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Apresentacao - Moreira Neto - Missionários na Amazonia

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MOREIRA NETO, Carlos de Araújo. Os principais grupos missionários que atuaram na Amazônia
Brasileira entre 1607 e 1759. In: HOORNAERT, Eduardo (coord.). História da Igreja na Amazônia.
Petrópolis: Vozes/CEHILA, 1992. p. 63-120.
SOBRE O AUTOR:
Carlos de Araújo Moreira Neto
Nasceu em Viçosa, MG, em 28 de janeiro de 1929 e faleceu em 17 de
junho de 2007, aos 79 anos, vítima de pneumonia.
[https://merciogomes.blogspot.com/2007/06/faleceu-o-prof-carlos-moreira-neto.html]
Doutor (1971) em antropologia Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
de Rio Claro (Unesp). Tese: A Política Indigenista Brasileira durante o
Século XIX (orientado por Eduardo Eneas Gustavo Galvão - Doutor em
antropologia
pela
Columbia
University
(1952).
[https://www.historiografia.com.br/tese/4608]
Textos de Moreira Neto, artigos, relatórios de viagem e sobre a situação
de índios Waimiri-Atroari e Kayapo:
[https://acervo.socioambiental.org/taxonomy/term/11761]
Carlos Moreira, o grande etnohistoriador:
[https://merciogomes.blogspot.com/2008/01/carlos-moreira-o-grande-etnohistoriador.html]
Moreira Neto sobre o Centro de Documentação Etnológica (CDE):
“Um dos modos mais insidiosos de desterrar o índio da consciência e
da memória da nação faz-se pela eliminação ou esquecimento dos
documentos que a ele se referem. [...] Nesse mesmo ano de 1974
iniciei, por todo o país, a busca e recolhimento de documentos nas
várias delegacias e postos indígenas da Funai. Pouco depois organizei
o Centro de Documentação Etnológica e Indigenista da Funai, no
Museu do Índio, onde foi reunida, classificada e microfilmada aquela
documentação.” [MOREIRA NETO, Carlos de Araújo. A questão da documentação e
preservação do patrimônio cultural indígena. In: SEKI, Lucy (org.). Lingüística indígena e
educação na América Latina. Campinas: Ed. da Unicamp, 1993. p. 119,120.]
Moreira Neto por Mercio Pereira Gomes:
“Carlos de Araújo Moreira Neto é o nosso maior etnohistoriador desde
Herbert Baldus. É também um grande mestre e amigo dos grandes
indigenistas dos últimos trinta anos. [...] Aos 76 anos, o antropólogo e
etnólogo Carlos de Araújo Moreira Neto é um mestre de toda uma
geração que atua na política indigenista. Começou a trabalhar com
índios em 1953, sob influência de Darcy Ribeiro, Curt Nimuendaju e
Herbert Baldus, as maiores referências na antropologia brasileira.
Nesses 52 anos, recuperou a história dos povos indígenas e escreveu
diversos livros, inclusive em co-autoria com Darcy.”
[GOMES,
Mércio
Pereira.
Entrevista
de
Carlos
Moreira
Neto.
Disponível
em
<http://merciogomes.blogspot.com/2007/04/entrevista-de-carlos-moreira-neto.html> . Acesso em: 16
out. 2021.]
Maria Luiza Marcílio – Profa. Titular História/USP:
“Carlos de Araújo Moreira Neto, antropólogo, um dos maiores
conhecedores da história e da antropologia indígena brasileira e um
ardoroso militante da causa indígena.”
[https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/64279/66965]
SOBRE A PRESENÇA JESUÍTA NA AMAZÔNIA:
“No último quartel do século XX, surgiu uma terceira linha de inspiração
marxista, representada pelos historiadores da Igreja Eduardo Hoornaert e
Hugo Fragoso, como também pelo antropólogo Carlos de Araújo Moreira
Neto. Esta corrente dividiu a presença secular dos jesuítas na região em
Fonte: Revista Porantim (CIMI) Junho/Julho - 2007. p. 15.
uma fase inicial “profética”, supostamente caracterizada pela defesa da
liberdade dos índios articulada pelo padre Antônio Vieira, e outra, posterior,
de cunho “empresarial”, implicitamente julgada como traição do projeto humanitário-evangelizador original da Companhia
de Jesus. O problema intrínseco a esta interpretação é o binarismo que opõe, de forma categórica, colonizadores e
colonizados, aprofundando ainda mais a vitimização dos sujeitos-chave – nesse caso, os índios. Hoje, a agência histórica
dos povos indígenas se vê relevada, como o demonstram as pesquisas recentes acerca da atuação dos jesuítas em
terras amazônicas (Chambouleyron, 2003, p. 163-209; Arenz, 2010, p. 25-78; Souza Junior, 2012; Carvalho Junior, 2013,
p. 69-99; Neves Neto, 2013; Arenz, 2014, p. 63-88).”
