INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA Departamento de Engenharia Mecânica Caracterização dos materiais da pastilha Peltier DIOGO GONÇALVES BRAZ DE AZEVEDO Trabalho de Pesquisa de Processos de Ligação de Materiais 11/2017 Sumário Sumário de Figuras ................................................................................................................. 3 Sumário de Tabelas ................................................................................................................ 4 Introdução ............................................................................................................................... 5 Desenvolvimento .................................................................................................................... 6 1. Pastilha Peltier (PP) ................................................................................................................. 6 2. Balanço energético .................................................................................................................. 7 3. Eficiência energética ............................................................................................................... 8 4. Características dos materiais ................................................................................................... 9 4.1. Telureto de Bismuto ............................................................................................................ 9 4.2. Alumina Cerâmica............................................................................................................. 10 Conclusão ............................................................................................................................. 11 Referências ........................................................................................................................... 12 2 Sumário de Figuras Figura 1. Representação do efeito peltier em um par de semicondutores do tipo P/N 5 Figura 2. Pastilha Peltier 6 Figura 3. Modelo de um termopar tipo Peltier 6 Figura 4. Fluxo de calor na PP 7 Figura 5. Comparação de eficiência termoelétrica 8 (a) Pastilha Peltier sem cerâmica Figura 6. 9 (b) Comparação visual de dimensões do Telureto de Bismuto usado na PP 3 Sumário de Tabelas Tabela 1. Propriedades físicas e termoelétricas do Telureto de bismuto tipo N 9 Tabela 2. Propriedades da cerâmica de Alumina 10 4 Introdução O intuito desse trabalho é demostrar como é feita a seleção de matérias para o uso do efeito Peltier em uma pastilha Peltier, do qual foi descoberto em meados de 1821 por Thomas Johann Seedbeck [1]. Ele descobriu que dois metais diferentes, se eles fossem conectados em dois pontos diferentes do qual esses pontos estivessem em temperaturas diferentes, surgia-se uma micro tensão entre os metais. Esse efeito foi chamado de “Seebeck effect” igual ao o seu descobridor. Alguns anos depois, um cientista descobriu o efeito oposto ao efeito Seebeck. Ele descobriu que ao aplicar uma tensão em dois metais diferentes ligados por suas junções, como demostrado na Figura 1, uma das duas superfícies de contato da junção de um ponto esquentará enquanto a outra superfície esfriará. O cientista que descobriu esse efeito se chama Peltier e sua descoberta foi nomeada com teu nome “efeito Peltier”. Figura 1. Representação do efeito peltier em um par de semicondutores do tipo P/N [3] Tendo em vista que o efeito Peltier cria-se um gradiente de temperatura, do qual pode ser usado para refrigeração, ele passa a ser bom candidato na substituição das maquinas frigorificas e bombas de calor pelo fato de não haver nenhum solido ou fluido em movimento, ruídos devido a fricção ou qualquer tipo de fadiga mecânica. O estudo foi desenvolvido de modo a sintetizar o conhecimento sobre o efeito Peltier e as características dos materiais usados para fazê-lo, foi usado as regras ABNT para modelar o texto da pesquisa e o ScienceDirect como motor de busca de artigos científicos do qual me baseie toda minha pesquisa. 