TEOLOGIA GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS Sebastião Donizeti Bazon GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS APRESENTAÇÃO Sebastião Donizeti Bazon Apresentação “Tente ser uma pessoa de valor, não de sucesso” Albert Einstein Prezados alunos Eu a professora Caroline Mazon Gomes Carlos é com muita satisfação que escrevo esta disciplina para vocês, e não poderia deixar de mencionar a participação do professor Sebastião Donizeti Bazon que organizou os textos da disciplina. Estaremos juntos nessa jornada que vocês percorrerão ao estudar Gestão de Pessoas e de Processos no curso de Teologia. O objetivo principal de nossa disciplina é discutir as atribuições desta área que vêm ganhando espaço e destaque no ambiente organizacional, visto que o principal instrumento de uma organização é o Ser Humano, ou seja, pessoas que estão direta ou indiretamente envolvidas nos processos evolutivos do mercado. Inicialmente faremos uma discussão sobre a evolução histórica desta prática. A seguir visualizaremos propostas modernas da administração relacionadas com as pessoas principalmente do terceiro setor. Temos como premissa discutir o moderno conceito de gestão com e através de pessoas e suas várias abordagens desenvolvidas nas últimas décadas. Nesta disciplina contemplaremos temas como Subsistemas de administração de recursos humanos, Subsistema de suprimento de recursos humanos, Subsistema de aplicação de recursos humanos, Subsistema de manutenção de recursos humanos, Subsistema de desenvolvimento de recursos humanos e Subsistema de controle de recursos humanos, envolvendo sobre tudo o terceiro setor. Aproveitaremos para conhecer alguns conceitos referentes à Preparação para a aposentadoria, Higiene e Segurança do Trabalho e Outplacement. GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS APRESENTAÇÃO Sebastião Donizeti Bazon A disciplina será finalizada com uma reflexão de vários autores sobre as complexidades da Gestão no terceiro setor em um Mundo Contemporâneo. Bons estudos a todos. Programa da disciplina EMENTAS Apresentar a Evolução histórica da Gestão de Pessoas, em perspectiva da Gestão de Pessoas e Capital Humano envolvido em um Ambiente Corporativo de valoração da pessoas. Preparando a aposentadoria, analise no mundo contemporâneo da gestão de pessoas, os desafios do terceiro Setor e Gestão Eclesiástica OBJETIVOS Ø Atrair, desenvolver e reter os melhores profissionais, por meio de experiências significativas, desafiadoras e enriquecedoras. Ø Buscar o engajamento por meio da felicidade e do propósito. Ø Criar um ambiente positivo que valorize as relações e motive as pessoas. Ø Garantir a aderência à cultura, por meio da escolha de pessoas com alinhamento entre valores pessoais e valores organizacionais. METODOLOGIA: Para a metodologia destes estudos, adotamos a perspectiva de leituras individualizadas, bem como, estudos direcionados em ambiente virtual, por meio de plataforma eletrônica, atividades extracurriculares e encontros presenciais. GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS APRESENTAÇÃO Sebastião Donizeti Bazon AVALIAÇÃO: No sistema avaliativo, consideraremos o processo de desempenho do educando, por meio das atividades desenvolvidas ao longo do processo e andamento do curso. As atividades avaliativas serão desenvolvidas nas modalidades virtuais e presenciais, seguindo o calendário universitário da instituição. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS Básica BERGAMINI, Cecília Whitaker. Avaliação de desempenho humano na empresa. SP: Atlas, 2012. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de recursos humanos: fundamentos básicos. SP: Manole, 2010. MARRAS, Jean Pierre. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. SP: Saraiva, 2011. Complementar ADAIR, John. Liderança e motivação: a regra do meio a meio e os oito princípios fundamentais para motivar as pessoas. SP: Clio Ed., 2010. DRUCKER, Peter F. administrando para o futuro: os anos 90 e a virada do século. SP: Cengage Learning, 2010. DUTRA, J. S. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. SP: Atlas, 2012. GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS APRESENTAÇÃO Sebastião Donizeti Bazon SUMÁRIO Unidade 01 – Evolução histórica da Gestão de Pessoas 01 Unidade 02 – Gestão de Pessoas e Capital Humano 05 Unidade 03 – Ambiente Corporativo 09 Unidade 04 – Capacitação de Pessoas 13 Unidade 05 – Gestão de Pessoas X Capital Humano 17 Unidade 06 – Modelo Ideal de Gestão de Pessoas 21 Unidade 07 – Desenvolvimento do conceito de Gestão de Pessoas 26 Unidade 08 – Valorização de pessoas 30 Unidade 09 – Preparando para a aposentadoria 36 Unidade 10 – Planejar Aposentadoria 41 Unidade 11 – Higiene e segurança do trabalho 45 Unidade 12 – Estresse 49 Unidade 13 – Outoplacement 54 Unidade 14 – O mundo contemporâneo e Gestão de Pessoas 57 Unidade 15 – Instituição do terceiro Setor 62 Unidade 16 – O Terceiro Setor em Evidência 67 Unidade 17 – Gestão participativa do terceiro Setor 72 Unidade 18 – Gestão Compartilhada 79 Unidade 19 – Processo e Gestão e Administração 84 Unidade 20 – Gestão e Eclesiástico 88 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 01 – A evolução histórica da Gestão de Pessoas Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Conceituar Gestão de Pessoas Diferenciar Recursos Humanos de Gestão de Pessoas Conhecer a evolução histórica da GP (Gestão de Pessoas). ESTUDANDO E REFLETINDO Nem tudo o que se enfrenta pode ser modificado. Mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado”. James Baldwin A Gestão de Pessoas é uma das áreas que mais tem sofrido mudanças e transformações nestes últimos anos. A visão que se tem hoje da área é totalmente diferente de sua tradicional configuração, quando recebia o nome de Administração de Recursos Humanos. A Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem-sucedidas e pelo aporte de capital intelectual que simboliza, mas do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da Informação. Vivemos na sociedade do conhecimento, onde o talento humano e suas capacidades são vistos como fatores competitivos no mercado de trabalho globalizado. Porem esse talento e essa capacidade tem que ser visto de colaboradores e não de concorrentes. Necessitamos assim resgatar o papel do ser humano na organização, a fim de torná-los competentes para atuar em suas atividades como colaboradores. É com este cenário que as organizações devem ter a visão de que o Capital 1 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 01 – A evolução histórica da Gestão de Pessoas Sebastião Donizeti Bazon Humano será seu grande diferencial. Com isso surge um novo cenário em gestão de pessoas. Os avanços observados nas ultimas décadas tem levado as organizações a buscarem novas formas de gestão com o intuito de melhorar, alcançar resultados e atingir a missão institucional para o pleno atendimento das necessidades dos clientes. Nota-se também que o sucesso das organizações modernas, depende muito do investimento nas pessoas, com a identificação, aproveitamento e desenvolvimento do capital intelectual. A real vantagem competitiva no mercado não está somente representada no financeiro ou nos altos investimentos em tecnologia, mas sim nas pessoas que compõem a organização, que movimentam tudo isto no cotidiano. A partir da década de 90, com as profundas mudanças nos cenários nacional e internacional como a globalização, as empresas tiveram que buscar urgente novos paradigmas de gestão, percebendo-se a necessidade de quebrar os velhos modelos de direcionar a empresa para poderem entender a própria empresa e as pessoas como gestoras e colaboradores, bem como entender o novo conceito de gestão de pessoas. Se pararmos para pensar, percebemos que hoje o papel do colaborador é mais participativo, ele tem maior autonomia em suas atividades, cooperação nas decisões com seus gestores, facilidade na interação, aprendizagem, INTERAÇÃO: Interação é quando ocorre o envolvimento de duas ou mais pessoas empenhadas a trabalhar juntas onde a ação de uma provoca uma reação na outra. Um tipo de interação muito comum hoje é a interação virtual. Para Barros e Crescitelli (2008, p. 73), ?Interações virtuais, por serem a distância, impõem desafios aos professores e alunos para a sua realização e para a sua manutenção com sucesso, em razão da ausência do contexto físico partilhado.?. Isso ocorre porque a sala de aula virtual estabelece um novo espaço de interação, no qual as relações são muito diversas das que ocorrem em uma sala de aula convencional. Interações que ocorrem nos curso à distância, onde de uma lado está o aluno querendo se informar e do outro o professo pronto para contribuir efetivamente para a formação intelectual desse aluno http://www.dicionarioinformal.com 2 .br/intera GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 01 – A evolução histórica da Gestão de Pessoas Sebastião Donizeti Bazon conhecem mais a empresa e participa dos negócios. Ressaltando que, a gestão de pessoas tem que efetivamente acontecer na pratica, sendo que algumas questões cruciais permanecem pendentes e precisam ser enfrentadas. Um dos caminhos que poderão ser percorrido é o aprimoramento da gestão de pessoas, tendo como premissas a valorização do capital intelectual e a modernização do processo produtivo. SIGNIFICADO DE Antigamente era responsabilidade do setor de Recursos Humanos, cuidar colaboradores de e valorizar uma os empresa. Porém, à medida que a tecnologia avançou e proporcionou maiores atribuições aos setores empresariais, as pessoas passaram a ficar em segundo plano. Hoje podemos diferenciar os RECURSOS HUMANOS O termo recursos humanos se dá ao conjuntos de empregos ou colaboradores de uma organização . O mais frequente deve chamar-se assim à função que ocupa para adquirir, desenvolver, usar e reter os colaboradores da organização. A área de Recursos Humanos em uma empresa, tem semelhança na razão de existir com todas as outras áreas. http://www.dwrh.com.br/blog/o-que-erecursos-humanos-rh processos do setor de Recursos Humanos aos do setor de Gestão de Pessoas. BUSCANDO CONHECIMENTOS O setor de Recursos Humanos era um mero departamento mecanicista que cuidava da folha de pagamento e da contratação do profissional, que exigia desse profissional apenas experiência e técnica, não havia um programa de capacitação continuada do profissional. A Gestão de Pessoas é caracterizada pela participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento do bem mais precioso de uma organização que 3 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 01 – A evolução histórica da Gestão de Pessoas Sebastião Donizeti Bazon é o capital humano que nada mais são que as pessoas que a compõem. Cabe a área de gestão de pessoas a função de humanizar as empresas. A gestão de pessoas é um assunto tão atual na área de administração, mas que ainda é um discurso para muitas organizações, ou seja, em muitas delas ainda não se tornou uma ação pratica. ASSISTA AO FILME: UM ATO DE CORAGEM Sinopse e detalhes John Q. Archibald (Denzel Washington) é um homem comum, que trabalha em uma fábrica e vive feliz com sua esposa Denise (Kimberly Elise) e seu filho Michael (Daniel E. Smith). Até que Michael fica gravemente doente, necessitando com urgência de um transplante de coração para sobreviver. Sem ter condições de pagar pela operação e com o plano de saúde de sua família não cobrindo tais gastos, John Q. se vê então numa luta contra o tempo pela sobrevivência de seu filho. Em uma atitude desesperada, ele então decide tomar como refém todo o setor de emergência de um hospital, passando a discutir uma solução para o caso com um negociador da polícia (Robert Duvall) e com um impaciente chefe de polícia (Ray Liotta), que deseja encerrar o caso o mais rapidamente possível. 4 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 02 – Gestão de pessoas e Capital humano Sebastião Donizeti Bazon CONHECNEDO A PROPSOTA DA UNIDADE OBJETIVO Mostrar o ganho organizacional na valoração do capital humano. ESTUDANDO E REFLETINDO Como já vimos, a Gestão de Pessoas têm ganhado espaço importante na esfera organizacional em decorrência de toda valorização do capital humano. Porém nem sempre foi assim. Abaixo é possível visualizar uma escala de evolução da Gestão de Pessoas: 1ª Fase - Contábil: Caracterizava-se pela preocupação existente com os custos da organização. Os trabalhadores eram vistos exclusivamente sob o enfoque contábil: comprava-se a mão-de-obra e, portanto, as entradas e saídas provenientes dessa conta deveriam ser registradas contabilmente. 2ª Fase - Legal: Registrou o aparecimento da função de chefe de pessoal, profissional cuja preocupação estava centrada no acompanhamento e na manutenção das recémcriadas leis trabalhistas. O poder até então se centrava na figura dos chefes de produção sobre os empregados, passou para as mãos do chefe de pessoal pelo domínio exercido sobre as regras e normas jurídicas impostas pelas Leis do Trabalho (CLT). 5 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 02 – Gestão de pessoas e Capital humano Sebastião Donizeti Bazon https://www.google.com.br/search?q=chefe 3ª Fase - Tecnicista: Foi implantado no Brasil o modelo americano de gestão de pessoas, a qual alavancou a função de RH ao status da gerência. Foi nessa oportunidade que o presidente Juscelino Kubitschek implementou a indústria automobilística no nosso país. Nesta fase os empresários tiveram q aceitar em seus organogramas a figura do Gerente de Relações Industriais. Neste período a área de RH passou a operacionalizar serviços como: treinamento, recrutamento e seleção, cargos e salários, higiene e segurança no trabalho, benefícios e outros. 4ª Fase - Administrativa Foi um marco histórico entre organizações e trabalhadores, na medida em que é berço de uma verdadeira revolução. Implementou-se o movimento sindical. Registrou-se uma mudança significativa na denominação e na responsabilidade do até aqui gerente de relações industriais: o cargo passou a ser chamado de Gerente de RH. 6 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 02 – Gestão de pessoas e Capital humano Sebastião Donizeti Bazon 5ª Fase - Estratégica Foi demarcada operacionalmente, pela introdução dos primeiros programas de planejamento estratégico atrelados ao planejamento estratégico central das organizações. Relembrando: Planejamento estratégico já foi discutido em disciplinas anteriores. Nessa fase registrou as primeiras preocupações de longo prazo, por parte das empresas, com os seus trabalhadores. O Gerente de Recursos Humanos passou a ser reconhecido como diretoria, em nível estratégico nas organizações. Ao interpretar esta evolução podemos perceber e identificar o quanto o fator humano foi valorizado, deixando de ser coadjuvante para ser protagonista dos processos organizacionais. É importante relembrar que para que qualquer gestão ocorra com eficácia, será necessário trabalhar com pessoas e que pessoas não agem só, necessitam de um grupo para que seja possível conviver com as diferenças e, com isso, construir o conhecimento individual e coletivo. BUSCANDO CONHECIMENTO CHEFE DE PESSOAL GERENTE DE GERENTE DE RELAÇÕES RECURSOS HUMANOS Controles de freqüência INDUSTRIAIS Controle de frequência Faltas ao trabalho Controle de frequência Falta Pagamentos Falta Admissões e Demissões Pagamentos Cumprimento da CLT Admissões e Demissões Cumprimento Recrutamento e seleção Cumprimento da CLT ao ao trabalho trabalho Pagamentos Admissões e Demissões da CLT Serviços Gerais 7 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 02 – Gestão de pessoas e Capital humano Sebastião Donizeti Bazon Serviços Gerais Medicina Medicina e Segurança Patrimonial Segurança Patrimonial Segurança Segurança Industrial Contencioso e Segurança Industrial Contencioso trabalhista trabalhista Cargos e Salários Cargos e Salários Benefícios Treinamento Benefícios Avaliação de Recrutamento e seleção Desempenho Treinamento Qualidade de vida Desenvolvimento gerencial Relações trabalhistas Sindicalismo ASSISTA AO FILME: Sinopse e detalhes O jovem Stephen Myers (Ryan Gosling) é um idealista. Dedicado, obsessivo e apaixonado por política, trabalha como assessor de imprensa de Mike Morris (George Clooney) governador democrata, candidato a corrida presidencial nos Estados Unidos. Morris conta ainda com a ajuda do experiente Paul (Philip Seymour Hoffman) para derrotar o concorrente, assessorado pelo igualmente experiente Tom Duffy (Paul Giamatti). Durante a briga para definir quem sairá vencedor nas eleições primárias, o staff dos candidatos trava um intenso jogo de poder, onde a sujeira não vai para debaixo do tapete e sim para os noticiários. No meio de batalha pelo poder, Myers ainda encontra tempo para ser pressionado por duas mulheres e razões diferentes: a jornalista Ida (Marisa Tomei) e a estagiária Molly (Evan Rachel Wood). http://www.adorocinema.com/filmes/filme-131737/ 