durante a época préromana os processos de contacto e intercâmbio entre as comunidades da Beira Interior e região meridional assumiram, em função das circunstâncias, não só a forma de 129 expedições ou confrontações militares mas também a de relações económicas salutares, dentro das quais a transumância deve ter tido grande relevo. Envolvidos neste contexto, os pactos de hospitalidade e clientela poderão, para além de instrumentos de sociabilidade e de articulação dos contactos humanos, ter funcionado como aliança em caso de guerra ainda mais evidente quando se trata de um inimigo comum. Perante a articulação de todos estes argumentos e das fontes clássicas a delimitação do território correspondente à etnia lusitana tem gerado diversas conclusões que podemos materializar transpondo a discussão existente entre J. Alarcão e L. Pérez Vilatela. Este último autor, centrado na análise crítica dos textos greco-latinos, afirma que Célticos e Lusitanos seriam uma só entidade, diferentemente nomeados consoante a época ou referências que aqueles escritores utilizam (Pérez Vilatela, 1993). Reconhece que os Lusitanos a norte do Tejo só em épocas tardias terão sido reconhecidos, facto que iria gerar as indefinições do discurso Estraboniano e Pliniano. A sua tese de localização dos Lusitanos no Sudoeste alentejano (Pérez Vilatela, 2000) quanto a nós não se harmoniza com a complexidade e diversidade que aparenta existir ao nível do registo arqueológico. No que concerne a este respeito, há que ter em consideração que através da própria expansão populacional é plausível a não exclusividade de ocupação de um território bem delimitado e que as suas respectivas áreas de dispersão fossem descontínuas. J. Alarcão (2005: 45) relembra que a “natio” dos Lusitanos poderá, através dos tempos, ter sofrido mutações das suas fronteiras e, por isso, os autores clássicos terão designado como Lusitani povos que eles próprios não reconheceriam como tal. De facto, julgamos que as informações legadas nomeadamente por Plínio não deverão ser entendidas, na sua generalidade, como testemunho das sociedades préromanas (antes da conquista romana) mas antes como a descrição deste território após a invasão romana. Não nos parece aceitável, sem impor demasiadas reservas, delimitar o território correspondente à Lusitânia pré-romana com base exclusivamente naquela literatura, obsessão que poderá transparecer dos textos de Pérez Vilatela. J. Alarcão (2001), em oposição àquele, adscreve uma visão mais restrita em termos territoriais dos Lusitanos como entidade étnica, que nós subscrevemos. A definição da área habitada por estes baseou-se essencialmente na distribuição geográfica das evidências epigráficas de certas divindades que identificou como pertencentes a este 130 grupo étnico (Alarcão, 2001: 312-316). Assim a antiga Lusitânia estende-se desde a região de Cáceres, a sul do Tejo, até junto às margens do Douro. Como o próprio alerta, não nos podemos desprender do facto de tais epígrafes terem sido lavradas em época romana e assim poderem não corresponder à distribuição espacial dos cultos nos inícios do I milénio a. C. Não obstante, pensamos não ser consequente alongarmo-nos mais nesta problemática pois será legítimo e unânime considerar que a Beira Interior (ou a área abarcada pelo nosso estudo) terá sido ocupada pelos Lusitanos ao longo do I milénio a. C. Ultrapassada esta controversa questão deparamo-nos com outra, não menos polémica, que se centra no problema étnico dos Lusitanos, ou seja, qual será o seu “pano de fundo” ou substrato cultural. Neste caso especifico não podemos contar com o registo que advém da literatura clássica. Apesar dos autores greco-latinos conferirem um carácter unitário aos Lusitanos, desconheciam (e talvez não se interessassem por conhecer) a origem desses populi pois a visão que lhes chega é posterior à sua gestação. Não obstante, são vários os investigadores contemporâneos que se debruçam e as teorias que se produzem a este respeito. Mendes Corrêa (1924: 295-303) era um defensor acérrimo da autoctonidade destas gentes, cujas raízes teriam vindo a evoluir desde o período Neolítico e Calcolítico na Beira. Ainda hoje, vários autores explicam a formação das diversas entidades culturais regionais a partir de um substrato local embora contemplando influências externas que poderão ter contribuído para a diferenciação entre grupos (AlvarezSanchís, 1999: 333). Bosch Gimpera (1944: 150) é o primeiro a considerar a possibilidade de existência de migrações. Para este autor, os Lusitanos seriam um povo ibérico do mediterrâneo que, conforme o que transpõe da leitura dos textos de Avieno (Ora Marítima), se teria deslocado para as terras do interior em data anterior ao século VI a. C.. Schülten vai classificar os Lusitanos como população céltica embora com fortes influências do mediterrâneo ibérico (Alarcão, 1993: 53). Finalmente, Lambrino (1957: 119-120), constatando que os antropónimos e teónimos da Beira denunciam um forte celticismo, aponta para a provável raiz indoeuropeia daquele grupo étnico, patenteando já a hipótese da sua proveniência alpina (Alarcão, 1993: 54). 131 O problema da origem étnica poderá associar-se ao da língua (Alarcão, 1993: 54). Contamos com alguns exemplares, embora em caracteres latinos, da dita língua lusitana pré-romana. São os casos das inscrições rupestres do Cabeço das Fráguas, Lamas de Moledo e de Arroyo de La Luz em Cáceres (entretanto perdida). Todos os filólogos são unânimes em considerar estarmos perante uma língua indo-europeia précéltica. Para além da linguística, os rituais que se praticariam em locais como o Cabeço das Fráguas e Lamas de Moledo, designados entre os romanos de suovitaurilia (sacrifício de animais), são vulgares entre os Indo-europeus (Curado, 1996: 158). Relativamente a este assunto devemos referir que, segundo este autor, as próprias divindades mencionadas parecem encontrar-se ordenadas consoante a sua importância e atributos funcionais o que poderá transparecer uma similitude mitológica e ritual ao que se verifica entre as populações indo europeias (Dumézil, 1958 cit. em Curado, 1996: 158). Se o problema da origem étnica dos Lusitanos se encontra hoje num avançado estádio de esclarecimento, o da sua proveniência continua envolto em grande polémica. Para abordar esta questão teremos primeiro que estabelecer o momento a partir do qual podemos falar da presença de Lusitanos na Beira Interior. A referência existente na Ora Marítima de Avieno ao pernix Lycis permite-nos pressupor que aqueles se encontravam já instalados nesta região antes do século VI a. C.. O abandono de alguns dos povoados escavados por R. Vilaça (1995a) no século VIII a. C. levou-nos, num primeiro momento, a equacionar a possibilidade de instalação deste grupo étnico por esta altura. No entanto, como demonstrámos (vide supra 5.2.), não se constata um abandono sistemático de todos os habitats do Bronze Final mas sim uma alteração da estratégia de ocupação do espaço. Privilegia-se durante o Ferro Inicial um tipo de assentamento algo distinto das características que comportavam a maioria dos lugares do Bronze Final, nomeadamente dos que foram negligenciados. Por outro lado, a análise da cultura material revela uma continuidade entre estes dois períodos. O constrangimento que se sente ao tentar diferenciar as cerâmicas típicas de cada uma destas épocas parece demonstrar a inexistência de uma ruptura nítida entre ambas. 132 Simultaneamente, a ligação entre língua “lusitana” e o Bronze Final Atlântico foi já sugerida por Marisa Ruiz Gálvez (1990) e Almagro Gorbea (1996) (Alarcão, 2001: 319). É exactamente neste ponto que reside o germe da polémica. Se parece certo a conjugação da presença de Lusitanos no Bronze Final, ficam por esclarecer os pressupostos relativos à sua formação. Contrapõe-se teses de invasão/imigração de populações exógenas (Alarcão, 2001) e perpectivas que abordam este grupo étnico como uma evolução do substrato regional/local das populações do Bronze Final (Almagro Gorbea e Ruíz Zapatero, 1992). Com base essencialmente na distribuição de machados de talão com um ou sem anéis, J. Alarcão (2001: 318) defende a existência de uma imigração indo-europeia précéltica oriunda da Europa transpirenaica nos inícios do Bronze Final Atlântico I (12501050 a. C.). Esta proposta transgride a posição de outros investigadores, nomeadamente a de Marisa Ruiz Gálvez por, segundo a autora, não existir qualquer evidência no registo arqueológico que possa comprovar uma suposta imigração (Ruiz-Gálvez Priego, 1998: 350). No entanto, R. Vilaça relembra que existem migrações que não relegam quaisquer vestígios materiais (Anthony, 1990; Burmeister, 2000 cit. em Vilaça, 2005: 22). Se por um lado, a origem transpirenaica destas populações assenta em pressupostos ainda não muito sólidos, por outro, se aceitarmos a tese de imigração o momento mais credível para que tivesse ocorrido será mesmo os inícios do Bronze Final Atlântico. Mais uma vez recorrendo às escavações de R. Vilaça concluímos que os povoados alcantilados do Bronze Final se instalam, na Beira Interior, no século XII a. C. (Vilaça, 1995: 375-376). Outro dado que poderá corroborar a tese de imigração é o do suposto ermamento desta região em épocas imediatamente anteriores. Assim sendo, as próprias características de implantação destes povoados ao privilegiar entre outros aspectos (vide supra 4.1.) uma grande capacidade de visibilidade (rede intervisual) poderá demonstrar (para além de outras circunstâncias) a aparente necessidade ou a estratégia mais adequada de apropriação de um espaço então desconhecido. No entanto, e não refutando a hipótese de uma imigração, julgamos que esta suposição não deverá assentar, na sua essência, na ausência populacional durante o Bronze Inicial e Médio na Beira Interior. O pretenso ermamento populacional da região durante aqueles períodos parecenos ser motivado pela falta de conhecimento que deles ainda temos. 133 A título de exemplo, projectos como os desenvolvidos na região ribeirinha do Tejo ou o realizado por A. C. Oliveira (1996) na bacia do curso médio da ribeira da Meimoa parecem mostrar uma Beira Interior razoavelmente povoada durante os períodos Neolítico e Calcolítico. Não nos podemos alhear da anterior ocupação neocalcolítica de povoados como o Monte do Frade (104), Cachouça (89), Tapada das Argolas (79), Monte do Trigo (90) ou Castelo Velho de Caratão (127). É certo que do Bronze Inicial ou Médio ignoramos praticamente tudo e a eles apenas se reportam alguns materiais descontextualizados e de cronologia imprecisa. No entanto, dados que recentemente têm vindo a ser dados à estampa, e que referimos seguidamente, levam-nos a crer que este desconhecimento se deve à insuficiente investigação dirigida àqueles períodos pela comunidade arqueológica. Os testemunhos iconográficos documentados, não só mas essencialmente, no vale do Tejo e Côa poderão, logo à partida, reforçar a invalidade das teorias difusionistas apontadas para esta região. Para além disso, o aprofundamento do estudo de alguns vestígios arqueológicos, recentemente descobertos, poderão auxiliar a compreensão da diacronia de ocupação desta região antes do final da Idade do Bronze e da constituição da comunidade lusitana. Entre estes destacamos o aparecimento de várias estruturas “funerárias” sob montículo artificial (tumuli) que juntamente com algumas grafias rupestres (atribuídas pelos seus descobridores ao Bronze Médio) foram identificadas 42 na parte sul do Maciço Central (serra de Alvélos), a sul do rio Zêzere. O seu reconhecimento em altitudes bastante elevadas poderá consubstanciar uma nova faceta do povoamento da região na Pré-história Recente. Foi igualmente descoberto em Sobral do Campo (Castelo Branco) um pequeno tumulus que se poderá enquadrar no II milénio a.C. (Vilaça e Gabriel, 1999: 130). Esta forte presença de vestígios sepulcrais leva-nos também a questionar perante a grande densidade de megálitos recenseados (nomeadamente para a Beira Baixa), se alguns destes não poderão ter sido construídos ou reutilizados nos inícios do II milénio a. C. (Vilaça, 1995e: 127). 42 Elementos reconhecidos por membros da Associação de Estudos do Alto Tejo, no decorrer dos trabalhos inseridos no Projecto Eólico do Pinhal Interior e comunicados ulteriormente no colóquio intitulado “Espaços na Pré-História do Centro e Norte Peninsular” organizado pelo Centro de Estudos Pré-históricos da Beira Alta que decorreu em Viseu durante os dias 8 e 9 de Abril de 2005. 134 Em contextos habitacionais devemos salientar a presença de pontas de seta com pedúnculo em cobre arsenial tipo Palmela exumados dos povoados de S. Roque (80) e Tapada das Argolas (79) (Vilaça et alii, 2002-2003: 188-189) no concelho do Fundão que, juntamente com outras peças congéneres desta região (Malcata (35) e Medelim (93)), poderão contribuir para melhor esclarecer o povoamento durante estes períodos. Para além destes elementos, mencione-se a presença em vários povoados de cerâmicas “tipo Cogotas I” (mapa 8). Estas apresentam uma ampla diacronia de produção abarcando vários séculos do II milénio a.C., inserindo-se umas no Bronze Médio, outras no Bronze Final. Recentemente, M. Perestrelo e M. Osório (2005) deram à estampa um conjunto de informações que parece demonstrar uma relativa densidade populacional na região da Guarda, Sabugal e Pinhel durante a Pré-História Recente. Saliente-se que os trabalhos de prospecção realizados no Baixo Côa (Coixão, 1996; 2000 e Coixão e Trabulo, 1999) têm vindo a evidenciar uma ponderada densidade de povoados datados dos inícios do II milénio a. C. na região. Entre estes deverá destacar-se o Castelo Velho de Freixo de Numão (Jorge, 1995: 37-39) alvo de várias campanhas de escavação. Futuros trabalhos de prospecção e essencialmente de escavação virão com certeza esclarecer estas e outras evidências que julgamos deixar transparecer a invalidade das teses de considerável despovoamento da região nos inícios do Bronze Final. No entanto, não queremos que este nosso último esforço argumentativo seja entendido como uma reprovação às teses de imigração/invasão. Cremos que a existência de um fundo populacional do Bronze Inicial/Médio neste território não terá sido suficiente à formação, por evolução interna, dos Lusitani. A nossa visão consubstanciase na conjugação destas duas vertentes. Ou seja, o substrato indígena recebe nos inícios do Bronze Final novos elementos culturais e componentes humanos indo-europeus, que poderão ou não ser de origem transpirenaica. Resta-nos, extrapolando para o registo arqueológico, perceber como o conjunto de populi que forma este grupo étnico se vai dispor e relacionar territorialmente pela Beira Interior. 135 11.4. OS POPULI Desfiado que parece encontrar-se actualmente o tema da organização social dos Lusitanos, é consensual aceitar-se que estes eram compostos por um conjunto de populi autónomos que designariam o seu colectivo através do etnómio Lusitani. Devido aos escassos dados arqueológicos de que dispomos, a informação proveniente das fontes epigráficas e literárias dos autores greco-latinos afiguram-se como as mais relevantes na reconstituição aproximada da geografia política da região que estudamos. Neste particular, a inscrição 43 (CIL II 760) da ponte sobre o rio Tejo, que se ergue em Alcântara (Cáceres), constitui um interessante testemunho sobre as populações pré-romanas de entre o Douro e o Tejo, que teriam contribuído para a sua edificação. No entanto, estes correspondem à nova geografia política implantada na região após conquista romana. Porém, é de admitir que, pelo menos em parte, devam corresponder às particulares etnias lusitanas a que Roma, nos finais do século I a. C. (durante a soberania de Augusto), concedeu o estatuto jurídico-administrativo de civitates. Todos eles apresentam designações pré-latinas (Fabião, 1992: 170), o que poderá transparecer a atribuição dos primitivos nomes das populações locais aos diversos municípios romanos. Assim sendo, os populi mencionados na lápide do arco da ponte de Alcântara e pela ordem em que se encontram nomeados são: Igaeditani, Lancienses Oppidani, Tapori, Interannienses, Coilarni, Lancienses Transcudani, Aravi, Medubrigenses, Arabrigenses, Banienses e Paesuri. Tem vindo a ser dado como provável que a ordem pela qual aqueles populi são enumerados naquela inscrição obedece a critérios geográficos que os ordena de Sul para Norte. Nada temos que possa desmentir que a organização daqueles obedeça à posição que ocupavam ao longo da via que vinda de Mérida cruzava toda esta região até ao Douro, em direcção a Bracara Augusta (Alarcão, 2005: 120). No entanto, este facto, só por si, continua a não ser esclarecedor das suas verdadeiras fronteiras. 43 A inscrição da ponte de Alcântara, hoje aceite como uma transcrição verdadeira do texto antigo existente ainda no século XVI, parece tratar-se apenas de uma de duas (ou quatro) placas onde estariam mencionados os municípios romanos que contribuíram para a sua construção e que beneficiaram com ela (García Iglésias, 1976: 264-266). 136 O acto de traçar limites entre entidades étnicas é de grande complexidade e risco. Há de se ter em consideração a própria expansão populacional e a não exclusividade de ocupação de um território bem delimitado. Como R. Vilaça (2004a:52) refere uma “fronteira não seria uma entidade estática, mas oscilante, à mercê dos processos de interacção entre comunidades dos diferentes populi”. Queremos deste modo dizer, que a delimitação dos territórios destes sub-grupos étnicos proto-históricos assenta em demasiadas inconsistências. Facto atestado, à partida, por se conferir demasiada relevância a documentos lavrados em época romana. Assim sendo, qualquer tarefa que augure este intento terá que ter em linha de conta todas as subjectividades que encerra. Não serve este capítulo para resolver o que notáveis arqueólogos 44 e historiadores da Antiguidade não conseguiram. Não procuramos tão pouco sistematizar e conjugar todas as informações de autores clássicos e dados epigráficos, ou aludir criticamente as numerosas e contraditórias sínteses sobre a localização destes populi ao longo dos últimos anos. Partimos essencialmente de um dos últimos trabalhos de J. de Alarcão (2001), onde este corrige as fronteiras entre os populi pré-romanos por ele anteriormente traçadas (essencialmente Alarcão e Imperial, 1996 e Alarcão, 1998), a partir do exame criterioso do quadro oro-hidrográfico da região. Esforçaremo-nos por relacionar esta proposta com os dados relativos ao registo arqueológico do I milénio a. C., mais precisamente à disposição espacial de certos povoados. Não que o autor tenha depreciado tais elementos, porém, julgamos que a visão geral que deles poderemos absorver através do nosso trabalho poderá mais facilmente contribuir para a aproximação da realidade pré-romana. No entanto, convém aqui referir que optámos, neste particular, por conjugar todos os vestígios referentes ao I milénio a. C. sem ter em conta a existência ou ausência de sincronias cronológicas 45 ao longo deste intervalo temporal. 44 Entre estes, destacamos J. de Alarcão por ser talvez o autor que mais estudos dedica a esta temática. 45 Facto que se encontra condicionado pelos escassos dados cronológicos seguros de que dispomos de grande parte destes vestígios. 137 Referimo-nos essencialmente a sítios que pela sua posição designámos como povoados de ponta ou povoados sentinela. A sua implantação, dominando áreas naturais bem delimitadas, confere-lhes um papel de “atalaia de vigia”. R. Vilaça (2004a: 52) questiona se estes castros “fronteiriços” não seriam pertença de ninguém, isto é, se poderão ser encarados como neutrais. De facto, ao encontrarem-se sobre a possível linha demarcatória entre dois populi, torna-se tarefa muito complexa apontar a qual pertenceriam. Só a análise local e particular permitirá esclarecer a situação, pelo que deixaremos aquela questão por enquanto sem resposta. Iniciando a decomposição dos populi de sul para norte e de poente para nascente, confrontamo-nos desde logo com uma região delimitada por acidentes naturais. Falamos da área vulgarmente designada por Pinhal Interior que se confina entre o Zêzere, Tejo, Ocreza e serras do Muradal e Alvélos. J. de Alarcão (2001: 297) assume a possibilidade de aqui se encontrarem os Elbocori mencionados por Ptolomeu (II, 5, 6) que, por sua vez, os localiza a oriente de Sellium (Tomar). Mais tarde, o mesmo investigador (Alarcão, 2005: 122) coloca a hipótese daquele populus (também mencionado por Plínio (IV, 35, 118)) se relacionar antes com o território de Bobadela (Oliveira do Hospital). É certo que as coordenadas ptolemaicas não são um dado seguro e que a localização que lhes confere acaba por validar qualquer uma das hipóteses ou de tantas outras. Contudo, a oriente de Sellium, mais facilmente se encontra a região do Pinhal Interior que a de Oliveira do Hospital, bem mais distante e para Noroeste. Não queremos aqui tomar qualquer partido, pois a falta de elementos epigráficos esclarecedores na região remete-nos para um prudente silêncio. Não obstante, analisando o povoamento desta área, tão bem delimitada, constatamos a presença dos ditos povoados sentinela. A ocidente, junto à linha do Zêzere posicionam-se os povoados de N.ª Sr.ª da Confiança (110), St.ª Maria Madalena (109) e Cerro do Castelo (111). Embora se proponha a intervisibilidade entre estes e os sítios implantados sobranceiramente à margem esquerda do Zêzere (ver infra 4.2.1.), as características do curso médio deste rio, que aqui assume um contorno de “fosso” (Ribeiro et alii, 1987: 151 e Ribeiro, 1949a: 6), invalida qualquer outra relação (para além da visual) entre as populações de ambas as margens. Parecem-nos antes preconizar o que se verifica entre os castelos medievais fronteiriços. Do mesmo modo, junto à linha delimitativa a oriente (mapa 7), que os separa eventualmente dos Tapori, situa-se o castro do Picoto (99) (no extremo Sudoeste da 138 serra do Muradal) e Cabeço dos Castelos (107), Cerca do Castelo (108) e Castelo Velho da Zimbreira (126) (sobranceiros ao Ocreza). A própria repetição do topónimo “castelo” parece reforçar a concepção de fronteira. No entanto, na margem esquerda do Ocreza (território já dos Tapori) verifica-se um deserto ao nível do povoamento. Os Tapori encontram-se mencionados por Plínio (IV, 35, 118) como pertencentes aos oppida stipendiaria da “Lusitânia”. J. de Alarcão (1998; 2001: 299-303; 2005: 122) tem vindo a sustentar a sua localização na região de Castelo Branco. Contudo, e apesar do antropónimo ser comum na região de Idanha (Guerra, 1995: 113), os testemunhos epigráficos existentes não permitem fundamentar devidamente esta localização, o que suscita, uma vez mais, que se estabeleçam diversas conjecturas. Afastando-nos desde logo das hipóteses que os situam na vertente ocidental (Saa, 1963: 228) ou oriental (Alarcão, 1988: 37) da serra da Estrela, fixamo-nos na proposta de R. Cortez (1952: 178), que os localiza na vertente leste da serra da Gardunha (ocupando um espaço menor e não totalmente coincidente com a actual moção de J. de Alarcão (2001). Para além de argumentos como a ordem geográfica estabelecida na enumeração da inscrição da ponte de Alcântara, fundamenta a sua proposta na abundância de topónimos Atalaia na região (a que adscreve a raiz Tala) e na hipotética relação com o vicus Talabara 46 que fixa na Capinha. Se outros argumentos não existissem, o simples facto de hoje se invalidar a identidade entre Talabara e aquela aldeia serviria para refutar esta suposição. F. Curado (1988-1994: 215), sugere a circunscrição deste populi a sul de Viseu, tendo por capital Bobadela. J. de Alarcão (2005: 122) refuta esta conjectura localizando ali os Elbocori. José Freire (1993) consubstancia-se na evolução provável do hidrónimo Tabeiró 47 ou Taveiró afirmando que este remonta etimologicamente a Tapori. Admite assim como correcta a localização de J. de Alarcão, porém, fixa o território central deste povo na bacia do Taveiró, apesar de considerar que se poderia estender para a região de 46 Mencionado numa inscrição dada como proveniente da Capinha (CIL II 453). 47 Linha de água que nasce na serra de Sta. Marta, a oeste de Penamacor, e é afluente da ribeira de Alpreade, subafluente do rio Ponsul. 139 Castelo Branco. Por outro lado, A. Guerra (1995: 113) refere que o esforço de J. de Alarcão parece resultar da necessidade de preencher um determinado espaço vazio. Não obstante, tentaremos reforçar a proposta deste autor. Parece-nos consensual que o limite setentrional se estabeleça na serra da Gardunha. Mais problemática afigurase a fronteira com os Igaeditani, vizinhos dos Tapori a Este. Para J. Alarcão (2005: 122) é provável que esta partisse da extremidade Nordeste da Gardunha, passando pela ribeira do Taveiró até à sua confluência com o Ceife que por sua vez retoma a ribeira de Alpreade até ao Ponsul e Tejo. Pergunta, no entanto, se o limite nordeste não poderá coincidir com a extrema oriental da Herdade da Cardosa (Alarcão, 2001: 299). A análise do povoamento permite-nos tecer algumas considerações em relação a esta fronteira (mapa 7). De facto, de sul para norte, subindo o curso do Ponsul atingimos o povoado de S. Gens (97), sobranceiro à confluência da ribeira de Taveiró com a ribeira de Alpreade. Julgamos que a linha demarcatória seguiria esta última até ao contraforte Sudeste da Gardunha. Aqui transitava-se entre o Castelo Velho (58) (Louriçal do Campo) a poente e o núcleo de povoamento composto por Sr.ª da Penha (76), S. Roque (80) e Cabeço de S. Brás (82) a nascente, culminando no Cabeço da Argemela (83). Pensamos que este ocupa uma posição de grande relevância. R. Vilaça (2004a: 46) designa-o como povoado de “ponta” que controla o fluxo de entrada e saída na Cova da Beira. Reforçando esta ideia poderíamos talvez classificá-lo como “povoado trifinium”, que delimita não só os Tapori dos Igaeditani, mas também destes com o povo que se encontrava instalado na Cova da Beira (os prováveis Ocelenses Lancienses). Retomaremos a seguir este conceito. De todos os populi, os Igaeditani, apesar de não serem mencionados por Plínio e Ptolomeu, são os que oferecem menos dificuldade na sua localização, pois é inequívoco que as ruínas de Idanha-a-Velha correspondam à sua capital. Encontram-se confinados a ocidente pelos Tapori e a oriente provavelmente pelo rio Erges. Embora se equacione a possibilidade destes se prolongarem para além deste curso fluvial, por território actualmente espanhol (Alarcão e Imperial, 1996: 42). Para estabelecer o seu limite Norte e Noroeste, deverá ter-se em linha de conta os dois termini augustale encontrados em Salvador e Peroviseu. Esta questão 140 complexifica-se quando atentamos nos populi que, nestes marcos, se apresentam como seus confinantes naquelas direcções. O terminus augustalis encontrado na povoação de Peroviseu 48 (Fundão) (Monteiro, 1974; Vaz, 1977: 27-29) menciona Igaeditani e Lancienses sem qualquer determinativo. A aproximadamente 33 km. a su-sueste, na povoação de Salvador (Penamacor), um outro marco (CIL II 460) delimita Igaeditani e Lancienses Oppidani. Ambos os termini são datáveis do tempo de Augusto, de 4 ou 5 d. C.. O problema de definição destes territórios reside na incerteza em saber quantos Lancienses existiriam, se dois ou três. Os termini de Augusto, referem Lancienses sem apelativo e Lancienses Oppidani. Plínio (IV, 35, 118) menciona Lancienses sem outro apelativo e Ocelenses Lancienses 49 . Porém, na inscrição da ponte de Alcântara apenas surgem retratados os Lancienses Transcudani e os Lancienses Oppidani. Contudo, esta última epígrafe é datada de 105 d. C. (época de Trajano). Poderemos presumir que no tempo de Augusto existiriam três Lancienses e que, entre este e Trajano, se tenham fundido apenas em dois, os Oppidani e os Transcudani. No entanto, esta problemática envolve a articulação 48 Trata-se de uma placa de granito retirada em 1971 da casa paroquial de Peroviseu, onde se encontrava reaproveitada como material de construção. A polémica gerada em torno desta epígrafe assenta em saber qual o local de origem da sua deposição e na possibilidade de não se tratar de um original. J. Monteiro (1974), o investigador que a descobriu, afirma ser um exemplar autêntico. Contudo, J. I. Vaz (1977: 29) e J. de Alarcão (1998: 35) contrapõe dizendo que poderá tratar-se de uma cópia talvez realizada no século XVIII. Hoje parece consensual considerar o seu texto verdadeiro, mesmo que não original. O problema talvez resida no avivamento dos caracteres que a peça sofreu em data remota. Outra questão que se coloca é o do seu local de origem na antiguidade. Segundo J. de Alarcão e F. Imperial (1996: 41) esta inscrição poderia ter vindo de Souto da Casa (Fundão), na vertente norte da serra da Gardunha, onde o padre de Peroviseu teria exercido o seu munus anteriormente. No entanto, estes autores acabam por considerar esta hipótese pouco provável, pois no caso da peça daí provir deveríamos estar perante um trifinium entre Igaeditani, Lancienses e Tapori, já que esta localidade se encontra no limite de duas regiões naturais: a serra da Gardunha e a Cova da Beira. Acabam por admitir que a proveniência deste marco deverá ser mesmo Peroviseu. 49 Plínio IV, 35, 118: “De entre os ópidos estipendiários, sem custo se podem citar (…) os seguintes: Lancienses (…) Ocelenses Lancienses (…)” (apud Guerra, 1995: 35). Segundo A. Guerra (1995: 111112) “é preferível manter-se a lição de Ocelenses Lancienses, uma vez que não há necessidade de subentender uma expressão do tipo qui et, que ocorre nestas listas mas que tem alcance diferente” e que J. Alarcão e F. Imperial (1996), consideram plausível apesar das reservas de diversos autores. 141 de vários pressupostos que a tornam bastante complexa. Para além de transpor o âmbito cronológico proposto para o nosso estudo, não sentimos que seja útil alongarmo-nos mais neste tema pois, perante os dados arqueológicos e epigráficos disponíveis, julgamos não ser possível apresentar argumentos que permitam confirmar ou infirmar as teses já existentes 50 . Independentemente dos etnómios que ostentem, a existência de três áreas bem delimitadas faz com que consideremos a presença de três populi distintos. Retomando o limite nordeste dos Igaeditani (mapa 7), verificamos a presença do povoado de Pedrichas (100) próximo de Salvador. Deste, propomos um alinhamento fronteiriço que deveria seguir pela bacia do Bazágueda passando ao largo do povoado de Monte do Frade (104), Penamacor e da estela da Cabeça Gorda (102). O limite setentrional do território dos Igaeditani deverá perfilhar a fieira que do Cabeço da Argemela (83) cruzaria a serra de Peroviseu, pelos povoados de Cabeça Gorda (84) Quinta da Samaria (69) e Pedra Aguda (78). De facto, a serra de Peroviseu parece-nos efectivar um limite nítido, não só pela densidade populacional aqui verificada, como também pela sua articulação com outros aspectos. Entre eles, e para além do terminus encontrado em Peroviseu, destaca-se a inscrição rupestre romana identificada 51 junto ao povoado da Quinta da Samaria. Esta serra é ainda hoje utilizada como estrema entre os concelhos da Covilhã e Fundão, marcada a Nordeste pelo sítio da Pedra Aguda, para além de demarcar a bacia da ribeira da Meimoa da bacia do Zêzere. Este local encerra uma certa mística devido essencialmente ao gigantesco afloramento granítico constituído por duas pedras, uma delas disposta na vertical e de formato pontiagudo, que se eleva de forma espectacular junto ao topo da vertente oriental da serra. O carácter medianamente escarpado de toda esta eminência e o acentuado declive da vertente proporcionam um grande destaque na paisagem, estendendo-se o horizonte visual a Norte até ao sopé da serra da Estrela e a Sul até à Gardunha. Para além disso, encontra-se sobranceira em relação à passagem natural que se desfecha daqui até à povoação de Salgueiro, possibilitando o trânsito entre Cova da Beira e bacia da ribeira da Meimoa. 50 Sobre esta problemática leia-se essencialmente Alarcão e Imperial, 1996; Alarcão, 2005 e Guerra, 1995: 109-112. 51 Redentor, A., Osório, M. e Carvalho, P. (no prelo), “A inscrição rupestre da laje do Adufe (Ferro, Covilhã)”, Ficheiro Epigráfico, Instituto de Arqueologia da FLUC. 142 Esta localização permite integrar no território deste povo os povoados da Tapada das Argolas e Covilhã Velha e o curso médio da ribeira da Meimoa. Ao incluirmos esta última, rivalizamos com a hipótese lançada por J. de Alarcão (2001: 298) que remete esta linha de água para os Ocelenses Lancienses. Retomando o limite Noroeste dos Igaeditani, pensamos que este deveria acompanhar o curioso alinhamento (já referido por R. Vilaça (2004a: 52) (mapa 7) que da Pedra Aguda (78) seguiria por Cabeço do Escarigo (81), Sortelha-a-Velha (101) e Vale da Sr.