Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO CAPÍTULO V - EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO 1. Propriedades e características 71 2. Interacção embalagem/alimento 80 3. Processos de fabrico 81 3.1. Papel e cartão 81 3.2. Cartão canelado 84 4. Tipos de embalagens 86 5. Projecto e construção da embalagem 89 6. O ambiente e a embalagem celulósica 91 7. Controlo da qualidade 92 7.1. Determinação da gramagem 93 7.2. Determinação da espessura 93 7.3. Determinação da percentagem de humidade 93 7.4. Absorção de água ou ensaio de Cobb 93 7.5. Resistência ao rebentamento (Mullen) 93 7.6. Porosidade ou permeabilidade ao ar 93 7.7. Determinação da lisura Bendtsen 93 7.8. Resistência à tracção 94 7.9. Compressão vertical em coluna (ECT) 94 7.10. Compressão plana (FCT) 94 7.11. Resistência à compressão (BCT) 94 BIBLIOGRAFIA 96 70 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO 1. PROPRIEDADES E CARACTERÍSTICAS • PAPEL O papel consiste essencialmente num aglomerado de fibras celulósicas de diferentes tamanhos de origem natural, afiladas e entrelaçadas umas com as outras e finalmente, prensadas, oferecendo uma superfície adequada para colar, escrever ou imprimir. A resistência mecânica do papel não depende somente do tamanho e da resistência individual de cada fibra, mas também do modo como elas estão dispostas. A qualidade do papel, por sua vez, é consequência da natureza das fibras, pois estas variam conforme o vegetal que lhes deu origem, com diferenças entre si na sua forma estrutural, tamanho e pureza. As fibras que constituem o papel podem ser curtas (normalmente obtidas de árvores folhosas tipo eucalipto) ou longas (obtidas de árvores como o pinheiro). As primeiras são indicadas para situações em que se privilegie a maleabilidade e a qualidade de impressão, cópia e escrita, enquanto que as segundas devem ser preferidas quando se pretende conferir resistência ao papel para embalagem. As fibras de celulose usadas na fabricação do papel são, na sua maioria, provenientes da pasta da madeira. Na fabricação da pasta são utilizados dois processos básicos: mecânico e químico. O processo mecânico consiste em pressionar a madeira num triturador, utilizando-se água como veículo de transporte da matéria moída. Este processo é utilizado para papéis que não exigem muita resistência e brilho, como o papel de jornal. Mistura com água Drenagem Prensagem Secagem FIGURA 1 Principais fases da produção de papel 71 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO No processo químico a madeira é cozida com agentes químicos para remover a linhina e hidratos de carbono, produzindo pasta de alta qualidade. Os produtos químicos mais utilizados são: soda cáustica (processo soda) geralmente usada para madeiras duras produzindo pasta clara e de textura fina, mistura de soda e sulfato de sódio (processo sulfato ou kraft) onde a pasta obtida é muito resistente acastanhada de difícil branqueamento e bissulfito de cálcio ou magnésio (processo ácido) geralmente usada para madeira de espécies do tipo do pinheiro produzindo pasta clara de resistência superior à do processo soda, porém inferior à do kraft. Uma combinação dos processos químico e mecânico também pode ser utilizado – processo semi-químico. A pasta semi-química é difícil de ser branqueada e torna-se amarelada quando exposta à luz solar. Serve para aplicações onde a resistência, a rigidez e a coloração não são tão necessárias como por exemplo, o miolo do cartão canelado. Os principais tipos de papel com aplicação em embalagens são: TABELA I – Fonte Kraft Gramagem Tracção g/m2 kg/m 70-300 250-1150 Propriedades e aplicações Para produtos pesados, resistente à humidade, repelente à água, sacos, material para canelar tipo c. e b. (cartão canelado) Sulfito Pasta química (processo bissulfito-mistura de fibras de pinheiro e eucalipto) 35-300 Muito variável Para impressão, sacos, envelopes, papéis encerados, rótulos, laminados Resistente à gordura Pasta de refinação prolongada e calandrada 70-150 180-450 Resistente à gordura, para produtos de confeitaria e com gordura 40-150 150-535 Resistente a óleos e gorduras. Translúcido, liso e lustroso. Resistente a óleos e gorduras, elevada resistência à humidade Glassine ou cristal • Pasta química (processo sulfato-fibras de pinheiro) TIPOS DE PAPÉIS Pasta fortemente refinada e calandrada Papel vegetal Pasta química tratada com ácido sulfúrico 12-75 215-1450 Papel tissue Papel leve de vários tipos de pasta 20-50 baixa Leve, macio para acolchoamento CARTÃO A distinção entre papel e cartão nem sempre é muito clara, no entanto é do senso comum que o cartão é mais espesso e mais pesado que o papel. Geralmente, as folhas com mais do que 300µm de espessura são classificadas como sendo cartão. A gramagem do cartão em geral varia entre 120 e 700g/m2. 