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Equações Diferenciais Aplicadas - Djairo Guedes de Figueiredo & Aloisio Freiria Neves

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INSTITUTONACIONALDE MATEMÁTICA
PURAE APLICADA
Equações Diferenciais
Aplicadas
Djairo Guedesde Figueiredo
UNIVERSITÁRIA
MATEMÁTICA
COLEÇÃO
Aloisio Freiria Neves
Figueiredo,DjairoGuedesde
Neves,Aloisio Freiria
EquaçõesDiferenciaisAplicadas.Rio deJaneiro,
Instituto
deMatemática
PuraeAplicada,
CNPq,1997.
301pp. (ColeçãoMatemáticaUniversitária)
Bibliografia.
1,Equações
Diferenciais.
2.AnáliseMatemática.
1.Título. II. Série.
CDD-515-3
eBook processadocom ScanTailor:
htips://github.com/4lex4/scantailor-advanced
COLEÇÃO
MATEMÁTICA
UNIVERSITÁRIA
Equações Diferenciais
Aplicadas
Djairo Guedesde Figueiredo
Aloisio
Freiria
Neves
impa
INSTITUTO
DE MATEMÁTICA
PURAE APLICADA
Copyright(c),1997by Djairo GuedesdeFigueiredoeAloisioFreiria Neves
Direitosreservados,1997peloConselhoNacionaldeDesenvolvimento
Científico e Tecnológico, CNPq
Av. W-3 Norte, Brasília, DF
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
capa:RodolfoCapetoe Noni Geiger
ColeçãoMatemáticaUniversitária
ComissãoEditorial:
Elon LagesLima(editor)
Jonas Gomes
Paulo Sad
Títulos Publicados:
Análise Real, Volume 1 (TerceiraEdição)- Elon LagesLima
EDP: Um CursoIntrodutório - Valérialório
Curso de Álgebra, Volume 1 - AbramoHefez
Introdução às Curvas Algébricas Planas- Israel Vainsencher
- ÁlgebraLinear (SegundaEdição)- Elon LagesLima
6. EquaçõesDiferenciaisAplicadas- Djairo G. deFigueiredoe AloisioFreiria Neves
Diagramação,Composiçãoe Fotolito Digital:
GRAFTEX Comunicação
Visual
Rio de Janeiro, RJ
e-mail:home@graftex.com.br
web:http://www.graftex.com.br
Distribuição:
SBM, SociedadeBrasileira de Matemática
Estrada Dona Castorina, 110
22460-320,Rio de Janeiro, RJ
e-mail;sbm@impa.br
ISBN 85-7028-014-9
Conteúdo
Prólogo
Capítulo
1:OTeorema
Fundamental
doCálculo
1
Capítulo 2: Equações Diferenciais de Primeira Ordem
6
2.1. EquaçõesDiferenciais Lineares de Primeira Ordem
6
2.2. EquaçõesSeparáveis
11
2.3. A Dinâmica de uma Populaçãoe Noçõesde Estabilidade .......
18
2.4. Exercícios
23
2.5. Aplicações
28
2.5.1. Resfriamentode um corpo.
28
2.5.3. Por que uma cordaenroladanum postesustentaum barco? ....
32
2.5.2
Diluição desoluções
2.5.4
A tractriz
2.5.5
2.5.6 O
2.5.7
A catenária
30
35
39
espelhoparabólico
43
As curvas deperseguição
44
Capítulo
3: Propriedades
GeraisdasEquações
48
3.1. InterpretaçãoGeométricada equaçãoy' = f(x,
3.2. Existência, Unicidade e DependênciaContínua.
y)
48
51
3.3. CamposVetoriais e Formas Diferenciais.
65
3.4.1. Um métodopráticode integração
79
3.4
EquaçõesExatas
74
3.4.2. Existência dB Fatorintegrante
80
3.5. Família da Curvas Planas
84
3.5.1. Envoltória
87
8.5.2. Trajetórias ortogonais
90
Capítulo4: EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
93
4.1. EquaçõesLineares de SegundaOrdem
93
4.2.1.
Método de variação dos parâmatros
99
4.2.2.
Equações Lineares com coeficientes constantes homogêneas
4.2. Obtençãode Soluções
99
....
101
4.2.3. Métodode reduçãoda ordemda equaçãodiferencial . ........
4.2.4. Métododos coeficientesa determinar .....................
105
107
4.2.5. A equaçãodeEuler-Cauchy
110
4.2.7. Métodode Frobenius
113
4.2.6. Métododas séries de potências
112
4.3. Exercícios
114
4.4.1
120
4.4. A Dinâmica de uma partícula
Queda livre de corpos
119
4.4.2. Queda de corposconsiderandoa resistênciado ar
122
4.4.4. Movimentoem planosinclinados
129
4.4.6
Movimento deum foguete
133
4.5 O
Oscilador Harmônico
4.4.3. Movimentode projéteis
4.4.5. Velocidadede escape
126
130
4.4.7. Energia cinéticae potencial
136
4.5.1 Osciladorharmônico simples
141
4.5.2. Osciladorharmônicoamortecido
4.5.3. Oscilador forçado
4.5.4. Comentários sobrea energiado osciladorharmônico
4.6. Campos Centraisde Forças
4.6.1. Movimentocentral comforça atrativa proporcional
137
144
147
153
154
à distância ao centro
162
proporcionalao quadradoda distância ao centro ...........
165
4.6.2. Movimentocentral comforça atrativa inversamente
4.6.3. Lei da GravitaçãoUniversal
4.6.4. Leis de Kepler
4.6.5. A Lei da GravitaçãoUniversal e as Leis de Kepler
167
169
170
4.6.6. A equaçãodasórbitasdosplanetasna TeoriaGeral da Relatividade174
4.6.7. Satélites artificiais da Terra
Capítulo
5:Transformada
deLaplace
5.1. Definiçãoda Transformadade Laplace
5.2. Propriedadesda Transformadade Laplace
176
180
182
185
6.3. Produto de Transformadase Convolução
191
5.4.
195
5.3.1. Obtençãode umasoluçãoparticular de umaequaçãonão homogênea
193
Exercícios
5.5. Aplicações
5.5.1.
Funções descontínuas
197
197
5.5.2. Funçõesimpulso
5.5.3. Comportamentoda derivada
Capítulo 6: Sistemas Autônomos no Plano
6.1. Consequênciasdo Teoremade Existência e Unicidade
6.2. Pontosde equilíbrio ou singularidades
6.2.1. O sistema linear
6.2.2. O sistema não linear
6.3. O Teoremade Poincaré-Bendixon
199
203
206
207
209
213
219
222
6.3.1. Consequências
doTeoreamdePoincaré-Bendixon..........
229
6.5. Exercícios
242
6.4. Usandoo softwareMathematica
233
6.6. Aplicações
6.6.1. O pêndulo
244
244
6.6.2. O modelopredador-presa
257
Capítulo
7: Sistemas
deEquações
Diferenciais
7.1. SistemasLineares de EquaçõesDiferenciais
7.1.1. Definiçõese propriedades
7.1.2. Sistemascomcoeficientesconstantes
7.1.3.
Exponencial
de matrizes
7.2. EquaçãoAdjunta e a Alternativa de Fredholm
7.3. Linearização, Estabilidade e Funçõesde Liapunov
7.4.Exercícios
Referências
Bibliográficas
Índice
265
265
267
271
276
285
289
298
302
303
Prólogo
Pergunta; Diz-se que todo livro tem uma mensagem. Qual foi a
motivaçãoparaescrevero texto“EquaçõesDiferenciaisAplicadas”?
Resposta: A granderelevânciada Matemáticajaz no fato de que,
além de sua vida própria comociência, com suas teorias e seus problemas,ela tem a característicaímpar de poderpenetrar,comouma
arma importantee, àsvezes,imprescindívelemmuitosoutrosramos
do conhecimentohumano. Não devemosesqueceressefato, quando
realizamosnossotrabalho, comoprofessorou comopesquisador.Ao
ensinar Matemáticapara alunos de outras áreasé essencialmotivar,
mostrando-lhesa importância do que estãoaprendendopara os problemasdesuasespecialidades.
AosalunosdeMatemática,é educativo
mostrar-lhesuma Matemáticarica de aplicações,contar-lhesqueas
raízesdetantasteoriasmatemáticasestãoemproblemasdanatureza,
Através dessasraízes, veio a força que propulsionouo notávelcrescimentode grandeparte da Matemáticano passado.Ninguém ignora 0
trabalhode Newton,Leibniz e outrosna criaçãoe desenvolvimentodo
Cálculo, pari passu com a Mecânica e outros ramos da Física. Mais
recentemente,identificam-se características análogas nos trabalhos
de Poincarée Hilbert. EquaçõesDiferenciais é um dos ramosda Matemática que, a nosso ver, não deve ser estudado esquecendoessas
raízes.
Pergunta: Para quetipo de alunoso livro sedestinae comoeleesta
organizado?
Resposta: O textoé acessívela alunos de graduaçãoda áreade ciências exatas, que tenham feito um curso de um ano de Cálculo. Algumas seçõespodemser omitidas num primeiro curso. Por exemplo,0
teoremade Existênciae Unicidadede Picard é apresentadona maneira moderna,pois cremosque, mesmopara alunos iniciantes,essa
atitude é instrutiva. Entretanto, a demonstraçãopoderiaeventual
mente ser considerada muito abstrata para grande parte dos alunos,
e consequentementeomitida.
Num primeirocursoa ênfasedeveestar nastécnicasde obtençãode
soluções.Portantoocursodevesercentradonoscapítulos2,4e 5,onde
essastécnicassãodesenvolvidas.A força dessastécnicasé sentidano
estudodas aplicações.Essas aplicaçõespodemser escolhidasentre
aquelasapresentadasnessesmesmoscapítulos. Sugerimosiniciar no
capítulo2,comentaro TeoremadeExistênciaeUnicidadedocapítulo
3, desenvolveros capítulos 4 e 5, e finalizar comsistemasautonômos
no plano,estudando,por exemplo,as técnicasdeobtençãode soluções
dos Sistemas Lineares com Coeficientes Constantes, secções6.2.1 e
MA
O livro está organizadoda seguinteforma: as primeiras secções,de
cada capítulo,são destinadasà parte teórica e à descriçãodosvários
métodosde obtençãode soluções;segue-sea secçãode exercícios;e
posteriormenteestão as aplicações. O texto apresentaos conceitos
matemáticosde maneiracuidadosae é bastanterico em aplicações.
Contém mais aplicaçõesdo que normalmente se estuda nos cursos
tradicionais,dando ao leitor e ao professora possibilidadede escolha
de acordocomos interessesda turma.
Alguns conceitossãoapresentados,primeiramente,de maneiraintrodutória, e posteriormente,noscapítulossubsequentes,sãoreapresentadoscommais profundidadee deforma mais completa.Por exemplo,
o conceitode estabilidadeé introduzido na secção2.3, e complementadoposteriormentenos capítulos6 e 7.
Num cursomais especializado,cujosalunosjá cumprirama sequência
dos cursos de Cálculo, pode e deve-se complementar o curso, com
enfase mais teórica, estudandoos capítulos 3, 6 e 7, e as aplicações
correspondentes.
Pergunta:As secções
dolivrosobrealgunsramosdaFísica estãomais
longasdo que normalmentese encontra num livro de Matemática.
Não seria melhor remetero leitor para livros de Física?
Resposta: Essas secçõesforam precisamenteas que nos deram mais
trabalho para escrever, pois, não somos especialistas dessas áreas.
Mas cromosque o esforçovaleu, dado osobjetivosque temosem mente.
O livro tambémse destina ao professordos cursos de equaçõesdiferenciais. O tempo que ele dispõe para preparação do curso não é
suficienteparaestudarvárioslivros de Física e de outroscamposdo
conhecimentohumano. Ele poderá fazer isso, num segundoestágio,
apóster tomadogosto!As nossassecçõesdevotadasàs aplicaçõesdão
aqueleprofessor,na linguagemcoma qual eleestáhabituado,oselementosbásicosdessasoutras áreas. Isso permitirá que ele fale, sem
receio,à seusalunos sobreessasaplicações.
Pergunta; O texto é então completamentediferente dos outros de
EquaçõesDiferenciais?
Resposta: Não. Grande parte dos livros de Equações Diferenciais
tem aplicações,mas, em geral, apresentadasmuito concisamente,o
que impossibilitao aluno de apreciar realmenteo papel das equações
diferenciaisnos problemas.Mas é claro que há bons livros dentrodo
espírito do nossotexto. Os livros de G.F. Simmons,M. Braun, entre
outros,influenciarambastantenossotrabalho.Cremosqueninguém
podeter a pretensãode ser original no assuntoapresentadoaqui. Alguns problemasvêmdopróprioNewton! A originalidadenessetipo de
trabalho reside tão somentena arrumaçãodos assuntos,na escolha
dos problemase no estilo próprio de comentaros resultados. Aliás,
procuramos enfatizar, em todo o texto, a atitude, extremamente importante,de interpretaros resultadosobtidos.Julgamos queisso é
essencial. E importanteresolverequações.Mas é igualmenteimportante interpretar as soluçõesobtidas.
Pergunta: Então, não sedevedar um cursodeEquaçõesDiferenciais
comum enfoqueexclusivamentematemático?
Resposta: Aqui, devemosseparar os níveis e os objetivosdoscursos,
Cremos que,num primeiro curso, a nível de graduação,uma grande
atençãodeve ser dispensadaàs aplicações,independentementeda
futura especializaçãodo aluno, Matemática, Física ou Engenharia.
EquaçõesDiferenciais foram criadas para resolverproblemasde outras ciências,e ainda hoje muita pesquisase faz, inspirada em problemasprovenientesdessasciências. Comoesquecerisso? Também
nãoestamosdefendendoque,nesseprimeirocursode EquaçõesDiferenciais, à Matemáticaseja deixadaem segundoplano, E essencial
ter as duascoisasemigualdadedecondições.Umajustifica evaloriza
a outra. Em cursos mais avançadosde EquaçõesDiferenciais, a Matemática fica necessariamente mais sofisticada, e então as questões
puramentematemáticasrequeremtratamentoelaboradoe chegama
dominar a cena.
Pergunta: Bom, mas se o aluno vai ser pesquisadornessasEquações
Diferenciais sofisticadas,qual foi a utilidade daqueleprimeiro curso
meioaplicado?
Resposta: Via deregra, o pesquisadoré um professor.E sendoprofessor,ele deveestarpreparadopara ensinara alunosde outrasáreas.
Sentimosque,tem havido uma tendênciacrescentede retirar os problemasde aplicaçãodos cursosde EquaçõesDiferenciais (e de outros
cursos de Matemática). Isso não é bom. Os nossoscolegasde outras
áreas reclamam e criticam essa orientação. E o que é mais grave,
começama desenvolverdentrode seusprópriosdepartamentosa Matemáticade quenecessitam.retirandoassimdosDepartamentosde
Matemáticauma de suas funçõesprecípuas.
Pergunta: Então, quer dizer que aquelesalunos de Matemática que
não se destinamao magistériopodemprescindirdessecurso?
Resposta: Não. Nossa opinião é que o pesquisadorem EquaçõesDiferenciaisqueconheceas aplicaçõespode,ocasionalmente,usar essas
aplicaçõescomouma espéciede farol para orientá-lo. Quantas vezes
um resultadogeral e abstrato não é descobertoapós análise de um
exemploprovenientedas aplicações?
Porgunta: Vocês, então, creem que todo matemático deve saber aplicações? Como vocêsposicionamo matemáticopuro dentro dessa
concepção?
Resposta: Matemática é uma ciência muito extensa. Obviamente,
há outras áreas, além das Equações Diferenciais. E observe,que,
mesmodentro destas, há várias linhas diferentes. Algumas delas
muito distanciadas das aplicações. Tanto essas, como outros ramos
da Matemática,devemse desenvolverpelosseus própriosproblemas
e motivações.O desenvolvimentoda Matemática é marcadopelas necessidades e problemas vindos de outras ciências, mas não é determi-
nadosomentepor isso. E é bomque assim o seja,pois as necessidades
mudam com o tempo,e quanto mais rica for a Matemática, melhor
poderáela ajudaro homem,E assimhá tambémmuitocampoparaa
pesquisamatemáticaindependentedas aplicaçõesimediatas. Podese pensarno conhecimentomatemáticocomouma contano banco,As
reservaspodemser usadasquandose fizeremnecessárias.E issojá
aconteceunopassadocomvários ramosda Matemática,desenvolvidos
independentementede necessidadeimediata, e que posteriormente:
foram usadosde modoessencialem outras ciências.
Campinas, 15 dejaneiro de 1997
Djairo Guedesde Figueiredo
Aloisio de Freiria Neves
1
O Teorema
Fundamental do Cálculo
Este éocapítulodasrecordações.Recordaraquitemo objetivodemostrar ao leitor que a essênciados problemasbásicosda teoria clássica
das EquaçõesDiferenciais Ordinárias já está no Cálculo Diferencial
e Integral. Antes de explicitar essesproblemas,antepõe-sea questão
de dizer o que os autores entendempor teoria clássica; e quem fala
em clássicotem modernoem mentee deveexplicar.
O estudo das equaçõesdiferenciais ordinárias começacom os
próprios criadores do Cálculo, Newton e Leibniz, no final do século
XVII, motivados por problemas físicos. A preocupaçãodominante
desdeaquela épocaaté meadosdo séculoXIX era a obtençãode soluçõesdas equaçõesem forma explícita. Inicialmente, procurava-se
expressaras soluçõesem termosde funçõeselementares;comoveremosno próximo capítulo, um dos métodosmais usadosera procurar
reduzir o problemade obtençãoda soluçãoao cálculo de primitivas,
esseprocessosendochamadode quadratura. Obviamente,o desejo
de obterexplicitamenteas soluçõesdeuma equaçãodiferencialé bastantenaturale razoável.Entretanto, logoseverificouqueonúmerode
equaçõesquepodiamser resolvidasemtermosdefunçõeselementares era muito pequeno,atémesmocoma introduçãode novasfunções
como,por exemplo,as funçõeselípticas e outras funçõesrepresenta
das por integrais. Essa constataçãogeroua buscade novosmétodos
e surgiu assim, no século XIX, o uso das séries de funções. Aliás,
esse métodosurge dentro do estudo das equaçõesdiferenciais par
ciais, em cuja resoluçãoaparecemequaçõesdiferenciais ordinárias,
O rigor que a Análise ganhava no decorrerdo século XIX começou
O TeoremaFundamental
do Cálculo
Cap. 1
a pôr em dúvida certos métodos onde as operaçõescom séries eram
feitas um tanto descuidadamente.Os teoremasde existênciae unicidadede soluçãosurgemnessafase. A importânciadessesteoremas
resideemque,sabendo-sea priori da existênciade solução,sua busca
através de processosinformais se torna justificável e promissor, uma
vez quea “solução”assimobtidapodeser verificadaa posteriori.Os
teoremasde existênciae unicidade marcam,por assim dizer, o início
da fasemoderna,que realmentese definecomPoincaré,no final do
século XIX. Agora, a atitude é bem diversa; há grande interesse nas
questõesqualitativas que sãobastante importantes por seu intrínseco
significadofísico. Toma-sea atitude de retirar das equaçõesdiferen-
ciaisinformaçõessobreocomportamento
desuassoluções,semaquela
preocupaçãode escrevê-lasexplicitamente.
Deveficar claro para o leitor que a teoria qualitativa não eliminou o interesse e a importância de se ter informaçõesquantitativas sobreas soluções. Este último tipo de informaçõesnão podeser
obtido,comoenfatizamosacima,buscandoas expressõesdas soluções
em forma explícita, mas podeser conseguidopelo uso de métodosde
aproximação.E isso é todoum ramodegrandeinteresseatual,constituindo um dosramos da Análise Numérica. O que se procuraaí são
funçõesqueestão“próximas”da soluçãodoproblema.Nas aplicações
à Física e às Engenharias isso é tão bom quanto a soluçãopropriamentedita, desdeque o problemagozede uma certaestabilidadecom
relaçãoa perturbaçõesdos dados,o que, via de regra, ocorrenessas
aplicações.
Vamosrecordarjuntos. O problemabásicodo Cálculo Integral é
à determinaçãodo valor da integral definida
∫
b
f(x) dx
(1.1)
a
de uma função fila, b|IR, Se bem nos lembramos,o conceitode
integral está ligado à ideia de área do seguintemodo: se f for uma
funçãocontinua não negativa,então a expressão(1.1) é a área da
regiãoE doplanocompreendida
entreo eixo-x,o gráficoda funçãof e
as retas x = a e x=b,
Veja a figura 1,1,
Cap. 1
O TeoremaFundamentaldo Cálculo
Pensemosum pouco.À determinaçãodessaárea,e conseguentementeo valorda integraldefinidaem(1.1),podeser feita atravésde
um processode aproximaçãoda mesmapor regiõespoligonaisobtidas
tomando-selinhas poligonais com vértices no gráfico de f. Esse é
essencialmenteo processojá usado na antiguidade por Arquimedes
(287-212A.C.). Esse é tambémo processo,hoje utilizado, quandose
introduzcomrigor e elegânciaa chamadaintegralde Riemann.
Comovemos,nas observaçõesacimanão apareceua ideia de derivada. E não é de surpreenderque tal não tenha ocorrido.De fato, o
conceitodederivadade uma funçãoé algobemdiverso:umafunção
fila, b] -»R é derivávelnum pontoc E (a, b) seo limite
limf(x)—f(c)
a
x -> c
x-
c
existir, e nessecasotal limite é chamadoa derivada de f no ponto c,
e é designado
porf'(c).
A beleza,a forçae a utilidade do Cálculoestãono fato de que
essesdois conceitos,o deintegral e o de derivada,aparentementetão
diversos,acham-seintimamenteligados. IssoéoconteúdodoTeorema
Fundamental do Cálculo, quepassaremosa expor.
Parte I. Seja f: (a,b) > R umafunçãocontínua.A funçãoFla, b|
R definidapela expressão
X
F(x) = ∫ f
a
é derivável e F'(x) = f(x) para todo x ∈ (a, b).
(1,2)
4º O TeoremaFundamental
do Cálculo
Cap.1
Observequea funçãoF definidapor(1.2)é umasoluçãoda equaçãodiferencial
O =f(x).
d
dx
(1.3)
As soluçõesdessa equaçãodiferencial são chamadas as primitivas
de f. Alguns textosusam tambémas terminologiasanti-derivadae
integral indefinida e designamas primitivas pelosímbolo
frios
dx.
ObserveaindaqueF(x) definidaem(1.2)é umaprimitiva especial:ela
tema propriedade
queF(a) = O.AssimF é umasoluçãodoproblema
de valor inicial
{y(a) = 0 (1.4
dy
=f(x)
dx
Será que F é a única soluçãodo problema de valor inicial acima? A
respostaé sim. De fato, se G fosseoutra solução,entãoF — G teria
derivada0, e consequentemente
F — G = const. Mas comoF— G é
Oem x = a, segue-sequeF = G. Pedimosaoleitor para apreciaro
ensinamentodado pelo Cálculo e relembradoacima: o problemade
valor inicial (1.4) tem uma e somenteuma solução. Isso constitui
um dos teoremasde existênciae unicidade mais simples e dos mais
básicosemMatemática. Lembreque estamossupondof contínua em
14,b| e queporsoluçãode(1.4)entendemos
umafunçãocontínuaem
la, b| e derivávelem(a,b).
Antes de prosseguir,façamosuma outra pergunta. Vimos que a
função| é umasoluçãodaequaçãodiferencial(1.3);vemos,ainda,que
qualquer função da forma F(x) +c, onde c é uma constante arbitrária,
é também solução de (1,9), Será que a expressão
u(x) =
F(x) +c
(1.5)
onde c é uma constante arbitrária, engloba todas as soluçõesde (1.3)
isto é, (1.5) 6 a soluçãogeral de (1.3)? A respostaé sim. De fato, seja
G(x) umaoutra soluçãode (1,9),então,z(x) = Fix) +G(a) = G(x), é
Cap. 1
O TeoremaFundamental
do Cálculo
umasoluçãodo problemadevalor inicial
dz
— =0,
dx
z(a)=0.
Peloque se viu acima, segue-se que z(x)
sequentemente,
=
0
para
todox e, con-
G(x) = F(x) + G(a).
Resumindo,o Cálculo nos diz que a coleçãodas primitivas de f é dada
por F(x) +c ondeF é definidaem (1.2).
A Parte I do TeoremaFundamental do Cálculo liga os conceitos
de integrale derivada,e a Parte II, a seguir,faz essaconexãoemoutra
direção.
Parte II. Dadas uma função contínua f:la,b) > R e uma de suas
primitivas G, então
b
/ f(x) dx = G(b) —G(a).
(1.6)
Observeque, comoconsequênciadisso,o cálculo da integral definida de f se reduz à determinaçãode uma primitiva de f. Observe
também que, em virtude da expressãogeral das primitivas ser da
forma (x) +c, (1.6)independeda particular primitiva usada. Assim,
o problemado cálculode uma área se reduzao problemadecalcular
a soluçãode uma equaçãodiferencial. Toda aquela parte do Cálculo
chamada de Cálculo de Primitivas é nada mais nada menosque a
determinaçãodesoluçõesda equaçãodiferencial(1.3)paradiferentes
funçõesf.
Equações Diferenciais
de Primeira Ordem
Este capítulo é dedicado a Newton, Leibniz e à família Bernoulli!
Trata-se de uma homenagemjusta, pois os problemasmatemáticos
apresentadosaqui foram formuladose resolvidospor eles, no século
XVIII. Em termos atuais, a matemática desenvolvida é muito simples: cálculode primitivas. Tratamos apenasdois tipos de equações:
na secção2.1, as equaçõeslineares de primeira ordem, e na secção
2.2, as equaçõesseparáveis. Em todos os problemasapresentados,
procuraremosobter a soluçãodo problemaem forma explícita. Como:
já observamos, anteriormente, tal desiderato só é atingível, em virtude da natureza simplesdasequações.Enfatizamoso aspecto,extremamenteimportante,da interpretaçãodas soluçõesobtidase de seu
significadodentrodocontextodoproblemaemestudo.A propósito,retiramos as seguintesobservaçõesde R. Hooke e D, Shaffer,em “Math
and Aftermath”, Walker & Co., Westinghouse Books, 1975: “Muito
se fala sobreproblemas,em cursos de Matemática. Muito poucose
diz sobre a origem dessesproblemase do que fazer com as respostas”, Parece-nosimportante, contar essa parte omitida da história.
lsso é particularmenteimportantepara aquelesque desejamser matemáticos,poisexplicaporqueo computadornãoosvai deixardesempregados.E tambémimportantepara aquelesquevão para as outras
ciênciasexatas,pois explicaporqueo computadornão lhes retirará o
privilégio(ou o dever)de estudarbastantematemática.
241.
Equações Diferenciais Lineares de Primeira Ordem
A forma geral das equações diferenciais ordinárias lineares de pri-
Seção2.1
EquaçõesDiferenciaisLinearesde PrimeiraOrdem
meira ordemé a seguinte
x=p(t)x+ q(t)
(2,1)
onde p:(a,b) -> R e q:(a,b) -> R sãofunçõesreais contínuasdefini
das emum intervaloaberto(a, b). Uma funçãox: (a,b) >R é uma
soluçãode(2.1)seelafor diferenciávele satisfizerà equação.Usamos
a notaçãox = dx/dt paradesignara derivadadex comrelaçãoh sua
variável independentet. No estudo da equação(2.1) aparecemdom
problemasbásicos:(1)obtera soluçãogeralda equação(2.1),isto é,
uma expressãoqueenglobetodassuas soluções;(11)obtera soluçãodo
problemade valor inicial
( x = p(t)x+
q(t)
x(to) = Xo
(2,2)
onde to € (a,b) e xo são os dados iniciais. Como veremosabaixo 0
problema (i) é solúvel: pode-sedeterminar a soluçãogeral de (2.1),
E veremostambém que o problema de valor inicial tem uma e so»
menteuma solução.Advertimos ao leitor que equaçõesnão lineares,
em geral, não possuemuma soluçãogeral, e para elas a existência
e unicidade de soluçãodo problema de valor inicial é uma questão
delicada;voltaremosa esseponto.
O tipo mais simples da equação(2.1)é a equaçãodo crescimento
exponencial
x=kx,
k= constante,
(2.3)
queapareceemmuitas aplicações.A funçãox(t) =ek*é uma solução
de (2.3), bem comoqualquer de seus múltiplos ce*t, onde c é uma
constantearbitrária. Afirmamos que a soluçãogeral de (2.3)é ce"!
De fato, dada uma solução qualquer x(t) de (2.3), diferenciandoa
expressãox(t)e
"te
usandoa equação(2.3),obtemos:
E
dt
(te
*=xett- x(t)e H=0
York
t=c,ousejax(t) = cet
oquemostraquex(t)e
Para resolvero problemade valor inicial
X = EX
xito) = Xo
7
H
Equações Diferenciaisde PrimeiraOrdem
Cap. 2
usamos o fato de (2.3) ter solução geral, e, consequentemente a even-
tual soluçãodesseproblemade valor inicial deveser da forma ce*t:
utilizando-se o valor inicial, determinamos a constante c:;
x(to)= cefto= xo
e assim a soluçãodo problemaé dada por
x(t) = xoe8tt-to)
Observeque as soluçõessãofunçõesdefinidaspara todo t E R.
A equação(2.1)com q(t) = 0, chamadade equaçãolinear homogênea,e o problemade valor inicial correspondente
R=nitx
x(to) = xo
(2.4)
podemser estudadosde maneira análoga. A soluçãodo problemade
valor inicial homogêneo
(2.4)é dadapor:
“ pís)ds
mi) = Ko dra! os)
(2.5)
Usaremos a notação
“ pís)ds
Tít,to) = e“to
(2.6)
como objetivode simplificar nossasexpressões.Observeque para a
função|, as seguintespropriedadessãoverdadeiras:
Títo,to)= 1;
T(t,to)
=Títo,t)”"
“e
Tt, to)T(to,s)=T(t,s).
(2.7)
A resoluçãodo problemade valor inicial (2.2), no caso geral, é
feita atravésdo uso de um fator integrante u(t). Para determiná-lo,
multipliquemosa equaçãopor u(t)
ult)tx —plt)x) = ult)g(t)
Seção2.1
EquaçõesDiferenciaisLinearesde PrimeiraOrdom
e busquemosu(t) de tal modoque o primeiro membroseja a derivada
do produtode u por x, isto é,
(e—
(th)=Se
(105)
=px
+u%
Portanto,temosformalmenteque
px=—up(tx
=>
q=—p(t)
>S(tny)=p(t)
dt
5
mu=-— |
pís) ds
Determinamosassimum fator integranteu(t), tomandouma particular primitiva de p:
-[* pís)a to
ut)=e hoPDE af plas Tr +)
+
Logo
(T(to,
tel) =T(to
t)a(t).
Integrando essas expressõesde to a t, obtemos
t
T(tost)x(t)
—x(to)
=/ Títoss)a(s)
as.
to
Multiplicandoambososladospor T(t, to), e usandoas propriedades
(2.7), obtemosa seguinte expressãopara a soluçãodo problemade
valor inicial (2.2):
ET) = Tt, to)ão+ |
t
to
T(t,s)q(s) ds.
(2,8)
Essa fórmula é chamadade fórmula de variaçãodas constantes.E,
semdúvida, uma forma elegantee muito útil de escrevera soluçãodo
problemalinear de valor inicial (2.2).
O que fizemosacimafoi, admitindoque uma soluçãoexiste,pro
vamosque ela tem necessariamenteuma certa forma, Acontece,po
rém, que isso é muito bom, pois tudo que temosa fazer, para cata
9
IO
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
Cap.2
belecera existência,é simplesmenteverificarquea expressãoobtida
é, de fato,soluçãoda equaçãodiferencial. Observeque a condiçãode
p e q seremcontínuasem (a, b) garantea existênciae a diferenciabilidade das expressõesacima. Outra observaçãoimportante, é que
todas as soluçõesdas equaçõeslineares estãodefinidasno mesmointervalodedefiniçãodas funçõesp e q, o quenão ocorre,em geral, com
as equaçõesnão lineares comoveremosna próxima secção.
Observe que em particular, quando o coeficiente(p(t)
umaconstanteigual a k, temosque
k) é
T(t,
to)=etttrto)
e portantoa soluçãodoproblemadevalor inicial
( x=kx+q(t)
x(to)=xo
é dada pela fórmula de variaçãodas constantesna seguinteforma:
x(t) = et
|
tolxs +f
+
et
sa(s) ds.
to
É fácil provar quedadasduas soluçõesquaisquerx1(t) e x2(t),
de (2.1),entãox(t) = x1(t) = xo(t) é uma soluçãoda equaçãohomogêneaassociadax = p(t)x. Consequentemente,
todasas soluções
da equaçãolinear não homogênea(2.1) são obtidassomandouma
soluçãoparticular dessaequaçãocom a soluçãogeral da equaçãohomogêneaassociada.Na fórmulade variaçãodasconstantesacima,o
termo integral
t
[er
Jto
“a(s) ds
é uma soluçãoparticular da equação(2.1). Assim podemosevitar o
cáleulodessaintegralsepudermosdeterminarumasoluçãoparticular
poralgumoutrométodo.Por exemplo,quandoq(t) = doé constante,
é fácil ver que xp(t)
do/k é uma soluçãoparticular de
X%
= Kx + Go.
(2.9)
Seção2.»
Portanto,
EquaçõesSeparáveis
x(t) = cet — E
0
é a soluçãogeral de (2.9), onde c é uma constante arbitrária. Tal
constantepodeser determinadausando o dadoinicial x(to) = xo.
O métododos coeficientesa determinar nos permite determinar
soluçõesparticulares de x = kx + q(t), para algumas funçõesq(t),
Quandoq(t) = costou sent,podemosdeterminarumasoluçãoparticular comocombinaçãolinear dessasfunçõessent e cost. Discutiremosessemétodo,commaisdetalhes,quandoestudarmosequações
lineares de segundaordem.
2.2.
EquaçõesSeparáveis
Equaçõesdiferenciaisda forma
a]
=)
g(y)Z0,
(2.10)
ondey' = d/dx denotaa derivada da funçãoy em relaçãoà variável
independentex, sãochamadasde separáveis.Faz-sea hipóteseque
f e g sejamfunçõescontínuasemintervalosabertosf:(a,b) —»IR,
g: (cd) >R.
A equação(2.10)podeser escritana forma
gly)y”=f(x).
(2.11)
À nomenclaturaseparávelprovémdo modode escrever(2.11)usando
formasdiferenciais:g(u)dy = f(x)dx. VejaCapítulo3 ondeformalizamosessaforma do problema.
Uma funçãouy:(x, B) — R de classeC! é uma soluçãode(2.10)
se (x,B) C (a,b), ull(la,B)) C (c,d), g(ulx)) £ Oe satisfaz(2.10)
para todox E (w,B). A equação(2.10)não é linear. Para essas,
comodissemosno parágrafoanterior, as soluçõesnão estãonecessa
riamentedefinidaspara todox ondeo segundomembroestádefinido,
Se y(x) é uma soluçãoe G é uma primitiva de g, 6º = q, obtemos
usandoa Regra da Cadeia e (2.11):
d
dxSUB)
ftx)
|
Equações Diferenciaisde PrimeiraOrdem
e daí
Cap. 2
G(u(x)) = F(x) +C
(2.12)
ondeF é umaprimitiva de f.
A constanteC podeserdeterminadausandoofato quenum ponto
xo€ (x,B),ulxo)= Yo E (c,d)estádado;
então,
C —G(y(xo))
-
Fixo). A expressão(2.12)podeser escritana forma
G(y(x))—G(yo)=F(x)—Flxo)
ou equivalentemente,
/
ulx)
y0
g(u) dy =|
x
x0
f(x) dx.
(2,13)
O quesefeznoparágrafofoi, supondoconhecidaumasoluçãode(2.10),
mostrar que ela satisfaz a relação (2.12). O interessante, porém, é
usar essarelaçãopara obtersoluções.Isso épossível,masénecessário
ter um certocuidado. De fato, o seguinteraciocínioseria considerado
precipitação:comoG' = ge g
0, segue-seque6 é monótona,
e
daí a inversaG | existe;logoobteríamossoluçõesna formay(x) =
G !(F(x)4+C) paraconstantesC arbitrárias. Comotodaprecipitação
tem uma certalógica,o raciocínioacima não estátão mal. O queestá
corretoé o seguinte:
Dada a relação
G(y) = F(x) +C
e dado(xo,Yo) satisfazendoessarelação,comoG'(yo) = g(vo) 0,0
FooremadasFunçõesImplícitasnosasseguraqueexisteumintervalo
aberto(ox,3) contendoxo e uma funçãode classeCl, y: (x,B) > R
que satisfaz a relação(2.12)e, portanto, se trata de uma soluçãoda
equação(2,1).
Na maior parte das aplicações,f e q são funçõescontínuas em
todo o E e q tem zeros isolados Yj,W2,....
Então, o raciocínio anterior nos mostraque atravésde qualquer ponto (xo,Vo) do plano xy,
com Vo É Un, passa uma e somente uma solução vy(x). Isso é um
teoremade existênciae unicidade, Não nos foi informadonada sobre
o campodedefiniçãodessasolução;vamosver todauma variedadede
possibilidades nos exemplos,exercíciose aplicaçõesque virão a seguir.
Soção 2.2
Equações Separávels
Exemplo1:1”= a
Dai uy” — x, o que implica y? = x? + C. Fazendo variar C obtemos
soluçõesda equação,em geral mais de uma para cadavalor de (
Por exemplo,se C = O temos quatro soluções: yj(x) = x,x > O;
y2(x)
xx >0
vuslx)=xx<0O
vslx)=-x,x<o,
Observequeas soluçõesy(x) não podempassarpela reta y =O no
plano(x,y). Para €C> 0, digamos€ = 1,temosduassoluções:
uilx)=+vx2+1,
“valx)=-vx2+1,
-oo<x<oo
—oo<x< 00.
Se C ——| temosquatro soluções:
vilx)=+vxº—1,
val)
=—-yxº—1, x>1
uslx)=+vx2—1,
yslx)
x>1
x<—]
=—/x2—1, x<-—1.
Nesteexemplo(a, b) = (—oco,
oo)ehá casosemque(«, B)— (—oco,0),
(+00,—1),etc. Atravésde cadaponto (xo,Vo), Yo É Opassauma e
somenteuma soluçãoy(x); algumas se estendempara todox, outras
estãoapenasdefinidas em uma semi-reta. Assim, a soluçãodo problemade valorinicial yy' = x, u(3) = 2, é obtidacalculandoC da
expressão
|
v=x4+0C522=340C5
C=-5
e determinandoqual das 4 soluçõespara essevalor de C passa pelo
ponto(3,2);logoa soluçãoé
ulx)=+vx2—5,
x>v5.
O gráfico abaixo apresentaas soluçõesexplicitadasacima, o hachu
rado no eixo dos x é para mostrar que não há soluçõespassandopor
na
|4
EquaçõesDiferenciais
de PrimeiraOrdem
Cap.2
x?
Exemplo
2: y' = vDaí yZy' = x?2,
queimplicay? = x)+4+C.
Para C = Oháduassoluções:
Wilx) =x, parax > 0,euzlx) =x, parax < 0. Para€ > 0,digamos
( —|, temosduassoluções:
ui (my= Vx3 +1,
x<—l:
valx)=Vx+1,
x>-1.
E analogamentepara € < O. Olhe a figura e veja o que acontececom
a derivadada curva superiorno pontox = —1.A soluçãodoproblema
de valor inicial yu!
x, u(2) = —3é obtida de modo análogo ao
Exemplo1
”
ul) = /x3=35,
x< 35.
Seção 2 4
Equações Separáveis
Ay
Ge
2
O
CI
r
/
PQ ===<
1 ad
a,
|
»
1
2
Bo
x
Figura2.2
Exemplo
3: y' = —2xu.
Nesteexemplo,g(y) = 1/y e assimdevemosretirar y = Odocampo
dedefiniçãode g; entretanto,verifica-se,porinspeção,quey(x) = 0,
x € R, é soluçãodaequação,a qual nãoapareceriapeloprocedimento
acima. Escrevendoa equaçãona forma
e integrando,obtemos
ênly|=—x2+ €.
Assim para cadavalor de € € R obtemosduas soluções
yilx) =e
Sd
da
e
y2(x)
=
—x?+C
,
asquaisseachamdefinidasparatodox. No gráficonãoháquehachu
rar nada, pois por cada ponto do plano passa uma e somenteuma
solução.
6
EquaçõesDiferenciais
dePrimeiraOrdem
<<
:
ga
E
TZ
Cap.2
L
RR.
*
Figura2.3
Exemplo
4: y' = 2e“x.
Daí evy' = 2x, que implica e” = x? + C. Portanto para C = O
há duas soluções:vyi(x) = 2ênx, x > 0; vzlx) = 2ln|x|, x < 0.
Para C > 0 há apenasuma soluçãoy(x) = fn(xº +C),x E R.
Para C < Ohá duassoluções:yi(x) = In(x + C),x > |C|!2
vz(x) = &n(x?+ C), x < —|C|!/2.
Exemplo 5. ul
,
neção E é
Equações Separáveis
Pondo na forma
Z2uy=—senx,
obtemos
y? = cosx+C.
Vose pois que C não é arbitrária: €C< —l]não produz nenhuma
solução, € =—l implica quex = 2kr, k = 0,+1,... e nestecaso
Wtx)— O; não se tem solução,pois, para nós, soluçãodeve ser uma
funçãodefinidanumintervaloaberto.Para C > 1há duassoluções:
yilx)=+vcosx+C
e vzlx)=-—vcosx+C,
ambasdefinidaspara todox. Para C = 1 há infinitas soluçõespois
devemosevitarospontosx = (2k + 1)7 ondey(x) = O;assimpara
cada k, temosduas soluções
vkelx)=vcosx+1
e vilx)=-—vcosx+1,
ambasdefinidasno intervalo (2k + l)x < x < (2k+ 3J)7. Para
|< C<1,também há infinitas soluçõesagoradefinidasemsubintervalos dos intervalos da sentençaanterior. Por exemplo,a solução
do problemadevalor inicial 2yy' — —senx, u(0) = /3/2 é
ulx)='cosx+
1/2,
—2n/3<x< 27/3.
Trace gráficos comofizemos nos exemplos anteriores e estude outros
problemasde valor inicial.
Observação
: As derivadasde
ulx) = vcosx+
nospontosx = (2k+-1jr sãoiguaisa zero.Portantoajustaposiçãodas
funçõesuk(x) definidasnosváriosintervalos((2k + 1)r, (2k + 3)n)
produzumafunçãodiferenciávelemtodaa retaquesatisfazà equação
uy” = —senx. Esse é exemplode uma equaçãodiferencialsingular.
Observeque para a equação(2.11)poderíamosdefinir soluçãosem
suporqueg(y) 4 O. Tambémno Exemplo1 vy(x)= x, paratodox,
é soluçãode yy” = x. Já no Exemplo 2, não podemosrigorosamente
dizer que
é solução de y“y'
v(x)=x
3
+]
x* para todo x, pois y'(—1) não existe,
La
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
2.3.
Cap. 2
Dinâmica de uma População e Noções de Estabilidade
Utilizando as técnicasdesenvolvidasnas duas secçõesanteriorespodemosanalisar alguns modeloscriados para descrevera variaçãode
uma populaçãocomo tempo.Aproveitaremosessaanálisepara introduzir osconceitosdeestabilidadee instabilidade.
Os modelosquevamosanalisar sãobastantesimples. Eles têm o
objetivodemotivare exemplificarosconceitos,e não deseremrepresentativosdo caso real, onde os fenômenosbiológicose sociológicos,
que regemo crescimentode uma populaçãosão numerosose complexos. Existe na literatura uma grandevariedadede modelos,cadaum
visando levar em conta a influência de alguns dessesfenômenosna
evoluçãodapopulação.Osmodelosserãoobtidosfornecendoa taxade
crescimentoda população.À taxade crescimento
de umapopulação
p(t), num instantet, é definidapor p(t)/p(t).
O modelomalthusiano
Um dosmodelosmais simplesé aqueleemquese supõequea taxa de
crescimentoé constanteigual a À. Assim temosa seguinteequação
que rege o crescimento da população neste caso:
8 =Ap;
(2.14)
Um modelodessa natureza parecerazoável para descrevera população de micro-organismosque se reproduzempor mitose, e para a
aplicabilidadeem intervalosdelimitadosdetempo,pois a soluçãode
(2.14),
p(t)=plto)e"tm
apresentaum crescimentoexponencialse À » 0, impossível de ser
mantidopara sempre.A aplicaçãodessemodeloa populaçõeshumanas, por TR. Malthus em 1798, gerou uma acirrada controvérsia no
começodo séculoXIX. Malthus afirmavaque a populaçãomundial
crescia em razão geométrica(confira Exercício 5 abaixo), enquanto
os meiosde sobrevivênciacresciamapenasem razão aritmética;consequentemente,a populaçãotenderia a ser controladapor fome,miséria, epidemias, vícios, etc.
Ão leitor interessado recomendamos o Número 3 do Volume 231
(Setembro1974)da revistaScientificAmerican,dedicadoà população
nação € 4
Dinâmica de uma População e Noções de Estabilidade
Humana
O mudetode Verhulst —a logística
A constanteÀ na equação(2.14)é a chamadataxade crescimento
da
população,seu valor é a diferençaentre a taxa de natalidade À, e a
taxa de mortalidade Am: À = An — Am. Uma análise crítica do modelo anterior focaliza imediatamentea hipótesede À ser constante;
von hipotesenão parecerazoável pois ela não leva em conta que o
crescimentoda populaçãoaciona automaticamentecertos mecanis-
mosdecontrolevisandoreduzir a taxadecrescimento.Essa situação
tomsidoobservadaentrevários tipos depopulação;a superpopulação
altera o funcionamentofisiológicode certas espéciesmudando seus
habitos sexuais e seu comportamentocoletivo. O modelo proposto
por Verhulst consisteem supor que a taxa de crescimentodecresce
linearmentecoma população:À = a— bp, ae b constantespositivas.
Observequeesseainda não é um modeloideal pois não leva emconta
quea taxadeproduçãodenovosmembrosdaespéciedependedaidade
dos pais, isto é, que os novos membros não contribuem de imediato
parao aumentoda espécie.Existem modeloslevandoessesfatoresem
consideração,osquais conduzema equaçõesdiferenciaiscomretardamentoe a equaçõesintegro-diferenciais.Observamosainda queuma
distribuiçãoespacialda populaçãopodeser consideradae isso conduz
n equaçõesdiferenciaisparciais. VoltemosaomodelodeVerhulst, que
se traduz na equaçãodiferencial separável
p= [a —ppp,
(2.15)
conhecidanaliteraturacomoa equaçãodeVerhulst-Pearl.Essaequaçãofoi consideradapor Verhulst em 1834para estudar as populações
da França e da Bélgica, e mais recentemente,em 1920,por Pearl e
Reedno estudoda populaçãodos Estados Unidos da América.
Inicialmenteobservamosque as funçõesconstantesp(t)
Ó
e p(t)
à > Poo são soluçõesda equação(2.15);a notaçãop..
fenrá justificada logo mais abaixo. Para integrar (2.15), usamos a
decomposição
]
pl(a-bp)
|
ap
b
ala-bp)
1!
2O
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
Cap. 2
para escrever a equação (2.15) na forma
p
cais
aaabpseaque
&&* ala
,
que integradaproduz
]
]
qtntpl —qinla —bpl|=t+C,
Daí
e,sep(to)=Po;
C- constante.
Ip]=la—
bpJe“t.
es€
a
pol=la—bpole
ato
e
sa
i
Se po Z 0e Po / +, obteremos
p
Po
a—bp
a—bpo
eUlt—to),
(2.16)
Agora observequeas soluçõesde(2.15),comvaloresiniciais po £
0 epo é a/b não podemcortar as retasp = 0 ep = a/b. Essa
conclusão,dequesoluçõesdeequaçãoda formap' — f(p) nãopodem
secruzar,é conseqiiênciadiretadoteoremadeexistênciaeunicidade,
queseráestudadonopróximocapítulo.Logo,parapo Z 0epo £ a/b,
podemosretirar os valores absolutosde (2.16)e daí explicitar p:
p(t) =
|
bpo+(a—bpojmEmBM=
to"
apo
Análise da solução
2.17
sm
Se 1 —s
+00,entãop(t) > Ppso.Esse valor ps; = a/b é chamado
de populaçãolimite e é o valor assintóticoda população,qualquer
quesejaa populaçãoinicial po >»O, Se po >Poo, à populaçãop(t)
decresceexponencialmente
tendendopara px. Se0O<po <Po,a
populaçãocrescetendendotambémpara Pp. ; nestecaso,o gráficode
p(L) estáentreas retasp = 0 e p = pso, tendoa formade um Se a
curva é chamadade logística. Ela tem um pontode inflexão quando
pl = 44, pois derivando(2.15)temos
pola-bpjp-bpp=(a-Zbp)p;
21
—-
so quer dizer que até atingir o valor pss/2, a populaçãocrescecom
derivadapositivae a partir daí o crescimentosedá mais lentamente,
a/b
Figura2.5
Definição
2.1. Uma equaçãoda forma
ondea funçãof dependesomentedex enãodavariávelindependente
t, é chamadade equaçãoautônoma.
Os dois modeloscitados,equações(2.14)e (2.15),são exemplos
de equaçõesautônomas. À primeira propriedadeimportante dessas
equaçõesé que,sex(t) é soluçãode(2.18),entãoy(t) = x(t+c), onde
Ccé uma constante,tambémé soluçãode (2.18). Consegientemente,
supondoquetemosexistênciae unicidadedesoluçãopara o problema
de= Ti)
x(to)= xo
(2.19)
podemosafirmar que x(t) é soluçãode (2.19)se,e somentese,y(t)
x(t + to) é solução de
oo,
x(0)
= Xo
(2.20)
Portanto, para equações autônomas, podemos considerar somente
condiçõesiniciais onde to = 0.
P?
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
Cap.2
Definição
2.2. Se X é um zerode f, isto é, f(x) = 0, entãox(t) = X é
soluçãode (2.18)e é chamadade soluçãodeequilíbrio ou estacionária
e o pontoX é chamadodeponto de equilíbrio ou singularidade.
Por exemplox = 0e x = a/b sãopontosdeequilíbriode(2.15).
Definição
2.3. Um ponto de equilíbrio X é estável,se dado e > 0, existe
ô > 0,tal quepara|xo—X|< 6,a soluçãodoproblemadevalorinicial
de=Tx)
x(0)=xo
é tal que|x(t) —x| < €paratodot>0.
Um ponto de equilíbrio X é assintoticamenteestável,sefor estável
e seexistir > Otal que lim x(t) = x quando|xo—X| <n.
t—oo
Um ponto de equilíbrio que não é estávelé chamadode instável.
Por exemplo,x = a/b é um pontode equilíbrio assintoticamente
estávelde(2.15),e x = Oé um pontodeequilíbrioinstável.
Teorema
2.1.Seja X umpontodeequilíbrio de (2.18)comf declasseC!.
Então,f(x) < OimplicaqueX éassintoticamente
estável,e f(x) >0
implica queX é instável.
Demonstração
: À idéia é analisar a variaçãode x(t) —X:
d
(x(t)—x)?=2(x(t)
—x)x=2(x(t)
—x)f(x(t))
dt
queé igual a, usando-seo TeoremadoValor Médio:
2(x(t)
—5[f(x(t)) —f(50)]
=2(x(t) x)?F'(E(t))
onde&(t) é um valor entrex(t) e x. Agora se f(x) < O,então,pela
continuidade
de f' existemmn
> 0e 6 > Otais quef(x) < —n < 0
para|x =X| < 6.
Logo,separaalgumto, a soluçãox(t) de(2.18)é tal que|x(to)-
Xx|< 6, segue-se que a(t) := (x(t) — x)? é decrescentepara t>to.
Além disso, temos
d
t
EpAUS
na(t)
para t>to.
Seção2.4
Exercicios
Logoa(t)<ce Nºo queimplicaquex(t) tendea X quandot
Quando f(x) > 0, faz-se um raciocínio análogo.
24.
pi
+00,
Exercícios
ft. Obtenha as soluçõesde
po +y
uy
Hi g=
+”
d) vy
—2xy =x,
|-1*
O
v=1+9(1+y),
1+x2'
e) y—tgt =cost.
2. Paraas equaçõesanterioresdeterminea soluçãodoproblemade
valorinicialcomy(0) = 1. Digaosdomíniosdedefiniçãodassoluções.
3. Inventen problemasdosdois tipos acimae resolva-os.E aconselhávelnão decidir,a priori, o valor den.
4. Analise os seguintesmodelosde crescimentode uma população,
determinandoospontosdeequilíbrioe estudandosua estabilidade:
1. p'=Ap
A
(Gompertz,
1825).
2. p'=APÉCP! (Smith,
1963).
3. p'=AplI
— (2) 9),
5. p' =p(A-ap+be””?),
(Goel,Maitra, Montroll, 1971).
(Ayala,Gilpin,Ehrenfeld,1973).
5. Suponha que a cada mês uma populaçãoaumenta na razão k,
isto é, no primeiro mês é po, no segundo kpo, no terceiro k?po, etc.
Mostre que a populaçãop(t) satisfaz uma equaçãodiferencialdotipo
(2,14),e determineÀ comofunçãode k.
6. Analise os seguintesmodelosdeVolterra (referência:V. Volterra,
“Populationgrowth,equilibria,and extinction..”. Editado por EM.
Scudoe J.R. Ziegler,Springer-Verlag,1978).
1)Seja p = p(t) a populaçãoe £ o coeficientede mortalidade,cp co
númerode mortospor unidade de tempo. Supõe-seque o númerode
machosé «p e o númerode fêmeasé Pp, e que « e [3são constantes
(O)númerode encontrosentre os dois sexosnuma unidadede tempoé
“4
Equações Diferenciais de Primeira Ordem
:
Cap. 2
q
proporcionala «p-Bp = app”. Seo nascimentode m novosmembros
da populaçãocorrespondea n encontros,o númerodenascimentospor
unidadede tempoé kafpp“. Essas hipótesesconduzemà equação
diferencial
1
A
2m
4
4
!
A
+
e
ne
Tn
p'=-ep+kafp— =(—e+Ap)p.
Mostre, que nessemodelo,a populaçãopode“explodir”(tendera infinito)num intervalo detempofinito. Para corrigir essaimpropriedade,
Volterra propõea seguintemodificação:
1) O númerode nascimentospor unidade de tempoé
kagp27'—mPP =pp—
-—HPup,
consequentemente
a equaçãodiferencialserá
p'=(-e+Ap—up?p.
Suponha que as constantes£, A e 4 são tais que a equaçãopodeser
escrita como
p'=-ulp —oJlp —BJp.
/
7. As equaçõesdotipo
v'=f(x,y),
ondef(x,y) satisfaz
f(A,At) = f(1,t)
(2.21)
são chamadasde homogêneas.A nomenclaturahomogêneaé usada
commaisdeum sentido,já a utilizamosnestecapítulono estudodas
equaçõeslineares. Aqui o termoestásendoutilizadocomo seguinte
sentido:umafunçãoé dita homogêneadegraun, quandof(A, At) =AP 1,t).
Para as equaçõeshomogêneas,
temosqueo lado direito f(x,y)
podeserescritocomofunçãoda razãoy/x
à
;
os y)=h(5).
y
x
|
À
a) Demonatre isso, e mostre em seguida que a mudança da variável de-
pendente2— W/x transforma a equaçãohomogêneaem uma equação
de variáveis separáveis.
Seção2.4
Exercicios
b) Mostre que a equação
y' o
YX
x2—y?
é homogêneae que possui, para cada pontodo plano (xo,Yo) com
do é |xo, umaúnicasoluçãoy(x) satisfazendou(xo) = Vo.
4 Mostre que utilizando mudanças de coordenadasconvenientes,
podemostransformar equaçõesdo tipo
flax+ bit+ci)
g(azx + bat + ca)
vm equaçõeshomogêneasou de variáveis separáveis.
(Sugestão:Quandoayjbz+bj;az
Ouseu=x+uaet=s+P,caso
contrário, basta u = ax + bit.)
Hesolva
co BRA
a
+=nm57'
O)
pe
9. Seja C!(a,b) o espaçovetorialdasfunçõesuy:(a,b) > R quesão
diferenciáveis.Mostre queas soluçõesdey' + p(x)Jy = q(x), ondep
“ «|sãofunçõescontínuasem (a, b), formaumavariedadelinear em
C!a,b).
to. A funçãodefinidapor
Erf(x)
—
à
És
=|,
e
0
dt
é chamada de função erro. Mostre que ela é crescentee calcule os
limitesde Erf(x) quandox — oo.
então
(Sugestão:Se Ic = fo etdt,
(1)?
=[foedx] [foe”dy]=Jocxio,cf1“Jdxdy,
usecoordenadaspolares.)
Mostre que
e vn Erf(x)
ho!
ZO
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
Cap.2
é a soluçãodey' —2xy = 1,y(0) = 1,
11. (Equaçãode Bernoulli). A equaçãoabaixo
y'+Pl)y =Q(x)y”
ondeP(x) e Q(x) sãofunçõescontínuasdex em um intervalo(a,b)
en € Z, é conhecidacomoa equaçãodeBernoulli. Sen £0en =,
a equaçãonão é linear, mas podeser transformadaem uma equação
linear mediantea mudançada variável dependentez = y!”. Demonstreisso,e resolvaosproblemasdevalorinicial
2
y'+ly =(cosx)y”
v'+x?y=5y4
yt1)=1
yl—l)=—2
12. Mostre que a equação
(cosy)y'+ 2x seny = —2x
podesertransformadaemuma equaçãolinear. (Sugestão:Z = seny).
13. À equação
y'+Plx)y+Qlx)y”=f(x)
é conhecidacomoa equaçãodeRicatti.
(2.22)
a) Mostrequesey1(x) eyz(x) sãosoluções
daequação(2.22),então,
a funçãoz(x) = yz(x) —uy(x) é soluçãoda equaçãodeBernoulli
zZ'+(P+2y2 Q)z — Qz? = Ú,
b) Sabendoquey(x) = x é umasoluçãoda equaçãodeRicatti
y +xºy —x2y?= 1
determineas demaissoluções.
c) Sabendo que y(x) = x? é uma solução da equaçãode Ricatti
y
!
determine as demais soluções,
=" +2x—x
(2.283)
Exercicios E!
Seção2.4
t4.
Mostre que se Vj e y2zsão soluções da equação (2.22), então sua
soluçãogeral é dada por
v—yr=cly—yo)el Slvi-ual
(Sugestão:Usea partea) doexercícioacimaparaz = y —y/ eZ =
| — 4», obtendoequaçõessemelhantesa (2.23).Divida-aspor Z e Z
respectivamente.Subtraia as equaçõesobtidas,etc.).
18. Obtenhaa soluçãogeralde
U —utex—uyí
cos x =--
]
cos X
sabendoquey; = 1/cos xe yz = —1/cosx sãosoluções.
16. Se Vi, Vz, Y3 € Us são soluções da equação de Ricatti (2.22),
mostreque sua razão anarmônicaé constante:
Yi U3
Yi —U4
,. U2—U3 :
Y2— Us
Nota: A transformaçãode Moebius
po TOb
cy +d
=€
c = const.
(2.24)
dedo
levaa equaçãode Ricatti (2.22)em outra equaçãode Ricatti em z. As
soluçõesZ;, i = 1,2,3,4, dessa nova equaçãosatisfazem a relação
(2.24)com a mesma constante c.
17. A equação
v=xf(p)+go(p), p=y
(2.25)
é conhecidacomoa equaçãode d'Alembert-Lagrange. Suponha que
f,g:R — R sãofunçõesderiváveis.
a) Se po = f(po) para algumpo € R, mostrequey = pox + g(po) é
soluçãoda equação.
bh)
Sep 4 f(p), paratodop, derivea equaçãocomrelaçãox e obtenha
a equaçãolinear
dx
dp
flip) (gt)
—
p-ftp)
p-—f(p)
(2.26)
20
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
Cap.2
A soluçãode(2.25)éexpressana formaparamétrica(x(p), u(p)), onde
x(p) é a soluçãode (2.26)e y(p) é dado por (2.25).
c) Use esse método para resolver as equações:
v=p(eP+1)-—1
v=xpº+1.
d) A equação(2.25)comf(p) = p é chamadaa equaçãode Clairaut.
Mostre que além das soluçõesy — cx + g(c), (2.25) tem a solução
x=—g'(p),u= g(p)—pg'(p).
2.5.