[ARENZ, Karl Heinz; CARVALHO, Roberta Lobão. Catequese no “Confuso
Labyrintho” de rios e selvas: a Companhia de Jesus na Amazônia Portuguesa (Séc. XVII- XVIII). In: AMANTINO, Marcia; MELEAN, Jorge Cristian
Troisi. Jesuitas en las Américas: presencia en el tiempo = Jesuitas nas Americas: a presença no tempo. La Plata: TeseoPress, 2019. p. 270-271]
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Os principais grupos missionários que atuaram na Amazonia Brasileira entre 1607 e 1759
Jesuítas, Franciscanos, Carmelitas e Mercedários
1. FRANCISCANOS OU JESUÍTAS? – p. 63-68
Ordem régia de 1618 encarrega franciscanos do trato com os índios
➔ Franciscanos já estavam na fundação de Belém.
Mas jesuítas detêm a permanência na Amazonia (1636 [intentos pioneiros de Luis Figueira]; 1653 [presença
permanente com João de Souto Maior e Gaspar Fragoso] até 1759 [expulsão do Brasil]).
Jesuítas → privilégio nas missões reconhecido por parte das autoridades portuguesas e espanholas
Franciscanos → desistiram do trabalho com índios na Amazônia, por causa da presença dos jesuítas, mesmo sendo
uma região de reconhecida prioridade dos franciscanos.
2. PERIODIZAÇÃO DA ATUAÇÃO JESUITICA NA AMAZONIA – p. 68-71
Três fases das missões jesuíticas na Amazônia:
1. tentativas de implantação de um sistema de missões (1607-1643)
→ 1607 - entrada dos padres Luiz Figueira e Francisco Pinto
→ 1643 - morte do padre Luiz Figueira
2. presença e influência política e ideológica de Antonio Vieira (1652-1662)
→ 1652 - chegada de Vieira no Maranhão
→ 1662 – primeira expulsão de Vieira e outros jesuítas do Estado do Maranhao
→ 1684 - Revolta antijesuítica dos colonos liderana por Manuel Beckman
3. desde o retorno dos jesuítas até sua expulsão por Pombal (1685-1759)
→ 1685 – retorno dos jesuítas
→ 1686 - promulgação do Regimento
→ 1759 - expulsão definitiva dos jesuítas
FASES TRAUMÁTICAS
morte e expulsão de
missionários
FASE DE CRESCIMENTO
em poder e número
expansão toda Amazônia
Índios → base da ordem social → únicos supridores da força de trabalho
Próprios auxiliares (Andreoni e Benci) são acusados de TRAIR os ideiais de Vieira
Morte de Vieira em 1697 marca o abandono de toda pretensão em defender as liberdades e direitos dos índios.
Pós Vieira → alteração dos métodos e valores éticos da Companhia de Jesus → culmina na missão com características
empresariais (produção, comércio e lucro).
➔ Vieira → Período profético
➔ Sucessores de Vieira → Período empresarial
3. PERÍODO PROFETICO DA MISSAO JESUÍTICA (1607-1686) – p. 71-85
Entre 1607 (entrada pioneira) e 1686 (Regimento) → Período Profético da Missão Jesuítica
→ pautado pela defesa da liberdade dos índios → Vieira é principal expoente.
➔ Liberdade a índios cativos
➔ Indios declarados forros
1654 – Vieira embarca para Lisboa → contato com D. Joao IV
Prestigio do Rei favoreceu as ideias de Vieira no que considerava uma politica mais justa na Amazônia:
1. Unificação capitanias autônomas num governo único com sede em São Luis;
2. Monopolio virtual da Companhia de Jesus na condução dos negócios indígenas
3. Escolha de Andre de Vidal Negreiros como novo capitão-general do Estado do Maranhão
1655 – promulgada nova lei sobre o cativeiro e liberdades indígenas / organização do Tribunal ou Junta de Missoes e
Propagação da Fé
➔ “Melhorava a condição dos índios mas não os libertava por inteiro da violência dos colonos” (Azevedo), p.
76
"Chega a surpreender a determinação e a audácia com que Vieira se empenhava na defesa dos índios contra
quaisquer opositores, mesmo os mais altamente situados na colônia e na corte." (p. 77)
1656 – morte de D. João IV (amigo e protetor de Vieira) e ida de Vidal Negreiro para a Capitania de Pernanbuco →
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Vieira não tem suporte oficial → aumenta embate com colonos.
1661 → Moradores de São Luis prendem os Jesuitas e os expulsa para Lisboa
➔ Anistia aos rebeldes do Maranhão - Jesusitas retornam sem poderes e privilégios anteriores Antes de voltar ao Brasil em 1681, Vieira sugeriu à coroa os decretos de 1680 que devolviam aos missionários o
governo das aldeias, a despeito da oposição de D. Gregorio dos Anjos, primeiro bispo do Maranhã (p. 84)
“A intervenção de Vieira, antes de sua partida ao Brasil, representa uma retomada transitória do favor real;
por ela o missionário pela última vez tivera voto preponderante nas coisas da pública administração”. (p.84).
