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FELIPE RIBEIRO ATIVIDADE DEFESA

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FELIPE RIBEIRO DE OLIVEIRA
A SAÚDE MENTAL DO ACOMPANHANTE DO PACIENTE
Cidade
Na
Londrina
2021
FELIPE RIBEIRO DE OLIVEIRA
A SAÚDE MENTAL DO ACOMPANHANTE DO PACIENTE
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Universidade do Norte do Paraná como requisito
parcial para a obtenção do título de graduado
em Psicologia.
Orientador: Maria Gabriela
FELIPE RIBEIRO DE OLIVEIRA
LONDRINA
2021
Dedico este trabalho em especial a
minha mãe que fez tudo o que pode
para que eu fosse quem quisesse
ser. A meu primo Fábio, que sempre
acreditou em meu potencial e a minha
companheira Beatriz que sempre
esteve presente e me apoia em tudo.
“Honrai as verdades com a prática”.
(Helena Blavatsky)
OLIVEIRA, Felipe Ribeiro. A saúde mental do paciente do acompanhante.
2021. 23 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação Psicologia) –
Universidade Pitágoras Unopar, Londrina, 2021.
RESUMO
Essa revisão bibliográfica tem como objetivo apresentar ao leitor a
importância que tem o atendimento psicológico na vida do acompanhante do
paciente hospitalizado, uma vez que um acompanhante é uma pessoa que
abdicou por um tempo de sua vida pessoal para prestar cuidados a um terceiro,
sendo assim, estar em atendimento psicológico poderá ajudá-lo a entender
melhor sobre a sua responsabilidade com o próximo e consigo mesmo.
Demonstrando que o ser humano é um ser biopsicossocial, sendo assim, tem
suas necessidades fisiológicas, psicológicas e age sempre em conjunto de
outras pessoas em seu entorno social. Mostrando então, alternativas saudáveis
para o acompanhante lidar com a dor sem que seja sozinho, alertando sempre
que o ambiente hospitalar provém de ajuda para vários tipos de demandas,
sejam elas pessoais ou sociais. O paciente não é um ser isolado no processo de
hospitalização, além da equipe multidisciplinar do hospital, existe uma peça
chave não menos importante para o processo de cura, que é a presença de um
acompanhante bem instruído e em boas condições tanto física como
psicológicas.
Palavras-chave: Hospital. Psicologia. Paciente. Biopsicossocial. Psicoterapia.
OLIVEIRA, Felipe Ribeiro. The mental health of the companion's patient.
2021. 23 sheets. Course Conclusion Paper (Psychology Graduation) –
Universidade Pitágoras Unopar, Londrina, 2021.
ABSTRACT
This bibliographic review aims to present the reader about the importance of
psychological care in the life of the hospitalized patient's companion, since a
companion is a person who has abdicated his personal life to take care of the
patient, thus, being in psychological care can help you better understand your
responsibility to others and to yourself. Demonstrating that the human being is a
biopsychosocial being, therefore, he or she needs physiological and
psychological help, together with other relationship. Searching, an healthy
alternatives for the companion to deal with the pain without being alone, always
showing that the hospital has various types of help, both personal and social. The
patient is not an isolated being in the hospitalization process, in addition to the
hospital's multidisciplinary team, the companion is a very important person for the
healing process of the patient, in fact, the companion in good psychological
conditions, helps a lot.
Keywords: Hospital. Psychology. Patient. Biopsychosocial. Psychotherapy.
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO................................................................................................7
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................9
3 - ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO E A DOR........................................12
4 - O MODELO BIOPSICOSSOCIAL.................................................................15
5 - RECURSOS SOCIAIS E PSICOLÓGICOS EXISTENTES PARA O
PACIENTE E O ACOMPANHANTE NA HOSPITALIZAÇÃO...........................18
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................21
7 - REFERÊNCIAS.............................................................................................22
7
1 - INTRODUÇÃO
Demonstrar a relevância do acompanhamento psicológico para os
acompanhantes de pacientes hospitalizados é uma tarefa muito significativa para
a eficácia do tratamento do paciente. O acompanhante com conflitos internos e
externos (da instituição da hospitalização) terá menos foco no auxílio ao seu
paciente e todo trabalho que demanda cuidado de terceiros tende a ser mais
árduo, pois, o mesmo tem duas demandas de cuidados: o auto cuidado e o do
outro. Sendo assim, o acompanhante é um indivíduo remunerado ou não, que
presta cuidados a outra pessoa doente, criança, idoso ou inválido.