8 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 03 – Ambiente Corporativo Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO: Compreender e estudar os movimentos físicos na organização, entre eles mudança de local de trabalho, posição profissional, mudança de empresa e de vínculo empregatício. ESTUDANDO E REFLETINDO Busque oportunidade e não segurança. Um barco no porto está seguro, mas com o tempo o fundo vai apodrecer”. RONAUD Tudo está em constante movimento. Sempre. Mesmo parada, a pessoa está em processo de movimento interno, pois pensa, sente, deseja. Dentro de um ambiente coorporativo, tudo se movimenta também. Alguns movimentos são mais lentos, outros mais ágeis. A movimentação dá indícios que existe vida naquele local. Quando agente para, ou é porque morremos ou perdemos o sentido. Buscar oportunidades dentro da empresa é um movimento. Significa não estar estagnado. É ter coragem de lutar, correr riscos, enfrentar adversidades. O processo de movimento tem, portanto, grande influência na vida das organizações e das pessoas. Porém alguns gestores não dedicam a verdadeira importância a este tema, acabam por deixar para segundo plano, fazendo com que a empresa deixe de ser um ambiente estratégico e sim estagnado. Ao falar em ambiente estratégico, devemos nos reportar à Gestão Estratégica de Pessoas, pois ela é uma das principais responsáveis pela movimentação organizacional 9 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 03 – Ambiente Corporativo Sebastião Donizeti Bazon Para Chiavenato (1999) Gestão Estratégica de Pessoas é a forma de orientar as pessoas no alcance dos objetivos organizacionais e, ao mesmo tempo, no de seus próprios. Já Fleury e Fleury (1999), relacionam estratégia a competências, definindo que a empresa pode ser vista como um feixe de competências organizacionais, que podem transformar-se por meio de um processo de aprendizagem. Abaixo é possível visualizar uma imagem que ilustra esse pensamento. Estratégia rat Competência Aprendizagem FONTE: Fleury, A.; Fleury, M.T. Estratégias empresariais e formação de competências. SP: Atlas, 1999 p. 17 Gestão Estratégica de Pessoas está intimamente ligada à estratégia da empresa ou do negócio. Esta ligação acontece em várias dimensões, segundo Dutra (2009). Ele descreve essas dimensões como: - A estratégia da empresa: Deve ser pensada em conjunto com a estratégia de pessoas, pois estão intimamente ligadas. A empresa deve proporcionar oportunidade para seu colaborador se capacitar e como reflexo ser altamente capacitada por seus colaboradores. 10 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 03 – Ambiente Corporativo Sebastião Donizeti Bazon - As pessoas influenciam a estratégia da empresa: Partindo do pressuposto que as pessoas movimentam a empresa, é fundamental entender que estas influenciam direta e indiretamente a estratégia da empresa, pois os propósitos organizacionais são definidos com base numa combinação de interesses entre acionistas, dirigentes, parceiros, colaboradores e comunidade. - As pessoas implementam a estratégia da empresa: A ação consciente das pessoas é um grande diferencial competitivo para a empresa, pois ao implementarem a estratégia de forma consciente, elas estão validando as necessidades de movimentação empresarial. A efetividade da Gestão Estratégica de Pessoas está relacionada à clareza por parte da empresa sobre o que ela espera dos seus colaboradores. Essa clareza permitirá maior efetividade nos seguintes aspectos: - Planejamento e dimensionamento do quadro e da massa salarial da empresa; - Definição das necessidades e das políticas de movimentação de pessoas; - Posicionamento em relação ao mercado de trabalho; - Políticas e práticas salariais; - Desenho e gestão de carreiras; - Processo de avaliação e orientação de pessoas; - Definição das ações e sistemas de gestão de desenvolvimento da empresa e dos colaboradores. 11 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 03 – Ambiente Corporativo Sebastião Donizeti Bazon ASSISTA AO FILME: O poderoso chefão Sinopse: Na segunda parte da saga da família Corleone, que terminou em 1974, são contadas duas histórias paralelas. A primeira é a continuação de O Poderoso Chefão. Agora, Michael está mais maduro e ousado no controle da família, e os Corleones tentam expandir seu império atuando na costa leste dos Estados Unidos. O seu foco deixa de ser o contrabando e passa a ser o jogo, em Las Vegas. Michael enfrenta a perseguição de outras famílias e do governo federal, que tenta a todo custo trazê-lo à justiça. Paralelamente, o filme apresenta toda a infância e a mocidade de Vito Andolini, que mais tarde seria conhecido como Don Vito Corleone. Em seqüências gravadas na Sicília e durante a chegada dos imigrantes italianos à Nova Iorque, o filme mostra como Vito se desenvolveu e quais suas motivações, bem como as de diversos outros personagens secundários, como o gângster Clemenza, seu sócio no início da formação do império Corleone. http://cinema10.com.br/filme/o-poderoso-chefao-2 12 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 04 - Capacitação de pessoas Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Estabelecer uma relação de trabalho com pessoas capazes de atender suas necessidades ESTUDANDO E REFLETINDO http://aloualem.blogspot.com.br/2011/05/vida-e-movimento-aproveite-osmomentos.html 13 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 04 - Capacitação de pessoas Sebastião Donizeti Bazon Já vimos anteriormente que a movimentação de pessoas é de extrema importância para o desenvolvimento organizacional. Para que se possa compreender essa importância, podemos classificar a movimentação em função de sua natureza. Abaixo, você poderá conhecer essas naturezas: v CAPTAÇÃO: A captação de pessoas pode ser entendida como toda atividade da empresa para encontrar e estabelecer uma relação de trabalho com pessoas capazes de atender suas necessidades. A captação pode ser definida como o processo de Recrutamento e Seleção da empresa. Mas não devemos reduzi-la a este processo, pois a captação pode ocorrer de outras formas atualmente. Entre elas podemos citar as Cooperativas de trabalho. v INTERNALIZAÇÃO: A internalização de pessoas pode ser compreendida como todas as atividades que visem à construção de uma relação entre a pessoa e a organização. As práticas de internalização mais comumente encontradas nas empresas são: https://www.google.com.br/search?q=internalização+significado ü Integração: procura aclimatizar as pessoas em seu ambiente de trabalho, orientando, acolhendo e informando sobre as normas e rotinas da empresa. 14 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 04 - Capacitação de pessoas Sebastião Donizeti Bazon ü Orientação: serve para orientar os novos colaboradores em seus contatos iniciais com a empresa. ü Divulgação da organização: ações que visam criar uma imagem positiva da empresa em seu mercado. ü Negociação de expectativas: ações desenvolvidas durante os contatos preliminares do colaborador com a organização, podendo com isso avaliar as expectativas entre a pessoa e a organização. v TRANSFERÊNCIA: A transferência pode ser definida como movimentos dentro da empresa pelas quais as pessoas mudam de área de atuação, carreira ou área geográfica. As transferências são normalmente realizadas observando-se os interesses das pessoas envolvidas e da organização. v EXPATRIAÇÃO: Um movimento muito utilizado nas empresas atualmente é a expatriação, principalmente em decorrência do aumento de sedes das empresas em vários lugares do mundo. Deve ser entendida como a transferência do colaborador e sua família para outros países em que a sua empresa presta serviços. https://www.google.com.br/search?q= ▍◢Ⅲ4 86╱πμ3▆〦H 15 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 04 - Capacitação de pessoas Sebastião Donizeti Bazon A expatriação deve ser vista como um processo complexo, que implica vários aspectos: ü Mudança para um local com costumes e cultura diferentes ü Alteração de rotinas ü Criação de infraestrutura para o colaborador e sua família ü Necessidade de acompanhamento constante em relação à adaptação da nova vida. v RECOLOCAÇÃO: movimento característico da modernidade da gestão de pessoas. Pode ser chamado também de Outplacement. Iremos aprofundar nossos estudos sobre este tema em unidades posteriores. BUSCANDO CONHECIMENTO No link abaixo, você poderá realizar uma leitura sobre um programa de expatriação e aumentar seus conhecimentos sobre o tema. RH.com. br - Recrutamento e Seleção - Programa de trainees descobre talentos no Brasil, Chile e Argentina Assista ao filme: A Firma Sinopse e detalhes Mitch McDeere (Tom Cruise) é um jovem advogado vai trabalhar com um alto salário e diversas vantagens em uma firma em Memphis. Porém, logo descobre que a empresa onde trabalha está envolvida com lavagem de dinheiro da Máfia e que todos os advogados que saíram ou tentaram sair da firma morreram precocemente, de forma misteriosa. O filme questiona o código de ética, que mantêm em sigilo da relação do advogado com o cliente, que proíbe por toda a vida que um crime cometido por um cliente seja revelado por seu advogado. http://www.adorocinema.com/filmes/filme16 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 05 - Gestão de Pessoas X Capital Humano Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Compreender a necessidade de adotar um modelo adequado de Gestão de Pessoas ESTUDANDO E REFLETINDO Quando começamos a estudar e identificar os processos de Gestão de Pessoas dentro das empresas, concluímos que muitas delas se baseiam em modelos equivocados, baseando-se em premissas que não contemplam a realidade organizacional. Essa base traz para as empresas efeitos indesejável e dificulta a análise real das causas de seu insucesso. Algumas empresas acabam acreditando que não existe um modelo capaz de suprir de maneira eficaz todas as necessidades da Gestão de Pessoas. Por isso, acabam desenvolvendo desvalorizando muitas essa o colaborador, vezes gestão pois utiliza moldes que acabam “empurrando as pessoas de um lado para o outro” SETOR PÚBLICO Os responsáveis pela gestão de pessoas no setor público devem saber motivar os funcionários, para que estes sintam que são uma peça importante na empresa. Se isto acontecer, seguramente terão um melhor desempenho no trabalho. Além disso, a área de gestão de pessoas tem também a responsabilidade de exercer práticas de gerenciamento, planejamento, avaliação e recompensas, criando e mantendo um ambiente profissional e positivo na organização. http://www.significados.com.br/gestaode-pessoas/ sem dar um rumo adequado para suas necessidades. Adotar um modelo que contribua para o crescimento da empresa, que consiga compreender a realidade, construindo diretrizes e instrumentos é 17 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 05 - Gestão de Pessoas X Capital Humano Sebastião Donizeti Bazon fundamental para que a organização possa reverter esta visão de senso comum, tornando a Gestão de Pessoas um processo que desenvolve a empresa e seu capital humano, e não apenas um processo utópico. Dutra (2009) sugere a adoção de um modelo intitulado Ideias-força, que pode ser sintetizado como: • Desenvolvimento Mútuo: a gestão de pessoas deve estimular e criar condições necessárias para que empresa e pessoas possam desenvolver-se mutuamente nas relações que estabelecem; • Satisfação Mútua: A gestão de pessoas deve alinhar a um só tempo os objetivos estratégicos e negociais da organização e o • projeto profissional e de vida de GESTÃO DE TEMPO: seus colaboradores; Administrar o tempo é saber usá-lo para realizar as atividades que você considera importantes e prioritárias, profissional ou pessoalmente. Administrar o tempo é organizar a sua vida de tal maneira que você obtenha tempo para fazer as coisas que realmente gostaria de estar fazendo e que possivelmente não vem colocando em prática porque anda tão ocupado com tarefas urgentes e de rotina (muitas delas não tão urgentes nem tão prioritárias) que não sobra tempo. Consistência no tempo: Deve oferecer parâmetros estáveis no tempo para que, dentro de uma realidade cada vez mais turbulenta, seja possível a empresa e as pessoas ter referenciais para se posicionarem de forma relativa em diferentes contextos e momentos dessa realidade. Para que esse modelo sugerido consiga se efetivar dentro da Quem tem tempo não é quem não faz nada. É a pessoa que consegue administrar o tempo que possui. Todos nós conhecemos pessoas (um tio idoso, uma prima) que (pelos nossos padrões) não fazem nada o dia inteiro e, no entanto, constantemente se dizem sem tempo. http://www.ibahia.com/a/blogs/empre gos/files/2011/06/APOSTILAS-GESTDO-TEMPO- -E-METAS.pdf . 18 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 05 - Gestão de Pessoas X Capital Humano Sebastião Donizeti Bazon empresa, é fundamental que se respeitem algumas condições. No quadro abaixo é possível identificar essas condições: • TRANSPARÊNCIA: quanto mais claros forem os objetivos e critérios da gestão de Pessoas, mais fácil poderá ser seu sucesso • SIMPLICIDADE: quanto mais simples forem os critérios da Gestão de Pessoas mais transparência e maior compreensão serão possíveis na sua prática • FLEXIBILIDADE: quanto os critérios são flexíveis, possíveis de serem moldados de acordo com as necessidades da organização, maior a probabilidade de serem eficientes. GESTÃO- TERCEIRO SETOR Em uma organização religiosa e sem fins lucrativos a gestão pode ser entendida como “gestão compartilhada numa perspectiva de envolvimento de seus membros” (CARVALHO, 2004), possibilitando um processo de “capacitação de pessoas para atuarem em conjunto, inserção na cultura, compromisso com metas e valores compartilhados, aprendizado constante, comunicação e responsabilidade, critérios de desempenho, resultado focado em seu destinatário” (MURAD. 2007, p. 75). https://www.metodista.br/revistas/revistas PARA SABER MAIS Os links abaixo apresentam considerações importantes sobre a importância do modelo de Gestão de Pessoas ser claro e transparente. Boa leitura! 19 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 05 - Gestão de Pessoas X Capital Humano Sebastião Donizeti Bazon http://scholar.google.com.br/scholar_url?hl=ptBR&q=http://www.conceptus.org/mate_disc/textos_pdf/contexto_historico.pdf&sa =X&scisig=AAGBfm3L-G0BCywyEAtxvgv0SNv67--6zQ&oi=scholarr&ei=CRmT46IE8jIgQepj6HXAg&ved=0CEUQgAMoADAA 20 CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Discutir modelos importantes de Gestão de Pessoas ESTUDANDO E REFLETINDO Dutra (2009) elege a balança como modelo ideal de Gestão de Pessoas, pois ela representa o equilíbrio, fator indispensável para o sucesso de qualquer gestão. Abaixo é possível visualizar o que estamos relatando acima. PROCESSOS DE GESTÃO PESSOAS EMPRESAS BASES ESTRUTURAIS PROCESSOS DE APOIO 21 Para que seja possível discutir o modelo acima, é importante analisar as partes: • PESSOAS: cabem as pessoas a gestão de sua carreira, tendo consciência de seu papel e de sua importância para que o processo seja eficaz e eficiente. • EMPRESAS: cabe à empresa criar espaço para que as pessoas se desenvolvam, oferecendo suporte e condições para uma relação de alavancagem mútua das experiências. A empresa deve estar comprometida com seu capital humano, respeitando a individualidade, proporcionando satisfação das necessidades, e mantendo a transparência de seus processos. • PROCESSO DE GESTÃO DE PESSOAS: podem ser definidos como interações entre partes com um objetivo e dentro de parâmetros previamente determinados. Esses objetivos e parâmetros podem ser classificados como: a) Movimentação: tem como objetivo básico dar suporte a toda ação de movimento da pessoa que estabelece uma relação com a empresa independentemente de seu vínculo empregatício. Essa categoria compreende as seguintes práticas, segundo Dutra (2009): a.1) Captação a.2) Internalização a.3) Transferências a.4) Promoções Esses temas citandos nas três categorias serão discutidos em unidades posteriores. a.5) Expatriação a.6) Recolocação 22 b) Desenvolvimento: tem como objetivo estimular e criar condições para o desenvolvimento das pessoas e da organização. As práticas agrupadas nessa categoria são: b.1) Capacitação b.2) Carreira b.3) Desempenho c) Valorização: determinar tem a como valorização objetivo das estabelecer pessoas parâmetros dentro do para ambiente organizacional. As práticas agrupadas nesta categoria são c.1) Remuneração c.2) Premiação c.3) Serviços e facilidades • BASES ESTRUTURAIS: podem ser definidas com os compromissos mútuos estabelecidos entre a empresa e o colaborador (pessoas). São as políticas e práticas existentes na organização que orientam o comportamento. • PROCESSOS DE APOIO: podem ser definidos como as interações não ligadas unicamente a gestão de pessoas, mas que são fundamentais para que ela possa ser efetiva. Esses