ª da Póvoa (106). Classificamos o último também como povoado de “ponta”, uma vez que serviria de trifinium entre estes e os Ocelenses Lancienses (ou o povo fixado na Cova da Beira), e Lancienses Transcudani (tradicionalmente colocados no planalto Guarda – Sabugal). Gostaríamos de vincar a posição destes povoados de “ponta”, dominando e muito próximos de zonas de passagem naturais. O Cabeço da Argemela situa-se junto ao corredor de entrada e saída na zona sul da Cova da Beira. Por sua vez, o povoado de Vale da Sra. da Póvoa, para além de marcar o rebordo da Meseta, encontra-se implantado no topo da serra da Opa controlando o fluxo entre Meseta e Cova da Beira. A Nordeste situamos os Lancienses Oppidani. O seu território abrangeria maioritariamente terras actualmente espanholas (Alarcão, 2001: 299) encontrando-se demarcados pela região natural do Alto Erges. Se a Sul e Este confinariam (como vimos) com os Igaeditani, a Norte, limitados pelos contrafortes das serras da Malcata e Gata, faziam fronteira provavelmente com os Lancienses Transcudani. A Cova da Beira encontra-se bem individualizada do ponto de vista geográfico, estando acomodada na depressão entre Estrela e Gardunha e pelo sugestivo alinhamento Cabeço da Argemela – Pedra Aguda (considerando também a serra de Peroviseu como acidente geográfico significativo) – Vale da Sr.ª da Póvoa. O limite setentrional deverá distinguir esta região do planalto Guarda / Sabugal. Numa primeira análise, fixámos esta fronteira sobre a linha setentrional dos actuais concelhos de Belmonte e Covilhã, ou seja, por um alinhamento sugerido pelo posicionamento dos povoados Vale da Sr.ª da Póvoa (106), Chandeirinha (53) e Serra da Rachada (75). No entanto, uma observação mais cuidada levou-nos a reconsiderar este limes, tendo em conta a fileira de povoados (mapa 7) composta por Vale da Sr.ª da 143 Póvoa (106), Castelejo (41), S. Cornélio (43), Cabeço dos Mouros (36) e Cabeço das Fráguas (8) (implantados numa cordilheira visível a grandes quilómetros de distância (Alarcão, 2001: 297)), rematando no povoado de Serra de Bois (16). O terminus augustalis de Peroviseu coloca nesta área da Cova da Beira uns Lancienses. Para além da menção de Plínio (IV, 35, 118) aos Ocelenses Lancienses, uma inscrição do Ferro relaciona o epíteto Ocelaicus atribuído a divindades da região como Arâncio e Arância (Guerra, 1995: 111). No entanto, não nos devemos esquecer que Ptolomeu (2, 5, 9) coloca este povo entre os Vetões. Nada temos de irrefutável que comprove que esta região terá sido ocupada pelos Ocelenses Lancienses. Apenas defendemos que esta área bem delimitada, com amplos recursos e densamente povoada terá sido a “pátria” de um populus distinto dos demais. A região do planalto Guarda / Sabugal é tradicionalmente associada aos Lancienses Transcudani, mas a delineação das suas fronteiras comporta várias propostas. Estabelecemos o limite meridional na serra da Malcata e no alinhamento atrás referido. No entanto, a estrema oriental, tal como toda a Raia, oferece-nos bastantes dúvidas. Durante algum tempo o etnómio Cuda foi associado ao rio Côa o que colocava este populus refundido para além da margem esquerda do Côa (Alarcão, 2005: 125). Porém, F. Curado (1988-1994: 216) afirma que o Côa se intitulava, durante o período romano, Cola e que Cuda poderia relacionar-se assim com a serra da Malcata (limite meridional). Embora aceitando esta proposta, não poderemos olvidar as diferentes características de implantação do povoamento constatado na margem direita do Côa. Verifica-se aqui a preferência de assentamento no topo de cabeços pouco destacados, contrastando com os povoados de altura da margem esquerda. Para além disso, M. Osório (2005: 47) sustenta que a integração do vale superior do rio Côa no território lusitano é dificultada pela falta de evidências geográficas (verifica-se a continuidade física do planalto da Meseta) a ocidente do Alto Côa que possa ser considerada como uma barreira genuína entre aqueles e as comunidades vetãs 52 . Caso esta proposta se legitime, o importante povoado do Sabugal teria que ser encarado como local fronteiriço, possivelmente integrado na civitas de Mirobriga. 52 Note-se que o traçado do rio Côa foi até 1297 uma fronteira política. 144 Segundo J. de Alarcão e F. Imperial (1996: 42), a fronteira setentrional dos Lancienses Transcudani seguiria os limites dos actuais concelhos do Sabugal e Guarda. Neste particular, destacamos a posição dos povoados de Castelo Mendo (1), Jarmelo (10) e Alvendre (7) que num hipotético alinhamento até Celorico da Beira 53 poderão também ser considerados castros fronteiriços. A Norte confrontavam-se com os Aravi e Cobelci (Alarcão, 1998). A identificação dos primeiros assegura-se a partir da leitura da inscrição honorífica consagrada a Adriano pelas civitas Aravorum (CIL II 429), encontrada em Marialva. A oriente, encontrando-se delimitados pelo Côa ou ribeira das Cabras, parecem confinar com os Cobelci, conforme atesta a inscrição encontrada em Almofala dedicada a Jupiter Optimus Maximus pela civitas Cobelcorum (Alarcão, 1998: 146). A ausência de menção deste populus na inscrição da ponte de Alcântara provoca algumas reticências em relação à sua localização. No entanto, J. de Alarcão (1998: 146) salienta que a alusão destes poderia encontrar-se na/s lápide/s perdidas, onde figurariam outras civitas como Mirobriga ou Bletisa. O seu limite oriental (tal como o dos Meidubrigenses a Norte) deverá fixar-se no rio Águeda. A escassez de escultura zoomórfica (berrões) e de cerâmica a peine a ocidente deste curso fluvial (Alarcão, 2001: 296) parece comprovar este facto. Os Cobelci e os Aravi confinavam a Norte com os Meidubrigenses (mapa 7). Também aqui, a posição de alguns povoados poderá sugerir a fronteira setentrional daqueles. Neste sentido, partindo do povoado de Sto. André 54 (3), o alinhamento deveria coincidir com a serra da Marofa 55 (onde se situa o Castelo da Sr.ª de Monforte (4)) até Porto da Vide / Bogalhal Velho (21), implantado sobre a confluência da ribeira das Cabras com o Côa. 53 Segundo J. de Alarcão (1998: 145), esta localidade poderia constituir um trifinium entre os Aravi, Interannienses e Lancienses Transcudani. 54 Destaca-se o aparecimento neste povoado de duas esculturas zoomórficas (um touro e um porco) que poderá sugerir a proximidade da fronteira com os Vetões. 55 No entanto, tendo em conta que o rio Côa percorre o seu trajecto final em vale encaixado (com poucos pontos de passagem), perguntamo-nos se a fronteira entre Cobelci e Meidubrigenses não se poderia materializar neste curso fluvial. 145 Classificamos também este local como povoado de ponta que marcaria o trifinium entre Cobelci, Aravi e Meidubrigenses. Note-se aqui o achado de um depósito de artefactos em bronze que poderá cimentar este facto. A partir daqui, já em território exclusivo dos Aravi, acompanha-se o curso médio do Côa passando por Castelo dos Mouros de Cidadelhe (22). O remate setentrional deste populus poderá estabelecer-se na linha marcada pela depressão de Longroiva (Alarcão, 1998: 145), cruzando o povoado da Tapada do Castelo (17) e Castelo Velho da Meda (18). A Norte, como vimos, localizavam-se os Meidubrigenses. A sua capital (Meidobriga) foi anteriormente colocada em Freixo de Numão (50) (Alarcão, 1998: 145). Esta hipótese, que já suscitara críticas (Vaz, 1997: 321), foi entretanto declinada (Alarcão, 2005: 128). O limite ocidental deste populus parece suscitar algumas reservas, podendo provavelmente fixar-se na ribeira da Teja 56 ou até no rio Torto (Alarcão, 1998: 145). Por outro lado, estariam restringidos a Norte pelo rio Douro e a oriente pelo rio Águeda. J. de Alarcão (2001) abandona a hipótese, por ele antes aventada (Alarcão, 1998), de que todos os populi mencionados na inscrição da ponte de Alcântara se integrariam no grupo Lusitani. Constatando a ausência de divindades ditas de lusitanas entre os Interannienses, Coilarni, Aravi, Medubrigenses, Arabrigenses, Banienses e Paesuri (Alarcão, 2001: 343), subtrai-os daquela etnia. Embora não ignoremos este facto, teremos que ter em linha de conta outros aspectos: os motivos iconográficos do baixo Côa (onde surgem representados o que talvez poderemos classificar de guerreiros Lusitanos em pleno território dos Meidubrigenses – vide supra 10); as semelhanças ao nível da distribuição espacial e características do povoamento e a inexistência de assimetrias notáveis entre a cultura material em toda a nossa área de estudo. Assim sendo, julgamos ser legítimo incluir Aravi e Medubrigenses entre os populi Lusitani. 56 De notar a posição sobranceira dos povoados do Alto de Sta. Eufémia (49) e Castelo Velho de Seixas (51) e o controlo visual que exercem sobre este curso de fluvial. 146 Por fim, deveremos destacar algumas particularidades visíveis entre os povoados situados sobre as possíveis linhas de fronteira entre populi. Tratam-se de sítios de média dimensão, localizados próximo de zonas de passagem, quase todos fortificados e que reflectem uma ocupação, contínua (?) ou descontínua, ao longo do I milénio a. C. É caso para questionar, tal como R. Vilaça (2004a: 52) se “ (…) poderemos encará-los como testemunho de uma “zona tampão”, neutral, de assinalável concentração demográfica e de trânsito particularmente intenso?” Pergunta para a qual não encontramos resposta. Consideramos que o esforço que empreendemos para o entendimento da geografia político-administrativa desta região contribuiu, mais uma vez, para a complexificação do problema e estabelecimento de outras dúvidas e desacordos. No entanto, esperamos que tal enredo possa ser entendido como sinal de progresso, num tempo “ainda de interrogações e não de certezas” (Alarcão, 2005: 129). 147 12.CONCLUSÕES Ao longo deste estudo fomos traçando linhas de pensamento, quase sempre meras conjecturas ou exercícios retóricos dado o conjunto de lacunas e insuficiências da informação disponível, sobre a génese e transformação das estruturas de povoamento no evoluir do I milénio a. C. na Beira Interior. Deste modo, querer redigir uma conclusão poderá ser visto como um contra-senso. Este trabalho deverá ser entendido como um balanço da investigação realizada e uma tentativa de estabelecer um conjunto de propostas a desenvolver no âmbito desta temática. Se nada de novo trouxemos a esta discussão, então que esta dissertação seja encarada como um último desesperante e definitivo ponto da situação. Confrontando todas as interrogações suscitadas no decorrer deste ensaio com os dados disponíveis, facilmente nos apercebemos que estamos ainda no “prefácio” de um real entendimento dos antigos modelos de povoamento. O estado actual dos conhecimentos é de tal modo escasso que se afigura até arriscado assumir como representativo o pouco que se conhece. Esta débil investigação reflecte-se na quantidade de sítios escavados, 31 dos 93 povoados inventariados. No entanto, apenas 15 destas intervenções foram devidamente publicadas ou apresentam resultados minimamente esclarecedores ou satisfatórios e somente quatro (Sabugal Velho (29), Sabugal (39), Freixo de Numão (50) e Cabeço das Mós (129)) se podem destacar no estudo da Idade do Ferro. Estas assimetrias intensificam-se ao debruçarmo-nos em cada sub-região. Na Beira Interior Sul e Cova da Beira (tabela 3.3 e 3.4) devemos realçar a acção investigadora de R. Vilaça. No entanto, esta autora tem direccionado os seus estudos para a fase final da Idade do Bronze, não existindo nesta imensa área nenhum sítio da Idade do Ferro minimamente conhecido. Na Beira Interior Sul apenas se inventariaram cinco sítios (tabela 3.4) que revelam ocupações daquele período. No Pinhal Interior (tabela 3.5), aguardamos com expectativa que C. Batata e P. Félix frutifiquem e divulguem os resultados dos projectos que têm em curso. No Planalto Guarda/Sabugal (tabela 3.2), M. S. Perestrelo e M. Osório têm realizado intervenções nalguns povoados. Embora ainda numa fase inicial de seus 148 trabalhos, há que convergir estes estudos para uma escala micro-regional e minimamente coerente. Menos satisfatórias, as investigações realizadas junto à foz do Côa que têm privilegiado os períodos anteriores ou posteriores ao I milénio a.C. Importa contextualizar e compreender estas comunidades que nas margens daquele rio deixaram gravados importantes testemunhos que só assim poderão ser correctamente interpretados. Nesta área são poucos os vestígios conhecidos integrados no Bronze Final (tabela 3.1). Facto que nos permite questionar sobre o que terá sucedido com as comunidades que ocuparam os povoados datados do Bronze Inicial / Médio tão bem representados na região. Até há pouco tempo atrás, estando a Beira Interior incorporada nas zonas mais periféricas do continente europeu, presumia-se que esta região se teria desenvolvido em ritmo lento. Contudo, a partir, essencialmente, de vários elementos da cultura material, sabemos que toda esta área apresenta um vasto registo de influências de carácter exógeno. Não obstante, a sua interioridade e consequente imagem de isolamento, a Beira Interior foi eixo de importantes comunicações e pólo de atracção, onde confluíam influências e contactos atlânticos, mediterrâneos e continentais que deverão ser melhor caracterizadas. Esta região constitui assim uma área-chave para o entendimento de muitas das realidades da Proto-história do extremo ocidente peninsular. Neste sentido, urge esclarecer as várias questões que colocámos ao longo deste trabalho. Relativamente ao Bronze Final, os trabalhos de R. Vilaça, desenvolvidos no centro e sul da Beira Interior, traçaram o primeiro perfil cultural das comunidades daquela área específica. Contudo, será importante contextualizar aqueles resultados com os vestígios identificados nas outras sub-regiões que compõem a Beira Interior, assim como reequacionar e aprofundar as várias questões que aquela autora trouxe para a discussão. Para além destas, gostaríamos de salientar alguns outros problemas que para nós deverão ser igualmente de premente resolução. Neste trabalho demonstra-se mais uma vez o fenómeno de preferência de assentamento em lugares destacados na paisagem, quase sempre alcantilados e estrategicamente posicionados. Todavia, deveremos ter em linha de conta que a par destes parecem ter coexistido outros de natureza distinta, os casais agrícolas. Estes sítios 149 são ainda pouco representativos e até ao momento circunscrevem-se a três exemplares localizados junto ao Tejo. Será que se deve interpretar este facto como um “regionalismo” relacionado com o vector geomorfológico do vale do Tejo? A sua aparente ausência na restante região estudada não poderá ser fruto da escassa investigação ou produto das prospecções dirigidas efectuadas naquelas áreas? Ao perspectivar-se a sua presença nas outras sub-regiões da Beira Interior como encaixariam no quadro do povoamento do Bronze Final? Que tipo de relação (se esta existe) teriam com os povoados de altura? Outra das principais problemáticas que continua sem resposta prende-se com a identificação (pelo menos em quatro dos povoados escavados por R. Vilaça) de mecanismos de abandono de povoados no Bronze Final e a aparente ausência ou escassez de soluções de continuidade ocupacional entre este período e o Ferro Inicial. Apesar de já nos termos debruçado neste assunto (vide supra 7), importa realçar a necessidade em determinar se realmente existe uma “desintegração da ordem social” do Bronze Final na Beira Interior e quais os seus factores e consequências. Esta análise deverá ser orientada à escala micro-regional isolando os vectores de continuidade e descontinuidade que moldam a transformação estrutural destas comunidades. O eixo desta questão resume-se à inexistência de um quadro cronológico e cultural de referência para o I milénio a. C. na Beira Interior. Com efeito, todo o estudo do período que sucede ao Bronze Final (tanto do Ferro Inicial como do Ferro Pleno e romanização) continua por fazer, pelo que não conseguimos isolar apenas um ou dois temas que necessitem ser prioritariamente esclarecidos. Só caracterizando por inteiro a Idade do Ferro poderemos interpretar algumas das problemáticas que subsistem do Bronze Final e definir os processos evolutivos das estruturas de povoamento ao longo do I milénio a. C. Para alcançar este objectivo é forçoso encetar um trabalho de base consubstanciado em “materialidades susceptíveis de caracterização, contagem, medição, comparação, etc.” (Vilaça, 2005: 14). A estruturação de um discurso abrangente (tendo em conta as dinâmicas económicas e sociais) e objectivo sobre a evolução da estrutura do povoamento ao longo do I milénio a. C. na Beira Interior deverá fundamentar-se, inevitavelmente, no 150 esclarecimento destas e de outras problemáticas mencionadas neste trabalho, afastandonos da tendência em adoptar teorias pré-feitas apoiadas, por vezes, em convicções que carecem de valor científico. Estamos igualmente crentes que após a dilucidação destes assuntos estaremos melhor posicionados para desmistificar ou caracterizar devidamente os povos Lusitanos de quem tanto se fala e muito pouco ou nada se conhece. Coimbra, Novembro de 2005 151 BIBLIOGRAFIA AGUIAR, C. A. (1941), “Origens da cidade da Guarda”, Altitude, 1-6. ALARCÃO, J. de (1988a), O Domínio Romano em Portugal, Mem Martins: Europa-América. ALARCÃO, J. de (1988b), “Os Montes Hermínios e os Lusitanos”, in Livro de Homenagem a Orlando Ribeiro, vol. 2, Lisboa, 41-47. ALARCÃO, J. de (1990), Nova História de Portugal (coordenada por Serrão, J. e Marques, A. O.), vol. I, Portugal das origens à romanização. Lisboa, Presença. 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CRITÉRIOS DE APRESENTAÇÃO........................................................................................................3 1.3. CATÁLOGO A. ..................................................................................................................................8 1.4. CATÁLOGO B. .................................................................................................................................60 TABELAS TABELA 1: POVOADOS COM OCUPAÇÃO DO BRONZE FINAL TABELA 2: POVOADOS COM OCUPAÇÃO DO FERRO PLENO TABELA 3.1: QUADRO DE EVOLUÇÃO DO POVOAMENTO NO MÉDIO E BAIXO CÔA (REGIÃO A 1) TABELA 3.2: QUADRO DE EVOLUÇÃO DO POVOAMENTO NO PLANALTO GUARDA / SABUGAL (REGIÃO A 2) TABELA 3.3: QUADRO DE EVOLUÇÃO DO POVOAMENTO NA COVA DA BEIRA (REGIÃO B) TABELA 3.4: QUADRO DE EVOLUÇÃO DO POVOAMENTO NA BEIRA INTERIOR SUL (REGIÃO C) TABELA 3.5: QUADRO DE EVOLUÇÃO DO POVOAMENTO NO PINHAL INTERIOR (REGIÃO D) MAPAS MAPA 1: DIVISÃO ADMINISTRATIVA DA ÁREA DE ESTUDO MAPA 2: VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS DO I MILÉNIO a. C. NA BEIRA INTERIOR MAPA 3: VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS DO BRONZE FINAL NA BEIRA INTERIOR MAPA 4: VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS DO FERRO INICIAL NA BEIRA INTERIOR MAPA 5: VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS DO FERRO PLENO NA BEIRA INTERIOR MAPA 6: AS VIAS DE CIRCULAÇÃO NATURAIS NA BEIRA INTERIOR DURANTE O I MILÉNIO a. C. MAPA 7: LOCALIZAÇÃO DOS POPULI MAPA 8: DISTRIBUIÇÃO DAS CERÂMICAS TÍPICAS DO BRONZE FINAL NA BEIRA INTERIOR MAPA 9: DISTRIBUIÇÃO DAS CERÂMICAS TÍPICAS DA IDADE DO FERRO NA BEIRA INTERIOR FIGURAS FIGURA 1: TERRITÓRIOS TEÓRICOS DE EXPLORAÇÃO DOS POVOADOS DE CASTELOS VELHOS E PICOTO FIGURA 2: TERRITÓRIOS TEÓRICOS DE EXPLORAÇÃO DE COVILHÃ VELHA, TAPADA FUNDEIRA, PEIXEIRA E CABEÇA DE BOI FIGURA 3: LOCALIZAÇÃO DA ARTE SIDÉRICA DO VALE DO CÔA E ALTO DOURO FIGURA 4: ROCHA 1 DA VERMELHOSA FIGURA 5: ROCHA 3 DA VERMELHOSA FIGURA 6: LOCALIZAÇÃO DA ARTE RUPESTRE DO I MILÉNIO a. C. DO MÉDIO ZÊZERE ESTAMPAS ESTAMPA I: MATERIAIS CERÂMICOS DE PEDRA AGUDA, SERRA DA RACHADA E CASTELO VELHO DE LOURIÇAL DO CAMPO ESTAMPA II: MATERIAIS CERÂMICOS DO MONTE DE S. BRÁS ESTAMPA III: MATERIAIS CERÂMICOS DO MONTE DE S. BRÁS ESTAMPA IV: MATERIAIS CERÂMICOS DA QUINTA DA SAMARIA ESTAMPA V: MATERIAIS CERÂMICOS DA QUINTA DA SAMARIA ESTAMPA VI: MATERIAIS CERÂMICOS DA QUINTA DA SAMARIA ESTAMPA VII: MATERIAIS CERÂMICOS DA QUINTA DA SAMARIA ESTAMPA VIII: MATERIAIS CERÂMICOS DO CASTELEJO DO TOSTÃO ESTAMPA IX: MATERIAIS CERÂMICOS DE ALFAIATES E SORTELHA-A-VELHA |1 1. INVENTÁRIO DOS VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS 1.1. INTRODUÇÃO A elaboração de um inventário dos vestígios arqueológicos da região abarcada pelo nosso estudo constituiu, desde o início, a base onde assentaria a nossa interpretação e entendimento do quadro do povoamento ao longo do I milénio a. C. O esforço de catalogação permitiria, numa perspectiva teórica, alcançar os nossos objectivos, facultando a formulação de questões sobre padrões de assentamento, evolução do povoamento ou aspectos relativos à organização económica, social e política daquelas comunidades. Perante as dificuldades em realizar escavações, a prospecção arqueológica de superfície afigura-se como o melhor meio prático de proporcionar uma maior quantidade (embora pouca informação) de dados passíveis de compor um catálogo. Embora cientes da sua importância, a organização deste inventário não contou minimamente, no seu germe, com as prospecções desejáveis devido aos diversos condicionalismos já expostos (capítulo 1, volume I). Tal tarefa, numa área tão vasta, só poderia ser realizada com amplos recursos humanos e económico-financeiros que nunca chegámos a dispor. Limitámo-nos apenas a visitar alguns sítios (já conhecidos) que poderiam ser considerados os mais representativos e a realizar algumas prospecções dirigidas ao topo de proeminências topográficas sugestivas, que se revelaram manifestamente insuficientes. Por outro lado, a densa cobertura vegetal que envolve grande percentagem dos locais visitados dificultou a observação de possíveis estruturas ou de quaisquer outros elementos, como a cerâmica, que permitissem esboçar a sua cronologia de ocupação ou enquadramento cultural. Assim sendo, o catálogo A resulta essencialmente dos dados retirados da pesquisa bibliográfica que efectuámos que procurou ser exaustiva. Procurámos inventariar todos os vestígios arqueológicos, inseríveis no I milénio a. C., que se encontravam referenciados nas diversas publicações sobre a região. Porém, relativamente a este aspecto, deparámo-nos igualmente com algumas dificuldades. |2 De um modo geral, as publicações mais antigas apresentam por vezes referências bastante sumárias e imprecisas que nos levaram a colocar reservas em relação à cronologia e/ou localização dos achados. De facto, muitas das estações referenciadas não foram objecto de qualquer estudo mais específico. Em alguns casos identificaram-se sítios apenas com base nas suas características topográficas ou na observação de vestígios de estruturas. Noutros recolheram-se fragmentos cerâmicos que não nos permitem, só por si, assegurar uma ocupação dentro do nosso âmbito cronológico. Para além disso, raras vezes se apresenta uma localização concreta baseada em coordenadas geográficas 1 . Foi-nos impossível visitar todos estes sítios de modo a confirmar ou infirmar tais dados ou suspeitas. Deste modo, com o intuito que o nosso estudo partisse de bases minimamente sólidas ou credíveis, vimo-nos obrigados a arredar aquelas informações do nosso catálogo e da respectiva análise e interpretação. No entanto, consideramos que não obstante as dificuldades de localização ou de estabelecer sincronias entre eles, a sua possível existência poderá funcionar (se um dia confirmados) como indicador arqueológico e cultural, tornando-se úteis para compreender as características e a densidade do povoamento proto-histórico da região. Por isso mesmo, resolvemos criar um catálogo secundário, independente do primeiro, onde se sistematizam todos os casos dúbios de que temos conhecimento. Este inventário B não será cartografado nem tido em linha de conta no nosso estudo (salvo 1 Um bom exemplo desta circunstância é a obra Roteiro dos monumentos militares portugueses (1945; 1946; 1948) do General João de Almeida, sintomaticamente revista com bastante precaução devido sobretudo à ambiguidade dos seus registos. Este autor cataloga dezenas de fortificações “lusitanoromanas” e castros de pretensa ocupação “eneolítica”. A somar a esta obscura classificação cronológica verifica-se a ausência de quaisquer vestígios de superfície em grande parte dos locais apontados por aquele. Se em relação ao primeiro aspecto podemos apontar a pobre preparação arqueológica do autor, já relativamente à invisibilidade do registo de superfície as causas poderão ser diversas como a erosão e crescimento arbustivo. Expressivo deste facto é o povoado da Serra de Bois (Guarda) visitado por João de Almeida (1943: 67-69) a primeira vez em 1920, onde regista as ruínas de um castro que na década de 40 já não são visíveis. Somos portanto forçados a admitir que nos sessenta anos que nos separam da edição da sua obra muitos daqueles sítios poderão ter-se degradado e tornado invisíveis. No entanto, devido à incongruência do registo, estes dados não poderão ser tomados em linha de conta na interpretação até serem confirmados. |3 raras excepções devidamente justificadas e indicadas). Deverá apenas ser entendido como uma base de dados que aguarda confirmação (alguns há quase um século) e respectiva correcta localização. Integramos ainda neste catálogo B alguns vestígios que surgem mencionados na base de dados Endovélico do Instituto Português de Arqueologia. Tratam-se de casos que surgem ali referenciados pela leitura dos mesmos textos que consideramos duvidosos ou através do resultado de trabalhos, essencialmente de acompanhamentos arqueológicos, realizados na região. Perante a dificuldade sentida em consultar aqueles relatórios, a informação patente naquela base de dados, para além de não fornecer a localização precisa dos respectivos vestígios, mostra-se manifestamente insuficiente para que considerássemos as suas classificações cronológicas ou tipológicas como seguras, sem que dela pudéssemos pôr em prática o nosso espírito crítico. Por último, devemos salientar a pesquisa e análise dos materiais que se encontram depositados no Museu Municipal do Fundão, na Câmara Municipal de Castelo Branco e Câmara Municipal do Sabugal 2 . Apesar de todas as limitações, procurámos ser exaustivos na sistematização da documentação disponível, tendo em vista a análise de todos os vestígios arqueológicos adstritos ao I milénio a. C. conhecidos nesta região. 1.2. CRITÉRIOS DE APRESENTAÇÃO 3 Na sua essência, a apresentação do catálogo deriva, numa primeira fase, do preenchimento de uma ficha individual de cada sítio, que se criou para o efeito. Esta subentende a organização de campos de individualização/identificação, de registo (descrição do meio físico e ambiental e dos achados), de interpretação (classificação 2 Agradecemos a disponibilidade demonstrada pelo Dr. João Mendes Rosa (director do Museu do Fundão), da Dr.ª Sílvia Moreira (arqueóloga da Câmara Municipal de Castelo Branco) e do Dr. Marcos Osório (arqueólogo da Câmara Municipal do Sabugal). 3 Devemos mencionar que o esquema gráfico utilizado na apresentação do catálogo baseia-se no modelo apresentado por Maria da Conceição Lopes em A cidade romana de Beja: percursos e debates em torno da” civitas” de Pax Iulia, IAFLUC, 2003. |4 cronológica e tipológica) e um item “auxiliar” ou de bibliografia (observações e referências anteriores). No entanto, a apresentação do catálogo deverá ser breve e clara, obedecendo a uma lógica de racionalidade de informação. Pretendeu-se realizar uma compilação exaustiva do património arqueológico conhecido (do I milénio a. C.) de forma abreviada mas, ao mesmo tempo, que contemplasse o máximo de informação susceptível de outros a poderem ampliar. Tratando-se de uma região vasta que compreende áreas de quatro diferentes distritos, optou-se pela ordenação geográfica dos mesmos de norte para sul (Guarda, Castelo Branco, Santarém, Portalegre 4 ). Contudo, uma vez que cada distrito integra territórios de distintos concelhos e, dentro destes, de diversas freguesias, seguimos respectivamente a ordem alfabética na sua apresentação. Cada sítio possui um número referência, que segue a ordem atrás descrita e que serve para o individualizar, nomeadamente na base cartográfica. Este número antecede a designação do sítio, que corresponde ao nome da estação ou ao local onde foram encontrados os achados. Quando um local apresenta diversas designações indicamos a mais usual. Porém, se pertencer a duas freguesias mencionam-se os dois topónimos pelos quais é conhecido. Segue-se a respectiva integração administrativa (freguesia, concelho) e a localização cartográfica. Indica-se o número da Carta Militar 1: 25000 editada pelos Serviços Cartográficos do Exército, o seu posicionamento planimétrico (através de coordenadas UTM 5 – projecção Universal Transversal de Mercator) e altimétrico (altitude máxima do local onde se encontram os vestígios). Relativamente aos achados avulsos, sabemos que muitas das referências de que dispomos não se reportam ao sítio exacto da sua descoberta. Com efeito, optámos por ocultar a indicação das suas 4 Do distrito de Portalegre apenas se contempla a freguesia de Belver do concelho de Gavião, situada a Norte da linha do Tejo. 5 Converteram-se todas as coordenadas em UTM (paralelo e meridiano). Estes valores podem assim ser integrados no sistema de informação geográfica GIS. Esta cartografia digitalizada apresenta imensas utilidades operativas pois permite trabalhar a uma escala tridimensional. |5 hipotéticas coordenadas, apenas referindo o número da Carta Militar 1: 25000 onde se inserem. No entanto, apontamos no mapa geral de localização dos vestígios arqueológicos a sua localização aproximada. O mesmo sucede com os depósitos. De seguida, aponta-se a classificação sumária do sítio. Optámos por contemplar as categorias preconizadas por R. Vilaça (1995: 77). Assim sendo, os vestígios são nomeados de achados avulsos (quando se trata de um objecto isolado e descontextualizado); povoados (onde apenas se distinguem os que são fortificados); depósitos (quando se encontram associados em contexto fechado vários artefactos metálicos, substituindo as designações “esconderijos de mercador” e “tesouros”). Ao contrário de R. Vilaça, incluímos as estelas (monólitos ou lajes de pedra insculturados), embora sempre devidamente especificadas, no grupo dos achados avulsos, pois nesta região encontram-se descontextualizadas 6 . As minas e a arte rupestre não são contempladas neste catálogo por serem tratadas à parte em capítulo próprio. Do mesmo modo, não se dá conta do grupo das sepulturas ou necrópoles pois, na região, são desconhecidos quaisquer vestígios assim indubitavelmente classificados 7 dentro do nosso âmbito cronológico. Relativamente à classificação cronológica optou-se (dentro do âmbito que nos afecta) distinguir apenas Bronze Final de Idade do Ferro. Poucos são os sítios onde foram feitas escavações ou mesmo curtas sondagens (e dentro destes são raras as situações que se encontram devidamente publicadas) permitindo uma caracterização cronológica precisa. Quando dispomos destas informações preferimos expô-las no item da descrição. Mesmo com esta classificação mais ampla, por vezes deparamo-nos com algumas incertezas que são devidamente indicadas através de (?). Por outro lado, pretendeu-se referir, nos casos onde se verifica, as ocupações anteriores (Neolítico, Calcolítico por exemplo) e posteriores (Época romana e medieval). 6 As estelas encontradas no Monte de S. Martinho (Castelo Branco) são referenciadas conjuntamente com este povoado. 