O modelo biopsicossocial de reconhecer o indivíduo é essencial para o
Psicólogo Hospitalar, pois o acompanhante é mente e corpo não só dentro da
instituição como fora, tem seu entorno social, seus afazeres, sua projeção de
futuro, tem uma vida fora da instituição, assim como o paciente. O acompanhante
pode receber a mesma importância do qual recebe o paciente, perante o
profissional psicólogo.
A discussão predominante no âmbito hospitalar é de fato sobre o paciente,
com tudo, é dever da sociedade, previsto no artigo 5°, que todo e qualquer
indivíduo tem direitos iguais perante a lei. O acompanhante do paciente também
foi, é ou pode vir a ser um paciente, sendo assim, é importante que o mesmo
saiba de seus direitos e deveres dentro da instituição, tão bem como a
disponibilidade de acompanhamento psicológico. Também se faz presente o
atendimento do Serviço Social atuando como atividade multidisciplinar, dando
apoio ao acompanhante e paciente quando necessário.
O tema sugere reflexão sobre o acompanhante e suas ações no mundo
com intuito de demonstrar que com os devidos cuidados, minimizará alguns
sintomas gerados pelo esgotamento psicológico.
Por isso, a saúde mental do acompanhante, sendo ele um indivíduo
muitas vezes sobrecarregado de suas tarefas e de terceiros, deve ser tratado
com os cuidados necessários.
O acompanhante se cuidando pode proporcionar melhores cuidados,
tanto para o paciente, quanto para ele próprio. O tratamento de um enfermo
crônico é melhorado quando há permanência de um acompanhante em bons
estados físicos e psicológicos.
8
Considerando a temática propostas esta pesquisa propôs a seguinte
problemática: Quais os possíveis problemas gerados ao acompanhante do
paciente, quando o mesmo não tem acompanhamento psicológico? A pesquisa
elencou com objetivo geral: Demonstrar a importância da Psicoterapia,
concatenando com o modelo biopsicossocial, o ambiente hospitalar e suas
funcionalidades. Como objetivos específicos selecionou-se: Demonstrar a
relevância do acompanhamento psicológico para o acompanhante; descrever o
modelo biopsicossocial; discutir sobre os recursos sociais e psicológicos
existentes para o acompanhante e o paciente no hospital. Optou-se pela
orientação metodológica da pesquisa bibliográfica, qualitativa e descritiva.
Portanto, buscou-se referenciais teóricos como livros, artigos científicos de
bases de dados como Google Acadêmico e Scielo e artigos disponíveis em
revistas científicas eletrônicas. Determinou-se como palavras chaves para
busca: Psicologia; Hospital; Paciente; Biopsicossocial; Psicoterapia.
9
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Pouco se fala sobre o acompanhante hospitalar, pois, quando o assunto
é a saúde do paciente uma peça fundamental é o entorno social desse indivíduo,
que fica restrito ao acompanhante, no momento da internação hospitalar ou
cuidados domiciliares. Segundo Lautert, Echer e Unicovsky (1998 apud
SCARELLI, 1994) o acompanhante do paciente adulto é um elemento que pouco
aparece nas investigações em enfermagem e psicologia; desta forma, relegado
a um segundo plano, quando falamos em cuidado, assistência integral e outros
discursos comuns em nosso meio.
Segundo Sousa, Sudário e Duarte (2018) A atuação do psicólogo no
âmbito hospitalar faz parte de uma estratégia da psicologia da Saúde que busca
construir, na atenção terciária, intervenções em uma perspectiva integral do
sujeito, ou seja, em seus aspectos físicos, sociais e psicológicos. Fornecendo
conhecimento para o acompanhante, sobre as funcionalidades do atendimento
terapêutico, dissolvendo o preconceito ainda existente sobra a psicoterapia.