processos são: Ø Informações Ø Comunicação Ø Relações sindicais Ø Relações com a comunidade 23 Um dos modelos mais utilizados atualmente denomina-se Gestão por Competências. A Gestão por Competências tem o objetivo de fornecer à área de Recursos Humanos e Gestores das empresas ferramentas para realizar Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, com clareza, foco e critério. Essas ferramentas são totalmente alinhadas às atribuições dos cargos e funções de cada organização. Os principais subsistemas da Gestão por Competências são: • MAPEAMENTO E MENSURAÇÃO POR COMPETÊNCIAS - Através do Mapeamento e Mensuração por Competências são identificados os conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) necessárias para a execução das atividades de um cargo/função e mensurado o grau ideal para cada grupo de competências para que uma pessoa que assuma o cargo/função atinja os objetivos da empresa. O Mapeamento e Mensuração por Competências são à base da Gestão de Pessoas por Competências, portanto, deve-se tomar muito CUIDADO com as metodologias subjetivas existentes no mercado, baseadas no acho e não acho, gosto e não gosto, pode e não pode, o ideal seria, etc. Essas metodologias promovem grandes equívocos na obtenção do perfil ideal do cargo. • SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS - Por meio da Seleção por Competências será realizada a entrevista comportamental, visando identificar se o candidato possui o perfil ideal para a vaga de emprego. • AVALIAÇÃO POR COMPETÊNCIAS - Através da Avaliação por Competências, é verificado se os perfis comportamentais e técnicos dos 24 colaboradores de uma corporação estão alinhados ao perfil ideal exigido pelos cargos/funções. • PLANO DE DESENVOLVIMENTO POR COMPETÊNCIAS - Por meio do Plano de Desenvolvimento por Competências será aperfeiçoado e potencializado o perfil individual de cada colaborador através de ações de desenvolvimento. Como vimos acima, é importante transformar o ambiente organizacional em um espaço que proporcione essas condições apresentadas, tornando a Gestão de Pessoas um processo que tende a agregar valor à empresa e ao capital humano. APRENDENDO MAIS Assista ao vídeo abaixo e faça uma reflexão envolvendo os tópicos discutidos nesta unidade e o conteúdo apresentado no vídeo: Recrutamento e Seleção - José Nelson - YouTube 25 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 07 – Desenvolvimento do conceito Gestão de Pessoas Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Mostrar que as empresas mudaram e precisam de pessoas que evoluam com elas. ESTUDANDO E REFLETINDO Desenvolvimento é um conceito utilizado em todos os aspectos da vida dos seres humanos. Quando nascemos, vamos nos desenvolver para atingir a infância e assim até chegarmos à velhice. Esse termo está presente em todos os âmbitos da vida: pessoal, profissional, interrelacional, enfim, tudo que envolve perspectiva de avanço ou crescimento. Ao estudar a definição do conceito Desenvolvimento chegamos à seguinte nomenclatura: crescimento, propagação, ato de se desenvolver. Essas definições contribuem para compreendermos que, dentro de um ambiente organizacional é preciso querer “Crescer”, dedicar-se para se “Desenvolver”. Mas para que isso seja possível a empresa deve acreditar em seu colaborador, valorizá-lo, criando e proporcionando oportunidades para que isso seja efetivo. Mas como o colaborador ou mesmo a empresa pode participar ativamente deste processo de Desenvolvimento? 26 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 07 – Desenvolvimento do conceito Gestão de Pessoas Sebastião Donizeti Bazon No quadro abaixo é possível comparar a evolução que este processo obteve dentro da realidade organizacional ABORDAGEM TRADICIONAL ABORDAGEM MODERNA Modelo casual Modelo planejado Esquema randômico Atitude reativa Visão de curto prazo PROCESSOS DE DESENVOLVER PESSOAS Esquema intencional Atitude proativa Visão de longo prazo Baseado na imposição Baseado no consenso Estabilidade Instabilidade e mudança Conservação Inovação e criatividade Permanente e definitivo Provisório e mutável (Chiavenato, 2004 p. 335) BUSCANDO CONHECIMENTO O que é possível identificar nesses dois modelos? As empresas mudaram e precisam de pessoas que evoluam com elas, por isso a Abordagem Tradicional deu lugar á Abordagem Moderna na qual os movimentos que proporcionam o crescimento da empresa são baseados em atitudes proativas, inovação e criatividade. Foram deixados para trás os processos engessados, que visavam apenas o aqui e agora. A palavra da vez é Estratégia. O bom empreendedor tem visão de futuro e não fica estagnado no passado. Cria estratégias flexíveis, facilmente adequadas às mudanças. Todas as pessoas têm uma incrível capacidade de aprender e se desenvolver, sendo que a educação está no alicerce dessa capacidade. Para desenvolver pessoas não basta lhes dar informações. É necessário darlhes formação para que: 27 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 07 – Desenvolvimento do conceito Gestão de Pessoas Sebastião Donizeti Bazon - aprendam novas atitudes, - soluções, ideias, conceitos, - modifiquem seus hábitos e comportamentos - tornem mais eficazes Baseando-se nestas informações, devemos entender que processo de desenvolvimento deva englobar duas situações fundamentais: Aprendizagem Contínua e Mudança de Comportamento. Para que aconteçam, as empresas utilizarão dois programas que nortearão e contribuirão para a aprendizagem e para a mudança de comportamento, quesitos vitais para que o Desenvolvimento de Pessoas seja consumado. Esses programas são definidos por Treinamento, Desenvolvimento de Pessoas e Desenvolvimento Organizacional. Na figura abaixo é possível identificar como estes programas são interligados, uma vez que um depende do outro para que funcionem e atinjam os objetivos esperados. Treinamento e Desenvolvimento são temas de unidades posteriores. Aqui trataremos desses assuntos de um modo superficial, apenas contemplando os objetivos da unidade TREINAMENTO DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS DESENVOLVIMENTO ORGANIZACIONAL Chiavenato, 2004, pag. 335 28 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 07 – Desenvolvimento do conceito Gestão de Pessoas Sebastião Donizeti Bazon PARA SABER MAIS Os links abaixo apresentam uma contribuição para o conteúdo estudado nesta unidade. Aproveitem! Papo de Empreendedor | Por que apostar no desenvolvimento de pessoas? Artigos - IntegRHar#KHFIM .: RH Portal :. O mais completo portal de Recursos Humanos Assista aos vídeos abaixo e procure fazer uma reflexão relacionada à Gestão Eficaz e o Desenvolvimento de Pessoas Gestão Eficaz - Desenvolvimento de pessoas parte 1 - YouTube Gestão Eficaz - Desenvolvimento de Pessoas Parte 2 - YouTube 29 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 08 - Valorização de pessoas Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Conhecer as formas como as pessoas são valorizadas pela empresa ESTUDANDO E REFLETINDO “É romantismo dizer que basta fazer o que gosta para ser feliz. As pessoas precisam ser valorizadas. O salário permite a reprodução social e supre as necessidades básicas. É difícil viver só do sonho”. Serra (2009) Para falarmos em valorização de pessoas, é importante compreender o significado desta palavra. Valorização é o ato ou efeito de valorizar. Valorizar significa dar valor a alguma coisa ou alguém. Mas como as organizações podem valorizar seu colaborador, fazendo com que ele sinta-se motivado a desenvolver-se e como consequência, desenvolver a empresa? A resposta está nas Recompensas, que podem ser entendidas como o atendimento das expectativas e necessidades das pessoas como: econômicas, crescimento pessoal e profissional, segurança, projeção social, reconhecimento, possibilidade de expressar-se em seu trabalho entre outras questões. A questão fundamental na recompensa é como diferenciar as pessoas, ou seja, como a recompensa deve ser distribuída entre as pessoas que trabalham na empresa. Quais os critérios que devem ser utilizados pela organização para diferenciar, pelas recompensas oferecidas, as pessoas com as quais elas mantêm relações de trabalho? Estes critérios utilizados têm como referência o mercado de trabalho e a equicidade interna (Padrão interno de Equicidade). 30 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 08 - Valorização de pessoas Sebastião Donizeti Bazon As referências advindas do Mercado De Trabalho são obtidas mediante pesquisas específicas, que ajudam a empresa a posicionar-se de forma a manter uma relação competitiva, ou seja, aplicar critérios de recompensa que permitam atrair e reter talentos. Porém o mercado é instável e o posicionamento da empresa baseado unicamente nesta vertente é insuficiente. Os Padrões Internos De Equicidade tornam-se, a partir da instabilidade mercadológica, um critério decisivo para as recompensas, para que os colaboradores de uma empresa sintam-se seguros e sujeitos a bases justas. A organização tem várias formas de concretizar a recompensa, desde o reconhecimento formal por uma contribuição de um colaborador por meio de um elogio, de uma carta ou prêmio, até um aumento salarial ou promoção. BUSCANDO CONHECIMENTOS Vamos aprofundar nossos conhecimentos nos Padrões Internos De Equicidade, pois, como vimos anteriormente é um critério importante para a valorização e recompensa do colaborador. Segundo Dutra (2009) a grande dificuldade para estabelecer padrões internos de equicidade está em determinar critérios de diferenciação que sejam a um só tempo: • Capazes de traduzir a contribuição de cada pessoa para a organização; • Aceitos por todos como justos e adequados; • Mensuráveis pela organização e pela própria pessoa; • Coerentes e consistentes no tempo; • Simples e transparentes para que todas as pessoas possam compreendê-los e ter acesso a eles. 31 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 08 - Valorização de pessoas Sebastião Donizeti Bazon Ao analisar a realidade organizacional é possível identificar uma tendência para considerar critérios de diferenciação que apontem o nível de agregação de valor da pessoa para a empresa. Um dos aspectos considerados vem a partir da quantidade de trabalho que o colaborador oferece para a empresa, ou seja, o acúmulo de tarefas que justificam o emprego de um trabalhador. Este acúmulo pode ser definido como Cargo. O cargo foi utilizado durante muito tempo como principal referência para diferenciar a agregação de valor. Durante o período em que o cargo caracterizou o trabalho realizado pela pessoa na empresa, ele pode ser utilizado como referencial para diferenciá-lo; atualmente, entretanto, as tarefas e posições de pessoas nas empresas modificam-se rapidamente e, por consequência, o cargo torna-se volátil. O que podemos encontrar na realidade organizacional nos dias de hoje é a Correlação da Agregação de Valor com o Nível de Complexidade, ou seja, é possível medir o valor a ser agregado comparando a complexidade do cargo ou função a ser desempenhado. Outro tema de suma importância para o assunto que estamos conhecendo e estudando refere-se à Remuneração. Remuneração, segundo Dutra (2009) é a contrapartida econômica ou financeira de um trabalho realizado pela pessoa. Antigamente falar em Remuneração era desenvolver conceitos rígidos, inflexíveis. Abaixo você poderá visualizar um quadro com as principais mudanças sobre este tema: Item Estrutura Sistemas Tradicionais • hierárquica rígida • muitos Sistemas Modernos • modelos flexíveis, células organizacional níveis • poucos níveis hierárquicos hierárquicos 32 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 08 - Valorização de pessoas Sebastião Donizeti Bazon ascensão salarial por meio • ascensão • salarial por do desenvolvimento meio de promoções Amplitude de ação • profissional restrita e bem definidas • ampla e pouco definida • varia em função do perfil do profissional Definição de clara • • responsabilidades • difusa orientação por meio da visão e objetivos comuns Processo papéis e forma de • decisório • contingencial tomada de decisão bem definida Estratégia planejamento executado • todos participam da gestão • pela cúpula com apoio de um grupo estratégica, orquestrada de pelos gerentes de negócios especialistas Estilo gerencial • grande distância líder • pequena distância líder- liderado • valorização da liderado (líder como coach) obediência, • estabilidade e conformidade • valorização da adaptabilidade e prontidão para mudança (WOOD JR.; PICARELLI FILHO,1999, p. 86) 33 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 08 - Valorização de pessoas Sebastião Donizeti Bazon A remuneração atual pode ser dividida em algumas categorias, em razão da forma que se apresenta a pessoa. Abaixo é possível visualizar um quadro com os tipos de remuneração existentes: - Remuneração Direta: total de dinheiro que a pessoa recebe em contrapartida ao trabalho realizado. O total de dinheiro pode ser fixo ou variável. - Remuneração Indireta: conjunto de benefícios que a pessoa recebe em contrapartida ao trabalho realizado. Geralmente, a remuneração indireta é complementar a remuneração direta. Podemos dividir também, a remuneração em função da forma como se apresenta e do objeto da remuneração. Abaixo você pode visualizar um quadro com essas categorias: - Remuneração Básica: remuneração recebida pelas pessoas em troca de seu trabalho. Pode ser determinada com base no cargo exercido pela pessoa, nas habilidades requeridas e possuídas ou nas competências exigidas. - Remuneração por Senioridade: remuneração recebida por tempo de serviço ou de experiência. Comumente é conhecida em adicionais percentuais ao salário. - Remuneração por performance: remuneração que procura premiar os resultados apresentados pelas pessoas e pela empresa ou negócio. - Remuneração Indireta: remuneração apresentada em forma de benefícios, serviços ou facilidades oferecidas pela empresa ao MAIS lPARA b SABER d 34 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 08 - Valorização de pessoas Sebastião Donizeti Bazon Os links abaixo complementam seus estudos. Clique e boa leitura! RH.com.br - Mudança - Menos “Recursos Humanos”, mais “Valorização Humana” LG Sistemas: valorização de pessoas e um caso de sucesso - Sala de imprensa - LG Sistemas 35 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 09 - Preparando para a aposentadoria Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Estudar como as empresas preparam seus colaboradores para a aposentadoria ESTUDANDO E REFLETINDO Quem não sonhou um dia com a tão desejada aposentadoria. Poder curtir a vida, passear, viajar, enfim, realizar os mais diversificados sonhos. Mas ainda tem pessoas que sofrem com esta possibilidade. Você pode estar se perguntando como isto é possível. O fato de sentir-se fora do mercado de trabalho gera sofrimento e angústia em alguns trabalhadores, que dedicaram sua vida inteira em função da empresa e torna-se inviável acreditar que poderão viver sem aquela rotina e que, a empresa poderá viver sem eles. As empresas podem preparar seus colaboradores para uma aposentadoria tranqüila, usufruindo de um merecido descanso preservando a saúde mental destas pessoas. Esta unidade dedicará um olhar para estes colaboradores e sua relação com a possibilidade de aposentar-se. Vamos começar entendendo o que é Aposentadoria. A imagem abaixo traz uma definição do que isso representa na vida da maioria das pessoas: 36 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 09 - Preparando para a aposentadoria Sebastião Donizeti Bazon http://www.financasonline.org/2010/11/previdencia-privada-planejando-separa.html Vamos entender a imagem acima e sua relação com a aposentadoria. A APOSENTADORIA é o momento no qual o servidor completou o tempo efetivo de trabalho na situação ativa. EXISTE: APOSENTADORIA POR IDADE: Modalidade de aposentadoria destinada aos trabalhadores urbanos contribuintes da Previdência Social com 65 anos, no caso de homens, e 60 anos no caso de mulheres. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. Benefício destinado a trabalhadores incapacitados de trabalhar por motivo de acidente ou por doença. É claro que esta incapacidade deve ser constatada por perícia médica, que deve ser feita de dois em dois anos. Ainda, no caso de doença, o benefício só vale se mesma tiver sido contraída no decorrer do exercício da atividade profissional. 37 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 09 - Preparando para a aposentadoria Sebastião Donizeti Bazon APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. Este benefício pode ser requerido por quem pode comprovar pelo menos 35 e 30 anos de contribuição, no caso de homens e mulheres respectivamente. Pode, também, ser requerido proporcionalmente: os homens poderão requerê-la aos 53 anos de idade e 30 de contribuição, enquanto as mulheres aos 48 anos de idade e 25 de contribuição, por exemplo. APOSENTADORIA ESPECIAL Benefício exclusivo aos profissionais que trabalharam em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. Neste caso, o segurado tem de comprovar que trabalhou sob estas condições pelo período exigido para concessão do benefício (que é de 15, 20 ou 25 anos).