7 Não devemos esquecer os vestígios identificados no Monte de S. Domingos (60). No entanto, estes encontram-se integrados numa estrutura de cariz habitacional. |6 No item da descrição inscrevem-se as características particulares de cada sítio. Inicia-se sempre esta exposição definindo as particularidades de implantação e integração no meio ambiente envolvente de cada local. Contempla-se igualmente uma sumária descrição das estruturas visíveis ou descobertas e debate-se, sempre que se justifica, as interpretações e conclusões dos autores que a eles se referem. Por vezes, o menor desenvolvimento concedido a esta descrição reflecte a escassa e débil natureza dos dados e conhecimentos que possuímos de certos sítios. Optámos por não intercalar esta exposição com referências bibliográficas (excepto quando se trata de dados muito concretos), pois esta baseia-se na leitura dos registos que indicamos no campo da bibliografia. No entanto, quando se indica (neste item) mais de uma obra do mesmo autor menciona-se aqui o ano da publicação a que se reporta a informação que referenciámos. Este campo antecede o dos materiais que decidimos individualizar por julgarmos poder facilitar a leitura e a própria análise do catálogo. Indica-se o conjunto de vestígios artefactuais, referenciados ou recolhidos, que sejam mais relevantes para a caracterização de cada estação. Quando se trata de um achado avulso ou depósito este item é obviamente suprimido, expondo-se toda a informação num único campo – o da descrição. As referências bibliográficas surgem no fim, alinhadas por ordem cronológica. Procurámos fornecer a bibliografia fundamental para a análise de cada vestígio. Alertamos porém, para o facto de terem sido retiradas algumas referências por se repetirem e nada acrescentarem de novo. As estações inéditas são assim classificadas. No caso das ainda não publicadas e não descobertas por nós indica-se o achador. Após a completa apresentação do catálogo dos vestígios arqueológicos confirmados, segue-se-lhe um segundo inventário, o catálogo B, onde se expõem todos os casos duvidosos. A sua ordem e modelo são semelhantes ao catálogo principal. No entanto, devido às condicionantes atrás referidas, muitos dos campos ficam por preencher. Suprimiram-se alguns dos dados relativos à localização dos achados. Muitas das vezes desconhece-se com rigor a freguesia a que pertence, indicando-se nestes casos a |7 povoação mais próxima. Do mesmo modo, é impossível indicar as coordenadas geográficas. Nos poucos casos onde as mencionamos, a nossa dúvida reside somente na natureza dos vestígios ou classificação cronológica atribuída. Por fim, as questões relacionadas com a classificação cronológica dos vestígios arqueológicos, assim como os materiais (individualizados no catálogo principal) serão expostos e debatidos num único campo de descrição. |8 1.3. CATÁLOGO A ALMEIDA, 1945: 171-173; RODRIGUES, 1958a: 393-396; RODRIGUES, 1961: 3-13; DISTRITO DA GUARDA LÓPEZ MONTEAGUDO, 1989; LÓPEZ JIMÉNEZ, 2002: 330; PERESTRELO, 2004: CONCELHO DE ALMEIDA Nº7. 2. CASTELO MAU, Valverde, Almeida. 1. CASTELO MENDO, Castelo Mendo, Almeida. CM 194 [4595950, 736500 760]. Tipologia: Povoado Fortificado (?). Cronologia: Bronze Final / Idade do Ferro / Época Romana / Época Medieval. Descrição: A actual povoação de Castelo Mendo situa-se no topo de um monte alcantilado na margem esquerda do Côa. Dispõe de boas condições naturais de defesa, sendo quase inacessível pelas vertentes Este, Oeste e Sul. Almeida faz referência à existência de restos de muralha ciclópica, chegando mesmo a classificá-lo como oppidum com três ordens de muralha. Hoje apenas se deslumbra a cerca medieval. Perestrelo, com base na análise dos materiais abaixo referidos, remonta a ocupação deste morro ao Bronze Final. Materiais: Almeida refere a descoberta de cerâmica de construção e moedas romanas. Rodrigues (1961) menciona a descoberta de um machado de talão com duas argolas e de uma ponta de lança, ambos em bronze. Para além destes, destaca-se a existência de dois berrões que se encontram a ladear a porta principal de entrada da povoação, junto à muralha. CM 183 [4511050, 672130 - 669]. Tipologia: Povoado (Fortificado?). Cronologia: Bronze Final Descrição: Cabeço granítico bem destacado na paisagem. Situado na margem esquerda do rio Côa, assume uma posição preponderante e de grande domínio visual sobre este curso de água. Apesar de difícil acesso, principalmente pelas vertentes setentrional e nascente, Perestrelo dá-nos conta da existência (na parte mais elevada deste cabeço) de um grande amontoado de pedras que se poderá vir a confirmar tratar-se de uma estrutura defensiva (neste caso uma torre ou atalaia). Materiais: Para além de cerâmicas manuais grosseiras, Perestrelo recolheu fragmentos com decoração incisa em espinha em ambas as superfícies (“Cogotas I”) e um fragmento com mamilo. De notar, igualmente, a escassez de moinhos de vaivém. LÓPEZ JIMÉNEZ, PERESTRELO, 2004: 36-37. 2002: 180; |9 CONCELHO DE FIGUEIRA DE CASTELO Descrição: Esta estação ocupa o topo de RODRIGO dois cabeços que se levantam na margem esquerda do Côa. Este rio traça aqui uma 3. SANTO ANDRÉ, Almofala, Figueira curva acentuada, rodeando o povoado de Castelo Rodrigo. CM 162 [4528449, todos os lados excepto a nordeste. Não se 682475 - 555]. encontram vestígios de fortificação. Tipologia: Povoado Fortificado. Perestrelo salienta a presença de alguns Cronologia: Idade do Ferro / Época muros de planta circular e rectangular, Romana. vestígios de estruturas habitacionais. Descrição: Situa-se no topo de um Materiais: Perestrelo regista a presença cabeço (rematado em esporão) destacado, de cerâmica manual e ao torno. A sua muito próximo e sobranceiro ao rio maioria Águeda. Dispõe de um amplo domínio destacando-se apenas alguns fragmentos visual sobre este curso de água e de boas com superfície brunida e um fragmento condições defesa, decorado com penteado ondulado e essencialmente a norte e este. São ainda punções, característico do Ferro Pleno. visíveis as ruínas de uma linha de Conta-se igualmente com a presença de muralhas. elementos de Materiais: Para além do rico e variado vaivém. espólio de época romana destaca-se o ALMEIDA, aparecimento de dois berrões (um touro e JIMÉNEZ, 2002: 180; PERESTRELO, 2004: um porco) aquando das obras da capela. 39-40. naturais Rodrigues menciona cossoiros, arrecadas de o achado de ouro e de tem pastas grosseiras moinhos manuais 1945: 223-224; de LÓPEZ CONCELHO DA GUARDA fragmentos de ardósia com caracteres 5. PEDRA AGUDA (MONTE VERÃO), latinos. AZEVEDO, 1897: 185; RODRIGUES, 1958c: 393-396; ÁLVAREZ SANCHIS, Aldeia Viçosa, Guarda. CM 192 [4495500, 641775 - 872]. 1999: 246-251; BORGES, 2000: 82-84; Tipologia: Povoado Fortificado. LOBÃO et alii, 2004: Nº49. Cronologia: Calcolítico / Bronze Final / Idade do Ferro / Época Romana. 4. CASTELO DA SENHORA DE MONFORTE, Descrição: Encontra-se muito próximo Colmeal, Figueira de Castelo Rodrigo. da depressão de Celorico da Beira, na CM 171 [4520200, 666400 - 470]. margem esquerda do Mondego, no topo Tipologia: Povoado. de um cabeço destacado onde se Cronologia: Bronze Final (?) / Idade do distingue Ferro / Época Medieval. Santos Rocha refere a existência de uma plataforma aplanada. | 10 vários achados no Monte Verão cerca de datável do Bronze Final. Para além 500m a Sudoeste da Pedra ou Serra destes, Aguda mencionada por Almeida (já no fragmento concelho de Celorico da Beira). Não estrangulado e bordo extrovertido e de foram encontrados quaisquer vestígios no um recipiente de grandes dimensões com Monte Verão, por isso pensamos que forma tronco-cónica e paredes verticais existe um único assentamento na Pedra que insere na Idade do Ferro. Aguda. Apesar de se constatarem boas SANTOS ROCHA, 1905; OLIVEIRA, 1939; condições naturais de defesa, conferidas ALMEIDA, 1945; ALARCÃO, 1993: 29; pelas vertentes íngremes a norte e sul, é VALERA e MARTINS, 1994; VILAÇA, possível descortinar um pano de muralha no lado mais acessível, a oeste/sudoeste. refere a de existência um pote de de um colo 1995a: 255; PERESTRELO, 2000: 70; PEREIRA, 2003: 7-9. Trata-se de uma estrutura defensiva de pedra e terra com cerca de três metros de largo. Perestrelo informa que ainda eram visíveis grandes blocos toscamente aparelhados que formavam a base da muralha e sustentavam a pedra miúda do seu enchimento interior. Os materiais conhecidos podem recuar a primeira fase de ocupação deste povoado ao período Materiais: Oliveira refere a existência de dois machados planos de cobre oriundos do Monte Verão que Vilaça indica que testemunhar uma presença anterior ao Bronze Final. De facto, Perestrelo dá-nos conta de um lote de materiais datáveis do Calcolítico/Bronze Inicial. Os materiais cerâmicos, também referidos por encontravam Oliveira, depositados Viçosa, Guarda. CM 192 [4493000, 641075 - 955]. Tipologia: Povoado. Cronologia: Bronze Final (?) / Idade do Ferro. Descrição: Localiza-se no topo de um esporão bem destacado na margem esquerda do rio Mondego. Apresenta Calcolítico/Bronze Inicial. poderão 6. SOIDA (MONTE DA SERRA), Aldeia que no se Museu Santos Rocha (Figueira da Foz) foram recentemente estudados por Pereira. Este autor dá-nos conta da presença de fragmentos de cerâmica manual com decoração tipo “Baiões”, perfeitamente excelentes condições naturais de defesa conferidas pelas suas encostas íngremes de difícil acesso. Não foram detectados quaisquer vestígios de estruturas defensivas. Parece tratar-se do castro do Monte da Serra referido por Almeida como “castro lusitano” que, pela sua posição, controlaria naquela faixa a entrada na serra da Estrela. Materiais: Lobão (et alii) identificaram um conjunto de materiais cerâmicos que integram na Idade do Ferro. OLIVEIRA, 1939; ALMEIDA, 1943: 102; LOBÃO et alii, 2002; PEREIRA, 2003: 10. | 11 7. ALVENDRE, Alvendre, Guarda. sacrifício suovitaurilia (Curado, 1996: CM 192 [4494500, 647900 - 889]. 158). A ocupação pré-romana não é Tipologia: Povoado. muito clara. De notar a existência de um Cronologia: Bronze Final (?) / Idade do pano defensivo, em boa parte da encosta, Ferro. e de uma porta voltada a poente. Apesar Descrição: Situa-se no topo de um de referenciada por diversos autores, cabeço localizado a norte da actual nenhum assegura uma datação pré- povoação de Alvendre. Para além das romana para a sua construção. A boas condições naturais de defesa, parece escavação realizada por Adriano Vasco dominar o curso inicial do Massueime, Rodrigues conferindo-lhe uma posição estratégica. transacto, Almeida refere a existência de uma cerca (Rodrigues, 1959), não esclarece esta amuralhada que Perestrelo não identifica. problemática. No entanto, a análise de Materiais: Este autor identificou à alguns materiais recolhidos à superfície superfície deixam antever que a sua ocupação fragmentos de cerâmica em meados do parcamente século publicada manual e ao torno. poderá remontar à Idade do Bronze ALMEIDA, 1943: 81; LÓPEZ JIMÉNEZ, (Osório, 2005a). 2002: 182; PERESTRELO, 2004: 43-44. Materiais: Para além dos materiais romanos destaca-se a existência de 8. CABEÇO DAS FRÁGUAS, Benespera, fragmentos de cerâmica manual e de um Guarda. CM 214 [447660, 65095 - 1015]. moinho Tipologia: Povoado Fortificado / manual de vaivém. Da intervenção de Rodrigues apenas retemos Santuário Rupestre. o aparecimento de “cerâmica escura” que Cronologia: Bronze Final / Idade do o autor data da II Idade do Ferro. No Ferro / Época Romana. entanto, Marcos Osório (2005) dá-nos Descrição: Instalado no topo de um conta do achado de um excerto de maciço granítico bem destacado que quartzito lascado com serrilha (elemento marca o rebordo da Meseta, o seu campo de foice?) e um fragmento cerâmico com visual prolonga-se para além do Sabugal decoração incisa de “linhas cozidas”, que e controla os vales de acesso à Cova da segundo o mesmo poderá recuar ao Beira. Bronze Médio ou Bronze Final. Tem sido repetidamente interpretado como local de culto indígena ALMEIDA, 1943: 47; RODRIGUES, 1959; desde TOVAR, 1980; CURADO, 1989; CURADO, época pré-romana. Facto justificado pela presença da famosa 1996; inscrição rupestre em caracteres latinos JIMÉNEZ, 2002: 339; OSÓRIO, 2005a: mas em língua designada de lusitana, Nº18. datada do séc. II d.C., referindo um OSÓRIO, 2000a: 29; LÓPEZ | 12 9. TINTINOLHO, Cavadouce, Guarda. CM JIMÉNEZ, 2002: 338; PEREIRA, 2003: 11- 192 [4499500, 645050 - 929]. 12; PERESTRELO, 2004: 91-92. Tipologia: Povoado Fortificado. Cronologia: Idade do Ferro / Época 10. JARMELO, São Pedro do Jarmelo, Romana e Medieval. Guarda. CM 193 [4495250, 658140 - Descrição: Situa-se no topo de um 940]. cabeço isolado e bem destacado no Tipologia: Povoado Fortificado. rebordo ocidental do planalto da Guarda. Cronologia: Idade do Ferro / Época A sua posição estratégica permite-lhe Romana / Época Medieval. dominar um campo visual que se estende Descrição: Situa-se no topo de um a todo o Alto Mondego até ás vertentes cabeço isolado que se destaca do Planalto da das da Guarda. Almeida refere a existência excelentes condições naturais de defesa, de alicerces de uma muralha no lado que carácter poente do cabeço (composta por grandes inexpugnável, são ainda hoje visíveis blocos graníticos) que classifica como os duas ordens de muralha. Estas foram vestígios construídas com pedra granítica seca, “lusitana”. Assinala ainda que sobre esta apresentando a parte melhor conservada se três metros de largura. São vários os posteriores. Perestrelo identifica uma autores até meados do século XX que possível muralha no interior do recinto indicam a existência de uma terceira medieval linha relacionada com a ocupação romana. Serra lhe da Estrela. conferem defensiva. Apesar um Almeida refere a terão da primeira levantado que as fortificação fortificações provavelmente estará existência em finais do século XIX de Materiais: Perestrelo regista a presença três construções habitacionais de planta de cerâmica ao torno e escória de ferro circular. A sua implantação topográfica, na vertente Este deste cabeço. Destaca-se presença na paisagem e controlo do a existência de cerâmica com decoração território permitem aos vários autores estampilhada. que até hoje nele se debruçaram situar a ALMEIDA, 1943: 59; PORTAS, 1979: 69- sua primeira fase de ocupação na Idade do Ferro. 76; LÓPEZ JIMÉNEZ, 2002: 341; PERESTRELO, 2004: 46-47; VILAÇA, 2005: fig. 1. Materiais: Para além dos materiais romanos e medievais, Perestrelo regista a presença de cerâmicas que data da Idade do Ferro. SARMENTO, 1883: 11; ALMEIDA, 1943: 72-73; ALARCÃO, 1993: Nº50; LÓPEZ 11. CASTELOS VELHOS, São Vicente, Guarda. CM 203 [4489750, 647450 937]. Tipologia: Povoado Fortificado. | 13 Cronologia: Bronze Final (?) / Idade do poderão comprovar o alargamento da Ferro / Época Romana e Medieval. área ocupada pelo povoado de Castelos Descrição: Situa-se na vertente mais Velhos, se atestam a existência de um abrigada de um outeiro escarpado, nos núcleo arredores norte da cidade da Guarda, anterior àquele, ou se poderá reportar-se sobranceiro à povoação de Póvoa do à necrópole deste povoado situada a Mileu. Conhecido desde inícios do 100m para SO. Não obstante, Perestrelo século XX, é Vasconcelos quem primeiro identificou no local do povoado um refere o sítio indicando a existência de conjunto de cerâmicas manuais e ao vestígios de muralhas. Almeida e D. torno de pastas grosseiras que data da Fernando de Almeida identificam três Idade do Ferro. ordens de muralhas castrejas. Devido à VASCONCELOS, 1918: 116; AGUIAR, construção de uma urbanização, esta 1941; estação encontra-se bastante destruída RODRIGUES, 1957a; ALMEIDA, 1961: sendo apenas visíveis alicerces abertos no afloramento rochoso e montículos de Materiais: São dadas como provenientes deste povoado o conjunto de cerâmicas exumadas na estação romana de Póvoa de Mileu, assim como o bracelete em bronze da II Idade do Ferro que Rodrigues indica que servia de puxador da porta da capela de Mileu. Este autor referencia ainda o achado de fíbulas (com paralelos do séc. V/IV a.C.) no Mileu. No entanto, Vítor Pereira, que ali tem realizado arqueológicas, detectou intervenções um nível estratigráfico que assenta directamente no substrato rochoso com materiais que atribui à proto-história (nomeadamente taças carenadas do Bronze Final). Facto que não nos autoriza, por enquanto, a tecer grandes ALMEIDA, LÓPEZ independente 1943: JIMÉNEZ, 2002: e 52-55; 333; PEREIRA, 2003: 12-13; PERESTRELO, 2004: 47-48; PEREIRA, 2005. pedra de derrubes. pré-romanas 299; populacional considerações. Continuamos sem saber se estamos perante testemunhos residuais, se estes 12. PICOTO, São Vicente, Guarda. CM 203 [4488125, 650500 - 820]. Tipologia: Povoado de fossas. Cronologia: Idade do Ferro (Finais do Ferro Inicial). Descrição: Situa-se no topo de um ligeiro planalto delimitado pelos rios Diz e Noéme e a ribeira de corte Cavalo. Apesar de ocupar uma posição discreta no meio envolvente, o seu campo visual estende-se pelo vale do rio Diz. Trata-se de um sítio em que as únicas estruturas identificadas se resumem a mais de uma dezena de fossas escavadas no substrato geológico. Os resultados da intervenção arqueológica revestem-se de grande importância pois foi possível realizar datações radiocarbónicas em amostras contextualizadas de bolota, grãos de trigo | 14 e carvão vegetal. Estas permitem situar a norte e oeste. Numa pequena plataforma, ocupação deste sítio no século V e no no cimo do cabeço (Alto do Pateiro), primeiro quartel do século VI a.C. Trata- Perestrelo identificou um derrube de se do primeiro assentamento com estas pedras que parece delimitar um recinto características subcircular. Este autor interpreta estes e datação a ser inventariado em toda a Beira Interior. vestígios Através defensiva. Baseando-se na análise dos da análise dos materiais como possível estrutura exumados e das particularidades da sua materiais implantação, os autores interpretam-no superfície, aquele propõe uma ocupação como local vocacionado para actividades deste assentamento entre os séculos X/IX de natureza produtiva como o cultivo, a e o século VIII a.C. pesca, a farinação e armazenamento. Materiais: Materiais: A grande maioria do espólio numeroso conjunto de material cerâmico exumado resume-se a fragmentos de exclusivamente de produção manual. cerâmica manual, de pastas grosseiras e Entre superfícies lisas, sem decoração. Foram identificadas destacamos os fragmentos também recolhidos quatro fragmentos de com decoração tipo “Cogotas I”; tipo prováveis elementos de moagem manual “Baiões”; incisa no lábio e lábio/bordo; (ou polidores?), um seixo de rio polido plástica sob a forma de mamilos, botões com entalhes laterais (peso de pesca ou ou cordões aplicados no bojo; impressa; de tear) e três fragmentos de objectos em canelada; e sulcos brunidos. Em relação bronze ou cobre muito deteriorados. ao PERESTRELO, SANTOS E OSÓRIO, 2003. presença de seixos de rio com entalhes cerâmicos Perestrelo as material laterais, recolhidos uma recolheu técnicas lítico enxó, à um decorativas mencionamos elementos a de 13. CALDEIRÃO, Trinta, Guarda. CM 203 moinhos manuais de vaivém, polidores, [4487375, 641225 - 843]. elementos de adorno e fragmentos de Tipologia: Povoado (Fortificado?). pedra polida e lascada informes. Próximo Cronologia: Bronze Final. do povoado, na aldeia de Vila Soeiro, foi Descrição: Situa-se numa extensa área encontrada uma ponta de lança em da bronze, com nervura central e alvado, vertente Este de um esporão encaixado entre o rio Mondego e a que se presume ser originária deste sítio. ribeira do Caldeirão. Possui um campo ALMEIDA, 1943: 133; ALARCÃO, 1993: visual Nº58; PERESTRELO, 2000; PEREIRA, que se estende para norte dominando o vale do Mondego e sobre a ribeira do Caldeirão. Apresenta boas condições naturais de defesa, conferidas pelas vertentes declivosas sobretudo a 2003: 13-14. | 15 14. QUINTA DA LAMEIRA, Trinta, presença à superfície, Alarcão afirma que Guarda. CM 203 [4486875, 640675 - a sua existência é segura. 923]. Materiais: Almeida é o primeiro a referir Tipologia: Povoado. este povoado, indicando que para além Cronologia: Bronze Final. do aparecimento de moedas romanas, Descrição: Situado no mesmo sistema foram encontradas nas suas proximidades montanhoso do Caldeirão, localiza-se duas argolas em ouro. sobranceiro (a uma cota superior) e a sul ALMEIDA, 1945: 124; ALARCÃO, 1993: deste, ocupando o topo de uma ampla Nº 100; PEREIRA, 2003: 17-18. plataforma. O seu domínio visual é mais abrangente em relação ao povoado do 16. SERRA DE BOIS, Videmonte, Guarda. Caldeirão, estendo-se o seu horizonte até CM 202 [4482250, 632775 - 855]. outros povoados como o Tintinolho e a Tipologia: Povoado Fortificado. Pedra Aguda. Perestrelo pensa que este Cronologia: Idade do Ferro / Época se encontra dependente do povoado do Romana (?). Caldeirão, podendo interpretar o papel de Descrição: Encontra-se localizado numa atalaia. espécie de península, a meia encosta de a uma íngreme vertente, cercada de todos existência de fragmentos de cerâmica os lados pelo rio Mondego, excepto a manual à superfície, que Perestrelo sudeste onde faz a ligação por um integra no Bronze Final. “estreito ALMEIDA, 1945: 137; ALARCÃO, 1993: daquele. Apresenta excelentes condições Nº64; PERESTRELO, 2000: 52; PEREIRA, naturais de defesa que o tornam quase 2003: 15. inexpugnável. Materiais: Apenas se menciona istmo” à margem Almeida direita refere a existência de uma linha de muralhas. 15. SANTO ANTÃO, Videmonte, Guarda. Hoje CM 202 [4487025, 636250 - 1050]. testemunhos da sua presença. Já na altura não são visíveis quaisquer Tipologia: Povoado. o Cronologia: Bronze Final (?) / Idade do vislumbravam Ferro / Época Romana. estrutura talhada na rocha, pois as Descrição: Situa-se no topo de um torrentes de água causadas pelas chuvas cabeço elevado e destacado na paisagem, teriam arrastado as pedras xistosas. de vertentes declivosas sobretudo a norte Pensamos também, que o relato de uma e este. Encontra-se já incluído no sistema única moeda de época romana não será montanhoso da serra da Estrela, junto a ainda suficiente para atestar a sua algumas jazidas de estanho. Apesar de ocupação durante este período. hoje não se encontrarem vestígios da sua autor adverte os que apenas alicerces se daquela | 16 SARMENTO, 1883; ALMEIDA, 1945: 100- 18. CASTELO VELHO DA MEDA, Meda, 104; ALARCÃO, 1993: Nº101; PEREIRA, Meda. CM 150 [4536550, 648425 - 628]. 2003: 18-19. Tipologia: Povoado Fortificado. Cronologia: Bronze Final / Idade do CONCELHO DA MEDA Ferro / Época Romana (?). Descrição: Situa-se no topo de um 17. TAPADA DO CASTELO, Longroiva, cabeço fragoso sobranceiro à quinta do Meda. CM 150 [4536500, 650900 - 423]. Vale da Manta, a cerca de 2,5km a este Tipologia: Povoado (Fortificado?). da actual cidade da Meda. Dispõe de um Cronologia: Idade do Ferro / Época amplo domínio visual sobre a paisagem Romana. que se estende para além da Meda e Descrição: No ponto mais alto de Longroiva a oeste e este respectivamente. Longroiva, sobre o castelo medieval Apesar parece o acentuado (sobretudo da encosta NE) lhe assentamento de um antigo povoado da conferirem boas condições naturais de Idade do Ferro. Apesar de não se defesa, apresenta um possante sistema observarem defensivo. possível testemunhar estruturas que sejam das vertentes Devido de às pendente sucessivas facilmente atribuídas a este período, destruições de que tem sido alvo e ao materiais entretanto recuperados podem denso giestal que dificulta a visibilidade, comprovar esta apenas poderemos dizer que é composto intervenção realizada ocupação. V. por blocos de granito e alguma terra de Rodrigues, na vertente do cabeço do permeio. Rodrigues menciona ainda a castelo, foi identificada uma cista que o existência de estruturas (talvez de cariz autor faz corresponder a uma necrópole doméstico) de perfil ovóide. Foi alvo de pré-histórica. uma intervenção arqueológica em 1961 Materiais: Para além de materiais de dirigida por Pinho Brandão, da qual não época identificados dispomos de quaisquer informações. No fragmentos de cerâmica manual e ao entanto, a análise dos materiais permite torno, de pastas grosseiras, apresentando Brochado de Almeida apontar uma formas também diacronia de ocupação do sítio desde o encontrados machados de pedra polida e Bronze Final aos finais da Idade do elementos de moinhos manuais. Ferro. romana por Numa foram globulares. Foram A. ALMEIDA, 1945: 276; LÓPEZ JIMÉNEZ, 2002: 338; RODRIGUES, 2002: 65-66; PERESTRELO, 2004: 93. Materiais: Brochado de Almeida afirma que a cerâmica aqui visível apresenta semelhanças com as produções do Bronze Final, mas que na sua “grande maioria pode ser designada por castreja”. | 17 A. V. Rodrigues refere que durante a enxós em pedra e elementos de moinhos campanha de escavações foi exumada manuais de vaivém. uma grande quantidade de “cerâmica ALMEIDA, 1945: 265; LÓPEZ JIMÉNEZ, castreja, 2002: 334; RODRIGUES, 2002: 66-67; com Subentendemos decoração que a incisa”. cerâmica PERESTRELO, 2004: 55. designada por castreja se reporta à Idade do Ferro. Por último, R. Vilaça destaca a CONCELHO DE PINHEL presença de cerâmica com decoração penteada para a qual se aponta o seu 20. ALTO DOS SOBREIROS, Bogalhal, início de produção no Ferro Inicial. Este Pinhel. CM 171 [4494500, 647400 - 548]. elemento, em conjugação com as Tipologia: Povoado. cerâmicas que apresentam analogias com Cronologia: Bronze Final. as produções do Bronze Final, permitem- Descrição: Situa-se no topo e vertente nos questionar se a primeira ocupação este de um cabeço alcantilado a norte, deste sítio não se deverá antes fixar nos este e oeste, sobre a margem esquerda da momentos iniciais da Idade do Ferro. ribeira da Pega. Não são visíveis à ALMEIDA et alii, 1999: 180-184; superfície quaisquer vestígios de RODRIGUES, 2002: 69; VILAÇA, 2005: 19 estruturas habitacionais e defensivas e fig. 1. (talvez por dispor de boas condições naturais de defesa). Perestrelo aventa a 19. CASTELO DE MARIALVA, Marialva, hipótese deste sítio poder ser uma atalaia Meda. CM 160 [4530800, 649000 - 613]. de um outro povoado mais importante Tipologia: Povoado (Fortificado?). que poderá existir 1 km. a norte no topo Cronologia: Idade do Ferro / Época do cabeço conhecido como Bogalhal Romana e Medieval. Velho ou Porto da Vide. Descrição: O assentamento proto- Materiais: Perestrelo regista o histórico deverá localizar-se sob a cerca e aparecimento de fragmentos de cerâmica fortaleza medieval de Marialva que se manual levanta esporão brunidas), um fragmento de machado de penhascoso e alcantilado. Dispõe de um pedra polida e elementos de moinhos vasto campo de visão (principalmente manuais de vaivém. para sul) e de boas condições naturais de PERESTRELO, 2000; LÓPEZ JIMÉNEZ, defesa. Rodrigues afirma que este teria 2002: 182; PERESTRELO, 2004: 62-63. sobre um elevado (com superfícies polidas e sido o principal núcleo dos Aravos. Materiais: O mesmo autor menciona 21. PORTO DA VIDE / BOGALHAL VELHO, ainda o aparecimento de machados e Bogalhal, Pinhel. CM 171 [4521500, 609000 - 497]. | 18 Tipologia: Povoado. destacada sobre a margem esquerda do Cronologia: Bronze Final / Idade do Côa. Dispõe de boas condições naturais Ferro / Época Romana. de defesa conferidas pelas vertentes Descrição: Situa-se no topo de um declivosas a norte, sul e este que caem cabeço bem destacado sobre a margem sobre o rio, do qual controla visualmente esquerda grande da ribeira das Cabras, parte. Perestrelo refere a dominando a área da sua confluência existência de muralha que envolve o com o Côa. De vertentes bastante povoado por todos os lados excepto a íngremes a norte, este e oeste, dispõem Este. Segundo este autor a entrada assim de óptimas condições naturais de deveria localizar-se no lado norte da defesa, não tendo sido identificadas colina. Russell Cortez, por sua vez, situa estruturas que a poderiam complementar. aqui Materiais: Perestrelo regista a presença Transcudani. de cerâmicas manuais (de superfícies Materiais: Perestrelo recolheu cerâmicas polidas e brunidas) e elementos de feitas ao torno e manuais onde se moinho manuais de vaivém e circulares. destacam os fragmentos com decoração É tradicionalmente atribuída por diversos tipo Cogotas I, incisas e com aplicações autores a proveniência de um machado plásticas mamilares. Regista-se ainda o de talão de uma argola, um machado aparecimento de elementos de moinhos campanulado e outro de alvado de duas manuais de vaivém e diversos líticos. Na argolas do sítio de Porto David ou Porto actual aldeia situada a 500m deste local Davis. Poderá tratar-se deste povoado ou foram identificados machados de pedra do sítio de passagem do Côa também polida, que segundo tradição popular conhecido como Porto da Vide. terão vindo deste povoado. ALMEIDA, 1945; RODRIGUES, 1961: 3- ALMEIDA, 13; CORTEZ, MONTEAGUDO, 1965: 13-35; a capital 1945: 1952; dos 288; Lancienses RUSSELL SEMEDO, 1987; COFFYN, 1983: 169-196; COFFYN, 1985; PERESTRELO E FERREIRA, 2000; LÓPEZ LÓPEZ JIMÉNEZ, 2002: 335; PERESTRELO, 2004: JIMÉNEZ, 2002: 183; 65-67. PERESTRELO, 2004: 63-65. 22. CASTELO DOS MOUROS, Cidadelhe, 23. CASTELO VIEIRO, Ervedosa, Pinhel. Pinhel. CM 161 [4531250, 659500 - 459]. CM 170 [4520750, 652000 - 474]. Tipologia: Povoado Fortificado. Tipologia: Povoado. Cronologia: Bronze Final / Idade do Cronologia: Idade do Ferro. Ferro / Época Romana e Medieval. Descrição: Situa-se no topo de um Descrição: Situa-se no plataforma arredondada de espigão fluvial, alargado no seu eixo muito este-oeste, sobre a margem direita da topo não | 19 ribeira de Massueime. Apresenta boas pré-romana. Vislumbram-se igualmente condições vários alinhamentos de pedra no interior naturais de defesa. Os materiais identificados por Perestrelo do povoado. permitem-lhe datar este assentamento da Materiais: Para além do rico e variado Idade do Ferro. A existência na vertente espólio de época romana, Perestrelo Este de numerosos restos de fundição e identificou escória e de cassiterite nas areias da manual ribeira, levam o autor a colocar a brunidas) que data da Idade do Ferro. hipótese de se estar perante um povoado Refere-se ainda a existência de vários mineiro. elementos de moagem circulares. Materiais: Perestrelo reuniu um conjunto ALMEIDA, 1945; SEMEDO, 1987; LÓPEZ de cerâmicas manuais e ao torno, onde JIMÉNEZ, 2002: 336; PERESTRELO, 2004: predominam 70-71. os grandes recipientes, fragmentos (por vezes de de cerâmica superfícies talvez de armazenamento. Em termos decorativos predominam os ondulados e 25. PINHEL, Pinhel, Pinhel. os CM 171 [4515700, 663700 - 684]. cordões plásticos com incisões. Refere-se ainda a existência em grande Tipologia: Povoado (Fortificado?). número Cronologia: Idade do Ferro / Época de elementos de moinhos Romana. manuais de vaivém e circulares. JIMÉNEZ, 2002: 335; PERESTRELO, 2004: Descrição: No topo de um cabeço 68-69. aplanado sobre a margem esquerda da ribeira das Cabras encontra-se instalado 24. CASTELO DOS PRADOS, Freixedas, o castelo medieval de Pinhel. Pela Pinhel. CM 182 [4599000, 653950 - 697]. posição estratégica que ocupa e pelas Tipologia: Povoado Fortificado. características topográficas de onde se Cronologia: Idade do Ferro / Época encontra Romana. aventavam a possibilidade de aquele Descrição: Situa-se no topo de uma assentar sobre um primitivo povoado grande plataforma elevada, dominando o proto-histórico. De facto, escavações vale da ribeira de Massueime. São realizadas na zona do castelo permitiram visíveis vestígios bem conservados de identificar cerâmicas datadas da II Idade uma linha de muralhas, construída em do Ferro. pedra de pequeno porte aparelhada, que Materiais: Dos materiais recuperados circunda todo o povoado. A sua planta desta sub-rectangular, os fragmentos cerâmicos com decoração elementos que a compõem, permite-nos penteada e entrelaçados incisos a pente, interrogar a sua construção em época para além de um fragmento de fíbula assim como instalado, intervenção alguns autores destacam-se os | 20 anular de aro interrompido (séc. III-I bifurcação entre a ribeira da Aldeia da a.C.). Ponte com a ribeira da Aldeia Velha e ALMEIDA, 1945: 281; LÓPEZ JIMÉNEZ, ribeira de Forcalhos. 