A balança volta a pender a favor dos Jesuítas contra os interesses
provinciais.
do bispo, da Câmara, dos colonos e governos
1684 - Agravamento da situação vai levar à Revolta antijesuítica dos colonos liderana por Manuel Beckman
→ Jesuitas são mais uma vez expulsos do Maranhão
→ Beckman é executado
4. PERIODO EMPRESARIAL DA MISSAO JESUITICA (1686-1759) – p. 85-90
Entre 1686 (Regimento) e 1759 (Expulsão) - Período Empresarial
1686 - Regimento das Missões → entregava aos jesuítas o governo espiritual/temporal/político das aldeias (deixaram
de ser só missionários).
➔
Mudança de posição dos Jesuítas:
o Da posição de defesa das liberdades indígenas (inspirada por Vieira)
o Para uma política concessiva aos interesses coloniais, favorável aos cativeiros.
Jesuitas prosperam materialmente e socialmente até a expulsão por Pombal em 1759.
5. OS FRANCISCANOS – p. 90-93
Além dos Jesuitas, outras ordens trabalharam com índios na Amazônia nos séc. XVII e XVIII:
(1) Provincia de Santo Antônio
1. Franciscanos → divididos em três ramos:
(2) Província da Piedade
2. Carmelitas
(3) Província da Conceição da Beira e Minho
3. Mercedários
1617 - Franciscanos da Província de Santo Antônio → primeiros missionários na Amazonia (estabelecidos em Belém)
1706 – Franciscanos da Província Conceição da Beira e Minho chegam a Belém e logo começaram a trabalhar com
índios, principalmente da região disputada pelos franceses.
Competição e desavenças entre dois ramos da ordem franciscana → Santo Antônio X Conceição
o Província de Santo Antonio → missões do Marajo, Sao José, Bom Jesus e Urubuçuara.
o Província da Conceição → aldeias de Cayã, Conceição, Carajá, Marajó e Tuerê.
1693 – Franciscanos da Província da Piedade (Capuchos da Piedade)
→ terceira ordem franciscana estabelecida na Amazônia (Belém)
→ expandiram missão a partir de Gurupá
→ foi lhes destinadas as aldeias subindo o rio das Amazonas, Xingu, Trombetas e do Gueriby
6. OS MERCEDARIOS – p. 94-96
Mercedários → Ordem de Nossa Senhora das Mercês → origem espanhola
→ presença no vice-reino do Peru desde séc. XVI
1640 → Instalou-se em Belém no ano de 1640 sob a liderança do frei Pedro de la Rua de Santa Maria
→ construção do convento e igreja das Mercês
1645 → Fim da União Ibérica desperta desconfiança com missionários de Quito
→ Governo português autoriza permanência da ordem no Pará
→ Missões rio Urubu e rio Negro
Posteriormente concentraram o trabalho no baixo Amazonas, erguendo casas nas vilas da Vigia e de Cametá.
Criaram escolas para filhos dos colonos ensinando bons costumes e latim.
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6. CARMELITAS – p. 96-105
1616 → Carmelitas já se encontravam em São Luís
1627 → Se estabelecem em Belém
Originalmente não eram missionários de índios
➔ Coube-lhes a região do Rio Negro → repartição da Amazônia → séc. XVII
➔ Também ficaram com a região do rio Branco e Solimões.
8. O REGIMENTO DAS MISSOES DE 1686 – p. 106-109
Fazia concessões a outras ordem religiosas que passavam a ter direito às entradas no sertão e ao estabelecimento de
missões novas.
MAPAS DAS ORDENS RELIGIOSAS NA AMAZÔNIA
Fonte: VERÍSSIMO, Tatiana Corrêa; PEREIRA, Jakeline. A floresta habitada: História da ocupação humana na Amazônia. Belém: Imazon, 2014. p. 52.
Expansão da atividade missionária no Estado do Maranhão e Grão-Pará (1680)
Expansão da atividade missionária no Estado do Maranhão e Grão-Pará (1730)
Fonte: BOMBARDI, Fernanda Aires. Pelos interstícios do olhar do colonizador: descimentos dos
índios no Estado do Maranhão e Grão-Pará (1680-1750). 2014. 187 f. Dissertação (Mestrado em
História) - Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014. p. 40.
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Fonte: Mapa do Rio Maranhão, como também era chamado o Rio Amazonas, do jesuíta Samuel Fritz, 1707. Domínio público, Biblioteca Nacional Digital
Mapa das Missões Jesuítas (1717) do Padre Samuel Fritz (1656-1725)
Fonte: Bibliothèque nationale de France ' http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b8446617c.r=.langFR
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