Módulo 2 - Material Complementar Boas-vindas! Prezado(a) Aluno(a): Durante o estudo sobre os fundamentos das comunicações via satélite senti uma necessidade de compreender como o satélite é controlado em sua órbita e, além disso, como podemos estudar um plano orbital. Já imaginava encontrar alguma matemática por trás dessas perguntas e por isso, desenvolvi o Capítulo 1 – Satélite e Órbitas desde Material Complementar com explicações conceituais sobre o posicionamento orbital, as leis que governam o movimento de um satélite, os conhecidos ângulos de Azimute e Elevação entre outros pontos interessantes. Já posso adiantar para o leitor que não serão cobradas avaliações neste módulo sobre este material complementar, ou seja, trata-se de informações que agregam ainda mais aos nossos estudos sobre a tal falada mecânica celeste. O Capítulo 2 possui o objetivo de estudar uma arquitetura de comunicação para os satélites por meio da compreensão das funções do segmento espacial, do segmento terreno e do segmento de controle. Um enfoque é dado nos estudos do segmento espacial na tentativa de “diagramar” o funcionamento dos satélites. Repare que: ainda não iremos mergulhar em planos de canalização e bandas de frequências (L – C – Ka – Ku entre outras). Estamos interessados em compreender (em um primeiro momento) conceitualmente o funcionamento de um satélite baseando-se na teoria da engenharia de telecomunicações. Bons estudos! Lista de Ilustrações Figura 1 - Forças atuantes em um sistema de satélite com orbita circular........................................................................7 Figura 2 - Aplicação das Leis de Newton e determinação da velocidade do satélite em órbita circular..........................9 Figura 3 - Aplicação da primeira Lei de Kepler para órbitas elípticas em sistemas de satélites.....................................11 Figura 4 - Órbita elíptica de um satélite e seus parâmetros geométricos........................................................................13 Figura 5 - Aplicação da segunda Lei de Kepler ao movimento orbital de satélites. .......................................................14 Figura 6 - Aplicação da segunda Lei de Kepler por intermédio do momento angular do satélite. .................................15 Figura 7 - Conceitos sobre o período de dia solar e o período de dia sideral. ..............................................................18 Figura 8 - Orientações dos planos orbitais. .....................................................................................................................19 Figura 9 - Conceitos sobre excentricidade da órbita elíptica. .........................................................................................20 Figura 10 - Tipos de planos orbitais – LEO – MEO – GEO................................................................................................21 Figura 11 - Cálculos para determinação da altura de um satélite geoestacionário. .......................................................23 Figura 12 - Conceitos sobre o sub-ponto de um satélite. ...............................................................................................24 Figura 13 - Definição dos planos para determinação do Ângulo de Azimute. ................................................................25 Figura 14 - Determinação do ângulo de Azimute em função da posição relativa entre a estação terrena e o subponto do satélite..........................................................................................................................................................................26 Figura 15 - Conceitos referentes ao sistema de coordenadas de longitude e latitude. ..................................................27 Figura 16 - Esquema geométrico para determinação do ângulo de azimute. ................................................................28 Figura 17 - Definição dos planos para determinação do Ângulo de Elevação. ..............................................................29 Figura 18 - Ilustração para entendimento dos conceitos do ângulo de elevação. .........................................................30 Figura 19 - Ilustração do software Google Earth para determinação da posição relativa entre a estação terrena e o subponto do satélite. ........................................................................................................................................................31 Figura 20 - Conceitos sobre a declinação magnética da Terra........................................................................................33 Figura 21 - Carta de Declinação Magnética do Observatório Nacional [2].....................................................................34 Figura 22 - Exemplo de cálculo da declinação magnética para a cidade de Campinas ................................................36 Figura 23 - Conceito da distância inclinada e área de cobertura.....................................................................................38 Figura 24 - Exemplo de cálculo da distância inclinada na comunicação entre duas estações terrenas. ......................41 Figura 25 - Arquitetura do sistema de comunicação via satélite......................................................................................46 Figura 26 - Tipos de estações terrenas em um sistema de comunicação via satélite.....................................................47 Figura 27 - Parâmetros relacionados ao desempenho no sistema de comunicação via satélite....................................48 Figura 28 - Relações entre os parâmetros técnicos de planejamento e o provimento de serviços em sistema de satélite... 50 Figura 29 - Subsistemas do segmento espacial ..............................................................................................................51 Figura 30 - Conceitos relacionados ao lançamento de satélites e órbitas de transferência. ..........................................54 Figura 31 - Conceitos sobre o fenômeno – efeito fotovoltaico. .......................................................................................57 Figura 32 - Vantagens e desvantagens dos satélites: Três Eixos e Spin. ........................................................................59 Figura 33 - Diagrama da arquitetura do subsistema de rastreamento, telemetria e comando. ......................................61 Figura 34 - Conceitos sobre o sistema local de coordenadas para controle de altitude de satélites GEO. ..................64 Figura 35 - Diagrama em blocos conceitual do subsistema de controle de altitude.......................................................65 Figura 36 - Diagrama em blocos conceitual de um sistema de comunicação via satélite. ............................................67 Figura 37 - Diagrama em blocos conceitual do sistema payload Bent Pipe de um satélite comunicação. ...................69 Figura 38 - Esquemas de conversão (direta ou dupla) para Downconverter dos sinais de Uplink. ...............................71 Figura 39 - Diagrama simplificado de funcionamento do TWTA. .....................................................................................72 Figura 40 - Diagrama simplificado de funcionamento dos amplificadores SSPAs. .........................................................74 Figura 41 - Diagrama simplificado de funcionamento de um transponder regenerativo.................................................76 Figura 42 - Diagrama de um sistema de comunicação digital via satélite.......................................................................78 Figura 43 - Diagrama em blocos de um sistema de comunicação digital.......................................................................80 Figura 44 - Conceitos sobre o desempenho e o processo de recepção de sinais em sistemas de comunicações.....82 Lista de Siglas e Abreviações ADC - Analog-to-Digital Converter AWGN - Additive White Gaussian Noise BER - Bit Error Rate DAC - Digital-to-Analog Converter DTH - Direct-to-Home DVB-S/S2 - Digital Video Broadcast - Satellite EIRP - Effective Isotropic Radiated Power GEO - Geostacionary Earth Orbit GSO - Geosynchronous Earth Orbit HPA - High Power Amplifiers IF - Intermediate Frequency IMUX - Input Multiplexer LEO - Low Earth Orbit LNA - Low Noise Amplifier LTE - Long Term Evolution MCC - Master Control Center MEO - Medium Earth Orbit OMUX - Output Multiplexer SNR - Signal-to-Noise Ratio SSPA - Solid State Power Amplifier TTC - Tracking, Telemetry and Command TWT - Travelling Wave Tube TWTA - Travelling Wave Tube Amplifiers VSAT - Very Small Aperture Terminal Sumário Capítulo 1 - Satélites – Órbitas......................................................................................................................... 6 1.1. Lei da Gravitação de Newton........................................................................................................ 8 1.2. Segunda Lei de Newton aplicada ao Movimento ........................................................................ 9 1.3. Leis de Kepler.............................................................................................................................. 10 1.3.1. Primeira Lei de Kepler.................................................................................................. 10 1.3.2. Segunda Lei de Kepler................................................................................................. 14 1.3.3. Terceira Lei de Kepler................................................................................................... 16 1.4. Plano Orbital de um Satélite........................................................................................................ 18 1.4.1. Orientação do Plano Orbital ........................................................................................ 19 1.4.2. Excentricidade do Plano Orbital.................................................................................. 20 1.4.3. Distância em relação à Terra........................................................................................ 21 1.4.3.1. Ângulos de Visada do Sistema de Satélite .................................................. 24 1.4.3.1.1. Ângulo de Azimute......................................................................... 25 1.4.3.1.2. Ângulo de Elevação ...................................................................... 29 1.4.3.1.3. Exemplo – Azimute e Elevação..................................................... 31 1.4.3.1.4. Declinação Magnética................................................................... 33 1.4.3.2. Cálculo da Distância Inclinada do Satélite (Slant Range)............................ 38 1.4.3.2.1. Exemplo – Cálculo da Distância Inclinada.................................... 41 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite........................................................... 45 2.1. Fundamentos dos Sistemas de Comunicações Digitais via Satélite......................................... 48 2.2. Segmento Espacial – Funções e Subsistemas do Satélite........................................................ 51 2.2.1. Sistema Plataforma do Satélite.................................................................................... 52 2.2.1.1. Subsistema de Hardware – Infraestrutura Mecânica................................... 52 2.2.1.2. Subsistema de Propulsão ............................................................................ 53 2.2.1.3. Subsistema de Controle de Temperatura..................................................... 55 2.2.1.4. Subsistema de Energia – Alimentação......................................................... 56 2.2.1.4.1. Exemplo – Subsistema de Energia Solar...................................... 58 2.2.1.5. Subsistema de Rastreamento, Telemetria e Comando (Monitoramento).... 61 2.2.1.6. Subsistema de Controle de Órbita e Altitude............................................... 63 2.2.1.6.1. Sensores para Controle de Altitude.............................................. 66 2.2.2. Sistema Payload do Satélite ....................................................................................... 67 2.2.2.1. Sistema – Transponder Transparente Bent Pipe.......................................... 69 2.2.2.1.1. Subsistema de Amplificação dos Satélites de Comunicação...... 72 2.2.2.2. Sistema – Transponder Regenerativo........................................................... 75 2.2.2.3. Técnicas de Comunicações Digitais em Sistemas de Satélite.................... 77 2.2.2.3.1. Fundamentos da Transmissão Digital........................................... 77 Quiz 1.............................................................................................................................................................. 84 Quiz 2.............................................................................................................................................................. 85 Referências Bibliográficas.............................................................................................................................. 87 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas As localizações orbitais de um dispositivo espacial em sistemas de comunicações via satélite influenciam significativamente na determinação de sua cobertura e nas características operacionais dos serviços que estão ativos. Não é o objetivo deste capítulo do módulo retratar de forma aprofundada a mecânica orbital dos satélites dado a complexidade de dedução e análise da física aplicada ao movimento de corpos celestes. Ainda assim, é muito importante mencionar que o entendimento da dinâmica orbital provê informações valiosas para análise de questões que relacionam os tipos de órbitas de satélite com determinadas aplicações, suas implicações nas comunicações, além de conceitos relacionados à estabilidade orbital, requisitos de lançamento e a própria operacionalização do sistema de satélite. Assim, esta seção descreve as características gerais das órbitas de satélites Anotações evidenciando quais são as principais órbitas utilizadas para as comunicações via satélite. Enquanto uma trajetória descreve um caminho traçado por um corpo em movimento, uma órbita é uma trajetória que é periódica. Um satélite artificial que se move em torno do planeta Terra retrata um movimento orbital enquanto um veículo de lançamento descreve uma trajetória de lançamento. Esse conceito é importante uma vez que o estabelecimento da órbita final de um satélite pode ocorrer em um plano de trajetórias com órbitas de transferência, por exemplo. Neste sentido, embora sejam conceitualmente distintos, os termos trajetória e órbita possuem um relacionamento estreito na análise da mecânica orbital de satélites. Em um primeiro momento, pode-se mencionar que o movimento dos satélites artificiais e naturais em torno do planeta Terra é governado por duas forças. Uma delas é de natureza Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 7 centrípeta a qual é direcionada para o centro do planeta Terra devido à força gravitacional de atração de nosso planeta Terra enquanto a outra é a força centrífuga a qual atua na direção contrária ao centro da Terra conforme mostra a Figura 1. Figura 1 - Forças atuantes em um sistema de satélite com orbita circular. No contexto orbital, é importante notar que a força centrífuga é a força exercida durante o movimento circular pelo corpo-objeto que se movimenta em torno do corpo-objeto que é orbitado. No caso do sistema Terra-Satélite, o satélite é o corpo que exerce a força centrífuga. No entanto, é a força centrípeta a responsável pelo movimento circular. Na ausência da força centrípeta, o satélite continuaria se movendo em linha reta com determinada velocidade após a injeção orbital. A Anotações força centrípeta, atuando com uma determinada angulação perpendicular à direção de velocidade do satélite em relação ao centro da Terra, faz com que o movimento retilíneo se transforme em um movimento circular ou elíptico dependendo da velocidade do satélite. A partir da força centrípeta tem-se a aceleração centrípeta a qual pode, de fato, mudar a direção do vetor de velocidade do satélite. Com isso, a força centrífuga é compreendida como uma força exercida pelo satélite 8 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas com direção contrária, ou seja, se opondo e promovendo uma reação à força centrípeta (3ª Lei de Newton – Para cada ação tem-se outra ação equivalente e contrária reação). Isso significa que existe uma aceleração centrífuga no sentido contrário ao centro da Terra devido à existência da aceleração centrípeta. Logo, a única força radial que atua sobre os satélites que orbitam a Terra é a força centrípeta. A força centrífuga não atua sobre o satélite, pelo contrário, é uma força de reação exercida pelo próprio satélite. 1.1. Lei da Gravitação de Newton Essas duas forças podem ser explicadas de forma mais detalhada com o auxílio das leis da gravitação universal de Newton e especificamente, da segunda de Newton para o movimento. De fato, as mesmas leis físicas que governam o movimento dos planetas em torno do sol são aplicadas e governam o movimento dos satélites naturais e artificiais em torno da Terra. A formulação da conhecida Lei da Gravitação de Newton remete ao seguinte pensamento-lei: • Cada partícula atrai outras partículas com uma dada força gravitacional cuja magnitude é diretamente proporcional ao produto das respectivas massas das partículas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separam (equação 1.1): G × m1 × m2 r2 m1 e m2 → massas de duas partículas F= (1.1) G → constante gravitacional, G = 6.67 × 10−11 m3 kg s 2 A força com a qual uma partícula de massa m1 atrai outra partícula de massa m2 é equivalente à força que a partícula m2 exerce sobre a partícula m1. A magnitude das forças é igual, mas opostas em termos de direção. Já a aceleração experimentada por cada partícula dependerá das suas respectivas massas. Conceitualmente, a aceleração de um corpo é uma medida da força empregada por unidade de massa. Isso significa que quanto maior é a massa de um corpo alvo Anotações de uma determinada força, menor será a aceleração experimentada pelo corpo. No sistema TerraSatélite o planeta Terra possui massa muito maior e, portanto, praticamente não é acelerado pela força que o satélite exerce (pois o satélite tem massa muito menor). Já a aceleração resultante da força atuante no satélite em função da força gravitacional exercida pela Terra tem influência no movimento orbital do próprio satélite dada a sua massa muitas vezes menor. Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 9 1.2. Segunda Lei de Newton aplicada ao Movimento A lei que relaciona a massa de um corpo com a força e a aceleração é justamente a segunda lei de Newton aplicada ao movimento. Um satélite em órbita com uma velocidade orbital v experimentará uma aceleração centrípeta proporcional à v2/r, em que r é a distância do satélite ao centro da Terra. Considerando uma massa m para o satélite, uma força de reação centrífuga exercida pelo satélite igual à mv2/r será equivalente à força gravitacional exercida sobre o satélite. A Figura 2 mostra a aplicação da 2ª e da 3ª lei de Newton evidenciando as forças que existem no movimento orbital circular de um satélite em torno da Terra. Igualando a força gravitacional exercida pela Terra sobre o satélite em direção ao centro do planeta com a força centrífuga em função da velocidade do satélite é possível determinar a velocidade orbital do satélite a qual é dada em função da constante gravitacional geocêntrica μ=3.986013x105 km3/s2. Figura 2 - Aplicação das Leis de Newton e determinação da velocidade do satélite em órbita circular. Anotações 10 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas Com a determinação da velocidade orbital do satélite v é possível calcular o tempo orbital T que o satélite leva para completar a trajetória circular, dada pela seguinte equação: 2 × π × r 2 × π × r 3/ 2 = T = µ µ (1.2) r 1.3. Leis de Kepler Neste momento, é interessante compreender os fundamentos de pesquisa que Newton utilizou como pilar de estudos para formular e desenvolver seus notáveis trabalhos na temática do movimento dos corpos do sistema solar. Johannes Kepler, astrônomo e matemático alemão é o autor das três leis que governam a mecânica celeste denominadas Leis de Kepler as quais foram utilizadas e refinadas por Newton (em meados de 1665) em seus trabalhos com as leis do 1.3.1. Primeira Lei de Kepler A primeira Lei de Kepler estabelece que a órbita de um satélite em torno da Terra é elíptica com o centro de massa da Terra sendo um dos pontos focais da elipse. A Figura 3 descreve a órbita elíptica de um satélite evidenciando o centro de massa do planeta Terra em dos pontos de foco da elipse. Uma órbita elíptica é caracterizada por um semieixo maior (a) e por uma excentricidade elíptica a qual é definida como a razão entre a distância compreendida entre centro da elipse e o centro da Terra (ponto focal) e o semieixo maior da elipse (a). Anotações movimento e gravitação universal. As Leis de Kepler acerca do movimento planetário podem ser aplicadas a quaisquer dois corpos no espaço que interagem por intermédio da gravitação. A explicação das três Leis de Kepler auxilia na compreensão mais detalhada do movimento orbital dos satélites em torno da Terra abrindo o horizonte de análise para posteriores conclusões dos sistemas de comunicações via satélite. Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 11 Figura 3 - Aplicação da primeira Lei de Kepler para órbitas elípticas em sistemas de satélites. Assim, uma órbita circular pode ser interpretada como um caso particular da órbita elíptica com excentricidade igual a zero, ou seja, os pontos focais se convergem em um único ponto central tornando a elipse um círculo. Na modelagem matemática dos movimentos elípticos é possível calcular a velocidade de um satélite utilizando o princípio da conservação de energia que vale para todos os pontos espaciais da órbita elíptica. O princípio da conservação da energia estabelece que a energia não pode ser criada, nem destruída e sim transformada de uma forma para outra. Na análise do movimento orbital de satélites, os fundamentos da conservação de energia podem ser Anotações aplicados à luz dos conceitos das energias dos tipos cinética e potencial em um satélite. Assim, o princípio da conservação de energia estabelece que a soma das energias de movimento (cinética) e potencial do satélite resulta em uma constante. O valor dessa constante B em uma órbita elíptica depende da interação entre a Terra e o satélite e, portanto, de suas massas em conjunto com o semieixo maior da órbita elíptica. B= − G × m1 × m2 2a (1.3) 12 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas De forma específica, a energia cinética de um satélite em movimento é dependente da velocidade orbital v e da massa do satélite m2 enquanto a energia potencial a uma dada distância r é dependente da interação gravitacional entre a Terra e o satélite de acordo com as seguintes equações: Energia Cinética (Sat) = Energia Potencial (Sat) = − 1 m2 v 2 G × m1 × m2 r (1.4) (1.5) Com o objetivo de determinar a velocidade de um satélite em órbita elíptica pode-se somar as energias cinética e potencial igualando-as à constante B da equação (1.3), resultando no seguinte desenvolvimento matemático: G × m1 × m2 G × m1 × m2 1 m2 v 2 − = − r 2 2a 2 1 v2 = G × m1 − r a = v Anotações 2 1 µ − r a (1.6) Capítulo 1 - Satélites – Órbitas Observando a equação (1.6), percebe-se que é possível determinar a velocidade orbital de um satélite a uma dada distância em função da constante gravitacional e do semieixo maior da elipse orbital. A Figura 4 mostra um satélite em órbita elíptica em conjunto com os parâmetros geométricos necessários para determinação da velocidade e que definem a orbita do satélite em torno da Terra. Um dos parâmetros mais importantes seriam os pontos de apogeu e perigeu do sistema orbital. O ponto espacial da órbita elíptica no qual o satélite fica mais distante da Terra é denominado de apogeu enquanto o ponto espacial no qual o satélite fica mais próximo do centro da Terra é denominado de perigeu. Figura 4 - Órbita elíptica de um satélite e seus parâmetros geométricos. Anotações 13 14 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 1.3.2. Segunda Lei de Kepler A linha que interliga o centro da Terra com o satélite retrata o raio orbital do satélite e é utilizada para verificar que o próprio satélite ilumina áreas equivalentes no plano orbital em equivalentes intervalos de tempo. A Figura 5 mostra as diferentes áreas iluminadas por um satélite em diferentes pontos espaciais da órbita elíptica. A segunda Lei de Kepler estabelece que, considerando o mesmo de tempo na trajetória do satélite, estas áreas são iguais. Figura 5 - Aplicação da segunda Lei de Kepler ao movimento orbital de satélites. Anotações Capítulo 1 - Satélites – Órbitas Assim, em uma posição orbital perto do perigeu, dentro de um tempo de trajetória de 1 hora, o satélite orbitando a uma dada velocidade cobre uma área 1. Pela segunda Lei de Kepler, em uma posição orbital perto do apogeu, dentro do mesmo tempo de trajetória de 1 hora, o satélite irá cobrir uma área 2 a qual é igual à área 1. Este resultado mostra que a velocidade orbital do satélite não é constante. De fato, o satélite se move mais rápido (maior velocidade) conforme se aproxima da Terra enquanto sua velocidade decresce nos pontos mais distantes do centro da Terra. A prova para essa análise reside na modelagem do vetor velocidade do próprio satélite a luz da segunda Lei de Kepler. Especificamente, a segunda Lei de Kepler é explicada por intermédio do conceito físico da conservação do momento angular do satélite o qual é determinado pelo produto entre a massa do satélite, a sua velocidade angular e o vetor raio. A Figura 6 mostra as equações que descrevem a conservação do momento do satélite em função da componente de velocidade (v’) perpendicular ao raio orbital. Figura 6 - Aplicação da segunda Lei de Kepler por intermédio do momento angular do satélite. Anotações 15 16 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas Essa componente de velocidade é obtida pelo produto entre a velocidade do satélite v e o ângulo entre a direção de movimento do satélite e o plano perpendicular ao raio orbital. Assim, pela segunda Lei de Kepler, o momento angular rvcos(α) é constante e, portanto, encontra-se uma relação inversamente proporcional entre a velocidade perpendicular orbital e a distância r do satélite. Isso significa que em pontos espaciais pertos da Terra, indo para o perigeu (r pequeno), a velocidade perpendicular orbital é maior (mantendo o momento angular constante). Em contrapartida, para pontos espaciais distantes da Terra, (apogeu, r grande), a velocidade perpendicular orbital é menor (equilibrando o momento angular). Em outras palavras, para qualquer satélite em órbita elíptica, o produto interno entre o vetor de velocidade e o vetor de raio orbital é constante para todos os pontos espaciais da órbita elíptica. 1.3.3. Terceira Lei de Kepler A terceira Lei de Kepler, também conhecida como lei dos períodos, estabelece que o quadrado do período do tempo orbital de um corpo (satélite) é proporcional ao cubo da distância média entre dois corpos no espaço. Especificamente para o caso da órbita elíptica, o quadrado do período do tempo orbital é calculado em função do cubo (terceira potência) do semieixo maior da órbita elíptica. Ainda assim, a dedução matemática para o tempo orbital pode ser conduzida considerando uma órbita circular (caso particular da órbita elíptica) com raio orbital r, de acordo com: G × m1 × m2 m2 × v 2 = r r2 v = w × r → Velocidade → Velocidade Angular G × m1 × m2 m2 × ( w × r ) = = m2 × w2 × r 2 r r 2 Isolando o termo da velocidade angular na equação (1.7) e considerando a relação entre o período T e a velocidade angular, segue o seguinte desenvolvimento: Anotações (1.7) Capítulo 1 - Satélites – Órbitas G × m1 × m2 m2 × ( w × r ) = = m2 × w2 × r 2 r r G × m1 2π 2 → = w= w T r3 17 2 (1.8) 4π 2 3 T = r G m × 1 2 Com isso, é possível estabelecer uma relação entre o período orbital T e o raio orbital r para uma órbita circular. A relação do período orbital para órbita elíptica pode ser obtida substituindo a distância r pelo valor do semi-eixo maior da elipse a, resultando em: 2π 2 3/ 2 2π 2 3/ 2 T = →T r = a (Órbita Elíptica) µ µ µ r = 2 T 2/3 4π Sob essa condição, um período orbital específico pode ser dimensionado por intermédio da escolha adequada do raio orbital. Isso permite à engenharia de planejamento de órbitas de satélite estudar e selecionar períodos orbitais mais adequados aos requisitos das aplicações levando os satélites a determinadas posições de altitude. As coordenadas de órbita dos satélites são especificadas em relação ao período de dia sideral (sidereal day) ao invés do período de dia em relação ao sol (sun day). O período de dia em relação ao sol o qual forma a base de referência Anotações (1.9) para todos os padrões de tempo globais é baseado na rotação da Terra tomando o Sol como referência enquanto o tempo sideral é baseado na rotação da Terra em relação a uma estrela infinitamente distante (fixa). São períodos de revolução muito próximos. Especificamente, o dia solar tem duração exata de 24 horas e o dia sideral tem duração de tempo igual à 23h 56min e 4s resultando em um tempo total de 86.164 segundos conforme mostra a Figura 7. Assim, um dia sideral tem duração ligeiramente menor (0.3%) quando comparado com o dia solar. 18 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas Figura 7 - Conceitos sobre o período de dia solar e o período de dia sideral. 1.4. Plano Orbital de um Satélite Assim, baseado no sistema de tempo sideral, um raio orbital pode ser escolhido (por exemplo) com o objetivo de fazer o período de revolução de um satélite ser exatamente igual ao período de rotação da Terra resultando em um efeito posicional estacionário para o satélite. Para um observador na Terra, tudo se passa como se o satélite estivesse parado. Neste sentido, a configuração da órbita do satélite deve ser caracterizada por certas particularidades para que o satélite seja visto de forma fixa no céu. Com isso, torna-se necessário definir as características do plano orbital de um satélite. É por intermédio das diferentes Anotações configurações de órbita que existem diferentes tipos de órbita – mais adequadas a certos tipos de aplicações. De forma inicial, é possível citar três informações principais que caracterizam um plano de órbita de um satélite: • Orientação do plano orbital; • Excentricidade da órbita; • Distância em relação à Terra. Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 1.4.1. Orientação do Plano Orbital Um plano orbital de um sistema de satélite pode ter diferentes orientações em relação ao plano do equatorial da Terra (referente à linha do equador). O ângulo formado entre o plano orbital e o plano equatorial é denominado de ângulo de inclinação do satélite. A Figura 8 mostra os tipos de orientações para o plano orbital de um sistema de satélite evidenciando as órbitas – equatorial – polares e inclinadas. Figura 8 - Orientações dos planos orbitais. Anotações 19 20 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas No caso da orientação equatorial o ângulo de inclinação do satélite é igual a zero fazendo com que o plano orbital do satélite coincida com o plano equatorial da Terra. Ressalta-se que a coordenada de latitude está relacionada com o ângulo medido entre o plano do equador e a superfície de referência. Isso significa que a coordenada de latitude para o satélite é 0º quando este estiver configurado em um plano orbital equatorial. Para um ângulo de inclinação igual à 90º, o plano orbital é dito como polar enquanto para um ângulo de inclinação entre 0º e 180º, o plano orbital é dito como inclinado. Assim, para uma inclinação entre 0º e 90º o satélite se move na mesma direção que a rotação da Terra e como resultado tem-se uma órbita progressiva. No caso de uma inclinação entre 90º e 180º o satélite se move em uma direção contrária a direção de rotação da Terra resultando em uma órbita regressiva. A maioria dos satélites é lançada em órbitas progressivas uma vez que a própria velocidade de rotação da Terra pode ser usada a favor da velocidade orbital do satélite (economizando energia no lançamento). 1.4.2. Excentricidade do Plano Orbital Referente à excentricidade do plano orbital, esta pode ser classificada em elíptica ou circular dependendo do valor da excentricidade da órbita. Assim, conforme exposto, existem diferentes formas de se estimar a excentricidade de um plano orbital. A Figura 9 mostra as distâncias envolvidas em uma órbita elíptica evidenciando os pontos de perigeu e apogeu. A excentricidade de uma órbita pode ser obtida por intermédio da relação entre as distâncias (diferença e soma) ao ponto de perigeu e apogeu do sistema. Neste sentido, quanto à excentricidade de uma órbita está entre zero e um tem-se um plano orbital elíptico. Quando a excentricidade da órbita é igual a zero, o plano orbital é circular. Figura 9 - Conceitos sobre excentricidade da órbita elíptica. Anotações Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 21 1.4.3. Distância em relação à Terra Em um primeiro momento, é importante ressaltar que dependendo dos objetivos do sistema de satélite, têm-se planos orbitais mais adequados para determinadas aplicações. Isso significa que os planos orbitais podem configurar diferentes distâncias até a Terra. Dependendo da distância em relação à Terra, é possível classificar os planos orbitais em órbitas baixas (LEO – Low Earth Orbit), órbitas médias (MEO – Medium Earth Orbit) e órbitas geoestacionárias GEO (Geostacionary Earth Orbit) conforme destaca a Figura 10. Figura 10 - Tipos de planos orbitais – LEO – MEO – GEO. Os satélites LEO orbitam ao redor da Terra com distâncias que podem variar de 160 km a 500 km de altura em relação à superfície terrestre. São satélites de órbitas baixas com períodos orbitais muito curtos. Por estar a distâncias bem próximas, o atraso de propagação dos sinais tem pequena duração e isso pode facilitar as aplicações de comunicações do satélite. De fato, com atrasos de propagação menores em virtude das distâncias menores, o satélite não precisa trabalhar Anotações com elevada potência de transmissão levando a uma possível redução dos custos em seu desenvolvimento resultando em projetos de construção mais compactos para o sistema de satélite. No entanto, devido ao período orbital curto dos satélites LEO, estes não podem oferecer uma cobertura 24 horas para uma determinada estação terrena. São necessários vários satélites LEO para que a cobertura de uma estação seja feita a todo o momento. O projeto Motorola Iridium (lançado 22 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas em meados de 1999) é um exemplo da utilização de satélites LEO para implantação de um sistema de comunicação via satélite [1]. Existem 66 satélites Iridium formando uma constelação de satélites de órbita baixa com o objetivo de fornecer um serviço móvel digital para transmissão de sinais de sistemas de telefonia. O termo Iridium que define o nome do projeto foi proposto inicialmente com uma arquitetura de 77 satélites o qual representa o número atômico do elemento químico (Iridium). Os satélites de órbita média (MEO) normalmente são de órbitas polares e são utilizados principalmente em comunicações para navegação. Estão situados a alturas que podem variar de 10.000 km a 20.000 km em relação à superfície terrestre. Os satélites MEO podem cobrir boa parte (grandes regiões) do planeta Terra e possuem período orbital entre 6 e 12 horas. No entanto, as distâncias envolvidas implicam em atrasos bem maiores que os satélites LEO. Neste sentido, o interessante seria a busca por um plano orbital que pudesse atender ao requisito de cobertura 24 horas conforme citado anteriormente e ao mesmo tempo, fosse caracterizado 1 3 por particularidades que favorecem o sistema de lançamento e controle do satélite. A Terceira Lei de Kepler remete ao fato de que existe uma relação direta entre o raio orbital de um plano orbital e o período de revolução (orbital) de um satélite. Conforme destacado anteriormente, é possível, para a engenharia de planejamento de satélites, estabelecer requisitos de operação para que o tempo orbital de um satélite seja igual ao tempo de rotação da Terra. Dessa forma, o satélite poderia ser utilizado para prover uma cobertura de 24 horas para uma determinada região da Terra. Assim, a partir de um tempo orbital adequado, se a excentricidade do plano orbital for igual a zero e o ângulo de inclinação do satélite for 0º (plano equatorial) o satélite terá um efeito posicional estacionário como se fosse um ponto fixo no céu. Esta característica confere o nome geoestacionário ao plano orbital GEO. Assim, baseado na Terceira Lei de Kepler e tomando o sistema de tempo-dia sideral é possível calcular o raio orbital que resulte em um período orbital igual à 23h 56min 4s de acordo com o seguinte desenvolvimento matemático: 2 µ Raio Orbital = 2 × Tempo Orbital 3 4π 1 3 (1.10) 2 3.9860064 × 105 3 Raio Orbital = 42.164,176 km × ( 86.164.09 ) = 2 π 4 Com o valor do raio orbital relacionado ao tempo orbital parametrizado e sabendo que o raio da Terra (equatorial) é igual a 6.378 km torna-se possível estimar a altura de um satélite Anotações geoestacionário (35.786 km) para o estabelecimento de comunicações com 24 horas de cobertura conforme mostra a Figura 11. Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 23 Figura 11 - Cálculos para determinação da altura de um satélite geoestacionário. Normalmente, o valor da distância da órbita GEO (35.786 km) pode ser aproximado para 36.000 km nos cálculos de sistemas de satélite que não exijam precisão matemática detalhada (estimativas rápidas de cálculo para diagnósticos, por exemplo). É importante notar que o plano orbital geoestacionário é ideal e não pode ser alcançado perfeitamente por satélites reais em virtude das diferentes forças espaciais que atuam no satélite, além da força gravitacional da Terra. A trajetória perfeita de uma órbita GEO é muito difícil de ser mantida precisamente, pois exigiria um gasto expressivo de energia para o Anotações controle dos sistemas de estabilidade do satélite a fim de manter a posição correta dentro da órbita. Isso significa que estabelecer uma órbita em um plano precisamente equatorial com inclinação e latitude zero implicaria em alta complexidade e custos energéticos para o sistema de satélite. Na prática, o plano orbital geoestacionário possui uma ligeira (pequena) inclinação levando a uma reduzida excentricidade (não zero) da órbita. Esta órbita real geoestacionária, presente na prática dos sistemas de satélite também é conhecida como órbita geossíncrona – GSO (Geosynchronous Earth Orbit). Especificamente, um 24 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas tempo orbital de revolução igual (ou aproximadamente) ao dia sideral e a direção do movimento do satélite no mesmo sentido de rotação da Terra são as condições para que um plano orbital (com qualquer inclinação) seja classificado como geossíncrono. Um satélite ideal geoestacionário possui o mesmo sincronismo presente em um plano GSO, mas com inclinação essencialmente igual a zero. Neste sentido, embora os dois termos (GEO e GSO) sejam usados de forma intercambiável na prática, um satélite geoestacionário é sempre geossíncrono, mas o contrário não é verdadeiro. De fato, o importante é verificar que as forças extras do sistema planetário interferem no estabelecimento de uma órbita perfeitamente geoestacionária. Neste sentido, torna-se necessário estabelecer um controle síncrono da órbita geoestacionária a fim de controlar a posição de satélite dentro de um range geoestacionário síncrono (GSO). 1.4.3.1. Ângulos de Visada do Sistema de Satélite Os ângulos de visada de um sistema de satélite estão relacionados com as coordenadas de localização para que as estações terrenas consigam estabelecer as comunicações com um determinado satélite. Uma vez que a estação terrena esteja dentro da área de cobertura do satélite, um processo de apontamento deve ser feito para que o sistema de comunicação possa ter sucesso no estabelecimento das comunicações. Este processo de apontamento da antena da estação terrestre é baseado nos conhecimentos dos ângulos de Azimute e Elevação da estação terrena. O ângulo de elevação E do sistema de satélite tem relação direta com a distância do satélite com a estação terrena. Com o objetivo de estudar e determinar os ângulos de visada torna-se necessário conhecer a posição do satélite na órbita a qual é feita por meio de um subponto de satélite. O subponto de um satélite é determinado pela localização na superfície terrestre que interliga diretamente o satélite ao centro da Terra, ou seja, é a projeção de localização terrestre do satélite pelo eixo direto que liga o centro da Terra ao satélite em uma dada posição orbital (Figura 12). É por intermédio do Anotações subponto do um satélite que é possível determinar qual é o ângulo de Azimute de uma estação terrena. Para um observador posicionado no subponto terrestre de um satélite, o próprio satélite estaria bem acima (verticalmente) do observador. Figura 12 - Conceitos sobre o sub-ponto de um satélite. Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 25 1.4.3.1.1. Ângulo de Azimute A Figura 13 mostra os planos que são utilizados para a definição do ângulo de Azimute de uma estação terrena. O ângulo de Azimute A de uma estação terrena é definido como o ângulo produzido pela linha de intersecção entre o plano local horizontal e o plano que passa através da estação terrena, do satélite e do centro da Terra em relação ao norte verdadeiro. É possível notar que a linha de intersecção entre os planos mencionados (horizontal e o plano Satélite-Terra-Centro) pode resultar em diferentes retas-tangentes no ponto da estação terrena. Isso significa que a determinação do ângulo de Azimute de uma estação é dependente das relações entre a posição – localização da estação terrena e do subponto do satélite. Figura 13 - Definição dos planos para determinação do Ângulo de Azimute. Anotações 26 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas Assim, considerando a posição fixa da estação terrena têm-se quatro combinações que relacionam a posição relativa entre a estação terrena (ET) e o subponto do satélite (SS). Essas quatro combinações são mostradas na Figura 14 e por intermédio da posição relativa pode-se calcular o ângulo de Azimute ponderado pela seguinte análise: • Se a estação terrena estiver posicionada no hemisfério Norte: »» A = 180° - A’, se a estação terrena estiver a oeste do sub-ponto do satélite »» A = 180° + A’, se a estação estiver a leste do sub-ponto do satélite. • Se a estação terrena estiver posicionada no hemisfério sul: »» A = A’, se a estação terrena estiver a oeste do sub-ponto do satélite »» A = 360° - A’, se a estação estiver a leste do sub-ponto do satélite. Figura 14 - Determinação do ângulo de Azimute em função da posição relativa entre a estação terrena e o subponto do satélite Anotações Capítulo 1 - Satélites – Órbitas O ângulo de Azimute intermediário (A’) depende das coordenadas de latitude e longitude da estação terrena e da longitude do satélite. A Figura 15 ressalta os conceitos do sistema de coordenadas com os sinais aplicados à longitude (referente ao meridiano de Greenwich) e latitude (referente à linha do equador). Figura 15 - Conceitos referentes ao sistema de coordenadas de longitude e latitude. A Figura 16 mostra um esquema geométrico contemplando as coordenadas de longitude do satélite e da estação terrena em conjunto com a latitude da estação terrena para determinação do ângulo de azimute do sistema. É interessante notar que o ângulo de azimute é medido no sentido horário (0º a 360º) a partir do norte verdadeiro até a intersecção dos planos TSO e TPM. O referido plano TSO engloba o satélite, a estação terrena e o centro da Terra enquanto o plano TPM é o plano local horizontal da estação terrena. Anotações 27 28 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas Figura 16 - Esquema geométrico para determinação do ângulo de azimute. Assim, com a informação das coordenadas de longitude do satélite (θs), da longitude da estação terrena (θlong) e da latitude da estação terrena (θlat), é possível, através de manobras de MP A ' = arctan MT ( tan θ − θ s long A ' = arctan sin (θ lat ) Logo, baseado na análise da posição relativa do subponto do satélite em relação à estação terrena e a partir das coordenadas de posição do Anotações trigonometria-matemática, calcular a tangente inversa dos segmentos MP e MT para determinar o ângulo de Azimute intermediário (A’): ) (1.11) satélite e da estação terrena, torna-se possível calcular o ângulo de azimute do sistema de satélite para o apontamento da antena na estação. Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 1.4.3.1.2. Ângulo de Elevação O Ângulo de elevação E é o ângulo produzido entre a linha de intersecção do plano local horizontal com o plano que interliga a estação terrena, o satélite e o centro da Terra com a linha que interliga o satélite com a estação terrena conforme mostra a Figura 17. Figura 17 - Definição dos planos para determinação do Ângulo de Elevação. Anotações 29 30 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas A Figura 18 mostra um esquema geométrico para a ilustração do ângulo de elevação em mais detalhes. Assim, o ângulo de elevação (E) pode ser interpretado como uma medida do grau de inclinação do caminho de visada até o satélite e tem influência direta na determinação da distância entre o satélite e a estação terrena, além de questões relacionadas à atenuação por chuva e gases atmosféricos. Figura 18 - Ilustração para entendimento dos conceitos do ângulo de elevação. O cálculo do ângulo de elevação é mostrado na equação 1.12 e depende diretamente das coordenadas de latitude e longitude da própria estação terrena, do raio orbital, do raio da Terra e da coordenada de longitude do satélite resultando em: E ( ) r − R cos (θ lat ) cos θ s − θ long arctan −1 R sin cos cos (θ lat ) cos θ s − θ long Anotações { ( )} −1 − cos cos (θ lat ) cos θ s − θ long ( ) (1.12) Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 31 1.4.3.1.3. Exemplo – Azimute e Elevação Uma estação terrena é localizada por meio das coordenadas de longitude (30º West - Oeste) e latitude (60º North - Norte). Com esse par de localizações, o objetivo seria determinar os ângulos de Azimute e Elevação da estação terrena em relação a um satélite geoestacionário com coordenada de longitude de 50º –West – Oeste. O raio orbital do sistema é de 42.164 km (considerando um raio equatorial-Terra igual a 6.378 km). da estação terrena (60º ao Norte) releva que a estação está localizada no hemisfério Norte. Além disso, nota-se pela Figura 19 que a estação terrena está a leste do subponto do satélite. Com isso, a ponderação no cálculo do ângulo de Azimute intermediário segue a seguinte condição: Solução: O primeiro ponto de análise reside na posição relativa entre a estação terrena e o satélite. Neste sentido, a coordenada de latitude »» A = 180º + A’, se a estação terrena estiver a leste do subponto do satélite; • Se a estação terrena estiver posicionada no hemisfério norte: Figura 19 - Ilustração do software Google Earth para determinação da posição relativa entre a estação terrena e o subponto do satélite. Anotações 32 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas Com estas informações (latitude e longitude da estação terrena e a longitude do satélite) é possível calcular o ângulo de Azimute da seguinte forma: ( ) ( ) tan θ − θ tan −50º − ( −30 ) º tan ( 20º ) long s 0.364 arctan arctan = = A ' arctan = arctan sin (θ lat ) sin ( 60º ) sin ( 60º ) 0.866 0.364 = = = A ' arctan ( 0.420 ) 0.397radianos 0.866 arctan 180 22.78º = × A ' 0.397 radianos= π (1.13) A= 180º + A '= 180º +22.78º A = 202.78º (Ângulo de Azimute) θ s → Longitude do Satélite = 50ºW θ long → Longitude da Estação Terrena = 30ºW θ lat → Latitude da Estação Terrena = 60ºN Considerando o raio orbital do satélite r = 42.164 km e o raio da Terra (equatorial) R = 6.378 km em conjunto com as coordenadas de longitude e latitude da estação terrena e da diferença ( ) de longitude entre satélite e estação terrena, é possível calcular o ângulo de elevação da estação de acordo com o seguinte desenvolvimento matemático: r − R cos (θ lat ) cos θ s − θ long E arctan − cos −1 cos (θ lat ) cos θ s − θ long −1 R sin cos cos (θ lat ) cos θ s − θ long 42.164 − 6.378 × cos ( 60º ) cos ( 20º ) − cos −1 cos ( 60º ) cos ( 20º ) E arctan 6.378 × sin cos −1 ( cos ( 60º ) cos 20º ) 42.164 − 2.996, 67 − cos −1 0.4698 E = arctan 6.378 × sin cos −1 0.4698 39.167,33 −1 E arctan = = 0.3462 − cos 0.4698 5630,32 { ( { { E= 0.3462 × Anotações 180 = 19.83º π )} } } ( ) (1.14) Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 33 Portanto, os ângulos de azimute e elevação da estação terrena são: Ângulo de Elevação da estação terrena E = 19.83º Ângulo de Azimute da estação terrena A = 202.78º (1.15) 1.4.3.1.4. Declinação Magnética Um ponto importante a se considerar sobre o ângulo de Azimute está relacionado com a declinação magnética da Terra. Foi visto que o ângulo de Azimute é uma medida angular, contada no sentido horário, a partir do norte geográfico até a intersecção dos planos contendo o satélite, a estação terrena em questão e o centro da Terra, em relação ao plano horizontal. Em função do magnetismo terrestre, existe uma diferença de direção entre o norte geográfico e o norte magnético. Essa diferença é referenciada como a declinação magnética da Terra. Assim, a declinação magnética de um local é uma medida do ângulo formado entre a direção do norte magnético em relação ao norte geográfico, conforme mostra a Figura 20. Figura 20 - Conceitos sobre a declinação magnética da Terra. Anotações 34 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas Assim, o polo norte geográfico não coincide com o polo norte magnético. Logo, o apontamento por meio de uma bússola magnética indica uma direção que é diferente do norte geográfico o qual é conhecido como norte verdadeiro. A maioria dos apontamentos de um sistema de irradiação através das antenas é feita com o auxílio da bússola magnética. Isso significa que o ângulo de Azimute para apontamento em um sistema de satélite é influenciado pela declinação magnética da Terra em virtude da diferença entre o norte geográfico (verdadeiro) e o norte magnético. De forma geral, essa declinação magnética pode ser interpretada como um desvio entre o Azimute verdadeiro e o correspondente Azimute magnético. Com isso, é estabelecida uma forma de calcular a declinação magnética da Terra para que o ângulo de Azimute magnético possa ser corrigido levando a um correto apontamento de Azimute das antenas em sistemas de satélite. O cálculo da declinação magnética da Terra é realizado com o auxílio da carta de declinação magnética da correspondente localidade. Neste sentido, é importante destacar que a declinação magnética se altera para cada localidade em questão e também ao longo do tempo. O Observatório Nacional [2] fornece a carta de declinação magnética do Brasil a qual é mostrada na Figura 21 e colocada como anexo do Módulo 2 – Sistemas de Comunicações Digitais via Satélite. Figura 21 - Carta de Declinação Magnética do Observatório Nacional [2]. Anotações Capítulo 1 - Satélites – Órbitas O cálculo da declinação magnética é realizado em função das curvas da carta de declinação magnética em conjunto com informações referente ao ano de observação e confecção da carta, além de uma tabela de valores que descrevem a fração do ano. É possível notar que existem duas famílias de curvas na carta de declinação magnética mostradas na Figura 21 (além da Tabela de valores de fração do ano). As curvas Isogônicas (vermelhas) unem os pontos que possuem mesma declinação magnética enquanto as 35 curvas Isopóricas (azuis) as quais indicam as regiões que possuem a mesma variação anual de declinação magnética. Assim, localizada a região para o cálculo da declinação magnética tornase necessário realizar uma interpolação com as curvas fornecidas para encontrar precisamente os valores interpolados das curvas Isogônicas e Isopóricas. Com estes valores, é possível utilizar a seguinte equação para determinação da declinação magnética de uma dada localidade: D = CIG + ( A + FA ) × CIP D → Declinação Magnética CIG → Valor Interpolado da Curva Isogônica A → Diferença entre o ano de confecção do mapa de declinação magnética e o ano da observação FA → Fração do Ano (Tabela de Valores) (1.16) CIP → Valor Interpolado da Curva Isopórica Exemplo de Cálculo de Declinação Magnética: A Figura 22 mostra um exemplo de análise para a interpolação dos valores da carta de declinação magnética realizada para a cidade de Campinas. O primeiro ponto a se observar é a forma como deve ser feita a interpolação dos valores das curvas (Isogônica e Isopórica): • Procedimento de Interpolação das Curvas: Com uma régua colocada de forma ortogonal a uma das curvas, mede-se a distância (linear) entre as curvas que compreendem-circundam a cidade alvo para o cálculo da declinação magnética. A interpolação é feita medindo-se a relação entre a distância entre as curvas e a distância do ponto da cidade alvo com as curvas analisadas. Anotações Em um primeiro momento, são analisadas as curvas Isogônicas de declinação (vermelhas) que compreendem a cidade de Campinas (as curvas estão entre -20º e -21º). Baseado em uma regra de proporção é possível calcular o calor de Cig resultando em uma declinação de -20.370º. O mesmo procedimento de interpolação é realizado para as curvas de variação de declinação magnética anual entre -6.0’ e -5.5’– Isopóricas (azuis). É importante ressaltar que o espaçamento entre as curvas Isogônicas é dado em graus (º) enquanto para as curvas Isopóricas é dado em minutos (‘). Assim, o valor de Cip interpolado é de -5.631’ (minutos). 