5 Desenvolvimento 1. Pastilha Peltier (PP) Com intuito de estudar o efeito Peltier e os matérias usado para o efeito, usarei como base de estudos uma pastilha Peltier Figura 2, da qual normalmente pode ser usada como bomba de calor, mas também pode ser usada como um transdutor que transforma energia térmica em energia elétrica através do efeito Seedbeck. Figura 2. Pastilha Peltier Fonte: http://www.peltier.com.br A pastilha peltier (PP) é um dispositivo da qual agrega vários termopares dos quais são montados em paralelo em relação a transferência de calor, mas são conectados em serie em relação a corrente elétrica [2]. Internamente da PP conecta-se pares de semicondutores p-n de características termoelétricas: coeficiente de Seebeck, coeficiente Peltier, resistividade elétrica e condutividade térmica. O conversor termoelétrico (PP) pode ser representado como um bloco plano com três camadas, duas camadas de placas cerâmicas Figura 3 feita do material AL2O3 de mesma espessura. Entre essas duas placas cerâmicas, temos colunas bem organizadas em serie feitas de Bi2Te3. Se o PP for usado no processo de refrigeração, o fluxo é direcionado da placa fria para a placa quente devido a passagem de corrente elétrica. Mas devido ao efeito Joule, o calor gerado pela corrente elétrica irá fazer com que a média de temperatura no PP aumente, mas não interferindo na sua taxa calorifica. Figura 3. Modelo de um termopar tipo Peltier [1] 6 2. Balanço energético Se uma corrente elétrica é conduzida através dos conectores da PP, a corrente elétrica irá percorrer o circuito e uma diferença de temperatura será induzida entre as duas placas de cerâmica resultado do efeito Peltier [2]. O calor conduzido ππ que flui entre a placa quente e a placa fria é consequência da diferença de temperaturas. A potência elétrica introduzida no PP é transformada em calor pelo efeito Joule, do qual acontece nas duas placas. Na Figura 4 demonstra-se o balanço energético do PP. A relação (1) descreve a relação global de calor de saída πβ do lado quente. Essa potência de saída depende do calor absorvido ππ que advem da placa fria e a potência elétrica πππ . De acordo com o principio da conservação de energia. πβ = ππ + πππ (1) Durante a passagem da corrente elétrica na PP, calor será gerado devido à resistência elétrica [Ω] dos semicondutores pelo efeito Joule, do qual se dissipará igualmente entre as duas placas ceramicas de acordo com a relação (2). ππ = π . πΌ 2 (2) A descrição da potência transferida por condução térmica pode ser expressada pela equação (3), da qual desconsidera a perda de fluxo calórico dos semicondutores em comparação a superfície das placas cerâmicas. O calor transferido da placa quente com uma temperatura πβ para a placa fria com temperatura ππ , pode ser determinada pela lei de Fourier: πβ − ππ (3) π Onde πβ − ππ é a diferença entre as placas ceramicas (K), π é a condutividade termica do material aplicado (Wm-1K-1), S é a área global de todos os semicondutores do PP (m2) e a altura das colunas dos semicondutores. ππ = π. π. Seguindo o balanço energético da equação (4), a potência térmica transferida da placa fria a placa quente pode ser descrita na relação, sendo πΌ = coeficiente de Seedbeck (VK-1): π . πΌ 2 πβ − ππ − π. π. 2 π E a potência térmica de saída da placa quente pode ser modulada pela equação (5): ππ = πΌ. πΌ. ππ − π . πΌ 2 πβ − ππ πβ = πΌ. πΌ. ππ + − π. π. 2 π (4) (5) Figura 4. Fluxo de calor na PP [1] 7 3. Eficiência energética Para ter uma melhor visualização da seleção de materiais para construção de uma pastilha peltier, deve-se ter prioridade no aumento da eficiência energética na PP para que haja um melhor aproveitamento dos efeitos Peltier, Seedbeck e na