Alegres campos, verdes arvoredos LUÍS DE CAMÕES Alegres campos, verdes arvoredos, Claras e frescas águas de cristal, Que em vós os debuxais ao natural, Discorrendo da altura dos rochedos; Silvestres montes, ásperos penedos, Compostos em concerto desigual, Sabei que, sem licença de meu mal, Já não podeis fazer meus olhos ledos. E, pois me já não vedes como vistes, Não me alegrem verduras deleitosas, Nem águas que correndo alegres vêm. Semearei em vós lembranças tristes, Regando-vos com lágrimas saudosas, E nascerão saudades de meu bem. Luís de Camões Introdução 01 Renascimento 02 Humanismo 03 Luís de Camões A estrutura externa Alegres campos, verdes arvoredos, A Claras e frescas águas de cristal, B Que em vós os debuxais ao natural, Discorrendo da altura dos rochedos; A Silvestres montes, ásperos penedos, A Compostos em concerto desigual, B Sabei que, sem licença de meu mal, B Já não podeis fazer meus olhos ledos. A E, pois me já não vedes como vistes, C Não me alegrem verduras deleitosas, D Nem águas que correndo alegres vêm. E Semearei em vós lembranças tristes, C Regando-vos com lágrimas saudosas, D E nascerão saudades de meu bem. E Temas : a natureza e a saudade Rimas : ABBA ABBA CDE CDE : interpolada e emparelhada nas quadras, e interpolada nos tercetos Soneto : 4 estrofes ( 2 quadras e 2 tercetos ) Versos decassílabos Como o sujeito poético consegue transmitir ao leitor a sua saudade através da natureza? I - O sujeito poético mostra, ao longo do poema, a sua saudade causada pelas lembranças da sua amada 01 02 As emoções do sujeito poético são causadas pela ausência da amada A imagem da natureza permite exprimir os seus sentimentos Alegres campos, verdes arvoredos, Claras e frescas águas de cristal, Que em vós os debuxais ao natural, Discorrendo da altura dos rochedos; Silvestres montes, ásperos penedos, Compostos em concerto desigual, Sabei que, sem licença de meu mal, Já não podeis fazer meus olhos ledos. chave de ouro : as “lembranças tristes” referem-se às saudades do sujeito poético em relação dama E, pois me já não vedes como vistes, Não me alegrem verduras deleitosas, Nem águas que correndo alegres vêm. } Semearei em vós lembranças tristes, Regando-vos com lágrimas saudosas, E nascerão saudades de meu bem. } antítese : passado feliz ; o início do poema deixou lembranças que provocam um futuro triste, cheio de saudades uso do futuro : o sujeito poético está a imaginar um momento triste e posterior ao momento em que fala Alegres campos, verdes arvoredos, Claras e frescas águas de cristal, Que em vós os debuxais ao natural, Discorrendo da altura dos rochedos; Silvestres montes, ásperos penedos, Compostos em concerto desigual, Sabei que, sem licença de meu mal, Já não podeis fazer meus olhos ledos. E, pois me já não vedes como vistes, Não me alegrem verduras deleitosas, Nem águas que correndo alegres vêm. } } Semearei em vós lembranças tristes, Regando-vos com lágrimas saudosas, E nascerão saudades de meu bem. paradoxo : oposição entre a beleza da natureza e o sofrimento do sujeito poético gradação : ciclo de vida de uma planta, com fases evolutivas cada vez mais importantes do que a anterior metáfora : revelação dos sentimentos do sujeito poético através da natureza II - A natureza aparece como a confidente direta da infelicidade do sujeito poético 01 02 A natureza em volta do sujeito poético é muito expressiva e viva O sujeito poético estabelece um diálogo com a natureza Alegres campos, verdes arvoredos, Claras e frescas águas de cristal, Que em vós os debuxais ao natural, Discorrendo da altura dos rochedos; Silvestres montes, ásperos penedos, Compostos em concerto desigual, Sabei que, sem licença de meu mal, Já não podeis fazer meus olhos ledos. E, pois me já não vedes como vistes, Não me alegrem verduras deleitosas, Nem águas que correndo alegres vêm. Semearei em vós lembranças tristes, Regando-vos com lágrimas saudosas, E nascerão saudades de meu bem. adjetivação: cria uma imagem de um espaço rico em beleza e pureza; personificação: torna natureza mais viva. a Alegres campos, verdes arvoredos, Claras e frescas águas de cristal, Que em vós os debuxais ao natural, Discorrendo da altura dos rochedos; Silvestres montes, ásperos penedos, Compostos em concerto desigual, Sabei que, sem licença de meu mal, Já não podeis fazer meus olhos ledos. E, pois me já não vedes como vistes, Não me alegrem verduras deleitosas, Nem águas que correndo alegres vêm. Semearei em vós lembranças tristes, Regando-vos com lágrimas saudosas, E nascerão saudades de meu bem. conector conclusivo e explicativo "pois" : testemunha um progresso na história; uso da primeira pessoa do singular : cunho autobiográfico; imperativo : o sujeito poético pede ajuda/conselhos à natureza Conclusão 01 Coita de amor do sujeito poético 02 Deseja uma ajuda do seu confidente : a natureza 03 Mas a natureza não o ajudará a se aliviar dos seus pensamentos Obrigado pela vossa atenção !