36 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas Figura 22 - Exemplo de cálculo da declinação magnética para a cidade de Campinas A carta de declinação analisada foi confeccionada no ano de 2012. Assim, o valor da variável A é dado pela diferença entre o ano em que a observação está sendo feita (2014) e o ano de confecção da carta (2012) resultando em A = 2. Observando a tabela de valores para fração do ano e considerando o mês de agosto (exemplo), tem-se o valor de FA = 0.6. Com esses valores pré-definidos em conjunto com os valores interpolados provenientes da carta torna-se possível calcular a declinação magnética na cidade de Campinas de acordo com o seguinte desenvolvimento mostrado novamente: Anotações D = CIG + ( A + FA ) × CIP D → Declinação Magnética CIG = −20.370º A=2 FA = 0.6 CIP = −5.631' D = −20.370º + ( 2 + 0.6 ) × −5.631' D =−20.370º + ( −14.6404 ') D= −20º 22 '12 ''− 0º14 '38.4 '' −20º 36 '50.4 '' = −20.614º D= (1.17) Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 37 O segundo ponto importante é verificar a relação existente entre o norte verdadeiro (geográfico) e o norte magnético. O norte apontado pela bússola é o Norte Magnético. E o ângulo de azimute calculado é em relação ao Norte Geográfico. Para se obter o valor correto do Azimute verdadeiro (Norte Geográfico) basta somar ou subtrair a declinação magnética (que é o ângulo formado entre o norte geográfico e o norte magnético) do valor indicado pela bússola (Azimute magnético). No caso no qual o polo magnético está a oeste do polo geográfico, a declinação magnética é ocidental e possui valor negativo. No caso da declinação magnética oriental (polo magnético a leste do polo geográfico) a declinação é positiva. No caso do Brasil, a declinação magnética é ocidental e, portanto, com valor negativo. Isso significa que, para o caso do Brasil, o Azimute verdadeiro é igual ao Azimute magnético menos a declinação magnética conforme mostra a equação: Azv = Azm + ( − D ) Azv → Azimute verdadeiro (relação ao Norte Geofráfico) Azv → Azimute magnético (medido pela Bússola) D → Declinação magnética (calculada) Para o caso de declinação magnética oriental, o valor do Azimute magnético medido deve ser somado com a declinação magnética positiva calculada resultando em: Azv = Azm + D Anotações (1.19) (1.18) 38 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 1.4.3.2. Cálculo da Distância Inclinada do Satélite (Slant Range) A distância inclinada D (Slant Range) é o valor que define a distância (metros) entre o satélite e a estação terrena. O ângulo de elevação E possui relação com a distância inclinada a qual impacta diretamente no tempo de propagação dos sinais nas comunicações por satélite. Além disso, já é importante mencionar que quanto maior é a distância entre o satélite e a estação terrena (maior D), maiores são os efeitos de atenuação por propagação do sinal transmitido para o satélite na subida (uplink) e também na descida (downlink). A Figura 23 evidencia dois conceitos importantes para os satélites de comunicações. Figura 23 - Conceito da distância inclinada e área de cobertura. Anotações Capítulo 1 - Satélites – Órbitas O primeiro conceito é o ângulo de cobertura (relacionado com a área de cobertura do satélite). O segundo conceito é justamente a distância inclinada que define o quão distante o satélite está em relação à estação terrena. Essa informação é fundamental para o desenvolvimento de projetos de sistemas de comunicações via satélite bem 39 como a sua análise de desempenho. É interessante notar que a distância inclinada difere da altura do satélite (referente à órbita) dependendo do ângulo de elevação utilizado. A equação abaixo retrata os parâmetros necessários para o cálculo da distância inclinada em um sistema de satélite: R 2 R 2 + ( R + H ) − 2 R ( R + H ) sin E + sin −1 R + H D → Distância Inclinada R → Raio da Terra (6.378 km) H → Altura do Satélite acima da superfície terrestre D= cos E (1.20) E → Ângulo de Elevação da estação terrena É interessante notar que a área de cobertura depende diretamente do ângulo de cobertura mostrado na Figura 23, o qual possui relação com o ângulo de elevação de acordo com a seguinte equação: R Ângulo de Cobertura= α= sin R + H −1 Isso significa que a distância inclinada está relacionada com o ângulo de cobertura e depende do ângulo de elevação da antena na estação terrena. Se o ângulo de elevação E for igual à 90º, o termo cossenoidal da equação se anula levando à distância inclinada ao valor de altura do satélite (H) conforme o seguinte desenvolvimento matemático: Anotações cos E (1.21) 40 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas D= R 2 R 2 + ( R + H ) − 2 R ( R + H ) sin 90º + sin −1 R + H D= R2 + ( R + H ) − 2R ( R + H ) ×1 D= R 2 + ( R + H ) − 2 R 2 − 2 RH D= R 2 + ( R + H ) − 2 R 2 − 2 RH D= R 2 + R 2 + RH + RH + H 2 − 2 R 2 − 2 RH D= R2 D= R2 D = = D para E = 90º 2 2 2 ( + (R + (R (1.22) ) ) ) − 2R 2 + 2 RH + H 2 − 2 R 2 − 2 RH 2 + 2 RH + H 2 2 − 2 RH H2 H = Assim, para E = 90º, a distância D entre o satélite e a estação terrena é igual à altura do satélite em sua órbita em relação à superfície terrestre (H = 35.768 km). Como consequência, tem-se um tempo de propagação menor para comunicações e, ao mesmo tempo, menor atenuação por propagação em virtude da distância reduzida. Para o caso em que E=0º, tem-se a elevação D= cos90º , R 2 R 2 + ( R + H ) − 2 R ( R + H ) sin 0º + sin −1 R + H mínima da antena da estação terrena levando a uma distância inclinada (D) maior do que a altura do satélite. Isso implica em maior atenuação por propagação em função da maior distância entre o satélite e a estação terrena. A equação abaixo mostra o valor da distância inclinada entre um satélite e uma estação terrena com ângulo de elevação igual a zero em órbita geoestacionária: cos 0º , para E = 0º 6.378 2 6.3782 + ( 6.378 + 35768 ) − 2 × 6.3678 ( 6.378 + 35768 ) sin 0º + sin −1 = E 0º cos 0º , para 6.378 + 35768 D = 41.660,61 km Anotações (1.23) Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 41 1.4.3.2.1. Exemplo – Cálculo da Distância Inclinada A Figura 24 mostra um esquema ilustrativo de duas estações terrenas que se comunicam por intermédio de um satélite geoestacionário. As informações de localização de cada estação são: • Coordenadas da Estação Terrena A: »» Latitude: 30ºN »» Longitude: 60ºW • Coordenadas da Estação Terrena B: »» Latitude: 45ºN »» Longitude: 90ºW • Coordenadas do Satélite: »» Latitude: 0º (Equador) »» Longitude: 105ºW Figura 24 - Exemplo de cálculo da distância inclinada na comunicação entre duas estações terrenas. Anotações 42 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas comunicações intermediárias no sistema Estação A – Satélite e Estação B – Satélite. Inicialmente, o objetivo é estabelecer uma comunicação bidirecional entre as estações com taxa de transmissão igual a 10 Mbps (velocidade). A partir da estimação da distância inclinada entre as estações e o satélite GEO, qual seria o tempo de propagação total para transferir um pequeno arquivo de imagem com tamanho igual a 62.5kbytes (500x103 bits)? Considere o raio orbital do satélite r = 42.164 km (H = 35.768 km) e o raio da Terra R = 6.378 km. –– Essa condição (cálculo e ajuste dos ângulos de visada da estação terrena em conjunto com as antenas do satélite) determina o correto apontamento do sistema para que as comunicações possam ser estabelecidas. • Estação Terrena A (Latitude = 30ºN e Longitude = 60ºW): Solução: –– A primeira análise consiste na determinação dos ângulos de visada (elevação) das estações terrenas para o respectivo satélite GEO a fim de estabelecer as »» Cálculo do ângulo de elevação EA: 42.164 − 6.378 × cos ( 30º ) cos ( 105º −60º ) E A arctan 6.378 × sin cos −1 ( cos ( 30º ) cos 105º −60º ) E A = 30.25º { } − cos −1 cos ( 30º ) cos ( 105º −60º ) (1.24) • Estação Terrena B (Latitude = 45ºN e Longitude = 90ºW): »» Cálculo do ângulo de elevação EB: 42.164 − 6.378 × cos ( 45º ) cos ( 105º −90º ) EB arctan 6.378 × sin cos −1 ( cos ( 45º ) cos 105º −90º ) EB = 36.05º { Anotações } − cos −1 cos ( 30º ) cos ( 105º −90º ) (1.25) Capítulo 1 - Satélites – Órbitas 43 Com os ângulos de elevação (EA e EB) calculados torna-se possível estimar a distância inclinada entre cada estação terrena e o satélite GEO conforme as seguintes equações: DA = R 2 R 2 + ( R + H ) − 2 R ( R + H ) sin E A + sin −1 cos E A , para E A = 30.25º + R H 6.378 2 6.3782 + ( 6.378 + 35768 ) − 2 × 6.3678 ( 6.378 + 35768 ) sin 30.25º + sin −1 cos30.25º 6.378 + 35768 DA = 38.571, 25 km DA = DB = = DB (1.26) R 2 R 2 + ( R + H ) − 2 R ( R + H ) sin EB + sin −1 cos EB , para EB = 36.05º R + H 6.378 2 6.3782 + ( 6.378 + 35768 ) − 2 × 6.3678 ( 6.378 + 35768 ) sin 36.05º + sin −1 cos36.05º 6.378 + 35768 (1.27) DB = 38.075,90 km Assim, a distância total inclinada entre as duas estações terrenas é dada pela soma de DA com DB resultando na seguinte distância total Dtotal: Dtotal = DA + DB = 38.571,25 km + 38.075,90 km = 76.647212 km (1.28) O tempo de propagação dos sinais transmitidos neste range total de distância se relaciona com a velocidade da luz (3x108ms) da seguinte forma: (1.29) O tempo requerido para transmitir uma Anotações 44 Capítulo 1 - Satélites – Órbitas imagem (arquivo) de 500x103 bits de informação em um link de transmissão de 10 Mbps é da ordem de Taxa de Transmissão = 10 Mbps Tamanho do Arquivo (dados) = 62.5kbytes (500 × 103 bits): (1 byte = 8 bits) 10 × 106 bits ------------ 1s 500 × 103 bits ---------- ? Tempo de Transferência = 50ms Tempo total de atraso (propagação) = 255.49ms + 50ms = 305.49ms Anotações (1.30) Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite A Figura 25 ilustra inicialmente a arquitetura do sistema de comunicação via satélite que é composta por segmentos de operação. Em cada segmento têm-se vários subsistemas constituindo uma série de elementos de operação na rede de comunicação por satélite. A aplicação que será implementada sobre a arquitetura (exemplos iniciais: comunicações fixas por satélite, comunicações móveis, radiodifusão, comunicações de controle e medidas) determina quais são os subsistemas presentes nos segmentos de operação do sistema de comunicação via satélite. O segmento espacial é retratado pelos satélites ativos que estão em órbita formando a constelação do segmento espacial. O segmento terreno é caracterizado pelas estações terrenas que se comunicam com o segmento espacial por intermédio dos links de subida (uplink) e descida Anotações (downlink). O segmento de controle é composto por um centro mestre de controle (MCC – Master Control Center) o qual é responsável por realizar as funções de rastreamento, comando e monitoramento (TTC – Tracking, Telemetry and Command) do satélite, além da gerência dos recursos do próprio satélite. 46 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite Figura 25 - Arquitetura do sistema de comunicação via satélite O objetivo de um sistema de comunicação via satélite é viabilizar a implantação de serviços de comunicação com elevada cobertura e qualidade por intermédio de um sistema de satélites dispostos em uma órbita operacional. Neste sentido, dependendo das aplicações e serviços da rede de comunicação por satélite, existem diferentes tipos de estações terrenas. A Figura 26 mostra os três tipos de estações terrenas que caracterizam diferentes configurações operacionais para o segmento terreno. Anotações Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 47 Figura 26 - Tipos de estações terrenas em um sistema de comunicação via satélite. A estação terrena de interface possui o objetivo de interconectar o segmento espacial a uma rede de comunicação terrestre realizando assim a funcionalidade de um gateway dentro do sistema. Logo, o subsistema de transmissão da estação terrena de interface deve ser composto pelos blocos funcionais (equipamentos e sistemas) que interpretam e se comunicam com o segmento espacial além dos blocos que compõem o sistema de telecomunicações que interliga a estação terrena de interface com a rede de comunicação terrestre. Essa rede transporte terrestre é responsável por entregar e receber o fluxo de sinais dos terminais de usuários que utilizam as aplicações implementadas no sistema de comunicação via satélite. Anotações A estação terrena de usuário é retratada por equipamentos de comunicação portáteis como handsets, estações móveis (menos complexas do que estações terrenas de interface) permitindo ao usuário se conectar diretamente com o segmento espacial. Isso significa que, por intermédio desse tipo de estação, é possível realizar um by-pass sobre as redes de transporte que interligam o segmento espacial ao segmento terrestre. Um exemplo de estação terrena de usuário são os equipamentos VSATs (Very Small Aperture Terminals) que operam com antenas de diâmetro reduzido e são caracterizados pela sua versatilidade na utilização de vários tipos de serviços por satélite. 48 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite As redes VSATs têm ajudado muitas empresas e corporações na busca por soluções de comunicação que utilizam sistemas de satélites. O princípio do by-pass terrestre e da radiodifusão das informações para pontos remotos de recepção possibilitam a implementação de serviços de forma mais flexível e rápida. Naturalmente, dependendo dos objetivos da aplicação-solução implementada sobre a arquitetura e dos requisitos exigidos para o estabelecimento das comunicações, um aumento de complexidade da estação pode limitar o uso das VSATs tornando necessária a utilização de estações maiores. Por intermédio do segmento espacial, as estações de serviço podem ser utilizadas como estações terrenas coletoras de informações dos usuários (hub stations) e também como distribuidoras de informação para os usuários (feeder stations). As comunicações entre usuários acontecem por meio dos terminais de usuários que são dispositivos como smartphones, computadores entre outros dispositivos que são conectados à rede de transporte terrestre ou a equipamentos VSATs para comunicação. 2.1. Fundamentos dos Sistemas de Comunicações Digitais via Satélite O desempenho de um link de comunicação entre equipamentos de transmissão e recepção em um sistema de satélites depende da geração e da detecção de um sinal de rádio (ou óptico) retratado por um sinal de onda portadora conforme mostra a Figura 27. Figura 27 - Parâmetros relacionados ao desempenho no sistema de comunicação via satélite. Anotações Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite No lado da transmissão, a análise de desempenho e operação do transmissor está relacionada com a habilidade deste em gerar um sinal robusto com uma potência efetivamente irradiada (EIRP – Effective Isotropic Radiated Power) adequada para as comunicações. No lado da recepção, o desempenho do equipamento receptor é dependente da figura de mérito G/T que representa o ganho da antena utilizada na recepção (em uma determinada direção) sobre a temperatura equivalente de ruído do sistema. O sucesso no estabelecimento das comunicações em sistemas de satélite é o resultado da correta detecção dos sinais de RF nos enlaces entre as estações terrenas e os satélites. Os links de subida (uplink) e descida (downlink) consistem na transmissão do sinal de portadora de RF enquanto os links entre satélites podem ser implementados com sinais no espectro de RF (micro-ondas) ou, até mesmo, no espectro óptico. Assim, o desempenho destes enlaces de comunicação depende das condições de recepção e do conjunto de parâmetros citados os quais são planejados e configurados para que a correta detecção dos sinais seja alcançada. A medida utilizada para verificar as condições de desempenho de um link de satélite relaciona a potência do sinal portadora recebida (C) pelo ruído (N) presente no sistema de comunicação resultando na figura de mérito C/N. No âmbito dos projetos de sistemas de comunicações via satélite também é muito comum utilizar a relação entre a potência do sinal portadora recebida (C) com a densidade espectral de potência do ruído (N0). Em um primeiro momento, é importante perceber que o valor da relação C/N ou C/N0 tem impacto significativo na qualidade do serviço oferecido a qual é interpretada com outra figura de mérito denominada BER – Taxa de Erro de Bit (Bit Error Rate). A BER é um indicador de desempenho utilizado no contexto de sistemas de comunicações digitais e Anotações 49 reflete a estimativa da probabilidade de erro de bit do sistema digital. Outro parâmetro importante que se soma às informações da Figura 27 é a largura de banda (B) dos sinais transmitidos. A largura de faixa ocupada depende da taxa de transmissão dos sinais (que possui relação com a qualidade de serviço requerida) além das técnicas de comunicações utilizadas no sistema de comunicação. Neste sentido, já seria interessante mencionar aqui que existe uma relação de compromisso entre a potência (energia) utilizada nas comunicações e a largura de banda ocupada pelos sinais. De fato, a potência planejada para o sistema de satélite tem forte impacto tanto na estação terrena como no próprio satélite (tamanho – componentes – elementos – estrutura). Enquanto a largura de banda está diretamente relacionada com a qualidade e quantidade de serviços que podem ser transmitidos no sistema de comunicação via satélite. Estes parâmetros de planejamento na transmissão e recepção bem como os indicadores de desempenho são postos em conjunto e analisados com uma série de fatores no desenvolvimento dos projetos de sistemas de comunicações via satélite bem como a sua análise de desempenho. A Figura 28 ilustra de forma conceitual como as questões técnicas de planejamento tem relação com o provimento de serviços que são implementados por intermédio de uma rede de satélites. O provedor de serviços deve compor seu planejamento do sistema de comunicação via satélite ponderado pela arquitetura da operadora de satélite bem como pelos termos de contrato que são estabelecidos no desenvolvimento de negócios entre as entidades. Assim, o provedor de serviços aluga um recurso do satélite alocando os serviços e utilizando a capacidade contratada do satélite. 