Aplicações
2.5.1 Resfriamento de um corpo
Consideremosum modelosimplificado para o fenômenoda variação
de temperaturanum corpopor perda de calor para o meio ambiente,
fazendo as seguintes hipóteses: (i) a temperatura | é a mesmaem
todo o corpoe dependeapenasdo tempo t, (ii) a temperaturaTy do
meio ambienteé constantecomo tempoe é a mesmaem todo o meio
ambiente, (111)
o fluxo de calor atravésdas paredesdo corpo,dadopor
dT/dt é proporcionalà diferençaentreas temperaturasdocorpoe do
meio ambiente:
di
Er
UR
(2.27)
ondek é uma constantepositiva que dependede propriedadesfísicas
do corpo. O sinal — em (2.27)se explica pelo fato que o calor flui da
fontequentepara fonte fria, e assim se T > I,, entãoT decresce.Se
|
ly, então dT/dt crescee o corpoestá se aquecendo,ao invés de
se resfriar. Abrindo um parêntesis: este modelofoi consideradopor
Newton,estudandoo casode uma bola demetalaquecida,e é por isso
que(1) acimaé chamadodelei do resfriamentodeNewton.Um modelomaiscorretoseria obtidousandoa lei deNewtonpara “elementos
próximos”dentrodo corpoe escreveruma equaçãodiferencialparcial
paraa temperaturaT(t,x) queagoradependeriatambémdopontox
no corpo;a equaçãoobtida
01
; 92T
ot
Ox
Seção2,5
Aplicações
é conhecidacomoequaçãodo calor que,apóso trabalho de Fourier nos
1810's,recebeuum tratamento extensivo. A equação(2.27)aparece
nestesegundomodelocomouma condiçãodefronteira,cf. por exemplo,H.8. Carslaw,J.C. Jaeger “Conductionof Heat in Solids”,Oxford
Press (1959).
Conhecendo-sea temperatura T(0) = To obtemosa soluçãodo
problema,pelosmétodosda secção2.1:
T(t) = (To—Taje + Ta.
(2.28)
Façamosas seguintesconsideraçõesqualitativas: (1)olhando a equação (2.27)vemos que T(t) decrescemonotonicamentecom t enquanto
| >»Is, crescemonotonicamenteenquanto T < Ta, e é constante
casoTo = Ta. (1) olhandoa expressão(2.28)da solução,isso é confirmadoe se conclui ainda mais que T(t) tendemonotonicamentepara
|4 quando t > +oo. À temperatura T, é chamada de temperatura de
equilíbrio.
Vamos complicar ligeiramente o nossomodelo. Suponhamosagora que a temperatura Ty do meio ambientevaria com o tempoao
receber(ouceder)calordocorpo.As demaishipótesesdo modeloanterior sãomantidas.Para deduzira equaçãonecessitamos
demaisuma
lei da calorimetria, a conservaçãoda quantidadede calor. Sejam m
e Ma, respectivamente, as massas do corpo e do meio ambiente. Designemospor € e CaOscaloresespecíficosdocorpoe domeioambiente;
o calor específicode um corpoé definido comosendoa quantidadede
calor (em calorias) necessáriapara elevar de 1ºC a massa de lgdo
corpo. À lei da conservaçãoda quantidade de calor pode ser então
expressapor
me(To—1) = MaCalTa —Tao)
(2.29)
ondeT(t) e Ta(t) designamas temperaturasdocorpoe do meioam»
biente,respectivamente,e To = T(0), Tao = Ta(0). Usando em(2,27)
a expressãodeTá retiradade(2.29)obtemos
Y
e +k(1 + A)T = k(Ta0+ ATo)
(2.90)
ondeÀ
(mc)/(macla). À equação(2.30)coma condiçãoinicial
H(0)= To podeser resolvidaexplicitamente,pelosmétodosda secção
29
JO
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
2.1,
T(t)
= ho ” Tao,
Cap. 2
k(1 HAJt
Tao
| Alo
|
(2.31)
I+A
I+A
A expressão(2.31)nos informa que a temperaturado corpodecresce
monotonicamente (ou cresce monotonicamente), se lo > Iwo (ou se
To < Tao) para o valor
Tao + Alo
I+FAÃ
o Malala,0
+ meio
maca me
que é uma temperatura,T, obtida através de uma média ponderada
de sentido óbvio; essa temperatura é chamada de temperatura de
equilíbrio. Mostre que Ta(t) — T quandot > oo, o quejustifica o
nomede temperaturade equilíbrio.
Problema
1. Um corpoa 100ºCé postonumasala,ondea temperatura
ambientesemantémconstantemente
a 25ºC.Após 5 minutosa temperatura do corpo caiu para 90ºC. Decorrido quanto tempoestará o
corpoa 90ºC?
Problema2.
Um corpoa 100ºCépostonumasaladetemperaturadesconhecida,masque é mantida constante.Sabendoque após 10minutos
o corpoestáa 90ºC e após20minutosa 82ºC,calculea temperatura
na sala.
Problema
3. Um corpoa 100ºCé postonum reservatóriocomáguaa
50ºC.Supõe-sequetodoo calorcedidopelocorpoé absorvidoe mantido pela água. Sabendo-seque após 10 minutos a temperatura do
corpoé 80ºCe a da águaé 60ºC,calcule(i) depoisdequantotempoa
temperaturada águaserá/5ºC, (ii) a temperaturade equilíbrio.
Problema
4, Qual deveser a temperaturada águapara queum corpoa
100º€nelaimersovenhaa umatemperaturade30ºC emmeiahora?
Sabe-seque o corpoé de ferro (calorespecífico0,113calg”! (ºC)!
e tem massade 500g,enquantoque a água (calor específico1) tem
massa4000g,Assumak= 0,05,
2.5.2 Diluiçãode soluções
Um reservatório,contendoV litros de água pura, começaa receber
uma soluçãode água salgada(c kg de sal por litro de solução)a uma
Seção 2.5
Aplicações
razão constantede a litros/segundo. Um mecanismode agitaçãono
reservatóriomantém homogêneaa soluçãoque vai sendo formada,
Simultaneamenteaoprocessodeinjeçãodeáguasalgada,começa-sea
retirar doreservatórioa soluçãoformada,na razãodea litros/segundo,
Determinea quantidadede sal no reservatórionum instante futuro.
Seja x(t) a quantidadede sal em kg presenteno reservatório
num tempot. Portanto a concentraçãode sal na soluçãoé x/V kpg/t..
Pode-seportantoescrever
dx
HE =
Cc— 1
x
(2.32)
que é uma equaçãodo tipo estudadona secção2.1. Como x(0) = 0,
podemosescreverexplicitamentea soluçãode (2.32)
x(t) = cV(I —et
M,
(2.33)
9quemostraquea concentraçãox(t)/V desal no reservatóriotendea
c quandot > co. Comoem2.5.1há umamarchapara um equilíbrio
entrea soluçãosalina injetadae a soluçãono reservatório.Issonãoé
surpresa pois a matemáticaé a mesma.
Vamos complicar ligeiramente nossoproblema. Suponha que a
solução salina saindo do primeiro reservatório cai em um segundo
reservatório,contendoinicialmente V litros de água pura. Suponha
queo segundoreservatóriotenha tambémum mecanismode agitação
paramanterhomogêneaa soluçãoformada,e quetambémdelehaja
uma vazão de a litros/segundo. A quantidadede sal no segundoreservatório,varia de acordocoma equação
dy
dra
y
x
de onde se obtém, usando (2.33),
dy
a
om
1 —e"
et,
a dec
TyGL 12ge(1
Usando os métodosda secção2.1 obtemos
u(t)=cV- CV +t)evt,
o que mostra que a concentração salina no segundo reervatório
tambémcrescemonotonicamentepara c.
11
S2
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
Cap.2
Problema
. Estude o primeiroproblemade diluiçãoacima,fazendoa
modificaçãoque a soluçãosalina sai do reservatório na razão de b
litros/segundo. Supondo b > a, determine o momentoem que haveráno reservatórioa maiorquantidadedesal. Supondoqueb < a,
determinea lei de variação de concentraçãode sal como tempo.
2.5.3 Por que uma corda simplesmente enrolada num poste sustenta um
barco?
Consideremosuma corda em contactocomuma superfície cilíndrica
vertical decoeficientedeatrito estáticoEt.Suponhamosqueo contacto
se dê em todo um setor AB de ângulo « (em geral, x > 360º, mas
para efeitoda nossafigurasupomos« < 180º)e quehá umaforçaTo
aplicadaa uma das extremidadesda corda,comoindicadona figura.
O problemaé saber qual a força T; que deve ser exercida na outra
extremidadepara mantero equilíbrio.
to
| =T(o—58),|F2]
=T(0+58)+uJF3],
|F3|
=N(0)r40
Figure2.6
Inicialmente vamos estudar o equilíbrio de um trecho CD da
corda. Designemospor T(0) a tensãono pontoda cordacorrespondenteaoânguloOmedidoa partir deOA no sentidoantihorário,e por
N(0) a reaçãoda superfíciesobrea corda. Não vamospor empalavras
o que se lê direto da figura. À força H;,tangenteao círculo é a uisÃo
noponto€ ++0 22.A forçaF; é a somadatensãoemD & 0+ 8
da forçade atrito;
miraAO pequenopodemossupor queessa oca
Seção 2.5
Aplicações
de atrito tenhaintensidadeuN(0)rÃAO,ondeN(0)rÃO é a reaçãototal
da superfícieao longodo trechoCD de comprimentoTÃO. O trecho
CD estandoem equilíbrio, temos F + F>+ F3 = 0. Projetando essa
equaçãosobrea direçãoF3 e sobrea direçãoortogonaltemos:
N(0)rA0 —T (o — )
es],
(o + 2)
É(o T
sen
)
Z
sen=
—uN(9)rAOsen— = Ú
(2.34)
cosE + uN(9)rÃO cosa.
2
2
—T(o
AO
— 2)
AO
cosTE
O
(2.35)
Dividindoessasequaçõespor AO e passandoaolimite quandoAO — O
obtemos
TN(0)— T(0) = 0
(2.36)
de ondeobtemos
dT
— (0) + urN(0) = 0,
do
aT
par
T pes
ag” HI
=D,
(2.37)
cujasolução
é T(0) — ce Hº, Usando dadoinicial T(0) —Toobtemos
T(9) = To gorê,
Logo | = Toe
"%.
Assim, quanto maior « menor será a força
necessáriaa aplicar na outra extremidade.Portanto,se a cordafizer várias voltas no poste, a força T, pode ser tão pequena que 0
próprio peso do resto da cordajogada sobreo solo basta para man
ter o equilíbrio.
Exemplo
1. Suponhaquea cordadá duas voltascompletasem tornodo
poste,cujo coeficientede atrito é 0,4. Supondoque a força Toé 1000
N (N=newton),calcule1, paraquehaja equilíbrio.
Resolução: Tj = 1000€2417= 6,56N,
JM
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
Cap.2
Consideremosa seguir o casoem que a corda está enrolada em
um cilindro horizontalde raio r. Comono exemploanterior,consideramosquehá um atrito entre a cordae o cilindro, e agoravamoslevar
em contao pesoda corda;seja w o pesoda cordapor unidade de comprimento. Neste caso,comopodemosver das expressõesobtidasmais
adiante, uma massa m pode ser mantida suspensagraças ao atrito
da cordae a um pequenopedaçode corda.
Figura2.7
O raciocíniopara obtençãodas equaçõesde equilíbrioprocedecomo
acima: em (2.34)apareceo termo adicional
—wr(A0) senO
e em (2.35)
—wr(A0) cos0.
Portanto,as equaçõescorrespondentes
a (2.36)e (2.37)são:
TN(0) =T(0) - wrsenO = 0
Eu
de ondese obtém
y
dT
do
(2.38)
+ urN(0) —wrcos0 =,
(2.39)
Hui = wurícosO—sen O).
(2.40)
Seção2.5
Aplicações
Pelo métododa secção2.1 obtemosa soluçãogeral de (2.40)
T(0)
(UT
Rucos0+(1— u?)senB]+ Ce Hº
| +p?
(2.41)
onde €Cpodeser determinadausando-seo dadoinicial T(0) = To:
C = Ta
Z2UWT
(2.42) *
I+u?
Problema
1. DetermineT(71)sabendoqueapósopontoA há umpedaço
decordadecomprimentoº deondependeumamassam.
Resposta:
NestecasoTo= wl + mg. Logo
TER =
2WWwT cia
2uWwT
ru +|wl+ mg gra,
1+qu
Problema
2 . No problemaanteriorsuponhaque u — 0,4,r = 0,5m,
(= lImma=lOkgew
= 20N/m. Qual será o comprimentoº;
de corda que deve ficar pendentedo lado B para que o sistema se
mantenhaem equilíbrio comapenasmeia volta da corda.
Resposta: tl, — 1,26m.
Problema
3. Suponhaque um corpode massam = 50kg deveser
mantidosuspensopor uma corda (500gpor metro)enrolada em uma
poliade20cmderaio. Determineo comprimentomínimodecordaque
deveser utilizada para que o equilíbrio seja mantidopor um pequeno
pedaçode corda suspensa. Suponha que o trecho da corda entre o
corpoe o seu primeiro contactocom a polia é 2m, e que o coeficiente
deatrito é yu
= 0,4.
2.5.4 Atractriz
A tractriz é a curva no plano (x,y) que tem a propriedadeque o
segmentoda tangentedelimitadopelo pontode tangênciae peloeixo
dos x é constante. Essa curva tem a seguinte descrição mecânica:
35
Só
Cap. 2
Equações Diferenciais de Primeira Ordem
cial separável
!
É Roo
y
(2.43)
y = asenO
[e
—U “ay =a [
SE
46 =a [
sen O
do
senO
e dai uma primitiva seria
atntgs
O
2
+acos0
e voltandoà variável y, usando-se
O
tg O= 2tg 5/(]
O
tg" 5).
Seção2.5
Aplicações
a primitiva procuradaseria:
sraRace
atne
si
y
+ va? —y2.
Portanto,a soluçãode(2.43)seriadadaimplicitamentepor
a—/aq? —y?
U
+yq2—-y?=-x+c
ondea constantepodeser calculadalembrandoque,para x = Ô,temse uy —a; daí c = O. Observequese olharmosy comoa variávelindependentee x comodependentea equaçãoda tractriz x(y) na forma
explícita é
io
di
- ata
E
=
EA.
y
A tractriz apareceem Geometria Diferencial: considere a superfíciederevoluçãogeradapelarotaçãodessacurvaemtornodoeixox; essasuperfícieé chamadaapseudoesfera,e é um casointeressante
de uma superfície que tem curvatura gaussiana negativa constante
em todosos pontos,comexceçãodos pontosno plano x = O. A pseudoesferaservepara dar um modelode uma geometrianão euclidiana;
se sobre a pseudoesferaconsideramosas geodésicascomo as retas
daquela geometria,teremosum modelode uma geometriaondenão
valeo quintopostuladodeEuclides.A únicadeficiênciadestemodelo
é queas retas não sãoinfinitas emambasas direções.Recomendamos
ao leitor interessadoo artigo de Manfredo P. do Carmo “Geometrias
não-euclidianas”,publicadono Noticiário da SociedadeBrasileira de
Matemática,Número Especial de 1979.Do mesmoautor,o livro “Eles
mentosde Geometria Diferencial”, publicado pelo IMPA, suprirá o
que o leitor necessitapara provar que a pseudoesferatem curvatura
paussiananegativa constante.
À tractriz tambémtemuma aplicaçãomecânicanochamadopivol
deSchiele(cf. Reddick-Miller “AdvancedMathematicsfor Engineera”,
John Wiley (1960). O problemaé determinar a forma de uma ponta
deeixovertical quedevegirar sobrerolamentosde modoquea reação
S/
JO
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
Cap. 2
vertical V dos rolamentosseja constanteem todos os pontos de superfíciede contacto.Além disso,deseja-sequeo desgasteda pontado
eixo a cadaaltura seja uniforme.
Cy
+X
Figura2.9
Para deduzir a equaçãoda curva da secçãolongitudinal da ponta
do eixo,observamoso seguinte:
(1) Designandopor N a reaçãodosrolamentossobreo eixoemcada
ponto de superfície lateral, e por W o pesodo eixo, temos que o somatóriodasprojeçõesverticaisdeN deveseriguala W; comosequer
que a projeçãovertical de N seja constanteemtodosos pontostemos:
V=W/A
(2.44)
ondeÀ é a projeçãohorizontal na superfícielateral da ponta do eixo.
(11) A hipótesede desgasteuniformesignificaque o desgasteé constante com y. A Mecânica nos diz que o desgasteé proporcional ao
trabalho da forçade atrito uN numa rotaçãocompletado eixo. Logo
inyuN = const.
(2.45)
JH
Por outro lado, da semelhançade triângulos, temos
N PQ
Voy
e daí usando as informaçõescontidas em (2.44)e (2.45) concluimos
que PQ deveser constante. Logo, pelo que se viu acima, a curva da
a pontado eixotem a forma de uma pseudoesfera.
Problema
. Mostre que a equaçãoda tractriz tambémpodeser escrita
como
a
x=—Vqa2 —y?— acosh! y
ondecosh”! é a funçãoinversa do co-senohiperbólico.
2.5.5 A catenária
O problemaque agora consideramosé o da determinaçãoda forma
tomadapor um caboflexívele inextensível,suspensoem doispontos
A e B, e sujeito a seu próprio peso. Flexível significa que a tensão
no caboé sempreno sentidoda tangente. Esse problemafoi proposto
pela primeira vez por Leonardo da Vinci, e resolvidoincorretamente
por Galileu, que “mostrou”ser uma parábola a curva ocupadapelo
cabo. De fato, o que Galileu resolveufoi o problemada pontepênsil;
a forma de um cabosempesosuportandouma carga uniformemente
distribuida horizontalmente. Em 1690, James Bernoulli chamou a
atençãosobre esse problema, e um ano depoisela era resolvidopor
Leibniz, Huyghens e Johann Bernoulli, irmão de James. Foi Leibniz
quedeu o nomede catenáriaà curva ocupadapelocabo.Uma nota do
folcloreda Matemática: a fasedosurgimentodoCálculo e início doestudodasequaçõesdiferenciaisfoimarcadoportremendaspolêmicase
constantesdesafiosentre Newton, Leibniz e osirmãos Bernoulli. Para
seter uma idéia disso,vamostranscreverum trechodeumacartaque,
anosdepois,Johann Bernoulli feza um amigo,cheiodesatisfaçãopor
terresolvidooproblemadacatenáriaantesdeseuirmão.“Osesforços
de meu irmão não tiveram sucesso;eu fui mais feliz, pois tive a habil
dade(digoissosempresunção,porquedeveriaeuescondera verdade?)
deresolvero problemaereduzí-loà retificaçãoda parábola, E verdade
que isso me fez trabalhar durante toda uma noite. Isso representou
40
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
Cap.2
muito naquelesdias e para minha poucaidadee experiência,mas na
manhã seguinte, transbordando de alegria, corri até meu irmão, que
ainda estavalutando miseravelmentecom o nó górdio sem chegara
lugar nenhum, sempre pensandocomoGalileu que a catenária era
uma parábola. Pare! Pare! disse-lhe eu, não se torture mais tentandoprovara identidadedeuma catenáriae deuma parábola,pois
issoéinteiramentefalso. A parábolaservena construçãoda catenária
mas as duas curvas são tão diferentesque uma é algébricae a outra
transcendente”.
*U
Figura2.410
Consideremosum sistema de coordenadascartesianascom origemno pontomais baixo da curva e eixo 1 coincidentecoma vertical.
Vamosconsideraro equilíbriodotrechoOP docabo:H+ T+ V=0,
onde H é a tensãodo caboem seu ponto mais baixo,T é a tensãono
pontoP = (x,y) e Vé o pesodo trechoOP do cabo,V = ws, w é
o pesopor unidade de comprimentoe s é o comprimentodo arco OP.
Projetandoessaequaçãodeequilíbriosobreosdoiseixosobtemos
e dai
—H+ Tcos0 =0
(2.46)
—V+Tsen0O =0
(2.47)
W
tgO=
—s.
g
H
2.48
(2.48)
Observeque w e H sãoconstantes:seja w/H = c = constante.
ObservetambémquetgO = y”.Logo,derivando(2.48)obtemos
u
HH
ds
' dx
Seção2.5
Aplicações 41
Poroutrolado,comods/dx = V 1+ (dy/dx)2, concluimosquey deve
satisfazer à equaçãodiferencial
uy"=c4/1+ (u')2.
(2.49)
A integraçãode (2.49)é conseguidado seguintemodo: introdusindo a variável p = uy”,obtemosa equaçãoseparável de primeira
ordem
(2.50)
[ater]
Uma primitiva de
p = cotg O
1
sp
p'=cvlI+p2.
+Pp
1+p?
se conseguecom a mudança de variável
Ps
dO = —intg ”
senO
2
e voltandopara a variável p, temosuma das primitivas procuradas:
—In(vp2+1—»p).
Logo,as soluçõesde (2.50)são da forma
—In(v3/p?+1—-p)
= cx+ const.
Comop(0) = vy'(0)= 0,essaconstantedeveserzero.Logo
(y)2+1—-y'=e*,
(2.51)
Lembrando(eusando!)aspropriedadesdasfunçõeshiperbólicas,concluimosque as soluçõesde (2.51)são da forma
ulx) =c *] cosh(cx)+ const.
Comoy(0) = 0, conclui-sequeessaconstanteé -c
procuradade (2.49)é
u(x) = c Hceosh(cx)
— 1).
!. Logoa solução
(2.52)
Conclusão
: Um caboflexívele inextensível,suspensoem dois pontos
e sujeito a seu próprio peso,toma a forma do gráficode um co-seno
hiperbólico.Essa curva é a catenária.
42
EquaçõesDiferenciais
dePrimeiraOrdem
Cap.2
Atenção. À solução (2.52) envolve o valor de H que, apesar de ser
constante,não é um dosdadosdo problemainicial. Será interessante
escreveressa soluçãoem termos de outros parâmetrosgeométricos,
comopor exemplo:
a — afastamentohorizontal entre os dois pontosextremos
Ae B do cabo
d —flexada catenária
t = comprimentodocabo.
Vamosconsideraro casoemqueÀ e B têma mesmaaltura, através
de alguns problemas.
+y
A
Sail
a
|
-a/2
|
a/2
Figura2.11
Problema
1. Suponhamosqueo cabotenhacomprimentoº e queestá
suspensoempostesÀ e B de mesmaaltura e a uma distânciaa um
do outro, Qual é a flexa d da catenária?
(9)1]
Resolução, De (2.48) e (2.51) temos que senh(S2) = Ss. Desta
equação,obtém-sec. Usando esse valor de c, obtemosde (2.52),
d=ç"
Observação
. Dasduasrelaçõesna resoluçãoacimaobtemos
Seção2.5
Aplicações 4)
Problema
2. Suponhamosque o cabotenha comprimento( e que está
suspensoempostesÀ e B demesmaaltura, demodoqueo ângulodo
cabocoma horizontal nos pontosÀ e B seja 45º. Calcule a flexa d e
a distância dospostes.
Problema
3. Suponha que nas condiçõesde 2.5.5)acima, o caboestá
sujeitoa açãodoventoquesuporemosser representadapor uma força
horizontal (h Newtons por metro da projeçãovertical do cabo), noplanodocabo.Deduzaa equaçãoda curvadocabo.
Problema
4. Suponhaquenas condiçõesde 2.5.5)acima,o cabosuporta
um estrado de peso W que supomosuniformementedistribuido ao
longoda projeçãohorizontal do cabo. Deduza a equaçãoda curva do
cabonoscasosseguintes:(1)w = 0,(11)
w £ 0. [Ocaso(1)corresponde
à pontepênsil].
2.5.6 Espelho parabólico
O problemaconsisteem determinar a forma de um refletor tal que
todososraios por elerefletidose provenientesde uma fonteluminosa
pontualsaemparalelosa umadireçãofixadaR.
Sabemosda GeometriaElementar queum parabolóidederevolução(1.e.a superfíciegeradapela revoluçãode uma parábolaemtorno
de seu eixo)tem essa propriedade;basta colocara fonte luminosa no
focoda parábola geradora. O que nos propomosagora demonstraré
queo parabolóideé a única superfíciecomessapropriedade.No nosso
raciocínio, a seguir, demonstramos não somenteessa unicidade, como
tambémesseresultado de existênciadadopela geometria.
Figura2.12
44
EquaçõesDiferenciais
dePrimeiraOrdem
Cap.2
Suponhamosque a fonte luminosa esteja localizada na origem
e que a direção R seja o eixo-x. Designemospor y(x) a função que
descrevea secçãolongitudinal do refletor. Na figura representamos
um raio luminosoemanandodeOe serefletindono pontoP dorefletor;
sendoN a reta normal à curva no ponto P, a lei da reflexãoda Ótica
Geométricanos diz que o ângulo de incidência 1é igual ao ângulode
reflexão r. Temos, então, as seguintes relações
d
O
-te(90-r)
e
E
=te(18021),
dx
x
de ondese obtém
Vo
2W
E I=NPP
ou seja
uly)*+2xy'—y=0.
(2.53)
A expressão(2.53)correspondea um par de equaçõesdiferenciais:
V=--
x
y
+
da
(3)
y
+1
(2.54)
que tambémpodemser escritascomo
uy +x=+vyx2+y,
(2.55)
Para resolver(2.55)introduzimosa variáveldependentez = z(x), tal
que z? =x? +vy”,e assim (2.55)se torna
zz = +z.
Logo Z= dbx+c,e daí
y? = +2xc+ c?
que correspondema equaçõesde parábolascomeixo coincidentecom
o eixox. O sinal + correspondea uma parábola com concavidade
voltadaparaadireitaevértice(—5,0). O sinal —corresponde
auma
parábolacomconcavidadevoltada para a esquerdae vértice (5,0).
2.5.7 As curvas de perseguição
Consideremoso seguinte problemasurgido na perseguiçãode um rato
Seção2.5
Aplicações 45
por um gato. O rato se encontravapacificamentena origemcomendo
seuqueijo,quandoum gatofamintolocalizadono pontoG = (a,0) o
descobree parte em sua direção.Instantaneamente,o rato pressente
o seu inimigo e toma a decisãode fugir ao longodo eixo-y no sentido
positivo,e o faz comvelocidadeconstantev. A estratégiado gato
é correr sempre na direção em que se encontra o rato, e o faz com
velocidadeconstantew. O problema é determinar a curva descrita
pelogato;emparticular,determinarcondiçõesnosparâmetrosa, y e
w para que o gato encontre o rato.
Após um tempo t, o gato se encontra no ponto P = (x,y) e o rato
no ponto Q = (0,vt). Podemoscalcular o tempot que o gato gastou
para chegarem P: é o quocientedo comprimentodo arco PG por w,
isto é
1
t=—/
0.
a
(x)|2 dx.
V( + ly'(x)|2
G=(a,0)
(2.56)
X
Figura2.13
Por outro lado, da geometriada figura, temos
OQ =vy-uy'x
e comoOQ = vt, obtemosde (2.56)e (2.57)a equação
2 t+lvo)Pax=y-vx
(2.57)
46
EquaçõesDiferenciaisde PrimeiraOrdem
Cap.2
Derivandocomrelaçãoa x obtemos
e]
+ [y'(x)]2= xy”
c=viw.
(2.58)
Para integrar (2.58)introduzimos a variável p = y' e assim obtemos
a equaçãoseparável
xp =evl+p?.
(2.59)
Como vimos em 2.5.5,
bi
é umaprimitiva de
p*+41
—p)
1/V1 + p2.
Logo,a soluçãode (2.59)é
—tn(Vp?+1 —-p)=cinx+ const
onde consideramosx > O. Logo, usando a condiçãoinicial p(a) =
y'(a) = 0,temos
Vp?2+1]-p=(a/x)º.
(2.60)
== (9
Daí obtemos
a qual integrada,usandoa condiçãoinicial y(a) —O,dá
vio) =5]
]
(9
c4+Tla
+
]
c—1
(DS
ix
CL
(2.61)
o
uíx)
1 /x?
(atra)
l/a
= (S-atna),
Emi,
(2.62)
Análise da solução
Se col, isto é, v>w, o gatojamais alcança o rato. Sec < 1, isto
6, vo w, os segundosdo rato estão contadose são precisamente
aco/(0” — vº), supondoque as velocidadesv e w estão dadas em
unidades de comprimento por segundo; o encontro fatídico dar-se-á
Seção2.5
Aplicações 4/
no pontodeordenadaavw/(w? —v?) sobreo eixodosy. Proveesses
fatose analise a curva de perseguiçãonos vários casos.
Problema1
Um barco localizadona origemse propõea atravessar um rio repre-
sentadona figurapelafaixa O < y < b. Sabendoquea velocidadeda
agua é ve que a do barco é w e sabendoque o barco aponta sempre
para o ponto(0,b), pergunta-seque relaçãodevehaver entrev e w
para queo barcoconsigaatravessaro rio. Determinetambéma curva
descritapelobarco em cadacaso,isto é, atravesseou não.
AV
E” P=(%,1)
Figura2.14
Sugestão
: Usandoa representaçãoparamétrica(x(t),u(t)) da curva
onde t designa o tempo, temos as seguintes equações obtidas expressandoas componentesda velocidadedo barco: XxX
= v — wcos0,
y = wsen 0, ondeX = e . Use a relaçãob —-y =x tg Opara obter
y
E
b—uy
cx? +(b—y)?
:
É= 94H,
Problema
2. Um contratorpedeirolocalizaum submarinoa umadis:
tânciade 10km. Nesseinstanteo submarinosubmergee parteem
umcursoretilíneo,masdedireçãodesconhecida
docontratorpedeiro
A velocidadedocontratorpedeiroé 3 vezesa dosubmarino, Quecurso
devetomar o contratorpedeiropara algum tempodepoisestar exata
mentesobreo submarino?
3
Propriedades Gerais das Equações
Reconhecida
a impossibilidadederesolveramaiorpartedasequações,
emformaexplícita,põe-sea questãodesaberseoproblemasobestudo
tem solução.Chegamosassim às questõesde existênciade soluçãode
um problema,sem aquela preocupaçãode exibir a solução. O resultadocentralnessadireçãoé o teoremadePicard,Teorema3.1,secção
3.2, que fala sobre a existênciade soluçãopara o problemade valor
inicial:
v=f(xy),
ulxo)=vo.
A demonstraçãousa o princípio da contração e exibe uma vestimenta
moderna para o métododas aproximaçõessucessivas,já conhecido
e usado com sucessopelos matemáticosdo século passado. Neste
capítulo,tambémdedicamosespecialatençãoaos aspectosgeométricos ligados às equaçõesdiferenciais. Visando um estudo adequado
dasequações
exatas,bemcomofuturasaplicações,
dedicamosa secção
4.3 ao estudode camposvetoriais e formas diferenciais. Como o leitor verá, há vantagensinegáveisem usar formasdiferenciaispara
tratar as equaçõesexatas. Por essarazão,desenvolvemos
também
naquelasecçãoo estudodasformasdiferenciais,o quetranquilizará o
leitor mais exigente,mostrando-lheque é fácil formalizar uma linha
de procedimentosupostamenteimprecisa.
3.1. — Interpretação
Geométricada Equaçãoy' =f(x,y)
A formaexplicita geral da equaçãodiferencial ordinária de primeira
ordem é
yo= f(x,y)
(3.1)
Seção3.1
Interpretação
Geométrica
daEquaçãoy' =f(x,y) 49
onde OQ) -—s
R é uma funçãoreal definidanum aberto€) do plano
(x,4).
Uma soluçãode (3.1)é uma função diferenciávely = p(x) defimidaem um intervaloabertoI e tal que
(x,p(x)) ceO,
p'(x) =f(x,b(x)),
paratodo xe€el,
paratodo x€El.
(3.2)
(3.3)
Um dosproblemasbásicosno estudoda equaçãodiferencial(3.1)
o à determinaçãode suas soluções;essefoi o tipo de questãoqueestudamosem todoo Capítulo 2 para diferentestipos de equações.Entretanto a obtençãode soluçõesde (8.1)na forma fechada,isto é, numa
formaexplícitaem termosde funçõeselementares,é um problema
impossívelde resoluçãopara o casogeral de equações(3.1). O leitor
deveter observadoqueequaçõesdiferenciaisdeaspectomuito simples
apresentaramdificuldadestécnicasapreciáveisemsuaresolução.Em
verdade,a maior parte das equaçõesnão podeser resolvida explicitamente.
Em muitosproblemasdeaplicaçãonãosefaz necessáriosabera
expressãoalgébricadas soluçõesda equaçãodiferencial. Basta saber
propriedadesdessassoluções,comopor exemplo,seu comportamento
quandox tendeparaalgumvalorpré-estabelecido.
Comissoemvista,
à interessantee importante estudar as propriedadesgeométricasda
família das soluçõesda equaçãodiferencial. Este é o outro problema
básicono estudo das equaçõesdiferenciais, que pertenceà chamada
teoriaqualitativa.
Um terceiroproblemade importância no estudode (3.1)é a teoria da existênciae unicidadedesoluçãodoproblemadevalor inicial.
O problemade valor inicial consisteno seguinte:dadas a equaçãodiferencial e um ponto (xo, Yo) E €), determinar um intervalo aberto |
contendoxo e uma funçãodiferenciávelp:I — R tais que as relações
(3.2) e (3.3) acima se verificam e, além disso,
b(xo) =vVo,
que é a chamadacondiçãoinicial.
(4.4)
5O
PropriedadesGeraisdas Equações
|"
Cap.3
o
ty
,
U|
Vo|
Figura3.1
Para melhor compreenderesses problemasno caso geral (3.1)
é importantever o significadogeométricoda equaçãodiferencial. A
funçãof atribuea cadapontodeO umnúmero,f(x, W);a equaçãodiferencialdiz quea soluçãoquepassarporessepontodeveter inclinação
igual a essenúmero:
tgO=f(x,y)
ondeOé o ânguloda tangenteT à soluçãocomo eixox.
Essa interpretaçãopodesetornar ainda mais geométricaseimaginarmososeguinte.Em cadapontodeO damosumvetorV' (x,y) =
(1,f(x,y)) quedeterminaa tangenteT. Assim, temosum campovetorial definidoemO. As soluçõesde (3.1)sãoas curvascujosvetores
tangentes em cada ponto (x,y) são v( x,U). Essas curvassãochamadastambémde curvas integrais.
*y
51
Na visualizaçãodo campovetorial descritono parágrafoanterior
é útil conheceras isóclinas. Uma curva y = W(x) é uma isóclinase
f(x, ip(x)) = cte. Assim o campo vetorial v é constante ao longo das
isóclinas.
Exemplo
. Considerea equação
y =1-xº—y”,
As isóclinassãoos círculos centradosna origem. Vê-se assim que em
todosos pontosde x? + y? = 1 o campovetorial v é paralelo ao eixo-x
e iguala (1,0). Já nospontosdocírculox? + y? = 2 o campovetorial
teminclinaçãode —45ºe é igual a (1,—1).
3.2.
Existência, Unicidade e Dependência Continua
Nestasecçãodemonstramos
um teoremaquedácondiçõessuficientes
paraa existênciae unicidadedesoluçãodoproblemadevalor inicial.
[Umresultado dessa natureza é importante para podermosafirmar
que,mediantecertascondições,a região está cobertapor curvasinteprais.
Teorema
3.1(Existência
eUnicidade.)
Seja f:O —sRuma funçãocontínua
definida num aberto O do plano (x,y). Suponhamos que a derivada
parcial com relação à segunda variável, fy;:O — R, seja contínua
também.Então,para cada(xo,Uo)€ O, existemumintervaloaberto1
contendo xo e uma única função diferenciável p:I —> R com
(x,p(x)) € O, para todox E 1,que é soluçãodo problemade valor inicial (P.VI.)
y'=f(x,y)
Ylxo)=vo.
(3.5)
(3.6)
O primeiropassona demonstraçãodesteteoremaé a transformaçãodoproblemadevalor inicial no problemaderesoluçãodeuma
equaçãointegral, o que se faz no lema a seguir.
Lema3.2. Seja f:O — R umafunçãocontínua num abertoO doplano
(x,y). Então, uma função diferenciávelp:1 —+R é uma soluçãodo
problema de valor inicial (3.5)(3.6) se e somentese for uma solução
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap. 3
da equaçãointegral
vlw)=vo+ |
0
fis,uls)jds,
xcl.
(3.7)
Demonstração
: 1) Se p é soluçãodo problema de valor inicial, (3.5)(3.6), então,pelo Teorema Fundamental do Cálculo, p é soluçãoda
equaçãointegral (3.7). 2)Reciprocamente,se &: 1— R é uma função
contínua queé soluçãoda equaçãointegral (3.7),então,peloTeorema
Fundamentaldo Cálculo, bpé diferenciávele é tambémsoluçãodo
problemade valor inicial (3.5)-(3.6).
B
Concentremo-nospois na resolução da equaçãointegral (3.7).
Dado (x9,Uo) € €), tomemosa e b positivostais que o retângulo
B=B(a,b,xo,yo)
=(xy): |x-xo|saely—vol<b) (3.8)
estejacontidoem O. Como f é contínua e B é compacto(i.e.,fechado
e limitado),temosquef é limitadaem B; seja
e
Ji
o intervalofechado I[xo—qa,xo+ al.
Seja C o conjuntode todas as funçõescontínuas g: Ja — R tais que
g(xo) = vo e lglx) = yol<b; graficamente, queremos em C as funções
continuas cujos gráficos passempelo ponto (xo,Vo) e que estejam contidos no retângulo B,
Seção3.2
Existência,
Unicidade
e Dependência
Contínua 5
xo-a E xpta
x
Figura3.3
DefinimosemC a seguintemétrica(distância):
d(g1,92)
=maxl|gi(x)
—ga(x)|
:x E Ja;
(3.9)
é fácil verificar que (3.9) é, de fato, uma métrica, isto é, tem-se as
propriedades:
d(g1,92)z20,e d(g1,9g2)=0seesóse g/=92
d(g1,92)= d(g2,91)
d(g1,g2)<d(g1,
93)+ d(g3,g2).
Portanto, C é um espaçométrico.Pode-se,então,falar em sucessãode
Cauchy:(gn) édeCauchysedadoe > Oexistirno tal qued(gn, Om)<
e para n, mz2no9.Uma sucessão(gn) convergepara g E C se dado
e > 0 existirno tal qued(gn,9) < E, paran2no. Diz-sequeum
espaçométricoC écompletosetodasucessãodeCauchyé convergente
paraalgumelementodeC.
O espaçométricoC definidono parágradoanterior é completo,o
queseprovasimplesmente
observandoquea convergência
na métrica
d é a convergência
uniformedefunçõese lembrandoqueo limite uni
forme de funçõescontínuas é uma função contínua,veja Teorema4,
pag. 298, E.L. Lima, “Curso de Análise”, vol. 1, Projeto Euclides,
1976.
Voltemosà consideraçãoda equaçãointegral(3.7), Consideremos
54
PropriedadesGeraisdasEquações
Cap.3
a funçãoO definidaemC e quea caday € É associaa função
g(x)=vo +f
O
fls,u(s))ds.
Observe que g(x) é uma função contínua para x € Ja, que g(xo) = Vo
e que
|9(x)—yol</
F(s,uls)|ds
<M|x—xol<Ma<b
e consequentemente
g E C. LogoD:C > C.
À equaçãointegral (3.7)podeser escritana formafuncional
y=O(y).
Portanto,as soluçõesde (3.7)sãoos pontosfixosde D. A idéia agora
é usar o Teoremado Ponto Fixo de Banach, conhecidotambémcomo
o Princípio da Contração:
“SejaC umespaçométricocompleto.SuponhaqueD:C > C é uma
contração,
istoé,existeumaconstante
O<k< 1,tal que
d(D(gi),D(gz))<kd(gr,92).
para todos91,92€ C. Então,existeume somente
um g E C tal que
g =D(g).
Ao leitor interessadona demonstraçãodoTeoremado Ponto Fixo
de Banachsugerimoso livro de C.S. Hônig, “Aplicaçõesda Topologia
à Análise”,Cap. II, ProjetoEuclides,1976.
A fim de aplicar esteteoremaao problemaque estamosestudando, resta apenasverificar se O é uma contração.Para tal, escrevemos
[Digi)lx)—D(gz)(x)]=
/ tr(s,
g1(s))
—
f(s,g2(s)lds|.
(3.10)
Para estimaro integrandono segundomembrode (3.10),usamoso
seguinteresultado
Lema33, Seja EO —sE umafunçãocontínua definida em um aberto
OQ
do plano (x,y) e tal quea derivadaparcial f,:O — R sejatambém
Seção3,2
Existência,
Unicidade
e Dependência
Continua. 5º
contínua. Dado um subconjunto limitado O, C Oo C OQ,existeuma
constanteK > Otal que
f(x,y) —f(x,vz)|<K[yy
—vz]
para
todos (x,U1),
(3.11)
(x, U2) É Oo.
Demonstração
: Seja ô<dist(00,090), onde dO representaa fronteira
de O, e designemospor Os = ((x,y) € O: dist((x,y),Oo) < 6/21
uma(6/2)-vizinhançadeOo. Dados(x,y1), (x,y2) € Do com|yy=
y2| < ôtemosqueosegmento|x,Ay +(1—A)ya],O<A<1,estácontido
em Os. Aplicamos o teoremado valor médio
foe,
u7)—fbe,
uz)=fylx,Ely —2)
ur>yz
onde é está no segmentodescritoacima. Usando
(3.12)
M, =max(|fy(x,y)|
: (x,y)E Os),
obtemosde(3.12)
Flo,ui) —fix,y2)|<Mi
ya —val
que é válida para (x,y1), (x,y2) € Oo com lyy — vy2|< 6. Para os
pontoscom|yj —y2|>ô,a estimativaabaixoseverifica
2M
f(x,y) —fls uz)|<2M<
ou
—ua,
ondeM é o max|f(x,y)| para (x,y) € Oo.
Logo,paraobter(3.11)bastatomarK —max(M1,2M/6).
»
Voltemosà estimativade (3.10).Usando o Lema 3.3, obtemos
|D(gi)(x)—D(g2)(x)|<K
/
Xo
e daí
918)
—g2(s)Jds|
<Ka
a(g1,
92)
d(D(g1),D(g2))<Kad(gr,92).
Concluimos que D é uma contraçãose Ka < 1. Logo basta tomar
a<1/K. Eo Teorema 3.1fica demonstradocom| = (xo-d, xo l Ul e
Comentáriossobreo valorde Q, raiodo intervalo|, Acabamos de mostra
a existência de uma soluçãodo P.V.I. (3.5)(3,6) num intervalo|
56
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap.3
(xo 4,xo + q). Se bemqueà dependeda funçãof e da distânciado
ponto (xo,Yo) à fronteira 90 de OQ,o seguinteresultadoé de grande
importância:
Lema3.4. SeKk € O é compacto,então um mesmoà pode ser escolhido
de modoa servirpara todasas condiçõesiniciais (xo,Uo) E K.
Demonstração
: Considereumaó-vizinhançaKs deK tal que
KEK
Ch
CO
+
H,
entãopodemosescolhera e b tais que o retânguloB estejacontidoem
À.sparatodosospontos(xo,Uo)€ K. Portantobastatomar
M =max(|f(x,y)|
: (x,y)€ Ks)
e à satisfazendo
a<mimin
a Nº
K
onde E é a constantedada peloLema 3.3 comOo = Ks.
Comentários sobre a necessidade das hipóteses do Teorema 3.1 .
A mera
hipóteseda continuidadede f garantea existência,masnão a unicidadede soluçãodo problemade valor inicial (3.5)-(3.6);a demonstraçãodaexistênciacomapenasa continuidadedef usaaschamadas
poligonaisde Euler ou o teoremade pontofixode Schauder.Para se
Seção3.2
Existência,
Unicidade
e Dependência
Continua. 5/
ter unicidade é necessárioassumir alguma hipóteseadicional à continuidade de f; veja o Exemplo 1, a seguir. Um estudo completodas
questõesapenasmencionadasacimapodeservistonolivro deJ. Hale,
“Ordinary Differential Equations”,Wiley-Interscience,1969.
Exemplo
1. Considereo problemade valor inicial
v' =|y|!2 vy(0)=0.
(3.14)
Nesteexemplo,
f(x,y) = |y|!/2
que é contínuaemtodooplano(x,y).
A funçãoy(x) = Oésoluçãodesteproblemadevalorinicial (3.14).En-
tretanto,há outra solução,a qual o leitor podeobterusandoo método
das equaçõesseparáveise considerandoos casosy > ey
< O;essa
outra soluçãoé
y(x)=
xt,
x>0
—3x2,
£< bl
Umapergunta
paraprosseguir.O Teorema 3.1estabelecea existêncialocal
de solução.A perguntanatural é se a soluçãoobtidanaqueleteorema
podeser estendidaa um intervalo de definiçãomaior, e nestecaso
até onde. Antes de enunciar resultados sobreessa questão,vejamos
alguns exemplos.
Exemplo
2. Considereo problemade valor inicial
v=y
ulij=1.
(3.15)
Nesteexemplo,f(x,y) = y2 e fylx,y) = 2y sãocontínuasemtodoo
plano(x,y). O Teorema3.1nosdiz queexisteumaesóumasoluçãodo
problemadevalor inicial (3.15)definidaemum intervalo (1-a, 1a).
Será que podeser estendidapara todox? A respostaé não, pois q
soluçãode(3.15)é
]
Vo) =>
cujo domínio de definição é (00,2). Entretanto se a condição inicial
em (3.15) for substituida por y(0) = O, a solução é y(x) = O definida
para todo x.
5H
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap.3
Exemplos. y =e “,y(0) = 0. Asoluçãoy = En(x+1)
está
para x > —1.
definida
Exemplo
4. y' = —A cos+, y (+) = O. A solução y = senÉ1 está
definida para x > 0.
Teorema
3.5.Mesmashipótesesdo Teorema3.1. Todasoluçãodo PV.
(3.5)-(3.6)podeserestendidaa um intervalo maximal,o qual éaberto.
Para demonstrarmosesseteoremaprecisamosdo seguinteresultado:
Lema3.6. Sejam pi(x) e bz(x) soluçõesdo P.VI. (3.5)-(3.6)definidas,
respectivamente,
em intervalosabertos1, e 1, contendoxo. Então by
e >coincidemem ly N Is.
Demonstração
: Temos que 1:=
subconjuntoJ de I definidopor
| NI
J=(xel:pi(x)
é um intervalo aberto. O
= pa(x))
é obviamente fechado em 1 e também não vazio, pois xo € J. Além
disso,J é abertoem I, pelaaplicaçãodoTeorema3.1. LogoJ = 1,onde
usamoso fato de um intervalo ser um conjuntoconexo.
a
Demonstração
doTeorema
3.5: Considereo conjuntode todasas soluções
Db;do PV. (3.5)-(3.6)definidas em intervalos abertos 1; contendoxo.
A seguir,seja| = Ul; e definaumafunção4: | —»IRdoseguintemodo:
dadox € I, comox E I; para algum1,defina
p(x) = pilx).
A função«pestábemdefinidaemvirtudedoLema3.6.Além disso,q)
é soluçãodoPV. (3.5)-(3.6),porqueb; o é, e | é aberto.Usaremosa
notação| — (w.,w4). Afirmamosque I é maximal,isto é, não existe
um intervalo contendopropriamenteI onde o P.V.I. (3.5)-(3.6)tenha
solução p. De fato, se houvesse um tal intervalo, este conteria uma
das extremidades,digamosw, . Então, pelo Teorema3.1, a solução
de
yo= f(x,y)
Ulm) = plwa)
Seção3.2
Existência,
Unicidade
e Dependência
Continua. 59
existiria num intervalo (w, —q,w, +a). Observeque o fato de p ser
soluçãodefinidaemw, implicaqueoponto(w, b(w.,)) pertenceao
aberto(0). Daí podermosaplicar o Teorema3.1. Concluimosque a
função4 definidanointervaloI = (Ww,;w++ q) por
plx)
para xe(w.,w,)
b(x)
para xe lwpsw,+a)
Da
é soluçãoP.V.I. (3.5)-(3.6).Isso é, porémimpossívelpois 1foi a união
detodososintervalos abertoscontendoxo, ondeo P.V.I. (3.5)(3.6)tem
solução,e I contémI propriamente.
B
Relação
entreafronteira
O() easolução(Pdefinida
noseuintervalo
maximal.A
perguntaquemotivaesseitemé: Qual o comportamento
de (x, p(x)),
quando x se aproxima dos extremos do intervalo maximal
[ = (w.,w.).
No Exemplo 2 acima, O = Rº,1I = (-00,2) e
p(x) — +oo, quandox — 27. No Exemplo4, O é o semiplano
x > 0,1 = (0,00) e a soluçãop(x) tendepara o segmento—I<y<1,
doeixoy. O quevamosmostraré que(x, p(x)) tendepara a fronteira
de O, no sentidoque a soluçãosai de qualquer compactocontidoem
OQ.
Teorema
3.7. Se b(x) ésoluçãodo P.VI. (3.5)(3.6)comintervalomaximal I= (w.,ws4), então (x, p(x)) > 90 quando x > w. (o mesmo
valepara x > w), istoé,dado K C O compacto,
existeT < w, tal
que(x, b(x)) É Kparax E (T,ws).
Demonstração
: 1)Se w, = +00,dadoK compactoem€), tome
T=
sup
(x,y)JEk
e portanto (x, p(x)) É K sex >»7.
X
DO
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap. 3
*y
Figura3.5
2) Sew, < +oo, dadoK C € temospeloLema 3.4 que o raio q
podeserescolhidoo mesmoparatodasas condiçõesiniciais emK. Se
(x1,p(x1)) E K, então &pestá definidaem (xy —q,xy + q). Tome
T=w,-—
q, temos que (x,p(x)) É K sex € (T,w,), porque se
xi E (T,w4) e (xy, Pp(x1))€ À, temosque (x) estaria definida em
(xi—-q,x,3+a). E como
X+4>7PT+AmW,,
teríamosumacontradição
aofatode | ser maximal.
Observação
: Este teoremaé importantepara determinarmosse as
soluções
deumadeterminada
equaçãosãoglobalmente
definidas,isto
é, w, = +oo. Quando(Qcontémo semiplanox>2xo
e w+ < +oo,
temosqueo Teorema
3.7implicaque|p(x)| — +ooquandox -
w,. Dizemosnessecasoque temosum “blowup” para x finito.
Consequentemente,
se conseguirmos
mostrarque |p(x)| fica limitado, entãotemosobrigatoriamenteque p é globalmentedefinida.
A observação
importantenessesentidoé: Se P'(x) é limitada,então
p(x)| não podetendera infinitopara x em intervalosfinitos. No
ixemplo 4 acima temos Wy'(x)
o cos: é limitada para x>xo > 0,
portantotodasas soluçõescomylx9) = Yo possuemintervalosmaximais com w,
oo,
O seguinteresultadoé de muita utilidade nas aplicações:
Teorema
36. Suponhamosque Dsecjaafaixa (x,y):
a<
x<
b]
Seção3.2
Existência,
Unicidade
e Dependência
Continua 61
e que f:O —sR seja uma função contínua. Suponhamosque a derivadaparcial fy:O — R sejacontínuae limitada. Então para cada
(xo,Vo) € O, existeumaúnicafunçãodiferenciável&: (a,b) > R que
é soluçãodoproblemade valor inicial (3.5)(3.6).
Demonstração
: Basta mostrarquepara cadae > Odado,a soluçãodo
problemadevalorinicial (3.5)(3.6)estádefinidaem (a + e,b —€),
Sejam K, = maxi|f(x,yo) : a + exx<b — eje Kz = supllfy(x,y)| :
(x,y) € O!. Então,peloteoremadovalor médio,
f(x, u)|<f(x, vo)|+|f(x,y)—f(x,vo)|<K1
+ Kay —vo]
e daí, usando (3.7) obtemos
ju(x) —vo|<K3 +ko [
Isso implica (vejaLema 3.9 a seguir)
Xo
uls) —yo] ds.
ju(x) —vo|<KseK2X-Xolcconst
(3.16)
(3.17)
o que mostra que wy(x)não tende a infinito. Logo, o intervalo de
definiçãoda solução(3.5)-(3.6)é (a + e,b — e). Como E é arbitrário
obtemoso resultado.
a
Lema3.9 (Lema de Gronwall). Sejam «&,p e d funçõescontínuasdefinidas em um intervalo (a,b), tais que B>0 e
d+ /
Então
pe
E
(3.18)
B(s
Pe
(3.19)
Em particularse«(x)= K = const,temos
'
ô(x)<K
ela
Demonstração
: Seja
d
:
(3.20)
62
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap.3
Então w'(x) = B(x)ó(x). E daí, usando(3.18),
w'(x)<PB(x)a(x)
+Blx)w(x)
que podeser escrita como
[ww
(x)e7
2] <p(x)o(x)e
PD
ondeB'(x) = B(x). Daí sesegue
vofijeBic f B(s)o(s)e
PISds,
Xo
efinalmente
ô(x)<a(x) a
|
Xo
B(s)a(sje BlSds,
o queimplica(3.19).A verificaçãode (3.20)é imediatautilizando
B(s)ed,
Pludu
+
S
(e).
ora
ai
O resultado abaixo foi estabelecidodiretamenteno Capítulo 2.
Enunciamô-lo,emseparado,poiseleétambémválidonocasodesistemas. E nessecasoa demonstraçãomais simplesé atravésdoTeorema
3.8.
Corolário
3.10. Se f(x,y) = alx)y + B(x) onde a e B são funções
contínuasem (a, b), entãoas soluçõesde (3.5)estãodefinidas emtodo
o intervalo(a,b).
Além da questãode existênciae unicidadede soluçãodo P.V.I.
(4,5)45.6),paraquea teoriatenhasentidofisicamente,é precisomostrar que as soluçõesdependemcontinuamenteda condiçãoinicial.
Vamosestabeleceressapropriedadede modoprecisono próximoteorema.
Teorema
3.11.(DependênciaContínua). Mesmashipótesesdo Teorema
3.1, Se rep
são soluçõesde (3.5)definidas em [xo,x1],entãoexiste
K >Otal que
0)
= pal)sipi(xo)
=palxo)jeS
o)
Existência,
Unicidade
e Dependência
Contínua 69
Seção3.2
para todo x E [X0, X1).
Demonstração
: Dadasas soluçõespy(x) e Pp2(x)de (3.5),definidasno
intervalo fechado |xo,x1|, podemostomar O, comono Lema 3.83,e de
modoque O, contenhaos gráficos de pj e Ppz. Seja K a constante
dada pelo Lema 3.8.
ty
Xv
Como
pi (x)—p5(x)= f(x,pilx)) —f(x,ba(x))
segue-se,por integração,que:
Pilx) —pa(x)= qrlxo)=dalxo)+[
Portanto, pelo Lema 3.3
XxX
Xo
[f(s,Pils)) —f(s, Ppa(s))]
ds.
|bi(x)—da(x)|<|bi(xo)
—pa(xo)|+ /
Xo
Klbi(s))—Pa(s)|ds,
de onde, usando a desigualdade de Gronwall (Lema 3.9), obtém-se:
Ibi (x)—da(x)|<|pi(xo)
—dalxo)JeK 0)
Observação
: Considereuma soluçãoPo(x) dePV. (3.5)-(3.6),definida
num intervalo compacto|xo,X1|,podemosconcluir peloteoremaacima
que, para uma sequênciade condiçõesiniciais y, convergindopara
Vo = Polxo), as soluçõescorrespondentes Pp
(x), que satisfazem (14.5)
64
Propriedades
GeraisdasEquações
Cap.3
e Pnlxo) = Yyntambém estão definidas nesse intervalo |xo,x1] para
n grande, e pn — Po uniformemente em |xo,x1). Para isto, basta
considerarOo comouma ô-vizinhança do gráficode po,
((x,Polx)):x E Ixo,x1])s= Oo,
e n suficientementegrandetal que
ô
[Un—Vol <eKIxixol'
Nessascircunstâncias,a soluçãoPpn(x)vai permanecerem Og,para
Xe
Ixo, X1).
Sistemas
. SejamO um abertodeR”, ] um intervalo de Ref: Jx O >
R” uma funçãocontínua tal queas derivadasparciais f,, comrelação
às n últimas variáveis são contínuas. Explicitando as variáveis es-
crevemos
f(t, uy)ondey = (Y1,... ,Un). À equação
dy
1
=
+
,=
1=f(t,y),
U=
fit,y)
SA]
(3.21)
é um modo compacto de escrever o sistema
dy:
e
=
fi(t
Ut...
oUn)
)*
a
vá us
Uma soluçãode (3.21)é uma função diferenciávelp: 1 > O definida
em um intervaloabertoI C J tal que
p(t) =f(t, P(t)),
paratodo
tel.
(O)problemade valor inicial consiste em, dados bo €EDeto
E )J,
determinara solução Ppde (3.21)tal que p(to) = do. Um resultado de existênciae unicidadeanálogoao Teorema3.1 é válido neste
caso, à demonstraçãosendo formalmente a mesma. Os resultados de
extensãodas soluçõestêm formasanálogase demonstrações
semelhantes.Deixamosao leitor a tarefadepercorrerosresultadosanteniores para o caso de uma equaçãoe verificar que as demonstrações
sãoválidasparaos sistemas(3,21).
Utilizaremosos resultadosmencionadosacimanos Capítulos6
e 7 O leitor interessadonum exemplo,poderáver o Exemplo 1 da
Secção 6.2.
Seção 3.3
3.3.
CamposVetoriaise Formas Diferenciais
Campos Vetoriais e Formas Diferenciais
Um campovetorial F é uma aplicaçãoF:O — Rº de um abertoO do
espaçoRº nele próprio. Geometricamente,
imaginamosque a cada
ponto (x, y,Z) de O está ligado um vetor F(x,uy,z).
Exemplo
1. Campo gravitacional geradopor uma massa m colocada
na origem. Neste casoO = Rº — (0,0,0), e pela Lei da Gravitação
Universal de Newton
F(x,U;2) = (-
Gmx
73
,
Gmy
73
,
=)
o
1):
(3.28)
onder? =x? +y? + 2z2,eG é a constantede gravitaçãocujo valor é
6,67 x 107!!'N.m?/kg?. A expressão(3.23)nos diz queuma massa
unitária colocadano ponto(x,y, Z)tem sobreela uma forçadeatração
dirigida para a origem e inversamenteproporcionalao quadradoda
distância dessepontoà origem.
Exemplo
2. Campocentraldeintensidadediretamenteproporcionalà
distância ao centro de atração. Suponhamosque o centro de atração
seja a origem. Então
F(x,y,Z) = (—kz,—ky,—kz), k= const.
Exemplo
3. O campodeterminado
pelaequação
diferencialy”= f(x,y)
Fix,uy)= (1;TFlx,0)).
Exemplo4. Seja V(x,14,Z) uma função escalar V:O — R definida
em um abertoO do espaço(x,y,Zz). Se V for diferenciável,entãoo
gradientedeV
grad V = (Ve
Vy, Vez)
é um campovetorial. Usa-setambéma notaçãoVV para representar
o gradiente. Vx, Vy e V, designamas derivadasparciais de V com
relaçãoa x, y e z, respectivamente.
Definição
. Um campoF:O — |" échamadocampo
gradienteseexistir
uma funçãodiferenciávelV:OQ)-— IR tal quegradV = É O campo
escalar V é chamadoum potenetaldo campoF, e diz-se tambémque
65
6O
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap.3
H deriva de um potencial. [Vê-seque um mesmoF pode ter vários
potenciais,masdois potenciaisde um mesmocampodiferempor uma
constante].
Condição
Necessária
paraumcampoF sergradiente.SuponhamosqueF seja
um campogradientee que F seja de classeC! (isto é, as componentes
P(x,y,Z), Q(x,y,Z) e R(x,y,2z)deF sãofunçõescontinuamente
dife-
renciáveis).Temos,pois,queexisteV(x,y,z)talque
e V, = R. Como F é diferenciável,temos
Vxy =
U)> Vyx=
Va = kk;
mos
Vyz=
Qu:
Oz;
V«.= P,V, = Q
Vas = Pã
Voy = Ry.
Daí, usandoo fato que as 22º derivadasde V sãocontínuasobtePy = 0x,
Pr=Ry.
Q=
Ry
(3.24)
quedevesersatisfeitaemtodosospontos(x,1, Z)deO. Então,(3.24)
éumacondiçãonecessáriaparaÉ = (P,(Q,R) serumcampogradiente.
Será ela suficiente? A respostaé não, em geral; isso se vê no Exemplo 5 adiante,usando o resultado a seguir, Chama-secampofechado
àqueleque satisfaça à relação(3.24). Nesta nomenclatura,o que estabelecemosacima foi o fato que todo campogradienteé fechado,e o
que perguntamosfoi se todo campofechadoseria gradiente; e o que
veremosé que não.
Antes de prosseguir,a condição(3.24)expressao fato do rotacional de F ser zero. Lembre que o rotacionaldo campovetorial
|
(P,Q,R) é um campovetorial definidoassim
otEs
|
SK
2 2]=TR-Q+T(P-R)+K(Q—Pg
PP
onde E
i
Y
(0, 10)e
O
Kesão a basecanônicade Rº, isto é, T
k
= [1.001
(0,0,1), Obviamente, o determinante acima é
Seção3.3
CamposVetoriaise FormasDiferenciais
0/
apenasformal: é uma regra mnemônicapara lembrar a expressãodo
rotacional.