diminuição do efeito Joule [3]. A eficiência de conversão [4], π ππΈ é depedente da diferença de temperatura Δπ e da figura de merito ππΜ (eficiencia ZT entre Δπ) definida por ππΜ = (π 2 . π⁄π. π ) e determinada por três propriedades de materias: coeficiente de Seedbeck S (ππ ⁄πΎ ), resistividade elétrica π (Ω. π) e o coeficiente de condutividade térmica κ (π ⁄π. πΎ). A eficiência termoelétrica é dada por: π ππΈ = ( √1 + ππΜ − 1 πβ − ππ )( ) πβ √1 + ππΜ + ππ πβ (6) O primeiro termo do lado direito da equação descreve a eficiência termoelétrica de Carnot com o PP em operando com a diferença de temperatura entre as placas de πβ − ππ . A eficiencia termoeletrica para diferentes valores de ππΜ pode ser observada na Figura 5 em comparação com eficiência de outros tipos de sistemas. Figura 5. Comparação de eficiência termoelétrica [4] 8 4. Características dos materiais 4.1. Telureto de Bismuto O composto Telureto de bismuto (Bi2Te3) é um semicondutor da família V-VI, que apresenta características termoelétricas [5]. Para torna-lo um material para utilização na PP deve-se tonar um semicondutor tipo P e tipo N, que ocorre através do desvio estequiométrico, sendo matérias com excesso de Bi são do tipo P e materiais com excesso de Te são do tipo N. Para criação dos semicondutores tipo P e N de Telureto de bismuto usa-se o método de Bridgman, Sputtering e etc, do qual para o tipo P nos fornece características descritas na Tabela 1 e que pode ser visualizado na Figura 6. Tabela 1. Propriedades físicas e termoelétricas do Telureto de bismuto tipo N [5] Propriedades Condutividade elétrica π (Ω. π) Condutividade térmica κ (π ⁄π. πΎ) Coeficiente de Seedbeck S (ππ ⁄πΎ ) Densidade (Kg/m3) (a) Valor 4,7393365 x 10-5 1,8 190 7530 (b) Figura 6. (a) Pastilha Peltier sem cerâmica, (b) Comparação visual de dimensões do Telureto de Bismuto usado na PP [5] 9 4.2. Alumina Cerâmica A função das placas cerâmicas de alumina na PP é de aumentar a área de contato do meio externo com todos as junções dos semicondutores e transferir uniformemente o fluxo calorifico na PP sem causar curto-circuito no sistema. Por essas características, a placa cerâmica deve ser um bom isolante elétrico, mas deve ser um bom condutor térmico para que a condução do calor seja mais rápida possível através da sua espessura. Na Tabela 2 vemos algumas propriedades físicas da alumina cerâmica de acordo com a porcentagem de Al2O3 na cerâmica [6]. Tabela 2. Propriedades da cerâmica de Alumina [6] Al2O3 [%] Densidade [g/mm3] Calor especifico [J/gK] Condutividade térmica [W/mK] 99.6 99.8 99.5 99.6 99.0 96.5 - 99.0 94.5 - 94.5 86.0 - 94.5 80.0 - 86.0 3,75 – 3,95 3,97 – 3,99 3,90 – 3,99 3,75 – 3,85 3,76 – 3,94 3,71 – 3,92 3,60 – 3,90 3,40 – 3,90 3,30 – 3,60 0,755 0,755 0,755 0,755 0,780 0,780 0,760 – 0,780 0,755 – 0,785 0,750 – 0,785 30 – 40 30 – 40 30 – 40 25 – 35 30 – 40 25 – 30 20 – 30 15 – 20 15 – 20 Resistencia volumétrica [Ωπ] 1014 – 1016 1014 – 1016 1014 – 1016 1014 – 1016 1014 – 1016 1014 – 1016 1014 – 1016 1013 – 1016 1013 – 1016 A resistência volumétrica é expressada em função a temperatura T (K): π = 10 log(π π − 3(π−300πΎ) ) 200 (7) 10 Conclusão Após a análise das leis e das propriedades dos materiais que envolvem uma pastilha Peltier, é possível perceber o quanto estudo é feito acima desse tipo de material, sendo que o grande foco para os quem tem objetivo de aprimorar o efeito Peltier em si é diretamente proporcional ao aprimoramento das características dos semicondutores. Como mencionado anteriormente na equação (6), o fator ππΜ [4] é o principal aliado dos pesquisadores para referência de eficiência, dos quais através de vários métodos [7] [8] proporciona um aumento no fator ππΜ da pastilha Peltier para que seja possível sua utilização em larga escala devido a suas propriedades únicas de instalação e funcionamento. Para o caso da placa cerâmica, deve-se um estudo