72 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO Normalmente os cartões são compostos por uma combinação de duas ou mais camadas que podem diferir conforme a pasta. Os cartões de baixa gramagem, geralmente designados de cartolinas, podem ser de apenas uma camada, no entanto a estrutura multicamada é adoptada mesmo para os cartões mais finos. São normalmente utilizados para caixas tipo cartucho, de armar e “multipacks”. Os cartões mais grossos podem ter mais do que 1000µm. Estes são utilizados para fabrico de caixas e bandejas. A estrutura multicamada obtém-se numa máquina de Fourdrinier com várias caixas de entrada ou numa máquina de cilindros com vários cilindros. Liner (top side) Underliner Top layer Underliners Backs liner White pigment + binders Bleached chemical pulp Mechanical pulp Middle layer Mixed recycled fibers Coating (if present) Back layer Coating (if present) Selected recycled fibers White pigment + binders Bleached chemical pulp Thin coating White pigment + binders FIGURA 2. Estruturas de alguns cartões A classificação dos cartões baseia-se nos seguintes parâmetros: a) número de camadas que compõem a estrutura (simplex ou monoplex, duplex, triplex, etc.) b) tipo de pasta de cada camada (pasta química ou mecânica, virgem ou reciclada, branqueada ou não) c) tipo de tratamento da superfície Num cartão duplex, a camada interna que entra em contacto com o produto é denominada por suporte e a camada externa por forro. No cartão triplex a camada do centro é designada intermediária. Cartões com forro de pasta branqueada são de boa aparência e apresentam boa superfície de impressão. A pasta kraft é utilizada quando é necessário aumentar a resistência mecânica, como por exemplo, nos “multipacks”. A pasta reciclada é incorporada ao cartão para reduzir o custo, mas não deve estar em contacto directo com os produtos alimentares. As especificações para papel e do cartão as mais importantes estão indicadas na TABELA II. 73 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO TABELA II - ESPECIFICAÇÕES DO PAPEL E DO CARTÃO ESPECIFICAÇÕES Estruturais ENSAIOS Gramagem Espessura Absorção de água Relativas à humidade (Ensaio de Cobb) % de humidade Ascenção capilar Resistência rebentamento Mecânicas Resistência ao rasgamento Propriedades de tracção Lisura Superfície Porosidade Brancura e opacidade GRAMAGEM E ESPESSURA A gramagem é a propriedade individual do papel que assume maior importância, pois influencia a maioria das outras propriedades. Os valores da gramagem podem ainda ser usados na previsão da maioria das outras propriedades. Quando associada à gramagem, a determinação da espessura adquire um significado importante já que permite obter a densidade do papel. Portanto, para uma mesma pasta é possível por meio da espessura determinar qual foi o grau de calandragem aplicado ao papel e para uma mesma calandragem qual a densidade de pasta utilizada. A determinação da espessura é especialmente importante na transformação do papel já que vai influenciar a qualidade de impressão, da formação de embalagens e a complexagem. TEOR DE HUMIDADE Este parâmetro permite avaliar a qualidade da pasta utilizada na fabricação da embalagem, uma vez que, quando devidamente condicionada, a percentagem de humidade do material celulósico varia de acordo com a qualidade da pasta utilizada na sua fabricação e, portanto, resultados diferentes do normal indicam uma pasta de melhor ou pior qualidade. A percentagem de humidade de um papel em equilíbrio ronda os 5-10%. Valores fora deste intervalo diminuem a resistência mecânica do papel ou cartão. 74 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO ABSORÇÃO DE ÁGUA (ENSAIO DE COBB) A absorção de água depende fundamentalmente da qualidade da celulose utilizada, do seu processo de obtenção e do tipo de revestimento aplicado. Neste ensaio é determinada a quantidade de água absorvida pelo papel, cartão e cartão canelado, em condições normalizadas. RESISTÊNCIA AO REBENTAMENTO Este parâmetro dá a indicação da “robustez” do papel e é influenciado pela resistência à tracção e ao rasgamento. PROPRIEDADES DE TRACÇÃO A resistência à tracção é uma propriedade básica do papel que está relacionada com a maquinabilidade do material e também com o desempenho mecânico das embalagens. Quanto à maquinabilidade, a resistência à tracção indica a probabilidade de ruptura quando o papel é submetido à tensão exercida pelos cilindros durante os processo de conversão (impressão, laminação, etc.). Esta propriedade também demonstra a adequação do papel para diversas aplicações tais como invólucros, sacos, fitas adesivas, etc., que implicam uma tracção directa no material. O desempenho mecânico de embalagens como sacos, fardos e sacos multi-folhas durante o manuseio e em situações de choque (por exemplo na queda livre) também dependem da resistência à tracção do material de embalagem. A resistência à tracção depende de vários factores como o tipo de fibra, processo de obtenção da pasta e da fabricação da folha, gramagem da folha, direcção de ensaio e teor de humidade do papel. A resistência à tracção é directamente proporcional à gramagem e inversamente