Proposição
3.12. Seja EO — Rº um campogradientecontínuoem
O € Rº cujopotencialé V. Seja a(t) = (x(t),u(t),z(t)), t E [a,b]
um caminho diferenciávelem O. Então, a integral de linha de HFao
longodo caminho « dependeapenasdospontosinicial efinal de x:
| F=Ve(d)
u(b),
2(b))
—
Vila),va),(a)
(3.25)
Demonstração
: Por definição
[r=[
b
(Fit), v(t),z(t)),(x(t),u(t),z(t)) dt
(3.26)
onde(, ) designaoprodutoescalardevetoresdoRº. Logo,usandoo
fato que F é um campogradiente,vemosque o integrandode (3.26)é
Vet), vlt),z(t))x(t) +Volt), v(t),z(t))y(t)+
d
+Velx(t),u(t),
z(t))z'(t)Eag VbXlt),Ult),z(t)O.
(3:27)
Consequentemente,
(3.25)se obtémde (3.26)e (3.27),usandoo TeoremaFundamentaldo Cálculo.
a
Corolário
3.13.Se FO — Rº é um campogradientecontínuoemO C
Rº então
[ P=0
(3.28)
para qualquer caminhofechado« em O.
Observação
. Camposde vetoresaparecemem Mecânica,comopor
exemplo,os camposde força. Se F for um campode força, então n
integral (3.26)é definidacomosendoo trabalhoda força F aolongodo
caminho«. Observequealí seestáintegrandoapenasa componente
de F sobrea tangenteà curva: a componente
de F, normala &, não
trabalha. Um campo de força fechadoé chamadode conservativo.
Decorreda Proposição3.15a seguir e da Proposição3.12que todo
campoconservativode forças em um domínio simplesmenteconexo
6H
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap. 3
(vejadefiniçãoabaixo)é umcampogradienteequeo trabalhoaolongo
de um caminhodependeapenasde seus pontosinicial e final.
Exemplo
5. Seja O — ((x,y): pf <x py
O campovetorial FO — Rº definidopor
y
F(x,y)=
< p5),ondeO < py < pa.
=
ro)
(3.29)
satisfazà condição(3.24).Por outrolado,considereocaminhofechado
a(t) = (rcost,r sent), t E [0,27]er fixadoentrep, e pz. Logo,para
o campovetorial (3.29),o produtoescalar (3.27)é
Tsent
2:
(—rsent)+
e daí
[r
AX
—T cost
3
Tcost =—]
=-—-27.
Portanto,segue-sedo Corolário3.13que F nãoégradiente.
À noçãointuitiva de conjunto simplesmenteconexoé a de um
conjunto que não contém “buracos”. No exemplo5 acima O não é
simplesmenteconexo.
Definição
. Um conjunto O C R? é simplesmenteconexose qualquer
funçãocontínuay definida no circulo unitário
yo);
x +y=050,
pode ser estendida continuamente ao disco, isto é, existe Y contínua
Yliouy);x +y<D)>40,
tal que Yix,y) = Yy(x,u) se x +y?=1.
Na classe dos abertos simplesmente conexos,a condição (3.24),
necessária para um campo F ser gradiente, é também suficiente. De-
monstraremos
esseresultadoapenaspara o casodecamposvetoriais
planos.Antes,porém,estabeleçamos
o seguinteresultado,o qual é a
recíprocado Corolário 3.13,
Proposição
3.14.Seja FO
=IR“um campovetorialcontínuoem O C
WE,tal que (3.28)se verifica. Então F égradiente.
Seção3,3
CamposVetoriaise FormasDiferenciais 69
Demonstração
: Fixe um ponto (xo,U0,Z0) € O. Dado (x,y,z) € ()
existemcaminhos «(t) = (x(t),uy(t), z(t)), O<t<1,em O e tais que
x(0)
= XO0; u(O)
expressão
= Vo;
z(0)
= Z0, x(1)
= X, u(l)
= U, z(1)
Voswz)= | F
=2z
À
(3.30)
AX
define univocamenteV pois, por hipótese,a integral de linha no segundomembrode (3.30)independede «, dependendoapenasdospontos inicial e final de «. Para mostrar que V é um potencial para F,
tome um caminho « que chegaem (x,y,Z) paralelamenteao eixo x,
istoé, o segmento
ligando(x —h,y,Z) a (x,u,Z) pertencea «. Logo
de (3.30)obtemos:
Víx,y,z)— V(x—h,y,z)
=/
x—h
P dx.
Dividindo por h e passandoaolimite quandoh > 0, obtemosV, = P.
RaciocínioanálogoparaprovarV, = Q e V, =R.
a
Proposição
3.15.Seja O um abertosimplesmenteconexonoplano. Seja
FO > Rº um campovetorialdiferenciávelfechado.Então F égradiente.
Demonstração:
Basta mostrar quea condição(3.24)implica (3.28).Sem
perda de generalidadepodemossupor que x é um caminho fechado
simples (isto é, sem intersecções):seja D o aberto delimitado por «.
À hipótesede « ser simplesmenteconexoimplica que a fronteira de
D é «. O teoremadodivergentenosdiz que
[=
[ av-a)
ondediv(—-QO,P)
= —Q,+ Py. Portanto,usandoa condição(3.24)
obtém-se(3.28).
a
Métodopráticoparaobtenção
dopotencial
. Suponhaque F = (PQ) (0)
Rº seja um campodiferenciávelnum domínio simplesmenteconexo
OQ,e satisfazendoà relação
Pyulx,y)= Quix,y),
(x,y) € O,
(9,24)
/O
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap.3
Pela Proposição3.15,sabe-seque existe um potencial V(x,y) para F.
Como determiná-lo?
logo
Em primeirolugar,observamos
queV deveser tal queVy = P;
Víx,y) = [ Pre ulax+ g(y)
(3,91)
onde o primeiro termo no segundomembrode (3.31)é qualquer primitivadeP comrelaçãoa x, e g é umafunçãoquedeterminaremosde
modoa atenderà outrarelação:V, = Q. Paraisso,derivando
(3.31),
obtemos
e daí
Voley)
=[Ped
g'(y)—ley)
g'(y)
—| Poly) ds.
(3.32)
Exemplo
6. Seja F(x,y) = (e”,xe” + 2y) um campovetorial definido
emtodoo R2. É imediatoverificarqueestecamposatisfazà condição
(3.24); e comoestá definido em um domínio simplesmente conexo,
temos que ele possue um potencial, V(x,y).
obtemos
Víx,y) = [y
e daí
Logo, como V, = e”,
dx+g(y) = e?x +g(y)
Vulx,u)=ex + g'(y).
ComoV, = xe” + 2y, obtemosqueg'(y) = 2y. Portanto,podemos
tomar g(y) = y?. Concluímosque um potencialpara F é
Víx,y) = e!x +y?.
Comomotivaçãopara o estudodeFormasDiferenciais,observamosque as equaçõesseparáveis,
SAULO)
g(y)'
estudadasnoCapítulo2, e as equaçõesda forma
Ni uly +M(x,y) =0
Seção3.3
CamposVetoriaise FormasDiferenciais
que serãoestudadasainda nestecapítulo, sãoem geral apresentadas
como
g(y)dy= f(x)dx
M(x,uy)dx+ N(x,y)dy
(3.39)
=0.
(3.34)
Essas formas evidenciamcertas peculiaridadesdessasequações
e tornam mais automáticosalguns procedimentosde integração.Há,
pois, uma vantagem em estudá-las. Entretanto, põe-se imediatamente a questãode saber o que realmente significam as expressões
(3.33) e (3.34), uma vez que elas não são equaçõesdiferenciais no
sentidoqueatéaquitemsidoconsiderado.Formalmente,a coisafunciona se olharmos dy/dx comoo quocientedas expressõesdy e dx.
Um espírito matemáticoaceitaráo formalismo,e tirará vantagens
dosprocedimentosformais se entendero seu sentido corretoe sentir
quetodoselespodemserjustificados. E é isso quepretendemosfazer
nesta secção.
Formas
lineares
emR?. Umaformalinear emRº?é uma função(:R? R tal que
tlax + bB) = alla) + bl(B)
(3.35)
onde a e b são números reais e « e B são vetores de R?. Um vetor
« = (x1,x2) deRº podeser escritocomo
xa=wetazez
onde
ey=(1,0),
ee =(0,1).
(3.36)
De (3.35)e (3.36)decorreentãoque uma forma linear º fica determinada se conhecermos((e1) e f(e>),pois
tax) = osf(ey) + aot(es).
(3.37)
Definamosduas formas lineares especiaise!] e e? pelas relações
|
eau
o
|
e(e)=0
1
ui
e (ea)
=
(3.98)
eMesj=1.
À expressãoq) e! +a>e2,onde a, e az são números reais dados,define
umaformalinear: aquelatal que
(aje! + qe”) (e1) = 01,
(are! + qe”)(e>)
as.
7]
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap. 3
4vemos,reciprocamente,quequalquer forma linear ( é dessaforma,
isto é,
= are! + ae”,
onde ay=tt(ey)ea,=
(e).
(3.39)
O conjuntodas formas linearesé, então,um espaçovetorial de dimensão2, chamadoo espaçodual de R? e designadopor (R?)*. Os
elementosde (R?)* sãochamadosde covetores.Os covetorese! e e?
formamumabasede (R?)*.
Formasdiferenciais
emR? . Seja O um aberto de R?. Uma forma diferencial é uma funçãow: O > (R?)*. Usando (3.39)podemosescrever
ue
= wi(x,y)e!
+ w>(x,y)e?
(3.40).
onde as funçõesw;:O — R são as componentesda forma w. Uma
formaé declasseC”, r inteiro >0,se as componentes
foremfunções
diferenciáveisaté a ordem r. |O que introduzimos aqui foi o conceito
de forma diferencial de grau 1, ou 1-forma. Pode-sedefinir formas
diferenciaisde grau > 1,mas para nossospropósitosas 1-formassão
suficientes. Por uma questãode economiade linguagem,chamamos
essas1-formassimplesmentedeformas].Se « = (x1, «2) é um vetor
de Rº, então,decorrede (3.40)que
[o(x,ulla = wr(x, uy) + wa(x,y)az.
(3.41)
Exemplos
deformas. (1)Forma constanteé aquelaem que as componentes são constantes.
(ii) dx:O > (R?)* é a formaconstantecujascomponentesw
e «ww;
são 1 e 0, respectivamente:dx = 1.e!+0.e?
= e!. Assim, se
a
(1,0%) é um vetordeRº, então(dx)(«) = «q.
(ii) dy:O > (R?)*éa formaconstante:dy = 0-e!+1.e?= e?,
Assim (dy)(a) = «2.
Decorredos exemplos(ii) e (iii) acima e de (3.40)que qualquer
formadiferencialw podeserexpressacomo
qv
= wy dx +w2 dy.
(3.42)
Por definição,somam-seformasdefinidas em um mesmoaberto
() somando-seas respectivascomponentes.E, também,multiplica-se
Seção3.3
CamposVetorlais
e FormasDiferenciais 73
umaformaw: O > (R?)* porumafunçãof: O — R multiplicando-se
as componentes
de w por f.
Definição
. Dada uma funçãodiferenciávelf:O — R define-sesua
diferencial df: O — (R?)* comosendoa forma diferencial cujas comof,€ 3,of Assim
ponentessão 5,
of
of
(df)(x,y)= =>
(x,
y
)dx+—
bey)dy
Ox
Oy
(3.43)
ou mais compactamente
df = fe dx + ty dy.
(3.44)
É imediatoverificar-seda definiçãoque
d(f + 9g)= df+dg
d(fg) = fd
o
o Õ, des
df
= const.
df = Oimplicaf = const,seO for conexo.
(ed)
Definições
. Uma forma diferencial w:0 > (R?)* é exata se existir O — R tal que w = df. Comparecoma definiçãode campo
gradiente; uma forma é exata se e só se o campovetorial associado
(wi(x,uU),w2(x,y)) for um campogradiente.Uma formadiferencial
é fechadase dw1/dy = dw2/0x; portanto,uma formadiferencialé
fechadase e só se o campovetorial associadoé fechado.
Decorredas definiçõese observaçõesanterioresque
1.Se O for simplesmente
conexo,umaformadiferencialw:O > (R?)*
é exatasee só seela for fechada.
Definição
. Dada uma formadiferencialw:O > (R?)* de classeCº e
umcaminhodiferenciável
«: |a,b] > O, define-se
a integraldew ao
longo de x por
[w=[
a
b
“q
wla(t)la'(t) dt
onde o integrando da segundaintegral tem o sentidoexplicitadoem
(3.41)acima. [Portanto,a integral de w aolongode « é igual a integral
do campo vetorial (wy(x,U), w2(x,U)), associado a w, ao longo de «|
[4
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap.3
Portanto,decorredas Proposições3,12e 3.14que
.
.
!. Um forma diferencial w:O
)
s
,
— (IR“)* é exata se, e só se, ds D=l
para todosos caminhosfechados« contidosem OQ,
Voltaàsequações
(3.33)e (3.34).Em primeiro lugar, escrevendoa equação
(3.33) como
flx)dx
—glyldy=0
vê-seque o primeiro membroé uma diferencialexata. De fato, ela
podeser escrita como
dF=0,
onde Fly)
= | Hoddx— [ o(ujay,
e,portanto,assoluçõesy(x) de(3.33)sãodadaspor
Flx,y(x))=
emconsequência
de (3.45)acima.
Quanto à equação(3.34):
M(x, y)jdx + N(x,y)dy
=0
casoo primeiromembrosejauma diferencialexata,entãoela sereduz
a
dF=0,
onde Fr=Mefl,=N,
e daí F(x,u(x)) =.
Caso a diferencial em (3.34)não seja exata,procura-seum fator
integranteu(x,uy),isto é, umafunçãotal que
uM dx + u N dy
seja uma diferencialexata. Vamosestudar as equaçõesdo tipo (3.34)
commaisdetalhesna próximasecção.
J.4.
EquaçõesExatas
Nesta secçãoconsideramosequaçõesdiferenciaisda forma
Nx uy +M(x,y) =0,
(3.46)
ondeM,N:t)
-»IRsãofunçõesdefinidasemum abertoconexoO do
plano(x,14).SupondoqueM e N sãofunçõesdeclasseC! eN(x,y) £
Seção3.4
EquaçõesExatas
Oparatodo(x,y) € O, essaequaçãose reduzaotipo y' = f(x,y),
para a qual já temosuma teoria de existênciae unicidade de solução
do problemade valor inicial. De fato, nós a utilizaremos no decorrer
destasecção.
Dizemosquea equação(3.46)éexataseo campovetorial(M, N)
deriva de um potencialV(x,y), isto é, V« = Me V, = N. Assim, a
equação(3.46) pode ser escrita como
Vulx,u)y' +Valx,y) = 0.
(3.47)
Logo,sey(x) for umasoluçãode (3.46),obtemosde(3.47):
+Vls
ul) =o0,
d
ou seja,u(x) é soluçãoda equaçãoalgébrica
Vix,vylx))=,
(3.48)
onde c é uma constante,a qual pode ser obtida se utilizarmos um
ponto(xo,Yo) por ondea soluçãoy(x) passe;assimc — V(xo,UVo).
Issoquerdizerqueosgráficosdesoluçõesda equação(3.46),traçados
noplano(x,y), estãocontidosnascurvasdeníveldafunçãoV(x, uy).
Observeque a equação(3.46)podeser exata sem que M e N
sejam de classe C!, Entretanto, se M e N forem de classe C! num
domínio simplesmenteconexo,a condiçãopara (3.46)ser exataé que
My = Nx, comovimos na secção3.3.
Uma funçãoV(x,y) tal que(3.48)severificaparaassoluçõesy(x)
da equação(3.46)é chamadauma integral primeira para a equação
(3.46).
O queprovamosacimafoi quese(3.46)for exata,entãoelapossue
uma integral primeira. Consequentemente,um métodode obtenção
de soluções de equações exatas é descobrir uma integral primeira
Voy).
Exemplo
1. Considerea equação
(x? +4y)y' +(2xy + 1) =0.
(3.49)
NestecasoN(x,y) = x? +4y e M(x,y) = 2xy + 1. LogoNy = My e
consequentemente(3.49)é exata. Basta pois determinar o potencial
75
76
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap.3
de (M, N):
Vix,y) = [xy + Ddx+ g(y) =xºy +x+g(y)
e daí
xX+4y=V,=x+9'(y)> g(y)=2y”.
Logo V(x,y) = x2y + x + 2y?. Portanto,as soluçõesy(x) de (3.49)
satisfazema
xuy+x+2y2=C,
ondeC é umaconstantearbitrária.
Exercício
1 . 1)Integre as equações
(x2+Ny'+2xy-x2=0
xy +y=0.
ii) Estudeos oitoproblemasdevalor inicial para as equaçõesacima:
v(0)=,uy(D)D=1],yl-)=ley(-|)=-1.
Exercício
2. Resolva as equações
2
(er s)u+u-o
y
(cosx sec?y)y' —(senxtgy + 1) =0
(x+2yº)y'
+(y—2x))=0.
Observação
. À equação
xy
—y=0
(3.50)
nãoé exata, Entretanto,as soluçõesy(x) destaequaçãosatisfazem
à relaçãoy/x = c, o quepodeser verificadodiretamente.E também
imediatoque V(x,y) = y/x é um potencialdo campo(—y/x2,1/x).
A equaçãocorrespondente
a estecampoé
Fars u
U
5
X
x
=),
(3.51)
Seção3.4
EquaçõesExatas
7/7
Vê-seque a equação(3.51)é resultadoda multiplicaçãode (3.50)pelo
fator 1/x2. Este é um exemplo em que uma equação não exata é
transformadaem uma equaçãoexatapela multiplicaçãopor um certo
fator. Quão geral é essasituação?A questãoé, então,a existênciade
umfator integrantepara a equação(3.46),isto é, uma função(x,y)
tal que
uNy+uM=O0
seja uma equaçãoexata,isto é, exista uma funçãoV(x,uy) tal que
Ve = EM e Y4 = uN. No caso em que M e N sejam de classe
C!, entãoumafunção(x,y) declasseC! seráum fatorintegrante
(lembreO é simplesmenteconexo)se
(uM)y
=(UN)
ou seja
1
(No
(3.592)
Muy)=My—No
(2.58)
Observe que (3.53) é uma equaçãodiferencial parcial, pois envolve
derivadasparciaisde u(x,1y).Sua soluçãonemsempreéfácil. Entretanto, tudo quenecessitamosé uma soluçãoparticular de (3.53)e não
sua soluçãogeral. Em muitas situações,esseproblema é bem mais
simples,comoveremosnos quatro exemplosa seguir.
Exemplo
2. Suponhaque (My — Nx)/N seja uma funçãog(x) de x
apenas. Então, podemosdeterminar um fator integrante u(x) que é
funçãodex somente;defato,decorrede (3.53)que 4 é soluçãode
Idu My—Nk
u dx
No
isto é, u = eS!X)ondeG(x) = [ g(x) dx.
Considereo exemplo
(xy =x)y'
+y=o0.
Temos, então, M(x,uy) = uy,N(x,1)
x2y —xe
My—Nx 1-(2xy-1)
N
X*y
—x
2
76
PropriedadesGeraisdas Equações
Logo
Cap.3
1d.
de ondeobtemos
udx
x
u(x) = x?
Exemplo
3. Se (My —Ny)/M for uma funçãof(y) dey apenas,então
(3.46)temum fator integrantequeé funçãodey somente.Nestecaso,
u(y)=e-FIv)onde
F(y)=[ f(y)dy.
Exercício
3. Ache os fatores integrantesdas equaçõesabaixoe realize
as integrações:
(3x2
—y?)y'—2xy
=0
(xº—xy)y'
+ (xy—1)=0.
Exemplo4. Se
My —Nx
Ny —Mx
for uma funçãoh de z = xy, então (3.46)tem um fator integrante |
quedependede z : u(x,u) = fl(Z). E fácil ver que
io] = eHtz) onde H(z) = fz)
dz.
Exercício
4. Encontre o fator integrante de
(3xy! +x)y' +y=o.
Exemplo
5. Se M(x,uy) e N(x,y]) sãofunçõeshomogêneas
de mesmo
grau, então 1/(Mx + Ny) é um fator integrante para (3.46). Lembre
queM é homogênea
degraup se
M(Ax,Ay) =APM(x,y)
há
para qualaquerx e y reaise À >»O. Derivando(*) comrelaçãoa À e
depoisfazendoÀ — 1obtemos
PM (x,y)= xMalx,y) +uMy(x,y).
Seção3.4
EquaçõesExatas
A seguirverifiquequeo campo(M/(Mx + Ny), N/(Mx + Ny)) é
fechado.O leitor podeindagar do processoqueconduziu à descoberta
dessefatorintegrante.Vejaa continuaçãodoExemplo5maisadiante.
3.4.1Um métodopráticode integraçãode equações(3.46)
O conhecimentodediferenciaisdealgumasfunçõespodeserexplorado
para integrar equaçõesdo tipo (3.46). Comecemospropondoao leitor
queverifiqueas seguintesexpressõespara as diferenciaisde algumas '
funções
(1) d(xº) = axº—!dx
(1) d(xy) = xdy +vydx
...
vdx-—-xd
(iii)
a(2)x) =1
*0u
“(iv) d(x2+vy?)
=2xdx+2ydy
(w)d(tnã)
=udxxdy
.
(vi)
d(arctg %1
=)
UAE—RAY
DO
Vejamosalguns exemplos.
Exemplo 1.À equação
udx + (xy —x)dy = O
podeser escrita como
xy dy —(xdy —ydx) = 0
que dividida por x? dá
viy-
xdy — ydx
5
— =0.
Usando 1)e iii) temos
(8)
e daí obtemosa integral primeira
a(7)=0
79
DO
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap. 3
Exemplo
2. À equação
vdx+(1+yê-x)dy
=0
podeser escrita como
vdx-xdyu+(I+yi)dy
=0
quedivididapor y? produz
ydx —xdy
+y ?dy+dy=o.
y2
(5)
val)
ras
Usando-se 1)e iii) obtemos
e portantoas soluçõessãodadaspor
sa
-—--+y=e.
UU
uy
Exercícios
. Integre, comonos exemplosacima, as equações
udx —(x + xy )dy = 0
(yu+
+x*y?)dx—xdy =O
xdx+udy = Vx2 +uy?
dx
(x—u)dx+ (x +u)dy =0.
34.2 Existênciado Fator Integrante
Mostraremosquese M e N foremdeclasseC! emO ese N(xo,Uo) +
O num ponto (xo,Vo) € O, então existe um fator integrante numa
vizinhançade(xo,Vo).
De fato, em virtude da continuidadede N(x,y), existe uma vizinhança (o de (xo, yo) onde N £ O. Logo a equação(3.46) pode ser
escrita como
(x,y) € Oo.
(3.54)
Seção3.4
EquaçõesExatas 81
Pelo Teoremade Existência e Unicidade de soluçãodo problema de
valor inicial, a equação(3.54)comcondiçãoinicial
ulxo)= E,
(2.55)
onde£,é tal que (xo,€) € Oo, temuma soluçãoúnica
U=q(x,E)
(2.56)
ondeexplicitamosna soluçãoa sua dependênciada condiçãoinicial €.
Suponhamosinicialmente que a equação(3.46) tenha em uma
vizinhança de (xo,yo) uma integral primeira u(x,y), tal que
Uy(xo,Vo) £ O. Seja co = u(xo,Vo). Assim, para c numavizinhança
de co, tem-seque uma soluçãoP(x, E) de (3.54)comu(xo, E) = c é
tal queu(x, P(x, €)) = c. Logo
Uxlx,d(x,E))+uylx,dlx,E) (x, E)=0.
(3.57)
Mix,p(x,E) + Nx, dlx,E))b'(x,E) =O
(3.58)
E como
concluimosque
us
M
uy
N
numa vizinhança de (x9,4o). Daí se segue que
u
Logo, u = uy/N
Uy
n
N
M.
|
(3.59)
.
é um fator integrante, pois (3.57) é obtida de (3.58)
multiplicando-a por pu.E (3,57)é uma equaçãoexatacomodefinimos
acima.
B2
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap.3
ge
É
X0
Xv
Figura3.7
À seguir, provamos que a equação(3.46)sempre possue(localmente)uma integral primeira. De (3.56)se segueque
€,= Plxo,€)
(3.60)
a qual derivadacomrelaçãoa É nosdá
dep
”
de 00»8) =1,
|A bemdaverdade,nestepontoestamosutilizandoofatoquea solução
de um certo P.V.l. é diferenciável com relação ao dado inicial. A
demonstraçãodessefato fogeum poucoao caráterelementardenosso
estudo.O leitor insatisfeitopodeconsultar,porexemplo,J. Sotomayor,
Lições de EquaçõesDiferenciais Ordinárias, Projeto Euclides, 1979.)
Dai, concluímos,que usandoo Teoremadas Funções Implícitas, que
É,podeserexplicitadana equação(3.56):
E =p(x,y)
(3.61)
y =pix,b(x,y)))
(3.62)
o queé válidonumavizinhançade (xo,Vo). De (3.56)e (3.61)
para todo[x,1) numavizinhançade (xo,Vo). Logoderivando(3.62)
com relação a 1 obtemos
dpdp
õE dy
(3.63)
Seção3.4
EquaçõesExatas
oqueimplicapy(xo, Vo) £ O.Logo(x,y) éumaintegralprimeirada
equação(3.46).Observequeo gráficodasoluçãob(x, E) estácontido
na curvadenível ip(x,y) = é.
Comentário
. O que acabamosde mostrar foi a existêncialocal de um
fator integrante. Observe entretanto que a expressãodo fator integrante, u = 1py/N, não é útil, em geral, para efetivamentese obter
o fator integrante, pois ela envolve,via (3.56) e (3.61), a resolução '
da equaçãodiferencial(3.46).Ora, a utilidadedo fator integranteé
precisamentepara resolveressaequação.Portanto,emborasaibamos
que as equações(3.46)têm um fator integrante,o métododo fator integranteé de aplicaçãorestrita, pois,emgeral, não conhecemosquem
ele é. O métododo fator integranteé útil nos casosdos Exemplos2, 3
e 4 da secção3.4 acima. Já no casodo Exemplo 5, da referida secção,
o métodode reduçãoa uma equaçãoseparávelé bemmais natural.
Exemplo
5 (Continuação).A equação(3.46),no casode M e N serem
funçõeshomogêneasdo mesmograu, pode ser transformada numa
equaçãoseparávele, então,integrada explicitamente,veja Exercício
7 do Capítulo 2. Basta introduzir uma novavariável dependentez =y/x. Daí y' = xz' + z, quesubstituídoem (3.46)dá, apósusar a
homogeneidade:
N(1,z)(xz +27)+ M(1,z) =0
ou seja
Mile +INtLa?
Tx O
N(1,2z)
/
]
o
eia,
Supomosquexo M(xo, Yo) +YoNíxo,Uo) £ 0 e xo > 0. Integrando
(3.64)e voltando à variável uy:
F(1)
» ink =E
(3.65)
ondeF(z) é umaprimitivada funçãocoeficiente
dez”em(3.64).Logo,
a função no primeiro membrode (3.65)é uma integral primeira de
89
H4
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap.3
(3.46). Pelo que vimos antes,então,o fator integrante procuradoé
H(x,y)
, = RE
N dy (=)
àx
1
N(T,y/x)
Nou) M(T,y/x)+(y/x)N(,y/x)
de ondese segue,em vista da homogeneidade,que
]
x
]
(x,y) = Mx + Ny
como queríamos provar.
3.5.
FamíliasdeCurvasPlanas
As soluçõesy das equaçõesexatas
Níx,u)y' + M(x,y) = 0
(3.66)
foram obtidasna forma implícita
VIR
= E,
(3.67)
onde c é uma constantearbitrária. Para cadavalor de c temosuma
curvanoplano(x,y). Por exemplo,
as soluções
deyy' + x = 0 são
dadas na forma
Zsyi=e,
assimparacadavalor dec > Otemosum círculoderaio ,/c centrado
na origem. Observe,pois, que,para um mesmoc, podemoster mais
de umasoluçãoy(x) dadapor(3.67).A expressãodefineumafamília
de curvas a um parâmetro. Em geral, uma família de curvas a um
parâmetroé definida por
TX, UA) =D
(3.68)
onde EO) =xA > R é uma função diferenciável,O é um aberto do
plano (x,y) e À é um intervalo da reta.
Poe-se a seguinte questão: dada uma família de curvas (3.68)
a um parâmetro, existe uma equaçãodiferencial para a qual essa
família representesuas soluções?
Iniciemoscomo estudode exemplos.
Seção3.5
FamíliasdeCurvasPlanas 85
Exemplo
1. Família de retas paralelas a uma reta dada:
fix,uy,A)=uyu-mx-A=0
(3.69)
onde mestá dado, AE A =R, (x,y) € O = Rº. Derivando (3.69)
comrelaçãoa x obtemos
y'=m
e é essaa equaçãocuja família de soluçõesé dada por (3.69).
Exemplo
2. Família de parábolas
o)
E
)(2x
+!
fixy,AN)=uy—-ZX]-A=Õ0;
+
ondex,y,A € R. Derivandocomrelaçãoa x obtemos
y'—4)x=0.
EliminandoÀ entre(3.70)e (3.71)obtemos
(3.70)
(3.71)
(2x2+1Wy'
—4xy=0
que é a equaçãocujas soluçõessão dadaspor (3.70).
Exemplo
3. Família de círculos de raio 1 centradosno eixo-x
x=A+cost,
vy=sent,
que podeser escrita implicitamentecomo
O<t<27r,
fls,y,A)=(x-A)2+y?-1=0.
(3.72)
Derivandocomrelaçãoa x, obtemos
2(x-N) +2yy' =0.
Eliminando À entre (3.72)e (3.73),temos
v(1+y?)-1=0.
(3.78)
(3.74)
“omonos casosanteriores,as curvas(3.72)sãosoluçõesde(3.74).Entretantonestecaso,há soluçõesque nãoestãoincorporadasem(3.72):
de fato y(x) = Te y(x) = —1são outras duas soluçõesde (3.74). A
terminologia clássica é a seguinte: as soluções(3.72)são chamadas
regularese y(x) = Te vy(x]
| são chamadassoluçõessingulares. Observe que essas duas últimas soluçõessão as envoltóriasda
DO PropriedadesGeraisdas Equações
Cap.3
família de círculos; logo mais, definiremos envoltória e voltaremos a
esta discussão.
Exemplo
4. Família arbitrária deretasda formay = Ax + g(A),A > 0.
Neste caso
fixuy,A)=y—Ax—g(A)=0
(3:75)
ondesupomosque g éumafunçãodeclasseC?. Derivandocomrelação
ax:
uy-A=0.
(3.76)
Eliminandoentre(3.75)e (3.76)obtemos
y—xy'—g(y')
=0.
(3.77)
A equação(3.77)é conhecidacomoequaçãode Clairaut. Como nos
casosanteriores,as curvas(3.75)são soluçõesde (3.77).Entretanto
há uma outra: a curva dada em coordenadasparamétricaspor
x=-g9
(A),
v=-Ag'(A)+glA).
(3.78)
Para verificar essa assertivabasta provar que dy/dx = A. Como
veremos mais adiante, a curva (3.78) é a envoltória da família (3.75).
Exemplo
5. Família de Círculos
fix y, A)
=(x=21)º+y*-N2=0.
(3.79)
Derivandocomrelação a x obtemos
2(x—21)+2yy' = 0.
(3.80)
EliminandoÀ entre(3.79)e (3.80)temos
3uy”
(uy)?—2xyy!444" —2 = 0.
Como antes,as curvas (3.79)são oiço
voltória da família (3.79)dada por y? =
(3.81)
de (3.81),bem comoa enx.
Métodoutilizadonos exemplosacima
Dada a família de curvas(3.68),derivamosf comrelaçãoa x, e formamoso sistema
flx,y,A)=0
FAX y, A) =0
(3.82)
Seção3.5
Famílias
deCurvas
Planas 87
de ondeeliminamosÀ. Usando o Teoremadas FunçõesImplícitas
vê-seque a condição
Talk,D,A) EO
(3.83)
possibilitaa explicitaçãodeÀ em(3.68):À = p(x,y); substituindo-se
essa expressãode À em (3.82)obtemosa equaçãodiferencial procurada,
Exercício1. Obtenha as equaçõesdiferenciais correspondentesàs famílias de curvas:
(1) y=Ae”*
(11)y=Ax+sen(A+1)
Gi) E +to=]
2
(1v) Família de todas as retas passando pelo ponto (a,b)
(v) Família detodasas retas cujosegmentocompreendidoentre
os dois eixosé sempreigual a 1.
3.5.1Envoltóriade umafamíliade curvas
Seja dada uma família de curvas C, dada por (3.68);supomosque,
para cada À, a curva correspondentetem tangente,o que quer dizer
que o vetor normal
[io
UA), ERA]
ED
(3.84)
paratodos(x,y, A) tais que f(x,y,A) = 0. Define-seuma envoltória
da família (3.68)comosendoumacurvaemcoordenadasparamétricas
(x(A),u(A))
talque
f(x(A),u(A),A) = 0
X(A)felx(A),VÍA),A) +U(A)fylxlA),U(A),A)
=O
(3.85)
(3.86)
ondex = dx/dA. A condição(3.85)diz que para cada À, o ponto
(x(A),y(A)) pertenceà curva C» da família (3.68).A condição(3.86)
diz quenaquelepontoa envoltóriaea curvaC, têma mesmaretatangente.A seguintecondiçãoé suficientepara a existênciadeenvoltória
da família (3.68)
Eetdy
= fufaxÉ O.
(3.87)
BO
PropriedadesGeraisdas Equações
Cap.3
De fato, considere o sistema
T(x,y,A) = O
Estou,
AT
=
3.88
es)
A condição(3.87)nos garanteatravésdo Teoremadas FunçõesImplícitas que existeuma solução(x(A),u(A)) dessesistema. Logoesses
x(A) eu(A) satisfazem(3.85),quederivadacomrelaçãoa À produz
WA)felx(A),
UlA),A)+
HUM)fybelA),
VÍA),A)+falxiA),VÍA),A)
=0.
(3.89)
Em virtudede(3.88)o últimotermode (3.89)é zeroe portanto(3.89)
implica(3.86),o que mostraque (x(A),u(A)) é uma envoltóriada
família
C No
Determinaçãode envoltóriasde algumasfamíliasde curvas
1. A família do Exemplo 3:
fixyAM)=(x-A)2+yê-1=0
fale,y,A) =—2x— A) =).
EliminandoÀnessesistemaobtemosy? = 1,oquemostraquey(x) =
levyl(x) = —l sãoduasenvoltórias.
2. À família do Exemplo 4:
fo,uy,A)=y—Ax—g(A)
=0
falx,y,A)=—-x—g'(A)=0.
Logo, à curva em coordenadasparamétricas,
x=-g9(A), v=-Ag'(A)+g(A),
é uma envoltória.
A família do Exemplo 5:
fixuyA)=(x=2A)2+y2-A2=0
falx,vd)
m=d(x—
2A)- 21 =0.
Eliminando À no sistema acima obtemosy? = 1x2, Logo as retas
V=x/V3ey
=-x/ V3 são envoltórias.
4. Generalização
doExemplo
4. Sejam g:A > Rº ev: A > Rº funções
diferenciáveis,com|V(A)|= 1 para todoÀ € A. Considerea família
deretasg(A)+ tv(A):
x=gi(A)+tvilA),
onde
“Rm (91, 92) Ev
u=ogz(A)+tvalA),
(3.90).
= (vi, V2).
Se vi(A) £ 0, essa família pode ser escrita na forma (3.75). De
fato, eliminado t em (3.90), obtemos
lu—ga(A)lvi(A)
=[x—gi(A)lva(A)
e daí
valA)
x+
“wma?
==
va(A)
gi(A).
vi(A)
ga(A)
-
(3.91)
AgoraÀ podeserexplicitadoemvz(A)/vi(A) = cse viv5 —vv £0,
oquedecorrede|v(A)|2= 1.Daí (3.91)seescreve
naforma(3.75).
O problema pode ser tratado sem reduzir ao Exemplo 4 do seguinte modo: provaremos,inicialmente, que a família (3.90)tem uma
envoltóriasee sóseexistiremfunçõesdiferenciáveisP(A) exb(A)tais
que
9(1) + (NV (A) +(A)V(A) =0.
De fato,se «(A) = (x(A),y(A)) for uma envoltória,temos
(3.99)
a(A)=g(A)+t(AJVÍA)
e daí
(A) =g(A) +t(A)v(A)+t(A)V'(A)
e como«x(A) = a(A)v(A] para algum a(A), (issoé a condiçãode que
as retas tangentesà envoltóriae à curva C» sãoas mesmas),obtemos
a expressão (3.92) com P(A) = t(A) ep(A) = t(A) — a(A). Por outro
lado, se (3.92)se verifica, considerea curva a(A) = g(A) + P(AJv(A)
e provemosque ela é uma envoltória. Basta calcular o” e usar (3.92)
para mostrar que (A) = (q(A)
-ap(A)Jv(A).
DO PropriedadesGeraisdas Equações
3.5.2.
Cap.3
Trajetóriasortogonais
Duas curvasdadaspor y = p(x) ey — p(x) quese interseccionamno
ponto(xo,Vo) são ortogonaisse suas retas tangentesnaqueleponto
são perpendiculares,isto é,
b'(xolp'(xo)
=—1,
(3.98)
onde supomosque 1)”e Pp”não se anulam. Se as curvas são dadas
emcoordenadas
paramétricas,
istoé, a(t) = (ay(t), «z(t)) e B(t) (Bi(t), Ba(t)) sãoas curvas,então(3.93)tomaa forma
oi (to)Bi(to)+ as(to)B5(to)
= 0.
Duas famílias de curvas
f(x,
y,A)
=)
e
g(x,y,
E)
= À)
sãomutuamente ortogonais secada A-curva é ortogonal a toda u-curva
que ela intersecciona.
Dada uma família de curvas
f(x, y,A)
=0
(3.94)
um modo de obter uma outra família a ela ortogonal é o seguinte.
Pelos métodosanteriores,obtenhainicialmente a equaçãodiferencial
paraa qual essascurvassãosoluções:
FRUU)=0
(3.95)
A seguir defina a função
Gt
Up) =F (ui)
(3.96)
e obtenhaas soluçõesda equaçãodiferencial:
G(x,y,uy”)
=0.
(3.97)
Essas soluçõesconstituemuma família de curvas
gix,uy,H)=O
(3.98)
Seção3.5.2
Trajetórias
ortogonais 91
queé ortogonalà família f. De fato,seuy= p(x) é uma u-curvaentão
]
(66079) o
o que quer dizer que se y = (x)
é a A-curvaque passapeloponto
(x, P(x)), então
ou seja (3.93)está satisfeita.
Exemplo
6. Considerea família de círculos
* py-y
=,
(3.99)
À equaçãodiferencial cujas soluçõessão dadaspor (3.99)é
uy +x=0.
Para obter a família ortogonala (3.99)considerea equação
—V=
]
y
+x=0
cujas soluçõessão y = ux. Portanto, as retas através da origem
formamuma família ortogonalà família de círculos (3.99).
Exemplo
7. Considerea família de parábolas
v—-2Ax]-A=0.
À equaçãodiferencial correspondenteé
(2x2+ WDy'
—4xy = 0.
Para obter a família ortogonala (3.100)considerea equação
]
—(2x*
+Dy —4xy
=0,
cujas soluçõessão
2yº = x*— (nlx| =
+
Essa é a família ortogonal a (3,100),
(3.100)
PropriodadesGeraisdas Equações
Cap. 3
Exercício2, Determine familias ortogonais às seguintes famílias de
curvas
(D) y=Ax"
(1) x = xy" = À
MD uy
= in(Ax).
Exercício
3. (a) Mostre que a expressão
X
2
y
2
SFA" BIA
|
a>b>o0
define: (i) uma família de elipsescofocais(i.e.,todasas elipsestêm os
mesmosfocos)se À > —b?; (ii) uma família de hipérbolescofocaisse
a? <A<—b2 (O que ocorrese À < —a2?)
(b) Mostre que a equaçãodiferencial correspondentea essasfamílias de curvas é:
E
ds
x -y-a2+b?
XU
uy
E
]
ga O.
(c) Observandoque a equaçãodiferencial é invariante pela mudançadey' por —1/y', concluaque a família de curvas para À > —a?
é auto-ortogonal(sentidoóbvio!).
(d) Mostre que a família (1)é ortogonalà família (ii).
Exercício
4. Uma família de curvas (3.98)interseccionandouma outra
família (3.94)comum ângulofixo O é chamadadefamília isogonal
com(3.94).Se (3.95)é a equaçãodiferencial correspondenteà família
(3.94)mostreque a equaçãodiferencial correspondentea (3.98)é
P (uu
VU
—tg O 1
E y't
5) =(9,
4
Equações Diferenciais
de Segunda Ordem
As equaçõesordinárias, emparticular, as equaçõesde segundaordem
nasceramjuntos com a Mecânica. Visando formular problemas relovantes,desenvolveremos
nas aplicaçõesum poucoda dinâmicade
umapartícula,doosciladorharmônicoedoscamposcentraisdeforças.
Assim,paranós,a soluçãodeumproblemanãoé apenasumafórmula
ou uma função,mas antes,algopleno de significadoe de informações
sobreo fenômenoqueestamosconsiderando.Por outrolado,para uma
análise adequadade problemasaplicadosé imprescindívelter um conhecimentomatemáticoadequadopara estudá-los. Desenvolvemos
essa matemáticanas duas primeiras secçõese dedicamosas demais
às aplicações.É animador sentir que problemasrelevantese difíceis
recebemum tratamento simples e completocomas ferramentasmatemáticasaqui introduzidas. SegundoA. Engel, a matemáticadeve
ser ensinada comouma ciência fundamental, que fornece os meios
indispensáveisde raciocinar e técnicaspara tratar como mundoreal:
“o mundofísico e o mundo criado pelo homem”.
41.
Equações Linearesde SegundaOrdem
Sejamp,q,f:(a,b) — R funçõescontínuasdefinidasnum intervalo
aberto (a, b), o qual em muitos problemasé a semireta t > Oou toda
a reta —-o0< t < oo. Consideremosa equaçãolinear de 2º ordem
x(t)+plt)xlt) +
q(t)x(t) =f(t)
ou mais compactamente, como escreveremos quase sempre;
KA px +qu f,
(4,1)
(4,9)
94
EquaçõesDiferenciais
deSegundaOrdem
Cap.4
Nesta secçãovamos estudar as questõesrelativas à soluçãogeral de
(4.1)e à soluçãodoproblemadevalor inicial para(4.1)comdados
X(to) = xo,
X(to)= vo
(4.3)
ondeto € (a,b) e xoevosãovaloresdados.
Inicialmente, temos o seguinte resultado de existência e unicidade
Teorema
4.1. Se p, qe f sãofunçõescontínuasem (a,b), entãoo problema de valor inicial (4.1)-(4.3)tem uma, e somenteuma, solução
definidaemtodoo intervalo(a,b).
Demonstração
: A idéia é transformar a equaçãonum sistema pela
introduçãodasvariáveis
xt) =x(t)
Logo, obtemoso sistema
o
com a condiçãoinicial
xalt)=x(t).
= X9
X2= —qx)—pxz+f
x1(0)=xo
x2( Ô) = Vo.
A conclusãose seguedosresultadosda secção3.2.
|
Concentremos,agora,nossaatençãona equaçãohomogênea
x
px+ qx = 0.
(4.4)
Na literatura antiga a equação(4.4),associadaà equação(4.1),tinha
o nomepitorescode “equaçãosem segundomembro”).
Pelo teoremaacima os problemasde valor inicial para (4.4)comcada
um dosconjuntosde dadosiniciais abaixotêmuma única solução:
Xito)=1
x(to)=0
(4.5)
Xto)=0
xíto) =
(4.6)
onde to € ta,b). Seja Pyla,b)
>R a soluçãodo P.V.I. (4.4)-(4.5)
eseja pula, b) -»KRa solução do PV, (4,4)(4.6). E fácil ver que
Seção4,1
EquaçõesLinearesde SegundaOrdem
“qualquerfunçãoda forma
p(t) = cxpailt)+ azpalt)
(4.7)
ondea1 e a2 sãoconstantesarbitrárias, é soluçãoda equaçãodiferencial (4.4)”;1ssoé precisamentea linearidadeda equação(4.4)implicandoquequalquercombinaçãolinear desuas soluçõesé tambémsua
solução,propriedadeessaconhecidacomooprincípio da superposição
noslivrosaplicados.
À recíprocada assertivaentre aspas acima é tambémválida:
“Qualquer soluçãode (4.4) é da forma (4.7)para xy e «2 escolhidos
convenientemente”.
Prova.Seja p uma soluçãode (4.4),e tome«x;— p(to) e «z = bp(to).
Então é fácil ver quea função )b— Pp
—«pj — «azdbz
é soluçãode (4.4)
eablto) = 0 emb(to)= 0. Logo,peloTeorema4.1 acimaip(t) = 0,0
que demonstrara asserçãoacima.
Conclusão
. (4.7)é uma soluçãogeral de (4.4).
O usodo artigouma na conclusãoacimaindica quepodemexistir
soluçõesemoutraforma. Para estudaressaquestão,vamosintroduzir
a noçãode independêncialinear.
Definição
4.1, (1)Duas funçõesby, bz: (a,b) > R são linearmente
dependentes
(abreviadamente
f.d.) seexisteumaconstantek tal que
po(t)
kit),
para todot E (a,b). (1) Duas funções(bj e Pz)
são linearmenteindependentes(L.1i.)se a condição
cpilt)
+azpa(t) =0,
paratodo te(a,b),
(4.8)
implicar que j — «> = O. [Obviamente,funçõesbj e bz são ii. se
elas nãoforemEd., Optamospor enunciara definição(ii) poisela se
estendenaturalmentepara o casode mais de duas funções).
Exemplos
: 1)As funçõessenx e cosx sãoL.i.. 2)As funçõese
e elx,
a
bafo l.i
3) As funções af e xe” são Li.. 4) As funções dj
e f2, soluções, respectivamente,dos P.V.I. (4.4)-(4.5)e (4.4)-(4.6)são
l.i.
A noçãode dependência(ou independência)para funçõesdiferenciáveispodeser ligada como determinanteWronskiano,
9!
96
Equações Diferenciais de Segunda Ordem
Cap. 4
Definição
. Dadas duas funçõesdiferenciáveis pr, pa:(a,b)
determinante
WiqWa,
dal(t)=
pilt)
dalt)
di(t) alt)
> R,o
(4.9)
é chamadoo WronskianodasfunçõesPb;e Pa.
Proposição
4.2. Sejam by, bz: (a,b) > R duas funçõesdiferenciáveis,
cujo Wronskianoé diferentede zero em um ponto to € (a,b). Então,
Die bz são Li..
Demonstração
: Suponhamos,por contradição,quep, e p>sejamt.d..
Então, existem constantes x; «2 pelo menos uma delas diferente de
zero,tais que
osdbilt)+ azbalt) =0,
Vte(a,b).
(4.10)
Daí, derivando, obtemos
ocrpilt)+ozbalt)=0Vte(a,b).
(4.11)
Em particular, para t = to temos o sistema
a dilto) +azpalto)=O
oypilto)+ azbalto)= O
cujodeterminante
é precisamente
WI,
bal(to), o qual é diferente
de zero por hipótese. Consequentemente«j — «z = O,o que é uma
contradição.
E
E a recíprocada Proposição4.2? É falsa comomostra o exemplo
a seguir
Exemplo5.As funçõesPy(t) = té e ba(t) = |t|º sãoL.i.;vê-seimediatamentequeseuWronskianoé zero.
Entretanto,a recíproca(e,emverdade,algomais forte)é válida
se nos restringirmos à classedas soluçõesda equação(4.4). Temoso
seguinte resultado,
Seção4.1
EquaçõesLinearesdeSegundaOrdem
Teorema
4.3. Sejam Pp,e bz soluçõesde (4.4). Então, elas são Li. see
somenteseseu Wronskiano édiferentedezeroem um ponto to € (a,b).
Além disso,se oWronskianofor diferentedezeroemumpontoto, então
eleédiferentedezeroemtodososdemaispontosde (a, Db).
Demonstração:
Da parte“see sóse”,emvirtude da Proposição4.2,resta
provarquese f1 e f2 sãosoluçõesl.i. de (4.4),entãoo Wronskiano
é diferentede zeroem um ponto to € (a, b). Vamosprovar um pouco
mais: que o Wronskiano é diferente de zero em todos os pontos de
(a,b). Fixeto € (a,b) e provemosqueWl|b4,Pal(to)
O.Supondo,
por contradição,que isso não ocorra,concluímosque o sistema
apito)
+ azpo(to)
= ()
orpi(to)
|
= (
axobo(to)
tem solução(x1, «2) não trivial (i.e. pelomenosum dos w'sé £ 0).
Formemosa funçãoP(t) = a«ypy(t)+ azdbalt)a qual é soluçãode
(4.4),e,comoP(to) = dlto) = 0, o teoremadeexistênciae unicidade
[Teorema4.1]implicaquep(t) = Opara todo tE (a, b). Issoacarreta
queP1 e bz sejamt.d., o queé uma contradição.
A última asserçãodo teoremase prova assim. Se o Wronskiano
é diferentede zero,num ponto,então bj e bz são L.1.,e o quefizemos
acima foi mostrar que isso implica que o Wronskiano seja diferente
de zeroem todosos pontos.
E
A última parte do Teorema4.3 podetambémser provadausando
a fórmula deAbel-Liouville,dadano Teorema4.4abaixo.
Teorema
4.4.Sejam bi, pa: (a,b) > R duassoluçõesde(4.4).Então
Wit) = Wíto)e
— Ji,
Pís)as
(4.12)
ondeto € (a, b), e estamosusandoa notaçãoW(t) = Widbs,dal(t).
Demonstração
: Derivando a expressão
Pd
Prlt)
pilt)
alt)
o(t)
4
98
EquaçõesDiferenciais
deSegundaOrdem
obtemos
Witt)=
Cap.4
dalt)da(t)
[+ pa(t)Hg]
Pitt) alt)
Pit)
alt)
Usando as propriedadesde determinantese o fato que fi1,e fi2,satisfazemà equação(4.4),obtemos
Wet)= —-p(UWIt),
(4.13)
que é uma equaçãolinear de 1º ordem, estudadana secção2.1. A
soluçãode(4.13)é dadapelaexpressão(4.12),ondeto podesertomado
comoqualquerpontoem (a,b).
]
A fórmula (4.12) diz diretamenteque uma das alternativas ocorre:
(1) W(t)=0,(i)
W(t)
0,paratodot E (a,b).
Vejamos agora o que é que o conceitode independêncialinear
podefazerpela questãode soluçãogeral. Temoso seguinteresultado.
Teorema
4.5. Sejam by, ipa:(a,b) — R duas soluçõesti. de (4.4).
Então,qualquersolução de(4.4)é da forma
p= «py
+ apo
(4.14)
com &1e X2 constantesescolhidas convenientemente.
Demonstração
: Fixe to € (a,b) e considereo sistema
ae
ypilto)+anpalto)= blto)
arbi(to)+azba(to)= píto).
Como o determinantedessesistema é o Wronskiano de 1) e 12 em
to, 0 qualé diferentede0, [pois1 e 12 são.i.] concluímosque«7 e
x estãounivocamentedeterminados.Agoraconsiderea função
o(t) = onp(t)+ azpa(t),
a qual é soluçãode (4.4)e comoo(to) = d(to) e ó(to) = dlto), O
teoremade existênciae unicidade [Teorema4.1] nos diz que o = Qd.
a
Importância
doTeorema
4.5.. Em virtude desseresultado,vemosque se
determinamosumparqualquer1),e 12, desoluçõest.i. de(4.4)então
a soluçãogeral de (4,4)estáobtida e é dada por (4.14),
Seção4.2
Obtençãode Soluções
Consideremosagoraa equaçãonão homogênea(4.1). A seguinte
observaçãoé deverificaçãoimediata: “Sex1(t) ex2(t) sãosoluçõesde
(4.1),entãoxi (t) —x2(t) é soluçãode(4.4). Issonospermiteafirmar
que, se conhecermosuma soluçãoparticular, xp(t), de (4.1)então uma
soluçãogeral de (4.1)é dada por
x(t) = empi(t)+axpalt)+xplt)
onde «| e «>são constantes arbitrárias e 1p1,12 é um par de soluções
ti. de (4.4).
| interessanteobservarqueseconhecermosuma soluçãogeralde
(4,4),entãohá um modoautomáticodedeterminaruma soluçãoparticular de(4.1).Trata-se dométododevariaçãodosparâmetros,quenos
textosantigos era chamadoparadoxalmentede “métodode variação
dasconstantes”.Na próximasecçãoestudaremosessemétodo.
4.2.
Obtençãode Soluções
4.2.1Métodode Variaçãodos Parâmetros
Suponhamosqueseconheçaumpar,bj ez, desoluções(.1.de(4.4).
O métodoconsisteem buscar funções«y(t) e «z(t) tais que a função
x(t)= os(t)pi(t) +aolt)pa(t)
(4.15)
seja soluçãode (4.1). Derivando (4.15)obtemos
x= emp + apa + dpi + apo
(4.16)
onde omitimos a explícita dependênciaem t para simplificar a notação. Ora, estamoscomdois graus de liberdadena nossabusca;então,
nãohá mal emperderum,impondoa condição
mp
+ ázpo =0
(4.17)
cuja razoabilidade o leitor descobriráapós alguma meditação. Logo
(4.16)se torna
|
|
x
mpy
+ «gba
(4.18)
+dmpy+doba.
(4.19)
quederivadanosdá
Ro ocnpydao
00
Equações Diferenciaisde SegundaOrdem
Cap. 4
Como queremosque x(t) seja soluçãode (4,1), levamos(4.15),(4.18)
e (4.19)à equação(4,1) e usandoo fato que 1j e 1)>são soluçõesde
(4.4)obtemos
nbr
+ dnpo =f.
(4.20)
Agora resolvemoso sistema (4.17), (4.20) para obter à, e &2
&y=—fiba/W
e
àz=tfibi/W
(4.21)
onde W designao Wronskiano de 1bye 1b2.De (4.21)obteremos«x e
X2.
Ju S
Exemplo
. Considere a equação
Àl
iz
É
o 64h)
x —5x+ 6x= et.
(4.292)
É fácilverqueby(t) = et ew>(t)= et sãosoluções
(.i. de
Xx—5x+ 6x = 0.
(4.23)
(Na próxima secçãoestudaremosmétodosde obtençãode soluçõesde
equaçõesdiferenciais lineares homogêneas).O Wronskiano de 1; e
b2
é
w =
e^2t e^3t
[ 2e^2t3e^3t
Rh
e^5t
J
Logo
a1 = -e^te^3t / e^5t
= -e^-t
e dai
a
o(t)=e"*
&2 = e^t e^2t
/ e^5t = e^-2t
at)=
1
—5€ a
Concluímospoisqueuma soluçãoparticular de(4.22)
xp(t)
16
=e
1
se
]
2to3t — e.
Portanto, uma soluçãogeral de (4.22)é
x(t) m ae?!
1
| aq2e3t+ 3º
(4.24)
Seção4.2
ObtençãodeSoluções
Observeque se tivéssemosescolhidooutras primitivas de a1 e a2
digamos
o(t) =et+2
egtt] =
Rs
3
entãoa soluçãogeral de (4.22)obtida seria
]
x(t) = qe?! + age! + 5º toBe 4. SP
a qual é equivalentea (4.24).
Comentáriosalgébricos
Tudo que vamos dizer a seguir é mera roupagempara o que se de-
monstrounestasecção.Designemospor C'[a, b], ondej é inteiro >0,
o espaçovetorial(real)dasfunçõesp: (a,b) > R de classeC). A
equaçãodiferencial(4.1)defineum operadorem C2[a,b] comosesegue:
L:C?[a,
b]> Cº[a,b]
dr
Lp) = 4" +py +qd
ondep,q:(a,b) — R são funçõescontínuas. O princípio da superposiçãopodeser expressona assertivade que L é um operadorlinear. O
núcleoN(L) de L é por definição
N(L) ={fiE C²[a,b]:Lfi =0}.
Vimosacimaqueo núcleoN(L) é um subespaçovetorialdedimensão
2. A imagemR(L) deL é pordefinição
R(D)=(fe Cºla,b]:Ib E C?la,b]eLp =f).
Segue-sedo Teorema4.1 que R(L) = Cº[a,b], ou seja o operador
| é sobrejetivo. Como N(L) tem dimensão2, o operador L não tem
inverso.Vimos acimaquea imageminversaL”!(f) de um elemento
f e Cºa,b]
é uma variedade linear da forma Xp + N(L) onde xy é
qualquerelementodeL”!(f).
4.2.2 Equações lineares homogêneas de 2º ordemcom coeficientes con-
stantes
101
02
Equações Diferenciais de Segunda Ordem
Cap. 4
Segue-sedo Teorema4.1 que as soluçõesde (4.25)são funções
definidasem toda a reta.
O métodode resoluçãoconsisteem buscar soluçõesde (4.25)na
forma
x(t) = e!
(4.26)
ondeÀ é um parâmetroa determinar.Se quisermosque x(t), dada
por (4.26),seja solução de (4.25), nada há de mais razoável do que
levá-laà equação(4.25):
Net +pret +qe t=0
ou seja
A +PpA+q=0,
(4.27)
que é conhecidacomoa equaçãocaracterísticaou equaçãoauxiliar da
equação(4.25).
Portanto,seescolhermosÀ igual as soluçõesde (4.27),as funçõese?!
correspondentes
sãosoluçõesde(4.25).
2
Há três casosa considerar,dependendodosinal dodiscriminante:
p*=,
Caso1: p² - 4q
distintas:
> 0.
Neste caso, (4.27)tem duas raízes reais e
l1 =(p/2)²
-p/2 - c e l2
o consequentemente
x+(t) me At
e xa(t) = e!
(4.28)
são soluçõesde (4.25). Um cálculo fácil mostra que o Wronskiano
dessas duas soluções é igual a (A>— AyJe!A1+A2)tq qual é diferente
de O, Portanto, as soluções x1 e x>dadas em (4.28) são L.i..
CasoII:
A;
p²7 - 4q = 0. Nestecaso,(4.27)nosdá apenasum valor de
es
p
Seção4.2
ObtençãodeSoluções
e assim obtemosapenasuma solução
xi(t)=ePt/2
(4.29)
através desse processo. Como determinar uma outra solução x»(t),
de modoqueo par x1,X2seja£.i.?
A ideiaé usaro métododereduçãoda ordemda equaçãoqueconsiste
no seguinte:conhecidauma soluçãox1(t) de (4.25),busca-seoutra
soluçãona forma
HE) = UE it).
Substituindo essex na equação(4.25)obtemos
uk
+ px
+ qx] + ix;
+ úlpx,
+2x1) — O
de ondese segue,fazendoi = v, que
v+ (p+2E)v-o.
X1
É fácil ver que, para a solução x; dada em (4.29), o termo entre
parêntesisé zero. Logo
v=0
5 v=c>S
u=e+c.
Portanto,qualquerfunçãoda forma (ct + c')xy(t), ondec e c” são
constantes,
é soluçãode(4.25).Tomando-se
c = 1, c” = 0, obtemos
uma segundasoluçãopara (4.25):
xa(t)=te Pt/2
(4.30)
Um cálculo simples mostra que o Wronskiano das soluçõesx1 e x2,
dadasem(4.29)e (4.30)respectivamente,é iguala eP*, e consequentementeessassoluçõessãoL.i..
Casolll: p?—4q <0.
conjugadas:
Neste caso,(4.27)tem duas raízes complexas
M=-utivel=-u-iv,
ondeu=p/2, v-
Logo, pela observaçãoabaixo
xilt)=emMtet
e
xalt)m e Me iV
]
5V49 - na,
(4.41)
1
104
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap. 4
sãosoluções(,i. de(4,25),poisseuWronskianoéiguala 2iv e2HtZL 0.
lim virtude da linearidadeda equação(4.25),temosque
palt)
]
5 Dalt)
]
pal) = 5
- x2(t)|]= € Ht cosvt
(4.32)
lt) + xo(t)]= e Hsenvt
(4.88)
são também soluçõesda equação(4.25). Para escreveros últimos
termosdas expressões(4.32)e (4.33)usamosa fórmula de Euler:
e'º = cos0+isend,
DER.
O Wronskiano das duas soluçõespy e bz dadas em (4.32) e (4.33),
respectivamente,é igual a ve “Ht Z 0, o que implica serem b, e bz
A
Observação
. O aparecimentode números complexosa essas alturas
dá o que pensar. Em primeiro lugar, pelo modo de conduzir nossa
apresentaçãoaté estepontoficou implícito que estávamostrabalhando apenas como números reais, e, de fato, era isso que tínhamos em
mente. Entretanto, podemostratar de modo análogoequaçõesdife-
renciaislinearescomcoeficientes
complexos,
p, q:(a,b) > C, efalar
de soluçõescomplexasp:(a,b) — €C,onde C designa o corpo dos
númeroscomplexos.Lembramosque, se br(t) e br(t) designamas
partesreal e imagináriade &, então,p é diferenciávelse e só se Pr
e pyo são.AssimquandodizemosqueeMte'Yt
é soluçãodaequação
(4.25)acima [p, q reais], o que queremosdizer é que suas partes real
v imaginária são soluçõesde (4.25),e isso seria outro modo, essencialmenteidênticoao que se fez, de obter (4.32)e (4.33).
