Uploaded by Lucas Rafael de Andrade

Lucas R Andrade A2 HEg2

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Contextualização
Após a 2ª Guerra Mundial o Estado passa a ter um papel de destaque na economia, uma vez que o
modelo de governo começou a se basear em democracia das massas. Assim, o governo passa a ter
o papel de manter o equilíbrio interno e manter o maior índice de emprego que conseguir. Após a
Grande Depressão, os países latinos voltam o desenvolvimento para dentro, por mais que fossem
dependentes de exportações, tentam se tornarem independentes de importações, tentando consumir
interiormente para se tornarem menos dependentes do mercado exterior, mentalidade associada ao
forte nacionalismo da época. Os países da Europa Ocidental haviam fortalecido os governos e
sindicatos, mas ao mesmo tempo os Estados Unidos incentivavam fortemente a abertura comercial,
como uma das medidas contra o comunismo. Para que um país recebesse ajuda dos Estados
Unidos, deveria poder ser categorizado como ”Embedded Liberalism”, de forma a manter tanto um
Estado mais forte quanto um liberalismo econômico. Na década de 60 tanto a América latina quanto
a Europa experimentam crescimento econômico. Em 1973, houve uma crise causada pelo choque
de petróleo de 1973, e enquanto os países desenvolvidos preferiram entrar em recessão, os países
da América latina, geralmente ditaduras, deram preferência por contrair dívidas no exterior para
manter o crescimento econômico. Em 1979, com outra crise de petróleo, os Estados Unidos elevam
a taxa de juros, fazendo com que as dívidas dos países latino-americanos aumentem
substancialmente(além disso vale notar que os Estados Unidos passaram por uma grave recessão.
Depois de 1980, quando Reagen se elege, aumenta os gastos com militarismo para tentar uma
política monetária expansionista e tornar o setor industrial mais competitivo, mas apenas com James
Baker enquanto Secretário do Tesouro que os EUA estabeleceram os acordos de Plaza para
depreciar o dólar em colaboração com com bancos centrais dos G5). Para tentar conter a recessão,
os países latinos geram um cenário de hiperinflação. Para lidar com a situação, os países
renegociaram suas dívidas pelo plano Brady, por exemplo, e adotaram algumas medidas do
Consenso de Washington, que supostamente atraem capitais do exterior. (Entretanto, segundo Dani
Rodrik, essas medidas apenas atrapalharam o desenvolvimento das economias emergentes). A
década de 80, apesar de ter sido perdida para os países latinos, ainda foi de crescimento para a
Europa, apesar de consideravelmente menor que nas décadas anteriores.
Diz-se que houveram duas globalizações distintas no mundo: a primeira, a “Globalização Clássica”,
que ocorre desde o final do século XIX até a Grande Guerra, a industrialização estava centralizada
apenas em alguns países, então grande parte do comércio girava em torno de commodities, e por
vantagem comparativa a maior parte dos países do Hemisfério sul se especializa em exportação de
commodities, enquanto que as exportações de forma geral aconteciam por meio de produtos
tangíveis.
A “Globalização Contemporânea” é um fenômeno em andamento, e é caracterizada pela
industrialização generalizada nos países, em especial as industrias que não precisam de mão de
obra especializada. O progresso da tecnologia e a melhor alocação de recursos caracteriza o
processo moderno de globalização pelo comércio de serviços significativamente em comparação
com o comércio de bens tangíveis.
Questão 1 (3,5 pontos)
Quando a Revolução Islâmica colocou e o Aitolá Khomeini no poder do Irã e aconteceu o segundo
choque de petróleo, Paul Volcker assumiu o Fed e tratou logo de impor um choque de juros na
tentativa de frear a inflação americana, que já passava dos 13% às vésperas daquele do Outubro de
1979. Assim, com um choque de juros no mercado internacional as dívidas dos países da América
Latina explodiram, que levaram muitos anos para serem negociadas, a troco de uma liberalização
comercial. Nos anos 90, as políticas de Bush e Clinton também não tinham a determinação para
impedir a desvalorização da moeda- por aumentar as exportações, havia pouca oposição doméstica,
ao mesmo tempo que supervalorizava a moeda de outros países(Para aumentar a competitividade
os países europeus compravam dólar)
Segundo Krueger (1984), temos uma problemática na economia da época por 5 motivos:
1- Utilização inadequada de recursos abundantes, como trabalho e recursos naturais.
