UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO FACULDADE DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA SEGURANÇA E HIGIENE DE TRABALHO Autores: Prof. Doutor Eng. Joaquim A.G. Hamuyela, Ph.D. Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. Luanda - 2019 Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 1 FUNDAMENTOS DA SEGURANÇA E HIGIENE DE TRABALHO Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 2 Índice Introdução CAPÍTULO I. Higiene do trabalho e qualidade do ar interior CAPÍTULO II. Ambiente térmico Enquadramento legal. Equilíbrio Térmico. Conforto Térmico. Efeitos do Ambiente Térmico Grandezas Físicas e Instrumentos de Medida. Índices de Stress Térmico. Protecções contra o calor. Medidas Construtivas. Medidas Individuais. Medidas Organizacionais. Ambientes Térmicos Frios CAPÍTULO III. Iluminação Introdução. Visão. Patologias da Iluminação Deficiente. Parâmetros da Iluminação. Níveis de Iluminação. Contrastes e Encandeamento. Tipos de Lâmpadas e de Luminárias. Cintilação. Efeito estroboscópico. Manutenção das instalações de iluminação CAPÍTULO IV. Radiação Introdução. Radioactividade. Efeitos no organismo humano. Medidas de Protecção. Radiação Não Ionizante. CAPÍTULO V. Agentes biológicos Introdução. Classificação dos agentes biológicos. Identificação e avaliação do risco biológico. Tipos de agentes patogénicos. Medidas de Prevenção CAPÍTULO VI. Agentes químicos Introdução. Conceito de Dose e Valores-Limite de Exposição (VLE). Índices Biológicos de Exposição (BEI). Substâncias Perigosas. Medidas Preventivas. Ficha de Dados de Segurança Resumida. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 3 INTRODUÇÃO A mudança rápida que se tem sentido nos ambientes laborais, e na sociedade em geral, têm vindo a tornar mais visíveis os riscos associados a algumas actividades, até então consideradas de risco mínimo. Ao mesmo tempo, a evolução tecnológica, a alteração de hábitos de trabalho, a introdução de metodologias de organização laboral diferentes, a multiplicidade de agentes químicos, físicos e biológicos entretanto surgidos têm modificado a percepção do ambiente de trabalho e, em grande parte, têm descaracterizado a “tradicional” Higiene dos locais de trabalho. A indústria sempre teve associada a vertente humana, nem sempre tratada como sua componente preponderante. Até meados do século 20, as condições de trabalho nunca foram levadas em conta, sendo sim importante a produtividade, mesmo que tal implicasse riscos de doença ou mesmo à morte dos trabalhadores. Para tal contribuíam dois factores, uma mentalidade em que o valor da vida humana era pouco mais que desprezível e uma total ausência por parte dos Estados de leis que protegessem o trabalhador. Apenas a partir da década de 50/60, surgem as primeiras tentativas sérias de integrar os trabalhadores em actividades devidamente adequadas às suas capacidades. Actualmente em Angola existe legislação que permite uma protecção eficaz de quem integra actividades industriais, ou outras, devendo a sua aplicação ser entendida como o melhor meio de beneficiar simultaneamente as Empresas e os Trabalhadores na salvaguarda dos aspectos relacionados com as condições ambientais e de segurança de cada posto de trabalho. Na actualidade, em que certificações de Sistemas de Garantia da Qualidade e Ambientais ganham tanta importância, as medidas relativas à Higiene e Segurança no Trabalho tardam em ser implementados pelo que o despertar de consciências é fundamental. É precisamente este o objectivo principal desta cadeira, o de SENSIBILIZAR para as questões da Higiene e Segurança no Trabalho. Deste modo, cabe aos responsáveis pela área da Segurança e Higiene a adopção de uma visão mais ampla no desempenho da sua actividade, sistematizando a recolha de informação, o tratamento da mesma, a apresentação de planos de actuação baseados em análises científicas e a reformulação das condições laborais, em simultâneo com a criação de fluxos de informações entre as várias estruturas das organizações. É neste ponto que os trabalhadores e as suas estruturas podem, e devem, estar cientes da natureza da Higiene do Trabalho, dos seus conceitos e metodologias, para mais Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 4 conscientemente discutirem, analisarem e proporem melhorias ao ambiente de trabalho laboral. Pode-se afirmar que a legislação mais recente tem contribuído para a parametrização de responsabilidades e métodos de análise dos riscos existentes, tentando informar e sensibilizar os intervenientes para os riscos das actividades diárias, promovendo um controlo efectivo dos factores de risco através da adopção de medidas de protecção de acordo com a importância de tais riscos. Porém, a prática diária ainda se processa, em muitos casos, apenas num sentido, sendo necessário reforçar a participação das estruturas dos trabalhadores, nomeadamente na sua qualificação para que o contributo junto dos trabalhadores, principalmente com função de prestar esclarecimentos, seja mais vincada e efectiva. A participação de responsáveis pela gestão de uma área tão vasta e sensível como a Higiene, passa forçosamente pela colaboração com entidades de outros domínios do saber, respeitando e auscultando aqueles que diariamente estão no terreno (trabalhadores), no respeito pelas regras instituídas (entidades patronais e oficiais), perspectivando a evolução contínua do desempenho de todos em matéria de Prevenção e Protecção (organização). Este documento visa dar a conhecer a natureza da intervenção da Higiene do Trabalho, no âmbito da prestação de serviços de Higiene, Segurança e Saúde no Trabalho, assim como esclarecer conceitos técnicos associados. Assim, os trabalhadores poderão estar cientes dos perigos resultantes dos vários agentes de trabalho, podendo participar nos Sistemas de Gestão da SHST de forma mais esclarecida. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 5 CAPÍTULO I. HIGIENE DO TRABALHO E QUALIDADE DO AR INTERIOR Os riscos profissionais são inerentes ao ambiente ou ao processo operacional das diferentes actividades. Significam, pois, as condições inseguras do trabalho capazes de afectar a saúde, a segurança e o bem-estar do trabalhador. As condições inseguras relativas ao processo operacional como, por exemplo, máquinas desprotegidas, pisos escorregadios, etc., são designadas por riscos de operação. As condições inseguras relativas ao ambiente de trabalho, como por exemplo, a presença de gases e vapores tóxicos, o ruído, o calor, entre outros, são chamados riscos de ambiente. Tradicionalmente a Segurança do trabalho dedica-se à prevenção e controlo dos riscos de operação e a Higiene do Trabalho aos riscos de ambiente, os quais poderão, em determinadas condições, ocasionar as doenças profissionais. A Higiene do Trabalho poderá então definir-se como uma técnica de actuação sobre os contaminantes (ou poluentes) do ambiente, derivados do trabalho, com o objectivo de prevenir as doenças profi ssionais dos indivíduos expostos. Trata-se de uma ciência multidisciplinar que requer uma cooperação estreita com outras ciências, tais como Engenharia, Medicina, Epidemiologia, Toxicologia, Química e Bioestatística. DEFINIÇÕES A higiene e a segurança são duas actividades que estão intimamente relacionadas com o objectivo de garantir condições de trabalho capazes de manter um nível de saúde dos colaboradores e trabalhadores de uma Empresa. Segundo a O.M.S.- Organização Mundial de Saúde, a verificação de condições de Higiene e Segurança consiste "num estado de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença e enfermidade". A higiene do trabalho propõe-se combater, dum ponto de vista não médico, as doenças profissionais, identificando os factores que podem afectar o ambiente do trabalho e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de trabalho que podem afectar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador). A segurança do trabalho propõe-se combater, também dum ponto de vista não médico, os acidentes de trabalho, quer eliminando as condições inseguras do ambiente, quer educando os trabalhadores a utilizarem medidas preventivas. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 6 Para além disso, as condições de segurança, higiene e saúde no trabalho constituem o fundamento material de qualquer programa de prevenção de riscos profissionais e contribuem, na empresa, para o aumento da competitividade com diminuição da sinistralidade: ► Segurança; Estudo, avaliação e controlo dos riscos de operação; ► Higiene; Identificar e controlar as condições de trabalho que possam prejudicar a saúde do trabalhador; ► Doença Profissional; Doença em que o trabalho é determinante para o seu aparecimento. Os agentes agressivos do ambiente que podem afectar a saúde dos trabalhadores são de vários tipos, destacando-se os que aqui serão alvo de maior descrição: Químicos: poeiras, fumos, neblinas, aerossóis, gases e vapores; Físicos: ambiente térmico, iluminação, radiação; Biológicos: vírus, bactérias, fungos, parasitas, esporos, pólenes. Com a evolução tecnológica, as Actividades profissionais passaram a ter um carácter mais interior, desenvolvendo-se em espaços fechados onde os trabalhadores permanecem largos períodos de tempo, ao longo do horário de trabalho. A manutenção de um ambiente de trabalho “puro” ficou associada à presença de agentes que alterassem a proporção natural dos elementos constituintes do ar. Na prática, a adulteração da composição do ar não se torna difícil, pois a maioria dos processos industriais favorece o aparecimento de agentes de natureza química, biológica ou física, potencialmente agressivos para o organismo humano, tais como: Produtos derivados da combustão (automóveis); Bioefluentes e bioaerossóis (alergénicos e patogénicos) (impressoras, fotocopiadoras); Fumos de tabaco; Microrganismos (ácaros, bactérias); Compostos orgânicos voláteis (tintas de parede e revestimentos de madeira); Humidade; Campos electromagnéticos (aparelhos eléctricos e de alta tensão); Gás radioactivo – radão (granito). Estes agentes podem ter uma gama variada de sintomas, mais ou menos intensos de acordo com a susceptibilidade individual, dos quais se destacam: Olhos: irritação, secura e prurido; Nariz: irritação, secura e congestionamento; Garganta: secura, rouquidão, prurido e tosse; Pele: irritação, secura, prurido e eritemas; Cabeça: dores náuseas e tonturas; Organismo: infecções renais, pulmonares, intestinais e cansaço. Muitos dos princípios básicos de prevenção e protecção face a estes agentes encontram-se normalizados ou legislados, cabendo a aplicação das medidas aí preconizadas. Estes poluentes ambientais também se manifestam em ambientes de escritório, estando hoje em dia associados ao surgimento do Síndroma do Edifício Doente. Mais recentemente, a Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 7 legislação do Regulamento das Características do Comportamento Térmico de Edifícios (Decreto-Lei nº 80/06) e o Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (Decreto-Lei nº 79/06) vieram defi nir comportamento de edifícios, taxas de renovação de ar e concentrações máximas de alguns poluentes (p.e. Ozono, Formaldeído, Dióxido de Carbono, Monóxido de Carbono, Partículas suspensas no ar, Compostos orgânicos voláteis). Assim, torna-se determinante o conhecimento da natureza e modo de acção destes agentes poluidores do ambiente de trabalho, de forma a podermos interpretar as situações de trabalho e colocarmos em prática as medidas de prevenção e protecção que mais se adequam. Este documento tenta facilitar este objectivo. ACIDENTES DE TRABALHO O que é ACIDENTE? Se procurarmos num dicionário poderemos encontrar “Acontecimento imprevisto, casual, que resulta em ferimento, dano, estrago, prejuízo, avaria, ruína, etc.” Os acidentes, em geral, são o resultado de uma combinação de factores, entre os quais se destacam as falhas humanas e falhas materiais. Vale a pena lembrar que os acidentes não escolhem hora nem lugar. Podem acontecer em casa, no ambiente de trabalho e nas inúmeras locomoções que fazemos de um lado para o outro, para cumprir nossas obrigações diárias. Quanto aos acidentes do trabalho o que se pode dizer é que grande parte deles ocorre porque os trabalhadores se encontram mal preparados para enfrentar certos riscos. O que diz a lei? Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária ...” Lesão corporal é qualquer dano produzido no corpo humano, seja ele leve, como, por exemplo, um corte no dedo, ou grave, como a perda de um membro. Perturbação funcional é o prejuízo do funcionamento de qualquer órgão ou sentido. Por exemplo, a perda da visão, provocada por uma pancada na cabeça, caracteriza uma perturbação funcional. DOENÇA PROFISSIONAL TAMBÉM É ACIDENTE DO TRABALHO? Doenças profissionais são aquelas que são adquiridas na sequência do exercício do trabalho em si. Doenças do trabalho são aquelas decorrentes das condições especiais em que o trabalho é realizado. Ambas são consideradas como acidentes do trabalho, quando delas decorrer a incapacidade para o trabalho. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 8 Um funcionário pode apanhar uma gripe, por contagio com colegas de trabalho. Essa doença, embora possa ter sido adquirida no ambiente de trabalho, não é considerada doença profissional nem do trabalho, porque não é ocasionada pelos meios de produção. Contudo, se o trabalhador contrair uma doença ou lesão por contaminação acidental, no exercício de sua actividade, temos aí um caso equiparado a um acidente de trabalho. Por exemplo, se operador de um banho de decapagem se queima com ácido ao encher a tina do banho ácido isso é um acidente do trabalho. Noutro caso, se um trabalhador perder a audição por ficar longo tempo sem protecção auditiva adequada, submetido ao excesso de ruído, gerado pelo trabalho executado junto a uma grande prensa, isso caracteriza igualmente uma doença de trabalho. Um acidente de trabalho pode levar o trabalhador a se ausentar da empresa apenas por algumas horas, o que é chamado de acidente sem afastamento. É que ocorre, por exemplo, quando o acidente resulta num pequeno corte no dedo, e o trabalhador retorna ao trabalho em seguida. Outras vezes, um acidente pode deixar o trabalhador impedido de realizar suas actividades por dias seguidos, ou meses, ou de forma definitiva. Se o trabalhador acidentado não retornar ao trabalho imediatamente ou até no dia seguinte, temos o chamado acidente com afastamento, que pode resultar na incapacidade temporária, ou na incapacidade parcial e permanente, ou, ainda, na incapacidade total e permanente para o trabalho. A incapacidade temporária é a perda da capacidade para o trabalho por um período limitado de tempo, após o qual o trabalhador retorna às suas actividades normais. A incapacidade parcial e permanente é a diminuição, por toda vida, da capacidade física total para o trabalho. É o que acontece, por exemplo, quando ocorre a perda de um dedo ou de uma vista incapacidade total e permanente é a invalidez incurável para o trabalho. Neste último caso, o trabalhador não reúne condições para trabalhar o que acontece, por exemplo, se um trabalhador perde as duas vistas num acidente do trabalho. Nos casos extremos, o acidente resulta na morte do trabalhador. Um trabalhador desvia sua atenção do trabalho por fracção de segundo, ocasionando um acidente sério. Além do próprio trabalhador são atingidos mais dois colegas que trabalham ao seu lado. O trabalhador tem de ser removido urgentemente para o hospital e os dois outros trabalhadores envolvidos são atendidos no ambulatório da empresa. Um equipamento de Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 9 fundamental importância é paralisado em consequência do dano em algumas peças da máquina. O equipamento parado é uma guilhotina que corta a matéria-prima para vários sectores de produção. Analise a situação anterior e liste as consequências directas e indirectas que consegue prever , em resultado deste acidente. FACTORES QUE AFECTAM A HIGIENE E SEGURANÇA Em geral a actividade produtiva encerra um conjunto de riscos e de condições de trabalho desfavoráveis em resultado da especificidades próprias de alguns processos ou operações, pelo que o seu tratamento quanto a Higiene e Segurança costuma ser cuidado com atenção. Contudo, na maior parte dos casos, é possível identificar um conjunto de factores relacionados com a negligência ou desatenção por regras elementares e que potenciam a possibilidade de acidentes ou problemas. Acidentes devido a CONDIÇÕES PERIGOSAS: ► Máquinas-ferramenta; ► Condições de organização (Lay-Out mal feito, armazenamento perigoso, falta de Equipamento de Protecção Individual – E.P.I.); ► Condições de ambiente físico, (iluminação, calor, frio, poeiras, ruído). Acidentes devido a ACÇÕES PERIGOSAS: ► Falta de cumprimento de ordens (não usar E.P.I.); ► Ligado à natureza do trabalho (erros na armazenagem); ► Nos métodos de trabalho (trabalhar a ritmo anormal, manobrar empilhadores à Fangio, distracções, brincadeiras). PERDAS DE PRODUTIVIDADE E QUALIDADE Foi necessário muito tempo para que se reconhecesse até que ponto as condições de trabalho e a produtividade se encontram ligadas. Numa primeira fase, houve a percepção da incidência económica dos acidentes de trabalho onde só eram considerados inicialmente os custos directos (assistência médica e indemnizações) e só mais tarde se consideraram as doenças profissionais. Na actividade corrente de uma empresa, compreendeu-se que os custos indirectos dos acidentes de trabalho são bem mais importantes que os custos directos, através de factores de perda como os seguintes: ► perda de horas de trabalho pela vítima; ► perda de horas de trabalho pelas testemunhas e Responsáveis; ► perda de horas de trabalho pelas pessoas encarregadas do inquéritos; ► interrupções da produção; ► danos materiais; ► atraso na Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 10 execução do trabalho; ► custos inerentes às peritagens e acções legais eventuais; ► diminuição do rendimento durante a substituição; ► a retoma de trabalho pela vítima. Estas perdas podem ser muito elevadas, podendo mesmo representar quatro vezes os custos directos do acidente de trabalho. A diminuição de produtividade e o aumento do número de peças defeituosas e dos desperdícios de material imputáveis à fadiga provocada por horários de trabalho excessivos e por más condições de trabalho, nomeadamente no que se refere à iluminação e à ventilação, demonstraram que o corpo humano, apesar da sua imensa capacidade de adaptação, tem um rendimento muito maior quando o trabalho decorre em condições óptimas. Com efeito, existem muitos casos em que é possível aumentar a produtividade simplesmente com a melhoria das condições de trabalho. De uma forma geral, a Gestão das Empresas não explora suficientemente a melhoria das condições de higiene e a segurança do trabalho nem mesmo a ergonomia dos postos de trabalho como forma de aumentar a Produtividade e a Qualidade. A relação entre o trabalho executado pelo operador e as condições de trabalho do local de trabalho, passou a ser melhor estudada desde que as restrições impostas pela tecnologia industrial moderna constituem a fonte das formas de insatisfação que se manifestam sobretudo entre os trabalhadores afectos às tarefas mais elementares, desprovidas de qualquer interesse e com carácter repetitivo e monótono. Desta forma pode-se afirmar que na maior parte dos casos a Produtividade é afectada, pela conjugação de dois aspectos importantes: ► um meio ambiente de trabalho que exponha os trabalhadores a riscos profissionais graves (causa directa de acidentes de trabalho e de doenças profissionais); ► a insatisfação dos trabalhadores face a condições de trabalho que não estejam em harmonia com as suas características físicas e psicológicas. Em geral as consequências revelam-se numa baixa quantitativa e qualitativa da produção, numa rotação excessiva do pessoal e a num elevado absentismo. Claro que as consequências de uma tal situação variarão segundo os meios socio-económicos. Fica assim explicado que as condições de trabalho e as regras de segurança e Higiene correspondentes, constituem um factor da maior importância para a melhoria de desempenho das Empresas, através do aumento da sua produtividade obtida em condições de menor absentismo e sinistralidade. Por parte dos trabalhadores de uma Empresa, o Emprego não deve representar somente o trabalho que se realiza num dado local para auferir um ordenado, mas também uma Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 11 oportunidade para a sua valorização pessoal e profissional, para o que contribuem em mito as boas condições do seu posto de trabalho. Querendo evitar a curto prazo um desperdício de recursos humanos e monetários e a longo prazo garantir a competitividade da Empresa, deverá prestar-se maior atenção às condições de trabalho e ao grau de satisfação dos seus colaboradores, reconhecendo-se que, uma Empresa desempenha não só uma função técnica e económica mas também um importante papel social. PROTECÇÃO COLECTIVA E PROTECÇÃO INDIVIDUAL As medidas de protecção colectiva, através dos equipamentos de protecção colectiva (EPC), devem ter prioridade, conforme determina a legislação. Uma vez que beneficiam todos os trabalhadores, indistintamente Os EPCs devem ser mantidos nas condições que os especialistas em segurança estabelecerem, devendo ser reparados sempre que apresentarem qualquer deficiência. Vejamos alguns exemplos de aplicação de EPCs: ► sistema de exaustão que elimina gases, vapores ou poeiras contaminantes do local de trabalho; ► enclausuramento de máquina ruidosa para livrar o ambiente do ruído excessivo; ► comando bimanual, que mantém as mãos ocupadas, fora da zona de perigo, durante o ciclo de uma máquina; ► cabo de segurança para conter equipamentos suspensos sujeitos a esforços, caso venham a se desprender. Quando não for possível adoptar medidas de segurança de ordem geral, para garantir a protecção contra