Exemplo1.
Xx—4x =0.
Fazendox =eM obtemosA? —4 = 0,edaíA; =2e Az = —2. Logo
at) e etexo(t) = e?! sãosoluçõesda equação.SeuWronskiano
é igual 4,e logoxye xz sãosoluçõesL.i..
]
Exemplo
2.
Xx+2x+x=0.
Fazendo x— €*!, obtemos
Nº +2A+1=0,
n
Za
»
a
q
Ô 9
SJ
a
AR
13
4
Seção4,2
ObtençãodeSoluções
quetemumaraiz duplaÀ = —1.Logoxy(t) = e texa(t) = te “são
duassoluçõesl.i., poisseuWronskianoé 0.
Exemplo
3.
Xx—2x + 59x=0.
Fazendox —e2t,obtemos
N2-2A+5=0,
cujassoluçõessãoAy = 1+2ie Az = 1—2i. Logo
xi(t) = e! cos2t
to
x2 = e! sen2t
sãosoluçõest.i. da equação,poisseuWronskianoé £ 0.
(Recomendamosaoleitor nãotentar decoraras fórmulas e expressões
deduzidas nos casos 1, II, III acima e, a cada problema, aplicar o
métodoensinado,comofizemosnos exemplosacima. Eventualmente,
coma prática alguns dos passosdo métodoserãorealizados mentalmente).
|
4.2.3 Métodode reduçãoda ordemda equaçãodiferencial
Dadaumasoluçãofi1: (a, b) > R da equaçãodiferencial
x+pl(t)x+ qlt)x =0
(4.34)
ondep,q:(a,b) > R sãofunçõescontínuas,o métododereduçãoda
ordemconsistemem buscar uma segundasoluçãona forma
palt) = u(t)pr(t)
(4.35)
onde u(t) é uma função a determinar. Substituindo-sex por bz na
equação(4.34)obtemos,comv = 1, que
V + (» ad2)
bi
w= 0
(4,96)
que é uma equaçãodiferencial linear de 1º ordem do tipo estudado
no Capítulo2, ondeestamossupondoquePi(t) 4 O;casonãoo seja,
teremosquequebrar a equaçãoemvárias. Resolvendo(4.36)obtem
vit)
se
py
1nd
constante,
10!
106
Equações Diferenciais de Segunda Ordem
Cap. 4
onde P(t) é uma primitiva de p(t), Como U= v, temos
É
ut)
|
pio|
= PIt)
dt,
e assim uma segunda solução seria
ba(t) = pat) /
]
Pi(t)
2
e Pig.
(4.87)
À importância do métodode redução da ordem reside em que
muitas vezesobtemosuma primeira soluçãopor um outro métodoe aí
se põea questãode conseguiroutra solução:issojá ocorreuno estudo
das equaçõescom coeficientesconstantesfeito em 4.2.2 acima. As
vezestambém,uma primeira soluçãosalta aosolhos(observadores!)
e o métododereduçãoda ordemnos dá a outra. Vejamosum exemplo:
Exemplo
4. À equação
|
1-PFipemeltiisTtn=d,
Agte
tl
é conhecidacomoa equaçãodeLegendre,ondeÀ é um parâmetro;para
cada valor fixado de À se tem uma equaçãodiferente. Consideremos
a equaçãopara À = 1:
T-pa-Tilde=0
0 «[<ta1.
(4.38)
Vê-sequea funçãopit) = t é soluçãode (4.38). Determinemos
outra soluçãona forma Ga(t) = ut. Substituindo-sex por bz em
(4.35) obtemos,com v = ú, que
2
2t
Comoa equação(4.39)não faz sentidopara t = Ô,vamosconsiderá-la
separadamente
para —] <t<0e0<t<
1. Obtemosde(4.39)que
V(t) =
Dai:
Ult)
/
PT
C
1
Ls
en
te(1—+2)
fatia
]
]
Seção 4.2
Obtençãode Soluções
ou seja
u(t)
=
]
]
“4"72
Mo:
|+t
Logo uma segundasoluçãode (4.38)seria
t
1++
funçãoqueestábemdefinidaemtodoo intervaloaberto(—1,1).
4.2.4 Métododos coeficientesa determinar
Em 4.2.1estudamoso métodode variação dos parâmetros,que pode
ser utilizado para determinar uma soluçãoparticular das equações
linearesna sua forma geral (4.1).Agora, explicaremosum outro processoque se aplica somentepara equaçõeslineares com coeficientes
constantes
x+ px+ qx = f(t)
p,q = constantes.
(4.40)
e aindaparacertostiposdefunçõesf(t). A vantagemdessemétodoé
não envolverintegraçõese, portanto, é de fácil utilização. O método
consisteem determinara soluçãoparticular xp(t) de (4.40),a partir do tipo da função f(t), comcoeficientesb; a seremdeterminados,
conformeveremosabaixo. As justificativas estão apresentadasnos
exercícios.
TOO=06+ qtde
Gt”
xp(t)
=bo+bit+---+
bat”(5)
EE =="
Xp(t) = be
(x)
f(t) = cosPt ou sen Pt
Xplt)
bj cos [31 | b> sen pi
(4)
TO
108 Equações Diferenciais de Segunda Ordem
Cap. 4
f(t) = (ao+ at ++»:+ant")e**cosBt ou
f(t) = (ao+ at +---+ ant")e“*senBt
Xp(t) = (bo + bit + --- + bnt")e “cos Bt+
(cotcit+---+cnt")e“!sen
Bt (x)
(*) Se algum termo dessaexpressãode xp for soluçãoda equaçãohomogêneaassociadaa (4.40),propõe-setxp(t) para soluçãoparticu-
lar de (4.40).Casoalgumtermode txp(t) sejasoluçãoda equação
pranto
txplt).
associadaa (4.40),então a soluçãoparticular buscadaé
Observação
: Ostiposdefunçõesf(t) aosquaisométodoseaplicapode
ser aumentado
comoconsequência
doseguintefato: “Sexp e Xpsão
soluçõesparticulares, respectivamente,das equações
x+rpx+qx=filt)
e
Xx+px+ qx=fa(t)
entãoC1Xp+ czXpé soluçãoparticularde
x+px+
qx = cyfi(t)
+ cafa(t).
A aplicaçãodo métodoconsisteem levar a expressãoem (x) na
equação(4.40),identificar os coeficientesdas respectivaspotências,
exponenciais,senos ou co-senos,obtendo-sesistemas algébricosde
onde se determinam os coeficientes
b's e c's, daí o nome deste método.
Exemplo
1. ConsidereX + x = cost. Comocost e sent sãosoluçõesda
equaçãohomogêneaassociada.O métodosugerea soluçãoparticular
da forma
Xp(t) = bitcost + batsent.
Substituindo xp(t) na equaçãoobtemos
—bysent +2b>cost = cost
logobj — 0,b> — 1/2 e a soluçãoparticular é
Xptt)
; tsent,
«e.
Seção 4.2
Obtençãode Soluções
Exemplo2. Vamos alterar o segundo membro da equação acima para
LcosL, sto é,
Xx+x = tcost.
(4.41)
Nessecasoo métodosugerea soluçãoparticular na forma
Xp(t) = t(bo + bit) cost + t(co + cit) sent.
As constantesbo, by, Co, Cy devem ser calculadas substituindo-se
Xplt) na equação. Podemos também usar a observação acima para
calcularumasoluçãoparticular de (4.41).Escrevemos
tot=t—
E go
ta
ta
= et + ce!
2
z
z
e procuramos
a soluçãoparticularx, (t) comosomadesoluções
particularesdasequações
|
xtx=-et
Ta
2
E
e xtx=-e",
(4.492)
Z
As equações
(4.42)sãoconjugadas,e portantose x,1(t) é soluçãode
umadelasseuconjugado
x)(t) é soluçãodaoutra.
Vamosresolvera primeira equaçãode (4.42). A função e't*é uma
soluçãoda equaçãohomogêneaassociada,portantoo métododoscoeficientesa determinar sugere
Xp(t)=t(bo+brt)e!.
Substituindo
x, (t)naprimeiraequação
de(4.42)obtemos
[2by
+2boi
+4by
itjeit
=se“,
e portanto temos que bo
xya(t)
j ebjy = Fi.
t
(ss)
Isto é,
EN
é uma soluçãoda primeira equaçãode (4.42).Segue-seque a solução
particular de (4,41) é
(2
Xp(t)
= xg(t)+x)(4)= 2Re(x)(t)) qSos t+7 sen
110
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
4.2.5 A equação de Euler-Cauchy
À equação
t2x + atx + bx = f(t),
a,b = constantes,
é conhecidacomo equaçãode Euler-Cauchy. Vamos mostrar como
obter duas soluçõest.i. da equaçãohomogêneaassociada
tx +atx+bx=0.
(4.43)
Devemosconsiderarseparadamente
oscasost > 0et < O.Tratemos
apenaso casot > 0.
PrimeiroMétodo
A idéia do métodode resoluçãoé tentar soluçõesde (4.43)na forma
x(t) = t?, ondeÀ é um parâmetroa determinar.Substituindoessex
na equação(4.43)obtemos
PMMA
am!
ruÉ=Oo
de ondeobtemosa equaçãodo 2º grau para À:
M+(a-NA+b=0.
(4.44)
Há poistrêscasosa considerar,deacordocomosinaldodiscriminante.
Casol:
(4,44)
(a—1)?—4b > 0.
ess
Há duas soluçõesreais e distintasde
df
er
a
a—l
e nantm
AY"
pilt)=t" e
são duas soluçõesL.i. de (4,43),
Casoll: (a
1)º-4b = 0,
2
dalt)=t"
Nestecaso,obtemos
apenasumvalor
de À, e, consequentemente,
uma só soluçãode (4.43):
A
a= |
;
» Pilt)
= plata
Seção4.2
ObtençãodeSoluções
Para obter uma segunda solução, neste caso, usamos o métodode
reduçãoda ordem da equação:procuremosessa segundasoluçãona
formap> — up. Comojá fizemosessetipo deraciocíniovárias vezes,
vamosescreverdiretoa expressãode bz(t), usando(4.37):
pa(t)= aa
[ po lipade
=cana,
Casolt: (a-1)2-4b
< 0,
complexasconjugadas:
M=u+tv,
Neste caso, (4.44)tem duas raízes
A=u-tiy,
onde
A
Po
e assim
ia
po
a—
2
,
dit) =tH" e balt)=tM0""
são duas soluções!.i. de (4.43). Usando o fato que t” = eivênt ea
fórmuladeEuler obtemosduasoutrassoluçõest.i., agoraenvolvendo
apenasnúmerosreais:
pilt)=t"
cos(vint) e dalt) = tt sen(vênt).
SegundoMétodoIntroduzimos uma nova variável independentes por
e* = t (lembramosque estamosconsiderandoa equação(4.43)para
t > 0) e definimosy:I — R pelaexpressão
u(s)=x(eº)
e daí obtemos
v'(s)=x(e'Je"e y(s) =x(e*)e?*
+x(e*)es.
Substituindo-seem (4.43)obtemos
y"+(a-ly
+by=o0
que é uma equaçãolinear de 2º ordemcomcoeficientesconstantes.O
procedimentoem4.2.2acimaproduzparesdesoluçõesf.i. emcadaum
11
[12
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
dostrês casos.Voltando à variável t chegamosàs mesmasexpressões
obtidasno primeiro métodoacima.
4.2.6 Métododas séries de potências
Se os coeficientesp(t) e q(t), bem comoo segundomembrof(t) da
equação
x+ p(t)x + q(t)x = f(t)
(4.45)
sãofunçõesanalíticas (isto é, sãoiguais às suas respectivassériesde
Taylor) emum intervalo (to — p, to + p), entãopode-seprovar que as
soluçõesde(4.45)sãotambémfunçõesanalíticasno mesmointervalo
(to— p,to+ p). [Cf.,por exemplo,o livro de Coddington-Levinson“An
Introduction to Ordinary Differential Equations”,Tata McGraw Hill
Publishing Co. (1955)].Neste caso,o métododas séries de potências
funcionabempara a obtençãoda solução:(1)escrevem-seas sériesde
Taylor de p, q e f, centradasem to, por exemplo
P(t)
=
=2.
Put
o
n
tal”,
Po
]
as E
io
TO)
(to),
(11)
usa-seuma expressãoanálogapara x(t)
x(t)=>anlt—to)”,
n=0
ondeoscoeficientesxn devemser determinadosnoprocesso,(iii) essas
quatro sériesdepotênciassãolevadasà equação(4.45),e os coeficientes das correspondentespotênciasde t em cadalado da equaçãosão
igualados,obtendo-seassim um sistema (infinito) de equaçõeslineares algébricaspara os coeficientesx, . Esse sistemaé entãoresolvido
recursivamente.Obtém-seas soluçõesxn, N>2 emtermosdexo e x1.
Nota.Nas aplicaçõesé muitocomumpoderescrever(4.45)na forma
pilt)x + palt)x+ pa(t)x = f(t)
(4.46)
ondepi(t),i
=1,2,3, sãopolinômios.Nestecaso,a série depotências
de x(t) deve ser substituida diretamente em (4.46). Ao leitor: dados
o objetivodestetrabalho e a dimensãoque para ele decidimos,não
vamosdetalhar mais esse método;um tratamento mais longo pode
ser visto nos livros comuns de equaçõesdiferenciais ordinárias.
Seção 4.2
Obtençãode Soluções
4.2.7 Métodode Frobenius
Considereuma equaçãoda forma
(t-to)2x+(t—to)p(t)x+a(t)x=O
(4.47)
ondep e q sãofunçõesanalíticasnumavizinhançade to. O pontoto
é chamadoumpontosingular regularpara a equação(4.47).
Exemplos
|)
to=—l e to = 1 sãopontossingularesregularespara a equação
de Lependre
(1-t)k—-2tx+AMA+I)x=0.
De fato, to = —1 é um ponto singular regular pois a equação
de Legendrepodeser postana forma(4.47)comto = —1,p(t) =
(1
-t)eg(t)=A(A+
N(t+ 1)/(1 —t). Um raciocínioanálogo
para to = 1 e para os demaispontosnos exemplosabaixo.
2) to = 0 é um ponto singular regular para a equaçãode EulerCauchy.
9) to=1leto=—l
de Chebyshev:
sãopontossingularesregularespara a equação
1—-t)kx—tx+Ax=0.
4) to = Oé pontosingularregularpara a equaçãodeBessel:
Ex par
(==
O.
5) to = Oé ponto singular regular para a equaçãode Laguerre:
tx+ (1 —-t)jx+Ax=0.
Observação
. (Oleitor deve imaginar que o fato das equaçõesacima
terem nome é indicaçãode que há algo especial sobre elas. E, de
fato há. Essas equaçõesaparecemem problemasdas equaçõesdiferenciais parciais da Física Matemática, e apresentaminteressantes
propriedadesdo pontode vista matemático.Pesquise!
4
Equações Diferenciais de Segunda Ordem
Cap. 4
O métodode Frobenius para a resoluçãode (4.47)consiste em
tentar soluçõesna forma de uma série de potênciasgeneralizada
OO
Mit] = €*>.
EE
n=Q
ondea é um númeroreal a determinar. Recomendamosao leitor procurar detalhesemlivros quedediquemmaior espaçoa essasquestões.
O livro de G.F. Simmons “Differential Equations, With Applications
and Historical Notes”,McGraw Hill Book Company(1972),contém
dois capítulos excelentessobreo assunto.
4.3.
Exercícios
1. Determine uma soluçãogeral para as seguintesequações
a)
X— ax + 6x = O
b)
Xx—4x+4=0
c)
X+ 2%+ 9x= O
2. Sejaf(t) umpolinômiodegraun. Mostrequeseq
0,entãoexiste
uma soluçãoparticular de (4.40)na forma de um polinômio Q(t) de
graun. Sep Z0e q = 0, entãohá uma soluçãoparticularna forma
tQ(t). Sep = q = 0,entãot?Q(t) éumasoluçãoparticularde(4.40).
3. Obtenha soluçõesparticulares das equações:
Xx+2Xx+Ikx=t+4, R+Xx=2H41.
4. Sejaf(t) = P(t)Je*!,ondeP(t) é umpolinômiodegraun. Mostre
que,caso«2 + «p + q £ 0, existeuma soluçãoparticular de (4.40)na
formaQ(t)e*t ondeQ(t) éumpolinômio
degraun. Caso«+p £0
eo +ap+ q = 0,há umasolução
particularde(4.40)na forma
te Q(t). Caso 2x +p = «2 + «p + q = 0, então há uma solução
particularna format?e*Q(t).
5. Obtenhasoluçõesparticularesdas equações:
t+2x+x=tet,
x+2X+x=2te.
Beção4.3
Exercícios 115
o Seja f(t) = cosBt ou f(t) = senBt. Mostre que, sep É O ou
q 4 5º, entãoa equação(4.40)tem uma soluçãona forma
xp(t)=AcosBt+BsenPt.
MostrequeA = (q— B2)/A e B=>pPB/Aonde
A=(q—p>+pp”,
nocasodef(t) = cosBt. ObtenhaÀ e B no casodef(t) = senBt.
+.Sejaf(t) = cosBt ouf(t) = senBt. Mostreque,sep = 0e q = Pº,
então(4,40)temuma soluçãoparticularna forma
xp(t) = t(A cosBt + B senBt).
MostrequeÀ = —1/2fBe B = 0 no casodef(t) = senBt. ObtenhaA
e 1 nocasodef(t) = cosPt.
4. Obtenhasoluçõesparticularesde
Xx=2x+4x=3cos2t,
X+4x=sen3t,
X+9x = 5sent.
9. Obtenha soluçõesparticulares de
vtx+2x=tsent,
X+2x+x=etcost, kK—5x+6x
= et sen2t.
10. Determinea soluçãogeral das equações
X+x=sect,
Xx+2x+x= ein,
x+3x+2x=1/(1+e*), %x4+3x+2x=1/(1
+
sent).
1. Verifiquequepilt) = 1+t e qGpa(t)
= e! sãosoluções
º.i. da
equaçãohomogêneaassociadaà equação
R-T+H0ktx=te
+t>0,
e determinesua soluçãogeral.
12. Mostrequea soluçãodoproblemadevalorinicial
Ed x=
fit),
x(0) =xo,
EO) = vo
[16
EquaçõesDiferenciais
de SegundaOrdem
é dada por
«o)= [
t
0
Cap.4
sen(t—s)f(s)ds + xocost + vosent.
13. Obtenhauma fórmula para a soluçãogeral de
x —5x + 6x = g(t).
14. Sep e q sãoconstantespositivase f: (0,00) — R é uma função
contínua,mostreque,para quaisquersoluçõesbi(t) e bz(t) de
Xx+px+ qx = f(t),
tem-se
lim [pi(t) —da(t)]= 0.
t—>+oo
15. Mostrequeby(t) = t? sent é soluçãodoPV.
tax—4tk+(t+6)x=0
0)
= 4/0) = O,
A funçãoba(t) = Oé outrasolução.Comente
à luzdoTeorema
4.1.
16. As funçõesLi. dilt) = t?e dalt) = t? parat € (—1,1) são
soluçõesde alguma equaçãodiferencial do tipo (4.1)? E a restrição
delas a (0,1)? Em caso afirmativo determinea equaçãodiferencial,
da qual elas são soluções.
17. Mostreque as funçõespi(t) = te ba(t) = te!, definidasemtoda
a retasãosoluçõesde
tx—t(t+2)x+(t+2)x=0.
Calcule o Wrosnkiano dessassoluções.Comenteo fato delese anular
para +— O,à luz do Teorema4.1.
18. Mostrequea mudançadevariávelv = x/x transformaa equação
x +plt)x +q(t)x =0
(*)
Seção4.3
Exercícios 117
numa equaçãode Ricatti
v+ xo(t) + oalt)v + ao(t)v? =],
(mm)
|, reciprocamente,
a mudançadevariávelx = v/(x2v) leva (**) em
(9)
19. Use o exercícioanterior para transformar a equaçãolinear
tk—-x—tx=0
sm umaequaçãode Ricatti. Encontreuma soluçãodessaequaçãode
Hicattie a seguirobtenhauma soluçãogeralda equaçãooriginal.
20, Determineduassoluçõesº.1.decadaumadasequações
x— f(t)x+ [f(t)— 1]x=0
x— tf(t)x + f(t)x = 0.
Podedeixar uma das soluçõesem termos de uma primitiva F(t) de
Ht), (A primeira soluçãosalta aos olhos!).
$1. Verifiqueque bi(t) = t”!/2 sent é soluçãoda equaçãode Bessel
de ordem 1/2:
1
tHE+TE+ [-5)x=0
t>o0.
Determineuma segundasolução>, tal que py, p> são Lii..
22.Sejampy, pa:(a,b) > R soluçõesL.i. de
x+p(t)x + q(t)x =0
comPi(t) £0, t E (a,b). Mostre(porderivaçãodireta)que
d (2)
dtldi/
Wida,bz]
dr
Usea fórmuladeAbel para obteruma expressãopara >, e compare
com(4.37).
23. Suponha que o Wronskiano de duas soluçõesda equaçãodiferen
cial
x +pltx +qlt)x = O
118
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
é iguala 1,e quePy(t)= t* é umasolução.Determine
a solução
geral de
x+p(t)x+a(t)x= t.
24. Verifiqueque py(t) = t é soluçãoda equação
tx+2tx—2x=0 +t>0
e determineuma segundasoluçãodessaequação.
25. Considerea equação
tx— (t+ N)x+ Nx=0
ondeN éuminteiro>0.Mostrequepy(t) = e!é umasoluçãoeque
uma segundasoluçãopodeser expressana forma
ba(t)= etftNetar,
Mostre que p> é um polinômio de grau N, o qual é precisamentea
reduzidadeordemN dasériedeTaylordee!.
26. (EquaçãodeLegendre).Determineduassoluçõest.i. de
(1-t)x-2x+AMA+I)x=0
—I<t<l.
Use séries de potênciascentradasem t = O. Mostre que quandoÀ é
inteiro >0, uma dessassoluçõesé um polinômio. O conjunto desses
polinômiosdeLegendretêm uma série depropriedadesinteressantes
e importantes. Eles aparecem,por exemplo,no estudo do problema
da temperaturade equilíbriodeuma esfera.
27. (Equaçãode Hermite). Determine duas soluçõest.i. da equação
X —ZtX+ 2Ax.=O.
Mostrequese À é inteiro 20, uma das soluçõesé um polinômio.Esses polinômiossão chamadospolinômios deHermite e aparecem,por
exemplo,noestudoda equaçãodeSchrüdingerda MecânicaQuântica,
Seção
4.4
44.
A Dinâmica
deumaPartícula 11!
A Dinâmicade umaPartícula
Na presentesecçãoprocuraremosestabelecer
osprincípiosbásicosda
MecânicaNewtoniana. Do mesmomodoque a GeometriaEuclidiana
tom suas noçõesprimeiras e seus axiomas,a Mecânicatambémos
deveter para sua formalizaçãoe funcionamentocomociênciadedutiva, Essasnoçõesprimitivaseessesaxiomas(nocaso,leisfísicas)são
escolhidosvisandoseobterum modelomatemáticoadequadoe repre-
sentativo dos fenômenos reais. Assim, deve-se definir os conceitos
de partícula, massa, corpos rígidos, eventos,sistemas referenciais,
tempo, repouso,movimento,força. Para não fugirmos demasiadamenteao objetivodo presentetexto,admitiremosque o leitor já estudou essascoisas,ou, em casocontrário,que ele assumirá a atitude de
atribuir-lhes o sentidoqueo bomsensolhe indique, levandoem conta
queelas aparecemno dia a dia. Ao leitor interessadorecomendamosa
excelenteintroduçãodo Capítulo 1 do livro “PrincípiosdeMecânica”
de JL. Synge e B.A. Griffith, McGraw-Hill, 1965,especialmenteas
páginasde 3 a 17.
Vamos, inicialmente, introduzir as grandezas cinemáticas. Consideremoso movimentode uma partícula no espaçoRº. Designemos
por
Xtt)= (x(t),ult),z(t))
o vetor posição da partícula no instante t. O vetor velocidadeé a
derivada
X(t)=(x(t),u(t),2(t))
dovetorposição.Define-seo vetoraceleraçãocomosendoa derivada
do vetor velocidade.
X(t)=(x(t),y(t),2(t))
Suponhamos que a partícula tenha massa m e que seu movimentoseja causadopor um campode forçasem Rº, designadopor
HA)= (filx,y,z), f2(x,0,2Z),
fa(x,U,2Z)).
A segundalei de Newtonestabelecea conexãoentre a aceleração
da partícula e a forçaque produz o movimento:
mX= F
(4.48)
120
Equações Diferenciais de Segunda Ordem
Cap. 4
onde F e X são calculadosno mesmoponto (x,y, Z). Essa lei podeser
apresentadaemuma formaum poucomaisgeral:
d (mX)=F
dt
no
(4.49)
,
ondesesupõequea massapossavariar comotempo.A expressãomX
é conhecidacomoa quantidadede movimento.A formulação(4.49)
será particularmenteútil no estudode foguetes,cuja massadecresce
pelo consumodos combustíveis.
A primeira lei de Newton diz que, sem a ação de forças, uma
partícula não pode mudar seu estado de repousoou de movimento.
Mais precisamente,se a partícula estiver em repouso,ela assim permanecerá, e se ela estiver em movimento ela continuará em movimentolinear comvelocidadeconstante.A primeira lei é consequência
imediata da segunda,pois se F — O,entãointegrando(4.48)obtemos
X(t) = € = vetorconstante.Logo,seno instantet = 0, o corpoestá
em repouso(X(0) = 0), entãoX(t) = Opara todot. Se no instante
t=0,X(0)=C0,
então
X(t) = Ct+ X(0),
ou sejaa trajetória da partícula é retilínea, comvelocidadeconstante.
À terceiralei deNewton, conhecidatambémcomoa lei da açãoe
reação,diz que,quandoduaspartículas exercemforçasentresi, essas
forçassão iguais em módulo,têm a direçãoda reta que une as duas
partículas e são de sentidosopostos.
A seguir discutimosalguns exemplosde aplicaçãoem Mecânica.
44.1
Queda livre de corpos
Consideremoso problemado movimentovertical de um corposoba
açãoda gravidade. O modelomatemático, que estudaremos, a seguir,
para essecomplexofenômenofaz as seguintesdrásticas simplificações:(i) considerao corpocomouma partícula de massa m, (ii) despreza à resistênciado ar, (iii) supõeque o movimentoé regido pela
segundalei de Newton e que a única força atuante é a da gravidade.
A posiçãoda partícula será referida a um eixo-x com origem no solo e
orientado para cima:
121
Figura4.1
numinstantet digamosquea posiçãodapartículasejax(t). Pela2º
lei de Newtontemos
mx = -mg.
(4.50)
x(t) =—gt+c,
(4.51)
Integrando(4.50)obtemos
ondea constantec podeserdeterminada
fazendo-se
t = O:c —x(0),
uu soja, C é a velocidadeinicial (i.e.,no instante t = 0), que designaremosporvo. Assim (4.51)nosdá
X(t)=—gt
+vo.
(4.59)
Integrando mais uma vez, obtemos
]
AE) = =59€
a
Sm
a SP
onde a constante cy pode ser determinada fazendo-se t = O; se designarmos a posição inicial da partícula por xo, obteremos
RL) =
]
dp + vot + xo.
(4.53)
Com o auxílio das expressões(4.52)e (4.53)poderemosresolveruma
seriede problemaspopularesnoscursosdeMecânica. Damosa seguir
uma amostragemdessesproblemase deixamosno leitor a tarefa do
resolvê-los,Use q =981cm/s*,e nãoconsiderea resistênciadoar
(1)Quanto tempogasta um corpoabandonadoa uma altura de 100m
para chegarao solo? Qual é a velocidadede impactono solo?
122
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
(11)De uma altura de 200 m, arremessa-separa cima um corpocom
velocidadede 5 m/s. Qual é a altura máxima atingida pelo corpo?
(Quantotempose passaaté atingir essaaltura? Quantotempoaté o
corpopassar pelo ponto de onde foi arremessado?E para chegarao
solo?
(11)Mostre que
e.
29(x— xo) = vo—V”,
ondex = x(t), v = v(t) = x(t). Daí concluaa lei de Torricelli: um
corpo, caindo de uma altura h, atinge o solo com uma velocidadev
dada pela fórmula
v=2gh.
4.4.2.
Queda de corpos considerando a resistência do ar
Considereo modeloanterior modificadopela introdução da hipótese
de que há uma outra força agindo sobreo corpo,devida à resistência
do ar. Essa força, sempre oposta ao movimento, é suposta ser uma
funçãoapenasdavelocidadex(t). [Vejaoscomentáriosna Observação
abaixo]. Vamos considerardois problemas: (1)o casoem que a força
resistiva dependelinearmente da velocidade;(ii) o casoem que essa
dependênciaé quadrática.
(1)Pela segundalei deNewtontemos
mk =—mg —kXx
(4.54)
onde k é uma constantepositiva. Convença-sedo sinal — na força
resistiva: se o corpoestá subindo X > Ôe consequentementea força
é dirigida para baixo; raciocínio análogo se o corpo estiver caindo.
Fazendov = x, escrevemos(4.54)como
E
vV+t—v=-g
m
(4.55)
queé umaequaçãolinear dotipo estudadona secção2.1. Chamandose voà velocidadeinicial, a soluçãode(4.55)é
mg
v(t)=voe
*t —=
(1ent.
(4.56)
Seção4.4
A Dinâmica
deumaPartícula
A expressão
(4.56)nosmostraquequantot + 00,v(t) > —“2io
valor absolutodessa velocidadeé chamadode velocidadelimite e é
designadaporvos= mg/k. Issoquerdizerque,dentrodestemodelo,
um corpo caindo verticalmente com velocidade inicial vo = O, terá
sua velocidadesempreinferior a Vooe tenderápara essevalor quando
[5 00, À existênciadessavelocidadelimite tambémpodia ter sido
concluídada observaçãoda equação(4.54)semresolvê-la.
A expressão(4.56)e a da velocidadelimite mostram que corpos
mus pesadostendema cair mais rapidamenteque corposmais leves
com a mesmaforma; isso decorre também do fato do coeficientek
dependerapenasdaformaedasdimensõesdocorpo.A equação(4.56)
podeserescritamais compactamente
como
v(t)=(vo+voo)e
mvo
t—
(4.57)
v lembrandoquev = X, integramos(4.57)para obter
= +ma
x(t)=xo
+(vo+Voo)
(1 et)e
) voct.
(4.58)
(11)Consideremosagorao casoem que a força resistiva depende
quadraticamenteda velocidade.Aqui há que separar os casosdomovimentoascendentee do movimentodescendente.Para o primeiro
censo,
a segundalei de Newton fornece
e no segundocaso,
mk=—mg—kx”
(4.59)
mk=—mg+kx?
(4.60)
ondek é uma constantepositiva. Neste segundocasohá uma velocidadelimite dada por
Voo = +4/
mg
—
k
(4,61)
o que se lê da equação(4,60), Nas expressõesalgébricasabaixousa
mos a grandeza vs; também no caso do movimento ascendente apesar
de, neste caso, ela não ter significado físico. Para integrar (4.59) 6
IZ4
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
(4.60), fazemos x= v;
|
V
O
|
vV=-g9A4
K
m
k
m
3
V”
(4.62)
=
(4.63)
que sãoequaçõesseparáveis;deixamosao leitor a verificaçãode que
TE = Ya
e
f
(a
vV—v
2kt
DOsymera
"tv
k
er),
m
Vo—Voo
|eee]
à
mo Ivo vo
suar.
Vos
—VoÉ Voo;
são respectivamenteas soluçõesde (4.62)e (4.63).
ed
(4.64)
4.65
Observequeno movimentodescendentevo<0e consequentemente
v<
O. Discuta ovalor absolutoem (4.65),considerandoos casos—vo < Voo
e —vo> Voo-.Finalmente,paraobterx(t) integra-se(4.64)no casodo
movimentoascendente.No casodo movimento descendente,devemos,
primeiramente,explicitar v em (4.65).
Para obter fórmulas semelhantes às de Torricelli, é conveniente
usar o fato que
v
— dv
md v.
Esta expressãosubstituida em (4.62) e (4.63) produz equaçõesseparáveismais facilmenteintegráveisque(4.62)e (4.63)e,integradas,
fornecemv(x).
Observação
. Em geral, no problemade deslocamentos
de um corpo
no ar, a força resistiva, que designaremospor R, dependeda velocidade de um modo muito mais complexo. Em verdade, não há uma
expressãosimples(linear ou quadrática,por exemplo)que descrevaa
variaçãodessaforça para todosos valores de v. A lei de variação da
força resistiva com a velocidadepodeser determinadapraticamente
num túnelaerodinâmico:o corpoaí colocadoestáfixadoa um dispositivo que permitemedir a força provocadapelo ar fluindo no túnel a
várias velocidades. Para baixas velocidades (alguns centímetros por
Seção4,4
A Dinâmica
deumaPartícula 125
segundo)a força resistiva é devida à viscosidadedo ar, ou seja, ao
atrito do ar com o corpo; neste caso,o movimento do ar é laminar, e a
experiênciamostraque a força R é proporcionalà velocidade.
Figura4.2
Para velocidadesmaiores (entre 1 e 20 m/s), forma-se na parte
traseira do corpo uma região “morta”, onde o ar permanecejunto
no corpo;em verdade o ar que aí permanecefica em movimentode
rotação,tanto mais intenso quanto maior for a velocidadedo ar no
túnel. Neste casoa diferençade pressõesentrea frente do corpoe
sua partede trás é proporcionalao quadradoda velocidade,e assim a
forçaR é proporcionalaoquadradoda velocidade.
Figura4.3
Para velocidadesainda maiores, começama ocorrer fenômenos
de intensa turbulência na região morta, e o modocomo R depende
da velocidadeé ainda mais complexo.A experiênciamostra que para
movimentossubsônicos(isto é, comvelocidadesinferiores à velocidade
do som, 340 m/s), a seguinte fórmula empírica é adequada
2
R s— f(N),
(4.00)
onde S é a área da secçãodo corpotransversal ao movimento,p e a
densidade do ar, v a velocidade do ar (no caso do túnel aerodinâmico:
Equações Diferenciais de Segunda Ordem
Cap. 4
no casode um corpose deslocandoem ar parado, seria a velocidade
docorpo)e N é o númerode Reynolds;N = “4º “onde
d é o diâmetro
transversal do corpo e 1]é o coeficientede viscosidade. A forma a
funçãof é determinadaexperimentalmente,Até a velocidadedo som,
a força resistiva é praticamenteproporcionalao quadradoda velocidade. Para velocidadessupersônicas,a força R tem uma representaçãosemelhanteà (4.66),mas f é uma funçãodo númerode Mach, que
é definidocomosendoa relaçãoentre a velocidadedo corpoe a velocidadedo som. À forma de f podeser vista em livros deAerodinâmica.
No problema do paraquedistaas velocidadessão baixas e podemos considerar que a resistência do ar é proporcional à velocidade.
Use o conhecimentoadquirido em 4.4.2e resolvaos seguintesproblemas.
Exercício
1. Um paraquedistacaindolivrementedeuma grandealtura,
antesde abrir o paraquedas,tem sua velocidadelimite igual a 58 m/s.
Suponhaquea massadoparaquedistaedoparaquedasé 100kg. Ache
a constantek da resistênciado ar. Acheasvelocidades
e distâncias
percorridascomofunçãodo tempo. Quais são a velocidadee o espaço
percorridoapós 30 segundos?
Exercício
2. Suponha que o paraquedista do exercícioacima abre o
paraquedasquando sua velocidadeé praticamente 58 m/s, e que o
paraquedasé concebidopara que a velocidadede chegadano soloseja
5 m/s. Qual é o novo valor de k? Ache as velocidadese distâncias
percorridas como função do tempo após a abertura do paraquedas;
escrevaessesvalorespara t = 1,2,3,4 e 5 segundos.Qual seráuma
altura razoávelpara abrir oparaquedaselhe dar uma chegadasegura
ao solo? Se ele abrir o paraquedas a 300 m, em quanto tempo ele
chegaráao solo?
4.4.3 Movimento de projéteis
O modeloque a seguir descreveremosé dosmais simples que se consideraem balística. Vamosconsideraro movimentode uma partícula
de massam num plano (x,y) perpendicularao solo. Suponha que no
instante t — Oela sai da origemcomuma velocidadelinear vo e num
ângulo « coma horizontal. O ângulo « é chamadoo ângulo de tiro.
seção4.4
A Dinâmica
deumaPartícula
Façamosa hipótesesimplificadoradequenãoháresistênciadoar
“que à únicaforçaatuandona partículaé da gravidade.Designando
por ixit),y(t)) o vetor posição da partícula, temos, de acordo com a
segunda lei de Newton que
fig =
my — —mg.
(4.67)
ti vetorvelocidadeinicial é dada por
X(0)= (x(0),w(0))= (vocos«,vosen«).
Lopointegrando(4.67)obtemos
x(t) = vocosa -—vlt)=-—gt+vosena.
(4.68)
Integrando(4.68)e usando o fato que a posiçãoinicial da partícula é
(0,0), obtemos
x(t) = (vocosot
]
Bt) e —59€ + (vosen&)t.
(4.69)
[ns expressões(4.68)e (4.69)podemosretirar uma série de informaçõessobreo problema. Por exemplo:
1) À trajetória é uma parábola:
U = (tg x)x
—
a,
2vêcos?&
(4,70)
40)A alturae a distânciahorizontalmáximasatingidaspelocorpoano
[28
EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem
Cap.4
respectivamente
Piá
2
va sen”
Ó
2
X
e
20
V
Qua
Z
Õ
=—senzZa.
g
(4.71)
(ni) A duraçãodotrajetodocorpoatécolidircomo soloé
T = 2vosen a
g
(1v)Variando-se « e mantendo vo constante, a distância horizontal
máxima que podeser atingida é
2
Dasx
=—O
a
quecorrespondea um ângulo« = 45º. Isso decorretrivialmenteda
segundaexpressãoem(4.71).
Umproblema:
Qual é a regiãodoplano (x, uy)constituídapor pontosque
podemser atingidos por projéteispartindo da origemcomvelocidade
Vo ?
Resolução:O ângulodetiro « varia entre0e7r. Para cada« temosuma
parábola (4.70). A envoltória dessafamília de curvas é determinada
pelométodoexplicadoem 3.4.2:
fíx,y, a) =Y— (tga)x + = ——
2vGcos?x
=)
(4.72)
gx? 0.
(4.73)
falx,y, É) = —(sec?a)x + sec?atg à Ee
0
Eliminando « entre (4.72)e (4.73)obtemos
É
Vo
9
U=>
—5
29
2
2
(4.74)
queéchamadaparáboladesegurança.Acimadessaparábolanenhum
pontopodeser atingido comprojéteisde velocidadeinicial vo. Todos
nação4.4
A Dinâmica
deumaPartloula 129
vopontosda regiãoentreessaparábolaeoeixo-xpodemseratingidos.
De Into,escreva(4.70)como
X2
Cow
2V6
X2
a-xtgarty+2,=0
2v6
(4.75)
» observequedadosx, Yy,essacondiçãoé precisamenteo fatododiscriminantede(4.75)ter duassoluçõestg x. Logocadapontoda região
podoser atingidousando-sedois ângulos de tiro.
Observação
. Um modelomais real do movimentode projéteis deve
levar em contaa resistênciado ar. Se designarmospor R a força
resistiva,as equações(4.67)sãosubstituídaspor
mx = —RcosO
mi = —Rsen0—mg
ondeO é o ângulo da tangenteà trajetória (x(t),y(t)) como eixo+».
A forçaR dependeda velocidadee as considerações
feitasno caso
142 acima são pertinentes. O problema se torna mais complexo,cf.
Hynge-Griffith,op. cit. p. 133.
Parábola de
Segurança ,
444 Movimentosem planos inclinados
Consideremoso movimentode um corpodescendoum plano inclinado
soba açãoda gravidadeesujeitoa uma forçaresistivadevidanoatrito
130
EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem
Cap.4
eU
«A
,
mg
Figura4.6
Tem-setrês forças atuando no corpo: a gravidade,a reaçãonormal N do plano inclinado e a força de atrito R. Pela segundalei de
Newton:
mx = —-mgsen«x
+ R
mú = —-mgcos
a + N.
Como não há movimentona direçãoy, basta considerar a primeira
equação.Há dois casosinteressantesa considerar: R = —ux e R =
—ux?. Deixamos ao leitor as integrações,em tudo análogasao caso
11)de 4.4.2.
4.4.5 Velocidade de escape
A Lei da GravitaçãoUniversalde Newtonestabeleceque duas partículas de massa m e m” colocadasa uma distância d uma da outra se atraem mutuamente,e as forças de atração têm intensidade
Gmm'/d”, ondeG é a constantede gravitaçãouniversal. As forças
atuam ao longo da reta que une as duas partículas, de acordocom a
lei da açãoe reação.
AU
PA
F
LR
>
O
X
Figura4.7
A Dinâmica
deumaPartícula 191
Seção4.4
v =vetorunitário da direçãoOA
F = mm y
!
F'=—emmy,
/
“o estudoda força gravitacional da Terra sobrecorposfora dela, podemossuporquetodaa massaM da Terra estáconcentradaemseu
centro,e entãopodemostratar o problema comoo da atração entre
dumapartículas. O problema da força gravitacional da Terra sobre
vm corpoemseuinterior é maiscomplexoe aí nãosepodemodelá-lo
tentandoa Terra comouma partícula.
+constante G tem o valor de 6,67 x 10º unidade CGS. Portanto,
“o forçasgravitacionaisentre pequenasmassassãoinsignificantes,o
que talvezseja uma boa coisa!Assim, despreza-sea atraçãogravitatonalmútua doscorposna superfícieda Terra, em presençada força
vravitacionalexercidapelaTerra sobreeles.
Vamosconsiderar o problema do deslocamentovertical de uma
partícula demassam e sujeita apenasà forçagravitacionalda Terra.
Esseseriaum modelosuper-simplificadoda ascençãode um foguete,
pois desprezaa resistência do ar e a variação de massa do foguete,
fatoresquedesempenham
umpapelessencialnofenômeno.O modelo
&mais realista para um estágiomais adiantadodofenômeno,quando
4 foguetejá saiu da atmosferaejá liberou vários de seus tanquesde
combustíveis.
“entro da Terra
v
*
<——*
0
SuperfíciedaTerra
Figura 4.8
>
192
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
Usando a segundalei de Newton, podemosescrever
]
GmM
m% =
3
(4.76)
X
onde M é amassa da Terra. Por outro lado, quando x = R, a aceleração
do corpoé —g, e portanto
o GmM
mg=
—3
(4.77)
Umparêntesis
: Quando x está próximo de R podemossupor GM/x?
constantee igual a g. E foi isso que fizemosnos problemasde quedas
decorposestudadosanteriormente,poisaquelesfenômenossepassam
numa regiãomuito próxima da superfícieda Terra. De fato, supondo
quea Terra é esférica(vejamais adianteoscomentáriossobrea forma
da Terra)comraio R = 6368km, vemosquepara x = R + 100km:
GM GMDZ = So,
64682
*—
63682
o quemostraquenuma altura de 100km a variaçãoda gravidadenão
ultrapassa de 3%.
Voltemosàs equações(4.76)e (4.77)e escrevamos
E;
(4.78)
Chamandov(t) = x(t) econsiderandoseparadamente
osmovimentos
de ascençãoe queda,podemosconsiderarv comofunçãodex e, então:
dv
dvdx
vt
dt dxdt
dx:
Logo (4.78)se escrevecomo
dv
“gr
vV— =—>-
dx
x2
que é uma equaçãoseparávelfacilmenteintegrável:
v2
gR?
— = >—+ €.
2
x +
(4.80)
Seção4.4
A Dinâmica
deumaPartícula 133
Supondoque para x = R temosv = vo (no casode movimentoas-
cendente)ou v = —vo(no caso de movimento descendente)obtemoso
valor da constantee daí
v(x) = +
+ 2gR (:
X
- 1)
(4.81)
ondeo sinal + correspondea movimentoascendente,e o sinal — o
movimentodescendente.
A expressão(4.81)nos diz uma série de coisasinteressantespara o
casodo movimentoascendente:
(1)A velocidade decresce com a altura
(11)Se vá>29R, a velocidadenunca se anula, e portanto o corpocontinua em ascençãopara sempre.A velocidadeinicial vo = 2g9R é
chamadaa velocidadede escape.Usando-seg = 9,8Im/s? e R =
6368km,obtemosvo = 11,170km/s = 40240km/h, que é a velocidadede escapesem considerara resistênciado ar.
À expressão(4.81)tambémnos fornecea velocidadede impacto
(semresistência do ar) de um corpo abandonadoa uma grande distância,d, da Terra. Para isso,use(4.81)comx = d+Rev(x]) = 0e
obtenha
=
= —4/29R
-
(a
29R2
d+R
Assimse d for muito grandecomparadocomoraio R da Terra, a velocidadedeimpactoépraticamenteigual (emvalor absoluto)à velocidade
deescapecalculadaacima.
4.4.6 Movimento de um foguete
Um fogueteé lançadoverticalmenteda superfícieda Terra comvelocidadeinicial v(0) = O. O movimentose devea ejeçãopara baixodos
gasesdeigniçãocomvelocidadeV. Vamosinicialmenteconsiderarum
modelodesseproblemacomas hipótesesde quenãohá resistênciado
ar e de que a única força externa atuante no fogueteé a gravidade.
Referimoso movimentoa um eixo-x vertical dirigido para cima com
origem na superfície da Terra; seja m(t) a massa do foguete, x(t)
194
EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem
Cap.4
e v(t) sua posiçãoe a velocidadeao instante t. Para equacionaro
problema,utilizamos a 2º lei de Newton, que diz que a variação da
quantidade de movimentoé igual a força atuante. A quantidadede
movimentoé a soma da quantidade de movimentodo foguetecom a
quantidadede movimentodosgasesde ignição,
Vamos considerar a massa m(t) escrita comoa soma
m(t) = m(t+ 6t) + Im(t) —m(t + 6t)),
ondem(t) —m(t + dt) é a massaconsumidana formade gasesno
intervalodetempoIt, t+ót| ea massarestantem(t-+ót), é a massado
foguetenesseintervalo. Essa massa,m(t + ót) do foguete,é mantida
constantedurante todo esseintervalo de tempo,portanto a variação
da quantidadede movimentodo foguete,no intervalo, é
m(t + ót)vit+ dt) —-m(t+ ót)v(t).
(4.82)
A massarelativaaocombustívelm(t) —m(t + dt), é consumidaintegralmentena forma de gasesno intervalo de tempoôt, e a velocidade
relativa à Terra dessesgasesé v + Y, portanto a variação da quantidade de movimento dos gases,nesse intervalo, é
O(v(t+ ót) + Vit + 6t)) —(m(t) —m(t+ dt))(vít) + V(t)). (4.82”)
Segue-seque a quantidadede movimentoé a soma(4.82)+ (4.82).
Dividindo essa soma por ôt e passando ao limite quando ôt > 0,
obtemos:
m(t)
dv
nto E
dt
dm
Poem,
dt
(vit) + V(t)).
Colocandou = v + V, obtemospela2º lei deNewton,
-mg =mvy+ um,
(4.83)
que é a equaçãodo movimento(vertical, ascendente)de um foguete
sem resistência do ar. Se levarmos em conta a resistência do ar tere-
mos
—mg—kv = mv +um
(4.84)
- TT —kv? = my + um.
(4.85)
ou
beção4.4
A Dinâmica
deumaParticula
As equações(4.83)e (4.84)podemser integradas explicitamente.Já
(4.85)requermétodosda Análise Numérica para sua resoluçãoaprosimada,
Problema
1. Suponhaque o combustíveldo fogueteé consumidoem
uma razãoconstanteb kg/s, durante um tempoT. Suponhamosque a
velocidadeu deexpulsãodosgasessejaconstante.Seja mo a massa
imetaldo foguete(inclue obviamenteo combustível)e consideremoso
vnsode não resistênciado ar. Quais são as expressõesde v(t) e x(t)?
Hesolução
. A massa m é dada por m(t) = mo — bt, para O<t<T.,
“ubetituindo-se em (4.83) obtemos
—(mo—bt)g = (mo—bt)Jv—bu
deondeobtemosusandov(0) = O:
vt)=-gt—-uln
[
- s
Mo
)
» Oxt<T.
(4.86)
integrando(4.86)e usandox(0) = 0, obtemos
dt)
[
=—59t
2) em
( |—-—= t ) ut
— u(t ———
——
0<t<T. (4.87)
(4.
De (4,86)e (4.87)pode-seretirar várias conclusões:(1)velocidadee
posiçãodo fogueteao final da ignição,(ii) possibilidadedo foguete
escapardo campogravitacionalda Terra (i.e.,v(T) deveser maior
que a velocidadedo escape).
Problema
2. Mesmascondiçõesdoproblemaanteriore supondoagora
uma forçaresistiva linear.
Hesolução
. À equação(4.84)se torna
“(mo = btJjg — kv = (mo — bt)v — bu
queé uma equaçãolinear de primeiraordem(cf. secção2.1),a qual
podeser integrdaexplicitamente.
Exercício| Um foguetede massa M, contendouma massa m de com
bustivel cai sobrea Terra a partir de uma grandealtura h. Suponha
136
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
queelequeimao combustívelna razãode k unidadesde massapor segundoe que ejeta para baixoos gasesde igniçãocomuma velocidade
u relativa ao foguete.Ache a velocidadee o espaçopercorridoao final
da ignição. Qual é a velocidadede impacto? Desprezea resistência
do ar.
4.4.7 EnergiaCinéticae Potencial
Na secção3.3 definimoscamposde forçase introduzimos a noçãode
'
trabalhodeum campoaolongodeum caminho,bemcomoa noçãode
campoconservativo.Suponhamosagoraqueuma partícula de massa
“ m semovimentasoba açãode um campode força F:O — Rº definido
em um abertoO de Rº. Seja X(t) o vetorposiçãoda partículanum
instante t. Definimos a energia cinética da partícula no instante t
comosendo
Ea= mv,
v=|X|,
(4.88)
ondev designaa velocidadeescalarda partícula.
Derivando (4.88)comrelaçãoa t obtemos
Es nO
=OMF)
(4.89)
ondeutilizamos a 2 lei de Newton para escrevera última relação,e
(, ) designao produtoescalaremRº. Por extenso,teríamos
d|1
Ec=ET mb
242)
ondeX = (x,y,z)eF
= mkx+múy+mzz=fix +ou +tai,
= (frTta,f3):
Integrando (4.89) com relação a t do tempo inicial to até ty, obtemos:
Eclt;) —Eclto)-|[
ty
to
(FX) dt.
(4.90)
À expressãono22ºmembrode (4.90)é o trabalhodo campoaolongoda
trajetória da partícula do instante to ao instante tj. A relação(4.90)
diz entãoquea variaçãoda energiacinéticaemum certointervalode
tempo é igual ao trabalho da força durante esse tempo. Esse fato é
conhecidocomoa equivalênciada energiacinéticae do trabalho.
Seção 4.5
O Oscilador Harmônico
Suponhamosagoraque o campode forças F sejaconservativo.Então,
segue-sede (4.90)que
Ec(ti)—Eclto)= V(X(ti))—V(X(to))
(4.91)
onde V é um potencial de F. Agora definimosa energiapotencial do
campoF como
U(X) =—V(X).
(4.92)
Logode (4.91)e (4.92)obtemos:
Ec(ti)+U(X(t1))—Ec(to)+U(X(to))
odaí seseguequea energiatotal definidapor E(t) = Ec(t) + U(X(t))
oconstante.Esseé oPrincípio da Conservação
da Energia,queentão
diz quea energiatotal da partícula é constantenum campoconservaLVvo,
4,5.
O Oscilador Harmônico
() osciladorharmônicoé o modelomatemáticopara o movimentoretilineo de uma partícula sujeita a uma força atratora para a origeme
commagnitudeiguala ummúltiplok (constantepositiva)dadistância
à origem:
x
e»
-kx
e
0
x
£€——a
-kx
>
X
Figura4.9
Designandopor m a massada partícula, a 2€ lei de Newton nos
da mx = —kx ou seja
mk +kx =0,
(4.93)
que é a equaçãodo oscilador harmônicosimples.
Se no osciladorhouvera presençade uma forçaresistiva proporcional à velocidade,a 2º lei de Newton nos dá mX = —kx — ux, onde
| é uma constantepositiva, ou seja
mã +ux +kx = 0,
que é a equaçãodo oscilador harmônicoamortecido,
(4.904)
138
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
Finalmente, suponhamosque há uma força externa atuandona
partícula, força essa que independe da posição e da velocidadeda
partícula, mas que pode variar com o tempo. Neste caso, a lei de
Newtonnosdá: mk = —kx—ux + F(t), ou seja
mx + ux + kx = F(t),
(4.95)
que é a equaçãodo oscilador harmônicoamortecidoeforçado.
Antes de descrevermosa matemáticadas equações(4.93),(4.94)
e (4.95)acima,cremosque seja convenientediscutir alguns exemplos
de fenômenosfísicos ondemovimentosharmônicosocorrem.
Exemplo1. (Vibrações
de molas.) Consideremosuma mola helicoidal
(idealmentesemmassa)fixadaem uma das extremidadese pendendo
verticalmente,comoindica a figura A abaixo. Suponhamosque se
fixa um corpode massa m em sua extremidadelivre. A mola então
se distende passando a uma nova posição de equilíbrio, figura B.
Nestanovaposição,o equilíbriosedevea quea forçainternada mola
contrabalançao peso do corpo. A força interna é dada pela lei de
Hooke: “Seuma mola for distendidaou comprimidade um compri-
mentod, entãoa forçainternatem magnitudekd e é dirigidaem
sentidoopostoà deformação;
k > Oé a constanteda mola”.Usandoa
lei de Hooke obtemos
mg = kd.
4
(4.96)
X
O
x
|
Figura 4.10
m
ak(d-x)
a
-
mo
beção4.5
O Oscilador Harmônico
Suponhamosque agoradeslocamosa massaaté a posiçãox < O
sobreo eixo x, veja figura C. Nessa posição,as duas forças atuando
na molasão:o peso—mge a forçainternada molak(d —x), queé
dadapelalei de Hooke. Se x > O,as forçassão —-mge —k(x —d).
Em qualquer caso,usando-sea 2º lei de Newton para o movimento
da massa m, obtemos
mk =-—-mg+k(d —x),
a qual,juntamentecoma lei deHooke(4.96),diz quex(t) satisfazà
squação(4.93),mostrandoqueoosciladorharmônicosimplesdescreve
4 movimentoda massa m ligada à mola.
Suponhamos,a seguir,queomovimentoda massam sedêemum
meioAuidoquelhe opõeumaforçaresistiva proporcionalà velocidade.
Então,a lei de Newton diz que
mk =-—-mg+k(d—x) —ux
andeq éumaconstantepositivacomsignificadofísico,cf. secção4.4.2.
ni e de(4.96),obtemosquex(t) satisfaz à equação(4.94),mostrando
queagorasetemum movimentoharmônicoamortecido.Este termode
amortecimentoéaltamentedesejávelemalgunsaparelhosmecânicos.
or exemplo,nasbalançasdealta sensibilidadedeseja-seumarápida
vntabilizaçãodos pratos, e isso se conseguepela introdução de dispositivos,chamados amortecedores,cujo comportamentomatemático
obedece
à descriçãoacima.
Comentáriossobre a lei de Hooke
Hibliografia: I.S. Sokolnikoff, “Mathematical Theory of Elasticity”,
MeGraw Hill Book Company Inc. (1946). Em 1676,Robert Hooke
publicousua lei na forma de um anagrama: “ceiiinosssttuv”.Dois
anos depois ele deu a solução: “ut tensio sic vis”. No séculoXVIII,
possivelmente,todo mundoentendeu.Comohoje em dia não se ouve
Latim, nem aos domingos,faz-se necessáriouma terceira forma da
lei de Hooke: “a extensãoé proporcionalà força”.A lei de Hooke fax
parte da Teoria da Elasticidade e é de grande interesseno estudoda
resistênciados materiais. As experiênciasmostramque ela se aplica
para o caso de pequenasdeformaçõesdo material, o que ocorredentro
do seu regime elástico. Considere uma barra fina de metal duúctil
139
140
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
de comprimento( e áreada secçãotransversaligual a A; submetida
a forçasde tração variáveis, H,obtém-secorrespondenteselongações
d. Designandopor o = F/A o esforço(“stress”)e por e = d/£ a
deformaçãopor unidade de comprimento(“strain”), as experiências
conduzemao gráficoabaixoondeo trechoOP é praticamentelinear
te
Y
Figura 4.11
comequaçãoo = Ee, ondeE é o módulode Young. No gráfico,o
pontoP é chamadoo limite deproporcionalidadee o pontoY é o limite
elástico.O limite elásticoquer dizer quedeformações
até essevalor
nãosãopermanentes,isto é, retirada a forçadetração,a barra volta
ao seucomprimentoinicial. Além dessepontoa barra sedistendecom
poucoounenhumaumentodatração. O pontoU correspondeaoponto
deruptura da barra, ovalor de o correspondenteé a cargaderuptura.
Além da carga de ruptura, o material ou quebra ou sofre um escoamentofazendoum estrangulamentoda secçãotransversal em algum
ponto. Para que o leitor tenha uma idéia da ordem de grandeza de
esforçose deformações,damosos seguintesdadospara o casode uma
barradeaçocommódulodeYoungiguala 21x 10!ºN/m?: (1)O esforço
correspondenteao limite de proporcionalidadeé 175x 10ºN/m?. (ii)
O esforçocorrespondenteao limite elásticoé 210 x 10ºN/m?. (iii) A
cargaderuptura é da ordemde 350 x 10ºN/m?. (iv) A deformação
causadapor um esforçode 85 x 10ºN/m? é 0.0004em/m.
Exemplo
2 . (PênduloSimples.)O pêndulosimples consistede uma
partícula de massam fixada na extremidadeinferior de um fio inextensívelUidenlmente
semmassa)de comprimentoº, cuja extremidade
superiorestá fixada. Supõe-seque o movimentose dê em um plano
vertical, Demignamos
por Oo ângulo do fio coma vertical.
Beção4.5
O Oscilador Harmônico
Usando a lei de Newton temos:
mx=-—IsenO
e my =mg-— Tcos0,
deondese obtém,eliminandoT : Xcos0 —ij senO= —gsenO. Como
+ EsenDey = tcos0, obtemos
X
t(sen0)0? +L(cos0)ô e y=-tf(cos0)62 —f(sen0)Ó;
voltandoà equaçãoacimaobtidada lei deNewtontemos
t0+gsenO =,
queo na
equaçãodopêndulo. Observeque setrata deuma equaçãonão
Hnenr,a qual será estudadaem detalhemais adiante. No momento
“amosconsideraro casodas pequenasoscilaçõesdopênduloo quenos
permitefazeruma aproximaçãosenO » 0, e a equaçãodopêndulose
torna
tô+99=0,
a qual é do tipo (4.93).Temosassimum movimentoharmônicosimplon,
>
Ô
x
9
|
A
m
vu
m
9
Figura4.12
45.1 Oscilador HarmônicoSimples
Escrevemosa equação(4.99)na forma
t+Hwlx=0
(4.97)
sude w” = k/m. A soluçãogeral da equação(4.97)é dada por
x(t) = Cycos vt
+Co sen wl
(4,9H)
141
142
EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem
Cap.4
onde cj e cp são constantesarbitrárias que podemser determinadas
sabendo-sea posição inicial da partícula, x(0) = xo, e sua velocidade
inicial, x(0) = vo. Assim de (4.98)temoscy = xo. Derivando (4.98)
e fazendot = Oobtemosczw = vo. Logo (4.98)podeser escritocomo
Vo
x(t) = xocoswt + q Senwt.
(4.99)
Agora definimosas constantesÀ e «ppelasexpressões
A =+ aa
2
(CO),
cosdp= —º
e
sen =
O
(4.100)
coma restriçãoO<p < 271.Usando(4.100)em(4.99)obtemos
x(t) = A cos(wt—p).
(4.101)
Portanto, temos um movimentooscilatório em torno da posiçãocentral x = O. O afastamentomáximo da posiçãocentral, A, chama-se
amplitude. O períododa funçãoco-senoem (4.101),T = 271/w,é o
período do movimento,o qual significa o temponecessáriopara uma
oscilaçãocompleta.O inversodoperíodoéafregiiênciaf = w/27, que
significa o número de oscilaçõespor segundo.O ângulo & é chamado
o ângulo defase.
