Contextualização Após a 2ª Guerra Mundial o Estado passa a ter um papel de destaque na economia, uma vez que o modelo de governo começou a se basear em democracia das massas. Assim, o governo passa a ter o papel de manter o equilíbrio interno e manter o maior índice de emprego que conseguir. Após a Grande Depressão, os países latinos voltam o desenvolvimento para dentro, por mais que fossem dependentes de exportações, tentam se tornarem independentes de importações, tentando consumir interiormente para se tornarem menos dependentes do mercado exterior, mentalidade associada ao forte nacionalismo da época. Os países da Europa Ocidental haviam fortalecido os governos e sindicatos, mas ao mesmo tempo os Estados Unidos incentivavam fortemente a abertura comercial, como uma das medidas contra o comunismo. Para que um país recebesse ajuda dos Estados Unidos, deveria poder ser categorizado como ”Embedded Liberalism”, de forma a manter tanto um Estado mais forte quanto um liberalismo econômico. Na década de 60 tanto a América latina quanto a Europa experimentam crescimento econômico. Em 1973, houve uma crise causada pelo choque de petróleo de 1973, e enquanto os países desenvolvidos preferiram entrar em recessão, os países da América latina, geralmente ditaduras, deram preferência por contrair dívidas no exterior para manter o crescimento econômico. Em 1979, com outra crise de petróleo, os Estados Unidos elevam a taxa de juros, fazendo com que as dívidas dos países latino-americanos aumentem substancialmente(além disso vale notar que os Estados Unidos passaram por uma grave recessão. Depois de 1980, quando Reagen se elege, aumenta os gastos com militarismo para tentar uma política monetária expansionista e tornar o setor industrial mais competitivo, mas apenas com James Baker enquanto Secretário do Tesouro que os EUA estabeleceram os acordos de Plaza para depreciar o dólar em colaboração com com bancos centrais dos G5). Para tentar conter a recessão, os países latinos geram um cenário de hiperinflação. Para lidar com a situação, os países renegociaram suas dívidas pelo plano Brady, por exemplo, e adotaram algumas medidas do Consenso de Washington, que supostamente atraem capitais do exterior. (Entretanto, segundo Dani Rodrik, essas medidas apenas atrapalharam o desenvolvimento das economias emergentes). A década de 80, apesar de ter sido perdida para os países latinos, ainda foi de crescimento para a Europa, apesar de consideravelmente menor que nas décadas anteriores. Diz-se que houveram duas globalizações distintas no mundo: a primeira, a “Globalização Clássica”, que ocorre desde o final do século XIX até a Grande Guerra, a industrialização estava centralizada apenas em alguns países, então grande parte do comércio girava em torno de commodities, e por vantagem comparativa a maior parte dos países do Hemisfério sul se especializa em exportação de commodities, enquanto que as exportações de forma geral aconteciam por meio de produtos tangíveis. A “Globalização Contemporânea” é um fenômeno em andamento, e é caracterizada pela industrialização generalizada nos países, em especial as industrias que não precisam de mão de obra especializada. O progresso da tecnologia e a melhor alocação de recursos caracteriza o processo moderno de globalização pelo comércio de serviços significativamente em comparação com o comércio de bens tangíveis. Questão 1 (3,5 pontos) Quando a Revolução Islâmica colocou e o Aitolá Khomeini no poder do Irã e aconteceu o segundo choque de petróleo, Paul Volcker assumiu o Fed e tratou logo de impor um choque de juros na tentativa de frear a inflação americana, que já passava dos 13% às vésperas daquele do Outubro de 1979. Assim, com um choque de juros no mercado internacional as dívidas dos países da América Latina explodiram, que levaram muitos anos para serem negociadas, a troco de uma liberalização comercial. Nos anos 90, as políticas de Bush e Clinton também não tinham a determinação para impedir a desvalorização da moeda- por aumentar as exportações, havia pouca oposição doméstica, ao mesmo tempo que supervalorizava a moeda de outros países(Para aumentar a competitividade os países europeus compravam dólar) Segundo Krueger (1984), temos uma problemática na economia da época por 5 motivos: 1- Utilização inadequada de recursos abundantes, como trabalho e recursos naturais. 