De Gutenberg à imprensa industrial (séculos XV-XVI) Adriana Ming: 22002481 | Alicia Fernandes: 21901722 | Jia Lu: 22102520 História dos Meios de Comunicação | Comunicação Aplicada: Marketing, Publicidade e Relações Públicas 10 de novembro de 2022 Embora tenha sido na China (cerca de sete séculos antes) onde surgiu o uso da imprensa de caracteres móveis, foi apenas no início do século XV que apareceu a impressão xilográfica na Europa, e nos meados do século deu-se o aperfeiçoamento desta técnica por Johannes Gutenberg, com a invenção de uma tinta e, mais tarde, ao melhoramento do processo tipográfico por utilizar caracteres metálicos móveis. Os caracteres são “gravados em blocos (...) de chumbo e agrupados em placa” (GUERREIRO, A. Deodato. História Breve Dos Meios de Comunicação, 2014) que tornam possível inúmeras combinações de letras, facilitando a reprodução de documentos escritos. Esta grande inovação torna-se na semente da revolução da imprensa, que leva à criação dos incunábulos, os primeiros documentos a serem impressos, como a Bíblia de Gutenberg. Os incunábulos são os documentos impressos de 1455 a 1500, onde um em cada dez era ilustrado e têm um imenso valor histórico e monetário. Em apenas 20 anos (1450-1470) esta tecnologia captou a atenção da Alemanha, Itália, França e Espanha, e 10 anos depois encontravam-se espalhadas por 108 cidades várias oficinas de impressão. É com este desenvolvimento que se desencadeiam grandes mudanças na sociedade, como o aumento do nível de instrução pública que combateu o analfabetismo; a facilidade ao acesso “à informação, à educação e à formação” (GUERREIRO, A. Deodato. História Breve Dos Meios de Comunicação, 2014); o aumento do gosto (e do hábito) de ler, o que impulsionou interesse e desejo por saber mais: conhecer o passado, aprender com ele para ser capaz de prever o futuro; tornou-se num “meio de difusão do humanismo e da Reforma oriunda das cidades italianas” (GUERREIRO, A. Deodato. História Breve Dos Meios de Comunicação, 2014); criou um espaço de reflexão que espoletou transformações no mundo da arte, da política, religião e toda a vida humana. Deste modo, o desenvolvimento vai permitir a generalização da imprensa, onde temos a divulgação de acontecimentos políticos (ou militares) em gazetas e mais tarde jornais (séculos XVII e XVIII), que tinham publicações semanais, quinzenais, mensais ou irregulares. A imprensa industrial e o “surgimento da informação de massa” (GUERREIRO, A. Deodato. História Breve Dos Meios de Comunicação, 2014) leva ao aparecimento de audiências, grupos de pessoas com os mesmos gostos e interesses específicos. Excertos de texto e recensões criticas Citação 1 Com o início de uma nova era, onde a passagem da escrita manual passou a uma escrita mecânica, o mundo passou a ter um ritmo muito mais acelerado. A criação da imprensa de Gutenberg veio beneficiar bastante a sociedade, desde o combate ao analfabetismo, o aumento do conhecimento na área da ciência e da saúde, bem como o aumento do gosto pela leitura e o aumento da educação. À medida que a sociedade foi se desenvolvendo, a indústria passou a adotar o modelo de Gutenberg, pois facilitava as transações entre vendedores e por consequentemente o volume de vendas aumentou, assim, aos poucos, o capitalismo começou a se instalar na sociedade, até aos dias de hoje. “Não há dúvida de que a expansão da impressão como indústrias e do negócio dos livros, da sua venda como um qualquer outro produto, está relacionada com a expansão do capitalismo (da empresa capitalista) nos alvores da Idade moderna” Quintero, A. 1994. História da Imprensa. Planeta Editora. Citação 2: De acordo com Cláudio Fernandes, no início do século XVI, os efeitos pela invenção de Gutenberg já eram evidentes para os letrados alemães, permitindo a popularização da Reforma Protestante empreendida por Martinho Lutero, onde a propagação dos escritos de Lutero por meio da imprensa contribuiu para uma revolução na prática de leitura sem precedentes, o que era impossível sem a imprensa, uma vez que a demora de copiar à mão um documento era um processo muito mais demorado. "O sucesso da imprensa de Gutenberg começou sobretudo com sua impressão de cópias da Bíblia, ainda na década de 1440. Mas a utilização da imprensa tornou-se realmente intensa no século seguinte, com a Reforma Protestante empreendida por Martinho Lutero." Fernandes,C. s.d. A invenção da Imprensa Citação 3: “(...) os mercúrios e as gazetas da época moderna são reveladores do crescente valor da informação para os negócios e para o progresso das comunidades: a necessidade de fazer circular informação exata e frequente acompanhou o crescimento dos mercados e andou de par com o desenvolvimento das sociedades”. Peixinho, T. A. 2018. Teoria da Informação Jornalística. Coimbra: Almedina Segundo Ana Teresa Peixinho, a fiabilidade e credibilidade da informação sempre foram uma preocupação para as sociedades. Desde o desenvolvimento comunicativo do ser humano, as informações do mundo obtidas fornecem importância insubstituível para o crescimento e sobrevivência das comunidades, onde determinadas tomadas de decisão políticas e económicas são decisivas. A criação da imprensa de Gutenberg promoveu o aumento de mercúrios e gazetas, uma vez que a máxima difusão de conhecimentos filtrados nessa época fez ultrapassar a dificuldade da alfabetização e o gosto pela leitura, possuindo os cidadãos a