ATIVIDADE – CAP. 4 – VAMOS GOVERNAR A TI Ricardo Mathias Fernandes Rodrigues – RM83262 | Fiap – Defesa Cibernética | 03/2019 SUMÁRIO Entrevista conduzida via web, os dois entrevistados são membros de um órgão governamental federal e trabalham em um hospital militar de grande porte na cidade de São Paulo. Não podem ser identificados e serão tratados por Alfa e Charlie. Detalhes precisos da Infraestrutura de T.I. também não podem ser explicitados sob solicitação dos entrevistados. PERGUNTAS E RESPOSTAS 1. A infraestrutura tecnológica que você utiliza no seu ambiente de trabalho é instável? Caso seja, com qual frequência (aproximadamente) o sistema/ambiente deixa de funcionar? Alfa - Ainda é, mas melhorou bastante desde 2017. Implementamos um plano de Reestruturação da Infra e do Controlador de Dominio (Active Directory). Mas aqui lidamos com um sistema crítico, uma vez que é um hospital, então qualquer queda é preocupante.Mas hoje temos mais problema com a Telefonia e Radio, que também somos responsáveis do que com a Infra de TI. Charlie – Ás vezes a disponibilidade falha, mas nossa Intranet é compartilhada com outras unidades então nem sempre é com a gente. Na verdade os servidores estão fisicamente em outra unidade. 2. O que você não pode utilizar, a título de software e demais recursos tecnológicos, em horário de trabalho? Existe uma política esclarecedora sobre isso na sua empresa? Alfa - Sim, existem restrições de domínio para redes sociais, especificamente, porém o nosso quadro é meio complicado, os membros usam proxy e mesmo com bloqueio de keywords dão um jeito para acessar. Não provemos treinamento, uma vez que a TI do hospital é composta basicamente por 5 membros e nosso quadro, contando funcionários civis e militares chega a quase 1000 pessoas. Charlie - Existem bloqueio para redes sociais, games e sites pornograficos. Mas até membros mais antigos aqui utilizam a nossa rede sem fio para o acesso e usam apps de VPN para burlar isso. Se a gente pega, podemos punir os responsaveis, mas é tão recorrente que é muito dificil colocar em prática. 3. O que não pode parar de funcionar dentro do seu ambiente de trabalho (tratando-se de tecnologia)? Por quê? Alfa - O sistema de prontuários e os Bancos de Dados relativos aos pacientes tem que estar sempre disponiveis, pois uma emergencia pode ocorrer a qualquer momento. O problema é que nem todos os nossos BD’s estão propriamente integrados entre seções. A cardiologia tem um, a oncologia tem outro, etc. A gente pena bastante porque ainda temos muitos sistemas legado, ultrapassados ou então gente que não consegue utilizar as soluções que estão disponíveis. PÁGINA 1 Charlie – A telefonia. A internet pode até cair e isso acontece de quando em quando, mas o hospital tem um sistema de troncos telefonicos muito antigo e é essencial mante-lo de pé, já que tudo funciona aqui pelos ramais. Ninguem consegue chamar um médico pra UTI sem a telefonia aqui e apesar de não ser ideal a gente da TI ser responsável por isso, é o que acontece e temos que lidar. 4. Qual(is) recurso(s) de tecnologia seria(m) dispensável(is), ou não possui(em) qualquer prioridade dentro do seu ambiente de trabalho? Alfa – O sistema usado hoje pra controle de acesso físico é quase que alegórico. Tentaram implementar o uso de SmartCards há alguns anos, mas a solução não era compativel com as nossas necessidades e após algum tempo, a gente quase que tinha um “porteiro” pra cada cancela, seja porque as pessoas não sabiam usar os cartões, gerando entrada ou saída dupla, seja porque os usuários não estavam propriamente registrados. Foi uma decisão não muito sábia que só serviu pra onerar a organização. Hoje o controle de acesso é feito por um membro da organização que passa o cartão dele, então é um sistema inutil que tem que ser redesenhado. Charlie – Bom, ainda tem uma rede de impressoras matriciais funcionando, eu acho que é dispensável porque ninguem usa mais, mas é recurso da União então meio que fica aí pegando pó 5. Existe algum plano de segurança, por parte da sua empresa, em relação aos computadores, programas, usuários ou informações que