os riscos de acidentes e doenças profissionais, devem-se utilizar os equipamentos de protecção individual, conhecidos pela sigla EPI. São considerados equipamentos de protecção individual todos os dispositivos de uso pessoal destinados a proteger a integridade física e a saúde do trabalhador. Os EPI´s não evitam os acidentes, como acontece de forma eficaz com a protecção colectiva. Apenas diminuem ou evitam lesões que podem decorrer de acidentes. Veja um exemplo: Existem EPIs para protecção de praticamente todas as partes do corpo. Veja alguns exemplos: ► Cabeça e crânio: capacete de segurança contra impactos, perfurações, acção dos agentes meteorológicos etc.; ► Olhos: óculos contra impactos, que evita a cegueira total ou parcial e a conjuntivite. É utilizado em trabalhos onde existe o risco de impacto de estilhaços e limalhas; ► Vias respiratórias: protector respiratório, que Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 12 previne problemas pulmonares e das vias respiratórias, e deve ser utilizado em ambientes com poeiras, gases, vapores ou fumos nocivos; ► Face: máscara de solda, que protege contra impactos de partículas, respingos de produtos químicos, radiação (infravermelha e ultravioleta) e ofuscamento. Um operador derramou metal fundido dentro de um molde, com uma concha sem reparar que havia um pouco de água no fundo do molde. Ao derramar o metal, este reagiu com a água, causando uma explosão que lhe atingiu o rosto. Dado que o operador usava mascara, isso impediu que o rosto e os olhos fossem atingidos. Graças ao uso correcto do EPI, o operador não teve nenhuma lesão: ► Ouvidos: Auriculares, que previne a surdez, o cansaço, a irritação e outros problemas psicológicos; Deve ser usada sempre que o ambiente apresentar níveis de ruído superiores aos aceitáveis, de acordo com a norma regulamentadora; ► Mãos e braços: luvas, que evitam problemas de pele, choque eléctrico, queimaduras, cortes e raspões e devem ser usadas em trabalhos com solda eléctrica, produtos químicos, materiais cortantes, ásperos, pesados e quentes; ► Pernas e pés: botas de borracha, que proporcionam isolamento contra electricidade e humidade. Devem ser utilizadas em ambientes húmidos e em trabalhos que exigem contacto com produtos químicos; ► Tronco: aventais de couro, que protegem de impactos, gotas de produtos químicos, choque eléctrico, queimaduras e cortes. Devem ser usados em trabalhos de soldagem eléctrica, oxiacetilénica, corte a quente. A lei determina que os EPI´s sejam aprovados pelo Ministério do Trabalho, mediante certificados de aprovação (CA). As empresas devem fornecer os EPI´s gratuitamente aos trabalhadores que deles necessitarem. A lei estabelece também que é obrigação dos empregados usar os equipamentos de protecção individual onde houver risco, assim como os demais meios destinados a sua segurança. SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA No interior e exterior das instalações da Empresa, devem existir formas de aviso e informação rápida, que possam auxiliar os elementos da Empresa a actuar em conformidade com os procedimentos de segurança. Com este objectivo, existe m conjunto de símbolos e sinais especificamente criados para garantir a fácil compreensão dos riscos ou dos procedimentos a cumprir nas diversas situações laborais que podem ocorrer no interior de uma Empresa ou em lugares públicos. Em seguida dão-se alguns exemplos do tipo de sinalização existente e a ser aplicada nas Empresas. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 13 SINAIS DE PERIGO Indicam situações de risco potencial de acordo com o pictograma inserido no sinal. São utilizados em instalação, acessos, aparelhos, instruções e procedimentos, etc. Têm forma triangular, o contorno e pictograma a preto e o fundo amarelo. P – Perigo de Intoxicação; Substâncias Corrosivas; Perigo Zonas Quentes; Perigo de electrocussão; Perigo de incêndio; Perigos Vários. Sinais de Proibição: Indicam comportamentos proibidos de acordo com o pictograma inserido no sinal. São utilizados em instalação, acessos, aparelhos, instruções e procedimentos, etc. Têm forma circular, o contorno vermelho, pictograma a preto e o fundo branco. Sinais de Obrigação: Indicam comportamentos obrigatórios de acordo com o pictograma inserido no sinal. São utilizados em instalação, acessos, aparelhos, instruções e procedimentos, etc. Têm forma circular, fundo azul e pictograma a branco. P – Proibido lavar as mãos; Proibido de beber água; Proibido de apagar com água; Proibido de foguear / fazer; Proibido fogo / fumar; P – Protecção obrigatória dos olhos; Protecção obrigatória das mãos; Protecção obrigatória dos olhos e vias respiratórias; Protecção obrigatória das vias respiratórias; Obrigatório lavar as mãos. Sinais de Emergência: Fornecem informações de salvamento de acordo com o pictograma inserido no sinal. São utilizados em instalação, acessos e equipamentos, etc. Têm forma rectangular, fundo verde e pictograma a branco. P – Posto de primeiros socorros; Saída de emergência à esquerda; Direcção de evacuação; Lava os olhos de emergência. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 14 HIGIENE E CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO POSTO DE TRABALHO INTRODUÇÃO O conjunto de elementos que temos à nossa volta, tais como as edificações, os equipamentos, os móveis, as condições de temperatura, de pressão, a humidade do ar, a iluminação, a organização, a limpeza e as próprias pessoas, fazem parte das condições de trabalho e constituem assim o que se designa por ambiente. Nos locais de trabalho, a combinação de alguns desses elementos gera produtos e serviços. A todo esse conjunto de elementos e acções denominamos condições ambientais. Em muitos casos, o ambiente de trabalho é agressivo para o trabalhador, dadas as condições de ruído, temperatura, esforço, etc., a que o mesmo se encontra sujeito durante o cumprimento das suas funções. O desenvolvimento tecnológico permitiu que em algumas das condições mais duras de trabalho para o ser humano ,sejam usados robots ou dispositivos mecânicos que substituem total ou parcialmente a acção directa do trabalhador (Siderurgia, Pintura, Indústria química, etc.). Entretanto, apesar de todo o avanço científico e tecnológico, ainda há situações em que o homem é obrigado a enfrentar condições desfavoráveis ou perigosas na realização de determinadas tarefas (Minas, Construção civil, etc.). INIMIGO INVISÍVEL Qualquer um de nós já se submeteu a um exame de raio X por indicação médica. Nada sentimos ou vemos sair do aparelho de raio X ao fazermos esse exame. Porém, para executar a radiografia, o equipamento liberta uma grande carga de energia electromagnética não percebida por nós. Essa radiação, em doses elevadas, é prejudicial ao organismo humano, pois provoca alterações no sistema de reprodução das células, ocasionando doenças e, em alguns casos, a morte. Essa é uma das razões pelas quais consideramos certos riscos ambientais como inimigos invisíveis: ► alguns deles não são captados pelos órgãos dos sentidos (audição, visão, olfacto, paladar e tacto), fazendo com que o trabalhador não se sinta ameaçado. Inconsciente do perigo, a tendência é ele não dar importância à prevenção. As experiências e os estudos médicos demonstram que muitas pessoas adquiriram doenças pulmonares depois de trabalhar anos a fio, sem nenhuma protecção, com algum tipo de produto químico ou produtos minerais. Este tipo de doença progride lentamente, tornando difícil seu diagnóstico inicial, acabando a doença por se manifestar muito mais tarde e muitas vezes sem recuperação. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 15 Em resumo, o desconhecimento de como os factores ambientais geram riscos à saúde é um dos mais sérios problemas enfrentados pelo trabalhador RISCOS QUE RODEIAM O POSTO DE TRABALHO Há vários factores de risco que afectam o trabalhador no desenvolvimento das suas tarefas diárias. Alguns destes riscos atingem grupos específicos de profissionais, como é o caso, dos mergulhadores, que trabalham submetidos a altas pressões e a baixas temperaturas. Por esse facto, são obrigados a usar roupas especiais, para conservar a temperatura do corpo, e passam por cabines de compressão e descompressão, cada vez que mergulham ou sobem à superfície. Outros factores de risco não escolhem profissão: agridem trabalhadores de diferentes áreas e níveis ocupacionais, de maneira subtil, praticamente imperceptível. Esses últimos são os mais perigosos, porque são os mais ignorados. Os principais tipos de risco ambiental que afectam os trabalhadores de um modo geral, estão separados em: ► Riscos físicos; ► Riscos químicos; ► Riscos Biológicos; ► Riscos Ergonómicos. RISCOS FÍSICOS Todos nós, ao desenvolvermos o nosso trabalho, gastamos uma certa quantidade de energia para produzir um determinado resultado. Em geral, quando dispomos de boas as condições físicas do ambiente, como, por exemplo, o nível de ruído e a temperatura são aceitáveis, produzimos mais com menor esforço. Mas, quando essas condições fogem muito aos nossos limites de tolerância, atinge-se facilmente o incómodo e a irritação determinando muitas vezes o aparecimento de cansaço, a queda de produção, falta de motivação e desconcentração. Por outras palavras, os factores físicos do ambiente de trabalho interferem directamente no desempenho de cada trabalhador e na produção obtida, pelo que se justifica a sua análise com o maior cuidado. Ao estudar cada um dos factores apresentados a seguir, pense no seu próprio local de trabalho. Identifique os problemas, liste-os e proponha uma medida de correcção para esse problema. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 16 RUÍDO Quando um de nós se encontra num ambiente de trabalho e não consegue ouvir perfeitamente a fala das pessoas no mesmo recinto, isso é uma primeira indicação de que o local é demasiado ruidoso. Os especialistas no assunto definem o ruído como todo som que causa sensação desagradável ao homem. As perdas de audição são derivadas da frequência e intensidade do ruído. A fadiga evidenciase por uma menor acuidade auditiva. As ondas sonoras transmitem-se tanto pelo ar como por materiais sólidos. Quanto maior for a densidade do meio condutor, menor será a velocidade de propagação do ruído. O ruído é pois um agente físico que pode afectar de modo significativo a qualidade de vida. Mede-se o ruído utilizando um instrumento denominado medidor de pressão sonora, e a unidade usada como medida é o decibel ou abreviadamente dB. ► Para 8 horas diárias de trabalho, o limite máximo de ruído estabelecido é de 85 decibéis. ► O ruído emitido por uma britadeira é equivalente a 100 decibéis. ► O limite máximo de exposição contínua do trabalhador a esse ruído, sem protecção auditiva, é de 1 hora. Sem medidas de controlo ou protecção, o excesso de intensidade do ruído, acaba por afectar o cérebro e o sistema nervoso. Em condições de exposição prolongada ao ruído por parte do aparelho auditivo, os efeitos podem resultar na surdez profissional cuja cura é impossível, deixando o trabalhador com dificuldades para se relacionar com os colegas e família, assim como dificuldades acrescidas em se aperceber da movimentação de veículos ou máquinas, agravando as suas condições de risco por acidente físico. dB = Intensidade do som, 10-12 W/m2 Exemplos típicos: 130 10 limiar da dor, 120 1,0 grande avião a jacto, 110 0,1 grande orquestra, 100 0,01 colocação de rebites, 90 10-3 comboio, 80 10-4 escritório ruidoso, 70 10-5 motor de carro, 50 10-7 escritório médio, 40 10-8 escritório sossegado, Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 17 30 10-9 biblioteca, 20 10-10 sussurro, 10 10-11 murmúrio, 0 10-12 limiar da audibilidade. VIBRAÇÕES As vibrações caracterizam-se pela sua amplitude e frequência. Apresentam geralmente baixas frequências e conduzem-se por materiais sólidos (Exprimem-se em m/s2 ou em dB. Consoante a posição do corpo humano, (de pé, sentado ou deitado), a sua resposta às vibrações será diferente sendo igualmente Importante o ponto de aplicação da força vibratória. Os efeitos no homem das forças vibratórias podem ser resumidos nos seguintes casos: Frequência entre 8 e 1000 Hz; O uso prolongado de martelos pneumáticos ou motosserras, conduz a complicações nos vasos sanguíneos e articulações e á diminuição na circulação sanguínea, Estas lesões podem ser permanentes. Frequência acima de 1000 Hz; O efeito restringe-se a nível da epiderme (danos em células e efeitos térmicos). Com o passar do tempo, afecções a nível das articulações e da coluna. Exemplos práticos: Automóvel que passa lomba no asfalto; Alta Amplitude; Baixa Frequência; Automóvel em piso de paralelo; Baixa Amplitude; Alta Frequência; Barco à deriva; Alta Amplitude; Baixa Frequência; Barco a motor; Baixa Amplitude; Alta Frequência. Em geral, as massas pequenas estão mais sujeitas a altas-frequências. As massas grandes, às baixas frequências. SEGURANÇA DO POSTO DE TRABALHO. SIGNIFICADO E IMPORTÂNCIA DA PREVENÇÃO A Prevenção é certamente o melhor processo de reduzir ou eliminar as possibilidades de ocorrerem problemas de segurança com o Trabalhador. A prevenção consiste na adopção de um conjunto de medidas de protecção, na previsão de que a segurança física do operador possa ser colocada em risco durante a realização do seu trabalho. Nestes termos, pode-se acrescentar que as medidas a tomar no domínio da higiene industrial não diferem das usadas na prevenção dos acidentes de trabalho. Como princípios de prevenção na área da Higiene e Segurança industrial, poderemos apresentar os seguintes: Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 18 1. Tal como se verifica no domínio da segurança, a prevenção mais eficaz em matéria de higiene industrial exerce-se, também, no momento da concepção do edifício, das instalações e dos processos de trabalho, pois todo o melhoramento ou alteração posterior já não terá a eficácia desejada para proteger a saúde dos trabalhadores e será certamente muito mais dispendiosa. 2. As operações perigosas (as que originam a poluição do meio ambiente ou causam ruído ou vibrações) e as substâncias nocivas, susceptíveis de contaminar a atmosfera do local de trabalho, devem ser substituídas por operações e substâncias inofensivas ou menos nocivas. 3. Quando se torna impossível instalar um equipamento de segurança colectivo, é necessário recorrer a medidas complementares de organização do trabalho, que, em certos casos, podem comportar a redução dos tempos de exposição ao risco. 4. Quando as medidas técnicas colectivas e as medidas administrativas não são suficientes para reduzir a exposição a um nível aceitável, deverá fornecer-se aos trabalhadores um equipamento de protecção individual (EPI) apropriado. 5. Salvo casos excepcionais ou específicos de trabalho, não deve considerar-se o equipamento de protecção individual como o método de segurança fundamental, não só por razões fisiológicas mas também por princípio, porque o trabalhador pode, por diversas razões, deixar de utilizar o seu equipamento. Um qualquer posto de trabalho representa o ponto onde se juntam os diversos meios de produção (Homem, Máquina, Energia, Matéria-prima, etc.) que irão dar origem a uma operação de transformação, daí resultando um produto ou um serviço. Para a devida avaliação das condições de segurança de um Posto de Trabalho é necessário considerar um conjunto de factores de produção e ambientais em que se insere esse mesmo posto de trabalho. Para que a actividade de um operador decorra com o mínimo de risco, têm que se criar diferentes condições passivas ou activas de prevenção da sua segurança. Os principais aspectos a levar em contas num diagnóstico das condições de segurança (ou de risco) de um Posto de Trabalho , podem ser avaliados pelas seguintes questões: 1. O LOCAL DE TRABALHO: ► Tem acesso fácil e rápido? ► É bem iluminado? ► O piso é aderente e sem irregularidades? ► É suficientemente afastado dos outros postos de Trabalho? ► As escadas têm corrimão ou protecção lateral? 2. MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS: ► As cargas a movimentar são grandes ou pesadas? ► Existem e estão disponíveis equipamento de transporte auxiliar? ► A cadencia de transporte é elevada? ► Existem passagens e corredores com largura compatível? ► Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 19 Existem marcações no solo delimitando zonas de movimentação? ► Existe carga exclusivamente Manual? 3. POSIÇÕES DE TRABALHO: ► O Operador trabalha de pé muito tempo? ► O Operador gira ou baixa-se frequentemente? ► O operador tem que e afastar para dar passagem a máquinas ou outros operadores? ► A altura e a posição da máquina é adequada? ► A distancia entre a vista e o trabalho é correcta? 4. CONDIÇÕES PSICOLÓGICAS DO TRABALHO: ► O trabalho é em turnos ou normal? ► O Operador realiza muitas Horas extras? ► A Tarefa é de alta cadencia de produção? ► É exigida muita concentração dados os riscos da operação? 5. MÁQUINA: ► A engrenagens e partes móveis estão protegidas? ► Estão devidamente identificados os dispositivos de segurança? ► A formação do Operador é suficiente? ► A operação é rotineira e repetitiva? 6. RUÍDOS E VIBRAÇÕES: ► No PT sentem-se vibrações ou ruído intenso? ► A máquina a operar oferece trepidação? ► Existem dispositivos que minimizem vibrações e ruído? 7. ILUMINAÇÃO: ► A iluminação é natural? ► Está bem orientada relativamente a PT? ► Existe alguma iluminação intermitente as imediações do PT? 8. RISCOS QUÍMICOS: ► O ar circundante tem Poeiras ou fumos? ► Existe algum cheiro persistente? ► Existem ventilação ou exaustão de ar do local? ► Os produtos químicos estão bem embalados? ► Os produtos químicos estão bem identificados? ► Existem resíduos de produtos no chão ou no PT? 9. RISCOS BIOLÓGICOS: ► Há contacto directo com animais? ► À contacto com sangue ou resíduos animais? ► Existem meios de desinfecção no PT? 10. PESSOAL DE SOCORRO: ► EXISTE alguém com formação em primeiros socorros? ► Os números de alerta estão visíveis e actualizados? ► Existem caixas de primeiros socorros e Macas? Com a redução dos acidentes poderão ser eliminados problemas que afectam o homem e a produção. Para que isso aconteça, é necessário que tanto os empresários (que têm por obrigação fornecer um local de trabalho com boas condições de segurança e higiene, maquinaria segura e equipamentos adequados) como os trabalhadores (aos quais cabe a responsabilidade de desempenhar o seu dever com menor perigo possível para si e para os companheiros) estejam comprometidos com uma mentalidade de Prevenção de Acidentes. Prevenir quer dizer: “...ver antecipadamente; chegar antes do acidente; tomar todas as providências para que o acidente não tenha possibilidade de ocorrer ...” Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 20 EFEITO DOMINÓ E OS ACIDENTES DE TRABALHO Há muito tempo, que especialistas se vêm a dedicar ao estudo dos acidentes e de suas causas e um dos factos já comprovados é que, quando um acidente acontece, vários factores entraram em acção anteriormente por forma a permitir o acidente. Um acidente laboral, pode muitas vezes ser comparado com o que acontece quando enfileiramos pedras de um dominó e depois damos um empurrãozinho numa uma delas. Em resultado, as pedras acabam por se derrubarem umas ás outras, até que a ultima pedra caia por terra. Podemos imaginar que algo semelhante acontece quando um acidente ocorre, considerando que se podem conjugar cinco factores que se complementam da seguinte forma: ► Ambiente social; ► Causa pessoal; ► Causa mecânica; ► Acidente; ► Lesão. O Ambiente Social do trabalhador relaciona-se com dois factores principais a saber: Hereditariedade e Influencia Social. As características físicas e psicológicas do individuo são determinadas pela hereditariedade transmitida pelos Pais. Por outro lado o comportamento de cada um é muitas vezes influenciado pelo ambiente social em que cada um vive (A moda tanto é usar cabelos longos, como usar a cabeça raspada). A causa pessoal está relacionada com o conjunto de conhecimentos e habilidades que cada um possui para desempenhar uma tarefa num dado momento. A probabilidade de envolvimento em acidentes aumenta quando as condições psicológicas não são as melhores (depressão), ou quando não existe preparação e treino suficiente. A causa mecânica diz respeito às falhas materiais existentes no ambiente de trabalho. Quando o equipamento não apresenta protecção para o trabalhador, quando a iluminação do ambiente de trabalho é deficiente ou quando não há boa manutenção do equipamento, os riscos de acidente aumentam consideravelmente. Quando um ou mais dos factores anteriores se manifestam, ocorre o acidente que pode provocar ou não lesão no trabalhador. Segurança de Máquinas. Muitos processos produtivos dependem da utilização de máquinas, pelo que é importante a existência e o cumprimento dos requisitos de segurança em máquinas industriais ou a sua implementação no terreno de modo a garantir a maior segurança aos operadores. Máquina: É todo o equipamento, (inclusive acessórios e equipamentos de segurança), com movimento, (engrenagens), e com fonte de energia que não a humana. Os Requisitos de segurança de uma máquina podem ser identificados, nomeadamente o que diz respeito ao seu accionamento a partir de Comandos: ► Devem estar visíveis e acessíveis a partir do posto de trabalho normal; ► Devem estar devidamente identificados em português ou então por símbolos; ► O COMANDO DE ARRANQUE: a máquina só entra em Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 21 funcionamento quando se acciona este comando, não devendo arrancar sozinho quando volta a corrente; ► O COMANDO DE PARAGEM: deve sempre sobrepor-se ao comando de arranque; ► STOP DE EMERGÊNCIA: corta a energia, pode ter um aspecto de barra botão ou cabo. DISPOSITIVOS DE PROTECÇÃO ► Protectores Fixos: os mais vulgarmente utilizados são as guardas. São estruturas metálicas aparafusadas à estrutura da máquina e devem impedir o acesso aos órgãos de transmissão. O acesso só para acções de manutenção. ► Protectores Móveis: neste caso as guardas são fixadas à estrutura por dobradiças ou calhas o que as torna amovíveis. A abertura da protecção deve levar à paragem automática do “movimento perigoso”, (pode-se recorrer a um sistema de encravamento eléctrico). ► Comando Bi-Manual: para uma determinada operação, em vez de uma só betoneira existem duas que devem ser pressionadas em simultâneo. Isto obriga a que o trabalhador mantenha as duas mãos ocupadas evitando cortes e esmagamentos (Guilhotinas, Prensas); ► Barreiras Ópticas: Dispositivo constituído por duas “colunas”, uma emissora e a outra receptora, entre elas existe uma “cortina” de raios infra-vermelhos. Quando alguém ou algum objecto atravessa esta “cortina” surge uma interrupção de sinalo que leva á paragem de movimentos mecânicos perigosos. ► Distâncias de Segurança: Define-se distância de segurança, a distância necessária que impeça que os membros superiores alcancem zonas perigosas do equipamento. REDUÇÃO DOS RISCOS DE ACIDENTE Como já vimos, os acidentes são evitados com a aplicação de medidas específicas de segurança, seleccionadas de forma a estabelecer maior eficácia na prevenção da segurança. As prioridades são: Eliminação do risco: significa torná-lo definitivamente inexistente. (exemplo: uma escada com piso escorregadio apresenta um sério risco de acidente. Esse risco poderá ser eliminado com um piso antiderrapante); Neutralização do risco: o risco existe, mas está controlado. Esta opção é utilizada na impossibilidade temporária ou definitiva da eliminação de um risco. (exemplo: as partes móveis de uma máquina como polias, engrenagens, correias etc., – devem ser neutralizadas com anteparos de protecção, uma vez que essas peças das máquinas não podem ser simplesmente eliminadas. Sinalização do risco: é a medida que deve ser tomada quando não for possível eliminar ou isolar o risco. (exemplo: máquinas em manutenção devem ser sinalizadas com placas de advertência; locais onde é proibido fumar devem ser devidamente sinalizados. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 22 CAPÍTULO II. AMBIENTE TÉRMICO ENQUADRAMENTO LEGAL A temática do ambiente térmico e do conforto térmico associado é corrente na diversa literatura legal produzida em Portugal, reconhecendo a sua importância para o bem-estar e desempenho dos trabalhadores. O princípio vigente na legislação geral é o de que “… a temperatura e humidade dos locais de trabalho devem ser adequadas ao organismo humano, levados em conta os métodos de trabalho e os condicionalismos físicos impostos aos trabalhadores…” ( Portaria nº 987/1993, 6 de Outubro, art. 7, nº1), existindo referências mais específicas para alguns sectores de actividade, tais como para comércio, escritório e serviços (temperatura: 18ºC – 22ºC; Humidade: 50% -70% – Decreto-Lei nº 243/1986, 20 de Agosto – art. 11 a 13). Não será demais referir que já com a Portaria nº 53/1971, de 3 de Fevereiro, no seu artigo nº 24º se referia que “… as condições de temperatura e humidade dos locais de trabalho devem ser mantidas dentro de limites convenientes para evitar prejuízos à saúde dos trabalhadores…”. EQUILÍBRIO TÉRMICO O problema colocado pelos ambientes térmicos é o da homeotermia (manutenção da temperatura interna do corpo), a qual garante um funcionamento óptimo das principais funções do organismo e em particular do sistema nervoso central. Para que a temperatura se mantenha constante (37,0 ± 0,8 ºC) é necessário que exista equilíbrio entre a produção de calor do organismo e a dissipação desse calor para o meio ambiente. No organismo, mesmo em repouso, gera-se calor como resultado da degradação da energia necessária para manter as funções básicas, tais como: respiração, circulação sanguínea, etc. Este calor denomina-se metabolismo basal. O metabolismo pode ser expresso em várias unidades: W/m2, Kcal/(m2⋅h2) ou simplesmente Kcal/h. Exemplos de metabolismo associado a várias actividades Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 23 As trocas de calor com o ambiente podem processar-se por quatro vias, sendo o Metabolismo a única forma exclusiva de ganho de calor e a Evaporação a única forma exclusiva de perda de calor: Convecção: Troca de calor sensível entre a superfície do corpo (pele e roupa) e o ar ambiente; Radiação: Troca de calor sensível entre a superfície do corpo (pele e roupa) e as superfícies envolventes (paredes, envidraçados, aquecedores...); Condução: Troca de calor sensível entre a superfície do corpo e as superfícies em contacto; Evaporação: Troca de calor latente por evaporação de água do corpo humano. A alteração deste equilíbrio térmico resulta em alterações fisiológicas, mais ou menos desconfortáveis, mas toleráveis, pois a homeotermia está assegurada. Quanto mais o ambiente térmico se afasta da zona da neutralidade (muito quente ou muito frio), mais as alterações fisiológicas se acentuam até atingirem o seu nível máximo. Para além desses limites, a homeotermia não poderá mais ser assegurada. O vestuário constitui uma barreira entre a superfície cutânea e o ambiente, criando-se um microclima em volta da superfície cutânea (pele). A unidade de medida do isolamento do vestuário é o Clo, cuja unidade corresponde ao isolamento de um conjunto de vestuário igual a fato, camisa, gravata, colete, sapatos e meias. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 24 CONFORTO TÉRMICO A percepção do ambiente térmico que nos rodeia depende de cada indivíduo, daí que se pergunte com frequência, mas o que é o conforto térmico? A norma ISO 7730 define conforto térmico como “É o estado de alma que expressa satisfação com o ambiente térmico” (“That condition of mind which expresses satisfaction with the thermal environment”). Dependendo do grau de esforço necessário à manutenção da nossa temperatura interior podem ocorrer três situações: Situação de conforto térmico: a manutenção da temperatura interior do nosso corpo não implica qualquer esforço significativo; Situação de desconforto térmico: apesar de o esforço necessário para manter a temperatura interior do corpo constante ser reduzido existem ainda assim condições locais – correntes de ar, contacto com superfícies quentes ou frias, etc., – que impedem que se fale de uma situação de conforto térmico; Situação de tensão térmica (“stress térmico”): a manutenção da temperatura interior do corpo exige um esforço signifi cativo, que para além de interferir com a capacidade de concentração e de realização de trabalho pode ainda obrigar a limitar o tempo máximo de exposição às condições térmicas que originam a situação de tensão térmica. A ocorrência de situações de “stress térmico”, nomeadamente devido a um calor excessivo. Nestas situações a concentração e a capacidade física dos trabalhadores é afectada, o que naturalmente irá comprometer a produtividade da empresa e, não menos importante, irá criar condições favoráveis à ocorrência de acidentes de trabalho. EFEITOS DO AMBIENTE TÉRMICO Os ambientes térmicos quentes são ambientes para os quais o balanço térmico resulta num ganho de calor, isto é, a temperatura do ar ambiente e a temperatura radiante média são superiores á temperatura média cutânea. Ambientes, muito agressivos termicamente, podem conduzir a uma situação de stress térmico e originar danos irrecuperáveis no trabalhador. O stress térmico ocorre quando os parâmetros ambientais (temperatura do ar, temperatura radiante média, humidade relativa e velocidade do ar), o nível do vestuário e o nível de metabolismo interagem de forma a produzir um aumento gradual da temperatura corporal. À medida que o nível de stress térmico se eleva acima da zona de conforto, aparecem estados sucessivos de mal-estar psicológico que vão desde a sensação puramente subjectiva de estar Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 25 incomodado, a uma redução apreciável do rendimento de tarefas que exigem destreza manual. No nível seguinte, produz uma vaso-dilatação (acompanhado por rubor) e um aumento do ritmo cardíaco aos quais se seguirá, a activação das glândulas sudoríparas com o consequente aumento da taxa de sudação. Só em casos extremos em que estes mecanismos não sejam suficientes para manter o equilíbrio térmico do nosso corpo, é que se verificará um aumento da temperatura corporal. O indivíduo, no desempenho das suas actividades, quando submetido a situações de stress térmico tem, entre outros sintomas, debilitação do estado geral da saúde, alterações psicosensoriais e a redução da capacidade de produção. Existe um risco de golpe de calor ou hiperpirexia quando o nível de stress térmico ambiental e simultaneamente a carga de trabalho são elevados. O risco aumenta de maneira significativa quando: – Os trabalhadores não estão aclimatados; – São obesos; – Têm insuficiência de água; – Consomem álcool; – Estão vestidos de maneira inadequada. Têm antecedentes de doenças cardiovasculares, erupções recentes ou pouca capacidade de trabalho. O calor pode ter ainda consequências mais ou menos nefastas sobre a saúde, a médio e a longo prazo. Citam-se, a título de exemplo: Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 26 – Maior susceptibilidade a outras doenças; – Efeitos potenciadores com outros agentes agressivos, tais como contaminantes químicos; – Decréscimo do desempenho individual e da capacidade de execução; – Cataratas (processo degenerativo do cristalino por exposição à radiação infravermelha). Maior incidência de doenças cardiovasculares e de perturbações gastrointestinais. Consequências do Stress Térmico. GRANDEZAS FÍSICAS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA A análise do conforto ou do stress térmico, num posto de trabalho, necessita do conhecimento de grandezas físicas e características do ambiente considerado. São elas: – A temperatura do ar: pode ser medida com um termómetro e exprime-se em graus centígrados (ºC) ou graus fahrenheit (ºF); – A humidade do ar: pode ser medida com um psicrómetro rotativo e exprime-se em percentagem (%); – A velocidade do ar: pode ser medida com um anemómetro ou katatermómetro e exprimese em metros por segundo; – O calor radiante: pode ser medido com um termómetro de globo e exprime-se em graus centígrados (ºC) ou graus fahrenheit (ºF). Termómetro e psicrómetro Anemómetro Para além dos aparelhos mais antigos de medição, hoje em dia existem as designadas estações climáticas, constituídas por sondas e um registador informatizado de dados, tornando a recolha de dados muito mais fácil e completa. A medição destes parâmetros permite-nos aferir do (des)conforto térmico de determinado local, não sendo de ignorar que as técnicas de medição deverão ser representativas da situação de trabalho. Assim, poderá surgir a necessidade de efectuar medições em vários pontos de um mesmo espaço, a diferentes altura e em diferentes períodos do horário de trabalho, de modo a reflectir a realidade térmica do mesmo (p.e. pela incidência directa dos raios solares). Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 27 ÍNDICES DE STRESS TÉRMICO O método mais rigoroso para avaliação do nível de “stress” térmico seria, evidentemente, a medição dos indicadores fisiológicos de “stress” (taxa de sudação, nível de desidratação, temperatura corporal, etc.). Atendendo a que existem estudos que quantificam os valores máximos admissíveis para estes indicadores, seria fácil, em cada caso, identificar-se estava numa situação de perigo ou não. Contudo, como facilmente se compreende, a medição destes indicadores não é, salvo raras excepções, implementável. Assim sendo, foi necessário criar indicadores que permitissem avaliar o nível de “stress” térmico a que um trabalhador está sujeito em função da sua actividade física e das condições térmicas do meio que o rodeia O calor pode ter ainda consequências mais ou menos nefastas sobre a saúde, a médio e a longo prazo. Nos nossos dias, o índice de “stress” térmico mais utilizado é o WBGT (“Wet Bulb Globe Temperature”) que poderá ser traduzido por “Índice de Temperatura de Bolbo Húmido e de Temperatura de Globo”. Este índice, desenvolvido nos anos 50 pela Marinha de Guerra dos EUA baseia-se na medição de duas temperaturas distintas, a saber: – Temperatura natural de bolbo húmido: temperatura medida por um termómetro “normal” cuja extremidade sensora é revestida por algodão húmido. A evaporação da humidade do algodão arrefece o sensor pelo que a sua temperatura é sempre inferior à do ar. Quanto maior for a diferença entre a temperatura medida por este sensor e a temperatura do ar maior será o potencial de dissipação de calor por evaporação. Sonda de temperatura natural de bolbo húmido Temperatura de globo: temperatura medida por um termómetro normal colocado no interior de um globo pintado de negro. O globo troca calor por radiação com as superfícies envolventes e por convecção com o ar. Sonda de temperatura de globo Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 28 As temperaturas medidas por estes dois sensores dependem da temperatura e da velocidade do ar, da humidade relativa do meio e da temperatura das superfícies envolventes. Estas 4 variáveis ambientais são também as variáveis com influência sobre o balanço térmico do corpo humano. Desta forma foi possível encontrar uma combinação dos valores de temperatura medidos por estes dois sensores que traduz, de forma bastante precisa, o comportamento térmico dos seres humanos. O índice WBGT é exactamente o resultado desta combinação: Para locais interiores ou exteriores sem carga solar: WBGT = 0,7 tnw + 0,3 tg onde tnw é a temperatura natural húmida; tg é a temperatura de globo. Para locais exteriores com carga solar: WBGT = 0,7 tnw + 0,2 tg + 0,1 ta. onde ta é a temperatura do ar, uma vez conhecido o valor de WBGT é possível, mediante comparação com valores de referência, determinar o nível de “stress” térmico a que o trabalhador está sujeito e, caso se justifique, limitar o seu tempo de exposição às condições térmicas que originam o “stress” térmico medido. Valores máximos recomendados do índice WBGT (tempo de exposição de 8 horas) Se o índice WBGT for superior aos valores indicados na tabela será necessário implementar uma de duas soluções alternativas (partindo do princípio que nada se pode fazer quanto à actividade do trabalhador): – Diminuir o tempo de permanência no local de trabalho (por exemplo, criando um esquema de turnos que permita alternância nos locais mais críticos); – Criar condições que permitam uma redução do índice WBGT do local. Importa desde já referir que a criação de condições que permitam a redução do índice WBGT exige uma caracterização detalhada do ambiente térmico do local em questão. Caso contrário, corre-se o risco de intervir num sentido que não é o mais adequado (ex.: instalar um sistema Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 29 de climatização/ventilação para baixar a temperatura do ar no interior de uma nave industrial quando a origem do "stress" térmico está relacionada com elevadas temperaturas de superfície). Para ambientes térmicos neutros, poder-se ia utilizar o método PMV – Predicted Mean Vote (Voto Médio Previsível) que representa o voto médio de um grupo grande de pessoas em termos de sensação térmica segundo a escala [– 3, + 3] [frio; quente]. Em paralelo calcula-se o PPD – Predicted Percentage of Dissatisfied (Percentagem Previsível de Insatisfeitos), o qual tendo em conta os parâmetros anteriormente referidos, utiliza fórmulas matemáticas para concluir sobre as condições de conforto de um espaço. Assim, um espaço apresenta condições de conforto quando não mais do que 10% dos seus ocupantes se sintam desconfortáveis. PROTECÇÕES CONTRA O CALOR Para além das indicações que os índices de stress térmico possam recomendar, face à mediação dos parâmetros quantificáveis, existem outras recomendações que deverá ser atendidas: – Assimetria da temperatura radiante de janelas ou outra superfície vertical fria deve ser inferior a 10ºC; – No Inverno a Velocidade do ar deverá ser < 0,15m/s e a Temperatura = 20 – 24 ºC; – No Verão a Velocidade do ar deverá ser < 0,25m/s e a Temperatura = 23 – 26 ºC; – Diferença de Temperatura do ar a 1,1m e 0,1m acima do chão não deve exceder 3ºC; – A temperatura do chão deve estar entre 19 a 26ºC, excepto em pavimentos radiantes podendo atingir os 29ºC. CONCLUSÕES AMPLITUDES TÉRMICAS Frio ou calor em excesso, ou a brusca mudança de um ambiente quente para um ambiente frio ou vice-versa, também são prejudiciais à saúde. Nos ambientes onde há a necessidade do uso de fornos, maçaricos etc., ou pelo tipo de material utilizado e características das construções (insuficiência de janelas, portas ou outras aberturas necessárias a uma boa ventilação), toda essa combinação pode gerar alta temperatura prejudicial à saúde do trabalhador. A sensação de calor que sentimos é proveniente da temperatura resultante existente no local e do esforço físico que fazemos para executar um trabalho. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 30 A temperatura resultante é função dos seguintes factores: ► humidade relativa do ar; ► velocidade e temperatura do ar; ► calor radiante (produzido por fontes de calor do ambiente, como fornos e maçaricos. A unidade de medida da temperatura adoptada é o grau Celsius, abreviadamente ºC. De um modo geral, a temperatura ideal situa-se entre 21ºC e 26ºC enquanto a humidade relativa do ar deve estar entre 55% a 65%, e a velocidade do ar deve ser cerca de 0,12 m/s. Condições ambientais aconselhadas: ► a temperatura ideal situa-se entre 21ºC e 26 ºC; ► a humidade relativa do ar deve estar entre 55% a 65%; ► a velocidade do ar deve ser cerca de 0,12 m/s. Os ambientes térmicos podem ser classificados como: ► Quentes (Fundições, Cerâmicas , Padarias); ► Frios (armazéns frigoríficos, actividades piscatórias); ► Neutros (escritórios). Logicamente que as situações mais preocupantes ocorrem em ambientes térmicos frios e quentes ou sobretudo quando as duas possibilidades existem na mesma empresa ou no mesmo posto de trabalho. Stress Térmico. Em geral está relacionado com o desconforto do trabalhador em condições de trabalho em que a temperatura ambiente é muito elevada, podendo-se conjugar uma humidade baixa e uma circulação de ar deficiente. Os sintomas de exposição a ambientes térmicos hostis podem ser descritos por: Ambiente Térmico Quente: ► Temperatura superficial da pele aumenta (vasodilatação dos capilares, o indivíduo cora); ► Temperatura interna aumenta ligeiramente; ► Sudação; ► Mal estar generalizado; ► Tonturas e desmaios; ► Esgotamento e morte. Ambientes Térmicos Frios: ► Frieiras, localizadas nos dedos das mãos e dos pés; ► Alteração circulatória do sangue leva a que as extremidades do corpo humano adquiram uma coloração vermelho-azulada; ► Pé-das Trincheiras, surge em situações de grande humidade, os pés ficam extremamente frios e com cor violácea; ► Enregelamento, é a congelação de tecidos devido a exposição a temperaturas muito baixas ou por contacto com superfícies muito frias. As medidas a tomar para minimizar os efeitos do Stress Térmico podem passar por: ► Em primeiro lugar uma correcta dieta alimentar de modo a fortalecer o organismo; ► Ingerir bastante água à temperatura ambiente. Não beber alcoól; ► Evitar alimentação rica em Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 31 gorduras visto que estas retêm os líquidos no organismo, moderar o consumo de cafeína; ► Em situações de elevadas temperaturas, como por exemplo uma siderurgia a água a ingerir deve conter uma pequena porção de sal de modo a compensar as perdas devido á transpiração; ► Devem ser tomadas a nível de lay-Out medidas de ventilação; ► Implementar turnos com menor carga horária em situações onde ocorre exposição a ambientes hostis; ► Contra o Calor Radiante – O uso de viseiras é essencial, pois a radiação emitida por materiais em fusão levam ao surgimento de cataratas a nível ocular. MEDIDAS CONSTRUTIVAS Ventilação geral e climatização: – para determinar a ventilação necessária há que ter em conta as dimensões do local ou edifício, número e tipo dos ocupantes e suas actividades, fornecimento de calor por parte do equipamento e da radiação solar, humidade relativa, temperatura do ar exterior e variação da temperatura (exterior-interior). Protecção de paredes opacas (tectos em particular): obtém-se aumentando o coeficiente de reflexão das paredes (pintura, folha de cobre ou de alumínio, calviva), aumento da resistência térmica das mesmas (tecto duplo, materiais isolantes), aumento do coeficiente de transmissão de calor das paredes através da irrigação das superfícies. Protecção de superfícies vidradas: obtém-se por diminuição do fluxo de calor incidente e aumento do coeficiente de reflexão dos vidros (orientações da janelas, estores, coloração de vidros, vidros duplos). Câmaras de transição: quando sujeitos a temperaturas extremas (muito altas ou muito baixas) deverão ser criadas zonas de transição permitindo os trabalhadores arrefecer-se ou aquecer-se gradualmente até à temperatura exterior. MEDIDAS INDIVIDUAIS Aclimatação ao calor: quando o Homem está exposto ao calor de maneira repectitiva ou prolongada, desenvolve ajustamentos que permitem suportá-lo melhor. Assim a sudação e a temperatura aumentam e a frequência cardíaca estabiliza-se a um nível inferior. Higiene alimentar: a exposição ao calor provoca uma sudação intensa, sendo a melhor rehidratação obtida com água pura, a ingestão de cafeína e de bebida alcoólicas devem estar limitadas a pequenas quantidades, as ingestões devem ser fraccionadas. No que respeita a alimentos, convém moderar a ingestão de alimentos gordos, pois a sua presença no tubo digestivo retarda a absorção de água necessária à re-hidratação. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 32 Equipamentos de Protecção Individual: sendo, porventura, insuficientes, ineficazes ou impraticáveis as medidas de construção deverá ser prevista a utilização de equipamento de protecção individual, nomeadamente vestuário de protecção com capacidade térmica adequada às condições locais (altas temperaturas, ventos fortes, humidade baixa, …). MEDIDAS ORGANIZACIONAIS Controlo do tempo de exposição: de modo a evitar o surgimento de sintomas de patologias extremas, assim como o agravar de uma condição já existente, deverá ser controlado o tempo de exposição de cada trabalhador, acompanhando-o da vigilância médica adequada. O quadro seguinte tem em conta alguns factores de clima para diferentes actividades. Valores de parâmetros climáticos para diferentes actividades. AMBIENTES TÉRMICOS FRIOS As reacções do organismo humano ao frio são semelhantes aos ambientes térmicos quentes, exceptuando a sudação. Assim, para tentar manter um balanço térmico equilibrado, o organismo opta por diminuição da temperatura cutânea, redução do fluxo sanguíneo e aumento do metabolismo. O vestuário adequado torna-se essencial principalmente devido à camada de ar que mantém contacto com a pele. A selecção de indivíduos é outro aspecto importante, tanto mais que se sabe que um indivíduo longuilíneo1 terá que produzir mais calor para manter a homeotermia do que um indivíduo brevilíneo 2. Do mesmo modo, para um indivíduo fisicamente apto, um aumento do metabolismo será, a longo prazo, fácil de suportar e pouco fatigante. As principais patologias por termorregulação excessiva são as frieiras, pé-das-trincheiras e enregelamento. A exposição ao frio das partes descobertas (face, mãos) produz um aumento da pressão arterial e um aumento da frequência cardíaca. Por estas razões não se devem expor Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 33 ao frio indivíduos com afecções cardiovasculares. O reumatismo aparece mais frequentemente em pessoas expostas ao frio, pois julga-se que a variação de temperatura das mucosas favorecem o seu aparecimento, com a penetração de vírus nas células. As medidas de prevenção/protecção a adoptar são em tudo semelhantes às referidas para ambientes térmico quentes, sendo, porém, necessário proceder à devida adaptação. Por exemplo: – A ingestão de alimentos ricos em gorduras permite uma mais fácil resistência ao frio; – A protecção das extremidades evita a perda de calor acelerada, compensando a fraca irrigação sanguínea das mesmas; – Selecção de um vestuário adequado, protegendo o rosto e as extremidades, facilitando a evaporação do suor; – A ingestão de líquidos quentes ajuda a recuperar perdas caloríficas; – Limitação o consumo de bebidas excitantes, como o café, minimizando as perdas de água e portanto de calor; – Utilização de roupa corta-vento reduz o efeito da velocidade do ar; – Substituição da roupa humedecida evita a congelação da água e a perda de energia calorífica; – Diminuição do tempo de exposição; – Controlar o ritmo de trabalho, permitindo que a carga metabólica seja suficiente sem que supere um valor que induza em sudação excessiva. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 34 CAPÍTULO III. ILUMINAÇÃO INTRODUÇÃO Uma iluminação adequada é uma condição imprescindível para a obtenção de um bom ambiente de trabalho. A inobservância deste ponto resulta normalmente em consequências mais ou menos gravosas, tais como: danos visuais, menor produtividade e aumento do número de acidentes. Por exemplo, o cansaço decorrente de um esforço visual é função das condições ou características da iluminação, para além do tempo dispendido em ambiente laboral. Deste modo, poder-se-á definir conforto visual como a existência de um conjunto de condições, num determinado ambiente, no qual o ser humano pode desenvolver suas tarefas visuais com o máximo de acuidade e precisão visual. A iluminação ideal é a que é proporcionada pela luz natural, tal como defendido nos principais diplomas legais sobre condições de HST em locais de trabalho: – Portaria nº 53/1971, 3 de Fevereiro, artº 18º; – Portaria nº 987/1993, 6 de Outubro, nº 8; – Decreto-Lei nº 243/1986, 20 de Agosto, artº 14º a 17º. Contudo e por razões de ordem prática, o seu uso é, por vezes, restrito, havendo necessidade de recorrer, frequentemente, à luz artificial. A qualidade da iluminação artificial de um ambiente de trabalho dependerá fundamentalmente: – Da sua adequação ao tipo de actividade prevista; – Da limitação do encandeamento; – Da distribuição conveniente das lâmpadas; – Da harmonização da cor da luz com as cores predominantes do local. VISÃO O olho é o órgão receptor da luz. As excitações que este órgão recebe são constituídas por ondas electromagnéticas que constituem o espectro electromagnético da luz visível. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 35 Estrutura do olho humano O nosso sentido de visão é altamente sensível a estímulos mínimos, podendo detectar a luz de uma estrela longínqua ou a chama de um fósforo em noite clara, a 15 km de distância. É, contudo, muito limitada a faixa de radiação por nós perceptível, estando restrita a uma zona que vai de, aproximadamente, 380 a 740 nm, isto é, do violeta ao vermelho. Gama de radiação captada pelo olho humano A energia radiante emitida por uma fonte luminosa ou reflectida por um corpo é projectada na retina pelo sistema óptico do cristalino, tal como acontece numa máquina fotográfica. A íris dilata ou contrai a pupila, controlando assim a quantidade de luz que entra no olho. Na parte posterior da íris, o cristalino recebe os raios de luz e muda constantemente a sua forma para permitir a focagem, mudanças essas conhecidas por acomodação. As excitações luminosas, uma vez transformadas em impulsos bioeléctricos nos órgãos de recepção, passam pelos centros nervosos até ao cérebro, que os interpreta, permitindo assim a visão dos objectos. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 36 PATOLOGIAS DA ILUMINAÇÃO DEFICIENTE Um aspecto importante a evitar em termos de Higiene do Trabalho é a fadiga visual, que se manifesta por uma série de sintomas de incomodidade que vão desde: – Uma visão toldada, – Dores de cabeça. Contracção dos músculos faciais e mesmo por uma postura geral do corpo incorrecta. Estes sintomas podem ter origem quer num nível de iluminação deficitário como num nível de iluminação excessivo, obrigando a um esforço de acomodação suplementar dos músculos oculares, assim como das células receptoras dos estímulos visuais. As pausas na observação têm um efeito benéfico sobre os dois tipos de fadiga visual. PARÂMETROS DA ILUMINAÇÃO FLUXO LUMINOSO OU POTÊNCIA LUMINOSA É a quantidade total de luz emitida por uma fonte luminosa numa unidade de tempo (t), em todas as direcções, medida logo à saída da fonte. A unidade de medida é o lúmen (lm). O fluxo luminoso é um dado que normalmente é obtido dos fabricantes de lâmpadas e aparelhos de iluminação. ILUMINÂNCIA OU NÍVEL DE ILUMINAÇÃO É uma medida do fluxo emitido numa determinada direcção por unidade de superfície. É medida através de um aparelho chamado luxímetro, o qual é basicamente constituído por uma célula fotoeléctrica, sendo a unidade de medida o lux (lx). Os higienistas do trabalho servem-se deste conceito para adequarem o nível de iluminação com a actividade num determinado espaço, permitindo determinar a concentração de fluxo luminoso pela superfície ou plano de trabalho onde o trabalhador executa as tarefas. O seu valor depende directamente da potência luminosa da fonte de luz mas igualmente da distância e o ângulo que a mesma faz com o plano de trabalho. LUMINÂNCIA OU BRILHO DE UMA SUPERFÍCIE É uma medida do fluxo emitido, transferido ou reflectido pela superfície ou objectos onde este incide, atingindo a visão do trabalhador. A unidade de medida é a candela/m2 e o aparelho de medição é o luminancímetro. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 37 NÍVEIS DE ILUMINAÇÃO Em função do tipo de tarefas a executar pelo trabalhador e do respectivo grau de exigência visual, deverá ser determinado o nível de iluminação (iluminância) mais adequado para o posto/local de trabalho onde esta ocorra. Em suma, o nível de iluminância deverá ser proporcional ao nível de esforço visual requerido ao trabalhador para a execução da tarefa. Não será também de negligenciar o facto de a nossa capacidade (acuidade) visual ser distinta ao longo da nossa vida, sofrendo uma degradação mais acentuada a partir dos 40 anos, quer em termos de visibilidade, quer em termos de leitura. Actualmente não existem limites definidos em termos dos níveis de iluminação recomendados para os locais de trabalho, pelo que se recorre a linhas de orientação internacionais: norma ISO 8995: 2002. Como orientação geral, podemos utilizar o quadro seguinte: Note-se que o incumprimento dos valores recomendados deverá dar origem à tomada de medidas de reforço do nível de iluminação, assim como o excesso poderá favorecer a fadiga visual, sendo igualmente uma situação a corrigir. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 38 CONTRASTES E ENCANDEAMENTO No desempenho das tarefas não só o nível de iluminação (iluminância) deverá ser o mais adequado como o contraste obtido pelo tipo de iluminação deverá ser eficaz ao ponto de permitir distinguir os objectos, mas não fatigar o aparelho ocular. Assim, devemos distinguir o contraste de iluminâncias existentes no campo visual próximo e central do contraste do campo visual periférico e distante. As recomendações são as seguintes: – Todos os objectos do campo de visão deverão possuir diferentes brilhos, permitindo a sua clara identificação; – As superfícies do campo visual central não deverão possuir um contraste superior a 3:1; – O contraste entre o campo visual central e periférico não deve exceder 10:1; – O campo visual central deverá ser mais brilhante do que o campo visual periférico; – Deverá ser evitado o contraste no campo visual inferior ou lateral face ao campo visual superior; – As fontes de luz não devem contrastar com o fundo numa relação superior a 20:1; As fontes de luz não devem incidir num ângulo inferior a 30º medido do nível horizontal da visão do trabalhador. Na prática devem ser evitados: tampos de mesa reflectores, tábuas pretas em paredes brancas, paredes brancas brilhantes com soalhos escuros, elementos de máquinas polidos. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 39 As janelas devem estar equipadas com persianas ajustáveis ou com cortinas translúcidas de modo a evitar um contraste excessivo em dias de sol. Uma correcta distribuição das fontes de luz no interior de um ambiente de trabalho tem igualmente uma importância fundamental na prevenção do encandeamento. Cuidados a ter na colocação de lâmpadas, evitando a colocação abaixo dos 30º do nível horizontal dos olhos. Tipos de Lâmpadas e de Luminárias As luminárias são dispositivos que distribuem, filtram ou transformam a iluminação proveniente de uma ou várias lâmpadas e que incluem os elementos necessários para fixar e proteger essas lâmpadas e para ligá-las a uma fonte de energia. Podem também atender a finalidades decorativas. Quando à forma como a luz é distribuída, as luminárias são classificadas em directas, semi-directas, difusas, semi-indirectas e indirectas. Tipos de Lâmpadas e de Luminárias As luminárias são dispositivos que distribuem, filtram ou transformam a iluminação proveniente de uma ou várias lâmpadas e que incluem os elementos necessários para fixar e proteger essas lâmpadas e para ligá-las a uma fonte de energia. Podem também atender a finalidades decorativas. Quando à forma como a luz é distribuída, as luminárias são classificadas em directas, semi-directas, difusas, semi-indirectas e indirectas. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 40 Exemplos de diferentes tipos de luminárias Lâmpadas de incandescência As lâmpadas de incandescência constituem o tipo de lâmpadas mais antigo. A sua instalação é fácil, o seu custo é relativamente baixo e a restituição de cores dos objectos por elas iluminados é muito boa, principalmente para as de maior comprimento de onda. Apresentam contudo um rendimento luminoso baixo e uma vida relativamente curta (cerca de mil horas, para as lâmpadas normais). Não são porém afectadas, quanto ao tempo de vida, pelo número de vezes que se acendem. Lâmpadas fluorescentes O rendimento luminoso destas lâmpadas é mais elevado do que o das lâmpadas de incandescência, bem como o seu tempo devida (cerca de quinze mil horas). Este é contudo condicionado pelo número de arranques. Outros tipos de lâmpadas Além das lâmpadas incandescentes e das lâmpadas fluorescentes existem outros tipos de lâmpadas entre as quais as de vapor de mercúrio (de alta pressão) e de vapor de sódio (de alta e baixa pressão). O seu rendimento luminoso é também superior ao das lâmpadas incandescentes. Modernamente, surgiram, com elevado sucesso, as lâmpadas de halogéneo, o que em parte se deve às suas qualidades específi cas. Com efeito, estas lâmpadas mantêm o fluxo luminoso praticamente constante ao longo de toda a sua vida. Contudo, emitem uma energia global bastante superior à das lâmpadas de incandescência, apresentando riscos para os olhos e para a pele, devido sobretudo à radiação ultravioleta. É, pois, recomendável não utilizar este tipo de lâmpadas em iluminação directa, salvo quando equipadas com um vidro de protecção Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 41 adequado. Actualmente utilizam-se ainda, sobretudo em grandes superfícies, lâmpadas de vapor de mercúrio com iodetos metálicos, de grande rendimento lumínico. CINTILAÇÃO. EFEITO ESTROBOSCÓPICO Porque operam com corrente alternada, as lâmpadas fluorescentes produzem uma cintilação para a frequência respectiva (50 Hz). Esta cintilação não é geralmente visível para o Homem, mas pode manifestar-se como efeito estroboscópico em partes de máquinas em movimento. Na prática, este efeito poderá originar a sensação de que o movimento dessas partes é mais lento, não existe ou se dá em sentido contrário ao real. Tal efeito, obviamente perigoso, pode ser evitado utilizando dois ou mais tubos fluorescentes desfasados entre si e recorrendo a equipamento apropriado. Quando as lâmpadas envelhecem ou se tornam defeituosas desenvolve-se uma cintilação levemente perceptível, especialmente nas extremidades. Quer a cintilação invisível, quer a cintilação visível são prejudicadas para a vista. Após exposições longas, surgem dores de cabeça, irritação dos olhos e fadiga geral. MANUTENÇÃO DAS INSTALAÇÕES DE ILUMINAÇÃO A manutenção da rede de iluminação deve ser cuidadosamente planeada, por razões de ordem técnica e económica. Um primeiro e importante cuidado a ter é a limpeza periódica das luminárias, a fim de que o rendimento das mesmas não seja afectado pela acumulação das poeiras. Também o estado das paredes e tectos deverá ser regularmente verificado. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 42 Os custos de uma eventual lavagem ou pintura são certamente compensados pelos ganhos na qualidade da iluminação. É igualmente importante a existência de uma boa ventilação. Outro aspecto importante a considerar é o da substituição, em grupo, das lâmpadas fluorescentes. O momento ideal para a substituição global das mesmas ocorre ao atingirem de 60 a 75% da sua vida útil provável. A partir deste valor, a sua fi abilidade decresce rapidamente. Outra vantagem de uma actuação preventiva deste tipo é o melhor aproveitamento da mãode-obra responsável, permitindo ainda a execução da tarefa a uma hora conveniente, fora do horário normal de serviço ou quando de uma paragem da produção. A substituição em grupo comporta, pois, menores custos e beneficia a conservação da própria instalação. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 43 CAPÍTULO IV. RADIAÇÃO INTRODUÇÃO Consoante o resultado da sua interacção com a matéria, as radiações dividem-se em ionizantes e não ionizantes. As radiações do primeiro grupo, que inclui os raios alfa, beta e gama, os raios X, neutrões e protões, têm a capacidade de produzir iões, directa ou indirectamente. Os raios X e gama são radiações electromagnéticas, sendo as restantes radiações corpusculares. Quanto às radiações não ionizantes, que compreendem toda a radiação electromagnética cuja energia por fotão seja inferior a 12 electrões-volt, caracterizam-se por não possuir energia suficiente para ionizar os átomos ou moléculas com os quais interactuam. RADIOACTIVIDADE O átomo é constituído por um núcleo com um número de protões e neutrões. Alguns núcleos são estáveis e outros instáveis; os instáveis recebem o nome de radionucleidos e passam ao seu estado fundamental mediante a emissão de radiação. Tal processo denomina-se radioactividade ou desintegração radioactiva. Designa-se por radioactividade a capacidade de, espontaneamente, um elemento emitir energia, transformando-se noutros elementos que se designam por isótopos. Um isótopo será tanto mais radioactivo, quanto maior seja o número de transformações nucleares espontâneas que se sucedam na unidade de tempo. As formas mais frequentes de desintegração dos radionucleidos são: desintegração α e β e emissão γ. A radioactividade pode ser de origem natural ou artificial. Entre as fontes radioactivas de origem natural contam-se a radiação cósmica e a radiação terrestre. Radiação é o processo de transmissão de energia através do espaço. A transmissão de energia pode fazer-se através de partículas, em que não é necessária a presença de matéria para a sua propagação, e que se designa por radiação corpuscular. As emissões de partículas pelos elementos radioactivos (raios α e os raios β) são exemplos de radiações corpusculares. A energia também se pode transmitir por ondas, como no caso da radiação mecânica e na radiação electromagnética. A radiação mecânica consiste em ondas como as ondas sonoras. Tratando-se da propagação de energia através de um movimento dos átomos, exige a presença de matéria. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 44 A radiação electromagnética é produzida pela oscilação ou aceleração de uma carga eléctrica num campo magnético. A radiação electromagnética tem, portanto, simultaneamente, uma componente eléctrica e uma componente magnética. No caso das radiações electromagnéticas, a propagação da energia é independente da existência ou não de matéria. EFEITOS NO ORGANISMO HUMANO As radiações ionizantes, ao interagir com o organismo, provocam diferentes alterações no mesmo devido à ionização provocada nos elementos constituintes das suas células e tecidos. Esta acção pode ser directa, produzindo-se na própria molécula irradiada, ou indirectamente se é produzida por radicais livres gerados que estendem a acção a outras moléculas. O que sucede normalmente é uma mistura de ambos os processos. O dano produzido pelas radiações ionizantes pode ter um carácter somático (danos no próprio indivíduo), que pode ser imediato ou diferido no tempo, ou também um carácter hereditário (efeitos nas gerações posteriores). Para descrever os efeitos biológicos da radiação ionizante, é importante defi nir previamente algumas grandezas e unidades: Actividade – número de desintegrações espontâneas de uma certa quantidade de material radioactivo. Também pode ser definida como o número de transformações nucleares produzidas no radionucleido por unidade de tempo. A actividade decresce com o tempo a uma velocidade que se expressa mediante o período de semidesintegração ou semi-vida (T) do radionucleido (tempo ao fim do qual a actividade se reduziu a metade). A unidade de actividade do Sistema Internacional é o becquerel (Bq), que corresponde a uma transformação nuclear espontânea por segundo; Dose absorvida – quantidade de energia cedida pelas radiações ionizantes por unidade de massa de substância irradiada, para qualquer tipo de radiação (D); Dose equivalente – quantidade, para qualquer tipo de radiação, que produziria o mesmo efeito que uma unidade de radiação gama ou X. A dose equivalente (H) é o produto da dose absorvida pelo factor de qualidade (Q) da radiação em causa e dos restantes factores modificantes (N), que têm em conta as características da radiação e a distribuição dos radionucleidos; Dose eficaz – é a soma ponderada das doses equivalentes recebidas nos diversos órgãos e tecidos; Incorporação de radionucleidos – quantidade de material radioactivo introduzido no organismo por inalação, ingestão ou através da pele; Radiotoxicidade – é a toxicidade devida às radiações ionizantes emitidas por um radionucleido incorporado e pelos produtos de filiação. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 45 A radiotoxicidade não só depende das características radioactivas do radionucleido, mas também do seu estado físico-químico e igualmente do metabolismo do elemento no organismo ou num determinado órgão ou tecido. H=DxQxN O valor de Q é de 10 para radiações α e 1 para as restantes, enquanto que N considera-se, geralmente, igual a 1. Os efeitos podem ainda classificar-se em estocásticos (probabilísticos) e não estocásticos (ou determinísticos, com relação causa-efeito para uma determinada dose). Os primeiros resultam de modificações induzidas numa ou mais células que são depois transmitidas a outras células, podendo causar doenças graves como a leucemia, o cancro do pulmão, o cancro da pele, etc. A severidade do efeito não depende da dose absorvida, mas a probabilidade da ocorrência do efeito aumenta com o tempo total de exposição à radiação, não sendo possível definir limites mínimos para que se verifiquem efeitos, que frequentemente são apenas observáveis vários anos após a causa. Não é geralmente possível distinguir entre um caso induzido pela radiação e um caso devido a outras causas. Pelo contrário, os efeitos não estocásticos apenas são observados quando a dose excede um certo valor ou limiar. A importância do efeito depende da dose absorvida e o intervalo de tempo entre a exposição e o aparecimento dos sintomas é reduzido. Como exemplos, podem referir-se cataratas, queimaduras cutâneas e infertilidade. Neste contexto, o objectivo primordial da protecção contra a radiação consiste em impedir os efeitos não estocásticos e em limitar ao máximo os estocásticos. Além do tipo de radiação absorvida, as normas de protecção deverão ter em conta qual o tecido biológico exposto. Assim, a exposição de determinados órgãos (gónadas, seios, medula óssea, tiróide) apresenta um grau de risco superior à do resto do corpo. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 46 Limiar da dose e correspondente efeito biológico Os valores apresentados referem-se a irradiações para o corpo inteiro e recebidas num intervalo de tempo relativamente curto. Distribuídas por um período longo de tempo, os efeitos poderão não se manifestar. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 47 A dose equivalente limite anual recomendada para os trabalhadores são de 50 mSv (5 rem), no que se refere a efeitos estocásticos. Para protecção contra efeitos não estocásticos, o limite máximo é de 500 mSv, excepto no caso do globo ocular (150 mSv). Nenhum destes limites deverá ser excedido. Para o público em geral, recomenda-se que não seja excedida a dose de 5 mSv anuais, ou 1/10 dos limites estabelecidos no quadro seguinte. Refira-se que a radioactividade anual média de origem natural é de cerca de 3 mSv. Verifica-se que a exposição em Londres e Nova Iorque à radiação cósmica é de cerca de 1 mSv, em Paris o valor médio é 1,2 mSv e em Kerala (Índia) esse valor atinge os 4 mSv. Estes limites não incluem as doses resultantes do fundo radioactivo natural, nem a exposição sofrida pelos indivíduos que são submetidos a exames e a tratamentos médicos. A protecção usada deverá portanto ter em conta estes limites. Em Angola, o Decreto-Lei nº 9/90, de 19 de Abril define os princípios e as normas porque se devem reger as acções a desenvolver na área de protecção contra radiações ionizantes. Em Novembro de 1990, a Comissão Internacional de Protecção Radiológica (ICRP) recomendou novos valores mais restritivos (ICRP-60) que, no entanto, ainda não foram transpostos para o direito nacional. Em termos de condições de trabalho, distinguem-se também, duas categorias, conforme a exposição possa ou não exceder 30% da dose equivalente limite anual, categoria A ou B respectivamente. De um modo geral, pode-se considerar que a principal componente de exposição humana a radiações é de origem natural (radão e outros elementos emissores de radiações), seguindose a utilização de raios X nas actividades médicas. Angola na zona interior do país devido ao uso de granito na construção de habitações tem elevada percentagem de radão. O radão é um gás radioactivo, cujo isótopo mais frequente é o radão-222, e a sua presença no ambiente está associada, fundamentalmente, a vestígios de rádio-226 presente na constituição dos solos. No ar interior, as principais fontes de radão são os materiais radioactivos, dos quais se salienta o urânio, que estão presentes no solo, rochas e materiais de construção. Este gás apresentando-se em concentrações baixas no exterior, ao infiltrar-se nas casas através das fendas nas fundações e paredes, pode atingir, no seu interior, concentrações significativas. As doses de radiação para a população, resultante da inalação do radão, apresentam em Portugal, valores extremos que se situam entre 0,5 e 20 mSv/ano, sendo o valor médio de 1,2mSv/ano. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 48 Exposições típicas do Homem Relativamente à radioactividade de origem natural, a exposição resultante da concentração de radão no interior de habitações é a única que tem merecido alguma preocupação. Embora não haja legislação nacional sobre a matéria, a Comissão das Comunidades Europeias publicou em 1990 uma recomendação (90/143/EURATOM), indicando como valores-limite para a concentração de radão no interior de habitações, 400 Bq/m3 para casas já existentes e 200 Bq/m3 para casas a construir. Acima dessas concentrações torna-se necessário proceder a acções de mitigação, nomeadamente através de ventilação ou utilização de materiais específicos para cobertura do pavimento ou paredes. Por sua vez, a radioactividade artificial ou produzida pelo homem, deve-se fundamentalmente a fontes médicas, explosões nucleares na atmosfera e à aplicação das radiações na indústria e investigação. Destas três, a que contribui de forma mais significativa para a exposição da população é a aplicação das radiações em medicina, em particular do diagnóstico por raios-X. A dose a que a população mundial se encontra sujeita, por esta via, pode variar entre 0,4 e 1 mSv/ano. MEDIDAS DE PROTECÇÃO FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO Antes do início da sua actividade, os trabalhadores profissionalmente expostos e os estudantes deverão receber uma formação adequada no tema de protecção radiológica e deverão ser informados e instruídos ao nível adequado sobre o risco de exposição a radiações ionizantes no seu posto de trabalho, que incluirá os seguintes aspectos: Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 49 – Riscos das radiações ionizantes e seus efeitos biológicos. – Normas gerais de protecção e precauções a tomar durante o regime normal de trabalho e no caso de acidente. – Normas específicas, meios e métodos de trabalho para sua protecção nas operações a efectuar. – Conhecimento e utilização dos instrumentos de detecção e medida de radiações e dos equipamentos e meios de protecção pessoal. – Necessidade de efectuar exames médicos periódicos. – Actuação no caso de emergência. – Importância do cumprimento das medidas técnicas e médicas. Responsabilidades derivadas do seu posto de trabalho respeitante à protecção radiológica. Delimitação de Zonas Todo o espaço onde se manipulem ou armazenem radionucleidos ou se disponha de geradores de radiações ionizantes deve estar perfeitamente delimitado e sinalizado. A classificação em distintos tipos de zonas efectua-se em função do risco existente na instalação. Zona de livre acesso. É aquela em que é muito improvável receber doses superiores a 1/10 de dos limites anuais de doses. Nela não é necessário tomar medidas de protecção radiológica. Zona vigiada. É aquela em que não é improvável receber doses superiores a 1/10 dos limites anuais de doses, sendo muito improvável receber doses superiores a 3/10 de ditos limites. Sinaliza-se com um trevo de cor cinza-azulado sobre fundo branco. Zona controlada. É aquela em que não é improvável receber doses superiores a 3/10 dos limites anuais de doses. Sinaliza-se com um trevo de cor verde sobre fundo branco. Zona de permanência limitada. É aquela na qual existe o risco de receber uma dose superior aos limites anuais de doses. Sinaliza-se com um trevo de cor amarelo sobre fundo branco. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 50 Zona acesso proibido. É aquela na qual existe o risco de receber numa exposição única de doses superiores aos limites anuais de doses. Sinaliza-se com um trevo de cor vermelho sobre fundo branco. MEDIÇÃO DE DOSES Em toda a instalação radioactiva deve levar-se a cabo um controlo dosimétrico individual e ambiental, em função da classifi cação da zona e do tipo de radiação emitida. Por razões de vigilância e controlo radiológico, os trabalhadores profissionalmente expostos, classificam-se em duas categorias: Categoria A: Pessoas que não são improváveis que recebam doses superiores a 30% de algum dos limites anuais de doses. Categoria B: Pessoas que é muito improvável que recebam doses superiores a 30% de algum dos limites anuais de doses. Nas zonas controladas (trabalhadores profissionalmente expostos de categoria A) é obrigatória a dosimetria individual que meça a dose externa representativa da doses para a totalidade do organismo. Se existe risco de contaminação parcial, deveram-se utilizar dosímetros adequados às partes potencialmente mais afectadas. No caso de existir risco de contaminação interna, os trabalhadores expostos estarão obrigados à realização de medidas ou análises adequadas para avaliar as doses correspondentes. As medidas dosimétricas deverão ter uma periodicidade mensal para a dosimetria externa e a periodicidade que em cada caso se estabeleça para a dosimetria interna quando exista risco de incorporação de radionucleidos. Os trabalhadores profissionalmente expostos da categoria B não estão obrigados ao uso de dosímetros pessoais, sempre e quando se disponha de dosimetria de área ou de zona nos locais de trabalho. O sistema dosimétrico utilizado para a determinação das doses individuais será o adequado para cada tipo de radiação, sendo os mais frequentes o de placa fotográfica, o de termoluminiscência e o de câmara condensadora de leitura directa. Nas zonas vigiadas e controladas dever-se-á efectuar periodicamente uma medição ambiental da radiação que permita indicar a natureza da mesma, a sua quantificação e o nível de doses recebida. Para a medição da radiação ambiental utilizar-se-ão detectores de radiação, sendo os mais frequentes os baseados na ionização de gases. É obrigatório registar todas as doses recebidas durante a vida laboral dos trabalhadores profissionalmente expostos mediante um historial dosimétrico individualizado, que deve estar Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 51 a todo o momento à disposição do trabalhador. Estes historiais devem guardar-se por um período mínimo de 30 anos, contados a partir da data de fim de exposição do trabalhador. Exemplos de dosímetros VIGILÂNCIA MÉDICA Todo o pessoal profissionalmente exposto está obrigado a submeter-se a um exame médico com uma periodicidade anual e disponderá do correspondente protocolo médico individual, que deverá arquivar-se durante pelo menos 30 anos desde a cessação da actividade da exposição do trabalhador na instalação radioactiva. Ao pessoal que se incorpore de novo numa instalação radioactiva deverá efectuar um exame médico exaustivo, que permita conhecer o seu estado de saúde, a sua história laboral e, em defi nitivo, a sua aptidão para o posto de trabalho solicitado. A vigilância médica dos trabalhadores profissionalmente expostos, será realizada por um serviço médico especializado, próprio ou contratado, que deverá estar devidamente autorizado em matéria de sanidade. As normas básicas de protecção contra a radiação externa dependem de três factores: – Limitação do tempo de exposição. A dose recebida é directamente proporcional ao tempo de exposição, pelo que, diminuindo o tempo, diminuirá a dose. Uma boa planificação e um conhecimento adequado das operações a realizar permitirá uma redução do tempo de exposição. – Utilização de monitores ou blindagens de protecção. Para certas fontes radioactivas a utilização de monitores de protecção permite uma redução notável da dose recebida pelo operador. Existem dois tipos de monitores ou blindagens, as denominadas barreiras primárias (atenuam a radiação do primário) e as barreiras secundárias (evitam a radiação difusa). Para a blindagem de raios X e Gama usa-se geralmente o chumbo. Contudo outros materiais podem ser utilizados embora a espessura necessária para se obter a mesma atenuação que com o chumbo seja muito maior. Distância à fonte radioactiva. A dose recebida é inversamente proporcional ao quadrado da distância à fonte radioactiva. Em consequência, se se aumenta ao dobro a distância, a dose Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 52 recebida diminuirá um quarto. É recomendável a utilização de dispositivos ou comandos à distância nos casos em que seja possível. Radiação Não Ionizante. Sob esta designação engloba-se toda a radiação do espectro electromagnético com comprimentos de onda (λ) superiores a cerca de 100 nm (10-7 m). A subdivisão usualmente aceite é a seguinte: As principais fontes de radiação não ionizante são: a) Radiação ultravioleta, visível e infravermelha – radiação solar (responsável pela quase totalidade), aparelhos de soldadura por arco, lâmpadas (incandescentes, fluorescentes e de descarga), lasers; b) Micro-ondas de radiotelecomunicações, aparelhos de fisioterapia, fornos de aquecimento (alimentação, soldadura de plásticos, secagem de papel), fornos de indução, aparelhos de esterilização, etc. Os principais efeitos biológicos nocivos são os seguintes: – Efeitos cancerígenos na pele, resultantes em geral da exposição prolongada à luz solar (melanoma); – Queimaduras cutâneas, de incidência e gravidade variável, conformem a pigmentação da pele (lasers); – Fotossensibilização dos tecidos biológicos; – Inflamação dos tecidos do globo ocular, em particular, da córnea e da conjuntiva (infravermelhos); Efeito indirecto de produção de ozono, a partir do oxigénio do ar. Este gás tóxico é detectável em baixas concentrações, devido ao seu cheiro característico. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 53 As medidas de protecção consistem basicamente em redução do tempo de exposição e na protecção da pele e, em especial, dos olhos (com óculos adequados). Os efeitos biológicos das radiações de grandes comprimentos de onda (incluindo as microondas) têm sido menos estudados que os das outras radiações. São, no entanto, bem conhecidos os efeitos térmicos das microondas, que formam a base de grande parte das suas aplicações. A maior parte dos efeitos nocivos deste tipo de radiações baseiam-se na eficiente absorção pelos tecidos biológicos e consequente elevação de temperatura. Os efeitos não térmicos parecem manifestar-se principalmente, no sistema nervoso central e na função cardiovascular. As normas de segurança existentes nalguns países dão limites para presença humana na proximidade de campos eléctricos e magnéticos fortes, em particular, na vizinhança de linhas de alta tensão. SINALIZAÇÃO RISCOS BIOLÓGICOS Estes tipo de riscos relaciona-se com a presença no ambiente de trabalho de microrganismos como bactérias, vírus, fungos, bacilos, etc., normalmente presentes em alguns ambientes de trabalho, como: ► Hospitais; ► Laboratórios de análises clínicas; ► Recolha de lixo; ► Indústria do couro; ► Tratamento de Efluentes líquidos. Penetrando no organismo do homem por via digestiva, respiratória, olhos e pele, são responsáveis por algumas doenças profissionais, podendo dar origem a doenças menos graves como infecções intestinais ou a simples gripe, ou mais graves como a hepatite, meningite ou Sida. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 54 Como estes microrganismos se adaptam melhor e se reproduzem mais em ambientes sujos, as medidas preventivas a tomar terão de ser relacionadas com: ► A rigorosa higiene de Locais de trabalho; ► A rigorosa higiene de Corpo e das roupas; ► Destruição por processos de elevação da temperatura (esterilização) ou uso de cloro; ► uso de equipamentos individuais para evitar contacto directo com os microrganismos; ► ventilação permanente e adequada; ► controlo médico constante; ► vacinação sempre que possível. A verificação da presença de agentes biológicos em ambientes de trabalho é feita por meio de recolha de amostras de ar e de água, que serão analisadas em laboratórios especializados. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 55 CAPÍTULO V. AGENTES BIOLÓGICOS INTRODUÇÃO A par da contaminação química surge, muitas das vezes, a contaminação biológica, uma vez que a debilidade causada ao sistema imunitário humano pelos agentes químicos favorece a penetração de agentes patogénicos estranhos ao organismo. Poderíamos igualmente associar a natureza do contaminante químico à acção de uma matéria (tóxica, corrosiva, etc.), a natureza do contaminante físico à acção de uma energia (radiação, ruído, vibração, etc.) e a natureza do contaminante biológico à presença de um Ser Vivo, com o qual o Ser Humano interage. CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES BIOLÓGICOS Consideram-se agentes biológicos os microorganismos, incluindo os geneticamente modificados, as culturas de células e os endoparasitas humanos susceptíveis de provocar infecções, alergias ou intoxicações. Nesta definição encontram-se os designados agentes patogéneos, tais como, bactérias, vírus, fungos e parasitas. Em alguns casos a natureza destes agentes biológicos presentes poderá implicar a adopção de medidas de protecção dos trabalhadores. Os efeitos destes agentes biológicos podem ser resumido no quadro seguinte: Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 56 De acordo com as boas práticas, uma vez identificados os agentes biológicos causadores de risco, deve ser evitada a utilização desses agentes, sempre que a natureza do trabalho o permita. Caso não seja praticável, deverá ser diminuída a exposição, garantindo desde logo a monitorização médica do estado de saúde dos trabalhadores. Identificação e avaliação do risco biológico Em relação a qualquer actividade laboral susceptível de apresentar um risco de exposição a agentes biológicos, devem ser determinadas algumas informações, tais como: a natureza (concentração) do contaminante, o grau de perigosidade e o tempo de exposição dos trabalhadores envolvidos, a fim de poderem ser avaliados os riscos para a segurança ou para a saúde dos trabalhadores e estabelecidas as medidas a tomar. A avaliação deverá ser efectuada com base em todas as informações disponíveis, nomeadamente: – a classificação dos agentes biológicos que apresentam ou podem apresentar um perigo para a saúde humana; – as recomendações das autoridades responsáveis que indiquem a conveniência de submeter o agente biológico a medidas de controlo, a fim de proteger a saúde dos trabalhadores que estejam ou possam vir a estar expostos a tais agentes devido ao seu trabalho; – as informações sobre as doenças que podem ser contraídas devido à natureza do trabalho; – os potenciais efeitos alérgicos ou tóxicos resultantes do trabalho; – o conhecimento de uma doença verificada num trabalhador directamente relacionada com o seu trabalho; Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 57 Esta avaliação deve ser regularmente renovada e, em qualquer caso, sempre que se verifique qualquer alteração das condições susceptíveis de afectar a exposição dos trabalhadores aos agentes biológicos. TIPOS DE AGENTES PATOGÉNICOS BACTÉRIAS. As bactérias são seres unicelulares, procariotas (sem um núcleo verdadeiro), visíveis ao microscópio óptico e com muitas espécies patogénicas para o homem. Provocam doenças como a cólera, a difteria e a tuberculose. VÍRUS. Os vírus são agentes não visíveis ao microscópio óptico, filtráveis. São visíveis ao microscópio electrónico e são obrigatoriamente intercelulares, isto é só se multiplicam e desenvolvem no interior de células vivas. Não são seres unicelulares. São partículas com várias formas geométricas características, constituídas por um ácido nucleico e proteínas. As doenças provocadas por vírus denominam-se viroses. FUNGOS. São seres vivos, uni ou pluricelular, eucariotas, que podem provocar doença no homem. As doenças provocadas por fungos denominam-se micoses. Modo de acção dos microrganismos patogénicos O modo de acção destes diferentes microrganismos patogénicos pode ser: – Por invasão directa, com todas as complicações provocadas pela sua presença; – Por produção de enzimas e de toxinas, que são difundidas no organismo humano; Transmissão das Doenças Infecciosas As doenças infecciosas transmitem-se através de uma cadeia – cadeia epidemiológica. Agente causal ou invasor – agente biológico causador de doença (bactéria, vírus, fungos, etc); Reservatório – local onde o agente vive e se multiplica e do qual depende para a sua subsistência (homem, animal, planta, solo, etc.); Porta de saída e porta de entrada – local de saída e entrada, respectivamente, do agente biológico-orifícios naturais (boca, nariz, anus, pele etc.); Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 58 Via de transmissão – meio de transporte utilizado pelo agente para alcançar o hospedeiroáguas, alimentos, insectos, homem (fezes, urina, gotículas de saliva); Hospedeiro susceptível – pessoa ou animal que permite a subsistência do agente podendo ou não, contrair doença. CONDIÇÕES DE CONTAMINAÇÃO As circunstâncias de exposição a um ou vários agentes perigosos para a saúde, depende de circunstâncias várias, como sejam o desconhecimento ou ignorância, o descuido ou incúria, deficientes condições de trabalho ou equipamento não apropriado. No meio laboral na recolha, transporte e tratamento a exposição a agentes biológicos perigosos não será de certo voluntária mas poderá haver alguma dose de desconhecimento ou descuido na aplicação de uma protecção eficiente contra as substâncias que prejudicam a saúde. É pois desejável que na actividade de recolha, transporte e tratamento de agentes biológicos o trabalhador se proteja recorrendo a algumas medidas de protecção e prevenção, que de resto a entidade empregadora tem obrigação de assegurar. MEDIDAS DE PREVENÇÃO Com base neste conhecimento, podemos estabelecer medidas de prevenção, as quais passam fundamentalmente por medidas de higiene pessoal, medidas de protecção individual e vigilância médica da saúde dos trabalhadores (por exemplo – vacinação): – Impedir que o trabalhador fume, coma ou beba nas zonas de trabalho com risco de contaminação por agentes biológicos; – Fornecer ao trabalhador vestuário de protecção adequado; – Assegurar que todos os equipamentos de protecção são guardados em local apropriado, verificados e limpos, se possível antes e, obrigatoriamente, após cada utilização, bem como reparados ou substituídos se tiverem defeitos ou estiverem danificados; Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 59 – Definir processos para a recolha, manipulação e tratamento de amostras de origem humana ou animal; – Pôr à disposição dos trabalhadores instalações sanitárias e de vestiário adequadas para a sua higiene pessoal; – Assegurar a existência de colírios e anti-sépticos cutâneos em locais apropriados, quando se justificarem; Antes de abandonar o local de trabalho, o trabalhador deve retirar o vestuário de trabalho e os equipamentos de protecção individual que possam estar contaminados por agentes biológicos e guardá-los em locais separados, previstos para o efeito. Deve ser assegurada a descontaminação, a limpeza e, se necessário, a destruição do vestuário e dos equipamentos de protecção individual referidos