proporcional à percentagem de humidade. Por outro lado, é maior na direcção de fabricação devido ao alinhamento das fibras nessa direcção. POROSIDADE A porosidade é medida pela resistência do papel à passagem do ar, o que permite indirectamente obter a respectiva permeabilidade ao ar. A medição da porosidade é utilizada para avaliar a formação do papel e para prever a capacidade de absorção de tintas e adesivos. Por estes motivos, a porosidade é um parâmetro importante para a avaliação da qualidade de papéis e cartões que se destinam à impressão, revestimento e laminação. A porosidade também é importante para papéis que vão ser convertidos em sacos de enchimento automático, pois devem apresentar porosidade tal que evite que o saco rebente durante o enchimento. 75 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO A resistência à passagem de ar é proporcional à espessura e à gramagem. Com a calandragem, o papel sofre uma diminuição da porosidade, pois as suas fibras tendem a assentar mais, fechando os poros. A utilização de fibras curtas na massa também proporciona uma redução na porosidade. LISURA A lisura e a rugosidade são características que representam o acabamento superficial do papel, o que afecta a sua aparência e qualidade de impressão. Quanto maior a rugosidade mais irregular é a superfície do papel, que ocorre devido a marcas da tela, pregas, matérias estranhas, espaços entre fibras, danos mecânicos e outras imperfeições causadas por agrupamentos de fibras, etc. BRANCURA E OPACIDADE Estas são as principais propriedades ópticas dos papéis. A brancura do papel é obtida a partir de processos de branqueamento que para além de permitirem a obtenção de uma celulose mais estável (que não se altere com o tempo) contribuem também para a melhoria das características de impressão. O papel é branco quando reflecte com perfeição todas as cores. Quanto mais branco o papel maior será a fidelidade da cor. A opacidade limita a quantidade de luz que atravessa o papel. O papel deve apresentar a maior opacidade possível de forma a evitar problemas relacionados com a legibilidade de textos e alterações das cores nas imagens coincidentes de frente e verso da folha. • CARTÃO CANELADO O cartão canelado é constituído por uma estrutura formada por um ou mais elementos ondulados (caneluras ou “fluting”), fixados a um ou mais elementos planos (coberturas ou “liners”) por meio de um adesivo aplicado no topo das ondas. As coberturas podem ser em “kraft liner” que é um papel com uma grande percentagem de fibras virgens e por isso de elevada resistência ao rebentamento, ou em “test liner” que é um papel de qualidade mais fraca com maior percentagem de fibra reciclada, ou seja, com propriedades mecânicas inferiores. As caneluras podem ser de papel semi-químico ou reciclado. O adesivo desta estrutura é uma cola do tipo aquoso à base de amido adicionada de soda cáustica e bórax. O cartão canelado de face simples (single faced corrugated) é constituído por uma cobertura e por uma canelura representando o módulo elementar de toda a tecnologia de fabrico. A junção de uma segunda cobertura origina o cartão de parede simples. A junção a este cartão de um segundo modulo dá origem ao cartão duplo que apresenta uma dupla canelura. Seguindo a 76 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO mesma linha, o cartão de tripla canelura resulta da associação ao cartão duplo de um terceiro módulo. b a FIGURA 3. Estrutura de cartão canelado simples (a) e cartão canelado duplo (b) TABELA III - CARACTERÍSTICAS DO CARTÃO CANELADO EFEITO Cobertura (“liner”) Canelura (“fluting”) Cola MATERIAL Confere rigidez Resistência ao rebentamento Resistência ao rasgamento Suporte de impressão Resistência ao esmagamento Resistência ao choque Resistência à compressão Assegura a estabilidade da estrutura Kraftliner (fibra virgem) Testliner (reciclado) Semi – químico (fibra virgem) Reciclado Base de amido Existem vários tipos de canelura que podem ser aplicados mediante as características de resistência, rigidez e qualidade de impressão que se pretendem. TABELA IV - CONFIGURAÇÃO DAS CANELURAS TIPO NOMENCLATURA Nº/m ALTURA MÉDIA (mm) “TAKE-UP” A Largo 110 4.70 1.54 B Fino 154 2.46 1.32 C Médio 128 3.61 1.43 E Microcanelura 315 1.14 1.27 APLICAÇÃO Acolchoamento muito bom, resistência à compressão Melhor qualidade para impressão Balanço entre as qualidades dos tipos A e B Caixas tipo “display”, com pouco peso 77 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO As especificações do cartão canelado estão descritas na Tabela V. A Tabela refere-se às especificações do cartão canelado mas não se incluem as especificações dos seus componentes, tais como a resistência ao esmagamento em anel do papel (RCT), ou o ensaio de Concora ao papel destinado a canelar. TABELA V - ESPECIFICAÇÕES DO CARTÃO CANELADO ESPECIFICAÇÕES ENSAIOS Gramagem Estruturais Relativas à humidade Espessura Absorção de água (E. Cobb) % de humidade Rebentamento Compressão em