2- A entrada de multinacionais impediu o desenvolvimento da indústria doméstica
3- O alto grau de nacionalização incompatível com o desenvolvimento tecnológico levou a
desperdício de recursos
4- O ainda presente protecionismo impediu ganhos de eficiência
5- As empresas brasileiras não atingiram um tamanho suficiente para reduzir as desvantagens
vis-a vis
Portanto, os anos 80 e 90 foram décadas que as economias latinas tentaram corrigir esses problemas
mencionados acima, com uma reestruturação da economia(Maurício Moreira). Segundo Moreira e
Najberg (1998) houve um leve aumento no desemprego brasileiro graças à abertura comercial.
Para responder à pergunta, irei enumerar algumas semelhanças entre os países emergentes:
controle direto do governo sobre a economia, senhoriagem, falta de estrutura jurídica para o mercado
financeiro, taxas de câmbio controladas pelo governo, forte participação de commodities no PIB e
problemas de corrupção. Isso são características da maioria dos países emergentes nessa época, e
que foram alvos de negociação em todo o mundo.
Porém, a América Latina possui uma peculiaridade: a presença de ditaduras militares. Esse fato
estabelece uma dinâmica complexa, pois ao mesmo tempo que estabeleceram uma agenda
desenvolvimentista, impuseram fortes restrições institucionais. Assim, durante a década de 80
certamente houveram dificuldades em reestruturar as instituições na América Latina graças a essa
herança(no Chile, por exemplo, a ditadura durou até 1990, e na Argentina o temor de um golpe militar
era frequente. No Brasil, o judiciário havia sido completamente desmantelado, e custou alguns anos
para importar o sistema judiciário de países desenvolvidos, como afirma o professor Lynch(FGV) ).
Por outro lado, quando agora se compara entre os países da América Latina, vemos que existem
semelhanças muito fortes tanto economicamente quanto politicamente. Esses “choques” envolveram
os impactos causados pela valorização da dívida acompanhada de uma reestruturação do mercado
nacional, e suas consequências.
Questão 2 (3,5 pontos)
A década de 60 está inclusa nos “Anos dourados”. Assim sendo, vemos que parte do crescimento
está associada ao sistema de Bretton Woods e à maior integração das economias
internacionalmente. Para Peter Temin, o crescimento do período foi sustentado por causa da
realocação de fatores de produção no pós guerra, enquanto que para Fernando de Matos esse
crescimento foi sustentado por causa das políticas Keynesianas. Segundo Triffin, a partir dos anos
60 o passivo do FED já era consideravelmente maior que as reservas em ouro, então isso já
evidencia a dificuldade em manter o câmbio fixo. Durante a década de 1990, o que se observou foi
a implementação de uma agenda neoliberal em países emergentes, causada por uma gradual
remoção de barreiras comerciais a partir dos anos 80(muitas vezes forçada). Ao final dos anos 90, a
proporção de comércio em relação ao PIB é maior do que em qualquer momento anterior na
história(de acordo com Findlay). Apesar de o comércio ter sido determinante para o crescimento dos
países da América do Norte, cujo investimento foi possibilitado pelas importações líquidas, as
esperanças sustentadas nos anos 80 de que o livre comércio traria crescimento para os países
subdesenvolvidos foram frustradas. Apesar de economias abertas serem determinantes para a
convergência em países ricos(dos 50 países emergentes que tornaram-se ricos, apenas 5 eram
economias fechadas, segundo Wacziarg), também são importantes as condições domésticas para o
crescimento econômico. A substituição de importações pode ter causado um crescimento
temporário, mas eventualmente os mercados domésticos se saturaram e o crescimento estagnou.
