Referência: aula medcel/aula Sandra EPIDEMIOLOGIA DO DIABETES MELLITUS - 415 milhões de pessoas tem DM no mundo e 318 milhões tem intolerância à glicose (com risco aumentado de evoluir para DM; - O Brasil é o 4º país no mundo com maior incidência de DM; - 1 em cada 12 mortes no mundo - Gasto com DM é de 5 a 20% dos gastos com saúde - Nas mulheres o principal fator de risco para DM2 é ter tido DMG - 58% dos casos de DM são em pessoas obesas - Hiperglicemia na gestação - filhos com risco de obesidade, síndrome metabólica e DM - PRIORIDADE EM SAÚDE PÚBLICA - 16,2% gas gestantes tem DMG - 84-90% diabetes na gestação - DMG DIABETES NA GESTAÇÃO DM1: não produz insulina DM2: produz insulina, mas em menor quantidade e há uma resistência periférica à insulina, não deixando que a glicose entre na célula, gerando a hiperglicemia. DMG FATORES DE RISCO - DMG anterior - Idade materna ≥ 35 anos - Obesidade - Sedentarismo - Feto GIG (lembrando que macrossomia é maior que 4 kg e nem todo GIG é macrossômico) - Antecedente familiar - Malformação fetal - Óbito fetal - Polidrâmnio (diabetes como causa) - Síndrome hipertensiva - A história clínica tem baixa sensibilidade, ou seja, mesmo mulheres sem nenhum fator de risco podem desenvolver DMG. FISIOPATOLOGIA O PRINCIPAL CAUSADOR DE AUMENTO DA RESISTÊNCIA À INSULINA É A PLACENTA!!!!!! À medida que a placenta cresce, aumenta a produção de hormônios contra-insulínicos. Um deles é o LACTOGÊNIO PLACENTÁRIO, que diminui a atuação da insulina no receptor e estimula a produção de mais insulina. A produção desse hormônio cresce ao longo da gestação e diminui próximo do termo, portanto existe a necessidade de rastreio durante a maior parte da gestação (menos no fim). Por que aumentam os hormônios contra-insulínicos na gestação? Para aumentar o fornecimento de glicose para o feto e não para a mãe. Por que os bebês de mães diabéticas fazem hipoglicemia neonatal? Esses bebês vivem em um meio hiperglicêmico, quando nascem, o pâncreas zerado funciona super bem e produz muita insulina e faz a hipoglicemia. Por que os bebês nascem macrossômicos? A insulina é um hormônio anabólico. Por que aumenta o peptídeo C dos RNs? O peptídeo C é uma molécula derivada da insulina, por isso ele aumenta. DIAGNÓSTICO - Over diabetes: DM2 diagnosticado na gestação - GLICEMIA DE JEJUM ≥ 126 mg/dL ou TOTG ≥ 200 após 2 h ou GLICEMIA OCASIONAL ≥ 200 mg/dL com sintomas OU HbA1C ≥ 6,5% seguimento como DM pré-gestacional - TOTG 75 g (0, 1, 2 horas) é o teste PADRÃO para diagnóstico. Pedir entre 24 e 28 semanas (devido ao aumento do lactogênio placentário, aFETAL. 2- Hiperinsulinemia -> macrossomia, partir disso o diagnóstico é tardio e já pode haver eito anabólico), hipoglicemia do RN e complicações). Fazer o teste pela manhã em jejum de 8 h - Valores de corte: 1,75 DP da média DIAGNÓSTICO DE DMG - TOTG GLICEMIA DE JEJUM ≥ 92 GLICEMIA 1 HORA ≥ 180 GLICEMIA 2 HORAS ≥ 153 a 199 UM DESSES VALORES ALTERADOS JÁ FECHA DX - Primeira consulta: glicemia de jejum Objetivo: dx de DM2 e DMG ≥ 126 mg/dL - DM2 ≥ 92 e ≤ 125 mg/dL - DMG < 92 - realizar TOTG 75 g com 24 a 28 semanas SE TIVER GRANA E ACESSO A EXAMES - faz o que eu disse acima Obs.: se a mulher chegar para fazer o pré--natal com mais de 20-28 semanas - já faz TOTG direto Se chegar com > 28 semanas: TOTG imediatamente SEM GRANA/ACESSO A EXAMES/RECURSO Glicemia de jejum em qualquer idade gestacional faz dx só com isso, segue mesmo