50 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite Figura 28 - Relações entre os parâmetros técnicos de planejamento e o provimento de serviços em sistema de satélite A Figura 28 mostra um exemplo de aplicação na qual o provedor de serviços fornece conectividade via satélite aos seus usuários podendo oferecer diferentes serviços via rede de distribuição terrestre. De certo modo, o provedor de serviços também poderá receber via satélite outros serviços retransmitindo-os para os seus clientes (usuários). O papel da operadora de satélite é retratado pela gerência e operação da sua rede de satélites tanto do ponto de vista técnico como administrativo (gerencial) a fim de comportar toda a demanda alocada dos diversos clientes sem sobrecarregar o sistema de satélite. Neste sentido, o planejamento de sistemas de comunicações via satélite está presente tanto nos provedores de serviço que contratam a operadora de satélite bem como na própria operadora que pode Anotações aumentar a estrutura da sua rede expandindo o sistema e assim potencializando seus negócios. Um dos objetivos principais das empresas que contratam os serviços de operadoras de satélites é gerar receitas as quais dependem do número de conexões estabelecidas com sucesso mantendo equilibradas as relações de compromisso técnicas entre potência e largura de banda na alocação dos recursos requisitados. Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 2.2. Segmento Espacial – Funções e Subsistemas do Satélite Para compreender como se torna possível utilizar de forma eficiente os recursos de um satélite de comunicação a fim de estabelecer links de qualidade, torna-se necessário estudar o funcionamento do segmento espacial, ou seja, seria interessante examinar o satélite como um sistema. Realizada uma primeira análise do sistema podese explorar os blocos funcionais que compõem o satélite em sua dinâmica de funcionamento. O segmento espacial é composto por dois sistemas principais – Plataforma & Payload – conforme mostra a Figura 29. Figura 29 - Subsistemas do segmento espacial Anotações 51 52 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 2.2.1. Sistema Plataforma do Satélite O sistema plataforma consiste em toda a estrutura do satélite comportando vários subsistemas que estão relacionados com a aplicação do segmento espacial e também com o segmento de controle na arquitetura de um sistema de satélites. Isso significa que existem determinados subsistemas de um satélite que são controlados pelos sinais provenientes do segmento de controle. Esta seção traz uma descrição introdutória de cada subsistema presente na plataforma do satélite com o objetivo de elevar os conhecimentos sobre o segmento espacial, além do payload de telecomunicações. 2.2.1.1. Subsistema de Hardware – Infraestrutura Mecânica O subsistema de hardware para a mecânica de estrutura do satélite possui relação com praticamente todos os outros subsistemas uma vez que constitui toda a composição física do satélite bem como a conexão dos vários subsistemas existentes, além da conexão entre o satélite e o veículo de lançamento. O formato da estrutura mecânica de um satélite depende do método de estabilização utilizado para manter o satélite estável com apontamento correto para Terra. Neste sentido, a composição física do satélite e o seu método de estabilização dependem também da aplicação (missão) do sistema de satélite. Não é o objetivo aqui aprofundar no subsistema de hardware para mecânica de estrutura uma vez que existem muitas particularidades de desenvolvimento de elevada complexidade envolvidas na construção de um satélite. Mas ainda assim, seria interessante comentar sobre os dois principais métodos de estabilização empregados para prover a estabilidade e apontamento das antenas dos satélites: • Método de Estabilização Rotacional Spin (Spin Stabilization): Um satélite que possui seu subsistema Anotações de hardware – infraestrutura baseado neste método possui (usualmente) o formato cilíndrico por causa dos requisitos de balanceamento mecânico em torno de um eixo central. Assim, é possível manter o satélite em órbita por meio do controle de rotação (spin) do próprio satélite em relação ao seu eixo central. É importante ressaltar que forças externas, como a própria radiação solar e meteoritos podem provocar torques indesejáveis no satélite levando-o a condições de instabilidade. Nestes casos, o controle de estabilidade atua para manter o satélite estável dentro do plano de órbita. Além disso, com o uso de antenas direcionais (voltadas para a Terra) temse um subsistema de controle (motor) o qual atua na plataforma (shelf) das antenas girando-as no sentido contrário ao de rotação do satélite com o intuito de promover o apontamento fixo das antenas direcionais. • Método de Estabilização dos Três Eixos (Tree Axis Stabilization): Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 53 Um satélite que possui seu subsistema de hardware – infraestrutura baseado neste método possui circuitos e elementos de estabilização para cada um dos três eixos do corpo do satélite o qual permanece fixo no espaço. Em razão disso, o controle de altitude do satélite atua com rodas e motores de propulsão/ reação os quais são usados para correção e controle (de forma separada ou combinada) dos eixos do satélite com o objetivo de atingir a estabilidade. 2.2.1.2. Subsistema de Propulsão O subsistema de propulsão é utilizado para fornecer a força necessária para imprimir a velocidade adequada ao satélite para realização de manobras no espaço dentro do período de vida do satélite. Isso significa que o subsistema de propulsão tem papel fundamental no momento de execução do plano lançamento e de transferência de órbita dos satélites geoestacionários. O processo de lançamento de um satélite em uma órbita depende principalmente da velocidade apropriada em cada ponto de trajetória do plano orbital desde a estação de lançamento terrena até o ponto final de estabilidade orbital. Isso significa que existe um veículo de lançamento ao qual o satélite é acoplado em conjunto com o subsistema de propulsão para que o sucesso seja alcançado em todas as etapas de lançamento do satélite. Anotações A Figura 30 mostra de forma ilustrativa o processo de transferência orbital de um satélite para órbita geoestacionária. O processo de posicionamento orbital é realizado por meio de órbitas de transferência. No caso dos satélites geoestacionários, tem-se como objetivo obter uma órbita circular no plano equatorial. A órbita de transferência é utilizada como uma etapa intermediária visando um planejamento de posicionamento eficiente ponderado pelas questões de energia e estabilidade orbital do sistema de satélite. 54 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite Figura 30 - Conceitos relacionados ao lançamento de satélites e órbitas de transferência. Assim, o veículo de lançamento injeta o satélite no ponto de perigeu de uma órbita elíptica de transferência com uma determinada velocidade. Neste ponto, o satélite orbita se comunicando com o segmento de controle a fim de garantir a estabilidade nesta etapa de transição de órbita. No ponto de apogeu da órbita de transferência o subsistema de propulsão atua aumentando a velocidade do satélite de forma controlada para que a transição de órbita seja alcançada e a trajetória Anotações geoestacionária tenha seu início. Com isso, a eficiência e a precisão do subsistema de propulsão influenciam diretamente no sucesso de transição orbital em sistemas de satélites. É interessante comentar que o subsistema de propulsão é baseado no conceito da terceira lei de Newton a qual relaciona a toda força de ação uma forma de reação com direção oposta. Assim, por meio da injeção de velocidade em um corpo em uma dada direção, tem-se uma força-empuxo Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 55 em direção contrária. Em subsistemas de propulsão líquidos ou sólidos, a ejeção de corpos com massa com elevadas velocidades produzem a geração de gases de alta pressão pela elevada temperatura de decomposição dos propulsores que são usados para alterar a trajetória e realizar manobras nos satélites. 2.2.1.3. Subsistema de Controle de Temperatura O subsistema de controle de temperatura é fundamental para que o satélite opere com temperatura dentro dos níveis admissíveis em função dos tipos de componentes e equipamentos internos do sistema. De fato, os satélites que orbitam a Terra experimentam grandes variações de temperatura que devem ser controladas em um ambiente hostil que é o espaço sideral. A garantia de sucesso na operação e processamento nos circuitos de um satélite é dependente do subsistema de controle de temperatura. Com isso, o objetivo deste subsistema é garantir que todos os componentes que compõem os blocos funcionais do satélite operem dentro de um range de temperatura seguro para as operações do satélite. No entanto, é importante ressaltar que diferentes partes e componentes do satélite operam com temperaturas nominais diferentes. A maioria dos circuitos eletrônicos internos que compõem o satélite opera dentro de um range entre −20ºC a +55ºC enquanto as células solares operam com range bem maior (−190ºC a +60ºC). Isso exige eficiência e flexibilidade na atuação do subsistema de controle de temperatura. Especificamente, existem fontes internas (como os subsistemas de amplificação) e externas (radiação solar e a radiação proveniente da Terra) que produzem variação de temperatura no satélite. Assim, o objetivo específico do subsistema Anotações de controle de temperatura é realizar a remoção ou a realocação do calor nas partes do satélite procurando equilibrar a temperatura das diversas partes que compõem toda a estrutura do sistema. Thermal Blankets e Thermal Shields são técnicas usadas como “escudos” de proteção (localizados em pontos críticos do satélite) contra as variações de temperatura. Espelhos de radiação (Radiation Mirrors) são colocados em torno de circuitos eletrônicos essenciais para evitar a incidência de radiação sobre partes críticas do satélite. Além dessas técnicas, são usados bombeadores de calor (heat pumps) para redistribuir o calor proveniente dos circuitos que operam com elevada temperatura para outras partes do satélite criando um caminho de transferência para o escape do calor gerado pelo sistema. 56 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 2.2.1.4. Subsistema de Energia – Alimentação A energia necessária para todo o funcionamento e controle do satélite é de responsabilidade do subsistema de alimentação e energia do satélite. Trata-se de um dos subsistemas mais importantes na arquitetura de funcionamento com o principal objetivo de coletar e transformar a energia solar, por meio de um conjunto (array) de células solares, em energia elétrica distribuindo-a para os outros subsistemas do satélite. É interessante ressaltar que o subsistema de energia-alimentação também é composto por um banco de baterias que fornecem energia em períodos de eclipse, situações de emergência e no próprio momento de lançamento (no qual as células solares ainda não estão em operação). Ainda assim, a fonte de energia predominante em um sistema de satélite é a do tipo solar dada as condições favoráveis devido à relativa proximidade do sol. Para termos uma ideia, a incidência de radiação solar no satélite possui densidade de potência média com valores em torno de 1.4 kW/m2. Assim, dependendo da eficiência das células solares (que cai com o passar do tempo) é possível estimar as condições de geração de energia do satélite dentro do seu período de vida útil. Uma reserva de combustível e energia fica sempre armazenada para ser utilizada no final da operação do satélite a fim de retirá-lo da órbita e executar as manobras e ações de finalização de operação do satélite. Dependendo da aplicação-missão do satélite os requisitos de potência podem variar de algumas centenas de watts até dezenas de quilowatts. Os satélites com formatos cilíndricos (estabilização rotacional) utilizam painéis solares neste formato e são desenvolvidos com mais células solares quando comparados com os satélites de estabilização com três eixos. De fato, os satélites Anotações projetados com os três eixos de sustentação utilizam painéis solares planos dispostos nos eixos de estrutura (que podem ser rotacionados) podendo alcançar uma área de exposição para radiação maior. Isso significa que o projeto de estrutura, o formato e os tipos de componentes que compõem o subsistema de energia são projetados à luz da aplicação do satélite sempre visando a máxima eficiência na conversão de energia. O princípio de operação de uma célula solar é baseado no efeito fotovoltaico. O efeito fotovoltaico consiste na geração de um potencial elétrico em um circuito retratado por uma junção P-N quando esta é exposta à radiação solar. A Figura 31 mostra o princípio conceitual por trás do efeito fotovoltaico. A luz solar incidente na célula fotovoltaica é composta por fótons ou partículas de energia solar as quais são dotadas de energia. Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 57 Figura 31 - Conceitos sobre o fenômeno – efeito fotovoltaico. Ao incidir sobre a célula, essa energia pode ser absorvida, refletida ou até mesmo atravessar a célula por meio da superfície de contato. Isso significa que pode ocorrer uma reflexão (a radiação é refletida pela superfície), uma refração (a radiação atravessa a superfície e o material) ou uma absorção (a radiação penetra na superfície, mas não sai do material). Neste sentido, o fenômeno da célula fotovoltaica consiste na transferência de energia do fóton incidente para os elétrons que compõem a camada N da junção P-N (material semicondutor) da célula fotovoltaica levando-os ao estado de condução (banda de condução). O resultado é um movimento de elétrons no sentido N da junção e outro movimento de lacunas no Anotações sentido P da junção. Este movimento de cargas origina um campo elétrico na junção P-N em oposição ao campo original da junção estabelecendo um potencial elétrico entre os pontos do material semicondutor. Esta polarização estabelece um ordenamento dos elétrons resultando em uma corrente elétrica que pode circular por um circuito elétrico (trata-se de um efeito muito interessante). 58 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 2.2.1.4.1. Exemplo – Subsistema de Energia Solar Pressuponha um caso de um satélite baseado no método de estabilização rotacional (spin stabilization method) em órbita geoestacionária. Nosso desafio não seria projetar o subsistema de energia deste satélite (uma vez este desafio requer uma análise e estudos mais complexos sobre os fenômenos de energia no espaço), mas sim estimar o dimensionamento de células para compor um painel solar que atenda a um requisito de energia do projeto do satélite. Assim, é necessário que o subsistema de energia seja capaz de gerar 2.0 kilowatts (2.000 watts) de energia a partir das células solares com o objetivo de alimentar os circuitos de acionamento e controle do subsistema de propulsão do satélite. Considere que o fluxo solar que atinge perpendicularmente as placas solares tenha densidade (no pior dos casos) de aproximadamente 1.250 watts/m2. A área de cada célula solar é de 4 cm2 e a eficiência média de conversão das células solares (incluindo perdas nas conexões) é de aproximadamente 15%. Qual seria o número de células solares necessárias (estimação) para compor os painéis solares do subsistema de energia do satélite? Solução: –– O primeiro ponto seria relacionar as variáveis de projeto com a expressão que define a potência gerada pelas células solares, de acordo com a seguinte equação: Pgerada = φ × n × s ×η Pgerada → Potência a ser gerada pelo conjunto de células solares φ → Fluxo solar (densidade) normal ao conjunto (array) de células solares (W/m 2 ) n → Número de células solares (2.1) s → Área de superfície de cada célula solar (m 2 ) η → Eficiência de conversão de cada célula solar Neste sentido, é possível estabelecer, analisar e planejar ações que podem ser tomadas no planejamento de projeto do subsistema de energia para maximizar a potência gerada pelo satélite. A eficiência de conversão energética, o número e o tamanho-área das células solares são fatores que levam ao aumento direto da geração de energia solar do sistema. No entanto, questões como Anotações o espaço necessário bem como o controle de estabilidade de grandes estruturas requerem ainda mais energia do sistema resultando em diversas relações de compromisso no desenvolvimento de interconexões entre os diversos subsistemas do satélite com o subsistema de energia. Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 59 Com isso, a partir do requisito de potência imposto (2.000 watts), é possível calcular o número de células (n) necessárias para obtenção da potência gerada requerida de acordo com: n = Pgerada 2.000 ( W ) = = 26.666, 67 células solares φ × s ×η 1.250 W/m 2 × 4 × 10−4 m 2 × 0.15 ( ) ( ) Por definição, um painel solar é retratado por um conjunto de conexões série-paralelo de várias células solares. A potência gerada (potencial de tensão e corrente) de uma única célula solar não é suficiente para abastecer os componentes dos blocos funcionais dos subsistemas do satélite. O arranjo série-paralelo das células solares (compondo o painel solar) é a solução para atingir a capacidade de fornecimento de energia requerida pelo satélite. Logo, são necessárias mais de 26.000 células solares com eficiência média de conversão de 15% para gerar uma potência de 2 kilowatts. Neste ponto, é importante comentar sobre o tipo de satélite (referente ao método de estabilização) e sua influência na quantidade de células solares do subsistema de energia solar. No caso do satélite do tipo spin-stabilization tem-se o painel solar cilíndrico enquanto o satélite de três eixos utiliza os painéis planos (retangulares) para disposição das células solares. Fica evidente que cada um dos tipos de satélite possui suas vantagens e desvantagens conforme mostra a Figura 32. Figura 32 - Vantagens e desvantagens dos satélites: Três Eixos e Spin. Anotações (2.2) 60 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite A principal vantagem do satélite de três eixos reside nos mecanismos de controle para rotação dos painéis solares planos com o objetivo de capturar o máximo de energia solar refletindo em maior potencial de conversão energético e distribuição de eletricidade interna no satélite. Em contrapartida, devido ao maior tempo de exposição à radiação, os painéis solares operam com elevada temperatura e a eficiência de conversão das células se reduz com o tempo de operação-exposição. O satélite do tipo rotacional (Spin-Stabilization) possui uma particularidade que se apresenta ao mesmo tempo como uma vantagem e uma desvantagem. Devido à própria natureza de funcionamento do eixo central do satélite spin, somente um terço das células solares do painel cilíndrico ficam totalmente expostas à radiação solar. Isso ocorre uma vez que o satélite spin rotaciona como uma dada taxa (revoluções por minuto). Neste sentido, são necessárias mais células solares para atingir um determinado requisito de energia o que pode elevar o tamanho e massa do satélite. Em contrapartida, o fato de as células solares estarem expostas a temperaturas mais elevadas (voltadas para o sol) e temperaturas mais baixas (voltadas para o lado oposto à radiação) reflete em um melhor desempenho, em termos de eficiência energética, quando comparado com o satélite de três eixos. Assim, com a disposição das células solares no corpo cilíndrico do satélite Spin, a área do corpo cilíndrico (Ac) é proporcional ao diâmetro D e ao comprimento do corpo L vezes a constante π. Enquanto a área do painel retangular do satélite de três eixos é dada pelo produto entre o comprimento e largura do retângulo (nota-se que o desmembramento cilíndrico origina um retângulo) de acordo com a seguinte análise: Acilindro = π × D × L (Área do corpo cilíndrico do satélite spin) Apainel= D × L (Área de um painel solar retangular do satélite de três eixos) A π × D× L = π Relação entre Áreas → cilindro= Apainel D× L (2.3) Logo, a relação entre as áreas é igual á constante π. Isso significa que a área dos painéis solares requerida para o satélite spin é π vezes maior quando comparada com a área requerida para o caso do satélite de três eixos. Para o satélite Spin, o número total de células que capturam radiação solar é igual ao número total de células solares dividido pela constante π. Número de Células requeridas (totais) = 26.666,67 × π = 83.775 células totais Anotações (2.4) Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 61 2.2.1.5. Subsistema de Rastreamento, Telemetria e Comando (Monitoramento) O subsistema TTC (Tracking, Telemetry and Command) monitora e controla o satélite durante todo o seu período de operação. O subsistema de rastreamento (Tracking) utiliza as informações de ângulos, distância e velocidade para determinar precisamente a posição do satélite acompanhando-o em sua trajetória no plano orbital (órbita). O subsistema de telemetria (Telemetry) coleta as informações relacionadas às condições de operação (status) sobre a “saúde” técnica do satélite, codifica tais informações e transmite para o centro mestre de controle (MCC) do segmento de controle. Enquanto o subsistema de comando recebe, interpreta e envia comandos configurando as funções do satélite de forma remota. A Figura 33 mostra o diagrama em blocos da arquitetura do subsistema TT&C que caracteriza o funcionamento do segmento espacial. Figura 33 - Diagrama da arquitetura do subsistema de rastreamento, telemetria e comando. Anotações 62 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite É possível notar que a estação de controle é composta por uma seção de recepção de sinais retratada pelo subsistema de recepção de telemetria e rastreamento e uma seção de transmissão a qual é responsável por enviar sinais de controle e comando ao satélite. Por isso existem os enlaces de subida e descida de controle do satélite. Os sinais transmitidos pelo satélite por meio das antenas TT&C (downlink de controle) revelam as medidas de todo o status de operação do satélite. A partir dessas informações, os subsistemas de telemetria-recepção e rastreamento processam tais sinais (detectando-os) repassando-as para o centro mestre de controle TT&C. Neste ponto ocorre a análise-processamento da operação do sistema de satélite resultando em ações de configuração e comandos que são enviados pelo subsistema de transmissão de controle. Com isso, é possível perceber que a eficiência no processo de comando e controle do satélite depende do subsistema de telecomunicações utilizado no enlace de controle, do correto posicionamento do satélite bem como do apontamento das antenas que compõem o subsistema TT&C e principalmente do processamento das medidas da estação terrena para o controle de órbita e altitude do satélite. Assim, de forma mais específica, é possível relatar os objetivos e funções de cada elemento do subsistema TT&C: • Rastreamento (Tracking): refere-se a determinação da órbita, da posição e do movimento do satélite no plano orbital atual. A função de rastreamento pode ser implementada com várias técnicas e mecanismos que envolvem sinais de controle denominados beacon signals enviados pelo satélite e processados na estação terrena de controle. Medidas angulares que podem ser feitas Anotações por sensores do próprio satélite e nas estações terrenas são muito utilizadas para determinar a posição do satélite na órbita. A distância do satélite pode ser estimada por intermédio da análise dos atrasos temporais de sinais-pulsos que são enviados pelo satélite e recebidos na estação terrena de controle. • Telemetria (Telemetry): refere-se com o processo de captura – coleta de dados dos sensores distribuídos no satélite e a retransmissão dessas medidas para a estação terrena de controle. Especificamente, os níveis de tensão/corrente medidos eletronicamente pelos sensores refletem as condições do subsistema de alimentação, a temperatura de subsistemas (fundamental para o funcionamento do satélite), entre outras condições em pontos críticos do sistema. • Comando (Command): é interpretado como a função objetivo do processamento de telemetria. Comandos (sinais de controle) são enviados para o satélite a fim de configurar toda a operação do satélite ponderada pelas análises dos sinais de telemetria. Alterações e configurações nos subsistemas de controle de órbita e altitude, no apontamento das antenas do satélite bem como nos modos de operação da plataforma e payload são tipos de ações que são enviadas pela estação de controle através da função de comando e controle mestre. Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 2.2.1.6. Subsistema de Controle de Órbita e Altitude É sabido que várias forças externas (força gravitacional da Terra, do Sol e de outras estrelas) podem atuar na plataforma do satélite movendo o próprio satélite e suas antenas da posição ótima orbital e de apontamento. Assim, o subsistema de controle de altitude pode ser interpretado como parte do subsistema TT&C, pois combina uma série de elementos que fazem o sensoriamento de qualquer mudança no alinhamento do satélite e no apontamento de suas antenas. Com isso, os blocos funcionais que compõem os subsistemas TT&C e de controle de órbita e altitude estão presentes no satélite e na estação terrena de controle. Estes blocos funcionais que são, na verdade, as técnicas e mecanismos (circuitos) implementados para realizar as funções de controle do satélite (altitude – órbita – rastreamento – telemetria) estão também presentes em diferentes tipos de veículos espaciais como foguetes teleguiados, espaçonaves e sondas espaciais para exploração do espaço. O que muda nesse cenário são os objetivos específicos de aplicação e os requisitos de projeto resultando em blocos funcionais mais ou menos adequados a certas aplicações. Satélites de Comunicações utilizam um subsistema de controle de altitude mais autônomo (interno) que pode operar em conjunto com o centro de controle TT&C em situações críticas de operação. Conceitualmente, a altitude de um satélite é determinada pela sua orientação em relação aos eixos de estrutura e os eixos de um plano de referência de coordenadas. Especificamente, temse um sistema local de coordenadas (retratado na literatura) formado pelos eixos YAW – PITCH – ROLL conforme mostra a Figura 34. Anotações 63 64 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite Figura 34 - Conceitos sobre o sistema local de coordenadas para controle de altitude de satélites GEO. Este sistema de coordenadas é centrado no centro de massa do próprio satélite. O eixo YAW é caracterizado por apontar na direção do centro de massa da Terra. O eixo ROLL está contido no plano orbital (perpendicular ao eixo YAW) e aponta na direção de velocidade do satélite. Enquanto o eixo PITCH é perpendicular aos outros dois eixos (YAW e ROLL) e tem direção complementar aos outros eixos a fim de formar um sistema de coordenadas regular (para o caso dos satélites GEO, o eixo PITCH aponta para o sul do satélite). A altitude de um satélite é representada pelos ângulos de rotação entre esses eixos do sistema local de coordenadas (YAW – PITCH – ROLL) e de um sistema fixo de coordenadas. Anotações Assim, um dos objetivos do controle de altitude consiste em manter os eixos mecânicos alinhados corretamente com o sistema local de coordenadas. Isso significa que existe um range de medida para rotação angular de cada eixo (±0.05º Roll ou ±0.2º Yaw, por exemplo) refletindo a precisão da orientação do corpo do satélite. Com o propósito de medir, de forma precisa, as angulações entre os eixos do sistema local de coordenadas tem-se uma série de sensores de atuação posicionados no corpo do satélite para que o controle de altitude seja estabelecido. A Figura 35 mostra um diagrama conceitual de funcionamento do subsistema de controle de altitude de um satélite de comunicação. Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 65 Figura 35 - Diagrama em blocos conceitual do subsistema de controle de altitude. Os sensores de apontamento angular conseguem medir o ângulo de apontamento em relação a alguma referência possuindo a habilidade de detectar mudanças entre dois eixos. Neste ponto, é possível perceber que a acurácia Anotações e precisão dos sensores influenciam diretamente na eficiência do processo de controle de altitude do satélite. No Loop de controle de altitude, os sinais provenientes dos sensores de apontamento são interpretados por sensores eletrônicos a fim 66 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite de compor uma saída calibrada para o processamento central de controle de altitude (que é um sistema de processamento-computacional interno no satélite). Esse controle central detém a inteligência de análise para interpretar o conjunto de sinais dos sensores de controle e ativar/desativar os motores acoplados nos eixos de estrutura do satélite. Neste ponto, têm-se os avanços de desenvolvimento de controle robótico e mecânico para que as mais difíceis manobras de movimentação e rotação sejam realizadas para trabalhar a estrutura do satélite de forma precisa e eficiente. Pequenas mudanças de orientação do corpo do satélite, por exemplo, são realizadas com controle avançado das velocidades envolvidas no movimento dos motores do sistema. 2.2.1.6.1. Sensores para Controle de Altitude Os sensores de medida e atuação do controle de altitude do satélite conseguem medir a orientação dos eixos do satélite em função de uma referência externa – como o Sol, a Terra entre outras estrelas e até mesmo a progressão destas mudanças de orientação com o tempo. A principal característica de um sensor é a sua precisão de medida a qual impacta nas ações de alinhamento para o controle de altitude do satélite. • Sensores Solares: Estes tipos de sensores operam de forma similar às células solares uma vez que produzem diretamente um sinal elétrico a partir da radiação solar. A diferença é que estes sensores conseguem medir o ângulo entre a sua base de sustentação e a direção de incidência de luz. Essa informação angular é usada como base para a atuação dos motores na busca de equilíbrio dos eixos do satélite. • Sensores da Terra: O planeta Terra e sua atmosfera são interpretados no espectro infravermelho (sua radiação) como um corpo negro esférico com uma temperatura equivalente a 255 Kelvin. Visualizando o planeta Terra do espaço é muito Anotações interessante perceber que a imagem do planeta contrasta significativamente com o plano de fundo sideral (temperatura de 4 Kelvin) no domínio do espectro infravermelho. Isso significa que medir a radiação infravermelha proveniente da Terra permite identificar o seu contorno na comparação com a radiação do espaço sideral. Essa informação também é usada pelo subsistema de controle de altitude para estabilizar o satélite. • Sensores de Estrelas: Estes tipos de sensores se baseiam no fato de que é possível comparar mapas de estrelas capturados (pelos sensores) com mapas de referência observando as posições relativas entre as estrelas. Estes sensores estão muitas vezes acoplados a sistemas de processamento digitais de sinais que utilizam algoritmos de rastreamento e reconhecimento de padrões de mapas estelares. Por intermédio das comparações e dos algoritmos torna-se possível estimar a altitude e a velocidade angular dos satélites em diferentes pontos do plano orbital. Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 67 2.2.2. Sistema Payload do Satélite O sistema payload de um satélite constitui uma de suas partes mais importantes. Enquanto o sistema plataforma consiste em toda estrutura funcional de estabilidade do satélite o payload realiza suas principais tarefas de missão espacial. É possível utilizar uma analogia retratando o payload como o cérebro do satélite constituindo uma unidade de processamento central. O sistema payload é composto pelos blocos funcionais (circuitos) que realizam os objetivos de missão do satélite. De forma mais específica, os tipos de equipamentos e subsistemas internos do sistema payload dependem do tipo de aplicação-missão do satélite. No caso dos satélites de comunicação a estrutura básica que caracteriza o payload de um satélite é o seu transponder. A responsabilidade do payload do satélite é realizar (por intermédio dos transponders) a recepção, amplificação e retransmissão dos sinais provenientes das estações terrenas para outras partes da Terra atendendo a uma área de cobertura. O estudo do funcionamento do sistema de transponders de um satélite deve ser ponderado pela análise inicial do funcionamento de um sistema de comunicação via satélite evidenciando a responsabilidade do payload neste sistema. A Figura 36 mostra um diagrama de um sistema de comunicação digital via satélite retratando o sistema plataforma e o sistema payload do satélite. Figura 36 - Diagrama em blocos conceitual de um sistema de comunicação via satélite. Anotações 68 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite A responsabilidade da estação terrena de transmissão é realizar uma série de processamentos com os sinais de informação (provenientes de uma fonte de informação) de tal forma a compor um serviço de transmissão. Especificamente, existem vários processos dentro da estação terrena que possuem a finalidade de gerar um sinal robusto aos efeitos do canal de comunicação que interliga a estação terrena de transmissão ao satélite. De igual importância, são utilizadas técnicas de codificação e transmissão de sinais para que a ocupação de largura de faixa seja a mínima possível. Neste ponto já é possível perceber que a transmissão via satélite envolve a alocação de um recurso (largura de banda no satélite) o qual deve ser utilizado da melhor maneira possível (maximizando a eficiência na utilização dos recursos nos projetos de sistemas de comunicações). Ao mesmo tempo, as características de configuração dos processos envolvidos resultam em um desempenho para o sistema de comunicação via satélite de subida (uplink). Com isso, os sinais recebidos pelo satélite são detectados, amplificados e retransmitidos em uma frequência adequada para o processo de downlink constituindo outro sistema-enlace de comunicação. O equipamento (principal) responsável por realizar esse processo de recepção – transmissão dos sinais no satélite é o transponder. Portanto, o bloco funcional transponder em um satélite de comunicação pode ser interpretado como uma série de equipamentos-dispositivos que realizam a interligação (link) dentro do satélite levando o sinal recebido no uplink para o circuito de downlink. O sinal de downlink é retransmitido para uma estação terrena, um receptor DTH (Direct-toHome) ou até mesmo um receptor móvel e possui nível muito pequeno em função das degradações com as grandes distâncias do canal de comunicação. Uma série de processamentos duais à Anotações estação terrena de transmissão são implementados pela estação terrena de recepção com objetivo de recuperar os sinais de informação. Logo, o sucesso na recuperação dos dados pelo sistema de recepção depende da eficiência do processo de retransmissão do transponder. Existem dois tipos de transponders que podem ser utilizados em sistemas de satélite de comunicações: Os Transponders Transparentes (Bent Pipes) e os Transponders Regenerativos. Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 69 2.2.2.1. Sistema – Transponder Transparente Bent Pipe A Figura 37 mostra o diagrama em blocos do sistema payload Bent Pipe com as principais etapas envolvidas no processo de retransmissão de sinais evidenciando os transponders transparentes do satélite. Figura 37 - Diagrama em blocos conceitual do sistema payload Bent Pipe de um satélite comunicação. Os transponders do tipo Bent Pipe processam os sinais de uplink alterando somente duas características essenciais dos sinais de entrada: Amplitude e Frequência. Em um primeiro momento, é possível intuir que a conversão de frequência entre Uplink e Downlink possibilita o desacoplamento entre a entrada e a saída de sinais Anotações de um satélite de comunicação. De forma equivalente, e devido aos elevados níveis de potência utilizados pelos satélites, pode-se pressupor que os sinais retransmitidos possam ser captados pela antena de recepção do satélite (caracterizando uma realimentação). Nesta situação, a canalização de frequência adequada para Uplink 70 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite e Downlink em conjunto com a utilização de sistemas de filtragem robustos e controle de níveis de sinal garante a sintonia eficiente de Uplink e Downlink. O objetivo seria aumentar a isolação do sistema de retransmissão do satélite bem como a sua imunidade às interferências. Assim, a primeira etapa que compõe o payload de um satélite é o subsistema de filtragem de entrada para Uplink. Após a filtragem do sinal de Uplink, tem-se um processo de amplificação de baixa figura de ruído – LNA (Low Noise Amplifier) (esse conceito será abordado mais adiante). De fato, o sinal de Uplink proveniente da estação terrena de transmissão está corrompido com inúmeros efeitos advindos do canal de comunicação que interliga a estação terrena ao satélite. Além disso, já é possível adiantar que os próprios circuitos eletrônicos que compõem o satélite também são fontes de ruído que tornam o sinal ainda mais ruidoso. O problema surge pelo fato de que o sinal de Uplink possui nível muito reduzido (na faixa de picoWatts) sendo susceptível aos efeitos dos ruídos. O próprio processo de recepção de sinais em um sistema de comunicação digital é dependente das ações de um tipo de ruído onipresente em sistemas eletrônicos – conhecido como ruído AWGN (Additive White Gaussian Noise). Isso demanda certa qualidade no desenvolvimento do LNA que vai a bordo do payload Bent Pipe para que a relação sinal ruído (SNR – Signal-to-Noise Ratio) seja a mais elevada possível. No entanto, além dos amplificadores realizarem o processo de amplificação (elevando o nível do sinal de entrada) – amplifica-se também o ruído presente no sinal de Uplink. Além disso, o próprio circuito de amplificação eletrônica também gera seu próprio ruído interno de conturbação. Neste sentido, o LNA é um dispositivo desenvolvido para amplificar o sinal de Uplink a níveis aceitáveis pelos transponders sem adicionar ruídos de elevada amplitude. Anotações A conversão de frequência para retransmissão dos sinais é feita por intermédio do Mixer retratando a etapa de Downconverter. O processo de Downconverter é o batimento de frequência – translação espectral do sinal de entrada de Uplink para uma frequência adequada ao Downlink. A conversão de frequência poderia ser o primeiro processo do Front End do satélite, mas as perdas no Mixer (e a sua alta figura de ruído) podem fazer com que o sinal após o Downconverter esteja muito degradado em termos de qualidade (SNR). Por isso, é essencial que o LNA atue em conjunto com o sistema de filtragem preparando o sinal de Uplink para o processo de Downconverter atendendo aos requisitos de temperatura equivalente de ruído do sistema (iremos estudar esse conceito mais adiante). Seguido o processo de Downconverter, tomando o ganho de potência inicial fornecido pelo LNA e considerando as perdas intrínsecas no Mixer, torna-se necessário realizar o processo de amplificação principal para retransmissão. Dependendo de fatores como a frequência de operação para Uplink e Downlink, torna-se difícil alcançar elevados ganhos de potência para Downlink devido às limitações tecnológicas dos circuitos de amplificação do próprio satélite. Nestes casos, a etapa de Downconverter pode ser desenvolvida como uma forma de dupla conversão utilizando uma frequência intermediária menor do que a frequência de Downlink. A Figura 38 mostra os dois esquemas de conversão na recepção dos sinais de Uplink: Conversão única de frequência e Conversão dupla de frequência. Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 71 Figura 38 - Esquemas de conversão (direta ou dupla) para Downconverter dos sinais de Uplink. O Front End de recepção com conversão única realiza a etapa de Downconverter direto para a frequência de Downlink entregando os sinais de RF para as etapas seguintes do payload. Já no esquema de conversão dupla de frequência, o primeiro Mixer realiza uma translação espectral para uma frequência intermediária seguido de um primeiro estágio de amplificação intermediário. Uma seção de Upconverter atua transladando o sinal de IF amplificado para a frequência desejada de Downlink encaminhando-o para os próximos estágios de amplificação do satélite. Do ponto de vista de retransmissão, em virtude da instabilidade dos amplificadores de alta potência, é mais interessante realizar o processo de amplificação de forma paralela dividindo o ganho total de potência do sistema em mais de uma unidade amplificadora operando com sinais de entrada diferentes em frequências diferentes. Neste sentido, toda a largura de banda é separada em Anotações canais por intermédio de um banco de filtros (RF) de radiofrequência implementados como um multiplexador de entrada – IMUX (Input Multiplexer). Logo, o objetivo do IMUX é realizar uma subcanalização do sistema de retransmissão do satélite. O termo Multiplexação é usado neste âmbito designando aos equipamentos OMUX (Output Multiplexer) e IMUX as funcionalidades de combinação de sinais de diferentes frequências de diferentes fontes em único sinal de saída ou encaminhamento (roteamento-análise) de um sinal único em diferentes saídas de acordo com suas frequências. Cada filtro passa-faixa do IMUX é projetado para operar com a largura de banda de um determinado canal do sistema de subcanalização. O sinal de saída de cada filtro de RF do IMUX é amplificado por diferentes HPA (High Power Amplifiers) ponderados por Drivers (pequenos circuitos pré-amplificadores) utilizados para excitar de forma adequada os amplificadores HPA. 72 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 2.2.2.1.1. Subsistema de Amplificação dos Satélites de Comunicação Os amplificadores utilizados para realizar o processo principal de amplificação (HPA) são os tubos-guias de onda de amplificação TWTA (Travelling Wave Tube Amplifiers). Assim, os eletrônicos sólido-ativos (circuitos eletrônicos, integrados, chips) os quais dominam a etapa de amplificação na indústria de dispositivos móveis são utilizados em situações de amplificação com potências relativamente baixas enquanto os guias de onda ativos se destacam na etapa de amplificação de alta potência do segmento espacial. A Figura 39 mostra um diagrama simplificado do funcionamento de um tubo-guia de ondas ativo para amplificação de sinais (TWTA) dos transponders de um satélite de comunicação. Existem três componentes principais na estrutura do amplificador TWTA – que são o emissor-gatilho de elétrons, o circuito-estrutura de RF para atraso de onda e o elemento coletor. Figura 39 - Diagrama simplificado de funcionamento do TWTA. Anotações Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite O TWT (Travelling Wave Tube) constitui toda a estrutura do tubo-guia de ondas em si enquanto o TWTA aparece como o circuito completo de amplificação de alta potência baseado no tuboguia de ondas associado a uma fonte de energia. O TWT é representado fisicamente por um tubo com características lineares no vácuo que é atravessado por um feixe eletrônico estreito o qual é guiado por um campo magnético. Não é o propósito aqui aprofundar em detalhes no pensamento-design por trás da modelagem de funcionamento dos TWTAs, mas sim destacar a elegância, a sofisticação e a complexidade desta tecnologia no alcance de um processo de amplificação eficiente e confiável. De fato, o que ocorre é que tal amplificação é alcançada por intermédio da transferência de energia do feixe de elétrons para o sinal de micro-ondas (onda guiada) que entra no tubo (Input RF → Output RF). O feixe eletrônico é gerado por um gatilho de interação e combinação entre a aplicação de um potencial no catodo, um anodo e a geração de calor. É possível visualizar na Figura 39 que o calor aumenta a temperatura do catodo com o objetivo de provocar a emissão de elétrons presentes no material do catodo. Tal como nos tubos eletrônicos das televisões, o catodo determina a eficiência de emissão eletrônica com certo formato de feixe. Os elétrons provenientes do aquecimento do catodo são acelerados para o anodo o qual possui um alto potencial positivo em relação ao catodo proporcionando a formação do feixe de elétrons que passa através da estrutura aberta entre as placas de anodo. Alguns tipos de gatilhos possuem uma grade (alimentada com um potencial negativo) entre o catodo e o anodo com a finalidade de controlar a corrente do catodo e por consequência o feixe de elétrons. Após o gatilho catodo-anodo tem-se uma estrutura guiada em espiral (helix) na qual ocorre a interação entre o feixe eletrônico (emitido) e a onda guiada pelo Anotações 73 TWTA. O feixe de elétrons é guiado dentro da estrutura espiral até o coletor que é mantido com potencial elevado em relação ao catodo. O sinal parcialmente amplificado – filtrado entra no circuito de um transponder e é submetido ao processamento TWTA interagindo com o feixe de elétrons do tubo-guia de onda (TWT). O sinal de entrada é, de fato, pura energia de microondas (ondas eletromagnéticas) e viaja no espaço na velocidade da luz (c = 3x108 ms) a qual é muito maior do que a velocidade dos elétrons do feixe eletrônico. Devido à espiral interna do TWTA, as micro-ondas que se propagam e atravessam o tubo tem a sua velocidade axial (eixo) reduzida comparando-se com a velocidade do feixe de elétrons. Este requisito é fundamental para que o fenômeno de transferência de energia do feixe eletrônico ocorra para a onda de RF que entra no dispositivo. É muito interessante perceber que a interação entre o feixe de elétrons e a onda de RF toma a forma de uma “Modulação de Velocidade” (Velocity Modulation), pois alguns elétrons são acelerados mais enquanto outros são acelerados menos. Em outras palavras, o feixe eletrônico é modulado pelo sinal de RF resultando em um agrupamento focal de elétrons no interior da espiral formando uma verdadeira rede de transferência de energia que é usada para alcançar a amplificação do sinal. É justamente essa energia cinética (proveniente do movimento dos elétrons) (por meio do agrupamento focal dos elétrons) que é transferida para o sinal de micro-ondas. Isso só se torna possível devido à estrutura de atraso da onda fazendo com que a velocidade da onda de RF seja equivalente à velocidade do feixe de elétrons. Atenuadores são utilizados no centro da espiral a fim de controlar e processo de amplificação tornando o dispositivo mais estável enquanto os anéis magnéticos permanentes conformam (estritamente) o feixe eletrônico dentro da espiral 74 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite do TWTA. O coletor, localizado à direita do amplificador tem uma função muito importante no sistema quanto à própria eficiência de amplificação do TWTA. Baseado no pressuposto de que o objetivo de amplificação é alcançado com a transferência de energia cinética do feixe para o sinal de RF, pode-se intuir que a velocidade dos elétrons se reduz ao longo da direção longitudinal do tubo em direção ao coletor. No entanto, ao serem atraídos pelo coletor (com elevado potencial positivo) os elétrons ainda possuem alguma energia acumulada (menor do que a energia inicial do gatilho-disparo). Uma operação de amplificação eficiente é alcançada se a velocidade dos elétrons antes de atingirem o coletor tenha valor próximo de zero (significa que toda a energia foi transferida para o sinal de RF). Com isso, placas com potencial negativo são colocadas em certos estágios do coletor para que os elétrons tenham maior dificuldade em alcançar o estágio final do coletor e, por consequência, transfiram mais energia para o sinal de RF aumentando a eficiência de amplificação [3] [4]. Neste sentido, a amplificação ativa do TWTA é, de fato, um fenômeno eletromagnético, pois a energia cinética de movimento dos elétrons do feixe eletrônico é transferida para a onda de micro-ondas conforme a propagação do sinal ao longo do TWT retratando um fenômeno elegante e digno de estudos em todo o campo de RF. Os amplificadores de estado sólido – SSPAs (Solid State Power Amplifiers) entram no contexto combinando suas potencialidades com o sistema TWTA. Os SSPAs foram introduzidos no âmbito de comunicações via satélite em meados de 1980 com o objetivo de promover a coexistência entre diferentes tecnologias de amplificação nas plataformas espaciais. Os sistemas SSPAs utilizam transistores de efeito de campo para realizar a amplificação operando com potências relativamente baixas (entre 5 W e 10 W). Ganhos de potência mais elevados podem ser obtidos conectando os estágios transistorizados formando cascatas de amplificação. Diferentemente de um TWTA, um SSPA não é um único dispositivo e sim uma associação transistorizada para amplificação de sinais em cascata conforme mostra a Figura 40. Figura 40 - Diagrama simplificado de funcionamento dos amplificadores SSPAs. Anotações Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite Os amplificadores transistorizados-ativos são os elementos-circuitos responsáveis por realizar a amplificação do sinal de entrada do SSPA. Os circuladores são projetados e colocados no estágio de amplificação com o intuito de isolar o SSPA protegendo-o dentro do sistema de amplificação com outros circuitos do sistema de comunicação do satélite. Assim, qualquer energia de micro-ondas refletida no sistema de amplificação é direcionada para uma carga acoplada ao circulador. A alta linearidade e a relação de massa-potência dos sistemas de amplificação SSPAs são pontos atrativos para os satélites de comunicações quando comparados com os amplificadores em tubo TWTAs. Muitos satélites de 2.2.2.2. Sistema – Transponder Regenerativo Os transponders regenerativos são caracterizados por processarem os sinais de Uplink alterando suas características para a posterior retransmissão via Downlink. De forma mais específica, tem-se um processamento interno em banda base (onboard baseband processing) para tratamento e regeneração dos sinais recebidos via Uplink por meio do front end do satélite. O objetivo principal de um sistema com payload regenerativo é alcançar um melhor desempenho de operação no estabelecimento dos enlaces de Downlink para as estações terrenas. A Figura 41 mostra um diagrama geral evidenciando a etapa de processamento onboard no payload de um satélite de comunicação. Anotações 75 comunicação em banda C operam com sistemas SSPAs. No entanto, a eficiência de amplificação dos SSPAs no modo de operação linear é relativamente baixa (por volta de 30% a 40%) quando comparada com a eficiência dos tubos TWTAs (70%) [3] [4]. Ambas as tecnologias são alvos de intensa pesquisa que culminam no aumento de eficiência na busca por uma relação custo-benefício na qual a questão de gasto energético se torna fundamental. Ao mesmo tempo, a demanda por mais capacidade nos canais-transponders e maior potência dos satélites está cada vez mais presente e abrindo, de alguma forma, espaço competitivo e de combinação entre as tecnologias SSPA e TWTA. 76 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite Figura 41 - Diagrama simplificado de funcionamento de um transponder regenerativo. É possível observar que existe um processador digitais de sinais interno ao payload do satélite que pode realizar processos de tratamento de sinais com finalidades de codificação, correção de erros, regeneração, reformatação e até mesmo roteamento de sinais em banda base. Logo, todos os avanços e potencialidades das comunicações digitais são transportados para dentro do payload regenerativo expandindo suas características e funcionalidades. Por intermédio de um banco de demoduladores digitais, o sinal de Uplink (já posto em frequência intermediária pelo front-end) é transladado para banda base resultando em um fluxo digital (bits) de informação em conjunto com sinais controle (dependendo das características de camada física do sistema de comunicação digital). O sistema de processamento onboard processa o fluxo digital e implementa funcionalidades de regeneração, além de codificações para melhorar o desempenho do sistema de comunicação como um todo. Um banco de moduladores digitais forma um sistema de transmissão para adequação dos Anotações sinais regenerados às características de transmissão de Downlink. Assim, em conjunto com o sistema de modulação digital segue a seção de Upconverter de sinais para translação do espectro dos sinais em banda base para a frequência de Downlink (podendo fazer tal conversão com estágios intermediários, por exemplo). Neste sentido, os repetidores regenerativos conseguem atingir melhor desempenho de qualidade no enlace quando comparados com os transponders bent pipes transparentes. A possibilidade de regeneração e remodelação dos sinais resulta em melhor desempenho do satélite do ponto de vista de comunicação digital. Em contrapartida, trata-se de um payload mais complexo envolvendo circuitos digitais que devem estar suportados por circuitos de monitoramento e controle para garantir o sucesso da operação digital dentro do payload. Logo, a implementação de um sistema regenerativo em um satélite deve ser justificada pelas vantagens apresentadas por essa abordagem e principalmente, pela aplicação-missão do satélite. Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite 77 2.2.2.3. Técnicas de Comunicações Digitais em Sistemas de Satélite Um dos pontos mais importantes no estudo dos payloads em sistemas de comunicações via satélite consiste na análise das técnicas de comunicações digitais que são utilizadas no sistema de processamento interno onboard do payload. Esses conceitos tratados nessa seção são o insumo inicial para compreender as potencialidades que existem nos padrões de transmissão de sinais via satélite como os sistemas DVB-S/S2. Uma verdade é que as características avançadas desses padrões de tecnologia via satélite (entre outros exemplos como LTE-4G, Wi-Fi, WiMAX, ISDB-Tb) só foram viabilizadas no âmbito dos sistemas de comunicações quando a teoria de comunicação digital foi desenvolvida e transportada para os processadores digitais de sinais (da teoria de sinais e sistemas). Por isso, em um primeiro momento do curso, torna-se interessante ressaltar a importância de duas definições: o conceito do processo de modulação de sinais e a diferenciação das transmissões analógicas e digitais. 