consciência e uma melhor gestão da sua vida quotidiana. Citação 4: “A impressão também foi de suprema importância no Renascimento posterior, na Reforma, na Revolução Científica e no crescimento das comunidades nacionais. Embora o Renascimento tenha ocorrido muito antes da revolução da impressão, foi a imprensa que o trouxe de volta à vida.” Liulevivius, V. s.d. Ph.D., Universtity of Tennessee. Segundo Liulevivius, os efeitos da imprensa não só ficaram por aí, a impressão também moldou o mundo linguístico, tornando-se as línguas que hoje conhecemos e utilizamos. Possibilitou a revolução científica, o contínuo do renascimento, e o crescimento das comunidades nacionais. A imprensa possibilitou o aceleramento do desenvolvimento da ciência ao permitir a publicação do trabalho de Nicolau Copérnico, sobre o a teoria heliocêntrica do Sistema Solar, frequentemente considerado como o fundador do movimento científico. Não deixando de referir que todos estes movimentos revolucionários, apenas foram impulsionados graças à existência da imprensa de Gutenberg. Citação 5: “O jornal diário surge em fins do século XVI e início do século XVII para servir de veículo noticioso e dar suporte aos debates sociais.” Parry, R. 2012. A Ascensão da Mídia. A História dos Meios de Comunicação de Gilgamesh ao Google. São Paulo: Elsevier Segundo Parry, com o aparecimento da impressão, a quantidade de letrados aumentou e graças a esse feito que a venda dos jornais diários, ou as gazetas, aumentaram. O jornal serve desde então para comunicação de assuntos noticiosos, para expressar opiniões e para fins educativos. Foi assim que o jornal deixou se ser algo que servia apenas a sociedade mais abastada, mais letrada, e passou a ser algo que a grande maioria teve acesso. A impressão de Gutenberg começou a alastrar-se por toda a Europa, o que permitiu o acesso às notícias e à informação. Citação 6: “A população feminina, metade da população europeia, não se encontrava em posição para de algum modo participar numa cultura científica e o mesmo acontecia com a enorme maioria – de homens e mulheres – que era iletrada ou não possuía qualificações para aceder aos centros de aprendizagem formal.” Gaspar, J. Pedro. 1999. O Milénio de Gutenberg: do desenvolvimento da Imprensa à popularização da Ciência.- Shapin, S. A revolução Científica.Difel. Lisboa. Um dos grandes problemas com o aparecimento da imprensa mecânica, tratava-se do facto de que grande parte da população era analfabeta. Naquela época apenas as famílias mais ricas tinham a possibilidade de poder aprender a ler e escrever, no caso das famílias mais carenciadas era muito comum ninguém saber ler ou então apenas o homem, sendo ele o chefe da casa. No caso das mulheres, apenas na alta sociedade se viam letradas, uma vez que o seu papel nos séculos XVI e XVII, para a generalidade da sociedade, era a gerência da casa e a educação dos filhos, deixando de parte a sua educação e a alfabetização. Citação 7: “Se a arte de escrever foi o mais admirável evento do homem, o mais poderoso e fecundo foi certamente a imprensa” Herculano A. 1810-1877. Guerreiro, A. D. 2014. História Breve Dos Meios De Comunicação. O surgimento da escrita já vem de há muito tempo, com origem na antiga civilização mesopotâmica. Inicialmente, a escrita servia para comercialização de bens entre civilizações, escritas em placas de argila, madeira ou pergaminhos. Com o passar dos séculos, a escrita passou de ser apenas um meio transacional num mercado para um objeto de leitura, com perspectivas de educar, de informar ou até de lazer. Deste modo, o gosto pela leitura começou-se a despoletar entre membros da sociedade, sendo homens ou mulheres. A arte e o gosto pela escrita e pela leitura começaram a propagar-se por toda a Europa, especialmente após o surgimento da Bíblia de Gutenberg e da Reforma Protestante de Martinho Lutero. Citação 8: “Os eclesiásticos, por sua vez, temiam que a imprensa estimulasse leigos comuns a estudar textos religiosos por conta própria em vez de acatar o que lhes dissessem as autoridades” Burke,P. 2002. Problemas Causados por Gutenberg: a Explosão da Informação nos Primórdios da Europa Moderna. Segundo Burke, a imprensa industrial de Gutenberg também trouxe preocupações como, a reivindicação ao direito de interpretar as escrituras, mas o Índice Católico dos Livros Proibidos, criado depois do Concilio de Trento, tentou solucionar esse problema, organizando uma campanha de alfabetização pela primeira vez na história moderna, com o objetivo de estimular a leitura da Bíblia. Tal solução, por sua vez, gerava novos problemas. Com o surgimento dos livros Fortunatus e Ulspegel as pessoas não se restringiam à leitura da Bíblia, como desejaria o clero. Referências bibliográficas: Burke,P. 2002. Problemas Causados por Gutenberg: a Explosão da Informação nos Primórdios da Europa Moderna. Fernandes,C. s.d. A invenção da Imprensa Gaspar, J. Pedro. 1999. O Milénio de Gutenberg : do desenvolvimento da Imprensa à popularização da Ciência.- Shapin, S. A revolução Científica.Difel. Lisboa. Guerreiro, A. D. 2014. História Breve Dos Meios De Comunicação. Liulevivius, V. s.d. Ph.D., Universtity of Tennessee. Parry, R. 2012. A Ascensão da Mídia. A História dos Meios de Comunicação de Gilgamesh ao Google. São Paulo: Elsevier. Peixinho, T. A. 2018. Teoria da Informação Jornalística. Coimbra: Almedina Quintero, A. 1994. História da Imprensa. Planeta Editora.