Designandopor v(t) a velocidadex(t), obtemosderivando(4.101)
vit) = —Aw sen(wt —q).
(4.102)
Observeque a velocidadeé zero quando a partícula estiver nas posiçõesmaisdistantesde x = O. E, também,a velocidadeé máxima (em
valor absoluto)quandoa partículapassapelaposiçãocentral. Pense
na molae no pêndulo.
Observequea amplitudeA podeser superiora |xo|,seà partícula,
ao invésde sor simplesmenteabandonadana posiçãoinicial x = xo,
dermos uma velocidadeinicial.
143
)
»,
Se
a ”
Pal
o
4,
Figura4.13
t mmentários
sobre o pêndulosimples e a aceleraçãoda gravidade
Poloqueacabamosde fazer,vemosque o períododas oscilaçõesdeum
pondulosimplesé
E =.
t
g
Eotafórmulamostraqueoperíodoindependedaamplitude:essefato
tmobservadopor Galileu, e é denominadoo isocronismodas pequenas oscilações.A fórmula tambémnos dá um modode calcular a
aceleraçãog da gravidade,bastandopara isso medir o períodoT de
sscilaçãodopêndulo.Assim foramfeitasas primeirasdeterminações
do 1, desde a épocade Newton. Com o passar do tempo o método
tmnperfeiçoado:(i) construçãode pênduloscujo atrito no pontode
suspensãoé praticamente desprezível. (ii) Kater em 1817mostrou
quesepodiausar umpênduloreversívelformadodeumabarra sólida
quepossuedoispontosdearticulaçãoA, e Az coma propriedadeque
suspensonum (A) ou noutro (Az) o pêndulotemmesmoperíododas
pequenasoscilações.Ele entãoprovouque o períododessepêndulo
reversívelé igual ao períodode um pêndulo simplesde comprimento
igual à distância de Ay e A>. Esse métododá boa precisãoe era o mais
usadoaté meadosdesteséculo,quando,o desenvolvimentodetécnicas
aticase o empregode raios laser para mediçõesde tempopermitiu o
uso do fenômenoda queda livre de corposatravésda fórmula (4,51)
danocção4.4.1. (ii) Para contrabalançareventuaisvibraçõesdoeixo
desuspensãousa-sedois pêndulosreversíveisoscilandoemdireções
opostas. A determinaçãoda gravidade em vários pontos da Terra
144
EquaçõesDiferenciais
deSegundaOrdem
Cap.4
servepara,emprimeiraaproximaçãomostrara suanãoesfericidade,
através da fórmula
R=4|-
GM
g
onde G é a constantede gravitaçãouniversal, M é a massada Terra;
a fórmula acima se segueda equação(4.77)da secção4.4.5. Medições
mostramque o valor de g no polo é 9,8322m/s” e no equadoré
9,7804m/s?; na prática utiliza-se o valor médio de 9,81m/s2.
Newton utilizando essaidéia mostrouque o raio equatorial é 231/230
vezeso raio polar. Em 1720,Jacques Cassini chegoua um resultado
oposto àquele de Newton. Para decidir a questão, a Academia de
Ciências da França enviouexpediçõesà Lapônia e ao Peru coordenadas por Maupertius. As medidasrealizadas mostraram que, de fato,
a Terra é achatadanos polos.Voltaire elogiouo trabalho de Maupertius, chamando-ode“achatadordospolose deCassini”. [Cf M. Line,
“MathematicalThought fromAncient to Modern Times”,Oxford University Press,New York (1972)].A questãoda formada Terra é um
problemacomplicado,em primeiraaproximaçãopode-sesuporqueé
um elipsóide achatado. Entretanto, em maior precisão, sua forma é
de um corpodiverso,chamado
geóide.
4.5.2 Oscllador Harmônico Amortecido
Escrevemosa equação(4,94)na forma
t+ Ivx+ wêx=0
(4.103)
onde 2v
u/me q”
k/m. (Comovimos na secção4.2.2, as
soluçõesde(4,109)apresentamcomportamentos
diversosdependendo
das raízes da equaçãocaracterísticaA? + 2yA + w? = 0, ou seja, do
sinal do discriminante
VW
4k uv -4Skm
Ave— 4
—(E a
4
me m
m
. Amortecimento
forte:
|”
» 4km,ou sejav > w. Nestecasoa
soluçãogeral de (4,103)€ Jef. nocção4.2.2]:
x(t)
e
eye!
| Co€
= +Vv2-qw2,
(4.104)
Beção4,5
O OsclladorHarmônico 145
andeasconstantesc4e cz podemser determinadasemtermosda velovidadeinicial e da posiçãoinicial. Não escreveremosessasexpressões
poisnãocremosqueelasnosdigamnadainteressante.Comov > w,
temos que
lim x(t) = 0.
t— 00
4 velocidadeemum instantet é dadapor v(t) = x(t) e daí
vt) =e“Te(t—-v)et— cost+v)e 9,
mostrando que ela se anula, no máximo, em um único valor de t, o
qualé dadopelasoluçãode
gift
las co(L
= v)
cit —+)
iso implicaqueX(t) seanula,nomáximo,emumvalordet. Assim,
temosa possibilidadedostrêsgráficosabaixo.O movimentosechama
uperiódico.
A x
0
o
E
ao
ni
e
então
t
X
Xo
|
——
t
Figura 4,14
>
146
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
ii. Amortecimento
crítico:
|“ — 4km, ou seja v
soluçãogeral de (4.103)é
x(t) = ee
=w. Neste caso q
+cat).
(4.105)
Nestecaso,C1= X0€C2= Votvxo. Aqui tambémtemosquex(t) — 0
quandot > oo. À expressão(4.105)nosdiz quex podeseanular para,
no máximo,um valor de t. A velocidadenum instante t é dada por
v(t) = e(cz
—vc) —covt),
e comono casoanterior ela podese anular em,no máximo,um ponto.
Logo,osgráficospara x(t) têmo mesmoaspectodo casoanterior.
iii. Amortecimento
oscilatório: |? < 4km, ou sejav < w. Neste caso,à
soluçãogeral de (4.103)é
x(t) =eeycostt
+cosentt],
L=+Vw2-—v2.
(4.106)
Definimos as constantesÀ e & comono casodo osciladorharmônico
simples
A=+
ci+c,
cosP = a
sen Pp-
Obtemos
x(t)=Ae" cos(tt
—d).
(4.107)
As constantesÀ e P podemser determinadasem termosda posição
xo é da velocidadeinicial vo. Temos tambémque x(t) — O quando
t —+
00, Neste caso, entretanto, o movimento é oscilatório, mas a
amplitude(Ae “9 desuasoscilaçõesdecresceexponencialmente.Vêsequex(t) seanulanospontosty tais quelty—p — (2k—1)5. Calcule
a velocidadev(t) evejaqueela nãoseanulaprecisamenteempontos
te múltiplos (defasadosde 4 /() de 71,ao contrário do que aconteceno
movimento harmônico simples.
147
454
Oscilador Forçado
“amostratar apenaso caso em que a força externa é periódica tipo
“seno. O procedimentoé análogono casode um seno. À equação
4 1053)
se torna
x+2x +w?x=Eocoswot
(4.108)
sudo Zv = u/m, w? = k/m, wo > 0 e Eo > 0 são constantesdadas, Para escrevermosa soluçãogeral de (4.108)necessitamosde
wmasoluçãoparticular dessaequação.Vamosconsiderardoiscasos.
mol.
(vV£Oew £ wo). Usandoo métododoscoeficientes
a
determinar(cf. secção4.2.4,poder-se-iatambémusar o métodode
variaçãodosparâmetros),obtemosuma soluçãoparticularde (4.108)
na forma
Xp(t) = Ccoswot + S senwot,
C = (w*—v)EA”!,
E.
ande
(4.109)
2vwoEoAT!,
A = (q?
wo)? +4v2wg.
(4,110)
omo fizemosna passagemda expressão(4.99)para (4.101),a solução
148
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
particular (4.109)podeser escrita como
Xp(t)=Aycos(wot
—Pi)
onde
(4.111)
Aj=+VC2+82=A""2E,,
cosby =C/A;
e
(4.112)
senby = S/Ajs.
Logo,a soluçãogeralde(4.108)é
Kit) = xaLE)+ 005ht)
(4.113)
onde xp é a expressão dada em (4.111) e xn(t) é uma das expressões
dadasem(4.104),(4.105)ou (4.106),dependendodosvaloresdev e w,
Assim o movimentoda partícula no osciladorforçadoé a superposição
de um movimentoperiódicode período 271/woe de um movimento
aperiódicodado por (4.104),(4.105)ou (4.106).Vê-se, de (4.113),que
quandot > +oo,x(t) — xp(t), isto é, a parteaperiódicaxn(t) tem
um efeitonegligenciável,e o movimentoé essencialmenteperiódicoe
descritopela expressão(4.111).A parte xn(t) é chamadatransiente.
Casoll. (v=0ew
wo).
Nestecasoa equação(4.108)setorna
x+w?x=Eocos
Wot.
(4.114)
Procedendo-secomono CasoI (aliás, o quelá sefez éválido nestecaso
poisw £ wo implica A
0, e assimnãohá querepetir os cálculos),
obtemosuma soluçãoparticularde(4.114):
Xp(t) — Ay cos(Wot — 1)
onde
À|
ué
)
— q]
=
"Es,
cos PD] = sgn(W
— Wo),
sen
Consequentemente,um poucode trigonometrianos dá
Xplt)
Eo
———s CO8Wot.
(WU— WG
PD] e
5À
beção4.5
O OsciladorHarmônico 149
omo cosWwté solução da equaçãohomogêneaassociadaa (4.114),
podemosescolhera seguintesoluçãoparticular de (4.114):
Lodt] =—
E:
Es
(cosWot —coswt).
(4.115)
Lopo,a soluçãogeralde(4.114)é obtidausando-se(4.101)e (4.115)
x(t])= A cos(wt—|) +
Eo 5 (cosWot—coswt).
w2—wo
(4.116)
Asnim,nestecaso,o movimentoé a superposiçãode dois movimentos:
| Movimentolivre: A cos(wt—q), correspondendoaocasoemquenão
ha forçaexterna (Eo = 0), que é um movimentoharmônico simples,
periódicocom frequência w. A frequência w é chamadafregiiência
mutural. (ii) Movimentoforçado: Eo(coswot —coswt)/(w? — w5),
vorrespondendo
ao osciladorharmônico
x+wx=E
40] =D)
Ea
=,
wot
(4.117)
Análise do movimentoforçado
| Se w/wo for um númeroracionalentãoa funçãoy(t) = cosWotvom
(Ut é periódica. De fato, seja p/q a fraçãoirredutível, que é igual
4 «w/o. O períodofundamental de coswot é 277/Wo,e daí 271q/Wo
tambémé um período. Do mesmomodo,271p/wé um períodode
vom
«Ut.Logo,27q/Wo = 277p/Wé o períodofundamentaldey(t).
“15e w/wo nãofor racional,entãoy(t) nãoéperiódica,masé quaseperiódica,um conceitointroduzido por Harald Bohr. Uma boa reIl»rônciapara esseassuntoé o livro “AlmostPeriodicFunctions”do
próprioBohr,publicadopelaChelseaPub. Co. (1947).
| Usandouma identidadetrigonométrica,queo leitor facilmentedescobriráqual é, temos:
Xplt)=—
2Eo
———+ sen
w2 —q
(0 —wo)t
2
(0 +wo)t
sen —
2
.
(4,11M)
de«wu
for“praticamente”igual a wo temosquea frequênciadoprimeiro
seno em (4,118) é muito menor que o do segundo seno, Designamos
150
EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem
por
A(t) =
2Eo
Cap.4
w2—wg .
e
Ss
n
(uv — wo)t
ua
e
2
a amplitude (variável) do movimentodescritopor (4.117). Essa amplitude tem um longo período quando comparadocom o período do
segundoseno.Daí ela ser chamadodeamplitudede lentavariaçãoe
à função
(wo+ wo)t
sen
2
se diz que é modulada por essa amplitude. O fenômenodescritopor
(4.117)comw — wo (i.e. w perto de wo) é chamadode batimento.
A nomenclaturabatimentovem de Acústica: cada nota musical tem
uma frequênciaprópria; quandouma nota básicae a nota correspondente do instrumento musical são tocadas simultaneamente, haverá
batimentocaso suas frequênciasdefiram ligeiramente. Afinar o instrumentosignificaajustá-lodemodoa evitarbatimentos.
2E,
|
Io?- oo;|
co?
—5%
|
,
p
E
-
AN
E
ha
A
b
(
por
21
[0-0]
a
ZE,; sem(0+00)tsen(0 - Oo)t
[007
—qo |
Figura4.16
Casoll, (v=0, w = wo). Neste caso coswt e senwt são soluçõesda equaçãohomogêneaassociadaa
Xx+w?x = Eo coswt.
(4.119)
Portanto,umasoluçãoparticulardeveserdeterminadana forma
Xplt) = 1(C coswt + Ssen mt),
seção4,5
O OsciladorHarmônico 151
Substituindo-se em (4.119) obtemos
E
Mid) = a t senwt.
(4.120)
Lopo,de (4.101)e (4.120)se obtéma soluçãogeral de (4.119):
Ê
x(t) = A cos(wt—bp)+ O teoswt.
2W
“ont, Omovimentoé a superposiçãode um movimentoharmônico
simples e de um movimentooscilatório de amplitude crescente
151/40] tendendopara infinito. Esse fenômenosechamaressonância
Comentários
sobre a ressonância
"Ora, Jericó estavacuidadosamentedefendidacombarricadascontra os israelitas; ninguém saía, nem entrava. Então Javé disse a
Josué, “Agora eu ponho Jericó e seu rei em vossas mãos. Todos vós
combatentes,valentes guerreiros, marchareis em torno da cidade e
fareis o circuito uma vez, repetindo-odurante seis dias. E sete sacerdoteslevarão sete trombetas diante da arca. Ao sétimo dia, contornareisa cidadesetevezes,e os sacerdotestocarãosuas trombetas.
Quandoa buzina de carneirotocare quandoouvirdeso somdas trombotas,todo o povo deverá dar um forte grito de guerra, e os muros
da cidade ruirão imediatamente;então o povo poderá invadir a cidade,cada homemseguindodiretamenteem frente” (Tradução livre
152
EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem
Cap.4
doCapítulo 6, Versículosde 1 a 5 doLivro deJosué, “TheJerusalem
Bible”, Doubleday,New York (1971)).
2) O fenômenoda ressonânciadesempenhaum papel importante no
projetode sistemasmecânicosnos quais há forçasvibratórias, pois as
grandesamplitudes previstas em (4.120)podemocasionaruma ruptura do sistema. À pontede Broughton, na Inglaterra, ruiu em 1831
quandouma colunade soldadosmarchandoem cadênciasobreela
provocouuma forçaperiódicade grandeamplitude e frequênciaigual
a frequência natural da ponte; ressonânciaentão ocorreu. Hoje em
dia, quandopassamsobrepontes,os soldadossabiamentequebrama
cadência.
Ressonânciatambém foi responsávelpelo colapsoda ponte Tacoma
nos Estados Unidos em 1940. Aqui a força externa apareceucomo
consequência
da má aerodinâmicada ponte.
3) Frequência de Ressonância. Estudamos agora o osciladorforçado
(4.108)com forças variáveis Ego
cosWot. As amplitudes das soluções
xp(t)sãodadaspor
E
A(wWo)
= —=====
Vu? —w5)2+4v2w
E fácil determinarqueo máximode A(wo) ocorrequandoWo = Wy
dadopor
quandoO < V<-5 para ela a amplitude
Wr é chamadaa fregiiênciade ressonânciae
RUdale
Eo
Zvvw?—y?
é máxima. Quantomenorv maior será A(w,).
(4.121)
No limite (v = 0)
teremos A (w,) = oo, que é a ressonância pura estudada acima. Entretanto nos problemaspráticosv
0, podendoser pequenoe nesse
caso A(w,) é dado por (4.121). Observe a importância da fórmula |
(4.121): se tivermos um modode diminuir v, a amplitude A(w,) será |
aumentada.
|
Beção4.5
454
O OsciladorHarmônico 1!
Comentários sobre a energia do oscilador harmônico
Suponhamos,inicialmente,o caso do osciladorharmônicosimples.
Vamosescolherx = O comoo nível de potencial zero. Definimos a
energiapotencial Es(x) no ponto x comosendoo trabalho necessário
para levar a massa m da posiçãoOaté a posiçãox:
Ep(x) = /
'
0
]
ks dá = 5x.
(4.122)
Hbservequeessetrabalhoérealizadocontraocampo—kxresponsável
pelo movimento do oscilador; no caso da mola, E, seria o trabalho
necessário
paradistendê-laou comprimí-laatéa posiçãox. Define-se
a energiacinéticapela expressão
Eclx)= me.
(4.123)
Assima energiatotal será
E(x) = Es(x) + Eclx) =
a + mê.
(4.124)
Calculandoa derivada de E comrelaçãoa t obtemos
= = (kx + mãx)x
(4.125)
queé igual a zero uma vez que x satisfaz à equaçãodo oscilador
harmônico simples. Consequentemente, a energia total é constante,
tendo-seassim conservaçãoda energia.
Suponhamosa seguirqueo movimentosejaamortecido.Então
de (4.125) obtemos
dt
dt
— —ux?
W
,
aa
v que quer dizer que a energia do osciladorharmônico decresce.A
quedada energia do instante to a ty é dadapor
Elto) —E(ty) -|
ti
to
ux? a
[
x(t1)
x (to)
ux dx,
queé portanto igual ao trabalho da força resistiva. Assim, a energia
do oscilador é consumida para vencer a força resistiva. No casode
154
EquaçõesDiferenciais
deSegundaOrdem
Cap.4
sistemasonde a força resistiva correspondea uma força de atrito, a
energiado osciladoré transformada aospoucosem energiatérmica,
Finalmente, se tivermos um oscilador forçado, a expressão
(4.125) se torna
dE
a
AE
uxº + F(t)x.
Agora a variaçãoda energiadependetambémda forçaexterna,e ela é
igual aotrabalhodaforçaux—F(t). Portanto,seF(t) > ux, a energia
do osciladoraumenta: a força externaestátransferindo energiapara
o oscilador.
4.6.
Campos Centrais de Forças
Um campodeforçasF emRº écentralseemcadapontoX = (x,u,Z) «
Rº ondeele está definidoF apontapara um pontofixo, chamadoo
centrodo movimento.Escolhendoa origem (0,0,0) para centrodo
movimento,um campocentral podeser escritocomo
F(X) = f(X)X
(4.126)
ondef é uma funçãoescalardefinida nos mesmospontosX de campo
dedefiniçãode F. Antecipandoas aplicações,é importantesuporque
F'não está definidona origem.
Os resultadosseguintesexibemas conexõesentre camposcentrais €
camposconservativos.Paraadefiniçãodecampoconservativo,
confira
a secção3.8.
Proposição
4.6. Seja F um campoconservativo,
e V umpotencialde -.
Então, F é central see só seV dependeapenasde
|X|=vx2+y2+22.
É nestecaso,existeuma função real de variável real, q, tal que
F(X)=g(|X|)X.
(4.127)
Demonstração
: (i) Suponhaque F é central. Queremosprovarque V
é constante sobre as esferas |X| = To = constante. Seja a(t) um
Beção4.6
CamposCentraisdeForças
saminho com |a(t)| = ro. Então
CVladt) =(VV(a(t)),
&(t))=(Fla(t)),&(t)).
Usando(4.126)obtemos
d
o
ato
A
à
de?
qeVolt) =flo(t))(out),
ó(t))=5f(0(t))
lot)
queé zeropois|«(t)| = ro. LogoV(X) = const.quando|X| = ro.
1) SupondoqueV dependeapenasde r = |X|,temos
oV dVOr
dx
drox
dVx
drr'
quejuntamente com duas outras expressõesanálogaspara 0V/0y e
1V/dz nos diz que
]
FX) =VV(IX)= x“ tIXDX,
uusejaF é central.
1) Finalmente,observamosque (4.127)se verifica com
g()=V(1)/r.
Proposição
4.7. Seja F um campocentral contínuo,cuja magnitudeF
depende
apenasde|X],istoé,
F(X)= g(|X|)X.
Então, F é conservativo.
Wemonstração
: Basta exibir um potencialV para F. Seja G(r) uma
primitivadafunçãorg(r). Então
à umpotencialde F, pois
oV
e
XIX
VOX)
=G(X])
dr
x
- XIg(IXD==g(|X|)x.
Espressõesanálogaspara9V/dy e dV/0z implicamqueF é conserva
tivo.
nu
155
156
EquaçõesDiferenciaisde SegundaOrdem
Cap.4
À seguir mostramosque, no estudodo movimentode partículas
em camposcentrais, nada se perde em nos restringirmos ao plano,
É comum usar-se a expressãoórbita para designar a trajetória da
partícula.
Proposição
4.8. Suponha que uma partícula de massa m estejaem
movimentosoba açãode um campocentralF. Então,sua órbitaestá
contida num plano.
Demonstração
: À 2€ lei deNewtonnosdiz que
mX = F=f(X)X.
Tomandoo produtovetorial dessaequaçãopor X obtemos
mXxX=0
(4.128)
pois X x X = 0. A expressão(4.128)podeser escrita como
EX
XxX)=0 > XxX=C=
vetorconstante.
(4.129)
Finalmente, tomando o produto escalar da segunda equação em
(4.129)comX obtemos(X, C) = Opois(X, X x X) = 0. Logo
cix(t)+coult)+caz(t)
= 0
ondeC = (c1,c2,c3)e X(t) = (x(t),u(t),z(t)). PortantoX(t), para
todot, estánum planopassandopela origeme perpendicularaovetor
C, caso€ £ O. Se € = O teremosque trabalhar um poucomais.
Fazendor = |X|temosTT= (X, X). Logo,parar £ Otemos
AX XIX
dt r
(XXXX,
r2
Tê
e usando a identidade vetorial
obtemos
Portanto X/r
XDY-VDX=(XxY
dX
dtr
(XxX)xX
73
XX
xZ
CxX
qo
=vetor constante,ou seja X(t) está sobre uma reta,
Seção4.6
CamposCentraisde Forças
Em virtude da Proposição4.8, passamosa consideraras forças
» o movimentono plano (x,y). Considere uma partícula de massa
m sedeslocando
no planosoba açãode um campoF. SejaX(t) =
s(t),uy(t)) o vetor posiçãoda partícula no instante t. Define-seo
momentoangular (ou momentoda quantidade de movimento)com
relaçãoà origempela expressão
h = m(xy —yX).
|
A
(4.130)
Proposição 4.9 (Lei da Conservação do MomentoAngular no MovimentoCentral.).
“Suponha
queumapartícula demassamestá emmovimentosoba ação
deum campodeforças F = (f1,f>2).Então, o momentoangular h é
constantesee só seo campofor central.
Hemonstração
: Derivando a expressãodo momento angular h com
relaçãoa t, obtemos:
“
A
h = m(xiy—yX)
queimplica,atravésda 2º lei deNewton,a expressão
.
a)
h = xfz —yfy
4 qual é zero se e só se F = (fy,f>) for paralelo ao vetor X = (x,y),
iWto
é,seo campoF for central.
m
No estudo dos movimentos centrais, é bastante útil o uso das
mmordenadas
polares
=—
Tcos0
e
y =TsenôO.
(4.131)
A orbita (x(t),u(t)) de um partícula é então determinadapor
'+/1),0(t)). Temosas seguintesrelações,ondev? = x2 + y?:
t+ tcos0-rÔsenO,
y=TsenO+trôcosO,
v2=+2+r20” (4.132)
%= ?cos0 —2rÔ senO — Tôsen O — rTÓ?Z
cosO
y = f'sen O + 2t0 cosO + rÔ cosO — rÓ? sen O.
(4.133)
(4.134)
158 Equações
Diferenciais
deSegunda
Ordem
Cap.4
As expressões(4.132)nos dão a seguinteforma para o momento
angular:
h = 2mr?6.
(4.135)
Logo, a Proposição4.9 nos diz que
r26 = constante =h.
(4.136)
A expressão(4.136)implica que Ôtemum sinal definido,ou seja, O(t)
é umafunçãoestritamente
monotônica
aolongoda órbita. O(t) não
seria estritamentemonotônicase h = 0, e nessecasoa trajetória da
partícula seria ao longo de uma reta passandopelo centro do movi-
mento; esse caso não é interessante, e portanto suporemos sempre que
h * O. Assim,a áreaentrea curvae doisraiospartindoda origem
paraospontosXo = (T(to),O(to))e X = (r(t), O(t)) é dadapor
Figura4.18
A derivadadeA(t) comrelaçãoa t échamadavelocidade
areolar.
Segue-sede (4.137)e (4.136)
À(t) =7º6= const.,
o que demonatrao seguinteresultado:
(4.138)
beção4.6
CamposCentraisdeForças
1!
Proposição
4.10. (SegundaLeide Kepler.)Se F é um campo central de
forças,entãoosraiosvetoresligandoocentrodomovimentoàpartícula
vurrem áreas iguais em temposiguais.
Fórmula
deBinet. De acordocom a 2º lei de Newton, as equaçõesdo
movimentode uma partícula de massam num campocentralF(X)
podemser escritascomo
mx = Pcos0O
mnde
e
my = PsenO,
(4.139)
P=P(X)=HX)X|,
prota
FX) = f(X)X = f(X)(r cos0,Tsen 0).
Hecorrede(4.133)e (4.134)que
icos0+HysenO=+t—rÔ? e XsenB—icos0 = —276—rÔ (4.140)
o daí obtemosas duas seguintesequações,equivalentesa (4.139):
t— r6? = -
e
210+710=0,
(4.141)
quesão,pois,as equaçõesdo movimentoemcoordenadaspolares.A
4º equaçãoem (4.141)é equivalente a (4.136),e portanto não será
necessárianas considerações
que se seguem.Já observamos(e usamos)acima o fato que (4.136)implica que O(t) seja estritamentemonotônica;isso implica que podemosobter t comofunção de 0, consequentemente
7 comofunçãode O;usamosa notaçãor(0) para designarr(t(0)). Portanto,podemoscalcularas seguintesderivadas,
usandoa regra da cadeia:
d
/1
r
+
o
F
Tirando o valor de f na última expressãoem (4.142)e levando-oem
(4,141) obtemos:
dº
)
do?À r
LD
ro
mh?'
(4.143)
conhecidacomo a fórmula de Binet, que é a equaçãodiferencial de
todasas órbitas 1— r(0) de uma partícula de massa m num campo
160
EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem
Cap.4
centralF = (P(r) cos0, P(r) sen0). Conhecendo-se
osvaloresde r, 0,
Tedemt=O0:
r(0)=10%£0,0(0)=01, H0)=v e 0(0)=vo/10o%0
Figura4.19
podemoscalcularosvaloresiniciais de 1/r comofunçãode Oe o momentoangular h:
]
(01)
—
]
tro
d
ei
/1
ss
=—
de (+) lo=o,
Vr
Veto
,
h
=
TAV
am
4.144
os quais, juntamente com a equação(4.143)determinam univocamente a equaçãoda órbita com esses dados iniciais. Tal assertiva
decorredo teoremade existênciae unicidade, uma vez que se suponha queP(r, 0) sejaumafunçãode classeC! der e 0.
(ue informaçõespodemosretirar da equação(4.143),antes de
resolvê-la?Sem especificarainda a função P = P(r,0), que podemos
dizer sobrea geometriadas órbitas? Supondoque P dependaapenas
de 1, muito podemosdizer, e isso faremos a seguir. Para tal vamos
obterumaequaçãodiferencialdeprimeira ordem“quaseequivalente”
a (4.145), Inicialmente, observamosque a Proposição 4.7 implica que
F sejaconservativo;seja
V
f Pinar
Seção4.6
Campos Centraisde Forças
umpotencialpara F. Logo,tem-seque a energiatotal aolongodeuma
órbita é constante[cf. secção4.4.7]:
]
E es mv? + V = constante,
deondeseseguea equaçãoabaixo,utilizando (4.132),(4.136)e(4.142):
ão
(5)| tio
Eng.
do lr
r2
mhz?
2
(4.145)
A quaseequivalênciadas equações(4.143)e (4.145)quer dizer o seguinte: (1)todasoluçãor(t) de (4.143)é soluçãode (4.145);(ii) se
tt) for uma soluçãonão constantede (4.145),entãoela é soluçãode
14,143).A parte (1)é o próprio Princípio da Conservaçãoda Enerin, e para provar (ii) derive(4.145)comrelaçãoa O. Observeque
4 expressãodessaderivadaimplica (4.143)se r(t) não for constante.
oncentremos nossa atençãona equação (4.145).
Holinimosápsidedeuma órbitacomosendoum pontodemáximoou
domínimoda funçãor(0). Logo+= Onumápside,e daí e de(4.145)
sesegueque
1
7=
HME-V)
(4.146)
numápsidedeuma órbitar(0). Em geral,ou sejapara V arbitrário,
não se pode afirmar que (4.146)tenha uma solução; lembre que V
dependede r. Entretanto, caso(4.146)tenha soluções,vamosprovar que há no máximoduas. Para ver isso,seja 1; uma soluçãode
4.146),
e seja07um pontotal queT(01)= 74. [Atenção:podehaver
varios O nessas condições). Da forma de (4.143)segue-seque essa
orbitaé simétricaem O comrelaçãoà reta OA ligandoa origemao
apaidoAy = (04,71). Suponhaagoraquehaja outra solução12de
4146), e que Az = (02,72) seja o ápside seguinte a Ay. Então, o
sruumentoanterior nos mostra que a órbita toda podeser obtida a
partiedo seu conhecimentoentre essesdois ápsides,bastandousar a
timetriaobservadaacima, Veja a figura (a), onde 3 = 0, -0,,ea
Huura (a) com | = 21n7/3
e seis ápsides,
162 EquaçõesDiferenciais
deSegunda
Ordem
Cap.4
(a)
(b)
(c)
Figura4.20
Observequea órbitapodenãoserfechada,dependendo
de02—0;
não ser comensurávelcom7t.De qualquer modo,a órbita é tangente
aocírculointerno|X| = rj e aocírculoexterno|X| = r2, vejafigura
(a). No casodehaverduassoluçõespara (4.146)a órbitaé limitada.
No casode haver uma única solução,a órbita é ilimitada, figuras (b)
e (c). Caso (4.146)não tenha solução,isso quer dizer que a órbita
espirala em torno de O;observeque, casoh = 0, a órbita é uma reta
atravésdocentro,e portantonãohá ápsides.
Os resultadosobtidosaté aqui sãoválidosemgeral. Não seutilizounenhumaformaespecialdasfunçõesf e gem(4.126)e(4.127),respectivamente.Agora vamosconsiderarosdoiscasosespeciaisseguintes: força atrativa central proporcionalà distância à origem;e força
atrativa central inversamenteproporcionalao quadradoda distância
à origem,
4.6.1 Movimentocentralcom força atrativaproporcionalà distânciaao
centro
A hipóteseé que |F|= k|X|. [Essaé a versãobidimensionaldomovi-
Seção4.6
CamposCentraisdeForças
mentoharmônicosimples).O campoF é então
F(X) = —KkX.
(4.147)
Aplicandoa 2º lei deNewtontemos
a
mX =-kX
mx + kx = O
>
my +ky =0
cujas soluçõessão
x(t) = As cos(wt—1),
u(t) = Azcos(wt —pa),
(4.148)
Veja a equação(4.101)da secção4.5.1. Portanto, o movimentoé uma
composiçãoretangular de dois movimentosharmônicosde mesmo
períodoT = 217,7. E qualé a trajetóriada partículanoplano
(x,y)? De (4.148)obtemosas expressões
X
A,
= cos wt cos pj + sen wtsen P1,
y
=—=
cosWtcos2 + senwt senPz
A)
queconduzem
a:
X
sentp>—py)coswt = Ar senDz — aq sem
dr
sen(p>—py)sen wt = =
cosDz +Em cosP1.
Elevando essasexpressõesno quadradoe somandoobtemos
x?
2xy
A? cs ADE
y?
2
cosp +AZ = sen” À
onde| = p> —py, que é a equaçãode uma elípse.
(4.149)
10)
164
EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem
Cap.4
Figura4.21
Observação
. Que aconteceriana composiçãoretangular de dois movi»
mentosharmônicosde períodosdiferentes?
xa WI x =0,
U-+ W5U = |
W1 É W2.
(4.150)
A respostaé que a curva (x(t),u(t)) não seria mais uma elípse;€
mais ainda, poderiaser uma curva compontosduplos e não necessariamentefechada.No casoemqueosperíodosTj e [>fossemcomens
suráveis, 1.€.,11/T; = número racional, então a curva seria fechada,
mas poderia dar várias voltas em torno da origem. O que faz com
que ela seja fechadaé que T,/T5 = p/q implica que ql = pl é
um períodocomumpara as soluçõesx(t) e uy(t)de (4.150). Essas
curvas são chamadasde curvas de Lissajous, e desempenhamum
papel importante em Acústica. É interessantevê-las na tela de um
osciloscópio. No caso de 1j/T> ser um número irracional, a curva
(x(t), u(t)) nãoé fechada.
Exemplo, (Uj = «0, W2>
= 2w.
Considerecondiçõesiniciais que dê
Beção4.6
CamposCentraisde Forças
4»seguintessoluçõespara (4.150):
x(t) = senwt
vult)=sen(2wt+ q).
Abnixo,traçamosas curvas de Lissajous para três valores de q:
Figura4.22
462 Movimentocentral com força atrativainversamenteproporcional ao
quadradoda distância ao centro
Hense
cao,a hipóteseé que
P(r)= ni
r
(4.151)
uude| > Oé uma constante.Logo, a fórmula de Binet se torna:
d?
/1
Ea (+) de
]
u
= Ri
(4.152)
“ qual é uma equaçãodo tipo do oscilador harmônico. Sua solução
seral é
]
l
—se idad- +Acos(0 —09)
(4.155)
ro my
ade A e Oosãoconstantesde integração,quepodemser obtidasem
termosde To,Vr € Vo. Veja parte 4.6.7 desta secção.
1
166 EquaçõesDiferenciais
deSegundaOrdem
Cap.4
Cônicasemcoordenadas
polares. À equação
T
t
TEERSE”
t>0,
ez0
(4.154)
representauma elípse(se e < 1),uma parábola(se e = 1) ou uma
hipérbole (se e > 1). A origem é um foco da cônica. eé a excen
tricidade. 2º é o comprimentoda cordafocal. A diretriz é a reta
perpendicularao eixopolar que tem a propriedadeque r/d = e. Veja
a figura abaixo. Deixamosao leitor a verificaçãodas asserçõesacima,
Vo
Eixo Polar
Figura4.23
Constante
deintegração
À emtermosda
er
Aidéia é utilizar a equação
(4.145).
Paratal,lembramos
que—V(r)
é umaprimitivadeP(r):
Vire
- fe)
| É=: [E = dr=—-.
(4.155)
Usando (4.153) e (4.155) em (4.145) obtemos
A? -
ZE %
Wu?
mh? - mZh?'
Logo,voltandoa (4.153)temos:
]
:
A À ap /
2Emh?
pe.
e
cos(O
do)
(4.156)
Heção4.6
CamposCentraisdeForças
A expressão(4.156)nos diz então que a órbita da partícula é uma
pônica:
Elípsese E < O, parábolaseE = O, hipérbolese E > 0.
E diz mais: o centro do movimento é um foco da cônica e
—
2
=—
24 = corda focal.
2Emhz
/ 1+
a
— e — excentricidade da órbita,
(4.157)
(4.158)
“5 éa coordenadaangular dopontoda órbitamais próximodocentro.
Fase pontoé chamadoperigeuseo corpono centroé a Terra eperiélio
nocasodo Sol]. Vê-sequea órbitatem doisápsidesdiametralmente
“postosno caso da órbita elíptica, e apenas um no caso de órbitas
parabólicase hiperbólicas. No casoda órbita elíptica os dois ápsides
“ão08pontosdaórbitamaispróximoe maisafastadodocentro.[Esse
pontomais afastadoé chamadoapogeuno casoda Terra e deafélio no
vaso do Sol).
463 Lei da GravitaçãoUniversal
“a secção4.4.5, enunciamosa Lei da Gravitação Universal. Talvez
wmdos primeiros argumentosde Newton para defendersua Lei da
HravitaçãoUniversal tenhasurgidono estudodomovimentoda Lua
vmtornoda Terra. Supondoque a órbita da Lua sejaum círculode
mo R comcentrona Terra, temosque sua aceleraçãocentrípetaé
4772
R
v=
de | é seu períodode rotaçãoem torno da Terra. Usando R =
14,000km = 60x [raiodeTerra]e T = 27,3 dias,obtém-se
y =
x 10m/s?
= (1/602)x [aceleraçãoda gravidadena superfície
da Terra].
Deacordocoma Lei da GravitaçãoUniversal, o campodasforças
pravitacionaisgeradaspor um corpocelesteé um campocentraldo
Hpoestudadoem 4.6.2acima. Decorreportantoque as órbitasdos
planetasem seu movimentoem torno do Sol sãoelípses;cl. nmLois
16
168
EquaçõesDiferenciais
deSegundaOrdem
Cap.4
de Kepler, mais adiante. Observeentretantoquehá duas hipóteses
tacitamenteadmitidas:
(1)Supõe-seque o Sol estejafixo. A rigor, não só o planeta em estudo
se move,mas tambémo Sol. Assim, o problemamatemáticoé mais
complexoe setemo chamadoProblemadeDois Corpos.Veja a parte
li) da secção4.6.5.
(11)Desprezam-seas forças gravitacionais dos outrosplanetas sobre
o planeta em estudo. Tendo em vista a magnitude da força gravitacional do Sol não há prejuizo em esquecera existênciados outros
planetasquandoseestudaa maior parte dosplanetas. É nessamaior
parte estãoVênus, Terra, Marte, Júpiter e Saturno. O planeta Urano
descobertopor Herschel em 1781pôs a teoria kepleriana em crise;
sua órbita não se comportavacomo as dos demais planetas. Em
1845,Le Verrier e Adams atribuiram as irregularidades na órbita de
Urano à presençade um oitavoplaneta. E foram mais longe,calcularam sua posição.Assim, sabendoondeprocurar essenovoplaneta, 0
astrônomoGalle do Observatóriode Berlim o localizou em 1846,com
um desviode menosde 1º com relação à posiçãoprevista. Esse planeta foi denominadoNetuno. A história não ficou aí, Power em 1905
determinouque as irregularidades da órbita de Urano não eram caus
sadasapenaspor Netuno: deviahaveroutrocorpocelesteatuandopor
perto!Em 1930,Plutãofoi descoberto,
usando-setécnicasfotográficas
sofisticadas.Comoo leitor vê, os problemasdos movimentoscelestes
não são simples. A rigor deve-seestudar o movimentode um corpo
levandoem conta a açãogravitacional de vários outros corpos. Esse
é o chamadoProblema dos n corpos,que não recebeuainda um tratamentomatemáticocompleto,apesarde haver uma vasta literatura
comresultados profundos. E o planeta Mercúrio? Sua proximidade
ao Sol e a grande excentricidadede sua órbita (0,2056;a excentricidadeda órbita da Terra é 0,017e as dos demais planetas é dessa
mesmaordem)fazemde Mercúrio um casointeressante. A linha de
ápsidesgiraemtornodoSol,cercade 10'40”porséculo.Os 10”dessa
rotaçãosedevema atraçãodeoutrosplanetas,masos40” nãorece
bem explicação dentro da teoria newtoniana da gravitação. Verrier e
outros tentaram uma explicação semelhante Aquela que foi utilizada
na descobertade Netuno; no século passadochegou-semesmoa deno
Beção4.6
CamposCentraisdeForças
minar de Vulcano um planeta interior que provocariaessa alteração
na órbita de Mercúrio. Mas os astrônomosembaldeprocuraram por
vasecorpoceleste.Em 1915,Einstein mostrouque sua Teoria Geral
daRelatividade
explicavaumarotaçãode43”na linha deápsidesde
Mercúrio. E assim a anomalia de órbita de Mercúrio passou a ser
umaimportantecomprovaçãoda Teoria Geral da Relatividade. Veja
4 secção4.6.6. Entretanto, recentementeuma outra teoria, baseada
nofatoque o Sol não é esférico,foi lançadavisandoexplicar a irreguinridadeda órbita de Mercúrio. O leitor há de convir que esta teoria
temtambémsua lógica, em virtude da enormemassado Sol, da prosimidadede Mercúrio e do fato que na teoria desenvolvidaos corpos
luramconsideradoscomopontosmateriais.
Grande número dos cometasconhecidostêm órbitas elípticas
alongadas(i.e., excentricidadeperto de 1). O mais famosodelesé
v cometaHalley, cuja excentricidadeé 0,967e tem um períodode 76
anos.Ele foi descobertoem 1682pelo artrônomoinglês Halley. Sua
visitaem 1910geroupânicoem muitas partesdo mundo. Já em 1986
sumvisita foi tranquila.
464
Leis de Kepler
Aopublicar,em1543,seufamosotrabalho“DeRevolutionibusOrbium
Evelestium”lançandoa teoriaheliocêntrica,Copérnicoiniciavauma
novafasena História da Ciência. É difícil, hoje,fazer-seuma idéia do
quesignificounaquela épocadesafiar a teoria milenar de Ptolomeu,
entrandoem conflito frontal com a teologiacristã e com arraigados
princípiosdeordem,estéticae simplicidadematemáticadoUniverso.
Asidéiaslançadaspor Copérnicogerminarame encontraramemGalou eKepler osseusgrandesseguidores.OstrabalhosdeGalileusão
4 inícioda Mecânica,quenas mãosde Newtonrecebeua admirável
inrmalizaçãoque conhecemos.Mas é em Kepler que a Astronomia
tomsua segundarevolução. Kepler foi assistentede Tycho Brahe
noobservatóriode Praga, e quandoestefaleceu,aqueleassumiu sua
posição.Kepler ficoudepossedelongastabelascontendoobservações
astronômicassobrea órbita de Marte. Em 1609,elepublicousua “AsironomiaNova”,noqual estarreceua todosdefendendoa teoriadeque
asórbitas dosplanetasemtornodoSol não sãocírculos. E alémdisso,
suasegundalei implicaquea velocidadedosplanetasnãoé constante,
10
170
EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem
Cap.
Novamente, a idéia de um universo harmonioso e estéticono conceit(
gregofoi desafiada. E isso desagradoua muitos. Em 1619,quand
Kepler publicouseusegundotrabalhosobrea teoriaplanetária,ele
denominou“Harmonia do Universo” e procurou mostrar em sua te
ria a perfeiçãoda obrade Deus.As três leis queKepler enuncioue
seustrabalhos são as seguintes.
Primeira
lei. Cadaplanetasemoveemumaórbitaelíptica,tendoo S
em um dos focos.
Segunda
lei. O raio vetorligandoo Sol a um dadoplanetavarre áre
iguais em temposiguais.
Terceira
lei. A razãoentreo quadradodoperíododeum planetae o cubo
do semi-eixomaior de sua órbita é a mesmapara todosos planetas.
Muito setemdiscutidosobreo processodeinvestigaçãocientífica
de Kepler. É difícil imaginar comona enormemassade dadosem
sua frente, alguns deles com erros justificáveis em uma época de
instrumentos poucoprecisos,ele tenha visto claramenteuma elípse.
Observe que, na órbita de Marte, o semi-eixo menor é apenas 0,5%
mais curto que o semi-eixomaior,ou seja “quase”um círculo. Mas 0
fato é que Kepler não somenteviu que a órbita era uma elípse coma
tambémenunciouas outras duas leis. Newton anosdepoisescreveu!
“KeplerknewyeOrb to benot circularbut oval,& guestit to beElliptical”. É possívelque ele tenha usado um processode “retrodução”,
interagindo entre deduçãoe indução. De todos os modos seus tra
balhosexibemmais de 800páginasdecálculosondeelecomprovasua
teoria em basedas observações.
As três leis de Kepler foram demonstradasrigorosamentepor
Newtonem 1665utilizandosuamecânicae a Lei de GravitaçãoUni:
versal; faremosessademonstraçãoem 1)abaixo. Na parte ii) abaixo,
mostraremosqueasleis deKeplerimplicama Lei da GravitaçãoUni
versal.
4.6.5 A Lei da Gravitação Universal e as Leis de Kepler
|. A LeidaGravitação
Implica
asLeisdeKepler.1)À primeira Lei de Kepler
Beção4.6
CamposCentraisdeForças 171
decorreimediatamentedoquefizemosem4.6.2,umavezqueo movimentodosplanetassendoperiódico,as órbitastêmqueserelípses.2)
A segundalei é o conteúdoda Proposição4.10. Vê-se que a segunda
ii decorresimplesmentede seter um movimentocentral. 3) Para demonstrara terceira lei, observamosque a velocidaeareolar definida
vm(4.137)e (4.138) é
a q
A = 5h
(= constante).
| daí se segueque o períododo movimentoé
Área daelípse
T=
À
ab
2rab
=—"— =
5h
Afélio
h
4.159
sam
Periélio
a
DÊ ed,
draBDDa dé
q—b'=c;e=at=+.
Figura4.24
Paraa elípse,podemosprovar facilmenteque £ = b?/a. Usando esse
calorde £em (4.157)obtemos
h=bvu/am
»daí se segue:
> T=2mu
T2
as
"2m!/2q3/2
=47 my !.
(4.160)
(4.161)
Agora,no caso do campo gravitacional do Sol, temos
4= GmM
(4,169)
172
Equações Diferenciais de Segunda Ordem
Cap.
ondem é a massado planeta,M é a massado Sol e G é a constan
da gravitação.Logo se seguede (4.161)que
LE
a
GM:
ii. As leisdeKeplerimplicam
a LeidaGravitação
Universal.A segunda1
de Kepler implica que o momentoangular h seja constante. Logo,
Proposição4.9 nos diz que o campode forças é central, cujo centro,
Sol, está num dosfocosda elípse:
Y
(1 +ecos6).
&s
|
Ágora, usamosa fórmula deBinet e a expressãode i acimapara obter
a expressãoda força:
mhº[(ás?
d? (+)
/1 + I
=P!gs—
1
ent mhá
(4.164)
Portanto (4.164)nos diz que o campoé atrativo e inversamentepro
porcional ao quadrado da distância. Observe que m é a massa do
planeta. Resta, pois,provar que
h2
L
= constantepara todosos planetas.
(4.165)
Paraisso,usando(4.159)[aqualéválidaemvista da2º lei deKepler!
et = b?/a escrevemos:
T? o 4mºb? o 4m2l
a
ah?
hn
quejuntamente coma terceira lei de Kepler nos dá (4.165).
ill.AsleisdeKeplerconsiderando
o movimento
doSol. Sejam Xs(t] e Xp!
as trajetórias do Sol e de um dado planeta, respectivamente,em um
sistema fixo de referências.
17
Designemos
porX ovetorXp —Xget = |X].Usandoa 2º lei de
Newton:
msXs
=
Gmsmp
73
E
Ha
(4.166)
“ubtraindoas equaçõesem (4.166)obtemos
mpX = —
X
(4.167)
» somando-as temos
msXs + mpXp = 0 => msXs + mpXp = Ct+ C'
(4.168)
sndeCe C' sãovetoresconstantes.A segundaexpressãoem (4.168)
nosdiz que o movimentodo centrode massado sistema Sol-planeta
Ac =
msXs+ mpXp
ms + mp
* linear uniforme. A equação(4.167)nos diz que as duas primeiras
pis deKepler ficaminalteradas,enquantoa terceirafica modificada
mumo
sesegue:
E
4?
a G(ms+mp)'
(4.169)
“omparando (4.169)com (4.163)vemos,porém, que mesmo a terceira
wi+aproximadamente
verdadeiraemvirtudedems sermuitomaior
memp. Para o leitor ter uma idéia das ordensde grandezas:
massa do Sol = 300.000 x massa da Terra
massadeJúpiter = 320 x massada Terra.
174 Equações
Diferenciais
deSegunda
Ordem
Cap.4
4.6.6 A equação das órbitas dos planetas na Teoria Geral da Relatividade
À equaçãodo movimentodos planetas (equações(4.152))foi obtida
em4.6.2usandoa Lei da GravitaçãoUniversal e as leis da Mecânica
newtoniana.Nateoria darelatividadeaequaçãocorrespondente,
cha»
madaequaçãode Schwarschild é a seguinte:
d?
/1
Do
LL
ondeestamossupondom = 1,e
3
ipano
c=3x
108m/s = velocidadeda luz.
À equação(4.170)sendonãolinear, suaresoluçãoédifícil. Entretanto,
podemosobterumasoluçãoaproximadado seguintemodo.Uma primeira aproximaçãoseria obtidafazendo« = O,e aí a soluçãoé aquela
obtidana parte 4.6.2
I-==
[1+ecos(0
—89)].
(4.171)
Uma segundaaproximaçãoserá obtida,levando-seessevalor de 1/1
ao 2º membrode (4.170):
[eee
dg (1
1
La
(5) +=
—
—
8
—
uau
+
1+ecos(8
—Bo)?
]
.
(4.172)
.
|
A solução da equação
d?
TR
é exatamente:
]
r
ué
X—
h4
/1
(5) oi
e?
1º
ou
E
[1+ ecos(0— 90)J2
1
| + — | +eBsen(0—-09) —-e“ cos2(0—09) |. (4.173)
2
6
Logo a soluçãode (4.172)é obtida somando-seos segundosmembros
de (4,171)e (4.173). Assim, a expressãono 2º membrode (4.173)
representa(aproximadamente)
a perturbaçãointroduzidapela teoria da relatividadena órbita elíptica. Vamosanalisá-la. O primeiro
termo representasimplesmenteuma translação de 1/r e seu efeito
lação4.6
CamposCentraisdeForças
+pequeno. O terceiro termo é periódico e pequeno,quando comparadocomo segundotermo,pois este,apesarde oscilatóriotambém,
temamplitude crescente:e? é bem menor que e0. Portanto, despresundoo 12e 3º termosno 2ê2membro
de (4.173),obtemosa equação
aproximada)da órbita
1
«eu?
ns a [1+ ecos(9—09)]+ a
Osen(O—00)
odaí
]
AX
E ne (1+ elcos(0
—09)+ 20 sen(0—00)]h.
(4.174)
Hnalmente,vamosà última aproximação:chamando
Au
=
,
lnzemoscoskO= 1 e senkO= k0. Lembreque« é da ordemde c”*.
E daía equação(4.174)seescrevecomo
Ai
a
+ ecos(0—do—k0)),
4quemostraqueem cadainstantea coordenadaangulardoperiélio
+Oo+ kO. Logo a órbita do planetapodeser consideradacomouma
slipsecuja linha de ápsidesgira, e sua variaçãopor períodoé AO =
Ink. Daí
Ali
2a
6ru?
PE
ea
h2
h2c?
(4.175)
s lembrandoque £ = h?/u obtemos
67TUL
AQ=——=
q
ct
67
c2a(l-e2)
c = velocidade da luz.
Exemplo
. CalculemosAO no casode Mercúrio, onde
a=0,38/u.a.
e= 0,205
(1 unidade astronômica
1,49 x 10!“m]
175
176
EquaçõesDiferenciais
deSegundaOrdem
Cap.4
e lembramosque u = GM, onde
G=6,673x10! Nm?kg?
M =1,99x 10ººkg.
Fazendooscálculosobtemos:AO = 0, 1036segundosporperíodo.Daí
levandoemcontaqueesseperíodo(períododerotaçãodeMercúrio e
tornodoSol) é 88dias,obtemosquea linha deápsidesdaqueleplane
avança43 segundospor século. Confira secção4.6.8.
4.6.7 Satélitesartificiaisda Terra
Consideramosagora o problema da órbita de um satélite artifici
lançadode um foguetea uma distânciaTodo centroda Terra e co
velocidadevofazendoum ângulo3 comoraio vetorqueuneo foguete
como centroda Terra.
|
0
asilhadás
Terra
To
0
B
Satélite
Figura4.26
O modeloapresentadoabaixoé obviamenteuma simplificação
do fenômeno,pois nele satélitesjamais caem. [Sabe-seque a forma
não esféricada Terra torna imprecisaa admissãode que a Terra seja
um ponto material]. Vamos supor que o problema é um movimento
central,cujocentroé a Terra e a forçacentralsobreo satéliteé dada
pela lei da gravitaçãode Newton. Assim a equaçãoda órbita é dada
por (4.156),ondefazemos| = GmM = mgR?!*) (Para provar essa
relação,basta usar a lei da gravitaçãouniversal para um corpo nú
superficieda Terra:emM
mg.) sendom a massado satélite e M
a massa da Terra, e Ré o seu raio:
|
-
gRº
n2 [1 +ecos(0 — 06)]
(4.176)
177
ondea excentricidadee da órbita é dada por
2Eh?
e=/ Foi!
(4.177)
À partir dosdadosiniciais, To,Voe 3, podemoscalcular as constantes
he E:
flas= TovVa;, onde Vo — Vo sen E
1
Essa
Z
RE
To
cf. (4.144)
z
(4.178)
(4.179)
Usando-se(4.178),(4.179)e os conhecimentosadquiridos na parte
1.6.2podemostirar uma sériede conclusõessobrea órbita do satélite.
| Naturezada órbita :
rová<29gRº=> órbitaelíptica
rovo=29Rº?
=>órbitaparabólica
rovo>29R?=>órbita
hiperbólica.
(4.180)
(4.181)
(4.182)
| claroque,no casoda órbita elíptica, ela podesê-lopor poucotempo,
poisa Terra não é um ponto e o satélite podecolidir com ela! Para
quetal não aconteçadevemoster que Tr> R, para todo r da órbita.
Hedimosao leitor para deduzir, ao concluir a leitura desta secção,a
relaçãoentre vo, To € P para que o satélite não colida com a Terra.
tonclue-se de (4.181)que, caso o satélite seja lançado de um ponto
próximoda superfície(tro= R), a velocidadedeescapeé vo = 29R.
Il.Excentricidade
da órbita. De (4.177), (4.178) e (4.179) obtemos
.
2
—|
Tov2 O
Es
—
é
[+
ToVaV
o
Tr
A
4.183
À
|
undevr = vocos3. Observequev5 = vá+v?. Segue-se
de(4.188)
quea órbitaserácircular(e = 0) se
rov5=gR?e v,=0.
(4104)
Assim um satélite terá uma órbita circular seelefor lançado perpernidi
pularmenteaoraio vetorqueligaofogueteaocentrodaTerra [[5
0)
178
EquaçõesDiferenciaisdeSegundaOrdem
Cap.4
e sea velocidadeinicial vo satisfizerà relação
tovo= gRº.
(4.185)
jii.Ápsides
. De (4.176)obtemos:
1
R2
]
a
9 (1+ecosdo) > cosdo= 5 Es
—|
“rh
gR2
(4.186
Para obter senOo, derivamos (4.176)comrelação a Oe usamos (4.142):
ToVegVr
sendo = — egRE
(4.187
Decorrede (4.185),(4.186)e (4.187)que,caso 3 = 0,
cos0o= 1 sendo =0,
cos0o=—l
se Tovô> gR?, = Do=
sendo = 0,
se TovO< gR?, + En =
(4.188)
(4.189)
À expressão(4.188)implica que no casode órbitas parabólicase hiperbólicas, o ponto de lançamento é o perigeu. E (4,188)e (4.189)
dizem que no caso de órbitas elípticas o ponto de lançamentoé um
ápside,podendoser o perigeu ou o apogeu.De fato, se estivermosnq
casodeórbitaelípticacom8 = 0 eTovg> gRº,a equaçãodessaórbita
será
E
E
2dia'
+(a
cos
o
TO ToVG
gR
]
R
(4.190)
edaí sevêqueomáximodeTrocorrequandoO = 7 e omínimoquando
O = 0. Se estivermosno casode órbita elíptica com 3 = 0 e Tová<
gRº, a equaçãodessaórbitaserá
1º gR?
——
à ne
(1-
Tovô
GR?
Rê)
coso
(4.191)
edaí sevêqueo máximoder ocorrequandoO = 0 e o mínimoquando
O = 74,Nestesegundocaso,a distânciamínima do satéliteao centro
da Terra é
Ima gR? (2
Tin
dn 1d
Favo
eo).
Seção4.6
CamposCentraisdeForças
1/7
Logo o satélite ficará em órbita sem atingir a superfície da Terra
obviamenteessaé uma situaçãoaltamenteidealizada,poisestamos
desprezandoo atrito do satélite coma atmosfera]se
]
gR?2
TovÊ
,
29Rº
->55([2-—5
>———.
RO róvs
gR? > Vo Tolro
+R)
iw Períodos. Usando (4.159)e as expressõesdos semi-eixosa e b da
elipseemfunçãode t e e, obtemos
E
2mb?
“(1-e23/2n'
Como€= h?/gR* obtemosusandotambém(4.178)
j
34,5
T=a-—ts
(1—e2)3/292R1'
(4.199)
Portanto,seum satéliteestiverem órbita circular,obtemosde (4.185)
0 (4.192)
To ME
R
jr
g
Exemplo
. O períodode um satélitelançadoemórbita circular a uma
altura de 483 km é 94 minutos de acordocoma fórmula acima, usando
R =6.571km e ro= R+483. O primeirosatéliteartificial,emórbita
pola União Soviética em 1957,tinha uma órbita aproximadamente
circular a cercade 480 km da superfície da Terra e dava uma volta
completaemtornoda Terra a cada96minutos.
5
Transformada de Laplace
À transformadade Laplace (Pierre-SimonLaplace (1749-1827)trabalhouemMecânicaCelesteeTeoriadasProbabilidades)é ummétodo
importantepara a soluçãode problemasna teoriadasequaçõesdiferenciais. O métodoconsisteem resolver equaçõesdiferenciais como
se fossemequaçõesalgébricas. Considerepor exemploa equaçãodiferencial
v”+4y'+5y=f(x)
escrita na forma
D2y+4Dy+5y=f(x)
comD = d/dx. Seria ótimose pudéssemosresolveressaequação,
comose ela fosseuma equaçãoalgébrica,e escrever
f(x)
Ulx)= D2+4D+5.
Infelizmente,issonãofaz sentido! Entretanto, na simplicidadedesse
raciocínio,devehaver algo. Vamos, pois, tomar uma atitude persistentee procurar extrair algo do raciocínio acima. Nosso esforçodeve
ser na direção de algebrizar a equaçãodiferencial, de algum modo,
E aí que entra a idéia de transformada de Laplace. A transformada
podeser entendida comouma “caixa”. No lado esquerdo(veja a figura),a setarepresentaa funçãoqueentra na caixa,e no ladodireito,
a seta, no mesmonível, representaa funçãocorrespondenteque sai
da caixa, após ser operadaou transformada. A lei matemáticaque
regea operação(a transformada de Laplace) será definida na próxima
secção,
f(x)
F(s)
af(x)+bg(x)
aF(s)+bG(s)
f'(x)
sF(s)-f(0)
f''(x)
s²F(s)-sf(0)
- f'(0)
Figura5.1
Usamosa notaçãoF(s) = L(f(x)) e G(s) = L(g(x)) para denotnrmosas transformadasdasfunçõesf(x) e g(x), respectivamente.
Este sistematem três propriedadesextremamenteimportantes,
quepassaremosa explicar.
i. O sistema
é linear, istoé,L(af(x)+bg(x)) = aZ(f(x))+bZ(g(x)).
ii. O sistema“destrói”derivadas,isto é, sef (x) entra na caixa,ela
saicomosF(s) - f(0).
iii.
O sistema é inversível, isto é, existe uma outra caixa, denomi-
nadaLC, que,seatravessadapelafunçãodesaída,F(s) fornecef(x)
devolta, assim LT HF(s)) = f(x).
Com relaçãoà aplicaçãoda transformadade Laplace na solução
do equaçõesdiferenciais, nós temos dois universos. No universo-x,
temosa equaçãodiferencial,
v” +4y' +5y = f(x)
v no universo-s,depoisde passadapela caixa,temosuma equação
algébrica,dada por
Y(s)
Ho caso em que u(0)
— u'(0)
F(s)
8244545"
= U
A idéia agoraé passarY(s) pela caixa£”! para obtera solução
dtx), Isso é tudo, no quediz respeitoa idéias. Nossotrabalhosora
estudar bem a transformada e mostrar que essas idéias podemser
formalizadas.
182
Transformada
de Laplace
Dl.
Cap.5
Definição da Transformada de Laplace
Dada uma funçãof(x) definidano intervalo [0,00) definimosa sua
TransformadadeLaplace,F(s), por:
EL) = f
e “Tia
de= Mtix))
(5.1)
supondoque a integral convirja pelo menos para algum valor de s,
Transformamos através do operador £ funções f(x), na variável x,
emfunçõesF(s), na variável s. Uma primeira vantagemdessatransformaçãoé que em muitos casosF(s) é mais simplesque f(x), por
exemplo
Ele"
- |
DO
e*eXdx=
0
lim
lim /
X09—00
emts—k)xo
X0—00
1
—(s—k)
Xo
0
1
o
s—k'
e tida
ses >k.
