Sinais e Sistemas em Tempo Discreto Aula 03 Análise no Domı́nio do Tempo de Sistemas em Tempo Discreto Eduardo Peixoto Departamento de Engenharia Elétrica Faculdade de Tecnologia Universidade de Brası́lia 1 / 43 Sumário Aula 03 Equação Diferença Equações de Sistemas em Tempo Discreto Notação Operacional Resposta de Entrada Nula 2 / 43 Equação Diferença Equação Diferença 3 / 43 Equação Diferença Assim, podemos definir duas formas para representar a equação diferença (difference equation: Forma Não-Recursiva: y [n] = T · n X x [k] k=−∞ Forma Recursiva: y [n] − y [n − 1] = T · x [n] 4 / 43 Equação Diferença Na forma não-recursiva, para calcular y [n] precisamos somar toda a entrada até a entrada atual n. Na forma recursiva, podemos calcular a saı́da y [n] usando a saı́da no instante n − 1, somando apenas duas quantidades. Embora equivalentes, o esforço para se calcular a saı́da é muito diferente nas duas formas. 5 / 43 Equação Diferença Relação entre a equação diferença e a equação diferencial Considere a equação em tempo contı́nuo: dy (t) + cy (t) = x (t) dt 6 / 43 Equação Diferença Considere agora que vamos amostrar essa equação em amostras uniformemente espaçadas. Assim, usando a definição de derivada, temos: lim T →0 y [n] − y [n − 1] + cy [n] = x [n] T 7 / 43 Equação Diferença E, usando um T muito pequeno, e rearranjando os termos: y [n] + αy [n − 1] = βx [n] Onde: −1 1 + cT T β= 1 + cT α= 8 / 43 Equação Diferença Relação entre a equação diferença e equação diferencial Assim, uma equação diferencial pode ser aproximada por uma equação diferença de mesma ordem. 9 / 43 Equações de Sistemas em Tempo Discreto Equações de Sistemas em Tempo Discreto 10 / 43 Equações de Sistemas em Tempo Discreto Definimos um sistema linear, discreto e invariante no tempo (LDIT) como um sistema descrito por uma equação diferença nas formas: Forma de atraso: y [n] + a1 y [n − 1] + a2 y [n − 2] + . . . + aN y [n − N ] = bN −M x [n − N + M ] + bN −M +1 x [n − N + M + 1] + b0 x [n] + b1 x [n − 1] + . . . + bN x [n − N ] Forma de avanço: y [n + N ] + a1 y [n + N − 1] + a2 y [n + N − 2] + . . . + aN y [n] = bN −M x [n + M ] + bN −M +1 x [n + M + 1] + b0 x [n + N ] + b1 x [n + N + 1] + . . . + bN x [n] 11 / 43 Equações de Sistemas em Tempo Discreto Algumas propriedades: a0 = 1, sem perda de generalidade. Ordem = max (M, N ) Condição de Causalidade: a saı́da não pode depender de valores futuros da entrada (i.e., M ≤ N ). 12 / 43 Equações de Sistemas em Tempo Discreto Assim, para um sistema causal, podemos escrever: y [n] + a1 y [n − 1] + a2 y [n − 2] + . . . + aN y [n − N ] = b0 x [n] + b1 x [n − 1] + . . . + bN x [n − N ] 13 / 43 Equações de Sistemas em Tempo Discreto Solução Recursiva (iterativa) para a equação de diferenças: Podemos escrever: y [n] = − a1 y [n − 1] − a2 y [n − 2] − . . . − aN y [n − N ] + b0 x [n] + b1 x [n − 1] + . . . + bN x [n − N ] E calcular y [n] a partir de 2N − 1 informações: As condições iniciais y [−1], y [−2], ..., y [−N ] A entrada atual x [n] e as N amostras anteriores da entrada. Determinamos y [0] para, então, determinar y [1], e assim por diante, iterativamente. 14 / 43 Equações de Sistemas em Tempo Discreto Exemplo 3.9 Considere o sistema: y [n + 2] − y [n + 1] + 0.24y [n] = x [n + 2] − 2x [n + 1] E considere que: y [−1] = 2 y [−2] = 1 x [n] = n u [n] Escreva um código matlab para determinar a saı́da para n = 2 . . . 