2- A entrada de multinacionais impediu o desenvolvimento da indústria doméstica 3- O alto grau de nacionalização incompatível com o desenvolvimento tecnológico levou a desperdício de recursos 4- O ainda presente protecionismo impediu ganhos de eficiência 5- As empresas brasileiras não atingiram um tamanho suficiente para reduzir as desvantagens vis-a vis Portanto, os anos 80 e 90 foram décadas que as economias latinas tentaram corrigir esses problemas mencionados acima, com uma reestruturação da economia(Maurício Moreira). Segundo Moreira e Najberg (1998) houve um leve aumento no desemprego brasileiro graças à abertura comercial. Para responder à pergunta, irei enumerar algumas semelhanças entre os países emergentes: controle direto do governo sobre a economia, senhoriagem, falta de estrutura jurídica para o mercado financeiro, taxas de câmbio controladas pelo governo, forte participação de commodities no PIB e problemas de corrupção. Isso são características da maioria dos países emergentes nessa época, e que foram alvos de negociação em todo o mundo. Porém, a América Latina possui uma peculiaridade: a presença de ditaduras militares. Esse fato estabelece uma dinâmica complexa, pois ao mesmo tempo que estabeleceram uma agenda desenvolvimentista, impuseram fortes restrições institucionais. Assim, durante a década de 80 certamente houveram dificuldades em reestruturar as instituições na América Latina graças a essa herança(no Chile, por exemplo, a ditadura durou até 1990, e na Argentina o temor de um golpe militar era frequente. No Brasil, o judiciário havia sido completamente desmantelado, e custou alguns anos para importar o sistema judiciário de países desenvolvidos, como afirma o professor Lynch(FGV) ). Por outro lado, quando agora se compara entre os países da América Latina, vemos que existem semelhanças muito fortes tanto economicamente quanto politicamente. Esses “choques” envolveram os impactos causados pela valorização da dívida acompanhada de uma reestruturação do mercado nacional, e suas consequências. Questão 2 (3,5 pontos) A década de 60 está inclusa nos “Anos dourados”. Assim sendo, vemos que parte do crescimento está associada ao sistema de Bretton Woods e à maior integração das economias internacionalmente. Para Peter Temin, o crescimento do período foi sustentado por causa da realocação de fatores de produção no pós guerra, enquanto que para Fernando de Matos esse crescimento foi sustentado por causa das políticas Keynesianas. Segundo Triffin, a partir dos anos 60 o passivo do FED já era consideravelmente maior que as reservas em ouro, então isso já evidencia a dificuldade em manter o câmbio fixo. Durante a década de 1990, o que se observou foi a implementação de uma agenda neoliberal em países emergentes, causada por uma gradual remoção de barreiras comerciais a partir dos anos 80(muitas vezes forçada). Ao final dos anos 90, a proporção de comércio em relação ao PIB é maior do que em qualquer momento anterior na história(de acordo com Findlay). Apesar de o comércio ter sido determinante para o crescimento dos países da América do Norte, cujo investimento foi possibilitado pelas importações líquidas, as esperanças sustentadas nos anos 80 de que o livre comércio traria crescimento para os países subdesenvolvidos foram frustradas. Apesar de economias abertas serem determinantes para a convergência em países ricos(dos 50 países emergentes que tornaram-se ricos, apenas 5 eram economias fechadas, segundo Wacziarg), também são importantes as condições domésticas para o crescimento econômico. A substituição de importações pode ter causado um crescimento temporário, mas eventualmente os mercados domésticos se saturaram e o crescimento estagnou. Assim, respondendo à pergunta, a resposta mais adequada seria que depende de país para país e de região. Durante os anos 60, para os países desenvolvidos o desenvolvimento de equilíbrio externo foi determinante para o crescimento econômico, porém o cenário de desconfiança e diferencial de inflação causaram a erosão desse sistema monetário na década seguinte(então não se pode dizer que esses países conseguiram conciliar o equilíbrio interno com