BCJ0204 Fenômenos Mecânicos CINEMÁTICA VETORIAL Alysson Fábio Ferrari alysson.ferrari@ufabc.edu.br BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos CINEMÁTICA (1D) Para descrever o movimento de uma formiga num varal esticado, bastava uma régua e um cronômetro... isto porque este movimento está restrito a uma única dimensão. © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos CINEMÁTICA (CASO GERAL) Para descrever um movimento mais geral, precisamos utilizar uma ferramenta um pouco mais elaborada. Desenhamos um segmento de reta orientado que começa na origem escolhida e termina na posição do corpo. z 0 y x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari Escolhemos um ponto do espaço como origem, e escolhemos três direções mutuamente ortogonais como eixos x, y e z. (Em outras palavras: escolhemos um referencial) BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos CINEMÁTICA (CASO GERAL) A posição do corpo (em relação à origem escolhida) é representada por um segmento de reta orientado, ou seja, uma entidade geométrica caracterizada por um ● módulo (o comprimento do segmento de reta) ● uma direção (a direção do segmento de linha) ● um sentido (a orientação do segmento, no caso, apontando da origem para o passáro) z Uma grandeza que possui módulo, direção e sentido é por definição um vetor. 0 y x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari Portanto, para descrever movimentos num caso geral, precisamos usar vetores. BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos CINEMÁTICA (CASO GERAL) Conforme o tempo passa e o objeto se move, o vetor que o representa muda. z 0 y x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos CINEMÁTICA (CASO GERAL) Conforme o tempo passa e o objeto se move, o vetor que o representa muda. z 0 y x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos CINEMÁTICA (CASO GERAL) Conforme o tempo passa e o objeto se move, o vetor que o representa muda. z 0 y x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari O movimento de um corpo pode ser descrito por um vetor que muda conforme o tempo passa, ou seja, um vetor que é função do tempo t. BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos CINEMÁTICA (CASO GERAL) Note: a escolha da referencial é absolutamente livre. O vetor r(t) dá a posição do corpo, num dado instante, em relação ao referencial O. Nada nos impede de escolher o referencial O'. No mesmo instante, a posição do mesmo corpo será representada pelo vetor r'(t), que é claramente distinto de r(t). Esta ambiguidade não traz nenhum problema. Podemos escolher qualquer referencial para tratar o problema, os resultados físicos não podem depender desta escolha. Voltaremos a discutir este ponto mais adiante... z O r(t) O' z r'(t) 0 y x © Alysson Fábio Ferrari 0 x sites.google.com/site/alyssonferrari y BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETORES É suposto que o estudante já tenha familiaridade com as propriedades e operações básicas sobre vetores. Vamos apenas relembrar alguns conceitos fundamentais. Vetores podem ser livremente transportados de um lugar para outro (eles são caracterizados por módulo, direção e sentido, não por uma origem em particular) ...é igual a este... ...mas é diferente destes... este vetor... © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETORES Graficamente, vetores são representados por setas. Quando representamos o vetor por uma letra, temos que indicar de alguma forma que se trata de um vetor. Existem várias formas tradicionais de fazer isso... A A A ~ O módulo do vetor é representado de uma das seguintes formas |A| |A| A ~ Em alguns livros, o módulo é também chamado de norma de um vetor. z r(t) O vetor posição é tradicionalmente representado pela letra r. Como trata-se de um vetor que muda com o tempo, vamos representá-lo como uma função de t: r(t) 0 x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari y BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETORES Vetores são úteis porque além de poder intuitivamente representá-los graficamente como setas, podemos fazer operações sobre vetores como soma e subtração. SOMA DE VETORES Regra do Paralelogramo: os dois vetores começam do mesmo ponto, forma-se um paralelogramo e a diagonal deste representa o vetor soma. A B A B B © Alysson Fábio Ferrari A sites.google.com/site/alyssonferrari Forma alternativa: colocam-se os vetores em sequencia, e o vetor soma começa na “cauda” do primeiro vetor, e termina na “cabeça” do segundo. BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETORES Vetores são úteis porque além de poder intuitivamente representá-los A segunda soma é fazer mais operações adequada para graficamente como regra setas,de podemos sobresomar-se vetores como soma vários vetores: e subtração. SOMA DE VETORES C A B B B A A C Regra do Paralelogramo: os dois vetores começam do mesmo ponto, forma-se um paralelogramo e a diagonal deste representa o vetor soma. D=A+B+C B B © Alysson Fábio Ferrari A sites.google.com/site/alyssonferrari A Forma alternativa: colocam-se os vetores em sequencia, e o vetor soma começa na “cauda” do primeiro vetor, e termina na “cabeça” do segundo. BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETORES A soma de vetores tem muitas propriedades idênticas à soma de números reais. A+B=B+A A + (B + C) = (A + B) + C MULTIPLICAÇÃO DE UM VETOR POR UM NÚMERO (ESCALAR) Dado o vetor A, o vetor aA, onde a é um número real, é um vetor com a mesma direção que A, com módulo igual a |a| |A|, e com o mesmo sentido de A se a> 0 e com o sentido oposto se a<0. © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETORES Com esta definição de multiplicação, dado um vetor A sabemos quem é -A: -A = (-1) A A -A Então, por exemplo, © Alysson Fábio Ferrari A – A = A + (-A) = 0 sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETORES Podemos também subtrair dois vetores: A – B = A + (-B) A B A -B -B A A A-B B © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETORES É importante saber que não precisamos necessariamente fazer desenhos para operar com vetores, todas as operações entre vetores podem ser feitas de forma puramente algébrica. y A A Ax ^i AY ^ J A = Ax ^i + Ay ^j ^ i x Ax © Alysson Fábio Ferrari AY ^j sites.google.com/site/alyssonferrari Vetores unitários: vetores apontando na direção dos eixos x, y e z, com módulo 1 (ou seja, uma unidade de comprimento). BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETORES É importante saber que não precisamos necessariamente fazer desenhos para operar com vetores, todas as operações entre vetores podem ser feitas de forma puramente algébrica. A = Ax ^i + Ay ^j aA = aAx ^i + aAy ^j B = Bx ^i + By ^j C = A + B = Ax ^i + Ay ^j + Bx ^i + By ^j = (Ax + Bx) ^i + (Ay + By) ^j O módulo do vetor também pode ser calculado algebricamente, usando Pitágoras: ∣A∣= A x A y 2 © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari 2 BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR VELOCIDADE Dado um movimento geral como na figura, queremos encontrar a grandeza que representa a velocidade com que o objeto se desloca. z 0 y x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR VELOCIDADE Considere um segmento da trajetória do corpo. Escolha um instante de tempo t: neste instante, o corpo é localizado pelo vetor r(t) v r(t) Δr(t) z r(t+Δt) y Após um intervalo de tempo Δt, o corpo encontra-se localizado no ponto r(t+Δt). A diferença r(t+Δt) - r(t) é o deslocamento do corpo durante o intervalo de tempo Δt, representado por Δr(t). x A velocidade média do corpo durante o intervalo considerado é, por definição: © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari r r t t −r t = v = t t BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR VELOCIDADE v r(t) Note: o vetor velocidade média está na mesma direção que o vetor deslocamento Δr. Δr(t) z r(t+Δt) y x A velocidade