rastreio de fosse fazer TOTG. RISCO FETAL E NEONATAL O mau controle glicêmico pode ocorrer por tratamento negligenciado ou ser precipitado por alguma infecção. A hiperglicemia materna, por difusão facilitada, aumenta a glicemia fetal, o que gera aumento da Hb glicada fetal. A hiperglicemia fetal tem três consequências: 1 - glicosilação da Hb que leva a aumento da afinidade desta molécula pelo O2 gerando um quadro de hipóxia tecidual que estimula a produção de Hb, levando a uma policitemia. A policitemia tem dois desfechos: hiperbilirrubinemia do RN e aumento da viscosidade sanguínea aumentando a chance da formação de microtrombos que podem levar a desconforto respiratório (isso ocorre porque a insulina interfere na produção de surfactante levando a uma deficiência de maturação pulmonar apesar da idade gestacional avançada) 3 - Polidrâmnio - a hiperglicemia fetal faz poliúria e glicosúria no feto aumentando o líquido amniótico. Os dois últimos desfechos aumentam o risco de obesidade, síndrome metabólica, diabetes e hipertensão. RISCO PARA GESTANTES Infecções; polidrâmnio, pré-eclâmpsia, TPP, RPMO, atonia uterina (pela sobredistensão uterina), cesárea, risco futuro de DM e intolerância à glicose . COMO EVITAR? - Diagnóstico adequado e PRECOCE - Início imediato da terapêutica - Rígido controle glicêmico na gestação - Conhecimento e diagnóstico das repercussões fetais do DMG - Momento da resolução da gestação e das medidas preventivas pós-parto DIABETES MELLITUS PRÉVIO - GLICEMIA DE JEJUM ≥ 126 mg/dL ou TOTG ≥ 200 após 2 h ou GLICEMIA OCASIONAL ≥ 200 mg/dL com sintomas OU HbA1C ≥ 6,5% - Na gestante SE ATENTAR mais para as seguintes complicações: retinopatia, nefropatia e cardiomiopatia - Orientações pré-concepcionais - Controle glicêmico: HbA1c ≤ 6 % (Hb glicada alta aumenta risco de malformações fetais) - Assegurar contracepção e planejamento da gestação - Pesquisa de complicações do DM - Reavaliação das medicações em uso - Reforçar a importância do automonitoramento glicêmico - Adequação do peso CONTROLE GLICÊMICO X REPERCUSSÕES - Início da gestação - abortamento, malformações congênitas - Acima de 12 semanas - RCIU/macrossomia - Para gestante: progressão de retinopatia, nefropatia e pré-eclâmpsia ntrole glicêmico: 30% de valores alterados ia glicêmica > 120 mg/dL ---> INSULINA!!!! AVALIAÇÃO DE LESÕES DE ÓRGÃO-ALVO - Fundoscopia - Avaliação odontológica (maior causa de TRATAMENTO descompensação da hiperglicemia A melhor insulina na DMG é a NPH pelo pico do - ECG/ECO tempo de ação. Se fizer 3 aplicações (café, - Avaliação da função renal: Ur, Cr, microalbuminúria almoço e jantar), a insulina nunca cai. e/ou proteinúria de 24h - Exames complementares: Hb1Ac, urocultura (2/2 meses), perfil lipídico, ácido úrico, TSH/T4 livre TIPO INÍCIO PICO DURAÇÃO O QUE FAZER??? - Monitorização glicêmica - Dieta e, se necessário, insulinoterapia - Atividade física - reduz resistência a insulina, aumenta a expressão de GUT4, mínimo 30 min 3x/semana, ideal 150 minutos/semana, moderada, refeição leve antes. Ex: caminhada, hidroginástica, alongamento. Contraindicações maternas: doenças cardíacas (com repercussão), anemia grave, HAC e pré-eclâmpsia, doença pulmonar restritiva. Contraindicações obstétricas: TPP atual, gestação múltipla com risco de TPP, IIC, RPMO, placenta prévia, hemorragia de 2/3° trimestres - Acompanhamento multidisciplinar - Terapia nutricional: ingestão controlada de