2002: 337; PERESTRELO, 2004: 75-76. Materiais: Osório refere a presença de cerâmica manual e ao torno (bordo CONCELHO DO SABUGAL extrovertido de um grande recipiente de armazenamento), 26. SERRA GORDA, Águas Belas, Sabugal. lascados CM 226 [4471550, 654500 - 870]. manuais de vaivém. Tipologia: Povoado Fortificado. e líticos elementos polidos de e moinhos OSÓRIO, 2005a: Nº28. Cronologia: Bronze Final. Descrição: Situado no topo de um 28. ALDEIA DO BISPO, Aldeia do Bispo, cabeço destacado, este povoado assenta Sabugal. CM 227. numa “plataforma em sela cuja vertente Tipologia: Achado avulso poente forma um anfiteatro natural entre Cronologia: Bronze Final dois pináculos rochosos”. Foi alvo de Descrição: Escopro de bronze. intervenções que permitiram identificar VILAÇA, 1995a: Nº43; OSÓRIO, 2005a: na encosta nordeste uma estrutura que se Nº2. classificou de talude defensivo. Materiais: Entre a cerâmica manual 29. SABUGAL VELHO, Aldeia Velha, exumada destacam-se os fragmentos com Sabugal. CM 227 [4467250, 679270 - decoração incisa em forma de espiga e de 881]. linhas paralelas (Cogotas I), as Tipologia: Povoado Fortificado. aplicações plásticas mamilares e as taças Cronologia: Bronze Final / Idade do carenadas. Menciona-se ainda a presença Ferro / Época Medieval. de elementos de moinho manual de Descrição: Situa-se no topo de um vaivém e pesos de seixo. cabeço VILAÇA et alii, 2004; OSÓRIO, 2005a: Mesetenha, nos contrafortes setentrionais Nº21. da serra de Aldeia Velha. Foi alvo de um destacado da superfície conjunto de intervenções programadas e 27. MATRENA, Aldeia da Ponte, Sabugal. dirigidas por Marcos Osório. Sob a CM 216 [4474650, 681650 - 830]. presença medieval detectou-se um Tipologia: Povoado. conjunto de vestígios que o autor recua Cronologia: Idade do Ferro. ao Bronze Final e à Idade do Ferro. Entre Descrição: Localiza-se no topo de uma as suave destacada. defensivo e duas edificações, uma de Encontra-se a NE e muito próximo à planta rectangular e outra circular. A elevação pouco estruturas destaca-se o sistema | 21 muralha resume-se a uma cintura de xisto Descrição: Esta povoação situa-se no e granito, com cerca de quatro metros de topo de um esporão pouco destacado da largura. Revela a utilização de pedra seca superfície da Meseta, sobranceiro à com as faces não aparelhadas. Segundo o ribeira autor, esta protecção artificial deverá arqueológicas circundar todo o povoado, delimitando Osório no limite sul da povoação não uma área com de cerca 4,5 ha. revelaram existência de uma ocupação Materiais: Deverão ser daqui de humana Alfaiates. dirigidas antiga. No Intervenções por Marcos entanto, em provenientes os machados planos e prospecções, orientadas pelo mesmo, no “palstaves” com duas aletas, o machado topo norte deste esporão identificaram-se de pedra polida e os fragmentos de materiais que permitem o autor recuar a cerâmica que se remetem como oriundos primitiva ocupação deste sítio à Idade do da Ferro. Aldeia exumados Velha. por Dos materiais Marcos Osório Materiais: Na extremidade norte da destacamos os fragmentos de cerâmica povoação identificaram-se fragmentos de manual com decoração estampilhada e cerâmica manual e ao torno (grande penteada e cerâmica ao torno pintada. recipiente com bordo extrovertido – Est. Entre o espólio metálico sobressai o IX - 1) e um elemento de moinho manual aparecimento de uma fíbula de bronze de de vaivém. tipo Acebuchal (séc. VI-V a.C.) e um ALMEIDA, 1945: 300; VAZ, 1974: 300; escopro de bronze. Para além destes, OSÓRIO, 2005a: Nº22. distingue-se a presença de uma fíbula de tipo anelar em ómega, contas de colar de 31. PIÇARREIAS, Baraçal, Sabugal. pasta vítrea, cadinhos, pesos de seixo, CM 215. cossoiros em cerâmica e pedra e Tipologia: Estela / Achado Avulso. elementos de moinho de vaivém e Cronologia: Bronze Final. circulares. Descrição: ALMEIDA, 1945: 316; RODRIGUES, 1961: bloco de granito, onde se encontra 10; representado um escudo, uma ponta de VILAÇA, 1995a: Nº44; LÓPEZ Estela insculturada num JIMÉNEZ, 2002: 225 e 330; OSÓRIO, 2000; lança e uma espada. OSÓRIO, 2005a: Nº3; OSÓRIO, 2005b. CURADO, 1984; VILAÇA, 1995a: Nº51; OSÓRIO, 2005a: Nº9. 30. ALFAIATES, Alfaiates, Sabugal. CM 216 [4473750, 677000 - 825]. 32. SENHORA DO CASTELO, Bendada, Tipologia: Povoado (Fortificado?). Sabugal. CM 225 [4471350, 648450 - Cronologia: Idade do Ferro. 724]. Tipologia: Povoado Fortificado. | 22 Cronologia: Idade do Ferro / Época VILAÇA, 1995a: Nº49; OSÓRIO, 2005a: Romana. Nº7. Descrição: Topo de cabeço alcantilado a sul, este e oeste, bem destacado da bacia 35. MALCATA, Malcata, Sabugal. do CM 226. Zêzere. Apresenta vestígios de estrutura defensiva a norte, o lado mais Tipologia: Achado Avulso. acessível. Cronologia: Bronze Final. Materiais: Para além de materiais de Descrição: Ponta de seta de bronze com construção de época romana apenas há a pedúnculo e ponta de lança ou espada em destacar a presença de cerâmica manual e bronze. ao torno. RODRIGUES, PROENÇA, 1908: 34-35; ALMEIDA, 1945: 1961: 10; PEREIRA E BENTO, 1979: 607; BATISTA, 1982: 75; VILAÇA, 1995a: Nº50; OSÓRIO, 2005a: 326; OSÓRIO, 2005a: Nº19. Nº8. 33. EIRAS, Fóios, Sabugal. 36. CABEÇO DOS MOUROS / SERRA DAS CM 238. VINHAS, Pena Lobo, Sabugal. CM 225 Tipologia: Estela / Achado Avulso. [4471650, 652500 - 829]. Cronologia: Bronze Final. Descrição: Estela insculturada encontrada soterrada, a pouca profundidade, junto à aldeia de Fóios. Segundo Curado, apresenta-se o monumento gravado por abrasão, encontrando-se representado um escudo, uma ponta de lança e uma espada. CURADO, 1986; VILAÇA, 1995a: Nº48; Tipologia: Povoado Fortificado. Cronologia: Bronze Final / Idade do Ferro (?). Descrição: Situa-se no topo de um cabeço bem destacado na paisagem. São visíveis vestígios de estruturas defensivas e outro tipo de construções (talvez de cariz doméstico) em ruínas. De referir o achado recente, por Marcos Osório, de OSÓRIO, 2005a: Nº6. uma gruta na encosta sudoeste deste 34. LAJEOSA DA RAIA, Lajeosa, Sabugal. relevo onde foi atestada uma ocupação CM 227. antrópica coetânea a este povoado, como Tipologia: Achado Avulso. comprovam Cronologia: Bronze Final. (abaixo Descrição: Dois machados de talão de granítica é popularmente designada como duas argolas. Lapa do Urso. VILLAS-BÔAS, 1948. 38; NUNES, 1957: Materiais: São visíveis à superfície 144; numerosos MONTEAGUDO, 1977: 207-208; os materiais indicados). fragmentos Esta de exumados cavidade cerâmica manual. Raquel Vilaça refere igualmente | 23 a presença de sílex. Parecem ter sido aqui LÓPEZ JIMÉNEZ, 2002: 187; OSÓRIO, encontradas os dois braceletes de ouro 2005a: Nº24. mencionados Sarmento, por hoje Vasconcelos em e paradeiro desconhecido. Da Lapa do Urso, Marcos 38. CARIA DA ATALAIA, Ruvina, Sabugal. CM 215 [4476220, 666970 - 794]. Osório recolheu fragmentos de cerâmica Tipologia: Povoado (Fortificado?). manual grosseira, onde destaca dois Cronologia: Bronze Final. exemplares com decoração plástica, e um Descrição: Situa-se no topo de um moinho de vaivém. Este autor indica cabeço elevado e destacado sobre o Côa. ainda a presença de cerâmica ao torno, o São que a confirmar-se irá dilatar a diacronia medievais, no entanto a fortificação do de ocupação deste sítio até à Idade do cerro Ferro. permanece duvidosa. visíveis em estruturas época Deste sítio defensivas proto-histórica SARMENTO, 1883: 15; VASCONCELOS, Materiais: 1896: 21; CORREIA, 1905: 303; CORREIA, referenciado o achado isolado de um 1988: 197-198; CARDOZO, 1950: 409-410; machado de bronze fragmentado de VILAÇA, 1995a: Nº 45; OSÓRIO, 2005: tipologia desconhecida, que agora se Nº4. contextualiza. Osório apenas referencia era o aparecimento de cerâmica manual e um 37. CASTELOS DE OZENDO, Quadrazais, elemento de moagem manual de vaivém. Sabugal. CM 227 [4469950, 670600 - CORREIA, 1988: 237; VILAÇA, 1995a: 860]. Nº46; OSÓRIO, 2005a: Nº5. Tipologia: Povoado. Cronologia: Idade do Ferro. 39. SABUGAL, Sabugal, Sabugal. CM 226 Descrição: Situa-se no topo de um suave [4468700, 662150 - 760]. esporão, pouco destacado, sobranceiro ao Tipologia: Povoado. vale de uma ribeira, na margem direita Cronologia: Época Calcolítica / Bronze do Côa. Não são visíveis quaisquer tipos Final / Idade do Ferro / Época Romana e de estruturas em ruína à superfície. Medieval. Materiais: Osório relata-nos a presença Descrição: A actual cidade do Sabugal de cerâmica manual (dois fragmentos encontra-se decorados, um por linha incisa ondulada sobre o Côa, que a contorna, num suave e outro por sulcos oblíquos brunidos) e morro que pouco se destaca na superfície ao torno, uma conta de colar lítica de da Meseta. As recentes intervenções morfologia toneliforme e elementos de realizadas por Marcos Osório no Centro moinhos manuais de vaivém e também Histórico do Sabugal (mais precisamente circulares. junto à muralha leonesa, na área do estrategicamente situada | 24 actual Museu Lapidário e no interior do 340; OSÓRIO e SANTOS, 2003; OSÓRIO, recinto 2005a: Nº11. do Castelo), puseram a descoberto estruturas e materiais que remontam desde época Calcolítica. Atribuem-se ao período proto-histórico os vestígios de uma estrutura 40. SOITO, Soito, Sabugal. CM 227. Tipologia: Achado Avulso. habitacional de planta rectangular e duas Cronologia: Bronze Final. lareiras também de base rectangular. Este Descrição: Machado de talão unifacial autor afirma que o núcleo de povoamento com uma argola e nervura central. deveria ocupar, no I milénio a.C., uma extensão considerável do topo e encosta Materiais: Para além do machado plano de cobre de contorno subtrapezoidal (que poderá remontar ao período Calcolítico) referenciado por R. Vilaça (1995a: nº53), estas intervenções permitiram exumar um rico e variado espólio. Referindo apenas os elementos de maior destaque, Bronze Final aparecimento de mencionamos um decoração de fragmento decorado sulcos o bordo com brunidos, um com caneluras verticais incisas e outro decorado com linhas quebradas (tipo Cogotas I). Da Idade do Ferro, sobressaem as cerâmicas estampilhadas com motivos variados, três fragmentos com decoração a pente, um fragmento com triângulos incisos e um pote ao torno de cerâmica negra que apresenta fiadas de motivos brunidos no colo. 41. CASTELEJO, Sortelha, Sabugal. CM 226 [4467450, 665320 - 820]. Tipologia: Povoado Fortificado. Cronologia: Bronze Final. Descrição: Situado no topo de um cabeço granítico destacado que parece dominar os vales de Quarta-Feira e Zêzere. Foi sujeito a três campanhas de escavação dirigidas por Raquel Vilaça que identificou estruturas de habitação e construções de cariz defensivo. A estrutura construída em pedra seca, que a autora interpreta como “muralha” defendia o povoado do lado oriental, o mais vulnerável. A análise da estratigrafia e do espólio exumado permite esta investigadora atribuir a este povoado uma única fase de ocupação datável da última fase da Idade do Bronze. ALMEIDA, 1945: 292; JUNGHANS et alii, 1968: 1985: 220; VILAÇA, 1995a: Nº54; OSÓRIO, 2005a: Nº 12. nascente do outeiro. do MONTEAGUDO, 1977: 213; COFFYN, 28; BLANCE, MONTEAGUDO, 1977: 1971: 23; Materiais: Foi possível exumar um 173; VILAÇA, 1995a: Nº53; LÓPEZ JIMÉNEZ, 2002: 230 e conjunto variado mas homogéneo de materiais. A cerâmica poderá ser dividida em dois grupos. Um composto por | 25 cerâmicas de paredes finas de superfícies proveniência brunidas polidas, referida, Marcos Osório, após reanálise formas dos contextos de descoberta (registos abertas, carenadas (por vezes sobre a camarários), propõe que a peça terá sido linha descoberta na mina do Vale da Arca. ou constituído de intensamente geralmente carena por surgem mamilos deste achado à mina alongados com perfuração dupla vertical) CORREIA, 1905: 20; MONTEAGUDO, raramente com decoração em reticulado 1977: brunido. O outro conjunto é composto CORREIA, 1988: 255-257; VILAÇA, 1995a: por recipientes de grande/média 216; DOMERGUE, 1987: 522; Nº52; OSÓRIO, 2005a: Nº10. dimensão de fabrico mais grosseiro em que os poucos elementos decorativos se incluem em dois tipos, um com incisões e outro associado a digitações em cordões e nos lábios. Entre o espólio metálico destaca-se o aparecimento de um fragmento de foice em bronze (provavelmente de tipo “Rocanes”) e uma argola em bronze. De destacar ainda os numerosos elementos de moinho manual de vaivém, inúmeros pesos aproveitando seixos naturais com entalhes laterais, cadinhos, e um molde e o fragmento de outro de varetas ou 43. S. CORNÉLIO, Sortelha, Sabugal. CM 226 [4468490, 654690 - 960]. Tipologia: Povoado Fortificado. Cronologia: Bronze Final (?) / Idade do Ferro. Descrição: Topo de cabeço elevado e acastelado por grandes fragas. Apresenta uma posição estratégica reforçada pelo grande domínio visual de que dispõe. Implantado junto ao Zêzere controla o território que abrange o Sabugal até ao Cabeço das Fráguas, a ribeira de QuartaFeira, e o rebordo norte da Cova da Beira. Encontra-se muito próximo (a escopros. ALMEIDA, 1945: 325; VILAÇA, 1993; NO) do povoado do Castelejo, podendo VILAÇA, 1995a: Nº47; LÓPEZ JIMÉNEZ, estar (se realmente se confirmar uma 2002: 187; OSÓRIO, 2005a: Nº1. contemporaneidade) este. É visível relacionado com um pequeno pano 42. QUARTA FEIRA, Sortelha, Sabugal. defensivo em alvenaria de granito. R. CM 225 [4470450, 654150 - 550]. Vilaça, por insuficiência de dados, revela Tipologia: Achado Avulso. a incapacidade de lhe atribuir uma Cronologia: Bronze Final. incontestável fase de ocupação. Não Descrição: Machado de talão de uma obstante, após uma reavaliação do sítio argola encontrado em finais do século por M. Osório e tendo em conta os XIX na mina de cobre da Bica ou da materiais Carrasca (a 12 metros de profundidade). implantação e a recente identificação do Apesar da bibliografia atribuir a recolhidos, o tipo de | 26 sistema defensivo, este autor integra-o na outeiro onde se instalou esta vila (junto a Idade do Ferro. um castelo medieval inacabado). Pela sua Materiais: Os materiais visíveis à morfologia de assentamento, a relação superfície são pouco significativos e com outros elementos na paisagem e o resumem-se a fragmentos de cerâmica aparecimento manual e a um cossoiro. apresentam características semelhantes ALMEIDA, 1945; VILAÇA, 1995a: 92 e 124 com outros povoados, poderemos, com a (nota 15); LÓPEZ JIMÉNEZ, 2002: 191; devida cautela, remontar a ocupação OSÓRIO, 2005a: Nº16. deste sítio ao final da Idade do Bronze ou de cerâmicas que princípios da Idade do Ferro. 44. VILA BOA, Vila Boa, Sabugal. ALMEIDA, 1945; CORREIA, 1988: 284, CM 226. VILAÇA, 1995a: Nº56; LÓPEZ JIMÉNEZ, Tipologia: Achado Avulso. 2002: 186; OSÓRIO, 2005a: Nº14. Cronologia: Bronze Final. Descrição: Escopro de cobre ou bronze 46. VILAR MAIOR, Vilar Maior, Sabugal. de secção quadrada. CM 205 [4482900, 674600 - 786]. CORREIA, 1988: 280; VILAÇA, 1995a: Tipologia: Povoado (Fortificado?). Nº55; OSÓRIO, 2005a: Nº13. Cronologia: Bronze Final / Idade do Ferro. 45. VILA DO TOURO, Vila do Touro, Descrição: Cabeço destacado que se Sabugal. CM 215 [4476170, 660700 - levanta junto a um afluente do Côa, onde 831]. se instalou o castelo da vila. M. Osório, Tipologia: Achado Avulso (Povoado?) ao Cronologia: Bronze Final (Idade do meridional deste relevo (no edifício dos Ferro?). Paços do Concelho), detectou um nível Descrição: Situa-se no topo de um de ocupação datado do Bronze Final e cabeço elevado e bem destacado da Idade do Ferro. Continua em aberto a superfície da Meseta, dominando todo o possibilidade deste morro ter vale da ribeira de Boi e com um amplo amuralhado durante estas fases campo visual para Norte e Este. Deste ocupação. lugar chega-nos a notícia do achado de Materiais: um machado de talão em bronze conhecido devido à descoberta de uma encontrado em condições pouco claras. espada de lâmina pistiliforme (depositada M. Osório afirma que esta descoberta se de gume) encontrada na encosta poente poderá contextualizar com os materiais do outeiro do castelo. A este achado cerâmicos e juntam-se os fragmentos de cerâmica incaracterísticos que exumou no topo do manual e ao torno exumados em contexto de fabrico manual realizar escavações Sítio na encosta sido de primeiramente | 27 por M. Osório. Para além destes, tem sido noticiado nesta localidade CONCELHO DE VILA NOVA DE FOZ CÔA o aparecimento de elementos de moinho 48. MONTE DO CASTELO CALABRE, manual de vaivém, pequenos machados Almendra, Vila Nova de Foz Côa. CM votivos em silimanite e uma conta de 141 [4544250, 666975 - 508]. colar de pasta vítrea azul. Tipologia: Povoado Fortificado. ALMEIDA, 1945; NUNES E RODRIGUES, Cronologia: Idade do Ferro / Época 1957; RODRIGUES, 1961: 11; COFFYN, Romana / Época Medieval. 1985: 39; COOREIA, 1988: 294; VILAÇA, Descrição: Localiza-se no topo do monte 1995a: Nº57; OSÓRIO, 2005a: Nº15. do Castelo, sobranceiro a um meandro do Douro (do qual dista cerca de 900m.). A CONCELHO DE TRANCOSO oeste encontra-se delimitado pela ribeira do Aguiar. A posição estratégica que 47. CASTELO, Cogula, Trancoso. CM 170 [4519000, 646300 - 568]. Tipologia: Povoado Fortificado. Cronologia: Idade do Ferro / Época Romana. Descrição: Situa-se no topo de um monte destacado e alcantilado (a oeste e a sul), que se encontra rodeado pelas ribeiras do Freixo e Cótimos. Conta com uma linha de muralha que cerca todo o topo do cabeço. Perestrelo refere a existência de uma outra linha amuralhada no lado sudeste, onde é mais acessível, da qual restam apenas os alicerces, compostos por blocos graníticos de grande porte, com cerca de três metros de largura. Materiais: Para além dos materiais de época romana, apenas se regista a presença de cerâmica manual grosseira. ALMEIDA, 1945: 357; PERESTRELO E ocupa confere-lhe um amplo domínio visual sobre a paisagem envolvente. Possui uma linha de muralha que envolve toda a plataforma superior do monte (cerca de 8 hectares). Trata-se de uma estrutura de duplo paramento, constituída por blocos de xisto irregular nos extremos e enchimento de terra e pedra miúda que assume uma forma ligeiramente elipsoidal. Em certos locais a muralha parece harmoniosamente ao adaptar-se terreno de implantação, integrando na sua empena o afloramento rochoso. Materiais: São visíveis poucos materiais à superfície. Apenas se destaca a presença de cerâmica manual informe e fragmentos de dormentes de mós manuais em granito. No sopé sul desta estação encontra-se a villa romana de FERREIRA, 2000: 105; LÓPEZ JIMÉNEZ, 2002: 341; PERESTRELO, 2004: 81-82. Aldeia Nova / Olival dos Telhões. As escavações aqui realizadas por S. Cosme permitiram exumar cerâmica “castreja” e um bloco de xisto (que se encontrava | 28 reaproveitado num edifício) gravado com em granito. Sublinha-se a existência de um motivo da Idade do Ferro (Luís, cerâmica decorada “tipo Cogotas”. 2005). COIXÃO, 1996: 72-73; COIXÃO, 2000: 71; ALMEIDA, 1945: 375 – 379; FILIPE, 2001; VILAÇA, 2005: fig.1. LUIS, 2005: 46. 50. FREIXO DE NUMÃO, Freixo de 49. ALTO DE SANTA EUFÉMIA, Freixo de Numão, Vila Nova de Foz Côa. CM 140 Numão, Vila Nova de Foz Côa. CM 140 [4548000, 649500 - 560]. Tipologia: Povoado (Fortificado ?). [4547625, 647750 - 665]. Tipologia: Povoado (Fortificado ?). Cronologia: Calcolítico (?) / Idade do Cronologia: Bronze Médio / Bronze Bronze (?) / Idade do Ferro / Época Final. Romana / Época Medieval. Descrição: Situa-se no topo de um monte Descrição: Dentro da aldeia de Freixo de de configuração cónica, localizado entre Numão, nas zonas do Castelo, Lajes e os maciços graníticos de Freixo de Quintal da Casa Grande foram realizadas Numão e Numão. Do alto desta elevação intervenções arqueológicas de formação quartzítica dispõe-se de um comprovaram a extraordinário domínio visual sobre a localidade pelo menos desde a Idade do paisagem envolvente. Facto que leva Sá Ferro. As datações de carbono 14 Coixão a apelidar esta estação de “marco realizadas a partir de duas amostras de territorial”, “posto de controle” ou carvão recolhidas no Quintal da Casa “atalaia” de um possível povoado (de Grande maiores dimensões) que se situaria a ocupação entre os séculos IV-II a. C. nascente deste. As constantes violações Segundo Sá Coixão os materiais datados que tem sofrido (quer pela recolha de da Idade do Ferro são oriundos de seixos para pavimentação das estradas diversos e dispersos pontos da aldeia. locais quer pelas surribas para plantio de Materiais: Este autor não especifica vinha e árvores de fruto nas suas quais os materiais atribuídos à Idade do encostas) impossibilitam-nos de avaliar a Ferro exumados. No entanto, descrimina dimensão da área ocupada e assegurar a a presença de vários elementos líticos possibilidade de existência de uma (machados de pedra polida em anfibolito primitiva estrutura defensiva. e selimanite, raspadores de sílex e refinam ocupação a que desta cronologia de materiais elementos de moinhos manuais em confinam-se ao topo do monte, onde é granito) que poderão atestar a ocupação possível do local em períodos anteriores ao I Materiais: Os registar vestígios a presença de fragmentos de cerâmica manual e um elemento de dormente de moinho manual milénio a. C. | 29 COIXÃO, 1996: 80; COIXÃO e TRABULO, circunda de todos os lados menos a sul. 1999: 243; COIXÃO, 2000: 70. Para além de contar com um amplo domínio visual sobre a paisagem 51. CASTELO VELHO DE SEIXAS, Seixas, envolvente, dispõe de boas condições Vila Nova de Foz Côa. CM 140 [4551600, naturais de defesa conferida pelas suas 645875 - 445]. encostas íngremes e penhascosas. Hoje é Tipologia: Povoado Fortificado. ainda visível uma longa linha de muralha Cronologia: Calcolítico / Bronze Final / composta por blocos aparelhados. Idade do Ferro / Época Romana. Materiais: A identificação de vestígios Descrição: Encontra-se implantado no de superfície é dificultada pela má topo de um pequeno cabeço sobranceiro visibilidade do terreno. Apenas temos a à margem direita da ribeira da Teja. As relatar a existência de fragmentos de suas características de assentamento cerâmica manual. conferem-lhe um bom domínio visual ALMEIDA, 1945: 379; COIXÃO, 1996; sobre o curso médio e alto daquele curso LUIS, 2005: 46-47. de água. São visíveis os vestígios de panos de muralha derrubados compostos DISTRITO DE CASTELO BRANCO por pedra não afeiçoada em granito. Materiais: Para além do material lítico CONCELHO DE BELMONTE composto essencialmente por moventes e dormentes de moinho manual em granito, 53. CHANDEIRINHA, Belmonte, Belmonte. menciona-se a existência de fragmentos CM 225 [4466255, 638900 - 649]. de cerâmica manual, entre os quais se Tipologia: Povoado Fortificado. destaca Cronologia: Bronze Final / Idade do a presença de decoração penteada. Ferro (?). ALMEIDA, 1945: 385; COIXÃO, 1996: 60; Descrição: Situa-se sobre um esporão na COIXÃO e TRABULO, 1999: 391; COIXÃO, 2000: 71; VILAÇA, 2005: fig.1. vertente e extremidade sudeste da Serra da Esperança. Conserva ainda um pequeno troço de muralha em talude 52. MONTE MEÃO, Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de Foz Côa. CM 130 [4556500, 655075 - 376]. Tipologia: Povoado Fortificado. Cronologia: Bronze Final (?) / Idade do Ferro / Época Romana. Descrição: Situa-se no topo de um alto planalto sobranceiro ao Douro que o composto por terra e pedras irregulares. Deverá corresponder com aquilo que Almeida (1945: 411) designa de edificação castrense (torre) e que situa no sopé do Monte da Serra da Esperança, no sítio da Tapada das Torres. Materiais: São visíveis à superfície vários fragmentos de cerâmica manual. | 30 ALMEIDA, 1945: 411; MARQUES, 2000: planície aluvial do Ponsul até Monsanto Nº23. e Gardunha e a poente até à serra do Muradal. Situa-se entre dois afluentes do 54. S. GERALDO, Caria, Belmonte. Tejo – o Pônsul e o Ocreza que terá CM 225 [4462400, 640675 - 581]. facilitado certamente a penetração de Tipologia: Povoado. contactos e influências alógenas. Cronologia: Bronze Final / Idade do Materiais: Ferro (?). quando T. Proença descobriu, na vertente Descrição: Situado em pleno monte de noroeste a meia encosta deste monte, três S. Geraldo (por vezes designado por estelas insculturadas. Para além destas, monte de Caria), este povoado possui tem-se reunido diversos materiais, fruto dois núcleos de ocupação distintos. Estes de dispõem-se pelos dois pontos mais escavações. Entre o espólio metálico elevados do monte, um no extremo sul e destaca-se o achado de um fragmento de outro no lado sudeste. espada “tipo língua de carpa”, um Materiais: São visíveis à superfície fragmento de cinzel ou escopro, molas de alguns fragmentos de cerâmica manual. fíbulas e chapas com rebite talvez de Encontra-se Câmara aplicação a caldeirões. Neste particular Municipal de Belmonte um movente de deverá ser evidenciada a peça de bronze moinho manual. em forma de pega com decoração em ALMEIDA, 1945: 409-410; BELO, 1970: “espinha” de inspiração sardo-cipriota. depositado na 52; SALVADO, 1976; MARQUES, 2000: Nº27. Este recolhas sítio de notabilizou-se superfície e de Em relação ao material lítico, para além dos diversos elementos de moinhos manuais, menciona-se a presença de CONCELHO DE CASTELO BRANCO pesos de seixos (de rede ou de tear), percutores, machados polidos e lascas 55. MONTE DE S. MARTINHO, Castelo Branco, Castelo Branco. CM 292 [4407145, 631625 - 435]. Tipologia: Povoado Fortificado. Cronologia: Bronze Final / Idade do Ferro / Época Romana. Descrição: Situa-se no topo de uma elevação de forma cónica que se destaca a sudeste da cidade de Castelo Branco, na margem direita do Ponsul. O seu campo visual estende-se a nascente pela residuais. Mas o material mais representativo diz respeito à cerâmica. Identificaram-se diversas formas com uma grande variedade de decoração. Entre as técnicas representadas destacam-se as cerâmicas incisas (nos lábios e bojos) e brunidas e impressões a pente que poderão testemunhar uma ocupação da Idade do Ferro. Também em argila regista-se o achado do fragmento de um cadinho e um molde bivalve. | 31 PROENÇA, 1903; PROENÇA, 1905; intervencionado em finais do século XIX PROENÇA, 1910; ALMAGRO, 1966; por autoria desconhecida. GOMES E MONTEIRO, 1976-77; PINTO, 1987; LEITÃO, 1988; VILAÇA, 1995a: Nº10; MARQUES, 1995; FARINHA et alii, 1996; VILAÇA, 2004b; VILAÇA, 2004d. Materiais: Desta escavação exumou-se um machado de bronze ou cobre (em forma de cunha), hoje com paradeiro desconhecido. Vilaça dá-nos conta da 56. QUEIJEIRA DE S. MARTINHO, Castelo presença de cerâmica manual de pasta grosseira Branco, Castelo Branco. CM 292. e incaracterística elementos de Tipologia: Achado Avulso. vaivém. Cronologia: Bronze Final. Descrição: Possível molde em pedra de um machado com uma argola lateral incrustada no muro do curral da queijeira e moinhos manuais Tivemos oportunidade de de de analisar um lote de cerâmica oriundo desta estação que se encontra depositado na Câmara Municipal de Castelo Branco, ao cuidado da arqueóloga Sílvia Moreira. de S. Martinho. Contam-se VILAÇA, 1995a: Nº11. inúmeros fragmentos (exclusivamente de produção manual) de 57. ESCALOS DE BAIXO, Escalos de Baixo, bordos, bojos (alguns com aplicação Castelo Branco. CM 280. plástica mamilar com perfurações Tipologia: Achado Avulso. verticais) e fundos. No seu geral, Cronologia: Bronze Final. apresentam Descrição: Machado de bronze plano, grosseiras (com elementos não plásticos proveniente de das imediações desta médio pastas calibre medianamente povoação, adquirido por Tavares Proença distribuídos) em 1904 e um machado de talão de duas cepilladas e com sinais ténues de argolas. polimento ou espatulamento. Excepção e PROENÇA, 1910: 6; SAVORY, 1951: 363; destaque para o fragmento de uma taça COFFYN, 1976: 23; VILAÇA, 1995a: Nº4. carenada (de pasta mais fina e compacta) com 58. CASTELO Campo, VELHO, Castelo Louriçal Branco. CM e medianamente decoração superfícies incisa alisadas, pós-cozedura do inédita (tipo “Baiões”), com motivos 256 triangulares preenchidos com linhas, imediatamente acima da zona da carena [4436200, 626200 - 1057]. Tipologia: Povoado Fortificado. (Est. I – 4). Cronologia: Bronze Final. SARMENTO, 1883; PROENÇA, 1910: 9; Descrição: Topo de cabeço destacado e COFFYN, 1976a: 23; VILAÇA, 1995a: Nº3. alcantilado, com vertentes declivosas. Possui linha de muralha. Foi 59. MALPICA DO TEJO, Malpica do Tejo, Castelo Branco. CM 304. | 32 Tipologia: Achado Avulso. 61. MONTE DO CASTELO, Monforte da Cronologia: Bronze Final. Beira, Castelo Branco. CM 305 [4399200, Descrição: Machado de talão com uma 646795 - 457]. argola. Tipologia: Povoado Fortificado. SAVORY, 1951: 359; COFFYN, 1976: 23; Cronologia: Bronze Final / Idade do VILAÇA, 1995a: Nº6. Ferro / Época Romana. Descrição: Encontra-se implantado no 60. MONTE DE S. DOMINGOS, Malpica do topo de uma das plataformas mais Tejo, Castelo Branco. CM 305 [4394720, elevadas da serra de Monforte. Apresenta 640950 - 270]. boas condições naturais de defesa. Tipologia: Povoado (casal). Dispõem de um amplo domínio visual Cronologia: Bronze Final. que Descrição: As estruturas do Monte de S. contrafortes da Gardunha e Estrela, a sul Domingos encontram-se implantadas em até à serra de S. Mamede, para poente encosta, com ligeiro pendor para sudeste, alcança-se a serra de Muradal e a sobranceiro a uma linha de água (hoje nascente perpetua-se a vista para além da temporária) que delimita o seu sopé. A actual fronteira com Espanha. A única intervenção arqueológica aqui realizada estrutura visível à superfície é a muralha. permitiu identificar duas estruturas de Esta planta circular em xisto (cabanas). sobreposição de pequenos blocos de Ambas possuem entrada voltada a SE e pedra local (quartzito) unidos entre si pavimento regular de saibro batido. No com subsolo do pavimento de uma das materiais daqui oriundos permite afiançar estruturas foi exumada uma grande urna a existência de dois distintos momentos cinerária – sepultura de incineração. de ocupação: um do Bronze Final e outro Trata-se de um casal de vocação agro- do Ferro Pleno / Época Romana. Por pastoril de finais do Bronze Final. Este último, destacamos a existência de duas tipo de assentamento continua muito mal minas (Mina do Pó e Mina da Tinta) de representado em toda a Beira Interior. extracção de minério (possivelmente de Materiais: Para além da urna cinerária ferro?) localizadas a meia encosta da foram exumados alguns recipientes de vertente oeste da crista quartzítica do fabrico manual datados de finais da Idade Monte do Castelo. do Bronze. Materiais: Encontram-se à superfície CARDOSO, CANINAS E HENRIQUES, fragmentos de cerâmica manual grosseira 1998. se estende foi alguma a norte construída terra. A até através análise aos da dos (de superfícies “cepilladas”), de cerâmica ao torno (recipientes de armazenamento de bordo extrovertido) e elementos de | 33 moinhos manuais de vaivém (regista-se CANINAS, 1993: 53-54; VILAÇA, 1995a: igualmente o aparecimento de uma mó Nº 7, 8 e 9; CANAS, 1999. giratória). Mas é o espólio metálico que mais notabiliza este local. Entre estes 62. SOBREIRAL, Ninho do Açor, Castelo podemos ainda distinguir os materiais em Branco. CM 268. bronze das jóias de ouro e prata. Dos Tipologia: Achado Avulso. primeiros destacam-se três braceletes em Cronologia: Bronze Final. bronze, uma lâmina de punhal de Descrição: Bráctea de ouro laminada por lingueta trapezoidal e um machado de martelagem, decorada com cinquenta talão unifacial de apêndices laterais. cones repuxados (aplicação discoidal). Entre as jóias realce para um bracelete Com uma orla decorada com três linhas em ouro martelado a partir de um lingote pontilhadas, apresenta na parte posterior, fundido e cinco (ou seis) ao centro, uma argola para fixação. colares entrançados (quatro de prata e um (ou dois) de ouro). Estas últimas xorcas são GARCIA, 1953: 179; BECATTI, 1955: 211212; CARDOZO, 1959: 27; PINGEL, 1977; PARREIRA dadas como provenientes do lugar da Soalheira do Barbanejo (sítio próximo do castro). Juntamente com aquelas e PINTO, 1980: Nº 53; COFFYN, 1985: 238 e 398; ARMBRUSTER e PARREIRA, 1993: Nº 79; VILAÇA, 1995a: Nº 14. encontrou-se um tesouro de cento e doze denários republicanos de prata. Por 63. SÃO VICENTE DA BEIRA, São Vicente último, resolvemos aqui incluir dois da Beira, Castelo Branco. CM 256. achados que pela proximidade da sua Tipologia: Achado Avulso. proveniência poderão, originalmente, ser Cronologia: Bronze Final. oriundos deste povoado. Trata-se do Descrição: machado de talão com uma argola subcircular com duas argolas. encontrado no Monte Barata e do VILLAS-BÔAS, 1947: 3-4; COFFYN, 1976: machado de talão com duas argolas de 8; MONTEAGUDO, 1977: 251; VILAÇA, gume assimétrico e nervura central 1995a: Nº13. Machado de alvado proveniente do Monte do Carregal (na vertente noroeste da Serra de Monforte). PROENÇA, 1910: 10; CORRÊA, 1928: 150; 64. QUINTA DO ESPADANAL, Sarzedas, Castelo Branco. CM 291. VILLAS-BÔAS, 1947: 4; SAVORY, 1951: Tipologia: Achado Avulso. 359, 363 e 366; COFFYN, 1976: 9 e 24; Cronologia: Bronze Final. MONTEAGUDO, PINGEL, Descrição: Machado de alvado e uma 1977; PARREIRA e PINTO, 1980: 27; argola e vestígios de nervuras. O alvado GONÇALVES, 1990: 197; ARMBRUSTER é 1977: 141; e PARREIRA, 1993, Nº 48; HENRIQUES e subcircular arredondado. com espessamento | 34 VILLAS-BÔAS, 1947: 3; SAVORY, 1951: distância desta localidade onde eram 367; 11-12; visíveis vestígios de antigas construções. MONTEAGUDO, 1977: 253; VILAÇA, Do mesmo sitio este autor recolheu ainda COFFYN, 1976: 1995a: Nº12. cinco machados de pedra polida. PROENÇA, 1910: 3; VILAÇA, 1995a: Nº16. 65. VALE BRANQUINHO, Sobral do Campo, Castelo Branco. CM 267. 