·. Nesta unidade iremos nos ater ao estudo da aposentadoria por tempo de contribuição ou por idade, deixando os casos especiais como invalidez para outros estudos. Já vimos que a aposentadoria representa o cumprimento do tempo de serviço do trabalhador. Mas o que representa emocionalmente para o indivíduo este processo de aposentar-se. O verbo aposentar-se significa “Isentar-se, deixar cargo ou serviço, conservando inteira ou parcialmente o ordenado”. Mas só de remuneração vive o indivíduo? Nós sabemos o quanto as pessoas precisam sentir-se úteis, necessárias para viver emocionalmente bem. Mas existem questões emocionais envolvidas neste processo e é o que veremos a seguir. Segundo Guimarães (2009) durante a fase que antecede a aposentadoria muitas pessoas se deparam com mudanças psicossociais tão significativas, que 38 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 09 - Preparando para a aposentadoria Sebastião Donizeti Bazon exige o repensar sobre o que fazer e que nova rotina criar. Os questionamentos são inúmeros e o desejo de encontrar alternativas que a princípio são desconhecidas, ocupa grande parte do pensamento dos que estão prestes a se aposentar. Considerando que apenas uma pequena proporção das pessoas estará bem informada, orientada e preparada pelas suas empresas para lidar com a eminente aposentadoria, seria interessante compreender como algumas pessoas vivenciam sentimentos e mobilizam emoções que podem afetar inclusive, a perda de sua identidade, com a possibilidade de criar um campo aberto para doenças psicossomáticas que são, em princípio, as respostas do organismo ao stress, fruto do medo, das emoções negativas e das frustrações que possivelmente irão refletir na sua vida, seja na empresa, na família ou socialmente. Guimarães (2009) ainda reforça que como são poucas as empresas que atualmente apresentam no seu plano de gestão de pessoas, à construção de programas de preparação para a aposentadoria com foco na informação e compreensão do que é aposentadoria, e menos ainda, àquelas que oferecem uma assistência psicossocial para esta fase de transição, seria bom refletirmos como lidar com esta fase de mudanças, já que grande parte desse público se informa por meio dos veículos de comunicação e outras fontes, gerando sentimentos e reações que podem se manifestar afetando a sua saúde física, emocional, mental, causando inclusive, enorme repercussão nas suas relações sociais. Aposentadoria - momento ímpar da vida de um trabalhador. Realizar um sonho? Libertar-se? Perder influências, poder? Assumir o envelhecimento? Esses são apenas alguns dos questionamentos feitos quando é necessário tomar uma decisão. Isso não significa, porém, que as respostas devam ser necessariamente negativas e acompanhadas de quadros de depressão e doenças na pósaposentadoria. Para que isso não aconteça, é importante que trabalhadores e 39 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 09 - Preparando para a aposentadoria Sebastião Donizeti Bazon empregadores conheçam melhor esse assunto e reflitam sobre seus direitos e possibilidades na nova vida pós-aposentadoria. Enquanto uns ficam felizes com sua aposentadoria, outros, ao contrário, entram em conflitos. Esta é uma etapa problemática: é o fim de um período que foi muito produtivo, que se iniciou quando o indivíduo era jovem e saudável. Para muitos, aposentadoria significa pendurar as chuteiras, tornar-se inútil, e junto a tudo isso, vem uma nostalgia da rotina do trabalho, do ambiente e da falta dos colegas. PARA SABER MAIS Para aprofundar seus conhecimentos no assunto discutido nesta disciplina, clique nos links abaixo. Boa leitura! RH.com. br - Carreira - WEG prepara funcionários para aposentadoriaPreparação para Aposentadoria 40 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 10 - Planejar para aposentadoria Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Estudar as questões psíquicas envolvendo o processo de aposentadoria. BUSCANDO CONHECIMENTOS http://www.portaleducacao.com.br/telemarketing/noticias/50248/como-preparar-os-colaboradores-paraaposentadoria Agora que já estudamos as questões psíquicas envolvendo o processo de aposentar-se, vamos dedicar nossa atenção a este processo dentro do ambiente organizacional e identificar o que as empresas tem feito para que aconteça de uma maneira natural e sem sofrimento. nas empresas do país é que os colaboradores, mesmo depois de cumprirem legalmente seus 30 ou 35 anos de trabalho, descobrem, pouco antes de se aposentarem, que precisaram continuar trabalhando para manter seus atuais padrões de vida, tendo assim que optar pela queda dos rendimentos ou pela 41 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 10 - Planejar para aposentadoria Sebastião Donizeti Bazon continuidade no trabalho, perdendo a grande oportunidade de curtir sua família, seus netos, viajar, entre outros benefícios. O problema se torna ainda mais grave para empresas porque, quando a situação chega a este ponto, a pessoa fica desmotivada, o que leva ao aumento de faltas, diminuição da produtividade, dentre outros problemas que têm reflexo direto na rentabilidade das empresas. Por mais que o profissional seja qualificado e pareça ser insubstituível, é importante ter em mente que ele tem sua 'validade' e que essa deve ser respeitada. É importante mostrar como os colaboradores podem se planejar para aposentadoria, qual o valor que deve ter poupado e quanto necessitará de acumular de reservas financeiras para que possa gozar de uma aposentadoria sustentável e assim curtir momentos prazerosos junto a seus familiares. A aposentadoria é uma conquista que deve ser feita no cotidiano, pois, infelizmente, se a pessoa depender apenas do INSS, ela terá uma triste surpresa, pois, seus rendimentos cairão drasticamente, e o caminho será dívidas, mudança do padrão de vida ou continuar forçosamente a trabalhar. A área de Recursos Humanos é a grande responsável pela mudança dessa realidade nas empresas. Muitas empresas concedem um sem número de benefícios e auxílios aos seus funcionários, buscando melhorar o ambiente de trabalho e, por conseqüência, a produtividade. No entanto, esquecem de um fator fundamental para o equilíbrio psicológico de seus profissionais: a saúde financeira. Inegavelmente, ela é essencial para o bem-estar das famílias e, naturalmente, é um aspecto importante na produtividade das empresas. Garman (2008) vem desenvolvendo estudos nesse sentido e mostrando a importância do equilíbrio financeiro dos funcionários na produtividade das empresas. Suas pesquisas mostram que empregados com problemas financeiros são os que apresentam maiores índices de faltas e atrasos. Além disso, utilizam 42 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 10 - Planejar para aposentadoria Sebastião Donizeti Bazon seu tempo (e recursos da empresa) para buscar soluções para os seus problemas de dinheiro. Com ajuda das áreas de Recursos Humanos e Treinamento é possível tratar o problema de maneira comportamental e combatendo a causa (falta de educação financeira) e não o efeito (falta de dinheiro e dívidas). Educar financeiramente significa entender que educação financeira não se trata de matemática e macro economia, mas de hábitos e costumes, isto é, mudança de comportamento de como enxergamos e lidamos com o dinheiro. Segundo o site UOL (2012) é possível identificar e reconhecer algumas orientações para as empresas iniciarem um programa de educação financeira: 1. Programa de educação financeira para empresas não se resume a palestra de finanças pessoais, ou cursos de investimentos; 2. Educação Financeira deve ser tratada como responsabilidade social na empresa, devendo, assim, beneficiar funcionários, familiares, comunidade e empresa. 3. Adotar critérios e orientar o funcionário antes de disponibilizar crédito consignado. É importante que o empréstimo seja consciente, que realmente vá ajudá-lo a solucionar o problema que o atormenta. Muitas vezes é um alívio imediato, mas que em poucos meses se torna um problema ainda maior, principalmente porque os ganhos líquidos mensais serão reduzidos em aproximadamente 30%. 4. Procurar um programa estruturado de educação financeira, que possa se adequar facilmente aos diferentes perfis de necessidade da empresa e dos funcionários. 5. Criar campanhas de conscientização e de mudança de hábitos e costumes em relação à utilização do dinheiro. 43 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 10 - Planejar para aposentadoria Sebastião Donizeti Bazon 6. Antes de decidir por um programa de educação financeira analisar toda sua estrutura, como tempo, método, material de apoio e disponibilidade dos funcionários. 7. A educação financeira independe do salário do colaborador, os problemas podem ocorrer até mesmo nos maiores salários da empresa. 8. O problema da falta de educação financeira já está intrínseco em nossa sociedade, assim sendo, não é culpa do trabalhador. 9. A empresa que investe em um programa de educação financeira também ganha, visto que seus colaboradores trabalham com mais prazer, mais tranqüilidade e buscando crescimento, pois retomam a consciência de ter objetivos. 10. Orientar funcionários a combaterem a causa do problema financeiro e não apenas os efeitos. PARA SABER MAIS Para aprofundar seus conhecimentos no assunto discutido nesta disciplina, clique nos links abaixo. Boa leitura! RH Central - Destaque: Como se preparar para a aposentadoria? 44 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 11 - Higiene e segurança do trabalho Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Conhecer a importância da higiene e da segurança do trabalho ESTUDANDO E REFLETINDO http://sht-shtnivel3.blogspot.com.br/2009/01/funes-do-tcnico-de-segurana-e-higiene.html A higiene do trabalho está relacionada com as condições ambientais de trabalho que asseguram a saúde física e mental e com as condições de bem-estar das pessoas. Do ponto de vista de saúde física, o local de trabalho constitui a área de ação da higiene do trabalho, envolvendo aspectos ligados a exposição do organismo humano a agentes externos como ruído, ar, temperatura, umidade e equipamentos de trabalho. Assim, um ambiente saudável deve envolver condições ambientais físicas que atuem positivamente sobre todos os órgãos do sentido. Do ponto de vista de saúde mental, o ambiente de trabalho deve envolver condições psicológicas e sociológicas saudáveis e que atuem positivamente sobre o comportamento das pessoas, evitando impactos emocionais como o estresse. 45 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 11 - Higiene e segurança do trabalho Sebastião Donizeti Bazon No quadro abaixo é possível visualizar os principais itens de um programa de Higiene do Trabalho: Ambiente físico de trabalho, envolvendo: • • • • Iluminação, Ventilação, Temperatura, Ruídos. Ambiente Psicológico de trabalho, envolvendo: • • • • Relacionamentos humanos agradáveis, Tipo de atividade agradável e motivadora, Estilo de gerência democrático e participativo, Eliminação de possíveis fontes de estresse. Aplicação de Princípios de ergonomia, envolvendo: • • • Máquinas e equipamentos adequados às características humanas, Mesas e instalações ajustadas ao tamanho das pessoas, Ferramentas que reduzam a necessidade de esforço físico humano. Vamos conhecer alguns conceitos principais neste processo que envolver o cuidado com a saúde do colaborador. Podemos começar pensando na Saúde Ocupacional, que está relacionada com a assistência médica preventiva. A Lei nº 24/94 instituiu o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional que exige o exame médico préadmissional, periódico, de afastamento, de mudança efetiva de função e o demissional. 46 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 11 - Higiene e segurança do trabalho Sebastião Donizeti Bazon Um programa de Saúde Ocupacional requer as seguintes etapas, segundo Chiavenato (1999): Saúde Ocupacional, envolvendo: • • • • Estabelecimento de um sistema de indicadores, abrangendo estatísticas de afastamentos e acompanhamento de doenças. Desenvolvimento de sistemas de relatórios médicos. Desenvolvimento de regras e procedimentos para prevenção médica. Recompensas aos gerentes e supervisores pela administração eficaz da função de saúde ocupacional. Ainda estudando sobre Saúde Ocupacional é importante identificar quais são os principais problemas de saúde nas organizações. No quadro abaixo você poderá fazer uma leitura acerca deste tema: ü Automedicação sem cuidados médicos adequados; ü Vida sedentária, sem contatos sociais e sem exercícios físicos; ü Hábitos alimentares inadequados: obesidade ou perda de peso; ü Estresse no trabalho; ü Exposição a produtos químicos perigosos, como ácidos; ü Exposição a condições ambientais frias, quentes, contaminadas, secas, úmidas, barulhentas, pouco iluminadas; ü Alcoolismo e dependência química de drogas, medicamentos, fumo; ü AIDS: é a síndrome de deficiência imunológica adquirida que ataca o sistema que protege o organismo de doenças. PARA SABER MAIS 47 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 11 - Higiene e segurança do trabalho Sebastião Donizeti Bazon Os links abaixo sugerem leituras complementares sobre os temas discutidos nesta unidade. Bons estudos! RH.com. br - Qualidade de Vida - Higiene e segurança no trabalho Palestra Sivaldo Ibes 2006[1]. 2 A SegurançA Do Trabalho Na GestãO ... 48 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 12 - Estresse Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO É identificar o estresse como estimulo ou situação ESTUDANDO E REFLETINDO Um tema atual encontrado nas empresas e que se tornou causa principal dos afastamentos da atividade laboral denomina-se Estresse. No que se refere ao estresse, Selye (1956) o descreveu como a soma das trocas inespecíficas do organismo em resposta a um estímulo ou situação. Segundo o Instituto Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho – Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais, mencionado por Medina (2000, p. 4), o conceito de estresse no trabalho vem a ser “a resposta fisiológica, psicológica e de comportamento de um indivíduo que tenta adaptar-se e ajustar-se a pressões internas e externas”. Ele aparece quando se apresenta um desajuste entre a pessoa, o posto de trabalho e a própria organização (MEDINA, 2000). O estresse até certo ponto é essencial para a saúde física, impulsionando o indivíduo à ação. Entretanto, cada indivíduo possui um determinado limiar na tolerância ao estresse, deixando este de ser benéfico (positivo) para adquirir características negativas. Os pensamentos e emoções comandados pelo estresse influenciam o Sistema Nervoso Central e o Sistema Imune, ativando assim o circuito bidirecional, que ocorre via Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal, iniciando uma cascata por todo o organismo. As manifestações do estresse podem ser de ordem psicológica 49 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 12 - Estresse Sebastião Donizeti Bazon (insatisfação com o trabalho, ansiedade, depressão), fisiológica (dor de cabeça, hipertensão, taquicardia) ou comportamental (absenteísmo, insônia, fumar ou beber excessivamente). Segundo especialistas em psicopatologia do trabalho e da Organização Mundial de Saúde (OMS), as situações que causam ansiedade ao trabalhador, desencadeando o estresse, geram desgastes não só emocionais, como também físicos, com manifestações desagradáveis que podem, com o seu agravo, desencadear doenças (OMS, 1985; DEJOURS, 1992). Estudos na área de psicologia e psiquiatria vêem a necessidade de que o conhecimento sobre os estressores favoreçam o desenvolvimento de forma de enfrentamento, contribuindo no controle do estresse. Bringuente et al.(1997) consideram muito importante a forma como a pessoa identifica e administra as situações estressoras desenvolvendo mecanismo cognitivo de enfrentamento, em virtude de esse mecanismo atuar na prevenção de estresse. O termo estressor, situação estressante ou fator de estresse, é utilizado para referir-se ao estímulo ou situação que provoca uma resposta de estresse no profissional (MEDINA, 2000). Cabe resgatar a questão da Saúde do Trabalhador. Assim, a saúde no trabalho (saúde ocupacional) adotada em 1950 e revisada em 1995, pela OIT/OMS, preconiza como objetivo: a promoção e a manutenção do máximo grau de bem estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as ocupações e a prevenção entre os trabalhadores dos transtornos de saúde causados por suas condições de trabalho; a proteção dos trabalhadores contra os riscos ocupacionais resultantes de fatores adversos à saúde; a colocação e manutenção dos trabalhadores em um ambiente de trabalho adaptados a suas condições fisiológicas e psicológicas; e em resumo, a adaptação do trabalho ao indivíduo e de cada indivíduo a seu trabalho (ICN, 1998). 