o externo, pois para isso deveriam ter mantido a inflação doméstica em patamares semelhantes e controlados). Nos anos 90, por outro lado, o que se observou foi um aumento do comércio internacional, em especial em países emergentes, porém em apenas algumas regiões(Europa Oriental e Leste da Ásia, China e Índia) se observou de fato um crescimento econômico, parte porque maior parte dos países não conseguiu conciliar o comércio com o equilíbrio interno. Questão 3 (3,5 pontos) Nos países desenvolvidos, certamente houve a maior mudança institucional no período de Ouro do capitalismo, pois houve uma reestruturação do sistema monetário, além da Guerra Fria e progresso técnico mais expressivo (que na Globalização Contemporânea foi caracterizada pela realocação de empresas em direção a países subdesenvolvidos, por exemplo). Porém, quando se trata de países em desenvolvimento, muito mais frequentemente seria correto afirmar que houveram mudanças institucionais mais expressivas no período de globalização contemporânea, que foi uma época em que os países passaram por um processo de absorção de indústria internacional, substituição de importações e transição de regimes políticos(apesar que em muitos casos, pela falta de estruturação intranacional não ocorrido convergência em crescimento econômico). EXTRA(Termos usados na Contextualização) Sistema de Bretton Woods Depois da 2ª Guerra Mundial, a economia europeia se encontra em situação caótica, tanto no sistema financeiro quanto na produção industrial. Por outro lado, os Estados Unidos(para os quais a guerra também foi custosa) emergem enquanto potência econômica mundial. Com interesses econômicos e temor da ameaça comunista, os Estados Unidos possuem interesse na recuperação das economias europeias. Os Estados unidos lançam, então, o Plano Marshall, que concede recursos aos países com acordos de abertura econômica e modernização da indústria em troca(obs: houveram planos semelhantes na Ásia, que não entram na contabilidade do Plano Marshall). (obs2: Houveram críticas ao Plano Marshall por alguns economistas notáveis da época, como Röpke, Hazlitt e Mises, que acreditavam que deveria-se descentralizar as economias europeias e que o Plano Marshall iria influenciar negativamente nessa descentralização, e esses economistas influenciaram profundamente as decisões do chanceler Erhard na Alemanha). Dessa forma, com essa grande influência na economia internacional, os Estados Unidos surgem com um plano para regularizar o sistema monetário internacional, num chamado Sistema de Bretton Woods, que implanta a paridade entre o Dólar e o ouro, então os outros países apenas usariam o dólar como lastro para suas moedas. Corporações econômicas internacionais também são criados, como o FMI e o Banco Mundial, após o acordo de Bretton Woods. Essa integração econômica internacional associada a direitos garantidos ao trabalhadores e melhoras nas tecnologias de transporte corroboram para o surgimento de empresas multinacionais. Embora o período em que foi válido o Sistema de Bretton Woods tenha sido de grande prosperidade para grande parte dos participantes, os gastos dos Estados Unidos na Guerra Fria geraram um clima de desconfiança com relação a conversibilidade dólar-ouro, então a América abandona o sistema em 1971, no Nixon Shock, que torna a moeda fiduciária. Trilema IS-LM-BP De acordo com o modelo IS-LM-BP, desenvolvido por Robert Mundell, é impossível que se tenha, ao mesmo tempo, câmbio fixo, política monetária independente e liberdade no fluxo de capitais. Quando se usava o Padrão Ouro, os governos não faziam uso de políticas monetárias para poder manter a convertibilidade entre suas moedas e o ouro. Porém nessa época os governos não tinham grandes objeções à diminuição de salário dos trabalhadores, então não tinham grandes preocupações com relação a eventuais recessões. No Sistema de Bretton Woods, foi sacrificada a liberdade no fluxo de capitais, para que se pudessem fazer políticas monetárias de forma a manter o emprego. Com o Choque de Nixon, foi adotado o sistema de câmbio flutuante. Vale destacar também um trilema importante na economia moderna criado por Dani Rodrik, que afirma ser impossível se ter integração global, estado-nacional e democracia ao mesmo tempo.