68. DOMINGUISO, Dominguiso, Covilhã. Tipologia: Achado Avulso. CM 235. Cronologia: Bronze Final. Tipologia: Achado Avulso. Descrição: Machado plano de apêndices Cronologia: Bronze Final. laterais de contorno sub trapezoidal. Descrição: Lança ou punhal em cobre ou Pode inserir-se no tipo 20 B de bronze, encontrado num provável castro Monteagudo (1977: 141), na forma 3 – situado grupo III C de Wesse (1988: 97-98) ou povoação. na variante A de Fernández Manzano nas proximidades daquela PROENÇA, 1910: 6; VILAÇA, 1995a: Nº17. (1986: 77). Foi casualmente encontrado quando se procedia à abertura de uma 69. QUINTA DA SAMARIA/VALE FEITOSO, caminho perto da Ribeira do Seixo. Ferro/Peroviseu, Covilhã/Fundão. CM VILAÇA E GABRIEL, 1999. 235 [4452584, 631556 - 708]. Tipologia: Povoado Fortificado. CONCELHO DA COVILHÃ Cronologia: Bronze Final / Idade do Ferro / Época Romana (?). 66. ALDEIA DO CARVALHO, Aldeia do Descrição: Este povoado, identificado Carvalho, Covilhã. CM 224. em 2002 por Pedro Carvalho, situa-se no Tipologia: Achado Avulso. topo de um pequeno cabeço na cumeada Cronologia: Bronze Final (?). da serra de Meal Redondo. Dispõe de um Descrição: Dois machados em bronze de amplo domínio visual que se estende tipologia desconhecida. para poente e noroeste por grande parte PROENÇA, 1910: 4; VILAÇA, 1995a: Nº15. da Cova da Beira até às faldas da Estrela e aos contrafortes meridionais da Meseta, 67. BOIDOBRA, Boidobra, Covilhã. e para nascente pelo vale da Meimoa até CM 235. à Gardunha. São visíveis os destroços de Tipologia: Achado Avulso. uma significativa linha de muralhas que Cronologia: Bronze Final. contorna todo o povoado, excepto do Descrição: Machado de alvado de duas argolas exumado por Tavares Proença numa elevação localizada a pouca lado oeste de onde dispõe de boas condições naturais de defesa conferida pela vertente declivosa. A estrutura | 35 defensiva foi construída em pedra seca vulgarmente designado por “ficha” (Est. de granito. Do lado sudeste desta VII – 5). Foram também identificados construção distinguem-se duas estruturas alguns elementos de moinhos manuais de semicirculares vaivém e um exemplar giratório. adossadas ao pano exterior da muralha (bastiões?). Junto ao VILAÇA, 2004a: 46. extremo sul do povoado identificou-se uma inscrição rupestre romana. Esta 70. NOSSA SENHORA DAS CABEÇAS, estação foi mutilada recentemente pela Orjais, Covilhã. CM 224 [4467050, abertura de um caminho que rasgou todo 634733 - 692]. o povoado na direcção norte – sul. Tipologia: Povoado Fortificado. Materiais: São visíveis à superfície Cronologia: Bronze Final (?) / Idade do inúmeros Ferro / Época Romana. fragmentos cerâmicos de fabrico manual e ao torno (Est. IV a VII). Descrição: Situado em maciço rochoso Estes dois tipos de produção comportam na vertente oriental da serra da Estrela pastas grosseiras (com elementos não sobranceiro aos terrenos de cultivo que plásticos de grande calibre e mal ladeiam o Zêzere e ao templo romano de distribuídos) ou de fabrico médio/fino Orjais. São visíveis alguns derrubes de (pastas mais depuradas, com elementos pedra não plásticos de médio/baixo calibre defensivos. medianamente Materiais: distribuídos). As miúda e panos de Foram muralha encontrados superfícies são alisadas, polidas, brunidas fragmentos de cerâmica manual com e “cepilladas”. Predominam os grandes decoração incisa, para além de cerâmica recipientes de armazenagem (potes) de de construção e armazenamento de época bordo extrovertido e perfil em S (Est. VI romana. - 2 a 4 e Est. VII – 1), tendo sido MAIA, 1991. identificados alguns fragmentos correspondentes a taças carenadas (Est. 71. PAUL, Paul, Covilhã. IV). Em termos decorativos destacam-se CM 245. as incisões no lábio (Est. V -2) e um Tipologia: Depósito. fragmento com estampilha (e outro Cronologia: Bronze Final. segundo informação de P. Carvalho com Descrição: pintura junto ao bordo – Est. VII – 3 e 4). referência a sete e Leite de Vasconcelos a Recolhemos ainda à superfície um dez machados de diversas tipologias fragmento de aro em bronze que, pelo encontrados seu diâmetro poderá pertencer a um povoação. Raquel Vilaça afirma que objecto de adorno (Est. VII – 6) e um quatro destes machados poderão estar no fragmento cerâmico recortado que é Museu F. Tavares Proença Júnior. Foi- Tavares nas Proença proximidades faz desta | 36 lhe possível identificar um machado de o povoado parece alongar-se ou abrir-se talão para os campos que existem a norte. de duas argolas com gume fracturado e nervura central numa das Materiais: faces e outro que também se enquadra na fragmentos de cerâmica manual, onde se mesma tipologia onde a nervura central destaca um fragmento com aplicação termina em botão. plástica de mamilo. PROENÇA, 1910: 12; VASCONCELOS, PORFÍRIO E CORREIA, 1998: Nº40. 1917: 328; VILLAS-BÔAS, 1947: Recolhemos alguns 3; SAVORY, 1951: 363; COFFYN, 1976: 7; 74. TEIXOSO, Teixoso, Covilhã. MONTEAGUDO, 1977: 208; VILAÇA, CM 224. 1995a: Nº19. Tipologia: Achado Avulso. Cronologia: Bronze Final. 72. GIBALTAR, Teixoso, Covilhã. CM 224. Tipologia: Achado avulso. Cronologia: Bronze Final (?). Descrição: Argolas de ouro encadeadas. SARMENTO, 1883: 15; VILAÇA, 1995a: Nº18. 73. S. CRISTÓVÃO (BONECA), Teixoso, Covilhã. CM 224 [4464875, 632324 682]. Tipologia: Povoado (Fortificado ?). Cronologia: Bronze Final. Descrição: Espada tipo “língua de carpa” encontrada nas proximidades desta povoação. De facto, são vários os autores, desde Tavares Proença, que apontam para a existência de inúmeros castros em torno desta área. Foi-nos possível identificar um povoado próximo desta localidade (S. Cristóvão/Boneca – 73) que enquadramos neste horizonte cultural. PROENÇA, 1910: 15; VASCONCELOS, 1934: 30; COFFYN, 1976: 25; VILAÇA, 1995a: Nº20. Descrição: Situa-se no extremo sudoeste do maciço do geodésico da Boneca que 75. SERRA DA RACHADA, Vale Formoso, se encontra, por sua vez, delimitado a Covilhã. CM 224 [4471500, 635375 - sudoeste pelo vale do Zêzere e a noroeste 1017]. pela ribeira da Atalaia. Encontra-se no Tipologia: Povoado Fortificado. topo de um pequeno cabeço granítico Cronologia: Bronze Final / Idade do inacessível e bem destacado a sul, este e Ferro (?). oeste. É visível no lado norte um grande Descrição: Situa-se no topo de um derrube de pedra seca, que, por se tratar cabeço destacado no cimo da serra da da área mais exposta e acessível, poderá Rachada, a cerca de 1km para nordeste ser interpretado como cerca. No entanto, do geodésico do Mato da Atalaia. Apesar da sua localização em lugar inóspito, de | 37 difícil acesso e com boas condições dormente naturais de defesa (conferido pelas suas encontrados nos derrubes da muralha. vertentes bastante declivosas), apresenta Informação da sua localização cedida por uma linha de muralha que rodeia a Pedro C. Carvalho a quem agradecemos. de moinho manual, totalidade do cabeço. Esta é composta por blocos de quartzito de pequeno e CONCELHO DO FUNDÃO médio porte, dispostos horizontalmente sem qualquer permeio. A sua privilegiada posição concede-lhe um 76. SRA. DA PENHA, Alcongosta, Fundão. CM 256 [4441500, 627300 - 1345]. extraordinário domínio visual sobre a Tipologia: Povoado (Fortificado?). paisagem. A O/SO controla o vale de Cronologia: Calcolítico / Bronze Final. Verdelhos ou do rio Beijames, enquanto Descrição: Situa-se no topo de um que a NE/E/SE domina a Cova da Beira, cabeço destacado e alcantilado no cimo mais precisamente o Alto Zêzere e seus da serra da Penha, integrada no sistema afluentes (de grande riqueza estanífera de montanhoso da Gardunha. São visíveis aluvião). João de Almeida (1945: 416) alguns refere a existência de um povoado superfície que poderão corresponder ao fortificado no local onde se encontra o sistema defensivo do povoado. marco geodésico do Mato da Atalaia (nº Materiais: Para além da presença de 83 do catálogo B). Prospecções por nós fragmentos realizadas inseríveis naquele local nada alinhamentos de no de pedra cerâmica à manual horizonte cultural do desvendaram. Dada a sua proximidade, Bronze Final, destaca-se o aparecimento não sabemos se Almeida se referia a este de uma raspadeira em sílex. sítio. SARMENTO, 1883; ALMEIDA, 1945: 418. Materiais: Apesar da densa vegetação que cobre todo o povoado, foi possível 77. QUINTA DO ERVEDAL, Castelo Novo, recolher alguns fragmentos de cerâmica Fundão. CM 256. manual onde se realça um bordo com Tipologia: Depósito. arranque de asa do lábio (Est. I – 3). A Cronologia: Bronze Final. análise das suas pastas (com elementos Descrição: não plásticos de pequeno e médio quarenta calibre, mal distribuídos) e do fragmento encontradas no sopé da vertente sudeste com forma identificado, permitem-nos da Gardunha, junto ao lugar de Souto apontar para uma provável fase de Escuro. ocupação do sítio do Bronze Final. De braceletes, um punhal e uma espada e 24 destacar os abundantes elementos de lingotes plano-convexos. Conjunto e três de peças Destacam-se os cerca em de bronze machados, | 38 VILLAS-BÔAS, 1947; COFFYN, 1976: 13- histórico, 22; MONTEIRO, 1978: 19; VILAÇA, fertilidade. Classificação essa fortemente 1995a: 400-402; VILAÇA et alii, 2000: 209. condicionada pelo facto de até então se simbolizando rituais de considerar esta estrutura como autónoma 78. PEDRA AGUDA, Capinha, Fundão. e pelos orifícios registados no monólito CM 235 [4453794, 636027 - 733]. secundário serem interpretados como Tipologia: Povoado (Fortificado?). manifestações antrópicas. O povoado foi Cronologia: Bronze Final. identificado na vertente Este deste cume, Descrição: Como o próprio topónimo indica, a Pedra Aguda (Capinha) trata-se de um gigantesco afloramento granítico constituído por duas pedras, uma delas disposta na vertical e de formato pontiagudo, que se eleva de forma espectacular junto ao topo da vertente oriental da serra da Carrapata (alcançando os 733 m de altitude). O carácter medianamente escarpado de toda esta eminência e o acentuado declive da vertente proporcionam um grande destaque na paisagem, estendendo-se o horizonte visual a norte até ao sopé da serra da Estrela e contrafortes meridionais da Meseta e a Sul até à Gardunha. Neste sentido assinale-se que ainda hoje este thor granítico serve de extrema entre os concelhos da Covilhã e do Fundão. Distinto pelas suas características naturais, é-lhe reservado pela população em geral um carácter fortemente místico. A configuração bem aprumada do monólito central outorga- posicionado defronte da serra de S. António e do povoado da Tapada das Argolas. Do lado nascente é perceptível uma estrutura composta por terra e pedra que parece tratar-se de um talude delimitativo. Não estamos certos se esta poderá ter algum significado defensivo. Depois de conjugarmos as suas características de implantação com os materiais identificados situamos a sua ocupação na proto-história antiga. Materiais: Foram identificados poucos fragmentos cerâmicos exclusivamente manuais de pastas geralmente grosseiras. Destacam-se dois fragmentos com aplicação plástica de botões no bojo e um bordo com asa a arrancar do lábio (Est. I – 2). Encontrou-se ainda o fragmento de um elemento de moinho manual de vaivém. Apenas a título informativo deveremos indicar a descoberta de um conjunto de numismas (tesouro) de época romana junto aos monólitos. INÉDITO lhe um perfil ligeiramente fálico, quando observado a longa distância. De facto, 79. TAPADA DAS ARGOLAS, Capinha, este sítio apresenta-se registado no IPA Fundão. CM 236 [4452556, 638710 - 649]. (nº 0504110241) como um exemplo de arquitectura religiosa, do período pré- Tipologia: Povoado Fortificado. | 39 Cronologia: Calcolítico / Bronze Final / nos conta do aparecimento de dois Idade do Ferro / Época Romana. púcaros, cerca de 500m a sul do Descrição: Encontra-se implantado no povoado, numa fenda granítica. Tavares topo de uma plataforma em esporão, no Proença menciona o achado de quatro extremo meridional da serra de S. machados de bronze na região da António. O seu campo visual estende-se Capinha. Permanece a dúvida se esta pelo vale do curso médio da ribeira da descoberta terá sido um achado isolado Meimoa, dominando o corredor entre a referente a um depósito do Bronze Final Gardunha e a Malcata. Apresenta boas ou se terá sido encontrado junto ou condições naturais de defesa conferidas mesmo pelas suas vertentes íngremes em quase aparecimento de um quinto machado (de todos obstante, talão e duas argolas), como refere constata-se a presença de uma linha de Coelho, neste assentamento. Para além muralha que delimita um recinto de destes, da colecção de Paulo Gonçalves, contorno subovóide ou elíptico. Existem contamos com três pontas de seta (uma referências à existência de vestígios de delas de “tipo Palmela” em cobre estruturas habitacionais circulares, hoje arsenical), um botão em bronze, quatro talvez materiais argolas de bronze, um fragmento de conhecidos atribui-se-lhe uma ampla lâmina de um “tranchet”, uma placa de diacronia de ocupação, não se sabendo se cinturão e outra decorativa em bronze, esta foi contínua ou conheceu abandonos. fragmento de lâmina de espada em Materiais: rico bronze, lâmina de um punhal em bronze, conjunto de espólio, tanto cerâmico uma fíbula de tipo cabuchão e outra de como metálico. Surgem fragmentos de “tipo cavalinho” em bronze, uma espada cerâmica manual de fabrico geralmente em ferro (de “tipo La Tène) dobrada grosseiro, intencionalmente os sentidos. destruídas. Não Pelos Dispõe-se de de superfícies um polidas e no povoado. pelo Certo fogo é e o uma brunidas, e cerâmica ao torno. Em termos conteira de lança de forma cónica e decorativos decoração alvado também em ferro. Oliveira regista plástica (à base de mamilos), incisa nos ainda o achado de um pingo de fundição. lábios, com Por fim refira-se a presença de elementos dispostos de moinhos manuais de vaivém e o obliquamente com banda de incisões que fragmento de uma mó giratória. Do formam reticulado, outro com caneluras período romano destaca-se o achado de paralelas e, por fim, outro decorado por tegulae e várias moedas. duas largas caneluras paralelas sobre as AZEVEDO, 1897: 150; PROENÇA, 1910: 4; quais foram impressos ou estampilhados COELHO et alii, 1991; VILAÇA, 1995a: 82; dois motivos em forma de S. Santos dá- OLIVEIRA, 1996: 64-67; VILAÇA et alii, e destaca-se três puncionamentos a bojos, paralelos um | 40 2000: 202-206; SANTOS, 2001; Cronologia: Bronze Final / Época CARVALHO et alii, 2002; VILAÇA et alii, Romana (?). 2002-03. Descrição: Situa-se no topo de um cabeço cónico, isolado e bem destacado Donas/ na paisagem. O seu campo visual Alcongosta, Fundão. CM 246 [4442750, estende-se pelo vale da Meimoa até à 630325 - 719]. Gardunha e serra de Santa Marta. São 80. S. ROQUE / TRIGAIS, Tipologia: Povoado. visíveis alguns alinhamentos de pedra à Cronologia: Bronze Final. superfície. Descrição: Situa-se no topo de uma Materiais: Foram identificados poucos elevação, de perfil arredondado, bem fragmentos de cerâmica manual, um peso destacada e alcantilada em todos os de seixo com entalhes laterais e um sentidos. Não identificados elemento de moinho manual de vaivém. quaisquer vestígios construções Encontram-se depositados no museu materiais municipal do Fundão alguns materiais de antigas. A foram análise de dos cerâmicos recolhidos por Monteiro em época 1953, permite Raquel Vilaça atribuir-lhe provenientes uma ocupação que remonta à Proto- comprovar-se esta situação terá que se história Antiga. admitir a sua posterior romanização. Materiais: Dentro dos romana, deste referidos como povoado. A materiais SARMENTO, 1983; PROENÇA, 1908: 18- cerâmicos cedidos por Monteiro ao 19; ALMEIDA, 1945: 424; VILAÇA, 1995a: Museu Municipal do Fundão destacam- 81; OLIVEIRA, 1996: 62-64; VILAÇA et se os potes de armazenagem e as alii, 2000: 198-200. pequenas taças carenadas. De realçar ainda (de um período cronológico 82. MONTE DE S. BRÁS, Fundão, Fundão. imediatamente anterior a este) uma ponta CM 246 [4442825, 627500 - 821]. de seta ou lança em bronze tipo Tipologia: Povoado Fortificado. “Palmela”, que será proveniente deste Cronologia: Bronze Final. sitio, Descrição: Situado no topo do monte de ofertada recentemente àquele museu. S. Brás, bem destacado e sobranceiro à MONTEIRO, 1978: 17-19; VILAÇA et alii, cidade do Fundão, desfruta de boa 2000: 195-197. visibilidade para a Cova da Beira. É visível a presença de uma linha de 81. CABEÇO DO ESCARIGO, Escarigo, muralha composta por blocos de granito Fundão. CM 236 [4457435, 644850 - 644]. e xisto dispostos de forma irregular (que Tipologia: Povoado. contorna quase na totalidade todo o assentamento) e alguns derrubes de | 41 estruturas. Para além disso, destaca-se a se ainda três fragmentos de moinhos de existência de uma painel rochoso coberto vaivém. por “fossetes”. SILVA, ROSA E SALVADO, 2003. Materiais: Tivemos oportunidade de estudar o espólio cerâmico proveniente 83. CABEÇO DA ARGEMELA, Lavacolhos, desta estação que se encontra depositado Fundão. CM 245 [4446120, 619100 - 747]. no Museu Municipal do Fundão. Este Tipologia: Povoado Fortificado. conjunto é composto por cerâmicas Cronologia: Bronze Final / Idade do exclusivamente manuais (Est. II e III). Ferro / Época Romana (?). Destacam-se três tipos de fabrico. Um Descrição: Situa-se no topo de um composto por pastas muito grosseiras cabeço, (com elementos não plásticos de grande sobranceiro ao Zêzere que corre a norte. calibre, mal distribuídos), superfícies Apresenta um grande domínio visual ligeiramente alisadas ou “cepilladas”, em sobre a paisagem. Foram identificadas que se encontram representados grandes três linhas de muralha, nos lados norte e recipientes ou este, construídas com blocos de pedra ligeiramente extrovertidos (Est. II – 2 a seca irregulares. Tendo em conta os 4) e grandes asas em fita que arrancam materiais e as estruturas descobertas, R. do bojo (Est. III – 2). Um segundo grupo Vilaça afirma que, para além de uma é composto por pastas medianamente ocupação do Bronze Final, deverá ter grosseiras (com elementos não plásticos sido também ocupado durante os séculos de medianamente II e I a.C. As estruturas defensivas distribuídos), superfícies alisadas ou deverão estar relacionadas com esta tenuemente polidas, onde se inserem os ocupação tardia. pequenos potes (com asa a arrancar do Materiais: R. Vilaça dá-nos conta da lábio/bordo) presença com médio bordos calibre e as e rectos formas de colo isolado de e vários bem destacado fragmentos de alongado e bordo recto. Inclui-se aqui o cerâmica manual grosseira onde se único fragmento decorado detectado que verificou um lábio inciso e um bojo apresenta um reticulado inciso no bojo decorado com linhas incisas paralelas. (Est. III – 1). Por último, destacamos um Apenas um fragmento de bordo é de pequeno conjunto de cerâmicas com fabrico ao torno. Entre o material lítico pastas bem depuradas (elementos não destaca-se o aparecimento de um molde plásticos bem múltiplo de agulhas, alfinetes ou varetas muito em xisto, um peso de seixo com entalhes polidas, onde se integram as pequenas laterais, um elemento de moinho manual taças carenadas (Est. II – 1). Detectaram- de vaivém e outro giratório. de distribuídos), baixo de calibre superfícies e | 42 SARMENTO, 1883; PROENÇA, 1908: 22- MACHADO, 1965: 120; PARREIRA e 23; ALMEIDA, 1945: 428-429; VILAÇA et PINTO, 1980: Nº62; ARMBRUSTER e alii, 2000: 200-202. PARREIRA, 1993, Nº 55; VILAÇA, 1995a: Nº24; VILAÇA et alii, 2000: 209. 84. CABEÇA GORDA, Peroviseu, Fundão. 86. COVILHÃ VELHA, Vale de Prazeres, CM 235 [4452325, 629500 - 636]. Fundão. CM 247 [4444166, 641230 - 677]. Tipologia: Povoado (Fortificado?). Cronologia: Bronze Final. Tipologia: Povoado Fortificado. Descrição: Situa-se no topo de um Cronologia: Bronze Final / Idade do cabeço arredondado que se destaca no Ferro / Época Romana (?) e Medieval. extremo ocidental da serra de Meal Descrição: Este sítio ocupa uma vasta Redondo. Domina um amplo campo área visual. Para norte visiona-se grande parte subelíptica no extremo oriental da serra da Cova da Beira até às faldas da Estrela da Póvoa. No limite norte desta estação, e limite meridional da plataforma da verifica-se a presença de um pequeno Meseta, e para sul e oeste o horizonte cabeço que parece destacar-se do restante estende-se da povoado. Vilaça chega a referir que o Gardunha. São visíveis vestígios de povoado se organiza em duas áreas alinhamentos de pedra de construções distintas: este cabeço e a restante área. estruturadas. Regista um amplo domínio visual sobre a Materiais: até ao Vilaça limite norte recolheu alguns de planalto de configuração paisagem envolvente, em todos fragmentos de cerâmica manual, onde se sentidos. destacam as taças carenadas e as incisões complexo sistema defensivo. O derrube no lábio. Identificaram-se igualmente desta estrutura chega a medir seis metros elementos de de largo. Esta encontra-se em contínua moinhos manuais de Possui um majestoso os e vaivém. destruição pelo saque de pedras a que SARMENTO, 1883; VILAÇA et alii, 2000: está sujeita. No lado Este descortina-se 193-195. uma entrada, deste reduto, com cerca de 2,5m de largura de onde arranca uma 85. SOALHEIRA, Soalheira, Fundão. calçada, certamente posterior ao período CM 256. aqui em causa. Os sectores distinguidos Tipologia: Achado Avulso. por R. Vilaça, poderão, como a mesma Cronologia: Bronze Final. afirma, ter sido ocupados em fases Descrição: Bracelete em ouro martelado distintas. O cabeço, situado no limite obtido a partir de um lingote fundido. setentrional do povoado terá uma fase de Apresenta a forma de um aro elipsoidal ocupação do Bronze Final. aberto, maciço, liso e de secção circular. | 43 Materiais: São bastante escassos os Cronologia: Bronze Final. materiais visíveis à superfície. Neste Descrição: O castelo de Idanha-a-Nova reduto setentrional, R. Vilaça recolheu encontra-se implantado no topo de uma fragmentos de cerâmica manual de elevação destacada e sobranceira ao superfícies geralmente “cepilladas” e um Ponsul. bojo carenado que atribui ao Bronze Materiais: Na década de 70 do século Final. Encontra-se um capitel de coluna transacto no museu municipal do Fundão com medieval derrocou, permitindo recolher indicação de proveniência deste local. A vários comprovar-se que cronologia diversa. Entre eles, Raquel levantamos algumas reservas, poderá Vilaça identificou um fragmento com atestar-se a romanização do povoado. bordo e carena e outro bordo com ALMEIDA, 1945: 423-424; CHEIRA, 1980: incisões no lábio que atribui ao Bronze 9; VILAÇA et alii, 2000: 207-209. Final. este facto, a um trecho fragmentos da de fortaleza cerâmica de BAPTISTA, 1982b: 16; VILAÇA, 1995a: 82. CONCELHO DE IDANHA-A-NOVA 89. CACHOUÇA, Idanha-a-Nova, Idanha87. CABEÇA Idanha-a-Nova. ALTA, CM Idanha-a-Nova, 281 [4420825, 653500 - 341]. a-Nova. CM 269 [4426725, 651050 - 377]. Tipologia: Povoado. Cronologia: Neocalcolítico / Bronze Tipologia: Povoado. Final / Idade do Ferro (inicial). Cronologia: Bronze Final. Descrição: Ocupa o extremo oriental de Descrição: Situa-se no topo de um uma área planáltica que remata em cabeço destacado e alcantilado que se esporão ou promontório. De fácil acesso ergue numa superfície localizada entre o por sul e oeste, apresenta boas condições rio Ponsul (a oeste) e a ribeira de naturais de defesa a norte e este, onde se Alcafozes (a sul). encontra Materiais: R. Vilaça apenas refere a Canada no local onde se junta ao rio presença de fragmentos de cerâmica Torto. Foi intervencionado por Raquel manual com formas e decorações típicas Vilaça entre os anos de 1990 e 1999, o do Bronze Final e elementos de moinhos que permitiu reunir uma série de manuais de vaivém. elementos, VILAÇA, 1995a: Nº27. publicados intensamente. Identificou-se sobranceiro que em à barroca breve da serão uma cabana de planta subcircular com 88. CASTELO, Idanha-a-Nova, Idanha-a- lareira ao centro. Para além desta, Nova. CM 281 [4420325, 650750 - 352]. destaca-se a existência de um talude em Tipologia: Povoado. terra e pedra, chegando a medir três | 44 metros de largura. Sobre este associam- 90. MONTE DO TRIGO, Idanha-a-Nova, se Idanha-a-Nova. diversos afloramentos com “covinhas”, o que juntamente com outros CM 282 [4421100, 654625, 362]. elementos lhe conferem uma carga Tipologia: Povoado Fortificado. simbólica e ritual. Este povoado assume Cronologia: Calcolítico / Bronze Final. uma particular importância porque, em Descrição: contraste povoados numa plataforma ligeiramente oval no escavados por esta autora abandonados topo de uma bem destacada e isolada durante o Bronze Final, revelou uma elevação. O Ponsul corre sobranceiro do continuidade de ocupação à (I) Idade do lado oeste e a ribeira de Alcafozes a sul. Ferro. Para além do amplo domínio visual em Materiais: Entre a cerâmica manual todos os sentidos, dispõe de excelentes destacam-se as formas carenadas, os condições naturais de defesa, sobretudo a potes com lábios decorados, fragmentos norte e oeste onde as vertentes são mais com decoração “tipo Baiões”, brunida declivosas. Talvez por isso tenham sido (ornatos e reticulados), penteadas (de apenas detectados vestígios de uma âmbito mesetenho) e pintadas “tipo estrutura defensiva dos lados este e Carambolo”. Sob o talude encontrava-se sudeste, onde (ainda que a custo) o um vaso de fabrico manual com orifício acesso é possível. Esta foi construída intencional na base em deposição ritual. com blocos de pedra seca de quartzo e Reuniu-se igualmente uma considerável quartzitos, colecção de cerâmica ao torno que dispostos de forma caótica mas regular envolve diversas formas que demonstram numa extensão de cerca de 10m. R. uma forte influência fenícia. Entre o Vilaça dirigiu aqui escavações em 1995 espólio metálico destacam-se as fíbulas, que permitiram identificar uma primeira fragmentos de caldeirão e de espetos em fase de ocupação datável do final do bronze e lâminas de faca e um punhal em período calcolítico, sob uma posterior do ferro. Para além destes, focamos ainda a Bronze Final. presença fragmento Materiais: Trata-se da primeira estação polícromo em pasta vítrea, uma conta de da Beira Baixa a fornecer fragmentos de colar em ouro, escórias, cadinhos e recipientes campaniformes. Entre os figuras zoomórficas em bronze e argila. elementos mais tardios destacam-se as VILAÇA, 1990; VILAÇA, 1995a: 82; cerâmicas de fabrico manual (onde se VILAÇA, 1999a; VILAÇA, 2000b; VILAÇA encontram representadas diversas formas E BASÍLIO, 2000; VILAÇA, 2005. típicas do Bronze Final da região), uma com de os outros contas e Encontra-se de diferentes implantado dimensões, haste metálica em cobre ou bronze | 45 fragmentada e vários elementos de para além de vários elementos de moinhos manuais de vaivém. moagem VILAÇA e CRISTÓVÃO, 1995; VILAÇA, bibliografia menciona o aparecimento de 1995a: 83; VILAÇA, 2000a. um denário e um machado de ferro rotativos. A restante romano e o que parece tratar-se de um 91. CABEÇO DOS MOUROS, Idanha-a- cossoiro. Velha, Idanha-a-Nova. CM 270 [4427500, PROENÇA, 1908: 30-31; PEREIRA, 1909: 654800 - 333]. 172; PROENÇA, 1910: 7; ALMEIDA, 1969; Tipologia: Povoado Fortificado. FERREIRA, 1978; ALARCÃO, 1996: 27; Cronologia: Idade do Ferro / Época PORFÍRIO, 1999. Romana (?). Descrição: Encontra-se implantado no 92. CABEÇO DE SANTIAGO, Medelim, topo de um esporão fluvial, cercado de Idanha-a-Nova. CM 258. todos os lados pelo rio Ponsul, excepto a Tipologia: Achado Avulso. sul. Apesar de não se destacar muito em Cronologia: Bronze Final. altura apresenta um bom controlo visual. Descrição: As condições de defesa naturais são-lhe quadrangular. conferidas pelo fosso escavado pelo C. L., 1913: 145; VILAÇA, 1995a: Nº36. Escopro de secção Ponsul. O sítio apenas se apresenta vulnerável a sudeste, onde através de um istmo se faria a ligação entre o esporão e os montes envolventes. É exactamente neste flanco que se situa uma estrutura defensiva formada na base por grandes blocos de granito aparelhado onde assentam lajes de xisto de médio e grande porte. Pela análise dos materiais e sua implantação deverá ter sido ocupado durante a II Idade do Ferro. Alguns autores referem a existência de materiais de época romana o que poderá deixar antever uma ocupação também durante este período. Materiais: E. Porfírio refere a presença 93. MEDELIM, Medelim, Idanha-a-Nova. CM 258. Tipologia: Achado Avulso. Cronologia: Bronze Inicial ou Médio / Bronze Final. Descrição: Para além de um pequeno machado de bronze de desconhecida, Tavares Proença referência duas a pontas tipologia de faz seta encontradas num quintal, uma que se perdeu, a outra, foliácea e com pedúnculo, enquadra-se, segundo Raquel Vilaça, na tradição das pontas de seta ou lança “tipo Palmela”. CAMPOS, 1906: 288; PROENÇA, 1910: 10; VASCONCELOS, 1918: 8; JUNGHANS et de fragmentos cerâmicos exclusivamente de fabrico ao torno (essencialmente grandes recipientes de armazenamento), alii, 1968: 24; COFFYN, 1976: 24-25; VILAÇA, 1995a: Nº31. | 46 94. ALEGRIOS, Monsanto, Idanha-a- fragmento de cadinho, fusaiola e pesos de seixos naturais e inúmeros elementos Nova. CM 258 [4437150, 659625 - 598]. Tipologia: Povoado. de moinhos manuais de vaivém. Cronologia: Bronze Final. VILAÇA, Descrição: Situa-se no topo de um relevo VILAÇA, 1995a: Nº 26; VILAÇA, 1995d. bem destacado, plataforma oblongo. ocupando de Foi perfil alvo de 1991; ANTUNES, 1992; uma ligeiramente 95. MONSANTO, Monsanto, Idanha-a- intervenções Nova. CM 258 [4433685, 6661050 - 757]. programadas por Raquel Vilaça nos Tipologia: Depósito / Povoado (?). finais dos anos 80 e inícios dos anos 90 Cronologia: Bronze Final (?) / Idade do do século transacto. Estas permitiram Ferro / Época Romana e Medieval. identificar Descrição: Monte granítico que se eleva núcleos habitacionais e de forma espectacular no coração da estruturas Beira Baixa. É talvez o sítio mais circunscrevem-se ao topo do relevo, onde proeminente de toda esta região, sendo o visível compostos buracos por de controlo cabanas, poste. lareiras As visual da paisagem e de vários locais até longa subjacente defensibilidade se tornam distância. O achado de diversos materiais mais efectivas. A autora identificou ainda pré-romanos poderá apontar para uma um abrigo natural de planta oblonga e ocupação efectiva do local nesta época. “corredor” que poderá ter tido uma No funcionalidade ritual. comprovou até hoje que Monsanto tenha Materiais: Foi possível exumar-se um sido um lugar de habitat ou residencial conjunto numeroso de fragmentos de durante o I milénio a. C. Este facto, cerâmica manual, que comporta uma aliado às extraordinárias e invulgares grande variedade de formas. Entre as características topográficas do morro, técnicas leva-nos a supor que a este lugar estavam decorativas representadas entanto, nenhuma evidência destacam-se as incisões (sobretudo nos restringidas lábios) e “tipo Baiões”, a impressão, a profanas. Seria um ponto para ser aplicação e contemplado mas “lágrimas”), o brunimento, caneluras e povoamento processava-se decoração envolvimento plástica (de penteada. mamilos Recolheram-se quaisquer em não actividades habitado. sítios no como O seu a ainda: três contas de colar (de vidro, de Moreirinha e Alegrios. Contudo, até à ágata ou cornalina zonada e de azeviche), realização de um estudo mais sistemático uma acotovelado, (através de escavações) não se deverá escopros, furadores, lâminas de punhal descartar definitivamente a possibilidade (uma virola e uma conteira), pontas de de aqui se ter instalado um assentamento seta e argolas, valvas de moldes, um proto-histórico. Povoado que se poderia fíbula de arco | 47 também ter estabelecido nas vertentes programadas por Raquel Vilaça que deste monte, nomeadamente onde se identificou, na plataforma mais elevada, localizam actualmente as povoações de uma zona habitacional (estruturas de Fonte de Rimas e Relvas. combustão e pisos) delimitada por um Materiais: Foram dois muro de pedra seca. As datações obtidas machados em bronze, um de talão de por análise radiocarbónica apontam para uma tipologia uma ocupação efectiva do sítio entre desconhecida junto à Fonte de Cima 1266 e 805 a.C., uma fase de transição (para além de outros dois machados do Bronze Final para o Ferro Inicial. planos de cronologia anterior a estes). De Materiais: Foi exumado um numeroso destacar o tesouro aqui descoberto conjunto de material cerâmico onde se composto por várias jóias de prata – seis destacam torques, dois braceletes e quatro fíbulas, bitroncocónicas. uma decorativas representadas salienta-se a argola e delas encontrados outro com de rica decoração as formas geminadas Entre as e técnicas zoomórfica. Para além destes, são dadas presença como provenientes deste sítio três taças (nomeadamente as incisões em espiga (uma com inscrição em caracteres pré- em ambas as superfícies), impressas (por latinos) e um vaso em prata, pertencentes dedadas), com aplicação plástica (de à colecção Barros e Sá. botões e mamilos), brunidas (cerca de PROENÇA, 1910: 11; VASCONCELOS, 50% do conjunto decorado) e pintadas 1917: “tipo 305; COFFYN, 1976: 24; MONTEAGUDO, 1977: 213; MILHEIRO, 1982: 36; GOMES E BEIRÃO, 1988; VILAÇA, 1995a: 83; FABIÃO, 2004. de cerâmicas Carambolo”. Entre incisas o espólio metálico menciona-se a presença de argolas (onde se destaca um conjunto de 17 argolas encontradas “coladas”), punhais, braceletes, cinzéis, virolas e 96. MOREIRINHA, Monsanto, Idanha-aNova. CM 258 [4436500, 660250 - 362]. Tipologia: Povoado. elementos de Descrição: Encontra-se implantado no topo de um destacado “monte-ilha”, defronte de Monsanto. Usufrui de um amplo controlo visual e de excelentes condições naturais de defesa, sobretudo a sul e sudoeste onde as vertentes declivosas lhe impossibilitam o acesso. Foi alvo lâminas (uma serra e facas) em ferro. Do material lítico, para além dos inúmeros Cronologia: Bronze Final. localizado hastes diversas em bronze e quatro de escavações moinhos manuais de vaivém, conta-se um cadinho e a valva de um molde. De destacar, por fim, as contas de colar em âmbar de origem báltica que comprovam os mecanismos de trocas inter e supra-regionais. VASCONCELOS, 1917: 304; ANTUNES, 1992; VILAÇA, 1995a: Nº 33; BECK e VILAÇA, 1995. | 48 Cronologia: Idade do Ferro / Época 97. S. GENS, Oledo, Idanha-a-Nova. Romana (?). CM 269 [4426075, 641825 - 320]. Descrição: Situa-se no topo de um Tipologia: Povoado. esporão que se encontra delimitado pela Cronologia: Bronze Final. ribeira da Devesa, a cerca de 100m a Descrição: Situa-se no topo de um montante da sua confluência com o Tejo. cabeço bem destacado e alcantilado, A sudoeste, sobre o istmo que dá acesso sobretudo a norte e este. Encontra-se a esta plataforma, verifica-se a existência sobranceiro à ribeira de Alpreade, muito de uma forte muralha composta por lajes próximo da zona de confluência desta de xisto dispostas horizontalmente sem com a ribeira de Taveiro. Ao contrário de qualquer permeio. outros Materiais: povoados coetâneos, este Para além de cerâmica apresenta diversas limitações em termos manual e ao torno, foram identificados de domínio visual sobre a paisagem. O dois fragmentos de mós giratórias, um quadro orográfico bastante acidentado da elemento de dormente e um de movente região onde se encontra implantado de moinho manual. “confere-lhe um aparente isolamento”. HENRIQUES e CANINAS, 1993: 129. Foram realizadas arqueológicas sondagens dirigidas por Raquel CONCELHO DE OLEIROS Vilaça que interpreta este sítio como pequena atalaia com uma ocupação não 99. CASTRO DO PICOTO, Sarnadas de S. permanente durante os finais da Idade do Simão, Oleiros. CM 279 [419600, 607800 Bronze. - 840]. Materiais: Esta intervenção permitiu Tipologia: Povoado Fortificado. reunir um pequeno grupo de fragmentos Cronologia: Idade do Ferro / Época cerâmicos de fabrico manual. Entre estes, Romana (?). apenas Descrição: Situado no extremo sul da quatro se apresentavam decorados. Dois com incisões no lábio, Serra um com caneluras paralelas no bojo e alinhamentos concêntricos defensivos na uma zona onde se apresenta mais exposto, o taça carenada com reticulado do norte. Muradal, Estas conserva estruturas três brunido. lado são VILAÇA, MARQUES E CORREIA, 1999. compostas por pedra seca de médio porte, chegando a alcançar 2m. de 98. GRELHEIRA, Rosmaninhal, Idanha-a- largura. Entre os afloramentos rochosos Nova. CM 306 [4392600, 661700 - 162]. são visíveis alinhamentos de estruturas Tipologia: Povoado Fortificado. circulares, oblongas e sub-rectangulares, talvez de cariz doméstico. | 49 Materiais: Os materiais visíveis à Dispõe de um amplo domínio visual. É superfície são bastante escassos. Carlos visível um complexo sistema defensivo Batata apenas menciona a descoberta de que delimita um vasto perímetro onde se três cossoiros e três fragmentos de detectaram vários alinhamentos de pedra cerâmica de armazenamento ao torno de seca. bordos extrovertidos. Materiais: Detectaram-se à superfície BATATA, 2002: Nº006. vários fragmentos de cerâmica manual e um fragmento de bordo extrovertido ao CONCELHO DE PENAMACOR torno (Est. IX – 2), elementos de moinhos manuais e giratórios e fusaiolas. 