50 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 12 - Estresse Sebastião Donizeti Bazon Nesse contexto, tem-se as doenças ocupacionais que podem ocorrer após vários anos de exposição a riscos, tornando difícil o estabelecimento do nexo causal entre a exposição e o dano ocorrido (MENDES e DIAS, 1994). Você pode estar se perguntando como é possível modificar estes sintomas descritos anteriormente. A resposta engloba a Segurança do Trabalho. Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento, Administração aplicada à Engenharia de Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos. O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes profissionais formam o que chamamos de SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Também os empregados da empresa constituem a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a 51 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 12 - Estresse Sebastião Donizeti Bazon prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil, a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil. Como podemos colocar em prática as ações da equipe da Segurança do Trabalho? O principal conceito envolvido neste tema denomina-se Acidentes que podem ser entendidos como aquele que acontece no exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional podendo causar morte, perda ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. O acidente de trabalho deve-se principalmente a duas causas: I. Ato inseguro: É o ato praticado pelo homem, em geral consciente do que está fazendo, que está contra as normas de segurança. São exemplos de atos inseguros: subir em telhado sem cinto de segurança contra quedas, ligar tomadas de aparelhos elétricos com as mãos molhadas e dirigir a altas velocidades. II. Condição insegura: É a condição do ambiente de trabalho que oferece perigo e ou risco ao trabalhador. São exemplos de condições inseguras: instalação elétrica com fios 52 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 12 - Estresse Sebastião Donizeti Bazon desencapados, máquinas em estado precário de manutenção, andaime de obras de construção civil feitos com materiais inadequados. Toda empresa deve instituir um programa de prevenção de acidentes de trabalho tendo duas atividades básicas: eliminar as condições inseguras e reduzir atos inseguros. Essas atividades devem ser embasadas em programas de educação contínua e permanente na empresa, visando assim à diminuição dos índices de afastamento e acidentes de trabalho. PARA SABER MAIS Os links abaixo sugerem leituras complementares sobre os temas discutidos nesta unidade. Bons estudos! EAD - Empresa de Arquivo de Documentação RH.com.br - Qualidade de Vida - Segurança no trabalho também é qualidade de vida para seus empregados 53 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 13 - Outplacement Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVOS - Conceituar Outplacement - Identificar sua importância para o ambiente organizacional. ESTUDANDO E REFLETINDO Você já ouviu falar em Outplacement? Creio que não. Mas já deve ter vivenciado uma situação de desemprego na sua vida. Outplacement é uma solução profissional, elaborada com o objetivo de conduzir com dignidade as demissões da empresa. Tem por finalidade tornar os processos demissionais mais dignos, sem gerar tanto sofrimento como um desligamento repentino pode despertar. Segundo o site Wikipédia (2009) os Serviços de outplacement, no início de seu desenvolvimento, eram somente oferecidos em países mais desenvolvidos. Com o advento da globalização, a solução se tornou um produto altamente procurado, e a prática de outplacement passou a ser mais procurada e oferecida em outros mercados. Os países que, anteriormente, eram imunes a mudanças na estrutura organizacional, passaram a estar expostos as mesma práticas comuns no primeiro mundo. Começaram a ocorrer fusões e aquisições, reengenharias e reestruturações, reorganizações e reduções de efetivo em busca de mais lucratividade em uma economia aberta e competitiva. Esta mudança na ordem mundial não trouxe apenas novas oportunidades ao mercado mas também novos desafios, empresariais e profissionais, característicos deste novo mundo que se formava. No Brasil, em meados da década de 80, as soluções de 54 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 13 - Outplacement Sebastião Donizeti Bazon outplacement passaram a ser mais conhecidas, com o surgimento das primeiras empresas nacionais prestadoras Brasil as primeiras empresas multinacionais do ramo, aumentando a competitivedade deste mercado. Hoje, no Brasil, este tipo de serviço conta com diversas empresas, nacionais e multinacionais, alem de profissionais e consultores autonômos, que dentre outros serviços oferecem soluções diversas de gestão de talentos, dentre elas o Outplacement. BUSCANDO CONHECIMENTO Vamos conhecer quais as atividades que envolvem o Outplacement. Planejamento do processo de demissão A empresa empregadora e a consultoria contratada por ela para realizar o outplacement definem como será o processo de demissão, antecipadamente, podendo incluir até mesmo a uma análise para definição de quem fica e quem sai, alem de definir a melhor forma de fazer o desligamento do profissional, de maneira que o mesmo não permaneça nenhum minuto sem um acompanhamento e resguardo adequado. Planejamento do dia da demissão O dia do desligamento é planejado detalhadamente, as atividade detalhadas minuciosamente, riscos e impactos para o indivíduo e para a organização são considerados, é definido se o trabalho será em grupo ou individualmente, no caso de uma demissão de mais de uma pessoa da mesma organização. É ainda definido como ocorrerá o processo, fim-a-fim, quanto tempo levará o processo, e por exemplo se o dia não é um dia de grande importância para o demitido, tais como natal e ano novo, ou mesmo uma data familiar. Comunicação dos benefícios O funcionário é comunicado sobre os benefícios que vai receber da empresa, inclusive com explicação detalhada da importância da atividade da 55 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 13 - Outplacement Sebastião Donizeti Bazon empresa que ira acompanhar seu processo de transição de carreira. Alguns exemplos são a prorrogação do seguro saúde, uma porcentagem sobre a remuneração anual e o direito de utilizar o carro da empresa por mais um período, entre outros. A recolocação E finalmente , a recolocação propriamente dita, na qual a empresa de consultoria trabalha para recolocar o demitido no mercado de trabalho, auxiliando-o a refazer seu currículo, aplicando avaliações para identificar seu desempenho, promovendo "workshops" e palestras sobre gestão e mercado, cursos de imersão em inglês e espanhol ou oferecendo apoio psicológico, entre outros serviços. PARA SABER MAIS O link abaixo traz conceitos complementares acerca do tema estudado nesta unidade. Boa leitura! Quando o RH recorre ao outplacement | Corporate RH 56 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 14 - O mundo contemporâneo e a gestão de pessoas Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVOS • Construir uma reflexão final sobre a importância da Gestão de Pessoas para as organizações nos dias atuais. ESTUDANDO E REFLETINDO “A ignorância não é apenas a noite da mente, mas uma noite sem lua e sem estrelas. A inteligência consiste não apenas no conhecimento, mas também na capacidade de transformar os conhecimentos em prática. A principal essência do saber é contemplar o por quê. Saber é acordar. Ensinar não é uma função vital, porque não tem um fim em si mesma; a função vital é aprender.” Aristóteles (384 AC-322 AC), filósofo grego Prezado aluno, inicio esta unidade final com a frase de Aristóteles sobre a questão do aprendizado, pois acredito ser crucial para que um processo de Gestão de Pessoas seja efetivo e produza os efeitos desejados dentro das empresas. Para que seja possível modificar o cenário organizacional é importante lembrarmos que o capital humano precisa ser valorizado. E esta valorização torna-se viável quando é inserido neste contexto programas de 57 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 14 - O mundo contemporâneo e a gestão de pessoas Sebastião Donizeti Bazon capacitação profissional, visto que, quanto mais capacitado o colaborador, melhor desempenho ele dispensará a função exercida. Sabemos que um dos principais motivos que gera o descontentamento do colaborador dentro de uma empresa é a escassez de resultados positivos, ou seja, quando o indivíduo não está habilitado para desenvolver determinada função seu rendimento será sempre abaixo do esperado, fazendo com que ele se sinta desvalorizado e desmotivado. BUSCANDO CONHECIMENTOS A relação entre subjetividade e trabalho está diretamente imbricada à especificidade assumida pelo trabalho em cada contexto histórico, social, econômico e cultural. O mundo do trabalho contemporâneo vem sendo caracterizado por um cenário de profundas metamorfoses, exemplificado pela mudança nas relações laborais, cada vez mais dinâmicas e competitivas; no mercado de trabalho, onde se proliferam as terceirizações, subcontratações; e nos modos de organização e produção, centrados predominantemente no capital. (Antunes, 2005). Esse modelo capitalista de produção não interfere apenas na economia e nos processo de trabalho, mas também nas formas de agir, pensar e relacionar-se, e afeta significativamente os processos de sociabilidade e subjetivação. As mudanças da estrutura produtiva trazidas pelo desenvolvimento tecnológico, avanço da automação, robótica e telecomunicações contribuíram para a desproletarização do trabalho fabril (redução significativa do contingente de operários industriais). A reestruturação produtiva engendra ainda uma abrupta mudança de paradigma, percebendo-se uma intensa flexibilização do mundo do trabalho observada nos trabalhos parciais, temporários, subcontratações, terceirizações que, de modo geral, expressam a realidade de precarização laboral. 58 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 14 - O mundo contemporâneo e a gestão de pessoas Sebastião Donizeti Bazon As modificações no mercado de trabalho, por sua vez, são evidenciadas principalmente pelo crescimento do setor de serviços, alargamento de segmentos pouco estruturados, trabalhadores por conta própria, sem carteira assinada, subcontratações, empregos temporários, perda de qualidade nos postos de trabalho, como baixa remuneração, ausência de direitos trabalhistas e previdenciários, pouca representação sindical ou política, entre outros. Esse cenário de metamorfoses do mundo do trabalho tem como conseqüências mais explícitas o crescimento do desemprego, da pobreza; o enfraquecimento político das relações de trabalho; a redução do papel do Estado e ampliação do modelo neoliberal de gestão, o qual compreende privatizações, desregulamentação do mercado de trabalho e crescimento das desigualdades sociais. Gorz (1998) também aponta um estado de crise da sociedade salarial, marcado principalmente pelo fato de que o capital já não precisa, e precisará cada vez menos do trabalho de todos. Essa realidade já pode ser observada a partir da crescente diminuição da figura emblemática do trabalhador fixo, estável, sendo a condição mais comumente encontrada a do trabalhador em tempo parcial, que ora trabalha, ora não. Tal situação, não obstante, é perpassada por um grande paradoxo: ao mesmo tempo em que o sistema tende a diminuir consideravelmente o trabalho, a ideologia “trabalho-valor” nunca foi tão exaltada. É sobre o trabalho que continuam a repousar os direitos sociais, a cidadania, o laço social. Com isso, o próprio sistema restaura formas de dominação que impelem a lutar para obter uma forma de trabalho que ele próprio vem abolindo. Frente a esse contexto, Gorz propõe rupturas que superariam, ou abrandariam os efeitos mais nocivos dessa crise. A este título, sugere que se procure desconectar o trabalho do “direito a ter direitos”, tanto individuais quanto sociais. O atual sistema, conforme também 59 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 14 - O mundo contemporâneo e a gestão de pessoas Sebastião Donizeti Bazon aponta Castel (1997), tende a associar os direitos ao posto de trabalho em si, e não ao sujeito, à pessoa do trabalhador. A manutenção de tal situação, segundo o autor, acaba por fazer coro à estratégia de poder do capital: precarizar e individualizar as relações de trabalho, já que todos continuam a desejar imperiosamente aquilo que as empresas só concederão a alguns. Em relação à gestão de pessoas e administração de recursos humanos nas organizações, observa-se a emergência de novos padrões na busca de produtividade, trazendo em seu discurso a necessidade de um novo tipo de trabalhador, que deve ser mais qualificado e polivalente (acumule funções). Os discursos exigem do trabalhador atitudes individualistas que garantam sua qualificação e empregabilidade, mas, simultaneamente, atitudes coletivistas para trabalhar em equipe, exercer administração conjunta, comprometimento e adesão à cultura de competitividade e qualidade das empresas. Essa dubiedade também aparece nas políticas e práticas de administração de recursos humanos, pois enquanto os gestores continuam a evocar os trabalhadores como estratégicos, crescem os processos permanentes de racionalização de custos, como redução de pessoal e busca constante de flexibilidade por meio de contratos de trabalho temporários e terceirização. Esse complexo processo de transformação vem acarretando mudanças desafiadoras, e efeitos ainda não totalmente elucidados. As alterações ocorrem no campo das políticas estatais (que tende a seguir modelos cada vez próximos dos neoliberais), nas relações de trabalho e nas formas de organização das classes trabalhadoras apontam para desafios crescentes na área de gestão de pessoas. Entende-se que a apreensão da relevância do trabalho da vida dos homens faz-se fundamental para ressaltar o espaço de trabalho como lugar privilegiado de construção da subjetividade, e contribuir para a reflexão de novos caminhos de desenvolvimento teórico e prático da gestão de pessoas. 60 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 14 - O mundo contemporâneo e a gestão de pessoas Sebastião Donizeti Bazon PARA SABER MAIS Os desafios do mundo contemporâneo para o RH. Os desafios do mundo contemporâneo para o RH 61 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 15 - Instituições do Terceiro Setor Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Mostrar que a riqueza produzida no país encontra-se concentrada nas mãos de uma minoria que, direta ou indiretamente, acaba mantendo o controle político da nação. ESTUDANDO E REFLETINDO 1 O espaço contemporâneo de fortalecimento das organizações da sociedade civil sem fins lucrativos No decorrer das duas últimas décadas, primeiramente no contexto dos países de economia central, hegemônicos economicamente, e posteriormente nos países periféricos, dentre eles o Brasil, houve um significativo aumento da atuação de organizações da sociedade civil sem fins lucrativos voltados para ações setoriais: assistência social, saúde, educação, meio ambiente, arte e cultura, cidadania, segurança alimentar, etc. Essas organizações passaram gradativamente a ocupar também o espaço público até então considerado como esfera exclusiva do Estado. Esse fenômeno tem ocorrido dentro de um processo maior de reorganização do capital e do mundo do trabalho, em esfera mundial, e na proporção em que as crescentes demandas para o atendimento às necessidades sociais da população não encontram ações efetivas e eficientes no Estado. Esses temas servem como pano de fundo para compreendermos esse processo gradativo de avanço das organizações da sociedade civil sem fins lucrativos no espaço público. 