Com permanência no hospital, os familiares acompanhantes tendem a
procurar por si mesmos meios para satisfazer suas necessidades no que se
refere ao desconforto da poltrona para dormir, à dificuldade para usar banheiros
devido à grande demanda no mesmo local, à medicação para amenizar suas
dores – uma vez que não possuem atendimento por parte da equipe de saúde
do hospital –, entre outras necessidades abordadas. É enfatizada a importância
da rede de apoio do familiar acompanhante quando se trata de apoio financeiro,
ao revezamento dos familiares para acompanhar o paciente (mesmo que por um
curto período de tempo), às trocas de roupas limpas que são levadas ao familiar,
e o apoio espiritual que foi considerado por parte dos acompanhantes em
estudos (SOUSA; SUDÁRIO; DUARTE, 2018 apud MORAIS, 2015).
A mudança de rotina do acompanhante do paciente se torna uma
dificuldade a enfrentar, agravando ainda mais mediante as quantidades de
tarefas que o mesmo desempenha em sua vida, muita das vezes o
acompanhante tem algum outro dependente (filhos, outra pessoa doente) ou
mesmo um trabalho formal ou informal. Desta maneira, buscar o atendimento
psicológico no ambiente hospitalar é importante para encontrar a resolução dos
conflitos internos, onde a psicóloga irá acolher e escutar ou até mesmo acionar
10
o serviço social caso houver necessidades. Pois um acompanhante que não
conhece seus limites psicológicos no momento do acompanhamento em uma
hospitalização, pode passar por um burnout (esgotamento mental, emocional e
físico) e não conseguir cuidar nem de si e do paciente. Sousa, Sudário e Duarte
(2018) realizaram uma pesquisa para saber se os acompanhantes de uma
determinada
instituição
foram
informados
sobre
a
disponibilidade
do
atendimento psicológico, verificou-se que 67% (vinte participantes) dos
familiares acompanhantes não receberam informações sobre a disponibilidade
do atendimento psicológico, sendo que apenas 33% (dez participantes)
obtiveram acesso a essas informações, e 30% (nove participantes) destes
receberam atendimento psicólogo.
O psicólogo hospitalar irá trabalhar com o acompanhante do paciente no
acolhimento,
mudança
de
pensamentos,
comportamentos,
promover
entendimento sobre o aqui e agora, trabalhar sobre a óptica do que dá para fazer
agora (o real) e descartar o que não dá (o irreal), ajudar a entender os
pensamentos em suas devidas temporalidades, coisas do passado, do presente
e futuro, dado ao fato que:
O ser humano deve ser considerado como um todo, um ser que é
biológico, com corpo e mente e que vive em sociedade. A psicoterapia
procura levá-lo em direção à mudança, seja na forma de agir, pensar,
sentir ou a aceitar a realidade como realmente é (LAZZARETTI, 2007,
P. 37).
O desgaste tanto físico como emocional por estar acompanhando o
doente deve ser levado em consideração, pois a qualidade com que o cuidado
será exercido pode acabar sendo danoso ao invés de benéfico. Ser
acompanhante também é estressante, triste e cansativo, provocando um
desgaste físico e emocional por conviver de perto com o sofrimento do paciente
(ROMÃO; BALBINO; SUHETT; SOUZA; CASTRO; INOCENTE; 2010 apud
SHIOTSU; TAKAHASHI, 2000).
Procurar apenas um fator causal produz uma imagem incompleta da
saúde e da doença de uma pessoa, portanto os psicólogos da saúde trabalham
a partir da perspectiva Biopsicossocial (mente e corpo), essa perspectiva
reconhece que forças biológicas, psicológicas e socioculturais agem em conjunto
para determinar a saúde e a vulnerabilidade do indivíduo à doença; ou seja, a
11
saúde e a doença devem ser explicadas em relação a contextos múltiplos, pois
o indivíduo é um ser biopsicossocial (STRAUB, 2012, P. 13).