média do corpo durante o intervalo considerado é, por definição: © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari r r t t −r t = v = t t BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR VELOCIDADE Para obter a velocidade instantânea a partir da velocidade média, vamos considerar o limite em que Δt → 0. Vamos observar o que acontece com a direção do deslocamento Δr (e consequentemente, da velocidade média). Reta tangente à trajetória no ponto r(t) r(t) z ) t Δ 3 + r(t t 2) Δ + r(t t 1) Δ + t ( r y x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari Conforme Δt → 0, a direção de Δr tende à direção da reta tangente à trajetória do corpo no ponto r(t). BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR VELOCIDADE Definimos o vetor velocidade instantânea no instante t da seguinte forma: r t t − r t r = lim v = lim t t 0 t t 0 v r(t) z ) t D 3 + r(t t 2) D + r(t t 1) D + r(t y x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari d r v = dt O módulo do vetor velocidade dá uma idéia de quão rapidamente o corpo se desloca. Para descobrir |v|, é preciso efetivamente calcular o vetor velocidade. Mas a direção da velocidade é obrigatoriamente tangente à trajetória do corpo, em qualquer situação. BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR VELOCIDADE Dado um movimento geral, portanto, é fácil desenhar pelo menos a direção do vetor velocidade em qualquer ponto da trajetória. z 0 y x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO Em geral, o vetor velocidade não é constante durante o movimento. Podemos nos interessar, portanto, numa grandeza que mede a variação da velocidade com o passar do tempo. z Esta grandeza é a aceleração. 0 x © Alysson Fábio Ferrari y Se num movimento, o vetor velocidade não é constante, quer dizer que este movimento é acelerado, e deve existir um vetor aceleração diferente de zero. sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO Considere um segmento da trajetória do corpo. Escolha um instante de tempo t: neste instante, o corpo é localizado pelo vetor r(t), e seu vetor velocidade é tangencial à trajetória neste ponto. v(t) Δv(t) z r(t) Δ + t ( r t) v(t+Δt) y x v(t+Δt) A aceleração média do corpo durante o intervalo considerado é, por definição: v(t) Δv(t) © Alysson Fábio Ferrari Após um intervalo de tempo Δt, o corpo encontra-se localizado no ponto r(t+Δt), e o vetor velocidade instantânea também mudou para v(t+Δt). sites.google.com/site/alyssonferrari v v t t −v t a = = t t BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO Diminuindo o valor de Δt, o vetor Δv claramente diminui de módulo e vai mudando sua direção. Δv(t) z r(t) r(t+ Δt) v(t) v(t+Δt) y O módulo do vetor aceleração não pode ser diretamente percebido da figura, deve ser obtido a partir do cálculo do limite abaixo: v a = lim t 0 t x v(t) v(t+Δt) © Alysson Fábio Ferrari No limite em que Δt → 0, o vetor aceleração instantânea vai ter sua direção dada aproximadamente pela linha pontilhada. sites.google.com/site/alyssonferrari Δv(t) BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO Tomando o limite Δt → 0, encontramos o vetor aceleração instantânea, que informa sobre a variação do vetor velocidade no instante considerado. v(t) z r(t) a(t) v a = lim t 0 t d v a = dt y x © Alysson Fábio Ferrari Ao contrário do vetor velocidade, cuja direção pode ser facilmente encontrada em qualquer trajetória, no caso do vetor aceleração a situação é um pouco mais complicada... sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO Seja qual for a direção do vetor aceleração, sempre podemos dividi-lo em duas partes: uma componente que é perpendicular à velocidade (aceleração centrípeta ac), e uma componente que está na mesma direção que a velocidade (aceleração tangencial at). Pode acontecer que em dada situação que uma das componentes é nula (ou seja, aceleração totalmente centrípeta ou totalmente tangencial), mas no caso mais geral