10. 15 / 43 Equações de Sistemas em Tempo Discreto Algoritmo 1 Implementação do Exemplo 3.9 1: n = (-2:1:10)’; 2: y = [1 ; 2 ; zeros(length(n) - 2,1)]; 3: x = [0 ; 0 ; n(3:end)]; 4: for (k = 1:1:length(n) - 2) 5: y(k+2) = y(k+1) - 0.24 * y(k) + x(k+2) - 2 * x(k + 1); 6: end 16 / 43 Notação Operacional Notação Operacional 17 / 43 Notação Operacional Definimos o operador E como o operador avanço, de forma que: E x [n] = x [n + 1] E 2 x [n] = x [n + 2] 18 / 43 Notação Operacional E assim, para um sistema do tipo: y [n + N ] + a1 y [n + N − 1] + a2 y [n + N − 2] + . . . + aN y [n] = b0 x [n + N ] + b1 x [n + N − 1] + . . . + bN x [n] Podemos escrever: E N + a1 E N −1 + a2 E N −2 + . . . + aN y [n] = b0 E N + b1 E N −1 + . . . + bN −1 E 1 + bN x [n] 19 / 43 Notação Operacional E podemos definir os polinômios: E N + a1 E N −1 + a2 E N −2 + . . . + aN y [n] = | {z } Q(E) | b0 E N + b1 E N −1 + . . . + bN −1 E 1 + bN x [n] {z } P (E) Ou seja: Q (E) y [n] = P (E) x [n] Onde: Q (E) = E N + a1 E N −1 + a2 E N −2 + . . . + aN P (E) = b0 E N + b1 E N −1 + . . . + bN −1 E 1 + bN 20 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Resposta do Sistema a Condições Internas Resposta de Entrada Nula 21 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Assim como um sistema LIT, a resposta de um sistema LDIT pode ser expressa como a soma dos componentes de entrada nula com a componente de estado nulo. resposta total = resposta a entrada nula + resposta ao estado nulo 22 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Para o sistema descrito por: Q (E) y [n] = P (E) x [n] A resposta y0 [n] de entrada nula é a resposta para x [n] = 0. Logo: Q (E) y0 [n] = 0 23 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Ou seja: Q (E) y0 [n] = 0 E N + a1 E N −1 + a2 E N −2 + . . . + aN y0 [n] = 0 y0 [n + N ] + a1 y0 [n + N − 1] + a2 y0 [n + N − 2] + . . . + aN y0 [n] = 0 24 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas y0 [n + N ] + a1 y0 [n + N − 1] + a2 y0 [n + N − 2] + . . . + aN y0 [n] = 0 A equação afirma que a combinação linear de y0 [n] e avanços de y0 [n] é zero, não para um n especı́fico, mas para todo n. Isto só é possı́vel se y0 [n] e y0 [n] avançado tiverem a mesma forma. 25 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas A única função que tem essa propriedade é a função γ n : E k · {γ n } = γ n+k = γk · γn = c · γn , com c = γ k 26 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Logo, a solução deve ter a forma: y0 [n] = c · γ n Assim: E k · {y0 [n]} = y0 [n + k] = c · γ n+k 27 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Substituindo y0 [n] = c · γ n na equação: y0 [n + N ] + a1 y0 [n + N − 1] + a2 y0 [n + N − 2] + . . . + aN y0 [n] = 0 Temos: cγ n+N + a1 cγ n+N −1 + . . . + an+N −1 cγ + aN cγ n = 0 c γ N + a1 γ N −1 + . . . + aN −1 γ + aN γ n = 0 28 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas c γ N + a1 γ N −1 + . . . + aN −1 γ + aN γ n = 0 As soluções triviais (c = 0 ou γ = 0) são irrelevantes. A solução não trivial da equação é dada pela solução de: γ N + a1 γ N −1 + . . . + aN −1 γ + aN = 0 Ou seja: Q (γ) = 0 29 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Como Q (γ) é um polinômio de ordem N , ele pode ser expresso por: Q (γ) = (γ − γ1 ) · (γ − γ2 ) . . . (γ − γN −1 ) · (γ − γN ) Logo, a equação Q (γ) = 0 possui N soluções (γ1 , γ2 , . . . , γN −1 , γN ). 