Tanto o paciente como o acompanhante têm seus direitos e deveres
dentro do ambiente hospitalar, o setor de psicologia trabalha dentro da equipe
multidisciplinar do hospital, para atendimentos quando solicitado e também
espontâneo, o serviço social no hospital compete em estar de prontidão para a
resolução das dificuldades presentes pelos usuários da rede hospitalar naquilo
em que está na alçada social. O Assistente Social na equipe de saúde, é o
profissional que identifica as necessidades dos usuários e as condições sociais
em que ele está inserido, passando a interpretar junto à equipe, aspectos
relevantes no âmbito social. Nesta perspectiva é necessário que seja um
profissional bem informado quanto aos objetivos e normas das instituições,
reconhecendo as necessidades dos usuários e disponibilizando os recursos
existentes, identificando falhas, num constante processo de reelaboração do seu
objeto de interesse, levando em consideração as necessidades da organização
e dos usuários (ROMÃO; BALBINO; SUHETT; SOUZA; CASTRO; INOCENTE;
2010 apud RODRIGUES, 2002).
A questão dos acompanhantes e sua relação com a equipe de saúde é
complexa
tornando-se
necessário
a
ampliação
do
apoio
social,
operacionalizado, a partir de estratégias mobilizadoras, tanto naturais como a
família, ou organizadas a partir de serviços sociais institucionais. Identificar as
possibilidades de uma ação capaz de renovar e recriar novas práticas na
interação entre usuários e profissionais de saúde. Os espaços públicos da saúde
contam com uma nova política de humanização que apoia, através da legislação,
a presença do acompanhante como direito dos pacientes e também da visita da
família, no entanto é uma prática que se desenvolve dentro de um antagonismo
que pode ser mediada através da intervenção do assistente social (ROMÃO;
BALBINO; SUHETT; SOUZA; CASTRO; INOCENTE; 2010 apud DIBAI; CADE,
2007).
12
3 – ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO E A DOR
Não seria errado considerar que boa parte dos estudos sobre dor e
psicologia repete uma lógica reducionista típica dos paradigmas científicos da
modernidade (NEUBERN 2010; apud MORIN, 1991; SANTOS, 2000). Grande
parte das pessoas são ensinadas a sempre solucionar os problemas com algum
tipo de imediatismo, seja dor física ou psíquica, buscam soluções em pílulas ao
invés de tratar a causa do problema. A psicoterapia surge com a proposta de
que o cliente exponha sua dor em forma de palavras, dissolvendo e entendendo
suas angustias e traumas, para que o mesmo possa progredir no tratamento,
pois quando a dor é reconhecida fica mais fácil de ser aliviada ou até mesmo
eliminada.
Tornando-se uma entidade independente do próprio sujeito, a dor parece
ser encapsulada em um corpo impessoal que consiste num terreno à parte do
mundo social e de suas tramas e se encontra distante de processos simbólicos
e das influências da cultura (NEUBERN 2010). Sendo assim, cada pessoa é
individual e por ser único suas dores também serão, cada um interpretará de
modo diferente os acontecimentos em sua vida, o sentimento que surgirá cada
em ação será sentida diferente, desse modo o trabalho na clínica com o
psicoterapeuta será de muita ajuda, para que o cliente consiga identificar a
conhecer seu próprio modo de existir no mundo, descobrir o contexto em que se
inseriu no momento das decisões sobre suas escolhas e saber se
responsabilizar por essas escolhas. Entender o reflexo em que suas ações
geram, é de tamanho alivio para o cliente, pois o mesmo poderá entender como
se colocou em cada situação, podendo futuramente evita-las de modo mais fácil
e seguro.