ambas estarão presentes, como na figura. v(t) a(t) © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO Seja qual for a direção do vetor aceleração, sempre podemos dividi-lo em duas partes: uma componente que é perpendicular à velocidade (aceleração centrípeta ac), e uma componente que está na mesma direção que a velocidade (aceleração tangencial at). Pode acontecer que em dada situação que uma das componentes é nula (ou seja, aceleração totalmente centrípeta ou totalmente tangencial), mas no caso mais geral ambas estarão presentes, como na figura. O que podemos dizer sobre o papel de cada componente do vetor aceleração? at(t) ac(t) v(t) a(t) © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO (TANGENCIAL) Consideremos a aceleração tangencial at, ou seja, a componente da aceleração que está na mesma direção do vetor velocidade. A que mudança de velocidade tal aceleração está associada? at v A aceleração média é dada por: v a = t Supomos um Δt muito pequeno, de tal modo que a aceleração tangencial seja praticamente constante durante este Δt. Portanto: at ≈ at = v t v ≈ at t at t v vf © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari O vetor velocidade muda de módulo, não de direção! BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO (TANGENCIAL) A aceleração tangencial at está associada exclusivamente a uma mudança de módulo do vetor velocidade. at t v vf Em outras palavras: se o módulo do vetor velocidade é constante durante o movimento, a componente tangencial da aceleração é nula. Em contrapartida, se existe componente tangencial da aceleração, necessariamente o módulo do vetor velocidade está variando com o tempo. at t v vf Se at está no mesmo sentido de v, então o módulo de v está aumentando. © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari v vf at t Se at está no sentido oposto de v, então o módulo de v está diminuindo. BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO (CENTRÍPETA) Consideremos agora a aceleração centrípeta ac, ou seja, a componente da aceleração que é perpendicular ao vetor velocidade. A que mudança de velocidade tal aceleração está associada? ac v Vamos mostrar que ac não está associada a nenhuma mudança no módulo do vetor velocidade. Antes de mais nada, note: se o módulo do vetor velocidade |v| é constante, então o produto escalar vv é também constante. Calculando a derivada do produto escalar vv, ( ) ( ) ( ) d d d d ( ⃗v • ⃗v )= ⃗v • ⃗v + ⃗v • ⃗v =2 ⃗v • ⃗v =2 ⃗a • ⃗v dt dt dt dt Se a for perpendicular a v (que é o caso da aceleração centrípeta), temos d ( ⃗v • ⃗v )=2 ⃗a c • ⃗v =0 dt © Alysson Fábio Ferrari ⃗v • ⃗v =constante sites.google.com/site/alyssonferrari ∣v∣=constante BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO (CENTRÍPETA) Em suma: a aceleração centrípeta ac está associada unicamente à mudança da direção do vetor velocidade. ac v Se ac é nula, então a direção do vetor velocidade não muda. Em contrapartida, se há mudança na direção do vetor velocidade, necessariamente a componente centrípeta ac da aceleração não pode ser nula. Vamos considerar um caso particular muito interessante: um movimento circular com módulo de velocidade constante. © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO (CENTRÍPETA) Seja um movimento que se dá sobre um círculo, e que possui velocidade com módulo constante. Como a direção do vetor velocidade muda constantemente, o movimento é acelerado, e em particular, só existe aceleração centrípeta, justamente porque |v| é constante. Após um certo intervalo de tempo Δt, temos uma nova posição e uma nova velocidade. r(t) v(t) Dq Podemos identificar dois triângulos semelhantes na figura (por quê?): r(t) r(t+Dt) v(t+Dt) Δq r(t+Dt) Δr(t) v(t+Δt) Δq v(t) Δv(t) © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO (CENTRÍPETA) Para triângulos semelhantes, a razão entre lados correspondentes é a mesma... ∣ r ∣ ∣ v∣ = ∣r ∣ ∣v∣ r(t) Δr(t) Δq Lembrando que o