1 O texto encontra-se na íntegra no site: http://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/terra_cultura/35/ 62 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 15 - Instituições do Terceiro Setor Sebastião Donizeti Bazon “Essas organizações não fazem parte do Estado, nem a ele estão vinculadas, mas se revestem de caráter público na medida em que se dedicam a causas e problemas sociais e em que, apesar de serem sociedades civis privadas, não têm como objetivo o lucro, e sim o atendimento das necessidades da sociedade” (TENÓRIO, 2001:07). Significativos acontecimentos históricos, de caráter político, econômico e social, marcaram definitivamente o mundo contemporâneo, somados ao avanço tecnológico e científico. Novos temas como a globalização, mercado internacional, neoliberalismo, privatização, responsabilidade fiscal, controle social, gestão pública, acordo monetário, passaram a constituir o cenário de discussões e/ou decisões relacionadas a políticas públicas que pudessem dar conta de questões emergentes que passaram a afetar, direta ou indiretamente, países, governos e populações. Apesar da pobreza e miséria socioeconômica que facilmente identificamos em nossa sociedade, não podemos considerar o Brasil um país pobre. Certos setores da indústria, agricultura e comércio são desenvolvidos e geram muita riqueza. O problema é que a riqueza produzida no país encontra-se concentrada nas mãos de uma minoria que, direta ou indiretamente, acaba mantendo o controle político da nação. Com a concentração de renda nas mãos de poucos, o índice de desemprego crescendo, os grandes contingentes de migrantes rurais e a mão de obra desqualificada e explorada, o resultado tem sido a ampliação da miséria e da pobreza, sendo evidente que desigualdades sociais acabam por provocar um índice crescente de violência e criminalidade. Nesse contexto econômico e político, o processo de exclusão social evidencia-se cotidianamente. 63 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 15 - Instituições do Terceiro Setor Sebastião Donizeti Bazon “As consequências da implementação do ideário neoliberal nas sociedades, que, como a brasileira, vivem os impasses da consolidação democrá- tica, do frágil enraizamento da cidadania e das dificuldades históricas de sua universalização para a maioria da população, se expressa pelo acirramento das desigualdades, encolhimento dos direitos sociais e trabalhistas, aprofundamento dos níveis de pobreza e exclusão social, aumento da violência, agravamento sem precedentes da crise social que, iniciada nos anos 80, aprofunda-se amplamente na década de 90” (RAICHELIS; 1999:60). BUSCANDO CONHECIMENTO Por outro lado, está em pauta, de forma acentuada, os direitos humanos, a justiça social, a participação social, a cidadania, bem como os grupos sociais organizados: movimento dos sem terra, dos sem teto, dos negros, dos meninos e meninas de rua, dos homossexuais, das mulheres, etc., todos querendo fazer valer seus direitos e as conquistas jurídicas já efetivadas. A consciência de participação social e política do povo também cresceram. As Leis Orgânicas1 de cunho social promulgadas nos últimos anos criaram espaços efetivos de participação da sociedade civil no planejamento e execução de políticas sociais, através dos respectivos Conselhos municipais, estaduais e federais. No entanto, ao mesmo tempo em que ocorreram essas conquistas, vimos crescer com grande força política e econômica a ideologia neoliberal, como respaldo da política governamental, a começar na instância federal, para determinar o “Estado Mínimo”, significando uma clara intencionalidade de repassar à sociedade civil responsabilidades conferidas à instância pública governamental, conforme a Constituição Federal de 1988 e todas as Leis Orgânicas decorrentes“. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros 64 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 15 - Instituições do Terceiro Setor Sebastião Donizeti Bazon agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação” (Art. 196 - C.F./88). “A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social” (Art. 203 - C.F./88). “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade...” (Art. 205 -C.F./88). Quando refletimos sobre esse quadro conjuntural, constatamos que, apesar das profundas mudanças ocorridas no contexto brasileiro no decorrer dos últimos vinte anos, tendo como marco fundamental à promulgação da Constituição Federal de 1988 e, no que se referem às políticas sociais, as leis orgânicas da saúde e da assistência social, o estatuto da criança e do adolescente, a lei de diretrizes e bases da educação, a lei de atenção ao idoso, etc., as diretrizes ali expressadas e os direitos ali garantidos ficaram muito aquém do patamar desejado e almejado pela população brasileira, em sua maioria excluída do acesso aos bens e serviços de atendimento básico à saúde, educação e assistência social. Na contramão das conquistas sociais citadas acima, percebemos o surgimento do discurso do “Estado falido” e, portanto, incapaz de dar respostas eficazes às demandas sociais, ocorrendo, na verdade, uma retirada gradativa e estratégica do Estado da arena social, sem investimentos significativos na mesma, sucateando as políticas sociais públicas e tornando-as ineficazes, não garantindo ao cidadão o acesso aos direitos reconhecidos e promulgados legalmente. A intencionalidade clara que permeia essa questão é a transferência para a sociedade civil de ações e responsabilidades até então bastante afetas à área estatal, determinando a implantação do denominado “Estado Mínimo”; isto é, a inserção cada vez maior das instituições não governamentais na esfera pública, atendendo a segmentos e problemáticas sociais tradicionalmente assistidas pelo Estado. 65 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 15 - Instituições do Terceiro Setor Sebastião Donizeti Bazon É nesse contexto de sucateamento das políticas públicas que a sociedade civil tem encontrado terreno fértil para o surgimento e fortalecimento de atividades sem fins lucrativos e de interesse público. Público, porque o serviço prestado ou o benefício gerado é voltado para segmentos da sociedade em situação de risco ou carência, reconhecidos legalmente como direitos de cidadania. Toda instituição que trabalhe em função da garantia desses direitos estará cumprindo um fim público. Organizações da sociedade civil não têm se negado a atuar em direção à mudança do quadro conjuntural de exclusão social, à medida em que criam e mantêm instituições sociais para o atendimento a diferentes segmentos da população: criança e adolescente, população de rua, usuários de drogas, idosos, entre outros, em diferentes áreas: educação, saúde, habitação, trabalho, assistência social, arte e cultura, etc. Leia mais nos sites: www.socialtec.org.br, acessado em 2015 http://www.fonte.org.br/artigos/art_his.htm, acessado em 2015 66 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 16 - O terceiro setor em evidência Sebastião Donizeti Bazon CONHECECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO A gestão das organizações tem a necessidade de uma reflexão preliminar sobre o terceiro setor, tema que contém significativa importância pela sua atualidade e abrangência. ESTUDANDO E REFLETINDO 1 A concepção de gestão institucional tem passado por muitas reflexões e estudos recentes e, em se tratando de instituições da sociedade civil que atuam junto à políticas sociais setoriais, tem-se observado e apreendido que, cada vez mais há a necessidade de serem gerenciadas de forma técnica e profissional, com ênfase na participação de todos os envolvidos no âmbito institucional; trata-se da gestão participativa. Mas, para abordarmos a gestão dessas organizações, há a necessidade de uma reflexão preliminar sobre o terceiro setor, tema que contém significativa importância pela sua atualidade e abrangência. O crescimento acentuado das organizações que integram o terceiro setor passou a ocupar importante papel na política econômica de vários países, ganhando expressão no Brasil, no decorrer dos anos 90. A inter-relação setorial entre Estado, Mercado e Terceiro Setor entrou em pauta definitivamente e termos como parceria, voluntariado, filantropia empresarial foram resgatados como expressões de uma nova forma de relacionamento entre os três setores da sociedade. Vários autores têm destacado a importância do reconhecimento do terceiro setor, que se diferencia do primeiro 1 O texto encontra-se na íntegra no site: http://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/terra_cultura/35/ 67 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 16 - O terceiro setor em evidência Sebastião Donizeti Bazon setor (Estado), de finalidade pública, e do segundo setor (Mercado), de finalidade privada: “...o ponto de vista de que a sociedade pode ser organizada a partir de três setores está se consolidando. Mais do que a adoção de um novo conceito, isso denota uma nova mentalidade, apoiada no reconhecimento da importância das iniciativas que surgem espontaneamente no seio da sociedade civil e de que o ‘modelo dualista’ não é suficiente para oferecer respostas plenas aos dilemas sociais da atualidade” (SILVA, 2001, p. 20). “O Terceiro Setor no Brasil (...) surge para identificar um conjunto de iniciativas da sociedade civil organizada que visam atender interesses públicos (...) estamos diante de um novo arranjo institucional, determinado por uma nova relação entre sociedade e Estado” (NASCIMENTO, 2000, p. 01). “...é o conjunto de instituições, ONGs, fundações, etc. que, desempenhando funções públicas, encontram-se fora do Estado, no espaço de interseção entre este e o mercado, porém sem declarar fins lucrativos” ( MONTAÑO, 1999, p.06). De forma geral, podemos descrever o terceiro setor por aquele formado por organizações sem fins lucrativos, incluindo as entidades de defesa de causas específicas, fundações que investem na área social e instituições diversas que buscam dar respostas e soluções que o Estado não tem conseguido resolver. São entidades não governamentais que expressam a sociedade civil organizada para atendimentos de interesse público em diferentes áreas e segmentos. SCHIAVO (2001), citando Jeremy Rifkin, autor de “O Fim dos Empregos”, aponta dados que permitem dimensionar o Terceiro Setor em alguns países: “Nos Estados Unidos, o setor emprega 9% da mão-deobra e gera 7% do PIB. No Reino Unido, são mais de 350 mil organizações voluntárias, gerando uma receita de 17 bilhões de libras esterlinas, o que corresponde a 4% do PIB inglês. Na França, 6% do emprego total estão no Terceiro Setor (...) Na América Latina, as ONGs que 68 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 16 - O terceiro setor em evidência Sebastião Donizeti Bazon tratam de questões relativas às mulheres, crianças e idosos, portadores de deficiências, portadores de HIV e doentes de AIDS e a usuários de drogas, para citar apenas os casos mais visíveis, somam milhares de organizações, milhões de postos de trabalho e giram um capital, que já ultrapassa um bilhão de dólares.” BUSCANDO CONHECIMENTO Segundo, ainda, reportagem do jornal Folha de Londrina, de 20 de maio de 2001, esse setor já é considerado por pesquisadores como a oitava força da economia mundial, afirmando, quanto ao Brasil, que: “Seguindo o rastro de experiências bem sucedidas nos países desenvolvidos, o Brasil implantou definitivamente o terceiro setor da economia, considerado o fenômeno da área no final do século 20. Movido pelas inúmeras organizações nãogovernamentais (Ongs) já implantadas, reflete a busca por soluções de problemas comunitários mundiais, que em muitos casos não têm sido resolvidos pelo primeiro setor (governo) e segundo (mercado).” Esta mesma reportagem, repetindo dados fornecidos pelo Conselho da Comunidade Solidária, declara que o terceiro setor no Brasil já conta “com aproximadamente 250 mil entidades que empregam 1,5 milhão de trabalhadores, além de agregar uma massa de 12 milhões de voluntários que trabalham gratuitamente em ações voltadas para a promoção social.” A configuração e o reconhecimento do chamado terceiro setor tem adquirido expressão a partir de dados como os acima mencionados. No entanto, ao se tentar uma referência conceitual deste setor, são encontradas algumas dificuldades determinadas pela diversidade de organizações que ele abarca, pela multiplicidade de áreas em que atua e pelos diferentes segmentos atendidos. 69 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 16 - O terceiro setor em evidência Sebastião Donizeti Bazon CAMARGO (2001) aponta como os principais grupos integrantes do terceiro setor, as associações, as fundações, os sindicatos, as cooperativas, as igrejas e as organizações não governamentais. Todos esses grupos, com linhas ideológicas, políticas e religiosas específicas, transmitindo de forma mais ou de forma menos expressiva vinculações com setor estatal ou setor privado, acabam atuando em questões direta ou indiretamente relacionadas ao resgate da cidadania e à garantia de direitos humanos, aviltados pela condição de pobreza, miséria e desinformação de grande parte da população brasileira. Atuam a partir de ações que histórica e tradicionalmente são marcadas pelo caráter assistencialista e paternalista, como os antigos orfanatos e “casas de recuperação”, geralmente ligados desde as igrejas e/ou denominações religiosas até às atuais ONGs, que se expandiram nos anos 80 em defesa dos direitos humanos, do meio ambiente e do desenvolvimento social. FERNANDES (1996) afirma que: “...o Terceiro Setor é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito nãogovernamental, dando continuidade a práticas tradicionais de caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil.” Portanto, o que se tem claro é que o espaço delimitado como o do terceiro setor é aquele cuja origem é a participação de cidadãos que, representando a sociedade civil organizada, buscam intervir na realidade social, de forma voluntária, em uma área específica (assistência social, educação, saúde, meio ambiente, cultura, habitação, trabalho, etc.), com segmentos definidos (crianças e adolescentes, mulheres, idosos, índios, famílias, dependentes químicos, portadores de deficiência, portadores de HIV, dentre outros), no sentido de garantir essas 70 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 16 - O terceiro setor em evidência Sebastião Donizeti Bazon condições de desenvolvimento integral, existindo e coexistindo de forma satisfatória e adequada à condição humana. Saiba mais nos sites: www.direitoparaigrejas.blogspot.com/.../organizacoes-religiosas-ongs-e-terceir www.revistas.univerciencia.org/index.php/anagrama/article/.../5733 www.mbiasioli.adv.br/joomla/index...terceiro-setor/organizacao-religiosa 71 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 17 - Gestão Participativa do terceiro setor Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA UNIDADE OBJETIVO Mostrar que o processo de desenvolvimento de competências dos recursos humanos tem se constituído como um dos principais desafios a serem enfrentados pelas organizações do terceiro setor. ESTUDANDO E REFLETINDO 1 Nesse momento histórico de profundas mudanças sociais, econômicas e políticas configuradas mundialmente, a gestão social ganha importância relevante em todos os setores, mas, de forma significativa, no contexto das instituições que atuam no terceiro setor. Voluntariado forte, organizado e participativo, trabalhos administrativo e técnicos articulados e definidos com clareza, planejamento estratégico, gestão participativa, transparência nas decisões, desenvolvimento de ações e programas de real interesse da população, etc., são temas e questões que podem ser apontadas como prioritárias na pauta de trabalho das organizações da sociedade civil que atuam sem fins lucrativos e com interesse público. Mas, a gerência de recursos humanos tem adquirido destaque como área prioritária de atenção, em função da necessidade cada vez maior dessas organizações atuarem com competência, com eficácia e com eficiência. Nessa perspectiva, o processo de desenvolvimento de competências dos recursos humanos tem se constituído como um dos principais desafios a serem enfrentados pelas organizações do terceiro setor. Trata-se do alcance de uma das metas em direção à superação dos obstáculos que têm impedido o funcionamento institucional de acordo com as 1 O texto encontra-se na íntegra no site: http://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/terra_cultura/35/ 72 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 17 - Gestão Participativa do terceiro setor Sebastião Donizeti Bazon novas demandas da realidade. No cotidiano institucional, as pessoas envolvidas no desenvolvimento de atividades e serviços têm um papel fundamental. Espera-se que sejam pessoas preparadas e capacitadas para as funções. Como exemplo, lembramos que, segundo a LDB/96, admite-se como formação mínima para atuar na educação infantil (creche e pré-escola) a formação oferecida em nível médio, na modalidade Normal (art. 62). Mas, com frequência, essas instituições, que atuam na esfera da assistência social, funcionam mais de oito horas diárias, com um número de crianças além das vagas existentes, devido à grande demanda com um quadro de pessoal nem sempre habilitado adequadamente e nem com número suficiente para o atendimento infantil. O indicado seria um quadro de pessoal diversificado quanto a competências e habilidades, suficiente quanto ao número e bem selecionado quanto às características psicológicas e de saúde para desempenhar com eficiência as diferentes atividades previstas pelo programa institucional. Ser um profissional que atua diretamente em instituições do terceiro