30 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas A solução geral de Q (γ) = 0 é então uma combinação linear das N soluções: n n y0 [n] = c1 γ1n + c2 γ2n + . . . + cN −1 γN −1 + cN γN As constantes (c1 , c2 , . . . , cN −1 , cN ) são determinadas pelas condições iniciais. 31 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Polinômio Caracterı́stico O polinômio Q (γ) é chamado de polinômio caracterı́stico do sistema. A equação Q (γ) = 0 é chamada de equação caracterı́stica. As raı́zes (γ1 , γ2 , . . . , γN −1 , γN ) são chamadas de raı́zes caracterı́sticas ou valores caracterı́sticos do sistema. n n As exponenciais (γ1n , γ2n , . . . , γN −1 , γN ) são chamados de modos caracterı́sticos ou modos naturais do sistema. 32 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Raı́zes Repetidas No caso mais geral, se uma raı́z γ1 se repete r vezes, os modos caracterı́sticos para esta raı́z são γ1n , nγ1n , n2 γ1n , . . . , nr−1 γ1n . 33 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Raı́zes Repetidas Logo, se: Q (γ) = (γ − γ1 )r · (γ − γ2 ) . . . (γ − γN −1 ) · (γ − γN ) A resposta a entrada nula será: n y0 [n] = c1 + c2 n + c3 n2 + . . . + cr nr−1 γ1n + cr+1 γ2n + . . . + cr+N γN 34 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Raı́zes Complexas Se os coeficientes da equação caracterı́stica do sistema forem reais, raı́zes complexas sempre aparecerão em pares de conjugados. A forma da solução não muda (uma raı́z complexa conta como uma raı́z distinta), mas é comum se combinar as raı́zes para chegar a uma solução real. 35 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Raı́zes Complexas Se as raı́zes complexas são: γ1 = |γ| ejβ γ2 = |γ| e−jβ A resposta a entrada nula é, naturalmente: y0 [n] = c1 γ1n + c2 γ2n = c1 |γ|n ejβn + c2 |γ|n e−jβn 36 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Raı́zes Complexas Para um sistema real, c1 e c2 também são complexos conjugados: c jθ e 2 c −jθ c2 = e 2 c1 = 37 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Raı́zes Complexas c jθ n jβn c −jθ n −jβn e |γ| e + e |γ| e 2 2 n o c = |γ|n ej(βn+θ) + e−j(βn+θ) 2 = c |γ|n cos (βn + θ) y0 [n] = Onde |γ| e β vem da raı́z complexa, e c e θ devem ser obtidos da condição inicial. 38 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Exemplo 3.10 a Determine a componente de entrada nula para o sistema: y [n + 2] − 0.6y [n + 1] − 0.16y [n] = 5x [n + 2] Com as condições iniciais: y [−1] = 0 25 y [−2] = 4 39 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Exemplo 3.10 b Determine a componente de entrada nula para o sistema: y [n + 2] + 6y [n + 1] + 9y [n] = 2x [n + 2] + 6x [n + 1] Com as condições iniciais: 1 3 2 y [−2] = − 9 y [−1] = − 40 / 43 Resposta do Sistema a Condições Internas Exemplo 3.10 c Determine a componente de entrada nula para o sistema: y [n + 2] − 1.56y [n + 1] + 0.81y [n] = x [n + 1] + 3x [n] Com as condições iniciais: y [−1] = 2 y [−2] = 1 41 / 43 Referências Este material foi elaborado com base nos seguintes capı́tulos: Lathi, Sinais e Sistemas Lineares, Seção 3.5 Lathi, Sinais e Sistemas Lineares, Seção 3.6 42 / 43 Exercı́cios Exercı́cios Propostos Lathi, Sinais e Sistemas Lineares, Ex. 3.6-1 Lathi, Sinais e Sistemas Lineares, Ex. 3.6-2 Lathi, Sinais e Sistemas Lineares, Ex. 3.6-3 43 / 43