(5.2)
Alémdisso,a transformadaF(s) émaisregularquef(x). Por exemplo,
considere,para C>0,
(x)
Malk) =
Ê
Õ
se x<c.
1
se XC.
É fácil ver que
Eltelt) | =
e Tes
=.
(5.9)
(5.4)
Vamos iniciar nosso estudo analisando dois pontos essenciais,
que são: a existênciada Transformada de Laplace e a existênciada
inversadessatransformada.Para a existênciada transformadaéprecisoquea integralconvirja,logoa funçãof(x) nãopodecrescermuito
rapidamente,por exemploa funçãof(x) — e não possuitransformadade Laplace. Limitar-nos-emosàs funçõesadmissíveis,isto é,
funções f(x), contínuas por partes em qualquer intervalo finito do
semi eixo positivo [0,00), e que não cresçammais rapidamenteque
a funçãoexponencial,
quandox — co. Vamossuporentãoquef(x)
satisfaça:
fíx)l<Me** para 0gx< o,
(5.5)
Seção5.1
DefiniçãodaTransformada
de Laplace
onde M e k são constantespositivas. Uma função f(x) é contínua
porpartesnumintervalo[a,b],sepudermosdividiro intervalo[a,b]
numnúmerofinito desubintervalos,ondef(x) é contínuano interior
docadasubintervalo,e f(x) possuilimiteslateraisquandox tende
paraas extremidadesdessessubintervalos.
de f(x) é uma função admissível,f(x) tem uma transformadade
IaplaceF(s),definidaparas > k, poisparaqualquerxo > 0,
/
Xo
0
e S*f(x)| de<M [
X0
0
elk-s)xdx<
s—k
(5.6)
to é,para funçõesadmissíveisa integral imprópria é absolutamente
convergente,e temosa estimativa
Fls) < -
M
(5.7)
o
de f(x) é uma função admissível,satisfazendo(5.5),sua integral
g(x) - [
f(T) dt
(5.8)
tambémé admissívele satisfaz (5.5)coma mesmaconstantek. Logo
4 transformadade Laplace de g existetambémpara s > k.
Com relação à existência da inversa £”!, note primeiramente
quesef(x) e g(x) foremcontínuasporpartese diferiremsomentenos
pontosdedescontinuidade,
temosqueL(f(x)) = L(g(x)), apesarde
x) £ g(x). Temoso seguinteresultado:
teorema
5.1. Se f(x) e g(x) foremfunçõesadmissíveistais que
L(f)ts) = L(g)(s) para s>so,
entãof(x) = g(x), excetopossivelmentenospontosde descontinui-
dade.
Demonstração
: Definindoh(x) = f(x) —g(x), temosque
L(h)(s) = 0 para
ss.
Continuaremos
ademonstração
supondoqueh(x)sejacontínua.Uno
Hx) tenha descontinuidades as integrais abaixo devem ser desmem
184 Transformada
deLaplace
Cap.5
bradas em somasde integrais tomadassobreintervalos onde h(x) é
contínua.
Logo,paran = 0,1,2,..., segue-seque
O= L(h)(so+n)
=/
OO
0
E eh)
dx = /
OO
0
e T*v'(x) dx,
ondev(x)= |,E eSoTh(7T)dr. Integrandoporpartesaintegralacima;
obtemos
OO
e TXv(x)o + DD) e“ yix| da =0,
0
Comov(0) = 0,temos,usando(5.7),que
/
OO
0
E abel
Ux = 0,
Tresd, )
ss
(5.9)
Nos pontosondeh(x) é contínuatemosquev(x) é derivávelé
v'(x) = e *ºXh(x). Logo se provarmosquev(x) = O, seguir-ses
á que h(x) = O. Para mostrarmosque v(x) = 0, faremosa ses
guintemudançade variávelem (5.9),x = —int e u(t) = v(—tnt),
obtendo-se
1
/ t“ult; dt =0,
= 01,2,
(5.10)
0
O fatoque(5.10)implicaru(t) = 0,éumresultadoclássicodeanálise,
Observeque (5.10)implica que
/
0
p(tju(t) dt = 0
(5.10
para qualquerpolinômiop(t). Agora utilizamos oTeoremadeAproximaçãodeWeierstrassquediz quequalquerfunçãocontínuau(t) num
intervalofechado,digamos[0,1|,podeseraproximadauniformemente
por um polinôniop(t) tal que
lu(t)
-p(t)j< e,
paratodo te l0,1).
1
Logo,
/ u(t)-p(t)P
dt / (u(t)2
dt—
2/ afateto
des
1
1
1
1
+ [ (p(t))*2dt <e.
Utilizando-se (5.11) obtemos
1
/ (ut
0
paratodo£ > O,o queimplica
de< E,
1
/ (u(t))Zdt=0
0
econsequentemente
u(t) = Oparatodot € [0,1].
a
Para o cálculo da inversa da transformada de Laplace, £” | existe
umafórmula, chamadaFórmula ComplexadeInversão,quefornecea
funçãoadmissívelf(x) atravésdeumaintegralcomplexadatransformadaF(s). Entretanto, na prática o cálculodessaintegral é evitado,
poispara os casosmais comunsexistemmétodosmais simples.
5.2.
Propriedadesda Transformadade Laplace
tm (5.2)calculamosa transformadade Laplaceda funçãoexponencial,L(e) = 1/(s —k), ses > k, portanto
fg
[=4)
=e*
s>k.
Podemosusar esseprocedimentopara calcular a transformada,e sun
inversa, de várias funções elementares. Calcule como exercícion
transformadade algumasfunções.Comece,por exemplo,com[[x|
c (const),f(x) = x, f(x) = x”, f(x) = sen(wx),f(x) = e** men
ws
Comrelaçãoa inversa,lembre-sequeconformevimosna seeçãomr
terior, a transformada F(s) tem ordem O(1/s), quando s +0 em
vista da estimativa (5.7). Considere portanto somentefunções[5]
comesta propriedadepara o cálculo de LM F(s))= f(x]
186 Transformada
deLaplace
Cap.
Vamos demonstrar algumas propriedadesda transformada de
Laplace que nos ajudarão a determinara transformadade outra
funçõese a resolverequaçõesdiferenciais.A primeira propriedade,
que decorreda definição(5.1),é que £ é um operadorlinear
L(af + bg) = alZ(f) + bZ(9g).
Podemosagora efetuar o seguinte cálculo: Observe primeiramen
que podemoscolocar no lugar de k em (5.2) um número complex
k + iw, e coms > k efetuaras mesmasoperações,
obtendo-se
(k-+Hiw)x
o
]
ei
|— =
a
g-k+iw
(5.12)
o
[s—JE ter
|
Lembrando que
elitiw)x— 6kXcoswx + ie'* senwx,
e usandoa linearidade de £, obtemosseparandoas partes real e imaginária, as seguintesimportantesfórmulas:
L(e** coswx) =
o
s—k
kx
L(e**
senwx) o= EEE
é
É
RA"
(5.13)
E ainda por combinaçãolinear dessasduas fórmulas,obtemosa fórmula da inversa
pa
Ak + B
As +B
| — ex A cosWxX+
senwx|.
w
(s—k)2+w2
(5.14)
Para resolvermosequaçõesdiferenciaisusandoa transformada
de Laplace devemoscalcular transformadasde derivadas.Neste sen
tido,já sabemos,veja (5.8),que se f(x) é admissível,entãof(x]
tambémé admissívele satisfaz eS*f(x) — O,quandox — 00, se
s > k. Portanto, uma simples integração por partes demonstra 0
seguinte teorema:
Seção5.2
Propriedades
daTransformada
deLaplace 1
Teorema
5.2.Se f(x) éderivávelem (0,00),comf'(x) admissível,então
C(t)(s) = sL(f)(s) —f(0*!), s>k
(5.15)
ondef(0t) = lim f(x).
x—0+
Podemosaplicar a fórmula (5.15) para obter vários resultados
interessantes.Por exemplo:
1. Sef(x) forduasvezesdiferenciável
comf” (x) admissível,temos
trocando
f”porf” em(5.15)que
C(t'Ns) =s2
L(f)(s)
—sf(0t)—f'(0t)
(5.16)
+assimsucessivamentepodemosobterpor indução (façacomoexercí
vio)umafórmulaparaocálculodatransformadadan-ésimaderivada
deumafunçãof(x), semprequef!")(x) foradmissível.
»
Seg(x)édadapor(5.8),entãoaplicando(5.15)comg(x)obtemos
elf(x))
=L(g'(x))
=s£(g(x))
—9(0)
=s£/ fr)dr)
» portanto
bs(/
1
»
]
f(T) ar) E Elio).
Se f(x) = x" e** então usando a linearidade de £ e (5.15)
obtemos
L(nx"-ekx + kxPe) = ne(x" ek) + kL(xTem) =
LC(x"KM)portanto
temosa seguinte
fórmuladerecorrência
Lx" 68%)= E Etr
e,
(5.17)
Aplicando(5.17)sucessivamente,e (5.2)temos
iss
Clxia
=
og
n!
E > k,
Colocaremosa seguiruma tabela(quedeveser verificadacomo
exercício)coma transformadade algumasfunçõesselecionadase alpumas fórmulas gerais. À tabela está dividida em duas partes, a
primeira com transformadas de algumas funçõesusuais, é a segunda
188 Transformada
deLaplace
Função
f(x)
k
x
Transformada
Llf(x)
E
gr
ex
e*Xsen
wx
e*X
cos
wx
KXsenhwx
Tur
mto
TER
o
in
s>k
8>k
8
s>Kk
e*Xcosh
wx
leão
45
[A cosh
wx+ AEBsenh
wx]
nas
82
*X[Acos
wx+AKtBsen
wx]
05
ncia N2l,8>k
TIM
sL(f)(s)—f(0')
emf(x)
A
nr
de
f(x)
|
o
= Jo elx
f(kx)
[St(m)dr
x"f(x)
fi)
s2L(f)(s)
—sf(0t)
—f'(01)
Fis —k)
EF(E)
iF(s)— 1 Jof(t)dr
(—1)"A (F(s))
[2 F(t)drselim, +A existe
Beção 5.2
Propriedades da Transformada de Laplace
Encerremos esta secçãocom exemplosde comousar a tabela e
vomaplicaçõesàs equaçõesdiferenciais.
Exemplo1.À tabela ou a expressão(5.14),comÀ = 0, B= 1,k = —2
e w = 3, fornece
í
]
1
sara)
ca
a (re)
1
a
é
Ê sen
3x)
Usandoa fórmulada segundaparteda tabela(comn = 1)
E
(as(F(s)) = —xLo'(F(s))
podemoscalcular, por exemplo
(o
3s +6
(s2+45+13)2/
= [+
3d
1
2ds
s2+4s+13
Voo
— -xe * sen 3x.
2
Exemplo
2. Como
S
k
(s—-k)2 (s-k)
temos,pelalinearidadeda inversa,que
4
S
Ted
s-k
1
]
'
]
, (557) =" (as) + dc!
portanto,atravésda tabelaobtemos
Eoi
)
= xe
+ em”,
(5.18)
Exemplo
3. Considereo problemadevalor inicial
v+ry=x, v(0)=1 e v(0)=-—2.
Aplicandoa transformadadeLaplace,obtemosumaequaçãoalgébrica
em Y(s) = L(y(x)),
,
sºY(s)-s+2+Y(s)
I
= 2
8
1!
190 Transformada
deLaplace
Cap.5
queforneceY(s):
]
Ya)
]
= 241
[2
+5-2]
O trabalho se resumeentão em inverter a transformadapara obtermos a soluçãoy(x). Nesse caso,podemosutilizar o métodode decomposiçãoem fraçõesparciais, e escrevera expressãocomosomade
fraçõesmais simples
Y(s)
]
” s2(s8241)PE
s—2
“2
]
S
3
sg41 s241
e inverterutilizandoasfórmulasda tabelay(x) = x + cosx—3senx,
Exemplo
4. Considereo problema
v” +4y' +5y=e"cosx,
v(0)=2,
v(0)=1.
(5.19)
Aplicando a transformadade Laplace, obtemos
2
S Y-—-2s—-1+4sY-8+5Y
S
+- &S
3
s+3
= (s+32+7'
e portanto
EIA
E
]
E
:
s+3
s + a EESC
9
.
(5.20)
.
Aqui, tambémusandoo métodode decomposiçãoem fraçõesparciais,
mascomum poucomaisdetrabalho,obtemosa decomposição
de(5.20)
na seguinteforma
Y
1
9s + 46
gd
s+
“5(s+2)24+1 5(s+3)241
e daí
UM] =“e
Pcs
+ 28senx) + ecos
x —2senxX).
À situação vista nos exemplosacima, nas quais precisamosinverter uma transformada, que está escrita como produto de duas expressõesé muito comum,e nem sempreé de fácil solução. Mesmo
Beção5.3
ProdutodeTransformadas
e Convolução 19
quandoestamostrabalhando com funçõesracionais, temos que “enfrentar”um trabalhoalgébricomaçante,a fim deobtermosa expressão
numamaneira convenientepara a inversão. À pergunta natural é se
existeuma maneira alternativa para a obtençãoda inversa nesses
vasos.Essa questãoé o pontocentral da próxima secção.
5.3.
Produtode Transformadase Convolução
Dadasduasfunçõesadmissíveisf(x) e g(x) queremosdeterminar
lx) tal que
L(h(x)) = L(f(x))Z(g(x)).
(5.21)
Temosentãoformalmenteque
Elndx))= /
- [[
onde
e*Uf(u)du [o
e““g(v) dv
e Stu+VIf(u)g(v)
dudv
Ê
2
R$=((u,v)eR?:u>0ev>0).
Fazendoa mudançadevariáveisx=u+v
transformadana região
e y=u,aregião
A=fixyeR?:x>y>o0)
queestáhachurada na figura 5.2.
AY
U=x
Figura5.2
R2 é
Conseqgientemente
a integral dupla acima é igual a
c(h(x))
=//. e*fy)glx—
y)dxdy
uma vez que o determinantedojacobianoda mudançade variáveis
é 1.
Escrevendoa integral dupla sobreÀ comointegral iterada temos
clh(x)
=/ es / lulgta
—uldy|
de
Logo
h(x) = [
fly)g(x —uy)dy.
(5.28)
Comonossasfunçõesestãodefinidassomentepara valorespositivos
de x, podemosestendê-lasiguais a zero para valores negativosdex,
e portanto (5.22)podeser escrita como
(x)-[
Fu)g(x
—y)dy.
Essa integral é conhecidacomoo produto de convoluçãodas funções
f(x) e g(x), queé escritoda seguintemaneira:
(f +g)(x)= [
f(u)gix—y) dy.
(5.28
Portanto,mostramosacimaque
Cit+g) =LiTiE o).
(5.24)
O produtode convoluçãodefinidopor (5.23)satisfaz as seguintespro
priedades:
1. Comutativa: fxg=gxf,ie.,
[tiwste-v)dy
=[ oly)ftey)as.
—00
2. Associativa: fr(gxh)=(f+g)+rh,e
3. Distributiva: felgth)=feg+tf+h.
Beção5.3
Produto de Transformadas e Convolução
Devemostambémchamara atenção,quena obtençãoda fórmula
(5.24),o pontomais delicadoé passar da integral dupla para integrais
iteradas,essa passagemé garantida pela convergênciaabsoluta da
transformadade Laplace.
Como exemplo, considere novamente (5.20),temos que
Y=
2s +9
z
]
s+3
(s+2)22+1 (s+2)2+1 (s+3)241
usandoa tabela obtemosque
Y(s)=L(e"?M2
cosx
+5senx))
+L(e**senx)L(e
portantoa transformadainversa
u(x) =e“(2cosx+5senx)
+ (e ** senx) x (e
+n soluçãodo problema(5.19),onde
(e2* senx) * (€ ** cosx)= /
X
0
=e
eU
[
senue “1XUcos(x —u)du
X
O
e“ senu cos(x—u)du.
Se quisermosescrevera respostay(x) emfunçõeselementares,
i»mosque calcular a integral, que pode ser feito por integraçãopor
partes,ou sevocêtiver acessoa um microcomputadorcomoprograma
Mathematica,basta digitar:
Integrate[(E"u)Sin[ulCos[x-u],(u,0,x)](Enter)
quevocêobteráimediatamenteo resultadoda integral, escritona
lyrma
2cos[x]—4sen/x])
10
E*(coslx|—3 senlx])
>
1.3.1Obtenção de uma solução particular de uma equação não
homogênea.
Um problema básico para a obtençãoda soluçãogeral de equações
[94
Transformada
deLaplace
Cap.5
lineares,é encontraruma soluçãoparticular da equaçãonão homogênea. No casodeequaçõeslinearescomcoeficientesconstantes
como objetivode determinaruma soluçãoparticular, podemostomar
condiçõesiniciaisnulas
u(O)=v(0) =---.=y"-!Y0) =0.
(5.26)
Segue-sedo Teoremade Existência e Unicidade, que para cada h(x)
contínua,existeumaúnicasoluçãoy(x) doproblema(5.25)-(5.26)
pertencentea C”. Usaremos,nesteponto,a notação€ para designaro
espaçodas funçõesreais contínuas definidas na reta, y:R > R. A
notaçãoC” designao subespaçode C formadopelasfunçõesquepossuemderivadasaté a ordemn, comy!"):.R — R contínua. Isto é, o
operadorlinear L: C” — €, dado por:
Ly) =yt + any
D+...+ay + aoy
(5.27)
possuiuma inversa G:€ —+
C" que associaa cadafunçãocontínua
h(x) a soluçãoy(x) de(5.25)(5.26):
Gn) =uy.
Aplicando transformadade Laplace em (5.25)com a condição(5.26),
obtemosa equação
ondep(s)=s”" + an
p(s)Z(y)= Z(h)
,s" |...
+ao, portanto
]
= — L(h).
io |
Ly)
Se g(x) é umafunçãotal que
Cale)
2. e)?
=
ou L E (5)
= 98
(5.28)
temosque,u(x) = g(x) +h(x),
ulx)
| olx— ee) de
O
(5.29)
Seção5.3
ProdutodeTransformadas
e Convolução 195
é a soluçãoparticular procurada. Mostramosassim que o operador
inversoG é dadopelaseguinteformaintegral
G(h) = fts
E)h(E)dé
(5.30)
comK(x, E) = g(x —E). A funçãoK(x, E) queaparecenessaintegral
é chamadaFunçãodeGreenparao problema
(5.25)-(5.26).
No casode equaçõesdeprimeira ordem,estudadasno Capítulo
2, a funçãode Green é dada por: K(x,£) = eMtx-E)veja a forma
integral(2.9).Nessecaso,a funçãog(x) = e**é a soluçãoda equação
homogênea,
y” = ky, comy(0) = 1. Aquitambém,usandoo método
da transformada de Laplace, vemos facilmenteque g(x), dada por
(5.28),é a soluçãode
gt)
com
nl.
any!"
Da
éé +
ay
+
CoU
—
Õ
u(0)
=v'(0)
=--.=yN-H0)
=0,e um"X0)=1.
5.4 Exercícios
1, Para cadauma das funçõesF(s) abaixo,determinef(x) tal que
f(x)=L"!(F(s))
LA
2.
3.
2
PAR
1
o
Ra
)2
s(s—1)
2. Utilizando a transformadade Laplace,determinea soluçãodos
seguintesproblemasdevalorinicial:
1.
2.
2%+ =3,
Xt+x=e"t
0) =0
x(0)=1
3. Considere uma função racional p(s)/q(s), onde q(s) é um polinômiocomraízes simples
q(s)= (s—si)(s—s2)...(s— sn),
196 Transformada
deLaplace
S1,82,...
Cap.À
,8n distintos.
a) Mostre que
S
POa
q(s)
com
=P
A
feno
quit
A
8 — 87
|
(5.31)
S— Sn
;=1,2...,n.
q'(si)
(Sugestão:Multiplique os dois lados de (5.31)por (s — si), e faça
=
Si)
b) Mostre que
ff]
e calcule
Es)
q(s)
sá
p(si)
es
4
q'(sr)
c 7)
e
s
d.
p(sn)
esnx
q'(sn)
3
4. Resolva os seguintesproblemasde valor inicial
1
uy"—5y' +6yu=e*, v(0)=1,
3
v' +y=x+1,
a.
4
yu
+3y=xsenax,
vu(0O)
=—1.
vlm)=r?,
v+2v+bfuli)di=x
5. Mostrar que
OO
0
sen
X
v(0)=1.
vím)=27.
v(0)=1.
X
dx=-.
q
z
(Sugestão:Mostre que a última fórmula da tabela de transformadas
podeser aplicadacoms = 0.)
6. À funçãodefinidapor
T(8) = [
Jo
e *x
dx
é chamadade funçãogama. Demonstra-seque a integral converge
quandos > O.
Beção
5.5
Aplicações 197
1)Mostrequepara k > —]
pe
o
tes
(s—-a)kri)/ T(k+1)'
esa
Sugestão:y = x é a soluçãoda equaçãode Euler de primeira ordem
“uy—ky = 0, comy(1) = 1. Tomandoa transformadade Laplace,
ibtemosa equaçãodeEuler sY' + (k+1)Y = 0,comY(1) = T(k+1),
etc.)
4)Mostreque
E
1
=e*Erf(vX])
(s—1)v's
inde
Erf(x)
=(2/Vx)
Jpe“ dt.
! Use a transformada de Laplace para mostrar que a soluçãodo
problemalinear de valor inicial
x=kx+q(t),
x(0)=xo
+dadapela fórmula de variaçãodas constantes
x(t) = e*txo + |
4.5.
t
0
eslt-sSga(s)ds.
Aplicações
4.5.1Funções Descontínuas
Frequentementena análise dofluxo de correnteem circuitoselétricos
vuemvibraçõesde sistemasmecânicos,encontramossituaçõesmodeIindaspor equaçõeslineares comcoeficientesconstantese comotermo
Inrçantef(x) descontínuo
v”+ay”+by=f(x).
E comum,por exemplo,funçõesdotipo
]
se A<Xx< 27
fix) =
(5.32)
Ô
caso contrário,
198 Transformada
deLaplace
Cap.+
mostrando que a influência do termo forçante ocorre somentenum
intervalo.
Quandotrabalhamoscomfunçõesapresentandodescontinuida
des do tipo salto, é conveniente, afim de facilitar os cálculos de trans
formadas,utilizarmosa funçãouc(x) definidaem (5.3).Com ela po
demos,por exemplo,escrevera funçãof(x), definida em (5.32),come
f(x)=unlx)—uzalx)
e portanto a sua transformadade Laplace se segueimediatamentede
(5.4)
e Ts
S
gT2rs
S
Para funçõesdescontínuasmais gerais, em geral obtidaspoi
translaçõesdas funçõesusuais, observamosque a translaçãopars
a direita de uma funçãof(x), de uma quantidadec, podeser obtids
fazendo
g(x)=ueclx)f(x
—c).
Portanto, através de uma mudança de variável, podemoscalcular sus
transformadade Laplace
L(uclx)f(x— c)) = eL(f(x))
Logo
Ee“
= e“F(s).
Fis))=naltia =e),
(5.98)
Para equaçõesdiferenciaiscomtermoforçantedescontínuos,comopot
exemplo
v" +4y=f(x), v(0)=0, v(0)=0
comf(x) dadaem (5.32),definimoscomosoluçãouma funçãoy(x|,
quesatisfaza equaçãonostrêsintervalosdistintos:(0,7), (71,27)
+
(211,00),
quesatisfaza condiçãoinicial dada,e queu(x) e u'(x) sho
contínuas nos pontos de salto x = 7 ex
= 27 (note que não pode
mospediry” contínua).Podemos,
emcadapontodedescontinuidade.
ajustar as duasconstantesarbitrárias da soluçãogeralpara obtermos
a continuidadedey(x) e y'(x). Mostraremosabaixoque o processo
de cálculodessasoluçãoé muito mais fácil usandotransformadade
Laplace.
Aplicações 199
lação5.5
Aplicandoa transformadadeLaplace aoproblemadevalor inicial
sima, obtemos
]
TÁ! =
qe
te).
“mo
pah
k
mos
|
us É
(53)
= 5 senAM
que
UR) = ; sen2x x f(x)
stoé
“!
“|
U(x)= / —sen(2x—2E)T(E)dê,= f(x) / —sen(2x—2€) dé.
o2
o2
“alculandoessaintegral,obtemosa soluçãodoproblema
]
u(x) = qtb
—cos2x).
+52 Funções impulso
“ma situação diferente surge quando queremos determinar a resmutade um sistema que recebeum golpe secono instante t = to.
Plemos aproximar essasituação,por exemplo,por sistemasdo tipo
y + ay+ by =f(t)
mude
f(t) égrandeduranteum pequenointervalodetempoquecontém
», digamosIto,to + €],e nula fora desseintervalo.
A integral de f(t),
Ito) - |
tot-e
tO
f(t) dt - [
Oo
—00
f(t) dt,
'n medidada intensidadedotermoforçante.Num sistemamecânico
9) é o impulso total da forçaf, ou voltagemtotal impostaaocircuito
mm
casode circuito elétrico.
Agorao conceitodeimpulsoinstantâneopodeser entendidocomo
mucleem que toda a força é aplicada num determinadoinstante.
Intesedepoisdaqueleinstantea forçaézero.Issosugerea introdução
200
Transformada
de Laplace
Cap. 5
deuma“funçãofictícia”,designadapor ó(t), para expressaressefato
no casode um impulso unitário no instante t = 0, “definida”por:
S(t)=0,t£0; S0)=+00
(5.34)
e
/
s(t)dt=
1.
(5.35)
As aspas são mais que justificadas, uma vez que um ente definido
por (5.34)pode até ser aceito comouma verdadeira função definida
na reta estendidaR U (+oo), mas em nenhuma teoria de integração
sensata poderíamoster (5.35)satisfeito. Entretanto, tal função foi
introduzidacomsucessopelosfísicos. A propriedaderetirada de(5.35)
e frequentemente
usadaé a deque
(5+f)(s) = (fx 0)(s)= f(s),
ou seja,
/.
meta
ó(s— tJf(t) dt =f(s)
(5.36)
parafunçõesf contínuas.Em particular,
/.
ó(t)fit)dt = f(0).
e
(5.37)
Dirac (Paul Dirac, Prêmio Nobel em 1933,por trabalhos em MecânicaQuântica) deu um sentidoprecisoa (5.36),introduzindo o que
hojechamamosdenúcleosdeDirac (ouregularizadores).Seja q:R >
R umafunçãodiferenciáveldesuportecompacto(istoé, q é nula fora
de um intervalo fechadolimitado), com q(x) = q(—x), p(x)>0 e
/.
00
Dix) dx = 1.
Seção 5.5
Aplicações
A
pá
— pu
Fi
e
se
se
EM
Figura
5.3—Gráficos
dasfunções
Pn(X)
À expressão“fictícia”(5.36)é entendidacomoa expressãoverdadeira
Jim /
Pnls —t)f(t) dt = f(s)
(5.38)
ondef é umafunçãocontínuae qn(x) := nyp(nx).
A seqiiênciapn(x) tema propriedade
que
lim pn(x) =0,
quando x£0
lim pn(x)=-+oo,
quando x=0.
Assim, o ó podeser visto formalmentecomoum limite da segiiência
(pn). Pode-seprovarrigorosamente
quedefato(aa Qui) dk = 1,
para todonn,e que (5.38)é verdadeiro. Cf., por exemplo,D.G. de Figueiredo,AnálisedeFouriereEquaçõesDiferenciaisParciais,Projeto
Euclides, pág. 74.
Completantoa informaçãosobreo assunto,lembramosqueapós
a Teoria das Distribuições, devida a Laurent Schwartz, o 6 de Dirac
foi entendidocomo uma distribuição, e completorigor foi colocado
nas questõesondeo ó era usado.Consequentemente,
o queera feito
sem rigor, mas dava bons resultados nas aplicações,foi finalmente
postonoscânonesda Matemática!Ref. L. Schwartz,Meth. de Math.
Physiques,Hermann, Paris.
201
202
Transformada
deLaplace
Cap.E
Definimosimpulsounitário num instanteto > Opor
dtolt) = d(t— to) = d(to —t).
A transformada
deLaplacede6+,(t)é definidacomo
OO
L(dto)(s)
— /
drolt)e
St
dt
— /
ó(to
si tie
AL
—00
Essa expressão,comodissemos,é entendidacomo
L(ô+,)(s)= lim /
—s
N=>00
|
o
Pnlto—t)e "dt = e*to,
Podemosagoraanalisar o comportamentode um sistemasujeito
a um impulsoinstantâneo.O problemacomcondiçõesiniciais nulas
Xx+2x+2x=26(t—7n),
x(0)=0,
x(0)=0,
representaum sistemasemexcitaçãoaté o instante t = 7, nesseins
tante o sistemarecebeum impulso de intensidade2. Queremosan&
lisar a influência desseimpulso na soluçãodo problema. Observeque
nãopodemosesperarqueexistasoluçãoclássicapara esseproblema,
isto é, uma soluçãox(t) possuindoderivadassegundascontínuas
Assim, comoestendemoso conceitode função para introduzirmos
funçãodelta de Dirac, precisaríamosestendertambémo conceitode
solução,para incluirmos problemasdessetipo. A generalizaçãodo
conceitode solução,emgeral,é feita emcursosmais avançados.Fh
remosaqui apenasuma análise informal.
Tomandoa transformadadeLaplaceno problemadevalor inicia!
acima, obtemos
]
X(s) =
E Ma
(8)
(s+1)2+41E
Em seguida,usandoa fórmula de inversão (5.33)e a tabela de trans
formadas,determinamosa soluçãox(t)
x(t) = Zu (t)e HT
P
sen(t —71)EE:
Ô,
2e t-Dsen(t— 7),
t <A
t>n1
O sistemaestáemrepousoaté t = 7, nesseinstanteo sistemarecebeu
um impulsode intensidade2. A influênciadesseimpulsoé mostrada
na Figura 5.4,ondeplotamoso gráficode x(t),
Seção5.5
Aplicações 203
Esse gráfico,para t variandono intervalo[0,47],foi geradopelo
programa“Mathematica”digitando:
“Plot[Ifl[t< Pi,0,2 Expl-(t-Pi)]Sin[(t-Pi)]],(t,0,4Pi))”.
5.5.3 Comportamento da Derivada
Suponhaquequeiramosestudaro comportamento
da derivadax(t),
dasoluçãodeum problemadevalor inicial
x''+ax'+ bx = f(t)
(5.39)
x(0)=xo, x'(0)=yo
4
0.6 |
0.5
|
|
04|
0.3
|
0.2
01|:
|
|
|
À
ÀN
24 6
N
12
Figura5-4
Obviamentepodemosresolvera equaçãoe depoisderivar a soluçãox(t). O quequeremosmostrar aqui, é queusandoa transformada
deLaplacepodemosobterx(t) semnecessidade
de computarx(t).
Paratal transformamoso problema(5.39)num sistema de equações
diferenciais.
Fazendox'= y obtemosde (5.39)
x'
y
y' = ay — bx+f(t)
0) =
{x(0)
= X0
(5.40)
ColocandoX — Lix)e Y = £(y) e aplicandoa transformada
de
Laplacenessas duas equações,obtemoso seguinte sistema linear nas
204
Transformada
de Laplace
incógnitas X e Y:
sX—
Y = Xo
bX+(a+s)Y=
Fís) +vo
ondeF = £(f). Portanto pela regra de Cramer obtemos
Y=
sF(s) + syo — bxo
s2+as+b
quepodeserinvertidaparadeterminarvy(t)= x(t).
Considere,por exemplo,o problemaestudadona sub-seccção
à
terior
x+2x+2x=26(t— 7)
x(0) = 0, x(0) = 0.
Esse sistema está em repouso até o instante t = 7, nesse instante
sistema sofreum impulso de intensidade2. Espera-se,portanto,q
a derivada, que representa a velocidade,seja igual a 2 no instal!
L=7.
Para esseexemplotemoso seguintesistemalinear
sX—Y =0
2X + (2.+8)Y = 3e
e portanto
v-
2s
eos
(s+1)2+1
Como
.
L(e(2cost
—2sent)) = EFTEET
temospelafórmulade inversão(5.33)que
«(t) = umtZe
TPcos(t = 7) — sen(t = 71),
Aplicações 205
2|
1.5
|
1
0.5
|
1
4
5
Figura
5-5:Gráfico
dex'(t).
6
6 SistemasAutônomos no Plano
Este capítulo pertenceà teoria qualitativa das equaçõesdiferenciais
Aqui, não se insiste na obtenção de expressões exatas para as soluções dos problemas. A ênfase é, antes em se obter propriedades
das soluções,retirando-as através de uma análise das equações,A
parte técnicaestá dividida em duas secções.A secção6.1 desenvolve
a matemáticaessencialpara o estudode problemasno plano de fase
comresultadosde caráterlocal. A secção6.2, estudao teoremade
Poincaré-Bendixon,
eentranadifícil linha deobtençãodeinformações
globais sobreo espaçode configuraçõesde sistemasnão lineares.O
texto expõeos conceitos,as idéias envolvidas,e as consequênciasde
resultados, sem incluir uma demonstração do teorema de Poincam
Bendixon.
Propomo-nosestudar nestecapítulo sistemasna forma
x' = f(x,y)
y'=
g(x,y)
(6.1)
quesãodenominadossistemasautônomos,pois f e g não dependem
explicitamentedavariável(tempo)t. As soluções(x(t), u(t)) sãocurvas parametrizadasno planodefases(x,y) denominadasórbitas.|
sentido geométricodo sistema (6.1)é o seguinte: (f(x,y), g(x, u),
um campovetorialno plano [suporemosque f, g:R⁴ —>R sãofunções
declasseC¹ definidasemtodoo plano]e as órbitas sãoas curvas integrais dessecampo,isto é, as curvas que em cadapontosão tangente
ao campo.
Seção
6.1
41,
Consequências
doTeorema
deExistência
e Unicidade 207
Consequências do Teorema de Existência e Unicidade
comovimos na secção3.2 devemosolhar os gráficos das soluções
x'(t)(x(t),y(t))em
->
R³ = {(x,y,t)}:ahipótesedef e gseremdeclasse
C¹garanteque,para qualquer(xo,Yo, to) existeumae somenteuma
solução
(x(t),u(t)) dosistema(6.1),tal que (x(to),ulto)) = (xo,yo),
vejaFigura 6.1(a). O sistema (6.1) sendo autônomo,segue-seimediatamente
que,caso(x(t),y(t)) seja uma soluçãode (6.1)e t1;seja
umnúmerofixado,então(x!(t),y1(t)) = (x(t —ty), ult —t1)) será
também
soluçãode (6.1).De fato,temos:
att)=xt —ti) =flxlt—
to),ult—tr)) =flxilt),volt)
“umaexpressãosemelhanteparay1(t). Isso mostraque,setransladarmos
uma soluçãode (6.1)paralelamenteaoeixot, obtemosainda
umasoluçãode(6.1),vejaFigura 6.1(b)
Mt
t
na
REd
tne
cms
Xo
a
dd
Vo
ep
CIORIO)
Yo
EA
Xo
»X
(x(t),U,(t)
e
P
OÚ
éx
(a)
(b)
Ay
yo *
|
P
ef
Xo
Plano de Fases
+
(c)
Figura 6.1
x
208
SistemasAutônomos
noPlano
Cap:
Issomostraqueumareparametrização
de (x(t),u(t)) conduzà mesma órbita(curva)no planodefases(x,u) vejaFigura 6.1(c).Podemos
portanto considerarcondiçõesiniciais (xo,Vo,to) com to = O. A seguir, provamosque órbitas não se interseccionamno plano de fases
Suponhaqueexistemduas órbitas(x1(t),ui(t)) e (xz(t),yz(t)) tais
que (x1(t),uilt)) = (x2(t),uz(t)):;peloqueacabamos
demostrar
vemosque
(xt),vlt) = (alt+t— D,uilt+t— 0)
A
é soluçãode (6.1),e como
(x(0),
v(t))=(x1(t),un(t))
= (x2(t),
vzlt))
me
mm
concluímosdo teoremade Existência e Unicidade (secção3.2)que
(x(t),uy(t))
es (xz(t), va(t)),
o que mostra
que (xz(t), yz(t))
é uma
reparametrização
de (x1(t),ui(t)). Observeque os resultadosda
secção3.2implicamna seguintealternativa:(1)asórbitas(x(t), y(t))
estãodefinidaspara todosos valoresreais de t, ou (ii) (x(t), y(l!
não está definidopara t maior ou igual a um certo w. , e nestecaso
(x(t),uy(t)) se torna ilimitado quandot > w,. [Observequemw
funçõesf(x,y), g(x,y) estãodefinidaspara todo(x,y) E R?]. Segue
se,pois, que casoa curva (x(t),y(t)) seja limitada entãoela estáde
finida para todo t. Observe,finalmente,que uma órbita não podese
auto-Interseccionartransversalmente,isto é, ela não podeter pontos
duplos do tipo:
(xo, yo)
Figura6.2
Para ver isso, suponhamosque hajam dois valores de t, to e ti
tais que (x(to), u(to)) = (x(ty),
u(t;))
= (xo,Vo); então,astangentes
à curvaem toet1 sãodadaspelocampo(f(x,y), g(x,u)) calculadono
mesmoponto (xo,Yo). Vê-se também, neste caso, que a órbita é uma
Seção6.2
Pontos de Equilíbrio ou Singularidades
curvafechada,pois as funçõesx(t) e y(t) sãoperiódicasde período
!| to; de fato, basta usar um argumento semelhante ao que utilizamospara provar que as órbitas não se interseccionam.Neste último
“uso,usamostambéma terminologiaórbita periódica. Resumindo: o
woremade Existência e Unicidade nos diz queo plano de fases (x, U)
»stácobertopor órbitas que não se interseccionam.
Nosso objetivo agora é estudar essa decomposiçãodo plano de
Wes,que denominaremosespaçode configurações(“phaseportrait”).
im geral, essa é uma tarefa difícil. Entretanto, desenvolveremos
Wenicaspara fazer um estudo local das órbitas nas vizinhanças de
“masingularidade[veja6.2 abaixo],e teremoso teoremade Poinmré-Bendixon
que nos dará informaçõesglobaissobreo espaçode
wnfigurações.
12. PontosdeEquilíbrio
ouSingularidades
!'mpapelmuitoimportanteno estudoda geometriadoplanodefase
*desempenhado
pelassoluçõesconstantes(x(t),u(t)) — (xo,Uo)de
6.1),as quais são precisamenteos zerosdo sistema
f(x,y) =0
(6.2)
g(x,y) =0.
'ssassoluçõessãochamadaspontosdeequilíbrio,nomenclaturains-
prada no seu significado físico, ou singularidades
(também pontos
singulares),nomenclaturaprovenientede seu sentidogeométrico.Os
pontosnão singulares são chamadosregulares.
Exemplo1. Considerea equaçãonãolinear de2º ordem
E— dx. —À,
EnzendoX = y, obtemoso sistema
loca
y =8xy
queé do tipo (6.1)comf(x,y) = y e g(x,y) = 8xuy.Nessecaso f
+q são de classeC!, temosexistênciae unicidadede soluçãoe um
porema análogo no Teorema 3.7 pode ser aplicado, isto é, as soluções
lesse sistema tendem para o bordode O = ((x,y,t) € Rº). Nosso
209
objetivoé estudaroplano defase. As soluçõesdeequilíbrio sãoobtida
fazendo
fo,uy)=y=0 e g(xy)=8xy=0
portantox(t) = ctee y(t) = Osãoas soluçõesde equilíbrio(todosm
pontosdo eixo-x).Para obtermosas outras soluções,vamossuporque
x =x(t) possaserinvertida,obtendot = t(x). Portanto,segue-se
di
sistema,que
dy uid
O
dx
e logoy(x) = 4x2+ c. O planodefaseé dotipo
N
ty
N
N Ma
x
e
--
a
/
/
/
|A
%
a
Soluções
deequilíbrio
ur
Em
N
x
z
N
x
,
/
>
/
E
X
|/
A
/
N
f
X
Na
a
A
Figura6.3
As órbitasque“moram”nas parábolascujosvérticesestãoabnt»
do eixo-x não tocam esse eixo. Portanto, são limitadas, isto é, exist
uma constantek tal que
lot,
ultI<k,
Vte(w., ws).
Usando a observaçãoque segueaoTeorema3.7,concluímosqueess
órbitassãoglobalmentedefinidas,isto é, (wW.,w,) =R.
Observação: Quando as soluçõesde um sistema autônomosão ph
balmentedefinidas,podemosdefinira função
q:R* x Rs
Rº
lação6.2
PontosdeEquilíbrio
ouSingularidades211
por
q(P,t)=(x(t),y(t))
ande(x(t),y(t)) é a soluçãode (6.1)tal que (x(0),u(0)) = P. Assodadoa q introduzimos a família de funçõesa um parâmetro
p:uRPSR?,
tER,
andepe(P) — q(P,t). Temos,pelosteoremasde existênciae unicidudee dependênciacontinua em relaçãoàs condiçõesiniciais, que
|)
pu R? — Rº2é contínua
HH) Po = id
DO
QPus=Progps.
Umafamília a um parâmetrosatisfazendoas 3 propriedadesacimaé
hamadadefluxoou sistemadinâmico.
À seguir vamosestenderos conceitosde estabilidade,introduzi-
dosnasecção2.3parasistemasautonômos
noplano.
ofinição 6.1. Um pontode equilíbrio(ousingularidade)(xo,Vo) é
wtávelse, dado E > O, existe ô > O, tal que para qualquer órbita
“s(t),uy(t))com
dist((x(0),
v(0)),(xo,Vo))<5,
tenhamos
dist((x(t),u(t)),
(xo,
Uo))<e,paratodo
tz0.
lisfinição6.2. Um pontode equilíbrio (ou singularidade)(xo,Uo)é
msintoticamente
estávelseelefor estávele seexistir um > Otal que
todaórbita (x(t), u(t)) com
dist((x(0),u(0)),(xo,Uo))<n
pntão
lim (x(t),u(t))= (xo;Vo).
t—>-oo
(*)
Essadefinição simplesmentediz que órbitas “começandoperto” de
9, Vo) permanecemperto,e de fato convergempara o pontodeequibrio.
212
SistemasAutônomosno Plano
o
|
Cap
'
/
8
- 'e '
»
[
|
|
N
E
|
va
F
N
A
ea
x
Cc
,
/
/
/
;
a
|
|
A
A
,
/
/ ET %
Figura6.4
As figuras B e C apresentampontos de equilíbrio assintoticamente
estáveis;já o exemploA mostraum pontode equilíbrio somenteestá
vel.
Na definiçãodesingularidadeassintoticamene
estável,grifamos
a palavra estávelpara enfatizar quea condição(*), uma característica
dessetipo de singularidade,não é suficientepara caracterizá-la. Ha
exemplosmostrandoessaeventualidade,cf. L. Cesari “Asymptoti
BehaviorandStabilityProblemsin OrdinaryDifferentialEquations”,
Springer-Verlag(1959).Uma singularidadequenãoé estável,chama
se instável.
Vamosagorasuporquea origem(0,0) é umasingularidadeiso
lada de (6.1), e fazer um estudo da geometria das órbitas em sua
vizinhança.O casodeumasingularidade(xo,Uo)£ (0,0) podeser
reduzidoao casode singularidadena origemmediantea mudançade
variáveis (x,y) > (x — xo,y —yo). Pela fórmula de Taylor, f e q
podemser escritascomo
f(x,y) = fx(0,0)x+fy(0,0)y+F(x,y)
g(x,y)= 9x(0,0)x+ gy(0,0)y+ G(x,y)
(6.4)
ondeFe G sãoo(|x| +|y );a notação“o”significao seguinte:h(s)
Hoção
6.2
PontosdeEquilíbrioou Singularidades 213
v(s) se h(s)/|s| — O quandos — O. As expressões
em (6.3)nos
sugeremque o comportamentodas órbitas nas vizinhanças da singu-
Inridade(0,0)deveserdeterminado
pelapartelineardocampo(f, 9).
omo veremosmais adiante isso é “quase”verdade. Portanto, comevemoscomo estudode um sistemalinear comcoeficientesconstantes:
Dra
(6.4)
y = cx+ dy
6.2.1 O sistema linear (6.4).
Suponhamosque a origemseja uma singularidadeisolada do sistema(6.4),ou,equivalentemente,
ad —bc O.Para facilitar nossas
explicações,
vamosintroduzir o vetorX e a matriz À:
a
a
o assim (6.4) se escreve como
X = AX.
(6.5)
O sistema (6.5) lembra a equaçãodiferencial x — ax, estudada
noCapítulo 2, cuja soluçãogeral foi
x(t) = ce**.
Ocorre,então,a idéia de tentar soluçõesde (6.4)ou (6.5)na forma
tt
=”
Mt
+ »OUequivalentemente,
X(t) = Ce”.
u(t) = cze
(6.6)
Substituindo-seem (6.4) [se o leitor preferir, ele poderá prosseguir
usandovetores e matrizes], obtemos que c4, C2e À devem satisfazer
nosistema
| (a—Ajcy
+bcz =0
ccrtH(d—Ajc
(6.7)
=0
Comoestamosinteressadosemsoluçõesnãotriviais (C1,C2)[i.e.,cy £
Oou cz É Oou ambos 0], segue-sequeo determinantedosistema
deve ser O:
a-—A
C
b
d= A
O &AM-(a+d)A+(ad—-
bc) =0.
(6.8)
214
SistemasAutônomosno Plano
Cap.6
Às raízes dessa equaçãodo 2º grau são os valorespróprios (ou
auto-valores)da matriz A. O polinômio(nocasoum trinômio)em(6.8)
é chamadoopolinômio característico.Assim, obtidosos auto-valores
deA, voltamos ao sistema (6.7),de ondeobteremoscy e cz e poderemos
entãoescreveras soluçõesde (6.4)na forma (6.6). Entretanto, como
nossointeresecentralé obterumadescriçãopictóricadasórbitasnas
vizinhançasdopontosingular(0,0),vamosreduziro estudode(6.4)
àquelede um sistema equivalente,mais simples. A Álgebra Linear
nos ensina que,atravésde uma mudançadevariáveis no plano (x, 1|
a matriz À podeser levadaa um dostiposabaixo,dependendodosinal
do discriminante
A=(a-d)*+4bc.
Isto éum casoparticular da Forma deJordan, veja opróximocapítulo,
A
= O
O
N
(6.9)
ondeÀ Z u sãoosdoisautovaloresdeÀ supostosreais.
A
E = O
O
4
,
s=[3
1].
onde À é o único autovalor (necessariamentereal) de A.
A
À comoem (6.9.
1
s=[5
8].
ja —b
onde« + 12 sãoos autovaloresdeA.
(6.9)
nã
O
es
á
O quese quer dizer comÀ ser levadaem B medianteuma mudançadevariáveisé o seguinte:existeumamatriz nãosingular (Q(a
matriz da mudançadevariáveis)tal queB = QAQ”!. Concluímos,
pois,quea curvaY(t) = QX(t) é tal que
Y=QX=QAX=QAQ !Y = BY,
econsequentemente,
bastaestudaro sistema(6.4)coma matriz de um
dosquatrotiposacima. Issoporque,apósobterasórbitasnessescasos,
PontosdeEquilíbrio
ouSingularidades215
Ração
6.2
pode-sevoltar às variáveis originais X = Q”!Y e o que aconteceno
planodefasesé apenasumadistorsãodasórbitas;distorsãosignifica
rotaçãoem torno da origem,reflexãoem torno de uma reta passando
pelaorigem,expansãoou compressãoao longode dois eixos.
Unso (6.9). O sistema (6.4) se torna
x =Ax
x(t) = cre!
y = uy
Ut) = GR,
Basta estudar as órbitas no 1º quadrante (nosdemais quadrantes,as órbitas são obtidas por simetria); portanto para c1,Ccz> O,
sbtemos:
Pass q
=> p=
g>Ã
Dai, sem se preocupar com a orientação, no momento,vemos que
4curvasoluçãotemo aspectoindicadonas figurasabaixo
a
b
O<gA<T
WA>]
/A <0
H/A=
Figura6.5
Observe que os casosextremoscy = O ou cz = O dão os semibixoscomoórbitas. Observeque,nos casosa e b, as órbitas, entram
na origemao longode uma direçãofixa: quandoO < u/ÀA< | as
216
Sistemas
Autônomos
noPlano
Cap.+
inclinaçõesdastangentesà órbita,Wy/x,
tendea +oo,e quando|/À
1essasinclinações,
W/X,tendema 0.
Consegue-sea orientaçãodas curvas pela análise das soluções
na forma paramétrica. Assim: (i) se A,u < O as curvasem a e!
tendempara a origemquandot > +oo, e aí dizemosque a origem(
um atrator,(ii) se À, u > Oas curvasem a e b se afastamda origem
quandot — +oo. Uma análise semelhantese faz quandoÀ e u tóm
sinais diferentes. Pondo todas essas observações,juntas, obtemosnm
configuraçõesA, Be C abaixo. Usa-se também a expresãonó pars
designarum pontonodal.
Caso (6.9). O sistema (6.4) se torna
x =Ax
ER
V=Ny
x(t) = cye?t
u(t)=cre!
ss
”
= CX
e assimas curvassoluçõessãosemi-retascomona figura d acima,
o espaçode configuraçõesé comona figura D, abaixo.
A
q 4 v +» »
B
|
FO.
e
A
y
4 4 A
|
a
”
ç
e
Y
á
[a
A<u<O
u<A<O0
Ponto Nodal (estável)
C
+
A
w
Ponto Nodal (estável)
»
A<O<u
Ponto de Sela
Figura 6.6
Beção
6.2
PontosdeEquilíbrio
ouSingularidades
Unso (6.97). O sistema (6.4) se torna
x=Ax+Uy
=
V=Ay
x(t) = (cj + cat)eMt
u(t)=cze!t,
Logo,os semi-eixosx > 0 ex < O são curvassoluções,correspondentesa cz = Oe comorientaçãodependendodo sinal de À. Basta
vonsideraro casocz > O, o outro se seguindopor simetria. SuponhamosqueÀ < O. Vemosquepara t grandee positivo,x(t) > 0,e
«(t) > Oquandot — +oo; além disso, a curva corta o eixo y quando
| =—c1/c2,e x(t) — —ooquandot — —oco.Nestecaso,todasas
orbitasentram na origem ao longo de uma direçãodeterminada;de
Into,y/X = Acz/(Acy+Acat+ca)— O.Assim,obtemosa configuração
em E abaixo
D
Y
4
-
E
Y
s
A
e
Y
=“
>
Fá
mai
To
V
a
A=u<O
Pontos nodais (estaveis)
Figura6.7
Cnso(6.9). O sistema (6.4)se torna
xXx
= «x — By
| y = Bx+ au.
Neste caso, é preferível usar coordenadas polares
x= Tal,
Daí
xe
fcon0 — rsenO 6,
UU=fsenD.
y =TsenO +rcos0
Ô
218
Sistemas
Autônomos
noPlano
Cap|
de ondese segue
t=xcos0 +ysenoO, 6=" !(ycos0—x sen
6).
As últimas equaçõesnosdão
t=ar
e daí
nt] ==Toc
0=B
O(t) = Bt+ 0,
que são as equaçõesparamétricasem coordenadaspolares da órbils
que,parat = 0,passapeloponto(To,00).Portanto,a órbitaé: (1)um
círculo,se « = 0, (11)
uma espirallogarítmicase «
0, e a origem
'
um atrator se « < O. Além disso,a espiral é dextrógirase B < 0:
sinistrógirase P > 0.
a<0,B>0
a«>0,B<o0
G3
1
=)
Centro
G4
|
|
EA
a
)
o
a<0,B<o0
dy
|
N
q
«>0,B>0
Pontos Espirais
Figura6.8
Atenção.Um retornoàsvariáveis(x,u) dosistema(6.4)implicaape
nas em uma distorsão das figuras acima. Nas figuras A, B, C, ms
órbitas entram na singularidade ao longo de duas direçõesortogonais
nas figurascorrespondentesao sistemaoriginal haveráduas direções
lação6.2
PontosdeEquilíbrioou Singularidades 219
nãonecessariamenteortogonaisaolongodasquaisasórbitasentrarão
wasingularidade.Na figura E continuaráa haveruma direção,não
necessariamente
um eixocoordenado,
aolongoda qual as órbitasenirmmna origem. Na figura F os círculos serãotransformadosem
slipses. Podemos,pois, resumir no quadro abaixo as várias possiWlidades
dependendo
dodiscriminante
A=(a-d)? +4bc
“dosvaloresrelativos de a, b,ce d:
Ã
ad —bc
>0
<0
>0
>=0
>0
>0
a+d
Tipo deSingularidade
sela
<0
nóestável
dd ed
nó instável
<0
==
centro
<0
<0
pontoespiralestável
<O0
>0
pontoespiralinstável
=
<0
nó estável
=
>0
nó instável
142 O sistemanão linear(6.1).
las hipótesesfeitas acima, as funçõesf e g podemser escritas na
vema
(6.3),comFe Gcontínuas
eo(|x|+|y|).Chamando
a = fx(0,0),
vo (4(0,0),c = 9x(0,0)e d = gy(0,0),o sistema(6.1)seescreve
uno
x = ax+ by + F(x,u)
y=cx+
dy + G(x,uy)
(6.9)
Pulemos,portanto,olhar o sistema(6.9)comouma perturbaçãonão
“neardo sistemalinear (6.4).A origem (0,0) é uma singularidadede
4), se supusermosad —bc £ 0, tratar-se-áde uma singularidade
ulada e, neste caso, dizemos que a origem é um ponto singular mim
Wes,caso ad — be — O, então, a natureza da singularidade depende
220
SistemasAutônomosno Plano
Cap 4
fortementeda parte não linear. Nas nossasconsideraçõessuporemm
sempreque a origem é um ponto singular simples. Como dissema
acima,é de se esperarque a parte linear do sistema(6.9),isto é, o ui
tema (6.4), descrevaa geometria das órbitas na vizinhança da origem
entretanto isso é aproximadamenteverdade. De fato, todosos fat
ou propriedadesdo sistema(6.4)que dependemde desigualdadesen
tre a, b, c e d permancerãoinalteradas, cf. quadro acima. Aquelw
que são caracterizadaspor igualdadespodemmudar. Mais precina
mente,temososresultadosabaixo,cujasdemonstrações
o leitor pod;
encontrar no livro de E. Coddingtone N. Levinson, “Theoryof Ordi
nary Differential Equations”,McGraw-Hill Book Company,New York
(1955).Veja tambéma secção7.3 do próximocapítulo.
(1)Se a origemfor um atrator para o sistema linear (6.4),ent
tambémo será para o sistemanão linear (6.9).
(11)Se a origemfor um pontoespiral para o sistemalinear (64
entãotambémo será para o sistemanão linear (6.9).
(11i)Se a origemfor um pontode sela para o sistemalinear (64:
entãotambémo será para o sistemanão linar (6.9).
(1v)Se a origemfor um pontonodal dostipos À, B para o sistem»
linear (6.4), entãotambém a origem é ainda um ponto nodal para+
sistemanão linear (6.9).
(v) Se a origemfor um centropara o sistemalinear (6.4),então,»
origempodeser um centroou um pontoespiral para o sistema(6,
(vi) Se a origem for um ponto nodal do tipo D, então a origem
podeser um nó ou um ponto espiral para o sistema(6.9).
Vamosilustrar (v) e (vi) comexemplos.
Exemplo 1. Considereo sistema:
X
X -
V=—
y
U
X
in(x2 +y2)1/2
U+ nba rua
o qual podeser escrito,em coordenadaspolares,como
O
]
nro
r
F,
(GIO
)
lação6.2
PontosdeEquilíbrioouSingularidades 221
Logor(t) = cet, ondec > Oé umaconstantearbitrária,e daí
]
d=-———
Enc—t
> 9(t)=k-In(t-
Enc)
sudek = O(to)+ En(to—&n.c). Issomostraquea origemé umponto
»piral para (6.10),cuja parte linear tem a origemcomoum ponto
modal,
Esemplo2. Considereo sistema
Xx=-y-—xyx2+y?,
Úu=x—-uyvx?+y”,
(6.11)
“qualpodeser escrito,emcoordenadas
polares,como
6=1,
logo O(t) = t+ 00 er(t)
t=—".
(t a 1)
ee
são as equaçõespolares
maramétricas
da soluçãodo sistemaque,no instantet = O,passapelo
vento(ro,do). Essa curvaéumaespiral,e assima origemé umponto
»piral para o sistema (6.11). Observeque a origem,para o sistema
inearcorespondente
a (6.11),é um centro.
Esemplo3. Considereo sistema
XxX
= —Y+
Ú — x+y(x?
x(x? o a uy?) sen
+12)
ZFyZji?
sen TRERyITTT:
(6.12)
“qualpodeser escrito,emcoordenadaspolares,como
Dl,
r=rÍsen-.
T
r
v>-ne,
então,que os círculos r = 1/mn,n= 1,2,..., são órbitas fechadas,Temostambém
t > 0, quandor >1
1
]
t <O, quando— <r<
o e odiei
i
2m
2m—l
]
]
t >O, quando
ETC
alto 1,2, cai
im +|
2m'
222
SistemasAutônomos
noPlano
Cop
As órbitas nas regiõesanulares, 1/(n + 1) <r < 1/n, nãosb
fechadas,esim espirais,pois O(t) er(t) sãoestritamentemonotônies
Alémdisso,elasdevemseaproximardecírculos1/n quandot +»
tu
umajustificativa dessaasserçãoserá feita na secção6.3. Nestecns
a origemé um centropara ambosos sistemas,o linear e o não lines
n Par
6.3.
n Impar
O Teorema de Poincaré-Bendixon
Na secão6.2, estudamoso espaçode configurações,ou seja a geon
tria das órbitasdo sistema(6.1)nas vizinhançasde uma singular
dade. Os resultados lá obtidos foram tipicamente locais, apesard
servirem, em vários dos problemaspara se ter uma descriçãolol»
dasórbitasno planode fases.Entretanto,em muitosproblemasds
aplicações,o meroconhecimentodas singularidadesnão chegapur
descrevero espaçodas configurações,e consequentemente
não é sul
ciente para responder perguntas importantes sobre o comportamen!
globaldasórbitas.Em algumasaplicaçõesà mecânicaeà eletricidad:
um papel importante é desempenhadopelas soluçõesperiódicasd
(6.1),que correspondemno plano de fases a órbitas fechadas. Nom»
objetivocentralnesta secçãoé estabelecercritériosque nos perm'
tam assegurarque tais órbitas existem. Dado o objetivointrodutor
do presentetrabalho, vamos apenas arranhar a superfície de um
teoria rica e profundacriada por Henri Poincaré, e que ainda hoje
objetode muita pesquisa.Se conseguirmosdar aoleitor uma idéiadu
problemasprimeirosdessateoriae desua relevâncianas aplicações
Beção6.3
O Teoremade Poincaré-Bendixon
acreditamoster atingido nossoobjetivo.
Esemplo1. (Um sistemamecânico,cf. J.J. Stoker,Nonlinear Vibratons in MechanicalandElectricalSystems,IntersciencePublishers.)
Fonsidereum sistema mecânicoconstituído por um bloco de massa
m ligadoa uma mola e repousandosobreum correia ásperaque gira
sumvelocidadevo.
Figura6.10
Suponhamosque inicialmente (mola não distendida ou comprimida)o bloco se acha na posiçãoE = O. A força de atrito arrasta o
blocopara a direita até uma posição máxima e aí o bloco regressa,
rumeçandoum movimentooscilatório. O movimentodo blocose deve
4umdesequilíbrioentrea forçadeatrito e a força—kédamola;nosso
abjetivoé estudar essefenômenoà luz da mecânicanewtoniana. A
lurçadeatrito é umafunçãodavelocidadedoblocorelativaà correia:
p(E—vo).Afunção —p(v) emalgunscasostemumaformaalgébrica
bemdefinida;entretantomuito se podedizer sobreo problemase conhecermosapenas a sua forma gráfica,juntamente com certas propriecdades.
Isso mostraa forçadosmétodosquevamosdescrever.No
momento,
vamossuporqueo gráficode b(v) sejao seguinte:
*0
+
Figura 6.11
2253
224
Sistemas
Autônomos
noPlano
Cap.
À interpretaçãodográficoé a seguinte:quandoo blocoestápa»
rado relativamente à correia, a força de atrito aumenta (i.e. a res
sistênciado blocoa se moverpela açãode uma força externa)até
atingir um valor máximo,e a partir daí decresce,voltando depoisa
crescerquandov aumenta. Pela 2€ lei de Newton, temos
mé = —d(É—vo)—kE.
(6.13)
Mudamosda variávelé para a variávelx:
x=€E+
]
7 Pl-vo),
(6.14)
o que quer dizer que passamosa contar os deslocamentosa partir da
posiçãoondeo blocoestáem equilíbriosoba açãoda forçade atrito
e da forçada mola: —p(—vo)—k£ = O. Fazendoa substituiçãoem
(6.13) obtemos
mx+ &b(x—vo)—P(—vo)+ kx =0,
Fazendoa substituição
F(x)=lx —vo)—Pl—vo),
obtemos:
mx+F(x)+kx=0,
(6.15)
ondea funçãoF temográficoseguinte,casovonãosejamuitogrande.