setor, em muitos casos, ainda não é uma profissão regulamentada, e nem nome definido ainda tem. Voltando ao exemplo da educação infantil ou mesmo em serviços de apoio a adolescentes, idosos, etc., observamos que, em sua quase totalidade, a maioria são mulheres, que em diferentes locais são denominadas de diferentes formas: educadoras, monitoras, atendentes, “tias”, etc. . Historicamente, tem-se constatado que vários modelos de instituições sem fins lucrativos implantados no Brasil partiram do princípio que para diminuir custos devia-se empregar mão-de-obra barata, com pequena qualificação. Desta forma, a qualidade do trabalho apresentado por estes equipamentos ficou, não raras vezes, muito comprometida. Portanto, se faz de fundamental importância que, no contexto institucional, existam trabalhos especificamente voltados para os recursos humanos, 73 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 17 - Gestão Participativa do terceiro setor Sebastião Donizeti Bazon preparando-os não apenas para o desempenho de suas atividades cotidianas, mas também para o alcance de desempenhos que exijam maior complexidade. Investir em desenvolvimento de competências é um dos desafios que tem se configurado no seio do terceiro setor para aquelas instituições preocupado em acompanhar a dinâmica da realidade social todos os mais complexa. “Gerenciar não é dirigir para determinados objetivos, mas criar condições para que os recursos humanos da organização respondam - individualmente e com criatividade - a um meio que requer permanente adapta- ção” (KLIKISBERG, 1997:93). Percebe-se então a necessidade da formação qualificada daqueles que vão atuar na esfera do terceiro setor, considerando-se principalmente o redesenho do ambiente externo das organizações e, necessariamente do ambiente interno, determinado por novas demandas e por uma nova visão do significado do trabalho sem fins lucrativos de finalidade pública. Um dos fatores determinantes dessa qualificação é que o profissional trabalhe nessa área não apenas pela necessidade de uma atividade remunerada, mas também por opção pessoal e profissional, pois atuar em instituições do denominado terceiro setor, atualmente, tem implicado em ser especialmente treinado para tal. A falta de cursos e especializações para esses profissionais acarreta, por sua vez, um mal entendidos quanto às diferentes competências dos que trabalham na diferentes organizações que integram esse setor. “Uma das grandes forças de uma organização sem fins lucrativos é que as pessoas não trabalham nela para viver, mas por uma causa (nem todas, mas muitas). Isto também cria uma tremenda responsabilidade para a instituição: a de manter a chama viva e não permitir que o trabalho se transforme em apenas um ‘emprego’” (DRUCKER, 1999:110). 74 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 17 - Gestão Participativa do terceiro setor Sebastião Donizeti Bazon Embora esse autor esteja referindo-se mais especificamente ao trabalho do voluntariado, essa afirmação nos leva a refletir sobre a importância da motivação constante do quadro de recursos humanos, em todos os níveis e setores de uma organização do terceiro setor, para que aquele emprego remunerado não signifique apenas o ganho salarial obtido a cada mês, mas que, somado a isso haja um verdadeiro e autêntico envolvimento com a missão institucional. São pessoas singulares e únicas, portadoras de necessidades pessoais e funcionais, que devem ser consideradas em função do desempenho adequado nos programas e serviços institucionais. BUSCANDO CONHECIMENTO O desenvolvimento de competências, a capacitação continuada, o relacionamento interpessoal e o atendimento específico a necessidades individuais são focos importantes a serem trabalhados no âmbito dos recursos humanos da instituição. Percebe-se com facilidade que as pessoas que exercem atividade remunerada nessas instituições apontam como fatores desmotivadores ao trabalho, o desconhecimento do cargo, a falta de habilidades necessárias, a falta de feedback positivo, o excesso de rivalidade entre colegas, o estabelecimento de metas impossíveis, conflitos com os chefes. E como fatores motivadores, a segurança no trabalho, os desafios, as oportunidades de criação, de realização profissional, de crescimento e desenvolvimento pessoal e o contato com a população usuária dos serviços institucionais. A questão salarial aparece, como fator preocupante para os diretores e para os funcionários. Por um lado, é muito difícil para o grupo dirigente da instituição manter um quadro de pessoal treinado e preparado, com baixos salários. Por outro lado, os salários estão sempre aquém do nível de satisfação dos 75 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 17 - Gestão Participativa do terceiro setor Sebastião Donizeti Bazon funcionários e estes, não raras vezes, quando encontram melhor oferta de salário no mercado de trabalho, deixam a instituição. Esta necessita, então, começar novamente todo um ciclo de treinamento com um novo contratado. Como são instituições sem fins lucrativos, sobrevivem com doações, campanhas, eventos e verbas públicas (quando têm convênios). Essa condição dificulta muito para a instituição manter funcionários treinados e capacitados em seu quadro de pessoal, pois isso implica em maiores salários e, por conseguinte, em mais encargos sociais. Como desenvolver metas de desenvolvimento de competências, primordial hoje no âmbito do terceiro setor, diante das condições financeiras institucionais sempre precárias, muitas delas sobrevivendo com escassas verbas? Essa realidade as tem levado prioritariamente ao exercício de projetos e atividades voltadas para a captação de recursos financeiros. Porém, “...atualmente, o primeiro passo para o sucesso e a sustentabilidade de uma organização sem fins lucrativos é a formação do quadro profissional, mesmo que isso represente um projeto. Depois, a excelência na captação. Acredito que apenas as organizações capazes de estruturar-se desta maneira - selecionando critérios bem definidos, remunerando adequadamente e investindo em seus quadros - irão atrair potenciais doadores, pois todos eles farão questão de trabalhar com organizações transparentes que apresentem resultados esperados conforme o determinado no projeto inicial, destacando-se assim, pela competência na execução” (CAMPOS, 2002:03). Um fato é concreto: há necessidade premente das instituições investirem em seus recursos humanos, se almejarem um trabalho de qualidade e impacto social, na direção do cumprimento de sua missão e da transformação concreta e efetiva do ambiente (interno e externo) em que atuam. A rotatividade custa muito alto para a instituição, principalmente quando é desenvolvido todo um trabalho 76 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 17 - Gestão Participativa do terceiro setor Sebastião Donizeti Bazon de capacitação profissional. Faz-se necessária a combinação de estratégias para a obtenção de resultados ideais. Por sua vez, não podemos ignorar que, no contexto do terceiro setor, o voluntariado ocupa papel de importância fundamental, compondo também o quadro de recursos humanos, sem, no entanto, ser assalariado. Em diferentes literaturas sobre organizações não governamentais, a presença do voluntariado aparece como um dos requisitos essenciais para que sejam classificadas como de terceiro setor. A partir, portanto, da amplitude que as organizações não governamentais têm assumido na atual conjuntura, surge, com muita força, o resgate do papel e das funções do voluntariado, procurando-se definir qual o perfil de voluntário que essa nova realidade demanda. Mas, o que é necessário ressaltar nesse momento, quase que como um resgate histórico, é que, se as instituições não governamentais chegaram até aqui, surgiram e têm atravessado dezenas de anos desenvolvendo projetos, serviços e ações junto a diferentes segmentos, que em diferentes momentos, sofreram o processo de exclusão social de diferentes formas, é porque o trabalho do voluntariado esteve sempre fortemente presente nessas instituições. O voluntariado tem atuado nessas instituições em duas grandes frentes de trabalho: através da prestação de serviços diretos aos usuários e/ou compondo o corpo diretivo das mesmas. No primeiro caso, atua exercendo alguma aptidão profissional ou pessoal, colocando à disposição da instituição e dos usuários seus conhecimentos e suas habilidades. No segundo caso, são diretores e gestores que compõem o grupo que dá sustentação administrativa e financeira ao trabalho institucional. Realizam ações que, basicamente, estão voltadas para a manutenção e sobrevivência das instituições. Decidem as grandes questões em assembleias e reuniões, discutem e modificam estatutos e regimentos, que incidem diretamente na atuação cotidiana da instituição. Portanto, o voluntariado já vem dando a 77 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 17 - Gestão Participativa do terceiro setor Sebastião Donizeti Bazon sua contribuição significativa no âmbito das políticas sociais. O que tem mudado, nesse novo contexto conjuntural, é a forma de exercer e de compreender a ação voluntária. Percebemos que muitos ainda não têm clareza das mudanças conjunturais e determinantes de um novo perfil de voluntário. Defendemos a ideia de que ele necessita ser treinado e preparado para o exercício do voluntariado, frente às peculiaridades da atual conjuntura social, econômica e política, seja em qual frente for o trabalho a ser desenvolvido. Da mesma forma que ao funcionário que atua nessas instituições devem ser proporcionados espaços de capacitação e atualização, o voluntário também necessita ser alvo de processos de desenvolvimento de competências. SAIBA MAIS ESTUDANDO NOS SEGUINTES SITES: www.pt.slideshare.net/SelmaSartrio/apresentao-tcc-39261288 https://www.unifafibe.com.br/revistasonline/.../20062014114753.pdf www.adere.org.br 78 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 18 – Gestão Compartilhada Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Mostrar que a organização religiosa não deve permanecer fechada em si mesma, alheia ao ambiente à sua volta e presa à tradição, à rotina e aos seus dogmas. ESTUDANDO E REFLETINDO 1 Gestão profissional: primeira aproximação Segundo Chiavenato (2000), a Teoria Geral da Administração (T.G.A) “é o campo do conhecimento humano que se ocupa da Administração em geral, não se preocupando onde ela seja aplicada, se nas organizações lucrativas (empresas) ou se nas organizações não-lucrativas”. A T.G.A. trata do “estudo da administração das organizações”. Como ciência, preocupa-se em estudar o desenvolvimento da gestão ou administração e aponta que as organizações religiosas e as sem fins lucrativos têm incorrido num certo “equívoco comum, quando considera gestão como algo específico de empresas comerciais”. Com este olhar, “a gestão visaria somente ao lucro e sucesso, e em contrapartida desconsideraria as pessoas”, neste sentido comete-se um grande equívoco, pois a gestão é para ampliar fronteiras de conhecimentos e possibilidades da organização. Murad ressalta que “a gestão não é patrimônio das empresas”. 1 O texto encontra se disponível no site: https://www.metodista.br/revistas/revistasims/index.php/CA/article/ 79 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 18 – Gestão Compartilhada Sebastião Donizeti Bazon “Qualquer organização, seja ela lucrativa ou não, só realizará sua missão se colocar em prática os princípios da gestão [...] A gestão eficaz moderna exige lideranças capazes, alinhamento com valores da organização e a maior participação possível de seus membros e colaboradores” ( MURAD, 2007, p. 72). Considerando que o princípio da gestão é de possibilitar novos olhares administrativos na organização, o mesmo tem que ser desenvolvido dentro de princípios críticos e questionadores a partir da finalidade da organização. Neste sentido Murad explica: A ciência e a prática da gestão desenvolveram-se, sobretudo, nas empresas comerciais (ou lucrativas), mas não são algo específico delas. Trata-se de uma conquista da humanidade. É claro que o modo capitalista de gestão, proveniente dos países hegemônicos do primeiro mundo, trouxe consigo a sua ideologia, que não pode ser aceita acriticamente. Numa instituição religiosa ou na ONG, qualquer modelo de gestão passará pelo crivo de seus valores, sofrerá mudanças e reinterpretações. Que é que diferencia uma instituição do terceiro setor, ou uma organização pastoral, de uma empresa lucrativa? Elas têm em comum uma série de tarefas similares. Mas “somente a empresa comercial tem o desempenho econômico como missão específica” (DRUCKER, 2002, p. 206 citado por MURAD, 2007, p. 7273). Portanto, a tarefa dos dirigentes é entender que “os princípios de gestão desenvolvidos em empresas, com algumas exceções, servem para qualquer outra organização formal, seja ela de finalidade religiosa, social, ambiental, seja de todas essas reunidas”(MURAD, 2007, p. 73). Entretanto, Carvalho (2000) afirma que uma organização religiosa que parte de dois princípios “Anunciar e Ensinar”, “não deve permanecer fechada em si mesma, alheia ao ambiente à sua volta e presa à tradição, à rotina e aos seus dogmas, pois assim, estará condenada à estagnação e ao desvirtuamento de suas finalidades principais: pregar e ensinar”. Nesta direção, a organização é desafiada a atualizar seus sistemas administrativos permitindo mais viabilização dos recursos para o pleno cumprimento de sua tarefa na missão de Deus. Murad, a partir de 80 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 18 – Gestão Compartilhada Sebastião Donizeti Bazon Peter Drucker (2002), apresenta os princípios essenciais da gestão para as organizações em sete pontos: 1. A gestão trata dos seres humanos. Sua tarefa é capacitar as pessoas a atuar em conjunto, efetivar suas forças e reduzir suas fraquezas. A gestão é um fator crítico e determinante, pois a grande parte das pessoas trabalha em instituições, sejam empresarias ou não, e depende delas para sobreviver e contribuir com a sociedade. 2. A gestão está inserida na cultura, pois trata da integração das pessoas em um empreendimento comum. Os gestores fazem a mesma coisa, em qualquer parte do mundo, mas o como pode ser bem diferente. Seu sucesso está condicionado a descobrir e identificar os elementos das tradições, da história e da cultura do lugar onde atuam e utilizá-los como elementos constitutivos da própria gestão. 3. Toda organização requer compromisso com metas comuns e valores compartilhados, de forma a ter objetivos simples, claros e unificantes; e metas públicas, constantemente reafirmadas. A primeira tarefa da gestão é pensar, estabelecer e exemplificar esses objetivos e metas. 4. A gestão capacita a organização e cada um de seus componentes a crescer e a desenvolver-se à medida que mudem as necessidades e oportunidades. Toda empresa é uma instituição de aprendizado e de ensino. Daí a importância do treinamento e desenvolvimento em todos os níveis de sua estrutura. 5. A organização está ancorada na comunicação e na responsabilidade individual. Para executar bem seu trabalho, todos os seus componentes consideram e comunicam com clareza aquilo que oferecem aos outros e aquilo que recebem deles. 6. Como um ser humano, a organização necessita de diversos indicadores para avaliar sua saúde e desempenho, tais como: posição no mercado, inovação, produtividade, desenvolvimento do pessoal, qualidade, resultados financeiros. As instituições não lucrativas também criam instrumentos para medir as questões 81 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 18 – Gestão Compartilhada Sebastião Donizeti Bazon específicas de sua missão. Assim, o desempenho está entranhado em qualquer organização e na sua gestão. Portanto, deve ser medido, julgado e continuamente melhorado. 7. Dentro de qualquer organização só há custos; o resultado é exterior a ela, está no seu público-alvo ou cliente. O resultado de uma empresa é um cliente satisfeito, de um hospital é o paciente curado, de uma escola é o aluno que aprendeu algo que usará no decorrer da vida. E uma instituição religiosa e social qual será seu resultado? (MURAD, 2007, p. 73-75). Em uma organização religiosa e sem fins lucrativos a gestão pode ser entendida como “gestão compartilhada numa perspectiva de envolvimento de seus membros” (CARVALHO, 2004), possibilitando um processo de “capacitação de pessoas para atuarem em conjunto, inserção na cultura, compromisso com metas e valores compartilhados, aprendizado constante, comunicação e responsabilidade, critérios de desempenho, resultado focado em seu destinatário” (MURAD. 