100. PEDRICHAS, Aranhas/Aldeia de João Regista-se Pires/Salvador, Penamacor. CM 258 aparecimento de uma ponta de lança em [4440825, 660250 - 565]. ferro. ainda Tipologia: Povoado. ALMEIDA, Cronologia: Bronze Final. BATISTA, 1982. a 1945; referência MONTEIRO, do 1978; Descrição: Situa-se no topo do ponto CABEÇA GORDA, mais alto de uma plataforma destacada 102. de configuração alongada e ligeiramente Penamacor. CM 237. Meimão, elíptica, que se encontra a sul da actual Tipologia: Estela / Achado avulso. povoação de Aranhas. Cronologia: Bronze Final. Materiais: R. Vilaça identificou vários Descrição: fragmentos de cerâmica manual, entre as insculturada onde se pode ver um escudo quais se destacam as cerâmicas carenadas com chanfraduras em V, lança e punhal. e fragmentos com decoração puncionada Refere-se o aparecimento de um punhal e mamilar. triangular em bronze, hoje em paradeiro VILAÇA, 1995a: nº39. desconhecido. R. Vilaça dá-nos conta do Fragmento de estela aparecimento junto ao local do achado de 101. SORTELHA-A-VELHA, Benquerença, elementos de Penamacor. CM 236 [4457925, 649750 - vaivém. 635]. RODRIGUES, 1958a; RODRIGUES, 1958b; moinhos manuais GORBEA, 1966: de Tipologia: Povoado Fortificado. ALMAGRO 100-101; Cronologia: Idade do Ferro / Época GOMES E MONTEIRO, 1976-77: 310; Romana. BATISTA, 1982; VILAÇA, 1995: 84. Descrição: Situa-se no topo de um cabeço destacado, sobranceiro à confluência das ribeiras da Meimoa, Vale da Senhora da Póvoa e Casteleiro. 103. PEDRÓGÃO, Pedrógão de São Pedro, Penamacor. CM 257. Tipologia: Achado Avulso. | 50 Cronologia: Bronze Final. de formas e decorações. Entre as técnicas Descrição: Machado de talão com uma decorativas, relatamos a presença de argola e nervura terminando em botão. incisões (destaca-se um bordo com MONTEAGUDO, COFFYN, espigas incisas em ambas as superfícies), 1976: 24; MONTEAGUDO, 1977: 211; as impressões nos lábios, carena e fundo, VILAÇA, 1995a: Nº40. aplicação plástica de botões e mamilos 1965: 30; junto ao bordo e bojo e “lágrimas” no 104. MONTE DO FRADE, Penamacor, bojo e motivos brunidos em sulcos e Penamacor. CM 248 [4445100, 658125 - faixas compondo triângulos sequenciais, 576]. linhas verticais paralelas, ziguezagues, Tipologia: Povoado (casal ou reticulados e losangos. Entre o material residência). lítico destaca-se a presença de numerosos Cronologia: Neo-Calcolítico / Bronze elementos de Final. vaivém, pesos de seixos e valvas de Descrição: Situa-se no topo de uma moldes. Dentro do espólio metálico, na grande configuração sua maioria de cariz atlântico, salienta-se alongada e ligeiramente elíptica), bem o aparecimento de um bracelete de forma destacada na paisagem. Este local foi ovalada, alvo de escavações dirigidas por Raquel pedúnculo central e aletas e um punhal Vilaça que incidiram numa pequena de lâmina triangular. elevação (de uma moinhos manuais ponta de seta de com plataforma com cerca de 126m2. Aqui ANTUNES, 1992; VILAÇA, 1995a: Nº 38; foram encontradas diversas estruturas VILAÇA, 1995c: 55; VILAÇA, 1997a. habitacionais, onde se destaca uma cabana com átrio e uma passagem 105. SALVADOR, Salvador, Penamacor. empedradra CM 258. e limitada por dois afloramentos rochosos, um deles com Tipologia: Achado Avulso. “covinhas”. Cronologia: Bronze Final. Estas arqueológicas, aquela Descrição: Machado em bronze de investigadora a interpretar esta estação tipologia desconhecida encontrado em como um pequeno casal, que teria sido 1905 nos arredores desta povoação. habitado Posteriormente foi fundido. por levam evidências alguém socialmente distinto. As datas obtidas por análise PROENÇA, 1910: 13; VILAÇA, 1995a: radiocarbónica, permitem a autora datar a Nº42. sua ocupação entre finais do século XII e 106. o X a.C. Materiais: Os materiais cerâmicos exumados reúnem uma grande variedade VALE DA SENHORA DA PÓVOA/SERRA DA OPA, Vale da Senhora | 51 da Póvoa/Moita, Penamacor/Sabugal. Descrição: Cabeço bem destacado de CM 236 [4461200, 652000 - 703]. vertentes bastante abruptas, delimitado a Tipologia: Povoado Fortificado. norte, sul e oeste pela ribeira da Fróia. Cronologia: Bronze Final (?) / Idade do Não aparenta ter muralha defensiva. Ferro. Materiais: Apenas se regista a existência Descrição: Cabeço bem de fragmentos de cerâmica manual, onde destacado na paisagem, marcando o se destaca um bordo com pega mamilar e rebordo da Meseta. Apesar da sua lábio com incisões e elementos de inexpugnabilidade, conferida pelas suas moinho manual de vaivém. defesas BATATA, 2002: Nº043. naturais, defensivas. povoado R. possui Vilaça do “insuficiência granítico seu de estruturas exclui este catálogo por 108. CERCA DO CASTELO, São Pedro do não Esteval, dados”, que permite a autora atribuir-lhe uma segura Proença-a-Nova. CM 302 [4392750, 603300 - 212]. cronologia de ocupação. Por sua vez, M. Tipologia: Povoado Fortificado. Osório numa recente reavaliação e com Cronologia: Idade do Ferro / Época base em novos materiais recolhidos e na Romana. análise da sua implantação e sistema Descrição: Cabeço bem destacado, de defensivo refere a possibilidade de se encostas bem pronunciadas, delimitado poder tratar de um povoado da Idade do pela ribeira do Peral. Apresenta uma Ferro. linha de muralha defensiva em xisto, de Materiais: Para além de fragmentos de formato rectangular. cerâmica Materiais: manual regista-se de de o Para além de cerâmica quartzo manual e ao torno, devemos mencionar o hialino e de um elemento de moinho tesouro de 300 moedas de prata que manual de vaivém. deverá ser proveniente deste povoado. PROENÇA, 1908: 18; ALMEIDA, 1945: CATHARINO, 1933: 218; HENRIQUES e 476; BATISTA, 1982a; VILAÇA, 1995a: 92 CANINAS, 1983; BATATA, 2002: Nº057. aparecimento lascas e 124 (nota 15); OSÓRIO, 2005a: Nº17. CONCELHO DA SERTÃ CONCELHO DE PROENÇA-A-NOVA 109. CASTRO DE SANTA MARIA 107. CABEÇO DOS CASTELOS, Montes da MADALENA, Cernache do Bonjardim, Senhora, Sertã. CM 288 [4405000, 566300 - 486]. Proença-a-Nova. [4400200, 604000 - 225]. CM 302 Tipologia: Povoado Fortificado. Tipologia: Povoado. Cronologia: Bronze Final / Idade do Cronologia: Bronze Final. Ferro / Época Romana. | 52 Descrição: Situa-se no topo de um Descrição: Situa-se num estratégico cabeço cabeço onde se localiza a igreja que lhe quartzítico bem destacado, dominando toda a zona planáltica de empresta Cernache do Bonjardim. Possui, pelo defendido a oeste por uma ravina que menos, uma linha de muralha defensiva. pende sobre o Zêzere, apresenta muralha, São visíveis no topo sul estruturas de com cerca de 6/7m. de largura, a norte, planta parcialmente este e sul, delimitando uma área com destruídas pela abertura de uma estrada cerca de 5 hectares. Tem uma área de terra batida que circunda todo o escavada monte. Foi intervencionada uma área que basicamente sobre a muralha. Realizou- perfaz os 14 m2, onde foi possível se uma sondagem no lado sul do identificar, na zona norte, uma estrutura povoado que permitiu pôr a descoberto de perfil elíptico datada do Bronze Final. uma estrutura circular que se associou à Materiais: Regista-se a presença de actividade metalúrgica. Antes apenas cerâmica manual e ao torno (de perfil em eram visíveis à superfície estruturas S). A cerâmica decorada é exclusiva dos rectilíneas. recipientes de fabrico manual e resume- Materiais: se a dois bordos com decoração feita por fragmentos de cerâmica manual (onde se pressão, dois bojos com decoração destaca um fragmento de taça geminada penteada e um com sulco transversal. e as taças carenadas) com (bordo de lábio Para além destes, foi recolhido um peso inciso) e sem decoração, um fragmento de rede em anfibolite, um furador em de punhal de rebites em bronze, um bronze e vários líticos. Existe ainda o fragmento relato de aparecimento de jóias em ouro anfibolite, um fragmento de grande e moedas aquando a construção da capela almofariz em granito, três moinhos existente no topo do povoado. manuais de vaivém e dois pingos de rectangular, BATATA, 1998: 25-35; BATATA, o topónimo. de 150 Foram de m2 Naturalmente que exumados machado incidiu vários polido em fundição. GASPAR E BATISTA, 1999: 27; BATATA ALMEIDA 1945: 485; BATATA, 1998: 22- E GASPAR, 2000b: 678-681; BATATA, 25; BATATA, GASPAR E BATISTA, 1999: 2002: Nº028. 31-33; BATATA E GASPAR, 2000b: 681684; BATATA, 2002: Nº015. 110. NOSSA SENHORA DA CONFIANÇA, Pedrógão Pequeno, Sertã. CM 277 CONCELHO DE VILA DE REI [4418300, 574300 - 407]. Tipologia: Povoado Fortificado. 111. CERRO DO CASTELO, Vila de Rei, Cronologia: Bronze Final / Idade do Vila de Rei. CM 300 [4397970, 567700 - Ferro. 380]. | 53 Tipologia: Povoado Fortificado. varetas e outro de pontas de seta e vários Cronologia: Bronze Final. elementos de moinho manual. Descrição: Situa-se no topo de um monte BATATA E GASPAR, 1995b; BATATA, cónico destacado de vertentes bastante GASPAR E BATISTA, 1999: 30-31; FÉLIX, íngremes (chegam a atingir os 30 % de 2000; BATATA E GASPAR, 2000a: 33-70; pendente), que domina visualmente toda a região envolvente. Encontra-se BATATA E GASPAR, 2000b: 672-677; BATATA, 2002: Nº059. próximo da confluência da ribeira da Isna com o Zêzere, sendo ainda rodeado pelas ribeiras do Sobral e Giesteira. Foi alvo de intervenções que possibilitaram a realização de datações radiocarbono na área da estrutura defensiva. Só num período posterior ao século IX a.C. terá sido edificada a linha de muralha de pedra solta que circunda o outeiro a meia encosta e um último reduto no topo do cabeço. Numa primeira fase teria sido um povoado aberto e é numa etapa mais tardia do Bronze Final que se edifica o sistema defensivo. Trata-se de uma muralha constituída por pedras de xisto empilhadas sem qualquer permeio, com Foram exumados vários fragmentos de cerâmica manual (alguma brunida). Deste lote destacamos um pote carenado mamilar, com decoração fragmentos de plástica uma taça geminada, um fragmento de bordo e colo carenado com apêndice bicónico com duas perfurações e bordos com incisões no lábio. Para além destes devemos mencionar o Rei /Amêndoa, Vila de Rei/Mação. CM 312 [4391550, 5803500 - 497]. Tipologia: Povoado Fortificado. Cronologia: Idade do Ferro / Época Romana. Descrição: Situado na Serra da Ladeira, ocupa uma posição estratégica e central em relação às bacias do Tejo, Zêzere e Ocreza. aparecimento de um fragmento de bracelete em bronze, pesos de rede, esquírolas de sílex, um molde de Cabeço bem destacado, defendido naturalmente pelas encostas abruptas a norte e este e por uma linha de muralha a sul e oeste. Maria Horta Pereira (1970a: 243) menciona a existência de 38 estruturas domésticas de planta cerca de 1,80m de largura. Materiais: 112. S. MIGUEL DA AMÊNDOA, Vila de rectangular e quadrangular (algumas com pequeno recinto exterior circular) dispostas assimetricamente. Para além destas, foca a presença no ponto mais elevado do povoado de um recinto de planta quadrangular cercado por espessas muralhas. Materiais: Do conjunto de cerâmica manual e ao torno exumada, Maria Horta Pereira destaca a presença de dois pratos de fabrico manual, um com decoração incisa e outro com dedadas, um pote ou taça fabricado ao torno com decoração incisa e quatro cossoiros. Foram ainda | 54 identificados seis mós manuais e outras declive acentuado Apesar disso, possui seis circulares, uma lança de falso alvado uma linha de muralha (composta por em ferro, uma falcata em ferro, um lajes de xisto dispostas horizontalmente escopro de ferro de secção rectangular e sem qualquer permeio), da qual apenas punho de secção circular, um machado são visíveis dois troços, um a nordeste e de alvado em ferro e uma placa de outro a sul (locais mais vulneráveis). bronze com decoração gravada em fitas Suspeita-se que esta estrutura defensiva entrançadas e motivos em ziguezague. tenha AZEVEDO, 1896; JALHAY, 1949: 5-16; reaproveitamento da pedra. Aliás, cerca PEREIRA, 1970: 237-256; PEREIRA E de 50% da estação foi destruída por BUBNER, 1985; BATATA E GASPAR, trabalhos de terraplanagem para plantio 2000a: 71-73; BATATA, 2002: Nº116. sido desmantelada para de olival. Este sítio encontra-se próximo de antigas explorações cupríferas (minas CONCELHO DE VILA VELHA DE RÓDÃO do Sítio do Cobre e Buraca da Moura). Materiais: 113. CASAL DO CHÃO DAS CASAS, ?, Vila Velha de Ródão. Tipologia: Depósito. Cronologia: Idade do Ferro. Descrição: Depósito composto por um bracelete maciço de prata e dois colares entrançados abertos também em prata. Este achado surge igualmente dado como proveniente do Casal do Chão das Covas. PARREIRA e PINTO, 1980: 16, nº 119 e 120. 114. CASTELEJO DO TOSTÃO, Vila Velha Foram recolhidos alguns fragmentos de cerâmica manual grosseira (com elementos não plásticos de médio calibre e medianamente distribuídos) e ao torno. Ambas as produções revelam uma abundância de grandes recipientes de armazenagem de bordo extrovertido (Est. VIII – 1 e 2). Identificou-se um exemplar decorado com meandros incisos (Est. VIII – 4) e um fundo anelar (Est. VIII – 3). Por fim, destaca-se a presença de um elemento de moagem rotativo e escórias de fundição. HENRIQUES E CANINAS, 1986: 25. de Ródão, Vila Velha de Ródão. CM 303 [4394825, 615500 - 146]. Tipologia: Povoado Fortificado. Cronologia: Idade do Ferro. Descrição: Situa-se no topo norte de um esporão contornado por uma série de meandros da ribeira do Açafal. Este local apresenta boas condições naturais de defesa, conferidas pelas suas encostas de 115. VILA VELHA DE RÓDÃO, Vila Velha de Ródão, Vila Velha de Ródão. CM 314. Tipologia: Achado Avulso. Cronologia: Bronze Final. Descrição: Machado plano com contorno subtrapezoidal e gume irregular. VILAÇA, 1995a: Nº58. | 55 DISTRITO DE SANTARÉM 118. AMOREIRA/QUINTA DA LÉGUA, Rio de Moinhos, Abrantes. CM 331 [4371250, CONCELHO DE ABRANTES 562575 - 55]. 116. OLIVAL COMPRIDO II, Alferrarede, Tipologia: Povoado (Habitat). Abrantes. CM 331 [4369800, 571000 - Cronologia: Mesolítico/Neolítico / Idade 46]. do Bronze (Final). Tipologia: Povoado (Habitat?). Descrição: Situado na margem direita do Cronologia: Idade do Ferro (Pleno) / Tejo localiza-se precisamente no centro Época Romana. da povoação da Amoreira (junto ao Descrição: Villa romana intervencionada campo por Filomena Gaspar que identificou intervenções arqueológicas no âmbito da vestígios de uma fase de ocupação minimização do impacte da construção anterior datada da II Idade do Ferro. do IP6. Sob um nível datado da Idade do Materiais: Os autores não especificam Bronze detectou-se uma primeira fase de quais ocupação do final do VIº milénio a.C. os materiais exumados que de futebol). Foram Foi alvo exumados de classificam da Idade do Ferro, realçando Materiais: vários apenas o espólio de época romana. fragmentos de cerâmica manual, mas BATISTA, 1995: 63; BATATA, 2002: sobretudo elementos líticos (entre eles Nº218. pesos de rede). CRUZ, 1997; SILVA, BATISTA E FÉLIX, 117. CASAL DAS FREIRAS I, Mouriscas, 1999; FÉLIX, 2000; CRUZ et alii, 2000; Abrantes. CM 322 [4371800, 576050 - CRUZ, 2002. 100]. 119. QUINTA DA PEDREIRA, Rio de Tipologia: Povoado. Cronologia: Bronze Final / Idade do 564550 - 50]. Ferro / Época Romana. Descrição: Localiza-se num cabeço destacado dos que o circundam. Não foi identificada qualquer superfície. Encontra-se estrutura à parcialmente destruído devido à construção do IP6. Materiais: Para além de cerâmica manual apenas se menciona a exumação de um peso de rede, barro de cabana e um moinho manual de vaivém. BATATA, 2002: Nº207. Moinhos, Abrantes. CM 331 [4371100, Tipologia: Povoado (Habitat?). Cronologia: Bronze Final. Descrição: Povoado situado no topo de uma suave encosta voltada para o rio Tejo e já inserida em terraço fluvial cascalhento. Integra-se numa zona com outros vestígios essencialmente arqueológicos paleolíticos e tardo- romanos. Foi intervencionado por Félix | 56 que o interpreta como pequeno Descrição: Lâmina de punhal triangular aldeamento de cariz agro-pecuário. com lingueta trapezoidal individualizada Materiais: Foram exumados diversos por recipientes de cerâmica manual, onde mencionada pela primeira vez por M. A. destacamos os fragmentos de bordo com H. Pereira que a atribui ao período pegas horizontais alongadas saindo do Calcolítico. R. Vilaça comunica que esta lábio com decoração incisa e impressa, classificação pegas considerando-se mamilares com perfurações dois entalhes. verticais e um exemplar decorado no Bronze Final. colo por sulcos brunidos que figuram PEREIRA, num 1995a: 336. padrão oblíquas geométrico entrecruzadas de linhas em faixa horizontal. 122. terá peça sido hoje 1970b: CASTELO Esta revista integrável 256-261; ao VILAÇA, ABRANTES, DE é São BATATA, GASPAR E BATISTA, 1999: 23- Vicente, Abrantes. CM 331 [4368800, 35; FÉLIX, 1997; FÉLIX, 2000; BATATA, 569400 - 196]. 2002: Nº230. Tipologia: Povoado (Fortificado?). Cronologia: Bronze Final / Idade do 120. QUINTA DO VALE DO ZEBRO, Rio de Ferro / Época Romana e Medieval. Moinhos, Abrantes. CM 331 [4371100, Descrição: Cabeço alcantilado por todos 563550 - 30]. os lados excepto a oeste onde o acesso é Tipologia: Achado Avulso. mais favorável. Aquando a derrocada de Cronologia: Bronze Final. parte do pano de muralha medieval foi Descrição: Foice de tipo “Rocanes”, possível identificar materiais datados do faltando a extremidade distal, com gume Bronze Final, Ferro Pleno e época muito deteriorado e lâmina nervurada. romana. Encontrada em terreno de suave declive comprovado, é possível que a muralha quando se procedia à abertura de uma hoje visível assente sobre estrutura vala para canalização no interior desta defensiva quinta. referência ao achado de dois machados VILAÇA, 1995: 332; COFFYN, 1998: 175; de pedra polida quando se realizavam FÉLIX, 1997; SILVA, BATISTA E FÉLIX, obras no interior do castelo. 1999; BATATA, 2002: Nº231. Apesar antiga. de ainda Oleiro faz não ainda Materiais: Para além dos dois machados de pedra polida referenciados e uma 121. COUSA BELA, S. João, Abrantes. Tipologia: Achado Avulso. Cronologia: Bronze Final. xorca de aparecimento bronze de destaca-se cerâmica o manual carenada e de uma taça com decoração de ornatos brunidos. | 57 OLEIRO, 1951; PEREIRA, 1988; BUBNER, Tipologia: Povoado Fortificado. 1996: 69; FÉLIX, 2000; BATATA et alii, Cronologia: Bronze Final / Época 1999: 29; BATATA, 2002: Nº222. Medieval. Descrição: Dispõe-se em torno do CONCELHO DE MAÇÃO enorme barroco sobranceiro à povoação de Amêndoa. O sistema defensivo apenas 123. CABEÇO PENEDENTES, é visível do lado norte e oeste pois o Amêndoa, Mação. CM 312 [4391150, resto do povoado encontra-se sobre as 583300 - 38]. actuais habitações. DAS Tipologia: Achado Avulso. Materiais: Cerâmica manual e ao torno. Cronologia: Idade do Ferro. AZEVEDO, 1896: 254; LOURO, 1990: 65; Descrição: Foi encontrado perto de um BATATA monumento megalítico (anta) uma urna BATATA, 2002: Nº117. E GASPAR, 2000a: 14; cinerária datada da Idade do Ferro. PEREIRA, 1970: 80-81 e 256-257; BATATA, 2002: Nº119. 126. CASTELO VELHO DA ZIMBREIRA, Envendos, Mação. CM 323 [4380950, 600950 - 434]. 124. CASTELO DO SANTO, Amêndoa, Tipologia: Povoado Fortificado. Mação. CM 312 [4390550, 586800 - 516]. Cronologia: Bronze Final / Idade do Tipologia: Povoado Fortificado. Ferro (?). Cronologia: Bronze Final. Descrição: Cabeço rodeado por muralha Descrição: Cabeço destacado com de quartzito. Segundo Carlos Batata, grande domínio visual sobre a paisagem parecem existir estruturas circulares ou envolvente, alcantilado do lado norte. elípticas na parte sul do povoado. Possui duas linhas de muralha. Uma que Controverso continua a ser a datação delimita o ponto mais elevada e uma atribuída a este sítio. Alguns autores segunda a meia encosta do lado sul e colocam-no oeste. Do lado sul, Batata, refere a Maria da Horta Pereira data-o da Idade existência de uma possível estrutura de do Ferro e Carlos Batata da Idade do perfil elíptico. Bronze. Materiais: Apenas há a registar a Materiais: Apenas há a registar a presença de cerâmica manual. existência PEREIRA, 1970: 95; BATATA, 2002: superfície. Nº120. Mação. CM 312 [4390650, 580300 - 438]. de período cerâmica Calcolítico, manual à PEREIRA, 1970: 99-101; BATATA, 2002: Nº133. 125. CASTRO DA AMÊNDOA, Amêndoa, no | 58 127. CASTELO VELHO DO CARATÃO, pesos de rede, cinco cossoiros e um Mação, bastão de comando. Mação. CM 322 [4381500, SAVORY, 589350 - 287]. 1951: 323-377; PEREIRA, Tipologia: Povoado Fortificado. 1970a: 46-50, 102-131, 168-179 e 290-291; Cronologia: Calcolítico / Bronze Final / COFFYN, 1983: 174, 182 e190; BÜBNER, 1996; BATATA, 2002: Nº143. Idade do Ferro / Época Romana. Descrição: Povoado identificado em 1946 por João Calado Rodrigues que, juntamente com Maria Horta Pereira, realiza sondagens arqueológicas que permitiram desvendar diversas estruturas. Esta estação possui uma muralha (construída com blocos de quartzito) que parece cercar toda a plataforma, reaproveitando os afloramentos rochosos, que, perfeitamente afeiçoados, integram a empena deste pano defensivo. No interior do povoado parecem distinguirse duas áreas de ocupação. Segundo Carlos Batata, Calado Rodrigues refere ainda a existência de uma necrópole do Bronze Final disposta em torno da São referidos inúmeros artefactos como sendo provenientes deste povoado Mação. CM 312 [4383000, 586100 - 240]. Tipologia: Depósito. Cronologia: Bronze Final. Descrição: Vulgarmente designado por “esconderijo de fundidor”, este conjunto de artefactos metálicos foi descoberto em 1943 aquando a construção da estrada entre Pereiro e Castelo. Maria Horta Pereira, citando João Calado Rodrigues, localiza o achado a 100m. (Jalhay afirma que foi a 450m.) da ponte de Porto do Concelho, na margem esquerda da ribeira de Eiras. Materiais: Este depósito é composto por dois machados de talão com uma argola, estação. Materiais: 128. PORTO DO CONCELHO, Mação, dos quais destacamos: fragmentos cerâmicos com decoração de ornatos brunidos, um machado plano em bronze de perfil trapezoidal, um tranchet (Maria Horta Pereira (1970a: 171) classifica-o erradamente como machado de talão), um punhal ou adaga com quatro rebites, um fragmento de espada ou punhal, quatro braceletes, um anel de cobre, um estilete, argolas de bronze, uma anilha de ouro, um molde de escopro, um anzol duplo em bronze, 14 um de perfil trapezoidal e outro rectilíneo, duas foices em bronze, três lanças com encabamento em alvado, duas espadas curtas de tipo “língua de carpa” e quatro extremidades de arma talvez de mesma tipologia, quatro punhais de rebite e um fragmento de espigão de um punhal, duas adagas, um serrote ou punhal (?), um estilete ou punção, três braceletes, doze argolas completas e três fragmentos, um maçarico de boca em bronze (?), um fragmento da ponta de estilete, outro de um escopro ou formão e por fim um | 59 fragmento do que poderá ser parte integrante de uma fíbula (?). JALHAY, 1944: 20-26; SAVORY, 1951: 327, 369, 371 e 376; PEREIRA, 1970: 180206; COFFYN, 1983: 172, 176-178, 182183, 189 e 192-193; BATATA, 2002: Nº142. CONCELHO DO SARDOAL 129. CABEÇO DAS MÓS, Valhascos, Sardoal. CM 322 [4374750, 576000 187]. Tipologia: Povoado Fortificado. Cronologia: Bronze Final / Idade do Ferro / Época Romana. Descrição: Povoado que ocupa três cabeços que se destacam e servem de extrema entre os concelhos do Sardoal e Abrantes. Encontra-se delimitado a norte, este e sul pela ribeira do Arcês. Grácio refere a existência de uma mina de chumbo nas suas imediações. A estação foi alvo de intervenções dirigidas por Paulo Félix que identificou níveis do Bronze Final, Idade do Ferro e Época Romana. Materiais: Dentro do lote de cerâmicas manuais e ao torno exumadas realçamos a presença de fragmentos com decoração estampilhada e linhas onduladas e as taças carenadas brunidas. Para além destes materiais, identificaram-se contas de colar em vidro, cossoiros e elementos de moagem manuais e circulares. GRÁCIO, 1998; BATATA et alii, 1999: 28; FÉLIX, 2000; BATATA, 2002: Nº171. | 60 de Pedregais, situado a 1000m a oeste da 1.4. CATÁLOGO B actual povoação. Pelos materiais que DISTRITO DA identificou e pela sua posição estratégica GUARDA em relação ao Côa afirma que neste lugar terá CONCELHO DE ALMEIDA existido um “castro lusitano- romano”. 1. CASTRO DO CABEÇO NEGRO, Almeida, 154-155; LÓPEZ 30-31. Tipologia: Povoado. Descrição: Almeida regista a presença de vestígios de um castro no topo de um cabeço situado 3km a sudoeste da cidade de Almeida. Sobranceiro à margem esquerda do rio Côa, do qual dista cerca 500m, 1945: JIMÉNEZ, 2002: 341; PERESTRELO, 2004: Almeida. de ALMEIDA, assume uma importante posição estratégica e de controlo daquele curso de água. 3. CABEÇO DA MEDRONHEIRA, Castelo Bom, Almeida. Tipologia: Povoado (?). Descrição: Almeida detectou, no topo do cabeço denominado da Medronheira, situado a 1500m a nordeste da povoação de Castelo Bom, vestígios de uma torre em alvenaria que presume encontrar-se ALMEIDA, 1945: 184. instalada sobre as ruínas de um antigo 2. FORTALEZA DE ALMEIDA, Almeida, castro. ALMEIDA, 1945: 188. Almeida. CM 183 [4510600, 770000 760]. 4. CASTELO BOM, Castelo Bom, Almeida. Tipologia: Povoado (Fortificado?). Descrição: A actual fortaleza CM 194 [4499100, 677650 - 718]. de Almeida encontra-se implantada sobre a plataforma de um largo outeiro na margem direita do Côa. São muitos os autores que aqui localizam um povoado proto-histórico. Contudo as evidências arqueológicas até hoje identificadas recuam somente ao período romano, o que poderá indicar a presença de um assentamento anterior ainda impossível de documentar. Não obstante, Almeida pressupõe que a “primitiva fortaleza” da cidade de Almeida estaria instalada no sítio denominado de Enchido da Sarça ou Tipologia: Povoado (?). Descrição: O sítio onde se instalou o castelo medieval da aldeia de Castelo Bom, dispõe de boas condições naturais de defesa e domina visualmente grande parte do curso do rio Côa. O interesse arqueológico por este local despoletou com o achado, no interior de um penedo próximo da actual aldeia, de uma espada de bronze atribuível ao Bronze Médio. Alguns autores referem a hipótese da ocupação desta área poder remontar a época proto-histórica. De facto, a | 61 excelente posição estratégica de que existência de um rebordo talhado no desfruta Castelo Bom permite colocar afloramento que interpreta como base de esta possibilidade que, por enquanto, sustentação para as pedras de uma continua muralha, presume que poderá tratar-se de por documentar arqueologicamente. um ALMEIDA, 1945: 167; SANCHES, 1995; destruído. LÓPEZ ALMEIDA, 1945: 186. JIMÉNEZ, 2002: 184; povoado pré-romano bastante PERESTRELO, 2004: 32-33. 7. CASTRO DA PENHA DO ABUTRE, 5. CASTELO DE FRENEIDA, Freneida, Almeida. Freneida, Almeida. Tipologia: Povoado Fortificado. Tipologia: Povoado. Descrição: O Descrição: Segundo Almeida existem de vestígios inequívocos da presença de um Freneida encontra-se implantado sobre povoado numa plataforma sobranceira a um e oeste da Penha do Abutre, situado a rodeado, pelos lados norte e poente, por 1300m a norte da povoação de Freineda. duas linhas de água. Almeida presume Neste sítio localizado na margem direita que esta construção se tenha instalado do Côa, este autor refere a presença de sobre as ruínas de um antigo castro que um pequeno lanço de muralha e de assentava no topo do cabeço do Picoto. gravuras rupestres. Aqui o autor identifica vestígios de ALMEIDA, 1945: 185. pequeno castelo outeiro medieval sobranceiro construções castrenses. ALMEIDA, 1945: 178. 8. CASTRO DO SANTO CRISTO, Freixo, Almeida. 