Não é um corpo que sente e vive a dor, mas um sujeito para quem ela se
torna uma realidade concreta e, por vezes, implacável, que é perpassada por
problemas cotidianos como as relações conjugais, familiares e de trabalho, as
questões de gênero, a experiência religiosa, o desemprego, as trocas sociais, a
violência e o uso do dinheiro. Ao mesmo tempo, o sujeito não consiste em mero
expectador dessa complexidade, uma vez que sua postura e forma de
subjetivação dessas influências implicam um determinante central na fabricação
da experiência de dor e seus sentidos subjetivos (NEUBERN 2010). Em outras
13
palavras, a dor do cliente é uma queixa de onde ele mesmo resolveu estar, e é
nesse sentido que deve se reconhecer como agente transformador de sua vida,
tomando como base a responsabilização pelo seus próprios atos e
consequências, o mesmo saberá o caminho para identificar as futuras
consequências de seus atos perante os fenômenos vivenciados. Ou seja,
sempre que o cliente não se responsabilizar pelos seus atos porque as
consequências não foram do jeito em que ele projetou, sempre haverá procura
de outro para responsabilizar.
Ao mesmo tempo em que se insere e envolve as relações terapêuticas,
ele também as antecede, mas pode ser influenciado pelos sujeitos que dele
tomam parte que, em certa medida, também o fabricam por meio de suas ações.
Desse modo, pode-se assim considerar que a psicoterapia pode se tornar uma
oficina de contextos, isto é, um momento relacional que pode influenciar e
reconstruir importantes momentos dos sistemas de dimensões que se
entrecruzam nas relações entre os sujeitos (NEUBERN 2010). Assim dizendo, o
cliente em acompanhamento possivelmente estará mais reflexivo perante as
situações cotidianas, mais atento aos seus atos, conseguindo identificar melhor
a causalidade de suas angustias, dores, ambições, anseios, desejos, entre
outros sentimentos.
Um dos primeiros pontos da construção do contexto terapêutico é a
desconstrução da narrativa segundo a qual a dor é uma entidade desvencilhada
da vida cotidiana das pessoas, como algo que simplesmente se impõe ao corpo
e pouco se pode esperar. Desse modo, o psicoterapeuta deve promover de início
dois enquadres distintos, mas complementares, sobre a experiência da dor,
entendendo-se aqui “enquadre” como o conjunto de expressões, falas e atitudes
do terapeuta que proporcionam um contexto simbólico específico (NEUBERN
2010; apud BATESON, 1972/2000; ERICKSON & ROSSI, 1979). Concluímos
nesse capítulo que a dor de fato acomete fatores fisiológicos, e que também, tem
seu fator psicológico inserido no modo de vivência dessa dor, de percepção,
responsabilização, sentimento e acometimento. Sendo assim, há estudos sobre
resultados eficientes em pacientes em acompanhamento psicológicos.
O cotidiano da prática clínica ligada a demandas de dor, a despeito de
toda uma tradição dicotômica entre mente e corpo no pensamento ocidental,
remete ao entrelaçamento de uma série de dimensões distintas cuja abordagem
14
requer uma reflexão complexa. A dor não se restringe a uma questão puramente
biológica, embora possa encontrar aí boa parte de sua causalidade: ela implica
num processo subjetivo que é perpassado por registros sociais, culturais,
noológicos, econômicos, dentre outros, que concorrem, durante a ação social do
sujeito, para a construção de sentidos, emoções e significados bastante
particulares (ERICKSON, 1985; NEUBERN, 2009b). Ao mesmo tempo, o sujeito
não consiste em mero expectador dessa complexidade, uma vez que sua
postura e forma de subjetivação dessas influências implicam um determinante
central na fabricação da experiência de dor e seus sentidos subjetivos
(NEUBERN 2010). Dito isso, fica claro que a dor é causada por diversos fatores,
que se não for levado a exposição em uma psicoterapia pode vir a se tornar uma
exaustiva dor sem fim, perpassando esse sofrimento do acompanhante para o
paciente.
15
4 – O MODELO BIOPSICOSSOCIAL
Quando se fala em perspectiva biopsicossocial estão articulando que o
ser humano não é um ser isolado no mundo, apesar de ser um indivíduo único
com sua particularidade ímpar, nunca esteve sozinho no mundo, sempre foi
influenciado e influenciou os outros em seu entorno pessoal, sendo assim, um
indivíduo com seu sistema biológico, psicológico e social. Uma maneira de
entender a relação entre sistemas é imaginar um alvo, com uma mosca no centro
e anéis concêntricos crescendo a partir dela. Assim, considere cada um de nós
um sistema formado por sistemas em interação, como o sistema endócrino,
cardiovascular, o nervoso e o imune. (Tenha em mente que, em cada um de
nossos sistemas biológicos, existem subsistemas menores, que consistem em
tecidos, fibras nervosas, fluidos, células e material genético). Se você partir da
mosca no centro e em direção aos anéis externos, verá sistema maiores que
interagem conosco – e esses anéis incluem nossa família, nosso bairro, nossa
sociedade e nossas culturas (STRAUB, 2012, P. 19).