2.2.2.3.1. Fundamentos da Transmissão Digital Definição Sabe-se que, em essência, o processo de modulação de sinais consiste na translação do espectro dos sinais que inicialmente estão em banda base para banda passante. De forma dual, o processo de demodulação (o qual ocorre no receptor) é retratado pela translação espectral dos sinais em banda passante para banda base. Além disso, é possível ressaltar que o transporte de informação por canais de comunicação sem fio (como é o caso dos enlaces de satélite) envolve a geração estável de um sinal de onda portadora de alta frequência. Assim, no âmbito da transmissão analógica é importante buscar a seguinte definição: A Transmissão Analógica transporta a informação por meio da variação contínua de algum parâmetro do sinal transmitido (sinal de onda portadora). Esse parâmetro citado na definição acima é justamente alguma característica da onda portadora, como a sua fase, amplitude ou frequência, por exemplo. Logo, embora se tratando de um conceito inicial, é muito importante atentar que a informação a ser transmitida pelo sistema de comunicação está contida na variação destas características da onda portadora. É neste sentido que a portadora “transporta” a informação. Anotações Esse conceito se torna diferente dentro do contexto das comunicações digitais justamente pela questão diferencial entre o mundo analógico (contínuo) e o digital (discreto). Assim, é possível definir o conceito de transmissão digital da seguinte forma: Definição 78 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite A Transmissão Digital transporta ou representa a informação por meio de uma variação discreta das características de um conjunto finito de formas de onda digitais. É interessante notar que existe um conjunto (finito – que ambos Tx e Rx conhecem) de formas de onda digitais as quais serão geradas para representar as informações digitais. De fato, uma forma de onda digital (Digital Waveform) é um sinal (forma de onda) que representa um símbolo digital. Neste ponto, a transmissão digital se diferencia da transmissão analógica pela caracterização de um alfabeto finito de símbolos digitais os quais são representados por formas de onda digitais. A Figura 42 mostra um sistema de Uplink digital de satélite para transmissão dos símbolos digitais que são gerados pelo transmissor digital. Figura 42 - Diagrama de um sistema de comunicação digital via satélite. Anotações Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite Especificamente, o bloco de fonte de informação é, de fato, o responsável pela geração das informações referente à aplicação. É possível ter fontes de informações digitais ou analógicas. Um sistema de captação com câmeras em estúdio, sinais de um sistema de telemetria e controle, sinais digitais com diversos serviços incluindo voz, dados, vídeo, áudio e o escoamento de tráfego de alguma rede de telecomunicações compõem diversos exemplos que podem ser interpretados como possíveis fontes de informação para transmissão via satélite. Com isso, é importante destacar que um processo de codificação de fonte pode compor a primeira etapa da cadeia de geração de sinais para o transmissor digital. O objetivo de um codificador de fonte (Encoder) é realizar a compressão do sinal utilizando técnicas de processamento digital de sinais para reduzir a taxa de transmissão do sinal de entrada. Com isso, a largura de banda ocupada pelo sinal é reduzida levando a alguma otimização na ocupação eficiente da largura de faixa disponível. Este é um assunto muito importante nesse âmbito de comunicações via satélite: primeiro porque se deseja transmitir serviços com elevada taxa de transmissão (refletindo em qualidade de serviço) e segundo porque os recursos disponíveis (espectro) para realizar as transmissões se encontram cada vez mais disputados elevando os custos em torno de todas as atividades de operação. Por isso, é muito importante compreender como se faz uma análise de desempenho de um sistema de comunicação digital (o qual depende da largura de banda e da taxa de transmissão do sistema) – aplicando estes conceitos aos enlaces de satélite. A camada de multiplexação gera o fluxo multiplexado de serviços (com os respectivos sinais) que alimenta o sistema de transmissão da estação terrena. A responsabilidade do transmissor digital é modular o fluxo digital adequando os sinais ao canal de propagação em uma frequência de Uplink Anotações 79 apropriada para transmissão de sinais para o satélite. É muito importante ressaltar que as formas de onda transmitidas são amplificadas e enviadas para a antena de transmissão da estação terrena. Os sinais de RF (modulados) na saída do transmissor digital são irradiados como ondas eletromagnéticas que possuem suas características (frequência – fase – amplitude) moduladas por símbolos digitais dentro de um alfabeto de modulação conhecido – retratando assim o conceito de modulação digital de sinais. Neste contexto, a tarefa do receptor digital é realizar uma investigação sobre os sinais recuperados pelo front end do satélite a fim de identificar quais os símbolos digitais foram transmitidos. Para compreender essa análise em mais detalhes, seria interessante explicar o funcionamento de um sistema de comunicação digital via satélite à luz do conceito de transmissão digital. A transferência de dados digitais em um enlace de satélite se faz por intermédio de um sistema de modulação digital o qual possui a seguinte responsabilidade: realizar a adequação (com máxima eficiência) dos sinais de informação ao canal pelo qual serão transmitidas as informações (do ponto de vista de qualidade e de custos). Da teoria de transmissão digital, é possível utilizar ótimas referências na literatura de engenharia de telecomunicações como [5] [6] [7] [8] [9] as quais identificam o processo de modulação digital consistindo em duas etapas: Um Mapeamento Digital seguido da efetiva Modulação de Sinais. Para entender esse conceito de mapeamento digital e modulação digital, o diagrama da Figura 43 ilustra as etapas que compõem um sistema de comunicação digital com enfoque no funcionamento do modulador digital e no demodulador digital. Desde já, é importante notar que o funcionamento de um modulador digital é complexo e particular para cada tecnologia. Assim, trata-se de um esquema simplificado e geral que possui informações interessantes para o estudo dos sistemas de modulação que formam o núcleo de um payload de comunicação. 80 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite Figura 43 - Diagrama em blocos de um sistema de comunicação digital O ponto principal a ser analisado no diagrama vem com a busca dos conceitos de modulação (translação do espectro dos sinais) e mapeamento digital (geração de símbolos digitais). Investigando o modulador digital no diagrama da Figura 43, verifica-se que a efetiva translação de espectro (a efetiva modulação) só ocorre de fato no estágio de Upconverter, ou seja, a modulação acontece na forma de estágios de translação e somente após o mapeamento digital. Este mapeamento digital também é conhecido na literatura como modulação digital de sinais. Repare que o mapeamento digital ocorre no domínio digital (banda base) dentro de um processador digital Anotações de sinais. A grande vantagem e elegância dos sistemas de comunicações digitais residem no fato de que inúmeros processamentos digitais de sinais são realizados aumentando a robustez dos sinais que serão transmitidos e por consequência, melhorando o desempenho dos sistemas de comunicações. O processo de mapeamento digital possui suas bases na teoria de comunicação digital (na análise do espaço de sinais) com o objetivo de criar os símbolos digitais em um plano de sinais – conhecido como constelação digital de sinais: com um eixo em fase (I – in-phase) e quadratura (Q – quadrature). Isso significa que os símbolos digitais Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite são compostos por uma componente em fase e uma componente em quadratura (por isso o chamado mapeamento I&Q). Após o mapeamento de símbolos tem-se um tipo especial de filtro que visa limitar a largura de faixa dos sinais e ao mesmo tempo prover robustez ao sinal que será transmitido (um dos filtros mais utilizados nesta etapa é o filtro raiz cosseno elevado). O DAC (Digital-to-Analog Converter) realiza a conversão digital-analógica para início da translação do espectro dos sinais. Com isso, os símbolos complexos se transformam em formas de onda “digitais” (pois pertencem a um alfabeto finito-conhecido) que modulam uma onda portadora em frequência intermediária (IF – Intermediary Frequency). Após esse estágio de translação para frequência intermediária, tem-se a etapa de Upconverter para radiofrequência (RF) seguida do processo de amplificação e filtragem dos sinais que serão transmitidos. Logo, o sistema de modulação é caracterizado por uma parte totalmente digital a qual processa os bits do fluxo digital com técnicas de processamento digital de sinais e uma parte analógica caracterizada pela translação de espectro dos sinais em banda base para o canal de RF desejado. Fazendo a projeção dessa análise para comunicações via satélite, o desafio dos sistemas de comunicação é retratado pela geração de sinais de Uplink e Downlink robustos e que ao mesmo tempo estejam estritamente conformados dentro do canal de RF. Essa abordagem é muito importante uma vez que processo de amplificação é por Anotações 81 natureza não-linear e gerando espúrios e interferências fora da largura de banda de interesse. Ao enfrentar as adversidades do canal sem fio, o demodulador digital tem a responsabilidade de realizar a translação do espectro do sinal em banda passante para banda base por meio da etapa de Downconverter para uma frequência intermediária. Após o mixer de FI tem-se a digitalização do sinal para a realização da demodulação digital e recuperação dos bits codificados. A Figura 44 traz os conceitos relacionados com o processo de recepção e com o desempenho dos sistemas de comunicações digitais. Os efeitos e adversidades do canal são visualizados na constelação de sinais como um deslocamento de um símbolo digital em relação a sua posição ideal na constelação da modulação digital. Em função desses efeitos, o receptor deve realizar o processo de recepção (interpretado em três etapas – detecção, decisão e decodificação dos sinais) fazendo uma estimativa de qual foi o símbolo transmitido. 82 Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite Figura 44 - Conceitos sobre o desempenho e o processo de recepção de sinais em sistemas de comunicações No entanto, sabe-se que podem ocorrer erros que dependem do grau de severidade dos efeitos do canal (condições de propagação, ruído AWGN, interferências e instabilidades nos próprios circuitos de telecomunicações). Todos esses efeitos (que dependem de muitos fatores como frequência de operação, taxa de transmissão entre outros) são somados e provocam erros de decodificação no processo de demapeamento digital (conversão dos símbolos Anotações estimados nos bits de informação correspondentes). Logo, torna-se necessário caracterizar o receptor e investigar o seu desempenho em termos de probabilidade de erro de bit (BER – Bit Error Rate) a qual relaciona a quantidade de bits errados sobre o total de bits transmitidos no sistema de comunicação. Quanto menor é a estimativa da probabilidade de erro de bit do sistema, menor é o número de erros e melhor é a qualidade do enlace de comunicação. Em Capítulo 2 - Arquitetura dos Sistemas de Comunicações via Satélite outras palavras, quanto maior é a BER de um sistema de comunicação digital menor será a qualidade do enlace comprometendo a transmissão e recepção dos serviços. Observando com mais detalhes essa questão do mapeamento digital, é possível notar que o arranjo da constelação de sinais bem como a quantidade de símbolos que formam a modulação digital têm influência no desempenho do sistema de comunicação. Portanto, o interessante para o receptor, tanto nos enlaces de Uplink quando Downlink é operar com a maior relação de energia entre o sinal desejado (símbolos digitais) e os efeitos do canal (interpretados como ruído que corrompem os símbolos na constelação). Sob essa perspectiva, os processos de detecção – decisão e decodificação se tornam mais fáceis para o receptor digital. Por isso, a análise dos projetos de enlace de comunicações via satélite deve ser ponderada pelos requisitos de operação das aplicações-serviços, pelas questões de configuração do sistema de comunicação, e principalmente pelas das condições de recepção do sistema. Anotações 83 Quiz 1 Após ter lido todas as páginas de seu livro digital, chegou a hora de colocar o seu conhecimento à prova. Coloque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. Confira as respostas corretas no final do livro. 1- Nos estudos sobre o funcionamento do segmento espacial, o sistema-plataforma é retratado por todos os componentes de telecomunicações do satélite enquanto o sistema de infraestrutura de mecânica de hardware é responsável pelo equilíbrio do eixo de estabilização do satélite. 2 -Sem dúvida, o subsistema de controle e temperatura deve operar bem acima da saturação que o satélite alcance a sua máxima eficiência no processo de repetição de sinais. 3 - O Apogeu é o ponto orbital mais próximo da Terra enquanto o Perigeu é o ponto mais distância da Terra. 4 - A Terceira Lei de Kepler estabelece uma relação entre o período orbital e o raio orbital. 5 - O Satélite do Tipo Bent-Pipe possui elevado desempenho em função da demodulação dos sinais recebidos e por intermédio da aplicação de códigos corretores de erros. 6 - O sistema payload é composto pelos blocos funcionais (circuitos) que realizam os principais objetivos de missão do satélite. 7 - Em sistemas de comunicações via satélite, a transmissão de sinais envolve a alocação de um recurso (largura de banda no satélite) o qual deve ser utilizado da melhor maneira possível Quiz 2 Chegou a hora de fazer um pequeno teste para avaliar o que você aprendeu. Responda as questões abaixo e confira as respostas corretas no final do livro. Este questionário não é avaliativo, mas sim para fixação do conteúdo. 1 - Qual seria o motivo principal dos valores de frequência para Uplink serem mais do que para Downlink? a) De fato, as frequências maiores para Uplink são mais indicadas por serem mais adequadas para as transmissões espaciais, ou seja, estas frequências altas sofrem menos com os efeitos do meio de propagação. b) De fato, nas estações terrenas tem-se um controle maior na geração do sinal de RF a fim de enfrentar as adversidades do canal que interliga a estação com o satélite. Assim, o sentido de Downlink é privilegiado pelos próprios desafios (que são maiores), pois quanto menor é o valor da frequência do sinal de RF, menores são os efeitos de perda no espaço livre. No entanto, deve-se observar que os efeitos de absorção de energia pela atmosfera sempre irão existir. c) De fato, as frequências de Uplink são padronizadas dessa forma (sempre maiores) para facilitar o planejamento de enlace de canalização em sistemas de satélites. 2 - O modelo de figura de ruído de um Downconverter em um satélite segue: a) A modelagem equivalente passiva para dispositivos do tipo mixer b) A modelagem equivalente em banda base para dispositivos do tipo mixer c) A modelagem equivalente ativa para dispositivos do tipo mixer 3 - As definições e conceitos para Figura de Ruído são: a) A Figura de Ruído é definida como a razão entre a relação portadora-ruído de saída pela entrada em dispositivoselementos do sistema e quanto maior é o seu valor (em dB), melhor se torna a qualidade do sinal ao ser processá-lo pelo dispositivo. b) A Figura de Ruído é definida como a razão entre a relação G/T dos dispositivos (ativos e passivos) e quanto menor é o seu valor, mais degradante é o dispositivo analisado. c) A Figura de Ruído é definida como a razão entre a relação portadora-ruído de entrada pela saída em um elemento ou dispositivo (passivo ou ativo) e quanto menor é o seu valor menor será a degradação de portadora-ruído na análise do dispositivo. 4 - O que é Backoff em Sistemas de Comunicações via Satélite? a) É um avanço de potência no dimensionamento do sistema para aproveitar ao máximo os amplificadores do satélite b) É um recuo de potência no dimensionamento do sistema para evitar problemas de intermodulação em virtude da não-linearidade do processo de amplificação. c) É um recuo de potência do sistema para aumentar a energia gasta pelo sistema de amplificação. Respostas - Quiz 1 Problema 1 2 3 4 5 6 7 Resposta F F F V F V V Respostas - Quiz 2 Problema 1 2 3 4 Alternativa b c c b Referências Bibliográficas [1] Projeto Iriduim © Iridium Communications Inc. – www.iridium.com [2] Obsertatório Nacional – Cartas de Declinação Magnética http://www.on.br/ - http://www.on.br/conteudo/modelo.php?endereco=servicos/servicos.html [3] Elbert, R. B. Introduction to Satellite Communication (Third Edition): Artech House – (2008). [4] Kolawole, O. M. Elbert, R. B. Satellite Communications Engineering (Third Edition): CRC Press (Taylor & Francis Group) – (2014). [5] Haykin, S. Communications Systems, 4th Edition. MacMaster University, Jhon Wily and Sons, 2001. [6] Proakis, J. Salehi, M. Digital Communications, 5th Edition. MacGraw – Hill, 2008. [7] Lin, S. Costello Jr, D. J. Error Control Coding, 2thEdition. Prentice Hall, June 7, 2004. [8] Maral, G. VSAT Networks (Second Edition), John Wiley & Sons (2003) S. [9] Jeruchim, M. C. Balaban, P. Shanmugan, K. S. Simulation of Communications Systems, Modelling, Methodology and Techniques. Information Technology: Transmission, Processing, and Storage, Series Editor: Jack Keil Wolf, 2002.