6. CASTRO DE CABAÇOS, Freineda, Tipologia: Povoado Fortificado. Almeida. Descrição: Almeida refere a presença de Tipologia: Povoado Fortificado. Descrição: este castro pré-romano, no topo do cabeço provável povoado situa-se no topo de um denominado de Santo Cristo, junto à cabeço actual povoação do Freixo na margem que Segundo se Almeida vestígios, do que presume tratar-se de um levanta junto da confluência da ribeira da Freineda com a direita da ribeira das Cabras. ribeira de Vale de Cabaços (próximo de ALMEIDA, 1945: 185. uma actual estação de caminhos de ferro). O autor não detecta aqui vestígios 9. CITÂNIA DE OPPIDANEA, Malhada inequívocos de uma ocupação humana. Sorda, Almeida. No entanto pela análise da configuração do outeiro de Vale de Cabaços e pela Tipologia: Povoado Fortificado. | 62 Descrição: Almeida e Fernandes situam CONCELHO DE FIGUEIRA DE CASTELO esta estação nos sítios do Verdugal e RODRIGO Moradios, cerca de 4km a sul de Malhada Sorda. Os vestígios por eles 11. ATALAIA DA NAVE REDONDA, Castelo detectados estendem-se por uma vasta Rodrigo, Figueira Castelo Rodrigo. planície entre os rios Côa e Águeda. Tipologia: Povoado. Unânimes ao realçar a vasta área de Descrição: Almeida indica a presença de dispersão dos materiais detectados à vestígios superfície, classificam este sítio como (posteriormente romanizadas) no topo do um importante (Almeida chega mesmo a cabeço da Nave Redonda. chamar-lhe citânia) povoado pré-romano ALMEIDA, 1945: 231. de construções castrenses posteriormente romanizado. Para além dos imensos vestígios estruturados, materiais de época romana e sepulturas escavadas na rocha, mencionam a 12. CASTELO RODRIGO, Castelo Rodrigo, Figueira Castelo Rodrigo. Tipologia: Povoado. existência de elementos proto-históricos Descrição: A antiga vila de Castelo como os moinhos manuais de vaivém e Rodrigo encontra-se implantada no topo estruturas habitacionais circulares. de um elevado e isolado cabeço que ALMEIDA, 1945: 178-183; FERNANDES, marca a divisória entre os rios Côa e a 1982; PERESTRELO, 2004: 90. ribeira de Aguiar. Tanto Almeida como López Jiménez colocam a hipótese, tendo 10. PICOTO, Mido, Almeida. em conta a sua implantação, de estar Tipologia: Achado avulso. relacionado com estratégias pré-romanas. Descrição: Espada em bronze com ALMEIDA, 1945: 208; LÓPEZ JIMÉNEZ, lâmina fixa à empunhadura por rebites. 2002: 341. Terá sido descoberta durante a exploração de uma pedreira. Surge 13. CASTELO DE FONTENARES, Cinco integrada no Bronze III. As parcas Vilas, Figueira Castelo Rodrigo. informações de que dispomos não Tipologia: Povoado. permitem confirmar este dado, como Descrição: Na antiga povoação de também ampliar a sua descrição. Fontenares, actual localidade de Cinco ENDOVÉLICO: CNS 15712. Vilas, Almeida aparecimento dá-nos de conta vestígios do proto- históricos juntamente com materiais romanos. ALMEIDA, 1945: 220. | 63 14. CASTELÃO, Escalhão, Figueira ALMEIDA, 1945: 222. Castelo Rodrigo. Tipologia: Povoado (Fortificado?). 17. CASTRO DA MAROFA, Serra da Descrição: Situa-se no topo de um Marofa, Figueira Castelo Rodrigo. cabeço destacado, sobranceiro à margem Tipologia: Povoado. esquerda da ribeira de Aguiar. São Descrição: Almeida refere a presença de visíveis à superfície vestígios do que vestígios de um povoado pré-romano no parece tratar-se de um troço de muralha. ponto mais alto da serra da Marofa (junto São-lhe adstritas duas fases de ocupação ao marco geodésico). distintas, uma do Calcolítico e outra do ALMEIDA, 1945: 228. Bronze Final, que necessitam de CONCELHO DA GUARDA confirmação. ENDOVÉLICO: CNS 12587. 18. ALDEIA DO BISPO, Aldeia do Bispo, 15. CASTELO DE ESCARIGO, Escarigo, Guarda. Tipologia: Achado avulso. Figueira Castelo Rodrigo. Tipologia: Povoado. Descrição: Descrição: Segundo Almeida junto da aparecimento de um machado plano de actual cobre ou bronze que não sabemos se povoação de Escarigo, num Rodrigues menciona cabeço sobranceiro à confluência da poderá integrar-se no Bronze Final. ribeira do Escarigo com a ribeira de RODRIGUES, 1961: 10. o Tourões, existem vestígios de uma fortaleza medieval que se terá erigido 19. CASTRO DO BARROCO DA CRUZ, Alto sobre as ruínas de um castro romanizado. da Cruz, Guarda. Tipologia: Povoado. ALMEIDA, 1945: 220. Descrição: Almeida identificou vestígios 16. CASTELO DE MONFORTE, Penha – de- de um povoado pré-romano no topo do Águia, Figueira Castelo Rodrigo. outeiro do Alto da Cruz, a 600m a Tipologia: Povoado. nordeste da capela de Santa Cruz. O Descrição: A par com o Castelo da autor correlaciona-o com o também Senhora Almeida hipotético Castro do Barrocal do Conde, identificou a norte do monte de S. afirmando que, para além das rotas de Marcos, a 500m a sul da povoação de transumância, controlavam a circulação Penha-de-Águia (junto à capela de N. entre as bacias do Côa e Zêzere. Sra. ALMEIDA, 1943: 97. de de Monforte, Monforte), uma fortaleza medieval que presume ter sido construída sobre as ruínas de um castro pré-romano. | 64 20. CASTELO DO ALVENDRE, Alvendre, Ambom (num local conhecido por Guarda. castelo). Segundo o autor trata-se de um Tipologia: Povoado Fortificado. “castro lusitano”, reocupado durante as Descrição: Almeida refere a existência Guerras da Restauração e Invasões de vestígios de “construções castrenses” Francesas. no topo de um cabeço bem destacado ALMEIDA, 1943: 81. situado a norte da povoação de Alvendre (local com topónimo de castelo). Apesar 23. CASTRO DAS FÓRNIAS, Barrocal das das boas condições naturais de defesa, Fórnias, Guarda. refere a presença de uma pequena Tipologia: Povoado Fortificado. fortificação no ponto mais alto do cabeço Descrição: Almeida refere a presença de e de uma cerca que o rodeava a meia vestígios de um castro no sítio do encosta. ponto Barrocal das Fórnias (a 3km a norte da estratégico de controlo da bacia do cidade da Guarda). Para além de uma Mondego e do vale da ribeira de ocupação pré-romana, aquele destaca a Massueime, classifica-o como “castro sua reocupação em período romano e em lusitano-romano”. épocas posteriores. O autor foca que já ALMEIDA, 1943: 79. na altura em que o identificou, as suas Localizado num ruínas eram muito ténues devido 21. CASTRO DA ARRIFANA, Arrifana, sobretudo ao reaproveitamento, por parte Guarda. da população, das pedras que pertenciam Tipologia: Povoado. às construções antigas. Descrição: Almeida refere a existência ALMEIDA, 1943: 99. de vestígios de um “castro lusitanoromano” no topo de um pequeno cabeço, 24. CASTELO DO CODECEIRO, Codeceiro, vulgarmente designado de Casteleiro, Guarda. situado a 300m a sul da actual povoação Tipologia: Povoado Fortificado. de Arrifana. Descrição: No topo de um cabeço ALMEIDA, 1943: 95. situado a norte e sobranceiro à actual povoação de Codeceiro, foram 22. CASTELO DE AVELÃS DE AMBOM, detectadas por Almeida uma série de Avelãs de Ambom, Guarda. estruturas defensivas que este atribui ao Tipologia: Povoado Fortificado. período romano. No entanto, pelas Descrição: Almeida refere a existência características de vestígios de uma fortificação no topo (cabeço alcantilado e inacessível a norte, de um morro escarpado situado a 300m este e oeste) e posição, o autor afirma para Este da povoação de Avelãs de que terá sido primitivamente um “castro da sua implantação | 65 lusitano” reocupado durante o período incaracterísticos, não é possível adiantar romano e época moderna. uma possível cronologia de ocupação do ALMEIDA, 1943: 83. sítio. Contudo, uma das peças recolhidas aparenta tratar-se de um later (ou até 25. SENHORA DE BARRELAS, Famalicão, mesmo de um fragmento de tegula) o Guarda. CM 213 [4479050, 636100 - que poderá acusar uma ocupação durante 980]. a época romana ou medieval. Tipologia: Povoado Fortificado. INÉDITO – Informação de Pedro C. Descrição: Carvalho. Encontra-se implantado numa plataforma no topo do outeiro do Sarzedo. Possui uma forte linha de 27. CASTRO DE MAÇAÍNHAS, Maçaínhas, muralhas. Por se situar junto à via Guarda. romana que atravessa a serra da Estrela, Tipologia: Povoado. Alarcão questiona a sua ocupação numa Descrição: Almeida assinala a presença fase pré-romana. Afirma que poderá de vestígios de um povoado pré-romano tratar-se de um povoado romano ex novo no topo do cabeço da Portela, 300m a que serviria de estação de muda. sudeste da actual povoação de Maçaínhas ALMEIDA, 1945: 140; ALARCÃO, 1993: de Baixo. 76; CARVALHO E RUIVO, 1996: 82. ALMEIDA, 1943: 101. 26. CASTELO DOS MOUROS, Gonçalo, 28. CASTRO DE PANÓIAS, Panóias de Guarda. CM 214 [4475325, 639180 - Cima, Guarda. Tipologia: Povoado. 690]. Tipologia: Povoado Fortificado. Descrição: Almeida refere a existência Descrição: Situa-se no topo de um de pequeno se (provavelmente ocupado em período levanta a meia encosta na vertente romano) no topo do cabeço das Cabras, a sudeste da serra de Famalicão. Possui 700m para sudeste da actual povoação de uma linha de muralha composta por Panóias de Cima. blocos de granito de pequeno e médio ALMEIDA, 1943: 103. cabeço destacado, que um povoado pré-romano porte. A abertura de um caminho de terra batida terá destruído parte desta estrutura 29. CASTRO DA VITÓRIA, Pêra de Moço, defensiva, sendo apenas perceptível a sua Guarda. existência na área meridional. Foi Tipologia: Povoado Fortificado. possível recolher alguns fragmentos de Descrição: Almeida refere a existência cerâmica manual e ao torno. No entanto, de vestígios inequívocos de um povoado por se revelarem informes e totalmente castrejo romanizado no topo de um | 66 cabeço (denominado de Barroco da e da Ramela (antiga Vitória) que se levanta na margem direita transumância). da ribeira das Cabras. O autor assinala a ALMEIDA, 1943: 96. rota de presença de inúmeros materiais de época romana neste povoado localizado a 32. OUTEIRO DE S. MIGUEL, S. Miguel da 1000m a sudoeste da actual povoação de Guarda, Guarda. Pêra de Moço. Tipologia: Povoado. ALMEIDA, 1943: 107. Descrição: Almeida aponta como possível a existência de um “castro 30. CASTRO DE TINS, Porto da Carne, lusitano-romano” neste local, situado Guarda. 1500m a noroeste da estação de Tipologia: Povoado. caminhos-de-ferro da Guarda. Para além Descrição: Almeida assinala a existência das cerâmicas de período romano que de vestígios de um povoado castrejo recolheu junto ao cabeço da Munça ou (posteriormente romanizado) no topo de do Seixal, refere a notícia do achado de um pequeno cabeço (junto ao marco alguns artefactos em sílex aquando da geodésico de Tins) situado a 2km a oeste extracção de cantaria para a construção da actual povoação de Porto da Carne. O do colégio de artes e ofícios, ali autor atribui-lhe uma importante posição existente. M. Osório apenas indica a estratégica, pois localizado sobre as existência de fragmentos de cerâmica vertentes incaracterística detectados aquando da escarpadas do Mondego, controlaria não só o vale deste rio, como realização também o vale da ribeira de Massueime. patrimonial referente à construção do ALMEIDA, 1943: 106. IP2. do estudo de impacte ALMEIDA, 1943: 102; ENDOVÉLICO: 31. CASTRO DO BARROCAL DO CONDE, CNS 461. Ramela, Guarda. Tipologia: Povoado. 33. CASTRO DA FUMAGUEIRA, Senhora Descrição: Almeida refere a existência da Fumagueira, Guarda. de vestígios de um “castro lusitano- Tipologia: Povoado. romano” monte, Descrição: Almeida refere a presença de vulgarmente designado de Barrocal do vestígios de um “castro lusitano” no topo Conde. Situado a 1500m a sul da capela de um cabeço, vulgarmente designado de de Santa Cruz, este possível povoado monte das Cabeças, 500m a noroeste da desfrutaria de uma posição privilegiada Senhora da Fumagueira. Teria um amplo sobre os vales das ribeiras de Santa Cruz domínio visual que se estendia pelo vale no topo de um | 67 do ribeiro de El-Rei até à confluência 36. CASTRO DA ARGENTÁRIA, Vale de deste com a ribeira do Caldeirão. Estrela, Guarda. ALMEIDA, 1943: 100. Tipologia: Povoado (Fortificado?). Descrição: Na serra da Argentária, no 34. CASTRO DO PICOTO, Sobral da Serra, topo do cabeço dos Maias (onde se Guarda. encontra um cruzeiro), a 1500m para Tipologia: Povoado. sudeste da actual povoação de Vale da Descrição: Almeida localiza a presença Estrela foram identificados vestígios que de vestígios de um povoado pré-romano Almeida atribui a um “castro lusitano- no topo de um cabeço isolado e bem romano”. destacado, sobranceiro à ribeira da ALMEIDA, 1943: 93. Velosa. Este local, situado a 2300m a norte da actual povoação de Sobral da 37. CASTELO DE VALHELHAS, Valhelhas, Serra, dispõe de um amplo domínio Guarda. visual sobre a paisagem. Tipologia: Povoado Fortificado. ALMEIDA, 1943: 104. Descrição: Sarmento referencia a existência de um castro pré-romano no 35. FUNDO DA URGUEIRA, Urqueiral, topo de um outeiro pouco destacado que Guarda. se levanta junto à confluência da ribeira Tipologia: Povoado. de Famalicão com o Zêzere, a Este da Descrição: Nas prospecções prévias actual povoação de Valhelhas. Almeida realizadas no âmbito da construção da não o contradiz, apenas refere que os barragem do Caldeirão, foi, segundo vestígios das estruturas defensivas que informação de Perestrelo, identificado aqui detectou têm de ser atribuídas ao um povoado e um abrigo no Fundo da período romano (podendo assentar sobre Urgueira. o povoado primitivo). Esta estação encontra-se implantada sobre uma plataforma pouco SARMENTO, 1883: 9; ALMEIDA, 1943: pronunciada de vertentes de fácil acesso. 86. Pereira em visita ao local identificou uma pequena plataforma com diversos blocos CONCELHO DE MANTEIGAS graníticos unidos por pequenos muros (possivelmente de sustentação de terra). 38. FRÁGUA DA BATALHA, Chão das No entanto, não detectou qualquer Barcas, Manteigas. material arqueológico. Tipologia: Povoado Fortificado. PERESTRELO, 2000: 52 e 70; PEREIRA, Descrição: 2003: 16. existência de vestígios pré-romanos no Almeida menciona a topo do cabeço denominado Frágua da | 68 Batalha, situado num ponto divisório confirmadas devido possivelmente à entre as bacias do Zêzere e o Mondego. densa vegetação que cobre o local. ALMEIDA, 1945: 258-260. ALMEIDA, 1945: 256-258; ALARCÃO, 1993: 44; ENDOVÉLICO: CNS 12461. 39. CASTRO DA FIGUEIRA BRAVA, CONCELHO DA MEDA Sameiro, Manteigas. Tipologia: Povoado. Descrição: Almeida aponta para a existência de um “castro lusitano” no topo de um cabeço alcantilado 42. CASTRO DO MONTE DO CASTELO, Casteição, Meda. Tipologia: Povoado Fortificado. sobranceiro ao Zêzere, localizado no Descrição: A actual localidade de sopé da vertente leste da serra de S. Casteição encontra-se situada a cerca de Lourenço. 1 km. da margem direita da ribeira da ALMEIDA, 1945: 260. Teja. Almeida e Rodrigues são unânimes ao afirmar que o castelo medieval de 40. CASTRO DO FRAGAL DOS MOUROS, Casteição assenta sobre as ruínas de um Sameiro, Manteigas. antigo povoado fortificado. Tipologia: Povoado Fortificado. ALMEIDA, 1945: 275; RODRIGUES, 2002: Descrição: No topo de um cabeço assim 68. denominado, situado a leste do marco geodésico do Corredor dos Mouros, junto 43. à nascente da ribeira de Sameiro, Coriscada, Meda. CASTRO DE SANTA BÁRBARA, Almeida relata a presença de vestígios de Tipologia: Povoado (Fortificado?). uma muralha composta por blocos de Descrição: Rodrigues refere a existência granito de um castro no topo do monte (encastrada no afloramento xistoso). designado de Santa Bárbara, junto às ALMEIDA, 1945: 261. vertentes da ribeira de Massueime. RODRIGUES, 2002: 67. 41. VÁRZEA DO CRASTO, Sameiro, 44. CASTRO DO CASTELO DO NUNES, Manteigas. Meda, Meda. Tipologia: Povoado Fortificado. Descrição: Almeida referencia a Tipologia: Povoado (Fortificado?). existência de vestígios de um povoado Descrição: Rodrigues menciona a fortificado no topo de um esporão de existência de um castro a sudoeste da fragas acentuadas no cume da serra de S. actual cidade da Meda. Brochado de Lourenço. Estas afirmações nunca foram Almeida diz tratar-se de um povoado da Idade do Ferro, no entanto, não apresenta | 69 qualquer informação que possa Descrição: No topo do cabeço comprovar tal facto. denominado de Castelo Segundo, situado ALMEIDA et alii, 1999: 180; RODRIGUES, a 1000m da margem esquerda da ribeira 2002: 70-71. de Massueime e a 1600m a sudoeste da povoação de Alverca da Beira, Almeida 45. MEDA, Meda, Meda. afirma encontrarem-se vestígios de um Tipologia: Povoado (Fortificado?). povoado Descrição: Almeida presume que no romanizado. Morro da Torre do Relógio da Meda terá existido um “castro castrense posteriormente ALMEIDA, 1945: 285. lusitano romanizado”. No entanto, devido à 48. CASTELO DA ATALAIA, Atalaia, exiguidade Pinhel. do espaço mencionado, Rodrigues afirma que o local não Tipologia: Povoado. dispunha de condições para ali se Descrição: Na vertente oeste do monte efectivar de Atalaia, junto à capela de Santo um permanente. núcleo Não populacional obstante, apenas António, existem vestígios de uma referiremos que o local apresenta um fortaleza medieval que Almeida presume excelente domínio visual da paisagem que tenha sido erigida sobre as ruínas de envolvente que ultrapassa a Marofa até um povoado pré-romano. Este monte terras hoje castelhanas. encontra-se sobranceiro à ribeira de ALMEIDA, 1945: 263; RODRIGUES, 2002: Celorico a este e à ribeira do Candal a 76. oeste. ALMEIDA, 1945: 285. 46. CASTRO DE SANTA COLOMBA, Poço do Canto, Meda. Tipologia: Povoado (Fortificado?). 49. CASTRO DAS GOUVEIAS, Gouveias, Pinhel. Descrição: Segundo Rodrigues existe no Tipologia: Povoado. Alto do Poço do Canto (sobranceiro a Descrição: Almeida refere a existência esta localidade) vestígios do que terá sido de vestígios de um povoado castrense um “castro lusitano”. posteriormente romanizado, no topo de RODRIGUES, 2002: 69. um cabeço sobranceiro e a oeste da povoação de Gouveias. CONCELHO DE PINHEL 47. CASTELO DE ALVERCA, Alverca da Beira, Pinhel. Tipologia: Povoado Fortificado. ALMEIDA, 1945: 289. | 70 manual incaracterística. Pelos materiais CONCELHO DO SABUGAL recolhidos e pela tipologia de Ribeira, assentamento, M. Osório afirma que Sabugal. CM 216 [4479950, 679200 - deverá tratar-se de um povoado ocupado 814]. durante o 1º milénio a.C. 50. CARAPITO, Aldeia da OSÓRIO, 2005a: Nº23. Tipologia: Povoado. Descrição: Situa-se no topo de uma plataforma destacada na encosta oriental 53. CASTELO da ribeira de Aldeia da Ponte. Apenas se Badamalos, Sabugal. DE BADAMALOS, detectaram fragmentos de cerâmica Tipologia: Povoado. manual superfície que parecem Descrição: No ponto mais elevado da à integrar-se no I milénio a. C. povoação de Badamalos existem OSÓRIO, 2005a: Nº26. vestígios de uma fortaleza que terá sido utilizada nas Guerras da Restauração em 51. SEIXO BRANCO, Aldeia da Ribeira, 1640. Almeida afirma que terá sido Sabugal. CM 216 [4478950, 678450 - edificada sobre as ruínas de um povoado 849]. pré-romano. ALMEIDA, 1945: 312. Tipologia: Povoado Fortificado. Descrição: Situa-se no topo de um elevado esporão quartzítico a nascente do 54. CASTELO DA BISMULA, Bismula, Côa. Sabugal. Apresenta vestígios de uma estrutura defensiva. M. Osório recolheu Tipologia: Povoado. fragmentos de cerâmica manual, líticos Descrição: No centro da actual povoação polidos e elementos de moinhos manuais de Bismula existem vestígios de uma de de antiga fortaleza a que Almeida atribui os uma primeira fase de ocupação pré- vaivém. As assentamento características juntamente com materiais recolhidos, permitem aquele romana. autor atribuir-lhe uma fase de ocupação ALMEIDA, 1945: 313. do I milénio a.C. 55. CANTOS, Casteleiro, Sabugal. OSÓRIO, 2005a: Nº25. CM 225 [4464900, 649950 - 685]. 52. SEIXO, Alfaiates, Sabugal. Tipologia: Povoado. CM 227 [4470600, 676750 - 890]. Descrição: Situa-se no topo de um Tipologia: Povoado. cabeço Descrição: Situa-se num pequeno cabeço ocidental do território do Alto Côa. Não quartzítico são visíveis quaisquer vestígios de destacado na paisagem. Apenas se regista a presença de cerâmica bem construções destacado quer na domésticas região quer | 71 defensivas. Face à precariedade dos Ponte. achados e tendo em conta a tipologia de fragmentos assentamento apenas se poderá concluir elementos de que terá tido uma ocupação durante o I vaivém (alguns de grande porte) que milénio a.C. Apenas se regista a presença poderão talvez integrar-se no Bronze de cerâmica manual de pastas grosseiras. Final. OSÓRIO, 2005a: Nº20. OSÓRIO, 2005a: Nº29. M. Osório de recolheu cerâmica alguns manual moinhos manuais e de 56. REDUTO DO CASTELEIRO, Casteleiro, 59. CARRASCAL, Rebolosa, Sabugal. CM Sabugal. 216 [4478350, 677700 - 845]. Tipologia: Povoado. Tipologia: Povoado (?). Descrição: No topo do cabeço Descrição: Situa-se na encosta sul de um denominado de Alto das Lombas esporão pouco elevado e destacado. M. (situado a 1000m a noroeste da povoação Osório refere a existência de um possível do segundo alinhamento de pedras, talvez parte antiga integrante de uma estrutura de cariz “fortaleza” que provavelmente será do doméstico. O mesmo autor identificou período proto-histórico alguns fragmentos de cerâmica manual ALMEIDA, 1945: 327. que poderão integrar-se no I milénio a. Casteleiro) Almeida, existem, vestígios de uma C. 57. CASTELO DA CERDEIRA, Cerdeira, OSÓRIO, 2005a: Nº27. Sabugal. Tipologia: Povoado. 60. CASTELO DE SORTELHA, Sortelha, Descrição: Na actual povoação de Sabugal. Cerdeira existem vestígios de uma Tipologia: Povoado (?). fortaleza medieval. Almeida afirma que Descrição: Segundo Almeida, o sítio esta construção deverá assentar sobre os onde se encontra implantado o castelo restos de um povoado castrense. medieval de Sortelha terá tido uma ALMEIDA, 1945: 313. primeira fase de ocupação “neolítica” e posteriormente de época proto-histórica e 58. ALTO DO CARAPITO, Forcalhos, romana. No entanto, as intervenções Sabugal. CM 227 [4471400, 683550 - arqueológicas aqui realizadas por Marcos 875]. Osório não evidenciaram qualquer nível Tipologia: Povoado. que testemunhe aquelas afirmações. Descrição: Situa-se no topo de um suave ALMEIDA, 1945: 316. outeiro pouco destacado na encosta ocidental do vale da ribeira de Aldeia da | 72 CONCELHO DE VILA NOVA DE FOZ CÔA CONCELHO DE TRANCOSO 61. CASTRO DE FALIFA, Cótimos, 64. CASTELO MELHOR, Castelo Melhor, Vila Nova de Foz Côa. Trancoso. Tipologia: Povoado Fortificado. Tipologia: Povoado (Fortificado ?). Descrição: Almeida relata a existência Descrição: O Castelo Melhor encontra- de vestígios de muralhas e alicerces de se implantado no topo de um pequeno casas circulares no topo do cabeço de cabeço destacado e sobranceiro à aldeia Falifa, situado a cerca de 1km a oeste da de mesmo nome. As suas características actual povoação de Cótimos. de assentamento permitem-lhe dominar ALMEIDA, 1945: 358. visualmente uma região compreendida entre a ribeira de Aguiar e o Côa. Os 62. CASTRO DO PENEDO DA VILA, Póvoa autores abaixo indicados presumem que do Concelho, Trancoso. poderá remontar a sua ocupação ao I Tipologia: Povoado (Fortificado?). milénio a. C. Descrição: Almeida refere a existência ALMEIDA, 1945: 381; COIXÃO, 1996; de vestígios de “construções castrejas” LUIS, 2005: 47. no topo do Penedo da Vila, situado a cerca de 1km a noroeste da actual 65. CASTRO DOS TAMBORES, Chãs, Vila povoação da Póvoa do Concelho. Nova de Foz Côa. Tipologia: Povoado Fortificado. ALMEIDA, 1945: 359. Descrição: Também designado por 63. CASTRO DE VILA FRANCA DAS Castelo Velho de Chãs situa-se no topo NAVES, de um cabeço junto à ribeira de Piscos. Vila Franca das Naves, Trancoso. Da estrutura defensiva apenas são Tipologia: Povoado Fortificado. visíveis os derrubes. Comunica-se a Descrição: No topo do cabeço do Alto presença de fragmentos de cerâmica do Feital, situado no flanco leste da serra manual, destacando-se a existência de da Broca, a cerca de 1,5km a norte da aplicação plástica de mamilos. Foram actual povoação de V. Franca das Naves recolhidos machados de pedra polida e jazem, segundo Almeida, os vestígios de percutores em anfibolito, assim como um um povoado pré-romano. Este autor machado em bronze. Sá Coixão atribui- menciona a presença de lanços de lhe uma cronologia genérica da Idade do muralhas ciclópicas e casas circulares. Bronze. Julgamos que após o estudo ALMEIDA, 1945: 360. mais detalhado do local poderá vir-se a constatar (de forma segura) a sua ocupação no Bronze Final. | 73 COIXÃO, 1996: 62; RODRIGUES, 2002: 72-76. 68. CITÂNIA DA TEJA, Numão, Vila Nova de Foz Côa. 66. CASTELO VELHO DE MÓS, Mós, Vila Tipologia: Povoado Fortificado. Nova de Foz Côa. Descrição: Situa-se no topo de um Tipologia: Povoado Fortificado. planalto Descrição: A norte da capela de Santa sobranceiro à ribeira da Teja. As suas Bárbara, no topo de um esporão, foi características de implantação conferem- recolhido um machado em anfibolito que lhe boas condições naturais de defesa e permite Sá Coixão atribuir a este sítio amplo domínio visual sobre a paisagem. uma fase de ocupação genérica da Idade Os fragmentos de cerâmica manual e a do Bronze. De facto, falta realizar o enxó em anfibolito aqui recolhidos estudo detalhado deste potencial sítio apenas permitem aferir uma possível arqueológico igualmente cronologia de ocupação do Calcolítico e confirmar uma provável ocupação da Idade do Bronze ao local. O estudo mais Idade do Ferro e período romano, detalhado deste sítio poderá vir a alongar hipótese também aventada pelo mesmo esta diacronia autor. inícios do I milénio a. C. COIXÃO, 1996; COIXÃO e TRABULO, COIXÃO, 1996: 59. que possa estreito, imediatamente de ocupação até aos 1999: 283. 69. CASTELO VELHO DE SANTA COMBA, 67. CASTELO DA MUXAGATA, Muxagata, Vila Nova de Foz Côa. Santa Comba, Vila Nova de Foz Côa. Tipologia: Povoado Fortificado. Tipologia: Povoado (Fortificado ?). Descrição: Situa-se no topo de um Descrição: Esta localidade situa-se no cabeço a cerca de 800m da confluência topo de um amplo planalto cercado por da ribeira de Massueime com o Côa. várias suas Destaca-se a presença de dois fragmentos características de implantação, os autores de dormentes de moinhos manuais em abaixo citados propõem que a sua granito e de fragmentos de cerâmica ocupação manual, linhas de possa água. remontar Pelas à proto- um deles decorado com história. Deste modo, o castelo medieval ungulações. poderá permitem a Sá Coixão atribuir-lhe uma assentar sobre um antigo Estes dados povoado, presumivelmente da Idade do ocupação da Idade do Bronze. Ferro. COIXÃO, 1996: 70. ALMEIDA, 1945: 383; COIXÃO, 1996; COIXÃO e TRABULO, 1999: 311; LUIS, 2005: 47. apenas | 74 70. CASTELO DE SEBADELHE, Sebadelhe, 72. TORRES DA ESPERANÇA, Belmonte, Vila Nova de Foz Côa. Belmonte. Tipologia: Povoado (?). Tipologia: Povoado. Sebadelhe Descrição: Para além do povoado da estende-se por um planalto que se Chandeirinha, Almeida refere ainda a encontra sobranceiro à margem direita da existência ribeira autores construções castrenses num pequeno presumem que o seu castelo medieval outeiro situado no sopé do monte da assenta sobre um antigo povoado da Serra da Esperança, num sítio designado Idade do Ferro. por Tapada das Torres. Posteriormente ALMEIDA, 1945: 385; COIXÃO, 1996; Pereira afirma que no topo de dois COIXÃO e TRABULO, 1999: 375. pontos mais elevados daquela serra são Descrição: A da aldeia Teja. de Alguns de vagos vestígios de visíveis vestígios de antigas “fortalezas”. DISTRITO DE CASTELO BRANCO ALMEIDA, 1945: 411; PEREIRA, 1957. 73. SANTO ANTÃO, Colmeal da Torre, CONCELHO DE BELMONTE Belmonte. 71. CASTELO DE BELMONTE, Belmonte, Tipologia: Povoado. Belmonte. Descrição: Almeida identificou vestígios de um povoado pré-romano junto à Tipologia: Povoado (?). como capela de Sto. Antão (Colmeal da Torre). Almeida e Pereira são unânimes ao Esta encontra-se sobranceira à margem considerar a primitiva existência de um esquerda “oppidum lusitano” na zona onde se construções contemporâneas existentes encontra instalado o actual castelo de neste local poderão ter destruído os Belmonte, tendo em conta a posição possíveis estratégica em que se encontra. No assentamento. entanto, nas escavações realizadas no ALMEIDA, 1945: 406; PEREIRA, 1957; interior desta fortaleza por António PORFÍRIO e CORREIA, 1998: Nº16. Descrição: Alguns autores da ribeira vestígios da Gaia. deste As antigo Augusto Marques não foram detectados quaisquer níveis arqueológicos anteriores CONCELHO DE CASTELO BRANCO ao século XII. ALMEIDA, 1945: 405; PEREIRA, 1957; 74. ALMACEDA, MARQUES, 2000: 353. Branco. Almaceda, Castelo Tipologia: Povoado (Fortificado?). Descrição: Proença refere a existência de vestígios de um castro perto desta | 75 localidade. J. Machas presume que este menciona a existência de um outro se localize no local designado por povoado pré-romano situado no topo de Ribeira do Muro. Este autor afirma que o um cabeço junto à povoação de S. topónimo “Muro” poderá indicar a Vicente da Beira. presença de um recinto murado. ALMEIDA, 1945: 401. PROENÇA, 1910: 2; MACHAS, 1967. 78. SARZEDAS, Sarzedas, Castelo Branco. 75. CASTELO, Castelo Branco, Castelo Tipologia: Povoado. Branco. CM 292 [474]. Descrição: Proença refere a existência de Tipologia: Achado Avulso/Povoado (?). vestígios de um castro “no topo de um Descrição: Na rua do Arressário, no topo monte” situado a seis quilómetros da da colina onde se erigiu o castelo, junto actual povoação de Sarzedas. com o desabamento de um muro foram PROENÇA, 1910: 14. encontrados alguns fragmentos cerâmicos, prontamente atribuídos ao CONCELHO DA COVILHÃ Bronze Final. Depois de os analisar, Raquel Vilaça, embora não refute esta 79. ALDEIA DO CARVALHO, Aldeia do classificação coloca algumas reservas Carvalho, Covilhã. pois considera a sua produção e Tipologia: Povoado. morfologia incaracterística. Descrição: Proença refere a existência de BATISTA, 1982b: 14; VILAÇA, 1995a: Nº2. um castro próximo desta localidade de onde serão oriundos os dois machados de 76. JUNCAL, Juncal do Campo, Castelo bronze recolhidos por este autor em Branco. CM 280 [318]. 1882. Tipologia: Achado avulso PROENÇA, 1910: 2; MORAIS E MAIA, Descrição: Bracelete de contorno oval 1980: 10. em cobre fragmentada. ou bronze. A sua Encontra-se cronologia é duvidosa, não sabendo se a poderemos 80. CASTRO DE ALDEIA DO SOUTO, Aldeia do Souto, Covilhã. integrar no Bronze Final. Tipologia: Povoado. VILAÇA, 1995a: Nº5. Descrição: Sarmento é o primeiro a apontar para a existência de um castro 77. S. VICENTE DA BEIRA, S. Vicente da nas imediações desta localidade. Proença Beira, Castelo Branco. refere que os seus vestígios se encontram Tipologia: Povoado. bastante “apagados”. Almeida situa-o no Descrição: Para além do Castelo Velho topo de um cabeço, de um sítio de designado por Senhora dos Carneiros, a Louriçal do Campo, Almeida | 76 sudoeste da actual povoação de Aldeia presença de muros no Monte Rafeiro que do Souto. julgamos tratar-se do mesmo sítio. SARMENTO, 1883: 9; PROENÇA, 1910: 1; Prospecções efectuadas por nós no local ALMEIDA, 1945: 416; MORAIS E MAIA, nada desvendaram. No entanto, este sítio 1980: 11; ALARCÃO, 1993: 35; PORFÍRIO surge classificado na base de dados do e CORREIA, 1998: Nº67. IPA como povoado fortificado do Bronze Final / Idade do Ferro. Acrescenta-se 81. CABEÇO MOUROS, DOS Barco, Covilhã. ainda a identificação de dois núcleos habitacionais onde são visíveis derrubes Tipologia: Povoado. de muralhas e estruturas no seu interior e Descrição: Almeida refere a existência de um “castro lusitano-romano” no topo do outeiro denominado de Cabeço dos Mouros. Este situa-se a 1000m a norte da a presença de fragmentos de cerâmica manual e elementos de moinhos manuais à superfície. ALMEIDA, 1945: 416; MORAIS E MAIA, margem direita do Zêzere e a 800m para 1980: sudoeste da actual povoação do Barco. PORFÍRIO ALMEIDA, 1945: 416; SALVADO, 1976: ENDOVÉLICO: CNS 17097. 17-18; ALARCÃO, e CORREIA, 1993: 1998: 35; Nº66; 11; MORAIS e MAIA, 1980: 11. 84. TEIXOSO, Teixoso, Covilhã. 82. DOMINGUIZO, Dominguizo, Covilhã. Tipologia: Três povoados. Tipologia: Povoado. Descrição: Desta localidade provém uma Descrição: Para além de um achado espada de bronze pré-romana. Apesar avulso, Proença refere ainda a presença desta se tratar de um achado avulso, de vestígios de um castro (quase Proença refere a existência de três castros destruído) nos outeiros denominados de Cabeça do nas proximidades desta povoação. Castelo, Cabeça Gorda e Vila de Mouros. PROENÇA, 1910: 6; MORAIS e MAIA, Estes topónimos encontram-se registados 1980: 14. nas C.M.P. 1/25000, nº 224 e 235, no entanto 83. CASTRO DO MATO DA ATALAIA, Sarzedo, Covilhã. Descrição: Almeida refere a existência de vestígios de um “castro lusitano” no de um densamente zonas encontram-se arborizadas, o que impossibilitou a sua localização. Não Tipologia: Povoado Fortificado. topo estas monte alcantilado, denominado de Mato de Atalaia, situado 1000m a nordeste da actual povoação de Sarzedo. Morais e Maia mencionam a obstante, foi identificado um povoado (S. Cristóvão – nº 73 do catálogo A) situado dentro dos limites desta freguesia. Pensamos não se tratar de nenhum dos referidos por Tavares Proença. | 77 PROENÇA, MAIA, 1910: 1980: 14-15; 18-19; MORAIS E Descrição: PORFÍRIO e existência de dois castros dentro do CORREIA, 1998: Nº44. Sarmento referencia a limite da actual freguesia de Vale Formoso (antiga Aldeia do Mato). No 85. TORTOZENDO, Tortozendo, Covilhã. Tipologia: Povoado. entanto, Proença afirma que um destes já se localizaria no concelho da Guarda, Descrição: Referindo Sarmento, Tavares Proença indica a existência de um castro próximo desta localidade. No entanto, ao confirmarmos a fonte citada por Proença verificamos que se trata de um equívoco. Ficamos na dúvida se esta seria mesmo a fonte que Proença queria indicar. SARMENTO, 1883: 9; PROENÇA, 1910: 15; MORAIS E MAIA, 1980: 19. focando apenas o castro dos Patoetas. Não obstante, Almeida refere, para além deste, um outro povoado situado no topo de um pequeno outeiro na povoação de Aldeia do Mato, 1800m a sul do Zêzere, que teria sido reocupado em época romana. SARMENTO, 1883: 9; PROENÇA, 1910: 2; ALMEIDA, 1945: 415; MORAIS E MAIA, 1980: 22. 