AF(X)
|
|
RS
|
|
h
ii
X
Figura6.12
As soluçõesoscilatóriasde problemasdessetipo são chamadas
auto-excitadas.A nomenclaturaauto-excitadase explicapelo fato de
que a soluçãoperiódicaé criada pelo próprio sistema, sem a açãode
forçasexternas.Observequea existênciade soluçõesperiódicaspara
Beção6.3
O Teorema de Poincaré-Bendixon
equação(6.15)é um fenômenotipicamentenão linear; nos sistemas
mecânicoslineares, a presençade força de atrito implica necessariamenteem amortecimento.E mais, neste caso,só aparecemsoluções
periódicassehouverforçasexternasperiódicas,e aí as oscilaçõesnão
seriamauto-excitadas. Um modelomecânicodo tipo descrito acima
[vi usadopor Rayleigh para explicar as oscilaçõesdas cordasdo violinoquandoarrastadaspeloarco;entretanto,esseéum problemabem
maiscomplexo,poisdeveenvolverderivadasparciais,umavezquese
tratadeum problemadecordavibrante.
Exemplo2. (Triodo). Para não entrar nos detalhesda deduçãoda
equação
quedevesersatisfeitapelacorrentenumtrechodocircuito[o
leitorinteressadopodevê-lanolivro deStoker],vamosconsiderarum
modelorepresentadopor um sistemaRLC, ondea quedadevoltagem,
Vcp, no resistorsatisfaza umarelaçãodotipo:
]
Vco=k(38-1),
k>0
Figura6.13
por
Como a variação do potencial (voltagem)no indutor, Va
p,é dada
Meses
dl
onde I é a corrente por unidade de tempo, e no capacitor, VBc, por
Q
Vec= "6
ondeQ é a cargae Le C sãoconstantes(respect.indutânciae capacitância), temos, pela 2º lei de Kirchhoff (a soma algébrica das
225
226
SistemasAutônomosno Plano
Cap.à
diferençasde potencialem uma malha é zero),que
I
e daí, por derivaçãocomrelaçãoa t, obtemos
.
x. 0
Li+RT-Di+cI=o.
(6.16)
À equação(6.16)é conhecidacomoa eguaçãode van der Pol, que fwi
quema derivoupelaprimeira vezepara elaobtevea existênciadeuma
soluçãoperiódica. Comono Exemplo 1 observeque uma linearização
de (6.16),substituindo-apor
Li+kI+ GI=0
(6.17)
nãoéumaaproximação
admissíveldofenômenoreal,umavezqueeste
apresentaoscilaçõesauto-excitadas,e as soluçõesde (6.17)crescem
exponencialmente.Portanto,nãohá queresistir: a equação(6.16)com
todasuanãolinearidadedeveser atacada.Um argumentoheurístico
paraexplicarporque(6.16)temsoluçãoperiódicaéoseguinte:quando
[ > 1,o coeficientede Í setorna positivo e aí a correnteé amortecida,
e quando1 < 1, a correnteé amplificada.
ResumodosExemplos1e2. O tipodeequaçãoobtidanessesexemplos
é o seguinte
u+tf(uji+ku
=o0.
Nós nospropomosa estudarequaçõesdeum tipo mais geral
u+f(lwuju+g(u)
=0,
(6.18)
queé conhecidacomoa equaçãodeLiénard. Esta equaçãoé equivalente noseguintesistemano plano de fases,x = u, y = U:
* =)
y=—f(x)y —g(x).
(6.19)
Nossoproblemaé estudar a questãoda existênciade órbitas fe
chadas (Le, moluçõesperiódicas)de (6.19),ou, mais geralmente,do
Beção6.3
O Teorema
dePoincaré-Bendixon 227
sistema(6.1).A respostaa essaquestãoé dadapeloteoremadePoincaré-Bendixon,enunciadoabaixo.Antes, vamosintroduzir os conceitosdeconjuntoslimites. Suponhaquea solução
p(t,P) = (x(t),v(t))
de(6.1),comcondiçãoinicial P = (x(0),u(0)), estejadefinidapara
todot ER. O conjunto
v=y(P)=t(x(t),ult)):te
R)
é chamadode órbita do sistema (6.1)através do ponto P E R?. Definimosa semi-órbitapositivacomo
vi =y"(P) =((dt),v(t)):t>0),
vc,analogamentea semi-órbitanegativa.
Definição6.3. O conjunto
w(P) = w(y) =
((x,y)ER?:Itn > +oota.(x,y)= lim(x(tn),y(tn)))
nNn—00
é chamadode conjunto w-limite da órbita que passapor P. Analogamentedefine-seo conjunto «-limite comosendo
o(P) = a(y) =
((x,y)ER?:3ty> —oo
ta. (x,y)= lim(x(tn),
U(tn))).
Nn—00
Exemplo 3. Nos sistemas lineares da secção 6.2.1, um ponto de e-
quilíbrio assintoticamenteestávelé o conjuntow-limite de qualquer
órbita.
Exemplo 4. No sistema do Exemplo 3 da secção6.2.2,temos que os
círculos 7 = |n comn par são conjuntosw-limite, e para n ímpar são
limite.
ixemplo 5. O conjunto w-limite não é necessariamente conexo. Na
figura6.14temosquew(P) = y(Py) Uv(Pa).
228
SistemasAutônomosno Plano
Cap.6
p;º
“P,
Figura6.14
Exemplo 6. Considereum sistema com3 pontosde equilíbrio, sendo
2 pontosespirais instáveis e 1 ponto de sela, comona figura 6.15.
P
da
Y
/ x
4
| (+)
s
es
“
v
AN
(C)
—-
Figura6.15
Nestecasotemosqueo conjuntoemformadeoito,formadopelas
duas órbitase o pontode sela, é o conjunto«ww-limite
de todoponto
P que está fora de o0. O laço direito de co é o w-limite de todo
ponto P que está dentro desselaço, excetoo ponto espiral lá contido,
Analogamenteo laçoesquerdo.
As letras gregas« e w, respectivamenteprimeira e última letra
do alfabetogrego,sugeremo sentido—oco
e +oo dosconjuntoslimites. As principais propriedadesdessesconjuntosestãoresumidasno
teoremaseguinte,cuja demonstraçãopodeser encontradano livro de
Hirsch-Smalo ou Hale citadosno final destasecção.
Teorema6,1. Se a semi-órbitapositivay'!(P) é limitada, entãoo
conjunto w-limite de P satisfaz:
Seção6.3
O Teoremade Poincaré--Bendixon
D» w(P)£ZO
HW)(P)
é compacto
di) (P)
é conexo
iv) w(P) é invariante,istoé,seP E w(P) entãoa soluçãoq(t,P) E
w(P) para todot.
v)
w(P)
(P)atrai a soluçãop(t, P), istoé,
lim dist. (p(t,P), v(P)) = 0.
t—-tHoo
Podemosenunciar uma versãoanálogapara o conjunto «-limite.
Uma consequênciaimportantedo Teorema6.1 é que se
lim (x(t),y(t))=P,
t—-too0
entãoP é pontodeequilíbrio. De fato,w(P) = (P) é invariante,o que
implicaq(t,P) = P Vt. PortantoP é pontodeequilíbrio.
Teorema6.2(Poincaré-Bendixon). Suponha quea semi-órbitay* (P)
élimitada e que w(P) não contémuma singularidade (pontode equi-
líbrio).Então w(P) é umaórbitafechada.
Vale um resultadoanálogopara a(P).
Definição6.4. Um ciclo limite é uma órbita fechada(periódica)y
contidaem w(P) (ouem «(P)) ondeP É y.
Exemplo7. No sistemadoExemplo3 da secção6.2.2oscírculosr = l
comn par sãociclosw-limites,e comn ímpar sãociclos«-limites.
6.3.1. Conseqiências do teoremade Poincaré-Bendixon.
SejaO umaregião(i.e.,abertoconexo)deR?, suponhaquequalquer
solução que
encontra
(x(to),u(to)) E 0
df)
permanece em
O,
isto
é,
se
paraalgumto, então(x(t),u(t)) E O, Vt > to.
Se O não contiversingularidades,entãoela contémnecessariamente
uma órbita fechada.
A determinaçãode uma regiãoO coma propriedadedescrita
acima não é tarefa fácil. Vejamosum exemplofácil, construidopara
ilustrar a idéia.
229
230
SistemasAutónomos
noPlano
Cap.é
Exemplo 8. Considerea equação
u+(2ue+ul-2u+u=0
(6.20)
que é equivalenteao sistema
Xx=y
vu=-2xX+y-2y-x.
(6.921)
De (6.21) obtemos
d
ag0 +U?)=xx+uy=(22 +y?—D)y.
AgoraconsidereO = f(x,y) ER? :1<x)+y?<
3), cujafronteira
20 é constituída de dois círculos. No círculo x? + y? = 1 temos
d
aq0 +ul)=—(xº
—Dyê>0.
(6.22)
d
a 0
(6.24)
e no círculox? + y? = 3, temos
ty?)
= =[x"+ 1y*<0,
Finalmente, (6.22)e(6.23)implicamqueascondiçõesda consequência
do teoremade Poincaré-Bendixonestãosatisfeitas. Logo existeuma
órbita fechada em O.
Enunciamos a seguir um resultado que garante a existênciade
soluçãoperiódicapara a equaçãode Liénard (6.18).
Teorema6.3(Levinson-Smith).
Suponhaquef épar,gímpar,e g(u) »
Oparau > 0. Sejam
Suponhaque1) G(u) — o0 quandou > oco,(ii) a funçãoF tem
umzeroemu=uo, F(u) <Opara0O<u< uso,F(u) é monotônica
crescente
para u > uoe F(u) — c0 quandou — oco.Então a equação
(6.18)temuma única soluçãoperiódica, queno plano defasesé uma
órbitafechadacontendoa origem.Alémdissoessaórbitaéo conjunto
w-limitedequalqueroutraórbita y + (0).
Seção6.3
O Teoremade Poincaré-Bendixon
[A demonstraçãodesseteoremae doTeoremadePoincaré-Bendixon estão nos livros mencionadosnas referências ao final desta secção].Vamosutilizá-lo em alguns exemplos.
Exemplo6. Para a equaçãodevan der Pol
u+ru(u-NDu+u=o0
temos
3
Ft) =u(G—u)
> uo =V3.
Critério negativode Bendixon. Seja O uma regiãosimplesmente
conexadoplano R?. Suponhaquediv(f, g) = fy+ Jy ésemprepositivo
ou semprenegativoem O. Então, o sistema (6.1) não tem solução
periódicacontidaemO. A demonstração
é fácil e utiliza oteoremade
Green:
ffte.
R
+ ty) dxdy = /
C
fdy — gdx
(6.24)
ondeR designaa regiãolimitada por umacurvafechadasimplesC.
Suponhaque exista uma soluçãoperiódicap(t) = (x(t),y(t)) de
períodoT; designandopor C a curva correspondentea q temos,pela
definiçãoda integraldelinha:
z
/
fdy —gdx = / (fy —gx) dt = 0.
Cc
0
(6.25)
A hipótesede div(f,g) ter um sinal definidoem O implica numa
contradiçãoentre (6.25)e
fis
+gy)dxdy
£ 0.
Para ilustrar o grau de sofisticaçãodas técnicas invocadasno
estudoglobal do sistema(6.1)vamos enunciarum resultadosobre
existênciade singularidades, o qual será demonstradousando o famosoteoremado pontofixo de Brouwer. “SejaK um subconjuntode
R" homeomorfoà bola unitária fechadade IR"; então toda função
contínua FE:
K
—s
K tem (pelo menos)um ponto fixo xy € K, i.e,,
fixo) = xo”.Essoteoremaé um resultadoprofundo,quepossuevárias
demonstrações,nenhuma trivial!
232
SistemasAutônomosno Plano
Cap.6
Teorema 6.4. Seja K um subconjuntode R? homeomorfoao disco
unitário fechado.Suponha que K tema seguintepropriedade:seuma
órbitaYyencontrarK num instanteto entãoelapermaneceemK para
t>to. Então K contémpelo menosumpontodeequilíbriodo sistema
(6.1).
Demonstração:À demonstraçãoutiliza a transformaçãode Poincaré:
fixadoT > 0, para cadaP € K defina
P(P)=q(T,P)
temosque é contínua(vejaTeorema3.11),d(K) C K, pelahipótese
doteorema,e peloteoremadeBrouwersegue-sequeexisteX E K tal
que P(X) = X. O queacabamosde fazervale para qualquerT > 0,
Logo,tomandouma sucessão1, > Ocom[, — 0,temosuma sucessão
Xn tal que
Ma =10]Rasa!
(6.26)
e portantouma sucessãodesoluçõesperiódicasdeperíodos1.
Como a sucessão(X,) está contidano conjunto K, o qual é limitadoefechado(poiséhomeomortfo
aodiscounitáriofechado),segue-se
queela contémuma subsucessãoconvergente.Mudandoa notação,
podemossuporqueXn — Xo.
Agora, dadost en, existeum inteiro kn(t) tal que
knlt)I<t< kntt)+Um e q(kndt
Xn)=Xn
(6.27)
ondea última igualdadese seguedo fato de que a órbita q(t,Xn]) é
periódicadeperíodo1.
Estamosagora preparadospara provar que p(t,Xo) = Xo, para
“00 < t < oo, ou seja Xo é um ponto singular de (6.1). De fato,
temos
IP(t,Xo)—Xol<[g(t,
Xo)— lt, Xn)]+|g(t,Xn)—Xn]+|Xn—Xol,
de ondese segue,usando(6.27)
Ip(t,Xo) — Xo|<|g(t,Xo)— p(t, Xn)|+
+lt
= kn(t)Ta,Xn)—Xn)+ |[Xn
—Xo|
e passandoao limite quandonº +00,segue-seo resultado.
Seção6.4
Usando o SoftwareMathematica
Corolário. Se (6.1)tiver uma órbita fechadaY, entãoexisteuma singularidade na regiãolimitada por Y.
ste corolário,juntamente como teoremade Poincaré-Bendixon,implicaquese uma regiãolimitada O de Rº contiveruma semi-órbita,
então€Q)
contémnecessariamente
um pontosingularde(6.1).
Ao leitor interessadoem obter mais informações,sugerimosas
seguintesreferências:
N. Minorsky, “Nonlinear Oscillations”, D. Van Nostrand Co., Inc.
(1962).
J. Hale, “Ordinary Differential Equations”,Wiley-Interscience(1969).
M. Hirsch and S. Smale,“Differential Equations,Dynamical Systems,
and Linear Algebra”, Academic Press, (1974).
J. Sotomayor,“Liçõesde EquaçõesDiferenciaisOrdinárias”,Projeto
Euclides, 1979.
6.4.
Usando o Software Mathematica
O objetivodestasecçãonãoé ofereceraoleitorum tutorial deutilizaçãodo softwareMathematica,mas mostrar,atravésde alguns exemplos, a facilidade de uso do programa e chamar a sua atençãopara
a utilidade de se ter em mãosum “colaborador”, capazde trabalhar
numericamente,simbolicamentee graficamentee ainda comprecisão
e rapidez.
Vamos dar exemplosde utilização dos comandosDSolve e NDSolveutilizados para resolverequaçõesdiferenciais.A seguiranalisaremosa respostadadapeloprograma,e tambémvamosrepresentá-la
graficamenteatravésdoscomandosPlot e ParametricPlot.
O ComandoDSolve resolveequaçõessimbolicamentee NDSolve
resolve numericamente. Por exemplo,para resolver x = ax, com
x(0) = b, colocamos
DSolvelw'[t|==a”x[t], x[t],t]
e obtemosa respostana forma
([xlt]
ES CHIN,
234
SistemasAutônomosno Plano
Cap.6
Esse comandoDSolvepossui 3 argumentosseparadospor vírgulas. O
primeiro é a equação,ou as equações,já quepodemosincluir nesseam
gumentoum sistemade equaçõesdiferenciais,inclusiveas condições
iniciais, veja os exemplosa seguir.O segundoargumentoé a função
incógnitaou asfunçõesincógnitano casodesistemas,e finalmente,d
terceiro argumentoé variável independente.
Exemplos:
1. DSolvel(x'[t]==a
x[t],x[0]==b!,
x[t],t]
((x[t]
—>
6ES)
2. DSolvelx”[t] +x[t] ==0, x[t], t]
Hx[t] —>C[2]Coslt]—C[1Sinlt]))
3. DSolvel(x”[t]+Sin[t] ==0,x[0]==0,x'[0]==1),
x[t],t]
((x[t]—>Sin[t])
4. DSolvel
(elt] ==yít),
y'[t] ==- Sin[t],
x[0] ==0,
y[0]
==
1),[x[t],
y[t]),
t])
((x[t]—>Sinlt],v[t]—>Coslt]))
O programa trabalha com listas que são elementos entre chaves. No Exemplo 4 acima o primeiro argumento é uma lista com 4
elementos. As respostas também são dadas em forma de listas. O comando usado para se obter um determinado elemento de uma lista
é o colchete duplo. Por exemplo o comando
(10,15,20,25)[[2]]
produz o segundo elemento da lista, no caso o 15. Um outro comando
que usaremos na análise dos nossos exemplos é o %. Coloca-se s =
% para designar por s o resultado imediatamente anterior. Vamos
Beção6.4
DSolvel
Dett] ==yTtJ,
vt] ==-Sinlt],
[0] == 0,
y[0]==
1),[x[t],y[t]),t]
[xt] —>
Sinlt], ut] —>Coslt]H
am%
(xlt]—>
Sinlt],ylt]—>Cost]
sl[1]]
(xlt]—>Sinlt], ult] —>Coslt])
s[[17][[1]]
xt] —>Sinkt
u=s[[1]][[1]][[2]]
Sin[t]
v =s[[1]][[2]][[2]]
Coslt]
Plot[u,(t, 0,2Pi|]
Usando o Software Mathematica
23!
236
SistemasAutônomosno Plano
Cap.6
Plotlv, (t, 0, 2Pi!]
0.5
0.5
Figura6.17
ParametricPlotl(u,v),(t, 0,2Pi!]
Figura6.18
Vamos agora analisar uma equação não-linear. Considere, por
exemplo, a equação de van der Pol
x+ulx— Dx+x=0
com |t = 0.5. Vimos pelo Teorema 6.3 e Exemplo 6 que essa equação
possui uma solução periódica e que sua órbita é o conjunto Ww-limite
de qualquer outra órbita. Vamos utilizar o Mathematica para determinarmos aproximadamente essa órbita fechada e seu período.
Usaremos o comando NDSolve para resolvê-la numericamente, esse
comando possui os mesmos argumentos que o DSolve com algumas
restrições, Temos que especificar no primeiro argumento condições
iniciais que determinam a solução de maneira única e no terceiro ar
gumento devemosespecificar o intervalo da variável independente.
Seção 6.4
Usando o Software Mathematica
X=U
y=-x—0.5(xº
x(0)=xo
—Dy
v(O)=0
NDSolvel!
w[t] ==ylt],
y'[t]==
-x[t]- 0.5((x[tD
2 -Dylt],
x[0]==3,
y10]==0
)
(x,Y) (t, 0, 10]]
(|x—>InterpolatingFunction/0.,
10.,<>],
y —>InterpolatingFunction[0.,
10.,<>!)
h=%
[x —>InterpolatingFunction|0.,10.,<> 1],
y —>InterpolatingFunction]0.,
10.,<>)
ul =h[[1]][[1]][1[2]]
InterpolatingFunction|[0,,10.), <>]
vl =h[[1]][[2]][12]]
InterpolatingFunction|[0,,10,),<>]
ParametricPlot[lu
tt],
vit),
/4,0,10]]
23
238
Sistemas
Autônomos
noPlano
Cap.6
Figura6.19
NDSolvel(
x'[t]==ylt],
yº'[t]
==
-x[t]-0.5((x[tD”
2 -Dyrt],
x[0]==1,
y[0]==
bo
(x,y),(t, 0,10H
((x —>InterpolatingFunctionl(0.,
10.),<>],
y —>InterpolatingFunction|(0.,
10.),<>]
k=%
[x —>InterpolatingFunction|/(0., 10.),<>],
y —>InterpolatingFunctionl(0.,
10.:,<>]
k[[1])[1] [027]
InterpolatingFunction/(0.,10.),<>!
uZ=%
InterpolatingFunction[(0.,
10.) <>]
k[
22]
InterpolatingFunction/(0.,10.),<>]
v2=%
Seção6.4
Usandoo SoftwareMathematica 23
InterpolatingFunction/(0.,10.:,<>]
ParametricPlotu2[t], v2[t]!,(t, 0, 10H
Figura6.20
Podemos representar graficamente as duas soluções simultâneamente no plano de fase
ParametricPlot[[(ul[t],v1[t]),(u2[t],v2[t])),
(t,0,10)]
Vemos que a solução periódica possui condição inicial xo próximo]
de 2. Vamosresolver para Xy = 2.
NDSolvel(
wIt]==yltJ,
vt] ==
«x[t]
-0.5(Gx[t]"
2 «Dyftl,
x[0]==2,
240 Sistemas
Autônomos
noPlano
Capé
y[0]==
b
(x, y), ft, 0, 10]]
[x —>InterpolatingFunctionl(0.,
10.),<>],
y —>InterpolatingFunction|(0.,
10.),<>])
1=%
([x —>InterpolatingFunctionl(0.,10.),<>],
y —>InterpolatingFunctionl(0.,
10.),<>]H
u3=1[1]][[1]][127]
InterpolatingFunctionl(0.,10.),<>]
v3 =I[[1]][[2]][12]]
InterpolatingFunction|(0.,10.),<>]
ParametricPlotal(u3[t],v3[t]),(t, 0, 10]]
Vamos analisar numericamente essegráfico nas vizinhanças do
ponto (2,0), Plotamoso gráficodevs(t)
Plot[v3[t], (4,0, 10]]
Beção6.4
Usandoo SoftwareMathematica 241
Figura6.23
O gráfico de vs3(t)corta o eixo t para t próximo de 6. Vamos
ampliar essaregião considerando o gráfico somentepara 6.2<t<6.4
Plot[v83[t],
(t,6.2,6.4]]
0.4
0.3
0.2
|
0.1
|
6.95
6.3
6.35
SG4
Figura6.24
A seguirvamoscalcular a raiz dev3(t) commaior precisão,e o
pontoem que a solução (us(t), v3(t)) volta a cruzar o eixo-u. Para
isso construímos
uma lista com valores entre 6.35 e 6.4 e calculamos
os valores de us(t) e vs/t) nos valores da lista.
Table[6.35+0.01n, (n, 0,5]]
16.35,6.36,6.37,6.38,6.397,64)
g=9%
16.35,
6.36,6.37,6.38,6.39,64)]
vg]
242
SistemasAutônomosno Plano
Cap.€
(0.0596495,0.0388912,0.0184385,—0.00171059,
—0.0215587,—0.0411083)
u3lg]
(2.00153, 2.00202, 2.00231, 2.00239, 2.00227, 2.00196)
temos portanto que v3(t) corta o eixo para t entre 6.37 e 6.38 e a
solução(us3(t),v3(t)) corta o eixo-u próximoa 2.00239.
Ao leitor interessado em obter informações gerais sobre o sof
tware Mathematica, sugerimos o livro: T.W. Gray e J. Glynn, “The
Beginner's Guide to Mathematica”, Version 2, Addison-Wesley Publ
Co. (1992).
6.5.
Exercícios
1. Localizeeclassifiqueospontosdeequilíbrio dosseguintessistemas
Esboceo plano de faseem torno dospontosde equilíbrio.
(Xx=x—5
(X=-
(4 THOM
(a)4ET
adE
todPOROD
(U=X—U
= -4x42
U=2x—4%y
k=%-
U=35x—2Zy
(od*
[ =x
U=x+Hy—Zxy
E
of,
—
X=
U=Xx+Y
air
ge”
y=1—x
2. Ache uma integral primeira para o sistema(a) acima,isto é, deter
mineumafunçãoV(x,uy)tal queas soluçõesdosistema(a)“moram
nascurvasde níveisdeV, V(x(t),u(t)) = c, Vt. (Sugestão:Procure
V da forma: V(x,y) = ax? + bxy + cy?).
3. Transforme a equaçãodo osciladorharmônico
mx + ux+ kx =0
num sistema no plano de fases (x,y), e estudeos tipos de singular
dadesque ocorrem,conectando-ascom as noçõesde amortecimento
forte, crítico e oscilatório,
Seção6.5
Exercícios 243
4. O sistema
=
dg
AMU
sã
v?
é conhecido como sela do macaco. Mostre que V(x,y)
= XX — 3xy?
é umaintegral primeira para o sistemae esboceo plano de faseem
tornoda origem.
5. Compareosplanosdefasedossistemas
e
U=-—x
)
U=—x".
2
' ambos temos oRas.
tm
6. Se f,g:Rº? > Rº, de classeC!, são tais que
(f(x), g(x) =0
VxeR?
e x = f(x) temuma órbitafechada,mostrequeg temum zero.
t. Mostre que as equaçõesabaixotêm soluçãoperiódica
(o)
di-(l- ui
=Ô
(b)
u+(u?-2Mutu+senu=0
8. Mostrequeo sistemaabaixotemuma soluçãoperiódica:
x=uytxixX+y—-9) y=-x+ylx+y?—9).
(Nestecaso,pode-seresolver explicitamenteo sistema e determinar
essasolução;use coordenadaspolares).
4. Mostre que o sistema
R=>y+xtt/r
g=x+ytt/r(B=02+92)
temsoluçõesperiódicas,correspondendoaoszerosde f(r). Determino
essassoluçõesnoscasosabaixoe discuta a estabilidadedoscielos:(4)
tr) = (r= Nro
Nr=-3 GD
flv) = (r=4)
[1º = 8r 415)
244
SistemasAutônomosno Plano
Cap.&
10. Determine regiões onde os sistemas abaixo não têm soluções
periódicas
o
Vo
U= +y+y”
6.6.
2x —xy"+ y”
=x) +y—yx
Aplicações
6.6.1 O Pêndulo
À equaçãoque representao problemadas oscilaçõesde um pêndulo
simpleslivre semamortecimento,
deduzidanasecção4.5,éaseguinte
m£ô +mg sen6=0,
(6.20)
ondem é a massafixadana extremidadeinferior do fio de compri
mentoº, e O é a coordenadaangular contadaa partir da verticalno
sentidoanti-horário, comoindica a figura a seguir:
R
mgsen 0
>
9
a
vy
caio
x
T
mgcos6
mg
Figura6.25
À equação(6.28)não é linear. Se, por um lado, essefato dificultu
a resoluçãoda equação,por outro, foi um notável estímulo para o de
senvolvimentode técnicasnão lineares,comoveremosnestecapítulo
Uma linearizaçãoda equação(6.28)podeser conseguida,submti
tuindo-sesenO por O,o que necesssariamenterestringe sua aplicahi
lidade ao casode pequenasoscilaçõesO. A equação(6.28)se torna
0+50=0,
(6.920)
Beção6.6
Aplicações 245
queé, entãoum modelomatemáticopara representaro fenômenodas
pequenasoscilaçõesdopêndulo.A equação(6.29)édotipo dooscilador
harmônicosimples estudadona secção4.5. Sua soluçãoé:
9(t) = À cos(wt—db),
(6.30)
equediz queas oscilaçõessãoperiódicasdeamplitudeA e fregiiência
circularw = ,/9/t. [Afregiiênciacircular é umaexpressãobastante
usadae representao númerodeoscilaçõesem271unidadesdetempo;
lembreque a fregiência, comovimos na secção4.5, é o número de
vscilaçõespor unidade de tempo,a qual seria pois w/271]. Assim o
períododasoscilaçõesé
T= mé
l
;
(6.31)
mostrandoqueo períodoé o mesmo,qualquerqueseja a amplitude.
Esse fato é conhecidocomo a lei do isocronismodas pequenasosvilações,supostamentedescobertapor Galileu observandoas oscila(0esdos lustres da catedral de Pisa... A fórmula (6.31)nos diz que o
pênduloque bate o segundo,isto é, aquelecujoperíodoé 2 segundos,
temcomprimentoaproximadamenteigual a 1 metro.
À linearizaçãoimposta à equação(6.28)é muito forte. Seria desejáveltratar o problemaem sua forma não linear original, possibilitandoo estudode grandesoscilaçõese até mesmoo casode pêndulos
realizandorotaçõescompletasem torno do pontode suspensão0. E
issoé o quefaremosa seguir. começandoemi) abaixocomo estudo
dasoscilaçõesdopêndulono planodefasese prosseguindoem11)com
9estudodo períododo pêndulopara grandesoscilações.
|) O estudo das oscilações do pêndulo no plano de fases. Mostrare-
mos,inicialmente, que o estudoda equação(6.28)do movimentodo
pêndulo,que agoraescrevemoscomo:
d+ w? senO =0
(6.32)
podeser reduzido à consideraçãode uma equaçãodiferencial de 1º
ordem: equação(6.34) abaixo. De fato, multiplicando-sea equação
246
Sistemas
Autônomos
noPlano
Cap.6
(6.32)por O obtemos:
O
2
o0 >
00+ w“(sen0)0
=
de ondese segue
| Mendo
Ea
À
3 qu68)
d
Bo
W a “08O 0,
Ja
-02(t)—w? cos0(t)= c.
2
q:
(6.98)
(6.94)
onde a constante c pode ser obtida a partir de valores de O e O em
um dadoinstanteto. Temos,assim,quetodasolução0(t) de(6.34)
é tambémsoluçãode (6.34),comc escolhidoadequadamente.A re
cíprocaé quase verdadeira: se O(t) for soluçãode (6.34),então, poi
derivação,obtemosa equaçãoem (6.33), a qual implica que O(t) e
solução
de(6.32)ouO = O. Nesteúltimocaso,segue-se
que0(t)
0, = constante,a qual só será soluçãode (6.32)caso O, = ky7r,
k
0,+1,....
Observe, entretanto, que para qualquer constante
94, 0(t) — 04 é soluçãode (6.34)comc = —w? cos01. Conclusão
as soluçõesnão constantesde (6.32)e (6.34)são as mesmas,e, como
já sabemosque as únicas soluçõesconstantesde (6.32)são0(t) = km,
k = 0,+1,..., o nossoestudode (6.32)sereduz ao estudode (6.94)
As soluçõesconstantescorrespondemao pêndulo parado. Quando |
é par, o pênduloestáparado em sua posiçãomais baixa, essaposição
é estável. Quandok é ímpar,o pênduloestáparadoem sua posição
mais alta e essaposiçãoé instável.
Um parêntesis: A equação(6.34) tem um significado físico. Eco
lhendoo potencialmgy, ondey éa ordenadada massam, temosque
a energiado movimentoé
]
Es 5mu 92—mgt cos0,
e assim a equação(6.34)expressaa lei da conservaçãoda energia,
No planodefases(0,v), a equação(6.32)setransformano sis
tema
=
V
)
w* sendb,
(6.46)
Seção6.6
Aplicações 247
e portanto,a equação(6.34)se torna
La —w? cos0=c.
2
(6.36)
À primeiraequaçãoem(6.35)seráimportantepara dar o sentidoem
quea curvaé percorridaquandot varia.
Observemos, inicialmente, que a constante c não pode ser arbitrária. De fato,segue-sede (6.36)que c > —w?, pois de outro modo:
svi<w? cosO — w? — w?(cos O— 1)<0
vqueimplicav = 0 e O = ky7,quesãoas soluçõesconstantesde(6.32)
já conhecidas.
Se —-w?< c< w”, então,segue-sede (6.36)que
c
—w? cosb<c > cos0>— e a —7
W
mostrandoque,para cadacurva soluçãode (6.36),Ovaria num intervalo
Zkr — Do<0<2kr + do
O<0o= arecos(—=3) LM,
Observandoque,nos pontosextremosO = 2km+ 09, a equação(6.36)
implicav = 0, concluímosque,nestecaso,as curvassoluçõesde(6.36)
shofechadas,tendoo aspectode elípses. Fisicamente,isso correspondeà oscilaçãodopênduloemtornodaposiçãodeequilíbrioestável;
4fenômenopoderiacomeçarcomo deslocamentodopêndulopara uma
posiçãoO,0O<O< 7, e aí ser abandonado.
Se w? < c, então,segue-sede (6.36)que v nunca se anula, pois
wº cos +c>-—-w? + w? = 0. Logo (6.36)representaduas curvas
limitadas
v(9)=+/2(w?
cos9+c)
definidaspara -o0o
< 0 < oo. Fisicamente,isso corresponderiaa um
movimento de rotação da massa em torno do ponto de suspensão, à
fenômenopoderiaser originadopor uma grandevelocidadeinicial
248
SistemasAutônomosno Plano
Cap.é
Finalmente, se c = w”?,então (6.36) nos dá
v2 — 4w? cos? :
que define duas curvas do tipo senóide,chamadasseparatrizese in
dicadas na figura 6.26 com um traço mais forte. Observeque essas
curvas passam atravésdas soluçõesconstantesO = (2k + 1)7, o que
é uma indicação de que a curva inteira não é soluçãode (6.32). (Po
quê?).De fato, mostraremosa seguir que
(0) = 240cos 5
—n<0<a
defineumasoluçãode(6.32)paratodot. [Umargumentosemelhante
é válido para outrosintervalos(2k — l)jx < 6 < (2k+ 1)7, e para
v(9) = —2w cos5]. Para ver isso, basta observar que, sendo O
2w cos(0/2),o temponecessário
paraa massam ir daposiçãoO=U
à posiçãoO = 7 é
/
Tr
do
1
T/2
ot
= |
o 2Wcos 5
QU Jo
sec O dO = +oo.
11)
O período do pêndulonas grandesoscilações. Suponhamosquenº
instantet = Oo pênduloé deslocadodeum ângulo065,—-x<09 < 0
e aí é abandonado,começando
assimo movimento.Logo9(0) = Og
9(0) = O, e consequentementea constantec = —w? cos0o. Assim.
(6.34)se escrevecomo
02 ==2w“(cos O — cos0)
(6.97)
Beção6.6
Aplicações 249
de onde podemosconcluir o seguinte: a) cos0>zcos0o,ou seja
Do<0<—00, Db)quando0 = —0,, entãoO = 0, c) o movimentodo
pêndulo
é periódico
comamplitude|909|.
A equação
(6.37)é separável
“ podeser escrita como
do
V2(cos8 —cosDo)
a qual é válida enquantoÔfor > 0, isto é, para 00 < O < —B,. Logo,
integrando(6.37) obtemos
/
0
ia
= pt.
o «/2(cos8 —cosDo)
(6.38)
À expressãono 1º membrode (6.38)é uma integral elíptica. Vamos
levá-la a uma forma mais conhecida. Inicialmente usamos a identi-
dade
8
9
cos8 —cosdo — 2 sen? Y —sen?5)
e a seguir,introduzindo a variável
0
sen(b sen=
definida por
0
= 805)
—T<6<5 o
obtemosa partir de (6.38):
/
b
o
= UA,
0 V | —-k2sen?|
À função
Elk,d) =/
bp
k = |sen
do
2
dd
0 V 1 —-k2sen?&
(6.39)
(6.40)
é chamadaa integral elíptica de 1º ordem(formade Legendre).Para
calcularo períododopêndulo,usamos(6.39)comt = 1/4e b = 7/2:
T=5)
T/2
wWlo
pisa.
vVI-k2sen?b
(6.41)
À integralem(6.39)nãopodeser escritaemtermosdefunçõeselementares [cf. parteHijabaixo], maspodemoscalculá-laaproximadamente,
250
Sistemas
Autônomos
noPlano
Cap.6
usando o desenvolvimento
]
binomial:
poirgE
]
Jad
sen?p + —k
VI —kêsen?o 1
2
Fa
ds
sen?p+
(6.49)
6kº senºp+..
Logo,para obter T integramosa série de potênciasem (6.42):
air on/1V.
[Ps
El
TIE
pita
T=2l2+2
(3) A+T(za) Kires)
e daí
=
AV
E oa
Pra
sen O),
(6.44)
que é a expressãocorretapara o períododo pêndulo,mostrandosun
dependênciada amplitude. Vemos, pois, que mesmo para peque
nas oscilações,o isocronismoé apenas aproximado: compare(6.31)
e (6.43).Assim, a expressão
T=
mé
f
'
]
+ 4 sen
2 00
2]
(6.44)
é uma melhor aproximaçãoque (6.31);o erro percentualentre toma!
(6.31)ou (6.44)é
I=tg
TA
1
2 00
7º
=>3 sen?—
t
onde To
o = 274
je.
| -
que,para Oo= 2º, dá 0,000076147.Esse erro é desprezívelnas medi
dascorrentes,massetorna importantenas medidasdeprecisão,como
na determinaçãode g. Um tal erro acumuladono decorrerde 1din
= 86400segundosdá 6,58 segundos,que é um atrazo inadimissivel
para um bom (D...
Wi) Integrais e funções elípticas. O leitor que viu a função (6.40)
pela primeira vezdeveter se perguntadopor que a chamamelíptica
Seção6.6
Aplicações 251
Para satisfazer essacuriosidadevamoscontarum pequenotrechode
HistóriadeMatemática.Integraisdotipo (6.40)apareceramdurante
o século XVIII em problemas de determinaçãodo comprimentode .
algumascurvas. Em particular, no problemade retificaçãoda elípse,
lretificaruma curvasignificaessencialmenteacharseucomprimento],
daí o nomeque essasintegrais receberam.Vejamosqual é a integral
queobtemosno casoda retificaçãoda elípse:
x=a sen6
y=-b
cos0,
0O<0<27, a>b.
CANA
Na
Figura6.27
O vetor tangenteà elípse em cadapontoé
t(0) — (acos0,bsen0)
cujomóduloé
rE6)| = Va? cos20+ b2sen20= Va? —(a2—b2)sen20,
edaí,lembrandoque (a? —b?)/a? = e?,ondee é a excentricidade
da
elípse,obtemos
t(0)| = av
—e2sen26.
Logo,o comprimentode arco da elípse entre O — De Oé
/
O
O
It(0)|dO= a [
e daí, o comprimentoda elípseé
9
O
V1 —e2sen26
do,
252
SistemasAutônomos
noPlano
Cap+
A integral
E(k,b) = [
4
O
V1 —k2sen?pdá
(6.40
é chamadaintegral elíptica de 2º ordem(forma de Legendre).
Integrais dotipo (6.40)e (6.45)foram muito estudadasdurante+
séculoXVIII, particularmente por Legendre. Entretanto, os resulta
dosmais profundosforam conseguidosporAbel eJacobi, no começod'
séculoXIX. Antes de explicar o que essesdois grandesmatemálivm
fizeram, vamos escrever (6.40) e (6.45) na chamada forma de Jacoli
usandoa mudançade variável sen Pp= x; assim (6.40)se torna
- |
dx
db V(1—x2)(1—k2x2)
(6,40
queéconhecidacomointegralelípticade 1º ordemnaforma deJaco
e (6.45)se torna
1(k,x) - |
1—kHeê
A1-sg
a
dx
(6.40
conhecidacomointegral elíptica de 2º ordem na forma de Jacobi. &
constanteO < k < 1 é 0 móduloda integral elíptica. Quandow
limites de integraçãosão & = 7/2 ex = 1,dizemosqueas integra
sãocompletas.
Abel fez a seguinteobservação:no casoextremok = 0, ambasnº
integraiselípticasem(6.45)e (6.46)setornam
*
0
—
dx
1—x2
.
= arcsenx,
e o estudoda funçãoinversaarco-senoé bastantefacilitadopelacom
sideraçãoda funçãoseno. Assim, ele se propôsa estudar as inversa»
de Fj e E,. Introduz-se a função
pp= amu
queé definidapor
p
A"
do 1
-k?sen*
|
259
À seguir se definemas funçõeselípticas:
snu =sen(amu),
cnu = cos(amu),
dnu=V1-k2sniu.
I'ma série de propriedadesdas funções elípticas decorre imediatamenteda definição. E o mais fascinante é que as funções elípticas
tomo seu “7”. Observeque
=
2
o VI
dx
—x?
s que27 é o períododo senoe do cosseno.Agora, seja
na /
dx
01-51—kK%2?)
intão, pode-seprovar quesnu e cnu sãofunçõesperiódicasdeperíodo4K. Abelnão ficouaí. A teoriadasfunçõescomplexasnaquelaépoca
tomavaforma nas mãos de Cauchy. Assim, informado da teoria de
Unuchy,eleestendeusnu e cnu para valorescomplexosdeu eprovou
queelas eram funçõesmeromorfasduplamenteperiódicas. Vários
dosresultadosde Abel foram obtidosindependentementepor Jacobi.
Na segunda metade do séculoXIX, Weierstrass e Hermite fizeram
rontribuiçõesmarcantesà teoriadas funçõeselípticas. A teoriadas
funçõeselípticas ocupa hoje um lugar de destaqueem Matemática,
»constitueum belo exemplode uma teoria que surgiu de problemas
práticos. Em virtude de suas aplicações,as funçõeselípticas estão
inbeladasparaváriosvaloresdek e dex. Cf.,porexemplo,E. Jahnke,
|. Emde, F. Lósch, “Tablesof Higher Functions”, McGraw Hill Book
Vompany,New York (1960).
As funções elípticas aparecemem outros problemas aplicados,
romopor exemplo,em fenômenosde capilaridade,em problemasde
freiosmecânicos,no problemada forma da corda de saltar e no problemadaelástica(a curvaassumidapor um estruturaretilínea sujeita
4 forçascompressivas).Ao leitor interessado,recomendamoso livro
deH.W.ReddickeF.H. Miller, “AdvancedMathematicsforEngineers”,
John Wiley & Sons, New York (1960).
254 Sistemas
Autônomos
noPlano
Cap+
iv) Pêndulo livre com amortecimento. À equaçãodiferencial para«
movimento do pêndulo simples com amortecimento e sem a ação d
forçasexternasé:
à+uô+w?send
=0,
(6.41
ondesupomosa forçaresistiva proporcionalà velocidade.Pode-setra
tar demodoanálogoocasodeforçaresistivaproporcionalaoquadrnd:
da velocidade.A equação(6.47)é equivalenteao sistemano planod:
fases:
o
(6.40
v=-—uv— wº sen0.
As singularidadesde (6.48)são (kr,,0), k = 0,+1,+2,.... Vamu
determinar a natureza dessassingularidades. Primeiramente,con!
deremosa origem;o sistemalinear correspondentea (6.48)é
E=Y%
vV=-w"0 — pv.
Os valoresprópriossãodadospor
A
—w?
e
cujo discriminante é
e u
=0 6
M+y4wê=0
,
A = yu —4w.
Assim teremos:
(1) Seu > 2w, os valoresprópriossãoreais, distintose negativos
o que implica que a origem é um pontonodal estávelpara o sistem
linear (6.49) e, consequentemente,para o sistema não linear (6 4h
também.
(ii) Set = 2w,os valoresprópriossãoreais negativoseiguais. Lp
a origemé um pontonodal para o sistemalinear (6.49).E nestecnmu
podemosapenasafirmar que a origem é um ponto nodal ou espia!
para o sistemanão linear (6.48).
(ii) Seg < 2w, os valores próprios são complexos com parte rea!
negativa. Logo,a origemé um pontoespiral para ambosos sistem»
(6.49)e (6.45),
Beção6.6
Aplicações 25!
Paraestudar as outras singularidades,desenvolvemossenOem série
deTaylor na vizinhança de
kr: senO= (—1)*(0—kr) + f(0)
ondef(0) —o(0 —kr). Logo(6.48)seescrevecomo
Ô=v
v=—w*(—)*(O —kr) —uv+ T(0)
odaí osvaloresprópriossãodadospor
“E
—A
]
-A-s
o
=0
6
2
e
o
NM++(-1)'wé=0,
cujodiscriminante é
A=u-4(—)*
w?.
Logo,sek for ímpar, o discriminanteé > O,o queimplicaqueosdois
nuto-valoressão reais e com sinais diferentes,e teremos então que
(kr,0) épontode sela. Se k for par,o pontosingular (k7z,0)temo
mesmotipo que (0,0).
Vamosdescrevero espaçode configuraçõesno casode u < 2w. Suponhaqueo movimentoseinicia em O= Ocomumacertavelocidade
vi > 0. (a) Se essa velocidadev; não for muito grande, o pêndulo
sobeaté uma certa amplitude01, ondea velocidadeé zero. Aí ele
regressa,
vindoatéumaamplitude02 (|92]< 01),ondea velocidade
é zero. E assim temosum movimentooscilatórioamortecido.(b) Se o
pêndulopartir de A comvelocidadeinicial vz grande,o pêndulosobe
e aopassar pela posiçãomais alta (B) ainda tem velocidadepositiva.
Assim,o pêndulovem até a posiçãoO = 271,ondechegacomvelocidadepositiva. Caso esta última velocidadeseja grande, repete-seo
fenômeno;casoseja pequenateremosa situaçãodescrita em (a). (c)
O quedelimita“velocidade
grande”de“velocidade
pequena”é a velocidadecrítica vc, assim definida: casoao pênduloseja impressaessa
velocidadena posiçãomais baixa, ele se aproximará assintoticamente
(1,e.,quando | +009)
da posiçãomais alta semnunca a atingir.
256
SistemasAutônomosno Plano
Cap.é
+Uy
dn
E"
—+
2
—2K
a
q
a
da
b
Y
A
z
=,
w
1
1
O
a
sx
Ts
9
=
»
19
-
a
T
X
a
Pêndulo com Amortecimento
Figura6.28
v) Sistemas hamiltonianos
com um grau de liberdade. Ao estudar
movimentodo pêndulolivre sem amortecimento,equação(6.28)ou 1
sistema(6.35),a expressão(6.36)
1
—vº — q? cos O
Z
desempenhouum papelmuito importante. Essa expressão(6.36),que
designamospor H(0,v), chama-sehamiltoniana do sistema(6.4)
Observeque (6.35)podese escrevercomo
0=H,
v=-He,
(6.50)
que é um sistemahamiltoniano comum grau de liberdade. Sistemas
hamiltonianoscommais graus de liberdadeaparecemna formulação
lagrangianada MecânicaClássica.
Vamos generalizar, ligeiramente, a situação acima. Dado um
sistemaautonômo
de= fi)
U = q(%, 1),
(6.51)
uma funçãoH:R? > R declasseC! é uma integralprimeira de(6.51)
se as órbitasde (6.51)são curvasde nível de H : H(x,y) = c. Um
ponto (x,1/] é crítico para H se
HE+H$=0,
Beção 6.6
Aplicações
Pelo teorema das funções implícitas, as curvas, definidas por
Hix,y) = c nos pontos não críticos, são regulares e, consequentemente,soluçõesdosistema(6.51).Observequeuma curvadenível
deH podecontervárias órbitas,se contiverpontoscríticos.
Um sistema (6.51) é exato se
fx+gy=0.
(6.52)
Proposição. Todo sistemaexatotem uma integralprimeira H com a
propriedade
|Nestecaso,a integral H chama-sea hamiltoniana do sistema].
Demonstração:A expressão(6.52)diz que o campovetorial (—g,f)
é fechado. Logo pela Proposição 3.15 da secção3.3, esse campo é
gradiente;sejaH(x,y) seupotencial.Então,temos(6.53).
6.6.2 O Modelo Predador-Presa
DuasPopulações
de Volterra para a Dinâmica de
Sejamx(t) a populaçãode presase y(t) a populaçãode predadores.
Suponha que os meios de subsistência para as presas são ilimitadose queseucrescimentonãoteria nenhumfator inibidor,nãofosse
a presençados predadores.Logo, casonão houvessepredadores,a
populaçãodepresascresceriadeacordocoma lei decrescimentoexponencialx = ax, onde a > Oé uma constante.Entretanto, a presença
dospredadoresafetaessecrescimento:supõe-seque a taxa de crescimentoda populaçãox diminue linearmente quando a populaçãoy
numenta. Assim, temos
x = (a-—by)x,
(6.54)
onde b > O é uma constante.
Por outro lado, supomosque os predadoresse alimentam exclusivamentedas presas, e que sem elas, a espéciedesapareceria. Então,
sem presas, a população1 decresceriade acordocom a lei exponen-
cial 1
= —cy,onde c > O é uma constante. Entretanto, a presença
de presasmodificaessasituação: supõe-seque a taxa de crescimento
da população y aumente linearmente quando a populaçãox aumenta,
258
SistemasAutônomosno Plano
Assim temos
Cap.6
y =(-c+ dx)y,
(6.55)
onde d > O é uma constante.
Podemosjustificar a introdução dos termos —bxy e +dxy nas
equaçõesde crescimentodas populaçõesx e Y do seguinte modo. O
número de encontrosentre indivíduos das duas espéciesnum intervalo unitário de tempoé proporcionala xy: digamosque sejaigual
a «xy. Esses encontrosresultam negativospara as presas;digamos
que a populaçãox diminue de 2; membrospara cada n encontros.
Logo,a populaçãox diminuede
Bi
" axy = bxy
membrospor unidade de tempo. De modo análogo,essesencontros
resultam benéficospara os predadores;digamosque a população1
aumentade [22membrospara cadan encontros.Logo, a população1
aumentade
B2
"da
E XXU =d xy
membrospor unidade de tempo. O coeficienteb mede a suscepli
bilidade da espéciex às açõespredatórias, e o coeficiented medea
habilidadepredatória da espécieuy.
Vamos estudar as soluções(órbitas)de (6.54)-(6.55)no plano
(x,y). Inicialmente vemos que há duas singularidades: (0,0) «
(c/d,a/b). Essespontossãoaspopulaçõesdeequilíbrio. E o campo
vetorial dadopelossegundosmembrosdas equaçõestem o aspectodn
figura abaixo
yt
a/b
gi
<
PI4S
| Y
w
<
TJ
A|
cs
—»
c/d
>
Figura 6.29
-
”
X
Seção6.6
Aplicações 259
Para determinara naturezadessassingularidades,utilizemos as
aproximações
lineares.No casode (0,0), o sistemalinear correspondenteé
= (IX
YU= —cy
o quemostraquea origemé um pontode sela. Para a outra singularidade,fazemosa mudançadevariáveis
U=X
c
V=UYU-
e obtemos o sistema
u=p(u+
O)
v=a(v+8)u
cuja parte linear é
be
LU=-—v
d
ad
V=—uU.
b
(6.56
Segue-sepois, que (c/d,a/b) é um centropara o sistemalinear, e
consequentementeseria um centro ou um ponto espiral para o sistemanão linear. Mostraremosmais abaixoque setrata realmentede
um centro. As equações(6.56)podemser integradas e conduzemàs
expressões
ad?u?+ b2cv*= kº
quesãoelípsescomcentroem(c/d, a/b). Portanto,emumaprimeira
aproximação,as órbitas de (6.54)-(6.55)têm a forma de elípsesna
vizinhançadopontosingular (c/d,a/b).
Para obter as órbitas do sistema (6.54)-(6.55),vamos escrevê-lo
na forma de uma equaçãoseparávelno plano (x,y):
E
y
ta
ET
x
a qual podeser integrada imediatamente
altny —by = —cênx + dx + tn K
ou seja
yte PU = Kx
Cedx
(6.57)
260
SistemasAutônomos
noPlano
Cap.6
ondea constanteK podeser obtida emfunçãode dadosiniciais Xo,Vo:
K =yox£e"Ure,
(6.58)
Nem vy,nem x podemser explicitadosem termos de funçõeselementaresna equação(6.57).Para seter umaidéiada curvarepresentada
por(6.57),vamosusarummétodográficodevidoaVolterra. Seguimos
a apresentação
deG.F.Simmons.Introduzimosduasnovasvariáveis
z=y"e
"ls p=kx
elx
(6.59)
e traçamosseus gráficosnos quadrantes(y,Z) e (x,w) da figura
abaixo.
z 1º
As.
a
Ê
E
ac
id
a
/
/
TA
LB;
à
a
»
N
As
"
-
RE
N
a
ja
ET
Ea
/
a
B;
+0
jaa
N
U
>Ba
q
0
Figura6.30
Fazemos as seguintes observações:
(1) A funçãoztem ummáximono pontoy = a/be aí Zmaz
= (a/be)"
(1) A função w tem um mínimo no ponto x = c/d e aí Win
K(de/c)º.
(Wi) Afirmamos que Win “Zmax- De fato, usando (6.58) obtemos
WUminSKXo
E
Ç
dxo
o
dn =-b
o Uoe
EMC
as
(iv) Se a órbita é diferente da soluçãode equilíbrio, uma das des
gualdades acima é estrita.
Seção6.6
Aplicações 261
À seguinte construçãográfica mostra que a órbita é uma curva
fechada:
(1) ChamemosdeWa curvaw(x), Zacurvaz(y)eLareta
doquadrante(Z,w), isto é, o gráficoda funçãoZ = w.
bissetriz
(1i) Pelo pontoA; da curvaW traçamosuma paralelaao semi-eixo
x até encontrar a reta L, em As. Daí uma paralela ao semi-eixoy
atéencontrara curva Z emdoispontosAs e Ag. Às retas paralelas
ao semi-eixox passandopor As e Aq interseccionama reta passando
por Ay e paralela ao semi-eixoy em dois pontosO; e Q». Esses dois
pontossãoospontosextremosda órbitana direçãouy.
(ui) Pelo pontoB; da curva Z traçamosuma paralela ao semi-eixoU
atéencontrara reta L, em B>. Daí uma paralelaao semi-eixox até
encontrar a curva W em dois pontos Bs e Bá. As retas paralelas ao
semi-eixoy passandopor B3 e Bg interseccionama reta passandopor
B1 e paralela ao semi-eixo x em dois pontos P;, e P>. Esses pontos são
os extremosda órbita na direçãox.
(iv) Para obter outros pontos da órbita, começamoscom qualquer
pontoCj na reta L entre Az e Bs, e procedendocomoem (ii) ou (iii)
obtemosquatro pontosda órbita.
Conclusão. As populaçõesde predadorese presasoscilam periodicamente. Observe que a curva não é necessariamentesimétrica com
relaçãoao eixo x = c/d ou ao eixo y = a/b. Assim o espaçode
configuraçõestem o aspectoindicado na figura abaixo
y
*v
Figura6.31
262
SistemasAutônomos
noPlano
Cap.6
Períodos dos ciclos. Vamos obter esses períodospara situaçõesde
pequenasflutuaçõesem torno da singularidade(c/d,a/b). Como
vimos acima, os ciclos são aproximadamenteelípses. Vamos,porém,
escrevê-lasemcoordenadasparamétricas.As equações(6.56)nosdão:
úit+tacu=0
e vV+Hacv=0,
que sãoequaçõesdo tipo do osciladorharmônicoestudadasna secção
4.5. Logo,a soluçãoda primeira equaçãopodeser expressacomo
u(t) = Lcos(vVact+«)
(6.60)
onde L e x são constantes. Daí:
vit) = Lsen(Vact+ «).
(6.61)
Logo, o período independeda amplitude L (desdeque ela não sejn
“orande”)e é igual a
27
+
(6.62)
ac
que é a lei do isocronismodas pequenasflutuações. Comose vê à
períododependeapenasdastaxas de crescimentodas populações.In
troduzimos,agora, a noçãode meia-vida de uma espécie,cujo cresci
mentoé regidopela lei exponencial.Suponha que as populaçõesx(t)
e y(t) sãodadaspor
x(t)=xoe'! e vy(t)=vyoe
“+.
lntão, as meias-vidas ty e tz são definidas como as soluções das
equações
2xo=x0e"" e yo/2=uyoe**
ou seja
(4
tn 2
-
q
6
t=—;
tn2
C
Portanto,o período | do ciclo podeser dada pela expressão
|
inv
tt»
vt
nd
* = 9 06vtto.
Seção6.6
Aplicações 265
Populações Médias. As equações(6.54) e (6.55)podemser escritas
nas formas abaixo
d
agTX)
a— by
d
ar! ny)
c + dx
Integrandoessasequações
entredoisvaloresdet, t' e t”, obtemos
pn
H
) = a(t” —t”) — )
x(t”)
17
t
;
7
ni
q”
——e(t”—t) + a
Set” —t/ = T obtemos:
]/
u(t) dt,
a
1!
b
T
t'
x(t) dt.
c
- | yltdt=> |, x(t)dt=E.
s
O
0
d
(6.63)
As expressõesnos primeiros membros de (6.63) são as populações
médiasdecadaespécie.Interpretemos(6.63).
Inicialmente,temosa lei deconservaçãodaspopulaçõesmédias: essas
populaçõesmédiaspermanecemconstantesse os coeficientesde crescimento a das presas, de declínio c dos predadores,de defesab das
presase de agressãod dospredadorespermanecemconstantes.A seguir, analisemoso problemadeperturbaçõesdas populaçõesmédias.
As expressões(6.63)nos dizemque,mantidosconstantesos coeficientes b e d, uma destruiçãouniformede membrosdas duas espécies
beneficiaas presas. De fato, destruir predadoressignifica aumentar
c e destruir presassignifica diminuir a.
Os resultadosqueacabamosdedescreversãodevidosa Volterra e
foram desenvolvidospara explicarum fenômenoobservadopor D'Ancona,relativo à percentagemde peixesde várias espéciescapturados
noAdriático, durante e apósa primeira guerra mundial. O fato observadoera que a percentagemde peixespredadoreshavia aumentado
durantea guerra. A explicaçãofoi dadaporVolterra, como argumento
de que a diminuição da pescano períododa guerra tinha necessariamente que beneficiar os predadores,no sentido de que a população
médiadestescresceriamais rapidamenteque a populaçãomédiadas
presas.
264
SistemasAutônomosno Plano
Um problemasemelhanteocorreno uso de inseticidas, que matam indiscriminadamenteinsetospredadorese insetospresas;e se
são estesque causam danos às plantações,o uso do inseticida pode
ser negativo.
7
Sistemas
de Equações Diferenciais
SejamO um abertodeR”, J um intervalodeR e
f]x0O>5R”
umafunçãocontínua.Designemospor f;(t,x),j
denadasdef(t,x), isto é,
= 1,...,n,
as coor-
Tt, x) = (Tilt,x)so.
e ofnltyxd),
onde x = (x1,...,Xn) € R”. Consideremoso sistema de equações
diferenciais
ã
X5
'
g=-*
j
dt >TBita,
a!
) Jo5
lt
o qual podeser escritode modocompactocomo
esPE ml,
|
(7.1)
Conforme vimos no final da secção3.2, temos existênciae unicidadelocais de soluçãopara (7.1), se supusermosque as derivadas
parciaisdef;(t,x),j = 1,...,n,
X1,...
, Xn, São contínuas.
emrelaçãoàs n últimasvariáveis,
Os sistemaslineares que estudaremosa seguir são casosparticularesimportantesde(7.1).
7.1.
Sistemas Linearesde Equações Diferenciais
A forma geral de um sistemade equaçõesdiferenciaislinearesé a
seguinte:
x(t) = A(t)x(t) + b(t)
(7.2)
266
SistemasdeEquaçõesDiferenciais
Cap.7
onde
x1(t)
x(t)
—
Xnlt)
alt)
,
A(t)
bit) =
a
Anilt)
Anít)
Annlt)
,
bi(t)
bn(t)
A(t) eb(t) estãodefinidosparat nointervalo1= (a, b) ex(t) denota
a derivadaemrelaçãoa t dovetorcolunax(t).
Uma funçãox: 1 — R” é uma soluçãodo sistema(7.2)se ela for
derivável,e satisfizer o sistema. |
Comojá vimosemexemplosanterioresas equaçõeslineares
vt) +anoalt)y
De)+=.+ (ty) +ao(t)ult)
=f(t)
podemserconsideradascomocasosparticularesdesistemas.Fazendo
x1(t)=v(t),e
Xi =%a
fa = 43
Xn = —Qn-1Xn—+ —quxz—doxy+ f(t)
obtemosum sistemade equaçõesdiferenciaislineares da forma (7.2),
onde
Ô
O
]
Ô
Ô
Õ
Õ
0
0
)
(
Ô
0
]
f(t)
“o
O
OS?
ca
—OaA-
A solução desse sistema fornece a solução x(t), cuja primeira
componentex,[t] é a soluçãoda equaçãolinear.
Seção 7.1
Sistemas Lineares de Equações Diferenciais
Os problemasbásicosno estudodesistemaslinearessãoanálogos
aosjá estudadosnas equaçõeslineares de primeira e segundaordem,
ou seja,obtera soluçãogeral para (7.2)e obtera soluçãodo problema
de valor inicial
x(t) = Al(t)x(t) + b(t);
x(to) = xo € R”.
(7.3)
Vamossupordurantetodoestecapítulo,que as funçõesa;;(t),
1,) = 1,2,...,n1, quecompõem
amatriz A(t),easbi(t),
1=1,...;,n,
sãofunçõescontínuasdet num intervalo I. Comessasuposição,temos
existênciae unicidadedesoluçãopara (7.3),e aindamais,as soluções
estãodefinidasno mesmointervalo I (veja Capítulo 3).