Pesquisas realizadas com famílias, gêmeos idênticos ou fraternos e
crianças adotadas demonstram claramente que pessoas (sobretudo homens)
com parente biológico dependente de álcool tem mais probabilidade de abusar
de álcool (STRAUB, 2012; apud NIAAA, 2010). Além disso, pessoas que herdam
uma variação genética que resulte em deficiência de uma enzima fundamental
para metabolizar o álcool são mais sensíveis a seu efeito, sendo muito menos
provável que tenham problemas com bebida (STRAUB, 2012; apud ZAKHARI,
2010).
Do ponto de vista psicológico, ainda que não tentem mais identificar uma
única “personalidade alcoolista”, os pesquisadores se concentram em traços
específicos da personalidade e comportamentos que estão ligados à
dependência e ao abuso de álcool. Um desses traços é a baixa autorregulação,
caracterizada por uma incapacidade de exercer controle sobre a bebida
(STRAUB, 2012; apud HUSTAD, CAREY, CAREY e MAISTO, 2009).
No aspecto social, o abuso de álcool as vezes decorre de uma história de
beber para enfrentar fatos da vida ou demanda sociais avassaladoras. A pressão
dos outros, ambientes difíceis em casa e no trabalho e a tentativa de reduzir a
16
tensão também podem contribuir para problemas com a bebida (STRAUB,
2012).
A mensagem central da psicologia da saúde, obviamente, é que a saúde
e a doença estão sujeitas a influências psicológicas. Por exemplo, um fator
fundamental para determinar o quanto uma pessoa consegue lidar com uma
experiência de vida estressante é a forma como o evento é avaliado e
interpretado. Eventos avaliados como avassaladores, invasivos e fora do
controle custam mais do ponto de vista físico e psicológico do que os que são
encarados como desafios menores, temporários e superáveis (STRAUB, 2012).
Então cabe sempre ao psicólogo, nesse caso o hospitalar ou clinico, em que o
acompanhante poderá estar em atendimento, saber identificar e intervir quanto
as interpretações que o acompanhante e o paciente levam para ele, entender
que naquele momento do tratamento, esse problema pode perdurar por muito
tempo, e solicitar apoio multidisciplinar quando houver necessidade.
Os fatores psicológicos também desempenham um papel importante no
tratamento das condições crônicas. A efetividade de todas as intervênções incluindo medicação e cirurgia, bem como acupuntura e outros tratamentos
alternativos - é poderosamente influenciada pela postura do paciente. Um
indivíduo que acredito que um medicamento ou outro tratamento irá lhe causar
apenas efeitos colaterais desconfortáveis é capaz de experimentar uma tensão
considerável, que pode, na verdade, piorar sua reação física à intervenção,
desencadeando um círculo vicioso, no qual a crescente ansiedade antes do
tratamento é seguida por reações físicas progressivamente piores, à medida que
o regime terapêutico continua (STRAUB, 2012). Por isso o acompanhante é
protagonista fundamental na ajuda do tratamento de seu paciente, o
acompanhante em acompanhamento psicológico pode obter ajuda em como
lidar com a situação negativa de seu paciente, ou minimamente, em como não
piorar a situação, uma vez que, o acompanhante é um símbolo de entorno
pessoal para que o paciente não perca totalmente sua identidade.
Um aspecto importante a ser levado em conta pelo psicólogo quanto ao
atendimento de acompanhantes de paciente, são os padrões socioeconômicos,
religiosos e culturais em geral, ao entender que cada pessoa é um indivíduo
ímpar, singular, e com razões diferentes para estar ali, poderá então promover
ajuda no que diz respeito ao entendimento reconhecido pelo próprio
17
acompanhante em atendimento. Os padrões socioeconômicos, religiosos e
outros culturais também podem explicar por que existem variações na saúde não
apenas entre os grupos étnicos, mas também de região para região, estado para
estado e até mesmo de um bairro para outro (STRAUB, 2012).