carboidratos, avaliação antropométrica (IMC, tabela de ganho de peso), avaliação de hábitos alimentares (acessibilidade), orientações da terapêutica nutricional (alimentos in natura, integrais), refeições a cada 3 horas (6 refeições 1800 a 2200 kcal/dia, adoçante CONSULTAS - Frequentes - 7 a 14 dias - Glicosímetro: dextros (jejum, 1 ou 2 h após café, almoço e jantar) - Jejum < 95 - 1 hora pós-prandial < 140 - 2 horas pós-prandial < 120 Obs: pré-prandial > 70 e pós-prandial> 100 NORMAL O Ht tem que estar entre 30-55% - porque senão super ou subestima os valores do dextro Se não tiver recurso, pode fazer 4 medidas por dia, 3 x por semana Dieta + exercícios controlam de 70-85% de controle das DMG CONFIRA DADOS NO GLICOSÍMETRO Lispro-asparte 10-15 min 1-2h 4-5h Regular 30-60 min 2-4h 6-8h NPH 1-3H 5-7h 13-18H Glardina-detemir 1-2h Não 24h Manejo de insulinoterapia NPH em 3 doses diárias Dose: 0,5 UI/kg/dia: ½ + ¼ + ¼ Ex: 80 kg x 0,5 = 40 UI/dia (20-10-10) Perfil diário de 6 pontos: jejum, pós-café, antes do almoço, após-almoço, antes do jantar, pós-jantar Se não tiver grana: 4 pontos (jejum, pós-café, pós- almoço, pós jantar) TODOS os dias. Metas: as mesmas de antes e o pré=prandial < 100 Ajuste de acordo com perfil e horário inadequado - Adicionar regular: se pré-prandial normal e pós-prandiais elevados - Se pré e pós-prandial alterado: alterar dose de NPH (aumenta de 2 em 2 UI) - Lispro se muitos quadros de hipoglicemia O que fazer se a glicemia de jejum estiver elevada? Adicionar aferição às 3 h da manhã - Se hipoglicemia: diminuir dose de NPH - Se hiperglicemia: aumentar dose de NPH - Se euglicemia: avaliar, provável ter que aumentar a dose. NPH + Regular - Aspirar regular primeiro, exceto a noite que a NPH é as 22 h Hipoglicemia: alterações de humor, fome, dor de cabeça, sudorese, tontura, visão embaçada, tremores, cansaço extremo ou palidez (conferir dextro no horário do sintoma e ver se está abaixo de 70) Correção: 4 balas, ½ copo de suco de laranja, 1 colher de sopa rasa de açucar + leite Posso utilizar hipoglicemiantes como metformina na gestação? - Sem dados a longo prazo PÓS-PARTO - Não deve ser primeira escolha ANAS TOTG 75 h (0 e 2h) - Paciente deve consentir cio amamentação (> 3 meses) de DM (5% DM2; 25% intolerância à glicose Monoterapia deve ser iniciada em pacientes sem adesão à insulina Associada à insulina em casos de difícil controle glicêmico Dose: 500 a 2500 mg/dia Junto ou logo após as refeições. Quando? Sem acessibilidade à insulina, dificuldade na auto administração de insulina, estresse para a paciente (determina restrição alimentar), necessidade de altas doses de insulina (>100 UI), ganho de peso excessivo em uso de insulina. SEGUIMENTO - Hb1Ac bimensal - URC bimensal - USG obstétrico mensal a partir de 28 semanas - Perfil biofísico fetal - Retornos semanais PARTO - 40 semanas, se bom controle - Macrossomia - IMEDIATO - Difícil controle glicêmico - Avaliar bem, se antes de 37S (devido a desconforto respiratório) - Via de parto: obstetrícia INTRAPARTO - 86% NÃO NECESSITAM DE INSULINA - Glicemia entre 70-120 - Dextro a cada 1-2 h, se insulina; 4 horas, se controle com dieta - Se indução: alimentação, ⅓ da dose de NPH pela manhã, total de regular (se usar), soro glicosado 5%. - Se cesárea: jejum, ⅓ da NPH, suspender regular, soro glicosado 5% PÓS-PARTO IMEDIATO - Suspende dieta - Suspender insulina ou hipoglicemiante - Suspender perfil glicêmico