coluna (ECT) Mecânicas Compressão plana (FCT) Perfuração dinâmica Compressão de caixas (BCT) As especificações estruturais e relativas à humidade e ainda a resistência ao rebentamento são comuns ao papel e ao cartão e por isso não é necessário nova abordagem. COMPRESSÃO VERTICAL EM COLUNA (ECT) Esta característica é muito utilizada na especificação de caixas, porque está relacionada com a resistência ao empilhamento e à compressão de uma caixa de cartão canelado ou BCT (ver mais à frente). Esta relação matemática foi demonstrada por McKee da seguinte forma: BCT = a × ECT × T × Z Em que : BCT – resistência à compressão (N) ECT – compressão das caneluras na vertical (KN/m) T – espessura do cartão (mm) Z – perímetro: 2 (largura + comprimento) (mm) A – constante, aproximadamente igual a 5,87 (para cartão canelado simples) 78 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO COMPRESSÃO PLANA (FCT) Neste ensaio é medida a força necessária para provocar o colapso das ondas do canelado, quando comprimidas entre duas placas paralelas, com a força de compressão aplicada perpendicularmente à sua superfície. Embora não haja uma correlação directa com a resistência à compressão de caixas, este ensaio avalia alguns factores envolvidos na fabricação do cartão canelado, bem como o material utilizado na fabricação das caneluras. Valores baixos a resistência ao esmagamento significam que pode ter ocorrido uma má formação das caneluras ou que o miolo é de baixa qualidade ou ainda que houve danos nas caneluras após fabricação. PERFURAÇÃO DINÂMICA A resistência à perfuração dinâmica é definida como a energia necessária para perfurar uma placa com um dispositivo de perfuração normalizado. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DE CAIXAS (BCT) A resistência à compressão, na grande maioria das aplicações, é o factor mais importante no desempenho de caixas de cartão canelado. Todos os outros ensaios físicos que visam, através da manutenção da qualidade e do tipo de papéis utilizado, manter o desempenho da caixa durante o empilhamento no armazenamento e transporte de produtos alimentares, são realizados em caixa não acabada. Isso deve-se ao facto de ser mais fácil, rápido e barato controlar a qualidade do papel através de um ou mais ensaios físicos do que controlar a compressão da caixa acabada, devido principalmente, ao custo e operações dos equipamentos de compressão. CLASSIFICAÇÃO FEFCO Com vista a facilitar as relações comerciais e a sistematizar o conceito da qualidade entre utilizadores e fabricantes de caixas de cartão canelado a FEFCO (Federação Europeia de Fabricantes de Caixas de Cartão Ondulado) desenvolveu um sistema de classificação baseado em parâmetros avaliados em laboratório. As caixas de cartão canelado são assim classificadas em três classes de acordo com os valores de resistência ao rebentamento, à perfuração e à compressão em coluna (ECT). 79 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO Classe I parede simples Classe II parede simples Classe III parede dupla Grau Reb. kPa Perf. J 11 12 13 14 15 16 21 22 23 24 25 26 31 32 33 34 35 36 37 500 700 900 1200 1500 2000 400 600 800 1000 1300 1800 800 1100 1400 1800 2400 2600 2800 2.5 3.0 3.5 4.0 5.0 6.5 ECT kN/m contenção 2.5 3.0 4.0 empilhamento 5.0 6.0 7.0 6.0 6.5 7.5 como classe II, 9.0 com protecção adicional 12.0 15.0 18.0 14 Os formatos de caixas de cartão canelado são muito diversificados, existindo desde os formatos simples de caixas obtidas por corte e vincagem, até às caixas de recortes. O código da FEFCO/ASSCO (Associação Europeia Fabricantes de Caixas de Cartão Compacto) apresenta a classificação das características principais do cartão canelado para caixas. (ver item 4. TIPOS DE EMBALAGENS). 2. INTERACÇÃO EMBALAGEM/ALIMENTO Tal como nos outros materiais, substâncias usadas no fabrico dos papéis e cartões, como aditivos diversos, quer de processo quer para conferir determinadas características aos papéis, tintas de impressão, colas e adesivos, etc. podem migrar para os produtos. Por isso, os papéis e cartões para contacto com alimentos devem ser fabricados apenas com substâncias aprovadas para este fim, e não devem ceder, ou deixar migrar, substâncias que provoquem uma alteração organoléptica do produto, ou que sejam prejudiciais para a saúde humana. O Conselho da Europa e a Food and Drug Administration (USA) apresentam regulamentação e legislação sobre os papéis e cartões para contacto com alimentos, nomeadamente quais as substâncias autorizadas no fabrico e quais as substâncias que devem ser controladas. Esta questão é mais crítica no caso de papéis e cartões com fibra reciclada, de natureza e proveniência diversa, e consequentemente incluir contaminantes diversos. 