Assim, respondendo à pergunta, a resposta mais adequada seria que depende de país para
país e de região. Durante os anos 60, para os países desenvolvidos o desenvolvimento de equilíbrio
externo foi determinante para o crescimento econômico, porém o cenário de desconfiança e
diferencial de inflação causaram a erosão desse sistema monetário na década seguinte(então não
se pode dizer que esses países conseguiram conciliar o equilíbrio interno com o externo, pois para
isso deveriam ter mantido a inflação doméstica em patamares semelhantes e controlados). Nos anos
90, por outro lado, o que se observou foi um aumento do comércio internacional, em especial em
países emergentes, porém em apenas algumas regiões(Europa Oriental e Leste da Ásia, China e
Índia) se observou de fato um crescimento econômico, parte porque maior parte dos países não
conseguiu conciliar o comércio com o equilíbrio interno.
Questão 3 (3,5 pontos)
Nos países desenvolvidos, certamente houve a maior mudança institucional no período de Ouro do
capitalismo, pois houve uma reestruturação do sistema monetário, além da Guerra Fria e progresso
técnico mais expressivo (que na Globalização Contemporânea foi caracterizada pela realocação de
empresas em direção a países subdesenvolvidos, por exemplo). Porém, quando se trata de países
em desenvolvimento, muito mais frequentemente seria correto afirmar que houveram mudanças
institucionais mais expressivas no período de globalização contemporânea, que foi uma época em
que os países passaram por um processo de absorção de indústria internacional, substituição de
importações e transição de regimes políticos(apesar que em muitos casos, pela falta de estruturação
intranacional não ocorrido convergência em crescimento econômico).
EXTRA(Termos usados na Contextualização)
Sistema de Bretton Woods
Depois da 2ª Guerra Mundial, a economia europeia se encontra em situação caótica, tanto no sistema
financeiro quanto na produção industrial. Por outro lado, os Estados Unidos(para os quais a guerra
também foi custosa) emergem enquanto potência econômica mundial. Com interesses econômicos
e temor da ameaça comunista, os Estados Unidos possuem interesse na recuperação das
economias europeias. Os Estados unidos lançam, então, o Plano Marshall, que concede recursos
aos países com acordos de abertura econômica e modernização da indústria em troca(obs:
houveram planos semelhantes na Ásia, que não entram na contabilidade do Plano Marshall). (obs2:
Houveram críticas ao Plano Marshall por alguns economistas notáveis da época, como Röpke,
Hazlitt e Mises, que acreditavam que deveria-se descentralizar as economias europeias e que o
Plano Marshall iria influenciar negativamente nessa descentralização, e esses economistas
influenciaram profundamente as decisões do chanceler Erhard na Alemanha).
Dessa forma, com essa grande influência na economia internacional, os Estados Unidos surgem com
um plano para regularizar o sistema monetário internacional, num chamado Sistema de Bretton
Woods, que implanta a paridade entre o Dólar e o ouro, então os outros países apenas usariam o
dólar como lastro para suas moedas. Corporações econômicas internacionais também são criados,
como o FMI e o Banco Mundial, após o acordo de Bretton Woods. Essa integração econômica
internacional associada a direitos garantidos ao trabalhadores e melhoras nas tecnologias de
transporte corroboram para o surgimento de empresas multinacionais. Embora o período em que foi
válido o Sistema de Bretton Woods tenha sido de grande prosperidade para grande parte dos
participantes, os gastos dos Estados Unidos na Guerra Fria geraram um clima de desconfiança com
relação a conversibilidade dólar-ouro, então a América abandona o sistema em 1971, no Nixon
Shock, que torna a moeda fiduciária.
Trilema IS-LM-BP
De acordo com o modelo IS-LM-BP, desenvolvido por Robert Mundell, é impossível que se tenha,
ao mesmo tempo, câmbio fixo, política monetária independente e liberdade no fluxo de capitais.
Quando se usava o Padrão Ouro, os governos não faziam uso de políticas monetárias para poder
manter a convertibilidade entre suas moedas e o ouro. Porém nessa época os governos não tinham
grandes objeções à diminuição de salário dos trabalhadores, então não tinham grandes
preocupações com relação a eventuais recessões. No Sistema de Bretton Woods, foi sacrificada a
liberdade no fluxo de capitais, para que se pudessem fazer políticas monetárias de forma a manter
o emprego. Com o Choque de Nixon, foi adotado o sistema de câmbio flutuante. Vale destacar
também um trilema importante na economia moderna criado por Dani Rodrik, que afirma ser
impossível se ter integração global, estado-nacional e democracia ao mesmo tempo.
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