2007, p. 75). Desta forma, o envolvimento e a responsabilidade do gestor profissional são muito mais amplos do que limitar-se a administrar problemas relacionados ao cotidiano, zelar pelo patrimônio, tomar conta do dinheiro e outras tarefas afins. Cabe ao gestor profissional possibilitar os meios e os recursos eficazes para conduzir as organizações para que elas realizem sua missão numa dimensão da práxis religiosa, isto é, práxis que requer reflexão e mudanças. Na execução o gestor deve considerar “as pessoas, a finalidade da instituição e seus valores, os processos internos, o que a organização oferece aos seus interlocutores ou clientes, a relação com a sociedade e o mercado, bem como a garantia de sobrevivência e continuidade” (MURAD, 2007, p. 76) da organização. Com certeza o envolvimento consciente do gestor no processo da gestão é decisivo, pois tal envolvimento e comprometimento implicam em mudanças a curto, médio e longo prazo. 82 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 18 – Gestão Compartilhada Sebastião Donizeti Bazon Murad percebe que uma gestão direcionada e inteligente pode responder aos seguintes objetivos: Gestão é a arte e a competência de liderar pessoas e coordenar processos, em vista de realizar a missão de uma organização. Nesse sentido, toda instituição necessita desenvolver os princípios mínimos de gestão, visando à formação inicial e permanente de seus membros, a organização interna, a realização de projetos com seu público-alvo. Falta de gestão significa caos, voluntarismo, perda de energia e risco de dissolver os sonhos. Uma gestão inteligente, bem direcionada, com uma crescente participação de seus membros, é cada vez mais necessária. Gestão não é sinônimo de empresa nem de negócio, mas quer dizer: organizar da melhor forma para alcançar os fins desejados. Os princípios da gestão desenvolvem-se de maneira própria em distintos âmbitos. Fala-se, assim, de gestão empresarial. Gestão missionária, gestão de iniciativas sociais, gestão do voluntariado, gestão de prestação de serviços e outros (MURAD, 2007, p. 91-92) SAIBA MAIS NOS SITES: www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select... www.pepsic.bvsalud.org https://www.unifafibe.com.br/revistasonline/.../20062014114753.pdf 83 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 19 - Processo de gestão e administração em instituição religiosa Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Demonstrar que conceitos de administração estão presentes em culturas antes do cristianismo. ESTUDANDO E REFLETINDO 1 A gestão como administração requer um processo de planejamento constante. “Administrar é o processo de tomar, realizar e alcançar ações que utilizam recursos para alcançar objetivos” (MAXIMIANO, 2000, p. 25). A “principal razão” de estudar gestão como administração é por certo “seu impacto sobre o desempenho das organizações” (MAXIMIANO, 2000, p. 25). Dependendo da forma de administração a organização pode ou não alcançar os seus objetivos. Para um processo de administração alcançar seus objetivos e cumprir sua missão, precisa estar devidamente ajustado em um plano de ação, com a devida clareza em seus objetivos, suas metas e para realizar as ações obedece quatro passos: planejamento, organização, direção e controle, que precisam estar interligados de forma contínua e avaliativa conforme demonstração a seguir. a) As funções do processo de administração Planejamento. Diagnóstico da situação. Planejamento é o processo de definir objetivos, atividades e recursos. Organização. Elaboração do Plano. Organização é o processo de definir o trabalho a ser realizado e as responsabilidades pela realização, é também o processo de distribuir os recursos disponíveis segundo algum critério. Direção. 1 O texto encontra se disponível no site: https://www.metodista.br/revistas/revistasims/index.php/CA/article/ 84 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 19 - Processo de gestão e administração em instituição religiosa Sebastião Donizeti Bazon Designar responsabilidade. Execução é o processo de realizar atividades e utilizar recursos para atingir os objetivos. O processo de execução envolve outros processos, especialmente o processo de direção, para acionar os recursos que realizam as atividades e os objetivos. Controle. Controle é o processo de assegurar a realização dos objetivos e de identificar a necessidade de modificálos. Entretanto, prefiro no caso da administração em instituição religiosa e sem fins lucrativos, utilizar o termo acompanhamento. A palavra acompanhamento é mais pastoral na perspectiva da práxis religiosa. Desta forma cabe ao gestor desenvolver um processo dinâmico de administração (MAXIMIANO, 2000, p. 27). Liderança. Liderança, por sua formação, tem o papel de acompanhar, avaliar e dialogar com todos os passos do processo de administração. Fonte: Maximiano (2000, p. 27). A figura da liderança foi criada pelos autores. b) Os primórdios da administração Segundo Maximiano (2006) a administração tem seu período de formação constituído entre a Revolução Urbana e a Revolução Industrial. Já a administração como disciplina acadêmica também 85 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 19 - Processo de gestão e administração em instituição religiosa Sebastião Donizeti Bazon citada por Maximiano (2000), tem início na Europa no século 18, durante a Revolução Industrial, estabelecendo “a prática em diversos conceitos” que se tornariam universais nos séculos vindouros. Entretanto, Chiavenato (2000) afirma que princípios de administração estão presentes na constituição comunitária do povo de Israel, pois segundo narrativa bíblica do Êxodo.18.13-27, Moisés é orientado por seu sogro Jetro, sacerdote em Mídia, como deveria proceder no atendimento ao povo. Jetro disse: Que é isto que fazes ao povo? Por que te assentas só, e o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até a tarde? Respondeu Moisés a seu sogro: É porque o povo vem a mim para consultar a Deus. Quando tem alguma questão vem a mim para que julgue entre um e outro, e lhes declare os estatutos de Deus, e as suas leis. O sogro de Moisés, porém, lhe disse: Não é bom o que fazes. Certamente desfalecerás assim tu, como este povo que está contigo. O trabalho é pesado demais; tu só não o podes fazer. Ouve agora a minha voz, e te aconselharei, e Deus seja contigo. Representa o povo diante de Deus, e leva as suas causas a Deus. Ensina-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o caminho em que devem andar, e a obra que deves fazer. Mas procura dentre todo o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinquenta e chefes de dez. Julguem a este povo em todo o tempo. Que a ti traga toda causa grave, mas toda causa pequena eles mesmos a julguem. Assim a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo. Se isto fizeres, e Deus assim ordenar, poderás então suportar a tensão, e também todo este povo irá em paz para o seu lugar. Moisés deu ouvido às palavras de seu sogro, e fez tudo o que este lhe dissera (Êx.18.14b-24). O relato bíblico está dentro de um contexto que demonstra que conceitos de administração estão presentes em culturas antes do cristianismo. Desta forma, o cuidado e a experiência por parte de Jetro e o desejo de aprendizagem e 86 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 19 - Processo de gestão e administração em instituição religiosa Sebastião Donizeti Bazon execução das orientações por Moisés possibilitarão o crescimento do líder e a fluidez nas decisões em favor do povo, a partir da descentralização do poder (B.A.C., 1967, p. 426-429). Segundo Chiavenato (2000), neste ensinamento está a verticalidade da “pirâmide humana”, na qual as tarefas são divididas, ficando a Moisés a responsabilidade do tratado das grandes questões. Mesmo constando na história e na cultura de muitos povos antigos conceitos e procedimentos administrativos tanto na edificação de suas muralhas, monumentos e outros edifícios históricos e até mesmo conceitos de administração em muitas culturas e administração públicas. Segundo Chiavenato (2000), “a chamada ciência da administração somente surgiu no despontar do século XX”, quando a mesma passa a ser a base da organização eficiente do trabalho nas empresas e em outros segmentos, tornando-se o esteio do desenvolvimento da teoria e da prática da administração (MAXIMIANO, 2000, p. 54-55). Mesmo assim, a ciência da administração tem suas interfaces multidisciplinares podendo manter-se em diálogo permanente com outras ciências. LEIA MAIS NOS SITES: www.uesc.br/cursos/graduacao/bacharelado/.../caliana_alves.pdf www.faccamp.br/madm/Documentos/producao.../dissertaCAo.pdf www.endeavor.org.br 87 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 20 - Gestão Eclesiástica Sebastião Donizeti Bazon CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE OBJETIVO Ajudar as organizações religiosas em ter clareza de uma definição sobre gestão eclesiástica ESTUDANDO E REFLETINDO 1 A tradição do protestantismo brasileiro recebeu forte influência das Faculdades de Teologia e Seminários dos Estados Unidos, na formação para o ministério pastoral. Entre o elenco de disciplinas estava presente a disciplina chamada “Administração Eclesiástica” que tinha como objetivo transmitir aos futuros pastores o cuidado com os bens e recursos das comunidades em processo de formação. Essa prática perdurou até a década passada e em algumas escolas de teologia a mesma permanece. Com o advento da ciência da Teoria Geral da Administração (T.G.A.) e os estudos desenvolvidos por Peter Drucher abordando a “Gestão de Organizações Sem Fins Lucrativos”, a partir do final de 1980 e início de 1990, e com as leis federais que criam e regulamentam o Terceiro Setor. O Terceiro Setor é uma terminologia sociológica que dá significado a todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. A palavra é uma tradução de Third Sector, um vocábulo muito utilizado nos Estados Unidos para definir as diversas organizações sem vínculos diretos com o Primeiro Setor (Público, o Estado) e o Segundo Setor (Privado, o Mercado). Murad entende o terceiro setor como sendo:“o conjunto de iniciativas privadas com a 1 O texto encontra se disponível no site: https://www.metodista.br/revistas/revistasims/index.php/CA/article/ 88 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 20 - Gestão Eclesiástica Sebastião Donizeti Bazon finalidade social. Nele estão compreendidas as Instituições filantrópicas criadas por empresas, as OSCIPs (organizações da sociedade civil de interesse público) e todas as outras organizações genericamente denominadas como ONGs (organizações não-governamentais)”, Murad (2007, p. 77-79), incluindo aí também as organizações religiosas como igrejas e outras afins. Diante desta nova realidade percebe-se que até o momento poucos estudos surgiram com finalidade de ajudar as organizações religiosas em ter clareza de uma definição sobre gestão eclesiástica que tivesse abordagem bíblica, teológica e pastoral. Pela ausência de entendimento e definição do sentido de gestão eclesiástica foi sendo construída uma definição que tem a seguinte constituição: “gestão eclesiástica é um processo de atitudes na organização eclesiástica, sustentado, inicialmente, no vínculo da ordem espiritual, ético e moral” (CARVALHO, 2004, p. 37). “A gestão eclesiástica preocupa-se com a dimensão bíblica, teológica e pastoral da Igreja que se caracteriza por sua visão: missionária, educacional e social. A administração eclesiástica nas organizações, em todos os seus níveis, requer uma gestão participativa, relacionadas entre si, e que tem por pressuposto a participação de ministérios com ações harmônicas fundamentadas no espírito de servir com amor, segundo o ensino e a prática do Senhor Jesus” (CARVALHO, 2004, p. 37). a) Conceito de organização eclesiástica O conceito de organização, indicado por Maximiano, explica que “uma organização é um sistema de recursos que procura realizar um conjunto de objetivos. Um sistema é um todo complexo e organizado, formado de partes ou elementos que interagem, para realizar um objetivo explícito” (Maximiano, 2000, p. 91). 89 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 20 - Gestão Eclesiástica Sebastião Donizeti Bazon No entendimento de Carvalho o sistema que é “formado de partes ou elementos que interagem, para realizar um objetivo explícito” pode ser compreendido a partir da dinâmica do trabalho existente na organização religiosa – a Igreja, é por meio do trabalho voluntário, como doação que ela procura atender os diversos objetivos de sua tarefa missionária. Ele afirma que “é na vivência eclesiástica que vamos encontrar a prática de organização com todas as suas dimensões e problemas. Assim, na igreja, a organização tem por finalidade central sugerir o estabelecimento de uma estrutura que torne possível a execução de um determinado plano estratégico de trabalho” (CARVALHO, 2004, p. 37). Portanto, para a execução do trabalho da organização religiosa ela precisa distanciar-se das “organizações burocráticas”, que segundo Weber são como “máquinas totalmente impessoais, que funcionam de acordo com as regras que ele chamou de racionais – regras que dependem de lógica e não de interesses pessoais” (MAXIMIANO, 2000, p. 62-63). Uma organização ágil que possibilita, do ponto de vista da gestão, procedimentos que passem a ser considerados como sendo o distribuidor de tarefas para garantir a realização dos objetivos de uma práxis religiosa criadora de sinas de transformação. Murad entende que as “organizações sociais e religiosas não são empresas”, entretanto, no entendimento de Drucker, são prestadoras de serviços, portanto, não devem distanciar em hipótese alguma de sua tarefa no contexto da missão. Seu desafio é “conhecer seus destinatários, interpretar e antecipar-se às suas demandas e inovar caso contrário, não será viável”. E ele afirma que: 90 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 20 - Gestão Eclesiástica Sebastião Donizeti Bazon A organização que serve à sociedade, através da educação, da saúde ou da comunicação, aferindo desses serviços resultados econômico-financeiro para garantir a continuidade da organização e a sobrevivência de seus membros, está no mercado como uma empresa. Mas não é uma empresa qualquer. Deve colocar-se criticamente diante desse fato e não aceitar os mecanismos iníquos do mercado, em coerência com seus princípios e por espírito profético. Mas necessita reconhecer que está no mercado, pois estabelece relações, realiza trocas e produz valor. Qualquer organização que atua como empresa de serviços tem funcionários (ou colaboradores), destinatários (ou clientes), fornecedores (aqueles que lhes vende os recursos necessários para realizar seu trabalho) e concorrentes (MURAD, 2007, p. 81-82). Para Carvalho (2004), “A organização é a atividade por excelência do processo administrativo de qualquer empreendimento, inclusive da Igreja”. Desta forma, pode-se caracterizar a “organização eclesiástica como sendo um conjunto de relações na comunidade, relações essas baseadas, primeiramente, no vínculo de ordem espiritual, moral e ético (1Co 12.12-31)” (CARVALHO, 2004). A seguir são indicados alguns passos que podem interagir para a organização eclesiástica manter sua identidade de serviço e alcançar seus objetivos: A organização eclesiástica deve adaptar-se aos objetivos centrais de sua razão de ser. Desta forma : “por sua própria natureza e razão de ser, a igreja deve dispor, sempre, de uma estrutura organizacional leve, ágil e versátil, adaptando-se ao ambiente quanto aos procedimentos, mas jamais quanto a princípios, sem deixar de abrir mão de sua origem” (CARVALHO, 2004, p. 38). A organização da comunidade cristã não pode ser encarada como uma regra definitiva, portanto, ela deve ser revista e adaptada periodicamente às novas condições da vida eclesial. A Igreja é uma organização em movimento, dinâmica e sem fronteiras. 91 GESTÃO DE PESSOAS E DE PROCESSOS UNIDADE 20 - Gestão Eclesiástica Sebastião Donizeti Bazon A organização deve existir em cada igreja numa escala equilibrada. Devem ser evitados tanto os excessos de organização, como sua falta traduzida em desordem administrativa e isolamento. A organização eclesiástica deve conter certa dose de improvisação e de imaginação, de liberdade e de iniciativa, isto é, muita criatividade. A organização da comunidade não substitui o cérebro da liderança na igreja, mas deve facilitar suas intervenções. A organização eclesiástica não deve ter um fim em si mesmo; ela foi ordenada por Deus para colaborar com o ser humano, não para fazer-lhes concorrência (CARVALHO, 2004, p. 40-42). LEIA MAIS NOS SITES: www.fucape.br/premio_excelencia_academica/upld/.../andre_05.pd www.fpl.edu.br/2013/media/.../dissertacao_jorge_jose_rasuck_2012.pdf www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-23112012000300004&script.. 92 POLOS EAD Av. Ernani Lacerda de Oliveira, 100 Bairro: Pq. Santa Cândida CEP: 13603-112 Araras / SP (19) 3321-8000 ead@unar.edu.br Rua Américo Gomes da Costa, 52 / 60 Bairro: São Miguel Paulista CEP: 08010-112 São Paulo / SP (11) 2031-6901 eadsp@unar.edu.br 0800-772-8030 www.unar.edu.br