80 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO 3. PROCESSOS DE FABRICO 3.1. PAPEL E CARTÃO O fabrico do papel compreende diferentes etapas, das quais se destacam a degradação das fibras, a preparação da pasta, o fabrico do papel, os acabamentos da folha (web modification) e a transformação. FIGURA 4. Visão genérica do processo de fabrico: da floresta ao papel TABELA VI - DESAGREGAÇÃO (PULPING) OPERAÇÕES UNITÁRIAS DA INDÚSTRIA DE PAPEL E CARTÃO PREPARAÇÃO (STOCK PREPARATION) FABRICO (PAPER MAKING) ACABAMENTOS (WEB MODIF.) Selecção das Modificação da matérias-primas fibras Pré - formação Libertação das fibras Formação da folha Acabamentos bruta (Web) físicos Preparação da “Massa” (Furnish) Acabamentos superficiais TRANSFORMAÇÃO (CONVERTING) Impressão Ondulação Embalagem Corte em formatos “Tissue” e relacionados AS FIBRAS A primeira etapa no fabrico de papel consiste essencialmente na separação das fibras da madeira por métodos mecânicos, químicos ou semi-químicos. O método mecânico é utilizado para a produção de jornais, enquanto que o método químico é aplicado no fabrico de papel para embalagens, sacos, tissues e publicações de qualidade superior. O método semi-químico é usado também no fabrico de papel para embalagens. 81 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO a) Método mecânico Por atrito numa superfície dura e rugosa, a madeira é reduzida ao estado fibroso por acção mecânica. O rendimento deste método é muito elevado (90 a 95%), embora a fibra fique bastante danificada e seja obtida uma pasta de baixa pureza. b) Método químico O processo químico permite fazer a remoção selectiva de linhina, individualizando as fibras. É feito um cozimento da madeira com reagentes químicos obtendo-se uma pasta de elevada pureza com a fibra pouco danificada. O rendimento deste método é inferior ao obtido com o método mecânico (40 a 65%). c) Semi–químico Os chamados processos semi-químicos têm rendimentos da ordem dos 65 a 85% e incluem um tratamento inicial para amaciar a madeira. Seguidamente a madeira é reduzida mecanicamente ao estado fibroso obtendo-se uma pasta e fibras com características intermédias. PREPARAÇÃO DA PASTA A pasta e/ou os papeis recuperados são desfibrados nos “pulpers” mediante um sistema de agitação e diluição em água. Nos “pulpers” são normalmente doseados os aditivos adequados ao processo de fabrico. Seguidamente a pasta é branqueada (tratamento agentes químicos) para obtenção de papel branco. A pasta é classificada (crivada) para eliminar substâncias e materiais estranhos. Logo a seguir passa por um processo de batimento e refinação (acção mecânica que melhora as características de resistência) obtendo-se um grau médio de refinado que depende do produto a fabricar. Depois do ajuste rápido do grau de refinação, a pasta passa por um processo de aditivação (acção físico-química) e depois é introduzida numa caixa de nível constante, onde é homogenizada e misturada com água para alimentação a mesa de fabricação do papel. • FABRICO DO PAPEL (PAPER MAKING) A pasta é depositada sobre uma tela contínua onde a água é drenada permitindo a deposição de camada de fibras e a pré-formação da folha de papel na máquina de Fourdrinier ou na máquina de cilindros. Na máquina de Fourdrinier o papel ou o cartão obtido é mais uniforme na orientação das fibras nas duas direcções, nas quais não diferem muito quanto às propriedades físicas. Em estruturas multicamada, uma camada base de pasta é formada na primeira mesa plana e é parcialmente seca. Em seguida, uma segunda caixa de entrada deposita uma outra camada. Uma terceira camada pode ser adicionada e assim sucessivamente. 82 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO FIGURA 5. Máquina de Fourdrinier. Na máquina de cilindros, a pasta é colocada num tanque onde se encontra um cilindro em rotação. As fibras vão-se depositando na superfície do cilindro, que por sua vez as transfere para uma tela que se move sobre a superfície superior do cilindro. Nessa tela é promovida a secagem da pasta. Em estruturas multicamada para cartões, várias camadas podem ser adicionadas durante o processo de remoção de água. O número de cilindros está relacionado com o número de camadas desejado. Este tipo de máquina tem um baixo custo de produção e a possibilidade de fácil ajuste da combinação das gramagens. Mas a velocidade de fabrico é limitada e as fibras tendem a uma maior orientação na direcção de fabricação o que poderá resultar em características não uniformes das propriedades físicas entre as duas direcções. FIGURA 6. Máquina de cilindros. À saída da máquina de pré-formação as fibras estão distribuídas de uma forma homogénea e orientada. Em seguida mais água é retirada por prensagem. À saída da prensa o papel entra na secção da secagem, composta por várias baterias de cilindros aquecidos internamente com vapor. Depois desta operação o papel pode receber vários tratamentos, com o objectivo de melhorar as suas características superficiais. 