tempo Dt é muito pequeno, podemos usar as aproximações: r(t+Δt) v(t+Δt) Δq v(t) r v ≈ ⇒ r ≈v t t v a c ≈ ⇒ v ≈a c t t Ou seja: Δv(t) ∣v∣ t ∣a c∣ t = ∣r ∣ ∣v∣ 2 ∣v∣ ∣ac∣= ∣r ∣ Embora tenhamos considerado em particular o caso de movimento circular uniforme, não é difícil perceber que em qualquer movimento circular, o módulo da aceleração centrípeta responsável pela mudança na direção do vetor velocidade tem o módulo dado pela expressão acima. © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos VETOR ACELERAÇÃO Resumo da história: a direção do vetor aceleração não pode ser tão simplesmente encontrada apenas desenhando-se a trajetória do corpo em questão. Seja qual for a direção do vetor aceleração, contudo, sempre podemos dividi-lo em duas partes com características bastante distintas: a componente perpendicular à velocidade (aceleração centrípeta ac) e a componente na direção da a velocidade (aceleração tangencial at). Componente centrípeta: associada à mudança na direção da velocidade. Componente tangencial: associada à mudança do módulo da velocidade. at(t) ac(t) v(t) a(t) © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO CONSTANTE Discutimos anteriormente, no caso unidimensional, algumas fórmulas válidas para um movimento com aceleração constante. Queremos fazer o mesmo agora para o caso geral de um movimento com vetor aceleração constante. Partimos de um “ansatz”, que vamos provar ser válido: 1 2 r t =r 0 v 0 t a t 2 Primeiro: o que acontece em t = 0? r0 corresponde ao vetor posição no instante inicial. r 0=r 0 Segundo: derivando o ansatz em relação a t: d d 1 r t = r 0v 0 t a t 2 =v 0a t dt dt 2 v t =v 0 a t © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari v 0=v 0 v0 corresponde ao vetor velocidade no instante inicial. BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO CONSTANTE Terceiro: derivando novamente o ansatz em relação a t: d d v t = v 0a t =a dt dt a t =a O vetor aceleração como função de tempo a(t) acaba sendo igual ao vetor constante a, ou seja, o movimento tem realmente aceleração constante. Fica para o estudante perceber que qualquer outra potência de t ou função de t que aparecesse na expressão inicial de r(t) faria com que a(t) não fosse constante no tempo. Então a expressão proposta realmente descreve o caso mais geral de um movimento com aceleração constante: 1 2 r t =r 0 v 0 t a t 2 © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari v t =v 0 a t BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos MOVIMENTO COM ACELERAÇÃO CONSTANTE Vamos escrever a expressão de r(t) em termos dos vetores unitários. v 0=v 0x iv 0 y jv 0z k r 0 =x 0 i y 0 j z 0 k a =a x ia y ja z k 1 2 r t =r 0 v 0 t a t 2 = x 0 i y 0 jz 0 k v 0x i v 0 y j v 0z k t 1 2 a i a ja k t x y z 2 1 1 1 = x 0 v 0x t a x t 2 i y 0 v 0 y t a y t 2 j z 0 v 0z t a z t 2 k 2 2 2 INDEPENDÊNCIA DOS MOVIMENTOS nas direções x, y e z © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 1: QUEDA LIVRE Seja um certo objeto que está a uma altura h do chão. Em dado instante do tempo, ele é largado e começa a cair sob a ação única da gravidade. Sabemos, e justificaremos mais tarde, que qualquer corpo largado próximo à superfície da terra sente uma aceleração em direção ao chão, devido a gravidade, de módulo g = 9.8m/s2. Começamos escolhendo um referencial. Escolhemos t = 0 como o instante em que o corpo é largado. y Como o movimento tem aceleração constante. 