Também no contexto social, a perspectiva de gênero em psicologia da
saúde se concentra no estudo de problemas de saúde específicos dos gêneros
e em barreiras que tal condição encontra nos serviços de saúde. Com exceção
de problemas no sistema reprodutivo e subnutrição, os homens são mais
vulneráveis do que as mulheres a quase todas as outras condições de saúde.
Além disso, muitos homens consideram o cuidado preventivo em saúde algo que
não é masculino, mas as mulheres tendem a responder de forma mais ativa do
que eles a sintomas de doenças e a procurarem tratamento mais cedo (STRAUB,
2012; apud WILLIAMS, 2003). O efeito é cumulativo e, aos 80 anos de idade, as
mulheres são mais numerosas que os homens, em uma proporção de 2 para 1
(STRAUB, 2012; apud U.S. CENSUS BUREAU, 2010).
18
5 – RECURSOS SOCIAIS E PSICOLÓGICOS EXISTENTES PARA O
PACIENTE E O ACOMPANHANTE NA HOSPITALIZAÇÃO
Tanto para o enfermo, como também para seu acompanhante a
permanência no hospital, não é algo confortável psicologicamente e nem
fisicamente, por mais preparado que seja o hospital e os profissionais. Oferecer
apoio psicológico ao familiar faz parte do tratamento e é elemento fundamental
para conseguir lidar com essas necessidades. Sendo assim, a importância de o
psicólogo trabalhar com a possibilidade de o familiar acompanhante permanecer
próximo ao paciente estando ciente dos fatos que acontecem quanto aos
procedimentos que envolvem a internação, além de o familiar ser coadjuvante
na interação com os outros familiares (SOUSA; SUDÁRIO; DUARTE, 2018)
A presença da família não deveria ser apenas uma concessão do hospital,
mas deveria ser compulsória e os horários para visitas deveriam ser livres, já
que
nos
hospitais
particulares
pode-se
manter
um
acompanhante
permanentemente junto da pessoa doente, que paga o atendimento, sem que
estes aspectos sejam questionados (CREPALDI, 1999).
O paciente e seu acompanhante têm o direito de saber sobre quaisquer
informações sobre procedimentos realizados com o paciente, resultado de
exames, entre outras manobras realizadas pela equipe multidisciplinar. O
paciente tem direito a obter informações precisas, quando estas estão
disponíveis, sobre sua doença, as dimensões e implicações das terapêuticas a
que será submetido, como o uso de medicação, de dispositivos médicos de alta
tecnologia, ter informações sobre exames necessários, e ser dispensado de
exames desnecessários. Além de ser consultado sobre se deseja ou não ser
submetido a estes procedimentos (CREPALDI, 1999).
A presença do Psicólogo Hospitalar se torna fundamental, e pode
funcionar como o diferencial deste momento existencial familiar. Este profissional
traz, com sua compreensão teórica e habilidade técnica, a possibilidade de
auxílio na reorganização egóica do todo familiar, frente ao sofrimento atual.
Facilita a elaboração de fantasias, medos e angústias próprios de um momento
como este. Pode dar suporte ao enfrentamento da dor, sofrimento e medo da
perda do paciente (LUSTOSA, 2007)
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Tarefa fundamental deste profissional é a detecção de focos de ansiedade
e de dúvidas entre o grupo familiar, levando à sua extinção ou diminuição. Além
destas tarefas, ao Psicólogo Hospitalar deve também caber a aproximação do
grupo familiar à equipe de saúde, facilitando a comunicação entre eles, para que
contribuam para o tratamento do membro necessitado (LUSTOSA, 2007).