83 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO ACABAMENTOS O papel é submetido a operações de acabamento que dependem da sua utilização final. O acabamento monolúcido caracterizado pela calandragem da pasta é especialmente indicado para a laminação, impressão ou revestimento com camadas de polietileno (PE), parafinas, vernizes ou emulsões. Quanto maior a pressão na calandragem mais lisa será a superfície do papel ou do cartão. No acabamento couché o papel recebe um tratamento especial de revestimento branco à base de caulino e outros pigmentos, conferindo à sua superfície lisura e brilho. O papel e o cartão com acabamento couché é particularmente indicado para uma boa impressão conferindo à embalagem excelente aspecto visual. TRANSFORMAÇÃO Nos processo de transformação podemos incluir a impressão, laminação e/ou aplicação de revestimentos por exemplo com camadas de polietileno (PE), parafinas, vernizes ou emulsões. Estes processos servem para conferir propriedades especiais aos materiais celulósicos tais como melhorar a resistência à humidade, resistência à gordura, a barreira ao vapor de água e soldabilidade. Outros processos como a canelagem para fabrico de cartão canelado, o fabrico de sacos e outras embalagens, também devem ser referidos na fase de transformação de materiais celulósicos. A transformação da cartolina em caixas envolve vários passos. As caixas são normalmente impressas e quando são necessárias propriedades barreira, a cartolina é revestida com ceras ou laminada com polietileno que permite adicionalmente o fecho da caixa por termossoldagem. As caixas são fabricadas por corte e vincagem do cartão, sendo fornecidas ao embalador espalmadas, por vezes com a junta lateral colada, prontas a montar ou a armar. 3.2. CARTÃO CANELADO A prancha de cartão canelado é produzida na máquina de canelar. Esta subdivide-se em zona húmida onde há consumo de vapor e em zona seca onde há só consumo de energia eléctrica motriz. Na caneladora (zona húmida) dá-se a formação das caneluras do papel de ondular e a sua colagem a uma cobertura, originando o módulo primário (single face). O número de “single facers” é condicionante do tipo de cartão acabado que se pretende fabricar. A junção da segunda cobertura por colagem ao módulo (ou módulos) primário é feita na dupla coladeira (double facer) ou tripla coladeira (triple face), caso se pretenda a junção de uma tripla cobertura. 84 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO A solidificação definitiva da segunda cobertura ao módulo e a secagem do cartão é feita na zona de secagem (zona seca). Na unidade “slitter –scorer” e na unidade de “cut of” é feito respectivamente o corte e vinco longitudinal, e o corte transversal. Por fim, faz-se o transporte da prancha e empilhamento. FIGURA 7. Máquina caneladora. 85 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO 4. TIPOS DE EMBALAGENS As aplicações do papel na área da embalagem são: invólucros, laminados com plástico e alumínio, sacos e rótulos. Os sacos podem ser termossoldáveis (em estrutura multicamada com um elemento termossoldante) ou não termossoldáveis quando, por não conterem um elemento termossoldante, são formadas e fechadas por um processo de colagem, costura ou fita adesiva. Espalmado SOS (self opening system) Espalmado com foles Fundo hexagonal FIGURA 8. Tipos de sacos de pequena e média capacidade. O cartão e a cartolina são aplicados em caixas simples ou tipo “display”, “multipacks”, embalagens para líquidos (estruturas laminadas com plástico e alumínio), embalagens “blister” ou “skin” e latas compósitas. P a c k p a ra g a rra fa s F u n d o a u to m á tic o L o c k e d -c o rn e r T u c k -e n d W e b -c o rn e r FIGURA 9. Tipos de embalagens de cartão 86 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO As estruturas laminadas (Figura 10) têm uma grande aplicação no enchimento asséptico de líquidos como o leite e sumos (Figura 11). FIGURA 10. Exemplo de estrutura laminada usada em embalagens para líquidos FIGURA 11. Processo Tetra Pak em embalagens para líquidos 87 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO O Código ASSCO–FEFCO apresenta uma classificação dos modelos principais de caixas de cartão canelado e acessórios. A nomenclatura adoptada, tem a designação XX YY. XX estilo básico: 02 caixa com abas YY variantes 03 caixa telescópica 04 caixas envelope 05 caixas do tipo dupla volta 06 caixas do tipo rígido 07 caixas coladas 09 acondicionamentos interiores FIGURA 12 Exemplos de caixas de cartão canelado classificadas de acordo com o código ASSCO–FEFCO 88 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO 5. PROJECTO E CONSTRUÇÃO DA EMBALAGEM No projecto da embalagem devem ser consideradas as dimensões, peso, forma e tipo de produto a acondicionar, nomeadamente se há contacto entre a embalagem e o alimento. A caixa deve igualmente ser projectada para a sua função de venda e prever as operações de enchimento. As dimensões das caixas são convencionalmente apresentadas da seguinte forma: comprimento x largura x profundidade em que o comprimento e a largura são sempre as dimensões de abertura da caixa. Dimensões das caixas FIGURA 13. Dimensões das caixas. No projecto de caixas de cartão canelado deve ser dada