1 2 r t =r 0 v 0 t a t 2 a Devido a esta escolha de referencial: h x r 0=0× ih j0× k v 0= 0 a =−g j Juntando tudo: © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari 1 2 r t =h j− g t j 2 BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 1: QUEDA LIVRE Ou seja: o movimento se dá totalmente ao longo da direção y, sendo que x(t) = z(t) = 0. Na prática, o movimento pode ser descrito como unidimensional 1 2 y t =h− g t 2 y Sabendo a solução do problema, eu quero ser capaz de responder a perguntas físicas sobre o problema. Por exemplo: a h x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 1: QUEDA LIVRE Ou seja: o movimento se dá totalmente ao longo da direção y, sendo que x(t) = z(t) = 0. Na prática, o movimento pode ser descrito como unidimensional 1 2 y t =h− g t 2 y Sabendo a solução do problema, eu quero ser capaz de responder a perguntas físicas sobre o problema. Por exemplo: a Em que instante o corpo toca o chão? 2 1 y t f =h− g t f =0 2 h tf= Qual sua velocidade ao tocar o chão? x v t f =− 2 h g j d v t = y t =−g t dt v t f =−g t f =−g © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari 2h g 2h =− 2 h g g BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 1: QUEDA LIVRE Dissemos que a escolha do referencial é livre, não influenciando na resposta do problema. Vamos entender o que exatamente isto quer dizer neste problema em particular. Considere a mesma situação física. Vamos escolher um referencial diferente para resolvê-lo. Como o movimento tem aceleração constante. 1 2 r t =r 0 v 0 t a t 2 x Devido a esta escolha de referencial: a h y © Alysson Fábio Ferrari r 0 =0 v 0= 0 a =g j Juntando tudo: sites.google.com/site/alyssonferrari 1 2 r t = g t j 2 BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 1: QUEDA LIVRE A solução parece diferente do que encontramos antes. Mas vamos ver as conclusões físicas que podemos tirar desta solução: O movimento continua sendo efetivamente unidimensional: x a h y © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari 1 2 r t = g t j 2 BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 1: QUEDA LIVRE A solução parece diferente do que encontramos antes. Mas vamos ver as conclusões físicas que podemos tirar desta solução: O movimento continua sendo efetivamente unidimensional: 1 2 r t = g t j 2 Em que instante o corpo toca o chão? x 2 1 y t f = g t f =h 2 Qual sua velocidade ao tocar o chão? a h d y t =g t dt 2h v t f =g t f =g = 2 h g g y v t f = 2 h g j © Alysson Fábio Ferrari v t = 2h tf= g sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 1: QUEDA LIVRE Em resumo: estudando o mesmo sistema físico, a aparência da solução depende em geral do referencial escolhido para tratar do problema. Contudo, qualquer conclusão física, mensurável sobre o movimento do sistema deve ser a mesma, independente do referencial utilizado. Nada impede, enfim, de usar um referencial como o indicado ao lado. z a y h x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari A solução do problema deverá ser mais complicada (não vai estar restrita à direção y, por exemplo, embora a trajetória continuará sendo uma linha reta), mas todas as conclusões físicas obtidas da solução serão as mesmas. BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 2: LANÇAMENTO DE PROJÉTIL Outro exemplo: um corpo é lançado de uma certa posição inicial, com uma certa velocidade inicial. Após o lançamento, move-se sob ação unicamente da gravidade. Escolha de Referencial: tomamos t = 0 como o instante do lançamento. Escolhemos a origem do referencial como o ponto do lançamento. Além disso, sempre podemos escolher os eixos coordenados tal que: ● a aceleração está na direção negativa de z ● a velocidade inicial está no plano yz Usando trigonometria básica, podemos encontrar as componentes do vetor velocidade inicial nas direções y e z. z a z v 0 y v 0 q v 0 cos x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari v 0 sin y BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 2: LANÇAMENTO DE PROJÉTIL Como o movimento é de aceleração constante, já conhecemos a solução. 