86. CASTRO DE ABOAÇA, Unhais da Serra, Covilhã. 88. Tipologia: Povoado Fortificado. CASTRO PATOETAS, DOS Vale Formoso, Covilhã. Descrição: Sarmento é o primeiro a Tipologia: Povoado. referenciar a existência de um castro no Descrição: alto de Aboaça onde apenas constata a povoado era conhecido como castelo dos presença de um assento de muralha. Patoetas ou dos Redadeiros. A análise Curiosamente, Tavares Proença não o toponímica nada nos revelou. Almeida menciona anteriormente classifica-o como “castro lusitano” e referenciado, dizendo ter sido por ele situa-o a 1000m para oeste da actual reconhecido em 1905. Almeida situa-o a povoação de Vale Formoso. 300m a sul do cabeço dos Zebrais, a SARMENTO, 1883: 9; PROENÇA, 1910: 2; meia encosta da serra da Estrela (a uma ALMEIDA, 1945: 417; MORAIS E MAIA, altitude de 1785m). 1980: 22; PORFÍRIO e CORREIA, 1998: SARMENTO, 1883: 9; PROENÇA, 1910: Nº76. como Segundo Sarmento este 15; ALMEIDA, 1945: 415; MORAIS E MAIA, 1980: 20. 89. SÍTIO DOS CHIQUEIROS, Vale Formoso, Covilhã. CM 224 [4471058, 87. CASTRO DE ALDEIA DO MATO, Vale Formoso, Covilhã. Tipologia: Povoado. 635822 - 850]. Tipologia: Povoado Fortificado. Descrição: Trata-se de um sítio implantado no topo de um pequeno | 78 cabeço pouco destacado, que se encontra CONCELHO DO FUNDÃO a meia encosta da vertente este da serra da Rachada. Localiza-se a apenas 750m a 91. SE do castro da Serra da Rachada (nº 75 Fundão. CASTRO DO ALCAIDE, Alcaide, do catálogo A). Ostenta um pequeno Tipologia: Povoado. alinhamento defensivo composto por Descrição: Nas faldas da vertente norte blocos de quartzito de médio porte da serra da Gardunha localiza-se a actual (dispostos horizontalmente sem qualquer povoação do Alcaide. No centro desta permeio e com face externa ligeiramente localidade (no ponto mais alto) ergue-se afeiçoada) que o delimita a NE (onde se uma fortaleza medieval que muitos encontra mais exposto). Foi possível consideram ser de fundação islâmica. recolher alguns fragmentos de cerâmica Almeida presume que aquela terá sido manual e ao torno. No entanto, estes são construída sobre um castro pré-romano. informes ALMEIDA, 1945: 419. e incaracterísticos não permitindo atribuir-lhes uma cronologia precisa. 92. CASTRO INÉDITO Fundão. ALCARIA, DE Alcaria, Tipologia: Povoado. 90. VERDELHOS, Verdelhos, Covilhã. Descrição: Almeida situa a existência de Tipologia: Dois ou três povoados. um povoado pré-romano no ponto mais Descrição: Sarmento comunica a elevado do cabeço onde se instalou a existência de dois castros próximos desta actual povoação. Proença acrescenta a altitude localidade encontra-se sobranceira à em que estes se encontram, um a 850m e confluência da ribeira da Meimoa com o outro a 1050m. No entanto, Almeida Zêzere. refere a existência de três castros pré- ALMEIDA, 1945: 427. povoação de Alcaria. Esta romanos a norte de Verdelhos (4km a sul do Zêzere). Segundo o autor estes 93. situam-se no topo de três cabeços a 647, Alpedrinha, Fundão. 645 e 572 metros de altitude CASTELO DE ALPEDRINHA, Tipologia: Povoado. respectivamente. Descrição: Almeida refere a existência SARMENTO, 1883: 9; PROENÇA, 1910: de vestígios da presença de um castro 16; ALMEIDA, 1945: 418; MORAIS e romanizado no topo de um cabeço que se MAIA, 1980: 22. ergue contíguo à actual povoação. ALMEIDA, 1945: 420; SALVADO, 1976: 7. | 79 94. CASTRO DE PETROTA, Alpedrinha, Tipologia: Povoado. Fundão. Descrição: Almeida localiza aqui um Tipologia: Povoado. Descrição: castro romanizado implantado sobre Almeida localiza este “uma espécie de esporão”, entre as duas povoado no topo do Monte de Carvalhal linhas de água afluentes da ribeira de Redondo ou Monte da Velha, situado Alpreade. entre Castelo Novo e Alpedrinha, cerca ALMEIDA, 1945: 425. de três quilómetros para sul desta última povoação. Segundo o autor, terá sido 98. FATELA, Fatela, Fundão. reocupado em período romano. Tipologia: Povoado. ALMEIDA, 1945: 429; CANDEIAS DA Descrição: Proença indica a presença de SILVA, 1986: 82. vestígios de um castro próximo desta actual povoação. 95. CASTELO DE ATALAIA DO CAMPO, PROENÇA, 1910. Atalaia do campo, Fundão. Tipologia: Povoado. 99. Descrição: A antiga vila de Atalaia do Lavacolhos, Fundão. CASTELO DE LAVACOLHOS, Campo encontra-se instalada no topo de Tipologia: Povoado Fortificado. um cabeço na margem esquerda da Descrição: Almeida situa-o no topo do ribeira de Alpreade. Almeida afirma que cabeço do Gomes, a 500m para sudeste depois da actual povoação de Lavacolhos e a de “neolítica” uma fase de ocupação terá sido ocupada nos 800m a sul da ribeira do Castelejo. períodos proto-histórico e romano. Sarmento identifica aqui o assento de ALMEIDA, 1945: 422. uma estrutura defensiva. SARMENTO, 1883: 9; ALMEIDA, 1945: 96. CASTRO DO CASTELEJO, Castelejo, 425. Fundão. Tipologia: Povoado. 100. PEIXEIRA, Mata da Rainha, Fundão. Descrição: Almeida indica a presença de CM 247 [4442620, 645140 - 499]. um castro romanizado no topo do cabeço Tipologia: Povoado. da Ordem localizado na margem direita Descrição: Situa-se na encosta sul de um da ribeira do Casteleiro, 500m a norte da amplo cabeço, que se levanta a cerca de actual povoação do Castelejo. 1km para sudeste do povoado da Covilhã ALMEIDA, 1945: 429. Velha. Encontra-se delimitado e irrigado por abundantes linhas de água, afluentes 97. CASTELO NOVO, Fundão. Castelo Novo, da ribeira do Taveiró. Para além de uma pia escavada na rocha, identificaram-se | 80 alguns fragmentos de cerâmica manual informe. Estes elementos não permitem 102. PERO VISEU, Pero Viseu, Fundão. adiantar uma cronologia de ocupação Tipologia: Povoado. segura do sítio. No entanto, as suas Descrição: Almeida é o único autor que pastas revelam francas analogias com a indica algumas pistas para a localização cerâmica recolhida no povoado da deste Covilhã Velha. Este facto autoriza-nos a referenciado por Sarmento e Proença. pressupor que o local terá sido ocupado Segundo o autor, situa-se no topo de um durante o I milénio a. C. e que poderá pequeno cabeço que se destaca no sopé relacionar-se com aquele castro. da vertente sul da serra de Meal Redondo ÂNGELO, 2003: Nº30. entre dois pequenos afluentes da ribeira possível povoado também da Meimoa. Pensámos, inicialmente, que 101. MEAL REDONDO, Peroviseu, poderia localizar-se no sítio onde hoje se Fundão. CM [4453215, 633130 – 791] encontra o cruzeiro de Peroviseu. No Tipologia: Povoado (Fortificado?). entanto, após visita ao local, e embora Descrição: em este se encontre bastante mutilado pela prospecções vestígios de um antigo abertura de estradas, não identificámos assentamento localizado entre o povoado qualquer vestígio que pudesse confirmar da Samaria e Pedra Aguda. Situa-se no as nossas suspeitas. topo do ponto mais alto e destacado da SARMENTO, 1883: 9; PROENÇA, 1910: serra 13; ALMEIDA, 1945: 429. de Reconhecemos Meal Redondo (marco geodésico), sobranceiro a Peroviseu. Dispõe de um amplo domínio visual, 103. SOUTO DA CASA, Souto da Casa, controlando toda a Cova da Beira e Fundão. grande parte da bacia da ribeira da Tipologia: Povoado. Meimoa. São visíveis os destroços de um Descrição: Proença indica a presença de talude de terra e pedra que delimita o vestígios de um castro localizado a curta sítio a oeste. Foram identificados alguns distância da actual povoação de Souto da fragmentos Casa. de cerâmica manual disformes e grosseiros (pastas com PROENÇA, 1910: 14. elementos não plásticos de médio calibre elemento 104. CABEÇA DE BOI, Vale de Prazeres, (movente) de moinho manual. Estes Fundão. CM 257 [4441520, 641640 - 449]. mal distribuídos) e um elementos não nos permitem, no entanto, Tipologia: Povoado. classificar com exactidão a cronologia de Descrição: Situa-se na encosta sul de um ocupação deste povoado. amplo e suave cabeço, rodeado a este, INÉDITO oeste e sul por linhas de água, afluentes | 81 da ribeira da Turgalha. Foram recolhidos período de dominação romana. Sendo alguns fragmentos de cerâmica manual assim, este núcleo populacional teria sido (entre estes dois bordos) que nos erguido de raiz em lugar não habitado permitem integrar este sítio no I milénio anteriormente. a. C. Pela sua natureza e proximidade, provavelmente daqui provenientes alguns poderá estar relacionado com o povoado fragmentos de cerâmica pintada de da Covilhã Velha. tradição indígena e alguns elementos que ÂNGELO, 2003: Nº38. denotam algum arcaísmo (“pendente de tipo 105. TAPADO FUNDEIRA, Vale de No entanto, sanguessuga”). Este serão tipo de materiais justifica que se alerte para a Prazeres, Fundão. CM 247 [4442740, eventualidade 642620 - 455]. assentar sobre um antigo núcleo pré- desta cidade romana Tipologia: Povoado. romano (podendo igualmente tratar-se de Descrição: Situa-se na encosta sul de um elementos de tradição indígena). suave cabeço, irrigado por diversas ALMEIDA e FERREIRA, 1964; VILAÇA, linhas de água, afluentes da ribeira de 2005: 19 e nota 5). Turgalha. Foi possível identificar alguns fragmentos de cerâmica manual informes. A análise morfológica destes 107. CASTRO DE PEDRAS NINHAS, Monfortinho, Idanha-a-Nova. elementos em conjugação com a grande Tipologia: Povoado. quantidade de minério de ferro existente Descrição: Segundo Campos existem nas proximidades deste local, permitem- vestígios de um povoado proto-histórico nos associá-lo ao I milénio a. C. Neste no topo do cabeço denominado de Pedras caso (tal como no anterior), pela sua Ninhas. Este local situa-se a poucos natureza e proximidade poderá ter estado quilómetros de distância a sudoeste da relacionado com o povoado da Covilhã povoação de Monfortinho. Trata-se de Velha. uma povoação pouco isolada e de fácil ÂNGELO, 2003: Nº37. acesso. CAMPOS, 1959: 376. CONCELHO DE IDANHA-A-NOVA 108. MONTE DA PICOTA, Monfortinho, 106. IDANHA-A-VELHA, Idanha-a-Velha, Idanha-a-Nova. Idanha-a-Nova. Tipologia: Povoado. Tipologia: Povoado (Oppidum). Descrição: Segundo Almeida este sítio Descrição: É tradicionalmente divulgado encontra-se no topo de um cabeço (da que a fundação de Idanha-a-Velha terá Picota) que se destaca na serra de ocorrido em finais do século I a. C., em Monfortinho a cerca de 1500m a | 82 noroeste desta povoação. Trata-se, segundo a descrição do autor, de um 110. monte alcantilado, inacessível de todos Salvaterra do Extremo, Idanha-a-Nova. FORTALEZA SALVATERRA, DE os lados excepto a norte. Campos refere Tipologia: Povoado. que o acesso ao povoado se realizava por Descrição: Almeida afirma que nesta aqui, através de degraus talhados na povoação existiria um castro “lusitano” à rocha. Deverá tratar-se do povoado chegada dos romanos. próximo de Monfortinho mencionado por ALMEIDA, 1945: 453. Proença que aqui afirma ter recolhido seis machados de pedra polida. 111. CASTRO DA MURRACHA, Serra da PROENÇA, 1910: 10-11; ALMEIDA, 1945: Murracha, Idanha-a-Nova. 467; CAMPOS, 1959: 375. Tipologia: Povoado. Descrição: Campos refere a presença de 109. PENHA GARCIA, Penha Garcia, vestígios “precários” de um povoado Idanha-a-Nova. castrense no topo da serra da Murracha. Tipologia: Povoado. Descrição: CAMPOS, 1959: 376. Almeida propõe que a fortaleza medieval de Penha Garcia se 112. CABEÇO DO MOURO, Zebreira, tenha instalado sobre as ruínas de um Idanha-a-Nova. castro “lusitano-romano”. Campos relata- 667500 - 294]. CM 294 [4408600, nos a ocorrência de escavações nesta Tipologia: Povoado Fortificado. fortaleza realizadas por alguém que, de Descrição: Situa-se no topo de um forma a dar cumprimento a um sonho, cabeço destacado, próximo e sobranceiro aqui tencionava encontrar um “tesouro”. à margem esquerda do ribeiro do Este conseguiu identificar quatro níveis Freixinho (a NO da Casa do Calacú). distintos, tendo-se exumado do último Henriques e Caninas referem a existência vários fragmentos de cerâmica manual e de uma linha de muralha em xisto e a algumas pontas de seta em sílex. presença de cerâmica grosseira e um Menciona ainda o aparecimento de dois elemento machados de pedra polida à superfície. manual. Segundo os autores poderá Proença refere a existência de dois tratar-se de um povoado da Idade do castros Ferro. a alguns quilómetros desta localidade. Pensamos que poderá tratarse de uma referência aos possíveis povoados de Murracha e Pedras Ninhas. PROENÇA, 1910: 12; ALMEIDA, 1945: 449; CAMPOS, 1959: 374. de dormente de moinho HENRIQUES e CANINAS, 1993: 68. | 83 Descrição: CONCELHO DE PENAMACOR Segundo Almeida este povoado situa-se no ponto mais elevado 113. ATALAIA DE ALDEIA DO BISPO, da serra do Sobral, no sítio denominado Aldeia do Bispo, Penamacor. de Marvoínha. Tipologia: Povoado. SARMENTO, 1883: 9; ALMEIDA, 1945: Descrição: Almeida regista a presença 476; BATISTA, 1982a: 76. de vestígios de uma “antiga fortaleza lusitana” no topo do cabeço denominado 117. CASTELOS DE SESMARIAS, Salvador, de Brigadeira, situado a 1500m a norte Penamacor. da actual povoação de Atalaia do Bispo. Tipologia: Povoado Fortificado. Descrição: Este sítio surge apenas ALMEIDA, 1945: 477. mencionado na base de dados do 114. LAMEIRA LARGA, Aldeia do Bispo, Endovélico do I. P. A sem qualquer outra Penamacor. descrição. Seria interessante averiguar a Tipologia: Povoado. sua possível existência pois segundo a Descrição: Batista refere a existência de informação localiza-se na freguesia de um Salvador, numa região que poderá ser de povoado pré-histórico a dois quilómetros para sudoeste da povoação fronteira entre populi. de Aldeia do Bispo, no sítio da Lameira ENDOVÉLICO: CNS 6449. Larga, próximo da região onde se CONCELHO DE PROENÇA-A-NOVA encontrou um tesouro funerário. LANDEIRO, 1959; BATISTA, 1982a: 76. 118. MONTES DA SENHORA, Chão do 115. CASTELO DE BEMPOSTA, Bemposta, Galego, Proença-a-Nova. Tipologia: Povoado Fortificado. Penamacor. Tipologia: Povoado. Descrição: Batata et alii referem a Descrição: Almeida identificou as ruínas existência de um provável castro pelos de uma antiga torre no topo do cabeço vestígios de alinhamentos em pedra e denominado muralhas mencionados pela população de Forca. Este autor presume que esta terá sido construída local. sobre os vestígios de um castro pré- BATATA et alii, 1999: 29. romano. ALMEIDA, 1945: 475. CONCELHO DE SERTÃ 116. SERRA DO SOBRAL, Marvoínha, 119. CASTRO DA COVA DA MOURA, Penamacor. Cabeço da Rainha, Sertã. Tipologia: Povoado. Tipologia: Povoado. | 84 Descrição: Almeida localiza um possível aqui terem sido encontradas moedas de castro em plena serra de Alvélos, cerca época romana. de ALMEIDA, 1945: 487. 2000m para Este do cabeço denominado de Rainha. CONCELHO DE VILA VELHA DE RÓDÃO ALMEIDA, 1945: 486. 120. PORTELA DO OUTEIRO DA LAGOA, 123. CASTELINHO, Perais, Vila Velha de Portela do Outeiro da Lagoa, Sertã. Ródão. Tipologia: Achado avulso. Tipologia: Povoado (Fortificado?). Descrição: Refere-se o achado de um Descrição: F. Tavares Proença refere a machado votivo preciosa” (de em cor pedra “semi- existência de um castro localizado nas verde), datado proximidades da actual povoação de provavelmente do Bronze Final. Alfrivida. BATATA et alii, 1999: 27. PROENÇA, 1910: 2. 124. FRAGA, Sarnadas do Ródão, Vila 121. CASTELO VELHO, Sertã, Sertã. Tipologia: Povoado. Velha de Ródão. Descrição: Tavares Proença refere a Tipologia: Povoado. existência de vestígios de um “castro Descrição: Foram identificados, no topo luso-romano” da de uma elevação sobranceira à ribeira do povoação de Sertã. De lá afirma terem Açafal, vários fragmentos cerâmicos ao sido recolhidos machados de pedra torno com caneluras e ondulados incisos. polida Continua por determinar se terá sido e um nas proximidades bracelete de bronze (entretanto vendido em Castelo Branco). ocupado na Idade do Ferro, ou até PROENÇA, 1910: 5; ALMEIDA, 1945: 485; mesmo em época romana e medieval. BATATA, 2002: Nº26; ENDOVÉLICO: HENRIQUES e CANINAS, 1982: 19. CNS 12910. DISTRITO DE SANTARÉM CONCELHO DE VILA DE REI CONCELHO DE ABRANTES 122. CASTELO DE VILA DE REI, Vila de Rei, Vila de Rei. Tipologia: Povoado. 125. MATAGOSA, Matagosa, Abrantes / Sardoal. Descrição: Almeida presume que o Tipologia: Povoado Fortificado. castelo medieval de Vila de Rei assenta Descrição: Provável povoado muralhado sobre as ruínas de um povoado castrense onde Batata identificou alguma cerâmica romanizado. Talvez se apoie no facto de | 85 manual que data como possivelmente da aqui recolhidos vários fragmentos de Idade do Ferro. cerâmica do Bronze Final, Idade do BATATA et alii, 1999: 28-29. Ferro e Época Romana. Não sabemos se poderão tratar-se de materiais residuais 126. MAXIAL, Maxial, Abrantes. oriundos daquela outra estação. Tipologia: Povoado. BATATA, 2002: Nº229. Descrição: Trata-se de um povoado com ocupação da época calcolítica onde 129. BARCA DE RIO DE MOINHOS, São Batata refere a existência de alguns Vicente, Abrantes. fragmentos de cerâmica manual que data Tipologia: Santuário (?). (muito provavelmente) do Bronze Final. Descrição: Situa-se no topo de um BATATA et alii, 1999: 28. pequeno cabeço sobranceiro ao Tejo. As informações disponíveis revelam alguma 127. FONTE SAPO, DO Mouriscas, heterogeneidade relativamente à classificação tipológica deste sítio. Para Abrantes. Tipologia: Povoado (?). C. Batata poderá tratar-se um porto ou Descrição: Esta estação, que se encontra local de travessia de uma via, enquanto implantada numa encosta suave, foi no Endovélico se encontra classificada intervencionada de como santuário. Apesar de integrarem os minimização do impacte da construção vestígios de superfície também na Idade do IP6. Foram identificadas várias do Ferro, os materiais que surgem estruturas inúmeros descritos reportam-se unicamente ao materiais. Batata classifica este sítio de período romano (tégulas, ânforas e uma vicus romano com anterior ocupação da base com fuste de coluna). Idade do Ferro. ENDOVÉLICO: CNS 16075; BATATA, BATATA, 2002: Nº197. 2002: Nº 225. e 128. CARRASCAL, no quadro exumados Rio de Moinhos, CONCELHO DE CONSTÂNCIA Abrantes. CM 331 [4370650, 565350 – 50] Tipologia: Povoado. 130. CONSTÂNCIA, Constância, Constância. Descrição: Encontra-se implantada nos Tipologia: Povoado. terrenos fluviais do Tejo, muito próximo Descrição: Esta povoação encontra-se da estação arqueológica da Quinta da instalada sobre um esporão sobranceiro à Pedreira. Foi completamente destruída confluência do Zêzere com o Tejo. pelas obras de construção do IP6. No Devido às extraordinárias características entanto, Batata revela-nos que foram da sua implantação, Almeida presume | 86 que terá existido um povoado castrense Descrição: No sítio onde se encontra no local onde hoje se encontra a igreja instalada a igreja matriz de Cardigos (no matriz. O autor chega mesmo a afirmar extremo oeste da povoação), Almeida que os fenícios teriam aqui estabelecido refere a existência de vestígios de uma uma feitoria. antiga fortaleza. Pelas características da ALMEIDA, 1946: 278-280. sua implantação materiais CONCELHO DE MAÇÃO que imediações e os encontrou (especialmente numerosos nas suas romanos), presume que este local seja de fundação 131. CASTELO DAS PALHEIRINHAS, Amêndoa, Mação. proto-histórica. ALMEIDA, 1946: 293. Tipologia: Povoado Fortificado. Descrição: Situa-se no topo de um 134. CASTELO VELHO DE PRACANA cabeço que se levanta a sudeste da CIMEIRA, Carvoeiro, Mação. povoação de Amêndoa. M. H. Pereira Tipologia: Povoado Fortificado. refere cerca Descrição: Trata-se de um possível amuralhada em pedra seca. Junto a este castro implantado sobre os penhascos povoado foi identificada uma urna sobranceiros à ribeira de Pracana. A cinerária de perfil em S. Trata-se muralha parece ter sido destruída. provavelmente de um povoado da Idade PEREIRA, 1970: 95; BATATA et alii, 1999: do Ferro. 29. a existência de uma PEREIRA, 1970: 95; BATATA et alii, 1999: 29. 135. SRA. DA MOITA, Carvoeiro, Mação. CM 313 [4388800, 593800 - 270]. 132. A-DE-MEIAS, Cardigos, Mação. Tipologia: Achado avulso (?). Tipologia: Achado avulso. Descrição: Em torno desta aldeia são Descrição: Pereira refere o achado de um inúmeros os vestígios de ocupação bastão de comando em grauvaque, junto romana. Não obstante, M. H. Pereira dá- da aldeia de Chaveira. Batata atribui-lhe nos conta de dois machados em bronze uma possível datação da Idade do Ferro. provenientes PEREIRA, 1970: 275-279; BATATA et alii, encontrados junto de uma estrutura 1999: 30. circular desta subterrânea localidade abobadada que classifica de tholos (?). A autora não 133. CASTELO DE CARDIGOS, Cardigos, especifica a tipologia dos achados, sendo Mação. assim difícil determinar o seu âmbito Tipologia: Povoado. cronológico. | 87 MATOS, 1947: 33; JALHAY, 1949: 6; Descrição: Este PEREIRA, 1970: 166-167; BATATA, 2002: implantado no Nº121. denominado de Calvário que se encontra castelo topo encontra-se do cabeço sobranceiro de nordeste à povoação de 136. FORTALEZA DO CASTELO, Castelo, Mação. Mação. Perante a natureza da sua implantação e os materiais encontrados Tipologia: Povoado. nas suas imediações, Almeida presume Descrição: No topo da actual povoação de Castelo, situada na margem esquerda da ribeira de Eiras, Almeida relata a que estará instalado sobre as ruínas de um povoado castrense. ALMEIDA, 1946: 292-293. existência de vestígios de uma antiga fortaleza (junto da igreja). O autor 139. CONHEIRA, Penhascoso, Mação. CM presume que se trate de um local de 322 [4374950, 581000 – 156]. fundação pré-romana. Tipologia: Achado avulso. ALMEIDA, 1946: 297. Descrição: No topo do cabeço da Conheira que se encontra sobranceiro ao 137. CASTELO VELHO DO VALE DO GROU, Envendos, Mação. encontrados vários materiais líticos e Tipologia: Povoado Fortificado. cerâmicos. As sondagens realizadas no Descrição: Encontra-se implantado no topo de uma cabeço de difícil acesso a sudoeste da povoação de Envendos. Possui uma estrutura defensiva que cerca uma plataforma de formato oval. M. H. Pereira situa-a no período “eneolítico”. No entanto, alguns rio Frio (afluente do Tejo) foram materiais aí identificados, como dois machados de pedra polida, um bastão de comando e um molde de botão permitiu a Batata ampliar a sua ocupação pelos períodos do local revelaram a existência de uma estrutura circular composta por grandes blocos de quartzito. M. H. Pereira classifica este sítio como um povoado, enquanto Batata interpreta-o como estrutura funerária neo-calcolítica. Sem conhecer a real tipologia e cronologia deste sítio, apenas o mencionamos pelo aparecimento de uma “urna” de perfil em S provavelmente da Idade do Ferro. PEREIRA, 1974; BATATA, 2002: Nº151. Bronze Final, Idade do Ferro e Época Romana. 140. VALE DA MATA, Rosmaninhal, PEREIRA, 1970: 96 e 167; BATATA et alii, 1999: 29. 138. CASTELO DE MAÇÃO, Mação. Tipologia: Povoado. Mação. CM 322 [4374150, 586000 – 180]. Tipologia: Povoado. Mação, Descrição: O implantado numa sítio encontra-se encosta suave sobranceiro a uma linha de água. Existe a | 88 notícia da oferta de cinco elementos de 142. VILAR DA MÓ, Belver, Gavião. CM moinhos manuais de vaivém oriundos 323 [4378350, 592800 – 260]. deste local. Pereira atribui-lhe uma Tipologia: Povoado. cronologia do Calcolítico e Batata coloca Descrição: Sitio implantado na encosta a hipótese de se tratar de um povoado do de um pequeno cabeço, onde se encontra Bronze Final. a capela de S. João Evangelista. Nas suas PEREIRA, 1970: 59-60; BATATA, 2002: obras de restauro foram recuperadas duas Nº147. aras votivas e, na sua área envolvente, foram identificados vários fragmentos DISTRITO DE PORTALEGRE cerâmicos. Batata afirma que deverá tratar-se de uma aldeia da Idade do Ferro CONCELHO DE GAVIÃO e época romana. Na base de dados do Endovélico esta estação vem classificada 141. CASTELO DE BELVER, Belver, Gavião. como santuário da mesma cronologia. Almeida assinala a existência de Tipologia: Povoado. vestígios estruturados a noroeste e junto Descrição: A povoação de Belver situa- de Belver. Não sabemos se o autor se se na vertente sul de um cabeço refere a esta estação. sobranceiro à margem direita do Tejo e a ALMEIDA, 1948: 138; BATATA, 2002: leste da confluência da ribeira de Canas Nº253; ENDOVÉLICO: CNS 2870. com este rio. No topo do cabeço existe um castelo medieval que Almeida, pelas características da sua implantação e materiais identificados, presume que terá sido construído sobre as ruínas de castro romanizado. M. H. Pereira menciona o achado de um bastão de comando na quinta do ribeiro da Nata, nos arredores de Belver. Este artefacto poderá estar relacionado com a estação de Vilar da Mó. ALMEIDA, 1948: 135; PEREIRA, 1970: 292. T ABELAS TABELA 1 – POVOADOS COM OCUPAÇÃO DO BRONZE FINAL. N.º DESIGNAÇÃO 1 Castelo Mendo 2 Castelo Mau 5 Pedra Aguda 8 Cabeço das Fráguas 13 Caldeirão 14 Qta. da Lameira 18 Cast. Velho da Meda 20 Alto dos Sobreiros 21 Bogalhal Velho 22 Cast. Mouros Cidadelhe 26 Serra Gorda 29 Sabugal Velho 36 Cabeço dos Mouros 38 Caria da Atalaia 39 Sabugal 41 Castelejo 46 Vilar Maior 49 Alto Sta. Eufémia 51 Cast. Velho de Seixas 53 Chandeirinha 54 S. Geraldo 55 Monte de S. Martinho 58 Cast. Velho Louriçal 60 Monte S. Domingos 61 Monte do Castelo 69 Qta. da Samaria 73 S. Cristóvão 75 Serra da Rachada 76 Sra. da Penha 78 Pedra Aguda TIPOLOGIA DE REGIÃO ASSENTAMENTO I-A A1 I-A A1 I-B A2 I-A A2 I-C A2 I-B A2 I-A A1 I-B A1 I-C A1 I-C A1 I-B A2 I-A A2 I-B A2 I-A A2 I-C A2 I-A A2 I-C A2 I-A A1 I-C A1 I-B B I-A B I-A C I-B C II C I-B C I-B B I-B B I-B B I-B B I-D B TIPOLOGIA DE ASSENTAMENTO: N.º DESIGNAÇÃO 79 80 81 82 83 84 86 87 88 89 90 94 96 97 100 104 107 109 110 111 117 118 119 122 124 125 126 127 129 Tapada das Argolas S. Roque Cabeço do Escarigo Monte de S. Brás Cabeço da Argemela Cabeça Gorda Covilhã Velha Cabeça Alta Cast. Idanha-a-Nova Cachouça Monte do Trigo Alegrios Moreirinha S. Gens Pedrichas Monte do Frade Cabeço dos Castelos Sta. Maria Madalena N. Sra. da Confiança Cerro do Castelo Casal das Freiras I Amoreira Qta. da Pedreira Cast. de Abrantes Castelo do Santo Castro da Amêndoa Cast. Velho Zimbreira Cast. Velho Caratão Cabeço das Mós TIPOLOGIA DE ASSENTAMENTO I-D I-A I-A I-A I-B I-B I-D I-A I-D I-C I-A I-A I-B I-A I-A I-A I-C I-B I-C I-C I-D II II I-C I-B I-B I-C I-B I-C REGIÃO: I – Povoados de Altura: A – Bacia Hidrográfica do Côa: I-A – Elevação isolada. A 1 – Médio e Baixo Côa; I-B – Elevação destacada mas inserida A 2 – Planalto Guarda / Sabugal. em cadeia montanhosa. I-C – Promontório ou esporão fluvial. B – Cova da Beira. I-D – Cabeços aplanados nas orlas de C – Beira Interior Sul. elevações mais destacadas. D – Pinhal Interior. II – Casais. REGIÃO B B B B B B B C C C C C C C C B D D D D D D D D D D D D D TABELA 2 – POVOADOS COM OCUPAÇÃO DO FERRO PLENO. N.º DESIGNAÇÃO TIPOLOGIA DE DIMENSÃO MURALHAS REGIÃO BRONZE ROMANIZADO ASSENTAMENTO FINAL I 2 ? A1 X X 1 Castelo Mendo 3 Santo André V-A 2 4 Cast. Sr.ª Monforte V-B 1 5 Pedra Aguda I 1 6 Soida V-B 7 Alvendre 8 X A1 X A1 ? ? A2 X X 1 A2 ? V-A 1 A2 ? Cabeço das Fráguas I 2 X A2 X 9 Tintinolho I 1 X A2 X 10 Jarmelo I 1 X A2 X 11 Castelos Velhos III 1 X A2 ? X (?) 15 Santo Antão III 1 A2 ? X 16 Serra de Bois V-C 1 X A2 ? 17 Tapada de Longroiva II 2 ? A1 X 18 Cast. Velho da Meda I 2 X A1 19 Castelo de Marialva V-B 2 ? A1 21 Bogalhal Velho V-A 1 22 Cast. Mouros Cidadelhe V-B 1 23 Castelo Vieiro V-B 1 24 Castelo dos Prados V-A 3 X A1 X 25 Castelo de Pinhel V-A 1 ? A1 X 27 Matrena IV 1 29 Sabugal Velho III 2 X A2 30 Alfaiates V-B 1 ? A2 ? 32 Sr.ª do Castelo V-A 1 X A2 X (?) 37 Castelos do Ozendo V-B 1 39 Sabugal V-A 2 ? A2 X 43 S. Cornélio I 1 X A2 ? 46 Vilar Maior V-A 1 ? A2 X 47 Castelo da Cogula V-A 2 X A1 X 48 Monte Calabre V-A 3 X A1 X (?) 50 Freixo de Numão II 1 ? A1 X 51 Cast. Velho de Seixas V-A 1 X A1 52 Monte Meão V-A 2 X A1 55 Monte de S. Martinho I 2 X C X X 61 Monte do Castelo I 2 X C X X 69 Quinta da Samaria I 1 X B X ? 70 N. Sr.ª das Cabeças III 1 X B ? X X X X X ? X A1 X X (?) A1 X X A1 A2 X A2 X X X X N.º DESIGNAÇÃO TIPOLOGIA DE DIMENSÃO MURALHAS REGIÃO BRONZE ROMANIZADO ASSENTAMENTO FINAL II 2 X B X X 79 Tapada das Argolas 83 Cabeço da Argemela I 1 X B X X 86 Covilhã Velha II 2 X B X X 91 Cabeço dos Mouros V-C 1 X C ? 98 Grelheira V-C 1 X C ? 99 Castro do Picoto III 1 X D ? 101 Sortelha-a-Velha II 1 X B X (?) 106 Vale da Sr.ª da Póvoa I 1 X B 108 Cerca do Castelo V-A 1 X D 109 Sta. Maria Madalena I 1 X D X 110 N. Sr.ª da Confiança V-A 2 X D X I 1 X D X X C ? X 112 S. Miguel da Amêndoa ? X X 114 Castelejo do Tostão V-C 1 116 Olival Comprido II IV 1 D 117 Casal das Freiras I II 1 D X X 122 Castelo de Abrantes V-A 1 ? D X X 127 Cast. Velho Caratão I 1 X D X X 129 Cabeço das Mós V-A 2 X D X X TIPOLOGIA DE ASSENTAMENTO: I – Povoados destacados na paisagem. II – Povoados instalados em cabeços aplanados. REGIÃO: III – Povoados de encosta. IV – Povoados abertos em pequenas elevações. A – Bacia Hidrográfica do Côa: A 1 – Médio e Baixo Côa; V – Povoados de rio: A 2 – Planalto Guarda / Sabugal. V-A – Plataformas destacadas sobre cursos fluviais. B – Cova da Beira. V-B – Esporões fluviais. C – Beira Interior Sul. V-C – “Penínsulas” fluviais. D – Pinhal Interior. DIMENSÕES: 1 – 0,5 a 2 hectares. 2 – 2 a 5 hectares. 3 - > 5 hectares. TABELA 3.1 – QUADRO DE EVOLUÇÃO DO POVOAMENTO NO MÉDIO E BAIXO CÔA (REGIÃO A 1) Nº DESIGNAÇÃO 1 Castelo Mendo 2 Castelo Mau 3 Santo André 4 Cast. Sr.ª Monforte 17 Tapada de Longroiva 18 Cast. Velho da Meda 19 Castelo de Marialva 20 Alto dos Sobreiros 21 Bogalhal Velho 22 Cast. Mouros Cidadelhe 23 Castelo Vieiro 24 Castelo dos Prados 25 Castelo de Pinhel 47 Castelo da Cogula 48 Monte Calabre 49 Alto Sta. Eufémia 50 Freixo de Numão 51 Cast. Velho de Seixas 52 Monte Meão BRONZE FINAL ? ? FERRO INICIAL FERRO PLENO TABELA 3.2 – QUADRO DE EVOLUÇÃO DO POVOAMENTO NO PLANALTO GUARDA / SABUGAL (REGIÃO A 2) Nº DESIGNAÇÃO BRONZE FINAL 5 Pedra Aguda 6 Soida ? 7 Alvendre ? 8 Cabeço das Fráguas 9 Tintinolho 10 Jarmelo 11 Castelos Velhos 12 Picoto 13 Caldeirão 14 Quinta da Lameira 15 Santo Antão 16 Serra de Bois 26 Serra Gorda 27 Matrena 29 Sabugal Velho 30 Alfaiates 32 Sr.ª do Castelo 36 Cabeço dos Mouros 37 Castelos do Ozendo 38 Caria da Atalaia 39 Sabugal 41 Castelejo 43 S. Cornélio 46 Vilar Maior ? FERRO INICIAL FERRO PLENO ? ? ? ? ? ? TABELA 3.3 – QUADRO DE EVOLUÇÃO DO POVOAMENTO NA COVA DA BEIRA (REGIÃO B) Nº DESIGNAÇÃO BRONZE FINAL FERRO INICIAL 53 Chandeirinha FERRO PLENO ? 54 S. Geraldo ? 69 Quinta da Samaria 70 N. Sr.ª das Cabeças 73 S. Cristóvão 75 Serra da Rachada 76 Sr.ª da Penha 78 Pedra Aguda 79 Tapada das Argolas 80 S. Roque 81 Cabeço do Escarigo 82 Monte de S. Brás 83 Cabeço da Argemela 84 Cabeça Gorda 86 Covilhã Velha 101 Sortelha-a-Velha 104 Monte do Frade 106 Vale da Sr.ª da Póvoa ? ? ? TABELA 3.4 – QUADRO DE EVOLUÇÃO DO POVOAMENTO NA BEIRA INTERIOR SUL (REGIÃO C) Nº DESIGNAÇÃO 55 Monte de S. Martinho 58 Cast. Velho Louriçal 60 Monte de S. Domingos 61 Monte do Castelo 87 Cabeça Alta 88 Castelo de Idanha-a-nova 89 Cachouça 90 Monte do Trigo 91 Cabeço dos Mouros 94 Alegrios 96 Moreirinha 97 S. Gens 98 Grelheira 100 Pedrichas 114 Castelejo do Tostão BRONZE FINAL FERRO INICIAL FERRO PLENO TABELA 3.5 – QUADRO DE EVOLUÇÃO DO POVOAMENTO NO PINHAL INTERIOR (REGIÃO D) Nº DESIGNAÇÃO 99 Castro do Picoto 107 Cabeço dos Castelos 108 Cerca do Castelo 109 Sta. Maria Madalena 110 N. Sr.ª da Confiança 111 Cerro do Castelo 112 S. Miguel da Amêndoa 116 Olival Comprido II 117 Casal das Freiras I 118 Amoreira 119 Quinta da Pedreira 122 Castelo de Abrantes 124 Castelo do Santo 125 Castro da Amêndoa 126 Cast. Velho Zimbreira 127 Cast. Velho Caratão 129 Cabeço das Mós BRONZE FINAL FERRO INICIAL FERRO PLENO ? M APAS F IGURAS Figura 4 - Rocha 1 da Vermelhosa (segundo Baptista, 1999) Figura 5 - Rocha 3 da Vermelhosa (segundo Baptista, 1999) E STAMPAS Est. I 1 2 Pedra Aguda (78) 3 Serra da Rachada (75) 4 Castelo Velho de Louriçal do Campo (58) Est. II 1 2 3 4 Monte de S. Brás (82) Est. III 1 2 3 4 Monte de S. Brás (82) Est. IV 1 2 3 4 5 Quinta da Samaria (69) Est. V 1 2 3 Quinta da Samaria (69) Est. VI 1 2 4 3 Quinta da Samaria (69) Est. VII 1 3* 2 4* 5 Quinta da Samaria (69) * - Materiais gentilmente cedidos por Pedro C. Carvalho. 6 Est. VIII 1 2 3 4 Castelejo do Tostão (114) Est. IX 1 Alfaiates (30) 2 Sortelha-a-Velha (101)