Se não tiver como fazer TOTG, fazer só glicemia de jejum: - Se < 100 - NORMAL - 100-125 - GLICEMIA DE JEJUM ALTERADA - SE ≥ 126 - DM2 Se normal após puerpério - ANUALMENTE: TOT 75g, glicemia de jejum, Hb1Ac DIABETES MELLITUS PRÉVIO Controle glicêmico: 4, 6 ou 7 x/dia. Mesmas metas DM2 - Dieta: reforçar orientações e importância de perfil glicêmico simples - Dependentes de insulina: reavaliar esquema e perfil glicêmico simples - Hipoglicemiantes orais: manter medicação e perfil glicêmico simples + orientações nutricionais, introduzir, se dose total de insulina > 100 UI - No pós-parto, voltar aos hipoglicemiantes orais antes da gestação DM1 Dieta, reavaliar esquema de insulina, bomba de insulina. Insulinoterapia: esquema multifracionada ⅔ de NPH + ⅓ insulina rápida ou ultrarrápida - 1° trimestre: 0,5-0,6 UI/kg/dia - 2° trimestre: 0,7-0,8 UI/kg/dia - 3° trimestre: 0,9-1,0 UI/kg/dia Avaliação fetal: USG morfologico 1/2° trimestres USG obstétrico mensal Eco fetal: 26-28 semanas Vitalidade fetal: doppler com 20, 26 e 32; PBFada entre 5,7-6,5% - já é preocupante em semanal a partir de 28 semanas es PARTO - não muda nada es de risco te convencem de DMG ou DM2 Se RCIU - 37 semanas pena avaliar possível antecipação do GTT, Se GIG - 38 semanas (sem CI para indução) ouo repetir glicemia de jejum ou pedir uma Hb 39-40 se indução contraindicada (em caso de dúvida da glicemia de jejum) Se ILA reduzido: internação + PBF completo A NPH demora 1,5 h para agir e ela não deve ser até 39-40 semanas aplicada de acordo com a glicemia capilar. Se nefropatia: 37 semanas Puerpério: controle igual ao prévio a gestação. Insulina aprida não tem autorização para ser Fazer dextro antes da amamentação utilizada na gestação. ANOTAÇÕES AULA SANDRA DM1 e DM2 têm maior risco de malformações congênitas, principalmente cardiopatias e do tubo neural Maior risco de piorar complicações da DM como retinopatia e nefropatia - ocorre pela instabilidade da glicemia, devido a ação do HCG que reduz a ação da insulina. DMG não tem tanta influência nas malformações porque a hiperglicemia é tardia. Em pacientes com DM1 é mais frequente encontrar RCIU porque há algum grau de insuficiência placentária por lesões microvasculares. Mulheres com DMG em gestação anterior é interessante solicitar TTOG antes de 24 semanas Se faz dextro com 1h após refeição quando faz uso de insulina ultrarrápido Com insulina regular é interessante fazer antes do almoço e 2h dps Diabética prévia em uso de hipoglicemiante oral já utiliza insulina de cara HIPOGLICEMIA < 70 ---- MATA O BEBÊ ACIMA DE 35 SEMANAS. Reduzir dose a partir de 36 semanas Glargina não tem muitos estudos na gestação Puérpera com DMG e GTT intolerante à glicose TRATAR Contraindicações de metformina: Clearance < 30; cirrótica; IC NYHA 3 ou 4 No pós-parto de DM1, somar todas as doses usadas antes da gestação e reduzir 20% para não fazer hipoglicemia. A sinvastatina é contraindicada durante a gestação e amamentação, então suspende e só volta quando parar de amamentar já que é uma droga que reduz o risco cardiovascular, então dá pra adiar um pouquinho. Adicione a insulina regular ou ultrarrápida quando as glicemias pós-prandiais estão altas. Risco de mal-formação aumenta muito com Hb1Ac > 9% Se insulinazada - adicionar glicemia capilar na madrugada O que mata o bebê é a HIPOGLICEMIA! Até 35 semanas se faz ajuste das doses de insulina, após isso corrigir com dieta (off label)