especial atenção à selecção do formato, tendo em conta o fim a que a embalagem se destina. Para que haja garantia da adequabilidade da caixa ao produto é também necessário que seja feita uma optimização geométrica, tendo em conta principalmente as dimensões interiores. Devem ainda ser considerados aspectos como a altura do espaço livre e a resistência física e mecânica. FIGURA 14. Projecto da embalagem considerando as operações de enchimento 89 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO A construção das embalagens de papel e cartão envolve basicamente os processos de impressão, corte vincagem e montagem. FIGURA 15. Aspectos envolvidos na construção da embalagem O projecto e a construção das caixas deve igualmente prevenir a resistência ao empilhamento. Conforme indicado na figura 16 a opção por diferentes tipos de empilhamento deverá considerar a estabilidade e o alinhamento da carga de forma a que seja mantida a integridade física e mecânica das caixas. Emp. colunar Emp. colunar - 50% Emp. cruzado - 40% Emp. colunar com 2.5cm de sobrepalete Emp. cruzado - 10% Emp. cruzado com 2.5cm de sobrepalete FIGURA 16. Efeito do empilhamento na resistência à compressão 90 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO 6. O AMBIENTE E A EMBALAGEM CELULÓSICA O papel e o cartão representam cerca de 25% da composição física dos resíduos sólidos urbanos (RSU) no nosso país e são a segunda fileira mais representativa. O destino final do papel velho e do cartão pode ser a reciclagem, a incineração para recuperação energética, a compostagem ou a deposição em aterro. A reciclagem de papel é feita em Portugal desde os anos 60, mas só a partir dos anos 80 tornou-se possível produzir papel 100% reciclado. A fibra reciclada é sobretudo usada para fabrico de cartão para embalagens, quer cartão canelado quer cartolinas, e para papéis tipo “tissue” – papéis higiénicos, lenços ou guardanapos. As fibras de papel/cartão podem ser recicladas, em média, até cinco vezes. FIGURA 17. Ciclo de reciclagem de papel e cartão O uso de fibra recuperada no fabrico de papel pode conduzir uma economia de 75% em termos energéticos e 50% da água de processo bem como a uma redução a nível da poluição atmosférica e da redução significativa da utilização dos recursos naturais, como a madeira. Segundo a Comissão Europeia, por cada tonelada de papel reciclado evita-se o abate de 15 a 20 árvores de médio porte. Por outro lado, o papel produzido com fibra reciclada produz menos 74% de contaminação atmosférica, gasta menos 35% de água e menos 64% de energia. A grande maioria do papel ou cartão que utilizamos contém fibras recuperadas. No entanto, alguns produtos admitem uma percentagem maior de fibra reciclada do que outros. Por exemplo as caixas de cartolina para embalagem secundária, como as de cereais pequenoalmoço ou o papel para ondular e fabricar cartão canelado contêm sempre uma percentagem elevada de fibra recuperada enquanto que o papel de escrita é mais exigente em termos de fibra virgem. O papel reciclado para embalagem, tal como o plástico, não é normalmente usado para contacto directo com os alimentos. 91 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO 92 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO Qualidade superior Qualidade inferior Reciclado 5.3 ha 3.8 ha 440 m3 280 m3 1.8 m3 7 600 kW/h 4 750 kW/h 2 750 kW/h FIGURA 18. Quantidade de árvores, água e energia para produzir uma tonelada de papel. A reciclagem dos materiais multicamada dos sistemas de cartão para líquidos é também possível. A situação mais frequente é a reciclagem sem separação prévia dos diferentes componentes. O material é triturado e prensado produzindo placas para utilizações diversas como placas isoladoras e “madeira sintética”. O material obtido está registado coma marca Tectan. O processo de reciclagem com separação do material nos seus componentes é um processo mais recente e ainda em desenvolvimento. As embalagens depois de separadas de outros resíduos são fragmentados e a camada de cartão (fibra celulósica) é separada do polietileno e alumínio num desintegrador, destinando-se ao fabrico de papel. O alumínio é recuperado da fracção alumínio/polietileno numa caldeira onde é feita a combustão do polietileno. O calor de combustão é aproveitado nas operações de fabrico de papel e o alumínio é recuperado para aplicações industriais. 7. CONTROLO DA QUALIDADE EM PAPEL E CARTÃO Os ensaios a materiais celulósicos devem ser realizados em condições normalizadas de temperatura e humidade relativa da atmosfera (23±1°C e 50±2% HR) e as amostras devem ser condicionadas, ou seja, com um teor de humidade em equilíbrio com atmosfera de ensaio. Outro dos aspectos a ter em consideração é a direcção de fabrico (direccionalidade). Conforme a orientação das fibras (transversal ou longitudinal), o papel apresenta diferentes características de resistência mecânica. 