separado dos semicondutores pelo fato de que são materiais diferentes e de objetivo diferente. Para este tipo de material tem-se estudos [9] [10] que tem o objetivo de aprimorar o fator κ que o relaciona com fator ππΜ equação (6), e proporciona um menor atraso de transferência de calor entre os semicondutores e o ambiente externo. A pastilha Peltier tem se mostrado de grande utilidade apesar de sua pequena eficiência [4] tanto como bomba de calor quanto como transdutor de energia térmica para energia elétrica, mas devido a pesquisa e ao grande investimento em tecnologias renováveis a pastilha Peltier está se tornando a cada dia uma realidade para um amplo uso no ramo comercial e industrial [11] [12]. 11 Referências [1] MAHAN, G D. Thermoelectric Effect BT - Reference Module in Materials Science and Materials Engineering. [S.l.]: Elsevier, 2016. . Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B9780128035818012911>. [2] BRESTOVI??, Tom???? e colab. Measuring of thermal characteristics for Peltier thermopile using calorimetric method. Measurement: Journal of the International Measurement Confederation, v. 53, n. Supplement C, p. 40–48, 2014. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0263224114001225>. [3] PÉREZ–APARICIO, J L e PALMA, R e TAYLOR, R L. Finite element analysis and material sensitivity of Peltier thermoelectric cells coolers. International Journal of Heat and Mass Transfer, v. 55, n. 4, p. 1363–1374, 2012. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0017931011004765>. [4] SAJID, Muhammad e HASSAN, Ibrahim e RAHMAN, Aziz. An overview of cooling of thermoelectric devices. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 78, n. Supplement C, p. 15–22, 2017. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1364032117306044>. [5] Oliveira Alves, Edvaldo. Propriedades Fisicas do semicondutor Bi2Te3. dezembro de 2007. 131f. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Fisica Teórica e Experimental, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal-RN, 13 de dezembro de 2007. [6] VTT Manufacturing Technology. Mechanical and physical properties of engineering alumina ceramics. TECHNICAL RESEARCH CENTER OF FILAND: 1996. [7] LI, Di e SUN, Rui-rui e QIN, Xiao-ying. Improving thermoelectric properties of p-type Bi2Te3-based alloys by spark plasma sintering. Progress in Natural Science: Materials International, v. 21, n. 4, p. 336–340, 2011. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1002007112600665>. [8] PARK, Chang-Sun e colab. Enhancement of Seebeck coefficient of mesoporous SrTiO3 with V-group elements V, Nb, and Ta substituted for Ti. Journal of the European Ceramic Society, v. 38, n. 1, p. 125–130, 2018. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0955221917305605>. [9] ZAKE-TILUGA, Ieva e colab. Thermal conductivity and microstructure characterisation of lightweight alumina and alumina–mullite ceramics. Journal of the European Ceramic Society, v. 36, n. 6, p. 1469–1477, 2016. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0955221915302855>. [10] HA, J e colab. Enhanced thermal conductivity of alumina nanoparticle suspensions by femtosecond laser irradiation. International Journal of Heat and Mass Transfer, v. 107, n. Supplement C, p. 755–760, 2017. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0017931016322827>. 12 [11] SANTANA, Harrson S e SANCHEZ, Geovanni B e TARANTO, Osvaldir P. Evaporation of excess alcohol in biodiesel in a microchannel heat exchanger with Peltier module. Chemical Engineering Research and Design, v. 124, n. Supplement C, p. 20–28, 2017. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0263876217303118>. [12] PIANTANIDA, Paolo. PV & Peltier Façade: Preliminary Experimental Results. Energy Procedia, v. 78, n. Supplement C, p. 3477–3482, 2015. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S187661021502069X>. 13