Quando b(t) = 0, dizemosque o sistema (7.2)é homogêneo
Hit) = Alt).
(7.4)
QuandoA(t) = A, nãodependedet, dizemosqueo sistema(7.2)
tem os coeficientesconstantes
x(t) = Ax(t) + b(t).
(7.5)
Na próxima subsecçãoestudaremosas propriedadesdos sistemas lineares na sua forma geral (7.2). Nas sub-secções7.1.2e 7.1.3
estudaremosos sistemas com coeficientesconstantes(7.5). Para estesúltimos, podemosdesenvolvertécnicaspara a obtençãodesoluções
explícitas.
7.1.1 Definiçõese propriedades
Estudaremos primeiramente algumas propriedadesimportantes do
sistema homogêneo(7.4), e em seguida, deduziremosa Fórmula de
Variaçãodas Constantes,queforneceas soluçõesdoproblemadevalor
inicial (7.3).
Teorema7.1. O conjuntodas soluçõesde (7.4)é um subespaçovetorial
doespaçoC(I, R”), dasfunçõescontínuasdefinidasem I, dedimensão
A.
Demonstração:Já sabemosquetodasas soluçõesde (7.4)estãodefinidas em |, e que a combinaçãolinear de soluçõesé solução,portanto,
o conjunto das soluçõesde (7.4) formam um subespaçovetorial de
267
268
Sistemas
deEquaçõesDiferenciais
Cap.7
C(I,R”). Resta-nosdemonstrarque sua dimensãoén. Para isto, vamos exibir uma base. Seja (e1,... ,en| a base canônica de R”. Para
to € I fixado,considere
a soluçãox'(t) de(7.4)tal quex!(to) = ei.
Vamosmostrarque(x'J”, é umabaseparao conjuntodesoluçõesde
(7.4). De fato,
D (x) c C(I,R?") é um conjuntolinearmenteindependente,o que
decorredofato de(x"(to))ser umabasedeR”.
2) (x!) gerao conjuntode soluções,porquese x(t) é uma solução
qualquerde (7.4),temosquex(to) € IR”, e portantopodeser escrito
comocombinaçãolinear da base (e1,... en) do R”, isto é, existem
escalares &x1,... ,&n, tais que
x(to) = «1e1 + --- Qnen.
Portantoassoluçõesx(t) e ax! (t) +---+anx"(t), de(7.4)coincidem
no pontot = to. Logo,pela unicidade de soluçãodevemoster
x(t) = oux!(t) + --- + onx"(t),
comoqueríamos provar.
In
Observeque as equaçõeslineares estudadasno Capítulo 2, são
casosparticularesde(7.3)comn = 1. As soluçõesdessasequaçõesforamobtidasatravésdafórmuladevariaçãodasconstantes,veja(2.8).
Vamosprocedera seguir de maneira análoga. A idéia é generalizar
T(t, to) e mostrar que podemosutilizar aqui as mesmasexpressões
obtidaspara o casouni-dimensional.
Considerea equaçãodiferencial matricial
X(t) = A(t)X(t)
(7.6)
onde X(t) é uma matrizn x n, X(t) designa a matriz cujas entradas
sãoasderivadasdasfunçõesquecompõe
X(t). No ladodireitode(7.6)
temosa multiplicaçãoda matriz A(t) pelamatriz X(t).
Observandoa equação(7.6),vemosque X(t) é uma soluçãoda
mesmase, é somentese, suas colunas são soluçõesdo sistema homogêneo(74)
Seção 7.1
Sistemas Lineares de Equações Diferenciais
Teorema7.2(Abel-Liouville). Se X(t) satisfaz(7.6)e to € 1,então
“tr Alsjd
detX(t) —detX(toje”to
' .
ondetr A(s) designao traçodeA(s), istoé,a somadoselementos
da
diagonaldeA(s). Em particular,detX(t) oué nulopara todot € 1,
ou é semprediferentedezeropara qualquer t E 1.
A demonstraçãodesseteoremasegueos seguintespassos,cujos
detalhesdeixamosaoleitor.Chamedex !(t),... ,x"(t) ascolunasda
matrizX(t), e
z(t) = detX(t) = det(x!(t),... ,x"(t)).
Então temosque
z(t)=det(x!(t),...,x"(t))+--- +det(x
ae
-
e”
Ps
Ss
*a
-
on”dá
Mostreagora,usandoo fatoquex!(t) = A(t)x!(t) e aspropriedades
dos determinantes,que
de=[tr ALEE
O resultadosesegueresolvendoessaequaçãolinear.
Definição 7.1. Se X(t) satisfaz(7.6)e det(X(t) £ 0, entãodizemos
queX(t) é umaMatriz Fundamental.Se aindamais,X(to) = I, onde
I é a matriz identidade,dizemosque X(t) é a Matriz Principal, que é
designadapor T(t, to).
Exemplo 1. Considerea equação
%X=—w?x
temosquesenw(t—to) ecosw(t—to) sãosoluções.O sistemalinear
correspondenteé
U = —tu?2x
e sua Matriz Principal
cosw(t —to)
I(t,
à senw(t —to)
ta]
(UU sen
m(t
e to)
cos wl(t
do to)
ZÉ
270
Sistemas
deEquaçõesDiferenciais
Cap.7
Encerraremosessasecçãocomas seguintesimportantespropriedades:
Propriedade1) i)Se X(t) é uma matriz fundamentale C é uma
matriz constantecomdet €C+ 0, entãoX(t)C tambémé fundamental.
ii) Reciprocamente,
se X(t) e Y(t) sãomatrizesfundamentais,então
existeumamatriz constanteC tal queY(t) = X(tJC.
Demonstração:1)Se Y(t) = X(t)C, temosquedetY(t)
Y=XC=A(t)XC
0e
= A(t)Y
portantoY(t) é matriz fundamental.
11)MostraremosprimeiramentecomocalcularE (xX(t) 1, temosque
xtyx(t)
!=1
para todo t. Portanto, derivando os dois lados, obtemos
d
xXx!+ xXx (X"")
=
que nos fornece
(X(O) =—X xx,
TX)
d
Considereagora a matriz Z(t) = X!Y.
Derivando,temos
Z=-X xx Ivy4 xy.
ComoX = AX e Y = AY, temossubstituindo que
Z=-XAY+X !AY=0
portantoZ =X"!Y é uma matriz constante.
m
Propriedade 2) Se X(t) é uma matriz fundamental,entãoa Matriz
Principal é dada por
Tt, to)= X(UX(to)”.
Demonstração:Segueda Propriedade1)e da unicidadede soluçãode
(7.6), pois mimbassão soluçõese coincidem para Lt= to.
”
Seção7.1
SistemasLinearesdeEquaçõesDiferenciais 271
Propriedade 3) Tí(t,to) = T(t,s)T(s,to), em particular T(to,s) =
T(s,to)”!. Comparecom(2.7).
Demonstração:Tambémseseguedoteoremadeunicidadedesolução,
pois se tratam de soluçõesque coincidempara t = s.
E
Com a definição da Matriz Principal T(t, to), generalizamoso
casounidimensionalvisto no Capítulo 2. Podemosprocederda mesma
maneira para obtermosas soluçõesdo sistemahomogêneo(7.4)e do
sistemanão homogêneo
(7.3). ObservequeTí(to,t) é o fator inte-
grante do sistema (7.3),deixamosao leitor completaros detalhesda
Propriedade4).
Propriedade 4) Dx(t)
úita) = Ro.
= Tít,to)xo é a solução de (7.4), com
ii) À Fórmula de Variaçãodas Constantes,
t
x(t) = T(t, to)xo+ | T(t,s)b(s) ds
to
(7.7)
fornecea soluçãodoproblemanãohomogêneo
(7.3).
7.1.2 Sistemas com coeficientes constantes
“onsidereo sistemalinear homogêneocomcoeficientesconstantes
&= A,
(7.8)
ondeÀ é uma matriz n xn comentradas reais constantes, e o sistema
nãohomogêneo
%= Ax+ b(t).
(7.9)
O sistema com coeficientesconstantes(7.8), mais simples que
podemosconsiderar, é o unidimensional, isto é, n = 1:
X(t) = ax(t),
com a € IR constante.Vimos que, nessecaso,a soluçãogeral é dada
por x(t) = eº!xo. No casode sistemas comcoeficientesconstantes,
para obtermosa soluçãogeral, podemospensarem generalizar0 con
ceitode exponencial,de modoa incluir exponenciaisde matrizes,
e veriicar se a solução geral de (7.8) pode ser escrita como
dt) = e2'xo,
xoe RP",
272
Sistemasde EquaçõesDiferenciais
Cap.7
Na próxima secção,vamosmostrar que isso é possível. Teremospor
tanto condiçõesde escreverexplicitamentea solução geral, e tirar
importantes conclusõesqualitativas sobresistemas com coeficientes
constantes, de ordem n. Antes disso, vamos sentir as dificuldades
analisando alguns sistemas particulares. A maioria dos exemplos
que vamos considerar são de ordem 2, porém essa técnicapode ser
utilizada de maneira análogapara sistemasde qualquer ordem.
Exemplo 1. Considere o sistema
| Xi =x
+ 2x,
X2= 8x1+ x2
ou na forma matricial
Es
x = Ax,
ti
onde a(s
Ê
|
Temos,emvirtude doTeorema7.1,quepara determinara solução
geraldessesistema2 x 2,bastadeterminarduassoluçõeslinearmente
independentes.
Motivadospelocasounidimensional,procuremosumasoluçãona
formax(t) = he?t, ondeÀ é um escalare h é um vetor.Substituindo
x(t) no sistema,obtemos
Ahe?t= Ahe!t.
Portanto temos
Ah =Ah
isto é, À deve ser auto-valor de À e h auto-vetor associadoa À.
Calculando os auto-valores e os auto-vetores da matriz À, em
contramos, os auto-valores —3 e 5, e respectivamente, os auto-vetores
(1,-2)e
(1,2), portanto
]
a (Det
]
(De
são as duas soluçõesLI procuradas,e
xt) = cyuy +Couo
Seção 7.1
Sistemas Lineares de Equações Diferenciais
é a soluçãogeral do sistema. Dada uma condiçãoinicial qualquer,
podemos determinar as constantes cy e cz, de modo que a solução
x(t) satisfaçaessacondiçãoinicial.
O casoqueacabamosderesolver,no qual a matriz A possuiautovaloresreais distintos, é o mais simples. Nesse caso,os auto-vetores
são linearmente independentes(justifique comoexercício)de modo
que as correspondentessoluçõessão tambémreais e LI. Os demais
casos,quandoos auto-valoressão complexosou commultiplicidades,
devem ser analisados com mais cuidado. Essa análise, comoveremos
abaixo, é análoga àquela feita para as equaçõeslineares com coeficientes constantes.
Quandoo auto-valorÀ é complexo,o auto-vetorh associadotambém é complexo. Nesse caso x(t) = he?t é uma solução complexa.
Substituindona equação,vemosqueas partesreal eimaginária dessa
soluçãocomplexasão soluçõesreais do sistema. E além disso, são
LI (mostrecomoexercício).Portanto, para cada auto-valor complexo
conseguimosduas soluçõesreais LI.
ixemplo 2. Considereo sistemaonde a matriz À é
5
2
Temos que
u(t)= (É, ) é uma soluçãocomplexa.Suas partes real e imaginária
un=(
cos t— sen L
— cos t
Je!
uz= ( sen t+cos
— sen L
t
Je
são duas soluçõesLI. Observe que, nesse caso,não precisamostrabalhar como outro auto-valor,o conjugadode À (por que?).
Finalmente, vejamoso casoem que há multiplicidade. Suponha
que temosum auto-valorÀ (real ou complexo)com multiplicidade
algébrica ma >|, comoraiz do polinômio característico. Utilizando
seesseauto-valor,temosquedeterminar ma soluçõesLI. O casomuito
fácil,é quandotemosmaauto-vetores(LN)associadosa À,vejaExem-
274
Sistemasde EquaçõesDiferenciais
Cap.7
plo 4 abaixo, pois para cada auto-vetor temosuma soluçãoe o pro
blema estáresolvido.
O número de auto-vetoresLI associadosa um auto-valor À, isto é,
a dimensãodoauto-espaçoassociadoa À, échamadodemultiplicidade
geométricade À, e designadapor mg. O problemamais trabalhosoé
quandoma > mg. Comopor exemplo:
Exemplo 3.
x = AX
A=(1
1)
onde
A = 2 éauto-valorcomma = 2 eéfácilverquemg = 1. Utilizando-se
desseauto-valore do auto-vetorassociada,obtemosuma solução
u
=
(1)
vt
e precisamos encontrar uma outra LI com u;, e para isso teremos que
utilizar uma outra técnica.
Podemos,por exemplo,utilizar a transformada de Laplace. A
transformadade Laplace, é uma ótima ferramentapara resolversin
temas lineares com coeficientesconstantes,pois ela transforma sin
temas de equaçõesdiferenciais,em sistemasalgébricosde equações
lineares.
Se uz(t) = (x1(t),x2(t)) é soluçãodosistemae sedenotarmos
a transformada de x; por X;, obtemos aplicando a transformada, v
seguintesistemalinear
sX1 — X7 (0) — 3X1 lona
X2
sX2 — x2(0) = Xy + X2
ou seja
(3—s)Xy—X2= =mM(0)
Xt
(1 = s)Xp>
x2(0).
Seção 7.1
Sistemas Lineares de Equações Diferenciais
Como queremosdeterminar uma soluçãoUz tal que uj e uz sejam
LI, e comou1(0) = (1,1), devemostomaruma condiçãoinicial para
u2 tal que (x1(0),x2(0))e (1,1) sejamLI. Por exemplox1(0) = 0 e
x2(0) = —1.Resolvendoo sistema,obtemos
]
rama
X1(s)=
X
6-7»
E
3—s
“isl=o2m
Portanto, usando a tabela de transformadas, Capítulo 5, e a fórmula
de inversão (5.18),calculamos
malt)=te?t
xt)=(t—
Net.
=(11)
Assim
L
us =
e uj são Li.
e2t
É usual noscursosdeCálculoprocuraressasegundasoluçãona
forma
b
at +
ualt) =
alt)
+
+)
2t
E
(7.10)
As constantesa, b, c, d sãodeterminadassubstituindo-seno sistema.
Exemplo 4. Considereo sistemacuja matriz À é
5 -2 4
A=]l-d 3 2
4 2/5
Os auto-valoressãoAy = Ocomma = 1,e Az =9 comma = 2. Neste
caso,a multiplicidade geométricade A>é também2. Então podemos
escrevera soluçãogeral,utilizando-seo auto-vetorcorrespondente
ao
auto-valorAy, eosdoisauto-vetores(LI) corespondentes
aoauto-valor
A>. Efetuando-seos cálculos,obtemosa soluçãogeral
xit) ==Ci
2
1
a
+ co
0
|2
]
et tc
]
É1
]
er
Para sintomas não homogêneos(7.9),podemosutilizar a fórmula
de variação das constantes, O caso de coeficientes constantes é mais
275
2706 Sistemasde EquaçõesDiferenciais
Cap. 7
simples. Nesse caso,o sistema (7.8) é autônomo. Precisamosdeterminar a Matriz Principal somente para to =O, pois
Tt,
to)
ca Tt
ne to, 0).
DenotandoT(t) = T(t,0), temosa fórmuladevariaçãodasconstantes,no casode coeficientesconstantes
x(t) = (to
+/
T(t— s)b(s) ds
(7.11)
Considereo exemplo:
Exemplo 5.
x(t) = se
T)
x(t)+ (o).
(7.12)
Resolvendoo sistema homogêneoassociado,com condiçõesinicias
(1,0) e (0,1), encontramosa Matriz Principal
sets
T(t) =
7 et
Sets
>
Se 3t + l5e —t
1 et
153t,
2€ + 1,-t
5€
Podemosagoraescrevera soluçãode (7.12)utilizando-se de (7.11).
7.1.3.
Exponencial de matrizes
Consideremoso KR"com seu produto interno e norma usuais, isto é,
se;
E
[Me
e
=
Elis ves
Pal
É RE
então
O, 0) = Ea
+=
+ Ran
e
xl] =
(x,x).
Não vamosdistinguir se o vetor está escritoemlinha ou em coluna,e
usamosindistintamenteas duasformas
XE (usa
5)
X=
Xn
da maneira que for mais convenienteem cada caso,
Seção 7.1
Sistemas Lineares de Equações Diferenciais
Designemospor (IN), o espaçode todosos operadoreslineares
A:RP —sRP. PFixadauma basedo R”, L(IR”) podeser identificado
:
é
j
é
2
como conjuntodas matrizesreaisn x nn,ou aindaR”.
Definimosnormade um elementoÀ deL(IR”), pelaexpressão:
À
[|A||= supAxl
= sup ||Ax|).
x£0Ibell Ihel=1
(7.13)
Para mostrar que essa expressãorealmente define uma norma no
conjuntodosoperadores,L(IR”), precisamosmostrar,emprimeiro lu-
gar,que||A|| é finito. Isto decorredofatoquea aplicaçãoR” > R?,
x — Ax, écontínuaeque(x;||x||= 1 éumconjunto
compacto
emR?.
Isto tambémpodeser demonstradodiretamentecomosegue.Seja
A=
a
onde a!... a" são as linhas da matriz A, portanto elementosde R”.
Como o produtoda matriz A por x é feito multiplicando as linhas da
matriz À pelovetorx, temosque
AX=
(a!,x)
(a”,x)
Usando a desigualdadede Schwarz
temos que
|6x,
v)|<lhel|
y
Axl =||((a1,x)
5...,(an,x)|
=((a,
x)?
+-:-+
(an,x)))?
portanto
<(Iay]2
++=:
+|lanl
PP)?
IX!
Axl
(IarlZ ++
xl
lanl)?
1
bol
vx£0
278
Sistemasde EquaçõesDiferenciais
logo
Cap.7
2
IAlI<(Ian]2
++++
+|lanllÊ)?.
As demonstrações
dasdemaispropriedades
necessárias
paraque||À ||
seja uma norma
1. Aloe |All=0& A=0.
2.
KkAI=IkIAI, keR
3.
IA + Bll<!||A||
+ |B]|(desigualdade
triangular)
sãodeixadaspara oleitor.O espaçoL(IR”) munidoda normadefinida
em(7.13)é um espaçonormadocompleto.
Além dessaspropriedades,temos,da definiçãode ||A|| (7.13),que
IAxI<|AI dl,
e daí que
Vx,
IABII<I/A
|| ||BII.
(7.14)
Consideremosagorao problemade valor inicial matricial
X(t) = AX(t)
(7.15)
| X(0) =1
Na secçãoanterior chamamosa solução desseproblema de Matriz
Principal, e denotamospor T(t). ComoAX(t) é derivável,podemos
provarporinduçãoquea soluçãoT(t) de(7.15),é declasseCW. Temos
por (7.15),que
T(0)=I
e T(0)=AT(0)=A.
Derivandoa equação(7.15)e usandoessaigualdade,encontramosque
T(0)= AT(0) = A?
o namimsucessivamente,podemosmostrar que a derivada n-ésima
| tn (O)
AM,
PorenquantonãosabemosseT(t) podeserdesenvolvidaemsérie
de potências.Entretanto,gostaríamosque
My)
A 2
AN
=I+At+= tê +cena RTt”des
(7,16)
Seção7.1
SistemasLinearesde EquaçõesDiferenciais 279
Para tal, basta provar que a série em (7.16) converge uniformemente. Dada uma matriz À, considere a série
x —.
i=0
(7.17)
lt
Observeque a desigualdade(7.14)implica que
AI<] AI]
e portanto, usando a desigualdadetriangular, obtemospara p > 0,
que
AM
AM+P
m!
(m +)!
MAS
APS?
IAN
“ml
(m+p)!
Como a série de e!!2Ilé convergenteem R, temosque a série (7.17)é
deCauchyemL(R”) e portantoconvergente,
poisL(IR”) é completo.
Definição 7.2. Dada uma matriz A, a exponencialde À é definidapor
At
exp(A) =e A =2— Tº
i=0
Temosentãoque a igualdade(7.16)é verdadeirae que T(t) e2t Além disso, a convergênciada série em (7.16)é uniforme para t
em qualquer intervalo. Logo, pode-sederivar (7.16)termo a termo e
obter
T(t)—E (A?)“AFA
dt
2!
AZ
4
o
=A IHAt+ qt +...
=A ei,
Segue-seda Propriedade4) que
Wit] ==e“ txo
é a soluçãodo problemade valor inicial
Xt) = Axfté)
x(0)
= Xo E R”
(7.18)
2B0O SistemasdeEquaçõesDiferenciais
Cap.7
completandoassim a analogia com o caso unidimensional. O problema de efetivamentecomputar a soluçãode (7.18) ainda não está
concluído,pois,dadauma matriz A, para calcularmose? atravésde
(7.17)precisamosusar todas as potênciasde A. Em casosparticulares, comopor exemplo,quandoÀ é uma matriz diagonal,não é difícil
verificar que a exponencialde À tambémé uma matriz diagonal,formadapela exponencialdoselementosda diagonalde A:
da
O
A
et
O
|
GR
TD ua
DB
A»...
O
TOO co Mufgi
0...
eMt ...
O
0
OQ
OD cu Em) us
Quandoa matriz A é nilpotente,isto é, quandoexister > 0 e
inteiro tal que A” = 0, temosque a série (7.17)se torna uma soma
finita, e portanto podemosperfeitamente(se estivermos dispostos)
calculartodosostermosdessasoma,obtendoassima sua exponencial,
A pergunta natural é se qualquer matriz pode ser escrita em
funçãode matrizes para as quais conseguimoscalcular sua exponencial. Isto é possívelusandoa formacanônicade Jordan. Vamosver
isso atravésdas seguintespropriedades.
Propriedade 1. Se M é uma matriz inversível então
eMTAM — MT
eAM.
ato decorredo fato que
(MT'AM)! = MAIM.
Propriedade 2.
etA+BIt— eAteBtyt
Demonstração: (->)
OM lados
See
(A+B)t
é
— € At
A comuta com B.
eBt temos derivando ambos
aque
(A +Bjo MB
AçÃteBtp
eMBeB!
Seção7.1
SistemasLinearesde EquaçõesDiferenciais
28
derivandonovamentee fazendot = O,obtemos
(A+B)?=
A2+2AB+4B?
queimplicaqueAB = BA.
(<=) Se A comutacomB é fácil ver queX(t) = eAteBtsatisfaza
equação
diferencial
X(t) = (A + BJX(t) (verifique)
coma condição
inicial X(0) = I. Então pelaunicidadedesoluçãodevemoster X(t) =
e!A+BJte a propriedade
estájustificada.
D
Propriedade 3 (Forma Canônica de Jordan). Existe uma matriz M,
demudançadebase,tal que M”! AM estána formadeJordan, isto
e,
L
M”!AM=Diag
lAs,...,Af]
(7.19)
As=MI+R,
(7.20)
ondecadablocoA;, é daforma
jJ=1,...9t
onde,A;éumauto-valor
deÀ eR;éumamatrizdotipodaFigura7.1.
00 0...00
hoo
llo0
010
04
e
|
o 0 0 2. 10/a.
Figura 7.1: Bloco Nilpotente deJordan
Para a demonstraçãoda Forma Canônicade Jordan sugerimoso
livro de P.R. Halmos, “Finite-Dimensional Vector Spaces”,Van Nostrand Reinhold Company,1958.
Observações:
1. Na Forma de Jordan (7.19),o mesmoauto-valor pode se repetir
emváriosblocos(7.20),istoé,A; podeseriguala Amcomj Zm.
2. O número É de blocose a ordem de cada um deles dependemda
matriz
À
282
SistemasdeEquaçõesDiferenciais
Cap.7
3. É muitofácil calcularaspotênciasda matriz R;; calculando(R;2
(faça comoexercício),vemosque a “diagonal”de 1'sescorregapara a
“diagonal”imediatamenteabaixo;quando calculamos(R;)* a “diagonal? de 1'svai mais para baixo e assim por diante. Com uma matriz
de ordem k;, temos que (RB;
possui zero em todas as posições,
excetona posiçãok;1, quetem1, (a diagonalde 1'sestásaindofora
da matriz),finalmente(R;)“i = 0, k; é o índicedenilpotênciadeR;.
DaPropriedade
1,acimatemosque
MT!
e então
et
M
o eiM TAM)
,
|
et —MelM AM Mo]
logo para calcularet,
bastacalcularelM AM
em (7.21).
(7.21)
é substituir
Como (M"! AM)t = DiaglAst,..., Art] é formada por blocos,
quandocalculamosas potênciaspara a obtençãoda exponencial,um
mm
;
bloco não interfere no outro, isto é, para obter elM AMJ podemos
calcular separadamentea exponencialde cadablocoAst, e montar n
matriz exponencialde (M”! AM)t comessesblocosna diagonal.
Temos que
Ast
EP
=E (A;I+R;)t
comoA;I comutacomk;, temospelaPropriedade2, que
ENT
RjDt— (A DtoRt — At
oRit
RZ
Ajt
Ee
=elIi+Rt+A->DUA4A+-———
2
po
]
t?
eNit
21
LÊ
eg
Portantoa exponencialefM
*
t
=]
)
k;—1
tt”
(k;—1)!
1
cky—2
1)! (k;—2)!
|
k;—1
R?
mA
|
(7.28)
Da
AMIté formadapor blocosdo tipo (7,22)
”
*
*
r
f
f
Seção7.1
SistemasLinearesde EquaçõesDiferenciais 2
na diagonal.Essamatrizé a matrizde e2t na basedeJordan. A
relação(7.21)fornecea expressãode e“t, na baseoriginal. E ainda:
1. De (7.22),temosque os auto-valoresda exponenciale"! sãotodos
dotipoe*it,comA;auto-valor
deA (mudança
debasenãoaltera
auto-
valor).
2. De(7.21),oselementosdee2tsãocombinações
linearesdefunções
do tipo tte"it, onde i está limitado pelo maior índice de nilpotência,
e A; é auto-valor de A. Essa conclusãojustifica a expressão(7.10)
utilizada para a determinaçãode soluçãono casode auto-valor com
é qod
multiplicidade.
po
|f qual
Teorema7.3. Se x é tal queRe(A) < q, isto é, x é um númeroreal
maior que a parte real de todos os auto-valores, À, da matriz À, então
existeumaconstanteM tal quea soluçãox(t) de
x=Ax,
satisfaz
x(0) =X
bet)
]|<Mexo]l.
(7.23)
tim particular, quando todosos auto-valoresda matriz A, têmparte
realnegativa,
podemosescolher« < 0,eportanto||x(t)||tendea zero
exponencialmente,quando t — oo. Dizemos, nestecaso, que a solução
nula de x = Ax é exponencialmente
assintoticamenteestável.
Demonstração: Como os elementosde et são somas finitas de ex-
pressõesdotipot'ie2tex(t) = e2txo, bastaanalisarmosum desses
tormos
t'etxo]
|x]t]"
ettAMIxo]|
=[t]"
elfo)0d
teto]
ComoRe(A)—« < 0,temosque|t|*elRtM-c)t
O,quandot —00
Portantoessaexpressão
é limitadaparat € [0,00),logoexisteuma
constanteM tal que(7.23)é verdadeira.
a
Vamos finalizar essa secçãoanalisando a transformada de Ln
place da matriz exponencial, L(e”*). No casoescalar, temosque
Clem
O
(s- a)"
284
Sistemasde EquaçõesDiferenciais
Cap.7
Analogamente,vamos mostrar que
Lle*)=(sSI-A)] s>a>Re(A),
A
De fato
(s1=A)|
(7.24)
0
eNterstar=[
-[
0
0
(sI- AjeMe*tdt
seMe-stat—|
o
O (Ate-star
dt
Integrando por partes, obtemos
(81—A) /
SO
0
eterstat = —(eMes")
OO
t=0
=1.
quejustifica (7.24).
Comoaplicação,podemosmostrar,por exemplo,quea soluçãodo
problema
nãohomogêneo“ (2.OVA
x= Ax+b(t),
x(0) = xo
é dadapelafórmuladevariaçãodas constantes
x(t) = e“'xo+[
t
0
tbm)
dr.
De fato, aplicandoa transformadana equaçãonão homogênea,obtemos
s£(x) —xo = AL(x) + £(b)
portanto
(sI— A)L(x) = xo+ £(b)
o
C(x)=(sI-A)!
xo+ (sI—
AJT!£(b)
— L(e"'xo) + Lle”t +b(t)].
A fórmula de variação das constantes é então obtida invertendo essa
expressão,
Seção 7.2
7.2.
Equação Adjunta e a Alternativa de Fredholm
EquaçãoAdjuntae a Alternativade Fredholm
SejaA(t) uma matriz,n x n, contínua.O sistemalinear
y=-A(t)v(t)
ondeA(t)* denotaa matriz transpostada matriz A(t), é chamadode
EquaçãoAdjunta de
Z= Al
(7.25)
Podemostambémescrevera EquaçãoAdjunta na forma
y =—yvA(t),
(7.26)
comy designandoum vetor linha. Se X(t) é a Matriz Principal de
(7.25),entãoY(t) = X(t) |! é a Matriz Principal de (7.26).Pois, derivandoy = yoX(t) !, obtemos
U = —yoX'XX
= —yoXT!A =-VA.
Temosportantoqueas soluçõesde (7.26)sãodotipo
vlt)=voY(t)=Y(t)ty.
À questãoquevamosanalisar a seguir é a existênciade soluções
periódicaspara sistemas
x=Altx+f(t),
(7.27)
ondeA(t) e f(t) são funçõesT-periódicas. Para o casohomogêneo,
f = 0, temos
Lema7.1.Se A(t) é T-periódica,entãoossistemashomogêneos
(7.25)
e (7.26) têm o mesmonúmero de soluçõesT-periódicas linearmente
independentes.
Demonstração:(7.25)temsoluçãoT-periódicanãotrivial seX([ |xy
xo, para algum xo & O, isto é, se a condiçãoinicial xy pertencea
Ker|X(T) — 1],e portanto
dim Ker[X(T) — 1]
é o númerode soluções|-periódicas LI.
286
SistemasdeEquaçõesDiferenciais
Cap.7
Analogamente,(7.26) tem solução |-periódica não trivial, se e
somente se
voX(T)!- 1]=0, vozo
e, portanto,o número de soluçõesLI é
dimKer[(X(T)!—1)!=dimKer|X(T)!—1).
Mas, como
XT)-I=—[X(t)
!—IX(T) e dt X(T)£O0
conclui-seque essasdimensõescoincidem.
Teorema7.4(AlternativadeFredholm). O sistema(7.27)temsolução
T-periódica, se e somentese,a condição de ortogonalidade
/
x
0
ult)f(t)dt =0
está satisfeitapara toda soluçãoT-periódica de (7.26). O integrando
u(t)f(t) é o produtousualda matrizlinha y(t) pela matrizcoluna
f(t).
Demonstração: Uma solução x(t) é T-periódica se e somente se
x(T) = x(0) = xo, logo pela fórmula de variaçãodas constantes
temos que
»
x(T) =X(Txo +X(7) /
que podeser colocadana forma
X(s) !f(s)
T
ds =xo
X(TIT—xo=/ X(s)-'f(s)
ds.
Õ
(7.28)
Temos,portanto,que (7.27)tem soluçãoT-periódica,se e somentese
(7.28)tem soluçãoxo.
Chamando a matriz B = [X(T)”! — 1],e usando o fato que a
imagemde um operadorlinear do R”, é igual ao ortogonaldo núcleo
do operadoradjunto, isto é,
R(B)= Ker(B!)
Seção 7.2
Equação Adjunta e a Alternativa de Fredholm
temosque (7.28)tem solução,se e somentese
E
/
isto é,
0
X(s) Hs)
ds E Ker(B)+,
A
(30 /
0
X(s) M(s)as)
= 0 Vvyo€ Ker(B!)
que é equivalentea
/
T
0
voX(s) '(s)
AE= /
paratodafunçãoy(s) tal que
T
0
uls)f(s)ds =0
y(s)=voX(s)”!
comvaX(T)T!—-T]
=0.
Mas entãoas funçõesy(s) sãoas soluçõesT-periódicasde(7.26)e o
teoremaestá provado.
E
Exemplo. Considerea equação
ut+u=
ff
(t)
(7.29)
e o sistemacorrespondente
o
e
X2 = —%4 + fi(t)
que é do tipo (7.27)com
au=a=
(30. u=(689).
0
1
O
É fácil ver que nesse exemplo a equaçãoadjunta é idêntica à
equaçãooriginal
YU
= Ay,
e a matriz principal correspondenteé
X(t) =Y(t)!
(
cos 1
sen t
sen |
cos
208
Sistemasde EquaçõesDiferenciais
Cap.7
e portantoas soluções,
y(t) = Y(t)'yô, da equaçãoadjunta,tem
período2k7, k = 1,2,....
Portanto:
1) Se f(t) for periódicade períodoT £ 2k7r,a única soluçãoTperiódicada equaçãoadjunta é a soluçãonula, portantoa condiçãode
ortogonalidade
é satisfeitae(7.29)temumaúnicasolução| -periódica.
2) Se f(t) for T-periódicadeperíodoT = 2kz para algumk, temos
quetodasas soluçõesda equaçãoadjunta sãoT-periódicas,e portanto
(7.29)temsoluçãoT-periódicasee somentese
ondey(s) é soluçãoda adjunta. Comoy(s) é combinação
linear de
senos e cosenos,devemoster
q
/
O
sensf(s) ds
0 e
/
x
0
cossf(s) ds =0.
Por exemplo,quandoT = 27, fy(t) só podeter freqiências maiores
que 1/27. Seudesenvolvimento
emsériedeFourier
OO
=5
—
+ > [Ancosnt +bnsen nt)
n=|
devetera,=0eb/
=0.
tuando as frequênciascoincidemnão temossoluçãoperiódicae
as soluçõessãoilimitadas. Por exemplo,para
fi(t) = cost,
temos
u(t)
=cy sen t+ c>cost+
tsen t
3
Seção7.3
Linearização,Estabilidadee Funçõesde Liapunov
Figura7.1
7.3.
Linearização,Estabilidadee Funções de Liapunov
Nesta secçãovamosestudar sistemasautônomosgerais
x=f(x),
fiRºS5R”.
(7.30)
onde
f édeclasseC!. Suponhaque(7.30)tenhaumpontodeequilíbrio
xo. Vamossupor,por simplicidade,que xo = 0, isto é, f(0) = 0,e
portanto,x(t) = Oé solução.
Definição 7.3.Seja V:O C R” — R umafunçãodeclasseC!, definida
numconjuntoO quecontémumabolafechadaBpr(0),comcentrona
origem. Dizemos que V é uma Função de Liapunov para a equação
(7.30),quando
ViO] =D,
V(x) >0,
sexo,
Vix)<0,Vx
ondeV:O > R é definidapor
Ví(x)= ((gradV)(x), f(x)).
(7.31)
Alémdisso,dizemosqueV é umafunçãodeLiapunovestrita,quando
temosem (PA a desigualdadeestrita, para x / O,
290
SistemasdeEquaçõesDiferenciais
que
Cap.7
Observeque,sex(t) é soluçãode(7.30),entãotemospor (7.31)
d
=((grad
V)(x(t)),
f(x(t)))
=V(x(t))<o0,
isto é, V é decrescenteao longodas soluçõesde (7.30). ComoV é
limitada inferiormente,temosqueexisteo limite V(x(t)) quandot >
OO.
As funçõesde Liapunov não são fáceisde seremdeterminadas.
Em geral, elas estãorelacionadascom a norma do R” ou coma energia do sistema. Neste último caso, as condiçõesV = 0o0uV <0
significam,respectivamente,conservaçãoou dissipaçãode energia.
Exemplo 1. Temospor (4.124)quea energiado osciladorharmônico
simples
mã + kx = O
é dadapor
À (Um
cad
2
Elx] = 5
+ kxº).
Verifica-sefacilmenteque a E(x(t)) = 0. Issoquerdizerqueo sistema é conservativoe que
Viu) =(my),
x=y
é uma funçãode Liapunov para o osciladorharmônico.
Exemplo 2. Considere o sistema linear
x = —E—y
| y=3x—2u.
A função
V(x,y)=5b2ty?)
é uma função de Liapunov para esse sistema, pois
V= xx +uy
(x—y)2= yé<o0.
.
)
(7,99)
Seção 7.3
Linearização, Estabilidade e Funções de Liapunov
Mostre,comoexercício,quedim Vixit) ult)) =0.
—+00
À seguir,vamosutilizar as funçõesdeLiapunov para o estudodo
comportamentoassintóticodas soluçõesdo sistema (7.30). Os principais resultadosestãocontidosnos próximostrês teoremas.
Teorema 7.5. Se existeuma função de Liapunov para (7.30),entãoa
soluçãonula, x(t) = 0,éestável.Se a funçãodeLiapunovfor estrita,
entãoa soluçãonula é assintoticamenteestável.
Demonstração:
Estabilidade. Considere e:> 0e
E = min Vix) =D.
IIxll=e
(7.83)
t > 0 porqueV é estritamentepositiva no conjuntocompacto(x :
||x||= e). ComoV é contínuae V(0) = 0,existe6 —ó(e) > Otal que
l
Ix|l<ô > V(x)< 5
temos,em particular, que é < €. Nessas condições,podemosmostrar
que as soluções,comcondiçõesiniciais na bola de raio ô, sãoestáveis,
Isto é,
Ixoll<6 =>Ilx(t,xo)ll<e,
De fato, como
Vt>0.
(7.34)
de
(Vix(t,xo))<O
temosquea funçãot — V(x(t,xo)) é não crescente.Portanto
Víx(t, xo))<V(x(0,x0)) = Vixo)<5 » Vt>0.
(7.835)
Segue-sedaí quea soluçãox(t, xo) quecomeçardentrodaboladeraio
ô, deve permanecerdentro da bola de raio £ para tz0. De fato, caso
contrário,existiriat* > Otal que||x(t*,xo)||= e. Entãopor(7.33)
teriamosque Ví(x(t*,xo))>L, que contradiz (7.35).
Estabilidade Assintótica. Por (7.34),temos,tomando6 = ó(R), que
wo]
B(R)
Ix(t,
xo)||
< Ruy
ta0
292
SistemasdeEquaçõesDiferenciais
Cap. 7
isto é,a soluçãopermanecedentrododomínioda funçãodeLiapunov
V. Provemosqueessasoluçãotendea zero,quandot — oco,no caso
em que V é de Liapunov estrita. Dado e > O,vamosmostrarque
existeto —to(£) > 0, tal que
lIx(t,to)|l< e, se t>to.
Tomeó(€) definidoem(7.34).Se existir to = to(e) > Otal que
|Ix(to,
xo)||<d(e),
temospor (7.34)que
Ix(t,x(to,xo))||= |lx(t+to,xo)||< e Vt>0
e o teoremaestariademonstrado.Usamosna última igualdadeo fato
de que a equaçãoé autônoma,e portanto
x(t+to,xo)=x(t,x(to,x0)).
é,
Suponhamos,por contradição,que não existisse um tal to, isto
||x(t,
xo)||zô(e)
para todot>0. Então, a soluçãopermanecedurantetodoo tempona
coroacircular
s(e)<Ibelt,
xo)|IXR,
Vt>O.
Como V é estritamentenegativa,e a coroaé um conjuntocompacto,
temos que
Víx(t,xo))<—c, com c>0, Vt>0.
Então, integrandoos dois lados de Oa t, obtemos
Vit,
xo))<Víxo)
— €t,
Vt>0,
que é uma contradição,pois V teria que assumirvaloresnegativos
-
O comportamentoassintóticode uma soluçãoé determinadopelo
conhecimentode seu conjunto w-limite, veja Definição 6.1. Porém,
Seção 7.3
Linearização, Estabilidade e Funções de Liapunov
esseconjuntolimite, nem sempreé fácil de ser determinado.O próximo teoremaforneceinformaçõesimportantesnessa direção. A informaçãoé obtida utilizando uma função V, que decresceao longo das
soluções,mas não é necessariamenteuma funçãode Liapunov.
Teorema 7.6 (Princípio de Invariância de La Salle). Se V:R” ss Ré
declasseC! tal queV(x)<0, Vx. Então
wlxo)CE=(xeR”:V(x)=0),
VxoeR”.
Demonstração:Basta consideraro casoem que w(xo) £ Pp.Nesse
caso,temosqueV(t) = V(x(t,xo)) é decrescente,
pois V<O. V(t)
é limitadainferiormente.De fato,sey E w(xo), existemty, — 00
tais quex(tn, xo) — uy.Portanto,pela continuidadede V, temosque
V(tn) — V(y). Pela monotonicidadede V, temosque V(t) > c =
V(y), quando t — oo. Mostramos assim que V é constanteigual
a c em w(xo). Agora, comoo conjunto w-limite é invariante, isto
é, sey E w(xo), entãox(t,y) E w(xo) para todot, segue-seque
Víx(t,y)) = c. LogoV(y) = 0, isto é, y € E, queprovao teorema.
Exemplo 3. Considere o sistema do Exemplo 2. Para esse sistema
temospor (7.32)que
E=((x,y)E R?;V(x,y)=0)=((0,0)),
portantooconjuntow-limitedequalquersoluçãoéoconjunto((0,0)-.
Vamosconsideraragorao processodelinearizaçãodosistemaem
torno deum pontode equilíbrio. Linearizar o sistema(7.30),emtorno
do ponto x = Ô,significa consideraro sistemalinear x = Ax, ondea
matriz À é a derivada(matrizJacobiana)de f no pontox — 0, À =
f'(0). Utilizaremosesseconceitopara analisaro seguinteresultado
sobreestabilidadede equaçõesautônomas(7.30).
Teorema7.7. Se À = f'(0) possui todosos auto-valoresÀ comparte
real negativa,Re(A) < —axcom« > 0, entãoa soluçãonula de(7.30)
é assintoticamenteestável.Ademais, essasoluçãoé exponencialmente
assintoticamenteestável,isto é,para cada ô > 0, existemconstantes
K empositivastais que
Ixoll<m =>
Iix(t)jjgKe!-*xol),
t>0.
7!
294
SistemasdeEquaçõesDiferenciais
Cap.1
Demonstração:
EstabilidadeAssintótica. Temosquef satisfaz
f(x) = Ax+r(x),
com
lim PER: = Ú,
x—0||x|]
(7.50)
Usaremos agora os resultadosdo exercício8) abaixo. A função V de
finida em (7.44)e (7.42)é definida positiva, e
Víx) = (Cx,x) + (Cx,x) = (Cf(x),x) + (Cx,f(x))
Usando (7.36)e as propriedadesdo produtointerno, obtemos
V(x)
=((CA
+AtC)x,x)
+(Cr(x),x)
+(Cx,
r(x))
Portanto usando (7.43)e a desigualdadede Schwarz temos,para
x + 0,que
Irlo)||
V(x)<
—||x|JÉ
+
2ICl) Ix||É
xl
Tomando1 suficientementepequenotal que
Iell<n >
temos
rod]
dl Sale]
|
V(x)<—
5belÉ <0, se x%o0,
portantopelo Teorema7.5,x = Oé assintoticamenteestável.
Estimativa Exponencial. Temos
x(t) = f(x) = Ax(t) + tr(x(t))
e dai pelafórmuladevariaçãodas constantes,
x(t) = e“'xo +
t
0
eNt-sby(x(s))
ds.
Comojá temosestabilidade,
||x(s)||permanece
pequenoparatods
s>0,e comoTo| — Oquandox > 0, existey > Otal que
Ilrtxts
DD
I<yIbxts).
Beção 7.3
Linearização, Estabilidade e Funções de Liapunov
Portanto,como||e“!|<Me”“!, temos
e(o)lI<]le*
| ||xoll
+/ jets)| Ir(x(s))||
ds
Lt
Õ
t
<Me-“Iheoll+
/0 Mye-“(t-5](s)l|
ds
Multiplicando,ambososlados,por e*!, obtemos
eIx(t)|IXMIIxoll
+/ Mye“s|bx(s)||
ds.
t
O
Usandoa desigualdadede Gronwall, obtemos
epe(t)|<M
Io]|eM!
o portanto
belt)
||<Me!
"HM Mxol].
(Comopodemostomar y suficientementepequeno,a estimativa exponencial do Teorema7.7 estájustificada.
Hi
Utilizaremos a seguir os teoremasprecedentespara fazer uma
análise detalhada,da soluçãoda equaçãode Liénard.
fxemplo: Considerea equaçãode Liénard
x+fix)x+g(x),
g(0) =0.
(7a)
Colocando x = y, podemos olhar essa equação como um sistema no
IR
,
X =U
nono
(7.38)
a
temosque (0,0) é solução(ou ponto) de equilíbrio. Vamos estudar
a estabilidade desseponto. Multiplicando formalmente(7.37)por X
obtemos
x + gl)
= —f(x)(x)?
ar(5092
+669)
=—toaa
O
[1.3
o
“2
296
SistemasdeEquaçõesDiferenciais
Cap.7
ondeG(x) é primitiva de g(x),
DefinindoV:R? > R por
V(x,y) = =y? + G(x)
(7.39)
temosqueV seráuma funçãodeLiapunov,se
1.
2.
xg(x) > 0 sex £ 0,emparticular,G(x) > 0 sex £0,e
f(x)>0, Vx.
De fato,sobessashipótesesV>0 e
Viu) =—f(x)y?<0.
Com essasduashipótesestemos,peloTeorema7.5,quea solução
nula de (7.37)é estável. Observeque V(x,y) podeser zero sem que
(x,y) = 0, logo não podemosafirmar nada sobre estabilidade assintótica, usando o Teorema 7.5.
Vamos utilizar o Teorema 7.7 para analisar a estabilidade as-
sintótica.A matrizJacobianadosistema(7.38),noponto(x,y) =
(0,0)é
Colocando
flO)=be g(0)=c
temosque os auto-valoresde A satisfazem A? + bA + c = O. Para
essesauto-valoresterem parte real negativa,temosque b e c devem
satisfazerumadasduascondições:
3.
b*
-dec0eb>o0
4.
b*-de>0eb>
RE>Oo.
E portanto,em qualquer um dessesdois casos,o sistema (7.38)e n
equaçãoCLT são assintoticamenteestáveis,
Seção 7.3
Linearização,Estabilidadee Funções de Liapunov
Finalmente, façamosuma análise globaldas soluçõesda equação
de Liénard (7.37).
1) As condições1 e 2 garantemque todasas soluçõesde (7.37)estão
definidaspara todot>0.
De fato se (7.37)possuisseuma soluçãox(t) tal que |x(t)| — oo,
quandot — to, então|x(t)| = [u(t)|seriailimitadono intervalo
[0,to). Agora,nesseintervaloV(t) := V(x(t)) é limitada(énãocrescente),e usando a condição1 e (7.39)temos
Oxu(t)<2V(t), VtelO,to)
que é uma contradição.
nu) Se, além das condições1 e 2, tivermosque
G(x)
-[ pidde-s0que g=rdoo,
XxX
0
então,todasas soluçõesde (7.37)sãolimitadaspara t>0.
NestecasotemosqueV(x,y) — ooquando|(x,U)| — oo.Logo,dado
(xo,Vo), existe7tal que
Víx,y)
> Víxo,
Vo),
se
[(x,U)|
> 7.
Agorase(x(t),u(t)) éa soluçãode(7.38),comcondiçãoinicial (xo,Vo),
comoV<Ô,temosque
Vixit),ult))<Víxo,vo),Vt>0,
portantodevemoster |(x(t),y(t))|<r, o quejustifica a afirmação.
ui) Se, além das condições1 e 2, tivermosque f(x) > 0, Vx, então,
todasas soluçõesde(7.37)tendema zero,quandot > 00.
De fato,comoV = —y?f(x), temospeloTeorema7.5que
W(xo, Vo) Ç (lx, y) e
= 0).
Agora o conjunto «ww-limite
é invariante e o campo de vetores nos pontos
(x0,0), xo É V é dado por (0,
=g(xo)),veja a Figura 7.2,
298
SistemasdeEquaçõesDiferenciais
[4
Cap.7
vo
av
Figura7.2
portanto
7.4.
w(xo,
Vo)
e ((0, 0)).
Exercícios
1. Determine a solução geral de x — A;x, onde a matriz A;j,i
ss
a=(5 2)
1 -5 6
A=[130
0 01
= 1|,/
2. 1) Calcule e*it onde A; é dada no exercício anterior. (Utilize n
soluçãogeraljá determinada.)
ii) Esboceas soluçõesde x = Ayx no plano (coma basecanônica
usual).
11)Mostrequeé falsa a desigualdade
[letxlI<]hel|
t>0,x eR2
3. Usando a fórmula de variaçãodas constantesescrevaa expressão
que forneceas soluçõesda seguinteequação:
x+x=h(t).
A
4. Mostrequee”!
comutacoma matriz À,
Seção7,4
Exercícios 29!
5. Mostre que eAlt+s) =
AtnAÃs
“E
Sugestão:x(t) = eAtt+S)xo
é soluçãodeX = Ax comcondiçãoinicial
x(0)= e“Sxo. Usea unicidade.
6. Mostre que (eRep
= € —At
7. Considereos seguintessistemaslineares n dimensionais
%==
AP)
(7.40)
* = Altjx+ht)
(7.41)
ondeA(t) e h(t) sãocontínuase periódicasdeperíodop.
Mostre que:
a.
b.
Se1 for auto-valor da matriz principal T(p) do sistema (7.40)
calculadano períodop, então(7.40)tem soluçãop-periódicanão
nula,
Se 1 não for auto-valorde T(p), então(7.41)tem soluçãop-
periódica.
Sugestão:Denotepor x(t, xo) a soluçãode (7.41)comcondiçãoinicial
x(0,xo) — xo. Use a fórmula devariaçãodasconstantespara mostrar
queexistexo tal quex(P,Xo) = Xo.
8. Seja À uma matriz que possui todos os auto-valoresÀ, comparte
realnegativa,Re(A)< 0,
a.
Mostre que a integral
/
Ega
çAS ds
O
é convergente,
onde(e2s*)t!
denotaa matriz transpostade (e1s).
b.
Se
Co |
mostre que
0
(eS)t eASds
CA+A*C=—I
(7.42)
(7,43)
300
Sistemas
deEquaçõesDiferenciais
Cap.7
Sugestão:Integreosdoisladosde
d
Es
— (+
ds
ç2s A di
Ale"
sy gs
para s variando de Oa o0.
c.
Seja C a matriz dadaem(7.42),definaV:R” — R por
VIR) =4(0x,%)
(7.44)
Mostre que
c.1) Mostre queV é definidapositiva,isto é,
V(0)=0
e V(x)>0,
se x%o0.
(Lembre-se
daigualdade
(A'x,x) = (x,Ax))
c.2) Sex(t) é nãonulae satisfazx = Ax, mostreque
Víx) = - (Cx(t),x(t))< 0, Vt.
9. Considere as equaçõesdo modelopresa-predador(6.54)e (6.55).
Determine uma funçãode Liapunov para essesistema, em torno do
ponto de equilíbrio (c/d,a/b).
(Sugestão: Procure V da forma
Víx,y)= Fix) +G(y).)
10. Esboceo plano de faseda equação
Xx+(x+y—-Dx+x=0
chamandoa atençãopara ospontosde equilíbrio, soluçõesperiódicas,
orientaçãodas soluções,conjuntos« e w-limites,estabilidadee ins
tabilidade,etc. Todas as conclusõesque vocêpuder, não esqueçade
justificá-las.
11. Seja X
xf(x), ondef:R” — R é declasseCl e f(0) > 0.
a.
VerifiqueseV(x) = |x|*é umafunçãodeLiapunov.
b.
Analise a estabilidadedo pontode equilíbrio x = 0.
12. Considere o sistema
X= f(x
(7,45)
Seção7.4
Exercícios 301
onde f: IR" —s
|", é um campogradiente, isto é, existe uma função
V:R" — R de classeC2 tal que
f(x) = —grad V(x).
Mostre que:
a
V=-lgrad
V(x)|?
b.
Sex é um pontodemínimoisoladodeV, entãoX é um pontode
equilíbrio assintoticamenteestávelde (7.45).
c.
Sex é um pontow-limite (x € w(xo)), entãox é um pontode
equilíbrio.
13. Considerea equaçãode Liénard
x+fix)x+g(x)=0,
e G(x) -[
Suponha que
fix)z—c,
G(x)z-k,
X
0
g(s) ds.
VYxeR,
onde c e k são constantespositivas. Mostre que as soluçõesdessa
equaçãoestãodefinidaspara todot>0.
Bibliografia
Arnold, V.1. - Ordinary Differential Equations, MIR, 1974,
Birkhhoff, G. & Rota, G.C. - Ordinary Differential Equations, Blaisdell
Publishing, 1062.
Braun, M. - Differential Equations and Their Applications, SpringerVerlag, 1975.
Coddington,E.A. - An Introduction to Ordinary Differential Equations,
Prentice Hall, 1968.
Hirsch, M. & Smale, S. - Differential Equations, Dynamical Systems,
and Linear Algebra, Academic Press, 1974.
Hurewicz, N. - Lectures on Ordinary Differential Equations,
Cambridge,1975.
Pontryagin, L.S. - Ordinary Differential Equations, Addison-Wesley,
1963.
Simmons,G. - Ordinary Differential Equations with Applications and
Historical Notes, McGraw-Hill, 1972.
Amann, H. - Ordinary Differential Equations, Walter de Gruyter, 1990.
Coddington,E. & Levinson, N. - Theory of Ordinary Differential Equations, McGraw-Hill,
1955.
Hale, J. - Ordinary Differential Equations, J. Wesley,1964.
Hartman, P. - Ordinary Differential Equations, J. Wesley,1964.
Lefachetz,S. - Differential Equations: GeometricTheory,Interscience,
1959,
Sotomayor,J. - Lições de Equações Diferenciais Ordinárias, Coleção
Projeto Euclides, CNPq, 1979,
ÍndiceAlfabético
A
deperseguição
44
Alternativa
deFredholmparaexistência
envoltória
deumafamília87
famíliaaumparâmetro
84
desoluçãoperiódica286
famíliasortogonais90
C
integrais
50
Calorespecífico
29
isóclinas51
Campo:
ortogonais90
Central de forças 65, 154
tractriz35
conservativo
67
pseudoesfera
37
divergente
de69
fechado
66
gradiente65
gravitacional65
potencial
65
métodopráticoparadeterminação
69
pivotdeSchiele37
D
DadosinicaisVer Condiçãoinicial
Desigualdade
deGronwall61
Determinante
Wronskiano
96
funçõeslinearmente
independentes
97
rotacional
de66
trabalho
de67
vetorial
identidade
deAbel-Liouville97
Diferencialdeumafunção73
Ciclo limite229
Diluiçãodesoluções
30
Condiçãoinicial7,49
E
Conjunto:
invariante
229
simplesmente
conexo68
Q-limite227
tU-limite227
Convolução192
Contração54
Curvas:
catenária
39
cônicasemcoordenadas
polares166
de Lissajous 164
Energia:
cinética136
potencial137
Equaçãocaracterística
102
Equaçãodiferencial:
adjunta285
autônoma
21,206
comtermoforçantedescontínuo197
deBernoulli26
de Bessel113
304 ÍndiceAlfabético
lunçãode1)78
deChebyshev113
deClairaut28
Forma:
|
ded'Alembert-Lagrange
27
canônicadeJordan 281
deEuler-Cauchy110
diferencial72
deHermite118
constante72
deLaguerre113
exata73
deLegendre
106,113,118
fechada73
deLiénard226,295
deprimeiraordem49
linear
Fórmula:
deRicatti26,117
deAbel-Liouville97,269
devanderPol 226,236
deBinet 159
devariáveis
separáveis
11
doosciladorharmônico137
devariação
dasconstantes
9, 10,271,276
Funções:
dopêndulo141,244
143
deLiapunov289
deltadeDirac 200
o pêndulosimplese a aceleração
da gravidade
elípticas253
erro25
períodonasgrandes
oscilações
248
comamortecimento
254
gama169
linearmente
independentes
95
exata75
método
práticodeintegração
79
homogênea
24
interpretação
geométrica
50
lineardeprimeiraordem6
I
Impulsoinstantâneo
199
Integral:
aolongodeumcaminho67,73
lineardesegunda
ordem93
independência
decaminho67
equaçãocaracterística102
elíptica249
soluçãogeral95,98
métododevariação
dosparâmetros
99
métododoscoeficientesa determinar107
comcoeficientes
constantes
101
linearhomogênea
8,94
matricial268
singular17,113
solução49
Espelhoparabólico
43
f
Fatorintegrante
8, 77,80
existênciaRO
funçãode P 77
primeira75,256
Intervalo
maximal58
comportamento
da soluçãonosextremos59
L
Lei:
daconservação
domomento
angular157
deconservação
daquantidade
decalor29
dagravitação
universal
deNewton130,167
asconstantes
Cr eg 130,132
deHooke138
comentários
sobre139
limitedeproporcionalidade
140
305
ÍndiceAlfabético
amplitude
142
pontoderuptura140
amortecida
139,144
deKepler159,169
amortecida
e forçada147
deKirchhoff225
1ºdeNewton
120
batimento
150
22deNewton
119
períodofundamental
149
3º deNewton
120
ângulodefase142
doisocronismo
daspequenas
oscilações
143,245
demolas138
do resfriamentode Newton 28
do pêndulo245
M
energia
153
Matriz:
exponencial
279
fregiência142
período
142
fundamental
269
P
principal269
Planodefase207
Método:
dassériesdepotências
112
deFrobenius113
Ponto:
deequilíbrio(ousingularidade)
22,209
atrator216
dereduçãodaordem105
assintoticamente
estável22,211
devariação
dosparâmetros
99
centro218
doscoeficientes
adeterminar
107
desela216
gráficode Volterra260
espiral218
Movimento:
deprojéteis125
ângulodetiro 126
emplanosinclinados129
estável22,211
nodal216
singularregular113
deequilíbrio258
médias263
O
Órbita
206,
227
afélio167
apogeu167
ápside161
deumsatélite176
dosplanetas
168
fechada209
periélio167
modelomalthusiano
18
modelodeVerhulst19
modelopredador-presa
deVolterra257
métodográficodeVolterra260
limite20
outrosmodelos
23
períododosciclos262
taxade crescimento18
perigeu167
periódica209
daconservação
deenergia137
306 ÍndiceAlfabético
dacontração
54
dasuperposição
95
propriodades
267
Solução
deinvariância
deLaSalle
293
amplitude
de 142
Problemadevalorinicial4,7,49
deequilíbrio(ou estacionária)
22,209
ProdutodeConvolução192
assintolicamenteestável22,211
Q
estável
22,211
exponencialmente
assintoticamente
estável
283
Quantidadede movimento120
Quedadecorpos:
ta
comresistência
doar122
comentário
sobre124
se
velocidade
limite123
deumaequaçãodiferencial11,49,64
dependência
contínuaem relaçãoaos dadosini-
ciais62
geral4,95,98
globalmente
definida60
livre 120
R
Ressonância151
frequência
de 152
intervalo
maximal58
T
unicidade
58
Ss
Tabela:
declassificação
desingularidades
219
Sistemas:
Taxadecrescimento
deumapopulação
18
SequênciadeCauchy53
deequações
diferenciais
206,265
autônomo
206
detransformadas
de Laplace188
Temperatura:
calorespecífico
29
lincarização
numponto
deequilíbrio193
deequilíbrio29
solução64,206,266
leidoresfriamento
deNewton28
dinâmico211
hamiltoniano
256
Sistemas
dedeequações
diferenciais
lineares
213,
resfriamento
deum corpo28,29
Teorema:
deAbel-Liouville
97,269
267,271
deexistênciae unicidade(dePicard)51
comcoeficientes
constantes
213,267,271
necessidade
dashipóteses56
autovalores
reaisdistintos
272
dedependência
contínua
62
autovalores
repetidos
274
deLevinson-Smith
230
autovalores
complexos
273
deLa Salle293
exponencial
dematrizes
279
dePoincaré-Bendixon
229
estimativa
exponencial
dassoluções
283
região
comórbitaperiódica
229
fórmula
devariação
das
constantes
271,
276
região
sem
órbita
periódica
23]
homogêneo
267
identidade
deAbel-Liouville
269
matrizfundamental
269
matrizprincipal269
região
componto
deequilíbrio
232
54
dopontofixodeBanach
(princípio
dacontração)
Fundamental
doCálculo3,5
ÍndiceAlfabético
Transformação
dePoincaré232
Transformada
deLaplace:
dafunçãoÓ deDirac 202
damatrizexponencial284
definição182
dederivadas187
funçõesadmissíveis
182
funçõesdescontínuas197
funçõesimpulso199
inversa183
produtode 191
propreidades
181,185
Tabela188
V
Velocidade:
areolar158
deescape133,177
deimpacto133
dosom125
Vetor:
aceleração119
posição119
velocidade
119
Vibraçãover Oscilação
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diferenciais,mostrandoa força
da teoria,e a interpretaçãodetalhadadassoluçõesobtidas.
O texto expõeo assuntode
maneiragradativa,contémmétodos elementares
de obtençãode
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configuraçõese no comportamentoassintóticodassoluções.
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