93 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO 7.1Determinação da gramagem Relação entre o peso de uma amostra e a sua área superficial (g/m2). Muito resumidamente o processo consiste na determinação da área dos provetes e da sua massa seguida do cálculo da gramagem em grama por metro quadrado (NP ISO 536 para papel e cartão e NP 1601 para cartão canelado). 7.2. Determinação da espessura Entende-se por espessura a distância entre as duas faces do papel ou cartão medida na perpendicular. A determinação da espessura pode ser feita numa folha simples ou num maço de folhas. A medição é feita com um micrómetro específico de alta precisão (NP EN 20 534 para papel e cartão e NP 1599 para cartão canelado). 7.3. Determinação do teor de humidade em percentagem Determina-se a diferente de peso da amostra antes e após secagem até peso constante, exprimindo-se em percentagem (NP EN 20 287). 7.4. Absorção de água ou ensaio de Cobb Determina-se a quantidade de água que é absorvida à temperatura de 23°C e durante um determinado tempo de ensaio. A área de teste é normalizada a 100cm2/(g/m2) (NP EN 20 535). 7.5. Resistência ao rebentamento Este ensaio consiste na determinação da resistência ao rebentamento do papel submetido a uma pressão hidroestática crescente. A ruptura é provocada por uma membrana elástica circular, que por bombagem de um fluído hidráulico, vai dilatando até à ruptura do provete. A resistência ao rebentamento do provete é o valor máximo da pressão hidráulica aplicada (NP 687; ISO 2758 ou ISO 2759 para cartão canelado). 7.6. Porosidade ou permeabilidade ao ar Um dos métodos baseia-se na medição do tempo necessário para que um certo volume de ar atravesse, sob pressão constante, uma determinada área de papel. (norma ISO 5636-3) 7.7. Determinação da lisura Bendtsen A rugosidade do papel ou do cartão é definida como sendo o volume de ar que, sob determinado diferencial de pressão, passa por unidade de tempo, entre a superfície de uma 94 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO amostra e um anel de metal perfeitamente liso (cabeça de teste) colocado sobre a amostra de papel ou cartão, exercendo uma determinada pressão. Este teste baseia-se no método de Bendtsen, ou seja no princípio da perda de ar através da superfície rugosa de uma determinada amostra. (norma ISO 8791-2) 7.8. Resistência à tracção Neste ensaio pretende-se determinar a resistência à ruptura, alongamento e energia absorvida durante a ruptura por tracção de papeis e cartões. O método de ensaio consiste, de forma resumida, no alongamento de um provete com dimensões específicas a uma velocidade constante, com medição da força que o provete exerce à medida que é traccionado.(NP EN ISSO 1924-2) 7.9. Compressão vertical em coluna (ECT) O provete de cartão canelado de forma rectangular é colocado entre dois pratos de compressão, com as caneluras na perpendicular em relação à superfície dos pratos. Sobre este é aplicada uma força de compressão até ao colapso do provete (NP EN ISO 3037). 7.10. Compressão plana (FCT) O provete de forma circular é comprimido, tal como caso anterior, entre dois pratos de compressão. O sentido das caneluras provocado-se o seu é no entanto esmagamento. diferente, O FCT corresponde ao valor da carga máxima aplicada (KPa) (NP EN 23 035). 7.11. Resistência à compressão (BCT) O principal objectivo deste ensaio é simular o empilhamento das caixas de cartão canelado em armazém. Neste ensaio, coloca-se a caixa em prova (com ou sem conteúdo) numa prensa munida de dois pratos, um fixo e outro móvel, submetido a uma velocidade constante. O movimento exercido pelo prato superior da prensa provoca uma carga crescente à qual a caixa deve resistir até 95 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO atingir o ponto de ruptura. Neste momento, é registada a resistência máxima oposta pela caixa à pressão exercida. A leitura deste ensaio faz-se através de um gráfico no qual se pode observar a correspondência entre a resistência e a deformação da caixa de cartão canelado. O equipamento usado na realização do ensaio permite determinar a resistência à compressão e a resistência ao empilhamento. No primeiro caso é aplicada uma carga até se verificar o colapso da embalagem ou até serem atingidos valores de deslocamento ou força previamente estabelecidos. Na determinação da resistência ao empilhamento é aplicada uma força previamente determinada, durante um tempo pré–definido ou até se dar o colapso da embalagem. 96 Capítulo V–EMBALAGENS DE PAPEL, CARTÃO E CARTÃO CANELADO Este material didáctico foi elaborado pelas colaboradoras dos Serviços de Embalagem da Escola Superior de Biotecnologia, Engª Maria de Fátima Poças, Engª Maria do Céu Selbourne e Engª Telma Delgado, para apoio da disciplina de Embalagem leccionada aos cursos de Análises Químicas, Tecnologia Alimentar, Tecnologia Ambiental, Microbiologia e de Química Alimentar da Escola Tecnológica de Gestão Industrial (ETGI). BIBLIOGRAFIA Ardito, E.F.G.; Garcia, A.E.; Garcia, E.E.C.. 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