anteriormente. A regra básica de prevenção de riscos biológicos passa pela substituição de agentes biológicos perigosos por outros que, em função das condições de utilização e no estado actual dos conhecimentos, não sejam perigosos ou causem menos perigos para a segurança ou saúde dos trabalhadores. Quando isto não é possível podem, para além das já descritas, ser adoptadas as seguintes medidas: – Limitação ao mínimo do número de trabalhadores expostos ou com possibilidade de o serem; – Modificação dos processos de trabalho e das medidas técnicas de controlo para evitar ou minimizar a disseminação dos agentes biológicos no local de trabalho; – Aplicação de medidas de protecção colectiva e individual, se a exposição não poder ser evitada por outros meios; – Aplicação de medidas de higiene compatíveis com os objectivos da prevenção ou redução da transferência ou disseminação acidental de um agente biológico para fora do local de trabalho; Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 60 – Utilização do sinal indicativo de perigo biológico e de outra sinalização apropriada, de acordo com a sinalização de segurança em vigor; – Elaboração de planos de acção emcasos de acidentes que envolvam agentes biológicos; – Verificação da presença de agentes biológicos utilizados no trabalho fora do confinamento físico primário, sempre que for necessário e tecnicamente possível; – Utilização de meios de recolha, armazenagem e evacuação dos resíduos, após tratamento adequado, incluindo o uso de recipientes seguros e identifi cáveis sempre que necessário; – Utilização de processos de trabalhos que permitam manipular e transportar, sem risco, os agentes biológicos. O confinamento físico dos agentes biológicos é outro dos objectivos a alcançar quando se trata de prevenção e protecção dos riscos biológicos, em especial dos agentes dos grupos 3 e 4. Sempre que se esteja perante um risco biológico identificado como tal, deverá ser afixado o símbolo correspondente. RISCOS ERGONÓMICOS Verifica-se que algumas vezes que os postos de trabalho não estão bem adaptados ás características do operador, quer quanto à posição da máquina com que trabalha, quer no espaço disponível ou na posição das ferramentas e materiais que utiliza nas suas funções. Para estudar as implicações destes problemas existe uma ciência que avalia as condições de trabalho do operador, quanto ao esforço que o mesmo realiza para executar as suas tarefas. ERGONOMIA é a ciência que procura alcançar o ajustamento mútuo ideal entre o homem e o seu ambiente de trabalho. Segundo um conceito Ergonómico A execução de tarefas deve Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 61 ser feita com o mínimo de consumo energético de modo a sobrar "atenção" para o controlo das tarefas e dos produtos , assim como para a protecção do próprio trabalhador. Um dos aspectos mais curiosos da Ergonomia está relacionado com a indústria automóvel em que muitas vezes o dimensionamento do habitáculo do condutor, varia consoante o país onde o veículo é comercializado. Entretanto, se não existir esse ajuste, teremos a presença de agentes ergonómicos que causam doenças e lesões no trabalhador. Exemplo: Guilhotina manual que serve para cortar chapas de aço. A haste de movimentação da guilhotina, que tem contacto com as mãos do trabalhador, deve ter uma forma adequada, de modo a permitir que todos os dedos nela se apoiem, conforme mostra a ilustração abaixo. Dessa forma é respeitada a anatomia das mãos, proporcionando conforto ao trabalhador. Os agentes ergonómicos presentes nos ambientes de trabalho estão relacionados com: ► exigência de esforço físico intenso; ► levantamento e transporte manual de pesos; ► postura inadequada no exercício das actividades; ► exigências rigorosas de produtividade; ► períodos de trabalho prolongadas ou em turnos; ► actividades monótonas ou repetitivas. Movimentos repetitivos dos dedos, das mãos, dos pés, da cabeça e do tronco produzem monotonia muscular e levam ao desenvolvimento de doenças inflamatórias, curáveis em estágios iniciais, mas complicadas quando não tratadas a tempo, chamadas genericamente de lesões por esforços repetitivos. As doenças que se enquadram nesse grupo caracterizam-se por causar fadiga muscular, que gera fortes dores e dificuldade de movimentar os músculos atingidos. Há registros de que essas doenças já atacavam os escribas e notários, há séculos. Hoje afectam diversas categorias de profissionais como funcionários bancários, metalúrgicos, costureiras, pianistas, telefonistas, operadores informáticos, empacotadores, enfim, todos os profissionais que realizam movimentos automáticos e repetitivos. Contra os males provocados pelos agentes ergonómicos, a melhor arma, como sempre, é a prevenção, o que pode ser conseguido a partir de: ► Rotação do Pessoal; ► Intervalos mais frequentes; ► Exercícios compensatórios frequentes para trabalhos repetitivos; ► Exames médicos periódicos; ► Evitar esforços superiores a 25 kg para homens e 12 kg para mulheres; ► Postura correcta sentado, em pé, ou carregando e levantando pesos. Outros factores de risco ergonómico podem ser encontrados em circunstâncias aparentemente impensáveis, como: ► falhas de projecto de máquinas; ► equipamentos, Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 62 ferramentas, veículos e prédios; ► deficiências de layout; ► iluminação excessiva ou deficiente; ► uso inadequado de cores. A ergonomia é assim uma forma de adaptar o meio envolvente ás dimensões e capacidades humanas onde máquinas, dispositivos, utensílios e o ambiente físico sejam utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia. A análise e intervenção ergonómica traduz-se em: ► Melhores condições de trabalho; ► Menores riscos de incidente e acidente; ► Menores custos humanos; ► Formação com o objectivo de prevenir; ► Maior produtividade; ► Optimizar o sistema homem / máquina. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 63 CAPÍTULO VI. AGENTES QUÍMICOS INTRODUÇÃO Diz-se que o ar está poluído ou contaminado quando contém substâncias estranhas à sua composição normal, ou mesmo quando normal no aspecto qualitativo mas possuindo alterações quantitativas, pela presença de uma ou várias substâncias componentes em concentrações superiores às normais. A composição volumétrica do ar puro é a seguinte: – Azoto (78,1%); – Oxigénio (20,9%); – Árgon (0,9%); – Dióxido de carbono (0,03%); – Hidrogénio (0,01%); – Gases raros, excepto árgon (vestígios). O vapor de água é também um constituinte do ar, sendo variável a sua proporção. A atmosfera dos aglomerados urbanos contém outras substâncias susceptíveis de modificar, mais ou menos profundamente as suas propriedades. A poluição pode, igualmente, resultar de uma alteração quantitativa na composição do ar. Os agentes químicos podem existir em suspensão na atmosfera no estado sólido, líquido ou gasoso. ESTADO SÓLIDO Poeiras – suspensão no ar de partículas esferoidais de pequeno tamanho, formadas pelo manuseamento de certos materiais e por processos mecânicos de desintegração. Segundo o tipo de lesão podem ser classificadas como inertes, fibrogénicas, alergizantes/irritantes e tóxicas. Fibras – partículas aciculares provenientes de uma desagregação mecânica e cujo comprimento excede em mais de 3 vezes o seu diâmetro. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 64 Fumos – suspensão no ar de partículas esféricas procedentes de uma combustão incompleta (smoke) ou resultante da sublimação de vapores, geralmente depois da volatilização a altas temperaturas de metais fundidos (fumes). Apesar desta diferenciação, é frequente dar o nome genérico de pó a todas as partículas sólidas em suspensão. Dentro deste contexto e tendo em conta o extraordinário papel que o diâmetro da partícula tem no risco higiénico de inalação, convém distinguir os seguintes riscos: Pó total – todas as partículas sólidas presentes no ambiente, num dado momento, independentemente do tamanho das partículas; Pó respirável – fracção de pó total cujas partículas têm um diâmetro equivalente não superior a 7 mícron (fracção pneumoconiótica do pó total). ESTADO LÍQUIDO Aerossóis (mist) – suspensão no ar de gotículas cujo tamanho não é visível à vista desarmada e provenientes da dispersão mecânica de líquidos. Neblinas (fog) – suspensão no ar de gotículas líquidas visíveis e produzidas por condensação de vapor. ESTADO GASOSO Gases – estado físico normal de certas substâncias a 25ºC e 760 mm Hg de pressão (105 Pa absolutos). Vapores – fase gasosa de substâncias que nas condições padrão (25ºC, 760 mm Hg) se encontram no estado sólido ou no estado líquido. Podem ter uma acção irritante, asfixiante, narcótica e tóxica. Conceito de Dose e Valores-Limite de Exposição (VLE) Quando um indivíduo está sujeito a alguma substância, verifica-se uma resposta biológica à mesma. Demonstra-se também que nem todos os indivíduos reagem de igual modo, devido a Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 65 variados factores. Assim, num ambiente em que todos os trabalhadores estão expostos a um nível constante e apreciável de um contaminante comum, podem observar-se diferentes níveis de resposta biológica. A duração da exposição e a concentração do contaminante são as duas variáveis sobre as quais o profissional de saúde pode exercer um elevado grau de controlo e constituem os elementos-chave da prevenção, servindo para a fixação dos valores-limite. A dose ou quantidade de contaminante susceptível de causar dano é independente dos factores intrínsecos, sendo expressa pela seguinte relação: D = T x C em que: – T é o tempo ou duração de exposição (expresso em anos); – C é a concentração média ponderada do contaminante (expressa em mg/m3 e referida geralmente a um turno de oito horas de trabalho). A dose (D) exprime-se, neste caso, em mg/m3 × ano. Assim, por exemplo, um trabalhador que está submetido a uma exposição média de 10 mg/m3, por um período de 5 anos, acumulou uma dose de 50 mg/m3 × anos. Os valores-limite de exposição (VLE) dizem respeito às concentrações no ar das várias substâncias e representam condições para as quais se admite quase todos os trabalhadores poderem estar expostos, dia após dia, sem efeitos adversos. Contudo, em virtude da grande amplitude de susceptibilidade individual, é possível que uma pequena percentagem de trabalhadores experimente desconforto para certas substâncias a concentrações iguais ou inferiores ao valor-limite. Uma percentagem ainda mais pequena pode ser afectada mais seriamente pelo agravamento de uma condição preexistente ou pelo desenvolvimento de uma doença ocupacional. Estas hipersensibilidades podem ser detectadas por testes, abrangendo um elevado número de substâncias. Apesar de não se crer que a exposição ao nível admissível cause dano significativo, a melhor actuação consiste em manter as concentrações de todos os contaminantes químicos mais baixas do que forem praticáveis. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 66 Os valores-limite de exposição devem ser usados como um guia de controlo de risco para a saúde, mas não devem ser utilizados como uma linha divisória entre concentrações seguras e perigosas. A legislação portuguesa remete para a norma NP 1796 a indicação dos VLE da grande maioria dos produtos químicos. Existem duas categorias de valores-limite: – Média ponderada (MP). Concentração média durante um dia de trabalho de 8 horas ou 40 horas semanais, ponderada em função do tempo de exposição, que nunca deve ser excedida. – Concentração máxima (CM). Valor de concentração que nunca deverá ser excedido, mesmo instantaneamente. Para as substâncias cujo valor-limite é expresso por uma média diária ponderada, as flutuações de concentração acima da média não devem exceder 3 vezes o VLE-MP em mais de 30 min, no total, por dia de trabalho e em caso algum devem exceder 5 vezes o VLE-MP. Pressupõe-se, obviamente, que o VLE-MP para o dia de trabalho não é ultrapassado. Índices Biológicos de Exposição (BEI). Os Índices Biológicos de Exposição (BEI) representam as quantidades limites de substâncias (ou seus metabolitos) a que o trabalhador pode estar exposto sem perigo para a sua saúde e bem-estar determinadas nos tecidos e fluidos biológicos (sangue, urina) ou no ar expirado. Os BEI constituem um novo meio de caracterizar a exposição a substâncias perigosas e devem ser considerados como um indicador complementar dos níveis admissíveis de concentração. Apresentam as seguintes vantagens: – Tem em conta todas as vias de entrada do contaminante no organismo; – Não é necessário atender aos tempos de exposição; – É mais fácil caracterizar o antagonismo, potenciação, sinergismo, etc., de um contaminante e relação a outro, já que se pode medir o efeito ou o metabolismo; – São tidos em consideração os hábitos individuais dos trabalhadores; Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 67 – São consideradas eventuais exposições fora do horário normal de trabalho; O metabolismo, a alimentação do trabalhador, os hábitos tabágicos, etc., são igualmente considerados. Substâncias Perigosas. São classificadas como perigosas as substâncias ou preparações que podem ser consideradas como: – Explosivas, sempre que podem explodir sob o efeito de uma chama ou que são mais sensíveis aos choques e às fricções que o dinitrobenzeno. São igualmente as substâncias e preparações sólidas, líquidas, pastosas ou gelatinosas que podem reagir exotermicamente e com rápida libertação de gases, mesmo sem a intervenção do oxigénio do ar e em determinadas condições deflagram ou explodem em caso de confinamento parcial; – Comburentes, quando em contacto com outras, nomeadamente as inflamáveis, apresentam uma reacção fortemente exotérmica; Inflamáveis, facilmente inflamáveis e extremamente inflamáveis, sempre que, no estado líquido, apresentam respectivamente as seguintes características: – Um ponto de inflamação incluído entre igual ou superior a 21º C e igual ou inferior a 55º C; – Um ponto de inflamação inferior a 21º C ou substâncias e preparações que em contacto com a água ou com ar húmido, libertem gases extremamente inflamáveis em quantidades perigosas (no mínimo 1 litro/Kg/h) ou substâncias e preparações que possam aquecer e finalmente inflamar-se em contacto com o ar à temperatura ambiente, sem qualquer fornecimento de energia; – Um ponto de inflamação inferior a 0º C e um ponto de ebulição inferior ou igual a 35º C; Tóxicos ou muito tóxicos, quando por inalação, ingestão ou por via cutânea, podem ocasionar respectivamente riscos graves ou extremamente graves, agudos ou crónicos, ou mesmo a morte; Nocivas, sempre que por inalação, ingestão ou por via cutânea, podem ocasionar efeitos de Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 68 gravidade limitada; Corrosivas, quando em contacto com os tecidos vivos, podem exercer sobre eles uma acção destrutiva; Irritantes, sempre que por contacto, imediato, prolongado ou repetido, com a pele ou mucosas, podem provocar uma reacção inflamatória; Perigosas para o ambiente, quando a sua utilização representa ou pode representar riscos imediatos ou diferidos para o ambiente; Carcinogénicas, sempre que por inalação, ingestão ou por via cutânea, podem originar o cancro ou aumentar a sua frequência; Teratogénicas, quando por inalação, ingestão ou por via cutânea, podem produzir ou induzir desvios funcionais ou anomalias não hereditárias no desenvolvimento de embriões animais ou fetos; Mutagénicas, sempre que por inalação, ingestão ou por via cutânea, podem induzir a alterações no material genético, quer nos tecidos somáticos, quer nos tecidos germinais. Neste contexto convém salientar que a regulamentação portuguesa considera também os produtos, preparações ou misturas aquecidas susceptíveis de provocar queimaduras, como substâncias perigosas. Para os devidos efeitos apresenta-se a seguir os símbolos e indicações de perigos, normalizados que devem constar na rotulagem. Substância Nociva Substância Substância Perigosa (Xn) ou Irritante (Xi) Comburente (O) para o Ambiente (N) Substância Tóxica (T) ou muito tóxica (T+) Substância Explosiva (E) Substância Facilmente Inflamável (F)ou Extremamente Inflamável (F+) Substância Corrosiva (C) Assim, torna-se imperativo, antes de utilizar qualquer produto, ler com atenção as informações contidas no rótulo, e tomar todas as providências destinadas a evitar um acidente. De acordo com o regulamento de transporte de mercadorias perigosas, os fabricantes de substâncias perigosas devem disponibilizar fichas técnicas que permitem alertar os transportadores e utilizadores, sobre os perigos e riscos, e simultaneamente definir as medidas Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 69 de prevenção e protecção aplicáveis a uma situação potencialmente perigosa, nomeadamente, fuga, derrame, incêndio e explosão. Para o efeito, as referidas Fichas de Dados de Segurança do Produto (FDSP), deverão compilar todas as informações úteis relativas ao produto, nomeadamente: – Identificação do produto e fornecedor; – Informação sobre componentes; – Identificação dos perigos; – Medidas de primeiros socorros; – Medidas de combate a incêndio; – Medida a tomar em caso de fuga acidental; – Manuseamento e armazenagem; – Controlo da exposição e protecção individual; – Propriedades físicas e químicas; – Estabilidade e reactividade; – Informação toxicológica; – Informação ecológica; – Informações relativas à eliminação; – Informações referentes ao transporte; – Informação sobre regulamentação. Outras informações. Porém, em determinadas circunstâncias, a necessidade de uma informação mais expedita e disponível do que um eventual arquivamento das referidas FDSP em locais afastados (p.e. escritórios) ou de acesso restrito (p.e. laboratórios) em relação aos locais do sinistro (derrame, incêndio, acidente de trabalho, outros) torna necessário disponibilizar facilmente a informação importante. Deste modo, e cumprindo o preceito legal de informar e disponibilizar a informação aos trabalhadores em situação normal e de emergência, têm surgido em vários contextos de trabalho as designadas Fichas de Dados de Segurança Resumidas (FDSR), as quais, como o nome indica, contêm um resumo dos 16 itens previstos nas FDSP, nomeadamente: – Identificação do produto; – Identificação dos riscos e prudências; – Medidas de primeiros socorros; – Medidas de combate a incêndio; – Medida a tomar em caso de fuga acidental; – Manuseamento e armazenagem; – Controlo da exposição e protecção individual; – Informação ecológica; – Informações relativas à eliminação. Outras informações. Em anexo apresenta-se um exemplar de FDSR contendo os campos apresentados, resultando no cumprimento do requisito legal de informação e disponibilização da informação aos trabalhadores expostos. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 70 Assim, torna-se imperativo, antes de armazenar ou utilizar qualquer produto químico, obter a respectiva ficha técnica, ler com atenção as informações nela contidas, e todas as medidas de segurança destinadas a reduzir a ocorrência de um acidente ou pelo menos minimizar as suas consequências. Medidas Preventivas Por via a controlar os riscos de intoxicações em consequência da exposição dos trabalhadores aos produtos químicos, enquanto agentes contaminantes dos locais de trabalho, deve-se: – Actuar ao nível da concepção e métodos de funcionamento das instalações; – Modificar e corrigir o processo produtivo, impedindo a formação do contaminante, nomeadamente trabalhando em meios isolados; – Substituir uma substância tóxica por outra menos tóxica; – Automatizar o processo para evitar a manipulação directa do contaminante; – Introduzir ventilação geral e/ou extracção localizada adequadas; – Alterar a organização do trabalho, diminuindo o tempo de exposição aos contaminantes químicos, e reduzir a um mínimo absolutamente necessário o número de trabalhadores expostos; – Introduzir equipamentos e sistemas de trabalho que, em caso de fugas, permitam detectálas rapidamente e circunscrever a área contaminada; – Armazenar os produtos tóxicos em locais bem ventilados; – Proibir comer, beber e fumar em zonas contaminadas; – Usar equipamento de protecção individual, até que os riscos sejam eliminados ou reduzidos a níveis considerados inofensivos para a saúde dos trabalhadores, ou ainda como complemento da protecção colectiva. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 71 CONCLUSÕES RISCOS QUÍMICOS Certas substâncias químicas, utilizadas nos processos de produção industrial, são lançadas no ambiente de trabalho através de processos de pulverização, fragmentação ou emanações gasosas. Essas substâncias podem apresentar-se nos estados sólido, líquido e gasoso. No estado sólido, temos poeiras de origem animal, mineral e vegetal, como a poeira mineral de sílica encontrada nas areias para moldes de fundição. No estado gasoso, como exemplo, temos o GLP (gás liquefeito de petróleo), usado como combustível, ou gases libertados nas queimas ou nos processos de transformação das matérias primas. Quanto aos agentes líquidos, eles apresentam-se sob a forma de solventes, tintas, vernizes ou esmaltes. Esses agentes químicos ficam em suspensão no ar e podem penetrar no organismo do trabalhador por: Via respiratória: essa é a principal porta de entrada dos agentes químicos, porque respiramos continuadamente, e tudo o que está no ar acaba por passar nos pulmões. Via digestiva: se o trabalhador comer ou beber algo com as mãos sujas, ou que ficaram muito tempo expostas a produtos químicos, parte das substâncias químicas serão ingeridas com o alimento, atingindo o estômago e podendo provocar sérios riscos à saúde. Epiderme: essa via de penetração é a mais difícil, mas se o trabalhador estiver desprotegido e tiver contacto com substâncias químicas, havendo deposição no corpo, serão absorvidas pela pele. Via ocular: alguns produtos químicos que permanecem no ar causam irritação nos olhos e conjuntivite, o que mostra que a penetração dos agentes químicos pode ocorrer também pela vista. Falso remédio! Quando se respira um ar com produtos químicos, eles são arrastados para os pulmões. Quando se bebe um copo de leite, ele vai para o estômago. Daí a pergunta: o que o leite tem a ver como desintoxicante pulmonar por substâncias nocivas? Resposta: Nada! O leite pode ser considerado alimento, nunca um preventivo de intoxicação. Sua utilização é até prejudicial, uma vez que acreditando no seu valor, as medidas de higiene industrial e os cuidados higiénicos ficam em segundo plano. As medidas ou avaliações dos agentes químicos em suspensão no ar são obtidas por meio de aparelhos especiais que medem a concentração, ou seja, percentagem existente em relação ao ar atmosférico. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 72 Os limites máximos de concentração de cada um dos produtos diferem de acordo com o seu grau de perigo para a saúde . Valores Limite de Exposição. Na legislação ambiental Portuguesa constam os Valores Limite de Exposição de diferentes substâncias (NP – 1796). Os Valores Limite de Exposição não são mais do que concentrações no ar dos locais de trabalho de diferentes substâncias. Abaixo destes valores a exposição contínua do trabalhador não representa risco para este. Pode ser determinada uma “concentração média” no tempo inerente a um turno de trabalho de 8 horas. Concentração Limite é um valor que nunca deve ser ultrapassado mesmo que a “concentração média” esteja abaixo do Valor Limite. As substâncias químicas quando absorvidas pelo organismo em quantidades suficientes, podem provocar lesões no mesmo. Assim surge a definição de dose: Quantidade de substância absorvida pelo organismo. Os efeitos no organismo, vão pois depender da dose absorvida e da quantidade de tempo de exposição a essa dose. Assim, os graus de Intoxicação com produtos Químicos podem ser classificadas em: ► Intoxicação Aguda, corresponde a uma absorção rápida num curto período de tempo (geralmente ocorrem em situações de acidente). ► Intoxicação Crónica, absorção de pequenas doses em certos períodos de tempo (ocorrem no local de trabalho, num turno ou em parte dele). EFEITOS DOS POLUENTES QUÍMICOS – Sensibilizantes: produtos que levam a reacções alérgicas. Manifestam-se por afecções da pele ou respiratórias. (Isocianatos usados por exemplo no fabrico de espumas); – Irritantes: produtos que levam a inflamações no tecido onde actuam. Também nesta situação os produtos inaláveis são os que levantam mais preocupação (ácido clorídrico, óxidos de azoto); – Anestésicos ou narcóticos: produtos que actuam sobre o sistema nervoso central, tais como os solventes usados na indústria das colas ou tintas (toluol, acetato butilo, hexano, etc...); – Asfixiantes: produtos que dificultam o transporte de oxigénio a nível sanguíneo. (Monóxido de Carbono); – Cancerígenos: substâncias que podem provocar o cancro; Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 73 – Corrosivas: substâncias que actuam quimicamente sobre os tecidos quando em contacto com estes. – Pneumoconióticas: apresentam-se sob a forma de poeiras ou fumo. São exemplo destas substâncias a sílica livre cristalina comum em minas (provoca a silicose a nível pulmonar). POLUENTES SÓLIDOS Poeiras – Partículas esferoidais de pequeno tamanho que se encontram em suspensão no ar. As mais perigosas são as de quartzo, (originam a silicose); Fibras – Partículas não esféricas, geralmente o seu comprimento excede em 3 vezes o seu diâmetro. Fumos – partículas esféricas em suspensão, geralmente têm origem em combustões. Aerossol – suspensão em meio gasoso de partículas esféricas e líquidas, em conjunto ou não. A sua velocidade de queda é desprezável (< 0,25 m/s). Os poluentes químicos são uma presença constante nos processos produtivos. Com o fim de proteger o trabalhador os Valores Limite de Exposição, referenciados na legislação devem ser cumpridos. Deve ser feita igualmente a identificação dos contaminantes para de seguida se efectuar a respectiva medição da sua concentração. Mediante os valores obtidos há que tomar medidas, devendo-se recorrer a equipamento de protecção pessoal sempre que possível, bem como a alterações no processo produtivo que permitam a redução dos emissões de poluentes. Estas alterações podem ser ao nível do equipamento ou de matérias-primas. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 74 NORMA REGULAMENTADORA - NR 25 Resíduos Industriais Resíduos gasosos. Os resíduos gasosos deverão ser eliminados dos locais de trabalho através de métodos, equipamentos ou medidas adequadas, sendo proibido o lançamento ou a liberação nos ambientes de trabalho de quaisquer contaminantes gasosos sob a forma de matéria ou energia, direta ou indiretamente, de forma a serem ultrapassados os limites de tolerância estabelecidos pela Norma Regulamentadora – NR 15. As medidas, métodos, equipamentos ou dispositivos de controle do lançamento ou liberação dos contaminantes gasosos deverão ser submetidos ao exame e à aprovação dos órgãos competentes do Ministério do Trabalho, que, a seu critério exclusivo, tomará e analisará amostras do ar dos locais de trabalho para fins de atendimento a estas Normas. Resíduos gasosos são comuns na natureza – eles são fruto da eliminação de materiais e elementos químicos naturalmente por plantas, animais e toda e qualquer espécie de matéria sobre a terra. Os resíduos gasosos resultam das reações de fermentação aeróbia (desenvolvidos na superfície) e anaeróbia (nas camadas mais profundas); a fermentação anaeróbia dá origem a CO2 e a CH4 (metano), o qual pode ser aproveitado para a produção de biogás. Resíduos Gasosos Industriais. No entanto, quando esses resíduos são frutos de indústrias, tudo fica muito mais difícil de ser controlado e manejado: afinal de contas, eles também são uma forma de poluição. Os métodos e procedimentos de análise dos contaminantes gasosos estão fixados na Norma Regulamentadora. Na eventualidade de utilização de métodos de controle que retirem os contaminantes gasosos dos ambientes de trabalho e os lancem na atmosfera externa, ficam as emissões resultantes sujeitas às legislações competentes nos níveis federal, estadual e municipal. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 75 Resíduos líquidos e sólidos Os resíduos líquidos e sólidos produzidos por processos e operações industriais deverão ser convenientemente tratados e/ou dispostos e/ou retirados dos limites da indústria, de forma a evitar riscos à saúde e à segurança dos trabalhadores. O lançamento ou disposição dos resíduos sólidos e líquidos de que trata esta norma nos recursos naturais, – água e solo; – sujeitar-se-á às legislações pertinentes nos níveis federal, estadual e municipal. Os resíduos sólidos e líquidos de alta toxicidade, periculosidade, os de alto risco biológico e os resíduos radioativos deverão ser dispostos com o conhecimento e a aquiescência e auxílio de entidades especializadas/públicas ou vinculadas e no campo de sua competência. Tratamento de Resíduos Sólidos. Algumas formas de tratamento são: Resíduo sólido ou simplesmente “lixo” é todo material sólido ou semi-sólido indesejável, que deve ser removido, por ter sido considerado inútil pela pessoa que o descarta em qualquer tipo de recipiente. Tipos de resíduos sólidos Os resíduos podem ser classificados como “molhado” (orgânico) ou “seco” (material reciclável). O lixo seco é composto por alguns tipos de papel, plásticos, vidros e latas. Podem-se classificar também os resíduos quanto a sua origem: Lixo domiciliar e comercial – proveniente das residências e dos estabelecimentos comerciais. É composto principalmente por restos de alimento, produtos deteriorados, papéis em geral, embalagens e outros materiais como pilhas e lâmpadas. Lixo público – produtos oriundos da varrição das ruas, praias, restos de feiras livres e podas de árvores, entre outros. Lixo de serviços de saúde – resíduos de hospitais, clínicas médicas e laboratórios. Lixo industrial – resíduos provenientes de indústrias. Os produtos variam de acordo com a atividade desenvolvida. Lixo agricola – proveniente das actividades agropecuárias. Os resíduos são embalagens de agrotóxicos, rações, adubo, fertilizantes, restos da colheita e dejectos de animais. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 76 Entulhos – restos da construção civil, reformas e demolição. Problemas causados pelo lixo sem tratamento adequado Caso o lixo não seja submetido a um tratamento adequado, acarretará danos ao meio ambiente e, conseqüentemente, ao ser humano: – Poluição do solo, ar e água; – Entupimento das redes de drenagem; – Enchentes; – Degradação ambiental; – Depreciação imobiliária; – Proliferação de vetores transmissores de doenças. Compostagem: trata-se de uma forma de aproveitar o lixo “molhado” (orgânico), transformando-o em adubo para o solo. Pode ser feita nas residências ou em unidades de tratamento biológico. Aterro sanitário: – método pelo qual os resíduos são aterrados em um terreno especialmente preparado para esse fim. O solo deve ser protegido por uma manta isolante; dutos captadores de gases e um sistema de captação do chorume (líquido que sai do lixo) devem ser instalados. As camadas de lixo devem ser compactadas e cobertas com terra. O acesso ao local é restrito às pessoas autorizadas. Não é tão eficiente quanto o aterro sanitário, no entanto, é melhor que a utilização dos antigos lixões. Nesse caso, é feita apenas a cobertura do lixo com terra e proibida a entrada de pessoas não autorizadas. Essa prática não é considerada adequada para o tratamento. É o método pelo qual o lixo é queimado. Deve ser realizado sob análise e cuidados criteriosos. Trata-se de uma forma eficiente de reutilizar aqueles resíduos que podem ser reciclados, reduzindo a quantidade de lixo depositado no meio ambiente e a exploração dos recursos naturais necessários à sua confecção. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 77 Os resíduos líquidos, também chamados lexiviados, variam de local para local e dependem de: – Teor em água dos resíduos; – Isolamento dos sistemas de drenagem; – Clima (temperatura, pluviosidade, evaporação); – Permeabilidade do substrato geológico; – Grau de compactaçãodos resíduos; – Idade dos resíduos. Os lexiviados têm elevada concentração de matéria orgânica, de azoto e de materiais tóxicos, pelo que deve ser feita a sua recolha e tratamento, de modo a impedir a sua infiltração no solo. Resíduos Tóxicos. São considerados resíduos tóxicos as pilhas não-alcalinas, baterias, tintas e solventes, remédios vencidos, lâmpadas fluorescentes, insecticidas, embalagens de agrotóxicos e produtos químicos, as substâncias não biodegradáveis estão presentes nos plásticos, produtos de limpeza, em pesticidas e produtos eletroeletrônicos, e na radioatividade desprendida pelo urânio e outros metais atômicos, como o césio, utilizados em usinas, armas nucleares e equipamentos médicos. O cádmio, níquel, mercúrio e chumbo são os principais contaminantes. A separação adequada desses materiais é muito importante para evitar a contaminação do solo e dos lençóis freáticos. Resíduos Hospitalares. Introdução. Os Resíduos Sólidos Hospitalares ou como é mais comumente denominado "lixo hospitalarou resíduo séptico", sempre constituiu-se um problema bastante sério para os Administradores Hospitalares. A actividade hospitalar é por si só uma fantástica geradora de resíduos, inerente a diversidade de atividades que desenvolvem-se dentro destas empresas. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 78 Contaminação O maior problema é o chamado “lixo infectante - classe A”, que representa um grande risco de contaminação, além de poluir o meio ambiente. A maior parte dos estabelecimentos não faz a separação deste material, que acaba indo para os aterros junto com o lixo normal ou para a fossa. Outro problema é o chamado “lixo perigoso - clase B”, cuja destinação final, atualmente, fica sob responsabilidade dos hospitais. Já o "lixo classe C" dos hospitais – também devidamente separado - fica sujeito ao mesmo sistema de recolhimento do restante da cidade, indo parte para reciclagem e parte para a colecta normal, que inclui apenas o material orgânico destinado ao aterro sanitário o restante sendo incinerado. Lixos Infectantes Resíduos do grupo A (apresentam risco devido à presença de agentes biológicos): - Sangue hemoderivados; - Excreções, secreções e líquidos orgânicos; - Tecidos, órgãos, fetos e peças anatômicas; - Filtros de gases aspirados de áreas contaminadas; - Resíduos alimentares de área de isolamento; - Resíduos de laboratório de análises clínicas; - Resíduos de unidade de atendimento ambiental; - Resíduos de sanitário de unidades de internação. Especiais Radioativos: compostos por materiais diversos, expostos à radiação; resíduos farmacêuticos, como medicamentos vencidos e contaminados; e resíduos químicos perigosos (tóxicos, corrosivos, inflamáveis, mercúrio). Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 79 Classes dos Resíduos Classe 1 - Resíduos Perigosos: são aqueles que apresentam riscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Classe 2 - Resíduos Não-inertes: são os resíduos que não apresentam periculosidade, porém não são inertes; podem ter propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. São basicamente os resíduos com as características do lixo doméstico. Classe 3 - Resíduos Inertes: são aqueles que, ao serem submetidos aos testes de solubilização (NBR-10.007 da ABNT), não têm nenhum de seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. Isto significa que a água permanecerá potável quando em contato com o resíduo. Muitos destes resíduos são recicláveis. Estes resíduos não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo (se degradam muito lentamente). Estão nesta classificação, por exemplo, os entulhos de demolição, pedras e areias retirados de escavações. Transporte de Produtos Perigosos e Fito-sanitários Sistema de tratamento de resíduos; Resíduos hospitalares, perfurocortantes e farmacêuticos; Resíduo já “blendado” que consiste na mistura de resíduos; Vista externa do forno de cimenteira onde o resíduo após ser “blendado” é co-processado; Aterro classe I que recebe os resíduos perigosos após serem incinerados; Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 80 TRATAMENTO DE ESGOTO A colecta e o tratamento de esgotos contribuem significativamente para a melhoria da qualidade de vida. Óleos lubrificantes e graxas, não só prejudicam a vida de nossos rios e lagos como dificultam os esforços em despoluí-los. As estações de tratamento de esgotos da Caesb trabalham comum processo biológico bastante sensível aos óleos. Sua empresa pode estar dificultando o tratamento se estiver lançando tais elementos na rede colectora. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 81 Por que são necessários esses dispositivos? Empresas trabalham direta ou indiretamente com óleos e graxas, esses elementos podem agredir ao Meio Ambiente, de diversas forma: – A lavagem de veículos sempre resulta em um despejo que contém quantidades razoáveis de óleos e graxas. Esse despejo chega através de canaletas que estão ligadas às caixas de inspeção, que por sua vez, estão conectadas aos coletores de esgotos, podendo causar a obstrução das redes e danos aos equipamentos e instalações das Estações de Tratamento de Esgotos; – Nas trocas de óleo, sempre ocorrem respingos fora do recipiente de óleo usado. Com o tempo, o chão e as paredes das valas ficam encrustados de óleo e graxa. Durante a lavagem da vala, o óleo acaba chegando até a rede de esgoto; Os serviços de oficina mecânica sempre resultam em grandes quantidades de óleos e graxas no chão e nas ferramentas utilizadas. Isto significa que a limpeza da oficina e, do ferramental produz um despejo repleto de óleo, que chega até a rede de esgotos. Por isso, deve-se instalar três tipos de dispositivos para reter o material prejudicial ao sistema de esgotos: Caixa separadora de óleo Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 82 LEGISLAÇÃO a) Decreto N.o 96.044 de 18 de Maio 1988 - Aprova o Regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos e dá outras providências, estabelece os deveres, proibições, responsabilidades, infrações e multas nesta atividade. b) Resolução N° 420 de 12 de Fevereiro 2004 da ANTT, suplemento publicado na íntegra no Diário Oficial da União em 31 de Maio de 2004 e alterado pela Resolução N° 701 de 25 de Agosto de 2004, publicado no Diário Oficial da União em 31 de Agosto de 2004 pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) - Aprova as Instruções Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos Perigosos, que prevê os critérios de classificação dos produtos perigosos, os números convencionados pela Organização das Nações Unidas - ONU e demais informações de transporte referente aos produtos, especificações de embalagens, bem como as quantidades limitadas para o transporte, conforme as recomendações da ONU. d) Normas Técnicas (ABNT) NBR 7500 - Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos NBR 7501 - Transporte de Produtos Perigosos – Terminologia. NBR 7503 - Fichas de Emergência e Envelope para Transporte Terrestre de Produtos Perigosos, Características, Dimensões e Preenchimento. NBR 9735 - Conjunto de Equipamentos para Emergência no Transporte Terrestre de Produtos Perigosos. NBR 14619 - Incompatibilidade Química. e) Leis de Crimes Ambientais (Lei 9.605 de 13/02/98) - Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. Classificação e identificação de produtos perigosos. Os produtos perigosos para transporte são classificados por classe e subclasse de risco da seguinte maneira: Classes de Risco: Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 83 CLASSE SUBSTÂNCIAS OU ARTIGOS 1. Explosivos – RDX, TNT, HBX, TETRIL, Polvora Negra etc. 2. Gases inflamáveis, Gases não-inflamáveis e não-tóxicos e Gases tóxicos ex. acetileno, amônia, GLP, monóxido de Carbono, propano, hidrogênio etc. 3. Líquidos inflamáveis 4. Sólidos inflamáveis, Substâncias auto-reagentes e Explosivos sólidos: fósforo, potássio, sódio, hidrato de sódio, pó de zinco, hidrato de zircônio, etc. 5. Substâncias oxidontes e Peróxidos orgânicos. Exemplos: bromatos, cloretos, componentes de fibra de vidro, nitrato, percloratos, permanganatos, peróxidos, etc. 6. Substâncias tóxicas e Substâncias infectantes ex. nicotina, cineto, acido, inceticidas, pesticidas, ...., residuos de serviço de saúde. 7. Material radioativo. 8. Substâncias corrosivas – ácidos sulfurico, cloridrico, nitrico, hidróxido de sódio, potássio.. 9. Substâncias e artigos perigosos diversos. Classe Produto. Substâncias tóxicas (venenosas) e infectantes. Subclasse Descrição. Substâncias tóxicas (Venenosas). Substâncias Infectantes. Número de Risco: Algarismo significados, o: 2. Desprendimento de gás devido o pressão ou o reação química, 3. Inflamabilidade de líquidos (vapores) e gases ou líquido sujeito o auto-aquecimento, 4. Inflamabilidade de sólidos ou sólido sujeito o auto-aquecimento, 5. Efeito oxidante (intensifica o fogo), 6. Toxicidade ou risco de infecção, 7. Radioatividade, 8. Corrosividade, 9. Risco de violenta reação espontânea. X. A substância reage perigosamente com água (utilizado como prefixo do código numérico). Conforme Resolução N° 420/04 ANTT, item 3.2.3.1, página 31 do Suplemento N° 103 de 31/05/04. Rótulo de Risco. Os rótulos de risco aplicáveis aos veículos transportadores devem ter o tamanho padrão, no limite de corte da moldurà, de 300 mm x 300 mm, com uma linha na Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 84 mesma cor do símbolo a 12,5 mm da borda e paralela a todo seu perímetro. Para utilitários o tamanho do rótulo de risco é 250 mm x 250 mm. O Ambiente: No Séc. XX a temperatura da terra aumentou mais ou menos de 0,6ºC a 2ºC as nações unidas prevêem um aumento entre 1,4ºC e 5,8ºC até 2100. Uma grande parte das 50 a 90% das espécies vivas do planeta que existem nas florestas será extinta a meio deste século. Porquê? ► A Poluição é uma das explicações para a ocorrência da maioria dos problemas que enfrentamos...; ► Entende-se por poluição toda a alteração que ocorre no meio natural e lhe modifica a composição, chegando a ser prejudicial ao homem. Tipos de poluição: ► Sonora; ► Visual; ► Da água; ► Do ar; ... . Causas: 1) Causas naturais – Provocadas por fenómenos naturais (sismos, vulcões, tempestades…); 2) Causas humanas – Decorrentes da acção humana. Causas Humanas: ► Aumento da população e dos aglomerados humanos; ► Utilização de resíduos fósseis poluentes; ► Estilo de vida, sociedade de consumo e bemestar; ► Crescimento económico alheio à protecção do ambiente; ► Resíduos industriais, urbanos, hospitalares, tóxicos e radioactivos; ► Comportamentos sociais e individuais inadequados para a defesa do meio ambiente; ► Meios de transportes poluentes; ► Utilização de produtos quimicos; ► Sobreexploração de matériasprimas, na terra e no mar; ► Catástrofes ambientais provocadas pelo ser humano; ► Conflitos militares e nucleares. Consequências: ► A perda de biodiversidade: ► Desflorestação; ► Poluição dos ecossistemas aquático e terrestre; ► Destruição dos habitats, o tráfico ilegal de espécies vivas; ► Caça furtiva e contrabando; Desertificação: ► Desflorestação; Sobrepastorícia; Agricultura; Recolha de Lenha; Indústria. ► Aumento do efeito de estufa: – Aquecimento global da terra, enfraquecimento da camada de ozono, chuva ácida, clima urbano, doenças… E o que fazer? A doptar medidas e comportamentos simples que poderão fazer toda a diferença para a qualidade de vida das próximas gerações! Segundo a O.M.S: ► A verificação de condições de higiene e segurança consiste “num bem estar físico, mental e social e não somente a ausência de enfermidade”. Higiene do trabalho: ► Propõe-se combater as doenças profissionais, identificando os factores que podem afectar o ambiente do trabalho e o trabalhador; ► Eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de trabalho que podem afectar a saúde, segurança e bem estar do trabalhador). Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 85 Segurança do trabalho: ► A segurança do trabalho propõe-se: combater os acidentes de trabalho, eliminando as condições inseguras do ambiente; educando os trabalhadores a utilizarem medidas preventivas. Importância ► Além disso, as condições de segurança, higiene e saúde no trabalho contribuem: ► Aumento da segurança (estudo, avaliação e controlo dos riscos de operação); ► Aumento da higiene (identificar e controlar as condições de trabalho que possam prejudicar a saúde do trabalhador); ► Prevenir a doença profissional (doença em que o trabalho é determinante para o seu aparecimento). Legislação: ► O Código do Trabalho (aprovado pela Lei 07/2009, de 12 de Fevereiro), nos artigos 281º, 282º e 283º, obriga as entidades empregadoras a organizar as actividades de HSST, as quais constituem, ao nível da empresa, um elemento determinante na prevenção de riscos profissionais e de promoção e vigilância da saúde dos trabalhadores. Trabalhador: ► Pessoa singular que, mediante retribuição, se obriga a prestar serviço a um empregador, incluindo a Administração Pública, os institutos públicos e demais pessoas colectivas de direito público. O principiante, o estagiário e o aprendiz e os que estejam na dependência económica do empregador em razão dos meios de trabalho e do resultado da sua actividade, embora não titulares de uma relação jurídica de emprego, pública ou privada. Representante dos Trabalhadores: ► Pessoa eleita nos termos definidos na lei para exercer funções de representação dos trabalhadores nos domínios da segurança, higiene e saúde no trabalho. Empregador ou Entidade Empregadora: ► Pessoa singular ou colectiva com um ou mais trabalhadores ao seu serviço e responsável pela empresa ou pelo estabelecimento. Local de Trabalho: ► Todo o lugar em que o trabalhador se encontra, ou donde ou para onde deve dirigir-se em virtude do seu trabalho, e em que esteja, directa ou indirectamente, sujeito ao controlo do empregador. Componentes Materiais do Trabalho: ► Os locais de trabalho; ► O ambiente de trabalho; ► As ferramentas; ► As máquinas e materiais; ► As substâncias e agentes químicos, físicos e biológicos; ► Os processos de trabalho e a organização do trabalho. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 86 Obrigações Gerais do Empregador O princípio geral que preside ao tema da formação é o de que todos os trabalhadores têm direito à prestação de trabalho em condições de segurança, higiene e de protecção da saúde. ► Sempre que cabe ao empregador uma obrigação, cabe aos trabalhadores um direito (e vice versa) em matéria de higiene, segurança e saúde “o empregador é obrigado a assegurar aos trabalhadores condições de segurança, higiene e saúde em todos os aspectos relacionados com o trabalho”. ► O empregador é obrigado tacitamente a estabelecer uma política de prevenção na empresa devidamente programada e planificada, dotada de meios permitindo aos trabalhadores dispor de instruções sobre as situações em que devam cessar a sua actividade em caso de perigo grave e eminente; ► Independentemente da sua dimensão, qualquer empresa deve ter uma estrutura interna que assegure: ► as actividades de primeiros socorros, ! de combate a incêndios ! e de evacuação de trabalhadores em situações de perigo grave e iminente, devendo ser designados os trabalhadores responsáveis por essas actividades (artigo 220º da Lei 35/2004). Serviços Externos Quando o empregador não reúna as competências internas necessárias para a garantia da prevenção de riscos profissionais e promoção da vigilância da saúde dos trabalhadores, e desde que não esteja legalmente obrigado a organizar serviços internos, pode contratar outras entidades para a prestação de serviços externos de Segurança, Higiene e/ou Saúde no Trabalho. ► A utilização de serviços externos não isenta o empregador das responsabilidades que lhe são atribuídas pela legislação em matéria de SHST. ► Adoptando esta modalidade, o empregador deve designar, em cada estabelecimento, um trabalhador com formação adequada que o represente para acompanhar e coadjuvar na adequada execução das actividades de prevenção. Para tais efeitos, o empregador tem que ter em conta os seguintes princípios de prevenção: ► Identificar os riscos aquando da concepção das instalações, dos locais de trabalho e processos de trabalho: combatê-los; anulá-los ou limitá-los. ► Princípios de Prevenção Avaliar os riscos integrando-os no conjunto das actividades e adoptar medidas de prevenção; ► Assegurar que as exposições aos agentes químicos, físicos e biológicos não constituem um risco para a saúde dos trabalhadores; ► Planificar a prevenção; ► Organizar os meios para aplicação das medidas de prevenção tendo em consideração a evolução da ► Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 87 técnica; ► Dar prioridade à prevenção colectiva em detrimento da protecção individual; Organizar o trabalho, eliminar os efeitos do trabalho monótono e o trabalho cadenciado; ► Estabelecer as medidas que devem ser adoptadas em matéria de: ► primeiros socorros, combate a incêndios e evacuação dos trabalhadores; ► identificação dos responsáveis pela sua aplicação; ► Assegurar a vigilância da saúde; ► Limitar o acesso a zonas de risco grave, apenas permitindo o acesso a trabalhadores com aptidão e formação adequada; ► Cooperarem entre si quando várias entidades desenvolvam simultaneamente actividades no mesmo local. Informação e Consulta dos Trabalhadores No que respeita à informação ela terá de ser sempre actualizada e respeitante aos seguintes temas: ►Descrição dos riscos inerentes ao tipo de trabalho e à empresa ou serviço; ► Medidas de protecção e prevenção, e forma como se aplicam; ► Medidas e instruções a adoptar em caso de perigo grave e eminente; ► Medidas de primeiros socorros, de combate a incêndios e de evacuação dos trabalhadores. ► Esta informação deve ser proporcionada nos casos de: □ admissão na empresa; □ mudança de posto de trabalho ou de funções; □ introdução de novos equipamentos, ou alteração das existentes; □ adopção de uma nova tecnologia e; □ em actividades que envolvam trabalhadores de várias empresas. A consulta aos trabalhadores: ► Os trabalhadores podem apresentar propostas no sentido de minimizar qualquer risco profissional, sendo-lhes facultado o acesso à informação técnica e aos dados médicos colectivos, bem como às informações de outros organismos competentes. Formação dos Trabalhadores em HSST: □ Devem receber formação adequada e suficiente consoante as funções e o posto de trabalho; □ Deve ser assegurada formação permanente aqueles cuja função é a organização das actividades de Segurança e Saúde no Trabalho; Obrigações Gerais Do Trabalhador ○ Cumprir as prescrições de HSST e as instruções do empregador sobre esta matéria; ○ Zelar pela sua segurança e saúde e de outras pessoas que possam ser afectadas pelas suas acções ou omissões no trabalho; ○ Cumprir os procedimentos de trabalho estabelecidos; ○ Cooperar para a melhoria do sistema de HSST; ○ Comunicar imediatamente avarias e deficiências por si detectadas que se lhe afiguram susceptíveis de originarem perigo grave e iminente, ○ assim como qualquer defeito verificado Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 88 nos sistemas de protecção; ○ Em caso de perigo grave e iminente adoptar as medidas e instruções estabelecidas para tal situação; ○ Prestar informações, no momento da admissão, que permitam avaliar a sua aptidão física e psíquica; ○ Tomar conhecimento da informação e participar na formação sobre segurança e saúde do trabalho; ○ Comparecer aos exames de saúde; ○ Realizar os testes que visem garantir a segurança e a saúde no trabalho; ○ Os trabalhadores só serão prejudicados se agirem com dolo ou negligência grave. Utilizar correctamente e segundo as instruções transmitidas pelo empregador: ► máquinas; ► aparelhos; ► instrumentos; ► substancias perigosas; ► equipamentos de protecção colectiva e individual. Direitos do Trabalhador: ► Fazer propostas relativas à Saúde e Segurança do Trabalho; Apelar às autoridades competentes, nomeadamente à IGT- Inspecção Geral do Trabalho; Cessar o trabalho em caso de perigo grave e iminente que não possa ser evitado; ► ► Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 89 Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 90 PRESSÕES ANORMAIS ►No desenvolvimento de sua actividades, os trabalhadores são influenciados pela pressão atmosférica em seu ambiente de trabalho. Em grande parte das atividades a pressão de trabalho é a atmosférica ou próxima dela pois em Angola não temos muitos locais de altitudes elevadas, no entanto algumas actividades expõe os trabalhadores a pressões acima da normal em trabalhos de mergulho e em tubulões pressurizados. ►Efeitos da pressão atmosférica no organismo. ► Como o corpo é constituído de muitas cavidades pneumáticas e o sangue é uma solução que se presta para o transporte de gases, sofre muito com as variações de pressão, que alteram o volume dos gases, bem como a solubilidade dos gases no sangue. Essas alterações são regidas pelas leis dos gases. LEI DE BOYLE ►A uma temperatura constante, o volume de um gás é inversamente proporcional à sua pressão. LEI DE DALTON ► A pressão total de uma mistura gasosa é igual à soma das pressões parciais dos componentes. _Pt = Pa + Pb + … + Pn LEI DE HENRY ► A quantidade de um gás que se dissolve em um líquido, a uma determinada temperatura, é proporcional à pressão parcial do gás. Conceito de pressão parcial ► É a pressão de um gás, a qual ele exerceria se ocupasse sozinho o volume total da mistura. ► Com o aumento da pressão do ar, aumenta também a solubilidade dos gases no sangue, fazendo com que mais nitrogênio e oxigênio se dissolvam no sangue, alterando o equilíbrio dessa solução. Com a diminuição da pressão diminui também a solubilidade dos gases no sangue. No caso dessas variações, o sangue atinge o seu equilíbrio em poucos minutos, no entanto o tecido adiposo pode levar horas para liberar o nitrogênio dissolvido. Daí a necessidade de se aumentar ou diminuir a pressão vagarosamente e em estágios que são função da pressão e do período que o trabalhador ficou nessa pressão. ► Dessas variações de pressão resulta em alguns tipos de doenças: BAROTRAUMA ► É um acidente que decorre da incapacidade de se equilibrar a pressão no interior das cavidades pneumáticas do organismo com a pressão ambiente em variação. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 91 PROFUNDIDADE (metros) 0 10 30 >30 VOLUME PULMONAR (litros) 6 3 1,5 Barotrauma Pulmonar Embolia traumática pelo ar ► No caso de um mergulhador ter que subir rápidamente em uma situação de emergência, tendo respirado ar comprimido no fundo, o ar retido nos pulmões aumenta de volume, podendo romper os alvéolos, provocando a penetração do ar na corrente sanguínea. Esse acidente não ocorre no mergulho livre(em apnéia). Compressão ► No caso da Compressão, diversos riscos atinge os trabalhadores como: - irritação dos pulmões quando a pressão atinge o nível de cinco atmosferas; narcose pelo nitrogênio com início em 4 atmosferas e até produzir perda da consciência a 10 atmosferas. - Embriaguês das profundidades – é provocada pela impregnação difusa do sistema nervoso central por elementos de uma mistura gasosa respirada além de uma certa profundidade, com manifestação psíquicas, sensitivas e motoras. - A 30 metros de profundidade começam a aparecer os sinais de embriaguês, a 60 metros, com ar comprimido as tarefas são prejudicadas por esse problema. A 90 metros, poucas pessoas conseguem executar as tarefas programadas. - Existe uma proporcionalidade entre a profundidade e a intensidade dos sintomas, justificando a chamada “Lei Martini” a cada 100 pés de profundidade, correspondem aos efeitos de uma dose de Martini. DESCOMPRESSÃO: ► Na descompressão diversos problemas podem ocorrer como: - Ruptura dos alvéolos pela expansão brusca do ar nos pulmões. - Com a descompressão muito rápida, a quantidade de nitrogênio liberada do sangue pode se dar numa velocidade maior que a capacidade do sangue de transportá-la para os pulmões, podendo ocorrer fortes dores em várias partes do corpo. - Dores abdominais ocorrem pela expansão dos gases nos intestinos; dores de dente provocada pela expansão dos gases presos entre o dente e uma obturação; Inconsciência, tonturas e paralisia no caso de atingir o sistema nervoso central. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 92 MEDIDAS DE CONTROLE O anexo 6 da NR-15 da portaria 3214 do Ministério do Trabalho estabelece critérios para o planejamento das compressões e descompressões, o limite superior de pressão que é de 3,4 kg/cm2 e o período máximo de trabalho para cada faixa de pressão conforme a tabela: PRESSÃO DE TRABALHO (kg/cm2) 0 a 1,0 1,1 a 2,5 2,6 a 3,4 PERÍODO MÁXIMO (horas) 8 6 4 1)COMPRESSÃO. No caso da compressão deve-se elevar a pressão de 0,3 kgf/cm2 no primeiro minuto, fazendo-se a seguir a observação dos sintomas e efeitos nos trabalhadores. A partir daí, com uma taxa de no máximo 0,7 kgf/cm2 por minuto aumenta-se a pressão até o valor de trabalho. No caso de algum problema em qualquer etapa da compressão, ela deve imediatamente interrompida. 2) DESCOMPRESSÃO. No caso da descompressão, além da pressão de trabalho é necessário também o tempo de permanência nessa pressão. Na descompressão a pressão será reduzida a uma taxa não superior a 0,4 kgf/cm2 por minuto até o primeiro estágio, definido na tabela a ser utilizada. A seguir se mantém a pressão por um tempo de parada indicado na tabela. 3) CÂMARA DE COMPRESSÃO. Deve-se controlar a temperatura e o nível dos contaminantes, que sob pressões maiores são mais fácilmente absorvidos pelo organismo. O anexo 6 estabelece alguns limites de concentração conforme a tabela: CONTAMINANTE Monóxido de Carbono Dióxido de Carbono Óleo/Material Particulado Metano Oxigênio LIMITE DE TOLERÂNCIA 20 ppm/v 2500 ppm/v 5 mg/m3 (PT < 2 kgf/cm2) 3 mg/m3 (PT > 2 kgf/cm2) 10% do LIE mais de 20% O controle da temperatura deve ser feito através de um sistema de refrigeração do ar e durante a permanência dos trabalhadores no interior do tubulão, e o limite de tolerância é Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 93 dado pelo TGU (Temperatura de Globo HÚmido) de 27 graus centígrados, medidos através do termômetro de Globo HÚmido (Botsball). A taxa de ventilação deve ser de pelo menos de 30 pés cúbicos/minuto/homem. No caso de pressões elevadas recomenda-se substituir a mistura Oxigênio/Nitrogênio por mistura Oxigênio/Hélio, pois o Hélio não apresenta os inconvenientes dos efeitos anestésicos do Nitrogênio. EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO Um trabalhador vai realizar um trabalho em um tubulão a uma pressão de 2,0 kg/cm2 durante duas horas. Determinar os procedimentos para a etapa de compressão e de descompressão. 1) ETAPA DE COMPRESSÃO Iniciamos a compressão do tubulão de forma que em um minuto tenhamos 0,3 kgf/cm2. Após atingir esse valor, mantemos a pressão por um certo tempo para fazer uma avaliação das condições do trabalhador. Se ele não apresentar nenhum sintoma nem queixa, continuamos a compressão a uma velocidade não superior a 0,7 kgf/cm2 até atingirmos a pressão de trabalho (2,0 kgf/cm2). Após duas horas de trabalho, iniciaremos os procedimentos para a etapa da descompressão. DESCOMPRESSÃO Selecionamos a tabela de descompressão para o período de 1: 30 e 2,0 horas e para a pressão de trabalho de 2,0 kg/cm2 a tabela indica um procedimento de descompressão em tres estágios TABELA DE DESCOMPRESSÃO(1) Pressão de Trabalho *** (kgf/cm2) Tempo de descompressão (min) ** ESTÁGIO DE DESCOMPRESSÃO (kgf/cm2) * 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 2,0 a 2,2 0,6 0,4 0,2 5 25 40 70 2,2 a 2,4 5 10 30 40 85 2,4 a 2,6 5 20 35 40 100 2,6 a 2,8 5 10 25 35 40 115 2,8 a 3,0 5 15 30 35 45 130 3,0 a 3,2 5 10 20 30 35 45 145 3,2 a 3,4 5 15 25 30 35 45 155 Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 94 * A descompressão deverá ser ** Não está incluído o *** Para os valores limites de NOTAS feita à velocidade não superior tempo entre estágios descompressão use o maior a 0,4 kgf/cm2 valor No primeiro estágio a pressão deve baixar de 2,0kg/cm2 até 0,6 kgf/cm2 a uma velocidade de 0,4 kgf/cm2, em um tempo de 3 minutos e 30 segundos. A seguir mantemos essa pressão (0,6kgf/cm2) por cinco minutos. Após esse tempo de parada, reduzimos a pressão de 0,6 para 0,4kgf/cm2, portanto num tempo de 30 segundos e nesse segundo estágio, mantemos a pressão por 25 minutos. Para se atingir o terceiro estágio, baixamos a pressão até 0,2 kgf/cm2 em um tempo de 30 segundos e mantemos a pressão por 40 minutos. Cumprido o último estágio serão necessários mais 30 segundos para se atingir a pressão atmosférica normal.. O tempo total de descompressão foi de 75 minutos. Esse trabalhador deverá ficar na empresa pelo menos por mais duas horas após o término da tarefa, para observações e acompanhamento de seu estado físico. TUBULÃO PRESSURIZADO Trabalho sob ar comprimido em tubulões pneumáticos e túneis pressurizados. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 95 MEDIDAS DE CONTROLE: 1) Relativas ao ambiente 1) Ventilação contínua de, no mínimo, 30 pés3/min/homem; 2) TGU 27ºC 3) Sistema de telefonia ou similar para comunicação com o exterior; 4) A qualidade do ar deverá ser mantida dentro dos padrões de pureza. 5) Pressão máxima = 3,4 kgf/cm2 (Excepto emergência e tratamento médico). 2) Relativas ao pessoal: 1) Uma compressão a cada 24 horas; 2) 18 anos idade 45 anos; 3) Exame médico obrigatório, pré-admissional e periódico; 4) Uso obrigatório de plaqueta de identificação; 5) Inspeção médica antes da jornada de trabalho; 6) Proíbido o trabalho para alcoolizados, ingestão de bebidas. Alcoólicas e fumo nos ambientes de trabalho; 7) Deve haver instalações para assistência médica, recuperação, alimentação e higiene; 8) Cada trabalhador deve possuir atestado de aptidão ao trabalho, válido por 6 meses; 9) Após descompressão o trabalhador deve permanecer, no mínimo, 2 horas no canteiro de obras sob observação médica; 10) Folha de registro de compressão e descompressão. Medicina hiperbárica e oxigenioterapia hiperbárica (O2HB) A Medicina Hiperbárica é uma especialidade médica que se dedica ao estudo, à prevenção e ao tratamento das doenças e lesões decorrentes do mergulho e do trabalho em ambientes pressurizados (como na construção de túneis e pontes em áreas alagadas). Sua origem remonta à 1841 na França, quando Triger, um engenheiro de mineração francês fez a primeira descrição dos sintomas de doença descompressiva em operários de uma mina Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 96 de carvão. Em 1854, os médicos franceses Pol e Watelle observaram que a recompressão aliviava os sintomas da doença descompressiva. A Oxigenioterapia Hiperbárica (O2HB) é uma modalidade de tratamento médico, do âmbito da Medicina Hiperbárica, na qual o paciente ventila ("respira") oxigênio puro (à 100%) à uma pressão ambiente maior que a pressão atmosférica normal, para a supressão ou controle de condições patológicas específicas. Este procedimento é realizado em um equipamento especial chamado câmara hiperbárica. O uso terapêutico do oxigênio hiperbárico teve início em 1937 quando Behnke e Shaw o utilizaram para tratamento de doenças descompressivas. Em 1955 surgiram dois trabalhos pioneiros que se tornaram referências clássicas da oxigenioterapia hiperbárica: ► High-Pressure Oxygen and Radiotherapy, publicado no The Lancet por I. ChurchillDavidson e; ► Life without Blood, publicado no J.Cardiovasc.Surg. pelo cirurgião cardiovascular holandês Ite Boerema, considerado o "pai" da Medicina Hiperbárica moderna. Desde então, a O2HB vem sendo utilizada, seja como tratamento principal, seja como terapêutica coadjuvante, em várias patologias refratárias às abordagens convencionais. Correlação entre a altitude, a pressão atmosférica e a pressão parcial do oxigênio Altitude (m) 0(nível do mar) 1.000 2.000 3.000 4.000 9.000 Pressão Atmosférica (mmHg) 760 674 596 526 462 231 P02 (mmHg) 159,2 141,2 124,9 96,9 96,9 48,4 Efeitos da altitude no organismo: 1) A curto prazo: a) Hiperventilação (taquipnéia) estimulada pela baixa PO2 que diminui o % de saturação da hemoglobina; b) Maior eliminação de CO2 que baixa a PCO2 e aumenta o pH provocando a alcalose respiratória; c) Tonturas, vertigens e enjoo. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 97 2) A médio prazo: a) Excreção de HCO3- pela urina para baixar o pH até o normal; b) Perda de H2O que provoca desidratação e diminui o volume plasmático; c) Hemoconcentração aproximação das hemácias para facilitar o transporte de O2 por um processo difusional. 3) A longo prazo: Secreção de eritropoietina pelo rim estimulando a medula óssea a fazer eritropoiese (reposição dos eritrócitos); a) Aumento de volume sanguíneo - recuperação da capacidade de transporte de O2 com o sangue com mais hemácias que o normal à nível do mar. A aclimatização de dá em duas semanas para uma altitude de até 2.100 metros e a cada 600 metros a mais, aumenta mais uma semana. Após a aclimatização há um aumento do volume sanguíneo e do número de hemácias aumentando a capacidade de transporte de O2. Entretanto, a massa muscular e o peso corporal diminuem devido à desidratação e supressão do apetite que provocam o catabolismo proteico. Pela menor oferta de oxigênio, diminui também a capacidade oxidativa. Bibliografia http://paginas.fe.up.pt/~jotace/legislacao/legislação.htm; Lei Nº 12.305, de 2 de Agosto de 2010; Instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos; http://www.techdiving.com.br/biblioteca/artigos/mergulho_altitude.htm http://www.pdic.com.br/iniciofaq.asp http://jerriribeiro.vilabol.uol.com.br/jraltitude.html http://www.techdiving.com.br/biblioteca/artigos/mergulho_altitude_97.htm Outros. Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia da Universidade Agostinho Neto Prof. Doutor Eng. Joaquim A. G. Hamuyela, Ph.D.; Prof. Doutora Eng. Tatiana Olegovna, Ph.D. 98