1 2 r t =r 0 v 0 t a t 2 Devido à nossa escolha do referencial: r 0 =0 v 0=v 0 cos jv 0 sin k a =−g k 1 2 r t = v 0 cos jv 0 sin k t− gt k 2 z v 0 q v 0 sin y v 0 cos © Alysson Fábio Ferrari 1 2 r t =v 0 cos t j v 0 sin t − g t k 2 sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 2: LANÇAMENTO DE PROJÉTIL 1 2 r t =v 0 cos t j v 0 sin t − g t k 2 Escrevendo em termos das componentes x(t), y(t) e z(t): y t =v 0 cost x t =0 1 2 z t =v 0 sin t − g t 2 O movimento está restrito ao plano yz, ou seja, é um movimento em duas dimensões. z a Na direção z, o movimento é idêntico ao de um corpo lançado para cima com certa velocidade inicial v0 sin(q). v 0 y x © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari O movimento na direção y é um movimento com velocidade constante. BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 2: LANÇAMENTO DE PROJÉTIL Verificando a solução: d d v y t = y t = v 0 cos t =v 0 cos dt dt d a y t = v 0 cos =0 dt y t =v 0 cost z d a z t = v 0 sin −g t =−g dt a v 0 y x © Alysson Fábio Ferrari d 1 2 v z t = v 0 sin t − g t =v 0 sin −g t dt 2 1 2 z t =v 0 sin t − g t 2 sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 2: LANÇAMENTO DE PROJÉTIL Vamos tentar responder algumas perguntas com a solução que encontramos. y t =v 0 cost v y t =v 0 cos 1 2 z t =v 0 sin t − g t 2 v z t =v 0 sin −g t Qual o formato da trajetória do corpo? y t= v 0 cos z v 0 y x sites.google.com/site/alyssonferrari y 1 y − g v 0 cos 2 v 0 cos z=tg y− a © Alysson Fábio Ferrari z=v 0 sin 2 1 g 2 y 2 v 0 cos O projétil se move sobre um parábola! z= A y−B y 2 BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 2: LANÇAMENTO DE PROJÉTIL Curiosidade histórica: nos tempos da física aristotélica, acreditava-se que uma trajetória só pudesse ser composta por segmentos de linhas retas e círculos... Galileu foi o primeiro a perceber que, na realidade, a trajetória é parabólica. © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 2: LANÇAMENTO DE PROJÉTIL y t =v 0 cost v y t =v 0 cos 1 2 z t =v 0 sin t − g t 2 v z t =v 0 sin −g t Qual a altura máxima atingida? No ponto de maior altura, a velocidade na direção z deixa de ser positiva, passando a ser negativa – em outras palavras, neste ponto, vz = 0 v z t max =v 0 sin −g t max =0 v 0 sin t max = g v 0 sin 1 v 0 sin z t max =v 0 sin − g g 2 g 2 2 v v = 0 sin 2 − 0 sin 2 g 2g v 20 2 z t max = sin 2g © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari 2 BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 2: LANÇAMENTO DE PROJÉTIL 1 2 z t =v 0 sin t − g t 2 v z t =v 0 sin −g t y t =v 0 cost v y t =v 0 cos Qual o alcance (a direção total percorrida pelo corpo na horizontal)? v 0 sin t max = g Vamos utilizar o resultado que já obtivemos. Sabemos que o corpo alcança seu ponto máximo em t = tmax, onde logo: v 0 sin v 20 y t max =v 0 cos = sin cos g g Por outro lado, da figura é claro que R é igual a exatamente o dobro desta distância: 2 v0 R=2 y t max = ×2 sin cos g Agora, um pouco da bela arte da trigonometria: sin =sin cos sin cos R y t max © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari sin 2 =2sin cos v 20 R= sin 2 g BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 2: LANÇAMENTO DE PROJÉTIL y t =v 0 cost v y t =v 0 cos 1 2 z t =v 0 sin t − g t 2 v z t =v 0 sin −g t Qual o alcance (a direção total percorrida pelo corpo na horizontal)? v 20 R= sin 2 g Claramente, quando maior v0, maior o alcance (o que é razoável). Mas para qual ângulo o alcance é máximo? https://www.youtube.com/watch?v=KacTRPL1MtE © Alysson Fábio Ferrari sites.google.com/site/alyssonferrari BCJ0204 – Fenômenos Mecânicos EXEMPLO 3: MOVIMENTO CIRCULAR UNIFORME Considere um movimento representado pela seguinte r(t): r t =R cos t i R sin t j É fácil ver que |r(t)| é constante: 2 2 2 2 ∣ r t ∣= R cos t R sin t =R Isso significa que o movimento está sobre o círculo de raio unitário (ou seja: trata-se de um Além disso: movimento circular) d y v t = dt r t =− R sin t i R cos t j ∣v t ∣= R sin t R cos t = R 2 2 2 2 2 2 O módulo da velocidade também é constante, o que significa que o movimento é circular e uniforme. x Finalmente, calculando o vetor aceleração, encontramos um vetor radial, logo perpendicular à velocidade, como deveria ser... a t = d 2 2 v t =− R cost i − R sint j dt 2 =− r t