estão no sistema? Alfa – Existem punições para mal uso, mas plano em si, infelizmente ainda não, existem muitos afazeres só para manter a estrutura rodando e nós temos muito poucos membros de TI e um número gigante de usuários. Ainda temos funcionários que são mais antigos, tem dificuldade até de encontrar arquivos que não estão no Desktop, e não podemos restringir o uso de certos funcionários de alto privilégio. Charlie - Acho que os vazamentos que ocorrem de quando em quando pela organização à nivel nacional fala por si. Tem muito funcionário que tem acesso a DB que não deveria ter e na primeira oportunidade acaba fazendo o que não deve. 6. Quais são as maiores dificuldades no momento para implementar uma infraestrutura segura e eficiente ? Alfa – Nosso quadro é muito pequeno, mas a gente faz milagre com o que tem disponível. Sofremos um excesso burocrático, precisamos de licitação para qualquer coisa que a gente queira implementar e o gestor de TI é gestor também de outras seções do hospital, além disso o orçamento que é atribuído a gente mal dá para fazer manutenção às maquinas do hospital Charlie - Excesso de atribuições. Temos que manter a Infra disponível, a telefonia, desenvolver soluções de pequeno porte no hospital, fazer o suporte à usuário, manutenção dos equipamentos, soluções em rede para o pessoal fazendo residência medica e tudo utilizando apenas os Softwares aprovados pelo comando que na maioria das vezes são Open-Source e o pessoal não está acostumado a usar 7. Como essas dificuldades seriam resolvidas ? PÁGINA 2 Alfa – Como sempre, um investimento maior na area e a flexibilizacao da burocracia, porem no sistema que a gente trabalha, isso é meio dificil. Para um hospital do nosso porte, a nossa equipe de TI precisaria ser pelo menos 3 vezes maior. Charlie - Separação de papeis. Uma equipe de Infra, uma de Telefonia, uma de Suporte, uma de Desenvolvimento etc. Do jeito que está hoje , a gente nunca sabe como vai ser o dia seguinte e o problema que vamos ter que resolver. 8. O que você vê como o maior risco de segurança atual para a organização como um todo ? Alfa – Honestamente, eu não me preocupo com invasões externas, devido à natureza da nossa organização. Sempre que alguma coisa acontece, foi gente de dentro da organização com acesso que não deveria ter. De fora pode até acontecer defacement de site, uma coisa que a gente resolve em minutos, mas de dentro, qualquer um pode vazar uma senha de acesso privilegiado que pode dar acesso a dados de milhares de membros. Alguns usuários tem acesso à rede interna até de seus computadores pessoais, e eu não sei o quão seguras essas máquinas são, então essa é a minha preocupação, e isso só pode ser resolvido pela conscientização do usuário, o que torna ainda mais dificil de confiar. Charlie – Os BD’s do hospital e da nossa organização como um todo ainda estão muito expostos. Devido a falta de treinamento e ausencia de gente especializada, meio que todo mundo acaba com acesso mais privilegiado do precisa. Desse modo qualquer um com um pen-drive pode espetar e baixar dados sensiveis. 9. Qual o seu papel atualmente no quadro organizacional da TI ? Alfa - Sou o coordenador de TI do hospital há 3 anos, além de gerente de projetos, basicamente eu só respondo ao gestor que é a pessoa que repassa o orçamento disponível e nos solicita os pedidos da diretoria do hospital Charlie - Sou membro da equipe há 2 anos, eu supervisiono os membros mais novos, então eu sou meio que um analista pleno aqui. CONCLUSÃO Pode-se verificar por meio deste que muitas soluções de fácil implementação em uma organização pública se tornam um desafio graças à ausencia de autonomia, à burocracia e à falta de recursos. Se uma organização promove seus membros por tempo de serviço e não por especialização, o dano pode ser imenso. Economizar em Infraestrutura de TI é uma receita desastrosa e em um sistema critico, equipes diferentes devem ter atribuições relativas apenas à seus papeis, caso contrario, a equipe estará sempre onerada em manter os sistemas minimamente funcionais e incapaz de prover melhorias de longo prazo. PÁGINA 3