Sendo assim, a presença da Psicologia dentro do Hospital não carece de
maiores discussões, e sua atuação não se cansa de demonstrar utilidades
diversas neste âmbito. Entretanto, ainda é comum ouvirem-se relatos de
parentes e pacientes que, durante internação hospitalar, denunciam a ausência
de um profissional desta área, expondo, não raro, a falta sentida deste apoio
num momento angustiante como este (LUSTOSA, 2007).
Existem vários tipos de apoios sociais que ajudam na hora da
permanência hospitalar:
A religiosidade como apoio social - Na vigência da doença, a
espiritualidade se apresenta como um apoio importante na construção dos
significados da vida para a família. A religiosidade pode aumentar o apoio social,
porque provê acesso às redes sociais e estabelece formas de assistência, como
cuidado espiritual nas fases de angústia aguda. O suporte religioso inclui preces,
procura de conforto de alguém da fé, obtenção de apoio de membros da igreja e
está associado à melhor saúde mental, melhor adaptação psicológica dos
pacientes e seus familiares com diminuição da depressão. Extremos níveis de
religiosidade foram associados ao aumento da angústia, enquanto que níveis
moderados foram associados à diminuição da depressão (SANCHEZ,
FERREIRA, DUPAS, COSTA, 2010). A presença do acompanhante é algo
importantíssimo como vimos anteriormente, mas, e quanto ao apoio social para
esse acompanhante, sendo ele religioso ou não, entender a existência de uma
essência da qual o mesmo dá sentido a sua vida é algo que pode apresentar-se
em psicoterapia.
O apoio social proveniente de programas educativos, atividades grupais
e recursos tecnológicos são tipos de apoio que podem ser oferecidos, como:
instrumental, espiritual, psicossocial, informacional, emocional e físico,que
devem estar relacionados a cada fase da doença e de acordo com cada perfil
familiar, devendo ser direcionados de um modo sensitivo. A falta de apoio social
pode levar a internações desgastantes. Intervenções psicológicas melhoram a
20
habilidade de enfrentamento, diminuem a sobrecarga e aumentam a qualidade
de vida do acompanhante. O acompanhante despreparado e com pouca
afinidade com o paciente, pode se beneficiar da psicoterapia de apoio e
intervenção psicológica disponibilizada pelo hospital (SANCHEZ, FERREIRA,
DUPAS,
COSTA,
2010).
Então
esse
acompanhante
estando
em
acompanhamento psicoterapêutico particular, poderá ser instruído – caso seja o
pretendido – a buscar o apoio social dentro do âmbito hospitalar, e sendo essa
psicoterapia no ambiente hospitalar, com o psicólogo hospitalar, pode ser
direcionado com clareza a buscar de forma autônoma os serviços sociais dentro
do hospital quando necessário, dessa forma, facilitando a permanecia como
sendo acompanhante, e transmitindo essa satisfação ao seu paciente.
21
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao logo do trabalho, buscou-se destacar pontos na saúde mental do
acompanhante do paciente e de como é necessário priorizar essa saúde, tanto
para fins próprios como para o cuidado com o próximo, compreendemos que a
dor tanto física como psicológica não é algo desvencilhado do próprio ser - como
em ente separado - mas sim, um conjunto todo do ser. Todo incomodo será
diferente de pessoa para pessoa, cada um terá uma resposta diferente, por isso
dá-se a importância do acompanhante do paciente estar em psicoterapia, seja
ela pela rede hospitalar ou particular.
É importante que o acompanhante reconheça seu papel diante da
situação de promover assistência ao paciente, tanto ele como o paciente são
seres sociais e estão fortemente sendo influenciados e influenciando outras
pessoas, quaisquer comportamentos proferidos pelo acompanhante gera algum
impacto em pessoas a sua volta, portanto, a tentativa de reduzir a tensão por
parte do acompanhante, pode promover um ambiente mais harmonioso e menos
sofrido.
Por fim, e não menos importante, o acompanhante e seu paciente não
estão sozinhos no tratamento, existe uma rede de apoio multidisciplinar dentro
do ambiente hospitalar, e é importante que saibam disso, pois a assistência
psicológica, nutricional, social, entre outras, são auxiliadoras para o bom
desenvolvimento em sanar problemas básicos, que por ventura possam existir.
22
8 - REFERÊNCIAS
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